Documenti di Didattica
Documenti di Professioni
Documenti di Cultura
ISSN: 0034-7167
reben@abennacional.org.br
Associação Brasileira de Enfermagem
Brasil
RESUMO
O artigo tem por objetivo refletir sobre a polifarmácia em idosos com ênfase nas reações adversas e nas interações medicamentosas. A
vulnerabilidade dos idosos aos problemas decorrentes do uso de medicamentos é bastante alta, o que se deve a complexidade dos
problemas clínicos, à necessidade de múltiplos agentes terapêuticos e às alterações farmacocinéticas e farmacodinâmicas inerentes ao
envelhecimento. Deste modo, racionalizar o uso de medicamentos e evitar os agravos advindos da polifarmácia serão, sem dúvida, um
dos grandes desafios da saúde pública desse século.
Descritores: Uso de medicamentos; Idosos; Interação de medicamentos.
ABSTRACT
The article has for objective to reflect on the polypharmacy of the aged with emphasis in the adverse drug reactions and the drug-drug
interactions. The vulnerability of the elderly to the problems related from the use as of drugs is pretty upswing, the one to in case that must
the complexity of the problems clinical, at the must as of need pharmacotherapeutic interventions, and to the update pharmacokinetic and
pharmacodynamic changes inherent to the aging. In this way, to rationalize the drugs utilization and to avoid the injury related to the
polypharmacy will be, doubtless, one of the biggest challenges for public health in this century.
Key wor ds
ds:: Drug utilization; Aged; Drug interactions
words
RESUMEN
El artículo tiene el objetivo de reflejar sobre la polifarmacia en adultos mayores con énfasis en las reacciones adversas y las interacciones
de los medicamentos. La vulnerabilidad de los adultos mayores a los problemas relativo del utilización del medicamento es muy alta,
situación que se debe a la complejidad de las cuestiones de la salud, la necesidad de muchos medicamentos y las alteraciones farmacocinéticas
y farmacodinámicas propias del envejecimiento. Así, racionalizar el uso de medicamentos y evitar los problemas provenientes de la
polifarmacia serán, sin duda, uno de los mayores desafíos de la salud pública en esto siglo.
Descriptores: Utilización de medicamentos; Ancianos; Interacciones de drogas
AUTOR CORRESPONDENTE Silvia Regina Secoli. Escola de Enfermagem da Universidade de São Paulo. Avnida Dr. Enéas Carvalho de
Aguiar, 419. Cerqueira César. São Paulo, SP. CEP 05403-000. E-mail: secolisi@usp.br
Polifarmácia: interações e reações adversas no uso de medicamentos por idosos
De modo geral, as RAM são associadas a desfechos negativos redução da dose do medicamento.
da terapia. Elas podem influenciar a relação médico-paciente, uma Alguns dos medicamentos ou classes terapêuticas envolvidas
vez que a confiança no profissional pode ser abalada; retardar o em RAM, que apresentam conseqüências graves nos idosos são
tratamento, pois muitas por assemelhar-se a manifestações clínicas ilustradas no Quadro 1(12-14,16-18).
típicas de doenças, demoram a serem identificadas, limitar a
autonomia do idoso e afetar a qualidade de vida. INTERAÇÕES MEDIC AMENTOSAS
MEDICAMENTOSAS
Em muitos casos o tratamento da RAM inclui a inclusão de
novos medicamentos a terapêutica, elevando o risco da cascata Uma interação ocorre quando um medicamento influencia a
iatrogênica. O ideal, quando possível, é realizar a suspensão ou ação de outro(19). A gravidade, prevalência e possíveis conseqüências
ISRS – inibidores seletivos de recaptação de serotonina, IECA – Inibidores da enzima conversora de angiotensina ECG – eletrocardiograma, TGI – Trato
gastrintestinal.
Quadro 2. Interações medicamentosas potenciais e respectivos desfechos clínicos.
