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Me diga

De todas as dores
de todos os fatos
haverá no ato
morte mais sofrida
a que sem escolha
vai-se morrendo em vida?

Dos desejos de amores


entre todos os sapos
haverá no fardo
caminho que seja saída
e que sem história
seja apenas vida?

Warley Portugal

A sombra

Por mais que eu corra, por mais que lute, me sinto sozinho.
Basta não me distrair com algo e eu me sinto vazio de realizações. Percebo
o quanto eu poderia ser feliz em minhas escolhas, mas o medo me maltrata e
me vejo sem a coragem para tentar de novo , então mais uma vez vem à dor.
Tenho um haver por dentro o qual não identifico a causa, me parece tensão
por não ligar os fatos. Às vezes imagino que poderiam ser meus monstros
querendo surgir, bem, não sei lidar com essa situação e é por não saber que
me desequilibro.
Sinto que meu orgulho foi ferido de morte, a traição dos amigos em
aspectos claros da minha vida. Sinto que fui trocado, que não fui ouvido,
correspondido a minha solicitação mais nobre. Vejo o egoísmo me corroer, mas
o medo de ser ferido novamente me impede o passado para a reconciliação.
Sei que somos substituíveis, apenas não imaginei que aconteceria assim, tão
rápido.
Sei dos meus recalques, as coisas que condeno e que nas entrelinhas não
faço, mas por que não faço? Posso tudo, no entanto algumas dessas coisas não
me foram bem, a história e seus personagens mostram claramente, não quero
mais conter e não quero me entregar.
Ainda não identifiquei o meu defeito principal, na verdade não sei nem por
onde começar. Sempre estou no entorno da situação e não encontro equilíbrio
interno, tudo está confuso e me sinto triste por não conseguir ostentar a
máscara de centrado e polido, o sapiente, tenho medo que os outros saibam
das coisas e eu não ou que elas saibam mais que eu.
Procuro um amigo que corresponda ao esperado, lealdade, respeito e
confiança, o que não me foi dado até agora. Estou com vontade de ir embora e
não sei para onde, desorientado é como eu me encontro.
Não fui amado o bastante para ser escolhido como aliado, a companhia e o
cúmplice, fui relegado às margens, um lugar onde jamais imaginei que estaria,
isso por causa do egoísmo de não querer dividir o centro com alguém que não
aceito ser igual a mim.
Tenho vontade de amar, mas nesse estágio apenas o desprezo sai de mim,
indiferença, espinho e mágoa.
25/06/07
Warley Portugal

Vinagre

Quem beber do meu cálice vai morrer de amor, pois o amor é que nos
traga e infunde em nós o amargor e doçura dados pelo prazer e pela dor.
Quem chorou por amor já bebeu do meu cálice e se não morreu ainda, o
fez no silencio, eis ai o carrasco e, corta o chicote da covardia.
Quem ouviu aquelas canções que nos remetem ao que não possuímos
mais, porque já se foram, ou então por aquelas que não vieram ainda,
também bebeu do meu cálice, e se o peito ao comprimir-se expulsou as
lágrimas do sofrido esforço de ter esperança, sorveu deste cálice.
Quem esteve triste e alegre pelo amor ideal, bebeu do vinho da ilusão,
torpe e pronto para mais um gole, antes que chore novamente, beberá mais
uma vez no meu cálice.
Quem na espera se alimenta de algo mais, o faz no graal do tempo e faz
porque quer. Não sabe o lugar, o nome, sofre e absorve com lentidão e com
essa mesma lentidão vai morrendo.
Quem beber do meu cálice não poderá reclamar, pois escolheu o metal que
acolhe o líquido-sangue dos amantes.
Quem beber do meu cálice; cale-se e sorva!
24/06/06
Warley Portugal

O Sono

Tenho dormido com os anjos


e percebi que eles tem inveja
dos demônios porque estes fazem
o que lhes apraz.

Tenho dormido com demônios


e vi que estes gostam de ser
o que são, pois sabem que mesmo
que queiram não irão além.

Tenho dormido com os homens


e entendi que eles sentem medo
por saberem que não estão prontos
para se definirem anjos ou demônios.
Tenho dormido com Deus
e descobri que ele tem muita
inveja de nós por sermos limítrofes
e Deus chora toda noite.

Tenho dormido comigo


e acordei do sono e por
estar em outro tempo
eu destruí a semente do destino.
07/10/2006
Warley Portugal

O carrossel

A vida segue adiante dia após dia e não para por nossa causa, mas qual é a
causa mesmo?
O presente é todo incerteza, será que as coisas estão sendo do modo que as
percebemos?
Sou um vampiro do saber, viciado em sentimentos, não importam quais,
desde que eu os sinta.
Tenho tentado ser quem sou, mas é muito difícil.
Desejei a vida, desejei a morte e agora não tenho nada além para desejar,
nada além da vida ou da morte, talvez azar ou sorte.
Quero reciprocidade, ação ou reação, com meus atos e sentimentos. Quero
melhor alimento, mas pereço de pão.
Ah! E essas víboras que me cerceiam ao longo do caminho, não sei o que
fazer com elas, pois que me protegem e prendem ao mesmo tempo.
Imagine uma coisa com muito fervor e ela não acontecerá, será por que isso
acontece?
Não bebi o vinho que eu quis, não comi o pão que sonhei!
A vida segue adiante, dia após dia e não para por nossa causa, mas qual é a
causa mesmo?
07/10/2006
Warley Portugal

Rupestre

Hoje eu quis tocar teu corpo, mas não pude.


