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INTRODUÇÃO
Não me deixo dissuadir a respeito desta tese de filosofia estatal e penal pelo
simples fato de que o Tribunal Constitucional alemão até agora não tenha
desenvolvido uma teoria específica da limitação do legislador penal, mas se
contentado em recorrer à teoria geral dos direitos fundamentais e ao princí-
pio da proporcionalidade, avaliando o direito penal com base nestes parâ-
metros extraordinariamente frouxos. Pelo contrário, pode-se demonstrar
que a recusa do Tribunal Constitucional Alemão em reconhecer a limitação
do direito penal por meio do princípio da proteção de bens jurídicos está
entre as suas mais lamentáveis falhas, que não deve ser em caso algum
tomada como modelo por outros Estados de Direito Democrático-liberais:
primeiramente – como já demonstrei em detalhes noutra sede e aqui em
breve resumo – o princípio se ancora na concepção básica do contrato soci-
al, que está pressuposto em toda e qualquer constituição e, portanto, tam-
bém na Lei Fundamental alemã, concepção essa que duzentos anos antes
da Lei Fundamental já fora trazida pelo direito penal por Beccaria e desen-
volvida por Hommel, Feuerbach e Birnbaum, encontrando-se, assim, num
nível fundamental de reflexão, que antecedeu a todo constitucionalismo na
Alemanha e que constitui a base histórica deste. Em segundo lugar, justa-
mente o desprezo do princípio da proteção de bens jurídicos e a utilização
do direito penal para fins políticos aleatórios no Terceiro Reich deveriam
evidenciar a necessidade de restrições à utilização desse instrumento1.
1) SCHÜNEMANN, Bernd. “O Direito Penal é a ultima ratio da proteção de bens jurídicos! – Sobre os limites
invioláveis do direito penal em um Estado de Direito liberal”. In: Revista Brasileira de Ciências Criminais
n. 53, 2005, p. 09-37. p. 14-15.
2) MIR PUIG, Santiago. Direito Penal: fundamentos e teoria do delito. São Paulo: RT, 2007. p. 38.
3) PAGLIARO, Antonio. Principi di Diritto Penale: parte generale. 8. ed. Milano: Dott. A Giuffrè Editore,
2003. p. 12-13.
4) ROXIN, Claus. Derecho Penal: parte general – tomo I. Fundamentos. La estructura de la Teoria Del Delito.
Madrid: Civitas, 2003. p. 41.
5) ZAFFARONI, Eugenio Raúl; PIERANGELI, José Henrique. Manual de Direito Penal Brasileiro: v. 1 -
Parte Geral. 6. ed. São Paulo: RT, 2006. p. 77.
6) ZAFFARONI, Eugenio Raúl; PIERANGELI, José Henrique. Manual de Direito Penal Brasileiro: v. 1 -
Parte Geral. 6. ed. São Paulo: RT, 2006. p. 82.
7) Veja-se, por exemplo, a opinião de Juarez Cirino dos Santos. Segundo o autor, além do objetivo declarado do
Direito Penal (a proteção do bem jurídico), existiriam os objetivos reais do ramo que poderiam ser resumidos
como a manutenção do sistema de produção econômico atual baseado na exploração da mais-valia do trabalho
das classes menos favorecidas por um grupo poderoso economicamente e, por isso mesmo, detentor do capital.
DOS SANTOS, Juarez Cirino. Direito Penal: parte geral. Segunda edição. Curitiba: ICPC/Lumen Juris, 2007.
Ver também, do mesmo autor, A Criminologia Radical. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2007.
8) As “finalidades” são aquilo para o que o Direito Penal teria sido desenhado: a proteção dos bens jurídicos, a
contenção da violência estatal, a prevenção da vingança privada e a garantia dos envolvidos no conflito penal.
Já as “funções” são aquilo para o que o Direito Penal é usado: além da proteção de bens jurídicos (a função
legítima), serve para a promoção exagerada de bens jurídicos – função promocional – e para aplacar a ira da
população – a sua função simbólica. Evidentemente, essas duas últimas são funções ilegítimas do Direito Penal,
mas que vem sendo aplicadas reiteradamente em um Estado que padece da falta de uma política criminal
adequada. GOMES, Luis Flávio. Direito Penal: parte geral. São Paulo: RT, 2003. p. 20 e seguintes.
9) ZAFFARONI, Eugenio Raúl; PIERANGELI, José Henrique. Manual de Direito Penal Brasileiro: v. 1 -
Parte Geral. 6. ed. São Paulo: RT, 2006. p. 83 e seguintes.
