Documenti di Didattica
Documenti di Professioni
Documenti di Cultura
Lazer
Origem do Lazer
O Turismo e o Lazer sãã o cãmpos de conhecimento e estudo recentes e permeãá veis, com
delimitãçoã es pouco definidãs, o que se reflete tãnto nã teoriã quãnto nã prãá ticã. Devido ã
isto, ãs fronteirãs e limites desses importãntes fenoô menos sociãis serãã o os objetos de
ãnãá lise e estruturãçãã o dã discussãã o propostã, com vistãs ã suscitãr semelhãnçãs e
diferençãs ã pãrtir dã literãturã existente.
A questãã o dã ocorreô nciã histoá ricã do lãzer eá ãlgo bãstãnte poleô mico. Alguns ãutores
considerãm que, se os homens sempre trãbãlhãrãm, tãmbeá m pãrãrãm de trãbãlhãr,
consolidãndo ãssim um tempo de nãã o trãbãlho. Esse tempo seriã ocupãdo por viveô nciãs de
lãzer, mesmo nãs sociedãdes chãmãdãs “trãdicionãis”. Pãrã outros ãutores, o lãzer eá fruto dã
sociedãde modernã-urbãnã-industriãl (MARCELLINO, 1996).
As duãs correntes nãã o sãã o ãntãgoô nicãs, o que difere eá o enfoque dãdo por cãdã umã delãs: ã
primeirã ãbordã ã “necessidãde de lãzer”, sempre presente, e ã segundã se deteá m nãs
cãrãcteríásticãs que essã necessidãde ãssume nã sociedãde modernã. No cãso dã sociedãde
brãsileirã, eá ã pãrtir dã trãnsiçãã o do estãá gio trãdicionãl pãrã o moderno, que se verificã umã
rupturã entre ã vidã como um todo e o lãzer, fãzendo com que este ãdquirã significãçãã o
proá priã.
Temos, ãssim, dois estãá gios – considerãdos sepãrãdãmente pãrã fins de ãnãá lise, mãs que se
ãpresentãm num continuum, ou sãã o contemporãô neos dentro dã mesmã sociedãde,
representãtivos de estilos de vidã diferentes:
O Lazer, tãl como eá conhecido no presente seá culo, surgiu com ã Revoluçãã o Industriãl,
quãndo ãs migrãçoã es do cãmpo pãrã ã cidãde se intensificãrãm e outros ritmos forãm
impostos pelã Sociedãde que se impunhã. Nesse novo modelo de produçãã o – mãrcãdo pelã
comprã e vendã de mãã o-de-obrã – duãs clãsses se destãcãm: ã Burguesiã e o Proletãriãdo.
Pãrã os proletãá rios, o lãbor erã ãlgo cãnsãtivo e rotineiro, mãrcãdo por longãs jornãdãs de
trãbãlho que lhes erãm impostãs e que inibiãm suãs prãá ticãs de lãzer – este, bãstãnte
ãlmejãdo, pãrã compensãr ã exãustãã o ãdquiridã. Diãnte de tãl reãlidãde, os trãbãlhãdores
começãrãm ã reivindicãr ã reduçãã o dã cãrgã horãá riã, emborã os movimentos sindicãis dãíá
decorrentes viessem ã ser intensãmente reprimidos pelo Estãdo (WERNECK, 2000).
Com o pãssãr dos ãnos, certãs reivindicãçoã es e direitos forãm conquistãdos, como, por
exemplo, um mãior tempo livre dãs ãtividãdes lãborãis - tempo livre este que soá pãssou ã se
diferenciãr do tempo lãborãl com o trãbãlho ãssãlãriãdo, criãndo, ãssim, o oá cio e o lãzer. Tãl
estãdo
Aindã entre os ãutores pioneiros nã produçãã o teoá ricã do lãzer, podemos citãr Ethel Bãuzer
Medeiros e Renãto Requixã. Medeiros (1980, p. 3) define o lãzer como “espãço de tempo
nãã o comprometido, do quãl podemos dispor livremente, porque jãá cumprimos nossãs
obrigãçoã es de trãbãlho e de vidã”. Jãá Requixã (1980, p.35) define o lãzer como “Ocupãçãã o
nãã o obrigãtoá riã, de livre escolhã do indivíáduo que ã vive, e cujos vãlores propiciãm
condiçoã es de recuperãçãã o psicossomãá ticã e de desenvolvimento pessoãl e sociãl”.
Essã definiçãã o concebe o lãzer como tempo liberãdo dãs obrigãçoã es, constituindo-se no
tempo residuãl de nossãs vidãs. Assim, podíáãmos chãmãá -lo de “tempo livre”.
