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NEUROLOGIA
REFERÊNCIA: NEUROLOGIA QUE TODO MÉDICO DEVE SABER
ROTEIRO:
● Acidente vascular encefálico
● Cefaleias
● Demência
● Infecções do SNC
● Transtornos do movimento
● Epilepsia
● Polineuropatias periféricas
● Doenças desmielinizantes
● Casos clínicos enfermaria HC
● Coma
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VASCULARIZAÇÃO CEREBRAL
● 2 sistemas: anterior (carotídeo) e posterior (vertebrobasilar) → se
comunicam pelo polígono de Willis
○ O primeiro começa na carótida interna, que, logo após penetrar no
crânio, faz um “S” (sifão carotídeo), local de onde se origina a
artéria oftálmica (artéria da retina) para depois se dividir em
artéria cerebral média, artéria cerebral anterior e artéria coroideia
anterior.
○ O sistema vertebrobasilar começa na artéria vertebral (originária
da subclávia), que se introduz nos forames laterais das vértebras
cervicais, penetrando no forame magno para vascularizar o bulbo.
■ Origina a importante Artéria Cerebelar Inferoposterior
(PICA), responsável pela nutrição da porção dorsolateral
do bulbo (da síndrome de Wallemberg).
■ Na junção pontobulbar, une-se à vertebral do lado oposto
para formar a artéria basilar → fornece ramos para irrigar
a ponte e artérias cerebelares (anteroposterior e cerebelar
superior)
■ Na junção ponto mesencefálica, a basilar se bifurca,
originando a artéria cerebral posterior, uma de cada lado
→ emite ramos perfurantes para irrigar o mesencéfalo, o
tálamo e os pedúnculos cerebelares superiores. Em
seguida caminha na direção do lobo occipital para
irrigá-lo.
Sistema carotídeo:
● Artéria cerebral anterior → entre o corpo caloso e o giro do cíngulo
○ Formato arqueado
○ Envia ramos para a porção anterior, medial e orbitária do lobo
frontal → região mais importante relacionada ao comportamento
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FUNÇÕES CORTICAIS
● O córtex cerebral caracteriza-se pela presença de sulcos e fissuras que o
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AVE - INTRODUÇÃO
DEFINIÇÃO: acidente vascular encefálico é um déficit neurológico, de origem
vascular, com instalação abrupta que permanece por mais de 24 horas (déficit
neurológico focal persistente)
● Acidente = instalação abrupta de um processo
● Encefálico = cerebro (telencéfalo + diencéfalo), cerebelo, tronco encefálico
EPIDEMIOLOGIA
● Maior causa de morte no Brasil
● 16% dos pacientes morrem em até 30 dias
- No AVE isquêmico, o PROPEDÊUTICA BÁSICA
infarto só tem expressão ● Lipidograma
radiológica na TC após ● Coagulograma
24-72h, como uma área ● Ecocardiograma
hipodensa (“cinza”), ○ Transtorácico → todos
acompanhada de edema. A ○ Transesofágico → pacientes selecionados com suspeita de lesões
TC inicial serve, portanto,
valvares
para afastar AVE
hemorrágico, pois a ● Duplex scan dos sistemas carotídeos e vertebrais
hemorragia aparece de ● Neuroimagem:
imediato, como uma área ○ TC de crânio → método de escolha para AVE hemorrágico
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hiperdensa (“branca”). ○ RM de encéfalo → tem maior acurácia do que TC no diagnóstico
Geralmente as lesões tem de AVE isquêmico (sequência T2)
formato em cunha.
ETIOPATOGÊNESE
Isquêmico → 80%
Tríade de Virchow: ● Trombótico ou aterotrombótico (80%) → processo crônico e contínuo
Estase sanguínea + lesão caracterizado por resposta inflamatória e fibroproliferativa na parede
vascular +
arterial, mediado por lesões na superfície arterial
hipercoagulabilidade
○ Lesão da placa
○ Plaquetas circulantes → agregação
○ Coagulação
● Embólico ou cardioembólico (20%)
Hemorrágico → 20%
● Intraparenquimatoso
● Hemorragia subaracnóidea
É importante diferenciar Ataque isquêmico transitório (AIT): Episódio transitório de disfunção neurológica
AIT de AVE na causada por isquemia focal encefálica, medular ou retiniana, sem infarto
determinação da conduta ● Critério temporal: antigamente era definido como episódio súbito e
→ trombolisar ou não passageiro de sintomas focais neurológicos ou retinianos, de origem
vascular, com recuperação completa e duração inferior a 24h → definição
AIT geralmente é causado
por pequenas embolias arbitrária
artério- arteriais a partir ○ A maior parte dos AITS dura menos de 1h, com média de 10 a
das carótidas ou vertebrais, 20 minutos → usualmente, além desse prazo pode-se considerar
trombolisados pelo próprio como AVE
organismo. ■ Se durante a propedêutica (acesso venoso, exames de
- A amaurose fugaz é um imagem) houver sinais de melhora, provavelmente
subtipo de AIT no qual
trata-se de AIT e nesse caso está contraindicado o
pequenos êmbolos se
alojam transitoriamente na tratamento trombolítico.
origem da artéria oftálmica. ○ Ocorre alteração de imagem com sinais de isquemia em ⅓ dos
pacientes definidos como AIT
■ Deve-se manter observação por no mínimo 24h, mesmo
que os sinais clínicos estejam apresentando melhora,
devido ao risco de AVE (8%, 11,5% e 17,3% em 7, 30 e
90 dias, respectivamente)
■ Realizar propedêutica neurológica
○ 15 a 30% dos pacientes com AVCi apresentam HP de sintomas
característicos de AIT → sinal de alerta para o risco de AVE!
AVE ISQUÊMICO
ATEROTROMBÓTICO
FATORES DE RISCO:
HAS é o principal fator de
● Não modificáveis:
risco para AVE isquêmico e ○ Idade avançada (>60 anos)
hemorrágico! → causa ○ Genética → história familiar de doença cerebrovascular
aterosclerose das carótidas ○ Etnia
(predispondo a eventos ○ Sexo masculino
arterioembólicos) e
lipo-hialinose cerebral ● Modificáveis:
(infartos lacunares)
○ HAS
Fibrilação atrial é o ○ DM
segundo fator mais ○ Doenças cardíacas
importante (AVE embólico) ○ Dislipidemia
○ Tabagismo
○ Etilismo
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● RM de encéfalo: lesões “em V”, já que acompanha a região de irrigação
Pode-se utilizar a janela arterial que é obstruída em um ponto inicial e gera isquemia em regiões
para AVE isquêmico na RM! progressivamente maiores
O infarto é grande, e seu edema pode causar desvio de linha média com hipertensão
intracraniana, podendo evoluir com rebaixamento da consciência e até herniação cerebral.
O AVE trombótico mais
comum é o AVE lacunar ➢ Infartos lacunares → hemiparesia/plegia contralateral
● Definido por infarto de tamanho inferior a 2cm, ocorrido em
pequenos vasos (artérias perfurantes cerebrais) → Como esses
vasos irrigam regiões profundas (e não o córtex), causam
sintomas primariamente motores e sensitivos puros, e não
cognitivos.
● Causado principalmente por HAS → lesão obstrutiva do tipo
lipo-hialinose (espessamento hialino da camada média) sobre as
artérias lenticuloestriadas (que são os ramos perfurantes da
cerebral média)
Uma oclusão unilateral no SÍNDROME DA ARTÉRIA CEREBRAL POSTERIOR
segmento distal, acomete o ● Sintomas cognitivos predominam sobre os motores
lobo occipital, causando ● Hemianopsia homônima contralateral ou quadrianopsia
hemianopsia homônima ● Pode haver (raros de forma isolada): alexia, agrafia, agnosia visual,
contralateral e, se acometer distúrbio de memória
o hemisfério dominante
(esquerdo), agnosia visual.
ARTÉRIA BASILAR → quadros muito graves
Oclusões proximais podem ● Alterações motoras uni ou bilaterais
acometer mesencéfalo e ● Acometimento de nervos cranianos alternados à hemiparesia (síndrome
tálamo alterna) → típica de circulação posterior
○ Exemplo: Síndrome de Weber → hemiplegia alterna superior, com
Agnosia = não reconhecer comprometimento ipsilateral do oculomotor (oftalmoparesia ou
plegia) e hemiparesia contralateral de membros
● Alterações pupilares e diplopia
● Vertigem
● Disfagia
Em resumo:
Cerebral anterior - Hemiparesia e hipoestesia com predomínio de
membros inferiores (porção medial do córtex pré-
central)
- Síndrome amotivacional (córtex pré-frontal)
Cerebral média - Hemiparesia e hipoestesia com predomínio de
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“Infartos hemisféricos” membros superiores (porção lateral do córtex
pré-central)
- Afasia motora ou global (áreas de Broca e Wernicke)
- Hemianopsia homônima contralateral
Infartos lacunares - Sintomas motores e sensitivos puros (pouco ou
Ramos perfurantes da nenhum envolvimento cognitivo)
cerebral média
Cerebral posterior - Hemianopsia homônima contralateral + alterações
pupilares
- Predomínio de sintomas cognitivos (hipotálamo)
- Síndromes alternas (sistema vertebrobasilar →
troncoencefálico)
O tto trombolítico reduz as
sequelas do AVE (mas não
a mortalidade) quando
aplicado dentro das
primeiras três horas do
início dos sintomas,
respeitando-se uma série
de critérios rígidos.
Janela de 4h e meia, a
partir do início dos
sintomas, para instituir o
tratamento trombolítico →
É fundamental estabelecer
a cronologia
O rTPA NÃO pode ser
administrado junto de
AAS ou heparina
SABER BEM AS
CONTRAINDICAÇÕES
TRATAMENTO ESPECÍFICO
● Tratamento trombolítico → ativador do plasminogênio tecidual
recombinante (rt-PA), em até 4h30min do evento
● Indicações → muito criteriosas!
○ AVE isquêmico → confirmado por TC ou RM, excluindo
Se o paciente não receber hemorragias
tratamento trombolítico, já ○ Início dos sintomas < 4,5h → contado a partir da última
se inicia alguma dessas hora que o paciente foi visto bem
opções ■ Por exemplo, se o pct foi dormir às 22h bem e
acordou às 6h com sintomas, já passou da janela
terapêutica
○ NIHSS > 4 (exceto em caso de afasia, por ser muito
incapacitante)
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AVE HEMORRÁGICO
MANIFESTAÇÕES
ETIOPATOGENIA:
● O acúmulo de sangue no parênquima cerebral eleva agudamente a
pressão intracraniana, já que o sangue desencadeia edema vasogênico
em volta do hematoma.
○ A Hipertensão Intracraniana (HIC) será maior quanto mais
volumoso for o hematoma e pode ser maior ainda se houver
sangramento para o interior dos ventrículos cerebrais
(hemoventrículo), pela presença de sangue no espaço
subaracnóide (edema cerebral difuso) ou pela hidrocefalia aguda.
○ O hematoma pode aumentar de tamanho nas próximas 12-36h,
contribuindo para a piora neurológica evolutiva ao longo desse
período.
MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS:
Paciente com cefaleia, ● Cefaleia intensa de início súbito (“pior dor que já senti vida”), vômito e crise
vômitos ou crise convulsiva são mais comuns do que no AVE isquêmico
convulsiva + déficits ○ Cefaleia e vômitos → aumento rápido da pressão intracraniana
neurológicos → AVE
○ Crise convulsiva → irritação do tecido cerebral pelo sangue
hemorrágico
○ Redução do nível de consciência e coma → uma lesão expansiva
cerebral, ao comprimir ou deslocar o tálamo e/ou o mesencéfalo,
produz rebaixamento da consciência porque nestas duas
estruturas se encontram os neurônios do sistema reticular
ascendente, responsáveis pela manutenção do estado de vigília.
○ Pode ocorrer irritação meníngea
● Os déficits neurológicos são semelhantes ao AVE isquêmico (mas estes
geralmente não cursam com dor)
● Pode ser precipitada por atividade física
● Cefaleia sentinela: dor semanas/dias antes do episódio
PROPEDÊUTICA E TRATAMENTO
DIAGNÓSTICO
● Clínica
● Neuroimagem
TC é o exame preferido no
○ TC de crânio não contrastada
pronto atendimento, pois é
fácil de visualizar o ○ RM
sangramento. É ○ Angioressonância
ESSENCIAL para ● Punção lombar → caso duvida na imagem
descartar AVE ● Arteriografia → em último caso (apesar de ser o padrão outro, é um exame
hemorrágico. invasivo)
Sinais de isquemia só serão
visíveis após 6h do evento.
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Os objetivos primários são:
- PIC < 20 cmH2O;
- Gradiente PAM-PIC >
60-70 mmHg (manter bom
fluxo cerebral).
