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XVII Congresso Brasileiro de Sociologia

20 a 23 de julho de 2015, Porto Alegre (RS)

GT11 – Relações raciais e étnicas: desigualdades e políticas públicas

Relações raciais e violência: um balanço da produção teórica nacional e


internacional dos últimos dez anos

Paulo César Ramos


Universidade Federal de São Carlos

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Resumo

Este trabalho apresenta um balanço da produção acadêmica nacional e internacional


dos últimos dez anos sobre a relação entre raça e violência. Um dos nossos
objetivos é atualizar o debate sobre o tema, tendo em vista as recentes
mobilizações sociais em torno das denúncias de violência e dos homicídios
cometidos contra jovens negros, as quais indicam o racismo como uma das
principais causas da vitimização. Trata-se de um estudo comparado da literatura
para verificar conexões e localizar possíveis contribuições teóricas e empíricas a
fim de enriquecer o debate que vem sendo feito no Brasil sobre o tema.

Introdução
Tornou-se lugar- comum no Brasil lembrar que 40 milhões de
pessoas saíram da pobreza na última década. No entanto, o “Mapa da Violência de
2013 – os homicídios de jovens no Brasil” conta que os “12 maiores conflitos – que
ocasionaram 81,4% do total de mortes diretas no total dos 62 conflitos – vitimaram
169.574 pessoas nos últimos quatro anos computados. No Brasil, país sem disputas
territoriais, (...) foram contabilizados, nos últimos quatro anos disponíveis – 2008 a
2011 –, um total de 206.005 vítimas de homicídios, número bem superior aos 12
maiores conflitos armados acontecido no mundo entre 2004 e 2007, quase o
que os 62 conflitos armados do mundo todo no mesmo período” (WAISELFISZ,
2013: p. 28 a 30).

De acordo com o mesmo documento, em torno de 50% das vítimas de


homicídio são jovens (com idade de 15 a 29 anos), 70% são negras e 90% são do
sexo masculino, além d e em 132 municípios estarem concentradas 70% das
ocorrências.

Conforme alguns estudos vêm indicando (GOVERNO FEDERAL, 2015;


CERQUEIRA e MOURA, 2014; SINHORETTO et al., 2014), um dos componentes da
causa dessa violência é o racismo, seja ela resultado da ação repressiva do Estado
ou não. Essa forma de explicar o fenômeno reforça de certo modo o que
movimentos sociais vêm dizendo há décadas, embora não seja tão disseminada no
meio acadêmico como no movimento social, em especial no movimento negro – ele
tem reagido sistematicamente à violência contra a população
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negra, mas não tem, pelo menos até meados dos anos 2000, uma agenda política
estratégica em torno do problema.

Como se verá a seguir, após feito o levantamento bibliográfico nacional e


internacional sobre pesquisas que acionam o racismo como um componente
explicativo da violência, é possível afirmar que, em língua inglesa, nas
universidades norte-americanas, existe um amplo e variado quadro de abordagens e
trabalhos, sobretudo no campo dos estudos de relações raciais. No Brasil, ainda
estamos iniciando pesquisas que relacionam logicamente racismo e violência. Mas
aqui, diferentemente dos Estados Unidos, os estudos sobre violência e racismo
são encontrados com mais frequência no campo dos estudos sobre violência do que
o tema violência é encontrado nos estudos sobre relações raciais. Há um adendo
interessante: quando os estudos são feitos por pesquisadores brasileiros, em
alguma medida, ocorrem nos Estados Unidos. Além disso, é preciso reconhecer o
impacto que a s agendas governamentais têm nesse sentido, financiando as
pesquisas.

Outrossim, na área da saúde pública encontra-se ampla produção sobre


raça e mortalidade, lançando-se mão dos dados d o Sistema de Informação
sobre Mortalidade do Sistema Único de Saúde (SIM/DataSUS). Neste âmbito, porém,
assim como nos outros casos, não encontramos aprofundamento sobre a relação
da raça, do racismo e da discriminação racial na produção de mortos. Portanto, o
campo mais ricamente povoado de correlações a respeito da relação entre raça e
violência é o do movimento social, que inclusive se apropria das pesquisas – além
de sua experiência de vida real, naturalmente – em favor de suas reivindicações.

