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Sobre o silêncio na História, é dessa maneira que esse artigo se apresenta. Ruas,
avenidas, prédios, grandes construções... parece que tudo aquilo age na História como
uma borracha sobre o passado. O silêncio, aliás, se compartilha no cotidiano pacífico de
muitas pequenas cidades da região. A única coisa que irrompe sobre essa calmaria seja o
barulho das britadeiras, o ronco dos caminhões que ao serem emitidos simbolizam um
tímido crescimento urbano de tempos em tempos na região sudoeste do Paraná, um
crescimento que ao florescer o cinza urbano vem a tampar todas as povoações indígenas
que aqui viviam e da forma como viviam.
Esse artigo tem por finalidade descrever e analisar uma série de fontes entre
documentos e correspondências que relatam episódios antecedentes, interiores e
posteriores da colonização dos Campos de Palmas no sudoeste do Paraná e que
remetem ao processo de desenvolvimento da região e de encontro com os povos nativos.
1808: Entre bárbaros e selvagens, é dessa maneira que se apresenta para nós essa
História. Isolados e distantes das mãos do homem branco, os Campos de Palmas se
apresentavam até certa maneira esquecidos por esse agente da colonização. Antes de
tratarmos diretamente a chegada do homem branco a essa inóspita e apartada localidade,
devemos conceber uma sequência de acontecimentos anteriores que não somente
explicam essa chegada que colocam perante nós a visão de mundo do conquistador, mas
desvendam um encontro com aqueles que ali já residiam, eram chamados de “índios”,
“selvagens”, “bárbaros”, eram eles, os nativos que ali estavam praticamente despidos e
desguarnecidos de qualquer culpa, os primeiros ocupantes de toda aquela extensão de
terra.
Apesar de fugir de Napoleão Bonaparte, Dom João VI se demonstrava irredutível em
seus projetos coloniais para o Brasil. E isso não se mantinha apenas aos recém erguidos
centros urbanos na costa tropical, sua utopia colonial era além de ultramarina, era
ultraterrena.
Imaginava-se um Império Luso-tropical. Os monarcas dessa época detidos aos rituais
de “beija-mão” do Rio de Janeiro, cidadezinha escaldante pertencente a uma terra
selvagem cercada de mosquitos zumbizentos e macacos. Entretanto, sequer imaginavam
o que se alardeava e o que se silenciava nos confins de todas aquelas terras que
chamavam rudemente de “sertão”. A servidão, sinal de respeito e submissão, era o projeto
de colonização colocado perante conquistadores e nativos. Logo, o discurso do
colonizador se circunda de um imaginário puxado de todo um medievalismo cavaleiresco.
Ilustração 3: Cerimônia de beijamão na Corte de D. João
VI, no Paço Imperial, em caricatura de 1826 (autor
Ilustração 4: "Botocudos" por JeanBaptiste Debret
desconhecido)
Uma carta é assinada pelo príncipe em 05 de novembro de 1808, seu título chamava a
atenção: “Sobre os indios Botocudos, cultura e povoação dos campos geraes de Coritiba
o Guarapuava”. Os Campos de Guarapuava incorporavam desde a região central do
Paraná até a foz do Rio Paraná, incorporando também os futuros Campos de Palmas. Era
uma localidade inóspita e selvagem na visão do colonizador, D. João indica a
necessidade de ocupação de toda essa faixa de terras 2 em nome de duas preocupações:
a delimitação de fronteiras com as nações vizinhas e a vingança das cruéis mortes de
tropeiros - essas recebiam a autoria dos chamados “bugres” 3.
A reação a esses ataques deveria ser imediata. Uma de suas constatações se deve a
impossibilidade de
civilisar povos barbaros, senão ligando-os a uma escola severa, que por alguns
annos os force a deixar a esquecer-se de sua natural rudeza e lhes faça conhecer
os bens da sociedade e avaliar o maior e mais solido bem que resulta do exercicio
das faculdades moraes do espirito, muito superiores ás physicas e corporaes:
tendo-se verificado na minha real presença a inutilidade de todos os meios
humanos, pelos quaes tenho mandado que se tente a sua civilisação e o reduzil-
os a aldeiar-se, e gosarem dos bens permanentes de uma sociedade pacifica e
doce, debaixo das justas e humanas leis que regem os meus povos, e até
mostrando a experiencia quanto inutil é o systema de guerra defensiva (BRASIL,
1891) (sic!).
2 Esse processo previsto nas palavras de Dom João se configurou entre a primeira e segunda etapa de
colonização do Paraná. Segundo Luiz Carlos Tourinho esse processo se deveu em meados do início do
século XIX: “A seguir, com a valorização dos animais de carga, organizaram-se os Campos Gerais, ao longo
dos caminhos das tropas. Finalmente estenderam seus tentáculos ainda mais para o ocidente. Com isso
não só povoaram os campos de Guarapuava e de Palmas, como consolidaram nossas fronteiras com o
Paraguai e a Argentina (TOURINHO apud WACHOWICZ, 1987: 5).
3 O imaginário do colonizador ainda era muito medieval, o termo “bugre” vem de búlgaro. “Como membros
da igreja greco-ortodoxa, os búlgaros foram considerados heréticos, e o emprego do vocábulo para denotar
a pessoa indígena liga-se à ideia de inculto, selvático, estrangeiro, pagão, homossexual, e não cristão - uma
noção de forte valor pejorativo” (WIKIPÉDIA, 2010)
4 A reprodução desses termos no interior do texto não tem por finalidade reproduzir o discurso civilizador,
mas sim refletir sobre o mesmo. Para Lúcio Mota, não podemos simplificar a relação nativo-colonizador. As
ofensivas e táticas de guerra por parte dos Kaingang nesse momento no Paraná devem ser atribuídas como
formas de resistência aos colonizadores durantes os séculos XVIII e XIX. A relação de conflito teria sido
provocada como uma forma de reação a ocupação de suas terras, ao aprisionamento e a escravidão
indígena nas fazendas (MOTA, 1994).
5 O termo botocudos é a denominação dada pelos portugueses aos indígenas pertencentes a grupos de
diversas filiações linguísticas e regiões geográficas, uma vez que a maior parte usava botoques labiais e
auriculares (WIKIPÉDIA, 2010).
Para Norbert Elias, um processo civilizador se expressa segundo: “a consciência que
o Ocidente tem de si mesmo”. O autor resume o percurso da sociedade ocidental com
essa se julgando superior às sociedades mais antigas ou às sociedades contemporâneas
“mais primitiva” (ELIAS, 1990:23). Nesse caso, não basta ser civilizado, se torna
necessário estar perante o “outro” não civilizado. O europeu invasor via na existência do
índio uma real oportunidade de inflar seu ego. Para ela, ser civilizado era não ser bárbaro.
Em sua imaginação, o monarca pensava em uma “sociedade pacifica” (sic!) onde
homens viveriam “debaixo das justas e humanas leis que regem os meus povos”, nessa
oportunidade ele cita apenas homens brancos, os nativos aparecem na carta tratados de
uma maneira bem distinta:
I. Iniciar a guerra contra os “barbaros indios” que segundo o próprio Dom João eram
“infestadores do seu território”, podendo considerá-los por aproximadamente 15
anos como prisioneiros de guerra, “destinando-os ao serviço que mais lhe convier”.
