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TEXTO I:
Eu era um morto
Não me lembro do amanhecer do sexto dia. Tenho uma ideia nebulosa de que, durante
toda a manhã, fiquei prostrado no fundo da balsa, entre a vida e a morte. Nesses momentos, pensava em
minha família e a via tal como me contaram agora que esteve durante os dias do meu desaparecimento.
Não fiquei surpreso com a notícia de que tinham me prestado homenagens fúnebres. Naquela sexta
manhã de solidão no mar, pensei que tudo isso estava acontecendo. Sabia que haviam comunicado à
minha família o meu desaparecimento. Como os aviões não voltaram, sabia que tinha desistido da busca e
que haviam me declarado morto.
Nada disso era errado, até certo ponto. Em todos os momentos, tratei de me defender.
Encontrei sempre um meio de sobreviver, um ponto de apoio, por insignificante que fosse, para continuar
esperando. No sexto dia, porém, já não esperava mais nada. Eu era um morto na balsa. À tarde, pensando
que logo seriam cinco horas e os tubarões voltariam, fiz um desesperado esforço pra me levantar e me
amarrar à borda. Em Cartagena, há dois anos, vi na praia os restos de um homem destroçado por tubarão.
Não queria morrer assim. Não queria ser repartido em pedaços entre um montão de animais insaciáveis.
Eram quase cinco horas. Pontuais, os tubarões estavam ali, rondando a balsa. Levantei-
me penosamente para desatar os cabos do estrado. A tarde era fresca. O mar, tranquilo. Senti-me
ligeiramente fortalecido. Subitamente, vi outra vez as sete gaivotas do dia anterior e essa visão infundiu
em mim renovados desejos de viver.
Nesse instante teria comido qualquer coisa. A fome me incomodava. Mas o pior era a
garganta e a dor nas mandíbulas, endurecidas pela falta de exercício. Precisava mastigar qualquer coisa.
Tentei arrancar tiras de borracha dos sapatos, mas não tinha com que cortá-las. Foi então que me lembrei
dos cartões da loja de Móbile.
Estavam num dos bolsos da calça, quase completamente desfeitos pela umidade.
Rasguei-os, levei-os à boca e comecei a mastigar. Foi um milagre: a garganta se aliviou um pouco e a
boca se encheu de saliva. Lentamente continuei mastigando, como se aquilo fosse chiclete. [...] Pensava
continuar mastigando os cartões indefinidamente para aliviar a dor das mandíbulas e até achei que seria
desperdício jogá-los no mar. Senti descer até o estômago a minúscula papa de papelão moído e desde esse
instante tive a sensação de que me salvaria, de que não seria destroçado pelos tubarões [...]
Afinal, amanheceu o meu sétimo dia no mar. Não sei por que estava certo de que esse
não seria o último. O mar estava tranquilo e nublado, e quando o sol saiu, mais ou menos às oito da
manhã, eu me sentia reconfortado pelo bom sono da noite. Contra o céu cinza e baixo passaram sobre a
balsa as sete gaivotas.
Dois dias antes eu sentira uma grande alegria vendo as sete gaivotas. Mas quando as vi
pela terceira vez, depois de tê-las visto durante dois dias consecutivos, senti o terror renascer. “São sete
gaivotas perdidas”, pensei, com desespero. Todo marinheiro sabe que, às vezes, um bando de gaivotas se
perde no mar e voa sem direção do porto, durante vários dias, até encontrar a seguir um barco que lhes
indique a direção do porto. Talvez aquelas gaivotas que vira durante três dias fossem as mesmas todos os
dias, perdidas no mar. Isso significa que eu me distanciava cada mais da terra.
(Gabriel García Márquez. Relato de um náufrago. 3 ed. Rio de Janeiro: Record, 1970, 1970, p. 70-73)
1. Nesse fragmento, o marinheiro relata como foram os dias que, como náufrago, passou numa balsa à
deriva no mar.
a) A quais dos dias de permanência no mar o relato se refere?
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b) Duas coisas particularmente atormentavam o marinheiro: os tubarões e a fome. Apesar de não esperar
mais nada, o que ele fez?
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TEXTO II:
O dono da bola
Ruth Rocha
O nosso time estava cheio de amigos. O que nós não tínhamos era a bola de futebol. Só bola de
meia, mas não é a mesma coisa.
Bom mesmo é bola de couro, como a do Caloca.
Mas, toda vez que nós íamos jogar com Caloca, acontecia a mesma coisa. E era só o juiz marcar
qualquer falta do Caloca que ele gritava logo:
– Assim eu não jogo mais! Dá aqui a minha bola!
– Ah, Caloca, não vá embora, tenha espírito esportivo, jogo é jogo…
– Espírito esportivo, nada! – berrava Caloca. – E não me chame de Caloca, meu nome é Carlos
Alberto!
E assim, Carlos Alberto acabava com tudo que era jogo.
A coisa começou a complicar mesmo, quando resolvemos entrar no campeonato do nosso bairro.
Nós precisávamos treinar com bola de verdade para não estranhar na hora do jogo.
Mas os treinos nunca chegavam ao fim. Carlos Alberto estava sempre procurando encrenca:
– Se o Beto jogar de centroavante, eu não jogo!
– Se eu não for o capitão do time, vou embora!
– Se o treino for muito cedo, eu não trago a bola!
E quando não se fazia o que ele queria, já sabe, levava a bola embora e adeus, treino.
