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De todas as dores
de todos os fatos
haverá no ato
morte mais sofrida
a que sem escolha
vai-se morrendo em vida?
Warley Portugal
A sombra
Por mais que eu corra, por mais que lute, me sinto sozinho.
Basta não me distrair com algo e eu me sinto vazio de realizações. Percebo
o quanto eu poderia ser feliz em minhas escolhas, mas o medo me maltrata e
me vejo sem a coragem para tentar de novo , então mais uma vez vem à dor.
Tenho um haver por dentro o qual não identifico a causa, me parece tensão
por não ligar os fatos. Às vezes imagino que poderiam ser meus monstros
querendo surgir, bem, não sei lidar com essa situação e é por não saber que
me desequilibro.
Sinto que meu orgulho foi ferido de morte, a traição dos amigos em
aspectos claros da minha vida. Sinto que fui trocado, que não fui ouvido,
correspondido a minha solicitação mais nobre. Vejo o egoísmo me corroer, mas
o medo de ser ferido novamente me impede o passado para a reconciliação.
Sei que somos substituíveis, apenas não imaginei que aconteceria assim, tão
rápido.
Sei dos meus recalques, as coisas que condeno e que nas entrelinhas não
faço, mas por que não faço? Posso tudo, no entanto algumas dessas coisas não
me foram bem, a história e seus personagens mostram claramente, não quero
mais conter e não quero me entregar.
Ainda não identifiquei o meu defeito principal, na verdade não sei nem por
onde começar. Sempre estou no entorno da situação e não encontro equilíbrio
interno, tudo está confuso e me sinto triste por não conseguir ostentar a
máscara de centrado e polido, o sapiente, tenho medo que os outros saibam
das coisas e eu não ou que elas saibam mais que eu.
Procuro um amigo que corresponda ao esperado, lealdade, respeito e
confiança, o que não me foi dado até agora. Estou com vontade de ir embora e
não sei para onde, desorientado é como eu me encontro.
Não fui amado o bastante para ser escolhido como aliado, a companhia e o
cúmplice, fui relegado às margens, um lugar onde jamais imaginei que estaria,
isso por causa do egoísmo de não querer dividir o centro com alguém que não
aceito ser igual a mim.
Tenho vontade de amar, mas nesse estágio apenas o desprezo sai de mim,
indiferença, espinho e mágoa.
25/06/07
Warley Portugal
Vinagre
Quem beber do meu cálice vai morrer de amor, pois o amor é que nos
traga e infunde em nós o amargor e doçura dados pelo prazer e pela dor.
Quem chorou por amor já bebeu do meu cálice e se não morreu ainda, o
fez no silencio, eis ai o carrasco e, corta o chicote da covardia.
Quem ouviu aquelas canções que nos remetem ao que não possuímos
mais, porque já se foram, ou então por aquelas que não vieram ainda,
também bebeu do meu cálice, e se o peito ao comprimir-se expulsou as
lágrimas do sofrido esforço de ter esperança, sorveu deste cálice.
Quem esteve triste e alegre pelo amor ideal, bebeu do vinho da ilusão,
torpe e pronto para mais um gole, antes que chore novamente, beberá mais
uma vez no meu cálice.
Quem na espera se alimenta de algo mais, o faz no graal do tempo e faz
porque quer. Não sabe o lugar, o nome, sofre e absorve com lentidão e com
essa mesma lentidão vai morrendo.
Quem beber do meu cálice não poderá reclamar, pois escolheu o metal que
acolhe o líquido-sangue dos amantes.
Quem beber do meu cálice; cale-se e sorva!
24/06/06
Warley Portugal
O Sono
O carrossel
A vida segue adiante dia após dia e não para por nossa causa, mas qual é a
causa mesmo?
O presente é todo incerteza, será que as coisas estão sendo do modo que as
percebemos?
Sou um vampiro do saber, viciado em sentimentos, não importam quais,
desde que eu os sinta.
Tenho tentado ser quem sou, mas é muito difícil.
Desejei a vida, desejei a morte e agora não tenho nada além para desejar,
nada além da vida ou da morte, talvez azar ou sorte.
Quero reciprocidade, ação ou reação, com meus atos e sentimentos. Quero
melhor alimento, mas pereço de pão.
Ah! E essas víboras que me cerceiam ao longo do caminho, não sei o que
fazer com elas, pois que me protegem e prendem ao mesmo tempo.
Imagine uma coisa com muito fervor e ela não acontecerá, será por que isso
acontece?
Não bebi o vinho que eu quis, não comi o pão que sonhei!
A vida segue adiante, dia após dia e não para por nossa causa, mas qual é a
causa mesmo?
07/10/2006
Warley Portugal
Rupestre
Monologo “a consciência”
Essa noite eu sonhei, sonhei que eu caminhava num bosque e era linda a
paisagem. Eu estava extasiado ante a visão medieval, tudo virgem, intocado,
havia uma cachoeira que prendia minha atenção, não era somente uma queda
d'água, era um portal para outro mundo.
Eram sete camadas de água e cada uma de uma cor e cada cor bem diferente
do que até então eu tinha conhecido, cores que lembravam de longe o violeta
e o lilás, mas eram mais esplendorosas e contagiantes. Para cada filete de
água havia uma textura diferente e ao tocar os filetes, estes tinham cada um,
um som, diferente também do que já tinha ouvido.
Quando passei pela ultima camada, mais rarefeita, eu sentia que podia ter
consciência de tudo em mim, comecei a ouvir centenas de bilhares de vozes de
uma só vez, e mesmo assim eu entendia cada uma delas, uma por uma e de
uma única vez. Eram as células do meu corpo, tinham consciência própria e
diferente da minha. Eram vários eus, todas tinham um amor violento por mim,
entretanto, não sabia mais quem dentre elas eu era.
Warley Portugal
Devaneio
Previsão
Nasci nesse mundo e não me disseram que os corpos caiam e, caíram mil
corpos até que eu entendesse.
Percorri o caminho dos anos olhando em quem me espelhar e no reflexo
que eu via caíam o corpo e a minha esperança.
Um amigo aqui e um corpo ao chão, outro amigo ali e mais um corpo na
vala.
Nasci nesse mundo e não me disseram que o corpo dos meus caíam,
caíram alguns corpos, uns perfumados, outros não, porque não era inverno e
nem verão e suas flores foram cravos amarelos.
Chamem os oráculos e os profetas, pois que não me disseram...
Nasci nesse mundo e não me disseram que meu corpo caía e mil vezes
meu corpo foi ao chão, só agora percebi.
Percorri os caminhos do século tentando enxergar, mas agora sim, agora
sim entendi que sou cego!
Sou cego e os oráculos e profetas são apenas mil corpos caídos!
23/02/2006
Warley Portugal
Blasfêmia
03/02/2006
Warley Portugal
Questões
Via da cruz
Estou morrendo aos poucos! A vida passa e o eu não sabe o sabor da fruta
diferente.
Passa a vida bem diante dos olhos do eu e ele não pode retardá-la, chega
a parecer um complô.
O eu está amargurado com a futilidade das coisas, a banalidade por falta
de sentimentos. Quer morrer a viver com pessoas mecanizadas, mascaradas
assim, como o eu! Ébrio, é como joia jogada aos abutres. O romantismo pela
vida está acabando porque não há um tema do filme das vidas dos Eu. A voz,
o som e luz, é tudo muito mágico! Esse é o mundo do poeta! Sinto tanta dor
por estar no mundo e me encontrar sozinho. Estou só!
Oh! Deus, manda aquela alma para velar meu corpo que jaz vivo sobre a
mortalha que é o mundo, antes morto estivesse, na vivência dos mortos do
que viver na mortandade dos vivos!
Profeta da morte e do fim, vim só para dizer que nunca viveste
verdadeiramente já que és escravo de vossa limitação, essa é a corrente de
pensamento desse som.
Estou morrendo, essa é minha paixão, a minha via da cruz e meu calvário
é o amor!
Você pode se lembrar do meu olhar e morrer também!
20/04/2006
Warley Portugal
O cuspe
Fui concebido não pela minha mãe mas pelo mundo. E fui de tal modo
paradigmatizado, que não consigo me mover mais.
Fui forjado qual metal que após ser temperado se torna justo. Não é
justiça, é sim saia justa!