TRATAMENTO → basicamente de suporte
● Geralmente conservador, a não ser que sangramento seja muito extenso
● Suporte intensivo neurológico
● Controle de sintomas
● Cirurgia:
○ Clipagem ou endovascular → tratamento de aneurismas rotos
○ Pode ser necessária a drenagem do hematoma em sítio cerebelar
ou hematomas lobares ou putaminais extensos
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CEFALÉIA
INTRODUÇÃO
INVESTIGAÇÃO CLÍNICA
A palavra enxaqueca deriva ● Características da dor
do árabe, significando ○ Localização
hemisfério ■ Enxaqueca: hemicraniana
○ Frequência
■ Momento do dia que dói mais → hipertensão
intracraniana, como no caso de um tumor, está mais
associada a dor matinal (decúbito eleva a PIC por redução
do retorno venoso). Já a a tensional piora ao fim do dia.
○ Intensidade
■ Aguda: pensar em causas secundárias
■ Aguda recorrente: pensar em causas primárias
(enxaqueca maior exemplo)
■ Crônica progressiva: pensar em lesões expansivas
■ Crônica não progressiva: maioria tensional
○ Qualidade
● Sintomas associados
○ Sinais neurológicos focais e cognitivo-comportamentais
○ Alteração do nível de consciência
O paciente pode ○ Cefaleia associada a crise convulsiva
desenvolver características ○ Vômitos em jato e sem náuseas → hipertensão intracraniana
compulsivas devido à
necessidade de controlar ● Fatores precipitantes, agravantes, atenuantes
sua rotina para evitar a dor ○ Prejuízo do sono
○ Associação alimentar
○ Problemas sociais
○ Modificações de sono-vigília
○ Exposição a odores fortes, luzes, sons
○ Álcool e cafeína
○ Viagens de avião
○ Jejum prolongado
○ Medicamentos
● Antecedentes pessoais
○ Costuma ter cefaleia sempre?
○ Houve mudança no padrão da dor?
○ Cefaléia iniciada tardiamente na vida está associada mais
frequentemente a causa secundária → exame de imagem
○ Idade
■ Enxaqueca é raro em crianças abaixo dos 12 anos e
adultos acima de 50 anos
● Quadro álgico similar nos familiares
● Relacionamentos familiar, escolar e social → ambiente psicossocial
● Exame físico
○ Sinais vitais
○ Ausculta cardíaca
○ Palpação de estruturas extra-cranianas
○ Otoscópio
○ Cavidade oral
○ Pele
○ Linfonodos
○ Evidências de trauma craniano ou rinorreia
○ Exame neurológico
■ Nível de consciência
■ Sinais focais
■ Rigidez de nuca
■ Sopros sobre o crânio, orbitas e pescoço
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■ Pares cranianos
ENXAQUECA
EPIDEMIOLOGIA:
● Mais frequente em mulheres (2:3)
● Mais frequentemente se inicia antes dos 20 anos (25% dos casos antes
dos 10 anos)
● Pode desaparecer no climatério
● História familiar em ⅔ dos casos
A fisiopatologia está FISIOPATOLOGIA
relacionada a ondas de Existem teorias com proposta de vários mecanismos fisiológicos para a crise.
despolarização cortical
(onda alastrante de Leão)
Fatores precipitantes:
● jejum ou falta de uma das refeições
● Redução ou excesso de horas dormindo
● Fadiga, odores
Num paciente jovem com ● Distúrbios emocionais
déficit focal, é importante ● Alterações de níveis hormonais
investigar HP de ● Mudanças alimentares
enxaqueca (diagnóstico
diferencial com AVE). Em
idosos, é incomum a crise 4 FASES:
de enxaqueca. ● Pródromo → sinais premonitórios (24-48h antes da crise)
○ Alterações de humor
○ Insônia
○ Lentificação cognitiva (dificuldade de memória)
○ Distúrbios gastrointestinais (anorexia, bulimia)
● Aura → sinais de disfunção neurológica
○ Duração de 5-60 minutos (em geral 1 a 20 minutos)
○ Pode preceder (minutos a horas) ou acompanhar a fase álgica
○ Tipos:
■ Visuais: folfenos (pontos de luminosidade, cintilações),
escotomas (pontos cegos), teicopsias (espectros de
fortificação), micropsias e macropsias (distorções no
tamanho dos objetos), diplopia, perda de nitidez
● Positivas: cintilações
Em crianças e ● Negativas: escotomas
adolescentes, a ■ Distúrbios de fala e linguagem → afasia, disartria
apresentação bilateral é ■ Distúrbios sensitivos → parestesias periorais e em mãos
mais frequente do que em ■ Distúrbios motores → paresias
adultos
● Fase álgica
O paciente com cefaleia em ○ Intensidade moderada a forte (necessariamente) → pode
salvas, diferentemente, acordar o paciente e incapacitá-lo para atividades diárias
costuma ficar agitado ○ Característica pulsátil, latejante
○ Frontotemporal e geralmente unilateral (⅔ dos casos)
■ Pode ser bilateral
○ Duração: 4-72 horas (quando não tratada)
○ Piora com esforço físico e movimentos da cabeça → diferencia de
cefaleia tensional
○ Fotofobia (80%) e fonofobia → busca quarto escuro, silencioso
○ Sinais associados:
■ Náuseas, vômitos
■ Fotofobia (80%) e Fonofobia,
■ Osmofobia
OS CRITÉRIOS SÃO ■ Sinais vasomotores: palidez, sudorese, congestão nasal e
MUITO COBRADOS EM conjuntival
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PROVA
● Fase de recuperação
Obs: Migrânea sem aura ○ Astenia
frequentemente tem
○ Pode estar acompanhada de euforia
associação com o período
menstrual
CRITÉRIOS DIAGNÓSTICOS:
CUIDADO! Migrânea sem aura:
Só náusea serve, só vômito 1. A → pelo menos 5 crises preenchendo os critérios de B a D
serve. Foto e fonofobia 2. B → Crises de cefaleia durando de 4-72h (quando não tratadas ou
devem estar associadas! tratadas de forma ineficaz)
3. C → cefaleia cumprindo pelo menos 2 das 4 características seguintes:
○ Unilateral
○ Pulsátil
○ Intensidade moderada a grave
○ Piora com atividade física
A aura visual é a mais 4. D → durante a cefaleia, presença de pelo menos 1 característica
comum, ocorrendo em até associada:
90% dos pacientes vítimas
○ Foto E fonofobia - pode existir osbofobia (por cheiro)
de migrânea com aura
○ Náusea OU vômito
Migrânea com aura típica:
● A → pelo menos 2 crises preenchendo os critérios B e C
● B → 1 ou mais dos seguintes sintomas de aura, totalmente reversíveis:
○ Sintomas visuais: positivos ou negativos → homônimos
○ Sintomas sensoriais: positivos (parestesia, hiperestesia) ou
negativos (hipoestesia) → unilaterais
○ Disfasia, alterações da fala e linguagem
○ Alterações motoras
○ Alterações de tronco cerebral
● C → pelo menos 2 das 4 características:
○ Pelo menos 1 dos sintomas de aura se desenvolve gradualmente
por mais de 5 minutos, e/ou 2 ou mais sintomas ocorrem em
sucessão
○ Cada aura individualmente dura de 5-60 minutos
○ Pelo menos 2 dos sintomas de aura são unilaterais
○ A aura é acompanhada de cefaleia, ou seguida da cefaleia dentro
de 60 minutos
● D → Os sintomas não são melhor explicados por outro diagnóstico, e
ataque isquêmico transitório foi excluído
Migrânea crônica
● Cefaleia em mais de 15 dias/mês por mais de 3 meses
● Pelo menos 8 dias/ mês dores com características de migrânea
● Características de migrânea pode não ocorrer
● Fatores de risco: abuso de analgésico (em geral mais de 2 usos por
semana); coexistência de outros sítios de dor
TRATAMENTO
TRATAMENTO DAS CRISES:
● Analgésicos (ASS, dipirona, paracetamol) → crises esparsas de início
recente
● AINES (naproxeno, ibuprofeno, cetoprofeno, ácido tolfenâmico, acido
mefenamico, diclofenaco) → crises fortes, enxaqueca menstrual, fase de
suspensão de ergotamina, triptanos utilizados abusivamente
○ Pode causar alterações de TGI
O triptano deve ser ● Triptanos (sumatriptano, naratriptano) → agonistas serotoninérgicos
administrado apenas na
○ Geram vasoconstrição craniana, inibição periférica de fibras
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CEFALEIA TENSIONAL
CARACTERÍSTICAS:
● A cefaleia tensional (CTT) é caracterizada por cefaleia de leve a
moderada intensidade, que pode prejudicar, porém não inibir as
atividades diárias do paciente.
- Não é latejante ● Dor em aperto, pressão, constritiva
● Região: cervical, frontal bilateral, temporal, occipital, podendo irradiar para
pescoço e dorso
● Periodicidade: caracteristicamente pior no final do dia (período vespertino
ou noturno)
● Recorrente ou contínua
● Duração prolongada: > 30min a dias
- Não piora com atividade ● Fatores desencadeantes:
física ○ Forte associação com fatores psicossociais (tensão emocional,
- Associação com o situações que exigem contração muscular prolongada)
trabalho ○ Contração muscular prolongada → esforços visuais, dirigir
veículos, situações de estresse
● Sinais e sintomas associados:
○ Fotofobia ou fonofobia (somente uma das duas)
○ Rigidez da musculatura cervical
○ Sem vômito ou náusea exacerbada, embora possa haver
desconforto
FORMAS CLÍNICAS:
● Episódica
○ Infrequente
○ Frequente
● Crônica → mais de 15 dias por mês por 3 meses
International Headache CRITÉRIOS DIAGNÓSTICOS:
Society, 2013
Cefaleia tipo Tensão Crônica (CTTC)
A. Cefaleia preenchendo os critérios de B a D, em um número de dias ≥15
dias/mês (≥ 180 dias/ano) por pelo menos 3 meses
B. Cefaleia durando horas a ser contínua
C. A dor deve ter pelo menos 2 características:
a. Bilateral
b. Em pressão ou aperto (não pulsátil!)
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c.
Intensidade fraca ou moderada → pode limitar, porém não
impede as atividades diárias
d. Não é agravada pela atividade física de rotina (ex: subir escadas)
D. Presença dos 2 itens:
a. Foto OU fonofobia, ou nenhuma das duas
b. Ausência de náusea severa e de vômitos → pode haver um leve
desconforto
Cefaleia tipo Tensão Episódica (CTTE)
A. Pelo menos 10 episódios de cefaleia preenchendo os critérios de B a D,
em um número de dias < 15 dias/mês (< 180 dias/ano)
B. Cefaleia durando 30 min a 7 dias
C. A dor deve ter pelo menos 2 características:
a. Bilateral
b. Em pressão ou aperto (não pulsátil!)
c. Intensidade fraca ou moderada → pode limitar, porém não
impede as atividades diárias
d. Não é agravada pela atividade física de rotina (ex: subir escadas)
D. Presença dos 2 itens:
a. Foto OU fonofobia, ou nenhuma das duas
b. Ausência de náusea severa e de vômitos → pode haver um leve
desconforto
TRATAMENTO
Os pacientes não TRATAMENTO EPISÓDICO
costumam ir ao médico por ● Analgésico comum como sintomáticos eventuais
isso ● Retirada ou redução dos fatores desencadeantes
TRATAMENTO CRÔNICO
● Auxílio psicológico ou psiquiátrico → associação frequente
● Antidepressivos tricíclicos ou ISRS
● Técnicas de relaxamento e massagem
CARACTERÍSTICAS:
● Jovens de 20-30 anos
● Sexo masculino
● Caracteristicamente intensa
○ Excruciante, lancinante
○ Em pontada e profunda
○ O paciente fica muito inquieto (diferentemente da enxaqueca na
qual ele prefere ficar quieto)
Não é incomum o ■ Não fica parado
auto-extermínio devido a ■ Anda de lado pro outro
intensidade da dor.