Hoje eu quis sentir tua pele, mas também não pude.
Sofro com cada uma das folhas que passam sobre a minha estrada de
metáforas.
Hoje eu quis sentir seu hálito e não pude.
Hoje eu quis beijar teus lábios, mas os grãos que andavam entre nós não
deixaram, roubaram sua atenção e eram apenas grãos.
Você é tudo que eu sempre quis, até que eu me enjoe de você e mais nada.
A pedra aos bárbaros,
este corpo aos cárpidos,
mas se nos acarearmos,
e acariciarmos,
eu terei prazerro!
29/06/2005
Warley Portugal

Monologo “a consciência”

Olá! Antes de mais nada permita que eu me apresente, eu sou a consciência


do eu mesmo – ou será o eu mesmo da consciência? Talvez seja o mesmo do
eu consciência - bem, isso não importa, o importante mesmo é que estamos
aqui , quero dizer, eu e eu mesmo.
O objetivo é fazer esse tal exame de consciência. Dizem que o melhor é
analisar o passado mais próximo. Ah! E devemos ser verdadeiros e honestos
conosco. Pois bem, o primeiro a se entender é que o eu é composto de vários
eu, a exemplo disso podem ser o eu santo, eu super-homem, eu Deus, eu
filósofo, eu gaivota, eu ameba, eu trouxa et co etera. Desculpe-me, às vezes
eu começo filosofando e acabo fisolofando.
Entendido que na verdade eu não sou eu, somos nós que se torna eu,
portanto posso conjugar os verbos em mim como eu quiser. Posso chamar um
mim de você ou vocês, e isso sem afetar qualquer um deles, quero dizer nós,
ou seja eu!
Para inicio de conversa tem uns eus que não gostam muito dessa história
de autoexame, mas por um mim podem fazer greve, até reclamar com o eu
Deus que não me importo! O mim que vos fala, às vezes se perde no meio de
tantos eu. Bem, recobrando minha função de mim narrador devo alertá-los de
que às vezes uns eu falam sem autorização, o eu revolucionário e o eu
impulsivo adoram fazer isso, ai deve aparecer o eu corregedor para trabalhar
com o eu supervisor e eu vigia.
É doloroso esse autoexame, para falar sobre ele convidaremos o eu Dr. Em
psiquiatria, Seja bem vindo Dr!
- Oh! Muito obrigado! Bem, os termos que usarei são termos não técnicos e
de fácil entendimento: o autoexame é nada mais nada menos que a projeção
introexpansiva consciente do nosso ego poliédrico, afim de atingirmos a
sofologia do psicossoma e descobrirmos a risoastenofobicultura do
hominopolismégalo. Vocês entenderam o que eu disse? Parece-me que não,
então eu vou repetir : o autoexame é nada mais nada menos que as projeções
introexpansiva conscientes do nosso ego poliédrico, afim de atingirmos a
sofologia do psicossoma e descobrirmos a risoastenofobicultura do
hominopolismégalo, agora vocês entenderam? Vocês querem que eu repita? –
Não, não é preciso, muito obrigado Dr!
Seguiremos agora com esta frase para o autoexame: “conheça-te a ti
mesmo”, só não disse qual “ti mesmo”.
Warley Portugal
Loucura

Essa noite eu sonhei, sonhei que eu caminhava num bosque e era linda a
paisagem. Eu estava extasiado ante a visão medieval, tudo virgem, intocado,
havia uma cachoeira que prendia minha atenção, não era somente uma queda
d'água, era um portal para outro mundo.
Eram sete camadas de água e cada uma de uma cor e cada cor bem diferente
do que até então eu tinha conhecido, cores que lembravam de longe o violeta
e o lilás, mas eram mais esplendorosas e contagiantes. Para cada filete de
água havia uma textura diferente e ao tocar os filetes, estes tinham cada um,
um som, diferente também do que já tinha ouvido.
Quando passei pela ultima camada, mais rarefeita, eu sentia que podia ter
consciência de tudo em mim, comecei a ouvir centenas de bilhares de vozes de
uma só vez, e mesmo assim eu entendia cada uma delas, uma por uma e de
uma única vez. Eram as células do meu corpo, tinham consciência própria e
diferente da minha. Eram vários eus, todas tinham um amor violento por mim,
entretanto, não sabia mais quem dentre elas eu era.
Warley Portugal

Devaneio

Saudades desse lugar!