Aos índios que desejassem viver sob o julgo das leis da Coroa, de propriedade do
próprio Dom João, seriam considerados “cidadãos livres e vassallos”;
II. Ceder sesmarias6 aos fazendeiros que tornarem aqueles campos suscetíveis a
“cultura de trigos, cevadas, milhos e de todas as plantas cereaes e de pastos para
gados, mas de linhos canhamos” afim também de encontrarem metais preciosos
como ouro e diamantes;
III. Ordenar João Floriano da Silva 7 como “Intendente da cultura dos campos de
Guarapuava”. Ficaria ele responsável por cultivar os campos abandonados e ali
6 A insistência de Dom João em se estabelecer sesmarias em toda região se deve também a ocupação
desregrada daquela região por parte de outros fazendeiros. A ocupação do território por parte dos
chamados “homens bons” com suas cartas de sesmaria tinha por finalidade criar uma relação de servidão
para com Portugal.
7 Seu nome não aparece em nenhum dos documentos procedentes.
estabelecer a chamada “boa cultura”. Além dele outros parceiros da colônia
apresentam-se citados no documento. Esses por sua vez receberiam uma carta de
sesmaria cada um8;
IV. Encontrar metais preciosos, sendo que todo o diamante encontrado seja entregue
a Real Fazenda, “que toda a lavagem de terras para tirar diamantes fora prohibida;
e que os que assim obrarem, ficam expostos á maior severidade das Leis”.
A terra era fruto da relação de servidão dos futuros fazendeiros com a Coroa. A
criação de pastagens, trigo e canhamo serviria para os interesses da Colônia, sendo
esses respectivamente usado na alimentação do gado, para a produção de pães e
alimentos e para a produção de papéis, roupas e vestes – em substituição ao algodão 9.
A presença colonial aparece na carta como o fator de progresso da região, sendo a
cultura Kaingang ali presente como sinônimo de atraso para os Campos de Palmas. Dom
João ordena um tipo de “guerra justa” 10 contra os nativos.
O destino daqueles campos estavam traçados, o extermínio indígena era previsto e
ordenado pela Coroa. Sobre aquelas terras se ergueria uma sociedade sobre o que eles
acreditavam estar vazio, terras essas adubadas pelo sangue de muitos nativos que ali
tombaram e pela égide da violência do branco colonizador. Entretanto, esse
relacionamento do branco com o “outro” nas terras de Palmas se desenvolveu em
episódios procedentes, sofrendo influência de outras teses coloniais que iam desde
membros do clero e até integrantes de uma guarda armada improvisada para ocupar o
devido território. Diversos conflitos marcam a construção do indígena enquanto mero
“selvagem”. Essa construção se deve a um discurso de interesses coloniais que procurou
de todas as formas influenciar, mudar e interferir na cultura Kaingang de diversas formas.
8 Além de João Floriano da Silva apresentam-se citados também o seu irmão José Telles da Silva, o
Tenente Coronel Manoel Gonçalves Guimarães e o Tenente Coronel Francisco José de Sampaio Peixoto.
Todas essas sesmarias foram nomeadas para os Campos de Guarapuava, sendo que o fato de não se
ordenar nenhum homem para os Campos de Palmas influenciou no tipo de colonização dessa região. Uma
região destacada pelo esquecimento por parte das autoridades, o caso da cidade de Palmas não foge a
regra, grandes concentrações de terra na mão de poucos. Ainda assim, algumas cidades fundadas no
século XX se destacam por uma uma colonização de posseiros e pequenas propriedades (Pato Branco,
Francisco Beltrão, etc.).
9 Essa concorrência se deve ao fato de que o cânhamo é cerca de 5 vezes mais resistente e resiste em
diversos tipos de solo enquanto o algodão devia ser adicionado em seu plantio a diversos tipos de adubo de
origem animal e fertilizantes.
10 A chamada guerra justa pode ser identificada em todo processo colonial contra os nativos que habitavam
as Américas. A guerra era tratada por colonizadores e membros do clero como “justa” porque era travada
contra selvagens primitivos, bárbaros e pagãos. Ao tratar do tema, o padre Bartolomeu de las Casas teceu
um argumento contra os colonizadores: "...toda a intervenção armada provoca mais pecados e destruição
do que as ofensas que trata de eliminar” (EDUCATERRA, 2010)
II – A goela da “Boca do Sertão”: A cruz, a espada e o butim guarapuavano. Índios
refratários e colaboracionistas.
É difícil tratar a cronologia11 como modelo aqui. Diversos fatores anteriores e externos
aos Campos de Palmas geram perspectivas de sua ocupação. O espírito do tempo será
tratado aqui como algo que proporciona o contato de diversos personagens com a
História. São muitos métodos de análise das fontes e logo abaixo eles serão
destrinchados afim de evidenciar os acontecimentos a partir dessa diversidade de
personagens.
Os índios continuavam atacando tropeiros nas picadas. Ainda assim, aos poucos a
aproximação dos indígenas com os brancos começava. Relações se estabeleciam,
relações que não podem ser simplificadas apenas pela chegada dos colonizadores ou dos
chamados “pioneiros”12. Lideranças indígenas se manifestam nesse momento,
grandes levas de nativos se movimentam em diversos pontos que durante muito
tempo estavam esquecidos pela província. Nativos esses que antes apenas possuíam os
costumes ritualizados da pesca, da caça, da arte, rituais esses praticados apenas
vestidos de suas cores... Tudo era interrompido, esses seres agora passavam a vestir
roupas, praticar o artesanato em grande escala com a finalidade de troca e a construir
fortificações que serviriam ao homem branco recém-chegado.
Guarapuava, 1810: Como fruto dessa política de contato nativo-colonizador foi
estabelecido o aldeamento Atalaia. Criado pelo capelão da 1a. Real Expedição de
ocupação dos “sertões” de Guarapuava, o padre Francisco das Chagas Lima 13. Esse
aldeamento recebeu proteção armada do comandante Diogo Pinto, suas atitudes
influenciaram muito o relacionamento do branco com o indígena e até dos diferentes
grupos indígenas entre si. O aldeamento estabelecido há cerca de 10 léguas de distância
do acampamento dos antigos bandeirantes que por ali passaram um século antes 14.
11 Os estudos que evidenciam a sequência dos fatos são reveladores, mas aqui o relato é portado de
diversos elementos e versões que não se degladeiam para descobrir quem é o dono da verdade sobre o
passado.
12 Coloca uma distinção quilométrica entre essa versão oficial e a minha. Não uso o termo “pioneiro” pois
quem chegou primeiro àquelas terras foram os indígenas.
13 A Real Expedição de ocupação dos “sertões” de Guarapuava foi organizada pelo presidente da província
de São Paulo da época, Antonio José da Franca e Horta. Foi seguida de 200 homens armados e 100
povoadores, todos saídos de Curitiba. A tropa partiu no primeiro dia de agosto de 1809 para chegar a
Guarapuava dezesseis dias depois. O padre Chagas Lima é descrito em todos os documentos com grande
prestígio perante o clero nacional, sendo teólogo e único missionário evangelizador de indígenas nessa
época.
