Sei sulla pagina 1di 8

19

Efeitos da prática de caminhada


de idosos em grupo: um olhar do protagonista

Effects of practice of group walk in elderly: a protagonist’s look

Ayslan Gonçalves Torres 1


Helena Maria Pereira da Silva 1
Deiane Ferreira do Nascimento Torres 1
Wellyson da Cunha Araújo Firmo 1
Arlane Silva Chaves 1

Abstract
O envelhecimento humano é natural e acompanhado de alterações físicas,
mentais e sociais, frequentemente acrescido de doenças crônico- Descritores: Exercício físico. Idosos. Patologia.
degenerativas. Assim, o cuidar em estratégias grupais que visem à
manutenção da funcionalidade é fundamental. O presente estudo de Keywords: Exercise. Aged. Pathology.
abordagem qualitativa, fenomenológico, não experimental, de caráter
descritivo e explicativo, objetivou conhecer a óptica de idosos, conviventes _____________________
com as patologias crônico-degenerativas, acerca dos efeitos da prática da
caminhada em grupo, na Estratégia Saúde da Família do bairro
1
Mangueira, da cidade de Grajaú - MA. Inferiu-se, que, essa prática Bacharel em Enfermagem pela Universidade Estadual do Maranhão (UEMA).
representa suporte para as necessidades físicas, mentais e sociais dos Especialista em Docência do Ensino Superior pela Faculdade de Ciências, Educação
pesquisados. Esses resultados possibilitam o planejamento e execução de e Teologia do Norte do Brasil (FACETEN). Atualmente é professor da Faculdade de
ações efetivas para o sucesso no cuidado ao idoso, mantendo-o funcional, Educação de Bacabal (FEBAC) – Departamento de Farmácia e Enfermagem e
condição crucial para o envelhecimento ativo e saudável, o qual tornará a Professor da UEMA
velhice uma conquista social.
2
Bacharel em Enfermagem pela Universidade Estadual do Maranhão/Centro de
Estudos Superiores de Grajaú (UEMA/CESGRA), Especialista em Gestão em Saúde
Pública, Saúde da Família e Coletiva pela Faculdade Adelmar Rosado em parceiria
com Instituto Nordeste de Eduação Superior e Pós-graduação (INESPO)
3
Bacharel em Enfermagem pela Universidade Estadual do Maranhão/Centro de
Resumo Estudos Superiores de Grajaú (UEMA/CESGRA), Especialista em Gestão em Saúde
The natural and human aging is accompanied by physical changes, mental Pública, Saúde da Família e Coletiva pela Faculdade Adelmar Rosado em parceria
and social, often plus chronic degenerative diseases. Thus, the care group com Instituto Nordeste de Eduação Superior e Pós-graduação (INESPO).
strategies aimed at maintaining the functionality is key. The present study Professora do departamento de enfermagem da Universidade Estadual do
qualitative approach, phenomenological, non-experimental and descriptive Maranhão (UEMA/CESGRA)
and explanatory, aimed to know the optics of the elderly, living together
4
with the conditions chronic degenerative, about the effects of the practice of Graduado em Farmácia pela Faculdade de Imperatriz (FACIMP), Especialista em
walking in a group, the Family Health Strategy in the neighborhood hose, Saúde Pública pelo Instituto Nordeste de Educação Superior e Pós-graduação
the city of Grajaú, MA. Inferred that this practice is to support the (INESPO). Pós-graduando em Farmacologia pela Universidade Católica Dom Bosco
physical, mental and social search. These results enable planning and (UCDB) e Mestrando em Saúde e Ambiente pela Universidade Federal do Maranhão
implementing effective strategies for success in caring for the elderly, (UFMA). Professor da Faculdade de Educação de Bacabal (FEBAC)
keeping it functional key condition for active and healthy aging, which will
5
make old age a social achievement. Bacharel em Enfermagem pela Universidade Estadual do Maranhão/Centro de
Estudos Superiores de Grajaú (UEMA/CESGRA), Especialista em Gestão em Saúde
Pública, Saúde da Família e Coletiva pela Faculdade Adelmar Rosado em parceria
com Instituto Nordeste de Eduação Superior e Pós-graduação (INESPO).
Professora do departamento de enfermagem da Universidade Estadual do
Maranhão (UEMA/CESGRA) e do Departamento de Enfermagem da Universidade
Federal do Maranhão (UFMA) Campus - Imperatriz

