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Disciplina: Leitura Crítica

Docente: Marcos Valério Reis


Discentes: Carla Anastácia Fisher, Ingrid Cordeiro e Jéssica de Jesus
Atividade: Resenha crítica do vídeo “Meias palavras”.

MEIAS PALAVRAS. Produção SBF. Intérpretes: Gregório Duvivier, Letícia Lima, Luís
Lobianco e Rafael Infante. Roteiro: Gregório Duvivier. Rio de Janeiro: Porta dos
Fundos. 1 vídeo (3 min.). Disponível em:
https://www.youtube.com/watch?v=NH_3Iw8pL6A. Acesso em: 23 set. 2019.

Nosso estudo se destina a analisar o vídeo “Meias Palavras”, publicado em 23


de agosto de 2012, no canal do YouTube Porta dos Fundos, veículo conhecido por
seus esquetes marcados por um humor que contesta valores e práticas sociais. O
roteiro foi escrito por Gregório Duvivier, a direção ficou a cargo de Ian SBF e o elenco
conta com os atores Gregório Duvivier, Letícia Lima, Luís Lobianco e Rafael Infante.
Adentrando pelo viés da historicidade, o jornalismo sempre foi visto como o
“Quarto Poder”, pois exerce tanto poder e influência sobre sociedade quanto os Três
Poderes nomeados em nosso Estado Democrático. Logo, a Imprensa Brasileira tem
o objetivo de analisar, denunciar e investigar, levando, desse modo, a conhecimento
do público atos ilegais e ilícitos, corruptos e incorretos, em diversos setores,
principalmente, político. No entanto, há profissionais da área que utilizam o poder
midiático para persuadir de forma negativa a população, em razão de preconceitos de
ordem individual ou por ordem maior.
Nesse contexto, no vídeo “Meias Palavras”, observamos que há uma crítica a
uma vertente do jornalismo televisivo que se popularizou no decorrer dos anos. Tal
corrente se caracteriza por empregar uma linguagem popular, beirando ao chulo, que
visa estabelecer um vínculo entre o jornalista e o público.
Ademais, ela tem um caráter de espetacularização, termo que diz respeito ao
fato de os programas dessa tendência apresentarem características de shows de
entretenimento. Com isso, os programas buscam se aproximar de uma grande massa
de público, cujo grau de instrução não é tão elevado e que, portanto, no entendimento
dos realizadores dessas “atrações”, necessitam de uma linguagem mais próxima de
sua vivência prosaica para se fidelizar ao jornal televisivo.
Entretanto, para atingir o objetivo, recorre-se a práticas que comprometem o
princípio da imparcialidade jornalística, como o Sensacionalismo, que consiste em
narrar a notícia de forma que apele às emoções do telespectador, a partir de uma
dimensão jocosa, violenta ou melodramática, mostrando, assim, apenas um ponto de
vista da história que interesse apenas a um determinado grupo. Desse modo, esse
viés jornalístico é danoso, porque banaliza a violência, fazendo com que situações
degradantes sejam motivo de piada, bem como aliena o telespectador que, por fatores
como a baixa escolaridade, não consegue identificar como essa maneira de informar
é problemática.
Assim, acreditamos que o vídeo “Meias Palavras” tem como temática principal
discutir, por meio do humor, a falta de ética dos repórteres desses programas
jornalísticos, pois mostra que o procedimento desses profissionais é duvidoso. O
vídeo se passa no bairro do Salgado, localizado no munícipio pernambucano Caruaru,
o protagonista é o repórter do telejornal “Meias Palavras”, chamado Gualtecio Rocha,
que vai a uma delegacia, onde, segundo ele, “o pau tá comendo”. O emprego de
expressões usadas na linguagem informal e as marcas linguísticas nordestinas na fala
do repórter indicam o caráter popular do noticiário, tendo em vista que, em telejornais
clássicos, o padrão é adotar o registro formal da língua e extrair da fala do âncora e
dos repórteres marcas linguísticas que identifiquem sua origem demográfica.
Ao visitar a delegacia, o intuito do profissional é conseguir um furo de
reportagem, registrar uma situação inusitada, entrevistando pessoas marginalizadas,
como alcoólatras, moradores de rua, travestis e prostitutas, uma vez que esse tipo de
matéria costuma viralizar, tornando-se meme e sendo amplamente divulgada em
redes sociais. Consequentemente, o repórter e o programa ganham mais
popularidade, que se converte em audiência, o que, por sua vez, aumenta o número
de anunciantes e o lucro dos donos da emissora, além de dar notoriedade ao
jornalista.
Nessa perspectiva, ao abordar os entrevistados, a primeira pergunta de
Gualtecio Rocha é “Bebesse foi?”, todavia, não obtém as respostas desejadas, já que
eles afirmam estar na delegacia por motivos que não estão ligados ao álcool, à
“fuleragem”, termo utilizado como sinônimo de arruaça, ou por não terem delírios,
como pensar que são Jesus Cristo. Desse modo, o vídeo enfoca como o repórter
