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NEUROLOGIA 
 
  
REFERÊNCIA: NEUROLOGIA QUE TODO MÉDICO DEVE SABER  
 
ROTEIRO:  
● Acidente vascular encefálico  
● Cefaleias  
● Demência 
● Infecções do SNC  
● Transtornos do movimento  
● Epilepsia  
● Polineuropatias periféricas  
● Doenças desmielinizantes 
● Casos clínicos enfermaria HC 
● Coma 
 
 
 
   
Izabela Aburachid e Poliana Xavier l Medicina 149 

ACIDENTE VASCULAR ENCEFÁLICO 


REVISÃO 
 

  VASCULARIZAÇÃO CEREBRAL 
  ● 2  sistemas:  anterior  (carotídeo)  e  posterior  (vertebrobasilar)  →  se 
  comunicam pelo polígono de Willis 
  ○ O  primeiro  começa  na  carótida interna, que, logo após penetrar no 
 
crânio,  faz  um  “S”  (sifão  carotídeo),  local  de  onde  se  origina  a 
 
  artéria  oftálmica  (artéria  da  retina)  para  depois  se  dividir  em 
  artéria  cerebral  média,  artéria cerebral anterior e artéria coroideia 
  anterior. 
  ○ O  sistema  vertebrobasilar  começa  na  artéria  vertebral  (originária 
  da  subclávia),  que  se  introduz  nos  forames  laterais  das  vértebras 
  cervicais, penetrando no forame magno para vascularizar o bulbo.  
 
■ Origina  a  importante  Artéria  Cerebelar  Inferoposterior 
 
  (PICA),  responsável  pela  nutrição  da  porção  dorsolateral 
  do bulbo (da síndrome de Wallemberg).  
  ■ Na  junção  pontobulbar,  une-se  à  vertebral  do lado oposto 
  para  formar  a  artéria  basilar  →  fornece  ramos  para  irrigar 
  a ponte e artérias cerebelares (anteroposterior e cerebelar 
  superior) 
 
■ Na  junção  ponto  mesencefálica,  a  basilar  se  bifurca, 
 
  originando  a  artéria  cerebral  posterior,  uma  de cada lado 
  →  emite  ramos  perfurantes  para  irrigar  o  mesencéfalo,  o 
  tálamo  e  os  pedúnculos  cerebelares  superiores.  Em 
  seguida  caminha  na  direção  do  lobo  occipital  para 
  irrigá-lo. 
   
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
  Sistema carotídeo: 
  ● Artéria cerebral anterior → entre o corpo caloso e o giro do cíngulo  
  ○ Formato arqueado 
  ○ Envia  ramos  para  a  porção  anterior,  medial  e  orbitária  do  lobo 
 
frontal  →  região  mais  importante  relacionada  ao comportamento 
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  adaptativo, regras sociais 


   
  ● Artéria  cerebral  média  →  situada  entre  o  lobo  frontal  e  o  lobo  temporal, 
 
na profundidade do sulco lateral (fissura silviana) 
 
  ○ Território superficial: 
  ■ Emite  ramos  para  o  dorsolateral  do  córtex  frontal  e 
  superfície  lateral  do  córtex  temporal  →  principal  artéria 
  que irriga a área dorso-lateral do cérebro 
  ● Lobo  frontal:  córtex  motor  piramidal,  pré-motor, 
  área do olhar conjugado, área de Broca 
 
● Lobo  parietal:  área  somatossensorial  primária  e 
 
  associativa,  área  associativa  geral  dos  giros 
  supramarginal e angular 
  ● Área  superior  do  lobo  temporal:  área  de 
As artérias  Wernicke 
lentículo-estriadas são os  ■ Infartos  na  topografia  da  cerebral  média são hemisféricos 
ramos acometidos pelos  (acometem área grande) 
infartos lacunares. 
 
Lesões puramente 
profundas da c. média não  ○ Território  profundo:  artérias  lentículo-estriadas  →  artérias 
geram sintomas corticais  perfurantes  que  irrigam  o  tálamo,  gânglios  da  base  e  cápsula 
(alterações de  interna 
comportamento, memória,  ■ Contribui  de  maneira  importante  para  a  irrigação  dos 
afasia). Geralmente causam  núcleos da base → vias do movimento 
déficits sensitivo-motores.    
Sistema  posterior  →  as  artérias  basilares  (originadas  das  vertebrais)  emitem 
dois ramos terminais, que são as artérias cerebrais posteriores 
● Artéria  cerebral  posterior  →  contorna  a  parte  posterior  do  corpo  caloso, 
indo em direção a região occipital 
○ Irriga a borda inferior do lobo temporal e o lobo occipital 
 

  FUNÇÕES CORTICAIS 
 

 
 
● O  córtex  cerebral  caracteriza-se  pela  presença  de  sulcos  e  fissuras  que o 
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dividem nos lobos frontal, temporal, parietal, occipital, insular e límbico 


○ O sulco central limita o lobo frontal do parietal;  
○ A  fissura  de  Sylvius  separa  o  lobo  temporal  dos  lobos  frontal  e 
parietal;  
○ O  sulco  parieto-occipital  (e  sua  continuação  virtual)  limita  esses 
dois lobos. 
○ O  lobo  insular,  ou ínsula, não pode ser visto na superfície por estar 
coberto por partes dos lobos frontal, temporal e parietal.  
○ O  lobo  límbico  acha-se  principalmente  na  superfície  medial  do 
hemisfério,  formando  uma  espécie  de  anel  ao  redor  do  corpo 
caloso 
 
● No  córtex  distinguem-se  as  áreas  motoras  e  sensoriais  e  as  áreas  de 
associação 
○ As  áreas  primárias  caracterizam-se  por  distribuição  particular dos 
neurônios  em  suas  camadas  e  pela  relação  praticamente  direta 
que mantém com o meio externo.  
■ São  representadas  pelo  córtex  motor,  sensorial,  somático, 
visual e auditivo 
○ As  áreas  de  associação  constituem  a  maior parte do córtex do ser 
humano e podem ser divididas em unimodais e multimodais. 
■ As  áreas  de  associação  unimodais  são  assim 
denominadas  porque  recebem,  quase  exclusivamente, 
informações  de  uma  única  modalidade  sensorial  →  são 
responsáveis  pelo  processamento  mais  elaborado  das 
informações 
● Localizam-se  ao  lado  das  áreas  primárias  e  são 
representadas  pelas  áreas  de  associação  visual, 
auditiva, tátil e motora.  
■ As  áreas  de  associação  multimodais  recebem  aferências 
de  duas  ou  mais  áreas  unimodais  e  estão  envolvidas  na 
integração sensorial.  
● São  representadas  pelo  córtex  pré-frontal,  pelo 
córtex  da  encruzilhada  parieto-têmporo-occipital 
e pelo córtex límbico de associação 
 

AVE - INTRODUÇÃO 
 

   
  DEFINIÇÃO:  acidente  vascular  encefálico  é  um  déficit  neurológico,  de  origem 
  vascular,  com  instalação  abrupta  que  permanece  por  mais  de  24  horas  (déficit 
 
neurológico focal persistente) 
 
  ● Acidente = instalação abrupta de um processo 
  ● Encefálico = cerebro (telencéfalo + diencéfalo), cerebelo, tronco encefálico 
   
  EPIDEMIOLOGIA 
  ● Maior causa de morte no Brasil 
  ● 16% dos pacientes morrem em até 30 dias 
 
 
 
- No AVE isquêmico, o  PROPEDÊUTICA BÁSICA 
infarto só tem expressão  ● Lipidograma  
radiológica na TC após  ● Coagulograma 
24-72h, como uma área  ● Ecocardiograma 
hipodensa (“cinza”),  ○ Transtorácico → todos 
acompanhada de edema. A  ○ Transesofágico  →  pacientes  selecionados  com  suspeita  de  lesões 
TC inicial serve, portanto, 
valvares 
para afastar AVE 
hemorrágico, pois a  ● Duplex scan dos sistemas carotídeos e vertebrais 
hemorragia aparece de  ● Neuroimagem:  
imediato, como uma área  ○ TC de crânio → método de escolha para AVE hemorrágico 
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hiperdensa (“branca”).  ○ RM  de  encéfalo  →  tem  maior  acurácia  do  que  TC  no  diagnóstico 
Geralmente as lesões tem  de AVE isquêmico (sequência T2) 
formato em cunha.    

  ETIOPATOGÊNESE 
  Isquêmico → 80% 
Tríade de Virchow:   ● Trombótico  ou  aterotrombótico  (80%)  →  processo  crônico  e  contínuo 
Estase sanguínea + lesão  caracterizado  por  resposta  inflamatória  e  fibroproliferativa  na  parede 
vascular + 
arterial, mediado por lesões na superfície arterial 
hipercoagulabilidade 
  ○ Lesão da placa 
  ○ Plaquetas circulantes → agregação 
  ○ Coagulação 
  ● Embólico ou cardioembólico (20%) 
   
  Hemorrágico → 20% 
 
● Intraparenquimatoso 
 
  ● Hemorragia subaracnóidea 
   
É importante diferenciar  Ataque  isquêmico transitório (AIT): Episódio transitório de disfunção neurológica 
AIT de AVE na  causada por isquemia focal encefálica, medular ou retiniana, sem infarto  
determinação da conduta  ● Critério  temporal:  antigamente  era  definido  como  episódio  súbito  e 
→ trombolisar ou não  passageiro  de  sintomas  focais  neurológicos  ou  retinianos,  de  origem 
 
vascular,  com  recuperação  completa  e  duração  inferior  a 24h → definição 
AIT geralmente é causado 
por pequenas embolias  arbitrária  
artério- arteriais a partir  ○ A  maior  parte  dos  AITS  dura  menos  de  1h,  com  média  de  10  a 
das carótidas ou vertebrais,  20  minutos  →  usualmente,  além  desse  prazo  pode-se  considerar 
trombolisados pelo próprio  como AVE 
organismo.  ■ Se  durante  a  propedêutica  (acesso  venoso,  exames  de 
- A amaurose fugaz é um  imagem)  houver  sinais  de  melhora,  provavelmente 
subtipo de AIT no qual 
trata-se  de  AIT  e  nesse  caso  está  contraindicado  o 
pequenos êmbolos se 
alojam transitoriamente na  tratamento trombolítico. 
origem da artéria oftálmica.  ○ Ocorre  alteração  de  imagem  com  sinais  de  isquemia  em  ⅓  dos 
pacientes definidos como AIT 
■ Deve-se  manter  observação  por  no  mínimo  24h, mesmo 
que  os  sinais  clínicos  estejam  apresentando  melhora, 
devido  ao  risco  de  AVE  (8%,  11,5%  e  17,3%  em  7,  30  e 
90 dias, respectivamente) 
■ Realizar propedêutica neurológica 
○ 15  a  30%  dos  pacientes  com  AVCi  apresentam  HP  de  sintomas 
característicos de AIT → sinal de alerta para o risco de AVE! 
 

AVE ISQUÊMICO 
 

  ATEROTROMBÓTICO 
 
FATORES DE RISCO: 
 
HAS é o principal fator de 
● Não modificáveis: 
risco para AVE isquêmico e  ○ Idade avançada (>60 anos) 
hemorrágico! → causa  ○ Genética → história familiar de doença cerebrovascular 
aterosclerose das carótidas  ○ Etnia 
(predispondo a eventos  ○ Sexo masculino 
arterioembólicos) e   
lipo-hialinose cerebral  ● Modificáveis: 
(infartos lacunares) 
  ○ HAS 
Fibrilação atrial é o  ○ DM 
segundo fator mais  ○ Doenças cardíacas 
importante (AVE embólico)  ○ Dislipidemia 
  ○ Tabagismo 
  ○ Etilismo 
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ACOs adquirem papel  ○ Drogas ilícitas → cocaína 


importante quando  ○ Obesidade e sedentarismo 
associados a outros fatores  ○ Anticoncepcional oral  
de risco: tabagismo e 
○ Apneia  obstrutiva  do  sono  →  aumento  da  pressão  intratorácica 
história de enxaqueca! 
(especialmente em  reduz  o  retorno  venoso  e,  desse  modo,  aumenta  a  pressão 
pacientes > 35 anos)  intracraniana, com redução da perfusão cerebral 
   
  EMBÓLICO 
  ● Maior taxa de recidiva do que no AVE aterotrombótico 
 
 
● Manifestações  clínicas  semelhantes  ao  AVE  trombótico,  mas  a  instalação 
  pode ser mais rápida 
   
  ● Fontes do êmbolo:  
  ○ Cardíaca (cardioembólico) 
  ■ Arritmias → fibrilação atrial 
  ■ Valvulopatias (15% dos casos em idosos) 
 
  ■ IAM de parede anterior (trombo no VE) 
  ■ Cardiomiopatias  dilatadas  (trombo  nas  câmaras 
  esquerdas do coração) 
   
  ○ Artério-arterial  (arterioembólico)  →  a  fonte  do  êmbolo  é, 
  geralmente,  uma  placa aterosclerótica instável na carótida comum, 
O AVEi arterio embólico é 
bifurcação carotídea ou artéria vertebral  
típico dos pacientes 
hipertensos  
 
 

  SÍNDROMES ISQUÊMICAS - Diagnóstico Topográfico 


  SÍNDROME DA ARTÉRIA CEREBRAL ANTERIOR 
  ● Hemiparesia/plegia  contralateral  de  membro  inferior  (predomínio),  com 
  perda sensorial associada (hemi/hipoanestesia) 
 
● Apraxia contralateral 
Apraxia tem origem do 
grego = “impossibilidade de  ● Apatia  significativa  (síndrome  amotivacional)  →  uma  pessoa 
fazer” (incapacidade de  previamente  ativa  e  dinâmica  passa  a  ficar  dias  inteiros  sem  fazer  nada, 
realizar um movimento ou  sem que isso represente um incômodo para ela (abulia) 
tarefa, apesar de ter o  ● Pode  ocorrer  afasia  (se  o  hemisfério  comprometido  for  o  dominante)  → 
desejo e capacidade física  região mais lateral 
para realizá-lo)   
 
 
 
   
A artéria cerebral média é a  SÍNDROME  DA  ARTÉRIA  CEREBRAL  MÉDIA  →  mais  sintomas  quanto  mais 
mais acometida por AVE  proximal o ponto da lesão. Sintomatologia mais variada. 
isquêmico. Dentre seus  ● Déficit  sensitivo-motor  muito  pronunciado  →  hemi-hipo/anestesia 
ramos, o superior é o mais  contralateral 
frequentemente acometido  ● Hemiparesia/plegia contralateral de membro superior 
 
● Afasia  
Áreas do córtex ligadas a 
fala:   ○ Motora (Broca) 
- Área de Broca contém os  ○ Global  →  infarto  grande  no  hemisfério  esquerdo  (Broca  + 
programas motores da fala  Wernicke) 
(expressão da linguagem)  ● Hemianopsia homônima contralateral 
- Área de Wernicke está  ● Desorientação espacial  
relacionada à compreensão  ● Heminegligência 
da linguagem 
 
 
  Neuroimagem:  
  ● TC  de  crânio:  mais  difícil  de  visualizar  AVCi,  mas  bom  para  identificar 
  sangramentos  
  ○ Sinais  indiretos:  apagamento  dos  sulcos  e  giros,  abaulamento  de 
  ventrículo, menor diferenciação entre subst cinzenta e branca 
  ○ Sinal  da  corda:  o  segmento  trombosado  da  a.  Cerebral  média  é 
 
visto como uma linha esbranquiçada. Sinal fortemente maligno. 
 
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  ● RM  de  encéfalo:  lesões  “em  V”,  já  que  acompanha  a  região  de  irrigação 
Pode-se utilizar a janela  arterial  que  é  obstruída  em  um  ponto  inicial  e  gera  isquemia  em  regiões 
para AVE isquêmico na RM!  progressivamente maiores 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
   
  O infarto é grande, e seu edema pode causar desvio de linha média com hipertensão 
  intracraniana, podendo evoluir com rebaixamento da consciência e até herniação cerebral. 
O AVE trombótico mais   
comum é o AVE lacunar  ➢ Infartos lacunares → hemiparesia/plegia contralateral   
  ● Definido  por  infarto  de  tamanho  inferior  a  2cm,  ocorrido  em 
  pequenos  vasos  (artérias  perfurantes  cerebrais)  →  Como  esses 
  vasos  irrigam  regiões  profundas  (e  não  o  córtex),  causam 
 
sintomas  primariamente  motores  e  sensitivos  puros,  e  não 
 
  cognitivos. 
  ● Causado  principalmente  por  HAS  →  lesão  obstrutiva  do  tipo 
  lipo-hialinose  (espessamento  hialino  da  camada  média)  sobre  as 
  artérias  lenticuloestriadas  (que  são  os  ramos  perfurantes  da 
  cerebral média) 
   
 
 
 
   
Uma oclusão unilateral no  SÍNDROME DA ARTÉRIA CEREBRAL POSTERIOR 
segmento distal, acomete o  ● Sintomas cognitivos predominam sobre os motores 
lobo occipital, causando  ● Hemianopsia homônima contralateral ou quadrianopsia 
hemianopsia homônima  ● Pode  haver  (raros  de  forma  isolada):  alexia,  agrafia,  agnosia  visual, 
contralateral e, se acometer  distúrbio de memória 
o hemisfério dominante 
 
(esquerdo), agnosia visual. 
  ARTÉRIA BASILAR → quadros muito graves 
Oclusões proximais podem  ● Alterações motoras uni ou bilaterais 
acometer mesencéfalo e  ● Acometimento  de  nervos  cranianos  alternados à hemiparesia (síndrome 
tálamo  alterna) → típica de circulação posterior 
  ○ Exemplo:  Síndrome  de Weber → hemiplegia alterna superior, com 
Agnosia = não reconhecer  comprometimento  ipsilateral  do  oculomotor  (oftalmoparesia  ou 
 
plegia) e hemiparesia contralateral de membros 
 
  ● Alterações pupilares e diplopia 
  ● Vertigem 
  ● Disfagia 
   
   
   
 
Em resumo:  
 
  Cerebral anterior  - Hemiparesia e hipoestesia com predomínio de 
  membros inferiores (porção medial do córtex pré- 
  central) 
 
- Síndrome amotivacional (córtex pré-frontal) 
 
 
  Cerebral média  - Hemiparesia e hipoestesia com predomínio de 
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  “Infartos hemisféricos”  membros superiores (porção lateral do córtex 
  pré-central) 
  - Afasia motora ou global (áreas de Broca e Wernicke) 
  - Hemianopsia homônima contralateral 
 
  Infartos lacunares  - Sintomas motores e sensitivos puros (pouco ou 
  Ramos perfurantes da  nenhum envolvimento cognitivo) 
  cerebral média 
 
  Cerebral posterior  - Hemianopsia homônima contralateral + alterações 
 
pupilares 
 
  - Predomínio de sintomas cognitivos (hipotálamo) 
  - Síndromes alternas (sistema vertebrobasilar → 
  troncoencefálico) 
 
   
   
 
 
 
 
 
 

 
 

  TRATAMENTO NA FASE AGUDA 


A fase aguda do AVE  MEDIDAS DE SUPORTE → alteram a história natural 
isquêmico restringe-se aos  ● Posição  no  leito  →  O  paciente  deve  permanecer  deitado,  com  a cabeceira 
primeiros três dias do  entre 0 e 15º nas primeiras 24 horas. 
evento, quando a 
 
terapêutica pode impedir a 
transformação da  ● Monitorar  a  temperatura  axilar e corrigir hipertermia (Ta deve ser mantida 
penumbra isquêmica em  < 37,8) 
infarto cerebral.   
  ● Corrigir glicemia (60-140) 
A hipertermia lesa  ○ A  hipoglicemia  (glicose  <  60  mg/dl)  deve  ser  prontamente 
neurônios  corrigida,  pois  por  si  só  causa  lesão  cerebral. O objetivo é deixar o 
 
paciente normoglicêmico o mais rápido possível 
Evitar hiper-hidratação e 
uso de soro glicosado, a fim  ○ A  hiperglicemia  deve  ser  tratada  com  insulina  em  pacientes 
de prevenir hiperglicemia e  hiperglicêmicos  (>  180  mg/dl),  sendo  mantida  entre  140-180 
hiponatremia. Uma  mg/dl. 
hidratação razoável seria   
1.000-1.500 ml/ dia de  ● Manter  níveis  pressóricos  adequados  →  A  hipotensão  arterial  deve  ser 
Ringer lactato com KCl  tratada  agressivamente  com  soro  fisiológico  0,9%;  caso  contrário,  haverá 
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  extensão do infarto cerebral 


A penumbra isquêmica é  ○ Se  tto  conservador  →  só  tratar  a  PA  se  estiver  acima  de 
nutrida por colaterais que  220:120 mmHg (a não ser que seja uma emergência hipertensiva) 
dependem diretamente da 
■ A  droga  de  escolha  é  o  nitroprussiato  de  sódio  (0,5 
pressão arterial para 
manter seu fluxo!!! Se a PA  mcg/kg/  min)  quando  a  PA  diastólica  for  > 140 mmHg e o 
do paciente for reduzida  labetalol venoso no restante dos casos. 
rapidamente para 140:90   
mmHg, uma parte da  ○ Se for realizada trombólise → manter a PA < 185:110 
penumbra será convertida  ■ O  trombolítico  só  pode  ser prescrito para pacientes com 
em infarto (maior sequela  PA  ≤  185  x  110  mmHg  (risco  de  transformação 
neurológica) 
hemorrágica em níveis pressóricos mais elevados) 
 
   
  ● NIHSS  →  Escala  mais  usada  para  avaliação  de  gravidade  e  para 
  acompanhamento da evolução clínica do AVE  
  ○ Varia de 0-42 pts. 
  ○ Relacionada  com  gravidade,  definição  de  tratamento  e 
  prognóstico.  
 
○ Deve  ser  aplicada  na admissão, a cada hora nas primeiras 6hrs e a 
 
  cada 6hrs das 18hrs seguintes 
  ○ Para  ser  indicada  trombólise,  o  paciente  deve pontuar pelo menos 
  4 pontos 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Izabela Aburachid e Poliana Xavier l Medicina 149 

 
 
 
 
 
 
 
 
 
O tto trombolítico reduz as 
sequelas do AVE (mas não 
a mortalidade) quando 
aplicado dentro das 
primeiras três horas do 
início dos sintomas, 
respeitando-se uma série 
de critérios rígidos. 
 
Janela de 4h e meia, a 
partir do início dos 
sintomas, para instituir o 
tratamento trombolítico → 
É fundamental estabelecer 
a cronologia 
 
O rTPA NÃO pode ser 
administrado junto de 
AAS ou heparina    
 
 
 
 
SABER BEM AS 
CONTRAINDICAÇÕES 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
   
   
 
 
 
   
   
  TRATAMENTO ESPECÍFICO 
  ● Tratamento  trombolítico  →  ativador  do  plasminogênio  tecidual 
  recombinante (rt-PA), em até 4h30min do evento 
  ● Indicações → muito criteriosas! 
 
