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Fundamentos do

Mercado de Capitais

Janeiro 2010

Realização:
Banco do Brasil
Diretoria Gestão de Pessoas
Diretoria Mercado de Capitais e Investimentos
Unidade de Alta Renda

Nenhuma parte deste caderno poderá ser reproduzida, sejam quais forem os meios empregados (mimeografia, xerox,
datilografia, gravação, reprodução em disco ou fita), sem permissão por escrito do Banco do Brasil. Aos infratores
aplicam-se as sanções previstas no Título VII, capítulo II Das Sanções Civis, da Lei nº 9.610, de 19 de fevereiro de 1998.
“Criando valor pela educação”

Papel

Desenvolver a excelência humana e profissional de seus públicos, por meio da criação de valor
em soluções educacionais, contribuindo para a melhoria do desempenho organizacional e o
fortalecimento da imagem institucional do Banco do Brasil.

Para cumprir com o seu papel, a UniBB adota princípios educacionais que norteiam o desenvolvimento
das ações de formação profissional.

Princípios Educacionais
O aluno como sujeito da aprendizagem – O aprendiz é reconhecido como agente da educação,
pois ele assume o compromisso com seu aprendizado, tendo o educador como facilitador deste
processo. As tendências pedagógicas que buscam formatar o educando como sujeito passivo, mero
receptor, são rejeitadas.

Diálogo e conscientização – O trabalho docente é conduzido por meio do diálogo, com respeito
mútuo entre educador e educando, para a elaboração conjunta do saber que busca sempre a
conscientização sobre a realidade e a capacidade de nela intervir.

Problematização da realidade – Os temas estudados referem-se a questões concretas e são


discutidos de maneira não dogmática, possibilitando o desenvolvimento da capacidade crítica.
Quando o homem compreende sua realidade, pode levantar hipóteses, procurar soluções e tentar
transformá-la.

Abordagem complexa e visão multirreferencial – O estudo e a reflexão sobre os temas apresentados


são conduzidos sob um enfoque sistêmico e articulado, a partir da conjugação de diferentes
perspectivas.

Aprender a aprender – Mais do que a construção de determinado conhecimento, o trabalho educativo


objetiva desenvolver no educando a capacidade de aprender.

Extraído da Proposta Político-Pedagógica para Atuação em Gestão de Pessoas LIC 505-30-2-300

UNIVERSIDADE CORPORATIVA BANCO DO BRASIL


Carta de Princípios de RSA do Banco do Brasil

O Banco do Brasil se compromete a:

1. Atuar em consonância com valores universais, tais como: direitos humanos, princípios e direitos
fundamentais do trabalho, princípios sobre meio ambiente e desenvolvimento;

2. Reconhecer que todos os seres são interligados e toda forma de vida é importante;

3. Repelir preconceitos e discriminações de gênero, orientação sexual, etnia, raça, credo ou de


qualquer espécie;

4. Fortalecer a visão da Responsabilidade Socioambiental como investimento permanente e


necessário para o futuro da humanidade;

5. Perceber e valer-se da posição estratégica da corporação BB, nas relações com o Governo,
o Mercado e a Sociedade Civil, para adotar modelo próprio de gestão da Responsabilidade
Socioambiental à altura da corporação e dos desafios do Brasil contemporâneo;

6. Ter a transparência, a ética e o respeito ao meio ambiente como balizadores das práticas
administrativas e negociais da Empresa;

7. Pautar relacionamentos com terceiros a partir de critérios que observem os princípios de


responsabilidade socioambiental e promovam o desenvolvimento econômico e social;

8. Estimular, difundir e implementar práticas de desenvolvimento sustentável;

9. Enxergar clientes e potenciais clientes, antes de tudo, como cidadãos;

10. Estabelecer e difundir boas práticas de governança corporativa, preservando os compromissos


com acionistas e investidores;

11. Contribuir para que o potencial intelectual, profissional, artístico, ético e espiritual dos funcionários
e colaboradores possam ser aproveitados, em sua plenitude, pela sociedade;

12. Fundamentar o relacionamento com os funcionários e colaboradores na ética e no respeito;

13. Contribuir para a universalização dos direitos sociais e da cidadania;

14. Contribuir para a inclusão de pessoas com deficiência.

6 Fundamentos do Mercado de Capitais


Sumário
Características do Curso

Apresentação .................................................................................................................................................. 11

Desempenhos Esperados ...............................................................................................................................12

Perspectivas da GDP ......................................................................................................................................12

Objetivo Geral..................................................................................................................................................13

Participantes ....................................................................................................................................................13

Requisitos ........................................................................................................................................................13

Conteúdos .......................................................................................................................................................13

Carga Horária ..................................................................................................................................................14

Dicas ao Participante.......................................................................................................................................14

Unidade I - O Mercado de Capitais

Introdução........................................................................................................................................................19

Mercado de Capitais - O que é .......................................................................................................................21

Processo de Abertura de Capital .....................................................................................................................22

Níveis Diferenciados de Governança Corporativa e o Novo Mercado ............................................................25

Modalidades de Abertura de Capital .............................................................................................................29

Oferta de Títulos ..............................................................................................................................................30

Os Agentes do Mercado ..................................................................................................................................32

Exercícios Unidade I .......................................................................................................................................43

Unidade II - O Mercado de Ações

Ação - O que é ................................................................................................................................................51

Características das Ações ...............................................................................................................................52

Direitos das Ações e Eventos Societários .......................................................................................................55

O Mercado de Ações .......................................................................................................................................63

Segmentos do Mercado de Ações ..................................................................................................................64

Derivativos .......................................................................................................................................................66

Ambiente de Negociação ................................................................................................................................68

Índices do Mercado de Ações .........................................................................................................................79


UNIVERSIDADE CORPORATIVA BANCO DO BRASIL 7
Participantes do Mercado de Ações ................................................................................................................84

Riscos do Investimento em Ações...................................................................................................................86

Negociando Ações...........................................................................................................................................88

O Pregão ........................................................................................................................................................95

Liquidação das Operações ..............................................................................................................................97

Custos Operacionais .......................................................................................................................................99

Tributação ......................................................................................................................................................100

Exercícios Unidade II ....................................................................................................................................103

Unidade III - Outros Produtos do Mercado de Capitais para o Varejo

Debêntures - O que é ....................................................................................................................................109

Características...............................................................................................................................................109

Negociação.................................................................................................................................................... 111

Riscos do Investimento em Debêntures ....................................................................................................... 112

Tributação .................................................................................................................................................... 112

Outros Ativos ................................................................................................................................................ 113

Papéis Índice Brasil Bovespa – PIBB ........................................................................................................... 113

Fundo de Investimento Imobiliário – FII ....................................................................................................... 114

Depositary Receipts – ADR, GDR, BDR ...................................................................................................... 114

Fundo de Investimento em Direitos Creditórios - FIDC ................................................................................ 115

Certificado de Recebíveis Imobiliários - CRI ................................................................................................ 115

Notas Promissórias (Commercial Papers) .................................................................................................. 115

Compromissadas com Título Privado........................................................................................................... 116

Ouro - O que é.............................................................................................................................................. 116

Características.............................................................................................................................................. 117

Negociação................................................................................................................................................... 117

Tributação ..................................................................................................................................................... 118

Exercícios Unidade III .................................................................................................................................. 119

Unidade IV - O Banco do Brasil no Mercado de Capitais

Atuação do BB.............................................................................................................................................. 125

8 Fundamentos do Mercado de Capitais


Originação de Operações.............................................................................................................................125

Estruturação de Operações..........................................................................................................................125

Distribuição de Ativos para o Atacado ..........................................................................................................126

Distribuição de Ativos para o Varejo .............................................................................................................126

Como Instituição Depositária de Ações Escriturais ......................................................................................126

Como Agente de Custódia............................................................................................................................127

Gabaritos .....................................................................................................................................................129

Bibliografia ....................................................................................................................................................139

UNIVERSIDADE CORPORATIVA BANCO DO BRASIL 9


10 Fundamentos do Mercado de Capitais
Características do Curso
Apresentação
Este curso, desenvolvido pela Diretoria Gestão de Pessoas - DIPES em
parceria com a Diretoria de Mercado de Capitais e Investimentos - DIMEC,
aborda os conceitos do mercado de capitais e situa o Banco do Brasil nesse
contexto.

Ele está dividido em quatro unidades de ensino.

A primeira unidade aborda conceitos introdutórios sobre mercado de capitais,


o processo de abertura de capital de uma sociedade anônima e indica os
agentes do mercado de capitais e suas respectivas funções.

A unidade II, trabalhada com maior ênfase, aborda o mercado de ações:


conceitos, características das ações, processo de negociação, índices, riscos
a que estão sujeitos os investidores em ações e outros tópicos relacionados
às modalidades operacionais.

Na unidade III, serão abordados outros produtos de mercado de capitais


negociados pelo Banco. Apesar de não ser um produto de mercado de
capitais, o ouro, ativo financeiro, também será tema deste curso, tendo em
vista sua similaridade operacional com os produtos de mercado de capitais e
a identificação dos investidores pessoa física com o produto.

Finalmente, na unidade IV você verá a atuação do BB nesse mercado.

O treinamento foi desenvolvido na modalidade auto-instrucional, em mídia


impressa, para ser realizado no local e horário de trabalho.

Nessa modalidade de aprendizagem você não tem auxílio de educador ou


tutor. As orientações e conteúdos estão neste caderno, construído de forma
a estabelecer um encadeamento lógico para os temas estudados. Por isso, é
importante que você siga as orientações e faça os exercícios sugeridos.

A metodologia adotada não exclui, entretanto, a possibilidade de que o


material seja trabalhado em grupos, destinando-se um tempo ao final do
estudo individual para discussão dos temas e resolução dos exercícios.

UNIVERSIDADE CORPORATIVA BANCO DO BRASIL 11


Desempenhos esperados no posto de trabalho
Ao final do treinamento você deverá ser capaz de:
▪ Demonstrar conhecimento sobre o Mercado de Capitais, seu funcionamento
e importância para a economia brasileira atual.
▪ Demonstrar conhecimento sobre o processo de abertura de capital de
uma empresa.
▪ Fornecer informações sobre as ofertas de títulos no mercado.
▪ Prestar informações sobre investimentos em ações.
▪ Orientar os clientes sobre as operações de compra e venda de ações
pela internet (Home Broker BB).
▪ Prestar esclarecimentos aos clientes sobre os direitos dos acionistas e
respectivos custos operacionais e tributos de operações de compra e
venda de ações.
▪ Orientar os clientes quanto ao investimento em ouro.
▪ Orientar os clientes quanto ao investimento em debêntures.
▪ Prestar informações sobre a atuação do Banco nos processos de
estruturação de operações e distribuição de ativos para o atacado e
varejo.
▪ Prestar informações sobre a atuação do Banco como agente de custódia
e instituição depositária de ações.

Perspectivas da GDP
Financeira
▪ Demonstra conhecimento dos produtos e serviços relacionados à
estratégia de sua área de atuação.
▪ Identifica e aproveita oportunidades para o Banco, analisando o ambiente
interno e externo.

Clientes
▪ Presta atendimento com cortesia e agilidade, considerando as expectativas
do cliente (interno e externo) e as orientações da Empresa.

12 Fundamentos do Mercado de Capitais


Processos Internos
▪ Identifica riscos na realização das atividades sob sua responsabilidade e
implementa ações adequadas.

Objetivo geral
Apresentar alternativas de investimentos para os clientes da Rede de
Agências Varejo, a partir do conhecimento dos produtos de Mercado de
Capitais que o Banco do Brasil disponibiliza para o investidor individual.

Participantes
Funcionários da área de atendimento da rede de agências varejo.

Requisitos
Nenhum

Conteúdos

O programa deste curso é composto de quatro unidades de ensino que


apresentam os seguintes conteúdos:

Unidade I - O Mercado de Capitais


▪ Introdução
▪ Mercado de capitais - o que é
▪ Processo de abertura de capital
▪ Níveis diferenciados de governança corporativa e o novo mercado
▪ Modalidades de abertura de capital
▪ Oferta de títulos
▪ Os agentes do mercado

Unidade II - O Mercado de Ações


▪ Ação - o que é
▪ Características das ações
▪ Direitos das ações e eventos societários
▪ O mercados de ações
UNIVERSIDADE CORPORATIVA BANCO DO BRASIL 13
▪ Segmentos do mercado de ações
▪ Derivativos
▪ Ambiente de negociação
▪ Índices do mercado de ações
▪ Participantes do mercado de ações
▪ Riscos do investimento em ações
▪ Negociando ações
▪ O pregão
▪ Liquidação das operações
▪ Custos operacionais
▪ Tributação
Unidade III - Outros produtos do mercado de capitais para o varejo
▪ Debêntures - o que é
▪ Características
▪ Negociação
▪ Riscos do investimento em debêntures
▪ Tributação
▪ Outros ativos
▪ Ouro - o que é

Unidade IV - O BB no mercado de capitais


▪ Atuação do BB

Carga horária
▪ 10 horas, podendo ser divididas em 5 dias de 2 horas.

Dicas ao participante
As dicas abaixo poderão ajudá-lo a superar alguns desafios para realização
deste curso.
▪ Converse com seu superior imediato e sua equipe de trabalho sobre o curso.
▪ Escolha um horário conveniente para o Banco e para você.
▪ Organize seu horário de estudo com freqüência definida e sem
interrupções.

14 Fundamentos do Mercado de Capitais


▪ Crie ambiente agradável. Evite o que possa causar dispersão. Procure
local específico, tranqüilo, com boa iluminação e ventilação.
▪ Organize o material. Não esqueça lápis ou caneta, dicionário etc. Procurar
coisas durante o estudo tira a concentração.
▪ Leia os textos com atenção, assinalando o que julgar relevante. Faça
anotações.
▪ Consulte o dicionário sempre que não tiver certeza do significado das
palavras usadas.
▪ Faça desenhos esquemáticos. O desenho ajuda a compreender pela
visualização.
▪ Não fique restrito ao material do curso. Pesquise em livros ou procure
pessoas que dominem o tema.
▪ Compartilhe seu aprendizado. Se outros colegas também estiverem
fazendo o mesmo curso, reúna-se com eles para discutir e tirar dúvidas.
▪ Procure transferir o que aprendeu, aplicando o conhecimento em seu dia-
a-dia. Quando não se pratica, se esquece o que estudou.

Ao final do curso, registre a conclusão no Aplicativo Educa, conforme


instruções do LIC 55.80.

UNIVERSIDADE CORPORATIVA BANCO DO BRASIL 15


UNIVERSIDADE CORPORATIVA BANCO DO BRASIL 17
Objetivos desta unidade
Nesta primeira unidade, você tomará contato com os conceitos introdutórios
sobre mercado de capitais, conhecerá como se dá o processo de abertura
de capital de uma sociedade anônima, quem são os agentes que atuam
nesse mercado e quais as funções de cada um.

O nosso propósito é que após o estudo desta unidade, você esteja apto(a) a:
▪ Identificar o conceito de mercado de capitais, seu funcionamento e sua
importância para a economia brasileira.
▪ Identificar os objetivos do processo de abertura de capital das empresas,
e as vantagens para empresas e investidores.
▪ Caracterizar as companhias enquadradas nos Níveis 1 e 2 de Governança
Corporativa e no Novo Mercado, bem como a importância da adesão das
empresas a esses enquadramentos.
▪ Diferenciar as ofertas nos mercados primário e secundário.
▪ Identificar os agentes do mercado e respectivas funções.
▪ Conhecer a forma de atuação das Bolsas de Valores.
▪ Diferenciar agentes de custódia de instituição depositária.

18 Fundamentos do Mercado de Capitais


Introdução
O processo de globalização trouxe como resultado um intenso intercâmbio
entre os países. Em decorrência disso, o mercado financeiro brasileiro
vem adquirindo crescente importância no cenário financeiro internacional.
Seguindo essa tendência mundial, os países em desenvolvimento procuram
abrir suas economias para receber investimentos externos. Quanto mais
desenvolvida for uma economia, mais ativo será o seu mercado financeiro.

No Brasil, este mercado está subdividido em quatro segmentos: de crédito,


cambial, monetário e de capitais, diferenciados uns dos outros a partir de variáveis,
tais como prazo da operação, tipo da operação e intermediário financeiro.

Didaticamente, esses mercados são tratados de forma estanque, embora, na


realidade, eles interajam entre si, com mudanças nas variáveis de um deles
influenciando todos os demais.

O mercado de crédito tem por finalidade o financiamento de consumo e o


fornecimento de capital de giro das empresas, tratando normalmente de
operações de curto e médio prazos.

O mercado cambial é onde são realizadas as operações que envolvem a


necessidade de conversão de moedas estrangeiras em moedas nacionais e vice-
versa, facilitando as transações de exportação e financiamento à importação. As
operações desse mercado são basicamente à vista e de curto prazo.

O mercado monetário trata da liquidez monetária da economia. É atuando


nesse mercado que o governo federal controla os meios de pagamentos,
eleva os níveis de emprego, mantém a estabilidade de preços e sustenta
uma taxa de crescimento econômico adequada.

O mercado de capitais, tema central deste curso, está passando por um


momento de evolução, principalmente em razão da queda constante nas
taxas de juros, atraindo mais investidores, fato que favorece a colocação de
títulos e valores mobiliários, especialmente ações e debêntures.

UNIVERSIDADE CORPORATIVA BANCO DO BRASIL 19


Sistema de E é nesse contexto que o mercado de capitais brasileiro vem experimentando
negociação significativo crescimento nesses últimos anos. Crescimento que se refere
eletrônica que
tanto ao volume de recursos investidos nos vários instrumentos disponíveis,
permite aos clientes
operarem na
quanto ao número de investidores individuais. Nos últimos 3 anos, o número
BM&F Bovespa de investidores que operam diretamente na bolsa (via Home Broker) passou
via Internet. Por de pouco mais de 30 mil para 131.700.1
este mecanismo,
Se considerarmos os investidores pessoas físicas de um modo geral,
ligado ao sistema
de negociação da observa-se que nos últimos cinco anos, o número dessa nova geração
BM&F Bovespa, de investidores passou de 35 mil para 280 mil 2 que compram ações pela
o investidor internet ou participam de clubes de investimentos.
pode enviar,
automaticamente, O Programa de Popularização do Mercado de Capitais Brasileiro,
ordens de compra e desenvolvido pela BM&F Bovespa – Bolsa de Valores de São Paulo, divulga
de venda de ações. os conceitos do mercado de ações, mostrando que essa modalidade de
investimento está ao alcance de todos.
São associações
de pelo menos
Agora, mais do que emergente na Bolsa, esse público passa a ser estratégico
três investidores
que se consorciam
para as companhias brasileiras, pois, ao conservarem os papéis em suas
com a finalidade de carteiras por períodos mais longos, os investidores individuais amenizam a
realizar aplicações volatilidade das ações, ou seja, o mercado fica mais eficiente e transparente
no mercado de e menos sujeito a distorções de preços e a manipulações.
capitais. É uma
pessoa jurídica A presença cada vez maior das pessoas físicas operando nesse mercado
que para poder ― especialmente aquelas que operam por conta própria via Internet ― e
funcionar tem de
as condições de incertezas que prevalecem atualmente nos mercados
ser registrada na
mundiais, tornam compulsório o conhecimento desse assunto por parte de
Bolsa de Valores.
nossos Atendentes da Rede Varejo, pois esses investidores, na sua maioria,
Indica o grau demandarão por esse tipo de conhecimento.
de oscilação
(variação positiva
ou negativa) do
preço de um ativo
num determinado
período (diário,
mensal ou anual).
Quanto maior
a variação de
preços no período
considerado, maior
a volatilidade.
1. Fonte: Bovespa,agosto /2007
2. Fonte: Revista Veja, 26/09/2007

20 Fundamentos do Mercado de Capitais


Mercado de capitais - o que é Todo e qualquer
título emitido por
uma Sociedade
Conjunto de instituições que negociam com títulos e valores mobiliários, Anônima, com
a finalidade
com o objetivo de viabilizar a capitalização das empresas e dar liquidez aos de captação
títulos por elas emitidos. Tem por objetivo canalizar recursos dos agentes de recursos
compradores (investidores) para empresas privadas (emissoras). financeiros.
Exemplos:
ações, bônus
O mercado de capitais é constituído pelas bolsas de valores, sociedades de subscrição,
corretoras, sociedades distribuidoras, bancos de investimento e outras debêntures, notas
promissórias
instituições financeiras autorizadas a negociar títulos e valores mobiliários.
(commercial
papers), certificados
É onde são efetuados os financiamentos de capital de giro e do capital fixo de recebíveis
das empresas. E, nesse sentido, assume papel dos mais relevantes no imobiliários, quotas
de fundos de
processo de desenvolvimento econômico. É o grande municiador de recursos investimentos em
permanentes para a economia, em virtude da ligação que estabelece entre os direitos creditórios e
que têm capacidade de poupança — os investidores — e aqueles carentes outros instrumentos
destinados à
de recursos de longo prazo para investimento — os captadores. Com isso, captação de
permite o desenvolvimento das empresas, gera novos empregos e contribui recursos.
para o progresso do País.

O mercado de capitais está estruturado de forma a suprir as necessidades


de investimentos dos agentes econômicos, por meio de diversas
modalidades de financiamentos de médio e longo prazos, tanto para
capital de giro quanto para capital fixo. Além disso, oferece também
financiamentos com prazo indeterminado, como as operações que
envolvem a emissão e subscrição de ações.

Assim, uma empresa, para financiar seus planos de investimento, não


precisará ficar restrita à sua geração de lucros (nem sempre suficientes
para cobrir investimentos) ou depender de novos aportes de capital por
seus acionistas.

UNIVERSIDADE CORPORATIVA BANCO DO BRASIL 21


Processo de abertura de capital
No cenário econômico atual, no qual o uso intensivo da tecnologia e
a competição acirrada forçam as empresas a realizarem constantes
investimentos, estas não podem depender única e exclusivamente dos
recursos próprios, gerados de suas operações.

As empresas, à medida que se expandem, carecem de mais e mais recursos,


que podem ser obtidos por meio do reinvestimento de lucros, via empréstimos
de terceiros ou da participação de acionistas.

As duas primeiras fontes de recursos são limitadas e, por isso, são


geralmente utilizadas para a manutenção da atividade operacional. Mas é
pela participação de novos sócios ou investidores que uma empresa ganha
condição de obter novos recursos não exigíveis.

Assim, o processo de abertura de capital torna-se o principal instrumento de


captação de recursos de médio e longo prazos, mediante distribuição pública
de valores mobiliários (ações, bônus de subscrição, notas promissórias,
debêntures, dentre outros). Algumas empresas optam por entrar no mercado
sem a realização imediata de uma oferta pública de valores mobiliários. No
entanto, o mercado entende que para que ocorra uma plena abertura de
A plena abertura capital é necessário que a empresa faça uma emissão pública de ações.
de capital
acontece quando E na prática, como se dá o processo de abertura de capital?
a companhia lança
suas ações ao
público, ou seja, A empresa, ao abrir seu capital, deve adotar, preliminarmente, alguns ajustes
emite ações e de ordem jurídica, societária e de posicionamento.
as negocia nas
bolsas de valores
ou no mercado de
A decisão da abertura de capital e da colocação de valores mobiliários deve
balcão. Portanto, ser precedida de uma análise sobre a conveniência e viabilidade econômica
um processo mais da operação, em que a companhia deve avaliar questões como conjunturas
democrático,
que concede macroeconômica e política; nível de atividade da empresa; sua situação
maior liquidez econômica, financeira e patrimonial; exigências legais e adequações
aos ativos (ações necessárias à estrutura de uma companhia aberta, e custos relativos ao
adquiridas em oferta
pública permitem processo, cozzmparando-os a outras alternativas de financiamento.
ao investidor
transformar seu Para que uma empresa possa se candidatar ao processo de abertura de
investimento
capital, deve estar constituída na forma jurídica de uma sociedade anônima,
em dinheiro no
momento em que de acordo com a Lei 6404 de 15/12/1976.
ele desejar).
Além disso, existem outras exigências as quais a empresa precisa cumprir.
22 Fundamentos do Mercado de Capitais
Pedir seu registro como companhia aberta – Apenas com esta condição
seus títulos podem ser negociados em bolsa ou mercado de balcão
organizado. A distribuição pública de valores mobiliários, nos termos da Lei
Cria a CVM e
nº 6.385/76, pressupõe prévio registro na CVM. disciplina o mercado
de capitais.
Para que uma empresa possa se candidatar ao processo de abertura de
capital, deve estar constituída na forma jurídica de uma sociedade anônima,
de acordo com a Lei 6404 de 15/12/1976.
Comissão de
Registrar a emissão pública de valores na CVM – Somente os valores
Valores Mobiliários
mobiliários de companhias registradas na CVM podem ser negociados. - Órgão fiscalizador
do mercado de
Registrar a empresa na Bolsa de Valores – Quando se tratar de empresas capitais brasileiro
o qual também
ingressantes no mercado, além do registro da emissão pública, a CVM deve registra e autoriza a
conceder o registro da companhia para negociação em bolsa ou para o emissão dos valores
mercado de balcão. mobiliários para
distribuição pública.
Contratar auditoria independente e intermediário financeiro – A
companhia deve contratar auditoria externa independente e um intermediário
financeiro para conduzir todo o processo de abertura. Os auditores
independentes são empresas ou pessoas físicas especializadas no exame
de registros contábeis e demonstrações financeiras das companhias e
somente poderão atuar se tiverem registro na CVM.

Realizar estudos técnicos para definir o preço e valor da operação –


Esses estudos são realizados pela instituição financeira coordenadora.

Efetivar contratos de coordenação e distribuição do processo – Quando


a emissão é publica, é necessária a intermediação e coordenação de uma
instituição financeira, que pode ser uma corretora, banco de investimentos
ou múltiplo (com carteira de investimentos) ou distribuidora de valores.

Realizar AGE para deliberar a operação e seus detalhes – Nessa


Assembléia Geral Extraordinária são definidas a quantidade, tipo,
características e preço dos títulos a serem emitidos e demais condições
do processo.

Nomear um Diretor de relações com o mercado – Este será a pessoa


autorizada a falar pela empresa diante do mercado e dos investidores.

Anunciar as datas de início e de encerramento da distribuição pública.

UNIVERSIDADE CORPORATIVA BANCO DO BRASIL 23


É importante ressaltar que a abertura de capital oferece muitas vantagens para as
empresas que decidem fazê-la, mas também existem alguns custos e obrigações
os quais, para alguns autores, podem ser traduzidos em desvantagens. Os
custos associados ao processo de abertura de capital, à remuneração do capital
dos novos acionistas (política de distribuição de dividendos) e à administração
de um sistema de informações específico para o controle da propriedade da
empresa, tendem a se diluir em função das vantagens agregadas.

