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DOUTRINA DE USO PROPORCIONAL DE FORÇA

Márcio Santiago Higashi Couto- Coronel da Reserva da Polícia Militar do Estado de São
Paulo, onde serviu por trinta e dois anos. Graduado e pós-graduado com mestrado e
doutorado em Ciências Policiais de Segurança e Ordem Pública pela Academia de
Polícia Militar do Barro Branco, aluno do mestrado em Segurança Internacional e Defesa
pela Escola Superior de Guerra (ESG) e pós-graduado em Política e Estratégia pela
USP. Serviu durante onze anos no 1ºBPChq “Tobias de Aguiar”- ROTA, comandou
Companhias de Choque e de Força Tática e trabalhou em várias unidades de
Policiamento Territorial. Professor e coordenador dos cursos de Patrulhamento Tático
de ROTA, Força Tática, Tiro Defensivo na Preservação da Vida- Método Giraldi e do
Curso de Técnicas Básicas de Utilização de Equipamentos Não letais e Defesa Pessoal.

Poder de Polícia.

Obedecendo ao preconizado na Constituição Federal, em seu artigo 144, com a


atribuição de polícia ostensiva e preservação de ordem pública, as Polícias Militares
exercem o chamado Poder de Polícia.
O Desembargador Álvaro Lazzarini conceitua que o poder da polícia, para a Polícia,
é a própria razão de ela existir, é um conjunto de atribuições da Administração Pública,
como poder público e indelegável aos entes privados, tendentes ao controle dos direitos
e liberdades das pessoas, naturais ou jurídicas, a ser inspirado nos ideais do bem
comum.
Segundo o Professor Hely Lopes Meirelles: “Poder de Polícia é a faculdade de
que dispõe a Administração Pública para condicionar e restringir o uso e gozo de
bens, atividades e direitos individuais, em benefício da coletividade ou do próprio
Estado”.
Outra definição de Poder de Polícia pode ser encontrada no Código Tributário
Nacional, em seu artigo 78: “Considera-se poder de polícia atividade da administração
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pública que, limitando ou disciplinando direito, interesse ou liberdade, regula a prática
de ato ou abstenção de fato, em razão de interesse público concernente à segurança, à
higiene, à ordem, aos costumes, à disciplina da produção e do mercado, ao exercício de
atividades econômicas dependentes de concessão ou autorização do Poder Público, à
tranquilidade pública ou ao respeito à propriedade e aos direitos individuais ou coletivos”.

Aspectos Jurídicos e Sociais do Uso Proporcional da Força.

Todos estes conceitos de Poder de Polícia apontam para o dever do Policial


Militar em agir para preservar a ordem pública, restringindo direitos individuais em
benefício do bem comum da sociedade. Para tanto, a Polícia é autorizada até mesmo a
usar a força quando encontra resistência.
O Código Penal Brasileiro estipula os crimes de Desobediência., “Art.330 -
Desobedecer a ordem legal de funcionário público.”, Resistência, “Art.329 - Opor-se à
execução de ato legal, mediante violência ou ameaça a funcionário competente para
executá-lo ou a quem lhe esteja prestando auxílio.” e Desacato, “Art.331 - Desacatar
funcionário público no exercício da função ou em razão dela.”
Ainda no Código Penal, o artigo 23 traz os Excludentes de Ilicitude: o estado de
necessidade, a legítima defesa e o estrito cumprimento do dever legal ou exercício
regular do direito.
Este artigo ainda alerta para o Excesso Punível, onde o agente, em qualquer
das hipóteses dos excludentes, responderá pelo excesso, doloso ou culposo. Os
excludentes encontram embasamento também no artigo 42 do Código Penal Militar.
O agente do Estado, no caso o Operador de Segurança Pública, que necessitar
usar a força para vencer a resistência, deve atentar para a proporcionalidade dos meios
empregados. É importante frisar o que fala o Código Penal em seu artigo 25 sobre a
Legítima Defesa: “Art. 25 - Entende-se em legítima defesa quem, usando
moderadamente dos meios necessários, repele injusta agressão, atual ou iminente, a
direito seu ou de outrem”.(Redação dada pela Lei nº 7.209 , de 11.7.1984). O uso
moderado dos meios necessários está ligado diretamente à proporcionalidade.
O Código de Processo Penal (CPP), no artigo 284 diz que não será permitido o
uso de força, salvo a indispensável no caso de resistência ou de tentativa de fuga do
preso. Notamos aqui novamente a preocupação existente para que o uso da força seja
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apenas a necessária, presente em todo o embasamento jurídico brasileiro que justifica
o Uso de Força por parte da Polícia.
Temos ainda no artigo 293 do CPP – “Se o executor do mandado verificar, com
segurança, que o réu entrou ou se encontra em alguma casa, o morador será intimado
a entregá-lo, à vista da ordem de prisão. Se não for obedecido imediatamente, o executor
convocará duas testemunhas e, sendo dia, entrará à força na casa, arrombando as
portas, se preciso; sendo noite, o executor, depois da intimação ao morador, se não for
atendido, fará guardar todas as saídas, tornando a casa incomunicável, e, logo que
amanheça, arrombará as portas e efetuará a prisão”.

A transformação de Polícia de Proteção do Estado Autoritário, preocupada apenas


com os interesses da classe dominante, presente nos anos do Regime Militar, para
Polícia do Estado Democrático de Direito, preocupada com o bem comum de todos os
cidadãos, após a redemocratização na década de 1980 é lenta e só agora começa a
apresentar resultados de fato.
A forma do trabalho policial, e o trato para com o cidadão, estão mudando. A
truculência e o empirismo deram lugar ao tratamento humanitário e ao trabalho técnico-
científico e profissional. Trocaram-se as operações espalhafatosas e inócuas pelo
planejamento do patrulhamento e análise de dados.
Trocou-se a tortura pela perícia técnico-científica e pela investigação criminal de
fato. Existe hoje uma preocupação muito grande com a preparação e o treinamento do
Policial, bem como com a normatização de procedimentos operacionais
O Ex-Secretário Nacional de Segurança Pública, Ricardo Balestreri ao falar
sobre Direitos Humanos na atuação policial aponta: - “O uso legítimo da força não se
confunde, contudo, com truculência. A fronteira entre a força e a violência é
delimitada, no campo formal, pela lei, no campo racional pela necessidade técnica
e, no campo moral, pelo antagonismo que deve reger a metodologia de policiais e
criminosos.”
A própria postura de sociedade mudou. A cobrança quanto à eficiência da
Polícia e quanto ao tratamento dispensado ao cidadão comum, é bem maior atualmente.
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A sociedade quer uma polícia mais técnica, que utilize a força letal apenas quando
estritamente necessária, e que saiba dosar o uso de força na medida certa.

O do Uso de Força na PMESP.