10) ZAFFARONI, Eugenio Raúl; PIERANGELI, José Henrique. Manual de Direito Penal Brasileiro: v. 1 -
Parte Geral. 6. ed. São Paulo: RT, 2006. p. 84.
a defesa social bem entendida não pode ser algo distinto da segurança
jurídica, salvo que se entenda a primeira em sentido organicista ou antro-
pomórfico e a segunda como um conceito puramente formal, ambas as
pretensões que desembocam em uma legislação que aniquila os direitos
humanos, por desconhecimento de todos os limites à sua ingerência12.
11) ZAFFARONI, Eugenio Raúl; PIERANGELI, José Henrique. Manual de Direito Penal Brasileiro: v. 1 -
Parte Geral. 6. ed. São Paulo: RT, 2006. p. 86.
12) ZAFFARONI, Eugenio Raúl; PIERANGELI, José Henrique. Manual de Direito Penal Brasileiro: v. 1 -
Parte Geral. 6. ed. São Paulo: RT, 2006. p. 87.
13) FIANDACA, Giovanni e MUSCO, Enzo. Diritto Penal: parte generale. 4. ed. Bologna: Zanichelli editore,
2004. p. 04.
14) PRADO, Luiz Regis. Bem Jurídico-Penal e Constituição. São Paulo: RT, 1996, p. 62.
15) Aqui, é interessante ler as palavras de Zaffaroni: “O âmbito do controle social é amplíssimo e, dada sua
protéica configuração e a imersão do investigador no mesmo, ele nem sempre é evidente. Este fenômeno de
ocultamento do controle social é mais pronunciado nos países centrais do que nos periféricos, onde os conflitos
são mais manifestos. De qualquer modo, inclusive nos países periféricos, o controle social tende a ser mais
anestésico entre as camadas sociais mais privilegiadas e que adotam os padrões de consumo dos países
centrais”. Esse controle social, é importante lembrar, se exerce de maneira reticular: não é fruto apenas das
estruturas oficiais e explícitas, como o sistema penal e a polícia, mas também é produzido pelos órgãos que
compõem a própria estrutura social natural, tais como a família, a religião, a educação, etc. Daí que “quem
quiser formar uma idéia do modelo de sociedade com que depara, esquecendo esta pluridimensionalidade do
fenômeno de controle, cairá em um simplismo ilusório”. In: ZAFFARONI, Eugênio Raúl e PIERANGELI, José
Henrique. Manual de Direito Penal Brasileiro: parte geral. São Paulo: RT, 2004. p. 61-62.
16) PRADO, Luiz Regis. Bem Jurídico-Penal e Constituição. São Paulo: RT, 1996. p. 61.
17) ZAFFARONI, Eugênio Raúl e PIERANGELI, José Henrique. Manual de Direito Penal Brasileiro: parte
geral. São Paulo: RT, 2004. p. 68.
18) PRADO, Luiz Regis. Bem Jurídico-Penal e Constituição. São Paulo: RT, 1996. p. 57.
19) PRADO, Luiz Regis. Bem Jurídico-Penal e Constituição. São Paulo: RT, 1996. p. 57-58.
20) GONÇALVES, Luiz Carlo dos Santos. Mandados Expressos de Criminalização e a Proteção de
Direitos Fundamentais na Constituição Brasileira de 1988. Belo Horizonte: Fórum, 2007. p.65.
21) Veja-se, nesse sentido, a conhecida contribuição da histórica obra do Marquês de Beccaria, “Dos Delitos e das Penas”.
22) LUISI, Luiz. Os Princípios Constitucionais Penais. 2. ed. Porto Alegre: Sérgio Antonio Fabris Editor,
2003. p. 101 e seguintes.
23) FERREIRA FILHO, Manoel Gonçalves. Direitos Humanos Fundamentais. 3. ed. São Paulo:
Saraiva, 1999. p. 31.
24) BONAVIDES, Paulo. Curso de Direito Constitucional. São Paulo: Malheiros, 1994. p. 233.
25) LUISI, Luiz. Os Princípios Constitucionais Penais. 2. ed. Porto Alegre: Sérgio Antonio Fabris
Editor, 2003, p. 104.
26) Um dos cinco estudantes que moram em uma república, em um acesso de fúria, golpeia e quebra o
aparelho de televisão comum. Cada um dos quatro colegas adota uma postura no que se refere ao aconteci-
do: um deles pretende a punição, outro a reparação, o seguinte uma terapia e o último, uma conciliação. In:
ZAFFARONI, Eugênio Raúl e PIERANGELI, José Henrique. Manual de Direito Penal Brasileiro:
parte geral. São Paulo: RT, 2004. p. 59.
