Sei sulla pagina 1di 4

DISCIPLINA: LINGUÍSTICA APLICADA

Os filmes “O Enigma de Kaspar Hauser” e “Nell” sob as teorias de concepção da


linguagem

“O Enigma de Kaspar Hauser” e “Nell” são dois filmes muito ricos em questões
psicológicas e de linguagem passíveis de ser analisadas. O primeiro se trata de uma das
obras-primas do cineasta alemão Werner Herzog de 1974 que adapta para o cinema a vida
real de Kaspar Hauser, menino abandonado e encontrado na praça Unschlittplatz em
Nuremberg, Alemanha do século XIX. Quando encontrado, o garoto não falava e tinha a
estrutura física muito frágil, sendo que mal conseguia ficar em pé. Já o filme “Nell” tem
como diretor Michael Apted e apresenta a história fictícia de uma mulher de
aproximadamente 30 anos que vive sua vida isolada com sua mãe em uma cabana situada
numa floresta dos Estados Unidos. Nell só é descoberta por acaso, quando um médico
entra em sua cabana para examinar o corpo de sua mãe, encontrada morta por um rapaz
que lhes vendia alimentos.
Começa-se por Kasper Hauser. Quando o garoto (de aproximadamente 15 ou 16
anos) é encontrado na praça, os únicos traços de humanidade aparente são suas
vestimentas e a carta que traz em uma das mãos. Ou seja, Hauser não correspondia os
padrões de “normalidade” de um ser humano. Ele fala apenas uma frase (“Quero ser
cavaleiro com o meu pai”) e não sabe se comunicar de outra maneira com as pessoas que
se aproximam dele. Isso aconteceu porque Hauser viveu os primeiros anos de sua vida
com pouquíssimo contato com outros seres humanos e com quase nenhum estímulo para
desenvolver a linguagem.
No início do filme, há uma cena “explicativa” em que há um pequeno texto
expondo a condição de prisioneiro que o garoto vivera antes de ser libertado. No decorrer
do filme, Kaspar vai sendo ensinado através de estímulos transmitidos por outros seres
humanos (tanto adultos quanto crianças) e aprende, no começo, por imitação.
Tomando como exemplo, tem-se em uma das cenas Hauser e uma das primeiras
famílias que o acolhe, sentados a mesa para uma refeição. Ele, no entanto, não tem ideia
do que acontece nesse ritual de alimentação e permanece imóvel. Percebendo isso, o
homem da casa tenta fazê-lo comer por imitação, mostrando-o que se deve pegar a colher
pela mão e leva-la até a boca. Kaspar não compreende e o homem tenta alimentá-lo com a
uma criança, levando a colher a sua boca. O garoto, não acostumado com o gosto da
comida cospe-a. A família, no entanto, compreende sua dificuldade e lhe dá pão para
comer, que ele aceita por ser o único alimento que conhecia até aquele momento. O
homem pede então, para seu filhinho (Julius) dar a Hauser um pouco d’água. Esta é
rapidamente consumida. Vendo Hauser não compreender que a água acaba ao ser
consumida, Julius o mostra tanto verbalmente quanto fisicamente que o copo em que ela
estava havia ficado vazio. Dessa forma, ele vai constituindo o que certas características
de um ser humano “normal”.
Tendo em vista a teoria Sócio-interacionista de Vygotsky cujo princípio é “todo
conhecimento se constrói socialmente, pela aprendizagem nas relações com os outros”
(MARCELINO, ????) pode-se compreender o fato de Hauser ser incapaz de se comunicar
devido a falta de contato social vivida por ele em sua infância. Ou seja, foi um
conhecimento não construído por Hauser devido a sua condição. Na visão Behaviorista,
essa falta de contato social poderia ser considerada a falta dos estímulos necessários à
formação psicossocial do indivíduo. Como poderia Kaspar Hauser falar uma língua sem
nunca tê-la ouvido? E por mais que ele tivesse a ouvido, isso não seria suficiente para
adquiri-la. Seria necessário o convívio constante com ela para aprendê-la. E finalmente,
