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TENDÊNCIAS DA AÇÃO SINDICAL NO

BRASIL DO SÉCULO XXI: LEITURAS E


INTERPRETAÇÕES À LUZ DO DEBATE
SOBRE O SINDICALISMO NO
PERÍODO 2003-2015

Thamires Cristina da Silva , Luís Augusto Ribeiro da


1

Costa , Sirlei Marcia de Oliveira


2 3

Resumo
Esse artigo traz algumas reflexões sobre as tendências da ação sindical
no Brasil no século XXI e está estruturado em duas partes. A primeira parte
apresenta um balanço de caráter descritivo que aponta para tendências na
ação sindical no período entre 2003 e 2015. No conjunto das práticas sindi-
cais destacaram-se duas linhas interpretativas que elucidam (i) o papel insti-
tucional do sindicalismo e que sugerem estratégias no plano da regulação do
trabalho e das políticas públicas e (ii) as formas de luta sindical, incluindo as
múltiplas identidades e condições socioculturais que apontam para a diversi-
dade político-ideológica do sindicalismo brasileiro. A segunda parte traz uma
breve discussão sobre as alterações ocorridas na estrutura sindical brasileira
ao longo dos últimos anos, a partir da análise dos dados do Cadastro Nacional
de Entidades Sindicais (CNES) gerido pelo Ministério do Trabalho e Emprego
(MTE) que efetiva os mecanismos institucionais do sindicalismo. Desse modo,
buscamos abordar as questões teórico-metodológicas empregadas recente-
mente na discussão sobre a organização e representação dos trabalhadores,
a fim de caracterizar as linhas interpretativas que elucidam a importância dos
sindicatos na contemporaneidade.
Palavras-chave
greves, negociação coletiva, estrutura sindical, participação, sindicatos.

1 Mestre em Sociologia, Professora do Bacharelado Interdisciplinar em Ciências do Trabalho da Escola DIEESE e téc- REVISTA CIÊNCIAS DO TRABALHO - Nº 8
nica do DIEESE (e-mail: thamires@dieese.org.br). AGOSTO DE 2017
2 Sociólogo e supervisor da área Sistemas de Acompanhamento de Informações Sindicais (SAIS-DIEESE) (e-mail:
luisribeiro@dieese.org.br).
3 Doutora em Sociologia, Coordenadora do Bacharelado Interdisciplinar em Ciências do Trabalho da Escola DIEESE
(e-mail: sirlei@dieese.org.br).
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THAMIRES CRISTINA DA SILVA
LUÍS AUGUSTO RIBEIRO DA COSTA
SIRLEI MARCIA DE OLIVEIRA Introdução
Os anos 2000 testemunharam mudanças importantes na sociedade bra-
sileira ao longo do governo do Partido dos Trabalhadores (PT) por quatorze
anos na Presidência da República. Nesse período, um horizonte promissor foi
delineado por um governo forjado na história das lutas sindicais do país que
coincidiu com a dinâmica de crescimento econômico orientado por políticas
sociais redistributivas que proporcionaram melhorias nas condições de vida e
de bem-estar da classe trabalhadora. Nesse plano, a literatura sobre sindicalis-
mo enfatizou a ampliação do campo de participação de sindicatos e movimen-
tos sociais por meio de práticas inovadoras e da adoção de uma agenda social
interligada com as políticas públicas (POGREBINSCH; SANTOS, 2011; ARAÚJO;
OLIVEIRA, 2014) e os avanços na negociação coletiva com resultados paradig-
máticos de aumentos reais de salários para a maioria das categorias profissio-
nais (AMORIM, 2015). Também foram destaque as mobilizações paredistas em
termos de frequência e volume (DIEESE, 2015).
Assim, verifica-se em linhas gerais que a atuação do movimento sindical
dos últimos anos ocorreu em consonância com os principais desdobramen-
tos da política governamental, o que permitiu a acomodação de interesses
distintos e, em certa medida, antagônicos nos processos decisórios nas áreas
que envolvem as relações de trabalho. A partir da construção de uma agenda
comum para os trabalhadores, a retórica em torno da efetividade das ações
sindicais, para assegurar proteção por meio da legislação trabalhista, provocou
dissensos cujas raízes se encontram, sobretudo, nas contradições apontadas
ao governo do Partido dos Trabalhadores, ao qual se atribui a responsabilida-
de de uma agenda de reformas contrárias aos interesses dos trabalhadores,
o que causou descontentamento de uma parcela das organizações sindicais
brasileiras que apoiou os governos petistas. Por um lado, algumas das análises
destacaram o processo de reconfiguração do sindicalismo brasileiro, indicando
mudanças na composição das bases sindicais de onde emergiram novas orga-
nizações cujas lideranças passaram a fazer oposição ideológica à CUT e ao PT
(GALVÃO; MARCELINO; TROPIA, 2015). Por outro lado, as experiências exitosas
de um momento ímpar na história do sindicalismo, hoje, apresentam desafios
ainda mais difíceis de serem superados, diante dos retrocessos frente a direitos
sociais e trabalhistas que expressam uma visão flexível de relações de trabalho
em prejuízo às conquistas dos trabalhadores (RAMALHO; RODRIGUES, 2015).
No centro das contradições inerentes à relação capital-trabalho, as difi-
culdades de organização e mobilização permanecerão no horizonte das lutas
operárias, em virtude do fim do ciclo de conquistas vivenciadas pela classe tra-
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AGOSTO DE 2017 balhadora brasileira, que foi substituído por uma onda de reformas e pela de-
sarticulação das relações entre sindicatos e Estado, que constituíram arranjos
20 institucionais de composição bipartite/tripartite, na tentativa de redefinir uma
esfera de atuação por meio do diálogo. Desse modo, para refletir sobre o pa- TENDÊNCIAS DA AÇÃO SINDICAL NO
BRASIL DO SÉCULO XXI: LEITURAS E
drão de ação sindical constituído a partir dos anos 2000 será feita uma revisão
INTERPRETAÇÕES À LUZ DO DEBATE
bibliográfica dos acontecimentos mais recentes no campo do sindicalismo e SOBRE O SINDICALISMO NO PERÍODO
das relações de trabalho que lograram resultados bem-sucedidos (ainda que 2003-2015
sob constante ameaça parlamentar, haja vista a aprovação recente da reforma
trabalhista-sindical e a lei da terceirização, entre outras iniciativas que visam
o desmonte de direitos constitucionais), alcançados por meio de estratégias
encampadas por governos, empresários e sindicatos e inúmeros movimentos
sociais ao longo das últimas décadas do período democrático brasileiro.
Para desenvolver algumas reflexões sobre as tendências da ação sindi-
cal no Brasil no século XXI, estruturamos o presente artigo em duas partes: na
primeira faremos um balanço descritivo das leituras realizadas com o objetivo
de apontar tendências na ação sindical no período abordado, quando possível
trazendo pontos do debate sobre a discussão internacional. No esforço de ca-
racterizar as linhas interpretativas que elucidam a importância dos sindicatos
na contemporaneidade, destacar-se-á: 1) a dimensão institucional que sugere
estratégias no plano da regulação do trabalho e das políticas públicas, caben-
do aí, os recursos empregados nos processos de negociação coletiva e de par-
ticipação nas instâncias criadas pelo governo e 2) a dimensão das formas de
luta sindical, incluindo múltiplas identidades e condições socioculturais que
apontam para a diversidade político-ideológica do sindicalismo brasileiro, ou
seja, as diferenças e as peculiaridades nas estratégias e formas de mobilização
e organização da classe trabalhadora e o potencial agregador dessas lutas.
Com o objetivo de apontar as alterações ocorridas ao longo dos últimos
anos na estrutura sindical brasileira, a segunda parte do artigo apresenta um
quadro descritivo dos aspectos da estrutura sindical a partir da análise dos da-
dos do Cadastro Nacional de Entidades Sindicais (CNES) geridos pelo Ministé-
rio do Trabalho e Emprego (MTE) que efetiva os mecanismos institucionais do
sindicalismo. Desse ângulo, espera-se mapear as características que apontam
para a renovação da estrutura sindical (LADOSKY, 2015; CARDOSO, 2013) a par-
tir do perfil das relações de trabalho no Brasil, abordando questões teórico-
-metodológicas presentes na atual discussão sobre a organização e represen-
tação dos trabalhadores.