Esse lugar que fisicamente não vi, mas que aqui dentro sinto conhecer.
Algo me pede para voltar.
A tribo, os casebres, o vinho, a dança e a alegria do fogo. As manhãs e
tardes diante do mar. Ah! Essa saudade chega a se confundir com a dor. Então
nada ficou, as águas batendo nas pedras, as mulheres à beira dos lagos
lavando roupas, crianças correndo. Tinha a igreja, uma capela na verdade. Ah!
Nada irá voltar. O que me atravessa é como o punhal agudo e afiado. Voem as
aves no monte de lá, não sei de mim, se irei voltar.
O trovador que me alegrava as noites se foi. Nada a dizer e nada mais
ficou, o amor pelos meus, somente uma foto quebrada, contem as aves do
monte que eu fui ver o mar! Ai! Só o lamento é meu companheiro, Tudo
passou, as pessoas e os valores, a cidade e os bosques nada existem mais a
não ser o lamento.
Voem altas as aves de lá. Não! Não sei de mim, não sinto nada! Mãe voltei
e você já não está mais aqui, e o pai também se foi! Todos vocês se foram e
não irão mais voltar, o nosso banco de pedra se quebrou, tudo é escombro ,
mas cada pedaço de pedra conta a dor do poeta, a alegria das festas e a dor
do partir. Ah! Não sei de mim!
23/02/2006
Warley Portugal
Incoerência

Diante da dor de amar e não ser amado, o desejo é de rasgar o próprio


peito, é de gritar desesperadamente para saber se terei resposta, mas resistes
como se nada tivesse acontecido, como se eu não tivesse existido. Cometestes
um dos maiores pecados, renegastes o amor quando ele bateu à tua porta.
Assim como o povo escolheu Barrabás, escolhestes a ti mesmo para se amar,
não tramarás contra Deus e nem contra teu próximo por não terdes amor, pois
o teve e não o quisestes. Segue sombra triste, segue pisando os espinhos que
plantastes, assim como eu. Segue assim, até que aprenda a semear flores e
perfumes.
Por hora provastes que não sabes amar se não o teu próprio ego, magoou-
me, porem, antes fizestes a ti mesmo por displicência disfarçada de querer
bem.
Vai farrapo da alma, segue o caminho teu, essa estrada será longa e sombria
até que enxergues o que fizestes e peças perdão ao céu que foi testemunha da
minha dor e convalescença. Vai salteador de coração e morra pouco a pouco
da fome de amar, pois negastes o prato de dedicação e a taça de ternura que
ofereci.
Assas vazio os teus lábios e compreenda que amor sem amor dói e, mata!
23/02/2006
Warley Portugal

Previsão

Nasci nesse mundo e não me disseram que os corpos caiam e, caíram mil
corpos até que eu entendesse.
Percorri o caminho dos anos olhando em quem me espelhar e no reflexo
que eu via caíam o corpo e a minha esperança.
Um amigo aqui e um corpo ao chão, outro amigo ali e mais um corpo na
vala.
Nasci nesse mundo e não me disseram que o corpo dos meus caíam,
caíram alguns corpos, uns perfumados, outros não, porque não era inverno e
nem verão e suas flores foram cravos amarelos.
Chamem os oráculos e os profetas, pois que não me disseram...
Nasci nesse mundo e não me disseram que meu corpo caía e mil vezes
meu corpo foi ao chão, só agora percebi.
Percorri os caminhos do século tentando enxergar, mas agora sim, agora
sim entendi que sou cego!
Sou cego e os oráculos e profetas são apenas mil corpos caídos!
23/02/2006
Warley Portugal
Blasfêmia

Se eu fosse Deus sugeriria ao Diabo eleições republicanas


só para saber se há concorrência a altura.

Se eu fosse Deus as mulheres teriam uma vagina no lugar


da boca e as nádegas no lugar dos seios ou seios no lugar das
nádegas.

Se eu fosse Deus os homens teriam pênis no lugar dos dedos


e testículos no lugar dos rins.

03/02/2006
Warley Portugal

Questões

Hoje estou assim, absorto em meus pensamentos ledos e livres. Tenho os


livros ao meu alcance, mas não são os que eu desejo ler, quero o
conhecimento daquilo que pode me libertar.
Acho que as pessoas têm tão pouco a oferecer. Bem, sei do meu
pensamento triste e das minhas palavras carregadas de desgosto e desilusão,
mais também sei que sonhar às vezes faz bem.
Será que não há sofrimento na loucura, na alienação? Absorto! Apenas
absorto.
Às vezes por desespero vejo a crítica nos envolver sem dó nem piedade.
Sou a fera marcada para morrer e vou vivendo sem propósito substancial. Sei
que morrerei, no entanto, não descobri por que vivo; parece pior que a morte!
Tenho mil e uma teorias, mas nenhuma me dá a certeza que procuro.
Ah! Essa tal felicidade idealizada e que insiste em persistir. Não sei mesmo
como esquecer ideais antigas, os ritos e as formas velhas. Não abri espaço
para um novo homem, o que fiz foi ignorar o velho, acabei por torná-lo
fantasma que agora me assombra com sua carranca de ressentimento.
Apeguei-me demais ao que é passageiro e agora está ai, passando diante
dos meus olhos e nada que eu faça poderá ludibriar aquilo que não pode ser
enganado, o tempo!
Convivi muito com a dor de dentro, tanto que agora acredito que ela faz
parte de mim. Ah! Velha dor dos poetas!
Não estou tão sóbrio quanto imaginava; tão dono de mim quanto gostaria.
Há um joguinho de ciúmes entre os viventes! Qualquer hora eu abandono
a tudo e a todos para recomeçar de novo e viver o que eu quero. Estou preso
numa prisão sem muros, não há magos nem bruxos, nem formulas, nem
mágicas que me dêem a segurança que eu gostaria.
Não sei por que essa necessidade de precisar do outro, o outro sempre
encontra uma maneira de nos subjugar, não sentem falta de nós na essência e
sim do que podemos lhe proporcionar como vantagens. Tenho os outros e os
outros não me tem, porque não sabem quem eu sou, nem quem me mandou;
o mundo não me conhece porque não conheceu a si mesmo.
Preciso do outro e o outro tripudia em cima de mim e a gargalhada rola
solta! E há sorrisos porque o escravo está cativo, é o gigante que foi ao chão!
Claro, porque os demônios sorriem!
20/04/2006
Warley Portugal