Polifarmácia: interações e reações adversas no uso de medicamentos por idosos
das IM estão relacionadas a variáveis como condições clínicas dos características potencialmente interativas foram ilustrados no
indivíduos, número e características dos medicamentos. Esses Qauadrio 2 com as respectivas interações potenciais e desfechos
fatores são agravados pelo mau uso não intencional que ocorre clínicos(3-4,10,12,16,18-20).
devido a problemas visuais, auditivos e de memória. Deste modo, Os riscos estimados nos estudos provenientes principalmente
idosos representam o grupo mais vulnerável, visto que a maioria de paises desenvolvidos podem, inicialmente, parecer elevados e
das IM ocorre através de processos que envolvem a farmacocinética não fornecer uma analise risco-benefício para terapia individual.
e/ou farmacodinâmica do medicamento. Todavia, RAM e IM são subestimadas no mundo inteiro. Muitos
Estima-se que o risco de apresentar IM seja de 13% para idosos desses eventos não são reconhecidos pelo paciente, familiar,
que usam dois medicamentos, de 58% para aqueles que recebem tampouco pelos profissionais, especialmente quando a polifármacia
cinco. Nos casos em que o uso desses agentes é igual ou superior é demasiadamente complexa. Além disso, muitos profissionais
a sete, a incidência eleva-se para 82%(12). Em pacientes clínicos imaginam as RAM e IM em termos de desfechos catastróficos como
observou-se que a média de medicamentos prescritos na alta foi arritmias, convulsões, morte, que embora sejam respostas possíveis,
maior (6) do que na admissão (4.5), e que em 47,8% da amostra, representam somente a ponta do iceberg. No dia-a-dia, as
o número de IM potenciais identificadas na admissão hospitalar foi conseqüências desses eventos como tontura, sedação, hipotensão
igual ao da alta, demonstrando que nem sempre o idoso no domicilio postural, quedas, confusão, frequentes em idosos e aparentemente
é menos susceptível ao evento(19). No Brasil estudo realizado em menos dramáticas, podem aumentar o perfil de morbimortalidade
hospital público mostrou que 61,8% dos idosos apresentaram pelo deste grupo etário.
menos uma RAM, sendo que 15% foram relacionadas à IM
potenciais(20). CONSIDERAÇÕES FINAIS
Muitos medicamentos comumente usados por idosos como,
por exemplo, antiinflamatórios não esteroidais (AINE), beta- A vulnerabilidade dos idosos aos eventos adversos relacionados
bloqueadores, inibidores da enzima conversora de angiotensina a medicamentos é bastante alta, o que se deve a complexidade dos
(IECA), diuréticos, digoxina, antilipidêmicos, depressores do sistema problemas clínicos, à necessidade de múltiplos agentes, e às
nervoso central são potencialmente interativos. Há, ainda, os alterações farmacocinéticas e farmacodinâmicas inerentes ao
indutores (fenitoina, carbamazepina) e inibidores enzimáticos como, envelhecimento.
por exemplo, cimetidina, omeprazol que, freqüentemente, Neste cenário, o grande desafio dos enfermeiros no Brasil que
encontram-se envolvidos nas IM, que ameaçam a saúde do esta envelhecendo é contribuir na promoção do uso racional dos
idoso(10,12,16,18-20). medicamentos. A educação dos usuários, especialmente no que
Apesar do difícil estabelecimento de relação causal, é possível concerne à prática da automedicação, inclusive de fitoterápicos; a
predizer algumas IM. Deste modo, é fundamental que os orientação acerca dos riscos da interrupção, troca, substituição ou
profissionais conheçam esses medicamentos potencialmente inclusão de medicamentos sem conhecimento dos profissionais da
interativos, no intuito de prevenir eventos adversos decorrentes da saúde; o aprazamento criterioso dos horários da prescrição/receita
combinação terapêutica. médica, de modo a evitar a administração simultânea de
A amiodarona e a digoxina usadas por muitos idosos que medicamentos que podem interagir entre si ou com alimentos; o
apresentam doenças cardiovasculares são implicadas em IM graves monitoramento das RAM implicadas em desfechos negativos são
que podem causar, respectivamente cardiotoxicidade e intoxicação algumas estratégias que podem ajudar a prevenir e minimizar os
digitálica. Muitas das IM apresentam grande magnitude podendo eventos adversos.
resultar em morte, hospitalização, injúria permanente do paciente Além disso, esforços coletivos podem otimizar essas iniciativas.
ou insucesso terapêutico. Todavia, há IM que não causam dano Os programas específicos de atenção ao idoso como os existentes
aparente no idoso, porém o impacto é silencioso, tardio e, às vezes, nos centros de referencia e nas universidades da terceira idade
irreversível. A terapia combinada dos AINE e diuréticos tiazidicos, podem funcionar como ancoras para realização de cursos ou
bem como dos IECA e AINE podem causar alteração da função programas educativos, que ofereçam subsídios para que cuidadores,
renal, desequilíbrio eletrolítico, além de afetar a eficácia da terapia familiares e o próprio idoso possam utilizar os medicamentos de
antihipertensiva. Alguns dos medicamentos, que apresentam maneira mais segura.
