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Índice Introdução
Introdução 1 Comecemos por falar brevemente sobre o
1 Fundamentos científicos 2 nosso objeto de estudo: o processo de co-
2 Do grunhido à Internet 4 municação. Ele representa um dos fenô-
3 Efeitos convergentes 11 menos mais importantes da espécie humana.
Considerações finais 14 Compreendê-lo, implica voltar no tempo,
Referências bibliográficas 15 buscar as origens da fala, o desenvolvimento
das linguagens e verificar como e por que ele
se modificou ao longo da história.
Resumo A linguagem, a cultura e a tecnologia são
Visando colaborar prioritariamente para com elementos indissociáveis do processo de co-
as disciplinas de Teorias da Comunicação municação. Quanto à primeira, Tattersall
e História da Comunicação, o presente (2006, p. 73) afirma categoricamente que
trabalho faz uma releitura do processo “[...] se estamos procurando um único fator
de comunicação, focando-se nos marcos de liberação cultural que abriu caminho para
conceituais, nos fundamentos científicos a cognição simbólica, a invenção da lingua-
e na história da comunicação. Para tanto, gem é a candidata mais óbvia.” Quanto aos
toma como elementos essenciais a tríade outros dois, nos parece pertinente concordar
linguagem, cultura e tecnologia. Recorrendo com Mayr (2006, p. 95) ao propor que “Uma
à pesquisa bibliográfica o texto reúne dife- pessoa do século XXI vê o mundo de ma-
rentes visões relacionadas ao processo de neira bem diferente daquela de um cidadão
comunicação e a história dos meios de co- da era vitoriana” e que “Essa mudança teve
municação de massa e conclui pressupondo fontes múltiplas, em particular os incríveis
a existência de uma transição de modelo avanços da tecnologia.” Souza Brasil (1973,
sócio-tecnológico da informação. p 76), mais incisivo, enxerga a cultura como
subordinada às formas de comunicação
Palavras-chave: processo de comunica-
ção, linguagem, cultura, tecnologia. Ora, se a existência da cultura está su-
bordinada a forma de comunicação do
∗
Professor de Teorias da Comunicação na Facul- tipo humano, isto é, comunicação simbó-
dade de Selvíria (FAS)-MS; Professor de Jornalismo
Especializado nas Faculdades Integradas de Três La- lica, temos que admitir que os fundamen-
goas (AEMS)-MS. tos da comunicação precisam ser bus-
2 João Batista Perles
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Comunicação: conceitos, fundamentos e história 3
em mudança, contínuos. [...] Não é coisa Na psicologia, com Pereira (1973, p. 108)
estática, parada. É móvel. Os ingredien- que procura lançar luzes sobre os elementos
tes do processo agem uns sobre os outros; sensoriais e, concomitantemente, sobre im-
cada um influencia todos os demais. portantes aspectos da experiência estética
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primeiros artefatos líticos (ou seja, de pe- idéia, e a significação, que consiste no
dra) datados com segurança foram recolhi- uso social dos signos.
dos em Gona, na região do Hadar, país dos
Afaris (Etiópia) e contam com uns 2,5 mi- A invenção de uma certa quantidade de
lhões de anos de antiguidade”. No que con- signos levou o homem a criar um processo de
cerne à emissão de mensagens, ou seja, ao organização para combiná-los entre si, caso
processo de comunicação, só muito tempo contrário, a utilização dos signos desordena-
depois é que o homem se serviu de algum ar- damente dificultaria a comunicação. Foi essa
tefato a fim de quebrar a barreira do espaço combinação que deu origem à linguagem se-
e do tempo. Para que a comunicação hu- gundo Bordenave (idem, p. 25) quando diz
mana alcançasse o estágio atual, tanto em vo- que “de posse de repertórios de signos, e de
lume e formatos, quanto em velocidade, fo- regras para combiná-los, o homem criou a
ram necessárias diversas transformações fisi- linguagem”. Certamente a afirmação de Bor-
ológicas e processos tecnológicos revolucio- denave refere-se à linguagem verbal (oral ou
nários. Algumas mudanças aconteceram há escrita) bem articulada e não à linguagem em
tanto tempo que quase nunca são menciona- sua acepção mais genérica que inclui a pos-
dos ou percebidos pelo homem, mas os seus sibilidade do homem emitir sons guturais a
traços se conservam e, vez ou outra, se fazem fim de expressar sensações. Não por acaso,
presentes nos gestos, expressões e ruídos que Tattersall (idem, p. 72) nos faz recordar que
emitimos. “os humanos tinham um trato vocal capaz de
produzir os sons de fala articulada mais de
meio milhão de anos antes que surgisse evi-
2.2 Linguagem e comunicação
dência de linguagem.”
