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Ordem de escrita:
- Depois da 1a viagem = Gálatas.
- Na 2a viagem = I e II Tessalonicenses.
- Na 3a viagem = Romanos, I e II Coríntios.
- Na Prisão = Efésios, Filipenses, Colossenses e Filemon
1. Ë a epístola mais formal e que não contém nenhuma admoestação motivada por erro
específico;
I Coríntios
1. A frase "a respeito de" ou "quanto a" (grego: "peri de" introduz novos assuntos;
II Coríntios
1. O livro termina com a bênção que atualmente termina a maioria dos cultos.
Gálatas
1. Gálatas e Romanos possuem muitos temas em comum (Justificação pela graça e não
pela lei, etc.);
Efésios
Filipenses
1. É a carta mais afetuosa das epístolas paulinas;
1. A igreja mandou ajuda material (financeira) para Paulo duas vezes em Tessalônica;
Colossenses
Efésios Colossenses
I Tessalonicenses
1. Confusão a respeito da 2a. vinda de Cristo levou alguns a abandonar seu emprego;
II Tessalonicenses
1. Comparações:
I Ts II Ts
Consolar Corrigir
I Timóteo
1. Falsos mestres;
II Timóteo
Tito
1. Tito faz um trabalho em Creta, uma cidade moralmente com baixa reputação;
Filemon
Em livros didático, histórico, científico ou literário não temos a figura do destinatário, antes o
público alvo do livro é determinado pelo tema que aborda. Uma carta, porém, possui um
publico alvo específico e restrito, que é previamente delimitado pelo próprio remetente. Por
isso, é de suma importância identificar o destinatário de uma carta. Quando o destinatário de
uma carta é identificado, as pesquisas históricas, socioeconômica, políticas e sociológicas na
qual o emissor e o receptor da mensagem estão inseridos tornam-se fácil identificar.
Destacaremos neste estudo alguns parâmetros essenciais para uma boa interpretação das
cartas bíblicas que compõem o Novo Testamento.
Os Destinatários
Em livros didático, histórico, científico ou literário não temos a figura do destinatário, antes o
público alvo do livro é determinado pelo tema que aborda. Uma carta, porém, possui um
publico alvo específico e restrito, que é previamente delimitado pelo próprio remetente. Por
isso, é de suma importância identificar o destinatário de uma carta.
Uma vez que foram destinadas a um público específico (cristãos), as cartas do Novo
Testamento não apresentam uma mensagem evangelística de ‘per si’, antes, foram escritas
para trazer à lembrança dos destinatários alguns aspectos da doutrina de Cristo, e em alguns
casos, defende-la do ataque de pseudocristãos.
Isto porque os destinatários das cartas do Novo Testamento eram conhecedores do evangelho,
e a função precípua das cartas era trazer à lembrança dos cristãos o que conheciam “Porque
nenhumas outras coisas vos escrevemos, senão as que já sabeis ou também reconheceis; e
espero que até o fim as reconhecereis...” ( 2Co 1:13 ).
Através deste verso fica claro que o objetivo do apóstolo Paulo era fazer com que os cristãos de
Corintos não esquecessem o que aprenderam, ou seja, as cartas do N. T. não são evangelísticas,
antes foram escritas com o fito de relembrar a doutrina que haviam aprendido.
Tudo que o apóstolo Paulo escreveu aos cristãos eles já sabiam. Em suas cartas o apóstolo não
se ocupou de abordar nenhum outro tema, a não ser o evangelho. Porém, as cartas não foram
escritas com o objetivo de ensinar sistematicamente o evangelho.
Uma carta possui um ou mais destinatários. O público alvo das cartas bíblicas é pré-definido, e
estes, por sua vez, cristãos.
A carta aos Romanos foi direcionada a uma coletividade de cristãos “Paulo, servo (...) a todos
que estais em Roma, amados de Deus...” ( Rm 1:1 -7), da mesma forma que a carta aos
Coríntios “Paulo, (...) à igreja de Deus que está em Corinto, aos santificados em Cristo...” ( 1Co
1:1 -2).
Já a carta de Timóteo é pessoal e direcionada a uma única pessoa: Timóteo “Paulo (...) a
Timóteo meu verdadeiro filho...” ( 1Tm 1:2 ).
A mensagem contida nas cartas tinha o objetivo de convencer e influenciar os cristãos, porém,
os problemas pertinentes a cada grupo de cristãos influenciavam diretamente os escritores das
cartas.
Uma carta destinada à igreja, ou, a uma coletividade – Ex: Carta aos Romanos e carta
aos Efésios;
Uma carta destinada a um irmão, ou, a um indivíduo – Ex: Carta a Filemom e carta a
Timóteo;
Carta destinada a quem tinha o dever de cuidar de uma coletividade – Ex: As cartas a
Timóteo e Tito;
Diante destes aspectos iniciais, faz-se necessário olhar para as cartas como um tipo especifico
de comunicação de idéias, onde o público alvo da missiva torna-se o agente motivador das
idéias pertinente ao remetente da carta.
As cartas bíblicas foram direcionadas aos cristãos, o que nos leva a concluir que eles já
conheciam o conteúdo do evangelho “Pois nenhuma outra coisa vos escrevemos, senão as que
já sabeis ou reconheceis” ( 2Co 1:13 ); “Mas, ainda que nós mesmos ou um anjo do céu vos
anuncie outro evangelho além do que já vos tenho anunciado, seja anátema” ( Gl 1:8 ).
Estes versículos estabelecem uma idéia geral de como se deve olhar para as cartas do Novo
Testamento. Tudo que foi escrito nas cartas já era de conhecimento e compreensão dos
cristãos.
Por saberem que os destinatários conheciam o evangelho, na maioria das vezes os remetentes
das cartas têm um tom de defesa do evangelho, trazendo à lembrança alguns aspectos
específicos de uma doutrina do evangelho.
A maioria dos cristãos conheceu o evangelho por intermédio de Paulo e Pedro, o que nos
conduz a seguinte conclusão: o remetente e os destinatários possuíam um conhecimento que
lhes era comum. Através deste conhecimento comum foi estabelecida uma relação
interpessoal entre remetente e destinatários.
Quem escreve uma carta, redige-a a quem, no mínimo, conhece, e/ou que tenha alguma
relação ou afinidade pessoal. Ou, escreve àqueles que no mínimo detém os mesmos
conhecimentos ou interesses. Esta peculiaridade de uma carta traz algumas implicações
diferentes da interpretação de um texto, artigo ou livro.
A linguagem de quem escreve uma carta é peculiar, pois não envolve somente signos
linguísticos, antes há uma linguagem própria a quem escreve e a quem recebe a informação
(há uma linguagem própria entre pessoas que se conhecem e que acaba por influenciar o
modo como se estabelece a comunicação).
Na comunicação, tanto pela fala quanto pela escrita, busca-se transmitir uma ideia, e não
somente palavras soltas. Um dos erros mais frequentes em se interpretar uma escrita está em
só buscar a significação das palavras, deixando que estes “signos linguísticos” falem por si só,
sem levar em consideração a ideia geral que surge da combinação dos significados das palavras
com a sua estruturação linguística.
Isto porque a comunicação, tanto escrita ou falada, possui uma linguagem tanto mais
significativa e importante do que os signos linguísticos, que transcende e envolve questões
culturais, sem esquecer a linguagem que é própria ao grupo.
Como exemplo há a linguagem própria e restrita aos médicos. Os médicos possuem uma
linguagem própria concernente à profissão que exercem.
Os profissionais do direito, por sua vez, desenvolveram uma linguagem própria. Os policiais,
dentro de suas atribuições, também possuem uma linguagem própria.
Qualquer seguimento profissional ou não da sociedade tem a sua própria linguagem, que é
restrita, com uma significação própria, que é melhor compreendida dentro de um grupo em
especial.
Na comunicação entre pais e filhos há uma importância maior na autoridade dos pais do que
na própria linguagem utilizada. Um olhar diz muito mais que um ríspido “_ Quieto menino!”.
Dentro deste aspecto, os cuidados ao interpretar as cartas paulinas devem ser redobrados,
porque a união entre os primórdios cristãos era tão grande que eles já possuíam características
próprias a de uma família. Eles já haviam desenvolvido uma linguagem própria e restrita ao
grupo.
Observe a diferença de apresentação entre os apóstolos Paulo e Pedro. Ambos eram apóstolos
de Cristo, porém, o apóstolo Paulo necessitava fazer uma defesa do seu apostolado, o que não
era necessário ao apóstolo Pedro.
Para fazer esta defesa, o apóstolo Paulo era sutil em suas argumentações, para não deixar
transparecer certa arrogância, ou que ele necessitava de tal reconhecimento.
Está voltada para contemporâneos de quem a escreveu “Rogo-vos que, quando estiver
presente, não me veja obrigado a usar com confiança da ousadia que espero ter com alguns
que nos julgam” ( 2Co 10:2 ). Nós, nunca teremos esta possibilidade de encontrar Paulo
segundo estes aspectos humanos.
É impossível escrever uma carta para alguém no passado ou para alguém no futuro, visto que
uma carta é algo pessoal.
Diferente dos livros, uma carta trás muita informação acerca de seu autor.
Por exemplo, uma carta geralmente contém uma apresentação pessoal, a motivação do
escritor, trás implícito uma relação de confiabilidade entre escrito e leitor e contem muito da
natureza do escritor.
O que se pretendia com a carta? Trazer uma lembrança? Dar uma notícia? Aplacar
saudades?;
É possível observar nas cartas uma intensa luta do apóstolo para se fazer compreendido.
Desfazer qualquer tipo de interpretação errônea acerca do evangelho era o objetivo da árdua
luta do apóstolo dos gentios.
Em sua maioria, as cartas do apóstolo Paulo foram endereçadas às igrejas que ele já havia
visitado. As outras igrejas que ele ainda não havia visitado e acabou por escrever-lhes, estava
sob cuidado de irmãos que eram filhos seus na fé, e por isso mesmo, já estavam familiarizados
com a linguagem do apóstolo.
As cartas de Paulo sempre foram voltadas para o coletivo. Mesmo quando direcionada a uma
pessoa em particular, como é o caso das epístolas a Timóteo e a Tito (epístola pastorais),
geralmente estava tratando dos problemas relacionados à coletividade.
Um leitor que não teve um contato direto com os apóstolos, contato este que proporcionaria
um conhecimento completo de expressões restritas ao grupo de cristãos primitivos, poderia
formular uma interpretação dúbia, como bem demonstra o apóstolo Pedro: "Falando disto,
como em todas as suas epístolas, entre as quais há pontos difíceis de entender, que os
indoutos e inconstantes torcem, e igualmente as outras Escrituras, para sua própria
perdição" ( 2Pe 3:16 ).
Observe nestes versículos seguintes a luta do apóstolo Paulo como remetente de uma carta:
(1) Muito trabalho e cansaço, com a finalidade de não viver à custa daqueles que estavam
sendo evangelizados ( 1Ts 2:9 );
(2) O ministério de evangelismo era cumulativo, junto com o trabalho secular ( 1Ts 2:2 );
(4) Foi comissionado por Deus, sendo que, o evangelho que apregoava não era de engano,
impuro ou com dolo ( 1Ts 2:2 –10).
Enviar noticias;
Receber notícias;
Amenizar saudades;
Orientar, ou;
Outras finalidades.
Ciente desta peculiaridade, para que o interprete abstraia a ideia principal do escritor é
necessário saber qual a pretensão do remetente da carta. Por exemplo: qual a diferença entre
a Primeira e a Segunda carta escrita aos Tessalonicenses?
Só é possível ver alguma diferença entre estas duas cartas ao descobrir qual a pretensão do
escritor.
Por exemplo, na primeira carta aos Tessalonicenses, o apóstolo Paulo tem um tom saudosista
sem aplicar-se à defesa do evangelho ( 1Ts 2:17 ). Ele se ocupa em demonstrar que não se
esqueceu dos irmãos ( 1Ts 1:3 ), e que a esperança de todos os cristãos são idênticas: aguardar
a volta de Cristo ( 1Ts 1:10 ).
Paulo lembra qual foi a missão que Timóteo recebeu e desenvolveu entre eles ( 1Ts 3:2 ), e a
única questão doutrinaria abordada foi só uma lembrança do que foi instituído no Concílio de
Jerusalém ( 1Ts 4:3 -4 ; At 15:28 -29).
Paulo dá a entender que os irmãos desconheciam alguns pontos acerca da esperança futura,
ou seja, a esperança de quem partiu para estar com o Senhor ( 1Ts 4:13 ).
Na II carta aos Tessalonicenses o apóstolo Paulo procura desfazer um engano que surgiu em
decorrência da primeira carta. Quando ele tratou sobre a esperança de quem parte com Cristo,
exortou aos irmãos que consolassem um aos outros falando acerca da esperança
futura “Dizemos vos isto pela palavra do Senhor” ( 1Ts 4:14 -17).
Esta nova carta tinha o objetivo de desfazer o engano causado por alguém que utilizou e
distorceu a Primeira carta de Paulo “Ninguém de maneira alguma vos engane” ( 2Ts 2:3 a).
Paulo demonstra que o evangelho anunciado não era para ser esquecido ou substituindo
quando da chegada de uma nova carta.
Por mais que se pretenda expor uma idéia de maneira completa através de uma carta, o
remetente acaba por utilizar fragmentos de idéias. Estes fragmentos de idéias por si só trazem
a tona algumas lembranças especificas do leitor carta, visto que, já tivera um contato pleno
com a idéia em questão.
Qual a pretensão do apóstolo Paulo ao escrever as cartas que hoje compõe o Novo
Testamento? Evangelizar? Sistematizar o ensino do evangelho? Não!
Quem lê as cartas de Paulo deve ter em mente que ele não estava evangelizando por carta,
pois isso ele já tinha feito pessoalmente “... para vos falar o evangelho de Deus, no meio de
grande combate (...) enquanto vos pregamos o evangelho” ( 1Ts 2:2 e 9).
As cartas contêm o evangelho fragmentado em seus vários aspectos, ou seja, não encontramos
nelas todas as doutrinas abordadas sistematicamente.
O evangelho em sua plenitude somente é possível alcançar se o leitor da bíblia analisá-la como
um todo. É preciso ler o Antigo Testamento, os evangelhos e as cartas do Novo Testamento
para se chegar à doutrina do evangelho que foi anunciado os cristãos primitivos.
Embora as exposições do apóstolo Paulo fossem sistematizadas por temas, como se observa
em Atos dos Apóstolos, tal método não é utilizado em suas cartas "E, tratando ele da justiça, e
da temperança, e do juízo vindouro, Félix, espavorido, respondeu: Por agora vai-te, e em tendo
oportunidade te chamarei" ( At 24:25 ).
Quem escreve uma carta, como foi o caso do apóstolo Paulo, tem o objetivo de alcançar
contemporâneos, e não pessoas além de sua época, e, por isso, ele não viu a necessidade de
explicar nas cartas o sentido exato das palavras que foram utilizadas.
Aliado a isto, temos que o evangelho era um tema de conhecimento comum entre os cristãos
instruídos pelos apóstolos.
Também não podemos esquecer que na antiguidade não havia as facilidades e meios para a
escrita como possuímos hoje. Como consequência direta a escassez de meios, os apóstolos
utilizaram uma linguagem sintética, sem ser prolixo, rica em figuras e exemplos e de poucas
palavras. Era necessário aos apóstolos escrever pouco e dizer muito.
Com estas idéias básicas, podemos, com a ajuda do Espírito Santo de Deus, buscar os sentidos
mais profundos que as escrituras sagradas contêm.
Aplicação Prática
As idéias evidenciadas neste texto são essenciais quando se interpreta uma carta. Agora,
demonstraremos como observar estas regras aos ler as epístolas do Novo Testamento, e como
tirar melhor proveito da leitura bíblica.
Dentre as cartas do Novo Testamento analisaremos a carta aos Colossenses, e tudo que já
estudamos será levado em conta.
A epístola do apóstolo Paulo aos Colossenses foi escrita em um momento crucial para o
evangelho. O ‘momento’ é caracterizado pela rápida expansão do evangelho no mundo à
época e pelo surgimento de heresias e conceitos errôneos nas igrejas.
Com a rápida expansão do evangelho não havia como o apóstolo visitar e supervisionar todas
as comunidades cristãs. Em várias regiões muitos cristãos nem mesmo haviam visto o apóstolo
Paulo. Dentre estas igrejas temos a igreja de Colossos.
Por não conhecerem pessoalmente o apóstolo Paulo, muitos cristãos não sabiam da intensa
luta do apóstolo em propagar e defender o evangelho, e na carta aos Colossenses o apóstolo
Paulo destaca o seu cuidado em preservar a fé (evangelho) dos cristãos devido aos vários
‘ventos’ de doutrinas.
Em outras comunidades que o apóstolo Paulo fundou ou visitou, ele lançou mão da sua
autoridade de pai na fé ao exortar e lembrar os cristãos através de suas epístolas. Entretanto,
por não ter esta autoridade pessoal diante dos cristãos de Colossos, ele lembra aos irmãos que
o evangelho chegou até eles através de Epafras, um dos filhos de Paulo na fé ( Cl 1:7 ).
O apóstolo Paulo, no início da carta, demonstra que o evangelho que ele estava defendendo
havia sido ensinado por Epafras. Mas, quem era Epafras? Segundo Paulo, Epafras é descrito
como:
Conservo: Paulo demonstra que Epafras tinha os mesmos encargos que ele e Timóteo.
Todos eles eram servos de Cristo. Tanto Paulo quanto Epafras estavam sujeitos a um
mesmo Senhor.
Fiel ministro: Paulo reconhece que em favor dos Colossenses, Epafras executava o seu
trabalho fidedignamente.
O evangelho havia sido levado aos Colossenses por intermédio de Epafras. O evangelho que o
apóstolo Paulo anunciou, e que estava se expandindo pelo mundo de então, era o mesmo
evangelho que Epafras tinha ensinado àquela igreja.
Que somente estaria lembrando aquilo que os irmãos já conheciam “...aprendestes isto
com Epafras...” ( Cl 1:7 a);
Que a carta do apóstolo Paulo aos cristãos de Colossos contém uma alerta, trazendo à
lembrança dos leitores a essência daquilo que foi ensinado por Epafras. O apóstolo Paulo
desejava aumentar o cuidado daqueles irmãos para que não fossem enganados.
Que a carta contém uma defesa do evangelho, ou seja, daquilo que eles já conheciam
através de Epafras;
Que não há nada de novo concernente ao evangelho. Paulo não acrescentou nada
novo à doutrina de Cristo;
Nesta epístola o apóstolo Paulo utiliza uma linguagem peculiar, que somente os
cristãos que haviam aprendido o evangelho de uma fonte sadia, como Epafras, teriam
maior facilidade de em compreender.
Mesmo não conhecendo os irmãos da igreja em Colossos, Paulo tinha recebido notícias a
respeito da atitude deles com relação ao evangelho (fé) “...desde que ouvimos falar da vossa fé
em Cristo Jesus, e do amor que tendes para com todos os santos...”; “... e que também nos
declarou o vosso amor no Espírito” ( Cl 1:4 e 8).
Por conhecer Epafras, ele sabia o grau de conhecimento acerca do evangelho que os cristãos
de Colossos adquiriam, ou melhor, o apóstolo Paulo sabia que o conhecimento que Epafras
passou aos cristãos era consistente.
A carta é direcionada à igreja, e, portanto, a uma coletividade. Ela apresenta argumentos que
são pertinentes às igrejas em qualquer lugar do mundo, tanto que a carta deveria ser lida
também entre os irmãos da igreja em Laodicéia (Cl 4:16 ).
Como perceber que nas cartas de Paulo temos fragmentos do evangelho, e não um evangelho
sistematizado como encontramos nos livros de teologia?
Em várias passagens das cartas paulinas o apóstolo somente fez referência a doutrina do
evangelho na sua totalidade. Ex: “.. da qual antes ouvistes pela palavra da verdade do
evangelho...” ( Cl 1:5 ); “ em todo mundo este evangelho vai frutificando” ( Cl 1:6 ); “...do
evangelho que ouvistes..” ( Cl 1:23 ).
Entretanto, em suas cartas só foi possível demonstrar alguns pontos específicos do evangelho,
ou os pontos de maior relevância, trazendo à lembrança dos leitores toda uma verdade
anunciada anteriormente, como bem fica descrito na carta aos Corintos “Ora, irmãos, desejo
lembrar-vos o evangelho que já vos tenho anunciado...”( 1Co 15:1 ).
Certa feita o apóstolo Paulo teve a oportunidade de falar do evangelho ao governador Félix e a
sua mulher, Drusila. Naquela oportunidade o apóstolo Paulo só conseguiu falar sobre três
pontos específicos do evangelho: a justiça, o domínio próprio e o juízo vindouro ( At 24:25 ), e
em certo ponto da exposição o governador Félix o interrompeu.
Daí, conclui-se que em suas cartas o apóstolo Paulo não faz uma exposição completa do
evangelho, antes trás à lume temas de maior relevância que deveria ser preservado na
memória dos leitores. Eles não podiam esquecer o que haviam ouvido e aprendido por
intermédio dos apóstolos ( 1Co 1:23 ).
O Ensino
O ministério do apóstolo Paulo sempre se apoiou no ensino. Ele buscava “apresentar todo
homem perfeito em Cristo” ( Cl 1:28 ), e uma de suas ferramentas era o ensino sistemático do
evangelho “A ele 'Cristo' anunciamos, admoestando a todo homem, e ensinando a todo
homem em toda sabedoria...” ( Cl 1:28 ).
A disciplina ensinada pelo apóstolo dos gentios era o evangelho de Cristo. Quando chegava a
uma cidade, de imediato procurava uma sinagoga onde pudesse expor o evangelho ( At 17:1
-2). A discussão em torno do evangelho estendia-se pelo tempo necessário ou enquanto
aceitassem que ele falasse.
Expor uma matéria é explicar, narrar, contar, revelar, tornando evidente o que se quer
demonstrar.
O apóstolo discutia, principalmente diante de pessoas avessas às suas ideias. Ele debatia sobre
o evangelho contrastando-o com a lei. Esta era a forma de consolidar os seus conhecimentos e
transmitir a mensagem do evangelho entre os inimigos declarados de Cristo.
Além de expor o evangelho através de tópicos, como vimos o apóstolo ensinando Félix e
Drusila, ele também possuía a experiência de expor o evangelho em uma escola por dois anos.
A escola de Tirano, através da pessoa do apóstolo Paulo, foi um centro de exposição do
evangelho, que acabou por levar o evangelho aos habitantes da Ásia ( At 19:9 ).
Da mesma forma que o apóstolo Paulo, o escritor aos hebreus demonstrou que o evangelho
era exposto através de tópicos relevantes como: O arrependimento de obras mortas, a fé em
Deus, o ensino sobre o batismo, imposição de mãos, ressurreição dos mortos e o juízo eterno
( Hb 6:1 -2).
Toda matéria secular precisa de uma linguagem própria para se firmar como ciência. Uma
linguagem bem construída dá consistência à idéia que se quer transmitir.
A linguagem pertinente a uma matéria tem como objetivo o seguinte:
Facilitar a compreensão;
O apóstolo Paulo foi eclético na apresentação do evangelho por ter a sua frente dois públicos
alvo: precisava convencer os judeus, e ao mesmo tempo tornar conhecida à mensagem do
evangelho entre os gentios.
Para conseguir este feito foi desenvolvida uma linguagem peculiar que tornava compreensível a
mensagem do evangelho entre judeus e cristãos.
Em uma igreja com um grande numero de gentios, vemos o apóstolo Paulo socorrendo-se de
figuras como a família, o corpo, as relações sociais da época (livre, escravo) para conseguir
expor a verdade do evangelho. Neste diapasão temos a carta aos cristãos em Efesos, sendo que
a carta somente faz referência direta a dois textos do Antigo Testamento.
Ao citar na carta aos Efésios o versículo 18, do Salmo 68, Paulo o faz acompanhado de uma
explicação. Ao citar Isaias 60, versículo 1, Paulo o faz acompanhado de uma advertência ( Sl
68:18 e Ef 4:8 ; Is 60:1 e Ef 5:14 ).
Outras citações do Antigo Testamento são feitas de forma velada, isto é, a citação já vem
incorporada à linguagem corrente do apóstolo Paulo. Observe: “Pois somos feitura sua, criados
em Cristo Jesus para as boas obras, as quais Deus preparou para que andássemos nelas” ( Ef
2:10 ). Compare: “Senhor, tu nos dará a paz; Tu fizeste para nós toda a nossa obras” ( Is
26:12 ).
Os cristãos em Éfeso talvez não tivessem este problema, pois é provável que já tinham estavas
verdades impressas em suas memórias.
Ao construir a linguagem empregada nas cartas, o apóstolo Paulo teve como elemento
principal os livros dos Salmos e os profetas para tratar com os judeus, e a figura da família e do
corpo humano para lembrar pontos específicos do evangelho aos gentios.
Por exemplo: para tratar de temas específicos como a ressurreição, o velho homem e o novo
nascimento, o termo “morte” torna-se indispensável. Para demonstrar a ressurreição, o novo
nascimento e o que ocorre com o ‘velho homem’ ao ter um encontro com Cristo, o apóstolo
Paulo sempre utiliza a palavra ‘morte’.
Todas as vezes que o apóstolo Paulo faz um comentário sobre a morte de Cristo ele frisa de
maneira bem nítida que Cristo morreu, descendo a sepultura, para posteriormente ressurgir
dentre os mortos. Observe que o apóstolo Paulo nunca fez referência à morte de Cristo com o
termo “dormir”.
Cristo morreu, ou seja, nunca o apóstolo emprega a palavra ‘dormir’. Porém, mesmo com este
cuidado algumas seitas surgiram dizendo que Cristo não havia morrido.
Mesmo com uma linguagem própria surgiram distorções em certos grupos a respeito da
pessoa de Cristo e do evangelho. Diante disto, imagine se o apóstolo tivesse uma só vez
utilizado o termo ‘dormir’ ao fazer referencia a morte de Cristo no calvário. Haveria grande
confusão, visto que oportunistas, que não creem na morte de Cristo, utilizariam a linguagem do
apóstolo Paulo de forma deturpada!
O uso de uma linguagem ou termo específico a uma determinada lição auxilia entender a
matéria, reduz as interpretações distorcidas e ajuda a identificar quem realmente conhece a
bíblia e faz parte de um grupo Cristão.
Outra forma de expor certo tema é a forma com que o apóstolo se inclui na narrativa ao tratar
de um assunto específico. Todas as vezes que o apóstolo Paulo trata do tema que aponta o
homem sem Cristo como pecador, ou de julgamento, ele se inclui ou utiliza a primeira pessoa
para tratar do assunto.
Exemplificando: “Esta é uma palavra fiel, e digna de toda a aceitação, que Cristo Jesus veio ao
mundo, para salvar os pecadores, dos quais eu sou o principal” ( 1Tm 1:15 ); “Mas se nós
julgássemos a nós mesmos, não seríamos julgados” ( 1Co 11:31 ); “Mas Deus prova o seu
amor para conosco, em que Cristo morreu por nós, sendo nós ainda pecadores” ( Rm 5:8 );
“Nós somos judeus por natureza, e não pecadores dentre os gentios” ( Gl 2:15 ), etc.
Em alguns temas abordados em suas cartas, o apóstolo Paulo procurou não expor as pessoas
envolvidas naquela determinada situação. Ex: “Ora, irmãos, apliquei estas coisas
figuradamente a mim e a Apolo, por amor de vós...” ( 1Co 4:6 ).
O apóstolo Paulo ao ser informado da dissensão que havia na igreja de Corinto, acabou por
utilizar o seu nome, o de Apolo e o de Pedro para não dar ênfase ao nome dos partidários. Esta
atitude do apóstolo deriva do amor que ele sentia pelos irmãos, que ainda estavam se
desenvolvendo, mas que a soberba estava a rondar-lhes os seus corações, acabando por criar
partidarismo entorno de certas pessoas.
Após verificar a linguagem utilizada pelo apóstolo Paulo, é possível verificar algumas diferenças
incrustadas em suas epístolas. Por exemplo: a carta aos Filipenses difere da carta aos
Colossenses porque o apóstolo já tinha visitado os cristãos de Filipos, e não havia visitado os de
Colossos.
Observe que a carta aos Filipenses não apresentam frases explicativas como as que aparecem
na carta aos Colossenses, como a seguinte: “Em quem temos a redenção pelo seu sangue”, a
saber, “a remissão dos pecados” ( Cl 1:14 ).
Ao falar da circuncisão com Cristo, o apóstolo Paulo demonstra que a circuncisão de Cristo não
se consegue utilizando mãos humanas, contrastando a circuncisão de Cristo com a circuncisão
da lei. A circuncisão do novo testamento diz do despojar do corpo da carne, visto que é
necessário lançar fora toda a carne, ou seja, o corpo do pecado.
Ao analisar as cartas do apóstolo Paulo e do apóstolo Pedro é possível perceber uma forma
especifica e semelhante quanto a composição das cartas. Observe:
Apresentação Pessoal
Agradecimento
Motivo de Louvor
“...por causa da esperança que vós está reservada (...) que nos fez idôneos para
participar...” ( Cl 1:5 e 12 -14);
Pedido em oração
O pedido
“...que o vosso amor aumente mais e mais em pleno conhecimento e toda percepção...” ( Fl 1:9
-10);
A pessoa de Cristo
“...de sorte que haja em vós o mesmo sentimento que houve em Cristo Jesus” ( Fl 2:5 -11);
“...vós reconciliou no corpo da sua carne (...) E recebestes a plenitude em Cristo...” ( Co 1:21
-22 e 2:10 -15);
“...nos gerou de novo para uma viva esperança” ( 1Pe 1:3 ) “Tendo purificado as vossas almas
na obediência à verdade (...) tendo sido regenerados” ( 1Pe 1:22 -23).
“Portanto, assim como recebestes a Cristo Jesus, o Senhor, andai nele...” ( Cl 2:6 -8 e 3 a 4);
Observe que a maior diferença na composição das cartas de Paulo e de Pedro está no elemento
oração, visto que a oração é algo pessoal e intimo.
O apóstolo Paulo era focado na deficiência dos cristãos quanto ao que compreendiam do
evangelho, e orava a Deus pedindo que lhes fossem abertos os olhos do entendimento.
Pedro, da mesma forma, solicita aos irmãos que cingissem os lombos do entendimento. Era
necessário que eles adquirissem um novo conhecimento, contrastando com o velho
conhecimento, denominado de ignorância.
http://www.estudobiblico.org/como-interpretar-as-epistolas/como-interpretar-as-epistolas-do-
novo-testamento