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O TEXTO EM NOSSO COTIDIANO

Caro aluno, seja bem-vindo!


Vamos dar início às nossas atividades discutindo alguns aspectos
interessantes a respeito da presença dos textos em nossa vida.
Você deve estar acostumado a ver e ouvir a palavra “texto”, seja no trabalho,
na faculdade, em livros, revistas etc. Então, aí vem a pergunta: você saberia dizer
quais são os conceitos, os significados e a importância do “texto” para o seu dia a
dia?
Talvez você tenha parado para pensar sobre o assunto e, no momento,
surgiram algumas dúvidas:

- Texto é um aglomerado de palavras e frases?

Roupas, caderno, lindo. Fui ontem ao cinema. O cinema do


shopping é muito bonito. No shopping tem muitas coisas para se
comprar. A compra da nossa casa não deu certo porque o banco não
aprovou o financiamento.

- Texto pode ser somente aquilo que escrevemos?


- Texto é o que a professora ou o professor pede para a gente elaborar na
aula de redação?

- Texto é aquilo que a gente lê no jornal, no livro, na internet etc.?

Nós levantamos muitas hipóteses a respeito do que é texto. Será que alguma
das perguntas acima seria a sua real definição?
Fiorin (1996, p.16) diz que texto “é um todo organizado de sentido”, ou seja,
nós não podemos entender que o texto seja apenas um conjunto de palavras ou
frases que se juntam de forma aleatória para constituí-lo, mas, sim, que essas
palavras e frases devam estar ligadas entre si para que haja uma continuidade
entre elas, a fim de que a sua totalidade forme uma unidade de sentido. Talvez,
você esteja dizendo: “mas isso é óbvio!”, entretanto, não é essa a noção de texto
que boa parte dos estudantes emprega na prática.
Na escola, quando o professor ou a professora pede para que seja elaborada
uma redação é comum os alunos lhe perguntarem: “com quantas linhas?” ou “em
quantas palavras?”. Perguntas desse tipo demonstram mais preocupação em
atender às exigências de números de linhas ou palavras, do que construir um texto
que faça sentido para quem o lê.
A produção textual, nesse caso, não é concebida como um todo com unidade
de sentido, isto é, uma organização de ideias com começo, meio e fim, mas como
uma somatória de linhas, um amontoado de palavras sucessivas. Pior é que essa
concepção de texto também está presente nas atividades de leitura. Muitas vezes,
lemos apenas parte de um texto e achamos que o entendemos em sua completude.
É isso o que ocorre quando o professor nos dá um romance para ler e lemos
apenas o resumo ou partes de capítulos, imaginando que a leitura parcial seja
suficiente para ter sucesso na avaliação. Veja o texto de Ricardo Ramos:

Circuito Fechado
Ricardo Ramos1
Chinelos, vaso, descarga. Pia, sabonete. Água. Escova, creme dental, água,
espuma, creme de barbear, pincel, espuma, gilete, água, cortina, sabonete, água
fria, água quente, toalha. Creme para cabelo; pente. Cueca, camisa, abotoaduras,
calça, meias, sapatos, gravata, paletó. Carteira, níqueis, documentos, caneta,
chaves, lenço, relógio, maços de cigarros, caixa de fósforos. Jornal. Mesa,
cadeiras, xícara e pires, prato, bule, talheres, guardanapos. Quadros. Pasta, carro.
Cigarro, fósforo. Mesa e poltrona, cadeira, cinzeiro, papéis, telefone, agenda, copo
com lápis, canetas, blocos de notas, espátula, pastas, caixas de entrada, de saída,
vaso com plantas, quadros, papéis, cigarro, fósforo. Bandeja, xícara pequena.
Cigarro e fósforo. Papéis, telefone, relatórios, cartas, notas, vales, cheques,
memorandos, bilhetes, telefone, papéis.(...)

1
Ricardo Ramos nasceu em Palmeira dos Índios, em 1929, ano em que o pai Graciliano Ramos
exercia a função de prefeito. Formado em Direito, destacou-se como homem da propaganda,
professor de comunicação, jornalista e escritor em São Paulo. Sua obra literária é extensa: contos,
romances e novelas, e representa, com destaque, a prosa contemporânea da literatura brasileira.
Apesar do texto, em uma primeira leitura não aparentar relação entre as
palavras, se você observar atentamente, poderá perceber que se trata do cotidiano
de um indivíduo, e é possível perceber sua rotina e até mesmo seu gênero: se é
masculino ou feminino. Leia o restante do texto que complementa nossa análise e
tente buscar outras informações importantes que o texto passa para o leitor:

(...) Relógio. Mesa, cavalete, cinzeiros, cadeiras, esboços de anúncios, fotos,


cigarro, fósforo, bloco de papel, caneta, projetos de filmes, xícara, cartaz,
lápis, cigarro, fósforo, quadro-negro, giz, papel. Mictório, pia, água. Táxi.
Mesa, toalha, cadeiras, copos, pratos, talheres, garrafa, guardanapo, xícara.
Maço de cigarros, caixa de fósforos. Escova de dentes, pasta, água. Mesa e
poltrona, papéis, telefone, revista, copo de papel, cigarro, fósforo, telefone
interno, externo, papéis, prova de anúncio, caneta e papel, relógio, papel,
pasta, cigarro, fósforo, papel e caneta, telefone, caneta e papel, telefone,
papéis, folheto, xícara, jornal, cigarro, fósforo, papel e caneta. Carro. Maço de
cigarros, caixa de fósforos. Paletó, gravata. Poltrona, copo, revista. Quadros.
Mesa, cadeiras, pratos, talheres, copos, guardanapos. Xícaras, cigarro e
fósforo. Poltrona, livro. Cigarro e fósforo. Televisor, poltrona. Cigarro e fósforo.
Abotoaduras, camisa, sapatos, meias, calça, cueca, pijama, espuma, água.
Chinelos. Coberta, cama, travesseiro.

Práticas como essas demonstram que precisamos rever o conceito de texto.


Observe o texto a seguir:
Esse texto é uma “tirinha” publicada no jornal Folha de São Paulo, em
1/12/2008. As tirinhas são textos curtos formados por quadrinhos de texto verbal e
visual dispostos linearmente na página do jornal. Essa tira, em particular, tem dois
quadrinhos. No primeiro, temos um coelho que ao passear num parque é elogiado
por duas garotas. Diante desse elogio, ele se sente insatisfeito e não aprecia os
adjetivos que lhe são atribuídos. Já no segundo quadro, temos, no mesmo parque,
coelhas que também o elogiam, todavia, esses elogios são apreciados pelo coelho.
Se fôssemos analisar esse texto, isolando cada quadro, não entenderíamos
o humor que ali se estabelece, isto é, ficaríamos apenas na observação que
fizemos acima, sem uma ligação entre um quadro e outro. Para depreendermos a
unidade de sentido, devemos observar a relação que se estabelece entre os
elementos que constituem a tira.
Além das observações já realizadas, precisamos levar em conta que são
meninas – seres humanos – que, no primeiro quadro, estão fazendo o elogio. Elas
se utilizam do sufixo diminutivo (–inho) para qualificar o animal. Portanto, a relação
que caberia aqui, não passaria de HUMANO x ANIMAL, sendo o animal apenas um
“objeto” de manuseio e admiração do humano. Essa é uma relação que não agrada
ao coelho. Já no segundo quadro, os elogios são dados por coelhas e elas se
utilizam do sufixo aumentativo (-ão) para caracterizar o ser da mesma espécie,
enaltecendo sua macheza e virilidade. Portanto, a relação que cabe aqui é
COELHO x COELHAS, de cunho sexual, o que traz satisfação ao coelho, pois é
esse tipo de relacionamento que o interessa. Diante disso, vemos que o riso só se
dá quando comparamos um quadro ao outro.
Dessa forma, podemos chegar à seguinte conclusão:

Um texto é um todo organizado de sentido, porque o significado de uma


parte depende das outras com que se relaciona de tal forma que
combinam entre si, a fim de gerar uma unidade.
Essa definição será fundamental para analisarmos e elaborarmos textos. Por
isso, tenham-na sempre em mente, pois já estamos de certa forma, condicionados
a analisarmos os textos de forma fragmentada, não observando todos os elementos
que estão ali presentes.
Vejamos se você compreendeu bem o que foi dito até aqui e se já conseguiu
direcionar a sua mente para entender que todos os elementos presentes no texto
são importantes para a depreensão de sentido e, para isso, vamos analisar mais
um exemplo:
Observe a propaganda a seguir retirada do site http://naweb.wordpress.com/.
Ela se constitui em três quadros. Faça a leitura mediante as questões abaixo.

a) Se você observar apenas o primeiro quadro, abaixo, qual o sentido que você
depreende?

b) Agora, observe o segundo quadro. Ele corresponde ao sentido que você


obteve do primeiro?
c) Vamos ao terceiro quadro. Ele é uma confirmação da leitura que você fez do
primeiro e segundo quadros ou somente quando você observou o terceiro
quadro é que houve um entendimento da propaganda?

Nesse momento, observe abaixo a propaganda toda.

Edson Baeta
http://naweb.wordpress.com/.
Acesso em 11/11/2009

Podemos perceber que a propaganda é um alerta acerca do consumo de


bebida alcoólica e do ato de dirigir, ou seja, os dois “não devem andar juntos”, pois
o álcool prejudica a atenção dos motoristas e aumenta a ocorrência de acidentes.
Essa leitura só é possível pela visualização e depreensão de sentido dos três
quadros juntos. Por isso, falamos que o texto é uma unidade de sentido e para
obter essa unidade é necessário observar e pensar em todos os aspectos que nele
estão envolvidos.
Mas, talvez você deva estar se perguntando: “A propaganda acima ou
mesmo a tirinha é um texto? Mas elas são compostas por poucas palavras.!!!!!”
Eis, então, a resposta: ELAS SÃO TEXTO, pois texto, também, é toda
manifestação linguística, paralinguística e imagética que transmite uma mensagem
ou um ato de comunicação a fim de obter uma interação com o outro. Por isso,
dizemos que existem três tipos de texto: verbal, não verbal e sincrético ou misto
(verbal e não verbal). Quando dizemos manifestação linguística falamos de
recursos expressos pela palavra (que pode ser oral ou escrita); o paralinguístico é
quando usamos gestos, olhares etc.; e o imagético é formado por imagens ou
figuras.
Cotidianamente as pessoas se deparam com uma grande variedade de
palavras e imagens que apresentam características diferentes e que são
elaboradas com objetivos bem distintos. Veremos a seguir produções que
relacionam elementos expressivos verbais, não verbais e mistos.

Texto verbal

Existem várias formas de comunicação. Quando o homem se utiliza da


palavra, ou seja, da linguagem oral ou escrita, dizemos que ele está utilizando uma
linguagem verbal, pois o código usado é a língua. Tal código está presente, quando
falamos com alguém, quando lemos ou quando escrevemos. A linguagem verbal é
a forma de comunicação mais presente em nosso cotidiano. Mediante a língua
falada ou escrita, expomos aos outros as nossas idéias e pensamentos,
comunicando-nos por meio desse código verbal imprescindível em nossas vidas.
Portanto, a linguagem verbal é aquela que tem as palavras como recurso
expressivo, como exemplo: textos orais ou escritos, em prosa ou em verso. Leia o
texto:
Resenha de filme: Crepúsculo
Luma Jatobá 18/01/2009

Baseado nos livros de Stephenie Meyer, Crepúsculo vem às


telonas contar a história da jovem Isabella Swan (Kristen Stewart)
que ao se mudar para a casa do pai em Forks, Washington, conhece
no colégio uma família diferente: os Cullen. Por serem anti-sociais e
muito reservados, são os estranhos da escola. Bella logo se
apaixona por Edward Cullen (Robert Pattinson) e ele por ela. Seria
algo lindo e normal se o rapaz não fosse um vampiro. E é deste
meado que se desenvolve a história: o romance proibido, o segredo
que não pode ser descoberto e a perseguição dos Cullen, após
James (Cam Gigandet), o vampiro sanguinário, descobrir o "namoro"
deles.
Agora os Cullen e a jovem Bella estão correndo perigo. A
corrida é contra o relógio para acabar com o vampiro antes que o pior
aconteça.
A história do filme é legal e prende do início ao fim, mas falta uma
trilha sonora de peso e abusa quando dão a desculpa de que
vampiros não saem ao sol porque brilham como diamantes. O livro
está no terceiro volume, Crepúsculo é apenas o primeiro da série que
ainda trás Lua nova e Eclipse. Dizem por aí que a nova adaptação de
Romeu e Julieta veio pra substituir o bruxinho Harry Potter, será?

(http://centralrocknet.com.br/index.php?news=677)

Observamos que o texto acima é uma resenha, cuja finalidade é descrever o


filme Crepúsculo, para que o leitor tenha uma visão da história, a fim de verificar se
é interessante assisti-lo. Para isso, o autor utilizou-se da linguagem verbal, pois
como vemos, utilizou-se a língua escrita para se comunicar.
Além da resenha, encontramos a linguagem verbal em textos de
propagandas; reportagens (jornais, revistas etc.); obras literárias e científicas; na
comunicação entre as pessoas; em discursos (do Presidente da República, dos
representantes de classe, de candidatos a cargos públicos etc.) e em várias outras
situações.
Texto não verbal

As pessoas não se comunicam apenas por palavras. Os movimentos faciais


e corporais, as cores, o desenho, a dança, os sons, os gestos, os olhares, a
entoação são também importantes: são os elementos não verbais da comunicação.
Os significados de determinados gestos e comportamentos variam muito de uma
cultura para outra e de época para época.
Portanto, o texto não verbal consiste no uso de imagens, figuras, símbolos,
tom de voz, postura corporal, pintura, música, mímica, escultura como meio de
comunicação. A linguagem não verbal pode ser até percebida nos animais. Quando
um cachorro balança a cauda quer dizer que está feliz e quando coloca a cauda
entre as pernas significa medo e tristeza. Outros exemplos: sinalização de trânsito,
semáforo, logotipos, bandeiras, uso de cores para chamar a atenção ou exprimir
uma mensagem.
Dessa forma, é muito interessante observar que para manter uma
comunicação não é preciso usar a fala e sim utilizar uma linguagem, seja ela verbal
ou não verbal.
Observe a figura ao lado. Se ela fosse
encontrada em um consultório médico, faríamos a
leitura de que, naquele local, as pessoas devem falar
baixo e, se possível, manter silêncio. A linguagem
utilizada é a não verbal, pois não utiliza a língua para
transmitir “silêncio”.

O semáforo, também, é um exemplo de texto


não verbal - um objeto cujo sentido das cores
comanda o trânsito e que é capaz de interferir na vida
do ser humano de forma extraordinária.
Texto Sincrético ou misto (verbal e não verbal)

Falamos em texto misto – verbal e não verbal – quando os dois recursos


expressivos são utilizados em conjunto. Isso ocorre, por exemplo, em história em
quadrinhos, propagandas, filmes e outras produções que utilizam ao mesmo tempo
palavras e imagens.
Observemos a charge:

Ao observarmos o que está expresso na superfície textual, ou seja, aquilo


que é visível notamos que esse texto é formado por um tema “trabalho escravo”;
logo a seguir, há uma imagem de homens que se subdividem em dois grupos:
possíveis cortadores de cana de açúcar e o “patrão”, com um chicote na mão, junto
aos seus capatazes armados; e abaixo da imagem, temos os dizeres: “Aquele que
ficar por aí inventando esse tipo de mentira já sabe: duzentas chibatadas!”
Percebemos, portanto, que por meio da linguagem verbal e não verbal, o
texto aborda a questão do trabalho escravo, tema muito discutido no Congresso
Nacional Brasileiro, na época de publicação da charge. O governo pretendia
combater esse tipo de crime, mas encontrava resistência por parte de alguns
deputados e senadores, porque esses parlamentares eram proprietários de
algumas das fazendas investigadas.
A charge ironiza justamente essa questão: a existência do trabalho escravo
de forma não assumida. O “patrão” diz que denunciar o trabalho escravo é inventar
mentira, mas, ao mesmo tempo, encontra-se com um chicote na mão como faziam
os senhores e feitores, na época da escravatura. É claro que essa leitura só será
possível se fizermos a junção dos dois tipos de imagens.
Portanto, o sentido desse texto, e de todos os outros que analisamos, ocorre
pela relação que um elemento mantém com os demais constituintes do todo. Esse
sentido do todo não é mera soma de partes, mas pelas várias relações que se
estabelecem entre si. Por isso, não podemos fazer a leitura somente da imagem ou
somente do que está escrito, é necessário fazermos a leitura do todo.
Além dessas questões tratadas até aqui, cabe dizer que todo texto é
produzido por um sujeito num determinado tempo e num determinado espaço.
Conforme diz Fiorin (1996, 17-18),

(...) esse sujeito, por pertencer a um grupo social num tempo e


num espaço, expõe em seus textos as idéias, os anseios, os
temores, as expectativas de seu tempo e de seu grupo social.
Todo texto tem um caráter histórico, não no sentido de que
narra fatos históricos, mas no de que revela os ideais e as
concepções de um grupo social numa determinada época.
Cada período histórico coloca para os homens certos
problemas e os textos pronunciam-se sobre eles.

Por isso, em um texto temos sempre a amostragem de um fato, ocorrido num


determinado momento, vista sob um ponto de vista social representado por um
sujeito. Dessa forma, ao analisarmos um texto, além de verificarmos a unidade
existente entre as partes, temos de observar o contexto.

Texto e Contexto

Quando analisamos a charge “Trabalho Escravo”, dissemos que esse


assunto estava sendo discutido no Congresso Nacional e que alguns parlamentares
apresentavam certa resistência para discutir o assunto. Ora, essas questões são
importantes para o entendimento da charge, mas elas não estão marcadas na
superfície textual. O seu sentido ocorrerá mediante o conhecimento de mundo do
leitor, em saber em que situação ela foi produzida, ou seja, levando em conta o
CONTEXTO.
Fiorin (1994, 12) define contexto como “uma unidade linguística maior onde
se encaixa uma unidade linguística menor”. Assim, a palavra encaixa-se no
contexto da frase, esta no contexto do parágrafo, o parágrafo encaixa-se no
contexto do capítulo, o capítulo no contexto da obra toda e a obra encaixa-se no
contexto social.
Fica mais clara a questão do contexto, quando adotamos a metáfora do
iceberg. Aquilo que visualizamos é chamado ponta do iceberg, pois, como o próprio
nome diz, é uma pequena parte que fica exposta na superfície da água. Contudo,
essa ponta se apóia numa imensa parte que fica submersa, a fim de dar
sustentação. Essa parte submersa é o que chamamos de contexto, pois é ele quem
dá sustentação ao texto, que é a ponta do iceberg. Observe o texto:

Para entender essa tirinha, precisamos considerar algumas questões que


não estão explícitas, mas que fazem sentido no contexto. Vivemos, hoje, um padrão
de beleza feminino em que a mulher tem de ser considerada magra. A dieta e a
“boa forma” são um dos assuntos mais comentados. Isso não significa que sempre
tenha sido dessa forma. Na época da Renascença, o padrão “gordinha” era
sinônimo de beleza, pois demonstrava que a família da referida mulher era
abastada. Na Idade Média, a ideia de fertilidade imposta como contraponto de uma
época de matanças ocorridas nas cruzadas, trazia uma mulher de quadril largo e
ventre avolumado. Em nossos dias a beleza, assim como a moda, está relacionada
a padrões de magreza impostos pela indústria da moda, para valorizar a roupa.
Portanto, em nossa época, quando um homem chama uma mulher de gorda, está
“comprando briga”. É o que ocorre na tirinha. E além de tudo, e o que é pior, ele
repetiu que ela havia engordado!!!!
Fiorin (1996), também traz um exemplo muito esclarecedor para
compreendermos a importância do contexto. Quando Lula disse a Collor no primeiro
debate do segundo turno das eleições presidenciais de 1989 “Eu sabia que você
era collorido por fora, mas caiado por dentro”, todos os brasileiros entenderam que
essa frase não queria dizer você tem cores por fora, mas é revestido de cal por
dentro, mas você apresentou um discurso moderno, de centro-esquerda, mas é
reacionário. Como foi possível entender a frase dessa maneira? Porque ela foi
colocada dentro do contexto dos discursos da campanha presidencial. Nele, o
adjetivo collorido significa relativo à Collor, “adepto de Collor”, ou seja, Collor
apresenta-se como um renovador, como alguém que pretendia modernizar o país,
melhorar a distribuição de renda, combater os privilégios dos mais favorecidos.
Havia também, na disputa, o candidato Ronaldo Caiado, de extrema direita que
defendia a manutenção do status quo. As frases ganham sentidos porque estão
correlacionadas umas às outras, dentro de uma situação comunicacional, que é o
contexto.
Portanto, diante do exposto, podemos entender que o contexto traz
informações importantes que acompanham o texto. Assim sendo, não basta a
leitura do texto, é preciso retomar os elementos do contexto, aqueles que estiveram
presentes na situação de sua construção. A produção e recepção de um texto estão
condicionadas à situação; daí a importância de o leitor conhecer as circunstâncias e
ambiente que motivaram a seleção e a organização dos aspectos linguísticos.
Podemos dizer que existem o contexto imediato e o situacional. O
contexto imediato relaciona-se com os elementos que seguem ou precedem o texto
imediatamente. São os chamados referentes textuais. O título de um poema pode
despertar determinadas decodificações. Esse contexto é aquele que
compreendemos em uma frase, quando a lemos no parágrafo; ou quando
entendemos o parágrafo, no momento em que lemos todo o texto. Leia o poema a
seguir:
O que se diz
Carlos Drummond de Andrade

Que frio! Que vento! Que calor! Que caro!


Que absurdo! Que bacana! Que tristeza! Que tarde! Que amor! Que besteira!
Que esperança! Que modos! Que noite! Que graça! Que horror! Que
doçura! Que novidade! Que susto! Que pão! Que vexame! Que mentira! Que
confusão! Que vida! Que talento! Que alívio! Que nada...

Assim, em plena floresta de exclamações, vai se tocando a vida

(http://www.portalimpacto.com.br/docs/JoanaVestF3Aula16_09.pdf)

Nesse poema, o seu sentido está tanto no título “o que se diz”, quanto no
último verso “Assim, em plena floresta de exclamações, vai se tocando a vida”, pois
são eles que nos faz compreender sobre o que poema está tratando: o fato de nós
exclamarmos todos os dias e muitas vezes não percebemos. Observe que os
elementos que nos dão sentido ao texto estão no próprio texto, por isso, falamos de
um CONTEXTO IMEDIATO.
O contexto situacional é formado por elementos exteriores ao texto. Esse
contexto acrescenta informações históricas, geográficas, sociológicas e literárias,
para maior eficácia da leitura que se imprime ao texto. Para isso, exige-se uma
postura ativa do leitor, ou seja, é necessário que ele tenha um conhecimento de
mundo, a fim de depreender o sentido exigido.
Esse conhecimento de mundo está ligado à nossa vivência, pois durante a
nossa vida, vamos armazenando informações que serão importantes para
entendermos e interpretarmos o mundo. Por isso, é fundamental a leitura,
assistirmos ao noticiário, irmos a museus, termos contato com pessoas que nos
acrescentarão conhecimento. Quando temos suporte para lermos um texto e
retirarmos dele o que está além dos seus aspectos linguísticos, a nossa leitura será
muito mais prazerosa e consequentemente, o texto será enriquecido, às vezes,
reinventado, e até recriado. Faça a leitura desta charge:
Qual a leitura que você fez? Você a compreendeu? Do que está tratando a
charge?
Para compreendê-la é necessário que você observe todos os aspectos que
estão envolvidos na construção dessa charge: o que está escrito na lousa, o
logotipo que está abaixo da lousa, as pessoas que estão nas carteiras, o que essas
pessoas carregam em sua cintura, o que está escrito no balão, a forma como a
pessoa que está ensinando diz etc. Quando a observamos, vemos que é uma
charge que trata das olimpíadas que ocorrerá no Rio de Janeiro em 2016. Hoje, o
Rio é conhecido como uma cidade violenta e há uma grande preocupação quanto à
segurança, quando houver as olimpíadas. Nessa charge, os bandidos estão já se
preparando para esse evento, pois quando forem “atuar”, farão na língua dos
estrangeiros. É claro que para entender isso, tivemos de ativar o nosso
conhecimento das línguas portuguesa e inglesa e do nosso conhecimento de
mundo, ou seja, recorremos ao CONTEXTO SITUACIONAL.
A compreensão de um texto vai além da simples compreensão de termos
nele impressos; não basta o simples reconhecimento de palavras, parágrafos, é
preciso levar em conta em que situação ele é produzido. A compreensão exige do
leitor uma sintonia com os fatos situados no seu dia a dia e que aparecem
subliminarmente impressos na mensagem textual.
Isso ocorre também em relação à produção textual, pois todas as vezes em
que se produz um texto, seja ele oral ou escrito, ele é determinado por uma série de
fatores que interferem, por exemplo, em sua estrutura e na organização de suas
informações. Um desses fatores é o interlocutor a quem se dirige o texto. Mesmo na
situação em que o indivíduo parece falar consigo mesmo (com os próprios botões),
a fala tem como interlocutor a representação de si mesmo que o indivíduo
construiu. Assim, sempre que se escreve e sempre que se fala isso é feito tendo em
vista um interlocutor, alguém que, obviamente, interfere na produção textual. Nas
situações reais de interação, as pessoas levam em conta, dentre outros, os
seguintes fatores:

Por que escrevo? Para quem escrevo?

De onde eu escrevo?

Que efeitos de sentido quero provocar?

Que efeitos de sentido NÃO quero provocar?

O que sei sobre o assunto de que vou tratar?

Daí se vê que toda produção textual é construída a partir e em função


desses fatores que configuram o contexto enunciativo, ou seja, todas essas
produções textuais são marcadas e definidas pelos lugares/papéis sociais que
caracterizam, na situação de interação comunicativa.
COMO INTERPRETAMOS UM TEXTO

Caro aluno,
Como tem sido as suas leituras? Você lê com frequência? Quando lê, você
consegue entender claramente o que o texto quer dizer?
Uma das maiores dificuldades encontradas pelos alunos, em relação ao
aprendizado de um conteúdo, é a deficiência na leitura e compreensão do sentido
dessa leitura. Isto quer dizer que muitos não conseguem entender o que leem ou
apenas reproduzem, com as mesmas palavras, o que está escrito na superfície
textual, ou seja, naquilo que está escrito ”literalmente” ou mostrado. Abaixo segue
uma crônica de Ignácio de L. Brandão, publicada no jornal O Estado de São Paulo.
Leia-a atentamente, para entender o que acabamos de falar:

Para quem não dorme de touca

Na infância, ele era diferente. Acreditava nos outros, acreditava nas coisas.
Quando alguém dizia:
- Por que não vai ver se estou na esquina?
Ele corria até a esquina, olhava, esperava um pouco, reconfirmava e voltava:
- Não tem ninguém na esquina.
- Quer dizer que voltei.
- Por que não me avisou que voltou?
- Voltei por outro caminho.
- Que outro caminho?
- O caminho das pedras. Não conhece o caminho das pedras?
- Não.
- Então não vai ser nada na vida.
Outra vez, numa discussão, alguém foi imperioso:
- Quer saber? Vá plantar batatas.
Ele correu no armazém, comprou um quilo de batatas e foi até o quintal, plantou
tudo. Não é que as batatas germinaram! Houve também aquele dia em que um
amigo convidou:
- Vamos matar o bicho?
- Onde o bicho está?
- Ali no bar.
- Que bicho? É perigoso? Me dê um minuto, passo em casa, pego a espingarda
do meu pai ...
- Espingarda? Venha com a sede.
- Não estou com sede.
- Matar o bicho, meu caro, é beber uma pinga.
Em outra ocasião, um primo perguntou:
- Você fez alguma coisa para a Mercedes?
- Não. Por quê?
- Ela passou por mim, está com a cara amarrada.
- Amarrada com barbante, com corda, com arame? Por que uma pessoa amarra
a cara da outra?
- Nada, esquece! Você ficou com a cara de mamão macho, me deixou com cara
de tacho. É um cara-de-pau e ainda fica aí me olhando com a mesma cara.
Outra vez, uma menina, que ele queria namorar, se encheu:
- Pára! Não me amole! Por que não vai pentear macaco?
Naquela tarde ele foi surpreendido no minizoológico do bairro, com um pente na
mão e tentando agarrar um macaco, a quem procurava seduzir com bananas. Uma
noite combinaram de jogar baralho e um dos parceiros propôs:
- Vai ser a dinheiro ou a leite de pato?
- Leite de pato, propuseram os jogadores.
Ele se levantou:
- Então, esperem um pouco. Trouxe dinheiro, mas não leito e de pato. Vou
providenciar.
- E onde vai buscar leite de pato?
- A Mirela, ali da esquina, tem um galinheiro enorme, está cheio de patos. Vou
ver o que arranjo.
Voltou meia hora depois:
- Não vou poder jogar. Os patos, me disse a Mirela, não estão dando leite faz
uma semana.
Riram e mandaram ele sentar e jogar. Em certo momento, um jogador se irritou,
porque o adversário, apesar de ingênuo e inocente, tinha muita sorte.
- Vou parar. Você está jogando com cartas marcadas.
- Claro que tem marca! É Copag, a melhor fábrica de baralhos. Boa marca, não
conheço outra.
- Está me fazendo de bobo, mas aí tem dente de coelho.
- Juro que não! Por que haveria de ter dente de coelho? Quem tirou o dente do
coelho?
- Além do mais, você mente com quantos dentes tem na boca. A gente precisa
ficar de orelha em pé.
- Não estou fazendo nada. Estou na minha, com meu joguinho, vocês é que
implicam.
- Desculpa de mau jogador.
- Não devo nada a ninguém aqui.
- Deve os olhos da cara.
- Devo? Não comprei os meus olhos. Nasceram comigo. Só se meus pais
compraram e não pagaram.
Todos provocaram, pagavam para ver.
- Não venha com conversa mole, pensa que dormimos de botina?
- Não penso nada. Aliás, nunca vi nenhum de vocês de botina.
- Melhor enrolar a língua, se não se enrosca todo.
- Não venha nos fazer a boca doce, que bem te conhecemos!
As conversas eram sempre assim. Pelo menos foram até meus 20 anos, quando
deixei a cidade. A essa altura, vocês podem estar pensando que ele era sonso,
imbecilizado. Garanto que não. Tanto que, hoje, é um empresário bem-sucedido,
fabrica lençóis, fronhas e edredons, é dono de uma marca bem conhecida, a Bem
Querer & Bem-Estar. Não sei se um de vocês já comprou. Se não, recomendo.
Claro, recomendo a quem não dorme de touca, quem não tem conversa mole para
boi dormir, quem não dorme no ponto, quem não dorme na portaria, para aqueles
que não dormem sobre louros. Enfim, para quem não dorme com um olho aberto e
o outro fechado.
(BRANDÃO, Ignácio de Loyola. O Estado de São Paulo, 8 jul. 2005. Caderno 2, p.
D14.)

Observamos que nessa crônica, o sujeito destacado pelo narrador somente


entendia as orações de forma literal, ou seja, ele não conseguia entender a
intenção proposta pelas pessoas, quando diziam algo. Você já vivenciou esse fato?
Essa história parece ser até ridícula; aparentemente nenhuma pessoa faria
isso, pois dentro da ação comunicativa, o indivíduo consegue entender que essas
expressões são formas de dizer, ou seja, elas são expressões populares, usadas
como figuras de linguagem para dizer algo com outro sentido.
Infelizmente, essa situação é muito comum durante o ato da leitura, porque,
muitas vezes, o leitor não consegue entender a intenção do autor. Ele começa a
pensar e a dizer algo que não está no texto.
Você já leu um texto, fez uma interpretação e quando foi ver a sua
interpretação não era a ideia central do texto? Por que será que isso ocorre?
Porque muitas vezes nós queremos entender o texto de forma literal, ou
então isolamos palavras ou frases e fazemos nossa análise sem olhar o todo.
Devemos entender que a totalidade de sentido de um texto não está somente
naquilo que está escrito, conhecido como superfície textual (o que é mostrado), mas
também está nos aspectos considerados não ditos.

Talvez, você esteja se perguntando: “Como assim?”

No texto, podemos dizer que existem dois planos: aquilo que está mostrado
mediante as letras, palavras, figuras e gestos; e aquilo que está implícito, oculto,
ou seja, aquilo que está além dessas letras, palavras, figuras e gestos. É o que
acontece na crônica. Quando foi dito “Vai ver se eu estou na esquina” a pessoa não
queria que o sujeito que recebeu essa informação fosse até à esquina a fim de
verificar essa informação, porque não haveria necessidade, uma vez que ela já
estava bem à sua frente. Na realidade, por meio desses dizeres, o desejo dessa
pessoa é que o outro parasse de perturbá-la.
No entanto, deverá surgir uma nova pergunta: “Será que eu tenho essas
mesmas atitudes em relação à interpretação dos textos?”
Infelizmente, muitos ainda têm. Quer fazer um teste? Leia a seguir a fábula
de Millôr Fernandes:

A RAPOSA E AS UVAS

De repente a raposa, esfomeada e gulosa, fome de quatro dias e gula de todos os


tempos, saiu do areal do deserto e caiu na sombra deliciosa do parreiral que descia
por um precipício a perder de vista. Olhou e viu, além de tudo, à altura de um salto,
cachos de uvas maravilhosos, uvas grandes, tentadoras. Armou o salto, retesou o
corpo, saltou, o focinho passou a um palmo das uvas. Caiu, tentou de novo, não
conseguiu. Descansou, encolheu mais o corpo, deu tudo o que tinha, não
conseguiu nem roçar as uvas gordas e redondas. Desistiu, dizendo entre dentes,
com raiva: “Ah, também, não tem importância. Estão muito verdes.” E foi descendo,
com cuidado, quando viu à sua frente uma pedra enorme. Com esforço empurrou a
pedra até o local em que estavam os cachos de uva, trepou na pedra,
perigosamente, pois o terreno era irregular e havia risco de despencar, esticou a
pata e... Conseguiu! Com avidez colocou na boca quase o cacho inteiro. E cuspiu.
Realmente as uvas estavam muito verdes!
MORAL: A frustração é uma forma de julgamento tão boa como qualquer outra.

Fonte: (FERNANDES, Millôr. Fábulas Fabulosas. Rio de Janeiro: Nórdica, 1991)

Se alguém lhe perguntasse “o que você


entendeu do texto?”, o que diria? Tente
formular, em sua mente, a interpretação do
texto. Talvez, tenha conseguido formular a
seguinte interpretação:
Essa fábula narra a história de uma raposa,
que não comia já há quatro dias e que,
portanto, estava com muita fome. Ela saiu do
areal do deserto e foi a um parreiral que descia
por um precipício. Ela olhou e viu que os
cachos de uvas eram grandes e maravilhosos.
A raposa tentou pegá-los por diversas vezes, mas como não conseguiu, desistiu,
dizendo que as uvas estavam muito verdes. Quando estava indo embora, se
deparou com uma pedra enorme. Com muito esforço empurrou a pedra até o local
em que estavam os cachos de uva, trepou na pedra e conseguiu pegá-lo. Colocou o
cacho inteiro na boca e o cuspiu imediatamente, por que as uvas estavam muito
verdes.
Se essa foi a sua interpretação, ela foi apenas uma reprodução do que está
na superfície do texto, ou seja, ela é muito parecida com o sujeito da crônica que
entendia tudo literalmente. Ao contar essa fábula, a intenção é muito maior do que
apenas narrar a história de uma raposa que estava com fome.
Então, qual seria a possibilidade de interpretação? Tente enxergar outros
significados que estão além das palavras. Por exemplo:

O que é uma fábula?

Qual a relação da fábula com a moral?

Observe que essas questões estão nos fazendo olhar não apenas para
aquilo que está dito, mas buscarmos significados que estão além do texto. Isso
deve ocorrer na interpretação de todo texto.
Ao analisar a fábula “A Raposa e as Uvas”, devemos primeiramente ter o
conhecimento de que uma fábula é uma narrativa figurada, na qual as personagens
são geralmente animais que possuem características humanas.
Pode ser escrita em prosa ou em verso e é sustentada sempre por uma lição
de moral, constatada na conclusão da história. Ela é muito utilizada com fins
educacionais. Muitos provérbios ou ditos populares vieram da moral contida nesta
narrativa alegórica, como por exemplo: “A pressa é inimiga da perfeição” na fábula
A lebre e a tartaruga e “Um amigo na hora da necessidade é um amigo de verdade”
em A cigarra e as Formigas. Portanto, sempre que alguém redige uma fábula ele
deve ter em mente um ensinamento. Além disso, observamos que na fábula a
raposa não tem procedimentos próprios de um animal, mas de ser humano, pois ela
falou, empurrou a pedra, armou toda uma estratégia para pegar as uvas etc.
Diante disso, uma vez que a fábula sempre procura trazer um ensinamento,
devemos analisar a relação que existe entre a narrativa e a moral. Num primeiro
momento, o texto parece ter um caráter
ingênuo, de uma narrativa aparentemente
infantil, conforme apontamos naquela
interpretação literal. Contudo, quando
observamos alguns elementos textuais que
estão presentes na fábula, ampliamos a
nossa leitura. Logo no início da narrativa é
colocada não uma necessidade fisiológica (a
fome da raposa), mas uma questão comportamental (a gula da personagem), dado
importante para reforçar a conclusão. Além
disso, aparecem várias tentativas do animal
em obter o objeto de desejo que alimentaria
sua gula, mesmo depois de vários fracassos.
Só então a raposa emite um juízo “Ah,
também não tem importância. Estão muito
verdes.” (É bom ressaltar que esse
enunciado é precedido das expressões
“entre dentes, com raiva”, que evidenciam as condições da raposa no momento em
que diz).
A partir daí, novos dizeres se apresentam no texto em virtude da intenção de
sentido. Ao se deparar com uma enorme pedra, a raposa é reanimada e tenta
novamente atingir seu objetivo, ignorando o que havia afirmado anteriormente,
premida pelas circunstâncias. Isso, aparentemente, comprova que as palavras da
personagem eram apenas tidas como desculpas por não ter conseguido a fruta
para saciar sua gula. Contudo, a raposa consegue, com muito esforço, o que
pretendia - apanhar as uvas - mas, ao contrário do que desejava, as uvas estavam
realmente verdes, expelindo-as de sua boca de tal forma que não as consumisse.
Nesse ponto, o texto amplia os horizontes do significado, determinando a
moral, cujo sentido está em confirmar a questão comportamental e não a
necessidade fisiológica. As uvas já se mostravam verdes e a raposa já havia
percebido, tanto que já o havia declarado anteriormente, mas o estado de gula era
tal, que se sobrepôs à razão. Somente no momento em que provou as uvas e
houve a confirmação do que já sabia é que veio a
consciência de não poder desfrutar daquela fruta,
daí, então, ocorre a frustração.
É claro que para fazer essa leitura e
interpretação, é necessário que o leitor comece a
perceber que aquilo que é visível num texto não é a
única leitura, mas a partir desses aspectos visíveis
associados a outros aspectos que já fazem parte da
vivência do leitor, essa leitura será ampliada.
Portanto, para compreender o que está além daquilo
que é visível, precisamos ativar o que chamamos de
conhecimento de mundo.

Mas, o que é esse conhecimento de mundo?


Durante a nossa vida, nós adquirimos vários tipos de conhecimentos que
ficam arquivados em nossa memória. Por isso, é fundamental que um indivíduo
tenha acesso à cultura, faça diversas leituras, ouça música, veja filmes, pois quanto
maior for a sua experiência, maior será o seu conhecimento.
Ao fazermos uma leitura ou uma interpretação de texto, nós ativamos esse
conhecimento de mundo, para estabelecer sentido ao texto. Por isso, a leitura é
uma atividade na qual se leva em conta as experiências e os conhecimentos do
leitor.
Koch e Elias (2007, 11) dizem que “a leitura de um texto exige do leitor bem
mais que o conhecimento do código linguístico, uma vez que o texto não é simples
produto da codificação de um emissor a ser decodificado por um receptor passivo.”
Isso quer dizer que quando lemos algo, não basta apenas conhecermos as
letras ou identificarmos as imagens, pois isso
caracterizaria uma leitura ingênua. Durante o
ato da leitura, não somos simples leitores num
estado de passividade, apenas recebendo
informação, mas, devemos ser pessoas ativas
nessa leitura, buscando preencher as
lacunas que o texto tem e procurando
descobrir a intenção que está por trás dessa “superfície
textual”. Essa ação é o que chamamos de
posicionamento crítico. Segundo os Parâmetros
Curriculares Nacionais
A leitura é o processo no qual o
leitor realiza um trabalho ativo de
compreensão e interpretação do
texto, a partir de seus objetivos, de
seu conhecimento sobre o assunto,
sobre o autor, de tudo o que sabe
sobre a linguagem etc. Não se trata
de extrair informação, decodificando
letra por letra, palavra por palavra. Trata-se de uma atividade
que implica estratégias de seleção, antecipação, inferência e
verificação, sem as quais não é possível proficiência. É o uso
desses procedimentos que possibilita controlar o que vai
sendo lido, permitindo tomar decisões diante de dificuldades
de compreensão, avançar na busca de esclarecimentos,
validar no texto suposições feitas.
(BRASIL. PCNS: terceiro e quarto ciclos do ensino
fundamental. Língua Portuguesa. Brasília: MEC/SEF, 1998,
pp. 69-70.)

Portanto, o nosso desafio é fazê-lo perceber que há níveis de leitura e


entendimento de um texto. Muitas vezes, uma pessoa fica somente no primeiro
nível, o da superfície do texto, sendo que o sentido do texto vai muito além. Para
ajudar ainda mais no entendimento desse sentido, é necessário saber, também,
que tudo é construído dentro de um aspecto ideológico.

Aspecto Ideológico? O que é isto?

Quando Millôr Fernandes escreveu a fábula “A Raposa e as Uvas” procurou,


conforme analisamos, trazer como ensinamento a repreensão à gula. Para isso, ele
parte do princípio que a gula é algo condenado socialmente, uma vez que ela
pertence aos sete pecados capitais. Dessa forma, essa fábula confirma os valores
sociais, mostrando a gula de forma depreciativa, passível de um julgamento.
Agora, suponhamos que uma empresa de alimentos fosse fazer uma propaganda.
Você acha que ela seria a favor ou contra a gula? Pegue como exemplo alguns
comerciais de alimentos, principalmente quando se trata de algum chocolate: neles,
normalmente, aparece uma criança toda lambuzada, pois ela come o doce com
tanto prazer, que acaba se sujando toda.

Agora me responda: a empresa que faz a propaganda tem a mesma visão


de gula presente na fábula ou uma visão contrária? Por que isso ocorre?
Percebemos que é uma visão contrária, pois o objetivo dessa empresa é
fazer que o leitor consuma o maior número possível de produtos, para que ela
obtenha lucros. Portanto, a gula não seria vista como algo maléfico, mas benéfico.
Agora, leia o poema a seguir:
A gula

Sorvo delícias em prazeres


que mal mastigo...
Compenso-me em torrões
mascavados de deleite

Repasto-me em trouxas
douradas de ovos moles
Degusto ostras
ovadas de luar
e empanturro-me
em iguarias às quais
não ofereço resistência

E confesso-me pecadora
e escrava desta gula,
que leva à mesa,
o banquete que me sacia,
meu regozijo e conforto,
prova das minhas fraquezas.

Maria Fernanda Reis Esteves


(http://www.luso-poemas.net)

Nesse poema, como é vista a gula? É vista como algo aceito ou condenado
pelo eu-lírico, ou seja, por aquele que está dizendo o poema? O que o faz ter esse
posicionamento?
Ao analisarmos o poema, vemos uma pessoa que se declara pecadora e
escrava da gula. Embora consciente de que a gula é algo condenado socialmente,
ela sente prazer no que faz. E parece não ligar por estar transgredindo os valores
sociais. Ela sabe que a gula é uma fraqueza dela, todavia, ela se sente confortável.
Essa consciência e esse conforto vêm marcados no poema pelos verbos
“sorvo”, “repasto”, “degusto” e “empanturro”, pois estão todos ligados a ação de
saborear algo. Esse posicionamento se mostra diferente da fábula e da empresa de
alimentos.
Então, o que nos leva a ter essas três visões diferenciadas da gula? São os
chamados pressupostos ideológicos de cada sujeito constituído no texto. Dessa
forma, cabe-nos ver um pouco sobre a questão da ideologia e a linguagem.
Segundo Marilena Chauí (O que é ideologia, p. 113),

“a ideologia é um conjunto lógico, sistemático e coerente de


representações (ideias e valores) e de normas e de regras (de
conduta) que indicam e prescrevem aos membros da
sociedade o que devem pensar e como devem pensar o que
devem valorizar e como devem sentir, o que devem fazer e
como devem fazer.”

Leia novamente essa definição e pense no que Marilena Chauí quer dizer.
Esse é um bom teste para ver o seu nível de leitura.
Se você for a um dicionário ou a um livro de filosofia, verá outras definições
de ideologia, todavia, essa definição dada por Chauí está bem apropriada ao que
estamos falando.
Um indivíduo, durante a sua formação vai adquirindo valores sociais, regras
de conduta que vão direcionar a sua vida. Ele buscará interpretar os fatos e se
expressar de acordo com essas ideias.
Por exemplo, se um indivíduo é de uma família em que certas palavras não
podem ser ditas porque são proibidas, esse indivíduo sempre as verá dessa forma,
por isso, procurará evitá-las.
Isso é o que ocorre nos textos, cuja temática é sobre a gula. O modo de ver
a gula e falar dela dependerá dessa questão de valores.
Esses valores, essas regras e normas são o que formam a ideologia,
portanto, o seu significado está ligado a um conjunto de ideias, de pensamentos,
das experiências de vida de um indivíduo e é por meio desta ideologia que o
indivídio interpreta seu mundo, os textos que lê e as informações que recebe por
meio de suas ações e linguagem.
Todavia, muitas vezes, a ideologia é utilizada dentro de um aspecto negativo,
porque ela pode ser usada como uma forma de mascarar a verdade. Por exemplo,
quando o patrão diz aos empregados que quanto mais eles produzirem, mais
pessoas dignas e de sucesso serão; na realidade, esse patrão está se utilizando
dos aspectos ideológicos nessa fala, pois, o que de fato deseja é a grande
produção para um maior faturamento. Na sua fala há uma intenção implícita que
não é condizente com o que ele está transmitindo. Isso é muito comum na
propaganda. Com o propósito de
vender um produto, a empresa
mostra todas as qualificações desse
produto, nos passando a ideia de que
ele é importantíssimo para o
consumidor e nós somos persuadidos
de tal forma que queremos adquiri-lo.
Veja esta propaganda antiga.
Em meados do século XX, a
enceradeira surgiu como uma
inovação tecnológica importante para
a dona de casa, pois muitas mulheres
enceravam a sua casa com um
escovão ou de joelho com um pano
na mão. Procure observar essa
propaganda e veja como ela procura
vender o produto “enceradeira”.
Se você nunca passou uma enceradeira, pergunte para sua mãe se era
dessa forma que ela encerava a casa: salto, cabelo escovado, saia e blusa, como
se fosse uma princesa. Tenho certeza de que não era assim.
Observe que a propaganda quer vender a ideia de que quem comprasse a
Enceradeira Arno Super iria ter prazer em fazer a faxina de casa e nem sentiria
cansaço. Todavia, essa ideia não é verdadeira. Portanto, a empresa se apropriou
dos aspectos ideológicos para camuflar a verdade.
Dessa forma, a realidade é distorcida a partir de um conjunto de
representações pelo qual os homens se utilizam para explicar e compreender sua
própria vida individual e social. Isso ocorre com todos os indivíduos, porque nós
somos governados por uma ordem social.
A ideologia, portanto, é um sinal de significação que está presente em
qualquer tipo de mensagem, pois, em toda mensagem sempre há por trás uma
intenção que normalmente não é claramente dita.
Desta forma podemos afirmar que todos nós deixamos nossa marca de visão
de mundo, dos nossos valores e crenças, e de INTENÇÃO, ou seja, de nossa
ideologia, no uso que fazemos da linguagem, pois nós recorremos a ela para
expressar nossos sentimentos, opiniões e desejos. E é por meio da linguagem que
interpretamos a realidade que nos cerca.
Porém, essa interpretação não é totalmente livre, pois ela é construída
historicamente a partir de uma série de aspectos ideológicos que todos nós temos,
mesmo sem nos darmos conta de sua existência.

Toda essa questão parece ser muito complexa, pois é


muito conceitual. Então veremos a seguir como de fato a
ideologia se dá nos textos.

Tomem como exemplo textos que valorizam a imagem da mulher como a


dona de casa perfeita, por exemplo, recorrem a um vocabulário que traduz as
características vistas como positivas, tais como, a mulher é a rainha do lar, o anjo
do lar, a mãe exemplar, a esposa perfeita, a santa senhora. Tais expressões eram
muito utilizadas nas propagandas das décadas de 40, 50 e 60. Elas funcionavam
para encobrir, na realidade, a verdadeira trabalhadora do lar, a qual deveria
manusear todos os eletrodomésticos para manter sua casa permanentemente limpa
para seu esposo.
Para entendermos ainda melhor os conceitos que estamos trabalhando, no
quadro a seguir, encontramos três músicas. Faça uma comparação entre elas e
veja qual é o perfil de juventude que encontramos nessas músicas. São os mesmos
perfis? A data da composição das músicas é importante para a concepção desses
perfis?
Alegria, Alegria Como Nossos Pais Geração Coca-Cola

Caminhando contra o Não quero lhe falar, Quando nascemos fomos


vento Meu grande amor, programados
Sem lenço e sem Das coisas que aprendi A receber o que vocês
documento Nos discos... Nos empurraram com os
No sol de quase Quero lhe contar como eu enlatados
dezembro vivi Dos U.S.A., de nove as
Eu vou... E tudo o que aconteceu seis.
comigo
O sol se reparte em Desde pequenos nós
crimes Viver é melhor que sonhar comemos lixo
Espaçonaves, guerrilhas Eu sei que o amor Comercial e industrial
Em cardinales bonitas É uma coisa boa Mas agora chegou nossa
Eu vou... Mas também sei vez
Que qualquer canto Vamos cuspir de volta o
Em caras de presidentes É menor do que a vida lixo em cima de vocês
Em grandes beijos de De qualquer pessoa...
amor Por isso cuidado meu bem Somos os filhos da
Em dentes, pernas, Há perigo na esquina revolução
bandeiras Eles venceram e o sinal Somos burgueses sem
Bomba e Brigitte Bardot... Está fechado prá nós religião
Que somos jovens... Somos o futuro da nação
O sol nas bancas de Para abraçar seu irmão Geração Coca-Cola
revista E beijar sua menina na
Me enche de alegria e rua Depois de 20 anos na
preguiça É que se fez o seu braço, escola
Quem lê tanta notícia O seu lábio e a sua voz... Não é difícil aprender
Eu vou... Todas as manhas do seu
Você me pergunta jogo sujo
Por entre fotos e nomes Pela minha paixão Não é assim que tem que
Os olhos cheios de cores Digo que estou encantada ser
O peito cheio de amores Como uma nova invenção
vãos Eu vou ficar nesta cidade Vamos fazer nosso dever
Eu vou Não vou voltar pro sertão de casa
Pois vejo vir vindo no E aí então vocês vão ver
Por que não? Por que vento Suas crianças derrubando
não? Cheiro de nova estação reis
Eu sei de tudo na ferida Fazer comédia no cinema
Ela pensa em casamento viva com as suas leis
E eu nunca mais fui à Do meu coração...
escola Somos os filhos da
Sem lenço e sem Já faz tempo revolução
documento, Eu vi você na rua Somos burgueses sem
Eu vou... Cabelo ao vento religião
Gente jovem reunida Somos o futuro da nação
Eu tomo uma coca-cola Na parede da memória Geração Coca-Cola
Ela pensa em casamento Essa lembrança Geração Coca-Cola
E uma canção me consola É o quadro que dói mais... Geração Coca-Cola
Eu vou... Minha dor é perceber Geração Coca-Cola
Que apesar de termos
Por entre fotos e nomes Feito tudo o que fizemos Legião Urbana
Sem livros e sem fuzil Ainda somos os mesmos Composição: Renato
Sem fome, sem telefone E vivemos Russo / Fê Lemos / 1985
No coração do Brasil... Ainda somos os mesmos
E vivemos
Ela nem sabe até pensei Como os nossos pais...
Em cantar na televisão
O sol é tão bonito Nossos ídolos
Eu vou... Ainda são os mesmos
E as aparências
Sem lenço, sem Não enganam não
documento Você diz que depois deles
Nada no bolso ou nas Não apareceu mais
mãos ninguém
Eu quero seguir vivendo, Você pode até dizer
amor Que eu tô por fora
Eu vou... Ou então
Que eu tô inventando...
Por que não? Por que Mas é você
não? Que ama o passado
E que não vê
Caetano Veloso É você
Composição: Caetano Que ama o passado
Veloso/ 1967 E que não vê
Que o novo sempre vem...

Hoje eu sei
Que quem me deu a idéia
De uma nova consciência
E juventude
Tá em casa
Guardado por Deus
Contando vil metal...
Minha dor é perceber
Que apesar de termos
Feito tudo, tudo,
Tudo o que fizemos
Nós ainda somos
Os mesmos e vivemos
Ainda somos
Os mesmos e vivemos
Ainda somos
Os mesmos e vivemos
Como os nossos pais...

Elis Regina
Composição:Belchior1976
Você percebeu que essas músicas foram compostas em três décadas
diferentes? A primeira em 1967, a segunda em 1976 e a terceira em 1985. Nelas,
encontramos diferenças nos perfis dos jovens que está intimamente ligada com a
ideologia dominante da época. Veja a análise!!!
Na primeira música, temos um jovem que vive a opressão sofrida nas ruas,
nos meios de comunicação, em sua cultura nativa, no seu próprio país na década
de 60. A letra denuncia o abuso de poder de forma metafórica: “caminhando contra
o vento/sem lenço e sem documento”; expressa a violência praticada pelo regime:
“sem livros e sem fuzil,/ sem fome, sem telefone, no coração do Brasil”; denuncia a
precariedade na educação brasileira proporcionada pela ditadura que queria
pessoas alienadas: “O sol nas bancas de revista /me enche de alegria e
preguiça/quem lê tanta notícia?”.
Na segunda música, a canção fala sobre o tempo e a juventude, a
maturidade e a impotência, a ilusão e a decepção, sobre ganhar e perder. Embora
as pessoas sejam tão previsíveis e as histórias, inclusive políticas, costumem
acabar praticamente sempre “em pizza”, como se costuma dizer no Brasil, o autor
nos alerta do quão é importante que façamos a nossa parte. É importante não
desistir.
Na terceira, temos uma geração marcada pelo consumismo, que procuram
para si a praticidade e os produtos importados. É uma juventude que se deixa
envolver pelo caminho mais fácil, deixando de lado ideais revolucionários.
Como se vê, as idéias produzidas num determinado tempo, numa dada
época estão sempre presentes no texto. Por isso, é preciso verificar as concepções
e fatos correntes na época e na sociedade em que o texto foi produzido, para
ajudar-nos a entender os aspectos ideológicos, ou seja, as crenças, valores e
pensamentos relacionados à época e, consequentemente, fazermos uma leitura
além da superfície de um texto.
ACENTUAÇÃO GRÁFICA
A acentuação é um dos requisitos que perfazem as regras estabelecidas pela Gramática Normativa. A mesma compõe-
se de algumas particularidades, às quais devemos estar atentos, procurando estabelecer uma relação de familiaridade
e, consequentemente, colocando-as em prática ao nos referirmos à linguagem escrita.

À medida que desenvolvemos o hábito da leitura e a prática de redigir, automaticamente aprimoramos essas
competências, e tão logo nos adequamos à forma padrão.

Em se tratando do referido assunto, devemos nos ater à questão das Novas Regras Ortográficas da Língua
Portuguesa, as quais entraram em vigor desde o dia 1º de janeiro de 2009. E como toda mudança implica em
adequação, o ideal é que façamos uso das mesmas o quanto antes.

O estudo exposto a seguir visa aprofundar nossos conhecimentos no que se refere à maneira correta de grafamos as
palavras, levando em consideração as regras de acentuação por elas utilizadas. Lembrando que as mesmas já estão
voltadas para o novo acordo ortográfico.

Regras básicas – Acentuação tônica

A acentuação tônica implica na intensidade como são pronunciadas as sílabas das palavras. Aquela que se dá de forma
mais acentuada, conceitua-se como sílaba tônica.

As demais, como são pronunciadas com menos intensidade, são denominadas de átonas.

De acordo com a tonicidade, as palavras são classificadas como:

Oxítonas – São aquelas cuja sílaba tônica recai sobre a última sílaba.

Ex: café – coração – cajá – atum – caju - papel

Paroxítonas – São aquelas em que a sílaba tônica se evidencia na penúltima sílaba.

Ex: útil – tórax – táxi – leque – retrato – passível

Proparoxítonas - São aquelas em que a silaba tônica se evidencia na antepenúltima sílaba.

Ex: lâmpada - câmara - tímpano - médico - ônibus

Como podemos observar, mediante todos os exemplos mencionados, os vocábulos possuem mais de uma sílaba, mas
em nossa língua existem aqueles com uma sílaba somente, são os chamados monossílabos, que, quando
pronunciados, há certa diferenciação quanto à intensidade.

Tal diferenciação só é percebida quando os pronunciamos em uma dada sequência de palavras. Como podemos
observar o exemplo a seguir:

“Sei que não vai dar em nada,


Seus segredos sei de cor”.

Os monossílabos ora em destaque, classificam-se como tônicos, os demais, como átonos (que, em, de).

Os acentos

# acento agudo (´) – Colocado sobre as letras a, i, u e sobre o e do grupo “em” indica que estas letras representam as
vogais tônicas de palavras como Amapá, caí, público, parabéns. Sobre as letras “e” e “o” indica, além da tonicidade,
timbre aberto.

Ex: herói – médico – céu

# acento circunflexo (^) – colocado sobre as letras “a”, “e” e “o”, indica além da tonicidade, timbre fechado:

tâmara – Atlântico – pêssego – supôs

# acento grave (`) – indica a fusão da preposição “a” com artigos e pronomes.

Ex: à, às, àquelas, àqueles

# O trema (¨) – De acordo com a nova regra, foi totalmente abolido das palavras. Apenas há uma exceção: Somente é
utilizado em palavras derivadas de nomes próprios estrangeiros.
Ex: mülleriano (de Müller)

# O til (~) – indica que as letras “a” e “o” representam vogais nasais.

Ex: coração – melão – órgão - ímã

Regras fundamentais:

Palavras oxítonas:
Acentuam-se todas as oxítonas terminadas em: a, e, o, em, seguidas ou não do plural(s)
Pará – café(s) – cipó(s) – armazém(s)

Essa regra também é aplicada aos seguintes casos:

Monossílabos tônicos terminados em a, e, o, seguidos ou não de “s”.

Ex: pá – pé – dó – crê – há

Formas verbais terminadas em a, e, o tônicos seguidas de lo, la, los, lãs.

respeitá-lo – percebê-lo – compô-lo

Paroxítonas:
Acentuam-se as palavras paroxítonas terminadas em:

- i, is

táxi – lápis – júri

- us, um, uns

vírus – álbuns – fórum

- l, n, r, x, ps

automóvel – elétron- cadáver – tórax – fórceps

- ã, ãs, ão, ãos

ímã – ímãs – órfão – órgãos

-ditongo oral, crescente ou decrescente, seguido ou não de “s”.

água – pônei – mágoa – jóquei

Regras especiais:

#Os ditongos de pronúncia aberta ei, oi, que antes eram acentuados, perderam o acento de acordo com a nova regra.
Ex:

Antes Agora
assembléia assembleia
idéia ideia
geléia geleia
jibóia jiboia
apóia (verbo apoiar) apoia
paranóico paranoico

Observação importante – O acento das palavras herói, anéis, fiéis ainda permanece.

# Quando a vogal do hiato for “i” ou “u” tônicos, acompanhados ou não de s, haverá acento

Ex: saída – faísca – baú – país – Luís

Observação importante:
Não serão mais acentuados “i” e “u” tônicos, formando hiato quando vierem depois de ditongo:
Ex:
Antes Agora
bocaiúva bocaiuva
feiúra feiura
Sauípe

# O acento pertencente aos hiatos “oo” e “ee” que antes existia, agora foi abolido.
Ex:
Antes Agora
crêem creem
lêem leem
vôo voo
enjôo enjoo

#Não se acentuam o i e o u que formam hiato quando seguidos, na mesma sílaba, de l, m, n, r ou z:

Ra-ul, ru-im, con-tri-bu-in-te, sa-ir-des, ju-iz

#Não se acentuam as letras i e u dos hiatos se estiverem seguidas do dígrafo nh:

ra-i-nha, vem-to-i-nha.