No que diz respeito à questão técnica e operacional do Uso de Força e a


proporcionalidade dos meios empregados, a Polícia Militar do Estado de São Paulo teve
um grande avanço quando adotou o “Tiro Defensivo na Preservação da Vida”- Método
Giraldi de autoria do Coronel da Reserva Nilson Giraldi, a partir de 1998.
Este método reconhecido pela Cruz Vermelha Internacional e já adotado por vários
órgãos de segurança pública, no Brasil e até mesmo em outros países, preocupa-se
principalmente com o uso da arma de fogo, no uso de força letal, que é o último nível no
Uso de Força.
Uma outra iniciativa da PMESP ocorreu em 1993 com a implantação de Técnicas
de Intervenção Policial Não-letais, priorizando-se a segurança do policial nas
abordagens e minimizando-se o emprego desnecessário da arma de fogo.
Com a adoção do Policiamento Comunitário implementou-se e incentivou-se o uso
de armas não-letais como o espargidor de gás lacrimogêneo e o bastão tonfa, bem como
o uso de munições de borracha no controle de distúrbios civis.
O então 1ºTen PM Décio José Aguiar Leão da PMESP publicou um artigo na
revista Força Policial, editada pela Polícia Militar do Estado de São Paulo em dezembro
de 1999, intitulado “Quando Atirar” onde explorou um modelo de Uso de Força adotado
por algumas organizações policiais nos Estados Unidos conhecido como “Modelo
FLETEC” (Federal Law Enforcement Training Center), abordando a graduação do uso
de força e principalmente os requisitos da situação que autorizariam o agente da lei a
fazer o uso de sua arma de fogo.
A adoção dos Procedimentos Operacionais Padrão (POP) em 2003, normatizou
vários tipos de ações no âmbito da PMESP. Isto facilitou o treinamento e principalmente
a fiscalização e controle do trabalho policial.
Criou-se um embasamento técnico para algumas ações rotineiras como a
abordagem ao indivíduo em atitude suspeita, a pé ou em veículos, e incluiu também
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assuntos mais complexos como ocorrências de roubo a banco e envolvendo artefatos
explosivos.
Toda a postura, ações, medidas corretivas e itens a serem cumpridos estão
estipulados nestes procedimentos. Atualmente há cerca de mais de trinta Procedimentos
Operacionais Padrão sobre vários assuntos da atividade de policiamento.
Embora a PMESP tenha uma postura séria sobre o Uso de Força, adotando
normas internacionais e respeitando os Direitos Humanos, atualmente carece de uma
política própria e padronizada sobre o assunto.

Normas Internacionais sobre Uso de Força e Uso de Arma de Fogo.

O Código de Conduta para os Encarregados da Aplicação da Lei.

Este Código busca criar padrões para as práticas de aplicação da lei que estejam
de acordo com as disposições básicas da liberdade e dos humanos. Por meio da criação
de uma estrutura que apresente diretrizes de alta qualidade ética e legal, procura
influenciar a atitude e o comportamento prático dos encarregados da aplicação da lei.
No artigo 3o do CCEAL está estipulado que os encarregados da aplicação da
lei só podem empregar a força quando estritamente necessária e na medida
exigida para o cumprimento de seu dever.
As disposições enfatizam que o uso da força pelos encarregados da aplicação da
lei deve ser excepcional e nunca ultrapassar o nível razoavelmente necessário para se
atingir os objetivos legítimos de aplicação da lei. O uso da arma de fogo neste sentido
deve ser visto como uma medida extrema.
O artigo 8o do CCEAL estipula que os Encarregados da Aplicação da Lei
devem respeitar a lei e a este Código. Devem, também, na medida das suas
possibilidades, evitar e opor-se rigorosamente a quaisquer violações da lei e do
Código.
O CCEAL exorta os encarregados da aplicação da lei a agir contra as violações
da Código:
Os Encarregados da Aplicação da Lei que tiverem motivos para acreditar que
houve ou que está para haver uma violação deste Código, devem comunicar o fato
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a seus superiores e, se necessário, a outras autoridades adequadas ou órgãos
com poderes de avaliação e reparação.
Esses artigos tem por objetivo sensibilizar as organizações de aplicação da lei e
seus encarregados para a enorme responsabilidade que o Estado lhes outorga.

Princípios Básicos sobre o Uso da Força e Armas de Fogo.

Os Princípios Básicos sobre o Uso da Força e Armas de fogo (PBUFAF)


foram adotados no Oitavo Congresso das Nações Unidas sobre a Prevenção do Crime
e o Tratamento dos Infratores, realizado em Havana, Cuba, de 27 de agosto a 7 de
setembro de 1990.
Apesar de não ser um tratado, o instrumento tem como objetivo proporcionar
normas orientadoras aos Estados-membros na tarefa de assegurar e promover o
papel adequado dos encarregados da aplicação da lei, os princípios estabelecidos
no instrumento devem ser levados em consideração e respeitados pelos governos
no contexto da legislação e da prática nacional, e levados ao conhecimento dos
encarregados da aplicação da lei assim como de magistrados, promotores,
advogados, membros do executivo e legislativo e do público em geral.
O preâmbulo deste instrumento estabelece ainda o reconhecimento da
importância e da complexidade do trabalho dos encarregados da aplicação da lei,
reconhecendo também seu papel de vital importância na proteção da vida, liberdade e
segurança de todas as pessoas.
Ênfase é dada em especial à eminência da manutenção da ordem pública e paz
social; assim como à importância das qualificações, treinamento e conduta dos
encarregados da aplicação da lei. O preâmbulo finaliza, ressaltando a importância dos
governos nacionais levarem em consideração os princípios inseridos neste instrumento
com a adaptação de sua legislação e prática nacionais.

Disposições Gerais e Específicas.

De acordo com essas disposições dos PBUFAF, os governos são encorajados a


adotar e implementar as normas e regulamentos sobre o uso da força e armas de fogo
contra as pessoas pelos encarregados da aplicação da lei. Além disso, são encorajados
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a manter as questões de natureza ética associadas com o uso da força e de armas de
fogo sob constante avaliação.

As normas e diretrizes devem incluir disposições:

- para desenvolver uma série de meios, os mais amplos possíveis, e equipar os


encarregados com vários tipos de armas e munições, permitindo um uso diferenciado
de força e armas de fogo;
- para desenvolver armas incapacitantes não letais para restringir a aplicação de meios
capazes de causar morte ou ferimentos;
- para equipar os encarregados com equipamento de autodefesa como escudos,
capacetes, coletes à prova de bala e meios de transporte blindados, de modo a diminuir
a necessidade do uso de armas de qualquer espécie;
- para assegurar que o desenvolvimento e o emprego de armas incapacitantes não
letais sejam cuidadosamente avaliados de modo a minimizar o risco de pôr em perigo
pessoas que não estejam envolvidas, e que o uso de quaisquer dessas armas seja
cuidadosamente controlado; - para especificar as circunstâncias dentro das quais os
encarregados da aplicação da lei são autorizados a portar armas de fogo e prescrever
os tipos e as munições permitidos;
- para assegurar que as armas de fogo sejam empregadas apenas quando
apropriado e de maneira provável a diminuir o risco de ferimentos desnecessários;
- proibindo o uso de armas de fogo e munições que causem ferimento injustificado,
ou apresentem um risco injustificado;
- regulando o controle, estoque e distribuição de armas de fogo e munições, e
incluindo procedimentos que assegurem a responsabilidade dos encarregados das
armas e munições que lhes forem entregues;
- exigindo que avisos sejam feitos, se apropriados, quando as armas estiverem
por ser disparadas;
-estabelecendo um sistema de registros sempre que a polícia empregue armas
de fogo no desempenho de seus deveres;
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Princípios Essenciais.

Os princípios essenciais no Uso da força e Armas de Fogo são:

LEGALIDADE, NECESSIDADE e PROPORCIONALIDADE

Os Encarregados da Aplicação da Lei somente recorrerão ao uso da força, quando


todos os outros meios para atingir um objetivo legítimo tenham falhado, e o uso da
força pode ser justificado quando comparado com o objetivo legítimo.
Os Encarregados da Aplicação da Lei são exortados a serem moderados no uso
da força e armas de fogo e a agirem em proporção à gravidade do delito cometido e o
objetivo legítimo a ser alcançado. Somente será permitido aos encarregados
empregarem a quantidade de força necessária para alcançar um objetivo legítimo.
Esta avaliação, que tem que ser feita individualmente pelo encarregado da
aplicação da lei em cada ocasião em que a questão do uso da força surgir, pode levar à
conclusão de que as implicações negativas do uso da força em uma determinada
situação não são equiparadas à importância do objetivo legítimo a ser alcançado. Nestas
situações, recomenda-se que os policiais se abstenham de prosseguir.
No treinamento dos encarregado da aplicação da lei, os governos e as
organizações devem dar atenção especial a: questões de natureza ética na aplicação
da lei e direitos humanos; alternativas ao uso da força e armas de fogo, incluindo a
solução pacífica de conflitos, compreensão do comportamento de multidão e métodos
de persuasão, negociação e mediação com vistas a limitar o uso da força e armas de
fogo.

