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Natasha lima | 27997499644 | natashaoglima@hotmail.

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CURSO MEGE

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Turma: DPE-MG, 1ª fase (Reta Final)
Material: Rodada 14

5
MATERIAL DE APOIO
8
7-

(Rodada 14) 1
53
3.
33
4.
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É proibida a reprodução deste material sem a devida autorização, sob pena da adoção das medidas cabíveis na esfera cível e penal.
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SUMÁRIO

CONTEÚDO PROGRAMÁTICO DA RODADA 14 ................................................................. 3


1. DIREITO CONSTITUCIONAL ........................................................................................... 5
1.1 DOUTRINA (RESUMO)................................................................................................. 5
1.2 JURISPRUDÊNCIA ...................................................................................................... 38
1.3 QUESTÕES ................................................................................................................. 39
1.4 GABARITOS ............................................................................................................... 40
2. DIREITO CONSTITUCIONAL ......................................................................................... 41
2.1 DOUTRINA (RESUMO)............................................................................................... 41
2.2 JURISPRUDÊNCIA ...................................................................................................... 85
2.3 QUESTÕES ................................................................................................................. 89
2.4 GABARITOS ............................................................................................................... 91
3. DIREITO CONSTITUCIONAL ......................................................................................... 95
5
8
3.1. DOUTRINA (RESUMO).............................................................................................. 95
7-

3. 2. JURISPRUDÊNCIA .................................................................................................. 141 2


53

3.3 QUESTÕES ............................................................................................................... 142


3.
33

3.4 GABARITO COMENTADO ........................................................................................ 146


4.

4. DIREITO CONSTITUCIONAL ....................................................................................... 149


12

4.1 DOUTRINA (RESUMO)............................................................................................. 149


4.2. JURISPRUDÊNCIA ................................................................................................... 187
4.3 QUESTÕES ............................................................................................................... 190
4.4 GABARITO COMENTADO ........................................................................................ 193

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CONTEÚDO PROGRAMÁTICO DA RODADA 14


(Conforme Edital de Abertura do Concurso)

1) DIREITO CONSTITUCIONAL
Indivíduo, Sociedade e Estado. (Item 1 do Edital).
Poder Constituinte. (Item 02 do Edital).
Hermenêutica Constitucional. Interpretação, integração e aplicabilidade da Norma
Constitucional. (Item 3 do Edital).
Professor: Rafael Magagnin.
Rodada atualizada até o dia: 15 de abril de 2019.

2) DIREITO CONSTITUIONAL
Normas constitucionais. (Item 3 do Edital).
Princípios Fundamentais. (Item 5 do Edital). 5
8
Direitos e Garantias Fundamentais. Ações constitucionais. (Item 6 do Edital).
7-

Professor: João Longhi.


3
53

Rodada atualizada até o dia: 15 de abril de 2019.


3.
33

3) DIREITO CONSTITUCIONAL
4.

Organização do Estado. (Item 7 do Edital).


12

Organização dos Poderes. (Item 8 do Edital).


Funções Essenciais à Justiça. (Item 9 do Edital).
Ordem Social. (Item 13 do Edital).
Professor: João Longhi.
Rodada atualizada até o dia: 15 de abril de 2019.

4) DIREITO CONSTITUCIONAL
Controle de Constitucionalidade. (Item 4 do Edital).
Professor: João Longhi.
Rodada atualizada até o dia: 15 de abril de 2019.

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MENSAGEM DO COORDENADOR

Prezado(a) aluno(a) Megeano(a)!


Apresentamos neste momento a nossa décima quarta e última rodada escrita,
preparatória para o tão esperado concurso da Defensoria Pública Mineira e é com
muito orgulho e satisfação que o fazemos, com a impressão de que estes quatro meses
existentes entre a data da publicação do Edital de Abertura do VIII Concurso da
instituição e a data da prova objetiva, a ser realizada em 26 de maio de 2019, foram
muito bem aproveitados.
Neste período (sem contar, também, todos os meses de preparação pela
turma pré edital), revisitamos praticamente todas as matérias do Edital, com a certeza
de que todas aquelas mais relevantes foram examinadas por nossa equipe, seja
através dos raios-x, das videoaulas, dos simulados (que nessa turma da DPE-MG foram
no total de cinco!), seja, principalmente, nas nossas rodadas escritas e, agora, na nossa
revisão de véspera de prova.
Dessa forma, nesta última rodada, optamos por trazer a vocês uma revisão
sobre a matéria de Direito Constitucional, levando-se em conta, principalmente, o grau
de dificuldade com que ela vem sendo cobrada ultimamente (principalmente em
8 5
Defensoria Pública), bem como diante da possibilidade de nos deparamos com temas e
7-

informações que serão úteis, certamente, também para as provas discursiva e oral.
4
53

E por falar em provas dicursivas, informamos a todos os alunos que teremos a


3.

alegria de nos encontrar, novamente, na próxima fase do concurso, já que o MEGE


lançará turma específica para as provas discursivas. É o compromisso à nossa
33

promessa de estarmos juntos, sempre, até a aprovação!


4.

Enquanto a prova discursiva não chega e como ainda é momento de nos


12

preocuparmos com a prova objetiva, reiteramos a todos o convite a estarem presentes


na nossa revisão presencial de véspera de prova, que ocorrerá no dia 25 de maio de
2019, no Hotel Mercure Lourdes na cidade de Belo Horizonte (Av. do Contorno, 7315 -
Lourdes, Belo Horizonte - MG, 30110-047). Será um dia muito importante, de revisão e
memorização de importantes temas para a prova da Defensoria Pública Mineira,
oportunidade em que todos os professores presentes serão pessoas aprovadas no
concurso da instituição e a grande maioria no VII Concurso!
Lembramos a todos(as) que os(as) alunos(as) matriculados(as) na turma de
reta final não precisarão adquirir, de forma avulsa, a presença na revisão de véspera
de prova.
Esperamos tê-los(as) ajudado o tanto quanto cada um(a) de vocês necessitou
para a sua aprovação. Seguiremos firmes até a aprovação final!
Nos vemos na revisão de véspera e na turma da segunda fase do MEGE!

Rafael Pedro Magagnin,


Coordenador da turma.

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1. DIREITO CONSTITUCIONAL

1.1 DOUTRINA (RESUMO)

1.1.1 DIREITO CONSTITUCIONAL: NOÇÕES GERAIS

De acordo com a teoria clássica, o Direito se divide em dois grandes ramos:


Direito Público e Direito Privado. Modernamente, porém, a divisão do direito em
público e privado vem sendo superada, entendendo-se que o direito é uno e
indivisível. Assim, o direito deve ser definido e estudado como um grande sistema, em
que tudo se harmoniza. Dessa forma, a divisão tem efeitos apenas acadêmicos, de
forma a facilitar o estudo de cada ramo do direito.

O Direito Constitucional está incluído no ramo do Direito Público.

Trata-se de um direito público fundamental, tanto se observado na concepção


kelseniana – como fundamento de validade para a estrutura hierarquizada do
ordenamento jurídico – como se tomado na concepção material, consagrador da ideia
de direito que se expande na interpretação e aplicação das normas jurídicas (processo 5
8
de constitucionalização do direito).
7-

A noção resumida de direito constitucional indica o estudo da Teoria Geral das 5


53

constituições e os ordenamentos jurídicos de cada Estado. A noção detalhada de


3.

direito constitucional compreende a ordenação sistemática e organizada das normas


33

supremas que estruturam o Estado e as relações de poder, que como disciplina-


síntese, exerce influência sobre todos os ramos do direito.
4.
12

O objeto do direito constitucional é o estudo sistematizado das constituições:


organização do Estado, forma de governo, estruturação do poder, liberdades públicas
e princípios.

1.1.2 CONSTITUCIONALISMO

O constitucionalismo comporta duas acepções:

a) em sentido amplo, relacionado à existência de constituição como garantia


dos governados (Platão) e estruturação do sistema de poder. Relaciona-se à
existência de uma Constituição básica que confere poderes ao soberano,
mesmo que tacitamente.

b) em sentido estrito, técnica jurídica, social, política e ideológica de tutela


das liberdades públicas surgida no final do século XVIII.

O constitucionalismo em sentido estrito confunde-se com a própria evolução


do Direito Constitucional Moderno e Contemporâneo, surgindo como técnica jurídica
de combate ao absolutismo e busca pela limitação do poder. Nessa busca, três ideias

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principais sempre se encontram presentes: garantia de direitos, separação dos


poderes e princípio do governo limitado (art. 16, DDHC). Vejamos alguns conceitos
doutrinários de constitucionalismo estrito:

Canotilho - É a teoria que ergue o princípio do governo limitado indispensável


à garantia dos direitos em dimensão estruturante da organização político-
social de uma comunidade. Neste sentido, o constitucionalismo moderno
representará uma técnica de limitação do poder com fins garantísticos.

Kildare Gonçalves - Perspectiva Jurídica/Sociológica - O constitucionalismo se


trata de um sistema normativo, enfeixado na Constituição, e que se encontra
acima dos detentores do poder; sociologicamente, representa um movimento
social que dá sustentação à limitação do poder, inviabilizando que os
governantes possam fazer prevalecer seus interesses e regras na condução do
Estado.

André Ramos Tavares - Determina quatro sentidos para o constitucionalismo:


1) Limitar o poder arbitrário; 2) Imposição de que hajam cartas constitucionais
escritas; 3) Evolução histórica-constitucional de um determinado Estado; e 4)
Prevalência dos direitos fundamentais como proteção ao regime autoritário. 5
8
Pedro Lenza - O constitucionalismo é um meio de limitação do poder
7-

autoritário e de prevalência dos direitos fundamentais, afastando-se da visão


6
53

autoritária do antigo regime (aproxima-se da posição de Ramos Tavares).


3.

1.1.2.1 MARCOS NA EVOLUÇÃO HISTÓRICA DO CONSTITUCIONALISMO


33

Há muitas classificações doutrinárias acerca da evolução de


4.

constitucionalismo. Há ao menos duas sistematizações possíveis. Uma leva em conta o


12

critério histórico-cronológico. Trata-se da distinção entre os constitucionalismos antigo


e medieval; o moderno, o qual se subdivide em francês e americano; e o
constitucionalismo contemporâneo. No tocante aos direitos protegidos, destaca-se a
distinção entre constitucionalismo liberal, responsável pela positivação das bases das
Constitucioções atuais – distribuição espacial e funcional de poderes bem como
declarações de direitos de primeira dimensão/geração ou liberdades públicas.

1.1.2.1.1 C ONSTITUCIONALISMO ANTIGO E MEDIEVAL

No constitucionalismo antigo, há duas experiências importantes: Grécia e


República Romana. São características do constitucionalismo antigo:

i) inexistência de uma constituição escrita;


ii) forte influência da religião; e
iii) supremacia do monarca ou do Parlamento.

No constitucionalismo antigo não havia controle de constitucionalidade.


Sequer se falava na existência de um Poder Judiciário. As constituições eram

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consuetudinárias e os doutrinadores apontam pela “eficácia social zero do


constitucionalismo”. As normas eram destituídas de obrigatoriedade, formando-se
uma cultura do ceticismo quanto ao valor da constituição do ponto de vista de sua
concretização.

A era medieval, caracterizada pelo feudalismo e separação de classes, foi


marcada pelas concepções jusnaturalistas de limitação do poder, lastreada no
pensamento de que as leis precediam o homem. Existiram alguns documentos
garantidores das liberdades públicas: Magna Carta, Petition of right; Habeas Corpus
Act; Bill of Rights (Inglaterra).

1.1.2.1.2 C ONSTITUCIONALISMO MODERNO

O constitucionalismo moderno é o movimento jurídico, político e cultural do


fim do século XVIII que pregava uma constituição escrita para frear o árbitro dos
poderes públicos. Esse movimento pode ser didaticamente subdivido em duas fases: a)
constitucionalismo moderno liberal e; b) constitucionalismo moderno social. O
constitucionalismo moderno começa no fim do século XVIII e estende-se até o fim da
Primeira Guerra Mundial (1918).

O principal diferencial do constitucionalismo moderno, em relação à fase


8 5
anterior, é o aparecimento das primeiras constituições escritas, rígidas e formais. A
7-

partir delas, surgem as noções de rigidez constitucional (o que define a rigidez das
7
53

constituições é o processo diferenciado de modificação e não a presença de cláusulas


pétreas) e supremacia da constituição. No constitucionalismo moderno, duas
3.

experiências constitucionais merecem destaque, com características peculiares: a


33

norte-americana e a francesa.
4.

1.1.2.1.2.1 CONSTITUCIONALISMO NORTE-AMERICANO


12

A carta americana de 1787 nasceu em substituição aos Articles Of


Confederation, a partir da reunião de onze das treze colônias norte-americanas que
adquiriram independência. Suas marcas principais estão na instituição do federalismo,
da rígida separação de poderes e do presidencialismo. Suas principais marcas são:

i) Criação da primeira constituição escrita, elaborada em 1787: trata-se de


uma constituição sintética e concisa, que contém apenas os elementos
estruturantes do Estado e do poder. Desde seu nascimento, tratou de um
conjunto de NORMAS, que impunham obrigatoriedade aos poderes
instituídos. Constatou-se, portanto, a existência de uma constituição
dogmática, escrita e sistematizada por um órgão constituinte soberano.

ii) Surgimento do primeiro controle de constitucionalidade tendo como


parâmetro uma constituição escrita, com a diferenciação entre supremacia
formal e material das constituições: na Inglaterra, já havia experiências de
“judicial review”, em especial com o case de Edward Coke. Todavia, o controle
de constitucionalidade DIFUSO, como conhecido hoje, surgiu através do

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famoso caso Marbury vs. Madison (1803). Estabeleceu-se um processo


legislativo cerimonioso, instituindo o império das constituições rígidas e das
cláusulas pétreas.

iii) Fortalecimento do Poder Judiciário: Na obra “Os Federalistas”, Hamilton


ensina que o Poder Judiciário é o mais fraco dos poderes, por não possuir a
espada nem o cofre. Os norte-americanos tinham bastante medo dos abusos
perpetrados pelo Parlamento inglês, razão pela qual optaram pelo
fortalecimento do Judiciário.

iv) Importante contribuição para as noções de separação dos poderes, forma


federativa, sistema republicano e presidencialista e regime democrático.

v) Existência de declarações de direitos: a Declaração de Direitos da Virgínia é


anterior à própria constituição (1776).

1.1.2.1.2.2 CONSTITUCIONALISMO FRANCÊS

O marco inicial do constitucionalismo francês é a Revolução Francesa, de


1789. A primeira constituição francesa escrita é de 1791. Duas ideias que constam da 5
Declaração Universal dos Direitos do Homem e do Cidadão, de 1789, são fundamentais
8
para a compreensão do constitucionalismo francês: garantia de direitos e separação
7-

dos poderes. São características fundamentais do constitucionalismo francês:


8
53

i) Consagração do princípio da separação dos poderes: Montesquieu foi


3.

estudar no direito britânico a separação dos poderes. Os franceses, que não


33

entendiam esse sistema, originário de um país de common law, foram buscar


inspiração nos EUA, onde a separação dos poderes foi bem recebida. Na
4.

verdade, os sistemas francês e norte-americano se interpenetraram


12

reciprocamente em seu surgimento.

ii) Distinção entre poder constituinte originário e derivado: O francês Abade


Emmanuel Joseph Sieyès foi o teórico do poder constituinte (“Qu’est-ce que le
tiers état?” – O que é o terceiro Estado? A Constituinte Burguesa). Nesta obra,
Sieyès, com base na doutrina do contrato social (John Locke, Jean-Jacques
Rousseau), vislumbrava a existência de um poder imanente à nação, superior
aos poderes ordinariamente constituídos e por eles imodificáveis: o poder
constituinte. Além de legitimar a ascensão do Terceiro Estado (o povo) ao
poder político, a obra traçou as linhas mestras da Teoria do Poder
Constituinte, ainda hoje relevante para o estudo do Direito Constitucional.

iii) Supremacia do Parlamento: No modelo francês de constitucionalismo


clássico, o Parlamento era considerado o poder supremo. Somente nos dias
de hoje é que isso começa a mudar (a primeira vez que um tribunal francês
exerceu o controle repressivo de constitucionalidade foi em março de 2010).

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iv) Surgimento da escola da exegese, a partir do Código de Napoleão de


1804: Para a escola da exegese, a interpretação era uma atividade mecânica,
e ao Judiciário cabia somente dizer o que já estava na lei. O juiz deveria
somente expressar o que a lei continha, e não interpretar. Os adeptos dessa
teoria entediam que o Código de Napoleão já era algo perfeito e acabado e
não tinha de ser interpretado, muito menos complementado.

1.1.2.1.2.3 CONSTITUCIONALISMO C ONTEMPORÂNEO

No constitucionalismo contemporâneo, o valor constitucional supremo e


fundamental passa a ser a dignidade da pessoa humana. Essa é a grande mudança de
paradigma: a preocupação com o ser humano e sua dignidade, independentemente de
qualquer condição pessoal. As principais características dessa nova fase são:

a) Reconhecimento definitivo da força normativa da constituição (Konrad


Hesse).

b) Rematerialização das constituições: no constitucionalismo


contemporâneo, as constituições são mais semelhantes às constituições
francesas do que à americana, em termos de assuntos tratados. Os fatores de 5
origem do fenômeno de rematerialização foram as experiências autoritárias
8
ocorridas na América e na Europa (ditaduras militares da América Latina e
7-

Regimes totalitários da Europa). A ideia, então, foi constitucionalizar inúmeros


9
53

assuntos com o objetivo de mais proteger – proteção qualificada – certos


assuntos. As Constituições do segundo pós-guerra (constitucionalismo
3.

contemporâneo) são, em geral, prolixas, tratando de vários temas e os


33

especificando de maneira mais pormenorizada.


4.

ATENÇÃO! O constitucionalismo contemporâneo é visto por alguns autores


12

como uma amálgama das experiências francesa e americana. A ideia de


rematerialização é inspirada na experiência francesa. A força normativa da
constituição é uma clara influência da constituição americana.

c) Centralidade da Constituição e dos Direitos Fundamentais, o que acarreta:


i) consagração de normas de outros ramos do direito no texto das
constituições;
ii) filtragem constitucional, ou seja, interpretação das normas de outros ramos
do direito à luz da constituição;
iii) eficácia horizontal dos direitos fundamentais;
iv) fortalecimento do poder judiciário e da jurisdição constitucional, o que tem
causado o fenômeno chamado “judicialização da política e das relações
sociais”.

d) Maior abertura da interpretação e aplicação da Constituição.

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Além dessas características principais, identifica-se a presença de normas


programáticas de conteúdo social, o que, segundo doutrina majoritária, acarreta os
seguintes fenômenos constitucionais:

- Totalitarismo Constitucional - Refere-se à existência de textos


constitucionais amplos, extensos e analíticos, que encarceram temas próprios
da legislação ordinária.

- Dirigismo Comunitário - Refere-se à capacidade do texto constitucional de


fixar regras para dirigir as ações governamentais.

- Constitucionalismo Globalizado - Refere-se à busca da expansão e da


proteção dos direitos humanos mundialmente.

- Direitos de segunda e terceira dimensão.

1.1.2.1.2.4 CONSTITUCIONALISMO DO F UTURO (JOSÉ ROBERTO D ROMI)

Para o autor, o constitucionalismo deve buscar consolidar os direitos de


fraternidade e solidariedade. 5
8
▪ Características da Teoria do Constitucionalismo do Futuro - São
7-

características que as Constituições devem observar:


10
53

- Verdade (crítica às normas programáticas) - Determina que a Constituição


3.

somente poderá prever aquilo que é possível ser atingido.


33

- Solidariedade - Se refere à igualdade sedimentada na solidariedade entre os


4.

povos, na dignidade e na justiça social.


12

- Consenso (democrático) - A Constituição do futuro deve ser fruto de


consenso democrático.

- Continuidade - Ao se reformar uma Constituição não pode haver um


abandono dos direitos já conquistados.

- Participação - Refere-se à efetiva participação dos corpos intermediários da


sociedade, consagrando-se a noção de democracia participativa e de Estado
Democrático de Direito.

- Integração (órgãos supranacionais) - Trata-se da previsão de órgãos


supranacionais para a implementação de uma integração espiritual, moral,
ética e institucional entre os povos.

- Universalidade (dignidade da pessoa humana) - Consagra os direitos


fundamentais internacionais nas Constituições futuras, fazendo prevalecer o

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princípio da dignidade da pessoa humana de maneira universal e afastando,


assim, qualquer forma de desumanização.

1.1.3 NEOCONSTITUCIONALISMO

Há muitas formas de se utilizar a expressão neoconstitucionalismo que vão


desde a menção aos movimentos políticos que culminaram nas Constituições do fim
do Século XX e Século XXI – com enfoque nas da Península Ibérica e América Latina -
até um marco teórico diverso das bases do constitucionalismo contemporâneo.
Quanto a esta segunda, na perspectiva de certos autores – especialmente com
influências sociológicas - A Constituição é o centro do sistema.

A CF passa a ser uma norma jurídica dotada de imperatividade e


superioridade (deixa de ser apenas uma carta política). Busca-se, dentro dessa nova
realidade, não mais apenas atrelar o constitucionalismo à ideia de limitação do poder
político, mas, acima de tudo, busca-se a eficácia da Constituição, deixando o texto de
ter um caráter meramente retórico e passando a ser mais efetivo, especialmente
diante da expectativa de concretização dos direitos fundamentais. O
neoconstitucionalismo possui como principais características, as seguintes:

1) Positivação e concretização e um catálogo de direitos fundamentais;


8 5
2) Onipresença dos princípios e das regras;
7-

3) Inovações hermenêuticas;
11
53

4) Densificação da força normativa do Estado; e


5) Desenvolvimento da Justiça Distributiva.
3.
33

Para o neoconstitucionalismo, a CF possui uma carga valorativa (axiológica),


4.

fundamentada na dignidade da pessoa humana e nos direitos fundamentais. Assim,


não se fala apenas em uma simples hierarquia entre a CF, mas sim em uma
12

ponderação de valores entre suas próprias regras e princípios. Dessa forma, a CF


possui efeito irradiante em relação aos poderes e mesmo aos particulares. Assim, seus
efeitos se aplicam a todos os poderes e às relações entre particulares (eficácia
horizontal). De acordo com Luís Roberto Barroso, o neoconstitucionalismo possui os
seguintes marcos fundamentais:

• Marco Histórico – Teve seu início depois do pós-guerra, com o destaque


das Constituições escritas. Dessa forma, foi um momento de
redemocratização e de efetivação do Estado Constitucional de Direito.

• Marco Filosófico - Teve como marco o Pós-positivismo. Assim, não era


suficiente a simples implementação da norma. Esta deveria ser aplicada e
efetivamente cumprida. Com isso houve o desenvolvimento das ideias de
direitos fundamentais e uma busca pelo direito mais próximo da ética. Dessa
forma, se buscou uma concretização dos direitos previstos nas Constituições.

• Marco Teórico - Teve como fundamento as ideias de:

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i) Força Normativa da CF (buscou-se o seu cumprimento forçado, sua


imperatividade);

ii) Expansão da jurisdição consti tucional (supremacia da CF); e

iii) Nova Dogmática de interpretação da CF (voltada para a implementação de


valores e de uma interpretação das normas conforme a Constituição).

ATENÇÃO! Neoconstitucionalismo NÃO é sinônimo de pós-positivismo. O pós-


positivismo é apenas o marco filosófico do neoconstitucionalismo.

O tema é rico e extremamente amplo, mas passará por certas delimitações e


recortes haja vista o propósito de abranger temas potenciais do edital.

1.1.3.1 A QUESTÃO DA SEPARAÇÃO DE PODERES FRENTE AO NEOCONSTITUCIONALISMO

Muitos dos temas subsequentes no edital se entrelaçam e podem ser cobrados


de inúmeras maneiras. Mas alguns deles denunciam qual marco teórico adotado pelo
examinador. A questão do neoconstitucioalismo acaba por invariavelmente puxar a
expansão da jurisdição constitucional, o papel criador dos juízes e o “dito” ativismo 5
judicial. Em provas de Defensoria é muito comum que o tema apareça quando se
8
pergunta sobre a possibilidade de o judiciário intervir em políticas públicas, ou mesmo
7-

sobre alguns dos leading cases em o judiciário de fato teve papel decisivo (Estado de 12
53

Coisas inconstitucional, políticas públicas de saúde, etc.).


3.

Mas, antes de tudo, deve-se distinguir entre Constitucionalismo e


33

neoconstitucionalismo. O ponto, para nós, é mais compreender o conceito para


4.

enxergar, por detrás da questão de prova, quais as consequências desse novo


momento constitucional no Direito e na Jurisprudência. Como a Defensoria tem um
12

papel de pioneira em proteção das pessoas vulneráveis, econômica e estruturalmente,


é comum que julgados que consagram direitos acabem por chamar mais atenção em
provas. Mas cabe aqui uma pergunta antes de

A jurisprudência ativista tem necessariamente um caráter “progressista”?

A. Primeira Corrente. Não necessariamente: “[…] por ativismo judicial


deve-se entender o exercício da função jurisdicional para além dos limites impostos
pelo próprio ordenamento que incumbe, institucionalmente, ao Poder Judiciário fazer
atuar, resolvendo litígios de feições subjetivas (conflitos de interesse) e controvérsias
jurídicas de natureza objetiva (conflitos normativos). Há, como visto, uma sinalização
claramente negativa no tocante à práticas ativistas, por importarem na desnaturação
da atividade típica do Poder Judiciário, em detrimento dos demais Poderes".1

1
RAMOS, Elival da Silva. Ativismo judicial: parâmetros dogmáticos. São Paulo: Saraiva, 2010. p. 129. Ver
também: MORAES, Alexandre de. As súmulas vinculantes no Brasil e a necessidade de limites ao
ativismo judicial. Disponível em: http://www.revistas.usp.br/rfdusp/article/view/67946.

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B. Segunda Corrente. Possivelmente – Barroso2

8 5
7-

13
53
3.
33
4.
12

1.1.3.2 C RITÉRIOS DEFINIDORES DO A TIVISMO JUDICIAL

Para aqueles que veem na atuação proativa do judiciário e das funções


essenciais à justiça uma espécie de ativismo, seguem os critérios que definem o
ativismo judicial:

2
BARROSO, Luís Roberto. JUDICIALIZAÇÃO, ATIVISMO JUDICIAL E LEGITIMIDADE DEMOCRÁTICA.
Disponível em: http://www.oab.org.br/editora/revista/users/revista/1235066670174218181901.pdf.
Ver também BEÇAK, Rubens. A separação de poderes, o Tribunal Constitucional e a "judicialização da
política" http://www.revistas.usp.br/rfdusp/article/view/67808. Revista da Faculdade de Direito da
USP. v. 3 (2008).

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1.1.3.3 E FEITO B ACKLASH ( RESPONSIVIDADE )

É um problema de legitimidade da jurisdição constitucional. Ocorre quando os


tribunais constitucionais ou Supremas Cortes proferem decisões que em tese avançam
em terrenos supostamente ocupados pelo Legislativo – o que ocorre geralmente
quando a decisão é considerada “progressista” e os grupos da sociedade civil
contrários são conservadores. Nos EUA, foi identificado para se referir à reação política
aos precedentes Brown V. Board of Education (declarou a inconstitucionalidade de leis 5
que permitiam a segregação racial em escolas) e Roe V. Wade (declarou a
8
7-

constitucionalidade de leis que consagram a autodeterminação reprodutiva da mulher


e o direito ao aborto). 14
53
3.

No Brasil, o termo foi usado pelo Minsitro FUX no julgamento da lei da “ficha
limpa”. Quando o Backlash se traduz em ato normativo – o que se chama de reação
33

legislativa, há possíveis consequências:


4.
12

a) Se for por lei, nasce com presunção relativa de inconstitucionalidade (para


alguns, absoluta). Nesse caso, para evitar uma nova declaração de
constitucionalidade/inconstitucionalidade, o legislador deverá demonstrar a
legitimidade de sua decisão.

b) Se for por Emenda Constitucional, somente haverá declaração de


inconstitucionalidade se houver expressa violação de cláusula pétrea.

Exemplo de Backlash que pode aparecer na prova: VAQUEJADA!3

Momento 1: STF decara inconstitucional a vaquejada.

É inconstitucional lei estadual que regulamenta a atividade da “vaquejada”. Segundo


decidiu o STF, os animais envolvidos nesta prática sofrem tratamento cruel, razão
pela qual esta atividade contraria o art. 225, § 1º, VII, da CF/88. A crueldade

3
Para maiores complementações: CAVALCANTE, Márcio André Lopes. É inconstitucional a prática da
vaquejada. Buscador Dizer o Direito, Manaus. Disponível em:
<https://www.buscadordizerodireito.com.br/jurisprudencia/detalhes/dba1cdfcf6359389d170caadb322
3ad2>.

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provocada pela “vaquejada” faz com que, mesmo sendo esta uma atividade cultural,
não possa ser permitida. A obrigação de o Estado garantir a todos o pleno exercício
de direitos culturais, incentivando a valorização e a difusão das manifestações, não
prescinde da observância do disposto no inciso VII do § 1º do art. 225 da CF/88, que
veda práticas que submetam os animais à crueldade. STF. Plenário. ADI 4983/CE, Rel.
Min. Marco Aurélio, julgado em 06/10/2016 (Info 842).

Momento 2: Legislativo reage à decisão.

Lei nº 13.364/2016. Art. 1º Esta Lei eleva o Rodeio, a Vaquejada, bem como as
respectivas expressões artístico-culturais, à condição de manifestações da cultura
nacional e de patrimônio cultural imaterial.
Art. 2º O Rodeio, a Vaquejada, bem como as respectivas expressões artístico-
culturais, passam a ser considerados manifestações da cultura nacional.

Emenda Constitucional 96/2017.

Art. 225. [...] 7º Para fins do disposto na parte final do inciso VII do § 1º deste artigo,
não se consideram cruéis as práticas desportivas que utilizem animais, desde que
sejam manifestações culturais, conforme o § 1º do art. 215 desta Constituição
Federal, registradas como bem de natureza imaterial integrante do patrimônio
5
cultural brasileiro, devendo ser regulamentadas por lei específica que assegure o
8
bem-estar dos animais envolvidos. (Incluído pela Emenda Constitucional nº
7-

96, de 2017)
15
53

1.1.3.4 P ROCEDIMENTALISMO V S . S UBSTANCIALISMO


3.
33

Segundo Sarmento,4 há dois momentos da Teoria da Constituição que esta


classificação é relevante: Papel da Constituição e o espaço adequado da jurisdição
4.

Constitucional. Em se tratando do segundo, o tema altamente relevante quando se


12

fala em Neoconstitucionalismo e “ativismo judicial”.

Procedimentalismo – Papel mais modesto da jurisdição constitucional, exceto


quando se tratar de pressupostos da prípria democracia. O termo é ligado à visão
procedimentalista de democracia de Jürgen Habermas. Habermas entende, em linhas
muito gerais, que o princípio democrático deliberativo hoje é visto como um processo
e que, para que se tenha uma democracia, o ideal é que haja um convencimento
racional dos cidadãos por meio da esfera pública e construído pelas instituições dentro
de regras pré-estabelecidas. Dessa forma, decisões políticas seriam tomadas pelos
cidadãos através dos processos postos – partidos políticos, eleições e membros eleitos.

Por isso, é visto pela doutrina como menos simpático à ideia de um juiz que
intervém em políticas públicas, já que esta posição seria preferencialmente do
Executivo. Ao Judiciário caberia um papel de auto-contenção (self-restraint), como
denominado por John Hart Ely, outro autor procedimentalista importante.

4
SARMENTO, Daniel; SOUZA NETO, Cláudio Pereira de Souza. Direito Constitucional: Teoria, história e
métodos de trabalho. Belo Horizonte: Fórum, 2. Ed. 2017. p. 219 e ss.

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Já os Substancialistas tendem a interpretar a Constituição de Forma mais


aberta, dando mais força ao julgador quando da realização da jurisdição constitucional.
Termo ligado à visão atribuída majoritariamente a Ronald Dworkin. Constituição é um
“sistema de valores”. Parte do pressuposto de que o intérprete é capaz de ponderar
princípios morais e pode ter atuação mais proativa que torne menos estanque o
sistema pré-estabelecido de separação de poderes. Exemplos citados por Sarmento e
Souza Neto seriam o do caso da Marcha da Maconha (RE 635659/SP).

1.1.3.5 T RANSCONSTITUCIONALISMO (M ARCELO N EVES )

Neoconstitucionalismo não se confunde com Transconstitucionalismo.

Transconstitucionalismo é o fenômeno pelo qual diversas ordens jurídicas de


um mesmo Estado ou de Estados diferentes se entrelaçam para resolver problemas
constitucionais. O componente novo não é o entrelaçamento entre a pluralidade de
ordenamentos, mas o modo como são travadas as conversações.

É inevitável o fenômeno da "globalização do Direito constitucional", que não


propugna uma Constituição global ou internacional, mas propõe uma "globalização do
direito constitucional doméstico". Não se confunde com constitucionalismo 5
transnacional, que propugna a criação de uma Constituição internacional, como forma
8
de solução dos problemas decorrentes da globalização, ou seja, o Direito
7-

Constitucional doméstico estaria hierarquicamente vinculado a uma Constituição


16
53

global, nas questões comuns aos Estados envolvidos.


3.

No Brasil, o principal autor é Marcelo Neves. Ele explica que o conceito de


33

transconstitucionalismo não tem nada a ver com o conceito de constitucionalismo


internacional, transnacional, supranacional, estatal ou local. O conceito está
4.

relacionado à existência de problemas jurídico-constitucionais que perpassam às


12

distintas ordens jurídicas, sendo comuns a todas elas, como, por exemplo, os
problemas associados aos direitos humanos.

1.1.4 CONSTITUCIONALISMO E SOBERANIA POPULAR

Conforme dispõe o art. 1º da CF, todo poder emana do povo que o exerce por
meio de seus representantes eleitos ou diretamente, nos termos desta Constituição.
Dessa forma, a titularidade do poder é do povo, podendo seu exercício se dar de forma
direta ou indireta. A CF prevê como regra a Democracia Indireta (representativa). Esta
é exercida através de representantes eleitos pelo voto popular.

Há ainda mecanismos de exercício da Democracia Direta. Estes possibilitam o


exercício do poder diretamente pelo povo. São estes: o referendo, o plebiscito, a
iniciativa popular e a ação popular.

1.1.4.1 1.PLEBISCITO

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Regulado pela Lei 9.709/98, o plebiscito é uma consulta prévia à população,


convocado com anterioridade a ato legislativo ou administrativo, cabendo ao povo,
pelo voto, aprovar ou denegar o que lhe tenha sido submetido. O plebiscito deve ser
convocado por Decreto-Legislativo editado pelo Congresso Nacional por proposta de
no mínimo 1/3 de qualquer das casas. A votação se dá por maioria simples e não passa
por sanção do Presidente (matéria exclusiva do Congresso, conforme art. 49, XV, da
CF).

A doutrina diverge sobre a vinculação do Congresso à decisão do plebiscito.


Segundo Ayres Britto: “O resultado do plebiscito não vincula o poder legislativo. E, de
fato, não vincula porque o Poder Legislativo não pode ser obrigado a legislar. É
diferente do Poder Judiciário, que é obrigado a julgar. Enquanto no referendo quem dá
a última palavra é a população, a eficácia fica dependendo da aprovação, no plebiscito,
é diferente. O povo dá a primeira palavra, mas a última é do parlamento”.

São exemplos de PLEBISCITO realizados no Brasil, sob a égide da Constituição


de 88: o plebiscito para escolha entre a forma de governo (República/Monarquia) e o
sistema de governo (Presidencialismo/Parlamentarismo) (1993) - Art. 2º do ADCT; o
plebiscito no Estado do Pará para decidir sobre a formação dos Estados de Carajás e do
Tapajós (2011). 5
8
1.1.4.2 REFERENDO
7-

17
53

Também regulado pela Lei 9.709/98, o referendo é uma consulta posterior


que confirma uma decisão já tomada, devendo ser autorizado por Decreto-Legislativo
3.

editado pelo Congresso (art. 49, XV, da CF) por proposta de no mínimo 1/3 de
33

qualquer das casas. A votação se dá por maioria simples e não passa por sanção do
Presidente (matéria exclusiva do Congresso).
4.
12

São exemplos de REFERENDO realizados no Brasil, sob a égide da Constituição


de 88: o referendo para a manutenção ou não do regime parlamentarista (1963) -
Emenda 4/61; o referendo para a manifestação do eleitorado sobre a manutenção ou
rejeição da proibição da comercialização de armas de fogo e munição (2005) - Lei
10.826/2003 - Estatuto do Desarmamento; o referendo no Estado do Acre para decidir
sobre o fuso horário (2010)

1.1.4.3 INICIATIVA POPULAR

A iniciativa popular se dá através de projeto de lei encaminhado diretamente


pelo povo para seus representantes, também regulada pela Lei 9.709/98.

• Fundamento:

- Lei Federal - art. 61, § 2º da CF;


- Lei Estadual e Distrital - art. 27, § 4º da CF; e
- Lei Municipal - art. 29, XIII da CF.

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• Procedimento para Lei Federal - O projeto deve ser encaminhado, para a


Câmera dos Deputados, por 1% do eleitorado nacional, distribuído em 5 Estados e em
cada um desses estados por 0,3% dos seus eleitores.

- Limitação de Assunto - art. 13, § 1º da Lei - O projeto de iniciativa popular


deve circunscrever-se a somente um assunto.

- Impossibilidade de Vício de Forma - art. 13, § 2º da Lei - O projeto não


poderá ser rejeitado por vício de forma. A Câmara dos Deputados irá corrigi-lo
formalmente. Ressalta-se que em matéria de iniciativa reservada não cabe
iniciativa popular.

- Início do Processo de Votação e Vinculação - A casa iniciadora é sempre a


Câmara e o Senado é a casa revisora. A Câmara ou o Senado não são
obrigados a aprovar o projeto e o Presidente pode vetar o projeto. Dessa
forma, o projeto não vincula o legislativo nem o executivo.

• Procedimento Estadual - A iniciativa estadual e distrital será definida


pela Lei. Normalmente elas vêm utilizando simetria e aplicando o percentual 1% da
mesma forma que a Lei Federal. Entretanto, seria razoável flexibilizar esse valor. 5
8
• Procedimento Municipal - No âmbito municipal o projeto deve ser
7-

subscrito por no mínimo 5% do eleitorado municipal (art. 29, XIII da CF). 18


53

A iniciativa popular pode ser aplicada às seguintes espécies normativas do art.


3.

49 da CF:
33
4.

- LC e LO - Previsão expressa no art. 61, caput, da CF.


- Leis Delegadas - Não cabe, competência do Presidente.
12

- Medidas Provisórias - Não cabe, competência do Presidente.


- Decretos Legislativos - Não cabe, competência do Congresso.
- Resoluções - Não cabe, competência privativa do Senado ou da Câmara.

• Exemplos de Leis Decorrentes de Iniciativa Popular:

- Projeto de Lei Glória Perez (Lei de Crimes Hediondos) - Lei 8.930/94 - Ao


final, não se tratou de iniciativa popular, pois foi encaminhada por deputados;

- Projeto contra a captação de Sufrágio - Lei 9.840/99 - Também não foi de


iniciativa popular pura;

- Projeto do Fundo Nacional para a Moradia Popular - Lei 11.124/2005 - Foi de


iniciativa popular;

- Lei da Ficha Limpa - LC 135/2010 - Foi de iniciativa popular.

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1.1.5 CONCEITO, CLASSIFICAÇÃO E ELEMENTOS DA CONSTITUIÇÃO

1.1.5.1 CONCEITOS DE CONSTITUIÇÃO

1.1.5.1.1 C ONCEPÇÕES DE CONSTITUIÇÃO ( DOUTRINA CLÁSSICA )

• Sentido Sociológico - Ferdinand Lassale - A Constituição deve refletir as


forças sociais, sob pena de ser apenas uma "simples folha de papel" (sem valor). Dessa
forma, a Constituição é a somatória dos fatores reais do poder dentro de uma
sociedade.

• Sentido Político - Carl Schmitt - A Constituição é o documento que


determina as normas fundamentais e estruturais do Estado. A Constituição é decisão
política fundamental do titular do poder constituinte.

Dessa forma, as normas presentes na Constituição que não tratam da


estruturação e fundamentos do Estado são apenas uma lei constitucional, mas não
uma Constituição propriamente dita.

Este sentido se aproxima do conceito material de Constituição, que determina 5


que Constituição é aquilo que tem matéria de Constituição. Entretanto, o Brasil adota
8
o sentido formal, ou seja, aquilo que está na CF é Constituição, independente de seu
7-

conteúdo. Atualmente, o Brasil caminha para um critério misto, assim, depende da


19
53

forma e da matéria (emenda 45). Isto ocorreu com a equiparação dos tratados
internacionais sobre direitos humanos aprovados com o quórum de emenda (art. 5º, §
3.

3º da CF). Ex.: Decreto Legislativo 186/2008 e Decreto 6.949/2009 - Convenção sobre


33

os Direitos das Pessoas com Deficiência e o seu protocolo facultativo (NY em 30 de


março de 2007).
4.
12

Os tratados de direitos humanos aprovados antes da emenda 45 têm caráter


supralegal (Pacto de São José da Costa Rica - ver súmula vinculante 25). Quaisquer
outros tratados que tratem de matéria diferente de direitos humanos têm natureza de
lei ordinária.

• Sentido Jurídico - Hans Kelsen - Esse autor aloca a Constituição no


mundo do “dever ser”, e não no mundo do “ser”, caracterizando-a como fruto da
vontade racional do homem. Para ele o sistema normativo está organizado em uma
pirâmide, assim cada norma busca sua validade na norma imediatamente superior.
Dessa forma, concepção de Kelsen toma a Constituição em dois sentidos:

- Plano Lógico-Jurídico (plano suposto) - Existência de uma norma


fundamental hipotética (plano da norma suposta). Essa norma é o
fundamento lógico transcendental da validade da norma posta ou positivada.

- Plano Jurídico-Positivo - Existência de norma posta, positivada. A


Constituição é a norma positivada suprema.

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• Sentido Culturalístico - J. H. Meirelles Teixeira - Nessa acepção a


Constituição é produto de um fato cultural produzido pela sociedade e que sobre ela
pode influir. A Constituição decorre de uma formação objetiva de cultura, incluindo
aspectos econômicos, sociológicos, jurídicos e filosóficos. Segundo o autor esse
conceito conduz a uma Constituição total, a fim de abranger o seu conceito em uma
perspectiva unitária. Contraposta à Constituição unitária está a ideia de Constituição
aberta. Esta é a Constituição que permite uma constante atualização por meio de um
processo de interpretação (hermenêutica). Dessa forma, a Constituição evolui para
evitar o desmoronamento da sua força normativa (mutação constitucional - processo
informal de mudança interpretativa).

• Constitucionalização Simbólica - Marcelo Neves - A legislação simbólica


se tipifica de acordo com um modelo tricotômico (Harald Kindermann):

1) Confirmação dos Valores Sociais - Refere-se à vitória de um determinado


grupo social em relação a outro segmento social conflitante (ex.: Lei Seca nos
EUA). Dessa forma, o grupo prestigiado procura influenciar a atividade
legiferante, fazendo prevalecer os seus valores contra os do grupo adversário.

2) Demonstrar a Capacidade de Ação do Estado - Tem o objetivo de assegurar 5


confiança nos sistemas jurídico e político. Configura-se através da chamada
8
“legislação álibi” (são respostas para a sociedade que não serão
7-

concretizadas).
20
53

- Esta prática pode levar a sociedade a uma descrença no sistema jurídico.


- Na CF as normas programáticas podem ser consideradas como “legislação
3.

álibi”, sendo o MI e a ADO um meio de implementar essas normas.


33
4.

3) Adiar a solução de conflitos sociais através de compromissos dilatórios - A


legislação busca conformar partes conflitantes (lei aparentemente
12

progressista), mas não acaba com o conflito, apenas o envia para o futuro.

1.1.5.1.2 O UTRAS CONCEPÇÕES DE CONSTITUIÇÃO (UADI LAMMEGO BULOS)

Concepção jusnaturalista: A constituição é concebida à luz dos princípios do


direito natural, principalmente no que concerne aos direitos humanos fundamentais.

Concepção positivista (Jellinek): A constituição é o conjunto de normas


emanadas do poder do Estado, positivadas pela ação do homem, independentemente
de qualquer outro critério metajurídico.

Concepção marxista: A constituição é o produto da supraestrutura ideológica


condicionada pela infraestrutura econômica. É o exemplo de constituição balanço, que
registra os estágios da relação de poder, ou seja, a cada passo da evolução, haverá
uma nova constituição. É um conceito inverso da constituição-garantia ou
constituição-moldura.

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Concepção compromissória: É aquela que reflete a pluralidade de forças


políticas e sociais, típica de uma sociedade plural e complexa e de conflitos profundos.
O procedimento constituinte envolve um tumultuado jogo de correntes divergentes,
mas que ao fim encontram o “compromisso constitucional”.

Concepção suave (Zagrebelsky): É aquela que não contém exageros, não


fazendo promessas baseadas na demagogia política, porque tem ambição de ser
efetivamente realizada. As palavras chaves são equilíbrio e moderação. Constituição-
garantia é o principal modelo.

Constituição em branco: É aquela que não consagra limitações explícitas ao


poder de reforma constitucional. O processo de sua mudança subordina-se à
discricionariedade dos órgãos revisores. Um exemplo são as constituições fixas.

Constituição plástica (Raul Machado Horta): É aquela que apresenta uma


mobilidade, projetando sua força normativa na realidade social, política, econômica e
cultural do Estado. Revela uma maleabilidade que permite a adequação de suas
normas. Tanto as cartas rígidas como as flexíveis podem ser plásticas, já que a
possibilidade de adequação nada tem a ver com o procedimento de reforma. O seu
quid caracterizador é sempre a adaptação das normas constitucionais às oscilações da 5
vida real. Interligam-se profundamente com o fenômeno da mutação constitucional.
8
7-

Constituição como ordem material e aberta da comunidade (Hesse): As


21
53

constituições devem criar fundamentos e normatizar os princípios diretores da


unidade política do Estado, regulando o processo de solução de conflitos da
3.

comunidade historicamente construídos. Possui, nesse viés, um conteúdo vago,


33

impreciso, aberto e material, que deve se adaptar as necessidades do tempo,


garantindo o exercício das liberdades. O texto aberto, atuando diretamente na
4.

realidade social, atribui à constituição efetividade e força normativa.


12

Constituição dirigente (Canotilho): A constituição dirigente considera que os


problemas econômicos, sociais, científicos são, simultaneamente, problemas
constitucionais suscetíveis de conformação e resolução através de decisões político-
constitucionais vinculativas das decisões tomadas pelo poder político, reconhecendo o
caráter de impulso e incentivo ao bloco normativo-programático contemplado em seu
texto. Contempla definição programático-constitucional dos fins e tarefas do Estado
que não elimina o poder de conformação da maioria simples em que eventualmente
se apoia um governo, nem impede a renovação da direção política e a confrontação
pluripartidária. Por essa razão, enseja a dedução de pretensões à legislação e o
correspondente direito de ação perante os tribunais, que, todavia, não resulta na
substituição do juiz ao legislador com a consequente emanação judicial de uma norma
nem pela correção incidental da omissão legislativa. O objetivo, portanto, é dirigir a
ação governamental do Estado a partir de um programa de ação. A constituição é o
“estatuto jurídico político”, que adota uma filosofia de ação normativa para o Estado e
sociedade.

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Constituições subconstitucionais ou subconstituições (Kruger): As


constituições são programas de integração e representação nacionais, que devem
entrar na consciência dos cidadãos. E por isso, somente deve trazer aquilo que
interessa a sociedade como um todo. O totalitarismo constitucional incha a
constituição e foge do sentido exato da palavra. O autor explica que o excesso de
normas constitucionais forma as subconstituições, que podem ser definidas como
conjunto de normas que, mesmo elevadas formalmente ao patamar constitucional,
são limitadas nos seus objetivos e na sua efetividade. Revelam uma espécie de
“constituição necessidade” preocupada com problemas momentâneos.

Constituição como documento regulador do sistema político (Luhmann): A


constituição é instrumento que serve para reduzir a complexidade do sistema político,
buscando uma reflexão de funcionalidade do direito. Não basta analisar o vínculo de
conformidade das leis com a constituição – juízos de constitucionalidade – sendo
necessário que a constituição funcione como campo de contingência de autofixação do
sistema político.

Constituição como processo público (Haberle): A constituição é o documento


fundamental de uma sociedade pluralista e aberta, obra de vários partícipes. A
constituição é uma ordem fragmentária, passível de interpretação e descontínua. É o 5
reflexo de um processo interpretativo aberto e conduzido à luz da força normativa da
8
publicidade.
7-

22
53

Constituição.com (crowdsourcing): É o projeto que conta com a opinião


maciça dos usuários da internet, permitindo maior participação popular, consciência
3.

dos temas constitucionais e o princípio da transparência. A primeira foi a Carta


33

Islandesa.
4.

1.1.5.2 CLASSIFICAÇÃO DAS CONSTITUIÇÕES


12

• Quanto à Origem:

o Promulgada - É a Constituição que tem origem democrática. Alguns


chamam de votada ou popular (ex.: CF 1891; 1934; 1946; e 1988). Ela é
elaborada por uma assembleia nacional constituinte em nome do povo, pelo
povo e para o povo.

o Outorgada - São aquelas que foram impostas de maneira unilateral por


um agente revolucionário, assim não recebem legitimidade popular (ex.: CF
1824, 1937, 1967 e emenda 1/69).
o Cesarista - Existe uma autorização popular por meio de plebiscito, mas o
texto da Constituição é forçado por um poder ditatorial (ex.: plebiscito
napoleônicos e de Pinochet no Chile). Também chamada de napoleônica.

o Pactuadas - Estas decorrem de um pacto entre os vários titulares de


poder (ex.: Magna Carta de 1215 na Inglaterra - Decorreu de um pacto entre
Realeza e Burguesia).

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• Quanto à Forma:

o Escrita (instrumentalizada) - São aquelas sedimentadas em um único


documento formal e escrito (ex.: CF 1988). Em algumas Constituições escritas
existe uma grande influência dos costumes, como nos EUA.

o Costumeira (não escrita, consuetudinária) - Estas não trazem regras em


um único texto solene e codificado. É formada por textos esparsos,
reconhecidos pela sociedade como fundamentais. Além disso, se baseiam nos
usos, costumes, jurisprudência e convenções (ex.: Constituição Inglesa).

• Quanto à Extensão:

o Sintética (concisa, breve, sumária, sucinta, básica) - O texto da


Constituição é principiológico e não se funda em detalhes. Esta espécie de
Constituição tem maior manutenção do texto no ordenamento (ex.: EUA).

o Analítica (ampla, extensa, larga) - O texto da Constituição é minucioso.


Esta espécie de Constituição está sujeita a uma maior modificação dada a 5
evolução social (ex.: CF 1988).
8
7-

• Quanto ao Modo de Elaboração: 23


53

o Dogmática - Estas se fundam nos grandes dogmas que são


3.

sedimentados no texto escrito (ex.: CF 1988).


33
4.

o Histórica - São formadas por um processo lento e contínuo ao longo do


tempo, reunindo a história e as tradições de um povo.
12

• Quanto à Alterabilidade (mutabilidade):

o Rígida - Estas são alteradas por um processo mais solene e mais


dificultoso que o processo de alteração das demais espécies normativas
infraconstitucionais (ex.: CF 1988 - art. 60). Segundo o STF a Constituição de
1988 é considerada rígida.

o Flexível - Estas são alteradas por um processo igual ao das espécies


normativas infraconstitucionais. Dessa forma, a Constituição tem a mesma
hierarquia da lei. Nesse caso não existe controle de constitucionalidade.

o Superrígida - Estas são alteradas por um processo mais solene e mais


dificultoso que o processo de alteração das demais espécies normativas
infraconstitucionais. Além disso, possuem um núcleo duro imutável (alguns
autores acham que a CF de 1988 é superrígida).

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o Semirrígida ou semiflexível - Estas Constituições possuem processo


diferenciado para algumas normas e processo comum para outras (CF de 1824
- art. 178).

o Fixa (silenciosa) - Kildare - Estas somente podem ser alteradas por um


procedimento igual ao que as criou (ex.: Estatuto do Reino da Sardenha de
1948 e Carta Espanhola). São consideradas silenciosas, pois não mencionam
sua forma de alteração.

o Transitoriamente Flexível - São aquelas que durante um período são


flexíveis e depois se tornam rígidas (ex.: Carta Irlandesa de 1937).

o Imutável (permanentes, graníticas) - Aquelas que pretendem ser


inalteráveis e eternas (são apenas históricas).

• Quanto à Sistemática (Pinto Ferreira):

o Reduzidas (unitárias) - São aquelas que se materializam através de um


só código básico (ex.: CF 1988).
- Paulo Bonavides as chama de "Codificadas". 5
8
o Variadas - São aquelas que se materializam através de textos esparsos
7-

(ex.: Inglesa).
24
53

- Paulo Bonavides as chama de "Legais" ou "Escritas não formal".


3.

• Quanto à Dogmática (Paulino Jacques):


33
4.

o Ortodoxa - São aquelas formadas por uma só ideologia (ex.: URSS de


1977).
12

o Eclética - São aquelas formadas pela conciliação de várias ideologias


(ex.: CF 1988).
- Segundo Canotilho é aqui que reside o caráter compromissório da CF. Este se
evidencia na busca pela conciliação entre ideologias diferentes (ex.:
Liberalismo vs. Estado Social).

• Quanto à Essência (Loewenstein)

o Normativa - O processo de poder está de tal forma disciplinado que as


relações políticas e os agentes do poder subordinam-se às determinações do
seu conteúdo e do seu controle procedimental (espera-se do texto 1988).

o Nominalista (ou nominais) - Contém disposições de limitações e


controle de dominação política, sem ressonância na sistemática de processo
real de poder, e com insuficiente concretização constitucional.

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o Semântica - São simples reflexos da realidade política, servindo como


mero instrumento dos donos do poder e das elites políticas, sem limitação do
seu conteúdo (texto de 1937 e 1967).
- Marcelo Neves prefere a expressão instrumentalista.

• Quanto ao Sistema (Diogo de Figueiredo Moreira Neto):

• Principiológica - Prevalecem os princípios, identificados como normas


constitucionais providas de alto grau de abstração, consagradores de valores,
pelo que é necessária a mediação concretizadora (ex.: CF 1988).

• Preceitual - Nela prevalecem as regras individualizadoras de princípios,


pelo que é possível a aplicação coercitiva (ex.: Constituição mexicana).

• Classificação de Manoel Gonçalves F. Filho:

o Garantia - Estas buscam garantir a liberdade limitando o poder (ex.: CF


1988).

o Balanço - Estas fazem um balanço de tempos em tempos da evolução 5


socialista (ex.: URSS).
8
7-

o Dirigente - Estas são compostas por normas programáticas (planos e 25


53

programas a serem cumpridos) - (ex.: CF 1988).


- Possui inspiração Marxista, ou seja, preza por um "ideal a ser concretizado".
3.
33

• Classificação de Ramos Tavares - Quanto ao Conteúdo Ideológico:


4.

o
12

Liberais (negativas) - Surgem com o triunfo das ideologias burguesas


(ideias liberais). Dessa forma, privilegiam direitos de primeira dimensão. São
assim, Constituições negativas (absenteísmo estatal).

o Sociais (dirigentes) - São ligadas ao Estado Social de Direito (ex.: CF


1988). Consagram atuações sociais do Estado. Privilegiam direitos de segunda
dimensão.

• Teoria de Raul Machado Horta - Expansividade da Constituição - A


expansividade da CF de 1988, em função dos temas novos e da ampliação conferida a
temas permanentes, como no caso dos Direitos e Garantias Fundamentais, pode ser
aferida em três planos distintos:

o Conteúdo anatômico e estrutural da CF (anatomia) - Expansiva é aquela


que está bem dividida em capítulos, títulos etc.

o Comparação constitucional interna - Considera as Constituições


brasileiras precedentes, considerando a extensão de cada uma e as suas
alterações. A CF de 1988 comparada com as outras brasileiras é expansiva.

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o Comparação constitucional externa - Considera as Constituições


internacionais. A CF de 1988 comparada com outras internacionais também é
expansiva.

1.1.5.3. ELEMENTOS DA CONSTITUIÇÃO

Definição - São critérios de classificação das normas de José Afonso da Silva.


Buscam agrupar as normas que tenham a mesma origem e a mesma finalidade.
Segundo o autor, a CF tem uma natureza polifacética, pois possui normas que
apresentam valores distintos.

Elementos Orgânicos - São normas que regulam a estrutura do Estado e do


Poder. Ex.: Título III - Organização do Estado; Título IV - Organização dos poderes.

Elementos Limitativos - São normas que estabelecem direitos e garantias


fundamentais limitadores dos poderes estatais. Ex.: Título II - Dos Direitos e Garantias
Fundamentais (excetuando-se os direitos sociais).

Elementos Socioideológicos - Revelam o compromisso da Constituição entre o 5


Estado Individualista e o Estado Social Intervencionista. Ex.: Capítulo II do Título II - Dos
8
Direitos Sociais; Título VII - Da Ordem Econômica e Financeira.
7-

26
53

Elementos de Estabilização - Normas que definem mecanismos de


estabilização diante de crises. São destinadas a solucionar conflitos e buscam a defesa
3.

da CF, do Estado e das Instituições Democráticas. Ex.: Art. 102, I "a", da CF - ADIN; Art.
33

34 a 36 da CF - Da Intervenção nos Estados e Municípios.


4.

Elementos Formais de Aplicabilidade - Referem-se às normas de aplicação da


12

Constituição. Ex.: Preâmbulo, ADCT, Art. 5º, § 1º da CF.

1.1.6 PODER CONSTITUINTE

Pode-se conceituar o Poder Constituinte como o poder de elaborar


(originário) ou atualizar (derivado) uma Constituição, mediante supressão, modificação
ou acréscimo de normas constitucionais. Modernamente, parte da doutrina critica a
divisão do Poder Constituinte (sob o argumento de que seria indivisível) em originário e
derivado, tendo como verso o Poder Desconstituinte – pode apagar e reformular tudo (ou seja,
abandonar a antiga Carta e formular outra). Trata-se de uma metáfora, segundo a qual o Poder
Constituinte possui o giz em uma mão e o apagador em outra (Carlos Ayres Britto).

1.1.6.1 TITULARIDADE E EXERCÍCIO

A doutrina atribui ao abade Emmanuel Joseph Sieyès a teorização inaugural a


respeito do Poder Constituinte Originário, realizada através da obra “Que é o Terceiro
Estado?”. De acordo com Sieyès, o povo seria soberano para ordenar o seu próprio
destino e o da sua sociedade, expressando-se por meio da Constituição (soberania
popular). Desta forma, o titular do poder constituinte seria o povo.