As pesquisas e seu uso político nas mobilizações sociais

A história recente do movimento negro brasileiro é toda pontuada por


respostas à violência cometida contra sujeitos negros. Comprovam esta afirmação: o
assassinato de Robson Pereira da Luz, que marcou o ato de criação do
Movimento Negro Unificado, em 7 de julho de 1978, nas escadarias do Theatro
Municipal de São Paulo; as cartas ao secretário de Segurança Pública do Estado de
São Paulo escritas pelo Conselho Estadual de Participação e Desenvolvimento da
Comunidade Negra do Estado de São Paulo; o evento promovido pelo MNU em
1981 para debater a violência policial, com a presença de Tereza Santos, e o
promovido pelo Grupo Negro da PUC-SP, em 1984; os debates realizados pela
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organização Unegro sobre as chacinas de crianças (1992) ou o seminário “Juventude
negra: preconceito e morte”; a campanha “Não matem nossas crianças”,
promovida pelo NEAP do Rio de Janeiro, no fim dos anos 1980; as composições de
hip-hop que denunciavam as menores chances de um jovem negro seguir vivo no
início dos anos 1990; a campanha do MNU “Mano, não morra; mano, não mate”; a
campanha “Contra o genocídio da juventude negra”, em 2007, do Fórum Nacional de
Juventude Negra; em 2011, a formação do Comitê Contra o Genocídio de
Juventude Negra/Juventude Preta, Pobre e Periférica; o início das Marchas contra o
Genocídio da População Negra (RAMOS, 2014)1.

Em geral, esses movimentos têm em comum o intuito de apontar como o


racismo liga-se diretamente à produção de vítimas negras nos homicídios citados.
Segundo o dossiê do Comitê CGJPPP, existe um problema amplo, que combina
heranças do escravismo (findo em 1888) com permanências da ditadura militar
brasileira (de 1964 a 1985), que vitimizam a população negra por meio da produção
de desigualdades, de um lado, e da ação policial mais repressiva e letal voltada
para indivíduos negros jovens, de outro.

Essa versão do problema tem instrumentalizado diversas pesquisas,


como o já citado Mapa da Violência (WAISELFISZ, 2013). Na pesquisa A cor das
mortes no Brasil (SOARES; BORGES, 2004), feita igualmente com base nos dados
do Mapa da Violência e do Data SUS, havia um problema de subnotificação, com
mais 10% do quesito cor não preenchido, e ainda assim apresentou-se o mesmo
padrão de vítimas, com concentração de homens, negros e jovens.
Mais recentemente, os movimentos têm lançado mão do Índice de
Vulnerabilidade Juvenil à Violência e Desigualdades, que mostra a existência de
maior vulnerabilidade à violência dos jovens negros do que brancos (SECRETARIA-
GERAL DA PRESIDÊNCIA DA REPÚBLICA, 2014). Muito repercutida foi também a
pesquisa Desigualdade Racial e Segurança Pública em São Paulo, que

1 Este texto dá continuidade a uma reflexão e agenda de pesquisa iniciada em 2009, quando comecei
a estudar e escrever sobre a mobilização da juventude negra no Brasil, época em que ganhava relevo
a denúncia contra o chamado “genocídio da juventude negra”. Assim, este projeto soma-se a uma
monografia (2011), papers apresentados em congressos nacionais e internacionais, uma dissertação
e o envolvimento com pesquisas sobre violência e relações raciais.

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mostrava negros e jovens sobrerrepresentados entre as vítimas da letalidade policial
do Estado paulista.

As pesquisas guardam duas diferenças: uma empírica, pois foram feitas


com base em dados diferentes, e outra de ordem interpretativa. Sinhoretto et al.
(2014) e Lima (2010) apontam a questão racial como ordenadora dos processos
de vitimização e tratam de dados a partir das informações produzidas pela Secretaria
de Segurança Pública do Estado de São Paulo – este órgão, além de oferecer em
seu site as estatísticas de homicídios com separação por cor/raça, inclui entre as
possíveis causas das mortes “crimes de intolerância (raça/etnia, orientação sexual,
credo)”.

Já os mapas da violência tratam exclusivamente do Sistema Único de


Saúde, DataSUS, e não apontam diretamente a dimensão racial como um fator
explicativo do problema. Com êxito, Waiselfisz (2013) observa a relação entre a cor
das vítimas e a ocorrência de homicídios; entretanto, a cor não é considerada a
ponto de dar a entender essa relação como uma questão racial, ou um fator
explicativo dos homicídios, ao lado da “violência estrutural”, da “impunidade”, da
“tolerância institucional” e da “cultura da violência” (WAISELFISZ, 2013: p. 93-96).

É possível localizar iniciativas estatais que correspondem a algumas das


reivindicações dos movimentos sociais: políticas repressivas contra o racismo, como
leis que criminalizam a discriminação racial; políticas de redistribuição, que procuram
facilitar o acesso a oportunidades materiais; e políticas de reconhecimento, que
procuram correções simbólicas para o problema da desigualdade racial, como
políticas de saúde e culturais, entre outras (LIMA, 2010).