27) FIANDACA, Giovanni e MUSCO, Enzo. Diritto Penal: parte generale. 4. ed. Bologna: Zanichelli
editore, 2004. p. 04.
28) SCHÜNEMANN, Bernd. O Direito Penal é a ultima ratio da proteção de bens jurídicos! – Sobre os limites
invioláveis do direito penal em um Estado de Direito liberal. In: Revista Brasileira de Ciências Criminais
n. 53, 2005. p. 09-37, p. 20.
29) ZAFFARONI, Eugênio Raúl e PIERANGELI, José Henrique. Manual de Direito Penal Brasileiro: parte
geral. São Paulo: RT, 2004. p. 69.
30) ZAFFARONI, Eugênio Raúl e PIERANGELI, José Henrique. Manual de Direito Penal Brasileiro: parte
geral. São Paulo: RT, 2004. p. 85.
31) LUISI, Luiz. Os Princípios Constitucionais Penais. 2. ed. Porto Alegre: Sérgio Antonio Fabris
Editor, 2003. p. 109.
32) LUISI, Luiz. Os Princípios Constitucionais Penais. 2. ed. Porto Alegre: Sérgio Antonio Fabris
Editor, 2003. p. 108 e 113
33) MIR PUIG, Santiago. Direito Penal: fundamentos e teoria do delito. São Paulo: RT, 2007. p. 94.
34) SANTOS, Juarez Cirino dos. Direito Penal: parte geral. 2. ed. Curitiba: ICPC/Lumen Juris, 2007. p. 25-26.
35) ROXIN, Claus. Derecho Penal Parte General – Tomo I. Madrid: Civitas, 2003. p. 66.
36) LUISI, Luiz. Os Princípios Constitucionais Penais. 2. ed. Porto Alegre: Sérgio Antonio Fabris Editor,
2003. p. 116/117.
37) PRADO, Luiz Regis. Bem Jurídico-Penal e Constituição. São Paulo: RT, 1996. p. 57.
38)TOLEDO, Francisco de Assis. Princípios Básicos de Direito Penal. 5. ed. São Paulo: Saraiva, 1994. p. 15.
39) PRADO, Luiz Regis. Bem Jurídico-Penal e Constituição. São Paulo: RT, 1996. p. 56.
40) PRADO, Luiz Regis. Bem Jurídico-Penal e Constituição. São Paulo: RT, 1996. p.51-52.
41) MIR PUIG, Santiago. Direito Penal: fundamentos e teoria do delito. São Paulo: RT, 2007. p. 95.
42) DIAS, Jorge de Figueiredo. Questões Fundamentais do Direito Penal Revisitadas. São Paulo:
RT, 1999. p. 62.
43) DIAS, Jorge de Figueiredo. Questões Fundamentais do Direito Penal Revisitadas. São Paulo: RT,
1999. p. 66.
44) SANTOS, Juarez Cirino dos. Direito Penal: Parte Geral. Curitiba: ICPC/Lumen Juris, 2006. p. 16/17.
45) MIR PUIG, Santiago. Direito Penal: fundamentos e teoria do delito. São Paulo: RT, 2007. p. 97.
46) MIR PUIG, Santiago. Direito Penal: fundamentos e teoria do delito. São Paulo: RT, 2007. p. 97.
47) PRADO, Luiz Regis. Bem Jurídico-Penal e Constituição. São Paulo: RT, 1996. p. 68.
48) ROXIN, Claus. Derecho Penal Parte General – Tomo I. Madrid: Civitas, 2003. p. 63.
49) PRADO, Luiz Regis. Bem Jurídico-Penal e Constituição. São Paulo: RT, 1996. p. 67.
50) DIAS, Jorge de Figueiredo. Questões Fundamentais do Direito Penal Revisitadas. São Paulo: RT, 1999. p. 66.
51) FASSÒ, Guido. Storia della filosofia del diritto. Roma: Laterza, 2003. p. 91.
52) REALE JÚNIOR, Miguel. Teoria do Delito. São Paulo: RT, 2000. p. 17.
53) Lei n. 11.106/2005.
54) PRADO, Luiz Regis. Bem Jurídico-Penal e Constituição. São Paulo: RT, 1996. p. 73.