Vantagens
As principais vantagens da abertura de capital são:
▪ Novas oportunidades de investimentos.
▪ Criação de um referencial de avaliação do negócio.
▪ Maior flexibilidade estratégica / liquidez patrimonial – Os acionistas
controladores aumentam a liquidez do seu patrimônio, por meio da
oportunidade de negociação de sua participação na empresa, que tende
a se valorizar ao longo do tempo pela diversificação de compradores,
sobretudo investidores institucionais, nacionais ou estrangeiros.
▪ Imagem institucional – A transparência e confiabilidade das informações
exigidas das empresas que abrem seu capital facilitam os negócios,
atraindo o consumidor final, gerando maior presença e prestígio no
mercado. Uma companhia aberta tende a ter um diferencial competitivo
e melhorar a imagem institucional. Quando recorre ao endividamento
bancário, por exemplo, seu custo financeiro é normalmente inferior ao de
uma companhia fechada. Por outro lado, o status de companhia aberta
tende a facilitar as associações internacionais.
▪ Reestruturação societária – Soluções para problemas relativos à estratégia
empresarial, partilhas de heranças e processos sucessórios podem ser
equacionados através de uma abertura de capital, orientada por especialistas
em questões societárias, aptos a apresentar inúmeras alternativas, de acordo
com os parâmetros desejados de independência gerencial e eficiência fiscal.
▪ Profissionalização da gestão – Esse processo é conseqüência das disposi-
ções legais, tendo em vista a eleição de conselheiros representantes dos
novos acionistas e a exigência da figura do Diretor de Relações com o
Mercado (DRM). Uma administração profissionalizada é um dos pontos
que mais interessa ao investidor, dada a necessidade de treinamento
profissional dos ocupantes de cargos de direção.
▪ Divisão do risco do negócio com outros sócios.
24 Fundamentos do Mercado de Capitais
Custos e obrigações
Alguns autores tratam este item como desvantagens à abertura de capital
das empresas, mas, para efeito do nosso estudo, vamos considerá-los como
custos ou obrigações:
▪ Distribuição de dividendos a acionistas.
▪ Custos gerados pela divulgação de informações ao mercado, para que o
investidor tome sua decisão.
▪ Acréscimos nos custos legais e institucionais tais como: pagamento de
taxas, anuidades, remuneração dos trabalhos de coordenação e auditoria
independente, em atendimento às exigências legais. Alguns custos
internos: alocação de pessoal para acompanhamento do processo,
montagem de estrutura interna para dar suporte à abertura do capital.
▪ A necessidade de atendimento às normas mais específicas e rigorosas, no
que tange aos procedimentos e princípios contábeis, de auditoria, e divulga-
ção de demonstrações financeiras, quando contrapostos aos benefícios
oriundos do status de companhia aberta, tende também a se diluir.

Quando a empresa decide abrir seu capital ela precisa estar ciente de que
lhe será exigido o cumprimento de várias etapas legais estabelecidas em
legislação pertinente. E, além disso, a abertura de capital impõe à companhia a
adoção de uma postura ética que não deve se restringir ao mero cumprimento
dos dispositivos legais. São as práticas legais e de transparência, que têm o
objetivo de proteger as partes interessadas no negócio, como: investidores,
empregados, fornecedores e credores.

Níveis diferenciados de governança


corporativa e o novo mercado
Os níveis diferenciados de Governança Corporativa – implantados em
dezembro de 2000 pela BM&F Bovespa, são segmentos especiais de
listagem de empresas, desenvolvidos com o objetivo de proporcionar um
ambiente de negociação que estimule, simultaneamente, o interesse dos
investidores e a valorização das companhias.

UNIVERSIDADE CORPORATIVA BANCO DO BRASIL 25


A adesão das companhias ao Nível 1 ou ao Nível 2 depende do grau de
Definida como o
esforço contínuo em compromisso assumido e é formalizada por meio de um contrato, assinado
alinhar os objetivos pela BM&F Bovespa e pela empresa (administradores, conselheiros fiscais
da administração
e controladores).
das empresas aos
interesses dos
acionistas. Envolve Ao assinarem o contrato, as partes acordam em observar o Regulamento de
as práticas e os Listagem do segmento específico, que consolida os requisitos que devem
relacionamentos
entre os Acionistas/
ser atendidos pelas companhias listadas naquele segmento. No caso das
Cotistas, o Conselho companhias Nível 2, tem o requisito adicional de adotar a arbitragem para
de Administração, solução de eventuais conflitos societários.
a Diretoria,
uma Auditoria
Independente e Empresas listadas nesses segmentos oferecem aos seus acionistas
até mesmo um investidores melhorias nas práticas de governança corporativa que
Conselho Fiscal. A ampliam os direitos societários dos acionistas minoritários e aumentam
empresa que opta
pelas boas práticas a transparência das companhias, com divulgação de maior volume de
de governança informações e de melhor qualidade, facilitando o acompanhamento de sua
corporativa adota
performance.
como linhas mestras:
transparência,
prestação de contas A premissa básica é que a adoção de boas práticas de governança corporativa
(accountability) pelas companhias confere maior credibilidade ao mercado acionário e, como
e eqüidade.
conseqüência, aumenta a confiança e a disposição dos investidores em
adquirirem as suas ações, pagarem um preço melhor por elas, reduzindo os
custo de captação das empresas. Assim, a valorização e a liquidez das ações
de um mercado são influenciadas positivamente pelo grau de segurança e
pelos direitos concedidos aos acionistas e pela qualidade das informações
prestadas pelas empresas.

No Brasil, parte significativa das companhias abertas já se empenha em


oferecer a seus investidores melhorias nas práticas de governança e de
transparência.

Vamos ver o que significa para uma empresa pertencer a cada um desses
segmentos de listagem.

Companhia Nível 1
As companhias nível 1 se comprometem, principalmente, com melhorias na
prestação de informações ao mercado e com a dispersão acionária. Assim,
as principais práticas agrupadas no Nível 1 são:
▪ Realizar reuniões públicas com analistas e investidores, ao menos uma
vez por ano.
26 Fundamentos do Mercado de Capitais
▪ Apresentar um calendário anual do qual conste a programação dos eventos
corporativos, tais como assembléias, divulgação de resultados etc.
▪ Divulgar os termos dos contratos firmados entre a companhia e partes
relacionadas.
▪ Realizar ofertas públicas de colocação de ações por meio de mecanismos
que favoreçam a dispersão do capital. Documento enviado
pelas companhias
▪ Informar, em bases mensais, negociações de ativos e derivativos de listadas à CVM e
à BM&F Bovespa,
emissão da companhia por parte de acionistas controladores. disponibilizado ao
público e que contém
▪ Melhorar as informações prestadas, adicionando às Informações
demonstrações
Trimestrais (ITRs) entre outras: demonstrações financeiras consolidadas financeiras
e a demonstração dos fluxos de caixa. trimestrais.

▪ Melhorar as informações relativas a cada exercício social, adicionando


às Demonstrações Financeiras Padronizadas (DFPs) entre outras, a Documento enviado
demonstração dos fluxos de caixa. pelas companhias
listadas à CVM e
▪ Melhorar as informações prestadas, adicionando às Informações à BM&F Bovespa,
Anuais (IANs) entre outras: a quantidade e características dos valores disponibilizado ao
público e que contém
mobiliários de emissão da companhia detidos pelos grupos de acionistas demonstrações
controladores, membros do Conselho de Administração, diretores e financeiras anuais.
membros do Conselho Fiscal, bem como a evolução dessas posições.
▪ Manter em circulação uma parcela mínima de ações, representando 25%
do capital social da companhia (free float). Documento mais
detalhado, enviado
Hoje, a Aracruz, a Gerdau, a Braskem e a Vale são exemplos de companhias pelas companhias
Nível 1. (fonte BM&F Bovespa – 01/10/2009). listadas à CVM e
à BM&F Bovespa,
disponibilizado
Companhia Nível 2 ao público e que
contém informações
A classificação de uma companhia como Nível 2, além das regras de societárias,
contábeis,
transparência e dispersão acionária exigidas no Nível 1, contempla também mercadológicas
as de equilíbrio de direitos entre acionistas controladores e minoritários. e financeiras,
Por exemplo, a companhia aberta listada no Nível 2 tem como obrigações além do histórico
da companhia.
adicionais à legislação:
▪ composição do conselho de administração com no mínimo cinco membros
e mandato unificado de até dois anos, permitida a reeleição, sendo que,
no mínimo 20% dos membros deverão ser conselheiros independentes;
▪ extensão, para todos os acionistas minoritários detentores de ações
ordinárias, das mesmas condições obtidas pelos controladores quando

UNIVERSIDADE CORPORATIVA BANCO DO BRASIL 27


da venda do controle da companhia e de, no mínimo, 80% deste valor
(International
Financial Reporting
para os detentores de ações preferenciais (tag along).
Standard) refere-se
▪ disponibilização de demostrações financeiras seguindo as normas do
às normas contábeis
internacionais US GAAP (United States Generally Accepted Accouting), norma contábil
e contribui para adotada nos Estados Unidos ou IFRS;
desenvolver práticas
contábeis mais ▪ direito de voto para as ações preferenciais em algumas matérias, como
adequadas às transformação, incorporação, cisão e fusão da companhia e aprovação de
empresas brasileiras
preparando–as para contratos entre a companhia e empresas do mesmo grupo, sempre que
o futuro global. sejam deliberados em assembléia geral;
▪ obrigatoriedade de realização de uma oferta de compra de todas as ações
em circulação, pelo valor econômico, nas hipóteses de fechamento do
A Câmara de capital ou cancelamento do registro de negociação neste nível;
Arbitragem do
Mercado (CAM) é ▪ adesão à Câmara de Arbitragem para resolução de conflitos societários.
um foro criado pela
BM&F Bovespa para Hoje, como exemplo dessa listagem de empresas, citamos a Marcopolo, a
resolver disputas Gol, a Saraiva, a Net, a Tam e a Celesc (fonte BM&F Bovespa – 01/10/2009).
societárias e do
mercado de capitais.
Por meio de regras
O Novo Mercado
próprias, a CAM
tem a vantagem de O Novo Mercado é formado por um conjunto de empresas que têm ações
trazer mais agilidade negociadas na BM&F Bovespa e que se comprometem, voluntariamente, a
e economia, aplicar práticas de governança corporativa e transparência que ultrapassem
além de árbitros
especializados nas os requisitos exigidos pela legislação. Ao fazerem parte desse segmento, as
matérias a serem empresas passam a ser dirigidas e monitoradas sob princípios mais rígidos de
decididas. Qualquer
transparência, eqüidade, prestação de contas e responsabilidade corporativa.
interessado,
investidor ou
empresa, seja ou
Para ser enquadrada no Novo Mercado, além de atender às exigências es-
não uma companhia tabelecidas para os níveis 1 e 2, o capital social da companhia deverá ser
aberta, pode utilizar composto somente por ações ordinárias.
essa estrutura.
Além de presentes no Regulamento de Listagem, alguns desses compromis-
sos deverão ser aprovados em Assembléias Gerais e incluídos no Estatuto
Social da companhia.

São empresas do Novo Mercado: Banco do Brasil (a partir de junho de 2006),


Ecodiesel, Natura, Weg , Tractebel, Abyara e CCR Rodovias (fonte BM&F
Bovespa – 01/10/2009)

28 Fundamentos do Mercado de Capitais


Modalidades de abertura de capital
O processo de abertura de capital pode realizar-se por meio dos mercados
primário e secundário.

No mercado primário é onde ocorre a primeira negociação pública de qualquer


ativo financeiro de uma sociedade anônima (S.A.), também conhecida
como IPO (Initial Public Offering). É quando ocorre a canalização direta dos
recursos monetários superavitários dos investidores, para o financiamento
das empresas, por meio da colocação (venda) inicial dos ativos emitidos.

Quando uma ação, uma letra de câmbio ou qualquer outro ativo é vendido
pela primeira vez, diz-se que essa operação ocorreu no mercado primário.

Já o mercado secundário é o local onde são negociadas as ações das


sociedades anônimas de capital aberto, adquiridas pelo público no mercado
primário. Os valores monetários das negociações realizadas nesse mercado
não são transferidos para o financiamento das empresas, são identificados
como simples transferências entre os investidores.

Valores Mobiliários

Mercado Primário

Investidor A
Capital
Empresas

Valores Mobiliários

Mercado Secundário

Liquidez
Novos Compradoes Revenda

A função essencial desse mercado é dar liquidez ao mercado primário,


viabilizando o lançamento de títulos.
UNIVERSIDADE CORPORATIVA BANCO DO BRASIL 29
Oferta de títulos
Oferta de títulos é o processo pelo qual títulos e valores mobiliários emitidos
por empresas são distribuídos nos mercados primário ou secundário.

A oferta de títulos tem por objetivo a captação de recursos via abertura de


capital, aumento de capital, emissão de títulos de dívida ou transferência de
títulos entre investidores. É realizada por meio de subscrição particular ou
de oferta pública.

Subscrição particular (ou oferta privada) – a emissão é totalmente subscrita


por antigos acionistas ou direcionada a um grupo restrito de investidores.

Subscrição por oferta pública de títulos (ou oferta pública) – feita por
meio de ampla divulgação no mercado.

No mercado primário as empresas buscam, mais efetivamente, os recursos


próprios necessários para a consecução de seu crescimento e promovem, a
partir do lançamento de ativos, a implementação de projetos de investimentos
e conseqüente incremento da riqueza nacional.

A primeira colocação pública de títulos de uma sociedade anônima de


capital aberto é chamada underwriting e é conduzida por instituições
O termo underwriting especializadas, como bancos de investimento, sociedades corretoras e
— “subscrição” em
inglês — significa
sociedades distribuidoras.
lançamento ou
Existem três tipos de underwriting:
emissão de papéis
para captação ▪ Garantia firme – operação na qual a instituição financeira coordenadora
de recursos de
acionistas. da oferta garante, por sua conta e risco, a colocação no mercado de
determinado lote de ações a um preço previamente pactuado com a
empresa emissora.
▪ Melhores esforços (best efforts) – caracteriza-se pelo compromisso
assumido pela instituição financeira em desenvolver os melhores
esforços para vender o máximo de uma emissão junto a seus clientes,
nas melhores condições possíveis e por um prazo determinado. Não há o
compromisso formal de viabilizar a colocação. O risco da colocação é da
empresa emitente.
▪ Residual (stand by) – a instituição financeira se compromete a negociar
as ações dentro de certo prazo. Quando este termina, ela subscreve a
parcela que o mercado não absorveu.

30 Fundamentos do Mercado de Capitais


Já a oferta secundária, também chamada block trade, consiste na oferta,
por meio de leilão, de uma quantidade considerável de ações já emitidas e
pertencentes a um acionista ou a um grupo de acionistas. Não há impacto
no caixa da empresa emissora, pois a transferência dos recursos acontece
entre os investidores.

As ofertas podem ser brasileiras — quando ocorrerem exclusivamente no


território nacional — ou globais, quando também são destinadas a investidores
estrangeiros, não residentes no País.

No caso de uma oferta global é definido o percentual que será distribuído em


São os fundos
cada modalidade. Os papéis podem ser direcionados tanto para o público de pensão e
de investidores institucionais quanto para investidores de varejo (pessoas as entidades
de previdência
físicas, ou jurídicas não consideradas institucionais). complementar;
os fundos de
Nas ofertas públicas secundárias, os procedimentos operacionais são investimentos,
semelhantes aos de uma oferta primária (underwriting). Costumeiramente, as companhias
de seguros e
os lançamentos são realizados em bolsa, seguindo os princípios de qualquer capitalização e as
leilão, em que se parte de um preço mínimo preestabelecido, fechando a companhias de
investimentos.
operação no preço máximo.

Modalidades de pagamento
As modalidades de pagamento das ofertas públicas podem ser:
▪ à vista, com recursos próprios, quando ocorrer a compra direta do ativo,
ou a compra indireta, pela aquisição de cota de fundo;
▪ à vista, com recursos do FGTS, quando se der apenas por aquisição de
cota de fundo;
▪ com desconto, quando as vendas no varejo, a critério dos ofertantes,
forem beneficiadas com desconto sobre o preço de distribuição da oferta.

Características das ofertas públicas


Formação de preço – é normalmente estabelecido por meio do Livro de
Ofertas (bookbuilding). A formação de preço pelo mecanismo do bookbuilding
considera a demanda apresentada pelos investidores em ações levando em
consideração a quantidade que cada um deseja comprar e o preço máximo
que cada investidor está disposto a pagar. Participam desse processo de
formação do preço os investidores institucionais que, em última instância,
são os responsáveis pela definição do preço da oferta.

UNIVERSIDADE CORPORATIVA BANCO DO BRASIL 31


Bloqueio (lock up) – os ativos adquiridos com desconto poderão, de acordo
com regras estabelecidas na oferta, ficar bloqueados para negociação por
um determinado período de tempo.

Um exemplo desse tipo de oferta foi a que o Banco do Brasil fez para seus
funcionários em 2007: concedeu incentivo de 10% para compra direta
(pagamento à vista) ou 3,58% para compra direta financiada. Os funcionários
que adquiriram ações nessas condições não puderam negociá-las ou
transferi-las pelo período de 120 dias.

Limites – as compras dentro da oferta de varejo estão sujeitas a limites de valor ou


quantidade, por investidor, de acordo com as condições estabelecidas na oferta.

Rateio – caso o montante demandado na oferta de varejo seja superior ao


volume destinado àquela oferta, poderá haver rateio proporcional ao volume
originalmente solicitado por cada investidor.

Os agentes do mercado
São Agentes de mercado:
▪ Bolsas de Valores
▪ Sociedades Corretoras
▪ Sociedades Distribuidoras
▪ Agentes Autônomos
▪ Bancos de Investimento
▪ Instituições Depositárias
▪ Centrais de Custódia
▪ Agentes de Custódia
Vamos ver o que são e a função que cada um desses agentes desempenha
no mercado.

Bolsas de valores
São associações civis sem fins lucrativos ou sociedades anônimas. Têm por
objetivo social:
▪ manter um local em condições adequadas para a realização, entre seus
membros, de operações de compra e venda de títulos e valores mobiliários;
▪ facilitar o intercâmbio de fundos entre as entidades que precisam de
financiamento e os investidores;
32 Fundamentos do Mercado de Capitais
▪ proporcionar liquidez aos investidores, permitindo ao investidor recuperar
seu investimento quando precisar, utilizando a bolsa para vendê-lo;
▪ informar aos investidores sobre as empresas que negociam em bolsa;
▪ proporcionar confiança aos investidores, já que as compras e vendas estão
garantidas juridicamente;
▪ publicar os preços e as quantidades negociadas para informar ao mercado
(investidores e entidades interessadas).

Constitui preocupação das bolsas de valores, a preservação dos princípios


éticos nas negociações realizadas em seu âmbito e a divulgação rápida e
eficiente dos resultados de todas as transações realizadas.

A essência do papel das bolsas é proporcionar liquidez aos títulos negociados,


atuando por meio de pregões contínuos. É nas bolsas que uma ação tem
seu desempenho avaliado pelos investidores, assumindo maior demanda
e, conseqüentemente, maior liquidez, em razão do sucesso econômico
alcançado pela empresa emitente.

Quando se trata do mercado de ações, os meios de comunicação divulgam,


freqüentemente, informações sobre o desempenho da BM&F Bovespa e de
pelo menos cinco bolsas internacionais: Bolsa de Nova Iorque, Nasdaq, de
Tóquio, de Londres e Frankfurt. Atualmente, essas bolsas estão entre as
mais importantes no mercado mundial e servem como um termômetro para
as bolsas do resto do mundo.
Vejamos, a seguir, algumas características dessas bolsas e da BM&F Bovespa.

Bolsa Nova Iorque


A bolsa de valores nova-iorquina (NYSE - New York Stock Exchange) está
localizada no distrito de Manhatan, na Wall Street, no centro financeiro da
cidade. É considerada uma das mais famosas instituições financeiras da
Cidade de Nova Iorque. É a maior bolsa de valores dos Estados Unidos
e, juntamente com a NASDAQ e a American Exchange, uma das mais
influentes do mundo.

Assim com as outras bolsas de Nova Iorque a NYSE é supervisionada pelo


Securities and Exchange Comission (SEC), uma espécie de CVM americana,
que tem quatro missões básicas:
▪ tornar públicas as informações relativas às operações do mercado bursátil;3

3. Mercado de bolsas

UNIVERSIDADE CORPORATIVA BANCO DO BRASIL 33


▪ organizar as atividades dos participantes do mercado;
▪ controlar as atividades bursáteis;
▪ vigiar os mercado para evitar o acesso privilegiado à informação.
Em 2006, a NYSE uniu-se à Euronext formando o primeiro mercado de
capitais pan-atlântico. Em 2008, a NYSE Euronext comprou a AMEX
(American Stock Exchange).
Bolsa NASDAQ – O nome NASDAQ procede de National Association of
Securities Dealers Automated Quotation System que, em português, significa
Sistema Eletrônico de Cotação da Associação Nacional de Intermediários
de Valores. Criada em 1791, a NASDAQ foi a primeira bolsa de valores
eletrônica mundial, servindo de modelo para o desenvolvimento de outros
mercados ao redor do mundo. É composta, basicamente, por ações de
empresas do ramo de tecnologia, tais como a gigante Microsoft, a Oracle, a
Intel e outras companhias.

O processo de abertura de capital na Nasdaq é bem mais simples e barato


que o da NYSE, razão pela qual as empresas fazem seu lançamento inicial
de ações (IPO - initial public offering) na NASDAQ.

A sede do NASDAQ fica no edifício Times Square, número 4, em Nova Iorque


e converteu-se curiosamente numa atração turística para os visitantes que
vão àquela cidade.

Bolsa de Tóquio – sua origem data de 1878, com algumas reestruturações


posteriores. A Bolsa de Tóquio é uma instituição privada, supervisionada
e controlada pelo Estado. Tem um regime independente e separação
legal expressa dos bancos. É uma bolsa de dimensões excepcionais e é
considerada de primeira ordem.

Bolsa de Londres – é uma instituição privada com características de clube


fechado, tradicional e conservador e, por isso, oferece maior anonimato que
os mercados norte-americanos. É regida por suas próprias normas. Tem um
sistema independente dos bancos. Também é considerada uma bolsa de
primeira ordem.
Bolsa de Frankfurt - é uma instituição pública criada pelo Estado, que tem grande
participação dos bancos e sistema compartilhados: nesta bolsa só os agentes
designados pelo Governo podem fixar as trocas. É uma bolsa de primeira ordem.

BM&F Bovespa - Bolsa de Valores, Mercadorias e Futuros – Foi criada


em maio de 2008 com a integração entre a Bolsa de Mercadorias & Futuros

34 Fundamentos do Mercado de Capitais


(BM&F) e a Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa). Entre as maiores
bolsas do mundo em valor de mercado, a companhia oferece para negociação,
ações, títulos, contratos referenciados em ativos financeiros, índices, taxas,
mercadorias e moedas nas modalidades à vista e de liquidação futura.

Até 1999, o Brasil contou com nove bolsas de valores diferentes, espalhadas
pelas principais capitais:
▪ Bolsa de Valores de São Paulo – Bovespa;
▪ Bolsa de Valores do Rio de Janeiro – BVRJ;
▪ Bolsa de Valores do Extremo Sul – BVES;
▪ Bolsa de Valores Bahia, Sergipe, Alagoas – BVBSA;
▪ Bolsa de Valores Minas Gerais, Espírito Santo, Brasília – BOVMESB;
▪ Bolsa de Valores do Paraná – BVPR;
▪ Bolsa de Valores Pernambuco, Paraíba – BVPP;
▪ Bolsa de Valores Regional – BVRg;
▪ Bolsa de Valores de Santos – BVSt.

Em 2000, foi celebrado um acordo de integração entre as nove bolsas de


valores existentes à época, por meio do qual toda a negociação de renda
variável em bolsa no país, passou a ser realizada na Bovespa, que se tornou
a Bolsa do Brasil.

A Bovespa, seguindo tendência de outras bolsas de valores internacionais


(como a de Frankfurt, Nasdaq, Hong Kong e Londres) abriu seu próprio
capital em 25 de outubro de 2007, sendo a sua IPO um sucesso. As ações
da Bovespa foram comercializadas pela cotação máxima de R$ 23,00. Foi
a maior abertura de capital da história do mercado acionário brasileiro,
arrecadando um total de R$ 6,6 bilhões de reais.

A BM&F Bovespa, incorporou toda a evolução econômica do mercado


brasileiro e tem dado grande contribuição para popularizar o mercado
acionário e mostrar, em uma linguagem simples e didática, como ele está ao
alcance de todos. A iniciativa tem ampliado significativamente a participação
dos investidores pessoa física nos negócios com valores mobiliários.

Na BM&F Bovespa são negociadas, predominantemente, ações. Porém, existem


outros títulos mobiliários que são transacionados naquele ambiente, tais como
cotas de Fundo de Investimento Imobiliário - FII, Papéis Índice Brasil Bovespa
– PIBB, direitos de subscrição etc.4
4 Esses títulos serão tratados na Unidade III.
UNIVERSIDADE CORPORATIVA BANCO DO BRASIL 35
No Brasil, os ativos mobiliários também podem ser negociados em duas
outras modalidades de ambiente operacional: no Mercado de balcão
organizado e no Mercado de balcão não organizado, temas a serem
estudados na próxima Unidade.

Sociedades corretoras
São instituições financeiras autorizadas a funcionar pelo Banco Central do
Brasil e pela CVM e habilitadas a negociar valores mobiliários no pregão da
BM&F Bovespa.

Sua principal função é promover, de forma eficiente, a aproximação entre


compradores e vendedores de títulos e valores mobiliários, dando a estes
a negociabilidade adequada, por meio de operações realizadas nas bolsas
de valores e em mercado de balcão organizado. As sociedades corretoras
exercem o papel de unificadoras do mercado, dando segurança ao sistema
e liquidez aos títulos transacionados.

Quanto à área de atuação, as corretoras podem ser regionais ou plenas.

As corretoras de atuação plena podem se estabelecer em qualquer unidade


da federação e intermediar operações nos mercados administrados pela
BM&FBovespa para investidores domiciliados no Brasil e no Exterior.

O BB não possui corretora, motivo pelo qual contrata algumas corretoras do


mercado para atenderem às ordens dos seus clientes.

Sociedades distribuidoras
São instituições financeiras autorizadas a funcionar pelo Banco Central e CVM.

A partir de 3/2009, por meio da decisão conjunta CVM BACEN 17, passaram
a ser autorizadas a operar também em Bolsas de Valores. Anteriormente as
únicas instituições autorizadas a operar em bolsa de valores eram as corretoras.

Suas atividades básicas são:


▪ intermediar a colocação de emissões no mercado;
▪ encarregar-se da compra e venda de títulos e valores mobiliários por
conta de terceiros;
▪ operar no mercado aberto, desde que satisfaçam às condições exigidas
pelo Bacen;
▪ instituir, organizar e administrar fundos e clubes de investimento.

36 Fundamentos do Mercado de Capitais


Agentes autônomos
São pessoas físicas ou jurídicas credenciadas pelas instituições financeiras
intermediadoras (corretoras, distribuidoras, bancos e financeiras) para atuarem
na colocação de títulos e valores mobiliários e outros serviços financeiros no
mercado, exclusivamente como prepostos dessas instituições. Ou seja, eles
possuem uma carteira de clientes, operam na Bolsa em nome desses clientes,
mas sempre mediante a autorização de uma corretora. Para receberem o
registro como agentes autônomos precisam ser aprovados em exame de
certificação junto a entidades certificadoras autorizadas pela CVM.

O vínculo desses profissionais com as instituições financeiras é representado


por um contrato de prestação de serviços. São remunerados por comissões
de corretagem ou comissão de permanência sobre os negócios realizados
para seus clientes de investimento.

Esses profissionais, da mesma forma que as instituições financeiras, são


fiscalizados pelo Banco Central e pela CVM.

Bancos de investimento
São entidades especializadas na montagem e colocação de operações de
participação ou financiamento no mercado. Municiam o mercado dos créditos
de médio e longo prazos, suprindo os agentes carentes de recursos para
investimento em capital de giro e capital fixo.

Praticam operações de compra e venda ― por conta própria ou de terceiros


― de metais preciosos no mercado físico e de quaisquer títulos e valores
mobiliários, nos mercados financeiros e de capitais. Os bancos de investimento
são instituições autorizadas a operar em mercados de balcão organizado e
como agente de compensação.

