Documenti di Didattica
Documenti di Professioni
Documenti di Cultura
Sutra Mahayana do
Mahaparinirvana
TOMO I – A Cena do Mahaparinirvana
Sutra Mahayana do
Mahaparinirvana
TOMO I – A Cena do Mahaparinirvana
kumuda, padma
ouro, e seus e pundarika.
cálices As pétalas
feitos de diamante. dessas
Havia nas flores eram de
flores muitas puro
abelhas
negras, que se juntavam ali, brincavam e se divertiam, emitindo uma
música maravilhosa. Aquela música falava da impermanência, da tris-
teza, da vacuidade e do não-Eu. Aquela música também falava sobre o
que o Bodhisattva srcinalmente faz (o trânsito do Buda neste mundo).
Danças, cânticos, e dança de máscaras se sucediam, tocadas por ins-
trumentos musicais tais como o “cheng”, flauta, harpa, “hsiao” e o
O cozimento dos alimentos em água das oito virtudes teve como com-
bustível as madeiras de sândalo e aloés. Os pratos eram delicados,
belos e em seis sabores: amargo, azedo, doce, picante, salgado e ads-
tringente. Suas virtudes eram três: 1) leves e suaves, 2) puros, e 3) a
verdadeira culinária. Equipados com tais utensílios, eles correram para
a terra dos Mallas (região no norte da Índia), ruma à floresta de árvores
Sala (Sal, Shorea robusta, uma espécie de árvore da Ásia). Lá, eles for-
raram todo o chão com areia e cobriram-no com tecidos de kalinga,
kambala e seda. Essa cobertura estendia-se por um espaço de 12 yoja-
nas [1 yojana = 15-20 km]. Para o Buda e a Sangha, eles eregiram Tro-
nos de Leão (Simhasana) incrustados com os sete tesouros. Os tronos
eram tão altos e largos quanto o monte Sumeru. Acima desses tronos
estavam içados pálios finamente decorados. Grinaldas de todos os
tipos pendiam-lhes, e de todas as árvores Sala também pendiam mara-
vilhosos estandartes e dosséis. Maravilhosas essências foram arpergi-
das entre as árvores e várias flores maravilhosas colocadas ali. Todos os
Monges então disseram uns aos outros: “Oh, todos os seres! Se sent i-
rem necessidade, comidas, roupas, cabeças, olhos, membros e todas as
coisas vos esperam; tudo será vosso”. Enquanto faziam os oferecime n-
tos, a avareza, a ira, a corrupção e os venenos abandonaram as suas
mentes; nenhum outro desejo, nenhum pensamento de alguma graça
ou prazer lhes distraia. Seus pensamentos estavam voltados unicamen-
te para a insuperável e pura Mente Iluminada (Bodhi). Todos esses
Monges eram bem estabelecidos no estado de Bodhisattva. Eles tam-
bém disseram para eles mesmos: “O Tathagata agora aceitará nossas
comidas e entrará no Nirvana”.
“Todos os devas até o mais elevado dos céus estavam reunidos lá.
a- N
quela ocasião, o Grande Deus Brahma e outros devas emitiram uma luz
que resplandeceu sobre os quatro continentes. Para os humanos e
devas do mundo dos desejos, as luzes do sol e da lua ficaram obscure-
Capítulo 1: Introdução Página 23
cidas. Eles tinham emblemas finamente decorados, estandartes e dos-
séis de seda colorida. Mesmo o menor estandarte que pendia do palá-
cio do Brahma vinha até onde estavam as árvores sala. Eles vieram
para onde o Buda se encontrava, tocaram seus pés com suas cabeças, e
disseram-lhe: “Oh Honrado pelo Mundo! Rogamos, Oh Tathagata!
Tenha piedade e aceitenossos últimos oferecimentos.” O Tathagata,
ciente da ocasião, permaneceu em silêncio e não os aceitou. Diante
disto, os devas, com seus desejos não atendidos, ficaram tristes. Eles
recuaram e postaram-se a um lado.
Agora, no leste, havia uma terra Búdica, distante tantas terras quanto
às areias de incontáveis, inumeráveis asamkhyas de Rios Ganges, cha-
mada Tranqüila-em-Pensamento-e-Linda-no-Som, e cujo Buda é cha-
mado Igual ao Vazio, Tathagata, Merecedor de Ofertas, de Conheci-
mento Correto e Universal, de Lucidez e Conduta Perfeitas, um Bem-
Aventurado que Compreende o Mundo, um Mestre Insuperável, um
Sutra Mahayana do Mahaparinirvana Página 26
Herói Justo e Destemido, um Buda, um Honrado pelo Mundo. Naquela
ocasião o Buda falou aos seus principais grandes discípulos: “Vá agora
ao mundo no oeste, chamado Saha. Há um Buda naquele mundo cha-
mado Tathagata Shakyamuni, que é Merecedor de Ofertas, de Conhe-
cimento Correto e Universal, de Lucidez e Conduta Perfeitas, um Bem-
Aventurado que Compreende o Mundo, um Mestre Insuperável, um
Herói Justo e Destemido, um Buda, um Honrado pelo Mundo. Logo ele
entrará no Parinirvana. Bons homens! Levem consigo as comidas fra-
grantes deste mundo, as mais fragrantes e belas, que trazem a paz.
Ofereçam-nas a ele. Tendo feito isto, ele entrará no Parinirvana. Bons
homens! Além disso, curvem-se diante do Buda, façam-lhe perguntas,
e dirimam quaisquer dúvidas que vocês tenham.”
A luz que foi emitida da face do Tathagata era composta de cinco co-
res, e resplandeceu sobre toda a grande congregação, tal que obliterou
a luz que vinha do corpo (da assembléia). Tendo feito isto, ela retornou
para o Buda, penetrando-lhe através da sua boca. Então, os seres ce-
lestiais e todos aqueles na assembléia, asuras e outros, ficaram muito
receosos quando viram a luz do Buda penetrar-lhe através da sua boca.
Seus cabelos arrepiaram. Disseram: “A luz do Tathagata surgiu, voltou e
entrou nele. Isto não é sem razão. Isto indica que o Buda fez o que ele
pretendia fazer nas dez direções e, agora, entraráno Nirvana como
seu último ato. Este deve ser o que ele tenta sinalizar para nós. O mun-
do está aflito, o mundo está aflito! Por que é que o Honrado pelo
Mundo abandonou as quatro intenções ilimitadas e não aceitou os
ofereciementos tanto de humanos como de seres celestiais? Agora a
luz da Sabedoria está indo embora para sempre. Agora, o insuperável
navio do Dharma está naufragando. Ah, que dor! O mundo está aflito!”
Eles levantaram suas mãos, bateram em seus peitos, e tristemente
choraram e gritaram. Seus membros tremiam, e eles não sabiam como
se suportarem. O sangue jorrava de seus corpos e corria sobre o chão.”
Oferecimentos de Alimentos
Nisto, Cunda disse ao Buda: “Você diz que não há diferença entre os
frutos daqueles oferecimentos. Mas, isto não é assim. Por que não?
Porque na primeira instância de recebimento de dana [a doação por
caridade], ainda não se acabou com a ilusão e ele ainda não atingiu o
pleno
frutemconhecimento. E eleQuanto
do danaparamita. ainda não pode
a esta fazer com
segunda que os
e última seres des-
instância do
recebimento, a ilusão já se acabou e ele atingiu o pleno conhecimento,
podendo levar todos os seres a serem abençoados igualmente com o
danaparamita. Aquele que recebe os oferecimentos em primeira ins-
tância ainda é um ser comum, mas o último (em segunda instância) é
um ser celestial. Alguém que receba dana em primeira instância é a-
quele com: 1) um corpo alimentado por vários tipos de comida, 2) um
Então, ouvindo que o Buda, Honrado pelo Mundo, para o benefício das
pessoas congregadas lá, aceitaria os últimos oferecimentos de Cunda,
eles sentiram-se radiantes e cheios de satisfação, e disseram em lou-
vor: “Quão maravilhoso, quão maravilhoso! Isto é raro,h Cunda!
o Você
agora tem um nome; seu nome não servia para nada. Cunda significa
‘compreensão dos maravilhosos significados’! Agora você estabeleceu
tão grande significado. Você revelou que é verdadeiro, você está em
concordância com o significado, e ganhou seu nome. Este é o porquê
de você ser Cunda. Você, agora, nesta vida, ganhará um grande nome,
benefícios, virtudes e votos. É raro, oh Cunda, nascer como um huma-
no e alcançar o insuperável benefício que é o mais difícil de encontrar.
Em razão disto, Cunda ficou cheio de alegria! Ele ficou como no caso de
um humano cujos pais haviam falecido de repente, e que subitamente
retornam. Assim é como Cunda se sentia. Ele levantou-se novamente,
curvou-se diante do Buda, e disse em versos:
A Erva Daninha
mais difícil
É como no ainda é encontrar
caso de o Buda
uma tartaruga quando
cega que, ele aparece no mundo.
em meio ao oceano, consiga acertar o furo de um tronco de madeira
flutuante.
Eu agora ofereço comida e rogo que alcançarei a insuperável recom-
pensa,
que destruirei as amarras da ilusão,
e que ela (a ilusão) não será mais forte.
Isto
que pode ser bem
permanece comparado
não molestadoao Monte
em meio Sumeru,
ao grande oceano.
A Sabedoria do Buda desfaz completamente o desalento dos humanos.
O Buda disse a Cunda: “É assim, é assim! É tudo como você diz. É raro
que o Buda apareça no mundo. É como no caso da Udumbara. É tam-
bém difícil encontrar-se com o Buda e adquirir fé. Estar presente no
momento da entrada do Buda no Nirvana, para oferecer-lhe comida e,
assim, realizar o danaparamita é ainda mais difícil. Oh Cunda! Não fi-
que triste agora. Seja grato por ter feito os oferecimentos finais ao
Tathagata agora, e por ter realizado bem o danaparamita. Não indague
o Buda sobre permanecer mais tempo em vida. Você agora deve medi-
tar sobre o mundo de todos os Budas. Tudo é não-eterno (imperma-
nente). O mesmo ocorre com todas as coisas criadas, suas naturezas e
características.”
Tudo é vazio.
Aquilo que é destrutível vem e vai;
Apreensões e doenças se sucedem
(uma segue os passos da outra).
O temor de todos os erros e más ações,
velhice, doença, morte e o declínio causam preocupações.
Todas as coisas não existem para sempre,
e elas facilmente acabam.
Os ressentimentos as atacam;
todos (os ressentimentos) estão cheios de ilusão,
como no caso do bicho-da-seda e do casulo.
Então, Cunda disse ao Buda: “Oh Honrado pelo Mundo! É assim, és- a
sim. É tudo como você, o Sagrado, diz. A sabedoria que possuo é des-
prezível e de baixo grau. Sou como um mosquito ou mosca. Como pos-
so contemplar as profundezas do Nirvana do Tathagata? Oh Honrado
pelo Mundo! Agora sou como qualquer naga ou elefante de um Bodhi-
sattva Mahasattva que cortou os vínculos da ilusão. Sou como o Dhar-
marajaputra Manjushri. Oh Honrado pelo Mundo! É como alguém que
entra para a Ordem (dos Monges) ainda muito jovem. Embora mante-
nha os preceitos, aquela pessoa ainda é apenas da classe ordinária de
Monges. Eu, também, sou como aquela pessoa. Devido ao poder do
Buda e dos Bodhisattvas, sou agora um dos numerosos séquitos de tais
grandes Bodhisattvas. Este é o porquê de ter implorado ao Tathagata
para permanecer por mais longo tempo em vida e não entrar no Nirva-
na. Isto é semelhante a um homem faminto e ferido que nada mais
tem para expelir. Eu somente rogo que esse será o caso com o Honra-
do pelo Mundo, e que ele permanecerá por mais longo tempo em vida
e não entrará no Nirvana.
Cunda disse: “Oh Manjushri! Porque é que você cuida tão avidamente
da comida e me faz dar mais ou menos, cheio ou não cheio, em respos-
ta às exigências da ocasião? Oh Manjushri! No passado, o Tathagata
Sutra Mahayana do Mahaparinirvana Página 46
praticou penitências por seis anos e se sustentou. Por que ele não o
faria agora quando se trata apenas de questão de um momento. Oh
Manjushri! Você disse que o Tathagata, o Perfeitamente Iluminado,
verdadeiramente pretende aceitar essa refeição? Mas eu definitiva-
mente sei que o Tathagata é o Corpo de Dharma e que ele não é o
corpo carnal que participa da comida.”
“Oh Manjushri! O garuda voa incontáveis yojanas no céu. Ele olha para
baixo no grande oceano e vê coisas da água tais como peixes, tartaru-
gas marinhas, tartarugas migrantes, crocodilos, tartarugas comuns,
nagas2, e também sua própria sombra refletida na água. Ele vê todas
essas coisas da mesma forma como se vê todas as formas visíveis num
espelho. A mesquinha sabedoria dos mortais comuns não pode sequer
ponderar bem o que chega aos seus olhos. O mesmo é o caso comigo e
você também. Não podemos ponderar a Sabedoria do Tathagata.”
Manjushri disse a Cunda: “É assim, é assim, é assim como você diz. Não
é que eu não veja isto. Eu apenas quis testar suas relações no que diz
respeito ao mundo de um Bodhisattva.”
Então, o Honrado pelo Mundo emitiu da sua boca uma luz de várias
cores. A luz resplandeceu brilhantemente sobre o corpo de Manjushri.
Iluminado por esta luz, Manjushri interpenetrou-a. Então, ele disse a
Cunda: “O Tathagata mostra agora esta cena maravilhosa. Ele logo
entrará no Nirvana. Os últimos oferecimentos que você carregou há
algum tempo atrás serão primeiro oferecidos ao Buda e, então, dados
a todos aqueles que estão congregados aqui. Oh Cunda! Sabe que não
Então, o Buda disse a Cunda: “Não chore e não abale a sua mente.
Pense que este corpo é como uma planta, uma miragem no deserto,
uma espuma aquosa, um fantasma, um corpo transformado, o castelo
de um gandharva, um tijolo cru, um lampejo, uma pintura desenhada
sobre a água, um prisioneiro diante da morte, uma fruta madura, um
pedaço de carne, uma malha num tear que está prestes a terminar, e a
ascensão e queda de um morteiro. Você deveria pensar que todas as
coisas criadas são como comida venenosa e que qualquer coisa com-
posta é inerentemente dotada de todas as aflições.”
O Buda disse aCunda: “Não diga coisas tais como ‘ame -nos e perma-
neça por mais longo tempo em vida’. Por piedade a todos vocêso-e t
dos os seres, hoje entrarei no Nirvana. Por quê? Porque esta é a verda-
de de todos os Budas. Isto é assim com tudo aquilo que é criado. Este é
o porquê de todos os Budas dizerem em versos:
Oh Cunda! Medite agora sobre tudo que é feito, que é composto. Pen-
se que todas as coisas são não-Eu e não-eternas, e que nada perdura.
Este corpo carnal possui inumeráveis erros. Tudo é como espuma a-
quosa. Sendo assim, não chore.”
O Buda elogiou Cunda e disse: “Falaste bem, falaste bem! Você bem
sabe que o Tathagata, seguindo a via de todos os seres, entra no Nirva-
na por uma questão de expediente. Ouça-me bem! É como no caso no
qual todos os pássaros sarasa [uma espécie de ganso de tamanho mé-
dio encontrado no norte da Europa e Ásia] se reúnem no Lago Anava-
tapta [Manasarwar] nos meses da primavera. O mesmo é o caso com
todos os Budas. Todos se reúnem aqui. Oh Cunda! Pense, nem muito e
nem pouco, a respeito da vida de todos os Budas. Todas as coisas são
como fantasmas. O Tathagata vive em meio a elas. O que ele tem é
expediente;
de todos os ele não Oh
Budas. se apega.
Cunda!Por
Eu que não?
agora Isto é assim
receberei o quecom
vocêo oferece.
Dharma
Isto é para permitir-lhe atravessar o rio do nascimento e da morte.
(Seres) humanos ou celestiais que façam oferecimentos [ao Buda] pela
última vez, todos ganham uma inabalável recompensa e serão abenço-
ados com felicidade. Por quê? Porque eu sou o melhor campo de pros-
peridade para todos os seres. Se você deseja tornar-se um campo de
Capítulo
Sobre
3– a Aflição Página 53
Indigentes e sem ninguém para nos salvar estamos.
Sentimo-nos como alguém arrasado pela doença que, sem um médico,
tem que socorrer a si próprio e alimentar-se de comida não apropriada
para a doença.
“Oh Honrado pelo Mundo! oPr exemplo, um rei cria muitos filhos. Eles
parecem corretos e justos, ele os ama e os têm sempre em seu cora-
ção. Primeiro ele ensina-lhes arte, os quais se tornam mestres. Então,
ele os coloca nas mãos de candalasCandala
( é uma classe de pessoas
na Índia geralmente consideradas como sem castas). O mesmo é o
caso aqui, oh Honrado pelo Mundo! Hoje nos tornamos os filhos do Rei
do Dharma. Fomos ensinados e perseveraremos na visão correta. Im-
ploramos que não nos abandone. Se nos abandonar, seremos como os
filhos do rei. Por favor, permaneça por mais longo tempo e não entre
no Nirvana. Oh Honrado pelo Mundo! Por exemplo, o mesmo é o caso
com alguém versado em todas as fases do aprendizado. No caso do
Tathagata, ainda que ele seja versado em todas as fases do Dharma, o
medo ainda surge em todos os fenômenos (que são como seus filhos).
Se o Tathagata permanece longo tempo no mundo, concedendo-nos o
maná do Dharma e satisfazendo-nos, não teremos medo de cair no
inferno.
Então, todos os devas e asuras, tendo ouvido o que o Buda disse, para-
ram de chorar como alguém que perdeu um filho e, após o serviço
funeral, suprimiram seu pesar e não mais choraram.
em observância
rhatship. e perseverar
Isto é como nas injunções
tentar encontrar proibitivas
ouro na e atingir
areia. É como no ocaso
A-
da udumbara. Oh Monges! É difícil nascer como um humano a partir
do auto-isolamento das oito situações inoportunas [vícios que barram
o caminho para encontrar o Buda e ouvir seus ensinamentos].
Capítulo
Sobre
3– a Aflição Página 57
insuperáveis. Para o vosso benefício, inumeráveis kalpas atrás, oferecí
meu corpo, mãos, pés, cabeça, olhos, tutano, e cérebro. Em vista disso,
não se sujeitem à indolência. Oh Monges! Como podemos adornar o
Castelo de Tesouros do Dharma Maravilhoso? Adornando a nós mes-
mos com várias virtudes e jóias raras, e sendo protegidos pelos baluar-
tes e fossos dos preceitos [shila], meditação [dhyana] e Sabedoria
[prajna]. Agora, vocês se encontraram com este castelo dos ensina-
mentos Budistas. Não o tomem por falso. Por exemplo, um mercador
pode deparar com um castelo de tesouros verdadeiros e, mesmo as-
sim, recolher entulhos como telhas e cascalhos, e voltar para casa. O
mesmo se dá com vocês. Depararam-se com um castelo de tesouros, e
ainda o tomam como sendo falso. Oh todos vocês Monges! Não se
satisfaçam com idéias subalternas. Vocês são ordenados agora, mas
não amam o Mahayana que é superior. Oh vocês Monges! Vocês ves-
tem em seus corpos a kasaya (robes de Monges Budistas) e robes tin-
gidos de um sacerdote, mas vosso pensamento ainda não está tingido
pelo puro Dharma do Mahayana. Oh vocês Monges! Vocês vão a mui-
tos lugares e imploram por oferecimentos, mas não procuram pelos
alimentos do Dharma do Mahayana. Oh Monges! Vocês cortam seus
cabelos, mas não cortam as amarras da ilusão. Oh vocês Monges! Eu
agora ensino-lhes verdadeiramente. Agora eu vejo que tudo está em
harmonia e a natureza do Dharma do Tathagata é verdadeira e inaba-
lável. Assim, esforcem-se, todos vocês! Levantem-se, sejam bravos e
desatem todos os laços da ilusão! Se o sol da Sabedoria dos dez pode-
res se por, a escuridão reinará sobre vocês. Oh vocês Monges! É como
quando a grande terra, todas as montanhas e ervas medicinais tornam-
se úteis para os seres. O mesmo é o caso com o Dharma do qual eu
falo. Ele proclama maravilhosamente o alimento bom e doce do Dhar-
ma e provê a melhor cura para as doenças da ilusão dos seres. Agora,
farei todos os seres meus discípulos e as quatro classes da Sangha Bu-
dista residirem nos secretos ensinamentos do Dharma. Eu, também,
resido nisto e entrarei no Nirvana.”
“Oh Honrado pelo Mundo! Você nos explicou muito bem o Eterno, o
Sofrimento, o Vazio, e o não-Eu. Assim como todos os seres deixam
pegadas e as melhores de todas as pegadas são aquelas do elefante,
assim é com este pensamento do não-Eterno: ele abrange todos os
pensamentos. Alguém que empreenda esforços e boas práticas, erradi-
ca o apego
padhatu e a cobiça
(mundo dos mundos
do espírito), rupadhatu a(mundo
a ignorância, da forma)
arrogância, e aru-
e o pensa-
mento sobre o não-Eterno do kamadhatu (mundo dos desejos). Oh
Honrado pelo Mundo! Se o Tathagata estivesse livre do pensamento
sobre o não-Eterno, ele não entraria no Nirvana agora. Se não, como se
pode dizer: ‘Se praticamos a meditação sobre o não -Eterno, erradica-
mos de nós mesmos o amor (desejo), a ignorância, a arrogância, e a
impermanência do mundo trípli ce?’ Oh Honrado pelo Mundo! Assim
Capítulo
Sobre
3– a Aflição Página 59
como o agricultor, no outono, ara profundamente a terra e assim re-
move todas as ervas daninhas, assim é com esse pensamento do não-
Eterno. Ele rigorosamente nos liberta do apego e da cobiça, do amor às
coisas do mundo da forma, do mundo do espírito, da ignorância, da
arrogância, e dos pensamentos sobre a impermanência (não-Eterno)
do mundo dos desejos. Oh Honrado pelo Mundo! De todos as lavras
dos campos, aquela que é feita no outono é a melhor. De todas as pe-
gadas, aquelas dos elefantes são as melhores. E de todos os pensamen-
tos, aquele sobre o não-Eterno é o melhor. Oh Honrado pelo Mundo!
Analogamente, quando um imperador está para falecer, a anistia é
concedida a todos os prisioneiros. Então, ele falece. O mesmo se dá
agora com o Tathagata. Por favor, liberte todos os seres das amarras
das ilusões, da ignorância e da obscuridade; dê-lhes a emancipação e,
então, entre no Nirvana. Não estamos emancipados ainda. Sendo as-
sim, o Tathagata nos abandonaria e entraria no Nirvana? Oh Honrado
pelo Mundo! Poderíamos ser capturados por um demônio. Mas, como
viemos através de um bom encantador, por força do encantamento,
podemos ganhar a nossa libertação. O mesmo é o caso com o Tathaga-
ta. Para o benefício de todos os Sravakas, ele expulsa o demônio da
ignorância, e permite-lhes residir pacificamente, como no caso da letra
‘i’, em Leis como a Grande Sabedoria, a emancipação e outras Leis. Oh
Honrado pelo Mundo! Por exemplo, as pessoas podem laçar um gan-
dhahastin (elefante almiscarado, perfumado com almíscar), mas mes-
mo um bom treinador não pode mantê-lo sob controle. De repente, ele
se desprende da corda e da rede, e foge como bem entender. O mes-
mo é o caso aqui. Ainda não estamos livres das 57 ilusões. Por que o
Honrado pelo Mundo deseja abandonar-nos e entrar no Nirvana? Oh
Honrado pelo Mundo! Uma pessoa sofrendo de malária obtém uma
cura para sua enfermidade ao encontrar um bom médico. Conosco é
assim. Há muitas enfermidades e tristezas, os caminhos doentios da
vida, febres, etc. Encontramos com o Tathagata, mas as doenças não se
foram, e dessa forma não obtivemos a paz e bem-aventurança celesti-
ais. Como o Tathagata pode desejar abandonar-nos e entrar no Nirva-
na? Uma pessoa intoxicada não sabe quem está próximo ou não, se
sua mãe ou irmã, se perde na rudeza e na luxúria, perde a faculdade da
Sutra Mahayana do Mahaparinirvana Página 60
fala e dorme em lugares degradados. Pode acontecer de ela encontrar
um bom médico, que lhe dê um remédio. Após tomá-lo, ela vomita e
recupera a sua saúde; recobra a consciência e o arrependimento se
abate sobre ela. Ela se autocensura muito mais e passa a reputar a
bebida como a raiz de todos os atos vis. Se ela pudesse livrar-se da
bebida, seus maus atos cessariam. O mesmo se passa aqui. Oh Honra-
do pelo Mundo! Há longo tempo estamos reciclando entre o nascimen-
to e a morte. Estamos perdidos nos prazeres sensuais e vorazmente
atados aos cinco desejos. Aquela que não é mãe tomamos como mãe,
aquela que não é irmã tomamos como irmã, a que não é fêmea toma-
mos como fêmea, e os não-seres como sendo seres. Em razão disto, a
transmigração continua e sofremos a partir do nascimento e da morte.