REFERÊNCIAS
1. McLean AJ, Le Couteur DG. Aging biology and geriatric clinical Fam Physician 2002; 66(10) :1917- 24.
pharmacology. Pharmacol Rev 2004; 56(2) :163-84. 5. Teixeira JJ, Lefèvre F. A prescrição medicamentosa sob a ótica
2. Kennerfalk A, Ruigomez A, Wallander MA, Wilhelmsen L, do paciente idoso. Rev Saúde Pública 2001;35(2): 207-13.
Johanson S. Geriatric drug therapy and healthcare utilization in 6. Carvalho MFC. A polifarmácia em idosos do Município de São
the United Kingdom. Ann Pharmacother 2002; 36(5): 797- Paulo: Estudo SABE – Saúde, Bem-estar e Envelhecimento
803. [dissertação de mestrado]. São Paulo (SP): Faculdade de Saúde
3. Woodward MC. Deprescribing: achieving better health outcomes Pública. Universidade de São Paulo; 2007.
for older people through reducing medications. J Pharm Pract 7. Loyola-Filho AI, Uchoa E, Lima-Costa MF. Estudo
Res 2003; 33:323-8. epidemiológico de base populacional sobre uso de medicamento
4. Willians C. Using medications appropriately in older adults. Am entre idosos na região metropolitana de Belo Horizonte, Minas
Secoli SR.
Gerais. Cad Saúde Pública. 2006; 22(12): 2657-67. medicine. Arch Intern Med. 2001; 161(19) : 2317-23.
8. Rozenfeld S, Fonseca MJ, Acurcio FA. Drug utilization and 15. World Health Organization. International drug monitoring: the
polypharmacy among the elderly: a survey in Rio de Janeiro role of national centers. Geneva, 1972 [WHO technical Report
City, Brazil. Rev Panam Salud Pública 2008; 23(1): 34-43. Series, 498].
9. Coleho Filho, JM, Marcopito LF, Castelo A. Perfil de utilização 16. Field TS, Mazor KM, Briesacher B, DeBellis KR, Gurwitz JH.
de medicamentos por idosos em área urbana do Nordeste do Adverse drug events resulting from patient errors in older adults.
Brasil. Rev Saúde Pública 2004;38(4): 557-64. J Am Geriatr Soc 2007; 55(2): 271-6.
10. Prybys KM, Melville K, Hanna J, Gee A, Chyka P. Polypharmacy 17. Laroche ML, Charmes JP, Nouaille Y, Picard N, Merle L. Is
in the elderly: clinical challenges in emergency practice: part 1 inappropriate medication use a major cause of adverse drug
overview, etiology, and drug interactions. Emerg Med Rep 2002; reactions in the elderly. Br J Clin Pharmacol 2006; 63(2): 177-
23(8) :145-53. 86.
11. Cassiani AHB. A segurança do paciente e o paradoxo no uso 18. Barry PJ, O’Keefe N, O’Connor KA, O’Mahony D. Inappropriate
de medicamentos. Rev Bras Enferm 2005; 58(1): 95-9. prescribing in the elderly: a comparison of the Beers criteria
12. Delafuente JC. Undersdending and preventing drug interactions and the improved prescribing in the elderly tool (IPET) in acutely
in elderly patients. Crit Rev Oncol Hematol. 2003; 48(2): 133- ill elderly hospitalized patients. J Clin Pharm Ther 2006; 31(6):
43. 617-26.
13. Landi F, Onder G, Cesari M, Barillaro C, Russo A, Bernablei R 19. Egger SS, Drewe J, Schlienger RG. Potential drug-drug
et al. Psychotropic medications and risk for falls among interactions in the medication of medical patients at hospital
community-dwelling frail older people: an observational study. discharge. Eur J Clin Pharmacol 2003; 58(11): 773-8.
J Gerontol A Biol Sci Med Sci 2005; 60(5): 622-6. 20. Passarelli, MC, Jacob-Filho W, Figueras A. Adverse drug reactions
14. Ebbesen J, Buajordet I, Erikssen J, Brors O, Hilberg T, Svaar H, in elderly hospitalised population – inappropriate prescription is
Sandvik L. Drug related deaths in a department of internal a leading cause. Drugs Aging 2005; 22: 767-77.