passa a induzir os entrevistados a darem as respostas que ele almeja receber, apesar
de não ter sucesso. Todavia, embora o entrevistador não consiga extrair a resposta
desejada, nos créditos que identificam os entrevistados, a história é distorcida, por
exemplo, um rapaz que havia ido denunciar o roubo de sua mochila enquanto dormia
em um ônibus é identificado na legenda como “Caninha no xadrez” que perdeu a
mochila devido a uma bebedeira.
Nessa perspectiva, observamos que a crítica não se volta apenas para o
repórter, mas também para toda a equipe que produz aquele conteúdo se
aproveitando de pessoas que não estão em plena posse de suas faculdades mentais
para ridicularizá-las a fim de alcançar audiência e repercussão em redes sociais.
“Meias Palavras” aborda, ainda, o preconceito introjetado do repórter –
considerado uma voz influenciadora das massas – quando ele busca um “furo
jornalístico” tentando entrevistar pessoas bêbedas, as quais, em sua concepção,
seriam mais fáceis de fazer declarações vexaminosas. Logo, o alcoolismo deixa de
ser tratado pela mídia como um problema de saúde pública para ser encarado apenas
como objeto de riso e ser atrelado ao crime.
Após sair da delegacia sem atingir seu objetivo de entrevistar um bêbado,
Gualtecio Rocha se depara com uma moça parada que não fazia nada demais. No
entanto, ele afirma que a moça é “travesti” e, unicamente, por esse motivo a aborda,
outra vez obtém resposta divergente da esperada. Ainda assim, recorre à estratégia
de distorcer a negativa da entrevistada, por isso questiona quando ela iniciou na
prostituição. Nesse contexto, a moça se indigna e o agride, junto de outra
personagem, contudo, diante da agressão o cameraman segue transmitindo as
imagens, enquanto o repórter, recebendo agressões, afirma que “ó o pau comendo
no Salgado. Isso que é matéria! É jornalismo!”.
A partir desta fala, ressaltamos que a ironia é a figura de linguagem
predominante em “Meias Palavras”, haja vista que seu intento é justamente comunicar
para a audiência do canal Porta dos Fundos que, na realidade, esse tipo de condução
da notícia não é o melhor meio de se fazer jornalismo, ainda que seja um dos mais
difundidos.
Ademais, como já apontamos, o vídeo também evidencia preconceitos
enraizados na sociedade brasileira, já que o repórter vai atrás de alcoólatras,
mendigos, travestis e prostitutas porque uma parcela considerável da sociedade
encara essas pessoas como párias, cuja única utilidade é entreter. Nesse sentido, fica
o questionamento a respeito de como os meios de comunicação contribuem ou são
responsáveis por entranhar esses preconceitos na sociedade.
Nos créditos finais do esquete humorístico, aparece uma imagem mostrando
que a matéria feita para televisão foi parar em um site de humor, o que mudou seu
gênero textual, pois de uma reportagem passou a ser um meme, fato que é explicitado
pela legenda “Alguns jornalistas viram âncoras, ícones e apresentadores do BBB. Mas
poucos viram lendas... como memes.”. Isso denuncia novamente o caráter de
espetáculo em que se transformou o jornalismo sensacionalista, o qual, com o advento
da internet, ultrapassa o âmbito da televisão e se infiltra na sociedade por outros
meios, atingindo, dessa maneira, pessoas que talvez nem assistam mais televisão.
Assim, as mensagens retrogradas, alienadas e preconceituosas que são transmitidas
desses programas jornalísticos continuam se propagando na sociedade mesmo sem
o apoio da televisão.
Diante do exposto, julgamos que “Meias palavras” cumpre sua função de
discutir o caminho tortuoso pelo qual segue alguns jornalistas, alertando que o anseio
desenfreado de atingir uma grande massa em veículos diversificados desvirtua a
função primordial do jornalismo, ou seja, informar com respeitabilidade e credibilidade.
Outra qualidade do vídeo é utilizar a ironia e, consequentemente, o humor para fazer
com que a mensagem seja mais explícita e palatável, além de atingir um público.
Nessa perspectiva, observamos que, se o roteirista Gregório Duvivier fizesse
um texto com a mesmas críticas em outro suporte, por exemplo, um jornal impresso,
empregando uma linguagem erudita, seria difícil o texto atingir a mesma quantidade
de público, considerando que o vídeo conta com mais de dez milhões de
visualizações, 112 mil likes e 4 mil deslikes. Portanto, ao utilizar a mesma linguagem
e a internet para mostrar uma caricatura da caricatura que vem se tornado o jornalismo
brasileiro, o vídeo, de maneira rápida e dinâmica, colabora no sentido de incitar uma
reflexão no espectador acerca das mazelas sociais causadas por essa vertente
jornalística, especialmente, quando consideramos que os jovens são a maior
audiência do canal.

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