Participação do sindicalismo no campo institucionalizado

No contexto de mudanças da configuração socioeconômica da socieda-


de brasileira nos últimos anos, o sindicalismo assumiu uma importância ins-
titucional nunca antes vivida em sua história. O espaço de protagonismo, in-
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fluenciado principalmente pelas ações do governo de Luís Inácio Lula da Silva AGOSTO DE 2017
(2003-2006 e 2007-2010), conferiu uma relação duradoura e efetiva entre enti-
dades sindicais e órgãos estatais que foi incentivada pela proximidade da Cen-
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THAMIRES CRISTINA DA SILVA tral Única dos Trabalhadores (CUT) com o governo do Partido dos Trabalhado-
LUÍS AUGUSTO RIBEIRO DA COSTA res (PT), dada a forte identificação entre seus membros. Também a aprovação
SIRLEI MARCIA DE OLIVEIRA
da Lei nº. 11.648/2008, que passou a reconhecer formalmente as centrais sindi-
cais, desencadeando a organização de várias outras entidades dessa natureza
que foram incorporadas à estrutura sindical foi importante nesta conjuntura. A
partir da ampliação da plataforma de políticas públicas, especialmente aque-
las dedicadas à agenda de desenvolvimento econômico, trabalho, emprego e
renda, um novo padrão de relações entre Estado, sindicatos e partidos políticos
foi promovido com auxílio de mecanismos de interlocução institucional sob a
perspectiva de uma concertação social. Tal prática validou interesses distintos
na estrutura de representação política formatada pelos espaços de negociação
de caráter bipartite/tripartite a partir de uma visão estratégica sobre o desen-
volvimento nacional.
Todavia, a história recente mostra que o recurso à negociação incluiu di-
versas situações que exigiram do movimento sindical posicionamentos mais
próximos aos interesses empresariais. Um exemplo importante diz respeito às
câmaras setoriais da indústria automotiva que buscaram a convergência de
interesses de sindicatos, empresários e Estado, por meio de pactos firmados
estrategicamente, como uma solução para a instabilidade econômica no início
da década de 1990, o que afetou o desempenho das montadoras em termos
de produção e empregabilidade. Essa experiência inaugurou acordos de estilo
“neocorporativos” no Brasil imbuída do caráter europeu de resolução de con-
flitos que teve como expoente o Sindicato dos Metalúrgicos do ABC (SMABC)
e a CUT (MARTIN, 1996).
A reflexão sobre o desempenho dos sindicatos nessa difícil conjuntura,
onde a incerteza sobre os rumos das relações de trabalho é fruto dos entra-
ves criados pelo capitalismo contemporâneo, levou à crise do sindicalismo nos
países ocidentais a partir de 1970 quando se observou o caráter complexo da
dinâmica social e econômica, após o declínio da matriz fordista de trabalho e
como expressão do advento da globalização. Desde então, as abordagens em
torno da recuperação sindical buscaram responder aos dilemas decorrentes
do mundo do trabalho que colocaram no centro das análises sociológicas o
perfil heterogêneo da classe trabalhadora resultado do processo de reestrutu-
ração e flexibilização das relações produtivas, sendo que as novas tecnologias
desempenharam um papel crucial na reprodução da força de trabalho e sua
regulação (ANTUNES, 2009).
A revitalização do sindicalismo e dos movimentos sociais é um tema re-
levante nos debates e pesquisas que buscam identificar inovações nas estraté-
gias políticas dos atores sociais para driblar as armadilhas do capital, de modo
a assumir um papel propositivo em meio à ideologia neoliberal. Na avaliação
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AGOSTO DE 2017
de Graciela Bensusán (2000), o modo como o movimento sindical brasileiro
enfrentou a conjuntura de crise na década de 1990 o fez aproximar-se do sin-

22 dicalismo de tipo social, que compreende “una estrategia en materia económica


que combina una fuerte crítica al modelo económico en su conjunto com posicio-
nes de negociación y participación en medidas y políticas específicas que atañen TENDÊNCIAS DA AÇÃO SINDICAL NO
directamente a sus representados (políticas sociales, salariales, impuestos, etc)” BRASIL DO SÉCULO XXI: LEITURAS E
INTERPRETAÇÕES À LUZ DO DEBATE
(BENSUSAN, 2017, p. 18). SOBRE O SINDICALISMO NO PERÍODO
Nesse período, o sindicalismo enfrentou desafios frente as suas dificulda- 2003-2015
des de atuação diante das transformações desencadeadas pela reestruturação
produtiva devida às inovações tecnológicas, desregulamentação dos direitos
trabalhistas e flexibilização do mercado de trabalho, que passou a incorporar
tipos variados de contratos e que deu origem ao conceito não clássico de traba-
lho utilizado por Enrique de la Garza Toledo (2013). Para o estudioso, “El concep-
to no clásico de trabajo debe ser considerado como un concepto ampliado, tanto
en el nivel de la valorización como en nivel del proceso de trabajo” (TOLEDO, 2013,
p. 319). Tal perspectiva considera elementos do trabalho não assalariado que
escapam da regulação formal, o que significa uma parcela considerável de ocu-
pações fora da estrutura de proteção social e do trabalho. Se este fato garante
cobertura de contratos coletivos, sindicalização e seguridade social, por outro
lado também implica mudanças na identidade do sujeito que trabalha, bem
como nas interações produzidas a partir da informalidade, subcontratação e
modalidades de vínculos empregatícios que não correspondem ao tradicional
modelo de categorias profissionais que estruturou os sindicatos brasileiros.
Ademais, o leque temático que se abriu a partir das transformações de-
correntes do mundo do trabalho obrigou os sindicatos a criarem estratégias
de atuação para efetuar novas alianças e constituir um poder político a partir
do papel dos “sindicatos, coalisões, movimentos sociais e organizações relacio-
nadas, políticas e local de trabalho, reorientação das inovações estratégicas e
renovação da solidariedade” (TURNER, 2004, p. 5).

Em uma perspectiva comparada, a relação entre sindicalismo, movimen-


tos sociais e Estado está presente em distintos países da América Latina nos
anos 2000. “O cenário político configurado pelos governos de caráter progressista
ganhou novos significados em torno da ação sindical a partir da ascensão de lide-
ranças na presidência da república que tinham forte identificação com as classes
populares em dez países sul americanos”4 (LEVITSKY; ROBERTS, 2011, p. 2). Em
que pesem as duras consequências das crises política, econômica e institucio-
nal internas, intensificadas pela recessão econômica mundial que levou os go-
vernos nos países do cone sul de tradição de esquerda ou centro-esquerda ao
ponto de inflexão atual5, essas experiências locais expressaram um momento
4 Em 1998, Hugo Chávez foi eleito como presidente da Venezuela pelo Partido Socialista Unido da Venezuela (PSUV);
Em 2000, Ricardo Lagos do Partido Socialista do Chile (PS) assumiu a presidência no Chile; Dois anos depois, Luiz
Inácio Lula da Silva do PT conquistou a presidência do Brasil; Néstor Kirchner do tradicional Partido Justicialista de
centro-esquerda foi eleito em 2003; No Uruguai, Tabaré Vázquez foi eleito presidente da república com apoio da
Frente Ampla em 2004; Evo Morales do Movimento para o Socialismo (MAS) foi o primeiro presidente indígena
na história da Bolívia em 2005; Daniel Ortega, membro da Frente Sandinista de Libertação Nacional (FSLN), foi
presidente da Nicarágua em 2006; No Equador, Rafael Correa foi eleito pela Aliança País em 2006. Fernando Lugo REVISTA CIÊNCIAS DO TRABALHO - Nº 8
da Aliança Patriótica para a Mudança foi presidente do Paraguai em 2008; No El Salvador, Mauricio Funes da Frente
Farabundo Martí de Libertação Nacional tornou-se presidente em 2009. Os presidentes eleitos da Venezuela, Brasil, AGOSTO DE 2017
Bolívia e Equador foram reeleitos (LEVITSKY; ROBERTS, 2011, p. 2).
5 No caso brasileiro, a Presidente da República em exercício Dilma Rousseff foi afastada do cargo em 12/05/2016
por meio de um processo de impeachment cuja sentença publicada em agosto de 2016 foi baseada na acusação
de crime de responsabilidade. O processo que levou a destituição do cargo de modo arbitrário tem suas raízes na
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THAMIRES CRISTINA DA SILVA político excepcional para a democracia latino-americana no início do século
LUÍS AUGUSTO RIBEIRO DA COSTA XXI.
SIRLEI MARCIA DE OLIVEIRA
O Brasil e a Argentina são exemplos de países que constituíram políticas
baseadas na intersecção de partido, Estado e sindicato. Para María Benetti e
Esteban Iglesias (2014), as similitudes percebidas em ambos os países, no con-
texto de governos cuja base foi conformada por partidos trabalhistas, eviden-
ciaram a formação de “nucleamientos sindicales y movimientos sociales” “que
reconstituíram vínculos de identidade, legitimando espaços políticos por meio de
instrumentos de participação popular no âmbito institucional” (BENETTI; IGLE-
SIAS, 2014, p. 415). No caso brasileiro, foi enfatizada a proximidade entre CUT e
PT e as alianças no âmbito das relações de trabalho, fundamentalmente mar-
cadas pelo diálogo, negociação e conciliação entre diferentes forças políticas e
atores sociais. No caso argentino, prevaleceu a ideia de “transversalidade”, que
compreendeu o esforço de aproximação entre o Partido Justicialista e amplos
setores da sociedade em busca de reconhecimento e apoio ao projeto político
em disputa. No entanto, os autores observaram ‘que a conformação de espaços
institucionais teve maior ênfase na política empregada por Lula no Brasil (2003-
2010) que aquela de Christina Kirchner (2007-2015) na Argentina, que optou por
oferecer cargos governamentais em troca de apoio político” (BENETTI; IGLESIAS,
2014, p.429).
O envolvimento do sindicalismo em suas negociações com a classe pa-
tronal com apoio permanente do Estado permitiu, por um lado, diversificar a
correlação de forças entre capital-trabalho, mas expôs, ao mesmo tempo, o
desequilíbrio de influência na definição dos termos dessa negociação, dado
que a classe trabalhadora assombrada pelo desemprego representava a ala
mais frágil nessa relação. Já nos anos 2000, com a possibilidade de reivindicar
pautas trabalhistas no campo ampliado de participação, o sindicalismo desen-
volveu instrumentos importantes que o legitimaram institucionalmente.
Não sem razão, as duas principais entidades que se engajaram em prá-
ticas de negociação tripartite na câmara setorial (SMABC e CUT), também ti-
veram um papel importante nos anos seguintes quando o diálogo social en-
trou em cena para construir consensos de sindicatos de trabalhadores e de
entidades patronais acerca do desenvolvimento econômico e mudanças na
legislação sindical e trabalhista no âmbito do poder executivo. Em termos eco-
nômicos, Conselho de Desenvolvimento Social e Econômico (CDES)6, também
conhecido como “conselhão”, trouxe uma visão orientada para o crescimento
“com inclusão social, trabalho e distribuição de renda” (CDES, 2003, p. 19) a
partir da manutenção de um espaço institucional de interlocução entre os se-
tores da sociedade organizada. No que concerne aos sindicatos, foi enfatizada
a tarefa de “acolher e conduzir novas demandas sociais, incorporando em suas
REVISTA CIÊNCIAS DO TRABALHO Nº 8
articulação de golpe parlamentar. Para uma análise mais aprofundada desse momento complexo que caracterizou
AGOSTO DE 2017 as bases institucionais do golpe, ver: NOBRE (2016).
6 A criação do Conselho foi dada pelo Decreto nº 4.744, de 16 de junho de 2003 e fixou o número de 90 ti-

