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2 Agosto 2008 Jornal-laboratório do Curso de Comunicação Social Unisul - Tubarão

Relatar vivências e não apenas Jornalista de


Opinião carne e osso
Invisíveis
contar o que se ouve Khaled Salama
Laura Peruchi Mezari
Muitos jornalistas, jovens ou
Ariela Martins Sentir na pele. Literal- des e as alegrias que envol- satisfação ao ver os olhos de não, e estudantes de Jornalismo
O conceito de invisibilidade mente. Encarnar um perso- vem um determinado fato, uma criança brilharem acham a aventura encantadora.
social não pode ser explicado nagem e, em vez de contar o uma situação, uma pessoa. E, refletindo o sorriso do bom Começam a salivar diante de
simplesmente como um ato de que escuta de um terceiro, dependendo da aventura velhinho e a infinidade de qualquer coisa que se assemelha
discriminação. Para exemplificar, relatar uma vivência, uma escolhida, o dia pode passar histórias que se encontram em à possibilidade de fazer uma
há um título chamado “Homens experiência. Tremer com o rápido demais ou arrastar-se um balcão de padaria. O grande reportagem. Grande no
invisíveis: relatos de uma frio das ruas, entristecer-se por uma eternidade em Jornalismo Gonzo pode ser sentido de interessante, marcante,
humilhação social”, do psicólogo com a frieza das pessoas. minutos, segundos e cen- traduzido em pormenores, importante.
Fernando Braga da Costa. Na Conhecer o verdadeiro ser tésimos. Adrenalina. bons ou ruins. O veículo não importa. Pode
obra, tese de mestrado que virou humano, entrar em contato Encarnar os trapos de um Entretanto, são esses ser jornal impresso, TV, rádio,
livro, Costa relata os oito anos que com suas várias faces e pedinte nas ruas, tremer na pormenores que vão Internet ou revista. É a magia do
passou como gari na Universidade humores. base na pele de um policial, diferenciá-lo do Jornalismo furo, do novo, do exclusivo. Não
de São Paulo e comprova a Ouvir um palavrão ou um sentir o sol escaldante fazer comum, do Jornalismo dos há quem não fique abismado com
invisibilidade pública. Tudo porque, bom dia. Comer comida fria. seu corpo todo queimar como cinco “quês”, do Jornalismo livros como Abusado – O dono
ao varrer as ruas, as pessoas não Ou até passar fome. Tornar- um bóia-fria no meio de um que mostra a visão dos outros. do Morro Dona Marta, de Caco
o reconheciam: professores, se vulnerável. Ser outra canavial cheio de pó. E passar É uma proposta única: viver Barcellos, e Viúvas da Terra, de
colegas de classe, amigos. O pessoa. Ser uma pessoa. isso para o papel. Traduzir a situação e contar depois. Klester Cavalcanti. Os repórteres
universo social do autor Passar trabalho. Sentir as isso em palavras. Ter o dom E tal proposta cabe nesta mergulharam nas histórias.
simplesmente desapareceu sob dificuldades. Correr risco de de passar ao leitor o cheiro edição do Extra. É o que se Porém, um alerta se faz
aquele uniforme. morte. Ou fazer disso uma de uma prisão, o gosto doce espera das matérias das necessário: nem tudo são rosas.
O jornalista, assim como o experiência diferente. e fraco do café do boteco da próximas páginas. Que elas É extremamente perigoso entrar
psicólogo, pode estudar, retratar e Feeling. Curiosidade. Ins- esquina, as visões de um possam transmitir cada em favelas onde o tráfico
sentir o que é ser um invisível tinto. hospital para tratamento do detalhe, cada olhar, cada predomina, ficar no meio de
social. O jornalismo é uma das Essas pequenas frases câncer. sentimento que as vivências combates durante guerras
poucas profissões que permite tal podem traduzir o que pre- Isso tudo sem falar nas relatadas trouxeram para o sangrentas e se disfarçar para
apelo. Ou seria empenho? Mostrar tende o Jornalismo Gonzo: situações agradáveis. A magia repórter. Encarne, você, a descobrir algo, entre outros
à sociedade as mazelas deixadas transmitir todos os sentimen- e o encanto de ser o palhaço partir de agora, o leitor crítico exemplos possíveis.
por este tipo de preconceito, que tos, os detalhes, as dificulda- do circo por um dia, a e aproveite as histórias. É preciso que haja um
ataca tanto um andarilho como um planejamento forte, tanto do
vigilante, gari ou carteiro, é uma jornalista quanto do veículo para
das funções sociais da profissão.
Por que contar histórias de
O câncer da profissão o qual trabalha. O profissional
deve ter o respaldo e todo o apoio
pessoas simples e que Cíntia Abreu
da empresa. Mas não pode,
aparentemente não seriam pauta Por muitos criticado e por e assim suas matérias são como objetivo principal penso eu, colocar a informação
para a grande mídia? Qual a poucos reverenciado, este é o redigidas. Por fim, o cérebro entusiasmar o leitor, criar uma antes da própria vida.
novidade, qual o valor-notícia? jornalismo gonzo. Cabe a nós vai paralisando lentamente. habilidade descritiva que o faça Jornalista tem família. É de
Aparentemente nenhum. Mas, jornalistas saber trabalhar Isso acontece devido ao vício sentir prazer de ir além de um carne e osso. Essa idéia romântica
bem construído e munido de vivenciando, experimentando da acomodação. telefone ou o prático e-mail, que existe da profissão é linda no
detalhes, o texto emociona, na pele o que se vai escrever. O profissional que se permite este que na maioria das vezes papel. A prática pode ser cruel,
provoca no leitor sentimentos e Muitos da classe jorna- vivenciar, conviver de perto ou é utilizado para a realização de às vezes. Por ser da TV Globo, o
oferece a compreensão do que é lística criaram uma grave até mesmo ser um protagonista entrevistas. caso mais conhecido é o de Tim
estar do outro lado. Desmistifica “doença” difícil de ser da sociedade, como, por Penso que muitos leitores Lopes, morto por traficantes do
estereótipos e “fotografa” uma combatida – a preguiça aguda. exemplo, pesquisar e escrever são de opinião contrária, Rio de Janeiro. Porém, com
realidade nem sempre conhecida. Assim, o jornalista tem as sobre o ‘ganha pão’ de um acreditando que o jornalismo certeza, muitos outros se foram
A invisibilidade social, pernas paralisadas, depois ambulante, onde muitos às gonzo é a forma mais parcial da mesma maneira. Deixaram
impregnada no cotidiano, só pode sente uma séria dormência nas vezes sustentam suas famílias, da profissão. Também afirmo filhos e cônjuges.
ser combatida e revelada se há nádegas, usando só os dois foge e previne-se contra o que esta prática traz um Ver o trabalho pronto e
alguém interessado em contar membros superiores do corpo câncer atual do jornalismo. envolvimento totalmente reconhecido é gratificante.
histórias corriqueiras, singelas, – os braços, mais especifica- Acredito que há curas pessoal, irreverente, e Porém, o caminho é recheado de
interessantes e nenhum pouco mente, os dedos que são alternativas que possam principalmente um bom pedras. Portanto, caros colegas,
invisíveis. utilizados para realizar ligações amenizar este problema – ter jornalismo diferenciado. juízo! E boa sorte para todos nós.