É como no caso do intoxicado deitado na sarjeta. Oh Tathagata! Por
favor, dê-nos o remédio do Dharma, e faça-nos vomitar a bebida vil das
ilusões. Nós ainda não despertamos. Por que, oh Tathagata, você pre-
tende abandonar-nos e entrar no Nirvana?
“Oh Honrado pelo Mundo! Pode haver um homem, por exemplo, que
elogie a árvore e diga que ela é constituída de madeira dura. Mas isto
não é bem assim. O mesmo se dá com os seres. Oh Honrado pelo
Mundo! Podemos elogiar e dizer que as pessoas, os seres, a vida, a
caridade, o intelecto, o executor e o receptor são todos verdadeiros.
Mas isto não pode ser. Dessa forma, praticamos o não-eu. Oh Honrado
pelo Mundo! É como no caso da água na qual o arroz foi lavado ou o
caso dos excrementos, os quais não servem para mais nada. O mesmo
ocorre com o corpo também. Ele não tem o Eu ou o Mestre. Por exem-
plo, oh Honrado pelo Mundo! A saptaparna [alstonia scholaris, planta
de “sete folhas”] não opssui fragrância. É assim com este corpo carnal.
Ele não tem o Eu ou o Mestre. Dessa forma, meditamos sobre o altru-
ísmo. Você, o Buda, diz: ‘Todas as coisas são destituídas do Eu e nada
pertence a si. Oh vocês Monges! Aprendam e pratiquem [isto]!’ Uma
vez que isto seja praticado, a vaidade desaparece. (Quando) a vaidade
se vai, entra-se no Nirvana. Oh Honrado pelo Mundo! Não existem
caminhos dos pássaros no céu. Tal coisa nunca poderia haver. Ao prati-
Capítulo
Sobre
3– a Aflição Página 61
car a meditação sobre o altruísmo não podemos ter várias visões da
vida. Isto não é possível.”
vira
ternodecomo
cabeça para baixo e passa
Impermanente, a entender
a Pureza o Eu como
como Impureza, e não-Eu, o E-
a Felicidade
como Sofrimento. (Com a mente) sobrecarregada pelas ilusões, esses
pensamentos surgem. Embora esses pensamentos surjam, o significa-
do não é compreendido. Isto é como no caso da pessoa embriagada
que vê o que não se move como se estivesse se movendo. O ‘Eu’ sign i-
fica o Buda; ‘Eterno’ significa o Dharmakaya; ‘Felicidade’ significar- Ni
vana, e ‘Puro’ significa Dharma. Monges, por é que se diz que aquele
A Parábola da Água-Marinha
Sei que tudo aquilo que vocês aprenderam até agora sobre não-eterno
e sofrimento não é verdadeiro. Na primavera, por exemplo, as pessoas
vão banhar-se num grande lago. Elas estão se divertindo, velejando
Após aquilo, o próprio Rei caiu doente, e o Doutor foi chamado. O Rei
disse: ‘Estou doente agora. O que faço para ser curado’? O Doutorn-pe
sou acerca da doença do Rei e viu que naquele caso o remédio do leite
seria bom. Então ele disse ao Rei: ‘A doença da qual você está sofrendo
agora pode muito bem ser curada com leite. O que eu disse antes so-
bre a medicina do leite não era verdade. Se você tomá-lo agora, você
estará curado. Neste momento, você está sofrendo de uma febre. Por-
tanto, é correto que você tome leite’. Então, o Rei disse ao Doutor:
‘Você está louco? Isso é uma febre? E você diz que se eu tomar leite ele
me curará? Antes, você disse que (o leite) era um veneno. Agora você
diz-me para tomá-lo. Como pode ser isto? Quer me enganar? Aquilo
que o médico anterior disse estava correto, e você o desprezou e disse
que era veneno, e fez-me expulsá-lo. Agora você diz que (aquele remé-
dio) cura bem as doenças. Pelo que você me diz, o antigo médico deve-
ria exceder-lhe’.
Então o ilustre Doutor disse ao Rei: ‘Oh Rei! Não diga isto, por favor.
Um verme corrói a madeira e o resultado [tem a forma de] é uma ins-
crição. Este verme nada sabe sobre escritas. Uma pessoa sábia vê isto.
Mas, não diz que este verme conhece escritas. E, assim, não é tomado
de surpresa. O grande Rei! Saiba, por favor: Assim foi também com o
médico anterior. Para todas as doenças ele dava um remédio feito de
leite. Isto é como no caso do verme que corrói a madeira e, como re-
sultado, emerge algo na forma de uma inscrição. O médico anterior
Capítulo
Sobre
3– a Aflição Página 67
não sabia como distinguir entre os aspectos do agradável e do desa-
gradável, o bom e o mau’.
Então o Rei esperou para dizer: ‘O que quer dizer com ele não sabia?’
O Eu Búdico
Que Eu é este? Qualquer fenômeno [dharma] que é verdadeiro [satya],
real [tattva], eterno [nitya], soberano / autônomo / autogovernado
[aisvarya], e cuja base / fundamentação é imutável [asraya-
aviparinama], é denominado ‘Eu’ [atman]. Isto é como no caso do
grande Doutor que compreendia bem a medicina do leite. O mesmo é
o caso com o Tathagata. Para o benefício de todos os seres ele dizs-‘exi
Capítulo
Sobre
3– a Aflição Página 69
te o Eu em todas as coisas’. Oh vocês das quatro classes (Monges,
Monjas, Leigos e Leigas)! Aprendam o Dharma assim!”
não pode
de sua ser encontrado.
viagem, A pessoa
olha ao redor, mas que
não lhe
podeconfiou o tesouro
encontrar retorna
o homem. O
mesmo ocorre conosco, sendo ignorantes, não podemos pensar e
ponderar sobre o bem e mal de confiar uma coisa às mãos de uma
outra pessoa. Assim, quando voltamos, não sabemos onde procurar.
Dessa forma o tesouro se perde. Oh Honrado pelo Mundo! O mesmo
se passa conosco, os Sravakas. Ouvimos todo o tipo de exortação do
Tathagata, mas não podemos mantê-la por muito tempo. É como no
Capítulo
Sobre
4– Longa Vida Página 71
caso do velho homem a quem foi confiado o tesouro. Somos ignoran-
tes agora e não sabemos o que indagar acerca dos preceitos.”
Capítulo
Sobre
4– Longa Vida Página 77
O Segredo da Longa Vida
O Buda disse a Kashyapa: “Não fale assim! Este menino era nada mais
que uma transformação, não uma verdade. Ele era assim apenas para
reprimir a quebra dos preceitos e a transgressão do Buda-Dharma, e
para aperfeiçoar os seres. Mesmo o vajra e também Guhyapada eram
existências transformadas (tranformações). Oh Kashyapa! Há no mun-
do aqueles que caluniam o Dharma Maravilhoso, icchantikas (pessoas
de descrença incorrigível), aqueles que fazem mal aos outros, que per-
sistem em visões distorcidas, que agem propositadamente contrários
aos preceitos morais. Eu tenho piedade de todos e um sentimento de
compaixão, assim como em consideração a um filho único, como é no
caso de Rahula. Oh bom homem! Para ilustrar: quando os oficiais da
corte real violam as leis do estado, o rei os pune de acordo com as
regras relacionadas aos crimes cometidos e não os deixa sem punição.
O Tathagata não age assim. Ele faz com que aqueles que violam os
Capítulo
Sobre
4– Longa Vida Página 79
preceitos sejam submetidos a situações de serem banidos, repreendi-
dos, colocados sob vigilância, acusados ou banidos pela não-confissão
dos pecados cometidos, pelo não-arrependimento, e pelo não-
abandono das visões distorcidas. A razão pela qual, oh bom homem, o
Tathagata impõe preceitos morais proibitivos àqueles que caluniam o
Dharma vem do fato de que ele deseja mostrar aos trangressores que
conseqüências cármicas advirão daquilo que eles fizeram. Oh bom
homem! Saiba que o Tathagata deseja ensinar aos seres maus que eles
não necessitam ter medo. Ele emite um, dois, ou cinco sinais, tal que
aqueles que encontram esta luz se libertarão de todas as más ações.
Agora, o Tathagata possui incontáveis meios para exercer tal poder. Oh
bom homem! Se você deseja ver o Dharma que não pode ser visto, Eu
agora explicarei a você tudo acerca daquilo que você pode ver.
O Verdadeiro Discípulo
ataque, arrepende-se,
rei daquele país vizinhotenta fazerincalculável.
torna-se o bem e, dessa forma,
O mesmo se apassa
fortuna
comdoo
Monge observador dos preceitos. Se ele se afasta ou repreende aque-
les que agem contra o Dharma, e faz com que eles façam o bem, uma
riqueza incalculável tornar-se-á sua. Oh bom homem! Como uma ilus-
tração: nos campos e ao redor da casa onde mora um homem rico,
crescem muitas plantas daninhas e venenosas. Vendo isto, ele as ceifa,
não deixando qualquer uma delas. Ou quando cabelos brancos apare-
professor e diz-lhe:
comportamento, ‘Porescrita
artes, favor, eensine aosEstes
cálculo. meus filhos
meus conduta,
quatro filhosbom
estu-
darão sob seus cuidados. Mesmo que três desses meus filhos morram
sob o rigor dos ensinamentos, ensine o último através de quaisquer
meios que você pense ser adequado. Eu posso perder os três, mas não
me envergonharei.’ Oh Kashyapa! O pai e o professor são responsáveis
pelas mortes?”
Capítulo
Sobre
4– Longa Vida Página 81
“Não, Honrado pelo Mundo! Por que não? Por que um sentimento de
amor era a base [das suas ações]. O que existe é um desejo de realiza-
ção, mas não um mau pensamento. Tais ensinamentos serão bem
ministrados, e sua extensão será ilimitada.”
Paramartha-satya
O Bodhisattva
Mundo! Como Kashyapa disse novamente
você, o Tathagata, obteve a ao
vidaBud
a: “Oh Honrado pelo
eterna?”
Capítulo
Sobre
4– Longa Vida Página 83
terra e dos céus correm para o oceano da vida do Tathagata. Sendo
assim, a longevidade da vida do Tathagata é incalculável. Além disso,
ainda ocorre o seguinte, oh Kashyapa! Como uma ilustração: é como o
caso do Lago Anavatapta, que abarca (as águas de) quatro rios. O
mesmo se passa com o Tathagata. Ele abarca todas as vidas. Oh Kash-
yapa! Como um exemplo: dentre todas as coisas eternas, a (eternida-
de) do espaço é suprema. O mesmo é o caso com o Tathagata. Ele é
supremo dentre todas as coisas eternas. Oh Kashyapa! Isto é como no
caso do sarpirmanda [o mais delicioso e eficaz remédio], o primeiro
dentre todos os remédios. O mesmo é o caso com o Tathagata. Ele é
dotado da mais longa vida.”
O Buda disse a Kashyapa: “Oh bom homem! Não fale assimque – ex-
tinção é ‘Dharmata’. Ora, o ‘Dharmata’ compreende a não extinção. Oh
bom homem! Isto é como com o céu do Não-Pensamento [o quarto
Capítulo
Sobre
4– Longa Vida Página 87
céu dhyana do rupadhatu– Reino da Forma], onde não há pensamento
de matéria, embora a matéria esteja perfeitamente dotada. Pode-se
perguntar: ‘Como, então, os devas (espíritos intimamente ligados e
integrados à natureza, ou seja, aos cinco elementos) podem viver lá,
satisfazer-se e divertir-se, ter paz, e como eles pensam, vêem e inda-
gam?’ Oh bom homem! O mundo do Tathagata não é aquele quea-Sr
vakas e Pratyekabudas podem compreender. Não explique assim (co-
mo o fez) e diga que o corpo do Tathagata é extinção. Oh bom homem!
O Tathagata e extinção são assuntos para o mundo dos Budas. Não
está ao alcance do conhecimento de Sravakas e Pratyekabudas. Oh
bom homem! Não envide tais pensamentos como sobre onde o Tatha-
gata vive, onde ele trabalha, onde ele está para ser visto, onde ele se
diverte. Oh bom homem! Essas, também, são coisas que não se ajus-
tam ao alcance do vosso conhecimento. Todas as coisas relativas ao
Corpo-do-Dharma de todos os Budas, e todas as coisas relativas aos
vários (meios) expedientes estão além do alcance do conhecimento
mundano”.
si),
Istofalha
quer nos
dizerTrês
queRefúgios que
tal pessoa são puros.
carece de um Isto
lugarnós
paradeveríamos
se abrigar. saber.
(Se) o
preceito não for completamente compreendido; nenhum fruto poderá
advir de Sravakas ou Pratyekabudas. Qualquer um que persevere no
pensamento do Eterno neste Todo-Maravilhoso tem um lugar para se
refugiar. Oh bom homem! É como a sombra acompanhando uma árvo-
re. O mesmo é o caso com o Tathagata. Como existe o Eterno, existe
um refúgio que pode ser buscado. Não é não-eterno. Uma vez que se
“Oh Kashyapa! Não diga que existe uma árvore e que ela não tem
sombra. Isto é meramente porque os olhos carnais não podem vê-la. O
mesmo ocorre com o Tathagata. Sua natureza é eterna, é imutável.
Não podemos vê-la sem os olhos da Sabedoria. Isto é como no caso
onde nenhuma sombra da árvore aparece na escuridão. Os mortais
comuns, após a morte do Buda, poderão dizer: ‘O Tathagata é -não
eterno’. É o mesmo caso. Se dizemos que o Tathagata difere do Dha
r-
ma e da Sangha, não poderá haver os Três Refúgios. Isto é como no
caso em que, seus pais como são diferentes um do outro, existe o não-
eterno.”
O Bodhisattva Kashyapa disse novamente ao Buda: “Oh Honrado pelo
Mundo! Daqui por diante, eu, pela primeira vez, com a Eternidade do
Buda, do Dharma e da Sangha, iluminarei os pais por eras, até a sétima
geração. É realmente maravilhoso! Oh Honrado pelo Mundo! Eu agora
aprenderei o Todo-Maravilhoso do Tathagata, do Dharma e da Sangha.
Tendo me satisfeito, exporei isto amplamente para todos os outros. Se
eles não tiverem fé no ensinamento, saberei que eles têm praticado
extensivamente o não-Eterno. Para pessoas assim, serei como a geada
e o granizo.”
Capítulo
Sobre
4– Longa Vida Página 89
Capítulo Cinco: Sobre o Corpo Adamantino
“Então o Honrado pelo Mundo disse a Kashyapa: “Oh bom homem! O
corpo do Tathagata é aquele que é eterno, é aquele que é indestrutí-
vel, é aquele que é adamantino, e aquele que não é nutrido pelos vá-
rios tipos de alimentos. É o Corpo-do-
Dharma.”
Kashyapa disse ao Buda: “Oh Honrado pelo Mundo! Nós não vemos tal
corpo da forma como você fala. O que vemos é aquele que é não-
eterno, destrutível, de pó, e que é sustentado pelos vários tipos de
alimentos. Como? Em que você, o Tathagata, está agora prestes a en-
trar no Nirvana.”
que é feito,
surável; é o eTodo-Maravilhoso,
nem aquele que morre. Não ée pensamento;
é o Eterno, não éNão
o não presumível. men-é
consciência e está para além da mente. E, no entanto, ele não se sepa-
ra da mente. É um pensamento que é um-todo- igual. Não é um ‘é’; no
entanto, ele é o que ‘é’ é. Não existendo
i nem vindo; no entanto, vai e
vem. Não quebra. É indestrutível. Não se apega e não cessa. Ele não
surge, nem se extingue. Não é mestre e, no entanto, um mestre. Não é
algo que existe; nem não existe. Não acorda, nem vê. Não é letra, e não
CapítuloSobre
5– o Corpo Adamantino Página 91
é não-letra. Não é Dhyana e não é não-Dhyana. Não pode ser visto e
pode ser bem visto. Não é um lugar e, no entanto, é um lugar. Não é
uma morada e, no entanto, é uma morada. Não é escuro e nem brilha.
Não há quietude e, no entanto, há quietude. É não-posse, não-
recebimento, e não-doação. É puro e imaculado. Não é desavença e
jamais luta. É o que está vivo e não é o que está vivo. Não é conquista e
nem queda. Não é coisa e não é não-coisa. Não é campo de prosperi-
dade e não é um não-campo de prosperidade. É sem fim e não termi-
na. É distinção e é um todo. É vazio e é distinto do Vazio. Embora não
eterno, não é o caso em que ele morre momento após momento. Não
há corrupção e imundície. Não há letra e é distinto das letras. Não é voz
e nem fala. Não é prática e aprendizado. Não é elogio e nem opressão.
Não é uno e nem distinto. Não tem forma ou características. Tudo é
um grandioso adorno. Não é corajoso e nem medroso. Não é quietude
e não é quieto. É caloroso e não é quente. Não pode ser visto; não há
forma para representá-lo. O Tathagata socorre todos os seres. Embora
não emancipáveis, ele, de fato, ainda emancipa os seres. Não havendo
emancipação, o que existe é o despertar dos seres. Não havendo ilu-
minação, ele realmente oferece sermões. Não havendo dualidade, ele
é imensurável e é incomparavelmente igual. Sendo tão plano quanto o
espaço, não há forma para representá-lo. Sendo igual à natureza de
todos os seres, ele não é o ‘não
-é’, nem é o ‘é’. Ele sempre pratica o
Veículo Único. Ele vê a árvore dos seres e não retrocede, não muda, e
erradica todas as raízes da ilusão. Ele não luta ou toca. Ele é não-
natureza e, no entanto, reside na natureza. Ele não mistura e não dis-
persa. Ele não é longo e nem curto. Ele não é redondo e nem quadra-
do. Ele não é um skandha (agregado), esfera ou mundo e, no entanto,
ele é o skandha, a esfera e o mundo. Ele é não-crescente e não é min-
guante. Ele é não vitorioso e, no entanto, não é vencido. O corpo do
Tathagata é perfeito em tais inumeráveis virtudes. Não há nada que ele
saiba, e nem não saiba. Não há nada que ele veja e nada que ele não
veja. Não é aquilo que há em qualquer criação e nem há na não cria-
ção. É não-mundano e não é não-mundano. Ele não é feito e não é
não-feito. Ele é não-dependente e não é não-dependente. Ele não é os
quatro grandes elementos, nem é não os quatro grandes elementos.
Sutra Mahayana do Mahaparinirvana Página 92
Ele não é causa e não é não-causa. Ele não é ser e não é não-ser. Ele
não é Sramana, nem Brahman. Ele é o Leão, o Grande Leão. Ele é nin-
guém e não-ninguém. Não podemos expressar. A não ser a partir da
unicidade do Dharma, nenhuma avaliação é possível. Por ocasião do
Parinirvana, ele não entrou no Parinirvana. O Corpo-do-Dharma do
Tathagata é perfeito em todas essas inumeráveis e maravilhosas virtu-
des. Oh Kashyapa! Somente o Tathagata conhece todas essas fases da
existência. Tudo está além do que Sravakas e Pratyekabudas podem
compreender. Oh Kashyapa! O corpo do Tathagata é composto de
todas essas virtudes. Ele não é um corpo mantido ou nutrido pelos
vários gêneros alimentícios. Oh Kashyapa! Tais são as virtudes do ver-
dadeiro corpo do Tathagata. Como ele poderia sofrer de doenças, as
dores das enfermidades, e da insegurança? Como ele poderia ser tão
frágil quanto uma peça de louça não queimada? Oh Kashyapa! A razão
pela qual o Tathagata manifesta a doença e a dor vem do seu desejo de
subjugar os seres. Oh bom homem! Saiba agora que o corpo do Tatha-
gata é aquele que é adamantino. De agora em diante, pense exclusi-
vamente sobre este significado. Nunca pense de um corpo sustentado
por alimentos. Também, diga a todos os seres que o corpo do Tathaga-
ta é o Corpo-do-Dharma.”
O Buda disse a Kashyapa: “Não diga ‘falso’. Pode haver um Monge que
vá onde ele queira, satisfaça as suas necessidades pessoais, recite su-
tras, sente e medite. Caso alguém venha e indague sobre a Via, ele
proferirá sermões, observando preceitos, ações virtuosas, e dirá àquela
pessoa que caso deseje pouco, será satisfeita. Mas, ele não está apto a
emitir o rugido do leão da doutrina, não está cercado por leões, e não
está apto a subjugar aqueles que praticam o mal. Tal Monge não pode
realizar seu próprio benefício, nem está apto a ajudar os outros. Saiba
que esta pessoa é indolente e preguiçosa. Embora ele possa manter
em observância os preceitos e perpetrar ações puras, tal pessoa, você
deve saber, nada pode fazer.
Após
mundo o Buda ter entradobilhões
por incontáveis no Nirvana, seueensinamento
de anos permaneceu
na última parte no
dos últimos
quarenta anos os ensinamentos Budistas ainda não haviam desapare-
cido. Naquela ocasião, havia um Monge chamado ‘Virtuoso Iluminado’,
que mantinha bem os preceitos e era cercado por muitos dos seus
parentes. Ele emitiu o rugido do leão e pregou todos os nove tipos de
sutras. Ele ensinou dizendo: ‘Não possuam empregados,sejam homens
ou mulheres, vacas, carneiros ou o que quer que possa ir contra os
CapítuloSobre
5– o Corpo Adamantino Página 95
preceitos’. Naquela ocasião havia muitos Monges que estavam agindo
contrariamente aos preceitos. Ouvindo isto, eles conspiraram e vieram
para cima desse Monge brandindo espadas e bastões. Naquela ocasi-
ão, havia um Rei chamado ‘Virtuoso’. Ele ouviu sobre isto. Para prot
e-
ger o Dharma, ele veio para onde o Monge estava proferindo o seu
sermão e lutou contra os malfeitores de tal forma que o Monge não
sofresse. O rei, todavia, foi ferido em todo o seu corpo. Então o Monge
Virtuoso Iluminado elogiou o rei, dizendo: ‘Bem feito, bem feito, oh
Rei! Você é uma pessoa que protege o Dharma Maravilhoso. Nos dias
que virão, você se tornará um insuperável utensílio do Dharma’. O rei
ouviu seu sermão e regozijou-se. Então, ele morreu e nasceu na terra
do Buda Akshobhya e tornou-se seu principal discípulo. Os subalternos
deste rei, seus parentes e soldados ficaram todos felizes e não retroa-
giam no seu Bodhichitta. Quando veio o dia de sua partida do mundo,
eles nasceram na terra do Buda Akshobhya. Na ocasião em que o
Dharma Maravilhoso estava prestes a se extinguir, eles puderam agir e
proteger um Dharma como este. Oh Kashyapa! O rei naquele tempo
era Eu; o monge que proferia o sermão era o Buda Kashyapa. Oh Kash-
yapa! Aquele que protege o Dharma Maravilhoso é recompensado
com tal incalculável fruição. Esse é o porquê de hoje eu adornar meu
corpo de várias formas e de ter alcançado perfeitamente o indestrutí-
vel Corpo-do-Dharma.”
O Buda disse a Kashyapa: “Oh bom homem! Por esta razão, Monges,
Monjas, Leigos e Leigas devem todos se esforçar mais e proteger o
Dharma Maravilhoso. A recompensa pela proteção do Dharma Maravi-
lhoso é extremamente grande e inestimável. Oh bom homem! Em
razão disto, os leigos qu
e protegem o Dharma deveriam pegar espadas
e bastões e proteger um Monge que guarda o Dharma. Muito embora
uma pessoa mantenha em observância os preceitos, não podemos
chamar aquela pessoa de alguém que protege o Mahayana. Muito
Sutra Mahayana do Mahaparinirvana Página 96
embora uma pessoa ainda não tenha recebido os cinco preceitos, se
ela protege o Dharma Maravilhoso, tal pessoa pode perfeitamente ser
chamada de alguém do (que protege o) Mahayana. Uma pessoa que
protege o Dharma Maravilhoso deveria pegar espadas e bastões e
defender os Monges.”
O Buda disse a Kashyapa: “Não diga que tais pessoas são aquelas que
transgridem os preceitos. Oh bom homem! Após a minha entrada no
Nirvana, o mundo será dominado pelo mal e a terra será devastada,
um pilhando ao outro, e as pessoas serão dominadas pela fome. Em tal
época, em razão da fome, as pessoas poderão optar por abandonar o
lar e entrar para a Sangha. Tais pessoas são falsos reverendos. Estes,
vendo aquelas pessoas que são rigorosas na observância dos preceitos,
que são corretas em sua conduta, e que são puras em suas ações, pro-
tegendo o Dharma Maravilhoso; se afastarão ou tentarão matá-las ou
prejudicá-las.”
“Oh bom homem! Isto ocorre porque eu perm ito que aqueles que
observam os preceitos sejam acompanhados pelas pessoas vestidas-
de-branco [pessoas leigas, não-Monges] com espadas e bastões. Em-
bora todos os reis, ministros, homens leigos ricos e leigos em geral
possam possuir espadas e bastões para proteção do Dharma, eu cha-
mo isto de observação dos preceitos. Você pode possuir a espada e o
bastão, ‘mas não rouba a vida’. Se as coisas são assim, nós chamamos
isto em primeira mão de observação dos preceitos.”
CapítuloSobre
5– o Corpo Adamantino Página 97
Kashyapa disse: “Qualquer um que proteja o Dharma persevera numa
visão correta e expõe amplamente os sutras Mahayana. Ele não carre-
ga os parasóis cravejados de jóias das pessoas nobres, vasos de óleo,
arroz integral, ou frutas e sementes. Ele não se aproxima de reis, minis-
tros ou dos ricos visando benefícios. Ele não bajula os danapatis [doa-
dores de ofertas], é perfeito na boa conduta, e subjuga aqueles que
transgridem os preceitos e que perpetram o mal. Tal pessoa é chamada
um mestre que ostenta e proteje o Dharma. Ele é um verdadeiro bom
mestreda Via. Seu pensamento é tão expansivo quanto o mar.”
CapítuloSobre
5– o Corpo Adamantino Página 99
O Bodhisattva Kashyapa disse ao Buda: “Oh Honrado pelo Mundo! É
assim, é assim. É como você, o Santo, diz. Inconcebível e incompreensí-
vel é o Dharma do Buda. Assim, também, é o Tathagata. (O Dharma do
Buda) Está além da compreensão; bem como o Tathagata. Assim, eu
sei agora que o Tathagata é eterno e indestrutível, e que não há mu-
dança com ele. Eu agora estudarei bem e o exporei amplamente para
as pessoas.”
A Virtude do Nome
Capítulo Sobre
6– a Virtude do Nome Página 101
acalenta um raro desejo. Quando ele terminar a colheita, toda a sua
ansiedade terá um fim. Oh bom homem! O mesmo é o caso com todos
os seres. Se estudamos outros sutras, sempre esperamos por belas
apreciações. Quando ouvimos este Mahaparinirvana, [todavia], cessa o
desejo de apreciar os belos sabores mencionados em outros sutras.
Este Grande Nirvana possibilita a todos os seres atravessarem o mar de
todas as existências. Oh bom homem! Dentre todas as pegadas, aquela
do elefante é a melhor. O mesmo ocorre com este sutra. De todos os
samadhis dos sutras, o (samadhi) deste sutra é o melhor. Oh bom ho-
mem! Dentre todos os preparos da terra, aquele feito no outono é
melhor. O mesmo ocorre com este sutra. Ele é o melhor de todos os
sutras. Ele é como o sarpirmanda, que é o melhor de todos os remé-
dios. Ele cura completamente as preocupações febris e os pensamen-
tos frenéticos dos seres. Este Grande Nirvana é o maior de todos. Oh
bom homem! Ele é como a doce manteiga que contém os oito sabores.
O mesmo também se aplica a este sutra. Ele contém os oito sabores.
Quais são os oito? São: 1) é eterno, 2) sempre é, 3) é pacífico, 4) é puro
e sereno, 5) não se torna velho, 6) não morre, 7) é imaculado, e 8) é
agradável e feliz. Esses são os oito sabores. Ele possui esses oito sabo-
res. Este é o porquê de dize rmos ‘Mahaparinirvana’. Agora, todos os
Bodhisattvas Mahasattvas pacificamente residem nisto e manifestam
Nirvana em todos os lugares. Este é o porquê de dizermos ‘Mahapar i-
nirvana’. Oh Kashyapa! Todos os bons homens e boas mulheres que
desejarem entrar noNirvana através deste ‘Mahaparinirvana’ devem
estudar bem o fato de que o Tathagata é eterno e que o Dharma e a
Sangha são eternos.”
pés
aflita,com
ela sua cabeça
estava e prestou
absorta homenagem
e tomou a mim.
assento a um lado.Como ela estava
Penetrando seu
pensamento, eu disse especialmente a ela: ‘Por amor pela sua criança,
você tem dado-lhe muita nata. Você não pondera entre digestão e
indigestão’. Nisto, a mulher disse-me: ‘Quão maravilhoso que oHonra-
do pelo Mundo leia meu pensamento assim. Por favor, Oh Honrado
pelo Mundo! Ensine-me como fazer. Oh Honrado pelo Mundo! Eu dei
[à minha criança] nata em demasia esta manhã. Possivelmente ele não
CapítuloSobre
7– os Quatro Aspectos Página 103
possa digeri-la bem. Isto não tomará a vida da criança? Oh Tathagata!
Por favor exponha as coisas para mim.’ Eu disse: ‘O que você deu será
digerido pouco a pouco e, então, aumentará a vida.’ A mulher, ouvindo
isto, ficou muito contente. Ela falou novamente, dizendo: ‘Aquilo que o
Tathagata fala é [sempre] verdadeiro. Dessa forma, estou satisfeita. O
Honrado pelo Mundo, no sentido de ensinar todos os seres, faz distin-
ções e expõe sobre digestão e indigestão, sobre o não-Eu e o não-
eterno de todas as existências. Se o Honrado pelo Mundo fosse falar
primeiro sobre o Eterno, uma pessoa ouvindo isto poderia dizer que o
que ele disse é o mesmo que dizem os tirthikas, descartariam o que ele
dissera eiriam embora’. Eu então disse mulher:
à ‘Quando as crianças
crescem e se tornam grandes, e quando elas podem ir e vir por si
mesmas, o que for ingerido será digerido, mesmo quando indigesto. A
nata que foi tomada antes não será suficiente para sustentar [aquela
pessoa]. O mesmo é o caso com todos os meus discípulos Sravaka. É
como no caso da sua criança. Eles não podem digerir este Dharma e-
terno. Este é o porquê de eu falar sobre sofrimento e impermanência.
Quando todos os meus Sravakas já estiverem perfeitos nas virtudes e
puderem permanecer ensinando os sutras Mahayana, eu então, neste
sutra, falarei sobre os seis sabores.
Os Seis Sabores
çura; o Eu é há
vida secular de três
saborsabores,
pungente; e osejam:
quais Eterno1)éoleve (suave) no
não-Eterno, 2) sabor. Na
o não-Eu,
e 3) o Sofrimento. A ilusão é o combustível, e a Sabedoria é o fogo.
Através desses meios, obtemos o repasto do Nirvana. Isto é, o Eterno, a
Alegria, e o Eu. Todos os meus discípulos provam-nos como doces.’
CapítuloSobre
7– os Quatro Aspectos Página 105
Então o Bodisattva Kashyapa disse ao Buda: “Honrado pelo Mundo!
Para aquele que come carne, não devemos dar carne. Por que não? Eu
vejo a emanação de uma grande virtude da abstenção do consumo de
carne.”
O Buda elogiou Kashyapa e disse: “Bem falado, bem falado! Agora você
entendeu bem o meu pensamento. Um Bodhisattva que protege o
Dharma deve ser assim. Oh bom homem! De agora em diante, não
permitirei aos meus discípulos Sravaka (ouvintes) comerem carne.
Quando receberem de um danapati uma doação (de carne) de pura fé,
pensem que (vocês) estão comendo a carne do seu próprio filho.”
“Oh bom homem! Aquele que come carne mata a semente da grande
compaixão.”
Kashyapa disse novamente: “Por que você primeiro permitiu aos n-
Mo
ges comer três tipos de carne pura?”
Cem anos após a minha morte, todos os santos sábios das quatro frui-
ções [os quatro estágios que conduzem ao ‘Arhatship’] entrarão no
Nirvana. A era do Dharma Maravilhoso se encerrará, e surgirá a era do
Dharma Adulterado, quando o Monge manterá os preceitos [apenas]
como uma questão de formalidade, recitará [somente] um pouco os
sutras, tomará avidamente comida e bebida, e [excessivamente] nutri-
rá seu corpo. O que ele vestirá em seu corpo será feio e grosseiro. Ele
parecerá fatigado e não mostrará dignidade. Ele alimentará vacas e
ovelhas, e carregará lenha (combustível) e capim. Sua barba, unhas e
cabelos serão longos. Ele não adotará a kasaya [o robe sacerdotal],
mas, antes, parecerá um caçador. Ele aguçará seus olhos, caminhará
lentamente e parecerá um gato que está atrás de um rato. Ele irá sem-
pre murmurar: ‘Eu atingi o arhatship’. Ele sofrerá de todos os tipos de
doenças, deitará e dormirá sobre dejetos. Exteriormente ele parecerá
sábio, mas interiormente ele será ganancioso e invejoso. Ele pratica o
silêncio (mute) como um Brâmane. Para dizer a verdade, ele não é
Shramana [Monge], mas somente tenta se passar por tal. Ele está
queimando com as visões pervertidas, sempre caluniando o Dharma
Maravilhoso. Tal pessoa transgride os preceitos, a ação correta e a
conduta instituída pelo Tathagata. Ele fala acerca do fruto da emanci-
pação, mas suas ações apartam-se daquilo que é puro e, assim, ele
viola o Dharma, que é profundo e recôndito. Tal pessoa, seguindo a sua
própria interpretação, falará contrariamente ao que os sutras e o vina-
ya [regras de disciplina monástica] estabelecem, dizendo: ‘O Tathagata
permite a carne a todos nós’. Eles falarão assim e dirão que o Buda o
disse. Eles disputarão e dirão que são Shramanas e sucessores dos
ensinamentos do Buda. Oh bom homem! Naquela ocasião, haverá
Shramanas que estocarão cereais, receberão peixe e carne, prepararão
as próprias comidas, e manterão vasilhas de óleo. Eles viverão ao redor
de dosséis cravejados de jóias, objetos de couro, calçados, reis, minis-
tros e pessoas ricas. Eles serão condescendentes com as práticas astro-
Sutra Mahayana do Mahaparinirvana Página 108
lógicas e tratamentos médicos; terão serviçais, ouro, prata, berílio (ge-
mas preciosas), madrepérola (musaragalva – coral branco), ágata, cris-
tal, corais, âmbar, jade, casco de cavalo, e muitos tipos de melões [se-
mentes]. Aprenderão todas as artes, pintura, artes plásticas, confecção
de livros, e todos os tipos de ciências, todos os tipos de cultura por
semeadura ou plantação de raízes, colocação de pragas (maldições),
encantamentos, preparação de remédios, arte teatral, música, ador-
nando seu corpo com fragrâncias e flores, jogatina, jogo de “GO”, e
vários tipos de trabalhos manuais. Se um Monge qualquer rejeita tais
maldades, podemos dizer que ele é verdadeiramente meu discípulo.”
O Buda disse: “Oh bom homem! Se você diz que o Tathagat a, para o
benefício dos seres, fala acerca das virtudes supremas das dez boas
ações, isto indica que ele vê a todos os seres como vê a seu filho Rahu-
la. Como você pode censurá-lo e indagar se ele não está deixando os
seres caírem no inferno? Se eu visse uma pessoa caindo no Inferno
Avichi, para o benefício daquela pessoa, eu permaneceria no mundo
por um kalpa ou menos que um kalpa. Eu tenho grande compaixão
para com todos os seres. Como eu poderia enganar alguém que consi-
CapítuloSobre
7– os Quatro Aspectos Página 111
dero como meu filho e dexá-lo cair no inferno? Oh bom homem! É
como uma pessoa na terra de um rei que veste a kasaya. Existe um
furo nela, ele vê e mais tarde o repara. O mesmo se passa com o Ta-
thagata. Vendo uma pessoa caindo no inferno, ele faz os reparos e
confere os preceitos para as boas ações. Oh bom homem! Isto é como
um Chakravartin [um supremo monarca do mundo] que, para o bene-
fício dos seres, primeiro fala sobre as dez boas ações. Depois, vem o
tempo quando ele ocasionalmente vê as pessoas fazendo maldades.
Então o rei cria uma lei e as erradica. Tendo erradicado todas as mal-
dades, o rei desempenha o papel de um Chakravartin. Oh bom ho-
mem! O mesmo se passa comigo. Eu tenho coisas a dizer, mas eu não
imponho as leis primeiro.
O Buda disse a Kashyapa: “Ou pode haver bons homens e boas mulhe-
res que podem dizer: ‘O Tathagata é não
-Eterno. Como podemos saber
que ele é não-Eterno? O Buda diz que quando o fogo da ilusão é extin-
to, há Nirvana. Isto é como quando nada há para ser visto quando o
fogo é extinto. O mesmo é o caso quando todas as ilusões são aniquila-
das. Isto,Eterno
Dharma ele diz,eéImutável?
Nirvana. Como o Tathagata
O Buda pode alegar
diz que quando que ele é ao
abandonamos
existência, há Nirvana. Neste Nirvana, nada pode haver que tenha exis-
tência. Como, então, o Tathagata pode ser Eterno e Imutável? Quando
uma peça da roupa se rasga, não mais a chamamos de roupa. O mes-
mo se passa com o Nirvana. Quando todas as ilusões são extintas, nada
mais pode haver. Como o Tathagata pode ser Eterno e Imutável? O
Buda diz que a separação dos desejos e a chegada da quietude são
CapítuloSobre
7– os Quatro Aspectos Página 113
Nirvana. Se a cabeça de uma pessoa é cortada, não há mais cabeça. O
mesmo se passa com a separação dos desejos e a chegada da quietu-
de. O que existe é Vacuidade. Não há mais nada ali. Portanto, Nirvana.
Como o Tathagata pode ser Eterno e Imutável’?
O Buda diz:
“Oh bom homem! O errof sobre o qual você fala refere-se aos mortais
comuns. Quando a ilusão acaba, o mortal comum retorna novamente
(ao ciclo do nascimento e da morte). Este é o porquê de dizermos não-
Eterno. Este não é o caso com o Tathagata. Tendo ido, não há retorno.
Portanto, é eterno.”
Kashyapa ainda disse ao Buda: “Se colocarmos o ferro sem cor de volta
no fogo, a cor vermelha retornará. Se assim for com o Tathagata, a
ilusão novamente tomará forma. Se a ilusão tomar forma novamente,
isto nada mais é que o não-Eterno
.”
aasmadeira é queimada,
cinzas. Quando vemcom
se acaba a extinção
a ilusão,e,ocomo remanescentes,
que fica ficam
é Nirvana. Todas as
parábolas como as da roupa rasgada, da decapitação, e da louça que-
brada enunciam a mesma verdade. Todas essas coisas têm nomes
como estes: roupa rasgada, (cabeça) decapitada, e louça quebrada. Oh
Kashyapa! O ferro que tornou-se frio pode ser aquecido novamente.
Mas este não é o caso com o Tathagata. Uma vez que se acaba com a
ilusão, o que fica é a pureza e a serenidade em seu grau extremo. O
CapítuloSobre
7– os Quatro Aspectos Página 115
chama ardente nunca mais volta. Oh Kashyapa! Saiba que a situação de
inumeráveis seres é como aquela do ferro. Com o fogo flamejante da
Sabedoria livre de ‘asvaras’ [impurezas], eu agora queimo os laços da
ilusão de todos os seres.”
Kashyapa disse ainda: “Muito bom, muito bom que eu agora veja a- cl
ramente o que significa quando o Tathagata diz que todos os Budas são
Eternos.”
pensar
cruzou oque
mar.o Por
Tathagata ainda
favor, oh não seIlumine-me
Tathagata! desatou dos laços
sobre da ilusão e
stee ponto.”
Todos os seres dizem que o Príncipe Sidharta, então pela primeira vez,
abandonou o lar e tornou-se um Shramana. Mas, já há inumeráveis
kalpas atrás, eu abandonei o lar, tornei-me um Shramana e pratiquei a
Via. Meramente para cumprir com o que obtive na vida secular, eu
manifestei isto. Eu já abandonei o lar no Jambudvipa e recebi a grande
ordenação [upasampada]. Envidei esforços, pratiquei e atingi as frui-
Sutra Mahayana do Mahaparinirvana Página 120
ções da Via tais como Srotapanna [um monge que nascerá apenas
entre duas e sete vezes antes de ganhar a libertação], sakridagamin
[renasce apenas mais uma vez após a morte], anagamin [não mais
retorna a este mundo], e arhat [um santo]. Meramente para cumprir
com o que obtive na vida secular, eu manifestei isto. Todos diziam que
era fácil e não havia dificuldades para atingir o arhatship. Mas já, há
inumeráveis kalpas no passado, atingi o arhatship. No sentido de con-
duzir os seres para a outra margem da Iluminação, eu sentei sob a ár-
vore Bodhi no Bodhimanda [assento da Iluminação] de grama e derro-
tei todos os Maras [demônios]. Mas eu, já há longos e inumeráveis
kalpas no passado, derrotei os Maras. A fim de dominar os seres fortes,
eu manifestei esta cena. Eu também exibi dois tipos de resposta aos
apelos da natureza, inspirando e expirando. Todos os seres dizem que
eu respondi aos chamados da natureza e inspirei e expirei. Mas, com
este meu corpo, não tenho fruição do karma e preocupação. Eu mera-
mente ajo em concordância com a via da vida mundana. Este é o por-
quê de manifestar-me assim. Eu também mostro que recebo ofereci-
mentos feitos a mim através da prática da fé. Mas eu não sinto mais
fome ou sede neste meu corpo, e apenas cumpro com a via mundana
da vida. Eu me exibo assim. Eu também acompanho a via mundana da
vida de todos os outros e durmo. Mas eu atingi a profunda Sabedoria
há inumeráveis kalpas no passado e acabei com ações tais como ir e vir,
dores de cabeça, dos olhos, do estômago, das costas, do resto do meu
corpo, carbúnculos difíceis de curar; todas estas resultantes do karma
passado. Mas, manifestei-me lavando minhas mãos e pés numa bacia,
lavando meu rosto, gargarejando, usando escovas de dente e todas
essas coisas quese aplicam ao mundo. As pessoas dizem que eu faço
todas essas coisas. Mas, não as faço. Minhas mãos e pés são tão puros
quanto uma flor de lótus, minha boca é limpa e cheira à utpala [flor de
lótus]. Toda a gente diz que eu sou um humano. Mas agora sou não-
humano. Eu também me manifesto recebendo pamsukula [roupas
descartadas], lavando, costurando e remendando. Mas há longo tempo
que não uso tais indumentárias. Todos dizem que Rahula é meu filho,
que Suddhodana foi meu pai e Maya minha mãe, que tive uma carreira
CapítuloSobre
7– os Quatro Aspectos Página 121
secular na minha vida, que eu gostava de paz e felicidade [quando um
jovem príncipe], e que abandonei todas essas coisas e busquei a Via.
Kashyapa ainda disse: “Oh, Tathagata! Por que dizermos eterno? Você,
o Buda, disse que quando a luz de uma lâmpada se extingue, não há
direção ou lugar para ser nomeado [como para onde ir]. O mesmo é o
caso com o Tathagata. Uma vez morto, não pode haver direção ou
lugar que possa ser nomeado.”
O Buda disse: “Oh, Kashyapa! Você não deveria dizer: ‘Quando a luz de
uma lâmpada se extingue, não há direção ou lugar para ser nomeado.
O mesmo é o caso com o Tathagata. Quando há extinção, não pode
haver direção ou lugar para ser nomeado.’ Oh, bom homem! Quando
uma lâmpada é acesa por um homem ou por uma mulher, qualquer
lâmpada, grande ou pequena, [tem que ser] abastecida com óleo.
Quando há óleo, a lâmpada se acende. Quando o óleo é consumido, a
CapítuloSobre
7– os Quatro Aspectos Página 125
luz também desaparece, junto com ele. A luz que se vai pode ser com-
parada à extinção da ilusão. Embora a luz tenha se desvanecido, o u-
tensílio permanece. O mesmo é o caso com o Tathagata. Embora a
ilusão tenha partido, o Corpo-do-Dharma permanece para sempre. Oh,
bom homem! O que isto significa? Será que significa que ambos, a luz e
a lâmpada, desaparecem? É assim?”
(O Buda disse:) “Oh, bom homem! Você não deveria refutar dessaa-m
neira. Nós falamos de um ‘utensílio’ do
mundo. O Tathagata-Honrado-
pelo-Mundo é o Supremo Utensílio do Dharma. Um utensílio do mun-
do pode ser não-eterno, mas não aquele do Tathagata. Dentre todas as
coisas, o Nirvana é eterno. O Tathagata tem isto (o Nirvana). Assim, ele
é eterno. Ainda mais, bom homem! Você diz que a luz da lâmpada se
extingue. Isto é [como] o Nirvana alcançado por um Arhat. Em razão de
todas as ilusões da cobiça e do desejo se acabarem, podemos compa-
rar isto à extinção da luz da lâmpada. O Anagamin ainda tem a cobiça.
Como ainda há a cobiça, não podemos dizer que isto é o mesmo que a
extinção da luz da lâmpada. Este é o porquê eu disse no passado num
ensino secreto que ele (o Anagamin) era como uma lâmpada morrendo
(se apagando). Não é que o Nirvana deva ser equiparado com a lâmpa-
da se apagando. O Anagamin retorna uma outra vez. Ele não volta para
as 25 existências. Novamente, ele não ganha mais o corpo mal-
cheiroso, o corpo de vermes, o corpo que é alimentado, o corpo vene-
noso. Assim é um ‘Anagamin’ [aquele que não retorna para uma exis-
tência corpórea novamente]. Se um corpo surge novamente, isto é um
‘Agamin’ [aquele que retorna para uma existência corpórea]. Quando o
corpo não surge novamente, isto é um ‘Anagamin’. Aquele que é a- dot
do do ir e vir é o ‘Agamin’. Aquele que nãoem
t o ir e vir [não nasce e
morre] é ‘Anagamin’.”
Oh, bom homem! Por exemplo, aqui existe um homem rico que tem
um único filho. Ele sempre pensa a respeito e ama este menino. Ele
leva o menino para um professor para ser ensinado. Apreensivo de que
as coisas possam não progredir rapidamente (a contento), ele leva o
“Não, oh Honrado pelo Mundo! Por que não? Porque a criança é muito
jovem. Dessa forma, ele não lhe ensina [as matérias mais avançadas].
Não é que o menino não seja ensinado porque o homem regateie [tais
lições]. Por que não? Porque se houvesse algum ciúme ou inveja, pode-
ríamos dizer que ele ocultou coisas. Com o Tathagata não é assim. Co-
mo poderíamos dizer que ele escondeu e ocultou?”