14 O aldeamento foi instalado, para além do rio Coutinho ao redor do Atalaia onde nenhuma população
habitava. Augusto Souza “menciona um forte, sob a invocação de Nossa Senhora do Carmo (Forte de
Nossa Senhora do Carmo), erguido pelo Tenente-coronel Cândido Xavier de Almeida e Souza, para defesa
do aldeamento indígena, núcleo da povoação de Guarapuava.” Um ofício de 22 de dezembro de 1771, do
Tenente-coronel Afonso Botelho de Sampaio, versa sobre um forte que encontrara na entrada dos Campos
O quadro de Joaquim José de
Miranda15 (Ilustração 1) demonstra um
típico butim realizado na presença de
militares. A troca, o proveniente
relacionamento de Guarapuava com o
índios que vinham mais ao sul descreve
o chamado “butim”, carregando
alimentos e presentes os índios eram
vestidos com os chamados Kurus
(mantas)16. A História contada por
imagens apenas elucida os fatos. Ilustração 6: Butim nos Campos de Guarapuava, de Joaquim José
de Miranda
Enquanto os índios eram adornados ao
centro, perifericamente podemos ver dois caciques, logo atrás dos oficiais. Ao invés de
chamarmos de escambo, mita, alguns documentos usavam esse termo Kaingang para
designar esses rituais de troca. O butim era uma palavra carinhosa, indicava um tipo de
conhecimento sobre o outro, sobre o que ele trazia. Sobretudo, um primeiro contato, a
palavra aparece emprestada às fontes produzidas pelo homem branco naquele lugar
chamado pelo colonizador de “Boca do Sertão” 17.
Sabemos que em muitas das oportunidades essas especiarias do branco eram
trocadas por trabalho, mas o morro evidenciado pelo pintor (il. 1) mostra um interesse por
parte do colonizador em ausentar os índios de suas condições naturais 18. Ao descrever
de Guarapuava. (SOUZA apud WIKIPÉDIA, 2010 [a]).
15 José de Miranda teve quadros expostos em Milão. A exposição chamada “Sob o signo da cruz” exibe
artigos, quadros e objetos da época colonial do Brasil (1500-1822). Poucas de suas obras foram
digitalizadas e estão disponíveis na internet, porém, seus quadros são a imagem da colonização da região
de Guarapuava. O uso de fontes retiradas da internet que vão desde documentos até imagens mostram as
diversas fontes alternativas sendo usadas nesse artigo, procurando expandir as versões presentes nesse
artigo.
16 Segundo relato do próprio pintor (apud POVOS INDÍGENAS DO BRASIL): “Chegão os novos Indios ao
arranchamento, tirão os Camaradas da sua rôpa quanto puderão até ficarem alguns sem camiza, e só os
ponches cubertos, e os vestem. Guache e aquarela”.
17 A localidade recebia esse nome por ser estratégica. A partir dali, na visão do colonizador da época,
todos os povos seriam conquistados. Apesar de ser chamada de 1a. Expedição, diversas expedições
ocorreram em Guarapuava no século XVIII, todas foram derrotados pelos guerreiros Kaingang. Segundo o
Portal Índios do Brasil: “Foram onze expedições organizadas entre 1768 e 1774, pelo Tenente-coronel
Afonso Botelho com o objetivo de reconhecer e tomar posse das pastagens naturais existentes no interior
da Província. Em 1770, a expedição comandada pelo Tenente Bruno Costa chegou aos campos de Koran-
bang-rê (atual Guarapuava). Mais duas chegaram em 1771, uma comandada pelo sertanista Martins
Lustosa e outra pelo Tenente Cândido Xavier. Os armamentos incluíam peças de artilharia e todas as armas
de guerra da época. Os contatos com os Kaingang do Koran-bang-rê, como resultado da distribuição de
presentes, foram inicialmente amistosos. Mas a reação indígena não tardou, ao desconfiarem que a
amizade oferecida pelos brancos não era bem intencionada.”
18 Contudo, nem todos os nativos da região de Guarapuava foram influenciados pela
cultura do branco. Segundo informações do Portal Indígenas do Brasil (op. Cit.): “ Pode-se
relacionar a expansão geográfica dos Kaingang com as pressões que as expedições de conquista foram
promovendo. Alguns caciques foram-se aldeando e tornando-se aliados dos brancos, obrigando os grupos
um butim que aconteceu próximo do Atalaia, Tatiana Takatuzi coloca a relação social de
colonizadores e indígenas da seguinte forma:
recalcitrantes a se retirarem para lugares mais distantes da rota expansionista, que lá permaneciam até
serem novamente localizados e pressionados a se aldearem, liberando parte dos seus territórios para os
fazendeiros e colonos nacionais e estrangeiros”.
19 Ofício do ministro e secretário de Estado dos Negócios da Marinha e Domínios Ultramarinos, Martinho de
Melo e Castro para o governador e capitão-general da capitania de São Paulo, D. Luis Antonio de Souza
(Botelho Mourão)...,1774, Abril, 21, Palácio de Nossa Senhora da Ajuda” .
citada nos documentos da província.
O Atalaia passou a aproximar de si diversos nativos provenientes de outras regiões. A
ida desses nativos, o seu devido êxodo dos lugares onde viviam e o seu trajeto até as
proximidades de Guarapuava criaram imensas picadas do sudoeste ao centro do
estado20, essas grandes levas produziam carreiros em volta da cidade. A concentração de
boatos em torno de Guarapuava também gerou diversas rotas até a os seus campos. A
concentração indígena aparece em todos os documentos, vinham de todos os lados,
imaginemos os mitos que circundavam as redondezas de Guarapuava, centro daqueles
campos. E sobre um tal líder religioso que distante de um pajé, vestia batina e carregava
uma cruz – a vestimenta de autoridade e de toda martirização cristã representariam a
pungência do pacto colonial e todos os valores da branquidade europeia.
Sobre toda essa autoridade Chagas Lima aproximou de si todo contingente indígena
possível. A utopia do aldeamento Atalaia, na realidade, além de seus procedimentos
catequéticos servia para confirmar a presença do colonizador. Em frente vinha a cruz,
levemente lubrificada pelo batismo, mas logo depois desse encontro as relações eram
menos sagradas e mais friamente econômicas.
Em 1812, cerca de 500 índios das tribos “Camés” e “Votorões” 21 passaram a conviver
no aldeamento. Essa manobra somente pôde ser realizada a partir do consentimento de
Antonio Pahy, reconhecido nos documentos como líder das tribos e braço direito de
Chagas Lima.
Considerado um fato histórico, o consentimento de Pahy para Guarapuava fecunda o
estabelecimento do colonizador sobre as terras da recém-fundada Nossa Senhora de
Belém de Guarapuava22. Nesse período, diversas marchas a oeste e ao sul de
20 Entre as diversas discussões em torno da colonização do Paraná, uma muito empolgou os debates
acadêmicos nos últimos anos é se manifesta dizendo que antes dos atuais topógrafos e engenheiros
existiam apenas índios que construíam caminhos para chegar a lugares. Esses lugares muito comentados
de uma roda a outra nas terras indígenas faziam grandes aglomerações de oeste a leste e em sentido
contrário. Grandes levas como essa criaram o chamado caminho do Peabiru. Por que não crer que a
formação das atuais estradas durante a época da colonização se tornaram as atuais estradas de asfalto e
calçamento?