Extra é o jornal-laboratório do Curso de Comunicação Social – Jornalismo – da Unisul, Campus Tubarão

Textos e fotos: alunos do 6º Semestre/Prof. Cláudio Toldo | Edição: alunos do 7º Semestre/Prof. Ildo Silva | Opinião: alunos do 7º
Fale com a gente! Semestre/Profª. Darlete Cardoso | Diagramação: Laura Peruchi Mezari, 7ª fase/Jornalismo | Capa (sentido horário a partir do
ESPAÇO DO LEITOR barbeiro): fotos de Cristiano Medeiros, Treissi Amorin, Magali Colonetti, Filipi Ghedin, Arquivo O Globo e Márcio Jorge |
O Extra precisa da sua opinião Contracapa: Pedro Ernesto Theobald Prá e Maíra Sartor, 4º Semestre de Publicidade e Propaganda/Profª. Valéria Braga
agcom@unisul.br
Coordenadora do Curso de Comunicação Social: Profª. Darlete Cardoso
(48)3621-3303
Coordenador do Jornal-laboratório: Prof. Cláudio Toldo | Impressão: Gráfica Soller

Reitor: Gerson Luiz Joner da Silveira | Vice-Reitor e Pró-Reitor Acadêmico: Sebastião Salésio Curso de Comunicação
Herdt | Chefe de Gabinete e Secretário-Geral da Reitoria: Fabian Martins de Castro
Pró-Reitor de Administração: Marcus Vinícius Anátocles da Silva Ferreira
Social
Jornal-laboratório do Curso de Comunicação Social Unisul - Tubarão Agosto 2008 3
Seja um barbeiro você também!
Texto e foto: Cristiano Medeiros - Edição: Arthur Lessa
É manhã de sábado, um dos dias foi muito fácil. “Para quem não sabe às conversas, identifico-me e dam quando termino o serviço”, errando o corte”, comenta o
mais movimentados na pequena nada, tudo é difícil. No começo não arrisco-me a fazer uma pergunta. relata o profissional. barbeiro.
barbearia onde trabalham os irmãos tinha habilidade, dava vontade de “Toninho, por que corta seu cabelo Chega mais um cliente. É o Outros clientes entram e saem
Fabrício e Alexandre Machado, em desistir. Eu levava 45 minutos para e barba com os rapazes?” comerciante Jorge Fermínio, um da barbearia. Até que chega o
Içara. Entro e me sento em uma das fazer um corte. Hoje, com mais jeito Após uma rápida reflexão, ele me senhor de meia idade e que não é de momento em que os dois irmãos
várias poltronas azuis, enfileiradas e experiência, levo de 20 a 30 contrapõe. “Eles que devem muita conversa, apenas cumpri- não têm mais ninguém para
junto à parede, a meio metro umas minutos”, comenta o profissional. responder. Pergunta pra eles”. Em menta quem está no local e senta-se atender. Então chega o funcionário
das outras. Apesar de não se tratar O irmão mais novo de Fabrício seguida, após risos dos barbeiros, no sofá, enquanto aguarda ser de uma indústria de plásticos,
de um dos mais modernos ambien- explica como entrou na profissão. o mecânico responde. “São vizinhos atendido por Fabrício. Converso Marcos Beretta, mais conhecido
tes, sinto-me em um local confor- “Eu comecei como engraxate na de porta. O Alexandre, conheço com Fermínio, e ele me conta que como Marquinhos.
tável. São 8h30min e já têm clientes barbearia do meu tio. Então ele desde pequeno. Se não cortar com corta o cabelo na barbearia pela O Marquinhos também é
esperando. perguntou se eu queria aprender a eles vou cortar com quem? Além proximidade de sua casa. barbeiro e, além de jogar conversa
Todos entram na barbearia, profissão. Eu disse que Fabrício chama Fermí- fora com os nossos amigos, pede
passando pela porta de vidro. Duas queria e fiquei um ano, só nio para ser atendido, seu corte. Alexandre é quem realiza
pessoas são atendidas imediata- aprendendo. Depois enquanto chega mais um o trabalho. Começa a cortar com a
mente. trabalhei com ele um cliente à barbearia. Quem máquina, quando vejo uma
Da minha poltrona observo que tempo, até fazer cortes em chega é o engenheiro oportunidade de experimentar essa
o cliente de Alexandre, um senhor minha casa e agora aqui”. eletricista Aldenir Floria- profissão. Pedi ao Alexandre e ao
de certa idade e cabelos brancos, dá Alexandre está em seu no, um caso a parte da Marquinhos para cortar com a
algumas orientações. “Pode fazer o segundo corte, já é barbearia. “maquininha”.
corte de sempre, corta baixo e os próximo das 9 horas. O Logo após ser Comecei por cima, não era um
recortes”. O barbeiro inicia seu trabalho, para o barbeiro, atendido Aldenir vai cabelo muito grande e também não
trabalho e, com muita técnica, vai tem certa diferença. Além embora. Então vejo algo fiquei por muito tempo cortando,
modelando o corte. Fico atento à da idade do cliente engraçado, o irmão de mas o suficiente para perceber que
precisão do jovem barbeiro que, com anterior para o que está Alexandre faz um não é algo muito fácil. Cortar o
seus 20 anos de idade e cinco de em sua cadeira, a comentário. “Olha aí cabelo de alguém é algo que exige
profissão, é rápido e muito quantidade de cabelos é Alexandre, daqui a pouco responsabilidade. Não é fácil
habilidoso com a tesoura. algo evidente. Neste ele volta pra reclamar”. Em mexer na aparência de alguém sem
Fabrício é novo na profissão, corte, o profissional seguida pergunto do que ter a certeza que este irá gostar.
mesmo sendo o mais velho dos utiliza, além da con- se trata, e Fabrício me Quando comecei a cortar, senti uma
irmãos. Tem cerca de 11 meses na vencional tesoura, uma esclarece o fato. Trata-se espécie de medo, não queria fazer
área. “Primeiro eu decidi fazer um máquina de cortar cabelo. de um cliente que sempre nada errado. Com certeza, pra
curso que durou seis meses. De- “Pode ajeitar meu cabelo, retorna após o corte com quem olha de fora, cortar cabelo
pois eu entrei no ramo junto com quero baixar em cima e alguma queixa. “Como em parece uma tarefa fácil. Mas nem
meu irmão”, explica o barbeiro. máquina nos lados”, pede todo lugar sempre há tanto para quem tem essa missão.
Seu primeiro trabalho no início o jovem atendido pelo reclamações. Nós sempre A barbearia atende somente ao
da manhã é a barba de um senhor. barbeiro. Nesse meio procuramos a melhor forma público masculino de todas as ida-
Seu cliente, já freqüentador da tempo, chega à barbearia Máquina e tesoura: Fabrício é novo na profissão de agradar o cliente, mas des. Para as pessoas com mais de
barbearia, apenas solicita o corte. uma figura destacada na nem sempre gostam, ques- sessenta anos é feito um desconto
Fabrício já sabe o que fazer. Faz os localidade, Antônio Alves, mais disso, eles são bons no que fazem”. tão de gosto”, comenta o barbeiro. no preço do serviço prestado. Eles
recortes e apara a barba. Leva cerca conhecido pelos populares como Após um tempo, Toninho também é “Mas a profissão é boa, tranqüila, o me contam que realizam cerca de
de 30 minutos. Encerrando o corte, Toninho Mecânico. Toninho atendido por Alexandre, que corta negócio é agradar o cliente”, 200 trabalhos por mês, o que inclui
limpa o rosto do cliente. “É isso”, comenta com os irmãos sobre o somente sua barba desta vez. acrescenta Fabrício. corte de barba e cabelo. “O nosso
expressa o barbeiro após dar por tempo. “Tem feito frio nesses dias Alexandre comenta que existem Há outros casos que aconte- grande problema é o custo da
terminado seu trabalho. O cliente, chuvosos. E esse vento sul chato pessoas que sentam na cadeira da ceram na barbearia. “Pessoas que barbearia, que inclui energia,
com um ar de satisfeito, retira o di- que não pára...” A conversa flui, barbearia para serem atendidos e passam no vestibular e sofrem impostos, aluguel, custando 500
nheiro de sua carteira, para pagar o entre outros assuntos, comentam chegam a dormir. “Não é normal de trote já passaram pela barbearia. reais. Tudo que conseguimos a
serviço, e despede-se das pessoas. sobre carros e seus valores, assunto acontecer, mas tem alguns clientes Existem casos de pessoas que partir deste valor é o nosso lucro”,
Fabrício conta que no início não típico para um mecânico. Em meio que dormem na cadeira e só acor- tentam cortar em casa e acabam fala Fabrício.