■ Risco de suicídio
● Periodicidade: tipicamente acorda o paciente a noite, nas primeiras horas
de sono
○ Ocorre em surtos (“salvas”) com duração variando de 1 semana a
meses (geralmente 3-8 semanas), intercaladas por períodos de
acalmia (remissão clínica)
● Duração: normalmente de 15 min a 3h
● Local: unilateral, periauricular
● Sinais e sintomas associados → sinais de disautonomia
○ Hiperemia conjuntival e lacrimejamento
○ Congestão nasal e rinorreia
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TRATAMENTO
TRATAMENTO EPISÓDICO:
● Inalação de oxigênio
● Triptanos
● Corticoides
● Ácido valpróico
TRATAMENTO CRÔNICO:
● Ácido valpróico
● Lítio
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OUTRAS
NEVRALGIA DO TRIGÊMIO
O FINAL FOI MUITO
RÁPIDO, PERDI TUDO 😓
CARACTERÍSTICAS:
● Dor em choque
● Ocorre na topografia do trigêmio
● Dor paroxística - segundos a 2 minutos
● Pode decorrer de encefalite pós herpética (pode persistir por mais de 2
meses após infecção)
● Mais comum após 50 anos
● Ponto de gatilho (ex: ao se barbear, comer, escovar os dentes)
● Geralmente tratado com carbamazepina
A arterite temporal está
frequentemente associada
a neuropatia óptica
isquêmica arterítica → ARTERITE TEMPORAL
urgência oftalmológica!! CARACTERÍSTICAS:
Pode cursar com ● Pacientes acima de 65 anos, mais comum em homens
papiledema, redução
● Dor unilateral moderada a severa
abrupta da acuidade visual
e reflexo pupilar diminuído. ● Porção lateral frontotemporal
Habitualmente é unilateral, ● Risco de cegueira
com grande risco de ● Vasos do escalpo tortuoso: palpação da artéria temporal endurecida e
evoluir com com perda de pulso
comprometimento ● Tratamento
contralateral também. ● enir a cegueira
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DEMÊNCIA
Conduta diagnóstica e terapêutica
INTRODUÇÃO
EPIDEMIOLOGIA
● Com a tendência de envelhecimento da população, aumenta a frequência de
quadros de demência e outros quadros neurológicos
● Acomete 7,1% da população com 65 anos ou mais
● A Doença de Alzheimer é a principal causa de demência, variando de 50 a
85%.
○ No Brasil, a DA tem início mais precoce que nos países
desenvolvidos
● Grande parte dos pacientes no Brasil não é tratado oportunamente, mesmo
que o medicamento seja gratuito pelo SUS
○ O tratamento farmacológico das demências degenerativas é
sintomático, com resultados modestos, mas que oferecem, sim,
benefícios aos pacientes e familiares → importância de saber
diagnosticar e tratar corretamente
DIAGNÓSTICO
DEFINIÇÃO: Demência é diagnosticada quando há sintomas cognitivos ou
O diagnóstico de comportamentais (neuropsiquiátricos) que se encaixe em todos os seguintes:
demência é ● Interferem com a habilidade no trabalho ou em atividades diárias usuais
essencialmente clínico
● Representam declínio em relação a níveis prévios de funcionamento e
desempenho (tanto atividades instrumentais quanto atividades básicas de
autocuidado)
● Não são explicáveis por delirium (estado confusional agudo) ou doença
psiquiátrica maior
DIAGNÓSTICO: Realizado por história clínica + avaliação funcional breve (MEEM)
Critérios:
1. Demência é diagnosticada quando há sintomas cognitivos ou
comportamentais (neuropsiquiátricos) que se encaixe em todos os
Na vigência de doenças seguintes:
psiquiátricas maiores, como a. Interferem com a habilidade no trabalho ou em atividades diárias
depressão, é necessário
usuais
tratar e estabilizar o
paciente no quadro em b. Representam declínio em relação a níveis prévias de funcionamento
questão e apenas então e desempenho (tanto atividades instrumentais quanto atividades
avaliar o diagnóstico de básicas de autocuidado)
demência. No caso de c. Não são explicáveis por delirium (estado confusional agudo) ou
delirium, é necessário doença psiquiátrica maior.
esperar que o paciente saia
do quadro agudo, e então
2. O comprometimento é detectado e diagnosticado mediante combinação de:
reavaliar.
a. Anamnese com o paciente ou informante
b. Avaliação cognitiva objetiva, com exame breve do estado mental
ou avaliação neuropsicológica.
➢ A avaliação neuropsicológica deve ser realizada se a
anamnese e o MEM não forem suficientes para permitir um
diagnóstico conclusivo.
3. O comprometimento cognitivo ou comportamental afeta no mínimo 2 dos
seguintes:
a. Memória
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INSTRUMENTOS PARA AVALIAÇÃO
MINIEXAME DO ESTADO MENTAL:
● É um exame de rastreio → não é diagnóstico. Havendo dúvida, é indicado
avaliação neuropsicológica.
- Demora 5 a 7 minutos ● Utilizado para avaliação cognitiva
- Pouca variação a. Orientação temporal e espacial
interobservador
b. Memória imediata
c. Atenção e cálculo
d. Memória de evocação
e. Linguagem e habilidade construtiva
Orientação temporal (5 pontos) Qual é a hora aproximada?
Escrever uma frase completa Escrever uma frase que tenha sentido.
(1 ponto)
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Total = 30 pontos
Escolaridade Nota de corte
Analfabeto 19 pontos
● Se o paciente pontuar abaixo do ponto de corte, suspeita-se de demência.
a. A comparação entre o desempenho do paciente em momentos
diferentes (ex. entre 2 consultas) é mais sensível do que o ponto de
corte
b. Esse valores não são definitivos nem perfeitamente estabelecidos, é
necessário flexibilizar a avaliação de acordo com o estado funcional
prévio em cada caso
QUESTIONÁRIO DE PFEFFER:
● Utilizado para avaliação funcional objetiva → pontuação maior ou igual a 5
é sugestiva de declínio funcional (máximo = 30)
○ Quanto maior a pontuação, maior é a dificuldade (diferentemente do
MEEM)
○ É importante para a diferenciação entre transtorno neurocognitivo
leve e maior
● O questionário é aplicado para o cuidador, não para o paciente
● Pode complementar o MEEM em casos de dúvida
● Composto por 10 perguntas que devem ser direcionadas ao familiar, porque
o paciente muitas vezes tem perda de senso crítico (relata que está
trabalhando ativamente, que toma conta do próprio dinheiro etc, sem
perceber que há alguém por trás o auxiliando nisso)
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CLASSIFICAÇÃO ETIOLÓGICA
O diagnóstico etiológico Dividida em dois grandes grupos, didaticamente
depende de exames ● Sem evidência de lesão estrutural
complementares ● Com evidência de lesão estrutural
(laboratoriais e
neuroimagem) e da
caracterização clínica do
perfil cognitivo do
paciente
DOENÇA DE ALZHEIMER
● Doença degenerativa de evolução lenta
● O continuum da DA
○ No momento do diagnóstico, a pessoa já tem a doença a cerca de 10
anos → fase pré clínica
FISIOPATOLOGIA
● Fatores genéticos → polimorfismos que aumentam a susceptibilidade
TRATAMENTO
DROGAS:
A estratificação (leve,
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DEMÊNCIA COM CORPOS DE LEWY
Se confunde muito com a Critérios centrais (os primeiros 3 tipicamente ocorrem precocemente e podem
doença de Parkinson, que persistir no seguimento):
também possui corpos de ● Flutuações (podem simular quadros de delirium) → variações de consciência
Lewy como substrato
e atenção entre um dia e outro, ou mesmo em questão de horas
patológico. No parkinson,
eles estão presentes na
substância negra. Na ● Alucinações visuais vividas, detalhadas e recorrentes
demência de lewy, eles
estão dispersos pela subs. ● Transtorno comportamental do sono REM → pode preceder o quadro
cinzenta cortical desde o cognitivo (é um forte preditor da neurodegeneração)
início. ○ Durante a fase REM acontecem os sonhos, e há uma atonia
muscular fisiológica (a atividade muscular esquelética é bloqueada,
Nas demais demências, as
alucinações visuais exceto a musculatura dos olhos). Algumas pessoas não têm essa
consistem apenas em inibição durante o sonho e acabam agindo de acordo com o que
vultos. Na demência de estão sonhando, realmente como se estivessem acordadas.
Lewy, elas são realistas e ○ É diferente de sonambulismo
detalhados. ○ É característica da demência com corpos de Lewy e do Parkinson
Na demência de Lewy, o
● Parkinsonismo espontâneo
quadro demencial se
instala mais precocemente ○ Lentidão de movimentos acompanhada de rigidez, tremor,
do que no Parkinson (em instabilidade postural
que as alterações motoras ○ Costuma ser mais tardio no curso da doença
necessariamente precedem
a demência)
TRATAMENTO
(...) :)
DEMÊNCIA FRONTOTEMPORAL
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● Várias doenças neurodegenerativas com apresentação clínica semelhante
→ Doenças degenerativas que afetam os lobos frontais e temporais
● Formas clínicas:
○ Variante comportamental
○ Variante com alterações de linguagem
VARIANTE COMPORTAMENTAL
● Deve haver pelo menos 3 aspectos clínicos:
○ Desinibição
○ Apatia
○ Perda de simpatia ou empatia
○ Perseveração ou compulsões
○ Hiperoralidade
○ Perfil neuropsicológico → memória relativamente preservada
● Precisa ser confirmada por neuroimagem
TRATAMENTO
● Intervenções com cuidadores
○ Informações sobre a doença, apoio psicossocial
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LÍQUOR (líquido cefalorraquidiano - LCR)
● Formado no plexo coróide, nos ventrículos laterais (150ml/dia)
● Absorvido nas vilosidades aracnóideas (projeções da aracnóide nos seios
venosos, que são formados pela dura-máter)
● Revisão do sentido de fluxo do LCR (ventrículos e forames):
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MENINGITES
A meningite nem sempre é DEFINIÇÃO: processo INFLAMATÓRIO que acomete as meninges e o espaço
infecciosa. Pode se dar por delimitado por estas membranas
qualquer causa que ● Pode ser causado por agentes infecciosos como vírus, bactérias, fungos e
ocasiona inflamação da
protozoários.
meninge e seus espaços.
● Também pode decorrer de hemorragias meníngeas, quimioterápicos,
infiltração tumoral (carcinomatose meníngea)
Agentes etiológicos mais comuns:
O meningococo tem ● Neisseria meningitidis (meningococo)
comportamento
● Streptococcus pneumoniae (pneumococo)
epidemiológico em surtos e
epidemias ● Haemophilus influenzae
● Mais raramente: estreptococos do grupo B e Listeria monocytogenes (em
imunodeprimidos)
Processos necessários para que as bactérias atinjam o SNC:
● Via aérea: adesão ao epitélio nasofaríngeo → proliferação → invasão de
vasos adjacentes → sobrevivência ao sistema de defesa sistêmico →
atravessamento da barreira hematoencefálica → sobrevivência ao sistema
de defesa do SNC
● Via hematogênica
● Solução de continuidade
No jovem, predominam os
sinais meníngeos e de
infecção (cefaleia, febre). Já
DIAGNÓSTICO:
no idoso, a febre é menos 1. QUADRO CLÍNICO
frequente e os sinais ● Síndrome de Hipertensão Intracraniana: cefaléia intensa, náusea,
confusionais são mais vômitos, confusão mental
comuns. ● Síndrome toxêmica: sinais de toxemia, febre, mal-estar, agitação
psicomotora
Tipicamente, a irritação
● Sinais de irritação meníngea:
ocorre já no início do
movimento. Se o ○ Rigidez de nuca: espasticidade muscular de natureza
movimento torna-se rígido reflexa, presente do início até o final o movimento (ao tentar
só ao final, em pacientes encostar o queixo no peito)
com sinais atípicos, pode ○ Sinal de kernig
ser suspeitada outra causa. ○ Sinal de brudzinski
A flexão rápida do pescoço desencadeia dor e flexão dos joelhos
O joelho mantém-se flexionado e pode desencadear dor no pescoço ou
cabeça
- A punção lombar é um
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● Tratamento: antiviral (aciclovir) imediatamente
MENINGOENCEFALITE TUBERCULOSA
Estima-se que, em cerca de ● Transmissão: saliva infectada
10% dos pacientes ● Infecção pulmonar → disseminação hematogênica
imunocompetentes com ● Infecção no SNC → predileção pela base do crânio
tuberculose, haja
acometimento do sistema
nervoso. FISIOPATOGÊNESE: ocorrência e persistência de exsudato inflamatório no espaço
subaracnóideo com presença maciça de fibrina, leucócitos e focos ocasionais de
É mais frequente e grave necrose caseosa. A reação inflamatória concentra-se nas meninges da base do
nos pacientes com AIDS. crânio, nas quais se acumula um exsudato espesso e gelatinoso, ocupando as
cisternas basais e podendo estender-se para a região da medula espinal. Este
exsudato, ao contrário do que ocorre em outras meningites bacterianas, espalha-se
ao longo dos vasos da pia-máter e invade o tecido cerebral subjacente,
caracterizando a ocorrência de processo já de tipo meningoencefalítico. Determina
como manifestações:
● Vasculites → aumenta o risco de AVEi !!