Os programas de treinamento e os procedimentos operacionais devem ser revistos


à luz de incidentes particulares. Os governos e as organizações de aplicação da lei
devem proporcionar orientação sobre estresse aos policiais envolvidos em situações em
que força e arma de fogo foram utilizadas.
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Uso de Armas de Fogo.

O uso de armas de fogo com o intuito de atingir objetivos legítimos de aplicação da


lei deve ser considerada uma medida extrema.
Os encarregados da aplicação da lei não usarão armas de fogo contra
indivíduos, exceto:
em casos de legítima defesa ou defesa de outrem contra ameaça iminente de
morte ou ferimento grave; para impedir a perpetração de crime particularmente grave
que envolva séria ameaça à vida; ou efetuar a prisão de alguém que represente tal
risco e resista à autoridade, ou para impedir a fuga de alguém que represente tal risco;
e apenas nos casos em que outros meios menos extremos se revelem
insuficientes para atingir tais objetivos.
O uso letal intencional de armas de fogo só poderá ser feito quando for
estritamente inevitável para proteger a vida .
O uso da arma de fogo é uma medida extrema, o que é evidenciado ainda mais
pelas regras de comportamento que devem ser observadas pelos encarregados da
aplicação da lei antes de seu uso prático.
Nestas circunstâncias, os encarregados da aplicação da lei deverão:
identificar-se como tal e avisar prévia e claramente sua intenção de usar armas de fogo,
com tempo suficiente para que o aviso seja levado em consideração A NÃO SER QUE
tal procedimento represente um risco indevido para os policiais OU acarrete para outrem
um risco de morte ou dano grave OU seja claramente inadequado ou inútil dadas as
circunstâncias do caso.
Justifica-se a conclusão de que o uso da arma de fogo seja visto como o último
recurso. Os riscos envolvidos no uso da arma de fogo em termos de danos, ferimentos
(graves) ou morte, assim como de não apresentar nenhuma opção real após seu uso, a
transforma na última barreira na elevação dos riscos de uma situação a ser resolvida.

Modelos de Uso de Força.

O Modelo FLETC de Uso de Força.


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O Centro de Treinamento da Polícia Federal (Federal Law Enforcement Training


Center - FLETC), em Illinois nos EUA desenvolveu em 1992 um sistema para o uso
progressivo de força e de arma de fogo e que atualmente é seguido, ou serve como base
para outros modelos semelhantes, por vários órgãos policiais nos Estados Unidos.
Baseando-se no conceito, amplamente aceito, de uso progressivo de força,
possui cinco níveis de alternativas de força, referenciando a situação que o policial
percebe, e sua resposta. A representação gráfica apresenta uma forma de pirâmide.
Os “andares” desta pirâmide são numerados de I a V e possuem cores, para
diferenciá-los. Estas cores são de fácil correlação, acompanhando um espectro natural
de mudança de cores, iniciando no azul, uma cor mais “amena”, terminando no
vermelho, que representa “perigo”.
O uso gradual destas alternativas varia de acordo com a atitude do
suspeito/criminoso. A verbalização, com ‘comandos verbais’ corresponde a uma atitude
submissa. As resistências passivas e ativas correspondem à técnicas de controle de
contato e técnicas de submissão. No caso de ameaça física agressiva, utilizam-se
técnicas defensivas com armas não-letais. E por último no caso de uma grave ameaça
física mortal o policial é autorizado a utilizar a força letal.

O modelo Canadense.
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O Canadá apresenta como modelo nacional um gráfico na forma circular, com
cinco níveis de intervenção policial, graduados também de acordo com sua gravidade e
expressos através de um sistema de cores semelhante ao sistema FLETC.
É um sistema bem simples, de fácil visualização e compreensão, seguindo uma
sequência lógica e proporcional do uso de força, de acordo com a reação ou atitude do
abordado.
É interessante frisar que embora seja um modelo nacional, serve de base para
que Departamentos de Polícia diferentes, como a Real Polícia Montada do Canadá, uma
força federal e para a Polícia da Província de Ontário, uma força regional, pudessem
desenvolver seus próprios modelos de uso de força.
Embora a base seja a mesma, há adequações quanto a política de uso de força
de cada departamento, levando-se em conta tipos de equipamento empregado e formas
de treinamento e atuação diferenciadas.

Outros Modelos.
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Existe uma grande variedade de Modelos de Uso de Força, adotados em
países da Europa e nos Estados Unidos. A maioria segue a mesma ideia, diferindo
principalmente na apresentação gráfica ou na ênfase a determinado procedimento,
variando de acordo com a política de uso de força da corporação que o adotou.
Alguns são modelos próprios para situação de controle de distúrbios civis, outros
para ações táticas desenvolvidas por grupos especiais.
Como a maioria dos países que procuram normatizar o uso progressivo de força
para seus órgãos de proteção da lei e da ordem é composta por países democráticos
que respeitam os Direitos Humanos e seguem os preceitos internacionais de aplicação
da lei, grande parte destes modelos de uso de força, seguem a mesma linha.
No Brasil, o Estado de Minas Gerais e o Distrito Federal se preocuparam em
estabelecer modelos de uso de força para suas Polícias Militares, o que ajuda
sobremaneira no treinamento e na fiscalização da atuação de seus Policiais.
A Secretaria Nacional de Segurança Publica (SENASP) mantém dois cursos na
modalidade EAD (Ensino a Distância), sobre Uso de Força e sobre Armas Não-letais,
que tem ajudado muito a difundir a idéia do emprego proporcional de força.

Proposta de uma Doutrina de Uso Proporcional de Força.


Segundo o Dicionário Aurélio (2018), doutrina é o conjunto de princípios que
servem como base para um sistema. Estes sistemas podem ser científicos, religiosos ou
até mesmo militares.
O termo doutrina está também relacionado a ensinamento, instrução. Em uma
atividade como a de Polícia, o emprego do termo doutrina é mais importante ainda,
porque seus ensinamentos devem ser transmitidos e assimilados plenamente por todos
os integrantes da instituição.
Esta Doutrina de Uso de Força deve congregar valores, crenças, a parte informal
da cultura organizacional, e principalmente a parte técnica e a parte legal, respeitando
as leis do Brasil e Internacionais, além de observar critérios éticos e os Direitos
Humanos.
A ONU adota duas normas, o Código de Conduta para os Funcionários
Responsáveis pela Aplicação da Lei, adotado pela Assembleia Geral das Nações
Unidas na sua Resolução 34/169, de 17 de dezembro de 1979 e os Princípios Básicos
sobre o Uso da Força e Armas de Fogo pelos Funcionários Responsáveis pela
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Aplicação da Lei, adotados pelo Oitavo Congresso das Nações Unidas para a
Prevenção do Crime e o Tratamento dos Delinqüentes, realizado em Havana, Cuba, de
27 de Agosto a 7 de setembro de 1999.
Em 31 de Dezembro de 2010 a Secretaria de Direitos Humanos da Presidência
da República e o Ministério da Justiça baixaram a Portaria Interministerial N°4226,
estabelecendo diretrizes sobre o Uso da Força por agentes de segurança pública, que
não se trata de um modelo de Uso de Força, mas medidas à serem observadas, como a
proibição de disparos de advertência, ou disparos durante perseguições a veículos, bem
como determinando o treinamento e uso de armas não letais.