Uma política, especificamente, procura atacar o problema da


vulnerabilidade à violência dos jovens negros. O plano Juventude Viva foi motivado
por uma deliberação da I Conferência Nacional de Política Pública de Juventude,
que estabeleceu como prioridade ações voltadas à juventude negra; com base no
Sistema de Informação sobre Mortalidade, e em diálogo com a sociedade civil, o
governo decidiu desenvolver um plano que desse atenção à juventude negra, a fim
de reverter o quadro de vulnerabilidade à violência (RAMOS, no prelo).
Porém, fica a questão levantada por uma militante do CCGPPP: “O
Estado, que por meio da ação policial e por meio da ausência do cumprimento de

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direito deixa a população negra morrer, é o mesmo que tenta fazer a juventude negra
viver?” (RAMOS, no prelo).

Em 2011, após a morte de dois motoboys em ocasiões diferentes, um


grande movimento formou-se na região metropolitana de São Paulo. Um documento
assinado por mais de cem organizações das mais diversas nuances de esquerda (de
movimentos sociais autonomistas a partidos políticos) a um só tempo mostrava o
protagonismo social na denúncia da violência, narrava uma explicação/interpretação,
especificava problemas e indicava o núcleo operativo da violência policial contra
vítimas “jovens”, “negras”, “indígenas” e “da periferia”.

As organizações do Movimento Negro, Movimentos Sociais do Campo


e da Cidade, Cursinhos Comunitários, Sindicatos, Associações e
demais grupos organizados que a esta subscreve, apresentam este
documento, síntese de nossa indignação e revolta diante da barbárie
a qual a população negra de São Paulo é submetida.

Não bastassem as mazelas sociais que afligem historicamente esta


população por meio do subemprego, do desemprego, da falta de
moradia, dos serviços precários de saúde e educação, da falta de
oportunidades e do desumano e permanente preconceito e
discriminação racial em todo e qualquer ambiente social, percebe-se
a vigência de um projeto de extermínio da população negra, por parte
do Estado brasileiro.

Em Maio de 2006, o estado de São Paulo vivenciou um dos episódios


mais emblemáticos da situação de violência contra negros e pobres:
policiais e grupos paramilitares de extermínio ligados à PM
promoveram um dos mais vergonhosos escândalos da história
brasileira. Em “resposta” ao que se chamou na grande imprensa de
"ataques do PCC", foram assassinadas, ao menos, 500 pessoas –
que hoje constam entre mortas e desaparecidas. A maioria delas,
jovens negros, afro-indígenas e pobres – executadas sumariamente
sem qualquer possibilidade de defesa.

Conforme relatório da Organização das Nações Unidas para


execuções sumárias e extrajudiciais, apresentado à ONU em maio de
2008, os policiais militares e civis brasileiros matam em serviço e fora
de serviço. Porém nenhuma investigação é feita em relação ao
pretexto para a execução, isto é, o suposto confronto. Os casos são
classificados de “Resistência Seguida de Morte” ou “Auto de
Resistência”, e a investigação se concentra na vida do morto. Sabe-
se que os policiais são preparados prática e ideologicamente para
matar. Por outro lado, os movimentos negros, movimentos sociais e
sindicais que têm se organizado para a defesa dos direitos, vêm sendo
violentados e perseguidos em constantes campanhas de
criminalização.

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Fonte: http://uneafrobrasil.blogspot.com.br/2011/03/voce-esta-
convocadao.html

A todo tempo é a relação entre população negra e Estado que é


problematizada, seja de modo mais genérico, como na indicação do desemprego da
população negra, seja de modo mais específico, como no caso de os negros
s e r e m alvos prioritários da repressão policial. O repertório de ação dos movimentos
(Tilly, 1995: p. 26) que se reúnem em torno desta pauta é composto de variadas
estratégias, como protestos de ação direta, participação institucionalizada, política
de proximidade e ocupação de cargos na burocracia (ABERS; SERAFIM; TATAGIBA,
2014).

É possível localizar entre os subscritores da carta organizações que estão


nas mais variadas posições do espectro político, tanto realizando marchas públicas –
características de protestos de ação direta, com o objetivo, em geral, de abrir um
processo de negociação com o poder público – quanto indicando nomes para
ocupação de cargos em governos considerados “parceiros” – característica de
ocupação de cargos na burocracia. Todos eles, enfim, estão aparentemente em
consonância quanto às múltiplas causas da violência contra jovens negros.

De um ponto de vista menos pragmático, podemos notar uma vontade de


construir uma identidade coletiva (MELUCCI, 1998 apud: ALONSO, 2009) um
esforço para criar u m a solidariedade interna por meio da ampla e heterodoxa
nomenclatura adotada pelo grupo, que varia entre as dimensões econômica e
simbólica das lutas em tela.