55) PRADO, Luiz Regis. Bem Jurídico-Penal e Constituição. São Paulo: RT, 1996. p. 73.
CAPÍTULO II – OS MANDADOS
CONSTITUCIONAIS E O DIREITO PENAL BRASILEIRO
56) REALE JÚNIOR, Miguel. Teoria do Delito. São Paulo: RT, 2000. p. 19.
57) LAFER, Celso. A Internacionalização dos Direitos Humanos: constituição, racismo e relações inter-
nacionais. Barueri: Manole, 2005. p. 14.
58) LAFER, Celso. A Internacionalização dos Direitos Humanos: constituição, racismo e relações inter-
nacionais. Barueri: Manole, 2005. p. 13.
59) GONÇALVES, Luiz Carlos dos Santos. Mandados Expressos de Criminalização e a proteção de
Direitos Fundamentais na Constituição Brasileira de 1988. Belo Horizonte: Fórum Editora, 2007. p. 54
e 141 e seguintes.
60) GONÇALVES, Luiz Carlos dos Santos. Mandados Expressos de Criminalização e a proteção de Direitos
Fundamentais na Constituição Brasileira de 1988. Belo Horizonte: Fórum Editora, 2007. p. 56.
61) GONÇALVES, Luiz Carlos dos Santos. Mandados Expressos de Criminalização e a proteção de Direitos
Fundamentais na Constituição Brasileira de 1988. Belo Horizonte: Fórum Editora, 2007. p. 135.
62) GONÇALVES, Luiz Carlos dos Santos. Mandados Expressos de Criminalização e a proteção de
Direitos Fundamentais na Constituição Brasileira de 1988. Belo Horizonte: Fórum Editora, 2007. p.
139.
63) RAMOS, André de Carvalho. Mandados de criminalização no direito internacional dos direitos humanos:
novos paradigmas da proteção das vítimas de violações de direitos humanos. In: Revista Brasileira de
Ciências Criminais, n. 62, nov-dez 2006 (09/55). p. 21.
64) RAMOS, André de Carvalho. Mandados de criminalização no direito internacional dos direitos humanos:
novos paradigmas da proteção das vítimas de violações de direitos humanos. In: Revista Brasileira de
Ciências Criminais, n. 62, nov-dez 2006 (09/55). p. 21.
65) GONÇALVES, Luiz Carlos dos Santos. Mandados Expressos de Criminalização e a proteção de Direitos
Fundamentais na Constituição Brasileira de 1988. Belo Horizonte: Fórum Editora, 2007. p. 45/46.
66) GONÇALVES, Luiz Carlos dos Santos. Mandados Expressos de Criminalização e a proteção de Direitos
Fundamentais na Constituição Brasileira de 1988. Belo Horizonte: Fórum Editora, 2007. p. 159.
67) SANTOS, Juarez Cirino dos. Direito Penal: parte geral. 2. ed. Curitiba: ICPC/Lumen Juris, 2007. p. 460.
68) Tal como Claus Roxin e os seguidores do Funcionalismo Sistêmico moderado.
69) Especialmente Günther Jakobs e seus seguidores.
70) SANTOS, Juarez Cirino dos. Direito Penal: parte geral. 2. ed. Curitiba: ICPC/Lumen Juris, 2007. p. 462/463.
71) RAMOS, André de Carvalho. Mandados de criminalização no direito internacional dos direitos humanos:
novos paradigmas da proteção das vítimas de violações de direitos humanos. In: Revista Brasileira de
Ciências Criminais, n. 62, nov-dez 2006 (09/55). p. 21.
72) RAMOS, André de Carvalho. Mandados de criminalização no direito internacional dos direitos humanos:
novos paradigmas da proteção das vítimas de violações de direitos humanos. In: Revista Brasileira de
Ciências Criminais, n. 62, nov-dez 2006 (09/55). p. 25.
73) O efeito “ressaca” se caracterizaria porque, num mercado altamente competitivo, quem primeiro delinqüe
obriga os outros a fazer o mesmo para poderem competir – um criminoso pressiona indiretamente outro a
tornar-se criminoso; enquanto o efeito “espiral” seria apresentado pelo fato de que cada participante desse
efeito “ressaca” torna-se o centro de uma nova ressaca, daí o efeito “espiral”, efeito que é potencializado pelo
fato do autor em potencial ser consciente do número enorme de delitos econômicos, dos resultados e da
benignidade das penas previstas em lei. BAJO FERNANDEZ, Miguel. Derecho penal económico: desarrollo
económico, protección penal y cuestiones político-criminales. In: Hacia um derecho penal económico
europeo. Madrid: Boletin Oficial Del Estado, 1995. Também, SÁNCHEZ RIOS, Rodrigo. Reflexões sobre o
delito econômico e sua delimitação. In: Revista dos Tribunais n. 775, Maio de 2000, 89º ano (432-448).