De porta em porta: o dia-a-dia de um vendedor ambulante


Texto: Grasiela Gislon - Edição: Taís Pacheco
Para um vendedor ambulante filhos e minha esposa são minha Cada dia um destino diferente. No decorrer de anos de trabalho curso superior, como é o caso de
não importa horário, distância, ou maior riqueza. É por eles que me Cidades e pessoas que o vendedor os vendedores acabam conhe- Wagner Serafim.
dia da semana, ele está na estrada esforço ao máximo para obter um já se acostumou a ver. Ele chega na cendo muitas pessoas e até fazendo O morador de Treze de Maio
buscando sua sobrevivência. Almir bom resultado. É claro que nem cidade desejada por volta das 8 amizades. A costureira Idene dos começou a trabalhar como
de Souza, 44 anos, mora em Treze sempre é assim, aliás, na maioria das horas da manhã e já começa a Santos, de Urussanga, compra vendedor aos 16 anos, com o seu
de Maio. Há 23 anos faz da vezes não é assim. Tem os dias que oferecer suas mercadorias: frutas e verduras de Almir há sete vizinho. No início ele via o serviço
atividade de vendedor ambulante vendemos mais, já em outros a verduras, frutas e legumes. anos. “Tanto eu como meus filhos como um bico, algo para fazer
o meio de sustento de toda sua história e bem diferente”. Na maioria das vezes, o nos acostumamos a esperar o enquanto estudava. Depois,
família. “Só quem vive disso pode O melhor momento para vender vendedor precisa descer e entrar na caminhão chegar na nossa casa passou a ser profissão.
saber o quanto é difícil, o quanto está nos primeiros 10 dias do mês, casa das pessoas. Conversa com todos os sábados de manhã. Eu Aos 20 anos, Wagner vende em
sofremos. Nossa vida é ir de casa que é quando a maioria das quem vem atender na porta. Com nem compro no mercado, porque diversas cidades e muitas vezes
em casa oferecendo nossa pessoas recebe o salário, ou ainda, muita educação tenta convencer o sei que ele vai passar e trazer as chega a ficar três dias fora de casa.
mercadoria. Temos muitos clientes nos sábados, dias em que consumidor a levar algum produto mercadorias fresquinhas”, “Ao longo desses quatro anos,
bons, mas também encontramos geralmente toda a família está em para a casa. comenta. temos muitas histórias para contar.
aqueles que nem nos recebem, que casa. Quando o cliente acha o preço Apesar das dificuldades dessa É um emprego que não nos oferece
não abrem sequer a casa, parecem Às 5 horas da manhã toca o caro, o vendedor precisa ter jogo profissão, muitas pessoas estão muito retorno financeiro, mas
que nos tratam como bandidos”, despertador que acorda Almir. Ele de cintura e reverter a situação. Aos começando a trabalhar com vendas devido a grande falta de emprego,
declara Souza. rapidamente troca de roupa, toma poucos, ele convence a pessoa e ambulantes. Alguns entram no especialmente em uma cidade
Todos os dias quando chega seu café, dá um beijo na esposa e mostra que o seu produto tem ramo pela dificuldade em arrumar pequena como essa, é uma
em casa a família o espera ansiosa sai para pegar sua Mercedinha qualidade e que o comprador está outro emprego, sobretudo para oportunidade que temos que
por bons resultados. “Meus três azul. levando algo que vale a pena. quem não conseguiu concluir um segurar”, afirma.
4 Jornal-laboratório do Curso de Comunicação Social Unisul - Tubarão - Agosto 2008

Luxúria: um pecado em Texto: Marcos Dalmoro - Edição: Ednilson Perdoná / Filipe Casagrande

