Sei sulla pagina 1di 399

XXIII SINPGeo

XXII Simpósio Interno da Pós-Graduação em Geografia – IESA/UFG

Anais

Jéssica Soares de Freitas


Rodrigo Lima Santos
(Editores)

Goiânia-Go
2018
Anais do XXIII Simpósio Interno da Pós-Graduação em Geografia – IESA/UFG

Universidade Federal de Goiás


Instituto de Estudos Socioambientais

Goiânia-GO
02 a 04 de maio de 2018

Realização

Programa de Pós-Graduação em Geografia

Direção do IESA Jéssyca Tomaz de Carvalho


Celene Cunha Monteiro Antunes Matheus Bueno Siqueira Moura
Barreira – Diretora Rodrigo Lima Santos
Vanilton Camilo de Souza – Vicediretor Rodrigo Rodrigues Freire Gomes

Coordenação do PPGeo
Eliana Marta B. de Morais –
Coordenadora Comissão Científica
Gislaine Cristina Luiz – Vicecoordenadora Alex Mota dos Santos
Atamis Antonio Foschiera
Comissão Organizadora Denis Castilho
Eguimar Chaveiro
Docentes Eliana Marta Barbosa de Morais
Fabrizia Gioppo Nunes
Denis Richter
Guilherme Tatson Bueno
Karla Maria Silva de Faria
João Batista de Deus
Maria Geralda de Almeida Karla A. Teixeira de Oliveira
Luciana Tibiriçá
Luis Felipe Cherem
Discentes Márcio Zancopé
Carlos Roberto Bernardes de Souza Júnior Mary Anne Vieira Silva
David de Abreu Alves Maximiliano Bayer
Jéssica Soares de Freitas Silas Pereira Trindade
Vinícius Polzin Druciaki

Apoio
ANAIS do XXIII Seminário Interno da Pós-Graduação em Geografia-IESA/UFG
(SINPGeo)

Jéssica Soares de Freitas


Rodrigo Lima Santos
(Editores)

Arte

Matheus Bueno Siqueira Moura

Diagramação

Jéssica Soares de Freitas


Rodrigo Lima Santos

Como citar este documento

Anais no todo

XXIII SEMINÁRIO INTERNO DA PÓS GRADUAÇÃO EM GEOGRAFIA –


IESA/UFG, 23., 2018. Goiânia. Anais... Goiânia: UFG, 2018, 401p.

Trabalho publicado

SOBRENOME, PRENOME abreviado. Título: subtítulo (se houver). In.: XXIII


SEMINÁRIO INTERNO DA PÓS GRADUAÇÃO EM GEOGRAFIA – IESA/UFG, 23.,
2018. Goiânia. Anais... Goiânia: UFG, 2017, p.inicial-final.
SUMÁRIO

ANÁLISE AMBIENTAL E TRATAMENTO DA INFORMAÇÃO


GEOGRÁFICA ................................................................................................... 10

AÇÕES DE GEOCONSERVAÇÃO NO MUNICÍPIO DE PARAÚNA/GOIÁS .............. 11


Bruno Martins Ferreira

PROPOSTA METODOLÓGICA PARA ENFRENTAR A ESCASSEZ HÍDRICA EM


BACIAS HIDROGRÁFICAS DE ABASTECIMENTO URBANO: UMA ANÁLISE
COMPARATIVA ENTRE DUAS BACIAS HIDROGRÁFICAS VISANDO A
SEGURANÇA HÍDRICA DA CIDADE DE IPORÁ (GO) .................................................. 20
Derick Martins Borges de Moura

ANÁLISE DO ÍNDICE DE BEM-ESTAR URBANO APLICADO A REGIÃO


METROPOLITANA DE GOIÂNIA ....................................................................................... 28
Gislaine de Oliveira O Lopes

DINÂMICA ESPAÇO-TEMPORAL DO DESMATAMENTO NO NORDESTE GOIANO:


EFICIÊNCIA DOS ENTES FEDERATIVOS FRENTE À DESCENTRALIZAÇÃO E
IMPLICAÇÕES À MANUTENÇÃO DO PATRIMÔNIO AMBIENTAL ......................... 36
Helen de Fátima Ribeiro

TEMPO METEOROLÓGICO E RITMO CLIMÁTICO: EFEITOS SOBRE A MORBIDADE


E A MORTALIDADE CAUSADAS POR DOENÇAS CARDIOVASCULARES NO
MUNICÍPIO DE GOIÂNIA – GO .......................................................................................... 45
Hérika Silva Vasques

ANÁLISE COMPARATIVA DA FRAGILIDADE AMBIENTAL COM APLICAÇÃO DE


DOIS MODELOS NA BACIA DO RIBEIRÃO ANICUNS, GOIÂNIA-GO ..................... 53
Igor Brandão de Lucena

A PAISAGEM E A GEODIVERSIDADE: UMA PROPOSTA DE CLASSIFICAÇÃO


PATRIMÔNIAL DA GEODIVERSIDADE ........................................................................... 61
Jefferson Paulo Ribeiro Soares

ANÁLISE ESPACIAL DA DISTRIBUIÇÃO E GÊNESE DOS CAMPOS DE MURUNDUS


DA CHAPADA UBERABA-UBERLÂNDIA ........................................................................ 69
Jepherson Correia Sales

A EVOLUÇÃO DOS FOCOS EROSIVOS LINEARES EM GOIÂNIA DE 1992 A 2016:


DISTRIBUIÇÃO E RELAÇÃO COM A EXPANSÃO DE LOTEAMENTOS E BAIRROS......... 80
Lizandra Ribeiro Cavalcante
EVOLUÇÃO DO USO DA TERRA NA CHAPADA ENTRE UBERLÂNDIA E
UBERABA-MG NO PERÍODO DE 1987 A 2017 E IMPACTOS AMBIENTAIS NAS
ÁREAS ÚMIDAS DE VEREDAS E CAMPOS DE MURUNDUS ...................................... 89
Marcelo Cardoso Monteiro

OS IMPACTOS CAUSADOS NA SAÚDE DA POPULAÇÃO QUE HABITA PRÓXIMO ÀS


LINHAS E POSTES DE TRANSMISSÃO DE ENERGIA ELÉTRICA DE ALTA TENSÃO:
ESTUDO DE CASO NO MUNICÍPIO DE MONTES CLAROS/MG............................................... 98
Mônica Oliveira Alves Silva

CARTOGRAFIA DE PAISAGEM TURÍSTICA DO CERRADO GOIANO: CASO DE SÃO


DOMINGOS ............................................................................................................................ 107
Paulo Roberto Ferreira de Aguiar Jr.

AVALIAÇÃO DE SISTEMAS IMAGEADORES ACOPLADOS EM VEÍCULO AEREO


NÃO TRIPULADO NO MONITORAMENTO DE CULTIVOS NO BIOMACERRADO,
MATO GROSSO ..................................................................................................................... 115
Roberto Nunes Vianconi Souto

A GEOECOLOGIA COMO SUBSÍDIO A ANÁLISE DAS INTER-RELAÇÕES


SOCIEDADE/NATUREZA: O CASO DA BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO
TOCANTINZINHO – GO ..................................................................................................... 124
Rosane Borges de Oliveira

DINÂMICA SOCIOESPACIAL ..................................................................... 133

LUGARES DE MEMÓRIA: O BANDO DOS MARCELINOS NO CONTEXTO DO


CANGAÇO EM BARBALHA – CE ..................................................................................... 134
Ana Paula Rodrigues da Costa

SOCIOBIODIVERSIDADE DO CERRADO: A RESERVA EXTRATIVISTA LAGO DO


CEDRO..................................................................................................................................... 143
Bruno Augusto de Souza

A FLECHA DA CANETA: A REPRESENTAÇÃO DE NATUREZA EM DANIEL


MUNDURUKU NO O SABEDORIA DAS ÁGUAS – A LITERATURA INDÍGENA EM
QUESTÃO ............................................................................................................................... 150
Damiana Pereira de Sousa

MODERNIZAÇÃO DA MINERAÇÃO EM GOIÁS E OS EFEITOS TERRITORIAIS DA


ORINOCO GOLD LIMITED NO MUNICÍPIO DE FAINA/GO...................................... 159
Edgar da Silva Oliveira

GEOGRAFIA HISTÓRICA E PENTECOSTALISMO: IMPLANTAÇÃO E EXPANSÃO


DAS ASSEMBLEIAS DE DEUS NO BRASIL (1911-1946) ................................................ 167
Eunice de Oliveira Rios
ASSENTAMENTOS HORIZONTAIS FECHADOS; O QUE ATRAI ESTES
EMPREENDIMENTOS IMOBILIÁRIOS À CAPITAL GOIANA? .................................. 175
Gabriela Vilela de Sousa

COMPLEMENTARIDADES E COMPETITIVIDADES NA REDE URBANA DO OESTE


BAIANO NO INÍCIO DO SÉCULO XXI............................................................................. 181
Iann Dellano da Silva Santos

A PESSOA COM DEFICIÊNCIA FÍSICA E A APROPRIAÇÃO DOS ESPAÇOS NA


MICRORREGIÃO DO VÃO DO PARANÃ-GOIÁS/ BRASIL ......................................... 190
Jamylle Lorrane Silva Passos

PERSPECTIVAS DA PAISAGEM NA GEOGRAFIA CULTURAL: TRANSIÇÕES E


TENSÕES NA PÓS-MODERNIDADE ................................................................................ 199
Jéssica Soares de Freitas

O CONCEITO DE AGRONEGÓCIO: ANÁLISE DOS EFEITOS SOCIOAMBIENTAIS


DO MODELO AGRÍCOLA HEGEMÔNICO NOS CERRADOS..................................... 207
Jéssyca Tomaz de Carvalho

A CADEIA PRODUTIVA DO MILHO NO SUDOESTE DE GOIÁS : UM OLHAR


VOLTADO À BRF (BRASIL FOODS S.A)........................................................................... 213
João Marques de Souza Neto

CICLOMOBILIDADE: UMA ALTERNATIVA PARA A MOBILIDADE URBANA EM


GOIÂNIA ................................................................................................................................ 222
João Paulo Fonseca Peres

INSTRUMENTOS DE CONTROLE E GESTÃO SOCIAL, NO TERRITÓRIO DE


CIDADANIA CHAPADA DOS VEADEIROS – GO: TERRITORIALIDADES;
IDENTIDADE E RESISTÊNCIAS ........................................................................................ 230
Jodat Fernandes Jawabri

APA DAS NASCENTES DO RIO VERMELHO- EMPREENDEDORISMO TURÍSTICO:


LIMITES E POTENCIALIDADES DAS ATIVIDADES TURÍSTICAS ....................................237
Josias José da Silva Júnior

TERRA, ÁGUA, SUBSOLO: OS EFEITOS SOCIOESPACIAIS DA MINERAÇÃO E DO


AGRONEGÓCIO NO QUILOMBO CAFUNDÓ/BRASIL E NO PALENQUE LA
CLORIA/COLÔMBIA ............................................................................................................ 237
Lucas Bento da Silva

ESPAÇO E LUGAR: A MORADIA NOS DISTRITOS DE COLÔNIA DE UVÁ E


BUENOLÂNDIA NA CIDADE DE GOIÁS/GO ................................................................ 255
Luciana Helena Alves da Silva
TERRITÓRIO EM DISPUTA? - UMA ANÁLISE GEOGRÁFICA SOBRE A PÓS-
GRADUAÇÃO DA UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS ......................................... 264
Mariza Fernandes

AGRICULTURA URBANA EM GOIÂNIA (GO): RESISTÊNCIA DAS RURALIDADES


E RURALIDADES DE RESISTÊNCIA................................................................................. 275
Raphael Pereira de Oliveira Sousa

METAMORFOSES OU ALOMORFIAS AGRÁRIAS? TRANSFORMAÇÕES


SOCIOESPACIAIS DECORRENTES DA ADESÃO DE “AGRICULTORES
FAMILIARES” AO COMPLEXO AGROINDUSTRIAL DA SOJICULTURA................ 283
Rodrigo Gonçalves de Souza

O PLANEJAMENTO URBANO EM CIDADES DE PORTE MÉDIO PERTECENTES À


REGIÕES METROPOLITANAS: ANÁLISE DE TRINDADE-GO .................................. 291
Wildes Jesus Rodrigues

ENSINO-APRENDIZAGEM DE GEOGRAFIA .......................................... 298

O ENSINO DA VEGETAÇÃO NA GEOGRAFIA ESCOLAR EM ESCOLAS ESTADUAIS


DO ENSINO FUNDAMENTAL DE INHUMAS – GO ..................................................... 299
Clara Lúcia Francisca de Souza

O CONCEITO DE AMBIENTE NOS TRABALHOS DE CAMPO: APONTAMENTOS


PARA A GEOGRAFIA ESCOLAR....................................................................................... 308
Domitila Theil Radtke

O MAPA MENTAL NO ESNINO DE GEOGRAFIA: UMA METODOLOGIA DE


PRODUÇÃO E REPRESENTAÇÃO DO RACIOCÍNIO GEOGRÁFICO DO ALUNO DO
ENSINO MÉDIO .................................................................................................................... 320
Gabriella Goulart Silva

A FORMAÇAO PROFISSIONAL CONTINUADA E O ENSINO DE GEOGRAFIA EM


UMA PERSPECTIVA HISTÓRICO CULTURAL .............................................................. 328
Ismael Donizete C. de Moraes

AS BASES TEÓRICO-METODOLÓGICAS PARA ENSINO DO CONTEÚDO DE


CLIMA DOS PROFESSORES INICIANTES DE GEOGRAFIA ....................................... 338
Izabelle de Cássia Chaves Galvão

A GEOTECNOLOGIA NO ENSINO DE GEOGRAFIA: UM RECURSO DIDÁTICO NOS


PROCESSOS DE APRENDIZAGEM SOBRE O USO DO SOLO URBANO .................. 348
Keila Alves de Campos Nunes
CONHECIMENTOS GEOGRÁFICOS DO CLIMA E PRÁTICAS DOCENTES DE
PROFESSORES PEDAGOGOS NO ENSINO FUNDAMENTAL: DESAFIOS E
PERSPECTIVAS DE SUPERAÇÃO NA REDE MUNICIPAL DE CÁCERES-MT ........ 357
Leandro dos Santos

O PROFESSOR DE GEOGRAFIA DO ENSINO MÉDIO E ORIENTAÇÕES


CURRICULARES: O CONTEÚDO GEOPOLÍTICA NAS PROPOSTAS RECENTES...........366
Leovan Alves dos Santos

LINGUAGEM CARTOGRÁFICA E HISTÓRIAS INFANTIS: A CONSTRUÇÃO DOS


SABERES GEOGRÁFICOS DOS ALUNOS NOS ANOS INICIAIS DO ENSINO
FUNDAMENTAL .................................................................................................................. 374
Luana Maria Xavier Silva

O OLHAR GEOGRÁFICO NA FORMAÇÃO DO ARQUITETO URBANISTA: UMA


PROPOSTA DE ANÁLISE NO ESPAÇO EDUCATIVO ESCOLAR URBANO ............ 382
Raquel de Albuquerque Franco Ramos de Castro

FORMAÇÃO DE PROFESSORES INDÍGENAS: A CONSTRUÇÃO DA IDENTIDADE


DOCENTE DO PROFESSOR A’UWE UPTAB NO CONTEXTO CONTEMPORÂNEO
391
Sebastião Ferreira de Souza
Análise Ambiental e Tratamento da Informação Geográfica
AÇÕES DE GEOCONSERVAÇÃO NO MUNICÍPIO DE PARAÚNA/GOIÁS
Bruno Martins Ferreira
Doutorado

Palavras-Chave: Geodiversidade, geoconservação, educação, Paraúna

INTRODUÇÃO

As pesquisas sobre geodiversidade, geoconservação e geoturismo no Brasil são

relativamente recentes. A partir da década de 1990, pesquisadores preocupam-se com o

estudo e a análise desta linha que, primordialmente, envolve diversas áreas, como

Geografia, Geologia, Geomorfologia, Arqueologia, História, Turismo, entre outros. Pela

Geografia, podem-se compreender as relações entre o meio físico natural e as sociedades.

A Geografia física, por meio de estudos das paisagens e da análise ambiental,

contribui a partir de teorias geográficas relativas à paisagem, em especial, a visão

geossistêmica. Destaca-se, ainda, a necessidade de um planejamento e um ordenamento

territorial para gerir as atividades de proteção e conservação do patrimônio geológico.

A geodiversidade consiste na variedade de paisagens, ambientes geológicos,

rochas, solos, fósseis, minerais e outros depósitos superficiais que dão suporte à vida na

Terra. A conservação da geodiversidade é uma temática que tem tido um crescente

interesse nas últimas décadas. Nesse sentido, caracteriza-se a geoconservação como uso

consciente e a proteção dos recursos relacionados à geodiversidade.

A geoconservação é um dos mecanismos essenciais para preservar e conservar o

meio ambiente, principalmente áreas ricas em geodiversidade. Nesse sentido, a

educação, o turismo e o ordenamento territorial são ferramentas relevantes no âmbito

da geoconservação.

O presente trabalho adotará como área de estudo o município de Paraúna, em

Goiás, tendo em vista que se destaca pelos diversos elementos pertencentes à

geodiversidade, como afloramentos de rochas, minerais, serras, vales, cavernas e outros.

11
O município de Paraúna, em Goiás, pertence à Mesorregião do Sul Goiano e à

Microrregião do Vale do Rio dos Bois. Nota-se que nessa região há aspectos que

contribuem com o turismo: localiza-se a 160 km de Goiânia, possui rodovias

pavimentadas e, principalmente, atrativos naturais, como a Ponte Pedra e o Parque

Estadual de Paraúna.

O Parque Estadual de Paraúna (PEPa) foi criado pelo Decreto-lei nº 5.568, de 18

de março de 2002. Segundo essa Lei, o PEPa possui uma área aproximada de 3.250

hectares, onde estão localizadas as Serras das Galés e da Portaria, em altitudes que

variam de 690 a 890 metros.

O presente trabalho visa aplicar as estratégias de geoconservação no patrimônio

geológico do município de Paraúna, por meio de inventariação, quantificação do valor,

conservação e divulgação. Tais ferramentas são essenciais para proteger e conservar os

sítios no âmbito de conservá-los para que as futuras gerações também possam ter acesso

a esses elementos naturais.

Este trabalho se torna importante devido ao descaso dos patrimônios geológicos

brasileiros, em especial o goiano. Foram desenvolvidas poucas pesquisas em relação à

geodiversidade no estado de Goiás. O município de Paraúna tem um imenso potencial

turístico, porém, não tão divulgado à população.

OBJETIVOS:

Objetivo geral: Esta pesquisa tem como objetivo desenvolver estratégias de

geoconservação para o município de Paraúna, em Goiás, por meio, da realização de

inventário, quantificação, valorização e divulgação da geodiversidade. Além disso,

propõem-se ações educativas em sítios com maior valor educacional.

Objetivos específicos:

• Identificar e inventariar os geossítios no município de Paraúna.

12
• Avaliar quantitativamente os geossítios identificados.

• Mapear e contabilizar o patrimônio geológico na região estudada.

• Propor meios para a valorização e a divulgação dos geossítios.

• Desenvolver ações educativas no sítio com maior potencial de uso educacional.

METODOLOGIA

Para concretizar os objetivos deste trabalho, elaborou-se um procedimento

metodológico para nortear a pesquisa.

O processo de identificação e inventariação, quantificação e classificação dos

geossítios serão baseados na metodologia exposta na plataforma virtual da CPRM o

Geossit.

Levantamento bibliográfico: esta etapa consistirá na revisão bibliográfica de

livros, artigos publicados em periódicos e anais de congressos e sites nacionais e

internacionais sobre temas relativos à geoconservação, ao patrimônio geológico, ao

geoturismo. Além dos aspectos teóricos, a pesquisa bibliográfica incluirá também uma

discussão sobre as ferramentas que dão suporte à geoconservação e aos geossítios.

Em relação à bibliografia selecionada sobre o município de Paraúna, serão

utilizados trabalhos voltados para a área física e trabalhos relacionados aos aspectos

históricos e culturais que enfatizam a importância da área estudada.

Identificação e inventário dos geossítios: já foram inventariados doze geossítios na

porção norte do município. Ademais, serão inventariados geossítios na porção central e

sul. Brilha (2005) aborda que a inventariação é o primeiro passo a ser feito para

identificar o geossítio. Deve ser realizada de forma sistemática em toda área de estudo,

depois de um reconhecimento.

Quantificação do valor: Após a inventariação, cada sítio passará pelo processo de

quantificação do seu valor ou relevância. Brilha (2005, p. 93) afirma que “o cálculo da

13
relevância deve integrar critérios que tenham em conta as características intrínsecas de

cada geossítio, o seu uso potencial e o nível de proteção necessário”.

Classificação dos geossítios: nessa fase, cada geossítio será classificado entre

nacional, regional, local e municipal. Brilha (2005, p. 103) relata que “em virtude do

processo de classificação para os geossítios de âmbito nacional, regional e local ser muito

moroso, sugere-se que os geossítios de assinalável relevância sejam classificados, antes

de mais, pela respectiva autarquia”. Nesse sentido, serão classificados seguindo a

organização de nível dimensional.

Divulgação e ações educativas nos sítios com maior valor educativo. Essa etapa

consistirá em ações de divulgação para demonstrar a importância dos sítios à sociedade.

Serão realizadas palestras para os alunos das escolas de Paraúna; visitas educativas aos

geossitios; aplicação de jogo didático; elaboração e divulgação de panfletos.

Avaliação e elaboração da redação final da tese. A última etapa consistirá na

avaliação do potencial do patrimônio geológico e geomorfológico do município de

Paraúna e a redação do relatório final da tese.

REFERENCIAL TEÓRICO

A partir da década de 1990, o termo “geodiversidade” vem sendo utilizado por

geólogos e geógrafos no intuito de descrever a variedade do meio abiótico. Essa

terminologia surgiu no Reino Unido, durante a Conferência de Malven sobre

Conservação Geológica e Paisagística, realizada em 1993 (BRILHA, 2005). Nessa ocasião,

Sharples (1993 apud NASCIMENTO; SCHOBBENHAUS; MEDINA, 2008) caracterizou

a geodiversidade como a diversidade de características, assembleias, sistemas e

processos geológicos (relacionados ao substrato), geomorfológicos (formas da paisagem)

e do solo.

14
As discussões acerca dessa temática envolvem também a valoração da

geodiversidade, que pode ter os seguintes valores: intrínseco, cultural, estético,

econômico, funcional, científico e educativo.

A geodiversidade abarca, no seu conjunto, a conceituação de geossítios e

patrimônio geológico. Segundo Brilha (2005, p. 52), o termo geossítio pode ser definido

como “ocorrência de um ou mais elementos da geodiversidade (aflorantes, quer em

resultado da ação de processos naturais, quer devido à intervenção do homem), bem

delimitado geograficamente e que apresente valor singular do ponto de vista científico,

pedagógico, cultural, turístico, ou outro.”.

Para Brilha (2005), o patrimônio geológico é entendido como o conjunto de

geossítios inventariados e caracterizados numa determinada área ou região e que

“integra todos os elementos notáveis que constituem a geodiversidade, incluindo o

patrimônio paleontológico, o patrimônio mineralógico, o patrimônio geomorfológico, o

patrimônio hidrogeológico entre outros”.

Munoz (1988) define patrimônio geológico como constituído por georrecursos

naturais, que são aqueles não renováveis de índole cultural, que contribuem para o

reconhecimento e a interpretação dos processos que modelaram o Planeta Terra e que

podem ser caracterizados de acordo com seu valor (científico, didático), com sua

utilidade (científica, pedagógica, museológica, turística) e com sua relevância (local,

regional, nacional e internacional).

Nascimento, Azevedo e Mantesso-Neto (2008) consideram a diversidade de tipos

de patrimônios geológicos diferenciando-os em: patrimônio geomorfológico (formas de

relevo); patrimônio paleontológico (registros fósseis); patrimônio espeleológico

(cavernas); e patrimônio mineiro (minas).

A geoconservação é um mecanismo essencial na conservação do meio ambiente.

Sharples (2002) explica que a geoconservação visa à preservação da diversidade natural

(ou geodiversidade) de significativos aspectos e processos geológicos (substrato),

15
geomorfológicos (formas de paisagem) e de solo, pela manutenção da evolução natural

desses aspectos e processos.

De acordo com Nascimento, Ruchkys e Mantesso-Neto (2008), os principais

objetivos da geoconservação são: conservar e assegurar a manutenção da

geodiversidade; proteger e manter a integridade dos locais com relevância em termos de

geoconservação; minimizar os impactos adversos dos locais importantes em termos de

geoconservação; interpretar a geodiversidade para os visitantes de áreas protegidas;

contribuir para a manutenção da biodiversidade e dos processos ecológicos dependentes

da geodiversidade.

Brilha (2005) explica que a geoconservação, em sentido amplo, tem como objetivo

a utilização e a gestão sustentável de toda a geodiversidade, englobando todos os tipos

de recursos geológicos. O autor ressalta, também, os aspectos emocionais e estéticos

ligados à geodiversidade, além de colocar que a educação, o ordenamento territorial e a

ciência são elementos fundamentais para compor a geoconservação

Mansur (2010) aborda que no Brasil existe um arcabouço legal apropriado à

geoconservação, porém, ainda há pouco entendimento em relação à importância da

preservação de sítios, e de sua singularidade geológica, pela população e pelos

governantes.

Nascimento, Mansur e Moreira (2015) definem algumas ferramentas para

alcançar a geoconservação, dentre elas estão: inventário, quantificação de valor,

identificação de vulnerabilidade, proteção legal, divulgação, conservação e

monitoramento dos sítios.

Brilha, Dias e Pereira (2006) afirmam que incentivando a comunidade local, no

âmbito de entender os geossitios com fins pedagógicos, colaborará com o processo de

ensino aprendizagem da geologia. Assim, ao compreender a abordagem das temáticas

físico naturais na geoconservação, provocará nos sujeitos uma sensibilidade em relação

16
a essas temáticas, impulsionando-os na necessidade da conservação do patrimônio

geológico.

Brilha (2005) aborda que a geoconservação deve estabelecer ligações próximas

com todas as estratégias educativas de caráter formal, não formal e informal. Por meio

da educação a humanidade desperta e se conscientiza para as questões ambientais.

Na educação básica brasileira, o ensino de geologia está vinculado à disciplina

de Geografia e Ciências. Tanto os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs) e os

currículos estaduais relatam conteúdos como relevo, solo, rochas, clima na grade

curricular da Geografia. Para se trabalhar, a conscientização da geoconservação em sala

de aula e necessário envolver conceitos da geomorfologia, geologia e pedologia. Tais,

conteúdos abordados pela Geografia escolar, visam construir conceitos geográficos por

meio das ações cotidianas dos alunos.

REFERÊNCIAS

BRILHA, J. B. R. Patrimônio geológico e geoconservação: a conservação da natureza


na sua vertente geológica. Lisboa: Editora Palimage, 2005. 190 p.

BRILHA, J.; DIAS, G.; PEREIRA, D. A geoconservação e o ensino/aprendizagem da


Geologia. Simpósio Ibérico do Ensino da Geologia, Simpósio sobre Enseñanza de la
Geologia, XIV, Curso de Actualização de Professores de Geociências, XXVI,
Universidade de Aveiro, 2006. Resumo... Universidade de Aveiro, 2006. p. 445-448.

MANSUR, Kátia Leite. Diretrizes para Geoconservação do Patrimônio Geológico do


Estado do Rio de Janeiro: o caso do Domínio Tectônico Cabo Frio. 2010. Tese
(Doutorado) – Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2010.

MUNOZ, E. Georrecursos culturales, geologia ambiental. Madrid: ITGE, 1988. p. 85-


100.

NASCIMENTO, M.; AZEVEDO, Ú. R.; MANTESSO-NETO, V. Geodiversidade,


geoconservação e geoturismo: trinômio importante para a conservação do patrimônio
geológico. Rio de Janeiro: edição SBGeo, 2008.

17
NASCIMENTO, M. A. L.; MANSUR, K. L.; MOREIRA, J. C. Bases conceituais para
entender geodiversidade, patrimônio geológico, geoconservação e geoturismo. Revista
Equador, Terezina, v. 4, n. 3, p. 48-68, 2015.

NASCIMENTO, M. A. L.; SCHOBBENHAUS, C.; MEDINA, A. I. M. Patrimônio


geológico: turismo sustentável. In: Geodiversidade do Brasil. Rio de Janeiro: CPRM,
2008. p. 147-162.

NASCIMENTO, M. A. L.; RUCHKYS, Ú. A.; MANTESSO-NETO, V. Geodiversidade,


geoconservação e geoturismo: trinômio importante para a proteção do patrimônio
geológico. São Paulo: Sociedade Brasileira de Geologia, 2008. 86p.

SHARPLES, C. Concepts and principles of geoconservacion. Documento em PDF


disponibilizado na Tasmanian Parks &Wildlife Service website, 2002. Disponível em:
<http://www.parks.tas.gov.au/geo/conprin/de fine.html>. Acesso em: 15 jul. 2016.

MODELO DE SUMÁRIO

INTRODUÇÃO.

CAPÍTULO I. Principais conceitos da Geodiversidade.

• Geodiversidade
• Geoconservação
• Geoturismo
• Patrimônio geológico
• Metodologias brasileiras e internacionais de inventariação e valoração de sitios.

(Neste capitulo, serão abordados os principais conceitos trabalhados em relação à


temática).

CAPÍTULO II. Metodologia: Procedimentos metodológicos.

(Já neste capitulo, será relatada a metodologia e os procedimentos metodológicos


utilizados na pesquisa).

CAPÍTULO III. Geoeducação.

• Principais conceitos de geoeducação voltados a geodiversidade.


• Exemplos de ações educativas desenvolvidas no Brasil e no mundo.

(Discutirá os conceitos da geoeducação, e exemplos de ações educativas).

CAPÍTULO IV. Caracterização da área de estudo; análise dos aspectos naturais, sociais,
culturais e políticos do município.

18
• Geologia
• Geomorfologia
• Solos
• Clima
• Vegetação
• Aspectos econômicos
• Aspectos culturais

(Abordará a caracterização física, social, cultural e politica do município).

CAPÍTULO V. Inventario e valoração: identificação e análise dos geossitios.

CAPÍTULO V. Ações educativas nos geossitios com maior valor educativo.

CONCLUSÕES.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.

19
PROPOSTA METODOLÓGICA PARA ENFRENTAR A ESCASSEZ
HÍDRICA EM BACIAS HIDROGRÁFICAS DE ABASTECIMENTO
URBANO: UMA ANÁLISE COMPARATIVA ENTRE DUAS BACIAS
HIDROGRÁFICAS VISANDO A SEGURANÇA HÍDRICA DA CIDADE DE
IPORÁ (GO)
Derick Martins Borges de Moura
Modalidade: Doutorado

Palavras chave: Escassez hídrica. Crise hídrica. Bacias hidrográficas. Segurança hídrica.

INTRODUÇÃO

No período de estiagem de 2017, diversas bacias hidrográficas de abastecimento

das cidades goianas passaram por situação de escassez hídrica, ocorrendo

desabastecimento da população. Dessa forma o principal problema da pesquisa é a atual

situação de crise hídrica que várias cidades do Estado de Goiás atravessa.

O governo do Estado de Goiás publicou o decreto nº 9.176, de 09 de março de

2018 que declara situação de emergência nas Bacias dos Rios Meia Ponte e João Leite,

prevendo situações de escassez hídrica nas bacias hidrográficas para o ano de 2018.

Desse modo a principal justificativa dessa pesquisa é contribuir para solucionar

o problema da crise hídrica com a elaboração de uma proposta metodológica para

enfrentamento da escassez hídrica em bacias hidrográficas de abastecimento urbano.

Nesse contexto temos a cidade de Iporá, cujo o abastecimento público de água

ocorre pela captação em um manancial de superfície, o Ribeirão Santo Antônio, que

passa próximo a zona urbana.

Segundo Moura et al. (2017), o problema de escassez dos recursos hídricos para

abastecimento da cidade de Iporá vem se manifestando com frequência devido ao

aumento populacional, gerando uma maior demanda e em contrapartida uma redução

na oferta, devido as degradações ambientais na fonte produtora.

20
A escolha das áreas de estudo foi motivada pela necessidade de se comparar as

características físicas e ambientais da Alta Bacia Hidrográfica do Ribeirão Santo Antônio,

que é a única bacia que abastece de água tratada e potável a cidade de Iporá com a Alta

Bacia Hidrográfica do Ribeirão Santa Marta, que poderá ser uma possível fonte de

captação de água para complementar no abastecimento da cidade em cenários futuros,

descobrindo qual das duas bacias possui uma disponibilidade hídrica maior e a relação

com a fisiografia das bacias. Os resultados das análises comparativas darão informações

do potencial hídrico de cada bacia e servirá de auxílio no caso de uma futura implantação

de captação complementar para suprir a demanda de cidade. A pesquisa será um

modelo que poderá ser desenvolvido em outras cidades.

A relevância deste estudo está em produzir e disponibilizar conhecimento sobre

a vazão do Ribeirão Santo Antônio nas proximidades do ponto de captação de água, e

do Ribeirão Santa Marta, no local onde seria uma futura captação, além de produzir e

disponibilizar mapeamentos das características físicas e ambientais das bacias, para

servir de subsídio ao planejamento e gestão.

Nesse contexto, essa pesquisa torna-se de fundamental importância pelas

informações que serão disponibilizadas e que poderão auxiliar em um planejamento

prévio para a escolha de fontes complementares para o abastecimento da cidade,

servindo como segurança hídrica para a população que utiliza esse recurso essencial a

vida, e ao bom funcionamento das atividades econômicas do município.

Essa pesquisa tem extrema importância por gerar informações que serão

imprescindíveis para a manutenção dos recursos hídricos em bacias hidrográficas de

abastecimento urbano, além de propor soluções para evitar o desabastecimento das

cidades. A pesquisa será uma espécie de manual para tomada de decisões que previnam

situações de crise de abastecimento hídrico das cidades.

21
OBJETIVOS

Objetivo Geral

Como objetivo geral a pesquisa propõe elaborar e aplicar uma proposta

metodológica para enfrentar a escassez hídrica em bacias hidrográficas de abastecimento

urbano, tendo como estudo de caso a cidade de Iporá (GO).

Objetivos Específicos

1. Mapear a fisiografia da paisagem nas bacias

2. Avaliar a disponibilidade hídrica no exutório das bacias

3. Comparar a oferta hídrica dos mananciais com a demanda da cidade

4. Analisar os aspectos morfométricos das bacias

5. Elaborar um protocolo síntese para escolha de fontes de captação de água para

abastecimento urbano

METODOLOGIA

A metodologia que será empregada fundamenta-se na análise ambiental

integrada da paisagem, sendo consideradas as influências sistêmicas de todos os fatores

que afetam a disponibilidade hídrica de bacias hidrográficas. Primeiramente serão

mapeados/inventariados todos os aspectos e fatores que condicionam a disponibilidade

hídrica nas bacias, para posterior análise e avaliação integrada.

Aquisição, manipulação e tratamento das informações geográficas

Para a aquisição das informações geográficas serão utilizados os bancos de dados

dos órgãos oficiais, como o IBGE, INPE, CPRM, DNPM, ANA, MMA, SIEG, UEG,

LAPIG, além de dados primários obtidos em campo. Serão utilizadas metodologias,

técnicas e procedimentos operacionais inovadores, dando preferência as fontes de dados

que serão adquiridos de forma gratuita e processados com o uso de softwares livres, com

22
o objetivo de minimizar os custos sem perder a qualidade. Para o geoprocessamento dos

dados será utilizado o Sistema de Informação Geográfica QGIS versão atual (2018).

O trabalho envolverá a elaboração ou compilação de diversas representações

cartográficas temáticas, como a compilação dos mapas hidrográfico, geológico,

pedológico e hidrogeológico; a elaboração dos mapas de delimitação das bacias

hidrográficas, além do altimétrico, do clinográfico e do mapa de uso e cobertura das

terras. Objetiva-se, ainda, a construção de uma representação de síntese, a partir do

cruzamento das temáticas indicadas, para se obter um mapa do potencial hídrico da

bacia.

Análise Morfométrica

Dentre os diversos parâmetros morfométricos descritos na literatura, serão

selecionados os que melhor retratam a infiltração/escoamento superficial da água das

chuvas, a ser abordados no presente trabalho haja vista analisar uma bacia de captação

de água para abastecimento hídrico da cidade. A análise morfométrica trará informações

sobre o potencial que as bacias possuem para escoamento superficial ou infiltração das

águas das chuvas.

Avaliação Pluviométrica Regional

Para a avaliação pluviométrica serão utilizados dados de chuva da estação

meteorológica da Agência nacional de Águas – ANA nº 165101 localizada em Iporá. Sua

operação foi iniciada em 1973. Serão obtidos dados históricos num intervalo de quarenta

e cinco anos, de 1974 a 2019, e no período da pesquisa, ou seja, de 2017 à 2020.

23
Medições de vazão

Para as medições de vazão será utilizado um medidor acústico doppler de vazão

- ADCP (Acoustic Doppler Current Profiler). Também será instalado réguas limnimétricas

nos pontos exutórios para monitoramento da vazão dos mananciais.

Análise comparativa entre a oferta e a demanda hídrica

Como metodologia para diagnosticar a potencialidade de um manancial atender

a demanda urbana de água, pode-se fazer a relação entre a disponibilidade e demanda

hídrica, que é uma comparação entre a vazão de oferta com a vazão de captação no

manancial. Nessa parte será feita a comparação da vazão de oferta dos mananciais com

a vazão de captação, representada apelo sistema de captação e abastecimento da

SANEAGO e pelos demais usuários presentes nas bacias.

Levantamento dos usuários dos recursos hídricos nas bacias hidrográficas

O levantamento será feito por meio de busca no sistema de outorga da SECIMA,

para verificação dos usuários de recursos hídricos outorgados a montante dos pontos

exutórios. Também será feito um levantamento por meio de geoprocessamento e

validação em campo para verificação das utilizações de recursos hídricos não

outorgadas.

Trabalhos de campo

Essa etapa envolverá o processo de reambulação, para validação dos

mapeamentos realizados e atualização ou correção de informações, como a toponímia,


os limites e tipologias de classes.

24
Referencial Teórico

Entre os referenciais teóricos utilizados para desenvolver a tese, serão utilizados

os autores das seguintes temáticas:

•Geologia: Alvarenga e Guimarães (1994), Penna et al. (1975), Figueredo (1972), Pimentel

e Fuck (1992).

•Geomorfologia: Ross (1994), Casseti (1991), Mamede et al. (1983), Latrubesse e Morato

(2006).

•Morfometria: Carvalho e Latrubesse (2004), Horton (1945), Tucci (1998), Christofoletti

(1974).

•Bacias hidrográficas: Tucci (1993), Vitte (2005), Strahler (1952).

•Geotecnologias: Rosa (2005), Instituto Mauro Borges de Estatísticas e Estudos

Socioeconômicos – IMB (2014), Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE

(2016), Instituto de Pesquisas Espaciais – INPE (2018).

•Geomorfologia fluvial: Christofoletti (1981), Stevaux e Latrubesse, (2017).

•Hidrologia: Tucci (2007), Tundisi (2008), Strahler (1952), Horton (1945).

•Hidrogeologia: Almeida (2006), Feitosa (2008).

•Climatologia: Köppen (1961), Convenção Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do

Clima – UNFCCC (2018), Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas – IPCC

(2001).

•Domínios morfoclimáticos/Bioma/Vegetação: Embrapa (1998), Ab’saber (2003).

•Hidrografia: Pfafstetter (1989), Strahler (1952), Horton (1945).

•Pedologia: Embrapa (1999), Sousa (2016), Salomão (1995), Emater (2016).

•Avaliação ambiental integrada de bacia hidrográfica: Tucci e Mendes (2006).

•Análise Integrada da Paisagem: Ross (2006), Christofoletti (1999), Crepani et al. (2001),

Bertrand (1971).

•Abastecimento de água para consumo humano: Heller e Padua (2006), Sistema Nacional de

Informações sobre Saneamento – SNIS (2014).

25
•Legislação sobre recursos hídricos: Política nacional de recursos hídricos, a Lei 9.433 (1997),

Política Estadual de Recursos Hídricos - Lei Estadual das Águas 13.123 (1997).

PLANO DE REDAÇÃO DETALHADO PRELIMINAR

1 Introdução (Nessa parte será feito uma explanação sobre a temática).


2 Fundamentação teórica (Nessa parte serão descritos e relacionados os conceitos
dos principais teóricos que discutiram sobre as temáticas relativas à pesquisa).
2.1 Paisagem como categoria de análise geográfica (Nessa parte está sendo
mencionado a paisagem como categoria de análise na pesquisa).
2.2 Bacia hidrográfica como unidade de estudo (Nessa parte está sendo
fundamentado a utilização de bacias hidrográficas como unidade de estudo).
2.3 Abastecimento de água para consumo humano (Nessa parte está sendo descritos
os referenciais teóricos sobre o abastecimento de água para o consumo humano).
2.4 Geotecnologias aplicadas aos recursos hídricos (Estão sendo fundamentados e
referenciados as ferramentas geotecnológicas aplicadas aos recursos hídricos).
2.5 Análise integrada da paisagem e de bacias hidrográficas (Está sendo
fundamentado pelos principais teóricos).
2.6 Legislação sobre recursos hídricos (Estão sendo citados os mecanismos legais
para a gestão dos recursos hídricos).
3 Metodologia
3.1 Caracterização das áreas de estudo (Nessa parte está sendo feita a caracterização
das áreas de estudo, conforme os itens descritos abaixo).
3.1.1 Localização
3.1.2 Clima
3.1.3 Hidrografia
3.1.4 Geologia
3.1.5 Hidrogeologia
3.1.6 Geomorfologia
3.1.7 Solos
3.1.8 Vegetação
3.2 Pesquisa teórica (Está sendo feita uma pesquisa em nível teórico para a
compreensão e discussão relativa ao tema).
3.3 Aquisição, manipulação e tratamento das informações geográficas (Está sendo
elaborado e confeccionado os mapas temáticos descritos abaixo)
3.3.1 Confecção do mapa geológico
3.3.2 Confecção do mapa hidrogeológico
3.3.3 Elaboração do mapa altimétrico
3.3.4 Elaboração do mapa clinográfico
3.3.5 Confecção do mapa pedológico

26
3.3.6 Elaboração do mapa de uso da terra e cobertura vegetal
3.3.7 Elaboração do mapa hidrográfico
3.3.8 Morfometria
3.3.9 Elaboração do mapa síntese de potencial hídrico das bacias
3.4 Avaliação pluviométrica regional (Estão sendo adquiridos dados históricos e
atuais de precipitação para posterior avaliação da pluviometria regional).
3.5 Medições de vazão (Estão sento executadas medições de vazão nos mananciais).
3.6 Análise comparativa da oferta e demanda hídrica
3.7 Levantamento dos usuários dos recursos hídricos nas bacias hidrográficas
3.8 Protocolo síntese
4 Resultados e discussão
4.1 Descrição e análise comparativa dos aspectos físicos das áreas de estudo (Será
descrito e comparado os aspectos físicos das áreas de estudo conforme o mapeamento e
análise dos temas como geologia, morfometria, pedologia, uso da terra e cobertura
vegetal, etc,)
4.2 Avaliação pluviométrica regional (em desenvolvimento).
4.3 Análise comparativa das vazões (Nessa parte está sendo realizado uma análise
comparativa das vazões dos mananciais).
4.4 Análise comparativa da oferta e demanda hídrica (Serão feitas análises
comparativas entre a oferta (vazão) e demanda (captação) para obter a disponibilidade
hídrica dos mananciais).
4.5 Aplicação e avaliação do protocolo síntese (Nessa parte será aplicado e avaliado
o protocolo síntese como teste de efetividade da proposta metodológica).
5 Considerações finais

27
ANÁLISE DO ÍNDICE DE BEM-ESTAR URBANO APLICADO A REGIÃO
METROPOLITANA DE GOIÂNIA
Gislaine de Oliveira O Lopes
Modalidade: Mestrado

Palavras-chave: Indicadores de qualidade de vida; Qualidade de vida urbana;


Qualidade ambiental urbana; Região Metropolitana de Goiânia.

INTRODUÇÃO

As regiões metropolitanas no Brasil, desde o início do seu processo de

institucionalização, carregam marcas profundas de grandes problemas, dos quais,

muitos, seguem sem solução, tais como aqueles provenientes de impactos ambientais.

Dessa forma a dependência espacial da cidade metrópole, a segregação espacial de

populações fragilizadas, o acesso à moradia, o aumento das áreas periféricas, as

ocupações irregulares em encostas e áreas de risco, assim como a distribuição de renda

e a concentração de serviços, favorecem a formação de espaços de desigualdade.

Tais espaços, dentro da Região Metropolitana de Goiânia - RMG, recorte

espacial adotado para essa pesquisa, se revelam ainda muito contrastantes, enquanto

determinadas áreas são providas de infraestruturas de lazer, transporte, ambiental e

outras, algumas regiões se quer dispõem do mínimo necessário de infraestrutura. Nesse

sentido a análise da qualidade de vida urbana por meio de indicadores, pode revelar

esses espaços antagônicos nas vinte áreas urbanas que compõem a RMG.

De tal modo, a pesquisa justifica-se por sua relevância ao propor releitura da

qualidade de vida em ambientes metropolitanos no Brasil através da análise de

indicadores de qualidade de vida urbana. Recomendando a readequação de índices de

qualidade de vida já consolidados, este trabalho apresenta contribuições nos campos

científico e social, uma vez que aborda a região metropolitana de Goiânia, pensando

formas alternativas para a readequação dos Indicadores de Qualidade de Vida Urbana -

IQVs, pensando as particularidades da realidade estudada e social, pois os resultados

28
obtidos podem evidenciar características intrínsecas a cada um dos municípios que

compõem a RMG.

Para tanto, a concepção de qualidade de vida desta pesquisa está assentada na

perspectiva de Nahas (2004), quando ressalta que a qualidade de vida pode ser

entendida como a satisfação de viver e aponta que o conceito de qualidade de vida é

indissociável da qualidade ambiental, envolvendo, por conseguinte, aspectos

socioeconômicos, culturais e ambientais.

OBJETIVOS

Geral

Analisar o Índice de Bem-Estar Urbano (IBEU), aplicado a Região Metropolitana de

Goiânia (RMG), no que diz respeito a sua composição, para se pensar na qualidade de

vida das cidades da RMG e apresentar uma proposta de readequação dos indicadores

que compõe a dimensão ambiental.

Objetivos específicos

✓ Realizar diagnóstico das condições de vida na área urbana da RMG por meio do

IBEU;

✓ Analisar os indicadores que integram os IQVUs, consolidados em ambientes

metropolitanos;

✓ Identificar o potencial dos indicadores ambientais do IBEU, para avaliação da

qualidade ambiental urbana na RMG;

✓ Propor a inserção de novos indicadores para a dimensão ambiental do IBEU.

METODOLOGIA

Elege-se, portanto, como ferramenta de análise, técnicas de Geoprocessamento.

Conforme aponta Florenzano (2002), os dados satelitares, são apresentados de diversas

29
formas, podendo auxiliar numa leitura real dos complexos processos inscritos no espaço

urbano, por exemplo.

Os avanços nas geotecnologias, no âmbito do Sensoriamento Remoto e

Geoprocessamento, e sua grande eficiência para a análise e planejamento do espaço

urbano, também é destacado por autores como, Ribeiro e Mendes (2015), Rosa (2003),

Obade e Paul (2007). Tendo em vista, que este pode fornecer informações indispensáveis,

a exemplo de informações como extensão espacial e localização das áreas urbanas;

distribuição espacial dos diferentes tipos de uso e cobertura do solo; redes de transporte

e infraestrutura relacionada; estatísticas associadas a censos; capacidade para

acompanhar temporalmente as mudanças no uso e cobertura do solo e, ainda, avaliar

impactos ambientais intrínsecos à estas áreas.

Define-se como escala de análise temporal a década de 2010, período que

engloba o último censo demográfico realizado pelo IBGE para o território brasileiro. Esse

recorte temporal evidencia as grandes transformações de âmbito espacial e

socioeconômico vivenciada pela região metropolitana de Goiânia.

DAS ETAPAS:

A fim de auxiliar nas análises do trabalho, foi organizada uma base de dados

censitárias da RMG, com levantamento de dados socioeconômicos. A organização dessa

base de dados foi indispensável para reconstrução, avaliação e adaptação da

metodologia do IBEU para a RMG.

O Diagnóstico das condições de vida na RMG, tem como referência o IBEU, e

visa identificar os diferentes níveis de acesso à infraestrutura, serviços e apropriação do

espaço urbano da RMG. Para conseguir identificar essas áreas, será realizada uma

análise comparativa com indicadores em nível intermunicipal, a fim de apontar a

posição (ranking) das cidades da RMG em relação a cada um dos indicadores.

30
Por último o trabalho propõe a inserção de novos indicadores na dimensão

ambiental do IBEU, a exemplo da variável de temperatura de superfície terrestre, tendo

em vista sua importância para a análise da qualidade ambiental em espaços urbanos.

As estimativas dos valores de temperatura de superfície terrestre, foram

baseadas em imagens dos satélites Landsat 5 e 7, sensores TM e ETM+, órbitas/pontos

221/72, 222/71 e 222/72. Para a análise em questão, é definida a série temporal de

1985/2015, objetivando acompanhar a variação de temperatura na RMG, momento em

que a Região Metropolitana - RM passou por grandes modificações que impactaram

diretamente nas condições ambientais atuais.

REFERENCIAL TEÓRICO

O processo de institucionalização e regulamentação das regiões metropolitanas

ocorreu de forma tardia e desigual pelo território brasileiro, tendo início na década de

1970, apoiado no texto da Constituição Federal de 1967. A RMG foi criada pela lei

complementar Estadual de nº. 27/99.

A construção da RMG foi marcada por uma profunda transformação da

paisagem urbana, ocasionada por um intenso processo de ocupação, possuindo a

metrópole goiana como centro polarizador da oferta de serviços especializados, atraindo

a instalação de grandes empresas, acompanhadas da mecanização e intensificação do

agronegócio, resultando na oferta e melhoria de serviços urbanos.

São vários os trabalhos que investigam a dinâmica de construção da Região

Metropolitana de Goiânia, dentre estes, Moysés (1996; 2001), Chaul e Duarte (2004),

Pinto (2009), Péla (2009), Arrais (2012), apontam a sua gênese intimamente ligada a

questão fundiária.

Vitte (2009) pondera que a qualidade de vida engloba aspectos mais complexos,

ou seja, não está restrita apenas aos aspectos objetivos, que compreende as necessidades

31
básicas do ser humano. Portanto, ao avaliar a qualidade de vida de uma sociedade, que

não tem acesso às condições mínimas de bem-estar, não podem avançar para a análise

dos aspectos subjetivos da qualidade de vida, seria incoerente.

A abordagem proposta toma como ponto de partida a avaliação da qualidade

de vida urbana, com base na estrutura urbana, considerando a equidade, a

sustentabilidade e a gestão democrática, na oferta, de acesso e distribuição dos

equipamentos urbanos. Conforme aponta Nahas (2004), ao tratar a qualidade de vida

urbana, deve se partir do “dimensionamento da equidade na distribuição espacial e no

acesso social a determinados serviços e recursos urbanos”.

Compreende-se que para alcançar o bem-estar, ou seja, viver bem é preciso que

a cidade proporcione o mínimo de qualidade de vida, sendo que o bem-estar é um dos

aspectos a serem considerados. Ao verificar a oferta de serviços urbanos, tais como as

infraestruturas pertencentes à cidade, seus bairros, tem-se o grau de qualidade de vida

da população. Assim, ao abordar a qualidade de vida da população pertencente à RMG,

parte-se da avaliação dos serviços básicos, de infraestrutura e afins, que o ambiente

urbano pode e deve oferecer para a população residente.

Elege-se, portanto, os aspectos objetivos inerentes à qualidade de vida urbana,

uma vez que, para se avançar no debate acerca da qualidade de vida, tomando a sua

dimensão subjetiva é mais complexa. Acredita-se que seja necessário antes, traçar um

panorama da assistência das necessidades básicas a população no espaço urbano,

necessidades essas que podem ser satisfeitas pelas políticas públicas tendo como foco a

coletividade, Vitte (2009).

PLANO DE REDAÇÃO DETALHADO PRELIMINAR

Capítulos Sinopse
1 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA Neste capítulo pretende-se contextualizar
1.1. A Institucionalização de Regiões a área de pesquisa. Para tanto, foi traçado
Metropolitanas no Brasil um panorama da Região Metropolitana

32
1.2. Breve Histórico da Formação e de Goiânia - RMG, que inclui aspectos
Evolução da Região metropolitana de históricos e de formação da RMG, tais
Goiânia como a integração de novos municípios e
1.3. Indicadores de Qualidade de Vida legislações vigentes. Em seguida ressalta-
Urbana: Contribuição à adequação e se o papel dos indicadores de qualidade
mensuração nos municípios da Região de vida urbana e ainda como podem ser
Metropolitana de Goiânia formados. Apresenta considerações sobre
1.4. Qualidade De Vida: Algumas a qualidade de vida como conceito, para
considerações então apresentar os principais
1.5. A questão espacial e ambiental como indicadores de qualidade de vida, tais
elemento da qualidade de vida como (i) o IDHM; (ii) IQVU; (iii) IBEU e
(iv) IQVUA. Some-se a isso, a dimensão
espacial da qualidade de vida, neste
contexto. Por último, trata-se da
qualidade ambiental como componente
da qualidade de vida urbana.
2 Materiais e Métodos Este capítulo diz respeito aos
2.1. Área de Estudo procedimentos, empregados para
2.1.1 - Dinâmica populacional na RMG aquisição dos dados, tratamento das
2.2. Dados Utilizados variáveis censitárias e análise, com o
2.2.1 - Dados do Censo Demográfico: propósito de gerar mapas índices
arquivos tabulares e vetoriais espacializados. Dentre os materiais
2.2.2 - Dados Satelitares utilizados, destacam-se os dados
censitários do Instituto Brasileiro de
Geografia e Estatística – IBGE, referentes
aos setores censitários das áreas urbanas
dos municípios da RMG. Já os métodos de
análise e espacialização dizem respeito a
procedimentos geoestatísticos realizados
em ambiente de Sistemas de Informações
Geográficas – SIG.
3 Mapeamento da Qualidade de Vida O capítulo apresenta a caracterização
Urbana para Região Metropolitana de socioambiental dos municípios da RMG,
Goiânia diagnosticando as condições da
3.1. Caracterização Socioambiental dos qualidade de vida urbana, tendo por base
Municípios da Região Metropolitana de o IBEU, e em seguida e realizada a
Goiânia avaliação Potencial do IBEU para a
3.2. Índice de Bem-Estar Urbano: qualidade de vida urbana na RMG.
Desempenho dos municípios da RMG, no Finaliza com a proposta de readequação
da dimensão ambiental do IBEU, que

33
Índice de Bem-Estar Urbano, IBEU Local passará a ser composta por novos
e Global indicadores com a finalidade de torná-los
3.3. Potencial do IBEU para avaliação da mais fidedignos com a realidade das
Qualidade de Vida Urbana na RMG cidades consideradas.
3.4. Qualidade Ambiental Urbana na
RMG: Proposta de readequação da
dimensão ambiental do IBEU

REFERÊNCIAS

ARRAIS, Tadeu A. A escala de análise metropolitana em questão: considerações


sobre o processo de metropolização. Revista do Departamento de Geografia – USP,
volume 24, p. 4-23, 2012.

CHAUL, N. F.; DUARTE, L. S.. As cidades dos sonhos (Apresentação). In: CHAUL,
Nasr Fayad; DUARTE, Luis Sérgio (Orgs.). As cidades dos sonhos: desenvolvimento
urbano em Goiás. Goiânia: UFG, 2004. p. 7-14.

FLORENZANO, T. G. Imagens de satélite para estudos ambientais. São Paulo:


Oficina de Textos, 2002. 97 p.

NAHAS, M. I. P. Indicadores sociais como instrumentos para formulação de políticas


públicas e monitoramento da qualidade de vida urbana nas cidades brasileiras.
Capacitação e informação. Cadernos Mcidades 8. Brasília, Ministério das Cidades,
2004.

MOYSÉS, A. Estado e urbanização: conflitos sociais na região Noroeste de Goiânia


(década de 80). Dissertação (mestrado em Ciências Sociais). São Paulo: Departamento
de Ciências Sociais da PUC–SP, 1996.

MOYSÉS, A. et al. Da formação urbana ao empreendedorismo imobiliário: a nova


face da metrópole goianiense. Mercator: Revista de Geografia da UFC, Fortaleza, ano
6, n. 12, 2007.

OBADE, B. Y.; PAUL, V. D. E. Remote Sensing : New Applications for Urban Areas.
Proceedings of the IEEE, v. 95, n. 12, p. 0-1, 2007.

PELÁ, M. C.H. Goiânia, o mito da cidade planejada. 2009. 127 f. Dissertação


(Geografia) – IESA, UFG, Goiânia, 2009.

PINTO, J. V. C. Fragmentação da metrópole: constituição da região metropolitana de


Goiânia e suas implicações no espaço intraurbano de Aparecida de Goiânia.
Dissertação (Mestrado em Geografia) – Instituto de Estudos Socioambientais, UFG,
Goiânia, 2009.

34
ROSA, R. Introdução ao Sensoriamento Remoto. Uberlândia, EDUFU. 5 ed. 19.2003.

RIBEIRO, Bárbara M. G.; Mendes, Carlos A. B. Índice de Qualidade Ambiental


Urbano: uma proposta metodológica aplicada a áreas urbanas de ocupação irregular.
Anais XVII Simpósio Brasileiro de Sensoriamento Remoto - SBSR, João Pessoa-PB,
Brasil, 25 a 29 de abril de 2015, INPE

VITTE, C. de C. S. A qualidade de vida urbana e sua dimensão subjetiva: Uma


contribuição ao debate sobre políticas públicas sobre a cidade. VITTE, C. de C. S.
(Orgs) In Qualidade de Vida, Planejamento e Gestão Urbana. Discussões Teórico-
metodológicas. Rio de Janeiro: Bertrand

35
DINÂMICA ESPAÇO-TEMPORAL DO DESMATAMENTO NO
NORDESTE GOIANO: EFICIÊNCIA DOS ENTES FEDERATIVOS FRENTE
À DESCENTRALIZAÇÃO E IMPLICAÇÕES À MANUTENÇÃO DO
PATRIMÔNIO AMBIENTAL
Helen de Fátima Ribeiro
Modalidade: Mestrado

Palavras-chave: Geografia socioambiental, análise integrada, Cerrado, Goiás, proteção


ambiental

INTRODUÇÃO

O Cerrado apresenta-se como o segundo bioma brasileiro que mais sofreu

alterações antrópicas, associadas a vários ciclos econômicos de expansão de atividades

agrícolas, que correspondem, segundo dados do TerraClass, a 29% de pastagem

plantada e 12% de agricultura anual e perene, restando 55% de cobertura vegetal, boa

parte com elevados índices de degradação tendo em vista o intenso processo de

desmatamento ainda em curso.

Até 2011, o Ministério do Meio Ambiente (MMA) indica que a área desmatada

foi de 997.063 km2. Dados do Projeto de Monitoramento do Desmatamento dos Biomas

Brasileiros por Satélite – PMDBBS trazem que entre 2002 e 2008 a área desmatada foi de

85.074 km2, 2008 e 2009 - 7.637 km2, 2009 e 2010 - 6.469 km2 e 2010 e 2011 - 7.247 km2.

Levantamentos realizados pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE)

indicaram que o Cerrado teve, em 2015, uma taxa de desmatamento 52% superior à

detectada na Amazônia, perdendo naquele ano 9.483 km2 contra 6.207 km2 na Amazônia

no mesmo período.

Ribeiro et al (2007), com base em dados obtidos pelo Sistema Integrado de Alerta

de Desmatamentos (SIAD - Goiás), verificaram que 16 dos 20 municípios que compõem

o nordeste goiano possuíam ao menos 40% de sua área coberta por remanescentes, mas

que a região perdeu 4.834,48 km2 de cobertura vegetal natural entre 2001 e 2006,

36
respondendo o município de Cavalcante, sozinho, por 24% desse valor. Os maiores

remanescentes de vegetação nativa no estado de Goiás estão localizados nessa região,

que vem sendo paulatinamente incorporada ao processo de modernização agrícola

(CASTILLO, 2007; SILVA, 2015).

É competência comum da União, dos estados, do Distrito Federal e dos

municípios proteger o meio ambiente e combater a poluição em qualquer de suas

formas; preservar as florestas, a fauna e a flora, havendo previsão em lei complementar

para a cooperação entre esses entes. A descentralização e a estruturação dos órgãos locais

de meio ambiente são mecanismos que promovem essa cooperação, potencializando a

eficácia das ações de comando e controle (SCHMITT; SCARDUA, 2015).

Conhecer a dinâmica do desmatamento no nordeste goiano e como se dá a

atuação dos órgãos ambientais nessa região, assim como os fatores geofísicos e

socioeconômicos relacionados ao uso e ocupação da terra, pode gerar contribuições para

a proteção desse patrimônio ambiental.

OBJETIVOS

Objetivo Geral

Analisar a dinâmica espaço-temporal do desmatamento no nordeste goiano no período

de 2008 a 2017 e sua relação com a atuação dos entes federativos na proteção ambiental.

Objetivos Específicos

• Realizar uma análise espaço-temporal do desmatamento no nordeste goiano,

antes e após a vigência da Lei Complementar 140/2011, que fixa normas para a

cooperação entre os entes federativos nas ações administrativas decorrentes do

exercício da competência comum relativa à proteção do meio ambiente;

37
• Realizar uma análise sobre a competência dos entes federativos em relação aos

dados de desmatamento disponíveis para a região de estudo;

• Analisar a lógica da coerção administrativa dos entes federativos visando à

proteção ambiental na região, tendo como base os autos de infração e embargos

lavrados, bem como as estruturas destinadas a esta finalidade;

• Verificar o quanto da supressão de vegetação nativa realizada no nordeste

goiano é licenciada;

• Analisar a influência que possíveis fatores físicos e socioeconômicos relacionados

ao uso e ocupação da terra exercem sobre o desmatamento no nordeste goiano.

METODOLOGIA

O Nordeste goiano, uma região de planejamento do estado de Goiás com

aproximadamente 38.726,23 km2 (11,38% do estado), é composta por vinte municípios:

Alto Paraíso de Goiás, Alvorada do Norte, Buritinópolis, Campos Belos, Cavalcante,

Colinas do Sul, Damianópolis, Divinópolis de Goiás, Flores de Goiás, Guarani de Goiás,

Iaciara, Mambaí, Monte Alegre de Goiás, Nova Roma, Posse, São Domingos, São João

D'Aliança, Simolândia, Sítio D'Abadia e Teresina de Goiás.

Essa região é provida de significativa faixa de terra coberta por vegetação nativa,

em parte devido ao relevo movimentado que dificulta as práticas agrícolas e à distância

dos centros “dinâmicos” da economia. Sobre ela incidem várias Unidades de

Conservação, a exemplo do Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros e do Parque

Estadual de Terra Ronca (Figura 01).

38
Figura 01: Importância ambiental do nordeste goiano
Fonte: Adaptado de MMA, ICMBIO, INCRA, FUNAI, IBGE.
Legenda: PM=parque municipal, PE=parque estadual, PARNA=parque nacional, RVS=
Refúgio de Vida Silvestre, RPPN=reserva particular do patrimônio natural,
RESEX=reserva extrativista, FLONA=floresta nacional, APA=área de proteção ambiental

Os dados e procedimentos metodológicos a serem executados estão descritos no

fluxograma a seguir (Figura 02).

Figura 02: Fluxograma metodológico


Fonte: Elaborado pela autora

39
REFERENCIAL TEÓRICO

A geografia socioambiental é o referencial teórico básico que subsidiará a

pesquisa, tendo em vista que, conforme Mendonça (2001), um estudo elaborado em

conformidade com essa perspectiva deve emanar de problemáticas em que situações

conflituosas, decorrentes da interação entre a sociedade e a natureza, explicitem

degradação de uma ou de ambas. A diversidade das problemáticas é que vai demandar

um enfoque mais centrado na dimensão natural ou mais na dimensão social, atentando

sempre para o fato de que a meta principal de tais estudos e ações vai na direção da

busca de soluções do problema.

A problemática ambiental traz a necessidade de se analisar o meio ambiente

como uma totalidade complexa e contraditoriamente estruturada, em que natureza e

sociedade são indissociáveis e onde as instituições sociais histórico-geograficamente

criadas para realizar os objetivos, também histórico-geograficamente inventados,

impõem maior ou menor intensidade ao fluxo de matéria e energia do nosso

geossistema, nas suas múltiplas escalas (GONÇALVES, 2007).

PLANO DE REDAÇÃO DETALHADO PRELIMINAR

Referencial teórico e procedimentos metodológicos

As seguintes temáticas e autores que subsidiarão a pesquisa já foram trabalhados:

epistemologia e método (SANTOS, 2009; SUERTEGARAY, 2002); geografia

sociambiental (GONÇALVES, 2007; MENDONÇA,2001; RIBEIRO, 2007); políticas

públicas e proteção ambiental (SCHMITT;SCARDUA, 2015; GANEN et al, 2013; ROCHA

et al, 2010; RIBEIRO, 2016); uso e ocupação da terra no Cerrado, sensoriamento remoto

e geoprocessamento (FERREIRA M. et al.,2008; FERREIRA N. C. et al., 2007; SANO et

al., 2007;, KAWAKUBO et al, 2011); fronteiras, ocupação do Cerrado, agronegócio e

impactos socioambientais (MIZIARA, 2005; FERREIRA M. et al.,2008; FERREIRA N. C.

40
et al., 2007, SILVA, 2015; ALVES, 2005; BARREIRA, 2002; CASTILLO, 2007; TEIXEIRA

NETO, 1982, 2006; SICSÚ, 2000; MUELLER, 1992); Geografia física e análise integrada

(RIBEIRO, 2017; BRAUN, 1971; LEVIGHIN; VIADANA, 2003).

Os procedimentos metodológicos adotados estão descritos no item 3, Figura 02,

deste documento. Todas as etapas foram de alguma forma executadas ou testadas,

indicando a necessidade de refinamento ou complementação dos dados.

CARACTERIZAÇÃO AMBIENTAL DA ÁREA DE ESTUDO

A caracterização física da região de estudo, bem como a análise integrada com

informações de uso e ocupação da terra, foi realizada no âmbito da disciplina Geografia

Física do Cerrado. Os produtos e resultados gerados serão incorporados nesse capítulo.

As camadas de dados empregadas foram: geologia, geomorfologia, solos, hidrografia,

declividade, uso e cobertura da terra, fitofisionomias e aptidão agrícola. Nessa primeira

análise, solos e declividade se mostraram como importantes indutores ou condicionantes

da ocupação/supressão de vegetação nativa no nordeste goiano.

Aspectos socieconômicos

Um primeiro levantamento sobre a história da ocupação e apropriação do

Cerrado no nordeste goiano, bem como sobre a evolução da fronteira agrícola e a

dinâmica de modernização do campo foi realizado no âmbito da disciplina Ambiente e

Apropriação do Cerrado, onde alguns dados de produção agropecuária, demografia e

consumo de energia elétrica foram trabalhados, verificando que a região de estudo está

sofrendo um processo de incorporação ao circuito produtivo do agronegócio. Essa

tendência pode ser observada, por exemplo, quando se analisa os dados

disponibilizados pelo Instituto Mauro Borges (IMB) referentes à área anual plantada de

soja: 2000 (11.410 ha), 2012 (38.870 ha) e 2016 (59.735 ha).

41
Acredita-se que dados referentes a créditos rurais concedidos, a serem solicitados

ao Banco do Brasil, poderão corroborar com a análise da evolução da tecnificação, assim

como dados disponibilizados por IMB acerca de máquinas e equipamentos agrícolas

aplicados na produção.

Dinâmica do desmatamento

Para a análise da dinâmica do desmatamento na área de estudo já foram

processados os mosaicos Landsat da coleção 2 do MapBiomas disponíveis para o

período de 2000 a 2016 e extraídas as áreas onde ocorreu perda de cobertura vegetal

nativa (desmatamento). Verificou-se que foram desmatados 11.681 km2 no período,

ocorrendo um pico desse valor no ano de 2013, quando foram desmatados 3.316 km2. Os

cinco municípios com maiores áreas desmatadas foram, em ordem decrescente:

Cavalcante, Flores de Goiás, São João D’Aliança, Alto Paraíso de Goiás e São Domingos.

Tão logo sejam disponibilizados os dados da coleção 3/MapBiomas em formato anual,

eles serão adotados, considerando o maior nível de acurácia.

Atuação e competência dos órgãos ambientais frente ao desmatamento

Os dados referentes às licenças de desmatamento concedidas pela SECIMA, que

é o órgão competente para tal, foram fornecidos em parte pelo próprio órgão e

complementados com informações disponíveis no sistema eletrônico de controle

florestal do IBAMA. Verificou-se que foram licenciados 793 km2 no período. Os cinco

municípios com as maiores áreas licenciadas foram, em ordem decrescente: Iaciara,

Posse, Monte Alegre de Goiás, Flores de Goiás e São Domingos. Importante observar

que não há licenças emitidas para o município de Cavalcante, que apresentou a maior

área desmatada.

Um primeiro acesso às informações da SECIMA e IBAMA referentes aos autos

de infração e embargos aplicados já foi realizado, mas apresentam problemas quanto à

42
ausência de dados das áreas embargadas, o que deverá ser complementado. A coleta de

informação junto ao ICMBio ainda será providenciada.

Consulta à SECIMA indicou que nenhum dos municípios que compõem a área

de estudo tem autonomia para licenciar supressão de vegetação nativa e não há

informações disponíveis acerca de autos e embargos lavrados por eles.

Informações sobre as estruturas dedicadas pelos órgãos ambientais para a

finalidade de fiscalização ambiental necessitam ser atualizadas.

A análise sobre a competência em atuar os desmatamentos verificados será

realizada após a obtenção dos dados da coleção 3 do MapBiomas.

Análise integrada

Às análises integradas já realizadas no âmbito da disciplina Geografia Física do

Cerrado serão incorporadas informações de desmatamento, licenças, autos de infração e

embargos emitidos pelos órgãos ambientais, em sua grande parte já levantados e

organizados, além de dados socioeconômicos, ainda pouco trabalhados.

Conclusão

Ao final da pesquisa vislumbra-se que as informações e análises geradas

forneçam subsídios para que MMA, ICMBio, IBAMA, SECIMA e secretarias municipais

de meio ambiente potencializem esforços e recursos visando à manutenção do

significativo patrimônio ambiental situado no nordeste goiano.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

CASTILLO, R. Agronegócio e Logística em Áreas de Cerrado: expressão da agricultura


científica globalizada. Revista da ANPEGE, v. 3, p. 33-43, 2007.

GONÇALVES, C. W. P. A invenção de novas geografias: a natureza e o homem em


novos paradigmas. In: SANTOS, M. et al. Território, territórios: ensaios sobre o
ordenamento territorial. 3ª ed. Rio de Janeiro: Lamparina, pl. 375-409, 2007.

43
MENDONÇA, F. Geografia socioambiental. Terra Livre, São Paulo, v. 1, n. 16, p. 139-
158, 2001.

RIBEIRO, F. C.; VILELA, C. da C.; KOWATA, F. M.; FERREIRA, M. E. Análise sócio-


ambiental da região do Corredor Paranã-Pireneus - Estado de Goiás. Boletim Goiano
de Geografia (Goiânia), v. 27, n. 3, p. 103-124.

SCHMITT, J.; SCARDUA, F. P. A descentralização das competências ambientais e a


fiscalização do desmatamento na Amazônia. Revista Administração Pública, Rio de
Janeiro, v. 49, n. 5, p. 1121-1142, 2015.

SILVA, F. C. A. O agronegócio e a produção territorial recente em Goiás. Sociedade e


Território (Natal), v. 27, n. 3, p. 145-163, 2001.

44
TEMPO METEOROLÓGICO E RITMO CLIMÁTICO: EFEITOS SOBRE A
MORBIDADE E A MORTALIDADE CAUSADAS POR DOENÇAS
CARDIOVASCULARES NO MUNICÍPIO DE GOIÂNIA – GO

Hérika Silva Vasques


Modalidade: Doutorado

Palavras-chave: ritmo climático, morbimortalidade, doenças cardiovasculares, Goiânia.

INTRODUÇÃO

As doenças surgem e desenvolvem-se por diversos fatores (ambientais,

biológicos, sociais) ou por uma somatória de combinações que podem desencadear um

desequilíbrio corporal, ocasionando morbidade ou mortalidade. Dentro desse cenário

propõe-se a seguinte problemática: como é possível compreender a ocorrência e os ciclos

de doenças cardiovasculares na cidade de Goiânia a partir da dinâmica climática

regional no período de 1980 a 2017?

Observa-se que a pesquisa a ser realizada justifica-se diante da necessidade de

compreender a relação entre clima/homem/saúde. A tese é que as doenças

cardiovasculares são influenciadas pelos ritmos climáticos. Nessa perspectiva de estudo,

espera-se contribuir para a construção de políticas públicas que possam direcionar

melhor os processos preventivos e promotores da saúde, bem como realizar um

prognóstico de períodos em que se deva esperar aumento no número de casos de

enfermidades e óbitos por doenças cardiovasculares.

OBJETIVOS

Objetivo geral:

Investigar a relação entre a variação térmica e a morbimortalidade por doenças

cardiovasculares na cidade de Goiânia – GO.

45
Objetivos específicos:

a) Identificar as características climáticas regionais e locais, relacionando-as com a

ocorrência de morbidade e mortalidade, decorrentes de doenças cardiovasculares;

b) Verificar a tendência sazonal no desencadeamento da mortalidade em detrimento de

doenças cardiovasculares a partir do levantamento dos extremos climáticos em cidade

de clima tropical;

c) Investigar a gênese da situação atmosférica dos dias com maior número de óbitos a

fim de identificar a possibilidade da existência de um padrão térmico dessas ocorrências;

d) Apontar o perfil (por faixa etária, sexo e local de residência) de grupos de risco que

vieram a óbito devido as doenças cardiovasculares, visando auxiliar na aplicação de

políticas públicas no sentido de ampliar as redes de proteção médico-hospitalar nas

áreas apontadas.

PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

A pesquisa será realizada através de uma abordagem sistêmica, considerando as

seguintes etapas:

1) Pesquisa bibliográfica e documental; 2) Identificação e caracterização das doenças

cardiovasculares 3) Caracterização das condições climáticas de Goiânia (período 1980-

2017); 4) Levantamento e tratamento dos dados estatísticos; 5) Análise da sazonalidade

e a distribuição temporal da mortalidade por doenças cardiovasculares; 6) Tratamento

dinâmico do clima e em comparação com os dias com maior número de óbitos a fim de

identificar a possibilidade da existência de um padrão térmico dessas ocorrências; 7)

Espacialização dos dados com o propósito de identificar os grupos de risco acometidos

por doenças cardiovasculares.

46
REFERENCIAL TEÓRICO

O modo como o homem posiciona-se com o ambiente circundante evoluiu com

o pensamento científico predominante, que teve marcas significativas desde os

postulados de Hipócrates, passando pelas topografias médicas, pelos estudos das

enfermidades tropicais e pelos complexos patogênicos de Sorre (PASCOALINO, 2013).

No Brasil, os primeiros estudos relacionados à ocorrência das doenças e o meio

ambiente ocorreu inicialmente pela Medicina Geográfica, os quais contavam com a

atuação dos médicos sanitaristas e epidemiologistas. Com a descoberta da penicilina

(início do século XX) os estudos da Geografia Médica foram deixados de lado, pois

acreditava-se apenas na eficácia do combate ao agente das doenças. Apenas na década

de 1950 houve a retomada das pesquisas em Geografia Médica, devido principalmente

aos processos de interiorização do país (PEREHOUSKEI e BENADUCE, 2007).

Dummer (2008) enfoca que a Geografia e a saúde são indissociáveis, sabe-se que

o lugar que nascemos e vivemos influencia diretamente nas nossas experiências

relacionadas à saúde, seja no ar que respiramos ou no alimento que consumimos.

Para Trifiró (1991) a Geografia, com sua capacidade de analisar, descrever e

explicar a dinâmica territorial e suas desigualdades, tem muito a contribuir para o

entendimento da dimensão espacial e dos problemas de saúde, o que justifica o grande

interesse na atualidade pela Geografia da Saúde.

A proposta deste projeto é pautada na Climatologia Geográfica Brasileira,

concebida a partir dos preceitos de Sorre (1951, p. 13-14), segundo o qual o clima é “a

série dos estados atmosféricos acima de um dado lugar em sua sucessão habitual”.

Para Murara e Trindade Amorim (2010), o clima e os tipos de tempo são

compreendidos como um fator ambiental que influencia o organismo humano.

Em estudo sobre o Sistema Clima Urbano, Monteiro (1976) realiza uma

classificação constituída em “canais de percepção humana”, chegando na seguinte

47
proposta: conforto térmico, qualidade do ar e meteoros do impacto. A componente

termodinâmica (calor, ventilação e umidade), além de afetar diretamente o conforto

humano, pode acarretar no colapso do sistema.

Segundo Pascoalino (2013, p. 52) “o organismo humano como sistema aberto está

em constante busca do equilíbrio e os mecanismos corpóreos reagem tanto às variações

diárias dos elementos climáticos quanto às sazonais”. Ainda afirma que, como as

sazonalidades são cíclicas, há a possibilidade de haver uma potencial previsão das

situações atmosféricas para que possam ter menos impactos na sociedade.

No final do século XX, surgiram pesquisas no campo da Biometeorologia com o

avanço da previsão de tempo e o interesse pelas doenças "meteorotrópicas" (que são

relacionadas às mudanças de tipo de tempo) como artrite e doenças cardíacas (BARROS,

2006).

Silveira (2016), em pesquisa sobre risco climático e vulnerabilidade socioespacial,

enfoca que a temperatura e a precipitação são os elementos atmosféricos que mais

interferem na saúde e nas atividades humanas.

Assim, tanto o extremo calor quanto o extremo frio podem afetar a saúde e o

bem-estar provocando desconforto térmico. Os ritmos de baixas temperaturas com

ventos fortes podem provocar hipotermia (temperatura corporal inferior a 35ºC), o ritmo

cardíaco torna-se mais baixo, a respiração mais lenta e os vasos se contraem, provocando

o aumento da pressão sanguínea. Já os ritmos de temperaturas elevadas resultarão no

aumento da frequência cardíaca.

As doenças cardiovasculares são uma das maiores causas de mortes no mundo,

dentre elas, a Hipertensão Arterial Sistêmica que constitui um fator para as complicações

cardíacas e cerebrovasculares. Para Martins et al. (1997) a hipertensão tem herança

genética e outros fatores de natureza socioambiental.

Murara e Trindade Amorim (2010), em estudo sobre as variações atmosféricas e

óbitos por doenças circulatórias no município de Presidente Prudente - SP, constataram

48
que durante o ano de 2007, a concentração de agravos e registro de óbitos aconteceram

durante a atuação dos sistemas atmosféricos estáveis como a Massa Tropical Atlântica e

Massa Polar Atlântica, ou quando esses sistemas sofriam um aquecimento basal

resultando na Massa Tropical Atlântica Continentalizada e Massa Polar Atlântica Velha.

Segundo Rojas (1998), é paradoxal o processo saúde-doença aceitar o estudo da

saúde e doença desconectado das desigualdades sociais, da concentração populacional

nas cidades e das regiões metropolitanas.

Para Sette e Ribeiro (2011), o estudo dos climas, do clima urbano e da saúde são

relacionados respectivamente aos fatos natural, social e biológico, necessitando uma

visão ampla e integrada.

Luiz (2012) aponta que existe uma estreita relação entre o aumento da população

com o aumento médio da temperatura do ar. Em testes de Regressão Linear, realizados

entre os anos de 1961 e 2008, Luiz (2012) constata que houve uma tendência de aumento

de temperatura do ar, principalmente na primavera e no verão, relacionado a fatores

como a continentalidade, o ângulo solar e à velocidade dos ventos. Também constatou

que houve a diminuição de até 6,9% na umidade do ar, podendo implicar em

consequências socioambientais com efeitos principalmente na saúde humana.

Exemplo de estudo, que aborda a área foco do presente projeto, foi realizado por

Andrade et al. (2015) ao expressar que a sazonalidade climática é um fator determinante

para a ocorrência de doenças respiratórias.

Diante do exposto percebe-se a necessidade de observar que o crescimento

urbano de Goiânia ocupou as áreas de cobertura vegetal, e isso vem contribuindo para

o aumento da temperatura e, como consequência, a diminuição do conforto térmico.

Por essas razões, deve-se buscar embasamento para explicar a influência do clima

na ocorrência das doenças cardiovasculares no município de Goiânia, partindo do

princípio da Climatologia Geográfica e da Geografia da Saúde.