74) RAMOS, André de Carvalho. Mandados de criminalização no direito internacional dos direitos humanos:
novos paradigmas da proteção das vítimas de violações de direitos humanos. In: Revista Brasileira de
Ciências Criminais, n. 62, nov-dez 2006 (09/55). p. 22.
75) RAMOS, André de Carvalho. Mandados de criminalização no direito internacional dos direitos humanos:
novos paradigmas da proteção das vítimas de violações de direitos humanos. In: Revista Brasileira de
Ciências Criminais, n. 62, nov-dez 2006 (09/55). p. 23.
76) Dessa porção da doutrina, talvez a manifestação mais evidente seja a de PASCHOAL, Janaina Conceição. In:
Constitucionalização, Criminalização e Direito Penal Mínimo. São Paulo: RT, 2003.
77) GONÇALVES, Luiz Carlos dos Santos. Mandados Expressos de Criminalização e a proteção de Direitos
Fundamentais na Constituição Brasileira de 1988. Belo Horizonte: Fórum Editora, 2007. p. 153.
78) GONÇALVES, Luiz Carlos dos Santos. Mandados Expressos de Criminalização e a proteção de Direitos
Fundamentais na Constituição Brasileira de 1988. Belo Horizonte: Fórum Editora, 2007. p. 158.
79) RAMOS, André de Carvalho. Mandados de criminalização no direito internacional dos direitos humanos:
novos paradigmas da proteção das vítimas de violações de direitos humanos. In: Revista Brasileira de
Ciências Criminais, n. 62, nov-dez 2006 (09/55). p. 36.
80) Decisão da Corte Constitucional Alemã relacionada como BVerfGE 88, 203, 1993.
81) RAMOS, André de Carvalho. Mandados de criminalização no direito internacional dos direitos humanos:
novos paradigmas da proteção das vítimas de violações de direitos humanos. In: Revista Brasileira de
Ciências Criminais, n. 62, nov-dez 2006 (09/55). p. 37 e seguintes.
82) OVEY, Claire; WHITE, Robin C.A. Jacobs & White: The European Convention on Human Rights. 4. ed.
Oxford: Oxford University Press, 2006. p. 234.
83) European Court of Human Rights, case of Osman v. The United Kingdom. N. 87/1997/871/1083. Judge-
ment: 28/10/1998. Disponível em: http://cmiskp.echr.coe.int/tkp197/view.asp?item=1&portal=hbkm
&action=html&highlight=osman%20%7C%20v.%20%7C%20UK&sessionid=9576869&skin=hudoc-en. Acesso
em: 22 jun. 2008.
84) European Court of Human Rights, case of Siliadin v. France. Application n. 73316/01. Judgement: 26/07/2005.
Disponível em http://cmiskp.echr.coe.int/tkp197/view.asp?item=1&portal=hbkm&action=html&
highlight=siliadin%20%7C%20v%20%7C%20france&sessionid=9576869&skin=hudoc-en. Acesso em: 22 jun. 2008.
Dessa forma, pelo fato de que o texto constitucional reconhece (e não tem a
pretensão de “criar”) os direitos fundamentais, é certo que são anteriores à própria
Constituição. Isso está evidente, ademais, a partir do texto constitucional que logo
no seu início (inciso III do artigo primeiro) aponta a dignidade da pessoa humana
como fundamento do Estado brasileiro. Esse mesmo raciocínio, obviamente, se
aplica ao Direito Penal que, como todo normativo referente às regras penais (e,
assim, envolve normas constitucionais tanto quanto legislação infraconstitucio-
nal) está também sujeito à dignidade da pessoa humana e aos direitos fundamen-
tais. Mais do que isso, na esteira do que apresentou acima Afonso da Silva, e se o
85) Essa responsabilidade internacional do Estado existe e é amplamente reconhecida. Neste sentido, RAMOS,
André de Carvalho. Responsabilidade Internacional por Violação de Direitos Humanos. Rio de Janeiro/
São Paulo: Renovar, 2004. No que toca ao complicado tema da responsabilidade criminal do Estado no plano
internacional, apesar de se tratar de tema sobre o qual o debate renasceu a partir da Segunda Guerra Mundial
(DUGARD, John. “Criminal Responsibility of State”. In BASSIOUNI, Cherif (ed.), International Criminal Law,
vol I (239-253). New York: Transnational Publishers, Inc., 1999, p. 240), trata-se de espécie de responsabili-
dade do Estado que definitivamente não é pacificamente reconhecida.