24 tulares, passando para 92 na gestão de Dilma Rousseff. O decreto nº 8.887 de 24/10/2016 atualizou a composição do
Conselho com a participação de 96 membros e teve a sua 45ª plenária realizada em novembro de 2016, no Palácio
do Planalto, em Brasília http://www.cdes.gov.br/
agendas mobilizações abrangentes, que acabam por atender mais às multi- TENDÊNCIAS DA AÇÃO SINDICAL NO
dões excluídas do que aos membros socialmente incluídos de sua base” (CDES, BRASIL DO SÉCULO XXI: LEITURAS E
INTERPRETAÇÕES À LUZ DO DEBATE
2003, p. 21). SOBRE O SINDICALISMO NO PERÍODO
O Fórum Nacional do Trabalho (FNT), realizado em 2003, voltou-se para 2003-2015
o quadro de mudanças do mundo do trabalho e a necessidade de atualização
do modelo brasileiro de relações sindicais e trabalhistas. As discussões realiza-
das nas Conferências Estaduais do Trabalho, ciclos de debates, oficinas, semi-
nários e plenárias ocorreram em todas as unidades da federação e contou com
a colaboração massiva de milhares de especialistas e atores envolvidos com
a temática. As propostas foram consubstanciadas no anteprojeto de emenda
constitucional apresentado pelo Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) à
presidência da república em 2005, o qual preservou os princípios da liberdade
e autonomia sindical, conforme a exposição dos motivos reproduzida a seguir:

a) o fortalecimento da representação sindical, de trabalhadores e de emprega-


dores, em todos os níveis e âmbitos de representação; b) o estabelecimento de
critérios de representatividade, organização sindical e democracia interna; c) a
definição de garantias eficazes de proteção à liberdade sindical e de prevenção
de condutas anti-sindicais; d) a promoção da negociação coletiva como pro-
cedimento fundamental do diálogo entre trabalhadores e empregadores; e) a
extinção de qualquer recurso de natureza para-fiscal para custeio de entidades
sindicais e a criação da contribuição de negociação coletiva; f) o estímulo à ado-
ção de meios de composição voluntária de conflitos do trabalho, sem prejuízo
do acesso ao Poder Judiciário; g) o reconhecimento da boa-fé como fundamen-
to do diálogo social e da negociação coletiva; h) a democratização da gestão
das políticas públicas na área de relações de trabalho por meio do estímulo ao
diálogo social; i) a disciplina do exercício do direito de greve no contexto de
uma ampla legislação sindical indutora da negociação coletiva; j) a disposição
de mecanismos processuais voltados à eficácia dos direitos materiais, da ação
coletiva e da vocação jurisdicional da Justiça do Trabalho; e, k) a definição de
regras claras de transição para que as entidades sindicais preexistentes possam
se adaptar às novas regras (FNT-MTE, 2004).

A constituição de foros tripartites foi encarada como um acerto institu-


cional, em que pesem as dificuldades de efetivar o pacto social, baseado no
empenho dos órgãos do governo para estabelecer o diálogo com os diferentes
setores da sociedade para disciplinar não apenas a dimensão das relações sin-
dicais e os conflitos do trabalho, mas também para atender outras demandas REVISTA CIÊNCIAS DO TRABALHO - Nº 8
a partir do diagnóstico multifocal sobre os problemas sociais com a amplia- AGOSTO DE 2017

ção da participação. O levantamento de Thamy Pogrebinschi e Fabiano Santos


(2011) sobre as conferências nacionais de políticas públicas realizadas entre 25
THAMIRES CRISTINA DA SILVA 1998 e 2009 mostrou os efeitos positivos sobre o processo de democratização
LUÍS AUGUSTO RIBEIRO DA COSTA
dos mecanismos de participação social em espaços institucionalizados, onde
SIRLEI MARCIA DE OLIVEIRA
a atuação majoritária de legisladores ocupantes de cargos eleitos pelo voto
popular ajustou-se às demandas trazidas pela sociedade civil (“ONGs, movi-
mentos sociais, sindicatos de trabalhadores, entidades empresariais e outras
entidades, profissionais ou não”) para serem incluídas na ordem do dia na casa
legislativa seguindo os preceitos da participação, deliberação e representação
(POGREBINSCHI; SANTOS, 2011, p. 262).
Essas mediações constituídas no seio do poder estatal exerceram papel
importante na dinâmica legislativa de modo a influenciar a tomada de decisões
dos congressistas, parte considerável filiada ao PT e a outros partidos identifi-
cados com a base da esquerda política, incluindo sindicatos, nos dois governos
de Lula pautada pelas conferências nacionais e suas diversas temáticas que
viabilizaram formas de participação direta com efeitos práticos sobre a socie-
dade. Tal argumentação está apoiada na análise sobre os temas e diretrizes de-
liberadas nas conferências, incluindo saúde, minorias, meio ambiente, estado,
economia e desenvolvimento, educação, cultura, assistência social e esporte,
direitos humanos, que tiveram ressonância sobre as proposições legislativas.
Segundo os autores, 2.629 projetos de lei e 179 propostas de emenda consti-
tucional resultaram das diretrizes das conferências, equivalente a 26% sobre o
total da produção legislativa do Congresso Nacional (POGREBINSCHI; SANTOS,
2011, p. 287).
Cinco anos após a realização do FNT, o Estado conferiu estatuto jurídi-
co as centrais sindicais a partir da Lei nº 11.648/2008, conforme prevê o orde-
namento hierárquico da estrutura sindical brasileira que passou a ter quatro
níveis de representação, a saber: sindicato, federação, confederação e central
sindical. Os critérios para distribuição dos recursos de financiamento sindical
corroboraram para o surgimento de novas centrais, como também para a defi-
nição sobre quais das treze atualmente registradas no MTE usufruirão do direi-
to ao exercício consultivo nos fóruns de participação, a depender dos critérios
de representatividade (LADOSKY, 2015).
Ao todo, haviam seis centrais sindicais estabelecidas na sociedade bra-
sileira: a CUT (1983); a Força Sindical (1991); a Central Geral dos Trabalhadores
(CGT-1989); a Social Democracia Sindical (SDS-1997); a Central Autônoma de
Trabalhadores (CAT-1995); e a Central Geral dos Trabalhadores do Brasil (CGTB-
1986). Pouco antes do reconhecimento oficial, em um movimento de fusões
e cisões, o mosaico das centrais sindicais foi constituído pela União Geral dos
Trabalhadores (UGT-2007) que foi o resultado da junção com a CGT, a SDS e a
CAT; Nova Central Sindical de Trabalhadores (NCST-2005) formada por fede-
rações e confederações; Central dos Sindicatos Brasileiros (CSB-2008); União
REVISTA CIÊNCIAS DO TRABALHO Nº 8
AGOSTO DE 2017 Sindical dos Trabalhadores (UST-2006). Os setores da esquerda sindical tiveram
as suas diferenças acentuadas em um cenário social carregado de contradições

26 do ponto de vista da efetivação do programa político que trouxe o discurso


da ruptura com as classes dominantes juntamente com a busca pela confor-
mação de interesses em uma mesma base social. As correntes que atuavam TENDÊNCIAS DA AÇÃO SINDICAL NO
BRASIL DO SÉCULO XXI: LEITURAS E
dentro da CUT e decidiram romper com essa central criaram novas centrais:
INTERPRETAÇÕES À LUZ DO DEBATE
a CSP-Conlutas (2004); a Intersindical (2006); e a Central dos Trabalhadores e SOBRE O SINDICALISMO NO PERÍODO
Trabalhadoras do Brasil (CTB-2007). Recentemente, foi fundada a central do 2003-2015
servidor Pública (2015), a Central Brasileira Democrática dos Trabalhadores
(CBDT-2014) e a Central Unificada dos Profissionais Servidores Públicos do Bra-
sil (2009) (GALVÃO; MARCELINO; TROPIA, 2015). Assim, a maior parte das novas
centrais sindicais foi criada entre 2004 e 2008, de acordo com a tabela a seguir
que sintetiza os resultados da aferição realizada para o ano de 2016.

TABELA 1 – Características das centrais sindicais


brasileiras segundo o resultado da aferição (2016)
Nº de % de Nº de
Ano de % de trabalhadores
Central Sindical sindicatos sindicatos trabalhadores
fundação filiados
filiados filiados filiados
Centrais sindicais que alcançaram o índice de representatividade
CUT - Central Única dos
1983 2.319 21,22% 3.878.261 30,40%
Trabalhadores
UGT - União Geral dos
2007 1.277 11,69% 1.440.121 11,29%
Trabalhadores
CTB - Central dos

Trabalhadores e 2007 744 6,81% 1.286.313 10,08%

Trabalhadoras do Brasil
FS - Força Sindical 1991 1.615 14,78% 1.285.348 10,08%
CSB - Central dos Sindicatos
2008 597 5,46% 1.039.902 8,15%
Brasileiros
NCST - Nova Central Sindical
2005 1.136 10,40% 950.240 7,45%
de Trabalhadores
Centrais sindicais que não alcançaram o índice de representatividade
CONLUTAS 2004 105 0,96% 286.732 2,25%
CGTB - Central Geral dos
1986 217 1,99% 239.844 1,88%
Trabalhadores do Brasil
CBDT - Central Brasileira

Democrática dos 2014 94 0,86% 85.299 0,67%

Trabalhadores
PÚBLICA 2015 21 0,19% 16.580 0,13%
UST - União Sindical dos
2006 6 0,05% 791 0,01%
Trabalhadores
Central Unificada dos

Profissionais Servidores 2009 3 0,03% 875 0,01%

Públicos do Brasil
INTERSINDICAL 2006 1 0,01% 1.739 0,01%
Fonte: MTE (Consulta de Aferição das Centrais Sindicais), 2016. Disponível em:
http://trabalho.gov.br/central-sindical/consulta-de-afericao-das-centrais-
sindicais. Elaboração dos(as) autores(as).

Em que pesem os esforços para construir propostas legitimadas pelos


REVISTA CIÊNCIAS DO TRABALHO - Nº 8
atores sociais sobre as relações sindicais, a concretização da reforma prevista AGOSTO DE 2017
em 2003 ocorreu parcialmente. Como observou Ângela Maria Carneiro Araújo
e Roberto Veras de Oliveira (2014), as opiniões divergentes defendidas pelas
representações patronais e sindicais levaram o governo a posicionamentos 27
THAMIRES CRISTINA DA SILVA contraditórios que foram divididos “entre os compromissos históricos do seu
LUÍS AUGUSTO RIBEIRO DA COSTA núcleo petista e sindicalista e os compromissos do programa que construiu
SIRLEI MARCIA DE OLIVEIRA
com sua base aliada”. Enquanto o empresariado manteve a defesa pela flexi-
bilização dos direitos trabalhistas sob o velho argumento do custo do traba-
lho, as centrais pautaram o agravamento das condições de trabalho diante da
dinâmica do emprego e a sua regulação nos moldes do capitalismo flexível
(ARAÚJO; OLIVEIRA, 2014, p.10).
Outro aspecto acentuado pelas iniciativas de conteúdo social do gover-
no do Partido dos Trabalhadores foi a redução das desigualdades. A ampliação
do acesso aos direitos sociais combinados com o assalariamento que também
abarca a contribuição previdenciária foi beneficiada pelo aumento da forma-
lidade. Para Álvaro Comin (2015), os avanços sociais observados na década de
2000 foram vislumbrados a partir da dinâmica do mercado de trabalho junto a
outros fatores que contribuíram para uma mudança do perfil social brasileiro.
A queda das taxas de fecundidade, a permanência de crianças e jovens na es-
cola, maior participação das mulheres no mercado de trabalho e formalização
dos trabalhadores rurais estão entre as razões para a mudança na estrutura
ocupacional que teve maior inclusão de trabalhadores no espaço do direito
assistido, incluindo a representação sindical. Contudo, tal desempenho dos
indicadores sociais não significou transformações mais profundas sobre a de-
sigualdade estrutural da sociedade brasileira que está “ainda muito distante
da universalização dos direitos trabalhistas e sociais sem a qual dificilmente
se poderá falar em redução estrutural das desigualdades sociais num sentido
mais amplo” (COMIN, 2015, p. 387).
Pela perspectiva econômica, após 2004, a retomada do crescimento an-
corado em políticas macroeconômicas (câmbio flutuante, metas de inflação
e superávit primário) favorecidas pelo investimento internacional em países
emergentes, formalização do emprego com criação de novos postos de tra-
balho, valorização do salário-mínimo, inflação controlada e aumento da renda
não veio acompanhada por uma atualização do arcabouço legal no intuito de
adequar a legislação trabalhista “para uma melhor estruturação do trabalho
assalariado diante das novas tendências na organização da produção” (BAL-
TAR; KREIN, 2013, p. 284). O conjunto de garantias não conduziu a um caminho
virtuoso que pudesse assegurar melhores condições de trabalho para a maio-
ria dos trabalhadores. Pelo contrário, a ala empresarial empreendeu esforços
sistemáticos para alterar a legislação que regulamenta o trabalho, levando à
desestruturação das garantias trabalhistas e incentivando “não apenas a pre-
carização, mas a precariedade intrínseca do capitalismo que aparece nas novas
ocupações e reconfigura as velhas, retomando velhos procedimentos ao lado
de outros considerados modernos” (MARTINS; LIMA, 2016, p. 100).
REVISTA CIÊNCIAS DO TRABALHO Nº 8
AGOSTO DE 2017
Realizado esse breve panorama teórico das principais mudanças viven-
ciadas pelas organizações sindicais ao longo dos últimos anos sob a égide de

28 uma maior participação política e social dos trabalhadores no país, a segunda


parte do artigo esboçará a partir dos indicadores analisados aspectos quan-
titativos e qualitativos que nos auxiliam em relação a compreensão dos me- TENDÊNCIAS DA AÇÃO SINDICAL NO
canismos institucionais e que definem as características da estrutura sindical BRASIL DO SÉCULO XXI: LEITURAS E
INTERPRETAÇÕES À LUZ DO DEBATE
brasileiro nas décadas recentes, a partir da análise das negociações coletivas e SOBRE O SINDICALISMO NO PERÍODO
dos movimentos paredistas, possibilitando assim uma maior compreensão da 2003-2015
complexidade e da heterogeneidade das relações de trabalho no Brasil, bem
como a evolução ao longo do período recente.