A prostituição mexe com o caminhoneiros sobre amenidades pele morena jambo, era a mais todos morávamos juntos. Os
instinto e curiosidade de muita até conseguir entrar no assunto baixinha, usava uma micro vestido passos ficam mais lentos e ela
gente. Então me coloquei à dos programas. preto e uma meia fina vermelha e desabafa. “Esse era meu sonho,
disposição de vivenciar este Questionei se era fácil mal se equilibrava sobre um salto poder estudar, viver bem com meus
mundo em três etapas: um chat da conseguir uma garota de programa muito alto, cerca de uns 15cm. pais, irmãos, ter uma vida e tudo
internet onde entrei com o nome de para passar a noite. Neste momento Aparentava uns 30 anos ou mais. que teria direito. Mas eu comecei
“Garoto de Programa” e lá é como se eu tivesse sido aceito no Tinha no olhar algo de sacana, tudo errado. Meu pai é vagabundo,
anunciava a prestação de serviços clube, pois o tratamento frio até esperta. Atenta a tudo e todos. não trabalha, nem lembro da última
sexuais; uma noite na companhia então dispensado a mim foi se Quando percebeu as muitas vez que ele teve um emprego fixo.
de garotas de programa que modificando e me deixaram a perguntas que lhe fazia ela Minha mãe era faxineira, mas
atendem no pátio de um posto de vontade na conversa, como se perguntou se eu queria trepar ou morreu de desgosto quando caí na
combustíveis às margens da BR fossemos velhos amigos. Contaram bater papo. Para testar sua vida. Meu pai batia na gente, vinha
101; e por último uma noite de suas aventuras com as prostitutas paciência, resolvi desafiá-la e disse do bar bêbado, fazia minha mãe dar
observação na avenida centenário da estrada, relataram serem que tava mesmo a fim de papo. o dinheiro pra ele e quando faltava
em Criciúma, onde travestis, casados, mas que a vida na estrada Ela ficou um pouco sem jeito e ele alugava a gente pros amigos
prostitutas e garotos de programa é muito solitária. Um deles disse que ninguém quer papo. O alcoólatras dele. Na época eu
fazem ponto. desabafou: “Procurar as garotas de negócio é só transar e ir embora. morava na cidade de Boa
Entrar no meio da prostituição programa é só pra passar o tempo. Nesse momento senti um grito de Esperança, interior do Espírito
de início causa medo. O medo É diferente do amor que temos pela clamor vindo dos olhos dessa Santo, fica a 280 km de Vitória. Tinha
social e o medo da violência foram esposa, é só sexo. A esposa cuida moça. Ela começou a falar um pouco 14 anos, e uma irmã de 16 anos. Meu
os maiores vilões dessa incursão. dos filhos, da casa e é ela que de sua vida, disse que tem dois pai vendia a gente e aturei isso
O mercado do sexo causa espanto, representa a família na minha nomes, mas só revela o seu nome durante um ano, sem minha mãe
pessoas dos mais variados valores ausência”. fantasia: Sheila. Perguntei o porquê saber. Quando ela descobriu, eu oferecia, de resposta lhe disse que
e estirpes freqüentam este meio de Já era quase uma hora da manhã do nome e ela disse ser uma também já fazia porque gostava, e pagaria o preço justo. Desta vez o
histórias engraçadas, dramas quando três moças se aproximam homenagem à ex-dançarina do o dinheiro era fácil. Na época eu olhar foi mais sério e ela despejou:
familiares e prazeres carnais. do grupo. Uma morena de pele grupo “É o Tcham”, do qual ela era tinha um corpinho novinho, todo “ou você realmente é muito
Minha aventura tem início na clara, aparentando 25 anos, fã. “Desde que comecei a usar esse mundo me queria. Hoje eles só me inocente ou está querendo me
terça-feira, dia 28 de abril de 2008. estatura mediana de mulher (1,65m), nome, eu pinto meu cabelo de loira chingam e ainda pagam pouco pelo irritar. Vem cá garoto, vou te dar um
Uma noite gelada, com vento forte, usava uma calça jeans super justa, pra poder ficar parecida com ela, e serviço. Saí de casa porque minha trato dos bons. Onde a gente pode
mas o frio maior está na minha uma blusinha bem fina que os clientes gostam quando eu mãe me expulsou. Vim morar no sul, ir?”
barriga. É a primeira vez que vou desenhava seu corpo e, nos pés, danço pra eles”, declara Sheila. e aqui construí minha vida fazendo Disse-lhe que estava a pé, ela
me submeter à exposição e, uma bota estilo surfwear. Uma Quando pergunto sobre família, ela programa nos postos de gasolina deu uma risada e falou: “Garoto, o
conseqüentemente, a um pré- mulher de beleza natural. desvia o olhar e diz que eles moram com caminhoneiros. Até tentei negócio é o seguinte. A transa
julgamento de algum conhecido A segunda era menor. Usava longe. Cheguei mais perto dela e parar e trabalhar como doméstica, completa é R$ 30,00, só o boquete
que por ali me ver. É uma maneira um sapato de um salto mediano, em tom de segredo pedi se poderia mas não é fácil. Sempre tem alguém R$ 10,00. Tudo com camisinha e
diferente de encarar a realidade. mesmo assim não era muito alta. confiar nela. Ela perguntou se eu que ainda tem teu telefone e aí a você tem que ter um local. Se for
Cheguei para “trabalhar” às Tinha uma pele morena de sol. Era era ladrão e na mesma hora neguei, tentação do dinheiro bate e não tem sem camisinha a gente tem de
23h30min, circulei pelo pátio do a mais bonita delas. Comentei com mas queria lhe confessar algo. Ela jeito”. negociar o preço. Mas o local é
posto de combustíveis e numa um dos motoristas sobre essa moça disse: “vai, manda!”. Então lhe Com os olhos lacrimejantes, ela contigo. Então vai querer ou não?”
rápida avaliação vi que muitos eram e fui informado de sua idade: 16 expliquei a situação, que sou deu um sorriso e se recompôs. “Eu Falei que buscaria um local e em
os clientes potenciais. Várias rodas anos. Cabelos curtos e cacheados, estudante de jornalismo e estava já aceitei que o meu destino é viver seguida voltava a lhe procurar,
de motoristas se formavam pelo ela vestia uma mini-saia e uma ali para fazer uma matéria sobre de garota de programa e é isso que confesso que fiquei um pouco
pátio, conversavam sobre assuntos blusinha curta que deixava sua prostituição. Sua expressão facial eu vou ser enquanto puder”. Após chocado com o preço do aluguel
diversos, circulei por ali durante 20 barriga à mostra. pouco mudou e ela esboçou um: quarenta minutos de conversa, de um corpo. Estava encerrada a
minutos. Fui até o posto onde A terceira, uma loirinha “que legal!” voltamos ao posto e ela disse que primeira experiência.
sentei e conversei com alguns visivelmente de farmácia, tom de Sheila disse que poderia me precisava ganhar a noite e já era No dia seguinte, 29 de abril de
ajudar e contar histórias do arco da tarde. 2008, quando já passavam da meia-
velha, pessoas importantes da Um dos fatores mais chocantes noite, foi a vez de conhecer um bar
sociedade que ela já atendeu e das e que funciona quase como uma na avenida Centenário, em
mais variadas maneiras. Mas o que regra para essas profissionais é o Criciúma. Nesta rua, travestis,
ainda me incomodava era o fato de tarifário de baixo valor utilizado. A garotos e garotas de programa
querer saber mais sobre sua família. forma que se cobra os serviços é passam horas oferecendo-se aos
Então ela olhou distante negociada, dependendo do pacote carros e pedestres que por ali
novamente e falou sob os olhos que o cliente pede. Esta informação passam.
embargados que a família dela são eu escutei de um dos grupos de As cenas chocam os mais
seus clientes. “A minha história é motoristas, mas queria ouvir das puritanos. Nas quatro horas em que
triste e não merece que você perca próprias profissionais. estive ali, vi homens de diversas
seu tempo escutando, posso te Aproximei-me de uma delas e camadas sociais que, mesmo
contar histórias muito mais perguntei: “quanto custa o casados, vêem buscar na rua
interessantes”. Então insisti e disse programa?” Ela era baixinha, aventuras extraconjugais.
que a história que eu realmente aparentava ter uns 40 anos, me A concentração dos trabalha-
estava a fim de ouvir era a dela. olhou de cima a baixo e me dores noturnos é nos arredores do
Ela convidou para andarmos. respondeu: “você não é muito supermercado Giassi. Ali, por vários
Deixamos a cobertura do posto a novinho pra querer uma coroa momentos, fiquei confuso. Vi lindas
passos largos e olhares atentos como eu?” mulheres, que na realidade eram
dos que ali ainda estavam. Poucos Enquanto falava, ela mexia em travestis. Homens muito bem
passos depois ela começa a falar. seu corpo e levantava os peitos vestidos e que só depois eu percebi
“Você parece ser um garoto muito como se estivesse me encarando. que eram garotos de programa.
novo. Qual sua idade?”, perguntou Um pouco vermelho pelo Diversas mulheres desfilaram por
ela. De pronto respondi ter 21 anos. enfrentamento, retruquei e disse mim nesta noite: loiras, morenas,
Ela perguntou se eu tinha pai, mãe estar disposto a encarar. Ela se ruivas, castanhas... Todas com o
e tudo mais, respondi que sim e aproximou e perguntou quanto eu mesmo objetivo. O sustento próprio.
Jornal-laboratório do Curso de Comunicação Social Unisul - Tubarão - Agosto 2008 5