Estou encerrado na indecisão de crer ou não e creio ora sim, ora não! A
carne é mais forte que o aço e basta esbarrar em pensamentos que a carne e
o aço se desintegram.
Estou preso na masmorra esperando a sentença do rei débil e atrasado. A
minha percepção é tão limitada quanto meu corpo e ambos estão
condicionados no universo das formas.
Paradigma! É esse o dilema, a polêmica do meu dia-a-dia. Oxalá a
liberdade fosse real e a vontade fosse minha de verdade. Basta uma nova
assertiva, um novo teorema ou hipótese e eu me desestruturo.
As coisas não são como eu as percebo, realidade da minha incapacidade e
limitação. As coisas são independentes da minha percepção, mas não as
percebo mesmo independentes, não as entendo e se não as entendo não as
aceito, ignoro o “real”, o “fato.”
Fui concebido não por minha mãe, mas por uma ideia limitada de
concepção.
O desejo de explicar o outro denuncia a incapacidade de me explicar.
Só existirei enquanto me esforçar para existir, é o individuando, e esse
esforço é minha essência.
Se o meu esforço e insistência em me manter em mim acabar, não serei
mais eu, serei apenas um monte de carne putrefata e a única vida que terei
será na lembrança daqueles que me conheceram e me conceberam no esforço
persistente de permanecer em si.
05/05/2006
Warley Portugal
A lousa
Na folha não mais sucinta o que de estranho em mim há e o que há de
estranho em mim sou eu mesmo, que me acho normal e diferente de todos.
Outro quadrante
Beijo de romA
Eu choro convulsivamente
quando lembro-me de você,
sinto enorme saudade,
vem, mata o meu desejo de você.
Findo o anseio
A espera terminou!
A busca chegou ao fim!
Tenho necessidade de amar-te, de ter-te em meus braços para que possas
sentir segurança. Receio já não há, medo também não, Cederam lugar à
certeza de que encontrei quem eu procurava, a quem aprenderei a amar.
Há amor no toque suave de quem deseja o bem, o bom. Isso é o melhor
de um para o outro, é o melhor de um com o outro e nada mais que traduza a
certeza.
Quem vai saber o que sentimos ou o que pensamos senão nos dois, duas
faces de uma mesma pessoa?
É chegada a hora de nos amarmos, pois que as duas partes de mim são
amor. A tradução do amor é amor, mas não amor no sentido vulgar da
palavra, e sim o que transcende todas as coisas superficiais e passageiras. O
que acalenta-nos em balanço afetuoso!
A estrada já não é herma, sombria também não, visto ter encontrado a
minha parte, não prossigo mais sozinho! Ouve oh causa dos meus anseios,
viverei em ti e por ti, como o que se transcende diante do olhar e do sorriso de
infinita presteza.
Viverei contigo e serei teu, pois és maior que eu, és todo grandeza e o
próprio poeta! Também a maior descoberta, és a própria beleza.
E toma a felicidade por dia, peço à razão que me guie à emoção.
Peço misericórdia a ti outra parte de mim quando abraçares o meu
coração.
E ele abraçou a si mesmo!
28/11/2005
Warley Portugal
Encantamento
Por que felicidade minha? E a força onde está?
A dor do meu peito e ausência do prazer de tua presença, do sentir-te, não
sente a minha falta como sinto de ti?
Não sabes que penso sempre e o fruto dessa árvore é a forma de quem
tenho amado? Foram tantos frutos, mas nenhum possuía a semente da
esperança e nem o adubo da certeza, certeza de que será minha testemunha
de alma e corpo.
À rocha um pouco d'água basta para que esta se torne em areia. Dar-te-ei
dessa água para que amoleça teu coração!
O mundo de formas como percebemos não tem importância se nos falta a
metade e, a metade de mim é você. Gostaria de ouvir isso também, mas não
quero exigir aquilo que não se pode ter, de dor ou prazer. Somente a
esperança, essa magna que me faz prosseguir e continuar na estrada de
canyons estreitos e altos como auto é o meu ego, Sei que sou altivo e
temperamental, mas sei que eu sou o eu crendo ser nada mais e nada a
menos.
Eu sou a esperança de ver e sentir a esperança passar. História da mente
perturbada de tanta paixão que se afirma amor. Amo como homem, vivo como
a besta do fim e morrerei como a figueira: “seco e sem frutos como os teus”.