Negociações coletivas e desafios em cena


Entre 2007 e 2015, o Sistema Mediador (MTE) registrou 386.692 docu-
mentos resultantes de processos de negociações coletivas entre patrões e tra-
balhadores. O grande volume de contratações coletivas efetivadas nos últimos
anos fortaleceu a prática de negociação enquanto recurso para se alcançar
alguns avanços por meio da atuação preponderante do empresariado e dos
sindicatos. Tal prática foi disseminada na maioria das atividades econômicas e
trouxe efeitos positivos e duradouros, principalmente sobre o aspecto da re-
muneração. Para Wilson Amorim (2015), a novidade observada pelas negocia-
ções coletivas firmadas nos anos 2000 foi o desempenho dos sindicatos que
conquistaram maior autonomia frente ao reequilíbrio de forças que tendeu
para a obtenção de ganhos reais, sobretudo entre 2005 e 2013, quando a pro-
porção de acordos com reajustes acima da inflação ultrapassou 70% do total
de negociações observadas na série histórica apoiada nos relatórios anuais
do Sistema de Acompanhamento de Informações Sindicais (SAIS-DIEESE). De
modo geral, os resultados positivos refletiram a dinâmica de crescimento eco-
nômico que impulsionou o número de correções salariais superiores ao Índice
Nacional de Preços ao Consumidor (INPC-IBGE).
Os resultados dos reajustes salariais apresentaram certo fôlego para
alcançar proporção elevada de acordos acima da inflação, próxima aos 90%.
Em que pesem os diferentes conteúdos, argumentos e estratégias conduzidas
nas rodadas de negociação, o ponto central é que o aumento real instituiu um
novo patamar de relações salariais lastreadas no poder de barganha dos sindi-
catos laborais (AMORIM, 2015, p. 51).
Cabe ponderar que o cenário de conquistas salariais não esteve inter-
ligado com a definição de parâmetros que colocam em discussão o adoeci-
mento causado pelo trabalho. De acordo com a pesquisa baseada no Siste-
ma de Acompanhamento de Contratações Coletivas (SACC-DIEESE), tanto as
cláusulas tradicionalmente relacionadas à saúde e condições de trabalho (adi-
cionais de insalubridade e periculosidade; Comissão Interna de Prevenção de
Acidentes (Cipa); auxílio-doença; Equipamentos de Proteção Individual (EPIs);
REVISTA CIÊNCIAS DO TRABALHO - Nº 8
Equipamentos de proteção coletiva (EPCs); e uniformes), quanto àquelas que AGOSTO DE 2017
denotam efeitos sobre a subjetividade do trabalhador, prejudicando a sua in-
tegridade física, mental e emocional (novas tecnologias no local de trabalho;
29
THAMIRES CRISTINA DA SILVA intensidade do trabalho; ritmo de trabalho; assédio moral organizacional; assé-
LUÍS AUGUSTO RIBEIRO DA COSTA dio sexual; violência física; estresse; dependência química), não apresentaram
SIRLEI MARCIA DE OLIVEIRA
avanços para além das garantias já consolidadas. Salvo algumas negociações
que indicaram certa preocupação com a saúde do trabalhador, buscando inibir
as principais causas que levam ao adoecimento sobre determinadas catego-
rias profissionais, a maioria das garantias negociadas não interferiram efetiva-
mente sobre a rotina do espaço laboral para assegurar melhoria na qualidade
de vida do trabalho (DIEESE, 2015, p. 77).
As múltiplas especificidades que marcam a experiência do trabalho na
sociedade contemporânea sugerem novas frentes de atuação que superam
abordagens e estratégias pré-concebidas. Nesse panorama, a ação sindical re-
presenta uma dimensão da luta social que vai ao encontro de novas formas de
mobilização e negociação para superar os entraves da participação dos traba-
lhadores, dado que o padrão flexível da competição capitalista contribuiu para
interações difusas e voltadas mais para as trajetórias individuais que coletivas,
seja em função das impermanências que caracterizam o mercado de trabalho
brasileiro (rotativo, intermitente, informal, terceirizado), seja pela gestão em-
presarial na contemporaneidade que corrobora para uma visão rarefeita de
ação sindical, agindo na contramão das conquistas da classe trabalhadora com
o discurso da ineficácia dos sindicatos. Nas palavras de Alexandre Colombo,
metalúrgico da montadora Ford que viveu a experiência de politização da ne-
gociação, sendo dirigente do SMABC:

(...) nesse processo de negociação temos mais dificuldades de politizar os tra-


balhadores. O cara às vezes vota sim, vota não, mas ele não sabe por que ele
consegue isso, por que ele tem a PLR, tem a campanha salarial, tem o aumento
real ou qualidade de emprego. Tem também aquela coisa que o trabalhador
está acostumado a dar porrada com a fábrica, e aí tem que mudar essa condi-
ção, tem que se adequar à nova forma de se relacionar com a empresa. Quando
você está radical não tem nada disso. Você não quer saber e, se a fábrica fechar,
você não tá nem aí. Você está lá brigando. Quando você abre esse leque, você
conhece o lado ruim, você tem que se adequar a esse momento. Tem de en-
tender que eu quero que a Ford, a Volks, a Mercedes e mais empresas venham
pra região. O processo radical é bom, é gostoso porque dá sangue nos olhos.
Ele politiza muito as pessoas, faz as pessoas se unirem mais. Já no processo de
negociação é mais difícil de aglutinar os trabalhadores, de explicar o que está
acontecendo (COLOMBO, 2016, p. 178).

O duplo caráter da ação sindical (negocial e de confronto) explicitado


REVISTA CIÊNCIAS DO TRABALHO Nº 8
AGOSTO DE 2017 na fala acima encarna os sentidos da mobilização que é motivada por diferen-
tes demandas que emergem do chão da fábrica. Diante dos atuais retrocessos
30 que refletem o quadro crítico de desmantelamento dos direitos trabalhistas
no qual o sindicalismo foi enredado, um dos papeis primordiais das entidades TENDÊNCIAS DA AÇÃO SINDICAL NO
sindicais é criar mecanismos de interlocução com a classe trabalhadora que BRASIL DO SÉCULO XXI: LEITURAS E
INTERPRETAÇÕES À LUZ DO DEBATE
possam extrapolar a estrutura corporativa que viabilizou o seu fortalecimento SOBRE O SINDICALISMO NO PERÍODO
institucional nos anos 2000. 2003-2015

Mobilizações paredistas e a luta pela efetivação dos


direitos trabalhistas
Nos últimos anos, o recurso ao confronto coletivo direto foi recorrente-
mente utilizado pelo sindicalismo, o que acentuou a característica do conflito
das relações trabalhistas e o ímpeto da organização sindical para emplacar gre-
ves nas mais diversas categorias profissionais espalhadas pelo Brasil. A retoma-
da da mobilização paredista sustentada nas ações de maior independência e
dinamismo a fim de contrapor aos retrocessos sobre as condições e garantias
de trabalho foi observada a partir de 2008, quando foi detectado na série histó-
rica do Sistema de Acompanhamento de Greves (SAG-DIEESE) aumento conse-
cutivo da quantidade anual de greves e outras formas de protesto organizadas
pelos trabalhadores. Contudo, as greves realizadas em 2012 representaram
aumento de aproximadamente 60% em relação aos registros do ano anterior.
Desde então, o salto numérico de paralisações tem surpreendido a cada novo
balanço de greves publicado anualmente7. A onda de greves que caracterizou
a dinâmica de ação coletiva nesse período convergiu para a conjuntura de cri-
se econômica e financeira que fora sentida em escala global, apontando para
a insurgência de conflitos sociais com recorte de classe motivados pelo novo
padrão de acumulação capitalista que impôs políticas austeras de longo prazo,
com retrocessos nos direitos sociais e trabalhistas.
Em uma análise comparativa fornecida por Alexander Gallas e Jörg No-
wak (2016), o panorama das greves realizadas nos países de economia avança-
da e emergente reflete uma tendência de ataque sistemático contra os direitos
da classe trabalhadora em cada realidade nacional observada. No contexto
europeu, as greves de caráter político contra a reestruturação dos direitos fo-
ram maiores em Portugal, Espanha e Grécia. Na França, o inverno de 2010 foi
sacudido pelas manifestações contrárias às mudanças sobre o sistema de pen-
sões. Na Alemanha, as greves de grande escala foram observadas no setor de
transporte ferroviário, serviços postais e de cuidados. Já nos EUA, os protestos
reivindicando direitos de negociação coletiva e aumento do salário mínimo no
setor varejista e de fast food marcaram o ano de 2011 e tiveram ressonância
em todo o país. No Oriente, as paralisações em diversos setores foram influen-
ciadas pelas manifestações que caracterizaram a primavera árabe em 2014. A
greve dos mineiros e o massacre de Marikana foram episódios que marcaram
REVISTA CIÊNCIAS DO TRABALHO - Nº 8
a onda de mobilização observada na África do Sul entre 2012-2014. A indústria AGOSTO DE 2017