● Comprometimento funcional dos nervos cranianos → especialmente VI,
mas também III, IV, VII e VIII
● Hidrocefalia → obstrução nos forames
● Focos de encefalite
QUADRO CLÍNICO:
ESTÁGIOS:
● Estágio 1: sem alterações cognitivas ou do nível de consciência, sem
alterações detectáveis ao exame neurológico
● Estágio 2: algum grau de confusão mental, sem coma, podem aparecer
sinais de localização como hemiparesia e acometimento de nervos cranianos
● Estágio 3: comprometimento significativo do nível de consciência, disfunção
de vários pares cranianos, hemiplegia ou paraplegia
COMPLICAÇÕES:
● Infartos isquêmicos, hiponatremia
PROGNÓSTICO: mortalidade elevada (25%), 20-30% permanecem com sequela
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NEUROCISTICERCOSE
A ingestão de carne suína ● Causa: ingestão de ovos de T.solium → o homem ocupa o papel do porco no
com cisticercos provoca ciclo habitual de transmissão do parasita
teníase (parasita intestinal) ○ Água ou alimentos contaminados
○ Autoinfecção
A infecção é
frequentemente ● O cisticerco se fixa no tecido nervoso
assintomática, ○ Tem sobrevida média de 4 a 6 anos → pode gerar sintomas
principalmente se já ○ Calcificação → ocorre após a morte do cisticerco
calcificada
DIAGNÓSTICO
● Quadro clínico:
○ Hipertensão intracraniana - 36%
○ Epilepsia → crises focais ou generalizadas
○ Outras formas clínicas incluem alterações cognitivas e
comportamentais (4%)
● Neuroimagem → TC melhor que RM
● Exame do líquor → aumento do número de células, predomínio de células
mononucleares, anticorpos específicos
TRATAMENTO
As drogas parasiticidas ● Albendazol (15mg/Kg, BID, 3-7 dias)
geram degeneração dos ● Corticosteróides
cistos e intenso processo ○ Se há infestação maciça, pode-se até nem tratar, pois o paciente
inflamatório no SNC
pode morrer pelo quadro de inflamação do SNC causado pela
degeneração de todos os cistos ao mesmo tempo
● Cirurgia para remoção do cisto em casos específicos
○ Exemplo: cistos em cisternas, prejudicando a drenagem do líquor
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ENCEFALITE POR HIV
● Invasão direta do vírus no SNC por via de macrófagos e células da microglia
● Infecções oportunistas + comprometimento primário pelo HIV
LESÃO DIRETA:
● Causada pelo HIV em si, presente cronicamente no SNC
Pupilas de
● Complexo demência-AIDS:
Argyl-Robertson:
dissociação luz-perto ● Início insidioso, instalação crônica
(pupilas reagem ● Alteração de memória, perda de concentração e capacidade de
fracamente à luz, mas raciocínio
reagem à convergência) → ● Alteração de coordenação fina
típica da neurossífilis. ● Imagem: atrofia cortical e subcortical difusa
Também pode ser vista em
encefalopatia de Wernicke,
herpes zoster. INFECÇÕES OPORTUNISTAS:
NEUROTOXOPLASMOSE
● Reativação de focos parasitários
● Manifestações clínicas são múltiplas e dependem da localização das lesões,
mas há predileção por núcleos da base: crise epiléptica, sinais focais,
ataxia, alteração de nível de consciência, confusão mental, coma
● TC ou RM: presença de nódulos no tecido cerebral e edema perilesional
● Líquor com aumento do número de células
● Tratamento: antibioticoterapia
CRIPTOCOCOSE:
● Síndrome meníngea → cefaleia, náusea, vômito, febre, sinais de irritação
meníngea, HIC
● O exame do líquor é fundamental → antígeno criptocócico
● Neuroimagem → criptococomas, aspecto de cachos de uva
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Bacteriana Turvo ou >500 PMN Diminuído ou Normal ou Positiva
aguda purulento normal elevada
Bacteriana Claro ou <500 PMN ou Diminuído ou Normal ou Raramente
em tto um pouco MN normal elevada positiva
turvo
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TRANSTORNOS DO MOVIMENTO
CASO CLÍNICO
Paciente de 75 anos, feminina, professora aposentada. Diagnóstico de HAS há 12
anos.
Queixa de tremor, há 12 meses em MMSS. Piora lentamente progressiva,
inicialmente no MSD e depois no MSE. Acentua-se quando está nervosa.
Lentidão para realizar movimentos associada. Nega desequilíbrio ou quedas.
AE:
● Relata tonteira mal definida em duas ocasiões, sem escurecimento visual,
Flunarizina é um sem movimentação de objetos. Não associada a movimentação de cabeça
bloqueador de canais de ● Nega sintomas referentes a humor. Informa estar ansiosa com o tremor
cálcio, utilizado para
● HF negativa para tremores
tratamento de tontura e
profilaxia de enxaqueca. ● Medicamentos em uso:
○ Losartana 50 mg BID
○ Flunarizina 10 mg MID (uso há 14 meses)
EXAME FÍSICO:
● PA (decúbito): 120/82, FC 74
● PA (ortostatismo): 94/70
● FR = 16, murmúrio vesicular fisiológico
● Abdome plano peristáltico, sem visceromegalias
● EXAME NEUROLÓGICO:
○ Alerta, orientada no tempo e no espaço.
○ Nervos cranianos: sem alterações
○ MEEM = 28/30 (escolaridade de 11 anos)
○ Motricidade:
■ Força muscular 5/5
■ Reflexos osteotendinosos (ROT) um pouco reduzidos de
ambos os lados
● B1/1
● BR 1/1
● T1/1
● Flexor dos dedos: ausente
● Pernas: 2/2
● Aquileu: 1/1
● Reflexo cutaneoplantar: indiferente
■ Tônus muscular: hipertonia plástica leve em MMSS e MMII
Tremor de repouso: está ■ Bradicinesia em MMSS e MMII: abrir e fechar as mãos, bater
presente com a os dedos, bater os pés
musculatura relaxada, mas
■ Tremor de repouso em MMSS, mais acentuado à direita.
desaparece em
movimentação ■ Tremor postural e cinético ausentes
■ Romberg: ausente
Sinal de Romberg: ao ficar ■ Marcha lentificada; devido ao aparecimento de tonteira ao
de pé e fechar os olhos, iniciá-la, o exame foi interrompido; a paciente sentou e o
observa-se instabilidade sintoma desapareceu.
INTRODUÇÃO - TRANSTORNOS DO MOVIMENTO
Paralisia = perda total da DEFINIÇÃO: são disfunções neurológicas caracterizadas por pobreza ou lentidão de
força, com incapacidade de movimentos voluntários na ausência de paralisia ou paresia, ou por atividade
movimentação
motora involuntária representadas pelos diversos tipos de hipercinesias.
Paresia = fraqueza
muscular (déficit parcial de Comprometimento das atividade voluntárias sem afetar a força, a sensibilidade ou
força) a atividade cerebelar
● Hipercinéticos → excesso de movimento
● Hipocinéticos → pobreza ou lentidão de movimentos
REVISÃO: NEUROANATOMIA E NEUROFISIOLOGIA
ANATOMIA E FISIOLOGIA:
● Sistema extrapiramidal: coordena o controle e a coordenação dos
Por outro lado, o sistema
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piramidal (trato movimentos. As principais estruturas anatômicas relacionadas são os
corticoespinhal) controla a núcleos da base:
força do movimento → que ○ Núcleo caudado → recebe aferências de áreas associativas (do
no caso da paciente
córtex pré-frontal e áreas parietais posteriores)
encontra-se preservada
○ Núcleo lentiforme:
Essas estruturas atuam em ■ Putamen → recebe aferências do córtex sensório-motor
estreita conexão com áreas ■ Globo pálido → interno e externo
motoras corticais ○ Substância negra
■ Pars compacta
■ Pars reticulata
CONEXÕES E NEUROTRANSMISSORES:
As fibras nigroestriatais ● O putâmen e o núcleo caudado podem ser incluídos em uma unidade
dopaminérgicas exercem funcional denominada corpo estriado. Para este local se projetam
ação modulatória sobre o aferências:
circuito motor. No
○ Provenientes do córtex motor, exercendo ação excitatória
parkinsonismo admite-se
que, como conseqüência da (glutamato)
disfunção da alça ○ Provenientes da substância negra (pars compacta) → o
dopaminérgica nigro- neurotransmissor é a dopamina
estriatal, ocorra uma ■ Atuando sobre receptores dopaminérgicos de tipo D2,
redução da atividade inibem neurônios estriatais que se projetam para o pálido
inibitória sobre a via externo (primeira estação da via indireta)
indireta e também redução
■ Agindo sobre receptores dopaminérgicos de tipo D1,
da atividade excitatória
sobre a via direta. O excitam neurônios estriatais que, por uma via direta, se
resultado final é uma destinam ao complexo pálido interno/substância negra pars
intensificação da atividade reticulata (via de saída dos gânglios da base).
inibitória desse complexo
sobre o tálamo e, ● Nas conexões intra-estriatais, a acetilcolina é um neurotransmissor de papel
conseqüentemente, uma
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VIAS DO MOVIMENTO:
● Se o striatum é o ponto-chave como via de entrada do circuito dos
gânglios da base, o segmento interno do globo pálido, juntamente com a
pars reticulata da substância negra, constituem a via de saída do sistema.
Entre a via de entrada (striatum) e a via de saída (globo pálido
interno/substância negra pars reticulata) há duas vias de comunicação (vias
estriato-palidais):
○ Via direta (não tem estações intermediárias) → faz ativação do
córtex
○ Via indireta (tem conexões com o pálido externo e o núcleo
subtalâmico de Luys antes de atingir a via de saída) → faz inibição
do córtex
HIPERCINÉTICOS
TREMOR
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DEFINIÇÃO:
● Movimento involuntário em que há contração alternada dos agonistas e
antagonistas → leva a um movimento oscilatório rítmico em um
determinado segmento
● É o mais comum dos movimentos involuntários
CARACTERÍSTICAS:
● Repouso: surge quando parado, quando a musculatura está relaxada
● Postural: surge em determinadas posições
● Cinético: surge com o movimento
● Ação específica: ocorre só durante a escrita ou com o ortostatismo… [etc]
ETIOLOGIAS:
● Fisiológico (8-12 Hz) → não é facilmente visível observando-se o membro
Para identificar um tremor ● Fisiológico exacerbado
fisiológico, deve-se colocar ○ Privação de sono, ansiedade, exercício físico, abstinência, doenças
uma folha sobre a mão da tireóide, medicações (beta agonistas, lítio, valproato, teofilina,
aberta e observar a folha
cafeína, neurolépticos, antidepressivos tricíclicos), hipoglicemia,
abstinência do álcool, hipotermia
○ Tratamento: remover fatores desencadeantes; pode-se recorrer ao
uso de betabloqueadores
■ O tratamento medicamentoso pode ser usado, se necessário
(ex: exigência da profissão → cirurgião) desde que
investigadas e excluídas as contraindicações
Tremor essencial é um dos ● Tremor essencial → postural
principais diagnósticos ○ De ação
diferenciais com ■ Acontece com a manutenção da postura
parkinsonismo. Acredita-se ■ Nos casos mais avançados e intensos, pode estar presente
que ele tenha origem no também com a movimentação
núcleo olivar inferior (caiu ○ Melhora com álcool → característica clássica
na prova!)
○ História familiar geralmente positiva
O tremor de ação pode ser ○ Tratamento: betabloqueadores, primidona
postural (em isometria)
e/ou cinético (durante o ● Doenças do cerebelo → cinético
movimento). ○ De ação → ocorre durante o movimento
○ Tratamento: ácido valpróico, clonazepam
● Parkinsonismo → de repouso
Ver Doença de Parkinson à ○ Acontece em relaxamento
frente ○ 4-6Hz → frequência mais baixa do que o tremor essencial
○ Tratamento: drogas dopaminérgicas, ou anticolinérgicas
COREIA
CARACTERÍSTICAS:
Coreia deriva do grego = ● São movimentos involuntários repetitivos, breves, irregulares e
dança.
relativamente rápidos que começam em uma parte do corpo e passam para
outra parte, de modo abrupto, imprevisível e, geralmente, contínuo.