21 O próprio Padre Chagas Lima, da chamada expedição colonizadora dos “sertões” de Guarapuava em
que ali chegou em 1809, observa a existência naquela região de diversos povos que viviam agrupados e
possuíam diferentes líderes. Entre os diversos agrupamentos indígenas existia rivalidade e desacordo de
ideias, mas também momentos em que os líderes se entendiam. Entre esses índios relatados nos
chamados “sertões” estavam Camés, Votorões, Dorins e Xocrens - todos do tronco Jê (TAUNAY, 1931).
Existem muitas discussões acerca do registro étnico dessas populações, muitos colocam o Paraná como
possuidor de Kaingang, Guarani, Xetá e Xocleng . Alguns documentos estabelecem divisões étnicas pelo
conceito de hordas, entretanto, todo e qualquer rótulo colocado sobre as povoações indígenas pode ser
entendido como uma manifestação de etnocentrismo. Aqui o ideal seria proporcionar o caráter de grupo
(usando termos como “povos”, “populações”), igualando e diferenciando sua participação perante os
colonizadores.
22 A vila fundada com o estabelecimento de uma Catedral em 1810 recebe a data de 9 de dezembro seu
aniversário. Segundo a enciclopédia virtual Wikipédia: “Este local foi escolhido para início da colonização
porque naquela época se tinha uma predileção em aproveitar-se dos campos, com horizontes amplos, que
através desta característica natural, oferecia facilidade de defesa contra os índios” (WIKIPÉDIA, op. Cit.).
Guarapuava foram organizadas. Em 1819, numa dessas expedições de reconhecimento
da região ocorreu a morte de Pahy 23. Ao relatar esse fato, Ruy Wachowicz (1987)
caracteriza os índios entre “colaboracionistas” e “refratários” quanto a colonização do
homem branco.
A evidência do chamado “conflito fratricida” oportuniza uma citação desses
historiadores sobre o posicionamento neutro das autoridades colonizadoras: “O padre
Chagas e o comandante Diogo Pinto, aparentemente nada podiam fazer para evitar que
os índios colaboracionistas fossem atacar seus desafetos em suas próprias habitações”
(op. Cit.: 14). Nesse caso, aqueles que se intitulavam civilizados permitiram a “barbárie”
alheia. Isso não indica que esses seres “civilizados” também não tenham influenciado na
existência de conflitos entre os diversos agrupamentos indígenas em outras localidades
do Paraná. Se alguns desses registros não colocam tal influência, se torna importante
frisar que eles foram escritos pelo próprio colonizador, possivelmente esse enquanto se
dizia “civilizado” não tinha por interesse revelar sua participação no conflito.
Após a morte de Pahy, foi escolhido por Chagas Lima um novo “Capitão dos Índios” 24,
chamado de Luiz Tigre Gacon. Os relatos do padre sustentam a imagem de Gacon como
um líder indisciplinado que desorganizou o aldeamento. Sua liderança aparece
caracterizada por requintes de autoritarismo e truculência, "não perdoava aos seus menor
delito, castigando aos homens com chibata, e com palmatória as mulheres" (OFÍCIOS,
1861). Em decorrência de seus abusos para contra os “selvagens” ocorre uma eventual
vingança de antigos subordinados e por parte dos refratários “Dorins”, um ataque provoca
a destruição do aldeamento Atalaia em 1825 25. Takatuzi (2005) coloca uma ordem de
fatores que condicionam o fim do aldeamento:
Entretanto, sua descoberta pelos brancos ocorreu muito antes, em 1770. O nome é de origem Tupi - Guara
(lobo), Puava (bravo). A carta régia antes citada serve de impulso para a colonização cada vez mais a
sudoeste e oeste por parte da Província de São Paulo. A povoação em campos e morros promove grande
observação ao colonizador assim como oportuniza que a construção de Catedrais e Matrizes seja
observada de muitos quilômetros. Muitos são os relatos de tropeiros que o primeiro elemento que viam era
o signo da cruz no alto da Catedral, logo já percebiam que ali era um lugar “sagrado” e “temente a Deus”.
23 O registro de falecimento de Pahy escrito por Chagas Lima relata o seguinte: “chegaram seis índios
adultos (...) e disseram uniformemente, que por efeito de um golpe mortal, recebido em debate, que tiveram
no interior do sertão com certos índios bravos, denominados tac-taios, tinha falecido haveria oito dias o
capitão Antônio José Pahy, índio nacional deste continente de Guarapuava, de idade de trinta anos ”(...).
(CHAGAS apud SHALLENBERGER; FASSHEBER, 2007)
24 O que é interesse chamar a atenção aí é quanto aos primeiros nomes “Luiz”, “Antonio” e a alguns títulos
cedidos como “capitão”. Essas nomenclaturas servem para entender outro divisor de águas entre a
resistência cultural indígena e a influência dos colonizadores.
25 Segundo Wachowicz 200 dorins, agrupamento indígena refratário a colonização branca, destruíram o
Atalaia (op. Cit.: 12). Chagas Lima havia por permanecer em Guarapuava até 1828.
propagou logo no início da catequese e devido à proibição das relações
poligâmicas por parte do pároco Chagas Lima. Outros fatores que contribuíram
para o declínio de Atalaia relacionaram-se às constantes relações marcadas por
conflitos entre seções Kaingang e destes com os brancos (TAKATUZI, 2005: 10).
Usar como única tese a versão oficial de que Gacon foi responsável pelo fim do
Atalaia se torna um pouco irrisório. Esses outros registros usados pela autora retiram o
encargo de culpa sobre Gacon. Diversos fugitivos do massacre desceram aos Campos de
Palmas, ali se estabeleceria uma grande rota de fuga de muitos indígenas que fugiram da
disciplina da catequese ou que simplesmente se ausentaram em decorrência do fim do
Atalaia.
26 “Bandeiras Paulistas no Séc. XVII teriam atravessado a região, várias vezes, quando buscavam as
missões Jesuítas do Sul. Porém é ao bandeirante curitibano Zacarias Dias Côrtes que se atribui a
“Descoberta dos Campos de Palmas”, quando este, por volta de 1720 - 1726 teria desbravado a região até
a cabeceira do Rio Uruguai em busca de ouro (…). Porém, segundo Roselys Velloso Roderjan, em trabalho
publicado no Boletim no Instituto Histórico e Geográfico e Etnográfico do Paraná, Atanagildo teria afirmado,
em relatório, que o nome de Palmas foi dado por ele em homenagem ao Conde de Palma presidente da
Província de São Paulo na época, à cuja Província pertenciam as terras do Paraná atual, estendendo-se,
além dos Campos de Palmas até alcançar as margens do rio Uruguai ao Sul” (PALMAS, 2010).
27 Expedições eram custeadas por sociedades que se uniam para explorar regiões que eram povoados por
indígenas.
agrupamentos desejavam atrair outros líderes populares em volta de si, esses seriam
autoridades na região e alguns deles passariam a ocupar outros povoamentos 28. Um
exemplo disso no povoamento de Cortês eram Francisco Antonio de Araújo (fundador da
Fazenda Pitanga; Capitão da Guarda Nacional) e José Antonio de Lima Pacheco
(fundador da atual cidade de Pato Branco); e do povoamento de Santos eram o Pe.
Ponciano José de Araujo (primeiro capelão de Palmas), Francisco Ferreira da Rocha
Loures (interventor na comunicação com Vitorino Condá), Antonio de Sá Camargo
(fundador da Fazenda Floresta; deputado provincial, futuro Barão e Visconde de
Guarapuava).