O Buda disse: “Falaste bem, falaste bem, oh bom homem! É como você
diz. Se houvesse qualquer raiva, ciúme ou inveja (má vontade), poderí-
amos dizer que ele está ocultando coisas. O Tathagata não tem raiva
ou ciúme. Como poderíamos dizer que ele esconde as coisas? Oh, bom
homem! O grande homem rico é o próprio Tathagata. Sua única crian-
ça são [todos] os seres. O Tathagata vê a todos os seres como vê seu
filho único. (O homem rico) Ensinando seu filho único diz respeito aos
discípulos Sravaka [Ouvintes dos ensinamentos do Buda]; o alfabeto diz
respeito aos nove tipos de sutras; o vyakarana diz respeito aos sutras
Vaipulya [extensivo] Mahayana. Uma vez que todos os discípulos Sra-
vaka não possuem o poder da Sabedoria, o Tathagata ensina-lhes o
alfabeto; isto é, os nove tipos de sutras. Mas, ele ainda não fala do
vyakarana; isto é, do Vaipulya Mahayana. Oh, bom homem! Quando o
filho do homem rico crescer e estiver apto a enfrentar as lições, se o
vyakarana não for ensinado, então poderemos dizer que houve ‘ocu l-
tação’. Se todos os Sravakas estão crescidos e podem de
atof enfrentar
CapítuloSobre
7– os Quatro Aspectos Página 129
as lições do Vaipulya Mahayana, mas o Tathagata regateia isto e não
lhes ensina, então poderíamos dizer que o Tathagata regateia, esconde
e oculta os ensinamentos. Mas, não é assim com o Tathagata. O Tatha-
gata não oculta [nada]. Isto é como no caso do homem rico que, tendo
ensinado o alfabeto, proximamente ensina o vyakarana. Eu também
faço o mesmo. A todos os meus discípulos eu tenho pregado acerca do
alfabeto e dos nove tipos de sutras. Tendo feito isto, eu agora falo a-
cerca do vyakarana. Isto nada mais é que a natureza eterna e imutável
do Tathagata. Além disso, oh bom homem! Isto é como nos meses de
verão, quando grandes nuvens provocam trovões, grandes chuvas e,
como resultado, todos os agricultores podem plantar as suas sementes
e colher coisas. Aquele que não planta, nada pode esperar colher. Não
é através dos trabalhos dos reis naga (naga = é uma palavra do
Sanskrito and doPāli que designa uma deidade - ou classe de entidades
ou seres que assumem a forma de enormes serpentes, mas muitas
vezes com os troncos e cabeças humanas - encontrada tanto no Bu-
dismo como no Hinduísmo) que ele não pode colher. E estes reis naga
também não armazenam coisas. O mesmo se passa comigo. Eu deixo
cair a grande chuva do Sutra do Grande Nirvana. Aqueles seres que
plantaram boas sementes colhem os brotos (rebentos) e frutos da
Sabedoria. Aqueles que não plantaram, nada podem esperar. O Tatha-
gata não é culpado se eles nada ganharam. O Tathagata não esconde
nada.”
“Oh, Honrado pelo Mundo! Se não é uma coisa, como podem osa-Sr
vakas e Pratyekabudas viver?”
CapítuloSobre
7– os Quatro Aspectos Página 135
posta, uma coisa construída]. Por esta razão, a emancipação é simulta-
neamente o Tathagata.
Além disso, emancipação é o que está ‘vazio e quieto’. Não pode haver
CapítuloSobre
7– os Quatro Aspectos Página 141
bém atinge o estado de Buda quando seus pecados são expiados. Sen-
do assim, nunca podemos dizer que não haja mudança para todos e
que o estado de Buda não pode ser atingido. Com a verdadeira eman-
cipação, todavia, não pode haver tais casos de aniquilação. Além disso,
‘vacuidade e quietude’ são coisas do mundo do Dharma. A natureza do
mundo do Dharma é a verdadeira emancipação. Verdadeira emancipa-
ção é o Tathagata. Também, uma vez que o icchantika tenha morrido,
não podemos mais falar de icchantika. O que é um icchantika? Um
icchantika corta [dentro de si] todas as raízes da benevolência (boas
ações) e o seu pensamento não evoca qualquer associação com o bem.
Nem mesmo uma ponta de um bom pensamento surge na sua mente.
Nada semelhante a isto ocorre na verdadeira emancipação. Como (na
emancipação) nada há desta natureza, dizemos verdadeira emancipa-
ção. A verdadeira emancipação é o Tathagata.
CapítuloSobre
7– os Quatro Aspectos Página 143
Também, emancipação é o não-vazio. Por exemplo, os corpos do bam-
bu e da cana são ocos. Este não é o caso com a emancipação. Saiba que
emancipação é o Tathagata.
CapítuloSobre
7– os Quatro Aspectos Página 149
isto acontece. Isto é verdadeira emancipação. A verdadeira emancipa-
ção é o Tathagata.
O Não-Vazio e a Emancipação.
CapítuloSobre
7– os Quatro Aspectos Página 153
Vazio intuirá [a noção de] que as 25 existências, todas as ilusões, sofri-
mento, as fases da vida, e todas as ações atuais não existem. Quando
não há creme no vaso, podemos dizer vazio. Não-vazio aponta para a
Verdade, para aquilo que é Bom, Eterno, Feliz, Eu (Auto), Puro, Imóvel
e Imutável. É como no caso do sabor e do tato com relação ao vaso.
Este é o porquê de dizermos não-vazio. Em conseqüência, podemos
dizer que a emancipação é como no caso do vaso. O vaso quebrará em
determinadas circunstâncias. Mas não é assim com a emancipação. Ela
não pode quebrar. Aquilo que é indestrutível é a emancipação. A ver-
dadeira emancipação é o Tathagata.
CapítuloSobre
7– os Quatro Aspectos Página 157
Kashyapa ainda disse: “Por que é que o Tathagata recorre a dois tipos
de parábolas?”
O Buda disse: “Oh, bom homem! Por exemplo, existe umapessoa aqui
que segura uma espada em sua mão e com um pensamento irado in-
tenta ferir o Tathagata. Mas o Tathagata se apresenta (com a feição)
benevolente, e não tem o semblante irado. Pode este homem ferir e
Tathagata e cometer o pecado mortal?”
“Não, Oh Honrado pelo Mundo! Por que não? Porque o corpo do Ta-
thagata não pode ser destruído. Por que não? Porque ele não é algo
como o corpo carnal composto. O que existe é o ‘Dharmata’ [Natureza
-
do-Dharma]. O princípio do ‘Dharmata’ é indestrutível. Como poderi
a
este homem esperar destruir o Corpo-do-Buda (que é intangível)? Em
razão do seu mau pensamento, esta pessoa cairia no Inferno Avichi.
Assim, podemos fazer uso de parábolas e vir a conhecer o Dharma
Maravilhoso (que é intangível pela razão humana).”
Então o Buda elogiou o Bodhisattva Kashyapa: “Falaste bem, falaste
bem! Você já disse o que eu gostaria de dizer. Além disso, oh bom ho-
mem! Por exemplo, uma pessoa má intenta ferir a sua própria mãe. Ele
vive nos campos e esconde-se sob um palheiro. Sua mãe traz comida
para ele. Então o homem acalenta um mau pensamento, avança e
aponta sua espada. Sua mãe, vendo isto, escapa e esconde-se sob o
palheiro. O homem enfia a sua espada no palheiro por todos os lados.
Tendo feito isto, ele está satisfeito e pensa que matou a sua mãe. En-
tão, sua mãe sai do palheiro e retorna para casa. No que isto implica?
Este homem deve sofrer no Inferno Avichi ou não?”
O Buda disse: “Falaste bem, falaste bem! Você agora protege o Dharma
Maravilhoso, de fato. Qualquer bom homem ou boa mulher que deseje
cortar as amarras da ilusão e todas as outras amarras deveria proteger
o Dharma Maravilhoso assim.”
CapítuloSobre
7– os Quatro Aspectos Página 159
Capítulo Oito: Sobre os Quatro Fidedignos
O Buda, além do mais, disse a Kashyapa: “Oh, bom homem! Neste
Todo-Maravilhoso ‘Sutra do Mahaparinirvana’, aparecem quatro tipos
de pessoas. Estas pessoas o protegem, o estabelecem (o tornam co-
nhecido, reconhecido e aceito) e pensam bem a respeito do Dharma
Maravilhoso. Eles beneficiam demais os outros e sentem piedade do
mundo. Eles se tornam os refúgios do mundo e concedem a paz e a
felicidade aos seres humanos e celestiais. Quem são os quatro? Uma
pessoa que aparece no mundo envolvida em ilusões. Esta é a primeira
categoria. Aquelas pessoas nos graus (estágios) de Srotapanna e Sakri-
dagamin são a segunda (categoria). Aquelas no grau (estágio) de Ana-
gamin são a terceira. Aquelas no estágio de Arhat são a quarta. Esses
quatro tipos de pessoas aparecem, beneficiam e sentem piedade do
mundo. Eles se tornam os refúgios do mundo e concedem a paz e a
felicidade aos seres humanos e celestiais.
O Mortal Comum
Capítulo Sobre
8– os Quatro Fidedignos Página 161
pessoa do oitavo estágio não é um mortal comum. Ele é chama
do ‘Bo-
dhisattva’, mas não Buda.
O Srotapanna e o Sakridagamin
O Anagamin
O Arhat
mais
comohonrados
no caso doe mais soberbos
Tathagata, quedentre todos
é o mais os humanos
soberbo e deuses.
dentre os humanosÉ
e deuses, e é o Refúgio do mundo.”
Capítulo Sobre
8– os Quatro Fidedignos Página 163
convidar o Buda Shakyamuni a vir e ensinar a sua doutrina). Lá você
disse: ‘Devas, Maras e Brahma podem desejar a destruição, apresen-
tando-se na forma de Budas, adornando-se perfeitamente com as 32
marcas distintivas (do Buda) e as oitenta características menores de
excelência, a luz do halo (auréola sobre sua cabeça) medindo oito pés,
a face perfeitamente redonda como em fase de lua cheia, e o tufo de
cabelos brancos de entre suas sobrancelhas, mais branco que o casco
de um cavalo ou a neve. Caso eles apareçam adornados assim, olhe
cuidadosamente para ver se eles são genuínos. Estando seguro [de que
não são genuínos], subjugue-os ’. Oh, Honrado pelo Mundo! Maras e
outros podem se apresentar como Budas. Por que eles não estariam
aptos a se apresentarem como os quatro sábios (fidedignos), come-
çando pelo Arhat, sentando ou dormindo no ar, soltando água pelo
lado esquerdo do seu corpo e fogo pelo lado direito, soltando chamas
flamejantes do seu corpo como uma bola de fogo? Por estas razões,
não posso ter fé nisto; atrevo-me a não aceitar isto, mesmo quando
ensinado. Não vou buscar refúgio neles.”
O Buda disse: “Oh, bom homem! Se você tem dúvida com relação ao
que eu digo, é para você não aceitá-lo. Ainda mais quando você tem de
lidar com essas pessoas. Sendo assim, pondere bem sobre uma coisa e
descubra se ela é boa ou não, se é para você fazê-la ou não. Agindo
assim, nos tornamos abençoados com a paz e a felicidade na longa
noite [Isto é, nossa vida no Samsara]. Oh, bom homem! Existe aqui um
cão com a sua mente fixada em roubar. À noite ele entra na casa das
pessoas. Quando os empregados vêm a saber disto, eles gritam furio-
samente: ‘Caia fora neste instante, ou o mataremos!’ O cão assaltante
ouve isto, foge da casa e nunca mais retorna. De agora em diante, aja
dessa maneira e expulse os Papiyas [(Mara) Papiyas - Pessoas Más,
Demônios], dizendo: ‘Oh, Papiyas! Não se apresentem de tal ma. for
Caso se atrevam, os amarraremos com cinco cordas’. Ao ouvir isto,
Mara fugirá e se esconderá. Como o cão assaltante, ele nunca mais se
mostrará.”
Eles dizem: ‘De agora em diante, não devemos mais obstruir o Dharma
Maravilhoso’. Ainda mais, oh bom homem ! Os Saravakas e Pratyeka-
budas alimentam medo com relação a todas as ilusões. Aqueles que
estudam o Mahayana não têm tal temor. Praticando-se o Mahayana,
ganha-se tal poder. Como resultado, tudo aquilo que foi dito acima é
para Sravakas e Pratyekabudas acabarem com Maras, e não para o
Mahayana em si. Este sutra Mahayana Todo-Maravilhoso não pode se
acabar facilmente. Tudo é extremamente maravilhoso. Alguém que o
ouve e sabe que o Tathagata é Eterno é muito raro. Tal pessoa é como
a Udumbara. Podem aparecer pessoas que, após a minha morte, ou-
çam os ensinamentos deste maravilhoso sutra Mahayana e ganhem a
fé. Saiba que tais pessoas nunca cairão nos maus domínios da existên-
cia nas futuras eras, através dos 100 mil bilhões de kalpas que virão.”
Então o Buda disse ao Bodhisattva Kashyapa: “Oh, bom homem! Após
a minha entrada no Nirvana, poderão existir 100 mil inumeráveis pes-
soas que caluniarão e não acreditarão neste Todo-Maravilhoso Sutra
do Grande Nirvana.”
O Bodhisa
Mais cedottva Kashyapa
ou mais tarde,disse ao Buda:
pessoas “Oh, este
caluniarão Honrado
sutra.pelo
Oh, Mundo!
Honrado
pelo Mundo! Quais pessoas boas e puras virão e salvarão aqueles que
cometerem tais calúnias?”.
Capítulo Sobre
8– os Quatro Fidedignos Página 167
ter a cana de açúcar, arroz, caramelo, manteiga, nata (creme) e sarpir-
manda, as pessoas dirão: ‘Esteé o melhor de todos os sabores’. Ou
pode haver pessoas que estejam vivendo em meio a uma roça de pain-
ço e capim, e que podem dizer que aquilo que elas comem é a melhor
de todas as comidas. Essas são pessoas de má sorte, devido à sua retri-
buição cármica. Os ouvidos dos afortunados nunca ouvirão falar de
painço ou de capim-arroz. O que eles ouvirão será farelo de arroz, cana
de açúcar, caramelo e sarpirmanda. O mesmo é o caso com esse mara-
vilhoso Sutra do Grande Nirvana. Aqueles nascidos ignorantes e desa-
fortunados não desejarão ouvi-lo, tal como aquelas pessoas, que são
estúpidas e de pouca sorte, odeiam farelo de arroz e caramelo. Isto é
assim com as pessoas dos dois veículos (Sravakas e Pratyekabudas),
que odiarão esse insuperável Sutra do Nirvana.
Oh, bom homem! Você, agora, deveria manter [este sutra] e pensar:
‘Se os seres são perfeitos nas inumeráveis virtudes, eles certamente
acreditarão neste sutra Mahayana e, tendo fé nele, o ostentarão. Tam-
bém pode haver outros seres além destes que possam sentir alegria no
Dharma, e se este sutra for amplamente exposto para tais pessoas,
elas, após ouvi-lo, erradicarão todos os pecados acumulados durante
os inumeráveis asamkhyas de kalpas passados. Aqueles que não crêem
neste sutra, nesta vida, serão atacados por inumeráveis doenças e
serão mal-falados por todas as pessoas. Após [a morte], eles serão
desacreditados pelos outros. [Na vida] eles terão má aparência e suas
finanças não irão bem. Ou talvez, eles possam ganhar um pouco, mas
aquilo será grosseiro e de má qualidade. Serão pobres e da baixa ca-
mada social, durante toda sua vida. Eles podem ganhar vida [renascen-
do] em famílias onde advenham calúnias e más relações.
Há tempos em que devemos partir desta vida, podendo ser uma época
de guerras ou quando as pessoas pegam em armas; ou quando impe-
radores e reis estejam praticando a tirania; ou quando inimizade e
vingança possam nos visitar incessantemente. Poderá existir um bom
amigo [um bom mestre Budista], mas eles [isto é, aqueles descrentes
neste sutra] não terão oportunidade de encontrá-lo. Será difícil para
eles ganharem a sua vida. Eles podem ganhar em uma certa medida,
mas a apreensão pela fome se abaterá sobre eles. Eles serão conheci-
dos apenas pelas pessoas da baixa classe, e reis e ministros não olharão
para trás [dando-lhes atenção]. Pode haver ocasiões em que falem com
razão, mas ninguém lhes dará crédito. Essas pessoas não vão para bons
lugares. São como um pássaro cujas asas estão quebradas. O mesmo
Sutra Mahayana do Mahaparinirvana Página 172
ocorrerá com essas pessoas. Nas vidas que virão, elas não estarão ap-
tas a ganharem um lugar seja no mundo dos seres humanos ou dos
celestiais.
nossos cabelos,
tos de um vestir a Kasaya,
Shramanera. e ainda
Uma pessoa ricanão recebermos
pode os dez
vir a convidar precei-
todos os
sacerdotes [à sua casa], e aqueles que ainda não receberam os precei-
tos podem ser convidados, juntamente com os outros. Eles podem não
ter recebido os preceitos ainda e, no entanto, poderão ser contados
como sacerdotes.
Capítulo Sobre
8– os Quatro Fidedignos Página 173
Oh, bom homem! É como acontece com uma pessoa que aspira à Ilu-
minação pela primeira vez, estuda este Sutra Mahayana do Grande
Nirvana, ostenta-o, copia-o e recita-o. Ela pode ainda não ter atingido o
nível dos dez estágios [de um Bodhisattva] e, no entanto, ela será con-
tada como sendo um daqueles dos dez estágios. Se uma pessoa, quer
seja um discípulo ou não, sem ganância ou medo, ou mesmo por lucro,
ouvir apenas um gatha deste sutra e, tendo ouvido-o, não o calunie –
saiba que essa pessoa já está próxima da Iluminação insuperável. Oh,
bom homem! Por esta razão, Eu digo que as quatro pessoas [fidedig-
nas] se tornarão os refúgios do mundo. Assim eu digo, oh bom homem,
que essas pessoas nunca dirão que o que o Buda disse não é o que Ele
disse. Nada deste tipo ocorrerá. Este é o porquê eu digo que esses
quatro tipos de pessoas tornam-se os refúgios do mundo. Oh, bom
homem! Faça oferecimentos a esses quatro tipos de pessoas.”
(Kashyapa ainda disse): “Oh, Honrado pelo Mundo! Como posso saber
quem são, e como posso fazer oferecimentos?”
O Buda disse a Kashyapa: “Quem ostenta e protege o Dharma Marav
i-
lhoso deve ser convidado. Devemos abandonar nossas vidas e fazer
oferecimentos. Isto é como eu digo no meu sutra Mahayana:
Bom Homem! Por exemplo, um rei morre de uma doença e seu filho, o
príncipe da coroa, ainda é jovem e não apto a ascender ao trono. Existe
um candala [uma pessoa mestiça desprezada, nascida de um pai da
casta Sudra e uma mãe Brâmane] que é rico e cuja fortuna é inestimá-
vel. Ele tem muitos parentes. No final, usando a força, ele tira vanta-
gem da condição de fraqueza do estado e usurpa o trono. Muito antes,
o povo, Monges, Brâmanes e outros se revoltam e fogem para países
distantes. Há pessoas que não fogem, mas que não desejam ver o rei,
bem como os ricos e Brâmanes que não deixarão a sua terra nativa, tal
como as árvores que crescem onde se encontram e onde elas morrem.
O rei candala, vendo os subjugados deixando o país, envia homens
candala para bloquear todas as estradas. E também, após sete dias, ele
põe homens a bater tambores e proclama a todos os Brâmanes: ‘A
qualquer pessoa que celebre a cerimônia de abhiseka [uma cerimônia
de consagração, envolvendo aspersão de água sobre a cabeça], metade
da terra lhe será dada!’ Eles ouvem isto, mas nenhum Brâmanea-se
presenta. Todos dizem: ‘Como poderia um Brâmane fazer tal coisa?’
Então o rei deu ao menino a metade do seu reinado. Juntos, eles reina-
ram sobre todo o reino. Um longo tempo se passou. Então o menino
Brâmane disse ao rei: ‘Eu rejeitei a minha tradição familiar, vim você
a
para tornar-me seu mestre e lhe ensinei, Rei, todos os intrincados as-
suntos do encantamento. Ainda assim você não me ajuda’. Então o rei
respondeu: ‘De que forma eu não te ajudo?’. O menino Brâmane disse:
‘Eu ainda não experimentei a amrta que o rei anterior deixou em suas
mãos’. O rei disse: ‘Falaste bem! Oh, meu grande mestre! Eu não sabia.
Se você deseja usá-la, por favor leve isto [amrta] para sua casa’. Então
o menino Brâmane, ouvindo as palavras do rei, levou a amrita para
casa e convidou todos os ministros, e compartilhou (a amrta) com eles.
Todos os ministros, tendo- a, disseram ao rei: ‘é maravilhoso que o
grande mestre tenha a amrta’. Ouvindo isto, o rei disse ao seu mestre:
‘Como é que, oh grande mestre, você experimenta a amrta com todos
os ministros e ainda assim não a mostra para mim?’ Então o menino
Brâmane deu ao rei uma poção venenosa. Tomando a poção, o rei
sentiu-se mal e caiu no chão. E lá ficou inconsciente, como um homem
morto. Então o menino Brâmane chamou de volta o rei anterior, resti-
tuiu-lhe o trono e disse: ‘O trono do leão não pode, por lei, ser ocupado
por um candala. Nunca ouvi desde o passado que um candala alguma
Capítulo Sobre
8– os Quatro Fidedignos Página 177
vez tenha sentado num trono real. Nunca poderia acontecer de um
candala reinar sobre o estado e governar o povo. Oh, grande rei! Agora
você deve suceder o rei anterior e governar o estado equânime e le-
galmente’. Tendo disposto as coisas assim, ele deu um antídoto para o
candala e deixou-lhe despertar. Após despertar, ele retirou-se do país.
Agora, esse menino, agindo dessa forma, não perdeu o prestígio dos
Brâmanes. E os outros, ouvindo o que aconteceu, elogiaram o seu ato e
disseram que isto era uma coisa inédita. Eles disseram: ‘Bem feito, bem
feito! Você realmente se livrou do rei candala’.
O Buda disse: “Oh bom homem! Não fale assim. Por que não? Os
preceitos (shila) recebidos srcinalmente permanecem intactos e não
são perdidos. Se transgredimos, nos arrependemos. Tendo
Capítulo Sobre
8– os Quatro Fidedignos Página 179
arrependido, nos tornamos puros. Oh bom homem! Quando uma
barragem está velha e tem buracos nela, a água inevitavelmente
vazará. Por quê? Porque ninguém a reparou. Quando a reparamos, a
água não poderá vazar. O mesmo se passa com o Bodhisattva. Quando
os preceitos são violados, segue-se a confissão [posadha], recebendo
[novamente] os preceitos, e assim vêm as horas de liberdade. As
obrigações monásticas são cumpridas, mas as regras do vinaya não são
como o caso da barragem com furos através dos quais a água vaza. Por
que não? Se houver alguém que defenda o vinaya (conjunto de regras
monásticas), o tamanho da Sangha diminuirá e advirão a frouxidão
moral e a indolência, que somente crescerão. Se houver aqueles que
sejam puros em seus atos e que mantenham em observância os
preceitos, os preceitos (shila) srcinais permanecerão perfeitos e
válidos. Oh bom homem! Uma pessoa que é relaxada no Veículo [isto
é, com relação às orientações gerais do Buda-Dharma do Mahayana], é
[de fato] relaxada; e uma pessoa que é relaxada com respeito aos
preceitos, não é [de fato] relaxada. O Bodhisattva-Mahasattva não é
relaxado com relação aos ensinamentos disto [isto é, despertar para o
estado real da existência]. Isto é observância dos preceitos. Ele guarda
bem o Dharma-Maravilhoso e banha-se nas águas do Mahayana.
Assim, embora o Bodhisattva viole os preceitos, ele não é [realmente]
relaxado com relação aos preceitos.”
O Bodhisattva
Sangha. É comoKashyapa
com a disse ao Buda:
manga, que é“Há quatro
difícil tipos de
de saber pessoas
quando na
está
madura. Como podemos saber a diferença entre violação e não-
violação dos preceitos?”
O Dharma e a Pessoa
Capítulo Sobre
8– os Quatro Fidedignos Página 183
O Buda disse: “Estar baseado no Dharma significa nada mais que
basear-se no Mahaparinirvana do Tathagata. Todos os ensinamentos
Budistas nada mais são que o ‘Dharmata’ [essên cia do Dharma,
essência da Realidade]. Esse ‘Dharmata’ é o Tathagata. Portanto, o
Tathagata é Eterno e Imutável. Qualquer pessoa que diga que o
Tathagata é não-Eterno não conhece o ‘Dharmata’. Essa pessoa não é
alguém em quem basear-se. Todos os quatro (tipos) de pessoas
mencionadas acima aparecem no mundo, protegem, agem e se
tornam um refúgio [para todos os seres]. Por quê? Porque eles
realmente compreendem os pontos mais profundos daquilo que o
Tathagata diz e sabem que o Tathagata é Eterno e Imutável. Não é bom
dizer que o Tathagata é não-Eterno e que ele muda.
