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Rio de Janeiro, 29 de Junho de 2010

UERJ – Universidade do Estado do Rio de Janeiro


Ciências Sociais – 5º período/ Manhã
Disciplina: Ciências Sociais e Educação
Professora: Simone Vassalo
Aluna: Ana Carolina Moura Salustiano

2ª avaliação

O curso “Educação para diversidade”, ministrado pela internet, na modalidade


de ensino a distância, tem como objetivo debater a importância da diversidade cultural
para o desenvolvimento e o papel da educação na proteção e promoção da diversidade
cultural. “A diversidade cultural constitui-se como um conjunto heterogêneo e dinâmico
de concepções e atitudes relativas as diferenças sejam elas de origem étnica, de gênero,
de orientação sexual, religiosa, de pertencimento a contextos sócio-culturais, etc.”1
Desta forma, “educar para a diversidade significa reconhecer que não somos diversos
naturalmente, mas que podemos aprender a ser, através de processos, experiências e
regulações políticas e institucionais.”2
Segundo Émile Durkheim, em a “Educação e Sociologia”, a educação é o meio
pelo qual a sociedade prepara, no íntimo da criança, as condições essenciais da própria
existência e a principal função do professor seria formar cidadãos capazes de contribuir
para a harmonia social. Durkheim afirma que: “A educação é a ação exercida, pelas
gerações adultas, sobre as gerações que não se encontrem ainda preparadas para a vida
social; tem por objeto suscitar e desenvolver, na criança, certo número de estados
físicos, intelectuais e morais, reclamados pela sociedade política, no seu conjunto, e
pelo meio especial a que a criança, particularmente, se destine.” 3 (pag.41)
A educação para Durkheim tem como finalidade adaptar a criança ao meio
social para o qual se destina. O autor pressupõe que a sociedade só pode existir se
houver certa homogeneidade entre seus membros, caberia a educação perpetuar e
1
Educação para diversidade. Curso oferecido pelo DUO/EAD.
2
Idem.
3
DURKHEIM, Émile. Educação e Sociologia. 11ª edição. São Paulo. Ed.
Melhoramentos.

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reforçar certas similitudes essenciais para a vida coletiva, porém deve assegurar a
persistência de diversidades. Na concepção durkheimiana a escola não deve reconhecer
a maioria o direito de impor suas idéias aos indivíduos em minoria, mas existiriam na
base de todas as sociedades alguns princípios que são comuns a todos, certas idéias,
sentimentos e práticas que a educação deve inculcar a todas as crianças, indistintamente,
qualquer que seja a categoria a que pertençam.
Para Bourdieu, em “A economia das trocas simbólicas”, a escola é um espaço de
reprodução de estruturas sociais e de transferência de capitais de uma geração para
outra. É nela que o legado econômico da família transforma-se em capital cultural, e
este está diretamente relacionado ao desempenho dos alunos. A escola não resolve
problemas sociais, mas reforça-os à medida que reproduz internamente relações de
poder, é um ambiente no qual os não privilegiados são excluídos, convencendo-os a se
submeterem à dominação, sem perceberem. Desta forma, o sistema de ensino seria a
instituição que permite a reprodução da cultura dominante, ao invés de transformar a
sociedade e permitir ascensão social, ratifica e reproduz as desigualdades.
Bourdieu afirma que em uma sociedade de classes existem diferenças culturais,
a classe burguesa possui características culturais distintas da classe trabalhadora. A
escola ignora estas diferenças sócio-culturais, privilegiando as manifestações e valores
da classe dominante, favorecendo os alunos que já dominam este aparato cultural. A
escola para essas crianças é a continuidade da família e da sua prática social, enquanto
que os filhos das classes trabalhadoras precisam assimilar a concepção de mundo
dominante. Para os filhos das classes trabalhadoras, a escola representa uma ruptura no
que se refere aos valores e saberes de sua cultura, que são desprezados, ignorados e
desconstruídos. Dentro dessa lógica é evidente que para os filhos das classes
dominantes é mais fácil alcançar o sucesso escolar.
O sistema educacional cria, sob uma aparência de neutralidade, os sistemas de
pensamento que legitimam a exclusão dos não privilegiados, convencendo-os a se
submeterem à dominação, sem que percebam o que fazem. De modo geral a exclusão é
imputada à falta de habilidades e capacidades, ao mau desempenho e outros. Assim, a
escola cumpre a função de reprodução cultural e social, protege melhor os privilégios
do que a transmissão aberta dos privilégios.
No capítulo “Pobreza e desigualdade na escola da favela” escrito por Sarah da
Silva Telles, a autor pretende realizar uma reflexão sobre o lugar que a escola e os
projetos sociais ocupam dentro da questão da pobreza e da desigualdade social. A