Até hoje os estudiosos ainda buscam chegar É quase de domínio popular o fato de
a uma conclusão definitiva sobre como os que o processo de comunicação visual sur-
homens primitivos começaram a se comuni- giu muito antes da escrita. Não por acaso,
car entre si, se por gritos ou grunhidos, por conforme nos adverte Peltzer (1991, p. 98),
gestos, ou pela combinação desses elemen- “muito antes de qualquer escrita, os que
tos. habitaram as grutas de Altamira comunica-
De qualquer modo, o homem chegou à as- ram com seus semelhantes (e poder-se-ia di-
sociação dos sons e gestos para designar um zer que continuam a comunicar)” uma vez
objeto, dando origem ao signo, conforme nos que “quem visita hoje essas grutas recebe as
fala Bordenave (1982, p.24) mensagens cujos emissores são nossos ante-
passados [...]”. Esse fato, por si, torna desne-
Qualquer que seja o caso, o que a histó- cessário discorrer mais amplamente acerca
ria mostra é que os homens encontraram da importância da expressão visual para o
a forma de associar um determinado som homem. Entretanto, parece-nos interessante
ou gesto a um certo objeto ou ação. As- acolher alguns pressupostos teóricos formu-
sim nasceram os signos, isto é, qualquer lados por Santaella e Nöth (1998, p. 13),
coisa que faz referência a outra coisa ou para quem a imagem faz parte da expressão
humana “desde as pinturas pré-históricas” e
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Burke (2004, p. 19) contam que “nas expe- também estará diretamente vinculada ao
dições que fazia, Alexandre, o Grande, car- desenvolvimento comercial e industrial
regava consigo um porta-jóias com a Ilíada das principais cidades da Europa. É com
de Homero,” e que, “além disso, uma grande a imprensa que a cultura sai dos claus-
biblioteca com cerca de meio milhão de ma- tros e vai para as ruas, permitindo o sur-
nuscritos foi erguida na cidade que levou seu gimento do público leitor. Quando uma
nome, Alexandria”. parte importante desses leitores passa a
se interessar pelas publicações políticas e
2.4 Prensa, tecnologia e decide se envolver com os assuntos pú-
blicos, teremos chegado ao nascimento
comunicação de massa do público político.
Entre 1438 e 1440, o alemão Johann Gens-
fleish Gutenberg aperfeiçoou os tipos mó- Porém, o jornal não foi o primeiro pro-
veis criados pelos chineses que foram os duto a ser impresso por meio da tecnologia
primeiros a imprimir livros. O sistema de dos tipos móveis. Antes, Gutenberg produ-
prensa tipográfica criado por Gutenberg, as- ziu cerca de 300 exemplares da Bíblia divi-
sociado às possibilidades oferecidas pelo al- didos em dois volumes.
fabeto romano, composto de pouquíssimas O clero, que via na impressão uma ame-
letras quando comparado aos inúmeros ide- aça ao seu domínio, rendeu-se à tecnologia
ogramas chineses, não somente possibilitou tipográfica e passou a utilizar o invento para
a produção de livros em grande escala, como imprimir as indulgências, textos teológicos e
propiciou o surgimento do jornal. Dava-se manuais de instrução para a condução de in-
então o primeiro passo para a democratiza- quisições, aumentando a influência da Igreja.
ção da escrita e, conseqüentemente, do saber, Bacelar, (2002, p.2) descreve como a pro-
conforme ressalta Gontijo (idem, p. 167) di- dução de textos foi fundamental para a que-
zendo que “quando foi possível mecanizar bra do papel da Igreja como guardiã da ver-
esse processo através da prensa e reproduzir dade espiritual. Segundo ele
em série, o livro tornou-se portátil e o saber
extrapolou os limites dos mosteiros, feudos Cópias impressas das teses de Lutero fo-
e nações.” ram rapidamente divulgadas e distribuí-
O surgimento do sistema tipográfico gu- das, desencadeando as discussões que vi-
tenberguiano é considerado a origem da co- riam iniciar a oposição à ideia do papel
municação de massas por constituir o pri- da Igreja como único guardião da ver-
meiro método viável de disseminação de dade espiritual. Bíblias impressas em
idéias e informações a partir de uma única linguagem vernáculas, em alternativa ao
fonte. latim, alimentaram as asserções da Re-
Ao surgimento da imprensa Fernando Sá forma Protestante que questionavam a
(2002, orelha) ressalta um outro importante necessidade da Igreja para interpretar as
marco histórico Escrituras — uma relação com Deus po-
dia ser, pelo menos em teoria, directa e
O aparecimento e difusão da imprensa pesssoal.