Via da cruz

Estou morrendo aos poucos! A vida passa e o eu não sabe o sabor da fruta
diferente.
Passa a vida bem diante dos olhos do eu e ele não pode retardá-la, chega
a parecer um complô.
O eu está amargurado com a futilidade das coisas, a banalidade por falta
de sentimentos. Quer morrer a viver com pessoas mecanizadas, mascaradas
assim, como o eu! Ébrio, é como joia jogada aos abutres. O romantismo pela
vida está acabando porque não há um tema do filme das vidas dos Eu. A voz,
o som e luz, é tudo muito mágico! Esse é o mundo do poeta! Sinto tanta dor
por estar no mundo e me encontrar sozinho. Estou só!
Oh! Deus, manda aquela alma para velar meu corpo que jaz vivo sobre a
mortalha que é o mundo, antes morto estivesse, na vivência dos mortos do
que viver na mortandade dos vivos!
Profeta da morte e do fim, vim só para dizer que nunca viveste
verdadeiramente já que és escravo de vossa limitação, essa é a corrente de
pensamento desse som.
Estou morrendo, essa é minha paixão, a minha via da cruz e meu calvário
é o amor!
Você pode se lembrar do meu olhar e morrer também!
20/04/2006
Warley Portugal

O cuspe
Fui concebido não pela minha mãe mas pelo mundo. E fui de tal modo
paradigmatizado, que não consigo me mover mais.
Fui forjado qual metal que após ser temperado se torna justo. Não é
justiça, é sim saia justa!
Estou encerrado na indecisão de crer ou não e creio ora sim, ora não! A
carne é mais forte que o aço e basta esbarrar em pensamentos que a carne e
o aço se desintegram.
Estou preso na masmorra esperando a sentença do rei débil e atrasado. A
minha percepção é tão limitada quanto meu corpo e ambos estão
condicionados no universo das formas.
Paradigma! É esse o dilema, a polêmica do meu dia-a-dia. Oxalá a
liberdade fosse real e a vontade fosse minha de verdade. Basta uma nova
assertiva, um novo teorema ou hipótese e eu me desestruturo.
As coisas não são como eu as percebo, realidade da minha incapacidade e
limitação. As coisas são independentes da minha percepção, mas não as
percebo mesmo independentes, não as entendo e se não as entendo não as
aceito, ignoro o “real”, o “fato.”
Fui concebido não por minha mãe, mas por uma ideia limitada de
concepção.
O desejo de explicar o outro denuncia a incapacidade de me explicar.
Só existirei enquanto me esforçar para existir, é o individuando, e esse
esforço é minha essência.
Se o meu esforço e insistência em me manter em mim acabar, não serei
mais eu, serei apenas um monte de carne putrefata e a única vida que terei
será na lembrança daqueles que me conheceram e me conceberam no esforço
persistente de permanecer em si.
05/05/2006
Warley Portugal

A lousa
Na folha não mais sucinta o que de estranho em mim há e o que há de
estranho em mim sou eu mesmo, que me acho normal e diferente de todos.

Na folha não mais regurgito o que de empenho em mim há e o que há de


empenho em mim é o desejo, então sou vil e vulgar, amante do despojo.

Na folha não mais omito o que de assanho em mim há e o que há de


assanho em mim é infame e agressivo, então sou eu o infantil despudor.

Na folha não mais permito, omito!


Na folha não mais...
Permito à folha o “não”!
E à pauta o “sim” aos
que não sabem ler
as entrelinhas do ser.
20/02/2006
Warley Portugal

Outro quadrante

Ah! Esforço grande; parece vão!


Porem, sinto que algo de bom aguarda.
A cada dia sinto o hálito da morte
à espreita e sempre pronta para tragar.
Primeiro vais tu, depois tu que agora lê
e pensas se és contigo este haver.
Ah! Sem fim; sei que durarás!
No entanto, é breve o meu pensar.
E um novo instante de melancolia,
comungar das almas sofridas e contidas
ou apenas fustigadas pelo amor,
se corromperá num constante porvir.
08/06/2006
Warley Portugal

Beijo de romA

Eu choro convulsivamente
quando lembro-me de você,
sinto enorme saudade,
vem, mata o meu desejo de você.

De tudo que eu queria, do possível


que eu seria, nada fui, nada pude,
nada eu quis, me anulei em ti.

Qual de nós tem a sabedoria?


Será que existe uma saída real?
Será real o que existe?

Estou frio, preciso de calor, de algo mais.


Meu peito dói, segure minha mão mais uma
vez, agora que vou não me deixe partir
sem ter você ao meu lado!

Quem é culpado de tudo isso?


Não importa, não vale a pena saber.
Está tão escuro aqui, já disse que te amo?
Está tudo tão frio, me abraça forte,
deixa eu te dar o último beijo de ROMA.
10/09/2003
Warley Portugal

Findo o anseio

A espera terminou!
A busca chegou ao fim!
Tenho necessidade de amar-te, de ter-te em meus braços para que possas
sentir segurança. Receio já não há, medo também não, Cederam lugar à
certeza de que encontrei quem eu procurava, a quem aprenderei a amar.
Há amor no toque suave de quem deseja o bem, o bom. Isso é o melhor
de um para o outro, é o melhor de um com o outro e nada mais que traduza a
certeza.
Quem vai saber o que sentimos ou o que pensamos senão nos dois, duas
faces de uma mesma pessoa?
É chegada a hora de nos amarmos, pois que as duas partes de mim são
amor. A tradução do amor é amor, mas não amor no sentido vulgar da
palavra, e sim o que transcende todas as coisas superficiais e passageiras. O
que acalenta-nos em balanço afetuoso!
A estrada já não é herma, sombria também não, visto ter encontrado a
minha parte, não prossigo mais sozinho! Ouve oh causa dos meus anseios,
viverei em ti e por ti, como o que se transcende diante do olhar e do sorriso de
infinita presteza.
Viverei contigo e serei teu, pois és maior que eu, és todo grandeza e o
próprio poeta! Também a maior descoberta, és a própria beleza.
E toma a felicidade por dia, peço à razão que me guie à emoção.
Peço misericórdia a ti outra parte de mim quando abraçares o meu
coração.
E ele abraçou a si mesmo!
28/11/2005
Warley Portugal

Encantamento
Por que felicidade minha? E a força onde está?
A dor do meu peito e ausência do prazer de tua presença, do sentir-te, não
sente a minha falta como sinto de ti?
Não sabes que penso sempre e o fruto dessa árvore é a forma de quem
tenho amado? Foram tantos frutos, mas nenhum possuía a semente da
esperança e nem o adubo da certeza, certeza de que será minha testemunha
de alma e corpo.
À rocha um pouco d'água basta para que esta se torne em areia. Dar-te-ei
dessa água para que amoleça teu coração!
O mundo de formas como percebemos não tem importância se nos falta a
metade e, a metade de mim é você. Gostaria de ouvir isso também, mas não
quero exigir aquilo que não se pode ter, de dor ou prazer. Somente a
esperança, essa magna que me faz prosseguir e continuar na estrada de
canyons estreitos e altos como auto é o meu ego, Sei que sou altivo e
temperamental, mas sei que eu sou o eu crendo ser nada mais e nada a
menos.
Eu sou a esperança de ver e sentir a esperança passar. História da mente
perturbada de tanta paixão que se afirma amor. Amo como homem, vivo como
a besta do fim e morrerei como a figueira: “seco e sem frutos como os teus”.
Triste é o retrato da perspectiva sem você por perto. Quantas ideias
erradas tiveram de mim, me senti o próprio mal repudiado e relegado ao olhar
a própria imagem.
Perco-me nos caminhos da carne e do espírito, porque meu farol apagou-
se antes que eu visse a luz, a luz dos teus olhos.
Por que felicidade minha? E a força onde está? Terei sempre a dor por
companheira?
Deixarei o que tiver de deixar para ser liberto e isso quem me diz são as
vozes em coro, as vozes dos “anjos” humanos. Deixarei pessoas e coisas para
me sentir liberto e pelo que sei a liberdade custará meu sangue, minha carne,
minha vida!
E se morrer, morrerei com sede e com fome.
Porque é a felicidade andante que poderia me aplacar a sede e matar a
fome que também me mata.
27/03/2006
Warley Portugal

Balança
A decepção tem seu tempo e seu momento.
Pobre de nós quando queremos ser santos.
A postura depende da medida da nossa maldade
e bondade ausente.
Para os que desejam viver uma grande emoção
a vida é a emoção que se pode ter.
Vivê-la intensamente.
Chorar,. Sorrir, sofrer e pensar no que se poderia...
Pobres mortais que somos,
simples ramas ou flores que murcham.
26/03/2006
Warley Portugal

Necessidade

Preciso: dizer sim, ir, ficar, sorrir, chorar, ouvir, gritar, participar, não me
importar, não me preocupar com o que não merece, deixar acontecer, aceitar,
lutar, resistir, chocar, surpreender, dar a volta por cima, ganhar, perder,
deixar ir, pedir pra vir, ser humano, real, verdadeiro, assumido, viver e
morrer!
16/10/2006
Warley Portugal

Quadrante

E a sede do homem é de alguma sorte finda


quando no trilhar da estrada encontra um amor.
E é por amor que se sentirá vivo, por esse amor
Se sentirá cativo e por ele ficará.

A beleza do que vê é sem dúvida alguma


uma mostra privilegiada daquele que criou
e se omitiu, não por ser omisso, mas pela
dureza do coração da criatura.
15/10/2006
Warley Portugal

Desilusão

Entorpecido pela vida a última escolha sensata seria estar sóbrio na vida
dos mortos.
Vencido pela vida e sem recurso de sorte passa a ter como amigo a
senhora morte e de morte se segue. Morte do sonho do que é nobre e é puro.
A tristeza corrompe e impele o desejo à mortalha.
Tolo homem achar que poderia ser feliz como queria... Nada de flores e
aromas de outros mundos, a única preocupação é consigo; o seu desejo não
satisfeito, frustrado por não coadunar com o dos outros. Queria me amar em
alguém e não pude porque não amo alguém em mim; palavras toscas, cálidas
e sofridas, palavras de revolta com a vida e nem por isso a favor da morte!
Vencido pela espera que infrutífera foi, a desilusão que corrói por não
drogar-se com o amor, que é dor e é pó.
Vencido pela covardia e pela confiança desmedida, por perder-se nas
paragens da vida, ficou a margear, a marginalizar seus sentimentos insensatos
por não saber esperar. Teme a serpente, mas a tem por estimação.
Até quando vai chorar aos sons da melancolia de se apaixonar pela
desilusão que o faz poeta?
04/02/2006
Warley Portugal

Treze lágrimas efêmeras


Esse é meu drama: dia a pós dia ter que lutar contra a fatalidade da vida.
Coisas simples se tornam feridas por eu não saber lidar.
Não consigo disfarçar o descontentamento com a vida em parte, pois sei
que mesmo que ela guarde o que é bom, depois vem a dor.
Busco a ilusão passageira, e passa! Tem algo em mim que não se aceita
como é, que não se vê belo ou importante, algo em mim que me condena e é
com mão de carrasco.
Tenho medo de enfrentar a vida, de ir tocando em frente e abraçar o novo.
Estou atrás das respostas que não suscitam da alma pelo pranto. Nem Deus
me escuta e se o faz não dá resposta.
Não sou feliz por dentro porque o fora de mim apodrece sem fim.
Sou um homem apegado as torpezas do mundo, ao prazer da carne a à
beleza da imagem. Não sou abstrato e me fixo permanentemente ao que
gostaria de ter ou ser, pior, sofro por não conseguir. Estou magoado comigo e
não consigo me desculpar, não tenho sucesso. Quem sabe deitado eu morra
com a pena empunhada?
Escrever aqui não me alivia, mas me dá esperança apenas.
Estou preso e não sei o que me prende; talvez o fracasso!
Estou infeliz por saber que não sei, mas eu fui acreditar no meu potencial!
Só não queria ser rejeitado, o desejo é de ser amado, necessário, mas não
me enquadro, busco desesperado a realização; talvez um sentido para a minha
vida.
Não! Não é Deus, talvez o que ele criou! A carne é torturada por não ser
amada. Faço o que for, sofro! Quando conquisto algo, logo o contraponto vem
e se eu apenas enxergar o que está ao meu favor será mui conveniente.
Recuso-me a ser feliz me entregando ao mistério, aquilo que não se
entende, não saber para mim é dor. Eu sou dor porque pouco de mim eu sei e
saber que me desconheço vai ferindo a alma. Queria ser um Deus ou um lixo,
por pior que pense, não sou, porque não sei e o pouco que sei não aceito.
A realidade é horrorosa de mais para eu encará-la, criei valores entorno de
mim os quais não dependem de mim serem sustentados. A natureza me
ironiza, me cerceia. Meu grito é pela vida, pelo gozo e eu morro todos os dias,
tem gente pior que eu, mas a desgraça dos outros não me consola e nem me
serve de lição.
04/10/2006
Warley Portugal

Pequena queda

Há tristeza no ar.
O ar falta na minha tristeza;
E se num dia há o abalo,
Haverá no outro a fortaleza.

Há incerteza no olhar.
O que eu vejo é irreal,
Pois sei que um dia o que
É real não vai ficar.

Há improviso no ser.
Ser na verdade é estar.
Mas não estou mais aqui!
Não sou isso aqui!

20/07/05
Warley Portugal

Carpidação

Os pêsames só para você


Que enxerga apenas o ruim,
A dor e o desamor.
As condolências a você
Que acredita que as coisas
Boas da vida estão cada vez
Mais escassas, pequenas e
Remotas como o teu entendimento.

Os lamentos a você que


se prendeu ao que passou,
pois seu passado foi imperfeito
como teus olhos cheios de mágoas
e que agora não conseguem ver a
beleza que não morreu!

Não me importo com o que dizem


Eu sou belo, bonito. Não, não são
meus amigos os que não me enxergam
como sou, sou quem eu sou, não me importo
com o que pensam de mim, se meu jeito é ruim
ou meu beijo sem sabor!

Meus sentimentos a você


Que me vê e não entende
E se entende não me vê.
Minha lástima é por você
Que morreu e não sabe,
O caixão foi fechado!
Warley Portugal

O monstro

E o monstro se levantou novamente.


Em mim o medo de tentar, de enfrentar.
A brisa toca meu rosto outra vez e uma lágrima
Dá inicio ao ritual, a iniciação de sofrer e se amar.

E o monstro se levantou. Em mim o medo de não


Existir, de ser apagado do que enxergo como realidade,
O medo de não ser feliz. É esse medo que persegue
Insistente.

E o monstro se levantou e não quer mais se deitar


Ou dormir. Vigia-me pela fechadura e conhece bem
os meus movimentos. Em mim, o receio de aceitar
que venham juntos, o prazer e a dor e eu calo o calor
profundo.

