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(Mecca Chiesa)
Capra aponta como causa original uma ênfase equivocada na ciência: "Nossa
cultura se orgulha de ser científica; nosso tempo é mencionado como Era
Científica. É dominada pelo pensamento racional, e o conhecimento científico é
freqüentemente, considerado a única forma de conhecimento. Em geral não se
reconhece que pode haver conhecimento intuitivo ou percepção que seja
igualmente válido e confiável. Esta atitude, conhecida como cientificismo, é
generalizada, impregnando nosso sistema educacional e todas as outras
instituições sociais e políticas" (Capra, 1983, pp.22-23). Ele argumenta que nossa
compreensão e controle da natureza tem melhorado muito através da ciência, mas
nossa compreensão e controle dos problemas sociais não tem melhorado de modo
similar: "Conhecimento científico e tecnológico tem crescido muito desde os gregos
embarcaram na aventura científica no séc. VI A.C. .Mas, durante estes 25 séculos,
tem havido pouco progresso na condução de problemas sociais" (Capra, 1983, pp.
25-26). Desde o século XVII, ele argumenta, a física tem dado a direção para
outras ciências-biologia, ciência médica, psicologia economia e assim por diante, e
estas modelaram-se no referencial conceitual e na metodologia da física clássica.
Capra define este referencial como a "visão mecanicista do mundo", e argumenta
que a concepção mecanicista da realidade dominou os séculos XVII, XVIII e XIX
quando "pensou-se que a matéria era base de toda existência, e o mundo material
era visto como uma multidão de objetos separados reunidos numa imensa
máquina. Como as máquinas feitas por humanos, pensou-se que a máquina
cósmica era composta de partes elementares. Conseqüentemente, acreditou-se
que fenômenos complexos sempre poderiam ser entendidos, reduzindo-os a seus
blocos básicos de construção e procurando os mecanismos através dos quais eles
interagiram"(Capra, 1983, pp.31-32). Esta visão mecanicista dos fenômenos da
natureza, ele argumenta, está agora profundamente enraizada em nossa cultura, e
sustenta a interpretação metodológica e teórica de ramos de ciência que se
modelaram de acordo com a visão de mundo newtoniana: "Sempre que
psicólogos, sociólogos, ou economistas quiseram ser científicos, eles se voltaram
para os conceitos básicos da física newtoniana" (Capra, 1983, p.32)
A física moderna, ele argumenta, tem destruído a visão dos fenômenos naturais
como mecânicos e do universo como uma grande máquina, e é hora para outras
disciplinas científicas irem buscar suas pistas nessa nova visão do universo - na
concepção orgânica ou relacional da natureza. Fenômenos naturais, na física
moderna, não são feitos de partes separáveis e distintas, mas de interrelações:
"no século XX... a física tem passado por várias revoluções conceituais que
claramente revelam as limitações da visão mecanicista do mundo e conduzem para
uma visão orgânica, ecológica do mundo... O universo não é mais visto como uma
máquina, feita por uma multidão de objetos separados, mas parece como todo
harmonioso, indivisível; uma rede de relações dinâmicas que inclui o observador
humano" (Capra, 1983, p.32).Capra sugere que poderíamos avançar de alguma
forma na direção de aliviar as características da crise global, se a concepção
orgânica da natureza, revelada na física moderna, fosse adotada por outras
ciências, se outras ciências desistissem de interpretações mecanicistas dos seus
objeto de estudo e reconhecessem sua totalidade harmoniosa, indivisível.