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Além de quebrar dogmas religiosos, Ba- O primeiro jornal brasileiro foi o Correio
celar (idem, p. 4) ressalta a importância da Braziliense. Seu número inicial foi lançado
imprensa também como instrumento de re- em 1o de junho de 1808, por Hipólito José da
voluções Costa. Sua impressão era feita em Londres,
porque a Coroa Portuguesa proibia a existên-
Veja-se como exemplo, o papel que a
cia de impressoras na colônia.
imprensa desempenhou nas colónias in-
No mesmo ano, a família Real, que fugia
glesas da América, divulgando e defen-
das invasões napoleônicas, chegou ao Brasil
dendo as ideias visionárias que deram
trazendo nos porões dos navios as máquinas
forma à Revolução Americana ou, mais
que iriam dar origem a Imprensa Régia, fa-
tarde ainda, o papel que desempenhou
zendo surgir o primeiro jornal impresso em
nos aparelhos de agitação e propaganda
território brasileiro. A Gazeta do Rio de
para a disseminação das ideais de todos
Janeiro foi fundada em 10 de dezembro de
os movimentos ideológicos revolucioná-
1808 e publicava documentos oficiais e no-
rios que, a partir do século XIX, se pro-
tícias de interesse da Corte, com linguagem
puseram transformar o mundo.
bem parecida com os atuais diários oficiais.
A tecnologia mecânica de Gutenberg au- Nos anos seguintes foram surgindo outros
tomatizou o sistema de produção de textos e periódicos, mas com linguagens marcada-
antecipou-se ao que seria a Revolução Indus- mente agitadoras, que partiam especialmente
trial, iniciada na Inglaterra em 1750. Assim, de Cipriano Barata e Frei Caneca. Desses,
não caracteriza exagero afirmar que a tipo- predominou o jornalismo panfletário da im-
grafia instituiu a tecnologia moderna de co- prensa que sobreviveu até metade do século
municação, visto que, antes, o que tínhamos XIX. Gontijo (idem, p. 285) assegura que
eram tecnologias primitivas (tambor, ber-
rante, fumaça) ou arcaicas (placa de barro, De início, os jornais demonstravam ter
papiro, pergaminho). alguma consciência de que parte da mis-
A associação mundial dos jornais aceita são era educar o povo. No entanto, du-
como verdadeira as evidências de que o pri- rante esse período turbulento, o que se
meiro jornal do planeta tenha sido o Rela- viu foi uma disputa radical, que fez surgir
tionen, produzido por Johann Carolus, em estilos vigorosos e originais de redação
1605. De acordo com o site Observatório jornalística, embora, muitas vezes, des-
da Imprensa (2005), Carolus residia em Es- cambassem para acusações infundadas e
trasburgo, que no século XVII pertencia ao ataques pessoais.
Império Alemão e hoje pertence à França.
Os descobridores do jornal, Martin Welker 2.5 A era da eletricidade
e Jean Pierre Kintz dão garantias de que o
periódico circulava em cópias manuscritas Na esteira do desenvolvimento tecnológico
desde 1604. Afora isso, não é incomum de- surgiu o rádio. As transmissões eletromag-
pararmos com textos que afirmam serem as néticas propiciaram primeiro a criação do te-
Actas Diurnas publicadas em Roma desde légrafo, que transmitia apenas código Morse.
59 a.C a origem do jornalismo. Em 1900 foi feita a primeira ligação radiote-
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legráfica de 300 km, entre Cornwall e a ilha invenção, no intuito de demonstrar algu-
de Wight, na Inglaterra. mas leis por elle descobertas no estuda da
Muito embora o nome do italiano Gugli- propagação do som, da luz e da eletrici-
elmo Marconi seja tido como o do inven- dade atravez do espaço, da terra e do ele-
tor do rádio, o certo é que em 1896 Mar- mento aquoso, as quaes foram coroadas
coni patenteou o primeiro aparelho transmis- de brilhante êxito. (sic!)
sor sem fios. Suas investigações começaram Estes apparelhos eminentemente praticos
por volta de 1894, quando conseguiu enviar são como tantos corollários deduzidos
sinais fracos a cerca de 100m de distância. das leis supracitadas. (Sic!)