E o monstro se levantou e sua volúpia me tira a timidez,


Pois se descortina algo novo e atraente que eu não queria ver,
Mas que vi no espelho. Em mim,o medo de gostar e não saber
Lidar.

E o monstro se levantou. Em mim a vontade de matar


a vida dos mortos e viver na morte dos vivos,pois se
mato o monstro eu morro e se vive,eu vivo.

E o monstro se levantou. Em mim, o matar ou morrer


15/01/06
Warley Portugal

Questões

Hoje estou assim, absorto em meus pensamentos ledos e livres. Tenho os


livros ao meu alcance,mas não são os que desejo ler. Quero o conhecimento
daquilo que pode me libertar.
Acho que a p0essoas têm tão pouco a oferecer. Bem, sei do meu
pensamento triste e das minhas palavras carregadas de desgosto e
desilusão,mas sei que sonhar as vezes faz bem.
Será que não há sofrimento na loucura,na alienação? Absorto, apenas
absorto!
As vezes por desespero vejo a critica me envolver sem dó nem piedade.
Sou a fera marcada para morrer e vou vivendo sem propósito substancial.
Sei que morrerei,no entanto não descobri por que vivo! Tenho mil e uma
teorias,mas nenhuma me dá a certeza que procuro.
Ah! Essa tal de felicidade idealizada que insiste em persistir, não sabe
mesmo como esquecer ideais antigas, os ritos e as formas velhas. Não abri
espaço para um novo homem, o que fiz foi ignorar o velho e o tornei num
fantasma que agora me assombra com sua carranca de ressentimento.
Apeguei-me demais ao que é passageiro e agora estão ai, passando diante
dos meus olhos e nada do que eu faça poderá ludibriar aquilo que não pode ser
enganado, o tempo!
Convivi muito com a dor de dentro, tanto que agora acredito que ela faz
parte de mim. Ah, velha dor dos mortais, não estou tão sóbrio quanto
imaginava, tão dono de mim quanto gostaria.
Há um joguinho de ciúmes entre os viventes! Qualquer hora eu abandono
tudo e a todos. Recomeço tudo novamente e vou viver como eu quero. Estou
numa prisão sem muros, não há magos nem bruxos, nem formulas, nem
mágicas que me dêem a segurança que eu gostaria.
Não sei por que essa necessidade de precisar do outro, o outro sempre
procura uma maneira de nos subjugar. Não sentem falta de nós na essência e
sim do que podemos lhes proporcionar em vantagens. Tenho os outros e os
outros não me tem, porque não sabem que eu sou e nem quem me mandou, o
mundo não me conhece porque não conhece a si mesmo.
Preciso do outro e o outro tripudia encima de mim, a gargalhada rola solta!
Há sorrisos porque o escravo está cativo e o gigante foi ao chão!
Choro porque os demônios sorriem!
24/04/06
Warley Portugal
Saudade nova

Mais uma vez uma saudade nova, diferente, a cidade acorda e o clarão que
nos banha, traz à memória as boas vivências que tivemos.
Força nova amanhecida, tempo novo e velhos esquecidos, lendas vivas do
amor que não durou.
Várias madrugadas, vários homens e nenhum foi meu herói, astros na
jornada que corrompe, infelicita, força nova, amanhecida e esquisita.
São tantas coisas, frases perdidas, idéias não usadas, casos não vividos.
É! Esse é meu grito de alerta, mas sei que não tenho palavras certas, sei que
não!
O que ficou para traz? O que nos juntou? O que nos separou? Ainda espero
respostas, sem elas eu prefiro ficar distante.
O que há por dentro ninguém sabe ainda, mas é só querer entender,
aceitar e a bandeira será uma só.
A saudade existe, é bom saber senti-la. Não quero viver triste, quero
novamente tudo o que foi lindo!
A cidade está chorando, quer o alimento, quer o sangue do homem
comum, homem tragado, homem comido! Homem jejum, homem sofrido.
Mais uma vez a saudade nova e eles terão morrido!
27/02/04
Warley Portugal

Melancolia

É! Hoje é um daqueles dias que ficamos tristes,melancólicos. A sensação que


tenho é que estou só, mesmo com tantas pessoas ao meu lado, falta vontade,
coragem...
Sinto que tenho algo a ofertar,mas não encontro alguém digno de receber,
pode parecer egoísmo,porém é o que sinto.
Tenho amigos, sei que são amigos e mesmo assim me sinto só, sem uma alma
que valorize o meu apreço!
É provável que eu morra jovem de tanto exaurir e irradiar o que tenho, na
esperança de encontrar a pessoa, é provável eu morra.
Tornei-me estranho a mim mesmo, fico dizendo coisas que não tem sentido e
tendo o nada como meta durante todo o dia. Estou esperando anoitecer e
quando for noite esperarei o dia num vício sem fim.
Procuro a mão que ouça, os olhos que me toquem, os ouvidos que sintam meu
cheiro, um nariz que encontre o meu gosto e uma pele que aprecie meu som,
mas as mentes não me captam.
Sinto que tudo se foi mesmo sabendo que nunca vieram, que nunca as tive. A
memória está esquecida.
Não há identidade, razão ou algo parecido, há sim uma grande distância do
que é o inteiro, portanto a metade nos conforma, estamos longe da felicidade
e as meias verdades nos consolam.
Coisas banais, desespero sem histeria, calma em sentir dor e dor em sentir
calma. As paredes se revoltaram contra mim, estão me cercando na tormenta
de não poder vislumbrar o além de aqui.
É só tristeza agora, estou às portas do inferno, portões do céu e o que é meu
será seu, o que está meu estará seu e outras coisas mais.
Quem vê não entende, gostaria de ser imperceptível, e a chuva cessaria agora
e eu não mais me consumiria. Tentar exprimir o que sinto é o que penso de
pretenso e amargo, talvez tenha glória e louvor ou talento para ser solitário.
Estou só de passagem e nos tempos solitários é que me farei presente, é que
estarei aqui, redundante como sempre. Passos sem pensar, quando penso não
uso espaço ou tempo, só penso e peso o proibido pecar e então peco sem
pesar.
É o torpor que me domina, cocaína de um careta como eu, carente como eu.
Qual é a escolha se não fazer parte da chantagem de Deus? E não tenho
certeza quanto a graça de tudo isso.
Hoje é um dia triste, espero...
18/03/05
Warley Portugal