Catapimba, que era o secretário do clube, resolveu fazer uma reunião:
– Esta reunião é para resolver o caso do Carlos Alberto. Cada vez que ele se zanga, carrega a bola
e acaba com o treino.
Carlos Alberto pulou, vermelhinho de raiva:
– A bola é minha, eu carrego quantas vezes eu quiser!
– Pois é isso mesmo! – disse o Beto, zangado. – É por isso que nós não vamos ganhar campeonato
nenhum!
– Pois, azar de vocês, eu não jogo mais nessa droga de time, que nem bola tem.
E Caloca saiu pisando duro, com a bola debaixo do braço.
Aí, Carlos Alberto resolveu jogar bola sozinho. Nós passávamos pela casa dele e víamos. Ele batia
bola com a parede. Acho que a parede era o único amigo que ele tinha. Mas eu acho que jogar com a
parede não deve ser muito divertido.
Porque, depois de três dias, o Carlos Alberto não aguentou mais. Apareceu lá no campinho.
– Se vocês me deixarem jogar, eu empresto a minha bola.
Carlos Alberto estava outro. Jogava direitinho e não criava caso com ninguém.
E, quando nós ganhamos o jogo final do campeonato, todo mundo se abraçou gritando:
– Viva o Estrela-d’Alva Futebol Clube!
– Viva!
– Viva o Catapimba!
– Viva!
– Viva o Carlos Alberto!
– Viva!
Então o Carlos Alberto gritou:
– Ei, pessoal, não me chamem de Carlos Alberto! Podem me chamar de Caloca!
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4) Carlos Alberto costumava fazer chantagem e impor condições para emprestar sua bola de couro.
Comprove a afirmação com uma frase retirada do texto.
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5) Qual era a finalidade da reunião que Catapimba, o secretário do time, resolveu fazer?
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8) Carlos Alberto apresenta características diferentes no decorrer dos três momentos da narrativa. Faça a
devida associação:
(1) 1° momento
(2) 2° momento
(3) 3° momento
( ) solitário
( ) briguento
( ) cooperativo
( ) egoísta
( ) zangado
( ) arrependido
( ) chantagista
( ) amigável
( ) encrenqueiro
O URSO E AS ABELHAS
Uma árvore no chão servia de depósito de mel para uma colmeia de abelhas. Um urso _______ o
tronco e _________________ a ________________ . Nisso, uma das abelhas, _________________ do
trabalho e _________________ o que ele _________________, deu-lhe uma boa picada e voou para
dentro do buraco do tronco.
O urso, muito nervoso e com raiva, _________________________ o ninho, ___________________ o
tronco com suas garras afiadas.
Com isso, o enxame todo ______________ alvoroçado e _______________ atrás dele. O urso só se
_______________ porque entrou em um lago que _________________ pelo caminho.
Moral: Mais vale suportar um só ferimento em silêncio que acabar todo machucado.
10) Qual é a locução verbal utilizada para completar a fábula? Qual é o verbo auxiliar e o principal?
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11) Começou, viu, encontrou, ficou, saiu e salvou estão em que tempo verbal? Explique em que consiste
este tempo verbal.
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14. Reescreva as frases substituindo as expressões em destaque pelo verbo correspondente, no pretérito
mais que perfeito:
17. O que Jon quis dizer com “fazia o som de uma tuba”?
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19. Onde as personagens estão? Comprove sua resposta com elementos da tira.
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b) Em qual delas há uma ideia de possibilidade ou de hipótese? Quais são as formas verbais utilizadas?
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21. Classifique quanto ao modo cada uma das formas verbais utilizadas na tira.
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22. Observe o que a personagem de boné diz, como diz e o que imagina.
a) A fala dessa personagem apresenta ambiguidade, isto é, tem mais de um sentido. Quais são esses
sentidos?
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b) Na imaginação da personagem, o que ocorreria caso a Estátua da Liberdade estivesse em São Paulo?
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23. As tiras geralmente são feitas para divertir. Nesse caso, entretanto, além de divertir, a tira também faz
uma crítica? Justifique sua resposta:
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Ritual da madrugada
Às três da manhã
penteava o cabelo
comprido, comprido...
passava o pente vagarosamente
e vagarosamente tecia a trança
— Trança de fada.
a) Retire do texto duas frases, uma que contenha um advérbio ou locução adverbial de tempo e outra de
lugar e destaque-os.
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25. Às vezes, os textos ganham novos sentidos quando repetimos as palavras ou quando as escrevemos
de uma forma especial. Observe estes dois trechos:
“comprido, comprido...”
“passava o pente vagarosamente
e vagarosamente tecia.”
26. Classifique o advérbio vagarosamente e explique o sentido que esta palavra traz em cada frase.
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27. Nestas frases de Jô Soares, indique a circunstância expressa pelas locuções adverbiais e advérbios
destacados:
b) Qual o efeito de sentido o alongamento das vogais na palavra “bem” provoca na fala do personagem?
Comente:
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a) Na tira acima, Nermal repete um mesmo advérbio várias vezes. Como podemos classificar este
advérbio?
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b) Na tira, como Nermal pretende caracterizar Garfield? Cite um adjetivo simples que corresponda a esta
característica, sem mudar o sentido da frase:
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b) Indique o tempo e o modo dos verbos destacados na frase acima:
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Boa sorte!
Beijos da Tia Rê!