7 O balanço das greves teve a sua série de acompanhamento histórico prejudicada nos anos de 2014 e 2015. A au-
sência de informação nesse curto período depende da inserção dos registros no SAG que ainda não fora concluída
devido ao grande volume de mobilizações realizadas. Contudo, é possível afirmar com base nas notícias já mapea-
das que o comportamento das greves seguiu a tendência de crescimento observada a partir de 2008.
31
THAMIRES CRISTINA DA SILVA automotiva na Índia, o setor de vestuário no Camboja, greves deflagradas por
LUÍS AUGUSTO RIBEIRO DA COSTA
trabalhadores da construção civil no Brasil, e greves selvagens (wildcat strikes)
SIRLEI MARCIA DE OLIVEIRA
na Turquia dividiram a atenção da mídia e dos governos locais com efeitos so-
bre o contexto político-econômico (GALLAS; NOWAK, 2016, p. 12).
Nesse aspecto, tanto em perspectiva global quanto em perspectiva local,
a greve constitui instrumento de ação sindical fundamental para contrapor as
ameaças do empresariado e exprime as condições precárias de trabalho que
são objeto de reivindicação constante por parte dos trabalhadores. Para Ruy
Braga e Marco Aurélio Santana (2015), o descenso dos direitos do trabalho é
um elemento presente em diversas nações: “o atual aprofundamento da pre-
carização laboral em escala global apoia-se no aumento da taxa de exploração
da força de trabalho, tendo em vista, sobretudo, a espoliação dos direitos so-
ciais” (BRAGA; SANTANA, 2015, p. 536). No contexto nacional, os autores ressal-
taram o papel da juventude trabalhadora precária, especificamente os jovens
do setor de teleatendimento, e como o sindicalismo passou a lidar com novas
demandas políticas e de participação que trazem um sentido horizontaliza-
do da ação, de encontro com as formas organizacionais de sindicatos e cen-
trais sindicais. Contudo, as possibilidades de interação entre teleoperadores
submetidos ao trabalho precário e sem acesso às políticas públicas basilares
e sindicatos conformam um quadro potencial de renovação das pautas sindi-
cais com incorporação das especificidades de “gênero, raça, idade e orientação
sexual” nas campanhas e ações, com destaque para a aderência do setor em
movimentos paredistas (BRAGA; SANTANA, 2015).
No contexto de investimentos sobre a infraestrutura energética do país
através do qual se efetivou o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC),
as greves ocorridas nos canteiros de obras das Usinas Hidrelétricas de Jirau e
Santo Antonio (RO) ganharam notoriedade pelas formas de luta empreendidas
pelos trabalhadores submetidos às condições degradantes de vida e trabalho.
A pesquisa de campo realizada por José Alves (2014) destacou as paralisações
grevistas efetivadas pelos trabalhadores em Jirau, entre 2011 e 2012, moti-
vadas pela falta de mobilidade e problemas com deslocamento para visitas
familiares que ocorriam a cada 120 dias, não pagamento de horas extras, for-
necimento irregular de alimentação e de água potável, coerção por parte dos
encarregados para impedir a demissão voluntária, baixos salários, políticas de
metas abusivas e aumento da jornada de trabalho. Esse cenário deletério, so-
mado às denúncias de “assédio moral, de agressão, condições irregulares de
trabalho, até casos de trabalho análogo à condição de escravo” configurou um
quadro de superexploração do trabalho praticada por diversas empreiteiras
(ALVES, 2014, p. 399).
Segundo o balanço de greves, entre 2003 e 2013 foram deflagradas
REVISTA CIÊNCIAS DO TRABALHO Nº 8
AGOSTO DE 2017 6.437 greves e pouco mais de 481 mil horas paradas em território nacional. Em
2016, foram realizadas 2.093 paralisações que abrangeram trabalhadores do

32 setor público e do setor privado, sendo 65,5% dessas mobilizações por tempo
indeterminado. As greves ocorridas na esfera pública representaram 52,6% de
todas as paralizações e 74,0% da totalidade de horas paradas, sendo que em TENDÊNCIAS DA AÇÃO SINDICAL NO
BRASIL DO SÉCULO XXI: LEITURAS E
81,1% das paralizações foi utilizada a tática de greve por categoria, relaciona-
INTERPRETAÇÕES À LUZ DO DEBATE
da à mobilização de trabalhadores de uma atividade econômica específica. Na SOBRE O SINDICALISMO NO PERÍODO
esfera privada, foram registradas 986 greves e 36 mil horas paradas, com des- 2003-2015
taque para o setor de serviços que respondeu por 70% do total de registros. A
tática de greve do setor privado é, em sua grande maioria, realizada a partir de
empresas.
De modo geral, as principais reivindicações das greves estiveram rela-
cionadas ao descumprimento de direitos trabalhistas. Em 2013, enquanto a
reivindicação sobre o atraso no pagamento de salários representava 18,3% do
conjunto das greves, sendo o reajuste salarial a principal bandeira de luta que
esteve presente em 36,0% do total de paralizações, em 2016 é possível obser-
var uma inversão na ordem de prioridades reivindicativas dos trabalhadores.
Isso porque as greves cuja principal reclamação foi o atraso de salários supera-
ram as greves que reivindicaram o reajuste salarial, mostrando que o conteúdo
das paralisações se ateve mais à exigência pelo cumprimento dos direitos, o
que caracteriza as greves defensivas, que sobre o avanço nas condições sala-
riais e de trabalho associado às greves propositivas (DIEESE, 2017).

TABELA 2 – Principais reivindicações das greves, Brasil


2016 e 2013.
Greves 2016 Greves 2013
Reivindicação (2.093) (2.050)
nº % nº %
Atraso de salário 805 38,5 375 18,3
Reajuste salarial 632 30,2 738 36,0
Alimentação 387 18,5 549 26,8
Condições de trabalho 344 16,4 430 21,0
Atraso de 13º¹ 212 10,1 - -
PCS - Plano de Cargos e Salários 192 9,2 394 19,2
Fonte: DIEESE. Sistema de Acompanhamento de Greves (SAG-DIEESE). Elaboração dos(as)
autores(as). Obs.: A soma das parcelas pode ser superior ao total dado que uma mesma greve
pode conter diversas e distintas motivações. Nota: (1) Atraso de 13º não esteve entre as prin-
cipais reivindicações das greves computadas no ano de 2013.

Uma das razões que explica o comportamento ascendente do número


de greves no Brasil está associada, primeiramente, ao clima de otimismo ins-
taurado pela conjuntura de crescimento econômico e do emprego formal que
contribuiu para a obtenção de melhores resultados nas negociações coletivas REVISTA CIÊNCIAS DO TRABALHO - Nº 8
AGOSTO DE 2017
e favoreceu a ação organizada dos trabalhadores e, em segundo lugar, pela ini-
ciativa grevista observada em categorias profissionais associadas ao emprego
precário (vigilantes, trabalhadores da construção civil, trabalhadores de asseio 33
THAMIRES CRISTINA DA SILVA e conservação, trabalhadores do comércio e de serviços) e que não possuem
LUÍS AUGUSTO RIBEIRO DA COSTA tradição paredista como é o caso dos metalúrgicos, bancários e químicos. Já
SIRLEI MARCIA DE OLIVEIRA
os resultados das greves de 2016 apontam para um cenário complicado para
os trabalhadores, em um movimento de retrocesso sobre os direitos sociais
e trabalhistas que afetam principalmente trabalhadores instáveis, submetidos
a contratos de trabalhos temporários, terceirizados e ilegais (sem registro em
carteira) e constantemente ameaçados pelo desemprego (DIEESE, 2017).

Aspectos da estrutura sindical a partir da análise do


Cadastro Nacional de Entidades Sindicais (CNES) e
Sistema Mediador (MTE)