Outros distúrbios:
- Hemibalismo = é como se ○ Abalos musculares rápidos, irregulares e imprevisíveis
fosse uma coréia mais ● A coreia normalmente envolve a face, a boca, o tronco e os membros.
intensa. Pode ser
decorrente de AVE. CAUSAS:
● AVE
● Síndrome de Sydenham (coreia mais frequente na infância)
● Doença de Huntington → síndrome neurodegenerativa que cursa com
coreia e posturas anormais (coreia mais frequente no adulto)
● Gravídica
● Toxicidade por drogas
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DISTONIA
CARACTERÍSTICAS:
Uma contração mantida é ● Contração muscular excessiva e inapropriada de músculos agonistas,
indício de um fenômeno
levando a posturas anormais
excitatório, por isso é
considerado hipercinético ● Tremor e mioclonias podem se associar
● Focal, segmentar (voz) ou generalizada
● Truque sensitivo → toque leve sobre o membro hipertônico pode, em alguns
casos, gerar relaxamento da musculatura e aliviar a distonia
momentaneamente
ETIOLOGIAS:
Doença de Wilson: doença
genética metabólica que ● Primárias: hereditárias e esporádicas
causa acúmulo de cobre em ● Secundárias:
tecidos variados, incluindo ○ Encefalopatia hipóxico-isquêmica perinatal (também pode causar
o SNC. O diagnóstico é coreia), medicamentos (antipsicóticos de primeira geração,
possível avaliando os olhos metoclopramida em uso prolongado), lesões estruturais
(anel de Kayser-Fleischer) encefálicas, doenças neurodegenerativas/hereditárias (Doença de
Wilson)
● Psicogênicas
TRATAMENTO:
● Levodopa (DYT5)
● Anticolinérgicos
● Benzodiazepínicos
● Neurolépticos
● Toxina botulínica tipo A: gera bloqueio da liberação da acetilcolina na fenda
muscular. Deve ser reaplicado a cada 3 meses
MIOCLONIAS
CARACTERÍSTICAS:
Pode se apresentar como ● Contrações musculares rápidas, bruscas e súbitas
um espasmo involuntário
● Podem ser generalizadas X focais; espontâneas X de ação
da musculatura durante um
movimento. ● Causas
○ Fisiológica: noturna, soluço
○ Epiléptica
○ Sintomática
○ Presente em doenças neurodegenerativas (demências - ex. DA)
○ Encefalites
○ Distúrbios metabólicos: encefalopatia hepática, distúrbio iônico,
hiperosmolaridade glicêmica
○ Lesão cerebral focal
TRATAMENTO: ácido valpróico e clonazepam
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TIQUE
CARACTERÍSTICAS:
Síndrome de Tourette = ● Movimentos voluntários recorrentes, previsíveis.
tiques motores e vocais
● Podem ser suprimidos voluntariamente, parcial ou totalmente
○ Diagnóstico diferencial com convulsão focal
● Em até 15% das crianças, podem haver tiques simples e transitórios
● Crônicos simples
TRATAMENTO
● Formas leves: orientações, apoio psicológico, TCC
● Formas graves: clonidina, clonazepam, olanzapina, risperidona, haloperidol
Agonista adrenérgico
HIPOCINÉTICO
SÍNDROME PARKINSONIANA
CARACTERÍSTICAS:
● Bradicinesia / acinesia
A bradicinesia é
○ Lentidão de movimento
imprescindível para o
diagnóstico. Pode ○ Fácies em máscara e hipomimia → redução da expressão facial
predominar bradicinesia + ○ Redução da sincinesia dos braços → anda sem o movimento
tremor ou bradicinesia + simultâneo dos braços, ou com movimentação unilateral
rigidez. ○ Micrografia → a caligrafia tende a ficar menor, devido à redução na
amplitude dos movimentos
Acinesia = produzir poucos ○ Freezing (acinesia súbita) → pessoa “trava” durante um movimento
movimentos (ex: não muda
de posição ao ficar um
➢ OBS: Os pacientes podem desenvolver estratégias para “driblar” o freezing: já que o
longo período sentado)
movimento que ele deseja fazer está bloqueado, ele inicia um outro movimento
qualquer e, a partir daí, consegue realizar aquele desejado. Ex: bater palma para
conseguir se levantar da cadeira; ajoelhar-se no chão antes de atravessar uma
No início do quadro, a
porta...
instalação do tremor é
frequentemente unilateral,
posteriormente ● Tremor de repouso → exacerba-se durante a marcha, esforço mental,
progredindo para o outro tensão emocional
lado ○ Com a evolução da doença, pode surgir também tremor cinético e
postural
Rigidez = resistência à
movimentação passiva,
● Rigidez (hipertonia plástica) → uniforme ao longo do movimento; pode
uniforme ao longo de todo
o movimento haver o fenômeno da roda denteada
○ Predomínio da musculatura flexora: gera anteroflexão do tronco e
Fenômeno da roda semiflexão dos membros
denteada = ao examinar o
tônus, em movimento
passivo, ele é “agarrado” ao
invés de contínuo
Pull Test: O examinador se
posiciona atrás do paciente
e dá um leve toque → Postura Parkinsoniana
trazendo a pessoa para
trás. Em situações normais,
● Instabilidade postural → perda de reflexos de readaptação postural
a pessoa dá um passo atrás
e se reequilibra. Havendo ○ A instabilidade postural na doença de Parkinson é bastante tardia.
instabilidade, a pessoa ○ Pull Test → realizar com cuidado devido ao risco de queda
precisa dar vários passos ○ Investigar histórico de quedas
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PARKINSONISMO PRIMÁRIO - DOENÇA DE PARKINSON
EPIDEMIOLOGIA:
● “Paralisia agitante”
● Uma das doenças neurológicas mais comuns
● Prevalência aumenta com idade
● Início precoce dos 21 aos 40 anos (?)
● Fatores ambientais e genéticos
FISIOPATOLOGIA → presença de corpos de Lewy na substância negra
● Estágios 1 e 2: distúrbios autonômicos e olfatórios
○ Hiposmia
○ Disautonomia
A hiposmia (déficit
olfatório) pode preceder em ■ Hipotensão postural
muitos anos o distúrbio de ■ Constipação
movimento
● Estágios 3 e 4: distúrbios motores e de sono
○ Bradicinesia, tremor de repouso, rigidez
○ Transtorno comportamental do sono REM → degeneração
progressiva dos núcleos que inibem os movimentos durante o sono
REM
● Estágios 5 e 6: distúrbios cognitivos e emocionais
○ Depressão
○ Demência → tardia
DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL:
● Forma rígido-acinética → predomínio da bradicinesia e rigidez
○ Hipotireoidismo
○ Depressão
○ Lesão piramidal
● Forma hipercinética → predomínio de tremor
○ Tremor essencial
○ Drogas
TRATAMENTO
● Remoção da causa de base: drogas, intex, tumores
● No parkinsonismo ocorre redução dopaminérgica e aumento colinérgico.
Logo, as estratégias de tratamento são:
○ Aumento de dopamina:
■ Precursora da dopamina: levodopa
■ Bloqueador da degradação de dopamina: entacapone
(COMT), selegina (MAO)
■ Bloqueador de recaptação da dopamina, anticolinérgico e
antiglutamatergica: amantadina
■ Agonistas dopaminérgicos: pramipexol, ropirinol,
apomorfina
○ Redução da acetilcolina:
■ Anticolinérgicos (tremor): biperideno, triexifenidil
OBS: PARKINSONISMO ATÍPICO (PLUS)
● Disautonomia precoce
● Síndrome cerebelar
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● Síndrome piramidal
● Síndrome de neurônio motor inferior
● Distúrbio da motricidade ocular extrínseca
Causas:
● Atrofia de múltiplos sistemas
Essas doenças também são ● Paralisia supranuclear progressiva
causas primárias, porém ● Degeneração corticobasal
menos comuns. ● Demência por corpos de Lewy
PARKINSONISMO SECUNDÁRIO
CAUSAS DE PARKINSONISMO SECUNDÁRIO:
● Drogas → neurolépticos, bloqueadores de canais de Ca (cinarizina e
flunarizina), amiodarona, lítio
● Intoxicações exógenas → manganês, CO, metanol, organofosforados
● Infecções → encefalites virais, neurocisticercose, AIDS
● Vascular
● TCE
● Lesão expansiva do SNC
● Hidrocefalia
● Hipoparatireoidismo
CONTINUAÇÃO DO CASO...
● Melhora da hipotensão postural, possibilitando o exame de marcha
● Bradicinesia em MMSS e MMII: abrir e fechar as mãos, bater dedos, bater os
pés
● Tremor de repouso em MMSS, mais acentuado à direita. Discreta piora em
relação ao exame anterior.
● Tremor Postural e cinético ausentes.
● Hipomimia
● Marcha lentificada, com predomínio da postura flexora e pequenos passos
● Pull Test negativo
➢ Solicitar revisão laboratorial e exames de imagem para descartar causas de
parkinsonismo secundário
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EPILEPSIA
INTRODUÇÃO
A crise focal é a antiga INÍCIO FOCAL → as descargas neuronais se originam a nível cortical, em apenas
“crise parcial” parte de um ou de ambos os hemisférios cerebrais
● Localizadas mais comumente no lobo temporal, mas podem envolver região
hipocampal e região próxima ao sistema límbico → o paciente pode relatar
Pode haver automatismos
→ movimentos que “sente um medo intenso e mal estar, e de repente não se lembra mais de
estereotipados que se nada”
assemelham a mov. ○ As epilepsias do lobo temporal são as mais freqüentemente
voluntários. encontradas no adulto, correspondendo a cerca de 60% das
epilepsias focais
O evento motor consiste ● Podem evoluir de focal para tônico-clônica bilateral (generalizada) →
de um aumento ou
crises focais podem, com a propagação da descarga, se transformar em
diminuição da contração
muscular, o que define um crises secundariamente generalizadas
fenômeno positivo e ● Podem acometer qualquer grupo muscular definido
negativo, respectivamente.
O aumento da contração ● Classificadas em:
muscular pode ser do tipo 1. Perceptivas ou disperceptivas
tônico (significando ○ PERCEPTIVA: a consciência, orientação e percepção do
contração muscular
ambiente estão preservadas → antiga crise simples
mantida com duração de
poucos segundos a ○ DISPECEPTIVA: a percepção do ambiente está alterada (a
minutos), clônico (cada pessoa perdeu o contato)→ antigas crises complexas
contração muscular é
seguida de relaxamento, 2. Início motor ou não-motor → de acordo com a alteração motora ou
originando abalos de consciência que predomina
musculares sucessivos) ou
mioclônico (contrações
INÍCIO GENERALIZADO → as descargas começam em grandes áreas de ambos os
musculares muito breves,
semelhantes a choques). hemisférios cerebrais (envolvem circuitos talâmicos na geração das descargas
Diminuição da contração difusas, bilaterais e síncronas)
muscular caracteriza as ● Crises generalizadas não apresentam evidência de início localizado, as
mioclonias negativas e as manifestações clínicas indicam envolvimento de ambos os hemisférios
crises atônicas cerebrais desde o início e as descargas eletroencefalográficas são bilaterais.
Como nas crises generalizadas o sistema reticular ativador ascendente é
O termo “ausência” só
precocemente acometido pelas descargas, a consciência é quase sempre
pode ser utilizado para
crises generalizadas. comprometida
A crise focal de caráter
disperceptiva e não-motora ● Classificadas em:
(antigamente chamada de 1. Motora: Geralmente duram 2-3 minutos
parcial complexa) é mais ● Tônico-clônica
prolongada do que a crise ● Outras motoras: atônicas
de ausência, e costuma ter
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DIAGNÓSTICO
CRITÉRIOS DIAGNÓSTICOS
Epilepsia é considerada Epilepsia é uma doença encefálica definida por uma das condições seguintes:
resolvida para indivíduos ● 1. Pelo menos 2 crises não-provocadas (ou reflexas), ocorrendo um
que tiveram uma síndrome intervalo de > de 24 horas
epiléptica
○ “Crises provocadas” seriam desencadeadas por um fator agudo,
idade-dependente, mas
agora passaram a idade como por exemplo: febre (crises febris), consumo de álcool ou
vulnerável; ou aqueles que drogas, síndrome de abstinência, infecções
permanecem livres de
crises por pelo menos 10 ● 2. Uma crise não provocada (ou reflexa) + probabilidade de crises
anos subsequentes semelhante ao risco geral de recorrência (pelo menos 60%)
após 2 crises não provocadas, ocorrendo nos próximos 10 anos
○ Explicação: Após 2 crises epilépticas não provocadas, o risco da 3a
em 60 meses é de 73% → como a chance de recorrência é grande,
após 2 crises já se indica tratamento
● 3. Diagnóstico de uma síndrome epiléptica.
➢ Algumas pessoas são tratadas já após a 1ª crise, dependendo do exame de
imagem e EEG condizentes
MÉTODOS DIAGNÓSTICOS
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Revisão... SISTEMA NERVOSO PERIFÉRICO
SISTEMA PIRAMIDAL: O PRIMEIRO NEURÔNIO MOTOR
● O corpo celular do primeiro neurônio motor localiza-se no córtex cerebral do
lobo frontal, na chamada área motora (giro pré-central, ou área 4).
● Seus axônios formam o feixe piramidal (composto pelos feixes
corticoespinhal e corticonuclear).
○ Feixe corticoespinhal: segue por fibras descendentes na região
anterior do tronco encefálico (pedúnculo cerebral do mesencéfalo,
base da ponte e pirâmides bulbares), cruzando para o outro lado no
extremo inferior do bulbo, na decussação das pirâmides. Em
seguida, segue pelo funículo lateral da medula espinhal. Na medula,
os axônios farão sinapse com o segundo neurônio motor (neurônio
alfa) na ponta anterior do “H” medular.