○ AVE  isquêmico  →  confirmado  por  TC  ou  RM,  excluindo 
 
Se o paciente não receber  hemorragias 
tratamento trombolítico, já  ○ Início  dos  sintomas  <  4,5h  →  contado  a  partir da última 
se inicia alguma dessas  hora que o paciente foi visto bem 
opções  ■ Por  exemplo,  se  o  pct  foi  dormir  às  22h  bem  e 
  acordou  às  6h  com  sintomas,  já  passou  da  janela 
terapêutica  
○ NIHSS  >  4  (exceto  em  caso  de  afasia,  por  ser  muito 
incapacitante) 
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○ Sintomas neurológicos persistentes 


○ Ausência de contraindicações 
■ Trombólise mal indicada tem alto risco de óbito! 
○ Disponibilidade  de  suporte  hospitalar  avançado  (CTI, 
neurocirurgia)  →  O  paciente  deve  ser  monitorizado  em 
unidade de terapia intensiva por 24 horas 
 
● Contraindicações absolutas:  
■ Ictus > 4,5h ou desconhecido 
■ Hemorragia  intracraniana  (independente  do  tempo  - 
história prévia de) 
■ TCE, AVEi ou IAM nos últimos 3 meses  
■ Dose terapêutica de heparina nas últimas 24h (RNI > 1,7) 
■ Sangramento  ativo  (exceto  menstruação)  →  Facilmente 
visualizado na TC 
■ Sangramento de TGI ou TGU (nos últimos 21 dias) 
■ Plaquetas < 100.000 
■ PA >185/110 mmHg, apesar de tratamento 
 
●Heparina profilática: 
○ Heparina  deve  ser  prescrita  na dose profilática, para prevenção de 
TVP/TEP.  Pode-se  optar  pela  heparina  não  fracionada  ou  pela  de 
baixo peso molecular.  
○ A  heparinização  plena,  a  princípio,  não  está  indicada!  → 
transformação hemorrágica ocorre em até 10% desses casos 
■ Só  pode  ser  iniciada  após  o  terceiro  dia,  nos  infartos 
cerebrais  pequenos,  e  após  o  sétimo  dia,  nos  infartos 
maiores. 
 
 
TRATAMENTO A LONGO PRAZO:  
● Se AVE embólico → anticoagulantes (varfarina) 
 
● Se AVE trombótico: 
○ Antiagregantes  plaquetários  (AAS)  →  Iniciar  aspirina  (325  mg) 
dentro das primeiras 48 horas do início do AVEi 
○ Estabilizador de placa (estatina) 
 

AVE HEMORRÁGICO 
 
 

A hemorragia lobar  HEMORRAGIA INTRAPARENQUIMATOSA → mais comum  


(substância branca  ● O  tipo  mais  comum  é  o  AVE hemorrágico hipertensivo, causado por lesão 
subcortical em lobo frontal,  crônica  de  pequenas  artérias  perfurantes  (as  mesmas  do  AVE  lacunar), 
parietal, temporal ou 
promovendo  fragilidade  da  parede  vascular  e  formação  de  pequenos 
occipital) geralmente ocorre 
em idosos > 70 anos,  aneurismas  (aneurismas  de  Charcot-Bouchard).  O  rompimento  desses 
sendo uma importante  aneurismas  (em  geral  durante  um  pico  hipertensivo)  provoca  o  AVE 
causa de AVE hemorrágico  hemorrágico intraparenquimatoso hipertensivo. 
nesta faixa etária. A causa   
é a angiopatia amiloide  ● Topografias de predileção 
(rotura de pequenos vasos  ○ Regiões profundas; tálamo, cápsula interna, lobar 
subcorticais, cuja parede 
○ Em tronco (graves) 
encontra-se infiltrada por 
depósitos amiloides) → Os   
pacientes com doença de   
Alzheimer são mais  HEMORRAGIA SUBARACNÓIDEA 
propensos.  ● Primária 
  ○ Aneurisma  sacular  congênito  (principalmente  comunicantes 
Rotura do aneurisma de  anterior e posterior) 
comunicante posterior, 
■ Faixa  etária  entre  35-55  anos  é  a  mais  acometida  pela 
quando o jato hemorrágico 
comprime diretamente o III  rotura espontânea  
Izabela Aburachid e Poliana Xavier l Medicina 149 

par craniano (oculomotor):  ○ Malformações arteriovenosas 


o paciente chega com  ○ Distúrbios de coagulação  
anisocoria (midríase no lado   
da lesão), diplopia e 
● Secundária → trauma  
estrabismo divergente. 
 

  MANIFESTAÇÕES 
  ETIOPATOGENIA: 
  ● O  acúmulo  de  sangue  no  parênquima  cerebral  eleva  agudamente  a 
  pressão  intracraniana,  já  que  o  sangue  desencadeia  edema  vasogênico 
 
em volta do hematoma.  
 
  ○ A  Hipertensão  Intracraniana  (HIC)  será  maior  quanto  mais 
  volumoso  for  o  hematoma  e  pode  ser  maior  ainda  se  houver 
  sangramento  para  o  interior  dos  ventrículos  cerebrais 
  (hemoventrículo),  pela  presença  de  sangue  no  espaço 
  subaracnóide (edema cerebral difuso) ou pela hidrocefalia aguda.  
  ○ O  hematoma  pode  aumentar  de  tamanho  nas  próximas  12-36h, 
 
contribuindo  para  a  piora  neurológica  evolutiva  ao  longo  desse 
 
  período. 
   
  MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS: 
Paciente com cefaleia,  ● Cefaleia intensa de início súbito (“pior dor que já senti vida”), vômito e crise 
vômitos ou crise  convulsiva são mais comuns do que no AVE isquêmico  
convulsiva + déficits  ○ Cefaleia e vômitos → aumento rápido da pressão intracraniana 
neurológicos → AVE 
○ Crise convulsiva → irritação do tecido cerebral pelo sangue 
hemorrágico 
  ○ Redução  do  nível  de  consciência  e  coma  → uma lesão expansiva 
cerebral,  ao  comprimir  ou  deslocar  o  tálamo  e/ou  o  mesencéfalo, 
produz  rebaixamento  da  consciência  porque  nestas  duas 
estruturas  se  encontram  os  neurônios  do  sistema  reticular 
ascendente, responsáveis pela manutenção do estado de vigília. 
○ Pode ocorrer irritação meníngea 
● Os  déficits  neurológicos  são  semelhantes  ao  AVE  isquêmico  (mas  estes 
geralmente não cursam com dor) 
● Pode ser precipitada por atividade física 
● Cefaleia sentinela: dor semanas/dias antes do episódio 
 

  PROPEDÊUTICA E TRATAMENTO 
  DIAGNÓSTICO 
  ● Clínica 
  ● Neuroimagem  
TC é o exame preferido no 
○ TC de crânio não contrastada 
pronto atendimento, pois é 
fácil de visualizar o  ○ RM 
sangramento. É  ○ Angioressonância 
ESSENCIAL para  ● Punção lombar → caso duvida na imagem 
descartar AVE  ● Arteriografia  → em último caso (apesar de ser o padrão outro, é um exame 
hemorrágico.   invasivo) 
Sinais de isquemia só serão   
visíveis após 6h do evento. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Izabela Aburachid e Poliana Xavier l Medicina 149 

 
 
 
 
 
 
 
 
Os objetivos primários são: 
- PIC < 20 cmH2O; 
- Gradiente PAM-PIC > 
60-70 mmHg (manter bom 
fluxo cerebral). 

 
 
TRATAMENTO → basicamente de suporte  
● Geralmente conservador, a não ser que sangramento seja muito extenso 
● Suporte intensivo neurológico 
● Controle de sintomas 
● Cirurgia:  
○ Clipagem ou endovascular → tratamento de aneurismas rotos 
○ Pode  ser  necessária  a  drenagem  do  hematoma  em  sítio  cerebelar 
ou hematomas lobares ou putaminais extensos 
 

 
   
Izabela Aburachid e Poliana Xavier l Medicina 149 

CEFALÉIA 
INTRODUÇÃO 
 

  DEFINIÇÃO: todo processo doloroso no segmento cefálico 


O uso de analgésicos por >  ● Grupo amplo e heterogêneo de doenças 
2x/semana pode aumentar  ● Pode se originar de qualquer uma das estruturas faciais ou cranianas 
o risco de cronificação do 
○ São  sensíveis  à  dor:  todas  as  estruturas  faciais,  superficiais  e 
sintoma e de enxaqueca 
  profundas,  o  couro  cabeludo,  o  periósteo  craniano,  os  vasos 
  sanguíneos extracranianos,  as  artérias  do  círculo de Willis  e  as 
  porções  proximais  extracerebrais  de  seus  ramos,  os  grandes 
  seios  venosos  intracranianos  e  suas  veias  tributárias,  a  parte 
  basal da dura-máter, os nervos sensitivos.  
  ○ Não  são  sensíveis  à  dor:  os  ossos  da  calota  craniana,  as 
 
leptomeninges  e  a  maior  parte  da  dura  máter,  o  parênquima 
 
  encefálico e todos os vasos no seu interior. 
  MECANISMO: 
  ● Deslocamento,  tração,  inflamação  ou  distensão das estruturas sensíveis a 
  dor 
  ● Vasodilatação 
   
 
CEFALEIA  PRIMÁRIA  →  a  própria  dor  de  cabeça  é  o  transtorno  principal  da 
Nas cefaleias, há 
preocupação em identificar  doença 
se há uma causa de base  ● Não há causa estrutural bem definida  
(se é secundária)  ● Tipos: 
  ○ Tensional (69%) 
  ○ Enxaqueca ou migrânea (cerca de 15%) 
  ○ Cefaleia em salva (0,5-0,8%) 
 
○ Benigna do esforço e tosse (2%) 
 
  ○ Sexual (1%) 
   
  CEFALEIA SECUNDÁRIA → secundária a uma outra doença 
  ● Uma doença de base que se manifesta com cefaleia  
  ○ Infecção sistêmica (63%) 
  ○ Trauma craniano (4%) 
 
○ Induzida por drogas 
 
SABER OS SINAIS DE  ○ Distúrbios vasculares 
ALERTA sugestivos de  ○ Distúrbios de metabolismo  
cefaléia secundária   
  ● SINAIS DE ALERTA → indicação de investigação de cefaleia secundária 
Atenção para cefaleia de  ○ Alterações  ao  exame  neurológico  →  se  houver,  é  necessário 
início recente em paciente  estender a propedêutica (exames de imagem) 
com neoplasia ou HIV 
■ Paresias 
■ Papiledema 
■ Alterações de campo visual  
■ Outro déficit focal 
○ Cefaleia com sintomas que não preenchem a aura típica 
○ Cefaleia de início após os 50 anos 
○ Cefaleia crônica, mas com mudança recente no padrão de dor 
○ Cefaleia  com  características  progressivas  (intensidade, 
frequência, duração) ou refratária 
○ Mudanças de personalidade ou comportamento 
○ Declínio de função cognitiva  
○ Associação a crises convulsivas  
○ “Cefaleia mais intensa da vida” (hemorragia subaracnóidea) 
 
Izabela Aburachid e Poliana Xavier l Medicina 149 

 
INVESTIGAÇÃO CLÍNICA 
A palavra enxaqueca deriva  ● Características da dor 
do árabe, significando  ○ Localização 
hemisfério  ■ Enxaqueca: hemicraniana 
 
○ Frequência 
 
  ■ Momento  do  dia  que  dói  mais  →  hipertensão 
  intracraniana,  como  no  caso  de  um  tumor,  está  mais 
  associada a dor matinal (decúbito eleva a PIC por redução 
  do retorno venoso). Já a a tensional piora ao fim do dia. 
  ○ Intensidade 
  ■ Aguda: pensar em causas secundárias 
 
■ Aguda  recorrente:  pensar  em  causas  primárias 
 
  (enxaqueca maior exemplo) 
  ■ Crônica progressiva: pensar em lesões expansivas 
  ■ Crônica não progressiva: maioria tensional 
  ○ Qualidade 
   
  ● Sintomas associados 
 
○ Sinais neurológicos focais e cognitivo-comportamentais 
 
  ○ Alteração do nível de consciência 
O paciente pode  ○ Cefaleia associada a crise convulsiva 
desenvolver características  ○ Vômitos em jato e sem náuseas → hipertensão intracraniana   
compulsivas devido à   
necessidade de controlar  ● Fatores precipitantes, agravantes, atenuantes 
sua rotina para evitar a dor  ○ Prejuízo do sono 
○ Associação alimentar 
○ Problemas sociais 
○ Modificações de sono-vigília 
○ Exposição a odores fortes, luzes, sons 
○ Álcool e cafeína 
○ Viagens de avião 
○ Jejum prolongado 
○ Medicamentos 
 
● Antecedentes pessoais 
○ Costuma ter cefaleia sempre? 
○ Houve mudança no padrão da dor? 
○ Cefaléia  iniciada  tardiamente  na  vida  está  associada  mais 
frequentemente a causa secundária → exame de imagem  
○ Idade 
■ Enxaqueca  é  raro  em  crianças  abaixo  dos  12  anos  e 
adultos acima de 50 anos 
 
● Quadro álgico similar nos familiares 
 
● Relacionamentos familiar, escolar e social → ambiente psicossocial 
● Exame físico 
○ Sinais vitais 
○ Ausculta cardíaca 
○ Palpação de estruturas extra-cranianas 
○ Otoscópio  
○ Cavidade oral 
○ Pele 
○ Linfonodos 
○ Evidências de trauma craniano ou rinorreia 
○ Exame neurológico  
■ Nível de consciência 
■ Sinais focais 
■ Rigidez de nuca 
■ Sopros sobre o crânio, orbitas e pescoço 
Izabela Aburachid e Poliana Xavier l Medicina 149 

■ Pares cranianos 
 

ENXAQUECA 
 

  EPIDEMIOLOGIA: 
  ● Mais frequente em mulheres (2:3) 
  ● Mais  frequentemente  se  inicia  antes  dos  20  anos  (25%  dos  casos  antes 
 
dos 10 anos) 
 
  ● Pode desaparecer no climatério 
  ● História familiar em ⅔ dos casos 
   
A fisiopatologia está  FISIOPATOLOGIA 
relacionada a ondas de  Existem teorias com proposta de vários mecanismos fisiológicos para a crise. 
despolarização cortical   
(onda alastrante de Leão) 
Fatores precipitantes: 
 
  ● jejum ou falta de uma das refeições 
  ● Redução ou excesso de horas dormindo 
  ● Fadiga, odores 
Num paciente jovem com  ● Distúrbios emocionais 
déficit focal, é importante  ● Alterações de níveis hormonais 
investigar HP de  ● Mudanças alimentares 
enxaqueca (diagnóstico 
 
diferencial com AVE). Em 
idosos, é incomum a crise  4 FASES:  
de enxaqueca.  ● Pródromo → sinais premonitórios (24-48h antes da crise) 
  ○ Alterações de humor  
  ○ Insônia  
  ○ Lentificação cognitiva (dificuldade de memória) 
  ○ Distúrbios gastrointestinais (anorexia, bulimia) 
 
 
 
  ● Aura → sinais de disfunção neurológica  
  ○ Duração de 5-60 minutos (em geral 1 a 20 minutos) 
  ○ Pode preceder (minutos a horas) ou acompanhar a fase álgica 
  ○ Tipos:  
  ■ Visuais:  folfenos  (pontos  de  luminosidade,  cintilações), 
  escotomas  (pontos  cegos),  teicopsias  (espectros  de 
 
fortificação),  micropsias  e  macropsias  (distorções  no 
 
  tamanho dos objetos), diplopia, perda de nitidez 
  ● Positivas: cintilações 
Em crianças e  ● Negativas: escotomas 
adolescentes, a  ■ Distúrbios de fala e linguagem → afasia, disartria 
apresentação bilateral é  ■ Distúrbios sensitivos → parestesias periorais e em mãos 
mais frequente do que em  ■ Distúrbios motores → paresias 
adultos 
 
 
  ● Fase álgica 
O paciente com cefaleia em  ○ Intensidade  moderada  a  forte  (necessariamente)  →  pode 
salvas, diferentemente,  acordar o paciente e incapacitá-lo para atividades diárias  
costuma ficar agitado   ○ Característica pulsátil, latejante 
  ○ Frontotemporal e geralmente unilateral (⅔ dos casos) 
  ■ Pode ser bilateral 
 
○ Duração: 4-72 horas (quando não tratada) 
 
  ○ Piora  com  esforço  físico e movimentos da cabeça → diferencia de 
  cefaleia tensional 
  ○ Fotofobia (80%) e fonofobia → busca quarto escuro, silencioso 
  ○ Sinais associados:  
  ■ Náuseas, vômitos  
  ■ Fotofobia (80%) e Fonofobia,  
 
■ Osmofobia 
 
OS CRITÉRIOS SÃO  ■ Sinais  vasomotores:  palidez,  sudorese,  congestão  nasal e 
MUITO COBRADOS EM  conjuntival 
Izabela Aburachid e Poliana Xavier l Medicina 149 

PROVA    
  ● Fase de recuperação 
Obs: Migrânea sem aura  ○ Astenia 
frequentemente tem 
○ Pode estar acompanhada de euforia 
associação com o período 
menstrual   
  CRITÉRIOS DIAGNÓSTICOS: 
CUIDADO!   Migrânea sem aura:  
Só náusea serve, só vômito  1. A → pelo menos 5 crises preenchendo os critérios de B a D 
serve. Foto e fonofobia  2. B  →  Crises  de  cefaleia  durando  de  4-72h  (quando  não  tratadas  ou 
devem estar associadas!  tratadas de forma ineficaz) 
 
3. C → cefaleia cumprindo pelo menos 2 das 4 características seguintes: 
 
  ○ Unilateral 
  ○ Pulsátil 
  ○ Intensidade moderada a grave 
  ○ Piora com atividade física 
A aura visual é a mais  4. D  →  durante  a  cefaleia,  presença  de  pelo  menos  1  característica 
comum, ocorrendo em até  associada: 
90% dos pacientes vítimas 
○ Foto E fonofobia - pode existir osbofobia (por cheiro) 
de migrânea com aura 
○ Náusea OU vômito 
 
Migrânea com aura típica:  
● A → pelo menos 2 crises preenchendo os critérios B e C 
● B → 1 ou mais dos seguintes sintomas de aura, totalmente reversíveis: 
○ Sintomas visuais: positivos ou negativos → homônimos  
○ Sintomas  sensoriais:  positivos  (parestesia,  hiperestesia)  ou 
negativos (hipoestesia) → unilaterais 
○ Disfasia, alterações da fala e linguagem 
○ Alterações motoras 
○ Alterações de tronco cerebral 
● C → pelo menos 2 das 4 características: 
○ Pelo  menos  1  dos  sintomas  de  aura  se desenvolve gradualmente 
por  mais  de  5  minutos,  e/ou  2  ou  mais  sintomas  ocorrem  em 
sucessão 
○ Cada aura individualmente dura de 5-60 minutos 
○ Pelo menos 2 dos sintomas de aura são unilaterais 
○ A  aura  é  acompanhada  de  cefaleia,  ou seguida da cefaleia dentro 
de 60 minutos 
● D  →  Os  sintomas  não  são  melhor  explicados  por  outro  diagnóstico,  e 
ataque isquêmico transitório foi excluído 
 
Migrânea crônica 
● Cefaleia em mais de 15 dias/mês por mais de 3 meses 
● Pelo menos 8 dias/ mês dores com características de migrânea 
● Características de migrânea pode não ocorrer 
● Fatores  de  risco:  abuso  de  analgésico  (em  geral  mais  de  2  usos  por 
semana); coexistência de outros sítios de dor 
 

 
TRATAMENTO  
  TRATAMENTO DAS CRISES: 
  ● Analgésicos  (ASS,  dipirona,  paracetamol)  →  crises  esparsas  de  início 
  recente 
 
 
 
  ● AINES  (naproxeno,  ibuprofeno,  cetoprofeno,  ácido  tolfenâmico,  acido 
  mefenamico,  diclofenaco)  →  crises  fortes,  enxaqueca  menstrual,  fase  de 
  suspensão de ergotamina, triptanos utilizados abusivamente 
  ○ Pode causar alterações de TGI 
   
O triptano deve ser  ● Triptanos (sumatriptano, naratriptano) → agonistas serotoninérgicos 
administrado apenas na 
○ Geram  vasoconstrição  craniana,  inibição  periférica  de  fibras 
Izabela Aburachid e Poliana Xavier l Medicina 149 

fase álgica, após a aura  nervosas aferentes trigeminais […] 


(por fazer vasoconstrição,  ○ Específico para enxaqueca 
pode agravar a aura)  ○ Devem ser dadas o mais rapidamente possível com início da dor 
 
 
 
O fato de existirem muitas  ● Outros vasoconstritores (ergotamina, agonista serotoninérgicos parciais) 
opções indica que  ○ Para pacientes que não respondem aos analgésicos comuns  
nenhuma delas é tão mais  ● Corticoides → quando ocorre status enxaquecoso  
efetiva.   
TRATAMENTO PROFILÁTICO:  
● Geralmente  é  indicado  quando  ocorrem  2  ou  mais  crises  fortes  por mês 
→ individualizar 
● Enxaquecas de início recente (crianças e jovens) 
● Opções:  
○ Betabloqueadores (propanolol) → comum o uso em jovens 
○ Bloqueadores de canais de cálcio (verapamil) 
○ Antiepilépticos (topiramato, ácido valproico, divalproato) 
■ Mais estudos —> 1a classe 
○ Antidepressivos tricíclicos (amitriptilina) 
○ ISRS (fluoxetina, paroxetina) 
 

CEFALEIA TENSIONAL 
 

  CARACTERÍSTICAS: 
  ● A  cefaleia  tensional  (CTT)  é  caracterizada  por  cefaleia  de  leve  a 
  moderada  intensidade,  que  pode  prejudicar,  porém  não  inibir  as 
 
atividades diárias do paciente.  
 