Para correspondência:
Ayslan Gonçalves Torres
email: ayslan_goncalves@hotmail.com

Data da Submissão: 31/01/2013


Data do Aceite: 14/03/2013

www.jmphc.com
J Manag Prim Health Care 2013; 4(1):19-26.
20

Introdução Brasil, aproximadamente, 20 milhões de pessoas


com idade igual ou maior do que 60 anos.
Segundo projeções estatísticas da Organização
O envelhecimento é um processo natural e Mundial de Saúde – OMS, no período de 1950 a
progressivo, que caracteriza uma etapa da vida do 2025, o grupo de idosos no país deverá ter
homem e dá-se por diversas alterações físicas, mentais aumentado em quinze vezes, enquanto a
e sociais, decorrentes do desgaste das estruturas população total em cinco. Assim, o Brasil ocupará
corporais, psíquicas e cognitivas. Para o indivíduo o sexto lugar quanto ao contingente de idosos no
idoso essa fase representa a ponderação sobre a mundo, alcançando, em 2025, cerca de 32 milhões
própria existência, pois este conclui que alcançou de pessoas com 60 anos ou mais de idade³.
muitos objetivos, mas também sofreu muitas perdas, Hoje é notória e louvável a preocupação
das quais a saúde é vista como a que mais ocasionou que se manifesta para com o envelhecimento da
alterações¹. população, por meio do desenvolvimento de ações
A Organização Pan-Americana de Saúde e políticas voltadas para o benefício da pessoa
(OPAS) define o envelhecimento como um processo idosa. Entretanto não é fato a realidade desejada.
sequencial, individual, acumulativo, irreversível, É preciso por em prática os direitos
universal, não patológico. Geralmente ocorre a determinados pela Lei nº 8.080, do Sistema Único
deterioração de um organismo, comum a todos os de Saúde (SUS), pela Política Nacional de Saúde
membros de uma espécie, de maneira que o tempo o da Pessoa Idosa (PNSPI), pelo Estatuto do Idoso,
torne cada vez menos capaz de fazer frente ao estresse pelo Pacto pela Saúde e pelas portarias e
do meio ambiente e, portanto, aumente sua resoluções decorrentes5. O que certamente servirá
possibilidade de morrer². de suporte para sanar ou ao menos minimizar os
Já o Ministério da Saúde define o efeitos negativos do envelhecimento, senão fazê-lo,
envelhecimento populacional como a mudança na dentro das limitações existentes, positivo para o
estrutura etária da população, com um aumento do sujeito que envelhece e para a sociedade em geral.
número relativo das pessoas acima de determinada Uma forma de se contribuir para isso,
idade, considerada como definidora do início da pode ser por meio de políticas públicas que
velhice. No Brasil, é considerado como idosa a pessoa incentivem a prática de atividade física, pois o
que tem 60 anos ou mais de idade³. exercício implica na repetição de determinado
A sociedade ao longo do tempo sofre movimento. Assim, dizemos que estamos nos
significativas modificações e a transição demográfica exercitando quando realizamos movimentos de
é uma das mais evidenciadas atualmente. Mendes et modo encadeado e sequenciado. Quando se
al¹, dizem que o envelhecimento da população é um associa o movimento à saúde, geralmente, ele é
fenômeno mundial, que teve início nos países compreendido como sinônimo de atividade física e
desenvolvidos, em decorrência da queda de saúde, ainda que sejam definições distintas. Sendo
mortalidade. Acrescentado às grandes conquistas do assim, infere-se que o praticante de atividade física
conhecimento médico, urbanização adequada das com acompanhamento está associado à prevenção
cidades, melhoria nutricional, elevação dos níveis de de doenças6.
higiene pessoal e ambiental tanto em residências Nesse contexto, o profissional de
como no trabalho, assim como, em decorrência dos enfermagem tem espaço para dar contribuição
avanços tecnológicos. Estes fatores ficaram para o envelhecimento ativo e saudável, por meio
evidenciados no final da década de 40 e início dos da implantação de estratégia de atividade física
anos 50. orientada como grupo de caminhada, pois de
Segundo Benedetti et al4, baseados em acordo com Gonçalves et al7, está associada à
relatório da Organização das Nações Unidas (ONU), prevenção de doenças, manutenção do corpo forte
em 2005 o percentual mundial de pessoas acima de 60 e resistente. Podemos elencar, ainda, as melhorias
anos era 11,7%. Entre os países que apresentam nas relações sociais devido à convivência em
percentual de idosos maior que 25% estão: Japão, grupo, propiciadas pelo contato com outras
Itália, Alemanha, Suécia, Portugal, França, Suíça, pessoas de mesma idade durante o envolvimento
Grécia e Espanha entre outros que permanecem nesse com a prática, assumindo peculiar importância na
percentual. O Brasil aparece na marca dos 10%. contribuição para a qualidade de vida da pessoa
De acordo com o Instituto Brasileiro de idosa.
Geografia e Estatística (IBGE), atualmente há no Essa é uma estratégia defendida por
www.jmphc.com
J Manag Prim Health Care 2013; 4(1):19-26.
21