Contudo, de terra em terra, existia entre ambos os fazendeiros um clima de rivalidade.
A liderança de Cortês (tropeiro curitibano) se via ameaçada. A ocupação da região por
tropeiros não era bem vista por autoridades da província de São Paulo. A província tomou
uma medida, a Companhia de Municipais Permanente foi nomeada e mandada aos
Campos de Palmas sob o mando de Hermógenes Carneiro Lobo, onde organizou uma
povoação que se localizava entre os lageados das Caldeiras e da Cachoeira.
Segundo Wachowicz, os municipais permanentes não possuíam mais o objetivo de
ocupar o sudoeste, mas sim proteger aqueles que já estava presentes na região. Ainda
segundo o autor, as sociedades organizadas pelos dois fazendeiros ocuparam aqueles
campos com pressa sendo que essa atitude pertence ao: “desejo de impedir que paulistas
protegidos pelo governo provincial se apoderassem das riquezas que aqueles campos
representavam para o futuro” (op. Cit.: 15).
O posicionamento de Pedro Siqueira Cortês foi fundamental não somente para a
manutenção da colonização de iniciativa popular naquela região, mas também para que o
movimento que reivindicava a emancipação do estado do Paraná tomasse corpo 29. Logo,
28 SOCIEDADE DE PEDRO DE SIQUEIRA CÔRTES: Antonio de Siqueira Lima; Domingos Floriano
Machado; Domingos de Siqueira Côrtes; Francisco Antonio de Araújo (fundador da Fazenda Pitanga;
Capitão da Guarda Nacional); Francisco Inácio de Araújo Pimpão (fundador da Fazenda Cruzeiro; deputado
provicinal, Capitão da Guarda Nacional); Francisco de Oliveira; Francisco de Siqueira; Jerônimo Luís
Fernandes; João Lustoza de Menezes; Joaquim José de Oliveira; Joaquim José Pedroso; José Antonio de
Lima Pacheco (fundador da atual cidade de Pato Branco-PR); Luiz Alves Carriel; Pedro José Pereira; Pedro
Ribeiro de Souza (fundador da Fazenda Trindade; Capitão da Guarda Nacional); Pedro de Siqueira Côrtes
(fundador da Fazenda Lagoa; deputado provincial, Coronel da Guarda Nacional). SOCIEDADE DE JOSÉ
FERREIRA DOS SANTOS : Antonio de Sá Camargo (fundador da Fazenda Floresta; deputado provincial,
futuro Barão e Visconde de Guarapuava); Candido Cordeiro de Paula; Cândido José dos Santos; Cipriano
José da Silva; Francisco Ferreira da Rocha Loures; Jacob Dias de Siqueira; Joaquim Manoel de Oliveira
Ribas (fundador da Fazenda Norte; primeiro Delegado de Polícia de Palmas); José Ferreira dos Santos
(fundador da Fazenda da Cruz; Coronel da Guarda Nacional); José Joaquim de Almeida (fundador da
Fazenda Alegrete; deputado provincial); José Matias de Freitas; Lucidoro José de Farias (fundador da
Fazenda São Cristóvão); Lúcio Írias de Araújo “Gavião”; Manoel Teixeira de Freitas; Manoel Domingues de
Andrade; Manoel Leirias de Almeida; Manoel Mendes de Sampaio; Manoel Narciso Belo; Maria Rita
Brandina de Almeida ("mulher" do Padre Ponciano, abaixo); Pe. Ponciano José de Araujo (primeiro capelão
de Palmas); Roberto José de Deus; Severo Tristão Rodrigues.
29 A erva-mate proporciona tonalidade principal atividade econômica do Paraná, essa era sua
particularidade perante São Paulo. Nas palavras do primeiro governante da província, Zacarias de Goes e
aqueles que passaram a se afirmar como paranaenses tinham mais um motivo para
permanecer na região.
É interessante frisar que apesar dessa rivalidade, não podemos registrar qualquer
conflito direto entre esses fazendeiros. Mas já entre os indígenas, esses conflitos são
frequentes e todos são procedentes ao consentimento dos chamados “homens bons”.
Esses assumiram o papel de manter contato com os líderes indígenas e
colaboracionistas, sendo que esses deveriam se unir ao processo colonial.
Um personagem fundamental para a colonização dos Campos de Palmas foi Vitorino
Condá, pay-bang (cacique) de toda a região, era frequentemente visto saindo dos verdes
campos com diversas famílias indígenas para influenciar diretamente nas decisões da
ocupação de todo atual sudoeste do Paraná, do oeste de Santa Catarina e do noroeste do
Rio Grande do Sul30. Apesar do seu aspecto de liderança, os interesses dos indígenas
não são relatados como decididos simplesmente pela autoridade de Condá. Em uma
correspondência que relata uma reunião ocorrida entre os colonizadores, ele é citado
acompanhado de outros nativos.
O Cacique rondava uma grande faixa de terras que ia de Guarapuava até Nonohay,
sempre com o objetivo de negociar a permanência indígena na região. Em um de seus
encontros com dois árbitros curitibanos que foram levados a Guarapuava para promover
essa negociação e a questão da posse das terras nos Campos de Palmas, Condá
aparece com outros indígenas provenientes do Atalaia:
entre os quais eram Chanerê mulher do cacique e duas outras criadas Maã e
Vangre. Um dos índios sabia ler e escrever, por ter-se criado na aldêa de
Guarapuava, d'onde fugiu para o sertão; e ainda fallava soffrivelmente a nossa
língua, o que serviu à comunicação franca, até mesmo com o cacique, que
também balbuciava algumas phrases portuguezas, e os entretiveram com
agrados, dadivas e caricias, afim de os ganharem sua segurança (BANDEIRA. op.
Cit.: 390).
Numa das ausências de Condá, quando levado para conhecer as autoridades de São
Paulo, outro líder aparece entre as fontes. Viri, também conhecido como “segundo chefe
indígena”, havia liderado os índios colaboracionistas contra os refratários – os primeiros
receberam apoio dos fazendeiros locais e esses últimos estavam sob a liderança de
Vaitom.
Vasconcelos (apud BALHANA, MACHADO & WESTPHALEN, 1969 [1854]) aquele produto se adaptaria aos
“sertões desabitados” das imensas terras infindáveis do Paraná e criaria o seu vulto industrial, pois não
custava aos seus habitantes “o mínimo esforço, colhem-lhes as fôlhas, secam-nas no fogo, no carijo, e
quebrada miùdamente, está pronta a erva, e vão vendê-la às fábricas, que as beneficiam para exportar” (p.
110).
30 Por volta da década de 1840, dois árbitros neutros foram convocados para resolver a questão, Dr. João
da Silva Carrão e Joaquim José Pinto Bandeira. Houve uma separação das duas comunidades, Siqueira
Cortes ficara no poente e Santos para o nascente. (WACHOWICZ, op. Cit.: 15).