- Não é latejante  ● Dor em aperto, pressão, constritiva 
  ● Região: cervical, frontal bilateral, temporal, occipital, podendo irradiar para 
  pescoço e dorso 
  ● Periodicidade:  caracteristicamente  pior  no final do dia (período vespertino 
  ou noturno) 
  ● Recorrente ou contínua 
 
● Duração prolongada: > 30min a dias 
 
- Não piora com atividade  ● Fatores desencadeantes: 
física   ○ Forte  associação  com  fatores  psicossociais  (tensão  emocional, 
- Associação com o  situações que exigem contração muscular prolongada) 
trabalho  ○ Contração  muscular  prolongada  →  esforços  visuais,  dirigir 
  veículos, situações de estresse  
  ● Sinais e sintomas associados: 
 
○ Fotofobia ou fonofobia (somente uma das duas) 
 
  ○ Rigidez da musculatura cervical 
  ○ Sem  vômito  ou  náusea  exacerbada,  embora  possa  haver 
  desconforto 
   
  FORMAS CLÍNICAS:  
  ● Episódica 
 
○ Infrequente 
 
  ○ Frequente 
  ● Crônica → mais de 15 dias por mês por 3 meses 
   
International Headache  CRITÉRIOS DIAGNÓSTICOS: 
Society, 2013   
Cefaleia tipo Tensão Crônica (CTTC)  
A. Cefaleia  preenchendo  os  critérios  de  B  a  D,  em  um  número  de  dias   ≥15 
dias/mês (≥ 180 dias/ano) por pelo menos 3 meses 
B. Cefaleia durando horas a ser contínua 
C. A dor deve ter pelo menos 2 características: 
a. Bilateral 
b. Em pressão ou aperto (não pulsátil!) 
Izabela Aburachid e Poliana Xavier l Medicina 149 

c.
Intensidade  fraca  ou  moderada  →  pode  limitar,  porém  não 
impede as atividades diárias 
d. Não é agravada pela atividade física de rotina (ex: subir escadas) 
D. Presença dos 2 itens: 
a. Foto OU fonofobia, ou nenhuma das duas 
b. Ausência  de  náusea  severa  e  de  vômitos  →  pode  haver  um  leve 
desconforto 
 
 
Cefaleia tipo Tensão Episódica (CTTE)  
A. Pelo  menos  10  episódios  de  cefaleia  preenchendo  os  critérios  de  B  a  D, 
em um número de dias < 15 dias/mês (< 180 dias/ano) 
B. Cefaleia durando 30 min a 7 dias 
C. A dor deve ter pelo menos 2 características: 
a. Bilateral 
b. Em pressão ou aperto (não pulsátil!) 
c. Intensidade  fraca  ou  moderada  →  pode  limitar,  porém  não 
impede as atividades diárias 
d. Não é agravada pela atividade física de rotina (ex: subir escadas) 
D. Presença dos 2 itens: 
a. Foto OU fonofobia, ou nenhuma das duas 
b. Ausência  de  náusea  severa  e  de  vômitos  →  pode  haver  um  leve 
desconforto 
 

 
TRATAMENTO  
Os pacientes não  TRATAMENTO EPISÓDICO 
costumam ir ao médico por  ● Analgésico comum como sintomáticos eventuais 
isso  ● Retirada ou redução dos fatores desencadeantes 
 
 
TRATAMENTO CRÔNICO 
● Auxílio psicológico ou psiquiátrico → associação frequente 
● Antidepressivos tricíclicos ou ISRS 
● Técnicas de relaxamento e massagem 
 

CEFALEIA EM SALVAS - cluster 


 
 

  CARACTERÍSTICAS:  
  ● Jovens de 20-30 anos 
  ● Sexo masculino 
 
● Caracteristicamente intensa 
 
  ○ Excruciante, lancinante  
  ○ Em pontada e profunda 
  ○ O  paciente  fica  muito  inquieto  (diferentemente  da  enxaqueca  na 
  qual ele prefere ficar quieto) 
Não é incomum o  ■ Não fica parado 
auto-extermínio devido a  ■ Anda de lado pro outro 
intensidade da dor. 
■ Risco de suicídio  
● Periodicidade:  tipicamente  acorda  o  paciente a noite, nas primeiras horas 
de sono 
○ Ocorre  em  surtos  (“salvas”) com duração variando de 1 semana a 
meses  (geralmente  3-8  semanas),  intercaladas  por  períodos  de 
acalmia (remissão clínica) 
● Duração: normalmente de 15 min a 3h 
● Local: unilateral, periauricular 
● Sinais e sintomas associados → sinais de disautonomia 
○ Hiperemia conjuntival e lacrimejamento 
○ Congestão nasal e rinorreia 
Izabela Aburachid e Poliana Xavier l Medicina 149 

○ Miose e assimetria de pupila 


○ Sudorese facial 
○ Edema palpebral 
● Fatores  desencadeantes  → durante os períodos de surto. Fora dele, esses 
fatores não precipitam dor 
○ Noite mal dormida 
○ Álcool 
○ Contato com cheiros fortes 
○ Drogas vasodilatadoras 
 
CRITÉRIOS DIAGNÓSTICOS: 
 
Cefaleias em Salvas:  
A. Pelo menos 5 crises preenchendo os critérios de B a D 
B. Dor  unilateral,  intensa,  orbitária,  supra-orbitária  ou  temporal,  durante 
15min a 3h se não tratada 
C. A dor deve ter pelo menos 1 dos sintomas associados: 
a. Hiperemia conjuntival e/ou lacrimejamento 
b. Congestão nasal e/ou rinorreia 
c. Edema palpebral 
d. Sudorese facial 
e. Miose e/ou ptose 
D. Frequência: mínima de 1 vez a cada 2 dias até máxima de 8 vezes por dia 
 

 
TRATAMENTO 
  TRATAMENTO EPISÓDICO:  
● Inalação de oxigênio 
● Triptanos 
● Corticoides 
● Ácido valpróico 
 
TRATAMENTO CRÔNICO:  
● Ácido valpróico 
● Lítio 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Izabela Aburachid e Poliana Xavier l Medicina 149 

OUTRAS 
 

NEVRALGIA DO TRIGÊMIO 
O FINAL FOI MUITO 
RÁPIDO, PERDI TUDO 😓 
  CARACTERÍSTICAS:  
 
● Dor em choque 
 
  ● Ocorre na topografia do trigêmio 
  ● Dor paroxística - segundos a 2 minutos 
  ● Pode  decorrer  de  encefalite  pós  herpética  (pode  persistir  por  mais  de  2 
  meses após infecção) 
  ● Mais comum após 50 anos 
  ● Ponto de gatilho (ex: ao se barbear, comer, escovar os dentes) 
 
● Geralmente tratado com carbamazepina 
 
A arterite temporal está   
frequentemente associada   
a neuropatia óptica 
isquêmica arterítica →  ARTERITE TEMPORAL  
urgência oftalmológica!!   CARACTERÍSTICAS:  
Pode cursar com  ● Pacientes acima de 65 anos, mais comum em homens 
papiledema, redução 
● Dor unilateral moderada a severa 
abrupta da acuidade visual 
e reflexo pupilar diminuído.  ● Porção lateral frontotemporal 
Habitualmente é unilateral,  ● Risco de cegueira 
com grande risco de  ● Vasos  do  escalpo  tortuoso:  palpação  da  artéria  temporal  endurecida  e 
evoluir com  com perda de pulso 
comprometimento  ● Tratamento 
contralateral também.   ● enir a cegueira 
 

 
   
Izabela Aburachid e Poliana Xavier l Medicina 149 

DEMÊNCIA   
Conduta diagnóstica e terapêutica
 
INTRODUÇÃO 
EPIDEMIOLOGIA 
● Com  a  tendência  de  envelhecimento da população, aumenta a frequência de 
quadros de demência e outros quadros neurológicos 
● Acomete 7,1% da população com 65 anos ou mais 
● A  Doença  de  Alzheimer  é  a  principal  causa de demência, variando de 50 a 
85%.  
○ No  Brasil,  a  DA  tem  início  mais  precoce  que  nos  países 
desenvolvidos 
● Grande  parte  dos  pacientes  no  Brasil  não  é tratado oportunamente, mesmo 
que o medicamento seja gratuito pelo SUS 
○ O  tratamento  farmacológico  das  demências  degenerativas  é 
sintomático,  com  resultados  modestos,  mas  que  oferecem,  sim, 
benefícios  aos  pacientes  e  familiares  →  importância  de  saber 
diagnosticar e tratar corretamente 
 

  DIAGNÓSTICO 
  DEFINIÇÃO:  Demência  é  diagnosticada  quando  há  sintomas  cognitivos  ou 
O diagnóstico de  comportamentais (neuropsiquiátricos) que se encaixe em todos os seguintes: 
demência é  ● Interferem com a habilidade no trabalho ou em atividades diárias usuais 
essencialmente clínico 
 
● Representam  declínio  em  relação  a  níveis  prévios  de  funcionamento  e 
  desempenho  (tanto  atividades  instrumentais  quanto  atividades  básicas  de 
  autocuidado) 
  ● Não  são  explicáveis  por  delirium  (estado  confusional  agudo)  ou  doença 
  psiquiátrica maior 
 
 
 
  DIAGNÓSTICO: Realizado por história clínica + avaliação funcional breve (MEEM) 
  Critérios: 
  1. Demência  é  diagnosticada  quando  há  sintomas  cognitivos  ou 
  comportamentais  (neuropsiquiátricos)  que  se  encaixe  em  todos  os 
Na vigência de doenças  seguintes: 
psiquiátricas maiores, como  a. Interferem  com  a  habilidade  no  trabalho  ou  em  atividades  diárias 
depressão, é necessário 
usuais 
tratar e estabilizar o 
paciente no quadro em  b. Representam  declínio  em  relação  a níveis prévias de funcionamento 
questão e apenas então  e  desempenho  (tanto  atividades  instrumentais  quanto  atividades 
avaliar o diagnóstico de  básicas de autocuidado) 
demência. No caso de  c. Não  são  explicáveis  por  delirium  (estado  confusional  agudo)  ou 
delirium, é necessário  doença psiquiátrica maior. 
esperar que o paciente saia   
do quadro agudo, e então 
2. O comprometimento é detectado e diagnosticado mediante combinação de: 
reavaliar. 
a. Anamnese com o paciente ou informante 
b. Avaliação  cognitiva  objetiva,  com  exame  breve  do  estado  mental 
ou avaliação neuropsicológica. 
➢ A  avaliação  neuropsicológica  deve  ser  realizada  se  a 
anamnese  e  o  MEM  não  forem  suficientes  para  permitir  um 
diagnóstico conclusivo. 
 
3. O  comprometimento  cognitivo  ou  comportamental  afeta  no  mínimo  2  dos 
seguintes: 
a. Memória 
Izabela Aburachid e Poliana Xavier l Medicina 149 

b. Habilidades  visuais-espaciais  (reconhecer  faces;  encontrar  objetos; 


dificuldade  de  manusear  utensílios  e  vestir-se,  não  explicado  por 
déficit motor) 
c. Personalidade  ou  comportamento  (labilidade, flutuações de humor; 
agitação; apatia; delírio; alucinações) 
d. Funções  executivas, caracterizando comprometimento do raciocínio, 
da realização de tarefas complexas e do julgamento 
e. Linguagem → expressão e compreensão, tanto oral como escrita 
 

 
INSTRUMENTOS PARA AVALIAÇÃO 
  MINIEXAME DO ESTADO MENTAL: 
 
 
 
 
● É  um  exame  de  rastreio  →  não  é  diagnóstico.  Havendo  dúvida,  é  indicado 
  avaliação neuropsicológica. 
   
- Demora 5 a 7 minutos  ● Utilizado para avaliação cognitiva 
- Pouca variação  a. Orientação temporal e espacial 
interobservador 
b. Memória imediata  
c. Atenção e cálculo  
d. Memória de evocação  
e. Linguagem e habilidade construtiva 
 
Orientação temporal (5 pontos)  Qual é a hora aproximada? 

  Em que dia da semana estamos? 

  Que dia do mês é hoje? 

  Em que mês estamos? 

  Em que ano estamos? 

Orientação espacial (5 pontos)  Em que local estamos? 

  Que local é este aqui? 

  Em  que  bairro  nós  estamos  ou  qual  é  o 


endereço daqui? 

  Em que cidade estamos? 

  Em que estado estamos? 

Registro (3 pontos)  Repetir: CARRO, VASO, TIJOLO. 

Atenção e cálculo (5 pontos)  Subtrair:  100-7  =  93-7  =  86-7  = 79-7 = 72-7 


= 65 

Memória de evocação (3 pontos)  Quais  foram  os  3  objetos  perguntados 


anteriormente? 

Nomear 2 objetos (2 pontos)  Relógio e caneta. 

Repetir (1 ponto)  “Nem aqui, nem ali, nem lá”. 

Comando de estágios (3 pontos)  Apanhe  esta  folha  de papel com a mão direita, 


dobre-a no meio e coloque-a no chão. 

Escrever uma frase completa   Escrever uma frase que tenha sentido. 
(1 ponto) 
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Ler e executar (1 ponto)  Feche seus olhos. 

Copiar diagrama (1 ponto)  Copiar dois pentágonos com interseção. 


 

Total = 30 pontos   

 
Escolaridade  Nota de corte 

Analfabeto  19 pontos 

1 a 3 anos de estudo  23 pontos 

4 a 7 anos de estudo  24 pontos 

Mais de 7 anos de estudo  28 pontos 

 
● Se o paciente pontuar abaixo do ponto de corte, suspeita-se de demência. 
a. A  comparação  entre  o  desempenho  do  paciente  em  momentos 
diferentes  (ex.  entre  2  consultas)  é  mais  sensível  do  que o ponto de 
corte 
b. Esse  valores  não  são  definitivos  nem perfeitamente estabelecidos, é 
necessário  flexibilizar  a  avaliação  de  acordo  com  o  estado funcional 
prévio em cada caso 
 
 
 
QUESTIONÁRIO DE PFEFFER: 
● Utilizado  para  avaliação  funcional  objetiva  →  pontuação  maior  ou igual a 5 
é sugestiva de declínio funcional (máximo = 30) 
○ Quanto  maior  a  pontuação, maior é a dificuldade (diferentemente do 
MEEM) 
○ É  importante  para  a  diferenciação  entre transtorno neurocognitivo 
leve e maior 
● O questionário é aplicado para o cuidador, não para o paciente 
● Pode complementar o MEEM em casos de dúvida 
● Composto  por 10 perguntas que devem ser direcionadas ao familiar, porque 
o  paciente  muitas  vezes  tem  perda  de  senso  crítico  (relata  que  está 
trabalhando  ativamente,  que  toma  conta  do  próprio  dinheiro  etc,  sem 
perceber que há alguém por trás o auxiliando nisso) 
 
Izabela Aburachid e Poliana Xavier l Medicina 149 

 
 

 
  CLASSIFICAÇÃO ETIOLÓGICA 
O diagnóstico etiológico  Dividida em dois grandes grupos, didaticamente 
depende de exames  ● Sem evidência de lesão estrutural 
complementares  ● Com evidência de lesão estrutural 
(laboratoriais e 
 
neuroimagem) e da 
caracterização clínica do   
perfil cognitivo do 
paciente 

DEMÊNCIAS SEM EVIDÊNCIA DE LESÃO ESTRUTURAL 


Em psiquiatria, vimos vários  METABÓLICAS: 
outros grupos, além das  ● Hipotireoidismo 
metabólicas. Classificadas  ● Insuficiência hepática 
como “demências de 
● Carência de Vitamina B12 
causas reversíveis. 
GD de demências   
(psiquiatria)  Avaliação:  
  ● Exames laboratoriais na investigação: 
○ Hemograma 
○ Prova de função tireoidiana, renal e hepática 
○ Vit B12 
○ Ca sérico 
○ Sorologia  para  sífilis  e  HIV  (<  60  anos)  →  causas  de  demência 
precoce 
 
● Caso  esses  venham  negativos,  investiga-se  uma  demência  do  segundo 
grupo 
 

DEMÊNCIAS COM LESÃO ESTRUTURAL 


Ordem de prevalência:  DEMÊNCIAS SECUNDÁRIAS: 
1. Alzheimer 
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2. Demência  ● Demência vascular 


vascular  ● Hidrocefalia 
3. Doença mista:  ● Demências em doenças infecciosas 
Alzheimer + 
● Demências em doenças autoimunes 
vascular 
4. Outras causas  ● Outras → trauma, neoplasia, anóxia 
5. Diagnóstico   
indeterminado  Avaliação:  
  ● Neuroimagem → Obrigatório: TC ou RM  
○ Vantagem  da  RM:  melhor  estudo  de  substância  branca  e  de  seus 
pequenos vasos, melhor análise do grau de atrofia dos hipocampos 
○ Vantagem  da  TC:  mais  barata,  menor  necessidade  de  colaboração 
do paciente. 
○ Escala  Visual  De  Scheltens  (MTA)  →  Avalia  o  grau  de  atrofia 
hipocampal 
 
➢ Uma  vez  descartadas  as  citadas causas de demência, passa-se a considerar 
a demência como primária. 
 
DEMÊNCIAS PRIMÁRIAS (degenerativas) 
● Síndrome demencial NÃO é manifestação predominante: 
○ Doença de Parkinson (começa com manifestações motoras) 
 
● Síndrome demencial é manifestação predominante: 
○ Doença de Alzheimer 
○ Demência com corpos de Levy 
○ Demência frontotemporal 
 

 
  DOENÇA DE ALZHEIMER 
  ● Doença degenerativa de evolução lenta 
● O continuum da DA 
○ No momento do diagnóstico, a pessoa já tem a doença a cerca de 10 
anos → fase pré clínica 
 

FISIOPATOLOGIA 

 
 
● Fatores genéticos → polimorfismos que aumentam a susceptibilidade 
 

TRATAMENTO 
  DROGAS: 
A estratificação (leve, 
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moderada, grave) é  Inibidores da acetilcolinesterase (IChe): 


funcional. Na demência  ● Indicação: demência leve a moderada 
leve, não há  ● Eficácia sobre a cognição e comportamento 
comprometimento 
● Donepezila: 5-10mg/dia 
funcional. Na fase 
moderada, há  ● Galantamina: 16-24mg/dia 
comprometimento de  ● Rivastigmina: 6-12mg/dia 
atividades básicas (se   
vestir, escolher a roupa,  Memantina 
temperar a água do  ● Indicação: demência moderada a grave 
chuveiro).  ● Eficácia sobre cognição 
 
Todas essas drogas podem 
estimular um pouco a  EFEITOS ADVERSOS: náusea, vômito, diarreia 
atividade colinérgica  ● Recomendado sempre iniciar com doses baixas e titular aos poucos 
periférica  ○ Aumento de dose a cada 4 semanas 
   
As drogas  ➢ Os  estudos  não  apontam  evidências  fortes  de  uma  mudança  no  curso  da 
anticolinesterásicas  doença.  Os  estudos  que  apontam  melhora,  indicam  redução  discreta  na 
também podem ser 
velocidade  de  progressão.  No  entanto,  há  um  impacto  importante  em 
utilizadas nas demências 
de parkinson e lewy  aspectos  de  qualidade  de  vida,  como  os  momentos  de  uso  de  andador  e 
  fraldas. 
  ➢ Em geral, o NT é de 10-13.  
 

 
  DEMÊNCIA COM CORPOS DE LEWY 
Se confunde muito com a  Critérios  centrais  (os  primeiros  3  tipicamente  ocorrem  precocemente  e  podem 
doença de Parkinson, que  persistir no seguimento): 
também possui corpos de  ● Flutuações  (podem simular quadros de delirium) → variações de consciência 
Lewy como substrato 
e atenção entre um dia e outro, ou mesmo em questão de horas 
patológico. No parkinson, 
eles estão presentes na   
substância negra. Na  ● Alucinações visuais vividas, detalhadas e recorrentes 
demência de lewy, eles   
estão dispersos pela subs.  ● Transtorno  comportamental  do  sono  REM  →  pode  preceder  o  quadro 
cinzenta cortical desde o  cognitivo (é um forte preditor da neurodegeneração) 
início.   ○ Durante  a  fase  REM  acontecem  os  sonhos,  e  há  uma  atonia 
 
muscular  fisiológica  (a  atividade  muscular  esquelética  é  bloqueada, 
Nas demais demências, as 
alucinações visuais  exceto  a  musculatura  dos  olhos).  Algumas  pessoas  não  têm  essa 
consistem apenas em  inibição  durante  o  sonho  e  acabam  agindo  de  acordo  com  o  que 
vultos. Na demência de  estão sonhando, realmente como se estivessem acordadas. 
Lewy, elas são realistas e  ○ É diferente de sonambulismo 
detalhados.   ○ É característica da demência com corpos de Lewy e do Parkinson 
   
Na demência de Lewy, o 
● Parkinsonismo espontâneo 
quadro demencial se 
instala mais precocemente  ○ Lentidão  de  movimentos  acompanhada  de  rigidez,  tremor, 
do que no Parkinson (em  instabilidade postural 
que as alterações motoras  ○ Costuma ser mais tardio no curso da doença 
necessariamente precedem   
a demência) 

TRATAMENTO 
(...) :) 

 
  DEMÊNCIA FRONTOTEMPORAL 
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● Várias  doenças  neurodegenerativas  com  apresentação  clínica  semelhante 
→ Doenças degenerativas que afetam os lobos frontais e temporais 
● Formas clínicas: 
○ Variante comportamental  
○ Variante com alterações de linguagem 
 
VARIANTE COMPORTAMENTAL 
● Deve haver pelo menos 3 aspectos clínicos: 
○ Desinibição 
○ Apatia 
○ Perda de simpatia ou empatia 
○ Perseveração ou compulsões 
○ Hiperoralidade 
○ Perfil neuropsicológico → memória relativamente preservada  
● Precisa ser confirmada por neuroimagem 
 

TRATAMENTO 
● Intervenções com cuidadores 
○ Informações sobre a doença, apoio psicossocial 

   
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INFECÇÕES DO SISTEMA NERVOSO CENTRAL


  REVISÃO - MENINGES E LÍQUOR 
MENINGES: oferecem barreira à entrada de agentes infecciosos no SNC 
● Crânio 
● Espaço epidural ou extradural 
● Dura-máter → espessa e resistente; delimita os seios venosos 
● Espaço subdural 
● Aracnóide 
● Espaço  subaracnóide  →  região  em  que  circula  o  líquor,  para  atingir  as 
cisternas 
● Pia-máter → fina, aderida à superfície do cérebro 
 

 
 
 
 
LÍQUOR (líquido cefalorraquidiano - LCR) 
● Formado no plexo coróide, nos ventrículos laterais (150ml/dia) 
● Absorvido  nas  vilosidades  aracnóideas  (projeções  da  aracnóide  nos  seios 
venosos, que são formados pela dura-máter) 
● Revisão do sentido de fluxo do LCR (ventrículos e forames): 
 
 
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MENINGITES 
A  meningite  nem  sempre  é  DEFINIÇÃO:  processo  INFLAMATÓRIO  que  acomete  as  meninges  e  o  espaço 
infecciosa.  Pode  se  dar  por  delimitado por estas membranas 
qualquer  causa  que  ● Pode  ser  causado  por  agentes  infecciosos  como  vírus,  bactérias,  fungos  e 
ocasiona  inflamação  da 
protozoários.  
meninge e seus espaços. 
  ● Também  pode  decorrer  de  hemorragias  meníngeas,  quimioterápicos, 
  infiltração tumoral (carcinomatose meníngea) 
 

MENINGITES BACTERIANAS AGUDAS 


Izabela Aburachid e Poliana Xavier l Medicina 149 

   
  Agentes etiológicos mais comuns: 
O meningococo tem  ● Neisseria meningitidis (meningococo)  
comportamento 
● Streptococcus pneumoniae (pneumococo) 
epidemiológico em surtos e 
epidemias  ● Haemophilus influenzae 
  ● Mais  raramente:  estreptococos  do  grupo  B  e  Listeria  monocytogenes  (em 
  imunodeprimidos) 
   
  Processos necessários para que as bactérias atinjam o SNC: 
  ● Via  aérea:  adesão  ao  epitélio  nasofaríngeo  →  proliferação  →  invasão  de 
 
vasos  adjacentes  →  sobrevivência  ao  sistema  de  defesa  sistêmico  → 
 
  atravessamento  da  barreira  hematoencefálica  →  sobrevivência  ao  sistema 
  de defesa do SNC 
  ● Via hematogênica 
  ● Solução de continuidade 
   
No jovem, predominam os   
sinais meníngeos e de 
infecção (cefaleia, febre). Já 
DIAGNÓSTICO: 
no idoso, a febre é menos  1. QUADRO CLÍNICO 
frequente e os sinais  ● Síndrome  de  Hipertensão  Intracraniana:  cefaléia  intensa,  náusea, 
confusionais são mais  vômitos, confusão mental 
comuns.  ● Síndrome  toxêmica:  sinais  de  toxemia,  febre,  mal-estar,  agitação 
  psicomotora 
Tipicamente, a irritação 
● Sinais de irritação meníngea: 
ocorre já no início do 
movimento. Se o  ○ Rigidez  de  nuca:  espasticidade  muscular  de  natureza 
movimento torna-se rígido  reflexa,  presente  do  início  até o final o movimento (ao tentar 
só ao final, em pacientes  encostar o queixo no peito) 
com sinais atípicos, pode  ○ Sinal de kernig 
ser suspeitada outra causa.  ○ Sinal de brudzinski 
   
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
   
  A flexão rápida do pescoço desencadeia dor e flexão dos joelhos 
   
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
   
  O joelho mantém-se flexionado e pode desencadear dor no pescoço ou 
  cabeça 
   
- A punção lombar é um   
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procedimento invasivo,  2. EXAME DO LÍQUOR → punção lombar 


realizado entre L3 e L4.  ● Avaliação: 
Complicações incluem  ● Pode haver aumento da pressão liquórica 
cefaleia, lombalgia e 
● Aumento  do  número  de  células,  aumento  de  proteínas, 
parestesias.  
  redução do nível de glicose  
- A pressão liquórica  ● Predomínio de polimorfonucleares 
normal é igual a 5 a 20 cm  ● Pesquisa direta de bactérias → gram 
de H2O (ou 15mmHg). O  ● Antígenos 
número normal de células é  ● Cultura 
de 0-4.   
 