49
PLANO DE REDAÇÃO DETALHADO

1. Introdução
Justificativas
Objetivos
Localização da área de estudo
Considerações acerca do tema, sistematização dos objetivos, hipótese e localização da
área de estudo.
2. Fundamentação teórico-metodológica
2.1 Trajetórias da Geografia Médica à Geografia da Saúde
2.2 Saúde, doença e bem-estar
2.3 Geossistemas, climatologia e Geografia da Saúde
2.4 Fatores de risco das doenças cardiovasculares
2.5 Clima e doenças cardiovasculares
Sinopse
Ponderações teóricas sobre o percurso da Geografia Médica à Geografia da Saúde. A
relação entre saúde, doença e bem-estar. Análise teórico metodológica sobre
geossistema e climatologia. Compreensão dos principais fatores de risco das doenças
cardiovasculares. Assim, apresenta-se uma revisão literária, de forma a subsidiar a
pesquisa com os conceitos referentes aos temas elencados. O referencial teórico está
parcialmente concluído no que se refere aos tópicos (2.1, 2.2, 2.4 e 2.5).
3. Percurso Metodológico
3.1 Procedimentos metodológicos
3.2 Levantamentos e processamento dos dados
3.2.2 Dados da Saúde
3.2.3 Dados do Clima
Sinopse
A proposta de pesquisa será desenvolvida a partir do cruzamento de dados
quantitativos e qualitativos, gerados a partir da análise de dados coletados junto aos
diversos órgãos oficiais (INMET, SUS/DATASUS, SEMAS, entre outros). A
operacionalização metodológica é realizada por meio de três etapas principais:
a) pesquisa biográfica, documental, exploratória e de abordagem quantitativa.
b) levantamento, tratamento estatístico e dinâmico do clima.
c) Confecção de produtos cartográficos.
Assim, pretende-se analisar a influência das variáveis climáticas na morbimortalidade
provocadas por doenças cardiovasculares. A análise dos documentos oficiais. Os
resultados dessas análises estão subsidiando a escrita do relatório de qualificação.
4 - Análise e discussão dos resultados
4.1 Sazonalidade e distribuição temporal da mortalidade decorrentes de enfermidades
cardiovasculares (Período: 1980 a 2017).

50
4.2 Variabilidade térmica e a mortalidade por doenças cardiovasculares.
4.3 Correlações das variáveis climáticas com a mortalidade provocada por doenças
cardiovasculares.
4.4 A vulnerabilidade socioespacial da população sujeita aos efeitos dos impactos
climáticos.
Sinopse
A partir da análise do padrão de óbitos provocados por doenças cardiovasculares,
pretende-se verificar sua correlação com as variáveis climáticas. Espera-se
compreender a relação entre o clima e os casos de mortalidade provocadas por
doenças cardiovasculares. Também busca-se avaliar a condição de vulnerabilidade
socioespacial em Goiânia com vistas aos efeitos extremos do clima.
5 - Considerações Finais

Referências

ANDRADE, D. O.; BOTELHO, C.; SILVA JUNIOR, J. L. R. S.; FARIA, S. S.; RABAHI,
M. F. Sazonalidade Climática e Hospitalização em crianças menores de cinco anos com
doença respiratória, Goiânia/GO. Hygeia, p. 99-105, jun. / 2015.

BARROS, J. R. Tipos de tempo e incidência de doença respiratórias: um estudo


geográfico aplicado ao Distrito Federal. Tese (Doutorado) - Universidade Estadual
Paulista (Instituto de Geociência e Ciências Exatas do Campos de Rio Claro). 2006, 121f.

DUMMER, T. J. B. La géographie de la santé à l’appui des politiques et de la


planification em santé publique. JAMAC, 22 avril, 2008, p. 1 - 4.

LUIZ, Gislaine Cristina. Influência na Relação Solo-Atmosfera no Comportamento


Hidromecânico de Solos Tropicais não Saturados: Estudo de Caso-Município de
Goiânia/GO. Brasília, DF: UnB. 2012, 271 p. Tese (Doutorado em Geotecnia),
Departamento de Engenharia Civil e Ambiental, Universidade de Brasília, Brasília, DF.

MARTINS, I. S.; MARUCCI, M. de F. N.; VELÁSQUEZ-MELÉNDEX, G. COELHO, L.


T.; CERVATO, A. M. Doenças cardiovasculares ateroscleróticas, dislipidemias,
hipertensão, obesidade e diabetes mellitus em população da área metropolitana da
região Sudeste do Brasil. III - Hipertensão. Revista de Saúde Pública. V. 31, n. 5, out.
1997, p. 466-471.

MONTEIRO, C. A. F. Teoria e clima urbano. São Paulo: Universidade de São Paulo,


1976 (Série Teses e Monografias, 25)

MURARA, P.G.; TRINDADE AMORIM, M. C. C. Clima e Saúde: Variações


Atmosféricas e Enfermidades Circulatórias. XVI Encontro Nacional dos Geógrafos,
RS, 2010.

51
PASCOALINO, Aline. Variação térmica e a distribuição têmporo-espacial da
mortalidade por doenças cardiovasculares na cidade de Limeira - SP. Tese
(Doutorado) - Universidade Estadual Paulista, Instituto de Geociências e Ciências
Exatas do Campus de Rio Claro. 2013, 283 f.

PEREHOUSKEI, N. A.; BENADUCE, G. M. C. Geografia da Saúde e as condições sobre


o território. Gestão & Regionalidades. Vol. 23, nº 68, set-dez, 2007, p. 34-44.

ROJAS, L.I. Geografía y salud. Temas y perspectivas en América Latina. Cad. Saúde
Pública, Rio de Janeiro, v.14, n., p. 701-711, out./dez. 1998.

SETTE, D. M.; RIBEIRO, Helena. Interações entre o clima, o tempo e a saúde humana.
Interfacehs - Revista de Saúde, Meio Ambiente e Sustentabilidade. Vol. 6, n.º 2, ago.
2011.

SORRE, M. Les fondements de la geographie humaine. 3eme. ed. Paris: Armand


Colin, 1951.

TRIFIRÓ, M. C. Consideraciones acerca de la actualidad de la Geografía de la salud.


1991.

52
ANÁLISE COMPARATIVA DA FRAGILIDADE AMBIENTAL COM
APLICAÇÃO DE DOIS MODELOS NA BACIA DO RIBEIRÃO ANICUNS,
GOIÂNIA-GO
Igor Brandão de Lucena
Modalidade: Mestrado

Palavras-Chave: Fragilidade Ambiental; Diagnóstico Ambiental; Sistema de


Informação Geográfica; Modelos; Zoneamento Ecológico-Econômico.

INTRODUÇÃO

O desenvolvimento da sociedade humana promove intensas modificações no

meio ambiente devido às apropriações inadequadas dos recursos naturais, fato este que

colabora para o desequilíbrio dos sistemas e propicia na ocorrência de impactos

ambientais negativos (SPÖRL, 2007). Os sistemas ambientais, em relação às intervenções

humanas, apresentam maior ou menor fragilidade em função de suas características

“genéticas” (SPÖRL e ROSS, 2004).

O Zoneamento Ecológico-Econômico (ZEE) objetiva viabilizar o

desenvolvimento sustentável conciliando o desenvolvimento socioeconômico com a

conservação ambiental. Este instrumento de gestão ambiental consiste na delimitação de

zonas ambientais e atribuição de usos e atividades compatíveis de acordo com as

características, considerando tanto potencialidades quanto as restrições de cada uma

delas. Assim, o ZEE deve se fundar numa análise detalhada e integrada da região,

considerando os impactos decorrentes da ação humana e a capacidade de suporte do

meio ambiente.

A integração de informações espaciais em Sistemas de Informações Geográfica

(SIG) e de métodos de decisão multicritério vem proporcionando inúmeros benefícios

para a resolução de problemas de planejamento e gerenciamento do mundo real

(ZAMBON et al., 2005). A utilização de SIG possibilita uma avaliação ambiental

integrada, permitindo estabelecer as relações entre os compartimentos ambientais e as

53
suas características de vulnerabilidade e estabilidade, visando a obtenção de uma

melhor retratação ambiental de modo a possibilitar o planejamento ambiental de uso e

ocupação de determinada área.

Dada a importância deste tema, a pesquisa acadêmica visa avaliar dois modelos

metodológicos desenvolvidos para a análise ambiental da fragilidade, um proposto por

Ross (1994), e o outro por Spörl (2007). Para a avaliação destes modelos foi escolhida a

Bacia Hidrográfica do Ribeirão Anicuns, localizada no município de Goiânia-GO.

A escolha pelo recorte espacial referente à bacia hidrográfica como objeto de

estudo e desenvolvimento de uma pesquisa acadêmica, destaca-se por constituir-se

numa área do sistema natural bem delimitada, onde os processos ambientais e as

interações físicas, biológicas e humanas podem ser melhor analisados e compreendidos

(CARMO e SILVA, 2010).

Por conseguinte, foi escolhida a Bacia Hidrográfica do Ribeirão Anicuns, situada

do estado de Goiás, na região centro-oeste do Brasil, inserida na porção sudoeste do

município de Goiânia, totalizando 190,94Km² (Figura 1). Trata-se de uma região com

histórico de ausência de uma política de delineamentos do uso e ocupação territorial. A

escolha da localização da área de estudo para aplicação estes modelos de análise

justifica-se pela grande variabilidade do relevo e do uso da terra apresentados nesta

região, visando a correta identificação dos objetos de conservação, levando em

consideração todos os indicadores ambientais

54
Figura 1. Localização da Bacia Hidrográfica do Ribeirão Anicuns

É de grande relevância que os métodos sejam refinados a fim de buscar melhorias

referentes à qualidade dos dados gerados e maior nível de confiança nos resultados.

Sendo assim, a comparação entre os modelos empíricos de fragilidade ambiental e o

desenvolvido com base no sistema de aperfeiçoamento se faz necessária, com fins de

contribuição científica e de referência, para se definir qual metodologia poderia ser

adotada visando menores incertezas.

OBJETIVOS

Objetivo Geral

Com intuito de apurar as fragilidades e as potencialidades da Bacia Hidrográfica

do Ribeirão Anicuns, a pesquisa pretende confeccionar mapeamentos sínteses,

elaborados a partir da aplicação de dois modelos distintos. As duas cartas de fragilidade

ambiental resultarão da aplicação de modelos empíricos, propostos por Ross (1994) e por

Spörl (2007).

55
Objetivos Específicos

- Mapeamento e caracterização geológica, pedológica e geomorfológica e uso e ocupação

do solo em escala adequada (1:60.000), correlacionando com a série pluviométrica

regional;

- Gerar as cartas de Fragilidade Ambiental referente às duas alternativas metodológico-

operacionais distintas, propostas por Ross (1994) e por Spörl (2007) e compará-las; e

- Analisar as convergências e divergências apresentadas nas comparações estatísticas

entre os modelos de fragilidade ambiental empregados, avaliando suas limitações e

vantagens.

METODOLOGIA

Os procedimentos metodológicos foram divididos em etapas. A primeira etapa

compreenderá o levantamento de uma base de dados referente às variáveis utilizadas

pelos modelos empíricos de fragilidade ambiental empregados neste estudo, sendo eles

os baseados nas Classes de Declividade e nas Unidades Territoriais Básicas (UTB),

propostos, respectivamente, por Ross (1994) e por Spörl (2007).

A segunda e terceira etapas consistirão na seleção das variáveis e atribuição de

pesos para as suas características, e produção dos mapas-síntese de fragilidade

ambiental, respectivamente. A quarta etapa fundamentar-se-á na utilização do método

multicritério, baseado na aplicação da técnica AHP, para o desenvolvimento de dois

novos modelos. A quinta etapa trará análises comparativas entre os dados e resultados

dos planos de informação, gerados pelos modelos empíricos.

Com relação aos procedimentos relacionados ao geoprocessamento, as etapas

metodológicas serão realizadas no software ArcGis, versão 10.3, adotando o sistema de

coordenadas geográficas projeção planas Universal Transverse Mercator (UTM), com

Datum WGS 1984.

56
REFERENCIAL TEÓRICO

Análise Descritiva e a Fragilidade Ambiental

Para pontuar a importância da análise descritiva em uma pesquisa acadêmica na

caracterização da fragilidade ambiental de uma determinada bacia hidrográfica, serão

utilizados alguns autores, como Moraes (1989), que considera que tanto o levantamento

de informações quanto sua catalogação vão sendo efetuados de modo cada vez mais

ordenado. Decorre desse interesse um revigoramento das descrições, que pela prática se

aprimoram. O acúmulo das descrições fornece base empírica para a comparação entre

áreas, núcleo germinador das indagações associadas na sistematização geográfica.

A modelagem e representação cartográfica que exprimem a fragilidade

ambiental é uma metodologia investigativa e descritiva que tem como finalidade

fornecer a análise de atributos ambientais de forma integrada, sinoticamente tratadas e

caracterizadas no estrato geográfico. A análise da fragilidade ambiental estará

sustentada em concepções teóricas e metodológicas que consideram a estrutura e

funcionamento do meio físico natural e as intervenções promovidas pelas atividades

antrópicas, dentre as quais destacam-se Tricart (1977), Christofoletti (1979), Ross (1994).

Para elaboração e representação cartográfica da fragilidade ambiental, a pesquisa

se fundamentará em autores como Kawakubo et. al. (2005) e Almeida (2014), consistindo

na análise dos principais instrumentos na idealização de um planejamento territorial

ambiental adequado, permitindo avaliar as potencialidades e restrições de cada lugar,

com o dimensionamento dos problemas regionais

Para determinar o nível de fragilidade em que um sistema se encontra, o

referencial teórico da pesquisa se embasará em autores como Ross (1994), Spörl (2007) e

Gonçalves (2010), que sugerem que sejam realizados estudos dos elementos que

compõem o estrato geográfico, como o solo, relevo, água, rocha, fauna, flora, etc. para

que a análise integrada possibilite a geração de um produto que permita representar a

situação do ambiente de estudo através de uma visão holística.

57
Planejamento Ambiental e Análise da Fragilidade Ambiental

Por se tratar de uma região extremamente urbanizada, considera-se necessário

apresentar um embasamento teórico referente ao termo Planejamento Ambiental,

empregado no sentido de racionalizar a organização do espaço considerando a

sustentabilidade, relacionando as informações diagnosticadas no meio, além de prever

ações e promover a adequação do uso e ocupação dos recursos naturais de modo que

suas limitações sejam respeitadas, referenciando autores como Santos (2004) e Almeida

(2014).

Visa assim apontar a consistência do planejamento em um exercício intelectual e

acadêmico que, por meio de métodos, procedimentos e técnicas, constitui-se em uma

maneira de organizar as relações entre a sociedade e seu espaço territorial, de acordo

com Rodriguez, Silva e Lea. (2011), entre outros autores.

Estudos integrados, como o de fragilidade ambiental, se fazem necessário para

que a dinâmica de funcionamento do ambiente seja entendida, possibilitando a obtenção

de diagnósticos referentes às categorias hierárquicas das vulnerabilidades do meio.

Classificar sistemas em diferentes níveis de fragilidade permite o reconhecimento áreas

mais suscetíveis à instabilidade, contribuindo, assim, para que as melhores definições

das ações e diretrizes a serem implantadas sejam proporcionadas, de maneira que a

gestão do território seja subsidiada. Para este contexto serão referenciados autores como

Ross (1990), Spörl (2007) e Gonçalves (2010).

Sistemas de Informações Geográficas (SIG)

Os SIG’s consistem em uma tecnologia, baseada em hardware e software, destinada

ao tratamento de dados referenciados, sendo utilizada para expor e analisar o espaço

geográfico. A presente pesquisa tratará dos avanços desta ferramenta, bem como das

vantagens e benefícios advindos da utilização de SIG para uma avaliação ambiental

58
integrada, referenciando autores como Zambon et al. (2005), Spörl (2007) e Lemke,

Bezerra e Pereira (2009), e sua aplicação no auxílio em tomadas de decisões.

Modelos de Fragilidade Ambiental

As considerações acerca do termo Modelo Ambiental, suas representações e

desenvolvimentos, além de aplicações em estudos de fragilidade ambiental que vise o

ordenamento territorial por meio da associação entre as variáveis (solo, rocha, clima,

relevo, cobertura vegetal) serão discutidas a partir de conceitos e resultados obtidos por

autores como Ross (1994), Spörl (2007), entre outros.

SUMÁRIO PRELIMINAR

1 INTRODUÇÃO
2 JUSTIFICATIVA
3 OBJETIVOS
4 REFERENCIAL TEÓRICO
4.1 Evolução de Conceitos e Princípios
4.2 Paisagem como Categoria Geográfica
4.3 Análise Socioambiental Integrada
4.4 Análise Descritiva e a Fragilidade Ambiental
4.5 Análise Sistêmica e Geossistema
4.6 Planejamento Ambiental e Análise da Fragilidade Ambiental
4.7 Sistemas de Informações Geográficas (SIG)
4.8 Modelos de Fragilidade Ambiental
4.9 Análise Hierárquica Processual (AHP)
5 MATERIAIS E MÉTODOS
5.1 Caracterização da Área de Estudo
5.2 Materiais
5.3 Procedimentos Metodológicos
5.3.1 Levantamento e Processamento da Base de Dados
5.3.2 Mapeamento da Fragilidade Ambiental com Base nas Classes de Declividade –
Ross (1994)
5.3.3 Mapeamento da Vulnerabilidade Ambiental com base nas Unidades Territoriais
Básicas (UTB) – Spörl (2007)
5.3.4 Mapeamento de Fragilidade Ambiental com Aplicação da Técnica Análise
Hierárquica Processual (AHP) nos Modelos Empíricos

59
5.3.5 Análises Comparativas dos Modelos de Fragilidade Ambiental
6 RESULTADOS E DISCUSSÃO
6.1 Ponderação e Classificação da Fragilidade das Variáveis – Planos de
Informação
6.1.1 Pedologia
6.1.2 Geologia
6.1.3 Geomorfologia
6.1.4 Pluviometria
6.1.5 Uso do Solo e Cobertura Vegetal
6.2 Determinação dos Pesos Referentes à Técnica AHP
6.3 Mapas-Sínteses da Fragilidade Ambiental da Bacia do Ribeirão Anicuns
6.3.1 Comparação entre os Modelos de Fragilidade Ambiental
7 CONSIDERAÇÕES FINAIS
8 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

Os capítulos iniciais como Introdução e Justificativa já foram elaborados, assim

como os Objetivos, que além de bem delimitados, estão descritos. Acredita-se que há

tempo hábil para alcançar o que foi proposto no início do projeto de pesquisa.

Os 9 subitens do Referencial Teórico estão descritos. Porém considera-se um

tópico em constante desenvolvimento e elaboração, podendo sempre ser atualizado e

modificado com inclusões ou subtrações de alguns itens, conforme andamento da

pesquisa.

O quinto capítulo, que trata dos Materiais e Métodos aplicados na pesquisa, foi

recentemente concluído e atualmente está sendo avaliado para posterior revisão. No

momento presente estão sendo elaborados os produtos gráficos do capítulo 6,

Resultados e Discussão.

Além de uma etapa de campo já realizada, estão previstas outras duas visitas

exploratórias na Bacia Hidrográfica do Ribeirão Anicuns. Cada etapa terá duração média

de dois dias e serão realizadas após a conclusão do subitem 6.3 Mapas-Sínteses da

Fragilidade Ambiental da Bacia do Ribeirão Anicuns, com intuito de subsidiar o subitem 6.3.1

Comparação entre os Modelos de Fragilidade Ambiental, e elaboração das Considerações

Finais.

60
A PAISAGEM E A GEODIVERSIDADE: UMA PROPOSTA DE
CLASSIFICAÇÃO PATRIMÔNIAL DA GEODIVERSIDADE
Jefferson Paulo Ribeiro Soares
Modalidade: Doutorado

Palavras-chave: Geologia, Geomorfologia, Patrimônio, Geoconservação.

INTRODUÇÃO

A paisagem pode ser definida como um sistema formado por elementos bióticos

e abióticos, indissociáveis que estabelecem mutua relação entre si. Dentre os elementos

abióticos constituintes da paisagem podemos destacar a geodiversidade que pode ser

definida como a variação natural de aspectos geológicos, geomorfológicos e pedológicos

(GRAY, 2005).

Daí a importância de acordo com Brilha (2005) de se buscar a proteção e a

conservação da geodiversidade, pois a mesma esta revestida de valor quer seja

econômico, cultural, cientifico dentre outros.Com o fim de nortear as ações na busca de

promover a perpetuação da geodiversidade é que surge o conceito de patrimônio

geológico, que é o conjunto de geossítios inventariados e caracterizados numa

determinada área ou região que integra todos os elementos notáveis que constituem a

geodiversidade, incluindo o patrimônio paleontológico, o patrimônio mineralógico, o

patrimônio geomorfológico, o patrimônio hidrogeológico dentre outros. (BRILHA 2005).

Dentro do conceito de patrimônio geológico está contido o patrimônio

geomorfológico que de acordo com Pereira (1995) é o conjunto de formas de relevo, solos

e depósitos correlativos, que pelas suas características genéticas e de conservação, pela

sua raridade ou originalidade, pelo seu grau de vulnerabilidade, ou, ainda, pela maneira

como se combinam, evidenciam claro valor científico, merecendo serem preservadas.

61
Assim, o trabalho em questão pretende verificar a existência na paisagem de

Milton Brandão-PI de formações geomorfológicas que apresentem valor patrimonial e

que sejam susceptíveis a inventariação e classificação.

Vale ressaltar, que a presente proposta se justifica primeiramente pela relevância

social que a mesmo possui, pois, ao propor uma metodologia de classificação por meio

da análise em uma perspectiva integrada dos atributos geomorfológicos da paisagem, a

mesma buscará subsidiar por meio das informações levantadas o planejamento, uso e

gerenciamento da paisagem.

Soma-se a isso o fato da temática Patrimônio Geomorfológico ser de discussão

recente no ramo da Geografia Física, sobretudo a brasileira. Evidenciando assim a

carência de um repertório mais expressivo de pesquisas para o aperfeiçoamento das

metodologias já desenvolvidas e para a apresentação de novas propostas metodológicas.

OBJETIVOS

Geral

Analisar em uma perspectiva integrada os atributos geomorfológicos da paisagem

como forma de subsidiar a construção de uma metodologia de classificação do

Patrimônio Geomorfológico e a gestão desse patrimônio.

Específicos

• Caracterizar as Feições Geomorfológicas do município de Milton Brandão – PI.

• Identificar e inventariar as geoformas que apresentem potencial valor

patrimonial na área de estudo.

• Analisar as metodologias de inventariação, quantificação e classificação do

Patrimônio Geomorfológico.

• Propor uma metodologia de classificação do Patrimônio Geomorfológico.

• Classificar as geoformas de acordo com a metodologia proposta

62
• Propor ações para planejamento e gestão das áreas de relevante valor patrimonial

METODOLOGIA

Para e persecução exitosa dos objetivos supra elencados se faz necessário realizar

um levantamento dos atributos geomorfológicos da paisagem de Milton Brandão-PI

para tanto, se utilizou os dados gerados por Soares (2016) que elaborou um mapeamento

das feições do relevo do município de Milton Brandão-PI.

Critérios de inventariação, avaliação e classificação do patrimônio geomorfológico.

O processo de inventariação, quantificação e classificação do Património

Geomorfológico surgiu a partir da análise das propostas metodológicas de diversos

autores dentre eles Brilha (2005), sendo que essas três etapas seguem o seguinte

ordenamento as duas primeiras etapas são executadas essencialmente no momento da

pesquisa de campo e com base em dados preliminares e a terceira etapa se procederá

após a análise dos dados coletados em campo.

É na etapa de quantificação se utilizou dos seguintes critérios que podem ser


visualizados por meio dos quadros 1, 2 e 3, a seguir:

Quadro 1: Definição da forma de quantificação do valor intrínseco.

63
Quadro 2: Definição da forma de quantificação do valor adicional.

CRITÉRIOS VALORAÇÃO

0 Nenhuma

1 Baixa
Importância
histórica/arqueológica 2 Média

3 Alta

0 Nenhuma

1 Baixa
Valor cultural Importância
religiosa/espiritual 2 Média

3 Alta

0 Nenhum

1 Um por ano
Evento artístico
cultural 2 Dois por ano

3 Mais de dois por ano

0 Nenhuma

1 Baixa
Importância turística 2 Média

3 Elevada
VALOR 0 Sem utilidade desportiva
ADICIONAL
1 Com baixa utilidade desportiva

Importância desportiva 2 Com média utilidade desportiva


Valor 3 Com elevado utilidade desportiva
econômico
0 Ausência de itinerários
Existência de
1 Um itinerário
itinerários
turísticos/culturais 2 Dois itinerários

64
3 Mais de dois itinerários

0 Muito baixa

Diversidade 1 Baixa
paisagística 2 Média

3 Alta

0 Nenhum

1 Baixo
Contraste de cores 2 Médio

Valor estético 3 Elevado


Nenhuma presença aparente de
1
água

Presença de água 2 Moderada presença de água

3 Abundante presença de água

0 Muito baixa

1 Baixa
Diversidade ecológica 2 Média

3 Elevada

1 Reduzida

2 Moderada
Importância ambiental
Valor ecológico 3 Elevada

1 Reduzida

Ocorrência de habitat 2 Moderada


específicos
3 Elevada

65
Quadro 3: Definição da forma de quantificação do valor de uso e gestão.

Critérios Valores
Muito difícil, apenas com equipamento
0 especial se pode chegar ao ponto de
visitação
Difícil, com locomoção apenas a pé e com
distância até de 1 km de área passível de
1
ser transitada por veículos com mais de
20 lugares
Moderada, com locomoção apenas a pé e
com distância até de 500 metros de área
2
passível de ser transitada por veículos
Acessibilidade
com mais de 20 lugares
Fácil, sendo que o ponto visitado está em
uma distância de até 250 metros de área
3
passível de ser transitada por veículos
com mais de 20 lugares
0 Muito alta

1 Alta

Vulnerabilidade 2 Média

Valor de uso e gestão 3 Baixa

0 Nenhum estatuto legal de proteção

1 Áreas de uso sustentável por lei

Proteção 2 Áreas de parques municipais e estaduais

3 Áreas de parques nacionais

1 Baixa visibilidade

2 Moderada visibilidade
Condições de observação
3 Alta visibilidade
Oferta variadas de hotelaria, restaurantes,
Equipamentos e serviços de 0 guias turísticos e outros serviços até 50
apoio ao uso km ou mais

66
Oferta variadas de hotelaria, restaurantes,
1 guias turísticos e outros serviços até 30
km
Oferta variadas de hotelaria, restaurantes,
2 guias turísticos e outros serviços até 15
km
Oferta variadas de hotelaria, restaurantes,
3
guias turísticos e outros serviços até 5 km
Sem divulgação ou uso para promoção de
0
qualquer atividade
Sem divulgação, mas com uso diverso do
1 de promoção do interesse
geológico/geomorfológico
Com divulgação e uso atrelados ao
Uso atual do interesse 2
interesse paisagístico do local
geológico/geomorfológico
Divulgado e usado como um local de
3 interesse geológico ou geomorfológico
com a presença de painéis informativos

Na terceira etapa, a de classificação, as pontuações obtidas em cada parâmetro

serão somadas e enquadradas no quadro de classificação, proposto por este projeto, que

será denominado de Classificação Qualif Geoheritage. Sendo que a pontuação para a

atribuição de classificação será obtida por meio da seguinte fórmula: QG = (Total do

Cientifico x 2) + Total do V. Adicional + (Total do V. Uso e Gestão x 2).

A Qualif GeoHeritage trará sete patamares de classificação os patamares de

classificação da Qualif GeoHeritage são ordenados de forma decrescente, como pode ser

visto no quadro a seguir:

67
Quadro 4: Tabela de classificação Qualif GeoHeritage.

REFERÊNCIAS

BRILHA, J.B.R. Patrimônio geológico e geoconservação: a conservação da natureza na


sua vertente geológica. Braga: Palimage, 2005.190 p.

GRAY, M. Geodiversity and Geoconservation: what, why, and how? Geodiversity &
Geoconservation, p. 4-12, 2005.

PEREIRA, A. R. Património Geomorfológico no litoral sudoeste de Portugal.


Finisterra, vol. XXX, 59-60, Lisboa, pp. 7-25. 1995.

SOARES, J. P. R. Vulnerabilidade das unidades de paisagem do município de Milton


Brandão-PI: subsídio para ordenamento territorial. Dissertação (Mestrado em
Geografia) – Universidade Federal do Piauí, 2016.

68
ANÁLISE ESPACIAL DA DISTRIBUIÇÃO E GÊNESE DOS CAMPOS DE
MURUNDUS DA CHAPADA UBERABA-UBERLÂNDIA
Jepherson Correia Sales
Modalidade: Doutorado

Palavras-chave: campo de murundu; distribuição espacial, gênese

INTRODUÇÃO

As áreas úmidas são ecossistemas presentes no bioma cerrado de fundamental

importância para a manutenção do equilíbrio hídrico e de qualidade da água

(JOSEPHON, 1992), tendo uma grande da contribuição na acumulação de carbono e de

gases do efeito estufa (EWEL, 1991). Essas áreas são formadas pela presença permanente

ou periódica de inundação (KEDDY, 2000).

Os Campos de Murundus são áreas úmidas compostas de pequenos montes de

terra ocorridos em paisagens naturais são comuns em vários locais do mundo, no Brasil

são conhecidos como “murundus”, “covais” ou “monchões”. Esses microrrelevos são

definidos por Araújo Neto (1981) como elevações semicirculares, arredondadas ou ovais,

com dimensões médias de 10 metros de diâmetro, 70 centímetros de altura e 6 metros de

largura. Os murundus têm do alvo de pesquisa científica em diversos países gerando

algumas controvérsias sobre a sua gênese no meio científico, existindo diversas

hipóteses sobre a sua gênese nos mais diversos locais de ocorrência no planeta.

Estudos sobre esta temática têm sido pesquisados na América do Sul,

(PENTEADO-ORELLANA, M.M. 1980, ARAUJO NETO, 1986, FURLEY, 1986,

CORREA, 1989, SCHNEIDER, 1991, PONCE; CUNHA, 1993, SILVA, 2010, RENARD,

2012, BAPTISTA et. al, 2013, ZANGERLÉ et. al, 2016). No Brasil os murundus ocorrem

com grande freqüência na Chapada do Oeste Mineiro e no Pantanal Mato-Grossense,

esses estudados por Oliveira Filho (1992) e Guerra (1993). Eventos dessas microformas

também ocorrem no sul da África, conhecidos localmente como “heuweltjies” (KNIGHT

69
et. al, 1989, PICKER, 1991; Albrecht, 2001, FRANCIS et. al, 2012, DIAZ et. al, 2016,

MOORE, 1991, Naudé, 2011), nos Estados Unidos, definidos como “mima-mounds”

(COX, 1984; HORWATH BURNHAM AND JOHNSON, 2012a, 2012b, GABET, 2014,

JOHNSON; BURNHAM, 2015).

A hipótese mais difundida na comunidade científica mundial para a formação

dos microrrelevos de campos de murundus é a de natureza biológica, figura 1.

Figura 1 - Proporção de 263 publicações apoiando várias hipóteses para as origens de montículos
listados na bibliografia de Horwath Burnham e Johnson (2012) contendo 274 artigos publicados
entre 1804 e 2011. Fonte: Cramer; Barger, 2014.

No Brasil, a origem dos murundus está dividida nas hipóteses de origem

biológica ( OLIVEIRA FILHO, 1992, PONCE; CUNHA, 1993; RENARD et. al; 2012,

FUNCH, 2015; TARNITA, 2017) e na de erosão diferencial (PENTEADO-ORELLANA,

1980; FURLEY, 1986; ARAUJO NETO, 1986; SCHNEIDER, 1991; SILVA et. al; 2010;

CRAMER et. al., 2012; RENARD, 2012; BAPTISTA et. al., 2013).

O presente projeto parte da hipótese de que os campos de murundus têm sua

gênese e funcionamento associadas à dinâmica geoquímica da paisagem. Em linhas

gerais, o abatimento geoquímico provoca um processo de erosão diferencial no solo

70
possibilitando o rebaixamento da superfície no entorno dos murundus, diferentemente

da hipótese biótica, a qual defende que os murundus são resultados de ação de térmitas

em longa duração, nesse sentido os mesmos teriam sido construídos acima da superfície.

Os esquemas das hipóteses bióticas e de erosão diferencial são apresentadas na figura 2.

Figura 2 - Esquemas das hipóteses de gênese biótica e de erosão diferencial dos murundus.

A gênese e o funcionamento dos campos dos murundus ainda possui lacunas

com referência a sua evolução na paisagem, questões que podem ser de grande

relevância do ponto de vista ambiental, devido aos mesmos estarem ligados às áreas

úmidas e, muitas vezes, atreladas às dinâmicas hídricas superficial e subsuperficial. A

ocorrência dos campos de murundus em áreas de aplainamento nas coberturas

pedológicas Latossolo-Gleissolo também possui grande importância do ponto de vista

econômico, estando relacionada com o entendimento dos enriquecimentos de minerais

metálicos e não metálicos em solos tropicais.

O presente projeto faz parte do Projeto de pesquisa: Reconstrução da paisagem,

caracterização das fases organo-metálicase prospecção dos depósitos de argilas

aluminosas refratárias do sistema Latossolo – Gleissolo (oeste de Minas Gerais),

financiado pela FAPESP, desenvolvido em parceria com a UNESP-Rio Claro, sob

coordenação da Professora Doutora Vânia Rosolen.

71
OBJETIVO GERAL

- Compreender a gênese dos campos de murundus no contexto da evolução

geomorfológica da Chapada Uberaba-Uberlândia.

Objetivos Específicos

- Mapear e compreender a distribuição espacial dos murundus, a geometria e

organização deste microrrelevo.

- Identificar os compartimentos morfohidropedológicos, em nível detalhe

topográfico, de uma área úmida representativa dos campos de murundus.

- Caracterizar o funcionamento geoquímico dos compartimentos

morfohidropedológicos.

ÁREA DE ESTUDO E METODOLOGIA

Caracterização da área de estudo

A área de estudos possui 46,7 ha de extensão. Fica localizada na Chapada

Uberaba-Uberlândia. Geomorfologicamente possui uma topografia plana a suavemente

plana. Geologicamente constituída de rochas da Formação Marília/Grupo Bauru,

assentada sobre a Formação Serra Geral.

Figura 3 – Localização da área de estudo.

72
Metodologia

O projeto terá como orientação metodológica geral a proposta de Ab'Saber

(1969) sobre o estudo geomorfológico em três níveis. No primeiro nível de investigação

será dada ênfase à forma, considerando a morfologia da superfície em que se encontram

os murundus e as características geométricas dos mesmos; no segundo nível será

investigada a estrutura, considerando a compartimentação da área úmida, padrões de

distribuição e organização dos murundus e a organização dos materiais (solo) que

compõem os murundus; no terceiro nível será estudada a fisiologia do sistema, isto é,

seu funcionamento hidrogeoquímico, por meio da distribuição e da dinâmica dos

elementos Si, Al e Fe no solo e nas águas, e os processos envolvidos na gênese e evolução

da área úmida com campo de murundus.

As etapas dos procedimentos metodológicos estão elencadas na figura 4 abaixo:

1 3 2 4

Figura 4- Etapas metodológicas da pesquisa

O trabalho de gabinete consistirá no levantamento bibliográfico acerca da

temática de pesquisa bibliográfica em fontes que são o uso de plataformas aéreas não

tripuladas e sensores embarcados para análise de microrrelevo, análise de padrão

espacial por geoprocessamento e coleta e análise química de solo e água. Podemos

sistematizar o levantamento de referências da seguinte maneira:

73
O trabalho de campo será desenvolvidos em duas etapas complementares: a

primeira será o imageamento por Veículo Aéreo Não-Tripulado (VANT) com apoio do

Laboratório de Processamento de Imagens e Geoprocessamento (LAPIG/UFG) da

categoria asa-fixa (vôo semelhante ao de um avião), fabricante/modelo Sensefly/eBee

RTK. Nos voos realizados em 17 e 18 de outubro de 2017 foram utilizadas a câmera RGB

senseFly S.O.D.A e a Câmera Multiespetral Parrot Sequoia. Os voos foram realizados

com sobreposição lateral e longitudinal fixada em 70% e com pixel de 10 cm. Mais

detalhes sobre a técnica, produtos e a operação com VANTs podem ser obtidos em Alves

Jr. et al. (2015) e Albuquerque et al. (2017). Na segunda etapa serão coletadas amostras

de solo e água do lençol freático para cada compartimento da área de estudo. Estes

procedimentos serão realizados conforme orientação do Manual Técnico de Pedologia

IBGE (2015), do Manual e Métodos de análise de solo EMBRAPA (1997) e do Manual de

procedimentos de amostragem e análise físico-química de água EMBRAPA (2011). A

coleta de água será realizada quatro momentos distintos divididos nas estações seca e

chuvosa em lisimetros que serão instalados dentro de cada compartimento da área de

pesquisa.

O trabalho de laboratório consistira em atividades de geoprocessamento, análise

geoespacial e estatística dos dados coletados em campo e na análise físico-química do

solo e da água. Com os dados obtidos por meio das imagens RGB do VANT foi realizado

o tratamento das imagens por meio do software de monitoramento do vôo Emotion 3.0

da Empresa SenseFly , utilizando o método de pós-processamento com uso do GPS

geodésico obtendo-se a precisão de 0.036m. No software de fotogrametria Argisoft

PhotoScan foi gerado o ortomosaico RBG, o modelo digital de superfície (MDS) e o

modelo digital do terreno (MDT), todos com resolução espacial de 10cm, e o ortomosaico

multiespectral com resolução espacial de 21cm. Por meio de geoprocessamento do MDT

no software ArcGIS10.1 foram realizados testes para a extração dos murundus

74
individualizados de forma semi-automatizada por meio declividade de 15 e 20%

(Forma).

Com os murundus individualizados na forma de shapefile foi possível extrair

para cada feição os valores de área, perímetro, altitude máxima, altitude mínima,

amplitude altimétrica, volume, normalized difference vegetation index (NDVI), número

de vizinhos e estimativa de densidade kernel. Com essas variáveis serão realizadas

inicialmente uma análise exploratória dos dados estatísticos para a área de estudo,

aplicação do Índice Global/Local de Moran I (MORAN, 1950) e a análise de Clusters e

outliers espaciais para cada variável analisada. Estes procedimentos serão utilizados

para entender o padrão de distribuição espacial dos murundus dentro da área de estudo

e definir os compartimentos da paisagem (Estrutura).

A análise do solo e da água coletados dentro de cada compartimento encontrados

da área de estudo serão analisadas no Laboratório de Geomorfologia, Pedologia e

Geografia Física da UFG (LABOGEF) e nos Laboratórios do Instituto de Geociências e

Ciências Exatas da Universidade Estadual de São Paulo (UNESP/Rio Claro). Para análise

física do solo serão realizados os ensaios de análise granulométrica, relação silte/argila e

índice de matéria orgânica. Na análise química do solo e água serão obtidos os índices

de pH (água, KCl, CaCl2), Eh e presença dos elementos químicos silício, alumínio e ferro.

Os resultados serão analisados por meio de estatística exploratória de dados para

entender a alteração de padrão e os processos de cada variável nos compartimentos. Este

procedimento tem o objetivo de entender o funcionamento geoquímico do campo de

murundus.

REFERENCIAL TEÓRICO

Ab’Sáber, A. N. 1969. Um conceito de Geomorfologia a serviço das pesquisas sobre o


Quaternário. Geomorfologia, São Paulo, 18:1-23.

Albuquerque, R.W.; Costa, M.O.; Ferreira, M.E.; Jorge, L.A.C.; Sarracini, L.H.; Rosa,
E.O.; Tavares, L.F.S. 2017. Qualitative effectiveness of unmanned aerial vehicles for

75
monitoring forest restoration in brazil: a brief review. International Journal of Current
Research (in press).

Alves Jr., L.R.; Cortes, J.B.R.; Ferreira, M.E.; Silva, J.R.2015. Validação de ortomosaicos e
modelos digitais de superfície utilizando fotografias obtidas com câmera digital não
métrica acoplada a um VANT. Revista Brasileira de Cartografia, v. 67, p. 1453-1466.

CLAESSEN, Marie EC. Manual de métodos de análise de solo. Embrapa Solos-


Documentos (INFOTECA-E), 1997.

EWEL, K. C. Diversity in wetlands. Evolutionary Trends in Plants, v. 5, n. 2, p. 90-92,


1991.

JOSEPHON, J. Status of wetland. Environmental Science and Technology, v. 26, p.


422-429, 1992.

KEDDY, Paul A. Wetland ecology: principles and conservation. Cambridge University


Press, 2010.

Moore J.M., Picker, M.D. 1991.Heuweltjies (earth mounds) in the Clanwilliam district,
Cape Province, South Africa: 4000-year-old termite nests. Oecologia, 86, 424-432.

Mounier, S., Zhao, H., Garnier, C., Redon, R. 2011.Copper complexing properties of
dissolved organic matter: PARAFAC treatment of fluorescence quenching.
Biogeochemistry, 106, 107-116.

Moreira, C.A., Ilha, L.M. 2011. Prospecção geofísica em ocorrência de cobre localizada
na bacia sedimentar do Camaquã (RS). R. Esc. Minas, Ouro Preto, 64(3), 305-311.

Oliveira Filho, A.T. 1992. Floodplain “murundus” of Central Brazil: evidence for the
termite-origin hypothesis. Journal of Tropical Ecology, v. 8, n. 1, 1-19.

Queiroz Neto, J.P.; FeltranFilho, A.; Schneider, M.O. 1998.L'évolution de la couverture


pédologique et du relief sur les plateaux de l'ouest de l'état de Minas Gerais (Brésil)
Pedological cover and relief development on western tablelands of Minas Gerais state
(Brazil).Anais do XVI Congresso Mundial de Ciência do Solo. Montpellier, França.

Silva, L.C.R.; Vale, G.D.; Haidar, R.F.; Sternberg, L.S.L. 2010. Deciphering earth mound
origins in central Brazil. Plant Soil, 336, 3-14

Takahashi, T., Dahlgren, R. A. 2016.Nature, properties and function of aluminum–


humus complexes in volcanic soils. Geoderma, 263, 110-121.

SOUZA, Celso Gutemberg. Manual técnico de pedologia. IBGE, 1995.

76
Zangerlé A.; Rénard, D.; Iriarte J.; Jimenez, L.E.S.; Montoya, L.A.; Juilleret, J.; McKey,
D. 2016.The surales, self-organized earth-mound landscapes made by earthworms in a
seasonal tropical wetland. PLoS ONE 11, 5, 1-33

PLANO DE REDAÇÃO DETALHADO PRELIMINAR

1. Introdução
2. Montes de Terra e suas variações
2.1 Pesquisas sobre os montes de terra no mundo
2.2 Os Campos de Murundus no Brasil
2.3 Campos de Murundus e áreas úmidas
2.4 Geoquímica da paisagem e evolução do relevo
3. Método e Procedimentos metodológicos
3.1 Fisiologia da paisagem
3.1 Caracterização da área de estudo
3.2 Os VANTs e os sensores embarcados aplicadas a análise de microrrelevo
3.2.1 Obtenção do Modelo Digital de Superfície
3.2.2 Obtenção do Modelo Digital do Terreno
3.2.3 Obtenção do NDVI
3.3 Compartimentação e análise de padrão espacial
3.3.1 Análise de padrão espacial do campo de murundu
3.3.2 Compartimentação morfológica do campo de murundu
3.4 Coleta e análise de parâmetros físico-químicos do solo
3.5 Coleta e análise de parâmetros químicos da água
4. Análise de padrão de distribuição espacial dos murundus
4.1 Padrão espacial por área, perímetro, altitude máxima, mínima e amplitude
4.2 Padrão espacial por NDVI
4.3 Padrão espacial por vizinhos mais próximo e densidade kernel
4.3 Compartimentação morfológica do campo de murundu
5. Análise físico-químico do solo e da água no campo de murundus
5.1 Variação dos componentes físico-químicos nos compartimentos do campo de
murundus
6. Gênese e funcionamento dos campos de murundus
7. Considerações Finais

DETALHAMENTO DO SUMÁRIO PRELIMINAR

1. Introdução (Concluído)

Capitulo destinado a expor a problemática e a hipótese da pesquisa.

77
2. Montes de Terra e suas variações (Em andamento)

Neste tópico será realizado uma extensa pesquisa bibliográfica acerca dos principais

temas da pesquisa, a qual servirá para fundamentação teórica para alcançar os objetivos

geral e específicos da tese.

3. Método e Procedimentos metodológicos (Em andamento)

Capitulo responsável para detalhar o método e procedimentos metodológicos de

pesquisa. O item 3.2 Os VANTs e os sensores embarcados aplicadas a análise de

microrrelevo, foi concluído com trabalho de campo com VANT na área de estudo em

conjunto com o trabalho de laboratório para geoprocessamento das imagens obtidas.

4. Análise de padrão de distribuição espacial dos murundus (Em andamento)

Neste item será apresentado os resultados da análise estatística exploratória das

variáveis morfológicas dos murundus, a análise de padrão espacial e a

compartimentação estrutural da área de pesquisa.

5. Análise físico-químico do solo e da água no campo de murundus (Planejado)

Neste capítulo será apresentado os resultados da análise físico-química do solo e da água

do lençol freático para cada compartimento do campo de murundu estudado. Os

resultados serão apresentados por meio de estatística exploratória e gráficos

demonstrando as variações físico-químicos da água e do solo nos compartimentos na

área de estudo. Essas atividades terão inicio a partir de agosto/2018 quando será

realizada as atividades de campo para coleta de solo e instalação dos lizimetros para

coleta de água do lençol freático.

6. Gênese e funcionamento dos campos de murundus (Planejado)

O capitulo final da tese esta planejado para realizar uma análise das resultados

morfométricos, estruturais, os processos e o funcionamento dos compartimentos da área

de pesquisa. Espera-se que o entendimento conjunto das variáveis pesquisadas neste

projeto seja capaz de encontrar respostas sobre a gênese dos campos de Murundus, bem

como a evolução desta paisagem no contexto da Chapada Uberaba-Uberlândia.

78
7. Considerações Finais

Neste item será retomado os resultados encontrados na pesquisa comparados com

outros resultados encontrados literatura referente a análise de gênese dos campos de

murundus e montes de terra no Brasil e no Mundo, bem com apresentado as principais

dificuldades metodológicas encontradas no decorrer do projeto sugerindo possíveis

caminhos e melhorias para outros estudos que possam decorrer deste estudo.

79
A EVOLUÇÃO DOS FOCOS EROSIVOS LINEARES EM GOIÂNIA DE 1992
A 2016: DISTRIBUIÇÃO E RELAÇÃO COM A EXPANSÃO DE
LOTEAMENTOS E BAIRROS
Lizandra Ribeiro Cavalcante
Modalidade: Mestrado

Palavra-Chave: Degradação Ambiental, Erosão, Urbanização, Goiânia.

INTRODUÇÃO

No século XX, mais precisamente em 1933, deu-se a fundação da capital goiana,

projetada pelo urbanista Atílio Corrêa Lima para abrigar 50 mil habitantes. Segundo

Santos (1997), quase trinta anos depois da fundação, em 1960, a população do município

de Goiânia já tinha em torno de 160 mil habitantes, a qual aumentou para 370 mil em

1970, 720 mil em 1980 e saltou significativamente daí em diante, para 920.840 em 1991,

prosseguindo até ultrapassar a casa de 1 milhão, sendo1.090.737 em 2000 e 1.302.001 em

2010.

Goiânia foi criada para abrigar cerca de 50 mil habitantes, porém, seu crescimento

demográfico foi intenso, principalmente desde a década de 1960 e 1970, quando a

população e os ambientes urbanos e periurbanos de Goiânia já sentiam vários problemas

como a falta saneamento básico, de abastecimento de água e energia, de habitação, de

transporte, comunicações, de postos de saúde, de educação, bem como surgimento de

focos erosivos lineares (ravinas e voçorocas), as quais resultam da concentração de fluxos

hídricos, sobretudo associados às chuvas, além de degradação das nascentes e dos rios

urbanos.

Convém lembrar que ravina é um rasgo na terra escavado pelas águas do

escoamento superficial, podendo atingir diferentes dimensões. Já voçoroca é a expressão

mais flagrante da erosão hídrica linear, e que resulta de escoamento superficial e

subsuperficial concentrado das águas pluviais, inclusive infiltradas, podendo ser

80
também de águas servidas (esgoto). São associadas a fenômenos de piping que

correspondem a tubos subsuperficiais de erosão interna, promovido pelas águas

infiltradas na forma de lençol suspenso ou mesmo do lençol freático (SALOMÃO, 1999).

O alto índice de crescimento demográfico, causado em grande parte pelo intenso

movimento migratório inter-regional, aliado à concentração de terras e à expansão

capitalista no campo, são fatores que promoveram um rápido processo de urbanização,

bem como o crescimento e o surgimento da cidade legal e, porque não dizer, também da

ilegal, esta fruto de uma expansão urbana desordenada avançando sobre o entorno rural.

Nascimento e Podestá Filho (1993) destacam os problemas derivados dessa

rápida urbanização sem planejamento, como a ocorrência de parcelamentos

clandestinos, a comercialização irregular de áreas situadas na periferia da cidade, a

ocupação de fundos de vale, a destruição sistêmica da cobertura vegetal das nascentes e

das áreas marginais aos cursos d’água. Além disso, a intensificação da degradação

ambiental do próprio espaço urbano, dentre outros, através da aceleração de processos

erosivos em terrenos sensíveis à ocupação.

Em pesquisa realizada no início da década de 1980, a erosão em Goiânia já se

tornara bastante conhecida em vários pontos da cidade, principalmente em bairros não

planejados, quando foram identificados 106 focos erosivos, distribuídos em 36 bairros

da capital, sendo que alguns não dispunham de microdrenagem urbana (IPLAN, 1983).

Em estudo subsequente, Nascimento (1992) identificou 42 focos erosivos de grande porte

que já afetavam diretamente a população, pois envolviam desde a perda de casas,

edifícios, terras ainda agricultáveis até a perda de vidas humanas.

No início do século XXI, Nascimento e Sales (2002) identificaram um aumento de

18 voçorocas, notadamente em áreas periféricas da capital, elevando seu número total

para 63 focos de grande porte, em apenas nove anos. Embora algumas dessas ocorrências

tenham sido controladas pela Prefeitura de Goiânia, os problemas continuaram com o

decorrer do tempo e novos focos surgiram, como relata Faria (2007).

81
A dinâmica de urbanização de Goiânia e sua relação com as ocorrências erosivas

lineares em setores urbanos e periurbanos permite levantar algumas questões sobre a

problemática, como: 1. A ocupação irregular de certas áreas mais sensíveis às ações do

escoamento das águas pluviais têm intensificado esses processos no município de

Goiânia? 2. Os processos erosivos relatados para os anos de 1983, 1992, 2002 e 2007 ainda

persistem nos dias atuais? Caso sim, quais medidas de controle foram ou poderiam ter

sido tomadas pelo poder público, atualmente pela Agência Municipal de Meio Ambiente

- AMMA? 3. As áreas de risco delimitadas na carta de risco de Goiânia e os processos

erosivos tem relação espacial entre si? Elas indicam ou sugerem medidas de controle

preventivo e corretivo num futuro próximo para evitar determinadas ocupações dessas

áreas sensíveis?

Pelo exposto, é necessário atualizar e aprofundar os estudos dos processos

erosivos no município de Goiânia, já que os anteriores se encontram desatualizados em

relação ao momento atual, sobretudo a respeito das grandes ravinas e as voçorocas. E

também discutir modelos de controle, para que os órgãos responsáveis da administração

municipal, como a AMMA, possam tomar implementar medidas mitigadoras e mesmo

preventivas, tal como feito em outros Estados brasileiros, como os da região Sudeste.

OBJETIVOS

1. Gerais: Compreender a origem e evolução dos processos erosivos e sua

relação com a evolução do uso e ocupação urbana do município de Goiânia, bem como

suas consequências, sobretudo os socioambientais.

2. Específicos: Avaliar a distribuição espacial dos focos de erosão linear do

tipo ravinas e voçorocas e as áreas afetadas; Identificar os condicionantes dos processos

erosivos; Avaliar a pluviometria e relações com o sistema de micro drenagem e

macrodrenagem urbana; Identificar e avaliar as zonas preferenciais de escoamento

82
concentrado; Avaliar as áreas críticas em termos de erosão e suas relações com as áreas

de risco.

METODOLOGIA

A metodologia se inspira na proposta conceitual e metodológica desenvolvida

pelo Instituto de Pesquisa Tecnológicas do Estado de São Paulo (IPT-SP) para o

Departamento de Águas e Energia Elétrica - DAEE do mesmo Estado (IPT/DAEE, 1990),

em que se recomenda utilizar uma escala de análise de detalhe e semidetalhe, no estudo

do fenômeno erosivo. Conforme proposta por Castro e Salomão (1999) nesse nível de

análise, a variação espaço-tempo do fenômeno permitirá reconhecer o processo

evolutivo e os compartimentos morfopedológicos em que predomina, auxiliando a

reconhecer os condicionantes de sua formação. Os passos da metodologia são resumidos

a seguir:

- 1°. Passo - Pesquisa bibliográfica sobre o tema para: (a) aquisição das bases

teóricas e conceituais, além do resgate dos estudos dos processos erosivos urbanos, com

ênfase em Goiânia; (b) a aquisição e compreensão história do uso e ocupação do solo

urbano e suas relações espaciais com a distribuição de focos de erosão em Goiânia

(inicialmente ROMÃO, 2006; LUIS, 2012; FARIA, 2007; SOARES NETO & FARIA, 2014;

MUBDG, 1995) (c) aquisição das metodologias visando a análise geoespacial do

fenômeno (como FERREIRA, 2014), a delimitação de áreas de risco (de acordo com

SEPLAN, 2008) e a microdrenagem urbana (conforme TUCCI; PORTO; BARROS, 1995);

- 2º. Passo - Análise de dados preliminares do meio físico com o auxílio de cartas

topográficas (IBGE, 1980), disponíveis na escala 1: 50.000, e carta de risco detalhada do

município de Goiânia (SEPLAN, 2008) também na escala disponível, somadas ao

material contido no MUBDG ( Mapa Urbano Digital de Goiânia) e imagens de satélite

como SRTM – Shutle Radar Topographic Mission, a serem obtidas diretamente no site da

NASA (USA), com resolução de 30m, além das imagens Rapid Eye, com resolução de 5m.

83
- 3º. Passo - Elaboração do mapa de focos erosivos lineares em escala de detalhe;

- 4º. Passo – Elaboração dos mapas: (a) de fluxos hídricos superficiais da área

urbana com base no Modelo Digital do Terreno (MDT) elaborado a partir das imagens

SRTM; (b) idem das áreas de contribuição das voçorocas cadastradas para a identificação

de linhas de concentração de fluxos e correlação com a rede da microdrenagem;

- 5º. Passo – Para tanto, será estruturado um de banco de dados, utilizando o

aplicativo de geoprocessamento Software ArcGis, que possibilita juntamente com

aquisição de imagens de satélite Landsat 7, 8 e SRTM :(a) a identificação dos focos

erosivos sobre as imagens, seja em forma de pontos ou modelo linear (restituição dos

contornos); (b) a delimitação de áreas críticas em termos de concentração dos focos

erosivos lineares por isodensidade, em escala de ultradetalhe.

- 6º. Passo - Reconhecimento e atualização do uso do solo e validação do cadastro

dos focos erosivos em campo para; (a) atualização da planta urbana das áreas críticas e

de suas características do meio físico; (b) atualização do cadastro das erosões existentes

levantadas e diagnosticadas na década de 80, conforme relatado, adotando-se o modelo

do DAEE(1990), contendo informações consideradas fundamentais como: identificação,

localização, acesso, dados geométricos, características da área, dinâmica, medidas

possíveis de combate etc. para alimentar o banco de dados;

- 7º Passo - Elaboração do Mapa de Suscetibilidade à Erosão linear de Goiânia com

bases nos critérios de Salomão (1999) e seu cruzamento com o mapa de focos e de Risco

ao Uso e Ocupação (SEPLAN, 2008), seguida do tratamento estatístico do tipo de Análise

de Componentes Principais (PCA);

- 8º. Passo – Aprofundamento do estudo dos focos erosivos cadastrados através de

sua correlação espaço-temporal com os usos históricos e atuais das áreas mais críticas

com a expansão urbana e com o risco ao uso e ocupação com base na carta de risco do

município, verificando se são áreas naturalmente instáveis e suscetíveis aos processos

erosivos; levantamento das ações de controle realizadas; resgate das informações

84
relativas às causas do avanço das degradações e as épocas mais importantes de sua

evolução, bem como eventual ação de controle nas áreas críticas;

- 9º. Passo - Realização/atualização de cadastro de ocorrência erosiva e seleção de

pelo menos uma voçoroca em cada área crítica, como representativa, e do cadastro em

campo (SALOMÃO, 1999; IPT/DAEE 1990) para avaliação do status de desenvolvimento;

em caso existência de cadastro anterior será feita apenas a atualização;

- 10º. Passo – Realização de vistoria das áreas afetadas para identificação dos

efeitos degradadores dos focos erosivos, sobretudo em termos de casas, vias públicas e

infraestrutura;

- 11º. Passo - Análise e interpretação final dos resultados enfatizando a distribuição

dos focos erosivos lineares, a testagem da sua relação com a suscetibilidade e as áreas de

risco, a identificação e a interpretação final sobre as principais causas da instalação e

evolução dos processos erosivos lineares em Goiânia.

FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

Para Carvalho (2006), a erosão pode ser definida como um conjunto de processos

pelos quais os materiais terrosos e rochosos da crosta terrestre são desagregados,

desgastados ou dissolvidos e transportados pelos agentes erosivos, principalmente

água, vento e gelo. Além disso, Guerra et. al. (2005) lembram que a erosão é produzida

pela conjunção de cinco fatores: Clima (duração e intensidade da chuva, temperatura,

umidade); solo (superfície, textura, tamanho da partícula e erodibilidade natural);

topografia (comprimento, forma e declividade da encosta); vegetação (tipo, altura,

densidade, extensão e distribuição sazonal da cobertura); além de uso e manejo do solo.

As primeiras formas de erosão urbana se expressam normalmente como sucos e

depois como ravinas e, de forma mais grave, em forma de voçorocas (ALMEIDA FILHO

E RIDENTE JÚNIOR, 2001). Na década de 1980, um estudo do Instituto de Planejamento

e Habitação de Goiânia (IPLAN, 1983) aponta 106 erosões das quais 10 voçorocas eram

85
prioritárias para atendimento imediato, pois as consequências já eram intoleráveis ao

meio ambiente e a população, além disso, o estudo relata que a origem das erosões deu-

se no inicio da década anterior em 1970, decorrente do elevado crescimento demográfico

e da expansão extensiva urbana.

Especificamente para Goiânia, as voçorocas catalogadas em 1992

(NASCIMENTO, 1992) e diagnosticadas por Santos (1997), foram atualizadas em 2002

por Nascimento e Sales (2002), e mais tarde por Faria (2007), sendo todas de grande

magnitude, algumas com 40m de largura e 17m de profundidade, como a do terreno da

SANEAGO, ao lado do Batalhão Florestal da Polícia. Faria (2007), além das catalogadas

por Nascimento e Sales (2002), através de denúncias recebidas no Telefone Verde 161 da

AMMA, somando 63 focos, entre voçorocas e ravinas, que produziram um documento

cartográfico contendo a localização precisa dos focos erosivos e indicativos para

controle.

O crescimento urbano trouxe consigo a pavimentação e a microdrenagem urbana

(conjunto de instalações que compõem a rede de escoamento das águas pluviais),

necessária, pois a pavimentação causa a impermeabilização do solo urbano e a

acumulação e escoamento de águas pluviais na superfície dos terrenos, parecendo,

então, serem mais duas causas para a instalação e desenvolvimento desses processos

erosivos em áreas urbanas.

A ciência cartográfica ganha destaque por permitir o uso de ferramentas para

identificar e delimitar zonas ou compartimentos fisiográficos distintos, contribuindo

para deduzir as dinâmicas prováveis de ocorrência dos processos erosivos com base no

intercruzamento e análise integrada de dados históricos e físicos do território, no caso

do goianiense.

Em particular, a geração dos mapas-síntese como o de suscetibilidade e de risco

á erosão, ao uso e ocupação e outros, não apenas indicam onde se situam os focos

erosivos, como também sinalizam as áreas ou setores críticos, que posteriormente

86
deverão ser avaliados em nível de ultradetalhe, acompanhado do cadastro dos focos em

campo, da realização de ensaios em campo, sobretudo de resistência e estabilidade dos

materiais, em campo e também em laboratório, como de condutividade hidráulica,

retenção, porosidade e outros.

Todo esse trabalho pode fornecer dados importantes para o planejamento

territorial urbano e a conservação ambiental.

PLANO DE REDAÇÃO PRELIMINAR (sumário)

1. FUNDAMENTAÇÃO TEORICA DA PESQUISA

1.1 Erosão e Degradação ambiental do espaço urbano


1.2 Tipos de erosão hídrica

Esta etapa se encontra em 1.3 Fatores Condicionantes dos processos erosivos urbanos
processo de finalização. 1.3.1 Fatores do meio físico (rochas, relevo, solos, vegetação)
1.3.2 Fatores associados à urbanização: o Uso e ocupação do
solo e expansão urbana desordenada
1.4 Considerações históricas sobre a erosão hídrica em Goiânia

2. MATERIAIS E MÉTODOS
Referente a área de estudo;
2.1. aÁrea de Estudo
geologia, geomorfologia2.1.1 e Clima
solos, que tem passado por 2.1.2 Geologia
um detalhamento de escala 2.1.3 Geomorfologia
cartográfica, permitindo 2.1.4 Solos
uma melhor analise e 2.1.5 Uso e Ocupação do espaço urbano
correlação dos dados.
2.2 Etapas e procedimentos operacionais da pesquisa
2.2.1 Revisão teórica da literatura sobre erosão com ênfase
em erosão hídrica e erosão urbana: conceitos, condicionantes,
Em andamento os itens 2.2.1; causas e métodos de estudo.
2.2.2 e 2.2.3. 2.2.2 Revisão sobre métodos de estudo de erosão urbana.
Rever em função dos passos 2.2.3. Elaboração do mapa-base de Goiânia (atual) e dos mapas
da metodologia do tópico temáticos do meio físico (geologia, Geomorfologia, Solos) e do
2.1 uso e ocupação urbana.

87
2.2.4 Elaboração dos Mapas dos focos erosivos em série
histórica.
2.2.5. Elaboração dos Mapas de Isodensidades de focos erosivo
em série histórica e tendências.
2.2.6. Elaboração do Mapa de Suscetibilidade a processos
erosivos.
2.2.7. Elaboração dos Mapas de Risco à erosão
2.2.8. Correlação espacial do meio físico com os focos erosivos,
loteamentos, bairros e áreas de risco.
2.2.9. Análise e interpretação final da distribuição, as áreas
críticas e as causas do processo erosivo linear em Goiânia.

3. RESULTADOS E DISCUSSÂO
Escrita parcial e 3.1. A evolução do uso e ocupação urbana e a consolidação da
elaboração de alguns Macrozona Construída (1933-2016)
materiais cartográficos
3.1.1 O crescimento demográfico e a demanda habitacional
como a expansão dos 3.1.2 A expansão de Loteamentos e Bairros
loteamentos e bairros
(1933 – 2016).
Nessa etapa compreende 3.2 Distribuição dos focos erosivos nos anos de 1992; 2002; 2006;
a tabulação de dados, 2011 e 2016.
construção do banco de 3.2.1 Uso do solo nos anos selecionados
dados, o mapeamento do 3.2.2 Distribuição e evolução dos focos erosivos nos anos
uso do solo de 2016 (em selecionados
processo de adaptação da 3.2.3 Distribuição das áreas de risco e focos erosivos nos anos
escala e do método). selecionados.

3.3 Causas e condicionantes dos processos erosivos hídricos na


Macrozona Construída de Goiânia.

88
EVOLUÇÃO DO USO DA TERRA NA CHAPADA ENTRE UBERLÂNDIA E
UBERABA-MG NO PERÍODO DE 1987 A 2017 E IMPACTOS AMBIENTAIS
NAS ÁREAS ÚMIDAS DE VEREDAS E CAMPOS DE MURUNDUS
Marcelo Cardoso Monteiro
Modalidade: Mestrado

Palavras-chave: Evolução do uso da terra, Impactos ambientais, Áreas úmidas,


Veredas e Campos de murundus.

INTRODUÇÃO

As chapadas configuram ambientes que reúnem vários ecossistemas formados

por grande diversidade física e biológica, representados pelos sistemas úmidos

compostos por veredas/campos de murundus e demais meios pertencentes às áreas

dissecadas.

Segundo Oliveira e Rosolen (2014) os sistemas úmidos (veredas e murundus)

presentes em ambientes de chapadas “são feições geomorfológicas de reconhecida

importância para a conservação da flora e fauna endêmicas, dos solos com elevados

teores de carbono orgânico e manutenção da quantidade e qualidade dos recursos

hídricos”.

Na chapada Uberaba – Uberlândia prevalece uma realidade de pouca atenção

com as áreas úmidas que é ainda mais intensificada pelo avanço das atividades agrícolas

e uso da terra em geral, que propiciam com maior intensidade a diminuição desses

espaços (OLIVEIRA; ROSOLEN, 2014). A área estudada encontra-se no interflúvio Rio

Paranaíba/Rio Grande e pode ser considerada representativa das áreas de paisagem

semelhante que encontram-se no Brasil Central e que passaram pelo processo de

conversão do Cerrado em pastagens e em monoculturas mecanizadas.

Serão apresentados, neste trabalho, descrição da área de estudo – Chapada

mineira entre Uberlândia e Uberaba; uma proposta de compartimentação em unidades

de paisagem; o mapeamento da evolução do solo da chapada no período de 1987 a 2017;

89
um mapeamento das áreas úmidas da chapada e os principais impactos ambientais

sofridos por essas áreas úmidas em função da evolução do uso da terra. Esses produtos

serão desenvolvidos com o uso de técnicas de geoprocessamento e por meio de trabalhos

de campo.

Segundo o documento elaborado pelo Centro de Pesquisas do Pantanal – CPP e

pelo Instituto Nacional de Pesquisa e Tecnologia em Áreas Úmidas – UNAU “Definição

e Classificação das Áreas Úmidas (AUs) Brasileiras: Base Científica para uma Nova

Política de Proteção e Manejo Sustentável” (2012), editado e publicado por Cunha et al.

(2015), as áreas úmidas são:

ecossistemas na interface entre ambientes terrestres e aquáticos,


continentais ou costeiros, naturais ou artificiais, permanentemente ou
periodicamente inundados por águas rasas ou com solos encharcados,
doces, salobras ou salgadas, com comunidades de plantas e animais
adaptadas à sua dinâmica hídrica.

As AUs do Cerrado são conhecidas como veredas, buritizais, depressões

fechadas, covoais e murundus. Na bacia do alto Uberabinha e Rio Claro por exemplo, na

área de estudos da presente pesquisa, predominam as veredas, depressões e campos de

murundus, associados superficialmente ou não aos corpos hídricos, tendo como

principal característica a inundação sazonal.

A chapada Uberaba/Uberlândia-MG localizada no Planalto Central brasileiro, na

mesorregião do Triângulo Mineiro (MG) e Alto Paranaíba, encontra-se a

aproximadamente 50 km de Uberlândia e 40 km de Uberaba, sendo o acesso preferencial

por ambas as cidades pela Rodovia Federal BR-050, a sudoeste. A mesma inclui a porção

sudeste do município de Uberlândia, uma parte do norte de Uberaba, o município de

Nova Ponte e uma faixa norte de Sacramento. (figura 1).

A chapada possui topo plano a suavemente ondulado, originalmente recoberta

com vegetação de cerrado, tendo como presença importante, AUs classificadas

regionalmente como veredas e/ou campos de murundus. Estas AUs possuem expressivo

90
número de nascentes que abastecem as cidades desta chapada inclusive o maior

município que é Uberlândia. Dentre os principais rios encontra-se o Rio Uberabinha e o

Rio Claro, integrante da área de estudo deste trabalho (MOREIRA, 2015).

O Rio Claro, afluente do Rio Araguari, é um dos principais rios que atravessa

praticamente todo o topo da Chapada Uberaba/Uberlândia. O mesmo divide os

municípios de Nova Ponte e Uberaba e tem sua nascente no topo da chapada, a uma

altitude pouco superior aos 1.000m.


Figura 1 – Mapa de Localização da Chapada Uberaba/Uberlândia.
Fonte: Adaptado pelo autor (Monteiro, 2018).

91
OBJETIVOS

Objetivo geral

Estudo da evolução das paisagens de uma chapada da região central do Brasil

considerando a evolução de seu uso do solo entre 1987 e 2017 e os impactos ambientais

em suas áreas úmidas (Wetlands).

Objetivos específicos

Diante do objetivo geral, foram estabelecidos os objetivos específicos que consistem em:

1) Entender e mapear a evolução do uso da terra na superfície da chapada mineira entre

Uberlândia e Uberaba-MG, pela pecuária e pela agricultura entre os anos de 1987 e 2017;

2) Mapear e classificar as áreas úmidas (veredas, depressões fechadas e campos de

murundus), existentes na superfície da chapada; 3) Quantificar a superfície das áreas

úmidas perdidas para o uso agrícola ou para a pecuária de 1987 a 2017 e 4) Constatar os

principais tipos de impactos do uso da terra nas áreas úmidas da chapada estudada.

METODOLOGIA

A presente proposta de pesquisa tem como foco a aplicação de geotecnologias,

representadas por meio de Sistema de Informações Geográficas (SIG), Sistema de

Posicionamento por Satélites (GPS), sensoriamento remoto e geoprocessamento para o

estudo da paisagem visando diagnosticar de maneira mais satisfatória as constantes

intervenções humanas na paisagem e as vulnerabilidades e fragilidades ambientais

decorrentes.

Para isto, adotar-se-á uma abordagem multitemporal para a modelagem da

evolução do uso da terra entre ao anos de 1987-2017 e os principais impactos ambientais

nas áreas úmidas nas chapada mineira entre Uberlândia /Uberaba para o entendimento

da dinâmica da área estudada, tendo como principal categoria de análise a paisagem.

92
Dados Utilizados

Dados Landsat

Os dados de satélites que serão utilizados nesta pesquisa são provenientes da

série estadunidense Landsat, mais particularmente do sensor Operational Land Imager

(OLI) a bordo do satélite Landsat 8 e podem ser adquiridos de forma gratuita no site do

Serviço Geológico dos Estados Unidas (USGS) (http://earthexplorer.usgs.gov/). A

órbita/ponto necessária para mapear a área a ser estudada será a 220/73, 220/74 e 221/73

a qual terá como anos (1987 – 2017). Nesta mesma proposta, utilizar-se-á como bases os

respectivos satélites da série Landsat que estão apresentadas no quadro abaixo.

Quadro 1: Sensores que serão utilizados para mapeamento do uso e cobertura da terra

SATÉLITE SENSOR ANO

Landsat 5 MSS (Multispectral Scanner System) 1.984

Landsat 5 TM (Thematic Mapper) 1.992

Landsat 7 ETM+ (Enhanced Thematic Mapper) 2.000

Landsat 8 OLI (Operation Land Imager 2.016

Dados estatísticos e censitários

Os dados estatísticos e censitários que serão usados para modelagem do cenário

produtivo agrícola, se constituem dados do IBGE (http://www.sidra.ibge.gov.br/), em

duas pesquisas diferentes: Produção Agrícola Municipal (PAM) e Produção Pecuária

Municipal (PPM). O algoritmo que será utilizado é o Máxima Verossimilhança

(Maximum-Likelihood), e serão definidas cinco principais classes de uso: agricultura, área

urbana, florestamento, pastagens e vegetação.

Produtos e Processos

Trabalho de Campo

93
Foram realizados trabalhos de campo, com objetivos de: 1) coletar pontos com

GPS para avaliar e validar os mapas de uso e cobertura da terra; 2) Aquisição de

informações para complementação dos mapas de uso e cobertura da terra, bem como,

apreender informações da realidade para complementação das análises cartográficas e

estatísticas. Para definir os padrões dos elementos da paisagem e avaliar o grau de

interferência antrópica foi realizada uma análise temporal no período de 1987 a 2017,

utilizando também ferramenta Google Earth. Algumas imagens foram e outras serão

selecionadas e ordenadas de forma que evidenciem: as áreas úmidas, os campos de

murundus e os padrões de elementos da paisagem como forma de avaliar os impactos

ambientais em uma escala temporal.

Resultados Esperados

Os resultados esperados desta pesquisa relacionam-se com o avanço da

compreensão da evolução do uso do solo na Chapada Mineira entre Uberlândia e

Uberaba MG, no que diz respeito à conversão de sua cobertura original de cerrado para

a pecuária e a monocultura, com foco especial nas áreas úmidas (veredas, depressões

fechadas, campos de murundus). As áreas úmidas das chapadas mineiras e goianas vêm

perdendo sistematicamente espaço para a pecuária e a agricultura, e pretende-se com

este trabalho quantificar a superfície destas áreas que já sofreram a conversão na região

estudada.

Resultados parciais

A presente pesquisa teve como resultado alcançados:

• Trabalho de campo: 1) realização de um perfil topográfico de 80 km de extensão,

entre os municípios de Nova Ponte e Uberaba com uso de GPS; 2) identificação

das principais unidades de paisagem da chapada ao longo do transecto,

ilustrados por registros fotográficos; 3) observação e registro fotográfico das

94
áreas úmidas ao longo do transecto e sua classificação; 4) identificação e registro

fotográfico dos tipos de uso do solo e dos principais tipos de impactos ambientais

sofridos pelas áreas úmidas ao longo do transecto.


1150

1050

950

850

750
0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100

Figura 02 - Perfil (transecto), com início na cidade de Nova Ponte-MG e término

na cidade de Uberaba-MG. Fonte: Monteiro, 2017.

• Trabalho de gabinete: seleção de imagens de satélite do intervalo 1987 e 2017 e

início do mapeamento, por meio do software ArcGis, do uso do solo e das áreas

úmidas da superfície da chapada.

REFERÊNCIAS

BORGES, F. A. Caracterização temporal das áreas úmidas e de preservação


permanente da porção de alto e médio curso da bacia hidrográfica do Rio
Uberabinha – MG com a aplicação de técnicas de geoprocessamento. 135f.
Dissertação (Mestrado em Geografia) – Instituto de Geografia, Universidade Federal de
Uberlândia, Uberlândia, 2012.

BRITO, J. L. S. Adequação das potencialidades do uso da terra na Bacia do ribeirão


Bom Jardim no Triângulo Mineiro (MG): Ensaio de Geoprocessamento. São Paulo:
USP/FFLCH, 2001, 184 p

JUNK, W. et al. Definição e classificação das Áreas Úmidas (AUs) brasileiras: base
científica para uma nova política de proteção e manejo sustentável. Cuiabá:
CPP/INAU, 2012.

JUNK, W.J.; PIEDADE, M.T.F. Áreas Úmidas (AUs) Brasileiras: Avanços e Conquistas
Recentes. Boletim ABLimno, v. 41, n. 2, p. 20-24, 2015.

95
MOREIRA, V. B. Nascentes do Cerrado no Triângulo Mineiro-MG: caracterização
física das veredas e campos de murundus. In.: XI ENCONTRO NACIONAL DA
ANPEGE, 2015. Presidente Prudente. Anais... Presidente Prudente, p. 1-12. 2015.

RAMSAR. Convenção sobre Zonas Úmidas de Importância Internacional,


especialmente como Habitat para Aves Aquáticas. Ramsar, Irã, 1971. Disponível em:
http://www.ramsar.org/cda/en/ramsar-documents-texts-conventionon/main/ramsar/1-
31-38%5E20671_4000_0. Acesso em: 10 de abril de 2018

ROSOLEN Vania; HERPIN, Uwe. Expansão dos solos hidromórficos e mudanças na


paisagem: um estudo de caso na região Sudeste da Amazônia Brasileira. Acta
Amazônica, [S.l], vol. 38, n. 3, p. 483-490, 2008. Disponível
em:<http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S004459672008000300013>.
Acesso em: 10 de abril de 2018.

PROPOSTA DE SUMÁRIO PARA DISSERTAÇÃO


INTRODUÇÃO
Caracterização da área de estudo
CAPÍTULO 1 – Referencial Teórico e Metodológico
1.1 - Definição e Classificação das Áreas Úmidas Brasileiras
1.2 - Importância das Áreas Úmidas (Veredas e Murundus) no Brasil
1.2.1 -Veredas
1.2.2 - Campos de murundus
1.2.3- Principais Ameaças para as Áreas Úmidas
1.3 - Uso de sensoriamento remoto e cartografia para análise de áreas úmidas
1.4 - Técnicas de classificação de imagens e mapeamento de cobertura e uso da terra
CAPÍTULO 2 – HISTÓRICO DE OCUPAÇÃO DA CHAPADA MINEIRA ENTRE
UBERLÂNDIA /UBERABA
2.1 - Ocupação e uso das áreas de chapada
2.1.1Dados utilizados (IBGE - LANDSAT)
CAPÍTULO 3 – RESULTADOS E DISCUSSÕES
EVOLUÇÃO DO USO DA TERRA ENTRE AS ANOS DE 1987-2017 E OS
PRINCIPAIS IMPACTOS AMBIENTAIS NAS ÁREAS ÚMIDAS NA CHAPADA
MINEIRA ENTRE UBERLÂNDIA /UBERABA
3.1 – Procedimentos metodológicos
3.2 – Evolução do uso da terra entre os anos de 1987 e 2017

96
3.2.1- Uso da terra em 1987
3.2.2 - Uso da terra em 1997
3.2.3 - Uso da terra em 2007
3.2.4 - Uso da terra em 2017
3.3 –Principais impactos ambientais nas áreas úmidas
CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

97
OS IMPACTOS CAUSADOS NA SAÚDE DA POPULAÇÃO QUE HABITA
PRÓXIMO ÀS LINHAS E POSTES DE TRANSMISSÃO DE ENERGIA
ELÉTRICA DE ALTA TENSÃO: ESTUDO DE CASO NO MUNICÍPIO DE
MONTES CLAROS/MG
Mônica Oliveira Alves Silva
Modalidade: Doutorado

Palavras-chave: Cidades Saudáveis; Qualidade de vida; Riscos; Radiação


Eletromagnética; Ruído ambiental.

Introdução

Acredita-se que os Campos Eletromagnéticos - CEM - gerados pelos postes e

linhas de alta tensão em áreas residenciais causam impactos na população que não se

restringem apenas à poluição visual que compromete o aspecto estético da paisagem ou

a riscos de acidentes pela queda de um poste ou torre. Tem sido constatado que a

exposição a estes agentes contribui para o desenvolvimento de diversos distúrbios na

saúde dos indivíduos como cefaléia, insônia, alterações imunológicas e efeitos neuro-

comportamentais, entre outros (ALVES, 2017; REMOALDO, 2012).

O ruído ambiental é considerado pela Organização Mundial de Saúde - OMS -

como a terceira maior forma de poluição ambiental precedido pela poluição da água e

do ar, devendo ser considerado como indicador de qualidade de vida nas cidades

sustentáveis devido aos impactos que causam na saúde. Nesse sentido, a elevada

presença de linhas de alta tensão em áreas residenciais torna esses ambientes poluídos

do ponto de vista sonoro (ALVES, 2017). Segundo Alves et al (2015), os níveis sonoros

emitidos por tais infraestruturas podem ser uma potencial fonte de ruído de baixa

frequência e provocar incomodidade na população considerada exposta.

No início deste milênio, uma equipe de investigadores da Universidade do

Minho, identificou que das 1.022 habitações existentes próximas das linhas de alta tensão

em Guimarães/Portugal, apenas 98 domicílios apresentam distância das linhas igual ou

98
superior a 250 metros (AZEVEDO, 2010; ALVES et al, 2015; ALVES et al, 2017). O limite

de até 250 metros é indicado pela Organização Mundial de Saúde como aceito para ter

alguma influência na saúde da população (WHO, 2007). Daí a necessidade de se verificar

tal situação no Brasil, onde o crescimento desordenado das cidades leva uma multidão

de pessoas a se abrigarem em áreas que oferecem riscos à saúde humana, como é o caso

das proximidades das linhas de distribuição de energia elétrica de alta tensão.

Embora ainda não haja consenso sobre os impactos causados na saúde humana

pela exposição aos CEM, muitos estudos sobre a temática têm demonstrado possíveis

relações de causa-efeito dessa exposição e o surgimento de diversas doenças,

principalmente as que compõem o quadro das Doenças Crônicas Não Transmissíveis -

DCNT, além de distúrbios neuro-comportamentais. Nesse contexto, algumas questões

embasam a proposta desta pesquisa: Os postes e linhas de transmissão de energia

elétrica de alta tensão podem impactar as condições de saúde da população que vive em

suas proximidades, no que se refere à exposição aos CEM? As normas e/ou leis que

existem no Brasil acerca da fixação de moradias nas proximidades dessas infraestruturas

estão em conformidade como o que é proposto pela OMS? Nesse contexto, sustenta-se

a hipótese de que os CEM e o ruído provenientes das linhas e postes de transmissão de

energia elétrica de alta tensão podem afetar a saúde das pessoas que habitam nas suas

proximidades. Acredita-se que as investigações no âmbito da Geografia da Saúde devem

se dedicar mais ao estudo de doenças caracterizadas pela incorporação de riscos que

geram estados de morbilidade graves na população e impactam todo o sistema de saúde,

como as doenças de foro oncológico.

OBJETIVOS

O objetivo geral desta pesquisa é avaliar a condição de saúde da população que

vive nas proximidades dos postes e linhas de transmissão de energia elétrica de alta

tensão no espaço urbano de Montes Claros/MG. Este se desdobrará nos seguintes

99
objetivos específicos: Introduzir novas metodologias nos estudos da Geografia da Saúde

no Brasil, principalmente naqueles relacionados ao desenvolvimento de Doenças

Crônico-Degenerativas, em especial as de foro oncológico; Averiguar a intensidade da

poluição sonora proveniente das linhas de transmissão de energia elétrica; Investigar se

os campos eletromagnéticos provenientes das linhas de alta tensão favorecem o

surgimento de doenças/sintomas que impactam a qualidade de vida dos indivíduos

expostos; Construir indicadores de saúde para o monitoramento epidemiológico da

população que reside nos locais considerados de risco; Elaborar um plano de ações para

a cidade de Montes Claros que vise o estabelecimento de limites confiáveis para a

construção de áreas residenciais nas proximidades das linhas e postes de alta tensão.

PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

Esta pesquisa é um estudo transversal de caráter exploratório, de natureza

explicativa e análise quanti-qualitativa, que será desenvolvida no município de Montes

Claros, região Norte de Minas Gerais. A investigação centra-se numa abordagem

macroestrutural compreendendo duas vertentes de análise: a dimensão objetiva e

subjetiva. Para isso, serão utilizadas fontes de dados primários e secundários que

responderão ao caráter qualitativo e quantitativo proposto na pesquisa. Nesse sentido,

será feita uma análise comparativa em relação à qualidade de vida e saúde das pessoas

que habitam nas proximidades das linhas e postes de alta tensão presentes no local de

estudo.

Será adotada a metodologia proposta por Azevedo (2010) e Alves (2017),

considerando as adversidades e adaptações para sua aplicação. Serão criados dois

grupos para análise: expostos (até 50m das linhas e postes) e não-expostos (acima de

250m), visto que a OMS aceita o limite de até 250 metros para que os CEM exerçam

alguma influência sobre a saúde, pois estes perdem intensidade na medida em que se

distanciam de suas fontes, sendo mais intensos nos primeiros 50 metros (WHO, 2007;

100
AZEVEDO, 2010). A amostragem será composta por moradores que se enquadrarem nos

seguintes critérios: residirem há pelo menos 10 anos naquele lugar e ter 40 anos ou mais

de idade, uma vez que o risco de se desenvolver uma DCNT aumenta

proporcionalmente com a idade (tais critérios serão observados para o grupo de expostos

e de não-expostos).

Para a análise subjetiva, os dados serão coletados através de inquérito

populacional, onde serão aplicados questionários semi-estruturados aos moradores que

se dispuserem a participar da pesquisa. Serão analisadas variáveis de estudos como sexo,

idade, escolaridade, tempo de residência no local, condições sócio-econômicas e

ambientais, principais doenças diagnosticadas, percepção do indivíduo sobre sua

qualidade de vida e saúde; conhecimento sobre os impactos que os CEM podem causar

na saúde dos seres humanos, além de outros condicionantes. As medições dos níveis

sonoros serão realizadas em diferentes pontos e distância da fonte principal abrangendo

os grupos de expostos e não-expostos. A seleção dos pontos se dará obedecendo, a

princípio, os seguintes critérios: ausência de outras fontes de ruído e de obstáculos entre

a fonte e o receptor, distância de auto-estradas. Serão consideradas as condições

meteorológicas no momento das aferições, uma vez que essas podem condicionar a

propagação do ruído.

Também serão utilizados dados secundários coletados no site do Instituto

Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE - e na Plataforma Tabnet/DATASUS do

Sistema Único de Saúde - SUS, além de outros que forem julgados necessários no

decorrer da pesquisa. Os dados serão processados através de softwares utilizados no SIG

e técnicas de geoprocessamento para a elaboração de mapas, gráficos e tabelas, que

contribuirão para melhor análise das informações. Os resultados serão analisados e

subsidiarão a proposta de um plano de ações visando o estabelecimento de limites para

construção de áreas residenciais próximas das linhas e postes de alta tensão em Montes

Claros e o monitoramento epidemiológico das populações que já estão residindo nesses

101
locais. As novas informações serão utilizadas para a elaboração final da tese e as

informações obtidas serão disponibilizadas através de artigos científicos. Todas as

atividades propostas neste projeto que lidam com seres humanos somente serão

realizadas após aprovação das entidades normativas nacionais e internacionais no que

se refere à ética em pesquisa científica.

REFERENCIAL TEÓRICO

A Geografia da Saúde é um campo da ciência geográfica que integra elementos

da Geografia Física e da Geografia Humana, para a compreensão de fenômenos

multiescalares referentes à saúde. Assim, ocupa uma posição nodal no espaço para onde

se convergem ou se cruzam fenômenos naturais, socioeconômicos, culturais e

comportamentais, basilares para a explicação dos padrões de saúde e doença

(SANTANA, 2014). Dentre os principais objetivos da Geografia da Saúde destacam-se

o desenvolvimento de um arcabouço teórico-metodológico para as análises espaciais do

processo saúde-doença, a produção de informações que contribuam com as

investigações epidemiológicas, com a administração de saúde e com a maior

racionalidade das ações que visem o melhoramento das condições do bem-estar da

população (PEITER, 2005), considerando os aspectos sociais, econômicos e culturais

característicos do lugar onde se vive como as condições de habitação, alimentação,

segurança, acesso aos serviços de educação, lazer, cultura e saúde.

As discussões sobre a exposição aos CEM e o desenvolvimento de determinadas

doenças ganharam ênfase a partir da década de 1970, com a publicação de Wertheimer e

Leeper no ano de 1979, sobre uma investigação epidemiológica realizada numa região dos

EUA, onde demonstrou que os CEM poderiam estar relacionados com o aumento da

incidência de leucemia infantil, em decorrência da proximidade de casas às linhas de

distribuição de energia. A partir daí, uma gama de estudos relativos aos danos causados

à saúde humana pela exposição ao eletromagnetismo passaram a ser publicados,

102
levando a Organização Mundial da Saúde - OMS - a implantar, no ano de 1996, o Projeto

Internacional de Campos Eletromagnéticos, com objetivo de investigar os potenciais

riscos para a saúde humana associados à exposição aos Campos Eletromagnéticos em

frequências de 0 a 300 GHz (SÁ, 2008; WHO, 2007; REMOALDO, 2012).

Ainda que o debate sobre a temática se apresentasse complexo e pouco

consensual, como afirma Alves (2016), a Agência Internacional para Investigação do

Câncer - IARC, em 2002, reconheceu os campos magnéticos da corrente elétrica como

possíveis carcinogênicos para seres humanos, com base em evidências apontadas por

diversos estudos epidemiológicos realizados até àquele momento. Desde então, a OMS

recomendou a adoção de precaução na construção e instalação de novos equipamentos

de energia elétrica (SÁ, 2008; AZEVEDO, 2010; WHO, 2007).

No ano de 2007, um Grupo de Trabalho da OMS publicou a monografia

Environmental Health Criteria 238: Extremely Low Frequency Fields, que atualiza as

inferências feitas pela IARC em 2002. De acordo com o documento, a exposição aos

Campos Eletromagnéticos pode causar efeitos de curta duração no corpo humano como

a estimulação de nervos e músculos e mudanças na excitabilidade de células nervosas

do sistema nervoso central. No caso dos efeitos potenciais da exposição em longo prazo,

tais como aumento de risco de câncer, a classificação dos Campos Eletromagnéticos

como possíveis carcinogênicos para humanos foi mantida, além de poderem estar

associados a outros efeitos nocivos sobre a saúde como outros tipos de câncer em

crianças e adultos, depressão, suicídio, distúrbios cardiovasculares, disfunções na

reprodução, distúrbios no crescimento, alterações imunológicas, efeitos neuro-

comportamentais e doenças neuro-degenerativas (WHO, 2007).

Apesar das conclusões apresentadas pelo Grupo de Trabalho da OMS no

documento de 2007, acerca dos efeitos na saúde em curto prazo, o grupo reconhece certa

fragilidade da evidência de uma possível relação entre a exposição a Campos

Eletromagnéticos e a leucemia infantil, afirmando que não são evidentes os benefícios

103
de redução da exposição sobre a saúde com relação aos efeitos de longo prazo. Em vista

disso, o Grupo de Estudos faz algumas recomendações, entre as quais estão o

monitoramento da ciência por parte do governo e da indústria e a promoção de

programas e pesquisas para que se esclareçam as evidências científicas sobre os efeitos

da exposição aos Campos Eletromagnéticos na saúde humana (WHO, 2007).

As considerações sobre precaução e prevenção inferidas pela OMS na

monografia de 2007, sobre os limites à exposição aos Campos Eletromagnéticos e seus

impactos na saúde humana não são definitivas, sendo necessária uma maior

investigação científica acerca da temática. Existem ainda algumas inconsistências

metodológicas que fragilizam as evidências apontadas em alguns estudos. No entanto,

os riscos para a saúde provenientes da exposição aos Campos Eletromagnéticos não

foram integralmente descartados pelos organismos internacionais, sendo necessárias

mais pesquisas, à escala mundial, para determinar os níveis de segurança para a fixação

da população no entorno das áreas consideradas de risco e para o monitoramento

epidemiológico da população que já se encontra exposta aos riscos.

PLANO DE REDAÇÃO PRELIMINAR

A estrutura preliminar da Tese contempla contém cinco capítulos, além da

introdução e considerações finais que estarão dispostos da seguinte forma: na Introdução será

apresentada a definição da problemática, os objetivos da investigação, as hipóteses do trabalho

e a estrutura da Tese; no primeiro capítulo será abordada a perspectiva histórica da Geografia

da Saúde, englobando temas como a urbanização, poluição urbana, riscos da/na cidade, além

das discussões sobre cidades saudáveis e sustentáveis; o segundo capítulo apresentará a

caracterização da área de estudo no que se refere aos aspectos fiscos, demográficos e

socioeconômicos; no terceiro capítulo serão descritos os procedimentos metodológicos

utilizados para a realização da pesquisa; no quarto capítulo serão apresentados e discutidos

os resultados da investigação sobre os CEM e o ruído de baixa frequência e os impactos na

104
saúde humana; o quinto capítulo trará a proposta de um plano de ações vise o estabelecimento

de limites confiáveis para a construção de áreas residenciais nas proximidades das linhas e

postes de alta tensão e o monitoramento epidemiológico da população que vive nessas áreas.

REFERÊNCIAS

ALVES, J. A. Os impactes da poluição sonora na saúde e na sustentabilidade dos


lugares – estudo de caso no município de Guimarães. Tese (Doutorado). Guimarães.
Universidade do Minho. Instituto de Ciências Sociais. 2017.

ALVES, J. A.; SILVA, L. T.; REMOALDO, P. C. The influence of Low-frequency noise


pollution on the quality of life and place in sustainable cities: a case study from
Northern Portugal. Sustainability, 7, 2015. pp. 13920-13946.

AZEVEDO, Bruno F. O. O impacto do lugar na saúde da população do concelho de


Guimarães – estudo de caso do electromagnetismo em Serzedelo. Portugal:
Universidade do Minho, 2010.

PEITER, P. C.. Geografia da Saúde na Faixa de Fronteira Continental do Brasil na


Passagem do Milênio. 314 f. Tese (Doutorado em Geografia) Rio de Janeiro.
Universidade Federal do Rio de Janeiro UFRJ – Instituto de Geociências, Programa de
Pós-Graduação em Geografia, 2005. Disponível em:
http://www.retis.igeo.ufrj.br/wp-content/uploads/2011/07/2006-geografia-da-saude-na-
faixa-PCP.pdf. Acesso em: 08 de dezembro de 2014.

REMOALDO, P. C.; NOGUEIRA, H.; ALVES, J. (2012). Subestações de energia


elétrica, radiação eletromagnética e os efeitos na saúde humana – estudo de caso do
município de Guimarães. in P. C. Remoaldo e H. Nogueira (Orgs.), Desigualdades
socioterritoriais e comportamentos em saúde, Lisboa, Edições Colibri, pp. 117-140 (ISBN:
978-989-689-281-4).

SÁ, J. Campos Electromagnéticos de Extremamente Baixa Frequência, Saúde Pública


e Linhas de Alta Tensão. 2008.

SANTANA, P. Introdução à Geografia Da Saúde: território, saúde e bem estar.


Coimbra: Imprensa da Universidade de Coimbra, 2014.

WHO. World Health Organization. Extremely low frequency fields. Environmental


Health Criteria, Vol. 238. Geneva, World Health Organization, 2007.

105
CRONOGRAMA DE ATIVIDADES
ANO I ANO II
Mês Pesquisa Definição Organização Pesquisa Coleta e Exame de
Bibliográfica das etapas dos Bibliográfica análise Qualificaç
do instrumentos de ão
trabalho de pesquisa dados
Março X X
Abril X X
Maio X X
Junho X X X
Julho X X X
Agosto X X X
Setembro X X X
Outubro X X X X X
Novembro X X X X X
Dezembro X X X X X
Janeiro X X X X X
Fevereiro X X X X X X
ANO III ANO IV
Mês Pesquisa Coleta de Análise dos Redação Redação Defes
Bibliográfica dados dados do final do a
levantados trabalho trabalho
Março X X
Abril X X X
Maio X X X
Junho X X X X
Julho X X X X
Agosto X X X X
Setembro X X X X X
Outubro X X X X X
Novembro X X X X X
Dezembro X X X X
Janeiro X X X X
Fevereiro X X X X X

106
CARTOGRAFIA DE PAISAGEM TURÍSTICA DO CERRADO GOIANO:
CASO DE SÃO DOMINGOS
Paulo Roberto Ferreira de Aguiar Jr.
Modalidade: Mestrado

Palavras-Chave: Ecoturismo. Geografia do Turismo. Cartografia do Turismo.


Paisagem.

INTRODUÇÃO

O turismo, como o conhecemos, surge com o desenvolvimento da sociedade

capitalista (BARRETO, 2006), e, assim como o capitalismo, também possui várias facetas

e várias formas de maximizar seus ganhos, tanto do ponto de vista econômico como

cultural, social e ambiental. Desta forma, as várias atividades ligadas à exploração do

turismo geram muito dinheiro, movimentam significativas somas em impostos e criam

empregos, conforme aponta o último relatório da Organização Mundial de Turismo

(OWT, 2015), segundo o qual a atividade turística gerou mais de US$1,5 trilhão em

receitas e movimentou mais de 1,184 milhões de pessoas, o que representa um aumento

de 4,6% em relação ao ano interior. Dados da própria Organização revelam que a

atividade turística vem crescendo desde a década de 1960, mesmo com a economia

global passando por momentos de crise. Ademais, o volume de negócios gerados pelo

turismo é igual ou superior ao das indústrias petrolífera, alimentícia e automobilística.

Muitos países, dentre os quais se destacam Espanha, França e Alemanha, têm

investido na atividade turística, no que se refere à qualificação de mão de obra,

infraestrutura, marketing e legislação (BENI, 2001) e são esses que conseguem figurar

entre os países que geram mais receitas oriundas da atividade turística. O Brasil figura

na 27ª posição no ranking de países que mais recebem turistas, mantendo a liderança na

América Latina, como aponta o Fórum Econômico Mundial (WEF, 2017), entretanto, fica

atrás de países como Portugal, Coreia do Sul e México, que não possuem a mesma

107
diversidade paisagística e, por conseguinte, a quantidade de potenciais atrativos

turísticos.

Problemas de origem ambiental, social e cultural são comuns na exploração da

atividade turística, como afirma Krippendorf (2001, 25.), pois os “turistas tendem a se

tornar agressivos, abusivos e colonialistas”. Longe de casa, o turista sente-se, enfim livre.

Não precisa mais atentar para certas normas. Pode fazer o que lhe aprouver, vestir-se,

comer, gastar, fazer as bagunças que há tempos queria fazer (...)”.

O mesmo autor afirma, ainda, que não se deve acreditar que, ao chegar ao local

de seus sonhos, o comportamento dos turistas venha a ser modificado. Grande parte

apenas desloca suas ocupações para seu cartão postal que, por sua vez, é carregado de

clichês, como é o caso de excursões entre os nativos da África negra – que são

fotogênicos, pobres, porém felizes, assim como o encontro com os suíços nos Alpes, que

cantam abanando bandeirinhas e preparam o queijo com suas roupas tradicionais.

E como fugir dos clichês que a publicidade do turismo propõe? Como utilizar o

espaço dos nativos sem que haja uma segregação e, por fim, como consumir a paisagem

sem degradá-la?

As respostas para essas perguntas estão vinculadas à exploração do tipo de

turismo que mais cresce atualmente, que é relacionado à natureza, e que aqui

chamaremos de Ecoturismo, que também pode ser encontrado em outras literaturas

como: Turismo Sustentável, Turismo de Natureza, Turismo de Aventura, Turismo Rural

e Geoturismo. Esse tipo de exploração do turismo vem de encontro ao turismo de massa

- TM, que é predatório e cresceu em virtude das viagens de menor custo e dos pacotes

turísticos organizados pelas agências, uma vez que, comumente, esse tipo de turismo, o

TM, está relacionado a grandes grupos de pessoas que não respeitam a natureza e nem

cultura local e que procura os mesmos padrões em todos os lugares que viajam

(KRIPPENDORF, 2001). Desta forma, o Ecoturismo, um turismo alternativo - TA,

108
explora de forma sustentável o local de visitação, pois os turistas alternativos querem se

desassociar do turismo de massa.

Neste ponto, os adeptos do TA desejam ter mais contato com os moradores,

renunciar à maioria da infraestrutura turística normal e, por exemplo, utilizar os meios

de transporte público da localidade. Assim, os gestores e moradores “apreenderam que

a preservação ambiental e cultural não é incompatível com o desenvolvimento e a

melhoria da qualidade de vida de seus habitantes” (TRIGO, 1998 p.25).

É neste sentido que se deseja propor a realização de uma cartografia turística que

culmine na elaboração de uma proposta para o incremento do Ecoturismo no município

de São Domingos, município do nordeste Goiano, situado na Microrregião do Vão do

Paranã, conforme mostra a Figura 01.

Elaboração: Aguiar, 2017.

O município de São Domingos, cuja população é de 12.585 habitantes e a

densidade demográfica de 3,42 hab/Km² (IBGE, 2017), possui índices pouco favoráveis

109
em relação à economia, figurando na 132° posição em relação ao Produto Interno Bruto

(PIB) entre os 246 municípios do estado de Goiás, onde se tem Goiânia melhor

posicionada e o município de Anhanguera em ultimo lugar. A melhor posição de São

Domingos na composição de seu PIB é a da indústria, no qual o município ocupa a 94°

posição. O município em questão tem a totalidade de seu território no bioma cerrado,

que é considerado um hotspot1 mundial, com uma enorme riqueza associada à sua

grande biodiversidade, vegetação, recursos hídricos e beleza cênica, sendo, também,

mais ricos e ameaçados do mundo.

Diante do avanço das atividades agrícolas e da agropecuária, se vê na iminência

de diversificar a atividade econômica e associação com práticas conservacionistas

visando diminuir o avanço da degradação do cerrado nesse município. Nesse sentido, o

turismo alternativo é uma opção propícia para a geração de renda e, ao mesmo tempo,

promover a conservação da paisagem.

OBJETIVOS

Objetivo Geral

Esta pesquisa tem por finalidade elaborar uma proposta de Cartografia da

paisagem de São Domingos com vistas ao desenvolvimento do Ecoturismo, explorando

a beleza cênica do município e tendo a geomorfologia, a geologia e as fitofisionomias

como alicerces para o desenvolvimento de tal produto.

Objetivos Específicos

1. Identificar se há políticas públicas para o desenvolvimento do turismo na área de

pesquisa.

1 O termo hotspots é utilizado para designar lugares que apresentam uma grande riqueza natural
e uma elevada biodiversidade, mas que, no entanto, encontram-se ameaçados de extinção ou que
passam por um corrente processo de degradação.

110
2. Inventariar as áreas de potencialidade turística no município de São Domingos,

bem como as infraestruturas de acesso e hospitalidade.

3. Elaborar mapas geomorfológicos, geológicos, declividade, altimétrico a fim de

relacionar com as possíveis atividades turísticas desenvolvidas na área.

4. Elaborar um mapa turístico para indicar as localidades de interesse para visitação

com simbolização específica para cada atrativo.

METODOLOGIA

Para cada objetivo serão adotados caminhos metodológicos diferentes. Para o

objetivo (1) serão realizadas pesquisas em sites oficiais de promoção ao turismo e,

possivelmente a órgãos públicos, a fim de saber se há uma legislação específica para a

área de pesquisa, bem como averiguar se as ações tomadas nas diferentes esferas,

nacional, regional e local, convergem. Já para o objetivo (2), quando se pretende criar

uma tabela de atributos que forneça subsídios para a realização do inventário de

potencialidades, serão necessárias: pesquisa bibliográfica em busca de subsídios para

entender os aspectos físico-naturais da região e duas visitas técnicas ao município de São

Domingos, sendo uma na estação chuvosa e outra na estação seca, a fim de verificar a

alteração das fitofisionomias ao longo do ano. Para o objetivo (3), cuja realização poderá

ocorrer, em alguns momentos, concomitantemente ao objetivo 2, serão produzidos os

mapas de altimetria, geomorfologia, geologia e de solos. Para isso, serão utilizadas do

município de São Domingos, baixadas do site cnpm.embrapa imagens de satélites, bem

como shapes disponibilizados pelo Serviço Geológico do Brasil (CPRM) e pelo Sistema

Estadual de Geoinformações de Goiás (SIEG), que serão tratados no software livre QGIS.

E por fim, o objetivo (4) será alcançado por meio da utilização dos dados obtidos e dos

produtos elaborados nas etapas anteriores da pesquisa, a partir dos quais será possível

a confecção de um mapa síntese que revele os pontos do município de São Domingos

111
que mereçam maior incremento do turismo tendo como principal critério seu potencial

paisagístico.

REFERENCIAL TEÓRICO

Tendo em vista a temática da pesquisa, o referencial teórico precisa abordar não

somente a Geografia, mas também o Turismo.

Para o debate que envolve as questões ligadas ao turismo, não se pode deixar de

utilizar referências clássicas como Barreto (1995), Trigo (1998) e Beni (2001), a fim de

trazer à tona conceitos e temas base como turismo, profissional de turismo e o sistema

de turismo (Sistur).

Para a discussão que envolve a interface entre o turismo e geografia, utiliza-se

Guerra (2001), Cunha e Guerra (2003) e Guerra e Marçal (2014), que enfatizam a

contribuição que a Geografia (principalmente, a Geomorfologia) pode dar ao turismo,

com o intuito de conservar áreas frágeis e incentivar a utilização destas como fontes de

renda. No mesmo caminho, tem-se Ab’Saber (2012), que afirma que paisagens como as

dos domínios morfoclimáticos dos Chapadões cobertos por cerrado e penetrados por

floresta galeria têm um forte potencial turístico. A discussão acerca do turismo de massa

e do ecoturismo terá como base Krippendorf (2001), que traz fortes críticas ao

desenvolvimento do TM e ressalta os benefícios do TA, além de Neil e Wearing (2001),

que discorrem sobre o Ecoturismo e áreas de proteção, bem como o papel das políticas

públicas e planejamento.

A abordagem acerca da cartografia do turismo terá como base Martinelli (1994,

2001, 2002, 2009,2014), com o objetivo de discorrer sobre a questão teórica e a importância

de mapeamentos temáticos que venham subsidiar políticas e projetos para o

desenvolvimento do turismo. Utiliza-se, ainda, o trabalho realizado por Oliveira (2007)

para Cartografia turística da Chapada dos Veadeiros que visava revelar o lugar para

maior fruição do espaço onde fosse possível aproveitar de forma satisfatória a paisagem.

112
E, por fim, será utilizado Bertrand (1972), que definiu paisagem como uma “porção do

espaço, resultado da combinação dinâmica, portanto instável, de elementos físicos,

biológicos e antrópicos que, reagindo dialeticamente uns sobre os outros, fazem da

paisagem um conjunto único e indissociável, em perpétua “evolução””, que acredita-se

ser a mais adequada para analise da paisagem como produto turístico por envolver

tantos aspectos naturais e antrópicos. Também nessa perspectiva, pretende-se utilizar

Monteiro (2000) que traz estudos sobre paisagens culturais e naturais, avaliando os

impactos ambientais.

SUMÁRIO

1. Introdução
1.2 Justificativa (Escolha dos recortes espaciais e temporal)
1.3 Relevância motivação acadêmica-cientifica e motivação social
1.4 Tipo de pesquisa
1.5 Objetivo Geral
1.6 Objetivos específicos
1.7 Estrutura do trabalho
Síntese: Os capítulos iniciais como Introdução, Justificativa, Relevância
Acadêmica e Social, bem como os objetivos já foram elaborados.
2. Fundamentação teórica
Síntese: No que se refere fundamentação teórica, considera-se que tenha pesquisa
suficiente para produção do texto, entretanto pode-se ser atualizada e
modificada com adição ou subtração de alguma bibliografia.
2.1 Geografia do Turismo
2.1.1 Geologia e Turismo
2.1.2 Geomorfologia e Turismo
2.1.3 Clima e Turismo
2.2 Cartografia do Turismo
2.2.1 Espacialização da atividade de turismo
2.2.2 Informação Turística
2.3 Paisagem do Cerrado
2.3.1 Cerrado e suas fitofisionomias
3. Procedimentos metodológicos
Síntese: Além da pesquisa bibliográfica realizada, foi também realizado uma
visita técnica na estação chuvosa, restando outra a realizar no período seco. Além

113
da utilização de dados secundários como pesquisados em sites oficiais como:
Embrapa relevo, Impe, Ibge, Ministério do Turismo, Goiás Turismo, Organização
Mundial do Turismo.
4. Resultados e Discussões
Síntese: Até o momento percebe-se que as legislações vigentes tanto a nível
nacional, regional e local não dialogam para melhor promover o turismo no
município de São Domingos.
5. Considerações Finais

114
AVALIAÇÃO DE SISTEMAS IMAGEADORES ACOPLADOS EM
VEÍCULO AEREO NÃO TRIPULADO NO MONITORAMENTO DE
CULTIVOS NO BIOMACERRADO, MATO GROSSO
Roberto Nunes Vianconi Souto
Modalidade: Doutorado

Palavras-chave: Sensoriamento Remoto, VANT, Índices Espectrais, Estresse Hídrico,


Algodão

INTRODUÇÃO

Eventos climáticos extremos, como inundações e secas prolongadas, vêm

ocorrendo com maior frequência em vários pontos da Terra (MARENGO et al., 2011),

ainda que estes estejam ou não atrelados exclusivamente às atividades antrópicas No

ritmo em que tais eventos estão surgindo, certamente mudarão a configuração da

paisagem em vastas regiões, tanto nos aspectos ecológicos quanto socioeconômicos.

Neste contexto, a produção de alimentos e fibras, em todo o mundo, poderá

sofrer um impacto dramático nas próximas décadas (IPCC, 2007; 2014). Estudos indicam

que as mudanças no clima, já em andamento, somadas a impactos regionais, deverão

agravar o problema relativo ao déficit hídrico em cultivos agrícolas de várias regiões do

mundo, devido à maior irregularidade no regime de chuvas e maiores temperaturas que,

ao serem combinados, podem impor às culturas um maior estresse hídrico (GRANTZ et

al., 2006; IPCC, 2014).

Alguns cultivos são mais sensíveis ao estresse hídrico, como é o caso do algodão,

um cultivo mais caro e frágil quanto comparado à produção de grãos. Assim, o

monitoramento deste indicador pode contribuir consideravelmente para o

entendimento do mecanismo no território mato-grossense, já que o cultivo de algodão,

depois da soja, é o mais emblemático, ao favorecer a economia regional e nacional; sob

o ponto de vista agronômico, é também uma cultura agrícola bastante exigente, de ciclo

115
um pouco mais longo, que demanda de recursos naturais (água/solo) e de agroquímicos

(inclusive de defensivos contra pragas e doenças).

No campo tecnológico, o Sensoriamento Remoto (SR) torna-se uma ferramenta

essencial para mensurar o déficit hídrico da planta, estimadas a partir de índices de

vegetação. Estes índices facilitam a obtenção e modelagem de parâmetros biofísicos das

plantas, como a área foliar, biomassa e porcentagem de cobertura do solo, com destaque

para a região do espectro eletromagnético do infravermelho, com importantes

informações sobre a evapotranspiração das plantas (JENSEN, 2009; EPIPHANIO et al.,

1996).

Neste quesito, o rápido desenvolvimento de Veículos Aéreo Não Tripulados

(VANTs) abre excelentes perspectivas para a sua adaptação em aplicações de SR na

agricultura, inclusive no acompanhamento do desenvolvimento das culturas,

agricultura de precisão, monitoramento de parâmetros de fertilidade e controle de

pragas (ZAKS & KUCHARIK, 2011; GÓMEZ-CANDÓN et al., 2014; XIANG & TIAN,

2011).

Dessa forma, os Vant podem operar em altitudes abaixo de nuvens, se

apresentam como tecnologia chave para fechar o salto de escala entre observações de

campo e dados adquiridos por sistemas de sensoriamento remoto orbitais. Neste

contexto, esta pesquisa propõe uma abordagem multi-escala de Sensoriamento Remoto

(SR) baseada em um VANT multirotor, equipado com câmeras multi-espectrais e

térmica, além de imagens de satélites orbitais (Landsat 8), para avaliar sua aplicabilidade

na detecção e monitoramento de estresse hídrico em cultura algodeira no estado de Mato

Grosso.

116
OBJETIVOS

Objetivos Gerais

Avaliar a aplicabilidade dos sensores remotos a bordo de Veículos Aéreo Não

Tripulados na detecção e monitoramento de estresse hídrico em cultivos de algodão no

Estado de Mato Grosso.

Objetivos Específicos

✓ Analisar os parâmetros do Sensor Termal (Câmera Flir, modelo T-420) e

Multiespectral (Câmera MIkasense RedEdge) na acurácia da determinação de

estresse hídrico em plantios (Área experimentais e comerciais) de Algodão;

✓ Avaliar, por meio de estatística multivariada os diferentes estágios e gravidade

de estresse hídrico, bem como características biofísicas e edáficas das lavouras;

✓ Avaliar técnicas de classificação de imagens para monitoramento de estresse

hídrico nos cultivares de algodão;

✓ Comparar imageamentos obtidos com VANT (equipado com câmera Mikasense

RedEdge) com imagens multiespctrais de sensor orbital Landsat 8, para avaliar a

possibilidade do upscaling, e assim expandindo o monitoramento agrícola por

sistemas de SR operacionais;

METODOLOGIA

A metodologia aqui proposta foi subsidiada, inicialmente, a partir de análise de

resultados prévios do projeto de pesquisa intitulado “Veículo aerotransportado não-

tripulado multi-rotor e sensoriamento remoto multi-sensorial para monitoramento de

doenças e desequilíbrios nutricionais na cultura de algodão em Mato Grosso”, sob

coordenação deste candidato e financiado com recursos do CNPq (Chamada

SETEC/CNPq 017/2014-Linha PD&I), tendo como instituições parceiras o IFMT, UFMT

117
e IMA. As imagens estão sendo adquiridas desde abril de 2015, a partir de sensores

especiais (Multiespectral TETRACAM Modelo ADC Lite e Termográfico FLIR Modelo

T420) acoplados a uma Plataforma VANT Multirotor (Octacóptero modelo MK ARF

Okto XL 6S12).

Assim, para esta pesquisa/tese a metodologia proposta, inclui intensivos

trabalhos de campo para parametrização do estado de plantios de algodão sob condições

de estresse hídrico em áreas experimentais no Centro de Treinamento e Difusão

Tecnológica do Núcleo Regional Norte do Instituto Mato-grossense do Algodão (IMA)

e de plantios comerciais da referida cultura agrícola. Tanto os experimentos quanto os

plantios comerciais localizam-se no município de Sorriso-MT (o município que detém o

título de maior produtor de algodão do Brasil).

Para esta pesquisa, na aquisição de dados (imagens) com o Sistema VANT, utilizarse-

á:

✓ Plataforma VANT Multirotor (Hexacóptero modelo Matrice 600);

✓ Sensor Micasense RedEdge: Câmera multiespectral de 05 sensores alinhados.

Seus canais/bandas configurados nas faixas do espectro Azul, Verde, Vermelho,

Infravermelho Próximo e Red Edge;

✓ Sensor Termográfico FLIR, modelo T-420, para captura de imagem no intervalo

de 750-1300 nm;

✓ Espectrorradiômetro - Spectral Evoluttion Modelo RS-3500, para medidas no

intervalo espectral de 350 a 2500nm – devendo ser utilizado para se obter

assinaturas espectrais de diferentes alvos para caracterização do estresse hídrico.

A partir de aquisições de imagens com sistema VANT multirotor (sensores

multiespectral e termal) dos plantios comerciais, far-se-á comparação destas com

imagens do Landsat 8 (Sensor OLI). Desta maneira, os procedimentos metodológicos

incluirão três blocos principais:

1. Levantamentos de campo e análises laboratoriais;

118
2. Análise do comportamento espectral de alvos e de imagens multiespectrais e térmicas;

3. Análises estatísticas e classificação de imagens de satélite.

REFERENCIAL TEÓRICO

Ao longo dos últimos anos, evidências científicas vêm fortalecendo a teoria de

que a atividade humana alterou de maneira significativa a concentração de gases de

efeito estufa (GEE) na atmosfera (IPCC, 2007; 2014). Assim, a acumulação desses gases

tem sido apontada como a causa mais provável da elevação da temperatura e de outras

mudanças climáticas observadas no final e início dos séculos XX e XXI, respectivamente

(ESPINOZA et al., 2014; MARENGO et al., 2007; SALATI, 2001).

A magnitude do impacto, será suficiente para alterar amplamente o clima neste

planeta e afetar intensamente diversas regiões, países e continentes, podendo com isto,

mudar e/ou reconfigurar significativamente paisagens (GIORGI, 2006; MARENGO et al.,

2007;NOBRE, 2001; TORRES & MARENGO, 2013a; XU et al, 2009).

Na tentativa de identificar o impacto das mudanças do clima na produção

regional do café, Assad et al. (2004) verificaram que, com o aumento na temperatura

média do ar, também ocorre aumento na demanda evapotranspirativa, provocando

maior deficiência hídrica. Este possível acréscimo de temperatura média do ar pode

provocar a ampliação de áreas consideradas inaptas para determinadas espécies de

cultivos agrícolas. O aumento da temperatura nas plantas é diretamente proporcional à

atividade fotossintética (BIETO & TALON, 1996).

Atualmente, pesquisas são realizadas para estudar o efeito de altas temperaturas

nas culturas agrícolas, levando em consideração o fato de que reduções substanciais na

produtividade de inúmeras espécies vegetais podem ocorrer mesmo com pequenos

aumentos de temperatura no ambiente (COLLICHIO, 2015; STRECK & ALBERTO, 2006;

ZULLO JUNIOR et al., 2008).

119
Em relação à produção agrícola, o déficit hídrico é o fator climático que mais

limita a produtividade, pois com a limitação hídrica, o acúmulo de biomassa é

influenciado linearmente pela transpiração acumulada (HAY e PORTER, 2006). O

algodoeiro é sensível ao comportamento das variáveis de ambiente, sejam elas

climáticas, edáficas ou bióticas (LAZZAROTTO et al., 1998), o seu manejo em regiões de

grande umidade requer maiorescuidados devido, sobremaneira, à atuação de

organismos patogênicos que, em função das alterações ambientais, também podem atuar

de forma diferenciada sobre seus hospedeiros (SILVA & AMARAL, 2007).

Neste sentido, para se ter sucesso no cultivo do algodoeiro, devem prevalecer condições

climáticas que permitam à planta, em seus diferentes estádios fenológicos, crescer e se

desenvolver, principalmente com relação às condições térmicas e hídricas (AMORIM

NETO & BELTRÃO, 1997).

Portanto, compreender os efeitos dos estresses biótico e abióticos sobre a cultura

do algodão é extremamente importante (AMORIM NETO & BELTRÃO, 1992), assim

como as variações de temperaturas, que podem ocorrer inclusive entre períodos de um

mesmo dia num cultivo. Em virtude desta dinâmica, o Sensoriamento Remoto (SR)

possui vantagens em relação a métodos convencionais de campo, devido à possibilidade

de um monitoramento simultâneo em toda área avaliada (GÓMEZ-CANDÓN, 2014).

Produtos oriundos de SR, tais como mapas de parâmetros biofísicos, têm sido

muito apreciados pela possibilidade de melhor compreender um fenômeno em sua

dimensão espacial (VANVUUREN et al., 2006; SEELAN et al., 2003). Índices de

vegetação, derivados de imagens de SR calibrados com precisão, podem ajudar a

produzir tais mapas, por meio de relações empíricas ou modeladas (HODGEN et al.,

2005). Eles são agora amplamente utilizados pela comunidade de SR, especialmente para

fornecer informações agronômicas espacialmente (TONE et al., 1996). Tais produtos são,

então, muitas vezes assimilados em modelos de cultura para obter informações mais

complexas de estresse da cultura e produtividade (BARET et al., 2007).

120
Contudo, para a aplicação bem sucedida de SR na agricultura, necessita-se de

uma resolução espacial muito alta (tamanhos de pixel de <1m), além de se ter acesso a

bandas espectrais visíveis, infravermelho próximo e termal, inclusive com um

comprimento de banda que permita a estimativa de informações de parâmetros

biofísicos, tais como a concentração de clorofila a e b, xantofilas, carotenóides,

antocianinas, água e matéria seca, índice de área foliar e da temperatura da cultura

(ZARCO-TEJADA et al., 2008).

Nos últimos anos, o desenvolvimento acelerado de Sistemas VANT abre

perspectivas crescentes de sua adaptação para aplicações na agricultura, principalmente

para acompanhamento do desenvolvimento das culturas de precisão, controle de

pragas, previsão de safra e o monitoramento de parâmetros edáficos determinantes do

desenvolvimento dos cultivares (BARETH, 2015).

Dessa forma, os VANTs podem ser operados de forma rápida e com um custo

mais baixo relativamente (quando comparado à aerofotogrametria tradicional), sem

necessitar de planejamentos complexos, como em campanhas de fotogrametria aérea

convencional (BENDIG, 2014). Estes, por sua vez, produzem imagens de alta resolução

espacial (dependendo do sensor a bordo) que permitem a observação de plantas

individuais e de padrões e heterogeneidades espaciais sub-métricas.

PLANO DE REDAÇÃO DETALHADO PRELIMINAR

Capítulos Sinopse
1 Introdução Fundamentação da justificativa do trabalho,
1.1 Introdução tecendo as problemáticas da pesquisa,
1.2.1 Objetivo Geral denotando a construção das questões
1.2.2 Objetivos Específicos científicas, de forma a subsidiar a construção
dos objetivos propostos.

121
2 Revisão Teóricca Construção do suporte literário e científico dos
2.1 Mudanças climáticas, o aportes avaliados por essa pesquisa, de modo a
cultivo de Algodão em Mato expor a complexidade dos temas abordados e
Grosso e a (re)configuração da como outros trabalhos o analisam. A
paisagem importância dessa parte se caracteriza,
2.2 Estresse Hídrico na essencialmente, por ser construída nas
Agriculura interlocuções críticas e objetivas de diversos
2.3 Sensoriamento Remoto autores que trabalham com essas problemáticas
SusbOrbital: uso de VANTs no seu escopo técnico - cientifico. De maneira
2.4 Sensoriamento Remoto especial em relação as Mudanças Climáticas e
Orbital: Satélites, Microsatélites e de maneira consequente, o Estresse Hídrico em
nanosatélites Cultivos Agrícolas. Como ferramente de
2.5 Sensores Termográficos e monitoramento, o Sensoriamento Remoto será
Multiespectrais discutido aqui, nas plataformar em nível de
2.6 Índices Espectrais campo, suborbital e orbital, assim como, a
2.7 Monitoramento de Cultivos aplicação de diferentes sensores, tais como,
Agrícolas com uso de Termográficos e Multiespectrais
Sensoriamento Remoto.

3 Materiais e Métodos Delimitação e avaliação direta das áreas de


3.1 Áreas de estudo e suas estudo (neste caso, áreas experimentais e
características plantio comercial de algodão) e o recorte
3.2 Levantamentos de campo e espacial escolhido para realização da atividade
análises laboratoriais monitoramento e experimentação. Realização
3.3 Áreas Experimentais de campanhas de campo para aquisição de
3.4 Plantios comerciais de imagens com uso de VANT multirotor com
algodão sensores termográfico e multiespectral.
3.5 Comportamento espectral de
alvos e de imagens
multiespectrais e térmicas
3.5.1Comportamento espectral
de alvos
3.5.2 Imagens multiespectrais e
térmicas obtidas por Sistema
VANT Multi-rotor
3.5.3 Imagens de satélite
3.6. Análises estatísticas e
classificação de imagens de
satélite

122
4 Resultados e Discussão Articulação das informações coletadas nas
4.1 Avaliação do Monitoramento bibliografias consultadas com os resultados das
de Estresse Hídrico com coletas de campo (tanto de dados para
Termografia. validação, quando das imagens obtidas com
4.2 Uso de Índices Espectrais no VANt e Satélite), e as análises estatísticas,
Monitoramento do Estresse construindo, assim, os resultados pretensos nas
Hídrico hipóteses levantadas e articulados nos
4.3 Integração entre objetivos
Sensoriamento Remoto
Suborbital com Orbital

123
A GEOECOLOGIA COMO SUBSÍDIO A ANÁLISE DAS INTER-
RELAÇÕES SOCIEDADE/NATUREZA: O CASO DA BACIA
HIDROGRÁFICA DO RIO TOCANTINZINHO – GO
Rosane Borges de Oliveira
Modalidade: Mestrado

Palavras-chave: Abordagem sistêmico-dialética. Interdisciplinaridade. Biodiversidade.

INTRODUÇÃO

Ao adotar a paisagem enquanto totalidade que integra sociedade e natureza em

um binômio inseparável como conceito básico, a Geoecologia, de maneira

interdisciplinar, busca superar a dicotomia entre Natureza e Sociedade e apresenta-se

como uma disciplina potencial para discussão das questões ambientais.

A ocupação do segundo maior bioma brasileiro, em extensão original, iniciou-se

no século XVIII, mas só ocorreu de forma mais intensiva a partir da década de 1930.

Ressalta-se que este processo não se deu de maneira igual em todo seu território. Em

Goiás, o processo diferenciado de uso e ocupação do Cerrado é abordado pelo discurso

regional que contrapõe as regiões Nordeste e Sudoeste.

No Nordeste Goiano, região de planejamento da Secretaria de Estado de Gestão

de Planejamento, seus municípios são muitas vezes lembrados apenas por

representarem um “corredor da miséria”. A bacia hidrográfica do rio Tocantinzinho

(BHRT), que abrange parcialmente o território dos municípios Alto Paraíso de Goiás

(30,04% da área total da bacia), São João d’Aliança (32,06%), Colinas do Sul (8,87%),

Niquelândia (14,21%) e Água Fria de Goiás (14,79%), se inclui nessa região e se insere

nessa dinâmica.

A região Nordeste também é reconhecida por concentrar as áreas mais

preservadas do Estado, condição associada a ocorrência de terras pouco valorizadas para

fins agrícolas, ausência de uma malha viária densa e estruturada e a existência de várias

124
Unidades de Conservação (UCs). A BHRT compreende áreas potenciais para

conservação da biodiversidade, como parte do Parque Nacional da Chapada dos

Veadeiros (PNCV), da Área de Proteção Ambiental (APA) do Pouso Alto, Corredor

Ecológico Paranã-Pireneus e a Reserva da Biosfera do Cerrado (Fase II) que

compreendem um mosaico de UCs, e polígonos definidos pelo Projeto de Identificação

de Áreas Prioritárias para a Conservação da Biodiversidade em Goiás (PDIAP).

Entretanto, o crescimento do desmatamento na região tem sido observado nas

últimas décadas. Silva e Ferreira Júnior (2010), ao analisarem taxas anuais de

desmatamento no estado de Goiás, no período de 2003 a 2007, além de verificarem a

concentração de desmatamentos nas regiões Norte, Nordeste e Noroeste de Goiás,

observaram que 75% dos desmatamentos ocorridos concentraram-se em 25% dos

municípios goianos, havendo reincidência de municípios com elevadas taxas em período

interanual. Entre os municípios reincidentes destacam-se São João d’Aliança, Água Fria

de Goiás e Niquelândia, incluídos na área da citada bacia e que estão na área de

influência de um importante centro de manutenção de biodiversidade do Cerrado

Brasileiro.

Por outro lado, além de possíveis ameaças decorrentes da atividade agrícola, o

rio Tocantinzinho é alvo de estudos de viabilidade para instalação de usinas hidrelétricas

(UHEs) e pequenas centrais hidrelétricas (PCHs).

Estudos e pesquisas vêm apontando que a conversão de cobertura vegetal para

uso agropecuário e o represamento para instalação de usinas hidrelétricas representam

constante ameaça para conservação da biodiversidade do bioma Cerrado, visto que tais

usos podem alterar a estrutura da paisagem provocando a perda de habitats. Nesse

sentido, a BHRT será analisada a partir da abordagem sistêmico-dialética e

interdisciplinar, possível por meio da Geoecologia, na tentativa de contribuir com a

reflexão sobre a conservação da biodiversidade do Cerrado na área de estudo.

125
OBJETIVOS

Objetivo Geral:

Analisar, sob perspectiva geoecológica, os efeitos da inter-relação

sociedade/natureza na paisagem da bacia hidrográfica do rio Tocantinzinho, de modo a

identificar eventuais ameaças à biodiversidade.

Objetivos Específicos:

• Avaliar os componentes da paisagem que se inter-relacionam no sentido vertical.

• Identificar unidades geoecológicas na paisagem.

• Analisar a estrutura horizontal e sua dinâmica espaço-temporal nos anos 1985, 1995,

2005 e 2016;

• Verificar a ocorrência de processos de isolamento de manchas remanescentes que

possam representar ameaças à biodiversidade.

• Contribuir com a discussão sobre as proposições da Geoecologia em prol do resgate

da visão totalizadora das interações entre sociedade e natureza, de modo construir

subsídios para tratar os desequilíbrios ambientais, como os relacionados a perda de

vegetação nativa.

126
METODOLOGIA

REFERENCIAL TEÓRICO

A ideia de natureza como fonte ilimitada de recursos à disposição do homem,

externalizada e passível de controle humano, sustentou no processo de produção

capitalista a acumulação por meio da exploração intensa dos recursos naturais.

Entretanto, nos anos 1960/1970, os efeitos desse modelo demonstraram sua

insustentabilidade e revelaram a necessidade de se pensar os usos dos recursos naturais

para que no futuro a própria existência da humanidade não fosse submetida a riscos

(BERNARDES; FERREIRA, 2008). Segundo Suertegaray (2004), esse momento resgata a

127
discussão da valorização do espaço e perpassa uma releitura dos conceitos de natureza

e sociedade.

Mendonça (2004) destaca o papel ambientalista da Geografia, que desde sua

formação se propôs a estudar a relação entre os homens e o meio natural, mas ressalta o

caráter interdisciplinar da temática. A temática ambiental é complexa e deve ser

abordada de forma holística, de modo que a Geografia, sozinha, não consegue tratá-la

de forma integral. O autor critica os trabalhos que se esquecem da abordagem físico-

territorial e os que se esquecem das relações sociais enquanto componentes da paisagem,

e ressalta a visão do todo numa relação dialética. Nesse sentido, destacam-se trabalhos

com abordagem integradora que resgatam natureza e sociedade sob enfoque sistêmico-

dialético (NEVES; SALINAS, 2017).

Rodriguez e Silva (2013) defendem o ambiente a partir de uma perspectiva

global, dado por um conjunto de componentes naturais e sociais, e suas interações em

um determinado espaço e tempo. Trata-se de ir além da análise das propriedades dos

geossistemas no estado natural, buscam-se interações em uma dimensão sócio-ecológica,

formando o meio ambiente global, ou seja, os sistemas ambientais.

Ao fundamentar-se nos conceitos de paisagem natural (geossistema), paisagem

social e paisagem cultural, que podem ser interpretadas a partir do enfoque dialético e

sob o ponto de vista sistêmico, a Geoecologia da Paisagem permite que a paisagem seja

concebida como uma totalidade. Nesse sentido, a paisagem é entendida como um

conjunto inter-relacionado de formações naturais e antroponaturais, perceptível e

passível de classificação teórico-metodológica (RODRIGUEZ; SILVA; CAVALCANTI,

2010)

Assim, “as paisagens agregam elementos e processos com diferentes naturezas,

dimensões e durações que se relacionam numa determinada área da superfície terrestre”

e dão origem a unidades visíveis, as unidades geoecológicas (CAVALCANTI, 2014, p.

18). Rodriguez, Silva e Cavalcanti (2010) indicam o enfoque estrutural para compreensão

128
das relações entre os componentes que formam as paisagens. A análise da inter-relação

entre os componentes litologia, clima, relevo, solos, água (drenagem) e uso (e cobertura

como indicadores bióticos) constituem a estrutura vertical da paisagem e subsidiam o

conhecimento da organização espacial da paisagem.

Na década de 1960, com a emergência do conceito de ecossistema na discussão

dos problemas ambientais, a paisagem passou a ser interpretada também sob ponto de

vista ecológico. Troll (1997) ao defender o caráter totalizante da paisagem entendeu que

sua análise se daria a partir do reconhecimento das suas diversas hierarquias escalares.

Ainda segundo o autor, a paisagem pode ser dividida em ecótopos, unidades de

dimensões mínimas onde a interação entre os elementos da paisagem que ocorre em

nível máximo pode ser observada. Schier (2003) expõe que essa ideia de tratar os

elementos da paisagem a partir de um ponto de vista ecológico, já defendida por Troll

em 1939, foi a base da Landschaftsökologie (Ecologia da Paisagem).

Metzger (2001) divide a análise da paisagem em duas principais abordagens, a

geográfica e a ecológica: a abordagem geográfica se preocupa com o planejamento da

ocupação territorial a partir do conhecimento das potencialidades para o uso econômico

das chamadas “unidades da paisagem”; e a ecológica dá maior ênfase a importância do

contexto espacial sobre os processos ecológicos e sua importância em termos de

conservação biológica.

Segundo Blaschke e Lang (2009) a análise do padrão da paisagem é realizada a

partir de seus elementos estruturais e nos seus ordenamentos espaciais, apoiando-se em

medidas da estrutura da paisagem, também conhecidas como métricas da paisagem. As

métricas da paisagem permitem quantificar e avaliar as mudanças estruturais da

paisagem.

De acordo com Faria (2011) os avanços nas geotecnologias, como as metodologias

de sensoriamento remoto e dos Sistemas de Informações Geográficas (SIG), associados

aos métodos da Ecologia da Paisagem têm favorecido a avaliação espacial precisa de

129
padrões de organização dos elementos que compõem a paisagem, em diferentes escalas

temporais e espaciais. Tais associações, para a autora, estão cada vez mais apropriadas

para quantificar a estrutura da paisagem por meio das métricas.

PLANO DE REDAÇÃO PRELIMINAR

Capítulos
1. Geoecologia e as conexões entre Sociedade e Natureza
1.1 A Paisagem e a Geoecologia
1.2 A abordagem sistêmico-dialética na Geoecologia.
1.3 Geografia e Ecologia: integração potencial para conservação da biodiversidade.
Sinopse
Pretende-se com esse capítulo apresentar uma discussão teórico-metodológica sobre a
contribuição da disciplina "Geoecologia das Paisagens" para análise da relação entre
sociedade e natureza e tratamento da problemática ambiental referente a conservação da
biodiversidade. Contempla a revisão bibliográfica citada na primeira etapa metodológica
Execução do cronograma
Em andamento
2. A paisagem a partir da inter-relação dos componentes verticais
2.1 Os componentes da paisagem na BHRT
2.2 A BHRT: uma visão espacial por meio das unidades geoecológicas
Sinopse
Neste capítulo, o diagnóstico dos componentes da paisagem que se inter-relacionam no
sentido vertical (litologia, clima, relevo, solos, drenagem e uso e cobertura) e as unidades
geoecológicas da BHRT delimitadas serão apresentados. Para tanto, o capítulo
contemplará as etapas metodológicas I e II.
Execução do cronograma
O mapa de unidades de paisagem (preliminar) foi concluído.
3. Apropriação do Cerrado goiano: uma análise temporal a partir da unidade territorial
do rio Tocantinzinho.
3.1 A BHRT em 1985
3.2 A BHRT em 1995
3.3 A BHRT em 2005
3.4 A BHRT em 2016
Sinopse

130
A paisagem será avaliada enquanto totalidade (paisagem natural, social e cultural). Nesse
sentido, a análise do uso e cobertura do solo dos anos 1985, 1995, 2005 e 2016 ocorrerá
associada a análise de referencial teórico sobre o histórico de apropriação do território da
BHRT e de dados socioeconômicos que contribuam com o entendimento das marcas da
inter-relação sociedade/natureza observadas na paisagem. O capítulo contemplará,
principalmente, as etapas metodológicas I, III e IV.
Execução do cronograma
Revisão bibliográfica sobre o histórico de ocupação dos municípios que integram a BHRT
e elaboração do mapa de uso e cobertura da área do ano de 2016 – já realizado;
Organização de base de dados socioeconômicos e a elaboração dos mapas de uso e
cobertura dos anos 1985, 1995 e 2005 - em andamento.
4. Estrutura da paisagem: forma e arranjo espacial
4.1 Configuração espacial e situação dos remanescentes na BHRT.
4.2 Situação dos remanescentes nas unidades geoecológicas
Sinopse
Análise da estrutura horizontal da paisagem da BHRT sob abordagem geográfica da
Ecologia de Paisagem, mas com adoção de métodos desenvolvidos no âmbito da
abordagem ecológica. A integração das duas abordagens destaca-se por possibilitar a
análise espacial da ocorrência de processos de isolamento de manchas remanescentes que
possam representar ameaças à biodiversidade. Por fim, pretende-se apresentar uma
análise dos padrões observados correlacionando-os com as unidades geoecológicas da
paisagem. Etapas metodológicas V e VI serão contempladas.
Execução do cronograma
Pretende-se iniciar a execução das atividades desse capítulo ainda no primeiro semestre
de 2018.

REFERÊNCIAS

BERNARDES, J. A.; FERREIRA, F. P. de M. Sociedade e Natureza. In: CUNHA, S. B.


da; GUERRA, A. J. T. A questão ambiental: diferentes abordagens. 4 ed. Rio de Janeiro:
Bertrand Brasil, 2008.

BLASCHKE, T.; LANG, S. Análise da paisagem com SIG. Tradução Hermann Kux. São
Paulo: Oficina de Textos, 2009.

CAVALCANTI, L. C. de S. Cartografia de paisagens: fundamentos. São Paulo: Oficina de


Textos, 2014.

FARIA, K. M. S. de. Paisagens fragmentadas e viabilidades de recuperação para sub-bacia do


rio Claro (GO). 2011. 196f. Tese (Doutorado em Geografia) – Instituto de Estudos Sócio-
Ambientais, Universidade Federal de Goiás, Goiânia, 2011.

131
MENDONÇA, F. Geografia socioambiental. Terra Livre, São Paulo n. 16 p. 139-158 1°
semestre/2001.

METZGER, J. P. O que é ecologia da paisagem? Biota Neotropica, Campinas, v.1, n. 1/2,


p. 1-9, 2001.

NEVES, C. E. das; SALINAS, E. A Paisagem na Geografia Física Integrada: Impressões


Iniciais Sobre sua Pesquisa no Brasil entre 2006 e 2016. Revista do Departamento de
Geografia, São Paulo, Volume Especial – XVII SBGFA / I CNGF (2017) – Eixo 6, 124-137.

RODRIGUEZ, J. M. M.; SILVA, E. V da. Planejamento e gestão ambiental: subsídios da


geoecologia das paisagens e da teoria geossistêmica. Fortaleza: Edições UFC, 2013.

RODRIGUEZ, J. M. M.; SILVA, E. V.; CAVALCANTI, A. P. B. Geoecologia das Paisagens:


uma visão geossistêmica da análise ambiental. 3. ed. Fortaleza: Edições UFC, 2010.

SCHIER, R.A. Trajetórias do conceito de paisagem na Geografia. Ra´ega, Curitiba, n.7,


p.79-85, 2003.

SILVA, E. B. da; FERREIRA JÚNIOR, L. G. Taxas de desmatamento e produção


agropecuária em Goiás - 2003 a 2007. Mercator, Ceará, v. 9, n. 18, p. 121-134, jan/abr
2010.

SUERTEGARAY, D. M. A. Ambiência e pensamento complexo: ressignifica(ção) da


Geografia. In: SILVA, A. A. D. da; GALENO, A. (Orgs.). Geografia: ciência do
complexus –ensaios transdiciplinares. Porto Alegre: Sulina, 2004.

TROLL, Carl. A paisagem geográfica e sua investigação. Espaço e Cultura, Rio de


Janeiro, n.4, p. 1-7, jun. 1997.

132
Dinâmica Socioespacial
LUGARES DE MEMÓRIA: O BANDO DOS MARCELINOS NO
CONTEXTO DO CANGAÇO EM BARBALHA – CE
Ana Paula Rodrigues da Costa
Modalidade: Mestrado

Palavras-chave: Lugares de memória; Cangaço; Bando dos Marcelinos

INTRODUÇÃO

O cangaço foi um movimento que ocorreu no interior do Nordeste entre os

séculos XIX e XX, caracterizando-se como um movimento de revolta e rebeldia no

campo. Surgiu com essa nomenclatura pela alusão feita ao objeto “canga” que era

utilizado em bois para serviços diversos. Barroso (1931) ressalta que era comum

encontrar homens portando cartucheiras, peixeiras e clavinotes passando pelos ombros

como um boi no “jugo”, na canga.

Formaram-se muitos bandos de cangaceiros pelo Nordeste, dentre eles, destaca-

se o bando dos Marcelinos, que surgiu na década de 1920, em virtude de um ato de

desmoralização sofrido em público por João Marcelino, ao ser desarmado de sua peixeira

pelo delegado de polícia na feira do Caririzinho, Pernambuco. A partir disso, João

Marcelino decidiu entrar no cangaço para vingar-se do delegado. O bando formou-se

em 1924, em Barbalha, no Cariri cearense.

Segundo Mello (2011, p.127), um dos fatores que condicionaram o surgimento de

bandos de cangaceiros consistia em atos de vingança, pois, “no Sertão quem não se vinga

está moralmente morto”. Estes atos de vingança estavam geralmente ligados a rixas por

extensões de terra ou pela honra moral de alguém.

O intuito da pesquisa caracteriza-se na busca pelo entendimento da formação e

atuação do bando dos Marcelinos, no sentido de encontrar nos lugares de memória uma

“ressignificação” do bando, de modo que, tendo esses lugares como palco da história

dos Marcelinos no passado, seus vestígios não sejam ignorados, não desapareçam. Existe

134
uma memória do bando nos lugares que se estabeleceram como local de passagem dos

cangaceiros? Qual a ligação dos sujeitos residentes nos locais de passagem do bando com

os cangaceiros? Qual a relevância do bando dos Marcelinos no contexto histórico e

cultural do município de Barbalha?

O interesse pelo estudo surgiu em virtude do contato com a história do bando no

ano de 2012, a partir de uma pesquisa de iniciação científica na Universidade Regional

do Cariri - URCA. Na ocasião, foram constatados, a partir da fala dos sujeitos, diferentes

visões a respeito do movimento do cangaço, bem como da história do bando dos

Marcelinos. Foram levantadas questões como a história de homens injustos e

injustiçados; solidários e cruéis; brutos e românticos.

Entende-se que é pertinente o aprofundamento para os estudos que vêm sendo

desenvolvidos a respeito do movimento do cangaço pelos diversos campos do saber,

apresentando-se relevante ao pontuar a história de constituição dos lugares a partir dos

sujeitos, pensando numa reparação simbólica aos que foram vitimados, dando voz aos

vencidos que podem estar secundarizados na história dos lugares.

OBJETIVOS

Objetivo Geral

• Compreender os lugares de memória com representatividade na atuação do

bando de cangaceiros dos Marcelinos no contexto histórico e cultural presentes

nos locais de passagem em Barbalha – CE.

Objetivos Específicos

• Descrever a relação tempo-espaço do contexto de formação e atuação do bando

dos Marcelinos a partir dos lugares de memória;

• Identificar a dimensão simbólica dos lugares originária dos conflitos sociais entre

coronéis e cangaceiros no Cariri cearense;

135
• Interpretar a relevância do bando de cangaceiros dos Marcelinos por meio dos

lugares de memória, no processo de constituição do Cariri cearense.

METODOLOGIA

Para a realização da pesquisa, a periodização proposta estende-se de 1920 a 1930,

tendo como referência as motivações para a formação do bando dos Marcelinos, sua

atuação e permanência no cangaço e o fim do bando com o fuzilamento dos cinco

cangaceiros capturados pela volante1. O recorte espacial é o município de Barbalha,

interior do estado do Ceará, onde estão às comunidades de Riacho do Meio e Alto do

Leitão, localidades que possuem símbolos, marcas do bando, como o cemitério dos

Marcelinos e a pedra dos Marcelinos, sendo também locais de passagem do bando.

Diante dos objetivos da pesquisa, pretende-se desenvolvê-la nas seguintes

etapas: levantamento bibliográfico em instituições públicas, como as bibliotecas da

Universidade Regional do Cariri - URCA e da Universidade Federal do Cariri - UFCA,

Escola de Saberes em Barbalha, hemeroteca em Fortaleza e acervos digitais, como a

Biblioteca Nacional, Instituto Histórico do Ceará, acervos das Universidades com

programas de pós-graduação para consulta de dissertações e teses produzidas sobre o

movimento do cangaço.

Outra fonte a ser incorporada na pesquisa será a oralidade de sujeitos, ao qual se

definiu trabalhar com residentes das comunidades a serem pesquisadas, que se

constituíram em locais de passagem do bando, possuindo idade igual ou superior a 60

anos, para, a partir dos depoimentos, identificarmos os lugares de memória que nos

permitam fazer uma interpretação dos processos históricos, visando à compreensão da

formação e atuação do bando.

1Grupos de soldados ou contratados que percorriam a caatinga a fim de capturarem bandos de


cangaceiros.

136
Entende-se a necessidade de outras fontes de investigação; dessa forma, será

realizada uma busca documental como jornais da época, fotografias e livros de registros

policiais, que colaborem para desdobramentos a respeito do processo histórico de

formação e atuação do bando dos Marcelinos, que possam apontar para outros locais de

passagem, permitindo, dessa maneira, um mapeamento desses lugares.

REFERENCIAL TEÓRICO

A história de bandidos existe em toda parte, mas apenas no Nordeste foi

designado com o termo “cangaceiro”. Falar de cangaceiros causava sentimentos

diversos: medo, admiração, respeito, pânico. Ao passo que foi propagado o movimento

do cangaço, muitas abordagens e narrativas foram sendo designadas. Com base nas

histórias de heróis ou bandidos, brutos ou românticos, solidários ou cruéis, muitas

concepções surgiram a respeito desse movimento ao longo do tempo.

No Nordeste, o termo “cangaço” tomou sentido de banditismo, onde, segundo

Hobsbawm (2015), trata-se de uma forma primitiva de reação à opressão, em que os

bandidos seriam homens orgulhosos que, ao serem injustiçados, se recusavam a baixar

a cabeça, caracterizando-se suas atuações como forma de protesto social, onde homens

se tornaram simbolicamente heróis para o povo, principalmente para os camponeses,

pela coragem de se armarem e lutarem contra seus inimigos, sendo estes o Estado e os

potentados rurais.

O movimento do cangaço existiu em períodos diversos pelo Nordeste,

influenciado por motivos distintos. Em sua maioria eram homens levados pela falta de

oportunidades em virtude de grandes períodos de seca e destruição, ou pela sede de

vingança, algo muito presente no contexto de violência do coronelismo, como resultado

da superposição de formas desenvolvidas do regime representativo a uma estrutura

econômica e social baseada na troca de favores, no paternalismo, no mandonismo

notável dos senhores de terra, que tinham o monopólio do poder local (LEAL, 2012).

137
O bando dos Marcelinos formou-se com dois membros, João Marcelino e Manoel

Marcelino, irmãos que deixaram de ser subservientes aos seus coronéis, abandonando

suas profissões de agricultor e vaqueiro para iniciar uma vida no cangaço, em busca de

vingar a desmoralização sofrida em público por João Marcelino.

O bando dos Marcelinos teve sua história no cangaço, mas não se sabe até onde

foi escrita ou como foi escrita. Atuaram por cerca de quatro anos, praticamente em escala

local, na Chapada do Araripe. Como a história de muitos bandidos, foram perseguidos,

acoitados2 e mortos. O bando, em seu período de atuação, sempre teve poucos

cangaceiros: tendo sido o feche, Bom de Veras (Manoel Marcelino), morto em confronto

com a volante; João 22 (João Marcelino), morto por emboscada da volante e mais cinco

cangaceiros restantes, dentre eles mais um membro da família Marcelino, foram

capturados e fuzilados pela volante no município de Barbalha.

Os lugares de memória nesse cenário das relações sociais caracterizam-se por

conflitos, pelo poder vinculado ao campo como local de recepção de conflitos

protagonizados pelo cangaço que têm no bando dos Marcelinos sua representatividade

no Cariri cearense. Assim, os lugares de memória, bem como a própria história do

bando, podem acabar sendo sobrepostos por interesse das classes hegemônicas e do

Estado que, ao propagarem a história oficial, podem divulgar uma imagem do cangaço

apenas como uma forma brutal de banditismo, sobrepondo a outros contextos presentes

na atuação do bando dos Marcelinos, assim como na constituição dos lugares de

memória.

Nora (1993) aponta que a percepção do global tem ocasionado uma aceleração da

história, produzindo uma oscilação cada vez mais rápida de um passado que está

desaparecendo, onde as memórias são esfaceladas de forma cada vez mais rápida, onde

os vestígios do passado que são materializados se transformam, perdem o sentido

2Algumas pessoas acolhiam os cangaceiros em suas casas. Acoitava, dava-lhes abrigo.

138
histórico. Conforme Nora (1993, p. 13), “Os lugares de memória nascem e vivem de um

sentimento que não há memória espontânea”, pois, para lembrar-se de alguém ou algum

fato, é preciso uma comemoração, um monumento, porque se não existir uma lembrança

festiva, os fatos podem ser esquecidos rapidamente por não terem uma vigilância

comemorativa.

De acordo com Ricouer (2007), as recordações estão presentes no espírito como

alguma coisa que já não está lá, mas que já esteve e que o dever de fazer memória, de

não esquecer, é, muitas vezes, uma reivindicação de uma história criminosa, feita pelas

vítimas; a sua derradeira justificação é esse apelo à justiça que devemos às vítimas, pois,

no geral, a história dos bandidos está contida na história oficial dos livros, em

contraposição à história recordada.

Oliveira (2012) retrata a valorização dos lugares por meio dos sentidos, das

experiências, que são adquiridas por meio de dimensões espaciais, sendo o lugar um

mundo de significados. O cangaço e suas associações com o lugar, marcado pela

memória e pela vivência, reportam a um espaço dotado de sensações, afeições e

referências da experiência vivida. As memórias, sejam elas individuais ou coletivas, são

importantes registros vividos que partem das lembranças e eternizam os lugares

(HOLANDA, 2010).

O estudo dos lugares é fundamental para a compreensão do modo de vida, da

cultura, das representações, das crenças, dentre outros aspectos. Relph (2012) descreve

que estudar o lugar, seja em qual perspectiva for, caracteriza-se como uma prática de

resistência. A resistência da luta, do povo, do cotidiano, da preservação e manutenção

dos lugares.

PLANO DE REDAÇÃO PRELIMINAR

Introdução
Capítulo 1 – A geografia humanista e os lugares de memória do bando dos Marcelinos

139
No primeiro capítulo buscaremos situar a pesquisa no âmbito da geografia
humanista pontuando autores como: Holzer (1999), Tuan (2012, 2013), Buttimer (2015),
entre outros. Como autor norteador para se trabalhar o conceito de lugares de memória
apontamos Nora (2015) e autores que abordam o movimento cangaço, como Facó (2009),
Mello (2011) e outros.
1.1 – O movimento do cangaço no Nordeste brasileiro
1.2 – O cangaço no Ceará
1.3 – Em busca dos lugares de memória do bando dos Marcelinos
1.3.1 – Locais de passagem dos Marcelinos
Capítulo 2 – Pelos meandros da memória: estrutura de poder coronelística
No segundo capítulo abordaremos o surgimento da sociedade caririense, na
tentativa de compreender o contexto de disputas territoriais, a formação das primeiras
vilas, questões econômicas, etc., retratando as famílias tradicionais (JOARYVAR, 1998)
que, posteriormente, forjam a relação coronelística, (LEAL, 2012), apresentando, a partir
da memória (RICOUER, 2007), o “lugar” do bandido (HOBSBAWM, 2015) neste
contexto de coronéis e cangaceiros.
2.1 – Surgimento do Cariri cearense: famílias tradicionais
2.1.1- Barbalha no contexto do coronelismo
2.2 - Coronéis e cangaceiros
2.3 – O “lugar” do bandido
Capítulo 3 – Lugares de memória enquanto representação de um passado do bando
dos Marcelinos
No terceiro capítulo abordaremos os lugares de memória como aporte conceitual
para entendimento da representatividade do bando, pontuando autores como Oliveira
(2012); e Tuan (2012, 2013), para referenciar a categoria de lugar. Bosi (2010) e Halbwachs
(2003), para situar a memória no campo da pesquisa e Nora (1993), para tratar de lugares
de memória.
3.1 – Vida e morte cangaceira
3.2 – O bando dos Marcelinos resiste?
3.2.1 – Os Marcelinos pela visão dos sujeitos
3.3 - Cartografia do bando dos Marcelinos em Barbalha
Considerações Finais

REFERÊNCIAS

BARROSO, Gustavo. Heróis e Bandidos. Rio de Janeiro: Livraria Francisco Alves,


1931.

BOSI, Ecleá. Memória e sociedade: lembranças de velhos. 16ª. ed. São Paulo:
Companhia das Letras, 2010.

140
BUTTIMER, Ane. Lar, horizonte de alcance e o sentido de lugar. In: Revista
geograficidade. V. 5, n. 1, p. 04-19, verão, 2015.

FACÓ, Rui. Cangaceiros e fanáticos: gênese e lutas. Rio de Janeiro: UFRJ, 2009.

HALBWACHS, Maurice. A memória coletiva. São Paulo: Centauro, 2003.

HOBSBAWM, Eric. Bandidos. 4ª.ed. São Paulo: Paz e terra, 2015.

HOLANDA, Lúcia Maria de Souza. Lugares de memória: Jesuíno Brilhante e os


testemunhos do cangaço nos Sertões do Oeste Potiguar e fronteira paraibana. 2010.
Dissertação (Mestrado em Geografia) - Centro de Ciências Exatas e da Natureza,
Universidade Federal da Paraíba. João Pessoa, 2010. Disponível em:
<http://www.tede.biblioteca.ufpb.br/handle/tede/5783?locale=t_BR>. Acesso em: 17 de
julho de 2017.

HOLZER, Werther. O lugar na geografia humanista. Território. Rio de Janeiro, Ano IV,
n. 7, p. 67-78, jul/dez. 1999.

LEAL, Victor Nunes. Coronelismo, enxada e voto: o município e o regime


representativo no Brasil. 7ª. ed. São Paulo: Companhia das letras, 2012.

MACEDO, Joaryvar. Império do Bacamarte: uma abordagem sobre o coronelismo no


Cariri cearense. 3ª. ed. Fortaleza: Universidade Federal do Ceará, 1990.

MELLO, Frederico Pernambucano de. Guerreiros do sol: violência e banditismo no


Nordeste do Brasil. 5ª. ed. São Paulo: A Girafa, 2011.

NORA, Pierre. Entre memória e história: a problemática dos lugares. Projeto História.
Revista do Programa de Estudos Pós-Graduados de História (Online). v. 10, p. 7-28,
dezembro. 2010. Disponível em:
<http://www.pucsp.br/index.php/revph/article/view/12101>. Acesso em: 17 de julho de
2017.

OLIVEIRA, Lívia de. O sentido de lugar. In: MARANDOLA JR., Eduardo, et. al. (Orgs).
Qual o espaço do Lugar? Geografia, epistemologia, fenomenologia. São Paulo:
Perspectiva, 2012. p. 03-16.

RELPH Edward. Reflexões Sobre a Emergência, Aspectos e essência de lugar. In:


MARANDOLA JR., Eduardo, et. al. (Orgs). Qual o espaço do Lugar? Geografia,
epistemologia, fenomenologia. São Paulo, perspectiva 2012, p. 17-32.

141
RICOUER, Paul. A memória, a história, esquecimento. Tradução: Alain François.
Campinas: editora da Unicamp, 2007.

TUAN, Yi-Fu. Topofilia: um estudo da percepção, atitudes e valores do meio


ambiente. Londira: Eduel, 2012.

_________. Espaço e lugar: a perspectiva da experiência. Londrina: Eduel, 2013.

142
SOCIOBIODIVERSIDADE DO CERRADO: A RESERVA EXTRATIVISTA
LAGO DO CEDRO
Bruno Augusto de Souza
Modalidade: Doutorado

Palavras-chave: Sociobiodiversidade; Cerrado; Reserva Extrativista Lago do Cedro.

INTRODUÇÃO

Esta pesquisa busca compreender como o avanço do agronegócio alterou o

Cerrado no estado de Goiás. Tal avanço alterou drasticamente as formações vegetais, as

bacias hidrográficas, os solos, a fauna, e os territórios dos povos tradicionais, surgindo

graves problemas socioambientais.

Ao propor tal pesquisa, a contribuição será, além para as instituições de pesquisa

em âmbito nacional e internacional, importante também para as comunidades

tradicionais do Cerrado e para aqueles que defendem a busca racional de recursos.

Em razão dessa complexa realidade, essa pesquisa realizará a análise de uma

Reserva Extrativista (Resex) existente no estado de Goiás, a Resex Lago do Cedro, criada

em 11 de setembro de 2006 e que está localizada no município de Aruanã (GO), às

margens do Rio Araguaia.

A Reserva foi criada a partir da demanda de pescadores tradicionais e

vazanteiros de Aruanã (GO). Além da pesca, outros principais recursos da Reserva são:

as frutas nativas silvestres e o ecoturismo (MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE, 2018).

O ineditismo da pesquisa de tal realidade está no contexto de que, além da

importância de criação dessa Unidade de Conservação, há o ineditismo da realidade

empírica que o estudo fará em tal Resex na contribuição para a ciência geográfica.

Há também a relevância acadêmica que a pesquisa trará para o Instituto de

Estudos Socioambientais da Universidade Federal de Goiás na linha de pesquisa

“Dinâmica Socioespacial”, assim como para o projeto “Desenvolvimento territorial e

143
sociobiodiversidade: perspectivas para o mundo do Cerrado” financiado pela CAPES

aos quais estou vinculado.

Utilizaremos a abordagem territorial do Cerrado como proposta analítica. Tal

abordagem é fundada em fatos concretos para demonstrar as contradições que existem

no que hoje chamamos de Cerrado (Mapa 01). Em um primeiro momento, a análise

perpassa pela paisagem, considerando os ambientes naturais e os símbolos culturais;

posteriormente, considera os períodos que ocorreram as transformações do ponto de

vista da constituição territorial, como das divisões territoriais do trabalho. Ao aplicar a

tríade economia-política-cultura em uma análise têmporo-espacial, se considera o


Cerrado como um produto da história social (CASTILHO; CHAVEIRO, 2010).

144
Por ser uma pesquisa geográfica, utilizaremos algumas categorias da Geografia

para explicar o que acontece no “mundo real”. Nesta pesquisa as categorias principais

serão: espaço, paisagem e território.

O espaço é como uma matéria-prima na condição de que ao utilizá-lo, os atores

criam práticas diversas para os espaços em questão, sendo o território uma produção a

partir do espaço. Essa produção se apoia em relações que envolvem campos de poder

(RAFFESTIN, 1993; SOUZA, 2000; CAVALCANTI, 2006). Além do político, também

estão contempladas nas relações de poder: a cultura (o simbolismo, as teias de

significados, as identidades, etc.) e a economia (o trabalho, os processos de produção e

circulação de bens) (SOUZA, 2013).

Com as considerações iniciais, formulamos alguns questionamentos, como: o

estudo em nível geográfico, abrangendo a perspectiva de desenvolvimento territorial de

Goiás imposta pelos agentes do agronegócio, contribui na compreensão da destruição

da sociobiodiversidade do Cerrado? Em que medida a criação de uma Resex propicia o

respeito ao Cerrado em sua localização específica?

Levantamos algumas hipóteses, com o intuito de, posteriormente, confirmá-las

ou refutá-las, como: a criação da Resex Lago do Cedro foi importante para a proteção da

sociobiodiversidade no território em questão; a criação de outras Reservas Extrativistas

no Cerrado goiano contribuiria para o respeito da sociobiodiversidade no estado; o

Estado cria Reservas Extrativistas somente em áreas que não atendem o capital

estrangeiro no tocante às culturas para a exportação.

Objetivo Geral

Compreender como o desenvolvimento territorial de Goiás contribuiu na

destruição da sociobiodiversidade do Cerrado.

Objetivos Específicos

145
Utilizar as categorias geográficas “espaço”, “paisagem” e “território”, e o

conceito de “modernização” como caracterizadores do mundo real na apropriação do

Cerrado;

Investigar as alterações realizadas no Cerrado, principalmente a partir da

segunda metade do século XX pelo avanço do agronegócio;

Descrever o contexto de criação, assim como as atividades presentes na Resex

Lago do Cedro e sua importância na conservação da sociobiodiversidade do Cerrado.

METODOLOGIA

Os procedimentos de pesquisa consistirão em: Organizar e analisar as pesquisas

bibliográficas a respeito da Revolução Verde no mundo e no Brasil; a industrialização da

agricultura realizada no Brasil e em Goiás; a utilização do discurso do progresso por

meio da modernização; das Resex no Brasil e especificamente da Resex Lago do Cedro,

que está no estado de Goiás. Após a análise teórica, realizaremos a análise documental,

destacando a criação das Unidades de Conservação no Brasil, em Goiás e a implantação

da Resex Lago do Cedro.

A pesquisa apresentará conceitos como: espaço geográfico, paisagem, território,

Revolução Verde, industrialização, agronegócio, complexo agroindustrial,

modernização, Reservas Extrativistas, extrativismo, ecoturismo entre outros. Dessa

forma, o embasamento teórico se pautará em autores como: Castilho (2016), Castilho e

Chaveiro (2010), Castillo (1995), Cavalcanti (2006), Chaveiro (2013), Graziano da Silva

(1998), Haesbaert (2010), Harvey (2012), Kosik (1976), Lefebvre (1983), Raffestin (1993),

Robbins (2012), Rueda (1995), Santos (2009), Souza (2000, 2013), entre outros.

Utilizaremos dados do Ministério do Meio Ambiente, do Instituto Brasileiro de

Geografia e Estatística (IBGE), bem como informações disponíveis nos bancos de dados

econômicos e sociais das esferas municipal, estadual e federal.

146
Trata-se de constituir uma pesquisa descritiva por meio de trabalho de campo,

objetivando coletar imagens e informações in loco; pesquisa de laboratório, ao utilizar o

geoprocessamento.

Os instrumentos de pesquisa serão: entrevistas com os residentes da Resex Lago

do Cedro, buscando informações da inserção dos mesmos na área da Reserva, assim

como das atividades de extrativismo e ecoturismo; utilizaremos caderno de campo para

registrar as informações, observações e reflexões coletadas na Resex Lago do Cedro.

Elaboraremos mapas temáticos georreferenciados por meio de software específico para

espacializar as informações da Resex, além da construção de tabelas, gráficos e quadros.

Por fim, a análise das informações obtidas ao longo da pesquisa permitirá que

sejam elaborados: o relatório de Qualificação e, por fim, a Tese.

REFERENCIAL TEÓRICO

CASTILHO, Denis. Modernização territorial e redes técnicas em Goiás. – Goiânia:


Editora UFG, 2016.

______; CHAVEIRO, Eguimar Felício. Por uma análise territorial do Cerrado. In: PELÁ,
Márcia; CASTILHO, Denis (orgs.). Cerrados: perspectivas e olhares. Goiânia: Editora
Vieira, 2010, p. 35-50.

CASTILLO, Carlos Aragón. Viabilidade das Reservas Extrativistas. In: MURRIETA,


Julio Luiz; RUEDA, Rafael Pinzón (orgs.). Reservas extrativistas. UICN, Gland, Suíça e
Cambridge, Reino Unido, 1995, p. 19-36.

CAVALCANTI, Lana de Souza. Bases teórico-metodológicas da Geografia: uma


referência para a formação e a prática de ensino. In: CAVALCANTI, Lana de Souza
(org.). Formação de professores: concepções e práticas em Geografia. – Goiânia:
Editora Vieira, p. 27-49, 2006.

CHAVEIRO, Eguimar Felício. Os desafios teóricos da Geografia brasileira: rumos e


desdobramentos. Revista Faz Ciência, v. 15, n. 21, jan./jun. 2013, p. 13-33.

147
GRAZIANO DA SILVA, José. Complexos agroindustriais e outros complexos. In:
GRAZIANO DA SILVA, José. A nova dinâmica da agricultura brasileira. 2. ed. rev. –
Campinas, SP: UNICAMP. IE, 1998, p. 61-104.

HAESBAERT, Rogério. Regional-global: dilemas da região e da regionalização na


geografia contemporânea. – Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2010.

HARVEY, David. O espaço como palavra-chave. GEOgraphia, v. 14, n. 28, p. 8-39,


2012.

KOSIK, Karel. Dialética do concreto. 2. ed. – Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1976.

LEFEBVRE, Henri. Lógica formal/lógica dialética. 3. ed. – Rio de Janeiro: Civilização


Brasileira, 1983.

MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE. Relatório parametrizado – Unidade de


Conservação: Reserva Extrativista Lago do Cedro. Disponível em
<http://sistemas.mma.gov.br/cnuc/index.php?ido=relatorioparametrizado.exibeRelatori
o&relatorioPadrao=true&idUc=287>. Acesso em abr./2018.

RAFFESTIN, Claude. Por uma Geografia do poder. São Paulo: Ática, 1993.

ROBBINS, Paul. Qu’est-ce que la political ecology? In: GAUTIER, Denis;


BENJAMINSEN, Tor Arve (orgs.). Environnement, discours et pouvouir – L’approche
Political ecology. Quae, 2012, p. 21-35.

RUEDA, Rafael Pinzón. Evolução histórica do Extrativismo. In: MURRIETA, Julio Luiz;
RUEDA, Rafael Pinzón (orgs.). Reservas extrativistas. UICN, Gland, Suíça e
Cambridge, Reino Unido, 1995, p. 3-12.

SANTOS, Milton. A Natureza do Espaço: Técnica e Tempo, Razão e Emoção. 4. ed., 5.


reimpr. – São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo, 2009.

SOUZA, Marcelo José Lopes de. O território: sobre espaço e poder, autonomia e
desenvolvimento. In: CASTRO, Iná Elias de; GOMES, Paulo Cesar da Costa; CORRÊA,
Roberto Lobato (orgs.). Geografia: conceitos e temas. 2. ed. – Rio de Janeiro: Bertrand
Brasil, 2000, p. 77-116.

______. Território e (des)territorialização. In: SOUZA, Marcelo José Lopes de. Os


conceitos fundamentais da pesquisa sócio-espacial. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil,
2013, p. 77-110.

148
PLANO DE REDAÇÃO DETALHADO PRELIMINAR

1 ESPAÇO GEOGRÁFICO, PAISAGEM E TERRITÓRIO: ABORDAGENS TEÓRICAS


1.1 O ESPAÇO GEOGRÁFICO, A PAISAGEM E O TERRITÓRIO COMO
CARACTERIZADORES DO “REAL”
Utilização das três categorias geográficas como construção do pensamento na
perspectiva de explicar o “real”, neste caso da apropriação do Cerrado.
1.2 A MODERNIZAÇÃO COMO DISCURSO IDEOLÓGICO NO AMPARO AO
“DESENVOLVIMENTO” TERRITORIAL
Neste tópico utilizaremos o conceito “modernização” para demonstrar que a ideia de
desenvolvimento territorial perpassou pela aplicação dessa palavra em discursos para
legitimar a apropriação do Cerrado.
1.3 O PROCESSO DE APROPRIAÇÃO/DESTRUIÇÃO DO CERRADO
Destacaremos as ações efetivas que contribuíram na apropriação, e consequente,
destruição do Cerrado.
2 O CERRADO COMO TERRITÓRIO DE CONFLITOS
2.1 O AVANÇO DO AGRONEGÓCIO NO TERRITÓRIO DO CERRADO GOIANO
Citaremos o avanço do agronegócio em Goiás, especificamente a partir da segunda
metade do século XX.
2.2 DEVASTAÇÃO DO CERRADO: PERDAS SOCIAIS, HÍDRICAS, ANIMAIS E
VEGETAIS
Neste tópico elencaremos o contexto de devastação presente no Cerrado por meio de
revisão bibliográfica e geoprocessamento.
3 SOCIOBIODIVERSIDADE NO CERRADO: A RESERVA EXTRATIVISTA LAGO DO
CEDRO
3.1 VIVÊNCIAS NA RESEX LAGO DO CEDRO
Realizaremos trabalhos de campo na Resex Lago do Cedro para compreender o
extrativismo realizado e também a dinâmica do ecoturismo na Reserva em questão.
3.2 TEORIA E PRÁTICA: ATIVIDADES PRESENTES NA RESEX LAGO DO CEDRO
Destacaremos as atividades presentes na Resex no âmbito do cotidiano dos sujeitos, e
também dos turistas.
3.3 REFLEXÕES NA CONCEPÇÃO DA PRÁTICA DA SOCIOBIODIVERSIDADE
No último tópico de construção da Tese, refletiremos os benefícios de uma Reserva
Extrativista para os seres humanos, animais e vegetais que habitam tais áreas.

149
A FLECHA DA CANETA: A REPRESENTAÇÃO DE NATUREZA EM
DANIEL MUNDURUKU NO O SABEDORIA DAS ÁGUAS – A
LITERATURA INDÍGENA EM QUESTÃO

Damiana Pereira de Sousa


Modalidade: Mestrado

Palavras-chave: Natureza, Literatura, Geografia, Literatura indígena

INTRODUÇÃO

A natureza é um conceito importante para os estudos da geografia, com isso

várias concepções foram desenvolvidas por diversos autores, tais como Santos (1997),

que aponta que a natureza foi transformada em recurso, e como tal, transformável,

divisível e monetarizada.

A natureza mudou sua posição no sistema espaço-temporal e sua relação agora

não é mais de proporcionar dádivas para satisfazer necessidades humanas, mas tomada

pelas técnicas e pela divisão social do trabalho, sendo, portanto, um recurso do processo

de produção, satisfazendo as necessidades dos modos de produção, pois o autor

especifica que o que é a natureza depende de sua posição como elemento da totalidade

espacial dinâmica e de sua relação com os outros elementos.

Harvey (2011) enfoca a categoria de natureza e trata da questão da influência

humana, evidenciando que a destruição criativa ocorre em geral devido a dominação

triunfal do homem sobre a natureza. Contudo, salienta que o homem não domina

efetivamente a natureza haja vista que ocorrem as conseqüências ambientais e a extinção

de espécies de animais e vegetais. Assim, pode-se entender como a literatura feita por

escritores indígenas representam a natureza, no entanto deve-se compreender como se

da à aproximação entre geografia e literatura.

150
Chaveiro e Lima (2016) constatam que a aproximação entre Geografia e

Literatura ocorre justamente no quesito da densa relação entre vida e espaço e através

do diálogo podem promover um aprofundamento nas suas interpretações da realidade.

A Literatura contribui, segundo os autores, ao ser desprovida de intenções científicas e

da obrigação metodológica, assim, o literato pode construir uma seiva de uma

imaginação ficcional e sua ferramenta é a palavra escrita, a qual ele age sobre o mundo

criando imagens em forma de narrativa.

Lima (2016) ao tratar da aproximação entre geografia e literatura aponta que

quando se adentra aos estudos do pensamento geográfico, percebe-se que a literatura

sempre foi uma forma de interpretação geográfica. E, ao resgatar alguns apontamentos

sobre os rumos que o pensamento geográfico tem-se direcionado a autora reitera que a

literatura na sua diversidade de gêneros, oferece recursos simbólicos para a leitura do

espaço, do lugar e do sujeito. Assim sendo, pode-se indagar: como esses símbolos

aparecem na obra do escritor indígena Daniel Munduruku? E como interpretar

geograficamente esse tipo de narrativa? Esses questionamentos ajudam na compreensão

de leitura dos escritores indígenas da realidade espacial. A autora reforça que a

aproximação entre geografia e literatura promove a ampliação intensiva nas formas de

ler e interpretar o espaço e os sujeitos.

Chaveiro (2015) salienta que a aproximação entre geografia e literatura pode

contribuir para que os geógrafos pensem a geografia como dizer e questionem o dizer

da geografia, pois para o autor buscar defender uma dizibilidade além de superar os

esquemas abstratos e burocráticos da escrita geográfica, pode-se constituir modos de

interpretar a dramaticidade das formas de existência na sociedade contemporânea.

Ainda, Chaveiro (2017) enfatiza em seus estudos os pressupostos de que a voz literária

pode enriquecer a ação científica e pode contribuir para com a teoria do conhecimento

que almeja romper as dualidades entre subjetividade e natureza, espaço e sujeito.

151
Feita essas considerações acerca do tema de estudo, a presente pesquisa aponta

como preocupação, buscar responder a seguinte questão central do projeto:

●Como os escritores indígenas vêem a natureza?

A resposta a essa questão, exige necessariamente, da nossa parte, não só entender

como os escritores indígenas vêem a natureza, como também exige o questionamento:

Como os escritores indígenas, especialmente Daniel Munduruku representam à

natureza? E ainda, como esse escritor faz uma literatura para o mundo indígena? E por

fim, a literatura indígena está contribuindo ou não para as causas desses povos?

Essa compreensão se constitui, portanto, na base para a reflexão teórica da

abordagem do conceito de natureza, da relação entre geografia e literatura e acerca da

literatura indígena.

Considerando a importância da pesquisa referente aos povos indígenas como

instrumento de luta pelas suas causas, nos levam a visibilizar as situações que esses

povos passaram e passam no decorrer do tempo histórico. A construção da história dos

povos indígenas do Brasil é marcada por sangue, pois enfrentam os interesses

econômicos, que muitas vezes não evidencia a dignidade humana dos povos indígenas.

Nesse sentido, ocorre um comprometimento que se faz necessário centralizar os

estudos sobre os indígenas, com o intuito de contribuir para a modificação das injustiças

contra essa minoria. Isto posto, pode-se recorrer ao movimento dos escritores indígenas,

que segundo Lima (2016) vem utilizando a escrita para se autoafirmar, para denunciar

diversos tipos de espoliações e também para divulgação de suas culturas, a escrita passa

a ser utilizada pelos indígenas, pois a força da oralidade marcou por séculos a forma

como as culturas indígenas eram transmitidas no território brasileiro.

Nessa conjuntura, observa-se um fenômeno que ganhou destaque no Brasil,

sobretudo nas últimas duas décadas, o surgimento de escritores indígenas individuais,

os quais a grande maioria é formada por sujeitos que saíram das aldeias e migraram para

as grandes metrópoles, ou seja, são considerados índios urbanos, desaldeados. Dentre

152
esses escritores destaca-se Daniel Munduruku o qual sua obra é objeto de análise desse

estudo.

Lima (2016) aponta que há ausência de referenciais de estudos geográficos que

aborde a especificidade na produção literária realizada por escritores indígenas. Desse

modo, torna-se relevante investigar como essa produção literária indígena se constitui e

se efetiva na conjuntura da luta desses povos e como a geografia e a literatura se

aproximam, pois segundo a autora a aproximação teórica entre essas duas ciências vem

crescendo no Brasil, o que se pode confirmar também nos estudos de Chaveiro e Lima

(2016).

Segundo Daniel Munduruku em entrevista concedida a SescTV disponível no

youtube, a literatura indígena é apenas uma palavra e os indígenas foram aos poucos

percebendo que seus textos é literatura, no entanto, não é apenas a arte da escrita, mas

compreendem a literatura como parte da cultura indígena, pois segundo ele a cultura

indígena não faz separação entre os saberes, com isso a literatura torna-se parte

integrante dos saberes indígenas, como é a dança, o canto, o grafismo, ou seja, todas

essas manifestações culturais.

E, por fim, ressalta a importância de reforçar a literatura como indígena e não

apenas literatura. Essa entrevista foi publicada no youtube no dia 12 de abril de 2016.

Sendo assim, observa-se que os índios estão escrevendo e reescrevendo suas histórias.

Pode-se a partir destes apontamentos constatar a relevância social e acadêmica

da pesquisa, ressaltando a importância da temática indígena em uma escala mais ampla,

envolvendo fatores políticos e econômicos, aos quais os indígenas estão inseridos no

contexto brasileiro.

153
OBJETIVOS

Objetivo Geral:

Investigar como as representações de natureza são apresentadas nas obras dos

escritores indígenas, especificamente as obras de Daniel Munduruku, sobretudo a obra

“Sabedoria das águas”

Objetivos Específicos:

● Analisar como a literatura feita pelos escritores indígenas pode contribuir para

as causas desses povos.

●Identificar a relação entre geografia e literatura, destacando como os geógrafos

lêem a literatura.

● Analisar se o conceito de natureza apresentado nas abordagens geográficas tem

relevância ou não para a perspectiva de Daniel Munduruku.

METODOLOGIA

A pesquisa a ser desenvolvida mediante o presente projeto será qualitativa. E será

baseada no levantamento bibliográfico e de fonte de dados acerca dos temas já

anunciados. Pensando que o exercício científico só pode ser feito através de um método

de interpretação, Gil (2008) refere que o método dialético pode ser entendido como

método de interpretação da realidade, ou seja, a dialética fornece as bases para uma

interpretação dinâmica e totalizante da realidade. Sendo assim, esse método possibilitará

compreender a amplitude das produções literárias desenvolvidas pelos escritores

indígenas.

Desse modo, o embasamento teórico-metodológico a ser construído para o

entendimento analítico do objeto da pesquisa caminhará no sentido de compreender de

forma ampla como as representações de natureza são apresentadas nas obras dos

154
escritores indígenas, sobretudo na obra “Sabedoria das águas” de autoria de Daniel

Munduruku.

Sendo assim, a reflexão a ser desenvolvida, permitirá analisar a relação entre

geografia e literatura, permitirá também verificar se essa literatura está contribuindo

para as pautas desses povos, que são minorias que sofreram e sofrem com o processo

histórico ao qual foram e ainda são submetidos. Assim, visando subisidiar o trabalho

com argumentos teóricos e empírico pertinente atentará-nos em privilegiar os seguintes

procedimentos metodológicos em cada etapa da pesquisa.

4.1 Pesquisa bibliográfica

Será priorizada a revisão bibliográfica física e virtual com relevância para o tema

da pesquisa. Sendo assim, buscou-se-á localizar, monografias, artigos de revistas,

dissertações e teses, blogs, sites, entrevistas em jornais, revistas, documentários e

materiais diversos com conteúdo tanto na forma física como em vídeos publicados nos

canais do youtube, visando à abordagem empírica do conceito de natureza e sobre

literatura indígena no Brasil. Bem como analisar a obra e trajetória do escritor indígena

Daniel Munduruku, que norteia todo o estudo acerca da problemática.

Da literatura revista no que diz respeito à literatura indígena e da relação entre

geografia e literatura, atenção especial será dada a autores como Almeida (2004, 2009),

Lima (2016), Graúna (2003), Lima (2013), Chaveiro e Lima (2016), Potiguara (2004),

Munduruku (2008), Jakupé (2009) entre outros. Paralelamente, fazer-se-á uma leitura

para a compreensão do conceito de natureza na perspectiva geográfica e a análise

consistirá nas abordagens de Santos (1979, 1985, 2002) e também de Harvey (2011).

4.1.1 Análise contextual

A abordagem contextual permitirá compreender como os geógrafos lêem a

literatura, pois é um método que segundo Berdoulay (2003) serve como uma

moldura abrangente para analisar a conjunção da lógica interna e do conteúdo da

155
ciência com o contexto no qual o cientista está situado. Desse modo, esse método

permite que o geógrafo possa entender as contribuições de outros sujeitos.

4.1.2 Entrevistas

Com as entrevistas almeja-se compreender como os sujeitos indígenas estão

utilizando a escrita para contar e recontar suas histórias, como a palavra pode ter força

política. Nesse contexto, espera-se que sejam realizadas entrevistas com intelectuais que

tratam da temática, sobretudo o professor e escritor Daniel Munduruku, foco da

pesquisa, a Professora Drª Angelita Pereira de Lima, a Professora Drª Sélvia Carneiro de

Lima, Professora Drª Maria Geralda de Almeida e o Professor Drº Eguimar Felício

Chaveiro.

4.2 Apresentação, análise e discussão de resultados.

Esta etapa consistirá na análise das informações e dados coletados objetivando

melhor compreensão dos fatos estudados e em seguida a interpretação.

ESTRUTURA DA DISSERTAÇÃO

Capítulo I: Sabedoria das águas: adentrando no rio da palavra indígena

A ideia central da análise é apresentar a obra do escritor indígena Daniel


Munduruku “Sabedoria das águas” visando apresentar a escrita desse escritor indígena
e como a obra foi processualmente construída. Nesse capítulo também mostrará a
relação entre geografia e literatura, sobretudo como os geógrafos lêem a literatura.

Capítulo II: A força política da palavra: uma literatura de terra e punhos

Nesse item será analisado se a literatura indígena tem trazido resultados para as
pautas indígenas, se essa literatura tem reverberado em conquistas para esses povos que
são considerados minorias, que tem suas terras e culturas expropriadas pelas forças
políticas que visam em primeiro lugar o viés econômico, embasados na lógica
materialista e mercadológica, sem se preocupar com a preservação dos direitos desses
povos, direitos de tradição histórica, verificados nas constituições federais ao longo do
tempo. Toda essa conjuntura será analisada nesse capítulo.

Capítulo III: A natureza em Daniel Munduruku: mergulho no o Sabedoria das águas

156
Nesse item será feito a síntese dos pressupostos da dissertação, ou seja, a análise da
obra do escritor indígena Daniel Munduruku e constatado como a natureza é
apresentada por este escritor, respondendo ao questionamento basilar.

REFERENCIAL TEÓRICO

ALMEIDA, Maria Inês de. “Livros da Floresta”. In: ALMEIDA, Maria Inês de; QUEIRÓS,
Sônia. Na captura da voz: as edições da narrativa oral no Brasil. Belo Horizonte:
Autêntica Editora, 2004.

_______. Desocidentada: experiência literária em terra indígena. Belo Horizonte: Editora


UFMG, 2009.

BERDOULAY, Vincent. A abordagem contextual. Espaço e Cultura, UERJ, RJ. N. 16. P.


47-56, 2003.

GIL, Antônio, Carlos. Métodos e Técnicas de Pesquisa Sócial. 6ª Ed., São Paulo: Atlas
S.A, 2008.

GRAÚNA, Maria das Graças Ferreira. Contrapontos da literatura indígena


contemporânea no Brasil. Tese de Doutorado, Programa de Pós-Graduação em Letras,
da Universidade Federal de Pernambuco. Recife: UFPE, 2003.

HARVEY, D. O enigma do capital: e as crises do capitalismo. São Paulo: Boitempo, 2011.

JEKUPÉ, Olívio. Literatura escrita pelos povos indígenas. São Paulo: Scortecci, 2009.

LIMA, Sélvia. C. Escritores Indígenas e Produção Literária no Brasil: Sujeitos em


movimento. Tese de Doutoramento, Programa de Pós-Graduação em Geografia, da
Universidade Federal de Goiás. Goiânia. UFG, 2016.

LIMA, Sélvia. C. Povo indígena do Cerrado goiana: os karajá de Aruanã. In: Denis
Castilho; Márcia Pelá. (org.). Cerrados: perspectivas e olhares. 1ed. Goiânia: Vieira, v.1,
p.131-153, 2010.

LIMA, Angelita. P. Romancidades: Sujeito e Existência em Leituras Geográficas-


Literárias nos Romances A Centopeia de Neon e os Cordeiros do Abismo. Tese de
Doutoramento, Programa de Pós-Graduação em Geografia, da Universidade Federal de
Goiás. Goiânia. UFG, 2013.

MUNDURUKU, Daniel. Literatura Indígena e o tênue fio entre escrita e oralidade.


2008. Disponível em: www.overmundo.com.br/overblog/literatura-indigena. Acesso
em: 08/01/2018.

POTIGUARA, Eliane. Metade cara, metade máscara. São Paulo: Global Editora, 2004.

157
SANTOS, M. A natureza do espaço. Técnica e tempo. Razão e emoção. Hucitec: São
Paulo, 1997.

________. A redescoberta da Natureza. In Estudos Avançados, 6(14), 1992. Disponível


em: http://www.scielo.br/pdf/ea/v6n14/v6n14a07.pdf - consultado em 21/01/2018.

158
MODERNIZAÇÃO DA MINERAÇÃO EM GOIÁS E OS EFEITOS
TERRITORIAIS DA ORINOCO GOLD LIMITED NO MUNICÍPIO DE
FAINA/GO
Edgar da Silva Oliveira
Modalidade: Mestrado

Palavras-chave: Mineração; Capital; Território; Faina; Modernização.

INTRODUÇÃO

A Geografia precisa se preocupar com a correspondência entre minério e

território para o estudo desvelador dos conflitos decorrentes desta relação, pois

historicamente estes dois elementos têm dado conta que o fenômeno é importante em

qualquer lugar do mundo na contemporaneidade. No Brasil o primeiro registro da

descoberta de algum ouro data de 1560 e está inscrito na lápide de Brás Cubas fundador

da cidade de Santos-SP, porém foi no decorrer do século XVIII que se consolidaram as

principais regiões de exploração aurífera da então colônia. A descoberta de grandes

quantidades de metais preciosos em territórios da América espanhola e a corrida por

ocupar as fronteiras da colônia, somados a mudanças que ocorreram no mercado

europeu diretamente ligados a lei da oferta e procura dos produtos oriundos da

chamada agricultura tropical, condicionaram a busca por metais preciosos no Brasil

colonial. As descobertas de ouro na região de Mato Grosso (1719) e no Brasil-Central

(1722), então Capitania de São Paulo, promoveu uma primeira reorganização territorial

da hinterlândia colonial. Em 1748 foram desmembradas do domínio paulista as

Capitanias de Cuiabá e de Goyás. Esta última, a partir do Arraial de Sant`Anna que deu

origem a atual Cidade de Goiás, foram descobertos outros depósitos de aluvião e criados

novos arraiais como o de Santa Rita da Anta, hoje distrito do município de Faina-GO

com a denominação de Jeroaquara. A exploração aurífera do século XVIII serviu como

mola propulsora para a ocupação portuguesa que juntamente com a força de trabalho

159
escravo proveniente, sobretudo da África, contribuíram para a consolidação das

fronteiras do território goiano. As técnicas empregadas para a exploração dos depósitos

de aluvião promoveram, ainda que de forma pontual, mudanças significativas na

paisagem das áreas de Cerrado, como o desvio no curso de rios e os depósitos de rejeitos

desse processo que são visíveis até os presentes dias. Por isso é possível falar que no caso

de Faina seu território tem sido alvo das estratégias oriundas dos mineradores desde o

século XVIII, fato que em diferentes tempos se relaciona com as políticas de Estado. A

partir de meados do século XX as transformações de base técnica e tecnológica

permitiram não só a retomada da exploração aurífera, depois de um hiato de pouco mais

de um século, mas também a sua expansão territorial e a possibilidade do

reaproveitamento de áreas já exploradas em tempos passados. No que tange as ações do

Estado na atualidade pode se dizer que as políticas governamentais transitam entre a

regulamentação do setor de exploração mineral, através de seu equipamento jurídico-

administrativo, e o incentivo pelo viés político-econômico. Se outrora o foco estava nos

depósitos de aluvião agora se volta as jazidas do subsolo, este por sua vez uma

sustentação do solo e de todas as espécies que dele dependem a sua reprodução, já para

o homem este se apresenta como fonte dos meios de produção e como lócus privilegiado

da reprodução social. A moderna mineração se junta ao agrohidronegócio como estratégia

de expansão do capital sobre áreas de Cerrado em Goiás desde meados do século XX, os

quais tem condicionado uma drástica redução da cobertura vegetal bem como da fauna

e flora, além de promover a expropriação dos Povos Cerradeiros de suas terras-de-

trabalho. Logo a instalação da Orinoco Gold Limited em Faina representa a materialização

de todo um conjunto de novas estratégias de reprodução ampliada do capital, com a

submissão da natureza aos interesses econômicos das classes dominantes, provocando

efeitos socioeconômicos e ambientais. Assim, se historicamente essa região do estado de

Goiás sempre foi alvejado por estas estratégias o que há de novo então a ser estudado?

Para desvelar este questionamento, elencamos os seguintes objetivos:

160
Objetivo Geral

• Analisar os efeitos socioambientais decorrentes da territorialização da Orinoco

Gold Limited no município de Faina/GO.

Objetivos Específicos

• Caracterizar o marco regulatório da mineração em Goiás;

• Analisar a formação territorial do município de Faina/GO;

• Realizar a cartografia social dos conflitos socioambientais decorrentes da

atividade mineratória em Faina/GO.

METODOLOGIA

O desenvolvimento da pesquisa demandou até aqui a realização de uma revisão

bibliográfica acerca da apropriação espacial, da produção do território e os efeitos

socioambientais da mineração em Goiás. Autores como Arrais (2013); Gomes et al.

(2004); Teixeira Neto (1982); Haesbaert (2007); Mendonça (2004); Assis (2016); Carvalho

(1988), Raffestin (1993) serão basilares para a fundamentação teórica da pesquisa. 2) O

levantamento de dados e informações em fontes secundárias será efetuado visando a

revisão da legislação mineral brasileira. Tal fundamentação objetiva a apropriação de

conceitos como o de jazida, mineração, subsolo, entre outros, e os processos referentes

ao licenciamento, exploração, beneficiamento e comercialização dos produtos minerais.

Posteriormente, será realizado um levantamento de dados populacionais, econômicos e

sociais que serão coletados juntos aos órgãos oficiais como o Instituto Brasileiro de

Geografia e Estatística (IBGE), Departamento Nacional de Produção Mineral (DNPM),

atual Agência Nacional de Mineração. Também serão levantados dados e informações

junto aos movimentos sociais e pastorais como o Movimento dos Atingidos pela

Mineração (MAM), a Comissão Pastoral da Terra (CPT) entre outros para verificar a

natureza dos conflitos e seus efeitos territoriais. 3) Os dados e informações em fontes

161
primárias serão obtidos por meio de pesquisa de campo no município de Faina/GO, onde

recentemente teve início a exploração de ouro pela empresa transnacional Orinoco Gold

Limited. A coleta de dados in loco nos permitirá identificar e diferenciar os efeitos

territoriais, provenientes dos grandes empreendimentos de exploração mineral. 4) Os

dados e informações de fontes secundárias e primárias subsidiarão a confecção de

gráficos, tabelas e mapas que permitirão as análises verticalizadas acerca da mineração

no Brasil e Goiás; 5) A observação e o diário de campo durante a pesquisa de campo será

realizada por meio de técnicas do DRP (Diagnóstico Rápido Participativo) que

subsidiarão o mapeamento participativo. 6) O Relatório de Qualificação será

sistematizado com os resultados preliminares obtidos no prazo de até 18 meses de

desenvolvimento da pesquisa (conforme estabelecido no Regulamento da Pós-

Graduação do IESA/UFG). No Relatório, além dos resultados preliminares apresentados

na forma de capítulos, será elaborado um plano de redação detalhado acerca dos

caminhos a serem percorridos para a conclusão da pesquisa. 7) A participação em

congressos científicos especializados no tema. A interlocução com outros pesquisadores

nestes eventos é essencial para o amadurecimento da pesquisa tanto do ponto de vista

teórico quanto metodológico que permitirá a elaboração de artigos para serem

publicados em periódicos especializados no tema. Tal aspecto é fundamental tanto para

a divulgação dos resultados preliminares, quanto para contribuir para o PPGeo/IESA e

o próprio currículo do pesquisador; 8) Redação e defesa da Dissertação de Mestrado será

realizada a partir do acúmulo obtido na trajetória de construção da pesquisa.

REFERENCIAL TEÓRICO

ARRAIS, Tadeu Alencar. A produção do território goiano: economia, urbanização,


metropolização. Goiânia: UFG, 2013.

CARVALHO, Wanderlino Teixeira de. Política mineral goiana (1960-1986). 1988. 246 f.
Tese (Mestrando em Geociências) – Instituto de Geociências, Universidade Estadual de
Campinas, Campinas.

162
GOIÁS. Lei nº 3. 810, de 10 de Novembro de 1961. Autoriza o Poder Executivo a
constituir uma companhia que se denominará Metais de Goiás S.A. e da outras
providências. Casa civil, Goiânia, GO. Disponível em: HTTP://
http://www.gabinetecivil.go.gov.br/pagina_leis.php?id=15728 Acesso em: 20 de Mar.
De

2017.

_____. Lei nº 13.590, de 17 de Janeiro de 2000. Institui o Fundo de Fomento à


Mineração e dá outras providências. Casa civil, Goiânia, GO. Disponível em:

HTTP://www.gabinetecivil.go.gov.br/pagina_leis.php?id=2502 Acesso em: 20 de Mar.


de 2017.

GOLÇALVES, Ricardo Junior de Assis Fernandes. No horizonte, a exaustão: Disputas


pelo subsolo e efeitos socioespaciais dos grandes projetos de extrativismo mineral em
Goiás. 2016. 514 f. Tese (Doutorando em Geografia) – Instituto de Estudos
Socioambientais, Universidade Federal de Goiás, Goiânia.

GOMES, Horieste; TEIXEIRA NETO, Antônio; BARBOSA, Altair S. GEOGRAFIA:


GOIÁS-TOCANTINS. 2. Ed. Goiânia: UFG, 2004.

HAESBAERT, Rogério. Território e multiterritorialidades: um debate. Geographia, v.


9, n.17, Rio de Janeiro.

HARVEY, David. O novo imperialismo. Tradução de Adail Sobral e Maria Stela


Gonçalves. 2 ed. São Paulo: Loyola, 2004.

IANNI, Octavio. Estado e planejamento econômico no Brasil. 5. Ed. Rio de Janeiro:


Civilização brasileira, 1991.

MENDONÇA, Francisco. Geografia socioambiental. Terra Livre, n. 16, p. 113-132, 2001.

MENDONÇA, Marcelo Rodrigues. A urdidura espacial do capital e do trabalho no


Cerrado do sudeste goiano. 2004. 457 f. Tese (Doutorando em Geografia) –
Universidade Estadual de Campinas, Presidente Prudente.

MOREIRA, Ruy. O que é Geografia? 2.ed. São Paulo: Brasiliense, 2009.

PORTO GONÇALVEZ, Carlos Walter. Da geografia às geo-grafias. Um mundo em


busca de novas territorialidades. 2002.

SANTOS, Milton. A natureza do espaço: técnica e tempo - razão e emoção. 4 ed. São
Paulo: Editora da Universidade de São Paulo, 2006.

163
SILVA, Marcos, P.; ROCHA, Cleonice. Caracterização da mineração aurífera em Faina,
Goiás, em um contexto ambiental histórico e atual. Ambiente & Sociedade, v. 11, n. 2,
p. 373-388, 2008.

SPOSITO, Eliseu Savério. A propósito dos paradigmas de orientações teórico-


metodológicas na Geografia contemporânea. Terra Livre, São Paulo, n. 16, p. 99-112,
2001.

RAFFESTIN, Claude. Por uma geografia do poder. Tradução de Maria Cecília França.
São Paulo: Ática, 1993.

TEIXEIRA NETO, Antonio. A formação territorial: considerações sobre alguns aspectos


geográficos, históricos e políticos. Boletim goiano de geografia, Goiânia, v.2, n.2,
jul.1982.

PLANO DE REDAÇÃO DETALHADO PRELIMINAR

Até o presente momento a dissertação está estruturada em três capítulos, a saber: 1


GEOGRAFIA, NATUREZA E MINERAÇÃO: ASPECTOS TEÓRICOS-
METODOLÓGICOS, o qual é subdivido em quatro tópicos: (1.1) Os desafios da
Geografia frente à realidade contemporânea: construindo as bases da pesquisa, se
orientará pelas leituras realizadas no transcorrer da disciplina de Teoria e Método em
Geografia cursada no primeiro semestre de 2017 do qual destacarei: A natureza do
Espaço, de Milton Santos (1996); O espaço como palavra-chave, de David Harvey (2012);
além das contribuições dos filósofos Karl Marx com a obra O Capital (2013) e Marshal
Berman com a obra Tudo que é solido se desmancha no ar (1986), além das contribuições
do geógrafo David Harvey em A condição Pós-moderna (2008). Já o tópico (1.2) As
diferentes abordagens da relação homem/natureza na Geografia, também
consubstanciam nas discussões referentes à disciplina de Teoria e Método em Geografia
e nas contribuições da disciplina de Tópicos Especiais em Dinâmica Socioespacial
concluída no primeiro semestre de 2017, aos quais destaco: Das Geografia às Geo:
grafias: Um mundo em busca de novas territorialidades, de Carlos Walter Porto
Gonçalves (2002); Sentipensar com la tierra de Arturo Escobar (2014); além de Geografia
Socioambiental de Francisco Mendonça (2001). O tópico (1.3) A mercadificação da
natureza a luz dos conceitos de espaço, território e paisagem; se consubstanciam nas
proposições de acumulação por espoliação e mercadificação da natureza presentes na
obra O novo imperialismo, de David Harvey (2004); nas contribuições do texto Diez tesis
urgentes sobre el nuevo extractivismo, de Eduardo Gudynas (2009); e na obra O desafio
ambiental, de Carlos Walter Porto Gonçalves (2015). Já o tópico (1.4) Uma leitura da
mineração a partir do território: evolução histórica da legislação mineral no Brasil, será
realizado um breve histórico da mineração no Brasil bem como a evolução da legislação
mineral, serão utilizados os seguintes documentos: A construção do Brasil e da América

164
Latina pela mineração, organizado pelo Centro de Tecnologia Mineral (CETEM, 2000); a
Constituição Federal (1988); Decreto Lei Nº 227, de 28 de Fevereiro de 1967 (Código de
Mineração) e normas correlatas; Lei Nº 11. 685, de 2 de Junho de 2008 (Estatuto do
Garimpeiro); Lei Nº 3.810, de 10 de Novembro de 1961 (Autoriza o Poder Executivo a
constituir a Companhia Metais de Goiás S.A); e a Lei Nº 13.550, de 11 de Novembro de
1999 (coloca em liquidação a Metago). Segundo capítulo: 2 A MINERAÇÃO NO
SÉCULO XVIII E A FORMAÇÃO TERRITORIAL DE FAINA/GO, está subdividido
em quatro tópicos: (2.1) As origens de Goiás nas bateias dos escravos: um breve história,
cujo embasamento teórico consiste nas leituras das obras: Geografia: Goiás-Tocantins,
de Horieste Gomes; Antônio Teixeira Neto e Altair Sales Barbosa (2004); A formação
territorial: considerações sobre alguns aspectos geográficos, históricos e políticos, de
Antonio Teixeira Neto (1982); A produção do território goiano: economia, urbanização,
metropolização, de Tadeu Alencar Arrais (2013). O tópico (2.2) A fragmentação
territorial e a formação do município de Faina/GO se consubstanciam na pesquisa
realizada para redação de minha monografia de graduação intitulada: O papel do Estado
na produção e organização do território goiano: um estudo de caso a partir do município
de Faina-GO (2015); e dados obtidos junto ao Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatística (IBGE). Já o tópico (2.3) A incorporação técnica-tecnológica e a retomada da
exploração aurífera no território fainense na década de 1980, tem como base os trabalhos:
A mineração em Goiás e o desenvolvimento do Estado, de Luciano Ferreira da Silva
(2010); Política mineral goiana (1960-1986), de Wanderlino Teixeira de Carvalho (1988);
Caracterização da mineração aurífera em Faina, Goiás, em um contexto ambiental
histórico e atual, de Marcos Pedro da Silva e Cleonice Rocha (2008); e Análise dos
impactos socioeconômicos e ambientais com a implantação da Sertão Mineração no
município de Faina, de Adriana José de Moura (2004). O tópico (2.4) Aspectos físico,
econômico e demográfico do município de Faina/GO, será redigido com base nos dados
obtidos através do Serviço Geológico do Brasil (CPRM); Departamento Nacional de
Produção Mineral (DNPM); Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento
(MAPA); Portal da Transparência; e do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
(IBGE). O terceiro capítulo: 3 A TERRITORIALIZAÇÃO DA EMPRESA ORINOCO
GOLD LIMITED EM FAINA/GO, está estruturado em quatro tópicos, a saber: (3.1)
Caracterização da Orinoco Gold Limited, cujo os dados estão sendo obtidos no sítio da
internet da própria empresa e em órgãos especializados no setor como o Instituto
Brasileiro de Mineração (IBRAM). O tópico (3.2) Efeitos socioeconômicos: o Capital em
ação resultará do cruzamento dos dados econômicos e demográficos que serão
organizados e tabulados, sendo produzidos gráficos, tabelas e outros produtos que
comporão o texto da dissertação. O tópico (3.3) As externalidades da exploração aurífera
em Faina/GO, será redigido com base nos dados obtidos junto ao Ministério do Meio
Ambiente (MMA) e suas subdivisões estadual e municipal; Agência Nacional de Águas
(ANA) e seus respectivos órgãos; e nos dados da caderneta de campo. E o tópico (3.4) Os

165
Povos Cerradeiros no território fainense e a luta pela (Re)existência, será redigido com
base nos dados obtidos na visita ao Assentamento São José do Piçarrão e Comunidade
Remanescente Quilombola Água Limpa; e nos dados obtidos junto aos movimentos
sociais, como o Movimento pela Soberania Popular na Mineração (MAM); Comissão
Pastoral da Terra (CPT); Movimento dos Trabalhadores Rurais sem Terra (MST)

166
GEOGRAFIA HISTÓRICA E PENTECOSTALISMO: IMPLANTAÇÃO E
EXPANSÃO DAS ASSEMBLEIAS DE DEUS NO BRASIL (1911-1946)
Eunice de Oliveira Rios
Modalidade: Doutorado

Palavras-chave: Geografia Histórica, Pentecostalismo, Tempo, Espaço.

INTRODUÇÃO

O Pentecostalismo é considerado como o fenômeno mais revolucionário da

história do cristianismo no século 20, cujas origens remontam ao ano de 1901, seu

crescimento vertiginoso e sua difusão internacional se estabeleceram a partir do

“Avivamento da Rua Azuza”, em Los Angeles, deflagrado em abril de 1906, tendo como

líder J. W. Seymor, conhecido como o “apóstolo negro”.

O pentecostalismo brasileiro, em suas origens apresenta duas versões, ambas

originárias dos EUA: a italiana (1910) originando a “Congregação Cristã do Brasil”

(CCB) e a sueca (1911) que se tornou “Igrejas Evangélicas Assembleias de Deus” (IEAD).

Segundo Matos (s/d, p. 1) o “enorme crescimento do pentecostalismo e o impacto

que tem causado nas igrejas e na sociedade, particularmente no Brasil”, justifica um

“reexame da história e características, bem como das possibilidades e limitações, desse

movimento” que completou, recentemente, um “século de trajetória histórica”.

Nas primeiras décadas do século XX, o referido movimento religioso, chegou ao

Brasil, visto como “mais uma das muitas novidades vindas dos Estados Unidos, mas

trazidas por europeus”. Esse período é marcado por um grande entusiasmo nacional,

pela intensificação da imigração europeia e pelas “modernidades” das grandes cidades,

tais como: “bondes, linhas de trens, telefone e jornais” (ALENCAR, 2013, p. 98).

Prossegue o referido autor,


As assembleias de Deus, no Brasil, são brasileiras ... não apenas por
estarem no Brasil, mas pela forma que nasceram e se consolidaram,
transformaram-se em algo com uma especificidade brasileira. Com

167
consequência disso e, pelo tempo e espaço que ocupam, elas são o
fundamento da matriz pentecostal brasileira. Um pentecostalismo
híbrido: que veio dos Estados Unidos, trazido por europeus, e aqui é
abrasileirado, gerando um resultado peculiar e único. Nasce, constrói-
se e fortalece a partir – e apesar – da realidade brasileira. Os demais
movimentos pentecostais brasileiros nasceram tendo as ADs como
referência, seja em progressão, concorrência ou negação (ALENCAR,
2013, p. 25).

Do exposto levanta-se o seguinte questionamento:

a) a implantação e a expansão da matriz pentecostal brasileira se deram devido às

características sociais, econômicas, políticas e religiosas do contexto brasileiro no

inicio e meados do século XX e pelo movimento migratório internacional?

b) Belém, berço da matriz pentecostal brasileira, foi o foco irradiador do

Pentecostalismo no Brasil e no exterior, notadamente, Portugal?

c) Belém e Rio de Janeiro, no princípio do século 20 viviam o contexto da

modernidade além de serem cidades portuárias com características comuns:

dinâmica imigratória, crescimento populacional e comércio internacional

relevante?

d) Frida Vingren aportou ao Brasil, desenvolveu um trabalho sócio religioso

relevante por ser uma mulher que se preparou intelectualmente e possuía

objetivos definidos para a sua missão no Brasil?

Na presente investigação pretende-se discutir, através do arcabouço teórico da

Geografia Histórica, considerando-se as categorias tempo e espaço, como se deu a

implantação e a expansão das Assembleias de Deus no Brasil, no período 1911-1936.

Objetivo Geral

Explicar através do arcabouço teórico da Geografia, particularmente da Geografia

Histórica, a implantação e a expansão das Assembleias de Deus no Brasil, bem como a

168
inserção de Frida Vingren nesse processo (atuação missionária, produção literária e

artística).

Objetivos Específicos

1. Desenvolver estudos sobre conceitos geográficos, inerentes à Geografia, com

destaque para a Geografia Histórica, aplicados a um fenômeno social, relevante

na sociedade – a matriz pentecostal brasileira;

2. Conhecer o movimento pentecostal, suas origens internacionais e nacionais, sua

implantação e expansão no Brasil,

3. Levantar dados sobre Frida Vingren, suas origens, trajetória e ações como a

produção de artigos, cânticos e poemas que contribuíram para a difusão e

fortalecimento do imaginário pentecostal no território brasileiro.

METODOLOGIA

Para o desenvolvimento da presente pesquisa utilizaremos a abordagem

qualitativa – pesquisa documental, quando serão levantadas informações sobre a

dinâmica sócio espacial e a inserção do movimento pentecostal no contexto brasileiro

(1911-1948), considerando-se as periodizações, as escalas e as fontes (RODRIGUES, 2015,

p. 259).

O “período histórico central” definido nesta pesquisa é 1911-1930, mas para um

melhor entendimento do fenômeno serão utilizados os “tempos auxiliares”: 1901

(origens do pentecostalismo moderno) e 1930-1946 (institucionalização da igreja

Assembleia de Deus no Brasil).

Para melhor entendimento dos fenômenos e processos utilizaremos uma

“análise multiescalar”, entendida como articulação e codeterminação de uma escala

sobre a outra (RODRIGUES, 2015, p. 259), visando compreender como os processos que

se davam em escalas distintas (EUA e Suécia) contribuíram para a implantação do

169
movimento pentecostal no Brasil, a princípio local (Belém – PA), depois regional (Norte

e Nordeste) e posteriormente, ao território nacional e estendendo-se também a Portugal.

Quanto às fontes consideraremos livros, teses, censos produzidos pelos órgãos

oficiais, documentos (atas) e fotografias.

As etapas metodológicas a serem observadas são as seguintes:

a) Revisão bibliográfica observando-se os fundamentos da Geografia e da

Geografia Histórica, particularmente dos conceitos tempo e espaço;

b) Levantamento de material relacionado às origens do movimento pentecostal no

Brasil e sua expansão, bem como da atuação de Frida Vingren (livros,

documentos, diários e jornais);

c) Leitura e análise dos escritos de Frida, considerando sua importância para a

difusão e estruturação do imaginário pentecostal3;

d) Intercâmbio com pesquisadores e instituições que realizem estudos sobre o

Pentecostalismo (Rede Latino-americana de Estudos do Pentecostalismo –

RELEP)4;

e) Análise e aplicação dos dados levantados (quadros, tabelas e mapas).

REFERENCIAL TEÓRICO

A discussão sobre a Geografia Histórica é longa e complexa, realizada entre

pesquisadores de renome.

Mendizábal (2013) introduz seu artigo indagando se “existe alguma geografia

humana que não seja geografia histórica?”. No referido texto o autor se propõe a discutir

3A principal fonte são os arquivos da Casa Publicadora das Assembleias de Deus (CPAD)
disponível em http://editoracpad.com.br/hotsites/frida/
4 A Rede é formada por doutores em Teologia, Sociologia, Antropologia e Ciências Políticas, todos
pentecostais, pesquisadores de vários países latino-americanos.

170
“como o tempo e a história são elementos implícitos e não excessivamente explícitos na

pesquisa geográfica”.

No entender de Pires (2008, p. 10) a Geografia Histórica “estuda as características

e evolução dos espaços históricos, sua morfologia, paisagem e organização territorial

assim como sua formação social” e conclui que a “grande contribuição da Geografia

Histórica foi procurar estabelecer a relação concreta e coerente entre o tempo e o espaço

na formação do território, no passado e no presente”.

Para Gendreau-Zubrzycki (1974, p. 354-355) a Geografia Histórica apresenta três

linhas temáticas, a saber: a reconstrução das geografias do passado, o estudo da

paisagem cultural e a explicação dos fenômenos atuais por meio de uma interpretação

genética.

Ao se pesquisar o passado deve-se levar em consideração algumas regras:

A primeira é a que preconiza que se as categorias de análise da


geografia são universais, as variáveis que as operacionalizam não o são;
daí precisamosestar sempre atentos à adequação destas últimas para o
entendimento do passado. Variáveis não trafegam impunemente no
túnel do tempo, só as categorias de análise podem fazê-lo. A segunda
regra, por sua vez, indica que só se pode entender o "presente de então"
se pudermos contextualizá-lo. Embora informado pelo presente, o
passado não é o presente. Daí, para compreendê-lo, há que se investir
muito em pesquisa indireta, via leitura do que já foi produzido sobre o
tempo que se decidiu estudar, e também em pesquisa direta, realizada
nas mais diversas "instituições de memória" (MORA, 1984).
Finalmente, há também que levar em contaque as geografias do
passado trabalham, não com o passado propriamente dito, mas com
osfragmentos que ele deixou. Por isso, é precisosempre desconfiar dos
vestígios que encontramos, pois os documentos vindos de tempos
antigos não são neutros, isto e, incorporam estruturasde poder
(FOUCAULT, 1969). Por outro lado, há também que tentar dar conta
do que não deixou vestígios, mas que sabemos que ocorreu ouque deve
ter ocorrido (ABREU, 2000, p. 18).

Com relação à empiricização do tempo e a idade dos lugares, Santos (2004, p. 48)

argumenta que a técnica é “um traço de união” e também “história embutida”.

171
A técnica entra aqui como um traço de união, historicamente e
epistemologicamente. As técnicas, de um lado, dão-nos a possibilidade
de empiricização do tempo e, de outro lado, a possibilidade de uma
qualificação precisa da materialidade sobre a qual as sociedades
humanas trabalham. (...)
As técnicas são datadas e incluem tempo, qualitativamente e
quantitativamente. As técnicas são uma medida de tempo (2004, p. 54).
Na realidade, toda técnica é história embutida. Através dos objetos, a
técnica é história no momento da sua criação e no de sua instalação e
revela o encontro, em cada lugar, das condições históricas (econômicas,
socioculturais, políticas, geográficas), que permitiram a chegada
dessesobjetos e presidiram à sua operação. A técnica é tempo congelado
e revela uma história.

Milton Santos (2004, p. 159-160) dando continuidade à discussão sobre tempo e

espaço, afirma que,

O tempo como sucessão, o chamado tempo histórico, foi durante muito


tempo considerado como uma base do estudo geográfico. Pode-se,
todavia, perguntar se é assim mesmo, ou se, ao contrário, o estudo
geográfico não é muito mais essa forma de ver o tempo como
simultaneidade: pois não há nenhum espaço em que o uso do tempo
seja idêntico para todos os homens, empresas e instituições. Pensamos
que a simultaneidade das diversas temporalidades sobre um pedaço da
crosta da Terra é que constitui o domínio propriamente dito da
Geografia. Poderíamos mesmo dizer, com certa ênfase, que o tempo
como sucessão é abstrato e o tempo como simultaneidade é o tempo
concreto já que é o tempo da vida de todos. O espaço é que reúne a
todos, com suas múltiplas possibilidades, que são possibilidades
diferentes de uso do espaço (do território) relacionadas com
possibilidades diferentes de uso do tempo.

O estudo do passado em Geografia é possível, considerando-se geograficamente

seus vestígios “materializados em documentos que precisam ser criticamente avaliados,

relativizados, contextualizados” (ABREU, 2000, p. 24).

Assim, nos propomos na presente investigação, estudar o movimento pentecostal

no Brasil, em sua vertente, Assembleias de Deus, considerando-se os contextos que

permitiram sua implantação e institucionalização no período 1911-1946.

172
PLANO DE REDAÇÃO DETALHADO PRELIMINAR

1. GEOGRAFIA HISTÓRICA E PENTECOSTALISMO (ABREU, SANTOS, ALENCAR

e MATOS)

2. AS CHAMAS DO PENTECOSTES: dos Estados Unidos à Suécia e ao Brasil

(ALENCAR e FAJARDO)

3. FRIDA VINGREN: vida e obra incendiada pelo Pentecostes (ARAÚJO e ALENCAR)

REFERÊNCIAS

ABREU, Mauricio de Almeida.Sobre a memória das cidades. Revista da Faculdade de


Letras, Geografia, I série, vol. XIV, 1998, Universidade do Porto, Portugal. Disponível
em: <http://ler.letras.up.pt/uploads/ficheiros/1609.pdf >. Acesso em: 14.04.2018.

_______. Construindo uma geografia do passado: Rio de Janeiro, cidade portuária,


século XVII. Geousp, 7, Universidade de São Paulo, 2000. Disponível em:
<www.revistas.usp.br/geousp/article/view/123400 > Acesso em: 11.04.2018.

ALENCAR, Gedeon Freitas. Assembleias de Deus: origem, implantação e militância


(1911-1946). São Paulo: Arte Editorial, 2010.

_________________________. Matriz Pentecostal Brasileira: Assembleias de Deus –


1911-2011. Editora Novos Diálogos: Rio de Janeiro, 2013.

ARAÚJO, Isael de. Frida Vingrem– uma biografia da mulher de Deus, esposa de
Gunnar Vingren, pioneiro das Assembléias de Deus no Brasil. Rio de Janeiro, CPAD,
2014.

FAJARDO, Maxwell Pinheiro. “ONDE A LUTA SE TRAVAR”: a expansão das


Assembleias de Deus no Brasil urbano (1946-1980), Curitiba: Editora Prismas, 2017.

GENDREAU-ZUBRZYCKI, Andrée. Réflexions sur la géographie historique. Cahiers


de géographiedu Québec, 1844, 1974, p. 353-356.

MATOS, Alderi Souza de. O movimento pentecostal: reflexões a propósito do seu


primeiro centenário. Disponível em: <http://www.mackenzie.br/6982.html > - Acesso
em 11.11.2014.

MENDIZÁBAL, E. ¿Hayalgunageografía humana que no seageografía histórica?


Revista de Geografía Norte Grande, 54: 31-49 (2013). Disponível em:
<http://www.scielo.cl/pdf/rgeong/n54/art03.pdf > Acesso em: 16.08.2017.

173
PIRES, Hindenburgo Francisco. Reflexões sobre a contribuição da geografia histórica e
da Geohistória na renovação dos pensamentos geográfico e Histórico no século XX. In.
Colóquio Brasileiro de História do Pensamento Geográfico. Disponível em:
<http://www.cibergeo.org/artigos/ICBHG_2008_hindenburgo.pdf > Acesso em:
15.08.2017.

RODRIGUES, Glauco Bruce. Geografia históricae ativismos sociais. In. GeoTextos, vol.
11, n. 1, julho 2015. G. Rodrigues. 241-268. Disponível em:
<https://portalseer.ufba.br/index.php/geotextos/article/view/12147/9734 >Acesso em:
12.04.2018.

SANTOS, Milton. A Natureza do Espaço: Técnica e tempo. Razão e Emoção. São Paulo:
Edusp, 1996.

______________. O Espaço dividido: os dois circuitos da economia urbana dos países


subdesenvolvidos. São Paulo: Edusp, 2004.

TROCHET, Jean-René e BOULANGER, Philippe. Qu'est-ce que


lagéographiehistorique? In. Revue de géographiehistorique. Disponível em:
<http://rgh.univ-lorraine.fr/aboutinfos/about > Acesso em: 16.08.2017.

174
ASSENTAMENTOS HORIZONTAIS FECHADOS; O QUE ATRAI ESTES
EMPREENDIMENTOS IMOBILIÁRIOS À CAPITAL GOIANA?
Gabriela Vilela de Sousa
Modalidade: Mestrado

Palavras-chave: cidade; assentamentos fechados; Goiânia.

INTRODUÇÃO

Chamamos de cidade algo que possui origens “obscuras” e que igualmente

obscuras são suas previsões de existência, como salientou Lewis Mumford (2008).

Embora repleta de complexidade , suas características podem ser identificados, de modo

que, mesmo sem uma definição clara de cidade, saibamos o que a constitui. Lefebvre

(2008), por exemplo, identificou uma característica fundamental das cidades; o confronto

com o diferente e a contradição.

A cidade moderna propõe um novo arranjo do espaço. A fusão campo-cidade é

enfatizada e retomada pelo mercado imobiliário, que por sua vez, ao precificar o espaço

e suas amenidades, modifica o antigo modelo “centro rico versus periferia

pobre”(D’OTTAVIANO, 2008), estabelecendo empreendimentos em áreas com

exuberância natural e qualidade de vida. No Brasil, segundo D’Ottaviano, nos fins da

década de 1980 surgem assentamentos fechados para fins habitacionais;

empreendimentos que têm se multiplicado ao longo dos anos, devido aos elementos da

segurança, do status proporcionados, além de outros aspectos enfatizados por Almeida

(2008) e Souza (2012).

Partindo desta análise, este projeto pretende compreender quais aspectos do

mercado favorecem o surgimento de espaços fechados de habitação. O estudo de caso

selecionado, o município de Goiânia, em 2012, segundo dados da SEPLAN, já contava

com mais de 20 empreendimentos imobiliários fechados com mais de 20 hectares cada.

As hipóteses obtidas a respeito do motivo da instalação destes assentamentos em

175
Goiânia, são duas principais; a) o consumo gerado pelo status vinculado aos

condomínios horizontais fechados, como verificado por Almeida (2004) e b) a violência

que atinge as grandes cidades, como atestado por Souza (2012). Mas qual seria o papel

do setor empresarial no surgimento e aumento do número de assentamentos fechados

em Goiânia de 1990 a 2010?

A metodologia a ser empregada será o uso de referencial teórico relacionado a

cidade, suas características, além de referenciais vinculados às recentes modificações nos

assentamentos urbanos- o caso dos espaços fechados. O critério utilizado para a seleção

destes espaços foram 3; 1) a predominância horizontal do assentamento, 2) extensão

superior a 100 mil m² de área parcelada, 3) sistemas de segurança reforçados. Tais

elementos foram selecionados como critério em função das características informadas

pela SEPLAN destes empreendimentos na capital.

Esta pesquisa justifica-se por uma pergunta bastante pertinente para os estudos

do espaço urbano: “Desaparecerá a cidade ou (...) transformar-se-á todo o planeta numa

enorme colmeia urbana?” (MUNFORD, 2008). Esta pergunta tem encontrado resposta

devido o surgimento dos espaços fechados destinados à habitação, espaços onde a

contradição, defendida por Lefebvre, é limitada. Esta característica da cidade é tão

fundamental que estaríamos finalmente respondendo a questão de Munford; estaria a

cidade desaparecendo ou se tornando algo bastante diferente do que “ O Direito á

Cidade” havia nos mostrado.

OBJETIVOS

-Objetivo Geral

Compreender e identificar aspectos de Goiânia que favoreçam o surgimento de

assentamentos fechados destinados a moradia.

-Objetivos Específicos

176
● Entender o que caracteriza a cidade.

● Compreender o surgimento de assentamentos fechados destinados a habitação e

como configuram-se nas cidades atualmente

● Compreender o papel e a ação dos agentes imobiliários na produção dos

assentamentos fechados.

● Identificar quais os consumidores destes assentamentos fechados em Goiânia.

METODOLOGIA

Este estudo adotará como metodologia a pesquisa de referenciais teóricos

relacionados à concepção de cidade e suas características, bem como o que constitui

espaços fechados de moradia. Além disso, esta pesquisa contará com uma coleta de

dados relacionada aos assentamentos fechados em Goiânia e seu perfil de consumidores.

Será igualmente importante para esta pesquisa, a visita a campo de assentamentos

fechados, bem como pesquisa documental para o entendimento das características

destes empreendimentos imobiliários, e a que público estes atendem.

REFERENCIAL TEÓRICO

Sobre a cidade, Mumford (2008) assinala que mesmo presente em diversos

momentos, não sabemos de fato o seu conceito. Seria talvez limitado propôr um conceito

que dê conta de todos os aspectos da cidade. Contudo, dado o número de trabalhos

desenvolvidos em relação ao tema e suas problemáticas, parece oportuno dizer o que

não é a cidade, bem como o que a caracteriza. Para Lefebvre (2008) a cidade, entre outros

aspectos, possui contradições que são fundamentais para a vida urbana. Como enfatiza

o autor;

[...] A vida urbana pressupõe encontros, confrontos das


diferenças, conhecimentos e reconhecimentos recíprocos

177
(inclusive no confronto ideológico e político) dos modos
de viver, dos padrões que coexistem na ‘cidade’(p.22)

Por essa razão, ao consolidar espaços fechados, ou “enclaves fortificados”, como

apregoa Caldeira (2011) estaríamos criando, de certa forma, uma antítese da cidade. A

formação destes assentamentos é fortalecida pelo próprio mercado imobiliário, que além

de oferecer os elementos da segurança, qualidade de vida, status, cria novos elementos

para a formação de consumidores. As amenidades da paisagem, bem como um estoque

de áreas, vias de acesso facilitado, são elementos de destaque para a criação destes

espaços fechados destinados a moradia. No aspecto das amenidades paisagísticas, faz-

se necessário salientar que a fusão campo-cidade como elemento da vida moderna

(HOWARD, 1996) é recorrente nestes espaços, o que torna um atrativo para estes

empreendimentos.

Em 2012, Goiânia já contava com mais de 20 assentos habitacionais fechados.

Segundo Moysés (2005), houve uma expansão da área urbana de Goiânia. Tal expansão,

além de ter provocado a redução da produtividade da área rural do município, não

atendeu ao déficit habitacional. O mesmo processo ocorre em outras capitais. A

expansão da área urbana de Uberlândia, como destacado por Botelho foi tributária de

um processo muito semelhante, e segundo o autor;

A introdução de inovações no ambiente construído foi e ainda


continua sendo a principal estratégia dos incorporadores
imobiliários para alterar as externalidades de vizinhança de
algumas localidades da cidade, e atraindo assim a demanda
para novas áreas.

O que denota a presença de estratégias que o mercado imobiliário utiliza para

favorecer o consumo destes assentamentos, bem como a expansão dos mesmos ao longo

do espaço urbano das capitais.

178
PLANO DE REDAÇÃO PRELIMINAR

Cápítulo I- A cidade como ponto de partida

Neste capítulo serão utilizados referenciais teóricos para compreender as


características das cidades ao longo da história e o que as constitui nos diversos períodos.
Portanto, partiremos do que foi defendido por Mumford (2008) para entender como, ao
longo da história, alguns aspectos foram determinantes para a modificação da vida
urbana e quais processos favoreceram a formação de espaços fechados destinados a
habitação.

Capítulo II- A formação de espaços fechados de moradia

Neste capítulo, trataremos do surgimento de espaços fechados destinados a


habitação no Brasil e no estudo de caso; Goiânia. Serão aqui evidenciados os
assentamentos fechados que se enquadram no critério estabelecido e suas datas de
instalação. Evidenciaremos também suas características para compreender qual o papel
do mercado imobiliário no aumentos destes empreendimentos em Goiânia.

Capítulo III- O Mercado Imobiliário em Goiânia

No presente capítulo será tratado o processo de formação destes assentamentos


em Goiânia com intuito de compreender quais os fatores tornam Goiânia uma capital
que concentra uma expressiva quantidade de espaços fechados de habitação. Serão aqui
destacadas algumas características do processo histórico que deu origem a Goiânia, as
características as características de seu mercado imobiliário, seus assentamentos
fechados e qual o perfil de consumidor este mercado imobiliário atende. Quais as
estratégias são utilizadas pelo mercado destes assentamentos para a formação e
expansão do número destes empreendimentos imobiliários.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ALMEIDA, Rute A. Olhando a cidade atrás dos muros: um estudo de caso do


condomínio horizontal fechado Aldeia do Vale. Dissertação (mestrado) - Universidade
Federal de Goiás, Instituto de Estudos Sócio-Ambientais.Goiânia. GO. 2004.

BOTELHO, Diego Nogueira. Dinâmica Imobiliária e Estruturação Intra-Urbana: Estudos


de Caso dos Condomínios Horizontais Fechados no Setor Sul de Uberlândia
(MG).Dissertação de Mestrado. Universidade Federal de Goiás. Instituto de Estudos
Socioambientais. Goiânia. GO. 2008.

179
CALDEIRA, Teresa Pires do Rio. Enclaves Fortificados: A nova segregação urbana. City of
walls: Crime, segregation and citizenship in São Paulo. University of California. 1997.

D’OTTAVIANO, Maria Camila Loffredo. Condomínios Fechados na Região


Metropolitana de São Paulo: fim do modelo centro rico versus periferia pobre?
Universidade de São Paulo. Faculdade de Arquitetura e Urbanismo. São Paulo. SP. 2008.

HOWARD, Ebenezer. Cidades-jardins de amanhã. Ed. HUCITEC. São Paulo. SP. 1996.

LEFEBVRE, Henri. O direito à cidade. Ed. Centauro. 5.ed. São Paulo. SP. 2008.

MOYSÉS, Aristides. Expansão urbana ou ocupação (in)sustentável da Macro-Zona Rural


do Município de Goiânia? Observatório das Metrópoles. Goiânia. GO. 2005.

MUMFORD, Lewis,. A cidade na história: suas origens, transformações e perspectivas. Ed.


Martins Fontes. São Paulo. SP. 2008.

SOUZA, Renato M. Novos Modelos de ocupação Urbana: Os condomínios fechados


horizontais em Goiânia. Pontifícia Universidade Católica de Goiás. Mestrado em
Desenvolvimento e Planejamento Territorial. Dissertação de Mestrado. Goiânia. GO. 2012.

Sites Visitados:

SEPLAN: http://www.goiania.go.gov.br/shtml/seplam/anuario2012

180
COMPLEMENTARIDADES E COMPETITIVIDADES NA REDE URBANA
DO OESTE BAIANO NO INÍCIO DO SÉCULO XXI
Iann Dellano da Silva Santos
Modalidade: Doutorado

Palavras-chave: rede urbana; organização espacial; complementaridades e


competitividades.

INTRODUÇÃO

No âmbito da rede urbana regional do Oeste Baiano, o centro de Barreiras, com

população urbana de 123.741 habitantes (90%) e população rural de 13.686 habitantes

(10%), em 2010 (IBGE, 2016), segue como fornecedor de um conjunto de bens e serviços

considerável, com atividades seletivas ligadas aos serviços de saúde especializados,

ensino e grandes redes de varejo, atendendo a demanda local e regional. Por ser um

centro difusor da informação, incluindo de autopromoção das atividades econômicas

via televisiva no âmbito interno regional, este centro congrega funções comerciais, de

prestação de serviços públicos (administrativo) e privados, bem como de consumo.

Em uma posição secundária, tem-se, nessa mesma rede urbana regional, Luís

Eduardo Magalhães, com população urbana de 54.881 habitantes (91,3%) e população

rural de 5.224 habitantes (8,7%), em 2010 (IBGE, 2016), que vem se estruturando em torno

de atividades especializadas para a agricultura moderna, especialmente agroindústrias

e serviços especializados para o campo, atendendo a demanda local e regional com

serviços do terciário ligados intrinsicamente às horizontalidades e verticalidades do

circuito da produção agrícola, como também ascendendo consideravelmente em uma

curta espaço-temporalidade.

Diante de tais processos, questiona-se em compreender o que atualmente

prevalece na rede urbana do Oeste Baiano em termos de relações complementares e

competitividade entre esses respectivos núcleos. Em outras palavras, o centro de

Barreiras por se sustentar, fundamentalmente, em relações historicamente estruturadas,

181
possivelmente, poderia se subordinar a Luís Eduardo Magalhães em termos de

hierarquia urbana e comando regional? Luís Eduardo Magalhães, por ora, continuaria

com sua posição secundária, tendo em vista que, por mais que sejam expressivas as

relações verticais presentes nesse centro, são as horizontalidades que definiriam o

conteúdo hierárquico da rede urbana? De qualquer forma, tais mudanças implicariam

em modificações no conteúdo e na forma espacial da atual rede urbana regional que

ainda se encontra em estágio de elaboração.

OBJETIVOS

Objetivo geral

Compreender as relações complementares e competitivas entre Barreiras e Luís Eduardo

Magalhães, identificando a mutabilidade da rede urbana a partir da sua hierarquia.

Objetivos específicos

➢ Discutir a rede urbana, sob a perspectiva da organização espacial, considerando

as relações complementares e competitivas estabelecidas nesse tipo particular de

rede;

➢ Conhecer a atualidade da rede urbana do Oeste Baiano, a partir de um estudo

periodizado, identificando os processos que definiram e re-definiram o padrão

espacial dessa rede;

➢ Analisar os papeis urbanos de Barreiras e Luís Eduardo Magalhães,

identificando os agentes produtores da rede e as relações espaciais estabelecidas

por esses agentes, bem como suas intencionalidades

METODOLOGIA

I – Revisão bibliográfica conceitual (rede urbana; organização espacial;

complementaridades e competitividades)

182
II – Revisão e aprofundamento empírico a respeito do estudo de caso (rede urbana do

Oeste Baiano)

III – Coleta de informações em campo (dados secundários e entrevistas com sujeitos

políticos)

IV – Tratamento de informações em campo (tabelas, gráficos, quadros e mapas)

V – Estruturação e contextualização dos dados, bem como a elaboração da redação final

REFERENCIAL TEÓRICO

No processo de internacionalização da economia é permitido abordar a respeito

das cidades mundiais, ou seja, “verdadeiros nós na cadeia de relações múltiplas que dão

um arcabouço à vida social do planeta” (SANTOS, 2014 b, p. 34). Essas relações se

estabelecem por meio de redes (de comunicação e transporte), formando uma cadeia de

redes urbanas controladas por metrópoles mundiais ou nacionais. No caso dos países

subdesenvolvidos, constituem-se extensões dessas redes urbanas mundiais,

intermediando relações entre essas e suas redes urbanas internas (CORRÊA, 1989).

No Brasil a divisão territorial do trabalho se manifesta em algumas partes do

território, especialmente nas regiões Centro-Oeste, Norte e Nordeste, na formação de

arranjos territoriais intrínsecos ao agronegócio, o qual se realiza a partir da articulação

entre escala local e regional com a internacional. É nessa dialética entre “ordem global”

e “ordem local” que a organização do território tem como base as “imposições do

mercado comandado por grandes empresas nacionais e multinacionais” (ELIAS, 2011,

p. 155).

Em clássica definição, rede urbana se caracteriza por “um conjunto de centros

funcionalmente articulados” (CORRÊA, 2001, p. 424) e esta é o meio do qual “produção,

circulação e consumo se realizam efetivamente”, com um centro mais importante que

outros a nível metropolitano ou regional (CORRÊA, 2006, p. 15). Nesse sentido, a rede

urbana é condição e reflexo da divisão territorial do trabalho: é condição por meio da

183
ação dos grandes centros cabeças de redes urbanas nacionais ou mundiais (CORRÊA,

1989) e é reflexo “dos efeitos acumulados da prática de diferentes agentes sociais [...] que

introduzem, tanto na cidade como no campo, atividades que geram diferenciações entre

os centros urbanos” (CORRÊA, 2006, p. 27).

A rede urbana das áreas de cerrado possuía pequena integração interna, com

baixa densidade demográfica e dinamismo econômico restrito à pecuária e latifúndio

(SOARES; BESSA, 1999). No caso do Oeste Baiano, esse tipo particular de rede surge no

final do século XIX, com um padrão eminentemente dendrítico, devido aos principais

núcleos estarem “claramente ancorados sobre a navegação fluvial” (SANTOS FILHO,

1989, p. 125). O padrão dendrítico é considerado “a forma espacial mais simples de rede

urbana” por conter centros indiferenciados sob os aspectos de gêneses, práticas

econômicas e ausência de núcleos intermediários devido às interações espaciais

unidirecionais (CORRÊA, 1989, p. 71).

Ao longo do processo de evolução, a rede urbana do Oeste Baiano não se

consistiu de forma conjugada ao modelo denominado por Santos (2014 b) de piramidal,

contrapondo a hierarquia tradicional. Entretanto, não perdeu sua natureza hierárquica,

sobretudo porque o capitalismo proporciona, gradativamente, a interligação “de um

número crescente de áreas e com a expansão desigual da oferta de bens e serviços [...],

implicando o aprofundamento do processo de hierarquização” (BESSA, 2012, p. 156-

157), e gerando uma seletividade espacial que se manifesta no âmbito econômico e social

(SANTOS, 2014 c).

Como aponta Diniz (1982, p. 160), “não resta a menor dúvida de que a penetração

lenta do capital, a abertura de estradas” [...] e “a decadência da navegação fluvial” foram

fatores responsáveis por mudanças na rede urbana regional do Oeste Baiano. Mudanças

essas que, na concepção de Sposito (2011, p. 131), sendo quantitativas, como relacionado

ao tamanho dos centros urbanos, e qualitativas, como no que diz respeito aos papéis

desempenhados pelos centros, redefinem o “escopo” de uma dada rede urbana.

184
Nesse sentido, vem se constituindo no Oeste Baiano uma rede urbana de padrão

espacial de múltiplos circuitos, o qual, segundo Corrêa (1989, p. 77) aponta ser um

padrão “[...] resultante da ação de vários processos, cada um implicando localizações

específicas, datadas de uma lógica que, se não é inexorável, é simultaneamente própria

a cada atividade e ao momento de sua implantação, e geral no âmbito do capitalismo”.

De modo que os centros se diferenciam “segundo a posição na hierarquia de lugares

centrais e segundo as especializações produtivas que apresentam” (CORRÊA, 2012, p.

207).

Com a inserção de capital agrícola nas áreas de cerrado a partir das décadas de

1970 e 1980, a rede urbana do Oeste Baiano foi se reestruturando em torno das

necessidades da agricultura moderna. Nesse contexto, destaca-se a inserção de

atividades voltadas para o campo nos centros tradicionais, sobretudo Barreiras, e nos

novos aglomerados criados pela própria agricultura moderna, tais como Roda Velha, no

município de São Desidério, Rosário, no município de Correntina, Novo Paraná e

Mimoso do Oeste, no então território municipal de Barreiras, que, inclusive, leva à

“mobilização da força de trabalho” (SANTOS FILHO, 1989, p. 146; SANTOS; CHAVES,

2014).

Os investimentos iniciais da agricultura moderna, ressaltando o fluxo de capital

privado oriundo de cooperativas, exemplos como a Cooperativa Agropecuária do Oeste

da Bahia e Cooperativa Agrícola dos Cerrados do Brasil Central Ltda. (SANTOS;

CHAVES, 2014), lideradas por agricultores sulistas, destinaram-se para Barreiras,

demandando desse núcleo suporte funcional para atender ao ramo agrícola e às

atividades urbanas (SANTOS FILHO, 1989), acarretando no que Soares; Bessa (1999, p.

15) denominam de “refuncionalização” da urbe.

Por sua vez, Mimoso do Oeste, passando a se denominar Luís Eduardo

Magalhães, acolheu e desenvolveu atividades demandadas pela agricultura moderna,

concentrando e desempenhando funções inerentes ao agronegócio, e se transformando

185
em lugar de gestão local e regional dessa atividade, por concentrar a produção,

mormente agroindustrial, da região (ELIAS, 2011).

Mimoso do Oeste, originado em 1974, com a instalação de uma pensão para

caminhoneiros e um posto de combustíveis (BRANDÃO, 2012), destacou-se pela célere

ascensão, contabilizando 2.385 habitantes, em 1991 (MOTTA, 2016). Segundo o IBGE

(2016), Mimoso do Oeste foi reconhecido oficialmente na condição de distrito de

Barreiras no ano de 1997, passando a se denominar Luís Eduardo Magalhães em 1998.

Emancipou-se em 2000, sendo essa força emancipatória resultante de interesses políticos

de elites agroindustriais (BRANDÃO, 2012).

Em contrapartida, Barreiras se manteve como principal centro regional por

concentrar maior população e quantidade e diversidade de estabelecimentos comerciais

e de serviços, além de apresentar uma área de influência expressiva, ultrapassando os

limites regionais do Oeste Baiano (SANTOS; CHAVES, 2014, IBGE, 2008).

Nesse sentido, a rede urbana compõe-se de um conjunto de centros que, por sua

vez, desempenham “[...] papéis diretamente associados a dois amplos circuitos de

exploração dos centros de acumulação de capital e poder sobre a região” (BESSA, 2010,

p. 37). Tais circuitos efetuam-se, como sugere Corrêa (1989, p. 75), por meio de “[...] um

multivariado processo de criação, apropriação e circulação dos valores excedentes”,

estando inseridos na divisão territorial do trabalho que, por sua vez, impõe distinção

entre os centros urbanos, entre os segmentos de rede urbana, entre as regiões, enfim,

entre os espaços, pois a divisão territorial do trabalho “cria uma hierarquia entre lugares

e redefine, a cada momento, a capacidade de agir das pessoas, das firmas e das

instituições” (SANTOS; SILVEIRA, 2013, p. 21).

É importante destacar que a mudança na estrutura produtiva regional do Oeste

Baiano foi acarretada pela incorporação de novos grupos sociais advindos de diversos

lugares do país, sobretudo dos sulistas, em sua grande parte, detentores dos meios de

produção, conformando uma elite agroindustrial empreendedora (BRANDÃO, 2012).

186
Esses construíram suas identidades, interações e formas organizacionais, o que inferiu

em desigualdades sociais e econômicas (SANTOS, 2007). Esse fenômeno migratório

acarretou no que Haesbaert (1995) denomina de reterritorialização, com a formação de

novos territórios marcada pela apropriação simbólica e, sobretudo, política.

Mesmo com notáveis interações complementares entre Barreiras e Luís Eduardo

Magalhães, as diferenciações impostas pelo capitalismo geram divergências entre os

centros à medida que a ação empreendedora, principalmente de Luís Eduardo

Magalhães, apresenta um caráter competitivo. Sendo assim, “[...] tais hierarquias não são

estáveis, dependem, sobretudo, dos mecanismos de competição e cooperação entre os

centros” (BESSA, 2010, p. 39).

Ademais, Barreiras segue, no início do século XXI, como principal centro da rede

urbana do Oeste Baiano, exercendo papeis urbanos a nível macrorregional, com relações

horizontais e verticais consideráveis, e subordinando os demais núcleos de níveis

hierárquicos seguidamente inferiores. Entretanto, cabe destacar a célere ascensão de Luís

Eduardo Magalhães que, mesmo em uma posição secundária, ameaça o comando dessa

rede, sobretudo, por estar amparado às relações fortemente horizontais e verticais da

produção agrícola, abrindo espaço para possíveis alterações na forma e no conteúdo da

própria rede urbana regional.

PLANO DE REDAÇÃO

1 – Introdução: propõe-se elencar a problemática da pesquisa, discorrer os objetivos


(geral e específicos) da pesquisa, bem como hipóteses.

2 – Capítulo 1: atender ao primeiro objetivo específico, elaborando um estudo teórico a


respeito de redes urbanas e relações (complementares e competitivas) entre centros
urbanos.

3 – Capítulo 2: atender ao segundo objetivo específico (estudo empírico), aprofundando


o que já se tem elaborado.

4 – Capítulo 3: atender ao terceiro objetivo específico, a partir da coleta e tratamento de


informações, acompanhada de análises e discussões.

187
5 – Considerações finais: corroborar ou confrontar com as hipóteses incialmente
apresentadas.

REFERÊNCIAS

BESSA, Kelly Cristine Fernandes de Oliveira. Estudos sobre a rede urbana: os


precursores da teoria das localidades centrais. Geotextos, Salvador, v. 8, n. 1, p. 147-
165, jul. 2012.

_____. Proposições para a análise da diferenciação espacial nos estudos sobre rede
urbana: as noções de convergência e divergência. GEOUSP, São Paulo, n. 28, p. 34-58,
2010.

BRANDÃO, Paulo Roberto Baqueiro. Barreiras e Luís Eduardo Magalhães: uma


aglomeração urbana embrionária no Oeste Baiano? In: DIAS, Patrícia Chame;
SANTOS, Janio. (Orgs.). Cidades médias e pequenas: contradições, mudanças e
permanências nos espaços urbanos. Série Estudos e Pesquisas. 1. ed. Salvador:
Superintendência de Estudos Econômicos e Sociais da Bahia, 2012, v. 94, p. 183-195.

CORRÊA, Roberto Lobato. Redes geográficas: reflexões sobre um tema persistente.


Revista Cidades, Presidente Prudente, v. 9, n. 16, p. 199-218, jul./dez. 2012.

______. Estudos sobre a rede urbana. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2006.

______. Reflexões sobre a dinâmica recente da rede urbana brasileira. In: IX Encontro
Nacional da Associação Nacional de Pós-graduação e Pesquisa em Planejamento
Urbano e Regional (ANPUR), 9, 2001, Rio de Janeiro. Anais... Rio de Janeiro:
Associação Nacional de Pós-graduação e Pesquisa em Planejamento Urbano e
Regional, 2001, p. 424-430.

______. A rede urbana. Série Princípios. São Paulo: Ática, 1989.

DINIZ, José Alexandre Felizola. A área Centro-Ocidental do Nordeste. Recife,


SUDENE, 1982.

ELIAS, Denise. Agronegócio e novas regionalizações no Brasil. Revista Brasileira de


Estudos Urbanos e Regionais, Recife, v. 13, n. 2, nov. 2011, p. 153-167.

HAESBAERT. Rogério. “Gaúchos” no Nordeste: modernidade, des-territorialização e


identidade. 1995. 387f. Tese (Doutorado em Geografia) – Departamento de Geografia
da Universidade de São Paulo, São Paulo, 1995.

INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA (IBGE). Cidades, 2016.


Disponível em: <http://www.cidades.ibge.gov.br>. Acesso em: 01 nov. 2016.

188
______. Regiões de Influência das Cidades, 2007. Rio de Janeiro: IBGE, 2008.

MOTTA, Margarida Cunha de Miranda. Povoados da Bahia, 2016. Disponível em:


<http://www.sei.ba.gov.br/index.php?option=com_content&id=154&itemid=103>.
Acesso em: 01 nov. 2016.

SANTOS, Camila Dutra dos; CHAVES, Maria Lucenir Jerônimo. Difusão do


agronegócio e urbanização no Nordeste: as regiões produtivas do agronegócio da soja
no oeste da Bahia e da fruticultura no baixo curso do rio Açu/Jaguaribe (CE/RN).
Geografia Ensino & Pesquisa, Santa Maria (RS), v. 18, n.2, p. 39-56, mai./ago. 2014.

SANTOS, Clóvis Caribé Menezes dos. Oeste da Bahia: modernização com (des)
articulação econômica e social de uma região. 2007. 239f. Tese (Doutorado em Ciências
Sociais) - Universidade Federal da Bahia, Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas,
Salvador. 2007.

SANTOS, Milton. A natureza do espaço: técnica e tempo, razão e emoção. São Paulo:
EDUSP, 2014 a.

______. Metamorfose do espaço habitado: fundamentos teóricos e metodológicos da


geografia. 6ª ed. 2ª reimp. São Paulo: EDUSP, 2014 b.

______. Economia espacial: críticas e alternativas. 2ª ed. 3ª reimp. São Paulo: EDUSP,
2014 c.

SANTOS, Milton; SILVEIRA, Maria Laura. O Brasil: território e sociedade no início do


século XXI. 17ª ed. Rio de Janeiro: Record, 2013.

SANTOS FILHO, Milton. O processo de urbanização no Oeste baiano. Série de


estudos urbanos. Recife: SUDENE-DPE-URB, 1989.

SOARES, Beatriz Ribeiro; BESSA, Kelly Cristine Fernandes de Oliveira. As novas redes
do cerrado e a realidade urbana brasileira. Boletim Goiano de Geografia, Goiânia, v.
19, n. 2, p. 11-34, jan./dez. 1999.

SPOSITO, Maria Encarnação Beltrão. A produção do espaço urbano: escalas, diferenças


e desigualdades socioespaciais. In: CARLOS, Ana Fani; SOUZA, Marcelo Lopes de;
SPOSITO, Maria Encarnação Beltrão (orgs.). A produção do espaço urbano: agentes e
processos, escalas e desafios. São Paulo: Contexto, 2011. p. 123-145.

189
A PESSOA COM DEFICIÊNCIA FÍSICA E A APROPRIAÇÃO DOS
ESPAÇOS NA MICRORREGIÃO DO VÃO DO PARANÃ-GOIÁS/ BRASIL
Jamylle Lorrane Silva Passos
Modalidade: Mestrado

Palavras-chave: Pessoa com Deficiência Física. Espaço. Apropriação. Vão do Paranã.

INTRODUÇÃO

O presente projeto busca-se ampliar as discursões e análises realizadas no

Trabalho de Conclusão de Curso intitulado “A Dinâmica Populacional na Microrregião

do Vão do Paranã,” realizado no ano de 2015. As inquietações em aprofundar uma

pesquisa sobre este assunto surgiram mediante a conhecimentos empíricos sobre a

região, leituras aprofundadas na disciplina de Geografia de Goiás, onde começou a

investigação científica.

Com os resultados da monografia verificou-se que a dinâmica populacional

acontece de forma desigual entre os municípios que formam o Vão do Paranã em

comparação a outras microrregiões do Estado de Goiás os índices apresentam um valor

quantitativo e qualitativo inferior. A pesquisa aconteceu através da análise de dados

sobre população, dividido em: população relativa, população na idade ativa, taxa de

crescimento populacional, densidade demográfica e população rural e urbana. Também

foram observados os dados de desenvolvimento socioeconômico e variáveis dos estudos

demográficos como: fecundidade, mortalidade, Índices de Desenvolvimento Humano

Municipal (IDMH).

Dessa forma, propõe-se para esse projeto de pesquisa do Programa de Pós-

Graduação em Geografia do Instituto de Estudos Socioambientais da Universidade

Federal de Goiás-PPGeo-UFG, ampliar a investigação na microrregião do Vão do Paranã

dessa vez trabalhando com a seguinte temática: A pessoa com deficiência física e a

apropriação dos espaços na microrregião do Vão do Paranã-Goiás/ Brasil.

190
Quando analisamos como os municípios que formam essa microrregião estão

organizados, entendemos a memória histórica e a materialização do próprio espaço a

partir da perspectiva de pessoas com deficiência física que vivem nesses municípios de

modo a compreender as relações socioespaciais da constituição dessas cidades sob o

aspecto da acessibilidade. A escolha da pessoa com deficiência física-PCDF para essa

pesquisa deve-se a hipótese de imaginar as dificuldades vivenciadas por esses sujeitos,

para se organizarem em municípios interioranos com pouca estrutura urbana. Surge

assim as seguintes indagações: Quantos são e onde estão as PCD na microrregião do Vão

do Paranã? Como as PCD apropriam dos espaços públicos nos municípios do Vão do

Paranã? Quais são os problemas e os desafios enfrentados pela pessoa com deficiência

física-PCDF no Vão do Paranã ? Como são estruturados os municípios interioranos do

Vão do Paranã para atender a PCFD? Existem políticas públicas e ações destinadas às

PCD? São estes questionamentos que norteiam a presente pesquisa, e serão a base para

atingir os objetivos estabelecidos.

Acreditamos que a estrutura e infraestrutura dos municípios localizados na

microrregião do Vão do Paranã não são pensados nem planejados para receber o

indivíduo com deficiência física de forma a garantir e assegurar a igualdade de acesso.

Dessa forma justifica-se a importância dessa pesquisa na medida em que ela pode

demostrar como é apropriado os espaços nos municípios do Vão do Paranã pelas PCD,

como eles se organizam nos conflitos existentes no espaço. E de certa forma, conhecer

realmente quem é o deficiente físico morador do Vão do Paranã.

OBJETIVOS

Objetivo Geral

Entender a apropriação dos espaços pela pessoa com deficiência física nos

municípios da microrregião do Vão do Paranã, destacando os desafios, conquistas e as

cartografias desses sujeitos.

191
Objetivos Específicos

● Cartografar as PCD dentro da estrutura populacional da microrregião do Vão do

Paranã.

●Mapear os espaços apropriados e acessados pelas PCDF, identificando os desafios das

PCDF nesse processo.

●Analisar a infraestrutura urbana e os espaços públicos pensando na acessibilidade da

pessoa com deficiência física,

METODOLOGIA

O presente estudo caracteriza-se como uma pesquisa qualiquantitativa de cunho

descritivo e exploratório. A pesquisa qualitativa com a intenção de verificar as

possibilidades de análise do espaço apropriado pelo deficiente físico, seus significados,

motivos, valores e atitudes. A quantitativa buscar-se-ia dizer onde estão, quem são, o

que fazem as pessoas com PCDF na microrregião do Vão do Paranã.

Inicialmente, elaboraremos uma pesquisa bibliográfica sobre espaço público,

deficiência (deficiente físico), políticas públicas para o deficiente e acessibilidade como

elemento de suporte para as atividades práticas. Será feito um levantamento

bibliográfico e de fontes de dados consultando materiais em sites, arquivos digitais,

livros, teses, dissertações, notas de pesquisa, artigos, monografias. ; e pesquisa

documental consultando produtos legais – leis, decretos, projetos de lei, resoluções,

registros e documentos não oficiais (cartas, jornais, escritos).

Numa segunda etapa, faremos a coleta dos dados por meio de observações de

campo através de fotografias dos espaços públicos e prédios públicos, localizados nas

áreas centrais das cidades em todos os 12 municípios que formam a microrregião do

Vão do Paranã. De posse desse levantamento faremos o confronto dos dados obtidos

com as normas de acessibilidade e mobilidade.

192
Também realizaremos o levantamento de dados e informações censitárias das

PCD nos censos do IBGE, esperando com isso mapear os municípios de moradia das

PCD. E na escala local cartografaremos os bairros de moradia das PCD, objetivando

analisar a espacialidade das PCD e, em especial, das PCDF e seus trajetos de

deslocamentos e, com isso entender os desafios desses e dessas na acessibilidade aos

lugares. Para esta fase serão utilizados informações do Centro de Referência de

Assistência Social-CRAS, de cada município.

Na terceira etapa serão realizadas entrevistas com pessoas com deficiência física

de cada município da microrregião, buscando entender melhor as experiências e

conflitos vividos pelas PCDF.

Realizar observações nos espaços públicos das áreas centrais dos municípios

objetos da pesquisa, olhando os equipamentos e ações de acessibilidade materializadas

ou impressas nesses lugares.

Na quarta etapa sistematizaremos os dados e informações coletadas e levantadas

por meio de mapas, tabelas, quadros, fotografias, filmagens. Cabe mencionar a

importância de se construir mapas mentais, sendo uma das principais tentativas para

verificar a percepção de como a pessoa com deficiência física analisa a acessibilidade no

seu munícipio, o seu espaço percebido.

A quinta etapa está reservada para a construção da dissertação, escrita do texto

e apresentação e defesa da dissertação. .

REFERENCIAL TEÓRICO

A presente proposta de investigação versará sobre o espaço apropriado pela

pessoa com deficiência física em municípios interioranos no Vão do Paranã. Para

fomentar essa discussão primeiramente é preciso entender onde está localizado este

recorte espacial e como se deu essa divisão regional no Brasil.

193
A microrregião do Vão do Paranã está localizada na mesorregião do Leste de

Goiás é e formada por 12 municípios caracterizados por um dos menores índices

demográficos de Goiás como é a apontado pelo (IMB, 2004) , com uma população média

de 107.311 habitantes na microrregião no ano de 2010, ultrapassando apenas a

microrregião da Chapada dos Veadeiros. Além disso, conforme Chaveiro, Calaça e

Rezende (2009) possui a menor distribuição de renda do Estado de Goiás, salienta os

autores (a):

[...] as menores rendas concentram-se nas regiões Nordeste e


Norte do estado localizando-se a maioria dos municípios onde
mais de 40% dos chefes de família recebem até 1 salário mínimo
mensal. (CHAVEIRO, CALAÇA e REZENDE, 2009,p.101)
Sendo assim analisar a questão da localização desses municípios é primordial

para esse trabalho para nos ajudar a entender a baixa dinamicidade econômica e como

isso de certa forma influencia na vida do PCDF e como esses indivíduos se reorganizam

nesses espaços . (figura 01).

Fontes/SIC/UFG/IBGE Elaboração: a autora/ 2015.

194
No ano de 1941 o IBGE apresentou a divisão regional do Brasil em Norte,

Nordeste, Leste, Sul e Centro Oeste, em 1987 surge a divisão regional em mesorregiões

e microrregiões sendo aprovada em 31 de Julho de 1989 dando essa divisão como forma

de organização do espaço. De acordo com IBGE (1990), apresenta como mesorregião e

microrregião:

Entende-se como mesorregião área individualizada em uma Unidade


da Federação que apresenta formas de organização do espaço
geográfico definidas pelas seguintes dimensões: o processo social como
determinante o quadro natural como condicionante e a rede de
comunicação e de lugares como elemento de articulação espacial. As
microrregiões foram definidas como parte das mesorregiões que
apresentam especificidades quanto a organização do espaço. Essas
especificidades não significam uniformidade de atributos, nem
conferem as Microrregiões autossuficientes e tampouco de serem
únicas devido a sua articulação a espaços maiores quer a mesorregião
Unidade de Federação quer a totalidade nacional. (IBGE, 1990,p.10)

Pensando a microrregião do Vão do Paranã e como se deu se processo de

ocupação ao longo do tempo é um fator preponderante para uma análise do recorte

espacial investigado. De acordo com, Barreira (2002) essa região foi durante o século

XVIII há que representava melhor economia para o estado através da pecuária e pela sua

forte ligação com a região Nordeste do Brasil que nesse período dominava a economia.

Quando essa dinâmica é invertida a partir do momento em que a economia brasileira

não é mais o açúcar, mas agora o café, assim no século XIX altera-se a demanda e a região

Sul do estado de Goiás começa a ser considerada a com melhores condições para atender

a economia brasileira, pois apresenta fortes relações com Sul de Minas e com São Paulo.

E sobre o desbravamento do Vão do Paranã, destaca Barreira:

[...] o Vão do Paranã, localizada a leste da divisa com a Bahia,


permaneceu até meados da década de 80 praticamente sem receber
investimentos em infraestrutura ou qualquer outro tipo, embora tenha
sido objeto de vários estudos visando principalmente à agricultura
irrigada. (BARREIRA, 2002, p.98)

195
Nesse trabalho entender as práticas sociais vividas e concebidas por indivíduos

com deficiência física é primordial para cerne da pesquisa. Diversos autores dialogam

em seus trabalhos a importâncias das práticas vivenciadas no espaço e a centralidade

dessa categoria, como Corrêa (2000), Harvey (2012), Santos (1996).

De acordo com Corrêa (2000), o espaço não é nem o ponto de partida e nem ponto

de chegada. Lembrando que foi a partir dos movimentos proporcionados pela Geografia

crítica em 1970 que espaço aparece como estudo central dos geógrafos neomarxistas. “

As práticas sociais são ações para garantir diversos projetos.” ( CORRÊA, 2000,p.35)

Entender o espaço relacional e o modo como a pessoa com deficiência física

enfrenta os problemas de estrutura, infraestrutura e socioeconômicos encontrados no

munícipios do Vão do Paranã é o direcionamento para compreender como este se

apropria do espaço.

Corroborando com Santos (1996), quando analisa o espaço formado por objetos

técnicos, assim determina que tanto o espaço do trabalho, como o espaço da distância

entre outros são manifestações do espaço geográfico como técnica, pois e ela que

participa na produção da percepção do espaço. “[...] o mesmo espaço pode ser visto

como terreno das operações individuais e coletivas, ou como realidade

percebida.”(SANTOS, 1996, p.55).

Segundo Harvey (2012), ao dialogar sobre o espaço absoluto, relativo e relacional,

nos apresenta um olhar sobre experiencia física e espacial da ordem espacial e temporal,

assim o espaço que nos envolve na vida cotidiana afetam nossas experiencias diárias.

Pensando na centralidade dessa pesquisa, devemos evidenciar o papel da

cartografia que será preponderante para a metodologia desencadeada ao longo da

pesquisa. Conforme Chaveiro e Fadel (2017), a cartografia social pode ajudar na

compreensão sobre a conectividade de processos, os componentes de estrutura que estão

presentes na vida do sujeito, no caso investigado por eles a pessoa com deficiência- PCD.

Assim ressalva os autores sobre a cartografia :

196
As práticas espaciais, formadas por conteúdos históricos, sociais,
culturais, econômicos, representacionais, traçam CARTOGRAFIAS DE
DEVIRES, geram mapas existenciais. Ou seja, geram ações,
cruzamentos, bifurcações que põem o sujeito em movimento no
movimento do mundo.(CHAVEIRO; FADEL, 2017, p.16)

O referencial teórico mencionada nesse projeto tem um papel de alimentar esse

trabalho com uma visão real de como analisar o PCDF, e como dialogar como este

individuo se apropria do espaço, de modo que já apresente a importância da pesquisa

voltada para esse determinado grupo, até mesmo pela forte possibilidade de

desenvolver políticas públicas voltadas para pessoa com a PCDF em munícipios da

microrregião do Vão do Paranã que em alguns momentos foi e continua sendo uma

região esquecida no planejamento do Estado.

PLANO DE REDAÇÃO

1. A construção histórica do conceito de deficiência.

1.1 Pessoa com Deficiência Física.

1.2 Estatuto da Pessoa com Deficiência.

2. Espaço Público dos Municípios do Vão do Paranã e a Pessoa Com Deficiência Física.

2.1 Espaço Público, Acessibilidade e Mobilidade nas cidades do Vão do Paranã.

2.2 A Cartografia do Deficiente Físico do Vão do Paranã.

3.Quem é o PCD do Vão do Paranã?

3.1 O desenvolvimento da Cartografia como prática social.

3.2 A Cartografia do PCDF no Vão do Paranã.

3.3. A Cartografia para amostra de como o PCDF apropria dos espaços no Vão do Paranã.

REFERÊNCIAS

CHAVEIRO, Eguimar ; CALAÇA Manoel ; REZENDE Mônica.A dinâmica


Demográfica de Goiás. Ed. Ellos. Goiânia, 2009.

197
CHAVEIRO, Eguimar; FADEL, Luiz Carlos. Por uma cartografia existencial:
representações sobre a pessoa com deficiência física. Revista Acadêmica Educação
Cultura em Debate. v.3 .n..xxx jan-jul.2017. Disponível em :
file:///E:/Usu%C3%A1rios/Cliente/Downloads/272-826-1-PB%20(2).pdf. Acesso: 13
mar.2018.
BARREIRA, Celene Cunha Monteiro Antunes. Vão do Paranã: a estrutura de uma
região. Brasília: Ministério da Integração Nacional; Goiânia: Universidade Federal de
Goiás. Coleção Centro-Oeste de Estudos e Pesquisas, v.8, 2002.
BRASIL. Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão. INTITUTO BRASILEIRO
DE GEOFRAFIA E ESTATÍTICA (IBGE). Divisão Regional do Brasil em Mesorregiões
e Microrregiões geográficas. Rio de Janeiro, vol-1. 1990. Disponível em:<
http://biblioteca.ibge.gov.br/visualizacao/monografia/GEBIS%20%20RJ/DRB/Divisao%r
egional_v01.pdf > Acesso em: 14 jan. 2018.
CORRÊA, Roberto Lobato. Espaço, um conceito-chave da Geografia. In: CASTRO, Iná
Elias de; GOMES, Paulo César da Costa; CORRÊA, Roberto Lobato. (Orgs.).Geografia:
Conceitos e Temas. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 1995.
IMB-Instituto Mauro Borges de Estatísticas e Estudos Socioeconômicos. Dinâmica
Populacional: características e discrepância do bônus demográfico em Goiás.
SEGPLAN- Secretaria do Estado de Goiás de Gestão e Planejamento. Dez. 2013.
HARVEY, D. O espaço como palavra-chave. Geographia, Vol.14, n.28, 2012.
SANTOS, Milton. Natureza do espaço. São Paulo: Nobel, 1996.

198
PERSPECTIVAS DA PAISAGEM NA GEOGRAFIA CULTURAL:
TRANSIÇÕES E TENSÕES NA PÓS-MODERNIDADE
Jéssica Soares de Freitas
Modalidade: Doutorado

Palavras-chave: Kitsch; Paisagens Pós-modernas; Geografias Culturais.

INTRODUÇÃO

O conceito de paisagem possui caráter fundamental para a construção da ciência

Geográfica e, mesmo que ao longo dos anos tenha perdido seu protagonismo na

Geografia Humana1, continua relevante na Geografia Cultural (CLAVAL, 2014). Nesse

sentido, cabe-se compreender sua constituição em meio a abordagem da Geografia

Cultural, especialmente na contemporaneidade.

Para Sauer ([1925], 2008), considerado um dos pioneiros da Geografia Cultural, a

paisagem por vezes era confundia com o termo região, por sua origem no termo landschaft

em alemão. Sauer reflete também a ideia da Paisagem Cultural, de forma a separar o

homem da natureza, essa última a constituir a Paisagem Natural.

Jackson, também considerado basal para o entendimento da Paisagem, fundou o

periódico Landscape, importante para a divulgação e desenvolvimento dos estudos nessa

categoria. Para ele (JACKSON, [1984], 2008), a paisagem pode ser considerada como

espaço distinto topográfico ou culturalmente compartilhado por um grupo de pessoas.

Outro autor fundamental para a compreensão da paisagem na Geografia

Cultural, Eric Dardel, (2011, p.32), assinala que, “a paisagem pressupõe a presença do

homem, mesmo lá onde toma a forma de ausência”. Sem o sujeito não é possível

conceber a paisagem, pois é ele que significa o espaço e nele constitui suas relações

1Ainda que não seja o âmbito da tese, deve-se destacar que na Geografia Física, diferente da
Geografia Humana, a Paisagem não perdeu seu protagonismo e ainda é uma das categorias mais
estudadas por esse caminho geográfico.

199
essenciais para a concepção da mesma. Nesse sentido, Dardel explicita a

indissociabilidade entre natureza e sociedade.

Pode-se compreender que os três autores citados influenciam as demais gerações

de geógrafos culturais. Tanto a Geografia Cultural Renovada quanto a Geografia

Cultural Humanista surgem como crítica ao neopositivismo, até então dominante na

década de 1960 e 1970 (MARANDOLA JR, 2013). Enquanto uma foi pelo viés do

marxismo, a outra seguiu uma fundamentação teórica fenomenológica.

A Geografia Cultural Humanista se desenvolveu com sua base principal no Eric

Dardel, principalmente no que se diz respeito à paisagem. Nesse sentido Lowenthal

(1975) e Tuan (1974) se tornaram bases para o pensamento desse conceito, bem como

Berque (1990), que desenvolve estudos acerca da paisagem com auxílio da filosofia e

geografia japonesas.

A Geografia Cultural Renovada, por sua vez, foi determinante para um novo

rumo à abordagem com estudos acerca das representações e interesse pela pós-

modernidade (ALMEIDA, 2009). Olwig (1984), que está inserido nessa perspectiva

compõe a paisagem como constructo ideólogico, a pesquisar principalmente as

paisagens dinamarquesas. Por outro lado, Mitchel ([1994], 2008), debate a conceituação

da paisagem de forma idílica ou pictórica, ainda que abrangida em sua condição de

produto social.

Já Cosgrove (1998), contemporâneo de Mitchel, concebe a paisagem para além

das externalidades, a considerar seus elementos subjetivos, a realizar, dessa forma, uma

interface entre a Geografia Cultural Radical e a Geografia Cultural Humanista. O

apontamento para os estudos de paisagem de forma ampla e que contempla as diversas

dinâmicas sociais da globalização foram tratadas, por um tempo, de maneira crítica por

esses geógrafos. Relph (1976), ao estudar a paisagem em conjunto com o lugar, configura

um novo olhar para a categoria, já indicando para paisagens pós-modernas.

200
A pós-modernidade, cabe ressaltar, não é uma superação do moderno, mas o

momento em que a sociedade está compreendida em diversas esferas, é uma situação de

transições e metamorfoses. Ihde (1990, p. 162) ressalta que falar em pós-modernidade

“announces an awareness that we are in a transition out of the aura of the modern into

what is not yet easily nameable”. O público se mistura com o privado, as notícias são

circuladas de maneira cada vez mais rápida e os lugares se modificam mesmo que a

presença do sujeito não se faça de forma física. O tradicional é cada vez mais dinâmico

e não se encontra mais em duelo com o novo, mas constrói relações simbióticas.

Em meio a essas relações dinâmicas, vários objetos, construções arquitetônicas e

ideias se difundem, a serem reproduzidas sem respeito ao original. O Kitsch clama

atenção para o olhar geográfico, uma vez que se tornou constituinte da sociedade

contemporânea e é um elemento densamente espacial.

De acordo com Moles (2012), para além de um sistema de objetos o Kitsch é uma

atitude. Para o filósofo, ela “se manifesta em relação aos objetos envolvendo tanto as

camadas sociais abastadas como as demais categorias sociais” ([1971], 2012, p. 199). A

ideia de imitação dos objetos implica em cópias de lugares e de construções, constituindo

uma forma falaciosa de aproximação entre classes na sociedade capitalista.

Segundo Olalquiaga (1998, p. 12), “o kitsch e o pós-modernismo compartilham

uma reciclagem irreverente, um gosto pela iconografia e pelo artificial, um prazer na cor,

o brilho, no melodrama e na superdeterminação”. O artificial toma o lugar do autêntico,

do diferente e possui fórmula própria, conhecida, que é aplicada em diferentes

condições.

De acordo com Relph (2001, p. 153) “in contrast with the modernist perspective

that offered clear answers about what is true and what is false, and about the right ways

to think, act, and pass judgment, this is profoundly disturbing”. Dessa forma, os estudos

da Paisagem na pós-modernidade devem oferecer outros subsídios daqueles

201
investigados anteriormente, uma vez que a dinâmica é marcada pela amplitude de

elementos encontrados na paisagem.

Nesse sentido, problematiza-se: Como o conceito de paisagem na Geografia

Cultural contemporânea pode ser reelaborado pela influência do Kitsch e das

contradições das/nas homogeneizações e as insurgências decorrentes da pós-

modernidade?

Objetivo Geral

• Compreender a categoria Paisagem na Geografia Cultural e suas possibilidades

de entendimento e metamorfose no contexto das homogeneizações da

globalização e fragmentação na/da pós-modernidade de modo a discutir as

insurgências em resposta à esse processo.

Objetivos Específicos

• Analisar os fundamentos teórico-metodológicos da categoria Paisagem no

âmbito das Geografia Cultural.

• Desvelar as metamorfoses da paisagem e as consequências de seu estudo na

Geografia Cultural;

• Discutir a homogeneização da paisagem intensificada pela globalização e sua

relação com o Kitsch na sociedade pós-moderna;

• Decifrar as paisagens pós-modernas por meio das visualidades e imaginários de

medo ou paranoia manifestos nas ficções de distopias;

• Explicitar as relações heterogêneas e de mudanças na paisagem frente à sua

homogeneização e suas possibilidades de estudos na Geografia Cultural

contemporânea.

202
METODOLOGIA

De forma a compreender a constituição da paisagem na Geografia Cultural ao

longo de sua história, realizar-se-á análise acerca da categoria e seu estudo na

contemporaneidade. Será efetivada a leitura de livros, artigos e coletâneas dos principais

autores que construíram o entendimento da paisagem na Geografia Cultural.

O entendimento da modernidade se dará em conjunto com a análise da Geografia

Cultural em suas principais vertentes: Geografia Cultural Clássica, Geografia Cultural

Humanista e Geografia Cultural renovada. Dessa forma, a compreensão da pós-

modernidade será investigada em conjunto com as mudanças na Geografia Cultural e

pela presença massiva do Kitsch no final do século XX e começo do século XXI.

Consequentemente, a abordagem será diacrônica, derivada da pesquisa na extensa

produção teórica delimitada.

Como estudo fundamentalmente teórico, de análise crítica e sistemática sobre a

categoria Paisagem na Geografia Cultural, a sistematização das leituras e a construção

de fichamentos centrados nos conceitos apoiadores será basilar para correlacionar os

autores às perspectivas adotadas. De forma a auxiliar na construção teórica da paisagem

será realizada a busca de exemplos na arte, arquitetura e fotografia. Como resultados,

para além do texto final serão elaborados artigos acadêmicos em anais de evento, livros

e periódicos.

REFERENCIAL TEÓRICO

ALMEIDA, M. G. de. Geografia Cultural: Contemporaneidade e um flashback na sua


ascensão no Brasil. In: MENDOÇA, F. A. et. al. (Org.) Espaço e Tempo: complexidade e
desafios do pensar e do fazer geográfico. Curitiba: Associação de Defesa do Meio
Ambiente e Desenvolvimento de Antoina (ADEMADAN), 2009, p. 243-260.

BERQUE, A. Médiance: De milieux en paysage, Montpellier: Reclus, 1990.

CLAVAL, P. A Geografia Cultural. Florianópolis: Ed. da UFSC, 4 ed. rev. 2014.

203
CONNOR, S. Cultura pós-moderna: Introdução às Teorias do Contemporâneo. São
Paulo: Edições Loyola, 1989.

COSGROVE, D. Social formation and symbolic landscape. Madison: The University


of Wisconsin Press, 1998.

DARDEL, E. O Homem e a Terra. (Trad. Werther Holzer). São Paulo: Perspectiva,


2011.

IHDE, D. Postphenomenology and tecnoscience: The Peking University Lectures.


Albany: State University of New York Press, 2009.

JACKSON, J. B. The Word Itself. In.: OAKES, T. S; PRICE, P. L. The Cultural


Geography Reader. New York: Routledge, 2008. pp. 153-158.

LOWENTHAL, D. Past time, present place: landscape and memory, Geographical


Review, Nova York, v. 65, n. 1, p. 1-36, jan. 1975.

MARANDOLA JR, E. Fenomenologia e pós-fenomenologia: alternâncias e projeções do


fazer geográfico humanista na Geografia Contemporânea. Geograficidade. v. 3, n. 2,
inverno 2013, pp. 49-64.

MITCHELL, D. Landscape. In.: ATKINSON, D. (Org.), JACKSON, P. (Org.), SIBLEY, D.


(Org.), WASHBOURNE, N. (Org.). Cultural Geography: A critical dictionary of key
concepts. London: Tauris & Co. Ltd, 2005, pp. 49 – 56.

MOLES, A. O Kitsch: a arte da felicidade. São Paulo: Perspectiva, 2012.

OLALQUIAGA, C. Megalópolis: sensibilidades culturais contemporâneas. São Paulo:


Studio Nobel, 1998.

OLWIG, K. Nature’s Ideological Landscape: A A Literary and Geographic Perspective


on Its Development and Preservation on Denmark's Jutland Heath. The London
Research Series in Geography, 1984.

RELPH, E. Place and placelessness. Ontario: Pion Limited, 1976.

RELPH, E. The Critcal Description of Confused Geographies. In.: ADAMS, P. C. (org.);


HOELSCHER, S. (org.); TILL, K. E. (org.). Textures of Place: exploring humanista
geographies. 2001, p. 153-166.

SAUER, C. The Morphology of Landscape. In.: OAKES, T. S; PRICE, P. L. The Cultural


Geography Reader. New York: Routledge, 2008. pp. 96-10433.

TUAN, Y. Topophilia: a study of environmental perception, attitudes, and values.


Englewoods Cliffs: Prentice-Hall, 1974.

204
PLANO DE REDAÇÃO DETALHADO PRELIMINAR

o Capítulo I – Fundamentos e Perspectivas da Paisagem na Geografia


Cultural

Análise e discussão acerca da categoria Paisagem no âmbito da geografia Cultural ao


longo do século XX, bem como suas principais conceituações: Paisagens Culturais,
Vernaculares, Experenciais e como Ideologia. Dessa forma pretende-se entender como
se estabelece essa categoria em seus diversos aspectos a fim de compreender seus
aspectos contemporâneos.

▪ Paisagens Culturais

▪ Paisagens Vernaculares

▪ Paisagens Experienciais

▪ Paisagem como Ideologia

o Capítulo II – A paisagem nas Geografias Culturais da Pós-modernidade

Pesquisar e analisar as Geografias Culturais na pós-modernidade e seu envolvimento


com a Paisagem frente às configurações globais mais recentes. O debate da
homogeneização da paisagem será aqui central de forma a basear os demais capítulos
dessa parte.

▪ Pós-modernidades Geográficas

▪ Paisagens em transição no contexto de globalização

▪ A homogeneização das paisagens no final do século XX e começo


do século XXI

o Capítulo III – A presença do Kitsch e a heterotopia da paisagem

Na condição de um dos principais elementos da homogeneização o Kitsch se releva


como parte de uma paisagem que, por vezes, pode ser encontrada em diversas partes do
mundo. Ao mesmo passo, a paisagem, também se encontra fragmentada de forma a
encontramos em sua gênese elementos pré-modernos, modernos e pós-modernos. Nesse
sentido o debate se dá pelas relações ambivalentes e contraditórias da/na Paisagem.

▪ Kitsch e processo de mercantilização da paisagem

▪ As sobreposições: pré-moderno/moderno/pós-moderno

▪ O direito a outras visualidades

205
o Capítulo IV – Imaginários e visualidades das paisagens pós-modernas

A considerar as vivências contemporâneas, necessita-se verificar e analisar as paisagens


proporcionadas pelas tecnologias digitais e, em consequência, o imaginário sobre as
mesmas, que, muitas vezes, se configura em distopias sociais. O movimento cyberpunk,
originado do imaginário do excesso de tecnologia, também colabora para a compreensão
das paisagens pós-modernas.

▪ Paisagens distópicas

▪ Paisagens digitais

▪ Paisagens cyberpunk

o Capítulo V – A revolta da Paisagem: Autenticidades e Insurgências

O capítulo fundamenta-se na necessidade de debate de como a Geografia


Cultural, em suas fissuras compreende e pode impulsionar, mais uma vez, os estudos
dessas paisagens que não são mais exatamente homogêneas, mas que revelam os mais
diversos elementos contemporâneos. Dessa forma, inserimos aqui a discussão de
heterotopia para compreendermos as paisagens da pós-modernidade.

▪ As fissuras na Geografia Cultural: caminhos para outras leituras

▪ Paisagens autênticas

▪ Potencialidades da Geografia Cultural no estudo das paisagens


contemporâneas

206
O CONCEITO DE AGRONEGÓCIO: ANÁLISE DOS EFEITOS
SOCIOAMBIENTAIS DO MODELO AGRÍCOLA HEGEMÔNICO NOS
CERRADOS
Jéssyca Tomaz de Carvalho
Modalidade: Doutorado

Palavras-chave: Agronegócio; Agricultura Familiar; Campesinato; Cerrados;


Crescimento Econômico

INTRODUÇÃO

Este projeto possui como centralidade o cenário agrário brasileiro atrelado ao

contexto agrícola vigente. Longe de estar equacionada, a questão agrária no Brasil,

perpassa vários elementos que merecem atenção e uma discussão criteriosa e crítica.

Entre esses elementos, encontra-se o processo de persuasão dos sujeitos do campo e da

cidade de que esta é uma questão resolvida e de que há no campo um bloco monolítico,

em que: “tudo e todos são agro”, integrados em um mesmo modelo agrícola de

produção.

Desde o processo de modernização da agricultura, intensficado pela tecnificação

do campo a partir das décadas de 1960 e 1970, assiste-se no Brasil a reconstrução da

imagem do bioma Cerrado. Neste processo, percebe-se o sufocamento dos saberes fazeres

camponeses e outros sujeitos; negligencia-se também o conflito e, portanto, a dimensão

territorial do Cerrado - reduzindo-o exclusivamente à compreensão fitofisionomica,

como se essa não dependesse também de outros aspectos.

Assim, nota-se a reconfiguração das relações de produção, trabalho e consumo;

a intensa transformação das paisagens e a imposição de modelos de dependência, com

a expansão de espaços homogêneos, a partir de monocultivos da produção, “da cultura

e da mente” (SHIVA, 2003) que buscam atingir exclusivamente objetivos econômicos

que não são válidos à todos os sujeitos. Modelos que monopolizam e estrangulam a

207
heterogeneidade brasileira e colocam o Cerrado enquanto um celeiro agrícola

responsável e potencial produtor de alimento e energia para o país e para o mundo.

TESE

Diante do exposto, acredita-se que o agronegócio é uma expressão conceitual

territorial e ideológica do crescimento econômico no Cerrado com implicações no

aniquilamento da diversidade (dos sujeitos e da biodiversidade) por um reduzido

número de atores que se pautam por estratégias discursivas sustentadas pelo Estado,

academia e imprensa. Constituindo-se discursivamente enquanto uma fábrica de senso

comum, a qual por meio desses aparatos legitima projetos de desigualdade social e a

incoerente questão agrária no Brasil.

Objetivos Gerais

Analisar a territorialização do Agronegócio nos Cerrados, pelo espectro das

estratégias conceituais e discursivas, problematizando a ideia de progresso e

crescimento econômico postulada pelo setor, enfatizando o processo de perda de

territórios de vida dos sujeitos no campo e de persuasão subjacente a um projeto

hegemônico e homogêneo para a agricultura brasileira.

Objetivos Específicos

1 – Avaliar como se dá a construção e o fortalecimento do conceito “Agronegócio” no

Brasil pautando a importação de modelos, as amarras ideológicas e a contraposição de

ideias;

2 – Investigar o processo de persuasão e subordinação camponesa, analisando o discurso

presente no campo e na cidade, identificando atores hegemônicos envolvidos no

processo e seus respectivos interesses;

3 – Analisar os efeitos socioambientais decorrentes da territorialização do Agronegócio

nos Cerrados (territórios).

208
METODOLOGIA

Os conceitos e categorias contribuem para dar especificidade e direção à análise

pela ciência geográfica. Na seguinte proposta de pesquisa optou-se por adotar dentre

esses o Território e o Campesinato como centralidade, para se pensar a construção do

conceito de Agronegócio.

Como apresentado, pretende-se aqui estudar os territórios hegemonizados pelo

Agronegócio e identificar as (Re)Existências Camponesas (MENDONÇA,2004) presentes

no processo de territorialização, mediado pela construção e fortalecimento do discurso

“Agro”. O levantamento bibliográfico, após todas as problematizações já sustentadas em

pesquisas anteriores, constitui-se assim, como o primeiro passo na busca de se atingir os

objetivos delineados.

Realizado o levantamento bibliográfico considerando-se as pesquisas

produzidas sobre o tema, o segundo passo, portanto, será o levantamento de dados em

fonte secundária. Bem como o tratamento e tabulação de informações obtidas na mesma.

São exemplos de fontes secundárias à serem concultadas: periódicos da Capes,

veículos de comunicação, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE),

Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (EMBRAPA), Companhia Nacional de

Abastecimento (CONAB), Instituto de Pesquisa Econômica Aplicadas (IPEA), Ministério

da Agricultura Pecuária e Abastecimento (MAPA) Associação Brasileira do Agronegócio

(ABAG), Sistema OCB, OCG, SEBRAE, SENAR, PENSA USP (Centro de Conhecimento

em Agronegócios), entre outras fontes.

Marafon (2009) elucida como o trabalho de campo é um importante instrumento

para o investigador em Geografia Agrária. Por meio do campo será possível estabelecer

o exercício da práxis com a realidade empírica problematizada, de modo que as fontes

orais complementem a fundamentação teórica. Assim serão realizados diálogos, a partir

de questões direcionadas, com os sujeitos envolvidos no processo, em amostragens

209
aleatórias. Serão considerados também no âmbito de estratégias de pesquisa a análise

do discurso (Mikhail Bakhtin, Michel Foucault, Émile Benveniste).

Como instrumentos de registros, fazem-se importante o caderno de campo, o

registro de imagens, audios e vídeos. O diário de campo e os demais registros mostram-

se como um importante apoio, à medida que, conforme Mendes e Pessôa afirmam (2009,

p.527) nota-se que “o registro de observações de campo constitui uma etapa relevante

na pesquisa, uma vez que os relatos verbais são considerados como fontes controversas

de informação”.

Nessas condições, apresenta-se como intuito obter resultados quanto ao que será

pesquisado e, por conseguinte, alcançar a possibilidade de publicar as conclusões,

mesmo que o resultado final não comprove a hipótese apresentada inicialmente.

REFERENCIAL TEÓRICO

BARBOSA, Maria Aparecida. Sistema Conceptual e sistema terminológico. In.:


TradTerm 7. São Paulo: USP, 2001. Disponível em:<
http://www.revistas.usp.br/tradterm/article/view/49143>. Acesso em: jul
2016.

BEZERRA, Juscelino E. Agronegócio e ideologia: contribuições teóricas. In: Revista


NERA. Ano 12, Nº. 14. P. 112-124. Jan/Jun, 2009.

CHAVEIRO, Eguimar Felício. BARREIRA, Celene Cunha M. Antunes. Por uma análise
territorial do Cerrado. In.: PELÁ, Márcia. CASTILHO, Denis. (Org.). Cerrados:
perspectivas e olhares. Goiânia: Vieira, 2010.

DELGADO, Guilherme Costa. Do capital financeiro na agricultura à economia do


agronegócio:mudanças cíclicas em meio século (1965 – 2012). Porto Alegre, Editora da
UFRGS, 2012.

GUIMARÃES, Alberto Passos. O complexo agroindustrial. Revista Reforma Agrária, ano


7, n. 6, nov./dez. 1977.

MARAFON, Glaucio José. O trabalho de campo como um instrumento de trabalho


para o investigador em Geografia Agrária. In: RAMIRES, Júlio Cesar de Lima;
PESSÔA, Vera Lúcia Salazar (Orgs.). Geografia e Pesquisa Qualitativa: nas trilhas da
investigação. . Uberlândia: Assis, 2009.

210
MARTINS, José de Souza . O poder do atraso: ensaios de sociologiada história lenta. 2. ed. –
São Paulo: Hucitec, 1999.

MENDES, Estevone de Paula. PESSÔA, Vera Lúcia Salazar. Técnicas de investigação e


estudos agrários: entrevistas, registros de observações e aplicação de roteiros de
entrevista. In: RAMIRES, Júlio Cesar de Lima; PESSÔA, Vera Lúcia Salazar. Geografia e
Pesquisa Qualitativa: nas trilhas da investigação.Uberlândia: Assis, 2009.

MENDONÇA, Maria Luiza. O Papel da Agricultura nas Relações Internacionais e a


Construção do Conceito de Agronegócio. In.: Revista Contexto Internacional, Vol. 37, N°
2, 2015. Disponível em: <http://contextointernacional.iri.puc-
rio.br/cgi/cgilua.exe/sys/start.htm?infoid=685&sid=122>. Acesso em:
jul 2016.

OLIVEIRA, Ariovaldo de . A mundialização da agricultura brasileira. In.: Território em


Conflito, Terra e Poder. (Orgs.) OLIVEIRA, Ariovaldo Umbelino de; LIRA, Elizeu
Ribeiro; CABRAL, José Pedro C.; SANTOS, Roberto de Souza. – Goiânia: Kleps, 2014.

SHIVA, Vandana. Monoculturas da mente: perspectivas da biodiversidade e da biotecnologia


/ Vandana Shiva; tradução Dinah de Abreu Azevedo. – São Paulo: Gaia, 2003.

PLANO DE REDAÇÃO: DETALHADO - PRELIMINAR – COMENTADO

Este ensaio de elaboração de sumário enquanto um plano de redação, apresenta-


se estruturado em diálogo direto com cada objetivo específico da pesquisa. Este
exercício, constitui-se enquanto meios de (re)considerar-se estratégias de investigação
que viabilizem a compreensão do que se apresentou-se aqui como objetivo geral. Nesse
sentido, vale-se apresentar, algumas considerações do que já foi elaborado no âmbito
desta proposta de investigação.

O CONCEITO DE AGRONEGÓCIO
Análise dos efeitos socioambientais do modelo agrícola hegemônico nos Cerrados
1 – AGRONEGÓCIO: DO DISCURSO AO CONCEITO
1.1 – O processo de construção conceitual
1.2 – O conceito de Agronegócio no Brasil
1.3 – Agricultura Familiar: uma categoria funcional
Sobre este capítulo foram realizadas leituras sobre o processo de construção
conceitual, sobre a colonialidad e sobre os diferentes saberes, compreendendo-se quais os
diferentes níveis de formação dos conceitos e o efeito de seus usos. Além disso, recorreu-
se à autores que pensam a importação do conceito de agribusiness para o Brasil e suas
aplicações e à leituras sobre a análise do discurso, fundamentadas em Foucault. Foi
revista também bibliografias que se dedicam a analisar criticamente o agronegócio no

211
Brasil, o processo de construção da categoria agricultura familiar e algumas abordagens
conceituais sobre o campesinato.
Vale-se considerar para este capítulo a atual participação na disciplina
“Construção Conceitual e Metodológica do Agronegócio” no Programa de Pós-
Graduação em Agronegócio – UFG.
2 – ESTRATÉGIAS DISCURSIVAS DO AGRONEGÓCIO
2.1 – O Agronegócio pelo Estado
2.2 – O Agronegócio pela academia
2.3 – O Agronegócio pela imprensa
Para o segundo capítulo da pesquisa foram consideradas também alguns
elementos pautados na disciplina “Construção Conceitual e Metodológica do
Agronegócio” no Programa de Pós-Graduação em Agronegócio – UFG.
Foram realizadas também rodas de conversa nos IF’s Goianos dos municípios
de Rio Verde e Morrinhos; Sindicato Rural e Cooperativa do município de Morrinhos e
registros aleatórios de diferentes estratégias discursivas do Agronegócio no estado de
Goiás. Recentemente, foi realizada também visita de campo à TECNOSHOW Comigo,
no município de Rio Verde – GO.
Pretende-se para construção deste capitúlo, pensar-se novos trabalhos de
campo, dimensionando-se diferentes experiências camponesas e do Agronegócio. Bem
como considerar-se as propagandas veiculadas pela Rede Globo “Agro é Tech, Agro é
Pop, Agro é tudo” e outras propagandas que fazem apologia à este modelo de produção.
Para este capítulo serão consideradas as invetigações em fontes secundárias,
que viabilizem a análise sobre o subsídio do Estado para a produção agrícola aos moldes
do Agronegócio.
3 – TERRITÓRIOS HEGEMONIZADOS PELO AGRONEGÓCIO
3.1 – As pautas ambientais e da produção de alimentos
3.2 – Os efeitos socioambientais do Agronegócio
3.3 – A importância da valorização conceitual do Campesinato
Sobre o terceiro capítulo visitas de campo realizadas em propriedades do
Agronegócio, acampamentos, assentamentos e outras propriedades camponesas nos
municípios de Rio Verde, Santa Helena, Morrinhos e outros serão aqui também
consideradas. As fontes secundárias viabilizarão a análise sobre o que, quanto e onde se
está sendo produzido.
O último subtópico, tem como proposta apontar alguns caminhos e
considerações sobre o Campesinato, caso a tese seja comprovada. Em síntese pretende-
se com este capítulo a análise sobre o Agronegócio, com o contraponto do Campesinato,
como uma possibilidade de contra-hegemonia.

212
A CADEIA PRODUTIVA DO MILHO NO SUDOESTE DE GOIÁS : UM
OLHAR VOLTADO À BRF (BRASIL FOODS S.A)
João Marques de Souza Neto
Modalidade: Mestrado

Palavras-chave: Cadeia Produtiva; Milho; Goiás;

INTRODUÇÃO

Este projeto versará sobre a cadeia produtiva do milho, e levará em consideração

todo o processo de produção e consumo do milho no Sudoeste goiano. Tal recorte

espacial é justificado pelo fato de quatro1 dos seis municípios com maior produção de

milho do estado de Goiás estão situados na microrregião em estudo (IBGE, 2016).

Segundo Silva e Francischini (2013), milho está presente em todos os estados

brasileiros, porém, com níveis tecnológicos bem distintos, de acordo com cada região.

Os polos produtores das regiões Norte e Nordeste são os mais deficitários em

tecnologias, consequentemente, possuem uma baixa produtividade, que é voltada para

o consumo familiar ou consumo de subsistência. As regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste

englobam os estados com maior tecnologia, o que leva a uma maior produtividade.

O estado de Goiás tem ganhado destaque nacional e até internacional na

produção de grãos (voltado principalmente ao mercado agroindustrial). Com a

incorporação do milho safrinha (plantio após a colheita da soja, que evita deixar área

agrícola ociosa e o solo sem cobertura vegetal, tornou-se uma prática rentável e que faz

uso de alta tecnologia nas propriedades rurais, para aumentar o rendimento), o cultivo

do milho passa a ganhar maior destaque de produção. (SILVA; FRANCISCHINI, 2013).

Com um estudo prévio, e levantamento de alguns dados, foi possível observar

que os principais municípios produtores de milho no estado de Goiás encontram-se em

1 Chapadão do Céu; Jataí; Qurinópolis e Rio Verde

213
sua maioria no Sudoeste Goiano. Quatro dos seis principais municípios produtores de

milho do estado de Goiás estão situados na microregião denominada Sudoeste goiano e

são: Jataí, Rio Verde, Chapadão do Céu e Quirinópolis (IBGE, 2015). Portanto, assim é

possível justificar a escolha de tal região, para desenvolvimento do estudo. Cabe

destacar ainda, que tal produção é destinada em sua grande parte à BRF, que exerce uma

influência econômica e social nos municípios e no entorno de onde se instala

O crescimento econômico da região Sudoeste de Goiás pode ser explicado em

grande parte pela expansão da fronteira agrícola após a década de 1970, o que mais

tardar iria culminar para a escolha de tal região para o recebimento de investimentos

para a instalação da Perdigão, que após se unir com a Sadia transforma-se na BRF- Brasil

Foods S.A, que passa a ser então, a maior empresa do ramo alimentício e proteínas

animais do país. Com a presença de tamanha empresa na região Sudoeste do estado, boa

parte da produção e do crescimento econômico de tal microrregião passa a ser

diretamente ligado á empresa.

A COMIGO2 acabou contribuindo para uma inovação tecnológica e para inserção

de grandes empresas ligadas a agroindústria, como é o caso da Perdigão. A cooperativa

influenciou na configuração territorial e propiciou o surgimento de novas dinâmicas

sociais e econômicas. Logo, verifica-se que a COMIGO foi um elemento essencial para

todo o processo de agroindustrialização no Sudoeste Goiano. Após alguns anos da

instalação da COMIGO no Sudoeste de Goiás, inicia-se um novo processo de instalação

de um completo agroindustrial da Perdigão S/A.

2 A COMIGO foi criada no ano de 1974 quando produtores rurais se uniram para resolver a
ausência de armazém na região Sudoeste de Goiás. Assim então nasce a cooperativa, que visava
atuar na comercialização, armazenamento,assistência técnica e fornecimento de insumos.
(BORGES, 2012).

214
OBJETIVOS

Geral

Analisar a cadeia produtiva do milho na região Sudoeste do estado de Goiás, o

que inclui os seguintes elos: agricultor/produtor de milho, agro-industrial, empresas de

transporte e armazenagem…, com enfoque na atuação e influência da empresa BRF-

Brasil Foods S.A, e seus reflexos na organização do território.

Objetivos específicos

• Analisar a produção de milho no contexto da produção agrícola regional,

identificando às áreas de plantio, as tecnologias utilizadas, as propriedades

produtoras, as finalidades da produção e a produção nas áreas de agricultura

camponesa.

• Identificar e cartografar as agroindústrias produtoras de milho localizadas nos

municipios da microrregião.

• Demostrar a cadeia produtiva do milho no Sudoeste de Goiás como transformadora

da paisagem, comparando-na à outras cadeias produtivas presentes na mesma

região.

METODOLOGIA

Para a realização da pesquisa estão sendo utilizados os seguintes procedimentos

metodológicos: Primeiramente está sendo levantado o estado da arte da temática central,

afim de ter um embasamento bibliográfico para conhecer os trabalhos já desenvolvidos

envolvendo tal assunto.

215
Será desenvolvido um breve estudo sobre escolhas de sementes, produção

internacional do milho, sobre a produção nacional, regional até chegar no recorte

escolhido pelo autor, que é a região Sudeste de Goiás.

A escala temporal foi delimitada a partir da instalação da Perdigão (ano de 1996)

e os dados a serem utilizados sobre a produção do milho variam desde 1996 ao ano de

2016 de acordo com os lançamentos do IBGE Cidades.

Embasado em tais colocações, faz-se necessário ao menos dois trabalhos de

campo, em cada uma dos municípios que têm destaque na produção de milho na região

Sudoeste de Goiás.

Os dados colhidos das atividades econômicas da cadeia produtiva em estudo,

serão representados espacialmente em formato de mapas.

REFERENCIAL TEÓRICO

O conceito de cadeia produtiva se constitui por um conjunto de ações econômicas

e comerciais que consiste na valorização dos meios de produção e uma sucessão de

operações de transformações, capazes de serem separadas e ligadas entre si por um

encadeamento técnico, relações financeiras e comerciais. Uma cadeia de produção

agroindustrial pode ser dividida entre jusante (produto final) e a montante (matéria-

prima), no caso da cadeia do milho os limites dessa visão não são, às vezes, facilmente

identificáveis.

Embora o conceito de cadeia produtiva tenha como foco a produção agropecuária

e florestal, verifica-se que o mesmo tem potencial para ultrapassar os limites da escala

produtiva agroindustrial.

O conceito de cadeia produtiva foi desenvolvido como


instrumento de visão sistêmica. Parte da premissa que a
produção de bens pode ser representada como um sistema, onde
os diversos atores estão interconectados por fluxos de materiais,
de capital e de informação, objetivando suprir um mercado

216
consumidor final com os produtos do sistema (CASTRO et
al.,2002,p.2).

De maneira ampla, a produção, distribuição e comercialização do milho é feita

em todo o Brasil e em todo o mundo, sendo largamente produzido nos Estados Unidos.

Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE, 2016) os maiores

produtores de milho do mundo são Estados Unidos, China, Brasil e União Européia.

Segundo o Ministério da Agricultura, o Brasil no ano de 2009/2010 produziu 53,2 milhões

de toneladas na safra desses anos. Ainda segundo o Ministério da Agricultura, o país

terá um aumento de 19,11 milhões de toneladas na produção, até a safra de 2019/2020.

Com esse grande aumento de produção o país será capaz de suprir a necessidade

nacional (cerca de 56,2 milhões de toneladas) e exportar até 12,6 milhões de toneladas.

A produção brasileira de milho teve um aumento devido à elevação no cultivo

do milho safrinha, que é o milho de segunda safra. Segundo Otto, Neves e Pinto (2012),

a produção de segunda safra nos anos 2000 era de apenas 7 milhões de toneladas, já no

final da década passou a ser de 20 milhões de toneladas. O milho normalmente é

plantado após a cultura da soja (conhecido como cultura de verão), logo, devido às

condições climáticas favoráveis, os estados de Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Goiás

e Paraná destacam-se nesse sistema. A produção do milho de primeira safra, apesar de

possuir um crescimento absoluto, apresenta maiores oscilações, o que acaba

incentivando ainda mais o milho de safrinha.

Segundo Brasil (2007), o consumo doméstico do milho no Brasil, teve um

aumento de 1,4% (do ano de 1997 à 2005), mas ainda segundo os autores, o crescimento

maior do consumo do milho ainda é o destinado à produção de ração animal que nesse

mesmo período teve um crescimento de 2,9%, crescendo de 23,69 milhões de toneladas

em 1997 para 30,64 milhões de toneladas no ano de 2005. Cabe destacar ainda, que a

avicultura e a suinocultura, ambas voltadas ao mercado de corte, são as grandes

217
propulsoras do grande aumento do consumo do milho (cerca de 75% de todo milho

produzido é destinado ao segmento animal).

O estado de Goiás, segundo IBGE, é o quarto maior produtor de milho do Brasil,

participando com 10% de toda produção nacional. Nos últimos 10 anos, a produção do

estado cresceu em ritmo mais acelerado que a produção nacional: 47% contra 36%,

respectivamente. Entre os fatores que contribuíram para esse resultado, está a

disseminação da prática da rotação de cultura, escolha das sementes e a expansão da

demanda regional, além da indústria processadora. A produtividade do estado também

está acima da média nacional (cerca de 40% da produção registrada em 2001).

No que se refere a impactos econômicos, e especificamente na região do Sudoeste

Goiano (sobretudo Rio Verde – GO), observa-se a maior quantidade de produtos e

subprodutos do milho sendo destinados para as indústrias, tornando-se parte de um

largo complexo agroindustrial, como forma de alimentação de aves e suínos, aos quais

serão agregados valores em seu produto final, mas também à exportação. E a esta

abordagem vincula-se a observação de que a maior produção de milho na supracitada

região destina-se justamente aos usos da BRF – Brasil Foods, que localiza-se próxima aos

seus mercados consumidores mais amplos, diminuindo o custo com o transporte e

tornando-se mais competitivo no mercado.

A empresa BRF- Brasil Foods S.A. (união de duas das maiores empresas do ramo

de produtos alimentícios e proteínas animais: fusão das ações da Sadia S.A. ao capital da

Perdigão S.A., que ocorreu no ano de 2011), é responsável por consumir grande parte da

produção de milho de toda a região Sudoeste (Jataí, Rio Verde, Quirinópolis e Chapadão

do Céu), essas regiões contavam com vários atrativos, segundo Borges (2006), entre eles

estão: a larga produção de milho e soja, já estabelecida pela expansão do Complexo

Agroindustrial da soja (CAI- soja), uma vez que esses grãos são fundamentais na

fabricação de rações; a proximidade com mercados emergentes (local e regional); e os

incentivos fiscais e financeiros.

218
Segundo Mendes Junior (s/d), é mais rentável para empresas como a Perdigão

realizar o processamento das aves e suínos próximo ao mercado fornecedor de insumos,

para a redução de custos na produção, que se associa diretamente ao valor do produto,

tornando-o mais competitivo no mercado.

Outro ponto que vale a pena destacar dentro da cadeia de produção do milho é

o uso dos dejetos de suínos e da cama das aves para a agropecuária. Esses “produtos”

são destinados à adubação orgânica do solo, tratando-se de uma questão econômica e

ambiental. Do ponto de vista econômico, Mendes Junior (s/d) apresenta uma diferença

em valores de 59% (uma economia de R$ 193,30/hectare) no uso do adubo suíno orgânico

ao invés do adubo químico nas lavouras de milho. Da mesma forma a cama de aves, que

apresenta uma diferença de 30% mais barato (economia de R$ 156,10/hectare) do que o

uso do adubo químico. Além da economia, o adubo orgânico ainda apresenta muitas

vantagens para o produtor agropecuário

É importante destacar que o milho é aproveitado em todo o ciclo de sua cadeia

de produção, uma vez que ele é utilizado como ração animal, e depois , por meio dos

dejetos dos animais, é destinado à adulação dos solos, para o plantio de uma nova safra.

SUMÁRIO COMENTADO

1 A FORMAÇÃO DO TERRITÓRIO E A CADEIA PRODUTIVA


Definir e trabalhar com os conceitos de território e de cadeia produtiva. Apresentar dessa
maneira uma revisão bibliográfica conceitual.
1.1 Conceito De Território
1.2 Conceito De Cadeia Produtiva
2 O MILHO
Nesse capítulo há a preocupação em discutir os tipos de milho que são produzidos,
assim como para qual finalidade ele é produzido. Tal discussão transparecerá os
impactos da Revolução Verde na produção do milho.
2.1 Produção E Consumo Do Milho No Mundo
2.2 Produção E Consumo Do Milho No Brasil
2.3 Produção E Consumo Do Milho Em Goiás
2.4 Produção E Consumo Do Milho No Sudoeste Goiano

219
3 A CADEIA PRODUTIVA DO MILHO NA REGIÃO SUDOESTE DE GOIÁS
Em tal capítulo buscar-se-á a compreensão da cadeia produtiva do milho em seus
variados aspéctos. Do plantio aos diferentes tipos de consumo na região sudoeste do
estado.
3.1 O Plantio
3.2 O Transporte
3.3 O Consumo

REFERÊNCIAS

AZAMBUJA. L D. Trabalho de campo e ensino de Geografia. In: Geosul.


Florianópolis (SC),v. 27 n. 54. Florianópolis 2012. p. 181-195, 2012.

BRASIL. Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Cadeia produtiva do


milho. Secretaria de Política Agrícola, Intituto Interamericano de Cooperação para a
Agricultura; Coordenador Luiz Antonio Pinazza . Brasília: IICA: MAPS/SPA, 2007.

BORGES, R. E. No meio da soja, o brilho dos telhados: a implantação Perdigão em


Rio Verde (GO), transformações e impactos socioeconômicos e espaciais. 2006. 220f.
Tese (Doutorado em Geografia) – Instituto de Geociências e Ciências Exatas,
Universidade Estadual Paulista, Rio Claro, 2006.

______. Complexos Agroindustriais e Desenvolvimento Regional: o caso do sudoeste


de Goiás. In: XXI Encontro Nacional de Geografia Agrária, 2012, Uberlândia. Anais...
Uberlândia: IG/UFU, 2012, p. 1-14.

CASTRO et al. Cadeia Produtiva: marco conceitual para apoiar a prospecção


tecnológica. In: Simpósio de Gestão da Inovação Tecnológica,12. Salvador (BA),
Anais… Salvador (BA), 2002.

CORRÊA, R. L. Região e organização espacial. 6. ed. Rio de Janeiro: Ática, 1998.

EMATER: conjuntura agrícola. Disponível em: <http://www.emater.go.gov.br/w/3446>


Acesso em: 16 out. 2016.

IBGE: levantamento sistemático da produção agrícola – Disponível em:


<http://www.ibge.gov.br/home/estatistica/indicadores/agropecuaria/lspa/lspa_201202.
pdf> Acessado em 16/06/2013.

220
______: cidades - Disponível em:
<http://www.ibge.gov.br/cidadesat/xtras/temas.php?codmun=521880&idtema=98>
Acesso em: 17 out. 2017.

MENDES JUNIOR, A. P. M. O COMPLEXO MILHO, AVES E SUÍNOS NA REGIÃO


DE RIO VERDE: Integração Atual e Potencial. In:
<http://www.sober.org.br/palestra/2/443.pdf> Acessado em 19/06/2016.

OTTO, I. M. C. ; NEVES, Marcos Fava; PINTO, Mairun Junqueira Alves. Cadeia


produtiva de grãos. - Goiânia: FIEG, 2012.172 p.

SILVA, A.G. da; Francischini, R. Sistemas de produçãoo de milho safrinha em Goiás .


In: Seminário Nacional. Douraodos, 12. , 2013. Disponível em:
<http://www.cpao.embrapa.br/cds/milhosafrinha2013/palestras/2AlessandroGuerra.pd
f>. Acesso em : 26 out. 2016.

SILVEIRA, J. A. N. da; Trabalho de campo. In: Revista Tessituras Geográficas -


FACOS/CNEC. V. 1- Nrº 1, p. 102-107, 2012.

221
CICLOMOBILIDADE: UMA ALTERNATIVA PARA A MOBILIDADE
URBANA EM GOIÂNIA

João Paulo Fonseca Peres


Modalidade: Mestrado

Palavras-chave: mobilidade urbana, planejamento urbano, bicicleta e ciclomobilidade.

INTRODUÇÃO

A mobilidade é uma demanda inerente à sociedade urbana. Muito mais que um

mero deslocamento físico de pessoas e mercadorias, a mobilidade apresenta aspectos da

produção do espaço geográfico, envolve os elementos e formas do desenho urbano e

reflete a organização da estrutura socioespacial da urbe.

As análises espaciais constituem o foco principal dos estudos geográficos. Nesta

perspectiva a mobilidade urbana relaciona-se à própria dinâmica urbana e a busca pela

compreensão dos elementos que constituem a mobilidade urbana pode ser uma das

atribuições da Geografia, haja vista que o sentido da mobilidade é político, econômico,

social e é, principalmente, espacial.

Este estudo, parte da percepção da existência de uma relação desigual e

conflituosa no espaço urbano e viário de Goiânia, entre as bicicletas e outros modais de

transporte. Se propõe, com isso, discutir o papel social da bicicleta, ao mesmo tempo em

que pretende contribuir com a superação de uma ideia arraigada no imaginário popular

de que a localização dos fenômenos é a finalidade e o sentido último do conhecimento

geográfico.

Goiânia foi a primeira capital brasileira a ser planejada no século XX. De acordo

com Chaveiro (2007, p. 16), “a cidade nasce com o signo do moderno, a partir das

disputas políticas das oligarquias locais aliada à política da Marcha para o Oeste,

propugnada pelo Estado Novo”.

Destarte, apesar de seu planejamento urbano prévio, a cidade de Goiânia

vivenciou um vertiginoso processo de metropolização que se deu de forma intensa e

222
assaz desordenada. O resultado dessa expansão urbana, é que a cidade outrora

planejada para ser territorialmente pequena e comportar um reduzido número de

habitantes, superou sua proposta original e tornou-se um espaço complexo, habitado

por quase 1,5 milhões de habitantes, sujeitos heterogêneos, que possuem diversas

necessidades diárias de deslocamento e que nem sempre contam com um modelo de

mobilidade urbana adequado.

A Política Nacional de Mobilidade Urbana (BRASIL, 2012) define a mobilidade

urbana enquanto condição a partir da qual se realizam os deslocamentos de pessoas e

cargas no espaço urbano. O Ministério das Cidades (2004) compreende a mobilidade

urbana enquanto atributo das cidades e se refere a facilidade, dificuldade ou, ainda, a

impossibilidade de deslocamento de pessoas e bens no espaço urbano. Considera-se que

as duas concepções se complementam e, neste trabalho, adota-se tanto a perspectiva de

mobilidade enquanto condição dos deslocamentos de pessoas e mercadorias quanto a

perspectiva de mobilidade urbana enquanto atributo da cidade.

A mobilidade é um tema que ganha relevância sobretudo pela promulgação da

Lei de Mobilidade Urbana nº 12.587 de 2012, que instituiu as diretrizes da Política

Nacional de Mobilidade Urbana e pelo interesse dispensado sobre o assunto por

estudiosos de diversas áreas do conhecimento, inclusive da Geografia.

Por sua vez, a mobilidade apresenta-se enquanto desafio para os diferentes atores

que compõem o espaço urbano goianiense. Goiânia é uma cidade moderna, idealizada

na década de 1930 e no seu histórico de planejamento urbano nota-se que desde o início

da sua concepção, o paradigma de mobilidade da cidade sustentou-se em uma

supervalorização da automobilidade, o que contribuiu para produzir relações desiguais

no espaço urbano citadino e para marginalizar outras formas de deslocamento espacial,

como o pedestrianismo e o ciclismo.

Deve-se ressaltar, de acordo com Vasconcellos (2001, p. 130), que “um dos

problemas do transporte público nas cidades de países em desenvolvimento, é que a sua

223
oferta tem sido historicamente baseada na demanda de pico, por razões

predominantemente econômicas”. As condições do transporte público em Goiânia, são

amplamente conhecidas como deficitárias, sem mencionar os problemas de segurança e

os problemas ambientais que afetam os usuários regulares do transporte público.

Diariamente em Goiânia, os usuários do transporte coletivo convivem com inúmeros

transtornos, tais como a superlotação dos veículos, constantes atrasos e aumento no

preço das tarifas, além das frequentes greves nesse setor.

Por sua vez, a relevância dessa pesquisa justifica-se pela necessidade de repensar

os padrões de mobilidade vigentes em Goiânia. Faz-se urgente a tomada de ações que

possam mitigar as externalidades decorrentes do uso desmedido dos veículos

motorizados individuas no espaço urbano goianiense. Entre essas ações, destaca-se a

ciclomobilidade.

Ainda existe falta de consenso na definição do conceito de ciclomobilidade.

Autores como Bastos, Mello e Silva (2017), consideram a “ciclomobilidade como

ferramenta de solução marginal dos problemas de mobilidade urbana por meio do uso

da bicicleta”. Por sua vez, entendemos num primeiro momento, a ciclomobilidade como

uma condição da organizacão espacial das cidades de modo que permita aos indivíduos

o pleno direito de se deslocar no espaço urbano mediante o uso da bicicleta, de forma

segura, acessível e inclusiva.

De acordo com Gehl, (2015, p. 107) as cidades que estimulam a ciclomobilidade

e que “realizam investimentos em infraestrutura cicloviária, concomitantemente

aumentam a mobilidade da grande maioria de seus habitantes e reduzem o impacto

sobre o meio ambiente”. O autor cita os exemplos de Copenhague, Amsterdã e Bogotá.

A partir dessas considerações, questiona-se neste estudo: é possível pensar a

inserção da ciclomobilidade nos diferentes espaços da urbe? Por que a bicicleta não faz

parte de um efetivo modelo de mobilidade urbana em Goiânia e o que tem impedido

224
dela ser integrada ao sistema de transportes coletivos? Que condições são necessárias

para assegurar a ciclomobilidade em Goiânia?

Objetivo Geral

• Compreender a viabilidade da bicicleta como meio de transporte e a

ciclomobilidade como alternativa a uma mobilidade urbana mais plena, ampla e

diversificada.

Objetivos Específicos

• Analisar a infraestrutura viária condicionante da mobilidade em Goiânia e

investigar a saturação do sistema viário da cidade e a sua relação com o uso de

veículos motorizados particulares.

• Avaliar o potencial do uso da bicicleta enquanto componente integrante e

complementar da mobilidade em Goiânia.

• Discutir a ciclomobilidade como elemento de transformação do espaço urbano e

como alternativa a uma mobilidade mais salutar e diversificada em Goiânia.

METODOLOGIA

Para o desenvolvimento da pesquisa serão feitos levantamentos bibliográficos e

pesquisas documentais acerca de temas voltados à mobilidade urbana, responsabilidade

ambiental, transporte cicloviário, ciclomobilidade e planejamento urbano. Para tanto,

serão consultados artigos, periódicos, dissertações e teses para o suporte teórico-

metodológico e o desenvolvimento da pesquisa. O levantamento de dados secundários

e a análise do Plano Diretor de Goiânia, integrarão o estudo.

Durante as etapas da pesquisa, alguns grupos de ciclistas de Goiânia, que usam

a bicicleta como meio de transporte e/ou lazer serão entrevistados. Os relatos de ciclistas

e não ciclistas serão coletados mediante a aplicação de um questionário semiestruturado,

225
onde suscitaremos questões referentes à viabilidade da criação de espaços exclusivos

para circulação de ciclistas no espaço viário da cidade. Serão realizados levantamentos

e mapeamentos com base em bancos de dados e informações referentes à infraestrutura

de mobilidade urbana em Goiânia, com ênfase nos equipamentos cicloviários.

Ao longo das observações e dos trabalhos de campo, utilizaremos a fotografia

como recurso para a compreensão dos espaços viários e como um procedimento

metodológico. A pesquisa pautar-se-á na observação participante, que é um método já

experimentado nas ciências humanas, como apontado por Hobsbawm, (1995, p. 8). Para

exemplificar o uso deste método na Geografia, cita-se o estudo do geógrafo Nécio Turra

Neto, (2004). Uma definição de observação participante que se identifica com a pesquisa

é desenvolvida por Turra Neto:


Definimos a observação participante como um processo pelo qual
mantém-se a presença do observador numa situação social com a
finalidade de realizar uma investigação científica. O observador está
em relação face a face com os observados, e, ao participar com eles em
seu ambiente natural de vida, coleta dados. Assim, o observador é parte
do contexto sob observação, ao mesmo tempo modificando e sendo
modificado por este contexto. (Turra Neto, 2004, p. 243)

Portanto, observação participante é um método em que o pesquisador toma parte

do cotidiano do ambiente ou grupo estudado com o intuito de entender em

profundidade aquele ambiente.

PLANO DE REDAÇÃO DETALHADO PRELIMINAR

Capítulos Sinopse
1 Mobilidade urbana, o ciclismo e o Nesse capítulo procurou-se estabelecer as
direito à cidade. bases conceituais acerca da mobilidade
1.1 O conceito e o sentido da mobilidade urbana. A busca por uma compreensão
1.2 O papel social da bicicleta e sua histórica sobre a mobilidade fez-se
função na mobilidade urbana necessária e, a investigação apontou que
1.3 A ideologia social do automóvel o entedimento a respeito da mobilidade,
ao longo da história é dado por dois
enfoques, um técnico que é quantitativo e

226
limita-se a acomodação dos veículos
automotores e outro que é sociológico, de
natureza qualitativa e avalia a mobilidade
pelos seus aspectos de classe e grupo
social, conflitos e convergências e os
interesses dos atores públicos e privados.
As ações do planejamento em mobilidade
deve compreender que a rua como espaço
social, precisa integrar, com segurança, as
pessoas e o tráfego.
Referências básicas: Aziz Ab’Saber
(2007); Portugal (2017); Vasconcellos
(2001); Gehl (2015); Speck (2017); Lefebvre
(2016).
2 A formação do espaço urbano de Neste capítulo propõe-se uma análise do
Goiânia e a mobilidade em questão processo de criação do espaço urbano
2.1 A construção de Goiânia: gênese, goianiense e de suas formas urbanas. Em
formas e movimento sequência, avaliar-se-á os aspectos da
2.2 O planejamento urbano e a mobilidade urbana em Goiânia a partir da
organização espacial da cidade. legislação vigente no município, o plano
2.3 Diagnóstico da infraestrutura diretor, Lei nº 171 de 2007. Destarte,
cicloviária na urbe. apresentar-se-á uma caracterização do
sistema de bicicletas compartilhadas de
Goiânia, mediante a representação
cartográfica e, um diagnóstico sobre a
infraestrutura cicloviária da cidade.
Referências básicas: Arrais (2016);
Chaveiro (2007); Teixeira (1973);
Fontanezzi (2004); Palacín (1986); Serttel
(2017); CMTC (2017); Lei do
complementar município de Goiânia nº
171, de 29 de maio de 2007.
3 A ciclomobilidade em Goiânia e a O último capítulo pautar-se-á pela
construção de um caminho possível. investigação da viabilidade do uso da
bicicleta como meio de transporte para a
3.1 Mobilidade e equidade na urbe cidade de Goiânia. Nesta etapa do
3.2 Ciclomobilidade como alternativa à trabalho, serão analisados os dados
mobilidade urbana obtidos por meio da aplicação de
3.3 A ciclomobilidade em Goiânia: um questionário (entre ciclistas e não
caminho possível? ciclistas), que objetiva avaliar se a

227
existência de uma adequada
infraestrutura cicloviária pode ser vista
como um convite para pedalar e se esses
equipamentos podem influenciar as
pessoas a adotarem a bicicleta nos seus
deslocamentos cotiadianos, sobretudo
nos percursos que envolvam pequenas e
médias distâncias. Nesta etapa do
trabalho também serão analisados os
aspectos positivos e negativos relativos ao
ciclismo como opção de transporte
urbano e, os exemplos de cidades
brasileiras e estrangeiras que estimulam a
ciclomobilidade e a práticas ligadas à
mobilidade verde, serão considerados.
Referências básicas: Illich (2004); Byrne
(2010); Augé (2009, 2015); Ludd (2004);
Gorz (2004); Lastra, Galindo-Perez,
Murata (2016); Bastos, Mello, Silva (2017),
Cupolillo, Rocha, Portugal (2017).

REFERÊNCIAS

AB’ SABER, Aziz Nacib. O papel social das bicicletas. SCIENTIFIC AMERICAN
Brasil. Edição 67 - Dezembro 2007.

AUGÉ, Marc. Elogio de la bicicleta. Traducción: Alcira Bixio. Primera edición.


Barcelona: Editora Gedisa, S.A. Junio de 2009.

BRASIL (2012) Lei 12.587, de 03 de janeiro de 2012. Institui as diretrizes da Política


Nacional de Mobilidade Urbana e dá outras providências.

CHAVEIRO, Eguimar Felício. Goiânia: travessias sociais e paisagens cindidas.


Goiânia: Ed. da UCG, 2007. 102p.

GEHL, Jan. Cidades para pessoas. Tradução: Anita Di Marco. 3ª edição. São Paulo:
Perspectiva, 2015.

GOIÂNIA. Lei Complementar nº 171, de 29 de maio de 2007.

228
LEFEBVRE, Henri. O direito à cidade. Itapevi, SP: Nebli, 2016.

LUDD, Ned (org.). Apocalipse Motorizado a tirania do automóvel em um planeta


poluído. São Paulo, Conrad, 2004.

PORTUGAL, Licinio da Silva; Transporte, mobilidade e desenvolvimento urbano/


Licinio da S. Portugal. [et al]; organização Licinio da S. Portugal. 1ª ed. Rio de Janeiro:
Elsevier, 2017.

TEIXEIRA, P. L. Memórias: auto-biografia. Goiânia, Ed. Cultura Goiana, 1973.

VASCONCELLOS, E. A. Transporte urbano, espaço e equidade: analise das políticas


públicas. São Paulo: Annablume, 2001.

229
INSTRUMENTOS DE CONTROLE E GESTÃO SOCIAL, NO TERRITÓRIO
DE CIDADANIA CHAPADA DOS VEADEIROS – GO:
TERRITORIALIDADES; IDENTIDADE E RESISTÊNCIAS

Jodat Fernandes Jawabri


Modalidade: Mestrado

Palavras-chave: Território; Resistências; Identidade

INTRODUÇÃO

Em dezembro de 2006, a realização do Salão Nacional dos Territórios Rurais em

Brasília DF, foi instituído o programa “Territórios da Cidadania” .(Perico, 2009), com a

criação de 120 Territórios de Cidadania no Brasil. Este Programa segundo dados do

Sistema de Informações Territoriais SIT, tem como o “objetivo promover o

desenvolvimento econômico e universalizar os programas básicos de cidadania por

meio de uma estratégica de desenvolvimento territorial”. Para isto foram formados os

órgãos chamados de colegiados territoriais como espaço de discussão, concertação,

planejamento, negociação e execução de ações que promovam o a melhoria da qualidade

de vida das pessoas envolvidas. Estas institucionalidades são compostas paritariamente

por representantes da sociedade civil e dos órgãos governamentais nas diferentes

esferas. (Institucionalismo e Protagonismo Político: Os 10 anos do CONDRAF, 2010).

Dentre esses territórios, figura o “Território da Cidadania Chapada dos Veadeiros” foco

deste projeto. O Território da Cidadania Chapada dos Veadeiros – GO, localiza-se na

região Nordeste do estado de Goiás, abrange uma área de 21.475,60 Km² e é composto

por 8 municípios: São João d`Aliança, Alto Paraíso de Goiás, Campos Belos, Cavalcante,

Colinas do Sul, Monte Alegre de Goiás, Nova Roma e Teresina de Goiás. A população

total do território é de 62.656 habitantes, dos quais 20.546 vivem na área rural, o que

corresponde a 32,79% do total. Possui 3.347 agricultores familiares, 1.412 famílias

assentadas, 6 comunidades quilombolas e 1 terras indígenas. Seu IDH médio é 0,68.

230
(Fonte: Sistema de Informações Territoriais http://sit.mda.gov.br). Consideramos neste

projeto que estes espaços criados institucionalmente pelo Estado, são espaços de

governanças que utilizam a noção de território como um locus espacial e socioeconômico

privilegiado para implementar processos de descentralização das atividades

governamentais e da relação entre Estado e sociedade, dentro de uma estratégia de

descentralização das politicas públicas, como parte de uma nova institucionalidade

democrática que visa preencher o espaço existente entre a sociedade civil e a autoridade

estatal, o que numa perspectiva dialética Dagnino (2004: 195) chamou de “confluência

perversa” entre, de um lado, o projeto neoliberal que se instala em nossos países ao longo

das últimas décadas e, de outro, um projeto democratizante, participatório, que emerge

partir das crises dos regimes autoritários”, e lógico do processo de democratização da

política do Brasil, a partir da metade da década de 1980 com a promulgação da

constituição cidadã em 1988. Consideramos também que a efetividade real deste

programa possuiu várias limitações e enfrentou inúmeros obstáculos pelo fato de que os

municípios eram os locais onde não apenas estava o “povo” ou a “sociedade civil”, mas

onde também as oligarquias tradicionais que tinham arraigados seu poder e sua

capacidade de arregimentação política. Desta forma esse espaço de deliberação de

politicas e de vivências, é ao mesmo tempo espaço de disputa, de poder, pois há a

disputa por politicas públicas e também de criação e recriação de identidade, e de

resistências, pois são espaços na qual a sociedade civil, intervém por meio de

instrumentos de controle e gestão na garantia de politicas emancipatórias e coletivas

numa esfera territorial. Buscaremos neste projeto, abordar alguns referências teóricos,

sobre território, territorialidades e identidades trabalhados pela Geografia e pela

Sociologia na perspectiva de entendermos como o protagonismo das comunidades, e das

pessoas envolvidas em determinado projeto, tem a ver com a construção de espaços

políticos participativos, nos quais os envolvidos tomam para si os mecanismos e

instrumentos de controle, gestão, planejamento e diálogo? mesmo considerando que

231
esses espaços públicos de participação tenham sido criados dentro de uma esfera de

governança já explicitado anteriormente. É neste sentido que (HAESBAERT 2014, p.59)”

diz que a distinção dos territórios se dá de acordo com aqueles que o constroem, sejam

eles indivíduos, grupos sociais/culturais, o Estado, empresas e instituições como a

Igreja”. Assim como diz Fernandes, (2005, p 28) “o território é o espaço apropriado por

uma determinada relação social que o produz e o mantém a partir de uma forma de

poder. O território é, ao mesmo tempo, uma convenção e uma confrontação.” Este espaço

de discussões é permeado de intencionalidades, como definiu (Lefebvre, apud

Fernandes, 2005, p 32): “A produção de fragmentos ou frações de espaços é resultado de

intencionalidades das relações sociais”, que determinam as variadas leituras do

território e a intencionalidade determina a representação do espaço. Constitui-se,

portanto, numa forma de poder, que mantém a representação materializada e ou

imaterializada do espaço, determinada pela intencionalidade e sustentada pela

receptividade. ( SOUZA, 1995, p 88):“ fala que estes espaços é em primeiríssimo lugar o

poder. O que interessa avaliarmos aqui é quem domina e influência e como domina e

influência desse espaço? ( HAESBAERT, 2004) “traz o território como uma dimensão

espacial que se revela em processos de dominação mais concretos, tanto pela produção

material quanto em termos jurídico-políticos” e ao mesmo tempo fala de um espaço na

qual tem se a produção de identidade, subjetividades e simbolismos, o território

enquanto construção de territorialidades, na qual o território é, ao mesmo tempo, um

instrumento do poder político e um espaço de identidade cultural. Neste sentido a

construção e o empoderamento de instrumentos de controle ,gestão, e planejamento

como os Planos Territoriais de Desenvolvimento Rural Sustentável e Solidário(

PTDRS),os Comitês de Mulheres, Jovens, Comunidades Tradicionais e o Fortalecimento

dos Conselhos Institucionais de politicas públicas no âmbito do Território de Cidadania,

Chapada dos Veadeiros podem ser considerados como instrumentos e espaços

232
ideológicos e de resistências no âmbito da esfera do Colegiado Territorial da Chapada

dos Veadeiros,

Objetivos Gerais

Identificar e avaliar se numa escala temporal de 10 anos, 2006 a 2016 a sociedade

civil organizada presente no Colegiado Territorial do Território da Cidadania Chapada

dos Veadeiros GO, conseguiu apropriar se de instrumentos de controle, gestão social e

das politicas públicas efetivadas no âmbito do colegiado territorial, constituindo - se

assim, enquanto movimentos de resistência, e ideológicos, na perspectiva da construção

de uma identidade que expressa sua territorialidade.

Objetivos Específicos

Analisar e pesquisar as circunstâncias sociais, politicas e culturais da formação do

Território de Cidadania Chapada dos Veadeiros;

Analisar e Avaliar a construção e o empoderamento de instrumentos de controle e

gestão social no âmbito do Território de Cidadania Chapada dos Veadeiros;

Avaliar as Politicas Públicas desenvolvidas no Território da Cidadania Chapada dos

Veadeiros, no âmbito do Colegiado Territorial.

METODOLOGIA

Para alcançar os objetivos propostos e desenvolver o presente projeto de pesquisa

serão adotados os seguintes procedimentos metodológicos: realização de uma revisão

bibliográfica para a fundamentação teórico e metodológica do projeto. A categoria básica

de desenvolvimento do projeto será o território. Análise das características geográficas,

ambientais, sociais e politicas do Nordeste Goiano e levantamento de dados da formação

do Território de Cidadania Chapada dos Veadeiros. Analise dos relatórios de construção

dos instrumentos de controle e gestão social, junto aos órgãos executores e a sociedade

233
civil no âmbito do colegiado territorial; analise dos indicadores de participação social,

no território da Cidadania Chapada dos Veadeiros; Visita a uma reunião do Colegiado

Territorial com a aplicação de questionário com algumas perguntas orientadoras que

subsidiarão o projeto.

RESULTADOS (ESPERADOS E PARCIAIS)

Identificar e se possível comprovar se os sujeitos presentes no colegiado territorial do

Território de Cidadania Chapada dos Veadeiros conseguiram empoderar se de

instrumentos de gestão e controle, social, atuando assim enquanto movimentos de

resistência, ideológicos, a uma politica de governança e ao mesmo tempo se

conseguiram qualificar a intervenção politica no colegiado territorial apropriando se

deste espaço de deliberação de politicas públicas e assim construindo identidade

territorial.

PLANO DE REDAÇÃO

No primeiro capitulo com o subisidio das disciplinas cursadas obrigatórias e

opcionais como Ambiente e Apropriação de Regiões do Cerrado, Tópicos Especiais em

Dinâmica Sócio – Espacial, Agricultura e Capitalismo no Brasil, Teoria e Método da

Geografia, Identidades, Território e Territorialidades, foi possível desenvolver uma

revisão bibliográfica, no sentido da fundamentação teórica, do método e da metodologia

a ser utilizada na pesquisa, por meio de autores (as), da sociologia e principalmente da

geografia que trabalharam conceitos, e teorias sobre territórios, territorialidades

identidade, politicas públicas, controle social e gestão social de fundamental importância

para a pesquisa. No segundo capitulo será desenvolvido uma caracterização geográfica

com o levantamento, de informações sócio ambientais, politicas e culturais da região

Nordeste Goiano do Estado de Goiás e a partir destas, compreender as característica

correlaciona las com dados da formação do “Território de Cidadania Chapada dos

234
Veadeiros”. No terceiro capitulo dissertar sobre a construção de instrumentos de

controle e gestão social realizado no âmbito do território e se houve apropriação destes

instrumentos pela sociedade civil e também constara da formatação dos dados primários

colhidos por meio do trabalho de campo. É no quarto capitulo analisar os resultados

obtidos e a elaboração das conclusões finais

REFERENCIAL TEÓRICO

A Natureza do Espaço: Técnica e Tempo, Razão e Emoção / Milton Santos. - 4. ed. 2.


reimpr. - São Paulo: Editorada Universidade de São Paulo, 2006. - (Coleção Milton
Santos; 1).

Articulação de Políticas Públicas e Atores Sociais, Convênio IICA –


OPPA/CPDA/UFRRJ, Rio de Janeiro, Dezembro de 2007.

COSTA, Rogério H. da, “Desterritorialização e Mobilidade” (p. 235 a 263) 1958- O mito
da desterritorialização: do “fim dos territórios” à multiterritorialidade. Rio de Janeiro:
Bertrand Brasil, 2007.

DELGADO, N.G. e LIMONCIC, F. Reflexões preliminares sobre espaços públicos de


participação no Governo Lula. Democracia Viva, IBASE, n. 23, p. 62-69,
agosto/setembro, 2004. DELGADO, N .G, BONNAL, P e LEITE, S.P Desenvolvimento
Territorial.

DAGNINO, E. Confluência perversa, deslocamentos de sentido, crise discursiva. IN:


GRIMSON, A. (comp.). La cultura en las crisis latinoamericanas. Buenos Aires: Clacso,
2004.

FERNANDES, Bernardo Mançano. Movimentos sócio-territoriais e movimentos sócio


espaciais : Contribuição teórica para uma leitura geográfica dos movimentos sociais.
En: OSAL : Observatório Social de América Latina. Año 6 no. 16 (jun ). Buenos Aires;

Institucionalismo e Protagonismo Político: Os 10 anos do CONDRAF, 2010);

Márcio Caniello, Marc Piraux, Valério Veríssimo de Souza Bastos: Identidade e


participação social na gestão do programa Territórios da Cidadania: um estudo com-
parativo.

O Território em Rogério Haesbaert: Concepções E Conotações, Fuini. L. L Vol. 21, N. 1,


Jan/Abr. (2017). Geografia Ensino & Pesquisa.

235
OLIVEIRA, F.de. Aproximações ao enigma: que quer dizer desenvolvimento local?.
São Paulo: Instituto Pólis, março 2001.

Plano Territorial de Desenvolvimento Rural Sustentável do Território da Cidadania


Chapada dos Veadeiros – GO. Goiânia: Relatório Final (PTDRS). ECO-CUT, 2011;

RAFFESTIN, Claude. Por uma Geografia do Poder. São Paulo, Ed. Atica, 1993.

SOUZA, M, I, de. Território e (des)territorialização. In: Os conceitos fundamentais da


pesquisa sócio- espacial. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2013. p. 77-110.

Território e Desenvolvimento: as múltiplas escalas entre o local e o global -


(BRANDÃO, Carlos - 2007). Cadernos EBAPE.BR, 6(3), 1-2.

236
APA DAS NASCENTES DO RIO VERMELHO- EMPREENDEDORISMO
TURÍSTICO: LIMITES E POTENCIALIDADES DAS ATIVIDADES
TURÍSTICAS
Josias José da Silva Júnior
Modalidade: Mestrado

Palavras-Chave: Unidade de Conservação-Atrativo Turístico-Negócios

INTRODUÇÃO

O turismo no Brasil, com a criação do Conselho Nacional do Turismo e da

Empresa Brasileira do Turismo (Embratur) na década de 1960, se torna uma atividade

oficial e, desde então, por sua importância econômica, geradora de negócios, vem se

configurando reconhecidamente como fator de desenvolvimento.

Neste sentido, dentro de uma perspectiva geográfica, é fundamental orientar o

entendimento do turismo e sua relação com o ambiente e território. Para isso alguns

pressupostos devem ser observados para entender a importância do ambiente

empreendedor no turismo, a valorização dos sujeitos, identificando quais seriam as

características que tornam um ambiente propício ao empreendedorismo no turismo.

Objeto de estudo da geografia, as ocupações de espaços naturais são feitas

transformando a paisagem original da natureza local, na grande maioria das vezes,

degradando o meio ambiente, o que representa uma problemática ambiental e social.

Nesse contexto, a conservação da natureza é um processo que ocorreu e ainda ocorre no

mundo todo como alternativa para resolver os conflitos Homem x Natureza e assim são

elaboradas leis que protegem os espaços naturais limitando o uso humano.

A política ambiental no Brasil é orientada por leis, decretos e resoluções

compostas por políticas públicas, planos e programas que regulam o uso adequado dos

recursos naturais por atividades humanas e processos econômicos, visando o bem-estar

da sociedade. O uso de recursos naturais e do território constitui a essência da

237
intervenção reguladora, “pois intervir sobre a natureza é intervir sobre o seu suporte,

que é o território” (STEINBERGER & ABIRACHED ,2013, P.115)

No Brasil, o Sistema Nacional de Unidades de Conservação (SNUC), foi criado

pela lei nº 9.985, de 18 de julho de 2000, que estabelece critérios e normas para a criação,

implantação e gestão das unidades de conservação. É constituído pelo conjunto das

unidades de conservação (UC’s) federais, estaduais e municipais, e assim se define:

espaço territorial e seus recursos ambientais, incluindo as águas


jurisdicionais, com características naturais relevantes, legalmente
instituído pelo Poder Público, com objetivos de conservação e limites
definidos, sob regime especial de administração, ao qual se aplicam
garantias adequadas de proteção; (BRASIL, Lei 9.985/2000, Art.2º,II).

A Área de Proteção Ambiental (APA) é uma das treze categorias classificadas

pelo SNUC cujo o arranjo faz parte do grupo das UC’s de Uso Sustentável, que visa

conforme (BRASIL, Lei 9.985/2000, Art 7º, II), ”compatibilizar a conservação da natureza

como o uso sustentável de parcela dos seus recursos naturais”. Nesse grupo está inserida

a (APA) das Nascentes do Rio Vermelho, onde se dará o estudo diagnóstico sobre o

empreendedorismo turístico, limites e potencialidades.

A APA das Nascentes do Rio Vermelho, foi criada em Goiás por decreto não

numerado de 27 de setembro de 2001 (BRASIL, Dnn9335/2001), abrange uma área de

176.159ha, está inserida a microrregião do Vão do Paranã na região de planejamento

estadual do Nordeste goiano (Mapa 1) abrangendo parte os municípios de Buritinópolis

e Posse, Damianópolis, Mambaí integralmente, tendo como órgão gestor o Instituto

Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio). Em seu decreto de criação,

dentre os seus objetivos específicos, há relevante importância da relação do homem com


natureza, como descrito no art.1º:

Proteger os atributos naturais, a diversidade biológica, os recursos


hídricos e o patrimônio espeleológico, assegurando o caráter
sustentável da ação antrópica na região, com particular ênfase na
melhoria das condições de sobrevivência e qualidade de vida das

238
comunidades da APA das Nascentes do Rio Vermelho e entorno;
(BRASIL, DNN/2001, Art.1, V)

Assim, corrobora com a função das unidades de conservação, que foram criadas

com o intuito de proteger rico patrimônio natural e promover maior interação entre

sociedade e meio ambiente, disciplinar o processo de ocupação e assegurar a

sustentabilidade do uso dos recursos naturais, incentivando o aproveitamento possível

dos recursos naturais sem impedir o desenvolvimento das comunidades locais.

O Vão do Paranã, onde a APA está inserida, é uma microrregião na qual, em sua

totalidade, segundo Plano Territorial de Desenvolvimento Rural Sustentável (PTDRS)

da Escola Centro-Oeste de Formação Sindical Apolônio de Carvalho da Central Única

dos Trabalhadores (ECO/CUT, 2011, p.24), carrega problemas socioeconômicos

substanciais, caracterizados pela baixa dinamização da economia, pouca atração de

investimentos em infraestrutura e baixa densidade populacional.

Contraditoriamente sob a ótica do patrimônio ambiental e cultural, a

microrregião resguarda-se com uma das mais significativas do estado, pois é rica em

número de cachoeiras e cavernas, sendo classificada e inserida no mapa turístico de

Goiás na Região das Águas e Cavernas do Cerrado, o que a credencia a ofertar o

ecoturismo, assim definido pelo Ministério do Turismo como:

Um segmento da atividade turística que utiliza, de forma sustentável,


o patrimônio natural e cultural, incentiva sua conservação e busca a
formação de uma consciência ambientalista por meio da interpretação
do ambiente, promovendo o bem-estar das populações (BRASIL-
MTUR, Ecoturismo: orientações básicas, 2010, p.17)

239
Mapa 1 – Nordeste Goiano

Fonte: Segplan-GO- Instituto Mauro Borges -Gerência de Cartografia e Geoprocessamento -


Junho/2014 (Adaptado)

Nesse cenário, a seguinte problemática se apresenta: A APA das Nascentes do

Rio Vermelho e os atrativos turísticos inseridos nesta unidade de conservação, são

conhecidos e explorados pelas comunidades e populações, aproveitando-se das suas

potencialidades como uma alternativa viável para o empreendedorismo de pequenos

negócios, melhorando assim seu nível econômico e qualidade de vida?

A pesquisa visa investigar o processo de construção da atividade turística na APA

das Nascentes do Rio Vermelho e como o empreendedorismo de pequenos negócios são

criados e os seus funcionamentos, atrelando-se aos pontos de visitação e consumo dos

diversos atrativos turísticos destacados, aproveitando-se assim do que a atividade

potencialmente oferece. Dessa forma, busca verificar como as relações entre os diferentes

agentes sociais reagem e se condicionam economicamente a sua configuração


socioespacial.

240
OBJETIVO GERAL

Compreender como a comunidade que habita na APA das Nascentes do Rio

Vermelho se relaciona com suas potencialidades turísticas, como são percebidas e

vividas, no que diz respeito ao empreendedorismo de negócios na região.

OBJETIVOS ESPECÍFICOS

• Espacializar os atrativos turísticos ativos em uso e os que têm potencialidades

para visitação, caracterizando suas peculiaridades e territorialidades na UC;

• Verificar o aproveitamento das oportunidades pelas comunidades que detêm

atrativos turísticos em seus limites e suas ações autônomas ligadas ao

empreendedorismo de negócios vinculadas a atividade turística;

• Verificar como se relacionam os agentes e os sujeitos que atuam diretamente na

atividade turística na unidade de conservação;

• Diagnosticar as características dos negócios originados a partir dos atrativos

turísticos;

• Conhecer as políticas públicas nas instâncias federal, estadual e municipal para

viabilização do turismo, criação e potencialização de negócios na atividade na

UC

METODOLOGIA

Para a elaboração do presente estudo diferentes técnicas serão utilizadas de

modo combinado, qualitativa e quantitativa com o objetivo de caracterizar e responder

ao problema da pesquisa. Em princípio se efetivará a pesquisa bibliográfica buscada no

Banco de Teses e Dissertações da Capes (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal

de Nível Superior), Periódicos Capes, Scielo, Spell, observatórios e bibliotecas

depositárias de instituições de ensino superior, governamentais e de fomento de

negócios.

241
Como técnicas da pesquisa combinada, qualitativa e quantitativa, serão aplicados

questionários em empresas ligadas diretamente e indiretamente ao turismo, entidades

representativas da população, escolas e outras instituições, com perguntas fechadas com

múltipla escolha e abertas, que visam a melhor interpretação do entendimento do objeto

de pesquisa nos municípios e localidades que compõem os limites da APA das

Nascentes do Rio Vermelho. Para os atrativos turísticos ativos, aqueles operados pelas

agências locais , será realizada a observação direta e descrição das características dos

pontos turísticos da UC visitados. Além desses dados, se efetuará coleta na base de

dados de fontes secundárias sobre os indicadores estatísticos e de aproveitamento

pertinentes ao estudo, a exemplo da Escola Centro-Oeste de Formação Sindical da

Central Única dos Trabalhadores Apolônio de Carvalho (ECO/CUT); IBGE, Instituto

Mauro Borges (IMB) / SIEG mapas/ Secretaria de Estado de Gestão e Planejamento de

Goiás (SEPLAN/ SEGPLAN), Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas

(SEBRAE), Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (SENAR), além de outras

informações relacionadas a região do estudo.

PESQUISA DE CAMPO

Fase correspondente ao levantamento de dados que serão obtidos por meio de

fonte primária, ou seja, formulários aplicados diretamente com os agentes envolvidos na

UC e visitantes turísticos. Serão feitos em estabelecimentos comerciais locais, escolas e

empresas diretamente ligadas ao turismo como, agências de turismo local e parceiros

externos, hotéis e órgãos que tenham dados pertinentes ao funcionamento da APA.

ANÁLISE DOS RESULTADOS

Após a coleta de dados, será feita a análise e interpretação das informações

coletadas com o objetivo de reunir as observações de maneira coerente e organizada,

para responder aos problemas da pesquisa. Será realizada, primeiramente, uma análise

242
quantitativa dos dados, por meio de software de tabulação, que permite o tratamento

informatizado dos dados e o cruzamento das informações visando uma observação mais

precisa da realidade estudada. A seguir, será realizada uma análise descritiva e analítica

dos dados quantitativos. Esta se propõe à obtenção de um conhecimento maior a respeito

do fenômeno estudado permitindo uma maior visualização dos fatos.

REFERENCIAL TEÓRICO

O projeto de pesquisa traz para a discussão o empreendedorismo interligado com

as cachoeiras e cavernas, atrativos turísticos ativos e potenciais que tipificam a APA das

Nascentes do Rio Vermelho e que hoje recebem visitação. Sob esta perspectiva, a

dissertação encontra-se em construção, fundamentada nos estudos de autores que

integram a parte conceitual sobre paisagem e território, turismo e desenvolvimento local

e regional, a exemplo de, Antônio Pereira Oliveira (2000); Claude Bertrand (2006); C.

Raffestin (1993); D. Cosgrove (1985)/(1998); D. Castilho (2017); Jean-Marc Besse (2014) ;

M. Santos (1994)/(2002); P. Claval (2009); Marcos A. Saquet (2015); Luzia N. Curiolano

(2006); Maria J. de Souza (2002); Maria Geralda de Almeida de (2002) a (2017). Falando

de Ecoturismo consultamos, Reinaldo Dias (2003) e Marta G. Nel-lo Andreu e Yolanda

Pérez Albert (2012).

Para os temas empreendedorismo e desenvolvimento local, a abordagem será

principalmente de Anderson P. Portuguez (2012); G. Machado e Bárbara L. Martins

(2012); Joseph A. Schumpeter (1982), José C. A. Dornelas (2008); Luzia N. Curiolano

(2017); Rivanda M. Teixeira (2014) F. Trentin (2012); Fazem parte da abordagem temática

proposta, o contexto histórico e de ocupação dos municípios da APA, onde a consulta é

feita nos escritos Emilio Vieira (2005); Aderbal J. Sousa (2008) e Celene C. M. A.

Barreira(2002). Será comptemplada também as legislações e conceituações adotadas por

instituições em âmbito nacional, estadual e municipal com programas estabelecidos para

a região, depoimentos e fotos locais, assim como apresentação dos principais índices

243
utilizados em estudos de análises socioambientais dos municípios que fazem parte da

APA das Nascentes do Rio Vermelho.

PLANO DE REDAÇÃO DETALHADO PRELIMINAR

Capítulos Sinopse

Capitulo 1 – A APA das Nascentes do Rio No primeiro capítulo será apresentadaa


Vermelho e seus Contextos historicidade e conceitos das unidades de
1.1 – Contexto Histórico das Unidades de conservação no Brasil, assim como
Conservação asconfigurações socioeconômicas dos
1.2 – Adentrando a APA das Nascentes Municípios que formam da APA das
do Rio Vermelho Nascentes do Rio Vermelho. Serão
1.3- Configurações históricas e descritos ainda sobre as características
socioeconômica dos Municípios inseridos turísticas da região e seus pontos
na UC turísticos ativos e potenciais. Já foram
1.4 - Os Atrativos Turísticos e Culturais realizados trabalhos de campo para
da APA das Nascentes do Rio Vermelho e identificação dos atrativos e suas
suas potencialidades ecoturística características, inclusive com registros
fotográficos

Capitulo 2 – O Turismo e suas Neste capítulo será apresentado e


contextualizações em Goiás discutido conceitos relacionados ao
2.1– Paisagem e Território turismo, paisagem e território que
2.2– O Ecoturismo embasam o tema proposto. Dará
2.3 - Politicas turísticas e de prioridade aos temas que permeiam o
empreendedorismo em Goiás. ecoturismo e turismo ecológico.
Entrevistas e levantamento de
informações sobre o perfil dos turistas
estão sendo obtidos nos trabalhos de
campo.

Capitulo 3 - Empreendedorismo e O terceiro capítulo descreve o caminho do


Ecoturismo: A realidade da APA das empreendedorismo na unidade de
Nascentes do Rio Vermelho conservação e as relações e perspectivas
3.1 – A Visão das Possibilidades de das populações, municipalidades e
Negócios e o Aproveitamento das empresas, em relação aos negócios que
Oportunidades dos empreendedores foram e são criados em torno dos
turísticos atrativos e a partir deles. Uma visão dos
dentro e dos de fora em relação as

244
3.2 - Os Agentes e Sujeitos do Turismo potencialidades turísticas da APA das
Local Nascentes do Rio Vermelho.
3.3 – Empreendedorismo e
Nos trabalhos de campo executados até o
Desenvolvimento local
momento, estão sendo levantados dados
das empresas ligadas direta e
indiretamente ao turismo e depoimentos
de comunidades próximas aos atrativos.

REFERÊNCIAS

ALMEIDA, M. G. Turistificação - os novos atores e imagens do litoral cearense.

In: VI Encontro Regional de Estudos Geográficos - Nordeste: Turismo, Meio Ambientee


Globalização. João Pessoa, 13 a 16 de julho de 1997. UFPB. p. 27 –36

________. Políticas Públicas e Delineamentos do Espaço Turístico Goiano. In: Abordagens


Geográficas de Goiás: o natural e o social na contemporaneidade. Maria Geralda de
Almeida (org.).p.198-222. Goiânia.IESA,2002. 260p

BRASIL. Decreto Lei nº 9.335, de 27 de setembro de 2001. Criação da Área de Proteção


Ambiental das Nascentes do Rio Vermelho, no Estado de Goiás. Disponível
em:>http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/DNN/2001/Dnn9335.htm > Acesso em: 17 dez.
2017.

BRASIL. Ministério do Turismo. Ecoturismo: orientações básicas.2ª ed. Brasilia.2010.


http://www.turismo.gov.br/sites/default/turismo/o_ministerio/publicacoes/downloads_pub
licacoes/Ecoturismo_Versxo_Final_IMPRESSxO_.pdf .>acesso em 21.jan.2018

CARVALHO, Gisélia L.Entre a Pobreza Econômica e o Patrimônio Ambiental/Cultural:


Desafios e Possibilidades do Turismo no Nordeste Goiano –ENTBL – Planejamento para
o desenvolvimento. Paraná. 2004.

IMB, Instituto Mauro Borges.Índice de Desenvolvimento Econômico - IDE e Índice de


Desenvolvimento Social- IDS dos Municípios goianos. Goiânia: SEPLAN, 2000
Disponível em:<http://www.imb.go.gov.br/viewcad.asp?id_cad=1050&id_not=6/> acesso
em 04 set.2017

RODRIGUES, Wagneide. A Busca do Paraiso.2001. 134p.Dissertação (Mestrado em


Geografia) – Instituto de Estudos Sócioambientais. Universidade Federal de
Goiás.Goiânia.2001

STEINBERGER, Marília & ABIRACHED, Carlos Felipe de Andrade. Política Ambiental:


intervenção do Estado no uso da natureza e do território. In: Território, Estado e Políticas
Públicas Espaciais. Brasília: Ler Editora, 2013.

245
TERRA, ÁGUA, SUBSOLO: OS EFEITOS SOCIOESPACIAIS DA
MINERAÇÃO E DO AGRONEGÓCIO NO QUILOMBO
CAFUNDÓ/BRASIL E NO PALENQUE LA CLORIA/COLÔMBIA

Lucas Bento da Silva


Modalidade: Doutorado

Palavras-chave: Quilombo Cafundó; Palenque La Cloria; Identidades territoriais; Os


feitos da mineração e do agronegócio; América Latina.

INTRODUÇÃO

As relações sociais inerentes aos conflitos territoriais, os avanços do capitalismo

no campo e a pesquisa acadêmica, para a análise dos dilemas enfrentados nos territórios

ancestrais negros rurais da América Latina e Caribe, demandam entendimento do

processo histórico, geográfico e social que reflete na garantia dos direitos étnicos

territoriais. Em uma conjuntura de reparação cultural e territorial, destaca-se a dívida

histórica da sociedade em relação à exploração física e psicológica dos indígenas e

negros.

A constituição do Quilombo Cafundó, localizado no munícipio de Salto de

Pirapora, região de Sorocaba, sudoeste do Estado de São Paulo, Brasil, caracterizou-se

em território a partir da doação de terras feita pelo fazendeiro que mantinha duas

famílias escravizadas no século XIX. Com o fim do ciclo do algodão e o declínio do café

no Estado, muitos latifundiários, que não tinham famílias, doavam suas terras aos

escravizados, como em outros Estados brasileiros.

A diversidade de luta e afirmação da identidade territorial, são episódios

presentes, na territorialidade das comunidades negras aqui estudadas. Já a formação do

Palenque La Cloria, Colômbia, no século XIX, localizado na região do município de

Lopez de Micay, no Pacífico, se deu a partir das estratégias de luta contra a escravidão.

O propósito era pôr fim na exploração física e mental dos trabalhadores escravizados e

enfraquecer o processo colonial de poder.

246
A Colômbia e o Brasil são países que, na sua composição social, apresentam

número amplo de negra(o)s. Esta amplitude é pertinente ao processo colonial, em ambos

os espaços, e as suas formações geográfica, étnica e social. Segundo Quijano (2005), a

colonialidade foi um empreendimento iniciado, provavelmente, a partir da iniciativa

britânico-americana que se expandiu por todo o continente americano. Os negros eram,

naquele contexto, não apenas explorados, mas também importantes, já que a parte

principal da economia dependia de seu trabalho. Eles foram, sobretudo, a raça

colonizada mais importante, já que os índios não formavam parte dessa dinâmica.

A população negra da Colômbia estatisticamente é de 20% segundo o

Departamento Administrativo Nacional de Estatísticas (DANE) - 2002. Este grupo se

localiza principalmente na região do Caribe e Pacífico. No Brasil, por sua vez, de Sul a

Norte, a estimativa é 54% de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

(IBGE) - 2016. Dessa maneira, a partir destes dados, fica evidente o porquê destes dois

países terem tantas comunidades negras. Embora com especificidades, quer sejam na

produção de alimentos ou nas expressões culturais, religiosas e simbólicas. Segundo o

Instituto Colombiano de Desarrollo Rural (INCODER) - 2017, o número de processos

abertos concernentes à regularização e titulação de território negro, sobretudo no

Pacífico, somam 159. Já o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (INCRA)

- 2017, no Brasil, aponta para 1.536 processos abertos.

Dentre os motivos que justificam a relevância da pesquisa no Quilombo Cafundó

e no Palenque La Cloria estão as semelhanças, quanto a ausência programada do Estado, e

as (Re)Existências construídas pelos sujeitos quilombolas e palenqueiros no Brasil e na

Colômbia. Mas há diferenças e quer-se compreendê-las como elemento substancial para

identificar pontos convergentes que assegurem subsídios às ações e formulações

políticas emancipatórias na América Latina. As formas de reconhecimento étnico e as

disputas territoriais, nos casos a serem pesquisados - serão também observadas e

verificadas do ponto de vista legal, analisando a legislação pertinente.

247
A participação na (desapropriação e titulação das áreas do Quilombo Cafundó -

2007 a 2016), foi o pontapé para pensar a trajetória negra, camponesa, a produção de

alimento, territorialidade e conflitos. Esses elementos consolidaram o caminho para o

doutorado em Geografia. Outro foco de interesse foi a literatura que abordava relações

racial, identidade, gênero, camponesa, comunidade e cultura no contexto latino-

americano. Neste período foram bem-vindas as produções teóricas de Arturo Escobar,

Peter Wade, José Mauricio Arruti, Ligia Osorio Silva, Kwame Nkrumah, Marta Inez

Medeiros Marques, David Harvey, entre outras. Esses foram fatores fundamentais para

reunir dados para pesquisa no campo, na Colômbia, por exemplo. Visando uma melhor

compreensão histórica, política, econômica e cultual das comunidades negras da

América Latina.

Objetivos Gerais

• Analisar os efeitos socioespaciais da mineração e do agronegócio no Quilombo

Cafundó/Brasil e no Palenque La Cloria/Colômbia.

Objetivos Específicos

• Sistematizar a constituição dos palenques e dos quilombos (sujeitos palenqueiros

e quilombolas) na Colômbia e no Brasil e a documentação cartográfica do Pacífico

colombiano e da região sudoeste do Estado de São Paulo, Brasil;

• Averiguar e mapear aspectos fundamentais da identidade territorial nas

territorialidades do Quilombo Cafundó e Palenque La Cloria;

• Identificar os efeitos do agronegócio e da mineração na organização territorial

das áreas pesquisadas;

• Comparar os efeitos das políticas governamentais para o agronegócio e a

mineração sobre a identidade territorial no Quilombo Cafundó e Palenque La

Cloria;

248
• Comparar os efeitos das políticas governamentais na produção de alimentos na

região do Quilombo Cafundó e Palenque La Cloria.

METODOLOGIA

A geografia é uma ciência de enfoques múltiplos, cruza várias ciências e

incorpora teoria e método de vários campos. Por um lado, está situada entre as ciências

naturais, desde geologia, a meteorologia e biologia. E, por outro lado, está também entre

as “ciências sociais, a história, a economia e sociologia. É por esta razão que os geógrafos

estão continuamente discutindo sobre objetos, métodos e unidade da geografia”.

(SANJAUME, 2011 p. 86)

Portanto, usaremos neste trabalho de campo, no La Cloria e no Cafundó, as

análises comparativas. Segundo (CAPEL, 1981), esta natureza de pesquisa representa

um passo decisivo nos estudos de caso em realidades parecidas, mas não iguais, como

os quilombos e palenques por nós enfocados. Entre as metodologias utilizadas está a

analítico-dialética, que visa compreender os fenômenos “na condição de ser tal, e não

uma oposição formal ou uma simples confusão. Deve ser encarada como sintoma de

realidade. Só é real aquilo que apresenta contradições, aquilo que se apresenta como

unidade de contradições” (LEFEBVRE, 1983, p. 192).

Na sua interface qualitativa, o material é, basicamente, de natureza discursiva.

Ou seja, um relato, uma história de vida e uma descrição de um fenômeno, por exemplo.

Dados que exigem técnicas outras, pois são formas de representação e, sobretudo,

extratos de discursos representativos daquilo que o investigador quer salientar. Neste

sentido, para Gonçalves e Mendonça (2013), a pesquisa qualitativa em Geografia permite

uma maior aproximação com a realidade, com o mundo do trabalho, pois demonstra

significados e expressões que dão sustentação à atividade cultural, religiosa, de

mineração e dos diferentes sujeitos que compõem a trama de relações no La Cloria e no

Cafundó.

249
Desta maneira, estes métodos serão de grande relevância na organização das

perguntas da entrevista e na construção do pensamento utilizado no desenvolvimento

deste trabalho de campo na Colômbia e no Brasil. O intuito é produzir uma

sistematização da intencionalidade dos fatos e das dinâmicas de produções, que poderão

variar de acordo com a realidade estudada. Neste quadro, os métodos colocados aqui,

para a análise de caso no La Cloria e Cafundó, são frutos de um conjunto de

procedimentos racionais que, no desenvolvimento das questões relativas ao pensamento

dos fatos no território geográfico tradicional, fazem parte do conjunto de informações e

técnicas de procedimento de construção teórica.

A escrita parte das reflexões possibilitadas a partir da fundamentação teórica, das

entrevistas, do caderno de campo, da observação participante, da coleta de dados e da

produção de informação e tem como base:

• As produções de informações e coletas de dados do El Proceso de Comunidades

Negras en Colombia (PCN); da União de Nações Sul-Americanas (UNASUL);

Na Coordenação Nacional das Comunidades Negras Rurais Quilombolas –

CONAQ;

• Bem como, do Ministério de Agricultura y Desarrollo Rural (MADR), de Bogotá;

do Movimento dos Afetados por Represas (MAR); do Sistema Nacional de

Atención Integral a la Población Desplazada (SNAIPD); na Secretaria de

Políticas de Promoção da Igualdade Racial da Presidência da República –

SEPPIR;

• As coletas de dados no Instituto de Terras do Estado de São Paulo – ITESP; no

Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária – INCRA – SP; na Fundação

Cultural Palmares – FCP; na AngloGold Ashanti e na Industrial agraria la palma

limitada-indupalma ltda (INDUPALMA), Colômbia;

250
• Do Instituto Colombiano de Desarrollo Rural (INCODER); do Departamento

Administrativo Nacional de Estatísticas (DANE); do Plan Nacional de

Desarrollo (PND); do Plan Integral de Largo Plazo para Poblacón Negra,

Afrocolombiana, Palenquera y Raizal (PIDA); no Instituto Brasileiro de

Geografia e Estatística – IBGE; no Programa Brasil Quilombo – PBQ;

• Levantamento de dados e documentação oficial, textos técnicos, livros,

dissertações e teses produzidas na região do La Cloria e do Cafundó;

• E, finalmente, da observação participante e das entrevistas, que são uma fração

determinante para o conjunto de reflexões acerca das realidades estudadas.

Chamamos atenção para a possibilidade de não coleta de alguns dados de campo,

no território La Cloria, devido a ameaças e possível violência física pelos paramilitares.

Este grupo, atualmente, tem limitado a chegada de pessoas externas na comunidade.

Além do apelo à violência física, o grupo pode, também, quebrar ou reter a câmera

fotográfica e confiscar materiais pessoais e de pesquisa.

REFERENCIAL TEÓRICO

ALTVATER, Elmar. O preço da riqueza: pilhagem ambiental e a nova (des)ordem


mundial. São Paulo. Editora da Universidade Estadual Paulista (UNESP), 1995.

CAPEL, Horacio. Filosofia y ciencia en la Geografia contemporánea. Una introducción


a la Geografia. Barcelona: Barcanova, 1981.

CHASQUI, Jéssica Wendy Beltán. Etnocartografia na costa pacifica da Colômbia, re-


mapeando a ruralidade no município de Lopez de Micay Cauca. 2015. 154. Dissertação
(Mestrado em Geografia) – Universidade Federal de Santa Maria – UFSM – RS.

GONÇALVES, Ricardo Junior de Assis Fernandes; MENDONÇA, Marcelo Rodrigues.


SE O CASCALHO INFORMA BEM A PENEIRA TIRA A DÚVIDA: Geografia e
pesquisa qualitativa nos garimpos de diamantes em Coromandel/MG 2013. Disponível
em: < http://www.ufjf.br/poemas/files/2015/12/Gon%C3%A7alves-2013-Se-o-cascalho-
informa-bem-a-peneira-tira-a-d%C3%BAvida.pdf>. Acesso em: 08 fev. 2018.

251
HARVEY, David. Espaços de esperança. São Paulo: Loyola, 2004.

LEFEBVRE, Henri. Lógica formal / lógica dialética. Rio de janeiro: Civilização Brasileira,
1983.

MENDONÇA, M. R. A urdidura espacial do capital e do trabalho no Cerrado do


Sudeste Goiano. 2004. 457 f. Tese (Doutorado em Geografia) – Faculdade de Ciências e
Tecnologia, Universidade Estadual Paulista, Presidente Prudente, 2004.

MELLUCI, Alberto. Asumir um compromiso: identidad y movilización em los


movimentos sociales. Espanha, Universidade de la Rioja, Revista Zona Abierta, 69, 1994,
pp. 154-180.

NKRUMAH, Kwame. A luta de classe em África. Lisboa: Ed. Sá da Costa, 1977.

PORTO-GONÇALVES, Carlos Walter. A GLOBALIZAÇÃO DA NATUREZA E A


NATUREZA DA GLOBALIZAÇÃO. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2006.

QUIJANO, Anibal. Colonialidade do poder, Eurocentrismo e América Latina. Consejo


Latinoamericano de Ciencias Sociale (CLACSO). Buenos Aires, 2005.

ROJAS, Axel; RESTREPO, Eduardo. Conflicto e (in)visibilidade Retos en los estudios


de la gente negra en Colombia. Ed. Universidad del Cauca. 2004. Disponível em: <
http://publications.iom.int/system/files/pdf/conflicto_e_invisibilidad.pdf>. Acesso em:
20 mar. 2018.

SANJAUME, Maria Sala. Un panorama Ibero-americano de la Geografia Física, In:

SANTOS, Milton. A natureza do espaço: técnica e tempo, razão e emoção. São Paulo:
Edusp, 2006.

SEVERO, Adriano; FOLETO, Eliane. Diálogos em Geografia Física (org.) Santa

Maria: Ed. Da UFSM. 2011. P.77-107.

SILVA, Lucas Bento da. A dinâmica da construção da identidade e do território no


Quilombo Cafundó (Santo de Pirapora-SP). Dissertação de (Mestrado em Geografia) –
Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho”, Instituo de Políticas Públicas
e Relações Internacional (IPPRI), Programa de Pós-graduação em Desenvolvimento
Territorial na América Latina e Caribe (TerritoriAL), 2016.

252
VELÁSQUEZ, Javier Fernando Villamail. Consolidación de la gran minería
transnacional em latinoamérica. Theomai, Buenos Aires/Argentina, número 25, p.46-57,
2012.

WADE, Peter. Raza y Etnicidad em Latinoameirca. Ed. Abya-Yala, Equador, 2000.

WILLIAMS, Eric. Capitalismo e escravidão. São Paulo: Companhia das Letras, 2012.

Plano de redação detalhado preliminar (sumário).

PARTE 1

A relevância dos quilombos e palenques para os debates teóricos e para a pesquisa em


Geografia

A abordagem territorial no contexto estudado e o espaço geográfico

A dinâmica da identidade territorial no quilombo e no palenque

As relações sociais inerentes aos conflitos territoriais, os avanços do capitalismo


no campo e a pesquisa acadêmica, para a análise dos dilemas enfrentados nos territórios
ancestrais negros rurais da América Latina e Caribe, demandam entendimento do
processo histórico, geográfico e social que reflete na garantia dos direitos étnicos
territoriais. Em uma conjuntura de reparação cultural e territorial, destaca-se a dívida
histórica da sociedade em relação à exploração física e psicológica dos indígenas e
negros. Tal processo, por sua vez, é discutido nos capítulos desta tese, sendo necessário,
entretanto, um diálogo introdutório sobre o tema e seu enquadramento na análise teórica
e metodológica da ciência geográfica e social.

PARTE 2

CONSTITUIÇÃO DOS QUILOMBOS E PALENQUES NA AMÉRICA LATINA:


requalificando o debate sobre o que é quilombo e palenque hoje.

Formação socioespacial do Quilombo Cafundó e do Palenque La Cloria na América


Latina.

Movimentos sociais e políticas públicas territoriais para quilombo e palenque.

Políticas públicas nacionais para palenque na Colômbia e quilombo no Brasil.

Instituições, mediações e resultados das políticas públicas no Quilombo Cafundó e no


Palenque La Cloria.

PARTE 3

253
DELINEAMENTOS DO EXTRATIVISMO MINERAL E DO AGRONEGÓCIO NA
COLÔMBIA E NO BRASIL: o recurso territorial colonizado

PARTE 4

TRABALHO, SABERES-FAZERES ANCESTRAIS E OS EFEITOS SOCIOESPACIAIS


DA MINERAÇÃO E DO AGRONEGÓCIO: espoliações e conflitualidades no
Quilombo Cafundó/Brasil e no Palenque La Cloria/Colômbia

254
ESPAÇO E LUGAR: A MORADIA NOS DISTRITOS DE COLÔNIA DE
UVÁ E BUENOLÂNDIA NA CIDADE DE GOIÁS/GO
Luciana Helena Alves da Silva
Modalidade: Doutorado

Palavras-chave: moradia camponesa, distrito, habitat rural, sintaxe espacial

INTRODUÇÃO

Compreender a moradia nos distritos à luz do seu processo histórico atravessada

por novos usos e conteúdos.

Necessidade de ampliar o estudos


dos distritos em Goiás numa
Relevância social
perspectiva de entender os papeis
desempenhados pelas moradias .

Traçar novas perspectivas ao estudo


das vilas urbanas dos pequenos
Relevância científica / acadêmica distritos, percebendo os elementos
Justificativa
significativos do passado e os novos
conteúdos assumidos nessa situação
geográfica.

Aprimoraro conhecimento acerca da


moradia em distritos articulando-as
Relevância formativa como possibilidade de novas
investigações sobre o tema e
ampliando o conhecimento .

Fig.1: Organograma

Objetivos Gerais

Compreender a moradia nos distritos às dinâmicas socioespacias do campo e da cidade;

255
Objetivos Específicos

• Analisar a moradia das vilas dos distritos e seus aspectos históricos, com

base no levantamento dos materiais, nas formas e na distribuição interna da

vida doméstica;

• Construir uma metodologia de análise das moradias dos distritos em Goiás

com base na leitura da formação do patrimônio religioso e leigo,

problematizando a interferência das diversas formações econômicas e

sociais (processos migratórios, doação de terras, etc);

• Analisar os novos usos dos espaços domésticos atravessados pelo turismo

local, por novas redes e significados das escalas vilas e roças;

• Adentrar o universo da casa nas vilas e construir uma cartografia social dos

seus significados a partir da convivência de objetos de referências estéticas

e históricas distintas;

• Perceber as relações estabelecidas entre as moradias e a rede de articulações

para além do lugar onde ela se assenta.

METODOLOGIA

Para compreender como se caracteriza a moradia camponesa nos distritos,

considerando seu caráter transicional e diversificado, e atingir os objetivos pré-

estabelecidos, o trabalho deve constar de alguns processos que estão sendo construídos,

não numa perspectiva pré-determinada, mas compreendendo e admitindo novos e

recentes elementos que comparecem ao longo da pesquisa. Grosso modo, seguimos uma

sequencia que se altera, se expande e se diversifica, dentre as quais algumas ações são

norteadoras;

* Revisão bibliográfica abordando temas que articulam os estudos de pequenas cidades

/ distritos / moradias diferentes escalas geográficas; * Observações e diálogos com

moradores e pesquisadores dos distritos, com o objetivo de identificar como se dá a

256
forma de propriedade, as relações, arranjos e usos das moradias;* Construção de uma

metodologia para o estudo das moradias em distritos, com base nas inspirações

advindas de técnicas analíticas derivadas da teoria dos grafos e usualmente empregadas

em análises sintáticas do espaço, conforme concepção de HILLIER, HANSON (1984) e

colaboradores;

a) * Croquis arquitetônicos, fotos, inventários e mapas;

• A natureza do diálogo a ser feito com os sujeitos ainda está por ser definido

(sua história de vida, entrevistas, ou outros tipos de conversa);

257
Fig.2: Grafos gerando mapa em cores (moradia - interno e externo)

258
Fig.3: Moradia D. Francisca (Barra) – parte do processo de trabalho de campo já feito.

REFERENCIAL TEÓRICO

Neste trabalho pretende-se fazer abordagens conceituais e metodológicas sobre

o modo de distribuição dos lugares habitados. Sendo assim, proporei uma análise

configuracional a fim de espicular algumas implicações da vida social de cada distrito,

com diferentes padrões espaciais e sociais através das moradias. Para esse turno irei

259
elaborar croquis, organizar e construir mapas, utilizar o recurso das fotografias, das

entrevistas e também dos trabalhos de campo.

O geógrafo PIERRE GEORGE (1971) chama de habitat o modo de distribuição

dos lugares habitados no interior de uma determinada região. Para ele, a noção de lugar

é inseparável, neste caso, da noção de seu conteúdo humano, pode-se igualmente

escrever que habitat é o modo de distribuição da população no interior de um espaço

considerado. O geógrafo amplia o significado de habitat associando-o ao modo de

distribuição dos lugares habitados no interior de uma determinada região, sendo a noção

de lugar, para esse autor, inseparável de seu conteúdo humano, fazendo com que o

habitat possa ser interpretado como o modo de distribuição da população no interior de

um espaço considerado.

Em outra perspectiva, BOLEÃO (2015) ao citar um dos raros trabalhos

(etnográficos) acadêmicos sobre a moradia rural descreve como é importante, nesses

contextos, a expressão “voltar para casa”, integrando um sistema de significados nessa

expressão cultural. Para ele, podemos relacionar a moradia camponesa em alguns

aspectos: o primeiro diz respeito à moradia para além das paredes, tijolos e telhados,

mas que engloba os quintais da vizinhança. O segundo aspecto é o da moradia enquanto

marcador de resistência e transformação. O terceiro aspecto é a moradia enquanto elo

de cuidado com as pessoas e o meio ambiente. Quarto: moradia rural representa lugar

de expressão cultural e sua força política.

Boleão (2015) defende que permanecer no campo, para uma família de origem

camponesa não significa negação ao desenvolvimento; entretanto o modelo de

desenvolvimento compatível seria aquele que fosse capaz de fazer com que os recursos

naturais continuem ano após ano, sem se esgotarem para que as famílias sejam

detentoras de suas sementes para plantar em cada época, garantindo a segurança

alimentar e nutricional, assim como suas próprias formas de lazer, cultura e

religiosidade.

260
Em Bourdieu (1979) o habitus, é o sistema de disposições internas, socialmente

informadas que uma pessoa dentro de um Campo Social específico têm e a partir deste

sistema de disposições ela age na sociedade de forma favorável ou desfavorável aos

objetivos de um campo social. Campo social é um conceito, que não pode se desconectar

uma abstração, conceito científico que deriva de uma série de estudos feitos por

Bourdieu. Ele notou que as pessoas dentro de organizações específicas tendem a agir de

certa forma.

PLANO DE REDAÇÃO DETALHADO PRELIMINAR

SUMÁRIO COMENTADO

INTRODUÇÃO

Apresenta os distritos da Barra e de Colônia como objeto desta pesquisa. Propõe como

estrutura da tese o percurso que parte da criação dos distritos e seus processos históricos

e apresenta suas moradias e suas relações com a formação deste espaço perpassando seu

habitat até seus sentidos poéticos. Organiza os principais conceitos e referenciais

teóricos: habitus, campo social, espaço doméstico e habitat. Finaliza revisando e

propondo ampliar o conceito de ciclo para utilizá-lo nos procedimentos de metodologia

de pesquisa.

CAPITULO 1 – MORADIA COMO PROPRIEDADE – MORADIA NO ESPAÇO DO

DISTRITO

1.1 O CONTEXTO HISTÓRICO E ESPACIAL DA FORMAÇÃO DOS DISTRITOS

1.2 O PROPRIETÁRIO/CEDENTE E SUA FORMA DE AQUISIÇÃO DA MORADIA

DISTRITAL (HERANÇA, COMPRA, CONCESSÃO...)

1.3 TIPOLOGIAS DE MORADIA E SUA RELAÇÃO COM A FORMAÇÃO DO

ESPAÇO DO DISTRITO (HISTÓRICO E SEUS CONTEXTOS)

Interpretar os dados coletados (mapas, plantas, fotos, textos) para descrever a

aparência dos distritos considerando a praça, o comércio, as ruas, o rio, as pontes,

261
passarelas, a igreja, o cemitério, a estrada... como componentes da cena. Identifica as

tipologias mais características presentes na composição desses distritos.

CAPITULO 2 – MORADIA COMO USO – HABITAT

2.1 CÔMODOS E BAGUIÊRAS (INVENTÁRIO COMPOSTO DAS PARTES DA

MORADIA, CÔMODOS EXTRAS E UTENSÍLIOS QUE OS COMPÕEM)

2.2 TROPEÇO NO BATENTE DE PAU (USOS INTERNOS E EXTERNOS)

2.3 BEIRANDO BOLEÃO (FLUXOS)

Encontra o “triêro” dos moradores sobre suas vivências para compreender o trajeto

antropológico e os princípios poéticos utilizados por eles nas pegadas deixadas nessas

moradias. Recorre à abordagem do movimento criado na tradição goiana, para

desvendar procedimentos utilizados pelos moradores em suas rotinas diárias.

CAPITULO 3 - MORADIA COMO LUGAR – A POÉTICA DOS SENTIDOS E A

MEMÓRIA

3.1 SIGNIFICADOS DO MORAR, POÉTICA, A VISITA, FESTAS

3.2 MEMÓRIAS DE NASCER E MORRER, ESPAÇOS DE REZAR

3.3 ASSOMBRAÇÕES (HISTÓRIAS); ASPECTOS ONÍRICOS, CANTOS DE

TRABALHO

Relaciona as moradias aos moradores e seus respectivos distritos e compara esses

usos visíveis e invisíveis aos relatos das relações físicas, emocionais e espirituais entre

moradias e os moradores para compreender o processo sobrevivente dos distritos.

CAPITULO 4 - A VIDA DO DISTRITO EM CICLO CONVERTE-SE EM ESPIRAL

4.1 ANÁLISE E CRÍTICA AOS CICLOS DAS BANDEIRAS, DO OURO, DA

IMIGRAÇÃO, DAS TOPAS E BOIADAS, DAS ÁGUAS, DA ESTIAGEM, DAS

CULTURAS, DAS LUAS....

4.2 A SOBREVIVÊNCIA DO DISTRITO AOS CICLOS

4.3 A ESTRUTURA DE SEQUÊNCIAS EM ESPIRAL

262
Um debruçar sobre a transcendência dos ciclos gerando as estruturas espiraladas

como forma de resistência da permanência dos distritos no debate contemporâneo.

ASPECTOS CONCLUSIVOS E CONSIDERAÇÕES FINAIS

REFERÊNCIAS

BOLEÃO. Jossier. Moradia camponesa: Lugar de Memórias e Resistências.


Especialização em Direitos Sociais do Campo/UFG, Cidade de Goiás. Artigo, 2015.

BOURDIEU, Pierre. Esboço de uma teoria da prática. Disponível em


https://edisciplinas.usp.br/pluginfile.php/352755/mod_resource/content/1/Esbo%C3%A
7o%20de%20uma%20teoria%20da%20pr%C3%A1tica.pdf, acessado em 25/08/2017.

COLLIGNON, B. De las virtudes de los espacios domésticos para la geografía


humana. In: LINDÓN,A; HIERNAUX, D. (Org. Los Giros de La Geografia Humana:
Desafios y horizontes. México: Anthropos, 2010, p. 201-240.

GEORGE, Pierre. A ação humana. São Paulo. DIFEL, 1971. In: ALMEIDA, R. S.
Repensando a questão do habitat no Brasil. Revista Brasileira de Geografia, Rio de
Janeiro: IBGE, v. 57, n. 4, p.105-118, out./ dez. 1995. Disponível em:
<http://biblioteca.ibge.gov.br/biblioteca-catalogo?id=7115&view=detalhes>. Acessado
em: jun. 2017.

GUARDA, Israel & GUERREIRO, Maria Rosália. TREES AND SEMI-LATTICES:


ANALYSING SPACE CONFIGURATION OF TWO URBAN SYSTEMS IN LISBON
REGION. Instituto Universitário de Lisboa (ISCTE-IUL), CRIA, Lisbon, Portugal
Journal of Spatial and Organizational Dynamics, Vol. IV, Issue 3, (2016) 185-198.

KELLER, E. (1970). O habitat rural. In: AZEVEDO, A., org. Brasil: a terra e o homem.
Volume II. São Paulo, Companhia Editora Nacional, Universidade de São Paulo. p.291-
345.

SILVA, Rusvênia Luiza Batista Rodrigues da. Patrimônios: Espaço e Lugar. Estudo das
Vilas de Cibele e Caiçara. Tese de doutorado USP, São Paulo, 2008.

263
TERRITÓRIO EM DISPUTA? - UMA ANÁLISE GEOGRÁFICA SOBRE A
PÓS-GRADUAÇÃO DA UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS
Mariza Fernandes
Modalidade: Doutorado

Palavras-chave: Pós-graduação; território; trajetórias socioespaciais; raça.

As questões que motivam este projeto surgiram durante a pesquisa de mestrado

com o título “Movimento Negro e Relações Raciais no Espaço Acadêmico: Trajetórias

socioespaciais de estudantes negros e negras na UFG”. A pesquisa indicou que a adoção

de ações afirmativas com base em critérios étnico-raciais pela instituição ocorreu e ainda

ocorre de forma tensa e contraditória, o que interfere no alcance dessas medidas. É a

partir dessa constatação que se propõe, agora, um olhar para o processo de implantação

de cotas na pós-graduação da Universidade Federal de Goiás (UFG).

O pressuposto é de que, ao contrário do que ocorre na graduação, a adoção de

cotas não tem conseguido incluir, em quantidades satisfatórias, sujeitos com menos

condições de competição nos cursos de mestrado e doutorado. Desde 2015, por meio da

Resolução nº 07/2015, a UFG implantou uma reserva de 20% de vagas para pretos,

pardos e indígenas em todos os seus cursos de pós-graduação. No entanto, não há

regulamentação sobre como as cotas devem ser aplicadas. Na maior parte dos processos

seletivos, os estudantes precisam passar por diversas etapas – provas de língua

estrangeira, conhecimentos específicos, análise de projeto, análise de currículo e

entrevista. Só após ser aprovado em todas as fases, o candidato ganha o direito de ter a

sua nota final classificada dentro da reserva de vagas. Porém, ocorre que estudantes com

perfil para concorrer como cotistas na pós-graduação possuem uma trajetória

diferenciada que faz com que eles dificilmente concluam a graduação em condições de

corresponder às exigências das bancas de pós-graduação.

Esse seria, portanto, um dos motivos pelo quais afirmamos que as cotas na pós-

graduação da UFG não funcionam de forma satisfatória. Outro motivo, de ordem mais

264
subjetiva, se evidencia na expressão “exigências das bancas de pós-graduação”. Para se

analisar as dinâmicas socioespaciais que se desenvolvem nesse nível de ensino, é preciso

considerar quem são os sujeitos que animam este espaço. Segundo Carvalho (2003), a

maioria dos pesquisadores do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e

Tecnológico (CNPq) com bolsa de produtividade em pesquisa é branca.

A rede de pesquisa é uma espécie de supra-rede de elite da rede de


professores universitários que vão indicando seus “melhores talentos”
(por sua vez recrutados da rede dos estudantes de pós-graduação) para
irem formando os centros de pesquisa. A imagem que faço é de um
edifício da academia (docência e pesquisa) que foi construído nos anos
60 e 70 e que está agora inteiramente ocupado por brancos. Há uma fila
de brancos dando volta no quarteirão à espera para entrar no primeiro
apartamento que vagar. E os negros? Vão entrar no final desta fila? Se
tal for o caso, dificilmente entrarão no sistema, pois não haverá vagas
disponíveis para eles pelo menos por alguns séculos (CARVALHO,
2003, p. 313).

Um estudo sobre o alcance de qualquer iniciativa de ação afirmativa na pós-

graduação, portanto, deve considerar que, nesse nível de ensino, as relações

interpessoais estabelecidas pelo candidato a uma vaga podem ser mais eficientes do que

uma política pública. Conforme descreveu Milton Santos (1997, p. 20), no Brasil, a vida

intelectual se organiza por meio de “clubes, de clãs e do enturmamento”. Segundo o

geógrafo, em alguns casos, é mais efetivo participar de reuniões sociais com colegas que

ocupam lugares de decisão do que “[...] queimar as pestanas, como antigamente se dizia,

em frente dos livros” (Ibid.). Nesse sentido, interessa-nos pensar como a raça, enquanto

construção social (GOMES, 2012), opera nos processos de subjetivação e,

consequentemente, nas relações que se estabelecem entre professores brancos e alunos

negros, além de como esse aspecto interfere na trajetória acadêmica desses alunos.

Ainda, é preciso considerar quais sãos os efeitos da pouca presença de

pesquisadores negros na ciência brasileira. Para o sociólogo Sales Augusto dos Santos

(2017), o conhecimento “brancocentrado” produz “não existências”. O foco da crítica do

265
autor são intelectuais que pesquisam as relações raciais e apoiam publicamente as ações

de combate ao racismo, mas que escrevem e agem a partir de um lugar de privilégio, o

que transparece em suas produções e em suas ações. A noção de “brancocentrismo”

proposta por Santos (2017) está fundamentada no entendimento de que cientistas

brancos expressam o poder hegemônico da cultura branca e da dominação racial, ainda

que se coloquem como favoráveis à luta antirracista. É preciso, portanto, que haja

condições para que se produza ciência a partir de outras perspectivas.

Destaque-se que, ao demandar um deslocamento no eixo de produção de

conhecimento, abandonamos a ideia de uma suposta neutralidade científica para afirmar

que o conhecimento é situado. A pretensa objetividade e universalidade das

epistemologias europeias têm sido alvo de críticas por parte de grupos que se propõem

a elaborar novas formas de conhecer. Um exemplo são as Epistemologias do Sul,

propostas por Boaventura de Sousa Santos (2009) com o objetivo de valorizar

conhecimentos que potencializam as lutas dos oprimidos, sendo portando uma

estratégia de emancipação pela ciência.

Outro exemplo são as Epistemologias Feministas, que questionam a hegemonia

masculina e a pretensa objetividade da ciência a partir da noção de “saberes localizados”

ou “conhecimentos situados”, apresentada inicialmente por Donna Haraway (1995).

Para a autora, a falsa separação entre corpo e mente preconizada pelas epistemologias

dominantes são uma forma de excluir o que o sujeito pensa e sente ao elaborar

conhecimentos sobre uma determinada realidade. Assim, o indivíduo deixa de se

responsabilizar pelo seu objeto de estudo. O que Haraway propõe é que todo

conhecimento se origina de um posicionamento, ainda que este não seja assumido. Não

existe conhecimento sem sujeito cognoscente e esse sujeito está inserido sempre em uma

determinada cultura, vive em um determinado contexto, sente, se relaciona com outros

sujeitos e vê o mundo de uma forma específica, histórica e localizada.

266
Compartilhando de entendimento semelhante, Nilma Lino Gomes (2017) chama

a atenção para o fato de que os saberes produzidos por sujeitos não hegemônicos têm

condições de subverter as teorias consolidadas na ciência. O objeto de estudo da

pedagoga são os conhecimentos emancipatórios elaborados pelo Movimento Negro no

campo educacional. Segundo Gomes (2017), os movimentos sociais atuam como

pedagogos nas relações políticas e sociais, pois colocam em debate novas temáticas,

questionam conceitos e dão maior dinamicidade ao conhecimento.

Sobre o Movimento Negro (MN), a autora afirma que este desenvolveu, ao longo

da história, estratégias de conhecimento e saberes sobre as relações raciais e as questões

da diáspora africana, temas que atualmente estão em pauta em diversas disciplinas das

ciências humanas e sociais e que só passaram a ser valorizadas, do ponto de vista

epistemológico e político, devido à atuação do MN. Deve-se destacar ainda que a

educação é uma pauta histórica do Movimento, que sempre elaborou estratégias

educacionais contra a exclusão. As iniciativas do Movimento nesse campo vão desde a

criação de escolas ou oferta de aulas particulares ainda durante o regime escravocrata

(CRUZ, 2005) até, mais recentemente, a criação de cursinhos pré-vestibulares para

viabilizar a inserção de estudantes negros nas universidades (SANTOS, 2007). Para além

dos efeitos que a inclusão de sujeitos não hegemônicos pode apresentar no campo

científico, é preciso considerar, ainda, que a educação também pode ser um meio para

garantir que esses sujeitos alcancem ascensão social e ocupem lugares de poder.

Assim, podemos afirmar que o espaço acadêmico é um espaço de poder que,

como tal, é alvo de disputas. O cenário descrito por Carvalho (2003) indica que existe um

grupo que controla esse espaço e que estabelece as normas sobre quem pode ocupa-lo.

De outro lado, há um grupo que desde a década de 1970 (Ratts, 2009) vem se inserindo,

aos poucos, na graduação por meio de diversas estratégias, sendo a mais efetiva delas a

reserva de vagas, que em 2018 completa 10 anos na UFG. Esse grupo agora reivindica o

267
acesso e permanência na pós-graduação. Uma grande conquista nesse campo foi a

adoção, em 2015, de cotas em todos os cursos de pós-graduação da UFG.

Quase três anos depois, no entanto, o diálogo com estudantes negros, indígenas

e quilombolas de outros cursos de pós-graduação, a atuação junto ao Coletivo de

Estudantes Cotistas desse nível de ensino, à Coordenadoria de Ações Afirmativas (Caaf)

da UFG, à Comissão Permanente de Verificação da Autodeclaração na UFG e a avaliação

do processo de aplicação das cotas no programa do qual faço parte, além da minha

própria experiência como estudante com perfil para ingressar por cotas na pós-

graduação, permitem inferir que as cotas não são suficientes para viabilizar a entrada de

discentes negros nos programas.

A hipótese é de que os problemas que impedem o acesso de estudantes negros à

pós-graduação possuem uma dimensão territorial e são passíveis de uma leitura

geográfica. Assim, o objetivo desta pesquisa é compreender as dinâmicas que se

desenvolvem na disputa por esse território do espaço acadêmico (a pós-graduação).

Algumas das questões motivadoras são: Quais são os elementos que configuram esse

espaço como um espaço de poder? Quem são os sujeitos que controlam esse espaço? De

que forma se perpetuam as relações de poder nesse espaço? Quais são as estratégias

adotadas pelo grupo não hegemônico para se inserir e permanecer nesse espaço?

As questões motivadoras e a hipótese evidenciam que a noção de território aqui

adotada é aquela sugerida por Porto-Gonçalves (informação verbal): “O uso do conceito

de território só tem sentido para discutir as relações de poder. É o debate sobre quem

controla o espaço”1. Sendo assim, baseamo-nos na conceituação de Raffestin (1993), para

quem o território é formado por um sistema de tessituras, nós e redes organizados de

forma hierárquica por atores sintagmáticos, que podem variar do Estado ao indivíduo,

1 Conferência ministrada na abertura do Simpósio Integrado de Estudos Territoriais do


Laboratório de Estudos e Pesquisas das Dinâmicas Territoriais (Laboter), no Instituto de Estudos
Socioambientais (Iesa) da UFG, em 2018.

268
das organizações pequenas às grandes. Interessa-nos, ainda, considerar a possibilidade

de uso da noção de redes geográficas pra analisar as redes sociais que interagem no

espaço em foco, compreendendo as redes geográficas, conforme propõe Corrêa (2011),

como redes sociais especializadas.

Objetivos Gerais

Realizar uma análise geográfica sobre as disputas em torno da pós-graduação na

Universidade Federal de Goiás, tendo como foco central as relações raciais nas dinâmicas

de acesso e permanência nesse espaço.

Objetivos Específicos

a) Encontrar formas de leitura das disputas em torno da pós-graduação na UFG a

partir do arcabouço conceitual da Geografia;

b) Identificar quais são os elementos que configuram esse espaço como um espaço

de poder;

c) Compreender quem são os sujeitos que controlam esse espaço;

d) Identificar os mecanismos que perpetuam as relações de poder na pós-graduação

da UFG;

e) Verificar quais são as estratégias adotadas pelo grupo não-hegemônico para se

inserir e permanecer nesse espaço;

f) Analisar os efeitos da inclusão de sujeitos não-hegemônicos na pós-graduação;

g) Verificar quais são as implicações de se realizar uma pesquisa a partir da “dupla

posição” como pesquisadora e integrante do grupo pesquisado, tendo em vista

que sou uma estudante negra na pós-graduação da UFG;

269
METODOLOGIA

Trata-se de uma pesquisa qualitativa que terá como principal caminho

metodológico a análise das trajetórias socioespaciais de estudantes negros participantes

de processos seletivos para ingresso na pós-graduação na UFG. Compreende-se as

trajetórias socioespaciais como os deslocamentos individuais ou de coletividades entre

diferentes locais como o trabalho, ambientes de estudos, lazer, residência e outros, que

fazem diferença nas situações sociais dos(as) sujeitos, pois não se resumem a simples

deslocamentos geométricos (SANTOS e RATTS, 2015).

O estudo será realizado a partir das trajetórias de jovens participantes do projeto

de extensão “Travessia: curso preparatório para a pós-graduação na UFG”. A pesquisa

vai acompanhar o processo de tentativa de inserção desses estudantes, que possuem

perfil para ingressar por cotas, no mestrado e doutorado em 2019, e as estratégias

adotadas por eles para ocupar esse espaço. A amostra será composta pelos estudantes

matriculados no curso, ainda em processo de cadastramento como ação de extensão. O

procedimento de coleta de dados poderá ser realizado por meio de observação

participante nas atividades do projeto e aplicação de entrevistas semiestruturadas. Além

dos candidatos à pós-graduação, esta pesquisa também pretende colocar sob análise os

pesquisadores. Ou seja, também são objeto de estudo os sujeitos que integram a pós-

graduação na UFG.

Esta parte da pesquisa será composta por análise de dados sobre as dinâmicas

internas de alguns dos programas de pós-graduação. Poderão ser utilizados, nessa etapa,

dados da Plataforma Lattes por meio do software livre ScriptLattes, que permite gerar

relatórios sobre artigos publicados, orientações, redes de coautoria etc, a partir dos

currículos Lattes. Os dados específicos gerados a partir da pesquisa na plataforma

permitem, por exemplo, testar a hipótese apontada por Milton Santos (1996), de que os

270
grupos de pesquisa se organizam em “clãs” ou por meio do “enturmamento” e, assim,

analisar o fator “raça” na composição desses grupos.

Uma observação preliminar sobre as pesquisas realizadas a partir da plataforma

Lattes, como os estudos de Neto e Cunha (2016) e Balancieri (2004), indica que grande

parte dessas pesquisas tende a se apoiar na Análise de Redes Sociais como procedimento

metodológico. Segundo Marteleto (2001), a análise de redes sociais evidencia um aspecto

pouco explorado da realidade social contemporânea:

[...] ou seja, de que os indivíduos, dotados de recursos e


capacidades propositivas, organizam suas ações nos próprios
espaços políticos em função de socializações e mobilizações
suscitadas pelo próprio desenvolvimento das redes. Mesmo
nascendo em uma esfera informal de relações sociais, os efeitos
das redes podem ser percebidos fora de seu espaço, nas
interações com o espaço, nas interações com o Estado, a
sociedade ou outras instituições representativas. Decisões micro
são influenciadas pelo macro, tendo a rede como intermediaria
(MARTELETO, 2001, p. 72).

Ao propor uma articulação entre a análise de redes sociais e a cartografia, Soares

(2006) afirma que tal metodologia apresenta-se como um valioso recurso heurístico para

o estudo dos fluxos e conexões entre atores/nós. Assim, pretendemos estudar os dados

extraídos da plataforma Lattes por meio da Análise de Redes Sociais.

PLANO DE REDAÇÃO PRELIMINAR

INTRODUÇÃO

1. QUESTÕES METODOLÓGICAS

Nesse ponto do trabalho, pretende-se apresentar a metodologia aplicada na

pesquisa, além de debater algumas questões metodológicas que aparecem no

projeto

1.1 Escritas de si: conhecimento situado e narrativas subversivas

271
Aqui, pretende-se analisar as implicações de se ocupar o “duplo lugar” de

pesquisadora e integrante do grupo pesquisado.

1.2 Trajetórias socioespaciais

Discussão sobre a análise as trajetórias socioespaciais como categoria de

análise na geografia

2. UMA GEOGRAFIA DA PÓS-GRADUAÇÃO

Nesse capítulo, pretende-se realizar uma análise sobre a pós-graduação no Brasil

e, em seguida, realizar um recorte sobre esse nível de ensino na Universidade

Federal de Goiás. A depender do andamento da pesquisa, é possível que sejam

inseridas aqui, análises mais aprofundadas sobre os programas em que os

sujeitos tentarão ingressar ou sobre os principais programas da universidade,

tendo em vista que esses programas são classificados por um rígido sistema de

avaliação e a nota obtida por eles está diretamente relacionada ao seu grau de

poder/influência no espaço acadêmico. Também serão abordadas as ações

afirmativas na pós-graduação.

3. TRAJETÓRIAS DESVIANTES: ESTUDANTES NEGROS E PÓS-

GRADUAÇÃO

Aqui, pretende-se abordar as trajetórias socioespaciais dos jovens negros que

farão parte da pesquisa e o processo de tentativa de acesso à pós-graduação.

Também nesse capítulo, serão discutidos os efeitos da inclusão de pesquisadores

negros na pós-graduação. Os efeitos do racismo nos processos de subjetivação e

na construção das relações também deverão ser abordados nessa etapa do

trabalho.

4. PÓS-GRADUAÇÃO: TERRITÓRIO EM DISPUTA?

Nesse ponto do trabalho, pretende-se discutir a hipótese de que os problemas

que impedem o acesso de estudantes negros à pós-graduação possuem uma

dimensão territorial e são passíveis de uma leitura geográfica. A partir das

272
categorias “redes” e “território”, pretende-se analisar as estratégias dos

diferentes sujeitos que atuam pela manutenção da ordem estabelecida nesse

espaço ou pela sua subversão.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

REFERÊNCIAS

BALANCIERI, Renato. Análise de Redes de Pesquisa em uma Plataforma de Gestão


em Ciência e Tecnologia: Uma Aplicação à Plataforma Lattes. 2004. 117 f. Dissertação
(Mestrado em Engenharia de Produção) – Programa de Pós-Graduação em Engenharia
de Produção, Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis 2004.

CARVALHO, José Jorge de. Ações afirmativas como resposta ao racismo acadêmico e
seus impactos nas ciências sociais brasileiras. Teoria e Pesquisa 42 e 43. Janeiro-julho
de 2003. p. 304 – 340.

CRUZ, M.S. Uma abordagem sobre a história da educação dos negros. In: ROMÃO, J.
(Org.). História da educação dos negros e outras histórias. Brasília, DF: MEC; Secad,
2005. p. 21-33.

GOMES, Nilma Lino. Movimento Negro e Educação: ressignificando e politizando a


raça. Educ. Soc., v.33, n.120, jul-set. 2012, p. 727-744.

GOMES, Nilma Lino. O Movimento Negro educador: saberes construídos nas lutas por
emancipação. Petrópolis, RJ: Vozes, 2017.

HARAWAY, Donna. Saberes localizados: a questão da ciência para o feminismo e o


privilégio da perspectiva parcial. Cadernos Pagu (5) 1995: pp. 07-41.

MARTELETO, Regina Maria. Análise de Redes Sociais – aplicação nos estudos de


transferência da informação. Ci. Inf., Brasília, v. 30, n. 1, jan./abr. 2001, p. 71-81.

NETO, João Estevão Barbosa e CUNHA, Jacqueline Veneroso Alves da. Colaboração
Acadêmica em Bancas de Mestrado na Pós-Graduação Stricto Sensu em
Contabilidade. Contabilidade, Gestão e Governança - Brasília • v. 19 • n. 1 • jan./abr.
2016. p. 126-145

RAFFESTIN, Claude. Por uma geografia do poder. São Paulo: Editora Ática, 1993.

RATTS, Alex. Encruzilhadas por todo percurso: individualidade e coletividade -


movimento negro de base acadêmica. In: PEREIRA, Amauri Mendes; SILVA, Joselina

273
da (Org.). Movimento Negro Brasileiro: escritos sobre os sentidos de democracia e justiça
social no Brasil. Belo Horizonte: Nandyala Editora, 2009, pp. 81-108.

SANTOS, Boaventura de Sousa. Para além do pensamento abissal: das linhas globais
a uma ecologia de saberes. In. SANTOS, Boaventura de Sousa e MENESES, Maria Paula
(org.). Epistemologias do Sul. Coimbra: Almedina/CES, 2009. p. 23-71.

SANTOS, Mariza e Ratts, Alex. Trajetórias Negras Discentes no Espaço Acadêmico: O


quadro da Universidade Federal de Goiás diante das ações afirmativas. Educere et
Educare – Revista de Educação. V. 10, n. 20, jul-dez. 2015. p. 641-652.

SANTOS, Milton. O intelectual e a universidade estagnada. Revista Adusp. Outubro,


1997. p. 16-20.

SANTOS, Sales Augusto do. Experiências de um suposto “negro-tema” em eventos


acadêmicos: “...I got my brains... I’ve got lives...”. Revista da ABPN. V. 9, n. 23, jul-out.
2017, p. 267-300.

SANTOS, Sales Augusto dos. Movimentos negros, educação e ações afirmativas. Tese
de doutorado. Departamento de Sociologia da Universidade de Brasília/UnB. Brasília,
2007.

SOARES, Weber. Indicadores sociais, cartografia e análise de redes sociais: elementos


para um diálogo possível entre dois campos de representação do real. Geografias.
Artigos Científicos. Belo Horizonte 02(2), 7-17 julho-dezembro de 2006. p. 7-17.

UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS. Conselho Universitário. Resolução nº 07/2015.


Dispõe sobre a política de ações afirmativas para pretos, pardos e indígenas na Pós-
Graduação stricto sensu na UFG. Online. Disponível em:
https://pos.filosofia.ufg.br/up/115/o/Resolu%C3%A7%C3%A3o_CONSUNI_007-
2015.pdf?1432042505

274
AGRICULTURA URBANA EM GOIÂNIA (GO): RESISTÊNCIA DAS
RURALIDADES E RURALIDADES DE RESISTÊNCIA
Raphael Pereira de Oliveira Sousa
Modalidade: Mestrado

Palavras-chave: Agricultura urbana; espaço; ruralidade; meio ambiente.

INTRODUÇÃO

Até meados do século XX o Brasil permaneceu rural, com a maior parte da

população vivendo no campo e do campo. De 1940 a 1980 houve uma inversão

demográfica e a taxa de urbanização subiu de 26,35% em 1940 para 68,86% em 1980

(SANTOS, 2013). Em 1990 a população urbana já representava 75,47%, subiu para 81,23%

em 2000, e chegou a 84,36% em 2010 (IBGE, 2010). A urbanização acompanhou a

industrialização do campo iniciada na década de 1960 com a Revolução Verde. O

desenvolvimento do agronegócio ampliou a concentração fundiária e piorou a

possibilidade de trabalho e renda no campo. A expropriação e migração para o espaço

urbano tornou-se realidade para grande parte dos camponeses. Mas hás um aspecto

importante: as pessoas deixam de morar no campo, mas o campo não deixa, na mesma

proporção, de participar na reprodução dos sujeitos. Parte dos camponeses passa a ser

urbana quanto ao local de residência, mas permanece em atividades rurais, como

trabalhador rural assalariado, ou dedicando-se em tempo parcial ou integral à

agricultura urbana – com objetivo comercial ou apenas para autoconsumo. Para Santos

(2013), este é um complicador para o uso de velhos esquemas de análise cidade-campo,

sendo necessário superar as dicotomias, elaborando novos conceitos de análise que

permitam refletir a forte integração e interdependência entre o rural e o urbano.

Com o aumento da população mundial associado à tendência de urbanização,

sem medidas preventivas urgentes, a pobreza urbana e a insegurança alimentar tendem

a se agravar (REZENDE, 2004). A agricultura urbana ganha destaque como alternativa

275
e FAO defende que ela pode contribuir com a segurança alimentar aumentando a

disponibilidade de alimentos e garantindo a chegada de alimentos frescos para

consumidores de baixa renda, incrementando a variedade e valor nutritivo dos

alimentos disponíveis, além da possibilidade de geração de emprego e renda (FAO,

1999).

Desta forma, considerando a importância da agricultura urbana para criar

oportunidades de ocupação e renda, para a segurança alimentar e melhoria do meio

ambiente urbano, colocam-se alguns questionamentos: Onde e como se articulam os

espaços da agricultura urbana e quais os conflitos com outras formas de apropriação e

uso do espaço urbano? Quais os sentidos e funções destas ruralidades que resistem no

espaço urbano? Como se estrutura a rede de distribuição destes produtos? Quais os

benefícios na manutenção de recursos naturais e melhoria do meio ambiente urbano?

Qual o papel do Estado no desenvolvimento da agricultura urbana? Quais os desafios

dos atores que empreendem atividades agrícolas em ambientes urbanos?

Tomando como recorte espacial o município de Goiânia, este estudo buscará

iniciativas de agricultura urbana, tanto de cultivo tradicional como de formas de

produção orgânicas. Será realizada pesquisa empírica nestes espaços de ruralidade e

aplicação de questionários junto aos sujeitos envolvidos. Com base em revisão teórica e

bibliográfica sobre o tema, buscar-se-á respostas aos questionamentos apontados,

podendo assim contribuir com a melhor compreensão dos desafios para o

desenvolvimento da agricultura urbana. Considerando também a crescente

preocupação com a produção de alimentos limpos e saudáveis, em uma cadeia de

produção socialmente justa e ambientalmente correta, buscar-se-á investigar como a

transição para modelos de cultivo alternativos, como a produção orgânica ou mesmo a

transição agroecológica podem ser um caminho viável para gerar ocupação e renda na

agricultura urbana.

276
A relevância desta pesquisa se justifica na necessidade de repensar e reorganizar

a produção de riqueza na sociedade, e nesta perspectiva a segurança alimentar é questão

central. É urgente a necessidade de um modelo de desenvolvimento alternativo em toda

a cadeia de produção, distribuição e consumo de alimento, em que se considere não

apenas a produção econômica, mas também o nível de bem-estar da população.

OBJETIVOS

Objetivo Geral:

Compreender em que medida a agricultura urbana no município de Goiânia

produz espaços de resistência de ruralidades na cidade em conflito com outras formas

de apropriação e uso do espaço e contribui para gerar oportunidades de trabalho e

renda, garantindo segurança alimentar, manutenção do meio ambiente urbano e

melhoria da qualidade de vida.

Objetivos Específicos:

I. Entender o sentido e função da ruralidade no desenvolvimento contemporâneo

das cidades e seus espaços no meio urbano, buscando superar dicotomias através de

novos conceitos que permitam refletir a integração e interdependência do rural/urbano;

II. Conhecer a estrutura socioeconômica e os espaços da agricultura urbana em

Goiânia, analisando o papel das ruralidades na produção do espaço, buscando

compreender a realidade de produtores, mecanismos de associativismo/cooperativismo,

as políticas públicas para o segmento e os espaços de produção e comercialização;

III. Analisar as possibilidades de desenvolvimento da agricultura urbana em

Goiânia a partir da perspectiva das “agriculturas alternativas”, indo de aspectos teóricos

até questões práticas para fortalecimento da atividade no espaço urbano de Goiânia.

277
METODOLOGIA

A primeira etapa para o desenvolvimento da pesquisa é um estudo bibliográfico

e documental sobre a agricultura urbana e temas correlacionados como campesinato,

agriculturas alternativas, conceito de ruralidade, (inter)relação rural-urbano e

urbanização. Para isso, serão consultados artigos, periódicos, dissertações e teses para

suporte teórico-metodológico e embasamento das análises. Para além da teoria, serão

levantados dados primários e secundários através de fontes diversas como organismos

do poder público, iniciativa privada, organizações sindicais, associações e cooperativas.

Posteriormente serão entrevistados produtores da agricultura urbana em

Goiânia. A agricultura urbana é bastante diversa e engloba tanto o cultivo de plantas

alimentícias, medicinais ou ornamentais, a criação de pequenos animais, produção de

subsistência, produção comercial, atividade de lazer, e até iniciativas de preservação

ambiental. O objetivo é buscar alcançar esta diversidade através da experiência de

diferentes sujeitos. Também serão entrevistadas lideranças de sindicatos e cooperativas,

para visão ampla sobre a organização do setor. Os relatos e experiências serão coletados

com aplicação de questionário semiestruturado, em que buscaremos uma visão sobre a

situação e perspectivas da agricultura urbana em Goiânia, o fluxo de produção e

distribuição de produtos, assim como as principais dificuldades ou necessidades

percebidas pelos entrevistados. Buscar-se-á abranger variáveis diversas, aspectos

socioeconômicos, políticos, técnicos, etc. Serão realizadas visitas, observações e registros

fotográficos de espaços da agricultura urbana, como recurso para análise. Desta forma,

serão identificados e selecionados espaços de cultivo e produção, espaços de

comercialização direta, entre outros, que possibilitem representar o objeto em suas

múltiplas dimensões.

A pesquisa será realizada com base em avaliação qualitativa, através de uma

aproximação que permita conviver, vivenciar e assumir uma identificação ideológica

278
prática do projeto político dos sujeitos envolvidos na agricultura urbana de Goiânia.

Conforme proposto por Demo (2011), estes são passos necessários, visto que não é

possível fazer uma avaliação qualitativa à distância. O autor afirma que “é mister haver

consórcio entre o conhecimento científico do avaliador e o saber popular, sem populismo

e purismos” (DEMO, 2011, p. 244). Esta abordagem permite elaborar uma análise de

conteúdo para além do aparente em instrumentos formais.

A análise de conteúdo não fica apenas nas fichas, nos relatórios, nas
gravações, porque sabe que isto é instrumento, vestimenta, aparência.
É preciso ir além disso, de modo hermenêutico. Saborear as entrelinhas,
porque muitas vezes o que está nas linhas é precisamente o que não se
queria dizer. (DEMO, 2011, p. 246).

Mas não devemos fugir a formalizações, pois são passos normais e necessários

ao tratamento científico. A sistematização de dados, a catalogação, identificação de

relevâncias que se repetem e o destaque de aspectos mais ou menos relevantes é

necessário, mas serão tratados como passos metodológicos e não como finalidade.

PLANO DE REDAÇÃO PRELIMINAR

Capítulos Sinopse
1. Agricultura urbana: a persistência de Aborda a modernização da agricultura,
ruralidades no desenvolvimento analisando a relação entre expansão do
contemporâneo das cidades capitalismo no campo e urbanização.
1.1. O processo de urbanização e as Apresenta reflexão sobre a dicotomia
dicotomias entre o rural e o urbano: rural-urbano no debate acadêmico,
limites e perspectivas apontando os limites desta abordagem
1.2. Agricultura e capitalismo no Brasil: para a compreensão da realidade atual,
desenvolvimento agrícola após e aponta novas perspectivas e conceitos
1960 de análise considerando os diversos
1.3. Modernização da agricultura em níveis de (inter)relação entre o rural e o
Goiás: apropriação agrícola de urbano. Por fim, aprofunda sobre
territórios dos cerrados. aspectos teóricos e conceituais acerca da
1.4. Aspectos conceituais e agricultura urbana, e faz breve
interpretações sobre a Agricultura contextualização sobre o tema no
Urbana cenário mundial e no Brasil.

279
1.4.1. Agricultura urbana no cenário Referências básicas: ABRAMOVAY
mundial (2000); SANTOS (2013); MOUGEOT
1.4.2. Agricultura urbana no Brasil (2001); OLIVEIRA (1996; 2001; 2003);
MARTINS (1981); GRAZIANO DA
SILVA (1996a).
2. A agricultura urbana no município de Apresentará visão geral sobre a
Goiânia-GO: o papel das ruralidades Agricultura Urbana em Goiânia, os
na produção do espaço em Goiânia espaços de atividade, organizações de
2.1. Produtores: características e produtores e canais de comercialização.
concepções Buscar-se-á entender os mecanismos de
2.2. Associativismo e cooperativismo associativismo e cooperativismo, a
como mecanismos de articulação situação atual da agricultura urbana no
na agricultura urbana município e analisar como o tema é
2.3. O espaço da agricultura urbana em tratado pelas políticas públicas e na
Goiânia: formas de apropriação e revisão do plano diretor do município.
uso dos espaços produzidos pela Serão analisados aspectos gerais das
agricultura urbana políticas públicas relacionadas à
2.4. O papel do poder público na gestão agricultura urbana além de refletir
do espaço urbano e as políticas para sobre o sentido e funções das
a agricultura urbana: desafios e ruralidades na produção do espaço.
perspectivas para a agricultura Referências básicas: CARNEIRO
urbana em Goiânia-GO (1998); CHAYANOV (1974);
GRAZIANO DA SILVA (1996b); PIRES
(1997); SANTOS (2014);SINGER (1998).
3. Agriculturas alternativas no espaço Analisará as práticas e experiências de
urbano: dos elementos teóricos às "agriculturas alternativas" em Goiânia,
questões práticas na agricultura analisando como podem contribuir na
urbana de Goiânia-GO segurança e soberania alimentar e no
3.1. Agriculturas alternativas: aspectos desenvolvimento da agricultura
comuns, divergências e o conceito urbana. Será feita análise teórica e
de desenvolvimento sustentável. conceitual para em seguida apresentar
3.1.1. Agricultura orgânica: mercado a perspectiva de agriculturas
e controle de certificadoras alternativas em contraposição ao
3.1.2. Agroecologia: caminho para a modelo de cultivo tradicional,
produção de alimentos limpos difundido a partir da Revolução Verde,
e autonomia do produtor abordando aspectos comuns de
3.1.3. Plantas Alimentícias Não diferentes propostas de agricultura
Convencionais (PANC): alternativa, as suas divergências e a
resgate de saberes tradicionais difusão do conceito de
e segurança alimentar. desenvolvimento sustentável. Neste

280
3.2. Agriculturas alternativas no espaço último capítulo será aproximado o
urbano de Goiânia: experiências, olhar sobre experiências e produtores
desafios e perspectivas. que desenvolvem cultivos alternativos,
3.2.1. Os sujeitos e os espaços da como produção orgânica ou
agricultura alternativa em agroecológica em Goiânia, buscando
Goiânia. conhecer a realidade e os espaços deste
3.2.2. Organização do trabalho, da tipo de atividade, organizações de
produção e da distribuição. produtores, canais de comercialização e
3.2.3. Políticas públicas e como o assunto é tratado pelas politicas
perspectivas futuras públicas.
Referências básicas: ALTIERI (2012);
CAPORAL (2004); MACHADO (2014);
MOLINA (2013); SCHMITT (2013).

REFERENCIAL TEÓRICO

ABRAMOVAY, Ricardo. Funções e medidas da ruralidade no contexto contemporâneo. Rio de


Janeiro: IPEA. 2000.

ALTIERI, Miguel. Agroecologia: bases científicas para uma agricultura sustentável. Editora
Expressão Popular. 3ª Edição. São Paulo, 2012.

CAPORAL, Francisco Roberto; COSTABEBER, José Antônio. Agroecologia: alguns conceitos e


princípios. MDA: SAF: DATER-IICA, 2004.

CARNEIRO, M. J. Ruralidades: novas identidades em construção. Estudos Sociedade e


Agricultura, Rio de Janeiro, V. 11, p. 53-75, 1998.

CHAYANOV, A. V. La organizacion de la unidad econômica campesina - Ed. Nueva Vision –


Buenos Aires - 1974.

DEMO, Pedro. Metodologia científica em ciências sociais. 3 ed. São Paulo: Atlas, 2011.

FAO – Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura/Departamento de


Agricultura y Protección del Consumidor. Cuestiones de la agricultura urbana. Revista, 1999.

GRAZIANO DA SILVA, J. A Nova Dinâmica da Agricultura Brasileira. São Paulo: UNICAMP,


1996a.

GRAZIANO DA SILVA, J. Por uma reforma agrária não essencialmente agrícola. Agroanlysis,
Rio de Janeiro, v. 16, n. 3, p. 8-11, 1996b.

IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Censo Demográfico 2010. Rio de Janeiro:
IBGE. 2010.

281
MACHADO, Luiz Carlos Pinheiro; MACHADO FILHO, Luiz Carlos Pinheiro. A Dialética da
Agroecologia: contribuição para um mundo com alimentos sem veneno. Editora Expressão
Popular. 1º Edição. São Paulo, 2014.

MARTINS, J.S. Os Camponeses e a Política no Brasil. Petrópolis: Vozes, 1981.

MOLINA, Manuel Gonzáles de. Las experiencias agroecológicas y su incidencia en el desarrollo


rural sostenible: la necesidad de una Agroecología Política. In: SAUER, S. & BALESTRO, M.V.
(Org.) Agroecologia e os desafios da transição agroecológica. 2 Ed. São Paulo: Expressão
Popular, p. 17-70, 2013.

MOUGEOT, Luc J.A. Agricultura urbana: concepto y definción. Revista Agricultura Urbana. v.1,
n.1, p.5-7, 2001.

OLIVEIRA, A.U. Geografia das lutas no campo. São Paulo: Contexto, 1996.

OLIVEIRA, A. U. Agricultura Camponesa no Brasil. São Paulo: Contexto, 2001.

OLIVEIRA, A.U. Barbárie e Modernidade: as transformações no campo e o agronegócio no Brasil,


in: Terra Livre. n. 21, p. 113-156. São Paulo: AGB, 2003.

PIRES, M. L. Cooperativismo: limites e perspectivas na era da globalização. Um estudo


comparativo Brasil/Canadá. Universidade e Sociedade, v. 7, n. 14, p. 78-84, 1997.

REZENDE, Sidivan. Entre o rural e o urbano: a agricultura urbana em Uberlândia (MG).


Dissertação (Mestrado em Geografia) - Programa de Pós-Graduação em Geografia da
Universidade Federal de Uberlândia. Uberlândia, 2004.

SANTOS, Milton. A urbanização brasileira. 5 ed. São Paulo: Edusp. 2013.

SANTOS, Milton. Metamorfoses do espaço habitado: fundamentos teóricos e metodológicos da


geografia. 6 ed. São Paulo: Edusp. 2014.

SCHMITT, Claudia Job. Transição agroecológica e desenvolvimento rural: um olhar a partir da


experiência brasileira. In: SAUER, S. & BALESTRO, M.V. (Org.) Agroecologia e os desafios da
transição agroecológica. 2 Ed. São Paulo: Expressão Popular, p. 173-198, 2013.

SINGER, P. Uma utopia militante: repensando o socialismo. Petrópolis, RJ: Vozes, 182 p. 1998.

SINGER, P.; SOUZA, A. R. (Orgs.). A economia solidária no Brasil: a autogestão como resposta
ao desemprego. São Paulo: Contexto, 2000.

282
METAMORFOSES OU ALOMORFIAS AGRÁRIAS?
TRANSFORMAÇÕES SOCIOESPACIAIS DECORRENTES DA ADESÃO
DE “AGRICULTORES FAMILIARES” AO COMPLEXO
AGROINDUSTRIAL DA SOJICULTURA
Rodrigo Gonçalves de Souza
Linha de Pesquisa - Doutorado: Dinâmicas Socioespaciais

Palavras-chave: transformações socioespaciais, morfologias agrárias, complexo


agroindustrial, sojicultura

A inserção do público, chamado pela Lei 11.326/06 como “agricultura familiar”1

- delimitação operacional com fins de recorte para linhas específicas de políticas públicas

-, no Programa Nacional de Produção e Uso do Biodiesel, dá-se via concessão do Selo

Combustível Social para empresas que lhes adquirem matéria-prima. No Centro-Oeste,

o percentual mínimo de aquisição entre o total é de 10%.

A Portaria nº60/12 do Ministério do Desenvolvimento Agrário regulamentou os

critérios e procedimentos relativos à concessão, manutenção e uso do Selo e concessão

de bônus. Os parâmetros contidos nos artigos 4º, 10º, 13º e 14º articulam preocupações

em conciliar as demandas dos elos e processos de racionalidade empresarial e do circuito

comercial da cadeia de agrocombustíveis, com os termos agrários que balizam o

enquadramento como “agricultura familiar” pela Lei, além de exigências de incremento

produtivo em quantidade, escala e preço final.

Tais parâmetros estariam em garantias de participação representativa dos

agricultores no processo de contratualização; regulamentação dos encargos e serviços

prestados aos agricultores; ponderações acerca da assistência técnica, que em tese, deve

se pautar por metodologias participativas e contemplar a família enquanto unidade

1Doravante o uso das aspas indicará a nomenclatura enquanto enquadramento no recorte legal
dos sujeitos sociais para as políticas públicas focadas – considerando os quesitos para o
enquadramento -, antecedendo o crivo analítico que o trabalho fará quanto às morfologias e
categorizações sociológicas

283
laboral. Entretanto, atendendo a um pleito e lóbi antigo das empresas compradoras de

Biodiesel (BIODIESELBR, 2010), o governo federal, através da portaria nº 512 de 09/2017,

esvaziou o papel das federações sindicais nas mediações do contrato, especialmente para

se garantir o bônus aos agricultores (PORTARIA 512, 2017).

A produção da soja tem sido a única viável para o PNPB em Goiás, tendência

hegemônica no país (SILVA, GRASEL & MERTERNS, 2017). Não se consta nos

instrumentos formais a preocupação com o percentual, dentre a área produtiva total da

propriedade, a ser cultivado com a cultura contratada. Pode-se estabelecer uma

monocultura total de baixa taxa interna de retorno2 por unidade, com elevado ponto de

equilíbrio3. Tampouco se contempla meios de acompanhamento da assistência técnica,

conferindo se garante a efetiva participação coletiva e a agregação familiar no processo

laboral, atentando para a participação das mulheres e jovens, como preconizado.

No Sudeste Goiano, região de planejamento estadual que engloba 22 municípios4,

ocorre o fenômeno da adesão ao complexo agroindustrial da soja por parte de sujeitos

sociais dentro deste recorte legal “agricultores familiares” - sejam assentados da reforma

agrária ou demais - independente de estarem integrados ao Selo. Configuram-se

instrumentos contratuais de diversos formatos, com empresas atuantes na região como

Cargil, Granol, Yara, cooperativas como a COCARI - sediada em Campo Alegre de Goiás

-, em parceria com o Sistema de Cooperativas de Crédito Rural Solidário – Cresol – em

Orizona e Silvânia (CULTIVAR, 2017; INSTITUTO BIOSISTEMICO, 2017), etc. Nestes

2“Taxa necessária para igualar o valor de um investimento com seus respectivos retornos futuros
ou saldos de caixa” (CASAROTTO, 2008, p. 52).
3 Nível de produção necessário para que a receita obtida com a quantidade produzida e

comercializada possibilite quitar custos, mesmo ainda sem lucro.


4 Abrange 7,39% do território do estado. São eles Anhanguera, Campo Alegre de Goiás, Catalão,

Corumbaíba, Cristianópolis, Cumari, Davinópolis, Gameleira de Goiás, Goiandira, Ipameri,


Leopoldo de Bulhões, Nova Aurora, Orizona, Ouvidor, Palmelo, Pires do Rio, Santa Cruz de
Goiás, São Miguel do Passa Quatro, Silvânia, Três Ranchos, Urutaí, Vianópolis.

284
casos, inserem-se no mercado convencional deste complexo, a preços de mercado e

sujeitos a maiores oscilações e incertezas.

Em setembro de 2010 foi inaugurada a instalação da unidade agroindustrial da

Caramuru Alimentos, buscando integrar agricultores do segmento no Selo Combustível

Social. Na ocasião anunciou que incorporaria 668 “agricultores familiares”, cultivando

em uma área de 44.503 ha. Contudo, em 2015 havia 21 agricultores do município que

aderiram ao Selo e 210 na Região Sudeste de Goiás; em 2016 havia 18 em Ipameri e 208

na Região (SEAD, 2017).

Segundo pesquisa de Wesz Júnior & Bueno (2018, p.2), entre os “principais

fatores de maior influência para produção de soja nos pequenos estratos de área” estão

a “facilidade de comercialização da produção e a existência de crédito rural para o

custeio da produção”. Levantamento comparativo da CONAB (2017) para o período

entre janeiro e julho de 2016 e 2017, destacou o crescimento na utilização do PRONAF

para a cultura da soja (66,80%), praticamente empatada com o feijão (67,09%) e muito

acima do arroz (52%).

Alguns trabalhos sugerem fortemente a insustentabilidade econômica do sistema

produtivo de sojicultura em pequena escala de produção familiar (NUNES, 2000;

BATAIELO, 2006; FENNER, 2006; ZANON et al., 2010), principalmente devido a fatores

de deseconomias de escala, acentuado pelo baixo grau de monitoramento de custos

econômicos, que além dos gastos contábeis incluem a depreciação, custo de

oportunidade da terra, do capital, trabalho.

Levanta-se a hipótese de que nestas unidades produtivas, com a inserção no

agronegócio da soja – impulsionada ou não pela Política Pública –, possa estar

estabelecendo-se um transcurso socioespacial de transformação no perfil deste

segmento social, com pressões no sentido de, mais do que configurar uma “agricultura

familiar” de expressão mais empresarial, uma agricultura empresarial em propriedades

285
de escala familiar (LAMARCHE, 1998, pp. 67-70), com um aumento da vulnerabilidade

das famílias no médio e longo prazo.

Desta hipótese central, derivam-se um conjunto de questões de pesquisa tais

como: há estratégias amortecedoras para os riscos e, em caso positivo, quais seriam? É

possível uma inclusão sustentada desse perfil de agricultores, em função da escala

demandada pela atividade produtiva? Como os sujeitos transformam a configuração

espacial e o espaço transformado transforma os sujeitos? Em que medida a inserção na

cadeia produtiva de agrocombustíveis, ou do complexo agroindustrial da soja mais

amplo, compromete a produção diversificada típica deste segmento social?

Objetivo Geral

Compreender as transformações socioespaciais nas unidades produtivas da

agricultura de perfil familiar que aderiram ao agronegócio da soja no sudeste goiano.

Objetivos Específicos

• Analisar os mecanismos e forças sociais e político-institucionais que atuaram no

processo de adesão dos denominados “agricultores familiares” ao complexo da soja;

• Examinar a (re)organização socioespacial gerada com a implantação dos sistemas

produtivos da sojicultura nas propriedades dos “agricultores familiares”;

• Avaliar os riscos e vulnerabilidades para a reprodução social no espaço a que

estão expostos os “agricultores familiares” aderindo ao complexo da soja.

PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

1. Revisão teórica: problematização do conceito de agronegócio, de agricultura

familiar e camponesa e suas diferentes morfologias; racionalidade, trabalho e

economia; racionalidade e Estado em interface com discussão sobre políticas

públicas para a “agricultura familiar” e seu histórico brasileiro; dinâmica e

transformação socioespacial; espacialização do agronegócio, com ênfase na

cultura da soja em Goiás e atenção para a “agricultura familiar” e camponesa.

286
2. Levantamento sobre a implementação do Selo Combustível Social e

levantamento de informações sobre o processo de implantação na região sudeste

de Goiás. Pesquisa em Fontes secundárias (literatura acadêmica, publicações de

órgãos oficiais); fontes primárias (entrevistas com agentes públicos, com agentes

empresariais privados e instituições da agricultura de perfil familiar que atuam

com o programa), focando posteriormente no Sudeste Goiano.

3. Levantamento e Diagnóstico das “unidades produtivas familiares”

(propriedades) no sudeste goiano onde houve conversão para o sistema

produtivo da sojicultura, seja no âmbito do PNPB, seja fora do âmbito. Fontes

secundárias (literatura acadêmica, publicações de órgãos oficiais); fontes

primárias (entrevistas com agentes públicos – inclusive da assistência técnica,

com agentes empresariais privados e instituições da “agricultura familiar” que

atuam com o programa, amostragem estratificada de agricultores). Sistematizar

e analisar visando distinguir processos e causas que levaram a adesão.

4. Produção de mapas mentais com uma subamostragem dos agricultores:

representações subjetivas dos agroecossistemas antes e depois da sojicultura.

5. Levantamento de dados médios de variáveis de cálculo para análise de

viabilidade econômica da sojicultura no sudeste goiano por escalas de produção.

6. Mapeamento das principais áreas de maior concentração de sistemas produtivos

da “agricultura familiar” onde houve conversão à sojicultura no sudeste goiano

e empresas compradoras; elaboração de representações do sistema de relação das

conexões articulando os sujeitos sociopolíticos envolvidos no complexo soja.

7. Esquematização, Análise, Sistematização e Síntese das informações e resultados

à luz da discussão teórica desenvolvida.

PLANO DE REDAÇÃO PRELIMINAR

1. Prolegômenos da pesquisa

287
Para tarefa que se empreenderá de analisar as transformações socioespaciais, se
debruçará, pelos caminhos da análise e síntese, sobre categorias analíticas e arcabouços
conceituais chave desenvolvidos na literatura pertinente: perspectiva acerca do espaço
(SANTOS, 1978, 1997, 2004; MASSEY 1994, 2000; HARVEY, 2012); lugar (CARLOS, 2007;
MASSEY, 2008; SANTOS, 2012; 2014). Os fenômenos sociais serão compreendidos
indagando-se pelas suas causas e analisados no bojo dos processos em que
desencadeiam-se e desenvolvem-se. Buscar-se-á identificar as estruturas e daí suas
potencialidades - as quais norteiam o curso dos eventos -, bem como a forma
característica do funcionamento destas estruturas e, a partir daí, elucidar os modos de
atuação (SAYER, 2010, p.106-112).

2. As razões têm corações: o complexo soja incorpora a “agricultura familiar”


Atentar-se-á para as relações com os demais sujeitos do agronegócio, submetendo
ao crivo crítico (BRUNO, 2009; CAMPOS 2009) o emprego na literatura brasileira,
oferecendo um tratamento numa perspectiva multidimensional (identidades de projeto
e legitimação em CASTELLS, 1999). O conceito contempla integrações sociais entre
indivíduos e grupos, constituindo-se tal como uma “subjetividade coletiva” em que se
criam organizações para alcançar fins específicos (VANDENBERGUE, 2010. p. 205-218).
O arcabouço do Realismo Crítico confere a tais coletivos e grupos estruturados, no caso
do “agronegócio”, uma ontologia na qual se constituem relações entre os membros,
capaz de “causar” fenômenos e acontecimentos.
Considerará também as ações e políticas proativas do Estado, fomentando,
arquitetando institucionalmente, infraestrutura, estruturando mercados, suscitando a
demanda, assumindo riscos ou externalidades. Dada a atuação de sujeitos sociopolíticos
no campo de disputa da alocação e destinação dos recursos orçamentários, faz-se útil
problematizar a discussão weberiana sobre a racionalidade da administração pública
moderna, escala de prioridades e legitimidade (discussão crítica sobre WEBER, 1991).
Serão realizados diagnósticos sobre as motivações que levaram os agricultores a
aderirem e como eles as representam. Acompanhando a compreensão em termos de
poderes causais dos mecanismos de funcionamento das estruturas de acordo com o
realismo crítico (SAYER, 2000, p. 18; FAIRCLOUGH, JESSOP & SAYER, 2002 – tradução
por FOSCACHES, 2016), as razões podem se constituir explicações causais na medida
em que nos suscitam a ações e pensamentos diferentes que geram efeitos detectáveis e
fenômenos. Um arcabouço que se pretende testar é o do conceito de “consumo
conspícuo”, desenvolvido por Veblen (1965). Certeau (2008), Slater (2001, p.151) e
Braudrillard (2008, p. 71-72) também discutem como bens de consumo podem exercer
um apelo para assumir a função de emblemas para aspirações de elevação do status
social e reconhecimento. Entretanto, essas considerações não farão com que se deixe de
atentar para outras motivações tais como: dificuldade de comercializar outros produtos,
giro e receitas da sojicultura, maior facilidade para obtenção de crédito, etc.

288
3. Espaço em reconfiguração, Espaço reconfigurante: as tendências geradas pela adesão
ao complexo soja
A pesquisa elucidará as consequências possibilitadas pelos mecanismos das
estruturas do sistema produtivo e comercial da sojicultura na dinâmica socioespacial da
“agricultura familiar”; os efeitos com os agricultores dentro desta abrangência tipológica
que, em outras, não ocorrem; os efeitos que não ocorrem em outros sistemas na mesma
abrangência tipológica de agricultores.
Caracterizará as transformações nas características da forma e expressão social
das famílias agricultoras, seja pelo impactos, seja pelas estratégias adaptativas,
investigando se a forma de gestão e manejo da propriedade e sua relação com a
economia, sociedade, e institucionalidades do meio mais amplo estarão sujeitas a passar
por reconfigurações mais ou menos significativas. Será acompanhado de avaliações
quanto às evoluções do grau de especialização nas unidades produtivas familiares, grau
de integração ao mercado (e riscos decorrentes) e as formas de relações de trabalho,
considerando o protagonismo e preponderância na gestão e trabalho na propriedade.
Dentre as diferentes formas que as buscas dos “agricultores familiares” para
adaptarem-se às condicionantes do contexto social e econômico assumem, incluem-se as
que se elaboram e reelaboram discursos, valores e campos simbólicos. Trabalhar-se-á
verificando o pressuposto de que os sujeitos sociais, as instituições e mecanismos das
estruturas - estes últimos a partir de propriedades emergentes (SAYER, 2010, p. 80-158)
- têm o potencial para transformar o espaço e, o espaço transformado transforma os
sujeitos, as instituições e as estruturas. Serão discutidas as morfologias variadas das
relações deste segmento com os mercados capitalistas (LAMARCHE, 1998;
WANDERLEY, 2003; GRISA, SCHNEIDER & CONTERATO, 2006; PAULINO, 2006; DE
OLIVEIRA, 2007, 2010; LOCATEL e AZEVEDO, 2008; SCHNEIDER, 2010; VEIGA; 2012;
KAGEYAMA, BERGAMASCO & DE OLIVEIRA, 2014).

4. Anelos ou angústias: riscos e vulnerabilidades pelos mecanismos do complexo soja


“Agricultores familiares” que aderiram ao sistema produtivo-comercial da
sojicultura passam a participar dos riscos de um sistema eminentemente intensivo e
exigente de insumos externos; nas relações com as empresas compradoras da matéria
prima, eles partilham dos riscos da oscilação de preços e participação em prejuízos?
Considerando renda menos despesa da sojicultura nas propriedades familiares,
o saldo é favorável? Há um aumento significativo no poder de consumo das famílias?
Há viabilidade econômica nas escalas de produção? Como a gestão da unidade
produtiva familiar e as relações de trabalho mudaram? Percebe-se se relações familiares
e as comunitárias foram afetadas - com atenção especial nas características da
sociabilidade camponesa (BRANDÃO, 1981; WOORTMANN & WOORTMANN, 1997;
CASTRO, 2009; ANDRADE et al, 2017)? Quais as principais alterações na dinâmica

289
socioespacial da agricultura de perfil familiar nas áreas onde houve conversão pra
sojicultura?
Averiguará se uma suposta tendência a uma conversão para micro/pequenas
empresas familiares agrícolas (conceitos de empresas familiares/empresas familiares
tradicionais - LETHBRIDGE, 1997; GRZYBOVSKI & TEDESCO, 1998; RICCA NETO,
1998) - das unidades produtivas pode estar sendo “freada” não por racionalidades
tipológicas camponesas, mas por dificuldade de ampliar a escala da unidade produtiva,
relevo e outros limites naturais, impossibilidade de comprar lotes no assentamento, ou
alguma regulamentação.

290
O PLANEJAMENTO URBANO EM CIDADES DE PORTE MÉDIO
PERTECENTES À REGIÕES METROPOLITANAS: ANÁLISE DE
TRINDADE-GO
Wildes Jesus Rodrigues
Modalidade: Doutorado

Palavras Chaves: Planejamento, Urbanização, Metrópole, Trindade-GO

INTRODUÇÃO

O presente Projeto intitula-se “planejamento urbano em cidades de porte médio

pertencentes à regiões metropolitanas: análise de Trindade-Go”. Sua proposta é a de

investigar a dinâmica sócio-territorial de Trindade-GO à luz das influências do

fenômeno de metropolização em andamento. Para atingir este objetivo o projeto deve

obedecer aos mecanismos de investigação pertinentes a ciência geográfica, que envolve,

de modo geral e Segundo Paulo César Gomes,

“o de estabelecer limites, colocar fronteiras, fundar objetos espaciais,


orientá-los, ou, em poucas palavras, o ato de qualificar o espaço; mas é
também simultaneamente a possibilidade de pensar estas ações dentro
de um quadro lógico, de refletir sobre estas ordens e sobre seus
sentidos”. (Gomes, 1997)

Gomes deixa claro que o saber geográfico, usado por um sujeito, deve

“estabelecer limites” e “qualificar o espaço”. Para chegar a esta premissa, através da

análise, é necessário fragmentar o objeto de pesquisa, dividi-lo em pequenas partes,

pormenoriza-lo etc. De acordo com esta preocupação cabe retratar “onde”, ou melhor,

em que ramo da geografia se ajusta nosso projeto de pesquisa.

Podemos afirmar que ele enquadra-se na sub-área da geografia intitulada

geografia humana e que tem como conteúdo específico a geografia Urbana. Este trabalho

se desenvolverá tendo como “princípio norteador” o planejamento urbano – tema que

interessa a uma grande quantidade de pesquisadores de distintas áreas, mas que se

291
particulariza na geografia por ser uma ciência, a meu entender, social e preocupada com

os arranjos espaciais.

Analisando o planejamento em cidades de médio porte e que compõe

uma região metropolitana, investigaremos a cidade de Trindade-Go. A escolha

desse município foi feita no intuito de dar continuidade ao trabalho

desenvolvido no mestrado, que teve como foco a “Fragmentação Territorial de

Trindade”. Também levou em consideração o envolvimento do pesquisador

com o objeto de estudo.

O município de Trindade localiza-se na Zona do Mato Grosso de Goiás,

na porção central do estado e a 18 km a oeste da Capital de Goiás. Limita ao

norte com Goianira e Caturaí; ao sul com Guapo; a leste com Goiânia, a Oeste

com Santa Bárbara e a Sudoeste com Campestre de Goiás (Observe o mapa a

seguir). Com uma área de 719,70 Km2, o município de Trindade tem cerca de

0,19% da superfície do Estado de Goiás.

Municípios limítrofes à Trindade-GO

Fonte: MUBDG.
Organização: Rafael de Oliveira Borges, 2005

292
O crescimento populacional de Trindade, segundo dados do Plano Diretor de

Trindade (ARCA, 1998), se dá de forma mais uniforme até os anos 1980 quando o

município passa por um processo mais acelerado de crescimento.

Esse movimento pós 1980 é responsável por um aumento considerável na

população de Trindade. Este fato coincide com o estabelecimento da nova Lei Municipal

de Parcelamento e Remanejamento nº. 4526/72 de Goiânia que dificulta o parcelamento

de suas áreas. Outro fator que também contribuiu para este “salto” no crescimento

populacional a nível estadual – porém que também tem seus reflexos no contexto

municipal – está relacionado à expansão da fronteira agrícola e com a implantação do

Estatuto do Trabalhador Rural, segundo o que reflete João de Deus:

“As mudanças na base econômica primária iniciaram com a expansão


da fronteira agrícola e com os incentivos estatais para a modernização
da agricultura a fim de promover o aproveitamento racional do
cerrado. Essas alterações, associadas aos investimentos estatais em
infraestrutura, ligados ao Plano de Metas, proporcionaram grande
crescimento econômico nos anos 70 e 80. Tais investimentos visavam à
modernização das vias de transporte, da base energética e das
telecomunicações, e, aliados aos créditos subsidiados, promoveram
estrita integração dos estados do Centro-Oeste aos mercados interno e
externo”. (DEUS, 2002, p. 178)

Com o advento destes imperativos as cidades do entorno de Goiânia passam a

ser receptáculos de imigrantes, que em sua maioria buscam “abrigo” nas áreas mais

próximas à Capital que, além do atrativo localizacional, estão livres de infra-estrutura

apresentando, via de regra, preços mais baixos e facilidades no pagamento de uma casa

própria. Porém este fato é responsável por uma complexa rede de acontecimentos que

tramitam sobre as áreas metropolitanas e lhes conferem certas particularidades uma vez

que, segundo Deus:


“(...) Goiânia induz o crescimento de várias cidades próximas. Mas, ao
mesmo tempo, inibe estas cidades de assumirem características
próprias.” (DEUS, 2002, p. 179)

293
A expansão urbana, em Trindade, ganha uma nova configuração, pois as áreas

do entorno de Goiânia iniciam um processo de crescimento desordenado – uma vez que

ele se dá de forma desintegrada com outros bairros – expandindo em formas de mosaico

dificultando as ações municipais para garantir infra-estrutura que atenda às

reivindicações da população local. Esta expansão se realizou, e ainda se realiza, de forma

“desordenada”, dentre outros fatores, devido à grande quantidade de terrenos deixados

à especulação imobiliária.

Pode-se afirmar, de forma premeditada que, a partir dos anos 1980 Trindade não

é mais vista de forma homogênea e novas denominações surgem para se referir à área

de maior expansão urbana do Município: “Trindade II” ou, posteriormente, “Nova

Trindade” ou ainda, “grande Trindade” e, mais recentemente “Trindade Leste”.

Nomenclaturas que mudaram para contemplar posturas políticas administrativas que

se comprometiam, em épocas de campanha política, em solucionar todas as

problemáticas urbanas existentes nesse núcleo de Trindade.

Estas conotações supracitadas – além de um “jogo” ou estratégia de ordem

política – não se devem apenas ao fenômeno de expansão urbana relacionada à romaria

do Divino Pai Eterno, porém, também, às particularidades envolventes e disseminadas

pela metrópole em ascensão, no dizer de Chaveiro:

“Inicialmente, a produção simbólica desenvolvida pela metrópole ou


que ela tem como função reproduzir e disseminar de tempo em tempo,
atravessa todos os corpos, chega a todas as mentes pela via do espaço
metropolitano. É um dos papéis essenciais da metrópole formar gostos,
ajuizar maneiras de consumir, educar o indivíduo para o mundo que
se tem, introjetar maneiras do indivíduo participar do concerto
mercadológico.” (CHAVEIRO, tese de doutoramento)

Podemos afirmar, assim, que estas peculiaridades, intrínsecas à dinâmica

territorial de Trindade, perpassam pelos aspectos religiosos, sócio-culturais, comerciais,

294
políticos e, também, pela dinâmica de metropolização em construção. Esses fatores

tendem a influenciar diretamente seu planejamento.

PROBLEMATIZAÇÃO

A partir do víeis supracitado, explicita-se a necessidade de pensar sobre o

planejamento urbano de Trindade em sua relação direta com a região metropolitana de

Goiânia. Em outras palavras, essas discussões deixam claro que a cidade de Trindade

não pode ser explicada ou pensada apenas a partir do marco inicial que foi a Romaria

do Divino Pai Eterno, como sendo uma “cidade Santuário” (Santos, 1998) ou mesmo a

partir das relações desenvolvidas no “comércio Varejista Periódico no tempo-espaço da

Festa do Divino Pai Eterno em Trindade” (Coelho, 2003). Deve-se buscar a confluência

desses fenômenos considerando a influência da capital estadual – Goiânia –, da região

metropolitana de Goiânia e a própria dinâmica sócio-espacial, dotada de características

particulares, na elaboração de seu planejamento.

HIPÓTESE

A cidade de Trindade se constituiu e se constitui na confluência de fatores

internos e externos ao seu município e, em seu planejamento, a região metropolitana

teve e tem um peso decisivo. A relação de proximidade e de interação espacial com

Goiânia conduzindo-a a uma profunda fragmentação; a peregrinação Goiânia-Trindade,

efetivada pela festa/romaria do Divino Pai Eterno agora com rompantes turistificados; a

radicação de indústrias em seu território, dentre outros, são aspectos que materializam

essa influência.

295
OBJETIVOS

OBJETIVO GERAL

Investigar o planejamento urbano de cidades de porte médio pertencentes à

região metropolitana, observando o caso de Trindade-GO.

OBJETIVOS ESPECÍFICOS

➢ Analisar o plano Diretor do município de Trindade-GO

➢ Verificar as peculiaridades da população de Trindade à luz da expansão urbana;

➢ Observar fluxos comerciais e de serviços do território em estudo;

➢ Identificar quais são características territoriais capazes de comprovar a influência da

região metropolitana no planejamento de Trindade-GO

REFERENCIAL TEÓRICO

ANDRADE, Manuel Correia de. A QUESTÃO DO TRRRITÓRIO NO BRASIL. São


Paulo-Recife, ed. HUCITEC, 1995

ARRAIS, Tadeu Pereira Alencar. GOIÁS: Novas Regiões, ou Novas Formas de olhar
Velhas Regiões In: ALMEIDA, Maria Geralda de (Org). Abordagens geográficas de
Goiás: o natural e o social na contemporaneidade. Goiânia: IESA, 2002.

CARLOS, Ana Fani Alessandri (Org.) ; SOUZA, Marcelo L (Org.) ; SPOSITO, M.


Encarnação Beltrão (Org.) . A produção do espaço urbano: agentes e processos, escalas
e desafios. 1. ed. São Paulo: Contexto, 2011. 234p .

CHAVEIRO, Egmar Felício. Goiânia, Uma Metrópole em Travessia. Tese (Doutorado


em Geografia) – Universidade de São Paulo – USP, São Paulo.

COELHO, Tito Oliveira. O comércio Varejista Periódico no tempo-espaço da Festa do


Divino Pai Eterno em Trindade. 2003 171f. Dissertação (Mestrado em Geografia) –
Instituto de Estudos Sócio-Ambientais, Universidade Federal de Goiás, Goiânia, 2003.

DEUS, João de. O Sudeste Goiano e a Desconcentração Industrial. Brasília: Ministério


da Integração Nacional: Universidade Federal de Goiás, 2002.

BARBOSA, A. S; TEIXEIRA NETO, A e GOMES, Horieste. GEOGRAFIA: Goiás-


Tocantins. Goiânia – GO: 2º ed. UFG, 2004.

296
GOMES, Paulo C. da Costa. Geografia e Modernidade. Rio de Janeiro – RJ:

Bertrand Brasil, 1996.

MARX, K e ENGELS, F. A ideologia alemã (feuerbach). São Paulo: ed. Hucitec Ltda. 7º
ed. 1º ed. 1973.

MENDONÇA, Francisco, e KOZEL, Salete. Elementos de Epistemologia de Geografia


Contemporânea, Curitiba – PR, ed. UFPR, 2002.

OLIVEIRA, Paulo de Salles. Caminhos de construção da pesquisa em ciências


Humanas. In: OLIVEIRA, Paulo de Sales (Org). Metodologia das ciências Humanas.
São Paulo. Ed. Hucitec, 1998.

SANTOS, M. A. N. dos. Trindade de Goiás, uma cidade santuário. 1998. Tese


(Mestrado em teologia) – Universidade Católica de Goiás, Goiânia.

TEIXEIRA NETO, Antônio. O território goiano: formação e processo de povoamento e


urbanização. In: ALMEIDA, Maria Geralda de (Org). Abordagens geográficas de
Goiás: o natural e o social na contemporaneidade. Goiânia: IESA, 2002.

SOUZA, Marcelo Lopes. Mudar a Cidade Uma introdução crítica ao Planejamento e à


Gestão Urbana. 3º ed. Rio de Janeiro – RJ: Editora BERTRAND BRASIL, 2004.

SPOSITO, M. Encarnação Beltrão. Para pensar as pequenas e as médias cidades


brasileiras. 1. ed. Belém: FASE e UFPA, 2009. v. 1. 57p

_________________Cidades médias: espaços em transição. 1. ed. São Paulo: Expressão


Popular, 2007. v. 1. 630p

297
ENSINO-APRENDIZAGEM DE GEOGRAFIA
O ENSINO DA VEGETAÇÃO NA GEOGRAFIA ESCOLAR EM ESCOLAS
ESTADUAIS DO ENSINO FUNDAMENTAL DE INHUMAS – GO
Clara Lúcia Francisca de Souza
Modalidade: Mestrado

Palavras-chave: Ensino de Geografia. Componentes Físico-naturais. Vegetação.

INTRODUÇÃO

Os estudos que versam sobre o ensinar Geografia são uníssonos ao considerar

que a Geografia Escolar tem a responsabilidade de propiciar aos estudantes uma visão

crítica da realidade que o cerca. Portanto, é a partir da mobilização do cotidiano que se

tornaria possível a construção de conhecimentos e a produção de conceitos relacionados

à ciência geográfica, construções essas propiciadas pela integração entre conhecimentos

cotidianos e conhecimentos científicos, conforme pontua Cavalcanti (1998).

A Geografia Escolar, ao mesmo tempo em que não está isolada de outros campos

do conhecimento não se configura como uma síntese da Geografia Acadêmica, pelo

contrário, ela consiste na construção do conhecimento da disciplina na escola, em que

interligam a Geografia Acadêmica e a Didática da Geografia (MORAIS, 2011).

Portanto, nesta disciplina que são abordados os componentes físico-naturais do

espaço geográfico, que diferentemente das demais disciplinas que também abordam

esse conteúdo, a abordagem do solo, do relevo ou da vegetação, por exemplo, leva em

consideração o objeto de análise da Geografia Escolar, ou seja, o espaço geográfico.

O presente trabalho tem por objetivo analisar o ensino da vegetação na Geografia

Escolar em escolas estaduais do Ensino Fundamental de Inhumas-GO. Procurando

responder às seguintes questões norteadoras: Será que o professor de Geografia

relaciona os conteúdos físico-naturais com a realidade dos alunos? Que metodologias ou

recursos didáticos são utilizados para o ensino da vegetação na Educação Básica? A

partir desses questionamentos procura-se apresentar contribuições para o ensino dos

299
componentes físico-naturais, com destaque para a vegetação na Educação Básica do

município de Inhumas/GO.

O tema escolhido surgiu do anseio vivenciado desde a graduação em Geografia,

momento em que iam sendo estruturados questionamentos a respeito da vegetação do

município de Inhumas. Esta motivação foi ampliada nos estudos posteriores quando

buscava-se entender, nas representações mais detalhadas da vegetação brasileira, o

papel desempenhado pelo Cerrado.

OBJETIVOS

Objetivo Geral

Analisar o ensino da vegetação na Geografia Escolar em Escolas Estaduais do

Ensino Fundamental de Inhumas-Go.

Objetivos Específicos

• Verificar como o tema vegetação é trabalhado na Geografia Escolar;

• Identificar quais metodologias de ensino tem sido utilizadas pelos professores de

Geografia para a abordagem do tema vegetação na Educação Básica;

• Apresentar propostas de metodologias de ensino, em conjunto com os

professores das escolas pesquisadas, para abordar esse tema nas aulas de

Geografia do Ensino Fundamental.

METODOLOGIA

Para o desenvolvimento do presente trabalho utilizar-se-á a metodologia de

pesquisa qualitativa que consiste, de acordo com Fino (2016), em um tipo de investigação

na qual pode haver um período de interações sociais entre o investigador e os sujeitos,

neste caso na escola. Neste período ocorre o recolhimento de dados e o observador passa

a participar da vida/vivência dos sujeitos, partilhando suas experiências. O investigador

300
busca desempenhar um papel no grupo envolvido, respeitando suas experiências e as

ações compartilhadas no ambiente escolar.

Para desenvolver a proposta recorre-se a observação participante que, segundo

Ludke e André (2011) constitui num dos principais instrumentos de coleta de dados nas

abordagens qualitativas em educação. Em se tratando da pesquisa qualitativa Silva e

Silveira (2007, p. 152), destacam que:


Em geral, a pesquisa qualitativa é caracterizada como compreensiva,
holística, ecológica, humanista, bem adaptada para a análise minuciosa
da complexidade, próxima das lógicas reais, sensível ao contexto no
qual ocorrem os eventos estudados, atenta aos fenômenos de exclusão
e de marginalização.

A experiência direta possibilita ao observador recorrer aos conhecimentos e

experiências pessoais como complemento no processo de compreensão e interpretação

do fenômeno estudado. Este método de investigação permite também a aproximação do

observador da perspectiva dos sujeitos e se revela de extrema utilidade na descoberta de

aspectos novos de um problema. Assim, a observação permite a coleta de dados em

situações em que é impossível estabelecer outras formas de levantamento ou outras

formas de comunicação.

Nesse sentido, os professores integram a pesquisa não apenas respondendo os

questionários, mas de forma participante envolvendo pesquisador, professor e aluno. A

observação participante, de acordo com Fernandes (2011, p.03):


Trata-se de uma técnica de levantamento de informações que
pressupõe convívio, compartilhamento de uma base comum de
comunicação e intercâmbio de experiências com o(s) outro(s)
primordialmente através dos sentidos humanos: olhar, falar, sentir,
vivenciar... entre o pesquisador, os sujeitos observados e o contexto
dinâmico de relações no qual os sujeitos vivem e que é por todos
construído e reconstruído a cada momento.

Ao compreender que o convívio com os sujeitos em questão estabelece

referenciais para a discussão e compreensão do processo de ensinar geografia, sobretudo

301
quando acreditamos que o ensino dos componentes físico-naturais pressupõe a inserção

na realidade escolar, nos processos formativos e na construção de conceitos. Assim, são

fundamentais os instrumentos de pesquisa aplicados aos atores/sujeitos envolvidos, de

modo a explorar questões específicas e gerais que dialogam com a proposta teórico-

conceitual que embasa esta pesquisa, bem como na concretização dos objetivos

propostos.

Na execução dos objetivos propostos no presente trabalho, utiliza-se como

referencial teórico-metodológico os trabalhos de Morais (2011), Roque (2009), Shulman

(2005), Ribeiro e Walter (2008), entre outros, tendo como eixo de análise temas como

Ensino de Geografia, Geografia Escolar, Componentes Físico-naturais. Para a efetivação

de tal proposta serão realizados levantamento bibliográfico, observações das aulas de

Geografia, análise de livros didáticos, trabalho de campo, e será proposto a elaboração e

confecção de materiais didáticos em conjunto com os professores das escolas

pesquisadas.

O levantamento bibliográfico será realizado em Teses, Dissertações, e outros,

com o intuito de analisar e refletir sobre o ensino dos componentes físico-naturais com

foco na vegetação.

A observação de aulas será realizada, nas escolas estaduais que atendem o 6º ano

e o 7º ano, para identificar quais metodologias de ensino tem sido utilizadas pelos

professores de Geografia para a abordagem do tema vegetação na Educação Básica. A

análise do livro didático será realizada em livros de Geografia e de Ciências, ao tratar o

conteúdo vegetação. O trabalho de campo, provavelmente dois, será feito a fim de

motivar os estudantes a aprenderem sobre a vegetação do município, tendo como pontos

de parada vegetações distintas existentes dentro do domínio morfoclimático do Cerrado,

No que concerne à proposta das atividades para que os alunos consigam

entender a realidade na qual estão inseridos, pretende-se confeccionar maquetes, mapas

(localização, geologia, geomorfologia, solos, uso dos solos, declividade) do lugar onde

302
vivem, realizar exposição de fotografias (antigas e atuais) e trabalho de campo no

município. Com isso, acredita-se que as utilizações destas metodologias podem

contribuir para a superação do desafio que é ensinar os componentes físico-naturais na

Geografia Escolar a partir da realidade vivenciada pelo estudante, do seu lugar de

vivência.

REFERENCIAL TEÓRICO

Cavalcanti (2008) destaca a importância da formação inicial e da formação

continuada do profissional de Geografia para que o ensino dessa componente curricular

seja encaminhado com qualidade. Nessa mesma direção, Moraes e Souza (2008, p. 152)

relatam que “A formação do professor é algo contínuo e deve ocorrer durante toda a

vida profissional.” Não basta que o professor tenha sua formação concluída e sim que

procure aperfeiçoar seus conhecimentos.

De acordo com Silva (2003, p.01): “O professor diante dessa abordagem deve

adotar uma postura reflexiva sobre sua prática pedagógica, que possibilite a capacidade

de trabalhar, observar, analisar, criticar e de aprender com os outros.” Dessa forma, o

professor passa a ser também um aprendiz e mediador, principalmente no ensino

geográfico em que se deparam com situações do dia a dia relacionados com assuntos da

Geografia. Cavalcanti (1998, p. 9) ressalta que:

A matéria de ensino de Geografia corresponde ao conjunto e saberes


dessa ciência, e de outras que não têm lugar no ensino fundamental e
médio como Astronomia, Economia, Geologia, convertidos em
conteúdos escolares a partir de uma seleção e de uma organização
daqueles conhecimentos e procedimentos tidos como necessário à
educação geral.

Conforme Roque (2009) a intenção de uma disciplina escolar faz modificações em

seus rumos, acrescentando ou retirando conteúdos, ainda estimulando mudanças na

metodologia de trabalho pedagógico. Roque (2009, p. 12) acredita que:

303
(...) o ensino da Geografia na Educação Básica é defendido por se
reconhecer relevante a percepção das organizações espaciais pelos
sujeitos sociais, entendendo-se que essa compreensão pode contribuir
para a mobilização dos grupos e indivíduos. A partir de uma nova
percepção espacial estes sujeitos sociais poderão contribuir, questionar,
propor alternativas para melhorar existências coletivas e individuais.

Em se tratando da Geografia como uma componente curricular, sendo uma

ciência complexa, muitos professores acabam deixando de lado ou passam de forma

superficial certos conteúdos e entre eles estão os componentes físico-naturais na

Geografia Escolar.

Porém, estes conhecimentos são apenas citados e os estudantes não se interessam,

pois acabam tendo uma visão distante dos conteúdos apresentados. Conforme Morais

(2013, p. 29):

Reforçamos a ideia de que as temáticas físico-naturais do espaço


geográfico são conteúdos importantes para a formação dos
alunos, visto que as problemáticas que as envolvem fazem parte
do seu cotidiano de diferentes formas, seja na vivência imediata,
seja a partir dos meios de comunicação, da internet etc.

Desse modo, os professores poderão construir o conhecimento com os próprios

alunos e fazendo com que aprendizagem se torne algo interessante e atraente para os

estudantes, os quais podem aproveitar esses conhecimentos para compreender o seu

próprio cotidiano.

Dessa maneira, o professor e o aluno quando não se tem outros meios para

detectar os erros e os problemas pertinentes dos livros didáticos e, quando não há uma

complementação com outras fontes de pesquisas como internet, revistas, televisão e

outros, acabam ensinando e aprendendo os conteúdos apenas através de informações

generalizadas do livro didático.

O objetivo dos livros didáticos é fornecer elementos para a compreensão de

conteúdos aplicados por professores aos estudantes, mostrando as possibilidades para

um melhor entendimento de determinado assunto. É importante mostrar para o aluno

304
que livro é apenas um complemento dos recursos didáticos. Conforme Mendes; Oliveira;

Morais (2016, p.183):


O livro didático é concebido como um importante instrumento para o
trabalho com os conteúdos escolares sistematizados, norteando, de
certa forma, os temas e conteúdos disciplinares, influenciados,
significativamente, pelos currículos oficiais. Portanto, a escolha dos
livros didáticos indica a necessidade de boa formação inicial e
continuada do professor para eleger o manual que irá subsidiar as
discussões que ele realizará em sala de aula.

Assim, os professores devem mediar o conteúdo dos livros didáticos impostos

com uma realidade diferente dos estudantes, pois os livros provêm prontos e acabados

dos grandes centros urbanos.

A prática atual dos geógrafos na realidade mostra que os professores mesmo

diante de um posicionamento crítico estão envolvidos num processo dialético de

dominação, qual seja a ensinar sem pôr em questão o conteúdo dos livros didáticos. E

estes sem que os produtos finais de seus ensinamentos fossem ferramentas com as quais

seus alunos vão transformar o ensino que praticam e, certamente, a sociedade em que

vivem.

Um professor pode transformar a compreensão de um conteúdo, habilidades

didáticas ou valores em ações e representações pedagógicas. Essas ações e

representações se traduzem em jeitos de falar, mostrar, interpretar ou representar ideias,

de maneira que os que não sabem venham, a saber, os que não entendem venham a

compreender e discernir, e os não qualificados tornem-se qualificados.

SUMÁRIO PRELIMINAR

INTRODUÇÃO

1. A VEGETAÇÃO NO ENSINO DE GEOGRAFIA

1.1 A Geografia Escolar

1.2 O ensino de Geografia

305
1.3 A vegetação como um dos componentes físico-naturais do espaço geográfico

2. AS METODOLOGIAS DE ENSINO UTILIZADAS PARA A ABORDAGEM

DA VEGETAÇÃO NA GEOGRAFIA ESCOLAR

2.1 A importância das metodologias no ensino de Geografia

2.2 Abordagem na vegetação no livro didático

2.3 A representação da vegetação no livro didático

3. PROPOSTAS METODOLÓGICAS PARA O ENSINO DE VEGETAÇÃO EM

INHUMAS-GO

3.1 O cotidiano e o ensino de Geografia

3.2 A vegetação no Município de Inhumas-GO

3.3 A proposição metodológica para o ensino de vegetação

4. Considerações finais

5. REFERÊNCIAS

6. ANEXOS

7. APÊNDICES

REFERÊNCIAS

CAVALCANTI, Lana de Souza. Geografia, escola e construção de conhecimentos.


Campinas: Papirus, 1998.

______. Formação inicial e continuada em Geografia: Trabalho pedagógico,


metodologias e (re)construção do conhecimento. In: ZANATTA, B. A.; SOUZA, V. C.
de. (orgs.). Formação de Professores: Reflexões do atual cenário sobre o ensino da
Geografia. Goiânia: Editora Vieira, 2008.

FERNANDES, F. M. B. Considerações Metodológicas sobre a Técnica da Observação


Participante . In MATTOS, R. A.; BAPTISTA, T. W. F. Caminhos para análise das
políticas de saúde, 2011. p. 262-274. Online: disponível em:
<http.//www.ims.uerj.br/ccaps>. Acesso em: 01 de dez. 2016.

306
FINO, Carlos Nogueira. FAQs, etnografia e observação participante. Disponivel em:
<http://digituma.uma.pt/bitstream/10400.13/806/1/Fino14.pdf>. Acesso em: 01 de dez.
2016.

LUDKE, Menga; ANDRÉ, Marli E.D.A . Pesquisa em educação: abordagens


qualitativas. 13. ed. São Paulo: EPU, 2011. (Temas básicos de educação e ensino).

MENDES, S.O.; OLIVEIRA, I.J. & MORAIS, E.M.B. Abordagens do Cerrado em Livros
Didáticos de Geografia. Revista Brasileira de Educação em Geografia, Campinas, v. 6,
n. 12, p. 179-208, jul./dez., 2016. Disponível em:<
http://www.revistaedugeo.com.br/ojs/index.php/revistaedugeo/article/view/362/221>.
Acesso em: 02 de dez. 2017.

MORAES, Dominga C. Pedroso; SOUZA, Vanilton Camilo de. Aspectos atuais da


formação dos professores de Goiás. In: ZANATTA, B. A.; SOUZA, V. C. de. (orgs.).
Formação de Professores: Reflexões do atual cenário sobre o ensino da Geografia.
Goiânia: Editora Vieira, 2008.

MORAIS, Eliana Marta Barbosa de. O ensino das temáticas físico-naturais na


Geografia escolar. Tese (Doutorado). Departamento de Geografia, Faculdade de
Filosofia, Letras e Ciências Humanas, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2011.

______. As temáticas físico-naturais como conteúdo de ensino da geografia escolar. In:


CAVALCANTI, Lana de S. (org.). Temas da geografia na escola básica. 1. ed.
Campinas, SP: Papirus, 2013.

ROQUE ASCENÇÃO, V. de O. R. Os conhecimentos docentes e a abordagem do


relevo e suas dinâmicas nos anos finais do ensino fundamental. 2009. Tese
(doutorado) – Departamento de Geografia, Universidade Federal de Minas Gerais, Belo
Horizonte, 2009.

SILVA, Ney. O professor do século XXI e suas competências. Jornal O Imparcial.


Caderno de Opinião, p. 08, São Luís, MA, 2003. Disponível em:
<http://www.webartigos.com/articles>. Acesso em: 26 de maio de 2016.

SILVA, José Maria; SILVEIRA, Emerson Sena da. Apresentação de trabalhos


acadêmicos: normas e técnicas. 3. ed. Petrópolis, RJ: Vozes, 2008.

307
O CONCEITO DE AMBIENTE NOS TRABALHOS DE CAMPO:
APONTAMENTOS PARA A GEOGRAFIA ESCOLAR
Domitila Theil Radtke
Modalidade: Doutorado

INTRODUÇÃO E JUSTIFICATIVA

Pretende-se aqui, demonstrar as potencialidades de pesquisa sobre o Estudo do

Meio (EM), enquanto método de pesquisa e ensino em Geografia, e dos trabalhos de

campo (TC) educativos, através de uma pesquisa de doutorado. Isto, porque o EM e os

TC possuem um importante papel no processo de ensino e aprendizagem em Geografia.

O interesse pelo tema é decorrente da experiência, como graduanda do Curso de

Licenciatura em Geografia da Universidade Federal de Pelotas (UFPEL), e como bolsista

no Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência (PIBID), participando de

projetos em uma Escola pública no período de 2011 a 2014.

Como bolsista PIBID, participamos da pesquisa escolar Estudo do Meio na Escola

Areal - Pelotas/RS realizada de forma interdisciplinar pelo grupo GeoArtes, que é

integrado por alunos de graduação em Geografia, Música, Dança e Artes Visuais da

UFPEL. O EM e a Percepção da Paisagem se tornaram mediadores destas quatro áreas

do ensino. Em uma das atividades realizou-se uma saída de campo, que acabou

facilitando e vinculando ainda mais a temática escolhida às áreas trabalhadas no

GeoArtes, tornando uma atividade mais versátil e aberta ao trabalho interdisciplinar.

Foi nesta perspectiva que se desenvolveu o trabalho de conclusão de curso sobre

o EM e a Percepção da Paisagem nestes projetos. Ressaltou-se, desse contexto, a

necessidade de conhecer mais sobre esta metodologia, método ou técnica, definições dos

EM encontradas nos referenciais teórico-metodológicos utilizados para o

desenvolvimento do trabalho, como será mostrado mais adiante na revisão bibliográfica.

Percebia-se, portanto, a necessidade de um aprofundamento teórico-

metodológico no tema da pesquisa, pois se reconhecia a importância dos TC e dos EM

308
em potencializar e valorizar o processo investigativo e de pesquisa em atividades

escolares e, consequentemente, potencializarem a construção de conhecimentos nessa

fase do ensino. Dessa forma, na dissertação (2017), trabalhou-se com o EM enquanto

método de pesquisa e ensino em Geografia com potencialidades libertárias, conforme o

contexto histórico em que o EM está inserido: Escolas Anarquistas de Francesc Ferrer i

Guàrdia e das influências de seu amigo Élisée Reclus, geógrafo anarquista da época.

Esta breve introdução da trajetória acadêmica é importante porque é através das

indagações advindas dela que surgiu a necessidade do levantamento realizado no

mestrado, na busca de mais publicações sobre o EM, além daquelas já pesquisadas.

Objetivava-se no levantamento de periódicos, teses e dissertações, conhecer mais das

práticas de EM realizadas na atualidade, através dos referenciais encontrados no portal

de periódicos da CAPES e do portal da Biblioteca Virtual de Teses e Dissertações (BDTD)

do Instituto Brasileiro de Informação em ciência e Tecnologia (IBICT).

Alguns dos resultados encontrados são: grande número de trabalhos

relacionados ao Estado de São Paulo, o que parece justificável, pois a maioria desses

trabalhos está ligada à Profa. Dra. Nídia Pontuschka, docente da Área de Ensino de

Geografia da Universidade de São Paulo. Além disso, constatou-se que, a maioria dos

autores considerava a potencialidade interdisciplinar desta prática, aspecto defendido

pela autora. Também se percebeu que a maioria das publicações está ligada à formação

de professores, seja ela na área geográfica ou em outras áreas, tanto voltado à formação

inicial quanto à continuada, o que mostra a especificidade dos EM Na área do ensino.

Porém, um fato de grande importância observado na pesquisa de mestrado é que

dos 16 trabalhos levantados, além dos 2 da área de história (temas: cultura e patrimônio)

e 2 da área da Geografia (temas: moradia e terceira idade), os demais apresentam como

tema as questões ambientais. Por este número expressivo nos instiga a compreender (o

que não foi possível desenvolver na dissertação) de que forma estes autores e

pesquisadores percebem o conceito de meio, de ambiente e de socioambiental em EM e

309
TC, visto que, em tese é fundamental para o presente trabalho a compreensão destes

conceitos para que o professor possa realizar EM e TC verdadeiramente significativos.

Consideramos que o conceito de ambiente, nesta pesquisa, é basilar em relação

aos demais, visto que o conceito de meio é amplo, conforme Geraldino (2010) e com a

possibilidade de dialogar com o conceito de ambiente. Além disso, consideramos a

perspectiva socioambiental no tratamento das questões geográficas o que o torna outro

conceito basilar na tese. Dessa forma, teremos a problemática de pesquisa orientada por

referenciais (tabelas em apêndice) sobre o conceito de meio (GERALDINO, 2007, 2013,

2014, 2017), EM (PONTUSCHKA, 19991, 1994, 1995, 2004a, 2004b, 2006, 2008, 2009, 2014),

ambiente (SUERTEGARAY, 2000, 2001, 2003, 2005a, 2005b), (PORTO-GONÇALVES,

2004, 2006) e socioambiental (MENDONÇA, 1994, 2001, 2002). Visando argumentar

sobre a existência ou não de fragilidades conceituais nos EM e TC.

Com isto, objetiva-se por tese que: a compreensão dos conceitos de ambiente e

socioambiental, pelo professor de Geografia, potencializa trabalhos de campo que

integrem questões físico-naturais e sociais no processo de ensino-aprendizagem. Por

conseguinte, possibilita ao aluno um ensino geográfico mais significativo.

OBJETIVOS

Objetivo geral

Compreender como o conceito de ambiente e suas articulações com demais conceitos,

potencializam a aprendizagem na Geografia Escolar a partir dos trabalhos de campo

educativos.

Objetivos específicos

• Apresentar as contribuições dos trabalhos de campo para o ensino de Geografia;

• Investigar os conceitos de meio, ambiente e socioambiental apresentando as suas

contribuições para o trabalho de campo e para o ensino de Geografia.

310
• Analisar as potencialidades dos trabalhos de campo no ensino de Geografia e

apresentar o conhecimento teórico-metodológico necessário para encaminhá-lo face

à construção de conhecimentos geográficos na Educação Básica.

• Identificar os conceitos de ambiente e socioambiental nos trabalhos de campo como

conhecimento teórico-metodológico necessário para a construção dos

conhecimentos geográficos não fragmentados

METODOLOGIA E PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

Visamos uma pesquisa de abordagem qualitativa. Compreendemos que a

metodologia escolhida para a pesquisa, assim como os instrumentos de pesquisa, reflete

o sujeito que a faz, pois, o pesquisador precisa construir sua opção teórica e

metodológica. Ao trabalhar a pesquisa de forma qualitativa como abordagem

metodológica, percebe-se-a conforme Chizzotti (2006), sem um padrão único porque “a

realidade é fluente e contraditória e os processos de investigação dependem também do

pesquisador – sua concepção, seus valores, seus objetivos” (Idem, p.26).

Desta forma, temos como procedimentos metodológicos tanto a revisão

bibliográfica, assim como a realização de entrevistas semiestruturadas “como técnica

privilegiada de comunicação” (MINAYO, 2016), para a compreensão dos referidos

conceitos por parte dos professores participantes da pesquisa, sem excluir a

possibilidade de questionários. Além disso, tem-se primeiramente, a realização de

oficinas para os professores, visando tratar dos conceitos de ambiente e socioambiental

para, posteriormente, analisar este entendimento nos trabalhos de campo em Geografia.

Portanto, conforme apresentado, em primeiro momento, é interessante um

resgate bibliográfico de autores que trabalham com o EM, TC, com o conceito de meio,

o de ambiente e a perspectiva socioambiental. Esse levantamento será realizado tendo

como subsídio a bibliografia básica apresentada em tabelas no apêndice deste trabalho.

311
Acredita-se que, este levantamento evidencia o ponto fundamental dos referenciais

teórico-metodológicos da presente pesquisa.

Neste sentido, a partir do autor Geraldino (2010), já conhecido por trabalhar o

conceito de meio na Geografia apresenta-se, na tabela 2 do apêndice A, os trabalhos

levantados, até o momento sobre o conceito de meio. Em relação ao conceito de ambiente

na Geografia dar-se-á início pelas leituras básicas de autores como Dirce Suertegaray e

Carlos Valter Porto Gonçalves e, a partir disto, buscarse-á outros autores que tratem

sobre esse conceito no interior da ciência geográfica (tabela 3 do apêndice A). Estas

leituras ainda precisam ser aprofundadas, assim como os demais autores usados como

referências por Suertegaray e Porto-Gonçalves, por exemplo.

Já sobre a temática socioambiental, como ponto de partida serão realizadas

leituras sobre a perspectiva de Francisco Mendonça e, a partir destes referenciais, serão

levantados os demais autores que tratem sobre o tema, incluindo autores de outras áreas

do conhecimento. Assim como, levantamentos bibliográficos na área de Ensino de

Geografia em relação aos conceitos citados anteriormente.

A partir desses trabalhados será feita a análise teórica sobre os referidos

conceitos, buscando um aprofundamento capaz de nortear a pesquisa e os próximos

passos do campo e análise dos resultados. Pois, posteriormente, analisar-se-á como os

professores compreendem o conceito de ambiente, numa perspectiva socioambiental ou

não, nas aulas de Geografia que, muitas vezes, é trabalhado de forma indireta nos

conteúdos geográficos, direcionando, aqui, nos trabalhos de campos. Assim, com a

realização de entrevista e/ou questionário com professores de Geografia de Goiânia,

pretende-se analisar o conhecimento teórico sobre estes conceitos e, posteriormente, em

como estes conceitos são tratados nos trabalhos de campo na disciplina de Geografia.

312
REFERENCIAL TEÓRICO

Na pesquisa dos referenciais teóricos já conhecidos, objetivou-se entender o EM

e as “suas transformações” (PONTUSCHKA, 2013), inseridas em seu contexto histórico.

Torna-se, portanto, importante a compreensão do que estes autores entendem sobre EM.

Magaldi (1965, p.71 apud PONTUSCHKA, 2013, p. 254-5) trabalhava com um duplo

aspecto do EM, como um fim em si mesmo e como método. Já Balzan (1987) percebia o EM

como uma importante técnica. Porém, segundo Pontuschka (2013) ele está, na verdade,

considerando-o como um método quando determina alguns objetivos relativos ao

processo de formação do educando.

Uma concepção mais atual encontrada sobre EM é de Pontuschka, ela apresenta

uma perspectiva interdisciplinar em publicações sobre a temática, para ela o EM é “uma

metodologia de ensino interdisciplinar que pretende desvendar a complexidade de um

espaço determinado extremamente dinâmico e em constante transformação”

(PONTUSCHKA et al, 2009, p.173). Considerando Pontuschka como uma das referências

principais ao se trabalhar o EM, realizou-se um levantamento, (na tabela 1 do apêndice),

para análise da produção, além do levantamento realizado no mestrado.

Considerando as análises deste levantamento, ressalta-se que é preciso esclarecer,

no decorrer da pesquisa, o que se entende pelo conceito de meio e, as influências desse

entendimento nos EM. Estes, que segundo o referido levantamento, tratam, em maioria,

das questões ambientais, o que por hipótese pode significar uma visão mais

naturalizada, sem muitas relações com as questões sociais e com vida cotidiana do

sujeito. É fundamental no que diz respeito à própria compreensão de que o homem faz

parte deste meio e é um ser ativo e transformador dele.

Acredita-se que o entendimento dos conceitos de meio, ambiente e

socioambiental, pelo professor é fundamental para um bom trabalho na superação da

dicotomia geográfica em EM e/ou TC. Visto que, esta compreensão ampliará o

conhecimento do docente e suas possibilidades de TC.

313
PLANO DE REDAÇÃO: SUMÁRIO COMENTADO

1. INTRODUÇÃO
2. OS TRABALHOS DE CAMPO E OS ESTUDOS DO MEIO NA CIÊNCIA
GEOGRÁFICA
Definir o que se entende por trabalhos de campo e Estudos do Meio, seu papel na
historicidade na ciência geográfica. Tanto dos trabalhos de campo como método de
pesquisa na Geografia, como o papel dos Estudos do Meio nas Escolas Anarquistas,
enquanto trabalhos de campo específicos ao método de ensino e pesquisa, com
potencialidades libertárias. Conforme subcapítulos:
2.1. Teoria e método: o papel dos trabalhos de campo na Ciência Geográfica
2.2. Os Estudos do Meio: potencialidades libertárias para o ensino
2.2. Os trabalhos de campo educativos no ensino de Geografia
3. OS CONCEITOS DE MEIO, AMBIENTE E SOCIOAMBINETAL NA GEOGRAFIA
ATUAL
Explanar teoricamente os conceitos de meio, ambiente socioambiental. Para,
posteriormente, compreender como os professores de Geografia percebem estes nos
trabalhos de campo. Conforme subcapítulos:
3.1. Revisão teórica do conceito de meio
3.2. Revisão teórica do conceito de ambiente
3.3. Revisão teórica do conceito socioambiental
5. AS POTENCIALIDADES DOS TRABALHOS DE CAMPO NO ENSINO DE
GEOGRAFIA E OS CONHECIMENTOS TEÓRICO-METODOLÓGICOS
NORTEADORES.
Pesquisar as potencialidades dos trabalhos de campo no ensino de Geografia, assim
como, os conhecimentos teórico-metodológico dos professores pesquisados.
4.1. Os sujeitos da pesquisa: professores de Geografia de Goiânia
4.2. Procedimentos metodológicos do campo: Entrevista semiestruturada,
questionários, oficinas e trabalho de campo
4.2. Análise: o conceito de ambiente e a perspectiva socioambiental pelos
professores participantes
4.3. Os conhecimentos teórico-metodológicos para a construção de conhecimentos
geográficos

314
6. OS CONCEITOS DE AMBIENTE E SOCIOAMBIENTAL NOS TRABALHOS DE
CAMPO, ENQUANTO CONHECIMENTO TEÓRICO-METODOLÓGICO
Apresentar os conceitos de ambiente e socioambiental, nos trabalhos de campo, como
conhecimentos teórico-metodológicos para a construção do conhecimento geográfico
não fragmentado.
6.1. A importância dos conhecimentos teórico-metodológicos no ensino de
Geografia
6.2. O conceito de ambiente nos trabalhos de campo como conhecimento teórico-
metodológico importante na construção de conhecimentos geográficos
6.3. A perspectiva socioambiental dos trabalhos de campo como conhecimento
teórico-metodológico importante na construção de conhecimentos geográficos
7. CONSIDERAÇÕES FINAIS

REFERÊNCIAS

BALZAN, N. C. Estudo do Meio. In: Nélio Parra (Org). Didática para Escola de
Primeiro e Segundo Graus. 9ª ed.São Paulo: Pioneira, 1987, v.1, p.113-128.

CHIZZOTTI, A. Pesquisa Qualitativa em Ciências Humanas e Sociais. Petrópolis, RJ:


Editora Vozes, 2006.

GERALDINO, C. F. G. O conceito de meio na Geografia. Dissertação – Departamento


de Geografia, Universidade de São Paulo, 2010.

LOPES, C. S.; PONTUSCHKA, N. N. Estudo do meio: teoria e prática. Geografia


(Londrina) v. 18, n. 2, 2009. (http://www.uel.br/revistas/uel/index.php/geografia/).

MINAYO, M. C. de S. Trabalho de campo: contexto de observação, interação e


descoberta. IN.: MINAYO, M. C. de S; DESLANDES, S. F.; GOMES, R. (9org.) Pesquisa
social: teoria, método e criatividade. Petrópolis, RJ: Vozes, 2016

PESSÔA, V. L. S. Geografia e Pesquisa Qualitativa: Um olhar sobre o processo


investigativo. Geo UERJ - Ano 14, nº. 23, v.1, 1º sem. de 2012 p. 4-18. Disponível em:
<http://www.e-publicacoes.uerj.br/index.php/geouerj> . Acessado em: 04. Abr. 2016.

PONTUSCHKA, N. N. Estudo do meio: momentos significativos de apreensão do


real. IN:. (org) PONTUSCHKA, N. N. PAGANELLI, T. I. CACETE, N, H. Para ensinar
e aprender Geografia. 3 ed. – São Paulo: Cortez, 2009. (p. 173 – 181)

315
PONTUSCHKA, N. N. O conceito de Estudo do Meio transforma-se em tempos
diferentes, em escolas diferentes, com professores diferentes. IN:. (org) VESENTINI,
J. W. O Ensino de Geografia no século XXI 7ed. - Campinas/SP: Papirus, 2013.

RADTKE, Domitila Theil. Estudo do Meio: uma herança da Geografia Anarquista e da


Pedagogia Libertária - contribuições de Francesc Ferrer i Guàrdia e Élisée Reclus.
(Dissertação). Instituto de Ciências Humanas, UFPEL- Pelotas/RS, 2017.

316
APÊNDICE A: TABELAS DOS REFERENCIAIS TEÓRICOS E SUAS RESPECTIVAS
TEMÁTICAS E/OU CONCEITOS NORTEADORES DA PESQUISA

Tabela 1: Trabalhos de Nídia Pontuschka sobre Estudos do Meio

N° TRABALHO
PONTUSCHKA, Nídia Nacib; LUTFI, Eulina Pacheco. Geografia e português no
1 estudo do meio - metodologia interdisciplinar de ciências humanas: a entrevista.
GEOUSP (USP), v. 18, p. 386-402, 2014.
LOPES, Claudivan Sanches; PONTUSCHKA, N. N. Estudo do Meio: teoria e prática.
2
Geografia (Londrina), v. 18, p. 173/1814122009-191, 2009.
PONTUSCHKA, N. N. Projetos de Estudos do Meio na FEUSP. Caderno de Textos,
3
São Paulo, p. 137-144, 1994.
PONTUSCHKA, N. N; BITTENCOURT, Circe Maria Fernandes; NADAI, Elza;
4 KULCSAR, Rosa. O Estudo do Meio como trabalho integrador das práticas de
ensino. Boletim Paulista de Geografia, São Paulo, v. 70, p. 45-52, 1991.
PONTUSCHKA, N. N. O Conceito de Estudo do Meio transforma-se em tempos
diferentes, em escolas diferentes com professores diferentes. In: VESENTINI, José
5
William. (Org.). O Ensino de Geografia no Século XXI- 4ª ed. -SP, 2008 - ISBN 85-308-
0744-8. 4ªed. Campinas-SP: Papirus, 2008, v.1, p.249-288.
PONTUSCHKA, N. N. Estudo do Meio e Ação Pedagógica. In: AGB Nacional. (Org.).
6 A Geografia e a Amazônia no Contexto Latino Americano: diálogos, práticas e
percursos. Rio Branco - AC.: AGB Nacional, 2006, v. 1, p. 1-14.
PONTUSCHKA, N. N. O conceito de Estudo do Meio transforma-se em tempos
diferentes, em escolas diferentes, com professores diferentes.. In: José William
7
Vesentini. (Org.). O Ensino de Geografia no Século XXI.. 2ªed.Campinas - SP: Papirus,
2004, v. 1, p. 249-288.
PONTUSCHKA, N. N. Projetos de Estudos do Meio na FEUSP. In: 3ª Escola de Verão
8 - FEUSP, 1995, Serra Negra. Cadernos de Textos - 3ª Escola de Verão - FEUSP, 1994. v.
1. p. 137-144.
PONTUSCHKA, N. N. Projetos Interdisciplinares - Estudo do Meio,
Interdisciplinaridade e Ação Pedagógica. In: Caderno de Resumos do VI Congresso
9 Brasileiro de Geógrafos - Setenta Anos da AGB: As transformações do Espaço e a
Geografia no Século XXI. Goiânia - GO: Gráfica da Universidade Federal de Goiás,
2004. p. 662-663.
Fonte: elaborado pela autora, 2017.

317
Tabela 2: Geraldino e seus respectivos trabalhos sobre o conceito de Meio

N° AUTOR TRABALHO
O conceito de meio na Geografia. Dissertação (Mestrado
GERALDINO, Carlos
1 Geografia Humana) – Departamento de Geografia,
Francisco Gerencsez
Universidade de São Paulo, São Paulo, 2010
O meio como ambiente: da emergência às críticas de um
GERALDINO, Carlos
2 conceito. Ateliê Geográfico - Goiânia-GO, v. 8, n. 2, p.198-
Francisco Gerencsez
220, ago/2014
GERALDINO, Carlos A gênese do conceito de meio. Revista de Geografia
3
Francisco Gerencsez (UFPE) V. 30, No. 2, 2013
GERALDINO, Carlos O que é o meio do Estudo do Meio? REGRASP (ISSN
4
Francisco Gerencsez 2526-1045), v. 2, n. 3, jun.2017, p. 5-19
Milton e o meio. Monografia (Especialização em Filosofia
GERALDINO, Carlos
5 da Ciência) – Departamento de Filosofia, Universidade
Francisco Gerencsez
Estadual de Londrina, Londrina, 2007.
Fonte: elaborado pela autora, 2017.

Tabela 3: Referenciais bases sobre o conceito de ambiente.

N° AUTOR TRABALHO
SURTEGARAY, D. M. A,
Ambiente e Lugar no Urbano. Porto Alegre: Editora da
1 VERDUM, R.; BASSO, L.
UFRGS, 2000. p. 13-34.
A.
SUERTEGARAY, Dirce A natureza da Geografia Física na Geografia. Terra Livre
2
M. A; NUNES, J. O. R. São Paulo n. 17 p. 11-24 2o semestre/2001
O atual e as tendências do ensino e da pesquisa em
SUERTEGARAY, Dirce
3 Geografia no Brasil. Revista do Departamento de Geografia,
Maria Antunes.
16 (2005) 38-45. 38.
Geografia e interdisciplinaridade. Espaço geográfico:
SUERTEGARAY, Dirce
4 interface natureza e sociedade. Geosul, Florianópolis,
Maria Antunes.
v.18, n.35, p.43-53, jan./jun. 2003.
SUERTEGARAY, Dirce Notas sobre Epistemologia da Geografia. Cadernos
5
Maria Antunes. Geográficos - Nº 12 - Maio 2005
PORTO-GONÇALVES,
6 O Desafio Ambiental. Rio de Janeiro: Record, 2004.
Carlos Walter.
PORTO-GONÇALVES, A globalização da natureza e a natureza da globalização.
7
Carlos Walter. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2006.
Fonte: elaborado pela autora, 2017.

318
Tabela 4: Referencial base sobre o conceito de socioambiental

N° AUTOR TRABALHO
Geografia socioambiental. In: MENDONÇA, F.;
KOZEL, S. (orgs.). Elementos de Epistemologia da
1 MENDONÇA, Francisco
Geografia Contemporânea. Curitiba: Editora da UFPR,
2002. p. 121-144.
Geografia socioambiental. Terra Livre São Paulo n. 16
2 MENDONÇA, Francisco
p. 139-158 1o semestre/2001
Geografia e meio ambiente. 2ª ed. São Paulo: Contexto,
3 MENDONÇA, Francisco
1994
Fonte: elaborado pela autora, 2017.

319
O MAPA MENTAL NO ESNINO DE GEOGRAFIA: UMA METODOLOGIA
DE PRODUÇÃO E REPRESENTAÇÃO DO RACIOCÍNIO GEOGRÁFICO
DO ALUNO DO ENSINO MÉDIO
Gabriella Goulart Silva
Modalidade: Mestrado

Palavras-chave: Mapa Metal – Cartografia Escolar – Raciocínio Geográfico – Ensino -


Aluno

INTRODUÇÃO

O ensino/aprendizagem em Geografia tem sido alvo de várias inquietações no

que se refere ao desenvolvimento e aplicabilidade de metodologias que possam garantir

a contribuição dessa disciplina na vida cotidiana do aluno, tanto no aspecto científico,

quanto na construção de significados sociais e no desenvolvimento de um raciocínio e

habilidades crítico-espaciais.

Ao longo de todo o processo em que a Geografia se constituiu enquanto

disciplina muitas influências de cunho teórico-metodológico já moldaram essa ciência,

passando por uma perspectiva de descrição do espaço até a sua compreensão como um

produto das relações humanas. Já no âmbito educacional, existe dentro da Geografia

caminhos que possibilitam a formação de um indivíduo mais atento às questões

espaciais da realidade que o cerca, saindo somente da descrição e adentrando na prática

da reflexão, da perspectiva analítica, de modo que o próprio indivíduo consiga por meio

do desenvolvimento de suas habilidades crítico-espaciais, produzir e ler representações

do espaço geográfico.

A partir de uma postura mais investigativa e significativa do ensino de Geografia

na educação básica, o desenvolvimento das práticas escolares deve buscar caminhos,

metodologias que propiciem a produção de um raciocínio geográfico, buscando a

passagem do pensamento espacial, que se baseia somente nas noções básicas, para um

320
raciocínio geográfico, associando a essas noções básicas os conceitos geográficos, a

dimensão humana, social, política e cultural, em uma dimensão cíclica.

Portanto, partindo da minha prática como professora da rede básica de ensino,

mais especificamente no Ensino Médio, e entendendo a necessidade de uma prática

escolar geográfica que possibilite um saber socialmente construído, a partir de

metodologias que propicie campo para o desenvolvimento e representação do raciocínio

geográfico, a produção dos mapas mentais em conjunto com a prática da aula de campo,

será desenvolvida e apresentada como metodologia dentro dessa prática escolar que

preza pela formação do raciocínio geográfico do aluno.

OBJETIVO GERAL

Apresentar os mapas mentais como uma metodologia para a produção e

representação do raciocínio geográfico dos alunos do Ensino Médio.

OBJETIVOS ESPECÍFICOS

• Compreender a Cartografia Escolar como expressão do conhecimento

geográfico;

• Entender a produção de um dado contexto no espaço para além da localização;

• Utilizar o mapa-mental enquanto linguagem que auxilie na expressão e

interpretação do cotidiano, associado aos conhecimentos científicos;

• Detectar através dos mapas mentais como as práticas cotidianas dos alunos

influenciam em suas percepções do espaço geográfico;

• Analisar os mapas mentais e os questionários de investigação a fim de

diagnosticar como os alunos produziram e representaram um raciocínio

geográfico.

321
METODOLOGIA

Essa pesquisa tem o caráter de uma abordagem qualitativa, cuja estratégia

metodológica é a da pesquisa-ação, que entre as diversas definições para essa

metodologia, me basearei em Thiollent (1986, p.14-16):

A pesquisa-ação é um tipo de pesquisa social com base empírica que é


concebida e realizada em estreita associação com uma ação ou com a
resolução de um problema coletivo e no qual os pesquisadores e os
participantes representativos da situação ou do problema estão
envolvidos de modo cooperativo ou participativo. (...) a pesquisa não
se limita a uma forma de ação (risco de ativismo): pretende-se aumentar
o conhecimento dos pesquisadores e o conhecimento ou o “nível de
consciência” das pessoas e grupos considerados.

Partindo dessa prática de investigação, a metodologia utilizada na execução da

pesquisa consistirá no primeiro momento em uma revisão bibliográfica, que discutirá

concepções sobre o Ensino de Geografia e a produção do raciocínio geográfico, a

Cartografia Escolar e a metodologia dos Mapas Mentais.

A área geográfica da pesquisa se encontra no município de Goianira – GO,

situado na região metropolitana de Goiânia, cidade onde atuo como professora. No que

se refere aos sujeitos da pesquisa, partindo da importância da Educação Básica na

formação dos conhecimentos científicos do sujeito, o Ensino Médio é onde se completa

esse ciclo, portanto, os alunos do Colégio Estadual José Rodrigues Naves, situado na

região central do município de Goianira-GO, serão os sujeitos da pesquisa, por essa

unidade ofertar esse nível de Ensino e receber alunos de todas as demais extensões da

cidade.

Com a intenção de contribuir com a resolução da hipótese desta pesquisa, os

instrumentos utilizados foram um conjunto de aulas previamente planejadas, onde

conteúdos foram trabalhados a fim de dar subsídios teóricos aos alunos, a aplicação de

questionários, atividade de campo com saídas curtas pela cidade e a produção dos

322
mapas mentais, que foram produzidos com a finalidade de apresentar a metodologia

dos mapas mentais como produtora e materializadora do raciocínio geográfico.

A partir desse material será feita a análise dos resultados, dos mapas mentais,

das aulas e do campo, dos questionários, a fim, de apresentar como os mapas mentais

contribuíram na formação do raciocínio geográfico desses alunos.

REFERENCIAL TEÓRICO

No que se refere ao referencial teórico:

1- Sobre o Ensino de Geografia e Raciocínio Geográfico, as bases teóricas virão das


seguintes leituras:

ALMEIDA, Rosângela Doin de. PASSINI, Elza Yasuko, O espaço geográfico: ensino e
representação. 12 ed. São Paulo: Contexto, 2002.

ARAGÃO, Wellington Alves; ROSA, Claúdia do Carmo. Didática, temas e conteúdos:


aprendizagem significativa por meio da compreensão espacial da realidade e dos
fenômenos geográficos. In: KHAOULE, Anna Maria Kovacs; OLIVEIRA, Karla
Annyelly Teixeira (Org). A Geografia no cenário das políticas educacionais. Goiânia:
C&A Alfa & Comunicação, 2017.

CALLAI, Helena Copetti. A Geografia e a escola: muda a geografia? Muda o ensino?


Terra Livre, São Paulo, n.16, p. 133-151, 1ª semestre. 2001.

CAVALCANTI, Lana de Souza. Geografia, escola e construção de conhecimentos.


Campinas, SP: Papirus. 1998.

_____________, Lana de Souza. A geografia escolar e a cidade: Ensaios sobre o ensino


de geografia para a vida urbana cotidiana. Campinas, SP: Papirus, 2008.

_____________, Lana de Souza. A Geografia e a realidade escolar contemporânea:


avanços, caminhos, alternativas. In: I SEMINÁRIO NACIONAL CURRÍCULO EM
MOVIMENTO – Perspectivas Atuais, 2010, Belo Horizonte.

KHAOULE, Anna Maria Kovacs; OLIVEIRA, Karla Annyelly Teixeira (Org).


Constribuições epistemológicas e teóricas para a formação do pensamento
geográfico no ensino. In: A Geografia no cenário das políticas educacionais. Goiânia:
C&A Alfa & Comunicação, 2017.

LIBÂNEO, José Carlos. Didática e trabalho docente: a mediação didática do professor


nas aulas. In: LIBÂNEO, José Carlos; SUANNO, Marilza Vanessa Rosa; LIMONTA,

323
Sandra Valéria (Orgs.). Concepções e práticas de ensino num mundo em mudança:
diferentes olhares para a didática. Goiânia, CEPED/Editora PUC Goiás, 2011. p. 85-
100.

REGO, Nelson, CASTROGIOVANNI, Antonio Carlos, NESTOR, André Kaercher.


Geografia: práticas pedagógicas para o ensino médio. São Paulo, SP: Artmed. 2007.

RICHTER, Denis. Raciocínio geográfico e mapas mentais: a leitura do cotidiano por


alunos do Ensino Médio – Presidente Prudente, 2010.