A espera

Já estou aqui e ainda não te encontrei!


Muitos rostos,muitas promessas e muitos medos.
Os arrependimentos de coisas que não fiz são maiores do que as que fiz!
Metade de mim já está morta e a outra metade, não sei se nasceu.
24/11/09
Warley Portugal

Amanhecendo

Nem bem a noite terminou e eu sinto do medo o hálito a roubar minha alegria.
No dia novo, velhas esperanças do dia que passou, mas o medo ainda sopra
em mim.
Nem bem a noite terminou e minhas lágrimas lavam o dia que amanhece e me
descerra o horizonte. A cada dia que amanhece, um semblante de quem
venceu a agonia da dor e do ontem.
Nem bem a noite terminou e o desterro d o sol é meu desejo. À minha agonia
o poejo, que é este teu peito, este meu leito mar, às vezes ledo, amargo de
tanto amar. E quanto a história para contar? Estórias!
Nem bem a noite terminou e a vertigem já me aparece pedindo para ficar. E se
o tempo deixar eu cantarei a alegria roubada do dia que passou, as mesmas
esperanças para uma manhã de um nada, um nada que virá.
Nem bem a noite terminou e ainda sou um menino acanhado, chorando
calado, à sombra do mal em si, a mão eu cura a ferida é a mesma mão que
castiga, que irrompe contra mim, de amor ou dó.
Nem bem a noite terminou e desejo dormir, assim, com você!
Warley Portugal
15/04/2015

Estranho
Estranho! Acabo de ver o futuro, como que numa visão assustadora, incômoda até, acho que por
estar relacionada a mim, os meu medos, mas sei que são os mesmos medos que os outros sentem.
Tudo bem, assustado com a possibilidade de estar quase na metade de uma vida, penso que é meio
caminho andado, que talvez eu tenha de caminhar sozinho, de que os que amo não consigam
acompanhar a marcha junto a mim, tenho medo da perda, tenho medo de temer, essa é uma de
minhas fragilidades, minha vulnerabilidade disfarçada.
Vi-me velho, e imaginei muitas possibilidades de um fim para mim, estranho mesmo! Não me vi
querendo viver muito, ao contrário do que sempre imaginei, imaginei que se pudesse, eu desejaria
viver uns cento e cinquenta anos, mas não foi o caso, não neste pensamento. Pensei em tantas coisas
que perdi e que não poderei mais viver, umas por depender de idade mesmo, outras por eu me podar
tanto; os planos que não foram colocados em prática, as possibilidades de viver os meus sonhos
contrastam com minha realidade, vivo encarcerado, compelido a ser o que esperam que eu seja,
vivo nessa teia chamada sistema a qual não consigo romper, por mais que eu tente.
Às vezes penso também qual o propósito disso tudo, são tantas teorias a respeito que agente se
perde nessa imensidão, talvez todos só estejam com medo de que no fim tudo seja muito simples,
como a realidade costuma ser, dura e crua, talvez por isso todos fujamos através das ilusões criadas
em torno da vida. É provável a vida ser apenas vida enquanto a morte não chega, nada mais, é
provável não sejamos tão especiais o quanto gostaríamos de ser, e talvez a vida um dia nos mostre a
ponta do iceberg que tanto procuramos.
Precisamos de significado, mas o significado nos absorve, nos traga e nos rouba a consciência, já
que temos tendência a sermos autônomos no agir devido o condicionamento, que triste isso! O
grande desafio é encarar a provável realidade e mesmo assim se sentir animado, disposto a cumprir
o “papel” nosso de todo dia.
É mesmo muito difícil para uma mente pueril se ver no espelho com um corpo que não
corresponde à realidade de dentro. Deve ser essa a tal de eternidade que tantos falam, a capacidade
de se olhar e se ver jovem e eterno, isso é eternidade. A única certeza de que carrego são as dúvidas
trazidas de todos os dias, mas não consigo me distrair, pareço sempre perceber algo que ninguém vê
e sequer sei definir também o que é. Existe alguma coisa a nos impossibilitar a percepção, está ai
bem na cara, parece uma coisa meio matrix, algo não está certo, sinto que não.

Warley Portugal

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