Raça, racismo e violência


Há entre os militantes dos movimentos sociais variadas vozes que apontam
as polícias como as principais responsáveis, quando não culpadas, pelas mortes da
população negra. Assim, para tomar esse problema social como um problema
sociológico, consideramos que é essencial para este projeto observar como a teoria
social tem articulado as categorias raça/racismo com a violência, sobretudo em torno
do Estado e das mobilizações sociais, para explicar e compreender o problema
dos homicídios.

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É consolidada a visão de que o Estado é o detentor do monopólio
legítimo do exercício da violência (WEBER, 2004). Entretanto, guerras étnicas, civis,
conflitos como o entre Israel e Palestina, violações de direitos humanos etc. levaram à
identificação de um novo paradigma de violência (WIEVIORKA, 1997), que considera
um conjunto de transformações sociais políticas e no qual o inimigo do Estado não é
a outra nação, mas muitas vezes são grupos investidos de uma mesma missão
(ADORNO e DIAS, 2014: p. 187). Por outro lado, em contextos de “divisão racial”,
como em países europeus, nos Estados Unidos e n a América Latina, a ação
repressiva do Estado é aumentada pela “afinidade eletiva entre raça e punição”
(WACQUANT, 2014). É este um primeiro corpo referencial no qual a questão racial
tem um lugar destacado na interpretação sobre violência.

Outros autores também acionam a dimensão racial para suas explicações.


Em Michel Foucault, o racismo surge como indissociável da consolidação do poder
nacional do Estado. É a partir da ideia de raça que o biopoder do Estado organiza o
exercício de poder sobre a vida, o movimento de fazer morrer, deixar viver/fazer viver
e deixar morrer. Foucault mobiliza os principais conceitos em torno da questão racial
para suas elaborações sobre o Estado-Nação (FOUCAULT, 1976).
A ideia de fazer morrer/deixar morrer é uma forma de compreender o
fenômeno da guerra pelo viés do racismo de Estado: o Estado- Nação lança mão
do biopoder e do poder de soberania para controlar a população com base no direito
à vida, uma vez que foi pela vida que o soberano ( o Estado) se constituiu.

É assim que, inevitavelmente, vocês vão encontrar o racismo – não o


racismo propriamente étnico, mas o racismo de tipo evolucionista, o
racismo biológico – funcionando plenamente nos Estados socialistas
(tipo União Soviética), a propósito dos doentes mentais, dos
criminosos, dos adversários políticos etc. (FOUCAULT, 1999: p. 313).

Pensando num sentido mais operacional, a ideia de regressives policies


guarda este sentido. Elas seriam políticas dedicadas a promover prejuízos a uma
determinada população, e no caso brasileiro o quadro dos homicídios seria
resultado de políticas r e g r e s s i v a s de gênero, seja c o m o n o c a s o d e
contextos de avanços de direitos civis (MENDOZA e OYOLA, 2003; FRANKLIN,
2014), seja quando se fala em políticas de saúde psiquiátrica (GOLDSTEIN, 1980),
ou mesmo quando do fortalecimento do Estado de Bem Estar Social dos EUA da
primeira metade do século XX (WARD, 2005).
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Ajudaria muito valer-se do que a produção acerca das políticas de
igualdade racial tem acumulado sobre o debate. Para avaliar essas políticas de
igualdade racial durante o governo Lula, Lima (2010) sugeriu uma categorização em
três tipos de medidas:
Numa tentativa de sistematização dessas ações, o primeiro grupo de
políticas pode ser considerado como medidas de caráter repressivo,
que se orientam contra comportamentos e condutas discriminatórias,
apoiadas na lei que define o crime de racismo e consequentemente
pune sua prática. O segundo grupo está relacionado com as
demandas por reconhecimento com intuito valorativo/identitário, cujo
objetivo é garantir o reconhecimento de especificidades e a
valorização da cultura negra. O terceiro será chamado de
reconhecimento com intuito redistributivo; políticas que se
fundamentam na existência de desigualdades raciais aplicando
critérios de reconhecimento (LIMA, 2010: 83-84).

Faria sentido pensar nos termos propostos pela autora em se tratando de


segurança pública? O que o acúmulo pode sugerir em relação à constituição de
um conjunto de medidas que proponha combater desigualdades raciais no âmbito da
segurança pública?
Seria possível identificar um comportamento do Estado brasileiro contrário
a seus próprios preceitos e contra os direitos das populações negras ao mesmo tempo
que age em prejuízo deste mesmo grupo?