segundo a hipótese do Inatismo de Noam Chomsky, o meio funciona como o “acionador”
do dispositivo inato da aprendizagem da língua.
Dessa forma, é possível compreender que Hauser só começou a sentir a pressão
social para que haja sua adequação quando ele é inserido na sociedade daquela cidade. É
interessante observar os questionamentos levantados por ele (como o da cena da “maçã
esperta”) a partir do momento dessa inserção.
Mas, como gancho, fala-se de “Nell”. Diferentemente de Kaspar Hauser, Nell já
possui uma língua quando é encontrada pelo doutor Jerome Lovell. No entanto, essa
língua é única: somente ela sabe o que diz. Intrigado com o mistério da vida e linguagem
(língua falada e comunicação corporal) é que Lovell decide tentar ajuda-la.
Descobre-se que a falecida mãe de Nell tinha parte dos músculos faciais
paralisados. Isso ocasionava problemas de fala para a mulher, a levando a falar de modo
estranho. Esse seria um dos motivos apontados no filme para explicar porque a fala de
Nell era quase ininteligível. Assim, pode-se levantar a hipótese de que, sendo sua mãe seu
único estímulo a fala, Nell se “adequou” aquele meio. Ela não precisava se adequar a toda
uma sociedade humana, o que a levou a fixar sua fala e suas atitudes do jeito mostrado no
filme.
Assim como Hauser, Nell foi privada de uma vida social até ser encontrada por
alguém socialmente aceito como “normal” e “resgatada” a modelagem humana
tradicional. Mas a abordagem de Lovell a Nell é diferente da que acontece com Kaspar:
ele tenta falar a língua dela para criar laços de comunicação e, mais tarde, afetividade.
Dessa forma, ele consegue ensinar a mulher aspectos culturais importantes para a
compreensão humanidade.
Há ainda a possibilidade de se pensar na questão levantada por MACHADO
(????) que segue: “Assim como ocorre com a personagem título do filme, é possível que
determinadas dificuldades sejam originárias do ambiente doméstico.” Ou seja, quando se
traz para a analise do preconceito lingüístico atual, o filme pode atuar como uma maneira
de fazer enxergar um dos motivos da existência das variantes lingüísticas.
Tem-se então, que ambos os personagens principais são considerados excêntricos
e meio animalescos no início, denunciando a facilidade humana de não analisar os fatos
antes de partir para um julgamento. Ambos são também reconhecidos ao passar do tempo
como seres que apenas tiveram pouco ou nenhum estímulo para se adequar à determinada
cultura desde a infância.
Finalmente, a questão do tempo é importante nos dois filmes. Em Hauser, tem-se
a representação de dois anos. Em Nell, de três meses. Isso leva a perceber que a
aprendizagem depende não somente do convívio, mas também da duração de exposição
aos estímulos do meio.

REFERÊNCIAS

Fichas Técnicas

Nell
(Nell)

País/Ano de produção:- EUA, 1994


Duração/Gênero:- 115 min., Drama
Disponível em vídeo e DVD
Direção de Michael Apted
Roteiro de William Nicholson e Mark Handley
Elenco:- Jodie Foster, Liam Neeson, Miranda Richardson, Robin Mullins, Richard
Libertini, Nick Sersi.

O Enigma de Kaspar Hauser


(Jeder für sich und Gott gegen alle)

Diretor: Werner Herzog


Elenco: Bruno S., Walter Ladengast, Brigitte Mira, Hans Musau, Willy Semmelrogge,
Michael Kroecher, Henry Van Luck, Enno Patalas, Elis Pilgrim, Volker Prechtel, Gloria
Doer.
Duração: 101 min.
Ano: 1974
País: RFA
Gênero: Drama

MACHADO, João Luís de Almeida. Nell - Os limites da Ciência. Disponível em:


<http://www.planetaeducacao.com.br/portal/artigo.asp?artigo=73>. Acesso em 29 set 2010.

MARCELINO, Marcelo. Principais teorias/abordagens da aquisição da linguagem.

Potrebbero piacerti anche