Em pouco mais de dois anos os sinais já ul- Assistirão á estas provas, entre outras
trapassavam a barreira de 1 km. Mas antes pessoas, o Sr. P.C.P. Lupiton, represen-
que o cientista italiano tivesse realizado ex- tante do Governo Britânico e sua família.
periências de sucesso, o padre brasileiro Ro- (Sic!)
berto Landell de Moura já havia transmitido
voz por meio do eletromagnetismo. Grecco A primeira transmissão de música por
(2006, p. 77) afirma que “Há registros de que meio do eletromagnetismo se deu na noite
as primeiras experiências do padre Landell de Natal de 1906, na cidade de Brant Rock,
com transmissões de ondas portando a voz Massachusetts, Estados Unidos, por Regi-
humana teriam ocorrido entre 1893 e 1894. nald Fessenden. O sinal foi captado por na-
No mínimo um ano antes da façanha de Mar- vios a 80 km de distância.
coni na Itália”. Gontijo (idem, p. 355) tam- O advento do rádio marcou uma nova era
bém ressalta o fato de Landell ter se adian- nas comunicações, porque suas ondas possi-
tado a Marconi na transmissão radiofônica bilitaram a quebra de uma barreira que sub-
sistiu à tecnologia da impressão: o analfabe-
A primeira demonstração oficial de seu tismo. Como conseqüência, cristalizou-se o
invento foi a transmissão entre a avenida processo de massificação, cuja abrangência
Paulista e o bairro de Sant’ana, sem a o viabilizou como principal instrumento po-
ajuda de fios, de sua própria voz, através lítico da época.
da irradiação de uma onda eletromagné- No Brasil, a primeira transmissão radiofô-
tica, em junho de 1900, na presença de nica pública oficial ocorreu em 7 de setem-
autoridades e da imprensa, 22 anos antes bro de 1922, no Rio de Janeiro, quando o
do Centenário da Independência. presidente Epitácio da Silva Pessoa discur-
sou na inauguração da Exposição do Cente-
Vejamos como o Jornal do Commercio, nário da Independência.
em sua edição de 10 de junho de 1900, noti-
ciou o fato:
2.6 A estética da imagem
No domingo próximo passado, no alto Conforme nos explica Pacheco (2005, p. 2)
de Sant’ana, cidade de São Paulo, o pa- “estética tem sua origem em ‘estesia’, ou
dre Roberto Landell, fez uma experiência seja, sensação, sensibilidade, sentido. Em
particular com vários apparelhos de sua contraposição, temos a palavra ‘anestesia’,
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vedetes nos mais variados segmentos do con- ficos no King’s College, em Strand (Grã-
sumo. Eis, pois, aqui, o termo mágico pelo Bretanha), por seu inventor, o economista
qual tudo se move: consumo. Esse aspecto britânico Charles Baggage. Sem o computa-
é tratado por Jambeiro (1998, p. 3) quando dor não haveria como lançar os satélites geo-
lembra que a concepção de serviços e pro- estacinários e, nem tampouco, possibilidades
dutos se destina à apropriação das estruturas de interligar as pessoas por meio da Internet.
econômico-financeiras da sociedade. Quando em outubro de 1957 a ex-União
Soviética colocou o Sputnik no ar, seu lança-
Não importa a natureza da informação, mento chamou mais a atenção do que o pró-
a tecnologia necessária para transformá- prio computador — equipamento imprescin-
la, editá-la, transportá-la ou armazená- dível para a ocorrência daquele ato — des-
la é a mesma, embora em certa medida pertando, segundo Briggs (idem, p.293), o
persistam métodos e qualificações dife- governo norte-americano para uma corrida
renciados para os processos de concep- tecnológica.
ção e produção de serviços e produtos.
Serviços e produtos estes que passaram Por um breve período na história mun-
a submeter-se aos processos de apropri- dial, os satélites de comunicações, os
ação típicos das estruturas econômico- “comsats”, impossíveis de serem lança-
financeiras da sociedade. dos sem os computadores, atraíam mais
a atenção do que os próprios computa-
O cenário atual é caracterizado forte- dores. Os satélites eram as mais fasci-
mente pelas ocorrências de arranjos técnicos nantes (alguns diriam até “sexy”) expres-
que produzem ininterruptas convergências. sões de tecnologia depois do lançamento
Trata-se do equacionamento de conteúdos no do Sputinik pela União Soviética em ou-
formato de arquivos digitais, infra-estrutura tubro de 1957, o surpreendente “acon-
de transmissão e plataforma de visualização. tecimento” que levou o governo norte-
De acordo com Briggs (idem, p. 270), desde americano a encontrar uma resposta o
1990 o termo convergência é aplicado ao de- mais rápido possível.