86) SILVA, José Afonso da. Curso de Direito Constitucional Positivo. 21. ed. São Paulo: Malheiros
Editores, 2002. p. 186.
87) SILVA, José Afonso da. Curso de Direito Constitucional Positivo. 21. ed. São Paulo: Malheiros
Editores, 2002. p. 195.
88) RAMOS, André de Carvalho. Mandados de criminalização no direito internacional dos direitos humanos:
novos paradigmas da proteção das vítimas de violações de direitos humanos. In: Revista Brasileira de
Ciências Criminais, n. 62, nov-dez 2006 (09/55). p. 21.
89) SANTOS, Juarez Cirino dos. Direito Penal: parte geral. Curitiba: ICPC/Lumen Juris, 2006. p. 459.
90) Assim, por exemplo, a doutrina de Gunther Jakobs.
91) SANTOS, Juarez Cirino dos. Direito Penal: parte geral. Curitiba: ICPC/Lumen Juris, 2006. p. 456.
92) ROXIN, Claus. Derecho Penal Parte General – Tomo I. Madrid: Civitas, 2003. p. 93.
93) ZAFFARONI, Eugenio Raúl; PIERANGELI, José Henrique. Manual de Direito Penal Brasileiro: v. 1 -
Parte Geral. 6. ed. São Paulo: RT, 2006. Especialmente, nessa porção, p. 93 e seguintes.
94) Convém citar o artigo primeiro da Declaração Universal dos Direitos Humanos: “todas as pessoas nascem
livres e iguais em dignidade e direitos. São dotadas de razão e consciência e devem agir em relação umas às
outras com espírito de fraternidade”. A identificação da condição de homem com a capacidade de escolher entre
o bem e o mal seria justamente o seu maior distintivo como tal.
95) SANTOS, Juarez Cirino dos. Direito Penal: parte geral. Curitiba: ICPC/Lumen Juris, 2006. p. 459.
96) CADEMARTORI, Sérgio. Estado de Direito e Legitimidade: uma abordagem garantista. 2. ed. Campi-
nas: Millennium Editora, 2007. p. 231.
97) SANTOS, Juarez Cirino. Direito Penal: parte geral. Curitiba: ICPC/Lumen Juris, 2006. p. 460.
98) ROXIN, Claus. Derecho Penal Parte General – Tomo I. Madrid: Civitas, 2003. p. 93.
99) PASCHOAL, Janaina Conceição. Constituição, Criminalização e Direito Penal Mínimo. São Paulo:
RT, 2003. p. 85.
100) CADEMARTORI, Sérgio. Estado de Direito e Legitimidade: uma abordagem garantista. 2. ed. Campi-
nas: Millennium Editora, 2007. p. 236.
101) SCHÜNEMANN, Bernd. O Direito Penal é a ultima ratio da proteção de bens jurídicos! – Sobre os limites
invioláveis do direito penal em um Estado de Direito liberal. In: Revista Brasileira de Ciências Criminais
n. 53, 2005, p. 09-37. p. 14.
102) PASCHOAL, Janaina Conceição. Constituição, Criminalização e Direito Penal Mínimo. São Pau-
lo: RT, 2003. p. 84.
103) SCHÜNEMANN, Bernd. O Direito Penal é a ultima ratio da proteção de bens jurídicos! – Sobre os limites
invioláveis do direito penal em um Estado de Direito liberal. In: Revista Brasileira de Ciências Criminais
n. 53, 2005, p. 09-37. p. 13.
104) PASCHOAL, Janaina Conceição. Constituição, Criminalização e Direito Penal Mínimo. São Pau-
lo: RT, 2003. p. 48.
Pur nei limiti predetti, lo sforzo definitorio non è tuttavia privo di utilità. Invero,
nei tempi più recenti, l’elaborazione teorica há posto soprattutto l’accento sul
carattere non statico, ma ‘dinamico” degli oggetti della tutela penale. Il altri
termini, il bene giuridico, nel senso del diritto penale, non equivale semplice-
mente a uma cosa o a um interesse dotato di valore in se stesso; nella realtà o
beni giuridici esistono soltanto, se e nella misura in cui sono ‘in funzione’, cioè
producono effetti utili nella vita sociale. Da questo pundo di vista, i beni non
sono entità intangibili che pretendono una tutela assoluta, dal momento che in
determinati casi può risultare utile addirittura sacrificarne qualcuno, in vista
105) SCHÜNEMANN, Bernd. O Direito Penal é a ultima ratio da proteção de bens jurídicos! – Sobre os limites
invioláveis do direito penal em um Estado de Direito liberal. In: Revista Brasileira de Ciências Criminais
n. 53, 2005, p. 09-37. p. 23.