Níveis de Uso de Força.

O policial dispõe de cinco níveis de Uso de Força, para empregá-los de acordo


com a necessidade, de forma proporcional e respeitando o que a lei impõe. São eles:

a. Procedimentos Operacionais;
b. Comunicação;
c. Técnicas de Defesa Desarmada
d. Meios Não Letais; e
e. Tiro Defensivo (Força Letal).

Estes níveis não são progressivos, mas proporcionais, e devem ser empregados
de acordo com a situação de risco ou ameaça que está sendo enfrentada. O policial pode
deparar-se com situações em que tenha que empregar recursos de mais de um nível,
simultaneamente. Ou iniciar com um nível de força letal e ter que regredir para um meio
não-letal, por exemplo.
Outro fator importante é que ao utilizarmos a proporcionalidade, afastamos o
excesso. O nível e a quantidade de força serão apenas os necessários para vencer a
resistência e controlar o agressor.

Procedimentos Operacionais.

O primeiro nível de Uso de Força são os Procedimentos Operacionais. A simples


presença de um policial, teoricamente, deveria reprimir ou impedir a ocorrência de
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práticas criminosas. O policial representa a força coercitiva do Estado. Sua chegada
ao local, já é uma demonstração dessa força.
Entretanto, esta presença precisa ser efetiva, principalmente na atividade de
policiamento preventivo fardado, que é a atribuição constitucional das Polícias Militares,
segundo o artigo 144 da Constituição Federal.
Esta presença policial só se torna efetiva, se forem seguidas normas e
procedimentos corretos. O início de uma ocorrência pode comprometer todo seu
desdobramento. Uma aproximação inadequada, a utilização de uma técnica errada ou o
número insuficiente de policiais ou a falta de equipamento apropriado, podem
comprometer todo o desdobramento da ocorrência.
A Polícia Militar do Estado de São Paulo organizou, a partir de 2003, os
Procedimentos Operacionais Padrão (POP), estabelecendo instruções sobre várias
situações, como por exemplo, como organizar os equipamentos no cinto de serviço,
como realizar a manutenção de armamento, deslocar a viatura em patrulhamento,
atender uma ocorrência de acidente de trânsito, como fazer um bloqueio em via pública,
acompanhamento e cerco em caso de fuga de criminosos, como fazer a abordagem de
indivíduos em atitude suspeita ou a infratores da lei, a pé ou em veículos, vistoriar
veículos, preservar locais de crime, atender à uma ocorrência de desinteligência,
transportar e escoltar presos, atender ocorrências com bombas, como fazer uma
reintegração de posse, enfim, mais de quarenta tipos de Procedimentos, abrangendo
várias atividades e tipos de ocorrências com que o Policial Militar pode deparar-se.
Os POP são treinados e internalizados, nos policiais militares, através da gestão
do conhecimento, baseados no respeito à vida, à integridade física e dignidade da
pessoa humana, observando-se os direitos humanos e a legislação nacional e
internacional.
Os POP estão inseridos no Sistema de Supervisão e Padronização (SISUPA),
que é um sistema constituído para que os protocolos policiais militares, isto é, as
melhores práticas, sejam criados, aperfeiçoados, treinados e aplicados no serviço
operacional, procurando sempre obter a máxima segurança e qualidade no atendimento
à população.
O SISUPA promove a verificação periódica dos procedimentos adotados pelos
policiais, durante o serviço, comparando-os com o que é estipulado nos POP,
promovendo também o aperfeiçoamento contínuo destes.
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Através de treinamentos e da supervisão da prática, pode ser emitido o
Relatório de Aperfeiçoamento (RA) e o Procedimento Técnico de Análise de Conduta
Operacional (PTAC), que tem por função investigar a conduta operacional adotada,
procurando prováveis causas para os resultados indesejáveis, para aplicação de
medidas corretivas.

Empregando os procedimentos operacionais.

Além de constituírem o primeiro nível de Uso de Força, os procedimentos


operacionais serão empregados também em todos os outros níveis.
Os procedimentos operacionais serão utilizados quando o policial se depara com
uma atitude suspeita, ou um infrator da lei.
A atitude suspeita constitui-se em uma série de indícios, que levam o policial a
realizar um diagnóstico, fundamentado em sua capacidade de percepção, seu
conhecimento técnico e em sua experiência profissional e pessoal (o chamado
“tirocínio”), de que determinado indivíduo, ou indivíduos ou determinada situação, podem
estar ligados a uma atividade criminosa. Esta suspeita pode ser confirmada como real
ou não.
A situação do indivíduo infrator da lei é confirmada por informações concretas de
que o indivíduo, ou indivíduos, estão no cometimento de um ato delituoso. Ou porque o
policial viu o cometimento do ilícito, ou porque testemunhas, ou vítimas, apontaram, com
certeza, o infrator da lei.
Existem procedimentos operacionais para cada tipo de situação. Diferenciam-se
tanto pela postura do policial, quanto pela posição de arma. A Polícia Militar do Estado
de São Paulo, através de seus POP, estipula três tipos de abordagem e respectiva
posição de arma:
a. Abordagem de fiscalização. Neste tipo de abordagem a prioridade é a
verificação de documentação, como no caso de uma vistoria de trânsito ou
uma simples orientação. A arma permanece no coldre do policial;
b. Abordagem ao indivíduo em atitude suspeita. A arma está nas mãos do policial,
mas com o cano apontado para baixo, na chamada “posição sul”, e o dedo
está fora do gatilho; e
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c. Abordagem ao indivíduo infrator da lei. A arma está apontada na direção do
infrator, mas o dedo está fora do gatilho.
Na execução dos procedimentos operacionais o policial deve:
a. Coletar informações;
b. Aproximar-se com cautela;
c. Identificar o Procedimento Operacional Padrão que será empregado;
d. Selecionar o nível de força e a posição de arma;
e. Atuar com superioridade numérica e de meios;
f. Agir sempre com apoio, nunca sozinho;
g. Observar posicionamento e distâncias de segurança;
h. Utilizar as proteções do terreno (cobertas e abrigos); e
i. Fazer o cerco, se necessário.

Comunicação.

