Sei sulla pagina 1di 4

UNIVERSIDADE DO VALE DO RIO DOS SINOS – UNISINOS

ESCOLA DE HUMANIDADES
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS SOCIAIS
DISCIPLINA ATORES SOCIAIS, POLÍTICAS PÚBLICAS E
CIDADANIA
Professores: Aloísio Ruscheinsky e Juliane Sant’Ana Bento

Aluno: Fábio Roberto Wilke

RESENHA DE ARTIGO
RUSCHEINSKY, Aloisio. Consumo e linguagens decorrentes: implicações para o campo
da educação. Educação em Revista, v. 30, p. 99-119, 2014.

Aloísio Ruscheinsky sublinha que as diferentes linguagens são “economicamente


escoradas, socialmente referenciadas, politicamente circunstanciadas, culturalmente
legitimadas”. De certo modo, isso proporciona certa materialidade à sua argumentação,
alocando as linguagens e, igualmente, o consumo, em um contexto de produção da vida,
em um conceito amplo, dos grupos sociais históricos e as tensões resultantes das
distinções destes grupos socialmente.
O seu argumento é construído perseguindo a seguinte interrogação: de que modo
certa cultura de consumo e suas decorrências implicam na construção de práticas
educativas? (RUSCHEINSKY, 2014, p. 100). No início do artigo, Ruscheinsky explora
um movimento que coloca em interação a ampliação das práticas de consumo, as
linguagens que decorrem disso e um processo político de apropriação das informações.
De acordo com o autor essa interação apresentaria desafios à disseminação de
conhecimentos por parte da educação, (RUSCHEINSKY, 2014, p. 100). Dessa forma,
não se mostra improvável a pressuposição de que a educação poderia se apresentar como
um campo conflitante, pois construído através de lógicas não necessariamente atreladas
à lógica do consumo.
No subtítulo “A cultura de consumo e a linguagem da distinção”, Ruscheinsky
(2014, p.102) explora como as formas de consumo podem auxiliar na compreensão de
processos sociais, em geral, e de educação e cultura, especificamente. Pertinente trazer
suas palavras quando sugere que há uma “dialética na construção de significados que
caracterizam uma sociedade, um entrelaçamento entre a dimensão subjetiva na
apropriação dos bens e os fatos objetivos das relações sociais”, (RUSCHEINSKY, 2014,
p. 102).
Afinal se há uma contradição, do ponto de vista dialético, na objetividade das
relações sociais, uma de suas expressões, o consumo e suas linguagens decorrentes, não
poderia deixar de carregar esta própria contradição. Ao mesmo tempo, a educação pode
vir a ser, nesta mesma lógica, pois elemento das relações sociais, um fator de
transfiguração que contenha os argumentos para a mudança de referenciais. Ruscheinsky
(2014, p.105) finaliza de modo refinado a seção problematizando construções teóricas
que proporcionam certa emancipação, através do individualismo, e traz uma afirmação
precisa ao referir que “segregação social e discriminação cultural decorrem do
ordenamento da apropriação desigual do espaço e dos bens naturais, prosseguindo
no resguardo da cultura de consumo escorada em desigualdades”.
Para a seção “A linguagem da proteção do consumidor: seduzindo e distinguindo”,
busco a inversão trazendo um argumento que Ruscheinsky (2014, p. 107) lança mão
próximo ao desfecho do item, quando sugere que “o combate a uma cultura do desperdício
por segmentos ambientalistas e ao consumo desigual na sociedade brasileira (...) não
atenta para as causas sociais dos respectivos problemas”.
De certo modo, o autor procura instigar os leitores a perceberam a iminência
socialmente referenciada do consumo e o discurso de proteção ao consumidor, além do
papel do Estado, como legitimador desse status quo a partir de sua capacidade de
regulamentação. Se por um lado há a ampliação do consumo há, da mesma forma, a
distinção entre o que se consome e a proteção que se desenvolve, diferenciada justamente
pelo acesso à qualidade de produtos socialmente diferenciados. Nesse sentido,
Ruscheinsky (2014, p. 108) provoca ao afirmar que “o centro da questão pode ser o
consumidor ou o enquadramento da concorrência”.
Encaminhando sua parte final, Ruscheinsky trata sobre as linguagens decorrentes
da cultura do consumo e as tensões resultantes, quais sejam a tensão do consumidor e as
tensões entre consumo e segurança.
Sobre a primeira tensão cabe destacar aquilo que o autor designa como “nexos
entre a cultura do consumo e a questão do enfeitiçamento”, (RUSCHEINSKY, 2014, p.
108). É a partir desse momento que se demonstra mais claramente as interconexões entre
o consumo e o meio ambiente e entre consumo e cidadania. Pergunta deste que escreve:
o fiel da balança que estabelece uma medida para a cidadania e para as questões
ecológicas e ambientais deve ser construído a partir dos pesos de determinada cultura de
consumo?
Ruscheinsky (2014, p. 109) lança mão de Castells (2008) e sua proposição de que
“as mercadorias ocultam o esforço do trabalho e, na mesma medida, carregam consigo as
relações sociais que se estabelecem no campo da produção”. Nesse sentido, se abre uma
perspectiva que permite interrogar, partindo do pressuposto que existem assimetrias
sociais, as consequências do estabelecimento de determinado padrão de consumo, logo,
de produção, ao meio ambiente e aos grupos sociais que interagem em determinados
contextos sociais, ambientais e culturais. Ao mesmo tempo, compartilhando da
criticidade de Ruscheinsky, como estabelecer paralelos entre ampliação do acesso à bens
materiais e cidadania quando o próprio consumo está socialmente diferenciado?
Por fim, Aloísio Ruscheinsky (2014, p. 110) observa que “numa sociedade
insatisfeita (...) os indivíduos sinalizam no consumo uma centralidade da vida, suposta
fonte de realização dos sonhos e de felicidade”. Esta reflexão permite com que se chegue
ao desfecho de sua construção, onde elabora a seção “As mudanças de linguagem e as
tensões entre consumo e segurança”.
Nesta dialoga, entre outros, com (Cattani e Diaz, 2005), que tratam sobre a
“hierarquização dos espaços sociais” e sobre uma cultura que “ratifica a linguagem de
invisibilização dos desiguais”. De certo modo, a falta de segurança sinalizada pelo autor
pode ser percebida por certa delimitação dos espaços – materiais e simbólicos – e as
tensões resultantes. Afinal, as relações sociais podem ser percebidas tanto pela
diferenciação entre grupos, como quanto pela tentativa de acesso de uns nos espaços de
outrem o que, por exemplo, nos templos modernos, os shopping centers, é motivo de
recorrentes tensões noticiadas pelos veículos de comunicação. Da mesma forma, um olhar
atento às configurações urbanas de grandes cidades brasileiras, visualiza a crescente
instalação de condomínios fechados com sistemas de segurança que dispõem de alta
tecnologia.
O texto de Aloísio Ruscheinsky se configura enquanto uma genuína provocação.
Assim sendo, permite a apropriação de suas proposições, ao tempo em que delimita um
campo de percepção sobre a vida, que é o sentido solene de sua preocupação. Ao discorrer
sobre as linguagens decorrentes do consumo, o autor instiga a reflexão sobre quais as
implicações de uma cultura do consumo, sobre a educação ambiental e o meio ambiente.
Todavia, ao mesmo tempo, nos instiga a pensar sobre nós mesmos, como seres-no-mundo
componentes de um todo que é inextricável.

REFERÊNCIAS
CATTANI, Antonio; DÍAZ, Laura M. (orgs.). Desigualdades na América Latina; novas
perspectivas analíticas. Porto Alegre: Ed. da UFRGS, 2005.

CASTELLS, Manuel. O poder da identidade. 6. ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra 2008. p
141-168.

Potrebbero piacerti anche