Penhane BOLETIM OFICIAL DA ASSOCIAÇÃO DE APOIO E ASSISTÊNCIA JURÍDICA AS COMUNIDADES

Director Executivo: Rui de Vasconcelos* Sede: AAAJC* Telefone: 20030252*Cidade de Tete *Chingodzi* Editado em Português e Inglês

Vale Moçambique vai aumentar o número de vítimas em Moatize

Os projectos de expansão das operações da empresa Vale
Moçambique em Ntchenga e Mphandwe no interior do dis-
trito de Moatize vão aumentar o número de famílias com
direitos humanos violados. E não é para menos. Do total das
famílias já afectadas desde a implantação do projecto da
Vale em Moatize, vem ai outro grupo de 153 famílias daque-
las duas comunidades que se vão juntar as demais cujos
direitos estão violados pelo reassentamento involuntário
perpetrado pela empresa Vale Moçambique. As famílias de
Ntchenga e Mphandwe vão, em breve, sofrer as mesmas
consequências, das outras que a Vale afectou. Terão casas
novas e poderão, por isso, entender que as suas vidas vão
melhorar. Mas irão viver nas piores condições do que as
actuais. Terão as promessas de casas melhores, mas não
terão a melhor vida proporcionada nessas casas. Até porque
tanto em Ntchenga como em Mphandwe não há energia
eléctrica, mas passarão a ter no reassentamento.
É um novo problema que vai eclodir. E vai juntar-se ao que
já acontece. Porque a empresa Vale Moçambique está a atra-
sar o desenvolvimento das comunidades de Cateme, as
mais afectadas por aquele projecto de exploração de carvão
no distrito de Moatize. Não está visível, aos olhos públicos,
nenhum cenário de resposta adequada aos problemas da
população de Cateme no distrito de Moatize em Tete. Quan-
do existir a necessidade de compensação financeira, este
processo deve ser feito de forma a promover a capacidade
produtiva e de auto-suficiência económica, como por exem-
plo através de um processo de indemnização assistida em
que a Vale e o Governo possam ajudar as pessoas reassenta-
das a identificar e adquirir um terreno adequado ou a inves-
tir em outros activos produtivos.
Priorizar a conclusão dos projectos ligados à água sustentá-
vel e irrigação para melhorar a fertilidade da terra nos locais
de reassentamento e continuar a fornecer assistência técnica
para melhorar a produtividade agrícola.
Em Cateme nota-se de forma clara que a Vale não está a tra-
balhar com as comunidades reassentadas no desenvolvimen-
to de um plano de acção claro de modo a proporcionar assis-
tência imediata e medidas a longo prazo, sobretudo para
remediar os impactos negativos nos direitos dos indivíduos
reassentados. É em Cateme onde está ancorado o exemplo
vivo de que o processo de compensação, as deficiências na
criação de condições adequadas para reassentados trouxe
violações dos direitos das pessoas reassentadas.
Analisando o desenvolvimento das comunidades, a AAAJC
entende que já não é tempo de distribuir uma assistência
alimentar regular e outras formas de apoio para que as co-
munidades reassentadas sejam capazes de satisfazer as suas
necessidades imediatas até que as condições para a auto-
suficiência sejam restauradas. A verdade é que já deveria
estar restaurada a vida das comunidades. Porém, nada está a
acontecer.

Associação de Apoio e Assistência Jurídica as Comunidades alerta

Não deve haver percepções de que a faltou aviso. E porque
nada obsta que se faça levantamentos com base nos princi- mais dificuldade em restabelecer o seu antigo padrão de vida,
pais indicadores de qualidade de vida dos agregados fami- incluindo os idosos, pessoas com deficiências e agregados familia-
liares reassentados para estabelecer o ponto até ao qual res chefiados por mulheres. Mas nem completou os reparos neces-
estes agregados aproveitam os direitos sociais e económi- sários em todas as casas atempadamente e pior que isso, nem se
cos básicos até estes terem sido restituídos ao seu mínimo quer mantêm os agregados familiares reassentados informados
de acordo com as directrizes do decreto de reassentamen- sobre o calendário de reparações e capacitação em manutenção e
to, reparando os níveis de pré-reassentamento, as metas conservação dessas casas.
delineadas no planos de acção de reassentamento e tornar
estes resultados disponíveis ao público, então a AAAJC
está a demonstrar este assunto.
Parceiros:
Já se viu que nada está sendo feito na garantia da igualda-
de de oportunidades entre os homens e mulheres durante
o recrutamento e capacitação para garantir a igualdade nas
oportunidades de emprego, incluindo aqueles gerados
pela mineração de carvão da Vale e empresas afiliadas em
Moatize. A nosso ver é preciso que a Vale identifique e
proporcione assistência adicional aos indivíduos que têm

