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Py poe Ere MILTON BARBOSA E te Waa Wey iKerd OS 40 ANOS DO MOVIMENTO ‘4 Pee entre Cn ae ‘WILSON GOMES Moncey ela Lycee el yATy Paros Loe Ndr A DOMENICO LOSURDO Dae ALBERTO PUCHEU PIU Makes E O ENTENDIMENTO DO HUMANO NA PSICANALISE DossiE Psicandlise, A estética Entreo criagdo e dos bebése _si-mesmo compromisso odireito’ eo encontro cultura com 0 outro Leituras de Winnicott Livros de Winnicott publicados no Brasil Winnicott n esto do ascltor Oscar Nemon, ingltera, 60/1970 Psicanalise, criagao e compromisso PSICANALISTA E PEDIATRA INGLES FORMULOU NOVOS FUNDAMENTOS QUE SAO UNICOS E EXTENSIVOS AO ENTENDIMENTO DA CULTURA E DA VIDA SOCIAL TALES AB'SABER onald Winnicott é um caso limite de Deere mento do humano na psicanélise. ‘Um mundo especial de experincia humana psicanalitica, resultado forte de uma jornada de desenvolvimento tebrico tinica, Ele € um daqueles raros psicanalistas - como Freud, Lacan e Bion ~ a respeito do qual se pode dizer que, na direcio particular dos problemas em ‘que eles pensaram a psicandlise, no ha de ato nada depois deles. Nada depois de um certo limite da psicanalise, um amplo terrtério, que chamamos de Winnicott, um limite tedrico {que necessariamente implica toda a vida cli- nica, Trata-se dos autores de fundo e de princi pio do pensamento psicanalitico, que estabele- ceram niveis de problemas que, accitéveis ou nio pela comunidade de psicanalistas e outros analistas em particular, se tornaram uma real fronteira do pensamento, horizonte de reali- zacdo epistemologica e tebrica que faz efeito inteiramente sobre o campo, base para o tra balho de uma infinidade de outros psicana-~ listas, fonte de um mundo de problemas muito novos, cujo avango da prépria disciplina ne- cessita incorpord-los ¢ chegar a pensar desde ai. Winnicott renovagio radical da psicand- lise, ¢ um de seus limites contemporineos a ‘um s6 tempo. Uma tempestade feliz de inteli- géncia e de valor sobre a disciplina. Mas, também, de todos esses poucos ana~ listas estruturais, analistas de fronteira e ago- nisticos da experiéncia da psicanilise em seu século, Winnicott figura para muitos ainda como o mais singular, um pensador muito especial, de fat o formulador de fundamentos novos para a vida da psicanélise, e para o hu- mano, que sio tinicos e extensivos ao entendi- ‘mento da cultura e da vida social como um todo. £ essa singularidade forte e muito inte- ressante do psicanalista e pediatra inglés - que trabalhou com criangas e com bebés, o que implica dizer também com suas mies e com. stias familias, em hospitais pablicos, em con- sultério particular ¢ em politicas de saide ‘mental britanicas durante cinquenta anos, chegando a conhecer milhares de criangas em. estado de clinica, como dizia Deleuze, que => e237 BL 21 DOSSIE| WINNICOTT E © ENTENDIMENTO DO HUMANO Na PSICANALISE © admirava ~ que se reconhece numa frase sintética ainda mais radical, no entendimento do que pode ser radicalidade em psicanilise, dita a seu respeito e de Freud, pelo psicanalista © grande pesquisador André Green: “Existem apenas dois criadores em psicanilise, Sigmund Freud e Donald Winnicott’ Para Green, Winnicott figu: ugar Ginico na histéria da psicanilise cuja me- tfora do criador de mundos psiquicos o equi- Pararia em alguma medida 20 génio original de Freud, aquele a quem, como dizia o préprio ‘Winnicott, se fazemos psicandlise, de algum modo, “devemos tudo”. Na frase claramente limite de André Green fica aberta a diferenga radical de Winnicot, psicanalista sem corres- Pondéncia no campo, que teria desenvolvido algo da psicanalise no nivel mesmo de criagio do proprio Freud. Ou seja, que criow algo que seria equivalente ao que foi o nove da criaga0 a psicanilise ela mesma. Nao sendo Freud, que criou ou descobriu tudo em psicanilise, como principio, e sendo um dos dois tinicos verdadeiros criadores da disciplina, na frase provocativa do analista francés, entio Winni- Cott sé pode ter criado de novo a psicanilise, como outra dela prépria, uma nova psicandlise, ‘ou um novo fundamento para a psicologia di- namica do inconsciente. proprio Freud, a0 introduzir os racioci- nos clinicos e 0 modo especulativo tebrico de Pensar que formaram seu Além do principio do prazer, escrito entre 1918 e 1920, demons- trou como ¢ préprio da psicanilise, como éncia derivada de uma complexa epistemologia clinica sempre em movimento ~ social, cultu- tale poética,linguageira -, chegar a se refun- dar. O famoso ensaio demonstrava simples- mente que a psicanélise podia, a partir da acumulagao de uma série de problemas e ob- servagdes concretas ¢ atos de pensamento, a partir da renovagio da sua intuicéo especula- tivae do seu cariter experimental do proprio pensamento do analista, chegar a alcancar ‘outros conceitos ¢ entendimentos sobre o hu- ‘mano e seu inconsciente, em um nivel inteira- mente novo. Porque o resultado tedrico de Além do principio do prazer, aatticulagao forte da repeticdo ¢ sua compulsio no psiquismo ‘humano com a hipétese especulativa e postica de existencic de uma virtual pulsio de morte, antes de ser um ponto de chegada da trama do ‘mundo libidinal préprio da primeira psicand- lise, era um resultado primeiro, em outra di- rego, fundante, de principio algo que alterava toda aestrutura ea ordem de problematizacio da psicandlise existente até entao. f isso que signfcava, de fato,o titulo aberto do pequeno infernal ensaio freudiano, Além do principio do prazer, ou seja,além do principio de toda psicanalise existente até aquele momento his- A6rico. E Winnicott, precocemente atento ¢ consciente desse potencial epistemologico Proteico, gerador de novas performances e ‘mundos te6ricos psicanalitcos, realizou com ‘sua pesquisa profunda, entre bebés e maes, em espago social piblico muito comprometido com o Estado de bem-estar social inglés liga- do fortemente a politica da vida social, exata- ‘mente uma psicanslise dessa natureza, uma Psicanilise além do principio, que refundava, como Freud o fez ett 1920, a psicanélise co- anhecida em outro lugar. Sim, porque foi preciso esse grandee sen- sivel psicanal sta para perceber, no final dos ‘anos 1940, aps vinte anos de trabalho, um fendmeno humano singular, paradoxal, com- pplexo, de grande valor emocional esubjetivan- te, que todo o sistema de reprodugao e uso da Psicanalise existente até entdo era apenas sim- plesmente incapaz de ver e, portanto, de viver plenamente. E este fendmeno inventivo do ponto de vista de uma crianga para o mundo sempre esteve i, exposto na vida humana co- ‘mo uma “carta roubada”, sem que ninguém Jamais pudesse alcangé-lo para alguma cons- ciéncia das nossas coisas. Ele existia, mas a Psicandlise,e todos nds, éramos simplesmente inconscientes de seu real valor, como um dia, antes de Freud, fomos a respeito de nossos Préprios sonhes. Exerctando uma psicanslise muito viva com suas criangas ~ que “o com- Preendiam e cue ele era uma delas", como disse seu amigo Peter Tizard quando ele fale- eu uma psicanilise radical e incorporando conhecimento ireudiano, mas também muito Winrcot, dads de 1960, marcada pelas teorias do inconsciente origi- nério de Melanie Klein, Winnicott teve a sua Visio reveladora de toda uma nova dimensio 4a experiéncia humana: como era possivel que, para uma crianga muito pequena, de dois, trés ‘ou quatro anos, uma boneca, um ursinho ou, ainda mais contra intuitivamente, um peque- no cobertor,tivessem 0 mesmo valor emocio- nal do que tinha ovinculo humano original com os préprios pais? Como um pequeno ob- jeto do mundo infantil se inscrevia na alma, na personalidade e na vida de uma crianca, de forma tio especial, de modo a se tornar fun- damentalmente importante, um objeto de amor intenso e de real referéncia para a pré- cia? Afinal o que significava para a psicandlise a presenca desses pequenos ob- jetos de predilecdo radicais infantis, funda- ‘mento estético de um vinculo subjetivante, qual era.a sua natureza psiquica, 0 seu estatuto simbélico, a sua fungio no desenvolvimento e na existéncia de uma criangat Assim, finalmente,apés trinta anos de pes- guisas ininterruptas com muitos e muitos Debs e criancas, Winnicott chegava a um sa- ber psicanalitico nunca antes pensado, aparen- temente cotidiano e totalmente “normal” na vida de uma crianga, cujas consequéncias para seu trabalho seriam definitivas, porque se tra tava de uma dimensdo real da constituicio psiquica de uma crianga que vinha ase tornar ‘um si mesmo, um self, como na sua cultura nglesa de origem, Em 1951 ele escreveria “Ob- jetos e fendmenos transicionais”, artigo que irrompe no novo campo, e que seria a base de tudo aquilo que, vinte anos depois, jé em estilo tardio e muito livre, em O brincar ea realidade, ele desenvolveria como 0 campo das» am 2 eee

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