Fechou-se um acordo, Viri aproximaria diversos guerreiros da povoação de Palmas
em defesa aos fazendeiros. Os documentos citam um grande contingente indígena saindo
de Nonohay e migrando para Palmas, um conflito era previsto linha a linha desses
documentos. Ermelino de Leão ainda cita os chamados “fangs” (cristãos), com os quais
Viri havia se comprometido. Na madrugada de 4 de março de 1843, Vaitom com seus
guerreiros atacou o aldeamento de Viri, com objetivo de atingir os fangs – para aquele
líder refratário, a influência religiosa dos cristãos sobre os Kaingang parecia uma ameaça.
O combate fratricida teve como resultado um grande número de mortos e a vitória dos
colaboracionistas, sob o júbilo do sangue indígena que irrigou aqueles campos. O
resultado desse combate registra Viri como “conhecedor de todos os acidentes
topographicos de Palmas” por parte do historiador (apud WACHOWICZ. op. Cit.: 19).
Esse combate evidencia um distanciamento entre as lideranças indígenas. No caso, a
aproximação de Viri com a sociedade colonizadora procurou desfazer qualquer fronteira
com os interesses dos fazendeiros. O nomadismo, nesse instante, não pode ser
entendido apenas como um mero processo de mobilização de grupos indígenas, existia
um interesse por parte dos fazendeiros em possuir um grande contingente populacional
em volta de si, isso para a formação de futuras cidades com suas devidas atividades
econômicas sendo desenvolvidas. Nesse processo, um processo de aculturação o
indígena era previsto. Os índios que vinham se encurralando cada vez mais a um canto
do futuro estado do Paraná, agora, se viam com sua cultura encurralado nesse mesmo
canto.
Uma guerra entre irmãos indígenas, assistida por brancos. Um olhar apurado sobre as
fontes pode nos fazer tomar uma conclusão de que os fazendeiros estiveram neutros
perante tais conflitos. Ainda assim, essa conclusão pode ser um pouco equivocada, ao
instante que percebemos essa intenção dos fazendeiros em aproximar os índios
palmenses da povoação de colonizadores em defesa desses. A inexistência de um
conflito armado entre esses fazendeiros e a defesa desses por Viri não são fatos isolados.
III – O amigo Condá: Uma picada até Nonohay, os índios e a catequese. As primeiras
políticas indianistas aceitas pelo nativo de Palmas.
ahi reconhecei o imperio que o Indio exercia sobre os mais chefes, que
apresentando-se em atitude hostil nos campos de Nonohay, sua voz a bem de seu
amigo, foi bastante para os desarmar, e franquearam-lhe a passagem
(BANDEIRA; idem: 394).
Com a passagem até Nonohay, esse clima de trégua possibilita o início da catequese.
Ao utilizar outras fontes e relatar os primeiros aldeamentos do Rio Grande do Sul,
Nonnenmacher fala sobre o relacionamento de Condá com João Cipriano Rocha Loures,
irmão de Francisco Rocha Loures e Primeiro Inspetor de Nonohay. A criação de um
aldeamento nessa localidade ficaria a cargo do pay-bang.
A sociedade indígena, no interior daqueles novos povoamentos e anterior a eles, o
nativo existia. As autoridades protagonizaram no século XIX, um divisor de águas na
questão indígena, essas passam então a pensar o indígena não apenas como mão de
obra, passando a compreender de outra forma o espaço onde essas populações viviam.
Ainda assim, isso não significa que todos pensavam de tal maneira ou que essa era
meramente uma ação humanitário por parte do colonizador. A política exercida pelas
autoridades da província tinha objetivos bem claros, seu dever era aproximar índios, vesti-
los e assemelhá-los ao costume do colonizador e administrar financeiramente o
aldeamento.
A inclusão do elemento indígena parece não procurou evidenciar diferenças culturais
com os brancos, o indígena aparece como integrante da nova sociedade daqueles
campos. Ainda assim, essa inclusão não deve ser observada como um elemento de
gratidão do branco para com o povoamento de Condá. Todas as estratégias de
Cristiano Durat: “O Brigadeiro Rocha, ostentava relações amistosas com os índios da região, entendia e
falava a língua indígena, habilidades que o destacaram para exercer o cargo de Diretor Geral dos Índios,
pelo presidente provincial Theofilo Ribeiro de Rezende em 1854, conforme orientava o Regulamento das
missões de 1845 ” (DURAT, 2009).
comunicação com esses outros agrupamentos possuiu intervenção direta de Condá, esse
apesar de ser reconhecido como apaziguador aparece sendo usado como um elemento
de manobra da permanência do homem branco em Palmas em troca de favores.
O primeiro passo para isso se dá culturalmente. Outro contato com a natureza, mais
precisamente com a terra, a partir de agora a preocupação dos índios deveria ser com as
plantações, isso impediria que esses “ameaçassem” os moradores das localidades
vizinhas. Ainda assim, a autora registra a falência do aldeamento em 1851, com isso,
segundo um relatório citado diversos índios recebiam roupas e alimentos, porém se
negavam a trabalhar na roça e acabaram voltando a sua “vida errante”, o que na visão
dos colonizadores era prejudicial para a “sociedade brasileira em expansão”
(NONNEMACHER, 2000: 34).
Provavelmente, decorrente desse fato, as lideranças indígenas de Palmas se dedicam
a construção de outro aldeamento. Viri, ao aceitar o contato religioso entre indígenas e
brancos, aparece citado como “homem sincero e fiel à amizade” (WACHOWICZ, id.). Um
butim aconteceu, roupas, alimentos e outros artigos de consumo foram entregues aos
indígenas como uma forma de reconhecimento. A catequese se coloca nas fontes como
parte integrante do desenvolvimento da região.
Diversos missionários foram trazidos do Rio Grande do Sul. A intenção de “educar o
selvagem” pode ser entendida como mais uma forma de contato com o elemento nativo,
procurando incluí-lo no corpo social de colonização dos Campos de Palmas. Todavia, a
criação de uma instituição catequética em Palmas pode ser interpretada pela forma que
age. Na imagem poucas vezes reproduzida, o cotidiano de qualquer dessas missões
evangelistas pode ser lembrada pela ação ininterrupta do padre.
Sua intenção era de procurar vigiar uma pequena sociedade para nela impor um
conjunto de códigos de postura em favor do colonizador. O indígena passava a estar
ausente da sua antiga realidade e do imaginário que fazia do mundo. Agora o índio era
colocado numa pequena escola, fechado nas ideias reproduzidas pela boca do padre
segurando o livro. Sob o crucifixo, a lei não era garantida pela punição do castigo, mas
pela consciência. Aquele que antes era inocente, agora poderia a qualquer momento ser
acusado de ser pecador. Uma força armada ao redor daqueles campos garantia essa
instituição normatizadora do índio não somente pelo discurso, não somente pelo diálogo,
mas sim pelas armas usadas e na forma como essas eram usadas se fosse preciso. Uma
rebelião como a do aldeamento Atalaia não seria permitida.
A educação portanto aparece seguida da punição, sua ação é a disciplina. Uma
disciplina que por si só produz um discurso de “bondade”, se justifica pelo “criador” que se
personifica na imagem e no imaginário do colonizador. Imaginemos esse cenário, a
questão fica num índio, entre todos os outros “Índios” que olha para o padre e não
consegue entender como “um só Deus ao mesmo tempo é três” nem porque “esse
mesmo Deus foi morto por vocês” (LEGIÃO URBANA, 1986).