#Não se acentuam as letras i e u dos hiatos se vierem precedidas de vogal idêntica:

xi-i-ta, pa-ra-cu-u-ba

No entanto, se tratar de palavra proparoxítona haverá o acento, já que a regra de acentuação das proparoxítonas
prevalece sobre a dos hiatos:

fri-ís-si-mo, se-ri-ís-si-mo

# As formas verbais que possuíam o acento tônico na raiz, com (u) tônico precedido de (g) ou (q) e seguido de (e) ou (i)
não serão mais acentuadas.
Ex:
Antes Depois
apazigúe (apaziguar) apazigue
averigúe (averiguar) averigue
argúi (arguir) argui

# Acentuam-se os verbos pertencentes à terceira pessoa do plural de:


ele tem – eles têm
ele vem – eles vêm

# A regra prevalece também para os verbos conter, obter, reter, deter, abster.
ele contém – eles contêm
ele obtém – eles obtêm
ele retém – eles retêm
ele convém – eles convêm

# Não se acentuam mais as palavras homógrafas que antes eram acentuadas para diferenciar de outras semelhantes.
Apenas em algumas exceções como:

A forma verbal pôde (terceira pessoa do singular do pretérito perfeito do modo indicativo) ainda continua sendo
acentuada para diferenciar-se de pode (terceira pessoa do singular do presente do indicativo).

O mesmo ocorreu com o verbo pôr para diferenciar da preposição por.

Palavras homógrafas

pola (ô) substantivo – pola (ó) substantivo


polo (s) (substantivo) - polo(s) (contração de por + o)
pera (substantivo) - pera (preposição antiga)
para (verbo) - para (preposição)
pelo(s) (substantivo) - pelo (contração)
pelo (do verbo pelar) - pelo (contração)
pela, pelas (substantivo e verbo) - pela (contração)
Análise Sintática

A Análise sintática estuda a estrutura do período, divide e classifica suas orações, observa a função da
palavra na oração ou no período.

Período é a frase expressa através de uma ou várias orações terminadas por ponto, ponto de exclamação,
ponto de interrogação ou reticências. O período pode ser simples (quando possui uma só oração) ou
composto (quando possui mais de uma oração).

Frase é todo e qualquer enunciado de sentido completo, pode ser formada por uma simples palavra, uma
oração ou um período. A frase pode ou não ter verbo.

Oração é o conjunto de palavras organizadas em torno de um verbo. Para que haja oração é necessário um
verbo e cada verbo forma uma oração. Assim haverá tantas orações quantos forem os verbos existentes no
período.

Os termos da oração são formados por palavras que se relacionam entre si e cada um desses termos
desempenha uma função. O termo pode ser formado por uma ou várias palavras.

Exemplo:
Luana desfila (o termo sujeito é Luana)
A bela Luana desfila (o termo sujeito é A bela Luana)

Obs. Veja que o termo “A bela Luana” é formado por 3 palavras. Quando o termo é formado por um conjunto
de palavras, há sempre uma que se destaca – é a mais importante –, a ela damos o nome de núcleo.
Destarte, no termo sujeito “A bela Luana” o núcleo é Luana.

TERMOS DA ORAÇÃO

Os termos da oração são classificados de acordo com a importância que exercem dentro da oração. São:

1. Termos essenciais da oração: sujeito e predicado

2. Termos integrantes: complemento verbal, complemento nominal

3. Termos acessórios: adjunto adnominal, adjunto adverbial, aposto (explicativo, enumerativo, especificativo,
distributivo, oracional, recapitulativo ou resumidor, comparativo), vocativo.

TERMOS ESSENCIAIS DA ORAÇÃO


(SUJEITO e PREDICADO)

SUJEITO
O sujeito é o termo da oração a respeito do qual se enuncia algo.
Núcleo do sujeito: é a palavra (substantivo ou pronome) que realmente indica a função sintática que está
exercendo.
Exemplo: O computador travou novamente.
Sujeito: O computador
Núcleo: computador

TIPOS DE SUJEITO

1. DETERMINADO
O sujeito é determinado quando pode ser identificado na oração, quer se apresente de forma explícita, quer
implícita, é facilmente apontado na oração, e subdivide-se em: simples e composto.

Simples – quando o sujeito possui um único núcleo.


Exemplo: o menino quebrou o brinquedo.
núcleo

Composto – quando o sujeito apresenta dois ou mais núcleos.


Exemplo: Lula e Dirceu cambaleavam pela rua.
núcleo núcleo

Implícito – quando o sujeito não está expresso claramente e só é possível identificá-lo através da desinência
verbal.
Exemplo: Viajaremos para São Paulo.
Sujeito: (nós)

2. INDETERMINADO
Quando o sujeito não está expresso na oração, ou por não se desejar que ele seja conhecido, ou pela
impossibilidade de sua explicitação, ou seja, não é possível determiná-lo na oração.
O sujeito indeterminado apresenta-se de duas maneiras:
1. Verbo na 3ª pessoa do plural, sem a existência de outro elemento que exija essa flexão do verbo.
Exemplo: Mandaram o pintor concluir o serviço.
2.Verbo na 3ª pessoa do singular acompanhado do pronome se. Exemplo: Precisa-se de costureiras.

Observação:
O sujeito é indeterminado com a partícula se funcionando como índice de indeterminação. Veja as
características: o verbo sempre na 3ª pessoa do singular; não há palavra que funcione como sujeito;
geralmente aparece preposição depois do pronome se; não pode ser transformada em voz passiva
analítica.
Exemplo: Falou-se de você.

O sujeito não é indeterminado com a partícula se funcionando como partícula apassivadora. Veja as
características: o verbo pode estar na 3ª pessoa do singular ou plural; possui sujeito expresso na oração,
nunca oculto; jamais aparece preposição depois o pronome se; pode ser transformado em voz passiva
analítica.
Exemplo: Consertam-se botões.

3. ORAÇÕES SEM SUJEITO


São orações constituídas apenas pelo predicado, pois a informação fornecida não se refere a nenhum
sujeito. As principais são:
1. Verbos que exprimem fenômenos da natureza: chover, trovejar, nevar, anoitecer, amanhecer, etc.
Exemplo: Choveu muito hoje pela amanhã / Nevou bastante no inverno.
2. O verbo haver no sentido de existir ou indicação de tempo transcorrido. Exemplo: Houve sérios
problemas na rede elétrica / Há vários anos não viajamos.
3.O verbo fazer, ser e estar indicando tempo transcorrido ou tempo que indique fenômeno da natureza.
Exemplo: Faz duas semanas que não chove / Está muito quente hoje / Era noite quando ele chegou.

ALGUMAS OBSERVAÇÕES:
1. O verbo ser, impessoal, concorda com o predicativo, podendo aparecer na 3ª pessoa do plural. Exemplo:
São oito horas da manhã / É uma hora da tarde.
2. Os verbos que indicam fenômenos da natureza, quando usados em sentido conotativo (figurado) deixam
de ser impessoais. Exemplo: Amanheci disposto / choveram reclamações sobre as operadoras de telefonia.
3. Quando um pronome indefinido representa o sujeito, ele deve ser classificado como determinado.
Exemplo: Alguém pegou a minha borracha / Ninguém ligou hoje.

PREDICADO
O predicado é aquilo que se comenta sobre o sujeito. Para estudá-lo é necessário conhecer o verbo que
forma o predicado. Quanto à predicação os verbos podem ser classificados como: intransitivos, transitivos e
de ligação.

VERBO INTRANSITIVO
São verbos que não exigem complemento, pois têm sentido completos. Exemplo: A menina caiu / O
computador quebrou.
VERBO TRANSITIVO:
São verbos que exigem complemento e se dividem em: transitivo direto, transitivo indireto e transitivo direto
e indireto.
1. Transitivo direto: não exigem preposição, ligando-se diretamente ao seu complemento, chamado objeto
direto. Exemplo: As empresas tiveram prejuízos.
2. Transitivo Indireto: exigem preposição, ligando-se indiretamente ao seu complemento, chamado de objeto
indireto. Exemplo: Gustavo gostava de chocolate.
3. Transitivo direto e indireto: exigem os dois complemento – objeto direto e objeto indireto – ao mesmo
tempo. Exemplo: Alan pediu um carro ao pai.

VERBO DE LIGAÇÃO
São verbos que expressam estado ou mudança de estado e ligam o sujeito ao predicativo. Exemplo: Os
alunos permaneceram na sala.

O verbo de ligação pode expressar:


1. Estado permanente: expressa o que é habitual, o que não se modifica. Verbos ser e viver. Exemplo: Anita
é bonita.
2. Estado transitório: expressa o que é passageiro: Verbos estar, andar, achar-se, encontrar-se. Exemplo:
Antônio anda preocupado / A criança está doente.
3. Mudança de estado: revela transformação. Verbos ficar, tornar-se, acabar, cair, meter-se. Exemplo: A
pintura ficou bonita.
4. Continuação de estado. Verbos continuar, permanecer. Exemplo: O computador permaneceu desligado /
José continua febril.
5. Estado aparente. Verbo parecer. Exemplo: A sobremesa parece saborosa.

TIPOS DE PREDICADO
Há três tipos de predicado: predicado nominal, predicado verbal e predicado verbo-nominal.

1. Predicado Nominal
Expressa o estado do sujeito. O verbo é de ligação.
Exemplos: O dia continua quente / Todos permaneciam apreensivos.

Observação: O núcleo do predicado nominal é chamado predicativo do sujeito, pois atribui qualidade ou
condição.

2. Predicado Verbal
Expressa a ação praticada ou recebida pelo sujeito.
Exemplo: Os professores receberam o prêmio.

Observação: o núcleo do predicado verbal é o verbo, pois sua mensagem principal é a ação praticada ou
recebida pelo sujeito.
Veja: Os trabalhadores exigem melhores condições de trabalho.

3. Predicado Verbo-Nominal
Informa a ação e o estado do sujeito.
Exemplos: Nós chegamos cansados / Cândida retornou feliz da viagem.

Observação: o predicado verbo-nominal é constituído de dois núcleos – um verbo e um nome – porque


fornece duas informações: ação e estado.
Veja: O comprador saiu da loja estressado / A criança dormia tranqüila.

TERMOS INTEGRANTES DA ORAÇÃO


São termos que servem para complementar o sentido de certos verbos ou nomes, pois seu significado só se
completa com a presença de tais termos.

Os termos integrantes da oração são:


1. Complemento verbal
2. Complemento Nominal

COMPLEMENTO VERBAL
_ Objeto direto
_ Objeto indireto

Objeto Direto
Termo não regido por preposição. Completa o sentido do verbo transitivo direto.
Exemplos: Eles esperavam o ônibus / Rita vendia doce.
PS: Um método bem prático para determinar o objeto direto é perguntar quem? ou o quê? depois do verbo.
Ex: Ela vendia (o quê) doce.

Objeto Direto preposicionado


Mesmo não sendo regido de preposição, há casos em que o objeto direto necessita de uma preposição:
1. Quando é formado por pronomes oblíquos tônicos. Exemplo: Assim, prejudicas a ti.
2. Quando é formado por substantivos próprios ou referentes a pessoas. Exemplo: Amai a Deus sobre todas
as coisas.
3. Quando é formado por pronomes demonstrativos, indefinidos e de tratamento. Exemplo: A foto
sensibilizou a todos.
4. Quando é formado pelo pronome relativo quem. Exemplo: Queremos conhecer o professor a quem
admiras tanto.
5. Quando o objeto direto é a palavra ambos. Exemplo: A chuva molhou a ambos.
6. Para evitar ambigüidade: Exemplo: Convenceu ao pai o filho mais velho.
7. Quando se quer indicar idéia de parte, porção. Exemplo: Beberemos deste vinho.

Objeto Direto Pleonástico


Quando se quer dar ênfase à idéia, o objeto direto aparece repetido na oração.
Exemplo: Este livro, eu o comprei.

Objeto Indireto
Completa o sentido do verbo transitivo indireto e é regido por preposição.
Exemplo: Aline gosta de frutas. / Não confio em políticos.
PS: Para reconhecer o objeto indireto, basta a pergunta quem ou quê depois do verbo + preposição
adequada.
Exemplo: Aline gosta (de quê) de frutas.

Objeto Indireto Pleonástico


É quando o objeto indireto aparece duplamente na oração para se dar ênfase a idéia.
Exemplo: A mim ensinaram-me muito bem.

COMPLEMENTO NOMINAL
Complemento Nominal é o termo que completa o sentido de substantivos, adjetivos e advérbios, ligando a
esses nomes por meios de preposição.
Exemplo: Tenho a certeza de sua culpa. / A árvore está cheia de frutos.

Para determinar o complemento nominal basta seguir o seguinte esquema:


Nome + preposição + quem ou quê?
Exemplo: Ele é perito em computação.

Diferença entre o Complemento Nominal e Objeto Indireto


Enquanto o complemento nominal completa só sentido dos nomes (substantivo, adjetivo e advérbio), o
objeto indireto completa o sentido de um verbo transitivo indireto.
Exemplo:
Lembrei-me de minha terra natal. (objeto indireto)
Ela manteve seu gosto pelo luxo. (complemento nominal)

AGENTE DA PASSIVA
Agente da Passiva Ocorre em orações cujo verbo se apresenta na voz passiva a fim de indicar o elemento
que executa a ação verbal.
Exemplo: As terras foram invadidas pelos sem-terra. / A cidade estava cercada de belezas naturais.

OBSERVAÇÃO: O agente da passiva, o objeto indireto e o complemento nominal são regidos por
preposição, muitas vezes há dúvidas na diferenciação dos três. Quando isso ocorrer, basta observar o
sujeito da oração. Para ser agente da passiva o sujeito precisa ser paciente, ou seja, sofre a ação verbal.
Exemplo:
A estatueta havia sido levada pelos invasores. (agente da passiva)
Sentia-se livre de qualquer responsabilidade. (complemento nominal)
Vamos precisar de sua compreensão. (objeto indireto)

TERMOS ACESSÓRIOS DA ORAÇÃO


Apesar de prescindíveis são necessários para o entendimento do enunciado porque informam alguma
característica ou circunstância dos substantivos, pronomes ou verbos que os acompanham. São
considerados termos acessórios da oração:
• adjunto adnominal;
• adjunto adverbial;
• aposto

ADJUNTO ADNOMINAL
São palavras que acompanham o substantivo para caracterizá-lo, determiná-lo ou individualizá-lo. O
adjunto adnominal pode ser representado por: adjetivos; artigos; numerais; pronomes adjetivos; locuções
adjetivas.

Adjetivo:
As casas ANTIGAS eram mais trabalhadas.
Adj. Adnominal
Adjetivo

Artigo:
AS estrelas iluminavam A noite.
Adj. Adnominal Adj. adnominal
Artigo artigo

Numeral:
TRÊS árvores caíram.
Adj. Adnominal
Numeral

Pronome adjetivo
AQUELES computadores estão quebrados.
Adj. Adnominal
Pronome adjetivo

Locução adjetiva:
O suco DE LARANJA estava gostoso.
Adj. Adnominal
Locução adjetiva

OBSERVAÇÃO:
Funcionam também como adjuntos adnominais os pronomes oblíquos quando assumem o valor de
pronomes possessivos.
Exemplo:
Feriram-me as pernas. (Feriram minhas pernas)

DIFERENÇA ENTRE ADJUNTO ADNOMINAL E COMPLEMENTO NOMINAL

Adjuntos Adnominais são palavras que acompanham o núcleo do sujeito ou do predicativo do sujeito dando-
lhes características, delimitando-os. São termos acessórios da oração, do ponto de vista da análise
sintática. Ex. O amor de mãe faz bem a qualquer um.

Complemento Nominal é o termo que completa o sentido de substantivos, adjetivos e advérbios, ligando a
esses nomes por meios de preposição. Esses nomes (substantivos, adjetivos e advérbios) se comportam
de maneira similar aos verbos transitivos, isto é, exigem um complemento. O que é denominado de
complemento nominal.
Exemplo: Santos Dumont foi o responsável pela invenção do avião.
(CN)

ADJUNTO ADVERBIAL
Termo que se refere ao verbo, ao adjetivo ou a outro advérbio, para indicar uma circunstância.

Circunstância de tempo:
Só obtivemos os gabaritos do vestibular NO DIA SEGUINTE.
Adj. Adverbial

Circunstância de lugar:
O trânsito está engarrafado NA AVENIDA DE SÃO LUÍS.
Adj. Adverbial

Circunstância de modo:
Os turistas foram recebidos ALEGREMENTE.
Adj. Adverbial

Circunstância de intensidade:
Comemos POUCO no almoço.
Adj. Adverbial

Circunstância de causa:
Estávamos tremendo DE FRIO.
Adj. Adverbial

Circunstância de companhia:
Vou sair COM VOCÊ.
Adj. Adverbial

Circunstância de instrumento:
COM A VASSOURA retirou a sujeira da sala.
Adj. Adverbial

Circunstância de dúvida:
POSSIVELMENTE chegaremos atrasados.
Adj. Adverbial

Circunstância de finalidade:
Estudo PARA AUMENTAR MEUS CONHECIMENTOS.
Adj. Adverbial

Circunstância de meio:
Prefiro viajar DE CARRO.
Adj. Adverbial

Circunstância de assunto:
Conversamos SOBRE ECONOMIA.
Adj. Adverbial

Circunstância de negação:
NÃO deixarei desarrumarem a casa.
Adj. Adverbial

Circunstância de afirmação:
COM CERTEZA iremos ao parque.
Adj. Adverbial.

APOSTO
É o termo que tem por objetivo explicar, esclarecer, resumir ou comentar algo sobre outro termo da oração.

Recife, A VENEZA BRASILEIRA, sofre durante o período chuvoso.


Aposto

AMD, FABRICANTE DE PROCESSADORES, vem ganhando mercado.


Aposto

OBSERVAÇÕES:
O aposto pode aparecer anteposto ao termo a que se refere.
Exemplo:
VENEZA BRASILEIRA, Recife está sofrendo com o começo do inverno.
Aposto

O aposto pode aparecer precedido de expressões explicativas.


Exemplo:
Algumas matérias, a saber, MATEMÁTICA, FÍSICA e QUÍMICA, são as que apresentam maiores
dificuldades de aprovação no vestibular.

VOCATIVO – TERMO INDEPENDENTE


É considerado um termo independente da oração porque não faz parte de sua estrutura. É usado para
expressar o sentimento do falante; sentimento esse usado para invocar, chamar, interpelar ou apelar a
quem o falante se dirige.
Exemplo:
MENINO, venha cá!
Vocativo
MEUS FILHOS, tenham calma.
Vocativo

DIFERENÇA ENTRE VOCATIVO E APOSTO


O vocativo não mantém relação sintática com nenhum termo da oração, enquanto o aposto mantém relação
sintática com um ou vários termos da oração.

MENINOS, voltem aqui.


Vocativo

São Paulo, CENTRO FINANCEIRO, sofre com as altas taxas de desemprego.


Aposto
Classes de palavras

As palavras são classificadas de acordo com as funções exercidas nas orações.


Na língua portuguesa podemos classificar as palavras em:
• Substantivo
• Adjetivo
• Pronome
• Verbo
• Artigo
• Numeral
• Advérbio
• Preposição
• Interjeição
• Conjunção

Substantivo:
É a palavra variável que denomina qualidades, sentimentos, sensações, ações, estados e seres em geral.
Quanto a sua formação, o substantivo pode ser primitivo (jornal) ou derivado (jornalista), simples (alface) ou
composto (guarda-chuva).
Já quanto a sua classificação, ele pode ser comum (cidade) ou próprio (Curitiba), concreto (mesa) ou
abstrato (felicidade).
Os substantivos concretos designam seres de existência real ou que a imaginação apresenta como tal:
alma, fada, santo. Já os substantivos abstratos designam qualidade, sentimento, ação e estado dos seres:
beleza, cegueira, dor, fuga.
Os substantivos próprios são sempre concretos e devem ser grafados com iniciais maiúsculas.
Certos substantivos próprios podem tornar-se comuns, pelo processo de derivação imprópria (um judas =
traidor / um panamá = chapéu).
Os substantivos abstratos têm existência independente e podem ser reais ou não, materiais ou não. Quando
esses substantivos abstratos são de qualidade tornam-se concretos no plural (riqueza X riquezas).
Muitos substantivos podem ser variavelmente abstratos ou concretos, conforme o sentido em que se
empregam (a redação das leis requer clareza / na redação do aluno, assinalei vários erros).
Já no tocante ao gênero (masculino X feminino) os substantivos podem ser:
• biformes: quando apresentam uma forma para o masculino e outra para o feminino. (rato, rata ou
conde X condessa).
• uniformes: quando apresentam uma única forma para ambos os gêneros. Nesse caso, eles estão
divididos em:
• epicenos: usados para animais de ambos os sexos (macho e fêmea) - albatroz, badejo, besouro,
codorniz;
• comum de dois gêneros: aqueles que designam pessoas, fazendo a distinção dos sexos por
palavras determinantes - aborígine, camarada, herege, manequim, mártir, médium, silvícola;
• sobrecomuns - apresentam um só gênero gramatical para designar pessoas de ambos os sexos -
algoz, apóstolo, cônjuge, guia, testemunha, verdugo;
Alguns substantivos, quando mudam de gênero, mudam de sentido. (o cisma X a cisma / o corneta X a
corneta / o crisma X a crisma / o cura X a cura / o guia X a guia / o lente X a lente / o língua X a língua / o
moral X a moral / o maria-fumaça X a maria-fumaça / o voga X a voga).
Os nomes terminados em -ão fazem feminino em -ã, -oa ou -ona (alemã, leoa, valentona).
Os nomes terminados em -e mudam-no para -a, entretanto a maioria é invariável (monge X monja, infante X
infanta, mas o/a dirigente, o/a estudante).
Quanto ao número (singular X plural), os substantivos simples formam o plural em função do final da
palavra.
• vogal ou ditongo (exceto -ÃO): acréscimo de -S (porta X portas, troféu X troféus);
• ditongo -ÃO: -ÕES / -ÃES / -ÃOS, variando em cada palavra (pagãos, cidadãos, cortesãos,
escrivães, sacristães, capitães, capelães, tabeliães, deães, faisães, guardiães).
Os substantivos paroxítonos terminados em -ão fazem plural em -ãos (bênçãos, órfãos, gólfãos). Alguns
gramáticos registram artesão (artífice) - artesãos e artesão (adorno arquitetônico) - artesões.
• -EM, -IM, -OM, -UM: acréscimo de -NS (jardim X jardins);
• -R ou -Z: -ES (mar X mares, raiz X raízes);
• -S: substantivos oxítonos acréscimo de -ES (país X países). Os não-oxítonos terminados em -S são
invariáveis, marcando o número pelo artigo (os atlas, os lápis, os ônibus), cais, cós e xis são
invariáveis;
• -N: -S ou -ES, sendo a última menos comum (hífen X hifens ou hífenes), cânon > cânones;
• -X: invariável, usando o artigo para o plural (tórax X os tórax);
• -AL, EL, OL, UL: troca-se -L por -IS (animal X animais, barril X barris). Exceto mal por males, cônsul
por cônsules, real (moeda) por réis, mel por méis ou meles;
• IL: se oxítono, trocar -L por -S. Se não oxítonos, trocar -IL por -EIS. (til X tis, míssil X mísseis).
Observação: réptil / reptil por répteis / reptis, projétil / projetil por projéteis / projetis;
• sufixo diminutivo -ZINHO(A) / -ZITO(A): colocar a palavra primitiva no plural, retirar o -S e
acrescentar o sufixo diminutivo (caezitos, coroneizinhos, mulherezinhas). Observação: palavras com
esses sufixos não recebem acento gráfico.
• metafonia: -o tônico fechado no singular muda para o timbre aberto no plural, também variando em
função da palavra. (ovo X ovos, mas bolo X bolos). Observação: avôs (avô paterno + avô materno),
avós (avó + avó ou avô + avó).
Os substantivos podem apresentar diferentes graus, porém grau não é uma flexão nominal. São três graus:
normal, aumentativo e diminutivo e podem ser formados através de dois processos:
• analítico: associando os adjetivos (grande ou pequeno, ou similar) ao substantivo;
• sintético: anexando-se ao substantivo sufixos indicadores de grau (meninão X menininho).
Certos substantivos, apesar da forma, não expressam a noção aumentativa ou diminutiva. (cartão, cartilha).
• alguns sufixos aumentativo: -ázio, -orra, -ola, -az, -ão, -eirão, -alhão, -arão, -arrão, -zarrão;
• alguns sufixos diminutivo: -ito, -ulo-, -culo, -ote, -ola, -im, -elho, -inho, -zinho (o sufixo -zinho é
obrigatório quando o substantivo terminar em vogal tônica ou ditongo: cafezinho, paizinho);
O aumentativo pode exprimir desprezo (sabichão, ministraço, poetastro) ou intimidade (amigão); enquanto o
diminutivo pode indicar carinho (filhinho) ou ter valor pejorativo (livreco, casebre).
Algumas curiosidades sobre os substantivos:
Palavras masculinas:
• ágape (refeição dos primitivos cristãos);
• anátema (excomungação);
• axioma (premissa verdadeira);
• caudal (cachoeira);
• carcinoma (tumor maligno);
• champanha, clã, clarinete, contralto, coma, diabete/diabetes (FeM classificam como gênero
vacilante);
• diadema, estratagema, fibroma (tumor benigno);
• herpes, hosana (hino);
• jângal (floresta da Índia);
• lhama, praça (soldado raso);
• praça (soldado raso);
• proclama, sabiá, soprano (FeM classificam como gênero vacilante);
• suéter, tapa (FeM classificam como gênero vacilante);
• teiró (parte de arma de fogo ou arado);
• telefonema, trema, vau (trecho raso do rio).
Palavras femininas:
• abusão (engano);
• alcíone (ave doa antigos);
• aluvião, araquã (ave);
• áspide (reptil peçonhento);
• baitaca (ave);
• cataplasma, cal, clâmide (manto grego);
• cólera (doença);
• derme, dinamite, entorce, fácies (aspecto);
• filoxera (inseto e doença);
• gênese, guriatã (ave);
• hélice (FeM classificam como gênero vacilante);
• jaçanã (ave);
• juriti (tipo de aves);
• libido, mascote, omoplata, rês, suçuarana (felino);
• sucuri, tíbia, trama, ubá (canoa);
• usucapião (FeM classificam como gênero vacilante);
• xerox (cópia).
Gênero vacilante:
• acauã (falcão);
• inambu (ave);
• laringe, personagem (Ceg. fala que é usada indistintamente nos dois gêneros, mas que há
preferência de autores pelo masculino);
• víspora.
Alguns femininos:
• abade - abadessa;
• abegão (feitor) - abegoa;
• alcaide (antigo governador) - alcaidessa, alcaidina;
• aldeão - aldeã;
• anfitrião - anfitrioa, anfitriã;
• beirão (natural da Beira) - beiroa;
• besuntão (porcalhão) - besuntona;
• bonachão - bonachona;
• bretão - bretoa, bretã;
• cantador - cantadeira;
• cantor - cantora, cantadora, cantarina, cantatriz;
• castelão (dono do castelo) - castelã;
• catalão - catalã;
• cavaleiro - cavaleira, amazona;
• charlatão - charlatã;
• coimbrão - coimbrã;
• cônsul - consulesa;
• comarcão - comarcã;
• cônego - canonisa;
• czar - czarina;
• deus - deusa, déia;
• diácono (clérigo) - diaconisa;
• doge (antigo magistrado) - dogesa;
• druida - druidesa;
• elefante - elefanta e aliá (Ceilão);
• embaixador - embaixadora e embaixatriz;
• ermitão - ermitoa, ermitã;
• faisão - faisoa (Cegalla), faisã;
• hortelão (trata da horta) - horteloa;
• javali - javalina;
• ladrão - ladra, ladroa, ladrona;
• felá (camponês) - felaína;
• flâmine (antigo sacerdote) - flamínica;
• frade - freira;
• frei - sóror;
• gigante - giganta;
• grou - grua;
• lebrão - lebre;
• maestro - maestrina;
• maganão (malicioso) - magana;
• melro - mélroa;
• mocetão - mocetona;
• oficial - oficiala;
• padre - madre;
• papa - papisa;
• pardal - pardoca, pardaloca, pardaleja;
• parvo - párvoa;
• peão - peã, peona;
• perdigão - perdiz;
• prior - prioresa, priora;
• mu ou mulo - mula;
• rajá - rani;
• rapaz - rapariga;
• rascão (desleixado) - rascoa;
• sandeu - sandia;
• sintrão - sintrã;
• sultão - sultana;
• tabaréu - tabaroa;
• varão - matrona, mulher;
• veado - veada;
• vilão - viloa, vilã.
Substantivos em -ÃO e seus plurais:
• alão - alões, alãos, alães;
• aldeão - aldeãos, aldeões;
• capelão - capelães;
• castelão - castelãos, castelões;
• cidadão - cidadãos;
• cortesão - cortesãos;
• ermitão - ermitões, ermitãos, ermitães;
• escrivão - escrivães;
• folião - foliões;
• hortelão - hortelões, hortelãos;
• pagão - pagãos;
• sacristão - sacristães;
• tabelião - tabeliães;
• tecelão - tecelões;
• verão - verãos, verões;
• vilão - vilões, vilãos;
• vulcão - vulcões, vulcãos.
Alguns substantivos que sofrem metafonia no plural:
abrolho, caroço, corcovo, corvo, coro, despojo, destroço, escolho, esforço, estorvo, forno, forro, fosso,
imposto, jogo, miolo, poço, porto, posto, reforço, rogo, socorro, tijolo, toco, torno, torto, troco.
Substantivos só usados no plural:
anais, antolhos, arredores, arras (bens, penhor), calendas (1º dia do mês romano), cãs (cabelos brancos),
cócegas, condolências, damas (jogo), endoenças (solenidades religiosas), esponsais (contrato de
casamento ou noivado), esposórios (presente de núpcias), exéquias (cerimônias fúnebres), fastos (anais),
férias, fezes, manes (almas), matinas (breviário de orações matutinas), núpcias, óculos, olheiras, primícias
(começos, prelúdios), pêsames, vísceras, víveres etc., além dos nomes de naipes.
Coletivos:
• alavão - ovelhas leiteiras;
• armento - gado grande (búfalos, elefantes);
• assembleia (parlamentares, membros de associações);
• atilho - espigas;
• baixela - utensílios de mesa;
• banca - de examinadores, advogados;
• bandeira - garimpeiros, exploradores de minérios;
• bando - aves, ciganos, crianças, salteadores;
• boana - peixes miúdos;
• cabido - cônegos (conselheiros de bispo);
• cáfila - camelos;
• cainçalha - cães;
• cambada - caranguejos, malvados, chaves;
• cancioneiro - poesias, canções;
• caterva - desordeiros, vadios;
• choldra, joldra - assassinos, malfeitores;
• chusma - populares, criados;
• conselho - vereadores, diretores, juízes militares;
• conciliábulo - feiticeiros, conspiradores;
• concílio - bispos;
• canzoada - cães;
• conclave - cardeais;
• congregação - professores, religiosos;
• consistório - cardeais;
• fato - cabras;
• feixe - capim, lenha;
• junta - bois, médicos, credores, examinadores;
• girândola - foguetes, fogos de artifício;
• grei - gado miúdo, políticos;
• hemeroteca - jornais, revistas;
• legião - anjos, soldados, demônios;
• malta - desordeiros;
• matula - desordeiros, vagabundos;
• miríade - estrelas, insetos;
• nuvem - gafanhotos, pó;
• panapaná - borboletas migratórias;
• penca - bananas, chaves;
• récua - cavalgaduras (bestas de carga);
• renque - árvores, pessoas ou coisas enfileiradas;
• réstia - alho, cebola;
• ror - grande quantidade de coisas;
• súcia - pessoas desonestas, patifes;
• talha -lenha;
• tertúlia - amigos, intelectuais;
• tropilha - cavalos;
• vara - porcos.
Substantivos compostos:
Os substantivos compostos formam o plural da seguinte maneira:
• sem hífen formam o plural como os simples (pontapé/pontapés);
• caso não haja caso específico, verifica-se a variabilidade das palavras que compõem o substantivo
para pluralizá-los. São palavras variáveis: substantivo, adjetivo, numeral, pronomes, particípio. São
palavras invariáveis: verbo, preposição, advérbio, prefixo;
• em elementos repetidos, muito parecidos ou onomatopaicos, só o segundo vai para o plural (tico-
ticos, tique-taques, corre-corres, pingue-pongues);
• com elementos ligados por preposição, apenas o primeiro se flexiona (pés-de-moleque);
• são invariáveis os elementos grão, grã e bel (grão-duques, grã-cruzes, bel-prazeres);
• só variará o primeiro elemento nos compostos formados por dois substantivos, onde o segundo
limita o primeiro elemento, indicando tipo, semelhança ou finalidade deste (sambas-enredo,
bananas-maçã)
• nenhum dos elementos vai para o plural se formado por verbos de sentidos opostos e frases
substantivas (os leva-e-traz, os bota-fora, os pisa-mansinho, os bota-abaixo, os louva-a-Deus, os
ganha-pouco, os diz-que-me-diz);
• compostos cujo segundo elemento já está no plural não variam (os troca-tintas, os salta-pocinhas,
os espirra-canivetes);
• palavra guarda, se fizer referência a pessoa varia por ser substantivo. Caso represente o verbo
guardar, não pode variar (guardas-noturnos, guarda-chuvas).

Adjetivo:
É a palavra variável que restringe a significação do substantivo, indicando qualidades e características
deste. Mantém com o substantivo que determina relação de concordância de gênero e número.
• adjetivos pátrios: indicam a nacionalidade ou a origem geográfica, normalmente são formados pelo
acréscimo de um sufixo ao substantivo de que se originam (Alagoas por alagoano). Podem ser
simples ou compostos, referindo-se a duas ou mais nacionalidades ou regiões; nestes últimos casos
assumem sua forma reduzida e erudita, com exceção do último elemento (franco-ítalo-brasileiro).
• locuções adjetivas: expressões formadas por preposição e substantivo e com significado
equivalente a adjetivos (anel de prata = anel argênteo / andar de cima = andar superior / estar com
fome = estar faminto).
São adjetivos eruditos:
• açúcar - sacarino;
• águia - aquilino;
• anel - anular;
• astro - sideral;
• bexiga - vesical;
• bispo - episcopal;
• cabeça - cefálico;
• chumbo - plúmbeo;
• chuva - pluvial;
• cinza - cinéreo;
• cobra - colubrino, ofídico;
• dinheiro - pecuniário;
• estômago - gástrico;
• fábrica - fabril;
• fígado - hepático;
• fogo - ígneo;
• guerra - bélico;
• homem - viril;
• inverno - hibernal;
• lago - lacustre;
• lebre - leporino;
• lobo - lupino;
• marfim - ebúrneo, ebóreo;
• memória - mnemônico;
• moeda - monetário, numismático;
• neve - níveo;
• pedra - pétreo;
• prata - argênteo, argentino, argírico;
• raposa - vulpino;
• rio - fluvial, potâmico;
• rocha - rupestre;
• sonho - onírico;
• sul - meridional, austral;
• tarde - vespertino;
• velho, velhice - senil;
• vidro - vítreo, hialino.
Quanto à variação dos adjetivos, eles apresentam as seguintes características:
O gênero é uniforme ou biforme (inteligente X honesto[a]). Quanto ao gênero, não se diz que um adjetivo é
masculino ou feminino, e sim que tem terminação masculina ou feminina.
No tocante a número, os adjetivos simples formam o plural segundo os mesmos princípios dos substantivos
simples, em função de sua terminação (agradável X agradáveis). Já os substantivos utilizados como
adjetivos ficam invariáveis (blusas cinza).
Os adjetivos terminados em -OSO, além do acréscimo do -S de plural, mudam o timbre do primeiro -o, num
processo de metafonia.
Quanto ao grau, os adjetivos apresentam duas formas: comparativo e superlativo.
O grau comparativo refere-se a uma mesma qualidade entre dois ou mais seres, duas ou mais qualidades
de um mesmo ser. Pode ser de igualdade: tão alto quanto (como / quão); de superioridade: mais alto (do)
que (analítico) / maior (do) que (sintético) e de inferioridade: menos alto (do) que.
O grau superlativo exprime qualidade em grau muito elevado ou intenso.
O superlativo pode ser classificado como absoluto, quando a qualidade não se refere à de outros
elementos. Pode ser analítico (acréscimo de advérbio de intensidade) ou sintético (-íssimo, -érrimo, -ílimo).
(muito alto X altíssimo)
O superlativo pode ser também relativo, qualidade relacionada, favorável ou desfavoravelmente, à de outros
elementos. Pode ser de superioridade analítico (o mais alto de/dentre), de superioridade sintético (o maior
de/dentre) ou de inferioridade (o menos alto de/dentre).
São superlativos absolutos sintéticos eruditos da língua portuguesa:
• acre - acérrimo;
• alto - supremo, sumo;
• amável - amabilíssimo;
• amigo - amicíssimo;
• baixo - ínfimo;
• cruel - crudelíssimo;
• doce - dulcíssimo;
• dócil - docílimo;
• fiel - fidelíssimo;
• frio - frigidíssimo;
• humilde - humílimo;
• livre - libérrimo;
• magro - macérrimo;
• mísero - misérrimo;
• negro - nigérrimo;
• pobre - paupérrimo;
• sábio - sapientíssimo;
• sagrado - sacratíssimo;
• são - saníssimo;
• veloz - velocíssimo.
Os adjetivos compostos formam o plural da seguinte forma:
• têm como regra geral, flexionar o último elemento em gênero e número (lentes côncavo-convexas,
problemas sócio-econômicos);
• são invariáveis cores em que o segundo elemento é um substantivo (blusas azul-turquesa, bolsas
branco-gelo);
• não variam as locuções adjetivas formadas pela expressão cor-de-... (vestidos cor-de-rosa);
• as cores: azul-celeste e azul-marinho são invariáveis;
• em surdo-mudo flexionam-se os dois elementos.
Pronome:
É palavra variável em gênero, número e pessoa que substitui ou acompanha um substantivo, indicando-o
como pessoa do discurso.
A diferença entre pronome substantivo e pronome adjetivo pode ser atribuída a qualquer tipo de pronome,
podendo variar em função do contexto frasal. Assim, o pronome substantivo é aquele que substitui um
substantivo, representando-o. (Ele prestou socorro). Já o pronome adjetivo é aquele que acompanha um
substantivo, determinando-o. (Aquele rapaz é belo). Os pronomes pessoais são sempre substantivos.
Quanto às pessoas do discurso, a língua portuguesa apresenta três pessoas:
1ª pessoa - aquele que fala, emissor;
2ª pessoa - aquele com quem se fala, receptor;
3ª pessoa - aquele de que ou de quem se fala, referente.

Pronome pessoal:
Indicam uma das três pessoas do discurso, substituindo um substantivo. Podem também representar,
quando na 3ª pessoa, uma forma nominal anteriormente expressa (A moça era a melhor secretária, ela
mesma agendava os compromissos do chefe).
A seguir um quadro com todas as formas do pronome pessoal:

Pronomes pessoais

Pronomes oblíquos
Númer Pesso Pronomes
o a retos
Átonos Tônicos

primeir
a eu me mim, comigo

singular segund tu te ti, contigo


a
ele, ela o, a, lhe, se ele, ela, si, consigo
terceira

primeir
nos nós, conosco
a nós
vos vós, convosco
plural segund vós
a
os, as, lhes, eles, elas, si,
eles, elas
se consigo
terceira

Os pronomes pessoais apresentam variações de forma dependendo da função sintática que exercem na
frase. Os pronomes pessoais retos desempenham, normalmente, função de sujeito; enquanto os oblíquos,
geralmente, de complemento.
Os pronomes oblíquos tônicos devem vir regidos de preposição. Em comigo, contigo, conosco e convosco,
a preposição com já é parte integrante do pronome.
Os pronomes de tratamento estão enquadrados nos pronomes pessoais. São empregados como referência
à pessoa com quem se fala (2ª pessoa), entretanto, a concordância é feita com a 3ª pessoa. Também são
considerados pronomes de tratamento as formas você, vocês (provenientes da redução de Vossa Mercê),
Senhor, Senhora e Senhorita.
Quanto ao emprego, as formas oblíquas o, a, os, as completam verbos que não vêm regidos de preposição;
enquanto lhe e lhes para verbos regidos das preposições a ou para (não expressas).
Apesar de serem usadas pouco, as formas mo, to, no-lo, vo-lo, lho e flexões resultam da fusão de dois
objetos, representados por pronomes oblíquos (Ninguém mo disse = ninguém o disse a mim).
Os pronomes átonos o, a, os e as viram lo(a/s), quando associados a verbos terminados em r, s ou z e
viram no(a/s), se a terminação verbal for em ditongo nasal.
Os pronomes o/a (s), me, te, se, nos, vos desempenham função se sujeitos de infinitivo ou verbo no
gerúndio, junto ao verbo fazer, deixar, mandar, ouvir e ver (Mandei-o entrar / Eu o vi sair / Deixei-as
chorando).
A forma você, atualmente, é usada no lugar da 2ª pessoa (tu/vós), tanto no singular quanto no plural,
levando o verbo para a 3ª pessoa.
Já as formas de tratamento serão precedidas de Vossa, quando nos dirigirmos diretamente à pessoa e de
Sua, quando fizermos referência a ela. Troca-se na abreviatura o V. pelo S.
Quando precedidos de preposição, os pronomes retos (exceto eu e tu) passam a funcionar como oblíquos.
Eu e tu não podem vir precedidos de preposição, exceto se funcionarem como sujeito de um verbo no
infinitivo (Isto é para eu fazer ≠ para mim fazer).
Os pronomes acompanhados de só ou todos, ou seguido de numeral, assumem forma reta e podem
funcionar como objeto direto (Estava só ele no banco / Encontramos todos eles).
Os pronomes me, te, se, nos, vos podem ter valor reflexivo, enquanto se, nos, vos - podem ter valor
reflexivo e recíproco.
As formas si e consigo têm valor exclusivamente reflexivo e usados para a 3ª pessoa. Já conosco e
convosco devem aparecer na sua forma analítica (com nós e com vós) quando vierem com modificadores
(todos, outros, mesmos, próprios, numeral ou oração adjetiva).
Os pronomes pessoais retos podem desempenhar função de sujeito, predicativo do sujeito ou vocativo, este
último com tu e vós (Nós temos uma proposta / Eu sou eu e pronto / Ó, tu, Senhor Jesus).
Quanto ao uso das preposições junto aos pronomes, deve-se saber que não se pode contrair as
preposições de e em com pronomes que sejam sujeitos (Em vez de ele continuar, desistiu ≠ Vi as bolsas
dele bem aqui).
Os pronomes átonos podem assumir valor possessivo (Levaram-me o dinheiro / Pesavam-lhe os olhos),
enquanto alguns átonos são partes integrantes de verbos como suicidar-se, apiedar-se, condoer-se, ufanar-
se, queixar-se, vangloriar-se.
Já os pronomes oblíquos podem ser usados como expressão expletiva (Não me venha com essa).

Pronome possessivo:
Fazem referência às pessoas do discurso, apresentando-as como possuidoras de algo. Concordam em
gênero e número com a coisa possuída.
São pronomes possessivos da língua portuguesa as formas:
1ª pessoa: meu(s), minha(s) nosso(a/s);
2ª pessoa: teu(s), tua(s) vosso(a/s);
3ª pessoa: seu(s), sua(s) seu(s), sua(s).
Quanto ao emprego, normalmente, vem antes do nome a que se refere; podendo, também, vir depois do
substantivo que determina. Neste último caso, pode até alterar o sentido da frase.
O uso do possessivo seu (a/s) pode causar ambiguidade, para desfazê-la, deve-se preferir o uso do dele
(a/s) (Ele disse que Maria estava trancada em sua casa - casa de quem?); pode também indicar
aproximação numérica (ele tem lá seus 40 anos).
Já nas expressões do tipo "Seu João", seu não tem valor de posse por ser uma alteração fonética de
Senhor.

Pronome demonstrativo:
Indicam posição de algo em relação às pessoas do discurso, situando-o no tempo e/ou no espaço. São:
este (a/s), isto, esse (a/s), isso, aquele (a/s), aquilo. Isto, isso e aquilo são invariáveis e se empregam
exclusivamente como substitutos de substantivos.
As formas mesmo, próprio, semelhante, tal (s) e o (a/s) podem desempenhar papel de pronome
demonstrativo.
Quanto ao emprego, os pronomes demonstrativos apresentam-se da seguinte maneira:
• uso dêitico, indicando localização no espaço - este (aqui), esse (aí) e aquele (lá);
• uso dêitico, indicando localização temporal - este (presente), esse (passado próximo) e aquele
(passado remoto ou bastante vago);
• uso anafórico, em referência ao que já foi ou será dito - este (novo enunciado) e esse (retoma
informação);
• o, a, os, as são demonstrativos quando equivalem a aquele (a/s), isto (Leve o que lhe pertence);
• tal é demonstrativo se puder ser substituído por esse (a), este (a) ou aquele (a) e semelhante,
quando anteposto ao substantivo a que se refere e equivalente a "aquele", "idêntico" (O problema
ainda não foi resolvido, tal demora atrapalhou as negociações / Não brigue por semelhante causa);
• mesmo e próprio são demonstrativos, se precedidos de artigo, quando significarem "idêntico",
"igual" ou "exato". Concordam com o nome a que se referem (Separaram crianças de mesmas
séries);
• como referência a termos já citados, os pronomes aquele (a/s) e este (a/s) são usados para primeira
e segunda ocorrências, respectivamente, em apostos distributivos (O médico e a enfermeira
estavam calados: aquele amedrontado e esta calma / ou: esta calma e aquele amedrontado);
• pode ocorrer a contração das preposições a, de, em com os pronomes demonstrativos (Não
acreditei no que estava vendo / Fui àquela região de montanhas / Fez alusão à pessoa de azul e à
de branco);
• podem apresentar valor intensificador ou depreciativo, dependendo do contexto frasal (Ele estava
com aquela paciência / Aquilo é um marido de enfeite);
• nisso e nisto (em + pronome) podem ser usados com valor de "então" ou "nesse momento" (Nisso,
ela entrou triunfante - nisso = advérbio).

Pronome relativo:
Retoma um termo expresso anteriormente (antecedente) e introduz uma oração dependente, adjetiva.
Os pronomes relativos são: que, quem e onde - invariáveis; além de o qual (a/s), cujo (a/s) e quanto (a/s).
Os relativos são chamados relativos indefinidos quando são empregados sem antecedente expresso (Quem
espera sempre alcança / Fez quanto pôde).
Quanto ao emprego, observa-se que os relativos são usados quando:
• o antecedente do relativo pode ser demonstrativo o (a/s) (O Brasil divide-se entre os que leem ou
não);
• como relativo, quanto refere-se ao antecedente tudo ou todo (Ouvia tudo quanto me interessava)
• quem será precedido de preposição se estiver relacionado a pessoas ou seres personificados
expressos;
• quem = relativo indefinido quando é empregado sem antecedente claro, não vindo precedido de
preposição;
• cujo (a/s) é empregado para dar a ideia de posse e não concorda com o antecedente e sim com seu
consequente. Ele tem sempre valor adjetivo e não pode ser acompanhado de artigo.

Pronome indefinido:
Referem-se à 3ª pessoa do discurso quando considerada de modo vago, impreciso ou genérico,
representando pessoas, coisas e lugares. Alguns também podem dar ideia de conjunto ou quantidade
indeterminada. Em função da quantidade de pronomes indefinidos, merece atenção sua identificação.
São pronomes indefinidos de:
• pessoas: quem, alguém, ninguém, outrem;
• lugares: onde, algures, alhures, nenhures;
• pessoas, lugares, coisas: que, qual, quais, algo, tudo, nada, todo (a/s), algum (a/s), vários (a),
nenhum (a/s), certo (a/s), outro (a/s), muito (a/s), pouco (a/s), quanto (a/s), um (a/s), qualquer (s),
cada.
Sobre o emprego dos indefinidos devemos atentar para:
• algum, após o substantivo a que se refere, assume valor negativo (= nenhum) (Computador algum
resolverá o problema);
• cada deve ser sempre seguido de um substantivo ou numeral (Elas receberam 3 balas cada uma);
• alguns pronomes indefinidos, se vierem depois do nome a que estiverem se referindo, passam a ser
adjetivos. (Certas pessoas deveriam ter seus lugares certos / Comprei várias balas de sabores
vários)
• bastante pode vir como adjetivo também, se estiver determinando algum substantivo, unindo-se a
ele por verbo de ligação (Isso é bastante para mim);
• o pronome outrem equivale a "qualquer pessoa";
• o pronome nada, colocado junto a verbos ou adjetivos, pode equivaler a advérbio (Ele não está
nada contente hoje);
• o pronome nada, colocado junto a verbos ou adjetivos, pode equivaler a advérbio (Ele não está
nada contente hoje);
• existem algumas locuções pronominais indefinidas - quem quer que, o que quer, seja quem for,
cada um etc.
• todo com valor indefinido antecede o substantivo, sem artigo (Toda cidade parou para ver a banda ≠
Toda a cidade parou para ver a banda).

Pronome interrogativo:
São os pronomes indefinidos que, quem, qual, quanto usados na formulação de uma pergunta direta ou
indireta. Referem-se à 3ª pessoa do discurso. (Quantos livros você tem? / Não sei quem lhe contou).
Alguns interrogativos podem ser adverbiais (Quando voltarão? / Onde encontrá-los? / Como foi tudo?).

