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ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL

PODER JUDICIÁRIO
TURMAS RECURSAIS

@ (PROCESSO ELETRÔNICO)
GDD
Nº 71008077679 (Nº CNJ: 0066006-66.2018.8.21.9000)
2018/CÍVEL

RECURSO INOMINADO. RESCISÃO DE CONTRATO C/C


RESTITUIÇÃO INTEGRAL DE VALORES. CONSUMIDOR.
CONTRATO DE CONSÓRCIO DE LONGA DURAÇÃO (150 MESES).
AUSÊNCIA DE PROVA DE FRAUDE, INDUÇÃO A ERRO, VIOLAÇÃO
AO DIREITO DE INFORMAÇÃO OU MÁ-FÉ. ÔNUS DA PROVA QUE
TOCAVA AO AUTOR. CONTRATO FIRMADO APÓS VIGÊNCIA DA
LEI 11.795/08. IMPOSSÍVEL RESTITUIÇÃO IMEDIATA. APLICAÇÃO
DA SÚMULA N. 15 DAS TURMAS RECURSAIS CÍVEIS E ARTS. 22 E
30 DA LEI 11.795/08. MANTIDA SENTENÇA DE IMPROCEDÊNCIA
DA AÇÃO. RECURSO IMPROVIDO.

RECURSO INOMINADO QUARTA TURMA RECURSAL CÍVEL

Nº 71008077679 (Nº CNJ: 0066006- COMARCA DE SANTA ROSA


66.2018.8.21.9000)

JOSE SAVIO HERMES RECORRENTE

FARROUPILHA ADMINISTRADORA DE RECORRIDO


CONSORCIO LTDA

ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos os autos.

Acordam os Juízes de Direito integrantes da Quarta Turma Recursal Cível


dos Juizados Especiais Cíveis do Estado do Rio Grande do Sul, à unanimidade, em negar
provimento ao recurso.

Participaram do julgamento, além da signatária (Presidente), os eminentes


Senhores DRA. GISELE ANNE VIEIRA DE AZAMBUJA E DR. LUIS ANTONIO BEHRENSDORF
GOMES DA SILVA.

Porto Alegre, 19 de outubro de 2018.

DR.ª GLAUCIA DIPP DREHER,

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PODER JUDICIÁRIO
TURMAS RECURSAIS

@ (PROCESSO ELETRÔNICO)
GDD
Nº 71008077679 (Nº CNJ: 0066006-66.2018.8.21.9000)
2018/CÍVEL

Relatora.

RELATÓRIO

JOSÉ SÁVIO HERMES ajuizou Ação de cobrança em desfavor da


FARROUPILHA ADMINISTRADORA DE CONSÓRCIO LTDA. Narra que o autor realizou
consórcio de imóvel com a ré em julho/2010, e deixou de realizar o pagamento das
parcelas, havendo desistência. Contudo, a ré não restituiu os valores pagos. Entende que
como o contrato foi entabulado posteriormente à Lei 11.795/2008, havendo encerramento
da participação do autor, devem ser ressarcidos os valores de forma imediata. Também,
considerando a ausência de despesas administrativas por parte da ré, não deve incidir
nenhum desconto a título de taxa administrativa, cláusula penal, fundo de reserva ou
qualquer outra garantia, por representar cobrança abusiva. Busca a devolução dos valores
pagos, bem como a condenação da parte ré ao ressarcimento dos mesmos, livres de
qualquer desconto, acrescidos de juros e correção monetária.

Manifestação da ré nas fls. 24/26, informando que não poderá comparecer


na audiência designada. Discorre sobre a desistência voluntária da parte autora, que sobre
o valor da restituição deverá ser subtraída a taxa de administração do seguro, multa,
conforme Súmula 15 dos Juizados Especiais Cíveis. Cita calendário das assembléias do grupo
716 e que o autor está concorrendo mensalmente aos sorteios. Requer a improcedência da
ação.

Convertido o feito em diligência para juntada de cópia do contrato,


conforme fls. 51/65.

Sobreveio sentença às fls. 77/78, julgando improcedente a ação.

Recurso Inominado interposto pela autora às fls. 86/89.

Contrarrazões às fls. 109/112.

É o relatório.

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VOTOS

DR.ª GLAUCIA DIPP DREHER (RELATORA)

Eminentes Colegas.

Recebo o recurso inominado, eis que presentes os requisitos de


admissibilidade, nos termos do art. 42, da Lei nº 9.099/95.

Recorre a parte autora objetivando ver reconhecida a nulidade das


cláusulas contratuais, imputando abusividade, com a restituição imediata dos valores
pagos. Requer reforma da sentença de origem para reconhecer o dever de indenizar o
autor de forma imediata.

O Juízo de origem analisou com perfeição as provas contidas nos autos e


aplicou o Direito corretamente, fazendo justiça no caso em apreço.

Nestas circunstâncias, a sentença deve ser mantida pelos próprios


fundamentos, incidindo o artigo 46 da Lei nº 9.099/95, com os acréscimos constantes na
ementa:

“Art. 46. O julgamento em segunda instância constará


apenas da ata, com indicação suficiente do processo,
fundamentação sucinta e parte dispositiva. Se a sentença
for confirmada pelos próprios fundamentos, a súmula do
julgamento servirá de acórdão.”

Acresço que em sede recursal o autor inova sua tese, imputando nulidade
contratual, quando na inicial os motivos para a restituição imediata é a desistência
voluntária, por falta de pagamento das parcelas e restituição dos valores pagos. Assim,
descabida a pretensão do autor de alterar os fundamentos da ação em sede recursal,
mesmo em caso de revelia por ausência à audiência de conciliação, com defesa escrita nas
fls. 24/26.

O autor aderiu ao consórcio de imóvel, com prazo de duração de 150


meses, valor do bem de R$52.235,00, cujas cláusulas estão expressas no contrato de fls.

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53/57, firmado pelo autor. Desta forma, não há qualquer evidência de nulidade no caso dos
autos, nem mesmo prova neste sentido.

Em relação ao pedido de restituição dos valores pagos de forma


antecipada, em face da ausência de prova da nulidade da contratação, melhor sorte não
assiste ao autor.

É consabido que o sistema de consórcio tem como pressuposto a


solidariedade, na qual a contribuição de todos os aderentes possibilita a aquisição do bem
ao contemplado pelos participantes.

Dessa forma, a determinação de devolução imediata das quantias pagas


pelo consorciado desistente implicaria na diminuição do saldo comum, com evidentes
prejuízos à coletividade de consorciados, que depende da regularidade do fluxo de caixa
para a entrega dos bens aos contemplados, implicando na perda de valores comuns
destinados a aquisição de bens que seriam entregues aos consorciados.

Portanto, o interesse de um dos consorciados (que, ressalte-se, descumpriu


o contratado, pois não adimpliu a obrigação a que se comprometeu, tendo dado causa,
portanto, a sua situação) não pode se sobrepor ao interesse de toda uma coletividade de
aderentes ao grupo de consórcio, que continuam pagando de forma regular a sua
contribuição mensal. Assim, tal devolução não pode ser procedida de imediato como quer o
autor.

No caso concreto a contratação se deu após a vigência Lei n.º 11.795/2008,


logo a restituição terá que se dar nos termos do disposto em seus arts. 22 e 30, bem como
Súmula 15 das Turmas Recursais Cíveis:

Art. 22. A contemplação é a atribuição ao consorciado do


crédito para a aquisição de bem ou serviço, bem como para
a restituição das parcelas pagas, no caso dos consorciados
excluídos, nos termos do art. 30.
§ 1o A contemplação ocorre por meio de sorteio ou de
lance, na forma prevista no contrato de participação em
grupo de consórcio, por adesão.

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§ 2o Somente concorrerá à contemplação o consorciado


ativo, de que trata o art. 21, e os excluídos, para efeito de
restituição dos valores pagos, na forma do art. 30.

Art. 30. O consorciado excluído não contemplado terá


direito à restituição da importância paga ao fundo comum
do grupo, cujo valor deve ser calculado com base no
percentual amortizado do valor do bem ou serviço vigente
na data da assembléia de contemplação, acrescido dos
rendimentos da aplicação financeira a que estão sujeitos os
recursos dos consorciados enquanto não utilizados pelo
participante, na forma do art. 24, § 1o.

Súmula 15 - CONSÓRCIO

LEGITIMIDADE – Administradora de consórcio é parte


passiva legítima para responder ação de consorciado
visando à restituição de parcelas pagas.
TERMO – As parcelas pagas pelo consorciado deverão ser
restituídas ao final, até trinta dias após o encerramento do
grupo. Tratando-se, porém, de consórcio celebrado sob a
vigência da Lei 11795/2008, a devolução ocorrerá na forma
disposta na referida lei.

CORREÇÃO MONETÁRIA – Referidas parcelas deverão ser


corrigidas monetariamente, a partir de cada pagamento,
pelos índices do IGP-M.
JUROS. – Encontrando-se encerrado o grupo de consórcio,
os juros de mora legais incidem a partir da citação. Caso o
grupo esteja em andamento, referidos juros incidirão, se
não houver adimplemento, a partir do termo fixado para a
restituição, em caso de ser determinada a restituição ao
final, ou a partir da citação, em caso de ser determinada a
restituição imediata.
DEVOLUÇÃO MONETARIAMENTE DESATUALIZADA –
PERCENTUAL REDUTOR – É nula a cláusula que estabelece a
devolução de referidas parcelas ao consorciado por seu
valor histórico e nominal, bem assim aquele que determina
a incidência de um percentual redutor.
TAXA DE ADMINISTRAÇÃO E CLÁUSULA PENAL – É livre a
fixação da taxa de administração e lícita a estipulação de

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cláusula penal, ressalvado o exame de sua abusividade no


caso concreto.
SEGURO DE VIDA E TAXA DE ADESÃO – Os valores pagos a
título de seguro de vida e de taxa de adesão não são
restituíveis ao consorciado desistente.
FUNDO DE RESERVA – O valor pago a título de fundo de
reserva é restituível ao consorciado desistente, mas
somente ao final do grupo, se for apurado saldo.

Assim, não cabe a restituição imediata das parcelas, como quer o autor,
devendo esse aguardar a contemplação de sua cota nas assembléias-gerais que virão a ser
realizadas.

Nesse sentido:

RECURSOS INOMINADOS. CONSÓRCIO. COTAS DE


CONSÓRCIO. AÇÃO DE RESTITUIÇÃO DE VALORES PAGOS.
CONSÓRCIO DE LONGA DURAÇÃO. DESISTÊNCIA DO
CONSORCIADO. CONTRATO REALIZADO APÓS A VIGÊNCIA
DA LEI 11.795/08. IMPOSSIBILIDADE DE RESTITUIÇÃO
IMEDIATA DAS PARCELAS PAGAS. INCIDÊNCIA DA LEI Nº.
11.795/2008. SÚMULA Nº 15 DAS TURMAS RECURSAIS
CÍVEIS. DEVOLUÇÃO DAS PARCELAS NA FORMA DA LEI DE
VIGÊNCIA DA ADESÃO. DANO MORAL INOCORRENTE.
AUSÊNCIA DE NULIDADE. IMPROCEDÊNCIA MANTIDA.
SENTENÇA MANTIDA. RECURSOS DESPROVIDOS. (Recurso
Cível Nº 71006539704, Primeira Turma Recursal Cível,
Turmas Recursais, Relator: Mara Lúcia Coccaro Martins
Facchini, Julgado em 28/03/2017)

RECURSO INOMINADO. CONSUMIDOR. AÇÃO


DECLARATÓRIA DE NULIDADE DE CLÁUSULA CONTRATUAL
C/C INDENIZATÓRIA POR DANOS MATERIAIS E MORAIS.
CONTRATO DE CONSÓRCIO. PROMESSA DE VENDA DE
COTAS DE CONSÓRCIO CONTEMPLADAS. AUSÊNCIA DE
COMPROVAÇÃO. FRAUDE E MÁ-FÉ NÃO VERIFICADAS, NO
CASO CONCRETO. ÔNUS DA PROVA. FATOS CONSTITUTIVOS
DO DIREITO. AUTOR QUE NÃO SE DESINCUMBIU
SATISFATORIAMENTE. IMPROCEDÊNCIA DA AÇÃO.
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SENTENÇA MANTIDA. RECURSO IMPROVIDO. (Recurso Cível


Nº 71006676936, Primeira Turma Recursal Cível, Turmas
Recursais, Relator: José Ricardo de Bem Sanhudo, Julgado
em 28/03/2017)

Em face do exposto, VOTO POR NEGAR PROVIMENTO AO RECURSO,


mantendo-se a sentença proferida na origem pelos próprios fundamentos, nos termos do
art. 46, da Lei nº 9.099/95.

Condeno o recorrente ao pagamento das custas processuais e honorários


de sucumbência ao procurador da parte adversa, os quais arbitro em 20% do valor da
condenação, nos termos do artigo 55 da Lei nº 9.099/95. Suspensa a exigibilidade em face
da concessão de assistência judiciária gratuita.

DRA. GISELE ANNE VIEIRA DE AZAMBUJA - De acordo com o(a) Relator(a).

DR. LUIS ANTONIO BEHRENSDORF GOMES DA SILVA - De acordo com o(a) Relator(a).

DR.ª GLAUCIA DIPP DREHER - Presidente - Recurso Inominado nº 71008077679, Comarca


de Santa Rosa: "NEGARAM PROVIMENTO AO RECURSO. UNÂNIME"

Juízo de Origem: JUIZADO ESPECIAL CIVEL SANTA ROSA - Comarca de Santa Rosa

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