Interpretações correntes da violência no Brasil

A violência sempre foi tema presente nas mobilizações negras no Brasil,


desde pelo menos a década de 1960. Cumpriremos aqui brevemente como a
relação entre violência e raça/racismo encontra interlocução nos trabalhos
acadêmicos que se focam na questão racial e no movimento negro, de um lado, e nos
estudos sobre violência, de outro.
Quando se olha para o histórico dos estudos sobre relações raciais no Brasil e
pergunta-se qual é o tratamento que os temas ligados à violência receberam até hoje,
a impressão que se tem é a de que falamos de uma relação a ser criada. Estudos que
analisam violência/segurança/criminalidade a partir de uma perspectiva das relações
raciais parecem ter ficado para trás, superados tal qual o biologismo, pela perspectiva
culturalista empreendida por Gilberto Freyre.

A partir de então, a grande questão construída pelas pesquisas das

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relações raciais são variações de uma mesma pergunta: qual é/como se dá a
integração dos negros à sociedade brasileira? Pesquisas sobre a competitividade no
mercado de trabalho, a discriminação e o preconceito, a pertinência da cor na
sociabilidade comunitária, as lutas antirracistas, as grandes agendas de pesquisa
sobre relações raciais, tudo isso passou, quando muito, pela tangente do tema da
violência, seja esta interpessoal ou policial conduzida pelo Estado.

Não obstante, é possível encontrar pesquisas de outras áreas que estudam


violência e se apropriam da questão racial como um elemento empírico, mesmo sem
incorrer num desdobramento teórico e explicativo sobre o par racismo-violência. Este
é o contexto brasileiro, nota-se. A literatura americana tem mais estudos e
perspectivas mais alinhadas com o que falta a ser construído no Brasil. Observamos
dois conjuntos de trabalhos brasileiros; um deles é de segurança pública; o outro é
de saúde pública. Nós nos ateremos mais ao campo que promove a discussão
referente à segurança pública, tendo em vista que é nela que se encontra uma
problematização da violência policial – problema mais sublinhado pelos movimentos
negros.
Entretanto, se existe uma proximidade entre estudos estrangeiros e o que se
produziu entre raça e violência no Brasil, é a premência dos pesquisadores da área
de saúde em demonstrar e discutir a incidência da discriminação racial e do racismo
na situação da população negra (ARAÚJO et al., 2010; 2014); SOARES FILHO,
2011; SOARES FILHO, 2012; SOARES FILHO, 2005; CONCEIÇÃO et al., 2006;
SOARES FILHO, CONCEIÇÃO e NASCIMENTO, 2005; LACERDA, ARAÚJO,
HOGAN e SOUZA, 2013; LACERDA, ARAÚJO, HOGAN e CAMARGO, 2012).
Esses numerosos estudos têm em conta a utilização da experiência da luta social
do movimento negro como um aporte de conhecimento para problematizar os
estudos sobre saúde/violência (RIBEIRO, 2008; UNFPA, 2013).
Quando miramos os baluartes dos estudos sobre violência nas ciências
sociais, é evidente a importância da raça, da discriminação e da segregação racial;
mas isso não ecoa nos estudos deste campo no Brasil. Estudos de Adorno (1993),
Zaluar (1999), Kant de Lima, Misse e Miranda (2000), Adorno (2002) e Silva (2014)
indicam quatro vetores para a interpretação da violência a partir de suas causas
últimas, em cujo centro estão o Estado, a pobreza, a cultura brasileira ou as
dinâmicas sociais “desviantes”.

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Outro lado desta perspectiva é que no Brasil a violência seria criada
pela mídia com um propósito, ainda que indireto, de ativar dispositivos de poder
estatal ou privado a fim de controlar as camadas mais pobres ou marginalizadas da
população. É nesta esteira que se encontram questões como a escalada da
sensação de insegurança independentemente do aumento da violência. A mídia
tematiza a violência, e o Estado sente-se pressionado a dar respostas e aumentar a
vigilância e o controle, levando a um maior controle de ilegalidades, que, por sua
vez, alimenta as notícias para que a mídia complete o ciclo, voltando a tematizar
a violência. Ocorre, assim, uma profecia que se autorrealiza: quanto maior o
controle da criminalidade, maior será a detecção das ilegalidades (Silva, 2014: p.
14).

A evolução dos estudos sobre violência permitiu apontar as limitações


destas duas formas de interpretar o fenômeno e detectar algo que viria a gerar
polêmicas sobre o lugar das populações pauperizadas neste cenário, já que elas
passam a figurar como vítimas e também como autores preferenciais da violência.