Além do apoio às empresas, os bancos de investimento estão capacitados,


pela sua estrutura técnica, a oferecer uma série de serviços, como assessoria
na implementação de projetos e na realização de negócios em geral.

UNIVERSIDADE CORPORATIVA BANCO DO BRASIL 37


Centrais de custódia
As centrais de custódia são empresas constituídas para fins de liquidação
e custódia, associadas às bolsas de valores. São responsáveis pela
compensação, liquidações físicas e financeiras das operações realizadas
nas bolsas de valores, bem como pelo registro, controle de garantias e
posições nos mercados derivativos.

As centrais devem fornecer extratos das contas de custódia dos clientes ao


término de cada mês, quando movimentadas, ou uma vez por ano, quando
não movimentadas ou, ainda, sempre que solicitado.

As centrais de custódia atualmente em funcionamento no país são:


▪ CBLC - Companhia Brasileira de Liquidação e Custódia – é responsável
pelos serviços de guarda centralizada, compensação e liquidação das
operações realizadas no mercado de ações brasileiro. Pertence à BM&F
Bovespa e é a única central de liquidação e custódia de ações em
atividade no País.
▪ Cetip - Central de Custódia e Liquidação Financeira de Títulos Privados –
responsável pela liquidação de operações dos títulos e valores mobiliários
privados de renda fixa, além de derivativos, dos títulos emitidos por
estados e municípios e do estoque de papéis utilizados como moedas de
privatização, de emissão do Tesouro Nacional.
▪ Selic - Sistema Especial de Liquidação e Custódia – responsável pelo
controle e liquidação de operações exclusivamente com títulos da dívida
pública federal interna. O Sistema também recebe os registros das
negociações no mercado secundário e promove a respectiva liquidação.
Por seu intermédio também é efetuada a liquidação das operações de
mercado aberto e de redesconto com títulos públicos, decorrentes da
condução da política monetária.

Agentes de custódia
Agentes de custódia são entidades autorizadas pela CVM a manter contas
de seus clientes junto às centrais de custódia.

A guarda e o exercício de direitos dos títulos são a base do serviço de


custódia e consistem no acompanhamento dos fluxos de títulos e valores
movimentados nas centrais de liquidação e custódia.

38 Fundamentos do Mercado de Capitais


As corretoras e as distribuidoras de valores são agentes de custódia da
CBLC, junto com os bancos comerciais, múltiplos ou de investimento.

Instituições depositárias são bancos comerciais contratados pelas empresas


emissoras para prestar serviço de escrituração de ações e outros ativos,
além do atendimento a seus acionistas.

A manutenção de um título em custódia evita que os investidores tenham


de ir ao departamento de acionistas da empresa, ou à instituição financeira
contratada para prestação do serviço, para receber dividendos, bonificações
ou exercer direitos de subscrição, beneficiando-se do sistema de custódia.

Além disso, agiliza o processo de negociação dos títulos, uma vez que, para
serem negociados na BM&F Bovespa, estes precisam estar custodiados
junto à CBLC. Quando os títulos não estão custodiados precisam passar
pelo processo de custódia, o que atrasa a negociação.

Instituições depositárias
O Banco do Brasil atua como instituição depositária de suas próprias ações e
cotas de fundo imobiliário e também presta esse serviço a outras empresas.

Os principais serviços prestados pelas instituições depositárias são:

No atendimento à empresa emissora das ações:


▪ processamento dos eventos societários (subscrições, bonificações etc.);
▪ manutenção do sistema de dados e informações;
▪ retenção e recolhimento, em nome do emissor, do IRRF sobre o pagamento
de direitos a seus acionistas dentro dos prazos legais;
▪ disponibilização de dados gerenciais;
▪ escrituração do livro de Registro de Ações Nominativas.

No atendimento a acionistas e corretoras:


▪ manutenção dos cadastros;
▪ atualização das posições acionárias;
▪ disponibilização de extratos aos acionistas;
▪ transferência de titularidade, bloqueios e desbloqueios;

UNIVERSIDADE CORPORATIVA BANCO DO BRASIL 39


▪ ativação de posição acionária quando autorizada pela empresa emissora
das ações;
▪ pagamento de rendimentos (dividendos e juros sobre capital próprio);
▪ recebimento de subscrições;
▪ emissão do comprovante de recebimento para o Imposto de Renda.

Instituição depositária versus agente de custódia


Quanto à guarda, as ações escriturais podem ser mantidas em uma instituição
depositária ou em um agente de custódia. O Banco do Brasil desempenha
os dois papéis: de instituição depositária, por meio do banco comercial e de
agente de custódia, por intermédio do BB-BI.

Veja no quadro seguinte, as principais diferenças entre os serviços prestados


aos investidores pelos agentes de custódia e pelas instituições depositárias.

AGENTE DE INSTITUIÇÃO
CUSTÓDIA DEPOSITÁRIA

Custo É cobrada taxa de custódia mensalmente Sem custo para o acionista

Inclusão da ordem no pregão de Necessidade de depósito das ações


forma imediata, podendo efetivar a na CBLC, úteis para inclusão da
Agilidade na
negociação das ações desde que ordem no pregão de negociação.
negociação
atendidas as condições de preço e O procedimento de depósito pode
quantidade do mercado. levar alguns dias para ser concluído.

Os investidores que possuam Necessidade de alocação dos


mais de um ativo na custódia ativos de acordo com a instituição
Facilidade
poderão guardá-los em um único depositária, obrigando o investidor a
operacional
agente, facilitando o controle e percorrer diversas instituições para
acompanhamento. o controle e acompanhamento.

Necessidade de recebimento no
caixa da Instituição financeira,
Processamento Centralização do recebimento dos
quando não correntista. Este fato
dos direitos direitos em uma única instituição.
ocorre com algumas instituições
depositárias.

40 Fundamentos do Mercado de Capitais


Na figura a seguir você conhece o fluxo entre a emissão e a negociação de ações.

EMPRESA EMISSORA 1) A empresa emissora contrata uma


instituição depositária para administrar suas
ações e atender aos seus acionistas.

INSTITUIÇÃO
DEPOSITÁRIA

ACIONISTA

AGENTE DE CUSTÓDIA

2) Caso o acionista deseje negociar


suas ações em bolsa, estas deverão ser
depositadas em custódia na CBLC, por meio
de um agente de custódia.
CBLC

Corretora 3) As operações de compra e venda de ações


na BM&F Bovespa são realizadas por meio de
suas corretoras-membro/DTVM, que podem ser o
próprio agente de custódia ou corretoras /DTVMs
contratadas para prestação desse serviço pelo
agente de custódia, como no caso do BB-BI.
BOLSA DE VALORES

Você concluiu os estudos da Unidade I – Mercado de


Capitais. Agora faça um intervalo para a realização
dos exercícios de fixação de aprendizagem. Depois,
confira suas respostas no gabarito que está no final
deste caderno.

No retorno ao curso você conhecerá mais


detalhadamente o mercado de ações, na Unidade II.

UNIVERSIDADE CORPORATIVA BANCO DO BRASIL 41


Exercícios
UNIDADE I

1. Assinale a alternativa correta.

a) A análise da conveniência e viabilidade econômica da abertura de capital e colocação de valores


mobiliários das empresas é realizada pela Comissão de Valores Mobiliários, órgão regulador do
mercado de capitais brasileiro.
b) O mercado de capitais é constituído pelas bolsas de valores, sociedades corretoras, sociedades
distribuidoras, seguradoras e outras instituições autorizadas a negociar títulos e valores
mobiliários.
c) Uma das vantagens para a companhia abrir seu capital é a atração de novos investidores para
o mercado de ações, com o conseqüente aumento do volume de negócios realizados na BM&F
Bovespa.
d) Os Níveis Diferenciados de Governança Corporativa – implantados pela BM&F Bovespa em
dezembro de 2000, são segmentos especiais de listagem de empresas, desenvolvidos com
o objetivo de proporcionar um ambiente de negociação que estimule, simultaneamente, o
interesse dos investidores e a valorização das companhias.

2. É objetivo da Oferta Pública de Títulos:

a) A captação de recursos por meio da abertura ou aumento de capital das empresas, pela emissão
de títulos da dívida ou apenas pela transferência de título entre investidores.
b) Garantir, na primeira oferta pública, a colocação de determinado lote de ações de qualquer
companhia.
c) Preservar a imagem das companhias que realizam oferta pública.
d) Incrementar os negócios na BM&F Bovespa.

42 Fundamentos do Mercado de Capitais


Exercícios
UNIDADE I

3. Faça a diferenciação entre as ofertas nos mercado primário e secundário, preenchendo


as lacunas da primeira coluna com as letras da segunda, conforme o caso.

I. ( )( ) A investidora Maria Oliveira vende na Bolsa de a) Oferta pública


Valores suas ações da empresa Praialinda S.A.
pela corretora JRC. b) Mercado secundário
II. ( )( ) A Empresa Anil visando captar recursos para
implementação de projetos de investimentos c) Mercado primário
promove a abertura de capital.
III. ( )( ) Visando recuperar parte do capital investido na
empresa o acionista Joaquim Mendonça, que é
o controlador da Empresa Jotacê, vende 49% de
suas ações.

4. Marque as alternativas que constituem vantagens para as empresas abrirem seu capital:

I. ( ) Ampliação da base de captação de recursos financeiros e de seu potencial de


crescimento.
II. ( ) Criação de um referencial de avaliação do negócio.
III. ( ) Distribuição de dividendos aos acionistas.
IV. ( ) Maior flexibilidade estratégica – liquidez patrimonial.
V. ( ) Equacionamento de problemas de sucessão.
VI. ( ) Imagem institucional ― maior exposição ao mercado.
VII. ( ) Custos gerados pela divulgação de informações não confidenciais, para tomada de
decisão pelo investidor.
VIII. ( ) Utilização das ações como forma de pagamento em aquisições.
IX. ( ) Reestruturação societária.
X. ( ) Acréscimos nos custos administrativos, com auditores independentes,
demonstrações financeiras etc.
XI. ( ) Profissionalização da gestão.
XII. ( ) Novos acionistas influenciam decisões estratégicas.
XIII. ( ) Divisão do risco do negócio com outros sócios.

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Exercícios
UNIDADE I

5. Faça a correlação entre as colunas e escolha a alternativa correta.

I. IPO ( ) Distribuição de ativos proporcional ao volume originalmente


II. Garantia firme solicitado pelo investidor, em função de demanda maior que
a oferta.
III. Investidor institucional
IV. Bookbuilding ( ) Fundos de pensão e entidades de previdência complementar,
fundos de investimentos, companhias de seguros e
V. Rateio capitalização e as companhias de investimentos.
VI. Residual (Stand by)
( ) Primeira colocação pública dos títulos de uma sociedade
VII. Oferta global anônima de capital aberto.

( ) A instituição financeira garante a colocação de um


determinado lote de ações, encarregando-se, por sua conta
e risco.

( ) Processo utilizado para determinação de alocação nas


ofertas institucional e internacional e na formação do preço
da oferta pública.

( ) A instituição financeira se compromete a negociar as ações


dentro de certo prazo, subscrevendo a parcela não absorvida
pelo mercado, se houver.

( ) Quando a oferta é destinada a investidores estrangeiros, fora


do território nacional.

a) V, III, II, I, IV, VI, VII


b) V, III, I, II, IV, VI, VII
c) IV, III, VII, II, V, VI, I
d) V, III, VII, II, I, VI, IV

44 Fundamentos do Mercado de Capitais


Exercícios
UNIDADE I
6. Assinale a alternativa correta.
a) O acionista não participa da distribuição de resultados da empresa emissora, por ser apenas
um credor.
b) O mercado de capitais é constituído pelas bolsas de valores, sociedades corretoras, sociedades
distribuidoras, seguradoras e corretoras de câmbio.
c) A plena abertura de capital ocorre quando a empresa emite ações e as negocia nas bolsas de
valores ou no mercado de balcão.
d) O Banco Central do Brasil é o principal órgão fiscalizador do mercado de capitais brasileiro.

7. Faça a correlação entre as colunas e escolha a alternativa correta.


I. Agentes autônomos ( ) Podem ser associações civis sem fins lucrativos.
de investimentos
( ) Instituições financeiras membros das bolsas de valores.
II. Bolsas de valores
( ) Pessoas físicas ou jurídicas uniprofissionais credenciadas
III. Centrais de custódia pelas instituições intermediadoras para atuarem como
IV. Sociedades corretoras prepostos dessas instituições.

V. Bancos de investimento ( ) Instituições autorizadas a instituir, organizar e administrar


fundos e clubes de investimento.
VI. Agentes de custódia
VII. Sociedades distribuidoras ( ) Entidades especializadas na montagem e colocação de
operações de participação ou financiamento do mercado.

( ) A essência do seu papel é proporcionar liquidez aos títulos


negociados.

( ) CBLC e CETIP.

( ) Promover, de forma eficiente, a aproximação entre


compradores e vendedores de títulos e valores mobiliários.

( ) Entidades autorizadas pela CVM a manter contas de seus


clientes junto às centrais de custódia.

a) III, IV, I, II, VII, V, II, VI, IV


b) II, IV, VII, V, II, III, I, VI, IV
c) II, IV, III, VII, II, V, VI, IV, I
d) II, IV, I, VII, V, II, III, IV, VI

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Exercícios
UNIDADE I

8. Considerando as diferenças entre os papéis dos Agentes de Custódia e Instituição


Depositária, analise as situações abaixo e indique qual o agente interveniente em
cada situação:

A investidora Silvia Rezende solicita ao gerente de sua conta no BB que venda as seguintes ações:
▪ 100 ações SALB5 que estão na corretora JRC,
▪ 200 ações GABR4 que estão no Banco Comercial Master,
▪ 200 PETR4 que estão no Banco do Brasil, e
▪ 100 BBAS3 que se encontram no BB-BI.
a) A corretora JRC é:

( ) Agente de custódia

( ) Instituição depositária

b) O Banco Comercial Máster é:

( ) Agente de custódia

( ) Instituição depositária

c) As ações PETR4 que estão no Banco do Brasil estão guardadas em:

( ) Agente de custódia

( ) Instituição depositária

d) As ações BBAS3 que se encontram no BB-BI estão guardadas em:

( ) Agente de custódia

( ) Instituição depositária

46 Fundamentos do Mercado de Capitais


Exercícios
UNIDADE I

e) Para que as ações que se encontram na custódia da Corretora JRC sejam


transferidas para a custódia do BB-BI de forma a efetivar a venda pela
agência do BB, que providência deverá ser adotada pela investidora?

( ) Solicitar a transferência no BB-BI.

( ) Solicitar a transferência junto à Corretora JRC, onde se encontram


as ações.

f) Para que as 200 ações GABR4 que estão no Banco Comercial Máster
sejam transferidas para a custódia do BB-BI, será necessário que a
investidora:

( ) Solicite a transferência no BB-BI.

( ) Solicite a transferência junto ao Banco Comercial Máster.

g) Para que as ações PETR4 que estão no Banco do Brasil sejam


transferidas para a custódia do BB-BI, será necessário que a investidora:

( ) Solicite a transferência junto ao BB-BI.

( ) Solicite a transferência junto ao Banco do Brasil.

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48 Fundamentos do Mercado de Capitais
UNIVERSIDADE CORPORATIVA BANCO DO BRASIL 49
Objetivos desta unidade
Nesta unidade você tomará contato com alguns conceitos do mercado
de ações, conhecerá suas características e o processo de negociação.
Também conhecerá os índices do mercado de ações e outros tópicos
relacionados às modalidades operacionais das ações.

Esperamos que ao final de seu estudo, você esteja apto (a) a:


▪ Reconhecer o conceito de ação e as modalidades de negociação.
▪ Identificar as características das ações.
▪ Diferenciar os diversos direitos dos acionistas.
▪ Analisar um Informativo de Pagamento de Juros sobre Capital Próprio e
Dividendos.
▪ Relacionar o código de pregão das ações com suas características.
▪ Identificar a forma de negociação de ações no BB.
▪ Identificar os segmentos do mercado de ações e suas características.
▪ Identificar as características de uma operação day-trade.
▪ Identificar o conceito dos índices do mercado de ações e suas respectivas
aplicações.

50 Fundamentos do Mercado de Capitais


Ação - o que é
Ações são títulos que representam a menor parcela do capital social de uma
empresa, seja ela uma sociedade anônima, uma sociedade por ações ou
uma companhia.

Por serem objeto de negociação diária, os preços das ações podem aumentar
ou diminuir, de acordo com o maior ou menor interesse dos investidores. Por
isso, são chamadas de títulos de renda variável, ou seja, não há garantia
de um valor de face para o ativo numa data futura, o que as caracteriza
como investimento de risco, podendo o seu valor de resgate assumir valores As ações não
têm prazo de
superiores, iguais ou inferiores ao valor investido. resgate, podendo
ser negociadas a
O detentor de uma ação, chamado de acionista, tem apenas uma obrigação: qualquer tempo.
desde que tenha subscrito ações de um aumento de capital, é obrigado
a integralizar sua parte no capital, isto é, pagar o valor das ações que
subscreveu. Entretanto, no Brasil, a legislação lhe confere uma série de
direitos, que nem o estatuto social nem a assembléia geral podem lhe tirar.

Direito à participação nos lucros sociais – parte do lucro apurado pela


empresa em um exercício é destinada para o pagamento de dividendos, que
é a parcela distribuída entre os seus proprietários, ou seja, seus acionistas.

Direito de transmissão – todo acionista tem direito a receber a parte


proporcional que lhe corresponda, resultante da liquidação da sociedade.
Tem o direito de transmitir suas ações sempre que encontar um comprador.

Direito a voto – os acionistas detentores de ações ordinárias têm direito


ao voto na Assembléia Geral da empresa. A Lei das S.A., em seus artigos
110 e 111, estabelece que cada ação ordinária corresponde a 1(um) voto
nas deliberações de assembléias gerais. O estatuto de cada empresa pode
estabelecer limitação ao número de votos de cada acionista.

Direito a informações – a legislação assegura aos acionistas o acesso a todas


as informações que dizem respeito à empresa e que possam afetar os seus
interesses como sócios. A empresa é obrigada por lei a divulgar amplamente
balanços, balancetes e diversos outros demonstrativos contábeis, conforme
periodicidade estabelecida pela CVM. A empresa deve informar, também,
todas as decisões tomadas nas assembléias e qualquer fato importante que
possa afetar o preço ou o futuro de suas ações no mercado (fatos relevantes).

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Direito de preferência na subscrição de novas ações – os acionistas de
uma companhia têm preferência na compra de novas ações emitidas por ela.
Esse direito consiste na prioridade comum a todos os acionistas (ordinários
e preferenciais) de adquirir, pelo preço de emissão, uma parcela de novas
ações proporcionais às já possuídas.

Direito de retirada – direito que o acionista possui de se retirar da sociedade,


mediante o reembolso do valor de suas ações, nos seguintes casos:
▪ criação de ações preferenciais ou aumento de classes existentes sem
guardar proporções com as demais;
▪ alterações nas preferências de uma ou mais classes de ações preferenciais;
▪ criação de nova classe de ações preferenciais mais favorecida;
▪ alteração do dividendo obrigatório; mudança no objeto da companhia;
▪ incorporação, fusão ou cisão da companhia;
▪ dissolução da companhia;
▪ desapropriação de ações do controle da companhia e aquisição, pela
sociedade aberta, do controle de sociedade mercantil, se o preço pago
superar determinados limites.

Características das ações


Quanto ao Tipo, existem, basicamente, dois tipos de ações: as ordinárias e
as preferenciais.

1. Ações Ordinárias (ON) – Tipo de ação que concede ao seu detentor o


direito de voto nas assembléias gerais de acionistas, sendo o peso do
seu voto proporcional à quantidade de ações que possui.

É importante ressaltar que, apesar de o acionista ordinário ter direito ao


voto, ele não é responsável pelas dívidas da empresa, o que normalmente
ocorre em empresas de capital fechado.

2. Ações Preferenciais (PN) – São assim chamadas porque dão preferência


aos acionistas no pagamento de dividendos e em caso de liquidação
da empresa. Isto significa que, no caso de falência ou outro evento que
leve a empresa a ser liquidada, os possuidores de ações preferenciais
têm mais chance de recuperar parte de seus investimentos do que os

52 Fundamentos do Mercado de Capitais


possuidores de ações ordinárias. Ao contrário da ação ordinária, a ação
preferencial não dá direito a voto, a menos que a empresa deixe de
distribuir dividendos por três anos consecutivos.

Se você analisar as ações listadas na BM&F Bovespa encontrará não


somente as classes ou tipos ON (Ordinárias Nominativas) e PN (Preferenciais
Nominativas). Podem existir diversas classes de ações preferenciais (classe
A – PNA, classe B – PNB, classe C – PNC etc.) dependendo das vantagens
ou restrições que elas apresentam. As vantagens ou preferências, bem como
as restrições que essas ações possuem, devem constar claramente nos
estatutos da companhia.

A Telemar Norte Leste S.A. é um exemplo de empresa que emitiu ações


preferenciais em classes distintas. Em seu estatuto social, verifica-se os
seguintes direitos dos acionistas.

PNA – Às ações preferenciais classe “A”, são assegurados:


▪ dividendos 10% superiores aos distribuídos às ações ordinárias;
▪ prioridade no reembolso do capital, sem prêmio, em caso de liquidação
da companhia em relação às ações ordinárias, respeitada a prioridade no
reembolso das ações preferenciais classe “B”.

PNB – Às ações preferenciais classe “B”, são assegurados:


▪ prioridade no pagamento do dividendo fixo e não cumulativo de 10% ao
ano, calculado sobre o valor resultante da divisão do capital social pelo
número total de ações da companhia;
▪ prioridade no reembolso do capital, sem prêmio, em caso de liquidação da
companhia, em relação às ações ordinárias e às preferenciais classe “A”.

Como observado neste caso, a principal diferença entre as duas classes de


ações preferenciais emitidas pela empresa baseia-se na forma de distribuição
de dividendos.

Quanto à forma de emissão, as ações dividem-se em:


▪ Cautelas – os nomes da companhia, do proprietário, o tipo e forma de
emissão e os direitos já exercidos são impressos nos certificados de
propriedade. Esta é uma modalidade cada vez mais rara.
▪ Escriturais – são emitidas sob a forma de registro eletrônico, dispensando
a emissão e movimentação física de títulos. São representadas por

UNIVERSIDADE CORPORATIVA BANCO DO BRASIL 53


extratos, de forma semelhante a uma conta corrente e os valores são
lançados a débito ou a crédito dos acionistas; são administradas por uma
instituição depositária de ações.
▪ Registradas – semelhantes às escriturais, diferenciam-se por serem
administradas pela própria empresa.

Quanto à forma de negociação as ações podem ser:

Importante: A partir da publicação da Lei nº. 8.021, de 13/04/1990, as


ações do tipo “nominativas” tornaram-se modalidade única obrigatória,
deixando de existir as ações “ao portador”.

▪ Ações “com” (cheias), quando conferem ao seu titular o direito aos


proventos distribuídos pelas empresas.
▪ Ações “ex” (vazias), ações cujo direito ao provento já tenha sido exercido
pelo titular.

Somente podem ser negociadas em pregão de bolsa as ações que não


possuam proventos anteriores a receber. Assim, quando a assembléia de
uma empresa aprova a distribuição de um provento, as ações passam a
ser negociadas “ex”, apresentando um código de negociação diferenciado
durante oito pregões.

Tomemos como exemplo a Empresa “A” que realiza hoje sua assembléia
para apresentar o resultado do semestre e definir sobre os dividendos a
serem distribuídos aos acionistas.

Nesse caso, a partir de amanhã (dia seguinte à Assembleia) as ações


passarão a ser negociadas no mercado “ex” dividendo, com a sigla “ED”
ao lado do seu nome de pregão, durante oito pregões. A partir desta data
(em que o papel vira “ex” dividendo) os investidores que comprarem esta
ação não terão direito de receber os dividendos divulgados pela empresa
referentes àquela assembléia.

Quanto ao grau de liquidez as ações podem ser:


▪ De primeira linha ou blue chips – ações de grande liquidez e procura
no mercado de ações por parte dos investidores. Em geral são empresas
tradicionais, de grande porte e com boas perspectivas.

54 Fundamentos do Mercado de Capitais


▪ De segunda linha ou small caps – ações de menor liquidez, mas de
empresas de, em geral de grande e médio portes, com potencial de
crescimento. Em geral, seus valores são mais baixos e costumam ser
mais sensíveis aos movimentos de baixa do mercado que aos de alta,
ou seja, normalmente sobem depois das blue chips e caem antes das
blue chips.
▪ De terceira linha – ações com pouca liquidez, em geral de companhias de médio
e pequeno portes, cuja negociação caracteriza-se pela descontinuidade.

Direitos das ações e eventos societários


Os acionistas detêm alguns direitos que não podem ser modificados nem em
assembléia nem pelo estatuto da companhia. São eles:

Voto
Os portadores de ações ordinárias têm direito ao voto nas deliberações das
Assembléias de Acionistas, sendo que cada ação corresponde a um voto.

Dividendo
É a distribuição aos acionistas, em dinheiro, de parte do resultado obtido em
um determinado período, na proporção da quantidade de ações possuídas.
Pela Lei das S.A., devem ser distribuídos aos acionistas no mínimo 25% do
lucro líquido do exercício. Este direito prescreve após três anos do início de
seu pagamento pela empresa.

As ações preferenciais recebem dez por cento a mais de dividendos que as


ordinárias, caso o estatuto social da empresa não estabeleça um dividendo
mínimo. Os acionistas são isentos da tributação do IR na fonte sobre o valor
recebido; são tributados apenas sobre a correção do valor a ser recebido entre
a data de encerramento do balanço e a data do efetivo pagamento do direito.

Neste caso, o recolhimento do imposto é feito com base na tabela regressiva


de imposto de renda para renda fixa, de acordo com o prazo da correção.

Prazo de correção % IR sobre o rendimento bruto

Até 6 meses 22,50%

6 – 12 meses 20%

12 – 24meses 17,50%

Acima de 24 meses 15%

UNIVERSIDADE CORPORATIVA BANCO DO BRASIL 55


Subscrição
É o direito concedido aos acionistas para aquisição de novas ações por
aumento de capital, com preço e prazo determinados. Cada acionista
recebe uma quantidade de direitos de subscrição proporcional à sua
participação no capital social da empresa. O processo de subscrição gera
os seguintes ativos:
▪ Direito de Subscrição - É distribuído pela empresa emissora gratuitamente
ou adquirido por um preço unitário em determinada data, dando ao seu
portador o direito de subscrever (comprar) uma nova ação, dentro de um
prazo determinado, por um preço complementar, corrigido monetariamente
ou não. O acionista que não efetuar a subscrição no período estipulado
perderá seu direito e não terá restituição do valor pago pelos direitos/
bônus de subscrição, já que estes papéis deixam de existir, perdendo seu
valor, após o período de subscrição.
▪ Bônus de Subscrição - São títulos negociáveis emitidos pelas empresas,
dentro do limite de aumento do capital. Os bônus de subscrição conferem
aos seus titulares direito de subscrever ações do capital social, nas
condições constantes do certificado, mediante apresentação do título.
É importante observar que os bônus de subscrição têm as mesmas
características dos direitos de subscrição, descritos acima, ou seja,
possuem validade e deixam de existir, perdendo seu valor, após o período
de subscrição.
Como exemplo, podemos citar os bônus do Banco do Brasil BBAS11 e
BBAS12 – já vencidos e BBAS13, cujo período de subscrição ocorrerá de
março a junho de 2011.
▪ Recibo de Subscrição - É o documento que comprova o direito de
exercício de subscrição de ações ou debêntures. São negociáveis em
bolsas de valores.