Verbo:
É a palavra variável que exprime um acontecimento representado no tempo, seja ação, estado ou fenômeno
da natureza.
Os verbos apresentam três conjugações. Em função da vogal temática, podem-se criar três paradigmas
verbais. De acordo com a relação dos verbos com esses paradigmas, obtém-se a seguinte classificação:
• regulares: seguem o paradigma verbal de sua conjugação;
• irregulares: não seguem o paradigma verbal da conjugação a que pertencem. As irregularidades
podem aparecer no radical ou nas desinências (ouvir - ouço/ouve, estar - estou/estão);
Entre os verbos irregulares, destacam-se os anômalos que apresentam profundas irregularidades. São
classificados como anômalos em todas as gramáticas os verbos ser e ir.
• defectivos: não são conjugados em determinadas pessoas, tempo ou modo (falir - no presente do
indicativo só apresenta a 1ª e a 2ª pessoa do plural). Os defectivos distribuem-se em três grupos:
impessoais, unipessoais (vozes ou ruídos de animais, só conjugados nas 3ª pessoas) por eufonia
ou possibilidade de confusão com outros verbos;
• abundantes - apresentam mais de uma forma para uma mesma flexão. Mais frequente no particípio,
devendo-se usar o particípio regular com ter e haver; já o irregular com ser e estar (aceito/aceitado,
acendido/aceso - tenho/hei aceitado ≠ é/está aceito);
• auxiliares: juntam-se ao verbo principal ampliando sua significação. Presentes nos tempos
compostos e locuções verbais;
• certos verbos possuem pronomes pessoais átonos que se tornam partes integrantes deles. Nesses
casos, o pronome não tem função sintática (suicidar-se, apiedar-se, queixar-se etc.);
• formas rizotônicas (tonicidade no radical - eu canto) e formas arrizotônicas (tonicidade fora do
radical - nós cantaríamos).
Quanto à flexão verbal, temos:
• número: singular ou plural;
• pessoa gramatical: 1ª, 2ª ou 3ª;
• tempo: referência ao momento em que se fala (pretérito, presente ou futuro). O modo imperativo só
tem um tempo, o presente;
• voz: ativa, passiva e reflexiva;
• modo: indicativo (certeza de um fato ou estado), subjuntivo (possibilidade ou desejo de realização
de um fato ou incerteza do estado) e imperativo (expressa ordem, advertência ou pedido).
As três formas nominais do verbo (infinitivo, gerúndio e particípio) não possuem função exclusivamente
verbal. Infinitivo é antes substantivo, o particípio tem valor e forma de adjetivo, enquanto o gerúndio
equipara-se ao adjetivo ou advérbio pelas circunstâncias que exprime.
Quanto ao tempo verbal, eles apresentam os seguintes valores:
• presente do indicativo: indica um fato real situado no momento ou época em que se fala;
• presente do subjuntivo: indica um fato provável, duvidoso ou hipotético situado no momento ou
época em que se fala;
• pretérito perfeito do indicativo: indica um fato real cuja ação foi iniciada e concluída no passado;
• pretérito imperfeito do indicativo: indica um fato real cuja ação foi iniciada no passado, mas não
foi concluída ou era uma ação costumeira no passado;
• pretérito imperfeito do subjuntivo: indica um fato provável, duvidoso ou hipotético cuja ação foi
iniciada mas não concluída no passado;
• pretérito mais-que-perfeito do indicativo: indica um fato real cuja ação é anterior a outra ação já
passada;
• futuro do presente do indicativo: indica um fato real situado em momento ou época vindoura;
• futuro do pretérito do indicativo: indica um fato possível, hipotético, situado num momento futuro,
mas ligado a um momento passado;
• futuro do subjuntivo: indica um fato provável, duvidoso, hipotético, situado num momento ou
época futura;
Quanto à formação dos tempos, os chamados tempos simples podem ser primitivos (presente e pretérito
perfeito do indicativo e o infinitivo impessoal) e derivados:
São derivados do presente do indicativo:
• pretérito imperfeito do indicativo: TEMA do presente + VA (1ª conj.) ou IA (2ª e 3ª conj.) +
Desinência número pessoal (DNP);
• presente do subjuntivo: RAD da 1ª pessoa singular do presente + E (1ª conj.) ou A (2ª e 3ª conj.) +
DNP;
Os verbos em -ear têm duplo "e" em vez de "ei" na 1ª pessoa do plural (passeio, mas passeemos).
• imperativo negativo (todo derivado do presente do subjuntivo) e imperativo afirmativo (as 2ª pessoas
vêm do presente do indicativo sem S, as demais também vêm do presente do subjuntivo).
São derivados do pretérito perfeito do indicativo:
• pretérito mais-que-perfeito do indicativo: TEMA do perfeito + RA + DNP;
• pretérito imperfeito do subjuntivo: TEMA do perfeito + SSE + DNP;
• futuro do subjuntivo: TEMA do perfeito + R + DNP.
• São derivados do infinitivo impessoal:
• futuro do presente do indicativo: TEMA do infinitivo + RA + DNP;
• futuro do pretérito: TEMA do infinitivo + RIA + DNP;
• infinitivo pessoal: infinitivo impessoal + DNP (-ES - 2ª pessoa, -MOS, -DES, -EM)
• gerúndio: TEMA do infinitivo + -NDO;
• particípio regular: infinitivo impessoal sem vogal temática (VT) e R + ADO (1ª conjugação) ou IDO
(2ª e 3ª conjugação).
Quanto à formação, os tempos compostos da voz ativa constituem-se dos verbos auxiliares TER ou HAVER
+ particípio do verbo que se quer conjugar, dito principal.
No modo Indicativo, os tempos compostos são formados da seguinte maneira:
• pretérito perfeito: presente do indicativo do auxiliar + particípio do verbo principal (VP) [Tenho
falado];
• pretérito mais-que-perfeito: pretérito imperfeito do indicativo do auxiliar + particípio do VP (Tinha
falado);
• futuro do presente: futuro do presente do indicativo do auxiliar + particípio do VP (Terei falado);
• futuro do pretérito: futuro do pretérito indicativo do auxiliar + particípio do VP (Teria falado).
No modo Subjuntivo a formação se dá da seguinte maneira:
• pretérito perfeito: presente do subjuntivo do auxiliar + particípio do VP (Tenha falado);
• pretérito mais-que-perfeito: imperfeito do subjuntivo do auxiliar + particípio do VP (Tivesse falado);
• futuro composto: futuro do subjuntivo do auxiliar + particípio do VP (Tiver falado).
Quanto às formas nominais, elas são formadas da seguinte maneira:
• infinitivo composto: infinitivo pessoal ou impessoal do auxiliar + particípio do VP (Ter falado / Teres
falado);
• gerúndio composto: gerúndio do auxiliar + particípio do VP (Tendo falado).
O modo subjuntivo apresenta três pretéritos, sendo o imperfeito na forma simples e o perfeito e o mais-que-
perfeito nas formas compostas. Não há presente composto nem pretérito imperfeito composto
Quanto às vozes, os verbos apresentam a voz:
• ativa: sujeito é agente da ação verbal;
• passiva: sujeito é paciente da ação verbal;
A voz passiva pode ser analítica ou sintética:
• analítica: - verbo auxiliar + particípio do verbo principal;
• sintética: na 3ª pessoa do singular ou plural + SE (partícula apassivadora);
• reflexiva: sujeito é agente e paciente da ação verbal. Também pode ser recíproca ao mesmo tempo
(acréscimo de SE = pronome reflexivo, variável em função da pessoa do verbo);
Na transformação da voz ativa na passiva, a variação temporal é indicada pelo auxiliar (ser na maioria das
vezes), como notamos nos exemplos a seguir: Ele fez o trabalho - O trabalho foi feito por ele (mantido o
pretérito perfeito do indicativo) / O vento ia levando as folhas - As folhas iam sendo levadas pelas folhas
(mantido o gerúndio do verbo principal).
Alguns verbos da língua portuguesa apresentam problemas de conjugação. A seguir temos uma lista,
seguida de comentários sobre essas dificuldades de conjugação.
• Abolir (defectivo) - não possui a 1ª pessoa do singular do presente do indicativo, por isso não
possui presente do subjuntivo e o imperativo negativo. (= banir, carpir, colorir, delinquir, demolir,
descomedir-se, emergir, exaurir, fremir, fulgir, haurir, retorquir, urgir)
• Acudir (alternância vocálica o/u) - presente do indicativo - acudo, acodes... e pretérito perfeito do
indicativo - com u (= bulir, consumir, cuspir, engolir, fugir) / Adequar (defectivo) - só possui a 1ª e a
2ª pessoa do plural no presente do indicativo
• Aderir (alternância vocálica e/i) - presente do indicativo - adiro, adere... (= advertir, cerzir, despir,
diferir, digerir, divergir, ferir, sugerir)
• Agir (acomodação gráfica g/j) - presente do indicativo - ajo, ages... (= afligir, coagir, erigir, espargir,
refulgir, restringir, transigir, urgir)
• Agredir (alternância vocálica e/i) - presente do indicativo - agrido, agrides, agride, agredimos,
agredis, agridem (= prevenir, progredir, regredir, transgredir) / Aguar (regular) - presente do
indicativo - águo, águas..., - pretérito perfeito do indicativo - aguei, aguaste, aguou, aguamos,
aguastes, aguaram (= desaguar, enxaguar, minguar)
• Aprazer (irregular) - presente do indicativo - aprazo, aprazes, apraz... / pretérito perfeito do
indicativo - aprouve, aprouveste, aprouve, aprouvemos, aprouvestes, aprouveram
• Arguir (irregular com alternância vocálica o/u) - presente do indicativo - arguo (ú), argúis, argúi,
arguimos, arguis, argúem - pretérito perfeito - argui, arguiste... (com trema)
• Atrair (irregular) - presente do indicativo - atraio, atrais... / pretérito perfeito - atraí, atraíste... (=
abstrair, cair, distrair, sair, subtrair)
• Atribuir (irregular) - presente do indicativo - atribuo, atribuis, atribui, atribuímos, atribuís, atribuem -
pretérito perfeito - atribuí, atribuíste, atribuiu... (= afluir, concluir, destituir, excluir, instruir, possuir,
usufruir)
• Averiguar (alternância vocálica o/u) - presente do indicativo - averiguo (ú), averiguas (ú), averigua
(ú), averiguamos, averiguais, averiguam (ú) - pretérito perfeito - averigüei, averiguaste... - presente
do subjuntivo - averigúe, averigúes, averigúe... (= apaziguar)
• Cear (irregular) - presente do indicativo - ceio, ceias, ceia, ceamos, ceais, ceiam - pretérito perfeito
indicativo - ceei, ceaste, ceou, ceamos, ceastes, cearam (= verbos terminados em -ear: falsear,
passear... - alguns apresentam pronúncia aberta: estreio, estreia...)
• Coar (irregular) - presente do indicativo - côo, côas, côa, coamos, coais, coam - pretérito perfeito -
coei, coaste, coou... (= abençoar, magoar, perdoar) / Comerciar (regular) - presente do indicativo -
comercio, comercias... - pretérito perfeito - comerciei... (= verbos em -iar , exceto os seguintes
verbos: mediar, ansiar, remediar, incendiar, odiar)
• Compelir (alternância vocálica e/i) - presente do indicativo - compilo, compeles... - pretérito perfeito
indicativo - compeli, compeliste...
• Compilar (regular) - presente do indicativo - compilo, compilas, compila... - pretérito perfeito
indicativo - compilei, compilaste...
• Construir (irregular e abundante) - presente do indicativo - construo, constróis (ou construis),
constrói (ou construi), construímos, construís, constroem (ou construem) - pretérito perfeito
indicativo - construí, construíste...
• Crer (irregular) - presente do indicativo - creio, crês, crê, cremos, credes, crêem - pretérito perfeito
indicativo - cri, creste, creu, cremos, crestes, creram - imperfeito indicativo - cria, crias, cria, críamos,
críeis, criam
• Falir (defectivo) - presente do indicativo - falimos, falis - pretérito perfeito indicativo - fali, faliste... (=
aguerrir, combalir, foragir-se, remir, renhir)
• Frigir (acomodação gráfica g/j e alternância vocálica e/i) - presente do indicativo - frijo, freges, frege,
frigimos, frigis, fregem - pretérito perfeito indicativo - frigi, frigiste...
• Ir (irregular) - presente do indicativo - vou, vais, vai, vamos, ides, vão - pretérito perfeito indicativo -
fui, foste... - presente subjuntivo - vá, vás, vá, vamos, vades, vão
• Jazer (irregular) - presente do indicativo - jazo, jazes... - pretérito perfeito indicativo - jazi, jazeste,
jazeu...
• Mobiliar (irregular) - presente do indicativo - mobílio, mobílias, mobília, mobiliamos, mobiliais,
mobíliam - pretérito perfeito indicativo - mobiliei, mobiliaste... / Obstar (regular) - presente do
indicativo - obsto, obstas... - pretérito perfeito indicativo - obstei, obstaste...
• Pedir (irregular) - presente do indicativo - peço, pedes, pede, pedimos, pedis, pedem - pretérito
perfeito indicativo - pedi, pediste... (= despedir, expedir, medir) / Polir (alternância vocálica e/i) -
presente do indicativo - pulo, pules, pule, polimos, polis, pulem - pretérito perfeito indicativo - poli,
poliste...
• Precaver-se (defectivo e pronominal) - presente do indicativo - precavemo-nos, precaveis-vos -
pretérito perfeito indicativo - precavi-me, precaveste-te... / Prover (irregular) - presente do indicativo -
provejo, provês, provê, provemos, provedes, provêem - pretérito perfeito indicativo - provi, proveste,
proveu... / Reaver (defectivo) - presente do indicativo - reavemos, reaveis - pretérito perfeito
indicativo - reouve, reouveste, reouve... (verbo derivado do haver, mas só é conjugado nas formas
verbais com a letra v)
• Remir (defectivo) - presente do indicativo - remimos, remis - pretérito perfeito indicativo - remi,
remiste...
• Requerer (irregular) - presente do indicativo - requeiro, requeres... - pretérito perfeito indicativo -
requeri, requereste, requereu... (derivado do querer, diferindo dele na 1ª pessoa do singular do
presente do indicativo e no pretérito perfeito do indicativo e derivados, sendo regular)
• Rir (irregular) - presente do indicativo - rio, rir, ri, rimos, rides, riem - pretérito perfeito indicativo - ri,
riste... (= sorrir)
• Saudar (alternância vocálica) - presente do indicativo - saúdo, saúdas... - pretérito perfeito indicativo
- saudei, saudaste...
• Suar (regular) - presente do indicativo - suo, suas, sua... - pretérito perfeito indicativo - suei, suaste,
sou... (= atuar, continuar, habituar, individuar, recuar, situar)
• Valer (irregular) - presente do indicativo - valho, vales, vale... - pretérito perfeito indicativo - vali,
valeste, valeu...
Também merecem atenção os seguintes verbos irregulares:
• Pronominais: Apiedar-se, dignar-se, persignar-se, precaver-se
Caber
• presente do indicativo: caibo, cabes, cabe, cabemos, cabeis, cabem;
• presente do subjuntivo: caiba, caibas, caiba, caibamos, caibais, caibam;
• pretérito perfeito do indicativo: coube, coubeste, coube, coubemos, coubestes, couberam;
• pretérito mais-que-perfeito do indicativo: coubera, couberas, coubera, coubéramos, coubéreis,
couberam;
• pretérito imperfeito do subjuntivo: coubesse, coubesses, coubesse, coubéssemos, coubésseis,
coubessem;
• futuro do subjuntivo: couber, couberes, couber, coubermos, couberdes, couberem.
Dar
• presente do indicativo: dou, dás, dá, damos, dais, dão;
• presente do subjuntivo: dê, dês, dê, demos, deis, dêem;
• pretérito perfeito do indicativo: dei, deste, deu, demos, destes, deram;
• pretérito mais-que-perfeito do indicativo: dera, deras, dera, déramos, déreis, deram;
• pretérito imperfeito do subjuntivo: desse, desses, desse, déssemos, désseis, dessem;
• futuro do subjuntivo: der, deres, der, dermos, derdes, derem.
Dizer
• presente do indicativo: digo, dizes, diz, dizemos, dizeis, dizem;
• presente do subjuntivo: diga, digas, diga, digamos, digais, digam;
• pretérito perfeito do indicativo: disse, disseste, disse, dissemos, dissestes, disseram;
• pretérito mais-que-perfeito do indicativo: dissera, disseras, dissera, disséramos, disséreis,
disseram;
• futuro do presente: direi, dirás, dirá, etc.;
• futuro do pretérito: diria, dirias, diria, etc.;
• pretérito imperfeito do subjuntivo: dissesse, dissesses, dissesse, disséssemos, dissésseis,
dissessem;
• futuro do subjuntivo: disser, disseres, disser, dissermos, disserdes, disserem;
Seguem esse modelo os derivados bendizer, condizer, contradizer, desdizer, maldizer, predizer.
Os particípios desse verbo e seus derivados são irregulares: dito, bendito, contradito, etc.
Estar
• presente do indicativo: estou, estás, está, estamos, estais, estão;
• presente do subjuntivo: esteja, estejas, esteja, estejamos, estejais, estejam;
• pretérito perfeito do indicativo: estive, estiveste, esteve, estivemos, estivestes, estiveram;
• pretérito mais-que-perfeito do indicativo: estivera, estiveras, estivera, estivéramos, estivéreis,
estiveram;
• pretérito imperfeito do subjuntivo: estivesse, estivesses, estivesse, estivéssemos, estivésseis,
estivessem;
• futuro do subjuntivo: estiver, estiveres, estiver, estivermos, estiverdes, estiverem;
Fazer
• presente do indicativo: faço, fazes, faz, fazemos, fazeis, fazem;
• presente do subjuntivo: faça, faças, faça, façamos, façais, façam;
• pretérito perfeito do indicativo: fiz, fizeste, fez, fizemos, fizestes, fizeram;
• pretérito mais-que-perfeito do indicativo: fizera, fizeras, fizera, fizéramos, fizéreis, fizeram;
• pretérito imperfeito do subjuntivo: fizesse, fizesses, fizesse, fizéssemos, fizésseis, fizessem;
• futuro do subjuntivo: fizer, fizeres, fizer, fizermos, fizerdes, fizerem.
Seguem esse modelo desfazer, liquefazer e satisfazer.
Os particípios desse verbo e seus derivados são irregulares: feito, desfeito, liquefeito, satisfeito, etc.
Haver
• presente do indicativo: hei, hás, há, havemos, haveis, hão;
• presente do subjuntivo: haja, hajas, haja, hajamos, hajais, hajam;
• pretérito perfeito do indicativo: houve, houveste, houve, houvemos, houvestes, houveram;
• pretérito mais-que-perfeito do indicativo: houvera, houveras, houvera, houvéramos, houvéreis,
houveram;
• pretérito imperfeito do subjuntivo: houvesse, houvesses, houvesse, houvéssemos, houvésseis,
houvessem;
• futuro do subjuntivo: houver, houveres, houver, houvermos, houverdes, houverem.
Ir
• presente do indicativo: vou, vais, vai, vamos, ides, vão;
• presente do subjuntivo: vá, vás, vá, vamos, vades, vão;
• pretérito imperfeito do indicativo: ia, ias, ia, íamos, íeis, iam;
• pretérito perfeito do indicativo: fui, foste, foi, fomos, fostes, foram;
• pretérito mais-que-perfeito do indicativo: fora, foras, fora, fôramos, fôreis, foram;
• pretérito imperfeito do subjuntivo: fosse, fosses, fosse, fôssemos, fôsseis, fossem;
• futuro do subjuntivo: for, fores, for, formos, fordes, forem.
Poder
• presente do indicativo: posso, podes, pode, podemos, podeis, podem;
• presente do subjuntivo: possa, possas, possa, possamos, possais, possam;
• pretérito perfeito do indicativo: pude, pudeste, pôde, pudemos, pudestes, puderam;
• pretérito mais-que-perfeito do indicativo: pudera, puderas, pudera, pudéramos, pudéreis,
puderam;
• pretérito imperfeito do subjuntivo: pudesse, pudesses, pudesse, pudéssemos, pudésseis,
pudessem;
• futuro do subjuntivo: puder, puderes, puder, pudermos, puderdes, puderem.
Pôr
• presente do indicativo: ponho, pões, põe, pomos, pondes, põem;
• presente do subjuntivo: ponha, ponhas, ponha, ponhamos, ponhais, ponham;
• pretérito imperfeito do indicativo: punha, punhas, punha, púnhamos, púnheis, punham;
• pretérito perfeito do indicativo: pus, puseste, pôs, pusemos, pusestes, puseram;
• pretérito mais-que-perfeito do indicativo: pusera, puseras, pusera, puséramos, puséreis,
puseram;
• pretérito imperfeito do subjuntivo: pusesse, pusesses, pusesse, puséssemos, pusésseis,
pusessem;
• futuro do subjuntivo: puser, puseres, puser, pusermos, puserdes, puserem.
Todos os derivados do verbo pôr seguem exatamente esse modelo: antepor, compor, contrapor, decompor,
depor, descompor, dispor, expor, impor, indispor, interpor, opor, pospor, predispor, pressupor, propor,
recompor, repor, sobrepor, supor, transpor são alguns deles.
Querer
• presente do indicativo: quero, queres, quer, queremos, quereis, querem;
• presente do subjuntivo: queira, queiras, queira, queiramos, queirais, queiram;
• pretérito perfeito do indicativo: quis, quiseste, quis, quisemos, quisestes, quiseram;
• pretérito mais-que-perfeito do indicativo: quisera, quiseras, quisera, quiséramos, quiséreis,
quiseram;
• pretérito imperfeito do subjuntivo: quisesse, quisesses, quisesse, quiséssemos, quisésseis,
quisessem;
• futuro do subjuntivo: quiser, quiseres, quiser, quisermos, quiserdes, quiserem;
Saber
• presente do indicativo: sei, sabes, sabe, sabemos, sabeis, sabem;
• presente do subjuntivo: saiba, saibas, saiba, saibamos, saibais, saibam;
• pretérito perfeito do indicativo: soube, soubeste, soube, soubemos, soubestes, souberam;
• pretérito mais-que-perfeito do indicativo: soubera, souberas, soubera, soubéramos, soubéreis,
souberam;
• pretérito imperfeito do subjuntivo: soubesse, soubesses, soubesse, soubéssemos, soubésseis,
soubessem;
• futuro do subjuntivo: souber, souberes, souber, soubermos, souberdes, souberem.
Ser
• presente do indicativo: sou, és, é, somos, sois, são;
• presente do subjuntivo: seja, sejas, seja, sejamos, sejais, sejam;
• pretérito imperfeito do indicativo: era, eras, era, éramos, éreis, eram;
• pretérito perfeito do indicativo: fui, foste, foi, fomos, fostes, foram;
• pretérito mais-que-perfeito do indicativo: fora, foras, fora, fôramos, fôreis, foram;
• pretérito imperfeito do subjuntivo: fosse, fosses, fosse, fôssemos, fôsseis, fossem;
• futuro do subjuntivo: for, fores, for, formos, fordes, forem.
As segundas pessoas do imperativo afirmativo são: sê (tu) e sede (vós).
Ter
• presente do indicativo: tenho, tens, tem, temos, tendes, têm;
• presente do subjuntivo: tenha, tenhas, tenha, tenhamos, tenhais, tenham;
• pretérito imperfeito do indicativo: tinha, tinhas, tinha, tínhamos, tínheis, tinham;
• pretérito perfeito do indicativo: tive, tiveste, teve, tivemos, tivestes, tiveram;
• pretérito mais-que-perfeito do indicativo: tivera, tiveras, tivera, tivéramos, tivéreis, tiveram;
• pretérito imperfeito do subjuntivo: tivesse, tivesses, tivesse, tivéssemos, tivésseis, tivessem;
• futuro do subjuntivo: tiver, tiveres, tiver, tivermos, tiverdes, tiverem.
Seguem esse modelo os verbos ater, conter, deter, entreter, manter, reter.
Trazer
• presente do indicativo: trago, trazes, traz, trazemos, trazeis, trazem;
• presente do subjuntivo: traga, tragas, traga, tragamos, tragais, tragam;
• pretérito perfeito do indicativo: trouxe, trouxeste, trouxe, trouxemos, trouxestes, trouxeram;
• pretérito mais-que-perfeito do indicativo: trouxera, trouxeras, trouxera, trouxéramos, trouxéreis,
trouxeram;
• futuro do presente: trarei, trarás, trará, etc.;
• futuro do pretérito: traria, trarias, traria, etc.;
• pretérito imperfeito do subjuntivo: trouxesse, trouxesses, trouxesse, trouxéssemos, trouxésseis,
trouxessem;
• futuro do subjuntivo: trouxer, trouxeres, trouxer, trouxermos, trouxerdes, trouxerem.
Ver
• presente do indicativo: vejo, vês, vê, vemos, vedes, vêem;
• presente do subjuntivo: veja, vejas, veja, vejamos, vejais, vejam;
• pretérito perfeito do indicativo: vi, viste, viu, vimos, vistes, viram;
• pretérito mais-que-perfeito do indicativo: vira, viras, vira, víramos, víreis, viram;
• pretérito imperfeito do subjuntivo: visse, visses, visse, víssemos, vísseis, vissem;
• futuro do subjuntivo: vir, vires, vir, virmos, virdes, virem.
Seguem esse modelo os derivados antever, entrever, prever, rever. Prover segue o modelo acima apenas
no presente do indicativo e seus tempos derivados; nos demais tempos, comporta-se como um verbo
regular da segunda conjugação.
Vir
• presente do indicativo: venho, vens, vem, vimos, vindes, vêm;
• presente do subjuntivo: venha, venhas, venha, venhamos, venhais, venham;
• pretérito imperfeito do indicativo: vinha, vinhas, vinha, vínhamos, vínheis, vinham;
• pretérito perfeito do indicativo: vim, vieste, veio, viemos, viestes, vieram;
• pretérito mais-que-perfeito do indicativo: viera, vieras, viera, viéramos, viéreis, vieram;
• pretérito imperfeito do subjuntivo: viesse, viesses, viesse, viéssemos, viésseis, viessem;
• futuro do subjuntivo: vier, vieres, vier, viermos, vierdes, vierem;
• particípio e gerúndio: vindo.
Seguem esse modelo os verbos advir, convir, desavir-se, intervir, provir, sobrevir.
O emprego do infinitivo não obedece a regras bem definidas.
O impessoal é usado em sentido genérico ou indefinido, não relacionado a nenhuma pessoa, o pessoal
refere-se às pessoas do discurso, dependendo do contexto. Recomenda-se sempre o uso da forma pessoal
se for necessário dar à frase maior clareza e ênfase.
Usa-se o impessoal:
• sem referência a nenhum sujeito: É proibido fumar na sala;
• nas locuções verbais: Devemos avaliar a sua situação;
• quando o infinitivo exerce função de complemento de adjetivos: É um problema fácil de solucionar;
• quando o infinitivo possui valor de imperativo - Ele respondeu: "Marchar!"
Usa-se o pessoal:
• quando o sujeito do infinitivo é diferente do sujeito da oração principal: Eu não te culpo por saíres
daqui;
• quando, por meio de flexão, se quer realçar ou identificar a pessoa do sujeito: Foi um erro
responderes dessa maneira;
• quando queremos determinar o sujeito (usa-se a 3ª pessoa do plural): - Escutei baterem à porta.

Artigo
Precede o substantivo para determiná-lo, mantendo com ele relação de concordância. Assim, qualquer
expressão ou frase fica substantivada se for determinada por artigo (O 'conhece-te a ti mesmo' é conselho
sábio). Em certos casos, serve para assinalar gênero e número (o/a colega, o/os ônibus).
Os artigos podem ser classificado em:
• definido - o, a, os, as - um ser claramente determinado entre outros da mesma espécie;
• indefinido - um, uma, uns, umas - um ser qualquer entre outros de mesma espécie;
Podem aparecer combinados com preposições (numa, do, à, entre outros).
Quanto ao emprego do artigo:
• não é obrigatório seu uso diante da maioria dos substantivos, podendo ser substituído por outra
palavra determinante ou nem usado (o rapaz ≠ este rapaz / Lera numa revista que mulher fica mais
gripada que homem). Nesse sentido, convém omitir o uso do artigo em provérbios e máximas para
manter o sentido generalizante (Tempo é dinheiro / Dedico esse poema a homem ou a mulher?);
• não se deve usar artigo depois de cujo e suas flexões;
• outro, em sentido determinado, é precedido de artigo; caso contrário, dispensa-o (Fiquem dois aqui;
os outros podem ir ≠ Uns estavam atentos; outros conversavam);
• não se usa artigo diante de expressões de tratamento iniciadas por possessivos, além das formas
abreviadas frei, dom, são, expressões de origem estrangeira (Lord, Sir, Madame) e sóror ou sóror;
• é obrigatório o uso do artigo definido entre o numeral ambos (ambos os dois) e o substantivo a que
se refere (ambos os cônjuges);
• diante do possessivo (função de adjetivo) o uso é facultativo; mas se o pronome for substantivo,
torna-se obrigatório (os [seus] planos foram descobertos, mas os meus ainda estão em segredo);
• omite-se o artigo definido antes de nomes de parentesco precedidos de possessivo (A moça deixou
a casa a sua tia);
• antes de nomes próprios personativos, não se deve utilizar artigo. O seu uso denota familiaridade,
por isso é geralmente usado antes de apelidos. Os antropônimos são determinados pelo artigo se
usados no plural (os Maias, Os Homeros);
• geralmente dispensado depois de cheirar a, saber a (= ter gosto a) e similares (cheirar a jasmim /
isto sabe a vinho);
• não se usa artigo diante das palavras casa (= lar, moradia), terra (= chão firme) e palácio a menos
que essas palavras sejam especificadas (venho de casa / venho da casa paterna);
• na expressão uma hora, significando a primeira hora, o emprego é facultativo (era perto de / da uma
hora). Se for indicar hora exata, à uma hora (como qualquer expressão adverbial feminina);
• diante de alguns nomes de cidade não se usa artigo, a não ser que venham modificados por
adjetivo, locução adjetiva ou oração adjetiva (Aracaju, Sergipe, Curitiba, Roma, Atenas);
• usa-se artigo definido antes dos nomes de estados brasileiros. Como não se usa artigo nas
denominações geográficas formadas por nomes ou adjetivos, excetuam-se AL, GO, MT, MG, PE,
SC, SP e SE;
• expressões com palavras repetidas repelem artigo (gota a gota / face a face);
• não se combina com preposição o artigo que faz parte de nomes de jornais, revistas e obras
literárias, bem como se o artigo introduzir sujeito (li em Os Lusíadas / Está na hora de a onça beber
água);
• depois de todo, emprega-se o artigo para conferir idéia de totalidade (Toda a sociedade poderá
participar / toda a cidade ≠ toda cidade). "Todos" exige artigo a não ser que seja substituído por
outro determinante (todos os familiares / todos estes familiares);
• repete-se artigo: a) nas oposições entre pessoas e coisas (o rico e o pobre) / b) na qualificação
antonímica do mesmo substantivo (o bom e o mau ladrão) / c) na distinção de gênero e número (o
patrão e os operários / o genro e a nora);
• não se repete artigo: a) quando há sinonímia indicada pela explicativa ou (a botânica ou fitologia) /
b) quando adjetivos qualificam o mesmo substantivo (a clara, persuasiva e discreta exposição dos
fatos nos abalou).

Numeral:
Numeral é a palavra que indica quantidade, número de ordem, múltiplo ou fração. Classifica-se como
cardinal (1, 2, 3), ordinal (primeiro, segundo, terceiro), multiplicativo (dobro, duplo, triplo), fracionário (meio,
metade, terço). Além desses, ainda há os numerais coletivos (dúzia, par).
Quanto ao valor, os numerais podem apresentar valor adjetivo ou substantivo. Se estiverem acompanhando
e modificando um substantivo, terão valor adjetivo. Já se estiverem substituindo um substantivo e
designando seres, terão valor substantivo. [Ele foi o primeiro jogador a chegar. (valor adjetivo) / Ele será o
primeiro desta vez. (valor substantivo)].
Quanto ao emprego:
• os ordinais como último, penúltimo, antepenúltimo, respectivos... não possuem cardinais
correspondentes.
• os fracionários têm como forma própria meio, metade e terço, todas as outras representações de
divisão correspondem aos ordinais ou aos cardinais seguidos da palavra avos (quarto, décimo,
milésimo, quinze avos);
• designando séculos, reis, papas e capítulos, utiliza-se na leitura ordinal até décimo; a partir daí
usam-se os cardinais. (Luís XIV - quatorze, Papa Paulo II - segundo);
Se o numeral vier antes do substantivo, será obrigatório o ordinal (XX Bienal - vigésima, IV Semana de
Cultura - quarta);
• zero e ambos(as) também são numerais cardinais. 14 apresenta duas formas por extenso catorze e
quatorze;
• a forma milhar é masculina, portanto não existe "algumas milhares de pessoas" e sim alguns
milhares de pessoas;
• alguns numerais coletivos: grosa (doze dúzias), lustro (período de cinco anos), sesquicentenário
(150 anos);
• um: numeral ou artigo? Nestes casos, a distinção é feita pelo contexto.
Numeral indicando quantidade e artigo quando se opõe ao substantivo indicando-o de forma indefinida.
Quanto à flexão, varia em gênero e número:
• variam em gênero:
Cardinais: um, dois e os duzentos a novecentos; todos os ordinais; os multiplicativos e fracionários, quando
expressam uma ideia adjetiva em relação ao substantivo.
• variam em número:
Cardinais terminados em -ão; todos os ordinais; os multiplicativos, quando têm função adjetiva; os
fracionários, dependendo do cardinal que os antecede.
Os cardinais, quando substantivos, vão para o plural se terminarem por som vocálico (Tirei dois dez e três
quatros).

Advérbio:
É a palavra que modifica o sentido do verbo (maioria), do adjetivo e do próprio advérbio (intensidade para
essas duas classes). Denota em si mesma uma circunstância que determina sua classificação:
• lugar: longe, junto, acima, ali, lá, atrás, alhures;
• tempo: breve, cedo, já, agora, outrora, imediatamente, ainda;
• modo: bem, mal, melhor, pior, devagar, a maioria dos adv. com sufixo -mente;
• negação: não, qual nada, tampouco, absolutamente;
• dúvida: quiçá, talvez, provavelmente, porventura, possivelmente;
• intensidade: muito, pouco, bastante, mais, meio, quão, demais, tão;
• afirmação: sim, certamente, deveras, com efeito, realmente, efetivamente.
As palavras onde (de lugar), como (de modo), porque (de causa), quanto (classificação variável) e quando
(de tempo), usadas em frases interrogativas diretas ou indiretas, são classificadas como advérbios
interrogativos (queria saber onde todos dormirão / quando se realizou o concurso).
Onde, quando, como, se empregados com antecedente em orações adjetivas são advérbios relativos
(estava naquela rua onde passavam os ônibus / ele chegou na hora quando ela ia falar / não sei o modo
como ele foi tratado aqui).
As locuções adverbiais são geralmente constituídas de preposição + substantivo - à direita, à frente, à
vontade, de cor, em vão, por acaso, frente a frente, de maneira alguma, de manhã, de repente, de vez em
quando, em breve, em mão (em vez de "em mãos") etc. São classificadas, também, em função da
circunstância que expressam.
Quanto ao grau, apesar de pertencer à categoria das palavras invariáveis, o advérbio pode apresentar
variações de grau comparativo ou superlativo.
Comparativo:
igualdade - tão + advérbio + quanto
superioridade - mais + advérbio + (do) que
inferioridade - menos + advérbio + (do) que
Superlativo:
sintético - advérbio + sufixo (-íssimo)
analítico - muito + advérbio.
Bem e mal admitem grau comparativo de superioridade sintético: melhor e pior. As formas mais bem e mais
mal são usadas diante de particípios adjetivados. (Ele está mais bem informado do que eu). Melhor e pior
podem corresponder a mais bem / mal (adv.) ou a mais bom / mau (adjetivo).
Quanto ao emprego:
• três advérbios pronominais indefinidos de lugar vão caindo em desuso: algures, alhures e nenhures,
substituídos por em algum, em outro e em nenhum lugar;
• na linguagem coloquial, o advérbio recebe sufixo diminutivo. Nesses casos, o advérbio assume
valor superlativo absoluto sintético (cedinho / pertinho). A repetição de um mesmo advérbio também
assume valor superlativo (saiu cedo, cedo);
• quando os advérbios terminados em -mente estiverem coordenados, é comum o uso do sufixo só no
último (Falou rápida e pausadamente);
• muito e bastante podem aparecer como advérbio (invariável) ou pronome indefinido (variável -
determina substantivo);
• otimamente e pessimamente são superlativos absolutos sintéticos de bem e mal, respectivamente;
• adjetivos adverbializados mantêm-se invariáveis (terminaram rápido o trabalho / ele falou claro).
As palavras denotativas são séries de palavras que se assemelham ao advérbio. A Norma Gramatical
Brasileira considera-as apenas como palavras denotativas, não pertencendo a nenhuma das 10 classes
gramaticais. Classificam-se em função da ideia que expressam:
• adição: ainda, além disso etc. (Comeu tudo e ainda queria mais);
• afastamento: embora (Foi embora daqui);
• afetividade: ainda bem, felizmente, infelizmente (Ainda bem que passei de ano);
• aproximação: quase, lá por, bem, uns, cerca de, por volta de etc. (É quase 1h a pé);
• designação: eis (Eis nosso carro novo);
• exclusão: apesar, somente, só, salvo, unicamente, exclusive, exceto, senão, sequer, apenas etc.
(Todos saíram, menos ela / Não me descontou sequer um real);
• explicação: isto é, por exemplo, a saber etc. (Li vários livros, a saber, os clássicos);
• inclusão: até, ainda, além disso, também, inclusive etc. (Eu também vou / Falta tudo, até água);
• limitação: só, somente, unicamente, apenas etc. (Apenas um me respondeu / Só ele veio à festa);
• realce: é que, cá, lá, não, mas, é porque etc. (E você lá sabe essa questão?);
• retificação: aliás, isto é, ou melhor, ou antes etc. (Somos três, ou melhor, quatro);
• situação: então, mas, se, agora, afinal etc. (Afinal, quem perguntaria a ele?).

Preposição:
É a palavra invariável que liga dois termos entre si, estabelecendo relação de subordinação entre o termo
regente e o regido. São antepostos aos dependentes (objeto indireto, complemento nominal, adjuntos e
orações subordinadas). Divide-se em:
• essenciais (maioria das vezes são preposições): a, ante, após, até, com, contra, de, desde, em,
entre, para, per, perante, por, sem, sob, sobre, trás;
• acidentais (palavras de outras classes que podem exercer função de preposição): afora, conforme
(= de acordo com), consoante, durante, exceto, salvo, segundo, senão, mediante, visto (= devido a,
por causa de) etc. (Vestimo-nos conforme a moda e o tempo / Os heróis tiveram como prêmio
aquela taça / Mediante meios escusos, ele conseguiu a vaga / Vovó dormiu durante a viagem).
As preposições essenciais regem pronomes oblíquos tônicos; enquanto preposições acidentais regem as
formas retas dos pronomes pessoais. (Falei sobre ti/Todos, exceto eu, vieram).
As locuções prepositivas, em geral, são formadas de advérbio (ou locução adverbial) + preposição - abaixo
de, acerca de, a fim de, além de, defronte a, ao lado de, apesar de, através de, de acordo com, em vez de,
junto de, perto de, até a, a par de, devido a.
Observa-se que a última palavra da locução prepositiva é sempre uma preposição, enquanto a última
palavra de uma locução adverbial nunca é preposição.
Quanto ao emprego, as preposições podem ser usadas em:
• combinação: preposição + outra palavra sem perda fonética (ao/aos);
• contração: preposição + outra palavra com perda fonética (na/àquela);
• não se deve contrair de se o termo seguinte for sujeito (Está na hora de ele falar);
• a preposição após, pode funcionar como advérbio (= atrás) (Terminada a festa, saíram logo após.);
• trás, atualmente, só se usa em locuções adverbiais e prepositivas (por trás, para trás por trás de).
Quanto à diferença entre pronome pessoal oblíquo, preposição e artigo, deve-se observar que a preposição
liga dois termos, sendo invariável, enquanto o pronome oblíquo substitui um substantivo. Já o artigo
antecede o substantivo, determinando-o.
As preposições podem estabelecer as seguintes relações: isoladamente, as preposições são palavras
vazias de sentido, se bem que algumas contenham uma vaga noção de tempo e lugar. Nas frases,
exprimem diversas relações:
• autoria - música de Caetano
• lugar - cair sobre o telhado, estar sob a mesa
• tempo - nascer a 15 de outubro, viajar em uma hora, viajei durante as férias
• modo ou conformidade - chegar aos gritos, votar em branco
• causa - tremer de frio, preso por vadiagem
• assunto - falar sobre política
• fim ou finalidade - vir em socorro, vir para ficar
• instrumento - escrever a lápis, ferir-se com a faca
• companhia - sair com amigos / meio - voltar a cavalo, viajar de ônibus
• matéria - anel de prata, pão com farinha
• posse - carro de João
• oposição - Flamengo contra Fluminense
• conteúdo - copo de (com) vinho
• preço - vender a (por) R$ 300, 00
• origem - descender de família humilde
• especialidade - formou-se em Medicina
• destino ou direção - ir a Roma, olhe para frente.

Interjeição:
São palavras que expressam estados emocionais do falante, variando de acordo com o contexto emocional.
Podem expressar:
• alegria - ah!, oh!, oba!
• advertência - cuidado!, atenção
• afugentamento - fora!, rua!, passa!, xô!
• alívio - ufa!, arre!
• animação - coragem!, avante!, eia!
• aplauso - bravo!, bis!, mais um!
• chamamento - alô!, olá!, psit!
• desejo - oxalá!, tomara! / dor - ai!, ui!
• espanto - puxa!, oh!, chi!, ué!
• impaciência - hum!, hem!
• silêncio - silêncio!, psiu!, quieto!
São locuções interjetivas: puxa vida!, não diga!, que horror!, graças a Deus!, ora bolas!, cruz credo!

Conjunção:
É a palavra que liga orações basicamente, estabelecendo entre elas alguma relação (subordinação ou
coordenação). As conjunções classificam-se em:
Coordenativas, aquelas que ligam duas orações independentes (coordenadas), ou dois termos que exercem
a mesma função sintática dentro da oração. Apresentam cinco tipos:
• aditivas (adição): e, nem, mas também, como também, bem como, mas ainda;
• adversativas (adversidade, oposição): mas, porém, todavia, contudo, antes (= pelo contrário), não
obstante, apesar disso;
• alternativas (alternância, exclusão, escolha): ou, ou ... ou, ora ... ora, quer ... quer;
• conclusivas (conclusão): logo, portanto, pois (depois do verbo), por conseguinte, por isso;
• explicativas (justificação): - pois (antes do verbo), porque, que, porquanto.
Subordinativas - ligam duas orações dependentes, subordinando uma à outra. Apresentam dez tipos:
• causais: porque, visto que, já que, uma vez que, como, desde que;
Palavra que liga orações basicamente, estabelecendo entre elas alguma relação (subordinação ou
coordenação). As conjunções classificam-se em:
• comparativas: como, (tal) qual, assim como, (tanto) quanto, (mais ou menos +) que;
• condicionais: se, caso, contanto que, desde que, salvo se, sem que (= se não), a menos que;
• consecutivas (consequência, resultado, efeito): que (precedido de tal, tanto, tão etc. - indicadores
de intensidade), de modo que, de maneira que, de sorte que, de maneira que, sem que;
• conformativas (conformidade, adequação): conforme, segundo, consoante, como;
• concessiva: embora, conquanto, posto que, por muito que, se bem que, ainda que, mesmo que;
• temporais: quando, enquanto, logo que, desde que, assim que, mal (= logo que), até que;
• finais - a fim de que, para que, que;
• proporcionais: à medida que, à proporção que, ao passo que, quanto mais (+ tanto menos);
• integrantes - que, se.
As conjunções integrantes introduzem as orações subordinadas substantivas, enquanto as demais iniciam
orações subordinadas adverbiais. Muitas vezes a função de interligar orações é desempenhada por
locuções conjuntivas, advérbios ou pronomes.
Coesão e Coerência Textual

Uma das propriedades que distingue um texto de um amontoado de palavras ou frases é o


relacionamento existente entre si. De que trata, então, a coesão textual? Da ligação, da
relação, da conexão entre as palavras de um texto, através de elementos formais, que
assinalam o vínculo entre os seus componentes.

Uma das modalidades de coesão é a remissão. E a coesão pode desempenhar a função


de (re)ativação do referente. A reativação do referente no texto é realizada por meio da
referenciação anafórica ou catafórica, formando-se cadeias coesivas mais ou menos
longas.

A remissão anafórica (para trás) realiza-se por meio de pronomes pessoais de 3ª pessoa
(retos e oblíquos) e os demais pronomes; também por numerais, advérbios e artigos.

Exemplo: André e Pedro são fanáticos torcedores de futebol. Apesar disso, são
diferentes.Este não briga com quem torce para outro time; aquele o faz.

Explicação: O termo isso retoma o predicado são fanáticos torcedores de futebol; este
recupera a palavra Pedro; aquele , o termo André; o faz, o predicado briga com quem
torce para o outro time - são anafóricos.

A remissão catafórica (para a frente) realiza-se preferencialmente através de pronomes


demonstrativos ou indefinidos neutros, ou de nomes genéricos, mas também por meio das
demais espécies de pronomes, de advérbios e de numerais. Exemplos:

Exemplo: Qualquer que tivesse sido seu trabalho anterior, ele o abandonara, mudara de
profissão e passara pesadamente a ensinar no curso primário: era tudo o que sabíamos
dele, o professor, gordo e silencioso, de ombros contraídos.

Explicação: O pronome possessivo seu e o pronome pessoal reto ele antecipam a


expressão o professor - são catafóricos.

De que trata a coerência textual ? Da relação que se estabelece entre as diversas partes
do texto, criando uma unidade de sentido. Está, portanto, ligada ao entendimento, à
possibilidade de interpretação daquilo que se ouve ou lê.

Modelo de questão: coesão e coerência (AFRF-2003)

As questões de números 01 e 02 têm o texto abaixo como base.

Falar em direitos humanos pressupõe localizar a realidade que os faz emergir no contexto
sócio-político e histórico-estrutural do processo contraditório de criação das
sociedades.Implica, em suma, desvendar, a cada momento deste processo, o que venha a
resultar como direitos novos até então escondidos sob a lógica perversa de regimes
políticos, sociais e econômicos, injustos e comprometedores da liberdade humana.
Este ponto de vista referencial determina a dimensão do problema dos direitos humanos
na América Latina.

Neste contexto, a fiel abordagem acerca das condições presentes e dos caminhos futuros
dos direitos humanos passa, necessariamente, pela reflexão em torno das relações
econômicas internacionais entre países periféricos e países centrais.

As desarticulações que desta situação resultam não chegam a modificar a base estrutural
destas relações: a extrema dependência a que estão submetidos os países periféricos,
tanto no que concerne ao agravamento das condições de trabalho e de vida (degradação
dos salários e dos benefícios sociais), quanto na dependência tecnológica, cultural e
ideológica.

(Núcleo de estudos para a Paz e Direitos Humanos, UnB in: Introdução Crítica ao
Direito,com adaptações)

01. Assinale a opção que não estabelece uma continuidade coerente e


gramaticalmente correta para o texto

a) Nesta parte do mundo, imensas parcelas da população não têm minimamente garantida
sua sobrevivência material. Como, pois, reivindicar direitos fundamentais se a estrutura da
sociedade não permite o desenvolvimento da consciência em sua razão plena?

b) Por conseguinte, a questão dos Direitos tem significado político, enquanto realização
histórica de uma sociedade de plena superação das desigualdades, como organização
social da liberdade.

c) Assim, pois, a opressão substitui a liberdade. A percepção da complexidade da


realidade latino-americana remete diretamente a uma compreensão da questão do homem
ao substituí-lo pela questão da tecnologia.

d) Na América Latina, por isso, a luta pelos direitos humanos engloba e unifica em um
mesmo momento histórico, atual, a reivindicação dos direitos pessoais.

e) Não nos esqueçamos que a construção do autoritarismo, que marcou profundamente


nossas estruturas sociais, configurou o sistema político imprescindível para a manutenção
e reprodução dessa dependência.

DICAS: esse tipo de questão exige a capacidade de seleção das informações básicas do
texto e de percepção dos elementos de coesão constitutivos do último período e sua
interligação com o parágrafo subsequente; nesse caso, a opção que será marcada.

O texto trata dos direitos humanos - a realidade no contexto sócio- político e histórico
estrutural - processo de criação das sociedades; "as relações econômicas internacionais
entre países periféricos( a sua dependência) e países centrais".

O gabarito assinala a altern. C.


Justificativa: o comando da questão pede "a opção que não estabelece uma
continuidade..." , a alternativa C inicia, estabelecendo relação de conclusão ( "Assim,
pois,a opressão...") utilizando-se de elementos que não são citados no texto: opressão -
liberdade - tecnologia, caracterizando incoerência textual.Nas demais alternativas há
expressões que fazem menção às ideias do texto. Serão grifadas as palavras ou
expressões relacionadas ao texto:

*na altern.a)"... nessa parte do mundo..." (países periféricos),

* na altern.b)"... a questão dos Direitos tem significado político..." (parte inicial do texto),

*na altern. d) "Na América Latina, por isso, a luta pelos direitos humano..."

* na altern.e)"... o sistema político imprescindível para a manutenção e reprodução dessa


dependência." (tanto a letra d) quanto a e) fazem referência às informações básicas do
texto.

02. Assinale a opção em que, no texto, a expressão que antecede a barra não retoma
a ideia da segunda expressão que sucede a barra.

a) "realidade" (l.2) / " contexto sócio-político e histórico-estrutural do processo" (l.2 e 3)

b) "deste processo" (l.6) / " Processo contraditório de criação das sociedades" (l.3 e 4)

c) "Este ponto de vista referencial" (l.11) / "ideias expressas no primeiro parágrafo.

d) "Neste contexto" (l.14) / discussão sobre os direitos humanos na América Latina.

e) "desta situação" (l.20) / relações econômicas internacionais entre países periféricos e


países centrais.

GABARITO:A

DICAS: essa questão é típica de coesão textual que trata dos elementos anafóricos-
aqueles que retomam um elemento referencial(anterior). O objetivo do comando é "a
expressão que antecede a barra não retoma a ideia da segunda expressão. Se se
observar com atenção, a palavra "realidade" da altern. a) vem citada antes, no texto, que a
expressão "contexto sócio-político e histórico-estrutural do processo", portanto
corresponde ao que se pede. Daí, o gabarito apontar a altern a) como a indicada.
Concordância Nominal

Concordância nominal nada mais é que o ajuste que fazemos aos demais termos da oração para que
concordem em gênero e número com o substantivo.
Teremos que alterar, portanto, o artigo, o adjetivo, o numeral e o pronome.
Além disso, temos também o verbo, que se flexionará à sua maneira, merecendo um estudo separado de
concordância verbal.

REGRA GERAL: O artigo, o adjetivo, o numeral e o pronome, concordam em gênero e número com o
substantivo.
- A pequena criança é uma gracinha.
- O garoto que encontrei era muito gentil e simpático.

CASOS ESPECIAIS: Veremos alguns casos que fogem à regra geral, mostrada acima.

a) Um adjetivo após vários substantivos


1 – Substantivos de mesmo gênero: adjetivo vai para o plural ou concorda com o substantivo mais próximo.
- Irmão e primo recém-chegado estiveram aqui.
- Irmão e primo recém-chegados estiveram aqui.
2 – Substantivos de gêneros diferentes: vai para o plural masculino ou concorda com o substantivo mais
próximo.
- Ela tem pai e mãe louros.
- Ela tem pai e mãe loura.
3 – Adjetivo funciona como predicativo: vai obrigatoriamente para o plural.
- O homem e o menino estavam perdidos.
- O homem e sua esposa estiveram hospedados aqui.

b) Um adjetivo anteposto a vários substantivos


1 – Adjetivo anteposto normalmente: concorda com o mais próximo.
Comi delicioso almoço e sobremesa.
Provei deliciosa fruta e suco.
2 – Adjetivo anteposto funcionando como predicativo: concorda com o mais próximo ou vai para o plural.
Estavam feridos o pai e os filhos.
Estava ferido o pai e os filhos.

c) Um substantivo e mais de um adjetivo


1- antecede todos os adjetivos com um artigo.
Falava fluentemente a língua inglesa e a espanhola.
2- coloca o substantivo no plural.
Falava fluentemente as línguas inglesa e espanhola.

d) Pronomes de tratamento
1 – sempre concordam com a 3ª pessoa.
Vossa santidade esteve no Brasil.
e) Anexo, incluso, próprio, obrigado
1 – Concordam com o substantivo a que se referem.
As cartas estão anexas.
A bebida está inclusa.
Precisamos de nomes próprios.
Obrigado, disse o rapaz.

f) Um(a) e outro(a), num(a) e noutro(a)


1 – Após essas expressões o substantivo fica sempre no singular e o adjetivo no plural.
Renato advogou um e outro caso fáceis.
Pusemos numa e noutra bandeja rasas o peixe.

g) É bom, é necessário, é proibido


1- Essas expressões não variam se o sujeito não vier precedido de artigo ou outro determinante.
Canja é bom. / A canja é boa.
É necessário sua presença. / É necessária a sua presença.
É proibido entrada de pessoas não autorizadas. / A entrada é proibida.

h) Muito, pouco, caro


1- Como adjetivos: seguem a regra geral.
Comi muitas frutas durante a viagem.
Pouco arroz é suficiente para mim.
Os sapatos estavam caros.
2- Como advérbios: são invariáveis.
Comi muito durante a viagem.
Pouco lutei, por isso perdi a batalha.
Comprei caro os sapatos.

i) Mesmo, bastante
1- Como advérbios: invariáveis
Preciso mesmo da sua ajuda.
Fiquei bastante contente com a proposta de emprego.
2- Como pronomes: seguem a regra geral.
Seus argumentos foram bastantes para me convencer.
Os mesmos argumentos que eu usei, você copiou.

j) Menos, alerta
1- Em todas as ocasiões são invariáveis.
Preciso de menos comida para perder peso.
Estamos alerta para com suas chamadas.

k) Tal Qual
1- “Tal” concorda com o antecedente, “qual” concorda com o conseqüente.
As garotas são vaidosas tais qual a tia.
Os pais vieram fantasiados tais quais os filhos.
l) Possível
1- Quando vem acompanhado de “mais”, “menos”, “melhor” ou “pior”, acompanha o artigo que precede as
expressões.
A mais possível das alternativas é a que você expôs.
Os melhores cargos possíveis estão neste setor da empresa.
As piores situações possíveis são encontradas nas favelas da cidade.

m) Meio
1- Como advérbio: invariável.
Estou meio insegura.
2- Como numeral: segue a regra geral.
Comi meia laranja pela manhã.

n) Só
1- apenas, somente (advérbio): invariável.
Só consegui comprar uma passagem.
2- sozinho (adjetivo): variável.
Estiveram sós durante horas.

Exercícios

Faça a Concordância Correta rasurando o termo incorreto.


01. Tenho [bastante / bastantes] razões para julgá-lo.
02. Viveram situações [bastante / bastantes] tensas.
03. Estavam [bastante / bastantes] preocupados.
04. Acolheu-me com palavras [meio / meias] tortas.
05. Os processos estão [incluso / inclusos] na pasta.
06. Estas casas custam [caras / caro].
07. Seguem [anexa /anexas] as faturas.
08. É [proibido / proibida] conversas no recinto.
09. Vocês estão [quite / quites] com a mensalidade?
10. Hoje temos [menas / menos] lições.
11. Água é [boa / bom] para rejuvenescer.
12. Ela caiu e ficou [meio / meia] tonta.
13. Elas estão [alerta / alertas].
14. As duplicatas [anexa / anexas] já foram resgatadas.
15. Quando cheguei era meio-dia e [meia / meio].
16. A lealdade é [necessária / necessário].
17. A decisão me custou muito [caro /cara].
18. As meninas me disseram [obrigada / obrigadas].
19. A porta ficou [meia / meio] aberta.
20. Em [anexo / anexos] vão os documentos.
21. É [permitido / permitida] entrada de crianças.
22. [Salvo / Salvos] os doentes, os demais partiram.
23. As camisas estão [caro / caras].
24. Seu pai já está [quite / quites] com o meu?
25. Escolhemos as cores mais vivas [possível / possíveis].
26. É [necessário / necessária] muita fé.
27. É [necessário / necessária] a ação da polícia.
28. A maçã é [boa / bom] para os dentes.
29. [Excetos / Exceto] os dois menores, todos entram.
30. A sala tinha [bastante / bastantes] carteiras.
31. Eram moças [bastante / bastantes] competentes.
32. Suas opiniões são [bastante / bastantes] discutidas.
33. João ficara a [sós / só].
34. É [proibido / proibida] a entrada neste recinto.
35. Bebida alcoólica não é [boa / bom] para o fígado.
36. Maçã é [bom / boa] para os dentes.
37. É [proibida / proibido] a permanência de veículos.
38. V. Exa. está [enganada / enganado], senhor vereador.
39. Está [incluso / inclusa] a comissão.
40. Tenho uma colega que é [meia / meio] ingênua.
41. Ela apareceu [meio / meia] nua.
42. Manuel está [meio / meia] gripado.
43. As crianças ficaram [meia / meio] gripadas.
44. Nunca fui pessoa de [meio / meia] palavra.
45. A casa estava [meia / meio] velha.
46. Quero [meio / meia] porção de fritas.
47. Vocês [só / sós] fizeram isso?
48. Fiquem [alerta / alertas] rapazes.
49. Esperava [menas / menos] pergunta na prova.
50. As certidões [anexa / anexas] devem ser seladas.
51. Mãe e filho moravam [junto / juntos].
52. As viagens ao nordeste estão [caro / caras].
53. Segue [anexo / anexa] a biografia que pediu.
54. Está [inclusas / inclusa] na nota a taxa de serviços.
55. Estou [quite / quites] com as crianças.
56. Procure comer [bastantes / bastante] frutos.
57. Os militares estão [alerta / alertas].
58. Muito [obrigada / obrigadas] disseram elas.
59. Pedro e Maria viajaram [sós / só].
60. Os rapazes disseram somente muito [obrigados / obrigado].
61. A lista vai [anexo / anexa] ao pacote.
62. É [necessário / necessária] a virtude dos bons.
63. Todos estão [salvos / salvo], exceto o barqueiro.
64. As janelas estavam [meio / meia] fechadas.
65. [Só / Sós] os dois enfrentaram a fera.
66. Examinamos [bastante / bastantes] planos.
67. Água de melissa é muito [bom / boa].
68. Para trabalho caseiro é [bom / boa] uma empregada.
69. Não é [permitido / permitida] a entrada de crianças.
70. Eles ficaram [sós / só] depois do baile.
71. Os cheques estão [anexo / anexos] aos documentos?
72. Examinamos [bastantes / bastante] projetos.
73. Os quadros eram os mais clássicos [possível / possíveis].
74. Os documentos vão [incluso / inclusos] na carta.
75. Seguem [anexas / anexos] três certidões.
76. Para quem esta entrada é [proibido / proibida]?
77. Coalhada é [boa / bom] para a saúde.
78. A coalhada dessa padaria é [bom / boa].
79. Maria passeou [sós / só] pelo bosque.
80. [Só / Sós] ela faria as lições.
81. Mais amor [menas / menos] confiança.
82. Hoje temos [menos / menas] lições.
83. O governo destinou [bastante / bastantes] recursos.
84. Eles faltaram [bastantes / bastante] vezes.
85. Tenho [bastantes / bastante] razões para ajudá-lo.
86. Seguem [inclusa / inclusas] a carta e a procuração.
87. As mordomias custam [cara / caro].
88. Esta viagem sairá [caro / cara].
89. As peras custam [cara / caro].
90. Aquelas mercadorias custaram [caro / cara].
91. Os mamões custaram muito [caros / caro].
92. As mercadorias eram [barata / barato].
93. Os mamões ficaram [caros / caro].
94. Não tinham [bastante / bastantes] motivos para faltar.
95. As crianças estavam [bastante / bastantes] crescidas.
96. O governo destinou [bastantes/ bastante] recursos.
97. Suas opiniões são [bastante / bastantes] discutidas.
98. Esta aveia é [boa / bom] para a saúde.
99. Pimenta é [boa / bom] para tempero.
100. É [proibido / proibida] a caça nesta reserva.
101. É [proibida / proibido] entrada.
102. A pimenta é [bom / boa] para tempero.
103. Água tônica é [bom / boa] para o estômago.
104. As crianças viajarão [junto / juntas] a mim.
105. Elas sempre chegam [junto / juntas].
106. Elas nunca saíram [juntas / junto].
107. A filha e o pai chegaram [junto / juntos].
108. Os fortes sentimentos vêm [junto / juntos].
109. Os alunos [mesmo / mesmos] darão à redação final.
110. Ela não sabia disso [mesmo / mesma].
111. Elas [mesmo / mesmas] fizeram a festa.
112. [Anexo / Anexos] estavam os documentos.
113. Estou [quite / quites] com a tesouraria.
114. Eles estão [quite / quites] com a mensalidade.
115 Ela está [quite / quites] com você?
116. A menina me disse [obrigado / obrigada].
117. Os computadores custam [caros / caro].
118. Permitam-me que eu as deixe [só / sós].
119. Eles ficaram [só / sós] depois do baile.
120. Agora é meio-dia e [meio / meia].
121. Bebida alcoólica não é [permitida / permitido].
122. Os guardas estavam [alertas / alerta].
123. Meu filho emagrecia a [olhos vistos / olho visto].
124. Vai [anexo / anexa] a declaração solicitada.
125. As certidões [anexos / anexas] devem ser seladas.
126. [Anexo / Anexos] seguem os formulários.
127. Os juros estão o mais elevado [possível / possíveis].
128. Enfrento problemas o mais difíceis [possível / possíveis].
129. Enfrento problemas os mais difíceis [possível / possíveis].
130. Visitamos os mais belos museus [possível / possíveis].
131. Nós [mesmo / mesmos] edificaremos a casa.
132. Eles são [mesmos / mesmo] responsáveis.
133. Ela [mesma / mesmo] agradeceu.
134. Tudo depende delas [mesmas / mesmo].

GABARITO

01. Tenho bastantes (muitas) razões para julgá-lo.


02. Viveram situações bastante (muito) tensas.
03. Estavam bastante preocupados.
04. Acolheu-me com palavras meio (um tanto) tortas.
05. Os processos estão inclusos na pasta.
06. Estas casas custam caro (invariável).
07. Seguem anexas as faturas.
08. É proibido (ñ artigo) conversas no recinto.
09. Vocês estão quites com a mensalidade?
10. Hoje temos menos (sempre) lições.
11. Água é bom (ñ artigo) para rejuvenescer.
12. Ela caiu e ficou meio (um tanto) tonta.
13. Elas estão alerta (sempre).
14. As duplicatas anexas já foram resgatadas.
15. Quando cheguei era meio-dia e meia (hora).
16. A lealdade é necessária (com artigo).
17. A decisão me custou muito caro.
18. As meninas me disseram obrigadas.
19. A porta ficou meio (um pouco) aberta.
20. Em anexo vão os documentos.
21. É permitido entrada de crianças.
22. Salvo (invariável) os doentes, os demais partiram.
23. As camisas estão caras (sem custar).
24. Seu pai já está quite com o meu?
25. Escolhemos as cores mais vivas possíveis.
26. É necessária muita fé.
27. É necessária a ação da polícia.
28. A maçã é boa para os dentes.
29. Exceto (sempre) os dois menores, todos entram.
30. A sala tinha bastantes carteiras
31. Eram moças bastante competentes.
32. Suas opiniões são bastante discutidas.
33. João ficara a sós.
34. É proibida a entrada neste recinto.
35. Bebida alcoólica não é bom para o fígado.
36. A maçã é boa para os dentes.
37. É proibida a permanência de veículos.
38. V. Exa. está enganado, senhor vereador.
39. Está inclusa a comissão.
40. Tenho uma colega que é meio ingênua.
41. Ela apareceu meio nua.
42. Manuel está meio gripado.
43. As crianças ficaram meio gripadas.
44. Nunca fui pessoa de meia (metade) palavras.
45. A casa estava meio velha.
46. Quero meia (= 44) porção de fritas.
47. Vocês só (somente) fizeram isso?
48. Fiquem alerta (sempre) rapazes.
49. Esperava menos (sempre) pergunta na prova.
50. As certidões anexas devem ser seladas.
51. Mãe e filho moravam juntos.
52. As viagens ao nordeste estão caras (sem custar).
53. Segue anexa a biografia que pediu.
54. Está inclusa na nota a taxa de serviços.
55. Estou quite com as crianças.
56. Procure comer bastantes frutos.
57. Os militares estão alerta.
58. Muito obrigadas disseram elas.
59. Pedro e Maria viajaram sós (sozinhos).
60. Os rapazes disseram somente muito obrigados
61. A lista vai anexa ao pacote.
62. É necessária a virtude dos bons
63. Todos estão salvos (salvados), exceto o barqueiro.
64. As janelas estavam meio fechadas.
65. Só (somente) os dois enfrentaram a fera.
66. Examinamos bastantes planos.
67. Água de melissa é muito bom.
68. Para trabalho caseiro é bom uma empregada.
69. Não é permitida a entrada de crianças.
70. Eles ficaram sós (sozinhos) depois do baile.
71. Os cheques estão anexos aos documentos?
72. Examinamos bastantes projetos.
73. Os quadros eram os mais clássicos possíveis.
74. Os documentos vão inclusos na carta.
75. Seguem anexas três (as) certidões.
76. Para quem esta entrada é proibida?
77. Coalhada é bom para a saúde.
78. A coalhada dessa padaria é boa.
79. Maria passeou só (somente) pelo bosque.
80. Só (= 79) ela faria as lições.
81. Mais amor menos confiança.
82. Hoje temos menos lições.
83. O governo destinou bastantes recursos.
84. Eles faltaram bastantes vezes.
85. Tenho bastantes razões para ajudá-lo.
86. Seguem inclusas a carta e a procuração.
87. As mordomias custam caro.
88. Esta viagem sairá cara.
89. As peras custam caro.
90. Aquelas mercadorias custaram caro.
91. Os mamões custaram muito caro.
92. As mercadorias eram baratas (= 88).
93. Os mamões ficaram caros.
94. Não tinham bastantes motivos para faltar.
95. As crianças estavam bastante crescidas.
96. O governo destinou bastantes recursos.
97. Suas opiniões são bastante discutidas.
98. Esta aveia é boa para a saúde.
99. Pimenta é bom para tempero.
100. É proibida a caça nesta reserva.
101. É proibido entrada.
102. A pimenta é boa para tempero.
103. Água tônica é bom para o estômago.
104. As crianças viajarão junto a mim.
105. Elas sempre chegam juntas.
106. Elas nunca saíram juntas.
107. A filha e o pai chegaram juntos.
108. Os fortes sentimentos vêm juntos.
109. Os alunos mesmos darão à redação final.
110. Ela não sabia disso mesmo (de fato).
111. Elas mesmas fizeram a festa.
112. Anexos estavam os documentos.
113. Estou quite com a tesouraria.
114. Eles estão quites com a mensalidade.
115. Ela está quite com você?
116. A menina me disse obrigada.
117. Os computadores custam caro.
118. Permitam-me que eu as deixe sós (sozinhas).
119. Eles ficaram sós (= 118) depois do baile.
120. Agora é meio-dia e meia.
121. Bebida alcoólica não é permitido.
122. Os guardas estavam alerta.
123. Meu filho emagrecia a olhos vistos.
124. Vai anexa a declaração solicitada.
125. As certidões anexas devem ser seladas.
126. Anexos seguem os formulários.
127. Os juros estão o mais elevado possível.
128. Enfrento problemas o mais difíceis possível.
129. Enfrento problemas os mais difíceis possíveis.
130. Visitamos os mais belos museus possíveis.
131. Nós mesmos edificaremos a casa.
132. Eles são mesmo (de fato) responsáveis.
133. Ela mesma agradeceu.

134. Tudo depende delas mesmo (de fato).


Concordância Verbal

SUJEITO CONSTITUÍDO PELOS PRONOMES QUE & QUEM


QUE: se o sujeito for o pronome relativo que, o verbo concorda com o antecedente do pronome relativo.
- Fui eu que falei. (eu falei)
- Fomos nós que falamos. (nós falamos)
QUEM: se o sujeito for o pronome relativo quem, o verbo ficará na terceira pessoa do singular ou
concordará com o antecedente do pronome (pouco usado).
- Fui eu quem falou. (ele (3ª pessoa) falou)
Obs: nas expressões “um dos que”, “uma das que”, o verbo deve ir para o plural. Porém, alguns estudiosos
e escritores aceitam ou usam a concordância no singular.
- João foi um dos que saíram.

PRONOME DE TRATAMENTO
O verbo fica sempre na 3ª pessoa (ele – eles).
- Vossa Alteza deve viajar.
- Vossas Altezas devem viajar.

DAR – BATER – SOAR (indicando horas)


Quando houver sujeito (relógio, sino) os verbos concordam normalmente com ele.
- O relógio deu onze horas.
- O Relógio: sujeito
Deu: concorda com o sujeito.
Quando não houver sujeito, o verbo concorda com as horas que passam a ser o sujeito da oração.
- Deram onze horas.
- Deram três horas no meu relógio.

SUJEITO COLETIVO (SUJEITO SIMPLES)


- O cardum- e escapou da rede.
- Os cardumes escaparam da rede.
Nesses dois exemplos o verbo concordou com o coletivo (sujeito simples).
Quando o sujeito é formado de um coletivo singular seguido de complemento no plural, admitem-se duas
concordâncias:
1ª) verbo no singular.
- O bando de passarinhos cantava no jardim.
- Um grupo de professores acompanhou os estudantes.
2ª) o verbo pode ficar no plural, nesse caso o verbo no plural dará ênfase ao complemento.
- O bando de passarinhos cantavam no jardim.
- Um grupo de professores acompanharam os estudantes

SE
Verbos transitivos diretos e verbos transitivos diretos e indiretos + – se:
Se o termo que recebe a ação estiver no plural, o verbo deve ir para o plural, se estiver no singular, o verbo
deve ir para o singular.
- Alugam-se cavalos.
“Alugar” é verbo transitivo direto.
“Cavalos” recebe a ação e está no plural, logo o verbo vai para o plural.
Aqui o “se” é chamado de partícula apassivadora (Cavalos são alugados).
Outros exemplos:
- Vendem-se casas.
- Alugam-se apartamentos.
- Exigem-se referências.
- Consertam-se pianos.
- Plastificam-se documentos.
- Entregou-se uma flor à mulher. (verbo transitivo direto e indireto)
OBS: Somente os verbos transitivos diretos têm voz passiva.
Qualquer outro tipo de verbo (transitivo indireto ou intransitivo) fica no singular.
- Precisa-se de professores. (Precisar é verbo transitivo indireto)
- Trabalha-se muito aqui. (trabalhar é verbo intransitivo)
Nesse caso, o “se” é chamado de índice de indeterminação do sujeito ou partícula indeterminadora do
sujeito.