Visualizar a violência como algo presente no cotidiano das favelas,


periferias e comunidades levou os pesquisadores a se perguntar se haveria alguma
positividade na violência, algo conduzido por éticas particularistas dos setores
marginalizados. Seja entre a juventude ou em contextos de marcantes
desigualdades, seja pela ausência de serviços estatais, com exceção da polícia,
surgem expressões societárias que o Estado não dá conta de administrar e que, por
isso, acabam sendo agravadas. Estas expressões são vistas, por vezes, como
comportamentos heroicos ou de forma romantizada. Segundo Zaluar (1999), este
pensamento carrega uma armadilha: uma vez que se reconhece uma ética
particularista contra uma ética geral hegemônica, abrem-se as portas para outras
tantas éticas particulares de agrupamentos que praticam violência, como grupos de
extermínio, crimes encomendados, matança de homossexuais etc. (Zaluar, 1999: p.
11). Como parte deste cenário de desvio das normas e desigualdade, o crime
passa a ser identificado como meio de vida ou de sociabilidade.
Esta interpretação conecta-se com outro conjunto de questões de outra
interpretação, a que problematiza o lugar da pobreza no fenômeno da violência
(SILVA, 2014), de modo a observar "a relação de causalidade direta traçada entre
pobreza e criminalidade e desenvolver leituras mais finas acerca da construção

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social desse fenômeno” (Silva, 2014: p. 22). Nela, o Estado surge como perpetrador
da violência, seja pela repressão aos mais pobres, seja pela omissão de
direitos sociais. As mazelas sociais seriam a causa mais profunda da violência, e a
solução para ela viria da profunda transformação da estrutura social. Porém, a
crítica à situação de violência e à segurança poderia incrementar aparatos
repressivos e agravar a violência contra populações pobres. É o que demonstra
Flauzina (2006), em sua dissertação de mestrado, ao relacionar o encarceramento de
negros. Sua construção teórica e argumentativa perfaz uma boa síntese, mas
não apresenta um quadro empírico para ser analisado.

Assim, o papel do Estado retorna ao centro do debate na medida em que


a legitimidade do uso da violência é questionado. Retomando o histórico ditatorial
brasileiro e o surgimento de práticas ilegais entre policiais, seja como método
interrogativo (MINGARDI, 1992), seja pela utilização de expedientes burocráticos
para que os policiais não sejam investigados nos casos em que operações policiais
incorrem em mortes, o chamado auto de resistência, isto é, um documento em que
o policial que atirou na vítima de homicídio aparece como vítima e o morto
aparece co mo acusado; nestes documentos, o policial sempre é quem agiu em
legítima defesa e, em geral, os processos são arquivados. Tais expedientes são
objeto direto de denúncias dos movimentos sociais e, em especial, dos movimentos
negros.

Assim, se a legitimidade das polícias é questionada, outros atores poderiam


reivindicá-la, como empresas privadas e outros, incitando a multiplicação de
dispositivos despóticos de controle.
O que todas estas perspectivas possuem em comum é uma preocupação
com a classe social ou com os setores sociais mais pauperizados. Por vezes, há
demarcação racial com indicadores de cor/raça, mas os estudos quantitativos citados
anteriormente não exploram estes dados. Portanto, disso não se deriva uma questão
em termos de relações raciais – ainda que as desigualdades possam ser indicadas.

Cabe, assim, indicar alguns estudos que se destacam por incorporar


debates sobre relações raciais nos variados subtemas da segurança pública e da
violência, como a abordagem policial, os homicídios, a suspeição criminal.

No estudo de Sérgio Adorno, Discriminação racial e acesso à justiça


criminal na cidade de São Paulo, a cor é incorporada como fator de estruturação
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do acesso à justiça. Com dados dos anos 1990, o autor verificou as causas do
acesso diferencial entre negros e brancos. Segundo ele, brancos e negros cometem
crimes violentos em proporções idênticas, porém os negros, na condição de réu,
tendem a ser mais seguidos pela vigilância policial, enfrentam obstáculos maiores de
acesso à justiça criminal e revelam maiores dificuldades de usufruir o direito de
ampla defesa, assegurado pelas normas constitucionais, e são mais punidos;
concluindo-se, assim, que a cor é um instrumento de distribuição de justiça
(ADORNO, 1995).

Ramos e Musumeci (2004) associam a abordagem policial à discriminação


racial e social, destacando que o tipo de suspeito padrão possui características
determinadas pelos indicadores de classe social e de cor, de modo que um indivíduo
que seja reconhecido como negro tem mais chances de ser abordado pela polícia,
rendendo-lhe a alcunha de “freio de camburão”.

Barros (2008) analisou o peso da cor da pele na constituição da


suspeição, buscando identificar se os policiais percebem que praticam racismo
institucional. Para tanto, utilizou-se de um banco de dados obtido a partir da
aplicação de questionários e da análise de boletins de ocorrências de sete unidades
da Polícia Militar do Estado de Pernambuco.

