Sei sulla pagina 1di 40

John Rawls e o problema da distribuição da riqueza

Conceção de
• Justiça – é aJUSTIÇA
virtude primeira das instituições
sociais, nunca pode ser sacrificada em nome
de nenhum outro valor, não é violável em
situação alguma.

• Não há justificação para leis e instituições


injustas, se isto acontecer devem de ser
reformuladas ou abolidas.
Liberdade e Igualdade

A liberdade consiste em poder fazer aquilo que


não prejudica o outro; este é visto como o limite à
minha liberdade, mas igualmente como a sua
garantia (princípio da reciprocidade)
A liberdade política está associada:
• aos direitos de expressão,
• de reunião,
• de manifestação,
• de circulação,
• de propriedade,
Liberdade e Igualdade

A igualdade política traduz-se


• no direito de voto
• de participação cívica
• de igualdade de acesso ao desempenho
de cargos políticos
• é reconhecida nos textos
constitucionais e nas leis democráticos.
•A igualdade económica e social é ainda
um objetivo por realizar
• Como conciliar liberdade e igualdade para
que desse modo consigamos promover e
construir uma sociedade justa?

• Qual o papel do Estado no combate à


desigualdade social?

• Como deve uma sociedade distribuir os seus


bens? Qual é a maneira eticamente correta
de o fazer?

• É legítimo distribuir desigualmente os bens


e os benefícios sociais? Em que proporção?
Rawls pretende conjugar na sociedade duas características: a
liberdade e a justiça social. Porquê ambas?

• Porque se apenas houver liberdade, coloca-se em


causa a justiça social (porque necessariamente uns
indivíduos possuirão sempre mais bens do que outros
e os que possuem mais possuirão sempre mais – a
riqueza gera mais riqueza).

• Se apenas houver justiça social, coloca-se em causa


a liberdade (porque limita-se a liberdade dos
indivíduos para poderem possuir mais bens do que
aquele número de bens que possuem).
Exemplo das heranças

• Enquanto as heranças existirem, não partimos do


mesmo lugar, porque haverá uns indivíduos que
possuirão mais bens do que outros e tenderão sempre
a possuir mais bens e a aumentar continuamente a
sua riqueza. Esta é a situação de apenas haver
liberdade e não haver justiça social.

• Por outro lado, se penalizarmos as grandes heranças,


como por exemplo, através do pagamento de altos
impostos, estaremos a limitar os bens desses
mesmos indivíduos e, portanto, a limitar a liberdade
dos indivíduos para investir, enriquecer e fazer o que
lhes apetecer com a sua herança. Esta é a situação
de apenas haver justiça social e não haver liberdade.
O princípio utilitarista

Age sempre se maneira a produzir o máximo de


bem-estar possível para todos os envolvidos.

Consequência

A oposição ao utilitarismo
Se uma ação maximiza o bem-estar, não importa
se o bem-estar está distribuído de maneira igual
ou desigual. A teoria utilitarista parece assim
justificar grandes diferenças de rendimento entre
ricos e pobres e, portanto, grandes desigualdades
sociais.

Se a sociedade A tem um nível de riqueza média


superior à sociedade B, A é preferível a B mesmo
se a distribuição da riqueza for mais desigual em
A que em B.
John Rawls não é utilitarista

• a sua teoria da justiça é de inspiração kantiana,


não sendo, portanto, as consequências das ações
o único fator relevante para determinar o seu valor
moral.
• Para Rawls, a igualdade vale por si mesma, tem
valor intrínseco, e deve ser valorizada por si
mesma e não por promover melhores
consequências.

• As liberdades (de expressão, de voto, etc.), o


rendimento e as oportunidades devem ser
distribuídas de maneira igual exceto se a sua
distribuição desigual beneficiar os que menos têm.
John Rawls não é utilitarista Pensar Azul Texto Editores

Teoria da Justiça e o Utilitarismo


discorda do Utilitarismo, alegando:

• a falta de um princípio absoluto que sirva de critério


universal para decidir o que é justo ou injusto

• a subordinação do indivíduo a interesses sociais, não lhe


reconhecendo direitos fundamentais invioláveis

• que, ao subordinar a política à felicidade global, não fosse


tomada em consideração a forma justa ou injusta
como ela é distribuída
Se uma família A tem um rendimento mensal
de 5000 euros e a família B um rendimento
mensal de 500 euros, o bem estar da família
A não diminuirá muito se 500 euros do seu
rendimento forem transferidos para a família
B. O prejuízo para a família A será
largamente compensado pelo aumento de
bem-estar da família B. Cresce o bem-estar
geral.
Utilitarismo e distribuição
da riqueza
No primeiro caso, há um aumento de 100%,
obtendo-se o dobro do bem-estar inicial; no
segundo caso, temos um prejuízo de apenas
10%.