HAVER – FAZER
“Haver” no sentido de “existir”, indicando “tempo” ou no sentido de “ocorrer” ficará na terceira pessoa do
singular. É impessoal, ou seja, não admite sujeito.
“Fazer” quando indica “tempo” ou “fenômenos da natureza”, também é impessoal e deverá ficar na terceira
pessoa do singular.
- Nesta sala há bons e maus alunos. (= existe)
- Já houve muitos acidentes aqui. (= ocorrer)
- Faz 10 anos que me formei. (= tempo decorrido)

SUJEITO COMPOSTO RESUMIDO POR UM INDEFINIDO


O verbo concordará com o indefinido.
- Tudo, jornais, revistas, TV, só trazia boas noticias.
- Ninguém, amigos, primos, irmãos veio visitá-lo.
- Amigos, irmãos, primos, todos foram viajar.

PESSOAS DIFERENTES
O verbo flexiona-se no plural na pessoa que prevalece (a 1ª sobre a 2ª e a 2ª sobre a 3ª).
Eu e tu: nós
Eu e você: nós
Ela e eu: nós
Tu e ele: vós
- Eu, tu e ele resolvemos o mistério. (1ª pessoa prevalece)
- O diretor, tu e eu saímos apressados. (1ª pessoa prevalece)
- O professor e eu fomos à reunião. (1ª pessoa prevalece)
- Tu e ele deveis fazer a tarefa. (2ª pessoa prevalece)
Obs: como a 2ª pessoa do plural (vós) é muito pouco usado na língua contemporânea , é preferível usar a
3ª pessoa quando ocorre a 2ª com a 3ª.
- Tu e ele riam à beça.
- Em que língua tu e ele falavam?
Podemos também substituir o “tu” por “você”.
- Você e ele: vocês
NOMES PRÓPRIOS NO PLURAL
Se o nome vier antecedido de artigo no plural, o verbo deverá concordar no plural.
- Os Andes ficam na América do Sul.
Se não houver artigo no plural, o verbo deverá concordar no singular.
- Santos fica em São Paulo.
- “Memórias Póstumas de Brás Cubas” consagrou Machado de Assis.
Obs 1: Com nome de obras artísticas, admite-se a concordância ideológica com a palavra “obra”, que está
implícita na frase.
- “Os Lusíadas” imortalizou Camões.
Obs 2: Com o verbo “ser” e o predicativo no singular, o verbo fica no singular.
“Os Lusíadas” é a maior obra da Literatura Portuguesa.
- Os EUA já foi o primeiro mercado consumidor.

SER
O verbo “ser” concordará com o predicativo quando o sujeito for o pronome interrogativo “que” ou “quem”.
- Quem são os eleitos?
- Que seriam aqueles ruídos estranhos?
- Que são dois meses?
- Que são células?
- Quem foram os responsáveis?
Quando o verbo “ser” indicar tempo, data, dias ou distância, deve concordar com a apalavra seguinte.
- É uma hora.
- São duas horas.
- São nove e quinze da noite.
- É um minuto para as três.
- Já são dez para uma.
- Da praia até a nossa casa, são cinco minutos.
- Hoje é ou são 14 de julho?
Em relação às datas, quando a palavra “dia” não está expressa, a concordância é facultativa.
Se um dos elementos (sujeito ou predicativo) for pronome pessoal, o verbo concordará com ele.
- Eu sou o chefe.
- Nós somos os responsáveis.
- Eu sou a diretora.
Quando o sujeito é um dos pronomes isto, isso, aquilo, o, tudo, o verbo “ser” concordará com o predicativo.
- Tudo são flores.
- Isso são lembranças de viagens.
Pode ocorrer também o verbo no singular concordando com o pronome (raro).
- Tudo é flores.
Quando o verbo “ser” aparece nas expressões “é muito”, “é bastante”, “é pouco”, “é suficiente” denotando
quantidade, distância, peso, etc ele ficará no singular.
- Oitocentos reais é muito.
- Cinco quilos é suficiente.

EXERCÍCIOS – 01

1. Assinale a opção em que há erro de conjugação verbal em relação à norma culta da língua:
a) Se ele vir o nosso trabalho, ficará muito doente.
b) Não desanimes; continua batalhando.
c) Meu pai interveio na discussão.
d) Se ele reouvesse o que havia perdido.
e) Quando eu requiser a segunda via do documento...

2. A única frase que NÃO apresenta desvio em relação à concordância verbal recomendada pela norma
culta é:

a) A lista brasileira de sítios arqueológicos, uma vez aceita pela Unesco, aumenta as chances de
preservação e sustentação por meio do ecoturismo.
b) Nenhum dos parlamentares que vinham defendendo o colega nos últimos dias inscreveram-se para falar
durante os trabalhos de ontem.
c) Segundo a assessoria, o problema do atraso foi resolvido em pouco mais de uma hora, e quem faria
conexão para outros Estados foram alojados em hotéis de Campinas.
d) Eles aprendem a andar com bengala longa, o equipamento que os auxilia a ir e vir de onde estiver para
onde entender.
e) Mas foram nas montagens do Kirov que ele conquistou fama, especialmente na cena “Reino das
Sombras”, o ponto mais alto desse trabalho.

3. A única frase em que as formas verbais estão corretamente empregadas é:

a) Especialistas temem que órgãos de outras espécies podem transmitir vírus perigosos.
b) Além disso, mesmo que for adotado algum tipo de ajuste fiscal imediato, o Brasil ainda estará muito longe
de tornar-se um participante ativo do jogo mundial.
c) O primeiro-ministro e o presidente devem ser do mesmo partido, embora nenhum fará a sociedade em
que eu acredito.
d) A inteligência é como um tigre solto pela casa e só não causará problema se o suprir de carne e o manter
na jaula.
e) O nome secreto de Deus era o princípio ativo da criação, mas dizê-lo por completo equivalia a um
sacrilégio, ao pecado de saber mais do que nos convinha.

4. (FUVEST) Complete as frases abaixo com as formas corretas dos verbos indicados entre parênteses.

a) Quando eu _________________ os livros, nunca mais os emprestarei. (reaver)


b) Os alienados sempre ______________ neutros. (manter-se)
c) As provas que _____________ mais erros seriam comentadas. (conter)
d) Quando ele _________________ uma canção de paz, poderá descansar. (compor)

5. (FGV) Nas questões abaixo, ocorrem espaços vazios. Para preenchê-los, escolha um dos seguintes
verbos: fazer, transpor, deter, ir. Utilize a forma verbal mais adequada.

1) Se _______________ dias frios no inverno, talvez as coisas fossem diferentes.


2) Quando o cavalo ________________ todos os obstáculos, a corrida terminará.
3) Se o cavalo _______________ mais facilmente os obstáculos, alcançaria com mais folga a linha de
chegada.
4) Se a equipe econômica não se __________________ nos aspectos regionais e considerar os aspectos
globais, a possibilidade de solução será maior.
5) Caso ela ______________ ao jogo amanhã, deverá pagar antecipadamente o ingresso.

6. (ENG. MACK) As formas que completariam o período “Pagando parte de suas dívidas anteriores, o
comerciante ________________ novamente seu armazém, sem que se __________ com seus credores,
para os quais voltou a merecer confiança”, seriam:

a) proveu – indispusesse
b) proviu – indispuzesse
c) proveio – indispuzesse
d) proveio – indispusesse
e) n.d.a.

7. (UFSCar) “O acordo não ______ as reivindicações, a não ser que ______ os nossos direitos e _____ da
luta.”

a) substitui – abdicamos – desistimos


b) substitue – abdicamos – desistimos
c) substitui – abdiquemos – desistamos
d) substitui – abidiquemos – desistimos
e) substitue – abdiquemos – desistamos

8. Complete os espaços com um dos verbos colocados nos parênteses:

a) ________________os filhos e o pai...


(chegou/chegaram)
b) Fomos nós que _______________ na questão.
(tocou/tocamos)
c) Não serei eu quem _________________ o dinheiro.
(recolherei/ recolherá)
d) Mais de um torcedor _______________________ estupidamente.
(agrediu-se/agrediram-se)
e) O fazendeiro com os peões __________________ a cerca.
(levantou/ levantaram)

9. Como no exercício anterior.

a) _____________ de haver algumas mudanças no seu governo. (há/ hão)


b) Sempre que ______________ alguns pedidos, procure atendê-los rapidamente. (houver/ houverem)
c) Pouco me _______________ as desculpas que ele chegar a dar. (importa/ importam)
d) Jamais ______________ tais pretensões por parte daquele funcionário. (existiu/ existiram)
e) Tudo estava calmo, como se não ________________ havido tantas reivindicações. (tivesse/ tivessem)

10. Complete os espaços com um dos verbos colocados nos parênteses.

a) Espero que se _________________ as taxas de juro. (mantenha/ mantenham)


b) É importante que se _______________ outras soluções para o problema. (busque/ busquem)
c) Não se ______________ em pessoas que não nos olham nos olhos. (confia/confiam)
d) Hoje já não se __________________ deste modelo de carro. (gosta/ gostam)
e) A verdade é que ________________ certos pormenores pouco convincentes. (observou/observaram)

Resolução:
01 - E
02 - A
03 - E
04 - a) reouver
b) mantêm / mantiveram
c) contivessem
d) compuser
05 - 1) fizessem
2) transpuser
3) transpusesse
4) detiver
5) vá
06 - A
07 - E
08 - a) Chegaram
b) tocamos
c) recolherá
d) agrediram-se
e) levantaram
09 - a) Há
b) houver
c) importam
d) existiram
e) tivesse
10 - a) mantenham
b) busque
c) confia
d) gosta
e) observaram
EXERCÍCIOS – 02

1 – (UFPR) – Observe a concordância verbal:


1 – Algum de vós conseguirei a bolsa de estudo?
2 – Sei que pelo menos um terço dos jogadores estavam dentro do campo naquela hora.
3 – Os Estados Unidos são um país muito rico.
4 – No relógio do Largo da Matriz bateu cinco horas: era o sinal esperado.
a) Somente a frase 1 está errada.
b) Somente a frase 2 está errada.
c) As frases 2 e 3 estão erradas.
d) As frases 1 e 4 estão erradas.
e) As frases 2 e 4 estão erradas.

Resposta: D
Quais de vós, quantos de nós, alguns de nós, etc. admitem as seguintes concordâncias: o verbo concorda
com o pronome indefinido ou interrogativo, ficando na 3ª pessoa do plural ou concorda com o pronome
pessoal. Porém, se o pronome estiver no singular o verbo ficará na 3ª pessoa do singular.
Na indicação de horas o verbo bater concorda com o número de horas, que normalmente é o sujeito. O
verbo bater pode ter outra palavra como sujeito, com a qual deve concordar.

2 – (UEPG – PR) - Assinale a alternativa incorreta, segundo a norma gramatical:


a) Os Estados Unidos, em 1941, declararam guerra à Alemanha.
b) Aqueles casais parecia viverem felizes.
c) Cancelamos o passeio, haja visto o mau tempo.
d) Mais de um dos candidatos se cumprimentaram.
e) Não tínhamos visto as crianças que faziam oito anos.
Resposta: C
Ocorrem as seguintes concordâncias: a expressão haja vista fica invariável quando equivalente a atente-se;
por exemplo.

O verbo haver varia quando equivale a vejam-se.

3 – (UFCE) – Como a frase “fui eu quem fez o casamento”, também estão corretos os períodos abaixo:
1. Fui eu que fiz o casamento.
2. Foi eu quem fez o casamento.
4. Fui eu que fez o casamento.
8. Foste tu que fizeste o casamento.
16. Foste tu quem fez o casamento.
32. Fostes vós que fez o casamento.
64. Fostes vós quem fez o casamento.

Resposta: 89
Quando o sujeito for o pronome relativo QUEM o verbo fica na 3ª pessoa do singular ou concorda com o
antecedente. Se o sujeito for o pronome relativo QUE o verbo concorda com o antecedente.

4 – (CESGRANRIO) – Há concordância inadequada em:


a) clima e terras desconhecidas.
b) clima e terra desconhecidos.
c) terras e clima desconhecidas.
d) terras e clima desconhecido.
e) terras e clima desconhecidos.

Resposta: C
O adjetivo posposto a dois ou mais substantivos há duas concordâncias:
O adjetivo concorda com o mais próximo ou vai para o plural. Se os gêneros são diferentes, prevalece o
masculino.

5 – (UEPG – PR) – Marque a frase absolutamente inaceitável, do ponto de vista da concordância nominal:
a) É necessária paciência.
b) Não é bonito ofendermos aos outros.
c) É bom bebermos cerveja.
d) Não é permitido presença de estranhos.
e) Água de Melissa é ótimo para os nervos.

Resposta: A
Há duas concordâncias para as expressões é bom, é necessário, etc.:
- fica invariável, portanto no masculino, se o sujeito não vem precedido de artigo ou outro elemento
determinante. Se vier precedido de artigo ou elemento determinante concorda com o sujeito.

6 – (CESCEM – SP) – Já ... anos, ... neste local árvores e flores. Hoje, só ... ervas daninhas.
a) fazem/havia/existe
b) fazem/havia/existe
c) fazem/haviam/existem
d) faz/havia/existem
e) faz/havia/existe

Resposta: D
Haver/fazer são verbos impessoais. São empregados apenas na 3ª pessoa do singular. Haver (sentido de
existir, ocorrer) e o verbo Fazer (na indicação de tempo). Existir é pessoal e concorda normalmente com o
sujeito.

7 – (UFPR) – Qual a alternativa em que as formas dos verbos bater, consertar e haver nas frases abaixo,
são usadas na concordância correta?
- As aulas começam quando ... oito horas.
- Nessa loja ... relógios de parede.
- Ontem ... ótimos programas na televisão.
a) batem – consertam-se – houve
b) bate – consertam-se – havia
c) bateram – conserta-se – houveram
d) batiam – conserta-se-ão – haverá
e) batem – consertarei – haviam

Resposta: A
Bater empregado com referência às horas concorda com o número de horas. Quando há sujeito, o verbo
concorda com ele.
A partícula SE na segunda oração é apassivadora; concorda com o sujeito da oração.
O verbo haver, no sentido de existir, ocorrer, conjuga-se na 3ª pessoa do singular.

8 – (PUCCAMP – SP) – Se a altíssimo corresponde alto, a celebérrimo, libérrimo, crudelíssimo, humílimo,


paupérrimo, respectivamente, há de corresponder:
a) célebre, líbero, cruel, úmido, pobre.
b) célebre, livre, cru, úmido, pobre.
c) célebre, livre, cruel, humilde, pau.
d) célebre, livre, cruel, humilde, pobre.
e) célebre, livre, cru, humilde, pobre.

Resposta: D
O superlativo absoluto expressa a qualidade de um ser, no seu grau mais elevado, sem comparação com
outro ser. Nesta questão temos exemplos de superlativo absoluto sintético. É formado pelo radical do
adjetivo + sufixo.

9 – (UFV-MG) – Em todos os itens o pronome SE é apassivador, EXCETO:


a) Sabe-se que ele é honesto.
b) Organizou-se, ontem, esta prova.
c) Não se deverá realizar mais a festa.
d) Nada mais se via.
e) Assistiu-se à cerimônia inteira.

Resposta: E
A oração E não pode ser passada para a voz passiva analítica, então, não pode ser pronome apassivador.
O “SE” é índice de indeterminação do sujeito. Quem assistiu à cerimônia? Não sabemos quem é o sujeito.

10 – (PUCCAMP-SP) – “Nunca chegará ao fim, por mais depressa que ande”.


A oração destacada é:
a) Subordinada adverbial causal.
b) Subordinada adverbial concessiva.
c) Subordinada adverbial condicional.
d) Subordinada adverbial consecutiva.
e) Subordinada adverbial comparativa.

Resposta: B
A Oração subordinada adverbial concessiva indica uma concessão às ações do verbo da oração principal,
isto é, há uma contradição ou um fato inesperado.

11 – (UFPR) – Julieta ficou à janela na esperança de que Romeu voltasse.


A oração em destaque é:
a) subordinada substantiva subjetiva.
b) subordinada substantiva completiva nominal.
c) subordinada substantiva predicativa.
d) subordinada adverbial causal.
e) subordinada adjetiva explicativa.

Resposta: B
A oração subordinada substantiva completiva nominal funciona como complemento nominal de um
substantivo, adjetivo ou advérbio da oração principal.
CRASE
CRASE.: É o nome que se dá ao encontro de dois a+a, e não ao acento.Assim, não devemos
dizer"acento de crase".
PRIMEIRO CASO DE CRASE:

acentuamos o A quando, substituindo o substantivo feminino por um masculino, o a se torna


ao . Ex: Fui à cidade.
SUBSTANTIVO FEMININO
Se substituir : Fui ao sitio.
SUBSTANTIVO MASCULINO
O A se tornou ao e por isso deve ser acentuado.

OUTROS EXEMPLOS.

Não me refiro à secretária, mas ao secretário.


Entreguei o livro à professora, não ao professor .
Deram o presente à vizinho, e não ao vizinho.

O pronome aquele (e variações, podem receber acento no a inicial, desde que haja um verbo
ou um nome relativo que peça a preposição a.
Exemplo.
Não fui a aquela farmácia
= Não fui àquela farmácia.

Não fiz referência a aquilo


=Não fiz referência àquilo.

Repare.: Quem vai, vai a algum lugar -> Quem faz referência, faz a alguma coisa.

Antes de pronome possessivo é facultativo o uso do artigo, dessa forma, podemos usar.:
Exemplo.:
Refiro-me a (ou à) sua colega e não a (ou à) minha.
Faço referência a | à tua prima e não a | à tua avó.

Só acentuamos o a antes de nomes de pessoas quando se trata de indivíduos que façam parte
do nosso círculo de amizades, indivíduos aos quais tratamos intimamente.
Exemplo.:
Refiro-me à Luisa e não à Dani
Refiro-me a Laura e não a Marta.

SEGUNDO CASO DE CRASE

Acentua-se o a que principia locuções com palavras femininas.


Exemplo.:
Carro à gasolina, estudar à noite, à proporção que chove...

EXCEÇÃO.: a distância, desde que esta não esteja determinada.


Exemplo.:
Os guardas ficaram a distância.
Quando a distância e determinada, o a é acentuada.
Exemplo.:
O guarda ficou à distância de cem metros do palco.

Em expressões com sentido: à semelhança de, à moda de, à maneira, usarmos o acento.
Exemplo.:
Ele produziu um texto à Rui Barbosa.

Não se acentua o a antes de elementos no plural.


Exemplos.:
a portas fechadas, a pauladas, a marteladas.

Caso o a esteja no plural, o acento é obrigatório.


Exemplos.:
Às Claras, às favas...

Locuções adverbiais com palavras repetidas não traz acento.


Exemplos.:
gota a gota, cara a cara, de ponta a ponta,

Não se usa acento no a que antecede a palavra uma.Exceto se for hora ou conjutamente.
Exemplos.:
Os visitantes ficaram a uma distância de dois metros.
Os visitantes chegaram à uma hora.
Eles gritaram à uma: Bravo!

EXERCÍCIOS
1. Indique o existência da crase, usando o acento grave no A, quando conviver:
A.Você vai a aula hoje?
à
B. Fui a Santos ontem, estou cansado e não vou a aula.
a,a
C. Não vou a Brasília, vou a Bahia
a, à
D.Obedeça a sinalização, é o que dizem as placas
à,as
E. Nunca desobedeça a nenhuma pessoa
a
F. Telefonei a ela, depois a você e a todas as nossas amigas
a,,a,a,as
G. Fui a velha Londres
à
H. Vendo a vista e a prazo, ou seja, a dinheiro e a prestação
à,a,a,à
I. Vesti-me as pressas e saí a procura de meus amigos
às,a
J. Estudamos a tarde e trabalhamos a noite
à,à
L. O avião pousou a zero hora e não a uma hora
à,à
M. Mantenha-se a direita e não a esquerda
à,à
N. Nesta lavanderia não há maquinas, só se lava a mão
à
O. Tenho um carro a álcool e um a gasolina
a,à
P. Passearemos a pé e não a cavalo
a,a
Q. Foi um baile a caráter, a fantasia mesmo
a,à
R. Comi um bife a milanesa
à
LINGUAGEM DENOTATIVA E LINGUAGEM CONOTATIVA:
QUANDO E POR QUE AS UTILIZAMOS

Você já pensou na importância que as palavras ou as frases têm quando


queremos expressar uma idéia ou escrever um texto? Pois é, ao escrever ou falar,
valemo-nos do significado das palavras, para propositalmente mostrarmos a nossa
intenção. Se quisermos ser objetivos no que redigimos ou falamos, precisamos
utilizar uma linguagem denotativa, a palavra ou sentença empregada está na sua
significação usual, literal, referindo-se a uma realidade concreta ou imaginária. Por
exemplo, a publicação da seguinte manchete no jornal: “NÃO CHOVE NO
NORDESTE HÁ DOIS MESES”. O verbo chover está sendo empregado numa
linguagem denotativa, pois a sua significação é literal, refere-se à precipitação
pluviométrica ou, trocando em miúdos, à água que cai do céu. Agora, se quisermos
evocar idéias por intermédio da emoção ou subjetividade, temos a linguagem
conotativa, que corresponde a uma transferência do significado usual para um
sentido figurado. Quando isso acontece, as figuras enriquecem o texto ou discurso.
Por exemplo, se lermos em um site de relacionamento a seguinte frase: “NÃO
CHOVE EM MINHA HORTA HÁ ALGUM TEMPO.”, o verbo chover, aqui, não está
num sentido literal, mas figurativo, porque o seu significado não dá a idéia de chuva
propriamente dita, mas de que faz algum tempo que uma pessoa que não tem
nenhum relacionamento com alguém.

Portanto, as palavras, expressões e enunciados da língua atuam


em dois planos distintos: a linguagem denotativa e a linguagem
conotativa. Vejamos cada uma delas com mais detalhes, para saber
quando e por que as usamos.
Linguagem denotativa

Leia o texto abaixo.

Há alguns anos, o Dr. Johnson O’ Connor, do Laboratório de Engenharia


Humana, de Boston, e do Instituto de Tecnologia, de Hoboken, Nova Jersey,
submeteu a um teste de vocabulário cem alunos de um curso de formação de
dirigentes de empresas industriais, os executivos. Cinco anos mais tarde,
verificou que os dez por cento que havia revelado maior conhecimento ocupavam
cargos de direção, ao passo que dos vinte e cinco por cento mais “fracos”
nenhum alcançara igual posição.

Isso não prova, entretanto, que, para “vencer na vida”, basta ter um bom
vocabulário; outras qualidades se fazem, evidentemente, necessárias. Mas
parece não restar dúvida de que, dispondo de palavras suficientes e adequadas à
expressão do pensamento de maneira clara, fiel e precisa, estamos em melhores
condições de assimilar conceitos, de refletir, de escolher, de julgar, do que outros
cujo acervo léxico seja insuficiente ou medíocre para tarefa vital da comunicação.

Pensamento e expressão são interdependentes, tanto é certo que as palavras


são o revestimento das idéias e que, sem elas, é praticamente impossível pensar.
Como pensar que “amanhã tenho uma aula às 8 horas”, se não prefiguro
mentalmente essa atividade por meio dessas ou outras palavras equivalentes?
Não há como se pensar no nada. A própria clareza das idéias (se é que a temos
sem palavras) está intimamente relacionada com a clareza e a precisão das
expressões que as traduzem. As próprias impressões colhidas em contato com o
mundo físico, através da experiência sensível, são tanto mais vivas quanto mais
capazes de serem traduzidas em palavras – e sem impressões vivas não haverá
expressão eficaz. É um círculo vicioso, sem dúvida: “... nossos hábitos
linguísticos afetam e são igualmente afetados pelo nosso comportamento, pelos
nossos hábitos físicos e mentais normais, tais como a observação, a percepção,
os sentimentos, a emoção, a imaginação”. De forma que um vocabulário escasso
e inadequado, incapaz de veicular impressões e concepções, mina o próprio
desenvolvimento mental, tolhe a imaginação e o poder criador, limitando a
capacidade de observar, compreender e até mesmo de sentir. (...)

Portanto, quanto mais variado e ativo é o vocabulário disponível, tanto mais claro,
tanto mais profundo e acurado é o processo mental da reflexão. Reciprocamente,
quanto mais escasso e impreciso, tanto mais dependentes estamos do grunhido,
do grito ou do gesto, formas rudimentares de comunicação capazes de traduzir
apenas expansões instintivas dos primitivos, dos infantes e... dos irracionais.

(GARCIA, Othon M. Comunicação em Prosa Moderna. 8 ed. Rio de Janeiro:


Fundação Getúlio Vargas, 1980, p. 155-56).
Otton M. Garcia, nesse texto, trata sobre a importância de termos um
vocabulário amplo, pois quanto mais palavras conhecermos, mais condições
teremos de nos expressar quando comunicamos. Todavia, se tivermos um
vocabulário escasso e inadequado, teremos grandes dificuldades em expor nossas
idéias e compreender o que outras pessoas dizem. Para expor essa temática da
importância do vocabulário, Garcia
utilizou-se de uma estatística feita
nos Estados Unidos, comprovando
que aquelas pessoas que tinham
revelado um maior vocabulário se
tornaram chefes de seus setores, no
entanto, entre aqueles que tinham
um vocabulário muito limitado,
nenhum chegou a ocupar tal posto.

As palavras usadas no texto por Garcia, para desenvolver este assunto, são,
na sua grande maioria, abstratas, tais como “conhecimento, posição, qualidade,
pensamento, expressão etc.”, pois fazem referência a conceitos, preservando seu
sentido literal.

Portanto, há linguagem denotativa quando tomamos a palavra no seu sentido


usual ou literal, isto é, naquele que lhe atribuem os dicionários; seu sentido é
objetivo, explícito. Ela designa ou denota determinado objeto, referindo-se a um
único sentido. Você se lembra do texto “Para quem não dorme de touca”, cuja
personagem entendia tudo literalmente? Segundo o entendimento dessa
personagem, a linguagem tem somente uma forma de expressão. Todavia, isso não
é verdade, pois ela pode ser conotativa também.
Linguagem Conotativa

Além do sentido literal, cada palavra remete a inúmeros outros sentidos


virtuais, conotativos, que são apenas sugeridos, evocando outras idéias
associadas de ordem abstrata, subjetiva. Leia o poema abaixo.

No Corpo

De que vale tentar reconstruir com palavras


o que o verão levou
entre nuvens e risos
junto com o jornal velho pelos ares?

O sonho na boca, o incêndio na cama,


o apelo na noite
agora são apenas esta
contração (este clarão)
de maxilar dentro do rosto

A poesia é o presente

Ferreira Gullar

Ao lermos esse poema, percebemos que as palavras não têm um sentido


literal, mas figurativo. O eu-lírico compara seu passado a um jornal velho levado
pelo vento. O seu passado é apenas uma memória. Ele começa a reviver esse
passado na segunda estrofe, principalmente a sua vivência amorosa (“incêndio na
cama”, “o apelo na noite”). Disso, o que ficou no momento (“agora”) são apenas as
boas lembranças, que lhes trazem um sorriso estampado no rosto (“(este clarão) de
maxilar dentro do rosto”).

É muito comum encontrarmos a linguagem conotativa em textos literários,


pois eles têm uma preocupação essencialmente estética. No entanto, a
encontramos também em propagandas, textos jornalísticos, histórias em
quadrinhos, charges e em outros gêneros textuais. Pois, por meio dessa linguagem
se exploram diversos significados de uma palavra, causando o interesse do leitor
para a manchete ou provocando o riso e o duplo sentido. Veja esta propaganda a
seguir:
O outdoor da Assistência Funeral SINAF “Como arrumar uma coroa” utiliza-se
tanto o verbo como o substantivo no seu sentido conotativo (arrumar = conseguir,
coroa = senhora idosa) e para contribuir com esse sentido é colocada a imagem de
um senhor idoso e jovial (um coroa esperto) ao lado da mensagem escrita. Porém,
com o auxílio da imagem (este senhor idoso) atrelada ao nome do produto
(Assistência Funeral) se faz uma outra leitura: o verbo arrumar e o substantivo
coroa passam a ter seu sentido original, denotativo (conseguir enfeite de flores
utilizados em funerais).

É preciso que o destinatário tenha um conhecimento linguístico e cultural para


perceber a brincadeira irônica feita
na mensagem publicitária como um
recurso suavizador do assunto
(morte) delicado para nós ocidentais.
A ambiguidade suaviza e dissimula a
mensagem, mas os dados precisam
estar armazenados na memória do
público alvo para que ele reconheça
o jogo da mensagem.

Os provérbios ou ditos
populares são também um outro
exemplo de exploração da linguagem
no seu uso conotativo. Assim,
"Quem está na chuva é para se
molhar" equivale a "Quando alguém opta por uma determinada experiência, deve
assumir todas as regras e consequências decorrentes dessa experiência". Do
mesmo modo, "Casa de ferreiro, espeto de pau" significa “O que a pessoa faz
fora de casa, para os outros, não faz em casa, para si mesma.”

Leia, agora, este texto jornalístico.

A seca está de volta

Um dia, em janeiro passado, anunciada pelo pau d’arco que não floriu,
pelo jabuti que não pôs, pelo pássaro João-de-barro que fez sua casa
com a porta virada para o nascente, a seca reapareceu no Nordeste e
plantou-se em Irecê, na Bahia. Dali, espalhou-se pelo centro do Estado:
consumiu terras de Ibitiba, Ibipeba, Jussara, Brumado, Barra do Mendes
e de mais 140 municípios. Com duas semanas, tomou Xique-Xique da
influência do rio São Francisco.

Depois saltou para o norte de Minas Gerais e apoderou-se de Janaúba,


Espinosa, Mato Verde, Porteirinha, Várzea de Palma e de mais de 35
cidades. Então retrocedeu, cortou o sul da Bahia e insinuou-se pelo
sudeste do Piauí. Dormiu por muitas noites em São Raimundo Nonato.
Acordou de outras tantas em São João do Piauí, Simplício Mendes,
Paulistana, Jaicós e Picos, onde era aguardada pelo antropólogo popular
João Feliciano da Silva Rego que, em dezembro do ano passado, no dia
de Santa Luzia, fizera a experiência das três pedrinhas de sal e
sentenciara para os incrédulos:

- A seca está chegando.

Ela ocupou Afrânio, Parnamirim, Bodocó, Trindade e Salgueiro, no oeste


de Pernambuco, e reduziu à metade o movimento comercial na rotineira
feira de gado de Ouricuri. Foi vista chegando em dias de março no oeste
do Rio Grande do Norte, onde permanece no Vale do Siridó, e no
sudoeste do Ceará, na região dos Inhamus, onde encontrou bom abrigo.
Trilhou depois os caminhos sertanejos da Paraíba e estimulou
agricultores a invadir três cidades. Alastrou-se em seguida pelo oeste de
Alagoas e está agora crescendo lentamente no nordeste de Sergipe. Já
engoliu até hoje 811 mil quilômetros quadrados de 736 municípios, 222
dos quais considerados irrecuperáveis em termos de produção agrícola.
E atinge direta e indiretamente 12 milhões de pessoas.

NOBLAT. Ricardo. A arte de fazer um jornal diário. São Paulo: Contexto,


2003. p.102-03

Nesse texto vemos que o objetivo do jornalista Ricardo Noblat é escrever


sobre a seca que devastou o Nordeste brasileiro. Para isso, ele não se utilizou da
linguagem denotativa, mas conotativa. Ele procura personificar a seca, ou seja, ele
atribui ações humanas para um elemento que não é humano. Essa personificação
ocorre mediante uma escolha cuidadosa dos verbos (reapareceu, plantou-se,
espalhou-se, consumiu, saltou, apoderou-se, retrocedeu, cortou, dormiu, acordou,
ocupou, trilhou, engoliu etc.). Além disso, observamos que o termo seca só aparece
uma vez no título e duas no corpo do texto (uma no primeiro parágrafo e a outra na
fala do antropólogo popular), ele procura nomeá-la por figuras verbais que remetem
à seca. Noblat recorre, também, aos pronomes (o pronome pessoal ela e o reflexivo
se), que ajudam a reforçar no leitor a idéia de um ser dotado de vontade própria,
que escolhe os caminhos por onde passará na sua viagem de destruição.

Embora se espere um caráter mais objetivo, mais literal, em um texto


jornalístico, a intenção de Noblat foi a de permitir que os leitores pudessem
construir uma imagem dos efeitos da passagem da seca pela região. Para isso,
precisava atribuir a esse fenômeno um comportamento quase humano, algo que só
pode ser obtido pela exploração do uso figurado de vários termos. O resultado é um
texto quase poético que nos permite visualizar as cidades flageladas e imaginar o
sofrimento de tantas pessoas afetadas.
Portanto, a conotação é a significação subjetiva e figurada da palavra; ocorre
quando um termo evoca outras realidades por associações que ele provoca.

O quadro abaixo sintetiza as diferenças fundamentais entre denotação e


conotação:

DENOTAÇÃO CONOTAÇÃO

palavra com significação restrita palavra com significação ampla

palavra com sentido comum do palavra cujos sentidos extrapolam


dicionário o sentido comum

palavra usada de modo


palavra usada de modo criativo
automatizado

linguagem comum linguagem rica e expressiva

Exemplos de conotação e denotação.

Nas receitas a seguir, as palavras têm, na primeira, um sentido objetivo,


explícito, constante; foram usadas denotativamente. Na segunda, apresentam
múltiplos sentidos, foram usadas conotativamente. Observa-se que os verbos que
ocorrem tanto em uma quanto em outra - dissolver, cortar, juntar, servir, retirar,
reservar - são aqueles que costumam ocorrer nas receitas; entretanto, o que faz a
diferença são as palavras com as quais os verbos combinam, combinações
esperadas no texto 1, combinações inusitadas no texto 2. Vejam a seguir e
compreendam melhor o que acabamos de expor.

TEXTO I TEXTO II
Bolo de arroz Receita

3 xícaras de arroz Ingredientes


1 colher (sopa) de manteiga 2 conflitos de gerações
1 gema 4 esperanças perdidas
1 frango 3 litros de sangue fervido
1 cebola picada 5 sonhos eróticos
1colher (sopa) de molho inglês 2 canções dos Beatles
1colher (sopa) de farinha de trigo
1 xícara de creme de leite Modo de preparar
Salsa picadinha
Dissolva os sonhos eróticos nos
Prepare o arroz branco, bem solto. dois litros de sangue fervido e deixe
Ao mesmo tempo, faça o frango ao gelar seu coração. Leve a mistura ao
molho, bem temperado e saboroso. fogo, adicionando dois conflitos de
Quando pronto, retire os pedaços, gerações às esperanças perdidas.
desosse e desfie. Reserve. Quando o Corte tudo em pedacinhos e repita
arroz estiver pronto, junte a gema, a com as canções dos
manteiga, coloque numa forma de Beatles o mesmo processo usado com
buraco e leve ao forno. os sonhos eróticos, mas desta vez
No caldo que sobrou do frango, deixe ferver um pouco mais e mexa
junte a cebola, o molho inglês, a até dissolver.
farinha de trigo e leve ao fogo para Parte do sangue pode ser
engrossar. Retire do fogo e junte o substituída por suco de groselha, mas
creme de leite. Vire o arroz, já assado, os resultados
num prato. Coloque o frango no meio não serão os mesmos. Sirva o poema
e despeje por cima o molho. Sirva simples ou com ilusões.
quente.
(Terezinha Terra) (Nicolas Behr)

Fonte: (http://acd.ufrj.br/~pead/tema04/denotacaoeconotacao.html)

Leia o poema “Profundamente” de Manuel Bandeira. Observe que ele trabalha


com um termo de forma denotativa e conotativa. Procure verificar que termo é
esse?

Profundamente
Quando ontem adormeci
Na noite de São João
Havia alegria e rumor
Vozes cantigas e risos
Ao pé das fogueiras acesas.

No meio da noite despertei


Não ouvi mais vozes nem risos
Apenas balões
Passavam errantes

Silenciosamente
Apenas de vez em quando
O ruído de um bonde
Cortava o silêncio
Como um túnel.
Onde estavam os que há pouco
Dançavam
Cantavam
E riam
Ao pé das fogueiras acesas?

— Estavam todos dormindo


Estavam todos deitados
Dormindo
Profundamente.

Quando eu tinha seis anos


Não pude ver o fim da festa de São João
Porque adormeci.

Hoje não ouço mais as vozes daquele tempo


Minha avó
Meu avô
Totônio Rodrigues
Tomásia
Rosa
Onde estão todos eles?

— Estão todos dormindo


Estão todos deitados
Dormindo
Profundamente.
Você conseguiu achar qual é o termo?

Sobre o que fala o poema?

Interpretando o poema, pode-se dizer que o eu-lírico se apresenta em dois


tempos distintos: o passado (quando tinha seis anos) e o presente (hoje); bem
destacados pelos advérbios que aparecem no início da 1ª (“ontem”) e da 6ª (“hoje”)
estrofes, respectivamente.

O início do texto mostra algumas lembranças do eu-lírico vividas na noite de


São João, quando ele tinha seis anos e não pôde ver o final da festa, porque tinha
adormecido. Então, ao acordar (possivelmente, no meio da madrugada), toda a
alegria produzida pelas músicas, risadas e brincadeiras do cotidiano das pessoas
daquela época tinha desaparecido, porque todos da casa estavam dormindo
profundamente (no sentido literal - denotativo). No entanto, a partir da 5ª estrofe,
percebe-se a mudança de tempo e a mesma angústia vivida pelo eu-lírico de não
ouvir mais as vozes daquele tempo e se questiona até perceber que eles não
estavam mais lá, pois haviam morrido (“dormido profundamente” no sentindo
conotativo).

É interessante a brincadeira que o poeta faz com as palavras em seu sentido


denotativo e conotativo (“dormir profundamente”- 4ª e 7ª estrofes); percebe-se,
portanto, que se trata de um bom entendedor das palavras que o cercam e que,
mediante um vocabulário simples, consegue atingir temas tão profundos como a
morte e a saudade.

Portanto, ao analisarmos um texto, temos que observar bem o significado das


palavras, a fim de depreendermos os sentidos que estão nele presentes. O que nos
ajudará muito entendermos se a palavra tem um sentido conotativo ou literal será o
contexto, conforme vimos nos capítulos anteriores.
Flexão Nominal
Formação de plural
REGRAS BÁSICAS
Em substantivos simples, acrescenta-se a desinência “-s” aos substantivos terminados em vogal, ditongo
oral ou ditongo nasal “ãe”: casa/casas, peru/perus, pai/pais, lei/leis, herói/heróis, réu/réus, troféu/troféus,
fogaréu/fogaréus, degrau/degraus, grau/graus, sarau/saraus, bacalhau/ bacalhaus, maçã/maçãs,
mãe/mães…
Observação :
Atente para as formas “avôs” (o avô materno e o paterno) e “avós” (casal formado por avô e avó, ou plural
de avó; também indica os antepassados de um modo geral).
A maioria dos substantivos terminados em “-ão” forma o plural substituindo essa terminação por “-ões”
(incluem-se nesse grupo os aumentativos): balão/balões, eleição/eleições, leão/leões, sabichão/sabichões,
coração/corações, vozeirão/vozeirões…
Os paroxítonos terminados em “-ão” e alguns poucos oxítonos e monossílabos formam o plural pelo simples
acréscimo de “s”: sótão/sótãos, cidadão/cidadãos, chão/chãos, bênção/bênçãos, cristão/cristãos,
grão/grãos, órfão/órfãos, irmão/irmãos, mão/mãos…
Alguns substantivos terminados em “-ão” formam o plural substituindo essa terminação por “-ães”:
alemão/alemães, capitão/capitães, pão/pães, cão/cães, charlatão/charlatâes, sacristão/sacristães,
capelão/capelães, escrivão/escrivães, tabelião/tabeliães…
Em alguns casos, há mais do que uma forma aceitável para esses plurais. A tendência da língua portuguesa
atual do Brasil é utilizar a forma de plural em “-ões”:
guardião – guardiões, guardiães;
verão – verões, verãos;
anão – anões, anãos;
cirurgião – cirurgiões, cirurgiães;
corrimão – corrimões, corrimãos;
vilão – vilões, vilãos;
ancião – anciões, anciães, anciãos;
ermitão – ermitões, ermitães, ermitãos;
zangão (substantivo masculino de abelha) zangãos, zangões; que pode ser
pronunciada também de duas maneiras: zangão ou zângão (acento colocado
para mostrar a pronúncia).
Observação:
ARTESÃOS/ARTESÕES
Quando se refere ao indivíduo que tem por ofício as artes que dependem de habilidade manual, o feminino
é “artesã”, e o plural é “artesãos”. No entanto, a palavra “artesão” também se usa em arquitetura, com o
sentido de “adorno que se coloca entre molduras em abóbadas e tetos”. Neste caso, o plural é “artesões”.
Disso se conclui que é possível dizer que “os artesões de determinada igreja foram produzidos por famosos
artesãos”.
Acrescenta-se a desinência “-s” aos substantivos terminados em “-m”. Essa letra é substituida por “-n” na
forma do plural: homem/homens, jardim/jardins, som/sons, atum/atuns…
Os substantivos terminados em “-r” e “-z” formam o plural com o acréscimo de “-es”: mar/mares,
açúcar/açúcares, hambúrguer/hambúrgueres, flor/flores, repórter/repórteres, revólver/revólveres; raiz/raízes,
rapaz/rapazes, cruz/cruzes…
Observação:
No caso do plural das palavras “júnior”, “sênior” e “caráter”, além de acrescentar “es”, devemos observar a
mudança da posição da sílaba tônica: “juni ô res”, “seni ô res”, “carac té res” (devemos escrever essas
palavras sem acento, mas pronunciar com a sílaba tônica nas vogais aqui acentuadas.).
Os substantivos terminados em “-s” formam o plural com acréscimo de “-es”; quando paroxítonos ou
proparoxítonos, são invariáveis – o que faz com que a indicação de número passe a depender de um artigo
ou outro determinante: gás/gases, obus/obuses, um lápis/dois lápis, mês/meses, o atlas/os atlas, algum
ônibus/vários ônibus, país/países, o pires/os pires, o vírus/os vírus…
Os substantivos terminados em “-al, -el, -ol e -ul” formam o plural pela transformação do “-l” dessas
terminações em “-is”: animal/animais, canal/canais, vogal/vogais, igual/iguais, anel/anéis, pastel/pastéis,
álcool/álcoois, anzol/anzóis…
Observação:
O plural de “mal” (males) e de “cônsul” (cônsules) é uma exceção à regra das palavras terminadas em “l”. Já
“mel” admite dois plurais: “meles” ou “méis”. Os dicionários e as gramáticas afirmam que “gol” também
admite dois plurais: “gois” (com o “o” fechado, como o de bois) e “goles” (com o “o” também fechado);
exemplo: Ronaldinho fez três goles (ou gois) numa só partida. No entanto, a forma irregular “gols” é a que
tem predominado na imprensa em geral.
Os substantivos oxítonos terminados em “-il” trocam o “-l” pelo “-s”; os paroxítonos trocam essa terminação
por “-eis”: barril/barris, ardil/ardis, funil/funis, fuzil/fuzis, fóssil/fósseis, projétil/projéteis, réptil/répteis…
Além das formas paroxitonas apresentadas acima, existem as formas oxitonas “projetil” e “reptil”, que fazem
os plurais “projetis” e “reptis”, oxítonos.
Os substantivos terminados em “-n” formam o plural pelo acréscimo de “-s” ou “-es”: abdômen/abdomens ou
abdômenes, gérmen/germens ou gérmenes, hífen/hifens ou hífenes, líquen/liquens ou líquenes…
No português do Brasil, há acentuada tendência para o uso das formas obtidas pelo acréscimo de “-s”.
Observe que, quando paroxítonas, essas formas de plural não recebem acento gráfico.
Destaque-se cânon, cujo plural é a forma cânones.
Os substantivos terminados em “-x” são invariáveis; a indicação de número depende da concordância com
algum determinante: o tórax/os tórax, um climax/alguns climax, uma (ou um) xerox/duas (ou dois) xerox…
Existem alguns substantivos terminados em “-x” que apresentam formas variantes terminadas em “-ce”;
nesses casos, deve-se utilizar a forma plural da variante: o cálix ou cálice/ os cálices, o códex ou códice/ os
códices…
Os diminutivos com o sufixo “-zinho” (e mais raramente “-zito”) fazem o plural da seguinte forma: o plural da
palavra original sem o “s” + o plural do sufixo (-zinhos ou -zitos).
Exemplos:
botão + zinho (botõe + zinhos = botõezinhos)
balão + zinho (balõe + zinhos = balõezinhos)
pão + zinho (pãe + zinhos = pãezinhos)
papel + zinho (papei + zinhos = papeizinhos)
anzol + zinho (anzoi + zinhos = anzoizinhos)
colar + zinho (colare + zinhos = colarezinhos)
flor + zinha (flore + zinhas = florezinhas)
Observações:
No caso de diminutivos formados a partir de substantivos terminados em “-r”, existe acentuada tendência na
língua atual do Brasil para limitar-se o plural à terminação da forma derivada: colarzinho/colarzinhos,
florzinha/florzinhas, mulherzinha/mulherzinhas. Essa forma de plural, no entanto, é repudiada pela norma
culta.
No caso das palavras luzinha e cruzinha, o sufixo para o diminutivo é “inho” (a letra “z” pertence à raiz da
palavra). Não se aplica, portanto, a regra acima. Basta pôr a desinência “s”: luzinhas e cruzinhas.

METAFONIA
Existem muitos substantivos cuja formação do plural não se manifesta apenas por meio de modificações
morfológicas, mas também implica alteração fonológica. Nesses casos, ocorre um fenômeno chamado
metafonia, ou seja, a mudança de som entre uma forma e outra. Trata-se da alternância do timbre da vogal,
que é fechado na forma do singular e aberto na forma do plural. Observe os pares abaixo:
singular (ô) – plural (ó)
aposto apostos
caroço caroços
corno cornos
corpo corpos
corvo corvos
esforço esforços
fogo fogos
imposto impostos
miolo miolos
osso ossos
poço poços
porto portos
povo povos
socorro socorros
forno fornos
jogo jogos
olho olhos
ovo ovos
porco porcos
posto postos
reforço reforços
tijolo tijolos
É importante que você atente na pronúncia culta desses plurais quando estiver utilizando a língua falada em
situações formais.

PLURAL DE PALAVRAS COMPOSTAS


A formação do plural dos substantivos compostos depende da forma como são grafados, do tipo de palavras
que formam o composto e da relação que estabelecem entre si. Aqueles que são grafados ligadamente
(sem hífen) Comportam-se como os substantivos simples: aguardente/aguardentes, girassol/girassóis,
pontapé/pontapés…
Nesse sentido, para fazer o plural de uma palavra composta, é preciso antes verificar em que classe
gramatical ela se encaixa. Basicamente, uma palavra composta pode ser um substantivo ou um adjetivo. No
caso de “pombo-correio”, por exemplo, temos um substantivo composto. Afinal, “pombo-correio” é nome de
algo. Se é nome, é substantivo.
O segundo passo é verificar a classe gramatical de cada elemento formador da palavra composta. No caso
de “pombo-correio”, tanto “pombo” quanto “correio” são substantivos. Dizem as gramáticas que, quando o
segundo substantivo indica idéia de semelhança ou finalidade em relação ao primeiro, há duas
possibilidades de plural: variam os dois ou varia só o primeiro. “Pombo-correio” se encaixa nesse caso. Um
pombo-correio nada mais é do que “variedade de pombo que se utiliza para levar comunicações e
correspondência”, como diz o próprio Aurélio. O segundo substantivo (“correio”) indica finalidade em relação
ao primeiro (“pombo”). Deduz-se, pois, que o plural de “pombo-correio” pode ser “pombos-correio” ou
“pombos-correios”.
Vejamos outros exemplos de substantivos compostos que se encaixam nesse caso: “carro-bomba”,
“homem-bomba”, “público-alvo”, “samba-enredo”, “caminhão-tanque”, “navio-escola”, “couve-flor”, “banana-
maçã”, “saia-balão” e tantos outros de estrutura semelhante (dois substantivos, com o segundo indicando
semelhança ou finalidade em relação ao primeiro). Um carro-bomba, por exemplo, é um carro feito com a
finalidade específica de explodir; assim como um homem-bomba é um indivíduo (normalmente um
terrorista) que amarra explosivos em seu corpo com o mesmo fim. Um público-alvo é uma determinada
parcela da população. Um samba-enredo é um samba feito para contar o enredo do desfile de uma escola.
Uma couve-flor é uma couve semelhante a uma flor. A saia-balão é uma saia que lembra um balão. E por aí
vai.
Sendo assim, o plural de cada um desses substantivos compostos apresenta-se desta maneira:
“carros-bomba” ou “carros-bombas”, “homens-bomba” ou “homens-bombas”, “públicos-alvo” ou “públicos-
alvos”, “sambas-enredo” ou “sambas-enredos”, “caminhões-tanque” ou “caminhões-tanques”, “navios-
escola” ou “navios-escolas”, “couves-flor” ou “couves-flores”, “bananas-maçã” ou “bananas-maçãs”, “saias-
balão” ou “saias-balões”.
Convém aproveitar a ocasião para lembrar que, quando o segundo substantivo não indica semelhança ou
finalidade em relação ao primeiro, só há uma possibilidade de plural: flexionam-se os dois elementos. É o
que ocorre com “cirurgião-dentista”, “tio-avô”, “tia-avó”, “tenente-coronel”, “bicho-papão”, “rainha-mãe”,
“decreto-lei” e tantos outros. Vamos ao plural: “cirurgiões-dentistas” (ou “cirurgiães-dentistas”), “tios-avôs”
(ou “tios-avós”), “tias-avós”, “tenentes-coronéis”, “bichos-papões”, “rainhas-mães”, “decretos-leis”.
Vejamos agora o caso de “cavalo-marinho”. Trata-se de substantivo composto formado por um substantivo
(“cavalo”) e um adjetivo (“marinho”). Aqui não há segredo: variam os dois elementos. O plural, então, só
pode ser “cavalos-marinhos”.
Esse princípio pode ser aplicado em relação a todos os substantivos compostos formados por duas
palavras, das quais uma seja substantivo e a outra, um adjetivo ou numeral. Encaixam-se nesse caso
muitas e muitas palavras. Veja algumas: obra-prima, primeira-dama, queixo-duro, primeiro-ministro, amor-
perfeito, capitão-mor, cachorro-quente, boa-vida, curta-metragem, quarta-feira, sexta-feira, bóia-fria. O plural
de todos esses compostos é feito com a flexão dos dois elementos: obras-primas, primeiras-damas,
queixos-duros, primeiros-ministros, amores-perfeitos, capitães-mores, cachorros-quentes, boas-vidas,
curtas-metragens, quartas-feiras, sextas-feiras, bóias-frias.
Tome cuidado com o caso de compostos em que entram “grão” e “grã”, como “grão-duque”, “grã-fina”, “grã-
fino”, “grã-cruz”. Só varia o segundo elemento: “grão-duques”, “grã-finas”, “grã-finos”, “grã-cruzes”. Merece
destaque “terra-nova” (tipo de cão), que, segundo alguns autores, faz plural excepcional: “terra-novas”. Para
outros, no entanto, também é possível o plural regular: “terras-novas”.
Quando o substantivo composto é formado por três elementos, dos quais o segundo seja uma preposição,
só se faz a flexão do primeiro. É esse o caso de mulas-sem-cabeça, pães-de-ló, quedas-d’água, pés-de-
moleque, amigos-da-onça, bicos-de-papagaio, dores-de-cotovelo, estrelas-do-mar, generais-de-divisão,
grãos-de-bico, joões-de-barro, pais-de-santo, pés-de-cabra, pores-do-sol…
Observação : os fora-da-lei , os fora-de-série …são invariáveis .
Talvez esteja aí a explicação para o plural de “sem-terra” adotado por todos os órgãos da imprensa: “Sem-
terra”. Por quê? Porque se supõe que haja uma palavra implícita. Algo como “homem sem terra”, que não é
propriamente uma palavra composta, mas tem estrutura semelhante: dois substantivos (“homem” e “terra”),
ligados por uma preposição (“sem”). O plural dessa expressão seria “homens sem terra”, que acaba sendo
reduzida para “sem-terra”, com hífen, justamente porque nomeia uma categoria específica de pessoas.
O caso de “sem-vergonha” é semelhante. Algo como “pessoa sem vergonha” acaba se transformando em
“sem-vergonha”, com hífen. Segundo o dicionário “Aurélio” e muitos gramáticos, o plural é “sem-vergonha”
mesmo. Alguns discordam e propõem “os sem-vergonhas” e “os sem-terras”. O argumento é que se deve
proceder com “sem-terra” como se procede com “contra-ataque”, cujo plural é “contra-ataques”. Ocorre que
esse “contra” não é a preposição, mas o elemento de composição, ou prefixo, como o define Caldas Aulete.
Os casos de “contra-ataque” e de “sem-terra”, na verdade, são distintos.
Se a palavra composta for constituída de um verbo e um substantivo, somente o substantivo irá para o
plural: arranha-céus, bate-papos, bate-bocas, bate-bolas, caça-talentos, guarda-chuvas, lança-perfumes,
lava-pés, mata-borrões, pára-brisas, pára-choques, pára-lamas, porta-bandeiras, porta-vozes, quebra-
cabeças, quebra-molas, salva-vidas, vira-latas…
Observação :
Em guarda-civil , guarda é substantivo e civil é adjetivo. Os dois vão para o plural: guardas-civis , guardas-
noturnos, guardas-florestais…
Já em guarda-chuva , guarda é verbo e chuva é substantivo. Só o substantivo vai para o plural: guarda-
chuvas , guarda-sóis, guarda-louças, guarda-roupas, guarda-costas…
Se a palavra composta for constituída de dois ou mais adjetivos, somente o último adjetivo irá para o plural:
consultórios médico-cirúrgicos ; candidatos social-democratas ; atividades técnico-científicas ; problemas
político-econômicos ; questões luso-brasileiras ; camisas rubro-negras ; cabelos castanho-escuros ; olhos
verde-claros …
Observação :
Os adjetivos compostos referentes a cores são invariáveis quando o segundo elemento é um substantivo:
verde-garrafa, verde-mar, verde-musgo, verde-oliva, azul-céu, azul-piscina, amarelo-ouro, rosa-choque,
vermelho-sangue…
Compare:
Olhos verde-claros = cor + adjetivo (claro ou escuro)
Calças verde-garrafa = cor + substantivo
Também são invariáveis: azul-celeste e azul-marinho .
Se o primeiro elemento for advérbio, preposição ou prefixo, somente o segundo elemento irá para o plural:
abaixo-assinados, alto-falantes, ante-salas, anti-semitas, auto-retratos, bel-prazeres, contra-ataques, recém-
nascidos, super-homens, todo-poderosos, vice-campeões…
Se a palavra composta for constituída por advérbio + pronome + verbo, somente o último elemento varia:
bem-me-queres, bem-te-vis, não-me-toques…
Se a palavra composta for constituída pela repetição das palavras (onomatopéias = reprodução dos sons), o
segundo elemento irá para o plural: bangue-bangues, pingue-pongues, reco-recos, teco-tecos, tique-taques,
zigue-zagues…
Casos especiais:
Os arco-íris, as ave-marias, os banhos-maria, os joões-ninguém, os louva-a-deus, os lugar-tenentes, os
mapas-múndi, os padre-nossos, as salve-rainhas, os surdos-mudos…
São invariáveis :
- compostos de verbo + palavra invariável: os bota-fora, os cola-tudo, os topa-tudo…
- compostos de verbos de sentido oposto: os entre-e-sai, os leva-e-traz, os perde-ganha, os sobe-e-desce,
os vai-volta…
- expressões substantivadas: os bumba-meu-boi, os chove-não-molha, os disse-me-disse…

Os estudiosos das coisas indígenas afirmam que os nomes das nações indígenas não apresentam plural na
sua forma original. Deveríamos dizer os tupi, os goitacá, os pataxó, os caeté.
Há, entretanto, aqueles que defendem o aportuguesamento e conseqüente respeito às nossas regras
gramaticais.

CASOS ESPECIAIS

EXTRA
A forma reduzida “extra” vem do adjetivo “extraordinário”. Como “extra” significa “fora de”, “extraordinário”
significa “fora do ordinário”, ou seja, fora do que é comum, normal, ordinário. Por ser grande, a palavra
“extraordinário” não fugiu de um processo lingüístico implacável: a redução. Com isso, o prefixo passou a ter
também o sentido do adjetivo. Nesse caso, sua flexão é normal, como a de um adjetivo qualquer: “hora
extra”, “horas extras”.
Em tempo: quando usado como prefixo, nada de flexioná-lo. O plural de “extra-oficial” é “extra-oficiais”; o de
“extra-sístole” é “extra-sístoles”.

SIGLAS
Embora não existam regras rígidas para o plural de siglas, é usual e perfeitamente aceitável o uso do “s”:
CDs, CEPs, IPVAs, IPTUs, Ufirs…
Cuidado, porém, quanto ao mau uso do apóstrofo. O apóstrofo, em português, é para indicar a omissão de
fonema/letra: copo de água = copo d’água; galinha de Angola = galinha d’angola. Não se justifica, portanto,
o uso do apóstrofo para indicar o acréscimo da desinência “s” para indicar o plural.

REVÉS
“Reveses”, com “s”, é o plural de “revés”, sinônimo de “insucesso”, “derrota”. Já “revezes” é a forma da
segunda pessoa do singular do presente do subjuntivo do verbo “revezar”, que se escreve com “z” porque é
da mesma família de “vez”. “Revezar” é produto de “re + vez + ar” e significa “substituir alternadamente”:
“Quero que tu te revezes com o Fernando na prova de natação.”

AS CORES LILÁS E GRIS


Apesar da palavra “lilás” ser um substantivo (uma flor), ela empresta a tonalidade de sua cor para virar
adjetivo que, pela regra geral, não iria para o plural, como em certos adjetivos compostos, onde o segundo
elemento é um substantivo: “calças azul piscina”, ” vestidos amarelo- -limão”. No entanto, muitos dicionários
dão como plural de lilás a forma “lilases”. O mais interessante é que lilás pode ser também o plural de “lilá”.
Assim, podemos ter as seguintes combinações: no singular, “camisa lilá”, “camisa lilás”; e no plural,
“camisas lilás” e “camisas lilases”.
Assim também acontece com “gris” que, a princípio, é um animal (substantivo) que empresta a tonalidade
da cor de seu pêlo (azul-acinzentado) para se tornar um adjetivo. Dessa forma, gris pode ser singular ou
plural, tendo também a forma “grisses” como um segundo plural. Exemplo: “…e tudo nascerá mais belo, o
verde faz do azul com o amarelo o elo com todas as cores para enfeitar amores gris (ou grises)” – verso da
música NENHUM DIA, de Dijavan.

ESPÉCIMEN
Além do plural “espécimens”, a palavra espécimen possui a forma “especímenes”.
Cuidado, entretanto, com a pronúncia dessas palavras. São todas proparoxítonas (a sílaba tônica é a
antepenúltima) e conseqüentemente acentuadas, o que certamente ajuda a pronunciá-las corretamente.

Exercícios

1. (CESGRANRIO) Assinale o par de vocábulos que formam o plural como órfão e mata-burro,
respectivamente:

a) cristão / guarda-roupa
b) questão / abaixo-assinado
c) alemão / beija-flor
d) tabelião / sexta-feira
e) cidadão / salário-família

2. (U-UBERLÂNDIA) Relativamente à concordância dos adjetivos compostos indicativos de cor, uma, dentre
as seguintes, está errada. Qual?

a) saia amarelo-ouro
b) papel amarelo-ouro
c) caixa vermelho-sangue
d) caixa vermelha-sangue
e) caixas vermelho-sangue

3. (ITA) Indique a frase correta:

a) Mariazinha e Rita são duas leva-e-trazes.


b) Os filhos de Clotilde são dois espalhas-brasas.
c) O ladrão forçou a porta com dois pés-de-cabra.
d) Godofredo almoçou duas couves-flor.
e) Alfredo e Radagásio são dois gentilhomens.

