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negros
Além de direitos e liberdades afetados, identidade do negro pode ser mais um ponto prejudicado
por esse problema
De acordo com o professor Alessandro de Oliveira Santos os efeitos psicossociais do racismo sobre
os negros criam impasses no próprio avanço do combate ao racismo (https://www.geledes.org.br/?
s=racismo). O motivo mora numa perda de reconhecimento do negro como individuo na medida em
que, num cenário de supremacia branca, ele tende a carregar os estereótipos negativos do grupo
impostos pela sociedade.
Esse último eixo consiste num sofrimento derivado das condições de um rebaixamento público e
político, que revelam a subordinação e prisão de um individuo aos estereótipos negativos
associados ao seu grupo de pertença étnico-racial. Assim, existe uma impossibilidade de
participação na vida social como sujeito histórico e de direitos. “A igualdade pertence ao indivíduo,
independente da raça, condição sorológica, sexo ou qualquer outro fator. A diferença pertence ao
grupo. Enquanto determinados grupos forem tratados de forma desigual, as pessoas que
pertencem à esses grupos nunca atingirão a igualdade ” comentou o professor.
Em relação às causas dos efeitos psicossociais do racismo, existem inúmeras condições que criam
uma atmosfera para inferioridade da população negra. Pontos como a falta de um letramento
étnico-racial, como a de uma linguagem que permita falar abertamente sobre racismo, podem
abafar a voz dos negros em suas lutas e buscas pelo reconhecimento. Do mesmo modo, soma-se
um descompromisso em se livrar de vícios linguísticos que os tratam de forma pejorativa. Ao se
deparar com um cenário completamente hostil ao seu pertencimento étnico-racial, entendido como
marcador social de desigualdades, a frustração do negro pode tomar proporção tamanha que o
podem levar a quadros de depressão, consumo de drogas, mutilação, doenças e suicídio.
Ainda sobre os efeitos, estes podem signi car rebaixamento não somente social para a vítima,
mas também político. Segundo Santos, temos um bom conjunto de leis e marcos regulatórios para
a promoção da igualdade étnico-racial no país, mas que são pouco colocados em prática. A Lei
10.639/03, que torna obrigatório o ensino de História e Cultura Africana e Afro-brasileira nas
escolas de Ensino Fundamental e Médio, por exemplo, signi ca um avanço, mas muitas vezes, está
parada na prática. Nas universidades a disseminação do conhecimento sobre a cultura e história
da população negra ainda é baixo, havendo falta de incentivo ao seu estudo. Além disso, falta
políticas que promovam uma redistribuição de recursos frente a uma desigualdade derivada de um
histórico escravocrata no país. “Por isso que devemos ter paridade participativa. No dia que você
tiver o negro ocupando todos os tipos de cargos e todas as posições sociais, você vai criar modelos
de identi cação positivos, e gerar a sensação de igualdade”, explicou o professor.
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Na contramão deste cenário, o professor iniciou a linha de pesquisa Psicologia e Relações Étnico-
Raciais, no Instituto de Psicologia da USP (https://www.geledes.org.br/?s=USP), estruturada em
três eixos: história do pensamento psicológico brasileiro na compreensão das relações étnico-
raciais; abordagem do tema nos currículos dos cursos de graduação e pós-graduação em
psicologia; e atuação do psicólogo no enfrentamento dos efeitos psicossociais do racismo.
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