Freitas et al8 ao afirmarem que 90% das pessoas que Metodologia


praticam exercício físico, preferem fazê-lo com um
companheiro ou com um grupo a se exercitarem Trata-se de uma pesquisa de campo
sozinhos. qualitativa, um estudo fenomenológico, não
Santana e Santos9 apontam que oferecer experimental, que buscou descrever, compreender,
espaços de sociabilização e de interação no processo interpretar e explicar os fenômenos que se
de cuidar, propicia ambiente favorável à estimulação apresentam à percepção dos idosos que praticam
do imaginário, à revelação de medos escondidos e de caminhada em grupo.
coisas esquecidas e recalcadas pelo idoso, como forma O estudo foi desenvolvido na cidade de
de eliminar ou diminuir o mal-estar. Grajaú - MA, no período de 28 de abril a 29 de
Além disso, o Ministério da Saúde lista os maio de 2010, por meio da aplicação de um roteiro
principais benefícios biológicos, psicológicos e sociais de entrevista semiestruturado a todos 10 os idosos
proporcionados por essa prática: melhor matriculados no grupo de caminhada da ESF
funcionamento corporal, diminuindo as perdas Mangueira.
funcionais, favorecendo a preservação da O grupo que é composto atualmente por
independência; redução no risco de morte por 10 idosos, que estão cadastrados na referida ESF
doenças cardiovasculares; controle da pressão arterial; por alguma doença crônico-degenerativa, foi
manutenção da densidade mineral óssea, com ossos e formado pelo enfermeiro responsável da equipe de
articulações mais saudáveis; melhora a postura e o saúde da família do bairro Mangueira no
equilíbrio. Além de favorecer o controle do peso município de Grajaú – MA no ano de 2007.
corporal; melhora o perfil lipídico e aumenta a O critério de inclusão na pesquisa
utilização da glicose pelas células; regula a função consistiu nos idosos que frequentam assiduamente
intestinal; diminuição de quadros álgicos; aumenta a as atividades em um período de cerca de um ano e
resposta imunológica; mais qualidade do sono; três meses a três anos, convivem com patologia
ampliação do contato social; correlações favoráveis crônico-degenerativa, e se dispuseram a participar
com redução do tabagismo e abuso de álcool e drogas; voluntariamente da pesquisa, através do Termo de
e diminuição da ansiedade, do estresse, melhora do Consentimento Livre e Esclarecido. Enquanto o
estado de humor e da autoestima10. critério de exclusão foi justamente os que não
Entendendo a subjetividade do cliente como contemplaram o critério de inclusão.
fator fundamental para o cuidado de qualidade, fez-se A maioria dos idosos que participaram do
necessário investigá-la de forma holística. Nessa estudo eram viúvos, todos aposentados sem
perspectiva, conhecer o que pensa o sujeito, acerca nenhuma atividade laboral, residentes no
dos resultados dos cuidados que lhe são prestados, município de Grajáu - MA, convivendo com
far-se-á num estimável complemento para o progresso doenças como o diabetes ou hipertensão arterial.
da eficácia da assistência à saúde do idoso na ESF. Destaca-se que este estudo atendeu às
A experiência da prática da caminhada de exigências do Conselho Nacional de Saúde, obteve
idosos em grupo é feita em uma ESF da cidade de aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa da
Grajaú – MA. Seus resultados são passíveis de Faculdade NOVAFAPI sob o processo CAAE n°
mensuração que segundo a equipe prestadora de 0070.0.043.000-10, em 20 de abril de 2010,
assistência, demonstram modificações atendendo à Portaria n° 196/96 do Conselho
significativamente positivas nas condições clínicas de Nacional de Saúde que normatiza as pesquisas
idosos que convivem com doenças crônico- envolvendo seres humanos. A identificação de
degenerativas, como hipertensão e diabetes. cada participante foi pela letra “I” de idoso e
Estes são resultados plausíveis, no entanto, os enumerada conforme a ordem de coleta dos dados.
aspectos físicos de dados objetivos não são suficientes
para a compreensão de forma holística dos efeitos da
prática em questão. Viu-se, portanto, a necessidade de
Resultados e Discussão
realizar o presente estudo, objetivando conhecer a
óptica dos idosos acerca dos efeitos da prática da Os dez idosos entrevistados encontram-se
caminhada em grupo, buscando identificar a na faixa etária de 62 a 76 anos de idade, 7 (sete)
contribuição dessa atividade para o envelhecimento deles são do sexo feminino e 3 (três) do sexo
ativo e saudável. masculino. Metade é casada, um solteiro e os
demais viúvos. Quanto à escolaridade, a maior