A mesma quantidade de riqueza produz mais


bem-estar se for retirada aos que têm mais
rendimentos e atribuída aos que têm menos,
contribuindo para uma sociedade mais
igualitária, do que se se mantiver na posse
dos primeiros.
Para os utilitaristas, a igualdade tem apenas
um valor instrumental: é apenas um meio
para atingir um fim. O valor da igualdade
depende somente das consequências que
esta promove.

John Rawls não é utilitarista: a sua teoria da


justiça é de inspiração kantiana, não sendo,
O valor da igualdade portanto, as consequências das acções o
único factor relevante para determinar o seu
valor moral.

Para Rawls, a igualdade vale por si mesma,


tem valor intrínseco, e deve ser valorizada
por si mesma e não por promover melhores
consequências.

As liberdades (de expressão, de voto, etc.),


o rendimento e as oportunidades devem
ser distribuídas de maneira igual excepto se
a sua distribuição desigual beneficiar os que
menos têm.
Algumas regiões têm mais dificuldade que
outras em conseguir médicos.

A ausência de médicos representa um


prejuízo importante para os seus habitantes,
que estão numa situação desfavorecida em
relação a quem vive em zonas com mais
atrativos.
Desigualdades e benefícios
para os de menos recursos Uma forma de eliminar esta desvantagem,
beneficiando os que vivem em regiões mais
desfavorecidas, consiste em pagar mais aos
médicos que aceitem ir trabalhar para essas
regiões.

Este tratamento desigual é permitido porque


promove a igualdade, favorecendo os de
menores recursos.

Desigualdades que contribuam para diminuir


os rendimentos, liberdades e oportunidades
dos que têm menos recursos não podem
ser permitidas.
Rawls parte então de uma conceção geral
de justiça que se baseia na seguinte ideia:
• todos os bens sociais primários — liberdades,
oportunidades, riqueza, rendimento e as bases sociais
da autoestima — devem ser distribuídos de maneira
igual a menos que uma distribuição desigual de alguns
ou de todos estes bens beneficie os menos favorecidos.

• Tratar as pessoas como iguais não implica remover


todas as desigualdades, mas apenas aquelas que
trazem desvantagens para alguém. Se dar mais
dinheiro a uma pessoa do que a outra promove mais os
interesses de ambas do que simplesmente dar-lhes a
mesma quantidade de dinheiro, então uma
consideração igualitária dos interesses não proíbe essa
desigualdade.
Como seria uma sociedade justa? O que seria
necessário acontecer na constituição de uma
sociedade para que ela realizasse o ideal da justiça?

• Rawls vai falar de um contrato social ideal.


• Temos de imaginar como se deviam comportar as pessoas
no momento em que escolheriam uma sociedade em que
reinariam a liberdade e a justiça social.
• Rawls fala de “posição original” Vamos imaginar que nos
encontramos numa situação hipotética, na qual vamos ter
de escolher os princípios da sociedade onde vamos viver.

• A posição original é uma situação de negociação, de total


imparcialidade em que pessoas racionais, livres e iguais
criam uma sociedade regida por princípios de justiça. Para
que tal imparcialidade se verifique essas pessoas devem
estar “cobertas” por um “véu de ignorância”.
O véu da ignorância

- é o desconhecimento por parte de cada indivíduo das suas


caraterísticas pessoas, interesses e objetivos particulares e da sua
condição social e económica no momento do estabelecimento do
contrato social. Não sabem,
- o lugar que vão ocupar na sociedade – classe, estatuto, etnia,
riqueza
- os seus talentos naturais ou capacidades – inteligência, força
- a sua conceção de bem
- as suas caraterísticas psicológicas
- as circunstâncias particulares da nossa sociedade –
situação política, económica, religião, cultura
- a geração a que pertence
- o seu projeto de vida
As partes conhecem: os factos gerais da vida e o funcionamento da
sociedade em geral; sabem que haverá pessoas mais talentosas do
que outras, pessoas religiosas e ateias, ricos e pobres, que haverá um
Estado com diversas instituições e leis.
O véu da ignorância

• Qual é a vantagem do “véu da ignorância”?