● Indicações: 
 
  ○ Doenças infecciosas 
  ○ Doenças inflamatórias 
  ○ Alguns casos de tumores e demências 
  ○ Alguns  casos  de  HIC,  com  segurança  da  causa  e  tratadas 
ATENÇÃO! Não se deve  adequadamente 
puncionar um paciente   
com sinais de déficit focal 
● Contraindicações:  
(hemiparesia, afasia...) sem 
antes realizar um exame de  ○ HIC não investigada ou não tratada adequadamente 
imagem, devido ao risco de  ○ Distúrbio da coagulação 
HIC que poderia complicar  ○ Infecção no local da punção (L3, L4, L5) 
com hérnia do SNC.   
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
   
   
   
  3. EXAMES DE IMAGEM - TC ou RM indicadas se: 
 
 
● Sinais de localização 
  ● Rebaixamento do nível de consciência, complicações 
   
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
   
  Meningite bacteriana por Neisseria Meningitidis 
   
   
  TRATAMENTO  
 
● ATB específica ou empírica 
 
  ● Melhora progressiva, avaliada por resolução da: 
  ○ Confusão mental 
  ○ Irritação meníngea 
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  ● Repetição do exame do líquor apenas se houver pouca melhora clínica 


  ● Complicações: surdez, abcessos, ventriculites, crises epilépticas 
   
 
 
 
  TRATAMENTO EMPÍRICO: 
Ampicilina é uma  Idade  Agentes mais prováveis  Esquema de escolha 
aminopenicilina, com 
melhor cobertura para 
gram-positivos. 
Até 1 mês  Streptococcus  agalatiae,  Listeria,  E.  Ampicilina + cefotaxima 
coli 
 
A ceftriaxona, cefotaxima 
e ceftazidima são  1 a 3 meses  Strepto.  B,  Listeria,  E.  coli,  Ampicilina  +  cefotaxima  ou 
cefalosporinas de 3a  pneumococcus, H. influenzae  ceftriaxona 
geração, que possuem 
espectro mais amplo.   3 meses a 17 anos  Meningococos,  pneumococcus,  H.  Ceftriaxona (ou ceftazidima) 
  influenzae 
  18 a 50 anos 
 
> 50 anos  Pneumococcus,  Listeria,  bacilos  Ampicilina  +  ceftriaxona  (ou 
gram-negativos  ceftazidima) 
 
 

MENINGITES E MENINGOENCEFALITES VIRAIS 


  Agentes mais frequentes: 
  ● Enterovírus 
  ● Herpes vírus 
 
● Menos frequentes: varicela, citomegalovírus, Epstein-baar, arboviroses 
 
   
  CARACTERÍSTICAS: 
A  MB costuma ter sintomas  ● Quadro clínico: 
semelhantes,  mas  início um  ○ Quadro semelhante ao bacteriano, porém menos intenso 
pouco  menos súbito do que  ○ Predominante no verão e outono em adultos jovens 
a viral   
 
● Propedêutica: 
 
  ○ Alterações de imagem inexpressivas 
  ○ Exame  do  líquor:  hipercelularidade  (<500  células,  predominam 
  linfócitos),  nível  normal  ou  elevado  de  proteínas  e  glicose,  pesquisa 
  de bactérias e fungos negativa (Normal: 0 a 4 células) 
  ○ Cultura,  reação  em  cadeia  de  polimerase  (PCR)  →  no  SUS  está 
  disponível para poucos agentes, como tuberculose 
 
 
 
  ● Tratamento: controle de sintomas 
   
   
   
 
  MENINGOENCEFALITE HERPÉTICA (HSV-1) 
   
  ● Comportamento  agressivo  →  febre  alta,  cefaleia,  confusão  mental, 
 
alterações  de  comportamento,  crises  convulsivas  com  evolução  de  horas  a 
 
Num quadro clínico muito  um dia. 
típico, deve-se realizar a  ○ Mortalidade de 70% nos casos não tratados 
punção e iniciar aciclovir às  ○ Morbidade  é  muito  alta  mesmo  em  casos  tratados,  deixando 
vezes mesmo antes do  sequelas  →  há  destruição  irreversível  do  tecido  cerebral  em  muito 
resultado da líquor. Não se  pouco tempo (horas) 
deve aguardar o resultado  ○ Os  pacientes  deveriam  ser  diagnosticados  e  tratados  já  no  primeiro 
de imagem 
serviço médico 
 
   
  ● Diagnóstico:  
  ○ RM: lesão em lobos temporais e frontais  
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○ Líquor:  hipercelularidade  com  predomínio  de  mononucleares, 


aumento  discreto  ou  modesto  das  proteínas,  glicose  normal  ou 
discretamente reduzida, PCR positiva para HSV-1 
○ Realização  de  eletrencefalograma  →  alterações  específicas  no 
padrão  de  atividade  elétrica  cerebral  (atividade  periódica 
estereotipada nos lobos temporais) 
 

 
 
● Tratamento: antiviral (aciclovir) imediatamente 
 

MENINGOENCEFALITE TUBERCULOSA  
Estima-se que, em cerca de  ● Transmissão: saliva infectada 
10% dos pacientes  ● Infecção pulmonar → disseminação hematogênica 
imunocompetentes com  ● Infecção no SNC → predileção pela base do crânio 
tuberculose, haja 
 
acometimento do sistema 
nervoso.  FISIOPATOGÊNESE:  ocorrência  e  persistência  de  exsudato  inflamatório  no  espaço 
  subaracnóideo  com  presença  maciça  de  fibrina,  leucócitos  e  focos  ocasionais  de 
É mais frequente e grave  necrose  caseosa.  A  reação  inflamatória  concentra-se  nas  meninges  da  base  do 
nos pacientes com AIDS.   crânio,  nas  quais  se  acumula  um  exsudato  espesso  e  gelatinoso,  ocupando  as 
  cisternas  basais  e  podendo  estender-se  para  a  região  da  medula  espinal.  Este 
exsudato,  ao  contrário  do  que  ocorre  em  outras  meningites  bacterianas, espalha-se 
ao  longo  dos  vasos  da  pia-máter  e  invade  o  tecido  cerebral  subjacente, 
caracterizando  a  ocorrência  de  processo  já  de  tipo  meningoencefalítico.  Determina 
como manifestações: 
● Vasculites → aumenta o risco de AVEi !! 
● Comprometimento  funcional  dos  nervos  cranianos  →  especialmente  VI, 
mas também III, IV, VII e VIII 
● Hidrocefalia → obstrução nos forames  
● Focos de encefalite 
 
QUADRO CLÍNICO: 
ESTÁGIOS: 
● Estágio  1:  sem  alterações  cognitivas  ou  do  nível  de  consciência,  sem 
alterações detectáveis ao exame neurológico 
 
● Estágio  2:  algum  grau  de  confusão  mental,  sem  coma,  podem  aparecer 
sinais de localização como hemiparesia e acometimento de nervos cranianos 
 
● Estágio  3:  comprometimento  significativo  do nível de consciência, disfunção 
de vários pares cranianos, hemiplegia ou paraplegia 
 
COMPLICAÇÕES: 
● Infartos isquêmicos, hiponatremia 
 
PROGNÓSTICO: mortalidade elevada (25%), 20-30% permanecem com sequela 
 
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DIAGNÓSTICO: Clínico + liquor  


● Células  entre  50  e  500,  mononucleares,  proteínas  50-200,  redução  de 
glicose, PCR 
● A positividade da cultura é muito baixa (apenas 50% dos casos) 
 
TRATAMENTO:  Drogas  bactericidas  +  bacteriostáticas  +  uso  de  corticosteróides 
(reduzir o componente inflamatório) 
 

 
NEUROCISTICERCOSE 
A ingestão de carne suína  ● Causa: ingestão de ovos de T.solium → o homem ocupa o papel do porco no 
com cisticercos provoca  ciclo habitual de transmissão do parasita 
teníase (parasita intestinal)  ○ Água ou alimentos contaminados  
 
○ Autoinfecção 
 
A infecção é   
frequentemente  ● O cisticerco se fixa no tecido nervoso 
assintomática,  ○ Tem sobrevida média de 4 a 6 anos → pode gerar sintomas 
principalmente se já  ○ Calcificação → ocorre após a morte do cisticerco 
calcificada   
 
DIAGNÓSTICO 
 
  ● Quadro clínico: 
  ○ Hipertensão intracraniana - 36% 
  ○ Epilepsia → crises focais ou generalizadas 
  ○ Outras  formas  clínicas  incluem  alterações  cognitivas  e 
  comportamentais (4%) 
  ● Neuroimagem → TC melhor que RM 
 
● Exame  do  líquor  →  aumento  do  número  de  células,  predomínio  de  células 
 
  mononucleares, anticorpos específicos 
   
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
   
 
 
 
  TRATAMENTO 
As drogas parasiticidas  ● Albendazol (15mg/Kg, BID, 3-7 dias) 
geram degeneração dos  ● Corticosteróides  
cistos e intenso processo  ○ Se  há  infestação  maciça,  pode-se  até  nem  tratar,  pois  o  paciente 
inflamatório no SNC 
pode  morrer  pelo  quadro  de  inflamação  do  SNC  causado  pela 
degeneração de todos os cistos ao mesmo tempo 
● Cirurgia para remoção do cisto em casos específicos 
○ Exemplo: cistos em cisternas, prejudicando a drenagem do líquor 
 
Izabela Aburachid e Poliana Xavier l Medicina 149 

 
ENCEFALITE POR HIV 
● Invasão direta do vírus no SNC por via de macrófagos e células da microglia 
● Infecções oportunistas + comprometimento primário pelo HIV 
 
LESÃO DIRETA: 
  ● Causada pelo HIV em si, presente cronicamente no SNC 
Pupilas de 
● Complexo demência-AIDS: 
Argyl-Robertson: 
dissociação luz-perto  ● Início insidioso, instalação crônica 
(pupilas reagem  ● Alteração  de  memória,  perda  de  concentração  e  capacidade  de 
fracamente à luz, mas  raciocínio  
reagem à convergência) →  ● Alteração de coordenação fina  
típica da neurossífilis.  ● Imagem: atrofia cortical e subcortical difusa 
Também pode ser vista em   
encefalopatia de Wernicke, 
herpes zoster. INFECÇÕES OPORTUNISTAS: 
 

NEUROTOXOPLASMOSE 
● Reativação de focos parasitários 
● Manifestações  clínicas  são  múltiplas  e  dependem  da  localização  das  lesões, 
mas  há  predileção  por  núcleos  da  base:  crise  epiléptica,  sinais  focais, 
ataxia, alteração de nível de consciência, confusão mental, coma 
● TC ou RM: presença de nódulos no tecido cerebral e edema perilesional 
● Líquor com aumento do número de células 
● Tratamento: antibioticoterapia 
 
CRIPTOCOCOSE: 
● Síndrome  meníngea  →  cefaleia,  náusea,  vômito,  febre,  sinais  de  irritação 
meníngea, HIC 
● O exame do líquor é fundamental → antígeno criptocócico 
● Neuroimagem → criptococomas, aspecto de cachos de uva 
 

 
 

 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Izabela Aburachid e Poliana Xavier l Medicina 149 

QUADRO COMPARATIVO DAS MENINGITES INFECCIOSAS: 


Clínica  Aspecto  Citometri Citologia  Glicose  Proteínas  Cultura 

Normal  Claro  0 a 5  -  ⅔ da glicemia ou  < 40mg %  - 


menos  (15-45) 

Bacteriana  Turvo ou  >500  PMN  Diminuído ou  Normal ou  Positiva 
aguda  purulento  normal  elevada 

Bacteriana  Claro ou  <500  PMN ou  Diminuído ou  Normal ou  Raramente 
em tto  um pouco  MN  normal  elevada  positiva 
turvo 

Viral  Claro  <500  Monócitos  Normal ou  > 40mg/dl  - 


e linfócitos  diminuído 

Fúngica  Claro  <500  Monócitos  Normal ou  > 40mg/dl  - 


e linfócitos  diminuído 
* PMN = polimorfonucleares

   
Izabela Aburachid e Poliana Xavier l Medicina 149 

TRANSTORNOS DO MOVIMENTO 
 
CASO CLÍNICO 
  Paciente  de  75  anos,  feminina,  professora  aposentada.  Diagnóstico  de  HAS  há  12 
  anos. 
  Queixa  de  tremor,  há  12  meses  em  MMSS.  Piora  lentamente  progressiva, 
 
inicialmente no MSD e depois no MSE. Acentua-se quando está nervosa. 
 
  Lentidão para realizar movimentos associada. Nega desequilíbrio ou quedas.  
   
  AE:  
  ● Relata  tonteira  mal  definida  em  duas  ocasiões,  sem  escurecimento  visual, 
Flunarizina é um  sem movimentação de objetos. Não associada a movimentação de cabeça 
bloqueador de canais de  ● Nega sintomas referentes a humor. Informa estar ansiosa com o tremor 
cálcio, utilizado para 
● HF negativa para tremores 
tratamento de tontura e 
profilaxia de enxaqueca.  ● Medicamentos em uso:  
  ○ Losartana 50 mg BID 
  ○ Flunarizina 10 mg MID (uso há 14 meses) 
   
  EXAME FÍSICO: 
  ● PA (decúbito): 120/82, FC 74 
 
● PA (ortostatismo): 94/70  
 
  ● FR = 16, murmúrio vesicular fisiológico 
  ● Abdome plano peristáltico, sem visceromegalias 
  ● EXAME NEUROLÓGICO: 
  ○ Alerta, orientada no tempo e no espaço. 
  ○ Nervos cranianos: sem alterações 
  ○ MEEM = 28/30 (escolaridade de 11 anos) 
 
○ Motricidade: 
 
  ■ Força muscular 5/5 
  ■ Reflexos  osteotendinosos  (ROT)  um  pouco  reduzidos  de 
  ambos os lados 
  ● B1/1  
  ● BR 1/1 
  ● T1/1  
 
● Flexor dos dedos: ausente 
 
  ● Pernas: 2/2 
  ● Aquileu: 1/1 
  ● Reflexo cutaneoplantar: indiferente 
  ■ Tônus muscular: hipertonia plástica leve em MMSS e MMII 
Tremor de repouso: está  ■ Bradicinesia  em  MMSS  e  MMII: abrir e fechar as mãos, bater 
presente com a  os dedos, bater os pés 
musculatura relaxada, mas 
■ Tremor de repouso em MMSS, mais acentuado à direita.  
desaparece em 
movimentação  ■ Tremor postural e cinético ausentes 
  ■ Romberg: ausente  
Sinal de Romberg: ao ficar  ■ Marcha  lentificada;  devido  ao  aparecimento  de  tonteira  ao 
de pé e fechar os olhos,  iniciá-la,  o  exame  foi  interrompido;  a  paciente  sentou  e  o 
observa-se instabilidade  sintoma desapareceu. 
 

  QUESTÃO 1 - QUAL É A ETIOLOGIA PROVÁVEL DA TONTURA DA PACIENTE? 


VPPB: muito comum em  A. Vertigem posicional paroxística benigna (VPPB)  
idosos. Cursa com tontura  B. Tontura inespecífica 
aguda ao movimentar a  C. Labirintopatia  a  esclarecer  →  a  tontura  do  caso  é  não  relacionada  à 
cabeça e/ou mudar de 
movimentação de cabeça 
posição, associada a 
náusea e vômito e costuma  D. Hipotensão ortostática → verificada pela queda de PA em ortostatismo 
haver melhora espontânea  E. Transtorno  depressivo  maior  não  diagnosticado  →  sem  sinais  depressivos 
Izabela Aburachid e Poliana Xavier l Medicina 149 

rápida  ao exame, apesar da discreta ansiedade com o quadro 


 

  QUESTÃO 2 - QUAL É O DIAGNÓSTICO PROVÁVEL DO TREMOR DA PACIENTE? 


  A. Tremor essencial 
B. Tremor fisiológico exacerbado 
C. Tremor  secundário  à  um  transtorno  de  ansiedade  que  foi  exacerbado  pela 
consulta 
D. Tremor cerebelar 
E. Tremor de repouso como parte de uma síndrome parkinsoniana 
 

  QUESTÃO  3  -  QUAL  É  A  ETIOLOGIA  A  SER  PENSADA  INICIALMENTE  PARA  EXPLICAR  A 


SÍNDROME PARKINSONIANA (Parkinsonismo)? 
História ocupacional é  A. Hipoparatireoidismo 
importante na investigação  B. Traumatismo cranioencefálico → sem relato de trauma 
dos tremores, para avaliar o  C. Doença de Parkinson → pode ser investigado 
risco de intoxicação 
D. Intoxicação por manganês → não há história clínica que justifique exposição 
 
Flunarizina classicamente  E. Síndrome  parkinsoniana  induzida  por  medicamento  →  flunarizina  em  uso 
produz síndrome  há 14 meses, com tremor há 12 meses 
parkinsoniana importante e   
duradoura.   ➢ Obs: Fármacos que classicamente induzem síndrome parkinsoniana: 
● Antieméticos (principalmente metoclopramida) 
● Neurolépticos (haloperidol) 
● Antipsicóticos atípicos (risperidona) 
● Cinarizina e flunarizina 
● Carbonato de lítio 
● Menos frequentemente: amiodarona, anlodipino e valproato 
 

  QUESTÃO  4  -  QUAL  SERIA  A  MELHOR  CONDUTA  PARA  PACIENTE  APÓS  AVALIAÇÃO 


INICIAL? 
Além de suspender a  A. Prescrever betabloqueador para atenuar o tremor 
medicação e reduzir o anti  B. Prescrever um antiparkinsoniano (levodopa) 
hipertensivo, deve-se  C. Tratar a hipotensão ortostática com fludrocortisona (0,1mg/dia) 
agendar retorno para 
D. Suspender a flunarizina e reduzir a losartana (-1+0+0) 
avaliar melhora da paciente 
E. Prescrever antidepressivo para melhorar ansiedade 
 

 
INTRODUÇÃO - TRANSTORNOS DO MOVIMENTO 
   
Paralisia = perda total da  DEFINIÇÃO: são disfunções neurológicas caracterizadas por pobreza ou lentidão de 
força, com incapacidade de  movimentos  voluntários  na  ausência  de  paralisia  ou  paresia,  ou  por  atividade 
movimentação 
motora involuntária representadas pelos diversos tipos de hipercinesias.  
Paresia = fraqueza 
muscular (déficit parcial de  Comprometimento  das  atividade  voluntárias  sem  afetar  a  força,  a  sensibilidade  ou 
força)  a atividade cerebelar 
  ● Hipercinéticos → excesso de movimento 
  ● Hipocinéticos → pobreza ou lentidão de movimentos 
 

 
REVISÃO: NEUROANATOMIA E NEUROFISIOLOGIA 
   
  ANATOMIA E FISIOLOGIA: 
  ● Sistema  extrapiramidal:  coordena  o  controle  e  a  coordenação  dos 
Por outro lado, o sistema 
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piramidal (trato  movimentos.  As  principais  estruturas  anatômicas  relacionadas  são  os 
corticoespinhal) controla a  núcleos da base: 
força do movimento → que  ○ Núcleo  caudado  →  recebe  aferências  de  áreas  associativas  (do 
no caso da paciente 
córtex pré-frontal e áreas parietais posteriores) 
encontra-se preservada 
  ○ Núcleo lentiforme:   
Essas estruturas atuam em  ■ Putamen → recebe aferências do córtex sensório-motor  
estreita conexão com áreas  ■ Globo pálido → interno e externo 
motoras corticais  ○ Substância negra 
  ■ Pars compacta 
  ■ Pars reticulata 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
   
   
   
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
   
   
  CONEXÕES E NEUROTRANSMISSORES: 
As fibras nigroestriatais  ● O  putâmen  e  o  núcleo  caudado  podem  ser  incluídos  em  uma  unidade 
dopaminérgicas exercem  funcional  denominada  corpo  estriado.  Para  este  local  se  projetam 
ação modulatória sobre o  aferências: 
circuito motor. No 
○ Provenientes  do  córtex  motor,  exercendo  ação  excitatória 
parkinsonismo admite-se 
que, como conseqüência da  (glutamato) 
disfunção da alça  ○ Provenientes  da  substância  negra  (pars  compacta)  →  o 
dopaminérgica nigro-  neurotransmissor é a dopamina 
estriatal, ocorra uma  ■ Atuando  sobre  receptores  dopaminérgicos  de  tipo  D2, 
redução da atividade  inibem  neurônios  estriatais  que  se  projetam  para  o  pálido 
inibitória sobre a via  externo (primeira estação da via indireta)  
indireta e também redução 
■ Agindo  sobre  receptores  dopaminérgicos  de  tipo  D1, 
da atividade excitatória 
sobre a via direta. O  excitam  neurônios  estriatais  que,  por  uma  via  direta,  se 
resultado final é uma  destinam  ao  complexo  pálido  interno/substância  negra  pars 
intensificação da atividade  reticulata (via de saída dos gânglios da base). 
inibitória desse complexo   
sobre o tálamo e,  ● Nas  conexões  intra-estriatais, a acetilcolina é um neurotransmissor de papel 
conseqüentemente, uma 
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redução da estimulação  relevante.  


cortical exercida pelas  ○ O  principal  contingente  das  aferências  estriatais  é  constituído  por 
projeções  neurônios  inibitórios,  em  que  o  neurotransmissor  é  o  ácido 
tálamo-corticais, 
gama-aminobutiríco (GABA). 
acarretando diminuição da 
iniciativa motora.  ○ Essas  aferências  destinam-se,  na  sua  maior  parte,  ao  globo  pálido 
(segmentos  interno  e  externo)  e,  em  menor  proporção,  à  pars 
reticulata da substância negra. 
 