Geralmente, somente a presença do policial no local não é suficiente para fazer


cessar a intenção criminosa ou o cometimento da infração da lei. É necessário que o
policial entre em contato com o suspeito, ou com o infrator, ou infratores da lei, e
comunique-se, dando uma ordem com embasamento legal.
A Comunicação é o segundo nível de Uso de Força. Geralmente alguns modelos
de Uso de Força referem-se a este nível como “verbalização” ou “comandos verbais”. Se
analisarmos profundamente, veremos que estes termos são incompletos.
Primeiramente, porque o tipo de contato com o suspeito ou infrator da lei, pode ser
realizado através de gestos, e não pela voz, no caso de pessoas com dificuldades
auditivas ou até mesmo pessoas que falem outros idiomas. Sendo assim, não haveria a
verbalização.
Outro motivo, é que verbalizar, significa apenas falar. Sendo assim, um policial
pode verbalizar muito, falar muito, mas o suspeito ou infrator não o está ouvindo, ou não
está entendendo, por diversos motivos e não está cumprindo a ordem legal. Não houve
uma comunicação.
Para entendermos melhor o conceito, analisaremos os componentes da
comunicação. O emissor, o receptor, a mensagem, o meio de comunicação, a resposta
e o ambiente onde o processo comunicativo se realiza. O emissor é o agente de
segurança pública. O receptor é o suspeito, ou infrator da lei ou infratores.
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A mensagem é a ordem legal que está sendo dada. O meio de comunicação
pode ser verbal, através de gestos, sinais, sons (como um apito, de um policial ou guarda
responsável pelo trânsito), ou até, em alguns casos, escrito, utilizando-se cartazes ou
faixas, além de modernos meios eletrônicos de mídia.
Na comunicação, é essencial que o receptor compreenda a mensagem, processe
a informação e atenda ao que é ordenado. E o ambiente deve ser levado em conta. O
estresse da situação, o barulho alto e a distância, podem causar um ruído na
comunicação, o que irá atrapalhar seu entendimento.
Em virtude disso, a ordem legal precisa, quando for transmitida verbalmente, ser
efetuada de forma firme, clara, concisa e na linguagem que o abordado entenda. Alguns
policiais confundem, falar de forma firme ou no tom adequado, com gritar.
Daí uma reclamação comum, referente à abordagem, diz respeito à maneira como
“o policial chegou gritando comigo, sem motivo nenhum”. O próprio tom das palavras,
quando ditas de forma ameaçadora e ríspida, podem encobrir seu significado.
Outros recursos para se fazer obedecer, são a persuasão, a mediação e a
negociação. O policial precisa saber argumentar, se for o caso. Deve analisar a situação,
e desde que não haja nenhum risco iminente à sua integridade física ou a de terceiros,
pode tentar conversar, argumentar, persuadir e convencer o suspeito ou agressor da lei,
a obedecê-lo.
A mediação de conflitos é, às vezes, confundida com gerenciamento de crises. A
crise é um evento que foge à normalidade, e exige medidas específicas para sua
resolução.
Um conflito é uma oposição de ideias, e grande parte das ocorrências atendidas
pela polícia militar, são situações de conflitos. Uma briga de marido e mulher, som alto
do vizinho, cliente insatisfeito, acidente de trânsito sem vítimas, são situações em que o
policial se vê envolvido.
Ele deve atuar como mediador entre as partes, e não como parte da ocorrência.
Se não for treinado, especificamente, para esta situação, irá gritar com todos, provocar
mais polêmicas e até mesmo agredir desnecessariamente alguém, tudo porque não sabe
portar-se como mediador de conflitos.
A comunicação com o infrator da lei, sempre deve ser tentada, a menos
que a situação ofereça risco de vida para o policial ou para terceiros. Se possível, mesmo
no caso de resistência, deve ser transmitido ao infrator da lei, que ele deve se render.
18

Atuação no nível da Comunicação.

No segundo nível de Uso de Força, a Comunicação, o policial deve:

a. Identificar-se como Policial, com tom de voz adequado;


b. Dar a ordem legal, de forma clara, firme e concisa, em uma linguagem simples;
c. Se não for obedecido, repetir a ordem, por no mínimo três vezes, e verificar se
o abordado entendeu a ordem, procurando utilizar outros meios para
comunicar-se, antes de partir para outro nível de Uso de Força, desde que isso
não implique em risco desnecessário;
d. Mesmo se houver resistência, procurar verbalizar, para que o infrator se renda,
desde que, isso não coloque em risco a vida do policial ou de terceiros; e
e. Constando que o abordado, em atitude suspeita, trata-se de um cidadão de
bem, agradecer a cooperação, e explicar-lhe os motivos da abordagem,
colocando-se a disposição, para qualquer esclarecimento.

A maioria das pessoas reconhece que a abordagem é necessária, para reprimir a


criminalidade. Mas o fato é que, ninguém gosta de ser abordado pela polícia. É uma
situação constrangedora. Principalmente para aquela pessoa que nada deve para a
justiça.
O tratamento correto na abordagem, minimiza o desgaste da situação. Dessa
forma, cabe ao policial, constatando que o abordado se trata de um cidadão honesto,
agradecer pela cooperação e explicar o motivo de abordagem.
Tão importante quanto treinar os policiais nos procedimentos técnicos e táticos
da abordagem, é treiná-los para comunicarem-se melhor com as pessoas.

Técnicas Defensivas Desarmadas.

As Técnicas Defensivas Desarmadas são o terceiro nível de Uso de Força, e


devem ser aplicadas quando o indivíduo não obedece às ordens dadas pelo policial,
praticando a desobediência, ou quando o indivíduo tenta agredir o policial, não utilizando
qualquer tipo de arma, praticando assim o crime de resistência.
Na maioria dos modelos de Uso de Força, este nível é classificado apenas como:
“defesa pessoal”. Cabe esclarecer, que a defesa pessoal pode ser realizada com ou sem
19
o emprego de armas. Portanto, defesa pessoal é um termo, que, embora muito
utilizado, é incorreto, pois neste nível, o policial irá defender-se sem empregar qualquer
tipo de armamento, utilizando apenas a habilidade do seu corpo.
Nos dois primeiros níveis de Uso de Força, os Procedimentos Operacionais e a
Comunicação, o policial evita empregar de violência, para resolver a situação.
O agente de segurança pública procura utilizar sua presença, e suas habilidades
de comunicação, para conseguir que se cumpra a lei, sem recorrer a métodos
coercitivos. Entretanto, nem sempre o diálogo pode convencer um infrator da lei a não
cometer ou parar de cometer um delito.
Quando o policial dá uma ordem legal e o indivíduo não a obedece, apesar de
haver entendido a ordem, passa a cometer assim o crime de desobediência, tornando-
se um infrator da lei, mesmo que de forma passiva, simplesmente ficando parado e não
obedecendo, autoriza a Polícia a utilizar força física, para obrigar o infrator a cumprir a
ordem.
Dependendo das condições, o policial pode passar para o nível de Técnicas
Defensivas Desarmadas Casos em que o indivíduo fica parado, sentado, deitado ou
agarrado a um objeto, negando-se a sair do local, sem agredir ao policial, configuram a
desobediência.
Esgotados todos os meios pacíficos, o policial terá que empregar a força física e
técnicas defensivas desarmadas apropriadas, para retirar o infrator do local.
O mesmo pode acontecer quando o infrator da lei simplesmente sai correndo. A
fuga, em si, não é um ato violento, não configurando a resistência, mas o policial pode
agarrar ou segurar o indivíduo em fuga.
Outra situação semelhante é quando um indivíduo tenta passar por uma barreira
policial, sem agredir ninguém. Pode ser usada a força física para contê-lo.
Lembrando que a quantidade de força defensiva desarmada, deverá ser a
suficiente para apenas conter ou dominar o infrator da lei ou o agressor, e colocar as
algemas, se for o caso. Existe uma legislação para o emprego de algemas, e a
resistência autoriza que elas sejam utilizadas, sendo obrigatório o registro do fato,
A Polícia Militar do Estado de São Paulo emprega, atualmente, o M-3PM, Manual
de Defesa Pessoal, elaborado em 1992. Embora simples e bem feito, já se encontra
desatualizado, necessitando ser revisto.
20
.A maioria de suas técnicas são baseadas no judô, mas emprega outras
técnicas e golpes de outras artes marciais. Poderia ser bem mais simplificado, o que
ajudaria muito o treinamento e padronização das técnicas defensivas desarmadas.
É necessário reverem-se também os currículos de formação, ampliando a carga
horária de técnicas defensivas desarmadas e também criando um teste de aptidão,
periódico, para verificar a capacidade de defesa dos policiais militares.
As técnicas e os golpes precisam ser simples, eficientes, fáceis de treinar e
memorizar. Além disso, como não se trata de arte marcial e sim um treinamento de
atuação policial, deve-se evitar a utilização de quimonos ou roupas de ginástica nos
treinamentos.
O policial deve utilizar seu uniforme de serviço, de preferência o seu equipamento,
que utiliza cotidianamente. Não é necessário o uso de um tatame ou dojô, como local de
treinamento, mas um simples gramado, para amortecer as quedas, será apropriado.