● O neurônio piramidal é responsável pelo movimento voluntário muscular e
A espasticidade e a
pela força muscular → a lesão de seu corpo celular ou de seu axônio leva à
hiper-reflexia, na verdade, fraqueza muscular (paresia) ou mesmo à paralisia muscular (plegia).
são explicadas pela lesão
concomitante de fibras
extrapiramidais,
provenientes do córtex Síndrome piramidal:
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pré-motor e do núcleo
● Fraqueza muscular (paresia ou plegia)
rubro mesencefálico, núcleo
● Flacidez e hipo/arreflexia ou espasticidade e hiperreflexia → em lesões agudas
vestibular e formação
(ex.: AVE, trauma), há paresia flácida e hipo/arreflexa (fase do “choque medular”);
reticular pontina e bulbar.
nas lesões subagudas ou insidiosas (ex.: esclerose múltipla, tumores), ou após
São responsáveis pela
variação necessária do alguns dias ou semanas de uma lesão aguda há paresia/plegia espástica
hiperreflexa
tônus muscular para
● Sinal de babinski (cutâneo plantar em extensão do hálux)
produzir o movimento
● Sinal de Hoffman (oposição do polegar e dedo mínimo após súbita flexão da
(modulando os neurônios
gama da ponta anterior da falange distal do dedo médio.)
● Clônus: contrações musculares repetitivas após estiramento do tendão de Aquiles
medula).
(clônus de calcâneo) ou do quadríceps (clônus de patela).
Obs: A espasticidade do
● Perda dos reflexos cutâneo-abdominais e cremasteriano
membro superior mantém o
membro em postura de
flexão, e a espasticidade do
membro inferior em postura MEDULA ESPINHAL:
de extensão !
● O corno anterior da subs. cinzenta medular contém os neurônios motores,
que emitem os axônios para a raiz ventral do nervo.
● O corno posterior contém os neurônios somatossensoriais. Eles emitem
fibras para a raiz dorsal do nervo. É ela que contém o gânglio espinhal.
O tônus muscular recebe a
influência de outro
neurônio originário da
ponta anterior da medula: o
neurônio gama. Seu axônio
acompanha o do neurônio
alfa e chega até o músculo
esquelético, onde faz
sinapse com a fibra do fuso
muscular, contraindo suas
extremidades. Isso provoca
a distensão da região
central do fuso,
estimulando o reflexo
monossináptico e, assim,
aumentando a tensão
muscular.
SEGUNDO NEURÔNIO MOTOR (neurônio alfa):
● Tem seu corpo celular na ponta anterior da medula, mandando um longo
axônio que segue pela raiz ventral e depois pelo nervo espinhal, fazendo
sinapse com o músculo esquelético → essa sinapse é chamada placa
motora, e tem como neurotransmissor a acetilcolina.
● O segundo neurônio motor é o responsável direto pela contração muscular,
além de exercer efeito trófico sobre o músculo.
● A morte deste neurônio causa paralisia flácida e amiotrofia (atrofia
muscular).
MÚSCULO ESQUELÉTICO:
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CLASSIFICAÇÃO
Importante: causas, CLASSIFICAÇÃO:
topografia, padrão sensitivo 1. Velocidade de instalação:
● Aguda: menos de uma semana
● Subaguda: menos de um mês
● Crônica: mais de um mês
2. Tipo de fibra nervosa envolvida: motora, sensitiva, autonômica ou mista.
3. Tamanho da fibra nervosa envolvida: grossa, fina ou mista.
4. Distribuição: proximal, distal, difusa.
5. Padrão: mononeuropatia, mononeuropatia múltipla, polineuropatia.
● Mononeuropatia: lesão focal de um nervo periférico → compressão do nervo
● Mononeuropatia múltipla: lesão multifocal → com a progressão da
mononeuropatia múltipla poderá haver envolvimento simétrico de todos os
nervos periféricos. Entretanto, mesmo nesses casos o exame evidencia
vários graus de comprometimento que correspondem ao território dos
nervos individuais
○ Exemplos: vasculites, diabetes mellitus, hanseníase, doença de
Lyme, infecção pelo vírus HIV, neuropatia multifocal motora,
crioglobulinemia e sarcoidose
● Polineuropatias: alteração da função dos nervos periféricos de modo
simétrico, distal e bilateral, padrão em botas e luvas
6. Patologia: degeneração axonal, desmielinização segmentar, mista.
A mielina é o elemento da ● Desmielinização segmentar: degeneração focal da bainha de mielina com
fibra nervosa mais preservação do axônio
suscetível, podendo ser ○ A recuperação da função pode ser rápida, pois o axônio está intacto
afetada primária ou ○ As neuropatias desmielinizantes em geral são as hereditárias ou
secundariamente,
autoimunes (ex. Síndrome de Guillain-Barré, esclerose múltipla)
conseqüentemente a uma
doença axonal
● Degeneração axonal → Em ambos há degeneração secundária da mielina; a
recuperação é mais lenta, em meses ou anos, porque o axônio deve primeiro
regenerar e reconectar-se ao músculo antes de a função voltar.
○ Degeneração walleriana: ocorre devido à interrupção focal do
axônio.
○ Degeneração axonal centrípeta: resulta de lesão metabólica do
neurônio.
SINAIS E SINTOMAS
Na maioria das NPs, a ALTERAÇÕES DA SENSIBILIDADE
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intensidade da hipoestesia ● Tipicamente hipoestesia em forma de “bota e luva” → mais comprometida
é maior ou proporcional à nos segmentos distais dos membros, e normalmente mais intensa nos MMII;
fraqueza muscular pode estar associada de parestesia (formigamento)
○ À medida que a doença progride, há hipoestesia ou anestesia nas
- Hiperestesia é a
sensibilidade aumentada a partes proximais dos membros e tronco.
um estímulo (ex. resposta
desagradável a um ● Na maioria das polineuropatias, todas as modalidades sensitivas (tátil,
estímulo não nocivo). térmica, dolorosa, vibratória e cinético-postural) estão comprometidas
- Hiperpatia é uma ○ Nas neuropatias de axônios mielínicos finos e amielínicos, pode
resposta dolorosa, haver um padrão de hipoestesia térmica e dolorosa com preservação
desagradável, a um
da sensibilidade táctil, vibratória e cinético-postural
estímulo nocivo,
principalmente se repetido. ○ Nas neuropatias em que o maior comprometimento é das grandes
Geralmente decorrem de fibras mielínicas, há perda da sensibilidade tátil, enquanto a térmica
lesão parcial do nervo e a dolorosa estão preservadas.
periférico
● O comprometimento da sensibilidade proprioceptiva pode gerar ataxia
Ataxia = sem coordenação sensitiva (incoordenação com os olhos fechados)
FRAQUEZA MUSCULAR → desmielinização segmentar, interrupção axonal ou
O grau da fraqueza é destruição do neurônio motor
proporcional ao número de ● A maioria das polineuropatias tem distribuição característica com
motoneurônios alfa acometimento inicial e mais grave dos músculos dos pés e pernas, e mais
afetados. tardio e menos intenso dos músculos das mãos e antebraços → neuropatias
nutricionais, metabólicas e tóxicas evoluem assim
Nas neuropatias
○ Alterações patológicas, nestes casos, iniciam-se na parte distal dos nervos
desmielinizantes a atrofia é
mais discreta, sendo mais calibrosos e mais longos, progredindo em direção ao corpo celular.
Esse comportamento justifica-se por lesão primária do corpo celular do
conseqüente ao desuso
neurônio com diminuição da síntese protéica e conseqüente falência de
suprimento para as partes mais distais dos axônios → atrofia muscular
Fasciculações e câimbras
normalmente não são um REFLEXOS PROFUNDOS → perda de reflexos profundos é comum nas neuropatias
achado importante periféricas
ABORDAGEM INICIAL
PROPEDÊUTICA:
Cerca de 24% dos ● Eletroneuromiografia → confirma a neuropatia e informa sobre o padrão
pacientes com NP não têm (desmielinizante ou axonal)
uma etiologia determinada
○ Padrão desmielinizante: observam-se diminuição da velocidade de
Permite o estudo da condução nervosa, aumento da latência distal, presença de bloqueio
velocidade de condução de condução e aumento do tempo de latência da onda F
dos impulsos (motores e ○ Lesão axonal: o que predomina é uma diminuição importante da
sensitivos); padrão amplitude do potencial associada à presença de sinais de
eletrofisiológico da desnervação na eletromiografia.
contração muscular
● Exames laboratoriais: hemograma, glicemia, hemoglobina glicosilada, uréia
Há neuropatias
relacionadas a HCV, HBV e e creatinina, dosagem de hormônios tireoidianos, fator reumatóide, fator
HIV. antinuclear, dosagem de vitamina B12, imuno-eletroforese sérica e na urina,
sorologia para hepatites e HIV
Geralmente a biópsia é feita ● Biópsia nervosa: é o último exame a ser pedido quando a investigação
no nervo sural sistêmica não evidenciou uma etiologia definida
TRATAMENTO GERAL:
Pregabalina e gabapentina ● Para controle dos sintomas sensitivos (dor neuropática): antidepressivos
são antiepilépticos tricíclicos, pregabalina e gabapentina
● Para tratamento de hipotensão postural: fludrocortisona
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ETIOLOGIAS
Podem ser:
● Hereditárias
● Adquiridas:
○ Metabólicas
○ Tóxico-carenciais
○ Infecciosas
○ Imunomediadas
HEREDITÁRIAS
HEREDITÁRIAS → longa evolução (anos), com simetria dos sintomas desde o início,
presença de pés cavus e dedos em martelo ao exame
A porfiria hepática pode ● Relacionadas a defeitos metabólicos específicos → leucodistrofia
gerar um quadro
metacromática, doença de Krabbe, doença de Refsum, doença de Fabry,
semelhante ao
Guillain-Barré (diagnóstico doença de Tangier, neuropatia amiloidótica hereditária, porfiria hepática
diferencial). hereditária.
● Patogênese indefinida:
○ Neuropatias motoras hereditárias (atrofia espinal hereditária)
○ Neuropatias hereditárias sensitivo-motoras (HMSN)
○ Neuropatias autonômicas e sensitivas
DISTÚRBIOS METABÓLICOS
Polineuropatia urêmica: o
quadro mais freqüente é Distúrbios metabólicos → diabetes mellitus (causa mais frequente), DRC,
de polineuropatia hepatopatia, hipotireoidismo, acromegalia, SIRS (quadros agudos e transitórios em
sensitivo-motora
doentes críticos)
progressiva e simétrica,
sendo o sintoma mais ● São geralmente axonais, com comprometimento sensitivo-motor, embora os
importante as disestesias sintomas sensitivos distais predominem.
nos pés, com déficit motor
leve. A diálise e o
transplante renal
geralmente têm um efeito
benéfico
NEUROPATIA DIABÉTICA
Neuropatia diabética é a EPIDEMIOLOGIA: cerca de 15% dos pacientes com diabetes melito têm sintomas e
neuropatia adquirida
sinais de NP.
metabólica mais frequente
● A prevalência da neuropatia varia de 7,5% na época da descoberta do
diabetes a até 50% após 25 anos.
PATOGÊNESE:
● Há perda de axônios nos nervos periféricos e desmielinização segmentar,
que geralmente é secundária às alterações dos axônios. Lesões vasculares
obliterativas também ocorrem.
FORMAS DE APRESENTAÇÃO:
O quadro de ataxia, perda ● Polineuropatia simétrica:
da sensibilidade profunda e ○ Sensitiva ou sensitivo-motora → forma mais frequente
atonia vesical com discreta ○ Neuropatia autonômica → causa disfunção pupilar e lacrimal;
fraqueza dos membros hipotensão postural; anidrose e conseqüente pele seca; atonia do
assemelha-se à tabes
trato gastrintestinal (diarréia, atonia vesical, ejaculação retrógrada);
dorsal; daí a denominação
“pseudotabes diabético”. impotência sexual.
- Obs: Tabes dorsalis é uma ○ Motora aguda ou subaguda → descrições ocasionais desses
das complicações da quadros, com boa recuperação; diagnóstico diferencial com
neurosífilis, com a degeneração síndrome de Guillain-Barré
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TRATAMENTO:
● Como há relação entre lesão de nervos periféricos e controle inadequado do
diabetes, o ponto principal do tratamento é a manutenção da glicemia
relativamente normal.
● A dor pode ser importante, e várias drogas, como fenitoína, carbamazepina,
gabapentina, fenotiazinas e antidepressivos tricíclicos, são recomendadas
para seu tratamento → esquemas para tratamento de dor neuropática
TÓXICO-CARENCIAIS
Tóxico-carenciais
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INFECCIOSAS
Infecciosos
● Vírus HIV → Nos estágios tardios da doença o quadro mais comum é uma
neuropatia distal dolorosa, principalmente nos pés, com alteração sensitiva
mais importante e comprometimento motor menor
○ Podem ocorrer neuropatias associada a coinfecção pelo CMV →
mononeuropatia múltipla grave e polirradiculoneuropatia
lombossacral aguda.