• Vai possibilitar que, devido ao desconhecimento
da sua situação social e económica, os indivíduos
exijam uma organização da sociedade que seja
dentro dos possíveis a mais vantajosa e melhor
para todos, não inferiorizando qualquer grupo de
indivíduos. Neste sentido, vão exigir que a
sociedade promova os valores básicos que
permitam a todos ter uma vida aceitável,
designadamente, a mesma liberdade para todos e
o mínimo de desigualdades sociais e económicas.
Numa situação dessas acabaríamos por
escolher princípios que nos garantissem
que, por pior que venha a ser a nossa
condição social ela nunca fosse tão má
que nos impedisse de ter acesso a certos
bens básicos:
- liberdades básicas, oportunidades para
melhorar a nossa posição e um de
rendimento mínimo aceitável.
Adotaríamos princípios em que o pior que
nos pudesse acontecer fosse o melhor
possível. Rawls diz que se trata de seguir
a regra maximin – uma estratégia de
decisão que, numa situação de incerteza,
nos permita maximizar o mínimo, de modo
a que o pior que possa suceder não seja
muito mau.
Rawls considera que a sociedade deve garantir a
todos de forma equitativa o acesso a três bens
sociais básicos. São os chamados bens sociais
primários.

O rendimento, as liberdades (de expressão, de


voto, de escolha, etc.) e as oportunidades (de
carreira, etc.) são considerados os bens sociais
primários.
Bens sociais e conflitos de
valor Bens de tipos distintos podem entrar em conflito,
tornando-se necessário saber quais devem ser
atendidos em primeiro lugar, ou que bens devem
ter prioridade.

Se uma sociedade garante o acesso à educação


e em simultâneo exige que ela seja assegurada
numa escola da área de residência, no caso de
uma pessoa preferir uma escola fora da sua área
de residência por considerar que essa escola é
mais exigente e lhe dará maior preparação, há um
conflito entre a igualdade de oportunidades e a
liberdade de escolha.

Qual deve ser considerado o mais importante?


1. Princípio da Liberdade Igual

A sociedade deve assegurar a máxima


liberdade a cada pessoa que seja compatível
com uma liberdade igual para todos os
outros.
Os princípios da justiça
2. Princípio da Oportunidade Justa
social
As desigualdades económicas e sociais
devem estar ligadas a carreiras e profissões
que sejam acessíveis a todos em condições
de igualdade de oportunidades.

3. Princípio da Diferença

A sociedade deve promover a distribuição


igual da riqueza, excepto se a existência de
desigualdades económicas e sociais trouxer
benefícios aos de menores recursos.
A partir de um nível de bem-estar acima da
luta pela sobrevivência, a liberdade tem
prioridade absoluta sobre o bem-estar
económico ou a igualdade de oportunidades.

A liberdade de expressão, etc., não pode ser


sacrificada por razões de ordem económica:
não é permissível limitar a liberdade mesmo
Hierarquia dos princípios se isso contribuísse para tornar a sociedade
mais igualitária.

Desigualdades (de liberdade, de rendimento,


de oportunidades) são permitidas apenas se
beneficiarem os de menos recursos.

A doação de benefícios fiscais, por exemplo,


a regiões menos desenvolvidas de modo a
permitir-lhes aproximarem-se da média das
regiões mais avançadas corresponde a esta
ideia.
O primeiro argumento de Rawls a favor da
sua teoria parte da seguinte ideia (que todos
aceitamos):

O nosso destino social (a vida que teremos)


deve depender das nossas escolhas, e não
das circunstâncias em que por acaso fomos
colocados.
O argumento da igualdade
de oportunidades
Não é justo, segundo esta ideia, que alguém
não possa ter acesso a certas profissões por
ser homem ou mulher, por pertencer a uma
raça ou a outra, por ter nascido numa família
pobre, etc.

Ser homem ou mulher não depende de nós,


tal como não depende de nós ser europeu,
africano ou asiático.

Também a circunstância de ter nascido


numa família rica ou pobre é fruto do acaso e
não de uma escolha.
A ideia de que o nosso destino social (a vida
que iremos ter) deve apenas depender das
nossas escolhas, e não das circunstâncias
em que o acaso nos colocou, implica que
todos tenhamos as mesmas oportunidades,
independentemente das circunstâncias de
partida.
O argumento da igualdade
de oportunidades A exigência de oportunidades iguais para
todos destina-se a evitar a influência social
do acaso.