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No Brasil, o art. 1º, parágrafo único, da Constituição Federal assegura que


“todo poder emana do povo”, que pode exercê-lo de forma direta (ex.: referendo,
plesbicito, iniciativa popular) ou por meio de seus representantes (eleitos
democraticamente). Assim, a titularidade do poder constituinte é do povo. Entretanto,
o exercício, como regra, está reservado a ente diverso do povo formado por seus
representantes.

1.1.6.2 CLASSIFICAÇÕES E DECORRÊNCIAS

O Poder Constituinte pode ser divido em:

i) Originário:
• Histórico;
• Revolucionário.

ii) Derivado:
• Reformador;
• Decorrente;
• Revisor. 5
8
iii) Difuso; e
7-

27
53

iv) Supranacional.
3.

Vejamos cada uma delas a seguir.


33
4.

1.1.6.2.1 PODER CONSTITUINTE ORIGINÁRIO (PCO)


12

O poder constituinte originário (PCO), também denominado inicial, inaugural,


genuíno ou de 1º grau, é aquele que instaura uma nova ordem jurídica, rompendo por
completo com a ordem jurídica precedente. O PCO possui as seguintes características:

- Inicial - Inaugura um novo ordenamento, instaurando uma nova ordem


jurídica.

- Autônomo - A estruturação da nova Constituição será determinada,


autonomamente, por quem exerce o poder constituinte originário.

- Ilimitado Juridicamente - Ele é ilimitado juridicamente, assim não tem que


respeitar os limites postos pelo direito anterior.

- Soberano e Incondicionado na Tomada de Suas Decisões - Este não tem que


se submeter a qualquer forma prefixada de manifestação.

A natureza jurídica do PCO é controvertida. Para a concepção jusnaturalista,


trata-se de um poder jurídico (ou de direito). De acordo com essa corrente, o PCO

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estaria subordinado aos princípios do direito natural. Noutro giro, a concepção


positivista não admite a existência de qualquer outro direito além daquele posto pelo
Estado. Nesse sentido, o PCO é anterior e se encontra acima de toda e qualquer norma
jurídica, devendo ser considerado um poder político (extraordinário ou de fato).

Hoje prevalece que o PCO, ainda que se admita ser ilimitado, NÃO é exercido
em um vácuo histórico e cultural (Canotilho). Haveria, então, limites metajurídicos,
implicações circunstanciais impositivas, derivadas de pressões de grupos sociais,
econômicos, políticos (Seriam os “fatores reais de poder”, conforme teoria de
Ferdinand Lassalle). A título de exemplo, nesse sentido a Assembleia Nacional não
pode decidir não redigir uma nova Constituição, pois a vontade popular foi fazê-la.

LIMITES METAJURÍDICOS (Jorge Miranda):


a) ideológicos = valores arraigados na opinião pública.
b) institucionais = instituições culturais consolidadas na sociedade (ex: propriedade
privada).
c) substanciais
- transcendentes = transcendem o direito posto (consciência jurídica coletiva, direitos
humanos);
- imanentes = configuração histórica do Estado (ex: república e presidencialismo); 5
- heterônomos = derivam do direito internacional → princípios internacionais (gerais);
8
obrigações assumidas em acordos internacionais (especiais).
7-

28
53

Os direitos jusnaturalista e pós-positivista também impõem certas limitações ao PCO:


3.

- imperativos do direito natural (vida, propriedade e liberdade);


- valores éticos: fórmula de Radbruch = o direito extremamente injusto não pode ser
33

considerado direito;
4.

- consciência jurídica coletiva: proibição de retrocesso (efeito cliquet) = observância e


12

respeito aos direitos conquistados por uma sociedade, sobre os quais haja um
consenso profundo (os direitos não são dados pelo Estado, mas conquistados).

A Constituição pode ter origem legítima e se deslegitimar com o passar do


tempo; pode, por outro lado, ter em sua origem baixo grau de legitimidade, mas se
legitimar com o processo democrático.

Critérios para aferição da LEGITIMIDADE da Constituição:


a) respeito ao procedimento = observância das limitações procedimentais
estabelecidas pelo povo ou pela própria assembleia.
b) participação popular = influxo (influência) do povo na feitura do texto.
c) consensus = atendimento do anseio popular.
d) atuação dos exercentes no interesse do povo.
e) resultado = integração entre a ideia de legitimidade e democracia pelo resultado
final → conteúdo e adoção de instrumentos de participação popular no processo do
poder.

ATENÇÃO! Teoria do “Hiato Constitucional”: desenvolvida pelo Professor Ivo


Dantas. Refere-se a uma ruptura (falta de sincronia) entre a Constituição

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positivada e a realidade social. Como consequência, esses hiatos podem gerar


as seguintes situações:
- Ruptura pela manifestação de uma Assembleia Nacional Constituinte;
- Mutação Constitucional (mudança no sentido interpretativo) – poder
constituinte difuso – para se adequar à realidade social, caso seja possível;
- Reforma Constitucional – mudança formal da Constituição através do poder
constituinte derivado;
- Hiato autoritário – situação de crise que permite um poder imposto.

Tipos de Poder Constituinte Originário:

• Histórico - É aquele que é o primeiro da história de um Estado


(“verdadeiro poder constituinte originário”). Este cria o Estado e determina
suas regras e limites.

• Revolucionário - É aquele que se segue ao primeiro, que quebra a


estrutura existente anteriormente.

Formas de Manifestação (formas de expressão):

• Pela Outorga - É a manifestação impositiva que decorre de um poder


8 5
autoritário (CF de 1824, 1937, 1967 e EC 1/69). As Constituições decorrentes
7-

dessa manifestação são chamadas de outorgadas. 29


53


3.

Pela Manifestação de uma Assembleia Nacional Constituinte


(Convenção) - Ocorre através da manifestação democrática por
33

representantes do povo (CF de 1891, 1934, 1946 e 1988). As Constituições


4.

decorrentes dessa manifestação são chamadas de promulgadas.


12

Classificação:

• Formal - É o ato de criação propriamente dito e que atribui a roupagem


com status constitucional a um complexo normativo. Existe uma forma
diferenciada para a manifestação.

O poder constituinte formal confere estabilidade e garantia de permanência e


de supremacia hierárquica ou sistemática ao princípio normativo inerente à CF.

• Material - É o lado substancial do poder constituinte originário,


qualificando o direito constitucional formal com status de norma
constitucional. Existe uma matéria diferenciada. Geralmente tem sua
estabilidade dada pela manifestação formal.

1.1.6.2.2 PODER CONSTITUINTE DERIVADO (PCD)

O poder constituinte derivado, também chamado de instituído, constituído,


secundário, de segundo grau e remanescente, é criado e instituído pelo PCO sendo,

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portanto, limitado e condicionado pelas normas impostas pelo Poder Constituinte


Originário. Parte da doutrina utiliza a terminologia “competência reformadora” para se
referir ao Poder Constituinte Derivado. São características do PCD:

• Condicionado/Subordinado - Está limitado pelo poder Constituinte


Originário. Assim, deve obedecer às regras impostas pelo originário, sendo,
nesse sentido, limitado e condicionado aos parâmetros a ele impostos.

• Secundário - É criado pelo poder originário (primário).

• Poder Jurídico - É o poder de reformar sem gerar revolução. Não há


poder de fato, mas poder jurídico.

Seguem examinadas, a seguir, as subespécies de poder constituinte derivado.

1.1.6.2.2.1 PODER CONSTITUINTE DERIVADO REVISOR

O Ato das Disposições Constitucionais Transitórias, em seu art. 3 o, presente


desde a promulgação da CF/88, previu que “a revisão constitucional será realizada
após cinco anos, contados da promulgação da Constituição, pelo voto da maioria 5
absoluta dos membros do Congresso Nacional, em sessão unicameral”. Após 5 anos da
8
promulgação da CF, em sessão unicameral, por maioria absoluta, a rigidez
7-

constitucional foi flexibilizada (ADCT, art. 3º). SEM limites materiais explícitos, apenas 30
53

temporais e formais – o STF entendeu que havia limitações materiais implícitas (MC na
ADI 981/PR).
3.
33

ATENÇÃO! Seria possível uma EC no ADCT prevendo uma nova revisão? O STF
4.

já estabeleceu que NÃO (MC na ADI 1.722/TO) – trata-se de norma de eficácia


exaurida.
12

ATENÇÃO! A revisão era importante caso o povo optasse, em 7 de setembro de


1993, através de plebiscito, pela forma de Estado monárquica ou pelo sistema
de governo parlamentarista.

1.1.6.2.2.2 PODER CONSTITUINTE DERIVADO REFORMADOR

O Poder Constituinte Derivado Reformador (PCDR) também é chamado de


instituído ou constituído e possui a prerrogativa de alterar a Constituição Federal
vigente.

REFORMA (CF, art. 60) REVISÃO (ADCT, art. 3º)


- meio ordinário de alteração da - via extraordinária de alteração da
Constituição. Constituição.
- exige quorum de 3/5 dos votos do - exigiu maioria absoluta do Congresso
Senado Federal e da Câmara dos Nacional (sessão unicameral), em turno
Deputados (em cada casa legislativa), em único.
2 turnos.

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1.1.6.2.2.2.1 L IMITAÇÕES AO PCDR

O poder constituinte derivado reformador, cuja existência se restringe a


ordenamentos jurídicos encabeçados por uma Constituição rígida, tem a função de
modificar as normas constitucionais por meio de emendas, podendo ser temporais,
circunstanciais, formais (procedimentais ou processuais) e materiais (ou substanciais).
Limitações Temporais são aquelas que impedem a alteração da Constituição durante
um determinado período de tempo, a fim de que possam adquirir um certo grau de
estabilidade.

A Constituição Brasileira de 1824 (art. 174) previu a limitação temporal nos 4


anos seguintes à outorga da Carta. A CF/88 não previu limitação temporal para
reforma, apenas para revisão (5 anos – art. 3o do ADCT, já abordado acima). As
limitações circunstanciais impedem a alteração da Constituição em situações
excepcionais nas quais a livre manifestação do PCDR possa estar ameaçada – estado
de defesa (CF, art. 136), estado de sítio (CF, art. 137) e intervenção federal (CF, art. 34)
(CF, art. 60, § 1º).

ATENÇÃO! No estado de calamidade pública, sem decretação do estado de 5


defesa, não há limitação.
8
7-

Embora não haja previsão expressa no ADCT, as hipóteses de limitação 31


53

circunstancial também se aplicavam ao poder de revisão. As limitações formais


3.

(processuais ou procedimentais) exigem a observância de certas formalidades para a


alteração da Constituição. Essas limitações decorrem da rigidez constitucional, que
33

exige para alteração da CF um processo de elaboração mais dificultoso.


4.
12

Formais Subjetivas Formais Objetivas


- legitimados à PEC (art. 60 da CF/88). - quórum de 3/5.
- aprovação em 2 turnos.
- se rejeitada, a matéria da PEC só
poderá ser proposta novamente na
próxima sessão legislativa (ano seguinte).

Não se deve confundir LEGISLATURA, período de 4 anos previsto no art. 44,


parágrafo único da CF/88, com a SESSÃO LEGISLATIVA, período de 1 ano previsto no
art. 57 da CF/88. O Presidente da República é o único a ter legitimidade para propor
Projetos de Lei Ordinária e Lei Complementar e ainda de Emenda Constitucional. Por
outro lado, o Presidente da República só participa da PEC propondo-a – não sanciona,
não veta, não promulga e não publica. A promulgação da PEC é conjunta das mesas da
Câmara dos Deputados e do Senado Federal e a publicação dá-se pelo Congresso
Nacional.

ATENÇÃO! Não existe previsão expressa de iniciativa popular de PEC, mas há


diversos autores (ex.: José Afonso da Silva) que admitem a possibilidade,

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através de uma interpretação sistemática da CF (analogia do art. 61, § 2º, da


CF c/c art. 1º, parágrafo único, da CF).

As limitações materiais (ou substanciais) impedem a alteração de


determinados conteúdos da Constituição, as chamadas cláusulas pétreas (art. 60, §4º).
A doutrina divide as limitações materiais em explícitas e implícitas. Há divergência
sobre a possibilidade de excluir do âmbito democrático determinadas matérias, ou
seja, retirar certas escolhas permanentemente da deliberação política. Sobre o tema
há duas teorias que buscam justificar tais limitações:

(a) pré-comprometimento;
(b) democracia dualista.

Pela teoria do pré-comprometimento (ou pré-compromisso) a proteção


qualificada de certos conteúdos é necessária para assegurar metas a longo prazo, as
quais sucumbiriam às maiorias que visam a interesses imediatos. Trata-se de proteção
contra as paixões e fraquezas. Seu principal defensor, Jon Elster, cita como exemplo
Ulisses (protagonista de A Odisseia - Homero), que precisou ser amarrado ao mastro
de seu barco para passar pela ilha das sereias e não se deixar enfeitiçar por seu canto.
A crítica feita por Oscar Vilhena Vieira é que as limitações individuais de Ulisses não 5
podem ser comparadas rigidamente com o caráter supraindividual das limitações
8
impostas pela Constituição.
7-

32
53

Já para a teoria da democracia dualista há duas democracias: (a) política


ordinária: manifestada em momentos de normalidade, realizada cotidianamente pelos
3.

órgãos de representação popular; (b) política extraordinária: exercida em momentos


33

de grande mobilização social, nos quais a cidadania se apresenta de forma mais


4.

intensa. Assim, as escolhas realizadas em momentos de política extraordinária devem


ser colocadas em patamar superior e protegidas dos representantes que atuam na
12

política ordinária, aos quais pode legitimamente impor limites.

A expressão “tendente a abolir” (CF, art. 60, § 4º) deve ser interpretada no
sentido de proteger o núcleo essencial dos princípios e institutos elencados como
cláusulas pétreas, e não como uma intangibilidade literal. Em outras palavras, pode
reforçar, mas não enfraquecer.

FINALIDADES das cláusulas pétreas:


a) preservar a identidade material da Constituição (ex: direitos fundamentais).
b) proteger institutos e valores essenciais contra maiorias momentâneas (ex: vedação
à pena de morte).
c) assegurar a continuidade do processo democrático (ex: princípio da anterioridade
eleitoral, periodicidade do voto, temporariedade do mandato e impossibilidade de
reeleições indefinidas).

A Constituição Federal entabula em seu art. 60, §4º, as seguintes cláusulas


pétreas explícitas:

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1) forma federativa de Estado: considerada um princípio intangível desde a


primeira Constituição Republicana de 1891, estabelece que não pode haver
redução significativa na autonomia dos entes federativos e um desequilíbrio
entre eles.

A imunidade tributária recíproca (CF, art. 150, VI, a) é cláusula pétrea, pois
impede que um ente crie imposto que mitigue a autonomia financeira das unidades da
federação (ADI 939/DF).

2) voto direto, secreto, universal e periódico: as características do voto são


protegidas, porém, a obrigatoriedade do voto não é cláusula pétrea.

3) separação dos Poderes: pode haver alterações, mas não se pode afetar a
independência e harmonia (ex: criação do CNJ e mitigação da
processabilidade dos parlamentares).

4) direitos e garantias individuais: nem todos os direitos fundamentais foram


inseridos no rol de cláusulas pétreas.

Parte da doutrina entende que a Constituição não adotou uma terminologia 5


rigorosa em relação aos direitos fundamentais, de modo que não apenas os
8
individuais, como os demais (sociais, de nacionalidade e políticos) devem ser tidos
7-

como cláusulas pétreas. Dizem que a Constituição os tratou sob o mesmo regime (CF,
33
53

arts. 1º, 2º e 3º) (Ingo Sarlet). Mas, então, por que a CF não utilizou o termo direitos e
garantias fundamentais? A toda evidência, apenas os direitos de defesa (individuais) é
3.

que são cláusulas pétreas por vontade do constituinte, o resto cabe ao ônus
33

argumentativo da interpretação extensiva.


4.

Se uma emenda à Constituição incluir direito individual, ele será cláusula


12

pétrea? Aqui há um problema. Só há sentido no poder superior (original) limitar o


inferior (reformador). Não há lógica no poder constituinte reformador limitar a si
mesmo. Ocorre que, como a CF fala que “não será objeto de deliberação proposta a
tendente a abolir direitos e garantias individuais”, a doutrina entende que se trata de
exceção, sendo inviável abolir novos direitos (poder-se-ia discutir, de toda forma, a
vedação ao retrocesso).

Quanto às limitações implícitas ou inerentes, estas seriam decorrência das


próprias limitações expressas previstas no art. 60, §4º, da CF (Ex.: a União não pode
legislar de forma a restringir a autonomia dos estados, sob pena de violar o pacto
federativo, protegido pelo art. 60, §4º, I, da CF). Entretanto, há doutrinadores que não
reconhecem a imutabilidade das cláusulas pétreas. Para essa corrente, em havendo
cláusulas que imponham limites materiais às mudanças constitucionais, poder-se-ia
aplicar a teoria da dupla revisão, segundo a qual bastaria que uma primeira revisão
modificasse o rol de cláusulas pétreas, retirando a vedação constitucional, e com uma
segunda revisão se faria a modificação desejada. A teoria da dupla revisão não é
adotada no Brasil.

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É muito difícil referir, na prática, quais são as cláusulas que possuem estreita
relação com os princípios por elas protegidos e, por isso, não podem ser atingidas. Só a
casuística é que pode assentar a necessidade de proteção. E o sistema presidencialista
e a forma republicana, são cláusulas pétreas? Há divergência. Há basicamente duas
correntes, assim sintetizadas:

CLÁUSULAS PÉTREAS ALTERÁVEIS


- qualquer alteração posterior à consulta - é possível a alteração do sistema e da
popular em 1993 (plebiscito) é de ser tida forma, mas não por simples emenda, e
por incompatível com a separação dos sim por nova consulta popular.
Poderes.

ATENÇÃO! Poder Constituinte Derivado Difuso = possibilidade de alteração


informal do texto constitucional (mutação constitucional).

1.1.6.2.2.3 PODER CONSTITUINTE DERIVADO DECORRENTE (PCDD)

O Poder Constituinte Derivado Decorrente (PCDD) é outorgado aos Estados-


Membros para que possam elaborar suas próprias Constituições (PCDD Inicial) ou
modificá-las (PCDD Reformador), conforme CF, art. 25 e ADCT, art. 11. No exercício do 5
PCDD, deve-se observar os princípios constitucionais sensíveis, os princípios
8
constitucionais estabelecidos (organizatórios) e os princípios constitucionais
7-

extensíveis. 34
53

O DF tem o poder de elaborar sua lei orgânica, votada em dois turnos, com
3.

interstício mínimo de 10 (dez) dias e aprovada por quorum de 2/3 (dois terços) da
33

Assembleia Legislativa (art. 32 da CF). É igualmente manifestação do PCDD, na parte


4.

condizente com Constituição Estadual (STF, RE 577.025), e também deve obediência


aos princípios constitucionais sensíveis, aos princípios constitucionais estabelecidos e
12

aos princípios constitucionais extensíveis).

Prevalece que as leis orgânicas municipais NÃO são consideradas fruto do


PCDD, já que não possuem aspecto formal de Constituição, e sim de uma lei ordinária
(embora materialmente sejam equiparadas a uma Constituição – STF, ADI 980/DF).
Ademais, a lei orgânica municipal está subordinada à respectiva Constituição Estadual
(CF → CE → LO), e não há poder constituinte de 3º grau.

O PCDD tem como características ser: derivado, subordinado e condicionado


(CF, art. 25 e ADCT, art. 11). As Constituições Estaduais são limitadas pelos parâmetros
constitucionais – princípio da simetria (embora reconhecido pelo STF desde a
Constituição de 1946, é criticado por impor limites excessivos à autonomia dos
Estados). Exemplo: a Constituição Estadual não pode ter o procedimento de reforma
mais dificultoso do que a Constituição Federal – NÃO podem ser mais rígidas (STF, ADI
486). Por outro lado, as CEs obrigatoriamente devem ser rígidas em relação à
legislação estadual (STF, ADI 1722).

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Além das normas próprias, as CEs possuem normas de reprodução obrigatória


(não há um rol de normas de reprodução obrigatória – costuma-se falar nos princípios
sensíveis, extensíveis e estabelecidos).

Reprodução OBRIGATÓRIA FACULTATIVA ou DE IMITAÇÃO


- normas centrais da CF que garantem - normas que as CEs reproduzem da CF por
um mínimo de uniformidade (ex: opção política.
modelo presidencialista).

Existem as normas de observância obrigatória expressas, determinadas pela


própria Constituição Federal (ex.: art. 28, que trata da eleição do Governador e do
Vice, com determinação de observância ao art. 77, que trata das eleições
presidenciais; art. 27, § 1º, que determina a aplicação aos Deputados Estaduais das
mesmas regras da CF sobre sistema eleitoral, inviolabilidade, imunidades,
remuneração, perda de mandato, licença etc. dos Deputados Federais; art. 75, que
estende aos TCEs as normas estabelecidas para o TCU quanto à organização,
composição e fiscalização), e as implícitas, que são reveladas especialmente pela
jurisprudência do STF.

NORMAS DE OBSERVÂNCIA OBRIGATÓRIA implícitas = a serem forçosamente 5


observadas no plano estadual. Exemplos:
8
- requisitos para criação de CPI (CF, art. 58, § 3º) = o quorum de instalação é de 1/3,
7-

tendo poderes de autoridade judiciária (quebra do sigilo bancário e dos dados 35


53

telefônicos).
- processo legislativo (CF, art. 59 e ss) = as matérias do art. 61, § 1º, da CF, no plano
3.

estadual, são de iniciativa exclusiva do Governador; o quórum para alteração da CE é


33

de 3/5, em dois turnos.


4.

- modelo de separação dos poderes = presidencialista → o Estado-membro não pode


adotar o sistema parlamentarista; não se pode condicionar a validade de contrato
12

firmado pelo PE à aprovação do PL.

1.1.6.2.3 PODER CONSTITUINTE SUPRANACIONAL

Refere-se à globalização do direito constitucional (transconstitucionalismo).


Dessa forma, decorre de documentos internacionais. Busca sua fonte de validade na
cidadania universal, no pluralismo de ordenamentos jurídicos, na vontade de
integração e em um conceito remodelado de soberania.

1.1.6.2.3.1 CONSTITUCIONALISMO MULTINÍVEL

Trata-se de teoria originalmente trazida pelo doutrinador alemão Ingolf


Pernice. A Europa, tendo-se em vista as cláusulas constitucionais que determinam a
integração (ex. Art. 23 da Constituição Alemã e o Tratado da União Europeia), traz aos
países o dever de integrar seus ordenamentos jurídicos. Dessa forma, criou-se um
ambiente normativo em que, independentemente da aprovação ou não da
Constituição Europeia, na prática já arquitetou na Comunidade um sistema de normas

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constitucionais que integra a proteção de direitos em sistemas regional, nacional e


comunitário.5

Difere-se dessa maneira de teorias mais filosóficas como o


transconstitucionalismo (Marcelo Neves) ou a Interconstitucionalidade (Canotilho), já
que é possível extrair situações concretas em que instituições de diversos níveis
dialogam, aplicando-se uma ou outra norma a depender da situação concreta.6

1.1.6.3 NORMA CONSTITUCIONAL NO TEMPO: EFEITOS DE UMA NOVA


CONSTITUIÇÃO NA ORDEM JURÍDICA ANTERIOR

O exercício do poder constituinte originário implica na revogação de todas as


normas jurídicas inseridas na Constituição anterior, ainda que compatíveis com a
Constituição ora vigente. De acordo com a Teoria da Desconstitucionalização, as
normas constitucionais que não sejam materialmente constitucionais e que tenham
compatibilidade com a nova ordem constitucional vigente podem ser mantidas com
natureza de lei, desconstitucionalizando-se. Em regra, não é admitida no direito
brasileiro.

A aplicação da Teoria da Desconstitucionalização deve ter previsão expressa, a 5


exemplo do que ocorre com a Constituição de Portugal (art. 292). No Brasil, o art. 147
8
da Constituição de 1967 do Estado de SP também trazia tal possibilidade. No que tange
7-

à legislação infraconstitucional, o exercício do PCO pode importar na recepção das


36
53

normas infraconstitucionais anteriores à vigência da nova Constituição, desde que


sejam materialmente compatíveis com ela, mediante o fundamento imediato de
3.

validade. Trata-se de instituto que prevê que um ordenamento jurídico acolha e torne
33

suas as normas de ordenamento jurídico anterior. Não havendo compatibilidade, a


hipótese será de não recepção, e não de inconstitucionalidade. Premissas para a
4.

recepção:
12

i) O ato deve ter sido criado antes da nova Constituição;

ii) O ato deve estar em vigor (não pode ter sido declarado inconstitucional ou
revogado na vigência da Constituição anterior);

iii) O ato tem que ter compatibilidade apenas material com o novo
ordenamento; e

iv) O ato deve ter compatibilidade formal e material com o ordenamento no


qual foi criado.

5
PERNICE, Ingolf. Multilevel Constitutionalism in the European Union. http://whi-
berlin.de/documents/whi-paper0502.pdf.
6
Para uma análise mais detida e aprofundada destas integrações, V. RAMOS, André Carvalho.
Pluralidade das ordens jurídicas: uma nova perspectiva na relação entre o Direito Internacional e o
Direito Constitucional. Revista da Faculdade de Direito, Universidade de São Paulo. 106, 106-107 (jan.
2012), 497-524. https://www.revistas.usp.br/rfdusp/article/view/67955/70563.

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Por fim, cabe observar os graus de retroatividade das normas constitucionais:

• Retroatividade Máxima (restitutória) - Alcança fatos já consumados. É


possível que a nova Constituição tenha retroatividade máxima (ex.: art. 17 do
ADCT e art. 97, p. único da CF de 1937).

• Média - Alcança efeitos pendentes de atos jurídicos verificados antes da


norma (ex.: prestações vencidas, mas não adimplidas).

• Mínima (temperada ou mitigada) - Alcança efeitos futuros de fatos


passados (após sua vigência). É a regra a ser aplicada para a CF (ex.: art. 7, IV
da CF).

Assim, tem-se que o poder constituinte originário, como regra, tem


retroatividade mínima. Entretanto, pode ter retroatividade máxima ou média já que é
ilimitado, basta que isto esteja previsto. Por sua vez, as emendas têm retroatividade
mínima, pois caso contrário violariam o art. 5º, XXXVI da CF (princípio da
irretroatividade). Entretanto, uma exceção a essa regra foi a reforma da previdência,
que instituiu a taxação dos inativos. 8 5
7-

37
53
3.
33
4.
12

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1.2 JURISPRUDÊNCIA

1) A imunidade formal prevista no art. 51, I, e no art. 86, caput, da CF/88 não se
estende para os codenunciados que não se encontrem investidos nos cargos de
Presidente da República, VicePresidente da República e Ministro de Estado. A
finalidade dessa imunidade é proteger o exercício regular desses cargos, razão pela
qual não é extensível a codenunciados que não se encontrem ocupando tais funções.
STF. Plenário. Inq 4483 AgR-segundo/DF e Inq 4327 AgR-segundo/DF, rel. Min. Edson
Fachin, julgados em 14 e 19/12/2017 (Info 888).

2) A revogação, ou substancial alteração, do complexo normativo impõe ao autor


o ônus de apresentar eventual pedido de aditamento, caso considere subsistir a
inconstitucionalidade na norma que promoveu a alteração ou revogação. Se o autor
não fizer isso, o STF não irá conhecer da ADI, julgando prejudicado o pedido em razão
da perda superveniente do objeto. STF. Plenário. ADI 1931/DF, Rel. Min. Marco
Aurélio, julgado em 7/2/2018 (Info 890).

3) É constitucional lei estadual que obrigue os planos de saúde a fornecerem aos


consumidores informações e documentos justificando as razões pelas quais houve
recusa de algum procedimento, tratamento ou internação. O Mato Grosso do Sul 5
editou uma lei estadual. STF. Plenário. ADI 4512/MS, Rel. Min. Cármen Lúcia, julgado
8
em 7/2/2018 (Info 890).
7-

38
53
3.
33
4.
12

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1.3 QUESTÕES

1. Ano: 2018 Banca: FCC Órgão: DPE-AM Prova: FCC - 2018 - DPE-AM - Defensor
Público. Sobre o controle de políticas públicas pelo Poder Judiciário, é correto
afirmar que a base teórica que privilegia os princípios, tornando o juiz um agente das
transformações sociais, atuando não só na verificação da constitucionalidade da lei
formal, mas também na observação das questões materiais relativas às próprias
políticas, é conhecida como
A) participação popular.
B) procedimentalismo.
C) separação dos Poderes.
D) judicialismo.
E) substancialismo.

2. Ano: 2017 Banca: FCC Órgão: DPE-PR Prova: Defensor Público. Quanto às
classificações das constituições, é correto afirmar que
a) as constituições-garantia se caracterizam por conterem em seu corpo um conjunto
de normas que visam garantir aos cidadãos direitos econômicos, sociais e culturais,
estabelecendo metas de ações para o Estado.
b) a Constituição Brasileira de 1988 é democrática, rígida (ou super-rígida), prolixa e 5
ortodoxa.
8
c) as constituições cesaristas, normalmente autoritárias, partem de teorias
7-

preconcebidas, de planos e sistemas prévios e de ideologias bem declaradas. 39


53

d) as constituições escritas são caracterizadas por um conjunto de normas de direito


positivo.
3.

e) as constituições históricas são concebidas a partir de evento determinado no


33

tempo, esvaziando a influência dos demais períodos e costumes de determinado povo.


4.

3. Ano: 2017 Banca: CESPE Órgão: DPE-AC Prova: Defensor Público. A mutação
12

constitucional
a) é fenômeno reconhecido apenas pela doutrina, uma vez que o STF evita aplicá-la.
b) ocorre em razão da natureza monossêmica do texto constitucional.
c) acarreta a alteração da configuração verbal do texto constitucional.
d) decorre da técnica de declaração de nulidade de dispositivos legais pelo controle
concentrado.
e) é justificada pelas modificações na realidade fática e na percepção do direito.

4. Ano: 2017 Banca: CESPE Órgão: DPU Prova: Defensor Público Federal. A respeito
da evolução histórica do constitucionalismo no Brasil, das concepções e teorias sobre
a Constituição e do sistema constitucional brasileiro, julgue o item a seguir.
O poder constituinte originário e o poder constituinte derivado se submetem ao
mesmo sistema de limitações jurídicas e políticas, embora os efeitos dessas limitações
ocorram em momentos distintos.
- CERTO
- ERRADO.

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1.4 GABARITOS

1. Gabarito: E.

A. Termo deslocado, pois participação popular por si não é o que restringe ou


promove a intervenção do Judiciário em matéria de políticas públicas;
B. Procedimentalismo - Visão de democracia de Habermas. Menos simpático à ideia de
um juiz que intervém em políticas públicas. John Hart Ely preconiza que o judiciário
deve praticar a auto-contenção.
C. Separação dos poderes, na visão original proposta por Montesquieu e lembrada por
James Madison na Const. Americana deixaria mais ao Legislativo a tomada de decisões
e ao Executivo a promoção de políticas públicas, cabendo ao juiz uma atuação limitada
nesse ponto.
D. Judicialismo – Termo mais ligado ao fato de que políticas públicas são objeto de
judicialização sem valoração ou não se o Judiciário tem o papel de interpretar as
normas e decidir prol uma ou outra visão.
E. Substancialismo - Visão atribuída a Ronald Dworkin. Constituição como um “sistema
de valores” (Tribunal Constitucional Alemão). Juiz pondera princípios morais .
Interpretação menos estanque da Separação de poderes, com maior possibilidade de
intervenção em políticas públicas. 5
8
2. Gabarito: D
7-

40
53

A. Errado. Constituição garantia garante as conquistas históricas contra a opressão


estatal. Portanto, caracterizam-se por serem liberais e não sociais.
3.

B. O grande erro é chamar a CF/88 de ortodoxa, pois procurou refletir interesses de


33

uma série de ideologias – trabalhista, liberal, Monarquista (prevendo a consulta


4.

popular de 1993). O principal exemplo dessa heterodoxia é a propriedade a função


social da propriedade no art. 5º, com mesmo status de direito fundamental.
12

C. A assertiva confunde o critério. Cesarista é aquela imposta e geralmente “ratificada”


por uma consulta popular. Não necessariamente tem a ver com a ideologia.
D. Correta.
E. Constituições históricas são construídas pela evolução histórica e portanto em vários
momentos. É exemplo a Constituição Britânica, Como afirmou Alexis de Tocqueville:
“In England the Constitution may change continuually.”

3. Gabarito: E. “As constituições não mudam apenas por processos formais, que
envolvem a modificação de seu texto. [...] A mutação consiste em um processo
informal de mudança da constituição, que ocorre quando surgem modificações
surgem modificações significativas nos valores sociais ou no quadro empírico
subjacente ao texto constitucional, que provocam a necessidade de nova leitura da
Constituição ou de alguns de seus dispositivos”. SARMENTO; SOUZA NETO. P. 341.

4. RESPOSTA: FALSO. Para parte majoritária da doutrina, o Poder Constituinte


originário é ilimitado - ainda que hoje se fale em poder constituinte supranacional, etc.
O Poder constitutinte derivado tem limitações formais, materiais, circunstanciais, etc.

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2. DIREITO CONSTITUCIONAL
2.1 DOUTRINA (RESUMO)

NORMAS CONSTITUCIONAIS

Inicialmente, importa destacar a distinção entre “texto” e “norma” feita pela


doutrina contemporânea. Outrora, acreditava-se que se o texto normativo fosse claro,
não caberia qualquer interpretação por parte do julgador. Ao juiz, caberia revelar tão
somente a vontade do legislador, através da subsunção, traduzindo-se em verdadeiro
juiz “boca da lei”.

Atualmente, prevalece o entendimento de que ao juiz não basta reproduzir a


lei, sendo certo que não é possível aplicar a lei sem que sobre ela se realize qualquer
processo interpretativo. Assim, diversos teóricos passaram a distinguir os conceitos de
“texto” e “norma”, destacando-se, por todos, Friedrich Müller, que cunhou a máxima
de que “a norma é sempre o sentido atribuído ao texto (jurídico)”.

Assim, o “texto” pode ser entendido como o conjunto de caracteres


linguísticos organizado de maneira a permitir à formação disposições normativas, ou
8 5
seja, é o objeto da interpretação; ao passo que a “norma” pode ser entendida como o
7-

41
sentido que se extrai do texto, o que exige atividade interpretativa.
53

Prevalece o entendimento de que norma é gênero que comporta duas


3.

espécies: regras e princípios.


33

Assim, com José Afonso da Silva, pode-se dizer que normas “são preceitos que
4.

tutelam situações subjetivas de vantagem ou de vínculo, ou seja, por um lado,


12

reconhecem a pessoas ou a entidades a faculdade de realizar certos interesses por ato


próprio ou exigindo ação ou abstenção de outrem, e, por outro lado, vinculam pessoas
ou entidades à obrigação de submeter-se às exigências de realizar uma prestação,
ação ou abstenção em favor de outrem”.

A doutrina destaca, ainda, a possibilidade de que existam normas sem que


haja qualquer dispositivo expresso, a exemplo das normas consuetudinárias e as
normas implícitas.

Toda norma constitucional tem eficácia, ao menos para retirar do


ordenamento as normas anteriores que com ela conflitem.

EFICÁCIA MÍNIMA (negativa) → forças: EFICÁCIA MÁXIMA (SOCIAL)


- Paralisante = não recepção das normas - Concretização do comando
anteriores contrárias. constitucional, dependente de fatores
- Impeditivas = inconstitucionalidade das jurídicos, culturais e políticos.
normas supervenientes contrárias.

1.2 CLASSIFICAÇÃO DAS NORMAS CONSTITUCIONAIS

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Quanto à NATUREZA:

FORMALMENTE CONSTITUCIONAIS MATERIALMENTE CONSTITUCIONAL


- Tudo que está no texto constitucional. - Matérias de assuntos tipicamente
constitucionais = decisões políticas
fundamentais.

Quanto à APLICABILIDADE: O §1º do artigo 5º da Constituição Federal


expressamente prevê que “As normas definidoras dos direitos e garantias
fundamentais têm aplicação imediata”. Entretanto, a doutrina diverge sobre qual a
extensão do comando constitucional, tendo se desenvolvido quatro correntes, a saber:

a) A cláusula é irrelevante: Não é possível alternar a natureza das coisas por


mero comando constitucional, haja vista que a aplicabilidade da norma depende não
somente da disposição normativa, mas também de requisitos técnicos e institucionais,
que não são preenchidos de forma imediata por força do comando constitucional.
Assim, a norma deve ser um vetor interpretativo para assegurar a máxima efetividade
dos direitos e garantias fundamentais.

b) A cláusula é regra absoluta: Ainda que não haja regulamentação a


8 5
respeito, todos estão obrigados a garantir a eficácia plena das normas que dispõem
7-

sobre direitos e garantias fundamentais, seja pela via da integração de lacunas, seja
42
53

por intermédio de mandado de injunção.


3.

c) A cláusula é regra, mas não é absoluta: A cláusula deve ser observada


33

dentro das condições apresentadas pelas instituições estatais para o seu cumprimento,
4.

não podendo ser afastada sempre que for possível o seu cumprimento de acordo com
os recursos existentes.
12

d) A cláusula é um princípio, que deve ser realizado na maior extensão


possível. Como princípio, impõe a máxima otimização da aplicabilidade das normas
definidoras de direitos e garantias fundamentais, mas não afasta situações
excepcionais em que não seja possível a sua observância. Esta é a posição que
prevalece.

Quanto à EFICÁCIA:

PLENA (absoluta ou de mera aplicação) = possuem aplicabilidade direta, imediata e


integral, de modo que não necessitam do legislador ordinário para terem eficácia
máxima e não podem ser restringidas (ex.: art. 5º, III, da CF).
CONTIDA (também chamada de norma de integração restringível ou, ainda, de
norma de eficácia relativa restringível) = possuem aplicabilidade direta, imediata,
mas não integral, pois admitem restrição pelo legislador ordinário (ex.: art. 5º, XIII,
da CF). Por isso, são de eficácia redutível (restringível).
LIMITADA (também chamada de norma de integração completável, de norma de
eficácia relativa dependente de regulamentação ou complementação ou de norma

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de eficácia diferida) = possuem eficácia mínima, limitada ou reduzida. Para obterem


eficácia máxima, dependem de norma infraconstitucional. Podem ser subdivididas
em:
- Institutivas (organizativa) = concretizam e regulamentam órgãos ou instituições
(ex.: art. 91, §§ 1º e 2º da CF).
- Programáticas = traçam programas (objetivos) de Estado (ex.: art. 3º e art. 170, III,
da CF).

ATENÇÃO! Nos últimos anos, com a expansão do neoconstitucionalismo, desenvolvido


sob a perspectiva filosófica do pós-positivismo, cresce entre os doutrinadores a ideia
de que, mesmo as normas programáticas podem ter seu cumprimento judicializado,
em razão da eficácia mínima que se extrai de todas as normas jurídicas. Outrora, tais
normas eram entendidas tão somente como diretrizes para a atuação do Estado, que
não impunham qualquer possibilidade de cumprimento pela via judicial. Com a
mudança de paradigma, que objetiva dar “máxima efetividade” ao texto
constitucional, o STF vem admitindo o controle judicial de políticas públicas, de forma
a impor aos demais poderes o cumprimento dos programas estabelecidos na
Constituição.

ATENÇÃO! 5
8
7-

1) José Afonso da Silva entende que também são normas de eficácia contida as que
preveem restrições a direitos, por motivos de necessidade, de utilidade pública, de 43
53

interesse social, de iminente perigo público, de calamidade pública, de manutenção da


3.

ordem, dentre outras da mesma natureza, por meio de atos administrativos.


33

2) As normas de eficácia limitada também geram alguns efeitos imediatos. Ex.:


4.

provocam a não recepção de leis anteriores com elas colidentes, bem como
12

condicionam a atuação futura do legislador, que não poderá contrariá-las.

Virgílio Afonso da Silva critica a distinção entre normas de eficácia contida e


de eficácia plena, pois, mesmo estas últimas, seriam regulamentáveis (toda
regulamentação importa restrição) – não há direitos absolutos. A maneira de salvar a
classificação seria admitir que as normas plenas seriam restringíveis apenas dentro dos
limites expressa ou implicitamente decorrentes do texto constitucional (limites
imanentes), ao passo que as normas contidas admitiriam restrições adicionais
impostas pelo legislador ordinário.

Nesse ponto, chama atenção a teoria do limite dos limites. Afinal, partindo-se
da questão sobre o fato de os direitos não serem absolutos, surge o problema dos
requisitos para sua restrição. São eles: Limites formais ou de reserva legal, pelos quais
o legislador é aquele que, institucionalmente, estaria autorizado a regulamentar o
exercício de direitos fundamentais; e a dos limites materiais, onde se autoriza o
intérprete a estabelecer os limites a posterior, no caso concreto.

CLASSIFICAÇÕES:

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JOSÉ AFONSO DA SILVA MARIA HELENA DINIZ


- Eficácia plena - Eficácia plena
- Eficácia limitada - Eficácia relativa
complementável
- Eficácia contida - Eficácia relativa restringível
- Absolutas ou superficazes¹
¹ Normas imunes ao poder de reforma (cláusulas pétreas).

Como exemplo recente da análise da eficácia das normas constitucionais,


vemos a proibição do ensino domiciliar. Embora a Constituição não traga vedação
expressa ao Homeschooling, entendeu o STF que, ante a ausência de regulamentação,
é inconstitucional a prática, tratando-a como decorrência de uma norma de eficácia
limitada. Lembrando que isso é até que se edite lei acerca do assunto.

Não é possível, atualmente, o ensino domiciliar (homeschooling) como meio


lícito de cumprimento, pela família, do dever de prover educação. Não há, na CF/88,
uma vedação absoluta ao ensino domiciliar. A CF/88, apesar de não o prever
expressamente, não proíbe o ensino domiciliar. No entanto, o ensino domiciliar não
pode ser atualmente exercido porque não há legislação que regulamente os preceitos
e as regras aplicáveis a essa modalidade de ensino. Assim, o ensino domiciliar somente 5
pode ser implementado no Brasil após uma regulamentação por meio de lei na qual
8
sejam previstos mecanismos de avaliação e fiscalização, devendo essa lei respeitar os
7-

mandamentos constitucionais que tratam sobre educação. STF. Plenário. RE


44
53

888815/RS, rel. orig. Min. Roberto Barroso, red. p/ o acórdão Min. Alexandre de
Moraes, julgado em 12/9/2018 (repercussão geral) (Info 915).7
3.
33

EFEITOS das normas programáticas


4.

a) Criam deveres para os legisladores = são parâmetros para inconstitucionalidade por


omissão.
12

b) Força paralisante = revogam a legislação pretérita.


c) Força impeditiva = condicionam a legislação futura, tornando inconstitucional as leis
que a contrariem.
d) Informam a concepção de sociedade e Estado.
e) Orientam a intepretação e a aplicação das normas infraconstitucionais.
f) Condicionam a atividade discricionária da Administração Pública.
g) Geram direitos subjetivos negativos = é possível exigir do Estado uma abstenção de
ações.

Alguns autores citam ainda a eficácia impeditiva do retrocesso social.

ATENÇÃO! Normas constitucionais de eficácia exaurida ou esgotada = normas


transitórias que já exerceram seus efeitos (ex.: final do mandato do primeiro
presidente sob a égide da CF/88 - ADCT, art. 4º).

7
Para maiores aprofundamentos, V. CAVALCANTE, Márcio André Lopes. Não é possível, atualmente, o
homeschooling no Brasil. Buscador Dizer o Direito, Manaus. Disponível em:
<https://www.buscadordizerodireito.com.br/jurisprudencia/detalhes/cca289d2a4acd14c1cd9a84ffb41d
d29>. Acesso em: 07/03/2019

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1.3 1.1.2. PRINCÍPIOS X REGRAS

Existem vários critérios para diferenciar as normas (gêneros) em suas


espécies: princípios e regras. No Brasil, um dos critérios mais difundidos é considerar
os princípios como dotados de maior generalidade ou fundamentabilidade (Celso
Antônio Bandeira de Melo) do que as regras.

DIFERENCIAÇÃO das normas (princípios e regras) → quantitativas (fracas)


a) Indeterminação = os princípios são mais vagos e ambíguos.
b) Generalidade = os princípios são gerais e abstratos.
c) Papel do intérprete = a atividade do intérprete é criativa, sendo mais ativa nos
princípios (as regras não admitem valoração subjetiva).
8 5
d) Importância na ordem jurídica = individualmente considerados, os princípios são
7-

45
mais importantes (Celso Antônio Bandeira de Mello).
53

e) Função na ordem jurídica = os princípios exercem função argumentativa mais


importante, pois servem de guia para a aplicação e para a interpretação das demais
3.

normas.
33

f) Conteúdo moral = os princípios possuem uma dimensão moral maior, incorporando


e normatizando valores fundamentais.
4.
12

Distinções qualitativas (fortes):

- Ronald Dworkin - “Levando os direitos a sério” (1977)


- Robert Alexy - “Teoria dos direitos fundamentais” (1986)

Dworkin critica Hart, que defende que, nos casos difíceis (não solucionados
pela lei), o juiz decidiria com discricionariedade (criaria uma lei para o caso concreto).
Segundo ele, devem-se aplicar os princípios, chegando-se a uma decisão justa e com
base em direito preexistente. Hard cases: não solucionáveis pela mera aplicação do
raciocínio lógico - subsunção legal (STF, MC no MS 32.326).

DWORKIN (modo de aplicação):

REGRAS PRINCÍPIOS
- Determinam consequências precisas. - Possuem uma “dimensão de peso” em
- Aplicação por all or nothing = a regra é relação a outros princípios,
válida ou inválida, aplicável ou preponderando o de peso relativo maior
inaplicável. no caso concreto.

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- Resolução de conflitos pelos critérios - São fundamentos de argumentação


de hierarquia, cronologia ou moral, que devem ser sopesados quando
especialidade. em conflito.

ALEXY:

REGRAS PRINCÍPIOS
- Comandos definitivos, que devem ser - Comandos prima facie, podendo,
aplicados quando válidos e incidentes. mesmo que válidos, ceder total ou
- Não há cumprimento gradual ou parcialmente em caso de colisão.
ponderação. - Mandamentos de otimização, aplicados
- Havendo conflito, uma das regras é em vários graus, conforme a
inválida ou afastada por cláusula de possibilidade fática e jurídica (colisão
exceção. com outros princípios).

Daniel Sarmento e Cláudio Pereira de Souza Neto admitem que, em


determinadas hipóteses excepcionais, com pesado ônus argumentativo para a
justificação da medida, sejam as regras também submetidas a um juízo de ponderação
(ex.: regra da prisão parlamentar em relação aos princípios constitucionais - STF, HC
89.417/RO). 5
8
Quanto ao TIPO DE COMANDO:
7-

46
53

- Princípios são mandamentos de otimização = normas que exigem que algo seja
3.

cumprido na maior medida possível, de acordo com as possibilidades fáticas (caso


concreto) e jurídicas existentes (normas envolvidas) (Alexy).
33

- As regras devem ser satisfeitas ou não = se uma regra é válida e não comporta
4.

qualquer exceção, então se deve fazer exatamente o que ela ordena. Não há aplicação
12

em maior ou menor medida (lógica do “tudo ou nada” – Dworkin).

Quanto à NATUREZA DAS RAZÕES:

- Princípios fornecem razões contributivas para a decisão (prima facie) = são aquelas
que podem ser afastadas por outras razões de peso maior (argumentos favoráveis e
contrários). Em uma colisão de princípios, as razões de um podem prevalecer sobre os
outros (ex.: meio ambiente e saúde x livre iniciativa – importação de pneus usados –
ADPF 101).
- Regras fornecem razões definitivas para as decisões = as razões são consideradas
“decisivas” por serem determinantes para se chegar a uma certa solução (Peczenik).

DWORKIN ALEXY
- Os princípios fornecem sempre - Tanto os princípios quanto as regras
razões prima facie, e as regras possuem um caráter prima facie, ainda que
possuem sempre um caráter no caso das regras este caráter seja
definitivo. essencialmente mais forte (decisivo) que
nos princípios. Apenas quando não
possuem qualquer exceção, é que as regras

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gozam de caráter definitivo.

Quanto à NATUREZA DO COMPORTAMENTO PRESCRITO:

- Princípios são normas finalísticas = estabelecem um estado de coisas a ser atingido.


- Regras são descritivas = estabelecem obrigações, permissões e proibições.

Quanto ao MODO DE APLICAÇÃO:

- Princípios são aplicados por ponderação = aplicação conforme a ponderação dos


interesses em jogo.
- Regras são aplicadas por subsunção = mera adequação fato-norma.
* Decorrência do tipo de comando e da natureza das razões.

Quanto à DIMENSÃO:

- Princípios possuem dimensão de importância, peso e valor = os princípios são


resolvidos na dimensão da importância, isto é, em um caso concreto de colisão, o
afastamento de um princípio para aplicação de outro não significa que ele seja inválido
ou que não possa prevalecer em caso no qual as circunstâncias sejam diversas. 5
- Regras possuem dimensão da validade = havendo conflito entre regras, ou uma
8
7-

delas é inválida (critérios hierárquico e cronológico) ou deve-lhe ser introduzida uma


exceção. 47
53
3.

PRINCÍPIOS REGRAS
33

Quanto ao tipo de COMANDO: - Otimização. - Comandos definitivos.


Quanto à natureza das RAZÕES: - Razões prima facie. - Razões definitivas.
4.

Quanto ao modo de - Ponderação. - Subsunção.


12

APLICAÇÃO:
Quanto à DIMENSÃO: - Importância, peso e - Dimensão de
valor. validade.

NORMA REGRA NORMA PRINCÍPIO


- Conteúdo fechado. - Conteúdo aberto.
- Solução apriorística (“a priori”). - Solução casuística.
- Grau de abstração reduzido. - Alto grau de abstração.
- Solução de conflito por tudo ou nada. - Ponderação de interesses.

1.4 HERMENÊUTICA CONSTITUCIONAL

De forma predominante, a doutrina costuma associar o termo


“hermenêutica” a Hermes, personagem que, de acordo com a mitologia grega, tinha o
papel de fazer a interlocução entre os deuses e os mortais, tornando as mensagens
divinas inteligíveis aos humanos.

De acordo com Luís Roberto Barroso, pode-se entender a hermenêutica


jurídica como “um domínio teórico, especulativo, voltado para a identificação,

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desenvolvimento e sistematização dos princípios de interpretação do direito”; já a


interpretação “é a atividade de revelar ou atribuir sentido a textos ou outros
elementos normativos (ex. princípios, costumes, precedentes) com o fim de solucionar
problemas”.

Com Gadamer, a interpretação, compreensão e aplicação não são distintos e


apartados, de tal forma que a hermenêutica se dá a partir da própria compreensão do
ser no mundo.

A atividade de interpretação das normas sempre se constituiu em um grande


desafio à teoria jurídica e constitucional. Em Kelsen, a interpretação se subsumia a um
ato de vontade do julgador. Assim, dentro dos limites da Constituição (Constituição-
moldura), cabia ao legislador atuar e ao Judiciário, verificar se (e não “como”) o
legislador agiu dentro dos parâmetros constitucionais. Desta forma, Kelsen divide a
atividade interpretativa em duas espécies: aquela que é realizada pelo órgão que o
aplica (interpretação autêntica) e a que é realizada por pessoa privada, e,
especialmente, pela ciência jurídica (interpretação não autêntica).

Cânones interpretativos de Savigny - surgem por volta de 1850, mas é no final do


século XIX e no início do século XX que a interpretação passa a ser mais sofisticada 5
(declínio da escola exegética):
8
- Gramatical.
7-

- Histórico.
48
53

- Lógico.
- Sistemático.
3.

* A doutrina acrescentou um quinto elemento = teleológico.


33
4.

Há ainda o método comparativo, proposto por Peter Haberle.


12

Concepções:

TRADICIONAL ou FORMALISTA CONTEMPORÂNEA


- Norma e texto se confundem. - “O conjunto de textos é apenas um
- O juiz é neutro e passivo. ordenamento em potência, um conjunto
- Prevalência da mens legislatoris. de possibilidades de interpretação, um
- Prevalência da interpretação histórica. conjunto de normas potenciais” (Eros
Grau).
- Norma é o resultado da interpretação
do texto.
INTERPRETATIVISMO NÃO INTERPRETATIVISMO
Os juízes, ao interpretarem a “A possibilidade e a necessidade de os
constituição, devem limitar-se a captar o juízes invocarem e aplicarem valores e
sentido dos preceitos expressos na princípios substantivos (princípios da
constituição, ou, pelo menos, nela liberdade e da justiça) contra atos da
claramente implícitos (Canotilho). responsabilidade do legislativo em
Se o juiz pudesse se valer de valores desconformidade com o projeto de
substantivos, substituiria a decisão constituição” (Canotilho).

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política do legislador. Admite-se uma função criativa do juiz


(ativismo judicial) = o juiz não é mais
boca da lei, como queria Montesquieu.

Escola da exegese (auge de 1830-1880) - surgimento do Código de Napoleão


(1804). A interpretação era uma atividade meramente mecânica, devendo apenas
revelar o sentido da lei = o juiz é a boca da lei.

Modernamente, como visto anteriormente, a norma é resultado do texto


legal, estabelecido pelo legislador, e da avaliação do intérprete, carregada por sua pré-
compreensão, fatos da vida, consequências e ideologias (Gadamer e Heidegger).

NORMA JURÍDICA NORMA DE DECISÃO


- Resultado da interpretação em geral. - Resultado da interpretação do juiz.

1.4.1 MÉTODOS DE INTERPRETAÇÃO

Dentro da teoria geral da interpretação das normas, as Constitucionais têm


sua singularidade tendo-se em vista sua natureza de lei fundamental e suprema.
Assim, difere-se a Interpretação da Constituição das demais normas por alguns fatores: 5
8
a. ser o estatuto jurídico do fenômeno político;
7-

b. caráter aberto das normas constitucionais; 49


53

c. inicialidade fundante do sistema normativo;


d. linguagem constitucional
3.

e. maior presença de normas principiológicas.


33
4.

Ernst Wolfgang Böekenforde agrupou os métodos de interpretação


constitucional, classificação adotada por Canotilho e tornada notória no Brasil por
12

Paulo Bonavides.

A. MÉTODO HERMENÊUTICO CLÁSSICO (F ORSTHOFF )

Parte da tese de identidade entre lei e constituição – por ser a constituição


um conjunto de normas, como todas as demais leis, a sua interpretação deve ser feita
por meio dos elementos tradicionais, desenvolvidos por Savigny (1840):

1) gramatical ou literal;
2) sistemático;
3) lógico;
4) histórico;
5) teleológico;
6) comparativo.

B. MÉTODO CIENTÍFICO-ESPIRITUAL OU INTEGRATIVO

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Método apresentado por Rudolf Smend, na obra “Constituição e direito


constitucional”. Atribui grande relevância ao sistema de valores subjacentes à
constituição (elemento valorativo), como, por exemplo, a realidade social (elemento
sociológico), pois a constituição realiza uma integração da vida em sociedade
(elemento integrativo), fazendo prevalecer os valores sociais consagrados (espírito) = a
interpretação objetiva compreender o sentido e a realidade da constituição.

Características
a) Base de valoração = a constituição possui uma ordem de valores a ela subjacente
(espírito reinante na sociedade).
b) Elemento integrador = a constituição é o principal fator de integração política e
social.

É criticado por ter uma feição mais política (sociológica) do que jurídica.

C. MÉTODO TÓPICO-PROBLEMÁTICO

Método apresentado por Theodor Viehweg na obra “Tópica e jurisprudência:


uma contribuição à investigação dos fundamentos jurídico-científicos”. Baseia-se em
“topos” (“topoi”), que são esquemas de pensamento, formas de raciocínio, sistemas 5
de argumentação, lugares comuns (podem ser extraídos da jurisprudência, da
8
doutrina, do senso-comum) – há uma argumentação jurídica em torno de um
7-

problema a ser resolvido, com opiniões favoráveis e contrárias, prevalecendo a que for 50
53

mais convincente = adequação da norma ao problema.


3.

Função dos topoi


33

- Servir de auxiliar de orientação do intérprete.


4.

- Constituir um guia de discussão dos problemas.


- Permitir a decisão do problema jurídico em discussão.
12

Características do método
a) Caráter prático da interpretação = voltada a resolver problemas.
b) As normas constitucionais possuem caráter aberto = admitem múltiplos
significados.
c) Preferência pela discussão do problema = as normas não admitem subsunção a
partir delas próprias.

As maiores críticas ao método consistem na primazia do problema sobre a


norma (a norma deve se adequar ao problema), que é apenas mais um topos, ao lado
de muitos outros - demasiadamente subjetivista, dando muita liberdade ao intérprete.

D. MÉTODO HERMENÊUTICO-CONCRETIZADOR

Método apresentado por Konrad Hesse na obra “A força normativa da


constituição”. Parte da ideia de que interpretação e aplicação consistem em processo
unitário (concretista) - possui três elementos básicos:

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1) a norma a ser concretizada;


2) o problema a ser resolvido;
3) a compreensão prévia do intérprete. A norma é resultado da interpretação
(papel ativo do intérprete) = concretização da norma.

TÓPICO-PROBLEMÁTICO HERMENÊUTICO-CONCRETIZADOR

- Primazia do problema - parte-se do - Primazia da norma - parte-se da norma


problema para verificar a aplicação da para resolver o problema.
norma.

Elementos do Método Hermenêutico-Concretizador


a) Pressupostos subjetivos = o intérprete possui uma pré-compreensão da
constituição, exercendo um papel criador ao descobrir o sentido da norma.
b) Pressupostos objetivos = o intérprete atua como um mediador entre o texto e a
situação na qual ele se aplica (contexto).
c) Círculo hermenêutico = a interpretação é transformada em movimento de ir e vir,
concretizando a norma como resultante da interpretação.

E. MÉTODO NORMATIVO-ESTRUTURANTE 5
8
Método apresentado por Friedrich Müller na obra “Métodos de trabalho do
7-

direito constitucional”. A concretização da norma deve ser feita por intermédio de


51
53

vários elementos, dentre eles o metodológico (clássicos de interpretação e princípios


da interpretação da constituição), dogmáticos (doutrina e jurisprudência), teóricos
3.

(teoria da constituição), política constitucional (ex.: reserva do possível) = há uma


33

relação social entre o texto e a realidade – a norma não compreende apenas o texto,
abarcando também um pedaço da realidade social, que é a parte mais significativa
4.

(domínio normativo).
12

O intérprete deve considerar os elementos resultantes da


- Interpretação do texto (programa normativo);
- Investigação da realidade social (domínio normativo).

O método é concretista, mas entende que a norma não está inteiramente no


texto, sendo resultante da relação entre texto e realidade.