A negociação coletiva foi um mecanismo instituído pelo Estado e é res-


ponsável por estabelecer uma dinâmica entre os interesses corporativos da
sociedade com foco na regulação das relações de trabalho a partir das regras
de abrangência territorial e enquadramento por categoria econômica. Como
discutido na primeira parte desse artigo, a negociação coletiva ganhou no-
vos contornos nos anos 2000 enquanto estratégia sindical efetiva para alcan-
çar avanços e fortalecer o papel institucional dos sindicatos. Nesse aspecto, o
número e o percentual de entidades sindicais brasileiras que cadastraram no
sistema Mediador os documentos negociados, segundo grupo (patronal ou
laboral) e grau da entidade (confederação, federação ou sindicato) revela que
58,6%, independentemente de grupo e grau, registraram ao menos um instru-
mento coletivo no Mediador desde 2007.
Embora o registro de acordos e convenções coletivas de trabalho no sis-
tema seja obrigatório desde 2009, é de conhecimento de quem acompanha
as negociações coletivas no Brasil que nem todos os contratos realizados são
nele cadastrados. Contudo, a iniciativa do MTE é notável do ponto de vista do
esforço de acompanhamento sistemático sobre os resultados da ação sindical
por meio das negociações de data-base, principalmente. Esse aspecto confe-
re o processo de ampliação do escopo institucionalizado do sindicalismo, ao
lado de outras iniciativas observadas no período, relacionadas à organização
sindical, como o reconhecimento das centrais sindicais, o registro sindical e as
discussões no âmbito do Conselho de Relações de Trabalho (CRT) sobre a tabe-
la de categorias. Para Mario Ladosky (2015), “tais itens expressam o formato re-
cente da intervenção estatal na organização sindical, combinando os modelos
do corporativismo estatal, do neocorporativismo e do pluralismo” (LADOSKY,
2015, p. 116). Desse modo, segundo o autor, a estrutura sindical brasileira con-
REVISTA CIÊNCIAS DO TRABALHO Nº 8 temporânea convive com formas de organização que combinam elementos
AGOSTO DE 2017 do corporativismo criado na era Vargas (critérios de representação por catego-
ria, unicidade, contribuição sindical compulsória) com inovações no campo de
34 intervenção do Estado que passou a mediar relações constituídas em um am-
biente institucional complexo e diversificado com o reconhecimento das cen- TENDÊNCIAS DA AÇÃO SINDICAL NO
trais sindicais, a discussão sobre a tabela de categorias e registro sindical. Esses BRASIL DO SÉCULO XXI: LEITURAS E
INTERPRETAÇÕES À LUZ DO DEBATE
elementos legitimam a representatividade das centrais sindicais, ao passo que SOBRE O SINDICALISMO NO PERÍODO
são objeto de conflitos sobre a abertura de novos sindicatos no Brasil que fo- 2003-2015
ram mediados com apoio do MTE a partir do diálogo tripartite, desse modo: “É
essa lógica da ação do Estado que está contrabalançada na atualidade com os
elementos neocorporativos e pluralistas” (LADOSKY, 2015, p. 136).
Desse modo, cabe analisar o comportamento dos registros de instrumen-
tos coletivos no sistema Mediador associado às informações sobre o cadastro
das entidades sindicais no Brasil. Acreditamos que essa informação constitui
um elemento importante na análise da conjuntura política, social e econômica
e representa um indicador da adesão das categorias profissionais e econômi-
cas ao sistema8.
No recorte por grupos (patronal ou laboral), observa-se uma maior pro-
porção de entidades patronais com registro (65,0%) do que as laborais (55,7%).
Quanto ao grau da entidade (confederação, federação ou sindicato), a propor-
ção de sindicatos e federações patronais que depositaram instrumentos cole-
tivos no Mediador é muito semelhante – 65,0% e 65,9%, respectivamente –, e
apenas 23,1% das confederações patronais registraram documentos. Entre as
entidades laborais, a maior proporção é de federações (67,2%), seguidas pelos
sindicatos (55,3%) e confederações (50%).

Tabela 3 - Entidades sindicais com e sem registro de


instrumentos coletivos no Mediador, segundo grupo e
grau da entidade

Com instrumento Sem instrumento Total


Grupo / Grau
nº % nº % nº %
Patronal 3.479 65,0 1.877 35,0 5.356 100,0
Confederação 3 23,1 10 76,9 13 100,0
Federação 114 65,9 59 34,1 173 100,0
Sindicato 3.362 65,0 1.808 35,0 5.170 100,0
Laboral 6.521 55,7 5.177 44,3 11.698 100,0
Confederação 17 50,0 17 50,0 34 100,0
Federação 274 67,2 134 32,8 408 100,0
Sindicato 6.230 55,3 5.026 44,7 11.256 100,0
Total 10.000 58,6 7.054 41,4 17.054 100,0
Fonte: MTb. CNES – Cadastro Nacional de Entidades Sindicais e Mediador.
Elaboração: DIEESE.
Obs.: a) Os dados do CNES e do Mediador são de 02/fev./2017.
b) Consideraram-se somente as entidades sindicais com cadastro ativo no CNES.

O percentual de entidades sindicais que registram instrumentos coleti-


vos no Mediador varia significativamente conforme a classe. As classes com REVISTA CIÊNCIAS DO TRABALHO - Nº 8
AGOSTO DE 2017
8 Essas análises estão baseadas no relatório que corresponde ao produto 1 do segundo ano da meta 5 – Análise
do Perfil das Relações de Trabalho, integrante do convênio “Desenvolvimento de Instrumentos e Atualização dos
Indicadores de Apoio à Gestão de Políticas Públicas de Emprego, Trabalho e Renda”, firmado entre o Departamento
Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (DIEESE) e o Ministério do Trabalho (MTb), concluído em julho
de 2017.
35
THAMIRES CRISTINA DA SILVA maior proporção são: a) no grupo patronal: empregadores, com 84,3%; e b)
LUÍS AUGUSTO RIBEIRO DA COSTA no grupo laboral: empregados, com 88,7%, e categorias diferenciadas, com
SIRLEI MARCIA DE OLIVEIRA
72,8%, o que revela o alto grau de adesão dessas entidades ao sistema, além
de indicar o quão atuante são. Por outro lado, algumas classes, por razões
distintas, apresentaram baixos índices de participação no Mediador. É o caso
das entidades de autônomos e rurais (tanto no grupo patronal, como laboral);
profissionais liberais (principalmente no grupo patronal) e servidores públicos
(pertencentes ao grupo laboral). As entidades representativas dos autônomos
têm natureza distinta das demais, dado que atuam em nome de profissionais
que não possuem vínculo empregatício e exercem o seu ofício de forma não
subordinada. Os autônomos não são empregados e, em que pese o fato de
poderem contratar trabalhadores, também não se constituem como empresa.
Por essa razão, dificilmente haveriam de realizar contratos coletivos de traba-
lho, o que justifica a baixa incidência de instrumentos registrados no Mediador.
Para os servidores públicos, a negociação coletiva não é regulamenta-
da, não lhes sendo assegurado, entre outras coisas, o instituto da data-base,
que implicaria a regularidade da negociação de suas condições de trabalho
e remuneração. Os servidores não dispõem, sequer, de instrumento legal de
contratação coletiva. Nesse sentido, a existência de instrumentos coletivos de
servidores públicos no Mediador constitui uma inovação implementada por
alguns sindicatos que os representam.
Já a reduzida participação das entidades de profissionais liberais pode
ser creditada ao fato de que parte significativa dos seus representados já seja
contemplada pelos instrumentos coletivos negociados por entidades sindicais
que representam empregados e empregadores das empresas em que traba-
lham, dispensando a atuação de seus representantes diretos na negociação de
contratos coletivos de trabalho.
Para os trabalhadores rurais, por fim, há duas hipóteses que merece-
riam atenção. A primeira é a de que a negociação coletiva da categoria ocorre
principalmente no âmbito das federações, cabendo aos sindicatos o papel de
assistir seus representados nas demais questões relativas às relações de traba-
lho, como nas rescisões de contrato, fiscalização de acordos e assistência aos
trabalhadores. A hipótese é corroborada pelo fato de que todas as federações
rurais registraram instrumentos coletivos no Mediador. A segunda hipótese é
a de que os sindicatos, embora negociem, não depositam seus instrumentos
coletivos no sistema, o que pode ser decorrente da dificuldade de acesso à
internet em algumas regiões no país, ou mesmo da falta de qualificação para
o uso do Mediador.
Boa parte das entidades sindicais cadastradas no CNES – em especial,
aquelas que têm a prerrogativa da contratação coletiva de trabalho – regis-
REVISTA CIÊNCIAS DO TRABALHO Nº 8
AGOSTO DE 2017
tra instrumentos coletivos no sistema. Se consideradas somente as entidades
de empregados e empregadores que representam juntas quase a metade das

36 entidades sindicais brasileiras, o percentual de participação no Mediador é su-


perior a 80%. Se por um lado não é possível afirmar que todos os contratos co-
letivos realizados no país são registrados no sistema, por outro, pode-se dizer TENDÊNCIAS DA AÇÃO SINDICAL NO
BRASIL DO SÉCULO XXI: LEITURAS E
que grande parte das entidades sindicais que real ou potencialmente nego-
INTERPRETAÇÕES À LUZ DO DEBATE
ciam acordos e convenções coletivas de trabalho efetivamente cadastra esses SOBRE O SINDICALISMO NO PERÍODO
instrumentos no Mediador. 2003-2015

Tabela 4 - Entidades sindicais com e sem registro de


instrumentos coletivos no Mediador, segundo grupo e
classe da entidade
Com instrumento Sem instrumento Total
Classe
nº % nº % nº %
Patronal 3.479 65,0 1.877 35,0 5.356 100,0
Empregadores 2.881 84,3 538 15,7 3.419 100,0
Rural 489 29,9 1.147 70,1 1.636 100,0
Profissionais Liberais 7 29,2 17 70,8 24 100,0
Autônomos 17 11,0 138 89,0 155 100,0
Outras(1) 85 69,7 37 30,3 122 100,0
Laboral 6.521 55,7 5.177 44,3 11.695 100,0
Empregados 4.491 88,7 572 11,3 5.063 100,0
Categoria Diferenciada 476 72,8 178 27,2 654 100,0
Trabalhadores Avulsos 71 51,4 67 48,6 138 100,0
Profissionais Liberais 232 46,5 267 53,5 499 100,0
Rural 966 32,8 1.977 67,2 2.943 100,0
Autônomos 41 15,4 225 84,6 266 100,0
Servidores Públicos 230 10,9 1.881 89,1 2.111 100,0
Outras(2) 14 58,3 10 41,7 24 100,0
Total 10.000 58,6 7.054 41,4 17.054 100,0
Fonte: MTb. CNES – Cadastro Nacional de Entidades Sindicais e Mediador.
Elaboração: DIEESE.
Nota: 1) Oficial Econômico, Não se Aplica e Sem Informação.
2) Oficial Profissional, Empregados e Avulsos, Empregados e Autônomos e Sem Informação.
Obs.: a) Os dados do CNES e do Mediador são de 02/fev./2017.
b) Consideraram-se somente as entidades sindicais com cadastro ativo no CNES.