4. (BB) Flexão incorreta:

a) os cidadãos
b) os açúcares
c) os cônsules
d) os tóraxes
e) os fósseis

5. (BB) Mesma pronúncia de "bolos":

a) tijolos
b) caroços
c) olhos
d) fornos
e) rostos

6. (BB) Não varia no plural:

a) tique-taque
b) guarda-comida
c) beija-flor
d) pára-lama
e) cola-tudo

7. (EPCAR) Está mal flexionado o adjetivo na alternativa:

a) Tecidos verde-olivas
b) Festas cívico-religiosas
c) Guardas noturnos luso-brasileiros
d) Ternos azul-marinho
e) Vários porta-estandartes

8. (UF-UBERLÂNDIA) Na sentença "Há frases que contêm mais beleza do que verdade", temos grau:

a) comparativo de superioridade
b) superlativo absoluto sintético
c) comparativo de igualdade
d) superlativo relativo
e) superlativo por meio de acréscimo de sufixo

9. (MACK) Assinale a alternativa em que a flexão do substantivo composto está errada:

a) os pés-de-chumbo
b) os corre-corre
c) as públicas-formas
d) os cavalos-vapor
e) os vaivéns

10. (UM-SP) Aponte a alternativa em que haja erro quanto à flexão do nome composto:

a) vice-presidentes, amores-perfeitos, os bota-fora


b) tico-ticos, salários-família, obras-primas
c) reco-recos, sextas-feiras, sempre-vivas
d) pseudo-esferas, chefes-de-seção, pães-de-ló
e) pisca-piscas, cartões-postais, mulas-sem-cabeças

GABARITO:
1. A 2. D 3.C 4. D 5.E 6.D 7. A 8. A 9. B 10. E
Flexão Verbal

O que representa as flexões verbais


As flexões verbais são expressas por meio dos tempos, modo e pessoa da seguinte forma:
• O tempo indica o momento em que ocorre o processo verbal.
• O modo indica a atitude do falante ( dúvida, certeza, impossibilidade, pedido, imposição, etc.)á
• A pessoa marca na forma do verbo a pessoa gramatical do sujeito.

Tempos
Há tempos do presente, do passado ( pretérito ) e do futuro.

Modo

Modo Indicativo
Indica uma certeza relativa do falante com referência ao que o verbo exprime; pode ocorrer no tempo
presente, passado ou futuro:

Presente ( IdPr ):
Processo simultâneo ao ato da fala - fato corriqueiro, habitual:
Compro livros nesta livraria.
nota:
Usa-se também o presente com o valor de passado - passado histórico ( nos contos, narrativas )

Tempos do pretérito ( passado ) ( Id Pt ):


Exprimem processos anteriores ao ato da fala. São eles:

• Pretérito imperfeito
Exprime um processo habitual, ou com duração no tempo:
Naquela época eu cantava como um pássaro.
• Pretérito perfeito
Exprime uma ação acabada:
Paulo quebrou meu violão de estimação.
• Pretérito mais-que-perfeito
Exprime um processo anterior a um processo acabado:
Embora tivera deixado a escola, ele nunca deixou de estudar.

Tempos do futuro ( Id Ft ): Indicam processos que irão acontecer:

• Futuro do presente
Exprime um processo que ainda não aconteceu:
Farei essa viagem no fim do ano.
• Futuro do pretérito
Exprime um processo posterior a um processo que já passou:
Eu faria essa viagem se não tivesse comprado o carro.

Modo Subjuntivo
Expressa incerteza, possibilidade ou dúvida em relação ao processo verbal e não está ligado com a noção
de tempo. Há três tempos: presente, imperfeito e futuro.
Quero que voltes para mim.
Não pise na grama.
É possível que ele seja honesto.
Espero que ele fique contente.
Duvido que ele seja o culpado.
Procuro alguém que seja meu companheiro para sempre.
Ainda que ele queira, não lhe será concedida a vaga.
Se eu fosse bailarina, estaria na Rússia.
Quando eu tiver dinherio, irei para as praias do nordeste.

Modo Imperativo
Exprime atitude de ordem, pedido ou solicitação: Vai e não voltes mais.

Pessoa
A norma da língua portuguesa estabelece três pessoas:
Singular: eu , tu , ele, ela .
Plural: nós, vós, eles, elas.
nota:
No português brasileiro é comum o uso do pronome de tratamento você (s) em lugar do tu e vós.

TEMPOS E MODOS.

PRESENTE DO INDICATIVO.

O MODO INDICATIVO serve para expressar ações definidas, reais. O TEMPO PRESENTE, normalmente,
exprime as ações que acontecem no momento em que se fala.
Entretanto, este tempo verbal pode ser também empregado em outras circunstâncias.

- PRESENTE MOMENTÂNEO:

"Não percamos de vista o ardente Sílvio que lá vai, que desce e sobe, escorrega e salta." - M. Assis. (Fato
atual, que se dá no momento em que se fala; o narrador, aqui, está presenciando as ações do personagem)

- PRESENTE DURATIVO:

"A Igreja condena a pílula anticomcepcional e a Ciência a aprova." (Ações ou estados considerados
permanentes)

- PRESENTE HABITUAL ou FREQÜENTATIVO:

"Aqueles jovens estudam na mesma escola."

- PRESENTE HISTÓRICO ou NARRATIVO:

"Procuram-se e acham-se. Enfim, Sílvio achou Sílvia; viram-se, caíram nos braços um do outro, ofegantes
de canseira, mas remidos com a paga. Unem-se, entrelaçam os braços e regressam palpitando da
inconsciência para a consciência." - M. Assis. (Verbos no presente para dar mais vivacidade às ações
acontecidas no passado)

- PRESENTE COM SENTIDO DE FUTURO MUITO PRÓXIMO:

"Vou arrumar as malas e, amanhã, embarco para a Europa."


"Vou à Roma, depois sigo para Londres."
(Para se evitar qualquer tipo de ambigüidade, deve-se usar advérbios de tempo que exprimem futuro, junto
ao verbo no presente)

IMPERATIVO.

Sendo por excelência o modo que exprime "ordens e mandamentos", o Imperativo também pode expressar
outros sentimentos, intenções e interesses do ser humano.
Exemplos:

Saia daqui! (ordem)


Partamos antes que seja tarde. (conselho)
Não se preocupe com isso. (conselho expresso pelo Imperativo Negativo)
Venha à nossa casa hoje à noite. (convite)
Não deixem de comparecer à festa. (convite expresso pelo Imperativo Negativo)
Por favor, espere por mim!
"Perdoai as nossas ofensas..."
"Livrai-nos do mal."
(súplicas)
"Não nos deixeis cair em tentação..."
(súplica expressa pelo Imperativo Negativo)
O modo Imperativo Afirmativo é formado da seguinte maneira: tu e vós do Presente do Indicativo, sem o s
final, e as demais pessoas (você/ele, nós, vocês/eles) do Presente do Subjuntivo. Já o imperativo negativo é
formado com todas as pessoas deste tempo. Não se usa a primeira pessoa do singular em ambos os casos.

O sistema de conjugação dos imperativos vale para todos os verbos da língua portuguesa, com exceção do
verbo ser. Este verbo só não segue a regra nas duas segundas pessoas do imperativo afirmativo: sê (tu) e
sede (vós), esta lida com o primeiro "e" fechado, do mesmo jeito que se lê a palavra que significa vontade
de beber.

Exemplo:

"Para ser grande, sê inteiro: nada teu exagera ou exclui. Sê todo em cada coisa. Põe quanto és no mínimo
que fazes." (Fernando Pessoa, sob o heterônimo de Ricardo Reis)

MODO SUBJUNTIVO.

Modo que se caracteriza por expressar ações e fatos hipotéticos, isto é, tudo aquilo que está no campo de
nossos desejos, de nossas aspirações. É o modo das orações subordinadas por excelência.

TEMPOS:

- Presente.

Este tempo pode expressar ações tanto no presente quanto no futuro.

Exemplos:

Duvido que ele SEJA rico. (ação presente)


É bom que você VOLTE amanhã. (ação futura)

Observação: A primeira pessoa do singular do presente do indicativo dá origem ao presente do subjuntivo.

Exemplos:

"Eu vejo" dá origem a "que eu veja"; "eu ouço" dá origem a "que eu ouça"; "eu digo" dá origem a "que eu
diga". Se a primeira do singular do presente do indicativo é nula, como nos verbos defectivos, todo o
presente do subjuntivo é nulo.

- Imperfeito.

Embora esta seja uma forma do tempo pretérito, pode também expressar fatos no presente e no futuro.

Exemplos:

Fosse verdade o que dizes, e todos estariam felizes. (a correlação com a forma verbal "dizes" dá à forma
"fosse" um aspecto também de presente)
Chovesse ou fizesse sol, ele ia ao trabalho.
Pediu-lhe que voltasse na próxima semana. (a expressão adverbial "na próxima semana" traz um matiz de
futuro à oração)

- Pretérito.

Forma verbal sempre no tempo composto, formado pelo auxiliar TER no presente do subjuntivo, acrescido
do particípio passado do verbo principal.

Exemplos:

Acredito que ele TENHA PASSADO no exame. (fato passado, supostamente concluído)
Espero que ela TENHA ARRUMADO tudo antes de eu chegar. (fato passado, supostamente terminado
antes de outro fato no futuro acontecer)

- Pretérito mais-que-perfeito.

Também um tempo composto, formado por um auxiliar no Imperfeito do subjuntivo e um verbo principal no
particípio passado.

Exemplos:

Não esperava que ela TIVESSE CHEGADO aqui antes de mim. (ação concluída eventualmente antes de
outra, ambas no passado)
TIVESSE CHEGADO antes, e o prêmio seria seu. (ação hipotética, ocorrida no passado)

- Futuro (simples).

Pode ser empregado nas orações adverbiais ou adjetivas.

Exemplos:

SE QUISER, irei vê-lo. (idéia de eventualidade no futuro)


Trarei presentes aos que me ENCOMENDAREM.

- Futuro (composto).

Formado do verbo auxiliar no futuro simples e o particípio passado do verbo principal.

Exemplos:

Quando TIVER ENCONTRADO a resposta, revelarei a todos. (fato futuro eventualmente terminado em
relação a outro também no futuro)
Fonética e Fonologia

Fonemas e Aparelho fonador

Fonemas são as entidades capazes de estabelecer distinção entre as palavras.


Exemplos: casa/capa, muro/mudo, dia/tia

A troca de um único fonema determina o surgimento de outra palavra ou um som sem sentido. O fonema se
manifesta no som produzido, sendo registrado pela letra e representado graficamente por ela. O fonema /z/,
por exemplo, pode ser representado por várias letras: z (fazenda), x (exagerado), s (mesa).

Atenção:

Os fonemas são representados entre barras. Exemplos: /m/, /o/.

Aparelho fonador

Os sons da fala são produzidos pelo aparelho fonador. O aparelho fonador é constituído de:

pulmões
brônquios e traqueia
laringe
glote
cordas vocais
faringe
úvula
boca e órgãos anexos
fossas nasais

Classificação dos Fonemas e Dígrafos


Os fonemas da Língua Portuguesa classificam-se em vogais, semivogais e consoantes.

Vogais: são fonemas pronunciados sem obstáculo à passagem de ar, chegando livremente ao exterior.
Exemplos: pato, bota.

Semivogais: são os fonemas que se juntam a uma vogal, formando com esta uma só sílaba. Exemplos:
couro, baile.

Observe que só os fonemas /i/ e /u/ átonos funcionam como semivogais. Para que não sejam confundidos
com as vogais i e u serão representados por [y] e [w] e chamados, respectivamente, de iode e vau.

Consoantes: são fonemas produzidos mediante a resistência que os órgãos bucais (língua, dentes, lábios)
opõem à passagem de ar. Exemplos: caderno, lâmpada.

Dicas:

Em nossa língua, a vogal é o elemento básico, suficiente e indispensável para a formação da sílaba. Você
encontrará sílabas constituídas só de vogais, mas nunca formadas somente com consoantes. Exemplos:
viúva, abelha.

Dígrafos

É a união de duas letras representando um só fonema. Observe que no caso dos dígrafos não há
correspondência direta entre o número de letras e o número de fonemas.

Dígrafos que desempenham a função de consoantes: ch (chuva), lh (molho), nh (unha), rr (carro) e outros.
Dígrafos que desempenham a função de vogais nasais: am (campo), en (bento), om (tombo) e outros.

Classificação das Vogais e Consoantes

1- Quanto à zona de articulação:

A zona de articulação está relacionada com a região da boca onde as vogais são articuladas.

a- média - é articulada com a língua abaixada, quase em repouso. Ex.: a (pasta).

b- anteriores - são articuladas com a língua elevada em direção ao palato duro, próximo ao dentes. Ex.: é
(pé), ê (dedo), i (botina).

c- posteriores - são articuladas quando a língua se dirige ao palato mole. Ex.: ó (pó), ô (lobo), u (resumo).

2- Quanto ao papel das cavidades, bucal e nasal:

A corrente de ar pode passar só pela boca (orais) ou simultaneamente pela boca e fossas nasais (nasais).

a- orais: (pata), (sapé), (veia), (vila), (sol), (aborto), (fluxo).

b- nasais: (fã), (tempo), (cinto), (sombrio), (fundo).

3- Quanto à intensidade:

A intensidade está relacionada com a tonicidade da vogal.

a- tônicas: café, cama.

b- átonas: massa, bote.

4- Quanto ao timbre:

O timbre está relacionado com a abertura da boca.

a- abertas: (sapo), (neve), (bola).

b- fechadas: ê (mesa), ô (domador), i (bico), u (útero) e todas as nasais.

c- reduzidas: são as vogais reduzidas no timbre, já que são vogais átonas (orais ou nasais, finais ou
internas). Exemplos: (cara, cantei).

Curiosidades:

Alguns autores citam um terceiro tipo de vogal quanto à intensidade, as subtônicas. Ver CEGALLA E
LUFT
Ex.: pazinha

Classificação das Consoantes

As consoantes são classificadas de acordo com quatro critérios:

1- Modo de articulação: é a forma pela qual as consoantes são articuladas. Quanto ao modo de
articulação, as consoantes podem ser oclusivas ou constritivas.

a- Nas oclusivas existe um bloqueio total do ar.


b- Nas constritivas existe um bloqueio parcial do ar.

2- Ponto de articulação: é o lugar onde a corrente de ar é articulada (lábios, dentes, palato...). De acordo
com o ponto onde é articulada, as consoantes são classificadas em:

a - bilabiais- lábios + lábios.

b- labiodentais- lábios + dentes superiores.

c- linguodentais- língua + dentes superiores.

d- alveolares- língua + alvéolos dos dentes.

e- palatais- dorso do língua + céu da boca.

f- velares- parte superior da língua + palato mole.

3- Função das cordas vocais: se a cordas vocais vibrarem, a consoante será sonora; caso contrário, a
consoante será surda.

4- Função das cavidades, bucal e nasal: caso o ar saia somente pela boca, as consoantes serão orais;
se sair também pelas fossas nasais, as consoantes serão nasais.

Encontros Vocálicos e Consonantais

Há três tipos de encontros vocálicos: ditongo, hiato e tritongo.


Ditongo: é a junção de uma vogal + uma semivogal (ditongo decrescente), ou vice-versa (ditongo
crescente), na mesma sílaba.
Ex.: noite (ditongo decrescente), quase (ditongo crescente).

Hiato: é a junção de duas vogais pronunciadas separadamente, formando sílabas distintas.


Ex.: saída, coelho

Tritongo: é a junção de semivogal + vogal + semivogal, formando uma só sílaba.


Ex.: Paraguai, arguiu.

Atenção:

Não se esqueça que só as vogais /i/ e /u/ podem funcionar como semivogais. Quando semivogais,
serão representadas por /y/ e /w/, respectivamente.

Encontros consonantais

Quando existe uma sequência de duas ou mais consoantes em uma mesma palavra, denominamos essa
sequência de encontro consonantal.

O encontro pode ocorrer:

- na mesma sílaba: cla-ri-da-de, fri-tu-ra, am-plo

- em sílabas diferentes: af-ta, com-pul-só-rio

Atenção:

Nos encontros consonantais, somos capazes de perceber o som de


todas as consoantes.

Sílaba e Divisão silábica

Sílaba é a unidade ou grupo de fonemas emitidos num só impulso da voz.

Divisão silábica

A fala é o primeiro e mais importante recurso usado para a divisão silábica na escrita.

Regra geral:

Toda sílaba, obrigatoriamente, possui uma vogal.

Regras práticas:

Não se separam ditongos e tritongos.


Exemplos: mau, averiguei.

Separam-se as letras que representam os hiatos.


Exemplos: sa-í-da, vo-o...

Separam-se somente os dígrafos rr, ss, sc, sç, xc.


Exemplos: pas-se-a-ta, car-ro, ex-ce-to...

Separam-se os encontros consonantais pronunciados separadamente.


Exemplo: car-ta.

Os elementos mórficos das palavras (prefixos, radicais, sufixos), quando incorporados à palavra, obedecem
às regras gerais.
Exemplos: de-sa-ten-to, bi-sa-vô, tran-sa-tlân-ti-co...

Consoante não seguida de vogal permanece na sílaba anterior. Quando isso ocorrer em início de palavra, a
consoante será anexa à sílaba seguinte.
Exemplos: ad-je-ti-vo, tungs-tê-nio, psi-có-lo-go, gno-mo...

Acento tônico / gráfico

1- Sílaba tônica- A sílaba proferida com mais intensidade que as outras é a sílaba tônica. Esta possui o
acento tônico, também chamado acento de intensidade ou prosódico.

Exemplos:
cajá, caderno, lâmpada

2- Sílaba subtônica- Algumas palavras geralmente derivadas e polissílabas, além do acento tônico,
possuem um acento secundário. A sílaba com acento secundário é chamada de subtônica.

Exemplos:
terrinha, sozinho

3- Sílaba átona- As sílabas que não são tônicas nem subtônicas chamam-se átonas.
Podem ser pretônicas (antes da tônica) ou postônicas (depois da tônica).

Exemplos:
barata (átona pretônica, tônica, átona postônica)

máquina (tônica, átona postônica, átona postônica)

Atenção:

Não confunda acento tônico com acento gráfico. O acento tônico está relacionado com intensidade de som
e existe em todas as palavras com duas ou mais sílabas. O acento gráfico existirá em apenas algumas
palavras e será usado de acordo com regras de acentuação.

Ortoépia e Prosódia

Ortoépia

Ortoépia é a correta pronúncia dos grupos fônicos.

A ortoépia está relacionada com: a perfeita emissão das vogais, a correta articulação das consoantes e a
ligação de vocábulos dentro de contextos.

Erros cometidos contra a ortoépia são chamados de cacoepia. Alguns exemplos:

a- pronunciar erradamente as vogais quanto ao timbre:

- pronúncia correta, timbre fechado (ê, ô): omelete, alcova, crosta...

- pronúncia errada, timbre aberto (é, ó): omelete, alcova, crosta...

b- omitir fonemas: cantar/ canta, trabalhar/trabalha, amor/amo, abóbora/abóbra, prostrar/ prostar,


reivindicar/revindicar...

c- acréscimo de fonemas: pneu/peneu, freada/ freiada,bandeja/ bandeija...


d- substituição de fonemas: cutia/cotia, cabeçalho/ cabeçário, bueiro/ boeiro.

e- troca de posição de um ou mais fonemas: caderneta/ cardeneta, bicarbonato/ bicabornato, muçulmano/


mulçumano.

f- nasalização de vogais: sobrancelha/ sombrancelha, mendigo/ mendingo, bugiganga/ bungiganga ou


buginganga

g- pronunciar a crase: A aula iria acabar às cinco horas./ A aula iria acabar "àas" cinco horas.

h- ligar as palavras na frase de forma incorreta:

correta: A aula/ iria acabar/ às cinco horas.

Exemplo de ligação incorreta: A/ aula iria/ acabar/ às/ cinco horas.

Prosódia

A prosódia está relacionada com a correta acentuação das palavras, tomando como padrão a língua
considerada culta.

Abaixo estão relacionados alguns exemplos de vocábulos que frequentemente geram dúvidas quanto à
prosódia:

1) oxítonas:

cateter, Cister, condor, hangar, mister, negus, Nobel, novel, recém, refém, ruim, sutil, ureter.

2) paroxítonas:

avaro, avito, barbárie, caracteres, cartomancia, ciclope, erudito, ibero, gratuito, ônix, poliglota, pudico,
rubrica, tulipa.

3) proparoxítonas:

aeródromo, alcoólatra, álibi, âmago,antídoto, elétrodo, lêvedo, protótipo, quadrúmano, vermífugo, zéfiro.

Há algumas palavras cujo acento prosódico é incerto, oscilante, mesmo na língua culta.
Exemplos:

acrobata e acróbata / crisântemo e crisantemo/ Oceânia e Oceania/ réptil e reptil/ xerox e xérox e outras.

Outras assumem significados diferentes, de acordo a acentuação:


Exemplos:
valido/ válido

Vivido /Vívido

Curiosidades

Casos mais frequentes de pronúncias diferentes da língua padrão:


Funções da Linguagem

Para entendermos com clareza as funções da linguagem, é bom primeiramente conhecermos as etapas da
comunicação.
Ao contrário do que muitos pensam, a comunicação não acontece somente quando falamos, estabelecemos
um diálogo ou redigimos um texto, ela se faz presente em todos (ou quase todos) os momentos.
Comunicamo-nos com nossos colegas de trabalho, com o livro que lemos, com a revista, com os
documentos que manuseamos, através de nossos gestos, ações, até mesmo através de um beijo de “boa
noite”.

É o que diz Bordenave quando se refere à comunicação:


A comunicação confunde-se com a própria vida. Temos tanta
consciência de que comunicamos como de que respiramos ou
andamos. Somente percebemos a sua essencial importância
quando, por acidente ou uma doença, perdemos a capacidade
de nos comunicar. (Bordenave, 1986. p.17-9)

No ato de comunicação percebemos a existência de alguns elementos, são eles:

a) emissor: é aquele que envia a mensagem (pode ser uma única pessoa ou um grupo de pessoas).

b) mensagem - é o contéudo (assunto) das informações que ora são transmitidas.

c) receptor: é aquele a quem a mensagem é endereçada (um indivíduo ou um grupo), também conhecido
como destinatário.
d) canal de comunicação: é o meio pelo qual a mensagem é transmitida.

e) código: é o conjunto de signos e de regras de combinação desses signos utilizado para elaborar a
mensagem: o emissor codifica aquilo que o receptor irá decodificar.
f) contexto: é o objeto ou a situação a que a mensagem se refere.

Partindo desses seis elementos Roman Jakobson, linguista russo, elaborou estudos acerca das funções da
linguagem, os quais são muito úteis para a análise e produção de textos. As seis funções são:

1. Função referencial: referente é o objeto ou situação de que a mensagem trata. A função referencial
privilegia justamente o referente da mensagem, buscando transmitir informações objetivas sobre ele. Essa
função predomina nos textos de caráter científico e é privilegiado nos textos jornalísticos.

2. Função emotiva: através dessa função, o emissor imprime no texto as marcas de sua atitude pessoal:
emoções, avaliações, opiniões. O leitor sente no texto a presença do emissor.

3. Função conativa: essa função procura organizar o texto de forma a que se imponha sobre o receptor da
mensagem, persuadindo-o, seduzindo-o. Nas mensagens em que predomina essa função, busca-se
envolver o leitor com o conteúdo transmitido, levando-o a adotar este ou aquele comportamento.

4.Função fática: a palavra fático significa “ruído, rumor”. Foi utilizada inicialmente para designar certas
formas que se usam para chamar a atenção (ruídos como psiu, ahn, ei). Essa função ocorre quando a
mensagem se orienta sobre o canal de comunicação ou contato, buscando verificar e fortalecer sua
eficiência.

5. Função metalinguística: quando a linguagem se volta sobre si mesma, transformando-se em seu


próprio referente, ocorre a função metalinguística.

6. Função poética: quando a mensagem é elaborada de forma inovadora e imprevista, utilizando


combinações sonoras ou rítmicas, jogos de imagem ou de ideias, temos a manifestação da função poética
da linguagem. Essa função é capaz de despertar no leitor prazer estético e surpresa. É explorado na poesia
e em textos publicitários.

Essas funções não são exploradas isoladamente, de modo geral, ocorre a superposição de várias delas.
Há, no entanto, aquela que se sobressai, assim podemos identificar a finalidade principal do texto.

Função referencial ou denotativa: transmite uma informação objetiva, expõe dados da realidade de modo
objetivo, não faz comentários, nem avaliação. Geralmente, o texto apresenta-se na terceira pessoa do
singular ou plural, pois transmite impessoalidade. A linguagem é denotativa, ou seja, não há possibilidades
de outra interpretação além da que está exposta.
Em alguns textos é mais predominante essa função, como: científicos, jornalísticos, técnicos, didáticos ou
em correspondências comerciais.

Por exemplo: “Bancos terão novas regras para acesso de deficientes”. O Popular, 16 out. 2008.

Função emotiva ou expressiva: o objetivo do emissor é transmitir suas emoções e anseios. A realidade é
transmitida sob o ponto de vista do emissor, a mensagem é subjetiva e centrada no emitente e, portanto,
apresenta-se na primeira pessoa. A pontuação (ponto de exclamação, interrogação e reticências) é uma
característica da função emotiva, pois transmite a subjetividade da mensagem e reforça a entonação
emotiva. Essa função é comum em poemas ou narrativas de teor dramático ou romântico.

Por exemplo: “Porém meus olhos não perguntam nada./ O homem atrás do bigode é sério, simples e
forte./Quase não conversa./Tem poucos, raros amigos/o homem atrás dos óculos e do bigode.” (Poema de
sete faces, Carlos Drummond de Andrade)

Função conativa ou apelativa: O objetivo é de influenciar, convencer o receptor de alguma coisa por meio
de uma ordem (uso de vocativos), sugestão, convite ou apelo (daí o nome da função). Os verbos costumam
estar no imperativo (Compre! Faça!) ou conjugados na 2ª ou 3ª pessoa (Você não pode perder! Ele vai
melhorar seu desempenho!). Esse tipo de função é muito comum em textos publicitários, em discursos
políticos ou de autoridade.

Por exemplo: Não perca a chance de ir ao cinema pagando menos!

Função metalingüística: Essa função refere-se à metalinguagem, que é quando o emissor explica um
código usando o próprio código. Quando um poema fala da própria ação de se fazer um poema, por
exemplo. Veja:
“Pegue um jornal
Pegue a tesoura.
Escolha no jornal um artigo do tamanho que você deseja dar a seu poema.
Recorte o artigo.”

Este trecho da poesia, intitulada “Para fazer um poema dadaísta” utiliza o código (poema) para explicar o
próprio ato de fazer um poema.

Função fática: O objetivo dessa função é estabelecer uma relação com o emissor, um contato para verificar
se a mensagem está sendo transmitida ou para dilatar a conversa.
Quando estamos em um diálogo, por exemplo, e dizemos ao nosso receptor “Está entendendo?”, estamos
utilizando este tipo de função ou quando atendemos o celular e dizemos “Oi” ou “Alô”.

Função poética: O objetivo do emissor é expressar seus sentimentos através de textos que podem ser
enfatizados por meio das formas das palavras, da sonoridade, do ritmo, além de elaborar novas
possibilidades de combinações dos signos lingüísticos. É presente em textos literários, publicitários e em
letras de música.
ORTOGRAFIA OFICIAL

A palavra Ortografia é formada por "orto", elemento de origem grega, usado como prefixo, com o
significado de direito, reto, exato e "grafia", elemento de composição de origem grega com o significado de
ação de escrever; ortografia, então, significa ação de escrever direito. É fácil escrever direito? Não!! É, de
fato, muito difícil conhecer todas as regras de ortografia a fim de escrever com o mínimo de erros
ortográficos. Hoje tentaremos facilitar um pouco mais essa matéria. Abaixo seguem algumas frases com as
respectivas regras sobre o uso de ç, s, ss, z, x... Vamos a elas:

01) Uma das intenções da casa de detenção é levar o que cometeu graves infrações a alcançar a
introspecção, por intermédio da reeducação.

a) Usa-se ç em palavras derivadas de vocábulos terminados em TO:


intento = intenção
canto = canção
exceto = exceção
junto = junção

b) Usa-se ç em palavras terminadas em TENÇÃO referentes a verbos derivados de TER:


deter = detenção
reter = retenção
conter = contenção
manter = manutenção

c) Usa-se ç em palavras derivadas de vocábulos terminados em TOR:


infrator = infração
trator = tração
redator = redação
setor = seção

d) Usa-se ç em palavras derivadas de vocábulos terminados em TIVO:


introspectivo = introspecção
relativo = relação
ativo = ação
intuitivo – intuição

e) Usa-se ç em palavras derivadas de verbos dos quais se retira a desinência R:


reeducar = reeducação
importar = importação
repartir = repartição
fundir = fundição

f) Usa-se ç após ditongo quando houver som de s:


eleição
traição

02) A pretensa diversão de Creusa, a poetisa vencedora do concurso, implicou a sua expulsão, porque
pôs uma frase horrorosa sobre a diretora Luísa.

a) Usa-se s em palavras derivadas de verbos terminados em NDER ou NDIR:


pretender = pretensão, pretensa, pretensioso
defender = defesa, defensivo
compreender = compreensão, compreensivo
repreender = repreensão
expandir = expansão
fundir = fusão
confundir = confusão

b) Usa-se s em palavras derivadas de verbos terminados em ERTER ou ERTIR:


inverter = inversão
converter = conversão
perverter = perversão
divertir = diversão

c) Usa-se s após ditongo quando houver som de z:


Creusa
coisa
maisena

d) Usa-se s em palavras terminadas em ISA, substantivos femininos:


Luísa
Heloísa
Poetisa
Profetisa

Obs: Juíza escreve-se com z, por ser o feminino de juiz, que também se escreve com z.

e) Usa-se s em palavras derivadas de verbos terminados em CORRER ou PELIR:


concorrer = concurso
discorrer = discurso
expelir = expulso, expulsão
compelir = compulsório

f) Usa-se s na conjugação dos verbos PÔR, QUERER, USAR:


ele pôs
ele quis
ele usou

g) Usa-se s em palavras terminadas em ASE, ESE, ISE, OSE:


frase
tese
crise
osmose
• Exceções: deslize e gaze.

h) Usa-se s em palavras terminadas em OSO, OSA:


horrorosa
gostoso
• Exceção: gozo

03) I -Teresinha, a esposa do camponês inglês, avisou que cantaria de improviso.

II -Aterrorizada pela embriaguez do marido, a mulherzinha não fez a limpeza.

a) Usa-se o sufixo indicador de diminutivo INHO com s quando esta letra fizer parte do radical da palavra de
origem; com z quando a palavra de origem não tiver o radical terminado em s:
Teresa = Teresinha
Casa = casinha
Mulher = mulherzinha
Pão = pãozinho

b) Os verbos terminados em ISAR serão escritos com s quando esta letra fizer parte do radical da palavra
de origem; os terminados em IZAR serão escritos com z quando a palavra de origem não tiver o radical
terminado em s:
improviso = improvisar
análise = analisar
pesquisa = pesquisar
terror = aterrorizar
útil = utilizar
economia = economizar

c) As palavras terminadas em ÊS e ESA serão escritas com s quando indicarem nacionalidade, títulos ou
nomes próprios; as terminadas em EZ e EZA serão escritas com z quando forem substantivos abstratos
provindos de adjetivos, ou seja, quando indicarem qualidade:
Teresa
Camponês
Inglês
Embriaguez
Limpeza

04) O excesso de concessões dava a impressão de compromisso com o progresso.

a) Os verbos terminados em CEDER terão palavras derivadas escritas com CESS:


exceder = excesso, excessivo
conceder = concessão
proceder = processo

b) Os verbos terminados em PRIMIR terão palavras derivadas escritas com PRESS:


imprimir = impressão
deprimir = depressão
comprimir = compressa

c) Os verbos terminados em GREDIR terão palavras derivadas escritas com GRESS:


progredir = progresso
agredir = agressor, agressão, agressivo
transgredir = transgressão, transgressor

d) Os verbos terminados em METER terão palavras derivadas escritas com MISS ou MESS:
comprometer = compromisso
prometer = promessa
intrometer = intromissão
remeter = remessa

05) Para que os filhos se encorajem, o lojista come jiló com canjica.

a) Escreve-se com j a conjugação dos verbos terminados em JAR:


Viajar = espero que eles viajem
Encorajar = para que eles se encorajem
Enferrujar = que não se enferrujem as portas

b) Escrevem-se com j as palavras derivadas de vocábulos terminados em JA:


loja = lojista
canja = canjica
sarja = sarjeta
gorja = gorjeta

c) Escrevem com j as palavras de origem tupi-guarani.


Jiló
Jibóia
Jirau
06) O relógio que ele trouxe da viagem ao México em uma caixa de madeira caiu na enxurrada.

a) Escrevem-se com g as palavras terminadas em ÁGIO, ÉGIO, ÍGIO, ÓGIO, ÚGIO:


pedágio
sacrilégio
prestígio
relógio
refúgio

b) Escrevem-se com g os substantivos terminados em GEM:


a viagem
a coragem
a ferrugem
• Exceções: pajem, lambujem

c) Palavras iniciadas por ME serão escritas com x:


Mexerica
México
Mexilhão
Mexer
• Exceção: mecha de cabelos

d) As palavras iniciadas por EN serão escritas com x, a não ser que provenham de vocábulos
iniciados por ch:
Enxada
Enxerto
Enxurrada
Encher – provém de cheio
Enchumaçar – provém de chumaço

e) Usa-se x após ditongo:


ameixa
caixa
peixe
• Exceções: recauchutar, guache

Emprego das Letras


Emprego de Vogais
As vogais na língua portuguesa admitem certa variedade de pronúncia, dependendo de sua
intensidade (i. é, se são tônicas ou átonas). Com essa variação na pronúncia, nem sempre a memória,
baseada na audição, retém a forma correta da grafia. A lista a seguir não é exaustiva, mas procura incluir as
dificuldades mais correntes na redação oficial.
E ou I?
Palavras com E, e não I
acarear de antemão meteoro(logia)
acreano (ou acriano) deferir (conceder) nomear
aéreo delação (denúncia) oceano
ante- (pref.=antes) demitir palavreado
antecipar derivar parêntese (ou parêntesis)
antevéspera descortinar passeata
aqueduto descrição preferir
área despender prevenir
averigúe (f.v.) despensa (onde se guardam comestíveis) quase
beneficência despesa rarear
beneficente falsear receoso
betume granjear reentrância
hastear
boreal sanear
homogêneo
cardeal se
ideologia
carestia senão
indeferir (negar)
cedilha sequer
legítimo
cercear seringueiro
lenimento (que suaviza)
cereal testemunha
menoridade
continue (f.v.) vídeo
meteorito

Palavras com I, e não E


iniludível
aborígine discricionário inquirir (interrogar)
acrimônia discriminar (discernir, separar) intitular
adiante dispêndio irrupção
ansiar dispensa (licença) júri
anti- (pref.=contra) distinguir linimento (medicamento untuoso)
argúi (f.v.) distorção meritíssimo
arqui- (pref.) dói (fl. v.) miscigenação
artifício feminino parcimônia
atribui(s) (f.v.) frontispício possui(s) (f. v.)
cai (f. v.) imbuir premiar
calcário imergir (mergulhar) presenciar
cárie (Cariar) imigrar (entrar em país estrangeiro) privilégio
chefiar iminente (próximo) remediar
cordial imiscuir-se requisito
desigual inclinar sentenciar
diante incorporar (encorpar) silvícola
diferir (divergir) incrustar (encrostar) substitui(s) (f. v.)
dilação (adiamento) indigitar verossímil
dilapidar infestar
dilatar (alargar) influi(s) (f. v.)
discrição (reserva) inigualável

O ou U?
Palavras com O, e não U
abolir encobrir silvícola
agrícola explodir sortido (variado)
bobina marajoara sotaque
boletim mochila tribo
bússola (de) moto próprio (latim: motu próprio) veio (s. e f. v.)
cobiçar(r) ocorrência vinícola
comprido pitoresco
comprimento (extensão) proeza
concorrência Romênia
costume romeno

Palavras com U, e não O


acudir embutir tábua
bônus entabular tonitruante
cinqüenta légua trégua
cumprimento (saudação) lucubração usufruto
cumprido (v. cumprir) ônus vírgula
cúpula régua vírus
Curitiba súmula
elucubração surtir (resultar)
Encontros Vocálicos
EI ou E?
Palavras com EI, e não E
reiterar
aleijado reivindicarseixo
desleixo
alqueire treinar
madeireira
ameixa treino
peixe
cabeleireiro
queijo
ceifar
queixa(r-se)
colheita

Palavras com E, e não EI


malfazejo
adrede despejar, despejo manejar,manejo
alameda drenar morcego
aldeamento (mas aldeia) embrear percevejo
alhear (mas alheio) embreagem recear,receoso
almejar enfear refrear
azulejo ensejar, ensejo remanejo
bandeja entrecho sertanejo
calejar estrear, estreante tempero
caranguejo frear, freada varejo
carqueja igreja
cereja lampejo
cortejo lugarejo

OU ou O?
Palavras com OU, e não O
agourar estourar pousar
arroubo frouxo roubar
cenoura lavoura tesoura
dourar pouco tesouro

Palavras com O, e não OU


estojo
alcova barroco malograr,malogro
ampola cebola mofar,mofo
anchova (ou enchova) desaforo oco
arroba dose posar
arrochar, arrocho empola rebocar
arrojar, arrojo engodo

Emprego de Consoantes
Assim como emprego de vogais provoca dúvidas, há algumas consoantes – especialmente as que
formam dígrafos (duas letras para representar um som), ou a muda (h), ou, ainda, as diferentes consoantes
que representam um mesmo som – constituem dificuldade adicional à correta grafia.
Se houver hesitação quanto ao emprego de determinada consoante, consulte a lista que segue.
Lembre-se de que a grafia das palavras tem estreita relação com sua história. Vocábulos derivados de
outras línguas, por exemplo, mantêm certa uniformidade nas adaptações que sofrem ao serem incorporados
ao português (do francêsgarage ao port. garagem; do latim actione, fractione ao port. ação, fração; etc.).
Palavras que provêm de outras palavras quase sempre mantêm a grafia do radical de origem (granjear:
granja; gasoso: gás, analisar: análise). Há, ainda, certas terminações que mantêm uniformidade de grafia (-
aça, -aço, -ecer, -ês, -esia, -izar, etc.).

Emprego do H: com H ou sem o H?


Haiti herói holandês
halo hesitar holofote
hangar hiato homenagear
harmonia híbrido homeopatia
haurir hidráulica homicida
Havana hidravião (hidroavião) homilia (ou homília)
Havaí hidrogênio homologar
haxixe hidro-(pref.=água) homogeneidade
hebdomadário hierarquia homogêneo
hebreu hieróglifo (ou hieroglifo) homônimo
hectare hífen honesto
hediondo higiene honorários
hedonismo Himalaia honra
Hégira hindu horário
Helesponto hino horda
hélice hiper-(pref.=sobre) horizonte
hemi-(pref.=meio) hipo-(pref.=sob) horror
hemisfério hipocrisia horta
hemorragia hipoteca hóspede
herança hipotenusa hospital
herbáceo (mas erva) hipótese hostil
herdar hispanismo humano
herege histeria humilde
hermenêutica hodierno humor
hermético hoje Hungria

O fonema /ž/: G ou J?
Palavras com G, e não J
adágio egrégio gíria
agenda estrangeiro giz
agiota evangelho herege
algema exegese impingir
algibeira falange ligeiro
apogeu ferrugem miragem
argila fuligem monge
auge garagem ogiva
Bagé (mas bajeense) geada rigidez
Cartagena gelosia sugerir
digerir gêmeo tangente
digestão gengiva viageiro
efígie gesso viagem
égide gesto vigência
Egito Gibraltar

Palavras com J, e não G


ajeitar jeito ojeriza
encoraje (fl.v.) jenipapo projeção
enjeitar jerimum projetil (ou projétil)
enrijecer jesuíta rejeição
gorjeta lisonjear rejeitar
granjear lojista rijeza
injeção majestade sujeito
interjeição majestoso ultraje
jeca objeção eles viajem (f. v.)
O fonema /s/: C, Ç ou S ou SS ou X ou XC?
Palavras com C, Ç e não S ou SS nem SC
à beça cerne exibição
absorção cerração (nevoeiro) expeço
abstenção cerrar (fechar, acabar) extinção
açaí cerro (morro) falecer
açambarcar certame fortalecer
acender (iluminar) certeiro Iguaçu
acento (tom de voz, símbolo certeza, certidão impeço
gráfico) certo incerto (não certo)
acepção cessação (ato de cessar) incipiente (iniciante)
acessório cessão (ato de ceder) inserção
acerbo cessar (parar) intercessão
acerto (ajuste) cesta isenção
acervo chacina laço
aço (ferro temperado) chance liça (luta)
açodar (apressar) chanceler licença
açúcar cicatriz lucidez
açude ciclo lúcido
adoção ciclone maçada (importunação)
afiançar cifra maçante
agradecer cifrão maçar (importunar)
alçar cigarro macerar
alicerçar cilada maciço
alicerce cimento macio
almaço cimo maço (de cartas)
almoço cingalês (do Ceilão) maçom (ou mação)
alvorecer Cingapura (tradicional: Singapura) manutenção
amadurecer cínico menção
amanhecer cinqüenta mencionar
ameaçar cinza muçulmano
aparecer cioso noviço
apreçar (marcar preço) ciranda obcecação (mas obsessão)
apreço circuito obcecar
aquecer circunflexo opção
arrefecer círio (vela) orçamento
arruaça cirurgia orçar
asserção cisão paço (palácio)
assunção cisterna panacéia
babaçu citação parecer
baço cizânia peça
balança coação penicilina
Barbacena cobiçar pinçar
Barcelona cociente (ou quociente) poça, poço
berço coerção prevenção
caça coercitivo presunção
cacique coleção quiçá
caçoar compunção recender
caiçara concelho (município) recensão
calça concertar (ajustar, harmonizar) rechaçar
calhamaço concerto (- musical, acordo) rechaço
cansaço concessão remição (resgate)
carecer concílio (assembléia) resplandecer
carroçaria (ou carroceria) conjunção roça
castiço consecução ruço (grisalho)
cebola Criciúma sanção (ato de sancionar)
cê-cedilha decepção soçobrar
cédula decerto súcia
ceia descrição (ato de descrever) sucinto
ceifar desfaçatez Suíça, suíço
célere discrição (reserva) taça
celeuma disfarçar tapeçaria
célula
distinção
cem (cento) tecelagem
distorção
cemitério tecelão
docente (que ensina; corpo –: os
cenário tecer
professores)
censo (recenseamento) tecido
empobrecer
censura tenção (intenção)
encenação
centavo terça
endereço
cêntimo terço
enrijecer
centro terraço
erupção
ceticismo vacilar
escaramuça
cético viço
escocês
cera vizinhança
Escócia
cerâmica
esquecer
cerca
estilhaço
cercear
exceção
cereal
excepcional
cérebro

Palavras com S, e não C ou SC, nem X


adensar excursão seção (ou secção)
adversário expansão seda
amanuense expensas segar (ceifar, cortar)
ânsia, ansiar extensão (mas estender) sela (assento)
apreensão extorsão semear
ascensão (subida) extrínseco semente
autópsia falsário senado
aversão falso, falsidade senha
avulso farsa sênior
balsa imersão sensato
bolso impulsionar senso
bom-senso incompreensível série
canhestro incursão seringa
cansaço insinuar sério
censo (recenseamento) insípido serra
compreensão insipiente (ignorante) seta
compulsão insolação severo
condensar intensão (tensão) seviciar
consecução intensivo Sevilha
conselheiro (que aconselha) intrínseco Sibéria
conselho (aviso, parecer) inversão Sicília
consenso justapor siderurgia
consentâneo mansão sigilo
consertar (remendar) misto, mistura sigla
contra-senso obsessão (mas obcecação) Silésia
contraversão obsidiar silício
controvérsia obsoleto silo
conversão pensão sinagoga
convulsão percurso Sinai
Córsega persa Singapura (tradicional; ocorre tb.
defensivo Pérsia Cingapura)
defensor persiana singelo
descansar perversão singrar
descensão, descenso (descida) precursor sintoma
desconsertar (desarranjar) pretensão Síria
despensa (copa, armário) propensão sismo
despretensão propulsão sito, situado
dimensão pulsar submersão
dispensa(r) recensão subsidiar
dispersão recensear, recenseamento subsistência
dissensão remorso suspensão
distensão repreensão tensão (estado de tenso)
diversão repulsa tergiversar
Upsala (ou Upsália)
diverso reverso utensílio
emersão salsicha versão
espoliar Sansão versátil, versáteis
estender (mas extensão) seara
estorno sebe
estorricar sebo

Palavras com SS, e não C, Ç


Abissínia digressão passeio
acessível discussão passo (cf. paço)
admissão dissensão permissão
aerossol dissertação pêssego
agressão dissídio pessimismo
amassar (< massa) dissimulação possessão
apressar (<pressa) dissipar potássio
argamassa dissuadir pressagiar, presságio
arremessar dossiê pressão, pressionar
assacar ecossistema processão (procedência)
assassinar eletrocussão procissão (préstito)
assear emissão professo
assecla empossar (dar posse a) profissão
assediar endossar progressão
assentar escassear progresso
assento (assentar) escassez promessa
asserção escasso promissor
asserto, assertiva (afirmação) excessivo promissória
assessor excesso regressar, regressivo
asseverar expressão remessa
assíduo fissura remissão (ato de remitir)
assimetria fosso remissivo
assinar fracasso repercussão
Assíria gesso repressão, repressivo
assolar grassar ressalva(r)
aterrissagem idiossincrasia ressarcir
atravessar imissão ressentir
avassalar impressão ressequir
avesso imissão ressonar
bússola impressão ressurreição
cassar (anular) ingressar retrocesso
cassino insosso russo (da Rússia)
cessão (ato de ceder) insubmissão sanguessuga
comissão compasso interesse secessão (separação)
compressa intromissão sessão (reunião)
compromisso macrossistema sessar (peneirar)
concessão massa sobressalente (ou sobresselente)
condessa (fem. de conde) messe sossego
confissão messiânico submissão
cossaco microssistema sucessão
crasso missa sucessivo
cromossomo missionário tessitura
demissão mocassim tosse
depressa necessidade travessa
depressão obsessão travessão
dessecar (secar bem) opressão uníssono
devassar pássaro vassoura
dezesseis passear verossímil
dezessete passeata vicissitude

Palavras com SC, e não C, Ç, S, SS


abscesso descerrar
obsceno
abscissa descida
onisciência
acrescentar discente (que aprende)
oscilar, oscilação
acrescer, acréscimo discernimento
piscicultura
adolescente disciplina(r)
piscina
apascentar discípulo
plebiscito
aquiescência efervescência
prescindir
aquiescer fascículo
recrudescer
ascender fascismo
remanescente
ascensão florescer
reminiscência
asceta imisção (mistura)
renascença
condescendência imiscível
rescindir
consciência imprescindível
rescisão
cônscio intumescer
ressuscitar
convalescer irascível
seiscentésimo
crescente isóscele(s)
seiscentos
crescer miscelânea
suscetível
descendência miscigenação
suscitar
descender nascença
transcendência
descentralização nascer
víscera
descer néscio

Palavras com X, e não S, SS


apoplexia explanar
extremado
aproximar expletivo
extroversão
auxílio explicar
inexperiência
contexto explícito
inextricável
exclusivo explorar
máxima
expectador (que tem esperança) expoente
próximo, proximidade
expectativa expor
sexta
expender êxtase, extático
sextante
expensas extensão (mas estender)
sexto (ordinal)
experiência extenuar
sintaxe
experimentar externo (exterior)
têxtil, têxteis
experto (sabedor) extirpar
texto
expiação extraordinário
textual
expiar (pagar, remir) extrapolar
textura
expirar (morrer) extrato

Palavras com S, e não X

espiar (espreitar) estranhar


adestrar estrato (camada)
espirar (soprar, exalar)
contestar estratosfera
esplanada
destreza estrema (marco, limite)
esplêndido
destro estremar (dividir, separar)
esplendor
escavar estremecer
espoliação
esclarecer estrutura
espontâneo
escorreito esvaecer
espraiar
escusa(r) esvair-se
espremer
esdrúxulo inesgotável
esquisito
esfolar justapor, justaposição
estagnar
esgotar misto
estático (firme, contrário de
esgoto mistura
dinâmico)
esôfago teste
estender, estendido
espectador (que vê)
esterno (osso)
esperteza
estirpe
esperto
estrangeiro

Palavras com XC (entre vogais), com valor de /s/


exceção excelso exceto
excedente excentricidade excetuar
exceder excêntrico excipiente
excedível excepcional excitação
excelência excerto excitar
excelente excesso inexcedível

O fonema /z/: Z ou S ou X?
Palavras com Z, e não S
abalizado dogmatizar nobreza
abalizar doze noz (fruto da nogueira)
acidez dramatizar nudez
aduzir dureza obstaculizar
agilizar duzentos ojeriza
agonizar dúzia oficializar
agudez(a) economizar organizar
ajuizar eficaz orizicultura
alcoolizar eletrizar ozônio
algazarra embaixatriz palidez
algoz embelezar parabenizar
alteza embriaguez particularizar
altivez encolerizar pasteurizar
Amazonas encruzilhada paz
amenizar enfatizar penalizar
americanizar enraizar pequenez
amizade entronizar permeabilizar
amortizar escandalizar perspicaz
anarquizar escassez pertinaz
andaluz escravizar placidez
Andaluzia especializar pluralizar
antipatizar espezinhar pobreza
apaziguar esquizofrenia polidez
aprazar esterilizar popularizar
aprazível estigmatizar pormenorizar
aprendizado estilizar prazer, prazeroso
arborizar estranheza prazo
arcaizar estupidez preconizar
aridez esvaziar prejuízo
Arizona eternizar pressurizar
armazém evangelizar presteza
aromatizar exteriorizar prezado (estimado)
arrazoar familiarizar primaz(ia)
arrazoado fazenda privatizar
arroz (al, -eiro) fazer produzir
aspereza feliz(ardo) proeza
assaz feroz profetizar
atemorizar fertilizar profundeza
aterrorizar finalizar pulverizar
atriz fineza (delicadeza) pureza
atroz firmeza quartzo (ou quarço)
atualizar fiscalizar racionalizar
audaz flacidez raiz, raízes
automatizar fluidez rapaz
autorizar formalizar rapidez
avalizar fortaleza rareza
avareza foz razão
avestruz fraqueza razoável
avidez frieza realeza
avizinhar fugaz realizar
azar fuzil(eiro), fuzilar reconduzir
azedar galvanizar redondeza
azeite gaze reduzir
azeitona gazear refazer
azimute gazeta regozijo
azul, azuis gazua regularizar
baixeza generalizar reluzir
baliza gentileza reorganizar
banalizar giz responsabilizar
barbarizar gozar, gozo revezar
bazar grandeza reza
bazuca granizo ridicularizar
beleza gravidez rigidez
bel-prazer harmonizar rijeza
bendizer higienizar rispidez
bezerro hipnotizar rivalizar
bissetriz honradez robotizar
Bizâncio horizonte robustez
bizantino horrorizar rodízio
bizarro hospitalizar rudez(a)
braveza, brabeza hostilizar sagaz
burocratizar humanizar satisfazer
cafezal idealizar sazão
cafezeiro imortalizar sazonal
cafezinho imperatriz secularizar
cafuzo impureza reduzir
canalizar imunizar sensatez
canonizar indenizar sensibilizar
capataz individualizar simbolizar
capaz indizível simpatizar
capitalizar industrializar sincronizar
caracterizar induzir singularizar
carbonizar infeliz sintetizar
cartaz inferiorizar sistematizar
categorizar inimizar sisudez
catequizar (mas catequese) insipidez socializar
cauterizar inteireza solenizar
celebrizar intelectualizar solidez
centralizar internacionalizar sordidez
certeza intrepidez sozinho
chafariz introduzir suavizar
chamariz inutilizar Suazilândia
cicatriz(ar) invalidez Suez
circunvizinho ironizar surdez
civilizar jaez sutileza
cizânia jazida talvez
clareza jazigo tenaz
climatizar juiz, juízes tez
coalizão juízo timidez
colonizar justeza tiranizar
comezinho largueza topázio
concretizar latinizar torpeza
condizer lazer totalizar
conduzir legalizar traduzir
confraternizar ligeireza tranqüilizar
conscientizar localizar trapézio
contemporizar loquaz trazer
contradizer ucidez trezentos
contumaz luz tristeza
corporizar maciez(a) triz
correnteza madureza turgidez
cotizar magazine tzar (ou czar)
cozer (cozinhar) magnetizar uniformizar
cozido magreza universalizar
cozinhar maldizer urbanizar
cristalizar malfazer
cristianizar martirizar utilizar
crueza materializar vagareza
cruzar, cruzeiro matiz(ar) valorizar
cruzada matriz vaporizar
cupidez mazela vasteza
czar (tzar) menosprezar vazante
deduzir mercantilizar vazar
delicadeza meretriz vazio
democratizar mesquinhez veloz
desautorizar mezinha(remédio) Veneza, veneziana
desfaçatez militarizar Venezuela
deslizar (escorregar) miudeza verbalizar
deslize mobilizar verniz
desmazelo modernizar vez
desmoralizar monopolizar vezo
desprezar moralizar vileza
destreza morbidez viuvez
dez mordaz vivaz
dezembro motorizar viveza
dezena motriz vizinho
dezenove mudez vizir
dezesseis nacionalizar volatizar
dezessete nariz voraz
dezoito naturalizar voz(es)
diretriz natureza vulcanizar
divinizar Nazaré vulgarizar
dizer nazismo xadrez
dizimar neutralizar ziguezague(ar)
dízimo nitidez

Palavras com S, e não Z


aburguesar escocês paralisar
abusar, abuso escusa(r) Paris
aceso esôfago parmesão
acusar, acusativo esotérico pás (pl. de pá)
adesão, adesivo esquisito pau-brasil
afrancesar eutanásia pesadelo
agasalhar evasão pêsames
aguarrás exclusive pesar, peso
aliás êxtase pesquisar
alisar (mas deslizar) extravasar pisar
amasiar-se extremoso Polinésia
amnésia falésia português
analisar, análise fantasia(r) pôs (verbo pôr)
ananás fase precisão
anestesia ferro-gusa precisar
apesar de finês preciso
aportuguesar finlandês presa
após formoso presente(ar)
aposentar framboesa preservar
apoteose francês presidente
apresar frase presídio
aprisionar freguês presidir
ardósia frisa(r) presilha
arquidiocese friso princesa
arrasar fusão profetisa
arrevesado fuselagem profusão
artesanato, artesão fusível prosa
ás (carta, aviador notável) fuso prosaico
asa gás prosélito
Ásia gasogênio quadris
asilar, asilo gasolina querosene
asteca gasômetro quesito
atrás gasoso quis, quiseste, quiseram
atrasar, atraso gaulês (verbo querer)
através gêiser raposa
avisar, aviso gelosia raso
azul-turquesa gênese (ou gênesis) rasuro
baronesa genovês recusa(r)
basalto Goiás reclusão
base(ar) gris, grisalho repisar
Basiléia groselha repousar, repouso
basílica guisa represa(r)
besouro guisar, guisado represália
bis(ar) guloso requisição
bisavô heresia requisitar
Biscaia hesitar requisito
bisonho holandês rés
brasa ileso rês (gado)
brasão improvisar rés-do-chão
Brasil incisão, incisivo resenha
brasileiro inclusive reserva
brisa incluso, inclusão reservista
burguês, burguesia indefeso residência
busílis infusão residir
Cádis inglês resíduo
campesino intrusão, intruso resignar
camponês invasão, invasor resina
carmesim invés resistir
casa(r) irlandês resolução
casamento irresoluto resolver
casebre irrisão resultar
caserna irrisório resumir
caso isenção retesar
casual isolar retrovisor
casuísta Israel revés, reveses
casulo japonês revisão, revisar
catálise, catalisar javanês saudosismo
catequese (mas catequizar) Jerusalém Silésia
centésimo jesuíta síntese
César Jesus sinusite
cesariana jus siso
chinês jusante sisudo
cisão lápis sobremesa
coesão lesão, lesionar sopesar
coeso lesar, lesivo sósia
coisa lilás surpresa
colisão liso suserano
comiserar lisonja teimosia
conciso, concisão lisura televisão
conclusão losango televis(ion)ar
consulesa lousa tese
contusão luso teso
convés magnésio tesoura
cortês maisena tesouraria
cortesia maltês tesouro
coser (costurar) marquês torquês
crase masoquismo tosar
crise mausoléu transação
cútis mês transatlântico
decisão mesa transe
decisivo mesário transido
defesa mesóclise transistor
demasia Mesopotâmia trânsito
descamisar mesquita trás (prep., adv.)
descortês mesura traseira
desídia metamorfose través
desígnio Micronésia três
desinência milanês tresandar
desistir misantropo trigésimo
despesa miséria tris
detrás misericórdia trisavô
deusa montanhês turquesa
diagnose montês usina
diocese mosaico uso
divisar Mosela usufruto
divisível música usura
divisor Nagasáqui usurpar
doloso narcisismo vasilha
dose, dosar nasal vaso
duquesa náusea vesícula
eclesiástico norueguês viés
empresa obesidade, obeso vigésimo
empresário obséquio visar
ênclise obtuso viseira
enésimo ourives(aria) visionário
entrosar ousar, ousadia visita(r)
envasar país visível
enviesar paisagem visor
erisipela parafuso xis (letra x)

Palavras com X, e não Z ou S


exagero exéquias êxodo
exalar exeqüível exonerar
exaltar exercer exorbitar
exame, examinar exercício exortar
exangue exército exótico
exarar exibir, exibição exuberante
exasperar exigir exultar
exato exíguo, exigüidade exumar
exaurir, exausto exílio, exilar inexato
execução, executar exímio inexaurível
exegese existir inexistente
exemplo êxito, exitoso inexorável

O fonema /š/: X ou CH?


Palavras com X, e não CH
abacaxi enxertar orixá
afrouxar enxofre paxá (governador turco)
almoxarife, almoxarifado enxotar praxe
ameixa enxovalhar puxar
atarraxar (< tarraxa) enxovia relaxado, relaxar
baixa enxugar remexer
baixada enxurrada repuxar, repuxo
baixela enxuto rixa(r)
baixeza esdrúxulo rouxinol
baixo faixa roxo
bauxita faxina seixo
bexiga faxineiro taxa (tipo de tributo, tarifa)
caixão feixe taxar (impor taxa)
caixeiro frouxo taxativo
caixote graxa trouxa
capixaba guanxuma vexado
coxa haxixe vexame
coxear Hiroxima
vexar
coxo lagartixa
xá (da Pérsia)
deixar laxante
xadrez
desleixado laxa
xampu
desleixo lixeiro
Xangai
elixir lixívia
xarope
encaixe lixo
xavante
encaixotar luxação
xaxim
enfaixar luxar (deslocar)
xenofobia
enfeixar Luxemburgo
xeque (árabe)
engraxar, engraxate luxo
xerife
enxada luxúria
xícara
enxaguar malgaxe (de Madagascar)
xifópago
enxame mexer
xiita
enxaqueca mexerico
xingar
enxergar mexilhão (molusco)
xis (letra x)
enxerir mixórdia

Palavras com CH, e não X


achacar, achaque chávena facho
achincalhar cheque fantoche
ancho chicória fechar, fecho
anchova, ou enchova chicote fetiche
apetrecho chimarrão ficha
archote chimpanzé ou chipanzé flecha(r)
arrochar, arrocho chique frincha
azeviche chiqueiro gancho
bacharel choça garrancho
belchior chocalho garrucha
beliche chofre guache
bolacha choldra guincho
bolchevique chope iídiche
brecha chuchu inchar
broche chumaço lancha
brochura churrasco lanche
bucha chusma linchar
cachaça chute, chutar luchar (sujar)
cacho cochichar, cochicho machado
cachoeira cochilar, cochilo machucar
cambalacho cocho (vasilha) mochila
capacho cochonilha nicho
caramanchão colcha pecha
cartucheira colchão pechar
chá (planta, infusão de folhas) colchete pechincha
chácara concha penacho
chacina conchavo piche, pichar
chacoalhar coqueluche ponche
chacota cupincha prancha
chafariz debochar, deboche rachar
chafurdar desabrochar rancho
chalaça desfechar rechaçar, rechaço
chalé despachar, despacho ricochete(ar)
chaleira ducha rocha
chamariz encharcar salsicha
chambre encher sanduíche
chaminé enchova (ou anchova) tachar (censurar, acusar)
charada escabeche tocha
charco escarafunchar trapiche
charlatão escorchar trecho
charolês esguicho trincheira
charque(ar) espichar
charrua estrebuchar
charuto fachada

O complexo /ks/: X ou CC, CÇ?


Palavras com X, e não CC ou CÇ
afluxo heterodoxia
prolixo
amplexo heterodoxo
proparoxítono
anexar, anexo hexágono
proxeneta
asfixia(r) índex
reflexão
axila(r) inflexível
reflexibilidade
axioma intoxicar
reflexivo
bórax látex
reflexo
clímax léxico
refluxo
complexidade, complexo marxismo
saxão
conexão, conexo marxista
saxônio
convexidade, convexo maxila, maxilar
sexagenário
córtex nexo
sexagésimo
crucifixo obnóxio
sexo, sexual
duplex ônix
sílex
durex ortodoxia, ortodoxo
telex
empuxo oxidar, óxido
telexograma
fixar, fixação oxítono
tórax
fixo paradoxal, paradoxo
tóxico
flexão, flexibilidade paralaxe
toxicologia
flexionar paroxítono
toxina
flexível perplexidade, perplexo
triplex
fluxo pirex
xerox (ou xérox)
empuxo profilaxia

Palavras com CC, CÇ, e não X


cocção dissecção infe(c)ção
cóccix (ou coccige) fa(c)ção infe(c)cionar
confecção fa(c)cioso inspe(c)ção
confeccionar ficção retrospe(c)ção
convicção fricção se(c)ção
defecção friccionar se(c)cionar

EXERCÍCIOS - 01
1. Estão corretamente empregadas as palavras na frase:

a) Receba meus cumprimentos pelo seu aniversário.


b) Ele agiu com muita descrição.
c) O pião conseguiu o primeiro lugar na competição.
d) Ele cantou uma área belíssima.
e) Utilizamos as salas com exatidão.

2. Todas as alternativas são verdadeiras quanto ao emprego da inicial maiúscula, exceto:

a) Nos nomes dos meses quando estiverem nas datas.


b) No começo de período, verso ou alguma citação direta.
c) Nos substantivos próprios de qualquer espécie
d) Nos nomes de fatos históricos dos povos em geral.
e) Nos nomes de escolas de qualquer natureza.

3. Indique a única seqüência em que todas as palavras estão grafadas corretamente:

a) fanatizar - analizar - frizar.


b) fanatisar - paralizar - frisar.
c) banalizar - analisar - paralisar.
d) realisar - analisar - paralizar.
e) utilizar - canalisar - vasamento.
4. A forma dual que apresenta o verbo grafado incorretamente é:

a) hidrólise - hidrolisar.
b) comércio - comercializar.
c) ironia - ironizar.
d) catequese - catequisar.
e) análise - analisar.

5. Quanto ao emprego de iniciais maiúsculas, assinale a alternativa em que não há erro de grafia:

a) A Baía de Guanabara é uma grande obra de arte da Natureza.


b) Na idade média, os povos da América do Sul não tinham laços de amizade com a Europa.
c) Diz um provérbio árabe: "a agulha veste os outros e vive nua."
d) "Chegam os magos do Oriente, com suas dádivas: ouro, incensos e mirra " (Manuel Bandeira).
e) A Avenida Afonso Pena, em Belo Horizonte, foi ornamentada na época de natal.

6. Marque a opção cm que todas as palavras estão grafadas corretamente:

a) enxotar - trouxa - chícara.


b) berinjela - jiló - gipe.
c) passos - discussão - arremesso.
d) certeza - empresa - defeza.
e) nervoso - desafio - atravez.

7. A alternativa que apresenta erro(s) de ortografia é:

a) O experto disse que fora óleo em excesso.


b) O assessor chegou à exaustão.
c) A fartura e a escassez são problemáticas.
d) Assintosamente apareceu enxarcado na sala.
e) Aceso o fogo, uma labareda ascendeu ao céu.

8. Assinale a opção cm que a palavra está incorretamente grafada:

a) duquesa.
b) magestade.
c) gorjeta.
d) francês.
e) estupidez.

9. Dos pares de palavras abaixo, aquele em que a segunda não se escreve com a mesma letra sublinhada na primeira
é:
a) vez / reve___ar.
b) propôs / pu__ eram.
c) atrás / retra __ ado.
d) cafezinho/ blu __ inha.
e) esvaziar / e___ tender.

10. Indique o item em que todas as palavras devem ser preenchidas com x:

a) pran__a / en__er / __adrez.


b) fei__e / pi__ar / bre__a.
c) __utar / frou__o / mo__ila.
d) fle__a / en__arcar / li__ar.
e) me__erico / en__ame / bru__a.

11. Todas as palavras estão com a grafia correta, exceto:

a) dejeto.
b) ogeriza.
c) vadear.
d) iminente.
e) vadiar.

12. A alternativa que apresenta palavra grafada incorretamente é:

a) fixação - rendição - paralisação.


b) exceção - discussão - concessão.
c) seção - admissão - distensão.
d) presunção - compreensão - submissão.
e) cessão - cassação - excurção.

13. Assinale a alternativa em que todas as palavras estão grafadas corretamente:

a) analizar - economizar - civilizar.


b) receoso - prazeirosamente - silvícola.
c) tábua - previlégio - marquês.
d) pretencioso - hérnia - majestade.
e) flecha - jeito - ojeriza.

14. Assinale a alternativa em que todas as palavras estão grafadas corretamente:

a) atrasado - princesa - paralisia.


b) poleiro - pagem - descrição.
c) criação - disenteria - impecilho.
d) enxergar - passeiar - pesquisar.
e) batizar - sintetizar - sintonisar.

15. Assinale a alternativa em que todas as palavras estão grafadas corretamente:

a) tijela - oscilação - ascenção.


b) richa - bruxa - bucha.
c) berinjela - lage - majestade.
d) enxada - mixto - bexiga.
e) gasolina - vaso - esplêndido.

16. Marque a única palavra que se escreve sem o h:

a) omeopatia.
b) umidade.
c) umor.
d) erdeiro.
e) iena.

17. (CFS/95) Assinalar o par de palavras parônimas:

a) céu - seu
b) paço - passo
c) eminente - evidente
d) descrição - discrição
18. (CFS/95) Assinalar a alternativa em que todas as palavras devem ser escritas com "j".

a) __irau, __ibóia, __egue


b) gor__eio, privilé__io, pa__em
c) ma__estoso, __esto, __enipapo
d) here__e, tre__eito, berin__ela

19. (CFC/95) Assinalar a alternativa que preenche corretamente as lacunas do seguinte período: "Em _____ plenária,
estudou-se a _____ de terras a _____ japoneses."

a) seção - cessão - emigrantes


b) cessão - sessão - imigrantes
c) sessão - secção - emigrantes
d) sessão - cessão - imigrantes

20. (CFC/95) Assinalar a alternativa que apresenta um erro de ortografia:

a) enxofre, exceção, ascensão


b) abóbada, asterisco, assunção
c) despender, previlégio, economizar
d) adivinhar, prazerosamente, beneficente

21. (CFC/95) Assinalar a alternativa que contém um erro de ortografia:

a) beleza, duquesa, francesa


b) estrupar, pretensioso, deslizar
c) esplêndido, meteorologia, hesitar
d) cabeleireiro, consciencioso, manteigueira

22. (CFC/96) Assinalar a alternativa correta quanto à grafia das palavras:

a) atraz - ele trás


b) atrás - ele traz
c) atrás - ele trás
d) atraz - ele traz

23. (CFS/96) Assinalar a palavra graficamente correta:

a) bandeija
b) mendingo
c) irrequieto
d) carangueijo

24. (CESD/97) Assinalar a alternativa que completa as lacunas da frase abaixo, na ordem em que aparecem. "O Brasil
de hoje é diferente, _____ os ideais de uma sociedade _____ justa ainda permanecem".

a) mas - mas
b) mais - mas
c) mas - mais
d) mais - mais

25. (CESD/98) Cauda/rabo, calda/açúcar derretido para doce. São, portanto, palavras homônimas. Associe as duas
colunas e assinale a alternativa com a seqüência correta.

1 - conserto ( ) valor pago


2 - concerto ( ) juízo claro
3 - censo ( ) reparo
4 - senso ( ) estatística
5 - taxa ( ) pequeno prego
6 - tacha ( ) apresentação musical

a) 5-4-1-3-6-2
b) 5-3-2-1-6-4
c) 4-2-6-1-3-5
d) 1-4-6-5-2-3

26. (CFC/98) Assinalar o par de palavras antônimas:

a) pavor - pânico
b) pânico - susto
c) dignidade - indecoro
d) dignidade - integridade

27. (CFS/97) O antônimo para a expressão "época de estiagem" é:

a) tempo quente
b) tempo de ventania
c) estação chuvosa
d) estação florida

28. (CFS/96) Quanto à sinonímia, associar a coluna da esquerda com a da direita e indicar a seqüência correta.

1 - insigne ( ) ignorante
2 - extático ( ) saliente
3 - insipiente ( ) absorto
4 - proeminente ( ) notável

a) 2-4-3-1
b) 3-4-2-1
c) 4-3-1-2
d) 3-2-4-1

29. (ITA/SP) Em que caso todos os vocábulos são grafados com "x" ?
a) __ícara, __ávena, pi__e, be__iga
b) __enófobo, en__erido, en__erto, __epa
c) li__ar, ta__ativo, sinta__e, bro__e
d) ê__tase, e__torquir, __u__u, __ilrear

GABARITO

1 A / 2 A / 3 C / 4 D / 5 D / 6 C / 7 D / 8 B / 9 D / 10 E / 11 B / 12 E / 13 E / 14 A / 15 E / 16 B / 17 D / 18 A / 19 D / 20 C /
21 B / 22 B / 23 C / 24 C / 25 A / 26 C / 27 C / 28 B / 29 B

EXERCÍCIOS - 02

1. (IBGE) Entre as opções abaixo, somente uma completa corretamente as lacunas apresentadas a seguir. Assinale-a:
Na cidade carente, os .......... resolveram .......... seus direitos, fazendo um .......... assustador.

a) mendingos; reivindicar; rebuliço


b) mindigos; reinvidicar, rebuliço
c) mindigos; reivindicar, reboliço
d) mendigos; reivindicar, rebuliço
e) mendigos; reivindicar, reboliço

2. (IBGE) Assinale a opção em que todas as palavras se completam adequadamente com a letra entre parênteses:
a) en.....aguar / pi.....e / mi.....to (x)
b) exce.....ão / Suí.....a / ma.....arico (ç)
c) mon.....e / su.....estão / re.....eitar (g)
d) búss.....la / eng.....lir / ch.....visco (u)
e) .....mpecilho / pr.....vilégio / s.....lvícola (i)

3. (TRE-SP) Foram insuficientes as ....... apresentadas, ....... de se esclarecerem os ...... .


a) escusas - a fim - mal-entendidos
b) excusas - afim - mal-entendidos
c) excusas - a fim - malentendidos
d) excusas - afim - malentendidos
e) escusas - afim - mal-entendidos

4. (TRE-SP) Este meu amigo .......... vai ..........-se para ter direito ao título de eleitor.
a) extrangeiro - naturalizar
b) estrangeiro - naturalisar
c) extranjeiro - naturalizar
d) estrangeiro - naturalizar
e) estranjeiro - naturalisar

5. (TTN) Assinale a alternativa em que todas as palavras estão corretamente grafadas:


a) quiseram, essência, impecílio
b) pretencioso, aspectos, sossego
c) assessores, exceção, incansável
d) excessivo, expontâneo, obseção
e) obsecado, reinvidicação, repercussão

6. (FT) A alternativa cujas palavras se escrevem respectivamente com -são e


-ção, como "expansão" e "sensação", é:
a) inven..... / coer.....
b) absten..... / asser.....
c) dimen..... / conver.....
d) disten..... / inser.....
e) preten..... / conver..

7. (U-UBERLÂNDIA) Das palavras abaixo relacionadas, uma não se escreve com h inicial. Assinale-a:
a) hélice
b) halo
c) haltere
d) herva
e) herdade

8. (EPCAR) Só não se completa com z:


a) repre( )ar
b) pra( )o
c) bali( )a
d) abali( )ado
e) despre( )ar

9. (EPCAR) Completam-se com g os vocábulos abaixo, menos:


a) here( )e
b) an( )élico
c) fuli( )em
d) berin( )ela
e) ti( )ela

10. (BB) Alternativa correta:


a) estemporanêo
b) escomungado
c) esterminado
d) espontâneo
e) espansivo

Gabarito:

1. D 6. D
2. B 7. D
3. A 8.A
4. D 9.D
5. C 10.D
Período Simples e Período Composto

Período é um enunciado formado por uma ou mais orações. Relembrando que oração é
uma frase que possui verbo. Frase é qualquer enunciado com sentido completo, ou seja,
tem significado. O período com uma única oração é chamado de período simples ou
absoluto, já com mais de uma oração é chamado de período composto.
Observação contar o número de verbos para descobrir se o período simples ou composto.
Exemplos:
- Nunca mais encontrei aquele livro. (período simples)
- Quero que você me empreste seu livro. (período composto)
- Tome cuidado com os carros! (período simples)
- Eu peço que você tome cuidado com os carros. (período composto)
- Os animais precisam chamar a matilha para caça. (período simples)
- Maria entrou em casa depois da hora combinada, levou bronca do pai e trancou-se em
seu quarto. (período composto)

Para que servem o período simples e o período composto?


Ao escrever um texto de forma mais direta e reduzida, para atingir um público amplo usa-
se períodos simples ou períodos compostos por coordenação. Quando o texto é complexo
e pretende-se atingir um público que domina estruturas elaboradas da língua emprega-se
o período composto por subordinação.
O período composto pode ser por coordenação ou subordinação. O período composto por
coordenação é composto por orações independentes enquanto o período composto por
subordinação é composto por orações dependentes.
Classificação das orações coordenadas: assindéticas e sindéticas (aditivas, adversativas,
alternativas, conclusivas e explicativas):

Coordenadas Assindéticas
São orações coordenadas entre si e que não são ligadas através de nenhum conectivo.
Estão apenas justapostas.

Coordenadas Sindéticas
Ao contrário da anterior, são orações coordenadas entre si, mas que são ligadas através
de uma conjunção coordenativa. Esse caráter vai trazer para esse tipo de oração uma
classificação:

As orações coordenadas sindéticas são classificadas em cinco tipos: aditivas,


adversativas, alternativas, conclusivas e explicativas.

Vejamos exemplos de cada uma delas:


Orações Coordenadas Sindéticas Aditivas : e, nem, não só… mas também, não só…
como, assim… como.
- Não só cantei como também dancei.
- Nem comprei o protetor solar, nem fui à praia.
- Comprei o protetor solar e fui à praia.
Orações Coordenadas Sindéticas Adversativas : mas, contudo, todavia, entretanto,
porém, no entanto, ainda, assim, senão.
- Fiquei muito cansada, contudo me diverti bastante.
- Ainda que a noite acabasse, nós continuaríamos dançando.
- Não comprei o protetor solar, mas mesmo assim fui à praia.
Orações Coordenadas Sindéticas Alternativas : ou… ou; ora…ora; quer…quer; seja…
seja.
- Ou uso o protetor solar, ou uso o óleo bronzeador.
- Ora sei que carreira seguir, ora penso em várias carreiras diferentes.
- Quer eu durma quer eu fique acordado, ficarei no quarto.
Orações Coordenadas Sindéticas Conclusivas: logo, portanto, por fim, por
conseguinte, conseqüentemente.
- Passei no vestibular, portanto irei comemorar.
- Conclui o meu projeto, logo posso descansar.
- Tomou muito sol, consequentemente ficou adoentada.
Orações Coordenadas Sindéticas Explicativas : isto é, ou seja, a saber, na verdade,
pois.
- Só passei na prova porque me esforcei por muito tempo.
- Só fiquei triste por você não ter viajado comigo.
- Não fui à praia pois queria descansar durante o Domingo.

Classificação das orações subordinadas: substantivas (subjetivas, objetivas diretas,


objetivas indiretas, completivas nominais, predicativas, apositivas e agentes da
passiva);adjetivas (restritivas e explicativas); adverbiais (causais, comparativas,
concessivas, condicionais, conformativas, consecutivas, finais, proporcionais e
temporais).

Orações Subordinadas Substantivas


São orações que exercem a mesma função que um substantivo, na estrutura sintática da
frase.
Exemplo 1:
- A menina quis um sorvete. (período simples)
A menina = sujeito;
Quis = verbo transitivo direto;
Um sorvete = objeto direto;
Temos duas posições na frase anterior em que podemos usar um substantivo: o sujeito
(menina) e o objeto direto (sorvete). Nessas mesmas posições podem aparecer, em um
período composto, orações subordinadas substantivas.
Dependendo de onde elas apareçam e da função que elas exerçam, poderemos
classificar como Subjetiva (função de sujeito) ou como Objetiva direta (função de objeto
direto).
Sendo assim, notamos que:
- A menina quis que eu comprasse sorvete. (período composto)
A menina = sujeito;
Quis = verbo transitivo direto;
Que eu comprasse sorvete = Oração subordinada substantiva Objetiva direta
E ainda em:
- Quem me acompanhava quis um sorvete. (período composto)
Quem me acompanhava = oração subordinada subjetiva;
Quis = verbo transitivo direto;
Um sorvete = Objeto direto;

Além das posições de sujeito e objeto direto, as orações subordinadas substantivas


podem exercer a função de um predicativo, de um objeto indireto, de um aposto e de
um complemento nominal.

Portanto podemos ter oração subordinada substantiva de 6 tipos:


1. Subjetiva: ocupa a função de sujeito.

Exemplos:
- É preciso que o grupo melhore.
Verbo de Ligação + predicat. + O. S. S. Subjetiva

- É necessário que você compareça à reunião.


VL + predicat. O. S. S. Subjetiva

- Consta que esses homens foram presos anteriormente.


VI + O. S. S. Subjetiva

- Foi confirmado que o exame deu positivo.


Voz passiva O. S. S. Subjetiva

2. Predicativa: ocupa a função do predicativo do sujeito.

Exemplos:
- A dúvida é se você virá.
Suj. + VL + O. S. S. Predicativa

- A verdade é que você não virá.


Suj. + VL + O. S. S. Predicativa

3. Objetiva Direta: ocupa a função do objeto direto. Completa o sentido de um Verbo


Transitivo Direto.

Exemplos:
- Nós queremos que você fique.
Suj. + VTD + O. S. S. Obj. Direta

- Os alunos pediram que a prova fosse adiada.


Sujeito + VTD + O. S. S. Objetiva Direta
4. Objetiva Indireta: ocupa a função do objeto indireto.

Exemplos:
- As crianças gostam (de) que esteja tudo tranqüilo.
Sujeito + VTI + O. S. S. Objetiva Indireta

- A mulher precisa de que alguém a ajude.


Sujeito + VTI + O. S. S. Obj. Indireta

5. Completiva Nominal: ocupa a função de um complemento nominal.

Exemplos:
- Tenho vontade de que aconteça algo inesperado.
Suj. + VTD + Obj. Dir. + O. S. S. Completiva Nominal

- Toda criança tem necessidade de que alguém a ame.


Sujeito + VTD + Obj. Dir. + O. S. S. Comp. Nom.

6. Apositiva: ocupa a função de um aposto.

Exemplos:
- Toda a família tem o mesmo objetivo: que eu passe no vestibular.
Sujeito + VTD + Objeto Direto + O. S. S. Apositiva

Orações Subordinadas Adjetivas

Orações adjetivas são aquelas orações que exercem a função de um adjetivo dentro da
estrutura da oração principal. Elas são sempre iniciadas por um pronome relativo e
servem para caracterizar algum nome que aparece na estrutura da frase. Há dois tipos de
orações adjetivas: as restritivas e as explicativas.

O. S. Adjetivas Restritivas: funcionam como adjuntos adnominais e servem para


designar algum elemento da frase. Não pode ser isolada por vírgulas, e restringe,
identifica o substantivo ou pronome ao qual se refere.

Exemplo:
- Você é um dos poucos alunos que eu conheço.
Suj. + VL + predicativo + O.S. Adjetiva Restritiva

- Eles são um dos casais que falaram conosco ontem.


Suj. + VL + predicativo + O.S. Adjetiva Restritiva

- Os idosos que gostam de dançar se divertiram muito.


Suj. + O.S. Adjetiva Restritiva + VI + adj. Adv.
O. S. Adjetivas Explicativas: ao contrário das restritivas, são quase sempre isoladas por
vírgulas. Servem para adicionar características ao ser que designam. Sua função é
explicar, e funciona estruturalmente como um aposto explicativo.

Exemplo:
- Meu tio, que era advogado, prestou serviços ao réu.
Sujeito + O.S. Adj. Explicat. + VTDI + OD + OI

- Eu, que não sou perfeito, já cometi alguns erros graves.


Suj. + O.S. Adj. Explicat. + VTD + OD

- Os idosos, que gostam de dançar, se divertiram muito.


Suj. + O.S. Adj. Explicat. + VI + Adj. Adv.

Orações Subordinadas Adverbiais


Existem nove tipos de orações subordinadas adverbiais. Esse tipo de oração age na frase
como um advérbio, modificando o sentido de outras orações e ocupando a função de um
adjunto adverbial.
As orações adverbiais são sempre iniciadas por uma conjunção subordinativa.
São elas:
Causal: designam a causa, o motivo.
Exemplo:
- Ela cantou porque ouviu sua banda favorita.

Comparativa: estabelece uma comparação com a oração principal.


Exemplo:
- Ela andava leve como uma borboleta.

Concessiva: se opõe às idéias expressas pela oração principal.


Exemplo:
- Embora a prova estivesse fácil, demorei bastante para terminar.

Condicional: expressa uma condição para que aconteça aquilo que a oração principal
diz.
Exemplo:
- Caso você não estude, ficará muito ansioso para a prova.

Conformativa: expressam conformidade ou algum tipo de acordo com a oração principal.


Exemplo:
- Como eu havia te falado, a prova não estava fácil.

Consecutiva: é a conseqüência da oração principal.


Exemplo:
- Comecei o dia tão mal que não consegui me concentrar no trabalho.

Final: indica finalidade, propósito para que acontece a oração principal


Exemplo:
- Não vou fechar os portões da biblioteca, para que você possa fazer sua pesquisa.

Proporcional: indica proporção.


Exemplo:
- Quanto mais você fumar, mais grave ficará sua doença.

Temporal: localiza a oração principal em um determinado tempo.


Exemplo:
- Quando você voltar nós conversaremos com calma.
PONTUAÇÃO

Há certos recursos da linguagem - pausa, melodia, entonação e até mesmo, silêncio - que só estão
presentes na oralidade. Na linguagem escrita, para substituir tais recursos, usamos os sinais de pontuação.
Estes são também usados para destacar palavras, expressões ou orações e esclarecer o sentido de frases,
a fim de dissipar qualquer tipo de ambigüidade.

• ponto:
Emprega-se o ponto, basicamente, para indicar o término de um frase declarativa de um período simples ou
composto.
Desejo-lhe uma feliz viagem.
A casa, quase sempre fechada, parecia abandonada, no entanto tudo no seu interior era conservado com
primor.
O ponto é também usado em quase todas as abreviaturas, por exemplo: fev. = fevereiro, hab. = habitante,
rod. = rodovia.
O ponto que é empregado para encerrar um texto escrito recebe o nome de ponto final.

• o ponto-e-vírgula:
Utiliza-se o ponto-e-vírgula para assinalar uma pausa maior do que a da vírgula, praticamente uma pausa
intermediária entre o ponto e a vírgula.
Geralmente, emprega-se o ponto-e-vírgula para:
a) separar orações coordenadas que tenham um certo sentido ou aquelas que já apresentam separação por
vírgula:
Criança, foi uma garota sapeca; moça, era inteligente e alegre; agora, mulher madura, tornou-se uma
doidivanas.

b) separar vários itens de uma enumeração:


Art. 206. O ensino será ministrado com base nos seguintes princípios:
I - igualdade de condições para o acesso e permanência na escola;
II - liberdade de aprender, ensinar, pesquisar e divulgar o pensamento, a arte e o saber;
III - pluralismo de idéias e de concepções, e coexistência de instituições públicas e privadas de ensino;
IV - gratuidade do ensino em estabelecimentos oficiais;
(Constituição da República Federativa do Brasil)

• dois-pontos:
Os dois-pontos são empregados para:
a) uma enumeração:
... Rubião recordou a sua entrada no escritório do Camacho, o modo porque falou: e daí tornou atrás, ao
próprio ato.
Estirado no gabinete, evocou a cena: o menino, o carro, os cavalos, o grito, o salto que deu, levado de um
ímpeto irresistível...
(Machado de Assis)

b) uma citação:
Visto que ela nada declarasse, o marido indagou:
- Afinal, o que houve?

c) um esclarecimento:
Joana conseguira enfim realizar seu desejo maior: seduzir Pedro. Não porque o amasse, mas para magoar
Lucila.
Observe que os dois-pontos são também usados na introdução de exemplos, notas ou observações.
Parônimos são vocábulos diferentes na significação e parecidos na forma. Exemplos: ratificar/retificar,
censo/senso, descriminar/discriminar etc.
Nota: A preposição per, considerada arcaica, somente é usada na frase de per si (= cada um por sua vez,
isoladamente).
Observação: Na linguagem coloquial pode-se aplicar o grau diminutivo a alguns advérbios: cedinho,
longinho, melhorzinho, pouquinho etc.

NOTA
A invocação em correspondência (social ou comercial) pode ser seguida de dois-pontos ou de vírgula:
Querida amiga:
Prezados senhores,

• ponto de interrogação:
O ponto de interrogação é empregado para indicar uma pergunta direta, ainda que esta não exija resposta:
O criado pediu licença para entrar:
- O senhor não precisa de mim?
- Não obrigado. A que horas janta-se?
- Às cinco, se o senhor não der outra ordem.
- Bem.
- O senhor sai a passeio depois do jantar? de carro ou a cavalo?
- Não.
(José de Alencar)

• ponto de exclamação:
O ponto de exclamação é empregado para marcar o fim de qualquer enunciado com entonação
exclamativa, que normalmente exprime admiração, surpresa, assombro, indignação etc.
- Viva o meu príncipe! Sim, senhor... Eis aqui um comedouro muito compreensível e muito repousante,
Jacinto!
- Então janta, homem!
(Eça de Queiroz)

NOTA
O ponto de exclamação é também usado com interjeições e locuções interjetivas:
Oh!
Valha-me Deus!
• O uso da vírgula:
Emprega-se a vírgula (uma breve pausa):

a) para separar os elementos mencionados numa relação:


A nossa empresa está contratando engenheiros, economistas, analistas de sistemas e secretárias.
O apartamento tem três quartos, sala de visitas, sala de jantar, área de serviço e dois banheiros.
Mesmo que o e venha repetido antes de cada um dos elementos da enumeração, a vírgula deve ser
empregada:
Rodrigo estava nervoso. Andava pelos cantos, e gesticulava, e falava em voz alta, e ria, e roía as unhas.

b) para isolar o vocativo:


Cristina, desligue já esse telefone!
Por favor, Ricardo, venha até o meu gabinete.

c) para isolar o aposto:


Dona Sílvia, aquela mexeriqueira do quarto andar, ficou presa no elevador.
Rafael, o gênio da pintura italiana, nasceu em Urbino.

d) para isolar palavras e expressões explicativas (a saber, por exemplo, isto é, ou melhor, aliás, além disso
etc.):
Gastamos R$ 5.000,00 na reforma do apartamento, isto é, tudo o que tínhamos economizado durante anos.
Eles viajaram para a América do Norte, aliás, para o Canadá.

e) para isolar o adjunto adverbial antecipado:


Lá no sertão, as noites são escuras e perigosas.
Ontem à noite, fomos todos jantar fora.

f) para isolar elementos repetidos:


O palácio, o palácio está destruído.
Estão todos cansados, cansados de dar dó!

g) para isolar, nas datas, o nome do lugar:


São Paulo, 22 de maio de 1995.
Roma, 13 de dezembro de 1995.

h) para isolar os adjuntos adverbiais:


A multidão foi, aos poucos, avançando para o palácio.
Os candidatos serão atendidos, das sete às onze, pelo próprio gerente.

i) para isolar as orações coordenadas, exceto as introduzidas pela conjunção e:


Ele já enganou várias pessoas, logo não é digno de confiança.
Você pode usar o meu carro, mas tome muito cuidado ao dirigir.
Não compareci ao trabalho ontem, pois estava doente.

j) para indicar a elipse de um elemento da oração:


Foi um grande escândalo. Às vezes gritava; outras, estrebuchava como um animal.
Não se sabe ao certo. Paulo diz que ela se suicidou, a irmã, que foi um acidente.

k) para separar o paralelismo de provérbios:


Ladrão de tostão, ladrão de milhão.
Ouvir cantar o galo, sem saber onde.

l) após a saudação em correspondência (social e comercial):


Com muito amor,
Respeitosamente,

m) para isolar as orações adjetivas explicativas:


Marina, que é uma criatura maldosa, "puxou o tapete" de Juliana lá no trabalho.
Vidas Secas, que é um romance contemporâneo, foi escrito por Graciliano Ramos.

n) para isolar orações intercaladas:


Não lhe posso garantir nada, respondi secamente.
O filme, disse ele, é fantástico.
Processo de coordenação e subordinação

Período Composto por Coordenação

Períodos compostos por coordenação são os períodos que, possuindo duas ou mais orações,
apresentam orações coordenadas entre si. Cada oração coordenada possui autonomia de sentido em
relação às outras, e nenhuma delas funciona como termo da outra. As orações coordenadas, apesar de sua
autonomia em relação às outras, complementam mutuamente seus sentidos. A conexão entre as orações
coordenadas podem ou não ser realizadas através de conjunções coordenativas. Sendo vinculadas por
conectivos ou conjunções coordenativas, as orações são coordenadas sindéticas. Não apresentando
conjunções coordenativas, as orações são chamadas orações coordenadas assindéticas.

Orações Coordenadas Assindéticas


São as orações não iniciadas por conjunção coordenativa.
Ex. Chegamos a casa, tiramos a roupa, banhamo-nos, fomos deitar.

Orações Coordenadas Sindéticas


São cinco as orações coordenadas, que são iniciadas por uma conjunção coordenativa.
A) Aditiva: Exprime uma relação de soma, de adição.
Conjunções: e, nem, mas também, mas ainda.
Ex. Não só reclamava da escola, mas também atenazava os colegas.

B) Adversativa: exprime uma ideia contrária à da outra oração, uma oposição.


Conjunções: mas, porém, todavia, no entanto, entretanto, contudo.
Ex. Sempre foi muito estudioso, no entanto não se adaptava à nova escola.

C) Alternativa: Exprime ideia de opção, de escolha, de alternância.


Conjunções: ou, ou...ou, ora... ora, quer... quer.
Estude, ou não sairá nesse sábado.

D) Conclusiva: Exprime uma conclusão da ideia contida na outra oração.


Conjunções: logo, portanto, por isso, por conseguinte, pois - após o verbo ou entre vírgulas.
Ex. Estudou como nunca fizera antes, por isso conseguiu a aprovação.

E) Explicativa: Exprime uma explicação.


Conjunções: porque, que, pois - antes do verbo.
Ex. Conseguiu a aprovação, pois estudou como nunca fizera antes

PERÍODO COMPOSTO

Período é a unidade linguística composta por uma ou mais orações. Tem como características
básicas:
a apresentação de um sentido ou significado completo encerrar-se por meio de certos símbolos de
pontuação.
Uma das propriedades da língua é expressar enunciados articulados. Essa articulação é evidenciada
internamente pela verificação de uma qualidade comunicativa das informações contidas no período. Isto é,
um período é bem articulado quando revela informações de sentido completo, uma idéia acabada. Esse
atributo pode ser exibido em termos de um período constituído por uma única oração - período simples – ou
constituído por mais de uma oração – período composto.

Exemplos:
Sabrina tinha medo do brinquedo. [período simples]
Sabrina tinha medo do brinquedo, apesar de levá-lo consigo todo o tempo. [período composto]

Não há uma forma definida para a constituição de períodos, pois se trata de uma liberdade do
falante de elaborar seu discurso da maneira como quiser ou como julgar ser compreendido na situação
discursiva. Porém a língua falada, mais frequentemente, organiza-se em períodos simples, ao passo que a
língua escrita costuma apresentar maior elaboração sintática, o que faz notarmos a presença maior de
períodos compostos. Um dos aspectos mais notáveis dessa complexidade sintática nos períodos compostos
é o uso dos vários recursos de coesão. Isso pode ser visualizado no exercício de transformação de alguns
períodos simples em período composto fazendo uso dos chamados conectivos (elementos linguísticos que
marcam a coesão textual).

Exemplo:
Eu tenho um gatinho muito preguiçoso. Todo dia ele procura a minha cama para dormir. Minha mãe não
gosta do meu gatinho. Então, eu o escondo para a minha mãe não ver que ele está dormindo comigo.
Eu tenho um gatinho muito preguiçoso, que todo dia procura a minha cama para dormir. Como a minha mãe
não gosta dele, eu o escondo e, assim, ela não vê que o gatinho está dormindo comigo. Notem que no
exemplo (1) temos um parágrafo formado por quatro períodos. Já no exemplo (2) o parágrafo está
organizado em apenas dois períodos. Isso é possível articulando as informações por meio de alguns
conectivos (que, como, assim) e eliminando os elementos redundantes (o gatinho, minha mãe = ele, ela).
Finalmente, os períodos são definidos materialmente no registro escrito por meio de uma marca da
pontuação, das quais se excluem a vírgula e o ponto-e-vírgula. O recurso da pontuação é uma forma de
reproduzir na escrita uma longa pausa percebida na língua falada.

PERÍODO COMPOSTO

O período pode ser composto por coordenação , subordinação e ainda por coordenação e subordinação.

Período composto por coordenação


"Uma multidão se aglomera nas ruas do centro e o comércio interrompe suas atividades."
Primeira oração: "Uma multidão se aglomera nas ruas do centro" Segunda oração: "e o comércio interrompe
suas atividades."
Nesse período, cada uma das orações é sintaticamente independente, isto é, não exerce nenhuma função
sintática com relação à outra.
A primeira oração (Uma multidão se aglomera nas ruas do centro) tem existência idependente da segunda
oração (E o comércio interrompe suas atividades).
Cada oração vale por si, embora a expressão completa do pensamento do autor dependa da coordenação
("ordenada lado a lado") das duas orações. A essas orações independentes dá-se o nome de coordenada e
o período por esse tipo de oração chama-se período composto por coordenação .

Período composto por subordinação


"Na São Paulo de 1901, o pioneiro Henrique Santos-Dumont solicitou ao prefeito Antônio Prado que o
isentasse do pagamento da recém-instituída taxa sobre automóveis."
Primeira oração: "Na São Paulo de 1901, o pioneiro Henrique Santos-Dumont solicitou ao prefeito Antônio
Prado" Segunda oração: "que o isentasse do pagamento da recém-instituída taxa sobre automóveis."
Nesse período a oração "que o isentasse do pagamento da recém-instituída taxa sobre automóveis" é
dependente sintaticamente da oração "Na São Paulo de 1901, o pioneiro Henrique Santo-Dumont solicitou
ao prefeito Antônio Prado", pois exerce a função de objeto direto do verbo solicitar.
A primeira oração não exerce nenhuma função sintática com relação à outra e tem uma oração que dela
depende. Essa oração é chamada de principal. A outra oração que depende sintaticamente da principal é a
oração subordinada.

Período composto por coordenação e subordinação


"Ocorrem conflitos burocráticos, e a Prefeitura, que se irritou com as reclamações do Dr. Henrique, cassa-
lhe a licença."
Neste período, há duas orações coordenadas e uma subordinada.
Coordenadas: "Ocorrem conflitos burocráticos, e a Prefeitura (...) cassa-lhe a licença." Subordinada: "...que
se irritou com as reclamações do Dr.Henrique..."
Esse tipo de período é chamado de período composto por coordenação e subordinação ou período misto.
No exemplo dado para período misto, a oração "e a Prefeitura cassa-lhe a licença" é coordenada em
relação à primeira e principal em relação à outra: "que se irritou com as reclamações do Dr. Henrique".
Uma oração coordenada ou subordinada poderá ser principal desde que exista outra que dependa dela.
"Quero que você vá ao supermercado e passe na casa da Aninha."
As orações "que você vá ao supermercado e "e passe na casa da Aninha" são subordinadas que exercem a
mesma função: objeto direto do verbo querer. Essas duas orações, no entanto, estão coordenadas entre si.
Duas ou mais orações podem estar coordenadas entre si desde que exerçam a mesma função.

Orações intercaladas ou interferentes


São orações que funcionam no período como observação, ressalva ou opinião etc.
"Nas costas do retrato, bem no cantinho - O PAI NÃO ENTENDEU - estava escrito: Uff!"
" Não sei - NUNCA SOUBE - se ele era João, Joaquim ou Robélio."
"Minha senhora - FICO MURMURANDO BAIXINHO - não é assim que se convence uma crença."

Assindéticas
Quando estão simplesmente colocadas uma ao lado da outra, sem qualquer conjunção entre elas (a =
"não"; síndeto = palavra de origem grega que significa "conjunção" ou "conectivo").
"Subo por uma velha escada de madeira mal iluminada, chego a uma espécie de salão." (M. Scliar)
"Grita, sacode a cabeleira negra, agita os braços, pára, olha, ri." (E. Veríssimo)

Sindéticas
Quando vêm introduzidas por conjunção.
"A luz aumentou E espalhou-se na campina." (G. Ramos)
"Sou feio, MAS sou carinhoso." (Frase de para-choque)

Aditivas
Expressam uma adição, uma sequência de informações:
"Nós desmanchamos o teto do barco E FIZEMOS UMA JANGADA PEQUENA." (Jornal da Tarde)
"Não olha para trás, não sente saudades, não deixa NEM CARREGA CONSIGO AMOR NENHUM." (Mário
Palmério)
Principais conjunções aditivas: e, nem, (não só)... mas também.
Adversativas
Expressam a ideia de oposição, contraste:
"Amor é igual fumaça: sufoca MAS PASSA." (Frase de para-choque)
"Repele-a com um gesto manso, PORÉM A CABRA NÃO SE MOVE." (C. D. Andrade)
Principais conjunções adversativas: mas, porém, todavia, contudo, no entanto, entretanto etc.

Alternativas
Expressam alternância de ideias:
"Cale-se OU EXPULSO A SENHORA DA SALA." (C. Lispector)
"ORA DORMIAM, ORA JOGAVAM CARTAS."
"OU VAI OU RACHA."
Principais conjunções alternativas: ou ... ou, ora ... ora, já ... já, quer ... quer etc.

Conclusivas
Expressam ideia de conclusão, consequência:
"São seres humanos; MERECEM, POIS, TODO NOSSO RESPEITO."
"Penso, LOGO HESITO."
Principais conjunções conclusivas: logo, portanto, por conseguinte, pois (posposto ao verbo) etc.

Explicativas
Indicam uma justificativa ou uma explicação ao fato expresso na primeira oração:
"Acendi o fogo, POIS ACORDARA FAMINTO e cozinhei o caldo." (D. S. Queiroz)
Principais conjunções explicativas: porque, que, pois (anteposto ao verbo) etc.

Particularidades
Com relação às orações coordenadas ainda se deve levar em conta que:
1) As orações coordenadas sindéticas aditivas podem estar correlacionadas através das expressões: (não
só)... mas também, (não somente)... mas ainda, (não só)... como também. Exemplo:
"Não só se dedica aos esportes COMO TAMBÉM À MÚSICA."
2) A conjunção que pode ter valor:
a) Aditivo:
"Varre QUE varre." (Varre e Varre.)
"Fala QUE fala." (Fala e fala.)
b) Adversativo:
"Todos poderão fazer isso QUE não vós."
3) A conjunção e pode assumir valor adversativo:
"Vi um vulto estranho e não senti medo."
4) O processo de coordenação pode ocorrer entre períodos de um texto:
"Não era briga. MAS a sua presença me transmitia um indizível desconforto." (O. Lessa)
"Os meninos choramingavam, pedindo de comer. E Chico Bento pensava." (R. Queiroz)
"Tudo seco em redor. E o patrão era seco também." (G. Ramos)
"As várzeas cobriam-se de grama, de mata-pasto, os altos cresciam em capoeira. Seu Lula, PORÉM, não
devia, não tomava dinheiro emprestado." (J. L. Rego)
PERÍODO COMPOSTO

ORAÇÕES SUBORDINADAS
Você já deve saber que período é uma frase organizada em orações. Já deve saber também que no
período simples existe apenas uma oração, chamada "absoluta", e que no período composto existem duas
ou mais orações. Essas orações podem se relacionar por meio de dois processos sintáticos diferentes: a
subordinação e a coordenação . Na subordinação, um termo atua como determinante de um outro termo.
Essa relação se verifica, por exemplo, entre um verbo e seus complementos: os complementos são
determinantes do verbo, integrando sua significação. Consequentemente, o objeto direto e o objeto indireto
são termos subordinados ao verbo, que é o termo subordinante. Outros termos subordinados da oração são
os adjuntos adnominais (subordinados ao nome que caracterizam) e os adjuntos adverbiais (subordinados
geralmente a um verbo). No período composto, considera-se subordinada a oração que desempenha
função de termo de outra oração, o que equivale a dizer que existem orações que atuam como
determinantes de outras orações. Observe o seguinte exemplo: Percebeu que os homens se aproximavam.
Esse período composto é formado por duas orações: a primeira estruturada em torno da forma
verbal "percebeu"; a segunda, em torno da forma verbal "aproximavam". A análise da primeira oração
permite constatar de imediato que seu verbo é transitivo direto (perceber algo). O complemento desse verbo
é, no caso, a oração "que os homens se aproximavam" . Nesse período, a segunda oração funciona como
objeto direto do verbo da primeira. Na verdade, o objeto direto de percebeu é "que os homens se
aproximavam".
A oração que cumpre papel de um termo sintático de outra é subordinada; a oração que tem um de
seus termos na forma de oração subordinada é a principal. No caso do exemplo dado, a oração "Percebeu"
é principal; "que os homens se aproximavam" é oração subordinada. Diz-se, então, que esse período é
composto por subordinação.
Ocorre coordenação quando termos de mesma função sintática são relacionados entre si. Nesse
caso, não se estabelece uma hierarquia entre esses termos, pois eles são sintaticamente equivalentes.
Observe:
Brasileiros e portugueses devem agir como irmãos.
Nessa oração, o sujeito composto "brasileiros e portugueses", adjetivos substantivados, apresenta
dois núcleos coordenados entre si: os dois substantivos desempenham um mesmo papel sintático na
oração.
No período composto, a coordenação ocorre quando orações sintaticamente equivalentes se
relacionam. Observe:

Comprei o livro, li os poemas e fiz o trabalho.


Nesse período, há três orações, organizadas a partir das formas verbais "comprei", "li" e "fiz". A análise
dessas orações permite perceber que cada uma delas é sintaticamente independente das demais: na
primeira, ocorre um verbo transitivo direto (comprar) acompanhado de seu respectivo objeto direto ("o
livro"); na segunda, o verbo ler, também transitivo direto, com o objeto direto "os poemas"; na terceira, outro
verbo transitivo direto, fazer, com o objeto direto "o trabalho". Nenhuma das três orações desempenha papel
de termo de outra. São orações sintaticamente independentes entre si e, por isso, coordenadas. Nesse
caso, o período é composto por coordenação. Note que a ordem das orações é fixada por uma questão
semântica e não sintática (os fatos indicados pelas orações obedecem à ordem cronológica). Existem
períodos compostos em que se verificam esses dois processos de organização sintática, ou seja, a
subordinação e a coordenação. Observe:

Percebi que os homens se aproximavam e saí em desabalada carreira.


Nesse período, há três orações, organizadas respectivamente a partir das formas verbais "percebi",
"aproximavam" e "saí". A oração organizada em torno de percebi tem como objeto direto a oração "que os
homens se aproximavam" (perceber algo); "que os homens se aproximavam", portanto, é oração
subordinada a percebi. Entre as orações organizadas em torno de percebi e saí, a relação é de
coordenação, já que uma não desempenha papel de termo da outra. O período é composto por
coordenação e subordinação.
As orações subordinadas se dividem em três grupos, de acordo com a função sintática que desempenham e
a classe de palavras a que equivalem. Podem ser substantivas, adjetivas ou adverbiais. Mais uma vez,
valem os conceitos morfossintáticos, que, como você já deve saber, combinam a morfologia e a sintaxe.
Para notar as diferenças que existem entre esses três tipos de orações, tome como base a análise de um
período simples:

Só depois disso percebi a profundidade das palavras dele.


Nessa oração, o sujeito é "eu", implícito na terminação verbal. "A profundidade das palavras dele" é objeto
direto da forma verbal percebi. O núcleo do objeto direto é profundidade. Subordinam-se ao núcleo desse
objeto os adjuntos adnominais "a" e "das palavras dele". No adjunto adnominal "das palavras dele", o núcleo
é o substantivo palavras, ao qual se prendem os adjuntos adnominais "as" e "dele". "Só depois disso" é
adjunto adverbial de tempo.
É possível transformar a expressão "a profundidade das palavras dele", objeto direto, em oração. Observe:

Só depois disso percebi que as palavras dele eram profundas.


Nesse período composto, o complemento da forma verbal percebi é a oração "que as palavras dele eram
profundas". Ocorre aqui um período composto por subordinação, em que uma oração desempenha a função
de objeto direto do verbo da outra. O objeto direto é uma função substantiva da oração, ou seja, é função
desempenhada por substantivos e palavras de valor substantivo. É natural, portanto, que a oração
subordinada que desempenha esse papel seja chamada de oração subordinada substantiva.
Pode-se também modificar o período simples original transformando em oração o adjunto adnominal do
núcleo do objeto direto, profundidade. Observe:

Só depois disso percebi a profundidade que as palavras dele continham.


Nesse período, o adjunto adnominal de profundidade passa a ser a oração "que as palavras dele
continham". Você já sabe que o adjunto adnominal é uma função adjetiva da oração, ou seja, é função
exercida por adjetivos, locuções adjetivas e outras palavras de valor adjetivo. É por isso que são chamadas
de subordinadas adjetivas as orações que, nos períodos compostos por subordinação, atuam como
adjuntos adnominais de termos das orações principais.
Outra modificação que podemos fazer no período simples original é a transformação do adjunto adverbial de
tempo em uma oração. Observe:

Só quando cai em mim, percebi a profundidade das palavras dele.


Nesse período composto, "só quando caí em mim" é uma oração que atua como adjunto adverbial de tempo
do verbo da outra oração. O adjunto adverbial é uma função adverbial da oração, ou seja, é função exercida
por advérbios e locuções adverbiais. Portanto, são chamadas de subordinadas adverbiais as orações que,
num período composto por subordinação, atuam como adjuntos adverbiais do verbo da oração principal.
É fácil perceber, assim, que a classificação das orações subordinadas decorre da combinação da função
sintática que exercem com a classe de palavras que representam, ou seja, é a morfossintaxe que determina
a classificação de cada oração subordinada. São subordinadas substantivas as que exercem funções
substantivas (sujeito, objeto direto e indireto, complemento nominal, aposto, predicativo). São subordinadas
adjetivas as que exercem funções adjetivas (atuam como adjuntos adnominais). São subordinadas
adverbiais as que exercem funções adverbiais (atuam como adjuntos adverbiais, expressando as mais
variadas circunstâncias).
Quanto à forma, as orações subordinadas podem ser desenvolvidas ou reduzidas. Observe:
1. Suponho que seja ela a mulher ideal.
2. Suponho ser ela a mulher ideal.
Nesses dois períodos compostos há orações subordinadas substantivas que atuam como objeto direto da
forma verbal suponho. No primeiro período, a oração é "que seja ela a mulher ideal". Essa oração é
introduzida por uma conjunção subordinativa (que) e apresenta uma forma verbal do presente do subjuntivo
(seja). Trata-se de uma oração subordinada desenvolvida. Assim são chamadas as orações subordinadas
que se organizam a partir de uma forma verbal do modo indicativo ou do subjuntivo e que são introduzidas,
na maior parte dos casos, por conjunção subordinativa ou pronome relativo.
No segundo período, a oração subordinada "ser ela a mulher ideal" apresenta o verbo numa de suas formas
nominais (no caso, infinitivo) e não é introduzida por conjunção subordinativa ou pronome relativo.
Justamente por apresentar uma peça a menos em sua estrutura, essa oração é chamada de reduzida. As
orações reduzidas apresentam o verbo numa de suas formas nominais (infinitivo, gerúndio ou particípio) e
não apresentam conjunção ou pronome relativo (em alguns casos, são encabeçadas por preposições).
Como você já viu, as orações subordinadas substantivas desempenham funções que no período simples
normalmente são desempenhadas por substantivos. As orações substantivas podem atuar como sujeito,
objeto direto, objeto indireto, complemento nominal, predicativo e aposto. Por isso são chamadas,
respectivamente, de subjetivas, objetivas diretas, objetivas indiretas, completivas nominais, predicativas e
apositivas. Essas orações podem ser desenvolvidas ou reduzidas. As desenvolvidas normalmente se ligam
à oração principal por meio das conjunções subordinativas integrantes "que" e "se". As reduzidas
apresentam verbo no infinitivo e podem ou não ser encabeçadas por preposição.

TIPOS DE ORAÇÕES SUBORDINADAS SUBSTANTIVAS

Subjetivas
As orações subordinadas substantivas subjetivas atuam como sujeito do verbo da oração principal.
Exemplos:
1. É fundamental o seu comparecimento à reunião.
2. É fundamental que você compareça à reunião.
3. É fundamental você comparecer à reunião.
O primeiro período é simples. Nele, "o seu comparecimento à reunião" é sujeito da forma verbal é. Na
ordem direta é mais fácil constatar isso: "O seu comparecimento à reunião é fundamental".
Nos outros dois períodos, que são compostos, a expressão "o seu comparecimento a reunião" foi
transformada em oração ("que você compareça a reunião" e "você comparecer à reunião"). Nesses
períodos, as orações destacadas são subjetivas, já que desempenham a função de sujeito da forma verbal
"é". A oração "você comparecer à reunião", que não é introduzida por conjunção e tem o verbo no infinitivo,
é reduzida.
Quando ocorre oração subordinada substantiva subjetiva, o verbo da oração principal sempre fica na
terceira pessoa do singular. As estruturas típicas da oração principal nesse caso são:
a) verbo de ligação + predicativo - é bom..., é conveniente..., é melhor..., é claro..., está comprovado...,
parece certo..., fica evidente..., etc.

Observe os exemplos:
É preciso que se adotem providências eficazes.
Parece estar provado que soluções mágicas não funcionam.
b) verbo na voz passiva sintética ou analítica - sabe-se..., soube-se..., comenta-se..., dir-se-ia..., foi
anunciado..., foi dito..., etc.

Exemplos:
Sabe-se que o país carece de sistema de saúde digno.
Foi dito que tudo seria resolvido por ele.
c) verbos como convir, cumprir, acontecer, importar, ocorrer, suceder, parecer, constar, urgir, conjugados na
terceira pessoa do singular.

Exemplos:
Convém que você fique.
Consta que ninguém se interessou pelo cargo.
Parece ser ela a pessoa indicada.
Muitos autores consideram que o relativo "quem" deve ser desdobrado em "aquele que". Tem-se, assim, um
relativo (que), que introduz oração adjetiva. Outros autores preferem entender que "Quem usa drogas" é o
efetivo sujeito de experimenta. Esta nos parece a melhor solução.
Objetivas diretas
As orações subordinadas substantivas objetivas diretas atuam como objeto direto do verbo da oração
principal.

Exemplos:
Todos querem que você compareça.
Suponho ser o Brasil o país de pior distribuição de renda no mundo.
Nas frases interrogativas indiretas, as orações subordinadas substantivas objetivas diretas podem ser
introduzidas pela conjunção subordinativa integrante "se" e por pronomes ou advérbios interrogativos.

Exemplos:
Ninguém sabe / se ela aceitará a proposta. / como a máquina funciona. / onde fica o teatro. / quanto custa o
remédio. / quando entra em vigor a nova lei. / qual é o assunto da palestra.
Com os verbos "deixar, mandar, fazer" (chamados auxiliares causativos) e "ver, sentir, ouvir, perceber"
(chamados auxiliares sensitivos) ocorre um tipo interessante de oração subordinada substantiva objetiva
direta reduzida de infinitivo.

Exemplos:
Deixe-ME REPOUSAR.
Mandei-OS SAIR.
Ouvi-O GRITAR.
Nesses casos, as orações destacadas são todas objetivas diretas reduzidas de infinitivo. E, o que é mais
interessante, os pronomes oblíquos atuam todos como sujeitos dos infinitivos verbais. Essa é a única
situação da língua portuguesa em que um pronome oblíquo pode atuar como sujeito. Para perceber melhor
o que ocorre, convém transformar as orações reduzidas em orações desenvolvidas:
Deixe que eu repouse.
Mandei que eles saíssem.
Ouvi que ele gritava.
Nas orações desenvolvidas, os pronomes oblíquos foram substituídos pelas formas retas correspondentes.
É fácil perceber agora que se trata, efetivamente, dos sujeitos das formas verbais das orações
subordinadas.

Objetivas indiretas
As orações subordinadas substantivas objetivas indiretas atuam como objeto indireto do verbo da oração
principal.

Exemplos:
Duvido de que esse prefeito dê prioridade às questões sociais.
Lembre-se de comprar todos os remédios.
Completivas nominais
As orações subordinadas substantivas completivas nominais atuam como complemento de um nome da
oração principal.

Exemplos:
Levo a leve impressão de que já vou tarde.
Tenho a impressão de estar sempre no mesmo lugar.
Observe que as objetivas indiretas integram o sentido de um verbo, enquanto as completivas nominais
integram o sentido de um nome. Para distinguir uma da outra, é necessário levar em conta o termo
complementado. Essa é, aliás, a diferença entre o objeto indireto e o complemento nominal: o primeiro
complementa um verbo; o segundo, um nome. Nos exemplos dados acima, as orações subordinadas
complementam o nome impressão.

Predicativas
As orações subordinadas substantivas predicativas atuam como predicativo do sujeito da oração principal.

Exemplos:
A verdade é que ele não passava de um impostor.
Nosso desejo era encontrares o teu caminho.

Apositivas
As orações subordinadas substantivas apositivas atuam como aposto de um termo da oração principal.

Exemplos:
De você espero apenas uma coisa: que me deixe em paz.
Só resta uma alternativa: encontrar o remédio.

PONTUAÇÃO DAS SUBORDINADAS SUBSTANTIVAS


A pontuação dos períodos compostos em que surgem orações subordinadas substantivas segue os
mesmos princípios que se adotam no período simples para as funções sintáticas a que essas orações
equivalem:
- A vírgula não deve separar da oração principal as orações subjetivas, objetivas diretas, objetivas indiretas,
completivas nominais e predicativas - afinal, sujeitos, complementos verbais e nominais não são separados
por vírgula dos termos a que se ligam. O mesmo critério se aplica para o predicativo nos predicados
nominais.
- A oração subordinada substantiva apositiva deve ser separada da oração principal por vírgula ou dois-
pontos, exatamente como ocorre com o aposto:
O boato, de que o presidente renunciaria, espalhou-se rapidamente.
Imponho-lhe apenas uma tarefa: que administre bem o dinheiro público.

ORAÇÕES SUBORDINADAS ADJETIVAS


Uma oração adjetiva nada mais é do que um adjetivo em forma de oração. Assim como é possível dizer
"redação bem-sucedida", em que o substantivo redação é caracterizado pelo adjetivo bem-sucedida, é
possível dizer também "redação que fez sucesso", em que a oração "que fez sucesso" exerce exatamente o
mesmo papel do adjetivo bem-sucedida, ou seja, caracteriza o substantivo redação.
Em termos sintáticos, essas orações exercem a função que normalmente cabe a um adjetivo, a de adjunto
adnominal.

Exemplos:
Pessoa que mente é pessoa mentirosa. A classe gramatical da palavra "mentirosa" é a dos adjetivos.
Qualifica o substantivo "pessoa".
Em vez de se dizer "pessoa mentirosa", é perfeitamente possível se dizer "pessoa que mente". Agora, quem
é que qualifica "pessoa"? A oração "que mente", que tem valor de adjetivo e, por isso, é oração subordinada
adjetiva.
Esse "que" que introduz a oração adjetiva "que mente" pode ser substituído por "a qual" (pessoa que mente
= pessoa a qual mente). E, por fim, esse "que" se chama pronome relativo.
Agora, vamos relacionar tudo isso com o emprego da vírgula. Leia a seguinte passagem: "Não gosto de
pessoas mentirosas". Você poria vírgula entre "pessoas" e "mentirosas"? Certamente não. E por quê?
Porque o papel da palavra "mentirosas" é limitar o universo de pessoas. Afinal, não é de qualquer pessoa
que eu não gosto. Só não gosto das pessoas mentirosas, ou seja, só não gosto das pessoas que mentem.
A oração "que mentem" exerce o mesmo papel do adjetivo "mentirosas", isto é, limita, restringe o universo
de pessoas. Essa oração é chamada de "adjetiva restritiva" e, como você deve ter notado, também não é
separada da anterior por vírgula.
Agora veja este outro caso: "Os cariocas, que adoram o mar, sempre estão de bem com a vida". A que
cariocas se faz referência na frase? Será que a idéia é dividir os cariocas em dois blocos (os que adoram o
mar e os que não adoram) e dizer que só os que adoram o mar estão sempre de bem com a vida? É claro
que não. O que se quer é fazer uma afirmação de caráter genérico: os cariocas adoram o mar e sempre
estão de bem com a vida.
O "que" dessa frase é pronome relativo ("Os cariocas, os quais adoram o mar...") e, por isso mesmo, como
você já sabe, introduz oração subordinada adjetiva, que, no caso, não é restritiva. Não restringe, não limita.
Generaliza. É chamada de explicativa.
A oração restritiva não é separada da anterior por vírgula, mas a explicativa é.
Agora preste muita atenção. Leia estas duas frases:
1) Ele telefonou para a irmã que mora na Itália;
2) Ele telefonou para a irmã, que mora na Itália.
Elas parecem iguais, mas não são. A vírgula faz a diferença. Em ambos os casos, o "que" pode ser
substituído por "a qual". Em ambos os casos, o "que" é pronome relativo e, por isso, introduz oração
adjetiva.
A diferença está na extensão do termo que vem antes do "que" ("irmã"). Sem a vírgula ("irmã que mora na
Itália"), cria-se um limite. Certamente, ele tem mais de uma irmã. Pelo menos duas, uma das quais mora na
Itália. Não fosse assim, não faria sentido a restrição imposta pela oração "que mora na Itália".
Com a vírgula, a oração "que mora na Itália" não restringe. Deixa de ser restritiva e passa a ser explicativa.
Nosso amigo só tem uma irmã, e ela mora na Itália.
Veja outro caso: "A empresa tem cem funcionários que moram em Campinas". O que acontece quando se
coloca vírgula depois de "funcionários"? Muda tudo. Sem a vírgula, a empresa tem mais de cem
funcionários, dos quais cem moram em Campinas.
Com a vírgula depois de "funcionários", a empresa passa a ter exatamente cem funcionários, e todos
moram em Campinas.

ORAÇÕES SUBORDINADAS ADVERBIAIS


Uma oração subordinada adverbial exerce a função de adjunto adverbial do verbo da oração principal.

Exemplos:
Naquele momento, senti uma das maiores emoções de minha vida.
Quando vi o mar, senti uma das maiores emoções de minha vida.
No primeiro período, "naquele momento" é um adjunto adverbial de tempo, que modifica a forma verbal
senti. No segundo período, esse papel é exercido pela oração "Quando vi o mar", que é, portanto, uma
oração subordinada adverbial temporal. Essa oração é desenvolvida, já que é introduzida por uma
conjunção subordinativa (quando) e apresenta uma forma verbal do modo indicativo (vi, do pretérito perfeito
do indicativo). Seria possível reduzi-la, obtendo algo como: Ao ver o mar, senti uma das maiores emoções
de minha vida. "Ao ver o mar" é uma oração reduzida porque apresenta uma das formas nominais do verbo
(ver é infinitivo) e não é introduzida por conjunção subordinativa, mas sim por uma preposição (a,
combinada com o artigo o).
Se você já estudou os adjuntos adverbiais, você viu que sua classificação é feita com base nas
circunstâncias que exprimem. Com as orações subordinadas adverbiais ocorre a mesma coisa. A diferença
fica por conta da quantidade: há apenas nove tipos de orações subordinadas adverbiais, enquanto os
adjuntos adverbiais são pelo menos quinze. As orações adverbiais adquirem grande importância para a
articulação adequada de ideias e fatos e por isso são fundamentais num texto dissertativo. Você terá agora
um estudo pormenorizado das circunstâncias expressas pelas orações subordinadas adverbiais. É
importante compreender bem essas circunstâncias e observar atentamente as conjunções e locuções
conjuntivas utilizadas em cada caso.
TIPOS DE ORAÇÕES SUBORDINADAS ADVERBIAIS

Causa
A idéia de causa está diretamente ligada àquilo que provoca um determinado fato. As orações subordinadas
adverbiais que exprimem causa são chamadas causais. A conjunção subordinativa mais utilizada para a
expressão dessa circunstância é "porque". Outras conjunções e locuções conjuntivas muito utilizadas são
"como" (sempre introduzindo oração adverbial causal anteposta à principal), "pois", "já que", "uma vez que",
"visto que".

Exemplos:
As ruas ficaram alagadas porque a chuva foi muito forte.
Como ninguém se interessou pelo projeto, não houve outra alternativa a não ser cancelá-lo.
Já que você não vai, eu não vou.
Por ter muito conhecimento (= Porque/Como tem muito conhecimento), é sempre consultado. (reduzida de
infinitivo)

Consequência
A idéia de conseqüência está ligada àquilo que é provocado por um determinado fato. As orações
subordinadas adverbiais consecutivas exprimem o efeito, a conseqüência daquilo que se declara na oração
principal. Essa circunstância é normalmente introduzida pela conjunção "que", quase sempre precedida, na
oração principal, de termos intensivos, como "tão, tal, tanto, tamanho".

Exemplos:
A chuva foi tão forte que em poucos minutos as ruas ficaram alagadas.
Tal era sua indignação que imediatamente se uniu aos manifestantes.
Sua fome era tanta que comeu com casca e tudo.

Condição
Condição é aquilo que se impõe como necessário para a realização ou não de um fato. As orações
subordinadas adverbiais condicionais exprimem o que deve ou não ocorrer para que se realize ou deixe de
se realizar o fato expresso na oração principal. A conjunção mais utilizada para introduzir essas orações é
"se"; além dela, podem-se utilizar "caso, contanto que, desde que, salvo se, exceto se, a menos que, sem
que, uma vez que" (seguida do verbo no subjuntivo).

Exemplos:
Uma vez que você aceite a proposta, assinaremos o contrato.
Caso você se case, convide-me para a festa.
Não saia sem que eu permita.
Se o regulamento do campeonato for bem elaborado, certamente o melhor time será o campeão.
Conhecendo os alunos ( = Se conhecesse os alunos), o professor não os teria punido. (oração reduzida de
gerúndio)

Concessão
A idéia de concessão está diretamente ligada à idéia de contraste, de quebra de expectativa. De fato,
quando se faz uma concessão, não se faz o que é esperado, o que é normal. As orações adverbiais que
exprimem concessão são chamadas concessivas. A conjunção mais empregada para expressar essa
relação é "embora"; além dela, podem ser usadas a conjunção "conquanto" e as locuções "ainda que, ainda
quando, mesmo que, se bem que, apesar de que".
Exemplos:
Embora fizesse calor; levei agasalho.
Conquanto a economia tenha crescido, pelo menos metade da população continua à margem do mercado
de consumo.
Foi aprovado sem estudar ( = sem que estudasse / embora não estudasse). (reduzida de infinitivo)

Comparação
As orações subordinadas adverbiais comparativas contêm fato ou ser comparado a fato ou ser mencionado
na oração principal. A conjunção mais empregada para expressar comparação é "como"; além dela,
utilizam-se com muita frequência as estruturas que formam o grau comparativo dos adjetivos e dos
advérbios: "tão... como" (quanto), "mais (do) que", "menos (do) que".

Exemplos:
Ele dorme como um urso (dorme).
Sua sensibilidade é tão afinada quanto sua inteligência (é).
Como se pode perceber nos exemplos acima, é comum a omissão do verbo nas orações subordinadas
adverbiais comparativas. Isso só não ocorre quando se comparam ações diferentes ("Ela fala mais do que
faz." - nesse caso, compara-se o falar e o fazer).

Conformidade
As orações subordinadas adverbiais conformativas indicam ideia de conformidade, ou seja, exprimem uma
regra, um caminho, um modelo adotado para a execução do que se declara na oração principal. A
conjunção típica para exprimir essa circunstância é "conforme"; além dela, utilizam-se "como, consoante e
segundo" (todas com o mesmo valor de conforme).

Exemplos:
Fiz o bolo conforme ensina a receita.
Consoante reza a Constituição, todos os cidadãos têm direitos iguais.
Segundo atesta recente relatório do Banco Mundial, o Brasil é o campeão mundial de má distribuição de
renda.

Finalidade
As orações subordinadas adverbiais finais exprimem a intenção, a finalidade do que se declara na oração
principal. Essa circunstância é normalmente expressa pela locução conjuntiva "a fim de que"; além dela,
utilizam-se a locução "para que" e, mais raramente, as conjunções "que" e "porque" ( = para que).

Exemplos:
Vim aqui a fim de que você me explicasse as questões.
Fez tudo porque eu não obtivesse bons resultados. (- para que eu não obtivesse...)
Suportou todo tipo de humilhação para obter o visto americano. (= para que obtivesse...) (reduzida de
infinitivo)

Proporção
As orações subordinadas adverbiais proporcionais estabelecem relação de proporção ou proporcionalidade
entre o processo verbal nelas expresso e aquele declarado na oração principal. Essa circunstância
normalmente é indicada pela locução conjuntiva "à proporção que"; além dela, utilizam-se "à medida que" e
expressões como "quanto mais", "quanto menos", "tanto mais", "tanto menos".
Exemplos:
Quanto mais se aproxima o fim do mês, mais os bolsos ficam vazios.
Quanto mais te vejo, mais te desejo.
À medida que se aproxima o fim do campeonato, aumenta o interesse da torcida pela competição.
À proporção que se acumulam as dívidas, diminuem as possibilidades de que a empresa sobreviva.

Tempo
As orações subordinadas adverbiais temporais indicam basicamente idéia de tempo. Exprimem fatos
simultâneos, anteriores ou posteriores ao fato expresso na oração principal, marcando o tempo em que se
realizam. As conjunções e locuções conjuntivas mais utilizadas são "quando, enquanto, assim que, logo
que, mal, sempre que, antes que, depois que, desde que".

Exemplos:
"Quando você foi embora, fez-se noite em meu viver." (Milton Nascimento & Fernando Brant)
"Enquanto os homens exercem seus podres poderes, motos e fuscas avançam os sinais vermelhos e
perdem os verdes: somos uns boçais (Caetano Veloso)
Mal você saiu, ela chegou.
Terminada a festa, todos se retiraram. ( Quando terminou a festa) (reduzida de particípio)
Observação: Mais importante do que aprender a classificar as orações subordinadas adverbiais é interpretá-
las adequadamente e utilizar as conjunções e locuções conjuntivas de maneira eficiente. Por isso, é
desaconselhável que você faça o que muita gente costuma indicar como forma de "aprender as orações
subordinadas adverbiais": "descabelar-se" para decorar listas de conjunções e, com isso, conseguir dar um
rótulo as orações. Essa prática, além de fazer com que você se preocupe mais com nomenclaturas do que
com o uso efetivo das estruturas linguísticas, é inútil quando se consideram casos mais sutis de construção
de frases. Observe, nas frases seguintes, o emprego da conjunção como em diversos contextos: em cada
um deles, ocorre uma oração subordinada adverbial diferente. Como seria possível reconhecê-las se se
partisse de uma lista de conjunções "decoradas"? É melhor procurar compreender o que efetivamente está
sendo declarado.
Como dizia o poeta, "a vida é a arte do encontro". (valor de conformidade)
Como não tenho dinheiro, não poderei participar da viagem. (valor de causa)
"E cai como uma lágrima de amor." (Antônio Carlos Jobim & Vinicius de Moraes) (valor de comparação)
Há até casos em que a classificação depende do contexto: "Como o jornal noticiou, o teatro ficou lotado". A
oração subordinada adverbial pode ser causal ou conformativa, dependendo do contexto.

AS ORAÇÕES SUBORDINADAS ADVERBIAIS E A PONTUAÇÃO


A pontuação dos períodos em que há orações subordinadas adverbiais obedece aos mesmos princípios
observados em relação aos adjuntos adverbiais. Isso significa que a oração subordinada adverbial sempre
pode ser separada por vírgulas da oração principal. Essa separação é optativa quando a oração
subordinada está posposta à principal e é obrigatória quando a oração subordinada está intercalada ou
anteposta.

Exemplos:
Tudo continuará como está se você não intervier; ou Tudo continuará como está, se você não intervier.
Disse que, quando chegar, tomará todas as providências. Quando chegar, tomará todas as providências.
Pronomes

É palavra variável em gênero, número e pessoa que substitui ou acompanha um substantivo, indicando-o
como pessoa do discurso.
A diferença entre pronome substantivo e pronome adjetivo pode ser atribuída a qualquer tipo de pronome,
podendo variar em função do contexto frasal. Assim, o pronome substantivo é aquele que substitui um
substantivo, representando-o. (Ele prestou socorro).
Já o pronome adjetivo é aquele que acompanha um substantivo, determinando-o. (Aquele rapaz é belo).
Os pronomes pessoais são sempre substantivos.
Quanto às pessoas do discurso, a língua portuguesa apresenta três pessoas:
1ª pessoa - aquele que fala, emissor;
2ª pessoa - aquele com quem se fala, receptor;
3ª pessoa - aquele de que ou de quem se fala, referente.

Pronome pessoal:
Indicam uma das três pessoas do discurso, substituindo um substantivo. Podem também representar,
quando na 3ª pessoa, uma forma nominal anteriormente expressa (A moça era a melhor secretária, ela
mesma agendava os compromissos do chefe).
A seguir um quadro com todas as formas do pronome pessoal:
Pronomes pessoais

Pronomes oblíquos
Número Pessoa Pronomes retos
Átonos Tônicos

primeira eu me mim, comigo

singular segunda tu te ti, contigo

terceira ele, ela o, a, lhe, se ele, ela, si, consigo

primeira nós nos nós, conosco

plural segunda vós vos vós, convosco

terceira eles, elas os, as, lhes, se eles, elas, si, consigo

Os pronomes pessoais apresentam variações de forma dependendo da função sintática que


exercem na frase. Os pronomes pessoais retos desempenham, normalmente, função de sujeito; enquanto
os oblíquos, geralmente, de complemento.
Os pronomes oblíquos tônicos devem vir regidos de preposição. Em comigo, contigo, conosco e
convosco, a preposição com já é parte integrante do pronome.
Os pronomes de tratamento estão enquadrados nos pronomes pessoais. São empregados como
referência à pessoa com quem se fala (2ª pessoa), entretanto, a concordância é feita com a 3ª pessoa.
Também são considerados pronomes de tratamento as formas você, vocês (provenientes da redução de
Vossa Mercê), Senhor, Senhora e Senhorita.
Quanto ao emprego, as formas oblíquas o, a, os, as completam verbos que não vêm regidos de
preposição; enquanto lhe e lhes para verbos regidos das preposições a ou para (não expressas).
Apesar de serem usadas pouco, as formas mo, to, no-lo, vo-lo, lho e flexões resultam da fusão de
dois objetos, representados por pronomes oblíquos (Ninguém mo disse = ninguém o disse a mim).
Os pronomes átonos o, a, os e as viram lo(a/s), quando associados a verbos terminados em r, s ou
z e viram no(a/s), se a terminação verbal for em ditongo nasal.
Os pronomes o/a (s), me, te, se, nos, vos desempenham função se sujeitos de infinitivo ou verbo no
gerúndio, junto ao verbo fazer, deixar, mandar, ouvir e ver (Mandei-o entrar / Eu o vi sair / Deixei-as
chorando).
A forma você, atualmente, é usada no lugar da 2ª pessoa (tu/vós), tanto no singular quanto no
plural, levando o verbo para a 3ª pessoa.
Já as formas de tratamento serão precedidas de Vossa, quando nos dirigirmos diretamente à
pessoa e de Sua, quando fizermos referência a ela. Troca-se na abreviatura o V. pelo S.
Quando precedidos de preposição, os pronomes retos (exceto eu e tu) passam a funcionar como
oblíquos. Eu e tu não podem vir precedidos de preposição, exceto se funcionarem como sujeito de um verbo
no infinitivo (Isto é para eu fazer ≠ para mim fazer).
Os pronomes acompanhados de só ou todos, ou seguido de numeral, assumem forma reta e podem
funcionar como objeto direto (Estava só ele no banco / Encontramos todos eles).
Os pronomes me, te, se, nos, vos podem ter valor reflexivo, enquanto se, nos, vos - podem ter valor
reflexivo e recíproco.
As formas si e consigo têm valor exclusivamente reflexivo e usados para a 3ª pessoa. Já conosco e
convosco devem aparecer na sua forma analítica (com nós e com vós) quando vierem com modificadores
(todos, outros, mesmos, próprios, numeral ou oração adjetiva).
Os pronomes pessoais retos podem desempenhar função de sujeito, predicativo do sujeito ou
vocativo, este último com tu e vós (Nós temos uma proposta / Eu sou eu e pronto / Ó, tu, Senhor Jesus).
Quanto ao uso das preposições junto aos pronomes, deve-se saber que não se pode contrair as
preposições de e em com pronomes que sejam sujeitos (Em vez de ele continuar, desistiu ≠ Vi as bolsas
dele bem aqui).
Os pronomes átonos podem assumir valor possessivo (Levaram-me o dinheiro / Pesavam-lhe os
olhos), enquanto alguns átonos são partes integrantes de verbos como suicidar-se, apiedar-se, condoer-se,
ufanar-se, queixar-se, vangloriar-se.
Já os pronomes oblíquos podem ser usados como expressão expletiva (Não me venha com essa).

Pronome possessivo:
Fazem referência às pessoas do discurso, apresentando-as como possuidoras de algo. Concordam
em gênero e número com a coisa possuída.
São pronomes possessivos da língua portuguesa as formas:
1ª pessoa: meu(s), minha(s) nosso(a/s);
2ª pessoa: teu(s), tua(s) vosso(a/s);
3ª pessoa: seu(s), sua(s) seu(s), sua(s).
Quanto ao emprego, normalmente, vem antes do nome a que se refere; podendo, também, vir
depois do substantivo que determina. Neste último caso, pode até alterar o sentido da frase.
O uso do possessivo seu (a/s) pode causar ambiguidade, para desfazê-la, deve-se preferir o uso do
dele (a/s) (Ele disse que Maria estava trancada em sua casa - casa de quem?); pode também indicar
aproximação numérica (ele tem lá seus 40 anos).
Já nas expressões do tipo "Seu João", seu não tem valor de posse por ser uma alteração fonética de
Senhor.

Pronome demonstrativo:
Indicam posição de algo em relação às pessoas do discurso, situando-o no tempo e/ou no espaço.
São: este (a/s), isto, esse (a/s), isso, aquele (a/s), aquilo. Isto, isso e aquilo são invariáveis e se
empregam exclusivamente como substitutos de substantivos.
As formas mesmo, próprio, semelhante, tal (s) e o (a/s) podem desempenhar papel de pronome
demonstrativo.
Quanto ao emprego, os pronomes demonstrativos apresentam-se da seguinte maneira:
• uso dêitico, indicando localização no espaço - este (aqui), esse (aí) e aquele (lá);
• uso dêitico, indicando localização temporal - este (presente), esse (passado próximo) e aquele
(passado remoto ou bastante vago);
• uso anafórico, em referência ao que já foi ou será dito - este (novo enunciado) e esse (retoma
informação);
• o, a, os, as são demonstrativos quando equivalem a aquele (a/s), isto (Leve o que lhe pertence);
• tal é demonstrativo se puder ser substituído por esse (a), este (a) ou aquele (a) e semelhante,
quando anteposto ao substantivo a que se refere e equivalente a "aquele", "idêntico" (O problema
ainda não foi resolvido, tal demora atrapalhou as negociações / Não brigue por semelhante causa);
• mesmo e próprio são demonstrativos, se precedidos de artigo, quando significarem "idêntico",
"igual" ou "exato". Concordam com o nome a que se referem (Separaram crianças de mesmas
séries);
• como referência a termos já citados, os pronomes aquele (a/s) e este (a/s) são usados para primeira
e segunda ocorrências, respectivamente, em apostos distributivos (O médico e a enfermeira
estavam calados: aquele amedrontado e esta calma / ou: esta calma e aquele amedrontado);
• pode ocorrer a contração das preposições a, de, em com os pronomes demonstrativos (Não
acreditei no que estava vendo / Fui àquela região de montanhas / Fez alusão à pessoa de azul e à
de branco);
• podem apresentar valor intensificador ou depreciativo, dependendo do contexto frasal (Ele estava
com aquela paciência / Aquilo é um marido de enfeite);
• nisso e nisto (em + pronome) podem ser usados com valor de "então" ou "nesse momento" (Nisso,
ela entrou triunfante - nisso = advérbio).

Pronome relativo:
Retoma um termo expresso anteriormente (antecedente) e introduz uma oração dependente,
adjetiva.
Os pronomes demonstrativos são: que, quem e onde - invariáveis; além de o qual (a/s), cujo (a/s) e
quanto (a/s).
Os relativos são chamados relativos indefinidos quando são empregados sem antecedente
expresso (Quem espera sempre alcança / Fez quanto pôde).
Quanto ao emprego, observa-se que os relativos são usados quando:
• o antecedente do relativo pode ser demonstrativo o (a/s) (O Brasil divide-se entre os que leem ou
não);
• como relativo, quanto refere-se ao antecedente tudo ou todo (Ouvia tudo quanto me interessava)
• quem será precedido de preposição se estiver relacionado a pessoas ou seres personificados
expressos;
• quem = relativo indefinido quando é empregado sem antecedente claro, não vindo precedido de
preposição;
• cujo (a/s) é empregado para dar a ideia de posse e não concorda com o antecedente e sim com seu
consequente. Ele tem sempre valor adjetivo e não pode ser acompanhado de artigo.

Pronome indefinido:
Referem-se à 3ª pessoa do discurso quando considerada de modo vago, impreciso ou genérico,
representando pessoas, coisas e lugares. Alguns também podem dar ideia de conjunto ou quantidade
indeterminada. Em função da quantidade de pronomes indefinidos, merece atenção sua identificação.
São pronomes indefinidos de:
• pessoas: quem, alguém, ninguém, outrem;
• lugares: onde, algures, alhures, nenhures;
• pessoas, lugares, coisas: que, qual, quais, algo, tudo, nada, todo (a/s), algum (a/s), vários (a),
nenhum (a/s), certo (a/s), outro (a/s), muito (a/s), pouco (a/s), quanto (a/s), um (a/s), qualquer (s),
cada.
Sobre o emprego dos indefinidos devemos atentar para:
• algum, após o substantivo a que se refere, assume valor negativo (= nenhum) (Computador algum
resolverá o problema);
• cada deve ser sempre seguido de um substantivo ou numeral (Elas receberam 3 balas cada uma);
• alguns pronomes indefinidos, se vierem depois do nome a que estiverem se referindo, passam a ser
adjetivos. (Certas pessoas deveriam ter seus lugares certos / Comprei várias balas de sabores
vários)
• bastante pode vir como adjetivo também, se estiver determinando algum substantivo, unindo-se a
ele por verbo de ligação (Isso é bastante para mim);
• o pronome outrem equivale a "qualquer pessoa";
• o pronome nada, colocado junto a verbos ou adjetivos, pode equivaler a advérbio (Ele não está
nada contente hoje);
• o pronome nada, colocado junto a verbos ou adjetivos, pode equivaler a advérbio (Ele não está
nada contente hoje);
• existem algumas locuções pronominais indefinidas - quem quer que, o que quer, seja quem for,
cada um etc.
• todo com valor indefinido antecede o substantivo, sem artigo (Toda cidade parou para ver a banda ≠
Toda a cidade parou para ver a banda).

Pronome interrogativo:
São os pronomes indefinidos que, quem, qual, quanto usados na formulação de uma pergunta direta ou
indireta. Referem-se à 3ª pessoa do discurso. (Quantos livros você tem? / Não sei quem lhe contou).
Alguns interrogativos podem ser adverbiais (Quando voltarão? / Onde encontrá-los? / Como foi tudo?).
Regência Nominal

A regência verbal ou nominal determina se os seus complementos são acompanhados por


preposição.
Os nomes pedem complemento nominal; e os verbos, objetos diretos ou indiretos.
Exemplo:
- Ela tem necessidade de roupa.
Quem tem necessidade, tem necessidade “de” alguma coisa.
De roupa: complemento nominal.

- Fiz uma referência a um escritor famoso.


Quem faz referência faz referência “a” alguma coisa.
A um escritor famoso: complemento nominal

Na verdade, não existem regras. Cada palavra exige um complemento e rege uma preposição.
Muitas regências nós aprendemos de tanto escutá-las, porém não significa que todas estejam corretas.
“Prefiro mais cinema do que teatro.”
Escutamos esta frase quase todos os dias.
Preferir mais, não existe, pois ninguém prefere menos. É, portanto, uma redundância.
Quem prefere prefere alguma coisa “a” outra. A frase ficaria correta desta forma: “Prefiro cinema a teatro”.
O verbo preferir é transitivo direto e indireto e o objeto indireto deve vir com a preposição. “a”.
“Prefiro isso do que aquilo.”
Do que é uma regência popular e deve ser evitada em provas, redações e concursos.
“Prefiro ir à praia a estudar.” (Preferir a + a praia: a + a: à – veja Crase).
Acessível a
Acostumado a ou com
Alheio a
Alusão a
Ansioso por
Atenção a ou para
Atento a ou em
Benéfico a
Compatível com
Cuidadoso com
Desacostumado a ou com
Desatento a
Desfavorável a
Desrespeito a
Estranho a
Favorável a
Fiel a
Grato a
Hábil em
Habituado a
Inacessível a
Indeciso em
Invasão de
Junto a ou de
Leal a
Maior de
Morador em
Natural de
Necessário a
Necessidade de
Nocivo a
Ódio a ou contra
Odioso a ou para
Posterior a
Preferência a ou por
Preferível a
Prejudicial a
Próprio de ou para
Próximo a ou de
Querido de ou por
Residente em
Respeito a ou por
Sensível a
Simpatia por
Simpático a
Útil a ou para
Versado em
Regência Verbal
O estudo da regência verbal nos ajuda a escrever melhor.

Quanto à regência verbal, os verbos podem ser:


- Transitivo direto
- Transitivo indireto
- Transitivo direto e indireto
- Intransitivo

ASPIRAR
O verbo aspirar pode ser transitivo direto ou transitivo indireto.
Transitivo direto: quando significa “sorver”, “tragar”, “inspirar” e exige complemento sem preposição.
- Ela aspirou o aroma das flores.
- Todos nós gostamos de aspirar o ar do campo.
Transitivo indireto: quando significa “pretender”, “desejar”, “almejar” e exige complemento com a preposição
“a”.
- O candidato aspirava a uma posição de destaque.
- Ela sempre aspirou a esse emprego.
Obs: Quando é transitivo indireto não admite a substituição pelos pronomes lhe(s). Devemos substituir por
“a ele(s)”, “a ela(s)”.
- Aspiras a este cargo?
- Sim, aspiro a ele. (e não “aspiro-lhe”).

ASSISTIR
O verbo assistir pode ser transitivo indireto, transitivo direto e intransitivo.
Transitivo indireto: quando significa “ver”, “presenciar”, “caber”, “pertencer” e exige complemento com a
preposição “a”.
- Assisti a um filme. (ver)
- Ele assistiu ao jogo.
- Este direito assiste aos alunos. (caber)
Transitivo direto: quando significa “socorrer”, “ajudar” e exige complemento sem preposição.
- O médico assiste o ferido. (cuida)
Obs: Nesse caso o verbo “assistir” pode ser usado com a preposição “a”.
- Assistir ao paciente.
Intransitivo: quando significa “morar” exige a preposição “em”.
- O papa assiste no Vaticano. (no: em + o)
- Eu assisto no Rio de Janeiro.
“No Vaticano” e “no Rio de Janeiro” são adjuntos adverbiais de lugar.

CHAMAR
O verbo chamar pode ser transitivo direto ou transitivo indireto.
É transitivo direto quando significa “convocar”, “fazer vir” e exige complemento sem preposição.
- O professor chamou o aluno.
É transitivo indireto quando significa “invocar” e é usado com a preposição “por”.
- Ela chamava por Jesus.
Com o sentido de “apelidar” pode exigir ou não a preposição, ou seja, pode ser transitivo direto ou transitivo
indireto.
Admite as seguintes construções:
- Chamei Pedro de bobo. (chamei-o de bobo)
- Chamei a Pedro de bobo. (chamei-lhe de bobo)
- Chamei Pedro bobo. (chamei-o bobo)
- Chamei a Pedro bobo. (chamei-lhe bobo)

VISAR
Pode ser transitivo direto (sem preposição) ou transitivo indireto (com preposição).
Quando significa “dar visto” e “mirar” é transitivo direto.
- O funcionário já visou todos os cheques. (dar visto)
- O arqueiro visou o alvo e atirou. (mirar)
Quando significa “desejar”, “almejar”, “pretender”, “ter em vista” é transitivo indireto e exige a preposição “a”.
- Muitos visavam ao cargo.
- Ele visa ao poder.
Nesse caso não admite o pronome lhe(s) e deverá ser substituído por a ele(s), a ela(s). Ou seja, não se diz:
viso-lhe.
Obs: Quando o verbo “visar” é seguido por um infinitivo, a preposição é geralmente omitida.
- Ele visava atingir o posto de comando.

ESQUECER – LEMBRAR
- Lembrar algo – esquecer algo
- Lembrar-se de algo – esquecer-se de algo (pronominal)
No 1º caso, os verbos são transitivos diretos, ou seja exigem complemento sem preposição.
- Ele esqueceu o livro.
No 2º caso, os verbos são pronominais (-se, -me, etc) e exigem complemento com a preposição “de”. São,
portanto, transitivos indiretos.
- Ele se esqueceu do caderno.
- Eu me esqueci da chave.
- Eles se esqueceram da prova.
- Nós nos lembramos de tudo o que aconteceu.
Há uma construção em que a coisa esquecida ou lembrada passa a funcionar como sujeito e o verbo sofre
leve alteração de sentido. É uma construção muito rara na língua contemporânea , porém, é fácil encontrá-
la em textos clássicos tanto brasileiros como portugueses. Machado de Assis, por exemplo, fez uso dessa
construção várias vezes.
- Esqueceu-me a tragédia. (cair no esquecimento)
- Lembrou-me a festa. (vir à lembrança)
O verbo lembrar também pode ser transitivo direto e indireto (lembrar alguma coisa a alguém ou alguém de
alguma coisa).

PREFERIR
É transitivo direto e indireto, ou seja, possui um objeto direto (complemento sem preposição) e um objeto
indireto (complemento com preposição)
- Prefiro cinema a teatro.
- Prefiro passear a ver TV.
Não é correto dizer: “Prefiro cinema do que teatro”.

SIMPATIZAR
Ambos são transitivos indiretos e exigem a preposição “com”.
- Não simpatizei com os jurados.

QUERER
Pode ser transitivo direto (no sentido de “desejar”) ou transitivo indireto ( no sentido de “ter afeto”, “estimar”).
- A criança quer sorvete.
- Quero a meus pais.

NAMORAR
É transitivo direto, ou seja, não admite preposição.
- Maria namora João.
Obs: Não é correto dizer: “Maria namora com João”.

OBEDECER
É transitivo indireto, ou seja, exige complemento com a preposição “a” (obedecer a).
- Devemos obedecer aos pais.
Obs: embora seja transitivo indireto, esse verbo pode ser usado na voz passiva.
- A fila não foi obedecida.

VER
É transitivo direto, ou seja, não exige preposição.
- Ele viu o filme.

Exercícios – 01
1. (IBGE) Assinale a opção que apresenta a regência verbal incorreta, de acordo com a norma culta da
língua:
a) Os sertanejos aspiram a uma vida mais confortável.
b) Obedeceu rigorosamente ao horário de trabalho do corte de cana.
c) O rapaz presenciou o trabalho dos canavieiros.
d) O fazendeiro agrediu-lhe sem necessidade.
e) Ao assinar o contrato, o usineiro visou, apenas, ao lucro pretendido.

2. (IBGE) Assinale a opção que contém os pronomes relativos, regidos ou não de preposição, que
completam corretamente as frase abaixo: Os navios negreiros, ....... donos eram traficantes, foram
revistados. Ninguém conhecia o traficante ....... o fazendeiro negociava.

a) nos quais / que


b) cujos / com quem
c) que / cujo
d) de cujos / com quem
e) cujos / de quem

3. (IBGE) Assinale a opção em que as duas frases se completam corretamente com o pronome lhe:
a) Não ..... amo mais. / O filho não ..... obedecia.
b) Espero-..... há anos. / Eu já ..... conheço bem.
c) Nós ..... queremos muito bem. / Nunca ..... perdoarei, João.
d) Ainda não ..... encontrei trabalhando, rapaz. / Desejou-..... felicidades.
e) Sempre ..... vejo no mesmo lugar. / Chamou-..... de tolo.

4. (IBGE) Assinale a opção em que todos os adjetivos devem ser seguidos pela mesma preposição:
a) ávido / bom / inconseqüente
b) indigno / odioso / perito
c) leal / limpo / oneroso
d) orgulhoso / rico / sedento
e) oposto / pálido / sábio

5. (UF-FLUMINENSE) Assinale a frase em que está usado indevidamente um dos pronomes seguintes: o,
lhe.
a) Não lhe agrada semelhante providência?
b) A resposta do professor não o satisfez.
c) Ajudá-lo-ei a preparar as aulas.
d) O poeta assistiu-a nas horas amargas, com extrema dedicação.
e) Vou visitar-lhe na próxima semana.

6. (BB) Regência imprópria:


a) Não o via desde o ano passado.
b) Fomos à cidade pela manhã.
c) Informou ao cliente que o aviso chegara.
d) Respondeu à carta no mesmo dia.
e) Avisamos-lhe de que o cheque foi pago.

7. (BB) Alternativa correta:


a) Precisei de que fosses comigo.
b) Avisei-lhe da mudança de horário.
c) Imcumbiu-me para realizar o negócio.
d) Recusei-me em fazer os exames.
e) Convenceu-se nos erros cometidos.

8. (EPCAR) O que devidamente empregado só não seria regido de preposição na opção:


a) O cargo ....... aspiro depende de concurso.
b) Eis a razão ....... não compareci.
c) Rui é o orador ....... mais admiro.
d) O jovem ....... te referiste foi reprovado.
e) Ali está o abrigo ....... necessitamos.

9. (UNIFIC) Os encargos ....... nos obrigaram são aqueles ....... o diretor se referia.
a) de que - que
b) a cujos - cujos
c) por que - que
d) cujos - cujo
e) a que - a que

10. (FTM-ARACAJU) As mulheres da noite ....... o poeta faz alusão ajudam a colorir Aracaju, ....... coração
bate de noite, no silêncio.
A alternativa que completa corretamente as lacunas da frase acima é:
a) as quais / de cujo o
b) a que / no qual
c) de que / o qual
d) às quais / cujo
e) que / em cujo
GABARITO:
1. D
2. D
3. C
4. D
5. E
6. E
7. A
8. E
9. E
10. D
Significação das palavras:
Sinônimos, Antônimos e Parônimos

Sinônimos
São palavras que apresentam, entre si, o mesmo significado.
triste = melancólico.
resgatar = recuperar
maciço = compacto
ratificar = confirmar
digno = decente, honesto
reminiscências = lembranças
insipiente = ignorante.

Antônimos
São palavras que apresentam, entre si, sentidos opostos, contrários. bom x mau bem x mal condenar x
absolver simplificar x complicar

Homônimos
São palavras iguais na forma e diferentes na significação. Há três tipos de homônimos:
Homônimos Perfeitos
Têm a mesma grafia e o mesmo som. cedo (advérbio) e cedo (verbo ceder); meio (numeral), meio (adjetivo)
e meio (substantivo).
Homônimos Homófonos
Têm o mesmo som e grafias diferentes.
sessão (reunião), seção (repartição) e cessão (ato de ceder); concerto (harmonia) e conserto (remendo).
Homônimos Homófagros
Têm a mesma grafia e sons diferentes.
almoço (refeição) e almoço (verbo almoçar); sede (vontade de beber) e sede (residência).

Parônimos
São palavras de significação diferente, mas de forma parecida, semelhante.
retificar e ratificar; emergir e imergir.
Lista de Parônimos
acender = atear fogo
ascender = subir
acerca de = a respeito de, sobre
cerca de = aproximadamente
há cerca de = faz aproximadamente, existe
aproximadamente, acontece aproximadamente
afim = semelhante, com afinidade
a fim de = com a finalidade de
amoral = indiferente à moral
imoral = contra a moral, libertino, devasso
apreçar = marcar o preço
apressar = acelerar
arrear = pôr arreios
arriar = abaixar
bucho = estômago de ruminantes
buxo = arbusto ornamental
caçar = abater a caça
cassar = anular
cela = aposento
sela = arreio
censo = recenseamento
senso = juízo
cessão = ato de doar
seção ou secção = corte, divisão
sessão = reunião
chá = bebida
xá = título de soberano no Oriente
chalé = casa campestre
xale = cobertura para os ombros
cheque = ordem de pagamento
xeque = lance do jogo de xadrez, contratempo
comprimento = extensão
cumprimento = saudação
concertar = harmonizar, combinar
consertar = remendar, reparar
conjetura = suposição, hipótese
conjuntura = situação, circunstância
coser = costurar
cozer = cozinhar
deferir = conceder
diferir = adiar
descrição = representação
discrição = ato de ser discreto
descriminar = inocentar
discriminar = diferençar, distinguir
despensa = compartimento
dispensa = desobrigação
despercebido = sem atenção, desatento
desapercebido = desprevenido
discente = relativo a alunos
docente = relativo a professores
emergir = vir à tona
imergir = mergulhar
emigrante = o que sai
imigrante = o que entra
eminente = nobre, alto, excelente
iminente = prestes a acontecer
esperto = ativo, inteligente, vivo
experto = perito, entendido
espiar = olhar sorrateiramente
expiar = sofrer pena ou castigo
estada = permanência de pessoa
estadia = permanência de veículo
flagrante = evidente
fragrante = aromático
fúsil = que se pode fundir
fuzil = carabina
fusível = resistência de fusibilidade calibrada
incerto = duvidoso
inserto = inserido, incluso
incipiente = iniciante
insipiente = ignorante
indefesso = incansável
indefeso = sem defesa
infringir = transgredir, violar, desrespeitar
intemerato = puro, íntegro, incorrupto
intimorato = destemido, valente, corajoso
intercessão = súplica, rogo
interse(c)ção = ponto de encontro de duas
linhas
laço = laçada
lasso = cansado, frouxo
ratificar = confirmar
retificar = corrigir
soar = produzir som
suar = transpirar
sortir = abastecer
surtir = originar
sustar = suspender
suster = sustentar
tacha = brocha, pequeno prego
taxa = tributo
tachar = censurar, notar defeito em
taxar = estabelecer o preço
vultoso = volumoso
vultuoso = atacado de vultuosidade (congestão na face)
Tempos e modos verbais

Verbo
É a palavra variável que exprime um acontecimento representado no tempo, seja ação, estado ou fenômeno
da natureza.
Os verbos apresentam três conjugações. Em função da vogal temática, podem-se criar três paradigmas
verbais. De acordo com a relação dos verbos com esses paradigmas, obtém-se a seguinte classificação:
• regulares: seguem o paradigma verbal de sua conjugação;
• irregulares: não seguem o paradigma verbal da conjugação a que pertencem. As irregularidades
podem aparecer no radical ou nas desinências (ouvir - ouço/ouve, estar - estou/estão);
Entre os verbos irregulares, destacam-se os anômalos que apresentam profundas irregularidades. São
classificados como anômalos em todas as gramáticas os verbos ser e ir.
• defectivos: não são conjugados em determinadas pessoas, tempo ou modo (falir - no presente do
indicativo só apresenta a 1ª e a 2ª pessoa do plural). Os defectivos distribuem-se em três grupos:
impessoais, unipessoais (vozes ou ruídos de animais, só conjugados nas 3ª pessoas) por eufonia
ou possibilidade de confusão com outros verbos;
• abundantes - apresentam mais de uma forma para uma mesma flexão. Mais freqüente no particípio,
devendo-se usar o particípio regular com ter e haver; já o irregular com ser e estar (aceito/aceitado,
acendido/aceso - tenho/hei aceitado ≠ é/está aceito);
• auxiliares: juntam-se ao verbo principal ampliando sua significação. Presentes nos tempos
compostos e locuções verbais;
• certos verbos possuem pronomes pessoais átonos que se tornam partes integrantes deles. Nesses
casos, o pronome não tem função sintática (suicidar-se, apiedar-se, queixar-se etc.);
• formas rizotônicas (tonicidade no radical - eu canto) e formas arrizotônicas (tonicidade fora do
radical - nós cantaríamos).
Quanto à flexão verbal, temos:
• número: singular ou plural;
• pessoa gramatical: 1ª, 2ª ou 3ª;
• tempo: referência ao momento em que se fala (pretérito, presente ou futuro). O modo imperativo só
tem um tempo, o presente;
• voz: ativa, passiva e reflexiva;
• modo: indicativo (certeza de um fato ou estado), subjuntivo (possibilidade ou desejo de realização
de um fato ou incerteza do estado) e imperativo (expressa ordem, advertência ou pedido).
As três formas nominais do verbo (infinitivo, gerúndio e particípio) não possuem função exclusivamente
verbal. Infinitivo é antes substantivo, o particípio tem valor e forma de adjetivo, enquanto o gerúndio
equipara-se ao adjetivo ou advérbio pelas circunstâncias que exprime.
Quanto ao tempo verbal, eles apresentam os seguintes valores:
• presente do indicativo: indica um fato real situado no momento ou época em que se fala;
• presente do subjuntivo: indica um fato provável, duvidoso ou hipotético situado no momento ou
época em que se fala;
• pretérito perfeito do indicativo: indica um fato real cuja ação foi iniciada e concluída no passado;
• pretérito imperfeito do indicativo: indica um fato real cuja ação foi iniciada no passado, mas não
foi concluída ou era uma ação costumeira no passado;
• pretérito imperfeito do subjuntivo: indica um fato provável, duvidoso ou hipotético cuja ação foi
iniciada mas não concluída no passado;
• pretérito mais-que-perfeito do indicativo: indica um fato real cuja ação é anterior a outra ação já
passada;
• futuro do presente do indicativo: indica um fato real situado em momento ou época vindoura;
• futuro do pretérito do indicativo: indica um fato possível, hipotético, situado num momento futuro,
mas ligado a um momento passado;
• futuro do subjuntivo: indica um fato provável, duvidoso, hipotético, situado num momento ou
época futura;
Quanto à formação dos tempos, os chamados tempos simples podem ser primitivos (presente e pretérito
perfeito do indicativo e o infinitivo impessoal) e derivados:
São derivados do presente do indicativo:
• pretérito imperfeito do indicativo: TEMA do presente + VA (1ª conj.) ou IA (2ª e 3ª conj.) +
Desinência número pessoal (DNP);
• presente do subjuntivo: RAD da 1ª pessoa singular do presente + E (1ª conj.) ou A (2ª e 3ª conj.) +
DNP;
Os verbos em -ear têm duplo "e" em vez de "ei" na 1ª pessoa do plural (passeio, mas passeemos).
• imperativo negativo (todo derivado do presente do subjuntivo) e imperativo afirmativo (as 2ª pessoas
vêm do presente do indicativo sem S, as demais também vêm do presente do subjuntivo).
São derivados do pretérito perfeito do indicativo:
• pretérito mais-que-perfeito do indicativo: TEMA do perfeito + RA + DNP;
• pretérito imperfeito do subjuntivo: TEMA do perfeito + SSE + DNP;
• futuro do subjuntivo: TEMA do perfeito + R + DNP.
• São derivados do infinitivo impessoal:
• futuro do presente do indicativo: TEMA do infinitivo + RA + DNP;
• futuro do pretérito: TEMA do infinitivo + RIA + DNP;
• infinitivo pessoal: infinitivo impessoal + DNP (-ES - 2ª pessoa, -MOS, -DES, -EM)
• gerúndio: TEMA do infinitivo + -NDO;
• particípio regular: infinitivo impessoal sem vogal temática (VT) e R + ADO (1ª conjugação) ou IDO
(2ª e 3ª conjugação).
Quanto à formação, os tempos compostos da voz ativa constituem-se dos verbos auxiliares TER ou HAVER
+ particípio do verbo que se quer conjugar, dito principal.
No modo Indicativo, os tempos compostos são formados da seguinte maneira:
• pretérito perfeito: presente do indicativo do auxiliar + particípio do verbo principal (VP) [Tenho
falado];
• pretérito mais-que-perfeito: pretérito imperfeito do indicativo do auxiliar + particípio do VP (Tinha
falado);
• futuro do presente: futuro do presente do indicativo do auxiliar + particípio do VP (Terei falado);
• futuro do pretérito: futuro do pretérito indicativo do auxiliar + particípio do VP (Teria falado).
No modo Subjuntivo a formação se dá da seguinte maneira:
• pretérito perfeito: presente do subjuntivo do auxiliar + particípio do VP (Tenha falado);
• pretérito mais-que-perfeito: imperfeito do subjuntivo do auxiliar + particípio do VP (Tivesse falado);
• futuro composto: futuro do subjuntivo do auxiliar + particípio do VP (Tiver falado).
Quanto às formas nominais, elas são formadas da seguinte maneira:
• infinitivo composto: infinitivo pessoal ou impessoal do auxiliar + particípio do VP (Ter falado / Teres
falado);
• gerúndio composto: gerúndio do auxiliar + particípio do VP (Tendo falado).
O modo subjuntivo apresenta três pretéritos, sendo o imperfeito na forma simples e o perfeito e o mais-que-
perfeito nas formas compostas. Não há presente composto nem pretérito imperfeito composto
Quanto às vozes, os verbos apresentam a voz:
• ativa: sujeito é agente da ação verbal;
• passiva: sujeito é paciente da ação verbal;
A voz passiva pode ser analítica ou sintética:
• analítica: - verbo auxiliar + particípio do verbo principal;
• sintética: na 3ª pessoa do singular ou plural + SE (partícula apassivadora);
• reflexiva: sujeito é agente e paciente da ação verbal. Também pode ser recíproca ao mesmo tempo
(acréscimo de SE = pronome reflexivo, variável em função da pessoa do verbo);
Na transformação da voz ativa na passiva, a variação temporal é indicada pelo auxiliar (ser na maioria das
vezes), como notamos nos exemplos a seguir: Ele fez o trabalho - O trabalho foi feito por ele (mantido o
pretérito perfeito do indicativo) / O vento ia levando as folhas - As folhas iam sendo levadas pelas folhas
(mantido o gerúndio do verbo principal).
Alguns verbos da língua portuguesa apresentam problemas de conjugação. A seguir temos uma lista,
seguida de comentários sobre essas dificuldades de conjugação.
• Abolir (defectivo) - não possui a 1ª pessoa do singular do presente do indicativo, por isso não
possui presente do subjuntivo e o imperativo negativo. (= banir, carpir, colorir, delinqüir, demolir,
descomedir-se, emergir, exaurir, fremir, fulgir, haurir, retorquir, urgir)
• Acudir (alternância vocálica o/u) - presente do indicativo - acudo, acodes... e pretérito perfeito do
indicativo - com u (= bulir, consumir, cuspir, engolir, fugir) / Adequar (defectivo) - só possui a 1ª e a
2ª pessoa do plural no presente do indicativo
• Aderir (alternância vocálica e/i) - presente do indicativo - adiro, adere... (= advertir, cerzir, despir,
diferir, digerir, divergir, ferir, sugerir)
• Agir (acomodação gráfica g/j) - presente do indicativo - ajo, ages... (= afligir, coagir, erigir, espargir,
refulgir, restringir, transigir, urgir)
• Agredir (alternância vocálica e/i) - presente do indicativo - agrido, agrides, agride, agredimos,
agredis, agridem (= prevenir, progredir, regredir, transgredir) / Aguar (regular) - presente do
indicativo - águo, águas..., - pretérito perfeito do indicativo - agüei, aguaste, aguou, aguamos,
aguastes, aguaram (= desaguar, enxaguar, minguar)
• Aprazer (irregular) - presente do indicativo - aprazo, aprazes, apraz... / pretérito perfeito do
indicativo - aprouve, aprouveste, aprouve, aprouvemos, aprouvestes, aprouveram
• Argüir (irregular com alternância vocálica o/u) - presente do indicativo - arguo (ú), argúis, argúi,
argüimos, argüis, argúem - pretérito perfeito - argüi, argüiste... (com trema)
• Atrair (irregular) - presente do indicativo - atraio, atrais... / pretérito perfeito - atraí, atraíste... (=
abstrair, cair, distrair, sair, subtrair)
• Atribuir (irregular) - presente do indicativo - atribuo, atribuis, atribui, atribuímos, atribuís, atribuem -
pretérito perfeito - atribuí, atribuíste, atribuiu... (= afluir, concluir, destituir, excluir, instruir, possuir,
usufruir)
• Averiguar (alternância vocálica o/u) - presente do indicativo - averiguo (ú), averiguas (ú), averigua
(ú), averiguamos, averiguais, averiguam (ú) - pretérito perfeito - averigüei, averiguaste... - presente
do subjuntivo - averigúe, averigúes, averigúe... (= apaziguar)
• Cear (irregular) - presente do indicativo - ceio, ceias, ceia, ceamos, ceais, ceiam - pretérito perfeito
indicativo - ceei, ceaste, ceou, ceamos, ceastes, cearam (= verbos terminados em -ear: falsear,
passear... - alguns apresentam pronúncia aberta: estréio, estréia...)
• Coar (irregular) - presente do indicativo - côo, côas, côa, coamos, coais, coam - pretérito perfeito -
coei, coaste, coou... (= abençoar, magoar, perdoar) / Comerciar (regular) - presente do indicativo -
comercio, comercias... - pretérito perfeito - comerciei... (= verbos em -iar , exceto os seguintes
verbos: mediar, ansiar, remediar, incendiar, odiar)
• Compelir (alternância vocálica e/i) - presente do indicativo - compilo, compeles... - pretérito perfeito
indicativo - compeli, compeliste...
• Compilar (regular) - presente do indicativo - compilo, compilas, compila... - pretérito perfeito
indicativo - compilei, compilaste...
• Construir (irregular e abundante) - presente do indicativo - construo, constróis (ou construis),
constrói (ou construi), construímos, construís, constroem (ou construem) - pretérito perfeito
indicativo - construí, construíste...
• Crer (irregular) - presente do indicativo - creio, crês, crê, cremos, credes, crêem - pretérito perfeito
indicativo - cri, creste, creu, cremos, crestes, creram - imperfeito indicativo - cria, crias, cria, críamos,
críeis, criam
• Falir (defectivo) - presente do indicativo - falimos, falis - pretérito perfeito indicativo - fali, faliste... (=
aguerrir, combalir, foragir-se, remir, renhir)
• Frigir (acomodação gráfica g/j e alternância vocálica e/i) - presente do indicativo - frijo, freges, frege,
frigimos, frigis, fregem - pretérito perfeito indicativo - frigi, frigiste...
• Ir (irregular) - presente do indicativo - vou, vais, vai, vamos, ides, vão - pretérito perfeito indicativo -
fui, foste... - presente subjuntivo - vá, vás, vá, vamos, vades, vão
• Jazer (irregular) - presente do indicativo - jazo, jazes... - pretérito perfeito indicativo - jazi, jazeste,
jazeu...
• Mobiliar (irregular) - presente do indicativo - mobílio, mobílias, mobília, mobiliamos, mobiliais,
mobíliam - pretérito perfeito indicativo - mobiliei, mobiliaste... / Obstar (regular) - presente do
indicativo - obsto, obstas... - pretérito perfeito indicativo - obstei, obstaste...
• Pedir (irregular) - presente do indicativo - peço, pedes, pede, pedimos, pedis, pedem - pretérito
perfeito indicativo - pedi, pediste... (= despedir, expedir, medir) / Polir (alternância vocálica e/i) -
presente do indicativo - pulo, pules, pule, polimos, polis, pulem - pretérito perfeito indicativo - poli,
poliste...
• Precaver-se (defectivo e pronominal) - presente do indicativo - precavemo-nos, precaveis-vos -
pretérito perfeito indicativo - precavi-me, precaveste-te... / Prover (irregular) - presente do indicativo -
provejo, provês, provê, provemos, provedes, provêem - pretérito perfeito indicativo - provi, proveste,
proveu... / Reaver (defectivo) - presente do indicativo - reavemos, reaveis - pretérito perfeito
indicativo - reouve, reouveste, reouve... (verbo derivado do haver, mas só é conjugado nas formas
verbais com a letra v)
• Remir (defectivo) - presente do indicativo - remimos, remis - pretérito perfeito indicativo - remi,
remiste...
• Requerer (irregular) - presente do indicativo - requeiro, requeres... - pretérito perfeito indicativo -
requeri, requereste, requereu... (derivado do querer, diferindo dele na 1ª pessoa do singular do
presente do indicativo e no pretérito perfeito do indicativo e derivados, sendo regular)
• Rir (irregular) - presente do indicativo - rio, rir, ri, rimos, rides, riem - pretérito perfeito indicativo - ri,
riste... (= sorrir)
• Saudar (alternância vocálica) - presente do indicativo - saúdo, saúdas... - pretérito perfeito indicativo
- saudei, saudaste...
• Suar (regular) - presente do indicativo - suo, suas, sua... - pretérito perfeito indicativo - suei, suaste,
sou... (= atuar, continuar, habituar, individuar, recuar, situar)
• Valer (irregular) - presente do indicativo - valho, vales, vale... - pretérito perfeito indicativo - vali,
valeste, valeu...
Também merecem atenção os seguintes verbos irregulares:
• Pronominais: Apiedar-se, dignar-se, persignar-se, precaver-se
Caber
• presente do indicativo: caibo, cabes, cabe, cabemos, cabeis, cabem;
• presente do subjuntivo: caiba, caibas, caiba, caibamos, caibais, caibam;
• pretérito perfeito do indicativo: coube, coubeste, coube, coubemos, coubestes, couberam;
• pretérito mais-que-perfeito do indicativo: coubera, couberas, coubera, coubéramos, coubéreis,
couberam;
• pretérito imperfeito do subjuntivo: coubesse, coubesses, coubesse, coubéssemos, coubésseis,
coubessem;
• futuro do subjuntivo: couber, couberes, couber, coubermos, couberdes, couberem.
Dar
• presente do indicativo: dou, dás, dá, damos, dais, dão;
• presente do subjuntivo: dê, dês, dê, demos, deis, dêem;
• pretérito perfeito do indicativo: dei, deste, deu, demos, destes, deram;
• pretérito mais-que-perfeito do indicativo: dera, deras, dera, déramos, déreis, deram;
• pretérito imperfeito do subjuntivo: desse, desses, desse, déssemos, désseis, dessem;
• futuro do subjuntivo: der, deres, der, dermos, derdes, derem.
Dizer
• presente do indicativo: digo, dizes, diz, dizemos, dizeis, dizem;
• presente do subjuntivo: diga, digas, diga, digamos, digais, digam;
• pretérito perfeito do indicativo: disse, disseste, disse, dissemos, dissestes, disseram;
• pretérito mais-que-perfeito do indicativo: dissera, disseras, dissera, disséramos, disséreis,
disseram;
• futuro do presente: direi, dirás, dirá, etc.;
• futuro do pretérito: diria, dirias, diria, etc.;
• pretérito imperfeito do subjuntivo: dissesse, dissesses, dissesse, disséssemos, dissésseis,
dissessem;
• futuro do subjuntivo: disser, disseres, disser, dissermos, disserdes, disserem;
Seguem esse modelo os derivados bendizer, condizer, contradizer, desdizer, maldizer, predizer.
Os particípios desse verbo e seus derivados são irregulares: dito, bendito, contradito, etc.
Estar
• presente do indicativo: estou, estás, está, estamos, estais, estão;
• presente do subjuntivo: esteja, estejas, esteja, estejamos, estejais, estejam;
• pretérito perfeito do indicativo: estive, estiveste, esteve, estivemos, estivestes, estiveram;
• pretérito mais-que-perfeito do indicativo: estivera, estiveras, estivera, estivéramos, estivéreis,
estiveram;
• pretérito imperfeito do subjuntivo: estivesse, estivesses, estivesse, estivéssemos, estivésseis,
estivessem;
• futuro do subjuntivo: estiver, estiveres, estiver, estivermos, estiverdes, estiverem;
Fazer
• presente do indicativo: faço, fazes, faz, fazemos, fazeis, fazem;
• presente do subjuntivo: faça, faças, faça, façamos, façais, façam;
• pretérito perfeito do indicativo: fiz, fizeste, fez, fizemos, fizestes, fizeram;
• pretérito mais-que-perfeito do indicativo: fizera, fizeras, fizera, fizéramos, fizéreis, fizeram;
• pretérito imperfeito do subjuntivo: fizesse, fizesses, fizesse, fizéssemos, fizésseis, fizessem;
• futuro do subjuntivo: fizer, fizeres, fizer, fizermos, fizerdes, fizerem.
Seguem esse modelo desfazer, liquefazer e satisfazer.
Os particípios desse verbo e seus derivados são irregulares: feito, desfeito, liquefeito, satisfeito, etc.
Haver
• presente do indicativo: hei, hás, há, havemos, haveis, hão;
• presente do subjuntivo: haja, hajas, haja, hajamos, hajais, hajam;
• pretérito perfeito do indicativo: houve, houveste, houve, houvemos, houvestes, houveram;
• pretérito mais-que-perfeito do indicativo: houvera, houveras, houvera, houvéramos, houvéreis,
houveram;
• pretérito imperfeito do subjuntivo: houvesse, houvesses, houvesse, houvéssemos, houvésseis,
houvessem;
• futuro do subjuntivo: houver, houveres, houver, houvermos, houverdes, houverem.
Ir
• presente do indicativo: vou, vais, vai, vamos, ides, vão;
• presente do subjuntivo: vá, vás, vá, vamos, vades, vão;
• pretérito imperfeito do indicativo: ia, ias, ia, íamos, íeis, iam;
• pretérito perfeito do indicativo: fui, foste, foi, fomos, fostes, foram;
• pretérito mais-que-perfeito do indicativo: fora, foras, fora, fôramos, fôreis, foram;
• pretérito imperfeito do subjuntivo: fosse, fosses, fosse, fôssemos, fôsseis, fossem;
• futuro do subjuntivo: for, fores, for, formos, fordes, forem.
Poder
• presente do indicativo: posso, podes, pode, podemos, podeis, podem;
• presente do subjuntivo: possa, possas, possa, possamos, possais, possam;
• pretérito perfeito do indicativo: pude, pudeste, pôde, pudemos, pudestes, puderam;
• pretérito mais-que-perfeito do indicativo: pudera, puderas, pudera, pudéramos, pudéreis,
puderam;
• pretérito imperfeito do subjuntivo: pudesse, pudesses, pudesse, pudéssemos, pudésseis,
pudessem;
• futuro do subjuntivo: puder, puderes, puder, pudermos, puderdes, puderem.
Pôr
• presente do indicativo: ponho, pões, põe, pomos, pondes, põem;
• presente do subjuntivo: ponha, ponhas, ponha, ponhamos, ponhais, ponham;
• pretérito imperfeito do indicativo: punha, punhas, punha, púnhamos, púnheis, punham;
• pretérito perfeito do indicativo: pus, puseste, pôs, pusemos, pusestes, puseram;
• pretérito mais-que-perfeito do indicativo: pusera, puseras, pusera, puséramos, puséreis,
puseram;
• pretérito imperfeito do subjuntivo: pusesse, pusesses, pusesse, puséssemos, pusésseis,
pusessem;
• futuro do subjuntivo: puser, puseres, puser, pusermos, puserdes, puserem.
Todos os derivados do verbo pôr seguem exatamente esse modelo: antepor, compor, contrapor, decompor,
depor, descompor, dispor, expor, impor, indispor, interpor, opor, pospor, predispor, pressupor, propor,
recompor, repor, sobrepor, supor, transpor são alguns deles.
Querer
• presente do indicativo: quero, queres, quer, queremos, quereis, querem;
• presente do subjuntivo: queira, queiras, queira, queiramos, queirais, queiram;
• pretérito perfeito do indicativo: quis, quiseste, quis, quisemos, quisestes, quiseram;
• pretérito mais-que-perfeito do indicativo: quisera, quiseras, quisera, quiséramos, quiséreis,
quiseram;
• pretérito imperfeito do subjuntivo: quisesse, quisesses, quisesse, quiséssemos, quisésseis,
quisessem;
• futuro do subjuntivo: quiser, quiseres, quiser, quisermos, quiserdes, quiserem;
Saber
• presente do indicativo: sei, sabes, sabe, sabemos, sabeis, sabem;
• presente do subjuntivo: saiba, saibas, saiba, saibamos, saibais, saibam;
• pretérito perfeito do indicativo: soube, soubeste, soube, soubemos, soubestes, souberam;
• pretérito mais-que-perfeito do indicativo: soubera, souberas, soubera, soubéramos, soubéreis,
souberam;
• pretérito imperfeito do subjuntivo: soubesse, soubesses, soubesse, soubéssemos, soubésseis,
soubessem;
• futuro do subjuntivo: souber, souberes, souber, soubermos, souberdes, souberem.
Ser
• presente do indicativo: sou, és, é, somos, sois, são;
• presente do subjuntivo: seja, sejas, seja, sejamos, sejais, sejam;
• pretérito imperfeito do indicativo: era, eras, era, éramos, éreis, eram;
• pretérito perfeito do indicativo: fui, foste, foi, fomos, fostes, foram;
• pretérito mais-que-perfeito do indicativo: fora, foras, fora, fôramos, fôreis, foram;
• pretérito imperfeito do subjuntivo: fosse, fosses, fosse, fôssemos, fôsseis, fossem;
• futuro do subjuntivo: for, fores, for, formos, fordes, forem.
As segundas pessoas do imperativo afirmativo são: sê (tu) e sede (vós).
Ter
• presente do indicativo: tenho, tens, tem, temos, tendes, têm;
• presente do subjuntivo: tenha, tenhas, tenha, tenhamos, tenhais, tenham;
• pretérito imperfeito do indicativo: tinha, tinhas, tinha, tínhamos, tínheis, tinham;
• pretérito perfeito do indicativo: tive, tiveste, teve, tivemos, tivestes, tiveram;
• pretérito mais-que-perfeito do indicativo: tivera, tiveras, tivera, tivéramos, tivéreis, tiveram;
• pretérito imperfeito do subjuntivo: tivesse, tivesses, tivesse, tivéssemos, tivésseis, tivessem;
• futuro do subjuntivo: tiver, tiveres, tiver, tivermos, tiverdes, tiverem.
Seguem esse modelo os verbos ater, conter, deter, entreter, manter, reter.
Trazer
• presente do indicativo: trago, trazes, traz, trazemos, trazeis, trazem;
• presente do subjuntivo: traga, tragas, traga, tragamos, tragais, tragam;
• pretérito perfeito do indicativo: trouxe, trouxeste, trouxe, trouxemos, trouxestes, trouxeram;
• pretérito mais-que-perfeito do indicativo: trouxera, trouxeras, trouxera, trouxéramos, trouxéreis,
trouxeram;
• futuro do presente: trarei, trarás, trará, etc.;
• futuro do pretérito: traria, trarias, traria, etc.;
• pretérito imperfeito do subjuntivo: trouxesse, trouxesses, trouxesse, trouxéssemos, trouxésseis,
trouxessem;
• futuro do subjuntivo: trouxer, trouxeres, trouxer, trouxermos, trouxerdes, trouxerem.
Ver
• presente do indicativo: vejo, vês, vê, vemos, vedes, vêem;
• presente do subjuntivo: veja, vejas, veja, vejamos, vejais, vejam;
• pretérito perfeito do indicativo: vi, viste, viu, vimos, vistes, viram;
• pretérito mais-que-perfeito do indicativo: vira, viras, vira, víramos, víreis, viram;
• pretérito imperfeito do subjuntivo: visse, visses, visse, víssemos, vísseis, vissem;
• futuro do subjuntivo: vir, vires, vir, virmos, virdes, virem.
Seguem esse modelo os derivados antever, entrever, prever, rever. Prover segue o modelo acima apenas
no presente do indicativo e seus tempos derivados; nos demais tempos, comporta-se como um verbo
regular da segunda conjugação.
Vir
• presente do indicativo: venho, vens, vem, vimos, vindes, vêm;
• presente do subjuntivo: venha, venhas, venha, venhamos, venhais, venham;
• pretérito imperfeito do indicativo: vinha, vinhas, vinha, vínhamos, vínheis, vinham;
• pretérito perfeito do indicativo: vim, vieste, veio, viemos, viestes, vieram;
• pretérito mais-que-perfeito do indicativo: viera, vieras, viera, viéramos, viéreis, vieram;
• pretérito imperfeito do subjuntivo: viesse, viesses, viesse, viéssemos, viésseis, viessem;
• futuro do subjuntivo: vier, vieres, vier, viermos, vierdes, vierem;
• particípio e gerúndio: vindo.
Seguem esse modelo os verbos advir, convir, desavir-se, intervir, provir, sobrevir.
O emprego do infinitivo não obedece a regras bem definidas.
O impessoal é usado em sentido genérico ou indefinido, não relacionado a nenhuma pessoa, o pessoal
refere-se às pessoas do discurso, dependendo do contexto. Recomenda-se sempre o uso da forma pessoal
se for necessário dar à frase maior clareza e ênfase.
Usa-se o impessoal:
• sem referência a nenhum sujeito: É proibido fumar na sala;
• nas locuções verbais: Devemos avaliar a sua situação;
• quando o infinitivo exerce função de complemento de adjetivos: É um problema fácil de solucionar;
• quando o infinitivo possui valor de imperativo - Ele respondeu: "Marchar!"
Usa-se o pessoal:
• quando o sujeito do infinitivo é diferente do sujeito da oração principal: Eu não te culpo por saíres
daqui;
• quando, por meio de flexão, se quer realçar ou identificar a pessoa do sujeito: Foi um erro
responderes dessa maneira;
• quando queremos determinar o sujeito (usa-se a 3ª pessoa do plural): - Escutei baterem à porta.
Tipologia Textual

1. texto Literário: expressa a opinião pessoal do autor que também é transmitida através de figuras,
impregnado de subjetivismo. Ex: um romance, um conto, uma poesia...