Emprego das Técnicas Defensivas Desarmadas.

Ao aplicar as técnicas defensivas desarmadas, o policial deve observar:

a. Se o indivíduo, continuar desobedecendo a ordem legal, e esgotados todos os


recursos não violentos, para fazer com que ele a cumpra, o policial poderá
empregar as técnicas defensivas desarmadas;
b. Podem ser empregadas estas técnicas quando o indivíduo pratica
desobediência, de forma passiva, ou quando opõe resistência desarmada,
mediante violência ou grave ameaça;
c. Se o indivíduo, ou indivíduos, mesmo que desarmados, apresentarem grande
grau de perigo ou ameaça, de forma a colocar em risco demasiado a
integridade física e a vida do policial, de terceiros, ou dele mesmo, está
autorizado o emprego de meios não-letais.
d. Se possível, comunicar-se com o infrator da lei, dando-lhe oportunidade para
render-se, avisando que, se não o fizer, será utilizada força física contra ele,
desde que isso não cause riscos contra a vida e a integridade física do policial
ou de terceiros;
e. Utilizar técnicas de contenção, imobilização ou de defesa, conforme a situação
e de acordo com o que foi aprendido no treinamento;
21
f. Estas técnicas devem ser empregadas apenas para conter o agressor,
dominá-lo, e, se for o caso, algemá-lo, evitando-se ferimentos desnecessários
e uso excessivo de força;
g. Providenciar socorro e atendimento médico para pessoas feridas devido ao
uso de técnicas defensivas desarmadas
h. Conduzir os agressores detidos para que sejam responsabilizados
criminalmente e providenciar a coleta de provas, e a preservação do local, para
perícia, se for necessário; e
i. Providenciar o preenchimento do relatório específico e a devida fiscalização e
apuração dos fatos.

Meios Não Letais.

O quarto nível de Uso de Força é o emprego de Meios Não Letais. Existem várias
designações para este tipo de recurso. Armas Não Letais, Armas Menos Letais, Armas
de Baixa Letalidade, Armas Semi Letais, Armas Intermediárias, Armas de Menor
Potencial Ofensivo ou Armas Alternativas.
Existem correntes que defendem o emprego do termo Armas Não Letais, por
serem armas desenvolvidas e construídas para causar a debilitação ou incapacitação do
atingido, sem lhe causar a morte.
O Coronel da Reserva do Exército dos Estados Unidos, John B. Alexander, em
sua obra Armas Não Letais- Alternativas para os Conflitos do Século XX, diz que “A
definição de armas não-letais tem seu ponto focal mais no objetivo do que na
descrição do sistema”. ALEXANDER (2003, p. 85). Sendo assim, o objetivo é não
causar a morte dos atingidos, mas colocá-los fora de ação ou tirar-lhes a vontade ou a
capacidade de lutar.

Causas de morte com o uso de meios não letais.


Uma Arma Não Letal pode causar a morte do atingido nas seguintes situações:
imperícia, imprudência, negligência, falha do meio não letal ou por má utilização
dolosa, ou por fatores adversos.
A imperícia configura-se quando o Policial não está familiarizado com a
utilização da Arma Não-Letal, seja por falta de treinamento técnico, teórico ou tático, ou
22
por não utilizar com frequência aquela arma, esquecendo algum detalhe de
funcionamento, cometendo erros no seu emprego.
A imprudência ocorre quando o Policial utiliza a Arma Não Letal de maneira
descuidada, não observando critérios técnicos, e informações do fabricante, como por
exemplo, atirar com munição de borracha na cabeça de um manifestante, a menos de
20 metros de distância.
A negligência, por sua vez, acontece quando o Policial utiliza a arma com falta
de atenção ou cuidado, como, por exemplo, ao utilizar agentes lacrimogêneos e não
observar a direção do vento.
Podem também ocorrer mortes causadas por falha técnica da arma não letal.
Esta falha pode ocorrer por erro de projeto, erro de fabricação, ou montagem, desgaste
do material ou porque o material está fora da data de validade.
Na ocorrência destes eventos, devem ser averiguadas responsabilidades
relativas, como por exemplo, se quem usou a Arma ou Munição Não Letal, examinou se
ela estava funcionando corretamente, ou se conferiu o prazo de validade.
Outra hipótese na ocorrência de mortes com a utilização de armas não letais é a
má utilização dolosa, isto é, o Policial mesmo sabendo que poderá matar uma pessoa,
utiliza a Arma ou Munição Não Letal de forma intencional a causar a morte, como por
exemplo, atirar com munição de elastômero, na cabeça de uma pessoa, a queima-roupa.
Fatores adversos. Indivíduos que possuam uma predisposição a ataques
cardíacos ou doenças similares, quando submetidos a armas não letais, podem vir a
falecer.
Entretanto, em muitos casos, a causa da morte não foi a arma não letal, em si,
mas o esforço físico, a agitação e o grau de estresse pelo qual o indivíduo passou.
Portanto deve haver sempre o cuidado ao empregar armas não letais contra indivíduos
com conhecidos problemas de saúde, crianças, mulheres grávidas ou idosos com mais
de 60 anos.
Sendo assim, quando ocorre uma morte causada por um Meio Não Letal, a
organização Policial deve apurar rigorosamente os fatos em que ela ocorreu.
A Política de Uso de Força adotada, deve conter termos onde fique bem claro
que, quando se emprega um Meio Não Letal, o resultado que se espera é a incapacitação
temporária do atingido, afim de que ele cesse a agressão ou para que ele seja dominado.
23
Classificação dos meios não letais.

Os Meios Não Letais se dividem em três categorias, Armas Não Letais,


Munições Não Letais e Equipamentos Não Letais.
Arma Não Letal é qualquer instrumento de ataque ou defesa destinado a debilitar
ou incapacitar temporariamente uma pessoa ou material, sem causar graves danos ou a
morte. No Brasil, os exemplos mais comuns seriam o cassetete, a tonfa, o espargidor de
gás pimenta, e as armas de choque elétrico (como a taser).
Munição Não Letal são implementos, normalmente utilizados uma só vez, que
podem ser disparados através de armas letais, ou não letais, ou lançados manualmente,
e tem como objetivo causar a debilitação ou incapacitação temporária de pessoas ou
materiais, sem causar graves danos ou a morte.
No Brasil, temos como exemplos as balas de borracha (elastômero), granadas
explosivas ou de queima, com agentes fumígenos ou lacrimogêneos como OC (pimenta)
CN e CS.
Equipamento Não Letal é o equipamento de proteção individual ou coletiva que
aumenta as chances de sobrevivência e segurança do Agente da Lei. Capacetes,
coletes, perneiras e escudos anti tumulto e capacetes, coletes e escudos a prova de
balas, bem como blindagem em veículos.
Portanto, uma espingarda calibre 12, normalmente é uma arma letal, mas pode
ser carregada com munição não letal de borracha.

Emprego de meios não letais.

Deve ser obrigatória a utilização de pelo menos uma arma não letal para todos os
policiais que se encontram no serviço operacional.
Recorrendo-se ao princípio da proporcionalidade, quando o agente for atacado
com armas, que não sejam armas de fogo, pode utilizar armas não letais para defender-
se. Mas mesmo que o agressor esteja desarmado, os policiais podem utilizar armas não
letais nas seguintes situações:
a. Os agressores estão em superioridade numérica;
24
b. O agressor ou agressores são muito mais fortes do que os policiais, ou
possuem reconhecida habilidade em artes marciais, impossibilitando o
emprego de técnicas de defesa desarmada;
c. O agressor ou agressores estão mentalmente perturbados sob efeito de
drogas ou álcool, ou sob forte emoção, e estão extremamente agressivos;
d. O agressor ou agressores são portadores de reconhecida doença infecto-
contagiosa grave e estão extremamente agressivos;

Escalonamento no uso de meios não letais.