O Significado e as Palavras
Sabedoria e Consciência
Dizemos
Sabedoriaque
é umanos baseamos
alusão ao na SabedoriaSee qualquer
Tathagata. não na consciência.
Sravaka nãoA
compreende bem as virtudes do Tathagata, a consciência (deste) não é
para ser seguida. Se ele sabe que o Tathagata é o Corpo-do-Dharma,
essa verdadeira Sabedoria pode realmente ser seguida. Se uma pessoa
vê o corpo expediente do Tathagata e diz que ele pertence aos cinco
skandhas, aos dezoito reinos [isto é, os seis órgãos dos sentidos (nariz,
ouvido, etc.), os seis campos do sentido (olfato, audição, etc.) e as seis
Capítulo Sobre
8– os Quatro Fidedignos Página 185
consciências], e às doze esferas [os seis órgãos dos sentidos e os seis
campos dos sentidos], e que ele resulta da alimentação, isso não é para
ser seguido. Isto significa que mesmo a consciência não é para ser se-
guida. Se um sutra diz tal coisa, ele não pode ser seguido.
Tathagata é Eterno
ao significado. e Imutável,
Se uma issoque
pessoa diz mostra queo aquela
o que Sravakapessoa chegou
diz pode ser
compreendido, isto indica não-apreensão do significado. Se uma
pessoa diz que o Tathagata é um produto da alimentação, isto é não-
apreensão do significado. Se uma pessoa diz que o Tathagata é Eterno
e Imutável, isto é plena apreensão do significado. Se uma pessoa diz
que o Tathagata entra no Nirvana como no caso do combustível que se
exauriu, isto é não-apreensão do significado. Se uma pessoa diz que o
A Apreensão do Significado
Oh bom homem! Pode haver uma pessoa que diga que o Tathagata,
por piedade a todos os seres, olha para aquilo que é mais apropriado
para a ocasião. Como ele (o Tathagata) sabe o que é certo para a ocasi-
Então, todas essas quatro coisas são aquelas que podemos seguir. Se
os preceitos, o abhidharma e os sutras não diferem daquelas quatro
coisas, devemos segui-los. Se uma pessoa diz que há ocasiões e não-
ocasiões, que o Dharma deve ser protegido e que o Dharma não deve
ser protegido, e que o Tathagata permite a todos os Monges recebe-
rem e terem essas coisas impuras, essa (pessoa) não deve ser seguida.
Se os preceitos, o abhidharma e os sutras concordam com isso, essas
três coisas (os preceitos, o abhidharma e os sutras) não podem ser
seguidos. Eu falo sobre essas quatro coisas para o benefício de todos os
seres com olhos carnais, mas não para aqueles que possuem o olho da
Sabedoria. Esse é o porquê falo sobre essas quatro coisas e digo que
elas são aquilo que deve ser seguido. ‘Dharma’ é ‘Dharmata’; ‘signific
a-
do’ está dizendo que o Tathagata é Eterno e Imutável; ‘Sabedoria’ é
saber que todos os seres possuem a Natureza-de- Buda [‘Buddhata’];
‘apreensão do significado’ significa ser bem versado em todos os sutras
Mahayana.”
Capítulo Sobre
8– os Quatro Fidedignos Página 189
Capítulo Nove: Sobre o Errado e o Certo
Então Kashyapa disse ao Buda: “Oh Honrado pelo Mundo! Devemos
seguir os quatro tipos de pessoas acima?”
terra, ao castelo
na. Através de Kapilavastu,
da união dos desejos ecarnais
viveu no palácio
do pai e dado (Rei)
mãe, eleSuddhoda-
ganhou o
nascimento e a espécie humana. Um homem, nascido em meio aos
humanos, nunca pode ser respeitado por todos os seres celestiais e
seres na terra.’ Ele também dirá: ‘No longínquo passado, ele foi subm
e-
tido à penitência, ofereceu sua cabeça, olhos, medula, estado, esposa e
filhos. Em razão disto, ele atingiu a Iluminação. Como resultado, ele
agora é respeitado por humanos e deuses, gandharvas, asuras, kimna-
Capítulo 9Sobre
– o Errado e o Certo Página 191
ras e mahoragas.’ Se quaisquer sutras ou vinayas disserem assim, saiba
que todos eles são nada mais do que aquilo que saiu da boca de Mara.
Oh bom homem! Os sutras e vinayas poderão dizer: ‘Já há um longo,
um longo tempo atrás desde que o Tathagata atingiu a Iluminação. Ele
agora atinge a Iluminação (recente), tudo para salvar os seres. Assim,
ele mostra-se como sendo nascido de uma união de desejos carnais do
pai e da mãe. Ele manifesta-se assim apenas para estar de acordo com
aquilo que se aplica ao mundo.’ Saiba que qualquer sutra ou vinaya
que fale assim é verdadeiramente do Tathagata. Qualquer pessoa que
siga o que Mara diz é o aparentado de Mara; uma pessoa que siga a
palavra do Buda é um Bodhisattva.
Capítulo 9Sobre
– o Errado e o Certo Página 195
Ou uma pessoa poderia dizer: ‘O Tathagata expôs os sutras e vinayas
para mim. De todos os grandes pecados, aqueles [classificados como]
leves, pesados e sthulatyaya (ofensa grave) são todos graves. No nosso
vinaya não os cometemos, até o fim. Há tempos eu apresentei essa Lei,
mas vocês não a compreenderam. Como eu poderia abandonar meu
próprio vinaya e vir para o vosso vinaya? O vosso vinaya é nada mais do
que aquilo que Mara diz. O nosso é o que o Buda diz. O Tahagata já deu
os nove tipos de formulações do Dharma [isto é, os ensinamentos Hi-
nayana]. Essas nove formulações constituem nossos sutras e vinaya. Eu
nunca ouvi falar de uma sentença ou palavra dos sutras Vaipulya [isto
é, os sutras extensivos do Mahayana]. Onde, em todos os inumeráveis
sutras e vinayas, deparamos com o nome de sutra Vaipulya? Em ne-
nhum deles (sutras) temos ouvido falar alguma vez de dez tipos de
sutras. Se existirem tais coisas, seguramente devem ser trabalho de
Devadatta. Devadatta é uma pessoa má. Com o intuito de destruir os
bons ensinamentos, ele fez o Vaipulya. Não acreditamos em quaisquer
sutras destes. Isto é o que os sutras dizem. Por quê? Porque eles dizem
isto e aquilo que diz respeito à doutrina Budista. Todas essas coisas
(ditas por vocês) estão estabelecidas [somente] nos vossos sutras; os
nossos não contém essas coisas [ensinamentos]. Nos nossos sutras e
vinayas, o Tathagatadiz: ‘Após a minha entrada no Nirvana, na era da
maldade, poderão surgir sutras e vinayas distorcidos. Estes são os cha-
mados sutras Mahayana. Nas eras que virão, existirão esses Monges
maus.’ Eu, então, digo: ‘Há ainda os sutras Vaipulya além dos nove
tipos de sutras.’ Uma pessoa que aceita completamente a significação
diz que ela compreende bem os sutras e vinayas, aparta-se de tudo o
que é impuro e é tão delicada e pura que poderíamos compará-la à lua
cheia.
Além disso, oh bom homem! Se for dito: ‘Uma vez que o Tathagata não
é perfeito nas inumeráveis virtudes, ele é não eterno e deve mudar. Ele
reside
do’; talno Todo-Vazio
sutra ou vinayae éexpõe o não-Eu.
de Mara. Se umIsto nãodiz:
sutra é o‘Acaminho do Ilum
verdadeira mun-
i-
nação do Tathagata está para além do conhecimento e da compreen-
são. E também, ele é perfeito nos inumeráveis asamkhyas de virtudes.
Portanto, ele é Eterno e não pode haver mudança (é imutável)’, tal
sutra ou vinaya é o que o Buda disse. Qualquer pessoa que siga o que
Mara diz é um aparentado de Mara. Qualquer pessoa que siga o que o
Buda diz é um Bodhisattva.
Capítulo 9Sobre
– o Errado e o Certo Página 197
Ou uma pessoa poderá dizer: ‘Há um Monge no mundo que, não co-
metendo quaisquer das parajika [as mais graves ofensas], está preso ao
mundo por ter transgredido, como (por exemplo) cortar a árvore sala’.
Mas em verdade, esse Monge não transgrediu. Por que não? Eu sem-
pre digo: ‘O caso de algué
m que cometa quaisquer das parajikas é se-
melhante a partir uma pedra em dois: ela nunca mais se tornará uma’.
Se uma pessoa diz que obteve aquilo que supera o poder dos homens
[Pali: ‘uttarimanussadhamma’, um estado do Dharma que é superior
ao estado humano, estado superhumano que transcende as limitações
humanas], ela comete parajika (ofensa grave). Por quê? Porque ela de
fato não atingiu nada, e ainda finge tê-lo feito [ou seja, está dizendo
mentiras]. Essa pessoa retrograda do mundo dos humanos e da Dou-
trina. Isso é uma parajika.
Ou uma pessoa poderia dizer: ‘Não pode haver nada como as quatro
graves ofensas, as treze samghavasesas (são violações de regras de
conduta que podem causar a dissolução da Sangha), as duas aniyatans,
as 30 naihsargika-prayascittikas (lapsos por caducidade), 91 payattikas,
quatro formas de arrependimento, diferentes formas de aprendizado,
sete formas de adhikarana-samatha, e também não pode haver sthu-
latyayas, cinco pecados capitais e icchantikas. Caso um Monge viole
todas essas shilas (regras de conduta de comportamento ético) e caia
no inferno, todos os tirthikas nasceriam no céu. Por quê? Porque eles
não têm quaisquer preceitos para transgredir. Isto mostra que o Tatha-
gata pretende assustar as pessoas. Este é o motivo de ele instituir esses
preceitos. O Buda tem dito que quando os Monges desejam satisfazer
os seus desejos carnais, eles devem largar os seus trajes sacerdotais,
vestir uma roupa mundana e fazê-lo.
‘Alguém extrapolou,
isto está dizendo mentiras [mrsavada].
Se não vemos após-a-vida,
não há pecado que não será cometido’.
Por esta razão, não deveríamos nos aproximar de tal pessoa. O que é
puro neste ensinamento Budista é assim. Poderia acontecer de alguém
que tivesse violado o sthulatyaya, o samghavasesa e o parajika; pudes-
se passar como não tendo pecado? Em razão disto, deveríamos nos
colocar em guarda e proteger esse Dharma. Se não o defendermos,
onde poderá haver qualquer proibição? Eu agora digo nos sutras: ‘Por
cometer qualquer uma das graves ofensas ou quaisquer das ofensas
menores (duskrtas), devemos sofrer dor para remediá-
las’. Se não nos
resguardarmos quanto [a transgressão] às proibições, que possibilida-
de poderá haver de vermos a Natureza-de-Buda?
O Buda disse: “Oh bom homem! Eles [os que assim dizem] não violam
o parajika. Por exemplo, oh bom homem! Se qualquer pessoa diz que
no grande oceano existem apenas as sete gemas, não oito, aquela
pessoa não pecou. Se uma pessoa diz que não há menção da Natureza-
de-Buda nos nove tipos de sutras, não pode haver qualquer cometi-
mento de pecado. Por que não? Eu digo que no oceano do Mahayana
da grande Sabedoria existe a Natureza-de-Buda. Como os dois veículos
não sabem ou vêem [isto], não se pode falar que tenham cometido
qualquer pecado, mesmo que eles digam que ela não existe. Isso é uma
coisa que somente o Buda sabe, e que Sravakas e Pratyekabudas não
podem saber. Oh bom homem! Não tendo nunca ouvido sobre a gran-
de profundeza do Dharma secreto do Tathagata, como poderia uma
pessoa esperar saber da existência da Natureza-de-Buda? O que é o
repositório secreto? Nada mais que os sutras Vaipulya. Oh bom ho-
mem! Pode haver tirthikas que falam sobre o eu eterno ou o ‘não-ser’
do eu. Este não é o caso com o Tathagata. Ele diz que existe o Eu,–ou
em outras ocasiões– que não existe. Esse é o Caminho Médio.
Uma pessoa poderia dizer: ‘O Buda fala sobre o Caminho Médio. Todos
os seres possuem a Natureza-de-Buda. Como a ilusão os ofusca, eles
não sabem ou vêem. Assim, um (meio) expediente é aplicado para
cortar as raízes da ilusão’. Uma pessoa que
fala assim não comete as
quatro graves ofensas. Isto nós deveríamos saber. Qualquer pessoa
que não fale assim infringe o parajika. Ou uma pessoa poderia dizer:
‘Eu já atingi a Iluminação Insuperável! Por quê? Porque eu possuo a
Sutra Mahayana do Mahaparinirvana Página 202
Natureza-de-Buda. Qualquer pessoa que possua a Natureza-de-Buda
seguramente atingiu a Iluminação Insuperável. Consequentemente, eu
atingi a Iluminação’. Então, deveríamos saber que essa pessoa infringe
o parajika. Por que é assim? Com toda a certeza existe a Natureza-de-
Buda. Mas ainda não tendo praticado o melhor expediente da Via, a
pessoa ainda não a viu. Não a tendo visto, ela não pode ter atingido a
Iluminação Insuperável. Oh bom homem! Com relação a isto, o ensi-
namento do Buda é profundo em seu significado e difícil de entender
”.
Capítulo 9Sobre
– o Errado e o Certo Página 203
Também, há um Monge que senta num lugar solitário desejando edifi-
car o insuperável Dharma Maravilhoso. Embora não seja um Arhat, sua
intenção é de que outros o chamem de Arhat, um Monge amável, um
bom Monge, um Monge quieto. Ele assim, efetivamente, faz com que
inumeráveis pessoas venham à fé. Por isso, eu permito que todos os
inumeráveis Monges amparem-lhe como um parente. Através disso,
eu posso ensinar e fazer com que os Monges quebradores dos precei-
tos, Leigos e Leigas defendam os preceitos. Em conseqüência, o Dhar-
ma Maravilhoso será estabelecido, o insuperável significado do grande
princípio do Tathagata resplandecerá e o ensinamento do Mahayana
Vaipulya será reverenciado, emancipando todos os inumeráveis seres,
tal que eles venham conhecer os significados leves ou pesados dos
sutras e vinayas que o Tathagata concedeu.
Capítulo 9Sobre
– o Errado e o Certo Página 207
Capítulo Dez: Sobre as Quatro Nobres Verdades
o
semesmo se aplica
pensamento ao Dharma,
a pessoa obteráà liberdade
Sangha e irrestrita
à emancipação;
atravésatravés des-
das inume-
ráveis eras que virão e poderá divertir-se como quiser. Por quê? Por-
que certa vez no passado, devido às quatro inversões, eu tomei o não-
Dharma como Dharma e sofri pelas inumeráveis conseqüências cármi-
cas. Quando eu acabei com essas visões, atingi o verdadeiro despertar
para o Estado de Buda. Essa é a Nobre Verdade da Via. Qualquer pes-
soa que diga que os Três Tesouros são não-eternos e mantenha essa
Capítulo 11
Sobre
– as Quatro Inversões Página 213
O pensamento do Eu em relação ao não-Eu, e o pensamento do não-Eu
em relação ao Eu, são inversões. As pessoas do mundo dizem que exis-
te o Eu, e dentro do Budismo, também, dizemos que existe o Eu. As
pessoas do mundo dizem que existe o Eu, mas não existe a Natureza-
de-Buda. Isto é ter a idéia do Eu no [naquilo que é] não-Eu. Isso é uma
inversão. ‘O Eu do qual se fala no Budismo é a Natureza -de-Buda’. As
pessoas do mundo dizem que não há Eu no Budismo. Isto é uma idéia
do não-Eu no Eu. ‘Está definido que não existe o Eu no ensinamento
Budista. Este é o porquê o Tathagata diz aos seus discípulos para prati-
car o altruísmo’. Se tal coisa é dita, isso é uma inversão. Esta é a terce
i-
ra inversão.
Capítulo 12Sobre
– a Natureza do Tathagata Página 215
expediente é o Tathagata, a mulher pobre são todos os inumeráveis
seres, e o Baú de Ouro Verdadeiro é a Natureza-de-Buda.
Capítulo 12Sobre
– a Natureza do Tathagata Página 217
A Parábola do Lutador
O Buda disse a Kashyapa: “Oh bom homem! Como uma analogia: exis-
te na prole de um rei um grande lutador. Ele tem uma pérola adaman-
tina na sua testa. Esse homem luta com outros lutadores. Quando [cer-
ta vez] a cabeça de outra pessoa tocou a sua testa, a pérola foi para
dentro da carne do lutador, e não se tinha conhecimento de onde ela
estava. Um furúnculo surgiu ali. Um bom médico foi chamado para
curá-lo. Naquela ocasião, existia um bom médico com uma mente bri-
lhante. Ele sabia muito bem como diagnosticar e prescrever remédios.
Ora, ele vê que esse furúnculo apareceu devido ao fato de a pérola ter
entrado no corpo do lutador. Ele compreende que essa pérola pene-
trou a carne e permanece lá. Então, o bom médico indaga o lutador:
‘Onde está aquela pérola que estava sobre suas sobrancelhas’? Oa-lut
dor fica surpreso e responde: ‘Oh grande mestre e doutor! A pérola na
minha testa não foi perdida? Onde a pérola poderia estar agora? Não é
um milagre [que você saiba sobre ela]’? Ele (o lutador) está preocup
a-
do e chora. Então, o doutor pacifica o lutador: ‘Não fiqu
e sobrecarre-
gado. Quando você lutou, a gema entrou no seu corpo. Ela agora está
sob sua pele e pode ser vista saliente. Conforme você lutou, o veneno
da raiva queimou tanto que a gema penetrou no seu corpo e você não
a sentiu’. Mas o lutador não compreende as palavras do doutor. ‘Se ela
está sob minha pele, como é que ela não sai devido ao sangue impuro
e o pus? Se ela está em meus nervos, não podemos de forma alguma
vê-la. Por que você tenta enganar-
me’? Então, o doutor pega um esp e-
lho e o segura em frente ao rosto do lutador. A gema aparece clara-
mente no espelho.
do. É como O lutador
aquilo. Oh a vê, ficando
bom homem! O casosurpreso e todo
é o mesmo commaravilha-
todos os
seres. Eles não se aproximam de um bom mestre da Via. Assim, eles
não podem ver a Natureza-de-Buda que está dentro deles, muito em-
bora eles a possuam. E eles são regidos pela avareza, a luxúria, a ira e a
ignorância. Dessa forma, eles caem nos domínios do inferno, da anima-
lidade, dos espíritos famintos, Ashuras, Candalas e vêm a nascer em
diversas casas como as de Kshatriya, Brâhmanes, Vaishya e Sudra. O
O lutador disse que a gema tinha desaparecido, muito embora ela esti-
vesse no seu corpo. O mesmo também se passa com os seres. Não
tendo entrado em contato com um bom mestre da Via, eles não sabem
do tesouro escondido do Tathagata e não estudam o altruísmo. Por
exemplo, quando uma pessoa é dita ser de má índole, não se pode
conhecer a verdadeira qualidade do Eu. O mesmo é verdadeiro com
relação aos meus discípulos. Como eles não se aproximam de um bom
mestre da Via, eles praticam o não-Eu e não sabem onde ele (o Eu)
está. Eles não conhecem a verdadeira natureza do altruísmo. Como,
então, poderiam saber a verdadeira natureza do Eu em si? Assim, oh
bom homem, o Tathagata diz que todos os seres possuem a Natureza-
de-Buda. Isto é como o bom médico fazendo o lutador ver onde a jóia
adamantina repousava. Todos os seres são regidos por inumeráveis
impurezas e, dessa forma, não sabem o paradeiro da sua Natureza-de-
Buda. Quando a ilusão é dissipada, surge a sabedoria e o brilho. Isto é
como o caso do lutador vendo a gema no espelho. Oh bom homem! É
assim o caso em que aquilo que repousa escondido [latente] no Tatha-
gata é imensurável e é difícil para os seres pensarem a respeito.
Capítulo 12Sobre
– a Natureza do Tathagata Página 219
médio. Quando ele amadureceu, ele vazou e entrou nos tubos. Seu
sabor era perfeito. Quando o rei (o Chakravartin) morreu, esse remédio
tornou-se azedo, salgado, doce, amargo, picante, ou suave. Assim,
aquilo que é único (no sabor), apresenta diferentes paladares de acor-
do com os diferentes lugares. O verdadeiro sabor do remédio perma-
nece nas montanhas; é como a lua cheia. Qualquer mortal comum,
estéril em virtudes, pode trabalhar duro, cavar e tentar, mas não pode
obtê-lo. Somente um Chakravartin, elevado nas virtudes, ao aparecer
no mundo pode chegar ao verdadeiro valor desse remédio devido a
uma feliz concatenação circunstancial. O mesmo é o caso [aqui]. Oh
bom homem! O sabor do Repositório Secreto do Tathagata é também
como isto. Encobertos pelo vicejar das impurezas, vestidos na ignorân-
cia, os seres não podem esperar vê-lo (ou senti-lo). Falamos de um
‘Único Sabor’. Isso se aplica, por exemplo, à Natureza-de-Buda. Em
razão da presença de impurezas, vários sabores aparecem, tais como
os do inferno, da animalidade, dos espíritos famintos, dos devas, dos
seres humanos, homens, mulheres, não-homens, não-mulheres, Ksha-
triya, Brâmanes, Vaishya e Sudra.
“Existe uma pessoa que toma amrta, fere a vida e morre cedo,
ou uma outra que toma amrta e ganha longa vida,
ou alguém que toma veneno e ganha vida,
ou um outro que toma veneno e morre.
A Sabedoria sem obstruções, que é a amrta,
não é outra senão os sutras Mahayana.
e esses sutras Mahayana são os que também contêm veneno.
Oh Kashyapa!
“Oh Kashyapa!
Então, o Buda disse a Kashyapa: “Oh bom homem! Não veja os Três
Tesouros como todos os Sravakas e os mortais comuns fazem. Neste
Mahayana, não existe distinção entre os Três Tesouros. Por que não? A
Capítulo 12Sobre
– a Natureza do Tathagata Página 225
dos como refúgio por todos os seres. Se alguém deseja prestar respeito
ao Corpo-do-Dharma e às Shariras [relíquias], deveria também prestar
respeito às torres de todos os Budas. Por quê? Para conduzir todos os
seres. Isto também fará com que os seres concebam um pensamento
da torre em mim, para torná-los reverentes e fazerem oferecimentos.
Esses seres farão do meu Corpo-de-Dharma o lugar onde eles se refu-
giarão. Todos os seres estão enraizados naquilo que não é verdadeiro e
naquilo que é falso. Eu agora revelarei, passo a passo, o verdadeiro
Dharma. Se existem pessoas que se refugiam nos Monges que não são
do calibre certo, eu me tornarei o verdadeiro refúgio para elas. Se exis-
tem aqueles que vêem os Três Refúgios como distintos, eu me tornarei
um lugar único onde eles possam se refugiar. Sendo assim, não pode
haver qualquer distinção entre os Três Refúgios. Para alguém nascido
cego, eu serei os seus olhos, e para os Sravakas e Pratyekabudas eu me
tornarei o verdadeiro refúgio’. Oh bom homem! Tais Bodhisattvas
promulgam os trabalhos do Buda para o benefício de inumeráveis se-
res (agentes) do mal e (também) para todas as pessoas sábias. Oh bom
homem! Existe, como um exemplo, uma pessoa aqui que vai para o
campo de batalha e pensa: ‘Eu sou o primeiro de todos eles. Todos os
soldados dependemde mim’. Também, é como o príncipe que pensa:
‘Eu conquistarei todos os outros príncipes, executarei os trabalhos de
um grande imperador, obterei um poder ilimitado e farei todos os ou-
tros príncipes prestarem homenagem a mim. Portanto, não me permi-
to distrair com um único pensamento de auto-
rendição’.
Capítulo 12Sobre
– a Natureza do Tathagata Página 227
bedorias. Agora falarei sobre como se entra no Tathagatagarbha. Se o
Eu vive, isso é o ensinamento do ‘ser’. Ele não se aparta do sofrimento.
Se o Eu não existe, não poderá haver benefício, mesmo se praticarmos
ações puras. Se dizemos que todas as coisas não possuem um Eu, isso
nada mais é que a teoria do ‘não -ser’ [‘ucchedika-drsti’, ou seja, a visão
do mundo de total negação de qualquer existência, que é a teoria do
todo-vazio]. Se dizemos que o Eu existe, isso é a teoria do ‘ser -eterno’
[‘sasvata-drsti’ – uma visão errônea da vida que considera a existência
como algo concreto e imutável]. Se dizemos que todas as coisas são
não-eternas, isso é a visão do ‘não -ser’. Se dizemos que todas as coisas
existem, isso é a visão do ‘ser-eterno’. Se dizemos que tudo é sofrime n-
to, isso é o ‘não-ser’. Se dizemos que todas as coisas são felicidade, isso
é o ‘ser eterno’. Se uma pessoa pratica a Via do ‘ser -eterno’ de todas as
coisas, essa pessoa cai na heresia do ‘não -ser’. Uma pessoa que pratica
a Via de acordo com a qual todas as coisas tornam-se extintas cai no
‘ser-eterno’. Isso é como a medida de um verme, que carrega suas
patas traseiras adiante por ação das suas patas dianteiras.
O mesmo se passa com a pessoa que pratica o ‘ser -eterno’ e o ‘não-
ser’. O ‘não-ser’ se apóia [depende do, está baseado] no ‘ser
-eterno’.
Em razão disto, aqueles dos outros ensinamentos que praticam o so-
frimento (prática de austeridades) são chamados ‘não -bons’. Aqueles
dos outros ensinamentos que praticam a felicidade são chamados
‘bons’. Aqueles dos outros ensinamentos que praticam o ‘não -Eu’ são
aqueles da ilusão. Aqueles dos outros ensinamentos que praticam o
‘ser-eterno’ dizem que o Tathagata guarda (esconde) secretamente
[verdades]. O assim chamado Nirvana não tem qualquer gruta ou casa
para viver nela. Aqueles os
d outros ensinamentos que praticam o ‘não -
ser’ referem-se à propriedade; aqueles dos outros ensinamentos que
praticam o ‘ser-eterno’ referem-se ao Buda, Dharma, Sangha e correta
emancipação (ou seja, fazem distinção). Saiba que o Caminho do Meio
do Buda nega os dois planos e fala do Dharma Verdadeiro. Mesmo os
mortais comuns e os desluzidos (ignorantes) residem nele e não têm
dúvidas. É como quando os fracos e os doentes tomam manteiga, e
como resultado disto eles sentem leveza no espírito.
Sutra Mahayana do Mahaparinirvana Página 228
A Naturezadual do ‘ser’ e ‘não-ser’ é indefinida. Por exemplo, as nat
u-
rezas dos quatro elementos [terra, água, fogo e vento] não são as
mesmas. Uma difere da outra. Um bom médico vê bem que cada uma
se coloca em oposição à outra. Ele o vê mesmo através deuma fase
unilateral (parcial) daquilo que acontece. Oh bom homem! O mesmo
se passa com o Tathagata. Ele age como um bom médico em relação a
todos os seres. Ele conhece a diferença entre a natureza interna e ex-
terna da ilusão, erradica-a, revela o fato que o Repositório Secreto do
Tathagata é puro, que a Natureza-de-Buda é Eterna e imutável. Se uma
pessoa diz ‘é’, ela deve estar atenta para que a sua Sabedoria não fique
manchada; se uma pessoa diz ‘não -é’, isto não passa de uma falsidade.
Se dizemos ‘é’, não podemoscair em contradição. Também, não se
deve jogar com as palavras e disputar; somente buscar conhecer a
verdadeira natureza de todas as coisas. Os mortais comuns jogam com
as palavras e disputam, traindo a sua própria ignorância quanto ao
Repositório Secreto do Tathagata. Quando vem a questão do sofrimen-
to, o ignorante diz que o corpo é não-eterno e tudo é sofrimento. Além
disso, eles não sabem que existe também a natureza da Felicidade no
corpo. Se é feita alusão ao Eterno, os mortais comuns dizem que todos
os corpos são não-eternos, e são como tijolos crus. Aquele com Sabe-
doria discrimina as coisas e não diz que tudo é não-eterno. Por que
não? Porque os humanos possuem a semente da Natureza-de-Buda.
Quando o não-Eu é mencionado, os mortais comuns dizem que não
pode haver Eu no ensinamento Budista. Aquele que é sábio deve saber
que não-Eu é uma existência temporária (um aspecto da dualidade) e
não é verdade. Sabendo isso, não se deve ter qualquer dúvida. Quando
o oculto Tathagatagarbha é estabelecido como sendo vazio e aquieta-
do, os mortais comuns pensarão em cessação e extinção. Aquele que é
sábio sabe que o Tathagata é Eterno e Imutável.”
Capítulo 12Sobre
– a Natureza do Tathagata Página 229
doria pensa que ele é um homem-leão e que, embora ele venha e vá,
ele é Eterno e imutável.
Capítulo 12Sobre
– a Natureza do Tathagata Página 231
O Brilho e a Ignorância
“Oh bom homem! Não diga que existe definitivamente nata no leite ou
que não existe nata no leite. Também, não diga que ela vem de fora
(do leite). Se definitivamente existe nata no leite, como ela pode ser
uma coisa diferente e ter um sabor diferente? Este é o porquê você
não deve dizer que definitivamente existe nata no leite. Se não existe
definitivamente nata noleite, por que é que algo diferente nãosurge
do leite? Se for colocado veneno no leite, a nata matará uma pessoa.
Este é o porquê você não deve dizer que não existe definitivamente
nata no leite. Além disso, se dissermos que a nata vem de fora, por que
évem
quedea nata
algumnão surge
outro da água?
lugar. Em homem!
Oh bom razão disto,
Comonãoadiga
vacaque a nata
pasta na
grama, seu sangue transforma-se em branco. Grama e sangue morrem
e o poder das virtudes dos seres transforma-os e obtemos o leite. Esse
leite vem da grama e do sangue, mas não podemos dizer que existam
os dois (no leite). Tudo o que podemos dizer é que as condições (rela-
ções) o fazem acontecer. Isso nós podemos dizer. Da nata ao sarpir-
manda, as coisas se passam assim. O caso [aqui] é o mesmo. Em razão
Capítulo 12Sobre
– a Natureza do Tathagata Página 233
do Todo-Maravilhoso ‘Sutra do Mahaparinirvana’, veremos a Natureza
-
de-Buda.
Isto é como no caso das flores nas presas do elefante. Podemos ouvir
tudo acerca dos samadhis dos sutras. Mas se não ouvirmos este sutra,
não poderemos obter a forma maravilhosa do Tathagata. É como
quando não há trovão, não podemos ver flores nas presas do elefante.
Ao ouvir este sutra, se vem a conhecer a secreta [latente] Natureza-de-
Buda, sobre a qual o Tathagata fala. Isso é como ver flores nas presas
do elefante. Ao ouvir este sutra, todos os inumeráveis seres vêm a
saber que isto é a Natureza-de-Buda. Em razão disto, Eu falo sobre o
Grande Nirvana e digo que Eu expando o Corpo-de-Dharma, o Reposi-
tório Secreto do Tathagata. Isto é como com o trovão, quando as flores
caem sobre as presas do elefante. Como isto detém e nutre o grande
significado, isto é chamado ‘Mahaparinirvana’. Se qualquer bom o- h
mem ou mulher aprender esse Todo-Maravilhoso Sutra do Grande
Nirvana, eles devem saber que estão fazendo um trabalho de ação de
graçase que são verdadeiros discípulos do Buda.”
“Oh bom homem! [Como uma analogia]: 100 pessoas cegas consultam
um bom médico à busca de cura. Com isso, o doutor abre a membrana
dos olhos com uma lâmina de ouro e então, levantando um dedo, per-
gunta: ‘Você pode ver isto?’ A pessoa cega diz: ‘Eu não posso-lovê
Sutra Mahayana do Mahaparinirvana Página 234
ainda’. Então, o doutor levanta dois dedos, e três dedos. Então, as-pe
soa diz que ela pode ver em certa medida. Oh bom homem! Enquanto
este Maravilhoso Sutra do Grande Nirvana ainda não tinha sido delibe-
rado pelo Tathagata, o caso era o mesmo. Embora inumeráveis Bodhi-
sattvas pudessem praticar perfeitamente os paramitas, eles podiam
alcançar apenas os dez estágios de residência (abodes, ‘bhumis’) e
ainda não podiam estar aptos a ver a Natureza-de-Buda. Se o Tathaga-
ta fala, eles podem ver em alguma medida. Quando esses Bodhisattvas
verem tudo, eles dirão: ‘Oh, maravilhoso, oh Honrado pelo Mundo!
Temos reciclado entre nascimentos e mortes, e estivemos preocupa-
dos com o altruísmo’. Oh bom homem! Esses Bodhis attvas podem
alcançar bem os dez estágios [‘bhumis’ estágios
– de desenvolvimento
do Bodhisattva], e ainda não podem ver claramente a Natureza-de-
Buda. Como os Sravakas e Pratyekabudas poderiam vê-la?
Oh bom homem! Existe uma pessoa que tem sede e tem que viajar um
longo caminho através do deserto. A sede o deprime tanto que ele
procura por água em toda parte. Então, ele vê a folhagem de uma ár-
vore com um grou branco nela. Tendo perdido a sua capacidade de
julgar, a pessoa não pode dizer se aquilo é uma árvore ou água. Ele
esforça-se para ver. Então ele vê que é um grou branco e a folhagem
de uma árvore. Algo semelhante ocorre com os Bodhisattvas dos dez
Capítulo 12Sobre
– a Natureza do Tathagata Página 235
estágios de residência, que vêem não mais que uma pequena parte da
natureza do Tathagata.
vacas. E ainda
estágios assim elevênão
de residência pode se assegurar.
a natureza O Bodhisattva
do Tathagata dentro de dos
si e,dez
no
entanto, não pode vê-la claramente. A situação é como esta.
Também, além disso, oh bom homem! Existe uma pessoa que, na escu-
ridão da noite, vê a imagem deum Bodhisattva e pensa: ‘Isto pode ser
a imagem de um Bodhisattva, do Mahesvara, do Grande Brahma ou de
alguém num traje monástico?’ A pessoa contempla aquilo por um bom
tempo e conclui que é a forma de um Bodhisattva e, no entanto, ela
não o vê muito claramente. O mesmo é o caso com o Bodhisattva dos
dez estágios de residência que vê dentro de si a natureza do Tathagata.
Nada parece ser muito claro.
“Oh bom homem! Ele (o significado) fica nas quatorze bases fonéticas
que constituem os significados. A assim chamada letra é Nirvana. Sen-
do Eterno, ele (o significado) não flui (não dissipa ou é perdido). Aquilo
que não é fluído (dissipado) não conhece um fim. Aquilo que não co-
nhece um fim é o Corpo Adamantino do Tathagata. Essas quatorze
(bases fonéticas) constituem o fundamento das letras.
‘a’ ( ) é assim chamado porque ele não pode ser destruído. Aquilo
que é indestrutível representa os Três Tesouros. Por exemplo, isto é
como o diamante. Ele também é assim chamado porque ele não flui
(dissipa). Aquilo que não flui (dissipa) é o Tathagata. Nos nove furos
[isto é as saídas do corpo: dois olhos, dois ouvidos, duas narinas, boca e
as duas saídas das excreções] do Tathagata, não há nada que flua (va-
ze) para fora. Assim, ele é estanque [‘anasrava’sem
– impurezas]. E há
nove furos. Todavia, é ‘estanque’ (‘sem fluxos’). Sem
-Fluxos é o Eterno;
o Eterno é o Tathagata. O Tathagata não é aquele que foi criado. Por-
Capítulo
Sobre
13– as Letras Página 241
tanto, ele é Sem-Fluxos. Também, ‘a’ é virtude. Virtude representa os
Três Tesouros. Por ess
a razão dizemos ‘a’.
soa santa’?
‘estar ‘Santo’Também,
satisfeito’. significa ‘não
é -apegado’. SignificaEle
chamado ‘puro’. ‘deconduz
pouco desejo’
a- e
complet
mente os seres através do grande mar dos três mundos do nascimento
e da morte. Isto é o que chamamos ‘santo’.
Além disso, ‘ā’ significa depender de uma pessoa santa. Trata -se de
aprender sobre suas idas e vindas e tudo o que ela (essa pessoa santa)
faz. Aos santos devem ser feitos oferecimentos, eles devem ser respei-
tados e reverenciados. Devemos fielmente servir nossos pais e estudar
o Mahayana. Bons homens e boas mulheres mantêm em observância
as proibições. Todos os Bodhisattvas são chamados ‘santos’. Além s- di
so, ‘ā’ também significa ‘ordem’. Ele diz: ‘Venha e faça isto; você não
deve fazê-lo desse jeito’. Então, faça as coisas como condiz. Aquele que
é atento e suprime a má conduta é um santo. Este é o porquê dizemos
‘ā’.
Capítulo
Sobre
13– as Letras Página 243
‘e’ ( ) é o ‘Dharmata’ e Nirvana de todos os Budas. Assim, dizemos ‘e’.
Capítulo
Sobre
13– as Letras Página 245
‘ṭha’ ( ) representa a perfeição do Corpo-do-Dharma, como no caso
da lua-cheia. Portanto, ṭha’.
‘
Capítulo
Sobre
13– as Letras Página 247
‘va’ ( ) significa que o Honrado pelo Mundo é quem faz cair sobre
todos os seres a grande chuva do Dharma. Ele é chamado, por assim
dizer, sutra da boa-sorte.Portanto, ‘va’.
Kashyapa disse ao Buda: “Oh Honrado pelo Mundo! Se estes são r-ete
nos, eles são iguais ao Tathagata?”
“Oh bom homem! Não fale dessa maneira. Por que não? Se dissermos
que o Tathagata é como o Monte Sumeru, isto implica que ele quebra-
rá assim como o Monte Sumeru deverá quebrar quando chegar o tem-
po para a sua desintegração. Oh bom homem! Não veja as coisas as-
sim. Oh bom homem! ‘Dentre todas as coisas, com exceção do Nirv
a-
na, nenhuma é eterna’. Meramente para conformidade com as formas
da verdade secular, dizemos que a fruta é eterna”.
Capítulo 14Sobre
– a Parábola dos Pássaros Página 251
O Bodhisattva Kashyapa disse ao Buda: “Oh Honrado pelo Mundo! Está
bem,está bem! É como o Buda diz.”
Capítulo 14Sobre
– a Parábola dos Pássaros Página 253
“Oh bom homem! No Céu do Não -Pensamento [‘avrha-samadhi’ –
concentração sem pensamento], o que se alcança é a ausência de pen-
samento (indiferença). Se não há pensamento, não pode haver vida. Se
não há vida, como pode haver os cinco skandas, os 18 reinos e as 12
esferas? Portanto, não podemos dizer que a vida do Céu do Não-
Pensamento tenha algum lugar para existir. Oh bom homem! Por e-
xemplo, o deus de uma árvore vive na árvore. Definitivamente, não
podemos dizer que ele viva no ramo, no nó, no tronco ou na folha.
Embora não possamos dar nome ao lugar, não podemos dizer que ele
não existe. A vida do Céu do Não-Pensamento é também como aquilo.
Oh bom homem! O caso do Buda-Dharma é semelhante a isto. É muito
profundo e insondável. O Tathagata não tem apreensão, sofrimento ou
preocupação. E ainda assim, ele demonstra grande compaixão para
com todos os seres, tem apreensão e tristeza, e os vê como ele vê Ra-
hula.
outro
Nirvanadiferente (ensinamento).
é Felicidade. Todas
Ele (o Nirvana) é oasmais
coisas criadas são
maravilhoso tristeza;
e destrói as
coisas criadas [isto é, eleva-
nos para além da esfera da criação].”
Um homem deita-se no chão e olha para o céu, onde ele não pode ver
os caminhos por onde os pássaros voaram. Aqui é o mesmo caso. Oh
bom homem! O mesmo é o caso com os seres. Eles não possuem os
olhos celestiais. Imersos na ilusão, eles não podem ver a natureza do
Tathagata que eles possuem. Por essa razão, eu agora exponho os
ensinos secretos do altruísmo. Por quê? Uma pessoa que é desprovida
dos olhos celestiais não conhece o Verdadeiro Eu. Porque ela imagina o
Eu de uma maneira errada. Todas as coisas criadas pela ilusão são não-
eternas. Este é o porquê digo que o Eterno e o não-Eterno são duas
coisas diferentes.
Capítulo 14Sobre
– a Parábola dos Pássaros Página 257
Se com esforço e coragem
alcançamos o cume de uma montanha,
vemos as planícies, a vastidão dos campos e todos os seres.
Como alcançamos o grande palácio da Sabedoria
e o assento que é o mais elevado e maravilhoso,
então já acabamos com a apreensão e o sofrimento
e vemos a apreensão dos seres.
Capítulo 14Sobre
– a Parábola dos Pássaros Página 259
Capítulo Quinze: Sobre a Parábola da Lua
A Parábola da Lua
A Eterna Lua-Cheia
Capítulo 15
Sobre
– a Parábola da Lua Página 261
primeiro dia do mês. Todos dizem que esse menino é recém-nascido.
Ele caminha sete passos. Isso é como a lua no segundo dia. Ou ele mos-
tra-se estudando. Isto é como a lua no terceiro dia. Ele demonstra a
renúncia. Isto é como a lua do oitavo dia. Ele emite a luz toda-
maravilhosa da Sabedoria e subjuga um incontável número de seres e
os exércitos de Mara. Isto pode ser comparado com a lua-cheia do
décimo quinto dia. Ou ele manifesta os 32 sinais de perfeição e as 80
características menores de excelência. Assim ele adorna-se e manifes-
ta-se entrando no Nirvana. Ele (o Nirvana) é como o eclipse da lua.
Assim, o que cada um dos seres vê não é o mesmo. Alguns vêem a
meia-lua, outros a lua-cheia, e ainda outros um eclipse. Mas essa lua,
por sua natureza, não conhece crescimento (enchimento) ou eclipse.
Ela é sempre Lua-Cheia. O corpo do Tathagata é assim. Por essa razão,
dizemos eterno e imutável.
tamanho da lua
diz: ‘É como umae roda’.
diz: ‘É Ou
como a bocapode
alguém de uma chaleira’.
dizer: Ou uma
‘É algo em tornopessoa
de 45
yojanas’. Todos vêem a luz da lua. Alguns a vêem tão redonda quanto
uma bacia de ouro. A natureza dessa lua é somente uma, mas diferen-
tes seres a vêem de formas diferentes. Oh bom homem! O mesmo é o
caso com relação ao Tathagata. Ele aparece no mundo. Humanos e
deuses podem pensar: ‘O Tathagata está agora diante de nós e vive’. O
surdo e o mudo vêem o Tathagata como alguém surdo e mudo. Diver-
Também, além disso, oh bom homem! Duas pessoas lutam com espa-
das e bastões, causando lesões corporais, derramamento de sangue e
morte. Mas se eles não tivessem intenção de matar, a conseqüência
cármica seria leve, e não pesada. O mesmo é o caso [aqui]. Mesmo em
relação ao Tathagata, se uma pessoa não tem intenção de matá-lo, o
mesmo se aplica à sua ação. Ela é leve e não pesada. O mesmo é o caso
com o Tathagata. Para guiar os seres nos dias que virão, ele mostra as
conseqüências cármicas (leves ou pesadas que os seres carregam).
este
mesmo é oseremédio-raiz, oeste
passa com é a haste,
Tathagata. No este é a de
sentido florguiar-nos,
e este é ele
a cor’.
impõeO
aos seres muitas restrições. Dessa forma, devemos tentar agir em con-
cordância [com essas restrições] e não contrariá-las. Para aquelas pes-
soas dos cinco pecados mortais, para aqueles caluniadores do Dharma
Maravilhoso, para os icchantikas e para aqueles que podem cometer
tais ações (caluniosas) nos dias que virão, ele manifesta-se de acordo.
Tudo isso é para os dias após a morte do Buda, para os Monges sabe-
O Brilho da Lua
Também, além
tam ao olhar disso, da
o brilho ohlua.
bomEste
homem! Por exemplo,
é o porquê amos aoslua
cham seres se edelei-
de ‘aqu -
la que é agradável de ver’. Se os seres estiverem possuídos pela cobiça
(avareza), a malevolência e a ignorância, não haverá prazer em vê-la. O
mesmo se passa com o Tathagata. A natureza do Tathagata é pura,
boa, limpa e imaculada. Isto é o que há de mais prazeroso para con-
templar. Os seres que estão em harmonia com o Dharma não hesitarão
(e sentirão prazer) em ver; aqueles com maus pensamentos não senti-
Capítulo 15
Sobre
– a Parábola da Lua Página 265
rão prazer em ver. Por essa razão dizemos que o Tathagata é como o
Brilho da Lua.
Também, além disso, oh bom homem! Por exemplo, quando o sol nas-
ce, todo o nevoeiro se dispersa. A situação é a mesma com relação ao
Sutra do Grande Nirvana. Se dermos ouvidos uma única vez a ele, toda
a maldade e o karma do Inferno Avichi morrerão. Ninguém pode pene-
trar o que se conquista neste Grande Nirvana (assim como não vemos
o sol na escuridão da noite), que expõe o repositório secreto da natu-
reza do Tathagata. Por esta razão, bons homens e boas mulheres nutri-
rão um pensamento de que o Tathagata é Eterno, é Imutável, que o
Dharma não cessa de ser, e que o Tesouro da Sangha não morre. As-
sim, deveríamos empregar todos os meios, empreendermos esforços e
aprender esse sutra. Essa pessoa, ao longo do tempo, atingirá a Insupe-
rável Iluminação. Este é o porquê esse sutra é dito conter inumeráveis
virtudes e é também chamado aquele que não conhece (ou concebe) o
fim da iluminação. Em razão desta infinitude, podemos dizer Mahapa-
rinirvana. A luz de Brilho Excelente como nos dias de sol. Como ele é
ilimitado, dizemos Grande Nirvana.”
Capítulo 15
Sobre
– a Parábola da Lua Página 267
Sutra Mahayana do Mahaparinirvana Página 268
Capítulo Dezesseis: Sobre o Bodhisattva
“Também, além disso, oh bom homem! De todas as luzes, a luz do sol e
da lua é insuperável. Nenhuma outra luz se iguala a ela. O mesmo se
passa com a luz do Grande Nirvana, que é a mais maravilhosa de todas
as luzes dos sutras e Samadhis. É algo que não pode ser alcançado por
qualquer das luzes de qualquer dos sutras e Samadhis. Por que não?
Porque a luz do Grande Nirvana penetra completamente nos poros da
pele. Embora os seres possam não possuir o Bodhichitta (autodetermi-
nação de atingir a iluminação), ela ainda causa o Bodhi (é um termo
Pāli e Sânscrito para o estado ‘desperto’ ou ‘iluminado’). Esse é or-po
quê dizermos ‘Mahaparinirvana’.”
pessoas
no lugar que concebam
de Budas o Bodhichitta
tão numerosos [decidam
quanto alcançar
às areias a Iluminação]
do Ganges, [ainda]
haverá aqueles que não alcançarão o significado do Grande Nirvana.
Como poderia uma pessoa erradicar a raiz das impurezas sem antes
alcançar o significado?”
CapítuloSobre
16– o Bodhisattva Página 269
voz do Dharma e a luz [do Grande Nirvana] penetrarem os poros da sua
pele, elas infalivelmente atingirão a Iluminação Insuperável. Por que é
assim? Se alguém fizer verdadeiramente oferecimentos e prestar ho-
menagem a todos os Budas, essa pessoa seguramente encontrará oca-
sião para ouvir o Sutra do Grande Nirvana. Pessoas não dotadas de boa
sorte não serão abençoadas com a audição deste sutra. Por que não?
Uma pessoa de grande virtude estará realmente apta a dar ouvidos a
algo tão importante como este. Os mortais comuns e aqueles dos graus
inferiores (aos do mortal comum) não podem facilmente dar ouvidos a
ele (este sutra). O que é que é Grande? Nada mais que o Repositório
Secreto de todos os Budas, que é a Natureza do Tathagata. Isto é o
porquê dizemos importante.”