Assim, se estiver garantida a igualdade de


oportunidades, as desigualdades de riqueza
que se observam na sociedade terão de ficar
a dever-se ao mérito de cada um, aos seus
talentos naturais, às suas escolhas (certas
ou erradas).

E isto parece-nos justo.


Por vezes pensa-se que, estando garantida
a igualdade de oportunidades, o mérito e os
talentos individuais justificam as diferenças
de rendimento, tornando-as justas.

A ideia é a seguinte: é justo que aqueles que


mais mérito possuem beneficiem dos frutos
que obtiveram.
O argumento da igualdade
de oportunidades Não estará isto certo? Ninguém nega que o
talento e os méritos individuais devem ser
premiados, sendo justo usufruir do que se
conquistou.

Mas, seguindo a mesma linha de raciocínio,


temos de concluir que é justo aqueles que
não têm talentos naturais serem privados
desses benefícios.

O problema é: será justo que um deficiente


seja desfavorecido só por ser deficiente, ou
alguém com um QI baixo apenas por ter um
QI baixo?
Partimos da ideia de que o nosso destino
social deve depender das nossas escolhas,
e não das circunstâncias em que o acaso
nos coloca.

Não é justo não ter acesso a uma profissão,


por exemplo, apenas por termos nascido
numa família pobre, por sermos homem ou
O argumento da igualdade mulher, por pertencermos a uma raça A ou
B, porque nenhuma destas circunstâncias foi
de oportunidades escolhida por nós.

Mas ter nascido com um certo talento, com


um QI baixo ou com uma deficiência também
não é uma escolha pessoal: é algo que nos
aconteceu, que não pudemos evitar, que não
controlamos.

Se é injusto que o nosso destino social seja


determinado por desigualdades sociais,
também parece injusto que o seja devido a
desigualdades naturais, de que não somos
responsáveis.
Se é injusto que o nosso destino social seja
determinado por desigualdades naturais, de que
não somos os responsáveis, que propõe Rawls
para o evitar?

A ideia é que as desigualdades sociais e naturais


só se justificam se isso trouxer benefícios aos
mais desfavorecidos.

O argumento da igualdade Portanto, ninguém deve ser o único beneficiário


de oportunidades dos seus talentos: quem teve a sorte de ser
beneficiado deve contribuir para quem foi menos
favorecido.

Se queremos que o nosso destino social dependa


apenas das nossas escolhas, e não das nossas
circunstâncias (sociais ou naturais), temos de
aceitar que:

A sociedade deve promover uma distribuição


igual da riqueza, exceto se a existência de
desigualdades económicas e sociais beneficiar os
de menores recursos.
Este é o princípio da diferença.
É injusto que Cristiano Ronaldo, Bill Gates ou Messi
sejam os únicos a benefiar do seu talento.

Mas como fazer para que isso aconteça?


Isso acontece se houver uma redistribuição dos
rendimentos de modo que os mais favorecidos pela
sorte na lotaria natural contribuam para ajudar quem
é mais desfavorecido.
O princípio da diferença deve regular e corrigir as desigualdades ao
defender que a riqueza deve ser distribuída de forma desigual, desde que
essa desigualdade permita que os mais desfavorecidos fiquem o melhor
possível.
O princípio da diferença corresponde ao modo como Rawls entende a
equidade.
A equidade equivale à distribuição desigual dos bens básicos que deve
favorecer quem se encontra em pior situação por razões económicas,
físicas ou intelectuais.
• A desigualdade justifica-se se:
- beneficiar todos os membros da sociedade, em especial
os menos favorecidos.

- for uma condição necessária e suficiente para incentivar


uma maior produtividade. Um certo grau de
desigualdade – que uns possam ganhar mais que os
outros – torna as pessoas mais produtivas. Se a
desigualdade for maior do que a necessária para
aumentar a produtividade, então é injusta e moralmente
inaceitável.
- Ex: Se o que motiva as pessoas para se tornarem bons
médicos ou bons engenheiros for a perspetiva de
ganharem mais dinheiro, mais do que a média dos
cidadãos, então é justo que tenham maiores
rendimentos. Mas não devem ser os únicos a ganharem
com isso. Ganhando mais estarão em condições de
pagarem mais impostos e, assim contribuirão para
ajudar os mais desfavorecidos. Em suma, todos ganham
se alguns ganharem mais.
Em síntese, o argumento proposto por Rawls é o
seguinte:

(1) Começamos por aceitar que somos livres na


mesma medida de todos os outros (princípio da
liberdade igual).