2. texto não literário: preocupa-se em transmitir uma mensagem da forma mais clara e objetiva possível. Ex:
uma notícia de jornal, uma bula de medicamento.

TEXTO LITERÁRIO TEXTO NÃO-LITERÁRIO

Conotação Figurado, subjetivo Pessoal Denotação Claro, objetivo Informativo

TIPOS DE COMPOSIÇÃO

1. Descrição: descrever é representar verbalmente um objeto, uma pessoal, um lugar, mediante a indicação
de aspectos característicos, de pormenores individualizantes. Requer observação cuidadosa, para tornar
aquilo que vai ser descrito um modelo inconfundível. Não se trata de enumerar uma série de elementos,
mas de captar os traços capazes de transmitir uma impressão autêntica. Descrever é mais que apontar, é
muito mais que fotografar. É pintar, é criar. Por isso, impõe-se o uso de palavras específicas, exatas.

Descrever é:
I. fazer viver os pormenores, situações ou pessoas;
II. evocar o que se vê, sente;
III. criar o que não se vê, mas se percebe ou imagina
IV. não copiar friamente, mas deixar rica, uma imagem
V. não enumerar muitos pormenores, mas transmitir sensações fortes.

Na descrição o ser e o ambiente são importantes. Assim, o substantivo e o adjetivo devem ser explorados
para traduzirem com ênfase um impressão.

Como descrever?

a) Usar impressões cromáticas (cores) e sensações térmicas.


EX: O dia transcorria amarelo, frio, ausente do calor alegre do sol.

b) Usar o vigor e relevo de palavras fortes, próprias, exatas, concretas.


EX: As criaturas humanas transpareciam um céu sereno, uma pureza de cristal.

c) As sensações de movimento e cor embelezam o poder da natureza e a figura do homem.


EX: Era um verde transparente que deslumbrava e enlouquecia qualquer um.

d) A frase curta e penetrante dá um sentido de rapidez do texto.


EX: Vida simples. Roupa simples. Tudo simples. O pessoal, muito crente.

A descrição de um objeto será única e nunca será totalmente verdadeira. Motivos:

1º o ângulo de percepção do objeto varia de observador para observador;


2º a análise do objeto levará à seleção de aspectos mais importantes, a critério do observador;
3º o resultado do trabalho corresponderá a uma solução possível.

A descrição pode ser apresentada sob duas formas:


Descrição objetiva: quando o objeto, o ser, a cena, a passagem são apresentadas como realmente são,
concretamente.
EX: "Sua altura é 1,85m. Seu peso, 70Kg. Aparência atlética, ombros largos, pele bronzeada. Moreno, olhos
negros, cabelos negros e lisos".
Descrição subjetiva: quando há maior participação da emoção, ou seja, quando o objeto, o ser, a cena, a
paisagem são transfigurados pela emoção de quem escreve.
EX: "Nas ocasiões de aparato é que se podia tomar pulso ao homem. Não só as condecorações gritavam-
lhe no peito como uma couraça de grilos. Ateneu! Ateneu! Aristarco todo era um anúncio; os gestos, calmos,
soberanos, calmos, eram de um rei..." ("O Ateneu", Raul Pompéia).

Descrição de uma objeto

Deve-se levar em conta:

1. A escolha do ângulo de percepção:


a) a perspectiva espacial
b) a relação observador X objeto.

2. Análise do objeto: forma, cor, dimensões, peso, textura, material, utilidade. etc.

3. A seleção de aspectos: a critério do observador.

Exemplo:
"Um cilindro de madeira, de cor preta, medindo aproximadamente 17,5cm. de comprimento po 0,7cm. de
diâmetro, envolve um cilindro menor, de grafite, de mesmo comprimento, porém de 0,15cm. de diâmetro
De uma das extremidades, foi retirada madeira, formando-se um cone, cujo ápice é uma fina ponta de
grafite".

Descrição de uma paisagem

Deve-se levar em conta:

1. Ângulo de percepção.
2. Análise: rural ou urbana, habitações, personagens, solo, vegetação, clima, localização geográfica.
3. Escolha de aspectos: a critério do observador.

Exemplo:
"Abriu as venezianas e ficou a olhar para fora. Na frente alargava-se a praça, com o edifício vermelho da
Prefeitura, ao centro. Do lado dirito ficava o quiosque, quase oculto nas sombras do denso arvoredo; ao
redor do chafariz, onde a samaritana deitava um filete d'água no tanque circular, arregimentavam-se
geometricamente os canteiros de rosas vermelhas e brancas, de cravos, de azáleas, de girassóis e
violetas". ("Um Rio Imita O Reno", - Vianna Moog).

Descrição de uma pessoa

Deve-se levar em conta:

1. Ângulo de percepção.
2. Análise:
a) aspectos físicos: sexo, idade, peso, cor de pele, cabelos, olhos, estatura, etc.
b) aspectos psicológicos: às vezes, a descrição de um aspecto físico do indivíduo poderá revelar um traço
psicológico;
c) resultado.
Exemplo:

"O gaúcho do sul, ao encontrá-los nesse instante sobreolhá-la-ia comiserado.


O vaqueiro do norte é a sua antítese. Na postura, no gesto na palavra, na índole e nos hábitos, não há que
equipará-los. O primeiro, filho dos plainos sem fins, afeito às correrias fáceis nos pampas e adaptado a uma
natureza carinhosa que o encanta, tem, certo, feição mais cavalheirosa e atraente. A luta pela vida não lhe
assume o caráter selvagem da dos sertões do norte. Não conhece os horrores da seca e os combates
cruentos a terra árida e exsicada.
...........................................................................................

e passa pela vida, aventureiro, jovial, disserto, valente e fanfarrão, despreocupado, tendo o trabalho com um
diversão que lhe permite as disparadas, domando distâncias, nas pastagens planas, tendo os ombros,
palpitando aos ventos, o pala inseparável como uma flâmula festivamente desdobrada. ("Os Sertões",
Euclides da. Cunha)

2. Narração: é um relato organizado de acontecimentos reais ou imaginários. São seus elementos


constitutivos: personagens, circunstâncias, ação; o seu núcleo é o incidente, o episódio, e o que a distingue
da descrição é a presença de personagens atuantes, que estão quase sempre em conflito.

A Narração envolve:
I. Quem? Personagem;
II. Quê? Fatos, enredo;
III. Quando? A época em que ocorreram os acontecimentos;
IV. Onde? O lugar da ocorrência;
V. Como? O modo como se desenvolveram os acontecimentos;
VI. Por quê? A causa dos acontecimentos;

A narração está vinculada à nossa vida, pois sempre temos algo a contar.
Narrar é relatar fatos e acontecimentos, reais ou fictícios, vividos por indivíduos, envolvendo ação e
movimento.
A narrativa impõe certas normas:
a) o fato: que deve ter sequência ordenada; a sucessão de tais sequências recebe o nome de enredo, trama
ou ação;
b) a personagem;
c) o ambiente: o lugar onde ocorreu o fato;
d) o momento: o tempo da ação

O relato de um episódio implica interferência dos seguintes elementos:

fato - o quê?
personagem - quem?
ambiente - onde?
momento - quando?

Em qualquer narrativa estarão sempre presentes o fato e a personagem, sem os quais não há narração.
Na composição narrativa, o enredo gira em torno de um fato acontecido. Toda história tem um cenário onde
se desenvolve. Desta forma, ao enfocarmos a trama, o enredo, teremos, obrigatoriamente, de fazer
descrições para caracterizar tal cenário. Assim, acrescentamos: narração também envolve descrição.

Narração na 1ª Pessoa

A narração na 1ª pessoa ocorre quando o fato é contado por um participante, isto é; alguém que se envolva
nos acontecimentos ao mesmo tempo em que conta o caso.
A narração na 1ª pessoa torna o texto muito comunicativo porque o próprio narrador conta o fato e assim o
texto ganha o tom de conversa amiga.
Além disso, esse tipo de narração é muito comum na conversa diária, quando o sujeito conta um fato do
qual ele também é participante.

Narração na 3ª Pessoa

O narrador conta a ação do ponto de vista de quem vê o fato acontecer na sua frente. Entretanto o contador
do caso não participa da ação. Observar: "Era uma vez um boiadeiro lá no sertão, que tinha cara de bobo e
fumaças de esperto. Um dia veio a Curitiba gastar os cobres de uma boiada".
Você percebeu que os verbos estão na 3ª pessoa (era, veio) e que o narrador conta o caso sem dele
participar. O narrador sabe de tudo o que acontece na estória e por isso recebe o nome de narrado
onisciente. Observe: "No hotel pediu um quarto, onde se fechou para contar o dinheiro. Só encontrou aquela
nota de cem reais. O resto era papel e jornal..."
Você percebeu que o boiadeiro está só, fechado no quarto. Mas o narrador é onisciente e conto o que a
personagem está fazendo.

3. Dissertação: dissertar é apresentar ideias, analisá-las, é estabelecer um ponto de vista baseado em


argumentos lógicos; é estabelecer relações de causa e efeito. Aqui não basta expor, narrar ou descrever, é
necessário explanar e explicar. O raciocínio é que deve imperar neste tipo de composição, e quanto maior a
fundamentação argumentativa, mais brilhante será o desempenho.
Dissertar é:
I. Expor um assunto, esclarecendo as verdades que o envolvem, discutindo a problemática que
nele reside;
II. Defender princípios, tomando decisões
III. Analisar objetivamente um assunto através da sequência lógica de ideias;
IV. Apresentar opiniões sobre um determinado assunto;
V. Apresentar opiniões positivas e negativas, provando suas opiniões, citando fatos, razões,
justificativas.

Sendo a dissertação uma série concatenada de ideias, opiniões ou juízos, ela sempre será uma tomada de
posição frente a um determinado assunto - queiramos ou não.

Procurando convencer o leitor de alguma coisa, explicar a ele o nosso ponto de vista a respeito de um
assunto, ou simplesmente interpretar um ideia, estaremos sempre explanando as nossa opiniões, retratando
os nosso conhecimentos, revelando a nossa intimidade. É por esse motivo que se pode, em menor ou maior
grau, mediar a cultura (vivência, leitura, inteligência...) de uma pessoa através da dissertação.

Podemos contar um estória (narração) ou apontar características fundamentais de um ambiente (descrição)


sem nos envolvermos diretamente. A dissertação ao contrário, revela quem somos, o que sentimos, o que
pensamos. Nesse ponto, tenha-se o máximo de cuidado com o extremismo. Temos liberdade total de expor
nossas opiniões numa dissertação e o examinador salvo raras exceções - sabe respeitá-las. Tudo o que
expusermos, todavia, principalmente no campo político e religioso, deve ser acompanhado de
argumentações e provas fundamentais.

Para fazer uma boa dissertação, exige-se:

a) Conhecimentos do assunto (adquirido através da leitura, da observação de fatos, do diálogo,


etc.);
b) Reflexões sobre o tema, procurando descobrir boas ideias e conclusões acertadas (antes de
escrever é necessários pensar);
c) Planejamento:
1. Introdução: consiste na proposição do tema, da ideia principal, apresentada de
modo a sugerir o desenvolvimento;
2. Desenvolvimento: consiste no desenvolvimento da matéria, isto é, discutir e
avaliar as ideias em torno do assunto permitindo uma conclusão;
3. Conclusão: pode ser feita por uma síntese das ideias discutidas no
desenvolvimento. É o resultado final.

d) Registrar ideias fundamentais numa sequencia (ESQUEMA)


e) Acrescentar o que faltar, ou suprimir o que for supérfluo, desnecessário (RASCUNHO)
f) Desenvolvimento do plano com clareza e correção, mantendo sempre fidelidade ao tema.
Vozes Verbais

Voz verbal é a flexão do verbo que indica se o sujeito pratica, ou recebe, ou pratica e recebe a ação verbal.

Voz Ativa
Quando o sujeito é agente, ou seja, pratica a ação verbal ou participa ativamente de um fato.
Ex.
• As meninas exigiram a presença da diretora.
• A torcida aplaudiu os jogadores.
• O médico cometeu um erro terrível.

Voz Passiva
Quando o sujeito é paciente, ou seja, sofre a ação verbal.
A) Voz Passiva Sintética

A voz passiva sintética é formada por verbo transitivo direto, pronome se (partícula
apassivadora) e sujeito paciente.

Ex.

• Entregam-se encomendas.
• Alugam-se casas.
• Compram-se roupas usadas.
B) Voz Passiva Analítica

A voz passiva analítica é formada por sujeito paciente, verbo auxiliar ser ou estar, verbo
principal indicador de ação no particípio - ambos formam locução verbal passiva - e agente da
passiva. Veja mais detalhes aqui.

Ex.

• As encomendas foram entregues pelo próprio diretor.


• As casas foram alugadas pela imobiliária.
• As roupas foram compradas por uma elegante senhora.

Voz Reflexiva
Há dois tipos de voz reflexiva:
A) Reflexiva

Será chamada simplesmente de reflexiva, quando o sujeito praticar a ação sobre si mesmo.

Ex.

• Carla machucou-se.
• Osbirvânio cortou-se com a faca.
• Roberto matou-se.
B) Reflexiva recíproca

Será chamada de reflexiva recíproca, quando houver dois elementos como sujeito: um pratica a
ação sobre o outro, que pratica a ação sobre o primeiro.

Ex.

• Paula e Renato amam-se.


• Os jovens agrediram-se durante a festa.
• Os ônibus chocaram-se violentamente.

Passagem da ativa para a passiva e vice-versa


Para efetivar a transformação da ativa para a passiva e vice-versa, procede-se da seguinte maneira:
1. O sujeito da voz ativa passará a ser o agente da passiva.
2. O objeto direto da voz ativa passará a ser o sujeito da voz passiva.
3. Na passiva, o verbo ser estará no mesmo tempo e modo do verbo transitivo direto da ativa.
4. Na voz passiva, o verbo transitivo direto ficará no particípio.

Voz ativa
A torcida aplaudiu os jogadores.
• Sujeito = a torcida.
• Verbo transitivo direto = aplaudiu.
• Objeto direto = os jogadores.

Voz passiva
Os jogadores foram aplaudidos pela torcida.
• Sujeito = os jogadores.
• Locução verbal passiva = foram aplaudidos.
• Agente da passiva = pela torcida.
Módulo 1  •  Unidade 10

A Literatura
através
do tempo
Para início de conversa...

Quem sou eu diante do mundo? Que mundo é esse? Nascer, morrer... Por

quê? O corpo ou o espírito? O Amor... Ah! O amor... Quanta dor! Oh! Deus, por que

sofro? Por que existo?

Questões como essas sempre fizeram parte da natureza humana, não é mesmo?

A arte e a literatura mostram a expressão do homem no mundo, seus senti-

mentos, suas dúvidas, seus sonhos, seus descontentamentos ou suas aceitações.

Por isso, a produção artística passa a ser um reflexo da sociedade de uma deter-

minada época e espaço.

Como leitores, “viajamos” por mundos desconhecidos, vivenciamos ou-

tras épocas, percebemos as impressões de um tempo que não volta mais. Ques-

tionamos diferentes situações e emoções, e, por isso, somos influenciados por

artistas e pelas diferentes manifestações artísticas: o teatro, o cinema, a pintura,

a música, a dança...

Linguagens, Códigos e suas Tecnologias 55


Figura 1: Jovem fazendo leitura junto à natureza

A literatura, por ser a arte da palavra, reflete esse estar e ser do homem no mundo, através da linguagem. Isso

se concretiza na maneira como escreve, na seleção dos assuntos e dos temas que o inquietam em um dado espaço

geográfico e temporal.

Dessa forma, a história do homem pode ser contada através do conjunto das manifestações literárias de cada

época. Nessas manifestações, podemos perceber os costumes, as várias formas de pensamento, a ideologia com suas

preocupações e que refletem os acontecimentos sociais, políticos, econômicos, filosóficos.

Estudar a produção literária de um povo, de uma época, em um país, em uma região é desvendar os sentimen-

tos e emoções de um tempo. É vivenciar os anseios do homem que vive nesse tempo, é conhecer costumes, viajar

pelos eventos; é sentir como a vida acontecia e fazia acontecer.

E esta é a “viagem” que propomos a você nesta unidade. Pronto para começar?

Objetivos de aprendizagem
ƒƒ Compreender o conceito de estilo de época na Literatura, a partir do estudo dos períodos literários;

ƒƒ Estabelecer relações entre textos de épocas diferentes, situando aspectos do contexto histórico, social e po-
lítico no Brasil.

r b o d e l i g a ç ã o + p redic
e
56 sujeito simples + v
Seção 1:
A Literatura reflete o tempo

Você já deve ter estudado que os textos literários, de acordo com sua composição, estrutura e conteúdo, po-

dem ser classificados conforme os gêneros literários: lírico, épico-narrativo e dramático.

Vamos fazer uma revisão sobre esse assunto?

Os gêneros literários

a) O gênero lírico é o texto onde há um eu lírico (os pronomes e verbos estão em 1ª pessoa) que expressa suas

emoções, ideias, seu mundo interior diante do mundo exterior (daí estes textos serem subjetivos) e a musicalidade

das palavras é explorada. 

b) O gênero épico tem a presença de um narrador que conta uma história, baseada em fatos reais ou apenas em fatos

ficcionais, que envolve personagens que se interligam através de ações em um determinado tempo e espaço. Os textos

épicos narram a história de um povo ou de uma nação. Geralmente, são textos longos, em versos, envolvendo viagens,

guerras, aventuras, gestos heroicos e há exaltação de heróis e seus feitos. Mais tarde, estes textos dão espaço à narração de

fatos fictícios, imaginários, narrados em prosa e, por isso, passaram a ser compreendidos como gênero narrativo.

c) O gênero dramático é um texto escrito para ser encenado, próprio para o teatro, baseado no conflito dos

homens e seu mundo, as manifestações da miséria humana. Os atores fazem o papel das personagens e não há des-

crição de ambiente, já que, no palco, haverá um cenário.

Mas, além desses elementos que caracterizam o gênero literário de uma obra, é preciso lembrar que há outros

fatores que o definem e o caracterizam, como: o contexto social, político, econômico, filosófico, de acordo com os

ideais de um tempo e de um povo.

Dessa forma, uma obra passa a ter as características desse tempo, comuns a diferentes escritores durante um

mesmo período, ou seja, pertence a um estilo de época.

( )
(x)u
Estilo de época é o conjunto de características que um grupo de escritores e artistas apresentam em
comum, devido às mesmas circunstâncias históricas, políticas e sociais que os envolveram e os influen-
ciaram. Isso acontece apesar de cada escritor escrever, ou cada artista expressar sua arte de acordo com

( ) pr
seu próprio estilo, segundo suas características pessoais, ou seja, seu estilo individual.

ativo
Linguagens, Códigos e suas Tecnologias 57
Ora, se, em dado momento, o homem vê-se impregnado de pessimismo diante da vida, vivenciando situações

de morte ou de desilusões, numa realidade que não o satisfaz, também sua obra, sua arte, irá tratar esses temas e

expressar esses sentimentos, determinando um estilo de época literário.

Veja a seguir a reprodução de uma pintura do século XVII, do Barroco. Nessa época, as questões religiosas eram

conflitantes e a dúvida era uma constante. Note o jogo entre a claridade (à esquerda da tela) e a escuridão (à direita);

perceba ainda as sombras e a fisionomia dos personagens que transparecem o que sentem na situação.

Figura 2: A Coroação de Cristo, Van Dyck, 1620, Flandres, exposto em Madrid.

Por outro lado, se a ciência toma um novo rumo, se novas descobertas acontecem, modificando a maneira de

se ver a sociedade, a arte também vai representar este momento; apresentará mais razão, mais objetividade, menos

emoção e sentimentos. Logo, teremos outro estilo, que caracteriza outra época.

Por exemplo, do século XIII até o século XV, durante o Renascimento, houve grandes descobertas científicas

e tecnológicas, que motivaram o homem a pensar de maneira mais racional, preocupando-se com a condição desse

homem no mundo.

r b o d e l i g a ç ã o + p redic
e
58 sujeito simples + v
Diferente da pintura barroca na Figura 2 anterior, a Figura 3, a seguir, de Leonardo da Vinci, representa o Renasci-

mento do século XV. Apesar de retratar também um tema religioso – o Anjo Gabriel anuncia a chegada de Jesus a Maria -

observe a claridade da tela ao fundo, a simetria entre os elementos retratados e a ausência de expressão de sentimentos

nos personagens. Esses elementos demonstram mais objetividade do artista na forma de retratar as cenas de uma época

mais racional, em equilíbrio com as questões do mundo e, portanto, com mais clareza diante das situações.

Figura 3: A anunciação, Leonardo da Vinci.

E agora, vamos observar essa diferença de estilos de época na literatura?

Quando os portugueses chegaram ao Brasil, em 1500, Pero Vaz de Caminha escreveu

uma carta ao rei de Portugal, relatando a nova terra recém- descoberta. Leia o fragmento des-

sa carta, considerada como o primeiro documento escrito sobre nossa terra e nossa gente.
Texto 1

A Carta

“Senhor,

( )
Posto que o Capitão-mor desta Vossa frota, e assim os outros capitães escre-
vam a Vossa Alteza a notícia do achamento desta Vossa terra nova, que se ago-
ra nesta navegação achou, não deixarei de também dar disso minha conta a

(x)u
Vossa Alteza, assim como eu melhor puder, ainda que — para o bem contar e
falar— o saiba pior que todos fazer!

( ) pr
ativo
Linguagens, Códigos e suas Tecnologias 59
(...)
E dali avistamos homens que andavam pela praia, uns sete ou oito, segundo
disseram os navios pequenos que chegaram primeiro.(...)
(...) Águas são muitas; infinitas. Em tal maneira, é graciosa que, querendo-a
aproveitar, dar-se-á nela tudo; por causa das águas que tem!
Contudo, o melhor fruto que dela se pode tirar parece-me que será salvar esta
gente. E esta deve ser a principal semente que Vossa Alteza em ela deve lançar.
(...)
Pero Vaz de Caminha

(In. http://www.dominiopublico.gov.br/download/texto/ua000283.pdf )
A linguagem dessa carta pode parecer meio estranha para nós, não? Contudo, vale lembrar que há
uma distância temporal bastante significativa entre a época em que foi escrita e a época de hoje.

1. Retire do texto o trecho em que Pero Vaz de Caminha conta ao Rei:

a. o descobrimento da nova terra.

b. que há um povo que vive nessa terra.

c. a beleza e os recursos naturais dessa nova terra.

d. a necessidade de catequizar os índios, considerados primitivos pelos portugueses.


Muito bem! Sabemos que a colonização portuguesa trouxe conhecimento, avanço e civilização à nova
terra recém-descoberta. No entanto, também trouxe a dizimação de povos indígenas, a exploração de
nossos recursos naturais, minerais e dos poucos índios que sobreviveram a doenças, vícios e horrores
do cativeiro ou dos africanos, trazidos como escravos.

No século XX, Oswald de Andrade, poeta do Modernismo, outro estilo de época, fez uma paródia da
Carta de Caminha, fazendo uma crítica à colonização portuguesa.

Intertextualidade e Paródia
Quando um texto faz uma referência explícita ou implícita a um outro, ou
quando uma obra faz alusão à outra, dizemos que ocorreu intertextuali-
dade, ou seja, um diálogo entre os dois textos.

A paródia é uma forma de intertextualidade, pois a voz do texto original


é retomada, mas seu sentido modificado, levando o leitor a uma nova
reflexão, às vezes crítica, às vezes cômica. O autor da paródia utiliza-se de
elementos do texto original para criar uma nova versão.

r b o d e l i g a ç ã o + p redic
e
60 sujeito simples + v
Leia o fragmento em que Oswald de Andrade mostra que os portugueses encontra-

ram o povo que aqui habitava:


Texto 2

Pero Vaz de Caminha

Oswald de Andrade

(...)
Os selvagens
Mostraram-lhes uma galinha
Quase haviam medo dela
E não queriam pôr a mão
E depois a tomaram como espantados
(...)

(in: http://arquivos.unama.br/nead/graduacao/cche/letras/4semestre/form_lit_bras/
atividades/pdf/uni_1_atividade1.pdf )

No poema, Oswald de Andrade colocou-se na mesma perspectiva de Caminha no momento em que


os portugueses aqui chegaram. Assim, mostra a maneira como os colonizadores sentiam-se superio-
res em relação ao povo que encontraram na nova terra.

2. Que elemento o autor do texto usou para mostrar o desprezo dos portugueses pelos

índios?

3. De acordo com o que é relatado na estrofe do poema, como podem ser caracterizados

os índios, segundo a visão dos portugueses colonizadores?


Agora, leia o fragmento de outra paródia da Carta de Caminha. Esta foi escrita em nossos dias e está
disponível em um blog na Internet:

( )
(x)u
( ) pr
ativo
Linguagens, Códigos e suas Tecnologias 61
Paródia da Carta de Caminha
Olá, meu amado Rei, aqui quem fala é o Pero Vaz. Está me ouvindo bem?
Peguei emprestado o celular de um nativo aqui da nova terra. Tudo bem, Capi-
tão Pedro está lhe mandando um abraço. Chegamos na terça, 21 de abril, mas
deixei para ligar no Domingo porque a ligação é mais barata.
É aqui tem dessas coisas. Os nativos ficaram espantados com a nossa chegada
por mar, não achavam que éramos Deuses, Majestade. Acharam que éramos
loucos de pisar em um mar tão sujo.
(....)
É uma terra muito rica, Majestade. Acho que desta vez acertamos em cheio. Isso
aqui ainda vai ser o país do futuro...

(por Bond Bilau.In http://www.oclick.com.br/colunas/humor10.html, acesso em


02/07/2011.)

Também aqui, o autor do texto coloca-se como se fosse o próprio Caminha que relata o descobrimen-
to do Brasil.

4. Retire do texto os elementos que descaracterizam o tempo passado, de 1500, e que tra-

zem o fato para os nossos dias.

5. Na Carta original, Caminha diz que as “As águas são muitas, infindas(...)”. Que crítica per-

cebe-se na paródia em questão?

6. Considerando que o ponto de partida para a criação da paródia é uma carta escrita em 1500,

que outra crítica percebe-se no final do texto, em “Isso aqui ainda vai ser o país do futuro...”?

r b o d e l i g a ç ã o + p redic
e
62 sujeito simples + v
E então, você percebeu como a partir de um mesmo fato - o Descobrimento do Brasil –, os autores dos textos

mostraram diferentes visões? Na verdade, cada autor retratou o mesmo fato de acordo com a visão própria da época

em que cada um vive, adaptando a linguagem ao seu tempo. Veja:

a. Em A Carta, de Pero Vaz de Caminha, temos a visão do colonizador que, em virtude do Ciclo das Nave-

gações, vai em busca de novas terras para enriquecer seu povo e seu país;

b. No poema de Oswald de Andrade, depreendemos uma crítica a este povo colonizador, em uma tenta-

tiva de desfazer o caráter heroico que o povo português ainda recebia na época (início do século XX);

c. Já na paródia do blog, notamos uma preocupação com o Brasil de hoje, com a poluição dos recursos

naturais e com o futuro do país que ainda parece incerto, apesar do avanço tecnológico (afinal, ele – no

caso Caminha - fala ao celular com o Rei de Portugal!).

Dessa forma, cada texto apresenta um conjunto de características próprias do seu tempo e pertence a um

determinado estilo de época.

Cada estilo de época ocorre num determinado espaço de tempo, denominado período literário. Assim, cada

período literário corresponde a uma fase em que determinados valores ideológicos, filosóficos, históricos, culturais

e estéticos propiciam a criação de obras literárias que se aproximam pelo estilo que adotam e pela visão de mundo

que apresentam.

Estéticos

relativo à estética - ciência que trata do belo em geral e do sentimento que ele faz nascer em nós; filosofia da arte.

Então, passemos a estudar um pouco mais sobre os períodos literários.

Seção 2
Os períodos literários
( )
(x)u
Os períodos literários também são conhecidos como escolas, correntes ou movimentos literários. Estudar os

períodos literários ao longo da história é compreender o conjunto de valores artísticos, culturais e ideológicos do

( ) pr
homem dentro de uma sociedade.

ativo
Linguagens, Códigos e suas Tecnologias 63
E o que marca o início e o término de cada período literário?

Há certas circunstâncias históricas – como crises políticas, guerras, mudanças abruptas de poder político e eco-

nômico, entre outras condições – que motivam a criação de uma arte nova, de um estilo novo e de uma nova maneira

de registrar as coisas. Isso proporciona o surgimento de um novo período literário.

Entretanto, o nascimento de uma nova corrente artística, estética, literária não apaga a beleza, os sentimentos

e as características do período anterior – até porque as obras escritas nesse período continuarão a existir e a serem

lidas, não é mesmo? Dessa forma, elas continuarão a influenciar as pessoas ao longo do tempo.

E mais: é possível a coexistência de mais de um estilo de época em um mesmo período de tempo, principal-

mente quando há uma transição de valores, ou seja, há uma mistura de formas diferentes de criação artística, pois as

pessoas que viveram e participaram de acontecimentos anteriores continuam produzindo arte e misturam-se àque-

les que já pensam de uma nova maneira, criando novas formas de expressar sua visão de mundo através das artes.

Embora cada período literário seja marcado por datas e por eventos históricos, essa demarcação para o início e
o fim de cada época serve apenas como um elemento para organizar a história da literatura para fins de estudo e de

compreensão das características que predominaram em um dado contexto. Mostra o período em que um estilo de

época começou a se manifestar, atingindo um ponto máximo de ascensão, até o momento em que começa a entrar

em decadência, com o aparecimento de novas ideias e novos valores.

No Brasil, por causa da colonização portuguesa, nossa literatura corresponde às influências das manifestações

e dos estilos de época que aconteciam em Portugal e na Europa. Até o século XIX, quando o Brasil tornou-se inde-

pendente de Portugal, as manifestações literárias eram uma espécie de desdobramento da literatura portuguesa. Aos

poucos, tal qual nossa nação, também a literatura foi se tornando independente e ganhou plena autonomia no início

do século XX, dando início a um novo estilo de época, chamado Modernismo.

A história da literatura brasileira está dividida em dois grandes momentos: a Era Colonial e a Era Nacional. Esses
momentos acompanham toda a trajetória política e econômica de nosso país. Vejamos:

Os estilos de época da Era Colonial no Brasil

A Era Colonial corresponde à fase em que ainda estávamos sob domínio de Portugal e compreende os seguin-

tes períodos literários:

I. Quinhentismo:

Época: Século XVI

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e
64 sujeito simples + v
Fatos Históricos:

• Expansão Marítima de Portugal - novos descobrimentos;

• A Companhia de Jesus - movimento católico que leva padres missionários ( jesuítas) às novas terras por-

tuguesas recém-descobertas;

• O Descobrimento do Brasil.

No Brasil, a literatura era de caráter documental, isto é, escrita pelos portugueses que vinham para cá com a

finalidade de conhecer a nova terra, com vistas à exploração de suas riquezas e à colonização, e, por isso, os textos

são documentos dessa fase. [importante] Assim, o conjunto de obras escritas pelos portugueses nesse período é

chamado de Literatura Informativa.

A Carta, de Pero Vaz de Caminha, que analisamos na atividade 1, anteriormente, é um exemplo de Literatura
Informativa.

Juntamente com os portugueses que vinham com a finalidade de explorar a nova terra recém-descoberta, tam-

bém vieram os padres jesuítas que buscavam catequizar os índios, para “salvá-los”, transformando-os em novos católicos.

Os textos escritos pelos jesuítas têm o propósito de ensinar aos índios a nova religião, motivo pelo qual
são reconhecidos como Literatura Jesuítica ou de Catequese.

O Quinhentismo
O Quinhentismo Português manifesta-se, no Brasil, através da Literatura Informativa e da Literatura
Jesuítica ou de Catequese.

A Literatura Informativa é o conjunto de obras e de documentos que relatam sobre a terra recém-
-descoberta, a fauna, a flora, as belezas e riquezas da terra, os índios - com seus costumes e língua.

( )
Exemplo disso é a Carta, de Pero Vaz de Caminha.

Literatura Jesuítica ou de Catequese é aquela produzida pelos padres jesuítas que aqui chegaram com

(x)u
a finalidade de catequizar os índios. Apresenta um conjunto de textos de caráter pedagógico (com a
finalidade de ensinar) e de poemas simples, com temas religiosos.

( ) pr
ativo
Linguagens, Códigos e suas Tecnologias 65
Figura 4: Primeira missa no Brasil – catequização dos índios.

II. Barroco

Época: século XVII

Fatos Históricos:

ƒƒ Movimento da Contrarreforma na Europa - movimento da Igreja Católica com a finalidade de retomar o

seu poder por toda a Europa, já que este poder fora enfraquecido pelo movimento da Reforma Religiosa.

A Reforma Religiosa
No começo do século XVI, a Igreja passava por um período delicado,com a venda de cargos eclesiásticos (
relativos à Igreja Católica) e de favores,o enfraquecimento da influência do Papa pelo prestígio crescente
dos soberanos( a nobreza e os senhores feudais) europeus, que muitas vezes influenciavam diretamente
nas decisões da Igreja, proporcionaram um ambiente oportuno a um movimento reformista.

No final da Idade Média surgiu um forte espírito nacionalista que se desenvolveu em vários países
onde a figura da Igreja, ou seja, do Papa, já estava em descrédito. Esse espírito nacionalista foi estrategi-
camente explorado pelos príncipes e monarcas, empenhados em aumentar os poderes monárquicos,
colocando a Igreja em situação de subordinação.

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e
66 sujeito simples + v
Com o aperfeiçoamento da imprensa, por Gutemberg, houve um a difusão das obras escritas, entre
elas a Bíblia. Ao traduzir a Bíblia para outras línguas, vislumbrou-se a possibilidade de cristãos e não
cristãos interpretá-la sem mediação, recebendo conhecimento imediato sobre o cristianismo e suas
verdadeiras práticas.

O ponto de partida da reforma religiosa foi o ataque de Martinho Lutero, em 1517, à prática da Igreja
de vender indulgências, favores. Lutero admirava os ideais sobre a liberdade cristã e a necessidade de
reconduzir o mundo cristão à simplicidade da vida dos primeiros apóstolos. Através de exaustivo es-
tudo, Lutero encontrou respostas para suas dúvidas e, a partir desse momento, começou a defender A
doutrina da salvação pela fé. Esses princípios foram considerados uma afronta à Igreja Católica. Em
1521, o monge agostiniano, já declarado herege, foi definitivamente excomungado pela Igreja Católi-
ca, refugiando-se na Saxônia.

Lutero não tinha a pretensão de dividir o povo cristão, mas a repercussão de suas teses foi amplamente
difundida; e suas ideias, passadas adiante. Através da tradução da Bíblia para o idioma alemão, o núme-
ro de adeptos às ideias de Lutero aumentou largamente; e, por outro lado, o poder da Igreja diminuiu
consideravelmente.

Figura 5: Martin Lutero aos 46 anos.

ƒƒ o ciclo da cana-de-açúcar na Bahia, que proporcionou a chegada dos negros escravos oriundos das colô-

nias portuguesas na África;

ƒƒ as invasões dos holandeses, no Brasil.


( )
(x)u
Motivados pelo movimento da Contrarreforma, os autores barrocos se mostram preocupados com a religiosi-

dade, a vida espiritual e com a tensão entre vida e morte.Dessa forma, retratam a dúvida em relação aos prazeres da

vida terrena e a salvação da alma através da morte; questionam a efemeridade das coisas, já que tudo tem um fim,

( ) pr
inclusive a própria vida.

ativo
Linguagens, Códigos e suas Tecnologias 67
É uma época em que a literatura se mostra marcada pelos sentimentos, e pelas angústias existenciais, elemen-

tos que serão observados, também, na linguagem complexa e rebuscada usada nos textos barrocos.

No Brasil, a obra do poeta Gregório de Matos, além de retratar os aspectos religiosos da época, também se

preocupa em denunciar os desmandos do processo da colonização de Portugal na Bahia, principal colônia naquela

época no Brasil, através de uma poesia de caráter satírico.

III. Arcadismo

Época: século XVIII

Fatos Históricos:

a) Na Europa:

ƒƒ Iluminismo

ƒƒ a Revolução Francesa

b) No Brasil

ƒƒ o ciclo do ouro, em Minas Gerais;

ƒƒ a Inconfidência Mineira.

O Iluminismo
Foi um movimento cultural de elite de intelectuais do século XVIII na Europa, que procurou mobilizar
o poder da razão, a fim de reformar a sociedade e o conhecimento prévio. Promoveu o intercâmbio in-
telectual e foi contra a intolerância e os abusos da Igreja e do Estado e defendeu os ideais de liberdade
pela educação e pelo conhecimento.

Os ideais iluministas influenciaram a Revolução Francesa, um marco para a “queda” do poderio da Igre-
ja Católica e da Nobreza, representados pela Monarquia.

Influenciados pelo Movimento Iluminista, a poesia do Arcadismo se mostra mais racional, já que a busca pela

razão e pelo conhecimento das coisas e do mundo passa a ser motivo de preocupação maior. Assim, a poesia árcade

é simples, e retrata a visa simples, junto à natureza do campo, elemento que traz paz e serenidade para o homem

daquela época.

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Para que você possa compreender melhor os períodos literários que correspondem à Era Colonial da Literatura

Brasileira, propomos uma atividade. Vamos lá?

1. A seguir, apresentamos um trecho de um poema de José de Anchieta, intitulado A San-

ta Inês.

Cordeirinha linda,
Como folga o povo,
Porque vossa vinda
Lhe dá lume novo.
Cordeirinha santa,
De Jesus querida
Vossa santa vida
O Diabo espanta.
Por isso vos canta
Com prazer o povo,
Porque vossa vinda
Lhe dá lume novo.
(...)

(José de Anchieta. in http://www.jornaldepoesia.jor.br/janc02.html. acesso em


26/11/2012)

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Uma vida direcionada para o ensino e o sacerdócio. É assim que pode-
mos resumir a trajetória do Padre José de Anchieta, nascido no dia 19 de
março de 1534, na cidade Tenerife, nas Ilhas Canárias.

Ingressou na Companhia de Jesus para dessa forma participar no proces-


so de expansão do cristianismo em terras americanas. Ao ingressar nesse
“exército da fé”, exerceu inicialmente a tarefa de celebrar várias missas ao
longo de um mesmo dia. Padre Anchieta veio para o Brasil acompanhan-
do a esquadra que trouxe o governador-geral Duarte da Costa, em 1553.
Já no primeiro ano instalado no ambiente colonial, o devotado clérigo
participou da fundação do primeiro colégio de São Paulo de Piratininga.
Ao chegar às terras brasileiras Padre Anchieta demonstrou interesse em
conhecer mais profundamente a língua dos nativos. Com o auxílio do Pa-
dre Auspicueta, aprendeu os primeiros termos e expressões do “abanhe-
enga”, língua compartilhada por índios tupis e guaranis. Em pouco tempo,
percebeu que as línguas faladas por várias tribos tinham uma mesma raiz
formada por aspectos semânticos, gramaticais e vocabulares em comum..

Essa preocupação com a língua era de essencial importância para a


consolidação do projeto evangelizador dos jesuítas, sendo que textos e
apresentações artísticas eram produzidos na língua nativa como forma
de facilitar a conversão ao cristianismo. Durante o período em que viveu
em terras brasileiras, Anchieta andou bastante pelas regiões que hoje
correspondem aos estados do Rio de Janeiro e Espírito Santo. No ano
de 1567, Anchieta alcançou o cargo de Provincial, o mais alto posto da
Ordem de Jesus, que havia sido desocupado após a morte do Padre Ma-
nuel da Nóbrega. A partir de então, o padre José de Anchieta andou por
toda extensão do território colonial orientando as atividades das várias
missões jesuítas espalhadas pelo Brasil.

a. Qual é a linguagem usada no poema? E quanto á estrutura do poema: os versos

são curtos ou longos? E as estrofes?

b. De acordo com a linguagem e a estrutura dos versos no poema A Santa Inês, você

considera que o texto de José de Anchieta está adequado aos ideais de usar a

poesia para catequizar as pessoas da região? Justifique sua resposta.

c. Destaque os versos que comprovam os seguintes aspectos do texto que o ca-

racterizam como poesia de caráter catequético em portanto, de cunho religioso.

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a) valorização da vida espiritual

b) a luta entre o Bem e o Mal

2. O poema a seguir, de Gregório de Matos, apresenta uma preocupação com o aspecto

religioso, próprio do estilo de época Barroco. Leia o poema (de preferência, em voz alta

para você observar a melodia e a linguagem do texto!).

Ao Braço do Mesmo Menino Jesus Quando Apareceu


O todo sem a parte não é todo, A parte sem o todo não é parte, Mas se a parte
o faz todo, sendo parte, Não se diga, que é parte, sendo todo.
Em todo o Sacramento está Deus todo, E todo assiste inteiro em qualquer par-
te, E feito em partes todo em toda a parte, Em qualquer parte sempre fica o
todo.
O braço de Jesus não seja parte, Pois que feito Jesus em partes todo, Assiste
cada parte em sua parte.
Não se sabendo parte deste todo, Um braço, que lhe acharam, sendo parte,
Nos disse as partes todas deste todo.

MATOS, Gregório de. Obra poética. Org. James Amado. Prep. e notas Emanuel Araújo.
Apres. Jorge Amado. 3.ed. Rio de Janeiro: Record, 1992.

a. Destaque do poema os versos que mostram a preocupação com a vida espiritual

e religiosa da época.

b. Uma característica tipicamente da linguagem barroca é o jogo de ideias, que


marca o conflito do homem diante das coisas do mundo e da vida. Que palavras

são usadas pelo poeta que marcam esse jogo de ideias?

c. Comparando o poema da questão 1, de José de Anchieta, com esse poema de Gre-

gório de Matos, aponte as diferenças quanto à linguagem e à estrutura do poema.

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3. Tomás Antônio Gonzaga é um poeta do estilo de época Arcadismo, que predominou no

Brasil durante o século XVIII, quando da exploração do ouro,nas terras de Minas Gerais.

Tomás Antônio Gonzaga também participou ativamente da Inconfidência Mineira. Va-

mos ler um fragmento de sua poesia.


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Eu, Marília, não sou algum vaqueiro, Que viva de guardar alheio gado; De tos-
co trato, d’expressões grosseiro, Dos frios gelos, e dos sóis queimado. Tenho
próprio casal, e nele assisto; Dá-me vinho, legume, fruta, azeite; Das brancas
ovelhinhas tiro o leite, E mais a finas lãs, de que me visto, Graças, Marília bela,
Graças à minha Estrela!

Tomás Antonio Gonzaga. http://www.colegioweb.com.br/literatura/motivos-classicos-


-da-poesia-arcade.html

a. Influenciados pela poesia clássica, pelos gregos, os poetas árcades, apesar de bur-

gueses, se “ vestiam” em seus poemas como pessoas comuns, do campo. Como o

eu lírico ( o eu que fala no poema) se apresenta?

b. A preocupação com os valores materiais da vida também é uma característica

da poesia árcade. De que maneira podemos depreender essa característica no

fragmento?

c. A mulher amada, Marília, é enaltecida pelo eu lírico. Como ela é retratada no poema?

Bem, após a análise desses textos, você percebeu que em cada época o homem, através da literatura, reproduz

os seus anseios e sua forma de pensar.

Passemos, agora, a compreender os estilos de época da ERA NACIONAL da Literatura Brasileira, após a Inde-

pendência do Brasil, em 1822.

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Os estilos de época da Era Nacional no Brasil

A partir de 1822, com a Independência do Brasil proclamada, iniciou-se uma arte e uma literatura com mais

autonomia em relação a Portugal. Nossas obras, poemas e romances dão mais atenção aos problemas, costumes e

cultura nacionais. Daí a Era Nacional, que corresponde aos seguintes períodos literários:

I. Romantismo

Época: primeira metade do século XIX

Fatos Históricos:

a) Na Europa:

ƒƒ ecos da Revolução Francesa: ideias de liberdade; burguesia no poder;

ƒƒ o Liberalismo da burguesia;

ƒƒ início do confronto de classes sociais – burguesia X proletariado.

b) No Brasil:

ƒƒ a chegada da família real de Portugal;

ƒƒ abertura dos portos;

ƒƒ Rio de Janeiro como capital da colônia;

ƒƒ ampliação da vida cultural, com teatros, bibliotecas, imprensa.

O Romantismo é um estilo de época marcado pelo sentimentalismo e pela emoção exagerados.O homem se

mostra em conflito diante do mundo; a tristeza, o lamento, a melancolia e a morte como solução para o eterno sofri-

mento humano transparecem nas obras desse período literário.

No Brasil, a literatura romântica passa a se preocupar com os elementos que nos caracterizam como pátria e
nação. Daí a valorização de nossa fauna e flora e da figura do índio como herói nacional.

II. Realismo, Naturalismo e Parnasianismo

Época: segunda metade do século XIX


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Fatos Históricos:

a) Na Europa:

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ƒƒ o cientificismo,

ƒƒ o socialismo,

ƒƒ o evolucionismo

ƒƒ as lutas de classe;

b) No Brasil:

ƒƒ o ciclo do café - Rio de Janeiro e São Paulo;

ƒƒ a decadência da monarquia;

ƒƒ luta pela Abolição da escravatura;

ƒƒ e pela Proclamação da República.

Diferentemente do Romantismo, na segunda metade do século XIX, o homem está influenciado pelas novas

ciências que trazem diferentes descobertas sobre a vida, o homem e o mundo.

Dessa forma, esse período - chamado genericamente de Realismo - é marcado pela razão, pela frieza, pela

ausência de sentimentos, pela observação minuciosa dos fatos.

Há uma preocupação em analisar a sociedade, seja o comportamento do homem burguês, seja o conflito entre

as classes sociais.

No Brasil, Machado de Assis é a maior expressão nos romances realistas.

III. Simbolismo

Época: final do século XIX e início do século XX

Fatos Históricos:

a) Na Europa:

ƒƒ período de conflito – pré-guerra mundial;

ƒƒ a divisão da África;

ƒƒ a Psicanálise de Freud.

b) No Brasil:

ƒƒ as revoltas no Brasil – da Armada, da Vacina, da Chibata, de Canudos;

ƒƒ a República de Floriano Peixoto.

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O Simbolismo surgiu na França, no final do século XIX, em oposição ao Naturalismo e ao Realismo. Sua poesia

trata de temas místicos, subjetivos e imaginários, com um cenário onírico, relativo ao mundo dos sonhos.

Desconsideram as questões sociais e racionais abordadas pelo Realismo e pelo Naturalismo. Buscam uma poe-

sia que se aproxima mais da música, marcada pela intuição do homem e por tentar refletir o subconsciente humano.

No Brasil, destaca-se a poesia de Cruz e Sousa, considerado um dos maiores poetas simbolistas do mundo.

IV. Modernismo

Época: século XX

Fatos Históricos:

a) Na Europa:

ƒƒ a Segunda Guerra Mundial;

ƒƒ a crise econômica mundial.

ƒƒ novas invenções: a máquina, a velocidade, a luz.

b) No Brasil:

ƒƒ a política do café com leite (Minas Gerais e São Paulo),

ƒƒ a Semana de Arte Moderna, em São Paulo, em 1922.

ƒƒ a Era Vargas.

O movimento modernista no Brasil contou, principalmente, com duas fases: a primeira foi de 1922 a 1930 e a

segunda de 1930 a 1945.

A primeira fase caracterizou-se pelas tentativas de solidificação do movimento renovador e pela divulgação de

obras e ideias modernistas. Os escritores de maior destaque dessa fase defendiam principalmente:

ƒƒ a reconstrução da cultura brasileira sobre bases nacionais;

ƒƒ uma revisão crítica de nosso passado histórico e de nossas tradições culturais;

ƒƒ a eliminação definitiva dos valores estrangeiros.


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Portanto, estão relacionadas com uma visão nacionalista, porém crítica, da realidade brasileira. Destacam-se

nessa fase Oswald de Andrade, Manuel Bandeira e Mário de Andrade.

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A Segunda fase é a consolidação desses ideais, e com maior preocupação em retratar os problemas sociais e

políticos do povo brasileiro. São representantes dessa fase: Cecília Meireles e Murilo Mendes na poesia; Jorge Amado,

Graciliano Ramos e Raquel de Queirós, nos romances.

V. Pós – Modernismo e Literatura Contemporânea

Época: a partir de 1945

Fatos Históricos:

a) No Mundo:

ƒƒ a Guerra Fria (Estados Unidos X União Soviética);

ƒƒ a corrida espacial.

b) No Brasil:

ƒƒ Fim da Era Vargas,

ƒƒ o período JK e a construção de Brasília,

ƒƒ o Golpe Militar e a Ditadura no Brasil.

O pós-modernismo é um termo de periodização artística e literária que representa o período que vem depois

do Modernismo, num sentido amplo dessa palavra, abrangendo suas três fases:primeiro , o dos anos 20; segundo. o

modernismo dos anos 30-45, e a terceira fase, modernismo mais comedido, de meados dos anos 40 e 60.

Na produção literária da segunda metade do século XX, especialmente a dos anos 70 e 80 visualizamos clara-

mente as marcas da continuidade do Modernismo.Mas a partir de 70 e 80, caracteriza-se, também, por uma pluralida-

de de tendências.As manifestações literárias desse período expressam toda a realidade dessa época: uma sociedade

absolutamente desigual,em meio à miséria e ao analfabetismo, misturadas com o avanço das tecnologias e dos com-

putadores sofisticados.

Agora que você já tomou conhecimento das características gerais dos estilos de época da Literatura após a

Independência do Brasil, vamos fixar melhor o conteúdo?

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1. Os poemas que seguem são, respectivamente, de Álvares de Azevedo, do Romantismo,

e de Augusto dos Anjos, do Pré-Modernismo, com influência do Simbolismo.

Lendo e analisando-os, você perceberá uma nítida diferença entre a concepção de

mundo expressa por ambos os autores. Dessa forma, procure retratá-las, levando em con-

sideração o fato de que os estilos de época são demarcados por características distintas:

Lembrança de Morrer
Quando em meu peito rebentar-se a fibra, Que o espírito enlaça à dor vivente,
Não derramem por mim nenhuma lágrima Em pálpebra demente.
E nem desfolhem na matéria impura A flor do vale que adormece ao vento:
Não quero que uma nota de alegria Se cale por meu triste passamento.
Eu deixo a vida como deixa o tédio Do deserto, o poento caminheiro, ... Como
as horas de um longo pesadelo Que se desfaz ao dobre de um sineiro;
Álvares de Azevedo

Versos íntimos
Vês! Ninguém assistiu ao formidável Enterro de tua última quimera. Somente
a Ingratidão - esta pantera - Foi tua companheira inseparável!
Acostuma-te à lama que te espera! O Homem, que, nesta terra miserável,
Mora, entre feras, sente inevitável Necessidade de também ser fera.
Toma um fósforo. Acende teu cigarro! O beijo, amigo, é a véspera do escarro, A
mão que afaga é a mesma que apedreja.
Se a alguém causa inda pena a tua chaga, Apedreja essa mão vil que te afaga,
Escarra nessa boca que te beija!
Augusto dos Anjos

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2. Estilos de época ou escolas literárias representam o posicionamento do artista em relação

à forma com que ele vê as coisas à sua volta. Partindo dessa premissa, teça um comentário

acerca desse fato usando suas reflexões a partir das análises de texto dessa unidade.

Bem terminada a atividade, você percebeu que ao longo do tempo, embora de maneira diferente, caracteri-

zando diferentes estilos literários, o homem acaba apresentando as mesmas preocupações, não é? Como viver me-

lhor? Por que estou sofrendo? Que tipo de vida é ideal para mim?

Podemos dizer, então, que se a História estuda o fato, a Literatura pretende mostrar como o homem sentiu este

fato e como reagiu diante da situação. Dessa forma, através do estudo das obras literárias podemos realmente “sentir”

como determinados fatos motivaram as diferentes maneiras de ser e de pensar a vida através dos tempos.

Resumo

Nesta unidade, estudamos o conceito de período literário e estilo de época.

Também vimos que cada época se reflete nas obras literárias, marcando o contexto social, político e histórico

de cada tempo.

Ainda, também pudemos analisar textos de diferentes épocas, para compreender como um mesmo tema

pode ser tratado de maneira diferente, segundo os ideais do homem em determinado momento.

Veja ainda

A evolução da sociedade pode ser compreendida através das produções literárias. Procure pesquisar mais so-

bre os fatos históricos que marcaram as modificações por que a produção literária passou. Pesquise em:

ƒƒ http://www.infoescola.com/literatura/historia-e-origem-da-literatura/

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ƒƒ http://www.coladaweb.com/literatura/literatura-brasileira

ƒƒ http://eli39.sites.uol.com.br/escolaeestilodeepoca.html

Referências

ƒƒ Moisés. Massaud. A literatura brasileira através dos textos.Ed. Cultrix. SP. 1994.

ƒƒ Nicola, José de. Literatura Brasileira- das origens aos nossos dias. Ed. Scipione. S. Paulo. 1989.

ƒƒ http://literarizando.wordpress.com/2011/10/03/barroco-links-analise-de-texto-e-material-para-download/

ƒƒ http://pessoal.educacional.com.br/up/4380001/1434835/t133.asp

ƒƒ http://www.colegioweb.com.br/literatura/motivos-classicos-da-poesia-arcade.html

ƒƒ http://www.algosobre.com.br/literatura/pos-modernismo-e-literatura-no-brasil.html

Imagens

  •  Acervo pessoal  •  Sami Souza

  •  http://www.sxc.hu/photo/801965  •  Alessandro Paiva

  •  http://pt.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:Anthonis_van_Dyck_004.jpg

  •  http://pt.wikipedia.org/wiki/Leonardo_da_Vinci

  •  http://pt.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:Meirelles-primeiramissa2.jpg

  •  http://pt.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:Luther46c.jpg
( )
  •  http://www.sxc.hu/photo/517386  •  David Hartman.
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Atividade 1

1.

a. “(...) a notícia do achamento desta Vossa terra nova (...)”

b. “E dali avistamos homens que andavam pela praia, uns sete ou oito, segundo

disseram os navios pequenos que chegaram primeiro.”

c. “Águas são muitas; infinitas. Em tal maneira, é graciosa que, querendo-a aprovei-

tar, dar-se-á nela tudo; por causa das águas que tem!”

d. “Contudo, o melhor fruto que dela se pode tirar parece-me que será salvar esta gente.”

2. A forma como se refere aos índios, como selvagens.

3. Como pessoas inferiores, ignorantes (não conheciam sequer a galinha) e medrosos;

portanto, passíveis de serem colonizados.

4. A linguagem usada pelo autor é de nosso tempo, bem como a presença de celular e da

poluição das águas.

5. O autor faz uma crítica à poluição das águas.

6. Percebe-se que desde 1500 ainda não conseguimos avançar e crescer verdadeiramente

como país, na perspectiva do autor desse texto que reconstrói a Carta de Caminha,

colocando-se nos dias atuais, com um novo enfoque (daí ser uma paródia.

Atividade 2

1. a. A linguagem é simples e clara. Os versos são curtos, com cinco sílabas poéticas, re-

dondilhas. Veja:

Cor / dei / ri / nha / lin /da,

Co / mo / fol / ga o / po / vo,

Por / que / vos / sa / vin / da

Lhe / dá / lu /me / no / vo.

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Respostas das Atividades
Nota: contamos as sílabas poéticas até a última sílaba tônica do verso, a que está

sublinhada e em itálico nos versos acima.

Ainda, as estrofes também são curtas, com apenas quatro versos, quartetos.

b. Sim. A linguagem clara e simples promove maior compreensão para aqueles que

ainda estão em fase de aprendizado.

Nota: é importante também notar que há, também, uma valorização da melodia na

composição dos versos. Esse tom melodioso possibilita melhor memorização do poema.

Leia o poema em voz alta para você perceber essa característica.

c. a. cordeirinha linda/ cordeirinha santa/ de Jesus querida

b. vossa santa vida/ o diabo espanta

2. a. Em todo o Sacramento está Deus todo / O braço de Jesus não seja parte, / Pois que

feito Jesus em partes todo,

b. as palavras são PARTE e TODO. O poeta quer mostrar que o Todo é percebido através

das partes e, vice-versa, que as partes compõem o Todo. Essa é uma figura de linguagem

conhecida como Metonímia, isto é, no poema, o autor usa BRAÇO para se referir a Jesus

como uma pessoa inteira, o todo.

c. O poema de Gregório de Matos é mais complexo: usa uma linguagem mais difícil e

rebuscada, com jogo de palavras; os versos são longos - 10 sílabas; e o poema é um soneto

- dois quartetos e dois tercetos.

3. a. Como um vaqueiro bem sucedido. Veja que o eu lírico diz que tem próprio casal (
sítio) e que guarda o seu próprio gado.

b. O eu lírico se apresenta à mulher amada enumerando os recursos materiais que pos-

sui: casa, roupas, alimentação, etc.

c. Ela é retratada como bela e estrela, motivo pelo qual é enaltecida.

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Atividade 3

1. Partindo do pressuposto de que o eu lírico romântico se vê como alguém pessimista,

como alguém que não alimenta nenhuma perspectiva diante das coisas mundanas, tal

posicionamento é fruto da indignidade que o poeta se vê diante das coisas mundanas.

Entretanto, tal sentimento, quando comparado ao poeta Augusto dos Anjos, simbolista,

por sua vez, vai além de uma simples frustração, cuja característica se define por uma

profunda busca do “eu”, só que levada às últimas consequências, chegando a ultrapas-

sar as camadas do inconsciente. Dessa forma, evidenciamos que a morte, para o primei-

ro, poema do Romantismo, é a salvação para o sofrimento da vida, enquanto que, para

o segundo, e a morte é uma maldição a que o homem está destinado e para quem a

vida é apenas matéria.

2. “Estilo” diz respeito ao aspecto individual de cada um se portar diante das várias cir-

cunstâncias que envolvem nosso cotidiano. No entanto, em se tratando de Literatura,

essa noção prevalece para toda uma época, visto que cada época definiu a história do

homem sob determinado contexto. Nesse sentido, de acordo com a forma com que os

representantes viam e sentiam tudo que ocorria, seja no âmbito econômico, social, polí-

tico, eles se posicionavam mediante a adoção de uma postura ideológica determinada.

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O que perguntam por aí!

(UFSM)

Numere a primeira coluna de acordo com a segunda:

(  ) Compensação de frustrações sentimentais na fuga da realidade através da imaginação.

(  ) Literatura de informação que resgata as origens da nacionalidade brasileira, refletindo um certo didatismo.

(  ) Reconhecimento da realidade através dos sentidos, revelando uma preocupação com aspectos religiosos.

(  ) Utilização de linguagem simbólica para a expressão da fugacidade das coisas, marcadas pelo paradoxo e

pela gradação.

(  ) Utilização de linguagem metafórica para expressar sentimentos individuais e de culto à nacionalidade.

(1) Romantismo

(2) Barroco

(3) Quinhentismo

A sequência correta é:

a. 3, 2, 2, 1, 1

b. 3, 1, 3, 1, 2

c. 1, 3, 2, 2, 1
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d. 1, 3, 2, 1, 2

( ) pr
e. 2, 1, 3, 1, 3

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Resposta: Letra C

Comentário: A partir do que estudamos sobre cada escola literária na segunda coluna, a alternativa “C” é a

resposta correta, uma vez que, retrata os postulados dos movimentos literários, na coluna 1, de forma específica.

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