Capra e outros perderam a oportunidade de sugerir que o behaviorismo radical
pode muito bem ser a proposta não mecanicista, não-dualista, orgânico/relacional
que libertará a psicologia, permitindo-lhe adotar uma ciência dentro da nova visão
de mundo oferecido pela física moderna, por terem equivocadamente atribuído ao
behaviorismo radical a tradição histórica errada e a filosofia de ciência errada
Skinner concordou com Capra sobre a questão da crise global e, do mesmo modo,
argumentou que a ciência progrediu imensamente desde o tempo de Platão e
Aristóteles, mas que nossa compreensão das questões humanos-sociais não
progrediram igualmente: "física e biologia gregas são agora apenas de interesse
histórico (nenhum físico ou biólogo moderno se voltaria a Aristóteles em busca de
ajuda), mas os diálogos de Platão ainda são indicados para estudantes e citados
como se lançassem luz sobre comportamento humano. Aristóteles poderia não
entender uma página da física ou biologia moderna, mas Sócrates e seus amigos
teriam pouco problema em acompanhar a maioria das discussões atuais sobre as
questões humanas. E, no que concerne à tecnologia, fizemos grandes progressos
no controle dos mundos físico e biológico, mas nossas práticas em governo,
educação e muito de economia, ainda que adaptadas a condições muito diferentes,
não progrediram muito" (Skinner, 1971, p.11)
Skinner argumentou que a ciência é nossa força. Ele também reconheceu, como
Capra, que ela pode ser e tem sido mal utilizada. Ele contestou as críticas de que
deveríamos abandonar a ciência, por causa de seu mal uso, argumentando, por
outro lado, que o problema não é a ciência mas o comportamento daqueles que
lidam com a ciência e dos que a aplicam. É verdade que alguns dos problemas
descritos por Skinner e Capra com fatores da crise global atual são produtos da
ciência, mas a ciência por si mesma não é a culpada. O outro lado da ciência é que
ela produz o alívio de muito do sofrimento, fome e doença. Skinner identificou o
problema como sendo o comportamento daqueles que usam e abusam da ciência e
defendeu aplicar o poder da análise científica a este campo, assim como ela é
aplicada a outros.
Abandonar a ciência seria um passo regressivo com resultados desastrosos:
"Infelizmente nós não podemos parar; encerrar a pesquisa científica agora
significaria um retorno a fome, a peste e aos trabalhos exaustivos de uma cultura
escrava". (Skinner, 1953, p.5). Rejeitar uma análise científica do comportamento
humano é deixar de avançar na posição em que nos encontramos agora. E,
continuar a abordagem mecanicista, característica da maior parte da psicologia
contemporânea, referencial que separa pessoas em comportamento e algum outro
sistema mais fundamental, não traz nenhum novo conhecimento nas maneiras
pelas quais as pessoas interagem com seu ambiente. Explicações dentro desse
referencial ocorrem em abordagens hipotéticos-self, motivação, atitude, atribuição,
rede semântica, teoria da mente e assim por diante. Afirma-se que os constructos
geram e explicam o comportamento, incluindo, portanto, o comportamento que
preocupa Capra e Skinner, comportamento que resulta em guerra, poluição, fome,
crescimento da natalidade, desenvolvimento e construção de armas, e assim por
diante. Ao se basear nestes constructos como explicação decorre que se o
comportamento é para ser alterado, então os constructos precisam ser alterados-
mas, não existe nenhum modo lógico de alterar constructos hipotéticos. O
referencial não oferece nem alternativa, nem solução. Uma análise científica de
como pessoas interagem nos seus mundos, como condições antecedentes e
consequentes afetam o comportamento, apresenta a possibilidade de alterar
comportamento. Visto que o comportamento é funcionalmente relacionado a
eventos no contexto no qual ele ocorre, então a mudança pode ser alcançada pela
análise destas relações e alteração de aspectos do contexto. Afastar-se da ciência
não é a solução: examinar a ciência como ela é praticada na psicologia revela que
o referencial do behaviorismo radical oferece possibilidades para uma mudança
sem pararelo com a abordagem mecanicista
REFERÊNCIAS
Capra, F. (1983). The turning point: Science, society and the rising culture.
London: Fontana
Macleod, R.B. (1970). Newtonian and Darwinian conceptions of man, and some
alternatives. Jornal of the History of the Behavioral Sciences, 6 207-218
Skinner, B. F. (1987). Why we are not acting to save the world. In B. F Skinner,
Upon further reflection (pp. 1-14). Englewood Cliffs, NJ: Prentice-Hall.
1 O presente texto é a tradução do cap 9: Chiesa, M. (1994) Radical Behaviorism:
the Philosophy and the Science. Boston: Authors Cooperative, Inc., Publishers.