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Leituras Orientadas II
O espectador e sua relação com a imagem não possui definição simples, segundo Aumont
(1995), além da capacidade de percepção entra em jogo todo o histórico de afetos, crenças,
saberes, que são fortemente vinculados ao período da história - classe social, época, cultura
- mas apesar disso, existem fatores constantes, interculturais e trans-históricas na relação
do homem com a imagem em geral. Algo relevante a se considerar é a não-gratuidade da
produção de imagens: elas são criadas com um propósito (representativas, simbólicas,
estéticas, informativas, ...) que geralmente faz a mediação entre o espectador e a realidade
que o criador deseja representar.
O espectador rememora e usa esquemas como forma de rememoração pela imagem ser
mais econômica, mais simples e mais objetiva na intenção de facilidar o processo. E tem por
obrigatoriedade um aspecto cognitivo e didático.
Sendo assim, segundo a abordagem mostrada por Aumont (1995), o espectador é um parceiro
ativo da imagem, emocional e cognitivamente. Uma definição objetiva fornecida pelo autor:
Foi também Gombrich que, em sua célebre obra L'Art et l'illusion, propôs a expressão
de "papel (ou parte) do espectador" (beholder's share) para designar o conjunto de atos
perceptivos e psíquicos pelos quais, ao percebê-la e ao compreendê-la, o espectador
UFRGS | FABICO | TEORIAS DA IMAGEM | 10.02 | BRUNA ANTUNES | TURMA B
Dentro desse contexto, Aumont (1995) diz que a percepção do espectador é basicamente
um sistema de expectativas: são criadas hipóteses que podem ser verificadas ou anuladas,
e esse sistema é informado pelo nosso conhecimento do mundo e de imagens, ou seja, não
existe olhar fortuito; ver é comparar o que esperamos ao que nosso aparelho visual recebe
do exterior. A parte do espectador também é projetiva, havendo forma semelhante com algo
existente em sua memória, ela suprirá as lacunas do não-representado de forma a fazer
a ligação, e esse fator transforma a visualização da imagem em um fenômeno conectado
à imaginação, tanto do autor quanto do espectador. Ou seja, na teoria de Gombrich é o
espectador que faz a imagem.
"Existem partes que fornecem muita informação, outras que fornecem pouca: estas
últimas são as que "dizem" muito pouco além do que já "é dito" pelo meio onde
estão, as que são completamente predizíveis; a seu respeito fala-se de redundância."
(AUMONT, 1995, p.72)
O autor explica que damos atenção as áreas incertas da imagem, onde os contornos mudam
de direção muito depressa e que a redundância ocorre nas porções homogêneas, com
contornos constantes e estruturas simétricas.
UFRGS | FABICO | TEORIAS DA IMAGEM | 10.02 | BRUNA ANTUNES | TURMA B
Segundo Oliveira (2006) as primeiras indagações que uma imagem deve suscitar estão
vinculadas a sua estrutura básica. A linha ou as linhas determinantes da macroestrutura da
imagem visual devem ser questionadas de forma a dar sustentação ao todo da composição.
Ou seja, se trata de uma diagonal, de um eixo vertical, de diagonais que se cruzam, horizontais
paralelas, figuras geométricas, ângulos ou um ponto central? Depois de identificada a estrutura
básica, parte-se para a definição dos elementos constitutivos: "... linhas, pontos, cores, planos,
formas, cor, luz, dimensão, volume e textura" (OLIVEIRA, 2006, p.50).
Segundo Oliveira (2006), não existe uma gramática do visual, sendo assim não existe
sintaxe nem linguagem visual, existe apenas uma "linguagem" visual, entre aspas por não
corresponder plenamente ao conceito de linguagem. A autora propõe um referencial mínimo
para a leitura da imagem; parâmetros que possam ser utilizados em diversas imagens. Gregos,
romanos e artistas renascentistas acreditavam que seguindo determinadas regras a beleza
estaria garantida: “os olhos deveriam estar no limite entre 1/3 e 2/3 da cabeça, de cima para
baixo; o corpo deveria medir sete vezes a dimensão da cabeça, e assim sucessivamente.”
(OLIVEIRA, 2006, p.56).
Apesar de consagradas essas regras, algumas experiências não tiveram o resultado esperado.
Confirmando que não existem regras especificas, não existe gramatica visual, mas existe o
usual o que é facilmente aceitável, um modelo estético. E apesar desse usual “quanto mais
violada a norma vigente, tanto mais original, criativa e eloquente será a imagem” (OLIVEIRA,
2006, p.56). O diferencial da imagem diante do texto é exatamente esse: fugir do habitual,
buscar novos princípios, ou seja, havendo uma gramática ela logo será abandonada, apesar de
sua violação causar estranhamento inicial.
Sabe-se que "Existem vários meios de comunicação humana; esses meios determinam,
também, maneiras distintas de se organizar em sociedades" (GOODY, 1977 apud SAMAIN,
1998, p.53). Dessa forma, não podemos ignorar as diferenças e as semelhanças na hora de
analisar os singulares modos de pensar o mundo, afinal "não era da mesma maneira que se
podia "pensar" o mundo, que se podia "organizar" uma sociedade"(SAMAIN, 1998, p.53). Se
possuímos preceitos diferentes, não chegaremos a mesma conclusão. Essa pluralidade de
entendimento e de especificidades também cria preocupações relativas ao entendimento de
cada mecanismo:
Saiman (1998), afirma que a natureza das imagens - presentes em cada e em todos os meios
de comunicação humana - varia muito de um meio para outro; tonando imprescindível saber
com que tipo de imagens se está lidando. Ele usa a classificação de Dubois:
Imagem fotográfica é uma pequena queimadura de luz sobre nitratos de prata. Imagem
fílmica é uma imagem em trânsito em relação a uma imagem parada. Imagem televisiva
é o rastreamento gerado por um feixe de elétrons correndo em alta velocidade sobre uma
tela fosforescente. Imagens informáticas transformam o real em maquinal. Cada meio de
comunicação possui sua linguagem própria e vai demandar a atenção necessária para seu
entendimento, em sua forma diferenciada, segundo Saiman (1998).
Referências: