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FACULDADE DE EDUCAÇÃO SÃO BRAZ

SEGURANÇA PÚBLICA: Uma análise sobre a realidade brasileira.

CURITIBA/PR
2018
FACULDADE DE EDUCAÇÃO SÃO BRAZ
ROBERTO RIBEIRO DOS SANTOS JUNIOR.

SEGURANÇA PÚBLICA: Uma análise sobre a realidade brasileira.

Trabalho entregue à Faculdade de Educação São


Braz, como requisito legal para convalidação de
competências, para obtenção de certificado de
Especialização Lato Sensu, do curso de Segurança
Pública conforme Norma Regimental Interna e Art. 47,
Inciso 2, da LDB 9394/96.

Orientador: Francisco Carlos Somavilla

CURITIBA/PR
2018
RESUMO

Este artigo buscou investigar a questão da Segurança Pública no Brasil, estabelecendo para isso,
uma relação direta com as questões econômicas, politicas e sociais, pois um dos maiores desafios da
atualidade é controlar o alto índice de violência fruto das desigualdades sociais. Entendo que para se
compreender a situação da Segurança Pública no Brasil é preciso também analisar o contexto social,
político e econômico do país. Com isto em pauta, procurou-se responder aos seguintes
questionamentos: Quais são os desafios enfrentados na atualidade para garantir a eficiência da
Segurança Pública no Brasil? Neste viés, o objetivo geral deste artigo foi investigar a realidade e do
funcionamento da Segurança Pública no contexto brasileiro, conhecendo a trajetória história da
questão da justiça e da segurança pública no território brasileiro. Estudando as ações praticadas pelo
governo e outras instituições no que concerne a possibilidade de garantir o funcionamento da
Segurança Pública no Brasil. Para tanto a realização desse estudo optou-se por uma pesquisa
bibliográfica, sendo os dados pertinentes pesquisados em artigos científicos disponibilizados na
internet.

Palavras-chave: Segurança Pública. Sociedade. Desigualdade.


1. INTRODUÇÃO

Este artigo buscou investigar a questão da Segurança Pública no Brasil,


estabelecendo para isso, uma relação direta com as questões econômicas, politicas
e sociais. O Brasil desde a década de 1980 vem apresentado um aumento na
criminalidade principalmente nos grandes centros e o problema da segurança
publica tem sido colocado como uma das principais demandas da chamada opinião
pública pelos meios de comunicação de massa que muitas distorcem a realidade
para atender aos interesses de mercado. Com isso em pauta, a investigação desse
artigo esta relacionada a realidade da Segurança Pública no Brasil, ou seja, de que
forma, ela está sendo concretizada.
Os critérios que justificam a escolha deste estudo advêm de um interesse
pessoal pela temática. Entendo que para se compreender a situação da Segurança
Pública no Brasil é preciso analisar o contexto social, político e econômico do país,
uma vez que os problemas relacionados com o aumento das taxas de criminalidade,
o aumento da sensação de insegurança, as dificuldades relacionadas à reforma das
instituições da administração da justiça criminal, representam desafios para o
sucesso do processo de consolidação política da democracia no Brasil.
Desta forma, com este estudo procurou-se responder aos seguintes
questionamentos: Quais são os desafios enfrentados na atualidade para garantir a
eficiência da Segurança Pública no Brasil?
O objetivo geral deste artigo foi investigar a realidade e possibilidades no que
tange ao funcionamento da Segurança Pública no contexto brasileiro. Já os objetivos
específicos compreendem: Conhecer a trajetória história da questão da justiça e da
segurança pública no território brasileiro. Estudar as ações praticadas pelo governo
e outras instituições no que concerne a possibilidade de garantir o funcionamento da
Segurança Pública no Brasil.
Para a realização desse estudo optou-se por uma pesquisa bibliográfica que
permiti a cobertura de uma gama de fenômenos muito mais ampla do que aquela
que poderia pesquisar diretamente, já que ela é desenvolvida a partir de material já
elaborado, constituído principalmente de livros e artigos científico pesquisados na
internet.
2. SEGURANÇA PÚBLICA NO BRASIL

Os estudos relacionados a Segurança Pública no Brasil asseveram que


encontrar uma solução para a crise da violência urbana não é tarefa apenas da
justiça criminal, dos presídios e da polícia, mas sim de toda a sociedade (MATOS,
2013; AZEVEDO, 2003).
Dados do ‘Atlas da Violência 2018, no ano de 2016, o Brasil alcançou a marca
histórica de 62.517 homicídios, equivalendo a uma taxa de 30,3 mortes para cada
100 mil habitantes e nos últimos dez anos, 553 mil pessoas perderam suas vidas
devido à violência no Brasil. Esse índice crescente revela que existe uma
naturalização do fenômeno e a premência de ações compromissadas e efetivas por
parte das autoridades nos três níveis de governo: federal, estadual e municipal
(CERQUEIRA, 2018).
A formação da democracia nem sempre é fácil, envolve o conhecimento das
relações sociais, veiculadas em diferentes situações, o diálogo que é constituído a
partir de uma pluralidade de discursos que devem ser respeitados, nesse terreno
surgem muitos conflitos, já que uma das suas características é justamente a
existência do dissenso, ou seja, a possibilidade de que o indivíduo tenha ideias e
possa expressá-las, mesmo que incompatíveis com as ideias da maioria da
sociedade (MACHADO, 2017).
E no Brasil, o estabelecimento do regime democrático e o fim da Ditadura
Militar trouxeram mudanças significativas para a sociedade brasileira, uma delas foi
o comando do país, que passou a ser exercidos por representantes eleitos por meio
do voto popular e a esses novos administradores do Estado restou ter que lidar com
o aumento das taxas de criminalidade, consequência da grande concentração
populacional produzida pela migração do campo para as grandes metrópoles
urbanas e pelo espaço que os movimentos sociais passaram a ocupar na sociedade
fazendo surgir conflitos que antes eram represados pela ditadura militar (AZEVEDO,
2003).
Nesse novo contexto, manter a ordem pública em uma sociedade afetada
pela insegurança urbana tornou-se um desafio, exigindo mudanças na atuação dos
órgãos de segurança pública que por sua vez, manteve mesmo no período
democrático os resquícios do autoritarismo, no novo contexto, os movimentos
sociais passaram a ganhar voz e vez exigindo das instituições a responsabilidade de
se atuar de acordo com os princípios democráticos (CARVALHO, 2011).
Nesse processo, foi possível perceber que as políticas de proteção e
promoção da cidadania criada pelos governantes não cumpriu o seu papel e a falta
de projetos sociais que pudesse ajudar a diminuir a desigualdade social contribuiu
ainda mais para que aumentasse consideravelmente os índices de violência no país,
restando às corporações policiais o trabalho de intervenção no combate do aumento
da violência, muitas vezes usando violência para combater violência (SOUZA, 2011).
No caso brasileiro, as lacunas que foram deixadas pelas politicas de proteção
e promoção da cidadania fizeram que o caos se instalasse em algumas regiões,
regiões que muitas vezes são reflexos de um legado político autoritário que sempre
usou a violência como forma de controle, como é o caso das regiões Norte e
Nordeste do Brasil. Em que ou sistema público de segurança é baseado numa
estrutura social historicamente conivente com a violência privada, com a
desigualdade social, econômica e jurídica, em que grande parte da população é
privada da cidadania (MATOS, 2013).
É possível inferir que no Brasil, mesmo depois do processo de
democratização do Estado, poucas modificações ocorreram na atuação do Estado
penalizador, fundado na institucionalização da criminalização, manteve o mesmo
modelo no Estado democrático. Assim entende-se que a violência presente na
sociedade traz desafios para os órgãos de Segurança Pública e para o governo para
que se possa reelaborar novos métodos e encontrar novos caminhos para combater
o problema da violência. Pois, na prática, ainda vive-se em um Estado autoritário,
principalmente nas questões relacionadas ao estabelecimento de políticas de
segurança que realmente sejam eficazes e possa fazer com que a justiça criminal
funcione como ela deveria (CARVALHO, 2011).

2.1 Desigualdade social e violência no Brasil

Basicamente o modo de vida da sociedade ocidental na atualidade é


diretamente ligado e influenciado pelos altos e baixos do ciclo econômico e casos
recentes ocorridos na sociedade brasileira têm mostrados que as crises influenciam
a vida de milhões de pessoas ao redor do mundo, as sociedades que são envolvidas
pelas crises econômicas do capitalismo são afetadas tanto no campo econômico,
como nas próprias ideias a respeito da repressão legítima e da participação nos
direitos políticos (APPLE, 1985).
Os problemas sociais tomaram uma proporção gigantesca e a sociedade para
se proteger da violência busca encontrar culpado, pois, a falta de uma atuação
responsável e eficaz do poder público somado ao crescimento do medo que deriva
do crescimento desenfreado da violência urbana está produzindo uma diminuição da
coesão social, o que na sociedade brasileira tem implicado na estigmatização dos
moradores dos aglomerados urbanos das grandes cidades como os responsáveis
pela criminalidade e pela violência, fazendo com que se corroam os laços de
reciprocidade e solidariedade social tornando as pessoas cada vez mais
individualistas e menos preocupadas com os problemas sociais (SOUZA, 2011).
Nesse processo, a globalização, principalmente no âmbito econômico, tem
sido também responsável pelo processo de criminalização da pobreza e da miséria.
Isso, porque ele provoca transformações na estrutura do Estado redefinindo o seu
papel enquanto organização política e tais transformações tem como consequências
diretas a ampliação dos instrumentos de controle sobre a sociedade. A população
sem alternativa e acuada devido a insegurança social gerada pela ressocialização
do trabalho assalariado, pelo recuo das proteções coletivas e pela mercantilização
das relações humanas procura culpados para a situação caótica que muitas regiões
brasileiras se encontram encontrando na pobreza o problema e não exploração do
capitalismo (CARVALHO; 2011).
A Globalização promoveu o surgimento acelerado de megacidades, com mais
de oito milhões de habitantes e com seus sistemas policêntricos instituindo zonas de
segregação social e espacial que tem sido palco do surgimento de novos padrões de
pobreza e de novas formas de desigualdades sociais que condenam parcelas
expressivas de populações urbanas de baixa renda à vida social imersa no mundo
das ilegalidades (AZEVEDO, 2008).
Ao mesmo tampo, a falta no Brasil de um projeto de governança das polícias
brasileiras e de alinhamento das políticas de segurança pública aos requisitos da
democracia para que se possam garantir os direitos humanos (LIMA, BUENO,
MINGARDI, 2016). Já que, não existe uma forma de garantir os direitos prescritos no
artigo 144 da Constituição Federal sem um trabalho preventivo e amplo que saia da
ação de combater a violência que determina que e a organização da segurança
pública nos Estados da Federação seja dever do Estado, direito e responsabilidade
de todos, e sendo assim, não há como não estabelecer uma relação entre a
segurança pública e a política criminal e o direito penal, sendo estabelecido o devido
processo legal e imparcial no que diz respeito a defesa do cidadão acusado
(MATOS, 2013).

Em relação a policia, o debate gira em torno da sua reciclagem, para atuar


em um Estado Democrático de Direito, visando assegurar os direitos de
cidadania de toda a população, e não apenas das elites; também com vistas
a economia administrativa e a racionalização dos esforços de informação e
prevenção necessários ao enfrentamento da criminalidade em seus vários
níveis, com a redução da seletividade na atividade policial, ou o seu
redirecionamento para os delitos mais graves em termos de consequências
sociais. Tais mudanças esbarram em uma cultura repressiva, fruto do papel
historicamente desempenhado pela policia em países com tamanha
desigualdade social como Brasil (AZEVEDO, 2OO3, P. 155).

Com isso em pauta, pode-se afirmar que não se pode analisar a questão da
segurança pública no Brasil só pela atuação das instituições da justiça, sem levar em
conta a responsabilidade do governo e da sociedade geral. As pesquisas que
abarcam a questão da Segurança Pública tem mostrado a necessidade de
segurança como garantia do exercício da cidadania, pois, os instrumentos de
enfrentamento da criminalidade e da violência têm sido insuficientes para
proporcionar a segurança individual e coletiva, havendo a necessidade de efetiva
participação social, como forma de democratizar o aparelho estatal no sentido de
garantia de uma segurança cidadã (CARVALHO; 2011).
Por conseguinte, quando se pensa em reverter o quadro de violência no
Brasil, não existe dúvida de que o desafio é grande, pois, é preciso envolver ações
intersetoriais e integradas que incluam, além dos executivos, o Parlamento, a
Justiça, o Ministério Público, a Defensoria e também a academia, as igrejas, os
empresários e toda a sociedade civil organizada para que se possa garantir uma
realidade de direitos conquistados relacionados a segurança (CERQUEIRA, et al.,
2018).
Estado e sociedade devem exercer papéis cruciais na definição de estratégias
políticas e de poder que possam legitimar o processo democrático. Pois, a garantia
da lei, da ordem e da segurança dos cidadãos contra a violência e o crime é um dos
benefícios chave capaz de fazer com que os indivíduos confiram seu apoio ao poder
centralizado do Estado moderno (AZEVEDO, 2003).
Neste embate, os interesses e as contradições, inerentes à dinâmica das
relações de proteção dos cidadãos devem constituir o fundamento da construção
política (CARVALHO, 2011). No campo político, na maioria das vezes é escolhida a
opção pela segregação e o castigo por meio do endurecimento da legislação penal
por se acreditar que a punição é um mecanismo eficaz no combate à violência
apesar dos resultados alcançados mostrarem que é preciso encontrar caminhos
diferentes para o equacionamento da questão criminal no Brasil, medidas que sejam
pautadas pelas ideias de transformação, emancipação, inclusão social e
democrática nas instituições de justiça e segurança.
Apesar do artigo 144 da Constituição Federal da República do Brasil
estabelecer que a segurança pública é dever do Estado, direito e responsabilidade
de todos, falta ações que possam combater o problema da desigualdade social que
por sua vez contribui diretamente para o aumento da violência. Já que o aumento da
violência e da criminalidade na sociedade é um processo que deriva diretamente da
desagregação, das desigualdades econômicas, politicas e sociais que existe no país
(BORDIN, et al., 2013).
Assim, ao investigar a questão da Segurança Pública no Brasil, não tem como
não estabelecer uma relação direta as desigualdades sociais que tiveram origem na
formação da sociedade brasileira, pois, ao longo do processo de formação do
território brasileiro acabou-se favorecendo uma pequena parcela da população em
detrimento da maioria (MATOS, 2013).

2.2 A Constituição Federal e a Segurança Pública no Brasil

No caso brasileiro, governança em segurança pública é responsabilidade


difusa de vários atores e instituições e, para se ter efetividade, ela precisa ser
coordenada e articulada em torno do que está previsto na Constituição
(CERQUEIRA, 2018).
A Constituição da República Federativa do Brasil de 1988 destinou tratamento
inédito aos direitos fundamentais, ela elegeu a dignidade da pessoa humana como
fundamento da República, estabeleceu como objetivos fundamentais a construção
de uma sociedade livre, justa e solidária, além de defender a erradicação da pobreza
e da marginalização, a redução das desigualdades sociais e regionais e a promoção
do bem de todos sem qualquer discriminação (BITTAR; COLUCCI, 2017).
No quadro normativo institucional brasileiro, a segurança pública é
contemplada pelo artigo 144 da Constituição Federal da República sendo entendida
como responsabilidade da polícia federal, da polícia rodoviária federal, das polícias
civis, das polícias militares e do corpo de bombeiros militares preservarem a
incolumidade das pessoas e dos patrimônios. A estrutura da Segurança Pública nos
Estados no Distrito Federal está organizada em Secretarias de Estado da Segurança
Pública ou Secretarias de Estado de Defesa Social, sendo as mesmas subordinadas
aos seus respectivos comandos e aos Governadores (MATOS, 2013).
A atuação da segurança pública no Brasil é feita por seus órgãos policiais,
eles atuam tanto na prevenção para que se possa impedir o crime, quanto na
repressão aos infratores das leis penais, sendo essa ação vinculada diretamente ao
direito penal e ao direito processual penal ao mesmo tempo em que se dialogam
com questões de política criminal, os princípios Constitucionais que dão o norte a
essas ações para que se legitime a tutela da liberdade do cidadão pelo Estado
(MATOS, 2013).
No entanto, embora a Constituição Federal Brasileira sinalizar de forma clara
que o Estado só é legitimo, quando ele tem como prioridade a guarda dos interesses
públicos e dos princípios que norteiam a normalidade constitucional de um estado de
direito, há um consenso no sentido de que algumas vezes prevalece o despreparo
daqueles que deveriam proteger o cidadão. A segurança pública, por seus órgãos e
instituições quando postos como instrumentos protetores e garantidores do pleno
exercício pelos cidadãos dos ideais democráticos deve reafirmar a essência dos
princípios e postulados na Constituição Federal impondo limites a atuação do poder
estatal, situando o judiciário como instância recursal para refrear eventuais abusos e
arbítrios cometidos pelos detentores transitórios do poder. (MATOS, 2013).
Apesar de haver constantes propostas de mudança, não se pode cair na
compreensão errônea que elas são suficientes, pois geralmente elas foram
realizadas de forma fragmentada sem uma unidade capaz de garantir um mínimo de
segurança jurídica e coerência interna (KOERNER, 2000).
As instituições públicas que são responsáveis por prover justiça criminal e
segurança, bem como garantir os direitos fazem o seu trabalho, mas fazem isso
quase sem nenhuma coordenação e articulação. Cada uma atua em uma direção e
sem convergência de metas e de processos; sem que uma política criminal baseada
nos comandos constitucionais citados seja efetivamente implementada
(CERQUEIRA, 2018).
Criam-se novos delitos e novas regras de criminalização, aparecem novos
procedimentos tudo na tentativa de recuperar a legitimidade perdida frente a uma
realidade social que cada vez mais foge ao controle dos mecanismos institucionais
de controle penal (AZEVEDO, 2003).
Pois, o que se percebe com relação ao sistema prisional, é um histórico de
descaso por parte do Estado, o encarceramento de pessoas nas prisões brasileiras
impossibilita a satisfação de qualquer finalidade a que a pena manifestamente se
destine ao mesmo tempo em que inviabiliza a garantia da segurança na sociedade
como um todo. Muito distante do propósito de reinserir socialmente, as prisões têm
contribuído para o aumento das taxas de criminalidade (AZEVEDO, 2008).
A falta de uma legislação que esteja de acordo com a situação real das
instituições que fazem parte da Segurança Pública e da ação do estado em diminuir
a desigualdade social no intuito de combater as consequências da politica do Estado
neoliberal que é implantado para atender aos ditames do mercado promovendo a
precarização das formas de trabalho fazendo com que aumente a pobreza e a
insegurança na sociedade (CARVALHO, 2011).
Além disso, as investigações empíricas sobre o perfil da magistratura e da
atividade judicial mostraram que as decisões judiciais são influenciadas por uma
série de variáveis, como a situação e a ideologia política, a formação e a posição na
hierarquia social e profissional dos magistrados existindo no Brasil uma dupla
seletividade na atividade judiciária, principalmente na seletividade na aplicação da
lei, ela geralmente tem maior probabilidade de punição para os setores sociais
desfavorecidos econômica e culturalmente e favorece as classes superiores
(AZEVEDO, 2008).
Assim, apesar dos avanços na legislação infraconstitucional brasileira como a
ampliação e a restrição dos direitos e garantias no país como as transformações no
papel do Ministério Público em direitos difusos e coletivos, mudanças também no
papel dos tribunais superiores, mudanças na composição das carreiras jurídicas,
reformas no acesso à Justiça, as mudanças e os avanços no Brasil ocorreram mais
na economia e nas áreas de política social, a transição democrática da ditadura para
democracia culminada com a Constituição de 1988 não propiciou reformas
profundas e necessárias nas polícias, na justiça criminal e nas prisões, manteve-se
arquiteturas institucionais, funções constitucionais e culturas organizacionais
baseadas na ação violenta e discricionária do Estado não havendo consenso com a
referência moral do sistema penal baseado na defesa da vida, como é estabelecido
na Constituição Federal (LIMA; SINHORRETO; BUENO, 2015).
Criou-se no Brasil um Estado para os pobres com menos assistência e mais
controle e vigilância e um Estado para os ricos, que possibilita menos controle sobre
a reprodução econômica. As necessidades sociais geradas pela contradição capital
trabalho, impulsionaram ações e políticas que criaram formas de penalização
direcionadas a sujeitos diferenciados (CARVALHO, 2011).
Assim, pode-se dizer que a Constituição Federal de 1988 representou um
avançou na sinalização de um novo conceito sobre segurança pública, mas faltaram
reformas significativas na legislação penal e na gestão policial como a abolição da
prisão correcional e a completa judicialização de todas as modalidades de prisão,
retirando da discricionariedade policial a prisão administrativa. No entanto, os
avanços têm ocorrido de forma lenta e tem-se mostrado insuficientes para reduzir a
violência urbana (LIMA, BUENO, MINGARDI, 2016).

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Este trabalho teve como objetivo investigar a realidade e possibilidades no


que tange ao funcionamento da Segurança Pública no contexto brasileiro e ao
analisar a questão da Segurança Pública no Brasil foi possível compreender que a
questão é muito mais ampla do que apenas aumentar o aparato policial mudar as
leis, enraizada na questão da desigualdade social e econômica, a violência muitas
vezes é reproduzida das mais diversas formas na sociedade atual.
Também se concluiu que a falta de trabalho preventivo por meio de ações que
possam diminuir a desigualdade social contribuiu para tornar a sociedade cada vez
mais hostil com outro, a ponto de se criminalizar a miséria e a pobreza como culpa
pelo aumento da violência.
Também foi possível constatar que a Segurança Pública no Brasil passou por
algumas reformas desde a promulgação da Constituição Federal de 1988, mas a
falta de reformas significativas na legislação penal e na gestão policial tem-se
mostrado insuficientes para reduzir a violência urbana, sendo necessária a
articulação entre governo, instituições que compõem a Segurança Pública no Brasil
e a sociedade em geral para a redução da violência e o aumento da sensação de
segurança no país.
Por fim, conclui-se este artigo, esperando que ele possa a vir a colaborar com
os estudos já desenvolvidos sobre o tema, pois uma das finalidades de sua
realização foi colaborar para o debate sobre a atuação do governo no que diz
respeito a garantir a eficiência da Segurança Pública no Brasil.

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