Existe um escalonamento no emprego dos meios não letais. De acordo com a


situação e levando em conta o princípio da proporcionalidade, após comunicar ao
agressor que irá utilizar meio não letal contra ele, o policial deve procurar empregar
aquelas armas que causarão menos danos ao infrator da lei e evitar o contato direto
entre o agressor e o agente:
a. Munições químicas, como espargidores de gás pimenta, individual, se for o
caso, e coletivo, se for necessário;
b. Granadas lacrimogêneas ou fumígenas, de queima, dependendo da situação;
c. Granadas lacrimogêneas ou de efeito moral, mistas, ou luz e som, explosivas;
d. Munição de impacto, como balas de borracha, emprego controlado e seletivo,
observando as cautelas quanto ao emprego deste tipo de munição;
e. Armas de choque elétrico de contato direto ou indireto, não devendo ser usado
em conjunto com o espargidor, observando as cautelas quanto ao emprego
deste tipo de arma;
f. Uso do cassetete ou da tonfa. Em situações de emprego contra um agressor
ou contra um grupo pequeno, o bastão pode ser usado como primeira opção,
para enfrentar a agressão, desde que o agente esteja realmente treinado e
seguro sobre seu uso. No caso de um tumulto, com grande número de
participantes, a carga de cassetete é um dos últimos recursos, precedido pela
utilização de agentes químicos.

Pode haver uma inversão na sequência de utilização destas armas não letais,
dependendo da situação, mas lembrando-se também do princípio da necessidade. Deve
25
avaliar-se a necessidade e a oportunidade de utilizar determinado tipo de arma não
letal. Podem ser usadas, em conjunto, mais de um tipo de arma ou munição.
No caso de uma situação em que vários policiais estão envolvidos, como uma
manifestação ou um tumulto, é necessário haver comando. O policial, com maior
autoridade no local, deve assumir o comando.
O uso de armas não letais, nessa situação é somente mediante ordens. A
quantidade de tiros ou granadas e em quem se devem atirar ou lançar, são determinados
pelo comandante. Os policiais que fazem o uso das armas não letais devem ser apenas
aqueles que foram treinados para isso, e devidamente identificados.

Procedimentos a serem adotados quando da utilização de meios não letais:

a. Comunicar-se, se possível, com os infratores da lei, dando oportunidade


para que se rendam, avisando que serão utilizados meios não letais contra eles;
b. Utilizar os meios não letais, tomando os cuidados necessários, previstos
em normas próprias de utilização e nas orientações do fabricante;
c. Geralmente quando se empregam armas ou munições não letais contra
uma multidão agressiva, a intenção é dispersá-los. Para isso devem ser
verificadas, antes do emprego de meios não letais, se existem vias de fuga,
amplas e desobstruídas para evitar confusão, pânico e mortes por pisoteamento.
d. Atentar, quando da utilização de agentes químicos, para a direção do vento,
afim de evitar que os gases atinjam, por exemplo, escolas ou hospitais.
e. Cuidado no uso de munições explosivas ou de queima, próximo a materiais
combustíveis ou facilmente inflamáveis, para evitar incêndios.
f. Os meios não letais devem ser empregados apenas para debilitar ou
neutralizar o agressor, tempo suficiente para que ele seja dominado e algemado,
evitando-se ferimentos desnecessários e uso excessivo;
g. Providenciar socorro e atendimento médico aos feridos, e a detenção
daqueles contra quem foram utilizados os meios não letais, para apuração
criminal, devendo recolher material e preservar o local para perícia, se for o caso;
h. O emprego desses meios não letais deve ser controlado, identificando-se
o policial que utilizá-los bem como a quantidade de disparos que efetuou ou
granadas que utilizou, se for o caso;
26
i. Os comandantes devem orientar constantemente os policiais para que
não utilizem as armas não leais como meios de “vingança” ou “castigo” contra
indivíduos, mas sempre dentro dos limites da lei, fiscalizando a utilização destes
meios.
j. No caso de ação ou operação, devidamente comandada, identificar quem
deu a ordem de utilização; e
k. Realizar o preenchimento de relatório apropriado, bem como providenciar
a fiscalização e apuração do fato.

Cabe a cada órgão de Segurança Pública providenciar uma ampla gama de


opções de meios não letais, para serem empregados em cada tipo de situação,
mantendo o suprimento constante e que estejam dentro do prazo de validade.
O órgão de Segurança Pública deve ainda providenciar o treinamento contínuo e
adequado de seus homens, com os meios não letais, implantando estágios específicos
de habilitação para utilização de armas e munições não letais, especialmente no uso de
balas de borracha e granadas, estabelecendo também a obrigatoriedade de um teste de
aptidão periódico. Só deve utilizar meio não letal, o policial militar devidamente habilitado
para isso.

Tiro Defensivo (Uso de Força Letal).

O quinto nível de Uso de Força é o Tiro Defensivo, ou Uso de Força Letal. Na


Polícia Militar do Estado de São Paulo é empregado desde 1998 o Tiro Defensivo na
Preservação da Vida, de autoria do Coronel da Reserva Nilson Giraldi, no caso de opção
de Uso de Força Letal.
Utilizando técnicas de tiro e procedimentos policiais e embasada nos valores
policiais militares, nas normas e legislação vigentes e no respeito aos Direitos Humanos,
é amplamente reconhecido, entretanto trata-se de doutrina para utilização de uso de
arma de fogo, não substituindo uma Doutrina sobre uso de Força, que aborde todos os
cinco níveis.
Atualmente, na PMESP, um policial militar só pode utilizar a arma de fogo para a
qual foi especificamente habilitado, existindo ainda o teste de Aptidão de Tiro (TAT),
anual, que verifica, periodicamente, as habilidades do policial no emprego de sua arma
de fogo.
27
Quando o agressor, infrator da lei, coloca em risco, atual ou iminente, a vida de
pessoas inocentes, utilizando a arma de fogo, ou outros meios, o policial pode utilizar
força letal contra ele, desde que o agressor apresente perigo para vida de inocentes,
e tenha a capacidade e a intenção de fazer mal aos outros e seja necessário e
oportuno para o policial utilizar a arma de fogo contra o agressor.
Deve ser o último recurso, e somente deve ser empregado para salvar vidas de
pessoas inocentes. Apenas se não houver a possibilidade de controlar o agressor,
empregando outro dos níveis de uso de força, o policial deve utilizar sua arma de fogo.

Procedimentos na utilização de força letal:

a. No caso de o agressor colocar em risco, atual ou iminente, a vida do policial


ou de terceiros, utilizando arma de fogo ou qualquer outro meio que possa
provocar a morte, o policial está autorizado a empregar força letal, utilizando a
arma de fogo, desde que seja estritamente necessário, amparado pela
legalidade e utilizando a proporcionalidade;
b. A utilização de Força Letal é a última opção de Uso de Força, e só deve ser
empregada para salvar a vida de pessoas inocentes;
c. O policial só deve utilizar a arma de fogo, contra o agressor, se verificar que
este representa real perigo, e se possui a capacidade e a intenção de tirar a
vida de outras pessoas, não se admitindo o chamado tiro de advertência ou
disparar contra infrator em fuga, que não ofereça perigo;
d. O policial deve verificar se, ao utilizar a arma de fogo, contra o agressor, não
irá atingir também pessoas inocentes;
e. Se for possível, deve comunicar-se com o agressor, dando-lhe oportunidade
para que se renda, desde que isso não coloque em risco, a vida do próprio
policial ou de pessoas inocentes;
f. Se o agressor se render, mesmo após atirar contra o policial, deve ser
desarmado e sua vida e integridade física devem ser preservadas;
g. Providenciar socorro e assistência médica imediata aos feridos, agindo de
forma profissional com os infratores da lei detidos;
h. Avisar os familiares do infrator da lei sobre sua situação;
28
i. Coletar provas e armas sobre o fato, inclusive a dos policias envolvidos,
preservando o local para a perícia;
j. Apresentar todo o material e pessoas detidas na repartição policial apropriada,
para os procedimentos de polícia judiciária comum e militar;e
k. Providenciar o preenchimento do relatório apropriado, sobre Uso de Força, e
devida fiscalização e apuração do fato.