Também entre policiais, mas no interior das corporações, destacam-se


estudos que verificam a presença de discriminação racial em São Paulo (RIBEIRO,
2009) e na Bahia (RAMALHO-NETO, 2012; SANSONE, 2002)
O racismo institucional serviu a um estudo sobre o funcionamento da
segurança pública em vista dos direitos humanos e do que apregoa o Estatuto da
Igualdade Racial (SANTOS, 2012). Dando atenção a um caso específico, o
assassinato do jovem dentista negro Flávio Sant’Anna, o estudo explorou os limites
democráticos, impostos pelo mito da democracia racial, da compreensão e d a
prática dos preceitos constitucionais brasileiros que acabam em casos de
homicídios como este.

Contando com um desenho de pesquisa que abrange entrevistas


qualitativas com policiais, ativistas do movimento negro membros do poder público,
Sinhoretto et al. (2014) faz análises de casos emblemáticos de denúncias de
violência policial.

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Os estudos citados perfazem um quadro bastante recente do que tem
sido produzido no Brasil de mais relevância em termos de relações raciais e
violência/segurança. Todos são produções de pesquisadores e pesquisadoras
ligados ao campo da segurança pública e da violência pública. Exceção se faz em
Ribeiro (2009) e cujo autor é Oficial da Polícia Militar e produziu no campo da
educação, e SANSONE (2002).

No campo das relações raciais, encontramos pesquisas que abordam a


situação da vitimização da população negra dentro do debate sobre segurança
pública e violência. Destaco poucos casos, entre os quais, Reis (2005), (AMPARO-
ALVES, 2011) e Vargas (2010). Os dois últimos guardam a característica de travar
um diálogo íntimo com o vernáculo do movimento social em conexão com as
formulações clássicas das ciências sociais. Dois deles foram publicados na
Revista da Associação Brasileira de Pesquisadores Negros: o artigo de Alves (2010
e 2011) é sobre a cidade de São Paulo. Já o estudo de Vargas é uma comparação
entre Estados Unidos e Brasil situado em um contexto racial de diáspora negra. Por
sua vez, Reis (2005) faz um amplo estudo do impacto das políticas de segurança
pública sobre os jovens-homens-negros na cidade de Salvador entre os anos de
1991 a 2001.
Mas a produção brasileira distingue-se muito do que se encontra em língua
inglesa. Data de 1995 um estudo seminal que avaliou o estado do conhecimento
entre raça e violência (SAMPSON; WILSON, 1995) que ofereceu parâmetros para
pesquisas que não se limitam apenas às questões entre brancos e negros. Nota-se
um grande diferencial em relação à realidade empírica brasileira, pois, além de
haver outros grupos étnico-raciais presentes na realidade americana, existe a
presença constante de grupos de imigrantes de variadas partes e culturas do
mundo.

No Brasil, entre os estudos relevantes dos últimos dez anos que


consideram raça e violência como categorias centrais, devem-se citar artigos e
alguns capítulos de livros associados à representação de brancos e negros nos
meios de comunicação (jornal, TV, cinema); tentativas de explicação do racismo
como estruturador da violência entre grupos racial e etnicamente diferenciados; e a
formação de gangues a partir de seguimentos juvenis racializados.

Trata-se de um quadro diferente do que é produzido em língua inglesa,


14
seja no campo da violência/segurança pública/direitos, seja no campo das
relações raciais. Existem estudos históricos que cobrem décadas ou até uma
centena de anos, como o de Adler (2008), que faz uma comparação entre os
homicídios ocorridos em Chicago e em Nova Orleans no final do século XIX,
considerando, entre outros fatores, as relações raciais. Em Jackson e Weidman
(2011), é mostrada a ligação entre o racismo científico, o assassinato de seis
milhões de judeus e a esterilização de milhares de mulheres negras americanas.
Destaca-se também o estudo da culpabilização de negros por estupros de mulheres
brancas, por defensores da supremacia branca, entre o fim do século XIX e início do
século XX na Carolina do Norte (RIVERS, 2009).

A relação entre violência e raça, etnia e lugar é estudada em vista das


condições socioeconômicas e da segregação espacial, para pensar as condições de
grupos latinos, afro-americanos, entre outros (PETERSON e KRIVO, 2009)

Sheridan (2006) observa o racismo como componente de um contexto


de violência nos anos 1980 nas periferias urbanas a partir da análise do cinema
negro norte-americano. As representações de violência e racismo também são
analisadas em Vognar (2013) nos filmes de Quentin Tarantino. Com sofisticados
métodos quantitativos, Griffiths (2014) faz um comparativo de vários bairros da
cidade de Buffalo, analisando sua composição racial ao longo de cinquenta anos
como parte de um movimento de variância da violência (homicídios) pelo tecido
urbano.
O noticiário sobre violência e criminalidade também é estudado sob o viés
das questões raciais (LUNDMAN, DOUGLASS e HANSON, 2013), a partir da pauta de
jornais brancos e negros de grandes cidades, analisando como brancos e negros são
tratados em cada um destes veículos e como raça e gênero operam na construção
de estereótipos. Em Bjornstrom et al., (2010), a cobertura televisiva sobre violência é
observada pela produção estado-unidense, mas, neste caso, discute-se como é a
representação de vítimas e infratores a partir de características étnicas e raciais, em
crimes perpetrados de forma violenta entre os anos de 2002 e 2003 nos Estados
Unidos.