(2) Em seguida, aceitamos que só as nossas


escolhas devem importar para decidir o nosso
O argumento da igualdade destino social.
de oportunidades
(3) Assim, as circunstâncias que não dependem
de nós não devem influir na posição social que
viremos a alcançar (princípio da igualdade de
oportunidades).

(4) Estas circunstâncias são externas (sexo, raça,


classe social de partida, etc.) e internas (talentos
naturais).

(5) Por fim, concluímos que se não escolhemos


os nossos talentos (ou a falta deles) não devemos
ser os únicos a beneficiar deles: é justo contribuir
para os que não tiveram tanta sorte (princípio da
diferença).
Imagina os seguintes padrões de distribuição de bens
sociais primários em mundos só com três pessoas:

• Mundo 1: 9, 8, 3;
Mundo 2: 10, 7, 2;
Mundo 3: 6, 5, 5.
• Qual destes mundos garante o melhor acesso possível aos
bens em questão? Lembra-te que te encontras envolto no véu
de ignorância. Arriscas ou jogas pelo seguro?
• Rawls defende que devemos escolher, de entre todos as
situações possíveis, aquela em que a pessoa menos
favorecida fica melhor em termos de distribuição de bens
primários.
• A estratégia de Rawls é conhecida como “maximin”, dado que
procura maximizar o mínimo. (Repara que a soma total de
bens sociais do mundo 1 é 20, ao passo que no mundo 3 a
soma total é apenas 16. Por outras palavras, o mundo 3 é
menos rico do que o mundo 1, mas mais igualitário.)
Crítica a Rawls
• A teoria de Rawls leva a que certas escolhas
subsidiem injustamente outras
Se as pessoas mais pobres, independentemente
do esforço e das escolhas que fizerem, receberem
apoio do estado irão provavelmente “encostar-se”
e deixar de trabalhar ou de tentar arranjar
emprego se não o tiverem. Deixarão de tentar
melhorar a sua vida, confiando que o estado os
ajudará, e ficarão sempre dependentes. Por outro
lado, as pessoas que trabalham e se esforçam por
melhorar a sua vida estarão a financiar pessoas
que não o fazem – o que é injusto. O princípio da
diferença e o princípio da oportunidade justa
podem levar à desresponsabilização.
A teoria de Rawls leva a que certas escolhas
subsidiem injustamente outras
• Ex: Imagina duas pessoas que trabalham na mesma empresa de
eletrodomésticos. Têm, por isso, os mesmos recursos económicos.
Mas também têm em comum os mesmos talentos naturais e
antecedentes sociais. Uma delas é apaixonada por futebol e gasta
uma parte razoável do seu rendimento nas deslocações
permanentes que faz para apoiar o seu clube. Somadas as outras
despesas inevitáveis de uma família, nada sobra. Por vezes esta
família tem de recorrer a apoio social do estado. A outra resolveu
estudar sistemas elétricos depois do expediente normal de trabalho.
Após um período de estudo, compra o equipamento necessário e
resolve vender os seus serviços de eletricista das seis da tarde às
nove da noite. Com muitas horas de trabalho, esforço e
competência, duplica o rendimento inicial. O princípio da diferença
diz que as desigualdades de rendimento são permitidas se
beneficiarem os menos favorecidos. Que consequência tem a sua
aplicação a este caso? A consequência de fazer o apaixonado por
futebol beneficiar do rendimento do eletricista esforçado.
• Rawls afirma que a sua teoria da justiça tem a preocupação de
regular as injustiças que resultam das circunstâncias, e não das
escolhas. Isto viola a tua intuição de justiça.
•Em síntese, o argumento proposto por Rawls é o seguinte

(1) Começamos por aceitar que somos livres na mesma medida de todos os outros (princípio
da liberdade igual).

(2) Em seguida, aceitamos que só as nossas escolhas devem importar para decidir o nosso
destino social.

(3) Assim, as circunstâncias que não dependem de nós não devem influir na posição social
que viremos a alcançar (princípio da igualdade de oportunidades).

(4) Estas circunstâncias são externas (sexo, raça, classe social de partida, etc.) e internas
(talentos naturais).

(5) Por fim, concluímos que se não escolhemos os nossos talentos (ou a falta deles) não
devemos ser os únicos a beneficiar deles: é justo contribuir para os que não tiveram tanta
sorte (princípio da diferença).

Potrebbero piacerti anche