]
29
GUIA DE USO PROPORCIONAL DE FORÇA.

USO PROPORCIONAL DE FORÇA


Antes de fazer uso da força legal o Policial deve avaliar se há realmente NECESSIDADE de utilizá-la, se a ação tem LEGALIDADE e observar a
PROPORCIONALIDADE no seu emprego.
NÍVEIS AÇÃO DO INFRATOR DA LEI REAÇÃO DO POLICIAL
Tem a intenção de praticar um delito, Aproximação.
INTENÇÃO
ou está em atitude suspeita. -Posicionamento.
CRIMINOSA OU PROCEDIMENTOS
NÍVEL 1 -Cobertura (nunca atuar sozinho).
ATITUDE OPERACIONAIS
-Uso de proteções (coberta e abrigo).,
SUSPEITA
-Seleção e posição de arma.
Atitude Suspeita ou prática de crime. Verbalização.
Cooperação. -Identificar-se como Policial.
-Obedece a ordem, cooperando. -Dar a ordem legal de forma clara e firme.
INFRAÇÃO DA Desobediência. (art. 330 do CP). -Se houver necessidade, repetir a ordem.
NÍVEL 2 VERBALIZAÇÃO
LEI -Desobedece a ordem legal sem (persuasão, mediação, negociação)
oferecer nenhum tipo de resistência -Mesmo se houver resistência, se possível,
ativa verbalizar.
-Empregar algemas, se houver resistência
-Continua desobedecendo a ordem, -Verbalizar, se possível, identificando-se como
mesmo após várias reiterações. Policial, ordenando que o infrator se renda.
LEVE USO DEFENSIVO
NÍVEL 3 -Tenta fugir, forçar a passagem ou -Contenção, Imobilizações e Técnicas Defensivas.
RESISTÊNCIA DE FORÇA FÍSICA
agredir o Policial sem o uso de qualquer -Empregar algemas.
tipo de arma.
-Tenta agredir o Policial utilizando -Antes de utilizar um meio não letal, verbalizar, se
qualquer tipo de arma, exceto arma de possível, com o infrator, identificando-se como
fogo. Policial, informando que, se ele não se render, será
-Mesmo desarmado, enquadra-se em usado o meio não-letal contra ele.
uma das seguintes situações: -Contato Indireto:
-Demonstra força fora do normal ou USO Arma de choque elétrico (disparo), Espargidor de
perícia em artes marciais. DEFENSIVO DE Gás Pimenta, Granadas de Gás e Projéteis de
FORTE
NÍVEL 4 -Os infratores estão em superioridade ARMAS E Impacto Controlado (balas de borracha).
RESISTÊNCIA
numérica e agressivos. MUNIÇÕES -Contato Direto:
-O infrator encontra-se mentalmente NÃO-LETAIS Arma de choque elétrico (contato), Bastões (tonfa
perturbado (drogado, bêbado ou sob ou cassetete).
forte emoção) e violento. -Utilizar a força física, se necessária, após o uso de
-O infrator é identificado como portador arma não-letal para a colocação de algemas.
de doença infectocontagiosa grave e
está agressivo.
-Coloca em risco, atual ou iminente, a -Verbalizar, se possível, identificando-se como
vida de pessoas inocentes, inclusive a Policial, mandando largar a arma e cessar a
do próprio Policial. TIRO DEFENSIVO agressão, informando que, caso ele não se renda,
PERIGO
NÍVEL 5 -Utiliza arma de fogo contra pessoas (USO DA ARMA DE será usada arma de fogo contra ele.
CONTRA A VIDA
inocentes. FOGO) -Uso de arma de fogo, na proporção necessária
-Apresenta perigo, capacidade, para cessar a resistência do agressor.
intenção e oportunidade.
30

Conclusão.

A missão principal dos Órgãos de Segurança Pública é preservar vidas. Da(s)


vítima(s), de outras pessoas inocentes (terceiros), do operador de Segurança Pública e
até mesmo do infrator da lei, quando possível. Proteger as pessoas, respeitando todos
os tipos de diversidade humana, como idade, sexo, cor, orientação sexual, classe social
ou econômica, nível cultural ou ideologia política.
Fazer cumprir as leis e combater o crime também são atribuições dos órgãos
de Segurança Pública. Uma das missões das Polícias Militares, segundo o artigo 144 da
Constituição Federal é a Preservação da Ordem Pública.
Toda Doutrina de Uso de Força deve ser baseada principalmente no respeito à
vida humana, em primeiro lugar. Bens materiais nunca devem ser mais importantes que
vidas. Qualquer ação policial que poderia colocar em risco a vida de pessoas inocentes,
deve ser evitada.
Por exemplo, em uma perseguição, ou durante um confronto, o operador de
segurança pública deve avaliar se sua ação irá expor pessoas inocentes ao risco de
serem mortas.
Um infrator da lei que foge, pode ser preso outro dia. Um pai de família
atropelado e morto, ou uma criança atingida por “bala perdida” não tem retorno. E para
os familiares dessa vítima, não importa muito saber se o tiro partiu da arma do ladrão ou
da arma do policial.
Quanto ao princípio da legalidade. Esta proposta é adequada aos princípios
internacionais de Uso de Força e às exigências da legislação brasileira em vigor
atualmente. O Operador de Segurança Pública estará agindo de acordo e com o amparo
da lei.
De acordo com o princípio da necessidade, o objetivo maior desta proposta de
Doutrina é a preservação de vidas. A vida do policial, de possíveis vítimas, de terceiros
e do próprio infrator da lei. Só se deve fazer uso de força letal, se for para salvar a vida
de pessoas inocentes.
Aplicando-se o princípio da proporcionalidade, para cada tipo de ação do
infrator da lei há, proporcionalmente, uma reação por parte do policial. O tipo de Força,
sua duração e intensidade irão depender da situação. O objetivo é a cessação da
31
agressão ou da resistência e a colaboração do infrator da lei. Utilizar somente a força
necessária, evitando o excesso ou o uso inadequado, reduzindo a violência policial e a
letalidade
O emprego de algemas, também pautado pela legislação brasileira também é
contemplado neste modelo.
Procuramos utilizar um quadro de fácil interpretação e assimilação, utilizando um
código de cores e estabelecendo níveis de perigo.
Os níveis não são progressivos, tendo em vista que há situações onde podemos
empregar três níveis ao mesmo tempo (comunicação, técnicas defensivas desarmadas,
uso de meio não-letal, por exemplo).
Todo órgão de Segurança Pública necessita de uma Política de Uso de Força,
clara e objetiva, afim de nortear todo o treinamento e o seu emprego operacional. Uma
Doutrina de Uso de Força definida, facilita a instrução e a padronização de
procedimentos operacionais.
Lembramos que por melhor que seja, qualquer modelo de uso de força não irá
englobar todas as situações possíveis, ou ser à prova de falhas. Entretanto, deve ser
encarado como regra e as exceções devem ser devidamente estudadas, justificando-se
ou corrigindo-se posturas, quando necessário.
32

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