Triste é o retrato da perspectiva sem você por perto. Quantas ideias
erradas tiveram de mim, me senti o próprio mal repudiado e relegado ao olhar
a própria imagem.
Perco-me nos caminhos da carne e do espírito, porque meu farol apagou-
se antes que eu visse a luz, a luz dos teus olhos.
Por que felicidade minha? E a força onde está? Terei sempre a dor por
companheira?
Deixarei o que tiver de deixar para ser liberto e isso quem me diz são as
vozes em coro, as vozes dos “anjos” humanos. Deixarei pessoas e coisas para
me sentir liberto e pelo que sei a liberdade custará meu sangue, minha carne,
minha vida!
E se morrer, morrerei com sede e com fome.
Porque é a felicidade andante que poderia me aplacar a sede e matar a
fome que também me mata.
27/03/2006
Warley Portugal
Balança
A decepção tem seu tempo e seu momento.
Pobre de nós quando queremos ser santos.
A postura depende da medida da nossa maldade
e bondade ausente.
Para os que desejam viver uma grande emoção
a vida é a emoção que se pode ter.
Vivê-la intensamente.
Chorar,. Sorrir, sofrer e pensar no que se poderia...
Pobres mortais que somos,
simples ramas ou flores que murcham.
26/03/2006
Warley Portugal
Necessidade
Preciso: dizer sim, ir, ficar, sorrir, chorar, ouvir, gritar, participar, não me
importar, não me preocupar com o que não merece, deixar acontecer, aceitar,
lutar, resistir, chocar, surpreender, dar a volta por cima, ganhar, perder,
deixar ir, pedir pra vir, ser humano, real, verdadeiro, assumido, viver e
morrer!
16/10/2006
Warley Portugal
Quadrante
Desilusão
Entorpecido pela vida a última escolha sensata seria estar sóbrio na vida
dos mortos.
Vencido pela vida e sem recurso de sorte passa a ter como amigo a
senhora morte e de morte se segue. Morte do sonho do que é nobre e é puro.
A tristeza corrompe e impele o desejo à mortalha.
Tolo homem achar que poderia ser feliz como queria... Nada de flores e
aromas de outros mundos, a única preocupação é consigo; o seu desejo não
satisfeito, frustrado por não coadunar com o dos outros. Queria me amar em
alguém e não pude porque não amo alguém em mim; palavras toscas, cálidas
e sofridas, palavras de revolta com a vida e nem por isso a favor da morte!
Vencido pela espera que infrutífera foi, a desilusão que corrói por não
drogar-se com o amor, que é dor e é pó.
Vencido pela covardia e pela confiança desmedida, por perder-se nas
paragens da vida, ficou a margear, a marginalizar seus sentimentos insensatos
por não saber esperar. Teme a serpente, mas a tem por estimação.
Até quando vai chorar aos sons da melancolia de se apaixonar pela
desilusão que o faz poeta?
04/02/2006
Warley Portugal
Pequena queda
Há tristeza no ar.
O ar falta na minha tristeza;
E se num dia há o abalo,
Haverá no outro a fortaleza.
Há incerteza no olhar.
O que eu vejo é irreal,
Pois sei que um dia o que
É real não vai ficar.
Há improviso no ser.
Ser na verdade é estar.
Mas não estou mais aqui!
Não sou isso aqui!
20/07/05
Warley Portugal
Carpidação
O monstro
Questões
Mais uma vez uma saudade nova, diferente, a cidade acorda e o clarão que
nos banha, traz à memória as boas vivências que tivemos.
Força nova amanhecida, tempo novo e velhos esquecidos, lendas vivas do
amor que não durou.
Várias madrugadas, vários homens e nenhum foi meu herói, astros na
jornada que corrompe, infelicita, força nova, amanhecida e esquisita.
São tantas coisas, frases perdidas, idéias não usadas, casos não vividos.
É! Esse é meu grito de alerta, mas sei que não tenho palavras certas, sei que
não!
O que ficou para traz? O que nos juntou? O que nos separou? Ainda espero
respostas, sem elas eu prefiro ficar distante.
O que há por dentro ninguém sabe ainda, mas é só querer entender,
aceitar e a bandeira será uma só.
A saudade existe, é bom saber senti-la. Não quero viver triste, quero
novamente tudo o que foi lindo!
A cidade está chorando, quer o alimento, quer o sangue do homem
comum, homem tragado, homem comido! Homem jejum, homem sofrido.
Mais uma vez a saudade nova e eles terão morrido!
27/02/04
Warley Portugal
Melancolia
A espera
Amanhecendo
Nem bem a noite terminou e eu sinto do medo o hálito a roubar minha alegria.
No dia novo, velhas esperanças do dia que passou, mas o medo ainda sopra
em mim.
Nem bem a noite terminou e minhas lágrimas lavam o dia que amanhece e me
descerra o horizonte. A cada dia que amanhece, um semblante de quem
venceu a agonia da dor e do ontem.
Nem bem a noite terminou e o desterro d o sol é meu desejo. À minha agonia
o poejo, que é este teu peito, este meu leito mar, às vezes ledo, amargo de
tanto amar. E quanto a história para contar? Estórias!
Nem bem a noite terminou e a vertigem já me aparece pedindo para ficar. E se
o tempo deixar eu cantarei a alegria roubada do dia que passou, as mesmas
esperanças para uma manhã de um nada, um nada que virá.
Nem bem a noite terminou e ainda sou um menino acanhado, chorando
calado, à sombra do mal em si, a mão eu cura a ferida é a mesma mão que
castiga, que irrompe contra mim, de amor ou dó.
Nem bem a noite terminou e desejo dormir, assim, com você!
Warley Portugal
15/04/2015
Estranho
Estranho! Acabo de ver o futuro, como que numa visão assustadora, incômoda até, acho que por
estar relacionada a mim, os meu medos, mas sei que são os mesmos medos que os outros sentem.
Tudo bem, assustado com a possibilidade de estar quase na metade de uma vida, penso que é meio
caminho andado, que talvez eu tenha de caminhar sozinho, de que os que amo não consigam
acompanhar a marcha junto a mim, tenho medo da perda, tenho medo de temer, essa é uma de
minhas fragilidades, minha vulnerabilidade disfarçada.
Vi-me velho, e imaginei muitas possibilidades de um fim para mim, estranho mesmo! Não me vi
querendo viver muito, ao contrário do que sempre imaginei, imaginei que se pudesse, eu desejaria
viver uns cento e cinquenta anos, mas não foi o caso, não neste pensamento. Pensei em tantas coisas
que perdi e que não poderei mais viver, umas por depender de idade mesmo, outras por eu me podar
tanto; os planos que não foram colocados em prática, as possibilidades de viver os meus sonhos
contrastam com minha realidade, vivo encarcerado, compelido a ser o que esperam que eu seja,
vivo nessa teia chamada sistema a qual não consigo romper, por mais que eu tente.
Às vezes penso também qual o propósito disso tudo, são tantas teorias a respeito que agente se
perde nessa imensidão, talvez todos só estejam com medo de que no fim tudo seja muito simples,
como a realidade costuma ser, dura e crua, talvez por isso todos fujamos através das ilusões criadas
em torno da vida. É provável a vida ser apenas vida enquanto a morte não chega, nada mais, é
provável não sejamos tão especiais o quanto gostaríamos de ser, e talvez a vida um dia nos mostre a
ponta do iceberg que tanto procuramos.
Precisamos de significado, mas o significado nos absorve, nos traga e nos rouba a consciência, já
que temos tendência a sermos autônomos no agir devido o condicionamento, que triste isso! O
grande desafio é encarar a provável realidade e mesmo assim se sentir animado, disposto a cumprir
o “papel” nosso de todo dia.
É mesmo muito difícil para uma mente pueril se ver no espelho com um corpo que não
corresponde à realidade de dentro. Deve ser essa a tal de eternidade que tantos falam, a capacidade
de se olhar e se ver jovem e eterno, isso é eternidade. A única certeza de que carrego são as dúvidas
trazidas de todos os dias, mas não consigo me distrair, pareço sempre perceber algo que ninguém vê
e sequer sei definir também o que é. Existe alguma coisa a nos impossibilitar a percepção, está ai
bem na cara, parece uma coisa meio matrix, algo não está certo, sinto que não.
Warley Portugal