106) GONÇALVES, Luiz Carlos dos Santos. Mandados Expressos de Criminalização e a proteção de
Direitos Fundamentais na Constituição Brasileira de 1988. Belo Horizonte: Fórum Editora, 2007. p. 296.
107) REALE JÚNIOR, Miguel. Despenalização no direito penal econômico: uma terceira via entre o crime e a
infração administrativa?. In: Revista Brasileira de Ciências Criminais. São Paulo: RT, ano 7, n. 28, out-
dez 1999, p. 121. Citado por PASCHOAL, Janaina Conceição. Constituição, Criminalização e Direito
Penal Mínimo. São Paulo: RT, 2003. p. 46.
CONCLUSÃO
108) FIANDACA, Giovanni e MUSCO, Enzo. Diritto Penal: parte generale. 4. ed. Bologna: Zanichelli
editore, 2004. p. 05.
109) SCHÜNEMANN, Bernd. O Direito Penal é a ultima ratio da proteção de bens jurídicos! – Sobre os limites
invioláveis do direito penal em um Estado de Direito liberal. In: Revista Brasileira de Ciências Criminais
n. 53, 2005, p. 09-37. p. 36.
110) DIMOULIS, Dimitri. O art. 5º, § 4º, da CF: dois retrocessos políticos e um fracasso normativo. In:
TAVARES, André Ramos; LENZA, Pedro; ALARCÓN, Pietro de Jesús. Reforma do Judiciário analisada e
comentada. São Paulo: Método, 2005. (107-119) p. 111.
111) PASCHOAL, Janaina Conceição. Constituição, Criminalização e Direito Penal Mínimo. São Pau-
lo: RT, 2003. p. 79.
112) PASCHOAL, Janaina Conceição. Constituição, Criminalização e Direito Penal Mínimo. São Pau-
lo: RT, 2003. p. 85.
113) Sobre o caráter simbólico do Direito Penal, convém ler Santos, em uma hipotética conversa entre os
seus “segmento pragmático do ego e a instância crítica do superego”: “mas existem coisas ainda piores – por
exemplo, o conceito de prevenção geral positiva surge com o advento do direito penal simbólico, represen-
tado pela criminalização daquelas áreas definidas como situações sociais problemáticas (a economia, a
ecologia, a genética etc.), em que o Estado não parece interessado em soluções sociais reais, mas em
soluções penais simbólicas: protege complexos funcionais – a economia, a ecologia etc. –, nos quais o
homem não é o centro de gravidade do direito, mas simples portador de funções jurídico-penais, segundo
a tese de Baratta. Esse direito penal simbólico não tem função instrumental – não existe para ser efetivo –
, apenas função política de criação de símbolos ou imagens na psicologia do povo, para produzir efeitos de
legitimação do poder político e do próprio direito penal. A legitimação do poder político ocorre pela
ostentação de eficiência repressiva, que garante a lealdade do eleitorado e reproduz o poder – o lastimável
apoio de partidos populares a projetos de leis repressivas no Brasil é explicável por sua conversibilidade em
votos. A legitimação do direito penal é simbólica, mas também instrumental: é simbólica porque problemas
sociais recebem soluções penais, com satisfação meramente retórica à opinião pública; é instrumental
porque revigora o direito penal como programa desigual de controle social seletivo, dirigido contra favelas
e bairros pobres das periferias urbanas, especialmente contra a força de trabalho marginalizada do merca-
do, sem função na reprodução do capital e já punida pelas condições de vida. Aliás, o discurso eficientista
da prevenção geral positiva – também conhecido como integração/prevenção – está na origem da redução
das garantias constitucionais de liberdade, igualdade, presunção de inocência e outras do processo penal
– cuja supressão ameaça converter o Estado Democrático de Direito em estado policial. Enfim, o discurso
da prevenção geral positiva escamoteia a relação da criminalidade com estruturas de desigualdade das
sociedades modernas, instituídas pelo direito e garantidas pelo poder do Estado”. SANTOS, Juarez Cirino
dos. Novas hipóteses de criminalização. Artigo na internet, disponível em http://www.cirino.com.br/artigos/
jcs/novas_hipoteses_criminalizacao.pdf. Acesso em: 22 jun. 2008.
