Sei sulla pagina 1di 101

Aula 02

Professor: Vicente Camillo


Macroeconomia
Analista (Área 3) – BACEN
Teoria e exercícios comentados

AULA 02: BALANÇO DE PAGAMENTOS, REGIMES CAMBIAIS E


TAXA DE CÂMBIO DE EQUILÍBRIO; TERMOS DE TROCA

SUMÁRIO PÁGINA

1. BALANÇO DE PAGAMENTOS:
03
CONCEITOS INICIAIS

2. ESTRUTURA ATUAL DO BALANÇO DE


06
PAGAMENTOS NO BRASIL

3. RESERVAS INTERNACIONAIS 20

4. O AJUSTE NO BALANÇO DE PAGAMENTOS 27

5. REGIMES DE CÂMBIO 34

6. RESUMO 50

7. LISTA DE QUESTÕES APRESENTADAS E


51
GABARITO

Prof. Vicente Camillo www.estrategiaconcursos.com.br Página 1 de 100


Macroeconomia
Analista (Área 3) – BACEN
Teoria e exercícios comentados

1. BALANÇO DE PAGAMENTOS: CONCEITOS INICIAIS

Compreender o Balanço de Pagamentos (BP) é o ponto de partida


para entender as transações econômicas entre países. Da mesma
forma que as contas nacionais partem de tautologias (princípios) e
registram as transações internas, o Balanço de Pagamentos é
definido como o registro sistemático das transações entre
residentes e não residentes, de determinado país, em certo
período de tempo.

Da definição acima, dois comentários devem ser ressaltados:

1. Apesar de ter “pagamentos” no nome, o BP envolve transações


em que não são registrados apenas pagamentos, mas também
outras, como os donativos remetidos a outra nação (por exemplo, os
donativos para fins humanitários, em que são remetidos alimentos,
medicamentos, entre outros). Portanto, no BP são registradas
transações que envolvem ou não pagamentos em espécie
(guarde isto, pois fará diferença adiante!)

2. As transações, para estarem contabilizadas no BP, devem ser


realizadas entre residentes e não residentes. Mas, como defini-los? A
residência do agente econômico deve refletir o local onde
realiza permanentemente suas atividades econômicas, ou
seja, seu “centro de interesse” 1. Deste modo, caso o indivíduo se
encontre transitoriamente em outro país e lá realize transações
econômicas, estas devem estar contabilizadas no Balanço de
Pagamentos. De maneira similar, a mesma definição vale para
subsidiárias de empresas que realizam transações entre si, por
exemplo.

Mais especificamente, consideram-se residentes todas as pessoas


físicas e jurídicas que tenham o país em questão como centro de suas
atividades econômicas. Ou seja, mesmo que a pessoa tenha nascido

1
Assim definido por Simonsen e Cysne (2009)
Prof. Vicente Camillo www.estrategiaconcursos.com.br Página 2 de 100
Macroeconomia
Analista (Área 3) – BACEN
Teoria e exercícios comentados

na Inglaterra, mas exerça todas suas atividades econômicas no


Brasil, para fins contabilização do Balanço de Pagamento brasileiro, o
sujeito é brasileiro. Caso não se enquadre nesta classificação, a
pessoa é não residente.

O Brasil segue as orientações do FMI na elaboração do Balanço de


Pagamentos. A partir de abril de 2015, o Banco Central adotou a
sexta versão do Manual do Balanço de Pagamentos (MBP6), conforme
orientação do FMI. No Quadro 2, apresentado no tópico seguinte,
estão descritas as principais modificações advindas desta metodologia
em relação a anteriores.

O Balanço de Pagamentos apresenta escrituração realizada de acordo


com o princípio das partidas dobradas (um débito em determinada
conta deve ter uma conta correspondente creditada).

Basicamente, há dois tipos de contas, de acordo com a maneira de


contabilização:

1.1. Contas Operacionais

Correspondem aos fatos geradores de recebimentos ou pagamentos


realizados no BP. Isto é, as exportações, importações, empréstimos,
investimentos e demais transações. Caso o fato enseje uma
entrada de recursos ao país, a transação deve ser creditada,
como as exportações; transações que dão origem a saída de
recursos devem ser debitadas, como as importações.

São as contas presentes no Balanço de Transações Correntes, de


Capitais Autônomos e de Erros e Omissões (apresentadas no próximo
tópico desta aula).

Também podemos entendê-las como as contas privadas do BP, ou


seja, as contas que evidenciam as transações privadas. Assim, uma
transação comercial/financeira/donativos realizada por indivíduos,
empresas e governos é nesta conta registrada.

Prof. Vicente Camillo www.estrategiaconcursos.com.br Página 3 de 100


Macroeconomia
Analista (Área 3) – BACEN
Teoria e exercícios comentados

Atenção! que uma transação privada pode ser efetuada por entidade
governamental, multilateral ou do terceiro setor. Basta que apresente
caráter comercial/financeira/donativos para assim ser classificada.
Um empréstimo entre um banco localizado no exterior e um estado
federado brasileiro será primeiramente contabilizado em contas
operacionais do BP.

1.2. Conta de reservas

Também conhecida como “conta caixa”. Diferentemente das contas


operacionais, estas não dependem de transações propriamente
ditas para serem modificadas. São escrituradas como a
contabilidade de empresas: debita-se o aumento da conta e se
credita a diminuição da mesma.

São similares às contas de resultado da contabilidade empresarial,


pois demonstram o saldo do balanço de pagamentos. Adiante,
veremos este fato com detalhes.

Registram o movimento dos meios de pagamento internacionais à


disposição do país, os quais são considerados pela Autoridade
Monetária para a realização de pagamentos e dívidas assumidas com
o resto do mundo. Isto é, caso o país não disponha de recursos,
obtidos através de transações, comerciais ou financeiras, para
pagamento de suas obrigações com os demais países, o saldo da
conta de reservas é utilizada. Além disto, podem ser utilizadas para a
realização de política monetária e cambial.

As Contas de Reservas são subdivididas em:

i. Haveres no exterior – corresponde às variações de estoque de


moeda estrangeira e de títulos externos de curto prazo em poder da
Autoridade Monetária. São as famosas “reservas internacionais”. Caso
o País aumenta os haveres no exterior, deve debitar esta conta.

Prof. Vicente Camillo www.estrategiaconcursos.com.br Página 4 de 100


Macroeconomia
Analista (Área 3) – BACEN
Teoria e exercícios comentados

ii. Ouro Monetário – é o ouro contabilizado pela Autoridade


Monetária para ser utilizado como meio de pagamento em transações
internacionais. O Banco Central pode converter reservas em ouro,
usando-o como pagamento. Novamente, operações que aumentem a
disponibilidade de ouro devem ser contabilizadas a débito.

iii. Direitos Especiais de Saque – é a moeda do FMI e substitui o


ouro ou o dólar em transações internacionais e deve ser contabilizado
como as demais contas acima apresentadas.

iv. Reservas do FMI – fundo do FMI utilizado para socorrer as


crises de balanço de pagamentos dos países.

Feita a introdução ao Balanço de Pagamentos, podemos seguir


adiante com sua Estrutura.

Prof. Vicente Camillo www.estrategiaconcursos.com.br Página 5 de 100


Macroeconomia
Analista (Área 3) – BACEN
Teoria e exercícios comentados

2. ESTRUTURA ATUAL DO BALANÇO DE PAGAMENTOS NO


BRASIL

Conforme visto, o Balanço de Pagamentos apresenta as transações


realizadas por determinado país com o resto do mundo dentro de
certo período de tempo.

Ademais, é importante citar que o BP é escriturado a partir do


princípio das partidas dobradas, ou seja, um crédito em determinada
conta deve ter outro registro a débito em outra conta.

A consequência prática deste fato é a seguinte: a soma de todas as


contas do BP (operacionais e de reservas) deve ser igual a
zero!

Este simples conceito (contas externas em equilíbrio) pressupõe


que, caso as Contas Operacionais não apresentem equilíbrio (dito de
outro modo, caso o saldo do BP seja diferente de a zero), as Contas
de Reservas devem ser acionadas para cobrir eventuais déficits ou
superávits. Logo adiante veremos mais detalhes sobre isto.

No momento, segue a estrutura do Balanço de Pagamentos e os


comentários sobre cada conta2:

2
F E “ E Adoção da 6ª Edição do Manual
B P P I I BPM
Disponível em: http://www.bcb.gov.br/ftp/infecon/nm1bpm6p.pdf
Prof. Vicente Camillo www.estrategiaconcursos.com.br Página 6 de 100
Macroeconomia
Analista (Área 3) – BACEN
Teoria e exercícios comentados

ESTRUTURA DO BALANÇO DE PAGAMENTOS

1. CONTA CORRENTE (OPERACIONAL)

1.1. Bens e Serviços

1.1.1 Bens (Balanço Comercial)

Exportações

Importações

1.1.2 Serviços (Balanço de Serviços)

Serviços de manufatura

Serviços de manutenção e reparo

Transportes

Viagens

Construção

Seguros

Serviços financeiros

Serviços de propriedade intelectual

Telecomunicação, computação e informações

Aluguel de equipamento

Outros serviços de negócio

Serviços culturais, pessoais e recreativos

Serviços governamentais

1.1.3 Renda Primária

Remuneração de trabalhadores

Renda de investimento

Investimento direto

Lucros e dividendos

Juros

Investimento em carteira

Outros investimentos

Ativos de reserva

1.1.4 Renda Secundária (Transferências Unilaterais Correntes)

Saldo em Transações Correntes = 1.1.1 + 1.1.2 + 1.1.3 + 1.1.4

Prof. Vicente Camillo www.estrategiaconcursos.com.br Página 7 de 100


Macroeconomia
Analista (Área 3) – BACEN
Teoria e exercícios comentados

ESTRUTURA DO BALANÇO DE PAGAMENTOS (continuação)

2. CONTA DE CAPITAL (OPERACIONAL)

2.1. Conta Capitais Autônomos (Conta Capital e Financeira)


2.1.1. Conta Capital
Transferências de Capital
2.1.2. Conta Financeira
Investimento direto no exterior
Participação no capital e cotas em fundos
Dívida intercompanhia
Investimento direto no país
Participação no capital e cotas em fundos
Dívida intercompanhia
Investimento em carteira - Ativos
Ações e cotas em fundos
Títulos de renda fixa
Investimento em carteira - Passivos
Ações e cotas em fundos
Títulos de renda fixa
Derivativos - Ativos
Derivativos - Passivos
Outros investimentos - Ativos
Moedas e depósitos
Empréstimos
Créditos comerciais e adiantamentos
Demais
Outros investimentos - Passivos
Moedas e depósitos
Empréstimos
Créditos comerciais e adiantamentos
Demais
Ativos de reserva
2.2. Erros e Omissões

Saldo Conta de Capital = 2.1 + 2.2

SALDO BP (contas operacionais) = 1 + 2

Prof. Vicente Camillo www.estrategiaconcursos.com.br Página 8 de 100


Macroeconomia
Analista (Área 3) – BACEN
Teoria e exercícios comentados

2.3. Capitais Compensatórios (RESERVAS)

2.3.1 Reservas
Haveres no Exterior
Ouro Monetário
Direitos Especiais de Saque
Reservas do FMI
2.3.2 Empréstimos de Regularização

2.3.3 Atrasados

SALDO BP (total) = 1 + 2 + 3

Obs: como a conta de capitais compensatórios sempre terá o mesmo saldo


das contas operacionais, mas com sinal inverso, o saldo total do BP será
sempre igual a zero, como explicado adiante.

MODIFICAÇÕES INTRODUZIDAS PELO MPB5 E MPB6


O Banco Central adotou nova metodologia de contabilização do BP a
partir de 2001 (MPB5) e a partir de 2015 (MPB6). A título de curiosidade,
segue resumidamente as principais modificações:
1. A antiga conta “Serviços Não Fatores” é agora denominada
“Serviços”.
2. A conta “Serviços Fatores” é agora denominada “Rendas”.
3. A conta “Transferências Unilaterais” passou a ser subdividida em
Correntes e de Capital, ressaltando o fato gerador.
4. Variações de Reservas
Anteriormente, a variação de reservas era contabilizada no próprio
Balanço de Pagamento.
No entanto, a nova metodologia contabiliza a variação de reservas em
demonstrativo análogo às Demonstrações de Resultados da
contabilidade empresarial. Ou seja, a variação das reservas serve para
indicar o resultado do Balanço de Pagamentos no período: se positivo, as
reservas aumentam; se negativo, diminuem.
Outro motivo: a variação de reservas se dá independentemente de
transações entre residentes e não residentes. O BACEN, por exemplo,
pode comprar ouro no mercado interno e transformá-lo em meio de
pagamento para transações internacionais, ou seja, escriturá-lo na conta
Reservas do BP sem realizar qualquer operação com o resto do mundo.
Do mesmo modo, caso as reservas estejam mantidas sob a forma de
títulos, a valorização destes no mercado também eleva a quantidade de
reservas.

Prof. Vicente Camillo www.estrategiaconcursos.com.br Página 9 de 100


Macroeconomia
Analista (Área 3) – BACEN
Teoria e exercícios comentados

01. (ESAF - Analista do Banco Central do


Brasil/Supervisão/2002) A partir de 2001, o Banco Central do
Brasil introduziu algumas importantes alterações no balanço
de pagamentos. Entre estas alterações, destaca-se:

a) a exclusão da conta "reinvestimentos" dos movimentos de capitais


autônomos.

b) a inclusão do item "amortizações" na conta de serviços de fatores.

c) a introdução da "conta financeira", em substituição à antiga conta


de capitais, para registrar as transações relativas à formação de
ativos e passivos externos.

d) a inclusão das transferências unilaterais na conta de investimentos


diretos.

e) a retirada do item de investimentos diretos dos empréstimos inter


companhias.

Prof. Vicente Camillo www.estrategiaconcursos.com.br Página 10 de 100


Macroeconomia
Analista (Área 3) – BACEN
Teoria e exercícios comentados

A resposta está no quadro acima. Complementando-o, seguem as


seguintes observações:

i. a conta reinvestimento pertencia à conta corrente, visto se


tratar da aplicação de rendas (lucros).

ii. A conta serviços de fatores denomina-se Rendas

iii. Os capitais autônomos são divididos em conta de capital e


conta financeira, sendo esta destinada a contabilizar as modalidades
de investimento.

iv. A antiga conta transferências unilaterais foi substituída por


transferências de capital e transferências correntes, visto a
necessidade de diferenciar a natureza da transferência

v. Investimentos diretos é uma subconta da conta financeira,


sendo que os empréstimos inter companhias são contabilizado em
outra subconta

GABARITO: LETRA C

Vista a estrutura do BP, cabe definir o que é contabilizado e a


maneira de contabilização de cada conta.

O Balanço Comercial contabiliza a movimentação de mercadorias,


isto é, as exportações e importações de bens tangíveis. As
exportações são lançadas a crédito e elevam o saldo da conta; as
importações, a débito, reduzindo saldo da conta. As transações do
Balanço de Bens são registradas pelo valor FOB (Free on Board),
ou seja, pelo valor de embarque, livre de fretes, seguros e demais
serviços incidentes.

O Balanço de Serviços registra as transações intangíveis (bens


“invisíveis”) que denotam como fato gerador a prestação de um
serviço. Desta maneira, incluem as receitas/despesas com
transportes, viagens, seguros, serviços governamentais, royalties e
Prof. Vicente Camillo www.estrategiaconcursos.com.br Página 11 de 100
Macroeconomia
Analista (Área 3) – BACEN
Teoria e exercícios comentados

licenças, entre outros. O pagamento de serviços efetuados ao exterior


são lançados como débito, assim como recebimento do exterior de
serviços prestados por residentes é lançado como crédito, elevando o
valor da conta.

O Balanço de Renda Primária apresenta as transações relativas à


remuneração dos fatores de produção. Assim, a remuneração do
trabalho (salários e outras formas de renda do trabalho), a
remuneração do capital de risco (lucros, dividendos) e a remuneração
do capital de empréstimos (juros) são aqui contabilizadas.
Naturalmente, o pagamento de rendas a fatores de produção
possuídos por não residentes é lançado à débito e o recebimento de
rendimentos por residentes é lançado a crédito.

O Balanço de Renda Secundária, antigamente chamado de


Transferências Unilaterais Correntes, contém os pagamentos e
recebimentos sem contrapartidas, como as doações e reparações de
guerra. Atenção! que, mesmo não havendo fato gerador como
contrapartida, as transferências unilaterais correntes possuem
contrapartida contábil. Por exemplo, uma doação de alimentos,
mesmo que não apresente um pagamento financeiro como
contrapartida, é contabilizado tanto a crédito como à debito no BP.
Mais adiante, na seção Exemplos, veremos como são contabilizadas
estas transações.

Aqui há uma importante observação a ser feita. A soma do Balanço


de Renda Primária com o de Renda Secundária origina a
diferença entre os conceitos de Produto Interno Bruto (PIB) e
Produto Nacional Bruto (PNB).

Quando se estuda as identidades macroeconômicas básicas, se


aprende duas maneiras distintas de se medir o produto gerado na
economia em determinado período. O conceito mais utilizado, o PIB,
corresponde ao que foi produzido dentro do país. Já o PNB refere-se

Prof. Vicente Camillo www.estrategiaconcursos.com.br Página 12 de 100


Macroeconomia
Analista (Área 3) – BACEN
Teoria e exercícios comentados

ao que foi produzido pelos residentes do país, independentemente se


dentro ou fora do território.

É comum diferenciar os dois conceitos através da chamada Renda


Líquida Enviada ao Exterior (RLEE). Como = + , se
entende que o PIB é maior que o PNB quando a RLEE é positiva.

Mas, como encontramos a RLEE?