Como pode ser observado, parte considerável dos instrumentos cadas-


trados no Mediador (83,3% do total) refere-se a contratos coletivos negociados
diretamente com empresas. Apenas 16,7% são contratos firmados no nível da
categoria. Os dados sugerem que a negociação coletiva no Brasil é realizada
preferencialmente no âmbito das empresas, e não da categoria. Quando se in-
vestiga o nível de abrangência dos instrumentos coletivos assinados por cada
entidade sindical, observa-se que a maior parte os negocia tanto por empresa
como por categoria (61,9%). As entidades que negociam exclusivamente com
empresas correspondem a 22,4% do total, e as que negociam exclusivamen-
te com entidades sindicais patronais (por categoria, portanto), representam
15,7%.
Entre as entidades sindicais de empregados, que formam o maior con-
junto no grupo das entidades laborais, 71,3% registraram tanto instrumentos
de empresa como de categoria; 15,4% cadastraram exclusivamente instru-
mentos por empresa; e 13,3% depositaram exclusivamente instrumentos por
categoria.
REVISTA CIÊNCIAS DO TRABALHO - Nº 8
A prevalência de casos de entidades sindicais que negociam tanto no âmbi- AGOSTO DE 2017
to das empresas como de categoria também é observada entre as entidades de ca-
tegorias diferenciadas (59,2%) e de profissionais liberais (53,4%). Entre as entidades
37
THAMIRES CRISTINA DA SILVA rurais, embora também representem o maior conjunto, casos de acordos no âmbito
LUÍS AUGUSTO RIBEIRO DA COSTA das empresas e de categorias equivalem a 38,5% do total, além de significativo um
SIRLEI MARCIA DE OLIVEIRA
terço que cadastrou exclusivamente instrumentos por empresa. Quanto às entidades
de servidores públicos, quase a totalidade registrou exclusivamente instrumentos por
empresa, no caso, com o ente público contratante9.
Esses dados revelam que, embora os instrumentos por empresa sejam
os mais frequentes no Mediador, ele não exclui a negociação dos instrumentos
por categoria. Dito de outro modo, boa parte dos acordos coletivos registrados
no Mediador tem um caráter complementar ao das convenções coletivas. Pri-
meiro, porque grande parte das entidades sindicais laborais que assinam acor-
dos coletivos também assinam convenções coletivas. As convenções, como se
sabe, abrangem categorias profissionais e econômicas; os acordos, empresas.
Como as convenções são mais abrangentes, em tese envolvem os acordos.
E segundo, porque as convenções tendem a ser mais abrangentes que
os acordos também em relação aos temas tratados. Muitos acordos tratam de
questões pontuais da negociação, como jornada de trabalho, gratificações,
adicionais e auxílios, que poderiam ser interpretados como complementares
– acréscimos ou adaptações para situações particulares – aos termos gerais
inscritos nas convenções coletivas.

Considerações finais
Nos anos 2000, o sindicalismo brasileiro desenvolveu múltiplas estraté-
gias para enfrentar as dificuldades de representação, organização e mobiliza-
ção advindas do contexto de crise que marcou a década de 1990, quando o
perfil de trabalhador, mais heterogêneo, flexível, precário e com uma percep-
ção mais individualista e fragmentada sobre as atividades sindicais passou a
predominar o mercado de trabalho. Contudo, mesmo com a promoção do de-
senvolvimento econômico sustentado pelo discurso de proteção ao trabalho
e emprego, as ações sindicais permaneceram frágeis diante da lógica flexível
que impera nas empresas de diferentes setores econômicos. Embora o con-
texto de participação institucionalizada tenha consolidado mecanismos alter-
nativos de negociação com o envolvimento de atores sociais formuladores de
políticas públicas que buscaram amenizar o quadro de instabilidade e ameaça
ao emprego, posturas sindicais cada vez mais reativas explicitam os desafios
para representar os interesses dos trabalhadores que obtiveram ganhos im-
portantes no período analisado, (2003 e 2015), mas insuficientes para reverter
o quadro de perdas antigas através da redução das desigualdades sociais do
país.
REVISTA CIÊNCIAS DO TRABALHO Nº 8
AGOSTO DE 2017
Nesse artigo, mostramos que o desempenho dos sindicatos nas nego-
ciações coletivas consolidou uma prática normativa que reverberou sobre a

38 maioria das categorias profissionais. As iniciativas que contribuíram para a atu-


9 Em geral, prefeituras municipais.
alização da organização sindical cujas raízes deitam sobre a estrutura corpora- TENDÊNCIAS DA AÇÃO SINDICAL NO
tiva, mudaram o caráter de intervenção arbitrária do Estado que passou a atuar BRASIL DO SÉCULO XXI: LEITURAS E
INTERPRETAÇÕES À LUZ DO DEBATE
em uma estrutura neocorporativa, formatada pela incorporação das centrais SOBRE O SINDICALISMO NO PERÍODO
sindicais à estrutura oficial e baseada em elementos que denotam o pluralismo 2003-2015
sindical (LADOSKY, 2015). O Sistema Mediador contempla um conjunto amplo
de informações que permitem os mais diversos estudos sobre as relações de
trabalho no país, incluindo questões como o nível de cobertura do Mediador
sobre as negociações coletivas realizadas no país; as características gerais das
entidades que registram acordos no sistema; a complementaridade entre os
instrumentos coletivos registrados, a distinção entre instrumentos coletivos de
data-base e instrumentos coletivos específicos (temáticos) e a noção de mesa
de negociação.
O comportamento das greves no Brasil também assinalou a intensidade
das mobilizações coletivas que contextualizam fortes embates entre a classe
trabalhadora e o empresariado, inclusive sob uma perspectiva global. Desse
modo, o sindicalismo demarcou o seu espaço de atuação a partir do protago-
nismo desempenhado nas instâncias institucionais, mas também nos locais de
trabalho onde o conflito se faz permanente.
Na visão de Adalberto Cardoso (2013), a crise do sindicalismo da forma
como foi concebida pela literatura teria sido descaracterizada a partir do bom
desempenho dos indicadores de greves, das negociações coletivas e do volu-
me de filiação sindical que em termos absolutos é considerado alto. Para res-
ponder as lacunas de um projeto politico mais amplo que poderia ser capita-
neado pelos sindicatos, o autor analisou o percurso histórico que o trabalho
assalariado teve no Brasil sob a interferência do Estado que assegurou inclusão
social por meio do vínculo empregatício respaldado na CLT. Nessa direção, a
análise proposta busca reconstituir o elo entre o sindicalismo e suas raízes que
remontam os anos de 1930, quando o modelo sindical atual foi concebido. Nas
palavras do autor: “a utopia brasileira, a utopia real, vivida por gerações suces-
sivas, foi e segue sendo a utopia do trabalho assalariado regulado pelo Estado,
veículo de precária segurança ontológica e frágil segurança socioeconômica,
mas ainda assim melhor do que as alternativas disponíveis” (CARDOSO, 2013,
p. 136).
Nesse sentido, as leituras sobre sindicalismo no século XXI matizam os
principais dilemas advindos do contexto de um governo cujas raízes estiveram
entrelaçadas com a história do operariado brasileiro, abrindo possibilidades
de novas interpretações para as formas de ação coletiva com recorte de classe.
Como argumentaram Iram Jácome Rodrigues e José Ricardo Ramalho (2015),
o sindicalismo no século XXI precisará encontrar outra lógica de atuação para
lidar com as ameaças de direitos. Ainda pesa sobre o movimento sindical mui-
REVISTA CIÊNCIAS DO TRABALHO - Nº 8
tos entraves para a manutenção de sua base, tanto em termos de representa- AGOSTO DE 2017
tividade numérica quanto no seu papel intrínseco que define a sua existência
enquanto órgão de classe:
39
THAMIRES CRISTINA DA SILVA Nesse contexto, questões como solidariedade, identidade, representa-
LUÍS AUGUSTO RIBEIRO DA COSTA
ção terão que ser resignificadas e, até mesmo, reconfiguradas para que a ação
SIRLEI MARCIA DE OLIVEIRA
sindical consiga continuar desempenhando o seu papel de democratização
das relações de trabalho, melhoria das condições de vida e trabalho para am-
plas parcelas da população, luta por uma sociedade mais justa e igualitária,
entre outros aspectos (RODRIGUES; RAMALHO, 2015, p. 40).

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