Quem somos? Associação de Apoio e Assistência Jurídica as Comunidades (AAAJC), é uma organização da Sociedade Civil
Moçambicana, não-governamental, sem fins lucrativos, de âmbito nacional, fundada em 2008 e com os seus estatutos legal-
mente publicados em 2010 no Boletim da República nº. 2, III serie, 4º suplemento de 19 de Janeiro. A sede é na cidade de Tete.
 Penhane OFICIAL REPORT CARD OF THE ASSOCIATION FOR SUPPORT AND LEGAL ASSISTANCE TO COMMUNITIES

The Executive Director: Rui de Vasconcelos* Phone: 20030252*City of Tete-Mozambique* Edited in Portuguese & English
o
Edition n 267

Vale Mozambique will increase the number of victims in Moatize

Projects to expand the operations of Vale Mozambique in
Ntchenga and Mphandwe in the interior of the Moatize district
will increase the number of families with violated human rights.
And no less. Of the total number of families already affected
since the implementation of the Vale project in Moatize, another
group of 153 families from those two communities will join the
others whose rights are violated by the involuntary resettlement
perpetrated by the company Vale Mozambique. The families of
Ntchenga and Mphandwe will soon suffer the same consequenc-
es as the others that Vale has affected. They will have new
homes and will therefore be able to understand that their lives
will improve. But they will live in worse conditions than today.
They will have the promises of better homes, but they will not
have the best life provided in those homes. Especially because in
both Ntchenga and Mphandwe there is no electricity, but they
will have it in the resettlement.
ple resettled to identify and acquire suitable land or to invest in
other productive assets.
Prioritize the completion of projects linked to sustainable water
and irrigation to improve land fertility in resettlement sites and
continue to provide technical assistance to improve agricultural
productivity.
In Cateme, it is clear that Vale is not working with resettled
communities to develop a clear action plan in order to provide
immediate assistance and long-term measures, especially to
remedy the negative impacts on the rights of resettled people. It
is in Cateme where the living example that the compensation
process, the deficiencies in creating adequate conditions for
resettled people, has violated the rights of resettled people is
anchored.

It is a new problem that will erupt. And it will join what already
happens. Because the company Vale Mozambique is delaying
the development of the Cateme communities, the ones most
affected by that coal mining project in the Moatize district. No
scenario of adequate response to the problems of the population
of Cateme in the Moatize district of Tete is visible to the public
eye. When there is a need for financial compensation, this pro-
cess must be done in order to promote productive capacity and
economic self-sufficiency, such as through an assisted compen-
sation process in which Vale and the Government can help peo-
Looking at community development, AAAJC understands that
it is no longer time to distribute regular food assistance and
other forms of support so that resettled communities are able to
meet their immediate needs until conditions for self-sufficiency
are restored. The truth is that the life of the communities should
already be restored. However, nothing is happening.

Association for Support and Legal Assistance to Communities warns

There should be no perceptions that warning is lacking. old standard of living, including the elderly, people
And because nothing prevents you from doing it based with disabilities and female-headed households. But
on the main quality of life indicators of reactivated house- neither has it completed the necessary repairs in all
holds to define the extent to which these households en- houses in a timely manner and worse than that, nor
joy social and economic rights until they have been re- does it want to keep resettled households informed
turned to their limits according to the guidelines decree- about the schedule of repairs and training in the
maintenance and upkeep of these houses.
ing resettlement. , repair pre-resettlement levels, such as
goals outlined in resettlement action plans and make
these results publicly available, so AAAJC is demonstrat-
ing this issue. Partners:
It has already been seen that nothing is being done to
guarantee equal opportunities for men and women dur-
ing recruitment and training to ensure equal employment
opportunities, including those generated by Vale's coal
mining and affiliated companies in Moatize. In our view,
Vale needs to identify and provide additional assistance
to individuals who have more difficulty in restoring their

Who we are? Association for Support and Legal Assistance to Communities (AAAJC), is a non-governmental, non-profit,
Mozambican Civil Society organization, nationwide, founded in 2008 and with its statutes published in 2010 in Bulletin of Re-
public no. 2, III series, 4th supplement of 19 January. The headquarters is in the city of Tete.