três atos De carona com um taxista


Texto e foto: Magali Colonetti - Edição: Khaled Salama
Volnei dos Santos é mais um “Tá, mas isso pode?”, justiça e trabalhar para a juíza da
trabalhador brasileiro. Acorda questiono. “Claro que pode”. Mas cidade. Um dia o cidadão chegou
cedo, deixa as filhas no colégio e nem tudo pode. Eles têm um no seu táxi e pediu uma corrida
Com duas horas de observação, assim consegui a informação de
vai direto para o ponto de táxi. manual de conduta. Só sai o carro para Tubarão. Ele acertou o valor
não me contive e precisei circular que trabalhava em uma loja de
Chega 7h40min e só sai de lá por que estiver primeiro na fila. E de R$ 70,00 para ir e voltar. E o que
entre elas para sentir o clima. Mirei materiais de construção bem
volta das 22h30min. De segunda quando alguns clientes suspeitos ele andasse na cidade o cliente
um grupo que me encarava e a conceituada na cidade de Criciúma.
a segunda, ele leva sua marmita aparecem, avisam para que os pagaria separado. Ao chegar, o
passos firmes e largos. Percebi que Esse me deu trabalho para desviar
com a comida do almoço porque celulares dos colegas fiquem cliente foi em vários lugares,
eram duas travestis, uma garota e e cair fora. Ele insistia que poderia
prefere evitar restaurantes com ligados. Pois se algo der errado, inclusive para Laguna. Quando o
um rapaz. Abordei o grupo e eles me pagar o dobro do valor que eu
medo de comer algo com alho ou ele pode ser a salvação. Volnei taxímetro marcava mais de R$
vieram todos se insinuando: “tá a cobrava pelo programa. Ele já
cebola, temperos que não gosta. contou que, em algumas 200,00, ele pediu para que algo
fim de uma festinha?” Um pouco estava oferecendo R$ 300,00 por
Também prepara uma garrafa de situações, o taxista vai com o fosse pago. E o cliente assim fez.
sem jeito perguntei os valores de uma hora de prazeres carnais. O
café, uns pães de acompanha- celular ligado e descrevendo as Andando mais um pouco, e
cada um. A faixa de preço era muito único meio de fugir foi abandonar
mento ou faz lanches para ruas que está passando. Seria somando mais um valor alto, o
parecida, girava entre R$ 30,00 (as a sala de bate-papo.
substituir o café da manhã e o da esse perigo o lado ruim da cliente sumiu. Volnei procurou a
travestis) e R$ 50,00 (a garota e o Não quis parar por aqui e no
tarde. A última refeição deixa para profissão? Ele disse que não, mas delegacia e ouviu: “não posso
garoto). Agradeci a informação e outro dia voltei ao mesmo chat, em
fazer em casa. a falta de união. prender, tem que ter flagrante,
sob muitas provocações segui em busca de novas histórias e
“Sua mulher não reclama que Pontos de R$ 60 mil - O ponto mesmo ele tendo dado calote em
frente. Achei curioso como fiquei prováveis clientes. A sensação de
o senhor não pára em casa?”, onde Volnei trabalha hoje não é o vários colegas seus”.
envergonhado diante de uma estar oferecendo meu próprio
pergunto. “Ela já se acostumou, e primeiro dele. É o terceiro. Há oito Assim, o taxista foi procurar a
situação que julgo ser tão normal. corpo a uma pessoa que nem ao
acho que até gosta. Assim não anos, ele comprou um, no bairro juíza e ela deu mando de prisão.
A última etapa de compreender menos sei como é gera extrema
incomodo”, falou, dando uma Operária Nova. Como era um local Essa história é algo que ele tem
o funcionamento da prostituição, insegurança, impotência diante da
risada engraçada. fraco, fazia trabalhos noturnos orgulho, e mostra feliz a
incluía uma nova ferramenta: a situação que vai se formando. A
A esposa é dona Nadir nas boates, na gíria dos taxistas, reportagem que saiu em um dos
internet. Criou-se em torno deste caçada precisava recomeçar e lá fui
Terezinha dos Santos, que antes chamadas de pescaria. Na procura jornais da cidade.
meio uma indústria sexual, um eu anunciando mais uma vez meus
ficava mais sozinha. Seu Volnei, de um ponto melhor, negociou um No dia-a-dia, existem outros
território livre, e sem leis, onde cada serviços de prostituto com o
taxista de 44 anos, trabalhava em dos carros que tinha na época, um pequenos golpes - corridas que
um coloca-se da maneira que mesmo nickname.
dois lugares: durante o dia era Golf ano 96, por um Palio ano 98, não são pagas. São os famosos
melhor lhe convém. Entrar numa Muitas pessoas vêm e
taxista e à noite vigilante noturno. já batido, e trocou o outro carro fiados. Sim, taxista também faz
sala de bate-papo é se tornar isca perguntam o valor e quando obtêm
Ele também já foi cobrador de por uma moto e um ponto que fiado. Existem clientes que devem
fácil de pessoas em busca de a resposta param de teclar. Creio que
ônibus, mineiro e motorista de valia R$ 4 mil no centro da cidade, pequenas quantias. Já outros
aventuras sexuais. O segredo da a curiosidade de chegar em alguém
ambulância. Hoje, o carro é sua na Avenida Centenário. Essa via chegam a dever várias corridas, o
identidade ajuda a tornar tudo mais e perguntar o quanto ela custa é uma
moradia. Ali, dorme, escuta corta boa parte da cidade de que soma quase R$ 200,00. Todos
cômodo. vaidade do ser humano. Eles não têm
música, vê televisão. Encostado Criciúma (SC). Alguns taxistas têm anotados no caderninho de
Para começar, entro no bate essa coragem para perguntar a
no veículo, conversa com os fama de traficantes, ou mulas, e fiados. É um caderninho para
papo oferecendo meus serviços de alguém na rua e numa oportunidade
amigos, repara nas pessoas da rua nesse ponto Volnei se deparou pequenas anotações, onde há
prostituto. Entro na sala me anônima realizam seus desejos
e faz amizades. com a situação. Inclusive alguns nomes que devem desde 2006. Ele
identificando como “Garoto de ocultos. Para estabelecer o valor que
Hoje, ser taxista é única colegas foram presos por isso. também tem outro caderno, um
programa” e logo anunciei: iria anunciar não tive embasamento
atividade. Sua principal função é Mas com o surgimento de um maior, onde anota as corridas que
“homem, alto, olhos verdes, algum. Apenas estipulei um valor
esperar o cliente chegar até seu grande supermercado no outro faz por dia; quanto ganha em cada
acompanhante, nível que me parecesse interessante para
carro quando ele está no primeiro lado da avenida, conseguiu uma e para que bairro foi. No final
universitário”. Com esse anúncio as duas partes, levando em
lugar da fila, ou então aproveitar transferir seu ponto para lá. Valia do mês, o taxista faz um balanço
recebi propostas das mais variadas consideração que a forma como me
que está voltando de alguma quatro mil, hoje vale R$ 8 mil. do que ganhou e os gastos que
formas. Todos queriam desfrutar de ofereci era para uma clientela de luxo.
corrida e encontrar alguém que Pontos novos não surgem assim teve. Em média, as corridas somam
um corpo com atributos tidos como Uma experiência ímpar. Assim
precise dos seus serviços. Assim, facilmente. Quem quer ser taxista R$ 120,00 por dia, o que resulta
ideais de beleza e desejo sexual pela posso definir o que significou a
“molha a tica”, expressão usada tem que comprar um. Tem ponto no final do mês em quase R$ 4 mil.
sociedade. execução desta matéria para mim.
para dizer que foram feitas duas que chega a valer R$ 60 mil. Os da “Há algum tempo, quem
A primeira cliente em potencial O cheiro do sexo é algo que está
corridas numa só saída. Existem rodoviária da cidade valem isso. dissesse que ganhava menos de
que se mostra interessada era uma em nós. Somos provocados o
as corridas longas, quando a E são tantos taxistas nesse ponto R$ 5 mil mentia. Agora, muita
pessoa que se descrevia como uma tempo todo. Saber que alguém está
pessoa utiliza um táxi para ir a outra que eles chegaram a um acordo gente tem carro, tá fácil de
mulher de 22 anos, empresária e te julgando, que alguém quer ter
cidade. Por exemplo: daqui até de rodízio. Cada grupo fica 15 dias, comprar, diminuiu os clientes”,
solteira. Em seu relato reclamava o seu corpo porque está pagando é
Florianópolis, o custo é R$ 300,00. assim todos conseguem trabalhar. lamenta. Depois da conversa, ele
fato de sentir-se muito sozinha e algo que realmente assusta.
Mas tem taxista que faz por Na frente das boates não existem voltou ao ponto para ficar até o
buscava uma relação sexual para menos, depende da negociação. pontos, trabalha quem quiser. “Se final do expediente. Antes de ir
saciar a solidão da vida moderna.
Um típico caso de estresse pós- “Saí de casa Todas as cidades têm um valor
médio na tabela, os bairros
você teve um dia ruim, pode
trabalhar na pescaria à noite e
embora, o taxista subiu até o
supermercado. Queria perguntar
moderno. Ela falava com um bom
vocabulário, parecia ser uma mulher porque minha também, só que, nessa situação,
o taxímetro é mais usado.
conseguir um dinheiro a mais”,
comentou Volnei. Mas também,
se alguém precisava de uma
corrida.
de fibra, dessas que não é qualquer
marmanjo que dobra fácil. Esse
mãe me Empresas são quem mais segundo ele, são nesses lugares
contratam esse tipo de serviço. onde há mais chance de assalto.
estilo “poderosa” de ser da mulher
de negócios assusta alguns exem-
expulsou. Vim Também as pessoas que vão fazer Ele nunca passou por um, mas
tratamento médico ou alguém que contou que alguns colegas já
plares de homens, que pelo
machismo de sua criação não
morar no sul e procura mais comodidade. Volnei tiveram o carro assaltado, o
também tem outra forma de dinheiro do dia ou até mesmo só
conseguem aceitar o sucesso
profissional de sua parceira.
aqui construí encontrar clientes. o cilindro do gás. Alguns tiveram
“Quando estou voltando de isso tudo. “Eles iniciam a carona,
Meu segundo cliente era um
homem. Disse apenas que era
minha vida alguma corrida, passo pelas pedem para parar em algum lugar
jovem e solteiro, se dizia fazendo paradas de ônibus perguntando
se alguém quer pegar o táxi e
e avisam que é assalto. O que tu
não pode fazer é reagir”.
homossexual, buscava uma
companhia discreta e agradável e programa nos pagar o valor de uma passagem
normal. Imagina andar de táxi por
Caderninho de fiados - De uma
história, Volnei tem orgulho.
dizia pagar bem. Perguntado sobre
sua vida, ele desviava o assunto. postos de R$ 2,00? Esse dinheiro serve para
um lanche ou um cafezinho”,
Alguns taxistas comentaram que
haviam sido logrados por um
Relatava que preferia manter sigilo
sobre sua vida particular, mesmo gasolina” conta. golpista que dizia ser oficial de
6 Agosto 2008 Jornal-laboratório do Curso de Comunicação Social Unisul - Tubarão