senvolvimento tecnológico digital, “à inte-
gração de texto, números, imagens, sons e As primeiras transmissões de programas
a diversos elementos na mídia”. de televisão via satélite foram enviadas em
Para entendermos minimamente as vicis- 11 de julho de 1962. Futuramente o satélite
situdes da convergência precisamos retomar teria sua utilização ampliada para a telefonia.
a história do desenvolvimento tecnológico da Foi o lançamento do Sputinik que levou o
informação. O inventário desse processo his- governo norte-americano a investir no desen-
tórico, evidentemente, está além do que pre- volvimento da rede de computadores. A Ad-
tende este trabalho, mas é imprescindível ci- ministração dos Projetos de Pesquisa Avan-
tar ao menos os fatos mais relevantes. A co- çada do Departamento de Defesa dos Esta-
meçar pelo computador que, no início, fun- dos Unidos foi fundada em 1957 e recebeu
cionava mecanicamente. Seu protótipo foi grande injeção de verbas entre os anos de
exposto na Galeria de Instrumentos Cientí- 1968 e 1969, como resposta aos soviéticos.
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dos computadores; criar novos mecanis- pelo surgimento de novos produtos e ele-
mos para entrega de medicamentos, mais mentos que devem, num tempo ainda difí-
seguros e menos prejudiciais ao paciente cil de precisar, quebrar novos paradigmas co-
dos que os disponíveis hoje; criar mate- municacionais e alterar os condicionantes da
riais mais leves e mais resistentes do que relação humana.
metais e plásticos, para prédios, automó- Seguramente, os profissionais, donos de
veis, aviões; e muito mais inovações em empresas, estudantes da área de comunica-
desenvolvimento ou que ainda não foram ção, escolas de jornalismo, bem como espe-
sequer imaginadas. Economia de ener- cialistas da área, serão desafiados a produzir
gia, proteção ao meio ambiente, menor a partir de novas concepções, em que a ca-
uso de matérias-primas escassas, são pos- pacidade de criação e inventividade nunca se
sibilidades muito concretas dos desenvol- fez tão emergente.
vimentos em nanotecnologia que estão
ocorrendo hoje e podem ser antevistos.
Considerações finais
A velocidade do desenvolvimento na área A chamada sociedade da informação ou so-
de nanotecnologia levou pesquisadores a ciedade tecnológica é considerada por mui-
uma afirmação quase chocante, em março de tos autores como um fenômeno recente na
2004, durante o EPA (Environmental Protec- história do homem e é mais fácil senti-la
tion Agency), órgão do governo dos Estados do que descrevê-la, porque o mote princi-
Unidos, quando disseram que pal de sua existência se deve a complexos fa-
tores que fizeram emergir novos paradigmas
A nanotecnologia, incluindo a nanobio- na produção, recepção e percepção da infor-
tecnologia, tem sido divulgada pelas in- mação. Sobre seu advento, Jambeiro (idem,
dústrias e pelos governos como a pró- p.3) lembra que sua caracterização se dá nos
xima revolução industrial, a maior e a anos 70: “Na base tecnológica da mudança
mais rápida do mundo. Mais de 450 em- tem estado um intenso desenvolvimento ci-
presas dedicadas à nanotecnologia já es- entífico e tecnológico que, desde os anos 70,
tão no mercado produzindo uma gama vem apontando fortemente para a convergên-
de produtos da ’nano velha’, como par- cia entre a eletrônica, a informática e as co-
tículas usadas em cosméticos e atomiza- municações”.
dores, e produtos da ‘nano nova’ como No que concerne a sua complexidade e
chips, sensores e novas formas de car- percepção, Baitello Júnior (idem, p.11) ad-
bono. É preciso que o setor industrial se verte para o aspecto multifacetado do pro-
empenhe para que as preocupações rela- cesso comunicativo afirmando que
tivas à saúde e ao meio ambiente não se [...] Com esse espectro cada vez mais
desviem do progresso da nanotecnologia. amplo, ainda em crescimento exponencial,
pode-se dizer que não apenas houve e está
Tais elementos oferecem condições para havendo uma explosão informacional na so-
que possamos supor que um novo tempo ciedade humana de nosso tempo, como tam-
tecnológico venha se forjando, caracterizado bém se pode dizer que a investigação da co-
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