O Buda disse a Kashyapa: “Se alguém que tenha ouvido este Sutra do
Grande Nirvana disser que ele nunca conceberá o Bodhichitta e [assim]
cometer calúnias, essa pessoa verá um Rakshasa num sonho e sentirá
medo. E o Rakshasa dirá: ‘Hey, bom homem! Se o Bodhichitta nãor-su
gir em você, certamente tomarei a suaida’.
v Sentindo medo e aco r-
dando do seu sonho, a pessoa aspirará o Bodhi. Após a morte, aquela
pessoa nascerá nos três reinos do infortúnio, ou no mundo dos huma-
nos ou seres celestiais, e ela pensará sobre o Bodhichitta. Saiba que
essa pessoa é um grande Bodhisattava. Assim o grande poder divino
desse Sutra do Nirvana possibilita à pessoa que não aspirava a Ilumina-
ção atingir a causa da Iluminação. Oh bom homem! Isto é como um
Bodhisattva aspira o Bodhi. Não é que não haja causa. Assim, os mara-
vilhosos sutras Mahayana são o que o Buda falou.
Também, além disso, oh bom homem! Por exemplo, existe uma árvore
medicinal cujo nome é ‘rei dos remédios’. De todos os remédios, esse é
o melhor. Ele pode ser bem misturado com leite, mel, manteiga, água
ou suco; ou ele pode ser feito na forma de pó ou pílulas, ou podemos
aplicá-lo às feridas, ou cauterizar o corpo com ele, ou aplicá-lo aos o-
CapítuloSobre
16– o Bodhisattva Página 271
lhos; ou podemos olhá-lo ou cheirá-lo. Ele cura todas as doenças e
enfermidades dos seres. Essa árvore medicinal não diz para si mesma:
‘Se os seres tomarem a raiz, ele
s não devem tomar as folhas; se eles
tomarem as folhas, eles não devem tomar a raiz; se eles tomarem a
madeira, eles não devem tomar a casca; se eles tomarem a casca, eles
não devem tomar a madeira’. Embora a árvore não pense dessaa-m
neira, no entanto ela pode curar todas as doenças e enfermidades. O
caso é similar. Oh bom homem! O mesmo também é o caso com esse
Sutra do Nirvana. Ele pode acabar totalmente com todas as más ações,
as quatro graves ofensas, os cinco pecados mortais e quaisquer más
ações internas ou externas [do pensamento, das palavras, ou das a-
ções]. Qualquer pessoa que ainda não tenha aspirado ao Bodhichitta
virá de fato a aspirá-lo. Como assim? Porque este todo-maravilhoso
sutra é o Rei de todos os sutras, assim como a árvore medicinal é o rei
de todos os remédios. Podem existir aqueles que tenham aprendido
esse Sutra do Grande Nirvana ou aqueles que não tenham aprendido.
Ou eles podem ter ouvido o nome deste sutra e, ao ouvi-lo, vieram a
respeitá-lo e compreendê-lo. Através disso, todas as grandes doenças
das impurezas serão aniquiladas. Somente o icchantika não pode espe-
rar atingir a Iluminação Insuperável, como no caso do remédio todo-
maravilhoso que, embora ele de fato cure todas as doenças e enfermi-
dades, não pode curar aquelas pessoas que estão à beira da morte.
O Buda disse: “Oh bom homem! Dizemos que ‘não vemos’, o que sign i-
fica que nós não vemos a Natureza-de-
Buda. ‘Bem’ refere-se à Ilumina-
ção Insuperável. Dizemos que ‘não fazemos’, o que signi
fica dizer que
nós não nos aproximamos de um bom amigo [bom mestre do Budis-
mo]. Nós ‘apenas vemos’ significa dizer que nós vemos as coisas como
não tendo relações causais. Por maldade entende-se a calúnia aos Su-
tras Mahayana Vaipulya. ‘Fazer’ corresponde fala
à dos icchantikas
dizendo que não pode haver qualquer Vaipulya. Em razão disto, não
existe oportunidade para o icchantika voltar o seu pensamento para
aquilo que é puro e bom. O que é ‘Bom Dharma’? É Nirvana. Aquele
que caminha ao longo da via do Nirvana realmente pratica o que é
sábio e bom. Com o icchantika, não há nada que seja sábio e bom.
Como resultado, não pode haver retorno em direção ao Nirvana. O que
devemos ‘temer’ significa o temor de caluniar o Dharma Maravilhoso.
Quem tem medo? É o sábio. Por quê? Porque uma pessoa que calunia
não tem bons pensamentos e nem bons expedientes. A via (estrada)
que é difícil de passar faz alusão a todas as práticas.”
Também, além disso, ‘não ver o que fazemos’ significa que o icchantika
não vê tudo o que ele faz. Esse icchantika, com base na arrogância,
perpetra muitas más ações. Agindo assim, ele não tem medo. Como
resultado, ele não pode atingir o Nirvana. Por exemplo, isto é como no
caso de um macaco que tenta agarrar a lua refletida na superfície de
um lago. Oh bom homem! Mesmo que todos os inumeráveis seres
atingissem a Iluminação Insuperável em um momento, nenhum dos
Tathagatas veria o icchantika atingindo a Iluminação. Por essa razão,
dizemos que ‘o que é feito não é visto’. Além disso, qual ação que não
é vista? Aquela do Tathagata. O Buda, para o benefício dos seres, diz
que existe a Natureza-de-Buda. O icchantika, ainda que repetindo vi-
das, não pode conhecer ou ver [a Natureza-de-Buda]. Este é o porquê
dizemos que não vemos o que o Tathagata faz. Também, o icchantika
pensa que o Tathagata entra no Nirvana por razões óbvias, dizendo
que tudo é transitório, exatamente como quando a chama se apaga, é
porque o óleo acabou. Por quê? Porque as más ações dessa pessoa
nunca chegam a um fim. Se houver um Bodhisattva aqui que transfira
[os méritos de] todas as boas ações que ele tem feito com vistas à Ilu-
minação Insuperável àqueles da classe dos icchantikas, eles cometerão
a calúnia e não compreenderão. A despeito disto, todos os Bodhisatt-
vas perseveram como sempre na doação e no desejo de atingir a Ilu-
minação. Por quê? Isto é como as coisas se procedem com as leis
[dharmas] de todos os Budas.
‘A maldade é feita,
mas o resultado não aparece de uma só vez.
Ele aparece como a nata que vem do leite.
Isso é como quando a cinza é colocada sobre um fogo
e o ignorante descuidadamente pisa nele’.
CapítuloSobre
16– o Bodhisattva Página 275
O icchantika é o cego. Ele não vê o caminho do Arhatship, o caminho
ao longo do qual o Arhat não toma o íngrime e árduo rumo da vida-e-
da-morte. Sendo cego, ele calunia o Vaipulya e não deseja praticar a
Via, como o Arhat que procura aprender a compaixão. Dessa maneira,
o icchantika não pratica o Vaipulya. Pode haver uma pessoa que diga:
‘Eu não acredito nos sutras do Sra
vaka. Eu acredito no Mahayana, reci-
to os sutras e os exponho. Assim, agora sou um Bodhisattva. Todos os
seres possuem a Natureza-de-Buda. Em razão da Natureza-de-Buda, os
seres possuem dentro de si os 10 poderes, os 32 sinais de perfeição e
as 80 características menores de excelência. O que eu digo não difere
daquilo que o Buda diz. Você agora destrói, junto comigo, um incontá-
vel número de impurezas, agora posso ver a Iluminação Insuperável’. A
pessoa pode dizer isto. Embora ela fale dessa maneira, ela não acredita
que as pessoas têm dentro delas o Natureza-do-Tathagata. Apenas em
prol do lucro, essa pessoa fala dessa maneira, seguindo o que está
escrito. Aquele que assim fala é mau. Essa má pessoa não obterá resul-
tado, como o do leite tornando-se nata. Por exemplo, um emissário de
um rei fala bem e habilmente desenvolve os expedientes e as tarefas
nos países estrangeiros. Mesmo ao custo de sua vida, ele não deixa de
dizer, até o final, o que ele tem que dizer em nome do rei. O mesmo se
passa com um homem sábio, também. Ele não se importa muito com a
sua própria segurança, mas sempre fala a respeito da doutrina secreta
do Mahayana Vaipulya e diz que todos os seres possuem a Natureza-
de-Buda.
tipos do lótus],
culados os quais
pela lama. Commuito emborapessoa
qualquer nascidosque
na lama, nãoo são
estude ma-
Todo-
Maravilhoso Sutra do Grande Nirvana, acontece o mesmo. Embora a
pessoa tenha impurezas, mesmo assim ela não é manchada por elas.
Por que não? Em razão do poder (de alguém) que conhece a Natureza-
do-Tathagata. Por exemplo, oh bom homem! Existe uma terra onde há
uma grande corrente de vento frio. Se ele entra em contato com o
corpo e os poros da pele dos seres, ele acaba com toda a preocupação
CapítuloSobre
16– o Bodhisattva Página 277
(mal estar) da falta de umidade. O mesmo acontece com este Sutra
Mahayana do Grande Nirvana. Ele penetra os poros da pele dos seres e
engendra as delicadas relações [causais] da Iluminação. Todavia, a situ-
ação é diferente com o icchantika. Por quê? Porque ele não é um re-
ceptáculo do Dharma.
O Buda disse: “Oh bom homem! Por exemplo, essas pessoas têm o- s
nhos nos quais elas caem no inferno, sofrem dores lá e se arrependem
dizendo: ‘Oh, essa dor! Nós as provocamos e as atraímos para nós
mesmos. Se pudermos sair disto, certamente cuidaremos da Ilumina-
ção. O que temos (aqui) é o pior [dos sofrimentos]’. Despertando do
seu sonho, eles vêm a enxergar a grande recompensa do Dharma Ma-
ravilhoso aguardando-lhes. É como no caso da criança que gradual-
mente cresce e pensa: ‘Esse é o médico que melhor entende de s-pre
crições e medicamentos. Quando eu ainda estava no útero, ele medi-
cou a minha mãe. Como conseqüência disso, ela ficou em paz e, em
razão desses fatores circunstanciais, fiquei fora de perigo. Oh, quão
CapítuloSobre
16– o Bodhisattva Página 279
terrível que minha mãe tenha sofrido grandes dores. Por dez meses ela
protegeu-me e carregou-me. Após o meu nascimento, ela cuidou para
que eu não ficasse muito seco ou muito molhado, vendo através das
minhas excreções; ela deu-me leite e alimentou-me. Por tudo isto,
devo lhe retribuir o meu débito, ver os seus sentimentos, ser obediente
e servir-lhe’.
za-do-Tathagata.
abençoados com aDesua
todas as flores
profecia [parado Dharma,
o Estado de 8.000
Buda] Sravakas forama
e alcançaram
grande fruição. No outono é feita a colheita, no inverno o armazena-
mento, e nada mais há a fazer. O mesmo acontece com o icchantika.
Com todas as boas leis [dharmas], nada mais há a fazer.
Também, além disso, oh bom homem! Existe um médico que ouve que
o filho de certa pessoa está possuído por um demônio. Assim, ele envia
CapítuloSobre
16– o Bodhisattva Página 281
um mensageiro com um remédio maravilhoso, dizendo- lhe: ‘Pegue
este medicamento e dê à pessoa. Se a pessoa estiver com vários de-
mônios das más concepções (visões distorcidas), a virtude desse remé-
dio irá afastá-los. Se você se demorar a ir, irei eu mesmo. Não quero
que esse menino morra. Se a pessoa que está doente vir o mensageiro
e esta minha virtude, todas as preocupações desaparecerão e haverá
paz’. O mesmo é o caso com esse Sutra Mahayana do Grande Nirvana.
Se todos os Monges, Monjas, Leigos, Leigas, e mesmo os Tirthikas,
mantiverem esse sutra, lerem-no, compreenderem-no e o expuserem
para as outras pessoas, copiarem ou pedirem para outros copiarem-no,
todas essas ações se tornarão a causa para a Iluminação. Mesmo aque-
les que cometeram as quatro graves ofensas e os cinco pecados mor-
tais, ou aqueles que são capturados pelos ímpios demônios, ou vene-
nos, ou maldades, tão logo ouçam este sutra, acabarão com todas as
maldades. Isto é exatamente como no caso daquele médico, ao ver
todos aqueles demônios fugirem. Saiba que essa pessoa é um grande
Bodhisattva. Por quê? Porque ele está apto a ouvir o Sutra do Grande
Nirvana mesmo que por um instante; também, porque ele pensa sobre
a eternidade da Natureza-do-Tathagata. Qualquer um que o tenha [isto
é, este sutra], mesmo que por um instante, ganha esses benefícios.
Quanto mais não seria o caso quando copiamos, ostentamos, prote-
gemos e o lemos? Com exceção dos icchantikas, todos [acima] são
Bodhisattvas.
CapítuloSobre
16– o Bodhisattva Página 283
Também, além disso, oh bom homem! Por exemplo, um bom médico é
versado em todos os sutras e artes. Seu conhecimento é tão extensivo
que ele vai além dos oito [tipos de métodos de tratamento]. Ele ensina
o que sabe para o seu filho. Ele faz o seu filho tornar-se familiarizado
com todas as ervas medicinais dos lugares alagados, terras, montanhas
e vales. Ele ensina-lhe por etapas, expõe-lhe os oito tipos; e então, ele
finalmente o torna familiarizado com a Arte Suprema. O mesmo é o
caso com o Tathagata, o Merecedor de Ofertas e Todo-Iluminado. Pri-
meiro, ele recorre a um expediente e faz com que seus filhos, isto é
seus Monges, aniquilem todas as impurezas e aprendam a residir num
pensamento da impureza do corpo e também num pensamento da
instabilidade (impermanência) [de todos os dharmas/leis]. Falamos de
‘lugares alagados’ e ‘vales da montanha’. Por ‘água’ deve
-se entender
que o sofrimento do corpo é como espuma aquosa, e por ‘terra’ deve -
se entender a instabilidade do corpo, como aquela (instabilidade) da
bananeira. Por ‘vale da montanha’ deve-se entender a prática do altru-
ísmo, vivendo como alguém completamente vestido (encoberto) pelas
impurezas. Por essa razão, o corpo é chamado ‘destituído do eu’. Assim
o Tathagata, passo a passo, ensina aos seus discípulos os nove tipos de
sutras e os faz compreender-lhes completamente, e após isso ele ensi-
na o Dharma Secreto do Tathagata. Para o benefício dos seus filhos, ele
fala sobre a Eternidade do Tathagata. O Tathagata assim expõe o Sutra
Mahayana do Grande Nirvana. Para o benefício de ambos, aspirantes e
não-aspirantes, ele provoca-lhes a causa da Iluminação, exceto para o
icchantika. Dessa forma, oh bom homem, esse Sutra Mahayana do
Grande Nirvana é uma coisa indescritivelmente, ilimitadamente e toda-
maravilhosamente rara. Saiba que este (sutra) é o insuperável médico,
o mais honrado, o mais supremo Rei de todos os sutras.
O Rei do Vento
CapítuloSobre
16– o Bodhisattva Página 285
pensam isso, eles encontram o vento do Sutra Mahayana do Grande
Nirvana e, no transcorrer do tempo, alcançam a Iluminação Insuperável
e, encontrando a Verdade, concebem um pensamento raro e expres-
sam elogios: ‘Isso é felicidade! Desde há muito eu ainda não havia
n- e
contrado ou ouvido sobre esse Repositório Secreto
do Tathagata’. Des-
sa forma, eles adquirem uma fé pura neste Sutra do Grande Nirvana.
A Pele da Serpente
Também, além disso, oh bom homem! Você acha que a morte vem ou
não para a serpente conforme ela troca a sua pele?”
O mesmo
cias, é o caso
em várias come oassim
formas, Tathagata.
ensinaEle manifesta-se
os seres nas 25
e os conduz existên-
através do
mar do nascimento e da morte. Esta é a razão de dizermos que o Ta-
thagata tem um corpo ilimitado. Assim, ele manifesta-se de várias for-
mas. Mas ele é eterno; ele é imutável.
O Ministro Sábio
dhava’,
va’, ele ele
lhe lhe dá água.
dá sal. Quando
Quando o rei está
ele acabou comendo
de comer e pedetomar
e deseja ‘saindh
a- um
suco e pede ‘saindhava’, ele lhe dá um utensílio. Quando ele deseja sair
em recreação, ele lhe dá um cavalo. Assim, o ministro sábio compreen-
de bem o significado das palavras do grande rei.
CapítuloSobre
16– o Bodhisattva Página 287
nhecê-los bem. Se o Buda aparece no mundo e diz que ele está a entrar
no Nirvana, o ministro sábio deve saber que o Tathagata está falando
do não-eterno para aqueles que aderem ao ‘ser’ e deseja ensinar os
Monges a praticar o não- eterno. Ou ele pode dizer: ‘O Dharma Marav
i-
lhoso está para expirar’. O ministro sábio dev
e saber que o Tathagata
está falando do sofrimento para aqueles cujo pensamento adere à (o
conceito de) ‘felicidade’, e faz com que os Monges residam numn-pe
samento de sofrimento. Ou ele pode dizer: ‘Estou doente agora e com
dor; todos os Monges expiram’.O ministro sábio deve saber que o
Tathagata está se dirigindo àqueles apegados ao ‘eu’ sobre a questão
do altruísmo e deseja fazer com que os Monges pratiquem a idéia de
altruísmo. Ou ele pode dizer também: ‘O assim chamado Vazio é a
verdadeira emancipação ’. O ministro sábio deve saber que o Tathagata
pretende ensinar que não existe verdadeira emancipação e as 25 exis-
tências (ao mesmo tempo). Isto é para os Monges praticarem a Vacui-
dade. Dessa forma, a correta emancipação é a Vacuidade e, portanto, é
imóvel. ‘Imóvel’ significa que na emancipação não existe sofrimento.
Portanto, imóvel. Essa verdadeira emancipação é chamada ‘sem -
forma’. Sem-forma significa que não há cor, voz, odor, sabor ou tato.
Assim, não há características. Portanto, a verdadeira emancipação é
eterna e imutável. Com essa emancipação, não há não-eterno, nada
quente, nem preocupações e nem mudanças. Por isso, essa emancipa-
ção é chamada eterna, imutável, pura e fria. Ou ele pode dizer: ‘Todos
os seres possuem a Natureza-de- Buda’. O ministro ásbio deve saber
que o Tathagata está falando do Dharma Eterno e deseja que os Mon-
ges pratiquem o aspecto correto do Dharma Eterno. Saiba que qual-
quer Monge que pratique assim a Via é verdadeiramente meu discípu-
lo. Ele de fato penetra o Repositório Secreto do Tathagata, exatamente
como o ministro compreende bem o pensamento do rei. Oh bom ho-
mem! Assim, o grande rei também tem a sua lei secreta. Oh bom ho-
mem! Como poderia ser que o Tathagata não a possuísse? Por essa
razão, é difícil conhecer o ensinamento secreto (oculto) do Tathagata.
Somente um homem sábio pode alcançar as grandes profundezas da-
quilo que eu ensino. Isto é o que os mortais comuns podem bem acre-
ditar.
Sutra Mahayana do Mahaparinirvana Página 288
Também, além disso, oh bom homem! Numa grande seca, as flores da
palasa [butea frondosa], da kanika [premna spinosa] e da asoka [saraca
índica] não dão frutos; também, todas as plantas dos alagados e da
terra morrem ou crescem fracas. Sem umidade, nada pode crescer.
Mesmo os remédios podem tornar-se inúteis. Oh bom homem! O
mesmo é o caso com Sutra Mahayana do Grande Nirvana. Após a mi-
nha morte, as pessoas não mostrarão respeito (a ele) e não haverá
dignidade ou virtude. Por que não? Aquelas pessoas não conhecem o
Repositório Secreto do Tathagata. Por que não? Porque aquelas pesso-
as nasceram com pouca sorte.
CapítuloSobre
16– o Bodhisattva Página 289
água ao leite e o vende para outra mulher que, novamente, adiciona
20% de água e o vende para uma mulher que vive próximo à cidade-
castelo. Essa mulher adiciona mais 20% de água e o vende para uma
mulher que vive no castelo. Essa mulher compra o leite e leva-o para o
mercado e o vende. Naquela ocasião, havia uma pessoa que receberia
uma mulher para o bem do seu filho. Ele queria usar um bom leite para
servi-lo à sua hóspede. Ele foi ao mercado e queria comprar algum
(leite). A vendedora do leite pediu o preço normal. O homem disse:
‘Esse leite contém um bocado de água. Então, ele não vale o preço
normal. Hoje eu tenho que receber uma visita. Então vou comprá-lo’.
Chegando com esse leite em casa, ele cozinhou um mingau de cereais,
mas o mesmo não tinha o sabor do leite. Embora ele não tivesse qual-
quer sabor do leite, ele era de longe melhor que qualquer coisa amar-
ga; era mil vezes melhor. Por quê? Porque dentre todos os sabores, o
do leite é o melhor.
O Buda disse: “Bem falado, bem falado, oh bom homem! O que você
conhece do insuperável sabor do Dharma é profundo e difícil de pene-
trar. Mesmo assim, você conhece bem. Você age como a abelha. Tam-
bém, além disso, oh bom homem! É como no caso da água do pântano
na qual os mosquitos vivem e que não serve para molhar essa terra. O
mesmo será o caso no futuro com a propagação deste sutra no mundo.
É exatamente como o terreno pantanoso onde os mosquitos vivem.
Quando o Dharma Maravilhoso tornar-se extinto, este sutra tornar-se-
Sutra Mahayana do Mahaparinirvana Página 292
á extinto nesta terra (Índia). Saiba que isto é o declínio da fortuna deste
sutra. Também, além disso, oh bom homem! Por exemplo, após o ve-
rão vem o outono, quando as chuvas outonais caem uma após a outra.
O mesmo é o caso com esse Sutra Mahayana do Grande Nirvana. Para
o benefício dos Bodhisattvas do sul, a disseminação se procederá am-
plamente, e haverá a chuva do Dharma, a qual umedecerá completa-
mente a terra. Quando o Dharma Maravilhoso estiver para tornar-se
extinto (naquela terra– Índia), ele irá para a Kashemira e nada restará.
Ele entrará na terra e tornar-se-á extinto. Pode haver uma pessoa que
seja fiel ou uma pessoa que não seja. O doce sabor de todos esses su-
tras Mahayana Vaipulya então afundará no chão. Quando o sutra [Ma-
haparinirvana] morrer, todos os outros sutras Mahayana morrerão
também. Se este sutra é perfeito, ele é nada mais que o elefante rei
dos homens. Todos os Bodhisattvas devem saber que o insuperável
Dharma Maravilhoso do Tathagata está prestes a extinguir-se em bre-
ve.”
O Buda disse: “Ohbom homem! O que você quer dizer com ‘uma me
n-
te que duvida’? Fale! Eu explicarei [o assunto].”
CapítuloSobre
16– o Bodhisattva Página 293
Então o Buda disse em versos (gatha):
“Oh bom homem! Por esta razão, pode haver diferença entre o Buda,
o Bodhisattva, o Sravaka e o Pratyekabuda; e não pode haver diferen-
ça.”
CapítuloSobre
16– o Bodhisattva Página 295
“Oh bom homem! O Nirvana atingido por todos os Budas -Honrados-
pelo-Mundo não é aquele que Sravakas e Pratyekabudas atingem. Este
é o porquê dizermos que ‘Mahaparinirvana’ é a ‘boa existência’. s-Me
mo se não houver Buda no mundo, não é o caso em que os dois veícu-
los não ganham dois Nirvanas.”
O Buda disse: “Oh bom homem! É como no caso de uma vaca que é
recém-nascida e não há diferença entre leite e sangue. O mesmo é o
caso com a naturezados seres, a qual contém todas as impurezas.”
O Buda disse a Kashyapa: “Se uma pessoa não sabe que os Três Teso
u-
ros sempre existem, em conseqüência a sua boca será secada e quei-
mará. Em razão disto, a boca humana toma o caminho errado e aquela
pessoa torna-se inapta a distinguir os seis sabores que são o doce, a-
margo, pungente, ácido, salgado e suave. Todos os seres são ignoran-
tes, não possuem intelecto e não sabem que existem os Três Tesouros.