Através da soma entre o saldo do Balanço de Rendas e o saldo de


Transferências Unilaterais Correntes. Mas, uma observação
importante deve ser feita: com a RLEE corresponde à renda líquida
enviada ao exterior e os valores enviados são contabilizados como
débito, a RLEE é igual ao saldo da soma das duas contas, se o
resultado for negativo. Caso positivo, significa que o país recebe
renda líquida do exterior. Ou seja, a expressão torna a ficar da
seguinte maneira: = +  quando o país recebe
renda líquida do exterior, PNB > PIB.

A soma de todas estas contas até aqui citadas constitui o saldo


do Balanço de Transações Correntes. Caso apresente saldo positivo
(superávit), significa que a produção de divisas realizada pelo país,
através da venda de bens tangíveis e intangíveis e das remessas
líquidas de transferências unilaterais, foi superior que a necessidade
de divisas exigida para pagamento de bens tangíveis e intangíveis
adquiridos com não residentes. Naturalmente, a conta também pode
apresentar saldo negativo. Caso isto aconteça, como financiá-lo? Ora,
através da Conta Capital e Financeira.

A Conta Capital registra a movimentação de capitais sem


contrapartida. Assim como as transferências correntes, as
transferências de capital correspondem à remessa/recebimento
unilateral de capitais. As remessas são contabilizadas como débito,
reduzindo o valor da conta; as entradas, a crédito.

Prof. Vicente Camillo www.estrategiaconcursos.com.br Página 13 de 100


Macroeconomia
Analista (Área 3) – BACEN
Teoria e exercícios comentados

A Conta Financeira contabiliza a aquisição/remessa de ativos não


financeiros, tais como os investimentos diretos (aquisição ou venda
de participações societárias) e as transações com ativos financeiros,
como os investimentos em carteira (ações, títulos etc.) e os demais
investimentos (empréstimos, amortizações, financiamentos e créditos
comerciais diversos). Os ingressos destes capitais contabilizam-se
com sinal positivo (crédito) e a remessa com sinal negativo (débito).
Então, caso algum residente contrate determinado financiamento, tal
fato ensejará uma entrada positiva de capital; no futuro, a
amortização deste financiamento dará origem a um débito
correspondente.

Os Erros e Omissões apresentam as imperfeições da estatística


referente ao Balanço de Pagamentos. Nada mais natural: imagine a
dificuldade em auferir cada transação do país com o resto do mundo.
Felizmente, os valores assumidos por esta Conta são ínfimos perto do
total de transações contabilizadas no BP.

Mas, como apurar o saldo desta Conta sabendo que se trata de erros
e/ou omissões? Muito simples e importante!

Como o resultado (saldo) do Balanço de Pagamentos (contas


operacionais) é evidenciado na Conta de Capitais Compensatórios
(Conta de Reservas) e esta é apurada de maneira precisa, pois indica
a variação de reserva mantidas pelo país, presume-se que os erros e
omissões tenham ocorrido nas Contas Operacionais (Correntes e de
Capital).

Mais precisamente, podemos explicar este fato através da seguinte


identidade contábil:

Ou seja, o saldo do Balanço de Pagamentos em contas operacionais é


igual ao saldo do Balanço de Capitais Compensatórios. Nada mais

Prof. Vicente Camillo www.estrategiaconcursos.com.br Página 14 de 100


Macroeconomia
Analista (Área 3) – BACEN
Teoria e exercícios comentados

natural, pois como este representa o resultado daquele e são


contabilizados com sinal invertido, temos a identidade acima.

Desenvolvendo:

+ + =

A soma entre transações correntes transações de capital e erros e


omissões é igual ao saldo de capitais compensatórios com sinal
invertido. Novamente, nada de novo. Trata-se da abertura dos
componentes do Balanço de Pagamentos, os quais mantém a
igualdade com o saldo de capitais autônomos com sinal invertido.
Desenvolvendo mais um pouco:

+ + + =

E aqui reside a identidade do Balanço de Pagamentos. A soma entre


transações correntes, de capitais, erros e omissões e capitais
compensatórios deve ser necessariamente igual a zero. Ou
seja, a soma entre as contas operacionais e de reservas é
igual a zero!

Algumas Bancas entendem que esta expressão significa que o Saldo


do Balanço de Pagamentos é igual a zero. Este fato é correto, pois,
de acordo com a estrutura que utilizamos, os capitais compensatórios
também fazem parte do BP.

Apenas atenção para o fato de que a soma das contas operacionais


(transações correntes e capitais autônomos) não é igual a zero.

Por fim, os Capitais Compensatórios representam as reservas


possuídas pelo país para honrar com seus compromissos comerciais e
financeiros, quando suas respectivas contas são deficitárias. Quando
superavitárias, os capitais compensatórios aumentam seu saldo. Mais
especificamente, compreendem as seguintes contas:

i.Haveres no Exterior, Ouro Monetário e Reservas no FMI -


originam as Reservas Internacionais do país e servem para utilização

Prof. Vicente Camillo www.estrategiaconcursos.com.br Página 15 de 100


Macroeconomia
Analista (Área 3) – BACEN
Teoria e exercícios comentados

imediata, em caso de déficit no BP. Geralmente são utilizadas nesta


ordem apresentada.

ii.Empréstimos de Regularização, com o FMI ou demais instituições


financeiras, representam, geralmente, o último recurso do país para
honrar com eu passivo externo. Como dependem do aval do FMI,
entre outras instituições multilaterais, não apresentam utilização
imediata. Geralmente o país deve cumprir com determinadas
imposições para utilização destes recursos.

iii.Atrasados Comerciais, como o próprio nome sugere, representam a


pior das situações. Caso o país não possa recorrer às possibilidades
acima citadas, só resta a ele incorrer em atrasos ou decretar o não
pagamento das dívidas. Em português claro: o país deu calote!

Bom, sabendo da estrutura, da maneira de contabilização e do


conteúdo de cada conta, nada mais útil que alguns exemplos
envolvendo as contas mais relevantes, que provavelmente serão
testadas pelas Bancas.

Admitam estas operações, medidas em R$, em determinado ano


entre os indivíduos residentes do País A com os indivíduos não
residentes, que podemos denominar, sem maiores problemas, como
“resto do mundo”:

a) País importa 100 em mercadorias pagando à vista

b) País importa 900 em equipamentos, pagando a prazo

c) País recebe investimentos diretos da ordem de 150 em


equipamentos

d) País exporta 50, recebendo à vista

e) País paga ao resto do mundo 10 a título de fretes

f) País amortiza uma dívida anteriormente contraída de 90

g) País recebe 20 em donativos sob a forma de mercadorias

Prof. Vicente Camillo www.estrategiaconcursos.com.br Página 16 de 100


Macroeconomia
Analista (Área 3) – BACEN
Teoria e exercícios comentados

h) País recebe um empréstimo de regularização do FMI de 30.

A tabela abaixo organiza as operações e apresenta os saldos das


respectivas contas:

Operação
Conta a b c d e f g h Total
Exportações 50 50
Importações -100 -900 -150 -20 -1170
Fretes -10 -10
Donativos 20 20
Investimentos 150 150
Financiamentos 900 900
Amortizações -90 -90
Haveres no Exterior 100 -50 10 90 -30 120
Empréstimos do FMI 30 30

Abaixo, exercícios sobre o assunto:

02. FGV - Analista Judiciário (TJ RO)/Economista/2015

Uma ampliação do quantum das exportações e das receitas


provenientes de prêmios de seguros, mantido tudo o mais
constante, gera, respectivamente, o aumento do saldo:

a) da balança comercial e da conta de serviços;

b) da balança de transações correntes e da conta de rendas;

c) da balança comercial e da conta de rendas;

d) da conta de rendas e da conta de serviços;

e) da conta capital e da conta financeira.

Prof. Vicente Camillo www.estrategiaconcursos.com.br Página 17 de 100


Macroeconomia
Analista (Área 3) – BACEN
Teoria e exercícios comentados

Questão direta.

A elevação da quantidade de seguros e, consequentemente, da


receita destes serviços eleva o saldo da conta serviços, que está
dentro da balança comercial.

As demais alternativas referem-se a outras contas.

GABARITO: LETRA A

03. FGV - Analista da Defensoria Pública (DPE RO)/Analista


em Economia/2015/

No dia 24/03/2015, o site do jornal Correio Brasiliense


publicou a reportagem “Déficit de transações correntes é de
US$ 90 bilhões em 12 meses”.

Apesar do título, a reportagem destaca que em fevereiro de


2015 “o balanço de pagamentos registrou superávit de US$ 1
bilhão em fevereiro, com déficit de US$ 6,9 bilhões em
transações correntes”. A melhora do resultado em fevereiro,
apontando para um superávit do balanço de pagamentos,
dentre os seus diferentes componentes, pode ser atribuída:

a) ao investimento direto estrangeiro líquido positivo;

b) ao aumento dos gastos de turistas brasileiros no exterior;

c) ao aumento das importações líquidas;

d) à redução de receitas obtidas com fretes de seguros;

e) ao aumento de remessa de lucro enviada ao exterior.

Prof. Vicente Camillo www.estrategiaconcursos.com.br Página 18 de 100


Macroeconomia
Analista (Área 3) – BACEN
Teoria e exercícios comentados

Lembrando, o saldo do balanço de pagamentos é formado o saldo em


transações correntes e saldo de capitais, sendo que este é dividido
em capitais autônomos e capitais compensatórios. Ou seja:

BP = TC + BKA + BKC

Se o saldo do BP é positivo e, ao mesmo tempo, o saldo em


transações correntes é negativo, necessariamente o saldo da conta
capitais deve ser positivo e maior do que o déficit em transações
correntes.

A única alternativa que atende às exigências feitas acima é a


alternativa A, pois destaca a ocorrência de investimento direto
estrangeiro líquido positivo, ou seja, mais capitais estão entrando no
país do que saindo, denotando a possibilidade de saldo positivo na
conta capitais.

As outras alternativas contém rubricas de transações correntes.

GABARITO: LETRA A

Prof. Vicente Camillo www.estrategiaconcursos.com.br Página 19 de 100


Macroeconomia
Analista (Área 3) – BACEN
Teoria e exercícios comentados

CESPE - Diplomata (Terceiro Secretário)/2015/

04. Com referência aos dados do balanço de pagamentos


apresentado na tabela acima, julgue (C ou E) o item seguinte.

O movimento de capitais autônomos foi positivo e igual a US$


39 bilhões.

Prof. Vicente Camillo www.estrategiaconcursos.com.br Página 20 de 100


Macroeconomia
Analista (Área 3) – BACEN
Teoria e exercícios comentados

O movimento de capitais autônomos é representado pela variação da


conta capital (contas operacionais). Ou seja, não é considerada nesta
questão a variação de capitais compensatórios.

Neste sentido, temos os seguintes lançamentos:

Investimentos para ampliação de empreendimento: + 18

Reinvestimento de lucros: + 10 (este caso é muito interessante, pois


a partir de 2015 o reinvestimento de lucros começou a ser
contabilizado na conta capital; o lançamento completo é feito a débito
na conta renda primária (registrando a remessa de lucros para a
matriz) e a crédito na conta financeira (registrando o reingresso
deste recurso para investimento).

Aplicação de estrangeiros na aquisição de ações no mercado


secundário: + 11

Amortização de empréstimos: -7

Empréstimos obtidos: + 22

Capitais Autônomos: 18 + 10 + 11 – 7 + 22

Capitais Autônomos: 54 bilhões de dólares

GABARITO: ERRADO

05. Com referência aos dados do balanço de pagamentos


apresentado na tabela acima, julgue (C ou E) o item seguinte.

O balanço de serviços apresentou saldo negativo de US$ 43


bilhões.

Prof. Vicente Camillo www.estrategiaconcursos.com.br Página 21 de 100


Macroeconomia
Analista (Área 3) – BACEN
Teoria e exercícios comentados

De acordo com as informações prestadas pela questão, na conta de


serviços são contabilizadas as viagens internacionais (débito),
royalties pagos (débito) e fretes pagos (débito).

Serviços = - 13 – 9 – 6

Serviços = -28 bilhões de dólares

GABARITO: ERRADO

06. Com referência aos dados do balanço de pagamentos


apresentado na tabela acima, julgue (C ou E) o item seguinte.

A aquisição de ações no mercado secundário e o


reinvestimento de lucros não contribuem para o aumento do
estoque de capital da economia.

Prof. Vicente Camillo www.estrategiaconcursos.com.br Página 22 de 100


Macroeconomia
Analista (Área 3) – BACEN
Teoria e exercícios comentados

A questão mistura conceitos de balanço de pagamentos com contas


nacionais para tentar confundir o candidato.

Como vimos em exercício anterior, variações nas duas contas


apresentadas são contabilizadas em capitais autônomos (conceito de
balanço de pagamentos). Mas, isso não quer dizer que estes recursos
contribuem para o aumento do estoque de capital da economia
(conceito de contas nacionais).

Para o reinvestimento de lucros a resposta é positiva (há aumento no


estoque de capital com reinvestimento de lucros). No entanto, a
aquisição de ações no mercado secundário não acarreta em aumento
no estoque de capital, pois se trata de uma aquisição que não
corresponde ao levantamento de recursos para investimento (se
trataria caso fosse uma aquisição no mercado primário).

GABARITO: ERRADO

07. Com referência aos dados do balanço de pagamentos


apresentado na tabela acima, julgue (C ou E) o item seguinte.

Ocorrendo saldo negativo no balanço de pagamentos, ele


poderá ser financiado mediante redução das reservas
internacionais.

Prof. Vicente Camillo www.estrategiaconcursos.com.br Página 23 de 100


Macroeconomia
Analista (Área 3) – BACEN
Teoria e exercícios comentados

Sim. Como sabemos, a ocorrência de saldos negativos no BP (em


contas operacionais) pode ser financiada (e geralmente é) mediante
redução de reservas internacionais (haveres no exterior). Na hipótese
delas não existirem, podem ser usados direitos especiais de saque,
empréstimos de regularização e até atrasados.

GABARITO: CERTO

08. (ESAF - Analista do Banco Central do


Brasil/Supervisão/2002) Considere as seguintes operações
entre residentes e não residentes de um país, num
determinado período de tempo, em milhões de dólares:

• o país exporta mercadorias no valor de 500, recebendo a


vista;

• o país importa mercadorias no valor de 400, pagando a


vista;

• o país paga 100 a vista, referente a juros, lucros e


aluguéis;

• o país amortiza empréstimo no valor de 100;

• ingressam no país máquinas e equipamentos no valor de


100 sob a forma de investimentos diretos;

• ingressam no país 50 sob a forma de capitais de curto


prazo;

• o país realiza doação de medicamentos no valor de 30.

Com base nestas informações, pode-se afirmar que as reservas do


país, no período:

a) tiveram uma elevação de 100 milhões de dólares.

b) tiveram uma elevação de 50 milhões de dólares.


Prof. Vicente Camillo www.estrategiaconcursos.com.br Página 24 de 100
Macroeconomia
Analista (Área 3) – BACEN
Teoria e exercícios comentados

c) tiveram uma redução de 100 milhões de dólares.

d) tiveram uma redução de 50 milhões de dólares.

e) não sofreram alterações.

A variação do saldo de capitais compensatórios representa a variação


das reservas do país. Desta forma, basta encontrar o saldo do
balanço de pagamentos nas contas operacionais para descobrir o
valor da variação nas contas compensatórias, que será igual à
variação das reservas internacionais.

Apenas cabe lembrar que as doações não provocam variações nas


reservas, visto se tratar de transações que não envolvem
pagamentos. Assim:

BP = TC + TK

BP = 500 – 400 – 100 – 100 + 100 – 50

BP = - 50

O Déficit em 50 milhões do BP é financiado com a redução na mesma


quantidade das reservas. Portanto, há redução de 50 milhões de
dólares em reservas.

GABARITO: LETRA D

09. (CESPE - Auditor do Tribunal de Contas da União/2007) As


vendas de bens e serviços para turistas estrangeiros nas
praias nordestinas são contabilizadas, simultaneamente, como
um crédito na balança de transações correntes e como um
débito na conta de capital do balanço de pagamentos
brasileiro.

Prof. Vicente Camillo www.estrategiaconcursos.com.br Página 25 de 100


Macroeconomia
Analista (Área 3) – BACEN
Teoria e exercícios comentados

Obedecendo ao principio das partidas dobradas, o aumento na


demanda interna em virtude de gastos de estrangeiros resulta em
elevação no saldo em transações correntes, de modo que a conta
deve ser creditada. Afinal, bens são vendidos de residentes para não
residentes, o que representa um fato gerador de registro no BP em
transações correntes.

Para equilibrar o BP, a conta haveres no exterior (conta de capitais


compensatórios) deve ser debitada.

GABARITO: CERTO

10. (CESPE - Analista do Ministério Público da


União/Perito/Economia/2010) Nos últimos meses o Brasil
vem apresentando saldos negativos na conta de transações
correntes do balanço de pagamentos. Isso caracteriza uma
situação ruim das contas externas brasileiras.

Prof. Vicente Camillo www.estrategiaconcursos.com.br Página 26 de 100


Macroeconomia
Analista (Área 3) – BACEN
Teoria e exercícios comentados

A situação das contas externas é representada pelo saldo total do


Balanço de Pagamentos, que é composto pelo saldo em transações
correntes e pelo saldo em transações de capital.

Assim, caso o último apresente saldo positivo suficiente para


compensar o saldo negativo do primeiro, a economia não apresenta
situação ruim, como afirma a questão.

Dito de outro modo, por si só, saldos negativos em transações


correntes não necessariamente representam situação econômica
ruim. Até mesmo o saldo negativo no BP em contas operacionais (que
representa uma situação de redução de reservas internacionais) pode
não ser necessariamente ruim, dependendo do contexto econômico.

GABARITO: ERRADO

11. (CESPE - Especialista em Regulação de Serviços Públicos


de Telecomunicações/Economia/2009) O resultado líquido de
transferências não retribuídas, como as doações sem
contrapartidas por parte de quem as recebe é centralizado no
balanço de transações correntes.

Prof. Vicente Camillo www.estrategiaconcursos.com.br Página 27 de 100


Macroeconomia
Analista (Área 3) – BACEN
Teoria e exercícios comentados

As transações correntes sem contrapartidas, como as doações, são


contabilizadas no balanço de transações correntes. Isto não ocorre
nas contas de capital.

GABARITO: CERTO

12. (VUNESP - Agente Fiscal de Rendas (SEFAZ SP)/Auditoria


Fiscal/2002)

Um país realizou as seguintes transações com o exterior


durante um anos, em dólares:

Renda enviada para o exterior = 5.567

Exportação de bens e serviços não fatores = 56.456

Doações para ONG's no exterior = 887

Renda recebida do exterior = 3.985

Doação recebida de ONG estrangeira = 1.345

Importação de bens e serviços não fatores = 54.532

Com essas informações, pode-se dizer que a economia


apresentou

a) Um saldo na Balança Comercial de US$ 800, um saldo no Balanço


de Transações Correntes de US$ 1.924 e a renda líquida enviada ao
exterior foi de US$ 458.

b) Um envio líquido de renda ao exterior da ordem de US$ 800, um


saldo na Balança Comercial de US$ 1.924 e um saldo no Balanço de
Transações Correntes de US$ 1.924, igual ao da Balança Comercial.

c) Renda líquida enviada ao exterior da ordem de US$ 1.582, um


saldo no Balanço de Transações Correntes de US$ 1.924 e um saldo
na Balança Comercial de US$ 1.924, igual ao do Balanço de
Transações Correntes.

Prof. Vicente Camillo www.estrategiaconcursos.com.br Página 28 de 100


Macroeconomia
Analista (Área 3) – BACEN
Teoria e exercícios comentados

d) Um saldo no Balanço de Transações Correntes de US$ 800 e um


saldo na Balança Comercial de US$ 1.924, sendo US$ 1.582 a renda
líquida enviada ao exterior.

e) Um saldo no balanço de Transações Correntes de US$ 1.582 e um


saldo na Balança Comercial de US$ 1.924, sendo US$ 1.582 a renda
líquida enviada ao exterior.

13. CESPE - Auditor Federal de Controle Externo/Controle


Externo/Auditoria Governamental/2015/

Acerca das relações teóricas estabelecidas pelas contas


nacionais e do balanço de pagamentos, julgue o item.

O saldo da balança comercial corresponde à diferença entre a


exportação e a importação de bens, enquanto os valores dos serviços
relativos a transporte e viagens internacionais são computados na
conta capital.

12. Vamos calcular os saldos:

Saldo da Balança Comercial = Exportações - Importações

Saldo da Balança Comercial = 56.456 - 54.532 = 1.924

Renda Líquida Enviada ao Exterior = Renda Enviada - Renda Recebida

Renda Líquida Enviada ao Exterior = 5.567 - 3.985 = 1.582

Agora, para calcularmos o saldo em transações correntes, devemos


considerar os valores que entraram no país como créditos (positivos)
e os que saíram como débitos (negativos). Deste ponto de vista, a
renda líquida enviada ao exterior entra com sinal negativo, as
doações recebidas, com sinal positivo, e as doações enviadas, com
sinal negativo.

Assim:

Prof. Vicente Camillo www.estrategiaconcursos.com.br Página 29 de 100


Macroeconomia
Analista (Área 3) – BACEN
Teoria e exercícios comentados

Saldo em TC = 56.456 - 54.532 - 5.567 + 3.985 - 887 + 1.345

Saldo em TC = 800

GABARITO: LETRA D

13. Questão simples.

É verdade que o saldo da balança comercial corresponde à diferença


entre a exportação e a importação de bens. Porém, os valores dos
serviços relativos a transporte e viagens internacionais são
computados na conta de serviços, que faz parte de transações
correntes, e não de capital.

GABARITO: ERRADO

Prof. Vicente Camillo www.estrategiaconcursos.com.br Página 30 de 100


Macroeconomia
Analista (Área 3) – BACEN
Teoria e exercícios comentados

3. RESERVAS INTERNACIONAIS

As Reservas Internacionais consistem em importante variável


econômica. Diariamente o tema é exposto pela mídia e, geralmente,
cobrado pelas Bancas.

A expressão = indica que a variação das reservas (contidas


no Balanço de Capitais Compensatórios, BK) representa o saldo do
Balanço de Pagamentos auferido no período.

Mais precisamente, caso o saldo do BP = R$ 500, a variação das


reservas também será de R$ 500. No entanto, a contabilização nas
contas compensatórias são feitas como na contabilidade empresarial,
pelo que um débito (representado com sinal negativo) eleva o saldo.
Atenção! para não haver confusões neste ponto: enquanto o saldo
das contas operacionais aumento com operações a crédito
(com sinal positivo), as contas de reservas aumentam com
contabilização à débito, representadas com sinal negativo.

Mas, será que as Reservas variam apenas devido às transações


econômicas registradas nas Contas Operacionais? Ou seja, elas
variam apenas a partir de transações
econômicas/comerciais/financeiras?

Temos duas respostas possíveis: sim, e não

Vamos explicar melhor, primeiro de acordo com a teoria econômica e,


depois, de acordo com a metodologia adotada pelo Brasil (que é a
forma comumente cobrada em concursos).

Em termos teóricos, as Reservas são alocadas em ativos (títulos,


moedas estrangeiras, ouro) e, por isto, sofrem variações de acordo
com a flutuação do mercado, como variações cambiais e
variações da remuneração dos títulos em que estão aplicadas.

Podemos decompor a variação das Reservas em dois componentes


para facilitar o entendimento. Definindo que a variação total das

Prof. Vicente Camillo www.estrategiaconcursos.com.br Página 31 de 100


Macroeconomia
Analista (Área 3) – BACEN
Teoria e exercícios comentados

Reservas ( Restotal) é igual à variação das reservas relativas às


operações entre residentes e não residentes relativas às operações
registradas no BP ( ResBP) mais a variação de outros fatos não
relativos ao BP ( ResC):

Restotal = ResBP + ResC

A variação de ResBP como o próprio nome sugere, depende dos


componentes pertencentes ao Balanço de Pagamentos. Retornando à
Estrutura do Balanço de Pagamentos é possível ver que:

ResBP = HEBP + OMBP + DESBP + RFBP

Sendo:

HEBP = variação dos Haveres no Exterior

OMBP =variação do Ouro Monetário

DESBP = variação dos Direitos de Saque

RFBP = variação das Reservas no FMI

A expressão acima nada mais é que a apresentação da estrutura da


Conta Reservas de maneira algébrica.

Assim, como já observamos, a variação das Reservas não é derivada


tão somente das operações evidenciadas no BP. Devemos também
considerar as variações decorrentes de flutuações de mercado, que
constituem o que chamamos de ResC, Assim, há que se calcular
para cada uma das contas do BP as variações decorrentes de:

a) Valorizações/desvalorizações

b) Monetizações/ monetizações

c) Alocações/cancelamentos

Portanto, caso haja uma valorização na cotação do Ouro


Monetário, o saldo da Conta Reservas é majorado,
independentemente de transações entre residentes e não
residentes. De maneira análoga, caso o país mantenha Haveres
Prof. Vicente Camillo www.estrategiaconcursos.com.br Página 32 de 100
Macroeconomia
Analista (Área 3) – BACEN
Teoria e exercícios comentados

Monetários em dólar e ele se aprecie em relação à moeda doméstica,


o saldo da Conta Reservas irá aumentar exatamente no montante de
valorização da moeda externa.

Este é o caso de vendas a prazo para não residentes realizadas em


moeda estrangeira. Se a empresa, situada no País, exporta
mercadorias para pagamento no futuro em dólares e, havendo
valorização da moeda norte-americana neste período, há aumento do
saldo de Haveres Monetários no Exterior sem a necessidade de
qualquer operação extra. O resultado: o saldo das Reservas
aumenta!

Mas, precisamos compreender que nem sempre as bancas possuem


este entendimento, pois elas adotam como padrão a metodologia
utilizada pelo Banco Central, que pode, inclusive, ser consultada aqui.

De acordo com esta metodologia adotada pelo Bacen (repita-se, a


cobrada em concursos públicos), o resultado do balanço de
pagamentos representa a variação das reservas internacionais
do país, detidas pelo Banco Central, deduzidos os ajustes
relativos a valorizações/desvalorizações das moedas
estrangeiras e do ouro em relação ao dólar americano e os
ganhos/perdas relativos a flutuações nos preços dos títulos e
da cotação do ouro.

Ou seja, no cálculo da variação das reservas internacionais o Bacen


não considera as variações derivadas valorizações/desvalorizações
das moedas estrangeiras e do ouro em relação ao dólar americano e
os ganhos/perdas relativos a flutuações nos preços dos títulos e da
cotação do ouro.

Vamos a um exemplo.

No certame para Auditor Fiscal da Receita Estadual da SEFAZ/RJ em


2014, a FCC considerou correta a seguinte afirmação: Caso o
déficit em Transações Correntes seja superior ao superávit da

Prof. Vicente Camillo www.estrategiaconcursos.com.br Página 33 de 100


Macroeconomia
Analista (Área 3) – BACEN
Teoria e exercícios comentados

Conta Capital e Financeira, haverá uma redução das Reservas


Internacionais. neste sentido, a variação negativa nas reservas
internacionais deve-se exclusivamente ao resultado negativo das
contas operacionais do BP.

Este tipo de entendimento adotado pela FCC e pelas demais bancas,


como ESAF e CESPE, está de acordo com a metodologia atualmente
adotada pelo Bacen! Como nosso objetivo é acertar questões, peço
que fique atento a isto.

Em resumo, mesmo que na realidade as reservas internacionais


variem em função das transações registradas no BP e de outros fatos
não relacionados ao BP (como valorizações, monetizações e
alocações), as Bancas entendem que a variação nas reservas
internacionais é função apenas dos saldos operacionais
verificados nas contas correntes e de capital.

Portanto, ficamos com as seguintes observações sobre as Reservas


Internacionais:
1. O primeiro item que gera variações das Reservas Internacionais é o
saldo do Balanço de Pagamentos. Atenção! que é o saldo do BP, e
não somente o saldo de transações correntes ou de capitais
autônomos.

2. As Reservas variam positivamente com lançamentos à débito caso o


BP apresente saldo positivo. Do mesmo modo, caso o BP apresente
saldo negativo, as Reservas serão creditadas e o saldo diminuirá.

3. Independentemente de transações realizadas entre residentes e não


residentes, a posição dos ativos externos do país pode variar ao
sabor de variações nos preços internacionais, tais como o câmbio, a
taxa de juros e a inflação internacional.

4. As Bancas entendem que a variação nas reservas internacionais é


fruto dos saldos operacionais (contas corrente e de capitais)

Prof. Vicente Camillo www.estrategiaconcursos.com.br Página 34 de 100


Macroeconomia
Analista (Área 3) – BACEN
Teoria e exercícios comentados

Antes de finalizar o tópico, segue uma questão:

14. (FCC - Auditor Fiscal da Receita Estadual (SEFAZ


RJ)/2014) Considere:

I. As Contas Capital e Financeira contemplam: Conta Capital,


Investimentos Brasileiros no Exterior, Investimentos
Estrangeiros no Brasil e Rendas Líquidas de Fatores de
Produção Externos.

II. O Saldo em Transações Correntes contempla: Balança


Comercial, Balança de Serviços, Rendas Líquidas de Fatores de
Produção Externos e Transferências Unilaterais.

III. As Contas Capital e Financeira contemplam: Conta Capital,


Investimentos Brasileiros no Exterior, Investimentos
Estrangeiros no Brasil e Ativos de Reservas Internacionais.

IV. O Saldo em Transações Correntes contempla: Balança


Comercial, Balança de Serviços, Ativos de Reservas
Internacionais e Transferências Internacionais.

V. Caso o déficit em Transações Correntes seja superior ao


superávit da Conta Capital e Financeira, haverá uma redução
das Reservas Internacionais.

De acordo com a estrutura do Balanço de Pagamentos


Brasileiro, está correto o que consta APENAS em

a) I e II.

b) I e IV.

c) II, III e V.

d) III, IV e V.

e) III e IV.
Prof. Vicente Camillo www.estrategiaconcursos.com.br Página 35 de 100
Macroeconomia
Analista (Área 3) – BACEN
Teoria e exercícios comentados

A questão merece ser tratada com muitos detalhes, pois envolve os


entendimentos vistos acima.

A correta estrutura do BP foi apresentada anteriormente, e devemos


consulta-la para resolver esta questão. Verifique acima.

Agora, vejamos os itens:

I – Está incorreto, pois não existe a conta Rendas Líquidas de


Fatores de Produção Externos

II – Item correto

III – Item correto, pois as reservas internacionais fazem parte da


conta de capitais compensatórios, que faz parte da Conta Capital.

IV - Item incorreto: reservas não faz parte de transações correntes

V – Item correto. Em termos teóricos, este item está incorreto (como


vimos acima). No entanto, a Banca considerou a metodologia
utilizada pelo Bacen para o cálculo da variação das reservas
internacionais.

Segundo Simonsen e Cysne (2009)3 [p]ara entender a variação


monetária total das reservas internacionais ( RESTOTAL), é preciso
considerar, além daquelas variações decorrentes das transações
entre residentes e não residentes, já registradas no balanço de
pagamentos [i.e. aquelas registradas em transações correntes e na
conta capital e financeira, como proposto pela questão], também as
operações de valorização/desvalorização,
monetização/desmonetização e alocação/cancelamento, que dão
origem a registros no PII [Posição Internacional de Investimentos],
mas não no Balanço de Pagamentos. Chamaremos às variações de

3
Macroeconomia/Mario Henrique Simonsen, Rubens Penha Cysne. 4a. ed Sao Paulo: Atlas, 2009
(fls. 81-84)

Prof. Vicente Camillo www.estrategiaconcursos.com.br Página 36 de 100


Macroeconomia
Analista (Área 3) – BACEN
Teoria e exercícios comentados

reservas não decorrentes de transações entre residentes e não


residentes de RESC. Neste caso, teremos ,evidentemente,
RESTOTAL = RESBP + RESC.” (grifos meus)

Na visão dos dois eminentes economistas (que representa o


entendimento teórico sobre a questão), a variação nas Reservas
Internacionais ( RESTOTAL) é função não somente das diferenças
entre superávits/déficits encontrados nas transações correntes e na
conta capital e financeira, como faz crer a questão. É também função
de outras variações, tais como valorização/desvalorização dos ativos
em que as reservas internacionais são mantidas, entre outros.
Utilizando o exemplo da questão, caso o déficit em Transações
Correntes seja superior ao superávit da Conta Capital e Financeira
juntamente com uma variação positiva em maior grau no preço dos
ativos em que as reservas internacionais estão alocadas, haverá
aumento nas reservas internacionais.

No entanto, é possível verificar que as bancas costumam adotar a


metodologia utilizada pelo Bacen. Se atente com isso!

GABARITO: LETRA C

Prof. Vicente Camillo www.estrategiaconcursos.com.br Página 37 de 100


Macroeconomia
Analista (Área 3) – BACEN
Teoria e exercícios comentados

4. O AJUSTE NO BALANÇO DE PAGAMENTOS

As transações entre residentes e não residentes podem apresentar


saldos negativos ou positivos em determinado período de tempo. O
saldo do Balanço Comercial entre Brasil e China em determinado ano
pode ter sido negativo, ou seja, deficitário do ponto de vista
brasileiro. Mas, o saldo do Balanço de Serviços, do Balanço de
Rendas, de Transferências Unilaterais Correntes e de Capitais
Autônomos pode ter sido positivo a ponto de compensar o valor
negativo do Balanço Comercial. O resultado definitivo do BP será
positivo.

Evidentemente vários cenários podem ocorrer. Mas, neste tópico,


estamos interessados em apenas 1 deles: os déficits sistemáticos.

Déficits no BP nem sempre são totalmente ruins. O País pode


apresentar déficits devido à importação de máquinas necessárias
para aumentar a capacidade produtiva interna e elevar as
exportações no período seguinte. Os déficits no presente serão mais
do que compensados por superávits no futuro, demonstrando
situação positiva.

No entanto, à medida que o déficit apresente caráter persistente sem


perspectiva de reversão, evidentemente há um problema.

Podemos iniciar a análise com um caso hipotético: Déficit em


Transações Correntes.

O País necessita de capitais adicionais para pagar as despesas com


não-residentes, pois as receitas auferidas por seus residentes em
transações correntes não é suficiente.

A primeira e mais provável maneira de financiar este déficit é através


de capitais autônomos. Ou seja, o país pode registrar a entrada de
investimento direto, de investimentos de portfólio, ou mesmo de
empréstimos comerciais. Caso suficiente, este registro irá cobrir o

Prof. Vicente Camillo www.estrategiaconcursos.com.br Página 38 de 100


Macroeconomia
Analista (Área 3) – BACEN
Teoria e exercícios comentados

déficit em transações correntes e, possivelmente, até registrar saldo


positivo no BP.

Mas, os capitais autônomos não existem para sempre. É necessária


liquidez nos mercados internacionais, além de outros quesitos, para
que eles financiem os déficits em transações correntes. Assim como
um banco não empresta recursos a pessoas com restrições de
crédito, os capitais autônomos não entram em países que não
apresentem condicionantes positivas para tanto.

Assim, dada esta limitação, a outra maneira de cobrir déficits nas


transações correntes é através dos capitais compensatórios, ou seja,
através das reservas internacionais, empréstimos de regularização
ou, no limite, atrasados comerciais.

As contas são autoexplicativas. As reservas podem ser utilizadas para


pagamento de débitos com não residentes. Caso insuficientes, o País
pode apelar para organismos multilaterais, como o FMI, entre outros
órgãos, para cumprir com suas obrigações externas. Ainda, caso esta
alternativa se não se mostre possível, o País pode apresentar
atrasados comerciais. Em outras palavras, pode não pagar seus
débitos com o resto do mundo o que, evidentemente, é a pior
situação possível.

No entanto, é possível ao País corrigir estes desvios sistemáticos,


corrigindo a causa dos déficits em transações correntes. Abaixo,
seguem medidas econômicas passíveis de solucionar os déficits no
BP:

a) Desvalorizações reais da taxa de câmbio

No próximo tópico definiremos formalmente as variações na taxa real


de câmbio. No entanto, esta medida, a mais tradicional de todas, tem
como objetivo reduzir os custos de produção dos bens domésticos em
relação aos bens produzidos no resto do mundo.

Prof. Vicente Camillo www.estrategiaconcursos.com.br Página 39 de 100


Macroeconomia
Analista (Área 3) – BACEN
Teoria e exercícios comentados

Pode se dar a partir da desvalorização nominal da taxa de câmbio,


reduzindo o preço dos bens domésticos e aumentando o valor dos
bens internacionais, ou através da redução no índice de preços
(inflação), ou, ainda, a partir de ganhos de eficiência e produtividade,
que reduziriam os custos de produção e consequentemente o valor
final dos produtos.

b) Redução do nível de atividade econômica

A redução da atividade econômica provoca redução do déficit no BP a


partir da redução das importações ou da geração de capacidade
ociosa interna, que incentiva as companhias a produzir mais ao
mercado externo.

Logicamente, esta maneira de ajuste não pode ser considerada como


uma medida prudente no longo prazo. A economia objetiva a
prosperidade e o crescimento. Incentivar a retração da atividade
econômica de maneira prolongada seria antieconômico.

c) Restrições tarifárias ou quantitativas às importações

São formas indiretas de desvalorização cambial, ou adoção de taxa


de cambio múltiplo. O setor beneficiado pode usufruir de um ganho
relativo, em relação aos demais setores da economia, pois as
importações ficariam mais caras ou restritas.

No entanto, podem resultar em distorção na alocação de recursos,


não incentivando importações eficientes que poderiam resultar em
maior bem estar aos indivíduos do país.

d) Subsídios às exportações

De modo análogo, também opera como uma desvalorização cambial


ao setor beneficiado e resulta em distorção na alocação de recursos

e) Aumento da taxa interna de juros

Opera no sentido de reduzir a atividade econômica, melhorando o


saldo do Balanço Comercial, e através da atração de capitais
Prof. Vicente Camillo www.estrategiaconcursos.com.br Página 40 de 100
Macroeconomia
Analista (Área 3) – BACEN
Teoria e exercícios comentados

autônomos externos. A taxa de juros representa importante papel no


Modelo Mundell-Fleming-Dornbusch, como veremos adiante

f) Controle da saída de capitais

O país pode ajustar o saldo do balanço de pagamentos através do


controle de saída de capitais, ou seja, adotando medidas que
permitam aos capitais de curto prazo reduzir a volatilidade e
permanecer por mais tempo no país. Deste modo, os capitais
autônomos que entram no país para financiar déficits comerciais, por
exemplo, ficariam no país por período prolongado, dando tempo para
o ajuste do BP.

Por fim, podemos fazer uma relação entre o saldo do BP e os estágios


de crescimento do país em questão.

O modelo mais conhecido desta ideia é o do “ciclo da dívida”.


Segundo esta teoria, o país, no estágio inicial de desenvolvimento,
apresentaria baixa relação capital-trabalho e produtividade. Nesta
etapa, poderia tomar empréstimos externos para financiar seus
investimentos e déficits comerciais, além de elevar a relação capital-
trabalhador, majorando também a poupança.

Com o passar do tempo, o país se encontra na situação de abastecer


o mercado interno e exportar os excedentes. Nesta fase, pode quitar
as obrigações contraídas no passado e mesmo assim continuar seu
processo de desenvolvimento.

Podemos resumir as etapas do ciclo da dívida em 6 momentos, cujas


características seguem abaixo:

1. Devedor Imaturo – o país tomar empréstimos externos


para financiar tanto o Balanço Comercial como os investimentos
internos

Prof. Vicente Camillo www.estrategiaconcursos.com.br Página 41 de 100


Macroeconomia
Analista (Área 3) – BACEN
Teoria e exercícios comentados

2. Devedor Maduro – o país adquire condições de


sustentar o mercado interno com produção interna (elevou a relação
capital-trabalho) e reduzir as importações de bens e serviços. No
entanto, ainda se encontra como devedor externo, pois o pagamento
de juros e amortizações supera o superávit comercial

3. Devedor Financiador – o país finalmente apresenta


superávits comerciais, ou seja, os excedentes produtivos são
exportados em montante superior ao valor importado de bens e
mercadorias. No entanto, ainda em valor inferior ao pagamento de
juros e amortizações

4. Credor Imaturo – o superávit comercial torna-se


superior ao saldo do balanço de capitais e o país se transforma em
credor em relação ao resto do mundo

5. Credor Maduro – o aumento da renda, reflexo do


processo de desenvolvimento, provoca novamente déficit no balanço
comercial; não obstante, o país ainda exporta serviços e capitais e
mais número, mantendo sua posição externa líquida positiva

6. Credor Financiador – neste ponto, o déficit comercial


supera o superávit em serviços; mas, devido ao grau de
desenvolvimento e credibilidade do país, ele possui condições de
financiar o resto do mundo com seus capitais, mantendo a posição
externa líquida positiva.

Em que pese as afirmações teóricas do ciclo da dívida, nada garante


que o país necessariamente deve passar por estes estágios. Para
alguns países a teoria cai bem, como o caso dos EUA.

Para outros, sobretudo aqueles que dependem das variações


internacionais dos preços das Commodities, como o caso da Austrália
e Canadá, a passagem do estágio 3 aos seguintes pode não parecer
tão lógica assim. A reduzida cotação no preço dos bens exportáveis,
provocando piora dos termos de troca, pode dificultar o pagamento

Prof. Vicente Camillo www.estrategiaconcursos.com.br Página 42 de 100


Macroeconomia
Analista (Área 3) – BACEN
Teoria e exercícios comentados

dos financiamentos anteriormente contraídos, levando o país a rolar a


dívida e manter a condição de devedor externo.

Ademais, caso o país utilize de financiamento externo para financiar o


consumo e não o investimento, estará se utilizando de poupança
externa no curto prazo sem gerar a contrapartida ideal (poupança
interna) no longo prazo. A economia não terá condições de gerar
superávits futuros necessários à manutenção do desenvolvimento no
longo prazo.

O que importa é conhecermos a teoria e raciocinar sobre os estágios


de desenvolvimento do país com os saldos apresentados no Balanço
de Pagamentos, entendo que déficits no BP não duram para sempre e
possuem limitados meios de serem resolvidos.

A economia apresenta, em muitos casos, inconvenientes que devem


ser aceitos, como o aumento da taxa de juros e contração da
atividade econômica no curto prazo para geração de superávits no BP
e crescimento no longo prazo.

Abaixo, questões sobre o tópico estudado:

15. CESGRANRIO - Analista de Pesquisa Energética


(EPE)/Petróleo/Exploração e Produção/2014/

No Brasil, em várias ocasiões dos últimos dez anos, o objetivo


de reduzir ou de controlar a inflação levou à política monetária
de altas taxas de juros internos, comparativamente às taxas
de outros países.

Essas altas taxas atraíram para o país capitais financeiros do


exterior que

a) reduziram as reservas do país em divisas internacionais.

b) diminuíram os pagamentos líquidos de juros e dividendos ao


exterior.
Prof. Vicente Camillo www.estrategiaconcursos.com.br Página 43 de 100
Macroeconomia
Analista (Área 3) – BACEN
Teoria e exercícios comentados

c) aumentaram o deficit orçamentário do governo.

d) provocaram um aumento dos preços, no Brasil, dos produtos


importados.

e) valorizaram o Real em relação ao Dólar Americano no mercado de


câmbio.

16. FCC - Auditor (TCE-CE)/2015/

Em um país grande com intenso fluxo de capitais, o efeito de


uma queda das taxas de juros é uma

a) depreciação cambial e redução da balança comercial (X-M).

b) depreciação cambial e aumento da balança comercial (X-M).

c) apreciação cambial e redução da balança comercial (X-M).

d) apreciação cambial e aumento da balança comercial (X-M).

e) apreciação cambial e aumento do déficit público.

17. (CESPE - Consultor do Executivo (SEFAZ ES)/Ciências


Econômicas/2008) A redução das taxas de poupança
doméstica de determinado país conduz ao aumento do
superávit do balanço comercial.

18. (CESPE - Analista de Comércio Exterior/2008) A queda


recente do preço das commodities reduz as perspectivas
inflacionárias, mas não altera a renda disponível da economia
brasileira.

Prof. Vicente Camillo www.estrategiaconcursos.com.br Página 44 de 100


Macroeconomia
Analista (Área 3) – BACEN
Teoria e exercícios comentados

15. A entrada de capitais, em virtude da taxa de juros elevada, eleva


a oferta de divisas no mercado interno. Ora, ao ingressar no mercado
brasileiro, os investidores estrangeiros precisam trocar os dólares que
possuem por reais. Neste momento, eles elevam a oferta de dólares
e pressionam a demanda por reais, fato que valoriza o real frente ao
dólar, como comentado na letra e.

GABARITO: LETRA E

16. Em geral, a queda na taxa de juros reduz o rendimento das


aplicações financeiras do país. Desta forma, há uma tendência para
que os capitais procurem alternativas de investimentos mais
rentáveis em outros países. Isto é, há tendência de saída de divisas
do país, o que pressiona a demanda por dólares e eleva a oferta por
reais.

O resultado é a depreciação cambial, que favorece as exportações


(tornando-as mais baratas em dólar) e prejudica as importações (que
ficam mais caras em reais).

GABARITO: LETRA B

17. A redução na taxa de poupança é resultado da elevação da


demanda agregada em relação à renda (por exemplo, através de uma
política fiscal ativa, ou elevação do consumo privado).

Através da identidade macroeconômica básica (vista na aula de


contas nacionais), o aumento da absorção interna eleva a renda
agregada (Y). E esta elevação afeta positivamente as importações:
com renda mais elevada, os agentes da economia consomem mais,
tanto os bens nacionais, como os importados.

Desta forma, não é possível afirmar que este fato eleva o superávit
comercial, pois a tendência é exatamente a contrária.

Prof. Vicente Camillo www.estrategiaconcursos.com.br Página 45 de 100


Macroeconomia
Analista (Área 3) – BACEN
Teoria e exercícios comentados

GABARITO: ERRADO

18. As commodities representam uma parcela significativa do balanço


comercial brasileiro. Deste modo, considerando a redução no preço
do item, a renda agregada da economia é reduzida, assim como a
renda disponível e a inflação.

Podemos compreender este efeito a partir da identidade


macroeconômica básica de uma economia aberta:

= + + + ( )

A queda no preço das commodities reduz o valor das exportações


líquidas (X-M), o que causa impacto negativo em Y.

GABARITO: ERRADO

Prof. Vicente Camillo www.estrategiaconcursos.com.br Página 46 de 100


Macroeconomia
Analista (Área 3) – BACEN
Teoria e exercícios comentados

5. REGIMES DE CÂMBIO

Já vimos que o Balanço de Pagamentos registra as transações entres


os residentes e não residentes de certo país em determinado período
de tempo. Exportadores e poupadores ofertam divisas estrangeiras
em troca de moeda nacional, ao passo que importadores e devedores
(investidores) demandam a moeda internacional em troca de moeda
nacional.

As transações devem ser cotadas e listadas de uma maneira padrão,


ou seja, através de alguma unidade monetária de referência,
independentemente de qual moeda for liquidada a operação. Afinal o
exportador não pode contabilizar mercadorias no BP. Como de praxe,
a moeda padrão para a realização de transações entre residentes e
não residentes é o padrão é o dólar americano (US$).

Define-se como taxa de câmbio o preço da moeda nacional em


termos de moeda estrangeira. Isto é, com quantas unidades
monetárias de moeda doméstica podemos compram uma unidade de
moeda estrangeira. Algebricamente, pode-se representar da seguinte
maneira:

$
=
$

A expressão acima representa a taxa de câmbio nominal (E) que


mede o preço do Real (R$) em Dólares (US$).

No entanto, o que nos interessa é a taxa de câmbio real, ou seja,


aquela que mede a variação da taxa de câmbio considerando também
a variação de preços, tanto na economia interna, como na economia
externa. Vejamos:

= ×

A taxa de câmbio real ( ) é função da taxa de câmbio nominal (E)


multiplicada pela razão entre o índice de preços externo (Q) e o

Prof. Vicente Camillo www.estrategiaconcursos.com.br Página 47 de 100


Macroeconomia
Analista (Área 3) – BACEN
Teoria e exercícios comentados

índice de preços interno (P). Ou seja, a elevação do índice de preços


interno provoca valorização da taxa real de câmbio, ao passo que o
aumento da taxa de preços externa provoca desvalorização da taxa.

Este resultado é bem intuitivo. Se considerarmos que a taxa de


câmbio nominal valorizou, ou seja, o Real ficou mais valorizado em
relação ao Dólar, os preços cotados em Real se tornaram mais caros
em Dólar. O mesmo acontece se os preços internos, cotados em Real,
aumentam devido à inflação. Do mesmo modo, o aumento de preços
externos, cotados em Dólar, permite que os produtos cotados em
Real se tornem mais baratos em moeda externa.

Este é o efeito da variação de preços entre países, que deve ser visto
conjuntamente. Pois, caso os preços internos aumentem em 10% e
os externos no mesmo montante, os preços relativos entre os
produtos se mantiveram, ou seja, o câmbio real não variou.

A relação que deve ficar na mente de todos:

A desvalorização real do câmbio é igual a desvalorização


nominal menos o excesso da taxa de inflação interna sobre a
externa. Caso a desvalorização nominal seja de 10%, a
inflação interna de 5% e a inflação externa de 2%, a
desvalorização real do câmbio será de 6,85%!

Vejamos o exemplo na expressão:

= ×

,
= , ×
,

= ,

Já devidamente apresenta a diferença entre taxa de câmbio nominal


e taxa de câmbio real, podemos passar aos regimes de câmbio.

Prof. Vicente Camillo www.estrategiaconcursos.com.br Página 48 de 100


Macroeconomia
Analista (Área 3) – BACEN
Teoria e exercícios comentados

VARIAÇAO NA TAXA DE CÂMBIO E O SALDO DO BP

Antes de entrarmos nos regimes de câmbio, façamos uma observação


sobre a variação no câmbio e a variação no saldo do BP. Lembrando que, a
taxa de câmbio deve ser entendida como a taxa real !

NÃO ESQUEÇAM DESTAS RELAÇÕES:

 A desvalorização da taxa de câmbio deixa os produtos produzidos no


exterior mais caros em relação aos produzidos internamente.

 As importações são desestimuladas, ao passo que as exportações


são favorecidas.

 O aumento das exportações e a diminuição das importações provoca


saldo positivo no BP.

 O saldo positivo no BP, tudo o mais constante, provoca valorização da


taxa cambial, ou melhora nos termos de troca do país

 Por melhora nos termos de troca, deve-se entender que os preços dos
bens internos se valorizaram em termos de preços internacionais.

Obs: A relação entre a desvalorização real do câmbio e o aumento


das exportações, explicada acima, é derivada pela Condição Marshall-
Lerner. Caso este nome apareça na prova, já sabemos do que se trata!

O CESPE já cobrou a condição Marshall-Lerner de uma maneira


complexa:

19. (CESPE-UnB/Técnico de Planejamento e Pesquisa do


IPEA/2008) No modelo keynesiano simples, a condição
Marshall-Lerner pressupõe, ceteris paribus, que a
desvalorização do câmbio real só aumenta o saldo comercial
se a soma absoluta das elasticidades-preço das demandas por
exportação e por importação for menor que 1.

Prof. Vicente Camillo www.estrategiaconcursos.com.br Página 49 de 100


Macroeconomia
Analista (Área 3) – BACEN
Teoria e exercícios comentados

Pela condição de Marshall-Lerner, a desvalorização real do câmbio


aumenta o saldo comercial quando a diferença entre as elasticidades
da demanda por exportação e importação for maior que 1.

Assim, considera-se que a elasticidade preço da demanda por


exportação é maior que a a elasticidade preço da demanda por
importação. Caso ocorra uma desvalorização cambial, as exportações
respondem mais que as importações, provocando superávit comercial

GABARITO: ERRADO

 REGIME DE CÂMBIO FIXO

No regime de câmbio fixo, a Autoridade Monetária se


compromete a comprar e vender a moeda internacional de
referência a um preço fixo anunciado, considerado como o valor
do câmbio.

Como já foi mencionado nesta aula, a oferta e a demanda de divisas


é realizada no mercado de câmbio e intermediada pela Autoridade
Monetária. O Banco Central compra as divisas internacionais
ofertadas pelos exportadores e poupadores e as oferta aos
importadores e devedores (investidores). Até aqui tudo tranquilo!

No regime de câmbio fixo, independentemente dos saldos apurados


no Balanço de Pagamentos, a Autoridade Monetária realiza esta
operação ao mesmo preço, trocando sempre moeda nacional por
internacional na mesma relação.

Não é necessário ser nenhum gênio para perceber que este modelo
tem um certo limite. Afinal, déficits sucessivos no BP resultam em
escassez de divisas internacionais, o que, em um mercado livre,
provocaria a desvalorização da moeda doméstica, aumento das
exportações e redução das importações e posterior equilíbrio no BP.

Prof. Vicente Camillo www.estrategiaconcursos.com.br Página 50 de 100


Macroeconomia
Analista (Área 3) – BACEN
Teoria e exercícios comentados

No entanto, o Banco Central literalmente banca esta conta, utilizando


as reservas internacionais para “fechar a conta” e equilibrar a oferta e
a demanda entre as moedas no mercado cambial.

Vamos entender com um exemplo.

Supondo que em determinado período o Balanço de Pagamentos


apresente déficit de R$ 1 mil. Ou seja, os débitos com não residentes
forma superiores aos créditos neste valor.

Para manter a taxa de câmbio fixo, a Autoridade Monetária deve


ofertar no mercado de divisas esta quantidade que faltou para “fechar
a conta” . Imaginando que o câmbio apresente cotação de 1 (1 dólar
adquire 1 real), a Autoridade Monetária deve disponibilizar US$ 1 mil
para manter a cotação ao nível anunciado. Geralmente, este valor faz
parte das reservas internacionais.

O que nos remete a algo importante. A manutenção de taxas fixas


de câmbio prescinde da atuação da Autoridade Monetária e da
existência de reservas internacionais para bancar eventuais
déficits apresentados no Balanço de Pagamentos.

Em geral, as taxas de câmbio fixo favorecem a tomada de decisões


por parte dos agentes econômicos envolvidos nas transações
internacionais. Sabendo o valor de troca entre moeda doméstica e
internacional, os exportadores, por exemplo, sabem o valor da receita
em moeda doméstica de suas vendas no resto do mundo, assim
como os importadores podem planejar melhor as aquisições
internacionais, cotadas a valor doméstico.

Por hora, conhecendo a expressão da taxa real de câmbio, devemos


também “ter na veia” que, mesmo que a taxa nominal for fixa, a taxa
real pode sofrer variações devido às mudanças nos preços nacional e
internacional.

Prof. Vicente Camillo www.estrategiaconcursos.com.br Página 51 de 100


Macroeconomia
Analista (Área 3) – BACEN
Teoria e exercícios comentados

Já vimos que, dada um aumento nos preços internacionais, a taxa de


câmbio se desvaloriza, tornando mais barato os bens domésticos em
relação aos externos.

O mesmo efeito ocorre no câmbio fixo. E isto é muito relevante: no


câmbio fixo, o que é “imutável” é a taxa nominal de câmbio; a
taxa real, por sua vez, pode variar e com certeza irá variar!

No Quadro abaixo é analisado um caso específico de câmbio


predominantemente fixo: o padrão ouro.

Prof. Vicente Camillo www.estrategiaconcursos.com.br Página 52 de 100


Macroeconomia
Analista (Área 3) – BACEN
Teoria e exercícios comentados

O PADRÃO-OURO
O padrão-ouro, sistema de câmbio vigente até o início do século passado,
foi formalmente teorizado no séc. XVIII por David Hume.
O padrão-ouro previa que a moeda fiduciária de determinado país deveria
ser convertida internamente a um preço fixo em ouro. Por exemplo, os EUA
poderiam trocar US$ 10 por grama de ouro e a Inglaterra poderia converter 5
libras esterlinas para cada grama de ouro.
Ao passo que a taxa de câmbio interna (moeda nacional versus ouro) é
fixa, a taxa de câmbio internacional (dólar versus libra) é flexível, de acordo com a
oferta em demanda do mercado de divisas. No entanto, como cada país deve
converter necessariamente sua moeda em ouro a uma taxa fixa, na prática a taxa
de câmbio internacional também era fixa: em nosso exemplo, 2 dólares adquirem
1 libra.
Isto torna o padrão-ouro um interessante exemplo de câmbio
predominantemente fixo, mas não totalmente.
Outras características sobre o padrão-ouro merecem menção. Para
manter a conversibilidade entre a moeda doméstica e o ouro, a oferta monetária
deve ser proporcional ao estoque de ouro. Ademais, deve-se considerar que o
nível de preços é função da oferta monetária.
Deste modo, imagine que o país ‘A’ obtenha um saldo negativo no BP.
Para quitar as obrigações com o resto mundo, ‘A’ deve utilizar suas reservas em
ouro, tendo em vista que suas operações financeiras e comerciais não o
permitiram. Como resultado, o estoque de ouro é reduzido.
Consequentemente, como a oferta monetária é uma função do estoque
de ouro, os meios de pagamento também se reduzem, assim como o nível de
preços da economia (há deflação).
Considerando nossa expressão de taxa real de câmbio, uma redução da
inflação interna resulta em desvalorização real da taxa de câmbio e posterior
saldo do BP. O movimento termina quando o BP se encontra em equilíbrio
novamente.
Portanto, ao menos em tese, o padrão ouro permite o atingimento interno
e externo da economia.

Prof. Vicente Camillo www.estrategiaconcursos.com.br Página 53 de 100


Macroeconomia
Analista (Área 3) – BACEN
Teoria e exercícios comentados

 REGIME DE CÂMBIO FLEXÍVEL

O regime de câmbio flexível nada mais é do que resultado da pura


e simples oscilação da oferta e demanda de divisas no mercado de
câmbio. A Autoridade Monetária não desempenha qualquer papel, a
não ser registrar e contabilizar as operações.

Como já citado várias vezes, exportadores e poupadores ofertam as


divisas internacionais, e importadores e devedores (investidores) as
demandam, O equilíbrio no BP é realizado automaticamente.

A determinação da taxa de câmbio está a cargo do mercado e denota


o resultado dos fluxos de transações entre residentes e não
residentes.

Assim, déficits no BP evidenciam escassez de dólares no mercado


interno. Com menos dólares em relação à moeda doméstica, o dólar
valoriza-se frente à moeda interna, ou seja, ocorre desvalorização
cambial. Do mesmo modo, saldos positivos no BP resultam em
excesso de dólares frente à moeda doméstica e, consequentemente,
valorização da taxa do câmbio.

 REGIMES INTERMEDIÁRIOS

Já analisamos os dois extremos: puramente flexível e puramente fixo.

No entanto, considerando as dificuldades apresentadas pelos dois


regimes cambiais, variantes surgiram. Seguem algumas delas:

a) Flutuação suja (dirty floating) – regime cambial mais


comumente utilizado na atualidade. É uma variação do regime de
câmbio flexível, ou seja, o regime é primordialmente flexível desde
que movimentos especulativos não comprometam a variação “justa”
do câmbio. Caso o câmbio se desvie deste valor justo, ou, ao menos,
justificável, a Autoridade Monetária intervém no mercado para conter
a volatilidade ou apreciação/depreciação. O objetivo é tornar as

Prof. Vicente Camillo www.estrategiaconcursos.com.br Página 54 de 100


Macroeconomia
Analista (Área 3) – BACEN
Teoria e exercícios comentados

movimentações do câmbio mais suave, de modo que as torne amis


previsíveis aos agentes econômicos

b) Bandas Cambiais – o regime de bandas cambiais é um mix de


câmbio flutuante e câmbio fixo. Variável, pois permite que o câmbio
oscile ao sabor das forças de mercado. Fixo, pois a variação é feita
dentro um espaço permitido, não mais que este.

Caso o câmbio atinja o limite mínimo da banda, a Autoridade


Monetária compra moeda estrangeira, com o objetivo de apreciá-la.
Do contrário, vende, com finalidade oposta.

O regime de bandas pode ser graficamente apresentado da forma


que segue, sendo E+ a cotação máxima do câmbio (momento de
venda da moeda internacional), E- a cotação mínima (momento de
compra da moeda estrangeira) e E a variação do câmbio:

E+

E-

c) Taxa Real de Câmbio Fixo – como já vimos no início deste


tópico sobre regimes cambiais, a variação da taxa real de câmbio é
medida pela variação da taxa nominal menos o excesso da inflação
interna sobre a inflação externa. Para manter a taxa real de câmbio
fixa, a taxa nominal deve variar de acordo com a diferença entre a
variação de preços interna e externa. Esta política cambial foi
adotada no Brasil em diversos momentos, e ficou conhecida como
“Minidesvalorizações”.

Prof. Vicente Camillo www.estrategiaconcursos.com.br Página 55 de 100


Macroeconomia
Analista (Área 3) – BACEN
Teoria e exercícios comentados

 REGIMES DE CÂMBIO E EXPECTATIVAS

Chegamos ao último, mas não menos importante, tópico sobre


regimes cambiais.

As expectativas podem influenciar a variação cambial em todos os


regimes adotados.

Neste tópico analisaremos os dois casos principais:

a) Expectativas e Câmbio Fixo

No regime de câmbio fixo, as expectativas operam no sentido da


credibilidade dos agentes sobre o regime. Caso esperem
desvalorização do câmbio, ela irá correr; caso entendam que o
câmbio irá valorizar, assim acontecerá.

Vejamos um exemplo: você é um exportador e não acredita que seu


País conseguirá manter o câmbio fixo por muito tempo. Afinal, as
reservas já estão se esgotando, o País não anda lá muito bem, os
termos de troca tem piorado, o Presidente não é muito simpático.
Enfim, o sistema não apresenta credibilidade.

Você como exportador e interessado em maximizar o valor recebido


em suas vendas pensa o seguinte: posso retardar o embarque de
alguns produtos vendidos, pois como o câmbio provavelmente irá
depreciar, irei faturar mais em moeda doméstica fazendo a mesma
venda.

No entanto, todos pensam a mesma coisa. O resultado: a expectativa


de desvalorização cambial agrava a entrada de divisas, devido ao
retardamento de exportações, e complica ainda mais a conversão
entre as moedas pela Autoridade Monetária.

Na prática, as receitas em divisas internacionais, necessárias para a


manutenção do câmbio fixo, não são realizadas. A desvalorização que
poderia ocorrer dentro de certo tempo pode ocorrer antes do
previsto. Portanto, caso haja uma expectativas de desvalorização do

Prof. Vicente Camillo www.estrategiaconcursos.com.br Página 56 de 100


Macroeconomia
Analista (Área 3) – BACEN
Teoria e exercícios comentados

câmbio fixo, por mais que a Autoridade Monetária procure adiar o


“dia D”, ele certamente ocorrerá!

No Brasil, um bom exemplo é a desvalorização do Real em 1999.


Devido aos receios inflacionários (passagem da desvalorização do
Real aos preços) e à eleição que se avizinhava, o Governo FHC
retardou ao máximo a desvalorização e o real sofreu diversos ataques
especulativos, até que em janeiro de 1999 a desvalorização foi
iniciada. O episódio ficou conhecido como Efeito Samba (dá pra
imaginar o quanto nossa moeda dançou devido à piora das
expectativas!).

b) Expectativas e Câmbio Flutuante

No caso de câmbio puramente flexível a história é um pouco


diferente.

Vamos supor novamente o caso do País „A‟. Imagine que ele adote
câmbio flutuante e atraia o interesse de investidores internacionais,
que ingressam com recursos, elevando o saldo de capitais
autônomos.

A moeda doméstica irá se valorizar, beneficiando o setor importador,


em detrimento do setor exportador, que muitas vezes pode ser o
principal setor da economia. O resultado será de provável retração
econômica, em face dos movimentos de capitais internacionais.

A lógica do capital financeiro é aplicar seus recursos no país que


fornece os maiores rendimentos, os quais que podem ser calculados
da seguinte maneira:

( + )
=
( + ´)

A expressão acima pode assim ser entendida: o patrimônio após a


aplicação no exterior (v) pode ser calculado através da diferença

Prof. Vicente Camillo www.estrategiaconcursos.com.br Página 57 de 100


Macroeconomia
Analista (Área 3) – BACEN
Teoria e exercícios comentados

entre a taxa de juros interna (i) sobre a taxa de juros externa (i´)
mais a variação da taxa de cambial entre o momento da aplicação
(E0) e o saque da mesma (E1).

E a conclusão pode ser assim expressa: ao investidor estrangeiro


é mais rentável aplicar em um país caso a taxa de juros
interna supere a taxa de juros externa em valor superior à
taxa de desvalorização cambial percebida no período de
aplicação.

A lógica é simples.

Poupadores procuram os melhores rendimentos para suas aplicações.


Caso encontrem no País „A‟, é para lá que irão (considerando que o
fluxo de capitais é livre). Muitos realizam o mesmo movimento,
intensificando a entrada de capitais autônomos em „A‟ e contribuindo
para a valorização da taxa de câmbio.

Quanto mais valorizada a taxa, melhor para os investidores, e “pior”


para „A‟, considerando que a taxa de juros interna e externa se
mantenham constantes.

O raciocínio contrário é análogo: quanto maior a expectativa de


desvalorização cambial, menor a entrada de capitais no País „A‟, o
que, tudo o mais constante, intensifica a desvalorização cambial e
contribui para o setor exportador maximizar suas receitas, bem como
para a elevação dos saldos positivos em transações correntes.

E, para finalizar, questões sobre o tema:

Prof. Vicente Camillo www.estrategiaconcursos.com.br Página 58 de 100


Macroeconomia
Analista (Área 3) – BACEN
Teoria e exercícios comentados

20. (CESGRANRIO - Analista do Banco Central do Brasil/Área


2/2009) Quanto à flexibilidade de taxas, é correto afirmar que
no regime cambial de taxa

a) flexível, a política monetária torna-se endógena, de modo que a


autoridade monetária perde sua capacidade de definir que política
monetária adotar.

b) flexível, com perfeita mobilidade de capitais, as diferenças entre as


taxas de juros internas dos diversos países devem refletir
expectativas de desvalorização ou valorização cambial das moedas
desses países.

c) flexível, a taxa de câmbio varia conforme a demanda e a oferta de


moeda estrangeira, mantendo, dessa forma, a paridade entre os
preços dos bens importados e os preços dos bens domésticos.

d) fixa, uma política fiscal expansionista aumenta o superávit


comercial.

e) fixa, a autoridade monetária fixa a taxa de câmbio da moeda


nacional em relação a uma moeda estrangeira, aceita
internacionalmente (US dólar, por exemplo), e com isso mantém o
poder de controlar a oferta monetária.

Prof. Vicente Camillo www.estrategiaconcursos.com.br Página 59 de 100


Macroeconomia
Analista (Área 3) – BACEN
Teoria e exercícios comentados

A questão complementa nosso estudo sobre expectativas e taxa de


câmbio.

Considerando a livre mobilidade de capitais e regime de câmbio


flexível, a diferença entre a taxa de juros interna e externa deve
refletir a expectativa de desvalorização ou valorização cambial da
moeda.

A afirmação se explica pelo fato de que variações na moeda


doméstica modificam a rentabilidade dos títulos domésticos cotados
em moeda estrangeira. Caso ocorra, por exemplo, uma
desvalorização da moeda doméstica, o valor do título em moeda
estrangeira é reduzido. Assim, a taxa de juros interna deve ser maior
que a internacional (mais desvalorizada) para compensar esta perda
em moeda internacional.

Matematicamente, a expressão abaixo representa o raciocínio


exposto:

+1
= +

Ou seja, a taxa de juros interna (i) é igual a taxa de juros


+1
internacional (i*) mais a variação cambial . Caso ocorra uma
+1 +1
desvalorização > 0 e i > i*; caso o câmbio valorize, <0

e i < i*.

GABARITO: LETRA B

21. (CESPE-UnB/Técnico de Planejamento e Pesquisa do


IPEA/2008) As crises cambiais da década passada mostraram
que a única opção viável de regime cambial para países
emergentes são as chamadas posições extremas: flutuação
total ou âncora ultra-rígida, do tipo currency board.

Prof. Vicente Camillo www.estrategiaconcursos.com.br Página 60 de 100


Macroeconomia
Analista (Área 3) – BACEN
Teoria e exercícios comentados

Vimos que, atualmente, o regime cambial de flutuação suja apresenta


alternativa aos modelos apresentados pela questão, além de se situar
entre os modelos extremos.

GABARITO: ERRADO

22. (CESPE-UnB/Técnico de Planejamento e Pesquisa do


IPEA/2008) Regimes de câmbio fixo são mais adequados para
tentativas de controle da inflação, enquanto regimes de
câmbio flutuante se adequam mais a correções de preços
relativos em situação de choques externos.

Prof. Vicente Camillo www.estrategiaconcursos.com.br Página 61 de 100


Macroeconomia
Analista (Área 3) – BACEN
Teoria e exercícios comentados

A questão faz uma importante observação. O regime de câmbio fixo,


ao passo que mantém a cotação cambial, não permite que possíveis
desvalorizações cambiais sejam repassadas aos preços (fenômeno
conhecido como pass through), o que ajuda no controle da inflação.

Por sua vez, o regime flutuante é mais eficaz para adequar os preços
relativos, através da variação da moeda doméstica em relação à
moeda externa.

GABARITO: CERTO

23. (CESGRANRIO - Analista (FINEP)/Análise Estratégica em


Ciência, Tecnologia e Inovação/2014) Em certo país, o
governo adota um regime cambial de variação administrada
da taxa de câmbio. Suponha que a economia esteja em pleno
emprego e que haja uma desvalorização cambial da moeda
doméstica em relação à estrangeira.

Nesse caso, a inflação interna tenderia a acelerar devido a vários


possíveis canais de transmissão, entre os quais NÃO se inclui o(a)

a) aumento da demanda externa pelos produtos e serviços


produzidos no país.

b) aumento da taxa de desemprego devido ao aumento das


importações.

c) aumento dos preços internos dos produtos com preços formados


internacionalmente.

d) redução da oferta interna de produtos e serviços importados.

e) indexação de preços de bens domésticos atrelada à variação


cambial.

Prof. Vicente Camillo www.estrategiaconcursos.com.br Página 62 de 100


Macroeconomia
Analista (Área 3) – BACEN
Teoria e exercícios comentados

Em uma situação como a descrita pela questão (economia em pleno


emprego com flutuação administrada do câmbio), uma desvalorização
cambial da moeda doméstica em relação à estrangeira promoveria
uma elevação no preço das importações. Em linhas gerais, os
produtos importados ficariam mais caros que os produtos nacionais.
Como a economia está em pleno emprego (todos os fatores de
produção estão empregados), não há excedente de bens nacionais
passíveis de substituírem os bens importados. Ou seja, o aumento
nos preços dos produtos importados em função da desvalorização
será repassado aos consumidores, evidenciando uma tendência à
elevação nos preços.

Apenas a Letra B contém uma explicação não satisfatória para este


fato. Como foi afirmado acima, a economia está em pleno emprego,
com o emprego de todos os fatores de produção e demanda de todos
os bens internamente produzidos. A elevação no preço dos
importados não substitui a demanda por estes bens; em outras
palavras, os importados não promovem desemprego internamente.

Perceba, adicionalmente, que a informação sobre o câmbio


administrado não afeta a resolução da questão. O importante a notar
é que houve desvalorização cambial.

GABARITO: LETRA B

24. (CESPE - Economista (MJ)/2013) Considerando as


relações comerciais e financeiras do Brasil com outros países,
julgue o item subsequente.

No Brasil, o recente aumento da poupança externa foi resultado de


uma agressiva política comercial de estímulo às exportações e
substituição de importações.

Prof. Vicente Camillo www.estrategiaconcursos.com.br Página 63 de 100


Macroeconomia
Analista (Área 3) – BACEN
Teoria e exercícios comentados

A poupança externa é igual ao saldo do Balanço de Transações


Correntes com sinal invertido, ou seja:

Se = - BTC

Portanto, para que a poupança externa apresente saldo positivo, o


país deve registrar saldo negativo em transações correntes
(transações comerciais, de serviços, de rendas e unilaterais
correntes).

Será que isto que ocorreu no Brasil recentemente?

Sim!

A saber, as transações correntes brasileiras apresentaram saldos


negativos (avaliados em milhões de dólares), como demonstrado
abaixo:

2008 2009 2010 2011 2012

$ $ $ $ $
(28.192,02) (24.302,26) (47.273,10) (52.473,50) (54.230,49)

Não obstante, a causa para a crescente poupança externa foi o saldo


negativo apresentado no Balanço de Serviços e no Balanço de
Rendas, que apresentaram, no período, sucessivos e relevantes
déficits.

GABARITO: ERRADO

Prof. Vicente Camillo www.estrategiaconcursos.com.br Página 64 de 100


Macroeconomia
Analista (Área 3) – BACEN
Teoria e exercícios comentados

25. FCC - Analista Previdenciário


(MANAUSPREV)/Economia/2015/

Um dos principais problemas de países primário-exportadores


consiste obter divisas estrangeiras para financiar suas
importações de forma sustentada e sistemática. Para tanto, é
fundamental considerar o papel da taxa de câmbio real como
um dos mais relevantes indicadores de comércio internacional
de cada nação. Portanto,

a) a capacidade de importar de um país é dada pela razão


exportações/produto interno bruto.

b) uma taxa de câmbio real elevada significa um duplo efeito


negativo sobre a balança de comércio, uma vez que indica que os
preços no mercado internacional estão mais baixos do que no
mercado interno, gerando baixos influxos de divisas via exportações e
elevadas importações.

c) uma apreciação da taxa de câmbio nominal apenas gera resultados


negativos sobre a balança comercial se não for acompanhada por
uma elevação proporcional dos preços dos bens exportados pelo país
no mercado internacional ou por uma queda proporcional do nível de
preços doméstico.

d) quanto menos diversificada for a pauta de importações de um


país, menos vulnerável se torna a economia, pois o produto
importado pode ser rapidamente substituído por produção doméstica.

e) a hipótese da deterioração dos termos de troca sugere que países


exportadores de produtos com alto conteúdo tecnológico tendem a se
tornar cada vez mais dependentes de produtos primários e, por isso,
mais sujeitos a crises de balanço de pagamentos com maior
volatilidade da taxa de câmbio real.

Prof. Vicente Camillo www.estrategiaconcursos.com.br Página 65 de 100


Macroeconomia
Analista (Área 3) – BACEN
Teoria e exercícios comentados

Questão interessante, pois demonstra a importância de se avaliar as


variações do saldo do BP em função da taxa de câmbio real.

Como sabemos, a depreciação cambial favorece as exportações


(tornando-as mais baratas em dólar) e prejudica as importações (que
ficam mais caras em reais).

Não obstante, é preciso adicionar a esta consideração a variação dos


preços no país e no exterior. Por exemplo, se há inflação no Brasil, os
preços dos produtos exportados pelo país aumenta, fato que retira
competitividade dos bens pátrios. Então, se a taxa de câmbio
desvalorizar em 10%, mas a inflação for de 15%, a taxa de câmbio
irá valorizar aproximadamente em 5%, tornando os bens nacionais
menos competitivos no mercado externo.

O presente raciocínio e variações dele estão expostos na letra c.

Abaixo, seguem comentários sobre os erros das demais alternativas:

a) A capacidade de importar pode ser calculada através da razão


entre as receitas em dólar passíveis de serem usadas e importações e
o PIB. Dentre estas receitas estão as receitas com exportações, as
receitas unilaterais, os capitais financeiros, entre outros. Desta
forma, a capacidade de importar é calculada por índice mais amplo do
que o apresentado no item;

b) Uma taxa de câmbio real elevada significa uma taxa real de


câmbio desvalorizada, o que é, em tese, positivo à balança comercial
(favorece exportações e encarece importações);

d) Incorreto, pois quanto menos diversificada é a pauta de


importações, mais dependente é o país em relação àquele bem
importado. Isto significa provavelmente que a substituição deste item
importado por bem doméstico é mais complexa

GABARITO: LETRA C

Prof. Vicente Camillo www.estrategiaconcursos.com.br Página 66 de 100


Macroeconomia
Analista (Área 3) – BACEN
Teoria e exercícios comentados

26. FGV - Analista Judiciário (TJ RO)/Economista/2015

Com o aumento do peso de determinados parceiros comerciais


de um país, a taxa de câmbio indica uma desvalorização no
caso desses parceiros terem moedas mais fortes em relação a
esse país analisado, ceteris paribus. Essa descrição reflete o
conceito de:

a) paridade absoluta do poder de compra;

b) paridade relativa do poder de compra;

c) taxa de câmbio nominal;

d) taxa de câmbio real;

e) taxa de câmbio efetiva.

Prof. Vicente Camillo www.estrategiaconcursos.com.br Página 67 de 100


Macroeconomia
Analista (Área 3) – BACEN
Teoria e exercícios comentados

Questão complementar sobre regimes de câmbio.

Segundo o Manual de Economia da USP:

“Outro conceito importante relativo à taxa de câmbio é a


chamada taxa de câmbio efetiva. Como vimos, a taxa de
câmbio nominal estabelece uma cotação entre duas
moedas, e a taxa de câmbio real o preço relativo do
produto de dois países expressos na mesma moeda.
Entretanto, um país não possui, em geral, um único
parceiro comercial, mas vários. O Brasil transaciona com
os países do Mercosul, da Comunidade Econômica
Europeia, com os EUA, o Japão e vários outros países. Ao
calcularmos a taxa real de câmbio, deveríamos
considerar a relação de preços com todos os
parceiros comerciais. É isso que a taxa de câmbio
efetiva busca medir, ao ponderar as diversas taxas
reais de câmbio, de acordo com a importância dos
parceiros comerciais.” (grifos meus)

Já é possível afirmar que a questão refere-se à taxa de câmbio


efetiva, presente na alternativa E. Este conceito é pouco cobrado em
provas de concursos e, por isto, não está presente na parte teórica da
aula. Mas, apenas lembre deste conceito que já é amplamente
suficiente para provas de concursos.

Abaixo, vamos analisar o erro das demais alternativas:

a) A paridade absoluta do poder de compra é um conceito entendido


no âmbito da lei do preço único, que afirma que produtos
homogêneos devem ter o mesmo custo nos diferentes mercados,
quando expressos na mesma moeda.

Desta forma, a paridade absoluta do poder de compra indica que,


quando medido na mesma moeda, o preço de um bem deve igualar-
se entre diferentes países.

Prof. Vicente Camillo www.estrategiaconcursos.com.br Página 68 de 100


Macroeconomia
Analista (Área 3) – BACEN
Teoria e exercícios comentados

b) O conceito de paridade relativa da paridade do poder de compra


explica o motivo das variações da taxa nominal de câmbio como
função da variação nos preços domésticos e externos. Isto é, a
paridade relativa afirma que a variação da taxa de câmbio nominal
será igual a variação dos preços internos menos a variação dos
preços externos (se os preços internos são maiores que os externos,
a taxa de câmbio irá se desvalorizar; se os preços externos são
maiores que os internos, a taxa de câmbio irá valorizar).

c) Como vimos, a taxa nominal de câmbio simplesmente estabelece a


cotação entre duas moedas.

d) Como vimos, a taxa de câmbio real expressa a cotação entre as


moedas e considera, adicionalmente, a inflação nos países em
questão.

GABARITO: LETRA E

27. CESPE - Diplomata (Terceiro Secretário)/2015/

Considerando que, ao se analisar a formação de preços no


mercado cambial, constata-se a existência de dois tipos
básicos e de diversos tipos intermediários de regimes
cambiais, julgue (C ou E) o item a seguir.

No sistema conhecido como crawling band, fixa-se uma faixa dentro


da qual a cotação da moeda pode flutuar livremente; o piso e o teto
não podem ser alterados durante todo o período em que o sistema
for adotado.

Esta questão é bastante simples, mas você pode se complicar em


função do termo utilizado pelo CESPE.

A crawling band é regime cambial conhecido como banda cambial.


Lembrando, é aquele regime intermediário no qual o Banco Central

Prof. Vicente Camillo www.estrategiaconcursos.com.br Página 69 de 100


Macroeconomia
Analista (Área 3) – BACEN
Teoria e exercícios comentados

fixa uma banda como limites superior e inferior no qual a taxa de


câmbio pode oscilar livremente.

Uma questão importante que precisar ser gravada é que a banda


cambial deve ser atualizada periodicamente, geralmente para refletir
o diferencial de preços entre os países.

Portanto, a questão está errada ao afirmar que o piso e o teto não


podem ser alterados durante todo o período em que o sistema for
adotado.

GABARITO: ERRADO

Prof. Vicente Camillo www.estrategiaconcursos.com.br Página 70 de 100


Macroeconomia
Analista (Área 3) – BACEN
Teoria e exercícios comentados

6. RESUMO

 BP
Contabilização – contas operacionais (entrada – crédito; saída – débito)/
contas de reservas (entrada - débito; saída – crédito)

Estrutura – Conta Corrente (Bens e Serviços, Rendas e Transferências)


Conta Capital (Capitais Autônomos, Erros e Omissões, Capitais
Compensatórios)
Saldo do BP é sempre igual a zero: T + K = T + Ka + Kc = 0
K = Ka + Kc = -T
Déficit em TC - financiado por capitais autônomos ou compensatórios.
 Regimes de Câmbio
= a taxa de câmbio real é igual a taxa nominal multiplicada pela

razão entre os preços interno e externo


Pela Condição Marshall Lerner, a desvalorização cambial favorece as
exportações líquidas. Pela curva J, a desvalorização prejudica as
exportações líquidas no primeiro momento, mas favorece depois.
Flexível – o mercado se autoajusta
Fixo – o BACEN opera no mercado de divisas com a finalidade de
promover a oferta e demanda de moeda estrangeira/doméstica necessária
para manter a taxa anunciada
Flutuação suja – o BACEN interfere no mercado com a finalidade de
ajustar a taxa ao nível de equilíbrio, de acordo com os fundamentos
econômicos
Bandas Cambiais – o câmbio oscila dentro da margem colocada. Acima, o
BACEN vende divisas; abaixo, compra.
Taxa Real de Câmbio Fixo – a taxa nominal de câmbio varia no sentido de
manter fixa a taxa real
+
= + a taxa de juros doméstica é igual a taxa internacional mais a

expectativa de desvalorização do cambial


Expectativas e Câmbio – as expectativas de desvalorização/valorização
operam no sentido da variação cambial, intensificando os efeitos
provocados pelas transações e fundamentos econômicos.

Prof. Vicente Camillo www.estrategiaconcursos.com.br Página 71 de 100


Macroeconomia
Analista (Área 3) – BACEN
Teoria e exercícios comentados

7. LISTA DE QUESTÕES APRESENTADAS E GABARITO

01. (ESAF - Analista do Banco Central do


Brasil/Supervisão/2002) A partir de 2001, o Banco Central do
Brasil introduziu algumas importantes alterações no balanço
de pagamentos. Entre estas alterações, destaca-se:

a) a exclusão da conta "reinvestimentos" dos movimentos de capitais


autônomos.

b) a inclusão do item "amortizações" na conta de serviços de fatores.

c) a introdução da "conta financeira", em substituição à antiga conta


de capitais, para registrar as transações relativas à formação de
ativos e passivos externos.

d) a inclusão das transferências unilaterais na conta de investimentos


diretos.

e) a retirada do item de investimentos diretos dos empréstimos inter


companhias.

A resposta está no quadro acima. Complementando-o, seguem as


seguintes observações:

vi. a conta reinvestimento pertencia à conta corrente, visto se


tratar da aplicação de rendas (lucros).

vii. A conta serviços de fatores denomina-se Rendas

viii. Os capitais autônomos são divididos em conta de capital e


conta financeira, sendo esta destinada a contabilizar as modalidades
de investimento.

ix. A antiga conta transferências unilaterais foi substituída por


transferências de capital e transferências correntes, visto a
necessidade de diferenciar a natureza da transferência

Prof. Vicente Camillo www.estrategiaconcursos.com.br Página 72 de 100


Macroeconomia
Analista (Área 3) – BACEN
Teoria e exercícios comentados

x. Investimentos diretos é uma subconta da conta financeira,


sendo que os empréstimos inter companhias são contabilizado em
outra subconta

GABARITO: LETRA C

02. FGV - Analista Judiciário (TJ RO)/Economista/2015

Uma ampliação do quantum das exportações e das receitas


provenientes de prêmios de seguros, mantido tudo o mais
constante, gera, respectivamente, o aumento do saldo:

a) da balança comercial e da conta de serviços;

b) da balança de transações correntes e da conta de rendas;

c) da balança comercial e da conta de rendas;

d) da conta de rendas e da conta de serviços;

e) da conta capital e da conta financeira.

Questão direta.

A elevação da quantidade de seguros e, consequentemente, da


receita destes serviços eleva o saldo da conta serviços, que está
dentro da balança comercial.

As demais alternativas referem-se a outras contas.

GABARITO: LETRA A

03. FGV - Analista da Defensoria Pública (DPE RO)/Analista


em Economia/2015/

No dia 24/03/2015, o site do jornal Correio Brasiliense


publicou a reportagem “Déficit de transações correntes é de
US$ 90 bilhões em 12 meses”.

Prof. Vicente Camillo www.estrategiaconcursos.com.br Página 73 de 100


Macroeconomia
Analista (Área 3) – BACEN
Teoria e exercícios comentados

Apesar do título, a reportagem destaca que em fevereiro de


2015 “o balanço de pagamentos registrou superávit de US$ 1
bilhão em fevereiro, com déficit de US$ 6,9 bilhões em
transações correntes”. A melhora do resultado em fevereiro,
apontando para um superávit do balanço de pagamentos,
dentre os seus diferentes componentes, pode ser atribuída:

a) ao investimento direto estrangeiro líquido positivo;

b) ao aumento dos gastos de turistas brasileiros no exterior;

c) ao aumento das importações líquidas;

d) à redução de receitas obtidas com fretes de seguros;

e) ao aumento de remessa de lucro enviada ao exterior.

Lembrando, o saldo do balanço de pagamentos é formado o saldo em


transações correntes e saldo de capitais, sendo que este é dividido
em capitais autônomos e capitais compensatórios. Ou seja:

BP = TC + BKA + BKC

Se o saldo do BP é positivo e, ao mesmo tempo, o saldo em


transações correntes é negativo, necessariamente o saldo da conta
capitais deve ser positivo e maior do que o déficit em transações
correntes.

A única alternativa que atende às exigências feitas acima é a


alternativa A, pois destaca a ocorrência de investimento direto
estrangeiro líquido positivo, ou seja, mais capitais estão entrando no
país do que saindo, denotando a possibilidade de saldo positivo na
conta capitais.

As outras alternativas contém rubricas de transações correntes.

GABARITO: LETRA A

Prof. Vicente Camillo www.estrategiaconcursos.com.br Página 74 de 100


Macroeconomia
Analista (Área 3) – BACEN
Teoria e exercícios comentados

CESPE - Diplomata (Terceiro Secretário)/2015/

04. Com referência aos dados do balanço de pagamentos


apresentado na tabela acima, julgue (C ou E) o item seguinte.

O movimento de capitais autônomos foi positivo e igual a US$


39 bilhões.

O movimento de capitais autônomos é representado pela variação da


conta capital (contas operacionais). Ou seja, não é considerada nesta
questão a variação de capitais compensatórios.

Neste sentido, temos os seguintes lançamentos:

Investimentos para ampliação de empreendimento: + 18

Prof. Vicente Camillo www.estrategiaconcursos.com.br Página 75 de 100


Macroeconomia
Analista (Área 3) – BACEN
Teoria e exercícios comentados

Reinvestimento de lucros: + 10 (este caso é muito interessante, pois


a partir de 2015 o reinvestimento de lucros começou a ser
contabilizado na conta capital; o lançamento completo é feito a débito
na conta renda primária (registrando a remessa de lucros para a
matriz) e a crédito na conta financeira (registrando o reingresso
deste recurso para investimento).

Aplicação de estrangeiros na aquisição de ações no mercado


secundário: + 11

Amortização de empréstimos: -7

Empréstimos obtidos: + 22

Capitais Autônomos: 18 + 10 + 11 – 7 + 22

Capitais Autônomos: 54 bilhões de dólares

GABARITO: ERRADO

05. Com referência aos dados do balanço de pagamentos


apresentado na tabela acima, julgue (C ou E) o item seguinte.

O balanço de serviços apresentou saldo negativo de US$ 43


bilhões.

De acordo com as informações prestadas pela questão, na conta de


serviços são contabilizadas as viagens internacionais (débito),
royalties pagos (débito) e fretes pagos (débito).

Serviços = - 13 – 9 – 6

Serviços = -28 bilhões de dólares

GABARITO: ERRADO

06. Com referência aos dados do balanço de pagamentos


apresentado na tabela acima, julgue (C ou E) o item seguinte.

Prof. Vicente Camillo www.estrategiaconcursos.com.br Página 76 de 100


Macroeconomia
Analista (Área 3) – BACEN
Teoria e exercícios comentados

A aquisição de ações no mercado secundário e o


reinvestimento de lucros não contribuem para o aumento do
estoque de capital da economia.

A questão mistura conceitos de balanço de pagamentos com contas


nacionais para tentar confundir o candidato.

Como vimos em exercício anterior, variações nas duas contas


apresentadas são contabilizadas em capitais autônomos (conceito de
balanço de pagamentos). Mas, isso não quer dizer que estes recursos
contribuem para o aumento do estoque de capital da economia
(conceito de contas nacionais).

Para o reinvestimento de lucros a resposta é positiva (há aumento no


estoque de capital com reinvestimento de lucros). No entanto, a
aquisição de ações no mercado secundário não acarreta em aumento
no estoque de capital, pois se trata de uma aquisição que não
corresponde ao levantamento de recursos para investimento (se
trataria caso fosse uma aquisição no mercado primário).

GABARITO: ERRADO

07. Com referência aos dados do balanço de pagamentos


apresentado na tabela acima, julgue (C ou E) o item seguinte.

Ocorrendo saldo negativo no balanço de pagamentos, ele


poderá ser financiado mediante redução das reservas
internacionais.

Sim. Como sabemos, a ocorrência de saldos negativos no BP (em


contas operacionais) pode ser financiada (e geralmente é) mediante
redução de reservas internacionais (haveres no exterior). Na hipótese
delas não existirem, podem ser usados direitos especiais de saque,
empréstimos de regularização e até atrasados.

GABARITO: CERTO

Prof. Vicente Camillo www.estrategiaconcursos.com.br Página 77 de 100


Macroeconomia
Analista (Área 3) – BACEN
Teoria e exercícios comentados

08. (ESAF - Analista do Banco Central do


Brasil/Supervisão/2002) Considere as seguintes operações
entre residentes e não residentes de um país, num
determinado período de tempo, em milhões de dólares:

• o país exporta mercadorias no valor de 500, recebendo a


vista;

• o país importa mercadorias no valor de 400, pagando a


vista;

• o país paga 100 a vista, referente a juros, lucros e


aluguéis;

• o país amortiza empréstimo no valor de 100;

• ingressam no país máquinas e equipamentos no valor de


100 sob a forma de investimentos diretos;

• ingressam no país 50 sob a forma de capitais de curto


prazo;

• o país realiza doação de medicamentos no valor de 30.

Com base nestas informações, pode-se afirmar que as reservas do


país, no período:

a) tiveram uma elevação de 100 milhões de dólares.

b) tiveram uma elevação de 50 milhões de dólares.

c) tiveram uma redução de 100 milhões de dólares.

d) tiveram uma redução de 50 milhões de dólares.

e) não sofreram alterações.

A variação do saldo de capitais compensatórios representa a variação


das reservas do país. Desta forma, basta encontrar o saldo do
balanço de pagamentos nas contas operacionais para descobrir o
valor da variação nas contas compensatórias, que será igual à
variação das reservas internacionais.
Prof. Vicente Camillo www.estrategiaconcursos.com.br Página 78 de 100
Macroeconomia
Analista (Área 3) – BACEN
Teoria e exercícios comentados

Apenas cabe lembrar que as doações não provocam variações nas


reservas, visto se tratar de transações que não envolvem
pagamentos. Assim:

BP = TC + TK

BP = 500 – 400 – 100 – 100 + 100 – 50

BP = - 50

O Déficit em 50 milhões do BP é financiado com a redução na mesma


quantidade das reservas. Portanto, há redução de 50 milhões de
dólares em reservas.

GABARITO: LETRA D

09. (CESPE - Auditor do Tribunal de Contas da União/2007) As


vendas de bens e serviços para turistas estrangeiros nas
praias nordestinas são contabilizadas, simultaneamente, como
um crédito na balança de transações correntes e como um
débito na conta de capital do balanço de pagamentos
brasileiro.

Obedecendo ao principio das partidas dobradas, o aumento na


demanda interna em virtude de gastos de estrangeiros resulta em
elevação no saldo em transações correntes, de modo que a conta
deve ser creditada. Afinal, bens são vendidos de residentes para não
residentes, o que representa um fato gerador de registro no BP em
transações correntes.

Para equilibrar o BP, a conta haveres no exterior (conta de capitais


compensatórios) deve ser debitada.

GABARITO: CERTO

Prof. Vicente Camillo www.estrategiaconcursos.com.br Página 79 de 100


Macroeconomia
Analista (Área 3) – BACEN
Teoria e exercícios comentados

10. (CESPE - Analista do Ministério Público da


União/Perito/Economia/2010) Nos últimos meses o Brasil
vem apresentando saldos negativos na conta de transações
correntes do balanço de pagamentos. Isso caracteriza uma
situação ruim das contas externas brasileiras.

A situação das contas externas é representada pelo saldo total do


Balanço de Pagamentos, que é composto pelo saldo em transações
correntes e pelo saldo em transações de capital.

Assim, caso o último apresente saldo positivo suficiente para


compensar o saldo negativo do primeiro, a economia não apresenta
situação ruim, como afirma a questão.

Dito de outro modo, por si só, saldos negativos em transações


correntes não necessariamente representam situação econômica
ruim. Até mesmo o saldo negativo no BP em contas operacionais (que
representa uma situação de redução de reservas internacionais) pode
não ser necessariamente ruim, dependendo do contexto econômico.

GABARITO: ERRADO

11. (CESPE - Especialista em Regulação de Serviços Públicos


de Telecomunicações/Economia/2009) O resultado líquido de
transferências não retribuídas, como as doações sem
contrapartidas por parte de quem as recebe é centralizado no
balanço de transações correntes.

As transações correntes sem contrapartidas, como as doações, são


contabilizadas no balanço de transações correntes. Isto não ocorre
nas contas de capital.

GABARITO: CERTO

Prof. Vicente Camillo www.estrategiaconcursos.com.br Página 80 de 100


Macroeconomia
Analista (Área 3) – BACEN
Teoria e exercícios comentados

12. (VUNESP - Agente Fiscal de Rendas (SEFAZ SP)/Auditoria


Fiscal/2002)

Um país realizou as seguintes transações com o exterior


durante um anos, em dólares:

Renda enviada para o exterior = 5.567

Exportação de bens e serviços não fatores = 56.456

Doações para ONG's no exterior = 887

Renda recebida do exterior = 3.985

Doação recebida de ONG estrangeira = 1.345

Importação de bens e serviços não fatores = 54.532

Com essas informações, pode-se dizer que a economia


apresentou

a) Um saldo na Balança Comercial de US$ 800, um saldo no Balanço


de Transações Correntes de US$ 1.924 e a renda líquida enviada ao
exterior foi de US$ 458.

b) Um envio líquido de renda ao exterior da ordem de US$ 800, um


saldo na Balança Comercial de US$ 1.924 e um saldo no Balanço de
Transações Correntes de US$ 1.924, igual ao da Balança Comercial.

c) Renda líquida enviada ao exterior da ordem de US$ 1.582, um


saldo no Balanço de Transações Correntes de US$ 1.924 e um saldo
na Balança Comercial de US$ 1.924, igual ao do Balanço de
Transações Correntes.

d) Um saldo no Balanço de Transações Correntes de US$ 800 e um


saldo na Balança Comercial de US$ 1.924, sendo US$ 1.582 a renda
líquida enviada ao exterior.

e) Um saldo no balanço de Transações Correntes de US$ 1.582 e um


saldo na Balança Comercial de US$ 1.924, sendo US$ 1.582 a renda
líquida enviada ao exterior.

Prof. Vicente Camillo www.estrategiaconcursos.com.br Página 81 de 100


Macroeconomia
Analista (Área 3) – BACEN
Teoria e exercícios comentados

12. Vamos calcular os saldos:

Saldo da Balança Comercial = Exportações - Importações

Saldo da Balança Comercial = 56.456 - 54.532 = 1.924

Renda Líquida Enviada ao Exterior = Renda Enviada - Renda Recebida

Renda Líquida Enviada ao Exterior = 5.567 - 3.985 = 1.582

Agora, para calcularmos o saldo em transações correntes, devemos


considerar os valores que entraram no país como créditos (positivos)
e os que saíram como débitos (negativos). Deste ponto de vista, a
renda líquida enviada ao exterior entra com sinal negativo, as
doações recebidas, com sinal positivo, e as doações enviadas, com
sinal negativo.

Assim:

Saldo em TC = 56.456 - 54.532 - 5.567 + 3.985 - 887 + 1.345

Saldo em TC = 800

GABARITO: LETRA D

13. CESPE - Auditor Federal de Controle Externo/Controle


Externo/Auditoria Governamental/2015/

Acerca das relações teóricas estabelecidas pelas contas


nacionais e do balanço de pagamentos, julgue o item.

O saldo da balança comercial corresponde à diferença entre a


exportação e a importação de bens, enquanto os valores dos serviços
relativos a transporte e viagens internacionais são computados na
conta capital.

13. Questão simples.

É verdade que o saldo da balança comercial corresponde à diferença


entre a exportação e a importação de bens. Porém, os valores dos

Prof. Vicente Camillo www.estrategiaconcursos.com.br Página 82 de 100


Macroeconomia
Analista (Área 3) – BACEN
Teoria e exercícios comentados

serviços relativos a transporte e viagens internacionais são


computados na conta de serviços, que faz parte de transações
correntes, e não de capital.

GABARITO: ERRADO

14. (FCC - Auditor Fiscal da Receita Estadual (SEFAZ


RJ)/2014) Considere:

I. As Contas Capital e Financeira contemplam: Conta Capital,


Investimentos Brasileiros no Exterior, Investimentos
Estrangeiros no Brasil e Rendas Líquidas de Fatores de
Produção Externos.

II. O Saldo em Transações Correntes contempla: Balança


Comercial, Balança de Serviços, Rendas Líquidas de Fatores de
Produção Externos e Transferências Unilaterais.

III. As Contas Capital e Financeira contemplam: Conta Capital,


Investimentos Brasileiros no Exterior, Investimentos
Estrangeiros no Brasil e Ativos de Reservas Internacionais.

IV. O Saldo em Transações Correntes contempla: Balança


Comercial, Balança de Serviços, Ativos de Reservas
Internacionais e Transferências Internacionais.

V. Caso o déficit em Transações Correntes seja superior ao


superávit da Conta Capital e Financeira, haverá uma redução
das Reservas Internacionais.

De acordo com a estrutura do Balanço de Pagamentos


Brasileiro, está correto o que consta APENAS em

a) I e II.

b) I e IV.

c) II, III e V.

Prof. Vicente Camillo www.estrategiaconcursos.com.br Página 83 de 100


Macroeconomia
Analista (Área 3) – BACEN
Teoria e exercícios comentados

d) III, IV e V.

e) III e IV.

A questão merece ser tratada com muitos detalhes, pois envolve os


entendimentos vistos acima.

A correta estrutura do BP foi apresentada anteriormente, e devemos


consulta-la para resolver esta questão. Verifique acima.

Agora, vejamos os itens:

I – Está incorreto, pois não existe a conta Rendas Líquidas de


Fatores de Produção Externos

II – Item correto

III – Item correto, pois as reservas internacionais fazem parte da


conta de capitais compensatórios, que faz parte da Conta Capital.

IV - Item incorreto: reservas não faz parte de transações correntes

V – Item correto. Em termos teóricos, este item está incorreto (como


vimos acima). No entanto, a Banca considerou a metodologia
utilizada pelo Bacen para o cálculo da variação das reservas
internacionais.

Segundo Simonsen e Cysne (2009)4 [p]ara entender a variação


monetária total das reservas internacionais ( RESTOTAL), é preciso
considerar, além daquelas variações decorrentes das transações
entre residentes e não residentes, já registradas no balanço de
pagamentos [i.e. aquelas registradas em transações correntes e na
conta capital e financeira, como proposto pela questão], também as
operações de valorização/desvalorização,
monetização/desmonetização e alocação/cancelamento, que dão

4
Macroeconomia/Mario Henrique Simonsen, Rubens Penha Cysne. 4a. ed Sao Paulo: Atlas, 2009
(fls. 81-84)

Prof. Vicente Camillo www.estrategiaconcursos.com.br Página 84 de 100


Macroeconomia
Analista (Área 3) – BACEN
Teoria e exercícios comentados

origem a registros no PII [Posição Internacional de Investimentos],


mas não no Balanço de Pagamentos. Chamaremos às variações de
reservas não decorrentes de transações entre residentes e não
residentes de RESC. Neste caso, teremos ,evidentemente,
RESTOTAL = RESBP + RESC.” (grifos meus)

Na visão dos dois eminentes economistas (que representa o


entendimento teórico sobre a questão), a variação nas Reservas
Internacionais ( RESTOTAL) é função não somente das diferenças
entre superávits/déficits encontrados nas transações correntes e na
conta capital e financeira, como faz crer a questão. É também função
de outras variações, tais como valorização/desvalorização dos ativos
em que as reservas internacionais são mantidas, entre outros.
Utilizando o exemplo da questão, caso o déficit em Transações
Correntes seja superior ao superávit da Conta Capital e Financeira
juntamente com uma variação positiva em maior grau no preço dos
ativos em que as reservas internacionais estão alocadas, haverá
aumento nas reservas internacionais.

No entanto, é possível verificar que as bancas costumam adotar a


metodologia utilizada pelo Bacen. Se atente com isso!

GABARITO: LETRA C

15. CESGRANRIO - Analista de Pesquisa Energética


(EPE)/Petróleo/Exploração e Produção/2014/

No Brasil, em várias ocasiões dos últimos dez anos, o objetivo


de reduzir ou de controlar a inflação levou à política monetária
de altas taxas de juros internos, comparativamente às taxas
de outros países.

Essas altas taxas atraíram para o país capitais financeiros do


exterior que

Prof. Vicente Camillo www.estrategiaconcursos.com.br Página 85 de 100


Macroeconomia
Analista (Área 3) – BACEN
Teoria e exercícios comentados

a) reduziram as reservas do país em divisas internacionais.

b) diminuíram os pagamentos líquidos de juros e dividendos ao


exterior.

c) aumentaram o deficit orçamentário do governo.

d) provocaram um aumento dos preços, no Brasil, dos produtos


importados.

e) valorizaram o Real em relação ao Dólar Americano no mercado de


câmbio.

15. A entrada de capitais, em virtude da taxa de juros elevada, eleva


a oferta de divisas no mercado interno. Ora, ao ingressar no mercado
brasileiro, os investidores estrangeiros precisam trocar os dólares que
possuem por reais. Neste momento, eles elevam a oferta de dólares
e pressionam a demanda por reais, fato que valoriza o real frente ao
dólar, como comentado na letra e.

GABARITO: LETRA E

16. FCC - Auditor (TCE-CE)/2015/

Em um país grande com intenso fluxo de capitais, o efeito de


uma queda das taxas de juros é uma

a) depreciação cambial e redução da balança comercial (X-M).

b) depreciação cambial e aumento da balança comercial (X-M).

c) apreciação cambial e redução da balança comercial (X-M).

d) apreciação cambial e aumento da balança comercial (X-M).

e) apreciação cambial e aumento do déficit público.

16. Em geral, a queda na taxa de juros reduz o rendimento das


aplicações financeiras do país. Desta forma, há uma tendência para

Prof. Vicente Camillo www.estrategiaconcursos.com.br Página 86 de 100


Macroeconomia
Analista (Área 3) – BACEN
Teoria e exercícios comentados

que os capitais procurem alternativas de investimentos mais


rentáveis em outros países. Isto é, há tendência de saída de divisas
do país, o que pressiona a demanda por dólares e eleva a oferta por
reais.

O resultado é a depreciação cambial, que favorece as exportações


(tornando-as mais baratas em dólar) e prejudica as importações (que
ficam mais caras em reais).

GABARITO: LETRA B

17. (CESPE - Consultor do Executivo (SEFAZ ES)/Ciências


Econômicas/2008) A redução das taxas de poupança
doméstica de determinado país conduz ao aumento do
superávit do balanço comercial.

17. A redução na taxa de poupança é resultado da elevação da


demanda agregada em relação à renda (por exemplo, através de uma
política fiscal ativa, ou elevação do consumo privado).

Através da identidade macroeconômica básica (vista na aula de


contas nacionais), o aumento da absorção interna eleva a renda
agregada (Y). E esta elevação afeta positivamente as importações:
com renda mais elevada, os agentes da economia consomem mais,
tanto os bens nacionais, como os importados.

Desta forma, não é possível afirmar que este fato eleva o superávit
comercial, pois a tendência é exatamente a contrária.

GABARITO: ERRADO

18. (CESPE - Analista de Comércio Exterior/2008) A queda


recente do preço das commodities reduz as perspectivas
inflacionárias, mas não altera a renda disponível da economia
brasileira.
Prof. Vicente Camillo www.estrategiaconcursos.com.br Página 87 de 100
Macroeconomia
Analista (Área 3) – BACEN
Teoria e exercícios comentados

18. As commodities representam uma parcela significativa do balanço


comercial brasileiro. Deste modo, considerando a redução no preço
do item, a renda agregada da economia é reduzida, assim como a
renda disponível e a inflação.

Podemos compreender este efeito a partir da identidade


macroeconômica básica de uma economia aberta:

= + + + ( )

A queda no preço das commodities reduz o valor das exportações


líquidas (X-M), o que causa impacto negativo em Y.

GABARITO: ERRADO

19. (CESPE-UnB/Técnico de Planejamento e Pesquisa do


IPEA/2008) No modelo keynesiano simples, a condição
Marshall-Lerner pressupõe, ceteris paribus, que a
desvalorização do câmbio real só aumenta o saldo comercial
se a soma absoluta das elasticidades-preço das demandas por
exportação e por importação for menor que 1.

Pela condição de Marshall-Lerner, a desvalorização real do câmbio


aumenta o saldo comercial quando a diferença entre as elasticidades
da demanda por exportação e importação for maior que 1.

Assim, considera-se que a elasticidade preço da demanda por


exportação é maior que a a elasticidade preço da demanda por
importação. Caso ocorra uma desvalorização cambial, as exportações
respondem mais que as importações, provocando superávit comercial

GABARITO: ERRADO

Prof. Vicente Camillo www.estrategiaconcursos.com.br Página 88 de 100


Macroeconomia
Analista (Área 3) – BACEN
Teoria e exercícios comentados

20. (CESGRANRIO - Analista do Banco Central do Brasil/Área


2/2009) Quanto à flexibilidade de taxas, é correto afirmar que
no regime cambial de taxa

a) flexível, a política monetária torna-se endógena, de modo que a


autoridade monetária perde sua capacidade de definir que política
monetária adotar.

b) flexível, com perfeita mobilidade de capitais, as diferenças entre as


taxas de juros internas dos diversos países devem refletir
expectativas de desvalorização ou valorização cambial das moedas
desses países.

c) flexível, a taxa de câmbio varia conforme a demanda e a oferta de


moeda estrangeira, mantendo, dessa forma, a paridade entre os
preços dos bens importados e os preços dos bens domésticos.

d) fixa, uma política fiscal expansionista aumenta o superávit


comercial.

e) fixa, a autoridade monetária fixa a taxa de câmbio da moeda


nacional em relação a uma moeda estrangeira, aceita
internacionalmente (US dólar, por exemplo), e com isso mantém o
poder de controlar a oferta monetária.

A questão complementa nosso estudo sobre expectativas e taxa de


câmbio.

Considerando a livre mobilidade de capitais e regime de câmbio


flexível, a diferença entre a taxa de juros interna e externa deve
refletir a expectativa de desvalorização ou valorização cambial da
moeda.

A afirmação se explica pelo fato de que variações na moeda


doméstica modificam a rentabilidade dos títulos domésticos cotados
em moeda estrangeira. Caso ocorra, por exemplo, uma
desvalorização da moeda doméstica, o valor do título em moeda

Prof. Vicente Camillo www.estrategiaconcursos.com.br Página 89 de 100


Macroeconomia
Analista (Área 3) – BACEN
Teoria e exercícios comentados

estrangeira é reduzido. Assim, a taxa de juros interna deve ser maior


que a internacional (mais desvalorizada) para compensar esta perda
em moeda internacional.

Matematicamente, a expressão abaixo representa o raciocínio


exposto:

+1
= +

Ou seja, a taxa de juros interna (i) é igual a taxa de juros


+1
internacional (i*) mais a variação cambial . Caso ocorra uma
+1 +1
desvalorização > 0 e i > i*; caso o câmbio valorize, <0

e i < i*.

GABARITO: LETRA B

21. (CESPE-UnB/Técnico de Planejamento e Pesquisa do


IPEA/2008) As crises cambiais da década passada mostraram
que a única opção viável de regime cambial para países
emergentes são as chamadas posições extremas: flutuação
total ou âncora ultra-rígida, do tipo currency board.

Vimos que, atualmente, o regime cambial de flutuação suja apresenta


alternativa aos modelos apresentados pela questão, além de se situar
entre os modelos extremos.

GABARITO: ERRADO

22. (CESPE-UnB/Técnico de Planejamento e Pesquisa do


IPEA/2008) Regimes de câmbio fixo são mais adequados para
tentativas de controle da inflação, enquanto regimes de
câmbio flutuante se adequam mais a correções de preços
relativos em situação de choques externos.

Prof. Vicente Camillo www.estrategiaconcursos.com.br Página 90 de 100


Macroeconomia
Analista (Área 3) – BACEN
Teoria e exercícios comentados

A questão faz uma importante observação. O regime de câmbio fixo,


ao passo que mantém a cotação cambial, não permite que possíveis
desvalorizações cambiais sejam repassadas aos preços (fenômeno
conhecido como pass through), o que ajuda no controle da inflação.

Por sua vez, o regime flutuante é mais eficaz para adequar os preços
relativos, através da variação da moeda doméstica em relação à
moeda externa.

GABARITO: CERTO

23. (CESGRANRIO - Analista (FINEP)/Análise Estratégica em


Ciência, Tecnologia e Inovação/2014) Em certo país, o
governo adota um regime cambial de variação administrada
da taxa de câmbio. Suponha que a economia esteja em pleno
emprego e que haja uma desvalorização cambial da moeda
doméstica em relação à estrangeira.

Nesse caso, a inflação interna tenderia a acelerar devido a vários


possíveis canais de transmissão, entre os quais NÃO se inclui o(a)

a) aumento da demanda externa pelos produtos e serviços


produzidos no país.

b) aumento da taxa de desemprego devido ao aumento das


importações.

c) aumento dos preços internos dos produtos com preços formados


internacionalmente.

d) redução da oferta interna de produtos e serviços importados.

e) indexação de preços de bens domésticos atrelada à variação


cambial.

Em uma situação como a descrita pela questão (economia em pleno


emprego com flutuação administrada do câmbio), uma desvalorização

Prof. Vicente Camillo www.estrategiaconcursos.com.br Página 91 de 100


Macroeconomia
Analista (Área 3) – BACEN
Teoria e exercícios comentados

cambial da moeda doméstica em relação à estrangeira promoveria


uma elevação no preço das importações. Em linhas gerais, os
produtos importados ficariam mais caros que os produtos nacionais.
Como a economia está em pleno emprego (todos os fatores de
produção estão empregados), não há excedente de bens nacionais
passíveis de substituírem os bens importados. Ou seja, o aumento
nos preços dos produtos importados em função da desvalorização
será repassado aos consumidores, evidenciando uma tendência à
elevação nos preços.

Apenas a Letra B contém uma explicação não satisfatória para este


fato. Como foi afirmado acima, a economia está em pleno emprego,
com o emprego de todos os fatores de produção e demanda de todos
os bens internamente produzidos. A elevação no preço dos
importados não substitui a demanda por estes bens; em outras
palavras, os importados não promovem desemprego internamente.

Perceba, adicionalmente, que a informação sobre o câmbio


administrado não afeta a resolução da questão. O importante a notar
é que houve desvalorização cambial.

GABARITO: LETRA B

24. (CESPE - Economista (MJ)/2013) Considerando as


relações comerciais e financeiras do Brasil com outros países,
julgue o item subsequente.

No Brasil, o recente aumento da poupança externa foi resultado de


uma agressiva política comercial de estímulo às exportações e
substituição de importações.

A poupança externa é igual ao saldo do Balanço de Transações


Correntes com sinal invertido, ou seja:

Se = - BTC

Prof. Vicente Camillo www.estrategiaconcursos.com.br Página 92 de 100


Macroeconomia
Analista (Área 3) – BACEN
Teoria e exercícios comentados

Portanto, para que a poupança externa apresente saldo positivo, o


país deve registrar saldo negativo em transações correntes
(transações comerciais, de serviços, de rendas e unilaterais
correntes).

Será que isto que ocorreu no Brasil recentemente?

Sim!

A saber, as transações correntes brasileiras apresentaram saldos


negativos (avaliados em milhões de dólares), como demonstrado
abaixo:

2008 2009 2010 2011 2012

$ $ $ $ $
(28.192,02) (24.302,26) (47.273,10) (52.473,50) (54.230,49)

Não obstante, a causa para a crescente poupança externa foi o saldo


negativo apresentado no Balanço de Serviços e no Balanço de
Rendas, que apresentaram, no período, sucessivos e relevantes
déficits.

GABARITO: ERRADO

25. FCC - Analista Previdenciário


(MANAUSPREV)/Economia/2015/

Um dos principais problemas de países primário-exportadores


consiste obter divisas estrangeiras para financiar suas
importações de forma sustentada e sistemática. Para tanto, é
fundamental considerar o papel da taxa de câmbio real como
um dos mais relevantes indicadores de comércio internacional
de cada nação. Portanto,

Prof. Vicente Camillo www.estrategiaconcursos.com.br Página 93 de 100


Macroeconomia
Analista (Área 3) – BACEN
Teoria e exercícios comentados

a) a capacidade de importar de um país é dada pela razão


exportações/produto interno bruto.

b) uma taxa de câmbio real elevada significa um duplo efeito


negativo sobre a balança de comércio, uma vez que indica que os
preços no mercado internacional estão mais baixos do que no
mercado interno, gerando baixos influxos de divisas via exportações e
elevadas importações.

c) uma apreciação da taxa de câmbio nominal apenas gera resultados


negativos sobre a balança comercial se não for acompanhada por
uma elevação proporcional dos preços dos bens exportados pelo país
no mercado internacional ou por uma queda proporcional do nível de
preços doméstico.

d) quanto menos diversificada for a pauta de importações de um


país, menos vulnerável se torna a economia, pois o produto
importado pode ser rapidamente substituído por produção doméstica.

e) a hipótese da deterioração dos termos de troca sugere que países


exportadores de produtos com alto conteúdo tecnológico tendem a se
tornar cada vez mais dependentes de produtos primários e, por isso,
mais sujeitos a crises de balanço de pagamentos com maior
volatilidade da taxa de câmbio real.

Questão interessante, pois demonstra a importância de se avaliar as


variações do saldo do BP em função da taxa de câmbio real.

Como sabemos, a depreciação cambial favorece as exportações


(tornando-as mais baratas em dólar) e prejudica as importações (que
ficam mais caras em reais).

Não obstante, é preciso adicionar a esta consideração a variação dos


preços no país e no exterior. Por exemplo, se há inflação no Brasil, os
preços dos produtos exportados pelo país aumenta, fato que retira
competitividade dos bens pátrios. Então, se a taxa de câmbio

Prof. Vicente Camillo www.estrategiaconcursos.com.br Página 94 de 100


Macroeconomia
Analista (Área 3) – BACEN
Teoria e exercícios comentados

desvalorizar em 10%, mas a inflação for de 15%, a taxa de câmbio


irá valorizar aproximadamente em 5%, tornando os bens nacionais
menos competitivos no mercado externo.

O presente raciocínio e variações dele estão expostos na letra c.

Abaixo, seguem comentários sobre os erros das demais alternativas:

a) A capacidade de importar pode ser calculada através da razão


entre as receitas em dólar passíveis de serem usadas e importações e
o PIB. Dentre estas receitas estão as receitas com exportações, as
receitas unilaterais, os capitais financeiros, entre outros. Desta
forma, a capacidade de importar é calculada por índice mais amplo do
que o apresentado no item;

b) Uma taxa de câmbio real elevada significa uma taxa real de


câmbio desvalorizada, o que é, em tese, positivo à balança comercial
(favorece exportações e encarece importações);

d) Incorreto, pois quanto menos diversificada é a pauta de


importações, mais dependente é o país em relação àquele bem
importado. Isto significa provavelmente que a substituição deste item
importado por bem doméstico é mais complexa

GABARITO: LETRA C

26. FGV - Analista Judiciário (TJ RO)/Economista/2015

Com o aumento do peso de determinados parceiros comerciais


de um país, a taxa de câmbio indica uma desvalorização no
caso desses parceiros terem moedas mais fortes em relação a
esse país analisado, ceteris paribus. Essa descrição reflete o
conceito de:

a) paridade absoluta do poder de compra;

b) paridade relativa do poder de compra;

Prof. Vicente Camillo www.estrategiaconcursos.com.br Página 95 de 100


Macroeconomia
Analista (Área 3) – BACEN
Teoria e exercícios comentados

c) taxa de câmbio nominal;

d) taxa de câmbio real;

e) taxa de câmbio efetiva.

Questão complementar sobre regimes de câmbio.

Segundo o Manual de Economia da USP:

“Outro conceito importante relativo à taxa de câmbio é a


chamada taxa de câmbio efetiva. Como vimos, a taxa de
câmbio nominal estabelece uma cotação entre duas
moedas, e a taxa de câmbio real o preço relativo do
produto de dois países expressos na mesma moeda.
Entretanto, um país não possui, em geral, um único
parceiro comercial, mas vários. O Brasil transaciona com
os países do Mercosul, da Comunidade Econômica
Europeia, com os EUA, o Japão e vários outros países. Ao
calcularmos a taxa real de câmbio, deveríamos
considerar a relação de preços com todos os
parceiros comerciais. É isso que a taxa de câmbio
efetiva busca medir, ao ponderar as diversas taxas
reais de câmbio, de acordo com a importância dos
parceiros comerciais.” (grifos meus)

Já é possível afirmar que a questão refere-se à taxa de câmbio


efetiva, presente na alternativa E. Este conceito é pouco cobrado em
provas de concursos e, por isto, não está presente na parte teórica da
aula. Mas, apenas lembre deste conceito que já é amplamente
suficiente para provas de concursos.

Abaixo, vamos analisar o erro das demais alternativas:

a) A paridade absoluta do poder de compra é um conceito entendido


no âmbito da lei do preço único, que afirma que produtos

Prof. Vicente Camillo www.estrategiaconcursos.com.br Página 96 de 100


Macroeconomia
Analista (Área 3) – BACEN
Teoria e exercícios comentados

homogêneos devem ter o mesmo custo nos diferentes mercados,


quando expressos na mesma moeda.

Desta forma, a paridade absoluta do poder de compra indica que,


quando medido na mesma moeda, o preço de um bem deve igualar-
se entre diferentes países.

b) O conceito de paridade relativa da paridade do poder de compra


explica o motivo das variações da taxa nominal de câmbio como
função da variação nos preços domésticos e externos. Isto é, a
paridade relativa afirma que a variação da taxa de câmbio nominal
será igual a variação dos preços internos menos a variação dos
preços externos (se os preços internos são maiores que os externos,
a taxa de câmbio irá se desvalorizar; se os preços externos são
maiores que os internos, a taxa de câmbio irá valorizar).

c) Como vimos, a taxa nominal de câmbio simplesmente estabelece a


cotação entre duas moedas.

d) Como vimos, a taxa de câmbio real expressa a cotação entre as


moedas e considera, adicionalmente, a inflação nos países em
questão.

GABARITO: LETRA E

27. CESPE - Diplomata (Terceiro Secretário)/2015/

Considerando que, ao se analisar a formação de preços no


mercado cambial, constata-se a existência de dois tipos
básicos e de diversos tipos intermediários de regimes
cambiais, julgue (C ou E) o item a seguir.

No sistema conhecido como crawling band, fixa-se uma faixa dentro


da qual a cotação da moeda pode flutuar livremente; o piso e o teto
não podem ser alterados durante todo o período em que o sistema
for adotado.

Prof. Vicente Camillo www.estrategiaconcursos.com.br Página 97 de 100


Macroeconomia
Analista (Área 3) – BACEN
Teoria e exercícios comentados

Esta questão é bastante simples, mas você pode se complicar em


função do termo utilizado pelo CESPE.

A crawling band é regime cambial conhecido como banda cambial.


Lembrando, é aquele regime intermediário no qual o Banco Central
fixa uma banda como limites superior e inferior no qual a taxa de
câmbio pode oscilar livremente.

Uma questão importante que precisar ser gravada é que a banda


cambial deve ser atualizada periodicamente, geralmente para refletir
o diferencial de preços entre os países.

Portanto, a questão está errada ao afirmar que o piso e o teto não


podem ser alterados durante todo o período em que o sistema for
adotado.

GABARITO: ERRADO

Prof. Vicente Camillo www.estrategiaconcursos.com.br Página 98 de 100


Macroeconomia
Analista (Área 3) – BACEN
Teoria e exercícios comentados

QUESTÃO GABARITO

01 C

02 A

03 A

04 ERRADO

05 ERRADO

06 ERRADO

07 CERTO

08 D

09 CERTO

10 ERRADO

11 CERTO

12 D

13 ERRADO

14 C

15 E

16 B

17 ERRADO

Prof. Vicente Camillo www.estrategiaconcursos.com.br Página 99 de 100


Macroeconomia
Analista (Área 3) – BACEN
Teoria e exercícios comentados

18 ERRADO

19 ERRADO

20 B

21 ERRADO

22 CERTO

23 B

24 ERRADO

25 C

26 E

27 ERRADO

Prof. Vicente Camillo www.estrategiaconcursos.com.br Página 100 de 100

Potrebbero piacerti anche