www.jmphc.com
J Manag Prim Health Care 2013; 4(1):19-26.
22

parte cursou o ensino fundamental incompleto, e intenção, que leva uma pessoa a fazer algo ou
apenas 1 (um) o ensino fundamental completo, agir de certa forma. Assim, qualquer discussão
01(um) o ensino médio incompleto e 4 (quatro) não sobre motivação implica investigar os motivos que
são alfabetizados. O tempo de participação no grupo influenciam um determinado comportamento, ou
de caminhada varia de um ano e três meses a três seja, todo comportamento é motivado, é
anos. Enquanto as doenças crônico-degenerativas impulsionado por motivos.
citadas pelos participantes incluem Hipertensão O grupo atua na prevenção secundária da
Arterial (HA), Diabetes Mellitus (DM), Osteoporose, saúde dessas pessoas, as quais já se encontram
Artrose, Bursite e ainda Câncer de pele, Asma e acometidas por patologias como as doenças
Hipercolesterolemia. crônico-degenerativas, particularmente comuns
Assim, um dos motivos elencados pelos em indivíduos de sobrevida avançada nos países
entrevistados quanto à participação no grupo de em desenvolvimento.
caminhada, foi à necessidade de cuidados de saúde e Nessa fase da vida, reforçam Bessa e
prevenção de complicações de suas patologias como a Silva , eles decidem por livre vontade ou por
11

crise hipertensiva. Além disso, a constante influência de outras pessoas a procurarem um


insatisfação com o peso, dores e depressão, bem como grupo, posto que poderiam oferecer um tipo de
a oportunidade de socialização, entretenimento, sociabilidade, possibilitando uma reconstrução de
influência e suporte de amigos e cônjuge. Estes foram vida fora do contexto familiar e parental.
os fatores determinantes para o ingresso dos idosos Mazo et al12 afirmam ainda, que a
no grupo de caminhada. influência de amigos e/ou cônjuge gera uma
maior probabilidade de indivíduos serem
Observemos as falas a seguir: fisicamente ativos, porque os participantes dessa
prática, por viverem e sentirem os reais impactos
“Mulher, foi sobre a pressão que alterou, aí da mesma, tornam-se contribuintes essenciais para
eu, eu digo é obrigado eu ir lá, (risos..), aí a busca dos que ainda não experimentaram,
eu falei para (ACS) e ela disse vai menina, sobretudo quando se trata de pessoas com as quais
tu vai, aí um dia eu cheguei lá, aí estavam, já têm convivência e confiabilidade.
aí eu falei gente vim medir a pressão que ela Não obstante, é interessante destacar a
está meio assulerada, estava 22...” (I1) relevância da assistência do enfermeiro da ESF,
enquanto cuidador/educador e conhecido da
“[...] e olha, eu estava pesando 69 quilo aí pessoa idosa na contribuição para o
eu estava cansada, eu digo, não, eu vou envelhecimento ativo e saudável.
fazer essa caminhada que o povo diz.” (I2)
Os efeitos da prática da caminhada em grupo
“É... o motivo é saúde né? porque eu vivia
muito cheia de dor [...]” (I4) As modificações contempladas pela
percepção dos sujeitos da pesquisa incluem
“Rapaz, o motivo é o seguinte: que é uma
melhoras de ordem física, mental e social em suas
diversão para os idosos, pra mim e outros
próprias vidas.
idosos, é uma diversão né, tem uma doutora
lá pra gente fazer as fisio né, tem aquela
Controle das doenças crônico-degenerativas
animação lá, vez em quanto aparece uma
brincadeirinha pra gente, então é uma
[...] Mudou foi muito, porque ela era
diversão pra mim e pra outros idosos sempre alta, sempre era 16, só chegava 16,
também né? é bom, pra mim eu acho bom 18, e agora 14, eu achei que melhorou
aquela diversão alí das caminhada né?” muito né? (I1)
(I5)
[...] O que mudou, foi porque, minha
“O motivo foi porque eu vivia doente e a pressão vive controlada, meu diabete.
técnica de enfermagem e o enfermeiro (I3)
vieram aqui e me levaram prá lá.” (I10)
[...] achei bom né e aí eu melhorei muito,
Corroborando com o exposto acima, Freitas et digo a pressão né? Controlada [...] (I4)
al8 define motivo como alguma força interior, impulso
www.jmphc.com
J Manag Prim Health Care 2013; 4(1):19-26.
23