 
 
VIAS DO MOVIMENTO: 
● Se  o  striatum  é  o  ponto-chave  como  via  de  entrada  do  circuito  dos 
gânglios  da  base,  o  segmento  interno  do  globo  pálido,  juntamente  com  a 
pars  reticulata  da  substância  negra,  constituem a via de saída do sistema. 
Entre  a  via  de  entrada  (striatum)  e  a  via  de  saída  (globo  pálido 
interno/substância  negra  pars  reticulata)  há  duas  vias  de  comunicação  (vias 
estriato-palidais): 
○ Via  direta  (não  tem  estações  intermediárias)  →  faz  ativação  do 
córtex 
○ Via  indireta  (tem  conexões  com  o  pálido  externo  e  o  núcleo 
subtalâmico  de  Luys  antes  de  atingir  a  via  de  saída)  →  faz  inibição 
do córtex 
 

 
HIPERCINÉTICOS 
 
TREMOR 
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  DEFINIÇÃO: 
  ● Movimento  involuntário  em  que  há  contração  alternada  dos  agonistas  e 
  antagonistas  →  leva  a  um  movimento  oscilatório  rítmico  em  um 
 
determinado segmento 
 
  ● É o mais comum dos movimentos involuntários 
   
  CARACTERÍSTICAS:  
  ● Repouso: surge quando parado, quando a musculatura está relaxada 
  ● Postural: surge em determinadas posições 
  ● Cinético: surge com o movimento 
 
● Ação específica: ocorre só durante a escrita ou com o ortostatismo… [etc] 
 
   
  ETIOLOGIAS: 
  ● Fisiológico (8-12 Hz) → não é facilmente visível observando-se o membro 
Para identificar um tremor  ● Fisiológico exacerbado 
fisiológico, deve-se colocar  ○ Privação  de  sono,  ansiedade,  exercício  físico,  abstinência,  doenças 
uma folha sobre a mão  da  tireóide,  medicações  (beta  agonistas,  lítio,  valproato,  teofilina, 
aberta e observar a folha 
cafeína,  neurolépticos,  antidepressivos  tricíclicos),  hipoglicemia, 
 
  abstinência do álcool, hipotermia 
  ○ Tratamento:  remover  fatores  desencadeantes;  pode-se  recorrer  ao 
  uso de betabloqueadores 
  ■ O tratamento medicamentoso pode ser usado, se necessário 
  (ex:  exigência  da  profissão  →  cirurgião)  desde  que 
  investigadas e excluídas as contraindicações 
 
 
 
Tremor essencial é um dos  ● Tremor essencial → postural 
principais diagnósticos  ○ De ação  
diferenciais com  ■ Acontece com a manutenção da postura 
parkinsonismo. Acredita-se  ■ Nos  casos  mais  avançados  e  intensos,  pode  estar  presente 
que ele tenha origem no  também com a movimentação 
núcleo olivar inferior (caiu  ○ Melhora com álcool → característica clássica 
na prova!)  
○ História familiar geralmente positiva 
 
O tremor de ação pode ser  ○ Tratamento: betabloqueadores, primidona 
postural (em isometria)   
e/ou cinético (durante o  ● Doenças do cerebelo → cinético 
movimento).   ○ De ação → ocorre durante o movimento 
  ○ Tratamento: ácido valpróico, clonazepam 
   
 
  ● Parkinsonismo → de repouso 
Ver Doença de Parkinson à  ○ Acontece em relaxamento 
frente  ○ 4-6Hz → frequência mais baixa do que o tremor essencial 
○ Tratamento: drogas dopaminérgicas, ou anticolinérgicas 
 

 
COREIA 
   
  CARACTERÍSTICAS: 
Coreia deriva do grego =  ● São  movimentos  involuntários  repetitivos,  breves,  irregulares  e 
dança.  
relativamente  rápidos  que  começam  em  uma  parte  do  corpo e passam para 
 
outra parte, de modo abrupto, imprevisível e, geralmente, contínuo.  
Outros distúrbios: 
- Hemibalismo = é como se  ○ Abalos musculares rápidos, irregulares e imprevisíveis 
fosse uma coréia mais  ● A coreia normalmente envolve a face, a boca, o tronco e os membros. 
intensa. Pode ser   
decorrente de AVE.   CAUSAS: 
  ● AVE 
  ● Síndrome de Sydenham (coreia mais frequente na infância) 
 
● Doença  de  Huntington  →  síndrome  neurodegenerativa  que  cursa  com 
 
  coreia e posturas anormais (coreia mais frequente no adulto) 
  ● Gravídica 
  ● Toxicidade por drogas 
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O hipotireoidismo pode  ●Encefalite 


gerar síndrome  ●Distúrbios metabólicos (hipertireoidismo) 
parkinsoniana de tipo  ●Encefalopatia estática (hipóxico-isquêmica perinatal) 
rígido-acinética, enquanto 
 
o hipertireoidismo pode 
gerar coréia  TRATAMENTO → agonistas gabaérgicos e antagonistas dopaminérgicos  
  ● Ácido valpróico → agonista gabaérgico (mais utilizado em crianças) 
● Tetrabenazina, reserpina → an89tagonistas dopaminérgicos pré-sinápticos 
● Clorpromazina, haloperidol → antagonistas dopaminérgicos pós-sinápticos 
○ Risperidona é uma alternativa ao haldol em idosos 
 

 
DISTONIA 
   
  CARACTERÍSTICAS: 
Uma contração mantida é  ● Contração  muscular  excessiva  e  inapropriada  de  músculos  agonistas, 
indício de um fenômeno 
levando a posturas anormais 
excitatório, por isso é 
considerado hipercinético  ● Tremor e mioclonias podem se associar 
  ● Focal, segmentar (voz) ou generalizada 
  ● Truque  sensitivo  →  toque  leve sobre o membro hipertônico pode, em alguns 
  casos,  gerar  relaxamento  da  musculatura  e  aliviar  a  distonia 
  momentaneamente 
   
 
ETIOLOGIAS: 
Doença de Wilson: doença 
genética metabólica que  ● Primárias: hereditárias e esporádicas 
causa acúmulo de cobre em  ● Secundárias:  
tecidos variados, incluindo  ○ Encefalopatia  hipóxico-isquêmica  perinatal  (também  pode  causar 
o SNC. O diagnóstico é  coreia),  medicamentos  (antipsicóticos  de  primeira  geração, 
possível avaliando os olhos  metoclopramida  em  uso  prolongado),  lesões  estruturais 
(anel de Kayser-Fleischer)  encefálicas,  doenças  neurodegenerativas/hereditárias  (Doença  de 
 
Wilson) 
● Psicogênicas 
 
TRATAMENTO: 
● Levodopa (DYT5) 
● Anticolinérgicos 
  ● Benzodiazepínicos 
● Neurolépticos 
● Toxina  botulínica  tipo  A:  gera  bloqueio  da  liberação  da  acetilcolina  na fenda 
muscular. Deve ser reaplicado a cada 3 meses 
 

 
MIOCLONIAS 
   
  CARACTERÍSTICAS: 
Pode se apresentar como  ● Contrações musculares rápidas, bruscas e súbitas 
um espasmo involuntário 
● Podem ser generalizadas X focais; espontâneas X de ação 
da musculatura durante um 
movimento.  ● Causas 
  ○ Fisiológica: noturna, soluço 
○ Epiléptica 
○ Sintomática 
○ Presente em doenças neurodegenerativas (demências - ex. DA) 
○ Encefalites 
○ Distúrbios  metabólicos:  encefalopatia  hepática,  distúrbio  iônico, 
hiperosmolaridade glicêmica 
○ Lesão cerebral focal 
 
TRATAMENTO: ácido valpróico e clonazepam 
 
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TIQUE 
   
  CARACTERÍSTICAS: 
Síndrome de Tourette =  ● Movimentos voluntários recorrentes, previsíveis.  
tiques motores e vocais 
● Podem ser suprimidos voluntariamente, parcial ou totalmente 
○ Diagnóstico diferencial com convulsão focal 
● Em até 15% das crianças, podem haver tiques simples e transitórios 
● Crônicos simples 
 
TRATAMENTO 
● Formas leves: orientações, apoio psicológico, TCC 
● Formas graves: clonidina, clonazepam, olanzapina, risperidona, haloperidol 
  Agonista adrenérgico

 
HIPOCINÉTICO 
 
SÍNDROME PARKINSONIANA 
   
  CARACTERÍSTICAS: 
  ● Bradicinesia / acinesia  
A bradicinesia é 
○ Lentidão de movimento 
imprescindível para o 
diagnóstico. Pode  ○ Fácies em máscara e hipomimia → redução da expressão facial 
predominar bradicinesia +  ○ Redução  da  sincinesia  dos  braços  →  anda  sem  o  movimento 
tremor ou bradicinesia +  simultâneo dos braços, ou com movimentação unilateral 
rigidez.   ○ Micrografia  →  a  caligrafia  tende  a  ficar  menor,  devido à redução na 
  amplitude dos movimentos  
Acinesia = produzir poucos  ○ Freezing (acinesia súbita) → pessoa “trava” durante um movimento 
movimentos (ex: não muda 
 
de posição ao ficar um 
➢ OBS:  Os  pacientes  podem  desenvolver  estratégias  para  “driblar” o freezing: já que o 
longo período sentado) 
  movimento  que  ele  deseja  fazer  está  bloqueado,  ele  inicia  um  outro  movimento 
qualquer  e,  a  partir  daí,  consegue  realizar  aquele  desejado.  Ex:  bater  palma  para 
 
conseguir  se  levantar  da  cadeira;  ajoelhar-se  no  chão  antes  de  atravessar  uma 
No início do quadro, a 
porta... 
instalação do tremor é 
frequentemente unilateral,   
posteriormente  ● Tremor   de  repouso  →  exacerba-se  durante  a  marcha,  esforço  mental, 
progredindo para o outro  tensão emocional 
lado  ○ Com  a  evolução  da  doença,  pode  surgir  também  tremor  cinético  e 
  postural 
Rigidez = resistência à   
movimentação passiva, 
● Rigidez  (hipertonia  plástica)  →  uniforme  ao  longo  do  movimento;  pode 
uniforme ao longo de todo 
o movimento  haver o fenômeno da roda denteada  
  ○ Predomínio  da  musculatura  flexora:  gera  anteroflexão  do  tronco  e 
Fenômeno da roda  semiflexão dos membros 
denteada = ao examinar o   
tônus, em movimento 
passivo, ele é “agarrado” ao 
invés de contínuo 
 
 
 
 
Pull Test: O examinador se 
posiciona atrás do paciente 
e dá um leve toque  → Postura Parkinsoniana 
trazendo a pessoa para   
trás. Em situações normais, 
● Instabilidade postural → perda de reflexos de readaptação postural 
a pessoa dá um passo atrás 
e se reequilibra. Havendo  ○ A instabilidade postural na doença de Parkinson é bastante tardia. 
instabilidade, a pessoa  ○ Pull Test → realizar com cuidado devido ao risco de queda 
precisa dar vários passos  ○ Investigar histórico de quedas  
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até conseguir se equilibrar,   


ou mesmo cai em bloco (de  ● Outros: 
uma vez)  ○ Marcha  festinante:  a  pessoa  não  consegue  parar  de  andar 
voluntariamente,  tendo que se apoiar em paredes ou objetos para se 
bloquear 
 

 
PARKINSONISMO PRIMÁRIO - DOENÇA DE PARKINSON 
  EPIDEMIOLOGIA: 
  ● “Paralisia agitante” 
  ● Uma das doenças neurológicas mais comuns 
 
● Prevalência aumenta com idade 
 
  ● Início precoce dos 21 aos 40 anos (?) 
  ● Fatores ambientais e genéticos 
   
  FISIOPATOLOGIA → presença de corpos de Lewy na substância negra 
  ● Estágios 1 e 2: distúrbios autonômicos e olfatórios 
  ○ Hiposmia 
 
○ Disautonomia  
A hiposmia (déficit 
olfatório) pode preceder em  ■ Hipotensão postural 
muitos anos o distúrbio de  ■ Constipação 
movimento   
  ● Estágios 3 e 4: distúrbios motores e de sono 
  ○ Bradicinesia, tremor de repouso, rigidez 
  ○ Transtorno  comportamental  do  sono  REM  →  degeneração 
 
progressiva  dos  núcleos  que  inibem  os  movimentos  durante  o  sono 
 
  REM  
   
  ● Estágios 5 e 6: distúrbios cognitivos e emocionais  
  ○ Depressão 
  ○ Demência → tardia 
   
 
DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL:  
 
  ● Forma rígido-acinética → predomínio da bradicinesia e rigidez 
  ○ Hipotireoidismo 
  ○ Depressão 
  ○ Lesão piramidal 
   
  ● Forma hipercinética → predomínio de tremor 
 
○ Tremor essencial 
 
  ○ Drogas 
   
  TRATAMENTO 
  ● Remoção da causa de base: drogas, intex, tumores 
  ● No  parkinsonismo  ocorre  redução  dopaminérgica  e  aumento  colinérgico. 
  Logo, as estratégias de tratamento são: 
 
○ Aumento de dopamina:  
 
  ■ Precursora da dopamina: levodopa 
  ■ Bloqueador  da  degradação  de  dopamina:  entacapone 
  (COMT), selegina (MAO) 
  ■ Bloqueador  de  recaptação  da  dopamina,  anticolinérgico  e 
  antiglutamatergica: amantadina 
  ■ Agonistas  dopaminérgicos:  pramipexol,  ropirinol, 
 
apomorfina 
 
  ○ Redução da acetilcolina: 
  ■ Anticolinérgicos (tremor): biperideno, triexifenidil 
   
  OBS: PARKINSONISMO ATÍPICO (PLUS) 
  ● Disautonomia precoce 
  ● Síndrome cerebelar 
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  ● Síndrome piramidal  
  ● Síndrome de neurônio motor inferior 
  ● Distúrbio da motricidade ocular extrínseca 
 
 
 
  Causas: 
  ● Atrofia de múltiplos sistemas 
Essas doenças também são  ● Paralisia supranuclear progressiva 
causas primárias, porém  ● Degeneração corticobasal 
menos comuns.  ● Demência por corpos de Lewy 
 

 
PARKINSONISMO SECUNDÁRIO  
  CAUSAS DE PARKINSONISMO SECUNDÁRIO:  
● Drogas  →  neurolépticos,  bloqueadores  de  canais  de  Ca  (cinarizina  e 
flunarizina), amiodarona, lítio 
● Intoxicações exógenas → manganês, CO, metanol, organofosforados 
● Infecções → encefalites virais, neurocisticercose, AIDS 
● Vascular 
● TCE 
● Lesão expansiva do SNC 
● Hidrocefalia 
● Hipoparatireoidismo 
 

 
CONTINUAÇÃO DO CASO... 
  ● Melhora da hipotensão postural, possibilitando o exame de marcha 
● Bradicinesia  em  MMSS  e  MMII:  abrir e fechar as mãos, bater dedos, bater os 
pés 
● Tremor  de  repouso  em  MMSS,  mais  acentuado  à  direita.  Discreta  piora  em 
relação ao exame anterior. 
● Tremor Postural e cinético ausentes.  
● Hipomimia 
● Marcha lentificada, com predomínio da postura flexora e pequenos passos 
● Pull Test negativo 
 
➢ Solicitar  revisão  laboratorial  e  exames  de  imagem  para  descartar  causas  de 
parkinsonismo secundário 
 

  APÓS  A  SEGUNDA  AVALIAÇÃO,  QUAL  É  A  HIPÓTESE  A  SER  LEVANTADA  PARA  A 


SÍNDROME PARKINSONIANA? 
  A. Hipoparatireoidismo 
  B. Traumatismo craneoencefálico  
  C. Doença de Parkinson  
 
D. Intoxicação por manganês  
 
  E. Síndrome parkinsoniana induzida por medicamento  
   
  Continuação: 
  A  paciente  recebeu  tratamento  com  levodopa/benserazida  100/25mg  QID  com 
  melhora quase completa dos sintomas. 
  Após  um  ano  de  acompanhamento,  desenvolveu  subitamente  movimento  anormal 
 
do dimídio esquerdo. 
 
  Eram  movimentos  rápidos  sem  padrão  definido,  randômicos,  imprevisíveis, 
  envolvendo toda a extensão dos membros. Persistiam durante quase todo o dia 
 
Izabela Aburachid e Poliana Xavier l Medicina 149 

  QUAL É O TIPO DE MOVIMENTO ANORMAL APRESENTADO PELA PACIENTE? 


  A. Distonia  →  tônus  aumentado,  com  contração  constante  de  determinado  grupo 
  muscular, podendo causar deformidades e dificuldades no movimento 
  B. Mioclonia  →  resumidamente,  é  o  termo  mais  correto  para  o  que  chamamos  de 
Os primeiros anos de uso  “espasmo” 
da levodopa geralmente  C. Coreia 
são descritos como “lua de 
D. Estereotipia  como  uma  complicação  da  levodopa  →  pode  ocorrer,  mas 
mel” com a levodopa, pois o 
geralmente acontece após 5 anos de uso 
paciente se sente bem e 
raramente existem efeitos  E. Tique  →  movimentos  geralmente  simples,  rápidos,  bem  definidos  e  repetitivos.  A 
colaterais  pessoa  é capaz de cessá-los total ou parcialmente se concentrar-se conscientemente 
  nisso. Mas no momento em que para de prestar atenção, eles voltam 
 

  O QUE PODERIA EXPLICAR ESSE QUADRO? 


  AVC  seria  um  hipótese  diagnóstica  importante  para  essa  coréia  de  instalação 
aguda em uma paciente de 75 anos 

   
Izabela Aburachid e Poliana Xavier l Medicina 149 

EPILEPSIA
INTRODUÇÃO 
 

Descargas = atividade  ● A  doença  é  caracterizada  por um estado de hiperatividade dos neurônios e 


elétrica anormal  circuitos  cerebrais,  capaz  de  gerar  descargas  elétricas  sincrônicas 
  anormais. 
  
○ Em  geral,  o  local  de  início  dessas  descargas  e  as  manifestações 
 
O diagnóstico de todos os  causadas determinam a classificação das crises 
tipos é feito pelo EEG   
  ● Ocasionadas  por  excesso  de  excitação  (mediada  principalmente  por 
glutamato,  o  principal  neurotransmissor  excitatório)  ou  falta  de  inibição 
(mediada pelo ácido gama-aminobutírico) 
 
● As descargas podem ser verificadas pelo eletroencefalograma (EEG) 
 

CLASSIFICAÇÃO DAS CRISES EPILÉPTICAS 


Classificação dos tipos de 
crises da ILAE 2017  

A crise focal é a antiga  INÍCIO  FOCAL  →  as  descargas  neuronais  se  originam  a  nível  cortical,  em  apenas 
“crise parcial”  parte de um ou de ambos os hemisférios cerebrais 
  ● Localizadas  mais  comumente  no  lobo  temporal,  mas podem envolver região 
 
hipocampal  e  região  próxima  ao  sistema  límbico  →  o  paciente  pode  relatar 
Pode haver automatismos 
→ movimentos  que “sente um medo intenso e mal estar, e de repente não se lembra mais de 
estereotipados que se  nada” 
assemelham a mov.  ○ As  epilepsias  do  lobo  temporal  são  as  mais  freqüentemente 
voluntários.  encontradas  no  adulto,  correspondendo  a  cerca  de  60%  das 
  epilepsias focais 
O evento motor consiste  ● Podem  evoluir  de  focal  para  tônico-clônica  bilateral  (generalizada)  → 
de um aumento ou 
crises  focais  podem,  com  a  propagação  da  descarga,  se  transformar  em 
diminuição da contração 
muscular, o que define um  crises secundariamente generalizadas 
fenômeno positivo e  ● Podem acometer qualquer grupo muscular definido 
negativo, respectivamente.   
O aumento da contração  ● Classificadas em: 
muscular pode ser do tipo  1. Perceptivas ou disperceptivas 
tônico (significando  ○ PERCEPTIVA:  a  consciência,  orientação  e  percepção  do 
contração muscular 
ambiente estão preservadas → antiga crise simples 
mantida com duração de 
poucos segundos a  ○ DISPECEPTIVA:  a  percepção  do  ambiente  está  alterada  (a 
minutos), clônico (cada  pessoa perdeu o contato)→ antigas crises complexas 
contração muscular é   
seguida de relaxamento,  2. Início  motor  ou  não-motor  →  de  acordo com a alteração motora ou 
originando abalos  de consciência que predomina 
musculares sucessivos) ou   
mioclônico (contrações 
INÍCIO  GENERALIZADO  →  as descargas começam em grandes áreas de ambos os 
musculares muito breves, 
semelhantes a choques).  hemisférios  cerebrais  (envolvem  circuitos  talâmicos  na  geração  das  descargas 
Diminuição da contração  difusas, bilaterais e síncronas) 
muscular caracteriza as  ● Crises  generalizadas  não  apresentam  evidência  de  início  localizado,  as 
mioclonias negativas e as  manifestações  clínicas  indicam  envolvimento  de  ambos  os  hemisférios 
crises atônicas  cerebrais  desde  o  início  e  as  descargas eletroencefalográficas são bilaterais. 
  Como  nas  crises  generalizadas  o  sistema  reticular  ativador  ascendente  é 
O termo “ausência” só 
precocemente  acometido  pelas  descargas,  a  consciência  é  quase  sempre 
pode ser utilizado para 
crises generalizadas.   comprometida 
A crise focal de caráter   
disperceptiva e não-motora  ● Classificadas em: 
(antigamente chamada de  1. Motora: Geralmente duram 2-3 minutos 
parcial complexa) é mais  ● Tônico-clônica 
prolongada do que a crise  ● Outras motoras: atônicas 
de ausência, e costuma ter 
Izabela Aburachid e Poliana Xavier l Medicina 149 

sinais pós-ictais (a pessoa   


fala embolado, fica  2. Não motora → “crise de ausência” 
confusa).   ■ Sabe-se  que  são  generalizadas  devido  ao  padrão  no 
 
  eletroencefalograma 
PERÍODO PÓS ICTAL:  ■ Em  geral,  dura  menos  de  1  minuto.  Tem  começo  súbito  e 
estado do paciente após a  fim súbito, com recuperação imediata.  
crise, que varia muito entre  ■ Mais comum em crianças 
retorno imediato ao estado  ■ Mais difícil de serem diagnosticadas 
basal ou sintomas mais 
 
limitantes como cansaço 
intenso, fadiga muscular, 
INÍCIO DESCONHECIDO: 
mialgia, cefaleia,  ● Motoras 
sonolência…  ○ Tônico-clônicas 
  ○ Outras motoras 
AURA: o início dos  ● Não motoras → ausência 
sintomas da crise pode se   
assemelhar os sintomas da 
NÃO CLASSIFICADAS 
enxaqueca e por isso 
podem também ser 
 
chamados de auras 
(sintomas 
sensitivo-sensoriais). 
Podem haver inclusive 
alucinações (sintomas 
experienciais). Mas não se 
trata de um sintoma 
anterior à crise, e sim 
manifestação dela própria. 

 
 

 
DIAGNÓSTICO 
  CRITÉRIOS DIAGNÓSTICOS 
Epilepsia é considerada  Epilepsia é uma doença encefálica definida por uma das condições seguintes: 
resolvida para indivíduos  ● 1.  Pelo  menos  2  crises  não-provocadas  (ou  reflexas),  ocorrendo  um 
que tiveram uma síndrome  intervalo de > de 24 horas 
epiléptica 
○ “Crises  provocadas”  seriam  desencadeadas  por  um  fator  agudo, 
idade-dependente, mas 
agora passaram a idade  como  por  exemplo:  febre  (crises  febris),  consumo  de  álcool  ou 
vulnerável; ou aqueles que  drogas, síndrome de abstinência, infecções 
permanecem livres de   
crises por pelo menos 10  ● 2.  Uma  crise  não  provocada  (ou  reflexa)  +  probabilidade  de  crises 
anos  subsequentes  semelhante  ao  risco  geral  de  recorrência  (pelo  menos  60%) 
após 2 crises não provocadas, ocorrendo nos próximos 10 anos  
○ Explicação:  Após  2  crises  epilépticas  não  provocadas,  o  risco  da  3a 
em  60  meses  é  de  73%  →  como  a  chance  de  recorrência é grande, 
após 2 crises já se indica tratamento 
 
● 3. Diagnóstico de uma síndrome epiléptica.  
 