Bonificação
É a distribuição gratuita de novas ações aos acionistas, em função de aumento
de capital por incorporação de reservas, lucros em suspenso ou reavaliação do
ativo. É um direito que não prescreve. Essas ações são chamadas “filhotes”.
Pode ocorrer a distribuição de bonificação aos acionistas em dinheiro: valor
em dinheiro referente a reservas até então não incorporadas.

56 Fundamentos do Mercado de Capitais


Desdobramento (split)
É o aumento da quantidade de ações em circulação pela diluição do capital
em um número maior de ações, com o objetivo de dar liquidez aos títulos no
mercado. A operação não altera o capital social da empresa, modificando
apenas o valor individual das ações.

Grupamento (inplit)
Ao contrário do desdobramento, o grupamento é a redução da quantidade
de ações em circulação, sem alteração do capital social da empresa. Em
conseqüência, há uma elevação no valor unitário das ações. Esse mecanismo
tem sido usado, por exemplo, para ajustar os valores das ações que se
tornaram irrisórios em decorrência de trocas de padrão monetário ou quando
o objetivo for “enxugar” a base de acionistas.

Juros sobre o capital próprio (JCP)


Foi criado em 1996 para compensar o fim da correção monetária dos balanços
das empresas. Por meio desse instrumento a empresa está autorizada a
remunerar o capital do acionista até o valor da TJLP (Taxa de Juros de
Longo Prazo). Substitui total ou parcialmente o dividendo e prescreve após
três anos do início do seu pagamento.

Essa forma de remuneração é vantajosa para a empresa, uma vez que o


valor pago é considerado despesa e, portanto, descontado do lucro tributável,
diminuindo o IR a pagar. Por outro lado, essa vantagem não se estende ao
acionista, pois sobre os valores recebidos a título de juros sobre o capital
próprio incidem imposto de renda à alíquota de 15%, diferentemente dos
dividendos, que são isentos.

Agora, que você já conhece todos os eventos societários, vamos entender


como funciona o pagamento de proventos em dinheiro, analisando um
informativo de Pagamento de Juros Sobre Capital Próprio e Dividendos,
publicado pelo Banco do Brasil.

UNIVERSIDADE CORPORATIVA BANCO DO BRASIL 57


BANCO DO BRASIL (BBAS – NM)

Pagamento de Juros sobre o Capital Próprio e Dividendos do 2º Semestre


de 2006.

Enviou o seguinte aviso aos acionistas:

em 27/02/2007

“O Conselho de Administração, reunido em 26/2/2007, aprovou o valor de


R$ 180.858.327,53 a título de remuneração aos acionistas sob a forma de
dividendos, o que representa R$ 0,219138 por ação. Além disso, conforme
comunicado em 21/12/2006, o Conselho de Administração, reunido naquela
data, aprovou o valor de R$ 681.376.865,21 a título de remuneração aos
acionistas sob a forma de Juros sobre o Capital Próprio (JCP), o que
representa R$ 0,825595 por ação. Assim, a remuneração total aos acionistas
equivale a um payout de 40% sobre o resultado do segundo semestre de
2006. Esse rendimento por ação será dividido da seguinte forma:

Valor bruto de rendimento por ação – R$ 1,044733;

Dividendos do 2º semestre – R$ 0,219138;

Juros sobre capital próprio (JCP) do 2º semestre – R$ 0,825595.

Data e forma de pagamento – Por crédito em conta corrente, em 12/3/2007;


por crédito em conta poupança-ouro, em 12/3/2007; ou por caixa, disponível
a partir de 12/3/2007. Serão pagos, na mesma data, à Companhia Brasileira
de Liquidação e Custódia – CBLC os JCP e dividendos relativos às ações
ali custodiadas, que os repassará aos acionistas titulares, por meio de seus
respectivos agentes de custódia.

Atualização – O pagamento será atualizado pela Taxa Selic, da data do


balanço (31/12/2006) até 12/3/2007.

Os juros sobre o capital próprio e os dividendos serão pagos em 12/3/2007


atualizados com encargos financeiros equivalentes à taxa Selic, a partir do
encerramento do balanço até o pagamento.

Título JCP Dividendos Total

BBAS3 t 0,223338 1,064755

58 Fundamentos do Mercado de Capitais


Valor por ação atualizado até 27/2/2007:

Tributação – No caso de JCP, além do imposto de renda incidente sobre


a atualização mencionada anteriormente, haverá retenção de imposto de
renda na fonte sobre o valor nominal, de acordo com a legislação vigente.
Já em relação aos dividendos pagos, haverá incidência de imposto de renda
na fonte somente sobre a atualização monetária. As pessoas jurídicas
com dispensa da referida tributação deverão comprovar esta condição até
01/03/2007 em qualquer agência do BB.

Base de cálculo – Os JCP serão pagos tendo como base a posição acionária
de 21/12/2006, sendo as transferências de ações a partir de 22/12/2006
efetuadas ex-JCP. Já os dividendos serão pagos tendo como base a posição
acionária de 27/2/2007, sendo que as transferências de ações efetuadas
a partir de 28/2/2007 serão ex-dividendos. Esclareceu que os JCP são
declarados em substituição aos dividendos relativos ao segundo semestre
de 2007 e, por conseqüência, imputados ao dividendo mínimo obrigatório, Altera a legislação
nos termos do artigo 44 do Estatuto Social desta Empresa e do parágrafo 7º do IR das pessoas
do artigo 9º da Lei 9.249/95. jurídicas, bem como
da contribuição
social sobre o lucro
Atualização cadastral – O acionista com cadastro desatualizado terá líquido e dá outras
sua remuneração retida até a efetiva regularização de seus registros. A providências.
regularização cadastral poderá ser efetuada em qualquer agência do Banco
do Brasil, mediante a apresentação de identidade, CPF e comprovante
de residência, se pessoa física e estatuto/contrato social e prova de
representação, se pessoa jurídica”.

Agora, com base na análise dos dados deste Informativo, vamos responder
às seguintes questões.

Qual o valor bruto dos rendimentos (Data do Balanço) dos dividendos


e juros sobre capital próprio deliberados pelo Conselho de
Administração?

O valor bruto dos rendimentos é o valor deliberado pelo Conselho de


Administração, na data do balanço, portanto, antes da correção e do imposto
de renda, no caso dos Juros Sobre Capital Próprio. Os valores brutos por
ação são: R$ 0,219138 de dividendos do 2º semestre e R$ 0,825595 de juros
sobre capital próprio (JCP) do 2º semestre.

UNIVERSIDADE CORPORATIVA BANCO DO BRASIL 59


Qual o valor da correção dos dividendos e dos juros sobre capital
próprio (JCP) até a data de 27.02.2007?

Este valor deve ser apurado pela diferença entre o valor deliberado e o valor
já corrigido. No caso do Banco do Brasil, a correção foi efetuada pela taxa
SELIC, podendo ser utilizado outro indexador, conforme quadro abaixo.

Valor Corrigido
Direito Valor Bruto (31.12.06) Valor da correção
(27.02.07)

JCP R$ 0,825595 R$ 0,841418 R$ 0,015823

Dividendos R$ 0,219138 R$ 0,223338 R$ 0,004200

Em qual data as ações ficaram “ex” JCP?

Em 22.12.2006 – quem detiver a posse das ações ao final do pregão de


21.12.2006 terá direito ao recebimento dos JCP. Aquele que adquiriu a partir
do dia 22.12.2006 não terá direito ao recebimento do JCP.

Em qual data as ações ficaram “ex” dividendos?

Em 28.02.2007 – quem detiver a posse das ações ao final do pregão de


27.02.2007 terá direito ao recebimento dos dividendos. Aquele investidor que
adquiriu as ações a partir do dia 28.02.2007 não terá direito ao recebimento
dos dividendos.

Se um investidor comprou ações em 21.12.2006 (data do pregão) e


vendeu em 27.02.2007, qual(is) direito(s) receberá?

O investidor terá direito ao recebimento de Juros sobre Capital Próprio, porém


não terá direito ao recebimento dos Dividendos, tendo em vista que efetuou a
venda das ações no dia 27.02.2007. A data “com” e a data “ex” são relativas
à data do pregão, ou seja, quem vendeu em 27.02.2007 perdeu o direito e
quem comprou em 27.02.2007 adquiriu o direito, antes mesmo da liquidação
física e financeira da operação.

Se um investidor adquiriu 120 ações no dia 21.12.2006 e não vendeu


tais ações, qual será o valor do direito que o investidor irá receber,
considerando o valor até a data de 27.02.2007?

60 Fundamentos do Mercado de Capitais


Se o pagamento fosse efetuado em 27.02.2007, com base no informativo fornecido,
o investidor teria direito a receber dividendos e JCP nos seguintes valores:

Cálculo dos dividendos


Quantidade de ações Valor do dividendo em 27/02/2007
Valor bruto x = R$ 26,80
120 R$ 0,223338

Valor
IR s/correção Quantidade de ações Valor correção
percentual IR
x x = R$ 0,11
monetária
120 R$ 0,004200 22,5%

Valor Líquido dos Dividendos R$ 26,80 - R$ 0,11 = R$ 26,69

Cálculo dos juros sobre capital próprio (JCP)


Quantidade de ações JCP em 27/02/2007
Valor bruto x = R$100,97
120 R$ 0,841418

Valor
Quantidade de ações Valor correção
percentual IR
IR sobre JCP x x = R$ 14,86
120 R$ 0,825595 15%

Valor
IR s/correção Quantidade de ações Valor correção x percentual IR
x = R$ 0,43
monetária
120 R$ 0,015823 x 22,5%

Valor Líquido do JCP R$ 100,97 - R$ 14,86 - R$ 0,43 = R$ 85,68

UNIVERSIDADE CORPORATIVA BANCO DO BRASIL 61


Código de negociação
O código de negociação, ou código de pregão de um ativo, é constituído por
quatro posições alfabéticas, que representam o nome de pregão da ação, e
uma ou duas posições numéricas, que indicam o seu tipo. No caso das ações
do Banco do Brasil, o nome de pregão é “Brasil” e as letras são “BBAS”.

Veja as principais correlações entre a denominação da ação e seu código de


negociação, usando o exemplo de uma ação ABCD.

Código de Código Código de


Ativo Tipo Classe
Identificação Numérico Negociação

Direito de
Ordinária 1 ABCD1
subscrição

Direito de
2 ABCD2
Subscrição

Ação Ordinária ON 3 ABCD3

Ação Preferencial PN 4 ABCD4

Ação Preferencial A PNA 5 ABCD5

Ação Preferencial B PNB 6 ABCD6

Ação Preferencial C PNC 7 ABCD7

Recibo de
Ordinária 9 ABCD9
Subscrição
Recibo de
Preferencial 10 ABCD10
Subscrição
Bônus de Ordinária ou
11 ABCD11
Subscrição Preferencial

62 Fundamentos do Mercado de Capitais


O mercado de ações
O mercado de ações é o segmento do Mercado de Capitais onde ocorre a
compra e venda de participações no capital das empresas de capital aberto.

A função básica desse mercado é proporcionar liquidez aos títulos emitidos


pelas companhias abertas. É formado pelo conjunto de mercados distintos.

Mercados Primário e Secundário – já estudados na UNIDADE I deste caderno.

Mercado de Bolsas – são mercados institucionalizados sujeitos a fiscalização


e regulamentação das autoridades, permitindo assim maior divulgação de
informações sobre as transações realizadas. É nesse mercado que atuam as
bolsas de valores e a bolsa de mercadorias e futuros.

Mercado de Balcão – podemos definir o mercado de balcão como simplesmente


um mercado de títulos, cuja negociação não se faz em local determinado (como
o mercado de bolsa), mas, principalmente, por meio de telefonema entre as
instituições financeiras, que fecham negócios para seus clientes. Por não serem
de empresas registradas em bolsas, essas ações estão fora do controle e sem
as garantias de uma bolsa de valores.

Mercado de Balcão Organizado – a finalidade desse mercado é oferecer um


ambiente eletrônico para a negociação de títulos, valores mobiliários e demais
ativos financeiros. Em março de 1996, a CVM regulamentou o funcionamento
desse mercado, objetivando torná-lo mais acessível às empresas de menor
porte. Para isso foi criada a Sociedade Operadora do Mercado de Ativos (SOMA),
responsável pela administração do Mercado de Balcão Organizado do Brasil.

Depois da compra de ações no mercado primário, ao fim de um determinado


período, o investidor desejará converter novamente em dinheiro as aplicações
realizadas, vendendo suas ações. Para realizar esta operação o vendedor
deverá procurar uma sociedade corretora, diretamente, ou negociá-las por meio
do seu banco de relacionamento.

As corretoras recebem as ordens de compra e venda de seus clientes e executam


a operação de fechamento do negócio no “pregão” das bolsas de valores, caso
a empresa emissora seja registrada em bolsa. Mas, caso as ações negociadas
não estejam listadas em bolsa, o investidor deverá realizar suas operações
através do mercado de balcão. A decisão de ter ações negociadas em bolsa só
compete à própria empresa.
UNIVERSIDADE CORPORATIVA BANCO DO BRASIL 63
Segmentos do mercado de ações
No mercado secundário de ações, o público pode efetuar a negociação em
diferentes modalidades de operação, de acordo com os prazos e condições
Derivativos são de liquidação. Assim, o mercado secundário pode ser classificado em dois
ativos financeiros segmentos principais: à vista e os derivativos, que contemplam os mercados
que derivam,
integral ou swaps, futuro, a termo e de opções.
parcialmente, do
valor de outro
ativo financeiro
ou mercadoria.
Mercado à vista
Este assunto
será detalhado Nesse segmento, os títulos são negociados a um preço estabelecido em
mais adiante. determinado momento do pregão diário. O prazo para liquidação financeira
das operações à vista é de três dias úteis, ou seja, se a compra ou venda
dos títulos for efetuada hoje (D0), o pagamento ou recebimento do valor
correspondente será realizado no terceiro dia útil após a operação (D3).

Essa operação Operações Day-Trade


envolve a compra
e a venda de uma
“É nesse mercado que ocorrem as operações de compra e venda normais e
mesma quantidade
de um ativo, day-trade realizadas nas agências e no site de compra e venda de ações do
realizada no mesmo Banco do Brasil (Home Broker).
dia, pelo mesmo
investidor, por
intermédio da mesma
Após a confirmação de uma negociação de compra a ordem de venda já pode
sociedade corretora, ser registrada, ainda que a posição não seja visualizada na carteira.
utilizando a mesma
conta de custódia Nas operações day-trade não há liquidação física, ou seja, não há
e o mesmo agente
de compensação, movimentação de títulos em custódia, uma vez que a posição acionária do
para a liquidação. investidor permanece inalterada.

Somente será aceito day-trade iniciado com uma operação de venda, se


houver saldo de ações suficiente na conta de custódia.

Exemplificando.

Se um investidor comprou e em seguida vendeu ações de uma empresa


“X” em um determinado dia, a um preço superior ao preço de compra, ele
receberá um crédito em D+3 na liquidação financeira referente ao saldo
positivo da operação, já deduzidas as despesas/taxas. Mas, se o investidor
vendeu ações da empresa “X” em um determinado dia a um preço inferior ao

64 Fundamentos do Mercado de Capitais


da compra, ele terá que pagar o prejuízo da operação em D+3, sofrendo um
débito na liquidação financeira, incluindo as despesas/taxas.

O mercado à vista divide-se em:

Mercado de lotes-padrão – onde são negociadas quantidades de títulos


múltiplas dos lotes-padrão definidos pela bolsa de valores para cada
empresa. Lote-padrão ou lote de negociação é a quantidade de ações, Fator de cotação:
indica se a cotação
de características idênticas, considerada ideal para negociação. Em geral, da ação em Reais
quanto maior for a cotação da ação, menor será o lote-padrão, e vice-versa. refere-se a uma
ação = unitária
(fator de cotação
Ex: Lote Padrão de Ações BBAS3 (Banco do Brasil ON) é composto por =1) ou refere-se a
100 ações. O lote padrão de Ações TELB4 (Telebrás PN) é composto por um lote de 1.000
100.000 ações ações (fator de
cotação = 1.000).
Se: A ação BBAS3
Mercado de lotes fracionários – onde são negociadas quantidades de (Brasil ON) tem
ações inferiores a um lote-padrão. Esse mercado possui seu próprio padrão fator de cotação
de cotação e liquidez, ou seja, uma fila de ofertas própria. 1. Supodo que a
cotação do ativo
no mercado seja
Como já vimos, as ações são negociadas nas bolsas de valores por meio de R$ 50,00.
de códigos alfa-numéricos5 de pregão, formados por quatro letras — que Significa então,
neste exemplo, que
identificam o nome da empresa — e um ou dois algarismos — que identificam
cada ação vale R$
o tipo do ativo. 50,00, pois o ativo
tem fator de cotação
No caso das ações ON do Banco do Brasil, o código no mercado de lotes- = 1. A ação TELB4
(Telebrás PN) tem
padrão é BBAS3 e no mercado fracionário é BBAS3F. Ou seja, sempre que fator de cotação
se quiser registrar uma ordem de quantidade inferior ao lote padrão de uma 1.000. Supondo que
ação, ou mesmo consultar a cotação da ação no mercado fracionário, deve- a cotação do ativo
no mercado seja de
se incluir a letra “F” após o código de negociação. R$ 100,00. Significa
então, neste
Como no mercado fracionário a negociação independe de quantidade exemplo, que 1.000
ações TELB4 valem
mínima de ações, as ordens impostadas podem ser atendidas parcialmente,
R$ 100,00, pois o
em qualquer quantidade, de acordo com as ofertas e necessidades dos ativo tem fator de
investidores. Caso a quantidade seja pequena e dependendo do preço do cotação = 1.000.
ativo negociado, a operação poderá até resultar deficitária.

Vamos analisar um exemplo.

Considere uma ordem de venda de 10 ações ABCD4 a R$ 1,60.

5 Formados por letras e números.

UNIVERSIDADE CORPORATIVA BANCO DO BRASIL 65


O investidor interessado na compra possui 99 ações da empresa e necessita
apenas de 1 ação para completar um lote-padrão. Neste caso, o vendedor
que pretendia negociar suas 10 ações, vendeu apenas 1 ação, realizando
uma operação deficitária, conforme cálculo abaixo:

Em vez de receber o crédito da venda, o cliente terá que desembolsar R$


1,10, valor da diferença entre a venda e a corretagem.

Valor bruto da operação R$ 1,60


Corretagem mínima (–)R$ 2,70
Valor líquido (–)R$ 1,10

Derivativos
Derivativo é um contrato ou título cujo valor de mercado está vinculado, deriva
ou resulta do preço de outro contrato ou título. Pode também ser entendido
como operações financeiras que tenham como base de negociação o preço ou
cotação de um ativo — chamado de ativo-objeto — negociados nos mercados
futuro, a termo, de opções e demais operações financeiras mais complexas.

No mercado financeiro, as ações, as obrigações, as commodities e outros


produtos constituem o que podemos qualificar de ativos financeiros.

Com o desenvolvimento e a integração dos mercados e a busca constante


por aliar ganhos à proteção surgem os chamados derivativos. Estes se
apóiam para sua existência sobre os ativos primários ou sobre aspectos dos
mesmos, como as taxas de juros, por exemplo.

Exemplo:

Uma ação é um ativo principal. Tem seu preço formado pelas negociações
no mercado que reconhece, além do desempenho passado da empresa, a
expectativa de resultados futuros. O direito e/ou o compromisso de comprar
ou vender essa ação por um preço fixado em uma data futura é um derivativo.
Seu preço depende da expectativa que temos em relação ao preço da ação.
Se o direito é de comprar a ação por determinado preço em uma data futura
e o preço da ação no mercado à vista cair, esse direito vale menos. Se o
preço da ação subir, esse direito vale mais.
66 Fundamentos do Mercado de Capitais
Assim, existe uma relação direta entre o preço do derivativo e o preço do
ativo com o qual este está relacionado, ao qual chamamos de ativo-objeto.

Embora algumas das modalidades de operações dos mercados derivativos


venham sendo negociadas há muitos séculos, o nome “mercados derivativos”
é utilizado há relativamente pouco tempo.

Até 1971, os países desenvolvidos viviam sob o sistema do padrão dólar-


ouro, que propiciava uma paridade de câmbio fixa entre as principais
moedas. Com o fim da conversibilidade do dólar ao ouro, aqueles países
ainda tentaram manter as paridades, mas, a partir de 1973, quando houve o
primeiro choque do petróleo, as moedas passaram a ter cotações flutuantes
em relação às demais, o que gerou mais instabilidade nos preços praticados
em cada economia.

Conseqüentemente, os diversos agentes econômicos mundiais passaram a


estar expostos a maiores riscos no desempenho de suas atividades. Desde
então, o mundo passou a ter maior necessidade de se proteger da queda
de preços dos produtos que produz e da alta nas cotações dos insumos
necessários à produção.

Com o crescimento do comércio mundial e a crescente globalização da


economia, aumentou também a necessidade de proteção. Exatamente
para atender à maior demanda por proteção contra flutuações adversas de
preços, as bolsas, bancos e empresas do mundo inteiro vêm criando uma
enorme gama de “produtos derivativos”, cuja principal função econômica é
proporcionar redução de risco.

A organização de um mercado de derivativos corresponde à de um sistema


no qual cada um tem um papel definido, todos eles fundamentais.Sugerimos
a classificação dividida em hedgers, especuladores e arbitradores.

Hedgers - são aqueles agentes que visam à eliminação do risco de perdas


oriundas das oscilações de preço, por meio de operações de compra ou venda
a futuro. Sua atividade básica é a produção, distribuição ou estocagem do
produto. Dependendo da operação que executem, podem ser classificados
como hedgers de venda ou de compra. Enquanto os de venda defendem-
se de queda nos preços da commodity que querem vender a futuro, os
de compra defendem-se contra eventual alta nos preços das commodities
que tencionam comprar. Quando eliminam seus riscos por meio de uma
operação, estão, na verdade, transferindo o risco para alguém, que pode ser
outro hedger (quando então dá-se a permuta, ou não).
UNIVERSIDADE CORPORATIVA BANCO DO BRASIL 67
Especuladores - geralmente integram um grupo bem maior que o de hedgers
e sua presença num contrato futuro é menor. Abrange tanto pessoas físicas
quanto jurídicas e ainda distinguem-se dos hedgers pela velocidade com que
atuam no mercado (entrando e saindo dele). Geralmente não mantêm posição
comprada ou vendida até o vencimento e nem têm muita experiência em
relação a commodities. São importantes para o mercado futuro por fornecerem
aos hedgers a contrapartida a seus interesses. O especulador chama a si o
risco da variação de preços transferido pelo hedger que o repassou.

Arbitradores - garantem o preço justo do negócio a futuro, por meio do


atendimento a várias regras. A arbitragem aproveita a variação entre os
preços dos ativos ou de mercados, ou ainda das expectativas de mudança
futura. O mercado admite várias formas de arbitragem, cada uma atendendo
a aspectos próprios e envolvendo mercados futuros e de opções.

Ambiente de negociação
Os derivativos no Brasil são transacionados na Bolsa de Mercadorias e Futuros
(BM&F), que atualmente é a maior bolsa de futuros da América Latina. Iniciada
em julho de 1985 na forma de uma associação civil sem fins lucrativos, a BM&F
é responsável pela organização, regulamentação e fiscalização dos mercados
de liquidação futura. Foi criada pelas corretoras de valores com o objetivo de
proporcionar as condições adequadas à realização de suas transações, e teve
seu primeiro pregão realizado em 31 de janeiro de 1986.

Existem diversos derivativos negociados na BM&F, que em 2008 foi


integrada à Bovespa, criando assim a BM&F Bovespa. Podemos classificá-
los em derivativos financeiros, futuros de taxas de juros, de moedas, índices
de preços ou índices de bolsa ou, então, derivativos não financeiros, como
futuro de petróleo, soja, açúcar, álcool, milho, café, algodão, boi gordo etc.
No entanto, limitaremos nosso estudo aos instrumentos derivativos mais
utilizados no âmbito do mercado financeiro, como o swap, mercado a termo,
mercado futuro e o mercado de opções de ações.

68 Fundamentos do Mercado de Capitais


À VISTA FUTURO
(Spot)

OPÇÕES

A TERMO
SWAPS

Swap

A palavra swap significa troca ou permuta. Nesse sentido, um contrato de


swap representa um acordo no qual as partes trocam fluxos futuros de
caixa, de acordo com uma fórmula preestabelecida, com a finalidade de
eliminar o risco representado pelo descasamento entre ativos e passivos.

Nesse tipo de derivativo, as partes envolvidas podem ajustar livremente os


itens do contrato, sendo, assim, contratos não padronizados. Além disso, a
negociação dos contratos de swap ocorre nos mercados de balcão, podendo
ser registrados pelas bolsas.

Vários tipos de swap podem ser observados no mercado financeiro brasileiro.


O mais importante deles, com maior volume de negociação, é o Swap de Taxa
de Juro, que corresponde a um contrato por intermédio do qual dois agentes
trocam indexadores associados a seus ativos ou passivos e baseados em
duas taxas de juro diferentes.

Veja abaixo algumas combinações de indexadores usualmente utilizados no


mercado brasileiro.
▪ Swap DI1 (juros interfinanceiros) x DOL – trocam-se fluxos de caixa
indexados ao DI por fluxos indexados à variação cambial mais uma taxa
de juro negociada entre as partes.
▪ Swap PRÉ x DI1 – trocam-se fluxos de caixa indexados a uma taxa
prefixada em reais por fluxos indexados a uma taxa em DI.

UNIVERSIDADE CORPORATIVA BANCO DO BRASIL 69


Mercado a termo
O mercado a termo representa a compra ou a venda de um ativo, em que se
especifica por intermédio de um contrato entre as partes, a quantidade envolvida,
o preço de entrada e de liquidação e o prazo de vencimento da operação.

A contratação dessa operação permite às partes do termo se proteger das


variações de preços de ativos ou commodities, pois os compradores e os
vendedores fixam no momento do contrato as condicionantes futuras para a
liquidação das posições assumidas, comprada ou vendida.

Os prazos permitidos para negociação a termo são de, no mínimo, 16 dias e,


no máximo, 999 dias corridos.

Quando do vencimento do contrato, o comprador do termo irá adquirir o ativo


ou a commodity objeto da transação pelo preço previamente pactuado, ao
mesmo tempo em que a parte que assumiu a posição vendida concorda em
vender na mesma data e preço.

Mesmo que tenha um prazo definido, a operação a termo pode ser liquidada
a qualquer momento antes do vencimento, desde que o contrato permita a
sua antecipação. Contudo, cabe ressaltar que o preço do ativo contratado
não sofre alteração.

As principais características do mercado a termo são:


▪ Contratos negociados em ambientes de balcão ou em operações privadas,
podendo ser registrados em bolsa;
▪ Contratos flexíveis, o que permite que sejam perfeitamente ajustados às
necessidades das partes envolvidas;
▪ Não há intercambialidade;
▪ A liquidação pode ser física (comprador recebe o ativo objeto) ou financeira
(liquidação contra um índice de referência);
▪ Há exigência de depósito de margem de garantia, também sob a forma de
ativos financeiros;
▪ O encerramento de uma posição de termo somente ocorre se houver a
concordância das duas partes.