Portanto, dizemos: ‘Lábios e boca secaram e queimaram’. Também,
além disso, oh bom homem! Qualquer pessoa que não saiba que o
Tathagata é eterno, tal pessoa é congenitamente cega. Qualquer pes-
soa que saiba que o Tathagata é eterno, embora dotado com olhos
carnais, é alguém que possui os Olhos Celestiais. Também, além disso,
oh bom homem! Qualquer pessoa que saiba que o Tathagata é eterno,
de há muito estudou sutras deste tipo. Eu também digo que essa pes-
soa pertence à classe das pessoas possuidoras dos Olhos Celestiais. Se
uma pessoa não sabe que o Tathagata é eterno, essa pessoa cai na
classe daqueles que possuem meramente os olhos carnais. Esse tipo de
pessoa não conhece as suas próprias mãos e membros, e nem a forma
Também, além disso, oh bom homem! Uma pessoa dá à luz uma crian-
ça. Após seis meses, ela fala, mas as palavras que ela fala não podem
ser compreendidas. Os pais ensinam-lhe as palavras, primeiro repetin-
do o mesmo som. Passo a passo, as coisas evoluem. É assim. É o caso
que as palavras dos pais possam ser incorretas?”
“Não Honrado pelo Mundo! Por que não? Porque a fala do Tathagata
é como o rugido de um leão. Seguindo os sons do mundo, ele fala so-
bre o Dharma para o benefício dos seres.”
CapítuloSobre
16– o Bodhisattva Página 299
Capítulo Dezessete: Sobre Questões Suscitadas pela
Multidão
Então, o Honrado pelo Mundo emitiu luzes de diversas cores como o
azul, vermelho, branco, escarlate e púrpura, as quais resplandeceram
sobre Cunda. Cunda,
seus parentes, pegoutendo
todassido banhado em
as delicadas luz, juntamente
delícias compara
e as carregou os
onde o Buda estava e ofereceu-as ao Tathagata e aos Monges, dese-
jando fazer os últimos oferecimentos. Pegando-as em vários recipien-
tes abarrotados, eles as trouxeram para onde o Buda se encontrava.
pensaram dessa
cimentos. Tão maneira:
logo, “O Tathagata
ele entrará agora aceita os nos
no Nirvana.” sos ofere-
frutos
Arhat. das açõesque
Alguém daquela pessoameditar
não possa no mundo serão
sobre como aquelas
a eternidade dosdeTrês
um
Tesouros é um candala. Se uma pessoa puder de fato conceber a eter-
nidade dos Três Tesouros, essa pessoa deixará para trás o sofrimento
que surge da causalidade da existência, atingirá a paz, e não haverá
tentação, dificuldades ou problemas de preocupações, os quais ficarão
para trás.”
Então o Honrado pelo Mundo disse a Cunda: “As coisas que você vê
não são raras?”
O Buda disse a Cunda: “Todos os Budas que você viu diante de você
eram Budas da minha própria transformação [isto é, projeções]. Era
para beneficiar todos os seres e torná-los felizes. Todos esses Bodhi-
sattvas Mahasattvas aqui têm inumeráveis coisas a praticar (fazer).
Todos eles fazem o que os inumeráveis Budas fazem. Oh Cunda! Agora
você realizou (abarcou) o que os Bodhisattvas fazem e está completo
(perfeito) naquilo que o Bodhisattva dos dez ‘bhumis’ (estágios) faz.”
Nirvana. Ohque
que aquilo Honrado pelo Mundo! Será que os sutras contém mais do
está estabelecido?”
“Oh bom homem! O que estabeleci tem e não tem mais (significado
ou conteúdo) do que estabeleci.”
O Buda disse a Cunda: “Caso algum Monge, Monja, Leigo ou Leiga fale
mal do Dharma Maravilhoso, e cometa graves ofensas, não se arre-
penda, e em sua mente não pense que ele foi mau, essa pessoa inevi-
tavelmente será alguém que estará trilhando o caminho de um icchan-
tika. Qualquer pessoa que tenha cometido pecados graves tais como as
quatro graves ofensas e os cinco pecados mortais, e que, sabendo que
ela transgrediu, nunca tema ou se arrependa e não confesse, que não
está intencionada em proteger, sentir amor e edificar o Dharma Mara-
vilhoso do Buda, mas fale mal dele, menospreze-o e aponte para coisas
[supostamente] erradas, é uma pessoa que está trilhando o caminho
de um icchantika. Também, uma pessoa que diz que não existem coisas
como os Três Tesouros é uma pessoa que está trilhando o caminho de
Sutra Mahayana do Mahaparinirvana Página 308
um icchantika. Exceto para esses, você deve realmente dar (doar). E
isso é louvável.”
O Buda disse: “Oh bom homem! Não indague tais coisas. Por exemplo,
existe um homem aqui que comeu uma manga. Mais tarde, ele pega o
caroço e pensa: ‘Pode haver algo de doce neste caroço’. Então ele o
pega, quebra-o e mastiga-o. O sabor é extremamente amargo e ele
lamenta [sua ação]. Pensando que ele pode perder a semente, ele
volta atrás e planta-o. Ele nutre-o cuidadosamente às vezes com man-
teiga, óleo e leite. O que isto significa? Você pensa que a planta nasce-
rá?”
Cunda ainda disse: “Por que é que o Tathagata pronunciou esses versos
(gatha)?”
“O que o Buda diz neste gatha tem mais significado. Por favor, conde
s-
cenda em dizer-nos os detalhes. Por quê? Oh Honrado pelo Mundo!
Sutra Mahayana do Mahaparinirvana Página 312
Nos 3.000 grandes sistemas de mil mundos, existe um país chamado
Godaniya (um dos quatro continentes, a oeste, que se diz cercar o
Monte Sumeru). Naquela terra existe um rio que é reto. Esse rio é
chamado ‘Shabaya’. Ele é como uma linha reta e corre para o mar no
oeste. O Buda ainda não falou disto em outros sutras. Por favor, oh
Tathagata, condescenda em expor no âmbito dos agama-sutras Vaipul-
ya aquilo que foi deixado de lado nas explanações, para permitir aos
Bodhisattvas terem uma profunda fé e compreensão. Oh Honrado pelo
Mundo! Por exemplo, existe um homem aqui que pode saber primeiro
sobre um lingote de ouro, mas não do ouro. O mesmo ocorre com o
Tathagata. Ele conhece todas as leis (dharmas) e, todavia, ainda há
partes deixadas de lado em sua fala [isto é, ele não disse tudo que sa-
be]. O Tathagata nos concede esses sermões e, todavia, ainda pode-
mos não compreender bem qual o significado intencionado. Todas as
florestas seguramente têm árvores e há também outras coisas [nelas].
Por quê? Diversas coisas como ouro, prata e berílio estão lá; veios de
gemas são também chamados árvores. Dizemos que todas as mulheres
são lisonjeiras; no entanto, elas são mais do que isso. Por quê? Por que
existem mulheres que observam (e mantém) os preceitos e são perfei-
tas nas virtudes, tendo um grande e compassivo coração. Toda a liber-
dade é certamente paz (boa-aventurança), mas existe ainda algo mais.
Por quê? Alguém que tenha liberdade é um Chakravartin. O Dharmara-
ja [Rei-do-Dharma] Tathagata não pertence ao Yama [o governador dos
infernos]. Ele não pode morrer. Bhrama e Shakra são sem impedimen-
tos [sem restrições] e, mesmo assim, eles são não-eternos. O que é
eterno e imutável é chamado sem impedimentos. Isto é o Sutra Maha-
yana do Grande Nirvana.”
O Buda disse: “Oh bom homem!Você agora fala bem. Pare e ouça-me
por um momento. Oh Manjushri! Como um exemplo: um homem rico
adoece e sofre. Um bom médico vê [isso] e prepara algum remédio. O
homem doente é guloso e toma muito. O doutor diz: ‘Se o seu corpo
pode sustentar-se, você deve realmente tomar tanto quanto lhe a-
prouver. Mas o seu corpo está fraco agora. Não tome muito. Saiba bem
que isto é amrta [ambrósia, néctar], mas ao mesmo tempo um veneno.
Capítulo 17–Sobre Questões Suscitadaspela Multidão Página 313
Se tomado em excesso e não digerido, torna- se venenoso’. Oh bom
homem! O mesmo é o caso com o Tathagata. Tudo foi feito para o rei,
a rainha, o príncipe herdeiro, o príncipe e o ministro. O príncipe e a
rainha do Rei Prasenajit eram arrogantes. Para ensiná-los, o medo era
apropriado. Especialmente para (pessoas como) o médico um gatha
(versos) como este é proferido:
Esenão
elesolho para
fazem ououtros [para[de
não fazem ver]acordo com o Dharma];
eu somente examino o bem
ou o mal daquilo que faço.
Eu, o Buda, disse ao grande rei: ‘Agora você matou o seu pai. O pecado
mortal já foi cometido. É o maior dos pecados, cuja consequência é a
vida no Inferno Avichi. Confesse e purifique-se. Por que você olha para
O Tathagata falou este gatha, o qual não está completo. Por que não?
O Arhat, o Chakravartin, mulheres bonitas, elefantes, cavalos, tesourei-
ros e ministros não podem ser feridos por devas e asuras com espadas
afiadas em suas mãos. Soldados valentes, mulheres corajosas, os reis
dos cavalos, os reis das bestas e Monges que observam os preceitos
não sentem medo, mesmo quando atacados. Por esta razão, podemos
dizer que o gatha do Tathagata também contém elementos não expli-
cados. Você pode dizer: ‘Coloque
-se dentro da parábola’. Massto
i con-
tém mais do que está dito. Por quê? Se um Arhat é feito objeto da pa-
rábola, não pode haver pensamento do eu e vida. Se existe o pensa-
mento do eu e vida, necessitamos de proteção. Os mortais comuns
Sutra Mahayana do Mahaparinirvana Página 316
também pensarão que o Arhat é uma pessoa que pratica a Via. Essa é
uma visão pervertida. Se mantivermos uma visão pervertida, após a
nossa morte, cairemos no Inferno Avichi. E pensar que um Arhat tem
um pensamento de ferir um mortal comum não é possível. E nenhum
dos inumeráveis seres, qualquer que seja, de
po ferir um Arhat.”
[E assim] ele o fez como qualquer criança ou alguém que está doente.
Então, o Tathagata, tendo falado assim, deitou-se sobre seu lado direi-
to, como qualquer criança doente na cama, tudo para disseminar o
Dharma para todos os seres.
Sravakas
Por que éasque
práticas corretas
você não dosutras
profere shilaparamita
Mahayanae do
quedhyanaparamita?
tenham profun-
do significado? Por que é que, usando inumeráveis (meios) expedien-
tes, você não ensina Mahakashyapa, o grande elefante dentre os hu-
manos, e as grandes pessoas, tal que eles não retroajam da Iluminação
Insuperável? Por que é que você não ensina todos os Monges maldo-
sos que recebem e guardam coisas impuras?
CapítuloSobre
18– Doenças Reais Página 325
Os Três Grandes Obstáculos
Oh Honrado pelo Mundo! Você não tem doenças. Por que você se
reclina sobre o lado da sua mão direita? Todos os Bodhisattvas dão
remédios aos pacientes e quaisquer méritos que surjam da doação são
todos oferecidos a todos os seres e transferidos para a Grande Sabedo-
ria. Isto é para remover os obstáculos das impurezas, os obstáculos do
carma, e aqueles das retribuições cármicas. Os obstáculos das impure-
zas são a avareza, o ódio, a ignorância e a ira diante do que é desagra-
dável, a ilusão que obscurece o pensamento, dificultando dessa manei-
ra o bem de produzir seus brotos; [os obstáculos também são] a preo-
cupação ardente, inveja, mesquinhez, mentira, lisonja, não sentir ver-
gonha de si mesmo, não sentir vergonha dos outros, orgulho, orgulho-
desmedido, orgulho simulado (fingido), orgulho da auto-estima, orgu-
lho de si, orgulho distorcido, arrogância, indolência, presunção (auto-
importância), ressentimento mútuo, arguição (disputa, contenda), vida
errada, lisonjear, enganar usando diferentes aparências, perseguir o
lucro pelo lucro, buscar coisas através das vias erradas, buscar a fortu-
na, faltar com respeito, não observar as injunções, e associar-se com
maus amigos.
Esses três obstáculos (das impurezas, das ações (carma) e das retribui-
ções) são as maldades. Todavia, o Bodhisattva, quando praticando a
Via através de inumeráveis kalpas, dispôs remédios para todas as do-
enças e sempre fez votos de libertar os seres eternamente das doenças
graves dos três obstáculos.
Também, além disso, oh Honrado pelo Mundo! Existe uma pessoa que
está doente na cama e cujo físico está alquebrado; ela fica com o seu
rosto para baixo ou de lado, ou sobre a cama. Então, as pessoas negati-
vamente pensam que a morte não está longe. O mesmo é o caso com
o Tathagata. Os 95 (tipos de) tirthikas observam e acalentam o pensa-
mento do não-eterno. Eles certamente dirão: ‘As coisas [no Budismo]
não são como com a nossa própria doutrina, na qual nos baseamos no
eu, natureza, homem, tranqüilidade, tempo, mote [‘prakrti’matéria
–
primordial], e pensamos que essas (coisas) são eternas e não sofrem
mudança. O Shramana Gautama está agora sujeito a mudança. Isto
meramente revela a lei da mudança’. Por esta razão, oh Honrado pelo
Mundo, você não deveria silenciar e reclinar sobre o lado da sua mão
direita.
Erga-se, rogo-lhe,
Não recline sobre ea cama
fale-nos acerca
como umado Dharma Todo-Maravilhoso!
criança,
ou alguém que está doente.
O Treinador, o Mestre de deuses e humanos,
jaz entre as árvores sala.
Os humildes e os ignorantes
podem dizer que ele certamente entrará no Nirvana.
Além do mais, há oito tipos de infernos do frio, que são: Apapa, Atata,
Arbuda, Ababa, Utpala, Kumuda, e Pundarika. Os seres nascidos lá são
sempre oprimidos pelo frio. O que acontece lá é a contração e tração
(esticamento) do corpo, despedaçamento e quebra, ferimentos mú-
tuos, todos os quais, encontrando essa luz, acabam; surgindo então a
harmonia e o calor que confortam e satisfazem o corpo. Esta luz, tam-
bém, proclama o Repositório Secreto do Tathagata, dizendo: ‘Todos os
seres possuem a Natureza-de- Buda’. Os seres ouvem isto, sua vida
termina e eles nascem nos mundos dos humanos e seres celestiais.
Quando isto acontece, aqui no Jambudvipa e em todos os outros mun-
dos, os infernos tornam-se vazios e nenhum de nós verá (seres) sendo
punidos, exceto os icchantika.
Os seres nascidos no reino dos animais ferem e devoram uns aos ou-
tros. Encontrando essa luz, todo o ódio se afasta. A luz também pro-
clama o Repositório Secretodo Tathagata e diz: ‘Todos os seres poss
u-
em a Natureza-de-Buda’. Os seres ouvem isto, suas vidas terminam e
eles nascem nos mundos dos humanos e seres celestiais. Então não há
mais (seres) no reino dos animais, exceto para aqueles que caluniam o
Dharma Maravilhoso.
Em cada flor, senta-se um Buda. Seu halo tem seis pés de diâmetro e
uma luz dourada brilha resplandecente. É maravilhoso e austero. É
insuperável e incomparável. As 32 marcas distintivas da perfeição e as
80 características menores de excelência adornam o corpo [de cada
Buda]. Entre aqueles Honrados pelo Mundo, alguns estão sentados,
alguns caminhando, alguns deitados, alguns de pé e alguns estão emi-
tindo o som do trovão; alguns estão fazendo precipitar uma chuva
torrencial, alguns estão lampejando relâmpagos, alguns soprando um
grande vento e outros estão expelindo fumaça e chamas. Seus corpos
parecem uma bola de fogo. Alguns mostram montanhas, lagoas, lagos,
rios, florestas e árvores, todas de gemas (preciosas). Também, eles
mostram terras, cidades (no entorno) de castelos, vilas, palácios e ca-
sas, todas de gemas (preciosas). Ou eles mostram elefantes, cavalos,
leões, tigres, lobos, pavões, fênix chinesas e todos esses pássaros. Ou a
todas as pessoas do Jambudvipa é permitido ver os reinos do inferno,
da animalidade e dos espíritos famintos. Ou os seis céus do mundo do
desejo são mostrados. Ou pode haver um Honrado pelo Mundo que
fale sobre todas as maldades e aflições de todas as coisas que perten-
cem aos cinco skandhas (agregados), aos 18 reinos e às 12 esferas. Ou
CapítuloSobre
18– Doenças Reais Página 333
o Dharma das Quatro Nobres Verdades é exposto, ou algum [Buda]
pode falar sobre relações causais. Algum outro pode falar sobre o Eu e
o não-Eu, ou algum pode estar falando sobre o par [de opostos], sofri-
mento e felicidade; ou algum pode estar falando sobre o Eterno e o
não-Eterno. Ou algum outro pode estar falando sobre o Puro e o não-
Puro. Ou poderá haver um Honrado pelo Mundo que fale para o bene-
fício dos Bodhisattvas sobre as virtudes que todos os Bodhisattvas ad-
quirem. Ou algum outro poderá estar falando sobre as virtudes dos
Sravakas. Ou outro poderá estar falando sobre o ensinamento do Veí-
culo Único [‘ekayana’ –o ensinamento no qual todos os seres igual-
mente atingem a mesma Iluminação]. Ou algum outro pode ser um
Honrado pelo Mundo que jorra água pelo lado da mão direita do seu
corpo e fogo pelo lado da sua mão esquerda. Ou um outro pode mos-
trar [seu] nascimento, renúncia, (seu) sentar no Bodhimanda [lugar da
Iluminação] sob a árvore Bodhi, seu maravilhoso Girar da Roda (da Lei)
[isto é, o ensino do Dharma do Buda], e sua entrada no Nirvana. Ou
pode haver um Honrado pelo Mundo que emita o rugido do leão, per-
mitindo a qualquer um que o ouça atingir os estágios desde o primeiro,
segundo, terceiro até o quarto [isto é, o ‘arya
-marga’ (nobres cami-
nhos) do srotapanna (um monge que nascerá apenas entre duas e sete
vezes antes de ganhar a libertação), sakridagamin (renasce apenas
mais uma vez após a morte), anagamin (não mais retorna a este mun-
do), e arhat (um santo)]. Ou pode haver um outro que fale sobre as
inumeráveis relações causais [por meio] das quais podemos escapar do
ciclo do nascimento e da morte. Naquela ocasião, neste Jambudvipa,
todos os seres encontraram essa luz; o cego viu as cores, o surdo tor-
nou-se apto a ouvir, o mudo falou, o aleijado andou, o ganancioso ob-
teve a fortuna, o avarento deu, o irado sentiu compaixão e o descrente
acreditou.
Quando esses versos foram ditos, todo os Budas sentados nas flores de
lótus moveram-se desde o Jambudvipa até o Céu Suddhavasa [o mais
elevado dos céus do quarto céu dhyana do ‘rapadhatu’], e todos i-ouv
ram isto.
aqueles
bom homem!que Sravakas e Pratyekabudas
Por exemplo, existe umapossam
doençacurar
que facilmente. Oh
infalivelmente
acaba em morte e é difícil de curar. Pode haver atendimento, uma
atitude em conformidade [com o tratamento médico], e remédio para
aplicar; ou pode não haver atendimento, nem atitude em conformida-
de, e nem remédio para aplicar. Essa doença significa morte certa e
não pode ser curada. Deve-se saber que essa pessoa certamente mor-
rerá. O mesmo é o caso com os três tipos de pessoas (doentes). Pode
CapítuloSobre
18– Doenças Reais Página 339
haver Sravakas, Pratyekabudas e Bodhisattvas que sejam capazes de
pregar a doutrina ou pode não haver. Não existe maneira de fazê-las
[aqueles três tipos de pessoas] aspirar à Iluminação Insuperável.
Oh Kashyapa! Existe uma pessoa que está doente (e que não é dos três
tipos acima). Se for feito o atendimento dela, se há uma atitude em
conformidade e remédios, a doença pode ser curada. Se não há essas
três coisas, não existe maneira de curar [a doença]. O mesmo é o caso
com Sravakas e Pratyekabudas. Eles ouvem o que o Buda e os Bodhi-
sattvas dizem, e eles realmente aspiram à Iluminação Insuperável. Não
é que eles não ouçam o ensinamento (ou seja, não sejam atendidos) e
aspiram à Iluminação. Oh Kashyapa! As pessoas doentes (comuns e
não dos três tipos) são aquelas com relação às quais pode haver aten-
dimento, uma atitude em conformidade e remédios – ou pode não
haver essas coisas. Todas são curadas. Esse é o caso de alguém do tipo
comum. Uma pessoa pode cruzar com um Sravaka ou não; uma pessoa
pode cruzar com um Pratyekabuda ou não; uma pessoa pode cruzar
com um Bodhisattva ou não; uma pessoa pode cruzar com um Tatha-
gata ou não; uma pessoa pode ter a oportunidade de ouvir o ensina-
mento ou não. Uma pessoa pode atingir naturalmente a Iluminação
Insuperável. Alguns, para o seu próprio benefício, ou para o benefício
dos outros, sem medo, ou por lucro, ou pela lisonja, ou para enganar os
outros, ostentarão ou recitarão, farão oferecimentos, respeitarão ou
concederão sermões aos outros sobre o Sutra do Grande Nirvana.
O terceiro tipo de pessoa é aquela que corta os cinco grilhões das ilu-
sões [‘pancavarabhagiyasamyojanani’] que a prendem ao kamadhatu
[mundo do desejo] e atinge a luz do Anagamin. Essa pessoa nunca mais
renascerá aqui neste mundo, cortará eternamente as amarras de todos
os sofrimentos e atingirá o Nirvana. Este é o terceiro caso daquele que,
tendo uma doença, ganha um lugar para nascer nele. Essa pessoa, após
40.000 kalpas, atingirá a Iluminação Insuperável.
A
ASPQ
ARÁBOLAI DAÁGUA-MARINHA
UATRO NVERSÕES DODHARMA .......................................................................62
...........................................................................64
O EU BÚDICO ........................................................................................................ 69
CAPÍTULO QUATRO: SOBRE LONGA VIDA ...................................................... 71
O SEGREDO DALONGA VIDA ................................................................................... 78
O VERDADEIRODISCÍPULO ......................................................................................80
A PARÁBOLA DOPAI RIGOROSO............................................................................... 81
PARAMARTHA-SATYA ............................................................................................. 83
O TODO-MARAVILHOSO DOSTRÊS TESOUROS .......................................................... 88
CAPÍTULO CINCO: SOBRE O CORPO ADAMANTINO ....................................... 91
M
OVUITO ALÉM DO BEM E DO MAL ...........................................................................141
ERDADEIROEU E A EMANCIPAÇÃO ....................................................................153
O NÃO-VAZIO E AEMANCIPAÇÃO. .........................................................................153
POR QUE FAZEMOS OFERECIMENTOS ÀSANGHA? ....................................................154
CAPÍTULO OITO: SOBRE OS QUATRO FIDEDIGNOS .......................................161
O MORTAL COMUM .............................................................................................161
O SROTAPANNA E OSAKRIDAGAMIN .......................................................................162
O ANAGAMIN ...................................................................................................... 162
O ARHAT.............................................................................................................163
AS RARAS DELÍCIAS DOREI D’OUTRAS TERRAS ......................................................... 167
O SOL DO GRANDE NIRVANA .................................................................................173
A MALDADE E APUREZA (DE UM CRISTALPERFEITO) ................................................180
O DHARMA E APESSOA ........................................................................................183
O SIGNIFICADO E ASPALAVRAS ..............................................................................184
SABEDORIA ECONSCIÊNCIA ....................................................................................185
RECEBER EABRAÇAR SUTRAS .................................................................................186
A APREENSÃO DOSIGNIFICADO ..............................................................................188
CAPÍTULO NOVE: SOBRE O ERRADO E O CERTO ...........................................191
O PROFUNDOSIGNIFICADO DESALVAR OSSERES ..................................................... 197
CAPÍTULO DEZ: SOBRE AS QUATRO NOBRES VERDADES .............................209
AN
A NOBRE VERDADE
OBRE V
DOSOFRIMENTO ......................................................................209
ERDADE DACAUSA DO SOFRIMENTO ...................................................... 210
A NOBRE VERDADE DAEXTINÇÃO DOSOFRIMENTO ..................................................210
A NOBRE VERDADE DAVIA ....................................................................................211
CAPÍTULO ONZE: SOBRE AS QUATRO INVERSÕES ........................................213
CAPÍTULO DOZE: SOBRE A NATUREZA DO TATHAGATA ...............................215
O BAÚ DE OURO VERDADEIRO EMNOSSO PRÓPRIO ÂMAGO. ....................................215
A PARÁBOLA DOLUTADOR ....................................................................................218