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Entrevista exclusiva sobre resultados do PISA

“Esta é a prova dos nove: os nossos alunos sabem mais”, diz


Sócrates sobre o relatório da OCDE
08.12.2010 — 12:17 Por Bárbara Wong
O primeiro-ministro, José Sócrates, é um homem feliz. Os resultados dos
alunos portugueses nos testes do PISA [Programme for International
Student Assessment] vieram dar razão às medidas que foram tomadas na
área da educação, na anterior legislatura. “O que me espanta mais é
verificar que finalmente alguém disse ao país: “Vocês estão a fazer bem”.
As nossas elites deixaram-nos sozinhos. Nestas batalhas onde se decide o
futuro, a ministra [Maria de Lurdes Rodrigues] esteve sozinha”, recorda.

Os resultados dos alunos portugueses no PISA foram uma boa


notícia?
Foi “a” boa notícia!

No início da legislatura anterior era claro para o Governo que


era preciso mudar a posição de Portugal no PISA?
Não foi nada por causa do PISA [que se tomaram medidas]. Foi por
razões de cidadania, de igualdade de oportunidades e por razões
económicas.

Quais foram as medidas que mais contribuíram para a


melhoria destes resultados?
Em 2005, a primeira medida foi as aulas de substituição e levámos com
uma greve dos professores aos exames e com todos os partidos contra. A
segunda medida foi a escola a tempo inteiro.

Mas os alunos com 15 anos não beneficiaram dessas medidas.


Isso é verdade, [outros] irão beneficiar. Qual foi a grande mudança? O
ensino profissional e não desistir dos que queriam abandonar a escola.
Entre 1995 e 2005 baixámos o abandono e insucesso escolar e o ensino
profissional foi a medida que contribuiu para isso. Há 20 anos que a
OCDE nos dizia: “Por favor, tenham ensino profissional.” Nós, no fundo,
reparámos um erro da democracia. Foi a medida mais poderosa que
tivemos. Fomos acusados de sacrificar a qualidade do ensino e a
conclusão mais evidente deste relatório é que a inclusão foi conseguida
sem nenhum prejuízo da qualidade porque o que demonstra é que os
nossos alunos sabem fazer mais e mais coisas, como diz o relatório. Esta é
a prova dos nove: os nossos alunos sabem mais.
Os resultados do PISA vêm dar razão às medidas levadas a cabo
por Maria de Lurdes Rodrigues?
Acho que foi feita justiça. O Governo esteve sozinho, persistindo nas
mudanças e essas têm consequências que estão à vista de todos. As
escolas e os professores funcionam melhor.

Porque trabalham mais? Porque sentem a coacção, através da


avaliação do seu desempenho?
Coacção! Sobre a avaliação dos professores travámos uma batalha
política, tivemos contra nós todos os partidos. O CDS juntou-se ao PCP,
do BE ao PSD...

E até do PS.
Não. Houve alguns, mas não tinham mandato do partido. A questão na
educação foi sempre lutar pelo interesse geral das famílias, dos alunos e
dos professores. Estes percebiam bem que a ausência de regras na
avaliação prejudicava os bons professores.

Durante a anterior legislatura esteve sempre ao lado da


ministra?
Eu não estive ao lado da ministra, mas das políticas. Eu não fui solidário,
eu bati-me por elas.

O próximo Orçamento do Estado vai ser de austeridade. Até


que ponto os cortes não vão comprometer os futuros resultados
no PISA?
Uma das coisas mais portuguesas é: “Melhorámos agora, mas vamos cair
no próximo”. Não! Eu acho que vamos continuar a melhorar e devemos
fazer melhor com os recursos existentes, temos que os alocar bem. Vamos
continuar a requalificar as escolas. O plano tecnológico vai continuar. O
sistema tem que ser mais eficiente.

Mário Nogueira dizia que o primeiro-ministro tinha dado os


parabéns aos professores por estes resultados, mas que a
recompensa era cortar-lhes nos salários. Concorda?
Os cortes derivam das circunstâncias e não foi só aos professores. Os
professores têm uma ética de responsabilidade que prevalece. A
motivação de um professor não é apenas o dinheiro. Não podíamos
reduzir os salários a todos menos aos professores. Isso era uma vergonha
para os próprios. Eu gostaria de não ter baixado os salários, mas
infelizmente, para defendermos o financiamento da nossa economia,
tínhamos de o fazer e a todos.

Estão previstas mudanças nos currículos do 3.º ciclo que fazem


cair a Área de Projecto e o Estudo Acompanhado, áreas onde os
alunos trabalhavam Matemática e Língua Portuguesa. Não é
um retrocesso?
A decisão não foi tomada em função dos cortes, mas por razões pedagógicas. É
melhor ser a escola a decidir se há Estudo Acompanhado e este deve ser
orientado para as disciplinas onde há mais necessidades e para os alunos que
mais precisam.

A actual ministra diz que o caminho é continuar a subir no ranking


do PISA. O que é que vai ser feito nesse sentido?
Estes resultados deram credibilidade a um movimento que vai prosseguir, de
nos concentrarmos em educar uma nova geração com melhores resultados,
menos saídas da escola. O que há para fazer é muito e são pequenas coisas. É
preciso ter sempre presente o interesse geral e nunca o sacrificar a interesses
corporativos.
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PÚBLICO

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