Hoje estou assim, absorto em meus pensamentos ledos e livres.
Tenho os livros ao meu alcance, mas não são os que eu desejo ler, quero o conhecimento daquilo que pode me libertar. Acho que as pessoas têm tão pouco a oferecer. Bem, sei do meu pensamento triste e das minhas palavras carregadas de desgosto e desilusão, mais também sei que sonhar às vezes faz bem. Será que não há sofrimento na loucura, na alienação? Absorto! Apenas absorto. Às vezes por desespero vejo a crítica nos envolver sem dó nem piedade. Sou a fera marcada para morrer e vou vivendo sem propósito substancial. Sei que morrerei, no entanto, não descobri por que vivo; parece pior que a morte! Tenho mil e uma teorias, mas nenhuma me dá a certeza que procuro. Ah! Essa tal felicidade idealizada e que insiste em persistir. Não sei mesmo como esquecer ideais antigas, os ritos e as formas velhas. Não abri espaço para um novo homem, o que fiz foi ignorar o velho, acabei por torná-lo fantasma que agora me assombra com sua carranca de ressentimento. Apeguei-me demais ao que é passageiro e agora está ai, passando diante dos meus olhos e nada que eu faça poderá ludibriar aquilo que não pode ser enganado, o tempo! Convivi muito com a dor de dentro, tanto que agora acredito que ela faz parte de mim. Ah! Velha dor dos poetas! Não estou tão sóbrio quanto imaginava; tão dono de mim quanto gostaria. Há um joguinho de ciúmes entre os viventes! Qualquer hora eu abandono a tudo e a todos para recomeçar de novo e viver o que eu quero. Estou preso numa prisão sem muros, não há magos nem bruxos, nem formulas, nem mágicas que me dêem a segurança que eu gostaria. Não sei por que essa necessidade de precisar do outro, o outro sempre encontra uma maneira de nos subjugar, não sentem falta de nós na essência e sim do que podemos lhe proporcionar como vantagens. Tenho os outros e os outros não me tem, porque não sabem quem eu sou, nem quem me mandou; o mundo não me conhece porque não conheceu a si mesmo. Preciso do outro e o outro tripudia em cima de mim e a gargalhada rola solta! E há sorrisos porque o escravo está cativo, é o gigante que foi ao chão! Claro, porque os demônios sorriem! 20/04/2006 Warley Portugal