● Vírus Varicela-Zoster → a reativação do vírus da varicela-zoster latente nos
neurônios sensitivos do gânglio da raiz dorsal ou gânglios cranianos causa
uma ganglionite inflamatória e necrótica, com alteração sensitiva no
dermátomo e dor. Pode haver fraqueza no miótomo correspondente (30%
dos casos).
○ Após a resolução do rash cutâneo pode ocorrer neuralgia
pós-herpética, cuja incidência aumenta com a idade
● Neuropatia leprosa (Mal de Hansen) → causada pelo Mycobacterium leprae
O diagnóstico da
○ A lesão inicial é uma pápula ou mácula geralmente hipopigmentada,
neuropatia leprosa é feito
com biópsia de pele ou com diminuição da sensibilidade, devido à invasão dos nervos
nervo. cutâneos pelo bacilo.
○ A manifestação clínica é determinada pela resposta imune do
hospedeiro: a lepra tuberculóide causa uma resposta celular com
formação de granuloma e lesão do tecido; a lepra lepromatosa
causa uma resposta imunológica mínima e proliferação e
disseminação do agente.
○ O sintoma principal é a perda sensitiva, principalmente à dor e à
temperatura, acometendo nervos cutâneos e mistos em partes do
corpo com temperatura relativamente baixa.
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● Doença de Lyme → causada pela Borrelia burgdorferi
○ A doença tem três estágios: erupção cutânea ao redor da picada,
disseminação precoce (duas a dez semanas após a erupção) e tardia
(mais de um ano após a erupção). A neuropatia periférica pode
ocorrer na disseminação precoce e tardia.
○ O envolvimento neurológico precoce causa meningismo, e no
sistema nervoso periférico são mais acometidos os nervos
cranianos.
■ A neuropatia do nervo facial é a mais comum e 50% têm
envolvimento contralateral
○ Acometimento de raízes espinais com dor de distribuição radicular,
seguida por fraqueza muscular, que geralmente é assimétrica.
IMUNOMEDIADAS
Imunomediados
● Polirradiculoneurite aguda (PRNA) ou Síndrome de Guillain Barré (ver
abaixo)
● Polirradiculoneurite crônica (PRNC) → evolução de pelo menos 2 meses
Diferentemente da ○ A instalação da doença costuma ser lentamente progressiva ou com
síndorme de Guillain-Barré, períodos de flutuação da fraqueza muscular
para a PRNC, ○ O déficit motor geralmente é simétrico, acometendo tanto a
corticosteróides são musculatura proximal como a distal, em geral se inicia nos membros
preconizados como inferiores e raramente evolui para insuficiência respiratória
tratamento eficaz. A
○ O envolvimento sensitivo é freqüente, com hipoestesia distal em
plasmaférese e a
imunoglobulina também “bota e luva” e comprometimento da sensibilidade profunda.
são benéficas, sendo ○ Geralmente, há arreflexia generalizada.
atualmente consideradas
por vários autores como ● Neuropatias associadas a paraproteínas → Este constitui um grupo
tratamento de primeira heterogêneo, incluindo neuropatias axonais, desmielinizantes e mistas,
escolha. associadas com a presença de uma (ou mais) proteína monoclonal circulante
(IgG, IgA ou IgM)
● Neuropatias vasculíticas → envolvimento de vasos nutrientes do nervo por
um processo inflamatório
○ A vasculite tende a ser focal, assimétrica, com desenvolvimento de
uma mononeuropatia múltipla.
● Neuropatias paraneoplásicas:
○ Tumores como os de pequenas células do pulmão, linfoproliferativos,
tumores do aparelho digestivo ou qualquer outro tumor podem
produzir polineuropatias sensitivas ou sensitivo-motoras,
ganglionites, gangliorradiculites, com parestesias, disestesias e
ataxia conseqüente à perda da propriocepção e anestesia associada
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SÍNDROME DE GUILLAIN-BARRÉ
Hipopotassemia é um ● É uma polineuropatia inflamatória aguda, autolimitada, na maioria das
diagnóstico diferencial, vezes do tipo desmielinizante.
podendo causar ● Tem mecanismo autoimune pós-infeccioso, provavelmente dependente de
tetraparesia flácida por imunidade humoral → infecção respiratória ou gastrointestinal
acometimento muscular ○ Principais agentes: Campylobacter jejuni, citomegalovírus e EBV
(não é neuropatia)
QUADRO CLÍNICO:
● A instalação é muito aguda, de horas a dias.
O exame físico é
característico: paresia ou ● Inicia-se com lombalgia associada a disestesias nas extremidades dos
plegia + arreflexia + membros inferiores, que se tornam paréticos ou mesmo plégicos.
flacidez simétrica ○ Portanto, ocorre uma paraparesia ou paraplegia, que sempre é do
tipo flácida e arreflexa.
A sensibilidade térmica e ● Nos dias subsequentes, o comprometimento ascende para os membros
dolorosa geralmente está superiores que, inicialmente, ficam arreflexos e então podem tornar-se
preservada, mas não a
paréticos ou plégicos também.
proprioceptiva e a
vibratória ● Em 50% dos casos, a evolução pode acometer a face e a musculatura
bulbar, levando a diparesia facial periférica, disfagia, disfonia e disartria.
A variante de Miller-Fisher ● Em 25% dos casos, há paresia da musculatura respiratória, com indicação
manifesta-se com de suporte ventilatório invasivo → insuficiência respiratória é uma
oftalmoplegia, ataxia e importante causa de óbito
arreflexia generalizada ● A disautonomia é uma alteração comum, mesmo nos pacientes sem outros
critérios de gravidade, levando a arritmias cardíacas, sudorese e labilidade
A mortalidade gira em
torno de 5%. A causa mais pressórica (hipotensão postural intensa, crise hipertensiva espontânea).
comum de óbito são as
complicações pulmonares DIAGNÓSTICO: basicamente clínico
secundárias (pneumonia ● Exame de líquor: dissociação albuminocitológica (aumento de proteínas
nosocomial, por causa do sem aumento da celularidade) é um achado característico.
longo tempo de ventilação ○ Só estará presente após uma semana do início dos sintomas
mecânica). As arritmias
● Eletroneuromiografia → para diagnóstico diferencial com outras neuropatias
podem levar à morte súbita
(disautonomía). (cervical)
TRATAMENTO:
● Internação em CTI
Cerca de 80% dos ● Profilaxia do tromboembolismo venoso
pacientes apresenta boa ● Suporte nutricional enteral
recuperação durante os
● Fisioterapia motora para evitar contraturas.
próximos meses.
● O tratamento específico deve ser iniciado com uma das seguintes opções →
mudam a história natural da doença, reduz as sequelas
○ (1) imunoglobulina IV;
Os corticoides não têm ○ (2) plasmaférese
benefício nessa doença
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INTRODUÇÃO
ESCLEROSE MÚLTIPLA
Quem sintetiza mielina no DEFINIÇÃO: Doença desmielinizante do SNC, de mecanismo inflamatório
SNC são os autoimune → acomete substância branca do cérebro (principalmente subcortical),
oligodendrócitos, enquanto tronco encefálico, cerebelo, medula espinhal e, tipicamente, o nervo óptico.
a síntese de mielina no SN
periférico fica a cargo das
células de Schwann. PATOGÊNESE:
● Agressão inflamatória autoimune (geralmente linfócitos T) sobre a bainha
O nome “múltipla” se refere de mielina dos axônios
ao acometimento em vários ● A perda da mielina envolve perda de fatores tróficos produzidos por essa
locais. Também pode ser camada protetora, levando à degeneração axonal permanente (o que
chamada de “esclerose em explica porque após alguns anos as sequelas da EM acabam se tornando
placas”
irreversíveis)
● O acometimento é principalmente central
Acomete principalmente EPIDEMIOLOGIA:
mulheres jovens. Mais raro ● Mais comum em mulheres brancas (2:1)
iniciar em idosos ● Faixa etária de 35-50 anos.
● É uma doença grave não pela sua mortalidade, mas pela morbidade
● Mais prevalente em locais de clima frio
QUADRO CLÍNICO
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FORMAS EVOLUTIVAS → a doença costuma evoluir para a disfunção motora grave, em
um período médio de 15 anos
● Remitente relapsante/ recorrente → cada surto se apresenta de forma
aguda ou subaguda, com disfunção neurológica focal
○ É a mais comum (85%)
○ A longa prazo, a pessoa vai somando as incapacidades
● Progressiva → piora inexorável dos sintomas
○ Menos comum
○ Progressiva secundária: se inicia como recorrente, com 20 a 40
anos tendo surtos, e evolui para progressiva
QUADRO CLÍNICO → Dois ou mais déficits provenientes de diferentes áreas do
SNC são a regra, especialmente após uma história de múltiplos surtos (lesões
É interessante notar que, cumulativas).
na maior parte das vezes, a
neuromielite óptica é ● Os sintomas iniciais mais comuns são:
retrobulbar e não pode ser ○ Déficit motor (mono ou hemiparesia);
detectada no exame de
○ Déficit sensorial localizado (hipoestesia, parestesia);
fundo de olho (“o paciente
não enxerga nada, e nem o ○ Neurite óptica → dor ocular (geralmente à movimentação do olho)
médico…”). associada à perda da acuidade visual; geralmente unilateral
■ Diplopia (oftalmoplegia internuclear) → perda da adução de
É um diagnóstico um ou ambos os olhos
diferencial com AIT, que
pode causar amaurose ● Outras apresentações:
fugaz. Esta é mais comum
○ Sinal de Uhthoff: piora do déficit com o aumento da temperatura
em idosos com fatores de
risco cardiovascular corporal → geralmente reversível
○ O sinal de Lhermite: sensação de “choque elétrico” que desce da
região cervical para os membros inferiores, desencadeada pelos
movimentos de flexão-extensão da cabeça → É sinal de mielopatia,
não é exclusivo de esclerose múltipla
Também deve ser feito o ○ Síndrome da área postrema: vômitos e soluços incoercíveis
diagnóstico diferencial
○ Síndrome do tronco cerebral
com mielopatias
○ Narcolepsia
Afasia não é sintoma ○ Fadiga
comum ○ Ataxia (cerebelo)
○ Vertigens
○ Disfunção vesical
○ Alteração de nervos cranianos
○ Alterações cognitivas → prejuízo na condução dos impulsos,
prejudicando a capacidade de processamento de informações,
atenção...
○ Pode haver lesões em locais assintomáticos → achado em exames
de imagem
DIAGNÓSTICO
DIAGNÓSTICO
● Primariamente clínico → o principal critério é o envolvimento de duas ou
A presença isolada de mais áreas distintas do SNC, com lesões durante
sintomas não basta... É
● >24h, com intervalo ≥ 1 mês entre o surgimento de cada lesão, na
preciso demonstrar
objetivamente a existência ausência de outras explicações para o quadro (infecções, febre, lesões
de déficit neurológico ou vasculares)
lesão
TC não auxilia no ● Pode-se complementar com:
diagnóstico. ○ RNM de encéfalo e medula cervical → envolvimento da substância
branca
É importante investigar o
encéfalo mesmo que haja ■ Geralmente periventricular, bilateral e simétrico
sinais apenas medulares ■ É típico o acometimento unilateral do nervo óptico
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TRATAMENTO
Corticoides controlam bem SURTOS → uso de corticóides visando a reduzir a atividade inflamatória,
o quadro agudo, mas não
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tem nenhum efeito sobre a diminuindo a gravidade dos sintomas e determinando o rápido retorno à
progressão da doença normalidade
● Metilprednisolona em pulsoterapia 1g IV por três a cinco dias, seguida de
prednisona VO (geralmente por mais quatro ou oito semanas).
○ Antes da pulsoterapia, é importante investigar infecções
○ Hoje em dia evita-se o uso de prednisona VO após a pulsoterapia,
de forma a minimizar efeito colaterais de corticoides e pela
ausência de efeitos benéficos evidentes
○ Sempre realizar EAS e Urocultura antes para identificar ITU (risco
De uma forma geral, essas elevado devido à bexiga neurogênica) → é necessário tratar antes
drogas reduzem as
de iniciar corticóide
recidivas da doença em 1/3.