➢ Algumas  pessoas  são  tratadas  já  após  a  1ª  crise,  dependendo do exame de 
imagem e EEG condizentes 
 

  MÉTODOS DIAGNÓSTICOS 
   
Izabela Aburachid e Poliana Xavier l Medicina 149 

Cerca de 30-40% das  ELETROENCEFALOGRAMA 


pessoas com epilepsia  ● O  EEG  é  um exame essencial, embora não imprescindível, pois o diagnóstico 
apresentam o primeiro  de epilepsia deve ser baseado em dados clínicos 
registro EEG normal em 
● À  suspeita  de  crises  epilépticas,  devem-se  realizar  registros 
vigília. No entanto, mais de 
90% das pessoas com  eletroencefalográficos  em  vigília,  sonolência  e  sono,  preferencialmente  após 
epilepsia têm registros  privação  de  sono,  e  incluir  procedimentos  de  ativação  como  hiperpnéia  e 
eletroencefalográficos  estimulação luminosa. 
anormais, desde que sejam  ● Além  da  utilidade  para  o  diagnóstico e estabelecimento do tipo de síndrome 
realizados vários traçados,  epiléptica,  o  EEG  pode  ser  utilizado  para  monitorizar  a  evolução  do 
em vigília e sono, e usadas  tratamento e a retirada dos fármacos 
técnicas de ativação como 
 
hiperventilação e 
fotoestimulação  NEUROIMAGEM 
intermitente  ● Na  investigação  das  lesões  epileptogênicas  e  suas  relações  com  o  tecido 
cerebral  vizinho  são  usadas  diferentes  técnicas  de  neuroimagem  que 
fornecem informação anatômica, metabólica e funcional. 
 
● Neuroimagem estrutural: 
○ TC  →  diagnóstico  das  malformações  arteriovenosas,  acidentes 
vasculares, lesões calcificadas e dos tumores do SN 
○ RM → pelo fato de, muitas vezes, as lesões estruturais envolvidas na 
geração  das  crises  epilépticas  serem  sutis,  exigindo  que  sejam 
enfatizadas  áreas  específicas,  o  estudo  por  ressonância  magnética 
em  epilepsia  deve  ser  programado  após  o  estabelecimento  da 
correlação eletroclínica. 
 
● Neuroimagem funcional: 
○ PET  e  SPECT  →  Os  estudos  de  PET,  que  detectam  alterações  no 
metabolismo  cerebral  da  glicose,  demonstram  redução  metabólica 
na  área  epileptogênica  em  70-80%  dos pacientes com crises focais, 
particularmente as localizadas no lobo temporal. 
○ RM funcional 
○ Espectroscopia por RM 
 

 
 
 

   
Izabela Aburachid e Poliana Xavier l Medicina 149 

GD: NEUROPATIAS PERIFÉRICAS    


Referências:  
● A Neurologia que todo médico deve saber 
● Medcurso 

 
Revisão... SISTEMA NERVOSO PERIFÉRICO 
  SISTEMA PIRAMIDAL: O PRIMEIRO NEURÔNIO MOTOR 
 
● O  corpo  celular  do  primeiro neurônio motor localiza-se no córtex cerebral do 
 
  lobo frontal, na chamada área motora (giro pré-central, ou área 4).  
   
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
   
   
  ● Seus  axônios  formam  o  feixe  piramidal  (composto  pelos  feixes 
 
  corticoespinhal e corticonuclear).  
  ○ Feixe  corticoespinhal:  segue  por  fibras  descendentes  na  região 
  anterior  do  tronco  encefálico  (pedúnculo  cerebral  do  mesencéfalo, 
  base  da  ponte  e  pirâmides  bulbares),  cruzando  para o outro lado no 
 
 
extremo  inferior  do  bulbo,  na  decussação  das  pirâmides.  Em 
  seguida,  segue  pelo  funículo  lateral  da  medula espinhal. Na medula, 
  os  axônios  farão  sinapse  com  o  segundo  neurônio  motor  (neurônio 
  alfa) na ponta anterior do “H” medular. 
 
● O  neurônio  piramidal  é  responsável  pelo  movimento  voluntário  muscular  e 
 
A espasticidade e a 
pela  força  muscular  →  a  lesão  de  seu  corpo  celular  ou  de  seu  axônio  leva à 
hiper-reflexia, na verdade,  fraqueza muscular (paresia) ou mesmo à paralisia muscular (plegia). 
são explicadas pela lesão   
concomitante de fibras   
extrapiramidais, 
provenientes do córtex  Síndrome piramidal:  
Izabela Aburachid e Poliana Xavier l Medicina 149 

pré-motor e do núcleo 
● Fraqueza muscular (paresia ou plegia) 
rubro mesencefálico, núcleo 
● Flacidez  e  hipo/arreflexia  ou  espasticidade  e  hiperreflexia  →  em  lesões  agudas 
vestibular e formação 
(ex.:  AVE,  trauma),  há  paresia  flácida  e  hipo/arreflexa  (fase  do  “choque medular”); 
reticular pontina e bulbar. 
nas  lesões  subagudas  ou  insidiosas  (ex.:  esclerose  múltipla,  tumores),  ou  após 
São responsáveis pela 
variação necessária do  alguns  dias  ou  semanas  de  uma  lesão  aguda  há  paresia/plegia  espástica 
hiperreflexa 
tônus muscular para 
● Sinal de babinski (cutâneo plantar em extensão do hálux) 
produzir o movimento 
● Sinal  de  Hoffman  (oposição  do  polegar  e  dedo  mínimo  após  súbita  flexão  da 
(modulando os neurônios 
gama da ponta anterior da  falange distal do dedo médio.) 
● Clônus:  contrações  musculares  repetitivas  após estiramento do tendão de Aquiles 
medula). 
(clônus de calcâneo) ou do quadríceps (clônus de patela). 
Obs: A espasticidade do 
● Perda dos reflexos cutâneo-abdominais e cremasteriano 
membro superior mantém o 
membro em postura de   
flexão, e a espasticidade do   
membro inferior em postura  MEDULA ESPINHAL:  
de extensão ! 
● O  corno  anterior  da  subs.  cinzenta  medular  contém  os  neurônios  motores, 
 
  que emitem os axônios para a raiz ventral do nervo. 
  ● O  corno  posterior  contém  os  neurônios  somatossensoriais.  Eles  emitem 
  fibras para a raiz dorsal do nervo. É ela que contém o gânglio espinhal.  
O tônus muscular recebe a   
influência de outro 
neurônio originário da 
ponta anterior da medula: o 
neurônio gama. Seu axônio 
acompanha o do neurônio 
alfa e chega até o músculo 
esquelético, onde faz 
sinapse com a fibra do fuso 
muscular, contraindo suas 
extremidades. Isso provoca 
a distensão da região 
central do fuso, 
estimulando o reflexo 
monossináptico e, assim, 
aumentando a tensão 
muscular. 

 
 
SEGUNDO NEURÔNIO MOTOR (neurônio alfa):  
● Tem  seu  corpo  celular  na  ponta  anterior  da  medula,  mandando  um  longo 
axônio  que  segue  pela  raiz  ventral  e  depois  pelo  nervo  espinhal,  fazendo 
sinapse  com  o  músculo  esquelético  →  essa  sinapse  é  chamada  placa 
motora, e tem como neurotransmissor a acetilcolina.  
● O  segundo  neurônio motor é o responsável direto pela contração muscular, 
além de exercer efeito trófico sobre o músculo.  
● A  morte  deste  neurônio  causa  paralisia  flácida  e  amiotrofia  (atrofia 
muscular). 
 
MÚSCULO ESQUELÉTICO:  
Izabela Aburachid e Poliana Xavier l Medicina 149 

● O  músculo  esquelético  possui  diversas  pequenas  estruturas  denominadas 


fusos  musculares  →  formados  por  miócitos  modificados  envolvidos  por 
fibras  sensitivas  ânulo-espiraladas,  capazes  de  detectar  qualquer  aumento 
da tensão muscular. Eles estimulam neurônios cujo corpo celular encontra-se 
no gânglio espinhal, e fazem sinapse com o segundo neurônio motor 
○ Essa  alça  neuronal  monossináptica  ajuda  a  manter  um  tônus 
muscular  apropriado  e  é  responsável  pelos  reflexos  tendinosos 
(bicipital, tricipital, patelar e aquileu). 
 

Introdução: POLINEUROPATIAS PERIFÉRICAS 


 

  CLASSIFICAÇÃO 
Importante: causas,  CLASSIFICAÇÃO: 
topografia, padrão sensitivo  1. Velocidade de instalação:  
  ● Aguda: menos de uma semana 
 
● Subaguda: menos de um mês 
 
  ● Crônica: mais de um mês  
   
  2. Tipo de fibra nervosa envolvida: motora, sensitiva, autonômica ou mista.  
   
  3. Tamanho da fibra nervosa envolvida: grossa, fina ou mista. 
   
 
4. Distribuição: proximal, distal, difusa.  
 
   
  5. Padrão: mononeuropatia, mononeuropatia múltipla, polineuropatia. 
  ● Mononeuropatia: lesão focal de um nervo periférico → compressão do nervo 
  ● Mononeuropatia  múltipla:  lesão  multifocal  →  com  a  progressão  da 
  mononeuropatia  múltipla  poderá  haver  envolvimento  simétrico  de  todos  os 
  nervos  periféricos.  Entretanto,  mesmo  nesses  casos  o  exame  evidencia 
 
vários  graus  de  comprometimento  que  correspondem  ao  território  dos 
 
  nervos individuais  
  ○ Exemplos:  vasculites,  diabetes  mellitus,  hanseníase,  doença  de 
  Lyme,  infecção  pelo  vírus  HIV,  neuropatia  multifocal  motora, 
  crioglobulinemia e sarcoidose 
   
  ● Polineuropatias:  alteração  da  função  dos  nervos  periféricos  de  modo 
 
simétrico, distal e bilateral, padrão em botas e luvas 
 
   
  6. Patologia: degeneração axonal, desmielinização segmentar, mista. 
A mielina é o elemento da  ● Desmielinização  segmentar:  degeneração  focal  da  bainha  de  mielina  com 
fibra nervosa mais  preservação do axônio 
suscetível, podendo ser  ○ A recuperação da função pode ser rápida, pois o axônio está intacto 
afetada primária ou  ○ As  neuropatias  desmielinizantes  em  geral  são  as  hereditárias  ou 
secundariamente, 
autoimunes (ex. Síndrome de Guillain-Barré, esclerose múltipla) 
conseqüentemente a uma 
doença axonal   
● Degeneração  axonal  →  Em ambos há degeneração secundária da mielina; a 
recuperação  é  mais  lenta,  em meses ou anos, porque o axônio deve primeiro 
regenerar e reconectar-se ao músculo antes de a função voltar. 
○ Degeneração  walleriana:  ocorre  devido  à  interrupção  focal  do 
axônio.  
○ Degeneração  axonal  centrípeta:  resulta  de  lesão  metabólica  do 
neurônio.  
 

  SINAIS E SINTOMAS 
Na maioria das NPs, a  ALTERAÇÕES DA SENSIBILIDADE 
Izabela Aburachid e Poliana Xavier l Medicina 149 

intensidade da hipoestesia  ● Tipicamente  hipoestesia  em  forma  de  “bota  e  luva”  →  mais  comprometida 
é maior ou proporcional à  nos  segmentos  distais  dos  membros, e normalmente mais intensa nos MMII; 
fraqueza muscular  pode estar associada de parestesia (formigamento) 
 
○ À  medida  que  a  doença  progride,  há  hipoestesia  ou  anestesia  nas 
- Hiperestesia é a 
sensibilidade aumentada a  partes proximais dos membros e tronco. 
um estímulo (ex. resposta   
desagradável a um  ● Na  maioria  das  polineuropatias,  todas  as  modalidades  sensitivas  (tátil, 
estímulo não nocivo).   térmica, dolorosa, vibratória e cinético-postural) estão comprometidas 
- Hiperpatia é uma  ○ Nas  neuropatias  de  axônios  mielínicos  finos  e  amielínicos,  pode 
resposta dolorosa,  haver um padrão de hipoestesia térmica e dolorosa com preservação 
desagradável, a um 
da sensibilidade táctil, vibratória e cinético-postural 
estímulo nocivo, 
principalmente se repetido.  ○ Nas  neuropatias  em  que  o  maior  comprometimento  é  das  grandes 
Geralmente decorrem de  fibras  mielínicas,  há  perda  da  sensibilidade  tátil,  enquanto a térmica 
lesão parcial do nervo  e a dolorosa estão preservadas. 
periférico   
  ● O  comprometimento  da  sensibilidade  proprioceptiva  pode  gerar  ataxia 
Ataxia = sem coordenação  sensitiva (incoordenação com os olhos fechados) 
 
 
 
   
  FRAQUEZA  MUSCULAR  →  desmielinização  segmentar,  interrupção  axonal  ou 
O grau da fraqueza é  destruição do neurônio motor 
proporcional ao número de  ● A  maioria  das  polineuropatias  tem  distribuição  característica  com 
motoneurônios alfa  acometimento  inicial  e  mais  grave  dos  músculos  dos  pés  e  pernas,  e  mais 
afetados.  tardio  e  menos  intenso  dos  músculos das mãos e antebraços → neuropatias 
 
nutricionais, metabólicas e tóxicas evoluem assim 
Nas neuropatias 
○ Alterações  patológicas,  nestes  casos,  iniciam-se  na  parte  distal  dos  nervos 
desmielinizantes a atrofia é 
mais discreta, sendo  mais  calibrosos  e  mais  longos,  progredindo  em  direção  ao  corpo  celular. 
Esse  comportamento  justifica-se  por  lesão  primária  do  corpo  celular  do 
conseqüente ao desuso 
neurônio  com  diminuição  da  síntese  protéica  e  conseqüente  falência  de 
 
suprimento para as partes mais distais dos axônios → atrofia muscular 
 
Fasciculações e câimbras   
normalmente não são um  REFLEXOS  PROFUNDOS  →  perda  de reflexos profundos é comum nas neuropatias 
achado importante  periféricas 
 

  ABORDAGEM INICIAL 
  PROPEDÊUTICA:  
Cerca de 24% dos  ● Eletroneuromiografia  →  confirma  a  neuropatia  e  informa  sobre  o  padrão 
pacientes com NP não têm  (desmielinizante ou axonal) 
uma etiologia determinada 
○ Padrão  desmielinizante:  observam-se  diminuição  da  velocidade  de 
 
Permite o estudo da  condução  nervosa,  aumento  da latência distal, presença de bloqueio 
velocidade de condução  de condução e aumento do tempo de latência da onda F 
dos impulsos (motores e  ○ Lesão  axonal:  o  que  predomina  é  uma  diminuição  importante  da 
sensitivos); padrão  amplitude  do  potencial  associada  à  presença  de  sinais  de 
eletrofisiológico da  desnervação na eletromiografia. 
contração muscular   
 
● Exames  laboratoriais:  hemograma,  glicemia,  hemoglobina  glicosilada,  uréia 
Há neuropatias 
relacionadas a HCV, HBV e  e  creatinina,  dosagem  de  hormônios  tireoidianos,  fator  reumatóide,  fator 
HIV.   antinuclear,  dosagem  de  vitamina  B12, imuno-eletroforese sérica e na urina, 
  sorologia para hepatites e HIV 
   
Geralmente a biópsia é feita  ● Biópsia  nervosa:  é  o  último  exame  a  ser  pedido  quando  a  investigação 
no nervo sural  sistêmica não evidenciou uma etiologia definida 
 
 
 
  TRATAMENTO GERAL: 
Pregabalina e gabapentina  ● Para  controle  dos  sintomas  sensitivos  (dor  neuropática):  antidepressivos 
são antiepilépticos  tricíclicos, pregabalina e gabapentina 
● Para tratamento de hipotensão postural: fludrocortisona 
 
Izabela Aburachid e Poliana Xavier l Medicina 149 

ETIOLOGIAS 
 

  Podem ser:  
● Hereditárias 
● Adquiridas: 
○ Metabólicas 
○ Tóxico-carenciais 
○ Infecciosas 
○ Imunomediadas 
 

  HEREDITÁRIAS 
  HEREDITÁRIAS  →  longa  evolução  (anos), com simetria dos sintomas desde o início, 
  presença de pés cavus e dedos em martelo ao exame 
A porfiria hepática pode  ● Relacionadas  a  defeitos  metabólicos  específicos  →  leucodistrofia 
gerar um quadro 
metacromática,  doença  de  Krabbe,  doença  de  Refsum,  doença  de  Fabry, 
semelhante ao 
Guillain-Barré (diagnóstico  doença  de  Tangier,  neuropatia  amiloidótica  hereditária,  porfiria  hepática 
diferencial).   hereditária. 
   
  ● Patogênese indefinida: 
  ○ Neuropatias motoras hereditárias (atrofia espinal hereditária) 
  ○ Neuropatias hereditárias sensitivo-motoras (HMSN) 
○ Neuropatias autonômicas e sensitivas 
 

  DISTÚRBIOS METABÓLICOS 
Polineuropatia urêmica: o   
quadro mais freqüente é  Distúrbios  metabólicos  →  diabetes  mellitus  (causa  mais  frequente),  DRC, 
de polineuropatia  hepatopatia,  hipotireoidismo,  acromegalia,  SIRS  (quadros  agudos  e  transitórios  em 
sensitivo-motora 
doentes críticos) 
progressiva e simétrica, 
sendo o sintoma mais  ● São  geralmente axonais, com comprometimento sensitivo-motor, embora os 
importante as disestesias  sintomas sensitivos distais predominem. 
nos pés, com déficit motor   
leve. A diálise e o   
transplante renal   
geralmente têm um efeito   
benéfico 
  NEUROPATIA DIABÉTICA 
Neuropatia diabética é a  EPIDEMIOLOGIA:  cerca  de  15%  dos  pacientes  com  diabetes  melito têm sintomas e 
neuropatia adquirida 
sinais de NP.  
metabólica mais frequente 
  ● A  prevalência  da  neuropatia  varia  de  7,5%  na  época  da  descoberta  do 
  diabetes a até 50% após 25 anos. 
   
  PATOGÊNESE:  
  ● Há  perda  de  axônios  nos  nervos  periféricos  e  desmielinização  segmentar, 
  que  geralmente  é  secundária  às  alterações  dos  axônios.  Lesões  vasculares 
 
obliterativas também ocorrem. 
 
   
  FORMAS DE APRESENTAÇÃO:  
O quadro de ataxia, perda  ● Polineuropatia simétrica: 
da sensibilidade profunda e  ○ Sensitiva ou sensitivo-motora → forma mais frequente 
atonia vesical com discreta  ○ Neuropatia  autonômica  →  causa  disfunção  pupilar  e  lacrimal; 
fraqueza dos membros  hipotensão  postural;  anidrose  e  conseqüente  pele  seca;  atonia  do 
assemelha-se à tabes 
trato  gastrintestinal  (diarréia,  atonia  vesical,  ejaculação  retrógrada); 
dorsal; daí a denominação 
“pseudotabes diabético”.  impotência sexual.  
- Obs: Tabes dorsalis é uma  ○ Motora  aguda  ou  subaguda  →  descrições  ocasionais  desses 
das complicações da  quadros,  com  boa  recuperação;  diagnóstico  diferencial  com 
neurosífilis, com a degeneração  síndrome de Guillain-Barré 
Izabela Aburachid e Poliana Xavier l Medicina 149 

nervosa das colunas dorsais da   


medula 
● Neuropatias focal e multifocal:  
 
○ Neuropatia  de  nervos  cranianos  →  a  alteração  mais  freqüente  a 
 
  lesão  isolada  do  terceiro  nervo;  o  sexto  nervo  é  afetado  menos 
  comumente  e  o  quarto  nervo  raramente  é  envolvido  sozinho.  O 
  início  é  geralmente  abrupto  e  pode  ser  indolor  ou  associado  com 
  cefaléia; a recuperação é a regra. 
  ○ Mononeuropatia  de  tronco  e  membros  →  os  mais  comumente 
  afetados  são:  ulnar,  mediano, radial, femoral, cutâneo lateral da coxa 
 
e perineal. O início é geralmente abrupto, com dor. 
 
Na mononeuropatia do  ○ Neuropatia  motora  proximal  (amiotrofia  diabética)  →  fraqueza 
tronco, fazer o diagnóstico  muscular  assimétrica  e atrofia proximal nos membros inferiores e, às 
diferencial com  vezes,  também  na  região  lombar  e  perineal.  A  tendência  à 
radiculopatias.  recuperação espontânea é grande.  
 
POLINEUROPATIA SIMÉTRICA SENSITIVO-MOTORA → forma mais comum  
● Os  sinais mais precoces são: perda do reflexo aquiliano e hipopalestesia dos 
pés.  
● Quando  os  sintomas  acompanham  os  sinais,  consistem  em  dormência  e, às 
vezes,  parestesias nos pés (sintomas nas mãos são menos comuns). Dor nos 
membros inferiores é frequente, piorando à noite. 
● Às  vezes,  a  neuropatia  sensitiva  é  intensa,  com  diminuição  da  sensibilidade 
cutânea distalmente nos quatro membros e perda da sensibilidade profunda. 
○ A  perda  da  sensibilidade  dolorosa  contribui  para  o 
desenvolvimento  de  úlceras  perfurantes  nos  pés  e  de  artropatia 
neuropática,  principalmente  nas  articulações  interfalangeanas  e 
metatarsofalangeanas. 
 

 
 
TRATAMENTO: 
● Como  há  relação  entre  lesão  de nervos periféricos e controle inadequado do 
diabetes,  o  ponto  principal  do  tratamento  é  a  manutenção  da  glicemia 
relativamente normal.  
● A  dor  pode  ser  importante,  e  várias  drogas, como fenitoína, carbamazepina, 
gabapentina,  fenotiazinas  e  antidepressivos  tricíclicos,  são  recomendadas 
para seu tratamento → esquemas para tratamento de dor neuropática 
 

  TÓXICO-CARENCIAIS 
  Tóxico-carenciais 
Izabela Aburachid e Poliana Xavier l Medicina 149 

  ● Alcóolica  →  o  quadro  típico  é  uma  neuropatia  que  acomete  principalmente 


  os  membros  inferiores,  predominantemente  sensitiva,  com  hiperestesia  nos 
  pés, abolição dos reflexos aquileus e leve déficit distal.  
 
 
 
  ● Relacionadas  a  drogas  →  a  maioria  é  predominantemente  distal,  simétrica, 
  sensitivo-motora  (mais  sensitiva).  Dor  é  comum.  A  recuperação  ocorre  em 
  meses e geralmente é incompleta. 
  ○ Exemplos:  amiodarona,  cloranfenicol,  cloroquina,  colchicina, 
  dapsona,  zalcitabina,  disulfiram,  isoniazida,  metronidazol, 
  nitrofurantoína, fenitoína, piridoxina, talidomida, sinvastatina 
 
 
 
  ● Relacionada  a  metais  →  geram  quadro  sistêmico,  frequentemente  com 
  associação  hematológica.  O  diagnóstico  é  feito  pelo  nível  sérico  elevado  do 
  metal no sangue, urina, cabelo ou unhas. 
  ○ Exemplos: arsênico, chumbo, tálio. 
   