MÉTODO SÍNTESE
Forsthoff - Métodos tradicionais de Savigny =
HERMENÊUTICO
gramatical ou literal, sistemático, lógico,
CLÁSSICO
histórico, teleológico e comparativo.
Rudolf Smend CIENTÍFICO- - Integração da vida em sociedade,
ESPIRITUAL ou fazendo prevalecer os valores sociais
INTEGRATIVO consagrados (espírito da constituição).
Theodor - Argumentação jurídica em torno de um
TÓPICO-
Viehweg problema a ser resolvido pelos
PROBLEMÁTICO
argumentos (topoi) = adequação da norma

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MÉTODO SÍNTESE
ao problema.
Konrad Hesse - A norma é resultado da interpretação
HERMENÊUTICO-
(concretização) = parte-se da norma para
CONCRETIZADOR
resolver o problema (força normativa).
Friedrich Müller NORMATIVO- - A norma é texto + realidade social (parte
ESTRUTURANTE mais significativa).

1.5 DESCONSTITUCIONALIZAÇÃO

Teoria formulada por Esmein, seguindo a linha de Karl Schmitt = quando do


surgimento de uma nova Constituição, ocorrem dois fenômenos em relação à
Constituição anterior:

1) as normas que fazem parte da Constituição propriamente dita


(materialmente constitucionais) ficam inteiramente revogadas;
2) as normas que são apenas leis constitucionais (formalmente) e que tiverem
o conteúdo compatível com a nova Constituição serão recebidas por ela como normas
infraconstitucionais.

Apesar de Pontes de Miranda ter defendido essa teoria, é majoritaríssima a


8 5
sua não aceitação.
7-

52
53

• RECEPÇÃO
3.

Quando do surgimento de uma nova Constituição, as leis infraconstitucionais


33

anteriores, que forem materialmente (conteúdo) compatíveis, são recepcionadas


4.

(busca-se evitar o vácuo legislativo). Já as materialmente incompatíveis não são


12

recepcionadas (não recepção = revogação).

A incompatibilidade formal superveniente NÃO impede a recepção e ainda


faz com que a norma adquira uma nova roupagem - um novo “status” (ex.: CTN,
aprovado como LO e recepcionado como LC = ADEQUAÇÃO).

ATENÇÃO! Exceção: quando a incompatibilidade formal for relacionada à


COMPETÊNCIA dos entes federativos, a recepção não deverá ser admitida, sobretudo
quando a competência passar do menor (ex.: município) para o maior (ex.: União).

• CONSTITUCIONALIDADE SUPERVENIENTE

Quando do surgimento de uma nova Constituição ou de uma EC, as leis


infraconstitucionais anteriores, que eram incompatíveis com a Constituição da época
de sua criação, NÃO poderão ser constitucionalizadas = inconstitucionalidade
congênita (STF – ADI 2158 e 2189).

A lei inconstitucional tem natureza de ato NULO (ex tunc) = o ato é natimorto.

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1.6 PRINCÍPIOS INSTRUMENTAIS

Nos primórdios, os princípios eram considerados fora do direito (situados em


esfera metafísica), representando meros conselhos ao legislador, desprovidos de
imperatividade (dimensão ético-valorativa do direito). Com o positivismo, os princípios
passam a ter natureza subsidiária, sendo manejados nas lacunas da lei (não possuem
normatividade). Com o pós-positivismo ou neopositivismo, os princípios passam a ser
espécie do gênero norma, passando, inclusive, a ter hegemonia e preeminência
(mandamentos de otimização).

PRINCÍPIOS
a) Onivalentes ou universais = comuns a todos os ramos do saber.
b) Plurivalentes = comuns a um grupo de ciências.
c) Monovalentes = aplicáveis a um só campo do conhecimento.
d) Setoriais ou regionais = informam dado setor em que se divida uma ciência.

Também conhecidos como postulados normativos ou metanormas ou


princípios interpretativos - extraídos especialmente das obras de Konrad Hesse e
Friedrich Müller.
5
PRINCÍPIOS MATERIAIS PRINCÍPIOS INSTRUMENTAIS
8
- Estabelecem um estado ideal de coisas - Utilizados na interpretação e na
7-

a ser realizado (ex.: isonomia, liberdades, aplicação de outras normas. 53


53

dignidade humana).
3.

Robert Alexy entende que o sistema jurídico é formado por três níveis: (1)
33

argumentação jurídica; (2) princípios e (3) regras.


4.

* As metanormas (postulados normativos) não estabelecem diretamente o dever de


12

adotar determinadas condutas (regras), nem de promover o estado ideal de coisas


(princípios), mas, sim, o modo como esse dever é de ser realizado (argumentação
jurídica). No Brasil, verifica-se tal concepção na obra de Humberto Ávila, que tece
críticas ao modelo atual de distinção entre regras e princípios.

• UNIDADE DA CONSTITUIÇÃO

A Constituição deve ser interpretada de modo a evitar conflitos, contradições


e antagonismos entre suas normas (refinamento da interpretação sistemática) =
interpretação em conjunto com as demais normas.

OBSERVAÇÃO! Afasta a tese da hierarquia das normas constitucionais (Otto Bachoff) -


a inelegibilidade dos analfabetos (CF, art. 14, § 4º) violaria o sufrágio universal, a
isonomia e a não discriminação = o STF considerou que as normas constitucionais
originárias estão todas no mesmo patamar, devendo ser conciliadas (ADI 4097).

• EFEITO INTEGRADOR

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Nas resoluções de problemas jurídico-constitucionais, deve ser dada primazia


às soluções que favoreçam a integração política e social, produzindo um efeito criador
e conservador da unidade constitucional.

• CONCORDÂNCIA PRÁTICA ou HARMONIZAÇÃO

Cabe ao intérprete coordenar e combinar os bens jurídicos em conflito,


realizando a redução proporcional de cada um deles, de modo a evitar o sacrifício total
de uns em relação aos outros (ex.: sigilo bancário x arrecadação tributária eficiente –
STF, RE 476.361/SC).

• RELATIVIDADE ou CONVIVÊNCIA DAS LIBERDADES PÚBLICAS

Não existem direitos absolutos, pois todos encontram limites em outros


direitos ou em interesses coletivos também consagrados na Constituição (STF, MS nº
23.452/RJ).

ATENÇÃO! Alguns autores consideram absoluta a dignidade da pessoa humana e a


vedação à tortura e à escravização (Bobbio).

• FORÇA NORMATIVA DA CONSTITUIÇÃO


8 5
7-

Na aplicação da Constituição, deve ser dada preferência às soluções 54


53

concretizadoras de suas normas, que as tornem mais eficazes e permanentes.


3.

ATENÇÃO! Principal utilização prática - afastar interpretações divergentes, que


33

enfraqueçam a força normativa da Constituição (STF, Súmula 343).


4.


12

MÁXIMA EFETIVIDADE

A interpretação eleita deve ser a que dá a maior efetividade possível ao


direito, para que cumpra a sua função social (STF, AgRg na Rcl 2600/SE). Trata-se de
princípio vinculado especificamente aos direitos fundamentais (implícito no art. 5º, §
1º, da CF).

EFETIVIDADE EFICÁCIA VALIDADE


- Eficácia social = a norma - Eficácia jurídica = - Relação de conformidade
cumpre sua finalidade, aptidão da norma para de uma determinada
atingindo o objetivo para cumprir os efeitos que norma com aquelas que
o qual foi criada - lhes são próprios. estabelecem o seu
realização de efeitos procedimento de
concretos. elaboração e limitam o
seu conteúdo - Lei – CF.

Toda norma constitucional possui eficácia, mas nem todas possuem


efetividade.

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- Eficácia positiva = aptidão para ser aplicada ao caso concreto, independentemente


de outra vontade intermediadora (ex.: inviolabilidade parlamentar - CF, art. 53).
* Algumas normas constitucionais não possuem eficácia positiva, pois, para serem
aplicadas no caso concreto, dependem de lei regulamentadora (ex.: direito de greve do
servidor público - CF, art. 37, VII).
- Eficácia negativa = aptidão da norma para invalidar outras normas que lhe sejam
contrárias.
* Todas as normas constitucionais possuem eficácia negativa.

• JUSTEZA ou CONFORMIDADE FUNCIONAL

Tem por finalidade impedir que os encarregados da interpretação


constitucional cheguem a um resultado que subverta ou perturbe o esquema
organizatório-funcional (competências e atribuições) estabelecido pela Constituição.

Cada Poder deve agir conforme a função que lhe foi atribuída pela
Constituição, não podendo ultrapassar seus limites – é dirigido, sobretudo, para o
intérprete maior da Constituição. Exemplo: mutação do papel conferido ao Senado nas
decisões tomadas em controle difuso (CF, art. 52, X) - não mais de suspender a lei, mas
de dar publicidade à decisão (Rcl 4.335/AC) = estaria o STF exorbitando sua função e, 5
por consequência, usurpando uma competência do Senado, ao atribuir efeito erga
8
omnes não previsto no texto magno?
7-

55
53

INTERPRETAÇÃO DAS LEIS EM CONFORMIDADE COM A CONSTITUIÇÃO


3.

a) Prevalência da constituição = entre as várias possibilidades de interpretação, deve-


se escolher aquela que não contraria o texto e o programa constitucional.
33

b) Conservação das normas = uma norma não deve ser declarada inconstitucional
4.

quando puder ser interpretada em consonância com a constituição.


12

c) Exclusão da interpretação contra legem = não se pode interpretar a lei subvertendo


o seu sentido.

1.7 POSTULADOS

Postulado normativo aplicativo - normas de segundo grau (metanormas), que


estabelecem a estrutura de interpretação e a aplicação de outras normas (Humberto
Ávila).

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• PRINCÍPIO DA PROPORCIONALIDADE

Estrutura formal que serve como condição de possibilidade para o raciocínio


com princípios – melhor vê-lo como um postulado ou máxima.

ATENCÃO! No Brasil, a jurisprudência e a doutrina (não raramente) tratam a


razoabilidade e a proporcionalidade como sinônimos. 8 5
Princípios implícitos na CF = extraídos do devido processo legal em seu
7-

caráter substantivo (ADI 1.158-MC) e expresso nas Leis nº 9.472/1997 (art. 179, § 1º) e
56
53

nº 9.784/1999 (art. 2º).


3.
33
4.
12

MÁXIMAS PARCIAIS
a) Adequação = o meio utilizado deve ser apto para fomentar¹ o fim almejado.
¹ Não necessita atingir, mas apenas fomentar.
b) Necessidade ou exigibilidade = dentre os meios aptos a fomentar o objetivo
perseguido (similarmente eficazes, não necessariamente iguais), deve-se optar
pelo menos oneroso possível.
c) Proporcionalidade stricto sensu = deve ser aferida a relação custo-benefício
entre as vantagens promovidas pelo meio e as desvantagens que ele provoca.
* Possuem estrutura de regra.
* Os críticos à ponderação não utilizam a proporcionalidade em sentido
estrito.

Proibição de excesso (Übermassverbot) e proibição da proteção deficiente


(Untermassverbot) (STF, HC 104.410/RS).

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Proibição de proteção insuficiente (proibição por defeito): exige que os


órgãos estatais adotem medidas que sejam adequadas e necessárias para proteger de
forma apropriada um determinado direito fundamental (ex.: a criminalização do
aborto é necessária para a defesa da vida ou outras medidas seriam suficientes?).

Lei material do sopesamento: quanto maior for o grau de afetação ou de não


satisfação de um dado princípio, maior deve ser o grau de satisfação do princípio
oposto, fomentado (Robert Alexy).

Exemplos: 5
8
1) afetação média e satisfação leve = inadequação;
7-

2) afetação leve e satisfação séria = adequação - em casos de empate do grau 57


53

de afetação e o grau de satisfação, a questão é resolvida pela “margem de atuação


estrutural” conferida ao legislador, democraticamente eleito = a lei é válida.
3.
33

Assim, tem-se que o poder constituinte originário, como regra, tem


4.

retroatividade mínima. Entretanto, pode ter retroatividade máxima ou média já que é


ilimitado, basta que isto esteja previsto.
12

Por sua vez, as emendas têm retroatividade mínima, pois caso contrário
violariam o art. 5º, XXXVI da CF (princípio da irretroatividade). Entretanto, uma
exceção a essa regra foi a reforma da previdência, que instituiu a taxação dos inativos.

1.8 DIREITOS FUNDAMENTAIS

Embora não seja unânime, a doutrina de forma majoritária, utiliza a expressão


“direitos humanos” para se referir àqueles que são reconhecidos no plano
internacional, ao passo que os “direitos fundamentais” estariam positivados na ordem
jurídica interna dos Estados.

DIREITOS HUMANOS DIREITOS FUNDAMENTAIS


- Dizem respeito a direitos - São direitos relacionados ao gênero
correspondentes ao gênero humano; humano, positivados na ordem jurídica
- São tratados de maneira supranacional, interna;
no âmbito do direito público - Possui fundamentação de matriz
internacional; positivista.

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- Possui fundamentação jusnaturalista.

Segundo José Afonso da Silva (daí a importância do conceito), os direitos


fundamentais do homem são as “prerrogativas e instituições que o direito positivo
concretiza em garantias de uma convivência digna, livre e igual de todas as pessoas”.

Para complicar um pouco, ainda há quem fale em preceitos fundamentais.


Cássio Juvenal Faria elucida que os preceitos fundamentais seriam “normas
qualificadas, que veiculam princípios e servem de vetores de interpretação das demais
normas constitucionais”.

Também é possível falar em direitos fundamentais do homem, nomenclatura


que, “decomposta”, refere a direitos (relação obrigacional) fundamentais (essenciais)
do homem (destinados ao ser humano). A decomposição, pois, torna claros os
elementos desses direitos.

ELEMENTOS:
- direitos (subjetivos) = instauram uma relação jurídica obrigacional (credor, objeto e
devedor).
- fundamentais = sem eles a pessoa não se realiza, não convive e, às vezes, não 5
sobrevive.
8
- do homem = inerentes à pessoa humana, credor natural.
7-

58
53

O desenvolvimento dos direitos fundamentais se dá em um contexto


histórico. Desta forma, sob o influxo dos pilares da Revolução Francesa (Liberdade,
3.

Igualdade e Fraternidade), foram desenvolvidas três gerações (ou dimensões) de


33

direitos fundamentais, a saber:


4.

- Primeira dimensão = direitos ligados à liberdade (direitos civis e políticos).


12

Surgem no seio das revoluções liberais, ocorridas no final do Século XVII, como
resposta ao Absolutismo.

- Segunda dimensão = direitos ligados à igualdade material (direitos sociais,


econômicos e culturais). São normalmente relacionados à Revolução Industrial no
século XIX e às demandas por prestações públicas (atuação estatal) para garantia de
um mínimo existencial a todos.

- Terceira dimensão = direitos ligados à fraternidade ou à solidariedade.


Surgem com a necessidade de colaboração para questões que vão além do indivíduo
ou mesmo de grupos (direitos transindividuais), como ocorre com o desenvolvimento
ou progresso (de países subdesenvolvidos), direito ao meio ambiente saudável, direito
à autodeterminação dos povos, etc.

A tabela a seguir esquematiza o tema.

FASE DIREITO MARCO MARCO NO BRASIL


- Estado Liberal - liberdade - Revolução - incipiente na

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- 1ª dimensão - direitos civis e Francesa CF/1824


políticos - Independência - fortalecidos
Americana CF/1891
- Estado Social - igualdade - pós 1ª Guerra
- 2ª dimensão - direitos sociais, Mundial - CF/1934
econômicos e - Constituição
culturais Mexicana (1917)
- Constituição
Weimar (1919)
- Estado - solidariedade e
Democrático fraternidade - pós 2ª Guerra
- CF/1988
- 3ª dimensão - direitos difusos e Mundial
coletivos

Paulo Bonavides traça ainda a quarta e quinta dimensões: 4ª – direitos


vinculados à democracia, à informação, ao pluralismo; 5ª – direito à paz. Há outros
autores que se referem a gerações adicionais de direitos, as quais materializam os
direitos virtuais e cibernéticos.

Modernamente, a doutrina tem preferido se referir a “dimensões” em 5


substituição ao termo “gerações” de direitos humanos, pois a terminologia “gerações”
8
remete à ideia de que uma geração é sucedida por outra, que a substitui, quando, a
7-

bem da verdade, o que ocorre não é a substituição dos direitos de uma geração pelos 59
53

de outra, mas sim a inclusão de cada vez mais direitos a cada novo desenvolvimento,
de onde deriva a ideia de “dimensões”.
3.
33

ATENÇÃO! Noberto Bobbio também se refere a uma quarta dimensão de direitos, mas
4.

a identifica nos direitos relativos à biotecnologia e ao patrimônio genético.


12

OBSERVAÇÃO: Atenção ao efeito cliquet ou proibição de retrocesso = observância e


respeito aos direitos conquistados por uma sociedade, sobre os quais haja um
consenso profundo (consciência jurídica coletiva), até porque os direitos não são
dados pelo Estado, mas conquistados, muitas vezes com lutas dolorosas. Nesse
sentido: “embora a história registre movimentos pendulares no trato dos direitos
fundamentais, como estes são produtos de lutas e reconhecimento, não podem ser
abolidos ou enfraquecidos” (STF, ADI 1946).

Não se deve confundir DIREITOS com GARANTIAS. Direitos são faculdade de


agir, exercer, fazer ou deixar de fazer (liberdade positiva). Já as garantias são
instrumentos criados para assegurar a proteção e efetividade dos direitos
fundamentais – meio a serviço dos direitos. “As garantias são os meios destinados a
fazer valer esses direitos, são instrumentos pelos quais se asseguram o exercício e o
gozo daqueles bens e vantagens” (José Afonso da Silva).

DIREITO GARANTIA
- vida privada (CF, art. 5º, X) - sigilo das comunicações telefônicas (CF,
art. 5º, XII)

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- liberdade (CF, art. 5º) - habeas corpus (CF, art. LXVIII)


- propriedade (CF, 5º, XII) - devido processo legal (CF, LIV)

Por fim, há duas visões possíveis dos direitos fundamentais: objetiva e


subjetiva. Atenção! Esta distinção tem sido cobrada em provas de todas as fases.

SUBJETIVA: visão clássica → Diz respeito ao direito que as pessoas possuem em face
do Estado, que possui papel negativo (abstenção de intervir) e/ou positivo
(prestações sociais).
OBJETIVA: visão moderna → Tratam de enunciados com alta carga valorativa que
norteiam a aplicação de todo o ordenamento jurídico, que servem como fontes de
deveres de proteção.

1.9 ORIGEM E EVOLUÇÃO DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS

Modernamente, a concepção dos direitos fundamentais é atribuída às teorias


do direito natural e a ideia de limitar o poder do Estado, remetendo especialmente à
Inglaterra, com a Carta Magna de 1215, e Petition of Rights, de 1628, e o Bill of Rights,
de 1689. A primeira declaração moderna de direitos, inspirada nas ideias iluministas de
Locke, Rousseau e Montesquieu, foi a Declaração de Direitos do Bom Povo da Virgínia 5
(EUA, 1776), sendo a primeira declaração universal a Declaração de Direitos do
8
Homem e do Cidadão (França, 1789), a partir da qual se reconheceu a pertinência de
7-

certos direitos a todos os homens e sociedades. 60


53
3.

Em 1948, foi publicada a Declaração Universal dos Direitos do Homem (ONU,


1948), documento que representa a convergência e a síntese do humanismo político
33

da liberdade, com a afirmação de três categorias de direitos fundamentais: individuais,


4.

sociais e difusos.
12

1.9.1 CORRENTES FILOSÓFICAS

No âmbito dos direitos fundamentais, torna-se relevante o estudo de algumas


correntes filosóficas, analisadas a seguir:

JUSNATURALISMO = para esta corrente, os direitos fundamentais decorrem


do direito natural, ou seja, são postulados anteriores ao próprio direito positivo,
provenientes de Deus, da natureza ou da racionalidade. São normas objetivas, que se
tornam subjetivas (direitos exigíveis = facultas agendi). Assim, sua positivação pelo
Estado é meramente declaratória, pois pré-existentes.

JUSPOSITIVISMO = os direitos fundamentais são direitos públicos subjetivos


positivados. Logo, sua positivação pelo Estado é constitutiva. O direito natural é
metafísico – conjunto moral que no máximo pode influenciar o direito positivo.

REALISMO = os direitos fundamentais são resultado concreto de lutas e


políticas sociais. Portanto, sua positivação pelo Estado é condição necessária ao
desenvolvimento das técnicas de proteção, as quais são pressupostos à sua efetivação.

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IDEALISMO = os direitos fundamentais são princípios e ideias abstratas


(pautas ideais), que ao longo do tempo vão sendo concretizadas pela realidade social.

CONTRATUALISMO = os direitos fundamentais são derivados do contrato


social, quando o homem ingressa na sociedade.

MORALISMO = os direitos fundamentais têm como origem a consciência


moral do povo.

1.9.2 TEORIA MATERIAL DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS

Como diferenciar um direito fundamental de um direito “comum”? Afinal, há


uma miríade de direitos (muito mais do que deveres, hoje em dia) e nem todos são
considerados fundamentais. Lugar comum é referir que os direitos fundamentais são
aqueles que se ligam (que dão densidade) à dignidade da pessoa humana (núcleo de
características que identificam o homem enquanto tal).

Claro que há direitos como liberdade e igualdade que são considerados


derivações de primeiro grau, pois estão muito próximos da dignidade, até mesmo 5
confundindo-se com ela. Há, ainda, as derivações de segundo grau, que são direitos
8
fundamentais um pouco mais distantes do núcleo básico da dignidade (ex: educação).
7-

61
53

O problema é que há tantas derivações de direitos atualmente identificadas


como fundamentais, que é quase impossível traçar uma correlação concreta. Ao cabo,
3.

temos de procurar quase que instintivamente (ou pelo que refere “potestativamente”
33

a doutrina) para assentar os direitos fundamentais.


4.

Evidente que, ao largo do supracitado, não é tão difícil identificar os direitos


12

fundamentais mais debatidos, especialmente por estarem, em sua maioria,


aglutinados entre os artigos 5º a 17 da Constituição Federal. Mas cuidado! O aspecto
material dos direitos deve ser identificado não pela forma (posição no corpo do texto),
mas pelo conteúdo (art. 5º, § 2º, da CF). Há direitos fundamentais não apenas no
Título II (art. 5º ao 17 da CF), mas espalhados pela Constituição Federal, como a
imunidade tributária (CF, art. 150, VI) e o meio ambiente equilibrado (CF, art. 225).

Por falar na existência de direitos fundamentais esparsos, com a inclusão do


art. 5º, § 3º, na CF (EC nº 45/2004), pode-se falar no Brasil na existência de um bloco
de constitucionalidade, formado pelo texto constitucional + os tratados internacionais
sobre direitos humanos aprovados com o quórum qualificado.

Alguns autores, como Flávia Piovesan, defendem que os tratados


internacionais de direitos humanos têm status de norma constitucional, a exemplo da
Convenção Americana de Direitos Humanos, independentemente do art. 5º, § 3º, da
CF.

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Para o STF, os tratados internacionais que versem sobre direitos humanos e


que não tenham sido aprovados conforme o art. 5º, §3º, da CF, possuem status de
norma supralegal, ou seja, estão acima das leis (paralisam toda a legislação
infraconstitucional contrária), mas abaixo da Constituição Federal.

Cabe lembrar que, os tratados internacionais sobre direitos humanos que


sejam aprovados na forma do art. 5º, §3º, da CF, ingressam no nosso ordenamento
jurídico com status de Emenda Constitucional, conforme previsto na própria Carta
Magna.

REQUISITOS para que o tratado internacional alcance status de emenda


constitucional:
- requisito material = conteúdo de direito humano
- requisito formal = aprovação em 2 turnos, por 3/5 dos membros do SF e da CD.

Há quem defenda que os direitos fundamentais expressos em tratados


internacionais já ingressavam na ordem jurídica com status constitucional por força do
art. 5º, § 2º, da CF, sendo que o § 3º, em verdade, dificultou o rito.

Níveis dos TRATADOS INTERNACIONAIS na ordem jurídica pátria: 5


8
CONSTITUCIONAL SUPRALEGAL LEI ORDINÁRIA
7-

- tratados de direitos - tratados de direitos - demais tratados 62


53

humanos, aprovados humanos, NÃO aprovados internacionais (não de


com o quórum com o quórum qualificado direitos humanos).
3.

qualificado das ECs. das Ecs. * não podem tratar de


33

- Convenção sobre os - Pacto de San José da matéria reservada a Lei


4.

Direitos das Pessoas com Costa Rica (STF, RE Complementar.


Deficiência e de seu 466.343 e SV 25).
12

Protocolo Facultativo,
assinados em Nova
Iorque, em 30 de março
de 2007 (Decreto
Legislativo nº 186, de
9.7.2008 e Decreto nº
6.949, de 25.8.2009).
- Tratado de Marraquexe
para Facilitar o Acesso a
Obras Publicadas para
Pessoas Cegas, assinado
em Marraquexe,
Marrocos, em 28 de
junho de 2013 (Decreto
Legislativo 347/2015).
Obs.: Muito embora este
último ainda não tenha
sido promulgado por

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CONSTITUCIONAL SUPRALEGAL LEI ORDINÁRIA


decreto presidencial, ele
já vem sendo cobrado
em provas. Ex: DPE/PR
(FCC – 2017) e DPE/AP
(FCC – 2018).

Valério Mazzuoli refere como controle de convencionalidade a análise


realizada tendo como parâmetro as convenções internacionais de índole constitucional
e supralegal. Atualmente, contudo, prevalece que quanto aos tratados com status
constitucional o controle é de constitucionalidade, ficando o controle de
convencionalidade para os tratados internacionais de caráter supralegal – paralisantes
da legislação ordinária.

OBSERVAÇÃO: O art. 27 da Convenção de Viena dispõe que os Estados não podem


invocar as disposições de seu direito interno para justificar o inadimplemento dos
tratados internacionais de que são signatários.

Fala-se que atualmente a compreensão da Constituição pressupõe o estudo


da teoria da interconstitucionalidade. As constituições nacionais devem se abrir 5
progressivamente a uma rede cooperativa de metanormas (estratégias internacionais,
8
pressões concertadas) e de normas de origens de outros centros transnacionais
7-

infranacionais (regionais e locais) ou de ordens institucionais intermediárias 63


53

(associações internacionais, programas internacionais) (Canotilho).


3.

Outro termo importante, na mesma vereda, transconstitucionalismo,


33

constitucionalismo de níveis múltiplos ou constitucionalismo multiplex: o


4.

reconhecimento de que existem problemas de matiz constitucional que ultrapassam o


contorno territorial delimitador para que a soberania estatal seja exercida. Hannah
12

Arendt indaga: os direitos fundamentais são efetivamente para todos? E os refugiados,


por exemplo?

ATENÇÃO! Os tratados internacionais de direitos humanos incorporados sob o rito do


art. 5º, § 3º, da CF (emenda constitucional) NÃO poderão ser denunciados, pois se
tornam cláusula pétrea.

1.9.3 EFETIVIDADE DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS

Conforme artigo 5º, § 1º, da CF, “as normas definidoras dos direitos e
garantias fundamentais têm aplicação imediata”. O que isso significa? Há pelo menos
quatro posições na doutrina.

Entendimentos a respeito da interpretação do art. 5º, § 1º, da CF:


a) o texto teria sido mais preciso se dissesse “eficácia” imediata = aptidão para
produzir efeitos desde já (Virgílio Afonso da Silva).
b) todos os direitos fundamentais devem ser aplicados de forma imediata, ou seja, são
direitos subjetivos que podem ser desfrutados (Dirley da Cunha Jr.).

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c) o dispositivo não deve ser interpretado como uma regra, mas sim como um
princípio, isto é, os direitos fundamentais devem ser aplicados de forma imediata na
maior medida possível, de acordo com as possibilidades fáticas e jurídicas existentes
(Ingo Sarlet).
d) a regra geral é que os direitos fundamentais têm aplicação imediata; as exceções
são os casos em que o próprio constituinte exigiu expressamente uma lei
regulamentadora, por isso a necessidade de existência de Mandado de Injunção
(Novelino).

Note que apesar de estar no art. 5º, § 1º, da CF, a norma refere-se a todos os
direitos fundamentais, que, como já dito, estão espalhados pelo texto magno.

Claro que, diferentemente do que ocorre com as liberdades públicas, os


direitos sociais têm um custo alto (financeiro) e ainda um problema: podem ser
individualizados (alguém pode pedir uma prestação social para si, em seu benefício).
Por essas e outras razões, esses direitos gozam de menor efetividade – quanto mais se
amplia e se consagra formalmente os direitos sociais, maior é o risco de que fiquem
apenas no papel.

Ainda assim, segundo o paradigma moderno, há um mínimo existencial a ser 5


garantido: conjunto de bens e utilidades indispensáveis a uma vida humana digna.
8
Segundo Ricardo Lobo Torres (trouxe para o Brasil essa noção do direito alemão), não
7-

existe um conteúdo específico no mínimo existencial. Em cada época e em cada


64
53

sociedade vai se construindo um conjunto de bens que são indispensáveis, observados


os parâmetros: dignidade da pessoa, liberdade material e estado social. Já Ana Paula
3.

de Barcellos elenca os direitos que comporiam o mínimo existencial: educação


33

fundamental, saúde, assistência social, acesso à Justiça.


4.

Ao cabo, conforme defende Ingo Sarlet, com relação aos direitos sociais o
12

artigo 5º, § 1º, da CF deve ser entendido como um princípio (não como uma regra), de
modo que as normas (programáticas) definidoras desses direitos devem ter aplicação
imediata na maior medida possível.

Para além disso, duas questões são bastante importantes no trato dos direitos
sociais: (a) a intervenção judicial para sua implementação (ativismo judicial) e (b) a
defesa estatal via reserva do possível. Vejamos.

Até meados da década de 90, entendia-se que o Judiciário não poderia


intervir para implementar diretamente direitos sociais. Os argumentos eram de que
esses direitos possuem eficácia apenas negativa (normas de eficácia limitada,
dependentes de lei para ganhar eficácia positiva), a intervenção judicial seria
antidemocrática e ofenderia a tripartição dos poderes (os direitos sociais têm textura
aberta, ou seja, cabe aos órgãos representantes da vontade do povo, Legislativo e
Executivo, definir as prioridades e quais deles receberão maior atenção no momento).

Ocorre que, em seguida, o Judiciário passou a conceder prestações sociais


sem maior controle. Exemplo disso é a concessão irrestrita de medicamentos (inclusive

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fora das listas padronizadas do SUS). É bom lembrar que nesses casos não há justiça
comutativa (bilateral), mas distributiva (multilateral): há o requerente (cidadão), o
Estado (erário) e a sociedade toda, seja custeando a decisão, seja porque todos na
situação do requerente devem possuir o mesmo direito – não se pode lhe conceder
vantagem apenas porque ingressou com a ação.

Atualmente, busca-se um equilíbrio para o ativismo judicial. Os argumentos


favoráveis à intervenção pontual são: o déficit democrático das instituições
representativas da sociedade (percentual estarrecedor dos políticos respondem a
processo penal); o caráter normativo da Constituição, que não é uma carta de
intenções (não dá conselhos ou faz exortações morais), mas norma (o Judiciário ao
aplicar direito social está apenas cumprindo sua função de aplicar a norma); a
inafastabilidade da jurisdição (quando os Poderes Legislativo e Executivo se omitem ou
retardam indefinidamente o cumprimento de um direito, torna-se necessária a
intervenção judicial); o conceito substancial de democracia (muitos entendem que
para que haja efetiva liberdade de escolha é preciso garantir o acesso a direitos
básicos como educação, saúde, alimentação...).

Segundo o STF, o Poder Judiciário, em situações excepcionais, pode


determinar que a Administração Pública adote medidas assecuratórias de direitos 5
constitucionalmente reconhecidos como essenciais, sem que isso configure violação
8
do princípio da separação de poderes (RE 440.028/SP). Para tanto, traça alguns
7-

requisitos:
65
53

a) natureza constitucional da política pública reclamada;


3.

b) existência de correlação entre ela e os direitos fundamentais;


33

c) omissão ou prestação deficiente injustificável por parte da Administração


(STF, ADPF 45).
4.
12

Dito isso, passamos à reserva do possível, expressão que surge na Alemanha


em 1972 com o julgamento pelo Tribunal Constitucional Federal do seguinte caso: um
grupo de jovens queria ingressar em determinada universidade. Não há na
Constituição alemã o direito à educação. O grupo promove a ação afirmando que se
não conseguissem ingressar na Universidade não teriam liberdade de escolher
livremente suas profissões (o direito de liberdade de escolha profissional estava
consagrado na Constituição Alemã). O tribunal alemão reconheceu que para que as
pessoas tenham plena liberdade de escolher sua profissão, é mesmo desejável que
tenham acesso à universidade. No entanto, não se tem como exigir que o Estado
forneça a todos esses acessos por uma questão de reserva do possível. O Estado não
tem como atender a todas as demandas sociais, devendo se concentrar no que lhe é
possível.

Andreas Krell tem um livro bastante citado, inclusive pelo Supremo, em que
defende que a reserva do possível se aplica à Alemanha, onde um conjunto de direitos
(mínimo existencial) é efetivamente garantido à população. No Brasil, não seria cabível
tal aplicação. Já Daniel Sarmento defende exatamente o contrário: a reserva do

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possível se aplica no direito brasileiro com muito mais razão, porque as limitações
orçamentárias aqui são muito maiores do que na Alemanha.

DIMENSÕES da reserva do possível (Ingo Sarlet):


a) possibilidade fática = disponibilidade de recursos necessários à satisfação do
direito prestacional (ônus da prova do Estado).
b) possibilidade jurídica = os gastos a serem feitos devem estar previstos em lei (no
orçamento) e definidas as competências (por vezes o município não tem como
atender todas as pretensões, mas no âmbito da União haveria orçamento suficiente
para atender àquelas despesas).
c) Razoabilidade da exigência e proporcionalidade da prestação = é razoável ou não
exigir do Estado a prestação e em que medida deve ser exigida (é ônus do Estado
demonstrar de forma clara que se a prestação for universalizada não teria como ser
atendida).

Quanto à possibilidade fática, remanesce uma questão bem interessante: a


análise deve-se pautar nos recursos para pagar a prestação de forma individual ou
universal? Segundo Daniel Sarmento, a prestação deve ser universalizada. Não se
poderia pensar de outra forma, sob pena de lesão à igualdade (benefício a quem
ingressou com ação). Deve-se verificar, portanto, se o Estado poderia custear a 5
prestação para todos naquela situação (por este prisma é inviável custear tratamentos
8
de saúde milionários, fora do país).
7-

66
53

Agora, abordando os temas conjuntamente, indaga-se: e quando houver


conflito entre reserva do possível e mínimo existencial, o que fazer? Ingo Sarlet
3.

entende que em relação ao mínimo existencial, não se pode alegar a reserva do


33

possível (o mínimo existencial tem caráter absoluto). Já Daniel Sarmento assenta que o
4.

mínimo existencial exige um ônus argumentativo maior do Estado no que se refere à


reserva do possível, ou seja, cabe ao Estado demonstrar de forma muito mais ampla e
12

profunda que, realmente, não tem como atender ao direito pleiteado (vide artigo:
“Proteção Judicial dos Direitos Sociais – Alguns parâmetros ético-jurídicos”).

Por fim, retomemos o princípio da vedação ao retrocesso. José Carlos Vieira


de Andrade, autor português, refere que os direitos sociais geralmente são
consagrados em normas abertas, de modo que dependem da concretização pelos
poderes públicos. Pois bem, a partir do momento que a concretização é feita, esta
passa a fazer parte do próprio direito social – o Estado fica limitado, não podendo mais
retirar a concretização. Gustavo Zagrebelski, juiz da Suprema corte italiana, chega a
falar em impedimento de redução do grau de concretização de uma norma de direito
social (só poderia haver ampliação, nunca redução). O problema é: e se houver
redução de arrecadação?

José Carlos Vieira de Andrade e Jorge Miranda criticam o engessamento das


escolhas políticas: “a liberdade de conformação do legislador seria praticamente
eliminada se ele fosse obrigado a manter integralmente o grau de concretização”,
defendem que a vedação ao retrocesso “impede apenas a revogação arbitrária ou
desarrazoada que leve a um retrocesso injustificável”. A liberdade de conformação do

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legislador é a regra. O legislador deve ter ampla liberdade, exceto se for para agir de
forma desarrazoada.

1.9.4 CLASSIFICAÇÃO

A teoria dos direitos fundamentais é repleta de controvérsias, sendo uma


delas a respeito da possibilidade de se classificar os direitos fundamentais.

Teoria UNITÁRIA Teoria DUALISTA Teoria TRIALISTA


- a profunda semelhança - divide os direitos - divide os direitos
entre todos os direitos fundamentais em: (1) fundamentais em: (1)
fundamentais impede direitos de defesa direitos de defesa; (2)
sua classificação em (incluindo os direitos direitos a prestações; e (3)
categorias políticos) e (2) direitos a direitos de participação
estruturalmente prestações (Ingo Sarlet). (Dimitri Dimoulis).
distintas (Jairo Schäfer).

Adotada a teoria trialista, temos:

a) direitos de defesa = aqueles que o indivíduo utiliza para se defender do 5


arbítrio do Estado (direitos individuais clássicos, ligados à liberdade e à não
8
intervenção estatal);
7-

67
53

b) prestacionais = aqueles pelos quais o sujeito exige do Estado prestações


materiais, como saúde, educação, alimentação (caráter positivo, demandando atuação
3.

estatal);
33
4.

c) de participação = permitem a participação do indivíduo na vida política do


Estado (ligados à cidadania – direitos de nacionalidade e políticos).
12

Parte da doutrina traça um paralelo entre esta classificação e a teoria dos


quatro status de Jellinek.

Correspondência com a TEORIA DOS QUATRO STATUS:


a) direitos de defesa = o indivíduo goza de um espaço de liberdade diante das
ingerências dos poderes públicos.
* direitos e garantias individuais: status negativo – requer-se uma abstenção estatal.
b) direitos prestacionais = o indivíduo tem o direito de exigir prestações materiais
(ex: saúde pública e moradias populares) e jurídicas (ex: leis protetivas ao
trabalhador e ao consumidor) do Estado.
* direitos sociais: status positivo – requer-se uma atuação estatal.
c) direitos de participação = o indivíduo possui competências para influenciar na
formação da vontade do Estado.
* direitos políticos: status ativo.

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Jellinek ainda trata do status passivo, segundo o qual o indivíduo se encontra


submetido ao Estado na esfera das obrigações individuais (traça deveres - ex:
alistamento eleitoral).

Pois bem, ao menos do ponto de vista formal (no texto constitucional), os


direitos fundamentais podem ser minimamente classificados.

Direitos e garantias fundamentais (gênero) → Título II:


Capítulo I: direitos individuais e coletivos (CF, art. 5º).
Capítulo II: direitos sociais (CF, arts. 6º ao 11).
Capítulo III: direitos da nacionalidade (CF, arts. 12 e 13).
Capítulo IV: direitos políticos (CF, arts. 14 a 16).
Capítulo V: partidos políticos (CF, art. 17).

1.9.5 CARACTERÍSTICAS

Ainda que não haja unanimidade, a doutrina majoritariamente costuma


elencar algumas características dos direitos fundamentais, conforme segue:

UNIVERSALIDADE = a vinculação dos direitos fundamentais à dignidade, 5


liberdade e igualdade conduz à sua aplicação a todas as pessoas, independente da
8
cultura. Deve haver um núcleo mínimo de direitos a ser respeitado em qualquer
7-

sociedade. Há severa polêmica envolvendo o multiculturalismo e questões 68


53

intranacionais (ex: regras internas dos grupos indígenas que levam neonatos gêmeos à
3.

morte; mutilação genital feminina).


33

HISTORICIDADE = os direitos fundamentais são históricos por terem surgido


4.

em épocas diferentes e por se modificarem com o passar do tempo, conforme as


12

necessidades sociais. Tal característica (se aceita) afastaria a fundamentação


jusnaturalista dos direitos fundamentais.

OBSERVAÇÃO: Dimensões ou gerações dos direitos fundamentais = direitos


políticos; direitos sociais, econômicos e culturais; direito ao meio ambiente
equilibrado e a paz; direitos genéticos e cibernéticos...

IRRENUNCIABILIDADE, IMPRESCRITIBILIDADE e INALIENABILIDADE = não se


admite renúncia, prescrição e negociação da titularidade (total e perpétua), mas se
admite tratativas em relação ao exercício (parcial e temporária). Exemplo: pode-se
ingressar no Big Brother Brasil ou abdicar dos bens materiais e virar ermitão, o que não
afastará o regresso à vida civilizada e à futura aquisição de novas propriedades.

LIMITABILIDADE ou RELATIVIDADE = os direitos fundamentais encontram


limites em outros direitos (direitos de terceiros ou interesses da comunidade) também
consagrados na Constituição – princípio da convivência das liberdades públicas.
Algumas vezes o STF disse ser absoluto o direito de não ser extraditado.

OBSERVAÇÃO: Norberto Bobbio considera absoluto o direito a não ser torturado ou

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escravizado.

INTERDEPENDÊNCIA OU INDIVISIBILIDADE = a eficácia dos direitos depende


do conjunto (ex: os direitos individuais dependem dos direitos econômicos).

NÃO TAXATIVIDADE = os róis de direitos são meramente exemplificativos,


havendo direitos fundamentais implícitos (ex: direito à busca da felicidade - STF, RE
477.554/MG).

PROIBIÇÃO DE RETROCESSO = embora a história registre movimentos


pendulares no trato dos direitos fundamentais, como estes são produtos de lutas e
reconhecimento, não podem ser abolidos ou enfraquecidos (STF, ADI 1946).

CONCORRÊNCIA = é possível um único titular, ao mesmo tempo, exercer


vários direitos fundamentais (ex: procissão a céu aberto – liberdade de crença, culto,
reunião e locomoção).

1.9.5.1 SUJEITOS DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS

Sujeitos Ativos dos Direitos Fundamentais (Abrangência dos Direitos) – Em 5


regra, os direitos fundamentais se aplicam às pessoas físicas, brasileiras ou
8
estrangeiras residentes no País (caput do art. 5º da CF).
7-

69
53

Também se aplicam os direitos fundamentais àqueles que estão no País, mas


não são residentes, em concordância com o princípio da máxima efetividade da CF.
3.

Segundo o STF o termo “residentes no país” deve ser lido como “em território
33

nacional”. Assim, para o tribunal, nesse caso, o constituinte disse menos do que quis
4.

dizer (“dixit minus quarum voluit”).


12

Ressalta-se que nem todos os direitos individuais e coletivos se aplicam aos


estrangeiros. Exemplos de direitos aplicáveis também aos estrangeiros: direito de
petição, habeas corpus etc. Exemplos de direitos não aplicáveis aos estrangeiros:
direitos políticos; ação popular; partidos políticos; nacionalidade etc.

Os direitos fundamentais também se aplicam as pessoas jurídicas no que lhes


couber. Os próprios tribunais superiores já se pronunciaram afirmando que as pessoas
jurídicas possuem determinados direitos fundamentais (ex.: honra e imagem).

Sujeitos Passivos – Em sua trajetória histórica, os direitos fundamentais foram


concebidos para proteger os particulares em face do Estado. Não obstante,
atualmente, admite-se também que os direitos fundamentais possam ser opostos nas
relações entre particulares, conforme se verificará a seguir.

1.9.6 EFICÁCIA DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS

Os direitos fundamentais surgiram como proteção do particular em face do


Estado (tanto que fazem parte dos elementos limitativos da constituição). Como a

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relação entre os particulares e o Estado é de subordinação (não de coordenação), a


eficácia dos direitos fundamentais ficou conhecida como vertical. Porém,
hodiernamente, verifica-se que, em alguns casos, não só o Estado é órgão opressor dos
indivíduos, mas também outros particulares. E como a relação entre particulares é,
pelo menos teoricamente, de coordenação, de igualdade jurídica, fala-se em eficácia
vertical e horizontal (eficácia privada, perante terceiros ou externa) dos direitos
fundamentais.

Eficácia VERTICAL Eficácia HORIZONTAL


- aplicação dos direitos fundamentais às - aplicação dos direitos fundamentais às
relações entre o indivíduo e o Estado. relações entre particulares.

Tal entendimento não é pacífico e há muitas divergências sobre a eficácia


horizontal, com ao menos três posições principais (ineficácia, eficácia indireta e
eficácia direta) além da teoria integradora.

TEORIA DA INEFICÁCIA HORIZONTAL = nos EUA não se admite a aplicação dos


direitos fundamentais às relações entre particulares, sob os seguintes fundamentos:

a) liberalismo; 5
b) autonomia privada; e
8
c) interpretação do texto Constitucional de 1787.
7-

70
53

Como uma maneira de relativizar essa impossibilidade, o direito americano


admite a doutrina da chamada “state action”.
3.
33

Doutrina da “state action”:


4.

- pressuposto = os direitos fundamentais só podem ser violados por meio de uma


ação estatal.
12

- finalidade = buscar afastar a impossibilidade de aplicação dos direitos


fundamentais às relações entre particulares e definir, ainda que de forma casuística,
as situações nas quais eles podem ser aplicados.
- artifício = equiparação de alguns atos privados a ações estatais (ex: company town
= proibição de que os Testemunhas de Jeová realizem culto dentro da empresa em
que viviam os funcionários).

TEORIA DA EFICÁCIA HORIZONTAL INDIRETA = prevalece na Alemanha


(Günter Dürig), tendo como ponto de partida a existência de um direito geral de
liberdades – podem até mesmo afastar em suas tratativas os direitos fundamentais. Os
direitos fundamentais não ingressam no cenário privado como direitos subjetivos,
havendo necessidade de uma intermediação do legislador, definindo as situações
jurídicas de aplicabilidade dos direitos fundamentais.

A teoria da eficácia indireta entende que a aplicação direta dos direitos


fundamentais às relações privadas provoca:
a) a desfiguração do direito privado, com perda de sua clareza conceitual.
b) aniquilação da autonomia da vontade, que é um dos princípios basilares do

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direito privado.
c) violação dos princípios da segurança jurídica, da separação dos poderes e do
princípio democrático → a amplitude dos direitos fundamentais dá grande margem
de discricionariedade ao julgador.

TEORIA DA EFICÁCIA HORIZONTAL DIRETA = desenvolvida pelo juiz do


trabalho alemão Hans Karl Nipperdey (década de 1950), adotada na Itália, Espanha
Portugal e Brasil (STF, RE 161.243, RE 158.215/RS e R$ 161.243/DF). Os direitos
fundamentais podem ser aplicados diretamente às relações entre particulares,
independentemente de “artimanhas” interpretativas, conquanto não deva ocorrer na
mesma intensidade verificada na eficácia vertical em razão da autonomia da vontade.

TEORIA INTEGRADORA = a aplicação dos direitos fundamentais às relações


entre particulares deve ocorrer por meio de lei; contudo, se essa não existe é possível
que ocorra a aplicação direta (Robert Alexy e Beckenförde).

A doutrina trata ainda da EFICÁCIA DIAGONAL dos direitos fundamentais,


teoria desenvolvida pelo chileno Sergio Gamonal com base na ideia de “assimetria
substancial” de poder entre empresas e trabalhadores, que implicaria na eficácia
direta de direitos fundamentais nas relações trabalhistas. 5
8
Canotilho chama a atenção para a existência de um “núcleo irredutível de
7-

autonomia pessoal”, que abarcaria direitos fundamentais que não podem aspirar
71
53

força conformadora no âmbito das relações privadas dado que isso significaria, nas
palavras do autor, “um confisco substancial da autonomia pessoal”, citando como
3.

exemplo o pai que favorece um filho em relação ao outro através de concessão da


33

quota disponível, ou de um senhorio que promove ação de despejo em face de


4.

determinado inquilino por falta de pagamento, mas que abdica desse mesmo direito
em relação a outro inquilino, nas mesmas circunstâncias, pelo fato de este ter as
12

mesmas convicções políticas. Não haveria como impor a aplicação do princípio da


isonomia no âmbito de tais relações privadas, restringindo-se, assim, a eficácia
horizontal de tais direitos.

1.9.7 “CROSS-FERTILIZATION” OU FERTILIZAÇÃO CRUZADA

Com o surgimento de questões que transcendem as fronteiras dos países (ex.:


refugiados), bem como com a facilidade de troca de informação entre países, o direito
comparado tem sido utilizado cada vez mais como um método para solução de
problemas que envolvam direitos humanos. Essa troca de experiências no âmbito dos
direitos fundamentais a doutrina tem denominado cross-fertilization ou fertilização
cruzada.

No Brasil, um exemplo da utilização do direito comparado na jurisprudência


do STF pode ser identificado na concessão de medida cautelar na ADPF 347/DF, que
reconheceu o “estado de coisas inconstitucional” no sistema penitenciário brasileiro
baseando-se em jurisprudência da Corte Constitucional colombiana.

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1.10 DIRETOS FUNDAMENTAIS EM ESPÉCIE

1.10.1 Dignidade

Primeiramente, antes de abordar os direitos em si, vamos discernir sobre o


fundamento da República: a dignidade da pessoa (humana), núcleo em torno do qual
gravitam os direitos fundamentais – os direitos fundamentais foram criados em razão
da dignidade, para que essa dignidade possa ser protegida e promovida.

DIGNIDADE HUMANA como:


a) postulado = a dignidade orienta a interpretação de outras normas no
ordenamento.
b) princípio = aponta uma diretriz para a atuação estatal (obrigação de promover os
meios necessários para uma vida humana digna).
c) regra = impõe como o homem seja tratado sempre um fim em si mesmo – a
dignidade é violada quando o ser humano é tratado como um meio para se atingir
um determinado fim (fórmula do objeto - Kant).

1.10.2 VIDA

Agora ingressando nos direitos propriamente ditos, não teria muita utilidade
8 5
estudar cada um dos dispositivos (do artigo 5º ao 17 da CF), inclusive porque muitos
7-

são abordados em outras matérias. Vamos nos concentrar, então, nos mais
72
53

importantes e específicos ao direito constitucional.


3.

VIDA = dupla acepção: (a) direito de permanecer vivo; (b) direito a uma vida
33

digna.
4.

A Constituição fala em inviolabilidade da vida, que é a proteção contra


12

violação por parte de terceiros. Mas e como fica a irrenunciabilidade do direito à vida,
ou seja, a proteção da vida contra o próprio titular do direito? Vide o caso da eutanásia
e dos Testemunhas de Jeová que se recusam a receber doação de sangue... o tema é
extremamente polêmico, mas, por ora, a eutanásia não é admitida e a jurisprudência
vem entendendo que as religiões não devem exterminar a vida, mas preservá-la.

1.10.3 IGUALDADE

IGUALDADE = todos são iguais perante a lei. A lei não pode fazer distinções
injustificáveis. Para haver possibilidade de tratamento diferenciado deve haver um
discrímen (elemento discriminador utilizado a serviço de um fim constitucionalmente
protegido). Em suma, segundo a moderna teoria, deve-se tratar diferente os desiguais,
na medida de suas desigualdades (igualdade material).

IGUALDADE PERANTE A LEI IGUALDADE NA LEI


- já elaborada a lei, o aplicador não deve - princípio norteador do legislador na
realizar distinções (isonomia formal). feitura da lei (impera a igualdade
material).

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1.10.4 LIBERDADE

LIBERDADE = ninguém é obrigado a fazer ou deixar de fazer algo, senão em


virtude de lei.

O STF entende que a legalidade do artigo 5º, inciso II, da CF é uma reserva da
norma, permitindo a vinculação dos cidadãos por ato infralegal, desde que nos limites
da lei formal (HC 85.060).

NÃO CONFUNDIR!

LEGALIDADE (RESERVA DA NORMA) RESERVA LEGAL


- termo genérico = regulação de - termo específico = a constituição reserva à
situações por ato normativo (lei lei formal (emanação do Legislativo) a
formal ou ato infralegal emanado nos regulação de uma matéria.
limites da lei formal).

O STF já decidiu que ninguém é obrigado a cumprir ordem ilegal, ou a ela se


submeter, ainda que emanada de autoridade judicial. É dever da cidadania opor-se à 5
ordem ilegal; caso contrário, nega-se o Estado de Direito (HC 73.454). A complicação
8
disso é a insegurança jurídica – carta branca ao desrespeito de ordem emanada do
7-

Poder Judiciário, a quem cabe, por mandamento constitucional, interpretar e fazer


73
53

cumprir a lei.
3.

1.10.4.1 L IBERDADE R ELIGIOSA


33
4.

LIBERDADE RELIGIOSA = tem conteúdo negativo, mas não exime o Estado de


garantir, inclusive por meio da legislação penal, o livre exercício dos direitos subjetivos
12

e liberdade religiosa + há um dever de proteção, uma dimensão positiva, que implica a


atuação positiva estatal no sentido de promover a eficácia da liberdade de religião.

Relação entre Estado e Igreja:

FUSÃO UNIÃO SEPARAÇÃO


- Estados teocratas = o - com religião oficial (ex: - Estado secular ou laico
governante representa Argentina e Espanha). (CF, art. 19, I).
Deus.

A Constituição de 1824 (Constituição Imperial) adotou a religião oficial


(Católica), sendo franqueada a liberdade de crença, mas não a de templo – era
permitido professar a própria fé apenas no ambiente doméstico, não em locais
públicos.

O ensino religioso nas escolas gera polêmica. “O ensino religioso, de matrícula


facultativa, constituirá disciplina dos horários normais das escolas públicas de ensino
fundamental” (CF, art. 210, § 1º e CESP, art. 244) – estabelecimentos públicos de

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ensino fundamental. Preserva-se a liberdade de crenças e religião. A questão foi


resolvida na ADI 4439, na qual, por 6 votos a 5, o STF entendeu que, embora o objetivo
do ensino religioso nos estabelecimentos de ensino não seja a formação religiosa, mas
a apresentação da diversidade do espírito religioso, é possível que o ensino tenha
natureza confessional, ou seja, vinculado às diversas religiões (art. 33 da LDB).

Se o Estado é laico, não tem religião oficial, não pode usar argumentos
religiosos – um juiz não pode fundamentar sua decisão com base em sua crença
religiosa. Contudo, segundo Habermas, se essa “neutralidade” for exagerada, poderá
causar uma quebra de simetria (serão favorecidas apenas as pessoas que não são
religiosas). Então, para que os argumentos religiosos possam ser utilizados na esfera
pública, deve-se fazê-los passar por uma tradução institucional, de modo que sejam
justificados racionalmente, tornando-se acessíveis a todas as pessoas,
independentemente de sua religião (isso pode ocorrer quando a religião mistura-se
com a cultura).

OBSERVAÇÃO: A liberdade religiosa é relativa, devendo ser ponderada com outros


direitos fundamentais (ex: é inviável pretender o sacrifício humano em rituais).

A utilização de crucifixos e outros adornos religiosos em repartições públicas é5


considerada expressão cultural e histórica, NÃO ferindo a laicidade do Estado (CNJ).
8
7-

OBSERVAÇÃO: Escusa de consciência = a crença pode ser utilizada para se escusar


74
53

aos serviços nas forças armadas, caso em que o cidadão terá de prestar serviço civil
alternativo (Lei nº 8.139/1991) – havendo recusa no serviço alternativo haverá perda
3.

dos direitos civis (CF, art. 15). Em tempo de guerra vige a “exposição de todos perante
33

o perigo comum”, de modo que aquele que alegar o imperativo de consciência irá
4.

para a guerra, apenas não pegará em armas (ex: enfermaria e outras atividades).
12

1.10.5 LIBERDADE INTELECTUAL

LIBERDADE INTELECTUAL = proíbe-se a análise prévia da produção intelectual


(censura artística, política, ideológica), mas a lei pode classificar as obras de maneira
etária (local e horário de exposição) (CF, art. 220, § 1º).

É vedado qualquer embaraço à liberdade de informação jornalística,


independendo de licença de autoridade, a publicação de veículo impresso de
comunicação.

1.10.6 LIBERDADE DE EXPRESSÃO

LIBERDADE DE EXPRESSÃO = todos têm direito à livre expressão do


pensamento, vedado o anonimato. Ademais, no Brasil, não se admite que tal liberdade
(por não ser absoluta) seja utilizada para lesar a honra de outrem, a privacidade,
intimidade.

OBSERVAÇÃO: Diferentemente do que ocorre nos EUA, no Brasil não se admite o

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chamado “discurso do ódio” (hate speech), de maneira que há uma avaliação do


conteúdo da expressão.

Veja a importância do tema: a atividade de músico é manifestação artística


protegida pela garantia da liberdade de expressão, sendo, por isso, incompatível com a
Constituição Federal de 1988 a exigência de inscrição na Ordem dos Músicos do Brasil,
bem como de pagamento de anuidade para o exercício de tal profissão (STF, RE
795.467/SP).

Segundo a jurisprudência: ainda que perante comentário contra


homossexuais proferido por parlamentar preconceituoso, de mau gosto e
extremamente infeliz, é certo que a liberdade de expressão não existe para proteger
apenas aquilo que é humanista, de bom gosto ou inspirado (Min. Luis Roberto Barroso)
(STF, Inq 3590/DF).

OBSERVAÇÃO: Marcha da maconha = “o debate sobre abolição penal de


determinadas condutas puníveis pode ser realizado de forma racional, com respeito
entre interlocutores, ainda que a ideia, para a maioria, possa ser eventualmente
considerada estranha, extravagante, inaceitável ou perigosa” (Min. Celso de Mello -
STF, ADPF 187). Crianças e adolescentes NÃO podem ser engajados nessas marchas 5
– “se a Constituição cuidou de prever a proteção dos menores dependentes
8
químicos, é corolário dessa previsão que se vislumbre um propósito constitucional
7-

de evitar tanto quanto possível o contato das crianças e dos adolescentes com a
75
53

droga e com o risco eventual de uma dependência” (Min. Luiz Fux).


3.

Outros aspectos importantes acerca da liberdade de expressão devem ser


33

brevemente expostos, tais como a possibilidade constitucional do exercício do direito


4.

de resposta, hoje disciplinado na lei 13188/2015, em que é assegurado o direito de


resposta ou retificação, gratuito e proporcional ao agravo ao ofendido em matéria
12

divulgada, publicada ou transmitida por veículo de comunicação social, considerando-


se matéria qualquer reportagem, nota ou notícia divulgada por veículo de
comunicação social, independentemente do meio ou da plataforma de distribuição,
publicação ou transmissão que utilize, cujo conteúdo atente, ainda que por equívoco
de informação, contra a honra, a intimidade, a reputação, o conceito, o nome, a marca
ou a imagem de pessoa física ou jurídica identificada ou passível de identificação (art.
2º, caput e §1º)

Ressalta-se que comentários realizados por usuários de internet em páginas


eletrônicas de veículo de comunicação social – ex.: comentários no site do G1 – são
excluídos do direito de resposta (§ 2º). Finalmente, gizer que a retratação espontânea
não impede o direito de resposta nem outras medidas, como a reparação por danos
morais (§3º)

Além disso, chama atenção hoje o problema das notícias falsas ou fake News.
Em que pese ser um tema profundo e de difícil solução, algumas coisas podem ser
estabelecidas de antemão. Primeiramente que a liberdade de expressão é um
fenômeno multifacetado, desdobrando-se em uma série de situações jurídicas.

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Veículos de comunicação social, que gozam de lócus constitucional próprio já que têm
grande amplitude e, por serem parte indispensável na construção de uma esfera
pública, tem prerrogativas e responsabilidades próprias no texto constitucional (Art.
220 e ss., Cf). Exerce-se ali uma liberdade especial que [e a liberdade de imprensa.8

Por isso, os tribunais superiores têm indicado que a publicação de


informações falsas em veículos de comunicação social não está acobertada pela
liberdade de imprensa.

1.10.7 PRIVACIDADE

PRIVACIDADE = espaço íntimo, intransponível por intervenções ilícitas


externas (relações familiares, de trabalho, estudo). Engloba inclusive o direito de estar
só.

OBSERVAÇÃO: A intimidade está contida na privacidade, sendo o conjunto de dados


sensíveis do sujeito (ex: orientação sexual de crença).

A intimidade e a vida privada se regem pelo princípio da exclusividade,


segundo o qual a cada pessoa deve ser franqueado o acesso aos dados de sua vida 5
particular, de forma exclusiva, sem ingerências externas ou devassas (sigilo bancário,
8
fiscal, telefônico...).
7-

76
53

Além da intimidade, podemos dizer que a honra e a imagem também estão


inclusas na privacidade.
3.
33

HONRA IMAGEM
4.

- aspecto interno = atributos - aspecto externo = fotografia, aparência


reconhecidos pela sociedade. física.
12

Em caso de uso indevido da imagem, a simples exposição já gera o direito de


indenizar, ainda que isso não tenha gerado nenhuma ofensa à sua reputação → a
proteção à imagem é autônoma da proteção à honra.

Apesar das reclamações de parte da doutrina, as pessoas públicas têm sua


intimidade relativizada, pois buscaram voluntariamente a exposição. Pode-se aplicar
aqui a teoria das esferas: quanto mais próxima da esfera do indivíduo, maior a
proteção.

TEORIA DAS ESFERAS:


a) 1ª esfera = mais próxima do indivíduo (confidências, segredos pessoais). Essas
informações são sigilosas, fazem parte da intimidade da pessoa.
b) 2ª esfera = vida privada (momentos que a pessoa compartilha com outras
próximas - ambiente de trabalho ou doméstico, clube recreativo, aniversários). Até

8
V. CAVALCANTE, Márcio André Lopes. Comentários à Lei 13.188/2015 (Direito de Resposta),
Blog Dizer o Direito, Manaus. Disponível em: https://www.dizerodireito.com.br/2015/11/comentarios-
lei-131882015-direito-de.html. Acesso em: 07/03/2019

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TEORIA DAS ESFERAS:


pessoas públicas devem ter proteção à vida privada.
c) 3ª esfera = publicidade (locais públicos como ruas, praças e praias). Nesse
ambiente a pessoa não poderá, em regra, exigir proteção à privacidade.

E o caso de gravação clandestina? A gravação pode ser ambiental (ex: câmera


escondida), pessoal (gravador no bolso) e telefônica. É clandestina porque o
interlocutor não sabe, mas não será ilegal (a privacidade cederá) quando for
justificada. E quando será justificada? Vejamos alguns casos já reconhecidos:

a) utilizada por réu em processo penal (a privacidade cede à liberdade);


b) em legítima defesa, contra intentada criminosa (ex: contra o sequestrador);
c) em face de agentes públicos (a privacidade cede à moralidade e publicidade
administrativa);
d) para documentar prova que será utilizada futuramente como defesa;
e) quando houver interesse público prevalente (ex: imagens de cuidadora
agredindo idosos).

1.10.8 INVIOLABILIDADE DE DOMICÍLIO

INVIOLABILIDADE DE DOMICÍLIO = o domicílio é o reduto do cidadão,


8 5
gozando de especial proteção. Só em casos excepcionais é que se pode violá-lo – “o
7-

homem mais pobre desafia, em sua casa, todas as forças da coroa, sua cabana pode 77
53

ser muito frágil, seu teto pode tremer, o vento pode soprar entre as portas mal
ajustadas, a tormenta nela pode penetrar, mas o Rei da Inglaterra não pode nela
3.

entrar” (Lord Chatam - Parlamento Britânico).


33
4.

As exceções que permitem o ingresso no domicílio sem autorização do


morador são: flagrante delito, prestação de socorro e desastre ou, durante o dia, por
12

ordem judicial (mandado de busca e apreensão).

MEMORIZE!

DIA NOITE
- flagrante delito; - flagrante delito;
- prestação de socorro; - prestação de socorro;
- desastre; - desastre.
- determinação judicial. -

OBSERVAÇÃO: Dia = 6h da manhã às 18h ou da aurora ao crepúsculo (há certa


divergência).

O conceito de casa é amplo = qualquer recinto privado não aberto ao público,


inclusive quarto de hotel e escritório de estabelecimento comercial.

1.10.9 SIGILOS DE CORRESPONDÊNCIA E COMUNICAÇÕES

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SIGILOS = é inviolável o sigilo da correspondência e das comunicações


telegráficas, de dados e das comunicações telefônicas, salvo, no último caso, por
ordem judicial, nas hipóteses e na forma que a lei estabelecer para fins de investigação
criminal ou instrução processual penal.

ATENÇÃO! Em tese, somente o sigilo das comunicações telefônicas admitiria quebra


por ordem judicial, na forma que a lei estabelecer (Lei nº 9.296/96), porém o STF já
decidiu que as outras inviolabilidades (correspondência, dados e telegráficas) também
poderão ser afastadas, já que nenhum direito fundamental é absoluto.

Segundo a jurisprudência: o sigilo da correspondência não pode ser utilizado


para assegurar práticas ilícitas e pode ser relativizado por questões de segurança
pública (ex: carta enviada a presidiário poderá ser aberta). Quanto à quebra dos sigilos,
temos o seguinte:

a) o juiz pode determinar de forma fundamentada a quebra de todos esses


sigilos;

b) as CPIs podem determinar a quebra de sigilo bancário, de sigilo fiscal, de


sigilo de dados e quebra de sigilo dos dados telefônicos (histórico de ligações, não 5
pode determinar interceptação telefônica) – as CPIs municipais não têm poderes de
8
autoridade judicial (não pode quebrar sigilos);
7-

78
53

c) o MP pode requisitar diretamente informações bancárias apenas se houver


3.

dinheiro público envolvido;


33

d) a autoridade fazendária pode requisitar informações bancárias nos termos


4.

das Leis Complementares nº 104/01 e a 105/01.


12

No que se refere aos dados, embora haja quem entenda que a proteção se
restringe apenas aos dados de informática (Tércio Sampaio Ferraz Jr. e Manoel
Gonçalves Ferreira Filho), ante o princípio da máxima efetividade, não há razões para
tal limitação. Há que se salientar que a proteção não recai sobre os dados em si, mas
sim sobre sua comunicação (ex: é possível apreender um computador com dados
armazenados) – de toda forma, se os dados tiverem caráter íntimo, relacionados à vida
privada, poderão ser protegidos pela privacidade (CF, art. 5º, X).

1.10.10 DIREITO DE ASSOCIAÇÃO

DIREITO DE ASSOCIAÇÃO = a Constituição regula o direito associativo por


meio de uma série de mandamentos.

Regras do direito associativo:


- é plena a liberdade de associação para fins lícitos;
- é vedada a associação de caráter paramilitar;
- a criação de associações independe de autorização legal;
- é vedada a interferência estatal no funcionamento das associações;

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- as associações só podem ter suas atividades compulsoriamente suspensas por


ordem judicial;
- as associações só podem ser compulsoriamente dissolvidas por decisão judicial
transitada em julgado;
- ninguém pode ser compelido a se associar ou manter-se associado;
- as entidades associativas (quando expressamente autorizadas) podem representar
seus filiados judicial ou extrajudicialmente.

1.10.11 PROPRIEDADE

PROPRIEDADE = muitos são os autores (especialmente os clássicos) que


consideram ser a vida e a liberdade os direitos mais básicos do homem. Então, sendo o
homem livre e tendo os incentivos certos, ocupará sua vida (seu tempo) com a
aplicação de suas faculdades (inteligência, força física, habilidades, etc.) e os frutos de
tais atividades darão ensejo à propriedade.

No Brasil, a propriedade privada em tese ainda se encontra


constitucionalmente protegida, embora a Constituição não se refira a este termo
expressamente, preferindo usar apenas “é garantido o direito de propriedade”. De
todo modo, “a propriedade atenderá a sua função social”. 5
8
Tratando-se de propriedade imóvel, a própria CF traça os requisitos básicos
7-

para o atendimento à função social.


79
53

URBANA (CF, art. 182) RURAL (CF, art. 186)


3.

- observância das exigências de - aproveitamento racional e adequado


33

ordenação da cidade expressas no Plano do solo;


4.

Diretor. - utilização adequada dos recursos


naturais disponíveis e preservação do
12

meio ambiente;
- observância de normas trabalhistas;
- exploração que favoreça o bem-estar
dos proprietários e dos trabalhadores.

Dentro (ou a par) da função social do solo urbano, há a possibilidade de


desapropriação, pelo Município, no caso de solo urbano não edificado ou subutilizado
(CF, art. 182, § 4º). São requisitos:

a) lei específica municipal nos termos de lei federal;


b) estar a área incluída no Plano Diretor;
c) prévia determinação de parcelamento ou de edificação compulsória do
terreno e ainda IPTU progressivo no tempo até alcançar o limite estabelecido na lei →
desapropriação extraordinária urbana.

Além disso, a propriedade privada pode ser desapropriada,


independentemente do atendimento à função social, por necessidade ou utilidade
pública ou ainda por interesse social (indenização prévia). Mas cuidado, há uma

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desapropriação por interesse social, de competência exclusiva da União, que exige que
a área esteja desatendendo à função social e ainda não enseja indenização prévia: para
fins de reforma agrária (CF, art. 184), ressaltando que a pequena e a média
propriedades não podem ser desapropriadas para fins de reforma agrária se o
proprietário não possuir outra (CF, art. 185, I).

ATENTE-SE às diferenças na indenização:

EM DINHEIRO EM TÍTULOS
- necessidade pública; - interesse social.
- utilidade pública.

DESAPROPRIAÇÃO REFORMA DESAPROPRIAÇÃO EXTRAORDINÁRIA


AGRÁRIA URBANA
- títulos da dívida agrária resgatáveis - títulos da dívida pública com prazo de
em até 20 anos; resgate de até 10 anos.
- se houver benfeitorias úteis ou - a emissão dos títulos deve ser
necessárias, estas devem ser previamente aprovada pelo Senado
indenizadas em dinheiro; Federal;
- o resgate dos títulos é a partir do - parcelas anuais, iguais e sucessivas.
5
segundo ano de sua emissão.
8
7-

Em caso de iminente perigo público, a autoridade competente poderá usar de 80


53

propriedade particular (CF, art. 5º, XXV). No mesmo sentido, com a decretação do
3.

estado de sítio ou a declaração de guerra tem vez a requisição militar (CF, art. 139, VII).
É assegurada ao proprietário indenização posterior, se houver dano – em regra não há
33

perda da propriedade, havendo apenas uso temporário do bem.


4.

Por fim, haverá confisco das glebas utilizadas para o cultivo ilegal de plantas
12

psicotrópicas, sem direito a qualquer indenização e com destinação específica ao


assentamento de colonos para que cultivem produtos alimentícios ou
medicamentosos (CF, art. 243 e Lei n 8.257/91). Ressalte-se que, segundo o STF, toda a
área deve ser extinta e não apenas a utilizada para o plantio ilegal (RE nº 543.974/MG).

Relativização da propriedade:
- não atendimento à função social;
- solo urbano não edificado ou subutilizado;
- desapropriação por necessidade ou utilidade pública ou ainda por interesse social
(inclusive para reforma agrária);
- requisição civil ou militar;
- confisco das glebas utilizadas para plantio de psicotrópicos e exploração de
trabalho escravo.

Questão importante é que a competência para legislar sobre desapropriação é


privativa da União. Somente Lei Federal poderá regulamentar o procedimento de
desapropriação ordinária ou servir de base para a lei específica municipal na
desapropriação extraordinária de imóvel urbano. Não confunda a competência para

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legislar com a competência para executar, pois tanto a União como os Estados e
Municípios podem realizar desapropriação ordinária (por utilidade ou necessidade
pública ou ainda por interesse social) e o município pode realizar desapropriação
extraordinária (não edificação ou subutilização do solo); a única desapropriação
exclusiva da União é para fins de reforma agrária.

OBSERVAÇÃO: propriedade é perpétua e transmissível aos herdeiros → é garantido


o direito de herança.

1.10.11.1 P ROPRIEDADE INTELECTUAL : DIREITOS AUTORAIS E COMEXOS E


PROPRIEDADE INDUSTRIAL

DIREITO AUTORAL = a Constituição garante o direito autoral (art. 5º, XXVII).


Não é exatamente uma propriedade (que é perpétua), mas o direito exclusivo dos
autores de utilizar, publicar ou reproduzir suas obras de forma vitalícia e transmissível
aos herdeiros pelo tempo que a lei fixar (depois cai em domínio público).

PROPRIEDADE INDUSTRIAL = no que se refere às invenções industriais, não se


tem também efetiva propriedade, mas privilégio temporário para sua utilização. As
marcas, aos nomes de empresas e outros signos distintivos gozam de proteção mais 5
estável (enquanto forem utilizados), mas em qualquer caso a proteção poderá ser
8
eventualmente relativizada em vista do interesse social e do desenvolvimento
7-

tecnológico e econômico do país.


81
53

1.10.12 NACIONALIDADE
3.
33

NACIONALIDADE = vinculo jurídico-político que liga o indivíduo ao Estado,


4.

fazendo dele um componente do povo. Há duas espécies de nacionalidade: primária e


secundária.
12

PRIMÁRIA SECUNDÁRIA
- originária (em razão de fato natural) = - derivada (por ato de vontade) =
nato. naturalizado.

- CRITÉRIOS para concessão da nacionalidade originária:


- territorial (jus soli) = em razão do local do nascimento (países de imigração).
- sanguíneo (jus sanguinis) = em virtude da ascendência (países de emigração).
* a maioria das Constituições adota um critério misto.

São brasileiros NATOS:


- nascidos no Brasil, mesmo que de pais estrangeiros, salvo se ambos estiverem a
serviço de seu país ou que um deles esteja apenas acompanhando o outro.
- nascidos no exterior de pai ou mãe brasileira a serviço do Brasil.
- nascidos no estrangeiro, sendo registrados na repartição brasileira competente.
- nascidos no estrangeiro e que venham a residir no Brasil, optando, após a
maioridade, pela nacionalidade brasileira.

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Se a criança vier residir no Brasil durante a menoridade, adquirirá


automaticamente a nacionalidade brasileira até completar a maioridade, depois do
que fica esta suspensa até que o adulto realize a opção. Tratando-se da naturalidade
secundária (naturalização), pode ser ordinária ou extraordinária.

ORDINÁRIA EXTRAORDINÁRIA
- período de residência no Brasil; - residência no Brasil por 15 anos
- 1 ano de residência no Brasil para os ininterruptos;
oriundos de países de língua - ausência de condenação penal.
portuguesa;
- idoneidade moral.
- ato discricionário = soberania - direito público subjetivo.
nacional.

Se você ouvir falar em quase-nacionalidade, está-se se referindo aos


portugueses com residência permanente no Brasil, que têm os mesmos direitos
concedidos aos brasileiros em Portugal.

Cargos vedados aos naturalizados:


- oficial das forças armadas, diplomata, Ministro de Estado da Defesa (segurança 5
nacional);
8
- Presidente da República e vice, Presidente da Câmara dos Deputados, Presidente
7-

do Senado Federal e Ministro do STF (linha sucessória do Presidente); 82


53

- assentos no Conselho da República.


3.

Há restrições ainda à propriedade de empresa jornalística e de radiodifusão,


33

que fica restrita ao brasileiro nato ou ao naturalizado há mais de 10 anos. Outra


4.

diferenciação é que só o naturalizado pode ser extraditado:


12

(1) por crime cometido anterior à naturalização;


(2) comprovado envolvimento com tráfico ilícito de entorpecentes.

Por último, as hipóteses de PERDA DA NACIONALIDADE (CF, art. 12, § 4º)

NATOS e NATURALIZADOS NATURALIZADOS


- aquisição voluntária de outra - ação de cancelamento de
nacionalidade, salvo: (a) naturalização = atividade nociva ao
reconhecimento da nacionalidade interesse nacional, não se permitindo a
originária (dupla nacionalidade); (b) reaquisição da nacionalidade por novo
imposição na naturalização para processo de naturalização, mas somente
exercício de direitos no país. por ação rescisória.

1.10.13 DIREITOS POLÍTICOS

Segundo a doutrina, são duas as funções dos os direitos políticos, : 1.


elementos essenciais (e garantes) da democracia no Estado Constitucional ; 2. limites à
própria maioria parlamentar. A maioria parlamentar, no campo de suas opções

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políticas, deve respeitar os direitos fundamentais e os parâmetros estabelecidos pelos


direitos políticos, de tal sorte que entre os direitos políticos e os direitos fundamentais
em geral e a democracia se verifica uma relação de reciprocidade e interdependência.
(Cf. SARLET, Ingo W. MARINONI, Gustavo; MITIDIERO, Daniel.).

André Ramos Tavares lecona que os direitos políticos perfazem o conjunto de


regras destinadas a regulamentar o exercício da soberania popular. Com isso quer-se
significar que a expressão “direitos políticos” é utilizada em sentido amplo, para
designar: A) o direito de todos participarem e tomarem conhecimento das decisões e
atividades desenvolvidas pelo governo; B) o Direito Eleitoral; e C) a regulamentação
dos partidos políticos.

Em síntese, pode-se afirmar que é o conjunto de normas que disciplinam a


intervenção, direta ou indireta, no poder.

Alguns conceitos básicos para a compreensão dos direitos políticos são:


soberania popular, que significa o poder de as pessoas escolherem seus
representantes por meio do do sufrágio universal, mais voto direto, secreto e
igualitário; nacionalidade, essencialmente o vínculo jurídico que une o indivíduo ao
Estado e; cidadania, que pressupõe a nacionalidade, titularidade de direitos políticos 5
de votar e ser votado; sufrágio é o direito de votar e ser votado; voto é o ato por meio
8
do qual se exercita o sufrágio, ou seja, o direito de votar e ser votado; escrutínio é o
7-

modo, a maneira, a forma pela qual se exercita o voto (público ou secreto).


83
53

Os direitos políticos estão no art. 14 e ss. Da CF. Como salientado


3.

anteriormente, o art. 14 traz o rol dos meios de exercício da soberania popular:


33

plebiscito; referendo e; iniciativa popular.


4.

Os parágrafos subsequentes trazem regras quanto ao exercício dos direitos


12

políticos. O parágrafo primeiro traz que alistamento eleitoral e o voto são: I -


obrigatórios para os maiores de dezoito anos; II - facultativos para: a) os analfabetos;
b) os maiores de setenta anos; c) os maiores de dezesseis e menores de dezoito anos.
Já o segundo determina que não podem alistar-se como eleitores os estrangeiros e,
durante o período do serviço militar obrigatório, os conscritos.

O parágrafo terceiro traz as condições de elegibilidade constitucionais, as


quais, na forma da lei, são: I - a nacionalidade brasileira; II - o pleno exercício dos
direitos políticos; III - o alistamento eleitoral; IV - o domicílio eleitoral na circunscrição;
V - a filiação partidária; VI - a idade mínima de: a) trinta e cinco anos para Presidente e
Vice-Presidente da República e Senado; b) trinta anos para Governador e Vice-
Governador de Estado e do Distrito Federal; c) vinte e um anos para Deputado Federal,
Deputado Estadual ou Distrital, Prefeito, Vice-Prefeito e juiz de paz; d) dezoito anos
para Vereador.

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Finalmente, o quarto determina que são inelegíveis os inalistáveis e os


analfabetos. Os Parágrafos 5º e seguintes trazem regras específicas quanto à
elegibilidade para determinados cargos e quanto ao alistamento.9

O artigo 15 consagra bastião da democracia brasileira, ao vedar


expressamente a cassação de direitos políticos. Entretanto, traz que é possível a perda
ou suspensão de tais direitos, que somente se dará nos casos de: I - cancelamento da
naturalização por sentença transitada em julgado; II - incapacidade civil absoluta; III -
condenação criminal transitada em julgado, enquanto durarem seus efeitos; IV -
recusa de cumprir obrigação a todos imposta ou prestação alternativa, nos termos do
art. 5º, VIII; V - improbidade administrativa, nos termos do art. 37, § 4º.

8 5
7-

84
53
3.
33
4.
12

9
Art. 14. …omissis…§ 5º O Presidente da República, os Governadores de Estado e do Distrito Federal, os
Prefeitos e quem os houver sucedido, ou substituído no curso dos mandatos poderão ser reeleitos para
um único período subseqüente. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 16, de 1997) § 6º Para
concorrerem a outros cargos, o Presidente da República, os Governadores de Estado e do Distrito
Federal e os Prefeitos devem renunciar aos respectivos mandatos até seis meses antes do pleito. § 7º
São inelegíveis, no território de jurisdição do titular, o cônjuge e os parentes consangüíneos ou afins, até
o segundo grau ou por adoção, do Presidente da República, de Governador de Estado ou Território, do
Distrito Federal, de Prefeito ou de quem os haja substituído dentro dos seis meses anteriores ao pleito,
salvo se já titular de mandato eletivo e candidato à reeleição. § 8º O militar alistável é elegível,
atendidas as seguintes condições: I - se contar menos de dez anos de serviço, deverá afastar-se da
atividade; II - se contar mais de dez anos de serviço, será agregado pela autoridade superior e, se eleito,
passará automaticamente, no ato da diplomação, para a inatividade. § 9º Lei complementar
estabelecerá outros casos de inelegibilidade e os prazos de sua cessação, a fim de proteger a probidade
administrativa, a moralidade para exercício de mandato considerada vida pregressa do candidato, e a
normalidade e legitimidade das eleições contra a influência do poder econômico ou o abuso do
exercício de função, cargo ou emprego na administração direta ou indireta. (Redação dada pela Emenda
Constitucional de Revisão nº 4, de 1994).

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2.2 JURISPRUDÊNCIA

A reserva de 2 (duas) vagas gratuitas por veículo para idosos com renda igual ou
inferior a 2 (dois) salários-mínimos, prevista no art. 40, I, do Estatuto do Idoso, não se
limita ao valor das passagens, abrangendo eventuais custos relacionados diretamente
com o transporte, em que se incluem as tarifas de pedágio e de utilização dos
terminais. REsp 1.543.465-RS, Rel. Min. Napoleão Nunes Maia Filho, por unanimidade,
julgado em 13/12/2018, DJe 04/02/2019.

Revela-se ilegal e arbitrária a medida coercitiva de retenção do passaporte em decisão


judicial não fundamentada e que não observou o contraditório, proferida no bojo de
execução por título extrajudicial. RHC 97.876-SP, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, por
unanimidade, julgado em 05/06/2018, DJe 09/08/2018.

O direito dos transexuais à retificação do prenome e do sexo/gênero no registro civil


não é condicionado à exigência de realização da cirurgia de transgenitalização. REsp
1.626.739-RS, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, por maioria, julgado em 9/5/2017, DJe
1/8/2017.

PREVIDENCIÁRIO E PROCESSUAL CIVIL. RECURSO ESPECIAL. AÇÃO DE CONCESSÃO DE 5


AUXÍLIO-ACIDENTE. OS PLEITOS PREVIDENCIÁRIOS ENVOLVEM RELAÇÕES DE TRATO
8
SUCESSIVO E ATENDEM NECESSIDADES DE CARÁTER ALIMENTAR, RAZÃO PELA QUAL A
7-

PRETENSÃO À OBTENÇÃO DE UM BENEFÍCIO É IMPRESCRITÍVEL. NÃO OCORRÊNCIA DE 85


53

PRESCRIÇÃO DO FUNDO DE DIREITO. RECURSO ESPECIAL DO SEGURADO PROVIDO.


1. O Supremo Tribunal Federal, no julgamento do RE 626.489/SE, Rel. Min. ROBERTO
3.

BARROSO, DJe 23.9.2014, com repercussão geral reconhecida, firmou entendimento


33

de que o direito fundamental ao benefício previdenciário pode ser exercido a qualquer


4.

tempo, sem que se atribua consequência negativa à inércia do beneficiário,


reconhecendo que inexiste prazo decadencial para a concessão inicial de benefício
12

previdenciário.
2. De fato, o benefício previdenciário constitui direito fundamental da pessoa humana,
dada a sua natureza alimentar, vinculada à preservação da vida. Por essa razão, não é
admissível considerar extinto o direito à concessão do benefício pelo seu não exercício
em tempo que se julga oportuno. A compreensão axiológica dos Direitos
Fundamentais não cabe na estreiteza das regras do processo clássico, demandando
largueza intelectual que lhes possa reconhecer a máxima efetividade possível.
Portanto, no caso dos autos, afasta-se a prescrição de fundo de direito e aplica-se a
quinquenal, exclusivamente em relação às prestações vencidas antes do ajuizamento
da ação.
3. Não se pode admitir que o decurso do tempo legitime a violação de um direito
fundamental. O reconhecimento da prescrição de fundo de direito à concessão de um
benefício de caráter previdenciário excluirá seu beneficiário da proteção social,
retirando-lhe o direito fundamental à previdência social, ferindo o princípio da
dignidade da pessoa humana e da garantia constitucional do mínimo existencial.
4. Recurso Especial do Segurado provido.
(REsp 1576543/SP, Rel. Ministro NAPOLEÃO NUNES MAIA FILHO, PRIMEIRA TURMA,
julgado em 26/02/2019, DJe 12/03/2019).

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PROCESSUAL CIVIL E ADMINISTRATIVO. EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. VÍCIO


INEXISTENTE. REDISCUSSÃO DA CONTROVÉRSIA. INDENIZAÇÃO. REPARAÇÃO DE
DANOS MORAIS. REGIME MILITAR. PERSEGUIÇÃO E PRISÃO POR MOTIVOS POLÍTICOS.
IMPRESCRITIBILIDADE. INAPLICABILIDADE DO ART. 1º DO DECRETO 20.910/1932.
PRECEDENTES.
1. Hipótese em que ficou consignado: a) a questão de fato suscitada da tribuna - de
que o autor da ação, na verdade, não é anistiado em si (ou seja, ele é herdeiro de
anistiado perseguido político) - já estava expressa na decisão ora agravada (fl. 337, e-
STJ), que ora transcrevo: "cuida-se, na origem, de Ação Ordinária ajuizada por
Morganna Rodrigues Sales e Carlos Marcos Rodrigues Sales contra a União, em que
pleiteiam o pagamento de indenização por danos morais por terem sido privados da
convivência com o pai, preso e condenado a várias penas, incluindo prisão perpétua,
durante o regime militar" (grifei); b) em recente julgamento do Agravo Interno no REsp
1.710.240/RS, da relatoria do Ministro Francisco Falcão, ocorrido em 8.5.2018 e
publicado no DJe 14.5.2018, a Segunda Turma do STJ reafirmou entendimento de que
a prescrição quinquenal, disposta no art. 1º do Decreto 20.910/1932, é inaplicável aos
danos decorrentes de violação de direitos fundamentais, que são imprescritíveis,
principalmente quando ocorreram durante o Regime Militar, época na qual os
jurisdicionados não podiam deduzir a contento suas pretensões; e c) a insurgente 5
reitera, em seus memoriais, as razões do recurso, não apresentando nenhum
8
argumento novo.
7-

2. A Segunda Turma desproveu o recurso com motivação clara e suficiente, inexistindo


86
53

omissão, contradição ou obscuridade no acórdão embargado.


3. A fundamentação da embargante denota mero inconformismo e intuito de
3.

rediscutir a controvérsia, não se prestando os aclaratórios a esse fim.


33

4. Embargos de Declaração rejeitados.


(EDcl no AgInt no REsp 1648124/RJ, Rel. Ministro HERMAN BENJAMIN, SEGUNDA
4.

TURMA, julgado em 19/02/2019, DJe 11/03/2019).


12

PREVIDENCIÁRIO. RECURSO ESPECIAL REPRESENTATIVO DE CONTROVÉRSIA.


RECONHECIMENTO DO DIREITO ADQUIRIDO AO BENEFÍCIO MAIS VANTAJOSO.
EQUIPARAÇÃO AO ATO DE REVISÃO. INCIDÊNCIA DO PRAZO DECADENCIAL. ARTIGO
103 CAPUT DA LEI 8.213/1991. TEMA 966. RECURSO ESPECIAL NÃO PROVIDO.
1. Cinge-se a controvérsia em saber se o prazo decadencial do caput do artigo 103 da
Lei 8.213/1991 é aplicável aos casos de requerimento a um benefício previdenciário
mais vantajoso, cujo direito fora adquirido em data anterior à implementação do
benefício previdenciário ora em manutenção.
2. Em razão da natureza do direito tutelado ser potestativo, o prazo de dez anos para
se revisar o ato de concessão é decadencial.
3. No âmbito da previdência social, é assegurado o direito adquirido sempre que,
preenchidos os requisitos para o gozo de determinado benefício, lei posterior o
revogue, estabeleça requisitos mais rigorosos para a sua concessão ou, ainda, imponha
critérios de cálculo menos favoráveis ao segurado.
4. O direito ao beneficio mais vantajoso, incorporado ao patrimônio jurídico do
trabalhador segurado, deve ser exercido por seu titular nos dez anos previstos no
caput do artigo 103 da Lei 8.213/1991.

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Decorrido o decênio legal, acarretará a caducidade do próprio direito. O direito pode


ser exercido nas melhores condições em que foi adquirido, no prazo previsto no caput
do artigo 103 da Lei 8.
213/1991.
5. O reconhecimento do direito adquirido ao benefício mais vantajoso equipara-se ao
ato revisional e, por isso, está submetido ao regramento legal. Importante resguardar,
além da segurança jurídica das relações firmadas com a previdência social, o equilíbrio
financeiro e atuarial do sistema previdenciário.
6. Tese delimitada em sede de representativo da controvérsia: sob a exegese do caput
do artigo 103 da Lei 8.213/1991, incide o prazo decadencial para reconhecimento do
direito adquirido ao benefício previdenciário mais vantajoso.
7. Recurso especial do segurado conhecido e não provido. Observância dos artigos
1.036 a 1.041 do CPC/2015.
(REsp 1612818/PR, Rel. Ministro MAURO CAMPBELL MARQUES, PRIMEIRA SEÇÃO,
julgado em 13/02/2019, DJe 13/03/2019).

RECURSOS ESPECIAIS. RESPONSABILIDADE CIVIL. 1. REPARAÇÃO POR DANOS MORAIS.


OBRA LITERÁRIA. FIGURA PÚBLICA. ABUSO DO DIREITO DE EXPRESSÃO E DE
INFORMAÇÃO. AFRONTA AOS DIREITOS DE PERSONALIDADE. EXISTÊNCIA.
INFORMAÇÃO INVEROSSÍMIL. EXISTÊNCIA DE ANIMUS INJURIANDI VEL DIFFAMANDI. 5
2. QUANTUM INDENIZATÓRIO. MÉTODO BIFÁSICO. OBSERVÂNCIA DOS PRINCÍPIOS DA
8
PROPORCIONALIDADE E DA RAZOABILIDADE. 3. DIREITO À RETRATAÇÃO. PRINCÍPIO DA
7-

REPARAÇÃO INTEGRAL. PUBLICAÇÃO DA DECISÃO CONDENATÓRIA. POSSIBILIDADE. 4.


87
53

RECURSO ESPECIAL DOS RÉUS DESPROVIDO. RECURSO ESPECIAL DO AUTOR


PARCIALMENTE PROVIDO.
3.

1. Liberdade de expressa e de informação em contraponto à proteção aos direitos da


33

personalidade. O Superior Tribunal de Justiça estabeleceu, para situações de conflito


entre tais direitos fundamentais, entre outros, os seguintes elementos de ponderação:
4.

a) o compromisso ético com a informação verossímil; b) a preservação dos chamados


12

direitos da personalidade, entre os quais incluem-se os direitos à honra, à imagem, à


privacidade e à intimidade; e c) a vedação de veiculação de crítica jornalística com
intuito de difamar, injuriar ou caluniar a pessoa (animus injuriandi vel diffamandi). 1.1.
A princípio, não configura ato ilícito as publicações que narrem fatos verídicos ou
verossímeis, embora eivados de opiniões severas, irônicas ou impiedosas, sobretudo
quando se trate de figuras públicas que exerçam atividades tipicamente estatais,
gerindo interesses da coletividade, e a notícia e a crítica referirem-se a fatos de
interesse geral relacionados à atividade pública desenvolvida pela pessoa noticiada.
1.2. Não obstante a liberdade de expressão seja prevalente, atraindo verdadeira
excludente anímica, ela não é absoluta, devendo ser balizada pelos demais direitos e
princípios constitucionais.
Comprovado, na espécie, que o autor do livro ultrapassou a informação de cunho
objetivo, deve preponderar os direitos da personalidade. Dano moral configurado.
2. O valor estabelecido pelas instâncias ordinárias a título de danos morais somente
deve ser revisto por esta Corte Superior nas hipóteses em que a condenação se revelar
irrisória ou excessiva, em desacordo com os princípios da razoabilidade e da
proporcionalidade.

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No caso, a tríplice função da indenização por danos morais e o método bifásico de


arbitramento foram observados, de acordo com a gravidade e a lesividade do ato
ilícito, de modo que é inviável sua redução.
3. O direito à retratação e ao esclarecimento da verdade possui previsão na
Constituição da República e na Lei Civil, não tendo sido afastado pelo Supremo
Tribunal Federal no julgamento da ADPF 130/DF.
O princípio da reparação integral (arts. 927 e 944 do CC) possibilita o pagamento da
indenização em pecúnia e in natura, a fim de se dar efetividade ao instituto da
responsabilidade civil.
3.1. Violada a expectativa legítima, cabe à jurisdição buscar a pacificação social,
podendo o Magistrado determinar a publicação da decisão condenatória nas próximas
edições do livro.
4. Recurso especial dos réus desprovido. Recurso especial do autor parcialmente
provido.
(REsp 1771866/DF, Rel. Ministro MARCO AURÉLIO BELLIZZE, TERCEIRA TURMA, julgado
em 12/02/2019, DJe 19/02/2019).

PROCESSUAL CIVIL. ADMINISTRATIVO. AGRAVO INTERNO NO RECURSO ESPECIAL.


ANISTIA POLÍTICA. DIREITOS FUNDAMENTAIS. OFENSA OCORRIDA, EM TESE, DURANTE
O REGIME DE GOVERNO MILITAR. IMPRESCRITIBILIDADE. PRECEDENTES. 5
1. A jurisprudência desta Corte firmou compreensão segundo a qual os danos
8
decorrentes de violação de direitos fundamentais ocorridos durante o Regime Militar
7-

são imprescritíveis. A propósito: REsp 1.565.166/PR, Rel. Min. Regina Helena Costa,
88
53

Primeira Turma, DJe 2/8/2018; REsp 1.664.760/RS, Rel. Min. Herman Benjamin,
Segunda Turma DJe 30/6/2017.
3.

2. A alegação segundo a qual deve ser reconhecida a prescrição, porque o direito foi
33

transmitido aos herdeiros, nem sequer foi debatida pela Corte de origem ou
apresentada em sede de contrarrazões ao apelo especial, razão por que traduz
4.

inovação recursal.
12

3. Agravo interno não provido.


(AgInt no REsp 1602586/PE, Rel. Ministro BENEDITO GONÇALVES, PRIMEIRA TURMA,
julgado em 07/02/2019, DJe 12/02/2019).

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2.3 QUESTÕES

1. No que se refere à liberdade de expressão, à liberdade de imprensa e aos seus


limites, assinale a opção correta.
a) De acordo com o STF, o consumo de droga ilícita em passeata que reivindique a
descriminalização do uso dessa substância é assegurado pela liberdade de expressão.
b) A legislação pertinente determina que os comentários de usuários da Internet nas
páginas eletrônicas dos veículos de comunicação social se sujeitem ao direito de
resposta do ofendido.
c) A publicação de informações falsas em veículos de comunicação social não está
assegurada pela liberdade de imprensa.
d) A retratação ou retificação espontânea de mensagem de conteúdo ofensivo à honra
ou imagem de outrem impede eventual direito de resposta do ofendido.
e) Além do direito de resposta, a liberdade de expressão garante o direito de acesso e
exposição de ideias em veículos de comunicação social.

2. Ano: 2019 Banca: CESPE Órgão: TJ-BA Prova: CESPE - 2019 - TJ-BA - Juiz de Direito
Substituto. “O Estado constitucional, para ser um Estado com as qualidades
identificadas com o constitucionalismo moderno, deve ser um Estado de direito
democrático. Eis aqui as duas grandes qualidades do Estado constitucional: Estado de 5
direito e Estado democrático. Estas duas qualidades surgem muitas vezes separadas.
8
Fala-se em Estado de direito, omitindo-se a dimensão democrática, e alude-se a
7-

Estado democrático, silenciando-se a dimensão do Estado de direito. Essa 89


53

dissociação corresponde, por vezes, à realidade das coisas: existem formas de


domínio político em que esse domínio não está domesticado do ponto de vista de
3.

Estado de direito, e existem Estados de direito sem qualquer legitimação


33

democrática. O Estado constitucional democrático de direito procura estabelecer


4.

uma conexão interna entre democracia e Estado de direito.” J. J. Gomes Canotilho.


Direito constitucional e teoria da Constituição. 7.ª ed., Coimbra: Almedina, 2003, p.
12

93 (com adaptações). Tendo o texto precedente como referência inicial, assinale a


opção correta, a respeito do Estado democrático de direito.
a) A domesticação do domínio político pelo Estado de direito referida no texto não
implica a sujeição dos atos do Poder Executivo ao Poder Legislativo.
b) A existência do controle judicial de constitucionalidade das leis é garantia inerente
ao Estado de direito.
c) Por legitimação democrática entendem-se a eleição dos representantes do povo e a
obrigatoriedade de participação deste na deliberação pública das questões políticas.
d) No Brasil, as exceções ao princípio da legalidade no Estado de direito admitidas
incluem o estado de defesa, o estado de sítio e a intervenção federal.
e) No Estado constitucional, os direitos políticos implicam limites à maioria
parlamentar.

3. Ano: 2018 Banca: FCC Órgão: DPE-MA Prova: FCC - 2018 - DPE-MA - Defensor
Público. Acerca das relações entre o sistema penal brasileiro e a Constituição da
República de 1988, é correto afirmar que
a) o objetivo fundamental da República de erradicar a pobreza e a marginalização é
alcançado mediante uma política criminal racional de encarceramento em massa.

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b) o processo de encarceramento em massa e a piora nas condições de


aprisionamento durante a vigência da atual Constituição revelou que a proibição de
penas cruéis, em seu aspecto material, é norma sem plena eficácia.
c) o respeito à integridade física e moral da pessoa presa é direito fundamental
previsto no art. 5° da Constituição e, portanto, não é violado em nosso sistema
prisional.
d) a despeito de não constar expressamente do texto constitucional, a garantia de
condições para que as presas permaneçam com seus filhos durante o período de
amamentação decorre do princípio da dignidade da pessoa humana.
e) o objetivo fundamental da República de promover o bem de todos, sem
preconceitos e discriminação podem ser vislumbrados com uma atuação penal sem
seletividade.

4. Segundo a Constituição Federal, é vedada a cassação dos direitos políticos,


admitindo-se a perda ou suspensão no caso de
a) procedimento declarado incompatível com o decoro parlamentar.
b) condenação criminal não transitada em julgado, mas com decisão condenatória
proferida em segundo grau de jurisdição.
c) cancelamento de naturalização por decisão administrativa.
d) ausência de prestação de contas à Justiça Eleitoral. 5
e) incapacidade civil absoluta.
8
7-

5. Ano: 2018 Banca: FCC Órgão: DPE-MA Prova: FCC - 2018 - DPE-MA - Defensor
90
53

Público. Aquele que, dada a circunstância do nascimento, não se vincula a nenhum


dos critérios que lhe demandariam uma nacionalidade,
3.

a) é considerado polipátrida.
33

b) é considerado Heimatlos
c) tem nacionalidade difusa.
4.

d) tem nacionalidade alternativa.


12

e) tem nacionalidade restritiva.

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2.4 GABARITOS

1) Gabarito: C

A. STF – Marcha da Maconha – não permtiu o consumo de drogas durante o evento. E


M E N T A: […] MÉRITO: “MARCHA DA MACONHA” – […] CONSEQUENTE
LEGITIMIDADE, SOB PERSPECTIVA ESTRITAMENTE CONSTITUCIONAL, DE ASSEMBLEIAS,
REUNIÕES, MARCHAS, PASSEATAS OU ENCONTROS COLETIVOS REALIZADOS EM
ESPAÇOS PÚBLICOS (OU PRIVADOS) COM O OBJETIVO DE OBTER APOIO PARA
OFERECIMENTO DE PROJETOS DE LEI, DE INICIATIVA POPULAR, DE CRITICAR MODELOS
NORMATIVOS EM VIGOR, DE EXERCER O DIREITO DE PETIÇÃO E DE PROMOVER ATOS
DE PROSELITISMO EM FAVOR DAS POSIÇÕES SUSTENTADAS PELOS MANIFESTANTES E
PARTICIPANTES DA REUNIÃO - ESTRUTURA CONSTITUCIONAL DO DIREITO
FUNDAMENTAL DE REUNIÃO PACÍFICA E OPONIBILIDADE DE SEU EXERCÍCIO AO PODER
PÚBLICO E AOS SEUS AGENTES - (ADPF 187, Relator(a): Min. CELSO DE MELLO,
Tribunal Pleno, julgado em 15/06/2011, ACÓRDÃO ELETRÔNICO DJe-102 DIVULG 28-
05-2014 PUBLIC 29-05-2014)
B. Errado. Lei 13.188/15 (Direito de Resposta) - § 2o São excluídos da definição de
matéria estabelecida no § 1 deste artigo os comentários realizados por usuários da
internet nas páginas eletrônicas dos veículos de comunicação social. 2o São excluídos 5
da definição de matéria estabelecida no § 1o deste artigo os comentários realizados
8
por usuários da internet nas páginas eletrônicas dos veículos de comunicação social.
7-

C. Certo. RECURSO ESPECIAL. AÇÃO DE INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS. 91


53

LIBERDADE DE IMPRENSA. RESPONSABILIDADE PELO EXCESSO IMPUTADA A


POSTERIORI. COLUNA DE FOFOCAS. ESPECULAÇÃO FALSA ACERCA DE PATERNIDADE
3.

DE PESSOA FAMOSA. OFENSA A DIREITO DE PERSONALIDADE. CONFIGURAÇÃO. VALOR


33

DA INDENIZAÇÃO. DEMINUIÇÃO. ADEQUAÇÃO . 1. Conforme se extrai do voto da


4.

Ministra Cármen Lúcia, relatora da ADI 4.815/DF, "o dever de respeito ao direito do
outro conduz ao de responder nos casos em que, mesmo no exercício de direito
12

legitimamente posto no sistema jurídico, se exorbite causando dano a terceiro. Quem


informa e divulga informação responde por eventual excesso, apurado por critério que
demonstre dano decorrente da circunstância de ter sido ultrapassada esfera garantida
de direito do outro". 2. A liberdade de imprensa - embora amplamente assegurada e
com proibição de controle prévio - acarreta responsabilidade a posteriori pelo
eventual excesso e não compreende a divulgação de especulação falsa, cuja
verossimilhança, no caso, sequer se procurou apurar. 4. Gera dano moral indenizável a
publicação de notícia sabidamente falsa, amplamente divulgada, a qual expôs a vida
íntima e particular dos envolvidos 5. Nos termos da jurisprudência deste Superior
Tribunal de Justiça, admite-se a revisão do valor fixado a título de condenação por
danos morais quando este se mostrar ínfimo ou exagerado, ofendendo os princípios da
proporcionalidade e da razoabilidade. Hipótese em que o valor foi estabelecido na
instância ordinária de forma desproporcional à gravidade dos fatos. 6. Recurso especial
a que se dá parcial provimento. (REsp 1582069/RJ, Rel. Ministro MARCO BUZZI, Rel. p/
Acórdão Ministra MARIA ISABEL GALLOTTI, QUARTA TURMA, julgado em 16/02/2017,
DJe 29/03/2017).
D. Errado: § 3º A retratação ou retificação espontânea, ainda que a elas sejam
conferidos os mesmos destaque, publicidade, periodicidade e dimensão do agravo,

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não impedem o exercício do direito de resposta pelo ofendido nem prejudicam a ação
de reparação por dano moral.
E. O direito de resposta se trata de uma reação direta, mas não garante uma situação
jurídica de se expor ideias em veículos de comunicação social.

2) Gabarito: E

(A) Errado. O Estado de Direito tem como das principais características a Sujeição do
Executivo ao Parlamento “King in Parliament”.
(B) Errado. O Controle judicial de Constitucionalidade não está presente em todos os
Estados de Direito. A Inglaterra durante Séculos foi um Estado de Direito regido pela
soberania do Parlamento, por exemplo.
(C) Errado. Legitimação deriva de uma série de elementos e a decisão política tomada
em um sistema com instituições estabelecidas constitucionalmente não
necessariamente é ocupada por pessoas investidas pelos processos de consulta
popular. Exemplo seria um juiz, por exemplo, que presta concurso público, é aprovado
e é investido de seu poder de tomar uma decisão com legitimidade sem se submeter a
eleição. Em tese é o caso do Brasil.
(D) Errado. O Estado de defesa e o estado de sítio são métodos constitucionais de
solução de crise, em que se abrem exceções constitucioanis ao princípio da legalidade. 5
A intervenção federal não.
8
(E) Certo. Segundo a doutrina, são duas as funções dos os direitos políticos, : 1.
7-

elementos essenciais (e garantes) da democracia no Estado Constitucional ; 2. limites à


92
53

própria maioria parlamentar. A maioria parlamentar, no campo de suas opções


políticas, deve respeitar os direitos fundamentais e os parâmetros estabelecidos pelos
3.

direitos políticos, de tal sorte que entre os direitos políticos e os direitos fundamentais
33

em geral e a democracia se verifica uma relação de reciprocidade e interdependência.


(Cf. SARLET, Ingo W. MARINONI, Gustavo; MITIDIERO, Daniel.).
4.
12

3) Gabarito: B. A questão é de cunho conceitual e aborda importante aspectos do


Estado de Coisas Inconstitucional.
O Estado de Coisas inconstitucional é um tema que tem por contexto a questão
carcerária. Alguns elementos interessantes:
Origem: Suprema Corte Colombiana: “Petição Inicial da ADPF - sistema penitenciário
brasileiro - pressupostos que caracterizam esse ECI:
a) violação generalizada e sistêmica de direitos fundamentais;
b) inércia ou incapacidade reiterada e persistente das autoridades públicas em
modificar a conjuntura;
c) situação que exige a atuação não apenas de um órgão, mas sim de uma pluralidade
de autoridades para resolver o problema.

A ação foi proposta contra a União e todos os Estados-membros”.

Pedidos LIMINAR:
Deferido/Inderefido
STF deveria obrigar a) quando forem decretar ou NÃO CONHECIDO:
todos os tribunais e manter prisões provisórias, DESNECESSÁRIO

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juízes do país: fundamentem essa decisão


dizendo expressamente o motivo
pelo qual estão aplicando a
prisão e não uma das medidas
cautelares alternativas previstas
no art. 319 do CPP;
STF deveria obrigar b) implementem, no prazo DEFERIDO parcialmente
todos os tribunais e máximo de 90 dias, as audiências
juízes do país: de custódia (sobre as audiências
de custódia, leia o Info 795 STF);
STF deveria obrigar c) quando forem impor NÃO CONHECIDO:
todos os tribunais e cautelares penais, aplicar pena DESNECESSÁRIO
juízes do país: ou decidir algo na execução
penal, levem em consideração,
de forma expressa e
fundamentada, o quadro
dramático do sistema
penitenciário brasileiro;
STF deveria obrigar d) estabeleçam, quando possível, NÃO CONHECIDO:
todos os tribunais e penas alternativas à prisão; 5 DESNECESSÁRIO
juízes do país:
8
STF deveria obrigar e) abrandar os requisitos INDEFERIDO
7-

todos os tribunais e temporais necessários para que 93


53

juízes do país: o preso goze de benefícios e


direitos, como a progressão de
3.

regime, o livramento condicional


33

e a suspensão condicional da
4.

pena, quando ficar demonstrado


que as condições de
12

cumprimento da pena estão, na


prática, mais severas do que as
previstas na lei em virtude do
quadro do sistema carcerário; e
STF deveria obrigar f) abatam o tempo de prisão, se INDEFERIDO
todos os tribunais e constatado que as condições de
juízes do país: efetivo cumprimento são, na
prática, mais severas do que as
previstas na lei. Isso seria uma
forma de "compensar" o fato de
o Poder Público estar
cometendo um ilícito estatal.

O STF deveria obrigar g) coordene um mutirão JÁ OCORRE


que o CNJ: carcerário a fim de revisar todos
os processos de execução penal
em curso no País que envolvam a
aplicação de pena privativa de

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liberdade, visando a adequá-los


às medidas pleiteadas nas
alíneas “e” e “f” acima expostas.

O STF deveria obrigar h) libere, sem qualquer tipo de DEFERIDO Parcialmente


que a União: limitação, o saldo acumulado do
Fundo Penitenciário Nacional
(FUNPEN) para utilização na
finalidade para a qual foi criado,
proibindo a realização de novos
contingenciamentos.”

4) Gabarito E.
Art. 15. É vedada a cassação de direitos políticos, cuja perda ou suspensão só se dará
nos casos de:
I - cancelamento da naturalização por sentença transitada em julgado;
II - incapacidade civil absoluta;
III - condenação criminal transitada em julgado, enquanto durarem seus efeitos;
IV - recusa de cumprir obrigação a todos imposta ou prestação alternativa, nos termos
do art. 5º, VIII; 5
V - improbidade administrativa, nos termos do art. 37, § 4º.
8
7-

5) Gabarito: B. Heimatlos é sinônimo de Apátrida.


94
53
3.
33
4.
12

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3. DIREITO CONSTITUCIONAL

3.1. DOUTRINA (RESUMO)

1.1 ORGANIZAÇÃO DO ESTADO

O termo Estado no sentido de sociedade política de vocação permanente e


dotada de poder aparece pela primeira vez na obra de Maquiavel (“O Príncipe” - 1513).

São frequentes questões que envolvem a diferenciação entre formas de


governo e Estado e ainda sistema de governo. Vejamos:

FORMA DE GOVERNO SISTEMA DE GOVERNO FORMA DE ESTADO


- forma de organização do - forma de distribuição - mecanismo de
poder em relação ao povo. horizontal do poder distribuição vertical do
- de que maneira o poder é político. poder político.
exercido no território? - de que maneira se - quantos centros de
relacionam o PE e o PL? poder há no território
5 (Poderes Legislativos)?
- monarquia; - presidencialismo; - Estados unitários;
8
- república. - parlamentarismo. - Estados compostos.
7-

95
53

MONARQUIA REPÚBLICA
- mono (um) + arcos (poder); - res (coisa) + pública (de todos);
3.

- irresponsabilidade do governante; - responsabilidade política do


33

- hereditariedade; governante;
- vitaliciedade. - eletividade;
4.

- temporariedade (alternância de
12

poder).

PRESIDENCIALISMO PARLAMENTARISMO
- as funções de chefe de Estado (plano - as funções de chefe de Estado (rei ou
externo e representante moral) e de presidente - função simbólica,
governo (plano interno) são exercidas protocolar) e de governo (primeiro
por uma só pessoa = monocrático. ministro) são exercidas por pessoas
distintas = dual.
- tempo de mandato fixo. - não há mandato fixo, permanecendo
enquanto prevalecer o apoio do
Parlamento.
- independência em relação ao - dependência em relação ao
Parlamento. Parlamento.
- surge na CF americana de 1787. - surge na Inglaterra, no século XVIII.

ATENÇÃO! Há ainda o parlamentarismo monárquico (ex: Japão, Reino Unido, Espanha,


Holanda) e o parlamentarismo presidencialista (ex: Alemanha, Áustria, África do Sul,
Coréia do Sul).

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No parlamentarismo, o primeiro ministro governa com apoio do gabinete,


sendo escolhido pelo Parlamento e pode ser afastado via “moção de desconfiança”,
sendo destituído junto com seu gabinete (semelhante a ministros).

OBSERVAÇÃO: Sistema semipresidencialista ou semiparlamentarista (híbrido) = surge


em 1978, na França (mas são exemplos Portugal, Polônia, Colômbia). O presidente é
eleito diretamente pelo povo e exerce competências políticas importantes (ex: nomear
o primeiro ministro, mediante chancela do Parlamento, dissolver o Parlamento,
apresentar projetos de lei, exercer o comando das Forças Armadas, convocar plebiscito
e referendo, além de conduzir a política externa).

ESTADO UNITÁRIO = monismo de poder. A Constituição atribui o poder


político a um ente central (não o reparte).

DESCENTRALIZAÇÃO
DESCENTRALIZAÇÃO
PURO POLÍTICO-
ADMINISTRATIVA
ADMINISTRATIVA
- há absoluta - há descentralização - há descentralização não só
centralização do apenas da execução das da execução das decisões, 5
exercício do poder decisões políticas tomadas mas também da autonomia
8
político. pelo governo central. política¹.
7-

¹ autonomia de governo (para escolher os próprios representantes) e legislativa. 96


53

Nos Estados unitários descentralizados não é a Constituição, mas o poder


3.

central quem descentraliza o poder.


33
4.

ESTADO COMPOSTO = pluralismo de entidades políticas (capacidade


legislativa) em um mesmo território.
12

Há duas espécies principais de Estado composto, a federação e a


confederação. Embora, ao cabo, representem Estados descentralizados pela
Constituição (o poder se encontra distribuído por vários entes dentro do Estado), há
diferenças sem sua estrutura e organização.

Federação = “foedus” ou “foederis” (latim) = aliança, pacto, união. Majoritariamente,


diz-se que a Federação surge com a Constituição Americana de 1787, a despeito de
Karl Loewenstein apontar exemplos anteriores, como a “aliança eterna dos cantões
suíços” (Séculos XIV e XV).
Confederação = associação de Estados soberanos, surgindo normalmente por meio de
tratado internacional → a rigor visa a defesa de agressões estrangeiras, fortalecimento
nas relações internacionais, comércio internacional e união monetária.

FEDERAÇÃO CONFEDERAÇÃO
- criada pela constituição federal. - formada em regra por tratado
- é vedada a secessão (separação). internacional.
- voltada a assuntos internos e externos. - admite-se o direito de secessão.

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- há uma única nacionalidade (do Estado - voltada especialmente aos negócios


federal). externos.
- o poder central é dividido em - os cidadãos são nacionais dos Estados a
legislativo, executivo e judiciário. que pertencem.
- os Estados-membros possuem - o Congresso Confederal é o único órgão
autonomia. comum.
- os Estados possuem soberania.

Para parte da doutrina, a União Europeia seria um exemplo de confederação.


Esse entendimento, porém, não é pacífico. Como já estudado, a UE é o melhor
exemplo de constitucionalismo multinível, embora a Constituição europeia,
propriamente, não tenha entrado em vigor.

Características fundamentais da FEDERAÇÃO:


- descentralização político-administrativa fixada pela Constituição.
- princípio da participação = participação das vontades regionais na formação da
vontade nacional.
- princípio da autonomia = auto-organização dos entes federativos por meio de
constituições próprias.
- imutabilidade da forma federativa (vedação à secessão e centralização). 5
- existência de órgão responsável pelo controle de constitucionalidade.
8
7-

Os Estados autônomos (Ex.: MG) participam da construção da vontade 97


53

nacional através de seus senadores. Por isso, alguns autores entendem que o
Município não é ente federativo, pois não participa da vontade popular (não existem
3.

senadores que representem os municípios) e não possui Constituição – lei orgânica


33

aprovada por 2/3 (maior quórum previsto na CF), em dois turnos, com intervalo
4.

mínimo de 10 dias entre cada turno de votação.


12

Natureza jurídica do Distrito Federal:


a) Rui Barbosa = semi-estado ou quase estado.
b) Hely Lopes Meirelles = entidade estatal anômala.
c) José Afonso da Silva = antes da CF/88 era autarquia territorial, e, após, é unidade
federada autônoma, mas com autonomia parcialmente tutelada pela União.

Desde a Constituição de 1891, o Distrito Federal substitui o município neutro


(Rio de Janeiro) – a Constituição Republicana já previa a instalação da capital em área
do planalto central. Classificação das federações:

Agregação = os Estados soberanos cedem uma parcela de sua


soberania para formar um ente único (Estados perfeitos por
associação ou aglutinação) → movimento centrípeto (geralmente
nasce na forma de Confederação). Ex: EUA, Alemanha e Suíça.
Quanto à ORIGEM
Segregação = surge com a descentralização política de um Estado
unitário (o Estado resultante da descentralização é chamado de
Estado imperfeito ou por dissociação) → movimento centrífugo.
Ex: Brasil, Bélgica e Áustria.

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Dualista ou dual = há uma rígida repartição horizontal de


competências entre os entes federados (relação de coordenação,
sem subordinação) - adotado pelos EUA até a crise de 1929
(abandonado frente às pretensões de maior intervenção estatal
na economia).
De integração (Buzaid) = ocorre a sujeição dos estados-membros
à União, instalando-se uma repartição vertical das competências
Quanto à
(relação subordinação, com centralização do poder na União) -
REPARTIÇÃO DE
adotado pelo Brasil de 1967 a 1969 (estado unitário
COMPETÊNCIAS
descentralizado travestido de federado).
Cooperativo = conjuga uma repartição horizontal com uma
repartição vertical de competências (relação de cooperação,
aproximando os entes) - adotado na maioria dos países
federalistas (CF, art. 23 - redação pela EC nº 53/2006 - regulação
por LC → ex: divisão das receitas tributárias, prestação de ensino
e saúde...).
Centrífugo ou descentralizador = os estados-membros possuem
competências mais significativas do que o ente central →
resultante de uma reação à centralização excessiva do poder (ex:
EUA).
Quanto à
Centrípeto ou concentralizador = predominância de atribuições
8 5
CONCENTRAÇÃO
na União → centralização do poder (ex: Brasil).
7-

98
DO PODER
De equilíbrio = busca uma relação mais harmoniosa e equânime
53

por meio de uma repartição equilibrada entre o ente central e os


3.

entes periféricos.
Simétrico = há equilíbrio na distribuição de competências entre
33

os entes federativos de mesmo nível (jurídica), além de uma


4.

Quanto à homogeneidade na realidade subjacente ao ordenamento


12

HOMOGENEIDADE jurídico, sem grandes abismos socioeconômicos entre os entes


(fática).
Assimétrico = há diversidade nos aspectos socioculturais ou
econômicos entre os entes (fática), requerendo um tratamento
assimétrico no plano do direito (jurídico) (ex: diferenças culturais
no Canadá e econômicas no Brasil).
* regras assimétricas na CF/88 = art. 3º, III; art. 43; art. 151, I; art.
159, I, c.
Simétrico = pressupõe a existência de características dominantes,
frequentemente encontradas no modelo clássico de federação
(possibilidade de intervenção federal nos estados; Poder
Quanto às Legislativo bicameral; Poder Judiciário dual; Poder Constituinte
CARACTERÍSTICAS Originário com sede da União e PCD com sede nos estados).
DOMINANTES Assimétrico = rompe com as linhas tradicionais do modelo
clássico de federação (ex: o município como ente federativo).
* parte da doutrina considera o federalismo brasileiro
assimétrico, ao passo que outra parcela entende ser simétrico,
com regras assimétricas.
Segundo grau = bipartite, bidimensional ou típico → existência

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Quanto às de duas esferas de competência: central (União) e regional


ESFERAS DE (estados-membros).
COMPETÊNCIA Terceiro grau = tripartite, tridimensional ou atípico → existência
de três esferas de competência: central, regional e local
(municípios).
* Brasil, após 1988 (o DF não possui competência distinta).

Manoel Gonçalves Ferreira Filho entende que o federalismo brasileiro é de 2º


grau, uma vez que o poder de auto-organização dos municípios se subordina à
Constituição Estadual e à Constituição Federal – em sua classificação, os federalismos
típicos seriam de 1º grau (subordinação dos Estados à CF). Para parte da doutrina,
deve-se falar em federalismo polidimensional = sui generis em relação ao federalismo
dual adotado em todo mundo.

Dentro do federalismo, fique atento às regiões. Os Estados poderão constituir


regiões metropolitanas mediante Lei Complementar estadual (CF, art. 25, § 3º),
independentemente de aprovação prévia da câmara municipal ou de plebiscito às
populações envolvidas, sendo compulsória a integração dos municípios na região
metropolitana criada pelo Estado (STF, ADI 1841 e ADI 796).

REGIÃO METROPOLITANA
8 5
MICRORREGIÃO
- conjunto de municípios cujas sedes se - grupo de municípios limítrofes,
7-

unem (continuidade), com certa embora sem continuidade, com certa 99


53

homogeneidade urbana, em torno de um homogeneidade e problemas


município polo. administrativos comuns.
3.
33

As aglomerações urbanas são espaços em nível submetropolitano (em escala


4.

menor) que congregam cidades que começariam a experimentar o processo de


conurbação = apensamento da área de duas cidades em razão do crescimento
12

geográfico (ex: baixada santista).

Instrumentos básicos de controle do pacto federativo:


- controle de constitucionalidade;
- rigidez constitucional;
- cláusulas pétreas;
- repartição de competências;
- intervenção federal e estadual;
- estados de exceção.

1.1.1 REPARTIÇÃO DE COMPETÊNCIAS

Para que haja, efetivamente, um estado composto (descentralização do


poder), é preciso que haja distribuição de competências (legislativas e administrativas)
pelas entidades que compõem o Estado.
As competências podem ser legislativas (de criar leis) e administrativas
(material = para fazer). A legislativa pode ser exclusiva (indelegável a outro ente),
privativa (cabível ao ente, mas delegável) e ainda concorrente (as normas da União

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podem ser suplementadas pelos Estados e Municípios). Já a administrativa (material)


pode ser exclusiva (indelegável) ou comum (atos que podem ser praticados por todos
os entes federados). Cabe registrar que, para alguns doutrinadores, não há distinção
entre as competências exclusiva e privativa.

A distribuição da competência entre os entes é estabelecida por alguns


critérios, como a predominância do interesse, a preferência pelo poder que está mais
próximo e a necessidade de uniformização da questão. Assim, para questões locais o
Município terá preferência a receber a competência (mais próximo), mas para
questões regionais o Estado é que terá a competência (necessidade de uniformizar).
No caso de interesse de todos os brasileiros, a União será competente a dar solução.

Norteadores da fixação da competência:


- predominância do interesse (nacional, regional ou local);
- preferência para o poder local (mais próximo do cidadão);
- necessidade de uniformização da questão.

Princípio da predominância do interesse:


- União = geral;
- Estados = regional; 5
- Municípios = local.
8
7-

Os critérios utilizados pela CF/88 para a repartição das competências são os 100
53

mesmos utilizados pela maior parte dos Estados federados.


3.

- poderes enumerados = União (arts. 21, 22 e 48) e Municípios (art. 30)


33

- poderes residuais ou remanescentes = Estados (art. 25, § 1º)


4.
12

O Distrito Federal possui competência (legislativa e administrativa)


cumulativa (art. 31, § 1º). A regra é que quando a CF outorga uma competência
legislativa, por consequência atribui a competência administrativa, exceto se houver
expressa ressalva. Competências sobre matérias JURÍDICAS:

PRIVATIVAS da UNIÃO (art. 22) CONCORRENTE (art. 24)


- Direito civil, comercial, penal, - Direito Penitenciário, Urbanístico,
processual, eleitoral, agrário, marítimo, Financeiro, Econômico e Tributário
aeronáutico, espacial e do trabalho. (PUFET).

COMPETÊNCIAS LEGISLATIVAS PRIVATIVAS


Possibilidade de delegação (art. 22, parágrafo único) → possível que a União
delegue aos Estados¹ competências legislativas (sobre questões específicas²)
mediante Lei Complementar.
¹ a delegação não pode ser para os municípios (o DF está incluso de forma implícita),
apenas aos Estados (todos, sob pena de quebra da isonomia).
² não pode haver delegação para tratamento geral da matéria.
COMPETÊNCIAS LEGISLATIVAS CONCORRENTES

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A União traça regras gerais, sem prejuízo da competência suplementar dos Estados
(os municípios suplementarão no que couber³) → inexistindo lei federal sobre
normas gerais, os Estados exercerão a competência legislativa plena =
superveniência de lei federal sobre normas gerais suspende a eficácia da lei
estadual, no que lhe for contrário.
³ nem todas as matérias podem ser suplementadas pelos municípios (ex: por não
possuir Judiciário ou Polícia Civil, não podem os municípios legislar sobre custas dos
serviços forenses ou atividades policiais civis).

• CASOS ESPECIAIS

Compete à UNIÃO:
- organizar e manter o Poder Judiciário, MP, Polícia Civil, PM e Corpo de Bombeiros do
DF e Territórios, a Defensoria Pública dos Territórios + legislar privativamente sobre a
organização judiciária e do MP no DF e Territórios.
- planejar e promover a defesa permanente contra as calamidades públicas,
especialmente secas e inundações (interesse nacional).
- instituir diretrizes (uniformização) para o desenvolvimento urbano, habitação,
saneamento básico e transportes urbanos (cabe aos municípios organizar e prestar os
serviços de interesse local). 5
- legislar sobre águas, mesmo que as águas possam ser de propriedade dos Estados.
8
7-

PRIVATIVA da UNIÃO (CF, art. 22) CONCORRENTE (CF, art. 24) 101
53

- Direito processual (ex: pressupostos - procedimentos em matéria processual


3.

processuais). (ex: procedimento de protocolização da


petição).
33

- legislar sobre desapropriação. - desapropriar (realizar o procedimento).


4.

- seguridade-social. - previdência social e saúde.


12

PRIVATIVA da UNIÃO (CF, art. 22) COMUM (CF, art. 23)


- legislar sobre trânsito e transporte - estabelecer e implantar política de
(ex: CTB, condutas e sanções, educação para a segurança do trânsito +
obrigatoriedade de cinto de disciplina de trânsito (ex: organização do
segurança...). trânsito (mão única, locais de
estacionamento...).
- legislar sobre águas, jazidas, minas e - registrar, acompanhar e fiscalizar as
outros recursos minerais. concessões de direitos de pesquisa e
- são bens da União. exploração de recursos hídricos e minerais
em seus territórios.

É competência privativa da União as normas gerais sobre (a) organização,


efetivos, material bélico, garantias, convocação e mobilização das polícias militares e
corpos de bombeiros militares + (b) licitação e contratos. Por não se tratar de
competência concorrente, os Estados NÃO podem legislar de maneira suplementar na
ausência de legislação federal.

MONOPÓLIO DA UNIÃO (CF, art. 177) ESTADOS (CF, art. 25, § 2º)

É proibida a reprodução deste material sem a devida autorização, sob pena da adoção das medidas cabíveis na esfera cível e penal.
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MONOPÓLIO DA UNIÃO (CF, art. 177) ESTADOS (CF, art. 25, § 2º)
- a pesquisa e a lavra das jazidas de - exploração dos serviços locais de gás
petróleo e gás natural. canalizado, vedada a edição de MP para sua
- a importação e exportação de gás. regulamentação.

OBSERVAÇÃO: “A competência constitucional dos Municípios para legislar sobre


interesse local NÃO tem o alcance de estabelecer normas que a própria Constituição,
na repartição de competências, atribui à União ou aos Estados” (STF, RE 313.060).

1.1.2 ORGANIZAÇÃO POLÍTICO-ADMINISTRATIVA

A República Federativa do Brasil é formada pela União + Estados + DF +


Municípios. Os Territórios Federais integram a União, e sua criação, transformação em
Estado ou reintegração ao Estado de origem serão reguladas em Lei Complementar.

Criação de novos ESTADOS:


- aprovação da população diretamente interessada, através de plebiscito;¹
- aprovação do Congresso Nacional, por LC;
- oitiva das Assembleias Legislativas (sem caráter vinculativo).
¹ o plebiscito deverá ser realizado na mesma data e horário em cada um dos Estados 5
envolvidos (art. 4º da Lei nº 9.709/1998).
8
7-

Criação de novos MUNICÍPIOS: 102


53

- lei estadual, dentro do período determinado por LC Federal;


3.

- divulgação dos Estudos de Viabilidade Municipal;


- consulta prévia, mediante plebiscito (convocado pela Assembleia Legislativa), às
33

populações dos Municípios envolvidos (tanto da área que sofrerá desmembramento


4.

quanto da que formará o novo ente).


12

Toda a população envolvida deve ser questionada (STF, ADI 2650).


Brasília é a capital federal e a sede do DF → NÃO é município! A sede do
governo federal pode ser transferida temporariamente, por decisão do CN, mas não
permanentemente.

1.1.3 INTERVENÇÃO FEDERAL

É a suspensão temporária da autonomia do ente federativo em virtude de


atos considerados lesivos à federação. Decretação sempre pelo Presidente da
República. Espécies (CF, art. 34):

ESPONTÂNEA PROVOCADA
- defesa da unidade nacional; - solicitação (discricionária) → defesa do
- defesa da ordem pública; Legislativo ou Executivo local;
- defesa das finanças públicas. - requisição (vinculada):
- defesa do Judiciário local (TJ → STF);
- para cumprimento de ordem ou decisão
judicial (STF, STJ ou TSE);

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- execução de lei federal (PGR → STF);


- proteção aos princípios sensíveis (ADI
PGR → STF).

Para que seja decretada a intervenção federal em um Estado-membro que


tenha deixado de pagar precatórios é necessário que fique comprovado que esse
descumprimento é voluntário e intencional – se ficar demonstrado que o ente não
passou por dificuldades financeiras não há intervenção (STF, IF 5101/RS).

Fases:

- iniciativa;
- decreto interventivo;
- controle político.

No caso de intervenção para (a) execução de lei federal e (b) proteção aos
princípios sensíveis haverá fase judicial, mas então NÃO haverá controle político.

INICIATIVA:
a) espontânea = Presidente da República. 5
b) defesa Legislativo local = Assembleia Legislativa.
8
7-

c) defesa Executivo local = Governador.


d) defesa Judiciário local = TJ ao STF. 103
53

e) descumprimento ordem judicial = STF, STJ e TSE ao Presidente (demais Tribunais ao


3.

STF).
33

f) execução lei federal ou proteção aos princípios sensíveis = PGR ao STF.


4.

A letra seca da Constituição indica que também ficaria dispensada de controle


12

político a hipótese de descumprimento de ordem judicial, mas como não há fase


judicial no procedimento, a doutrina assevera a necessidade de remessa ao Congresso
Nacional. Compete ao STJ o exame da Intervenção Federal quando envolvida matéria
legal ou quando a decisão exequenda somente enfrenta questões federais
infraconstitucionais (STJ, IF 111-PR). ADI interventiva e representação por
descumprimento de lei federal (Lei nº 12.562/2011)

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Antes da análise da liminar, o relator poderá pedir a manifestação do AGU. A


liminar é analisada pelo Pleno e pode consistir na suspensão dos processos ou efeitos
de decisões judiciais ou administrativas ou de qualquer outra medida vinculada à
matéria. É possível a produção de provas em caso de questões técnicas, bem assim a
apresentação de informações adicionais e audiências públicas (art. 7º). O quórum para
julgamento é de 2/3 (8 Ministros) e para decisão por maioria absoluta (6 Ministros).
Julgada procedente, o Estado e o Presidente da República são comunicados, havendo
prazo de 15 dias para decretação da intervenção (art. 11).

Controle político = análise da intervenção pelo Congresso Nacional. Expedição


do decreto pelo Presidente da República – submissão ao Congresso Nacional em 24
horas (se estiver em recesso deve ser convocado em 24 horas).

Âmbito ESTADUAL → simetria:


- STF = TJ;
- Presidente = Governador;
- PGR = PGJ.

“NÃO cabe recurso extraordinário contra acórdão de Tribunal de Justiça que


defere pedido de intervenção estadual em Município” (STF, Súmula 637) → trata-se de 5
ato político-administrativo, não ato jurídico estrito senso.
8
7-

1.1.4 DEFESA DO ESTADO E DAS INSITUIÇÕES DEMOCRÁTICAS


104
53
3.

1.1.4.1 SISTEMA CONSTITUCIONAL DE CRISES


33

Visa à estabilização do sistema constitucional em caso de processos violentos


4.

ou de perturbação da estabilidade constitucional (sistema de defesa).


12

Princípios informadores = necessidade (extrema gravidade) e transitoriedade


(temporariedade) + obediência estrita aos ditames constitucionais e controle
político/judicial.

Em situações excepcionais para as instituições democráticas, a própria


Constituição apresenta instrumentos e medidas necessárias para a defesa da ordem
constitucional em caso de situação de anormalidade que, não podendo ser eliminadas
ou combatidas pelos meios ordinários, exigem medidas excepcionais, também
previstas na própria Constituição. J.J. Canotilho denomina tal situação de “direito de
necessidade constitucional”, que autorizaria uma disciplina extraordinária para
situações de emergência capaz de legitimar a atuação do Estado, ainda que afastando
direitos fundamentais dos cidadãos.

No Brasil, a Constituição Federal consagra meios adequados, necessários e


proporcionais para o restabelecimento da normalidade em situações de extrema
gravidade, também chamado pela doutrina de “estado de legalidade extraordinária”,
caracterizado por um conjunto de normas a serem aplicadas em situações

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excepcionais, de forma temporária, até que a situação se normalize. Trata-se do


sistema constitucional de crises.

1.1.4.1.1 DO ESTADO DE DEFESA

O Estado de Defesa encontra previsão no art. 136 da CF/88 e compreende


uma série de medidas temporárias destinadas a preservar ou restabelecer, em local
certo e determinado, a ordem pública ou a paz social que estejam ameaçados por
grave e iminente instabilidade institucional ou atingidos por calamidades de grandes
proporções da natureza. Para sua decretação, devem ser observados pressupostos
formais e materiais, a saber:

Pressupostos Formais Pressupostos Materiais


- Prévia manifestação do Conselho da - Grave e iminente instabilidade
República e do Conselho da Defesa institucional; ou
Nacional; - Calamidade de grandes proporções na
- Decretação pelo Presidente da natureza.
República;
- Previsão de prazo de duração da medida
que poderá ser, no máximo, de 30 dias, 5
podendo ser prorrogado por uma única
8
vez;
7-

- Especificação de áreas abrangidas;


105
53

- Indicação das medidas coercitivas.


3.

Embora a decretação da medida esteja sujeita a juízo de conveniência do


33

Presidente da República, estará sujeita a controle político e jurisdicional.


4.

A) CONTROLE POLÍTICO
12

I – Concomitante: o Congresso Nacional deve decidir, por maioria absoluta,


acerca da decretação do estado de defesa ou de sua prorrogação (CF, art. 136, §4º).
Além disso, a Mesa do Congresso nacional deve designar uma comissão parlamentar
composta por 5 membros para acompanhar e fiscalizar as medidas (CF, art. 140),
podendo o Congresso Nacional vir a suspender a medida, a qualquer tempo, mesmo
após ter sido aprovado o decreto (CF, art. 49, IV).

II – Posterior: cessado o estado de defesa, o Presidente da República enviará


mensagem ao Congresso Nacional, especificando e justificando as providências
adotadas (CF, art. 141, parágrafo único), e em caso de excesso na execução das
medidas, os responsáveis poderão ser responsabilizados (CF, art. 141).

B) CONTROLE JURISDICIONAL

I – Concomitante: Ao Poder Judiciário caberá o controle da execução das


medidas de modo a repelir quaisquer excessos. Havendo prisão por crime contra o
Estado, o executor da medida deverá comunica-la ao juiz competente, mencionando o

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estado físico e mental do detido no momento de sua atuação, sendo vedada a sua
incomunicabilidade. Caso a autoridade judicial considere a prisão ilegal ou verifique ser
superior a dez dias, sem autorização do Poder Judiciário, deverá determinar o seu
relaxamento (CF, art. 136, §3º, I a III).

II – Posterior: Cessado o estado de defesa, e em caso de excesso na execução


das medidas, os responsáveis poderão ser responsabilizados (CF, art. 141).

1.1.4.1.2 DO ESTADO DE SÍTIO

O Estado de Sítio encontra previsão no art. 137 da CF e consiste na adoção de


medidas temporárias durante situações de extrema gravidade ocasionadas por
comoção grave de repercussão nacional, conflito armado com Estado estrangeiro ou,
ainda, quando as medidas tomadas durante o estado de defesa não se mostrarem
adequadas ou suficientes.

Pressupostos Formais Pressupostos Materiais


- Oitiva do Conselho da República (art. 89) - Comoção grave de repercussão
e do Conselho de Defesa Nacional (CF, art. nacional;
91). (Não vinculam o presidente – CF, art. - Ocorrência de fatos que comprovem a
5
137, caput); ineficácia de medida tomada durante o
8
- Solicitação do Presidente da República estado de defesa; ou
7-

ao Congresso Nacional. Caso a solicitação - Declaração de estado de guerra ou


106
53

se dê durante o recesso parlamentar, o resposta à agressão armada


Presidente do Senado deverá convocar estrangeira.
3.

extraordinariamente o CN para se reunir


33

dentro de cinco dias, a fim de apreciar o


4.

ato (CF, art. 138, §2º);


- Autorização do Congresso Nacional;
12

- Decretação pelo Presidente da


República.

Assim como no estado de defesa, o estado de sítio estará sujeito a controle


político e jurisdicional.

A) CONTROLE POLÍTICO

I – Prévio: cabe ao órgão legislativo autorizar a decretação da medida (CF, art.


137, parágrafo único).

II – Concomitante: A Mesa do Congresso nacional deve designar uma


comissão parlamentar composta por 5 membros para acompanhar e fiscalizar as
medidas (CF, art. 140), podendo o Congresso Nacional vir a suspender a medida, a
qualquer tempo, mesmo após ter sido aprovado o decreto (CF, art. 49, IV).

II – Posterior: cessado o estado de sítio, o Presidente da República enviará


mensagem ao Congresso Nacional, especificando e justificando as providências

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adotadas (CF, art. 141, parágrafo único), e em caso de excesso na execução das
medidas, os responsáveis poderão ser responsabilizados (CF, art. 141).

B) CONTROLE JURISDICIONAL

I – Concomitante: Ao Poder Judiciário caberá o controle da execução das


medidas de modo a repelir quaisquer excessos.

II – Posterior: Cessado o estado de defesa, e em caso de excesso na execução


das medidas, os responsáveis poderão ser responsabilizados (CF, art. 141).

1.1.5 DAS FORÇAS ARMADAS

As Forças Armadas são compostas pela Marinha, Exército e Aeronáutica,


instituições permanentes que tem a finalidade de defender a Pátria, garantir os
poderes constitucionais, a lei e a ordem, sendo sua máxima autoridade o Presidente da
República (CF, art. 142). O tratamento constitucional dedicado às Forças Armadas
possui algumas peculiaridades, destacando-se as seguintes:

a) Não cabe habeas corpus em relação a punições disciplinares aplicadas aos 5


militares (CF, art. 142, §2º). Não obstante, a doutrina entende, de forma majoritária,
8
que tal vedação não se aplica aos aspectos formais da punição, como a hierarquia de
7-

quem aplicou, o poder disciplinar da autoridade, a relação de causalidade entre o fato


107
53

e a função e a pena prévia e abstratamente aplicável.


3.

b) Ao militar são proibidas a sindicalização e a greve.


33

c) O militar, enquanto em serviço ativo, não pode filiar-se a partido político.


4.
12

1.1.6 DA SEGURANÇA PÚBLICA

A segurança pública tem por finalidade a manutenção e o restabelecimento


da ordem pública e a preservação da incolumidade das pessoas e do patrimônio,
sendo exercida por meio dos órgãos de polícia federal e estadual, cujo rol encontra-se
previsto no art. 144 da CF.

A Constituição conferiu aos municípios a possibilidade de criar suas próprias


guardas municipais destinadas à proteção de seus bens, serviços e instalações,
conforme a lei dispuser (CF, art. 144, §8º).

Em recente julgado, a 5ª Turma do STJ entendeu ser válida a prisão em


flagrante realizada por guarda municipal, consignando que “nos termos do artigo 301
do Código de Processo Penal, qualquer pessoa pode prender quem esteja em flagrante
delito, de modo que inexiste óbice à realização do referido procedimento por guardas
municipais, não havendo, portanto, que se falar em prova ilícita no caso em tela” (HC
421.954/SP).

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No âmbito do STF (RE 658570), ficou consignado que a guarda municipal pode
realizar a fiscalização e imposição de multa de trânsito, ao argumento de que tal
atividade constitui exercício do poder de polícia, e não atividade relacionada à
segurança pública, que seria privativa dos órgãos elencados no rol do art. 144 da
Constituição Federal.

2 PODER POLÍTICO

Poder é a capacidade de impor vontade sobre a vontade de terceiro. O Estado


exerce o poder político (Max Weber) – capacidade de imposição da violência legítima
(ex: invasão do domicílio e prisão com mandado; interceptação telefônica autorizada).

• SUJEIÇÕES ESPECIAIS

VOLUNTÁRIA INVOLUNTÁRIA
- serviço público; - presidiário;
- escola pública. - serviço militar obrigatório.

Classicamente se entendia que nesses espaços não penetrava o Direito,


vigendo apenas as normas administrativas → essa visão foi superada pela teoria dos 5
direitos fundamentais (decisão do Tribunal Constitucional Alemão de 1972 - sigilo de
8
correspondência dos presos), mesmo assim, as pessoas submetidas a tal regime
7-

podem sofrer limitações mais severas que as pessoas em geral (ex: limitação de 108
53

locomoção).
3.

SÓ a lei, não regras administrativas, pode impor essas limitações, as quais


33

devem ser proporcionais e adequadas às finalidades pretendidas, além de terem ônus


4.

de argumentação mais exigentes (devem ser muito bem justificadas).


12

O Poder Executivo aplica a lei ao caso concreto, administrando a coisa pública.

A Medida Provisória é função atípica, mas não a lei delegada, que é exceção
ao princípio da indelegabilidade (do Legislativo para o Executivo).

- CF, art. 1º, parágrafo único → “todo poder emana do povo” = poder como
soberania popular.

- CF, art. 2º → “são Poderes da União” = poder como órgão.

- CF, arts. 44 e 46 → “o Poder Legislativo”; “o Poder Executivo” = poder como


função.

Teorias da separação das funções:

- Deliberativo = assembleia que delibera sobre os negócios do


ARISTÓTELES Estado.
- Executivo = atribuições casuísticas.

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- Judiciário = administração da Justiça.


- Legislativo = elaboração de leis disciplinando o uso da força civil.
JOHN LOCKE - Executivo = aplicação da lei nas esferas judicial e administrativa.
- Federativo = relacionamento com os demais Estados.
- Legislativo = legisla (cria normas abstratas e gerais).
MONTESQUIEU - Executivo = executa as leis, administrando.
- Judiciário = exerce a jurisdição, julgamento conforme as leis.

No Brasil, a Constituição Imperial (1824) adotou a teoria de Benjamin


Constant = Poder Executivo, Poder Legislativo, Poder Judiciário e Poder Moderador
(Real ou Neutro), exercido pelo Imperador. Entretanto, adotou-se formalmente a
divisão orgânica das funções, mas não material, havendo críticas acerca da existência
de outras instituições que se equiparariam funcionalmente a um poder. Obs: Um dos
temas em voga para o concurso é o constitucionalismo latino-americano.

Os movimentos constitucionalistas latino-americanos têm alguns marcos


históricos e teóricos. É comum, por exemplo, a breve citação das Constituições no fim
do Século XIX e início do Século XX que foram paulatinamente consagrando certos rols 5
de direitos e consolidando modelos constitucionais. Uma sempre lembrada é a
8
Mexicana de 1917 que trouxe pioneiramente o rol de direitos sociais ou de segunda
7-

dimensão. Mas a América latina, especialmente na América do Sul, teve um recente


109
53

momento de positivação de novas Constituições nas últimas décadas que chamam a


atenção pelas características comuns.
3.
33

Primeiro, aproximando-se do fim da guerra fria, enfraquecerem-se regimes


autoritários/ditaduras no continente – Argentina, Chile, Brasil - que ocasionaram uma
4.

transição política em que um dos grandes produtos ou resultados foram positivados


12

em Constituição.

A Constituição de 1988 talvez seja um dos maiores exemplos desse


movimento, tendo como característica principal influência de dois “mundos” até então
bastantes marcantes – URSS e EUA. Como resultado, à exemplo das Constituições
europeias ibéricas, extensos rols de direitos contendo os de segunda e terceira
dimensão; tentativas de pactuação entre a necessidade de se garantir direitos sociais
com dimensão prestacional e liberdades públicas como a propriedade pricada ou a
livre iniciativa; normas programáticas, como forma de solucionar o impasse; etc.

Mas foi nos anos 2000 que chamaram atenção para a doutrina certas
experiências constitucionais. São elas a Constituição Boliviana e a Venezuelana, de
2007 e 2009. Deixando-se de lado discussões ideológicas ou prospecções quanto ao
futuro de tais textos normativos, destacam-se alguns aspectos que merecem atenção.

Primeiro, a superação do paradigma nacional para o reconhecimento


constitucional de estados plurinacionais. A ideia de um Estado Plurinacional tem
efeitos significativos no que concerne ao status de proteção jurídica dos povos

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tradicionais, como os povos indígenas. Supera-se o conceito de uma única nação -


povo com elo comum de origem histórica ou cultural - para muitas nações
componentes de um único Estado.

Segundo, especialmente na Constituição Venezuelana, a engenharia


constitucional que contem “poder cidadão”, com Ministério Público e Defensoria del
Pueblo lado a lado (Defensoria del Pueblo) como partes integrantes do poder.
salientando parte da doutrina que se trata de mais uma experiência que, na prática,
revela a insuficiência da tripartição de poderes ante a complexidade do Estado
Contemporâneo. Mesmo assim, segue-se a sistemática brasileira com tripartição de
poderes.

2.1 PODER EXECUTIVO

O Brasil adota o presidencialismo = o Poder Executivo é exercido pelo


Presidente da República (CF, art. 76). Atribuições exemplificativas no art. 84 da CF,
como regras indelegáveis.

CHEFE DE ESTADO CHEFE DE GOVERNO


- o Presidente vela pela unidade - o Presidente exerce a direção superior da 5
nacional (pacto federativo) (ex: CF, art. administração federal (CF, art. 84, I e II).
8
84, VII, VIII). - trata de negócios internos de natureza
7-

- representante do Estado, política, além das funções colegislativas.


110
53

principalmente no âmbito externo, mas - chefe de administração = gestão da


também como representante moral máquina pública.
3.

perante o povo, no âmbito interno.


33
4.

ELEIÇÃO = sistema majoritário absoluto (com dois turnos de votação) = eleito


o candidato que obter o maior número de votos válidos (subtraídos os brancos e
12

nulos).

MANDATO = 4 anos com possibilidade de reeleição (EC nº 16). Posse em


sessão conjunta da CD e do SF em 1º de janeiro do ano seguinte à eleição. Até o dia 11
o presidente ou o vice precisam tomar posse, salvo motivo de força maior, sob pena de
os cargos serem declarados vagos pelo Congresso Nacional (matéria política).

SUCESSÃO SUBSTITUIÇÃO
- dá-se de forma definitiva, com - dá-se de forma temporária =
vacância do cargo (ex: morte, renúncia, impedimento (ex: doença, viagem ao
impeachment). exterior).

Linha sucessória (em sentido amplo ou genérico):


- Vice-presidente;
- Presidente da Câmara dos Deputados;
- Presidente do Senado Federal;
- Presidente do STF.

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Só o vice-presidente sucede e substitui; os presidentes da Câmara dos


Deputados, Senado Federal e STF apenas substituem. Vacância dupla (presidente e
vice):

2 PRIMEIROS ANOS DO MANDATO 2 ÚLTIMOS ANOS DO MANDATO


- eleição direta; - eleição indireta;
- prazo de 90 dias. - prazo de 30 dias.

“Mandato tampão” = os eleitos apenas completam o prazo restante do


mandato (CF, art. 81).

RESPONSABILIDADE DO PRESIDENTE = crimes de responsabilidade (CF, art.


85) → infração de natureza jurídico-administrativa (não penal).

a) crime de responsabilidade = qualquer cidadão (sentido restrito = sujeito


com direitos políticos) é parte legítima para denunciar o Presidente na Câmara dos
Deputados por crime de responsabilidade → análise formal da denúncia por comissão
da Câmara dos Deputados → exercício do contraditório pelo presidente, com juntada
de documentos, indicação de testemunhas, requerimento de perícias (CF, art. 5º, LIV). 5
8
- primeira fase = análise política da Câmara dos Deputados, autorizando o julgamento
7-

pelo Senado Federal por 2/3 dos membros (Resolução). 111


53

- segunda fase = julgamento pelo Senado Federal, presidido pelo Presidente do STF.
* nesse momento o Presidente da República é intimado do início do julgamento, sendo
3.

afastado de suas funções por até 180 dias, depois do que volta a atuar, prosseguindo o
33

julgamento.
4.

Principais conclusões do STF na decisão que definiu o rito do processo de


12

impeachment do Presidente:

1) Não há direito à defesa prévia antes do recebimento da denúncia pelo Presidente da


Câmara.

2) É possível a aplicação subsidiária dos Regimentos Internos da Câmara e do Senado


que tratam sobre o impeachment, desde que sejam compatíveis com os preceitos
legais e constitucionais pertinentes.

3) Após o início do processo de impeachment, durante a instrução probatória, a defesa


tem o direito de se manifestar após a acusação.

4) O interrogatório deve ser o ato final da instrução probatória.

5) O recebimento da denúncia no processo de “impeachment” ocorre apenas após a


decisão do Plenário do Senado Federal. Assim, a Câmara dos Deputados somente atua
no âmbito pré-processual, não valendo a sua autorização como um recebimento da
denúncia, em sentido técnico. Compete ao Senado decidir se deve receber ou não a

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denúncia cujo prosseguimento foi autorizado pela Câmara. O Senado não está
vinculado à decisão da Câmara.

6) A decisão do Senado que delibera se instaura ou não o processo se dá pelo voto da


maioria simples, presente a maioria absoluta de seus membros.

7) É possível a aplicação analógica dos arts. 44, 45, 46, 47, 48 e 49 da Lei 1.079/1950 —
os quais determinam o rito do processo de “impeachment” contra Ministros do STF e o
PGR — ao processamento no Senado Federal de crime de responsabilidade contra o
Presidente da República.

8) Não é possível que sejam aplicadas, para o processo de impeachment, as hipóteses


de impedimento do CPP. Assim, não se pode invocar o impedimento do Presidente da
Câmara para participar do processo de impeachment com base em dispositivos do
CPP.

9) A eleição da comissão especial do impeachment deve ser feita por indicação dos
líderes e voto aberto do Plenário. Os representantes dos partidos políticos ou blocos
parlamentares que irão compor a chapa da comissão especial da Câmara dos
Deputados deverão ser indicados pelos líderes, na forma do Regimento Interno da 5
Câmara dos Deputados. Assim, não é possível a apresentação de candidaturas ou
8
chapas avulsas para a formação da comissão especial. STF. Plenário. ADPF 378/DF, Rel.
7-

Min. Edson Fachin, julgado em 16, 17 e 18/12/2015 (Info 812).


112
53

O julgamento do Senado Federal também é político = conveniência e oportunidade. O


3.

Presidente do STF tem o “voto de minerva”. A decisão do Senado Federal tem força
33

definitiva, não podendo ser revisada pelo Judiciário → cabe análise de legalidade,
eventualmente determinando novo julgamento.
4.
12

Penalidades (condenação por 2/3):


- perda do cargo;
- inabilitação para o exercício de função pública por 8 anos (não tem a ver com o
exercício dos direitos políticos).

Não há acessoriedade entre tais penas, podendo uma ser aplicada


independentemente da outra → a inabilitação foi aplicada mesmo após a renúncia de
Collor.

b) crime comum (infração penal comum) = crimes do Código Penal e leis


extravagantes, crimes eleitorais e militares, contravenções penais → o Presidente da
República é dotado de irresponsabilidade relativa = durante o mandato só pode ser
responsabilizado por atos praticados em razão da função (ex: presidente manda matar
opositor político, atuante no Congresso).

ATENÇÃO! Os Estados não podem estender a imunidade material do Presidente da


República ao Governador – usurpação da competência privativa da União para
legislar sobre processo penal e penal (STF, ADI 1023).

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Segundo a jurisprudência:

Não há necessidade de prévia autorização da ALE para que o Governador do Estado


seja processado por crime comum. Se a Constituição Estadual exigir autorização da
ALE para que o Governador seja processado criminalmente, essa previsão é
considerada inconstitucional. O STJ, no ato de recebimento da denúncia ou queixa,
irá decidir, de forma fundamentada, se há necessidade de o Governador do Estado
ser ou não afastado do cargo (não é automático). Vale ressaltar que, além do
afastamento do cargo, o STJ poderá aplicar qualquer uma das medidas cautelares
penais (exs: prisão preventiva, proibição de ausentar-se da comarca, fiança,
monitoração eletrônica etc.). STF. Plenário. ADI 4777/BA, ADI 4674/RS, ADI 4362/DF,
rel. orig. Min. Dias Toffoli, red. p/ o acórdão Min. Roberto Barroso, julgado em
9/8/2017 (Info 872). STF. Plenário. ADI 5540/MG, Rel. Min. Edson Fachin, julgado em
3/5/2017 (Info 863). STF. Plenário. ADI 4764/AC, ADI 4797/MT e ADI 4798/PI, Rel.
Min. Celso de Mello, red. p/ o ac. Min. Roberto Barroso, julgados em 4/5/2017 (Info
863)

Autorização da Câmara dos Deputados para o STF receber a denúncia (por 2/3
dos membros) → defesa preliminar pelo Presidente (Lei nº 8.038) → recebimento da
denúncia → afastamento do Presidente por até 180 dias. 5
8
Em caso de condenação há suspensão dos direitos políticos (CF, art. 15) →
7-

não pode mais exercer o cargo. 113


53
3.

ATENÇÃO! O presidente NÃO pode ser preso cautelarmente, apenas por sentença
penal condenatória definitiva.
33
4.

Julgamento do Presidente e Vice:


12

CRIME COMUM CRIME DE RESPONSABILIDADE


- STF. - Senado Federal.

Por crime comum, o Governador é julgado pelo STJ, mas o vice-governador


será julgado conforme estabelecer a CE (Justiça Estadual) → diversas Constituições
Estatuais preveem a necessidade de autorização de Assembleia Legislativa para o
recebimento da denúncia pelo STJ (INconstitucional).

Por crime de responsabilidade, o governador é julgado por um Tribunal Misto


(5 desembargadores + 5 deputados estaduais, sob presidência do presidente do TJ -
STF, Súmula 722) (art. 78, § 3º da Lei nº 1.079/1950).

ATENÇÃO! O Estado-membro não pode dispor sobre crime de responsabilidade, ainda


que seja na Constituição Estadual (competência privativa da União - art. 22, I, e art. 85
da CF) + as CEs não podem prever que os Governadores serão julgados pela
Assembleia Legislativa em caso de crimes de responsabilidade (competência de
“Tribunal Especial”) + é INconstitucional norma prevista na CE que exija autorização
prévia de 2/3 dos membros da Assembleia Legislativa para que sejam iniciadas ações

É proibida a reprodução deste material sem a devida autorização, sob pena da adoção das medidas cabíveis na esfera cível e penal.
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por crimes comuns e de responsabilidade eventualmente dirigidas contra o


Governador (simetria art. 51, I, da CF) (STF, ADI 4791/PR, ADI 4800/RO e ADI 4792/ES).

Julgamento do prefeito por crime comum (CF, art. 29 e STF, Súmula 702):

CRIME ESTADUAL CRIME FEDERAL CRIME ELEITORAL


- TJ - TRF (STF, HC 68.967) - TRE (STF, HC 59.503).

Julgamento do prefeito por crime de responsabilidade (art. 4º do Dec-Lei nº


201/1967 e STF, HC 70.671 e HC 73.210):

INFRAÇÃO JURÍDICO-PENAL INFRAÇÃO POLÍTICO-ADMINISTRATIVA


- TJ. - Câmara de Vereadores.

Segundo a jurisprudência:

a) não há uma justificativa razoável para que seja prevista genericamente a


concessão da “pensão” para ex-governadores, configurando tratamento privilegiado
sem haver fundamento legítimo = inconstitucionalidade do subsídio mensal e vitalício
pago a ex-governadores (STF, MC em ADI 4552/DF); 5
8
b) é inconstitucional Lei Orgânica Municipal que disponha sobre o regime jurídico dos
7-

servidores públicos (seus direitos e deveres) → o art. 61, § 1º, II, “c”, da CF/88 prevê
114
53

que compete ao Chefe do Poder Executivo a iniciativa de lei que trate sobre os
direitos e deveres dos servidores públicos e sobre o regime jurídico dos militares,
3.

regra que também é aplicada no âmbito municipal por força do princípio da simetria
33

+ o fato de o chefe do PE sancionar o projeto de lei não faz com que o vício de
iniciativa seja sanado (STF, ADI 3920/MT e RE 590.829/MG);
4.

c) é inconstitucional EC que insira na CE dispositivo determinando a revisão


12

automática da remuneração de servidores públicos estaduais matéria de iniciativa


privativa do chefe do Poder Executivo (STF, ADI 3848/RJ).

É possível que haja emenda parlamentar em PL de iniciativa reservada ao Chefe do


PE, desde que cumpridos dois requisitos (STF, ADI 3942/DF):
- haja pertinência temática (a emenda não trate sobre assunto diferente do projeto
original);
- não acarrete aumento de despesa originalmente prevista (CF, art. 63, I), exceto leis
orçamentárias.

2.2 1.1.7. PODER LEGISLATIVO

O Poder Legislativo é responsável por fazer as leis e por fiscalizar (único poder
a ter duas funções primordiais).

2.2.1 1.1.7.1. CASAS LEGISLATIVAS

UNIÃO ESTADOS MUNICÍPIOS

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- bicameral = Senado - unicameral = - unicameral = Câmara


Federal e Câmara dos Assembleia Legislativa. Vereadores.
Deputados.

O bicameralismo brasileiro é de equilíbrio, não havendo prevalência de


qualquer das Casas.

CÂMARA DOS DEPUTADOS SENADO FEDERAL


- representantes do povo; - representantes das unidades federativas;
- 513 Deputados Federais; - 81 Senadores;
- cada Estado elege entre 8 e 70 (LC - 3 Senadores com 2 suplentes;
78/1993); - não há nos Territórios;
- o território elege 4 Deputados; - mandato de 8 anos (duas legislaturas);
- mandato de 4 anos (uma legislatura); - renovação de 1/3 e 2/3 a cada
- renovação total a cada legislatura; legislatura;
- sistema eleitoral proporcional. - sistema eleitoral majoritário.

O número de deputados estaduais é verificado conforme o número de


deputados federais (até 12 deputados federais - triplo; a partir de 12, conta-se o
número de deputados que exceder a 12 e soma-se a 36 = nº federais + 24). 5
8
RESOLUÇÃO DECRETO LEGISLATIVO
7-

- efeitos internos: - veicula matérias exclusivas do CN = 115


53

- CD (CF, art. 51); efeitos externos (ex: internalização de


3.

- SF (CF, art. 52). tratados internacionais).


- Congresso Nacional (CF, art. 49).
33
4.

O Congresso Nacional autoriza a edição de lei delegada por Resolução, o que


12

é tecnicamente incorreto, pois deveria ser por Decreto Legislativo.

LEGISLATURA SESSÃO LEGISLATIVA PERÍODOS LEGISLATIVO


- 4 anos; - anual; - 02/02 a 17/07;
- quatro sessões legislativas. - dois períodos - 01/08 a 22/12.
legislativos.

MESAS (CF, art. 57, § 4º):

CÂMARA DOS DEPUTADOS SENADO FEDERAL CONGRESSO NACIONAL


- presidente; - presidente; - presidente (do SF);
- 1º e 2º vice-presidentes; - 1º e 2º vice- - 1º vice (da CD);
- 1º a 4º secretários. presidentes; - 2º vice (do SF);
- 1º a 4º secretários. - 1º a 4º secretário (SF e
CD).

ATENÇÃO! o presidente da Câmara dos Deputados não exerce função na Mesa do


Congresso Nacional.

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O mandato é de 2 anos, sendo proibida a reeleição para o mesmo cargo no


mandato subsequente, salvo se em legislatura diversa, NÃO sendo norma de
reprodução obrigatória nas Constituições Estaduais. As Mesas da Câmara dos
Deputados e Senado Federal (não do Congresso Nacional) podem ajuizar ADI, além de
promulgar as Emendas. COMISSÕES = organismo parlamentar que tem função de
apresentar, debater, votar PLs e fiscalizar.

TEMÁTICAS-MATERIAIS REPRESENTATIVA CPIs


- aprimoram e deliberam - comissão mista que - função precípua de
Projetos de Lei. representa o CN nos fiscalização.
recessos.

As comissões auxiliam na tarefa legiferante = produção de leis mais precisas,


eficazes e adequadas. Devem observar o princípio da representação proporcional
partidária (CF, art. 58, § 1º).

• COMISSÃO PARLAMENTAR DE INQUÉRITO (CF, art. 58, § 3º):

Objetivos:

a) servir de instrumento de fiscalização do governo e da administração


8 5
pública;
7-

116
53

b) informar a opinião pública = as CPIs são os olhos e ouvidos do parlamento.


3.

A CPI pode investigar o Poder Executivo, pessoas físicas e jurídicas, órgãos e


33

instituições ligados à gestão da coisa pública, ou que de alguma forma tenham de


4.

prestar contas sobre bens, valores ou dinheiro públicos.


12

Requisitos para instauração de CPI:


a) requerimento das minorias (1/3 dos deputados ou senadores = instrumento das
minorias).
* na CPI mista (CPMI), não é 1/3 do Congresso, mas de cada Casa.
* o requisito é avaliado no momento do protocolo do pedido na Mesa,
independentemente de ratificação posterior (STF, MS 26.441).
b) objeto determinado = fato específico de interesse público da União ou geral (não
pode haver CPI genérica, nem para investigação de interesse exclusivamente regional,
local ou privado).
* pode investigar fatos novos que surgirem no decorrer da CPI, desde que conexos,
sem necessidade de se criar nova comissão (STF, Inq 2.245).
c) prazo certo = comissão temporária → (1) enquanto durar a investigação; (2) prazo
fixado na instauração.
* a CPI não pode ultrapassar a legislatura.

Esses requisitos são normas de observância obrigatória para CPIs estaduais e


municipais (ADI 3619).

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ATENÇÃO! A CPI não pune, nem acusa, apenas investiga e remete suas conclusões
para o MP.

As CPIs terão poderes de investigação próprios das autoridades judiciais, além


de outros previstos nos regimentos da Câmara dos Deputados e do Senado Federal +
poderão determinar diligências que reputarem necessárias e requerer a convocação
de Ministros de Estado, tomar o depoimento de quaisquer autoridades federais,
estaduais ou municipais, ouvir os indiciados, inquirir testemunhas sob compromisso,
requisitar da administração pública direta, indireta ou fundacional informações e
documentos → em caso de não comparecimento da testemunha sem motivo
justificado, a sua intimação será solicitada ao juiz criminal da localidade em que resida
ou se encontre (Lei nº 13.367/16).

Poderes da CPI → próprios de autoridade judicial:


Poderes instrutórios (não acautelatórios) → (1) quebra de sigilo de dados bancários,
fiscais, telefônicos (histórico de ligações, não a interceptação das comunicações) e
informático (STF, MS 25.668); (2) condução coercitiva de testemunha (STF, HC 84.335);
(3) busca e apreensão (sem invasão de domicílio - ex: pode em repartição pública ou se
o proprietário não se opuser - STF, HC 71.039).

Esses atos demandam fundamentação adequada e contemporânea (não pode


8 5
ser posterior) ao ato. O índio não pode ser conduzido coercitivamente, pois
7-

representaria violação aos dispositivos de proteção à cultura indígena (CF, art. 231, § 117
53

5º - STF, HC 80.240).
3.

LIMITES → reserva ou monopólio de jurisdição:


33

a) casa como sigilo inviolável (CF, art. 5º, XI) = embora a CPI possa determinar busca
4.

e apreensão, não poderá quebrar a inviolabilidade do domicílio.


12

b) interceptação telefônica (CF, art. 5º, XII) = CPI só pode quebrar o sigilo de dados,
não das comunicações telefônicas.
c) prisão (CF, art. 5º, LXI) = a CPI só pode prender em flagrante delito (CPP, art. 301),
jamais expedir mandado de prisão (STF, MS 23.452).
d) segredo de justiça = o sigilo imposto por autoridade judicial não pode ser
quebrado pela CPI (STF, MS 27.483).

Nemo tenetur se detegere = direito de não autoincriminação (a testemunha


pode silenciar perante a CPI se sua palavra puder gerar autoincriminação).

Sigilo profissional (CF, art. 5º, XIV) = jornalista, advogado, psicólogo, padre
não são obrigados a depor sobre informações que receberam em razão da função.

CPI não pode determinar medidas cautelares = a CPI não profere decisão, não sendo
pertinentes os poderes acautelatórios à efetividade do provimento final (STF, MS
23.480).
- indisponibilidade de bens;
- proibição de ausentar-se do país;
- arresto, sequestro e hipoteca judiciária.

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Caberá ao presidente da Comissão Parlamentar de Inquérito, por deliberação


desta, solicitar, em qualquer fase da investigação, ao juízo criminal competente
medida cautelar necessária, quando se verificar a existência de indícios veementes da
proveniência ilícita de bens (Lei nº 13.367/16).

A CPI não pode formular acusações, nem punir delitos (separação dos
poderes) → as conclusões são remetidas para, entre outros órgãos, o Ministério
Público ou Advocacia-Geral da União (CF, art. 58, § 3º e Lei nº 13.367/16).

CPI ESTADUAL = a CPI estadual deve observar as normas de repetição


obrigatória (requisitos para instauração = simetria). Por 6 votos a 5, o STF entendeu
que a CPI estadual pode determinar a quebra de sigilo bancário (ACO 740/RJ). A CPI
estadual não pode investigar autoridade com FPF federal (ex: presidente, deputado
federal, senador) (STF, AgRg na Pet 1.611).

CPI MUNICIPAL = a CPI municipal deve observar as normas de repetição


obrigatória (requisitos para instauração = simetria).

ATENÇÃO! Considerando não haver Poder Judiciário municipal, a CPI local não possui 5
poderes próprios de autoridade judicial.
8
7-

Em síntese, a CPI pode, por autoridade própria, ou seja, sem a necessidade de


118
53

intervenção judicial, por decisão fundamentada e motivada, observadas as


formalidades legais, determinar:
3.
33

(i) Quebra de sigilo fiscal.


4.

(ii) Quebra de sigilo bancário.


(iii) Quebra de sigilo de dados, que NÃO SE CONFUNDE com a quebra do sigilo
12

da comunicação telefônica.
(iv) Obtenção de informações e documentos sigilosos de que necessitem
diretamente das instituições financeiras ou por intermédio do Banco Central
do Brasil ou da Comissão de Valores Mobiliários.
(v) Oitiva de testemunhas, sob pena de condução coercitiva. As testemunhas
prestarão compromisso de dizer a verdade, sob pena de falso testemunho,
sendo-lhes assegurado o direito ao silêncio, bem como o sigilo em razão de
função, ministério, ofício ou profissão, salvo se desobrigada pela parte
interessada.
(vi) Oitiva de investigados ou indiciados, sendo que estes poderão deixar de
responder perguntas que lhes auto incriminem.

Por outro lado, há casos de reserva de jurisdição em que a medida somente


poderá ser determinada por decisão judicial, dentre as quais destacam-se a diligência
de busca domiciliar e a quebra de sigilo das comunicações telefônicas (interceptação
telefônica). Admite-se ainda a determinação por CPI de busca e apreensão de
documentos ou equipamentos (HC 71.039), desde que não seja necessária a violação
do domicílio, também submetida à reserva de jurisdição.

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2.2.2 1.1.7.2. PROCESSO LEGISLATIVO

Conjunto de normas que regulam a produção dos atos normativos primários =


possuem como fundamento direto de validade a Constituição → LC, LO, LD, MP, Dec,
Res (CF, art. 59). Os princípios básicos do processo legislativo são de observância
obrigatória pelas Constituições Estaduais e Leis Orgânicas.

ATENÇÃO! Os parlamentares têm direito público subjetivo à observância do devido


processo legislativo, podendo inclusive impetrar MS.

ESPÉCIES → (1) ordinário; (2) sumário; (3) especial.

A. ORDINÁRIO

- comum, geral ou concorrente = atribuída a mais de um


legitimado (regra).
- privativa, reservada ou exclusiva = atribuída apenas a
FASE DE
determinados legitimados (rol exaustivo → nem mesmo o
INTRODUTÓRIA
legislador ordinário pode ampliá-lo).
8 5
(INICIATIVA)
* por ser exceção, deve ser interpretada restritivamente.
7-

* a sanção presidencial não supre o vício de iniciativa (a Súmula 5 119


53

do STF está superada).


- discussão e votação = deliberação na CD e SF → plenário e
3.

comissões (CCJ e temáticas).


33

* as matérias podem ser encerradas, segundo o regimento


4.

interno, na própria comissão temática, cabendo recurso de 1/10


dos membros para análise do plenário (delegação interna ou
12

imprópria = processo legislativo abreviado - CF, art. 58, § 2º, I).


* o PL só inicia no SF se proposto por senador ou comissão do SF;
se se tratar de PEC também iniciará no SF a proposta de mais de
50% das assembleias.
- emendas = emendas podem ser apresentadas por
parlamentares (emendas aditivas e supressivas) ou por quem
FASE
tomou a iniciativa do PL (ex: presidente nos projetos que propôs)
CONSTITUTIVA
(apenas emendas aditivas, não podendo retirar).
* exceto se a emenda da casa revisora alterar todo o projeto, não
há necessidade de a casa iniciadora analisar todo o projeto.
* não se admite subemenda (emenda da emenda), apenas
aprová-la ou rejeitá-la.
- sanção ou veto = apenas para PLs não para PEC.
* sanção em até 15 dias úteis = o silêncio no prazo gera sanção
tácita.
* o veto é fundamentado e relativo, pois pode ser derrubado, em
30 dias, em sessão conjunta, por maioria absoluta do CN → são
contados separados os votos da CD e do SF (não é mais voto

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secreto).
- promulgação = a promulgação é o ato por meio do qual se
atesta a existência da lei e confere-lhe executoriedade.
* se o presidente não promulgar em 48 horas, quem o fará é o
FASE
presidente do SF, e se esse não o fizer, a competência passa ao
COMPLEMENTAR
vice do SF.
- publicação = ato que confere obrigatoriedade à lei.
* pode haver vacatio legis, período entre a publicação e a
vigência (inserção da norma no mundo jurídico).

É possível emenda parlamentar a projeto de lei de iniciativa reservada ao


Chefe do Poder Executivo (art. 48 da CF), desde que haja pertinência temática e não
acarrete aumento de despesas (STF, MC na ADI 5.087/DF).

LIMITAÇÕES ao poder de emenda parlamentar:


- a impossibilidade de o Parlamento veicular matéria estranha à versada no projeto de
lei (requisito de pertinência temática → evita-se o contrabando legislativo ou caldas
da lei = inserção de matéria desvinculada do texto do projeto).
- a impossibilidade de as emendas parlamentares aos projetos de lei de iniciativa do
Executivo, ressalvado o disposto nos §§ 3º e 4º do art. 166 (leis orçamentárias = LOA, 5
LDO e PPA), implicarem aumento de despesa pública (CF, art. 63, I).
8
7-

* STF, ADI 3288, MC na ADI 5087/DF e ADI 1333/RS.


120
53

Iniciativa:
3.
33

PE PL PJ MP Outros
EC PR 1/3 CD ou SF - - - de 50% das
4.

Assembleias
12

LC e LO PR Deputado, STF e Tribunais PGR² População³


Senador, Comissão Superiores¹
CD ou SF
* simetria → presidente, governador, prefeito.
¹ PLs relacionados à organização do PJ.
² PLs relacionados à organização do MP.
³ não há previsão expressa de iniciativa popular para PEC, mas há autores que a
admitem por analogia, a partir de uma interpretação sistemática da CF (José Afonso da
Silva).

Iniciativa popular = 1% do eleitorado nacional, distribuído ao menos em cinco


Estados, com pelo menos 0,3% dos eleitores de cada um desses Estados (para leis
municipais necessita-se apenas de 5% do eleitorado).

Quórum:

DE VOTAÇÃO DE APROVAÇÃO
- necessário para que se realize a votação - número de votos necessários à
= presença de no mínimo 50% dos aprovação:

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membros (CF, art. 47) → 41 senadores e - LO = maioria relativa (simples).


257 deputados. - LC = maioria absoluta.
* exigido para o plenário e comissões. - PEC = 3/5 em 2 turnos (CF, art. 60, §
2º - 60%).

Maioria = primeiro número inteiro acima da metade (não é 50% + 1).


A aprovação de emendas à Constituição NÃO recebeu da Carta de 1988
tratamento específico quanto ao intervalo temporal mínimo entre os dois turnos de
votação (CF, art. 62, §2º), de sorte que inexiste parâmetro objetivo que oriente o
exame judicial do grau de solidez da vontade política de reformar a Lei Maior (STF, ADI
4.357/DF).

LEI ORDINÁRIA LEI COMPLEMENTAR


- formal - aprovação por maioria simples - aprovação por maioria absoluta
(CF, art. 47) = mais de 50% dos (CF, art. 69) = mais de 50% dos
presentes. membros.
- material - campo residual (LC, Dec, Res). - matérias reservadas pela CF.

Prevalece que NÃO há hierarquia entre Lei Ordinária e Lei Complementar.


Matéria rejeitada: 5
8
LO e LC PEC e MP
7-

- só pode ser proposta novamente na - NÃO pode ser proposta na mesma 121
53

mesma sessão legislativa se apresentada sessão legislativa (CF, art. 60, § 5º e art.
3.

pela maioria absoluta da CD ou do SF 62, § 20).


(CF, art. 67). * também se prejudicada.
33
4.

SANÇÃO VETO
12

- expressa; - sempre expresso;


- tácita = silêncio no prazo de 15 dias - total ou parcial (CF, art. 66, § 2º);
úteis. - veto jurídico = inconstitucionalidade;
- veto político = inconveniência.

TOTAL PARCIAL
- engloba todo o projeto de lei. - pode ser vetado o texto integral de artigo,
parágrafo, inciso ou alínea, não se podendo

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vetar trechos.

Diversamente do que ocorre na análise da constitucionalidade, em que o STF


pode declarar a inconstitucionalidade de uma palavra ou mesmo de uma
interpretação.

JURÍDICO POLÍTICO
- controle preventivo de - não oportuno ou conveniente ao interesse
constitucionalidade. público.

DECLARAÇÃO DE
VETO
INCONSTITUCIONALIDADE
- deve abranger texto integral de - pode se referir apenas a uma palavra ou
artigo, parágrafo, inciso ou alínea. expressão.

Derrubada do veto:
- em 30 dias;
- sessão conjunta;
- por maioria absoluta de cada Casa;
- votação aberta (EC 76/2013). 5
8
7-

B. SUMÁRIO (CF, art. 64)


122
53

Solicitação de urgência na apreciação do PL exclusivamente pelo Presidente


3.

da República nos projetos de sua iniciativa → 45 dias (CD) + 45 dias (SF) + 10 dias
(emendas CD) = 100 dias, sob pena de trancamento de pauta, exceto MP. NÃO se
33

aplicam os prazos = (1) durante o recesso parlamentar (períodos legislativos 02/02 a


4.

15/07 e 01/08 a 22/12) e (2) projetos de código.


12

• EMENDAS À CONSTITUIÇÃO (CF, art. 60)

LIMITAÇÕES ao poder constituinte derivado reformador:


a) circunstancial = síncopes constitucionais (estado de defesa, de sítio e intervenção
federal).
b) procedimentais = aprovação em 2 turnos, por 3/5 dos membros da CD e do SF.
c) material = cláusulas pétreas (CF, art. 60, § 4º):
- forma federativa de Estado;
- voto direto, secreto, universal e periódico;
- separação dos Poderes;
- direitos e garantias fundamentais.
d) temporal = não possibilidade de reforma por certo período.

O parecer da comissão mista (previsto no § 9º do art. 62 da CF/88) é


obrigatório apenas para as medidas provisórias assinadas e encaminhadas ao
Congresso Nacional a partir do julgamento da ADI 4029/DF.

• LEI DELEGADA (CF, art. 68)

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O Presidente solicita ao Congresso Nacional autorização para inovar a ordem


jurídica → o CN responde via Resolução (deveria ser Decreto Legislativo).

Resolução do CN:
- rejeita delegação;
- autoriza nos termos do pedido;
- autoriza e condiciona à prévia aprovação do CN.

Limites materiais à delegação → NÃO se admite Lei Delegada sobre atos


privativos do CN (CF, art. 49), da CD (CF, art. 51) e do SF (CF, art. 52), e as matéria 5
vedadas à MP (CF, art. 62, § 2º). Acaso o Presidente exorbitar a delegação, o CN
8
7-

poderá sustar o ato (CF, art. 49, V).


123
53

C. ESPECIAL
3.

Em caso de relevância e urgência, o Presidente da República poderá adotar


33

medidas provisórias, com força de lei, devendo submetê-las de imediato ao Congresso


4.

Nacional.
12

É vedada a edição de medidas provisórias sobre:


a) nacionalidade, cidadania, direitos políticos, partidos políticos e direito eleitoral;
b) direito penal, processual penal e processual civil;
c) organização do Poder Judiciário e do Ministério Público, a carreira e a garantia de
seus membros;
d) planos plurianuais, diretrizes orçamentárias, orçamento e créditos adicionais e
suplementares, ressalvado o previsto no art. 167, § 3º (abertura de crédito
extraordinário);
e) que vise a detenção ou sequestro de bens, de poupança popular ou qualquer
outro ativo financeiro;
f) reservada a lei complementar;
g) já disciplinada em projeto de lei aprovado pelo Congresso Nacional e pendente de
sanção ou veto do Presidente da República.

As medidas provisórias perderão eficácia, desde a edição, se não forem


convertidas em lei no prazo de sessenta dias (contados da publicação da medida
provisória, suspendendo-se durante os períodos de recesso do Congresso Nacional),

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prorrogável uma vez por igual período, devendo o Congresso Nacional disciplinar, por
decreto legislativo, as relações jurídicas delas decorrentes.

Se a medida provisória não for apreciada em até quarenta e cinco dias


contados de sua publicação, entrará em regime de urgência, subsequentemente, em
cada uma das Casas do Congresso Nacional, ficando sobrestadas, até que se ultime a
votação, todas as demais deliberações legislativas da Casa em que estiver tramitando.
Apesar de o dispositivo falar em “todas as demais deliberações”, o STF, ao interpretar
esse § 6º, não adotou uma exegese literal e afirmou que ficarão sobrestadas
(paralisadas) apenas as votações de projetos de leis ordinárias que versem sobre
temas que possam ser tratados por medida provisória. STF. Plenário. MS 27931/DF,
Rel. Min. Celso de Mello, julgado em 29/6/2017 (Info 870).

Súmula vinculante 54: a medida provisória não apreciada pelo congresso nacional
podia, até a Emenda Constitucional 32/2001, ser reeditada dentro do seu prazo de
eficácia de trinta dias, mantidos os efeitos de lei desde a primeira edição. STF.
Plenário. Aprovada em 17/03/2016, DJe 28/03/2016.

2.2.3 1.1.7.3. ESTATUTO DO PARLAMENTAR

Vige entre a diplomação e o fim do mandato ou renúncia (salvo, no caso do


8 5
FPF, se o julgamento já se iniciou, caso em que permanecerá no Tribunal até o
7-

124
encerramento).
53

ATENÇÃO! As garantias NÃO se estendem aos suplentes.


3.
33

O parlamentar afastado tem suas imunidades suspensas (material e formal),


mas não perde a prerrogativa de foro (STF). O membro do Congresso Nacional, quando
4.

licenciado para o exercício de determinados cargos no Poder Executivo (CF, art. 56,
12

inciso I), como o de Secretário de Estado, não perde a prerrogativa de foro, perante o
Supremo Tribunal Federal, nas infrações penais comuns, cuja noção conceitual
abrange os crimes eleitorais (Inq 3.357/PR). Membros do Poder Legislativo NÃO
respondem por crime de responsabilidade, exceto o presidente da Câmara Municipal
(CF, art. 29-A, § 3º). As imunidades subsistirão durante o estado de sítio (NÃO durante
o estado de defesa), podendo ser suspensas por 2/3 dos membros da Casa, para os
atos incompatíveis com o decreto excepcional, praticados fora do parlamento.

• PRERROGATIVA DE FORO

O art. 53, § 1º e o art. 102, I, “b”, da CF/88 preveem que, em caso de crimes
comuns, os Deputados Federais e os Senadores, serão julgados pelo STF. Porém,
conforme entendimento recentemente firmado por aquela Corte, tal possibilidade,
denominada de “foro por prerrogativa de função”, aplica-se apenas aos crimes
cometidos durante o exercício do cargo e relacionados às funções desempenhadas
(STF. Plenário. AP 937 QO/RJ, Rel. Min. Roberto Barroso, julgado em 03/05/2018).

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A decisão do STF abrange apenas Deputados Federais e Senadores.


Entretanto, os demais Tribunais (exs.: STJ, TJ, TRF) podem adotar o mesmo raciocínio
para restringir o foro por prerrogativa de função nos processos que ali tramitam, como
fez o STJ no julgamento da AP 866/DF, ao determinar que a ação penal na qual foi
ofertada denúncia em face do atual Governador do Estado da Paraíba em razão de
delitos que, em tese, não guardam relação com o exercício do mandato atual,
tampouco teriam sido praticados em razão da função pública atualmente exercida pelo
denunciado como Governador, fosse remetida ao TJ-PB, para distribuição a uma das
Varas Criminais da Capital, e posterior prosseguimento da presente ação penal perante
o juízo competente.

OBSERVAÇÃO: Excepcionalmente, em caso de necessidade de conexão e continência,


a competência do Tribunal se estende ao corréu (STF, Sumula 704).

• IMUNIDADE MATERIAL

Freedom of speech → inviolabilidade absoluta = imunidade por votos,


palavras e opiniões vinculados ao exercício do mandato (CF, art. 53, caput).
Irresponsabilidade civil e penal (CF) + administrativa e política (doutrina majoritária).

DENTRO DO PARLAMENTO
8 5
FORA DO PARLAMENTO
- presunção absoluta de conexão com o - deve-se demonstrar a conexão com a
7-

exercício do mandato. função parlamentar. 125


53
3.

Eventuais abusos devem ser coibidos pelo próprio parlamento, não podendo
ser levados ao Judiciário (STF, Inq 2295).
33
4.

ATENÇÃO! O STF entende que se trata de causa excludente de TIPICIDADE, por isso
12

abarcando os coautores e partícipes (se fosse de punibilidade, esses poderiam ser


punidos).

A imprensa, ao divulgar fatos cobertos pela imunidade, NÃO fica passível de


responsabilização (STF, AI 401.600). A resposta imediata à injúria perpetrada por
parlamentar também deve ficar acobertada pela imunidade (STF, Inq 1.247).

• IMUNIDADE FORMAL

Freedom from arrest → incoercibilidade pessoal relativa = imunidade em face


da prisão processual por fatos ocorridos após a diplomação.

ATENÇÃO! Refere-se à prisão cautelar, não à prisão definitiva.

Se o fato criminoso for anterior a diplomação, o processo seguirá para o


Tribunal, não havendo que falar em imunidade formal.

PRISÃO PROCESSO SUPERVENIENTE¹


- prisão cautelar somente em caso de - o Tribunal dará ciência à respectiva

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flagrante por crime inafiançável. casa, que, por partido político nela
* a imunidade relativa não impede a prisão representado, poderá submeter, em 45
por sentença penal condenatória definitiva. dias, a questão ao plenário e, por
maioria absoluta, sustar o processo².
¹ o princípio da improcessabilidade foi substituído pela processabilidade (EC 35/2001).
² o processo (e o prazo prescricional) ficam suspensos até o fim do mandato
(legislatura) ou eventual renúncia – ainda que haja reeleição do parlamentar, o
processo voltará a tramitar, não podendo ser novamente suspenso.

Perda do cargo por decisão do Judiciário (CP, art. 92):


- improbidade administrativa contida no próprio crime;
- pena privativa de liberdade superior a quatro anos.

A respeito da perda automática do mandato em caso de condenação


definitiva, há divergência entre as turmas do STF.

Para a 1ª Turma do STF, se o Deputado ou Senador for condenado a mais de


120 dias em regime fechado, a perda do cargo será uma consequência lógica da
condenação. Neste caso, caberá à Mesa da Câmara ou do Senado apenas declarar que
houve a perda (sem poder discordar da decisão do STF), nos termos do art. 55, III e § 5
3º da CF/88. Entretanto, se o Deputado ou Senador for condenado a uma pena em
8
regime aberto ou semiaberto: a condenação criminal não gera a perda automática do
7-

cargo. O Plenário da Câmara ou do Senado irá deliberar, nos termos do art. 55, § 2º, se 126
53

o condenado deverá ou não perder o mandato. (STF. 1ª Turma. AP 694/MT, Rel. Min.
Rosa Weber, julgado em 2/5/2017 (Info 863); STF. 1ª Turma. AP 863/SP, Rel. Min.
3.

Edson Fachin, julgado em 23/5/2017 (Info 866)).


33
4.

Já para a 2ª Turma do STF, a perda não é automática. A Casa Legislativa a qual


o congressista está vinculado é que deverá deliberar sobre a perda do mandato. O STF
12

apenas comunica, por meio de ofício, a Mesa da Câmara dos Deputados ou do Senado
Federal informando sobre a condenação do parlamentar. A Mesa da Câmara ou do
Senado irá então deliberar (decidir) como entender de direito (como quiser) se o
parlamentar irá perder ou não o mandato eletivo, conforme prevê o art. 55, VI, § 2º,
da CF/88. Assim, mesmo com a condenação criminal, quem decide se haverá a perda
do mandato é a Câmara dos Deputados ou o Senado Federal. (STF. 2ª Turma. AP 996,
Rel. Min. Edson Fachin, julgado em 29/05/2018).

Medida cautelar contra congressista: O STF pode impor a Deputado Federal


ou Senador qualquer das medidas cautelares previstas no art. 319 do CPP. No entanto,
se a medida imposta impedir, direta ou indiretamente, que esse Deputado ou Senador
exerça seu mandato, então, neste caso, o Supremo deverá encaminhar a sua decisão,
no prazo de 24 horas, à Câmara dos Deputados ou ao Senado Federal, que poderá
rejeitar (“derrubar”) a medida cautelar que havia sido determinada pelo Judiciário.
Aplica-se, por analogia, a regra do §2º do art. 53 da CF/88 também para as medidas
cautelares diversas da prisão. STF. Plenário. ADI 5526/DF, rel. orig. Min. Edson Fachin,
red. p/ o ac. Min. Alexandre de Moraes, julgado em 11/10/2017 (Info 881). Quanto à
possibilidade de as Assembleias Legislativas também poderem derrubar as medidas

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aplicadas aos Deputados Estaduais ainda não há decisão definitiva por parte do STF,
estando pendente o julgamento das ADIs 5.823, 5.824 e 5.825.

• DEPUTADOS ESTADUAIS

Aplicam-se-lhes, por simetria, o mesmo estatuto dos deputados federais (CF,


art. 27, § 1º), mas excepcionalmente se poderá decretar a prisão preventiva. A
Constituição Estadual não pode ser mais rigorosa ou generosa do que a CF (deve
regular a matéria de maneira idêntica).

Em caso de alteração da CF, as novas disposições aplicam-se imediatamente


aos deputados estaduais, independentemente de alteração da Constituição Estadual.

OBSERVAÇÃO: NÃO se aplica a súmula 721, prevalece o FPF sobre o Tribunal do Júri
(STF, RCL 7936/MC e HC 95.506/AL).

• VEREADORES

Só possuem imunidade material dentro da circunscrição do município (CF, art.


29, VIII ) → limites territoriais (STF, HC 74.201) = NÃO há imunidade formal e nem foro 5
por prerrogativa de função.
8
7-

ATENÇÃO! Nos limites da circunscrição do Município e havendo pertinência com o 127


53

exercício do mandato, garante-se a imunidade prevista no art. 29, VIII, da CF aos


vereadores (STF, RE 600.063/SP).
3.
33

A Constituição Estadual e a lei orgânica NÃO podem estender a imunidade


4.

formal aos vereadores (ADI 558), mas a Constituição Estadual pode estabelecer foro
12

por prerrogativa no TJ, que não prevalecerá sobre o Tribunal do Júri. Quadro do FPF:

Poder Poder Poder


OUTROS órgãos
EXECUTIVO LEGISLATIVO JUDICIÁRIO
PGR
PR e Vice Ministros TCU
TST
Ministros de Comandantes
Deputados TSE
Estado FORÇAS
STF Federais STM
AGU ARMADAS
Senadores STF
Presidente Chefes de missão
STJ
BACEN diplomática
permanente
TRF
TJ MPU em Tribunal
STJ Governadores -
TRE TCE e TCM
TRT
Prefeitos (crime Deputados
TJ Juízes estaduais MPE
estadual) Estaduais
TRF Prefeitos (crime Deputados Juízes federais MPU em 1º grau

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federal) Estaduais (crime e do trabalho


federal)

Se o STF condenar um parlamentar federal e decidir que ele deverá perder o


cargo, isso acontece imediatamente ou depende de uma deliberação da Câmara dos
Deputados ou do Senado Federal respectivamente? Se o Deputado ou Senador for
condenado a mais de 120 dias em regime fechado: a perda do cargo será uma
consequência lógica da condenação. Neste caso, caberá à Mesa da Câmara ou do
Senado apenas declarar que houve a perda (sem poder discordar da decisão do STF),
nos termos do art. 55, III e § 3º da CF/88. Se o Deputado ou Senador for condenado a
uma pena em regime aberto ou semiaberto: a condenação criminal não gera a perda
automática do cargo. O Plenário da Câmara ou do Senado irá deliberar, nos termos do
art. 55, § 2º, se o condenado deverá ou não perder o mandato. STF. 1ª Turma. AP
694/MT, Rel. Min. Rosa Weber, julgado em 2/5/2017 (Info 863). Obs: existem decisões
em sentido diverso (AP 565/RO - Info 714 e AP 470/MG - Info 692), mas penso que,
para fins de concurso, deve-se adotar o entendimento acima explicado (AP 694/MT).

2.3 PODER JUDICIÁRIO

2.3.1 A FUNÇÃO JURISDICIONAL 5


8
7-

128
A função típica do Poder Judiciário é o exercício da jurisdição, que consiste,
53

em linhas gerais, na atividade através da qual o Estado substitui as partes em conflito


para dizer quem tem o direito. Entretanto, assim como os demais poderes, o Judiciário
3.

também exerce funções atípicas, como na elaboração de seus regimentos internos


33

(função legislativa) e na realização de contratos administrativos (função executiva).


4.

O exercício de função atípica por qualquer dos poderes não viola o princípio
12

da separação dos poderes, uma vez que o exercício de tais funções é autorizado pela
própria Constituição e refletivo na legislação infraconstitucional.

No que tange ao Poder Judiciário, nos últimos anos, a atuação do Supremo


Tribunal Federal ganhou contornos mais proeminentes, entendendo parte da doutrina
que o STF estaria se imiscuindo nas funções típicas dos demais poderes, em flagrante
violação ao princípio da separação dos poderes, o que configuraria verdadeiro
ativismo judicial. Noutro giro, a própria Carta Magna determina que cabe ao Supremo
o papel de guardião da Constituição (art. 102 da CF), de tal sorte que o STF deve
assegurar a concretude do texto constitucional, notadamente no que tange aos
direitos fundamentais.

A linha entre o ativismo judicial, que viola a separação dos poderes, e a


hermenêutica concretizadora, capaz de dar efetividade à Constituição, é bastante
tênue e provoca acalorados debates na doutrina e na própria jurisprudência, devendo
ser analisada caso a caso. Mesmo porque, não se pode dizer que o STF é uma Corte
exclusivamente ativista, considerando-se que, em alguns casos, seus ministros atuam
de forma minimalista, optando por julgar nos limites do caso posto ao Tribunal, em
verdadeira autocontenção judicial (self restraint).

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2.3.2 ORGANIZAÇÃO DO PODER JUDICIÁRIO

O Poder Judiciário é uno e indivisível. A estrutura judiciária esboça apenas a


repartição de competências a ser exercida pelos órgãos jurisdicionais. Os órgãos do
Poder Judiciário estão elencados no art. 92 da Constituição Federal, merecendo
especial atenção o inciso I-A, fruto da EC-45/2004, que criou o Conselho Nacional de
Justiça (CNJ), uma vez que este órgão não detém competência jurisdicional. Assim, a
estrutura do Poder Judiciário é composta pelos seguintes órgãos:

• Supremo Tribunal Federal;


• Conselho Nacional de Justiça;
• Superior Tribunal de Justiça;
• Tribunal Superior do Trabalho;
• Tribunais Regionais Federais e Juízes Federais;
• Tribunais e Juízes do Trabalho;
• Tribunais e Juízes Eleitorais;
• Tribunais e Juízes Militares;
• Tribunais e Juízes dos Estados e do Distrito Federal e Territórios. 8 5
O Judiciário goza de autonomia administrativa e financeira (art. 99 da CF),
7-

129
consideradas garantias institucionais. Além disso, seus membros possuem
53

vitaliciedade, inamovibilidade e irredutibilidade, na forma especificada a seguir:


3.

STF STJ
33

- livremente escolhidos pelo Presidente - 1/3 do TRFs e 1/3 dos TJs (lista tríplice)
da República dentre cidadãos com mais - 1/3 entre membros da OAB e dos MPs (em
4.

de 35 anos e reputação ilibada. partes iguais) Federal, Estadual e Distrital,


12

alternadamente.

Em ambos os casos, uma vez indicados pelo Presidente, os pretensos


Ministros serão aprovados (sabatinados) pelo SF.

ÓRGÃOS DE CONVERGÊNCIA ÓRGÃOS DE SUPERPOSIÇÃO


- todas as matérias convergem aos - embora não pertençam a nenhuma
Tribunais Superiores, os quais são os Justiça, as suas decisões se sobrepõem às
responsáveis pela última decisão nas decisões proferidas pelos órgãos inferiores
causas de sua competência (STF, STJ, das Justiças Comum e Especial (STF e STJ).
TST, TSE e STM).

Estado poderá criar a Justiça Militar estadual (CF, art. 125, § 3º):
- lei de iniciativa do TJ;
- efetivo militar superior a 20 mil integrantes.

Justiça Militar de 1º grau:

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JUÍZES DE DIREITO CONSELHOS DE JUSTIÇA


- crimes militares cometidos contra civis; - demais crimes militares;
- ações judiciais contra atos disciplinares. * 1 juiz de direito (preside o conselho) e
4 juízes militares, de posto superior ao
acusado.

Órgão especial = de 11 a 25 membros → metade das vagas providas por


antiguidade; outra metade por eleição no pleno do tribunal. Sendo ímpar, prestigia-se
a antiguidade, que fica com um membro a mais (Resolução CNJ nº 16/2006). Mandatos
de 2 anos, sendo possível uma reeleição (excepcionalmente, ainda que já tenha ficado
4 anos no órgão especial, poderá se reeleger se esgotados os demais nomes elegíveis).
É o único dos Poderes que tem seus membros não eleitos → exceção ao art. 1º da CF.

Ingresso na magistratura:
- concurso público;
- quinto constitucional;
- escolha presidencial (com aprovação do Senado Federal).

Garantias funcionais = predicativos da magistratura (CF, art. 95):

VITALICIEDADE = após 2 anos de exercício, os juízes só podem perder o cargo por


8 5
sentença judicial definitiva. Os que ingressarem nos Tribunais pelo quinto
7-

constitucional ou por indicação do Presidente da República adquirem a vitaliciedade de 130


53

imediato.
INAMOVIBILIDADE = o magistrado não pode ser removido sem seu consentimento,
3.

sequer para promoção, exceto em caso de interesse público, pelo voto da maioria
33

absoluta do respectivo Tribunal (pleno ou órgão especial) ou CNJ (CF, art. 93, VIII). Em
4.

geral, o servidor pode ser removido por oportunidade e conveniência.


IRREDUTIBILIDADE DOS SUBSÍDIOS = irredutibilidade jurídica (não real) → o valor que
12

pode ser reduzido é o nominal, não havendo indexação à inflação.

Garantias indiretas do cidadão = juiz independente, imparcialidade do


magistrado.

VITALICIEDADE ESTABILIDADE
- predicativo de agente político - qualidades dos servidores públicos em
(magistrados, membros do MP e dos sentido restrito.
Tribunais de Contas). - alcançada após 3 anos de estágio
- alcançada após 2 anos de atividade probatório.
(regra). - pode ser afastada por decisão
- só pode ser afastada por decisão judicial. administrativa.

Requisitos ao CONTROLE DE POLÍTICAS PÚBLICAS pelo Poder Judiciário (STF, ADPF


45):
- natureza constitucional da política pública reclamada;
- existência de correlação entre ela e os direitos fundamentais;
- omissão ou prestação deficiente injustificável por parte da Administração.

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2.3.3 SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL

O Supremo Tribunal Federal compõe-se de 11 (onze) Ministros, escolhidos


dentre cidadãos com mais de 35 (trinta e cinco) e menos de 65 (sessenta e cinco) anos
de idade, de notável saber jurídico e reputação ilibada. Os Ministros do Supremo
Tribunal Federal serão nomeados pelo Presidente da República, depois de aprovada a
escolha pela maioria absoluta do Senado Federal. Registre-se que os Ministros do STF
devem ser brasileiros natos (art. 12, § 3º, IV da CF).

A jurisprudência e a doutrina atual entendem que para ser Ministro do STF é


necessária a formação (bacharel) em direito, embora tal requisito não conste de forma
expressa no texto constitucional, sendo extraído da expressão “notável saber jurídico”.
Nos termos do art. 102 da CF, compete ao STF, dentre outras competências, a guarda
da Constituição, sendo o órgão responsável pelo controle de constitucionalidade
concentrado quando o parâmetro de controle for a Constituição Federal.

O STF reconhece o princípio da reserva constitucional de sua competência


originária e, assim, toda a atribuição do STF está explicitada, taxativamente, no art.
102, I da CF. Ressalta-se que quando o STF não reconhecer sua competência originária, 5
deverá indicar o órgão que repute competente para o julgamento do feito ajuizado
8
originariamente, atribuição esta, autorizada inclusive ao relator monocraticamente.
7-

131
53

2.3.4 SÚMULA VINCULANTE


3.

A Súmula Vinculante encontra previsão no art. 103-A da CF e na Lei


33

11.417/06. Conforme dispõe o texto constitucional, o Supremo Tribunal Federal


poderá, de ofício ou por provocação, mediante decisão de 2/3 (dois terços) dos seus
4.

membros, após reiteradas decisões sobre matéria constitucional, aprovar súmula que,
12

a partir de sua publicação na imprensa oficial, terá efeito vinculante em relação aos
demais órgãos do Poder Judiciário e à administração pública direta e indireta, nas
esferas federal, estadual e municipal, bem como proceder à sua revisão ou
cancelamento, na forma estabelecida em lei.

O rol de legitimados a propor a aprovação, revisão ou cancelamento de


súmula vinculante é composto por todos aqueles que podem propor a ação direta de
inconstitucionalidade e mais o Defensor Público Geral da União, os Tribunais
Superiores, os Tribunais de Justiça de Estados ou do Distrito Federal e Territórios, os
Tribunais Regionais Federais, os Tribunais Regionais do Trabalho, os Tribunais
Regionais Eleitorais e os Tribunais Militares (Cf. art. 103-A, §2º da CF c/c art. 3º da Lei
11.417/06). Entretanto, somente o STF pode editar e publicar Súmula Vinculante.

Além disso, o município poderá propor, incidentalmente ao curso de processo


em que seja parte, a edição, a revisão ou o cancelamento de enunciado de súmula
vinculante, o que não autoriza a suspensão do processo (art. 3º, §1º, da Lei
11.417/06).

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A súmula terá por objetivo a validade, a interpretação e a eficácia de normas


determinadas, acerca das quais haja controvérsia atual entre órgãos judiciários ou
entre esses e a administração pública que acarrete grave insegurança jurídica e
relevante multiplicação de processos sobre questão idêntica.

Caberá reclamação ao Supremo Tribunal Federal do ato administrativo ou


decisão judicial que contrariar a súmula aplicável ou que indevidamente a aplicar. Uma
vez procedente a reclamação, o STF anulará o ato administrativo ou cassará a decisão
judicial reclamada, e determinará que outra seja proferida com ou sem a aplicação da
súmula, conforme o caso.

A Súmula Vinculante possui efeito vinculante em relação aos demais órgãos


do poder judiciário e à Administração Pública direta e indireta em todas as esferas.
Dessa forma, entende-se que as súmulas vinculantes não vinculam o próprio STF, que
poderá alterar seu entendimento. Entretanto, parte da doutrina entende que as SV
vinculam as turmas do STF.

Quanto ao Poder Legislativo, a súmula vinculante vincula apenas no que se


refere aos procedimentos e atos administrativo. Entretanto, não vincula o Legislativo
no que se refere a criação legislativa, ou seja, no conteúdo de novas leis. A súmula com5
efeito vinculante tem eficácia imediata, mas o Supremo Tribunal Federal, por decisão
8
de 2/3 (dois terços) dos seus membros, poderá restringir os efeitos vinculantes ou
7-

decidir que só tenha eficácia a partir de outro momento (modulação dos efeitos),
132
53

tendo em vista razões de segurança jurídica ou de excepcional interesse público.


3.

2.3.5 CONSELHO NACIONAL DE JUSTIÇA (CNJ)


33

A EC-45/2004 criou o Conselho Nacional de Justiça, órgão do Poder Judiciário


4.

com competência para realizar o controle da atuação administrativa e financeira do


12

Poder Judiciário e do cumprimento dos deveres funcionais dos juízes, dentre outras
atribuições. Não tardou para que sua constitucionalidade fosse questionada. Não
obstante, o STF reconheceu que o CNJ é órgão interno do Judiciário e, portanto, não
fere a “cláusula pétrea” da separação dos poderes.

Dessa forma, declarou a constitucionalidade das normas da EC 45/2004 que


instituíram o CNJ como órgão administrativo do Poder Judiciário. A Suprema Corte
também ressaltou que o Conselho é órgão hierarquicamente abaixo ao STF e
aproveitou para reafirmar sua força como órgão máximo do Judiciário ao qual o CNJ
está sujeito.

O STF entendeu ainda que a presença de não magistrados não viola a cláusula
pétrea do art. 60, § 4º, III, e art. 2º, da CF/88, tendo em vista que a função jurisdicional
típica do judiciário foi preservada, bem como as condições materiais para o seu
exercício imparcial e independente.

Quanto à denominação dada ao controle exercido pelo CNJ, chamá-lo de


controle externo é equivocado, vez que de externo nada possui, sendo ele parte

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integrante do Poder Judiciário. Recebeu essa inadequada denominação pelo fato de


possuir uma formação híbrida. Porém sua maioria é de membros da magistratura e sua
formação híbrida tem como intuito evitar o corporativismo. No âmbito estadual, o STF
já se pronunciou por diversas vezes sobre a impossibilidade da instituição de um
controle externo da magistratura em âmbito, sob pena de se configurar afronta a
separação dos poderes (Vide Súmula 649 do STF).

O CNJ é órgão meramente administrativo. Assim, todas as suas decisões são


passíveis de revisão pelo STF. Portanto, trata-se do único órgão do Poder Judiciário que
não possui competência jurisdicional. O STF determinou que o CNJ pode aplicar
sanções disciplinares aos juízes, inclusive a pena de cassação do cargo. Segundo o
tribunal tal atribuição é competência concorrente do CNJ e das Corregedorias (ADI
4638). O CNJ tem poder normativo através de suas resoluções. Tal atribuição foi
reconhecida pelo STF, que julgou constitucional o poder normativo do CNJ à luz da
teoria dos poderes implícitos, pela qual, quando a CF atribui um fim, implicitamente,
concede os meios para sua consecução.

O STF não deve funcionar como sede recursal dos atos do CNJ. Não podendo
esta corte substituí-lo no exame discricionário dos motivos de suas decisões. Assim, ao
STF cabe apenas avaliar a legalidade e a razoabilidade dos atos do CNJ. Reitera-se que, 5
segundo a jurisprudência do STF, seus membros não se submetem ao controle do CNJ.
8
Por fim, de acordo com o STF, não se compreende na autonomia dos estados
7-

competência constitucional para instituir conselho destinado ao controle da atividade


133
53

administrativa e financeira da respectiva justiça.


3.

2.3.6 JUSTIÇA DOS ESTADOS


33

A competência da Justiça Estadual é residual, ou seja, é competente para


4.

julgar o que não for de competência das justiças especiais ou especializadas e da


12

justiça federal. Conforme art. 125 da CF, os Estados organizarão sua Justiça,
observados os princípios estabelecidos na Constituição Federal. A competência dos
tribunais será definida na Constituição do Estado, sendo a lei de organização judiciária
de iniciativa do Tribunal de Justiça. Evidentemente, a competência disposta na
Constituição do Estado deve estar em consonância com o que dispõe a Constituição
Federal.

Em sede de controle de constitucionalidade, cabe aos Estados a instituição de


representação de inconstitucionalidade de leis ou atos normativos estaduais ou
municipais em face da Constituição Estadual, vedada a atribuição da legitimação para
agir a um único órgão. O Tribunal de Justiça poderá funcionar descentralizadamente,
constituindo Câmaras Regionais, a fim de assegurar o pleno acesso do jurisdicionado à
justiça em todas as fases do processo e instituir a justiça itinerante, com a realização
de audiências e demais funções da atividade jurisdicional, nos limites territoriais da
respectiva jurisdição, servindo-se de equipamentos públicos e comunitários.

3 TEMAS VARIADOS

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3.1 ORDEM ECONÔMICA E FINANCEIRA

A Ordem econômica e financeira é composta por princípios gerais da atividade


econômica, política urbana, poítica fundiária e o sistema financeiro nacional. Por
razões didáticas, delimitaremos nosso estudo às políticas urbana e fundiária.

3.1.1 POLÍTICA URBANA

A política de desenvolvimento urbano, executada pelo Poder Público


municipal, conforme diretrizes gerais fixadas em lei, tem por objetivo ordenar o pleno
desenvolvimento das funções sociais da cidade e garantir o bem-estar de seus
habitantes. O plano diretor, aprovado pela Câmara Municipal, obrigatório para cidades
com mais de vinte mil habitantes, é o instrumento básico da política de
desenvolvimento e de expansão urbana.

A propriedade urbana cumpre sua função social quando atende às exigências


fundamentais de ordenação da cidade expressas no plano diretor. Não cumprida a
função social, haverá desapropriação com prévia e justa indenização em dinheiro.

É facultado ao Poder Público municipal, mediante lei específica para área incluída 5
no plano diretor, exigir, nos termos da lei federal, do proprietário do solo urbano
8
não edificado, subutilizado ou não utilizado, que promova seu adequado
7-

aproveitamento, sob pena, sucessivamente, de:


134
53

1) parcelamento ou edificação compulsórios.


2) imposto sobre a propriedade predial e territorial urbana progressivo no tempo.
3.

3) desapropriação com pagamento mediante títulos da dívida pública de emissão


33

previamente aprovada pelo Senado Federal, com prazo de resgate de até dez anos,
4.

em parcelas anuais, iguais e sucessivas, assegurados o valor real da indenização e os


juros legais.
12

Realizada tal desapropriação, o Município terá o prazo de 5 anos para dar o


adequado aproveitamento ao imóvel (art. 8º, § 4º, da Lei nº 10.257/01 - Estatuto da
cidade).

3.1.2 POLÍTICA AGRÍCOLA, FUNDIÁRIA E DA REFORMA AGRÁRIA

Compete à União (somente a ela) desapropriar por interesse social, para fins
de reforma agrária, o imóvel rural que não esteja cumprindo sua função social,
mediante prévia e justa indenização em títulos da dívida agrária, com cláusula de
preservação do valor real, resgatáveis no prazo de até vinte anos, a partir do segundo
ano de sua emissão (as benfeitorias úteis e necessárias serão indenizadas em dinheiro).

IMÓVEIS URBANOS IMÓVEIS RURAIS


- títulos da dívida pública. - títulos da dívida agrária.
- resgatáveis em 10 anos. - resgatáveis em 20 anos (depois do 2º ano
da emissão).

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Por meio de decreto, a União declara o imóvel como de interesse social, para fins de
reforma agrária. Somente após a edição do decreto é que a União estará autorizada a
propor judicialmente a desapropriação.

ATENÇÃO! A propriedade produtiva + a pequena e a média propriedade rural, assim


definida em lei, e desde que seu proprietário não possua outra são insuscetíveis de
desapropriação para fins de reforma agrária.

Cumprimento da função social RURAL:


- aproveitamento racional e adequado do solo.
- utilização adequada dos recursos naturais disponíveis e preservação do meio
ambiente.
- observância normas trabalhistas.
- exploração que favoreça o bem-estar dos proprietários e dos trabalhadores.

Os beneficiários da distribuição de imóveis rurais pela reforma agrária


receberão títulos de domínio ou de concessão de uso, inegociáveis pelo prazo de dez
anos. A lei regulará e limitará a aquisição ou o arrendamento de propriedade rural por
pessoa física ou jurídica estrangeira e estabelecerá os casos que dependerão de
autorização do Congresso Nacional. 5
8
3.2 ORDEM SOCIAL
7-

135
53

A ordem social engloba: seguridade social; educação, cultura e desporto;


ciência e tecnologia; comunicação social; meio ambiente; família, criança, adolescente,
3.

jovem e idoso; e índios.


33
4.

OBSERVAÇÃO: A ordem social tem como base o primado do trabalho, e como


objetivo o bem-estar e a justiça sociais.
12

3.2.1 SEGURIDADE SOCIAL

A seguridade social compreende um conjunto integrado de ações de iniciativa


dos Poderes Públicos e da sociedade, destinadas a assegurar os direitos relativos à
saúde, à previdência e à assistência social. É formada pelo conjunto: saúde +
previdência social + assistência social.

OBJETIVOS da seguridade social:


- universalidade da cobertura e do atendimento.
- uniformidade e equivalência dos benefícios e serviços às populações urbanas e

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rurais.
- seletividade e distributividade na prestação dos benefícios e serviços.
- irredutibilidade do valor dos benefícios.
- equidade na forma de participação no custeio.
- diversidade da base de financiamento.
- caráter democrático e descentralizado da administração, mediante gestão
quadripartite, com participação dos trabalhadores, dos empregadores, dos
aposentados e do Governo nos órgãos colegiados.

- UNIVERSALIDADE = a cobertura deve abarcar todos os problemas sociais


que precisem de uma atenção especial do Estado (ex: doenças, acidentes, prisão,
morte, velhice). O atendimento é voltado a toda e qualquer pessoa que se enquadre
nos requisitos constitucionais e legais (ex: contribuir para a previdência ou ser
necessitada de assistência).

- UNIFORMIDADE e EQUIVALÊNCIA = a mesma cobertura de contingências


concedida à população urbana deve ser estendida à população rural (uniformidade) e
ainda com valor equivalente.

- SELETIVIDADE e DISTRIBUTIVIDADE = os serviços e benefícios serão 5


distribuídos do modo mais amplo possível (universalidade), conforme sejam as
8
limitações econômicas, dando-se prioridade a quem mais precisar (seletividade).
7-

136
53

- IRREDUTIBILIDADE = vedação à redução nominal dos benefícios (não se


protege o valor real – poder de compra em relação à inflação).
3.
33

- EQUIDADE NO CUSTEIO = deve-se levar em consideração a capacidade


4.

contributiva do cidadão no momento de se exigir sua participação no custeio da


seguridade – quem pode mais paga mais, quem pode menos paga menos.
12

- DIVERSIDADE DO FINANCIAMENTO = o financiamento deve ser feito por


diversas fontes de recursos (variadas contribuições sociais) e por toda a sociedade,
direta e indiretamente (cidadãos, empresas, orçamento de todos os entes
federativos...).

OBSERVAÇÃO: As receitas dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios


destinadas à seguridade social constarão dos respectivos orçamentos, não
integrando o orçamento da União.

Nenhum benefício ou serviço da seguridade social poderá ser criado,


majorado ou estendido sem a correspondente fonte de custeio total! CARÁTER
DEMOCRÁTICO E DESCENTRALIZADO = todos os que têm interesse na seguridade
devem participar de sua gestão (tomada de decisões).

GESTÃO QUADRIPARTITE:

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Segurados especiais: o produtor, o parceiro, o meeiro e o arrendatário rurais


e o pescador artesanal, bem como os respectivos cônjuges, que exerçam suas
atividades em regime de economia familiar, sem empregados permanentes,
contribuirão para a seguridade social (os garimpeiros foram excluídos pela EC 20/98)
→ contribuirão em alíquota sobre o resultado da comercialização da produção.

3.2.2 SAÚDE
8 5
7-

A saúde é direito de todos e dever do Estado, garantido mediante políticas


137
53

sociais e econômicas que visem à redução do risco de doença e de outros agravos e ao


acesso universal e igualitário às ações e serviços para sua promoção, proteção e
3.

recuperação.
33

As ações e serviços públicos de saúde integram uma rede regionalizada e


4.

hierarquizada e constituem um sistema único, organizado de acordo com as


12

seguintes diretrizes:
I - descentralização, com direção única em cada esfera de governo.
II - atendimento integral, com prioridade para as atividades preventivas, sem
prejuízo dos serviços assistenciais.
III - participação da comunidade.

A assistência à saúde é livre à iniciativa privada. As instituições privadas


poderão participar de forma complementar do sistema único de saúde, segundo
diretrizes deste, mediante contrato de direito público ou convênio, tendo preferência
as entidades filantrópicas e as sem fins lucrativos. É vedada: (a) a destinação de
recursos públicos para auxílios ou subvenções às instituições privadas com fins
lucrativos; (b) a participação direta ou indireta de empresas ou capitais estrangeiros na
assistência à saúde no país, salvo nos casos previstos em lei.

Em matéria de direito à saúde, há importante julgado do STJ que traz


requisitos para a concessão de medicamentos não incorporados a atos normativos do
SUS:

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A concessão dos medicamentos não incorporados em atos normativos do SUS exige a


presença cumulativa dos seguintes requisitos:

a) Comprovação, por meio de laudo médico fundamentado e circunstanciado expedido


por médico que assiste o paciente, da imprescindibilidade ou necessidade do
medicamento, assim como da ineficácia, para o tratamento da moléstia, dos fármacos
fornecidos pelo SUS;

b) incapacidade financeira de arcar com o custo do medicamento prescrito;

c) existência de registro do medicamento na ANVISA, observados os usos autorizados


pela agência.

STJ. 1ª Seção. EDcl no REsp 1.657.156-RJ, Rel. Min. Benedito Gonçalves, julgado em
12/09/2018 (recurso repetitivo) (Info 633).10

3.2.3 PREVIDÊNCIA

A previdência social será organizada sob a forma de regime geral, de caráter


contributivo e de filiação obrigatória, observados critérios que preservem o 5
equilíbrio financeiro e atuarial, e atenderá, nos termos da lei, a:
8
- cobertura dos eventos de doença, invalidez, morte e idade avançada.
7-

- proteção à maternidade, especialmente à gestante. 138


53

- proteção ao trabalhador em situação de desemprego involuntário.


3.

- salário-família e auxílio-reclusão para os dependentes dos segurados de baixa


renda.
33

- pensão por morte do segurado, homem ou mulher, ao cônjuge ou companheiro e


4.

dependentes.
12

É vedada a adoção de requisitos e critérios diferenciados para a concessão de


aposentadoria aos beneficiários do regime geral de previdência social, ressalvados os
casos de atividades exercidas sob condições especiais que prejudiquem a saúde ou a
integridade física e quando se tratar de segurados portadores de deficiência, nos
termos definidos em lei complementar.

Nenhum benefício que substitua o salário de contribuição ou o rendimento


do trabalho do segurado terá valor mensal inferior ao salário mínimo. Os benefícios
pagos pelo RGPS observarão o teto dos Ministros do STF. Então, por exemplo, a

10
Houve modulação de efeitos: “Modula-se os efeitos do presente repetitivo de forma que os
requisitos acima elencados sejam exigidos de forma cumulativa somente quanto aos processos
distribuídos a partir da data da publicação do acórdão embargado, ou seja, 4/5/2018. STJ. 1ª Seção. EDcl
no REsp 1.657.156-RJ, Rel. Min. Benedito Gonçalves, julgado em 12/09/2018 (recurso repetitivo) (Info
633).” Para maiores aprofundamentos, V. CAVALCANTE, Márcio André Lopes. Requisitos para a
concessão judicial de medicamentos não previstos pelo SUS. Buscador Dizer o Direito, Manaus.
Disponível em:
<https://www.buscadordizerodireito.com.br/jurisprudencia/detalhes/27b09e189a405b6cca6ddd7ec86
9c143>. Acesso em: 13/03/2019.

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beneficiária de auxílio-maternidade receberá do RGPS no máximo o valor do teto,


ainda que ganhe mais (a diferença é paga pelo empregador).

OBSERVAÇÃO: É assegurado o reajustamento dos benefícios para preservar-lhes, em


caráter permanente, o valor real.

É vedada a filiação ao regime geral de previdência social, na qualidade de segurado


facultativo, de pessoa participante de regime próprio de previdência → dupla filiação.

OBSERVAÇÃO: Para efeito de aposentadoria, é assegurada a contagem recíproca do


tempo de contribuição na administração pública e na atividade privada, rural e
urbana, hipótese em que os diversos regimes de previdência social se compensarão
financeiramente.

Lei disporá sobre sistema especial de inclusão previdenciária para atender a


trabalhadores de baixa renda e àqueles sem renda própria que se dediquem
exclusivamente ao trabalho doméstico no âmbito de sua residência, desde que
pertencentes a famílias de baixa renda, garantindo-lhes acesso a benefícios de valor
igual a um salário-mínimo.

O regime de previdência privada, de caráter complementar e organizado de


8 5
forma autônoma em relação ao regime geral de previdência social, será facultativo,
7-

baseado na constituição de reservas que garantam o benefício contratado, e regulado 139


53

por lei complementar (é vedado o aporte de recursos a entidade de previdência


privada pela União, Estados, Distrito Federal e Municípios, suas autarquias, fundações,
3.

empresas públicas, sociedades de economia mista e outras entidades públicas, salvo


33

na qualidade de patrocinador, situação na qual, em hipótese alguma, sua contribuição


4.

normal poderá exceder a do segurado).


12

3.2.4 ASSISTÊNCIA S OCIAL

A assistência social será prestada a quem dela necessitar, independentemente de


contribuição à seguridade social, e tem por objetivos:
- a proteção à família, à maternidade, à infância, à adolescência e à velhice.
- o amparo às crianças e adolescentes carentes.
- a promoção da integração ao mercado de trabalho.
- a habilitação e reabilitação das pessoas portadoras de deficiência e a promoção de
sua integração à vida comunitária.
- a garantia de um salário mínimo de benefício mensal à pessoa portadora de
deficiência e ao idoso que comprovem não possuir meios de prover à própria
manutenção ou de tê-la provida por sua família.

DIRETRIZES: (a) descentralização político-administrativa, cabendo a coordenação e as


normas gerais à esfera federal e a coordenação e a execução dos respectivos
programas às esferas estadual e municipal, bem como a entidades beneficentes e de
assistência social; (b) participação da população, por meio de organizações

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representativas, na formulação das políticas e no controle das ações em todos os


níveis.

ESQUEMATIZANDO:

SAÚDE PREVIDÊNCIA ASSISTÊNCIA


Universal = TODOS têm Contributiva = somente Seletiva = só é
direito (rico, pobre, feio, quem contribui é concedida aos
bonito). beneficiário. necessitados.

3.2.5 ÍNDIOS

São reconhecidos aos índios sua organização social, costumes, línguas, crenças
e tradições, e os direitos originários sobre as terras que tradicionalmente ocupam,
competindo à União demarcá-las, proteger e fazer respeitar todos os seus bens. São
terras tradicionalmente ocupadas pelos índios as por eles habitadas em caráter
permanente, as utilizadas para suas atividades produtivas, as imprescindíveis à
preservação dos recursos ambientais necessários a seu bem-estar e as necessárias à
sua reprodução física e cultural, segundo seus usos, costumes e tradições.

As terras tradicionalmente ocupadas pelos índios destinam-se a sua posse


8 5
permanente, cabendo-lhes o usufruto exclusivo das riquezas do solo, dos rios e dos
7-

lagos nelas existentes. O aproveitamento dos recursos hídricos, incluídos os potenciais


140
53

energéticos, a pesquisa e a lavra das riquezas minerais em terras indígenas só podem


ser efetivados com autorização do Congresso Nacional, ouvidas as comunidades
3.

afetadas, ficando-lhes assegurada participação nos resultados da lavra, na forma da lei.


33
4.

As terras de que trata este artigo são inalienáveis e indisponíveis, e os direitos


sobre elas, imprescritíveis. São nulos e extintos, não produzindo efeitos jurídicos, os
12

atos que tenham por objeto a ocupação, o domínio e a posse das terras indígenas, ou a
exploração das riquezas naturais do solo, dos rios e dos lagos nelas existentes,
ressalvado relevante interesse público da União, segundo o que dispuser lei
complementar, não gerando a nulidade e a extinção direito a indenização ou a ações
contra a União, salvo, na forma da lei, quanto às benfeitorias derivadas da ocupação
de boa-fé.

É vedada a remoção dos grupos indígenas de suas terras, salvo, "ad


referendum" do Congresso Nacional, em caso de catástrofe ou epidemia que ponha
em risco sua população, ou no interesse da soberania do País, após deliberação do
Congresso Nacional, garantido, em qualquer hipótese, o retorno imediato logo que
cesse o risco.

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3. 2. JURISPRUDÊNCIA

A análise jurisprudencial relevante foi feita no corpo do material, para facilitar a


memorização por parte do aluno e integrar o entendimento jurisprudencial à matéria
que estava sendo abordada.

8 5
7-

141
53
3.
33
4.
12

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3.3 QUESTÕES

1) Ano: 2018 Banca: FCC Órgão: DPE-RS Prova: FCC - 2018 - DPE-RS - Defensor Público
Um projeto de lei ordinária foi aprovado, por maioria simples, em ambas as Casas do
Congresso Nacional. O Presidente da República, ao considerar o referido projeto
integralmente inconstitucional, exerceu seu poder de veto. De acordo com as
normas do processo legislativo pátrio,
a) se o veto não for mantido pelo Poder Legislativo, o projeto será enviado ao
Presidente da República, para promulgação.
b) o Congresso Nacional não pode rejeitar tal veto, cuja motivação é o exercício do
controle de constitucionalidade.
c) basta a maioria simples dos deputados e dos senadores para a rejeição do veto, pois
é necessário manter o equilíbrio entre o Legislativo e o Executivo.
d) a rejeição do veto, pela maioria absoluta dos deputados e dos senadores, exigirá
escrutínio secreto.
e) é defeso o veto total, cujo efeito seria conflito agudo entre os poderes.

2) Ano: 2018 Banca: FCC Órgão: DPE-AM Prova: FCC - 2018 - DPE-AM - Defensor
Público – Reaplicação. Há mais de 5 anos ininterruptos e sem oposição, certo casal
utiliza como sua, para fins de moradia familiar, uma área urbana de 200 metros 5
quadrados, parte de imóvel maior, de propriedade particular. Pretendendo adquirir
8
o domínio da área que utiliza, o casal promove ação de usucapião, em que comprova
7-

não serem quaisquer dos dois proprietários de outro imóvel urbano ou rural e que 142
53

não lhes foi reconhecido anteriormente o mesmo direito que ora pleiteiam. No
entanto, seu pedido é rejeitado, em primeira e segunda instâncias, sob o
3.

fundamento de estar a área em questão situada em Município cujo Plano Diretor


33

estabelece em 300 metros quadrados a metragem mínima para lotes urbanos


4.

residenciais. Nessa hipótese, à luz da Constituição Federal e da jurisprudência do


Supremo Tribunal Federal (STF),
12

a) o casal não faz jus à usucapião pretendida, por não haver preenchido todos os
requisitos constitucionais necessários para adquirir o domínio da área por essa via.
b) embora o casal tenha preenchido os requisitos constitucionais para a aquisição de
domínio de área urbana por usucapião, seu reconhecimento não é viável, em função
de a metragem da área estar em desconformidade com o mínimo estabelecido em lei
do Município, ao qual compete promover adequado ordenamento territorial,
mediante planejamento e controle do uso, do parcelamento e da ocupação do solo
urbano.
c) em que pese o Município ter competência para promover o adequado ordenamento
territorial do solo urbano, a aplicação da lei municipal ao caso é indevida, na medida
em que nega eficácia à norma constitucional que assegura o direito à usucapião
especial urbana, conforme estabelecido em súmula vinculante do STF, sendo cabível
reclamação para garantir sua observância, a qualquer tempo antes do trânsito em
julgado.
d) a lei municipal é inconstitucional, por fixar o módulo mínimo para lotes residenciais
em área superior à metragem estabelecida pela Constituição Federal para fins de
usucapião especial urbana, conforme tese fixada em sede de repercussão geral pelo
STF, sendo por essa razão cabível recurso extraordinário no caso em tela.

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e) as decisões judiciais de primeira e segunda instâncias foram proferidas em


desconformidade com tese fixada em sede de repercussão geral pelo STF, sendo
cabível reclamação para garantir sua observância, desde que esgotadas as instâncias
ordinárias e que não tenha ocorrido o respectivo trânsito em julgado.

3) No capítulo que trata da ordem econômica, na Constituição Federal, é prevista a


defesa do consumidor como um de seus princípios. Em relação à competência
legislativa em matéria de responsabilidade por danos ao consumidor, é correto
afirmar:
a) A competência legislativa é exclusiva da União.
b) Sobrevindo lei nacional, automaticamente ficam revogadas as leis estaduais que
tratam sobre a temática, ressalvando-se a competência material ou administrativa aos
Estados-Membros, Distrito Federal e Municípios.
c) A competência legislativa é concorrente entre União e Estados-Membro, sem
prejuízo para o Distrito Federal exercer a competência legislativa para os assuntos de
interesse local.
d) A competência legislativa é concorrente entre União, Estado-Membro e Distrito
Federal.
e) Uma vez exercida a competência legislativa pela União, os Estados-Membros e o
Distrito Federal não podem mais editar normas sobre a temática. 5
8
4) Ano: 2018 Banca: FCC Órgão: DPE-MA Prova: FCC - 2018 - DPE-MA - Defensor
7-

Público. Sobre a Política Urbana, prevista na Constituição Federal de 1988, é correto


143
53

afirmar:
a) o plano diretor deve ser aprovado pelo Prefeito da cidade, ouvida a Assembleia
3.

Legislativa.
33

b) os imóveis públicos serão adquiridos por usucapião com maior prazo em relação à
usucapião de imóveis não públicos.
4.

c) as desapropriações de imóveis urbanos serão feitas com posterior, mas breve,


12

indenização em dinheiro.
d) o título de domínio e a concessão de uso serão conferidos ao homem ou à mulher,
ou a ambos, independentemente do estado civil.
e) a propriedade urbana e rural cumpre sua função social quanto atende decreto
legislativo que organiza a cidade.

5) Ano: 2018 Banca: FCC Órgão: DPE-MA Prova: FCC - 2018 - DPE-MA - Defensor
Público. São características das comissões parlamentares de inquérito, no âmbito
federal:
a) temporariedade; criação por requerimento de pelo menos um terço do total de
membros da Casa; poder de requerer a audiência de Ministros de Estado.
b) função atípica do Estado; não necessitar de objeto de investigação definido,
podendo iniciar com diligências para delimitá-lo; poder de requerer a audiência de
Deputados e Senadores, mas não de Ministros, exceto se autorizado pelo Presidente
da República.
c) investigar fatos relacionados às atribuições fiscalizatórias da Casa; poder requerer
audiência de autoridades municipais; não possuir prazo definido para conclusão dos
trabalhos.

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d) não possuir prazo definido para a conclusão dos trabalhos; criação por
requerimento de pelo menos um terço do total de membros da Casa; poder de
requerer a audiência de Ministros de Estado.
e) criação por requerimento de pelo menos metade mais um do total de membros da
Casa; temporariedade; poder de requerer a audiência de Deputados e Senadores, mas
não de Ministros, exceto se autorizado pelo Presidente da República.

6) Ano: 2018 Banca: FCC Órgão: DPE-RS Prova: FCC - 2018 - DPE-RS - Defensor
Público. Montesquieu, ao analisar a Constituição da Inglaterra, descreve o princípio
da separação de poderes e sustenta que
a) ao poder legislativo cabe estabelecer a segurança e prevenir as invasões.
b) não há perigo para a liberdade se a mesma pessoa reúne o poder executivo e o
poder legislativo.
c) os juízes da nação constituem “a boca que pronuncia as palavras da lei”, devendo
agir de modo inventivo e inovador.
d) o poder legislativo será composto por dois corpos distintos, que deliberarão em
separado.
e) o povo não pode, nos grandes estados, ter representantes no poder legislativo.

7) Ano: 2018 Banca: FCC Órgão: DPE-MA Prova: FCC - 2018 - DPE-MA - Defensor 5
Público. De acordo com o que dispõe a Lei de Organização do Sistema Único de
8
Saúde, Lei n° 8.080/1990, quando for necessária a atuação complementar das
7-

entidades privadas, em razão de insuficiência de recursos do SUS,


144
53

a) A atuação se dará por meio de encampação do serviço da atividade particular,


mediante prévia notificação a entidade privada, respeitando sempre a justa
3.

remuneração pelo serviço encampado.


33

b) Os critérios de remuneração dos serviços em atuação complementar serão


delimitados por legislação específica.
4.

c) A garantia da qualidade do serviço prestada pelo particular deverá ser objeto de


12

observância pela entidade privada, dispensadas, contudo, de observância das demais


normas de direito público.
d) Quando os diretores, administradores ou gestores das entidades privadas estiverem
exercendo mandatos eletivos ou cargos de confiança no Sistema Único de Saúde, a
forma de efetivação da atuação complementar se dará por convênio ou contrato
administrativo.
e) As entidades filantrópicas e sem fins lucrativos têm preferência para realizar a
atividade complementar dentro do Sistema Único de Saúde.

8) Ano: 2018 Banca: FCC Órgão: DPE-MA Prova: FCC - 2018 - DPE-MA - Defensor
Público. A imunidade parlamentar que consiste na não obrigatoriedade do
parlamentar em testemunhar sobre informações recebidas ou prestadas em razão do
exercício do mandato, nem sobre as pessoas que lhes confiaram ou deles receberam
informações, é conhecida como imunidade
a) probatória.
b) testemunhal.
c) foro especial.
d) prisional.

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e) processual.

9) Ano: 2018 Banca: FCC Órgão: DPE-AP Prova: FCC - 2018 - DPE-AP - Defensor
Público. Lei municipal que proíbe a cobrança de consumação mínima em bares da
cidade é, segundo a jurisprudência do STF,
a) constitucional, pois o Município tem competência concorrente à União para legislar
sobre direito do consumidor.
b) inconstitucional, pois cabe à União e ao Estado, de forma subsidiária, legislar sobre
direito do consumidor.
c) constitucional, pois o Município tem competência concorrente ao Estado para
legislar sobre direito do consumidor.
d) inconstitucional, pois cabe à União e ao Estado legislar sobre direito do consumidor
de forma concorrente.
e) ilegal, pois o Código de Defesa do Consumir prevê que cabe ao estabelecimento
comercial decidir pela cobrança, respeitados os limites legais.

8 5
7-

145
53
3.
33
4.
12

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3.4 GABARITO COMENTADO

1) Gabarito A. CRFB/88 Art.66 § 5º Se o veto não for mantido, será o projeto enviado,
para promulgação, ao Presidente da República.

2) Gabarito E. Art. 183. Aquele que possuir como sua área urbana de até duzentos e
cinqüenta metros quadrados, por cinco anos, ininterruptamente e sem oposição,
utilizando-a para sua moradia ou de sua família, adquirir-lhe-á o domínio, desde que
não seja proprietário de outro imóvel urbano ou rural.
§ 1º O título de domínio e a concessão de uso serão conferidos ao homem ou à
mulher, ou a ambos, independentemente do estado civil.
§ 2º Esse direito não será reconhecido ao mesmo possuidor mais de uma vez.
§ 3º Os imóveis públicos não serão adquiridos por usucapião.

RECURSO ESPECIAL. AÇÃO DE USUCAPIÃO. USUCAPIÃO ESPECIAL URBANA.


REQUISITOS DO ART. 183 DA CF/88 REPRODUZIDOS NO ART. 1.240 DO CCB/2002.
PREENCHIMENTO. PARCELAMENTO DO SOLO URBANO. LEGISLAÇÃO
INFRACONSTITUCIONAL. LEGISLAÇÃO MUNICIPAL. ÁREA INFERIOR. IRRELEVÂNCIA. 5
INDEFERIMENTO DO PEDIDO DECLARATÓRIO. IMPOSSIBILIDADE. (RE 422349,
8
Relator(a): Min. DIAS TOFFOLI, Tribunal Pleno, julgado em 29/04/2015, ACÓRDÃO
7-

ELETRÔNICO REPERCUSSÃO GERAL - MÉRITO DJe-153 DIVULG 04-08-2015 PUBLIC 05- 146
53

08-2015).
3.

TESE 815 (RE 422349) - Preenchidos os requisitos do art. 183 da Constituição Federal, o
33

reconhecimento do direito à usucapião especial urbana não pode ser obstado por
4.

legislação infraconstitucional que estabeleça módulos urbanos na respectiva área em


que situado o imóvel (dimensão do lote).
12

Art. 988, CPC.


§ 5º É inadmissível a reclamação:
I – proposta após o trânsito em julgado da decisão reclamada;
II – proposta para garantir a observância de acórdão de recurso extraordinário com
repercussão geral reconhecida ou de acórdão proferido em julgamento de recursos
extraordinário ou especial repetitivos, quando não esgotadas as instâncias ordinárias.

3) Gabarito: D. Art. 24. Compete à União, aos Estados e ao Distrito Federal legislar
concorrentemente sobre:
VIII - responsabilidade por dano ao meio ambiente, ao consumidor, a bens e direitos
de valor artístico, estético, histórico, turístico e paisagístico.

4) Gabarito: D.

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A. Art. 182. § 1º O plano diretor, aprovado pela Câmara Municipal, obrigatório para
cidades com mais de vinte mil habitantes, é o instrumento básico da política de
desenvolvimento e de expansão urbana.
B. Art. 183. §3º Os imóveis públicos não serão adquiridos por usucapião.
C. Art. 182. § 3º As desapropriações de imóveis urbanos serão feitas com prévia e justa
indenização em dinheiro.
D. Art. 183. § 1º O título de domínio e a concessão de uso serão conferidos ao homem
ou à mulher, ou a ambos, independentemente do estado civil.
E. Art. 183. § 2º A propriedade urbana cumpre sua função social quando atende às
exigências fundamentais de ordenação da cidade expressas no plano diretor.

5) Gabarito A. CF - Art. 58. O Congresso Nacional e suas Casas terão comissões


permanentes e temporárias, constituídas na forma e com as atribuições previstas no
respectivo regimento ou no ato de que resultar sua criação.
§ 3º As comissões parlamentares de inquérito, que terão poderes de investigação
próprios das autoridades judiciais, além de outros previstos nos regimentos das
respectivas Casas, serão criadas pela Câmara dos Deputados e pelo Senado Federal,
em conjunto ou separadamente, mediante requerimento de um terço de seus
membros, para a apuração de fato determinado e por prazo certo, sendo suas
conclusões, se for o caso, encaminhadas ao Ministério Público, para que promova a 5
responsabilidade civil ou criminal dos infratores.
8
7-

6) Gabarito D. Montesquieu, apesar de francês, tinha em mente o sistema ingles de


147
53

quando estudou no país. Na Inglaterra, o legislativo é bicameral – Casa dos Lords e


Casa do Comuns.
3.
33

7) Gabarito: E
A. Lei 8080/90. Art. 24. Quando as suas disponibilidades forem insuficientes para
4.

garantir a cobertura assistencial à população de uma determinada área, o Sistema


12

Único de Saúde (SUS) poderá recorrer aos serviços ofertados pela iniciativa privada.
Parágrafo único. A participação complementar dos serviços privados será formalizada
mediante contrato ou convênio, observadas, a respeito, as normas de direito público.
B. Art. 26. Os critérios e valores para a remuneração de serviços e os parâmetros de
cobertura assistencial serão estabelecidos pela direção nacional do Sistema Único de
Saúde (SUS), aprovados no Conselho Nacional de Saúde.
C. Art. 24. ... Parágrafo único. A participação complementar dos serviços privados será
formalizada mediante contrato ou convênio, observadas, a respeito, as normas de
direito público.
D. Lei 8080/90. Art. 26, § 4° Aos proprietários, administradores e dirigentes de
entidades ou serviços contratados é vedado exercer cargo de chefia ou função de
confiança no Sistema Único de Saúde (SUS).
E. Art. 25. Na hipótese do artigo anterior, as entidades filantrópicas e as sem fins
lucrativos terão preferência para participar do Sistema Único de Saúde (SUS).
CF - Art. 199. A assistência à saúde é livre à iniciativa privada. § 1º - As instituições
privadas poderão participar de forma complementar do sistema único de saúde,
segundo diretrizes deste, mediante contrato de direito público ou convênio, tendo
preferência as entidades filantrópicas e as sem fins lucrativos.

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8) Gabarito: A.

9) Gabarito D.

8 5
7-

148
53
3.
33
4.
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4. DIREITO CONSTITUCIONAL
4.1 DOUTRINA (RESUMO)

CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE

A Constituição é a lei fundamental do Estado. Para isso, ela precisa ser


preservada como lei superior (formal e materialmente).

Entre a decisão rara do povo (Constituição) e as decisões cotidianas dos


governantes (leis), prevalece a primeira.

Todas as Constituições possuem supremacia material (sociológica). A questão


(jurídica) está na supremacia formal (rigidez constitucional). Só se pode falar em
supremacia formal se a Constituição for rígida, isto é, com processo mais dificultoso,
mais solene de alteração.

SUPREMACIA FORMAL SUPREMACIA MATERIAL


- relacionada à rigidez constitucional = - relacionada ao conteúdo = as normas
5
característica exclusiva das Constituições constitucionais tratam de assuntos
8
cujo processo de elaboração é mais considerados essenciais: direitos
7-

dificultoso que o das leis fundamentais, estrutura do Estado e


149
53

infraconstitucionais. organização dos Poderes.


- para fins de controle de - toda Constituição tem supremacia
3.

constitucionalidade, a supremacia que material (escrita ou não escrita, rígida ou


33

realmente importa é a formal, pois só não rígida).


4.

assim a Constituição terá eficácia


negativa.
12

O certo é que para garantir a supremacia constitucional é necessária a


existência de um mecanismo de controle de constitucionalidade, retirando do
ordenamento as leis que não se adequem à Constituição.

Premissas estruturais para a ordem constitucional:


- supremacia da Constituição;
- rigidez constitucional;
- controle de constitucionalidade (mecanismo de legislação negativa).

Portanto, o controle de constitucionalidade é o mecanismo que assegura a


supremacia da constituição. Lançadas essas premissas, vamos estudar os antecedentes
históricos desse controle.

1.1.1. ANTECEDENTES HISTÓRICOS

Os antecedentes do controle de constitucionalidade podem ser divididos em


remotos e próximos.

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REMOTOS
- Grécia (Sec. V e IV a.C.) = Graphé Paranomón → denúncia de qualquer cidadão de
que a norma (moções ou decretos comuns) aprovada pela Bulé (assembleia do povo)
estava em confronto com a lei natural imutável: julgamento por conselho de 1000
jurados, havendo mecanismo de suspensão liminar, efeitos ex tunc e responsabilização
pessoal dos criadores e aprovadores da norma.

- Portugal (1603) = Código Filipino → o corregedor das comarcas poderia declarar nula
a ordenação local se em contraposição às ordenações do rei.
PRÓXIMOS
- caso Ware vs. Hilton (Britsh Debt case) (Suprema Corte Americana - 1796) = tratado
de Paris (mantinha as dívidas entre ingleses e americanos) x lei estadual da Virgínia,
que isentava as dívidas com ingleses: as leis estaduais em divergência com os tratados
(com força de Constituição) são nulas (o advogado dos virginenses era John Marshall).

- decisão do juiz Marshall no caso Marbury vs. Madison (Suprema Corte Americana -
1803) = John Adams, do Partido Federalista, era Presidente, tendo como Secretário de
Estado John Marshall (o qual é alçado a juiz da Suprema Corte) → Thomas Jefferson,
do Partido Republicano, vence as eleições → antes de sair do cargo, Adams nomeia 5
vários juízes (“midnight judges”), dentre eles, William Marbury, mas Marshall não lhe
8
7-

entrega o diploma a tempo → Jefferson toma posse em 04/03/1801, tendo como


Secretário James Madison, o qual é instruído a negar a titulação aos juízes que não 150
53

haviam sido nomeados → Marbury impetra writ of mandamus contra Madison na


3.

Suprema Corte (previsão em lei federal de foro privilegiado para Secretário) →


33

Madison alega que a lei não poderia prever competências para a Suprema Corte,
sendo inconstitucional (Marbury teria o direito, mas não a ação correspondente):
4.

Marshall declara a lei inconstitucional, afirmando a competência do Judiciário para


12

analisar a validade das leis (Judicial Review).

- caso Dred Scott vs. Sandford (1857) = Dred Scott era escravo (oriundo Virgínia),
tendo ido morar com seu senhor (John Emerson - cirurgião militar) nos Estados de
Wisconsin e Illinois (em que era proibida a escravidão - Missouri compromise) →
Emerson Morreu em campanha e Scott e sua esposa foram herdados pela viúva Elisa
Sandford → Scott entra com uma ação contra Sandford requerendo a liberdade em
razão de ter morado em regiões livres da escravidão (“uma vez livre, sempre livre”) →
Scott ganha a causa no Tribunal de Saint Louis, mas a decisão é revertida em 2ª
instância → o caso vai parar na Suprema Corte: o juiz Roger B. Taney é seguido pela
maioria, entendendo que ainda que alguns Estados reconheçam os negros como
cidadãos, estes não poderiam litigar na seara federal (os escravos eram bens
protegidos pelo direito de propriedade, assegurado pela Constituição = o Congresso
não poderia regulamentar a escravidão, de modo que o Missouri compromise foi
declarado inconstitucional).

Um antecedente (doutrinário), muito citado é a série de artigos “O


Federalista” (The Federalist Papers) → 85 artigos escritos por James Madison,
Alexander Hamilton e John Jay (sob o pseudônimo “Publius”), buscando convencer os

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estados confederados a ratificar a Constituição Americana (era necessário que 9 dos


13 estados a ratificassem para que entrasse em vigor).

OBSERVAÇÃO: Hamilton (nos artigos 78 e 81) esboça a teoria do controle de


constitucionalidade, tendo sido base para o julgamento proferido por Marshall. No
artigo nº 10, considerado o artigo mais importante de toda a série, advogaram a
criação de uma nova espécie de governo popular, uma república representativa, como
forma de neutralizar os efeitos das facções.

Busca conciliar características que preservassem as autonomias dos Estados


(participação no Legislativo Federal, nas propostas de emenda à Constituição, etc.),
atendendo aos reclamos dos nacionalistas, mas consagra a soberania do Poder Central,
exortando seus benefícios (ex: fortalecimento da União dos Estados em prol da
segurança externa, aumento do poderio econômico, etc.), afinando-se com os
federalistas.

Autores que influenciaram o modelo de controle concentrado:


- Georg Jellinek = “Um Tribunal Constitucional de Justiça para a Áustria” (1885);
- Franz Weyr = Constituição da Checoslováquia (1920);
- Hans Kelsen = Constituição da Áustria (1920). 5
8
• CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE NO BRASIL
7-

151
53

Constituição de 1824 = NÃO previu qualquer hipótese de controle de


constitucionalidade → como foi inspirada no Constitucionalismo francês (Benjamin
3.

Constant), traz o Poder Moderador (exercido pelo Rei), incompatível com o controle
33

judicial dos atos normativos (o rei não erra).


4.
12

OBSERVAÇÃO: Os Estados amparados na força têm pouco interesse no controle de


constitucionalidade.

Constituição de 1891 = o controle difuso é introduzido por influência dos


ideais americanos incorporados por Rui Barbosa e Campos Salles (Judicial Review por
uma espécie de Recurso Extraordinário de competência da JF).

Documentos importantes:
- Constituição Provisória (Decreto nº 510, de 22 de junho de 1890);
- Decreto nº 848, de 11 de outubro de 1890, organizando a Justiça Federal;
- Constituição de 1891 (art. 60, “a” e § 1º);
- Lei nº 221, de 20 de novembro de 1894 (art. 13, § 10), dispondo sobre a Justiça
Federal.

Constituição de 1934 = previu o Mandado de Segurança como instrumento


de controle de constitucionalidade, ampliando enormemente o controle difuso (art.
113, nº 33). Mencionou expressamente o nome Recurso Extraordinário (art. 76, 2, III).
Estabeleceu o quórum para a declaração de inconstitucionalidade = maioria absoluta

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(art. 179. Previu a participação do Senado Federal no controle para dar efeitos erga
omnes à decisão judicial inter partes (art. 91, IV), por provocação do PGR (art. 96)).

OBSERVAÇÃO: Ação representativa interventiva (art. 12, §§ 1º e 2º) = o PGR levava a


lei interventiva ao STF → só haveria intervenção se o Supremo declarasse a
constitucionalidade da lei (similar à atual ADC).

Constituição de 1937 = retrocedeu, excluindo o MS do controle de


constitucionalidade → a Constituição Polaca outorgada tinha pouco interesse na
análise judicial da validade das leis.

OBSERVAÇÃO: “No caso de ser declarada a inconstitucionalidade de uma lei que, a


juízo do Presidente da República, seja necessária ao bem-estar do povo, à promoção
ou defesa de interesse nacional de alta monta, poderá o Presidente da República
submetê-la novamente ao exame do Parlamento: se este a confirmar por dois terços
de votos em cada uma das Câmaras, ficará sem efeito a decisão do Tribunal” (art. 96,
parágrafo único) → revogado pela Lei Constitucional nº 18, de 1945.

Constituição de 1946 = restabeleceu o mecanismo do MS e manteve os


demais instrumentos democráticos de controle de constitucionalidade (RE e quórum 5
de maioria absoluta).
8
7-

OBSERVAÇÃO: A EC nº 16/1965 (art. 101, I, “k”) estabeleceu a representação de 152


53

inconstitucionalidade (ADI com legitimidade exclusiva do PGR).


3.

Constituição de 1967 = retorno ao regime de força, com Atos Institucionais


33

que se sobrepunham à própria Constituição.


4.
12

OBSERVAÇÃO: O AI5 tornava “defesa a apreciação de seu ato pelo Poder Judiciário”
(art. 5º, § 2º) + suspendeu “as garantias constitucionais ou legais de vitaliciedade,
inamovibilidade e estabilidade, bem como a de exercício em funções por prazo certo”
(art. 6º) + suspendeu “a garantia de habeas corpus, nos casos de crimes políticos,
contra a segurança nacional, a ordem econômica e social e a economia popular” (art.
10) + “excluem-se de qualquer apreciação judicial todos os atos praticados de acordo
com este Ato institucional e seus Atos Complementares, bem como os respectivos
efeitos” (art. 11). O AI6 também vedou a análise judicial dos atos de acordo com ele
praticados (art. 4º).

EC nº 1/1969 = reforma do Poder Judiciário (EC nº 7/1977) → a


representação interventiva do PGR foi estendida como mecanismo interpretativo
(representação interpretativa + criou o Órgão Especial para os Tribunais com mais de
25 membros, aos quais caberia a análise da constitucionalidade das leis).

Constituição de 1988 = ampliou o rol de legitimados para a propositura de


ADI (art. 103), criou a ADO (art. 103, § 2º), a ADPF (art. 102, § 1º), o MI (art. 5º LXXI) e
o MS coletivo (art. 5º, LXX). Súmula Vinculante (art. 103-A introduzido pela EC
45/2004).

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1.1.2. FORMAS DE CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE

A. QUANTO À NATUREZA DO ÓRGÃO QUE EXERCE O CONTROLE

Pode parecer estranho para nós no Brasil, mas há diversos países em que não
é apenas um órgão do Judiciário que exerce, como regra, o controle de
constitucionalidade, havendo órgãos políticos (do Legislativo ou mesmo criados
especificamente para isso) que podem exercer tal função.

Controle JURISDICIONAL Controle POLÍTICO


- exercido por um órgão do Poder - exercido por um órgão que não tem
Judiciário. natureza jurisdicional (por exclusão).

No controle político, NÃO há presunção de constitucionalidade (ex: na análise


do veto jurídico, acaso haja dúvida, o Congresso Nacional deve mantê-lo).

Segundo Karl Schimitt, como a Constituição é uma decisão política


fundamental, a Guarda da Constituição seria uma função de natureza política, e não
jurídica → o controle concentrado de constitucionalidade deveria ser responsabilidade 5
do Presidente, eleito por todos = o Judiciário, que deve aplicar a norma ao fato, “não
8
pode estar acima do legislador e da lei” + a consequência da atribuição do controle de
7-

constitucionalidade ao Judiciário “não seria a judicialização da política, mas a


153
53

politização da justiça”.
3.

Há três sistemas de controle de constitucionalidade no mundo: o jurisdicional,


33

o político e o misto. No sistema jurisdicional, o Judiciário é o principal órgão a exercer


4.

o controle (adotado no Brasil e nos EUA). No sistema político, há um órgão do


Legislativo ou especializado (não pertencente ao Judiciário) que realiza o controle
12

(adotado na França = o controle é realizado pelo Conselho Constitucional, órgão do


contencioso administrativo + judiciário, sendo que todos os ex-presidentes do país têm
cadeira cativa). No sistema misto, conjuga-se o controle político com o controle
jurisdicional (adotado na Suíça = as leis nacionais submetem-se ao controle do próprio
Legislativo, ao passo que as leis locais, elaboradas nos Cantões, o controle se dá no
Judiciário).

JURISDICIONAL POLÍTICO MISTO


- controle exercido, em - o controle não é - algumas leis são submetidas a
regra, pelo Judiciário. exercido pelo controle político e outras a controle
Judiciário. jurisdicional.

Perceba que, no Brasil, outros órgãos (fora do Judiciário) exercem controle de


constitucionalidade (como as CCJs do Legislativo). Contudo, quando se fala em sistema
jurisdicional não se está afirmando que só o Judiciário exerce controle, mas sim que é
o principal órgão de controle (não significa que seja o único).

NÃO CONFUNDIR!

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SISTEMA MISTO DE CONTROLE CONTROLE MISTO ou COMBINADO


- mescla de controle jurisdicional e - mescla de controle difuso e concentrado.
político.

B. QUANTO AO MOMENTO DO CONTROLE

No que se refere ao momento em que é realizado o controle, pode ser


preventivo (prevenir incompatibilidade com a Constituição) e repressivo (reparar
incompatibilidade já ocorrida). No Brasil, o controle preventivo é realizado a rigor por
órgãos do Legislativo e do Executivo, ao passo que o controle repressivo se centra,
como regra, no Judiciário (que só realiza controle preventivo em hipótese
absolutamente excepcionalíssima).

PREVENTIVO REPRESSIVO
- ocorre durante o processo de - exercido após encerrado o processo
elaboração do ato normativo. legislativo (publicação e promulgação).

No Brasil, o controle preventivo é feito pelo Legislativo via Comissão de


Constituição e Justiça e pelo próprio Plenário das Casas legislativas (o projeto morre na
5
origem, nem avançando para discussões de mérito, pois considerado inconstitucional);
8
pelo Executivo via veto jurídico (quando o Presidente da República, Governador ou
7-

Prefeito veta a norma por entender que é inconstitucional); e pelo Judiciário em um 154
53

único caso: mandado de segurança impetrado por Parlamentar para defender seu
3.

direito líquido e certo de participar de um processo legislativo correto do ponto de


vista constitucional.
33
4.

Controle PREVENTIVO no Brasil:


12

a) LEGISLATIVO = CCJs e Plenário das Casas legislativas.


b) EXECUTIVO = chefe do Poder Executivo, por meio do veto jurídico (CF, art. 66, § 1º).
c) JUDICIÁRIO = como regra inviável (STF, MC na ADI 466/DF), exceto no MS impetrado
por parlamentar da respectiva Casa (controle concreto, não abstrato) em razão da não
observância do processo legislativo constitucional → direito subjetivo do parlamentar
de participar de um procedimento legislativo constitucional hígido (MS 32.033/DF),
mas se a mácula for só ao regimento interno – interna corporis – não cabe controle
judicial (prevaleceu não ser possível a análise prévia do ponto de vista material, sequer
no caso de afronta a cláusula pétrea).

Quanto ao controle repressivo, o Legislativo brasileiro atua: (a) por meio de


decreto legislativo, suspende a parte do ato normativo do Poder Executivo que
exorbitou os limites da lei ou da delegação legislativa; (b) analisa os pressupostos de
relevância e urgência das Medidas Provisórias; (c) pelo Tribunal de Contas, seu órgão
auxiliar (CF, art. 71), aprecia a constitucionalidade em seu âmbito de competência. O
chefe do Executivo pode negar cumprimento até que haja uma decisão do Poder
Judiciário no sentido da constitucionalidade do ato normativo. Após a CF/88, essa
possibilidade gera muitas controvérsias – ela se justificava na CF/69, pois apenas o PGR
era legitimado para ADI (STF, RMS 14.136/ES); acontece que atualmente tanto o

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Presidente quanto o Governador possuem legitimidade para tanto (CF, art. 103),
podendo requerer medida liminar (a jurisprudência continua aceitando-a: STJ, Resp
23.121/GO e STF, MC ADI 221 MC/DF). O Judiciário exerce de forma principal (nas vias
difusa e concentrada) o controle repressivo.

Controle REPRESSIVO no Brasil:


a) LEGISLATIVO
- sustar atos normativos do Poder Executivo que exorbitarem o poder regulamentar
(decretos e regulamentos – CF, art. 84, IV) ou a delegação legislativa (leis delegadas –
CF, art. 68) (CF, art. 49, V).
- análise dos pressupostos objetivos (relevância e urgência) e do conteúdo de Medida
Provisória (CF, art. 62, § 5º).
- o Tribunal de Contas pode apreciar a constitucionalidade de atos normativos no
exercício de suas atribuições → não retira a lei do ordenamento, mas a deixa de
aplicar no caso concreto (STF, Súmula, 347).
b) EXECUTIVO = o chefe do Executivo pode negar cumprimento a uma lei que entenda
ser inconstitucional → precisa motivar e dar publicidade ao ato (Decreto).
c) JUDICIÁRIO = de maneira difusa (qualquer juiz ou Tribunal) e concentrada (STF e
TJs).

C. QUANTO À COMPETÊNCIA JURISDICIONAL


8 5
7-

A classificação preocupa-se com o órgão capaz de exercer o controle. O 155


53

controle é difuso quando qualquer juiz ou tribunal tiver competência para exercê-lo
(aberto a todos os órgãos do Judiciário). O controle é concentrado quando centrado
3.

em um Tribunal (se o parâmetro for a CF, só o STF tem competência; se o parâmetro


33

for Constituição Estadual, apenas os TJs têm competência).


4.

DIFUSO ou ABERTO CONCENTRADO


12

- qualquer juízo ou Tribunal pode exercer - a competência é reservada a


o controle. determinado órgão do Judiciário → STF
(CF) e TJ (CE).
- sistema norte-americano (Juiz Marshall - sistema austríaco (Jellinek, Weyr e Hans
= caso Marbury vs. Madison – 1803). Kelsen – 1920).
- no Brasil, surge em 1891 (Constituição - surge na Constituição de 1934 (ação
Republicana). representativa) e depois na EC nº
16/1965 à Constituição de 1946.
- eficácia ex tunc (inter partes) e ex nunc - eficácia ex tunc, admitindo a
na Resolução do Senado (erga omnes). modulação dos efeitos (segurança
jurídica e relevante interesse social).
- efeitos inter partes. - efeitos erga omnes.
- decisão desconstitutiva. - decisão declaratória.

O sistema jurisdicional brasileiro adota o modelo de controle misto ou


combinado → o controle jurisdicional pode ser difuso ou concentrado.

D. QUANTO À FINALIDADE

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Tem-se aqui análise da finalidade do controle. Se é concreto é porque surge a


partir de um caso concreto (embora a análise seja sempre abstrata – lei x Constituição)
e tem como fim a proteção ao direito subjetivo (a inconstitucionalidade é causa de
pedir). Se é abstrato é porque a análise da constitucionalidade é feita em tese (o
objeto ou pedido da ação é se a lei é compatível ou não com a Constituição).

No controle concreto a inconstitucionalidade é incidental (via da exceção), ou


seja, é uma questão prejudicial (não é a questão principal) que deve ser analisada para
resolver o caso concreto (ex: questionamento sobre a constitucionalidade de lei
instituidora de certo tributo em ação de inexigibilidade de débito). No controle
abstrato a inconstitucionalidade é a questão principal do processo (via da ação), por
isso tal feito é chamado de processo constitucional objetivo (não há interesses
subjetivos em jogo) (ex: ação que busca declarar inconstitucional a lei instituidora de
certo tributo, sem pretender com isso declarar inexigível qualquer débito).

CONCRETO ABSTRATO
- tem como principal finalidade a - tem como principal finalidade a
proteção de direitos subjetivos (processo proteção da supremacia da Constituição
constitucional subjetivo). (proteção da ordem constitucional
5
- a inconstitucionalidade é causa de objetiva).
8
pedir para o pedido. - a inconstitucionalidade é o próprio
7-

objeto (pedido) da ação.


156
53

- incidental. - principal.
- via de exceção. - via de ação.
3.

- processo subjetivo. - processo constitucional objetivo.


33
4.

Como regra, o controle difuso é concreto e o concentrado é abstrato, mas há


exceções = controle concentrado concreto:
12

(1) ADI interventiva;


(2) ADPF incidental (elevação de instância);
(3) Mandado de Injunção.

Na Alemanha, não há controle difuso (o Tribunal Constitucional Federal


realiza tanto o controle concreto quando o abstrato).

Abstrativização (objetivação ou verticalização) do controle concreto: O STF é


o guardião da Constituição (CF, art. 102) e, portanto, cabe ao STF dar a última palavra
sobre como a Constituição deve ser interpretada. Interpretações divergentes,
conferidas por outros juízes ou tribunais, enfraquecem o princípio da força normativa
da Constituição. Com base nesse raciocínio, o Ministro Gilmar Mendes vinha
defendendo que as decisões do STF, mesmo proferidas em controle concreto,
deveriam ter efeito erga omnes ou transcendente. Ou seja, as interpretações da
Constituição pelo STF não deveriam valer apenas para as partes envolvidas no
processo, mas para todos (vide RE nº 197.917/SP, que fixou número de cadeiras para
Câmara Municipal). Aliás, foi isso que prevaleceu para o Mandado de Injunção

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(instrumento de controle concreto que se dá hoje efeitos próprios do controle


abstrato).

Entretanto, no julgamento da Reclamação 4335, restou consignado que o STF


não havia adotado a tese da abstrativização, cabendo, ainda, ao Senado, o papel literal
previsto no art. 52, X, da Constituição Federal, qual seja, suspender a norma declarada
inconstitucional, dando efeitos erga omnes à decisão em controle concreto.

Porém, no final de 2017, quando do julgamento da ADI 3470, o STF


manifestou entendimento no sentido de que teria adotado a tese da abstrativização,
embora esse termo não tenha sido mencionado, em razão da necessidade de se
“evitar antinomia e fragmentação” de suas decisões.

Pela relevância e complexidade do tema, o trecho do Informativo que


apresenta tal decisão deve ser lido de maneira atenta, constando da parte de
JULGADOS do presente material.

1.1.3. FORMAS DE INCONSTITUCIONALIDADE

A. QUANTO À CONDUTA 5
8
A inconstitucionalidade aqui pode ser por ação (ato comissivo incompatível
7-

com a CF) ou omissão (o poder público deixar de fazer o que a CF determina). No caso
157
53

de ação cabe Ação Direta de Inconstitucionalidade, Ação Declaratória de


Constitucionalidade ou Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental; no
3.

caso de omissão cabe Mandado de Injunção e Ação Direta de Inconstitucionalidade


33

por Omissão.
4.

Por AÇÃO Por OMISSÃO


12

- ocorre quando há uma conduta - ocorre quando o poder público se


comissiva (agir) do poder público, omite diante de um dever estabelecido
incompatível com a Constituição. pela Constituição (ex: CF, art. 37, VII).
- ADI, ADC ou ADPF. - ADO ou MI.

Omissão parcial = ex: salário mínimo que não suporta tudo que a CF ordena
(embora o Poder Público não tenha deixado de fazer a lei, apenas tenha feito uma lei
incompleta). Nesse caso, cabe ADO ou ADI? Perceba: estamos aqui na hipótese do
copo meio cheio/vazio. De toda forma, cabe ADO e esse é um dos argumentos
utilizados para as Constituições Estaduais poderem prever ADO (uma omissão parcial é
o mesmo que uma ação defeituosa).

Erosão da consciência constitucional (Karl Loewenstein e Celso de Mello) →


quando os poderes públicos não cumprem o dever de legislar, estimulam o processo
de enfraquecimento funcional da Constituição escrita = necessidade de mutação
constitucional, que é a “mudança não-formal da Constituição, provindo de convenções
e usos parlamentares, em convívio com o texto, que a mutação altera no seu espírito e
significado, sem tocar na regra escrita” (Raul Machado Horta).

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B. QUANTO À NORMA CONSTITUCIONAL OFENDIDA

A inconstitucionalidade pode ser material ou formal. Será material quando


houver contrariedade de conteúdo com norma constitucional. Será formal quando
deixar de observar uma formalidade – a inconstitucionalidade formal pode ser
subjetiva (vício de competência – ex: propositura pelo Congresso de lei de iniciativa
exclusiva do Presidente da República) ou objetiva (vício de procedimento – ex:
aprovação de Lei Complementar por maioria simples).

FORMAL ou NOMODINÂMICA MATERIAL ou NOMOESTÁTICA


- propriamente dita = violação ao - o conteúdo de um ato
processo legislativo constitucional. infraconstitucional viola o conteúdo de
- subjetiva = vício relativo à iniciativa¹. uma norma da Constituição.
- objetiva = vício nas demais fases do * embora não haja hierarquia interna na
procedimento. CF, as ECs podem ser analisadas do ponto
- orgânica = mácula à reserva legislativa de vista material em relação ao conteúdo
a certo órgão (ex: ADI 2220/SP)². da Constituição anterior à sua edição.
- violação de pressupostos objetivos =
a norma constitucional violada 5
estabelece pressupostos objetivos para
8
criação de ato infraconstitucional (ex:
7-

CF, art. 62)³.


158
53

¹ não é sanado pela sanção (está superada a Súmula nº 5 do STF).


² é da União a definição e processamento dos crimes de responsabilidade (CF, art. 22, I
3.

e STF, Súmula 722 e Súmula Vinculante nº 46).


33

³ embora negue como regra (trata-se de juízo político), muito excepcionalissimamente,


4.

o STF admite a análise dos pressupostos formais da MP (relevância e urgência) quando


a inconstitucionalidade for absolutamente flagrante e objetiva.
12

NÃO CONFUNDA!

PARÂMETRO DE CONTROLE OBJETO DE CONTROLE


- norma constitucional supostamente - ato do poder público impugnado.
ofendida.

Objeto é o ato questionado (reputado inconstitucional), necessariamente ato


de poder público (não há inconstitucionalidade de ato particular).

Parâmetro para o controle de constitucionalidade é a norma de referência,


isto é, aquela norma formalmente constitucional invocada para dizer que um objeto é
inconstitucional.

Podem ser invocadas como parâmetro para o controle de constitucionalidade todas


as normas (princípios e regras) formalmente constitucionais, expressas ou implícitas:
- parte permanente (arts. 1º a 250).
- ADCT.

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- tratados internacionais de direitos humanos aprovados com o quórum qualificado


das Ecs → 3/5 em dois turnos (CF, art. 5º, § 3º).

O preâmbulo NÃO é norma, nem tem força vinculante (serve para mera
orientação e integração – STF, ADO 2076 e MC no MS 24.645/DF).

Como atualmente há normas constitucionais fora da Constituição (ex:


tratados internacionais sobre direitos humanos aprovados com quórum qualificado),
fala-se em bloco de constitucionalidade – expressão elaborada pelo francês Louis
Favrorré para referir a todas as normas que tenham status constitucional (na França,
além da Constituição Francesa de 1946, gozam de status constitucional o preâmbulo, a
Declaração de Direitos do Homem e do Cidadão de 1789, além de outras normas).

BLOCO DE CONSTITUCIONALIDADE:
- sentido estrito = abrange apenas as normas de índole constitucional → correlação
exata com as normas que servem de parâmetro para controle de constitucionalidade
(corpo permanente da CF + ADCT + tratados internacionais de DH).
- sentido amplo = engloba normas constitucionais + normas infraconstitucionais
vocacionadas a desenvolver preceitos da Constituição (ex: Lei que define o salário
mínimo) (STF, ADI 595 – despacho do Min. Rel. Celso de Mello). 5
8
Se o tratado internacional de direito humano não tiver sido aprovado com o
7-

quórum qualificado, não poderá servir de parâmetro de controle de 159


53

constitucionalidade (é materialmente, mas não formalmente constitucional). Como


são normas supralegais, podem ser parâmetro de controle convencionalidade ou de
3.

supralegalidade.
33
4.

C. QUANTO À EXTENSÃO DA INCONSTITUCIONALIDADE


12

Primeiramente é preciso verificar se a declaração de nulidade


(inconstitucionalidade) será com ou sem redução de texto.

Na declaração de inconstitucionalidade COM redução de texto, especialmente


em controle concentrado, o órgão (STF ou TJ) atua como legislador negativo (é como
se revogasse a lei) – trata-se de ato do Poder Judiciário com efeito erga omnes e
vinculante cuja generalidade e abstração é a mesma que imprime o Legislador ao
revogar uma lei.

A declaração de inconstitucionalidade pode atingir uma lei toda, um


dispositivo ou apenas parte dele. A depender disso poderá ser total ou parcial (ocorre
tanto na inconstitucionalidade por ação quanto na por omissão).

TOTAL PARCIAL
- o vício atinge toda a lei ou dispositivo - o vício atinge apenas uma parte da lei
(HC 81.134 QO/RS). ou do dispositivo.

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A declaração da inconstitucionalidade pode abranger apenas uma palavra ou


expressão (ADI 347/SP), desde que não altere o sentido original da norma (ADI 2.645
MC/TO) → não confundir com o art. 66, § 2º, da CF, que estabelece que o veto parcial
precisa abranger a totalidade do artigo, parágrafo, inciso ou alínea.

DECLARAÇÃO DE INCONSTITUCIONALIDADE VETO


- pode ser de palavra ou expressão. - tem de ser o dispositivo inteiro.

Na declaração de inconstitucionalidade SEM redução de texto não é feita


qualquer alteração no texto normativo, que permanece íntegro. A análise e fixação de
tese se dá a nível de sentido (interpretação). Esse tipo de recurso é utilizado nos textos
polissêmicos ou plurissignificativos (que possuem mais de um significado possível).
Assim, se é possível que um texto possua duas interpretações (A e B), sendo A
compatível com a Constituição e B incompatível, o Tribunal pode declarar a
interpretação B inconstitucional e que o texto é constitucional desde que interpretado
da maneira A.

A propósito, o STF vem considerando que no controle abstrato, a declaração


de nulidade sem redução de texto é equivalente à interpretação conforme a
Constituição. 5
8
Para facilitar, vamos a um exemplo: o Estado de São Paulo criou a UFESP
7-

(Unidade Fiscal do Estado de São Paulo) para servir de fator de atualização dos créditos
160
53

tributários. O STF entendeu que “a legislação paulista é compatível com a Constituição


de 1988, desde que o fator de correção adotado pelo Estado-membro seja igual ou
3.

inferior ao utilizado pela União. Pedido julgado parcialmente procedente para conferir
33

interpretação conforme ao artigo 113 da Lei n. 6.374/89 do Estado de São Paulo, de


4.

modo que o valor da UFESP não exceda o valor do índice de correção dos tributos
federais” (ADI 442/SP).
12

COM redução de texto SEM redução de texto


- declaração parcial ou total da - a norma impugnada é plurissignificativa
inconstitucionalidade do enunciado, ou polissêmica (comporta mais de um
afastando o texto normativo (ou parcela significado) → afasta-se a interpretação
dele) do ordenamento jurídico. inconstitucional do dispositivo.

D. QUANTO AO MOMENTO EM QUE OCORRE A INCONSTITUCIONALIDADE

Classificação muito importante para o controle concentrado. Se a norma já


nasce inconstitucional, sua inconstitucionalidade é originária (parâmetro anterior ao
objeto). Se ocorre a incompatibilidade posterior, pelo advento de nova CF ou Emenda,
haverá “inconstitucionalidade superveniente” (parâmetro posterior ao objeto).

ORIGINÁRIA SUPERVENIENTE
- o surgimento do objeto (norma - a criação da norma impugnada é
impugnada) é posterior ao surgimento anterior ao surgimento do parâmetro
do parâmetro constitucional → a invocado (CF ou EC) → não recepção

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incompatibilidade com o texto magno (revogação) = NÃO necessita de maioria


ocorre desde a origem na norma. absoluta + NÃO há reserva de plenário +
+ ADI, ADC e ADPF. NÃO há possibilidade de modulação dos
efeitos.
+ ADPF.

Segundo a jurisprudência: no Brasil como regra NÃO se aplica a


inconstitucionalidade superveniente (a hipótese é tratada como não recepção ou
revogação), malgrado países como Portugal a prevejam expressamente → de toda
forma, a lei pode se tornar inconstitucional por (a) mutação constitucional ou (b) por
mudança da situação fática (ex: o critério de 1/4 de salário-mínimo para acesso à LOAS
havia sido julgado constitucional, mas posteriormente o STF reconheceu que a norma
passou por um processo de inconstitucionalização, tornando-se insuficiente à proteção
pretendida – STF, RE 567.985, RE 580.963 e Rcl 4374).

E. QUANTO AO PRISMA DE APURAÇÃO

Por tal ângulo a inconstitucionalidade pode ser direta (antecedente) ou


indireta. É direta em relação aos atos normativos primários (retiram seu fundamento
diretamente da CF). É indireta quando se refere a atos normativos secundários (ex: 5
decretos regulamentares), que retiram seu fundamento primariamente da lei e apenas
8
secundariamente da CF.
7-

161
53

Há duas espécies de inconstitucionalidade indireta. A primeira é a


consequente, como ocorre quando uma lei é declarada inconstitucional e arrasta
3.

consigo seu ato dependente. Perceba: os Decretos estão ligados apenas de forma
33

indireta à CF e, por isso, não podem ser objeto de ADI. Mas quando se declara uma lei
4.

inconstitucional, o Decreto que a regulamenta pode ser declarado inconstitucional de


ofício (mesmo sem provocação específica – inconstitucionalidade por arrastamento).
12

Outra possibilidade de inconstitucionalidade indireta é a reflexa, mediata ou oblíqua,


no caso em que a lei é constitucional, mas o Decreto que a regulamenta encontra-se
maculado (tal ato é diretamente ilegal e indiretamente inconstitucional).

DIRETA ou ANTECEDENTE INDIRETA


- o ato impugnado viola - consequente = a inconstitucionalidade de um ato é
diretamente a constituição uma consequência da inconstitucionalidade de outro
→ NÃO há norma (ADI 2578/MG) (ex: inconstitucionalidade de lei,
interposta entre o ato arrastando o Decreto).
(primário) viciado e a CF - reflexa, mediata ou oblíqua = um ato é diretamente
(HC 82.959/SP). ilegal e, por consequência, indiretamente
inconstitucional (ADI 3132 e 996 MS/DF) (o Decreto é
contrário à lei, daí porque inconstitucional).

Segundo a jurisprudência: no controle abstrato, o tribunal fica adstrito aos


dispositivos impugnados (adstrição ao pedido). No entanto, quando há uma relação de
interdependência entre dois dispositivos ou diplomas normativos (ex: lei e decreto), a
declaração de inconstitucionalidade de um importa (por arrastamento) na

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inconstitucionalidade da norma interdependente (ADI 4452-MC Ref). A rigor, não há


arrastamento no controle difuso (inconstitucionalidade como causa de pedir).

1.1.4. EFEITOS NO CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE

A. QUANTO AO ASPECTO OBJETIVO

Nas decisões tomadas em controle concreto, a questão da constitucionalidade


está na fundamentação, não no dispositivo, pois é causa de pedir, não objeto da ação.
Essa fundamentação pode ser automaticamente estendida a outros casos? Aliás,
mesmo nas ações de controle abstrato, o dispositivo refere a uma lei ou dispositivo em
específico. A questão é: uma vez declarada a inconstitucionalidade, a fundamentação
(ratio decidendi - razões que levaram o tribunal a decidir daquela maneira) pode ser
estendida a outros casos análogos/idênticos?

Existe uma teoria extensiva (teoria da transcendência dos motivos


determinantes) que prega que o efeito vinculante das decisões tomadas em controle
de constitucionalidade atinge não apenas o dispositivo, mas também os motivos
determinantes da decisão

Como regra, no Brasil não se admite o instituto da transcendência dos


8 5
motivos determinantes. Portanto, não é possível estender os efeitos da ADI de um
7-

ente federativo a outro – a ADI ao STF não pode servir de instrumento de


162
53

uniformização (STF, AgRg na Rcl 11.477).


3.

B. QUANTO AO ASPECTO SUBJETIVO


33

De acordo com a teoria clássica, nas decisões tomadas em controle concreto,


4.

o efeito é inter partes. Já nas decisões proferidas em controle abstrato, o efeito é erga
12

omnes e vinculante.

No entanto, recentemente, o STF indicou ter havido mudança em seu


entendimento, passando a adotar a teoria da abstrativização, ou seja, conferindo
efeitos erga omnes tanto para as decisões em caráter abstrato quanto em concreto.

Aqui há questões deveras interessantes. Primeiro que se perguntarem se é o


efeito erga omnes que impede a rediscussão da matéria declarada inconstitucional, a
resposta é negativa (se fosse assim, seria inviável rediscutir o decidido em cautelar,
que também tem efeito erga omnes). O que impede a rediscussão é a preclusão e a
coisa julgada (institutos processuais). Segundo que efeito erga omnes e vinculante são
coisas distintas, com reflexos distintos.

O efeito erga omnes, do ponto de vista subjetivo, é mais amplo do que o


efeito vinculante, porque não se impõe apenas aos poderes públicos, mas também aos
particulares. Então, o efeito erga omnes é realmente para todos. O efeito vinculante,
por seu turno, atinge apenas os poderes públicos (não os particulares) – toda a
Administração Pública, direta, indireta, federal, estadual e municipal. Por último, parte

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da doutrina entende que os motivos determinantes da decisão (ratio decidendi)


também teriam efeito objetivo vinculante (fundamentação), teoria chamada de
transcendência dos motivos determinantes – não aceita pelo STF (Rcl 3014/SP e AgRg
na Rcl 2990).

OBSERVAÇÃO: Até 17/03/1993 (data em que foi introduzido o efeito vinculante na


CF/88), a decisão do STF que julgava uma ADI improcedente não vinculava os demais
órgãos do Poder Judiciário e nem o chefe do Poder Executivo.

Sintetizando:

EFEITO ERGA OMNES EFEITO VINCULANTE


- previsto originalmente na CF/88. - introduzido por Emenda Constitucional.
- só atinge o dispositivo. - há divergência se engloba os motivos
determinantes.
- engloba o poder público e - abarca somente o poder público.
particulares.

EFEITO ERGA OMNES 5 EFEITO VINCULANTE


- aspecto subjetivo - atinge a todos os sujeitos - atinge diretamente apenas o
8
7-

= sujeitos atingidos que estejam na mesma Executivo e o Judiciário,


pela decisão. situação fático-jurídica. administração direta e indireta 163
53

(não particulares e o
3.

Legislativo).
- aspecto objetivo = - parte dispositiva. - parte dispositiva – o STF
33

parte da decisão adota a teoria restritiva (há


4.

que produz efeitos. quem defenda que deveriam


12

prevalecer os motivos
determinantes).

ATENÇÃO! Duas observações: (1) a vinculação atinge também o Judiciário, mas não o
Plenário do STF; (2) a vinculação não atinge o Legislativo. Tal vinculação engessaria o
sistema (poderia impedir que, no futuro, outras soluções melhores sejam dadas) e
provocaria o fenômeno conhecido como fossilização da Constituição. Ademais, em um
Estado democrático o Poder Judiciário não pode impedir o Legislador de elaborar
novas leis.

Então, declarada inconstitucional uma Lei pelo STF, nada impede: (a) o
Legislativo de criar outra lei com o mesmo teor; (b) mediante provocação e
fundamentação idônea, o STF venha a se debruçar novamente sobre a mesma matéria
e até mesmo altere seu entendimento por conta de mudanças no cenário jurídico,
político, econômico ou social do país.

Segundo a jurisprudência:

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(a) “entender de forma contrária afetaria a relação de equilíbrio entre o


tribunal constitucional e o legislador, reduzindo o último a papel subordinado perante
o poder incontrolável do primeiro, acarretando prejuízo do espaço democrático-
representativo da legitimidade política do órgão legislativo, bem como criando mais
um fator de resistência a produzir o inaceitável fenômeno da chamada fossilização da
Constituição” (STF, AgRg na Rcl 2617/MG);

(b) as sentenças contêm implicitamente a cláusula rebus sic stantibus, de


modo que as alterações posteriores que interfiram na realidade normativa, bem como
eventual modificação da orientação jurídica sobre a matéria, podem tornar
inconstitucional norma anteriormente considerada legítima, ou vice e versa, mudança
que poderá ser verificada durante o julgamento de uma reclamação constitucional. Ao
analisar uma reclamação, o STF faz uma espécie de “balançar de olhos” (expressão
cunhada por Karl Engisch) entre o ato impugnado (objeto) e o que havia sido decidido
(parâmetro) e poderá chegar a conclusão diferente da que já tinha deliberado
anteriormente (STF, Rcl 4374/PE).

Mas cuidado: (a) apenas o Plenário é que não fica vinculado. Logo, uma Turma
ou Ministro (monocraticamente) não podem revisar o entendimento, ficando
vinculados; (b) o Legislativo não é atingido em sua função típica (legislar). Nas suas 5
funções atípicas, administrativa e jurisdicional (ex: julgar crime de responsabilidade), o
8
Legislativo fica vinculado.
7-

164
53

Por fim, lembre-se que os chefes dos Poderes Executivos têm iniciativa de lei
e, nesse aspecto, também não ficam vinculados, pois senão se estaria vinculando o
3.

Legislativo por via oblíqua.


33

1.1.5. CONSTITUCIONALIDADE NO TEMPO


4.
12

Antes de adentrar especificamente no estudo dos mecanismos do controle de


constitucionalidade, oportuno abordar alguns tópicos relacionados à
constitucionalidade e ao tempo em que se mostram background importante para
avançar na matéria.

A. NATUREZA DO ATO INCONSTITUCIONAL

Há três teorias para explicar a natureza do ato inconstitucional: inexistente,


anulável e nulo.

Para a doutrina minoritária que entende que a norma inconstitucional é


inexistente (Seabra Fagundes), se o ato não é produzido de acordo com o seu
fundamento de validade, sequer pode ser considerado como pertencente ao
ordenamento jurídico. Se está fora, juridicamente não existe.

Para aqueles que entendem que o ato é anulável (Hans Kelsen), é necessária a
declaração de inconstitucionalidade para afastar a validade da regra (presunção de
constitucionalidade das leis). Assim, enquanto não for assentada a

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inconstitucionalidade, todos devem cumprir a lei (importante para manter a


obrigatoriedade da norma).

O entendimento prevalente (EUA – caso Marbury vs. Madison), inclusive no


STF, contudo, é o de que o ato inconstitucional é nulo (mácula de origem), cabendo ao
Poder Judiciário apenas declarar essa nulidade.

INEXISTENTE ANULÁVEL NULO


Seabra Fagundes Hans Kelsen Marbury vs. Madison + STF
Lei fora do ordenamento A lei é válida até decisão A lei é nula na origem,
é inexistente. pela cabendo ao Judiciário
inconstitucionalidade. apenas declarar.

A importância da discussão não é meramente teórica. Se o ato é anulável, a


decisão judicial é constitutiva, com efeitos ex nunc (somente para o futuro). Por outro
lado, se o ato é nulo, a decisão é meramente declaratória, com efeitos ex tunc
(retroativos). Essa é a regra.

B. MODULAÇÃO DOS EFEITOS

O Tribunal pode fixar um momento (para o futuro ou em outro marco) para


8 5
que a declaração de inconstitucionalidade produza efeitos. A isso se chama modulação
7-

dos efeitos – no controle concentrado, a lei exige quorum qualificado de 2/3 dos 165
53

Ministros para que seja realizada a modulação (art. 27 da Lei nº 9.868/99). No controle
difuso não existe regra expressa.
3.
33

E por que se faria tal modulação? Por razões de segurança jurídica ou


4.

excepcional interesse social. No RE 442.683/RS o STF declarou inconstitucional a


ascensão funcional (hipótese de provimento em que um agente, aprovado em
12

concurso para um cargo público, era elevado a outro, de nível superior). O problema é
que a declaração de inconstitucionalidade retroativa geraria um verdadeiro caos (por
muitos anos, um grande número de servidores havia ascendido e já ocupavam seus
novos cargos há tempos). Em vista da segurança jurídica e considerando que os
servidores estavam de boa-fé, o STF declarou a inconstitucionalidade apenas ex nunc.

No controle difuso a modulação é rara. Um caso emblemático é o do RE


197.917/SP, que questionou a resolução do TSE que fixava critérios objetivos para o
número de vereadores em cada Município. A questão foi analisada pelo STF em 2002,
assentando-se os municípios que possuíam cargos além do número estabelecido na
resolução estavam irregulares. Contudo, o Tribunal permitiu a manutenção dos cargos
(os vereadores estavam exercendo seus mandatos) até a próxima legislatura, que
iniciaria em 2004. A lembrar que embora essa decisão tenha sido tomada em controle
concreto, acabou recebendo efeito erga omnes (próprio do controle abstrato).

C. RECEPÇÃO

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Quando uma nova Constituição entra em vigor, ela, normalmente, não revoga
toda a legislação infraconstitucional (sob pena de criar um verdadeiro pandemônio –
imagine se com a CF/88 tivesse sido revogado o Código Penal). Então, com o advento
de uma nova Constituição ocorre o fenômeno da recepção da legislação
infraconstitucional pela nova ordem constitucional, desde que haja compatibilidade
material das normas com a Constituição, isto é, de conteúdo, dispensada a
compatibilidade formal (do processo de aprovação à época vigente em relação ao
novo).

D. CONSTITUCIONALIZAÇÃO SUPERVENIENTE

Como vimos, a teoria prevalente é de que o ato inconstitucional é nulo (vício


na origem). Desse modo, trata-se de vício insanável, não podendo ser a norma
constitucionalizada (norma que era incompatível com a Constituição revogada, mas é
compatível com a nova). De toda forma, só é cabível sua análise em controle difuso
concreto, com base na Constituição revogada. Para sua retirada do ordenamento
jurídico deverá haver nova lei revogadora.

E. EFEITO REPRISTINATÓRIO TÁCITO

A concessão de medida cautelar em ADI repristina a legislação anterior,


8 5
revogada pela lei suspensa, acaso existente, salvo se houver expressa disposição em
7-

contrário (art. 11, § 2º da Lei nº 9.868/1999). Declarando-se a inconstitucionalidade


166
53

de lei, a lei nula não poderia ter revogado a lei válida (repristinação).
3.

É possível, ao declarar a inconstitucionalidade de Lei, afastar o efeito


33

repristinatório em relação às leis anteriores de mesmo conteúdo (STF, ADI 3.735/MS,


Rel. Min. Teori Zavascki, j. 08/09/2016).
4.
12

F. INCONSTITUCIONALIDADE PROGRESSIVA

Existem situações em que se verifica que certa norma, a toda evidência, é


incompatível com a Constituição. Acontece que, em vista de determinadas
circunstâncias fáticas, fica saliente que, naquele momento, a retirada da norma do
ordenamento geraria efeitos mais deletérios do que a sua manutenção. Então, apesar
de a norma não ser totalmente compatível com a Constituição, é momentaneamente
mantida no ordenamento para evitar prejuízo maior. Reconhece-se que a norma está
em trânsito para inconstitucionalidade, em inconstitucionalidade progressiva, isto é,
quando as circunstâncias que deram ensejo à sua manutenção se alterarem, poder-se-
á declarar sua inconstitucionalidade.

Para não ficar só na abstração, serve de exemplo o artigo 68 do Código de


Processo Penal, que autoriza o Ministério Público a promover as ações de reparação ex
delicti para as pessoas que são pobres. Segundo o STF, efetivamente, este dispositivo
não é compatível com a Constituição porque tal atribuição é da Defensoria Pública (CF,
art. 134). Contudo, como ainda não foram criadas Defensorias Públicas em todos os
Estados (e onde foram criadas ainda não gozam de suficiente estrutura), a norma

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ainda é constitucional. À medida que as Defensorias forem sendo criadas,


progressivamente, essa norma vai se tornar inconstitucional11.

A inconstitucionalidade progressiva não deixa de ser uma espécie de


modulação temporal, ainda que não seja fixado um prazo para que a norma se torne
definitivamente inconstitucional.

G. MUTAÇÃO CONSTITUCIONAL

Há processos informais de alteração da Constituição, sem que ocorra


alteração no texto magno. Sem reformar (sem alterar o texto), extrai-se uma nova
intepretação do que está escrito com base nas alterações das circunstâncias fáticas
(contexto econômico, social, político, ideológico...).

REFORMA MUTAÇÃO
- emenda com procedimento específico - alteração do sentido do texto
e dificultoso (CF, art. 60) = formal. (interpretação ou costumes) = informal.

A mutação terá lugar, especialmente, se se alteram os costumes ou se a


interpretação que se dá do texto normativo se altera em vista do contexto sócio- 5
jurídico.
8
7-

COSTUMES INTERPRETAÇÃO 167


53

- podem ter efeito de mutação - a norma é o produto da interpretação


constitucional, especialmente em países do texto normativo = interpretam-se
3.

de common law. textos e aplicam-se normas.


33
4.

É importante lembrar que texto e norma são coisas distintas: texto é o que
está escrito; norma é o que se retira do texto (interpretação). Assim, a mutação é
12

justamente a alteração da norma (da interpretação), sem alteração do texto.

Canotilho indica algumas limitações à mutação constitucional. Para o autor


português, o suporte textual deve comportar a interpretação pretendida (não dá para
forçar a barra) e a interpretação não pode derruir princípios estruturantes do texto.

LIMITAÇÕES à mutação constitucional:


- texto normativo = o suporte textual deve comportar a interpretação pretendida.
- princípios estruturantes da Constituição = a interpretação não pode solapar os
princípios estruturantes da Constituição (ex: separação dos poderes).

1.1.6. CONTROLE DIFUSO

O controle difuso é o realizado por qualquer juízo ou tribunal, sempre de


modo concreto (não existe controle difuso abstrato).

11
O art. 68 do CPP é anterior à Constituição. Só que, mesmo assim, o STF utiliza o termo de
inconstitucionalidade progressiva (não se fala em não-recepção progressiva).

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ASPECTOS GERAIS DO CONTROLE DIFUSO:


a) competência = qualquer órgão do Judiciário.
b) legitimidade = qualquer pessoa que tenha um direito subjetivo violado por um ato
do poder público incompatível com a CF poderá demandar.
c) parâmetro = qualquer norma formalmente constitucional, mesmo que já revogada
(tempus regit actum) → o que importa é a inconstitucionalidade da lei vigente à época
em que o fato lesivo ocorreu.
d) objeto = não há restrição em relação à natureza do ato (lei, resolução, portaria,
contrato...).
e) efeitos da decisão = De acordo com a teoria clássica, os efeitos são inter partes, ex
nunc e não vinculantes. Conforme entendimento atual do STF, mesmo que se declare a
inconstitucionalidade de uma norma em caráter incidental, seus efeitos serão erga
omnes, ex tunc e vinculantes.

A. MODULAÇÃO DOS EFEITOS

Há possibilidade de modulação dos efeitos temporais da decisão (STF, Ag no


AI 531.013/RJ e AgRg no RE 353.508) (ex nunc ou de certo marco em diante -
prospectivos ou pro futuro), por razões de segurança jurídica ou excepcional interesse 5
social, bem como boa-fé (por voto de 2/3 dos membros = 8 Ministros [STF, RE
8
586.453/SE], embora alguns ministros entendam necessitar apenas de maioria
7-

absoluta). 168
53
3.

A modulação NÃO pode ser feita com relação a atos normativos pré-
constitucionais, pois há revogação, não inconstitucionalidade (STF, AgRg no AI
33

482.017).
4.
12

B. CONCESSÃO DE EFEITOS ERGA OMNES VIA RESOLUÇÃO DO SENADO


FEDERAL

Classicamente, as decisões definitivas no controle difuso, proferidas pelo


Supremo, possuíam efeito inter partes. A Constituição (art. 52, X), desse modo, previu
que o STF comunicaria a decisão ao Senado Federal, que, por Resolução, poderia
suspender a execução, no todo ou em parte da lei declarada inconstitucional, na
prática se concedendo efeito erga omnes.

Em recente entendimento, porém, inclinando-se à abstrativização das


decisões em controle difuso, o STF asseverou estar fazendo uma releitura do disposto
no art. 52, X, da CF, no sentido de que a Corte comunica ao Senado a decisão de
declaração de inconstitucionalidade, para que ele faça a publicação, intensifique a
publicidade, mas não para que tenha poderes de suspender a execução da lei, pois
esta já se teria declarado inconstitucional com efeitos erga omnes pelo próprio
Supremo Tribunal Federal.

ATENÇÃO! CLÁUSULA DE RESERVA DE PLENÁRIO (“full bench” - CF, art. 97): no


âmbito dos Tribunais, a declaração da inconstitucionalidade depende de decisão do

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pleno ou do órgão especial (CF, art. 93, XI).

A cláusula de reserva de plenário NÃO se aplica:


- aos juízes singulares e às turmas recursais dos Juizados Especiais (aplica-se apenas
aos Tribunais).
- às declarações de constitucionalidade (lembre-se que há uma presunção de
constitucionalidade das leis e de não recepção - lei anterior à Constituição), que
podem ser declaradas pelos órgãos fracionários (STF, AI no AgRg 582.280).
- à interpretação conforme (declaração de inconstitucionalidade sem redução de
texto) → Segundo o Ministro Moreira Alves, na declaração de nulidade sem redução
de texto, a inconstitucionalidade não está na norma em si, mas na interpretação.

Aplica-se a cláusula de reserva caso seja afastada a incidência no todo ou em


parte da lei ou do ato normativo (por incompatibilidade com a Constituição), mesmo
que não se declare expressamente a sua inconstitucionalidade (Súmula Vinculante nº
10) – diferente é se a norma é considerada compatível com a CF, mas inaplicável ao
caso concreto.

São exceções à necessidade de submissão ao pleno ou órgão especial (CPC,


art. 949, parágrafo único) → decisão anterior do: (a) próprio Tribunal (a decisão do 5
pleno ou do órgão especial vincula os órgãos fracionários = a matéria só precisa ser
8
submetida ao órgão superior uma vez); (b) pleno do STF (em controle difuso concreto,
7-

porque se for concentrado abstrato é vinculante). 169


53
3.

ATENÇÃO! A inobservância da cláusula da reserva de plenário gera nulidade


absoluta de decisão (regra de competência funcional).
33
4.

1.1.7. CONTROLE CONCENTRADO


12

O controle concentrado pode ser abstrato (ADI, ADC, ADPF e ADO) ou


concreto (RE e MI).

Ações do controle concentrado:


a) ADI e ADC.
b) ADPF.
c) ADO.
d) Recurso Extraordinário (extraordinariamente).
e) Mandado de Injunção.

Vamos focar aqui no controle abstrato, isto é, ADI, ADC e ADPF, os casos em
que teremos processo objetivo, ou seja, não há partes ou interesse subjetivo em jogo
(a finalidade não é proteger direitos subjetivos, mas assegurar a higidez da ordem
constitucional objetiva).

O fato de ser um processo objetivo tem decorrências práticas importantes.


Como exemplo, alguns princípios processuais não se aplicam: o princípio do
contraditório, da ampla defesa e nem do duplo grau de jurisdição.

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Aspectos comuns à ADI, ADC e ADPF:


a) não se admite desistência ou intervenção de terceiros.
b) a causa de pedir é aberta, ou seja, abrange todos os dispositivos da Constituição,
independentemente daqueles que foram invocados como parâmetro na inicial (o que
identifica duas ações idênticas é o pedido, não a causa de pedir).
c) a decisão de mérito é irrecorrível, salvo EDcl.
d) NÃO cabe ação rescisória dos julgados.

Quanto à não intervenção de terceiros, prevalece que nem assistência é


possível. Para quebrar o rigor dessa limitação, aceita-se amicus curiae (amigo da
corte), figura esta prevista para a ADI (Lei 9.868/99) e que se aplica à ADC e ADPF por
analogia legis. Permite-se, assim, pluralizar o debate constitucional (STF, MC em ADI
2.321).

Perceba que o STF (11 Ministros indicados pelo Presidente da República) pode
retirar do ordenamento lei aprovada por 513 Deputados e 81 Senadores eleitos pelo
povo. O amicus curiae é uma maneira de abrir a interpretação da Constituição (não
restringir a um círculo tão fechado) e ainda de democratizar as decisões proferidas
pelo Judiciário. Na doutrina, Jürgen Habermas (legitimação das decisões pelo debate 5
democrático – ação comunicativa) e Peter Häberle (sociedade aberta dos intérpretes
8
da constituição) são os teóricos a serem citados.
7-

170
53

Requisitos para admissão do amicus curiae (art. 7º, § 2º, da Lei nº 9868/99):
3.

- relevância da matéria (requisito objetivo).


- representatividade do postulante (requisito subjetivo).
33

- pertinência temática.
4.

- órgão, entidade ou pessoa física (NCPC).


12

É o relator quem analisa esses requisitos e admite ou não a participação do


amicus curiae, em decisão irrecorrível (não é sindicável pelo pleno).

Referimos que a aceitação do amicus curiae flexibiliza a vedação à intervenção de


terceiros. Mas, então, qual a natureza jurídica do instituto? Há três teorias:

(1) é um auxiliar do juízo; não defende interesse próprio, apenas contribui para a
decisão do tribunal (Fredie Didier);

(2) embora o Regimento Interno do Supremo não admita, o amicus curiae é exceção à
regra, sendo espécie de assistência qualificada (Edgar Bueno);

(3) é espécie sui generis de intervenção de terceiros, admitida por exceção à regra
(Celso de Mello, Marco Aurélio, Ricardo Lewandovsky e Ellen Gracie).

Cabe lembrar que, no NCPC, a figura do amicus curiae é expressamente


prevista como espécie de intervenção de terceiros, conforme art. 138 daquele
diploma.

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A. LEGITIMIDADE ATIVA (CF, art. 103)

Como a finalidade principal é defender a supremacia da Constituição, a


legitimidade é restrita (o art. 103 da CF não fala da ADPF, mas o art. 2º da lei da ADPF
estabelece que os legitimados são os mesmos da ADI).

Os legitimados são classificados em universais e especiais. Ao contrário dos


universais, cuja legitimidade é incondicionada, os especiais precisam demonstrar a
pertinência temática, isto é, o nexo de afinidade entre o interesse defendido (objetivo
institucional) e o objeto impugnado (conteúdo material da norma impugnada - voto do
Min. Celso de Mello na ADI 1096). Para fins de memorização, são especiais autoridades
estaduais + confederações e entidades.

UNIVERSAIS ESPECIAIS
Poder Executivo Presidente da República Governador
Poder Legislativo Mesas da Câmara e Senado Mesas das Assembleias
Legislativas
Poder Judiciário - -
Ministério PGR 5 -
Público
8
Outros CFOAB Confederação sindical
7-

Partido Político no CN Entidade de classe nacional 171


53
3.

A legitimidade é aferida ao tempo da propositura da ação, sendo irrelevante a


perda do partido político de seu único representante no Congresso Nacional após a
33

propositura da ação.
4.
12

A entidade de classe de âmbito nacional deve ser representativa de uma


determinada categoria profissional, social ou econômica (ex: CUT e CGT não têm
legitimidade ativa, pois representam diversas categorias - STF, ADI 1442) e estar
presente em pelo menos 1/3 do Estados (9 estados - aplicação analógica da Lei dos
partidos políticos - Lei nº 9.096/1995), exceto quando a atividade desempenhada pela
entidade gozar de relevância nacional (STF, MC na ADI 28.660).

O STF admite associação de pessoas físicas e jurídicas – associação de


associações (STF, AgRg na ADI 3153).

Os únicos que não possuem capacidade postulatória (necessitam de


advogado) são os partidos políticos, confederações e entidades.

O rol de legitimados previsto pela CF é exaustivo (numerus clausus) → vice-


presidente ou vice-governador e mesa do Congresso Nacional não possuem
legitimidade (antes da CF/88, apenas o PGR possuía legitimidade para promover ADI).

OBSERVAÇÃO: Os legitimados à propositura da ADI poderão manifestar-se sobre a


questão constitucional objeto de apreciação pelo OE ou Pleno dos Tribunais (TJs ou

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TRFs), no prazo fixado em Regimento, sendo-lhes assegurado o direito de


apresentar memoriais ou de pedir a juntada de documentos (CPC, art. 950, § 2º).

B. PARÂMETRO

Parâmetro é a regra que está sendo lesada.

ADI e ADC ADPF


- qualquer norma formalmente - preceito fundamental → normas
constitucional, inclusive os tratados imprescindíveis à identidade e ao
internacionais de direitos humanos regime adotado pela CF = (título I)
aprovados com o quórum qualificado = arts. 1º ao 4º; (título II) arts. 5º ao 17;
bloco de constitucionalidade. (princípios constitucionais sensíveis)
art. 34, VII; e (cláusulas pétreas), art.
60, § 4º.

Se houver alteração substancial do regramento constitucional (parâmetro), há


prejudicialidade da ação (STF, ADI 3404) → a mera alteração não prejudica a ação (STF,
ADI 2189).

C. OBJETO DE CONTROLE
8 5
7-

Objeto de controle é a norma questionada. Na ADI (e ADC) deve ser lei ou ato 172
53

normativo primário (ligado diretamente à Constituição). Na ADPF pode ser lei, ato
normativo ou qualquer ato do poder público – o objeto da ADPF é muito mais amplo
3.

(ADPF 101), englobando inclusive normas anteriores à CF (não recepcionadas).


33
4.

ADI e ADC ADPF


12

- lei ou ato normativo primário. - lei, ato normativo ou qualquer ato do poder
público.

Decisões judiciais NÃO podem ser questionadas via ADI ou ADC, mas é
possível fazê-lo via ADPF, por se tratar de ato do poder público.

A Resolução do TSE pode ser impugnada no STF por meio de ADI se, a
pretexto de regulamentar dispositivos legais, assumir caráter autônomo e inovador
(STF, MC na ADI 5104/DF) – é ato primário e não pode ser objeto de MS (lei em tese).

Cabe ADI para discutir a relevância e urgência, se for possível análise objetiva,
sem adentrar no mérito (perde-se o objeto com a conversão em lei), e também para
contestar o mérito da norma (não há sanatória pela conversão).

Ato infralegal pode ser objeto de impugnação via ADI se, a pretexto de
regulamentar dispositivos legais, assumir caráter autônomo e inovador (STF, MC na
ADI 5104/DF).

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Violação direta (antecedente) à CF: a violação não pode ser indireta ou


reflexa. Mesmo as leis de efeitos concretos (com destinatário certo ou objeto
determinado - “lei medida”) podem ser objeto de controle abstrato de
constitucionalidade – “se a Constituição submeteu a lei ao processo de controle
abstrato, meio próprio de inovação na ordem jurídica e instrumento adequado de
concretização da ordem constitucional, não seria admissível que o intérprete
debilitasse essa garantia constitucional, isentando um grande número de atos
aprovados sob a forma de lei do controle abstrato de normas e, talvez, de qualquer
forma de controle” (STF, MC na ADI 4048/DF) = o ato normativo NÃO precisa ser
abstrato.

CABE ADI ou ADC:


- EC e emendas de revisão.
- LC e LO (ainda que de efeitos concretos - ex: LOA e LDO).
- Lei estadual de criação de municípios.
- Lei promulgada e publicada, mas ainda durante a vacatio legis.
- Lei do DF na competência estadual (STF, Súmula 642).
- Lei delegada e a Resolução do CN que veicula a delegação.
- MPs (e leis de conversão).
- Decretos Legislativos e Resoluções (veiculando normas gerais e abstratas). 5
- Resoluções do TSE (desde que não apenas respondendo consultas).
8
- Resoluções do CNJ e CNMP.
7-

- Tratados Internacionais = contra o DL e o Decreto Presidencial que os incorporam.


173
53

- Decreto ou Regulamento autônomo (conforme CF ou veiculando ato normativo


abstrato).
3.

- Regimento Interno de Tribunal.


33

- Pareceres da AGU que tenham teor normativo e tenham sido aprovados pelo PR.
4.

O que importa não é o nome do ato, mas sua natureza. Se o ato é primário
12

(ligado diretamente à CF), cabe ADI e ADC. Se é secundário (regulamenta algum ato
primário), mesmo que exorbite os limites, haverá ilegalidade, não
inconstitucionalidade (não cabe ADI ou ADC). Por isso é que dos decretos autônomos
cabe ADI e dos decretos regulamentares não.

NÃO cabe ADI ou ADC em face de:


a) atos tipicamente regulamentares = ofensa indireta à CF, pois ferem, antes de
tudo, a lei que regulamentam (ex: decreto regulamentar - ADI 3664).
b) normas constitucionais originárias = o princípio da unidade afasta a possibilidade
de normas originárias inconstitucionais (ADI 4097) - NÃO se adota a teoria de Otto
Bachof.
c) normas de efeitos concretos já exauridos = a norma já não está mais produzindo
efeitos, não mais ameaçando a supremacia constitucional (ADI 2980).
d) leis ou atos normativos com eficácia suspensa pelo Senado = consoante art. 52,
X, da CF (ADI 15).
e) norma declarada constitucional ou inconstitucional pelo pleno do STF, ainda que
no controle difuso = excepciona-se quando houver modificações significativas na
situação fática ou a superveniência de novos argumentos nitidamente mais

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relevantes (AgRg na ADI 4071).


f) leis revogadas = exceto no caso de “fraude processual” → caso em que as leis são
sucessivamente revogadas, com a intenção de burlar a jurisdição constitucional (ADI
3306).
g) leis temporárias = exceto se houver (1) impugnação em tempo adequado e
inclusão em pauta antes do exaurimento da eficácia, e ainda, (2) apesar do fim do
lapso fixado para sua duração, produzir efeitos para o futuro (ADI 4426).
h) leis pré-constitucionais
i) normas estrangeiras
j) leis e atos normativos municipais em face da CF (diretamente - podem subir via
RE em caso de norma de repetição obrigatória)
k) súmulas
l) atos administrativos e Decretos meramente regulamentares
m) atos interna corporis (ex: discussão sobre observância do RISF, RICD ou RICN).

D. ASPECTO TEMPORAL

A ADI e ADC só podem ter por objeto atos posteriores ao parâmetro. A ADPF
pode tratar até mesmo de atos anteriores ao parâmetro.
5
ADI e ADC ADPF
8
7-

- ato elaborado posteriormente ao - atos posteriores ou anteriores ao


parâmetro → nenhum ato anterior à parâmetro, isto é, mesmo para atos 174
53

CF/88 pode ser impugnado nestas ações. pretéritos à CF/88 ou à EC indicada.


3.
33

Parte da doutrina sustenta que no caso da ADC (criada pela emenda


Constitucional nº 3/93), em razão do princípio da não retroatividade, só poderia ter
4.

por objeto norma posterior a 17/03/1993. O STF, contudo, não adota tal
12

posicionamento, admitindo como objeto de ADC as normas posteriores a 05/10/1988


→ lembrando que, no Brasil, não existe inconstitucionalidade superveniente, apenas a
inconstitucionalidade congênita – ou as normas anteriores à CF/88 foram
recepcionadas pela nova ordem constitucional ou foram revogadas.

E. ASPECTO ESPACIAL

A ADC tem o âmbito de objeto mais restrito (apenas norma federal), a ADI
admite normas federais e estaduais. A ADPF é a mais ampla (atos federais, estaduais e
mesmo municipais).

ADC ADI ADPF


- norma federal. - norma federal. - ato federal.
- norma estadual. - ato estadual.
- ato municipal.

Por que a ADC só se restringe a ato federal? Quando a ADC foi criada, só havia
quatro legitimados para propô-la (todas autoridades federais: Presidente, PGR, Mesa
da Câmara e Mesa do Senado). A EC-45 pretendeu igualar a ADI e a ADC (efeitos,

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legitimados e objeto). Só que, na parte que se refere ao objeto houve emenda do


Senado e a questão retornou à Câmara.

A lei distrital (DF) só poderá ser impugnada por ADI se estiver em


competência estadual, não municipal (STF, Súmula 642).

QUÓRUM:
a) votação = presentes 2/3 → 8 ministros.
b) decisão pela constitucionalidade ou inconstitucionalidade = maioria absoluta → 6
ministros.
c) concessão liminar = maioria absoluta.
* excepcionalmente a liminar pode ser concedida monocraticamente.
- urgência ou perigo de grave lesão = relator.
- recesso = presidente do STF.

Segundo a jurisprudência: “não há previsão legal para o ajuizamento de


reclamação em face de decisão que adota entendimento firmado em recurso especial
submetido ao rito do art. 543-C do CPC” (recursos repetitivos – NCPC, art. 1.036) (STF,
AgRg na Rcl 10.805/RS).

Efeitos da LIMINAR:
8 5
a) ADI = suspende a eficácia da norma impugnada, repristinando o regime anterior.
7-

b) ADC = suspende o julgamento de processos por até 180 dias (se nesse prazo o STF 175
53

não julgar o mérito, em tese, a liminar perde eficácia).


3.

c) ADO = apesar de não haver previsão expressa, o STF tem aplicado, por analogia, o
art. 21 da Lei nº 9.868/1999 → suspensão do julgamento dos processos.
33

* no caso de omissão parcial, é possível suspender a lei (a ADO confunde-se com


4.

ADI).
12

d) ADPF = suspende-se a tramitação de processos ou dos efeitos de decisões


judiciais ou de medidas administrativas, salvo se decorrentes de coisa julgada.

A liminar possui efeito EX NUNC, mas pode haver modulação.

F. ATUAÇÃO DO PGR

O PGR atua nas ADIs, ADCs e ADPFs como custos constitucionais – não precisa
ser formalmente intimado e se manifestar em cada um dos processos, bastando que
tenha ciência da tese jurídica que está sendo discutida, mas deve ser intimado mesmo
nas que propôs (pode inclusive dar parecer em sentido contrário a ação que ele
mesmo ajuizou). Há quem sustente que o parecer deve ser dado pelo subprocurador
(há divergência sobre isso no próprio MPF).

G. DECISÃO

ATENÇÃO! No controle concentrado abstrato, a decisão se torna obrigatória a partir da


publicação da ata de julgamento no DJU, e não do trânsito em julgado → como não há
partes, o que importa é a publicação (ciência) para todos (o STF atuou como legislador

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negativo).

Segundo a jurisprudência: O STF, ao julgar as ações de controle abstrato de


constitucionalidade, não está vinculado aos fundamentos jurídicos invocados pelo
autor. Assim, pode-se dizer que na ADI, ADC e ADPF, a causa de pedir (causa petendi) é
aberta. Isso significa que todo e qualquer dispositivo da Constituição Federal ou do
restante do bloco de constitucionalidade poderá ser utilizado pelo STF como
fundamento jurídico para declarar uma lei ou ato normativo inconstitucional. STF.
Plenário. ADI 3796/PR, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em 8/3/2017 (Info 856).

1.1.8. MECANISMOS DE CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE

1.1.8.1. AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE - ADI

A ADI provoca o STF para atuar como legislador negativo – retirar do


ordenamento jurídico a lei reputada com incompatibilidade com a Constituição.

ADI e ADC possuem caráter dúplice ou ambivalente (ações com sinal


trocado): se o pedido for pela constitucionalidade, a improcedência ensejará
inconstitucionalidade da norma (art. 24 da Lei 9.868/1999). 5
8
Por outro lado, NÃO há fungibilidade entre ADI e ADC (objetos diversos e
7-

opostos), nem entre ADI e ADO (ou há lei ou não há), exceto se a omissão for parcial.
176
53

OBSERVAÇÃO: É possível a cumulação de pedidos típicos de ADI e ADC em uma única


3.

demanda de controle concentrado (ex: inconstitucionalidade do art. xx e


33

constitucionalidade do art. yy) (STF, MC em ADI 5316/DF).


4.
12

ATENÇÃO! Diferentemente do PGR, o AGU não atua em todas as ações de controle


concentrado abstrato, mas apenas na ADI. Cabe a ele fazer a defesa do ato impugnado,
atuando como curador de presunção de constitucionalidade das leis (deveria ser o
PGR, pois o AGU pode até mesmo ter recomendado ao Presidente da República a
propositura da ADI). De toda forma, o AGU, nesse caso, desempenha uma função
especial que a Constituição lhe atribuiu – é obrigado a defender o ato (como o
processo é abstrato, não existe tese e antítese do processo dialético, sendo função do
AGU deduzir os argumentos contrários à suscitada inconstitucionalidade). O AGU só
não fica obrigado a defender o ato se o STF já tiver fixado entendimento pela
inconstitucionalidade (STF, ADI 3674 e ADI 1616).

O que acontece caso o ato normativo que estava sendo impugnado na ADI
seja revogado antes do julgamento da ação? Regra: haverá perda superveniente do
objeto e a ADI não deverá ser conhecida (STF ADI 1203). Exceção 1: não haverá perda
do objeto e a ADI deverá ser conhecida e julgada caso fique demonstrado que houve
"fraude processual", ou seja, que a norma foi revogada de forma proposital a fim de
evitar que o STF a declarasse inconstitucional e anulasse os efeitos por ela produzidos
(STF ADI 3306). Exceção 2: não haverá perda do objeto se ficar demonstrado que o
conteúdo do ato impugnado foi repetido, em sua essência, em outro diploma

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normativo. Neste caso, como não houve desatualização significativa no conteúdo do


instituto, não há obstáculo para o conhecimento da ação (ADI 2418/DF). Exceção 3:
caso o STF tenha julgado o mérito da ação sem ter sido comunicado previamente que
houve a revogação da norma atacada. Nesta hipótese, não será possível reconhecer,
após o julgamento, a prejudicialidade da ADI já apreciada. STF. Plenário. ADI 2418/DF,
Rel. Min. Teori Zavascki, julgado em 4/5/2016 (Info 824). STF. Plenário. ADI 951 ED/SC,
Rel. Min. Roberto Barroso, julgado em 27/10/2016 (Info 845).

E o que acontece se a lei impugnada for alterada antes do julgamento da


ação? Nessa hipótese, o autor da ADI deverá aditar a petição inicial demonstrando que
a nova redação do dispositivo impugnado apresenta o mesmo vício de
inconstitucionalidade que existia na redação original, pois, caso não o faça, o STF não
irá conhecer da ADI, julgando prejudicado o pedido em razão da perda superveniente
do objeto (perda superveniente do interesse de agir), nos termos do art. 485, VI, do
CPC.

1.1.8.2. AÇÃO DECLARATÓRIA DE CONSTITUCIONALIDADE - ADC

A ADC busca confirmar a constitucionalidade da lei. Possui um pressuposto de


admissibilidade específico → “controvérsia judicial relevante”. Daí o interesse de agir 5
em relação à presunção (relativa) de constitucionalidade que possui toda lei (EC
8
3/1993 e art. 14, III, da Lei 9.868/1999).
7-

177
53

Segundo a jurisprudência: o requisito relativo à existência de controvérsia


judicial relevante é qualitativo e não quantitativo → para verificar se existe a
3.

controvérsia não se examina apenas o número de decisões judiciais = não é necessário


33

que haja muitas decisões em sentido contrário à lei; mesmo havendo ainda poucas
decisões julgando inconstitucional a lei, já pode ser possível o ajuizamento da ADC se o
4.

ato normativo impugnado for uma emenda constitucional (expressão mais elevada da
12

vontade do parlamento brasileiro) ou mesmo em se tratando de lei se a matéria nela


versada for relevante e houver risco de decisões contrárias à sua constitucionalidade
se multiplicarem (STF, MC em ADI 5316/DF).

ATENÇÃO! O AGU participa apenas da ADI, não da ADC.

1.1.8.3. ARGUIÇÃO DE DESCUMPRIMENTO DE PRECEITO FUNDAMENTAL -


ADPF

Regulada pela Lei nº 9.882/1999, a ADPF visa assegurar o exercício de


preceitos fundamentais.

A doutrina diferencia duas ADPFs: (1) art. 1º, caput, da Lei nº 9.882/99 = tem
como objeto atos do Poder Público; (2) ADPF incidental art. 1º, parágrafo único, da Lei
nº 9.882/99 = tem como objeto lei ou ato normativo federal, estadual e até municipal.
O STF, todavia, não faz tal distinção.

Termos importantes aqui são:

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(a) descumprimento = termo mais amplo do que inconstitucionalidade;


(b) preceito fundamental = cabe ao STF, como guardião da Constituição,
definir quais são os preceitos fundamentais (a Constituição não os define, nem a lei).

EXEMPLOS de preceitos fundamentais:


- princípios fundamentais = título I - arts. 1º ao 4º.
- direitos fundamentais = título II - arts. 5º ao 17.
- princípios constitucionais sensíveis = art. 34, VII.
- cláusulas pétreas = art. 60, § 4º.
- normas estruturais do Estado.
- normas que densifiquem princípios fundamentais (ex: concurso público =
impessoalidade).

A ADPF possui caráter subsidiário, ou seja, só é cabível ADPF quando não


existir outro meio igualmente eficaz para sanar a lesividade – mesma efetividade,
amplitude e imediaticidade (art. 4º, § 1º, da Lei 9.882/1999).

Ato do poder público = expressão muito ampla, que engloba até mesmo
decisões judiciais. 5
8
Cabe ADPF:
7-

- normas anteriores à CF/88. 178


53

- normas de efeito concreto.


- normas não autônomas.
3.

- normas revogadas.
33

- decisões judiciais.
4.

É lícito conhecer de ADI como ADPF, quando coexistentes todos os requisitos


12

de admissibilidade desta, em caso de inadmissibilidade daquela (ADI 4.163/SP).

NÃO cabe ADPF em face de:


a) PEC = ato ainda em formação (STF, AgRg na ADPF 43).
b) veto = natureza política, que não pode ser analisado pelo Judiciário (STF, ADPF 73).
c) súmulas e súmulas vinculantes = trata-se de reiteração do entendimento
jurisprudencial e, no caso das SV, há instrumento próprio (reclamação), suscitando a
aplicação da subsidiariedade da ADPF (STF, AgRg na ADPF 80 e AgRg na ADPF 47).
d) atos tipicamente regulamentares = há mácula meramente indireta à CF (STF, ADPF
169 e ADPF 192).

Há quem diferencie:

(1) ADPF autônoma = um dos legitimados do art. 103 propõe perante o


Supremo;

(2) ADPF incidental = caso concreto que foi levado ao Judiciário e um dos
legitimados do art. 103 da CF, ao tomar conhecimento do caso, considera-o relevante

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e leva a questão constitucional para o STF (elevação de instância) – foi o que fez a
Confederação Nacional dos Trabalhadores na Área Da Saúde na ADPF 54 (anencéfalos).

1.1.8.4. AÇÃO DECLARATÓRIA DE INCONSTITUCIONALIDADE POR OMISSÃO

Em caso de crise de efetividade pela ineficácia social de norma de eficácia


limitada (dependente de norma regulamentadora), busca que o Judiciário interfira
para solucionar a omissão legislativa ou administrativa.

A legitimidade passiva é dos órgãos ou autoridades que tenham a


competência para elaborar ou propor com exclusividade a norma (ex: CN, Assembleia
Legislativa, Câmara de Vereadores, STF, Presidente, Governador e Prefeito...).

ATENÇÃO! Exceto na omissão parcial, NÃO há objeto de controle (falta objeto = ato
regulador), apenas parâmetro de controle (norma constitucional a ser regulamentada).

NÃO há mácula à tripartição dos Poderes, pois o Poder Judiciário não obriga,
apenas interpela o Poder Legislativo para que supra sua omissão, sendo que o prazo
estabelecido é impróprio, não gerando efeitos diretos e imediatos (pode ensejar o
dever reparatório pela omissão). 5
8
Declarada a inconstitucionalidade por omissão de medida para tornar efetiva
7-

norma constitucional, será dada ciência ao Poder competente para a adoção das
179
53

providências necessárias e, em se tratando de órgão administrativo, para fazê-lo em 30


dias.
3.
33

OBSERVAÇÃO: NÃO é capaz de suprir a omissão = apenas é dada ciência ao poder


4.

competente de sua omissão.


12

Na ADI 3.682 o STF concedeu um prazo de 18 meses ao CN → “não se trata de


impor prazo para a atuação legislativa do congresso nacional, mas apenas a fixação de
um parâmetro razoável”.

Doutrina alemã do “apelo ao legislador” (“appellentscheidung”) = rejeição da


inconstitucionalidade suscitada, mas conclamando o legislador para que entabule as
medidas corretivas ou de adequação necessárias (são consignadas razões à
incompatibilidade da norma com a Constituição e o alerta quanto à tendência de se
declará-la inconstitucional se não atendidas as recomendações em determinando
prazo) – se o legislador não satisfizer a exortação da corte constitucional, a lei
considerar-se-á válida (ainda constitucional) somente até que, devidamente
provocado, venha o Tribunal a proferir nova decisão.

1.1.8.5. AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE INTERVENTIVA

A ADI Interventiva é dirigida à impugnação de ato dos poderes estaduais ou


distritais que infrinja princípio constitucional sensível, de maneira a promover a sua

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declaração de inconstitucionalidade perante o Supremo Tribunal Federal e a requisitar


a decretação de intervenção federal ao Presidente da República.

A legitimidade ativa é atribuída, de forma exclusiva, ao Procurador-Geral da


República, sendo possível a concessão de medida cautelar, conforme art. 5º da Lei
12.562/2011.

1.1.8.6. MANDADO DE INJUNÇÃO

Manejável em caso de crise de efetividade de norma constitucional de eficácia


limitada em virtude da falta de norma regulamentadora que torne viável o exercício
dos direitos e liberdades constitucionais e das prerrogativas inerentes à
nacionalidade, à soberania e à cidadania = normas de direitos fundamentais. O STF
não restringe o instituto, tanto que aceitou Mandado de Injunção do art. 193, § 3º, da
CF (limitação dos juros a 12% ao ano).

OBSERVAÇÃO! Finalmente, pela Lei nº 13.300/2016, regulamentou-se o Mandado de


Injunção.

Na ausência de previsão na lei específica, aplicam-se, subsidiariamente, as 5


regras contidas na Lei do Mandado de Segurança (Lei nº 12.016/2009) e no novo
8
Código de Processo Civil (Lei nº 13.105/2015).
7-

180
53

LEGITIMIDADE ATIVA:
MI individual: pessoas naturais ou jurídicas que se afirmam titulares dos direitos e
3.

liberdades constitucionais e das prerrogativas inerentes à nacionalidade, à soberania e


33

à cidadania.
4.

MI coletivo: Ministério Público; Defensoria Pública; partido político com representação


no Congresso Nacional; organização sindical, entidade de classe ou associação
12

legalmente constituída e em funcionamento há pelo menos 1 ano.

Legitimidade MI coletivo:
a) Ministério Público = quando a tutela requerida for especialmente relevante para a
defesa da ordem jurídica, do regime democrático ou dos interesses sociais ou
individuais indisponíveis.
b) Partido político com representação no Congresso Nacional = para assegurar o
exercício de direitos, liberdades e prerrogativas de seus integrantes ou relacionados
com a finalidade partidária.
c) Organização sindical, entidade de classe ou associação legalmente constituída e em
funcionamento há pelo menos 1 ano = para assegurar o exercício de direitos,
liberdades e prerrogativas em favor da totalidade ou de parte de seus membros ou
associados, na forma de seus estatutos e desde que pertinentes a suas finalidades,
dispensada, para tanto, autorização especial.
d) Defensoria Pública = quando a tutela requerida for especialmente relevante para a
promoção dos direitos humanos e a defesa dos direitos individuais e coletivos dos
necessitados, na forma do inciso LXXIV do art. 5º da CF/88.

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A legitimidade passiva é do Poder, órgão ou autoridade que tenham a


atribuição para editar a norma regulamentadora (ex: CN, Assembleia Legislativa,
Câmara de Vereadores, STF, Presidente, Governador e Prefeito...).

A competência para julgamento depende do sujeito passivo, isto é, de quem


tem atribuição para elaborar ou propor a norma.

COMPETÊNCIA ATRIBUIÇÃO PARA ELABORAR A NORMA


- Presidente da República.
- Congresso Nacional.
- Câmara dos Deputados.
STF - Senado Federal.
(CF, art. 102, I, q) - Mesas da Câmara ou do Senado.
- Tribunal de Contas da União.
- Tribunais Superiores.
- Supremo Tribunal Federal.
- órgão, entidade ou autoridade federal, excetuados os casos
STJ
de competência do STF e dos órgãos da Justiça Militar, da
(CF, art. 105, I, h)
Justiça Eleitoral, da Justiça do Trabalho e da Justiça Federal.
Juízes e Tribunais 5
da Justiça Militar,
8
- órgão, entidade ou autoridade federal nos assuntos de sua
Justiça Eleitoral,
7-

181
competência.
Justiça do
53

Trabalho
- órgão, entidade ou autoridade federal, se não for assunto das
3.

demais Justiças e desde que não seja autoridade sujeita à


33

Juízes Federais e
competência do STJ (ex: compete à Justiça Federal julgar MI
TRF’s
4.

em que se alega omissão do CONTRAN na edição de norma de


trânsito que seria de sua atribuição - STJ MI 193/DF).
12

Juízes estaduais e - órgão, entidade ou autoridade estadual, na forma como


TJs disciplinada pelas Constituições Estaduais.

A Lei nº 13.300/2016 não prevê a possibilidade de concessão de medida


liminar. Antes da regulamentação, o STF já possuía precedentes afirmando não ser
cabível liminar.

No que tange aos efeitos subjetivos, no mandado de injunção individual, em


regra, a decisão terá eficácia subjetiva limitada às partes (transitada em julgado a
decisão que julgou procedente o mandado de injunção, seus efeitos poderão ser
estendidos aos casos análogos por decisão monocrática do relator). Já no mandado de
injunção coletivo, a rigor, a sentença fará coisa julgada limitadamente às pessoas
integrantes da coletividade, do grupo, da classe ou da categoria substituídos pelo
impetrante. Contudo, poderá ser conferida eficácia ultra partes ou erga omnes à
decisão, quando isso for inerente ou indispensável ao exercício do direito, da liberdade
ou da prerrogativa objeto da impetração, o que se aplica tanto para o MI individual
como ao coletivo.

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Falando em efeitos, a questão dos efeitos objetivos da decisão proferida em


Mandado de Injunção sempre causou muita polêmica – o STF iniciou pela teoria não
concretista e depois guinou para a concretista geral. A Lei nº 13.300/2016, em vez de
pacificar o tema, aumentou a polêmica ao estabelecer, como regra, a aplicação da
corrente concretista individual intermediária.

TEORIAS dos efeitos do Mandado de Injunção:


a) não concretista = o Tribunal não concretiza (regulamenta) a norma, apenas dando
ciência ao poder competente acerca da omissão (adotada pelo STF até 2007).
b) concretista individual = a regulamentação só vale para os impetrantes ou para a
respectiva categoria (MI coletivo).
* adotada nos MIs 721 e 758 (o servidor público federal faz jus à aposentadoria
especial, desde que seja deficiente, a atividade seja insalubre ou perigosa, contanto
que os requisitos estejam previstos em lei complementar, por ora aplicando-se o art.
57 da Lei nº 8.213/91 - CF, art. 40, § 4º, I, II e III).
c) concretista intermediária = ciência + fixação de prazo, sendo que na própria decisão
há regulamentação para o exercício do direito acaso não respeitado o prazo.
* adotada no MI 232.
d) concretista geral = a norma é concretizada para todos (erga omnes).
* adotada pelo STF nos MIs 670, 708 e 712 (greve dos servidores públicos → aplicação 5
da lei dos trabalhadores privados até que seja suprida a omissão legislativa).
8
7-

Então, pelos termos da Lei, se o juiz ou Tribunal reconhecer o estado de mora 182
53

legislativa, será deferida a injunção para que o impetrado edite a norma


3.

regulamentadora dentro de um prazo razoável estipulado. Se esgotar o prazo fixado e


o impetrado não suprir a mora legislativa, o juiz ou Tribunal deverá:
33
4.

(1) estabelecer as condições em que se dará o exercício dos direitos, das


liberdades ou das prerrogativas reclamados;
12

(2) ou se for o caso, definir as condições em que poderá o interessado


promover ação própria visando a exercê-los.

A lei excepciona que o juízo ou Tribunal não precisará fixar prazo, podendo
desde logo estabelecer as condições para exercício dos direitos, caso fique
comprovado que já houve outro(s) mandado(s) de injunção contra o impetrado e que
ele deixou de suprir a omissão no prazo que foi assinalado nas ações anteriores.

O indeferimento do pedido por insuficiência de prova não impede a


renovação da impetração, desde que fundada em outros elementos probatórios.

E se durante a tramitação do mandado de injunção ocorrer a superveniência


da norma regulamentadora? O MI fica prejudicado e o processo deverá ser extinto
sem resolução de mérito.

E se já tiver havido decisão final no MI e só depois a norma


regulamentadora for editada? Em tal situação, a partir do momento em que a norma
entrar em vigor, passará a reger todas as situações que ela disciplinar (note: a lei

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prevalecerá mesmo que já tenha havido decisão transitada em julgado em mandado


de injunção dando outra solução para o caso concreto). Claro que ficam preservadas as
relações regidas conforme a decisão do MI, ou seja, os efeitos da lei, a rigor, não são
retroativos, salvo se a norma regulamentadora superveniente for mais favorável ao
beneficiário (autor do MI que foi julgado procedente no passado), hipótese em que a
lei terá efeitos ex tunc.

Uma previsão interessante da lei é a possibilidade de ser proposta ação de


revisão da decisão concessiva do mandado de injunção, sem prejuízo dos efeitos já
produzidos: a solução dada para o caso poderá ser revista, a pedido de qualquer
interessado, quando sobrevierem relevantes modificações das circunstâncias de fato
ou de direito.

Por fim, vejamos algumas diferenças entre a Ação Direta de


Inconstitucionalidade por Omissão e o Mandado de Injunção.

ADO MI
- tem como parâmetro qualquer - omissões que tornem inviável o
disposição constitucional de eficácia exercício de liberdades ou prerrogativas
limitada. inerentes à nacionalidade, soberania e
5 cidadania.
8
- controle abstrato. - controle concreto.
7-

- processo objetivo. - processo subjetivo. 183


53

- controle concentrado (STF ou TJ). - controle difuso limitado (apenas alguns


órgãos).
3.

- legitimados do art. 103 da CF. - legitimidade ampla (qualquer


33

interessado).
4.

- efeito declaratório. - efeito mandamental.


12

- ciência ao poder competente da - (1) estabelecer prazo razoável para a


omissão (sem prazo para o PL e 30 dias edição da norma; (2) estabelecer as
no caso de órgão administrativo). condições para exercício dos direitos ou
condições em que poderá o interessado
promover ação própria visando a exercê-
los.
- pode gerar a suspensão de processos - NÃO se admite liminar.
ou da lei atacada (omissão parcial).

1.1.8.7. RECURSO EXTRAORDINÁRIO

Hipóteses de admissibilidade (CF, art. 102, III):


- contrariar dispositivo da Constituição.
- declarar a inconstitucionalidade de tratado ou lei federal.
- julgar válida lei ou ato de governo local contestado em face da Constituição.
- julgar válida lei local contestada em face de lei federal.

O conhecimento do recurso depende da aferição de repercussão geral


(questões relevantes do ponto de vista econômico, político, social ou jurídico que

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ultrapassem os interesses subjetivos da causa - NCPC, art. 1.035, § 1º), que pode ser
recusada por 2/3 dos membros do STF.

ATENÇÃO! Haverá repercussão geral sempre que o recurso impugnar decisão contrária
à súmula ou jurisprudência dominante do STF (NCPC, art. 1.035, § 3º).

Além da sustentação oral por terceiros, admite-se o amicus curiae (STF, RE


616.827 e RE 415.454), embora não possam apresentar qualquer recurso (nem EDcl)
que não agravo de sua não admissão.

Normalmente, o RE é utilizado em controle difuso. Mas, excepcionalmente,


pode ser manejado no controle concentrado. Em que situação? ADI questionando no
TJ ato normativo estadual ou municipal (objeto) tendo como parâmetro regra da
Constituição Estadual que é norma de repetição obrigatória da CF (ex: princípios
básicos do processo legislativo). Nesse caso, da decisão do TJ cabe RE ao STF em
controle concentrado abstrato e o parâmetro será a CF. Essa hipótese é muito
interessante (pode ter lei municipal x CF fora da ADPF).

Segundo a jurisprudência: os Tribunais de Justiça podem exercer controle


abstrato de constitucionalidade de leis municipais utilizando como parâmetro normas 5
da Constituição Federal, desde que se trate de normas de reprodução obrigatória
8
pelos estados. STF. Plenário. RE 650898/RS, rel. orig. Min. Marco Aurélio, red. p/ o ac.
7-

Min. Roberto Barroso, julgado em 1º/2/2017 (repercussão geral) (Info 852).


184
53

1.1.8.8. SÚMULA VINCULANTE


3.
33

Com a súmula vinculante há mais uma aproximação com o sistema de


4.

precedentes do common law, implementando o binding effect (stare decisis) quando o


Pretório Excelso fixar a tese prevalente.
12

Há muita discussão quanto à limitação do livre convencimento motivado dos juízes,


mas prevalece que a limitação é justificável:
- de índole constitucional.
- limitação é relativa, admitindo o distinguishing e eventual overruling futuro.
- privilegia a celeridade processual, segurança e igualdade (igualdade não só perante a
lei, mas também perante o direito, incluindo os precedentes → a aplicação da
igualdade demanda julgamentos equânimes a casos semelhantes).

Como assevera Kant, a liberdade (autonomia) vem da razão, e não há sentido


na proliferação de decisões contraditórias e fadadas a serem reformadas: “a
verdadeira liberdade repugna o irrefletido” (Pontes de Miranda).

O STF poderá, de ofício ou por provocação, mediante decisão de 2/3 dos seus
membros, após reiteradas decisões sobre matéria constitucional, aprovar súmula que,
a partir de sua publicação na imprensa oficial, terá efeito vinculante em relação aos
demais órgãos do Poder Judiciário e à Administração Pública Direta e Indireta, nas

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esferas federal, estadual e municipal, bem como proceder à sua revisão ou


cancelamento, na forma estabelecida em lei (CF, art. 103-A).

OBSERVAÇÃO: O problema é que há Súmulas Vinculantes que NÃO foram objeto de


reiteradas decisões (ex: SV nº 11 - algemas) ou que não tratam de matéria
constitucional (ex: SV nº 24 - lançamento nos crimes materiais contra a ordem
econômica + SV nº 32 - não incidência de ICMS sobre bens salvados de sinistro).

A Súmula Vinculante terá por objetivo a validade, a interpretação e a eficácia


de normas determinadas, acerca das quais haja controvérsia atual entre órgãos
judiciários ou entre esses e a Administração Pública que acarrete grave insegurança
jurídica e relevante multiplicação de processos sobre questão idêntica.

ATENÇÃO! A aprovação, revisão ou cancelamento de súmula poderá ser provocada


por aqueles que podem propor ADI (CF, art. 103 + defensor público-geral da União +
Tribunais Superiores e de Segundo Grau).

Do ato administrativo ou decisão judicial que contrariar a súmula aplicável ou


que indevidamente a aplicar, caberá Reclamação ao STF que, julgando-a procedente,
anulará o ato administrativo ou cassará a decisão judicial reclamada, e determinará 5
que outra seja proferida com ou sem a aplicação da súmula, conforme o caso.
8
7-

A reclamação pode ser manejada sem prejuízo dos recursos e outros meios de 185
53

impugnação legalmente previstos – o que não se pode é deixar transitar em julgado,


sob pena de não mais cabimento da reclamação (STF, Súmula 734), cabendo, então,
3.

apenas rescisória (há autores que não a aceitam na hipótese, por falta de previsão
33

legal).
4.

1.1.8.9. AÇÃO CIVIL PÚBLICA


12

Admite-se a ACP (ações coletivas em geral) como instrumento de controle


incidental de constitucionalidade (controle difuso concreto). Porém, a
inconstitucionalidade não pode ser o próprio objeto da demanda, mas apenas seu
fundamento (causa de pedir) ou questão incidental (STF, RE 227.159 e STJ, REsp
557.646). Exemplo: via ACP pode-se requerer a realização de EIA para construção de
certa barragem com base na inconstitucionalidade de lei estadual que o dispensa para
a hipótese, mas não se pode requerer a declaração de inconstitucionalidade da mesma
lei para que se exija EIA para todas as barragens.

OBSERVAÇÃO: “A ACP não pode ser utilizada como sucedâneo da ADI, pois neste
caso haveria uma usurpação da competência do STF.”

Há autores que entendem que a fundamentação da decisão da ACP tem


efeitos erga omnes, mas o dispositivo apenas inter partes.

1.1.9. INCONSTITUCIONALIDADE EM ÂMBITO ESTADUAL

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Diferentemente da ADI, bem como ADC e ADO (embora não previstas na CE -


STF, RE 148.28/MA), que podem existir no âmbito estadual, a ADPF não tem sentido:
(a) os preceitos fundamentais estão na CF, não na CE; (b) o Estado não pode tratar de
direito processual; (c) sendo a ADPF subsidiária e possível para normas municipais e
estaduais, uma ADPF sobreporia a outra.

Restrições impostas ao controle concentrado de constitucionalidade no âmbito


estadual:
a) atribuição da legitimação a um único órgão.
b) não pode atribuir a qualquer cidadão para propor ação (inviabilizaria o controle
abstrato).
c) só pode ter como objeto lei estadual ou municipal, não federal.
d) somente a CE pode servir de parâmetro, nem a CF, nem a LOM, salvo quando a
norma da CF for de reprodução obrigatória pelos estados.

O rol do art. 103 da CF não é norma de observância obrigatória.


A decretação da inconstitucionalidade tem efeito erga omnes, NÃO havendo
que falar em vinculante. É inconstitucional a comunicação do Legislativo no caso de
controle abstrato, mas é possível (tanto da assembleia como da câmara de vereadores)
no caso de controle concreto. 5
8
Distribuição de ADI perante o STF e, ao mesmo tempo, ADI no âmbito do TJ local com
7-

base em norma de reprodução obrigatória (“processos simultâneos”) = processo em 186


53

trâmite no TJ deve ser suspenso até a decisão do STF:


- STF julga a norma inconstitucional = como o ato normativo foi retirado do
3.

ordenamento jurídico, o TJ deve extinguir o processo sem resolução do mérito, em


33

razão da ausência de interesse processual no prosseguimento do feito para a tutela da


4.

ordem constitucional.
- STF julga a norma constitucional = pode haver o prosseguimento da demanda
12

estadual, tendo em vista a causa de pedir aberta nos controles abstratos, que pode
ensejar a procedência do pedido em face da Constituição Estadual.

Controle abstrato de lei municipal de reprodução obrigatória em face da CF


= ADI tendo como parâmetro a CE e da decisão do TJ cabe RE para o STF, que analisará
a lei municipal em face da CF.

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4.2. JURISPRUDÊNCIA

1) SÚMULAS DO STF

Súmula Vinculante 10: Viola a cláusula de reserva de plenário (CF, art. 97) a decisão do
órgão fracionário de tribunal que, embora não declare expressamente a
inconstitucionalidade de lei ou ato normativo do Poder Público, afasta a sua incidência
no todo ou em parte.

Súmula 642: Não cabe ação direta de inconstitucionalidade de lei do Distrito Federal
derivada da sua competência legislativa municipal.

Súmula 614: Somente o Procurador-Geral da Justiça tem legitimidade para propor


ação direta interventiva por inconstitucionalidade de Lei Municipal.

2) JULGADOS

Coexistindo duas ações diretas de inconstitucionalidade, uma ajuizada perante o


tribunal de justiça local e outra perante o STF, o julgamento da primeira – estadual –
somente prejudica o da segunda – do STF – se preenchidas duas condições 5
cumulativas: 1) se a decisão do Tribunal de Justiça for pela procedência da ação e; 2)
8
se a inconstitucionalidade for por incompatibilidade com preceito da Constituição do
7-

Estado sem correspondência na Constituição Federal. Caso o parâmetro do controle de 187


53

constitucionalidade tenha correspondência na Constituição Federal, subsiste a


jurisdição do STF para o controle abstrato de constitucionalidade. STF. Plenário. ADI
3.

3659/AM, Rel. Min. Alexandre de Moraes, julgado em 13/12/2018 (Info 927).


33
4.

É irrecorrível a decisão denegatória de ingresso no feito como amicus curiae. Assim,


tanto a decisão do Relator que ADMITE como a que INADMITE o ingresso do amicus
12

curiae é irrecorrível. STF. Plenário. RE 602584 AgR/DF, rel. orig. Min. Marco Aurélio,
red. p/ o ac. Min. Luiz Fux, julgado em 17/10/2018 (repercussão geral) (Info 920).

CONSTITUCIONAL E TRABALHISTA. NULIDADE DO ACÓRDÃO RECORRIDO POR


DESRESPEITO A CLÁUSULA DE RESERVA DE PLENÁRIO (CF, ART. 97 E SV 10). NEGATIVA
PARCIAL DE VIGÊNCIA E EFICÁCIA AO INCISO II, DO ART. 94 DA LEI 9.472/1997 (LEI
GERAL DE TELECOMUNICAÇÕES) POR ÓRGÃO FRACIONÁRIO COM BASE NA SÚMULA
331/TST. IMPOSSIBILIDADE. LICITUDE DE TERCEIRIZAÇÃO DE TODA E QUALQUER
ATIVIDADE, MEIO OU FIM, NÃO SE CONFIGURANDO RELAÇÃO DE EMPREGO ENTRE A
CONTRATANTE E O EMPREGADO DA CONTRATADA (ADPF 324 E RE 958.252). AGRAVO
CONHECIDO. RECURSO PROVIDO. 1. A inconstitucionalidade de lei ou ato normativo
estatal só pode ser declarada pelo voto da maioria absoluta da totalidade dos
membros do tribunal ou, onde houver, dos integrantes do respectivo órgão especial,
sob pena de absoluta nulidade da decisão emanada do órgão fracionário (turma,
câmara ou seção), em respeito à previsão do art. 97 da Constituição Federal. 2. A
cláusula de reserva de plenário atua como condição de eficácia jurídica da própria
declaração jurisdicional de inconstitucionalidade dos atos do Poder Público, aplicando-
se para todos os tribunais, via difusa, e para o SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL, também

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no controle concentrado (CF, art. 97 e SV 10). 3. É nula a decisão de órgão fracionário


que, ao negar a aplicação do inciso II, do art. 94 da Lei 9.472/1997, com base na
Súmula 331/TST, e declarar ilícita a terceirização e atividade-fim, reconhece a
existência de vínculo trabalhista entre a contratante e o empregado da contratada,
pois exerceu controle difuso de constitucionalidade, declarando a parcial nulidade sem
redução de texto do referido dispositivo sem observar a cláusula de reserva de
Plenário. AGRAVO PROVIDO. 4. O PLENÁRIO DA CORTE declarou parcialmente
inconstitucional a SÚMULA 331/TST e proclamou a licitude da terceirização de toda e
qualquer atividade, meio ou fim; para afirmar a inexistência de relação de emprego
entre a contratante e o empregado da contratada. RECURSO EXTRAORDINÁRIO
PROVIDO. 5. Agravo conhecido e recurso extraordinário provido para restabelecer a
sentença de primeiro grau, com a fixação da seguinte tese no TEMA 739: "É nula a
decisão de órgão fracionário que se recusa a aplicar o art. 94, II, da Lei 9.472/1997,
sem observar a cláusula de reserva de Plenário (CF, art. 97), observado o artigo 949 do
CPC.” (ARE 791932, Relator(a): Min. ALEXANDRE DE MORAES, Tribunal Pleno, julgado
em 11/10/2018, PROCESSO ELETRÔNICO DJe-044 DIVULG 01-03-2019 PUBLIC 06-03-
2019).

Caso o STF, ao julgar uma ADI, ADC ou ADPF, declare a lei ou ato normativo
inconstitucional, ele poderá, de ofício, fazer a modulação dos efeitos dessa decisão. 5
STF. Plenário. ADI 5617 ED/DF, Rel. Min. Edson Fachin, julgado em 2/10/2018 (Info
8
918).
7-

188
53

A alteração do parâmetro constitucional, quando o processo ainda está em curso, não


prejudica o conhecimento da ADI. Isso para evitar situações em que uma lei que
3.

nasceu claramente inconstitucional volte a produzir, em tese, seus efeitos. STF.


33

Plenário. ADI 145/CE, Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 20/6/2018 (Info 907).
4.

A Resolução do TSE pode ser impugnada no STF por meio de ADI se, a pretexto de
12

regulamentar dispositivos legais, assumir caráter autônomo e inovador. STF. Plenário.


ADI 5104 MC/DF, Rel. Min. Roberto Barroso, julgado em 21/5/2014 (Info 747).

O Estado-membro não possui legitimidade para recorrer contra decisões proferidas em


sede de controle concentrado de constitucionalidade, ainda que a ADI tenha sido
ajuizada pelo respectivo Governador. A legitimidade para recorrer, nestes casos, é do
próprio Governador (previsto como legitimado pelo art. 103 da CF/88) e não do
Estado-membro. STF. Plenário. ADI 4420 ED-AgR, Rel. Min. Roberto Barroso, julgado
em 05/04/2018.

É possível a celebração de acordo num processo de índole objetiva, como a ADPF,


desde que fique demonstrado que há no feito um conflito intersubjetivo subjacente
(implícito), que comporta solução por meio de autocomposição. Vale ressaltar que, na
homologação deste acordo, o STF não irá chancelar ou legitimar nenhuma das teses
jurídicas defendidas pelas partes no processo. O STF irá apenas homologar as
disposições patrimoniais que forem combinadas e que estiverem dentro do âmbito da
disponibilidade das partes. A homologação estará apenas resolvendo um incidente
processual, com vistas a conferir maior efetividade à prestação jurisdicional. STF.

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Plenário. ADPF 165/DF, Rel. Min. Ricardo Lewandowski, julgado em 1º/3/2018 (Info
892).

A Resolução do CNMP consiste em ato normativo de caráter geral e abstrato, editado


pelo Conselho no exercício de sua competência constitucional, razão pela qual
constitui ato normativo primário, sujeito a controle de constitucionalidade, por ação
direta, no Supremo Tribunal Federal. STF. Plenário. ADI 4263/DF, Rel. Min. Roberto
Barroso, julgado em 25/4/2018 (Info 899).

8 5
7-

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3.
33
4.
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4.3 QUESTÕES

1. Ano: 2018 Banca: FCC Órgão: DPE-MA Prova: FCC - 2018 - DPE-MA - Defensor
Público. A ação que tem como pressuposto fático a existência de decisões de
constitucionalidade, em processos concretos, contrárias à posição governamental é
conhecida como ação
a) direta interventiva.
b) direta de inconstitucionalidade.
c) declaratória de constitucionalidade.
d) direta de inconstitucionalidade por omissão.
e) difusa de constitucionalidade.

2. Ano: 2018 Banca: FCC Órgão: DPE-MA Prova: FCC - 2018 - DPE-MA - Defensor
Público. No julgamento do MS 32033/DF, de relatoria do Ministro Gilmar Mendes,
com redação do acórdão pelo ex-Ministro Teori Zavascki, de 20/06/2013, o Plenário
do Supremo Tribunal Federal enfrentou caso em que o Poder Judiciário foi procurado
para realizar controle de constitucionalidade prévio de atos normativos. Nessa
oportunidade, o Plenário entendeu que
a) em regra, não se deve admitir a propositura de ação judicial para realizar o controle
de constitucionalidade prévio dos atos normativos, salvo duas exceções: caso a 5
proposta de emenda à Constituição seja manifestamente ofensiva à cláusula pétrea e
8
na hipótese em que a tramitação violar o Estatuto dos Congressistas.
7-

b) é possível a propositura de ação judicial para realizar controle de 190


53

constitucionalidade prévio dos atos normativos, haja vista que ao Supremo Tribunal
Federal cabe a defesa da Constituição Federal.
3.

c) em regra, não se deve admitir a propositura de ação judicial para realizar o controle
33

de constitucionalidade prévio dos atos normativos, salvo duas exceções: caso a


4.

proposta de emenda à Constituição seja manifestamente ofensiva à cláusula pétrea e


na hipótese em que a tramitação do projeto de lei ou de emenda à Constituição violar
12

regra constitucional que discipline o processo legislativo.


d) é possível a propositura de ação judicial para realizar controle de
constitucionalidade prévio dos atos normativos, contanto que seja ela proposta por
Parlamentar em exercício de mandato.
e) não é possível o controle abstrato de constitucionalidade de projetos de lei, pelo
Supremo Tribunal Federal, sob nenhuma hipótese.

3. Ano: 2018 Banca: CESPE Órgão: DPE-PE Prova: CESPE - 2018 - DPE-PE - Defensor
Público. No procedimento da ação direta de inconstitucionalidade, é cabível
a) o objeto da ação ser um ato administrativo de efeito concreto emanado da
Presidência da República.
b) o parâmetro da ação constituir-se do preâmbulo da Constituição Federal de 1988.
c) a oposição de embargos de declaração, com o objetivo de obter a modulação dos
efeitos da decisão.
d) a ação rescisória, por se tratar de controle difuso.
e) o objeto da ação ser um enunciado de súmula do STJ.

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4. Ano: 2018 Banca: FCC Órgão: DPE-AP Prova: FCC - 2018 - DPE-AP - Defensor
Público. Em voto proferido quando da concessão de medida cautelar em sede de
arguição de descumprimento de preceito fundamental, o Ministro Relator, apoiando-
se em técnica empregada por Corte Constitucional estrangeira, entendeu que estava
comprovada, no caso, situação de violação generalizada de direitos fundamentais e
incapacidade reiterada e persistente das autoridades públicas em modificar a
situação, sendo que a superação das transgressões exigia a atuação não apenas de
um órgão, e sim de uma pluralidade de autoridades. Mais adiante, afirmou o Relator
que, em situações tais, ao Tribunal cabe retirar as autoridades públicas do estado de
letargia, provocar a formulação de novas políticas públicas, aumentar a deliberação
política e social sobre a matéria e monitorar o sucesso da implementação das
providências escolhidas, assegurando, assim, a efetividade prática das soluções
propostas. Cuida-se, no caso, de técnica de
a) interpretação conforme a Constituição.
b) declaração de estado de coisas inconstitucional.
c) decisão manipulativa de efeitos aditivos.
d) decisão manipulativa de efeitos substitutivos.
e) declaração de inconstitucionalidade sem pronúncia de nulidade.

5. Ano: 2018 Banca: FCC Órgão: DPE-AM Prova: FCC - 2018 - DPE-AM - Defensor 5
Público – Reaplicação. Suponha que o Supremo Tribunal Federal (STF) tenha julgado
8
procedente ação direta de inconstitucionalidade para o fim de declarar
7-

inconstitucional, sob o aspecto material, determinada lei estadual e que,


191
53

posteriormente, tenha sido promulgada emenda à Constituição Federal, para o fim


de introduzir no texto constitucional dispositivo com o teor da norma estadual
3.

declarada inconstitucional. Nessa hipótese, à luz da Constituição Federal e da


33

jurisprudência do STF, referida emenda constitucional


a) não poderia ter sido promulgada, uma vez que a decisão do STF em sede de controle
4.

concentrado de constitucionalidade possui eficácia erga omnes e efeito vinculante,


12

sendo a norma decorrente da referida emenda desprovida de validade e eficácia.


b) poderia ter sido promulgada, uma vez que o poder de reforma constitucional não é
alcançado pela eficácia erga omnes ou pelo efeito vinculante da decisão do STF,
embora não seja dado ao legislativo estadual em face do qual foi proferida a decisão
editar nova lei com o mesmo conteúdo da anteriormente declarada inconstitucional
em sede de controle concentrado pelo STF.
c) poderia ter sido promulgada, assim como poderia ser editada nova lei estadual com
o teor da declarada inconstitucional pelo STF, uma vez que os órgãos legislativos não
são alcançados pela eficácia erga omnes ou pelo efeito vinculante da decisão do STF,
estando, contudo, apenas a lei estadual sujeita a novo controle de constitucionalidade
perante aquela Corte.
d) não poderia ter sido promulgada, caso a decisão do STF em sede de controle
concentrado de constitucionalidade houvesse sido proferida com fundamento em
cláusula pétrea, hipótese em que a norma decorrente da referida emenda seria
desprovida de validade e eficácia.
e) poderia ter sido promulgada, assim como poderia ser editada nova lei estadual com
o teor da declarada inconstitucional pelo STF, uma vez que os órgãos legislativos não
são alcançados pelos efeitos da decisão proferida em sede de controle concentrado

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pelo STF, embora ambas estejam sujeitas a novo controle de constitucionalidade, em


que caberá ao STF enfrentar mais uma vez a questão anteriormente equacionada.

8 5
7-

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53
3.
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4.
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4.4 GABARITO COMENTADO

1) Gabarito: C. Requisitos de admissibilidade são pressupostos fáticos. A posição


governamental, ou do Executivo, é presumivelmente de defesa da
constitucionalidade das leis. Se há decisões contrárias, significa que há decisões de
inconstitucionalidade, havendo controvérsia judicial, um dos requisitos para a
propositura da ADC pela lei nº 9.868/99:

Art. 14. A petição inicial indicará:


I - o dispositivo da lei ou do ato normativo questionado e os fundamentos jurídicos
do pedido;
II - o pedido, com suas especificações;
III - a existência de controvérsia judicial relevante sobre a aplicação da disposição
objeto da ação declaratória.
Parágrafo único. A petição inicial, acompanhada de instrumento de procuração,
quando subscrita por advogado, será apresentada em duas vias, devendo conter
cópias do ato normativo questionado e dos documentos necessários para
comprovar a procedência do pedido de declaração de constitucionalidade.

2) Gabarito: C. “No mérito, prevaleceu o voto do Min. Teori Zavascki. Considerou que
8 5
as eventuais inconstitucionalidades do texto impugnado poderiam ser resolvidas se e
7-

quando o projeto se transformasse em lei. Ademais, a discussão sobre a legitimidade


193
53

do controle constitucional preventivo de proposta legislativa teria consequências


transcendentais, com reflexos para além do caso em pauta, pois tocaria o cerne da
3.

autonomia dos Poderes. Reputou que o sistema constitucional pátrio não autorizaria o
33

controle de constitucionalidade prévio de atos normativos, e que a jurisprudência da


Corte estaria consolidada no sentido de, em regra, deverem ser rechaçadas as
4.

demandas judiciais com essa finalidade. Delimitou haver duas exceções a essa regra: a)
12

proposta de emenda à Constituição manifestamente ofensiva a cláusula pétrea; e b)


projeto de lei ou de emenda em cuja tramitação se verificasse manifesta afronta a
cláusula constitucional que disciplinasse o correspondente processo legislativo. Aduziu
que, em ambas as hipóteses, a justificativa para excepcionar a regra estaria claramente
definida na jurisprudência do STF. O vício de inconstitucionalidade estaria diretamente
relacionado aos aspectos formais e procedimentais da atuação legislativa. Nessas
circunstâncias, a impetração de segurança seria admissível porque buscaria corrigir
vício efetivamente concretizado, antes e independentemente da final aprovação da
norma. MS 32033/DF, rel. orig. Min. Gilmar Mendes, red. p/ o acórdão Min. Teori
Zavascki, 20.6.2013. (MS-32033) STF. Plenário. MS 32033/DF, rel. orig. Min. Gilmar
Mendes, red. p/ o acórdão Min. Teori Zavascki, 20/6/2013. Info 711.

3) Gabarito C. É cabível a oposição de embargos de declaração para fins de


modulação dos efeitos de decisão proferida em ação direta de
inconstitucionalidade, ficando seu acolhimento condicionado, entretanto, à
existência de pedido formulado nesse sentido na petição inicial. ADI 2791 ED/PR,
rel. orig. Min. Gilmar Mendes, rel. p/ o acórdão Min. Menezes Direito, 22.4.2009.
(ADI-2791)

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4) Gabarito B. V. Estado de coisas inconstitucional. Rodada 2.

5) Gabarito E. Declarada inconstitucional uma Lei pelo STF, nada impede: (a) o
Legislativo de criar outra lei com o mesmo teor; (b) mediante provocação e
fundamentação idônea, o STF venha a se debruçar novamente sobre a mesma matéria
e até mesmo altere seu entendimento por conta de mudanças no cenário jurídico,
político, econômico ou social do país. “[…] Entender de forma contrária afetaria a
relação de equilíbrio entre o tribunal constitucional e o legislador, reduzindo o último a
papel subordinado perante o poder incontrolável do primeiro, acarretando prejuízo do
espaço democrático-representativo da legitimidade política do órgão legislativo, bem
como criando mais um fator de resistência a produzir o inaceitável fenômeno da
chamada de fossilização da Connstituição (STF, AgRg na Rcl 2617/MG).

8 5
7-

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53
3.
33
4.
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