● Plasmaférese pode ser considerada como terapia adjuvante, principalmente
em surtos recorrentes
Natalizumab é a droga
mais eficaz para o controle TERAPIA CRÔNICA → modificadores da doença
da doença. Porém, devido a ● Terapia convencional → mais utilizados
relatos de infecção ○ Interferon-beta-1a (avonex ou rebif)
fulminante
○ Interferon-beta-1b (betaseron)
(leucoencefalopatia
multifocal progressiva) por ○ Acetato de glatiramer (copaxone)
reativação do vírus JC
(presente em estado ● Natalizumab (tysabri) → para os casos refratários à terapia convencional
latente na maioria da ○ É um anticorpo monoclonal contra o VLA-4, uma molécula de
população), recomenda-se adesão leucocitária que facilita a entrada de leucócitos autorreativos
que o natalizumab seja no SNC
reservado aos casos
○ Esse medicamento pode ser capaz de reativar infecção por vírus JC,
refratários
causador de encefalopatia, comum em HIV+. Pesar custo benefício
em pacientes portadores do vírus.
● Mitoxantrona (novantrone) → primeira escolha no tratamento da forma
progressiva
○ É um quimioterápico com propriedades imunossupressoras
○ Monitorizar periodicamente com ECG → substância extremamente
cardiotóxica (a dose máxima cumulativa costuma ser atingida após
2-3 anos de uso)
● Alternativas menos eficazes: metotrexate, azatioprina, ciclofosfamida e
imunoglobulina intravenosa.
TRATAMENTO DE SEQUELAS → Disfunções vesicais, os espasmos musculares, a
espasticidade principalmente em membros inferiores, as contraturas dolorosas, as
dores radiculares intermitentes, escaras, síndromes depressivas e fadiga
● Os medicamentos sintomáticos utilizados para estas manifestações são:
carbamazepina, benzodiazepínicos, baclofeno, tizanidina, gabapentina,
toxina botulínica (uso intramuscular na musculatura espástica), doxazosin
(para as disfunções vesicais) e antidepressivos.
Izabela Aburachid e Poliana Xavier l Medicina 149
Casos na Enfermaria:
EXAME NEUROLÓGICO
Graduação de Força:
● 0 → não há contração
● 1 → há contração muscular, mas não move-se
● 2 → não vence a gravidade, mas move-se no plano
● 3 → vence a gravidade, mas não a resistência
● 4 → vence parcialmente a resistência, porém está diminuída
● 5 → vence a resistência
Graduação dos Reflexos:
● 0 → arreflexia
● 1 → hiporreflexia
● 2 → NORMAL
● 3 → hiperreflexia
● 4 → clônus
CASO 1
Homúnculo de Penfield
Repare que o controle dos
membros inferiores fica
principalmente na porção
medial do giro pré-central
→ é irrigado principalmente
pela a. c anterior, com
pequena contribuição da c.
média
Diagnóstico etiológico:
● AVE de cerebral média
○ Fatores de risco cardiovasculares? → HAS, DM, DLP
○ Meningoencefalite tuberculosa → pode predispor a vasculites e AVE
● Lesão neoplásica do SNC
■ Agitação psicomotora
■ Ansiedade
■ Alucinações visuais, auditivas ou táteis transitórias → 24 a
48 horas após última dose, nível de consciência preservado
■ Crises tônico-clônicas generalizadas
● > 90% ocorrem em 48 horas
● Generalizada e autolimitada, preservação da
consciência;
● Maior risco quando já houveram crises de
abstinência prévias e de acordo com o tempo de
uso.
→ Uso crônico do álcool promove uma hiperativação de receptores inibitórios
GABA tipo A (sedação, descoordenação, inibição de receptores excitatórios) →
resposta compensatória aos efeitos depressivos → aumento de receptores
excitatórios e diminuição de GABA A → quando suspende a droga ocorre
hiperexcitabilidade.
→ Sintomas dependem da quantidade de álcool consumida, síndromes de
abstinência prévias e condições clínicas associadas
DELIRIUM TREMENS: Ocorre mais tardiamente, após 48 horas, em geral nos
primeiros quatro dias.
● Confusão
● Desorientação
● Ideação paranóide
● Alucinações principalmente visuais
● Ativação adrenérgica
● Febre
SÍNDROME DE WERNICKE-KORSAKOFF:
● É uma complicação da deficiência de tiamina (vitamina B1)
○ Tiamina é um cofator enzimático importante no metabolismo
energético → sua demanda é maior em estados de metabolismo
elevado e alta ingesta de glicose
■ Se houver suspeita de encefalopatia de Wernicke, o quadro
será agravado pela administração de glicose!!
○ Assim, a deficiência de tiamina inibe o metabolismo de regiões
cerebrais com alta demanda energética → congestão vascular,
proliferação da micróglia e hemorragia petequial
■ Caracteristicamente, as lesões são simétricas em torno do 3o
e 4o ventrículos e aqueduto cerebral
Pode haver deficiência de ○ Nos etilistas, diversos fatores contribuem para a deficiência:
tiamina por hiperemese
■ Ingestão dietética inadequada (substituição das refeições
gravídica
por álcool)
■ Disabsorção intestinal
■ Redução da reserva hepática
■ Utilização comprometida
● Encefalopatia de Wernicke:
○ Síndrome aguda → requer intervenção rápida, para impedir o dano
irreversível
○ Quadro clínico: Encefalopatia (confusão mental) + ataxia cerebelar +
disfunção do oculomotor
Izabela Aburachid e Poliana Xavier l Medicina 149
CASO 2
COMA
INTRODUÇÃO
Referência: capítulo 7 de “a CONSCIÊNCIA: estado de perfeito conhecimento de si próprio e do ambiente
Neurologia que todo médico ● Nível de consciência → depende da FRAA e da sua interação com o córtex
deve saber”
● Conteúdo → soma das funções cognitivas e afetivas (memória, linguagem,
FRAA: formação reticular crítica, humor), mediadas pelo córtex cerebral
ativadora ascendente. É um
dos componentes do SRAA
SISTEMA RETICULAR ATIVADOR ASCENDENTE (SRAA):
● FRAA: grupo de neurônios na região posterior do bulbo, ponte e mesencéfalo;
Dos diversos os 2 últimos são os relacionados à consciência. Os impulsos são enviados ao
neurotransmissores tálamo e deste para o córtex
envolvidos, apenas a ○ A conexão entre o FRAA e o córtex passa pelos núcleos do tálamo
histamina não tem função
(intralaminares). Logo, seu acometimento também pode levar a uma
conhecida sobre o humor
também. Todos os outros alteração principalmente no nível de consciência.
envolvem comportamento,
humor e cognição É composto por 2 sistemas:
Sistema Ventral → controle do sono
● Mediados por: histamina, serotonina, dopamina, acetilcolina, noradrenalina
Sistema Dorsal → composto pela FRAA, tálamo e suas conexões com o córtex. Está
associado à regulação da vigília
ESTADOS DE CONSCIÊNCIA NORMAIS:
● Sono → ⅓ do dia
O sono é um rebaixamento ○ Rem
de consciência fisiológico ○ Não REM
● Vigília
ALTERAÇÕES SONO-VIGÍLIA
● Hipersonia → pode ser um estado de sonolência inadequada ou grupos de
Hipersonia NÃO é sinônimo doenças que se caracterizam por sonolência excessiva diurna
de rebaixamento de ○ Privação de sono crônica e sono insuficiente
consciência.
○ Hipersonia idiopática
Ex: na intoxicação por
benzodiazepínico ○ Doenças psiquiátricas (ex. depressão)
inicialmente a pessoa ○ Hipotireoidismo sintomático
encontra-se sonolenta, mas ○ Intoxicação exógena (medicamentos/ drogas)
em doses excessivas ela
passa para rebaixamento ○ SAOS
propriamente dito ○ Narcolepsia
ALTERAÇÕES DO NÍVEL DE CONSCIÊNCIA
● Alerta → nível de consciência completamente normal
● Letargia → necessidade de algum estímulo para despertar
Atualmente, prefere-se ● Torpor → o indivíduo pode ser acordado somente com estímulos vigorosos e
utilizar a escala de Glasgow
do que esses termos, para repetidos
tornar a avaliação mais ● Coma → ausência de resposta aos estímulos, sem abertura ocular
precisa ● Outros termos pouco precisos → sonolência e obnubilação
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COMA
DEFINIÇÃO: Estado transitório no qual existe comprometimento extremo do nível de
consciência
No coma, a atividade motora EVOLUÇÕES POSSÍVEIS:
é ausente ou podem ocorrer ● Recuperação da consciência
movimentos reflexos
● Estado minimamente consciente
○ Presença de um ou mais dos seguintes comportamentos: habilidade
para seguir ordens simples, respostas verbais ou por gestos,
verbalização inteligível, os movimentos voluntários são relevantes aos
estímulos externos
Atualmente há uma ● Estado vegetativo/Vigília não-responsiva → há funcionamento de tronco
tendência em chamar o encefálico, mas comprometimento grave de substância cinzenta e branca
estado vegetativo de vigília ● Morte encefálica
não-responsiva)
➢ Síndrome do Encarceramento (Locked-in) → diagnóstico diferencial da vigília
não-responsiva
○ Consciência encontra-se preservada (embora no início possa haver
A Síndrome do
rebaixamento do nível de consciência)
Encarceramento pode
○ Manifestações:
acontecer na sedação em
■ Pacientes tetraplégicos, paralisia dos nervos cranianos → está
procedimentos cirúrgicos.
preservada apenas a capacidade de piscar e olhar para cima
■ Etiologia: lesões na ponte → frequentemente infarto pontino
■ 2-5 meses após o evento: o diagnóstico de Síndrome do
IMPLICAÇÕES ÉTICAS: um Encarceramento por um membro da família, não por um médico
paciente aparentemente em → só uma pessoa familiar ao paciente pode ser capaz de
coma pode estar ouvindo perceber uma resposta
tudo o que é dito dentro do ■ O tempo de sobrevida é variável
consultório
ETIOLOGIAS
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CAUSAS:
● Encefalopatia metabólica
○ Hepática
○ Urêmica
○ Hipoglicemia
○ Coma hiperosmolar
● Encefalopatias tóxicas (intoxicações exógenas) → drogas, álcool, medicamentos
● Trauma cranioencefálico
● Encefalopatia hipóxico-isquêmica → afetando a FRAA
● Tumores cerebrais (a maioria é supratentorial, mas lesões expansivas
infratentoriais também )
● Acidentes vasculares
● Infecções do SNC
● Origem psiquiátrica → não é um coma verdadeiro
○ Conversão
Plum e Posner: avaliaram ○ Síndrome dissociativa
500 pacientes com coma
não-traumático → disfunção ○ Catatônica → esquizofrenia, depressão grave
metabólica e intoxicação
exógena representam cerca ➢ A maior parte dos casos de rebaixamento de consciência e/ou coma nos
de 60% dos casos de coma
hospitais gerais tem causa metabólica ou intoxicação exógena → devem ser as
em hospital geral
primeiras a ser pesquisadas
FISIOPATOLOGIA:
● Lesão ou disfunção da FRAA
Uma lesão pequena e ● Lesão ou disfunção difusa e intensa do córtex cerebral
localizada em córtex não ● Associação dos dois processos
justifica rebaixamento de
consciência
Encefalopatias tóxico-metabólicas:
● História de confusão mental e desorientação precedendo o início do coma, com
ausência de sinais motores
● Manifestações: mioclonias, tremores, crises convulsivas, hipoventilação ou
hiperventilação
● Causas → são as primeiras que devem ser investigadas
As manifestações são pouco
específicas, mas têm início ○ Tóxicas
súbito e associado a quadro ○ Diabetes: cetoacidose, hipoglicemia, hiperosmolaridade
clínico atípico. Isso diferencia ○ Encefalopatia urêmica
de outros diagnósticos.
○ Encefalopatia hepática
○ Acidose metabólica → interrompe a transmissão do estímulo nervoso
○ Distúrbios do sódio: hiper ou hiponatremia → desidratação ou
hiperidratação
○ Hipoglicemia → falta de substrato para atividade celular
○ Hipoxemia
○ Coma hiperosmolar
● Avaliação:
○ Gasometria arterial
○ Glicemia
○ Função hepática
○ Função renal
○ Ionograma → principalmente sódio
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AVALIAÇÃO
Escala de Coma de Glasgow
● Foi descrito inicialmente para a avaliação de pacientes com lesões cerebrais de
etiologia traumática
● Atualmente é usado para avaliação e acompanhamento do nível de consciência
Examinar a resposta a dor em todos os pacientes com doença aguda (hemorragias intracranianas,
com cuidado e começando acidente vascular encefálico isquêmico, meningites)
com estímulos de chamado, ● Apesar disso, de fato ele é mais acurado para TCE
toque e depois de dor
Pontos de estimulação
dolorosa: preensão da região
supraorbitária, leito ungueal,
região esternal
Decorticação e
descerebração são quadros
muito graves. Dependendo
da etiologia são possíveis de
serem revertidos.
➢ EXAME MOTOR
● Avalia a execução motora e a capacidade de responder a dor
● Flexão anormal → postura de decorticação
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