Mais focado no tema que se debate neste trabalho, Schünemann parece fazer-
lhe coro ao dizer que “... a utilização do direito penal não pode ser legitimada por meros
desconfortos que ameacem o indivíduo ou meras imperfeições da organização social118”.
114) STF, Pleno, HC 82959/SP - SÃO PAULO, HABEAS CORPUS, Relator Min. Marco Aurélio Mello,
julgamento em 23/02/2006.
115) Nas figuras típicas da lei n. 9605/98 encaixam-se condutas idílicas como catar e guardar lenha no quintal de
casa para acender uma lareira (art. 46 e seu parágrafo único) ou, simplesmente, pisar culposamente na planta
ornamental do vizinho (art. 49). Sobre comentários a essa legislação, ver REALE JÚNIOR, Miguel. Meio
Ambiente e Direito Penal Brasileiro. In: Revista da Associação Brasileira de Professores de Ciências
Penais. v. 2, ano 2, n. 2, janeiro-junho de 2005. São Paulo: RT, 2005. Ainda, LUISI, Luiz. Os Princípios
Constitucionais Penais. 2. ed. Porto Alegre: Sérgio Antonio Fabris Editor, 2003. p. 95 e seguintes.
116) GONÇALVES, Luiz Carlos dos Santos. Mandados Expressos de Criminalização e a proteção de
Direitos Fundamentais na Constituição Brasileira de 1988. Belo Horizonte: Fórum Editora, 2007. p. 166.
117) SILVA, José Afonso da. Curso de Direito Constitucional Positivo. 21. ed. São Paulo: Malheiros
Editores, 2002. p. 753-754.
118) SCHÜNEMANN, Bernd. O Direito Penal é a ultima ratio da proteção de bens jurídicos! – Sobre os limites
invioláveis do direito penal em um Estado de Direito liberal. In: Revista Brasileira de Ciências Criminais
n. 53, 2005. p. 09-37, p. 18.
119) PASCHOAL, Janaina Conceição. Constituição, Criminalização e Direito Penal Mínimo. São Pau-
lo: RT, 2003, p. 102 e seguintes.
120) SCHÜNEMANN, Bernd. O Direito Penal é a ultima ratio da proteção de bens jurídicos! – Sobre os limites
invioláveis do direito penal em um Estado de Direito liberal. In: Revista Brasileira de Ciências Criminais
n. 53, 2005. p. 09-37, p. 14.
121) FRANCO, Alberto Silva. Do princípio penal da intervenção mínima ao princípio da máxima intervenção. In:
Revista Portuguesa de Ciência Criminal. Coimbra: Coimbra Editora, n. 6, 1996. p. 179-180. Apud PASCHO-
AL, Janaina Conceição. Constituição, Criminalização e Direito Penal Mínimo. São Paulo: RT, 2003. p. 86.
122) SCHÜNEMANN, Bernd. O Direito Penal é a ultima ratio da proteção de bens jurídicos! – Sobre os limites
invioláveis do direito penal em um Estado de Direito liberal. In: Revista Brasileira de Ciências Criminais
n. 53, 2005. p. 09-37, p. 23.
Enquanto uma tal fraqueza tiver sua raiz numa desvantagem social, cum-
pre a meu ver que se reconheça, fundado na moderna expansão da teoria
liberal clássica do contrato social no sentido do Estado social, não apenas
um direito, mas até mesmo um dever do estado de proibir a exploração de
tais desvantagens sociais e de criminalizá-la, na falta de outros meios efi-
cientes. Não é de se ignorar, porém, que com isso o direito penal se torna
a ultima ratio de uma política social fracassada123.
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tección penal y cuestiones político-criminales. In: Hacia um derecho penal
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1994.
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FRANCO, Alberto Silva. Do princípio penal da intervenção mínima ao princípio da
máxima intervenção. In: Revista Portuguesa de Ciência Criminal. Coim-
bra: Coimbra Editora, n. 6, 1996, p. 179-180.
123) SCHÜNEMANN, Bernd. O Direito Penal é a ultima ratio da proteção de bens jurídicos! – Sobre os limites
invioláveis do direito penal em um Estado de Direito liberal. In: Revista Brasileira de Ciências Criminais
n. 53, 2005. p. 09-37, p. 35.