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pesquisa realizada em duas favelas na Zona Oeste do Rio de Janeiro, remete aos grandes
desafios na educação da sociedade brasileira, a partir do processo de universalização do
Ensino Fundamental. O papel da educação vem sendo pensado, desde o século passado,
como a principal arma para resolver os problemas sociais brasileiros, como o combate a
pobreza e às desigualdades sociais, existe um discurso, amplamente divulgado pela
mídia, universidades e institutos de pesquisa, de que a educação seria capaz de
proporcionar a igualdade de oportunidades para todas as crianças e adolescentes que
passarem pelo processo educativo.
A pesquisa feita nas escolas nas favelas apontou para a inadequação entre a
formação para o magistério e a realidade profissional vivenciada nas escolas da favela,
isto é, despreparo para tal empreendimento. As entrevistas feitas com os professores
dessas escolas evidenciam o preconceito que os professores tem com os alunos, em
relação ao fato de serem moradores de favela, devido a cultura nordestina e do funk, e a
estrutura familiar dos alunos. A maioria dos professores não se identifica com as
condições de vida daqueles alunos, afirmam ter valores e costumes completamente
diferentes de seus alunos, apontam uma diferença cultural profunda entre professores e
alunos.
Segundo os professores entrevistados, os próprios alunos inviabilizariam o bom
desempenho escolar. Os alunos seriam pouco motivados, não valorizariam a escola
como meio de melhorar de vida, apresentariam desinteresse pelos estudos, seriam
acomodados e não buscariam oportunidades profissionais. A responsabilidade pelo
fracasso escolar estaria relacionada à família dos alunos, a cultura e ao meio no qual
estão inseridos (a favela). O conhecimento das mazelas da escola pública impede que a
instituição escolar e os profissionais da educação sejam eximidos da responsabilidade
da não implementação de uma escola pública de qualidade. Porém, apesar das
deficiências das escolas públicas, a baixa taxa de mobilidade ascendente como
perspectiva para o futuro daquelas crianças e adolescentes não diz respeito
exclusivamente a escola. Para os entrevistados a realidade de vida daqueles alunos
inviabilizaria a transformação através da escola. As representações construídas sobre os
alunos da rede pública de ensino, suas famílias e o local onde moram são dominadas por
uma perspectiva negativa, que está fortemente presente na sociedade em geral. Essas
representações são usadas como justificativa para o desencontro entre a escola e a
realidade externa.

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O resultado da pesquisa relaciona-se com a afirmação de Durkheim de que a
educação é reflexo da sociedade e de seu tempo. Em uma sociedade com tantas
desigualdades sociais como a sociedade brasileira, seria inviável estabelecer uma
educação igualitária, que proporciona-se as mesmas oportunidades para todos os
cidadãos. Bourdieu critica a concepção de educação durkheimiana que enfatiza a função
de integração “moral” da escola relegando ao segundo plano, ou então, nem
considerando a “função de integração cultural” (ou lógica) da instituição escolar.
Segundo Bourdieu, Durkheim “encara a aprendizagem escolar como um dos
instrumentos mais eficazes da integração “moral” das sociedades diferenciadas, não se
dê conta de que a escola tende a assumir uma função de integração lógica de modo cada
vez mais completo e exclusivo à medida que seus conhecimentos progridem. Na
verdade, os indivíduos “programados”, quer dizer, dotados de um programa homogêneo
de percepção, de pensamento e de ação, constituem o produto mais especifico de um
sistema de ensino. ”4 (pag.206) Bourdieu afirma que “embora a escola seja apenas mais
um agente de socialização, a “personalidade intelectual” de uma sociedade – ou melhor,
das classes cultivadas desta sociedade - é constituído e reforçado pelo sistema de ensino,
profundamente marcado por uma história singular e capaz de modelar os espíritos dos
discentes e docentes tanto pelo conteúdo e pelo espírito da cultura que transmite como
pelos métodos segundo os quais efetua esta transmissão.”5(pag.227)
Existe uma conexão entre o êxito escolar dos alunos e a posição social de seus
pais, que fica evidente, no caso brasileiro, nas entrevistas com os professores de escolas
nas favelas. O problema é que este fato é naturalizado pela sociedade, não são propostas
soluções e é usado como justificativa para o fracasso escolar, contribuindo para a
manutenção da ordem social vigente. Bourdieu afirma que o sistema de ensino, dentro
da lógica da sociedade capitalista, teria esta função, a de reproduzir a estrutura das
relações de classe sob as aparências da neutralidade. A proposta do curso “Educação
para diversidade” é interessante já que visa debater o papel da educação na proteção e
promoção da diversidade cultural e qualificar educadores para lidarem com as
complexidades do nosso país, o que poderia auxiliar os educadores a desconstruir
preconceitos e estereótipos e aprenderem a lidar com a multiplicidade cultural, étnica,
religiosa, etc. Este trabalho de desconstrução dos preconceitos, na prática é um dos
grandes desafios que educação deve vencer.
4
BOURDIEU, Pierre. A Economia das Trocas Simbólicas. São Paulo, 2009. Ed.
Perspectiva.
5
Idem.

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