70 Fundamentos do Mercado de Capitais


Vantagens

As vantagens referem-se à maior flexibilidade, que permite adequar o


tamanho e o vencimento dos contratos às necessidades dos agentes que
estão negociando. No caso de contratos com entrega física da mercadoria,
propiciam ao vendedor a colocação de sua mercadoria e ao comprador a
aquisição do produto.

Como não há necessidade de desembolso imediato de caixa, o agente pode


realizar apostas direcionais em relação ao desempenho futuro de certo ativo,
muitas vezes superior à disponibilidade financeira no momento.

Desvantagens

Como os contratos não são padronizados, se uma das partes, antes do


vencimento, tiver o interesse de reversão de sua posição, dificilmente
encontrará um substituto para atender a obrigação, quer seja de compra
ou de venda, em virtude das condições assumidas no negócio, tais como:
quantidade, local de entrega, forma de pagamento, preço, entre outros. O
carregamento da operação até o vencimento pode ser a única alternativa.

Poderá determinar perdas ilimitadas proporcionais ao grau de alavancagem


assumido pelo agente e à oscilação no preço do ativo-objeto, tendo em vista o fato
de a liquidação financeira da operação somente ocorrer em seu vencimento.

Mercado futuro
Os mercados futuros podem ser vistos como uma evolução dos mercados a
termo. Compreende a compra e a venda de ativos a um preço definido em O preço de
pregão para liquidação em data futura específica, previamente definida e ajuste diário é
autorizada. Os contratos do mercado futuro são padronizados em relação à calculado após o
quantidade e qualidade do ativo, formas de liquidação, garantias, prazos de encerramento das
negociações do dia,
entrega e são negociados apenas em bolsas. para cada papel e
cada vencimento
O mercado futuro de ações funciona com ajuste diário de posições, ou seja, negociado no
todas as posições em aberto serão equalizadas com base no preço de ajuste Mercado Futuro de
Ações. Corresponde
do dia estabelecido para cada papel, com a conseqüente movimentação ao preço médio do
diária de débitos e créditos nas contas dos investidores, de acordo com a papel no Mercado
Futuro de Ações
variação negativa ou positiva no valor de suas posições.
apurado no período
de negociações
da tarde.

UNIVERSIDADE CORPORATIVA BANCO DO BRASIL 71


Normalmente, o esperado é que o preço do contrato futuro de uma determinada
ação seja equivalente ao preço à vista, acrescido de uma fração correspondente
à expectativa de taxa de juros entre o momento da negociação do contrato
futuro de ações e a respectiva data de liquidação do contrato, até ocorrer o seu
nivelamento com os preços do ativo-objeto no mercado à vista.

As principais características dos mercados futuros que os diferenciam dos


mercados a termo e que lhes permitem ser amplamente negociados são:

Operações de Bolsa - as compras e vendas são realizadas tendo por base


os preços formados em pregão;

Intercambialidade - compradores e vendedores não ficam “amarrados”


entre si. A posição pode ser transferida a terceiros através da realização de
operação contrária à operação original;

Padronização - a fim de conferir liquidez aos mercados futuros e torná-los


intercambiáveis, as bolsas adotam a padronização dos lotes de negociação,
das datas de vencimento e do objeto negociado, sendo que no caso de
ativos com entrega física, o objeto negociado deve ser padronizado quanto
à qualidade (tipo, marca, teor de pureza etc.), ao peso, ao local de entrega,
entre outros aspectos;

Garantia - existência de uma instituição que garanta o cumprimento dos


contratos, denominada Câmara de Compensação (Clearing House).

As variáveis livres para negociação entre os participantes são a quantidade


e o preço. No entanto, a bolsa define limites máximos de posição por
participante e de oscilação diária de preço.

Os preços são formados através de um processo transparente entre a


pressão de compra versus de venda. Para que um negócio seja fechado é
necessário que o preço futuro ofertado pelo vendedor seja igual ao preço
futuro ofertado pelo comprador.

Podemos exemplificar uma operação de hedge no mercado futuro


considerando a situação de um produtor de soja que acredita que, de hoje
até quatro meses, quando for comercializar sua safra, os preços terão caído
e não cobrirão seus custos; então decide vender em bolsa um contrato
futuro de soja, cotado ao final do quarto mês a R$ 30,00 a saca, sendo
que o valor hoje é de R$ 35,00 no mercado à vista. Ao final do período do
contrato, o valor de mercado da saca de soja chega a R$ 22,00.

72 Fundamentos do Mercado de Capitais


Vamos verificar o resultado financeiro obtido pelo produtor, cabendo ressaltar
que a cada dia até o vencimento do contrato ou até à zeragem da posição
ocorrerão ajustes diários, logo estaremos considerando a soma de todos os
ajustes diários ocorridos na vigência da posição vendida do produtor de soja.

Resultado financeiro da operação - venda do contrato futuro de soja


a R$ 30,00

Preço Mercado à Vista Valor total:


Produção total: 300
no dia do vencimento:
sacas R$ 6.600,00
R$22,00

Preço da soja
contratado Ajuste acumulado Valor total recebido:
No de contratos: 300 previamente no por todo o período:
mercado futuro: R$8,00 X 300 R$ 2.400,00
R$30,00

Resultado final para o produtor R$ 9.000,00

Resultado final para o produtor que não fez a operação R$ 6.600,00

Se o produtor não tivesse assumido a posição de venda no mercado futuro,


seu resultado final teria sido R$ 6.600,00, valor insuficiente para cobrir seus
custos. Neste caso, o produtor procurou garantir o preço futuro para seu
produto, assumindo uma condição de hedge.

UNIVERSIDADE CORPORATIVA BANCO DO BRASIL 73


Mercado de opções
As operações nesse mercado envolvem negociações de direitos de compra e
obrigações de venda de títulos a um prazo de liquidação e preço previamente
estabelecido. Logo, uma opção confere ao investidor o direito de comprar ou vender
uma quantidade predeterminada de um ativo-objeto, a um preço fixo (chamado de
strike price – preço de exercício) até ou na data de vencimento da opção.

O investidor decidirá na data de vencimento padronizada, de acordo com seu


interesse, o exercício ou não de seu direito, dependendo do preço no mercado
à vista do ativo-objeto, sendo que o direito representa para o seu detentor uma
alternativa e não obrigação de execução.

A opção é um instrumento que dá a seu comprador (titular) um direito futuro e,


inversamente, uma obrigação a seu vendedor (lançador) que, pela assunção do
risco, percebe o prêmio.
O prêmio ou
preço da opção Existem dois tipos básicos de opções:
é negociado
entre comprador ▪ Opção de compra (call) que dá direito ao comprador ou titular de comprar
e lançador por um ativo principal por determinado preço (preço de exercício);
meio de seus
representantes no ▪ Opção de venda (put) que dá direito ao comprador ou titular de vender
pregão da bolsa. um ativo principal por determinado preço (preço de exercício).
Ele reflete fatores
como a oferta e a
demanda, o prazo Em cada um dos tipos de opções há alternativa de o agente entrar comprado
de vigência da ou vendido na operação, ou seja, pode assumir uma posição comprada em
opção, a diferença
uma opção de venda (Put); e neste caso, passa a contar com o direito de
entre o preço de
exercício e o preço vender um ativo-objeto por um preço previamente definido ou, em outra
à vista da ação- operação, ficar vendido numa opção de compra (Call) e ser obrigado a vender
objeto, a volatilidade
de preço, bem
um ativo-objeto por um preço fixo. Assim, podemos classificar o participante
como outras da seguinte forma:
características
da ação-objeto. Lançador – é aquele que vende a opção no mercado. Recebe o prêmio
Em função dos e assume a obrigação de vender (no caso de opções de compra - Call) ou
direitos adquiridos comprar (no caso de opções de venda - Put) o ativo-objeto, caso o titular
e das obrigações decida por exercer seu direito.
assumidas no
lançamento, o
titular (comprador) Titular – aquele que adquire uma opção de compra ou venda de um ativo.
paga e o lançador Após pagar o prêmio ao lançador, passa a ter a faculdade de decidir, de
recebe uma quantia
acordo com o seu interesse, o exercício ou não de seu direito, dependendo
denominada
de prêmio. do preço da ação-objeto no mercado à vista.

74 Fundamentos do Mercado de Capitais


Veja na tabela abaixo um resumo do funcionamento do mercado de opções.

Participante
Titular Lançador
Tipo de Opção
Paga prêmio Recebe prêmio

CALL Direito de comprar Obrigação de vender

PUT Direito de vender Obrigação de comprar

As opções apresentam classificações distintas conforme o seu período de


validade, ou seja, o momento regulamentar em que o direito do comprador
da opção (titular) poderá ser executado, sendo:

Americana – quando o direito pode ser exercido pelo comprador (titular) a


qualquer momento, após a aquisição da opção de compra (Call) até a data do
seu vencimento.

Exemplo:

No dia seguinte ao da aquisição de uma opção de comprar para o vencimento


outubro sobre as ações da Petrobras o titular tem o direito de exercício. Isto é, de
adquirir uma quantidade “x” de ações da Petrobras, direito que se estende até a
data do exercício (vencimento da opção).

Européia - quando o direito só pode ser exercido na data de vencimento


da opção.

Exemplo:

O comprador (titular) de uma opção de venda (Put) sobre ouro disponível


somente poderá exercer o direito de vender o ativo-objeto pelo preço pactuado
na data do vencimento da opção prevista no contrato.

Asiática - quando o direito se refere a uma média de preços durante


certo período.

Exemplo:

Um banco pode vender (lançador) a uma empresa importadora o direito de


comprar dólares (Call) durante certo período a um preço médio previamente
acordado.

UNIVERSIDADE CORPORATIVA BANCO DO BRASIL 75


No Brasil, as opções de compra de ações têm o estilo americano e as opções
de venda, são negociadas no estilo europeu. Por oferecer maior flexibilidade
ao investidor, o prêmio de uma opção americana será mais caro que o de uma
opção européia.

Na BM&F, as opções podem ter seus contratos associados aos ativos-objetos


dos mercados de ouro, juros (depósito interfinanceiro) e dólar comercial.
Também existem os contratos de opções que cobrem os mercados futuros do
Ibovespa, boi gordo e café, ou seja, no exercício o titular receberá número “x”
de contratos futuros de um determinado ativo, commodity ou índice.

Sob o aspecto de se lançar opções sobre algum contrato do mercado futuro,


ressaltamos a importância de que as opções negociadas sobre contratos
futuros sujeitam-se a menores restrições de liquidez, bem como, para se
assumir uma posição, as margens são menores.

A dinâmica das operações realizadas no mercado de opções gira em torno do


pagamento ou recebimento do prêmio de uma opção específica, de forma que
toda a estratégia envolvendo opções refere-se à cotação do prêmio. Dessa
forma, o agente que preferir assumir uma posição comprada poderá fazê-lo por
intermédio da compra da opção ao preço do prêmio negociado em pregão.

Essa característica representa a principal diferença entre o mercado futuro


e o de opções, tendo em vista que o prêmio responde por uma fração do
preço do ativo-objeto e, por isso, permite uma maior alavancagem e as perdas
ficam limitadas ao valor desembolsado pelo pagamento do prêmio realizado
pelo comprador (titular), enquanto que no mercado futuro para o lançador
(vendedor) de uma opção as perdas são ilimitadas. Outra importante diferença
relaciona-se com o fato de não existir ajustes diários no mercado de opções.

Outra característica intrínseca às opções diz respeito à classificação da opção


em relação ao preço do ativo-objeto no mercado à vista e o preço de exercício.

Para facilitar o entendimento iremos trabalhar com um exemplo prático


do fluxo de caixa de um titular de uma call e de um titular de uma put para
apresentarmos os conceitos de out of the money (fora do dinheiro), at the
money (no dinheiro) e in the money (dentro do dinheiro). Lembramos que para
o vendedor (lançador) o fluxo é invertido, pois ele recebe o prêmio.

76 Fundamentos do Mercado de Capitais


Retorno ao titular de uma opção de COMPRA (CALL)
EXERCÍCIO EVOLUÇÃO DOS PREÇOS DA PETROBRAS (PETR4) - EM R$
Posição Tipo Exercicio Prêmio $ 90 95 100 105 110 115 120
Será exercido 0 0 não não não não sim sim sim
Comprado call 105 -5 0 0 0 0 5 10 15
Ganho/Perda -5 0 0 0 0 5 10 15
Retorno total -5,00 -5,00 -5,00 -5,00 0,00 5,00 10,00

O investidor decide comprar uma opção de compra (call) com preço de


exercício de R$ 105,00 pagando um prêmio de R$ 5,00 no dia 12/06, quando
o preço da ação da Petrobras estava em R$ 90,00. Logo, acredita que no dia
20/06 o valor do ativo no mercado à vista estará acima dos R$ 110,00.

O quadro de retorno ao titular de uma opção de compra mostra as hipóteses


diante da oscilação do preço do ativo-objeto, que no exemplo vai de R$ 90,00
a R$ 120,00.

No caso de o papel estar cotado no dia do exercício a R$ 95,00, o titular


exercerá o seu direito de comprar um ativo por R$ 105,00? A tabela/gráfico
retrata o resultado financeiro diante das oscilações no mercado à vista. No
nosso exemplo, o titular NÃO exercerá no vencimento o seu direito, pois há
possibilidade de se comprar o ativo no mercado à vista por R$ 95,00 e, portanto,
arcará com um prejuízo de R$ 5,00 e assim sucessivamente.

Se atentarmos para este exemplo, as perdas para o titular de uma call


estão limitadas em R$ 5,00 e os ganhos ilimitados, situação que fica clara
na representação gráfica a seguir. A mesma lógica serve para o vendedor
(lançador) de uma opção de compra (call), contudo as perdas são ilimitadas
e o ganho limitado ao recebimento do prêmio de R$ 5,00, motivo pelo qual há
exigência de depósito de garantias na corretora, caso o agente venha a operar
descoberto, ou seja, não deter em sua custódia o ativo-objeto como lastro.
Classificação de uma opção de compra (CALL) para o comprador (titular)

Obs: considerado o impacto do prêmio.

UNIVERSIDADE CORPORATIVA BANCO DO BRASIL 77


Vamos retratar agora o fluxo para o comprador (titular) de uma opção de
venda (put), lembrando que o seu titular tem o direito no exercício de vender
um ativo-objeto ao preço de exercício contratado, no exemplo R$ 105,00,
portanto, aposta em um mercado baixista e com o lançamento da opção
buscará preservar o preço do ativo em questão.

Retorno ao titular de uma opção de VENDA (PUT)


EXERCÍCIO EVOLUÇÃO DOS PREÇO DA PETROBRAS (PETR4) - EM R$
Posição Tipo Exercircio Premio $ 90 95 100 105 110 115 120
Será exercido 0 0 sim sim sim sim não não não
Comprado Put 105 -5 0 0 0 0 5 10 15
Ganho/Perda -5 0 0 0 0 5 10 15
Retorno total 10,00 5,00 0,00 -5,00 -5,00 -5,00 -5,00

Logo, caso o preço do ativo-objeto no mercado à vista esteja em R$ 90,00 no dia


do exercício o titular da opção exercerá o seu direito em vender o ativo ao preço
de R$ 105,00, embolsando o diferencial de R$ 10,00 (descontado R$ 5,00 pago
pelo prêmio). Mais uma vez o titular tem as suas perdas limitadas ao valor pago
pelo prêmio, enquanto que o lançador assume o risco total da operação.

Classificação de uma opção de venda (PUT) para o comprador (titular)

Obs: considerado o impacto do prêmio.

Diante dos exemplos expostos podemos resumir a classificação de uma


opção da seguinte forma:

CLASSIFICAÇÃO OPÇÃO DE COMPRA (CALL) OPÇÃO DE VENDA (PUT)

Dentro do dinheiro (In the Preço do exercício MENOR Preço do exercício MAIOR
money) que o preço do objeto que o preço do objeto

No dinhero (At the Preço do exercício IGUAL Preço do exercício IGUAL


money) ao preço do objeto ao preço do objeto

Fora do dinheiro (Out the Preço do exercício MAIOR Preço do exercício MENOR
money) que o preço do objeto que o preço do objeto

78 Fundamentos do Mercado de Capitais


Finalizamos este módulo com uma tabela-resumo das partes que compõem
uma operação no mercado de opções:

PRÊMIO LIQUIDAÇÃO
COMPRADOR

R$ COMMODITY R$
OPERAÇÃO PUT CALL
R$ COMMODITY

VENDEDOR R$

MARGEM

to tv

Índices do mercado de ações


A análise do mercado de ações como um todo baseia-se no uso de índices
de mercados de valores. Os índices costumam apresentar portfolios teóricos,
construídos mediante o emprego de diferentes metodologias.

A finalidade básica de um índice representativo do mercado de ações consiste


em servir como indicador médio do comportamento do mercado ou de um
segmento econômico específico (índices restritos e setoriais). Para tanto, sua
composição deve procurar se aproximar o mais possível da real configuração
das negociações à vista na Bolsa, cujos negócios e operações representa.

Vamos conhecer alguns índices, definidos com o objetivo de avaliar a


performance das ações mais negociadas, das ações de empresas de energia
elétrica, telecomunicações, governança corporativa etc.

Índices Restritos
Os principais índices do mercado, detalhados a seguir, são: Ibovespa, IBrX
(Índice Brasil), IBrX-50 (Índice Brasil 50), IVBX2 (Índice Valor Bovespa 2ª
Linha), IGC (Índice de Ações com Governança Corporativa Diferenciada).

Ibovespa - O Índice Bovespa, principal indicador de desempenho da Bolsa


de Valores de São Paulo, retrata o comportamento das principais ações
negociadas e atua como um importante indicador do desempenho médio
das cotações no mercado brasileiro de ações.

UNIVERSIDADE CORPORATIVA BANCO DO BRASIL 79


É o valor atual, em moeda corrente, de uma carteira teórica de ações
constituída em 02/01/1968, a partir de uma aplicação hipotética. Para seu
cálculo supõe-se não ter sido efetuado nenhum investimento adicional
desde então. Considera-se somente os ajustes efetuados em decorrência da
distribuição de proventos pelas empresas emissoras, tais como reinversão
de dividendos recebidos (considerando o reinvestimento dos dividendos
distribuídos pela empresa) e do valor apurado com a venda de direitos de
subscrição, e manutenção em carteira das ações recebidas em bonificação.

Dessa forma, o índice reflete não apenas as variações dos preços das ações,
mas também o impacto da distribuição dos proventos, sendo considerado
um indicador que avalia o retorno total de suas ações componentes.

Sua carteira é constituída pelas ações que, em conjunto, representam 80%


do volume transacionado no mercado à vista, nos doze meses anteriores à
sua formação e é reavaliada a cada quatro meses.

IBrX – Índice Brasil – Índice de preços que mede o retorno de uma carteira
teórica composta por 100 ações selecionadas entre as mais negociadas na
BM&F Bovespa, em termos de número de negócios e volume financeiro.
Essas ações são ponderadas na carteira do índice pelo seu respectivo
número de ações disponíveis à negociação no mercado.

A seleção das ações para composição do índice é feita a partir de uma relação
de ações classificadas por ordem decrescente de liquidez, de acordo com seu
índice de negociabilidade medido nos últimos doze meses, e que tenham
sido negociadas em pelo menos 70% dos pregões ocorridos no período.

IBrX-50 – Índice Brasil 50 – Índice que mede o retorno total de uma carteira
teórica composta por 50 ações selecionadas entre as mais negociadas na
BM&F Bovespa em termos de liquidez, apurada nos doze meses anteriores
à reavaliação, ponderadas na carteira pelo valor de mercado das ações
disponíveis à negociação e que tenham sido negociadas em pelo menos
80% dos pregões nesse período.

Esse índice foi desenhado para ser um referencial para os investidores e


administradores de carteiras, e também para possibilitar o lançamento de
derivativos ― futuros, opções sobre futuro e opções sobre índice. Tem as
mesmas características do anterior, mas apresenta a vantagem operacional
de ser mais facilmente reproduzido pelo mercado, pela menor quantidade de
ações na carteira.

80 Fundamentos do Mercado de Capitais


IVBX2 – Índice Valor Bovespa 2ª Linha – Foi desenvolvido pela BM&F Bovespa
em conjunto com o jornal Valor Econômico, visando mensurar o retorno de uma
carteira hipotética constituída exclusivamente por papéis emitidos por empresas
de excelente conceito junto aos investidores, classificadas a partir da 11ª posição,
tanto em termos de valor de mercado como de liquidez de suas ações.

É composto por 50 papéis escolhidos em uma relação de ações classificadas


em ordem decrescente de liquidez, de acordo com seu índice de
negociabilidade medido nos últimos doze meses e que tenham presença em
pregão acima de 70% nesse período.

Uma empresa participa da carteira somente com seu tipo de ação mais líquido,
isto é, aquele que apresentar o maior índice de negociabilidade no período.

IGC – Índice de Ações com Governança Corporativa Diferenciada – Tem


por objetivo medir o desempenho de uma carteira teórica composta por ações
de empresas que apresentem bons níveis de governança corporativa. Tais
empresas devem ser negociadas no Novo Mercado ou estar classificadas
nos Níveis 1 ou 2 da BM&F Bovespa. Os procedimentos para a inclusão de
uma ação no índice obedecem à seguinte regra:
▪ Ações de novas empresas – serão incluídas após o encerramento do
primeiro pregão regular de negociação.
▪ Ações de empresas já negociadas na BM&F Bovespa – serão incluídas
após o encerramento do pregão anterior ao seu início de negociação no
Novo Mercado ou Níveis 1 ou 2.

Uma vez que a empresa tenha aderido aos Níveis 1 ou 2 da BM&F Bovespa,
todos os tipos de ações de sua emissão participarão da carteira do índice,
exceto se sua liquidez for considerada muito estreita.

ITAG – Índice de Ações com Tag Along Diferenciado – Tem por objetivo
medir o desempenho de uma carteira teórica composta por ações de Pela legislação,
empresas que ofereçam melhores condições aos acionistas minoritários, no as companhias
abertas devem
caso de alienação do controle.
oferecer a todas as
ações ordinárias
São passíveis de inclusão na carteira teórica do índice todas as ações para minoritárias tag
as quais a empresa concede tag along superior em relação à legislação. along de 80%
em relação ao
preço obtido pelo
controlador, no
caso de alienação
de controle.

UNIVERSIDADE CORPORATIVA BANCO DO BRASIL 81


Dessa forma, são elegíveis ao ITAG:
O Conselho
Deliberativo do ▪ As ações ordinárias de companhias que ofereçam percentual maior de
ISE é formado
por um conjunto tag along, que tenham sido negociadas em pelo menos 30% dos pregões
de instituições ― ocorridos nos doze meses anteriores à formação da carteira.
BM&F Bovespa,
ABRAPP, Anbid, ▪ As ações preferenciais cuja companhia ofereça tag along em qualquer
Apimec, IBGC, percentual, que tenham sido negociadas em pelo menos 30% dos pregões
IFC, Instituto Ethos
e Ministério do ocorridos nos doze meses anteriores à formação da carteira.
Meio Ambiente
― que decidiram ISE – Índice de Sustentabilidade Empresarial - É um índice que mede o
unir esforços para
retorno total de uma carteira teórica composta por aproximadamente 40 ações
criar um índice de
ações que seja um de empresas com reconhecido comprometimento com a responsabilidade
referencial para social e a sustentabilidade empresarial. Tais ações são selecionadas entre as
os investimentos
socialmente
mais negociadas na BM&F Bovespa em termos de liquidez, e são ponderadas
responsáveis, o na carteira pelo valor de mercado das ações disponíveis à negociação.
ISE. Seu escopo foi
definido e a seleção Integrarão a carteira do ISE as ações que atenderem cumulativamente aos
das empresas
foi aprovada, critérios seguintes.
observando
os critérios de
▪ Ser uma das 150 ações com maior índice de negociabilidade apurado nos
relacionamento doze meses anteriores à reavaliação;
da empresa com
empregados e ▪ Ter sido negociada em pelo menos 50% dos pregões ocorridos nos doze
fornecedores, meses anteriores à formação da carteira;
relacionamento
com a comunidade, ▪ Atender aos critérios de sustentabilidade referendados pelo Conselho
governança Deliberativo do ISE.
corporativa e
impacto ambiental
de suas atividades. Índices setoriais
Há anos presentes nos mercados internacionais, os índices setoriais têm o
objetivo de oferecer uma visão segmentada do comportamento dos mercados
de ações. Eles são constituídos pelas empresas abertas mais significativas de
setores específicos, representando uma medida do comportamento agregado
do segmento econômico considerado (exemplos: setor de telecomunicações,
energia elétrica etc.). São eles o IEE - Índice de Energia Elétrica e o ITEL
– Índice Setorial de Telecomunicações.

IEE – Índice de Energia Elétrica – Primeiro índice setorial da BM&F Bovespa,


o IEE foi lançado em agosto de 1996 com o objetivo de medir o desempenho
do setor de energia elétrica. Dessa forma, constitui-se em um instrumento que
permite a avaliação da performance de carteiras especializadas nesse setor.

82 Fundamentos do Mercado de Capitais


ITEL – Índice Setorial de Telecomunicações – Seguindo experiências
Quantidade de
mais recentes de índices internacionais, a BM&F Bovespa resolveu adotar ações “livres”. O
para o cálculo do ITEL a ponderação por quantidade de ações em circulação free-float pode ser
(free-float). A ponderação de um indicador pelo valor de mercado das definido como a
percentagem do
ações em circulação permite que o índice represente o comportamento dos capital social que se
papéis realmente disponíveis para negociação, o que facilita a montagem encontra disperso
de carteiras referenciadas no índice pelo investidor e permite um melhor em bolsa (nas
mãos de acionistas
acompanhamento de seu desempenho. minoritários),
relativo a uma
Além dessa característica, a BM&F Bovespa estabeleceu um limite de determinada
empresa admitida
capitalização de 20% para cada companhia componente da carteira. Tal
na cotação desse
critério foi adotado para evitar que uma empresa com elevado valor de mercado.
mercado tenha papel extremamente preponderante no desempenho do
índice, prejudicando o reflexo do desempenho dos demais papéis.

UNIVERSIDADE CORPORATIVA BANCO DO BRASIL 83


Participantes do mercado de ações
As operações no mercado de ações são caracterizadas pela presença de
diferentes personagens, sendo eles os investidores, os especuladores e os
manipuladores.

Investidores
São indivíduos ou instituições que aplicam recursos em busca de ganhos a
médio e longo prazos. Operam nas bolsas por meio de corretoras de valores
mobiliários, as quais executam as suas ordens de compra e venda de ações
e recebem corretagens pelo seu serviço.

Existem dois tipos de investidores: os investidores individuais e os investidores


institucionais. Vejamos a diferença entre eles.

Investidores Institucionais – são pessoas jurídicas que movimentam


recursos vultosos no mercado financeiro em geral. São considerados os
participantes mais importantes dos mercados de dinheiro, em face de suas
imensas massas de manobras, que são os recursos captados de seu público.
Em síntese, os investidores institucionais podem ser agrupados em:
▪ Sociedades Seguradoras;
▪ Entidades de Previdência Privada;
▪ Sociedades de Capitalização;
▪ Clubes de Investimento;
▪ Fundos de Investimento.

Investidores Individuais – são pessoas físicas ou jurídicas que participam


diretamente do mercado, seja comprando ou vendendo ações para si
próprios, por sua conta e risco. Eles agem isoladamente, em seu próprio
interesse e com seus próprios recursos.

Em se tratando de investidor individual, é importante que a instituição


financeira e corretora de valores da qual ele é cliente, procure conhecer bem
as suas necessidades (perfil) para saber o que melhor lhe convém, a fim de
orientá-lo em seus investimentos da melhor maneira possível.

84 Fundamentos do Mercado de Capitais


Existem muitos questionários e testes que procuram definir um perfil
de investidor. Entretanto, todas essas ferramentas utilizam os mesmos
parâmetros de avaliação para essa definição: a idade do investidor, o objetivo
de retorno, o prazo para utilização dos recursos e o grau de aversão do
investidor ao risco.

Com base nesses critérios, os investidores podem ser classificados, segundo


seu perfil, em Conservador, Moderado e Agressivo ou Arrojado. No quadro
seguinte temos um resumo das características desses perfis.

Perfil Características

▪ Investe com o objetivo de preservar o capital.

▪ Investe em ativos de baixíssimo risco.

▪ Busca aconselhamento financeiro especializado para tomar decisões.


Conservador
▪ Tem pouca informação sobre os mercados e as alternativas de investimento.

▪ Geralmente concentra seus investimentos em renda fixa.

▪ Abandona imediatamente o investimento em caso de oscilação negativa no


valor investido.

▪ Investe buscando crescimento moderado de seu capital.

▪ Tem horizonte de tempo de médio e longo prazos para seus investimentos.

▪ Coloca a maior parte dos investimentos em ativos de baixo risco e uma


Moderado pequena parte para diversificação.

▪ Pesquisa e busca aconselhamento financeiro para tomar decisões.

▪ Frente à oscilação negativa no valor do investimento, permanece, mas analisa


a situação.

▪ Investe com o objetivo de crescimento elevado de seu capital.

▪ Tem horizonte de tempo de longo prazo para seus investimentos.

Agressivo ou ▪ Pode concentrar até 60% dos investimentos em renda variável.


Arrojado
▪ Entende o funcionamento dos mercados e suas alternativas de investimento,
sentindo-se seguro para tomar decisões.
▪ Aceita as oscilações negativas no valor de sua carteira contando com ganhos
no longo prazo.

UNIVERSIDADE CORPORATIVA BANCO DO BRASIL 85


Especuladores
Esse participante do mercado representa o investidor que compra e vende ações
sem um horizonte temporal claramente definido. Tanto pode comprar e vender no
mesmo dia, como pode reter a ação por uma semana ou um mês, na expectativa
de fatores que, na sua concepção, farão as ações subirem ou descerem de cotação
a um curto prazo. Está disposto a correr este risco em busca de rentabilidade. É
figura presente em qualquer mercado, sendo importante fornecedor de liquidez.

Manipuladores
São participantes geralmente associados a atitudes de má fé, correspondentes
a práticas nocivas ao mercado e, portanto, expressamente proibidas em lei,
já que essas práticas favorecem um grupo de pessoas em detrimento da
maioria do mercado, prejudicando os investidores.

Um exemplo é o uso de informações privilegiadas, acessadas por um grupo


seleto de pessoas, desconhecidas do restante do mercado. Elas podem usar
diversos meios para criar condições artificiais de demanda, oferta ou preços,
visando obter ganhos com as oscilações das cotações de determinada ação.

Um tipo de manipulador é o insider (aquele que está por dentro). De modo


geral, ele representa um investidor ligado à empresa. Em função de confiança,
e, por força de sua posição, tem acesso a informações antes que elas sejam
de conhecimento do público e as usa em proveito próprio.

Riscos do investimento em ações


A rentabilidade dos investidores em ações é composta de dividendos ou
participação nos resultados e benefícios concedidos pela empresa emissora,
além do eventual ganho de capital advindo da venda da ação no mercado
secundário (Bolsa de Valores). Porém, o retorno do investimento dependerá
de fatores tais como: desempenho dos mercados globais, da empresa e de
suas perspectivas futuras.

A oscilação do preço de uma ação ocorre de acordo com a oferta e a demanda


do mercado e também pode ser influenciada, pela política econômica, pela
queda dos preços no mercado internacional e pelo próprio desempenho da
empresa e expectativas que os investidores têm sobre o futuro dela.

86 Fundamentos do Mercado de Capitais


Ou seja, quem quiser ganhar dinheiro investindo em ações tem que se
acostumar com o vaivém das bolsas e pensar no médio e longo prazos.

Quem investe em ações busca uma maior rentabilidade de seu investimento,


no entanto, a rentabilidade está diretamente ligada ao risco ao qual o investidor
está disposto a correr. Ao investidor com maior aversão ao risco não se
recomenda investir em ações, pois o preço das ações sofre oscilações e, por
esse motivo, elas são consideradas “ativos de renda variável” e, portanto,
investimento de risco.

Riscos envolvidos no investimento em ações:

Risco da empresa: depende da sua capacidade financeira e da atratividade


econômica do seu negócio. O risco da empresa se identifica por:
▪ Risco econômico - ligado à atividade fim da empresa e às características
do mercado em que está inserida. É relacionado ao risco de a empresa
não alcançar os resultados esperados.
▪ Risco financeiro - diz respeito à capacidade da empresa em saldar suas
dívidas. Empresas com um nível de endividamento baixo apresentam
baixo nível de risco financeiro e vice-versa.

Risco de mercado: representa a incerteza em relação ao comportamento


dos preços dos ativos em função da oscilações de variáveis como taxa de
juros, câmbio, preço das ações, dentre outros.

Risco de liquidez: esse risco assume duas formas: liquidez de mercado e


liquidez de fluxo de caixa. O risco de liquidez de mercado está relacionado a
grandes oscilações de preços, que levam uma transação a não ser efetuada
ao preço de mercado devido ao tamanho da posição em relação ao volume
normalmente negociado. O risco de liquidez de fluxo de caixa está associado
à falta de recursos da empresa para honrar os compromissos assumidos, em
função do descasamento entre os ativos e passivos.

Risco político: relacionado a mudança de regime, mudança de dirigentes


de órgãos do governo, com impacto direto no desempenho da Bolsa.

Risco operacional: relacionado a falhas nos equipamentos e/ou sistemas


utilizados para as operações no pregão. Essas falhas podem ocorrer no sistema
da Bolsa, do intermediador ou do próprio investidor que realiza suas operações
via Internet. O risco operacional também está ligado à falta de energia, pane
no sistema de telefonia, ou nos sistemas integrados de computadores.
UNIVERSIDADE CORPORATIVA BANCO DO BRASIL 87
Risco sistêmico: decorre das dificuldades financeiras de uma ou mais instituição
ou de países, que provoquem danos substanciais a outros, ou uma ruptura na
condução operacional da normalidade do sistema financeiro em geral.

Negociando ações
Conforme mencionado na Unidade I, tem havido um estímulo significativo
para as pessoas físicas procurarem investir no mercado de capitais, seja por
gestores especializados ou pela prática da autogestão.

O mais importante é orientar o cliente sobre a maneira como ele poderá


inserir-se nesse mercado e, antes de escolher o tipo de investimento, efetuar
algumas perguntas consideradas importantes para a decisão correta, ou pelo
menos, mais próxima de suas expectativas:
1. Qual o meu objetivo com este investimento?
2. Qual é a minha expectativa de rentabilidade?
3. Quanto tenho disponível para investir?
4. Quando precisarei do dinheiro investido?
5. Tenho todas as informações sobre este tipo de investimento?
6. A diversificação da minha carteira é coerente com meu perfil de risco?

O importante para o cliente que deseja aplicar em ações é:

▪ Disciplina.
▪ Atenção às conjunturas nacionais e internacionais.
▪ Compra de ações de empresas com perspectiva de crescimento.
▪ Acompanhamento das notícias, análises setoriais e das empresas.
▪ Investimento em empresas e setores diversificados.
▪ Investimento com regularidade, se possível todo mês.
▪ Reinvestimento de lucros e rendimentos.
▪ Tomadas de decisão conscientes, e não ao sabor de dicas.

88 Fundamentos do Mercado de Capitais


É fato que no mercado de ações existem alguns caminhos para se investir,
cabendo, a cada investidor, escolher aquele que melhor se ajusta a sua
necessidade.

Veja no quadro seguinte as possibilidades que o mercado oferece.

FUNDO DE CLUBE DE COMPRA VIA HOME HOME BROKER


AÇÕES INVESTIMENTO CORRETORA BROKER BB (só p/clientes)
Um grupo de
O investidor
O investidor pessoas com O investidor O investidor
compra e
entrega seu interesses em entre em compra e vende
vende ações
dinheiro ao comum se contato com ações diretamente
diretamente
Como gestor de um reúne e, com a corretora pela Internet,
pela internet,
funciona fundo, que ou sem ajuda e define em sem a ajuda
sem a ajuda
toma todas as de corretora, quais ações de corretores
de corretoras
decisões sobre investe seu quer aplicar e sem precisar
e sem precisar
o investimento. dinheiro em seu dinheiro. sair de casa.
sair de casa.
ações.
Dificuldade Baixa Baixa Razoável Razoável Razoável
Quem Gestores Corretoras Todas as Corretoras Banco do Brasil
oferece de fundos corretoras

Efetuar o cadastro
Para montar de investidor na
um clube de agência ou na
O investidor Cadastrar-
investimento é Internet; realizar
deverá ir se em uma
necessário re- as operações
ao gestor, corretora,
unir pelo menos de compra e
escolher o Tornar-se depositar a
três pessoas, venda de ações
fundo e investir cliente de uma quantia do
se cadastrar em com liquidação
Como fazer o dinheiro. das corretoras investimento
uma corretora financeira na
Deverá que operam na e comprar
(se a escolha for conta corrente
acompanhar BM&F Bovespa. e vender
pela gestão de de depósitos
o resultado no ações, sempre
uma corretora) e ou na conta
mínimo uma estudando o
fazer o registro investimento,
vez por mês. mercado.
na BM&F sempre
Bovespa. acompanhando
o mercado.

Para que um investidor negocie ações na BM&F Bovespa ele precisa seguir
três passos iniciais:
1. Escolher a corretora com a qual vai operar (se não optar pelo seu banco de
relacionamento) e abrir uma Conta para investimento, se ainda não a tiver;
2. Realizar seu cadastro de investidor;
3. Entrar com o registro de ordem de compra e venda.

UNIVERSIDADE CORPORATIVA BANCO DO BRASIL 89


O Banco opera por intermédio do BB-BI, BB Banco de Investimentos atuando
nos mercados de bolsas e no de mercado de balcão organizado como
intermediador das ordens de compra e venda de ações de seus clientes. Por
não possuir corretora, essas operações são efetivadas por meio de corretoras
habilitadas a negociar na BM&F Bovespa.

Mas o cliente BB pode optar por realizar suas operações por intermédio de
qualquer corretora do mercado.

Cadastro de investidor
O primeiro passo para se operar no mercado de ações é a elaboração do
cadastro de investidor que pode ser feito por intermédio da agência de
relacionamento ou pelo próprio cliente, através do Home Broker. Depois de
feito cadastro, o cliente recebe um código de investidor junto à BM&F Bovespa/
CBLC, número pelo qual passa a ser identificado em operações futuras.

Desde novembro de 2004, todo cadastro realizado gera duas contas de


custódia, uma para operações realizadas por meio da conta corrente e outra
para as operações realizadas via conta investimento.

Por exigência da CVM ─ Instrução 301/1999 ─ o investidor com operações no


mercado de ações deve possuir um cadastro mínimo. No caso dos clientes do
Banco do Brasil, o cadastro corporativo precisa estar na situação COMPLETO
– NORMAL, para que seja permitida a elaboração do cadastro de investidor
com exigência obrigatória de informações a respeito da renda e situação
patrimonial do investidor.

90 Fundamentos do Mercado de Capitais


Registro da ordem
A negociação com ações tem início com o registro de uma ordem de compra
(ou de venda) junto à corretora. Esse registro não é garantia da realização
do negócio, pois essa vai depender de fatores como:
▪ Contraparte – comprador ou vendedor disposto a fazer o negócio.
▪ Preço de negociação – o preço estipulado deve atender aos objetivos
do investidor.
▪ Disponibilidade do ativo no ambiente da Bolsa - se as ações estiverem
depositadas na instituição depositária deverão ser transferidas para a CBLC
para então serem negociadas.
O quadro seguinte mostra uma síntese do fluxo de negociação de ações, sob
o ponto de vista do acionista.

UNIVERSIDADE CORPORATIVA BANCO DO BRASIL 91


Tipos de ordens
Durante as negociações os investidores podem emitir aos corretores vários
tipos de ordens de compra e venda de ações. As mais comuns são:

Tipo Características

É uma ordem que especifica somente a quantidade e as características dos


A Mercado ativos e direitos a serem comprados ou vendidos. Deve ser executada a
partir do momento em que for recebida pela corretora.
Tipo de ordem que, obrigatoriamente, terá um preço máximo de compra
e um preço mínimo de venda. De acordo com as ofertas do pregão pode
demorar a ser executada.
Limitada Lembramos que uma operação pode ser executada a um preço mais
favorável, caso a contraparte tenha inserido uma ordem a um preço superior
ao determinado como limite para a venda, ou a um preço inferior, no caso
de compra.
Ordem de compra enviada à BM&F Bovespa, vinculada a um preço máximo.
Start Quando a ordem start é solicitada, o papel em questão é comprado quando o
preço no mercado atingir ou ultrapassar o preço predeterminado pelo cliente.
Ordem de venda enviada à BM&F Bovespa com critérios de validação
previamente estabelecidos pelo cliente. Esse tipo de ordem pode ser usado
como proteção para o investidor, já que é enviada à BM&F Bovespa quando o
preço da ação ficar abaixo do limite determinado pelo investidor.
Stop
Exemplo: se um investidor comprar uma ação a R$ 2,00 e quiser limitar sua
eventual perda a 10%, poderá determinar uma ordem stop limitada a R$ 1,80.
Quando o preço do último negócio for igual ou menor que R$ 1,81 (preço
stop), será disparada uma ordem de venda limitada a R$ 1,80 (preço limite).
Tipo de operação constituída por uma ordem de compra de um ativo no mercado
Casada à vista da BM&F Bovespa e outra ordem de venda de opção do mesmo ativo.
As ordens podem ser executadas no mesmo ou em outro pregão.

O investidor determina a tomada de posições opostas, no mesmo ou em


De financiamento
outro mercado, porém com prazos de vencimentos distintos.

Tipo de ordem que especifica somente a quantidade e as características


Administrada dos ativos ou direitos a serem comprados ou vendidos, ficando a execução
a critério da corretora.

Ordem feita por um administrador de carteira de títulos e valores mobiliários,


ou por representante de mais de um cliente que estabelece as condições em
Discricionária que a ordem deve ser executada. Após a execução, o administrador indicará
os nomes dos clientes que deverão receber a quantidade de ativos diretos,
oriundos da operação, e o respectivo preço.

Dos tipos de ordens apresentados no quadro acima, atualmente o Banco do


Brasil disponibiliza ordens a mercado , limitada, start e stop. Não há previsão
de disponibilização dos demais tipos.

92 Fundamentos do Mercado de Capitais


Peculiaridades das ordens de compra
Uma característica das ordens de compra no BB é a ocorrência de bloqueio
negocial de recursos na conta do investidor (anotação de débito), de um
determinado percentual do valor da operação, no momento do registro da
ordem.

E como funciona esse bloqueio negocial?

Se o investimento for via conta corrente – o bloqueio será realizado no


momento do registro das ordens de compra, equivalente a um determinado
percentual do valor da operação, acrescido do total da corretagem e
emolumentos. Caso não exista disponibilidade de recursos no momento do
registro da ordem, a mesma não será acatada.

No caso de definição de limites operacionais considerando outros recursos,


como carteira de custódia do investidor e operações já realizadas e ainda
não liquidadas, o bloqueio negocial será realizado pelo valor da operação
não coberto por esses recursos.

Serão considerados como recursos o bloqueio negocial, o saldo na conta


corrente, o limite de cheque especial (sem cobrança de encargos) e aplicações
em fundos de investimento com resgate automático (sem resgate e/ou perda
de rendimentos). Esta importância não poderá ser utilizada para saques e/ou
pagamentos enquanto estiver bloqueada.

Se o investimento for via conta investimento – será considerado como


recurso para aquisição de ações, recursos de vendas efetuadas e ainda não
liquidadas, e o saldo disponível na conta investimento.

Peculiaridades das ordens de venda “Em cautelas


escriturais”
significa que as
As ordens de venda de ações “em cautelas escriturais” somente serão ações do cliente
recebidas pelas corretoras para execução após a liberação do bloqueio se encontram
na respectiva
pela Instituição Depositária e do respectivo depósito das ações na Bolsa de Instituição
Valores. Assim, a agência deverá estabelecer um prazo de validade maior Depositária. Para
para a ordem, a fim de evitar que ela já esteja vencida quando a ação for efetivar o registro
da ordem de venda
depositada na Bolsa de Valores (no mínimo 15 dias). é necessário que o
cliente apresente
Tanto pelo Home Broker, quanto pelo SISBB, ao se optar pelo registro de um extrato
uma ordem de venda de ações custodiadas, o aplicativo apresenta a relação atualizado de sua
posição acionária.

UNIVERSIDADE CORPORATIVA BANCO DO BRASIL 93


de papéis da carteira do investidor disponíveis para venda, onde estará
identificada a conta de custódia onde a posição se encontra depositada.

O crédito da venda será efetuado na conta vinculada à posição de custódia


vendida. Assim, caso seja escolhido um papel depositado na conta de
custódia investimento, o crédito da operação se dará na conta investimento.
O mesmo ocorre caso se escolha um papel depositado na conta de custódia
vinculada à conta corrente.

Cancelamento de ordens
Uma ordem pode ser cancelada, a pedido do investidor e a qualquer
momento, desde que o negócio não tenha sido realizado na Bolsa. Os
negócios já realizados não são passíveis de cancelamento, pois uma vez
que o comprador/vendedor registra sua intenção de negócio (ordem) se
compromete a honrar a sua oferta junto ao mercado, quando da realização
desse negócio.

A BM&F Bovespa poderá cancelar negócios nas seguintes situações:


▪ qualquer falha no sistema, comprovadamente atribuída à Bolsa, no
processo de registro de negócios;
▪ a pedido das corretoras, cabendo às partes interessadas comprovarem os
motivos da solicitação;
▪ desenquadramento de algum dos parâmetros de negociação constantes
da Instrução CVM nº 168/91, cuja constatação somente tenha sido
identificada a posteriori.

Em razão dessas condições, a indicação de execução de determinada ordem


não representa um negócio irretratável, pois caso se constate qualquer
irregularidade na transação, a BM&F Bovespa tem poderes para cancelar
negócios já realizados.

O BB-BI poderá cancelar uma ordem quando esta representar risco de


inadimplência ou infringir normas operacionais do mercado. Neste caso, o
investidor será comunicado sobre o cancelamento.

Além disso, quando ocorrem eventos societários que geram mudanças nos
preços das ações no mercado, o BB-BI cancela automaticamente as ordens
vigentes de seus clientes.

94 Fundamentos do Mercado de Capitais


A BM&F Bovespa não permite o cancelamento de ofertas de compra e de
venda que estejam participando de leilões. Estes leilões podem ocorrer
durante todo o pregão, principalmente nos seguintes horários: 15 minutos
antes da abertura (leilão de pré-abertura) e a partir dos 5 minutos que
antecedem o fechamento do pregão (call de fechamento).

O Pregão
As negociações nas bolsas de valores são realizadas em uma sessão, com
duração predeterminada, chamada de pregão.

O pregão é uma sessão em que se efetuam negócios com papéis registrados


em uma bolsa de valores, diretamente na sala de negociações e/ou por um
sistema de negociação eletrônico. Os pregões podem ser:

Viva voz – pregão onde os representantes das corretoras apregoam suas


ofertas de viva voz, especificando o nome da empresa, o tipo da ação, a
quantidade e o preço de compra ou de venda. O pregão viva-voz da Bovespa
foi desativado após a sessão do dia 30/09/2005. Na BMF o último pregão
viva voz ocorreu em 30/06/2009.

Eletrônico – é realizado através do Mega Bolsa, sistema eletrônico de


negociação da BM&F Bovespa no qual a oferta de compra ou de venda é
feita por terminais de computador. O encontro das ofertas e o fechamento dos
negócios são realizados automaticamente pelos computadores da Bolsa. Esse
sistema recebe as ofertas registradas nas mesas de operações das corretoras
e as ofertas registradas via Internet pelos investidores, durante o pregão.

UNIVERSIDADE CORPORATIVA BANCO DO BRASIL 95


As negociações no pregão são realizadas com base em critérios estabelecidos
pela CVM e pelas bolsas de valores.

Como funciona a fila de ofertas do pregão?

Observando o quadro de cotações abaixo, temos as cinco melhores ofertas


de compra e as cinco melhores ofertas de venda, no momento da consulta.
A primeira oferta de compra é aquela em que o investidor está disposto a
comprar pagando o preço mais alto e, conseqüentemente, a primeira oferta
de venda é aquela em que o vendedor está disposto a vender mais barato.

Os negócios são fechados automaticamente quando as duas melhores


ofertas são atendidas.

Exemplificando.

Digamos que um investidor resolva, neste momento, registrar uma ordem de


compra de 1600 ações BBAS3 limitada a R$ 28,50. Ele ficará em primeiro
lugar na fila de ofertas de compra e, tendo em vista seu preço limite ser
superior à primeira oferta de venda (1400 ações a 28,45), sua ordem será
executada nas seguintes condições:

1º) compra de 1400 ações do primeiro ofertante a R$ 28,45;

2º) compra das demais 200 ações do segundo ofertante a R$ 28,47.

96 Fundamentos do Mercado de Capitais


After Market – a fim de ampliar as oportunidades de negócios e atrair novos
investidores, a BM&F Bovespa disponibiliza o After Market — negociação
fora do horário regular de pregão, ampliando o horário do pregão eletrônico
para o mercado à vista. Funciona das 17h45min às 19h00min. Durante o
período de horário de verão funciona de 18h45min às 19h30min. Poderão ser
negociadas no After Market ordens e ativos que se enquadrem nos seguintes
requisitos e com as seguintes características:
▪ Papéis pertencentes às carteiras teóricas dos índices calculados pela
Bovespa e que tenham sido negociados, no mesmo dia, durante o horário
regular de pregão;
▪ Preço limite das ordens não deverá ultrapassar a uma variação de 2%
(positiva ou negativa) em relação à cotação de fechamento do pregão diurno;

Vamos exemplificar a questão da variação dos 2%.

Digamos que um investidor verifique que o preço de fechamento das ações


ON do Banco do Brasil, cujo código de negociação é BBAS3, no pregão
regular foi de R$ 31,00.

Ele deseja comprar tais ações durante o After Market e registra uma ordem
de compra estabelecendo um preço limite de R$ 32,00.

Neste caso, mesmo que haja vendedores a R$ 32,00 ou a um preço menor


na fila de ofertas do pregão eletrônico, o cliente não conseguirá comprar suas
ações durante o After Market, porque o preço limite estabelecido por ele su-
perou a variação máxima permitida para negociação nesse pregão (31,00),
de 2% sobre o preço de fechamento do pregão diurno, ou seja, (0,62).

Liquidação das operações


Liquidação financeira é o processo pelo qual se dá o pagamento ou
recebimento do montante financeiro envolvido no negócio, dentro do
calendário da CBLC.

Os débitos e os créditos são realizados em conta corrente, ou conta


investimento, em D+3 (no terceiro dia útil após a negociação), deduzidos
(venda) ou acrescidos (compra) das taxas de corretagem e de Bolsa.

UNIVERSIDADE CORPORATIVA BANCO DO BRASIL 97


Como comprovante da operação realizada, o BB-BI envia ao investidor uma
Nota de Corretagem com todas as informações referentes ao negócio.

Liquidação física é o processo pelo qual se dá a transferência da propriedade


dos títulos, e obedece aos seguintes prazos quanto à sensibilização do saldo
da conta de custódia do investidor junto à CBLC:

D - dia da negociação e especificação dos compradores e vendedores junto


à Bolsa;

D+2 - agentes de custódia dos vendedores autorizam os débitos nas suas


contas de custódia;

D+3 - as ações são transferidas das contas dos vendedores para as contas
dos compradores;

D+4 - as ações estão disponíveis na conta de custódia para negociação e/ou


transferência. Prazo final para entrega das ações pelos vendedores;

D+5 - a CBLC emite ordem de recompra nos casos de atraso na entrega de


ações ainda não regularizados;

D+8 - prazo final para execução da ordem de recompra;

D+12 - prazo final para as ações ficarem disponíveis para negociação, em


caso de recompra.

Podem ocorrer casos de atraso na entrega dos papéis por parte da corretora
vendedora, mas regularizados conforme o cronograma acima. Caso a
entrega pelo vendedor se dê em D+4, ou seja, no prazo final, as ações
estarão disponíveis para negociação pelo comprador em D+5. Os referidos
prazos são estipulados pela CBLC, que tem o controle sobre este processo.

98 Fundamentos do Mercado de Capitais


Custos operacionais
É importante saber que sobre uma operação de compra ou venda de ações
incidem taxas cobradas pelas bolsas de valores e de corretagem cobrada
pelos intermediários.

Taxa de Corretagem - Taxa cobrada pela intermediação das operações,


de acordo com as ordens de compra e venda executadas em nome do
investidor.
▪ Para as operações realizadas via Home Broker o Banco cobra R$ 20,00
(vinte reais) por ordem negociada;
▪ Para as operações realizadas via Agências BB será utilizada a tabela
abaixo sobre o volume total de operações do dia:

Valor Negociado Percentual Parte Fixa

Até R$ 135,07 - R$ 2,70

De R$ 135,08 Até R$ 498,62 2,0 % -

De R$ 498,63 Até R$ 1.514,69 1,5 % R$ 2,49

De R$ 1.514,70 Até R$ 3.029,39 1,0 % R$ 10,06

Acima De R$ 3.029,39 0,5 % R$ 25,21

Emolumentos - se dividem em Taxa de Liquidação cobrada pela CBLC e


Taxa de Negociação cobrada pela BM&F Bovespa ou pela SOMA.

Taxa ANA (Aviso de Negociação de Ações) - cobrada pela BM&F Bovespa


por pregão em que tenham ocorrido negócios por ordem de um investidor,
independente do número de transações. Atualmente, a cobrança dessa taxa
está suspensa por tempo indeterminado.

Taxa de custódia - O custo do serviço de custódia se divide em parte fixa,


que atualmente é de R$ 9,00 mensais, e parte variável. A parte fixa independe
do número de operações realizadas no mês, da quantidade de ativos que
o investidor possui em carteira ou da quantidade de dias que os ativos
permaneceram em carteira. A parte variável à apurada sobre os valores em
custódia, calculada e cobrada mensalmente com base no valor da carteira
do investidor no último dia útil de cada mês. É aplicado um percentual (pró
rata mês) sobre o valor da carteira conforme as faixas definidas pela CBLC.

UNIVERSIDADE CORPORATIVA BANCO DO BRASIL 99


Tributação
A cobrança de tributos sobre os investimentos em ações é regulamentada
pela Instrução Normativa SRF nº 25/2001, alterada pela Instrução Normativa
SRF nº 487/2004.

A responsabilidade pelo recolhimento do tributo é do próprio investidor, sendo


a instituição intermediadora responsável pelas retenções na fonte.

Mercado À vista

Fato gerador Ganho líquido auferido na venda

Resultado positivo entre o valor de venda e o custo de aquisição do ativo,


calculado pela média ponderada dos custos unitários, auferidos nas
Base de cálculo
operações realizadas em cada mês. Admite-se no cálculo a dedução dos
custos operacionais.

• 15% sobre o ganho líquido das operações normais.


Alíquotas
20% sobre o ganho líquido das operações day-trade

Isenção Vendas iguais ou inferiores a R$ 20.000,00 ao mês.

Apurado em períodos mensais e pago até o último dia útil do mês


Recolhimento subseqüente. O pagamento deve ser feito em qualquer agência bancária
por DARF, utilizando-se o código 6015.

▪ 0,005% sobre os valores das vendas normais;


▪ 1% sobre os ganhos líquidos das operações day-trade.
Retenção na fonte Fica dispensada a retenção do imposto cuja soma dos valores de
imposto incidente sobre todas as operações realizadas no mês seja igual
ou inferior a R$1,00.

Responsável pela A instituição intermediadora que receber diretamente a ordem do cliente.


retenção na fonte No nosso caso, o BB - BI.

Poderão ser compensadas com os ganhos líquidos auferidos, no próprio


Compensação mês ou nos meses subseqüentes, em outras operações realizadas nos
por perdas mercados de bolsa.
Constituem exceção as perdas em operações day-trade, que somente
poderão ser compensadas com ganhos auferidos em operações da
mesma espécie.

100 Fundamentos do Mercado de Capitais


O Imposto retido na fonte sobre as alienações poderá ser:
▪ deduzido do imposto sobre ganhos líquidos apurados no mês;
▪ compensado com o imposto incidente sobre os ganhos líquidos apurados
nos meses subseqüentes;
▪ compensado na declaração anual se, após a dedução que tratam os itens
acima houver saldo de imposto retido;
▪ compensado com o imposto devido sobre ganho de capital na alienação
de ações (venda particular, fora de bolsa de valores).

O Imposto retido na fonte sobre o ganho líquido das operações day-trade


poderá ser:
▪ deduzido do imposto sobre ganhos líquidos apurados no mês;
▪ compensado com o imposto incidente sobre os ganhos líquidos apurados
nos meses subseqüentes.

Se, ao término de cada ano calendário, houver saldo de imposto retido a


compensar, fica facultado às pessoas físicas e pessoas jurídicas isentas ou
optantes do Simples solicitar restituição.

No site da Receita Federal – www.receita.fazenda.gov.br – opção pagamentos


– Sicalc (Cálculo e emissão de DARF) é disponibilizada ferramenta para o
investidor apurar o imposto a pagar.

Aqui você concluiu o estudo da Unidade II, faltando


apenas a resolução dos exercícios, como forma de
fixar seu aprendizado.

Depois de realizá-los é um bom momento para uma


pausa, portanto, se desejar, interrompa os estudos
aqui. No retorno, você começará a Unidade III, que
trata dos Outros Produtos do Mercado de Capitais
para o Varejo.

UNIVERSIDADE CORPORATIVA BANCO DO BRASIL 101


102 Fundamentos do Mercado de Capitais
Exercícios
UNIDADE II

1. Associe os tipos de ações às suas características:

I. Ações preferenciais ( ) Dão ao acionista direito de voto nas assembléias da empresa.


II. Ações ordinárias ( ) Dão preferência aos acionistas no pagamento de dividendos.

2. Você viu que as denominações PNA, B e C são classes de ações preferenciais com direitos
diferenciados definidos pelas empresas, como por exemplo, distribuição de dividendos,
restrição quanto à posse etc.

Com base na tabela, Códigos de negociação (p.60) analise os códigos das ações e identifique
a qual ativo correspondem:
a) BBAS3
b) ACES3
c) USIM5
d) AMBV4
e) UNIP6

3. Em 12.03.2007 (segunda-feira) Joaquim Medeiros realizou, como primeira operação, uma


ordem de compra 500 de ações da Petrobras pelo preço de R$ 45,00. Na sexta-feira da
mesma semana, dia 16.03.2007, efetuou uma venda de 150 ações da Petrobrás ao preço
de R$ 51,00. Dia 01.04.2007, efetuou a venda de mais 350 ações da Petrobras ao preço de
R$ 52,50. No mesmo dia, vendeu 50 ações do Banco do Brasil ao preço de R$ 64,00. Essas
tinham sido adquiridas anteriormente a R$ 43,00 e estavam disponíveis em bolsa.

Responda às questões de a a g, utilizando as tabelas de corretagem e emolumentos dadas como


exemplo abaixo:
a) O custo total da operação de compra de 500 ações.
b) O valor líquido da primeira operação de venda.
c) O imposto de renda que deverá ser pago pelo investidor após a primeira operação de venda.
d) O valor líquido da segunda operação de venda.
e) O imposto de renda que deverá ser pago pelo investidor após a segunda operação de venda.
f) O lucro ou prejuízo das operações do investidor na segunda operação.
g) O lucro ou prejuízo de todas as operações.

UNIVERSIDADE CORPORATIVA BANCO DO BRASIL 103


Exercícios
UNIDADE II

Tabelas de corretagem e taxas cobradas pelas bolsas de valores.

Valor negociado % Parte fixa


Até R$ 135,07 - R$ 2,70

De R$ 135,08 até R$ 498,62 2,0 % -

De R$ 498,63 até R$ 1.514,69 1,5 % R$ 2,49

De R$ 1.514,70 até R$ 3.029,39 1,0 % R$ 10,06

Acima de R$ 3.029,39 0,5 % R$ 25,21

0,008% BOVESPA
Taxa de liquidação
0,008% SOMA

0,027% BOVESPA
Taxa de negociação
0,067% SOMA

*Valores apenas para cálculo do exercício, podem ser diferentes dos percentuais
praticados no mercado.

4. Ajustar o enunciado conforme abaixo:

O investidor (titular) comprou uma opção de compra e pagou o prêmio de R$ 1,00 ao lançador da
opção, ou seja, terá o direito de comprar uma ação PRLD3 por R$ 10,00.

a) Se o preço da ação no mercado à vista estiver sendo negociado por um valor igual ou menor
que R$ 9,00 o investidor:
1. deve exercer a opção;
2. não deve exercer a opção;
3. é indiferente.

b) Se o preço da ação no mercado à vista estiver sendo negociado por um valor igual a R$ 10,00
o investidor:
1. deve exercer a opção;
2. não deve exercer a opção;
3. é indiferente.

104 Fundamentos do Mercado de Capitais


Exercícios
UNIDADE II

c) Se o preço da ação no mercado à vista estiver sendo negociado por um valor maior que R$
11,00 o investidor:
1. deve exercer a opção;
2. não deve exercer a opção;
3. é indiferente.

5 . Ajustar o enunciado conforme abaixo:

O investidor (titular) comprou uma opção de venda e pagou o prêmio de R$ 1,00 ao lançador da
opção, ou seja, ele terá o direito de vender uma ação ABCD3 por R$ 10,00.

a) Se o preço da ação no mercado à vista estiver sendo negociado por um valor igual ou menor
que R$ 9,00 o investidor deve:
1. deve exercer a opção;
2. não deve exercer a opção;
3. é indiferente.

b) Se o preço da ação no mercado à vista estiver sendo negociado por um valor igual a R$ 10,00
o investidor:
1. deve exercer a opção;
2. não deve exercer a opção;
3. é indiferente.

c) Se o preço da ação no mercado à vista estiver sendo negociado por um valor maior que R$
10,00 o investidor:
1. deve exercer a opção;
2. não deve exercer a opção;
3. é indiferente.

UNIVERSIDADE CORPORATIVA BANCO DO BRASIL 105


Exercícios
UNIDADE II

6. Correlacione as colunas da direita e da esquerda e marque a seqüência correta.

I. Ações escriturais ( ) Proprietário da Empresa


II. Dividendos
Chamada de capital feita pela companhia aberta, mediante
III. Ações nominativas ( )
lançamento de novas ações, para seus acionistas.
IV. Subscrição
V. Ações ( ) Participação nos lucros da empresa

VI. Small caps Emitidas sob a forma de registro eletrônico, sendo


VII. Juros sobre capital próprio ( ) representadas por extratos e administradas por uma
Instituição Depositária de ações.
VIII. Grupamento
IX. Home Broker Títulos de renda variável que representam a menor parcela
( )
do capital social de uma S/A.
X. Acionista
Tarifa cobrada, caso haja saldo ou movimentação na conta
XI. Taxa de corretagem ( )
de custódia do cliente.
XII. Taxa de custódia
( ) Remuneração do capital do acionista.

Modalidade única obrigatória para emissão de novas


( )
ações, a partir de 1990.
Taxa cobrada pela intermediação das operações de compra
( )
e venda de ações.
( ) Ações um pouco menos líquidas, de empresas de boa
qualidade, com potencial de crescimento.
( ) Permite que cada vez mais pessoas possam participar do
mercado acionário e torna mais ágil a atividade de compra
e venda de ações.
( ) Redução da quantidade de ações em circulação, sem
alteração do capital social da empresa.

a) X – II – XII – III – I – V – VII – IV – XI – VI – IX – VIII


b) X – IV – VII – I – V – XII – II – III – XI – VI – IX – VIII
c) X – III – VII – I – V – XII – IV – II – XI – VII – VI – IX
d) X – IV – II – I – V – XII – VII – III – XI – VI – IX – VIII

106 Fundamentos do Mercado de Capitais


UNIVERSIDADE CORPORATIVA BANCO DO BRASIL 107
Objetivos desta unidade
Nesta Unidade de ensino você estudará os conceitos e características
dos outros produtos do mercado de capitais: Debêntures, Papéis Índice
Brasil Bovespa - PIBB, Fundo de Investimento Imobiliário - FII, Depositary
Receipts - ADR, GDR, BDR, Fundo de Investimento em Direitos Creditórios
- FIDC, Certificado de Recebíveis Imobiliários - CRI, Notas Promissórias ou
Commercial Papers e Compromissadas com Título Privado. O Ouro também
será objeto de nosso estudo, em função de suas características operacionais
similares aos valores mobiliários.

Esperamos que ao final deste estudo você esteja apto a:


▪ Identificar o conceito e as características das debêntures.
▪ Compreender o processo de negociação com debêntures.
▪ Reconhecer as características de PIBB, FII, Depositary Receipts, FIDC e CRI.
▪ Identificar o conceito e as características do ouro.
▪ Identificar as formas de negociação do ouro no Banco do Brasil.
▪ Simular situações de consultoria, oferecendo o produto mais adequado
para variados perfis de clientes.

108 Fundamentos do Mercado de Capitais


Debêntures - o que é
Debêntures são títulos de dívida de longo prazo ― mínimo de um ano
― emitidos por sociedades anônimas não-financeiras, com registro de
companhia aberta na CVM. A finalidade é obter recursos destinados,
normalmente, a financiamento de projetos de investimentos ou alongamento
do perfil do passivo da empresa. Isto é, são títulos representativos de um
empréstimo, emitidos com garantia do ativo da empresa, ou fiança, podendo
contar com a garantia subsidiária da instituição financeira responsável pelo
lançamento dos títulos no mercado.

A emissão de debêntures é deliberada em assembléia e deve ter por limite


máximo o valor do capital próprio da empresa. Pode ocorrer por séries, como
forma de adequar o montante de recursos às necessidades de caixa.

Características
As debêntures garantem ao comprador uma remuneração certa num prazo
certo e não dão direito de participação nos bens ou lucros da empresa. Em
resumo, os compradores de debêntures são credores que esperam receber
juros periódicos (cupons) e reembolso específico do principal (valor nominal
da debênture) na data do seu vencimento.

Quanto ao tipo, as debêntures podem ser:

Simples – conferem ao credor (debenturista) um crédito a ser pago com


correção monetária e juros;

Conversíveis – São aquelas que podem ser trocadas por ações da companhia
emissora. As debêntures conversíveis – e também as não-conversíveis, podem
contemplar cláusulas de permutabilidade por outros ativos ou por ações de
emissão de terceiros que não a emissora. As condições de conversibilidade, bem
como as de permutabilidade, devem estar descritas na escritura de emissão.

Permutáveis – o credor pode optar em transformar suas debêntures em


ações, que não as da empresa emissora, após determinado prazo da emissão.

Perpétuas – é uma debênture de prazo indeterminado, que só perde a


validade quando uma assembléia de acionistas aprova o cancelamento da
emissão e liquidação dos títulos ainda em circulação.
UNIVERSIDADE CORPORATIVA BANCO DO BRASIL 109
Além do reembolso do principal, podem ocorrer amortizações em parcelas
São pagamentos
de parte do valor
periódicas, ao longo do prazo de duração do título. O cronograma de
nominal atualizado, amortização tem que, necessariamente, estar expresso na escritura de
efetuados antes emissão das debêntures.
do fim do prazo
da debênture. Os
juros passam a A empresa emissora pode resgatar as debêntures antes do vencimento
incidir sobre o valor desde que o faça com todos os debenturistas e somente no caso em que
nominal atualizado esta cláusula conste nos documentos elaborados na emissão: contrato de
descontado das
amortizações colocação, escritura e prospecto.
anteriores.
Os títulos resgatados antecipadamente são chamados de debêntures em
tesouraria e podem ser vendidos a outros investidores, desde que com
a mesma remuneração estabelecida para os demais debenturistas. No
mercado americano, quando há resgate antecipado, a emissora paga um
prêmio ao debenturista, o que ainda não é uma prática usual no Brasil.

A empresa pode propor repactuação de taxas, com novas condições para


o próximo período. O debenturista que não aceitar as novas condições terá
suas debêntures resgatadas pela empresa, que poderá recolocá-las no
mercado, desde que nas condições propostas na repactuação.

As garantias que podem ser oferecidas nas emissões de debêntures são:


▪ Garantia real – penhor ou hipoteca de bens integrantes do ativo da empresa
emissora, ou de terceiros, os quais ficam indisponíveis para negociação;
▪ Garantia flutuante – os credores têm privilégio geral sobre o ativo da
empresa, em caso de falência. Os bens objeto da garantia flutuante não
ficam vinculados à emissão, o que possibilita à emissora dispor desses
bens sem a prévia autorização dos debenturistas;
▪ Garantia subordinada – na hipótese de liquidação da companhia, assegura
preferência de pagamento tão somente sobre o crédito de seus acionistas.
▪ Garantia quirografária – não oferece ao debenturista nenhum tipo
de garantia ou privilégio sobre o ativo da empresa. Ele concorre em
igualdade de condições com os demais credores quirografários, em caso
de liquidação da companhia.

As duas formas pelas quais os possuidores de debêntures estão legalmente


protegidos são pela escritura de emissão e pelos agentes fiduciários.

Escritura de emissão é o documento legal que declara as condições sob as


quais a debênture foi emitida. Especifica direitos dos possuidores, deveres
110 Fundamentos do Mercado de Capitais
dos emitentes e todas as condições da emissão, além de especificar os
pagamentos de juros, prêmio e principal.

Agente fiduciário é uma terceira parte envolvida num contrato de debênture.


Pode ser um indivíduo, uma empresa ou um departamento de crédito de
um banco. A função do agente fiduciário é a de dar proteção eficiente
aos direitos e interesses dos debenturistas, exercendo uma fiscalização
permanente e atenta, cabendo-lhe a responsabilidade da administração de
bens de terceiros, independente da emissora e dos demais interessados na
distribuição das debêntures, não conflitando, no exercício de suas funções,
com os direitos e interesses que deva proteger.

Negociação
Apesar de acontecerem também em bolsas de valores, as negociações
com debêntures são normalmente feitas em mercado de balcão, atividade
simplificada em junho de 1998 com criação do SND (Sistema Nacional de
Debêntures), que tem por objetivo registrar a emissão, permitir a negociação,
custódia e liquidação financeira de operações realizadas com debêntures no
mercado de balcão brasileiro. Atualmente, a maioria das emissões públicas
de debêntures é registrada no SND, pelas facilidades que o sistema oferece
para a negociação dos títulos em mercado.

A colocação de uma debênture no mercado pode ser direta ou por oferta pública.

Ocorre colocação direta quando feita diretamente a um comprador ou grupo


de compradores, geralmente instituições financeiras ou fundos de pensão.
São as chamadas debêntures privadas, e não há mercado secundário para
elas. Suas taxas de juros costumam ser mais altas.

As debêntures colocadas no mercado por meio de oferta pública têm negociação


no mercado secundário. Dependendo das alternativas dos outros títulos do
mercado, no momento de sua emissão, podem ser colocadas com desconto
(abaixo do valor nominal) ou com prêmio (acima do valor nominal).

O BB-BI viabiliza a participação dos clientes do Banco nas ofertas públicas


feitas no mercado primário, como parte do consórcio vendedor (conjunto
de instituições que participam da distribuição). Embora abertas a qualquer
segmento, o Banco tem privilegiado os clientes private, em função do preço
e do prazo desses papéis.

UNIVERSIDADE CORPORATIVA BANCO DO BRASIL 111


O mercado secundário de debêntures ainda é uma grande promessa, em
que pese todo o interesse da mídia em sua divulgação. O fato é que se trata
de um mercado ainda com baixa liquidez e que não conta com um sistema
totalmente pronto para atendimento da demanda.

O Banco já dispõe de sistema para registro de compra e venda, no mercado


secundário, de debêntures de emissão do BNDESPAR. O objetivo é ampliar
as funcionalidades do sistema, de forma a possibilitar a negociação de
debêntures emitidas por outras empresas.

Riscos do investimento em debêntures


O processo de emissão de debêntures é precedido por uma avaliação de risco
efetuada por empresa especializada independente (agência de rating). Ela
avalia a probabilidade de a companhia emissora não honrar os compromissos
financeiros assumidos na escritura de emissão (risco de default).

No caso de falência da companhia a garantia é que, se sobrar dinheiro, os


debenturistas serão pagos antes dos acionistas.

Tributação
A tributação de operações com debêntures é marcada pela incidência de
Imposto de Renda e IOF.

O Imposto de Renda incide sobre o ganho líquido auferido nas operações de


venda. A base de cálculo é a diferença positiva entre o valor da alienação
(líquido do IOF, quando couber) e o custo de aquisição das debêntures. As
alíquotas são as indicadas na tabela abaixo (Lei 11.033, de 21.12.2004).

Os custos de corretagem e emolumentos não são considerados na apuração


da base de cálculo do ganho de capital tributável e para a compensação de
ganhos de capital inexiste previsão legal para compensação entre ganhos e
perdas nas operações de renda fixa.

112 Fundamentos do Mercado de Capitais


Prazo Alíquota

Aplicações com prazo até 180 dias 22,5%

Aplicações com prazo de 181 a 360 dias 20%

Aplicações com prazo de 361 até 720 dias 17,5%

Aplicações com prazo acima de 720 dias 15%

IOF – incide sobre o rendimento apurado nas vendas realizadas até o 29º dia
da data de aquisição.

Outros ativos
Existem alguns outros ativos disponíveis para negociação em bolsas de valores
ou Mercado de Balcão Organizado, com características especiais, sendo:
▪ Papéis Índice Brasil Bovespa – PIBB;
▪ Fundo de Investimento Imobiliário – FII;
▪ Depositary Receipts – ADR, GDR, BDR;
▪ Fundo de Investimento em Direitos Creditórios – FIDC;
▪ Certificado de Recebíveis Imobiliários – CRI;
▪ Notas Promissórias ou Commercial Papers;
▪ Compromissadas com Título Privado.

Papéis Índice Brasil Bovespa – PIBB


O PIBB é um novo ativo negociado na Bolsa de Valores como qualquer
outra ação. Lançado pelo BNDES em julho de 2004, é formado pelas 50
ações mais negociadas na BM&F Bovespa.

As ações que vão compor o PIBB são aquelas que integram o IBrX-50. Elas
são ponderadas na carteira pelo valor de mercado das ações disponíveis
para negociação no mercado à vista da BM&F Bovespa.

Esta é, portanto, uma das principais vantagens: o PIBB procura acompanhar


a rentabilidade do IBrX-50, e não somente de uma ação de mercado. Isso
confere ao PIBB a característica de investimento diversificado.

Quem compra um PIBB está comprando uma cota de um fundo que replica
a valorização das 50 ações mais negociadas na BM&F Bovespa.

UNIVERSIDADE CORPORATIVA BANCO DO BRASIL 113


Fundo de Investimento Imobiliário – FII
Os fundos imobiliários são fundos em condomínio muito parecidos com os
de ações e de renda fixa e são administrados por instituições financeiras e
fiscalizados pela CVM.

Esses fundos aplicam recursos na construção e na aquisição de imóveis


para renda, em que todo o patrimônio é dividido em cotas que são valores
mobiliários de renda variável. Do patrimônio de um fundo podem participar
um ou mais imóveis, parte de imóveis e direitos a eles relativos.

Os fundos não têm personalidade jurídica própria. A instituição financeira


que administra um fundo imobiliário “empresta” sua personalidade jurídica,
tornando-se proprietária fiduciária dos bens integrantes do patrimônio, os
quais não se comunicam com o patrimônio da instituição. Pelo menos 75%
do patrimônio do fundo devem estar aplicados em bens e direitos imobiliários.
O saldo em caixa deve ser aplicado em ativos de renda fixa.

O Banco do Brasil lançou seu primeiro fundo imobiliário em fevereiro de 2005,


o BB Fundo de Investimento Imobiliário Progressivo que, após a oferta pública
primária, passou a ser negociado no mercado secundário, através da Soma.

Depositary Receipts – ADR, GDR, BDR


A possibilidade de captar recursos no mercado internacional de ações
estimula um grande número de empresas a lançar DRs, não só nos Estados
Unidos (ADR – American Depositary Receipt), mas em outros mercados
(GDR – Global Depositary Receipt).

Os ADR são recibos negociáveis que representam a propriedade de ações


emitidas por empresas não-americanas. Esses recibos são emitidos por um
banco dos Estados Unidos. Entretanto, para emitir um ADR, o banco precisa
contratar um corretor no Brasil, que fará a compra de ações da empresa na
bolsa de valores local. Essas ações ficam depositadas em custódia no Brasil
e servem de lastro para a emissão dos ADR.

Os investidores podem converter seus ADR em ações da empresa e vir


negociá-las no Brasil.

Os BDR (Brazilian Depositary Receipt) são recibos com lastro em valores


mobiliários lançados por companhias abertas, com sede no exterior e
emitidos por instituição depositária no Brasil. O processo é semelhante ao
114 Fundamentos do Mercado de Capitais
do ADR e o objetivo é permitir o acesso de investidores brasileiros às ações
de empresas estrangeiras.

Fundo de Investimento em Direitos Creditórios - FIDC


É um fundo de recebíveis que potencializa a securitização de carteiras
de financiamentos como uma alternativa de captação de recursos. É uma
cessão de crédito realizada pelas financeiras, para um FIDC ou Companhia
Securitizadora que negocia cotas com investidores qualificados.

Entre as carteiras de recebíveis que podem ser securitizadas via fundo de


recebíveis, destacam-se o crédito ao consumidor, o cartão de crédito e o
financiamento de veículos.

Certificado de Recebíveis Imobiliários - CRI


Esses certificados são considerados títulos de renda fixa e têm como lastro
créditos imobiliários. Os créditos são emitidos por sociedades securitizadoras ou
podem ser cedidos por meio de contrato de cessão de créditos pela originadora
dos créditos para a securitizadora. Referem-se ao fluxo de pagamentos de
aluguéis, contratos do Sistema Financeiro Imobiliário e créditos decorrentes de
escrituras de concessão de direito real de superfície. A emissão desses títulos
viabiliza a concessão de novos financiamentos habitacionais.

A Lei 11.033, de 21/12/2004, isenta do imposto de renda na fonte e


na declaração de ajuste anual as pessoas físicas que tenham auferido
rendimentos com Certificados de Recebíveis Imobiliários.

A alternativa de investimento, a relação risco/retorno e a isenção de


tributação são alguns dos argumentos de venda do produto.

Notas Promissórias (Commercial Papers)


São títulos de curto prazo emitidos com o objetivo de captação pública de
recursos para o capital de giro das empresas. Quando emitidas por companhias
fechadas, o prazo pode ser de 30 a 180 dias, e de 30 a 360 dias, quando
emitidas por companhias de capital aberto. Como não possui garantias, é
acessível apenas para empresas com bom crédito e desempenho.

A principal vantagem do emitente é a possibilidade de tomar recursos a um custo


muitas vezes inferior às taxas de juros praticadas nos empréstimos bancários.

UNIVERSIDADE CORPORATIVA BANCO DO BRASIL 115


Esse barateamento das taxas ocorre, em grande parte, pela eliminação da
intermediação bancária no processo de captação e aplicação dos recursos.

Compromissadas com título privado


São operações em que o BB compra (ou encarteira numa subscrição em
garantia firme) uma debênture (título privado) e, para financiar essa aquisição,
vende a um investidor privado (pode ser outra instituição financeira ou pessoa
física) com obrigação de recompra. Assim, o BB obtém caixa.

Normalmente, essa venda é feita na taxa de captação do Banco, 100%


do CDI, por exemplo. Pelo lado do comprador, ele estará aplicando seus
recursos em um título vinculado a um contrato de recompra pelo Banco, e se
o BB quebrar, tem o título em seu nome. Ou seja, o investidor aplica em um
título com dupla garantia.

Ouro - o que é
6

O ouro, em qualquer estado de pureza (bruto ou refinado), quando destinado


ao mercado financeiro ou à execução da política cambial do país, em
operações realizadas com a interveniência de instituição financeira, será
considerado ativo financeiro ou instrumento cambial, desde a extração.

O ouro é um ativo que, por sua característica de reserva de valor, apresenta


incremento de demanda em momentos de turbulência econômica e política.
É curioso observar que o mercado de ouro físico desperta o interesse de dois
tipos distintos de investidores:
▪ do tradicional, que utiliza o ouro como reserva de valor com preço e
liquidez internacionais;
▪ do especulador, que busca ganhos imediatos, de olho na relação ouro/
dólar/ações, procurando as melhores alternativas de investimento.

Como o ouro tem a sua cotação atrelada ao dólar, ele serve como
investimento cambial.

6 Apesar deste produto não ser do mercado de capitais, e sim um ativo financeiro, sua negociação dentro
do Banco é gerida pela Dimec pela similaridade operacional com os produtos daquele mercado, uma vez
que também é negociado em Bolsa. Por essa razão está sendo tratado neste curso.

116 Fundamentos do Mercado de Capitais


Características
O ouro é padronizado para comercialização em barras ou lingotes de 250 e
1.000 gramas e com grau de pureza entre 99,95 e 99,99%.

Independentemente das variações que o movimento de oferta e procura no


mercado interno possa imprimir às cotações do metal, o preço do grama é
calculado tomando-se o preço da onça-troy em Nova York, transformada
em gramas, e multiplicando-o pela cotação em reais do dólar no mercado
flutuante.

Negociação
Os clientes do Banco do Brasil interessados em investir em ouro podem
adquirir o produto em qualquer agência do País. Atualmente são duas as
modalidades de investimento: ouro lingote e ouro escritural.

Em ambas as modalidades existe a obrigatoriedade de o cliente possuir


conta corrente ativa no Banco do Brasil e cadastro completo/normal.

Ouro lingote – As negociações e conversões são realizadas em quantidades


múltiplas de 250 gramas. O ouro adquirido pelo cliente pode continuar
custodiado no Banco do Brasil ou ser retirado fisicamente pelo investidor.
Neste caso, o lingote não poderá ser objeto de recompra pelo Banco, a não
ser que seja feito o relingotamento do ouro em uma fundidora. É facultada a
conversão dos lingotes para a modalidade ouro escritural.

Ouro escritural – as quantidades negociadas serão obrigatoriamente


múltiplas de 25 gramas. É também facultada a conversão dos saldos múltiplos
de 250 gramas para a modalidade lingote.

Somente o Banco do Brasil oferece a possibilidade de negociação da


quantidade de 25 gramas, sendo mais um diferencial em relação à negociação
em outras instituições.

Operações de até 1.000 gramas podem ser fechadas diretamente pelas


agências do Banco. Operações acima desta quantidade devem ser fechadas
com a mesa de operações da DIFIN/GEROF.

UNIVERSIDADE CORPORATIVA BANCO DO BRASIL 117


O comprovante das operações de compra de ouro chama-se Nota de Negociação
com Ouro – NNO, e é enviado para o endereço do investidor em até 7 dias úteis.

Além das duas modalidades descritas, existe ainda o ouro vivo, apresentado
no formato de barras circulares semelhantes a moedas. Essa modalidade
admite apenas recompra pelo Banco, desde que o invólucro e o lacre não
apresentem sinais de violação ou qualquer outra irregularidade.

O Banco oferece o serviço de custódia mediante pagamento mensal de


tarifa e garante a recompra do ouro que permanecer sob sua custódia.
Lembramos que a custódia é cobrada tanto para o ouro em lingote como
para o escritural, tendo em vista que, independente da modalidade de
investimento, o lastro é físico.

A tarifa de custódia, cobrada no terceiro dia útil de cada mês, incide pro -
rata dia sobre o valor do ouro custodiado, com base na média mensal das
cotações diárias de fechamento do pregão da BM&F. Para ouro escritural, a
tarifa é de 0,07% e para ouro em lingote é de 0,10%.

O processamento de compra e venda on-line e em todas as nossas agências,


representa importante diferencial mercadológico.

Constituem receitas do Banco a tarifa de custódia ― repassada para a Gerel


― e o spread das operações, com repasse integral para as agências.

Tributação
A tributação sobre ganhos com investimento em ouro é regida pelas mesmas
normas das ações e a responsabilidade pelo recolhimento é do investidor.

Você concluiu o estudo da Unidade III. Agora


faça os exercícios relativos a esta Unidade e
confira o resultado de sua aprendizagem no
Gabarito, no final deste Caderno.

118 Fundamentos do Mercado de Capitais


Exercícios
UNIDADE III

1. Preencha as palavras cruzadas abaixo, com base nos conteúdos estudados até aqui.
1. Colocação primária de títulos no mercado.
2. Compra e venda de ações de uma mesma empresa no mesmo pregão, através da mesma
corretora.
3. Mercado de Balcão Organizado.
4. Aperfeiçoamento do mercado a termo, regulado pela BM&F Bovespa.
5. Entidades autorizadas a negociar valores mobiliários em pregão.
6. Sistema eletrônico de negociação da BM&F Bovespa.
7. Canal para transmissão de ordens registradas via internet.
8. Indica o desempenho médio das cotações no mercado de ações brasileiro.
9. Segmento de listagem de empresas com governança corporativa.
10. Tem característica de reserva de valor.
11. Ouro negociado em múltiplos de 25 gramas.

UNIVERSIDADE CORPORATIVA BANCO DO BRASIL 119


Exercícios
UNIDADE III

2. Imagine que você é procurado por alguns clientes que precisam de orientação quanto a
investimentos nos produtos de mercado de capitais que você conheceu no curso. Analise os
perfis abaixo e faça a correlação com os produtos que você recomenda para cada um deles.
I. Ivo Pereira é empresário, tem 64 anos e tem a pesca como seu hobby favorito. É conservador,
possui um grande montante aplicado em caderneta de poupança e também gosta de investir
em imóveis. Tem alguns apartamentos alugados, mas ultimamente tem se aborrecido muito
com problemas com inquilinos, além de pagar imposto de renda.
II. Dolores Vasquez, executiva de multinacional, tem 45 anos, gosta de cozinhar como hobby. É
conservadora e preocupa-se com cenários de turbulência econômica e política, por isso prefere
investir em ativos reais. Possui dívidas em dólar.
III. André Ishima é jornalista, tem 35 anos e fotografa como hobby. Tem perfil moderado e se
interessa pelo mercado de ações. Aposta no crescimento desse mercado e gostaria de investir
em uma carteira diversificada, mas não possui tempo disponível para acompanhar o mercado
e as empresas a fim de tomar decisões de investimento.
IV. Mário Paz tem 36 anos, é arquiteto e pratica iatismo. Tem perfil moderado e acredita no
desenvolvimento do país. Como prevê aposentar-se com 50 anos, quer investir em empresas
sólidas até sua aposentadoria. Não terá necessidade de utilizar estes recursos antes dos
próximos 14 anos.
V. Jerônimo Alves é advogado, tem 41 anos e pratica alpinismo. É um profissional liberal com
perfil arrojado. É informatizado e acompanha com freqüência as notícias sobre o mercado e
sobre empresas. Gosta de tomar suas decisões de investimento sozinho e prefere operar pela
Internet, pois lhe traz mais agilidade no fechamento de negócios.
VI. Walquíria Esche é editora de uma revista importante, tem 58 anos e coleciona bonecas de
porcelana. É cliente Estilo, com perfil altamente arrojado. Não se importa em correr certos
riscos em busca de uma melhor rentabilidade. Não gosta de usar o canal Internet para operar
pois não confia em sua segurança.

a) Ações

b) Debêntures

c) Ouro

d) PIBB

e) Fundo imobiliário

120 Fundamentos do Mercado de Capitais


Exercícios
UNIDADE III

3. Correlacione as colunas:

I. Debêntures ( ) Fundos que aplicam recursos na construção e na aquisição de imóveis,


para venda.
II. Garantia real ( ) Penhor ou hipoteca de bens integrantes do ativo da empresa emissora
de debêntures.
III. PIBB ( ) Certificados que são considerados títulos de renda fixa e têm como
lastro, créditos imobiliários.
IV. ADR ( ) Títulos de dívida de longo prazo que garantem ao comprador uma
remuneração certa, num prazo certo.
V. FII ( ) Recibo negociável nos Estados Unidos, que representa a propriedade
de ações emitidas por empresas não-americanas.
VI. FIDC ( ) Ativo que, por sua cotação atrelada ao dólar, serve como investimento
cambial.
VII. CRI ( ) Fundo que replica a valorização de uma carteira formada pelas 50
ações mais negociadas na BM&F Bovespa.
VIII. Ouro ( ) Fundo de recebíveis que potencializa a securitização de carteiras de
financiamento, como uma alternativa de captação de recursos.

UNIVERSIDADE CORPORATIVA BANCO DO BRASIL 121


122 Fundamentos do Mercado de Capitais
UNIVERSIDADE CORPORATIVA BANCO DO BRASIL 123
Objetivo desta unidade

Nesta última unidade do curso você conhecerá a atuação do Banco no


mercado de capitais. O tema poderá parecer repetitivo em função do que
você já estudou nas unidades anteriores mas, aqui, você tem o assunto
tratado de forma sistematizada, de acordo com a atuação do BB, isto é, por
tópicos.

Esperamos que ao final do estudo você seja capaz de:


▪ Identificar as características dos segmentos de atuação do BB no mercado
de capitais.

124 Fundamentos do Mercado de Capitais


Atuação do BB
O Banco do Brasil atua no Mercado de Capitais nos segmentos de
estruturação de operações e de distribuição de ativos para o atacado e para
o varejo. Atua ainda como instituição depositária de ações escriturais e como
agente de custódia.

Além disso, mantém na Dimec uma área de pesquisa, responsável pela


elaboração de análises econômico-financeiras de empresas, análises
setoriais e acompanhamento do cenário financeiro. Vamos ver em mais
detalhes cada uma dessas atuações.

Originação de operações
Quando uma empresa corporate procura soluções financeiras ou de capital
para a realização de investimentos, pode optar por soluções de crédito,
por meio dos produtos e serviços direcionados a esse público, como conta
garantida, vendor, entre outros.

Mas pode, também, recorrer ao mercado de capitais. Nesse mercado, a


solução pode ser por meio de renda fixa (emissão de debêntures ou notas
promissórias) ou renda variável (emissão de ações), que permitem às
empresas um alongamento das dívidas, melhorando seus fluxos de caixa,
nos casos de renda fixa ou, ainda, a capitalização através da emissão de
ações, reduzindo o nível de endividamento da empresa. E onde o BB entra
nessa modalidade de operação?

Estruturação de operações
O Banco atua como estruturador de operações e colocador desses títulos no
mercado de capitais doméstico, conjugando as necessidades das empresas
emissoras com as expectativas dos investidores. Como estruturador, atua
em emissões de títulos de renda fixa e de renda variável, securitização de
recebíveis e em operações de fusões e aquisições.

Alguns desses produtos, como é o caso das debêntures, ações e fundo


imobiliário, são também distribuídos para clientes de varejo, como veremos
mais adiante. Outros produtos, tais como as notas promissórias e as operações
compromissadas com título privado, são destinados exclusivamente a
investidores institucionais.

UNIVERSIDADE CORPORATIVA BANCO DO BRASIL 125


Distribuição de ativos para o atacado
O mercado de atacado é movimentado por dois grandes grupos:
▪ aqueles para quem prestamos serviços de estruturação de operações
para obtenção de recursos — as empresas corporate;
▪ aqueles que fornecem os recursos por meio da compra dos papéis
emitidos, principalmente investidores institucionais.

A distribuição dos investimentos é realizada principalmente por meio de


apresentações para pequenos grupos de investidores institucionais e visitas
individuais em que a equipe do Banco se reúne com os executivos das
empresas. Muitas vezes, a distribuição não se limita ao mercado interno e
pressupõe negociação e contato com investidores estrangeiros.

Esse é um mercado no qual os clientes são muito disputados e acostumados


a serviços extremamente personalizados, com soluções customizadas. São
clientes que valorizam serviços de alta qualidade, exclusividade, agilidade
no atendimento e adequação total do produto às suas necessidades. O
fechamento de um único negócio pode representar uma receita milionária.

Distribuição de ativos para o varejo


O Banco do Brasil atua como distribuidor de títulos e valores mobiliários no
varejo, agindo como intermediador das ordens de compra e venda dos ativos
no mercado à vista, solicitadas por seus clientes investidores.

Esses ativos são alguns daqueles apresentados nas Unidades II e III deste
treinamento, quais sejam: ações, debêntures, PIBB, Fundos Imobiliários,
FIDC e CRI, cujas características ali foram detalhadas.

Como instituição depositária de ações escriturais


O Banco oferece às sociedades anônimas o serviço de administração de sua
base acionária, na qualidade de instituição depositária de ações escriturais,
prestando atendimento completo aos acionistas da empresa.

O serviço gera boa rentabilidade para o Banco, por sua sinergia com a
compra e venda de ações, ao mesmo tempo em que oferece oportunidades
negociais para o varejo, vez que esses acionistas são potenciais correntistas
e consumidores de outros produtos e serviços do conglomerado, como

126 Fundamentos do Mercado de Capitais


investimentos, operações de crédito, cartões, seguridade, entre outros.

Como agente de custódia


O Banco do Brasil, através da placa do BB-BI, atua como agente nas três
centrais de liquidação e custódia – CBLC, Cetip e Selic.

Para realizar esse serviço, o BB-BI mantém registros em sub-contas


individualizadas para cada cliente junto às centrais de liquidação e custódia.
São os códigos de investidor que podem ser cadastrados via SisBB, no
aplicativo ACOES, ou via Internet, no site de compra e venda de ações
(Home Broker).

A abertura dessas contas garante a devida separação entre os ativos e


possibilita o batimento diário e eletrônico das posições registradas pelo agente
com o extrato dos depositários, otimizando as liquidações física e financeira.

Na execução da tarefa de guarda de ativos, o BI acompanha todos os


eventos provenientes das posições custodiadas, tais como recebimento de
dividendos, juros sobre capital próprio e subscrições.

O BB presta, também, o serviço de custódia qualificada a investidores


institucionais, empresas corporate e instituições governamentais. A custódia
qualificada contempla as atividades de custódia, liquidação financeira,
contabilidade de fundos de investimentos, controladoria para fundos e
carteiras, precificação de ativos e gerenciamento de risco.

Você concluiu o curso Fundamentos do Mercado de Capitais.


Esperamos que agora, com base em seus conhecimentos
sobre a dinâmica e os produtos desse mercado, inclusive
como o Banco negocia e atua nesse mercado, seja capaz de
apresentar alternativas de investimentos para os clientes
das Unidades de Negócios Varejo e Estilo.

Se você tiver interesse em pesquisar mais sobre o assunto,


visite os sites:
▪ www.bovespa.com.br
▪ www.bb.com.br
▪ www.cblc.com.br

UNIVERSIDADE CORPORATIVA BANCO DO BRASIL 127


128 Fundamentos do Mercado de Capitais
UNIVERSIDADE CORPORATIVA BANCO DO BRASIL 129
130 Fundamentos do Mercado de Capitais
Unidade I
Ex. 1 d

Ex. 2 a

Ex. 3
I. b – A troca de ações entre dois investidores, em bolsa de valores, que não se caracterize como
parte do controle acionário é efetuada no mercado secundário, não se tratando de uma oferta
pública. O mercado secundário é onde ocorrem as renegociações das ações já adquiridas no
mercado primário.
II. a,c – Ocorre no mercado primário, pois os recursos irão capitalizar a empresa, através da
emissão de ações. E trata-se de uma oferta pública.
III. a,b – É uma oferta pública, por se tratar de uma quantidade considerável de ações já emitidas.
Neste caso, como o capital está sendo direcionado ao Sr. Joaquim Mendonça, não fazendo
caixa para a Empresa Jotacê, ocorre no mercado secundário.

Ex. 4

(I, II, IV, V, VI, VIII, IX, XI, XIII)

Ex. 5 b

Ex. 6 c

Ex. 7 d

Ex. 8

Vamos ver quais as alternativas corretas para cada situação:

a) Você pensou certo se marcou agente de custódia. As corretoras, desde que autorizadas, podem
manter contas de seus clientes nas centrais de liquidação e custódia. No caso da Sra. Silvia, na
CBLC, que é a única central de liquidação e custódia de ações em atividade no País. O papel
de instituição depositária é desempenhado pela própria empresa emissora da ação ou por uma
instituição financeira contratada para isso.

b) A resposta correta é instituição depositária. O Banco Master é uma instituição financeira (banco
comercial) que presta o serviço de administração da base acionária e atendimento aos acionistas
das empresas emissoras que a contratou, no caso a empresa emissora das ações GABR4.

UNIVERSIDADE CORPORATIVA BANCO DO BRASIL 131


Agente de custódia seria função de corretora de títulos e valores mobiliários. Para que não
tenha dúvida, você deve solicitar um extrato atualizado com a posição acionária, onde poderá
verificar se o emitente do extrato é a instituição depositária ou o agente de custódia.

c) Está certo se você marcou instituição depositária. O Banco do Brasil (banco comercial) é a
instituição depositária de suas próprias ações. Outras empresas podem contratá-lo para fazer
esse serviço, como foi o caso da Petrobrás. O Banco, como banco comercial, não é agente de
custódia. O serviço de custódia é prestado pelo BB-BI (banco de investimento).

d) A resposta correta é agente de custódia. As ações se encontram depositadas no BB-BI, que


tem registro na CBLC como agente de custódia sob o código 820-6. Outra forma de custodiar
as ações BB poderia ser no Banco do Brasil (banco comercial) que é instituição depositária das
ações que emite.

e) A investidora deverá solicitar a transferência das ações junto à Corretora JRC. Para que seja
feita a transferência de ações entre corretoras, a solicitação deve ser efetuada junto à corretora
de origem. No momento da solicitação, deverá ser informado o código da corretora de destino
e o código de investidor na corretora de destino.

f) A investidora deverá solicitar a transferência das ações junto ao BB Banco de Investimentos


(BB-BI). Para transferência de ações da instituição depositária (banco comercial) para uma
corretora ou banco de investimento, o pedido deverá ser formalizado junto à corretora ou banco
de investimento de destino.

g) A investidora deverá solicitar a transferência das ações junto ao BB-BI, tendo em vista que,
para transferência de ações da instituição depositária (banco comercial) para uma corretora
ou banco de investimento, o pedido deverá ser formalizado junto à corretora ou banco de
investimento de destino.

Unidade II
Ex. 1

( II ) Dão ao acionista direito de voto nas assembléias da empresa.

( I ) Dão preferência aos acionistas no pagamento de dividendos.

Ex. 2
I. BBAS3 - Ação ordinária (ON) do Banco do Brasil. O Banco do Brasil possui hoje, além da BBAS3,
outro papel negociado em pregão – o BBAS13, que é um ativo do tipo bônus classe C.
II. Acesita ON

132 Fundamentos do Mercado de Capitais


III. Usiminas PNA
IV. AmbevPN
V. Unipar PNB

Ex. 3

a) Custo total da operação de compra de 500 ações:

Valor da operação: 500 ações x R$ 45,00 = R$ 22.500,00

Corretagem parte fixa: R$ 25,21

Corretagem parte variável: R$ 22.500,00 x 0,5% = R$ 112,50

Emolumentos: Taxa de liquidação BM&F Bovespa + Taxa de negociação BM&F Bovespa =


0,008% + 0,027% = 0,035%

R$ 22.500,00 X 0,035% = R$ 7,87

Custo Total: R$ 22.645,58

b) Valor líquido da primeira operação de venda:

Valor da operação: 150 ações x R$ 51,00 = R$ 7.650,00

Corretagem parte fixa: R$ 25,21

Corretagem parte variável: R$ 7.650,00 x 0,5% = R$ 38,25

Emolumentos: R$ 7.650,00 X 0,035% = R$ 2,67

Total líquido: R$ 7.583,87

c) Qual o imposto de renda que deverá ser pago por Joaquim após a primeira operação de venda?

Vendas iguais ou inferiores a R$ 20.000,00 ao mês são isentas de tributação. O valor total da
primeira operação de venda foi de R$ 7.650,00, logo, Joaquim não pagará imposto de renda
sobre essa venda.

É importante ressaltar que o valor considerado para a isenção de tributação é o valor bruto
(valor unitário x quantidade de ações), uma vez que a Lei menciona os valores das alienações,
desconsiderando as taxas de corretagem e emolumentos.

UNIVERSIDADE CORPORATIVA BANCO DO BRASIL 133


d) Valor líquido da segunda operação de venda:

Valor das operações de venda Petrobras (350 x R$ 52,50) + Banco do Brasil: (50 x R$ 64,00)
= R$ 21.575,00

Corretagem parte fixa: R$ 25,21

Corretagem parte variável: R$ 21.575,00 x 0,5% = R$ 107,87

Emolumentos: R$ 21.575,00 X 0,035% = R$ 7,55

Imposto retido: 0,005% x 21.575,00 = R$ 1,07

Total líquido: R$ 21.433,30

e) IR a ser pago pelo investidor após a segunda operação de venda:

Valor das compras:

Petrobras: 500 x R$ 45,00 + corretagem + emolumentos = R$ 22.645,68

Seguindo o mesmo raciocínio, temos:

350 x R$ 45,00 + corretagem + emolumentos = R$ 15.851,97

Banco do Brasil: 50 x R$ 43,00 + Corretagem (1,00% + R$ 10,06 = R$ 31,56) + emolumentos


(R$ 2.150,00 x 0,035% = R$ 0,75)] = R$ 2.181,63

Valor total da segunda operação de venda (Petrobras + Banco do Brasil) = R$ 21.433,30

Vendas: R$ 21.433,30

Compras: (-) R$ 15.851,97 + R$ 2.181,63 = R$ 18.033,60

Lucro: R$ 3.399,70

Imposto a recolher: (15% da diferença a maior resultante = R$ 509,96 menos imposto retido
0,005% = R$ 1,07).= R$ 508,89

f) Lucro ou prejuízo das operações do investidor na segunda operação:

Lucro de R$ 3.399,70 – R$ 508,89 (imposto a recolher) = R$ 2.890,81

g) Lucro ou prejuízo de todas as operações?

Valor da compra Petrobras: (500 ações) R$ 22.645,58 (-)

Valor da compra Banco do Brasil: (50 ações) R$ 2.181,63 (-)

134 Fundamentos do Mercado de Capitais


Valor venda Petrobras: (150 ações) R$ 7.583,87 (+)

Valor venda Petrobras (350 ações) + Banco do Brasil (50 ações) R$ 21.433,30 (+)

Valor do imposto pago R$ 509,96(-)

Lucro depois de realizadas todas as operações: R$ 3.680,00(+)

Ex. 4

No caso do titular de opção de compra, ele espera que a ação objeto da opção esteja sendo
negociada no mercado à vista a um preço superior ao valor de R$ 11,00 de forma a compensar os
valores desembolsados: prêmio e valor do exercício.

a) Se você assinalou 2, acertou! O investidor não deve exercer a opção. Já havia desembolsado
R$ 1,00 ― prêmio ― e pagaria mais R$ 10,00 de preço de exercício, pagando um total de R$
11,00. Ele pode comprar a mesma ação no mercado à vista pelo preço de R$ 9,00. Neste caso
a perda é de R$ 1,00, que é o valor relativo ao prêmio.

b) A resposta correta é 3. O investidor torna-se indiferente porque, se exercer a opção, perderá


R$ 1,00 e, se não exercer, também perderá R$ 1,00, referente ao prêmio pago quando
adquiriu a opção.

Prêmio + R$ 1,00
Preço do exercício + R$ 10,00
Desembolso do titular + R$ 11,00
Valor da ação no mercado à vista - R$ 10,00

c) O investidor faz um bom negócio escolhendo a opção 1, isto é, deve exercer a opção. Ele já
desembolsou R$ 1,00 (prêmio) e pagará mais R$ 10,00 de preço de exercício, desembolsando
um total de R$ 11,00. Ele pode vender a mesma ação no mercado à vista por valor acima de
R$ 11,00, com ganho.

Prêmio + R$ 1,00 R$ 1,00


Preço do exercício + R$ 10,00 R$ 10,00
Desembolso do titular + R$ 11,00 R$ 11,00
Se o valor da ação no mercado à vista for... - R$ 11,01 R$ 12,00
... Ganha em caso de venda das ações + R$ 0,01 R$ 1,00

UNIVERSIDADE CORPORATIVA BANCO DO BRASIL 135


Ex. 5

O titular da opção de venda espera que a ação objeto da opção esteja sendo negociada no
mercado à vista a um preço inferior ao valor de R$ 9,00, valor a ser recebido pelo investidor, caso
exerça a opção.

Prêmio (pagamento efetuado pelo titular) - R$ 1,00


Preço de exercício (recebimento efetuado pelo titular) + R$ 10,00
Recebimento Líquido na Operação = R$ 9,00

a) A opção correta é a 1. O investidor deve exercer a opção porque já desembolsou R$ 1,00 –


prêmio – e receberá R$ 10,00 de preço de exercício, num total de R$ 9,00. Ele pode comprar a
mesma ação no mercado à vista por um preço igual a R$ 9,00, não abrindo mão do prêmio, ou
por um preço inferior a R$ 9,00, quando irá ganhar a diferença entre o valor da compra da ação
no mercado à vista e o valor líquido recebido na operação de exercício da opção (R$ 9,00).
b) Você acertou se marcou o 3. O investidor torna-se indiferente ao exercício da opção de venda,
uma vez que o preço de mercado é igual ao valor recebido caso decida exercer a opção. Neste
caso, vender a ação no mercado pelo preço de R$ 10,00 ou exercer o direito irá gerar um valor
líquido de R$ 9,00, porque tanto o lançador como o mercado estarão pagando o mesmo valor
pelas ações.
c) A opção correta é a 2. O investidor não deve exercer a opção de venda, perdendo o prêmio
de R$ 1,00. Ele pode efetuar a venda no mercado a um preço superior ao preço de exercício.

Ex. 6
d) X – IV – II – I – V – XII – VII – III – XI – VI – IX – VIII

136 Fundamentos do Mercado de Capitais


Unidade III
Ex. 1
Palavras cruzadas
▪ 1 - UNDERWRITING
▪ 2 – DAY TRADE
▪ 3 – SOMA
▪ 4 – FUTURO
▪ 5 – CORRETORAS
▪ 6 – MEGABOLSA
▪ 7 – HOME BROKER
▪ 8 – IBOVESPA
▪ 9 – NOVO MERCADO
▪ 10 – OURO
▪ 11 - ESCRITURAL

Ex. 2
I. e - Para esse cliente você pode sugerir investimento em fundo imobiliário, por tratar-se de
aquisição de cotas de imóveis com aluguel garantido e oferecer isenção de imposto de renda
sobre os rendimentos mensais.
II. c - Para a Sra. Dolores você deve sugerir investimento em ouro que, por sua característica de
reserva de valor com preço e liquidez internacionais. Além disso, como sua cotação é atrelada
ao dólar, serve como proteção cambial para suas dívidas.
III. d - Você pode sugerir que o Sr. André Ishima invista em PIBB que corresponde a uma carteira
de ações de diversas empresas. Assim, ele não fica tão exposto ao risco de uma empresa ou
setor específico.
IV. b – Você pode orientar o cliente Mário a investir em debêntures. São títulos de dívida de longo
prazo, com garantia do ativo da empresa emissora. Por isso, normalmente os juros oferecidos
pelo emissor são atraentes.
V. a – Fale sobre o Home Broker BB, que é um canal de atendimento adequado para clientes
como o Sr. Jerônimo. Sugira que ele invista em ações, usando esse canal.
VI. a – Investir em ações pode ser uma boa opção para a Sra. Walquíria, mas, nesse caso, oriente-a
a procurar seu Gerente de Relacionamento. Caso se interesse, ela poderá utilizar a Sala do
Investidor de sua agência para acompanhar o mercado.

Ex. 3

V – II – VII – I – IV – VIII – III – VI


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138 Fundamentos do Mercado de Capitais
Bibliografia
AZEVEDO, H. D. de O.; 500 Perguntas (e respostas) básicas de Finanças para iniciantes no
mercado. Organização Gustavo Cerbasi. Rio de Janeiro, Elsevier, 2007.

BRUNI, A. L.; Mercados Financeiros para a Certificação Profissional Anbid 10 (CPA 10). São Paulo,
Ed. Atlas, 2005.

BRUM, C. A. H. Aprenda a Investir em Ações e a Operar na Bolsa Via Internet. Rio de Janeiro: Ed.
Ciência Moderna Limitada, 2006.

ELDER, A. Como se Transformar em um Operador e Investidor de Sucesso – 5ª Ed. Campos, 2004.

FERREIRA, L. F. R.; O Investidor e ação – Gestão de Investimentos para Pessoas Físicas. Rio de
Janeiro: Qualitymark, 1ª impressão, 2005.

LUQUET, M. e ASSEF, A.; Meninas normais vão ao shopping, meninas iradas vão à Bolsa. 2ª.
Edição, São Paulo: Saraiva, 2007.

OLIVEIRA. G. A. de; PACHECO, M. M, Mercado Financeiro. Ed. Fundamento, São Paulo, 2005.

PINHEIRO, J. L., Mercado de Capitais: Fundamentos e Técnicas. 3ª. Ed. São Paulo, Atlas, 2006.

SILVA NETO, L. A. Derivativos: Definições, Emprego e Risco. 3ª Ed. São Paulo, Atlas. 1999.

BESSADA, O., BARBEDO, C., ARAÚJO, G. Mercado de Derivativos no Brasil. Record, Rio de
Janeiro, 2005.

Guia Valor Econômico de Finanças Pessoais. São Paulo, Editora Globo, 2007.

Revista Época n° 494, Ed. Globo, 5/11/2007

Revista Veja, Ed. Abril, edição 2.027, de 26/9/2007

Sites pesquisados

www.anbid.com.br

www.Bovespa.com.br

www.cvm.gov.br

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