  ● Carenciais:  
 
○ Deficiência  de  vitamina  B1  (tiamina):  causa  beribéri.  O  quadro 
 
Obs: A isoniazida (tto de  principal  é  falência  cardíaca  +  polineuropatia  periférica  (distal  e 
TB) aumenta a excreção de  axonal).  O  sintoma  sensitivo  é  a  principal  manifestação  e,  com  a 
piridoxina (vit B6) e,  progressão, ocorre déficit motor. 
portanto, a sua reposição  ○ Deficiência de vitamina B6 (piridoxina) 
previne o aparecimento de  ○ Deficiência  de  vitamina  B12  (cobalamina):  pode  causar  uma  leve 
neuropatia. Por outro lado,  polineuropatia  que  não  ocorre  isoladamente,  sendo  o  quadro clínico 
uma dose muito elevada de 
principal  relacionado  a  uma  mielopatia  com  lesão  da  coluna 
piridoxina causa uma 
neuropatia sensitiva  posterior e lateral (degeneração subaguda combinada). 
atáxica.  ○ Deficiência  de  vitamina  E:  causa  síndrome  espinocerebelar  e 
  arreflexia,  ataxia  de  marcha  e  membros  e  diminuição  da 
  sensibilidade vibratória e anartrestesia 
 

  INFECCIOSAS 
  Infecciosos 
  ● Vírus  HIV  →  Nos  estágios  tardios  da  doença  o  quadro  mais  comum  é  uma 
  neuropatia  distal  dolorosa,  principalmente  nos  pés,  com  alteração  sensitiva 
 
mais importante e comprometimento motor menor 
 
  ○ Podem  ocorrer  neuropatias  associada  a  coinfecção  pelo  CMV  → 
  mononeuropatia  múltipla  grave  e  polirradiculoneuropatia 
  lombossacral aguda. 
   
  ● Vírus  Varicela-Zoster  →  a  reativação  do vírus da varicela-zoster latente nos 
  neurônios  sensitivos  do  gânglio  da  raiz  dorsal  ou  gânglios  cranianos  causa 
 
uma  ganglionite  inflamatória  e  necrótica,  com  alteração  sensitiva  no 
 
  dermátomo  e  dor.  Pode  haver  fraqueza  no  miótomo  correspondente  (30% 
  dos casos).  
  ○ Após  a  resolução  do  rash  cutâneo  pode  ocorrer  neuralgia 
  pós-herpética, cuja incidência aumenta com a idade 
   
  ● Neuropatia leprosa (Mal de Hansen) → causada pelo Mycobacterium leprae 
O diagnóstico da 
○ A  lesão  inicial  é  uma pápula ou mácula geralmente hipopigmentada, 
neuropatia leprosa é feito 
com biópsia de pele ou  com  diminuição  da  sensibilidade,  devido  à  invasão  dos  nervos 
nervo.   cutâneos pelo bacilo.  
  ○ A  manifestação  clínica  é  determinada  pela  resposta  imune  do 
hospedeiro:  a  lepra  tuberculóide  causa  uma  resposta  celular  com 
formação  de  granuloma  e  lesão  do  tecido;  a  lepra  lepromatosa 
causa  uma  resposta  imunológica  mínima  e  proliferação  e 
disseminação do agente. 
○ O  sintoma  principal  é  a  perda  sensitiva,  principalmente  à  dor  e  à 
temperatura,  acometendo  nervos  cutâneos  e  mistos  em  partes  do 
corpo com temperatura relativamente baixa. 
Izabela Aburachid e Poliana Xavier l Medicina 149 

○ A  perda  sensitiva  é  acompanhada  de  perda  da  função  motora 


devido  à  invasão de nervos próximos da pele (o nervo ulnar é o mais 
acometido). 
 

 
 
● Doença de Lyme → causada pela Borrelia burgdorferi 
○ A  doença  tem  três  estágios:  erupção  cutânea  ao  redor  da  picada, 
disseminação  precoce  (duas a dez semanas após a erupção) e tardia 
(mais  de  um  ano  após  a  erupção).  A  neuropatia  periférica  pode 
ocorrer na disseminação precoce e tardia. 
○ O  envolvimento  neurológico  precoce  causa  meningismo,  e  no 
sistema  nervoso  periférico  são  mais  acometidos  os  nervos 
cranianos.  
■ A  neuropatia  do  nervo  facial  é  a  mais  comum  e  50%  têm 
envolvimento contralateral 
○ Acometimento  de  raízes  espinais  com  dor  de  distribuição  radicular, 
seguida por fraqueza muscular, que geralmente é assimétrica. 
 

  IMUNOMEDIADAS 
  Imunomediados 
  ● Polirradiculoneurite  aguda  (PRNA)  ou  Síndrome  de  Guillain  Barré  (ver 
  abaixo) 
 
 
 
  ● Polirradiculoneurite crônica (PRNC) → evolução de pelo menos 2 meses 
Diferentemente da  ○ A  instalação  da  doença  costuma ser lentamente progressiva ou com 
síndorme de Guillain-Barré,  períodos de flutuação da fraqueza muscular 
para a PRNC,  ○ O  déficit  motor  geralmente  é  simétrico,  acometendo  tanto  a 
corticosteróides são  musculatura  proximal  como  a  distal, em geral se inicia nos membros 
preconizados como  inferiores e raramente evolui para insuficiência respiratória  
tratamento eficaz. A 
○ O  envolvimento  sensitivo  é  freqüente,  com  hipoestesia  distal  em 
plasmaférese e a 
imunoglobulina também  “bota e luva” e comprometimento da sensibilidade profunda.  
são benéficas, sendo  ○ Geralmente, há arreflexia generalizada. 
atualmente consideradas   
por vários autores como  ● Neuropatias  associadas  a  paraproteínas  →  Este  constitui  um  grupo 
tratamento de primeira  heterogêneo,  incluindo  neuropatias  axonais,  desmielinizantes  e  mistas, 
escolha.  associadas  com  a  presença de uma (ou mais) proteína monoclonal circulante 
 
(IgG, IgA ou IgM) 
 
   
  ● Neuropatias  vasculíticas  →  envolvimento  de  vasos  nutrientes  do  nervo por 
  um processo inflamatório 
  ○ A  vasculite  tende  a  ser  focal,  assimétrica,  com  desenvolvimento  de 
  uma mononeuropatia múltipla. 
   
 
● Neuropatias paraneoplásicas:  
 
  ○ Tumores como os de pequenas células do pulmão, linfoproliferativos, 
  tumores  do  aparelho  digestivo  ou  qualquer  outro  tumor  podem 
  produzir  polineuropatias  sensitivas  ou  sensitivo-motoras, 
  ganglionites,  gangliorradiculites,  com  parestesias,  disestesias  e 
  ataxia conseqüente à perda da propriocepção e anestesia associada 
   
Izabela Aburachid e Poliana Xavier l Medicina 149 

 
 
 
 
 
 
 
 
SÍNDROME DE GUILLAIN-BARRÉ 
Hipopotassemia é um  ● É  uma  polineuropatia  inflamatória  aguda,  autolimitada,  na  maioria  das 
diagnóstico diferencial,  vezes do tipo desmielinizante. 
podendo causar  ● Tem  mecanismo  autoimune  pós-infeccioso,  provavelmente  dependente  de 
tetraparesia flácida por  imunidade humoral → infecção respiratória ou gastrointestinal  
acometimento muscular  ○ Principais agentes: Campylobacter jejuni, citomegalovírus e EBV 
(não é neuropatia)    
  QUADRO CLÍNICO: 
 
● A instalação é muito aguda, de horas a dias.  
O exame físico é 
característico: paresia ou  ● Inicia-se  com  lombalgia  associada  a  disestesias  nas  extremidades  dos 
plegia + arreflexia +  membros inferiores, que se tornam paréticos ou mesmo plégicos.  
flacidez simétrica  ○ Portanto,  ocorre  uma  paraparesia  ou  paraplegia,  que  sempre  é  do 
  tipo flácida e arreflexa. 
A sensibilidade térmica e  ● Nos  dias  subsequentes,  o  comprometimento  ascende  para  os  membros 
dolorosa geralmente está  superiores  que,  inicialmente,  ficam  arreflexos  e  então  podem  tornar-se 
preservada, mas não a 
paréticos ou plégicos também. 
proprioceptiva e a 
vibratória  ● Em  50%  dos  casos,  a  evolução  pode  acometer  a  face  e  a  musculatura 
  bulbar, levando a diparesia facial periférica, disfagia, disfonia e disartria.  
A variante de Miller-Fisher  ● Em  25%  dos  casos,  há  paresia  da  musculatura  respiratória,  com  indicação 
manifesta-se com  de  suporte  ventilatório  invasivo  →  insuficiência  respiratória  é  uma 
oftalmoplegia, ataxia e  importante causa de óbito 
arreflexia generalizada  ● A  disautonomia  é  uma  alteração  comum,  mesmo  nos  pacientes  sem  outros 
 
critérios  de  gravidade,  levando  a  arritmias  cardíacas,  sudorese  e  labilidade 
A mortalidade gira em 
torno de 5%. A causa mais  pressórica (hipotensão postural intensa, crise hipertensiva espontânea). 
comum de óbito são as   
complicações pulmonares  DIAGNÓSTICO: basicamente clínico 
secundárias (pneumonia  ● Exame  de  líquor:  dissociação  albuminocitológica  (aumento  de  proteínas 
nosocomial, por causa do  sem aumento da celularidade) é um achado característico.  
longo tempo de ventilação  ○ Só estará presente após uma semana do início dos sintomas 
mecânica). As arritmias 
● Eletroneuromiografia  →  para  diagnóstico  diferencial com outras neuropatias 
podem levar à morte súbita 
(disautonomía).  (cervical) 
   
  TRATAMENTO:  
  ● Internação em CTI 
Cerca de 80% dos  ● Profilaxia do tromboembolismo venoso  
pacientes apresenta boa  ● Suporte nutricional enteral  
recuperação durante os 
● Fisioterapia motora para evitar contraturas.  
próximos meses. 
  ● O  tratamento  específico  deve  ser iniciado com uma das seguintes opções → 
  mudam a história natural da doença, reduz as sequelas 
  ○ (1) imunoglobulina IV; 
Os corticoides não têm  ○ (2) plasmaférese  
benefício nessa doença   
 
 
 
 

   
Izabela Aburachid e Poliana Xavier l Medicina 149 

GD: DOENÇA DESMIELINIZANTE    


 

INTRODUÇÃO 
 

  ● As doenças desmielinizantes do SNC compreendem:  


○ Esclerose múltipla 
○ Encefalomielite disseminada aguda  
○ Encefalomielite necrotizante hemorrágica aguda 
○ Neuromielite óptica 
○ Mielite transversa 
 

ESCLEROSE MÚLTIPLA 
 

Quem sintetiza mielina no  DEFINIÇÃO:  Doença  desmielinizante  do  SNC,  de  mecanismo  inflamatório 
SNC são os  autoimune  →  acomete  substância  branca  do  cérebro  (principalmente  subcortical), 
oligodendrócitos, enquanto  tronco encefálico, cerebelo, medula espinhal e, tipicamente, o nervo óptico.  
a síntese de mielina no SN 
 
periférico fica a cargo das 
células de Schwann.  PATOGÊNESE: 
  ● Agressão  inflamatória  autoimune  (geralmente  linfócitos  T)  sobre  a  bainha 
O nome “múltipla” se refere  de mielina dos axônios 
ao acometimento em vários  ● A perda da mielina envolve perda de fatores tróficos produzidos por essa 
locais. Também pode ser  camada protetora, levando à degeneração axonal permanente (o que 
chamada de “esclerose em  explica porque após alguns anos as sequelas da EM acabam se tornando 
placas” 
irreversíveis) 
 
  ● O acometimento é principalmente central 
   
Acomete principalmente  EPIDEMIOLOGIA:  
mulheres jovens. Mais raro  ● Mais comum em mulheres brancas (2:1)  
iniciar em idosos  ● Faixa etária de 35-50 anos. 
● É uma doença grave não pela sua mortalidade, mas pela morbidade 
● Mais prevalente em locais de clima frio 
 

  QUADRO CLÍNICO 
Izabela Aburachid e Poliana Xavier l Medicina 149 

  FORMAS  EVOLUTIVAS  →  a  doença  costuma  evoluir  para  a  disfunção  motora  grave,  em 
  um período médio de 15 anos 
   
  ● Remitente  relapsante/  recorrente  →  cada  surto  se  apresenta  de  forma 
  aguda ou subaguda, com disfunção neurológica focal  
 
○ É a mais comum (85%) 
 
  ○ A longa prazo, a pessoa vai somando as incapacidades 
  ● Progressiva → piora inexorável dos sintomas 
  ○ Menos comum 
  ○ Progressiva  secundária:  se  inicia  como  recorrente,  com  20  a  40 
  anos tendo surtos, e evolui para progressiva 
   
 
 
 
  QUADRO  CLÍNICO  →  Dois  ou  mais  déficits  provenientes  de  diferentes  áreas  do 
  SNC  são  a  regra,  especialmente  após  uma  história  de  múltiplos  surtos  (lesões 
É interessante notar que,  cumulativas). 
na maior parte das vezes, a   
neuromielite óptica é  ● Os sintomas iniciais mais comuns são: 
retrobulbar e não pode ser  ○ Déficit motor (mono ou hemiparesia);  
detectada no exame de 
○ Déficit sensorial localizado (hipoestesia, parestesia);  
fundo de olho (“o paciente 
não enxerga nada, e nem o  ○ Neurite  óptica  →  dor  ocular  (geralmente  à  movimentação  do  olho) 
médico…”).   associada à perda da acuidade visual; geralmente unilateral 
  ■ Diplopia  (oftalmoplegia  internuclear)  → perda da adução de 
É um diagnóstico  um ou ambos os olhos 
diferencial com AIT, que   
pode causar amaurose  ● Outras apresentações: 
fugaz. Esta é mais comum 
○ Sinal  de  Uhthoff:  piora  do  déficit  com  o  aumento  da  temperatura 
em idosos com fatores de 
risco cardiovascular  corporal → geralmente reversível 
  ○ O sinal de Lhermite: sensação de “choque elétrico” que desce da 
  região cervical para os membros inferiores, desencadeada pelos 
  movimentos de flexão-extensão da cabeça → É sinal de mielopatia, 
  não é exclusivo de esclerose múltipla 
Também deve ser feito o  ○ Síndrome da área postrema: vômitos e soluços incoercíveis 
diagnóstico diferencial 
○ Síndrome do tronco cerebral 
com mielopatias 
  ○ Narcolepsia  
Afasia não é sintoma  ○ Fadiga 
comum  ○ Ataxia (cerebelo) 
  ○ Vertigens  
○ Disfunção vesical 
○ Alteração de nervos cranianos 
○ Alterações  cognitivas  →  prejuízo  na  condução  dos  impulsos, 
prejudicando  a  capacidade  de  processamento  de  informações, 
atenção... 
○ Pode  haver  lesões  em  locais  assintomáticos  →  achado  em  exames 
de imagem 

  DIAGNÓSTICO 
  DIAGNÓSTICO  
  ● Primariamente  clínico  →  o  principal  critério  é  o  envolvimento  de  duas  ou 
A presença isolada de  mais áreas distintas do SNC, com lesões durante 
sintomas não basta... É 
●   >24h,  com  intervalo  ≥  1  mês  entre  o  surgimento  de  cada  lesão,  na 
preciso demonstrar 
objetivamente a existência  ausência  de  outras  explicações  para  o  quadro  (infecções,  febre,  lesões 
de déficit neurológico ou  vasculares) 
lesão   
   
TC não auxilia no  ● Pode-se complementar com: 
diagnóstico.  ○ RNM  de  encéfalo  e  medula  cervical  →  envolvimento da substância 
 
branca  
É importante investigar o 
encéfalo mesmo que haja  ■ Geralmente periventricular, bilateral e simétrico 
sinais apenas medulares  ■ É típico o acometimento unilateral do nervo óptico 
Izabela Aburachid e Poliana Xavier l Medicina 149 

pois não é incomum  ■ Presença de “placas” póstero-laterais da medula espinhal 


encontrar lesões   
assintomáticas em regiões:  ○ Punção  lombar  →  o  líquor  mostra  bandas  oligoclonais  de  IgG 
periventricular, 
(eletroforese de proteínas)
justacortical, infratentorial 
→ Assim, faz-se  ■ Esse  achado  não  é  sensível  e  tampouco  específico  (indica 
diagnóstico diferencial com  apenas  a  ocorrência  de  produção  intratecal  de anticorpos, o 
Neuromielite Óptica por ex.  que pode ser observado nas infecções do SNC)  
  ■ A  grande  utilidade  da  punção  lombar  é,  portanto,  o 
  diagnóstico  diferencial  com  outras  condições, 
  especialmente as infecciosas. 
Ex: potenciais evocados no 
 
campo visual evidenciam 
alterações não antes  ○ Exame  de  potenciais  evocados  →  pesquisa  de  condução  neuronal 
percebidas pelo paciente  alterada  em  regiões  cujo  acometimento  pela  EM  é típico, porém não 
  há relato de sintomas  
   
  PROGNÓSTICO:  muito  heterogêneo,  variando  muito  entre  os  pacientes, 
  comorbidades e resposta ao tratamento. 
 
 
 
  DIAGNÓSTICO  DIFERENCIAL  →  Várias são as doenças que têm uma apresentação 
  temporal e espacial de seus sinais e sintomas 
  1)  Doenças  desmielinizantes  com  padrão  de  evolução  monofásico  como  a  encefalomielite 
  aguda  disseminada,  a  mielite  transversa  aguda  e  a  neurite  óptica;  nesta  última  em 
aproximadamente dois terços dos pacientes há infecção viral precedente.  
2)  Mielinólise  pontina  e  extrapontina,  leucodistrofias  (adrenoleucodistrofia),  mielopatia 
pós-radiação  são  exemplos  de  doenças  crônicas  que,  apesar  de  não  terem  caráter 
inflamatório, lesam a mielina e podem apresentar evolução monofásica ou progressiva.  
3)  Vasculites  sistêmicas,  lúpus  eritematoso  sistêmico,  doença  de  Sjöegren,  doença  de 
Behçet  e  sarcoidose  podem  ter  comportamento  semelhante  ao  da  EM,  tanto  no  padrão 
temporal como no espacial dos sinais e sintomas neurológicos.  
4)  Doença  vascular  cerebral,  como  embolia  de  origem  cardíaca  em  jovens,  endocardite, 
síndrome do anticorpo anticardiolipina.  
5)  Síndromes  infecciosas,  como  sífilis  meningovascular,  doença  de  Lyme,  SIDA,  mielopatia 
pelo HTLV-I.  
6)  Síndromes  paraneoplásicas,  quando  os  sintomas  neurológicos  precedem  o  aparecimento 
da neoplasia; encefalite do troncocerebral, mielite, encefalomielite 
7)  Malformações  venosas,  encefálicas  ou  medulares,  da  transição  occipitocervical 
(malformação de Chiari).  
8) Processos expansivos encefálicos ou medulares, principalmente os de natureza benigna.  
9)  Doenças  carenciais  como  mielose  funicular,  que  pode  envolver  tratos  mielinizados  da 
medula,  apresentando  características progressivas simulando a esclerose múltipla progressiva 
primária.  
10) Neurite óptica como sintoma inicial da esclerose múltipla 
 
● Neuromielite óptica (Doença de Devic): doença autoimune de etiopatogenia 
muito  semelhante  à  da  esclerose  múltipla  (costumava  ser  considerada  uma 
variante  da  EM).  Anticorpos  anti  aquaporina  4  (AQP4)  atacam 
principalemnte  a  medula  e  o  nervo  óptico,  onde  existe  maior  concentração 
de  AQP4.  Se  diferencia  da  EM  por  não  acometer  o  encéfalo  e  por  seu  pior 
prognóstico,  sendo  frequentemente  refratária  ao  tratamento,  com  maior 
risco de se tornar incapacitante 
● Encefalomielite  Aguda  Disseminada  (ADEM):  diagnóstico  diferencial  com 
meningoencefalite  herpética,  com  tratamento  completamente  diferentes.  A 
clínica  é  exatamente  a  mesma,  sendo  o  DxD  realizado  por  imagem  (na 
meningoencefalite  herpética  há  comprometimento  apenas  de  encéfalo).  Um 
tratamento  envolve  corticóides  e,  o  outro,  antiviral  (podendo  o  corticoide 
agravar o quadro) 
○ Gera  dúvida  principalmente  num  primeiro  surto  de  EM,  sendo  mais 
diferenciada caso haja recorrência dos episódios 
 

  TRATAMENTO 
Corticoides controlam bem  SURTOS  →  uso  de  corticóides  visando  a  reduzir  a  atividade  inflamatória, 
o quadro agudo, mas não 
Izabela Aburachid e Poliana Xavier l Medicina 149 

tem nenhum efeito sobre a  diminuindo  a  gravidade  dos  sintomas  e  determinando  o  rápido  retorno  à 
progressão da doença  normalidade 
  ● Metilprednisolona  em  pulsoterapia  1g  IV  por  três  a  cinco  dias,  seguida  de 
 
prednisona VO (geralmente por mais quatro ou oito semanas). 
 
  ○ Antes da pulsoterapia, é importante investigar infecções 
  ○ Hoje  em  dia  evita-se  o  uso  de prednisona VO após a pulsoterapia, 
  de  forma  a  minimizar  efeito  colaterais  de  corticoides  e  pela 
  ausência de efeitos benéficos evidentes 
  ○ Sempre  realizar  EAS  e  Urocultura  antes  para  identificar  ITU  (risco 
De uma forma geral, essas  elevado  devido  à  bexiga  neurogênica)  →  é  necessário  tratar  antes 
drogas reduzem as 
de iniciar corticóide 
recidivas da doença em 1/3. 
  ● Plasmaférese  pode  ser  considerada  como  terapia adjuvante, principalmente 
  em surtos recorrentes 
Natalizumab é a droga   
mais eficaz para o controle  TERAPIA CRÔNICA → modificadores da doença 
da doença. Porém, devido a  ● Terapia convencional → mais utilizados 
relatos de infecção  ○ Interferon-beta-1a (avonex ou rebif)  
fulminante 
○ Interferon-beta-1b (betaseron)  
(leucoencefalopatia 
multifocal progressiva) por  ○ Acetato de glatiramer (copaxone) 
reativação do vírus JC   
(presente em estado  ● Natalizumab (tysabri) → para os casos refratários à terapia convencional 
latente na maioria da  ○ É  um  anticorpo  monoclonal  contra  o  VLA-4,  uma  molécula  de 
população), recomenda-se  adesão  leucocitária  que  facilita a entrada de leucócitos autorreativos 
que o natalizumab seja  no SNC  
reservado aos casos 
○ Esse  medicamento  pode  ser  capaz  de  reativar  infecção por vírus JC, 
refratários  
  causador  de  encefalopatia,  comum  em  HIV+.  Pesar  custo  benefício 
em pacientes portadores do vírus. 
 
● Mitoxantrona  (novantrone)  →  primeira  escolha  no  tratamento  da  forma 
progressiva 
○ É um quimioterápico com propriedades imunossupressoras 
○ Monitorizar  periodicamente  com  ECG  →  substância  extremamente 
cardiotóxica  (a  dose  máxima  cumulativa  costuma  ser  atingida  após 
2-3 anos de uso) 
 
● Alternativas  menos  eficazes:  metotrexate,  azatioprina,  ciclofosfamida  e 
imunoglobulina intravenosa. 
 