[...] a pressão está controlada, a diabete está bastante, melhorei mermo. (I2)
controlada [...] (I5)
Entende-se nesse depoimento o
Melhorou várias coisas, o problema da contentamento relacionado à redução de peso e a
pressão, a gente vive controlando ela, o melhora do cansaço. Isso devido seu longo período
diabete, a artrose, que em tudo que a gente faz de prática, conforme evidenciado nos estudos de
aquela caminhada, tudo que a gente faz Caromano et al13, onde se percebeu que embora
aqueles exercícios, eles vão melhorando a houvesse uma tendência à diminuição do peso e
saúde da gente, certo? (risos). (I6) da porcentagem da gordura corpórea com a
manutenção dos exercícios, existia a necessidade
[...] a pressão normalizou, então [...] tenho até de um período longo de atividade física para
é gozado mais saúde com a aquela caminhada alterar estes parâmetros.
logo bem cedinho (risos). [...] hum! controlou, Percebe-se então a importância preventiva
contanto toda vez que faço a caminhada a de ordem primária e secundária da caminhada,
pressão volta ao normal e isso é o que eu visto que atuaria controlando o armazenamento
estou achando bom. (I7)
excessivo de gorduras na região abdominal, que
para Farinatti et al15, está relacionada com o
De acordo com os relatos acima, pode-se
desenvolvimento de doenças crônicas
inferir que a população estudada percebe a prática da
cardiovasculares e metabólicas.
caminhada como mecanismo efetivo no controle do
Sabe-se que o sobrepeso e a obesidade são
diabetes, artrose e especialmente da hipertensão
condições crescentes em uma abrangência
arterial (HA).
mundial, podendo, dessa forma, serem
Assim, podemos dizer que os benefícios à
considerados problemas de saúde pública, e como
saúde ocorrem mesmo quando a prática de atividade
afirmam Chaim et al16, constituem risco para
física é iniciada em uma fase tardia de vida, por
instalação de incapacidades. Sendo que no
sujeitos sedentários, sendo benéfica inclusive para
indivíduo de idade avançada, adquire dimensão
portadores de doenças crônicas13.
aumentada.
Neste caso, relatamos que a prática de
atividade física dinamiza a fisiologia corporal de tal Alívio nos quadros álgicos
maneira que causa uma vasodilatação, diminuindo a
tensão nas paredes das artérias e a resistência vascular [...] já bastava essa dor em meus braços
periférica, culminando com a diminuição da pressão que eu sentia muito, não estou sentindo
arterial (PA) sistêmica14, como podemos verificar mais e assim estou bem melhor. (I2)
através dos relatos dos sujeitos.
Mediante estudos de Farinatti et al15, [...] tinha dia que eu me sentava assim, eu
exercícios com altas intensidades não parecem tinha que botar as pernas em cima de uma
necessários para que sejam obtidos benefícios na cadeira, parece que era aquela dor
redução da pressão arterial e diminuição nas taxas de cansada, e acabou, não sinto mais não.
morbimortalidade e que exercícios de baixa (I3)
intensidade seriam tão ou mais eficazes na atenuação
da HA quanto aqueles com intensidade elevada. [...] e aquele horror de dor que eu tinha
As informações dispostas pelos pesquisados também [...] Mudou assim porque eu não
corroboram com os estudos anteriores, haja vista que saía assim né, aí comecei andar para lá e
o referido controle das patologias é advindo de uma melhorei muito assim das dores [...] (I4)
prática de caminhada que se encaixa no perfil de
baixa e média intensidade, dependendo da condição [...] o que eu sinto muito, muito, muito é
clínica e resistência física do idoso. essa dor aqui no braço, porque eu tenho
um pouquinho de deslocamento aqui, e o
Redução na massa corpórea médico disse que se eu não melhorasse era
para operar [...] com as caminhadas, os
[...] e olha, eu estava pesando 69 quilo aí eu exercícios [...] me aliviou demais com as
estava cansada, eu digo, não, eu vou fazer fisioterapia, aquele negócio de jogar os
essa caminhada que o povo diz, e agora estou braço aqui, movimenta, eu me sinto muito
pesando 61 [...] Achei muito, melhorei bem na caminhada[...] (I8)
www.jmphc.com
J Manag Prim Health Care 2013; 4(1):19-26.
24