O comportamento violento entre jovens negros de 14 a 19 deve-se,


segundo Bryant (2011), ao racismo “internalizado”. A pesquisa feita junto a
estudantes da Filadélfia mantém diálogo com conceitos da criminologia e da saúde
15
coletiva. Registram-se também trabalhos sobre violência juvenil entre gangues
urbanas (VIGIL, 2003). (SOBEL e OSOBA, 2013), (WILKINSON, BEATY e
LURRY, 2009). Este último, publicado no campo da justiça criminal, problematiza
uma questão racial e o lugar do jovem negro americano em contextos de violência,
seja como autor de violência, seja como vítima de diversos outros problemas
sociais. A análise dialoga com outras dimensões, como o envolvimento com o
crime, com as gangues, o lugar de moradia, o acesso à justiça e o modelo de
policiamento. Outras categorias são associadas à raça, como classe e gênero no
estudo da violência anti-queer (MEYER, 2008) e o estudo da violência doméstica
(BENSON et al., 2004).

A justiça criminal e o racismo também são analisados, considerando-


se qual é a percepção da injustiça criminal a partir da experiência de ações
afirmativas neste âmbito do poder público (MATSUEDA; DRAKULICH, 2009). Em
diálogo com debates sobre acesso à justiça, Cullen et al. (2007) estudam a divisão
racial no apoio à pena de morte, tendo em vista que a maioria dos negros é
contrária a essa punição, enquanto os brancos tendem a apoiá-la. Tal divisão é
creditada ao “racismo branco”.
No ponto de vista da saúde pública, Caldwell et al. (2002) exploram o
papel da raça no comportamento violentos de jovens afro-americanos segundo
determinantes sociais. A partir de dados produzidos pelo governo americano, a
pesquisa trata dos adolescentes que apresentam comportamentos violentos e
também os que são vítimas da violência.
(PETTIT, 2015)
Caminhos possíveis: a politização da raça ou a racialização da violência?

Qual é a relação entre violência/homicídios e raça (racismo, discriminação


racial) no Brasil? Consideremos o que foi e o que tem sido produzido pelo movimento
negro como seu repertório de interação (ABERS; SERAFIM; TATAGIBA, 2014), sua
atuação, seus protestos de ação direta, sua participação institucionalizada, as
políticas de proximidade e a ocupação de cargos na burocracia estatal. Décadas de
atuação e produção de discursos podem jogar luz sobre nossa problemática. Foi
pelo acionamento de todas esses meios de ação que políticas como o Plano
Juventude Viva foram provocadas e elaboradas e que diversas mobilizações, redes,
organizações e outras formas de protestos têm surgido e tomado a cena pública
16
brasileira.
É preciso investigar o que é oferecido pelo Estado em termos de
políticas voltadas para os segmentos mais vitimizados pela violência letal. Por outro
lado, é necessário compreender o efeito das políticas estatais que acabam por deixar
morrer/fazer morrer (FOUCAULT, 1999), como aquelas que envolvem o poder
policial e as operações que resultam em mortes/homicídios e, por isso, são políticas
regressivas (LEE et al., 2007) para um segmento social caracterizado de acordo com
seu sexo, raça e idade.
É preciso também cotejar as diferentes formas pelas quais a raça é
evocada em diferentes momentos de sua tematização relacionada à violência no
campo das ciências sociais, mesmo quando ela não ganha um mérito explicativo
ou estruturante.
De modo mais aprofundado e específico, com o auxílio de estudos que
já foram desenvolvidos sobre raça e violência no Brasil e no exterior, cabe um
debate pormenorizado sobre o desenvolvimento da violência urbana em cidades
sede de regiões metropolitanas, onde a violência alcança taxas de guerra.
Isso justifica-se pela notável tendência de que estudos sobre violência estão
dando mais atenção à raça do que o fizeram até o momento. Para que esta
tendência apresente um salto qualitativo, ou seja, para que a raça/cor deixe de ser
apenas um dado administrativo de populações, é necessário explicar por que
são negros – independentemente de sua condição social – as maiores vítimas da
violência no Brasil.

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