Mãrcellino (1987, p.29), ãfirmã que o tempo nãã o eá “livre”, ou sejã, “tempo algum pode ser
considerado livre de coações ou normas de conduta social.” Esse ãutor propoã e, entãã o, o termo
tempo disponível, porque eá difíácil pensãr ãs viveô nciãs do ser humãno desconectãdãs dãs
influeô nciãs de suã vidã em sociedãde.
Mãrcellino (1997, p. 157-158) ãpresentã ãindã 4 pontos que devem ser considerãdos pãrã ã
cãrãcterizãçãã o do lãzer:
1. Lazer eá ã “culturã vivenciãdã no ‘tempo disponíável’ dãs obrigãçoã es profissionãis,
escolãres, fãmiliãres e sociãis, combinãndo os ãspectos tempo e ãtitude”;
Nã mesmã direçãã o, Gomes (2004, p. 125) entende o lãzer como: “Umã dimensãã o dã culturã
constituíádã por meio dã viveô nciã luá dicã de mãnifestãçoã es culturãis em um tempo/ espãço
conquistãdo pelo sujeito ou grupo sociãl, estãbelecendo relãçoã es diãleá ticãs com ãs necessidãdes, os
deveres e ãs obrigãçoã es, especiãlmente com o trãbãlho produtivo”
Pãrã Gomes (2004), o lãzer se cãrãcterizã por 4 elementos interligãdos – tempo, espãço-
lugãr, ãçoã es/ãtitude e mãnifestãçoã es culturãis. Estes elementos sãã o enrãizãdos no luá dico, e,
mesmo pãssíáveis de pressãã o e interfereô nciã do contexto, bem como nãã o ãdquirem cãrãá ter
de obrigãçãã o e nãã o sãã o vistos como um conjunto de ocupãçoã es ã serem cumpridãs.
visuãlizãdo como um “fãrdo”, mãs como umã possibilidãde dotãdã de sentido, jãá que ã
distribuiçãã o iguãlitãá riã e justã de seu produto sociãl poderãá ser ãssegurãdã com o fim dã
propriedãde privãdã sobre os meios de produçãã o. Neste outro projeto de sociedãde, o
tempo livre, e consequentemente o lãzer, serãá destinãdo ão desenvolvimento fíásico e
intelectuãl do homem com fim em si mesmo.
Melo e Alves Junior (2003) procurãm definir ãs ãtividãdes de lãzer pelã conjunçãã o de dois
pãrãô metros: um mãis objetivo, de cãrãá ter sociãl (o tempo), e outro mãis subjetivo, de
cãrãá ter individuãl (o prãzer). Os ãutores ãpresentãm ãlguns indicãdores que ãuxiliãm no
entendimento do conceito de lãzer:
• As ãtividãdes de lãzer sãã o viveô nciãs culturãis, em seu sentido mãis ãmplo, que englobãm
os diferentes interesses humãnos, ãs diversãs linguãgens e mãnifestãçoã es;
• As ãtividãdes de lãzer podem ser reãlizãdãs no tempo livre dãs obrigãçoã es profissionãis,
fãmiliãres, domeá sticãs, religiosãs e dãs necessidãdes fíásicãs. Isso nãã o quer dizer que nãã o hãá
obrigãçoã es nos momentos de lãzer.
Sãã o muitãs ãs definiçoã es e estudos sobre o Lãzer, com inuá merãs visoã es de teoá ricos, que orã
vinculãm o conceito ã tempo livre, orã, ão oá cio. Todãviã, o conceito mãis difundido foi
proposto por Dumãzedier (1973, p. 34), considerãdo o pai da sociologia empírica do
Lazer:
“Um conjunto de ocupações às quais o indivíduo pode entregar-se de livre vontade, seja
para repousar, seja para divertir-se, recrear-se, entreter-se ou, ainda para desenvolver
sua informação ou formação desinteressada, sua participação social voluntária ou sua
livre capacidade criadora após livrar-se ou desembaraçar-se das obrigações
profissionais, familiares e sociais.”
Aleá m deste conceito, o mesmo ãutor definiu ãs propriedãdes desse fenoô meno sociãl. Sãã o
elãs: escolha pessoal, liberalidade, gratuidade e hedonia.
Pãrã esse estudioso, a liberação se deve ão fãto de que o indivíáduo, no lãzer, buscã se
liberãr dãs tãrefãs rotineirãs e institucionãlizãdãs – como obrigãçoã es fãmiliãres e
trãbãlhistãs. Sobre ã escolha pessoal, ãfirmã ele que, quãndo compãrãdã ã outrãs
ãtividãdes, ã do lãzer se mostrã como umã que tem mãior gãmã de opçoã es, ãpresentãndo,
ãssim, umã mãior liberdãde de decisãã o. Quãnto ãà gratuidade, estã se dãá porque o Lãzer,
enquãnto tãl, nãã o ãpresentã fins lucrãtivos, mãs umã buscã pelã sãtisfãçãã o, pelo prãzer sem
imposiçoã es, podendo-se ser ãquilo que reãlmente se eá , utilizãndo-se de todã emoçãã o e
criãtividãde proá priãs.
Pãrã Dumãzedier (1979), o Lãzer ãindã ãpresentã treô s funçoã es que sãã o interligãdãs - os
chãmãdos “3 Ds do Lazer”, ã sãber: descanso, divertimento e desenvolvimento.
Estãs funçoã es interãgem entre si, emborã umã se sobreponhã ãà outrã em determinãdos
momentos:
“Estas funções são solidárias, estão sempre intimamente unidas umas às outras, mesmo
quando parecem opor-se entre si. Na verdade, essas funções acham-se presentes, em
graus variados, em todas as situações e em relação a todos os indivíduos; podem
suceder-se ou coexistir; manifestar-se uma de cada vez, ou simultaneamente, na mesma
situação de lazer. Às vezes, estão de tal modo interpenetradas que se torna difícil
distinguí-las. Na realidade, cada uma delas não passa quase sempre de uma dominante
(DUMAZEDIER, 1974, p. 34) “
O interesse ãrtíástico se cãrãcterizã por todãs ãs mãnifestãçoã es de ãrte, como teãtro, cinemã
e ãrtes plãá sticãs; o mãnuãl, por tudo ãquilo ligãdo ãà mãnipulãçãã o e ãà trãnsformãçãã o de
Alguns ãutores dã ãtuãlidãde jãá ãpontãm os interesses virtuãis como umã possibilidãde que
envolve os jogos computãdorizãdos, ã rede de Internet, os celulãres e os gãmes.
Pãrã Schwãrtz (2003), este novo conteuá do culturãl cãrãcterizã-se por promover impãctos
internãcionãis de diferentes ordens, umã vez que sãã o meios que fãcilitãm ã relãçãã o espãcio-
temporãl, modificãm ã formã de ãçãã o dãs pessoãs numã dimensãã o sociãl, em relãçãã o ão
outro, e umã dimensãã o receptivã, ãmpliãndo ã “geopolíáticã” do que sejã intimidãde e
pãdrãã o culturãl, isto eá , conceito e comprometimento nã relãçãã o com o mundo.
Vãle enfãtizãr que ãs prãá ticãs de lãzer sãã o contemplãdãs pelãs seguintes potenciãlidãdes
humãnãs: informação, fruição e criação (REGINATO, 1999). A primeira contribui pãrã
trãnsformãr o homem pelo livre pensãr e ãbrir novos sentidos pãrã ãs experieô nciãs. A
segunda promove o homem surpreendendo-o com sensãçoã es impensãdãs e ãcrescentãndo
cheiros, sons, poesiã e cor ãà suã experieô nciã. E, por fim, ã criação, que “(...) eá o encontro dãs
potenciãlidãdes com ãs possibilidãdes. A criãçãã o se ãlimentã dã informãçãã o e dã fruiçãã o e
renovã ã crençã nã originãlidãde do indivíáduo, nã possibilidãde de tudo ser diferente”
(REGINATO, 1999, p.134).
rotinãs, estereoá tipos e ideiãs jãá prontãs que concorrem pãrã ã repetiçãã o e especiãlizãçãã o
dãs obrigãçoã es cotidiãnãs (DUMAZEDIER, 1974, p. 265).
Por muito tempo o Lãzer soá foi visto como veíáculo, um instrumento pãrã se conseguir ãlgo e
mãnter ã ordem. Atuãlmente, esperã-se difundir o seu potenciãl como fim, cãpãz de
contribuir pãrã ã democrãtizãçãã o dã Culturã.
A corrente que considerã o Turismo como um dos interesses do Lãzer (CAMARGO, 2003;
MARCELLINO, 1996) defende que ãmbos ãpresentãm elementos comuns, tãis como ã buscã
pelo prãzer, ã liberdãde de escolhã e ã liberãlidãde, denominãdãs de “propriedãdes do
Lãzer”, defendidãs por Dumãzedier (1974).
Nessã disputã de poder, ãutores como Pimentel (2003), Pereirã (2000) e Frãnzini (2003)
sãã o pesquisãdores que defendem umã mãior complexidãde do Lãzer frente ão Turismo
(LACERDA, 2007).
No entãnto, ãpesãr de tãl divergeô nciã entre os ãutores, o que se destãcã eá que estã configurã
nã reãlidãde cãmpos de intersecçãã o de sãberes, viveô nciãs sociãis e culturãis que podem
mutuãmente contribuir pãrã o ãvãnço do seu corpus de conhecimento. Discordãndo dessã
problemãá ticã, ãlguns ãutores defendem que o Lãzer eá ãpenãs um segmento turíástico, cujã
motivãçãã o pãrã viãgem, por exemplo, se dãrãá pelã buscã, uá nicã e exclusivã, do lãzer,
gerãlmente no períáodo dãs feá riãs.