preocupações que ameaçam a pessoa idosa, que,


Muita coisa, porque eu tinha uma dor muito por conseguinte, agora pode conversar e rir em
grande nas pernas e depois da caminhada eu meio a seus semelhantes.
me sinto bem melhor... (I10) Como documentou Nardi et al17, entre as
terapêuticas para depressão está à participação em
As falas acima revelam a influência da atividades de grupo. Moraes et al18, por meio de
caminhada e dos exercícios fisioterápicos pré- revisão de artigos, concluiu que dessas a
caminhada, no controle de algias, contribuindo dessa caminhada e corrida são os tratamentos mais
forma para funcionalidade e bem estar da pessoa utilizados para níveis graves de depressão,
idosa. O estresse causado no organismo pela recomendando ainda, atividades longas e menos
presença de dor é potencializado na pessoa de idade intensas, argumentando que dessa forma
avançada, porque se tem o somatório das alterações e interrompem com maior eficiência os sintomas
limitações próprias da senescência. depressivos.
Tendo em vista que a maioria dos
Melhora na saúde mental e social pacientes depressivos é sedentária, preconiza-se a
frequência das atividades em duas a quatro vezes
[...] aí graças a Deus me ajudou muito esse por semana, dado que confere com o realizado no
grupo, porque do jeito que eu estava, eu não
grupo objeto do presente estudo18.
queria ver ninguém, aí eu me enturmei,
Percebe-se, através dos depoimentos, a
parece que me curei, certo? (risos). (I6)
contribuição da caminhada em grupo no
tratamento dos sintomas depressivos de quem a
[...] tudo é de bom para gente, a gente tira
pratica. O contato com outras pessoas aumenta o
uma coisa que tem assim no sentido, às vezes,
círculo de amizades e, evidentemente, as fontes de
a gente está pensando muito em uma coisa,
quando se acha no meio daquele horror de ajuda, construindo dessa maneira para o suporte
gente de idade, a gente conversa, sorrir toda do enfrentamento das dificuldades além do seio
coisa, a gente distrai e aquilo passa, não é? familiar.
para mim foi muito legal, está bom. (I10) Os pesquisados retratam ainda, a vivência
com as atividades em grupo como colaboradora
[...] a gente parece que melhora mermo a vida para a promoção do bem estar. Há um
da gente mais assim, o mau amor (risos), reconhecimento de que os seres humanos são
tudo melhorou [...] (I3) sociais por natureza, condição essa que aflora no
período da velhice, como aponta I.8, quando diz
Bom, a gente melhora mais porque aquela que o isolamento, a vida sem sair de casa, é que
solidão que a gente tem, muitas vezes na adoece o idoso.
caminhada junto com as outras pessoas Verificou-se ainda a presença de sorrisos
conversando né? Participando e fazendo entremeando as respostas, detalhe interessante e
exercício a gente melhora muito a saúde, né? louvável, à medida que comprova o benefício do
[...] porque o que adoece o idoso é o grupo para o humor de seus integrantes.
isolamento, né? [...] o idoso não pode ser Assim, o exercício físico está também
fechado, tem que andar, tem que se comunicar associado ao aumento da alegria, da autoeficácia e
tudo, isso é muito bom, o idoso que só vive em do autoconceito. Parece que as atividades físicas
quatro parede ele fica muito mais doente, né? dão a oportunidade de o indivíduo ter uma
(I8) sensação de sucesso que, por sua vez, reforça a
autoimagem e a autoestima positiva12.