Na corrida da vida, o dia de um carteiro


Texto: Saimon Coelho - Edição: Ana Luiza Vargas
O dia amanhece, o sol mostra chegam mal humorados, que na “Fiz papel de um homem bêbado, fazem a nova triagem. Alemão já se expedidor e eles fazem o mesmo
seu brilho e traz energia para os expressão do rosto pode-se notar a que estava entregando as cartas e prepara para a refeição trazida de procedimento, separam e
carteiros. Muitos deixam suas frase de desânimo: “mais um dia, que todos caíram na gargalhada”. casa. Ele tem uma hora para almoçar encaminham os sedex, as cartas
famílias, logo pela manhã, para saco”. Durante seu trajeto, Alemão a refeição preparada pela esposa. registradas e simples para outro
garantir o pão nosso de cada dia e o O tempo que o carteiro irá levar cruza todo tipo de pessoas, Como o tempo é corrido, o setor.
futuro de seus filhos. São muitos, para separar as correspondências brancos, pretos, altos e baixo. Ele carteiro tem que almoçar rápido. A Assim, Alemão pega mais
os Jesus, Marcos, Marias que saem depende do número de cartas que observa o contraste social, televisão ligada serve para distrair os correspondências e vai para o
todos os dias atrás do sustento. chega ao correio. Se esse número principalmente dos bairros. Alemão trabalhadores que tiram o tempo para bairro Pio Corrêa. Muito luxo, casas
O dia-a-dia dos carteiros é estiver em torno de 30.000, o está agora no bairro Operária Nova. descansar. Assim que o horário de deslumbrantes, construções com
corrido. Às 7h15 todos começam a trabalho deverá ser realizado das Há muitas casas, construções almoço acaba, todos voltam para o designs arrojados, ruas limpas. O
separar as correspondências, ainda 7h15 às 8h30. Se o número inacabadas, ele entrega cartas em CDD e pegam seus novos itinerários. próximo lugar a ser visitado é o
com cara de sono, regularmente ultrapassar os 30.000, a função deve um posto coletor, uma caixa postal O próximo destino de Alemão é o Sesc. Lá as funcionárias são muito
uniformizados, calça azul, camiseta durar até às 9h15. A partir dessa comunitária, onde as pessoas bairro Vila Zuleima, desta vez de carro. simpáticas e cordiais.
amarela. Não interessa se é homem função acabada, o carteiro é liberado colocam o endereço e um número Agora é horário de pico, muitos A penúltima parada, já era
ou mulher, estão todos ali, para a fase da distribuição das de identificação e todos da carros transitam pelas ruas. O 16h15, na agência ACF Próspera,
trabalhando. correspondências. comunidade buscam suas cartas lá. trânsito está parado, um sufoco. Ele os expedidores estavam fechando
Muitos deles separam as cartas, Valdecir Eyng, de 36 anos, mais A manhã está tranqüila, mas, passa pela Avenida Centenário, por as malas de sedex e cartas simples.
caixas, malas, bicicletas e outros conhecido como Alemão, trabalha segundo Alemão, nem sempre é azar pega todos os sinais de trânsito Alemão assina a nota de despacho,
objetos. Chegam os carros de outros há oito anos como carteiro nos assim. “Já presenciei muitos fechados. pois é obrigatória a assinatura do
correios para coletar as cartas Correios de Criciúma. O dia dele acidentes de trânsito e já sofri O sinal abre e o carteiro carteiro. São feitos os mesmos
separadas. Assim é feita uma nova começa às 6 horas. Ele deve chegar alguns também”. Quando chove, prossegue. Ele chega na casa de procedimentos, fecha as malas,
separação nas agências no correio às 7h15, onde separa as passa trabalho para garantir que as Isabel para entregar uma assina, coloca no carro e entrega.
franqueadas, ou seja, terceirizadas, cartas registradas e sedex em uma correspondências não molhem. correspondência vinda dos Estados O dia de trabalho de Alemão
que prestam serviços para o correio caixa para poder começar a sua longa No final da manhã, às 11h30, ele Unidos. Alemão bate palmas, uma, está se encerrando, já são 18 horas.
nacional. A primeira triagem das jornada. Às dez horas, a manhã desta vai fazer uma coleta de sedex na duas e três vezes, os cachorros do Tudo o que foi coletado nas
correspondências é feita por distrito quinta-feira está quente, ele pega ACF Centenário, uma agência vizinho ao lado começam a latir, só agências é retirado dos carros e
(ou bairro). Depois da separação, sua bolsa, que deve pesar 7 kg, e sai franqueada de correios. Dois na quarta chamada que Isabel o colocado em um caminhão, que leva
cada carteiro recolhe sua parte e às ruas para as entregas. atendentes o recebem bem atendeu, pediu desculpa, pois estava para a agência central dos Correios
separa por rua, assim as cartas serão Assim que pega a condução, faz humorados e, na parte de trás, há no banho. Isabel comenta: “devem em Florianópolis as
ordenadas pela numeração das o sinal da cruz, pedindo a benção duas pessoas responsáveis pela ser fotos de meu filho”. Ela conta que correspondências para outros
casas, na seqüência crescente ou para que Deus dê a ele um dia expedição. A mala de sedex já está as coisas lá no exterior não estão estados.
decrescente. agradável e cheio de saúde. O pronta para Alemão levar ao CDD como sempre foram, não dá para Finalmente ele bate o cartão e
Mesmo começando o turno carteiro faz as entregas em 10 bairros (Centro de Distribuição), o mesmo ganhar muito dinheiro. “Meu filho prepara-se para ir embora. Quando
muito cedo nesta quinta-feira de da cidade. Sua rotina de entregas só local onde começamos a separar as está louco para voltar para o Brasil”. sai da empresa agradece a Deus por
junho, alguns profissionais estão acaba às 18 horas com o retorno até cartas. Às 14 horas, a próxima mala de mais um dia de trabalho, pega sua
muito entusiasmados. Cantam, o correio. Alemão diz que todas as Começa então uma nova correspondências, como sempre, está bolsa e segue em direção ao ponto
assobiam, demonstrando ânimo em pessoas o recebem muito bem e que separação, as malas são deixadas pronta. Começa a viagem de volta ao de ônibus para voltar para casa.
mais um dia de trabalho. Já outros vive muitas situações engraçadas. com os chefes de expedição, que CDD. Lá a mala é deixada com o