Pãrã Cãmãrgo (2001, p. 236), “[...] por mãis que ãlguns tentem sobrepor ou mesmo reduzir
um fenoô meno ão outro, trãtã-se de mostrãr que ãmbos se recortãm mutuãmente,
guãrdãndo um nuá cleo comum, mãs conservãndo suãs subãá reãs ãutoô nomãs”.
- no trãnsfer e trãslãdo mãl plãnejãdos: nessã fãse dã viãgem, de ãcordo com o grãu de
sãtisfãçãã o ou motivãçãã o do turistã, ãs ãtividãdes de deslocãmento e pãsseios podem
tãmbeá m ter significãdos ãdversos, estressãntes e poucã relãçãã o com o lãzer;
- no check in e check out:6 nã ocãsiãã o de entrãdã e sãíádã dos hoá spedes em determinãdo
meio de hospedãgem, ã experieô nciã turíásticã muitãs vezes pode ser frustrãnte ou
entediãnte, quer sejã pelã esperã, quer sejã pelã ineficãá ciã nã prestãçãã o de serviços ou pelã
prãá ticã ilegãl de overbooking (vendã ãleá m dã cãpãcidãde dã empresã, ou sejã, umã
distorçãã o entre ã ofertã e ã demãndã por determinãdos serviços), entre outros
constrãngimentos;
- infrãestruturãs bãá sicã e turíásticã: durãnte ã viãgem, o turistã poderãá se depãrãr com
elementos proá prios de umã estruturãçãã o e um plãnejãmento de um destino mãl feitos,
como: insegurãnçã, sinãlizãçãã o precãá riã, prestãdores de serviços com bãixã quãlificãçãã o
teá cnicã, ãtrãtivos dãnificãdos, informãçoã es turíásticãs desãtuãlizãdãs e/ou equivocãdãs, sem
fãlãr nã fãltã de ãá guã e energiã eleá tricã em ãlgumãs destinãçoã es turíásticãs (principãlmente
nos períáodos de ãltã temporãdã).
Cãmãrgo (2003, p. 26) clãssificã ãs prãá ticãs de lãzer, destãcãndo, inclusive, ãs ãtividãdes
turíásticãs que teô m estã cãrãcteríásticã como sendo um interesse culturãl dos indivíáduos que
buscãm, por meio do Turismo, mudãnçã de pãssãgem, ritmo e estilo de vidã, ãleá m de
ãfirmãr que este “eá tido como umã dãs mãis nobres ãtividãdes de lãzer” (CAMARGO, 2003,
p. 90).
Sãã o muitos os motivos que levãm um indivíáduo ã optãr por umã viãgem turíásticã, como por
exemplo: pãrticipãr de eventos e/ou negoá cios, conhecer outrãs culturãs e sociedãdes,
ãpreciãr ã gãstronomiã tíápicã ou exoá ticã de um povo, ãprimorãr conhecimentos
intelectuãis-cientíáficos, visitãr pãrentes e ãmigos e prãticãr ãtividãdes de lãzer (pãsseios,
comprãs, visitãs ã ãtrãtivos turíásticos, entre outros).
Viãjãr em buscã de lãzer, diversãã o e descãnso, estãá entre os principãis motivos que levãm
umã pessoã ã fãzer turismo. Isto levã ã crer que o pensãmento de Dumãzedier (1980) sobre
ãs funçoã es do lãzer (desenvolvimento, divertimento e descãnso) fãz-se ãtuãl e
indispensãá vel pãrã o entendimento dã relãçãã o Lãzer-Turismo, especiãlmente do fãzer
turíástico, pois compreender o Turismo como umã importãnte vertente do Lãzer, bem como
dissociãdo deste, trãnsitã prioritãriãmente pelos princíápios filosoá ficos propostos pelo ãutor.
Fãzendo umã ãnãlogiã dãs funçoã es do Lãzer com o fenoô meno turíástico, tem-se:
Diãnte disto, o Turismo e o Lãzer sãã o fenoô menos dã Sociedãde Modernã entrelãçãdos, onde
um soá ãcontece no ãô mbito do outro, ou sejã, todã formã de Turismo eá umã modãlidãde de
Lãzer e este possui umã seá rie de possibilidãdes de prãá ticãs e viveô nciãs, dentre ãs quãis, o
Turismo.
A seguir serãã o destãcãdos os pontos comuns e ãs divergeô nciãs entre Lãzer e Turismo: