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AULA 7
PENSANDO SOBRE SABER E PODER
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Pensando sobre saber e poder
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A partir da curiosa história do barqueiro, você pôde ver que há uma
enorme diferença entre o saber como conhecimento, como erudição,
como acúmulo de informações teóricas e de conceitos, e a sabedoria
prática, exercitada na “escola da vida”.
Em seguida, caro aluno, prosseguindo na viagem pela “Terra dos
Fundamentos da Educação”, nosso trem imaginário atravessou o trecho dedi-
cado à questão do saber científico como saber paradigmático, isto é, como
referência, exemplo e norma, como um verdadeiro poder exercido por esse
campo de saber sobre os demais.
Depois, o tema abordado foi o saber “comum” ou “vulgar”, sendo
analisadas suas características e sua importância.
A questão seguinte, nessa mesma aula, foi a relativa à classificação
dos saberes, com suas várias denominações: “saber técnico”, “saber culto”,
“saber de salvação”, de acordo com a classificação feita pelo filósofo Max
Scheler. E uma outra classificação muito usada também foi examinada:
“saber comum ou vulgar”, “saber científico” e “saber filosófico”.
“Saber” foi estudado, também, em termos etimológicos, isto é,
segundo a origem da palavra, e aí constatou-se sua relação de parentesco
com “sabor”. Recorrendo-se ao pensamento do filósofo e educador Rubem
Alves, analisou-se a questão dos limites éticos que devem ser impostos
ao saber científico, numa visão que remete à importância que deve haver
tanto na construção quanto sobretudo na utilização dos saberes, de tal
modo que eles sirvam da melhor maneira aos seres humanos.
Em seguida, com a ajuda do pensamento de Edgar Morin,
examinou-se o fato de que não somos somente “sapiência”, ou seja,
racionalidade, mas somos igualmente “demência”, isto é, uma dimensão
criativa, uma sabedoria e uma inventividade absolutamente necessárias
à vida humana.
Essa aula se encerrou com reflexões acerca da importância do tema
“saber e sabedoria” para nós, professores, que devemos sempre indagar
que tipo de saber e que tipo de sabedoria desejamos para nossos alunos.
Na aula seguinte, caro aluno, você pôde examinar com detalhes os
saberes popular e erudito. Aprendeu que os saberes não são absolutos
e independentes do contexto em que são produzidos; ao contrário,
emergem desse contexto e o refletem. Assim, diferentes classes sociais e
distintos meios culturais produzem saberes com características diferentes.
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em termos concretos, como, por exemplo, a dimensão material de uma
escola, com suas salas, carteiras, pessoas etc., quanto em sua dimensão
simbólica, como o casamento. Viu-se, a partir daí, que uma instituição
traduz-se num conjunto de normas, regras e atividades impregnadas de
valores e funções sociais.
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se estabeleceram mecanismos de seleção, com as conseqüentes discrimina-
ção e exclusão. Sobre esses, caro aluno, você já deve ter ouvido falar, por
exemplo, dos testes de estabelecimento dos Coeficientes de Inteligência,
o famoso “QI”, até hoje ainda bastante aplicado, não é mesmo?
Como você pôde aprender nessa aula, prezado aluno, nasce
aí a criança da Psicologia, uma criança cuja “normalidade”, cujo
desenvolvimento “saudável” é determinado por essas regras mensurativas
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escolar expressa tanto o conteúdo quanto a organização dos saberes
que interessam à classe dominante. As crianças das classes populares,
da camada desfavorecida da população, se sentem, conseqüentemente,
desconfortáveis nesse ambiente inóspito, estranho à sua vivência real, o
que acaba por levar à rejeição e ao fracasso escolar.
Tal situação, como se esclareceu nessa aula, acaba por fazer da escola
um instrumento de aprofundamento dessa divisão social em classes.
Recorrendo mais uma vez a Michel Foucault, a aula exibiu
novamente a constatação de que os saberes populares são, como afirma
aquele pensador, expressão de um “conhecimento subjugado”, frente
sobretudo ao saber científico, formal, paradigmático, “verdadeiro”.
Em seguida, a aula apresentou as idéias do educador Paulo Freire
sobre o que considera uma educação libertadora. Ao contrário desta,
uma Educação promovida e controlada pela classe dominante, segundo
seus próprios interesses, torna-se uma educação aprisionadora, fazendo
dos alunos seres passivos, simples receptáculos de saberes que não dizem
respeito à sua verdadeira condição de vida, à sua classe social. Trata-se
da famosa concepção “bancária” da Educação, de que falava Freire.
Seguindo o pensamento de Paulo Freire, a aula apresentou a
idéia de uma Educação libertadora, de uma “pedagogia do oprimido”,
feita não para o sujeito, mas a partir dele. Deste modo, a educação deixa
de ser um mito para as classes populares, as quais podem trazer para
a escola seu próprio universo sociocultural. Isso gera autoconfiança e a
conseqüente redução do fracasso escolar.
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• Com o estudo desta aula, você conseguiu aprender mais
e consolidar o que havia aprendido sobre a diferenciação
entre saber e poder?
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