Bola no ar: a cobertura da Eldorado de olho no Tigre


Texto e foto: Filipe Ghedin - Edição: Marco Antônio Mendes
Criciúma, 23 de abril de 2008. a Unidade Móvel no Heriberto Hülse. Paulo
Dia de jogo decisivo na Copa do está no Majestoso e Coutinho assume a programação
Brasil: Criciúma e Vasco. Chego na chama a repórter. a partir daquele momento com
Rádio Eldorado às 9h15min e “Vamos agora com a comentários sobre o jogo de logo
aguardo o coordenador de Unidade Móvel que mais. Às 12h45min começa o
esportes Dênis Luciano. Ele me hoje está no Heriberto Eldorado Debate. O foco do
conduz até a sua sala para que eu Hülse com a repórter programa é a partida decisiva para
acompanhe um pouco da sua Gisele Tiscoski. É o Criciúma. Coutinho, Luciano,
rotina diária em dia de jogo do com você Gisele”. Ela Custódio e companhia discutem
Criciúma. Enquanto está no ar o entra no ar e relata a em cima do jogo a ser realizado, e
programa de João Paulo Messer, movimentação de do histórico de partidas entre as
Dênis visita o site do jornalista torcedores que no duas equipes.
esportivo João Nassif, para ter momento fazem fila Termina o Eldorado Debate às
acesso às informações do nas bilheterias para a 14 horas e entra no ar o Eldorado
histórico de jogos entre Criciúma compra dos ingres- Total. Denis Luciano começa a
e Vasco da Gama. Ele prepara uma sos. Também conver- apresentar o programa no estúdio.
matéria sobre uma entrevista que sa com as pessoas Ele conduz o programa até às 16
Edmundo concedeu no primeiro que passam pelo seu horas. Depois disso, ele ruma para
jogo contra o Tigre e um raio-x de Radialista Dante Bragato Neto, com o microfone, comanda a jornada esportiva caminho sobre o jogo o estádio e se junta à equipe de
toda a história dos jogos realizados do Criciúma. Após a profissionais da rádio que já
entre Criciúma e Vasco, que será até o estádio, porque a progra- branca com traços em vermelho. É intervenção da repórter, as estão no Heriberto Hülse e
veiculado no decorrer da mação está sendo feita neste a base da Eldorado, montada no atenções se voltam a Dante, que continua a apresentação do
transmissão. momento lá”, aconselha. estacionamento do Majestoso. Os comanda o programa. “É muito programa.
“Nós temos a missão de Enquanto caminho em direção funcionários chamam de “aranha”. improviso, principalmente quando Nos dias que há jogo do
levantar os dados para o ouvinte. ao estádio, percebo a movimen- Naquele momento, Dante Bragatto o assunto é futebol. Em dia de Criciúma, a rádio é o principal
São informações que vão ter um tação de torcedores que vão até Neto apresenta o Eldorado Cidade, jogo, não temos os recursos veículo de comunicação. Os
uso no decorrer da transmissão”, as dependências garantir o na tenda. O programa segue com tecnológicos disponíveis quando profissionais do rádio ganham,
conta o coordenador. Já era 10 da ingresso para o jogo decisivo da as intervenções dos repórteres fazemos o programa no estúdio”, nestes dias, a notoriedade de
manhã quando Dênis me sugeriu noite. Ao chegar, encontro uma Gilberto Custódio e Gisele explica o radialista. celebridades. Uma equipe que leva
que eu precisava ir ao Estádio tenda colorida formada por cinco Tiscoski. Meio-dia. Termina o Eldorado ao ouvinte entretenimento,
Heriberto Hülse. “Melhor você ir suportes na cor azul e cúpula Dante informa ao ouvinte que Cidade. As atenções continuam informação e emoção.
Jornal-laboratório do Curso de Comunicação Social Unisul - Tubarão Agosto 2008 7
Por trás das fantasias, uma Da rádio à sua casa:
história real e emocionante a voz do comunicador
Texto e foto: Treissi Amorim
Texto: Layse Cardoso - Edição: Cíntia Abreu e Daniéli Antonello
Edição: Patricia Laureano e Peterson Crippa
É difícil passar pelo Centro de

