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Hebe Signorini Gonçalves
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Instituto de Psicologia
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REVISTA DO CFCH • UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO
ISSN 2177-9325 • www.revista.cfch.ufrj.br
Edição Especial SIAC 2017
paternidade da criança, criando uma disputa pela paternidade, pois em alguns casos já
existe outra pessoa cumprindo aquele papel. Quando isso acontece, a questão é levada à
justiça, cabendo ao juiz decidir quem irá ocupar o lugar de pai.
O delineamento axiológico dado à família ora requeria a biologia como elemento
configurador da paternidade, ora o afeto, revelando uma disputa de sentidos atribuídos
às relações familiares. A partir desta nova realidade, as Varas de Família e as Varas da
Infância, da Juventude e do Idoso, através de instrumentos distintos, auferiam a
paternidade, seja pelo critério biológico, o exame de DNA, seja pelo critério
socioafetivo, os estudos sociais e psicológicos (BRITO; AYRES, 2004). Este impasse
acerca do “pai verdadeiro” parece ter sido dirimido em 2016, quando o Supremo
Tribunal Federal (STF) reconheceu juridicamente a paternidade socioafetiva e concedeu
igualdade jurídica ao vínculo socioafetivo e ao vínculo biológico, através do
reconhecimentoda possibilidade jurídica da multiparentalidade.
A multiparentalidade surge como conceito jurídico após o julgamento do
Recurso Extraordinário nº 898.060 pelo STF, que trouxe a debate o tema da prevalência
ou equiparação da filiação socioafetiva em relação à biológica. A decisão criou a
Repercussão Geral 622, tese que servirá de parâmetro para casos futuros, que afirma
que “A paternidade socioafetiva, declarada ou não em registro público, não impede o
reconhecimento do vínculo de filiação concomitante baseado na origem biológica, com
os efeitos jurídicos próprios” (STF, REx nº 898.060, Rel Min. Luiz Fux, Plenário, pub.
24/08/2017). Com esta decisão o STF rompeu com dois dogmas que permeavam o
direito de família: (i) a dualidade parental, de que cada pessoa tem apenas um pai e uma
mãe e (ii) a “verdade” biológica, de que só é mãe ou pai aquele quedetém vínculo
biológico/genético com o filho.
Diante destas novas configurações de relações familiares e do reconhecimento
da paternidade socioafetiva no mundo jurídico, o exame de DNA, ao buscar a “verdade”
sobre a filiação, parece não ser mais um instrumento adequado a pôr fim à presunção da
paternidade, deixando ainda em aberto a certeza e a definição de quem são os pais.
Neste sentido, alguns autores compreendem que "as mudanças presenciadas nas
relações familiares, aliadas ao advento dos métodos de reprodução assistidas,
remetem, constantemente, à dúvida sobre quem são os pais das crianças." (BRITO;
AYRES, 2004, p. 130).
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Referências
BRASIL. Lei nº 8.069 de 13 de julho de 1990. Dispõe sobre o Estatuto da Criança e
do Adolescente e dá outras providências. Disponível em:
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L8069Compilado.htm. Acesso em 28 ago.
2017.