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DISCIPLINA DE HISTÓRIA DA LITERATURA PORTUGUESA

10/04/2018
Dênis Moura de Quadros

RICOEUR, Paul. O olhar exterior: Maurice Halbwachs. In:______. A memória, a história, o


esquecimento. Campinas: UNICAMP, 2007. P. 130-142.

Nesse capítulo Paul Ricoeur retomará o conceito de memória coletiva do sociólogo


francês Maurice Halbwachs (1877-1945). Em sua obra publicada em 1950 pela primeira vez
afirma que toda memória individual é um ponto de vista da memória coletiva. Nessa questão,
podemos perceber que Ricoeur irá refletir sobre a pergunta discorrida no primeiro capítulo:
“De quem é a memória?”.
Pensando o conceito e relacionando-o com a história o autor afirma que a história só
pode incluir a memória como memória coletiva no sentido de escorá-la, criticá-la e/ou corrigi-
la. Na leitura de Ricoeur a ideia de atribuir memória a um grupo ou sociedade como o faz
Halbwachs é um importante pensamento, visto que na época de produção de A memória
coletiva estavam em voga os estudos de Émile Durkheim (1858-1917) concebendo o ato de
lembrar em terceira pessoa. Nessa esteira de pensamento o filósofo afirma que para lembrar
precisamos de outros.
Paul Ricoeur vai ao longo do livro pincelando determinados conceitos que servirão de
base paras discussões futuras, aqui, mais uma vez, ele retorna ao testemunho como uma
memória que eu recebo de outro. Além disso, trabalhando o conceito de memória coletiva e
seus pontos de vistas convergentes individuais reconhece a escola como um espaço
privilegiado de deslocamento de pontos de vista.
Ainda, retoma os estudos fenomenológicos de Gaston Bachelard (1884-1962),
sobretudo, a imagem internalizada de casa, uma casa aconchegante que marca nossa infância.
Essa casa não precisa ser, estritamente, a casa em que residimos quando crianças, mas é
marcada em nosso consciente como esta casa primordial. Com isso retoma que mesmo
pensando em uma memória coletiva o ato de recordar é todo nosso.
A partir do subcapítulo “Três sujeitos de atribuição da lembrança: eu, os coletivos, os
próximos” Ricouer discutirá e encerrará a pergunta “De quem é a memória?” respondendo
que ela pertence ao eu, aos coletivos e aos próximos, que retoma o ato de testemunhar algo.
Enquanto a sociologia da memória coletiva atesta a capacidade das entidades coletivas de
conservar e recordar as lembranças comuns, a fenomenologia da memória individual parte da
coesão dos estados de consciência do eu individual e ambas sugerem a mesma
impossibilidade de derivar a legitimidade aparente da tese adversa. Dessa aporia o filósofo
propõe uma investigação acerca da aporia maior da memória. Para isso, busca explorar os
recursos de complementaridade, buscando identificar, no campo da linguagem, o
entrecruzamento dos discursos.
Pensando nas implicações do pronome meu presente e marcante nas Confissões de
Santo Agostinho faz uma ponte com seu trabalho acerca do Si mesmo como outro. Nesse
estágio Ricoeur faz um recorte sobre dessa atribuição e sua tripla implicação: 1- Que a
atribuição possa ser suspensa ou operada; 2- Que esses predicados conservem o mesmo
sentido em duas situações de atribuições distintas e; 3- Que essa atribuição múltipla preserve
a assimetria entre adscrição a si mesmo e adscrição ao outro.
Discorrendo sobre as três implicações chega as conclusões, por ora, de que a memória
é, ao mesmo tempo, um caso particular e um caso singular. Cita a questão do thesarus dos
significados psíquicos que a literatura ora explora em 3ª pessoa (romance), ora 1ª
(autobiografia). Ainda, a atribuição a outrem não é acrescida posteriormente, mas coextensiva
à atribuição de si. Assim, a assimetria entre atribuição de si e atribuição ao outro ocorre no
próprio cerne de atribuição múltipla. Nessas discussões surge o estranho em que a
confirmação é seu nome conjetural.
Ainda na esteira da discussão, Ricoeur afirmará que a assimetria é um traço adicional
da capacidade de atribuição múltipla pressupondo a suspensão da atribuição. Em sua face
declarativa, a memória entra na região da linguagem, na lembrança falada, de um testemunho
proferido a um terceiro. Nesse momento ela entrará na questão do nome que cada um porta
que é escolhido por outros, pelos próximos.
Antes de encerrar o capítulo cita Alfred Schutz que fala do encadeamento formado
pelos reinos dos contemporâneos, dos predecessores e dos sucessores. Para Schutz, o reino
contemporâneo é o eixo da simultaneidade da consciência de si do outro na minha. Logo,
afirma que não há um plano intermediário entre a memória individual e da memória coletiva.
Então, retoma o conceito grego de philia. Encerra o capítulo com:
“Portanto, não é apenas com a hipótese da polaridade entre memória individual e memória
coletiva que se deve entrar no campo da história, mas com a de uma tríplice atribuição da
memória: a si, aos próximos, aos outros” (RICOEUR, 2007, p.142).

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