A vivência em sociedade é própria do ser Melhora na mobilidade física


humano porque caracteriza sua natureza social, por
meio da verbalização feita pelos participes, percebe- [...] caminhando eu achei mais,
se, que o grupo de caminhada se constitui como desenvolveu mais um pouco né? que a
promotor de saúde mental, proporcionando possível perna que era inchada, que, é essa, que eu
cura e ressocialização de quem se encontrava em caí [...] aí eles diziam assim: olha ela está
depressão. Este também possibilita a proteção da caminhando melhor! eu digo, vocês
mente contra os malefícios das numerosas acham? Está, no dia que tu veio a

www.jmphc.com
J Manag Prim Health Care 2013; 4(1):19-26.
25

primeira vez tava toda torta! (risos...) (I1) que a implantação da prática da caminhada de
idosos em grupo na Estratégia Saúde da Família
[...] e aí amoleceu mais os ossos né? (risos) representa importante ferramenta.
que já era tudo duro, gostei muito e estou O presente estudo, realizado por meio de
gostando, já está com dois anos né? não entrevistas a idosos da ESF Mangueira, ao
pretendo deixar não. (I4) descrever a óptica dos mesmos em relação aos
efeitos da vivência dessa estratégia em suas vidas,
[...] as pernas da gente desenvolve mais um tornou possível entender que eles percebem-na,
pouco né? [...] (I9) como forma de dinamizar positivamente o seu
envelhecer. Pois reconhecem e relatam os efeitos
Entende-se a prática da caminhada como benéficos no controle das doenças comuns na
promotora e/ou restauradora da elasticidade, idade avançada, na consolidação do bem estar
flexibilidade e melhoramento postural do idoso. físico, mental e social.
O envelhecimento biológico dos humanos, Os resultados encontrados atuam como
geralmentre, relacionado a diminuição da quantidade norte, para a atuação eficaz de todos os membros
de líquidos, da elasticidade dos tecidos e ainda pelo da equipe de assistência, para a avaliação da
desenvolvimento de patologias nas articulações, efetividade da implementação e desenvolvimento
sedentarismo e quedas, compromete a manutenção da das políticas públicas de saúde em prol dos que
qualidade na mobilidade física, do equilíbrio e da envelhecem, bem como no planejamento de novas
postura19. A caminhada surge então para contornar estratégias que se fizerem necessárias.
eficazmente tal situação, pois estimula e mantém a Portanto, necessita-se, valorizar os esforços
funcionalidade das articulações, pela sucessiva dispensados anteriormente para o aumento da
repetição dos movimentos. expectativa de vida humana, colocando em prática
Sabe-se que uma boa mobilidade articular tem as políticas públicas existentes em favor da
representativa importância para o sucesso nas manutenção da funcionalidade e autonomia da
atividades cotidianas, sobretudo na prevenção de pessoa idosa. Só assim, dar-se-á largo passo no
quedas, causa frequente de internação hospitalar, caminho que fará a velhice sair da condição de
deterioração da capacidade funcional e até aceleração prejuízo para se tornar conquista social.
do processo de finitude entre idosos.
Dado interessante nesse contexto, são os
estudos de Farinatti et al15 quando demonstram que o Referências
tempo de adaptação após treinamento específico é
1. Mendes MRSSB, Gusmão JL, Faro ACM, Leite RCBO.
relativamente curto. Fato confirmado pelos resultados A situação social do idoso no Brasil: uma breve
de sua pesquisa onde o incremento da flexibilidade de consideração. Acta Paul Enferm 2005; 18 (4): 422-6.
tronco aconteceu de forma rápida. Esses resultados 2. Morais EP, Rodrigues RAP, Gerhardt TE. Os idosos
juntamente com os declarados pelos sujeitos mais velhos no meio rural: realidade de vida e saúde
de uma população do interior Gaúcho. Texto
pesquisados no presente estudo convergem para a Contexto Enferm, Florianópolis, 2008; 17(2):374-83.
otimização de pensamentos acerca da efetividade da 3. Brasil, Ministério da saúde. Secretaria de atenção à
caminhada na promoção do envelhecimento ativo. saúde. Atenção à saúde da pessoa idosa e
envelhecimento. Série Pactos pela Saúde 2006, v.12.
Brasília (DF) Ministério da saúde; 2010.
Considerações Finais 4. Benedetti TRB, Gonçalves LHT, Mota JAP da S. Uma
proposta de política pública de atividade física para
O envelhecimento humano é fenômeno idosos. Texto Contexto Enferm, Florianópolis, 2007;
merecedor de atenção nesse momento, haja vista, que 16(3):387-98.
5. Vono Z E. Enfermagem gerontológica: atenção à
a inversão da pirâmide demográfica brasileira se pessoa idosa. Série apontamentos. 2ª ed. São Paulo:
manifesta como um grande desafio para a saúde. SENAC; 2007.
O aumento no número de pessoas atingindo a 6. Brasil, Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à
terceira idade, acompanhado de doenças crônico- Saúde. Revista brasileira: saúde da família. Brasília
(DF), Ministério da Saúde; 2006.
degenerativas configuram um quadro preocupante, 7. Goncalves MP, Tomaz C, Sangoi C. Considerações
porque há uma incompatibilidade entre demanda e sobre envelhecimento, memória e atividade física. R.
suporte do sistema de saúde. Porém, a existência de Bras. Ci e Mov 2006; 14(2): 95-102.
políticas e algumas iniciativas assistenciais já 8. Freitas CMSM, Santiago MS, Viana AT, Leão AC,
Freyre C. Aspectos motivacionais que influenciam a
colaboram no enfrentamento dessa realidade. Sendo adesão e manutenção de idosos a programas de