TRATAMENTO  DE  SEQUELAS  →  Disfunções  vesicais,  os  espasmos  musculares,  a 
espasticidade  principalmente  em  membros  inferiores,  as  contraturas  dolorosas,  as 
dores radiculares intermitentes, escaras, síndromes depressivas e fadiga 
● Os  medicamentos  sintomáticos  utilizados  para  estas  manifestações  são: 
carbamazepina,  benzodiazepínicos,  baclofeno,  tizanidina,  gabapentina, 
toxina  botulínica  (uso  intramuscular  na  musculatura  espástica),  doxazosin 
(para as disfunções vesicais) e antidepressivos. 
 
 
 
 
 

   
Izabela Aburachid e Poliana Xavier l Medicina 149 

Casos na Enfermaria:  
EXAME NEUROLÓGICO 
 

  Graduação de Força:  
● 0 → não há contração 
● 1 → há contração muscular, mas não move-se 
● 2 → não vence a gravidade, mas move-se no plano 
● 3 → vence a gravidade, mas não a resistência 
● 4 → vence parcialmente a resistência, porém está diminuída 
● 5 → vence a resistência  
 
Graduação dos Reflexos:  
● 0 → arreflexia 
● 1 → hiporreflexia 
● 2 → NORMAL 
● 3 → hiperreflexia 
● 4 → clônus 
 

CASO 1 
 

  BENEVALDO - AVE DE CEREBRAL MÉDIA 


Descrever:   ● 54 anos, morador de rua, etilista e tabagista 
1) Diagnóstico sindrômico   
2) Diagnóstico topográfico  Exame:  
3) Diagnóstico etiológico 
● Força: 
 
  ○ MMSS: 0/5 → plegia do braço direito 
  ○ MMII: 2/5 → paresia da perna direita 
  ● Reflexos: 
  ○ MMSS: 0/1 
  ○ MMII: 0/1 
   
 
Diagnóstico sindrômico:  
 
Os AVEs de cerebral média  ● Síndrome  cognitiva  →  de  Linguagem  →  Afasia  global,  com  predomínio 
tendem a ser  motor 
desproporcionados e mais  ● Síndrome  motora  → hemiplegia fáscio-braquio-crural desproporcionada, do 
graves em MMSS, pois ela  dimídio direito, com maior comprometimento de membro superior 
irriga a região cortical.    
A região subcortical,  Diagnóstico topográfico:  
irrigada por artérias 
● Região de Broca (área motora) → região frontal inferior 
perfurantes, gera lesões 
mais proporcionadas  ● Região de Wernicke → temporoparietal 
(simétricas do ponto de  ● Giro pré-central (motor) 
vista fáscio-braquio-crural).   
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Izabela Aburachid e Poliana Xavier l Medicina 149 

 
 
 
 
 
 
 
 
 
Homúnculo de Penfield 
Repare que o controle dos 
membros inferiores fica 
principalmente na porção 
medial do giro pré-central 
→ é irrigado principalmente 
pela a. c anterior, com 
 
pequena contribuição da c. 
média   

 
 
Diagnóstico etiológico:  
● AVE de cerebral média  
○ Fatores de risco cardiovasculares? → HAS, DM, DLP 
○ Meningoencefalite tuberculosa → pode predispor a vasculites e AVE 
● Lesão neoplásica do SNC 
 

  LESÕES RELACIONADAS AO ÁLCOOL 


 
 
SÍNDROME DE ABSTINÊNCIA ALCOÓLICA 
  ● Redução  ou  cessação  de  uso  crônico  de  grande  quantidade  de  álcool  (é 
  muito mais frequente nesses indivíduos) 
  ○ Pensar  em  fatores  desencadeantes  involuntários:  pneumonias, 
  meningite, pancreatite, trauma craniano.  
   
 
● Os  sintomas  surgem  de  5  a  48  horas após o uso do álcool (pico em 48 a 72 
 
horas, podem durar de 5 a 14 dias).  
 
  ○ Presença de 2 ou mais:  
  ■ Hiperatividade  autonômica  →  sudorese,  taquicardia, 
  hipertensão arterial 
  ■ Náuseas e vômitos 
  ■ Tremor nas mãos 
  ■ Insônia 
 
Izabela Aburachid e Poliana Xavier l Medicina 149 

  ■ Agitação psicomotora 
  ■ Ansiedade 
  ■ Alucinações  visuais,  auditivas  ou  táteis  transitórias  →  24  a 
  48 horas após última dose, nível de consciência preservado 
 
■ Crises tônico-clônicas generalizadas 
 
  ● > 90% ocorrem em 48 horas 
  ● Generalizada  e  autolimitada,  preservação  da 
  consciência;  
  ● Maior  risco  quando  já  houveram  crises  de 
  abstinência  prévias  e  de  acordo  com  o  tempo  de 
  uso.  
   
 
→  Uso  crônico  do  álcool  promove  uma  hiperativação  de  receptores  inibitórios 
 
  GABA  tipo  A  (sedação,  descoordenação,  inibição  de  receptores  excitatórios)  → 
  resposta  compensatória  aos  efeitos  depressivos  →  aumento  de  receptores 
  excitatórios  e  diminuição  de  GABA  A  →  quando  suspende  a  droga  ocorre 
  hiperexcitabilidade.  
   
  →  Sintomas  dependem  da  quantidade  de  álcool  consumida,  síndromes  de 
  abstinência prévias e condições clínicas associadas 
 
 
 
  DELIRIUM  TREMENS:  Ocorre  mais  tardiamente,  após  48  horas,  em  geral  nos 
  primeiros quatro dias.  
  ● Confusão 
  ● Desorientação 
  ● Ideação paranóide 
  ● Alucinações principalmente visuais 
  ● Ativação adrenérgica  
 
● Febre  
 
   
  SÍNDROME DE WERNICKE-KORSAKOFF: 
 
● É uma complicação da deficiência de tiamina (vitamina B1) 
 
  ○ Tiamina  é  um  cofator  enzimático  importante  no  metabolismo 
  energético  →  sua  demanda  é  maior  em  estados  de  metabolismo 
  elevado e alta ingesta de glicose 
  ■ Se  houver  suspeita  de  encefalopatia  de  Wernicke,  o quadro 
  será agravado pela administração de glicose!! 
  ○ Assim,  a  deficiência  de  tiamina  inibe  o  metabolismo  de  regiões 
 
cerebrais  com  alta  demanda  energética  →  congestão  vascular, 
 
proliferação da micróglia e hemorragia petequial 
 
  ■ Caracteristicamente, as lesões são simétricas em torno do 3o 
  e 4o ventrículos e aqueduto cerebral  
Pode  haver  deficiência  de  ○ Nos etilistas, diversos fatores contribuem para a deficiência: 
tiamina  por  hiperemese 
■ Ingestão  dietética  inadequada  (substituição  das  refeições 
gravídica 
por álcool) 
■ Disabsorção intestinal 
■ Redução da reserva hepática 
■ Utilização comprometida 
 
● Encefalopatia de Wernicke: 
○ Síndrome  aguda  →  requer  intervenção  rápida,  para  impedir  o  dano 
irreversível 
○ Quadro  clínico:  Encefalopatia  (confusão  mental)  + ataxia cerebelar + 
disfunção do oculomotor  
Izabela Aburachid e Poliana Xavier l Medicina 149 

■ Apenas  ⅓  dos  pacientes  apresenta  a  tríade  completa. 


Confusão  é  a  apresentação mais comum, seguida por ataxia 
e  só  então  pelos  sintomas  oculomotores.  Outros  sinais 
incluem coma, hipotensão e hipotermia.  
■ A  encefalopatia  se  caracteriza  por  profunda  desorientação, 
indiferença  e  desatenção.  Alguns  pacientes  se  apresentam 
com delirium  
■ Ataxia cerebelar: base alargada, marcha lenta 
■ Disfunção  do oculomotor se apresenta mais frequentemente 
com  nistagmo  (horizontal),  podendo  ocorrer  alterações 
pupilares e oftalmoplegia  
 
● Síndrome  de  Korsakoff  →  é  considerada  uma  manifestação  tardia  da 
encefalopatia de Wernicke (mesmo substrato anatomopatológico) 
○ Sequela neurológica crônica 
○ Pode  se  desenvolver  mesmo  sem  um  quadro  clínico  identificável de 
EW 
○ Quadro clínico:  
■ Síndrome amnéstica (anterógrada e retrógrada) 
● Memória  de  longo  prazo,  habilidades  cognitivas, 
atenção  e  comportamento  social  estão 
relativamente preservados 
● É  frequente  a  ocorrência  de  confabulações  (a 
pessoa  cria  histórias  para  substituir  as  memórias 
perdidas) 
■ Apatia 
 
Complicações neurológicas crônicas do uso de álcool: 
● Síndrome  cerebelar  secundária  a  uso  crônico  de  álcool  (degeneração 
cerebelar alcoólica) normalmente se desenvolve após 10 anos. Se manifesta 
geralmente  com  fraqueza,  incoordenação  das  pernas,  e  mais  tardiamente 
uma  minoria  de  pacientes  pode  desenvolver  tremores  das  mãos,  disartria  e 
diplopia.  
● Neuropatia  periférica  →  polineuropatia  com  acometimento  progressivo  de 
nervos sensitivos, motores e autonômicos 
 

CASO 2 
 

  GERALDO - ESCLEROSE MÚLTIPLA 


Ver GD de doenças  ● Síndrome  motora  piramidal  →  paraparesia  de  membros  inferiores, 
desmielinizantes acima  associada a bexiga neurogênica  
 
  ● Exame físico:  
  ○ Sensibilidade tátil e vibratória preservada 
Integração dos reflexos  ○ Força MMSS: 5/5 
medulares:  
○ Força MMII: 
Estilorradial e bicipital:  
C5 e C6  ■ Flexor, extensor, abdutor e adutor da coxa: 3/2 
Tricipital: C7 e C8  ■ Flexor e extensor da perna, dorsiflexor do pé: 4/4 
Flexores dos dedos: C8-T1  ○ Reflexo  patelar  3/2  (hiperreflexia  à  direita)  →  sugestiva  de 
Patelar (femoral): L2-L4 
Aquiliano (tibial): L5-S2  mielopatia torácica 
  ○ Reflexo  cutâneoplantar  em  extensão  bilateralmente  (Sinal  de 
Babinski +) 
 
Izabela Aburachid e Poliana Xavier l Medicina 149 

COMA 
 

INTRODUÇÃO 
 

   
Referência: capítulo 7 de “a  CONSCIÊNCIA: estado de perfeito conhecimento de si próprio e do ambiente 
Neurologia que todo médico  ● Nível de consciência → depende da FRAA e da sua interação com o córtex 
deve saber” 
  ● Conteúdo  →  soma  das  funções  cognitivas  e  afetivas  (memória,  linguagem, 
FRAA: formação reticular  crítica, humor), mediadas pelo córtex cerebral 
ativadora ascendente. É um   
dos componentes do SRAA 
SISTEMA RETICULAR ATIVADOR ASCENDENTE (SRAA):  
 
  ● FRAA:  grupo  de  neurônios  na  região  posterior  do  bulbo,  ponte  e  mesencéfalo; 
Dos diversos  os  2  últimos  são  os  relacionados  à  consciência.  Os  impulsos  são  enviados  ao 
neurotransmissores  tálamo e deste para o córtex 
envolvidos, apenas a  ○ A  conexão  entre  o  FRAA  e  o  córtex  passa  pelos  núcleos  do  tálamo 
histamina não tem função 
(intralaminares).  Logo,  seu  acometimento  também  pode  levar  a  uma 
conhecida sobre o humor 
também. Todos os outros  alteração principalmente no nível de consciência. 
envolvem comportamento,   
humor e cognição  É composto por 2 sistemas:  
 
  Sistema Ventral → controle do sono 
  ● Mediados por: histamina, serotonina, dopamina, acetilcolina, noradrenalina 
   
 
Sistema  Dorsal  →  composto  pela  FRAA,  tálamo  e  suas  conexões  com  o  córtex.  Está 
 
  associado à regulação da vigília 
   
  ESTADOS DE CONSCIÊNCIA NORMAIS: 
 
  ● Sono → ⅓ do dia 
O sono é um rebaixamento  ○ Rem 
de consciência fisiológico  ○ Não REM 
 
● Vigília 
 
   
   
  ALTERAÇÕES SONO-VIGÍLIA 
 
  ● Hipersonia  →  pode  ser  um  estado  de  sonolência  inadequada  ou  grupos  de 
Hipersonia NÃO é sinônimo  doenças que se caracterizam por sonolência excessiva diurna 
de rebaixamento de  ○ Privação de sono crônica e sono insuficiente 
consciência. 
○ Hipersonia idiopática 
Ex: na intoxicação por 
benzodiazepínico  ○ Doenças psiquiátricas (ex. depressão) 
inicialmente a pessoa  ○ Hipotireoidismo sintomático 
encontra-se sonolenta, mas  ○ Intoxicação exógena (medicamentos/ drogas) 
em doses excessivas ela 
passa para rebaixamento  ○ SAOS 
propriamente dito  ○ Narcolepsia 
   
 
ALTERAÇÕES DO NÍVEL DE CONSCIÊNCIA 
 
  ● Alerta → nível de consciência completamente normal 
  ● Letargia → necessidade de algum estímulo para despertar 
Atualmente, prefere-se  ● Torpor  →  o  indivíduo  pode  ser  acordado  somente  com  estímulos  vigorosos  e 
utilizar a escala de Glasgow 
do que esses termos, para  repetidos 
tornar a avaliação mais  ● Coma → ausência de resposta aos estímulos, sem abertura ocular 
precisa   ● Outros termos pouco precisos → sonolência e obnubilação 
 
 
 
Izabela Aburachid e Poliana Xavier l Medicina 149 

COMA 
 

  DEFINIÇÃO:  Estado  transitório  no  qual  existe  comprometimento  extremo  do  nível  de 
  consciência 
 
   
No coma, a atividade motora  EVOLUÇÕES POSSÍVEIS:  
é ausente ou podem ocorrer  ● Recuperação da consciência 
movimentos reflexos 
● Estado minimamente consciente  
 
  ○ Presença  de  um  ou  mais  dos  seguintes  comportamentos:  habilidade 
  para  seguir  ordens  simples,  respostas  verbais  ou  por  gestos, 
  verbalização  inteligível,  os  movimentos  voluntários  são  relevantes  aos 
 
  estímulos externos 
Atualmente há uma  ● Estado  vegetativo/Vigília  não-responsiva  →  há  funcionamento  de  tronco 
tendência em chamar o  encefálico, mas comprometimento grave de substância cinzenta e branca 
estado vegetativo de vigília  ● Morte encefálica 
não-responsiva)   
  ➢ Síndrome  do  Encarceramento  (Locked-in)  →  diagnóstico  diferencial  da  vigília 
  não-responsiva 
  ○ Consciência  encontra-se  preservada  (embora  no  início  possa  haver 
A Síndrome do 
rebaixamento do nível de consciência) 
Encarceramento pode 
○ Manifestações:  
acontecer na sedação em 
■ Pacientes  tetraplégicos,  paralisia  dos  nervos  cranianos  →  está 
procedimentos cirúrgicos.  
preservada apenas a capacidade de piscar e olhar para cima 
 
■ Etiologia: lesões na ponte → frequentemente infarto pontino 
 
 
■ 2-5  meses  após  o  evento:  o  diagnóstico  de  Síndrome  do 
IMPLICAÇÕES ÉTICAS: um  Encarceramento  por um membro da família, não por um médico 
paciente aparentemente em  →  só  uma  pessoa  familiar  ao  paciente  pode  ser  capaz  de 
coma pode estar ouvindo  perceber uma resposta 
tudo o que é dito dentro do  ■ O tempo de sobrevida é variável 
consultório   

  ETIOLOGIAS 
Izabela Aburachid e Poliana Xavier l Medicina 149 

  CAUSAS: 
  ● Encefalopatia metabólica  
 
  ○ Hepática 
  ○ Urêmica 
  ○ Hipoglicemia 
 
○ Coma hiperosmolar 
 
  ● Encefalopatias tóxicas (intoxicações exógenas) → drogas, álcool, medicamentos 
  ● Trauma cranioencefálico 
  ● Encefalopatia hipóxico-isquêmica → afetando a FRAA 
 
  ● Tumores  cerebrais  (a  maioria  é  supratentorial,  mas  lesões  expansivas 
  infratentoriais também ) 
  ● Acidentes vasculares 
 
● Infecções do SNC 
 
  ● Origem psiquiátrica → não é um coma verdadeiro 
  ○ Conversão 
Plum e Posner: avaliaram  ○ Síndrome dissociativa 
500 pacientes com coma 
não-traumático → disfunção  ○ Catatônica → esquizofrenia, depressão grave 
metabólica e intoxicação   
exógena representam cerca  ➢ A  maior  parte  dos  casos  de  rebaixamento  de  consciência  e/ou  coma  nos 
de 60% dos casos de coma 
hospitais  gerais  tem  causa  metabólica  ou  intoxicação  exógena → devem ser as 
em hospital geral 
  primeiras a ser pesquisadas 
   
  FISIOPATOLOGIA:  
 
  ● Lesão ou disfunção da FRAA 
Uma lesão pequena e  ● Lesão ou disfunção difusa e intensa do córtex cerebral 
localizada em córtex não  ● Associação dos dois processos 
justifica rebaixamento de 
 
consciência 
   
 
 
Encefalopatias tóxico-metabólicas: 
  ● História  de  confusão  mental  e  desorientação precedendo o início do coma, com 
  ausência de sinais motores 
 
● Manifestações:  mioclonias,  tremores,  crises  convulsivas,  hipoventilação  ou 
 
  hiperventilação 
   
  ● Causas → são as primeiras que devem ser investigadas 
As manifestações são pouco 
específicas, mas têm início  ○ Tóxicas 
súbito e associado a quadro  ○ Diabetes: cetoacidose, hipoglicemia, hiperosmolaridade 
clínico atípico. Isso diferencia  ○ Encefalopatia urêmica 
de outros diagnósticos. 
○ Encefalopatia hepática 
○ Acidose metabólica → interrompe a transmissão do estímulo nervoso 
○ Distúrbios  do  sódio:  hiper  ou  hiponatremia  →  desidratação  ou 
hiperidratação 
○ Hipoglicemia → falta de substrato para atividade celular 
○ Hipoxemia 
○ Coma hiperosmolar 
 
● Avaliação:  
○ Gasometria arterial 
○ Glicemia 
○ Função hepática 
○ Função renal 
○ Ionograma → principalmente sódio 
 
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➢ Se  não  identificar-se  causas  metabólicas,  deve-se  prosseguir  a  investigação 


com exame de imagem 
 
 
Herniação cerebral:  
● Hérnia subfalcina/ de giro do cíngulo 
● Herniação cerebral  
● Hérnia de uncus 
● Hérnia da tonsila cerebelar (infratentorial) 
 

  AVALIAÇÃO   
 
 
Escala de Coma de Glasgow 
  ● Foi  descrito  inicialmente  para  a  avaliação  de  pacientes  com lesões cerebrais de 
  etiologia traumática 
 
● Atualmente  é  usado  para  avaliação  e acompanhamento do nível de consciência 
 
Examinar a resposta a dor  em  todos  os  pacientes  com  doença  aguda  (hemorragias  intracranianas, 
com cuidado e começando  acidente vascular encefálico isquêmico, meningites) 
com estímulos de chamado,  ● Apesar disso, de fato ele é mais acurado para TCE 
toque e depois de dor 
   
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Pontos de estimulação 
dolorosa: preensão da região 
supraorbitária, leito ungueal, 
região esternal 
 
Decorticação e 
descerebração são quadros 
muito graves. Dependendo 
da etiologia são possíveis de 
serem revertidos. 
 

 
 
➢ EXAME MOTOR 
● Avalia a execução motora e a capacidade de responder a dor 
● Flexão anormal → postura de decorticação 
Izabela Aburachid e Poliana Xavier l Medicina 149 

○ Indica interrupção de ligação ao córtex  


● Extensão anormal → postura de descerebração 
○ Pior prognóstico, indica corte de ligações  
 
Exame de pupilas: 
● Lesão  diencefálica  e  encefalopatia  tóxico-metabólica  →  isocóricas,  mióticas 
(pequenas) e reativas à luz 
● Compressão  de  oculomotor  (III)  →  anisocoria,  com  midríase  fixa  unilateral  e 
ausência de reação à luz  
○ Pode ser o primeiro sinal de uma hérnia de uncus 
● Lesão pontina → puntiformes e fotorreativas 
 
 
 
 
 
Lesão isquêmica do 
Padrão respiratório:  
oculomotor (ex. diabetes)  ● Cheyne-Stokes  →  taquipneia  progressiva  em  crescendo-decrescendo 
pode gerar prejuízo da  alternada com apneia 
motricidade ocular sem  ○ Causas clínicas: DPOC, IC (FEVE < 30%) 
afetar o reflexo pupilar. Isso 
porque o nervo referente à 
● Hiperventilação neurogênica central 
pupila tem seu trajeto junto  ○ Diagnóstico diferencial com diversas causas clínicas muito mais comuns 
porém “por fora” do nervo  (Ex: sepse, anemia, acidoses metabólicas) 
óptico. Logo, um processo 
○ É  um  caso  mais  raro,  geralmente  relacionado  a  TCE  (lesão 
que isquêmico que lesa o 
nervo, não acomete a pupila.  mesencefálica) 
Mas um processo  ● Apnêustica → inspira-pausa-expira-apneia (repetidamente) 
compressivo sim, por afetar  ● Cluster  →  ciclos  de  respiração  isolados,  intermediados  por  apneia.  Padrão 
os dois. 
 
imprevisível, com grandes chances de evoluir para apneia 
  ○ Indicação de intubação 
Cheyne Stokes é um padrão  ● Apneia 
de apneia central, 
 
classicamente 
desencadeado por   
hipercapnia 
 
Reflexos de tronco  
Pacientes em apnêustica e  ● Testam  a  integridade  estrutural  do  tronco,  onde  é  feita  a  integração  desse 
cluster devem ser  reflexo. Se ausentes, dizem contra causas metabólicas por exemplo, mesmo que 
entubados, pois estão a um 
passo da apneia  em casos muito graves (Glasgow 3)  
   
  REFLEXO CÓRNEO-PALPEBRAL 
 
● Via aferente → nervo trigêmeo 
 
  ● Via eferente → nervo facial 
   
  REFLEXO  ÓCULO-CEFÁLICO  →  avalia a motricidade ocular e o olhar conjugado (avalia 
 
  do mesencéfalo a ponte) 
  ● Com  a  movimentação  passiva  da  cabeça,  os  olhos  se  movem  no  sentido 
  contrário 
 
 
 
  REFLEXO  ÓCULO-VESTIBULAR  →  mais  utilizado  no  protocolo  de  morte  encefálica, 
  para provar que o paciente realmente não tem reflexo de tronco nenhum 
Fenômeno de Bell → reflexo  ● Teste: Injeção de água gelada no conduto auditivo externo  
de olhar para cima ao piscar. 
Se presente, indica  ○ No  indivíduo  consciente,  espera-se  nistagmo  batendo  para  o  lado 
integridade de tronco  oposto ao estimulado → permite distinguir coma psiquiátrico 
  ○ No coma, espera-se desvio dos olhos para o lado estimulado 
 
● Vias:  
Se houver suspeita de lesão 
medular, o teste do reflexo  ○ Eferente → nervo vestibulococlear (VIII par) 
oculocefálico é  ○ Aferente → oculomotor e abducente 
contraindicado 
Izabela Aburachid e Poliana Xavier l Medicina 149 

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