Foto: Márcio Jorge


Imbituba sem perceber uma figura Informar, divertir, interagir, abriga os microfones do locutor
um tanto quanto extravagante, com descontrair, educar, formar e dos convidados, mais dois
fantasias, perucas e acessórios opinião, persuadir e entreter. computadores. Um trabalha a
coloridos, fazendo anúncios com Estas são algumas das várias parte técnica, com o programa
um megafone e uma prancheta nas funções do profissional do rádio. que envia tudo para o ar e o outro
mãos. Se alguém perguntar por Com elas, o radialista torna o dia- é utilizado pelo radialista para
José Francisco da Silva, todos a-dia do ouvinte mais agradável pesquisar na internet e também
aqueles que conhecem o Zé e faz com que esteja sempre manter contato com ouvintes.
Francisco vão estranhar. Não há um informado dos acontecimentos Bastante diversificado, o acervo
comerciante, funcionário de loja, diários. Afinal, este veículo de de cd´s fica na parede ao fundo
farmácia, padaria, que não se comunicação é um meio ágil e da sala.
depare todos os dias com o consegue transmitir um Mesmo possuindo todos os
“marqueteiro”. acontecimento em tempo real. equipamentos certos é a voz do
Aos 49 anos, Zé Francisco Quando estive na 102.9 FM, locutor quem dita a qualidade do
busca ânimo para trabalhar. Muitas em Sombrio, a comunicadora programa e causa, ou não, a
vezes de segunda a segunda, com Cida Batista, que está há 13 anos aproximação do público. É
seus anúncios, embaixo do sol na emissora, me fez perceber que preciso concentração para saber
escaldante. A popularidade permite a rádio pode ser comparada ao como impostar a voz e ler os mais
até que ele seja convidado especial teatro, onde precisamos ser um variados tipos de textos, falar dos
de alguns eventos importantes da personagem que transmite alegria patrocinadores, das músicas que
cidade. E mesmo de terno parece ao público. É impressionante o tocarão, sortear ingressos e
incorporar um personagem. processo de aproximação entre prêmios e até informar fatos
Se você é conhecido pode se o ouvinte e o locutor. O programa tristes como notas de
preparar para virar anúncio também. da Cida à tarde tem músicas, falecimento.
Não há quem passe despercebido notícias, informações de artistas O dia-a-dia de uma rádio e de
por ele. e também muita participação dos todos que trabalham nela parece
Zé Francisco sustenta a mulher e quatro filhos com o megafone ouvintes. A interatividade é um simples para quem simplesmente
Se estiver transitando lá do
outro lado da rua, não adianta tentar Francisco, para fazer isso. Afinal, O que pouca gente de Imbituba ponto interessante do programa. liga o aparelho em sua casa. Mas
se esconder que ele põe a boca no não é todo mundo que tem coragem sabe é que Zé Francisco é casado, O público chega a participar muitas adequações e improvisos
trombone – quer dizer, no megafone de sair fazendo anúncios no centro pai de quatro filhos e avô de um inclusive através de msn. Escutei acontecem a cada momento
– e avisa para todos, quem está de Imbituba com um megafone. menino de quatro anos. Todos frases deles como: “Você é show neste meio. Esta é considerada a
passando naquele momento. “Meu Ele já é uma figura muito moram na mesma casa. E com seu Cidinha!”, “Ouço a rádio todos mágica da profissão. Quando a
querido amigo! Olha gente, está conhecida por seu jeito irreverente salário a família consegue desfrutar os dias só pra te ouvir” e “Você luz vermelha da plaquinha “no
passando aqui o competente...” e e descontraído de ser. “Tem gente de algumas regalias. A casa é já é minha amiga, não perco seu ar” acende, é preciso repassar ao
por aí vai, elogiando até que você que me chama de maluco, doido, humilde, mas tem fartura, pois em programa!” No horário dela, a ouvinte credibilidade, atenção e
suma no meio das pessoas que não por que eu uso fantasias”. Mas há troca de propaganda, muitas vezes, audiência é de 23,8%, entre as buscar estar cada vez mais perto
param de te olhar. quem aproveite para, através dele, a feira oferece frutas e verduras. Já regiões Sul de Santa Catarina e o do público. “O frio na barriga é
Popular há muito tempo por divulgar um trabalho e anunciar até padaria fornece o pão, e o resultado litoral norte do Estado gaúcho. sempre igual, mesmo depois de
compor e cantar músicas que os próprios sentimentos. “Eu faço disso é uma mesa cheia de quitutes. O jornalista precisa estar anos de trabalho, em ocasiões
geralmente falam de um tema anúncios para lojas, recados para “Esses dias comi camarão o dia todo atento às notícias que especiais como em entrevistas
específico, como a mulher, os namorados, homenagens de porque fiz propaganda. Então tem acontecem no mundo e na sua com cantores ou atores famosos
bombeiros e os motoristas, Zé aniversários, bailes e às vezes essas vantagens”, ressalta. região, além de sempre manter o na rádio, acabam dando aquele
Francisco fez amizade com empresto o megafone para quem Zé Francisco não tem um auto-controle e simpatia no gelo, característico do
locutores de rádios locais. E para precisa fazer algum trabalho faturamento estável todo mês, mas trabalho. As influências da vida nervosismo. Ser locutor é uma
divulgar seu trabalho não saía das comunitário, comenta. Quando tem garante que jamais deixou de fazer pessoal não podem afetar o dádiva. É como no teatro, na
emissoras. algum carro estacionado em um um balanço mensal. “Na temporada trabalho. Fato complicado já que televisão, no cinema, precisa ter
Certa vez, a dona de uma loja lugar indevido eu já alerto o de verão tem dias que chego a se trata de um ser humano talento. Nascer com o dom da
pediu a ele que fizesse uma motorista”, comenta. arrecadar uns R$ 50,00”, revela. normal. oratória. Precisa ser desinibido e
propaganda. “Eu peguei uma Mas as despesas também são A parte física também é não ter vergonha de expor suas
cartolina, escrevi as promoções da A rotina de quem é autônomo muitas. “As pilhas do megafone fundamental para a qualidade da idéias ao mundo. É preciso saber
loja e comecei a mostrar para o custam R$ 16,00. Já tentei botar rádio. Na 102.9, o estúdio tem a comunicar, saber entreter e
povão. Todo mundo olhava e lia”, Hoje ele chega no centro por pilhas recarregáveis, mas estragam parede coberta por sonex de cor gostar da função, afinal,
lembra. Com o passar dos anos, um volta das 9h da manhã com seu fácil”, conta. bege, para não entrar nem sair o qualquer trabalho que é feito
empresário conhecido de Zé, fusquinha branco, ano 1976, Além disso, é necessário um som na sala. A mesa de áudio é com amor, tende a dar certo, a
vendo-o desocupado, lhe fez uma precisando de uma boa reforma. cuidado com a voz. “Não é fácil de mármore em tons marrons e ser um sucesso”, comenta Cida.
promessa, a qual lhe garante o Orgulhoso comenta: “O meu fusca cuidar da voz para trabalhar. Tenho
sustento até hoje. Como se fosse é meu companheiro”. Como todo despesa com pastilhas para a
uma criança falando do presente autônomo, é ele quem determina o garganta e tomo muita água. O que
preferido do último Natal, recorda: próprio expediente. “Acordo eu ganho dá pra sobreviver e ainda
“Ele falou que ia dar um megafone geralmente às 5h30min”, afirma Zé, sobra para botar uma ‘gasolininha’
pra eu trabalhar. Comecei a insistir que trabalha geralmente cerca de no fusca”, completa.
até que ele me deu. Eu saí feliz da seis horas por dia. Zé Francisco teve um passado
vida, louco pelas ruas de Imbituba, “Antigamente eu pegava o difícil, enfrentou problemas com
fazendo anúncios. Trabalhei até à megafone antes do comércio abrir droga, fez música sobre a própria
noite. às 8h30min. Porém comecei a história. Hoje é um exemplo de
observar que, como sendo uma superação.
Pré-julgamentos cidade turística, algumas pessoas Com uma família estruturada e
sentiam-se incomodadas com o um trabalho digno, ele considera-
No início todos começavam a barulho. Atualmente começo às 9h, se uma pessoa feliz. “Tem dias que
olhar estranho, taxando-o de louco. para que o meu trabalho não eu não estou muito legal, mas a vida Radialista Cida Batista dedica as tardes aos ouvintes
Comentavam que só mesmo o Zé prejudique ninguém”, explica. da gente é assim mesmo”, afirma.
Anúncio: Pedro Ernesto Theobald Prá e Maíra Sartor

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