www.jmphc.com
J Manag Prim Health Care 2013; 4(1):19-26.
26

exercícios físicos. Rev. Bras. Cineantropom. Desempenho 15. Farinatti PTV, Oliveira RB, Pinto VLM, Monteiro
Hum 2007; 9(1): 92-100. WD, Francischetti E. Programa domiciliar de
9. Santana RF, Santos I. Como tornar-se idoso: um modelo exercícios: efeitos de curto prazo sobre a aptidão
de cuidar em enfermagem gerontológica. Texto e física e pressão arterial de indivíduos hipertensos.
Contexto Enferm 2005; 14(2):95-102. Arquivos Brasileiros de Cardiologia. v.84 - n.6 jun;
10. Brasil, Ministério da saúde. Secretaria de Atenção à 2005.
Saúde. Caderno de atenção básica n° 19: envelhecimento 16. Chaim J, Izzo H, Sera CTN. Cuidar em saúde:
e saúde da pessoa idosa. Brasília (DF); 2007. satisfação com imagem corporal e autoestima de
11. Bessa MEP, Silva MJ. Motivações para o ingresso dos idosos. O Mundo da Saúde, São Paulo, 2009;
idosos em instituições de longa permanência e processos 33(2):175-181.
adaptativos: um estudo de caso. Texto Contexto Enferm 17. Nardi EFR, Miguel MEGB, Stachuka M. Avaliação de
2008; 17(2):258-65. estados depressivos em idosos de um grupo de
12. Mazo GZ, Cardoso FL, Aguiar DL. Programa de vivência. Revista F@pciência. v. 3, n. 4, p. 41- 52.
Hidroginástica para Idosos: Motivação, Auto-Estima e Paraná, 2009.
Auto-Imagem. Rev Bras Cineantropom Desempenho 18. Moraes H, Deslandes A, Ferreira C, Pompeu FAMS,
Hum 2006; 8(2):67-72. Ribeiro P, Laks J. O exercício físico no tratamento da
13. Caromano FA, Ide MR, Kerbauy RR. Manutenção na depressão em idosos: revisão sistemática. Rev
prática de exercícios por idosos. Revista do Psiquiatr 2007; 29(1):70-79.
Departamento de Psicologia – UFF, v.18 - n.2 jul./dez; 19. Silveira MM, Pasqualotti A, Colussi EL, Wibelinger
2006. LM. Envelhecimento humano e as alterações na
14. Santos, Marcos Antônio Pereira dos. O exercício físico na postura corporal do idoso. Revista Brasileira de
prevenção e tratamento da hipertensão arterial. Teresina: Ciência da Saúde, ano 8, n° 26, out/nov; 2010.
EDUFPI, 2008.

www.jmphc.com
J Manag Prim Health Care 2013; 4(1):19-26.

Potrebbero piacerti anche