Essa letra evidencia a permanência dessas dúvidas. A educação dos indígenas muitas
vezes dava brecha para a existência de questionamentos como esses. Num momento,
num ambiente, numa manhã, numa escola, entre bambuzais, uma instituição catequética.
Uma instituição de controle sobre o “outro”. Qual seria o real motivo do fim do Aldeamento
Atalaia? Será que foi culpa de Gacon? Pensemos que muito antes da existência da
catequese palmense, os índios já questionavam os brancos civilizados.
Enfim, a revolta derrubou as estruturas do Atalaia... Esquecido na “Boca do sertão”, o
caminho do risco foi pensado no sucesso. Ninguém pensa como destruir um sonho, um
ideal de vida, por mais nativo e nu que seja, a instituição colonizadora apoiada na religião
se via pertencente da razão.
A catequese possuía um objetivo muito claro: concentrar os nativos numa missão
muito próxima da “civilização colonizadora”. Retirar o “selvagem” de seu habitat e colocá-
lo em outro lugar ordenado e pensado pelo branco possibilitava um catecismo a maneira
do branco. O indígena sendo “educado” se tornava disciplinado e mais dócil aos
interesses do colonizador. Suas providências seriam garantidas por essa disciplina e
obediência. Ainda assim, apenas catequizar o índio não era suficiente. Além do conluio
católico, o branco colonizador e devastador tinha por propósito construir estradas entre
aqueles campos. A melhor rota para construção de estradas era apontada pelo dedo
indicador do cacique, seu desbravamento e o ato da construção na maioria das vezes
cabia ao índio. Ao falar desse assunto Marisa Nonnenmacher relata:
Logo a escola é prenúncio do erro por indicar que existe alguém errado, ela o aponta e
pune-o em público para que ninguém mais cometa o mesmo erro. Ainda assim, do outro
lado, a imagem do fazendeiro passava impune.
IV – Após a educação, o poder das armas: A impunidade de Pedro Siqueira Cortês.
1858: Carneiro Lobo, que era próximo de Condá, foi afastado do comando da
Companhia de Municipais Permanente. Siqueira Cortes assume o cargo em favor dos
curitibanos. Junto a Condá, Lobo se dirigiu a São Paulo afim de receber esclarecimentos,
entretanto, a emancipação do Paraná já havia ocorrido, a capital se tornara Curitiba.
Contam Leão e Wachowicz citando H. Elliot, que nesta oportunidade começaram a surgir
boatos sobre um possível ataque dos índios de Palmas. O novo comandante Pedro de
Siqueira Cortes parecia acreditar em tais boatos, mas Eliot diz a sua versão em
documento, alegando que Cortês havia invadido o mato onde viviam os índios porque:
é mais provável, desejasse neutralizar todos os planos de seu rival (…). O certo é
que não perdeu tempo em deprecar força armada, como se estam tendo de vir de
distancias (consideraveis), podesse obviar esse fantastico e sonhado ataque. Com
a chegada desse auxilio, organizou-se uma escolta sob o pretexto de ir ao matto
buscar os índios que se entretinham em suas innocentes caçadas e os conduzir a
povoação; mas sua fixa atenção era de assassiná-los, porque em lugar de entregar
força à disposição de uma pessoa de humanidade, honradez e intelligencia,
escolheu para comandante um ignorante e brutal fanático, bem conhecido por sua
ferocidade e malvadez (...). No segundo dia de viagem na sahida de uma pequena
campina, por um sinal dado, os índios foram de subito acommetidos e ferozmente
assassinados, sem que até então tivessem dado indício algum de insubordinação.
Uma segunda escolta, procedeu da mesma criminosa forma, com algumas familias
indígenas que andavam dispersas (ELIOT apud WACHOWICZ. Ib.).
Wachowicz ao citar o mesmo Eliot chega a uma conclusão rápida: ele poderia ter se
inspirado em outras fontes. Fazendo isso, voluntaria ou involuntariamente, ele acusa sem
saber quem, sem mostrar de onde tira essas fontes, torna improvável a visão do outro.
Isso não deve ter partido involuntariamente de Wachowicz, devemos lembrar que sua
publicação foi dedicada a Prefeitura Municipal de Pato Branco e Palmas, não interessava
a ele acusar alguns dos chamados “pioneiros” da região. Quis revelar a História por uma
lógica regional, sem entrar em discussões com o povo sudoestino. De forma alguma essa
publicação não-oficial procura gerar algum conflito ou desentendimento, ela dialoga com o
sudoeste, não acusa ninguém, apenas se refere às leituras já publicadas, lembrando que
entre elas estão alguns personagens.
Desmistificar nomes de ruas, praças e largos jamais será o objetivo da História, o
historiador não depende disso para ser profissional. Mas uma constatação desse artigo é
importante fazer, a versão do europeu é só mais uma versão, qual é a sua? A democracia
é só a “coisa do povo”, não temamos ela no terreno da História.
V – Um golpe contra Condá, o cacique Antonio Prudente.
João Cipriano da Rocha Loures por assumir o papel de “civilizador dos índios”
procurou desempenhar uma política de inclusão desses na sociedade branca por meio do
trabalho. No caso da formação de tropas de muares, esses índios seriam responsáveis
por fazer toda travessia juntamente com tropeiros brancos, indicando o melhor caminho
para passar a estrada. Seria chamado de charruá, aquele indígena que liderava a tropa
vindos do sul. Sua cultura era do mato, da lida com cavalos abandonados pelos brancos
ou que foram roubados de alguma criação. Grandes domesticadores de cavalo xucro.
Nem sempre esses foram apenas subordinados pelo branco dono de todas as terras.
Entre esses índios aculturados pelo trabalho, pela lida com tropeadas, existia um grande
líder de diversas tropas, era o cacique Antonio Prudente – um verdadeiro empresário do
ramo de muares.
este pensamento que em qualquer pessoa civilizada seria bastante apreciavel, não
pode deixar de merecer elogios muito especiais, partindo elle de indivíduos q. não
tem recebido educação propriamente dita. (...) Voltarão delá os índios de Palmas
satisfeitíssimos, e esta Câmara não póde deixar de significar à V. Exa. o prazer
que nutre p. um facto de tanto alcance!
acho que não se deve esperar para o povoamento dos nossos sertões pelo braço
do extrangeiro, convindo antes a organisação de solido systema de colonisação e
catechese. O indigena, é o braço desoccupado tornado util e proveitoso pela
boa orientação do Governo. Tendo a dupla vantagem de retirar-se de sua vida
errante e indolente, que o leva ao crime, e de habilital-os á cultura da terra, á
educação de seus filhos, creando-os com amor ao solo e ao trabalho propõe
que se faça o aldeamento do indio sob a administração de um Director
compenetrado dos seus deveres, e imbuido da idéa de que vai dirigir individuos
ignorantes dos nossos progressos e da nossa civilisação. (…) Julgo que o
Director deve ser um Official reformado do exercito, com uma guarnição militar
composta de forças regulares e uma Companhia de naturaes do lugar, indios
mansos, com seus officiaes proprios e commandada esta, pelo Cacique, ás
ordens do Director da colonia. Deverão ter fardamentos vistosos. Os soldados se
occuparão da abertura de estradas, percebendo soldos. Os indios aldeados se
occuparão da lavoura e diligencia de novas catecheses, em commum. O producto
da lavoura e industria indigena, será vendido como indemnisação ás despezas
da colonia e o restante pertencerá ao colono. Escolas, officinas, diversões,
muzicas, engenho, etc. O Governo mandará medir e demarcar as terras e dividil-
as aos colonos indigenas, edificando as casas á cada família (sem grifos no
original).
32 Em 1.o de Agosto de 1863, o Brigadeiro Loures em Officio dirigido ao Ministro da Agricultura mostrou o
erro do abandono do serviço de catechese e extincção do Aldeamento do Chagú e outros, que vem atirar ao
abandono mais de 300 indios que hoje vagueam sem direcção, depois de terem procurado a civilisação.
18, 1869).
Os requintes de selvageria que o discurso das cartas anteriores relatavam não
aparecem mais a partir desse momento. Disciplinar a selvageria, conter a barbárie, um
destacamento seria um quartel imaginário que distanciaria o índio de suas antigas
práticas cotidianas, possivelmente os índios não ficavam em regime fechado. Não porque
as autoridades não quisessem deixá-los exilados, mas talvez porque essas não tivessem
o interesse de até ele enviarem recursos. São possibilidades, que sobretudo, colocam
diante dos fatos algumas das peculiaridades da colonização dos Campos de Palmas.
Andando entre a natureza que conheciam agora a valorizavam mais ainda, com armas
em punho e em ininterrupta vigia serviam a Pátria. No aspecto defesa, os nativos
conheciam melhor essas terras, ainda assim não as consideravam fronteiras, mas se
interessavam em defendê-las dos “estrangeiros” que poderiam vir do oeste (paraguaios e
argentinos).
Vitorino Condá foi agraciado com o título de Soldo Major. Percebemos nesse
alistamento de índios e em suas condecorações uma ruptura histórica profunda. Índios
que antes viviam entre as matas, agora obedeceriam comandos militares e seriam
submetidos às ordens de um general. Contudo, nas palavras do colonizador seus projetos
pareciam ser tornados realidade muito facilmente, mas na própria realidade aplicada não
é o que percebemos.
Esse destacamento refletiu a necessidade de uma outra forma de disciplina ao
indígena, esse deveria servir ao interesse do homem branco colonizador para guerrear
contra seus irmãos hostis a colonização. Era o favorecimento do branco aos conflitos
indígenas, não que isso não havia ocorrido antes, mas agora seria oficial. Uma verdadeira
guerra instigada pelas mãos do homem branco, mas que em nenhum momento foi
praticada por essas mesmas mãos. Homem esse que se designou a escrever cartas e
relatar o genocídio do “outro”. Outro esse que era mais de um, já se fragmentava em
inúmeras hordas todas distintas entre si, umas usando roupas, sandálias, morando em
aldeamentos e outras nuas no interior das matas.
Depois de todos os conflitos, depois de toda educação seguida de punição, depois
irmãos de uns assassinarem irmãos de outros, depois de uns irem para a cadeia
enquanto outros foram para o exército, as palavras de Ruy Wachowicz procuram eternizar
a participação do indígena na tentativa de formação da “civilização” parananense,
segundo ele: “O Brasil desta forma colhia o mais importante fruto da política adotada
pelos pai-bang Condá e Viri” (WACHOWICZ, ibi.: 24).
Ainda assim, devemos reconhecer que não possuímos em mãos a versão do indígena
sobre todo esse processo de formação dos Campos de Palmas. Uma desvantagem
descomunal de quem não se prendeu a própria História no sentido escrito, mas que
possivelmente possuem consigo os calos e muitas dores geradas pelas trajetórias
percorridas por todo chamado “Sertão do Paraná”.
Condá e Viri, agraciados como domesticadores dos Kaingang,
formaram trilhas com seus semelhantes, serviram junto a centenas dos
seus ao trabalho pesado da colonização. O homem branco vinha logo
em seguida derrubando e atropelando não somente as palmeiras - que
simbolizavam aqueles campos -, mas também araucárias, secando rios
e arrancando rochas, tapando toda nudez da natureza com suas
cidades e fazendo seu nome em diversas praças mesmo que as
pessoas nem saibam de quem é o tal busto ou a tal estátua. Hoje, o Ilustração 10:
município de Vitorino possui poucos moradores que sabem a origem do Monumento no estádio
Índio Condá.
nome da sua cidade. Alguns ligam ao rio que passa ao seu lado sem
saber que até mesmo esse recebe o nome do líder indígena 33.
O sudoeste indígena na atualidade é caracterizado pelos Kaingang e por uma minoria
Guarani, ambos os grupos étnicos foram colocados na Reserva de Mangueirinha sem
relevar suas diferentes origens e sua História de conflitos, esse aldeamento é conhecido
por desentendimentos na questão de disputa de terras com fazendeiros acusados de
grilarem, tal aldeamento possui igrejas evangélicas e diversos bares no leito da rodovia
BR-158. Em 2003, a FUNAI (Fundação Nacional do Índio) zerou o déficit de famílias
desabitadas na reserva, entretanto, todas as casas eram de material, possuindo banheiro
completo. Essa ação por parte da Fundação pode ser interpretada como uma iniciativa de
aculturação, seja essa voluntária ou involuntária.
Nessa História de conquistadores, uma brecha ao nativo. Essa memória ufanista e
exaltadora desses líderes indígenas se torna a única forma de recorrer a sua imagem, já
que, até agora toda sua trajetória pelos Campos de Palmas foi traçada, influenciada e
transformada pelo homem branco. Perante os autos do vencedor, toda impossibilidade de
se reconstruir o processo histórico na forma como ele aconteceu. Portanto, procurei aqui
a construção de uma outra versão, uma versão que mais se aproxima de outras versões.
A História que circunda todos os Campos de Palmas, é memorizada nesses locais,
mas possui seus limites. Agora rompemos a fronteira do silêncio apenas em nome dos
fatos, que esses sejam contados pela maioria dos personagens possíveis.
33 Enquanto isso, Condá é o nome da Arena que cria e eterniza o seu semblante no metalizado guerreiro
negro em ação, a casa da Associação Chapecoense de Futebol no oeste catarinense.
BIBLIOGRAFIA
Obras:
DURAT, Cristiano Augusto. Francisco Luiz Tigre Gacon, índio: um personagem na vila de
Guarapuava (século XIX). Disponível em: www.labhstc.ufsc.br/ acesso em 05/06/2010.
ELIAS, Norbert. O Processo Civilizador: Uma História dos Costumes. Rio de Janeiro,
Jorge Zahar Editor, vol. 1, 1990.
MOTA, Lúcio Tadeu. As Guerras dos Índios Kaingang. A história épica dos índios
Kaingang no Paraná (1769-1924). Maringá: EDUEM, 1994.
Documentos e fontes:
BANDEIRA, Joaquim José Pinto. Notícia da descoberta dos Campos de Palmas. Acervo
do Instituto Histórico e Geográfico do Brasil. 3a. Série, No. 4, 4o. Trimestre, 1851.
Imagens:
DEBRET, Jean-Baptiste. Viagem pitoresca e histórica ao Brasil. Disponível em:
http://www.brasiliana.usp.br/ acesso 09/10/2010.
PARANÁ. “Os chamados Campos de Palmas”, edição do mapa das obras do Governo
Manuel Ribas (1932-1938). Disponível em http://www.diaadia.pr.gov.br acesso em
02/10/2010.