2- Para as discussões sobre a Cartografia Escolar e os Mapas Mentais:

ALMEIDA, Rosângela Doin de. Novos Rumos da cartografia escolar: currículo,


linguagem e tecnologia. São Paulo: Contexto, 2011.

CASTELLAR, S. M. VANZELLA. A Cartografia e a Construção do conhecimento em


contexto escolar. In: Almeida, Rosângela Doin de. (Org.). Novos Rumos da Cartografia
Escolar Currículo, linguagens e tecnologia. 1ed. São Paulo: Contexto, 2011, v. 1, p. 121-
136.

KOZEL, Salete. Comunicando e representando: mapas como construções


socioculturais.

LYNCH, Kevin. A imagem da cidade. São Paulo: Martins Fontes, 1997. p. 01-15.

RICHTER, Denis. O mapa mental no ensino de geografia: concepções propostas para


o trabalho docente. São Paulo: Cultura Acadêmica, 2011.

SEEMANN, Jorn. Mapas, mapeamentos e a Cartografia da realidade. In: Revista


Geografares, n. 04, 2003. p. 49-60.

SEEMANN, Jörn. A aventura cartográfica: perspectivas, pesquisas e reflexões sobre a


cartografia humana. Fortaleza: Expressão Gráfica e Editora, 2005. p. 131-149.

THIOLLENT, Michel. METODOLOGIA DA PESQUISA-AÇÃO. São Paulo: Cortez:


Autores Associados, 1986.

PLANO DE REDAÇÃO - SUMÁRIO PRELIMINAR

CAPÍTULO 1 – O ENSINO DE GEOGRAFIA E O RACIOCÍNIO GEOGRÁFICO

Nesse capítulo a discussão sobre o ensino de Geografia ocorrerá no âmbito do


entendimento de como esse ensino pode e deve propiciar a construção do raciocínio
geográfico, partindo do campo da orientação, visualização e reação (pensamento

324
geográfico), chegando até a compreensão de conceitos, da informação geográfica
(raciocínio geográfico)

CAPÍTULO 2 – CARTOGRAFIA ESCOLAR – POR UMA CONCEPÇÃO MAIS


DIDÁTICA

Neste capítulo, fomentarei a discussão por uma abordagem mais didática da linguagem
cartográfica no ensino de Geografia. Partindo de uma proposta onde o aluno possa ser
um aluno mapeador, que possa utilizar essa linguagem para materializar suas
percepções do espaço geográfico. E como proposta metodológica baseada nessa prática
escolar, será discutida a produção de mapas mentais.

CAPÍTULO 3 – MAPAS MENTAIS NA MATERIALIZAÇÃO DO RACIOCÍNIO


GEOGRÁFICO

Nesse capítulo discorrerei como os mapas mentais enquanto linguagem e metodologia


auxiliam na expressão e interpretação do cotidiano por parte dos alunos. Associando
essa percepção a produção científica dos conteúdos, entendo que o desenvolvimento do
raciocínio geográfico é algo que deve ser motivado e conduzido a partir de práticas
escolares desenvolvidas nas aulas.

3.1 Mapa mental como metodologia de ensino na aula de Geografia

3.2 Análise dos mapas mentais dos alunos do terceiro ano do Ensino Médio do Colégio
Estadual José Rodrigues Naves – Goianira-GO

Nesse momento, serão analisados os mapas mentais produzidos, assim como os relatos
sobre essa atividade, os questionários, a aula de campo, a fim de, apresentar como a
metodologia dos mapas mentais propiciou a produção e representação do raciocínio
geográfico nos alunos.

As aulas, os questionários, a atividade de campo, já foram executados, e os mapas


mentais produzidos pelos alunos. As imagens abaixo são dois entre os 87 mapas mentais
produzidos, a partir do tema proposto nas aulas: “O processo de metropolização nas
cidades”. Nos mapas mentais, é possível perceber como os alunos espacializaram os
fenômenos dentro de um recorte geográfico mais significativo a partir de sua vivência,
demonstrando o desenvolvimento de um raciocínio lógico conceitual sobre o espaço
geográfico.

325
O aluno a partir de seu mapa
mental espacializou um fenômeno
proveniente do processo de
metropolização, que é a migração
pendular. Percebe-se que o aluno
representou a dinâmica espacial
de sua cidade a partir do fluxo de
veículos, novos loteamentos,
associando-os ao processo de
metropolização da região no
entorno de Goiânia.

326
Os mapas mentais e os questionários estão sendo analisados, com o objetivo de apresentar como

foi possível através dessa metodologia criar condições para que o raciocínio geográfico dos alunos

se desenvolvesse e se materializasse através de uma representação cartográfica.

327
A FORMAÇAO PROFISSIONAL CONTINUADA E O ENSINO DE
GEOGRAFIA EM UMA PERSPECTIVA HISTÓRICO CULTURAL
Ismael Donizete C. de Moraes
Modalidade: Doutorado

Palavras-chave: Formação continuada, Ensino de geografia, Teoria histórico-cultural.

INTRODUÇÃO

O presente projeto de pesquisa, “A Formação Profissional continuada e o ensino

de geografia em uma perspectiva histórico cultural”, tem como referência nossa

trajetória profissional, a participação em grupos de estudo e pesquisa e os resultados

alcançados no mestrado. Com base nessas referências sentimos a necessidade de ampliar

os estudos a respeito das contribuições da abordagem histórico-cultural na formação

continuada de professores pedagogos. Na pesquisa de mestrado, que teve como

parâmetro o conceito de lugar, trabalhado na formação continuada de professores

pedagogos, percebemos aprofundamento do conhecimento sobre o conceito, porém, ao

planejarem apresentaram dificuldades com a linguagem específica, temporalidade e

escalaridade, a nosso ver elementos fundamentais no ensino de geografia.

Além disso, na observação das aulas foi possível perceber que as professoras

tiveram dificuldade ao mediarem e direcionarem atividades que possibilitassem a inter-

relação entre os conhecimentos cotidianos dos alunos e os conhecimentos científicos,

algo imprescindível, segundo Cavalcanti (2014), principalmente para problematizar e

sintetizar o conteúdo.

Dessa forma, essas conclusões e as discussões desencadeadas nos grupos de

estudo nos levaram a pensar na necessidade de estudar na formação continuada,

conceitos e conteúdos de geografia com referencial nos aspectos essenciais da teoria

histórico cultural, mas ir além da experiência de formação do mestrado - que se limitou

328
em estudar os conceitos – e mediar à elaboração de planos de aula, acompanhar e

analisar com os professores o desenvolvimento do plano em sala de aula.

Consideramos importante essa sequência nas atividades, pois nossas formações

têm se limitado ao estudo dos conteúdos disciplinares - como na formação que serviu de

parâmetro para a pesquisa no mestrado - ou didático-metodológicos, na maioria das

formações oferecidas pelo Centro de Formação e Atualização dos Profissionais da

Educação de Mato Grosso (CEFAPRO). Ocorre que esses modelos de formação, na qual

os conteúdos são tratados de forma separada em relação aos procedimentos

metodológicos têm contribuído pouco com ação dos professores em sala de aula. Assim,

mesmo que a formação se realize em cursos com períodos de curta duração é necessário

que paralelamente aos estudos sejam introduzidas etapas de planejamento e

acompanhamento do desenvolvimento do plano em sala de aula.

No entanto, essa proposta de formação, agora no doutorado, se constitui em

muitos desafios, por se tratar de uma atividade de curta duração (40 horas) e, como

afirmamos acima, a maioria dos professores que atua nos anos iniciais do Ensino

Fundamental possuir pouco conhecido sobre os conceitos da disciplina. Assim,

pensamos em uma inversão da lógica metodológica de teorizar e planejar, para pensar a

lógica planejar e teorizar, ou seja, o planejamento será ponto de partida e chegada,

subsidiado pelos elementos básicos da teoria histórico-cultural e de dois conceitos

importantes para pensar o ensino dos conteúdos de geografia nessa etapa de

escolaridade a paisagem e o lugar.

Diante do exposto, definimos o seguinte problema de pesquisa: Como a formação

continuada pensada a partir dos problemas profissionais e da teoria histórico-cultural

pode contribuir para que os professores dos anos iniciais se apropriem de aspectos

fundamentais dos conteúdos de geografia e planejem as aulas de maneira que os alunos

ultrapassem os limites da classificação e da memorização mecânica dos conteúdos? É

dizer: que os professores na atividade de ensino reúnam condições para que os alunos

329
ao estudarem os conteúdos resolvam problemas relacionados às várias situações que se

apresentam em um dado fenômeno geográfico, acessem por meio de ferramentas

próprias da disciplina os conteúdos geográficos e promovam sua internalização e, assim

desenvolvam a capacidade de sintetizar o que foi estudado.

Isso significa também, que o professor ao se colocar em atividade de ensino

também se apropria de conhecimentos e, segundo Moura (2010), constituindo-se uma

unidade entre a formação do aluno e do professor.

Nesse sentido, nosso pressuposto tem sido o de que a formação continuada, pensada a

partir dos problemas profissionais e da teoria histórico-cultural pode contribuir para que

os professores desenvolvam conhecimentos teóricos mínimos para planejarem o ensino

de geografia de maneira que possibilite aos alunos a superação do conhecimento

meramente empírico predominante em nossas escolas.

OBJETIVOS

Objetivo geral

Compreender se a formação continuada centrada nos problemas profissionais contribui

para que os professores se apropriem de conceitos geográficos e didático-metodológicos

básicos e desenvolvam uma proposta de ensino tendo como referência a teoria histórico-

cultural.

Para nos aproximarmos desse objetivo, tendo como referência conteúdos

relacionados à cidade de Barra do Garças, buscaremos especificamente: a) Analisar se os

professores apresentam elementos de escala geográfica e temporalidade ao tratar os

conteúdos geográficos; b) Identificar o papel das linguagens potencializadoras dos

conteúdos geográficos nos anos iniciais do ensino fundamental; c) Analisar o

desenvolvimento cognitivo dos conteúdos geográficos no planejamento e no

desenvolvimento em sala de aula; d) Analisar os processos mediadores na elaboração e

execução da proposta de ensino.

330
METODOLOGIA

Até a década de setenta prevaleceu nas pesquisas o método hipotético-dedutivo

oriundo da concepção neopositivista de produção de conhecimento. Esse método

proposto pelo filósofo austríaco Karl Popper pressupõe que o conhecimento racional do

objeto deve buscar a eliminação dos erros de uma hipótese por meio da mensuração, das

definições operacionais, das variáveis, dos testes hipotéticos e das análises estatísticas.

No início da década de oitenta (no Brasil), com a introdução gradativa do

pensamento marxista e fenomenológico as pesquisas passam a enfatizar mais o processo

do que o produto e a se preocupar em retratar a perspectiva dos participantes, o que

favoreceu a abordagem qualitativa de investigação. Para Gamboa (2012), essa

abordagem quando empregada na dialética, possibilita que os fatos não sejam

considerados fora de um contexto social e os dados estatísticos cedem espaço para a

análise e interpretação da prática social do grupo envolvido na pesquisa.

Sendo assim, nesta pesquisa percorreremos a abordagem qualitativa utilizando

como procedimentos de investigação a observação, as narrativas dos professores e a

entrevista em um processo de formação continuada procurando ampliar seus

conhecimentos a partir dos problemas práticos profissionais. Constituindo-se, dessa

forma uma metodologia centrada no processo de formação.

A observação será um importante procedimento para delinear os aspectos

qualitativos de nossa pesquisa, pois para Gil (2008, p. 100) este instrumento desempenha

uma função essencial “desde a formulação do problema, passando pela construção de

hipóteses, coleta, análise e interpretação dos dados [...]”. Assim, Lüdke e André (1986),

postulam que por abrir espaço para uma ampla variedade de descobertas, percepções,

representações, sentimentos e aprendizagens em relação ao objeto, a observação requer

do pesquisador um rigor metodológico para poder ver, registrar, propor e modificar as

concepções do sujeito sobre o objeto, pois “[...] a experiência direta é, sem dúvida, o

331
melhor teste de verificação de ocorrência de um determinado fenômeno”. (Idem, p. 26).

Assim, essencialmente a observação se constitui, para nós, um procedimento

fundamental para perceber o movimento no processo de formação, ou seja, se ocorrem

mudanças na forma de conceber o referencial teórico crítico, o planejamento da

organização do ensino, o desenvolvimento do planejamento em sala de aula e o processo

de aprendizagem e, segundo Gil (2008) terá um caráter de observação participante, pois

no desenvolvimento da formação combinaremos a observação com a participação, tanto

no planejamento como na medição didática dos conteúdos.

O procedimento da entrevista visa conhecer aspectos da experiência e das

mudanças que ocorrem nas pessoas que dela participam. Segundo Gil (2008) por sua

flexibilidade passou a ser adotada como técnica fundamental de investigação e tem

contribuído muito no desenvolvimento das ciências sociais nas últimas décadas. Para

Laville e Dionne, (1999, p. 176) essa flexibilidade “permite obter dos entrevistados

informações muitas vezes mais ricas e fecundas, uma imagem mais próxima da

complexidade das situações, fenômenos ou acontecimentos”.

Assim, nesse trabalho a entrevista possibilitará aprofundar pontos levantados na

observação e nas narrativas, portanto ocorrerá em três momentos: no início e após a

realização da formação com todos os participantes e após o desenvolvimento do plano

em sala de aula com os três professores escolhidos para esse fim.

Quanto às narrativas dos professores, trata-se de um instrumento muito comum

em pesquisas que tomam a teoria histórico-cultural como referencial e, em nosso

trabalho, ocupará posição proeminente, pois segundo Davydov (1988, p. 249) “os medios

artificiales del pensamiento o signos permiten al hombre crear modelos mentales de los

objetos y actuar con ellos, planificando, además, los caminos para solucionar diferentes

tareas”, um dos legados deixados por Vygotsky.

Assim, em cada uma das etapas da formação, descritas abaixo, será estabelecido

um momento para que os professores relatem sobre a experiência vivida, constituindo-

332
se assim um instrumento que possibilitará, juntamente com a observação e as

entrevistas, a análise dos elementos constitutivos da subjetividade presente em cada

sujeito e, principalmente as mudanças na forma de pensar e agirem relação aos conceitos

de geografia e a organização didática com base na teoria histórico cultural.

PROCEDIMENTOS DA PESQUISA

Etapa Procedimentos
a) Elaboração a) Elaboração de plano de aula*
da proposta de b) Temas a serem abordados no decorrer da elaboração da proposta
ensino. de ensino
• Elaboração • Conceitos de paisagem e lugar
dos objetivos; • Os conceitos de zona de desenvolvimento proximal e
• Definição medição de Vygotsky;
dos conteúdos • Aspectos básicos da teoria da atividade de Leontiev;
• Elaboração • Elementos estruturantes para a organização didática de
da sequência Davydov: Do geral para o particular, do abstrato para o concreto
didática. pensado e do coletivo para o individual.
* Prática e teoria como unidade de pensamento. Ponto de partida na
prática social dos professores, ou seja, como pensam e planejam os
conteúdos de geografia.
2)Desenvolvimento Os professores desenvolverão as propostas de ensino elaboradas
da proposta de no curso de formação nas turmas em que atuam em 2018.
ensino Acompanhamento pelo pesquisador do desenvolvimento da
proposta de três professores.

REFERENCIAL TEÓRICO

Nosso referencial terá como base pesquisadores de três vertentes teóricas: a

formação inicial e continuada de professores, a teoria histórico-cultural e a epistemologia

e ensino de geografia. Sendo que essas vertentes se constituídas dialeticamente serão as

base para nossa defesa de que a formação continuada, pensada a partir da teoria

histórico-cultural pode contribuir para que os professores desenvolvam conhecimentos

333
teóricos mínimos e planejem o ensino de geografia de maneira que possibilitem aos

alunos a superação do conhecimento meramente empírico.

Em termos de formação profissional continuada tomaremos como base: Máximo

e Nogueira (2009), por questionarem os modelos de formação continuada desenvolvidos

no Brasil, Libâneo (2010), afirma que uma marca dos cursos de formação de professores

tem sido a didática e os conteúdos estudados de forma fragmentada, Demo (1996) que

aponta para uma condição do professor que supere a padronização e o formato

expositivo das aulas, Araújo e Moura (2012), que postulam a ideia de que o aumento da

pesquisa não tem refletido na melhora qualitativa da formação de professores e

defendem uma base teórica histórico-cultural na formação, Tardif (2002), com os saberes

dos educadores relacionando teoria e prática, Lefebvre (1983), Kosik (2010), para

pensarmos a lógica dialética e totalidade no processo formativo; Nóvoa (2009), por

questionar a ideia de que a profissão docente se caracteriza prioritariamente pela

capacidade de transmissão do conhecimento, Imbernón (2010), por defender que os

cursos de formação continuada devam combinar atualização científica e técnica com a

vertente psicopedagógica, entre outros.

Na teoria histórico-cultural e na didática desenvolvimental: Vygotsky (2000,

2001, 2010), referência para pensarmos no processo de desenvolvimento sócio histórico

da psique (ZDP, mediação, etc), Leontiev (2010, 1978), para pensar a docência a partir da

estrutura psicológica da atividade, Libâneo (1994), ao relacionar a formação de

professores e o desenvolvimento de bases teóricas e epistemológicas com vistas à

compreensão do seu papel enquanto mediador da apropriação dos conceitos pelos

alunos, Vasquez (1977), para pensarmos os elementos constitutivos da práxis reflexiva e

criadora na prática docente, entre outros.

Na epistemologia e ensino de Geografia: Carlos (1996), que desenvolve a lugar

como referencia para pensar a relação local-global; Santos (2006), que desenvolve uma

ontologia do espaço; Souza (2013), que articula aspectos sensitivos e históricos para

334
pensarmos o conceito de paisagem; Cavalcanti (2008, 2013, 2014), para pensarmos a

cidade como parâmetro para o ensino de geografia, relacionar organização do ensino e

os motivos dos alunos; Cavalcanti e diferenciar e relacionar conhecimentos cotidianos e

científicos, além pensar em uma didática para o ensino de geografia; Couto (2006 e 2009),

que propõe o ensino de geografia com base nos pressupostos teóricos da teoria histórico-

cultural e no ensino desenvolvimental, entre outros.

PROPOSTA DE SUMÁRIO (EM CONSTRUÇÃO)

Capítulo I – Formação Profissional Continuada dos professores

1 A Formação continuada dos professores dos anos iniciais no Centro de Formação

e atualização dos profissionais da educação de Barra do Garças.

2 A formação continuada centrada na teoria histórico cultural e nos problemas

profissionais;

Capítulo II – Ensino de Geografia na educação escolar

1 Ensino de Geografia no Brasil.

2 A cidade como referência para ensinar geografia nas dimensões de temporalidade

e escalaridade.

Capítulo III – A formação continuada dos professores pedagogos centrada nos

problemas práticos profissionais e na teoria histórico cultural.

Espaço para discussão das possibilidades e desafios para a formação dos professores

formados em pedagogia abordando elementos metodológicos, além de abrir espaço

para focar na dimensão de formar o professor com base nos problemas práticos

profissionais e na teoria histórico cultural tendo como referência a formação do

pensamento sobre temporalidade e a escalaridade.

Capítulo IV – O ensino de geografia em sala de aula.

335
Pensar em aspectos relacionados ao planejamento e desenvolvimento da proposta

de ensino em sala de aula, tendo como referência elementos de temporalidade e

escalaridade.

REFERÊNCIAS

ARAUJO, Elaine. Sampaio; MOURA, Manoel Oriosvaldo de. Contribuições da teoria


histórico-cultural à pesquisa qualitativa sobre formação docente. In: Selma Garrido
Pimenta; Maria Amélia Santoro Franco. (Org.). Pesquisa em Educação. Possibilidades
investigativas-formativas da pesquisa-ação. 2 ed. São Paulo: Edições Loyola, 2012, v. 1,
p. 75-101.

BOGDAN, Robert C.; BIKLEN, Sari Knopp. Investigação qualitativa em educação: uma
introdução à teoria e aos métodos. Tradução Maria J. Alvarez [...]. Portugal: Porto
Editora, 1994.

CAVALCANTI, Lana. Souza. Geografia escolar e a busca de abordagens


teórico/práticas para realizar sua relevância social. In: SILVA, E. I. da; PIRES, L. M.
Desafios da didática em geografia (Org.). Goiânia: Ed. da PUC Goiás, 2013. p. 45-65.

DAVYDOV, Vasili Vasilievich. La enseñaza escolar y eldesarollo psíquico: investigación


psicológica, teórica y experimental. Moscou: Editorial Progreso, 1988.

GAMBOA, Silvio Sánchez. Pesquisa em Educação: métodos e epistemologias. 2. ed.


Chapecó, SC: Argos, 2012.

GIL, Antônio Carlos. Métodos e técnicas de pesquisa social. 6 ed. São Paulo: Atlas, 2008.

IMBERNÓN, Francisco. Formação continuada de professores. Tradução de Juliana dos


Santos Padilha. Porto Alegre: Artmed, 2010.

LIBÂNEO, José CARLOS.Teoria histórico-cultural e metodologia de ensino: para


aprender a pensar geograficamente. XII ENCUENTRO DE GEÓGRAFOS DE
AMÉRICA LATINA, Universidad de la República, Montevideo, Uruguay, p. 1-14, abr.
2009.

LÜDKE, Menga; ANDRÉ, Eliza. D. A. Pesquisa em educação: abordagens qualitativas.


São Paulo: EPU, 1986.

LEONTIEV, A. N. Uma contribuição à teoria do desenvolvimento da psique infantil.


In: VIGOTSKII, L.S., LURIA, A.R.; LEONTIEV, A.N. Linguagem, desenvolvimento e
aprendizagem. 11a edição - São Paulo: ícone, 2010.

336
MARX, Karl. Para a crítica da economia política. Traduções Edgard Malagodi et al. São
Paulo: Abril Cultural, 1982.

NÓVOA, Antônio. Professores: imagens do futuro presente. Lisboa: Educa, 2009.

SAVIANI, Dermeval. Pedagogia histórico-crítica: primeiras aproximações. São Paulo:


Autores Associados, 1997.

SOUZA, Marcelo Lopes de. Os conceitos fundamentais da pesquisa sócio-espacial. Rio


de Janeiro: Bertrand Brasil, 2013.

VYGOTSKY, Lev. S, Lev Semenovich. A construção do pensamento e da linguagem. Trad.


Paulo Bezerra. São Paulo: Martins Fonte, 2001.

337
AS BASES TEÓRICO-METODOLÓGICAS PARA ENSINO DO
CONTEÚDO DE CLIMA DOS PROFESSORES INICIANTES DE
GEOGRAFIA
Izabelle de Cássia Chaves Galvão
Modalidade: Mestrado

Palavras-chave: Ensino de Geografia; Ensino de Clima; Concepção teórica e


metodológica; Formação de professores.

INTRODUÇÃO

A pesquisa em questão versa sobre as concepções teórico-metodológicas que os

professores iniciantes de Geografia, possuem em relação ao conteúdo de clima. Para que

seja possível perceber, de que maneira a formação inicial contribuiu no processo

formativo desses professores e como esta reflete em sua prática pedagógica.

O interesse pelo Ensino de Geografia, no processo de ensino e em uma

perspectiva de uma aprendizagem significativa1e crítica, tendo como referência os

componentes físico-naturais, e especificamente o conteúdo de clima, surgiu em virtude

de pesquisas desenvolvidas durante a trajetória acadêmica, desde pesquisas

desenvolvidas durante a iniciação científica, até momentos experienciados na vida

profissional.

Ainda sobre o interesse no conteúdo de clima, entende-se que cada vez mais, se

tem discutido o tema na sociedade (desde informações na mídia sobre a meteorologia,

fenômenos do clima ocorridos dentro da cidade, a relação e confusão entre tempo e

clima, dentre outras discussões), porém, muitas vezes os professores evitam esse

conteúdo, por acreditarem que seja um desafio ensiná-lo, devido às objeções advindas

da formação e a gama de conceitos que o compõe. Por isso, interessa saber qual a

1Segundo a teoria de Ausubel, aprender é recriar e ampliar as ideias que já existem e assimilar
essas às novas que serão aprendidas, pois assim, o aluno poderá organizar suas ideias e sua
forma de aprender.

338
concepção teórica e metodológica os professores iniciantes possuem sobre esse

conteúdo.

O recorte espacial se dá em torno da cidade de Goiânia, especificamente a região

noroeste da cidade, por ser uma das regiões administrativas que mais cresce2 e, por conta

do grande contingente populacional, que ao passo que expande, aumenta também o

número de escolas na região (já que são criadas unidades de acordo com a população

média). Outra motivação para escolha da região é, a relação de pertencimento que a

pesquisadora possui no que se refere a trabalho, estudo, lazer e moradia.

Quanto à escolha dos sujeitos, o intuito está em pensar como os professores

iniciantes em Geografia da Rede Pública Estadual de Ensino de Goiás encaminham

teórico e metodologicamente o conteúdo de clima em suas aulas e de que maneira a

formação inicial contribuiu para esse exercício. Por saber do atual cenário de

precarização do trabalho docente e que parte dos sujeitos dessa pesquisa serão

funcionários contratados em regime temporário, fez-se necessário adotar o critério de

tempo de trabalho entre um e cinco anos, considerando o início do exercício, logo após

sua formação inicial.

Sabendo da importância dessa discussão na educação básica, faz-se necessário

as seguintes questões norteadoras: Quais são as bases teóricas e metodológicas que

subsidiam o ensino de Geografia e especificamente o ensino de Clima na educação

básica? Quais são os principais referenciais teóricos e metodológicos discutidos durante

a formação inicial de professores de Geografia e como os professores se apropriam dessa

discussão? Que proposta teórica e metodológica pode auxiliar no exercício profissional

desses sujeitos, no que se refere ao ensino dos conteúdos de clima?

Acreditamos que por meio dessa pesquisa poderemos explorar mais as reflexões

teóricas e conceituais em torno da climatologia e como aproximá-la das discussões em

2Segundo dados da dissertação de mestrado de Cruz (2015), intitulada A Região Noroeste de


Goiânia: de Grande Bolsão de Pobreza à Nova Classe Trabalhadora.

339
sala de aula por meio de propostas e estratégias de ensino, bem como possibilitar um

cuidado teórico maior ao se tratar do conteúdo de clima durante as aulas de Geografia.

Outra contribuição que esperamos deste trabalho é compreender como essas discussões

tem ocorrido no meio acadêmico e como as mesmas podem chegar até a escola básica.

OBJETIVOS

Objetivo Geral

Analisar as bases teórico-metodológicas que norteiam os professores iniciantes de

Geografia entre o processo de formação inicial e a primeira fase de formação continuada

e, o encaminhamento dado ao conteúdo de clima.

Objetivos Específicos

▪ Identificar a base teórica e metodológica que norteia a formação inicial de professores

de Geografia, por meio da relação entre conhecimentos curriculares, conhecimentos

específicos da matéria e conhecimentos pedagógicos;

▪ Refletir aspectos teórico-metodológicos da formação de professores iniciantes que

subsidiem o trabalho docente no tratamento do conteúdo de clima;

▪ Verificar as potencialidades de metodologias e estratégias sugeridas aos professores

iniciantes no decorrer de momentos formativos.

METODOLOGIA

Utilizaremos nessa pesquisa, a metodologia de pesquisa qualitativa em

educação e pesquisa participante. Essas abordagens permitem também que seja possível

observar e capturar diferentes situações, bem como, refletir sobre as mesmas, no caso do

ambiente escolar, essas metodologias tornam-se muito eficientes. André (1983) reforça

que a pesquisa qualitativa auxilia na compreensão das relações entre os indivíduos, os

340
contextos que estão inseridos e suas ações. Por se tratar de uma pesquisa com intuito de

levantar e abordar a criticidade pretende-se utilizar tais metodologias por considerá-las

pertinentes, e por contemplarem de maneira mais ampla nossos objetivos.

No que se refere à pesquisa participante, acredita-se na importância de se levar

em consideração a realidade, para que seja possível compreender os desafios que

ocorrem e construir coletivamente, um planejamento para superação dos mesmos. Para

isso, nos amparamos em Demo (1982), que entende a relação da pesquisa participante e

a realidade como compreensão da teoria e prática de forma dialética, em que para ele

“[...] a tônica básica, todavia, do ponto de vista metodológico é a união entre

conhecimento e ação.” (Demo, 1982. p. 86).

A respeito da construção de uma pesquisa científica, faz-se necessário

promover o confronto de informações (LUDKE E ANDRÉ, 2012) desta forma,

pretendemos trabalhar a partir de diálogos, entrevistas e questionários, com professores

que ensinam o conteúdo de clima na Educação Básica, pois é uma forma de

contextualizar o conhecimento teórico e explorar distintas possibilidades metodológicas,

para análise e interpretação dos dados que serão coletados.

Essas técnicas também podem ser consideradas como uma maneira de

compreender como são construídas as situações cotidianas dos sujeitos ao qual

pretendemos conhecer. Por isso, acreditamos que serão apropriadas para os objetivos

propostos nessa investigação.

PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

1. Levantamento bibliográfico sobre formação de professores, ensino de Geografia,

pesquisas de mestrado e doutorado que versam sobre o ensino de clima.

2. Elaboração de estado da arte referente às principais produções relacionadas ao

Ensino de Clima;

341
3. Verificar escolas estaduais da região noroeste, bem como a origem formativa

desses sujeitos;

4. Análise do PPC do curso de Geografia licenciatura das universidades presentes

na formação inicial dos sujeitos, bem como as ementas, planos de ensino

correlatas à disciplina de Climatologia;

5. Seleção dos sujeitos da pesquisa, sendo, seis professores iniciantes em exercício

que atuem na Rede Estadual entre um e cinco anos.

6. Aplicação de entrevista semiestruturada com os sujeitos da pesquisa;

7. Planejamento e execução, junto aos sujeitos da pesquisa, de encontros para

discussão teórico e metodológica acerca do conteúdo de clima.

8. Verificação durante os encontros, da potencialidade de se trabalhar com

estratégias e metodologias de ensino, bem como a aplicação e análise de

entrevista semiestruturada para a verificação de tais potencialidades.

9. Elaboração da dissertação a partir da avaliação dos resultados finais da pesquisa.

REFENCIAIS TEÓRICOS

Neste trabalho, faz-se necessário pensar o como se concebe o Ensino do conteúdo

de Clima na educação básica, refletindo principalmente na concepção teórica e

metodológica que esse sujeito possui sobre a temática. Para este momento, utilizaremos

como referência trabalhos de teses e dissertações, trabalhos apresentados em eventos

nacionais, bem como referencias específicas da Climatologia e do ensino do conteúdo de

clima, como Ayoade (1996), Zavattini e Boin (2013) Monteiro e Mendonça (2003), Paula

e Steinke (2009), Steink (2013), Mendonça e Danni-Oliveira (2007), Torres e Machado

(2008).

No que se refere à formação de professores, cabe nessa pesquisa, refletir sobre os

distintos conhecimentos dos professores em formação, referenciados em Shulman

(1986), na concepção e reconhecimento do ser professor a partir de Richter (2013), e

342
formação inicial e continuada Zeichner (1993) e Schön (1992); no processo de construção

da autonomia do professor referenciados em Contreras (2012), dentre outras discussões.

Cabe ainda, pensar no ensino de Geografia dentro desse processo, para isso utilizaremos

como referência, Cavalcanti (1998, 2002), Kaecher (2007), Castellar (2002), Callai (2013),

Morais (2013), Roque Ascenção e Valadão (2013), Oliveira (2010), dentre outras

referencias. Para pensar em estratégias e metodologias, para o ensino do conteúdo de

clima utilizaremos como referencia trabalhos de Anastasiou e Alves (2006), Carneiro

(2007), Borges (2012), Alves e Souza (2016).

REFERÊNCIAS

ANDRÉ, Marli E. D. A. de. Texto, contexto e significados: algumas questões na


análise de dados qualitativos. Cad. Pesq. São Paulo, 1983. p 66-71.

ALVES, Adriana O. SOUZA, Malu I. A GEOGRAFIA NOS ANOS INICIAIS: a leitura


integrada da paisagem para a construção de conceitos dos conteúdos relevo-solo-
rocha. Revista Brasileira de Educação em Geografia, Campinas, v. 5, n. 10, 2015. p. 277-
299.

AYOADE, J. O. Introdução à climatologia para os trópicos. Tradução de Maria Juraci


Zani dos Santos; revisão de Suely Bastos; coordenação editorial de
AntonioChristofoletti. 4 ed. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 1996.

BERTALANFFY. Teoria General de los Sistemas. Fondo de cultura econômica de


espana, 1976. (introdução).

BORGES, Elaine M. SOUZA, Jane A.G. Mídias, linguagens e intereações pedagógicas


na construção de modelos de EAD: o caso UAB. In: Educação em Foco. Juíz de Fora, v
17, n 2, 2012, p 121-137.

CARNEIRO, Celso D. R. BARBOSA, Ronaldo. PIRANHA, Joseli M. Bases teóricas do


projeto Geo-escola: uso de computador para ensino de Geociências.Revista Brasileira
de Geociências. 37, 2007. P 90-100.

CAVALCANTI, Lana de S. Geografia, escola e construção de conhecimentos.


Campinas-SP: Papirus, 1998.

343
CAVALCANTI, L.S. Geografia e práticas de ensino. Goiânia: Alternativa,

2002.

CALLAI, H.C. A formação do profissional da geografia - o professor. Ijui. Editora


Unijui.2013.

CRUZ, R.C.C. A região noroeste de Goiânia: de grande bolsão de pobreza à nova


classe trabalhadora. Dissertação (Mestrado) – Universidade Federal de Goiás, Instituto
de Estudos Socioambientais, Programa de Pós-graduação em Geografia. Goiânia, 2015.

DEMO. P. Pesquisa Participante: Mito e Realidade. Brasília, 1982. UnB/INEP.


Disponível em: <http://www.dominiopublico.gov.br/download/texto/me001993.pdf>
acesso em: 12 de janeiro de 2018, às 10:14.

DEMO, P. Pesquisa Participante: Saber pensar e intervir juntos. Liber Livro Editora,
Brasília, 2° edição 2008.

FERRETI, Elaine. Geografia em ação: práticas em climatologia. 2 ed. Curitiba:


Ayamará, 2012.

LUDKE, M.; ANDRÉ, M. E.D.A. Pesquisa em educação: abordagens qualitativas. São


Paulo: EPU, 1986.

MASSEY, D.; KEYNES, M. Filosofia e política da espacialidade: Algumas


considerações. Rio de Janeiro: GEOgraphia - Ano.i - N" 12 – 2004.

MENDONÇA, Francisco e outros. Espaço e tempo: complexidade e desafios do


pensar e do fazer geográfico. Curitiba: Associação de Defesa do Meio Ambiente e
Desenvolvimento de Antonina (ADEMADAN), 2009. P 13-30.

MENDONÇA, F.; DANNI-OLIVEIRA, I. M. Climatologia: noções básicas e climas do


Brasil. São Paulo: oficina de texto, 2007.

MONTEIRO, C. A. de F. Teoria e Clima Urbano: Um projeto e seus caminhos. In:


MONTEIRO, C. A. de F. MENDONÇA, F. Clima Urbano. São Paulo. Contexto, 2003.

MORAIS, E. M. B.de. As temáticas físico-naturais como conteúdo de ensino de


Geografia escolar. In.:Temas da Geografia na Escola Básica. Campinas, São Paulo.
Papirus. 2013. p 13-44.

OLIVEIRA, A. O. S. A. Contribuição teórico-metodológica para o ensino de

344
Geomorfologia. Tese (doutorado) - Universidade Estadual Paulista, Faculdade de

Ciências e Tecnologia. Presidente Prudente, 2010.

PIMENTA, Selma Garrido, (org.). Formação de Professores: identidade e saberes da


docência. In. Saberes Pedagógicos e Atividade Docente. São Paulo: Cortez, 2002.

PIMENTA, Selma G.; LIMA, Maria S. L. Estágio e docência. São Paulo: Cortez, 2012.

ROQUE ASCENÇÃO, V. de O.; VALADÃO, R. C. Professor de Geografia: entre o


estudo do conteúdo e a interpretação da espacialidade do fenômeno. Scripta Nova:
Revista Electrónica de Geografía y CienciasSociales, v. 18, n. 496 (3), p. 1-14, dic. 2014.
Disponível em: < http://www.ub.edu/geocrit//sn/sn-496/496-03.pdf>Acesso em: 20
janeiro de 2018.

SANTOS, Milton. A Natureza do Espaço. Técnica e Tempo. Razão e Emoção. 2º


Edição. São Paulo: Hucitec, l997.

SCHÖN, Donald A. Formar professores como profissionais reflexivos. In: NÓVOA,


António (Coord.). Os professores e sua formação. Lisboa: Dom Quixote, 1992.

STEINK, Ercília. FERNANDES GOMES, Karina. Instrumentação para o Ensino de


Temas em Climatologia com Material Multimídia. Revista Didácticas Específicas Nº5.

TORRES, F. T. P. MACHADO, P. J. O. Introdução à climatologia. Ubá: Ed.


Geographica, 2008.

ZAVATTINI, João Afonso; BOIN, Marcos Norberto. Climatologia Geográfica: teoria e


prática de pesquisa. Campinas: Editora Alínea, 2013.

ZEICHNER, Kenneth M.. A formação reflexiva do professor: Idéias e Práticas. Trad.


Maria Nóvoa. Lisboa: Educa, 1993.

PROPOSTA DE SUMÁRIO E PLANO DE REDAÇÃO

1 – Bases teórico-metodológicas do Ensino de Geografia

1.1 - Teorias da epistemologia do ensino de Geografia


- Neste capítulo pretende-se discutir, as principais teorias que cercam o ensino de geografia.

345
1.2 - Bases teóricas e conceituais da Climatologia

- Discussão das principais referências para os conteúdos de clima e a Climatologia geográfica.

1.3 - Ensino de Clima e pesquisa: Principais produções e trabalhos produzidos sobre a


temática.

- Elaboração um estado da arte (conhecimento) sobre as principais produções referentes à


temática do ensino de clima, de forma a posicionar o leitor sobre o cenário das produções, dentro
de um recorte temporal de 10 anos, considerando eventos relacionados ao ensino de Geografia
(eixos e/ou GTs que contemplem o ensino de clima), a Climatologia Geográfica (eixos e/ou GTs
que contemplem o ensino de clima), Teses e dissertações. Pretende-se identificar nos trabalhos,
por meio da leitura do título, resumo e palavras-chaves os seguintes recortes; as propostas teóricas
e metodológicas, a vertente de ensino e os sujeitos envolvidos.

*Eventos selecionados: ENPEG – Encontro Nacional de Prática de Ensino em Geografia e SBCG


- Simpósio Brasileiro de Climatologia Geográfica.

2– A formação de professores de Geografia: Uma reflexão sobre as bases e orientações


curriculares.

2.1 Formato e estruturação do curso de Geografia.

- pensar na estrutura curricular do curso em relação a disciplina de Climatologia (das IFES


mais recorrentes da formação inicial de professores)

2.2 - Encaminhamento teórico e metodológico da disciplina de climatologia na


licenciatura.

-Quais são as referencias utilizadas na disciplina, para pensar o PPC, a ementa, o plano de
ensino e as demandas do ensino de Clima na formação inicial de professores.

2.3 – O ensino de Clima na Educação Básica.

- Como o conteúdo de clima está estruturado nos documentos curriculares de referência e


materiais didáticos.

2.4 – Pressupostos teóricos e concepções sobre a formação inicial, continuada de


professores e professores iniciantes.

- Quais as concepções e revisões teóricas para essa discussão e qual a importância de se discutir
essa conjunção.

3 – Pensar o clima na escola: Propostas para o trabalho docente

3.1 – As concepções do conteúdo de clima na escola básica

346
- Entender por meio de entrevistas, como os professores iniciantes trabalham o clima na escola e
quais os desafios em ensinar o tema.

3.2 – Proposição de materiais didáticos e referências teóricas e metodológicas para o


ensino do conteúdo de clima na Educação Básica.

- Propor e elaborar junto aos sujeitos, possibilidades para o ensino de clima na escola, tendo
como referencia os principais desafios apontados pelos professores sobre o conteúdo.

3.3 - As concepções teóricas e metodológicas da Geografia e de Climatologia, dos


professores iniciantes.

- coleta por meio de aplicação e análise de entrevista semiestruturada, e observação das


atividades formativas com os professores, de qual a concepção, esses sujeitos possuem.

347
A GEOTECNOLOGIA NO ENSINO DE GEOGRAFIA: UM RECURSO
DIDÁTICO NOS PROCESSOS DE APRENDIZAGEM SOBRE O USO DO
SOLO URBANO
Keila Alves de Campos Nunes
Modalidade: Mestrado

Palavras-Chave: Ensino de Geografia; Geotecnologias; Uso do Solo Urbano;

Diversos são os estudos sobre as tecnologias da informação e comunicação

(TIC’s) que ressaltam o grande avanço da tecnologia digital em meio ao público jovem.

Dentro desse vasto campo digital, destaca-se um conjunto de softwares e soluções

digitais que constituem importantes ferramentas de localização, de analise espacial, de

sistematização de informações e representações espaciais. Denomina-se esse conjunto de

feramentas, de analise e informação com referência geográfica de geotecnologias (ROSA,

2005).

As Geotecnologias já se constituem como recurso de ampla disponibilidade na

sociedade. Nessa direção, é possivel entender que o alcance da informação com

referência geográfica está disponível e pode estar sendo utilizada por grande parte dos

jovens escolares do Brasil e da cidade de Goiânia. Se faz necessario então, refletir em que

medida o uso das geotecnologias podem potencializar a aprendizagem dos conteúdos

geográficos.

Assim, alguns questionamentos direcionam o presente trabalho: De que modo as

geotecnologias, com o seu conjunto de ferramentas, pode contribuir para o estudo do

espaço geográfico? De que forma a geotecnologia auxilia o processo de aprendizagem e

o desenvolvimento do pensamento geográfico do aluno? Seria a Geotecnologia um

recurso que potencializa a aprendizagem dos conteúdos geográficos, como os temas

relacionados ao uso do solo urbano?

Portanto, pensar o uso das Geotecnologias no ensino de Geografia, está na crença

da sua potencialidade enquanto recurso didático, que permite um contato rápido e

348
interativo com o objeto a ser analisado; o Espaço Geográfico. A Geotecnologia poderia

então ser utilizada nas aulas de Geografia por meio da mediação do professor,

problematizando e sistematizando a compreensão espacial dos fenômenos, feições e

processos que ocorrem na superfície terrestre, tentando apresentar razões para essas

ocorrências, sua distribuição e organização. Ela pode ainda potencializar a compreensão

dos processos de construção do espaço urbano, os diferentes usos do solo urbano, os

padrões de ocupação, a dinâmica populacional, assim como dos elementos do meio

físico que integram esse espaço como a infra-estrutura e demais características físicas do

espaço.

Dessa forma, a Geotecnologia aparece como uma nova forma de leitura do espaço

geográfico. Compreender, ler e interpretar mapas digitais, imagens de satélites, acessar

banco de dados, produzir informações, compartilhar dados, são algumas das várias

possibilidades educativas que o seu uso apresenta para o processo de ensino e

aprendizagem em Geografia. Tais operações podem contribuir de forma efetiva para o

desenvolvimento de uma aprendizagem mais significativa, prosseguindo em direção ao

desenvolvimento de um pensamento geografico.

O desenvolvimento do pensamento geográfico pressupõe uma série de operações

mentais, que relacionam os saberes sistematizados e os conhecimentos científicos às

representações do vivido pelo aluno, sua experiência, seu cotidiano, o conhecimento

espontâneo, considerando não apenas as relações topológicas, mas também a dimensão

humana-social. Pressupõe-se que o uso de geotecnologias pode permitir o trabalho de

diversos elementos da espacialidade – localização, diferenciação, comparação,

funcionalidade, escalaridade – entre outros elementos que são essenciais para a

percepção, leitura e compreensão do espaço geográfico.

No entanto, diversas são as barreiras para inseri-la no contexto da sala de aula, e

em especial, no ensino de Geografia. Algumas dessas dificuldades perpassam questões

que vão desde a formação básica do professor para o uso das tecnologias e das

349
geotecnologias em sala de aula, da própria utilização da geotecnologia em sala de aula

como uma ponte para o aprendizado, aos recursos necessários para a sua utilização na

escola, como um laboratório de informática e o acesso a rede mundial de computadores:

A Internet. Por isso mesmo, salientamos que o uso das geotecnologias, como um fim em

si mesmo, não contribui para a formação do indivíduo, é necessário repensar sempre de

forma crítico-reflexiva a prática de ensino, para que se possa obter êxito no processo de

ensino e de aprendizagem.

Diante disso pretende-se neste trabalho investigar as possibilidades e desafios

das Geotecnologias nas aulas de Geografia no processo de aprendizagem de conteúdos

de Geografia Urbana nas escolas da Rede Municipal de Ensino de Goiânia. Essa

possibilidade se da pelo fato de que a Secretaria Municipal de Educação de Goiânia –

SME, possui um Núcleo de Tecnologia Educacional – NTE, ligado a uma Gerência de

Tecnologia Educacional – GERTEC, o que demonstra um interesse da educação

municipal na inserção de tecnologias no fazer diário das instituições da educação básica.

Esse núcleo tem como metodologia a atuação em três eixos articulados entre

si: assessoramento pedagógico, formação para o uso das tecnologias na educação e

suporte técnico.

Objetivo Geral

• Compreender em que medida o uso das geotecnologias nas aulas de Geografia

contribuem para que o aluno possa aprender sobre o uso do solo no espaço

urbano;

Objetivos Específicos

• Entender como a geotecnologia pode potencializar a compreensão espacial dos

fenômenos e feições do espaço geográfico nas aulas de Geografia.

350
• Analisar as possibilidades do uso das geotecnologias para o ensino dos conteúdos

de Geografia Urbana.

• Propor uma metodologia para a sistematização do uso das geotecnologias como

recurso didático com ênfase na aprendizagem sobre o uso do solo urbano.

METODOLOGIA

Na área educacional, as pesquisas com abordagens qualitativas permitem uma

melhor compreensão “dos processos escolares, de aprendizagem, de relações dos

processos institucionais e culturais, de socialização e sociabilidade, do cotidiano escolar

em suas múltiplas implicações, das formas de mudança e resiliência presentes nas ações

educativas.” (GATTI & ANDRÉ, 2010, p. 34).

A abordagem qualitativa tem grande relevância na pesquisa educacional uma vez

que permite uma aproximação com o sujeito da sua pesquisa de tal forma que contribui

inclusive para a formação do pesquisador, pois promove uma reflexão sobre a própria

prática pedagógica, como argumenta Weller e Plaff (2010). Nesse sentido utilizaremos a

pesquisa colaborativa, um viés da pesquisa-ação, que são,

estudos que envolvem algum tipo de intervenção na realidade e que podem implicar um

grau maior ou menos de participação dos sujeitos na pesquisa. Podem ter uma forte

inclinação política, na linha de emancipação, ou podem enfatizar mais os aspectos

afetivos, sociais, sociais, sociopedagógicos. (GATTI & ANDRÉ, 2010, p. 35)

Nesse sentido, para atender os objetivos dessa pesquisa, que versa sobre as

possibilidades e desafios do uso das geotecnologias no ensino sobre o uso do solo urbano

nas aulas de Geografia, propõe-se como principais métodos de coleta de dados a

observação e a entrevista.

Segundo GIL (2008 p. 100), a observação “nada mais é que o uso dos sentidos

com vistas a adquirir os conhecimentos necessários para o cotidiano” como meio de

pesquisa para compreender como se dão as relações de aprendizagem no contexto da

351
sala de aula. Essa metodologia permite ainda uma série de procedimentos para captação

da multiplicidade de aspectos da sala de aula que serão observados pelo pesquisador.

Tais procedimentos envolvem entrevistas, análise documental, registro de campo,

fotografia, gravações entre outras, (GATTI & ANDRÉ, 2010).

A entrevista será realizada com os alunos no sentido de avaliar a aplicação da

proposta e o uso da geotecnologia na aula de Geografia. Gil (2008, p. 109), destaca que a

entrevista “é bastante adequada para a obtenção de informações acerca do que as

pessoas sabem, crêem, esperam, sentem ou desejam, pretendem fazer, fazem ou

fizeram”.

ARTICULAÇÃO METODOLÓGICA

Capítulos Objetivos Procedimentos Metodológicos

1 Entender como a geotecnologia • Revisão bibliográfica/


pode potencializar a compreensão documental
espacial dos fenômenos e feições • Análise das
do espaço geográfico nas aulas de geotecnologias
Geografia. disponíveis;

2 Analisar as possibilidades do uso • Revisão bibliográfica


das geotecnologias para o ensino • Levantamento de
dos conteúdos de Geografia métodos e técnicas da
Urbana. Geotecnologia a ser
utilizada;
• Analise de documentos
curriculares da educação
básica – DCN’s;

352
3 Propor uma metodologia para a • Definição do campo
sistematização do uso das intermediada pelo NTE;
geotecnologias como recurso • Elaboração da proposta
didático com ênfase na didática construída
aprendizagem sobre o uso do solo conjuntamente com o
urbano. professor;
• Observação das aulas
• Observação da aplicação
da proposta didática (5
aulas)
• Entrevista com alunos;
• Análise dos dados;

REFERENCIAL TEÓRICO

Nos últimos anos, acompanhamos uma difusão de tecnologias de informação e

comunicação nos mais variados espaços, inclusive na escola. No seu dia-a-dia, nossos

alunos estão absortos em tecnologias em suas mais variadas formas, assim podemos

considerá-los verdadeiros nativos digitais, pois já nasceram nesse cenário tecnológico,

marcados pela operação desses meios digitais e computacionais no seu cotidiano.

Reafirmando a importância de se trabalhar com tecnologias na educação, a Lei

de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (Lei 9.394/96), ressalta que a escola deve se

adequar e utilizar as tecnologias de forma que elas possam contribuir para o

aprendizado dos alunos, pois o uso das tecnologias faz parte da formação básica do

cidadão.

Nesse sentido os usos de geotecnologias contribuem para os estudos do meio geográfico,

aprimorando os conhecimentos sobre a relação sociedade/natureza. Fitz (2008, p. 12)

define geotecnologias como “[...] as novas tecnologias ligadas às geociências e correlatas,

as quais trazem avanços significativos no desenvolvimento de pesquisas, em ações de

planejamento, em processos de gestão, manejo e em tantos outros aspectos relacionados

à estrutura do espaço geográfico”.

353
Estudar e analisar o espaço geográfico por meio de ferramentas tecnológicas nos

dá margens para uma análise dos aspectos da Geografia Física e da Geografia Humana,

ambos aspectos que constroem espacialidades. A observação do espaço precederá uma

série de indagações que podem surgir a partir do olhar (como as ambiências observadas

se moldaram, como se dão as relações, como nos apropriamos delas), da observação.

Assim,

Com um olhar sensível e interrogativo sobre a paisagem, observa-se


seu sítio, sua estrutura, sua ocupação, os espaços de uso múltiplo e de
residências, espaços valorizados, espaços em expansão, o ambiente
urbano – conjunto da interação interdependente de todos esses
elementos, como materialidade do trabalho humano. (CAVALCANTI,
2013, p. 80)

O professor mediante a sua prática pode valorizar a construção e interpretação

das representações do espaço, articulando os saberes que os alunos detêm junto com os

elementos teóricos oferecidos pela própria Geografia. Essa prática torna-se ainda mais

coesa quando articulado com o uso de recursos tecnológico/geotecnologias.

Nesse sentido o ensino de cidades pode ter muito a ganhar ao utilizar elementos

das geotecnologias no processo de ensino e aprendizagem dos conteúdos de Geografia

Urbana, trabalhando diversos conceitos no tratamento de temas como: Processos de

crescimento da cidade, haja vista a expansão acentuada, o crescimento das periferias, o

processo de valorização do solo articulado ao processo de segregação socioespacial, o

fenômeno da conurbação, a ocupação do solo associada ao relevo, a ocupação dos fundos

de vale, entre outros temas.

Acreditamos que a inserção de ferramentas tecnológicas é capaz de assegurar e

possibilitar um ensino de Geografia capaz de dar coesão à formação de cidadãos críticos

e conscientes. Essa consciência engloba a possibilidade de compreender o seu entorno,

tendo a capacidade de realizar inferências, em outras palavras, é a Geografia significada

no dia a dia, no espaço.

354
PLANO DE REDAÇÃO

1. Geotecnologia e o ensino de Geografia: um panorama (Analisar o cenário


referente aos estudos que envolvem a utilização de tecnologias na sala de aula, com
ênfase na utilização de Geotecnologias nas aulas de Geografia.)
1.1 O espaço escolar e as novas tecnologias
1.2 O Ensino de Geografia e as novas tecnologias: uma análise dos documentos
oficiais
1.3 Entre a técnica e a tecnologia: O que são as Geotecnologias
1.3.1 Sensoriamento Remoto
1.3.2 Sistema de Posicionamento Global
1.3.3 Geoprocessamento
1.3.4 Sistemas de Informações Geográficas
1.3.5 Ambientes virtuais
1.4 O ensino de Geografia e as Geotecnologias: Obstáculos e Possibilidades

2. Geotecnologias e a Geografia Urbana: Uma nova perspectiva para análise do


espaço urbano – (Analisar como a geotecnologia pode potencializar a compreensão
espacial, tendo em vista os aspectos do espaço urbano – Segregação socioespacial,
valorização urbana, crescimento urbano, entre outros)

2.1 O Ensino de Geografia Urbana escolar

2.2 O Uso das Geotecnologias: Uma nova linguagem para compreender o espaço
urbano

2.3 Contribuições do Sensoriamento Remoto para o estudo de temáticas da


Geografia Urbana

3. Geotecnologias e o ensino de Geografia: Aprendendo sobre o uso do solo Urbano


(Analisar como o uso da geotecnologia pode contribuir como recurso didático na
construção de conceitos e conhecimentos espaciais sobre o uso do solo no município
de Goiânia, possibilitando o domínio de ferramentas tecnológicas pelos alunos e
refletir sua importância na aprendizagem.)

3.1 Uso e ocupação do solo Urbano de Goiânia.

3.2 O Google Earth como recurso didático: Aprendendo sobre o uso do solo
urbano na cidade de Goiânia-GO

3.2.1 A Escola campo e os sujeitos

355
3.2.2 A proposta didática e a seleção dos conteúdos

3.2.3 Reflexões sobre a aplicação da proposta didática

3.2.3 Avaliação diagnóstica do Google Earth e a aprendizagem dos


conteúdos: Uma análise das entrevistas

REFERÊNCIAS

CAVALCANTI, L. de S. A cidade ensinada e a cidade vivida: Encontros e reflexões no


ensino de Geografia. In: CAVALCANTI, L. de S. (orgs.) Temas de Geografia na escola
básica. Campinas, SP: Papirus, 2013. p. 65 – 94.

FITZ, Paulo Roberto. Geoprocessamento sem complicação. São Paulo: Oficina de


Textos, 2008.

GATTI, Bernadete. ANDRÉ, Marli. A relevância dos métodos de pesquisa qualitativa


em Educação no Brasil. In: WELLER. Wiviam; PLAFF, Nicolle (Orgs.). Metodologias
da pesquisa qualitativa em educação. Petrópolis, Rio de Janeiro: Vozes, 2010.

GIL, Antônio Carlos. Métodos e técnicas de pesquisa social. São Paulo: Atlas, 2008.
ROSA, R. Geotecnologias na Geografia aplicada. Revista do Departamento de
Geografia, 16(2005):81-90.

SANTANA FILHO, Manoel Martins de. A educação geográfica escolar: conteúdos e


referências docentes. 2010. Tese de Doutorado apresentada a Faculdade de Filosofia,
Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo. São Paulo, 2010.

WELLER. Wiviam; PFAFF, Nicolle. Pesquisa qualitativa em Educação: origens e


desenvolvimentos. In: WELLER. Wiviam; PLAFF, Nicolle (Orgs.). Metodologias da
pesquisa qualitativa em educação. Petrópolis, Rio de Janeiro: Vozes, 2010.

356
CONHECIMENTOS GEOGRÁFICOS DO CLIMA E PRÁTICAS
DOCENTES DE PROFESSORES PEDAGOGOS NO ENSINO
FUNDAMENTAL: DESAFIOS E PERSPECTIVAS DE SUPERAÇÃO NA
REDE MUNICIPAL DE CÁCERES-MT
Leandro dos Santos
Modalidade: Doutorado

Palavras-chave: Ensino de Geografia. Conhecimentos do clima. Conhecimentos


docentes. Professor pedagogo.

INTRODUÇÃO

Segundo o Parecer CNE/CP nº 5/2005 emitido pelo Conselho Nacional de

Educação, que aprova as DCNs para o Curso de Pedagogia, pedagogos estão

autorizados a atuar no ensino de várias disciplinas. Essa formação generalista, no

entanto, não contribui para a qualidade do ensino dos conteúdos específicos, entre eles

os de Geografia, ciência que se encarrega da leitura e interpretação das diferentes

espacialidades sobre o “espaço geográfico”, aqui concebido como seu objeto de análise.

Dentre os conteúdos, muitas vezes negligenciados nos anos iniciais, destacam-se

os relativos à Climatologia, atribui-se a isso a deficiência de base teórico-conceitual da

Geografia na formação inicial em Pedagogia. Essa deficiência interfere de maneira

substancial na prática docente do pedagogo ao encaminhar os conteúdos de disciplinas

específicas em sala de aula.

O ensino do clima pelo pedagogo, deve permitir a assimilação das paisagens em

diferentes escalas, a relação sociedade e natureza e contribuir para a ampliação de noções

de conceitos elementares como: tempo e clima, elementos e fatores climáticos e previsão

do tempo (ALVES, 2012), assim como, o conhecimento da dinâmica climática regional

que faz parte do território (ROSSATO, 2009), no caso específico o estado de Mato Grosso,

com foco na área urbana do município de Cáceres, localizado a sudoeste do estado, entre

as coordenadas geográficas 16º 08’ 42” a 16º 0’ 44” L, S e 57º 43’ 52” a 57º 37’ 22”, L, O.

357
Elegeu-se a paisagem como categoria de análise geográfica, conceito que subsidia

o professor ao encaminhar o ensino dos conteúdos geográficos do clima com base no

conhecimento pedagógico do conteúdo. A partir de Shulman (2005) tomou-se a prática

docente do professor pedagogo, e os conhecimentos dos conteúdos relativos ao clima,

como referência para o desenvolvimento da pesquisa em apreço.

Por razão da importância dos conhecimentos geográficos do clima na disciplina

de Geografia, destaca-se o questionamento que orientará a pesquisa: Ao encaminhar os

conteúdos geográficos do clima no 5º ano do Ensino Fundamental, os professores

pedagogos mobilizam conhecimentos pedagógicos dos conteúdos e metodologias

eficazes no processo de leitura e compreensão do espaço geográfico, de modo a superar

a visão clássica da Geografia, a separação entre os aspectos físicos e sociais?

A hipótese a ser demonstrada nesta pesquisa se fundamenta na tese de que o

domínio do conhecimento pedagógico do conteúdo por parte do professor pedagogo, ao

encaminhar o ensino dos conteúdos geográficos do clima é instrumento fundamental

para a mobilização de práticas docentes que culminem na leitura e compreensão do

espaço geográfico como produto da relação sociedade e natureza. Assim sendo, a

deficiência no estudo de bases epistemológicas da Geografia pelos docentes, no caso

específico os pedagogos, reflete na desarticulação entre conhecimento do conteúdo e

metodologias, de modo a comprometer o bom êxito da prática docente, nos estudos

concernentes ao clima. Nesse caso, a “Formação Continuada” envolvendo troca de

experiência e saberes entre (Geografia e Educação) é um caminho de superação.

No campo do ensino de Geografia a pesquisa toma como referenciais teóricos

Callai (2005); Cavalcanti (1998, 2000, 2006, 2012), Castellar (2000, 2007), Castrogiovanni

(1999, 2000), Pontuschka (1999), Pontuschka at al (2007) e Straforini (2001, 2012). No

ensino de Climatologia Alves (2012), Ferretti (2009), Rossato (2009), Sant’Anna Neto

(2002), Rivaroli (2016), Melo (2015), Cruz (2015), Bonfim (1997) e Fialho (2010). E por fim,

autores que discorrem acerca dos conhecimentos necessários à docência Shulman (1986),

358
Tardif (2014), Gauthier (1998), Pimenta (1998), Marcon (2013) Morais (2011), Lopes e

Pontuschka (2011) e Ascenção (2009).

OBJETIVOS

Esta investigação presta-se ao alcance do objetivo: Analisar como os professores

pedagogos encaminham os conteúdos geográficos do clima no ensino de Geografia no

5º ano do Ensino Fundamental da Rede Municipal de Ensino (RME) de Cáceres-MT.

De forma complementar, a título de objetivos específicos, pretende-se: Analisar

as bases teórico-conceituais mais relevantes que abordam os conhecimentos geográficos

do clima no ensino de Geografia; Demonstrar se o professor pedagogo trabalha de forma

integrada os conteúdos geográficos do clima com os aspectos humanos e sociais;

Verificar como o ensino dos conhecimentos geográficos do clima é contemplado nas

DCNs, livros didáticos, na Proposta Curricular da RME de Cáceres-MT, nos projetos

políticos pedagógicos das escolas e nos planos de ensino dos professores pedagogos;

Investigar as propostas ou projetos de formação continuada (relativos ao ensino de

Geografia nos anos iniciais) ofertados pelo CEFAPRO1 no polo de Cáceres e pela SME;

Identificar quais os conhecimentos e as metodologias mobilizadas pelos professores

pedagogos para encaminhar os conteúdos geográficos do clima no 5º ano; Desenvolver

como recurso metodológico um curso de formação, para trabalhar os conceitos e

conteúdos introdutórios da climatologia com os sujeitos da pesquisa e Evidenciar os

principais desafios enfrentados pelos professores pedagogos para ensinar os conteúdos

de Geografia, em específico os de climatologia.

1Centro de Formação e atualização dos Profissionais da Educação Básica do Estado de Mato


Grosso.

359
METODOLOGIA: OS FUNDAMENTOS DA ABORDAGEM E DA

INTERPRETAÇÃO

A pesquisa seguirá concepções qualitativa, por envolver análises e reflexões

sobre como os professores pedagogos encaminham o ensino dos conteúdos geográficos

do clima no 5º ano do Ensino Fundamental da RME de Cáceres-MT. Se caracteriza pelo

viés participante, na interação entre o pesquisador e os sujeitos da pesquisa,

interlocutores nesse processo (BOGDAN e BIKLEN, 1994). Entre as técnicas

metodológicas empregadas, destacam-se o estudo de caso, o grupo focal, a pesquisa

participativa e a pesquisa-ação (ALVES, 2012), questionários com questões abertas e

semiabertas, entrevistas semiestruturadas e curso de formação continuada.

A abordagem da climatologia adotada nesta pesquisa ancora-se na tríade Sistema

Clima Urbano (SCU), proposta teórico-metodológica defendida por Monteiro (1976). A

partir do ordenamento teórico-metodológico adotado, a pesquisa será encaminhada,

obedecendo às seguintes etapas:

Pesquisa Bibliográfica: Levantamento de leituras e obras sobre: O ensino de

Geografia nos anos iniciais; O professor pedagogo e o ensino de Geografia; O ensino de

climatologia na Educação Básica; Práticas docentes; Conhecimentos necessários à

docência; Formação continuada; Sistema Clima Urbano, entre outras abordagens. Etapa

que permitirá a construção da base teórico-bibliográfica que subsidiará as análises e

discussões dos resultados.

Pesquisa Documental: Análise da Proposta Curricular da RME de Cáceres-MT,

com vista aos direcionamentos curriculares para a Geografia; Verificar como o ensino

dos conteúdos geográficos do clima é contemplado nas DCNs, nos livros didáticos de

Geografia, nos Projetos Político-Pedagógicos das escolas inseridas na pesquisa e nos

planos de ensino dos professores pedagogos.

360
Entrevistas semiestruturadas: Com professores pedagogos que lecionarem no 5º

ano do Ensino Fundamental, da RME de Cáceres-MT durante o ano letivo de 2018; As

entrevistas possibilitarão caracterizar o perfil dos professores pedagogos, a prática

docente, a formação continuada e como o ensino dos conteúdos geográficos do clima é

encaminhado em sala de aula; na continuidade da pesquisa será empregada a

metodologia do grupo focal, com o objetivo de retomar e aprofundar questões que não

foram contempladas claramente na etapa anterior.

Cursos de Formação: O curso de formação será empregado como um recurso

metodológico para trabalhar conceitos introdutórios da climatologia como: tempo e

clima, elementos e fatores climáticos, estações do ano e dinâmica climática regional com

os professores pedagogos, haja vista a carência teórico-conceitual sobre os conteúdos de

Geografia e em especial os de Climatologia na formação inicial em Pedagogia. Essa etapa

permitirá identificar os conhecimentos que subsidiam a prática docente do pedagogo ao

trabalhar os conteúdos geográficos do clima. Nessa etapa, além dos conceitos

introdutórios da climatologia serão abordados os temas: Conhecimentos docentes;

Formação continuada; Ensino de Geografia nos anos iniciais; Espaço geográfico e

paisagem; Relação local e global e Sistema Clima Urbano.

REFERENCIAL TEÓRICO

Ensinar Geografia é tão importante como ensinar a ler, a escrever e a contar, pois

é através dos conhecimentos geográficos que se adquirem as noções e o domínio espacial

pelo qual os indivíduos organizam e reorganizam seu espaço de atuação. O domínio

espacial é entendido aqui dentro dos moldes de Penteado (1994), ou seja, como um

processo que não se esgota em si mesmo, que não se completa no momento em que os

alunos dominam as técnicas de leitura e escrita, mas que, em verdade, leva, a saber, ler

e escrever para propiciar o acesso ao conhecimento sistematizado.

361
Nas últimas décadas, inúmeros trabalhos foram desenvolvidos com vista, a

reflexão sobre os conteúdos de Geografia para os anos iniciais e a forma com a qual tais

conteúdos são encaminhados na prática escolar. Para Callai (2013), os conteúdos de

Geografia são importantes desde os anos iniciais, pois permitem estabelecer a sua

especificidade e marcar o seu diferencial em relação as demais áreas de conhecimentos.

Para Tulio (2017), analisar as ações do pedagogo na escola pública, na atualidade,

significa refletir sobre a identidade e a prática docente desse profissional, que deve

contemplar em sua formação inicial e continuada a interdisciplinaridade entre as áreas

do conhecimento. A prática docente do professor pedagogo é instituída numa dinâmica

entre os elementos de regulação social da profissão e as formas subjetivas do sujeito que

se faz professor, implicando, nesse contexto, uma forma particular do pedagogo

relacionar os conhecimentos das disciplinas de referência e os conhecimentos didáticos

e pedagógicos (CRUZ, 2017).

Straforini (2004) ressalta ser grande o desafio a ser vencido pelos professores dos

anos iniciais, o mais grave dos problemas a enfrentar, é o dos professores pedagogos que

não tiveram em sua formação inicial uma preparação adequada para ensinar os

conteúdos de disciplinas específicas, junte-se a isso, a inexistência de metodologias de

ensino com conhecimentos pedagógicos dos conteúdos voltados para a Geografia,

ciência que tem na relação entre sociedade e natureza o subsídio para análise espacial.

O desafio do professor pedagogo adquiri maior complexidade, quando são

trabalhados os conteúdos relativos à Climatologia nas aulas de Geografia. Tais

conteúdos sobressaem como componentes indispensáveis para o desenvolvimento do

raciocínio espacial do indivíduo, em suas experiências vivenciadas durante a infância,

como nos processos pedagógicos nas primeiras fases escolares.

A intenção não é tecer críticas ao professor pedagogo, mas contribuir teórica e

metodologicamente para que haja uma aproximação entre a Geografia e a Pedagogia, a

começar pela perspectiva de que não se desconectam teoria e prática, saber acadêmico e

362
saber escolar (SHULMAN, 2005), “geografia física e geografia humana, escola e

cotidiano, conhecimento geográfico e didático da Geografia” (MORAIS, 2011, p. 68).

Conhecer algo permite-nos ensiná-lo, e conhecer um conteúdo em profundidade

significa estar mentalmente organizado e bem preparado para o ensino de modo geral”

(GARCIA, 1999, p. 87). Para encaminhar os conteúdos geográficos do clima de forma a

contemplar a relação entre a sociedade e natureza o professor, em especial o pedagogo,

deve dispor de domínios teóricos e habilidades metodológicas relativas à Climatologia,

ciência que se apresenta como uma área específica de conhecimento dentro da Geografia

(SANT’ANNA NETO, 2002).

RESULTADOS (esperados ou parciais)

Foi realizado parte do referencial teórico-bibliográfico e selecionadas as escolas

para o desenvolvimento da pesquisa. A seção que apresenta a produção científica sobre

o ensino de Climatologia no Brasil: SBCGs, dissertações e teses encontra-se parcialmente

elaborada com base em levantamentos realizados no Banco de Teses e Dissertações da

Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES); Acervo do

Centro de Documentação, Informação e Pesquisa sobre Ensino de Geografia (CEDIPE-

GEO); Biblioteca Digital Brasileira de Teses e Dissertações (BDTD), Núcleo de Estudos

sobre Currículo, Ensino e Formação de Professores de Geografia (NUCEF) e no livro “O

ensino de Geografia no Brasil: catálogo de dissertações e teses, Antônio Carlos Pinheiro,

2005. A partir do levantamento realizado nas bases de dados mencionadas encontrou-se

quinze dissertações de mestrado e duas teses de doutorado relacionadas ao ensino de

Climatologia no Brasil.

PLANO DE REDAÇÃO

A pesquisa será estruturada em cinco seções: Seção I- O universo da pesquisa e

a questão metodológica; Seção II- A produção científica sobre o ensino de Climatologia

363
no Brasil: SBCGs, Dissertações e Teses; Seção III- A rede municipal de ensino de Cáceres-

MT: perfil e formação dos professores pedagogos que ministram a disciplina de

Geografia no 5º ano do Ensino Fundamental; Seção IV- Os conhecimentos geográficos

do clima nos materiais pedagógicos: DCNs, Livros Didáticos, Proposta Curricular da

RME de Cáceres-MT, Projetos Políticos Pedagógicos e os planos de ensino do professor

pedagogo e Seção V- Os conhecimentos pedagógicos dos conteúdos geográficos do clima

pelos professores pedagogos que atuam na disciplina de Geografia no 5º ano do ensino

fundamental.

REFERÊNCIAS

ALVES, Adriana Olivia. Estratégias de ensino e mobilização dos conteúdos do clima


na geografia escolar: possibilidades de ação didática por meio de materiais didáticos.
Anekumene. Revista de Geografía, Cultura y Educación. nº 4. Ano, 2012.

BOGDAN, R.; BIKLEN, S. Investigação qualitativa em Educação: fundamentos,


métodos e técnicas. In: Investigação qualitativa em educação. Portugal: Porto Editora,
1994.

BRASIL. Ministério da Educação. Conselho Nacional de Educação. Parecernº5/2005.


Aprova as diretrizes curriculares nacionais para o curso de Pedagogia. Diário Oficial
da União. Brasília, DF, 15 de Maio de 2006. Disponível em:
http://portal.mec.gov.br/cne/arquivos/pdf/rcp01_06.pdf. Acesso em: 28/10/2016.

CALLAI, Helena Copetti. A formação do profissional da geografia: o professor. Ijuí:


Ed. Unijuí, 2013.

CRUZ, Shirleide Pereira da Silva. Professor Polivalente: profissionalidade docente em


análise. 1ª ed. Editora Appris. Curitiba, 2017.

GARCIA, C. M. Formação de professores para uma mudança educativa. Porto:


Porto Editora, 1999.

MONTEIRO, C. A. de F. Teoria e Clima Urbano. São Paulo: Igeo/Usp, 1976.

MORAIS, Eliana M.B. O Ensino das Temáticas Físico-naturais na Geografia Escolar.


2011. (Tese de Doutorado) - Faculdade de Educação. Disponível em:
http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/8/8136/tde-13062012-122111/pt-br.php.
Acesso em: 23 mar.2018.

364
PENTEADO, H. D. Metodologia do ensino de História e Geografia. São Paulo:
Cortez. 1994.

ROSSATO, M. S. Vivendo A Meteorologia Para Construir A Climatologia:


Experiências Práticas No Ensino Fundamental. In: Cadernos De Aplicação. Porto
Alegre: Ufrgs, Vol. 22, N 1, 2009, P. 113-144.

SANT’ANNA NETO, João. L. A análise geográfica do clima: produção de


conhecimento e considerações sobre o ensino. Geografia - Volume 11 - Número 2 -
Jul/Dez. 2002.

SHULMAN, L. S. Conocimiento y enseñanza: fundamentos de la nueva reforma.


Profesorado. Revista de Currículum y Formación del Profesorado Granada-España, ano 9, n.
2, p. 1-30, 2005a. Disponível em: <http://www.ugr.es/local/recfpro/rev92art1.pdf>.
Acesso em: 29 maio 20017.

STRAFORINI, Rafael. Ensinar Geografia: O desafio da Totalidade-Mundo nas séries


iniciais. São Paulo: Anna blume, 2004.

TULIO, Juliana Maria Capeline Furman. A identidade do Pedagogo Escolar e as


Dimensões Estruturantes da sua Prática Pedagógica. 1ª ed. Editora, Appris. Curitiba,
2017.

365
O PROFESSOR DE GEOGRAFIA DO ENSINO MÉDIO E ORIENTAÇÕES
CURRICULARES: O CONTEÚDO GEOPOLÍTICA NAS PROPOSTAS
RECENTES

Leovan Alves dos Santos


Modalidade: Doutorado

Palavras-chave: Professor de Geografia – Currículo – Geopolítica – Ensino Médio

INTRODUÇÃO

Os últimos 20 anos da educação brasileira foram marcados pelo acentuar dos

debates curriculares, nas esferas acadêmica, política e pedagógica. Contudo, esse

aumento das discussões não deve ser compreendido pela realização de mudanças

efetivas nos currículos escolares, uma vez que, estas mudanças só se efetivam a partir da

prática do professor.

O currículo escolar é constituído pelas experiências escolares que se desdobram

em torno do conhecimento, permeadas pelas relações sociais, buscando articular

vivências e saberes dos alunos com os conhecimentos historicamente acumulados e

contribuindo para constituir as identidades dos estudantes. Assim concebido como o

conjunto das experiências organizadas e realizadas pela escola ou sob sua supervisão, é

integrado não só pelos conteúdos escolares e pelas áreas de conhecimento, mas também

fruto de reestruturações políticas.

Parte-se do pressuposto que a Geografia escolar precisa se orientar pelos

pressupostos teórico-metodológicos e pedagógico-didático historicamente construídos

ao longo da evolução da ciência geográfica, tendo em vista os conceitos universalmente

reconhecidos pelas pesquisas acadêmicas e científicas desse campo disciplinar.

Neste mesmo sentido, o ensino de Geografia carece também de estudos que o

situam no espaço mais amplo, ou seja, no âmbito do currículo da escola básica e no

contexto da prática docente no Ensino Médio, e também, é preciso uma aproximação

366
maior da Geografia com o campo do currículo, notadamente para tratar da articulação

entre o currículo prescrito e o currículo em ação.

Assim, este projeto de pesquisa busca entender se realmente há uma mudança na

prática do professor a partir do momento em que há uma reforma curricular, uma vez

que, o currículo escolar passa, pois, por etapas de planejamento que definem a sua

objetivação no processo de desenvolvimento e, entre elas, o professor está presente com

seu plano e programa de ensino. Neste sentido, diante das várias orientações que são

dadas ao docente (orientações e prescrições externas, o livro didático, entre outras) ele

precisa tomar uma posição, escolher um caminho e agir em sua prática cotidiana.

Nesta perspectiva, surgem várias proposições a respeito dos desdobramentos da

implantação dessas mudanças na educação básica brasileira, entre elas as influências no

pensamento e na prática de ensino dos professores de Geografia que atuam nessa etapa

de ensino. Nesse sentido, levantamos alguns questionamentos: O que muda no ensino

de Geografia quando muda o currículo? Quais mudanças são perceptíveis ao professor

de Geografia do Ensino Médio em sua prática quando há uma reforma curricular? Como

o conteúdo geopolítica é trabalhado ao longo das propostas curriculares nos últimos 20

anos pelo professor que atua na rede estadual de Goiás? Com que referências trabalham

os professores do Ensino Médio em Goiás para ensinar o conteúdo geopolítica?

Entre essas várias questões e a partir de minha atuação como professor de

Geografia da Rede Estadual de Goiás me propus a investigar o trabalho dos professores

que atuam na rede estadual de Goiás. Um dos focos desta investigação é analisar se na

prática do professor em sala de aula ao trabalhar com o conteúdo geopolítica, existem

alterações e/ou mudanças na forma de trabalhar a partir das alterações curriculares.

Neste sentido, entendemos que o currículo apresentado aos professores sofre

modificações, mas, queremos saber se há uma mudança na atuação do professor.

É no professor que podemos encontrar a chave para entender como o currículo

pode ser viabilizado (não nas propostas e nos documentos). Ele um agente central para

367
viabilizar o currículo, e faz isso diante de várias influências, lidando com vários

componentes para viabilizar o seu projeto de ensino. Nesta perspectiva, é o professor

que vai tornar possível o currículo a partir da relativa autonomia que possui, ao

questionar sua prática, a partir de sua concepção de Geografia e de ensino desta

componente curricular, a partir de seu projeto de atuação como professor, ele consegue

fazer um amálgama equilibrando as imposições externas e a proposta defendida por ele.

Enfim, o currículo realizado e construído pelo professor em sala de aula depende

da realização entre o pensamento autônomo do professor em relação ao seu trabalho e

as condições que a ele são impostas. E é no contexto deste embate que o conteúdo vai ser

trabalhado em sala de aula.

OBJETIVOS

GERAL

- Analisar o trabalho docente com o currículo da Geografia escolar no Ensino Médio

como expressão das relações estabelecidas entre as prescrições/orientações externas e as

concepções teórico-metodológicas do professor.

ESPECÍFICOS

- Caracterizar as mudanças curriculares em Goiás nos últimos 20 anos (dos PCN’s a

BNCC) e seus reflexos na prática do professor;

- Identificar elementos do currículo de Geografia no Ensino Médio frente as mudanças

curriculares.

- Compreender quais mudanças se efetivam na prática do professor quando se muda o

currículo prescrito;

- Analisar a metodologia do professor ao trabalhar o conteúdo geopolítica e suas relações

com as mudanças curriculares.

368
METODOLOGIA

Trata-se de uma pesquisa com abordagem qualitativa, pois, foca-se no caráter

subjetivo do objeto analisado, estudando as suas particularidades e experiências

individuais, além de trabalhar com o universo de significados, motivos, aspirações,

valores e atitudes. Minayo (2008) destaca que na pesquisa qualitativa, o importante é a

objetivação, pois durante a investigação científica é preciso reconhecer a complexidade

do objeto de estudo, rever criticamente as teorias sobre o tema, estabelecer conceitos e

teorias relevantes, usar técnicas de coleta de dados adequadas e, por fim, analisar todo

o material de forma específica e contextualizada. Nesta perspectiva, são procedimentos

para o desenvolvimento desta pesquisa:

- Submissão do projeto de pesquisa ao Comitê de Ética em Pesquisa (CEP/UFG).

- Pesquisa bibliográfica: levantamento bibliográfico sobre currículo e o ensino de

Geografia. Realizaremos um levantamento da produção acadêmica sobre ensino de

Geografia a partir dos seguintes aspectos:

* atuação do professor de Geografia e os saberes docentes: Cavalcanti (2003 e 2008),

Richter (2013), Shulman (2014).

* Geopolítica: Castro (2014), Costa (2016), Lacoste (2012), Vlach (2004).

* Currículo/ Currículo de Geografia: Young (2010), Ascenção, Leite e Portela (2017),

Greco (2014), Pires (2017), dentre outros.

A partir da revisão bibliográfica realizaremos outras investigações, consultando

estudos divulgados em anais de encontros científicos, levantamento nos bancos de teses

e dissertações dos cursos de pós-graduação em Geografia, bem como em revistas

científicas de relevância na área.

- Análise documental, nesta etapa, busca–se informações em documentos que

1não receberam nenhum tratamento científico, tais como: Parâmetros Curriculares

Nacionais para o Ensino Médio (PCNEM) (BRASIL, 1999); Parâmetros Curriculares

369
Nacionais (BRASIL, 2002); Diretrizes Curriculares Nacionais (DCN) da Educação Básica

(BRASIL, 2013); Base Nacional Curricular (BNCC) (BRASIL, 2015), dentre outros. A

escolha de tais documentos se deve ao fato de eles serem referenciais de qualidade

elaborados pelo Governo Federal para nortear as equipes escolares na execução de seus

trabalhos.

Nesta etapa, também serão analisados, planos de ensino, planos de aula,

documentos das escolas. Cellard (2008) destaca que o pesquisador deve buscar o

encadeamento de ligações entre sua problemática e as diversas observações extraídas de

sua documentação, e neste sentido, a presença ou a intervenção do pesquisador não pode

tirar partido da reação do objeto pesquisado.

- Pesquisa com professores: a unidade de análise utilizada nesta pesquisa será

composta por dez professores de Geografia que atuam no Ensino Médio há mais de 10

anos na Rede Estadual de Goiás (dois professores em cada mesorregião de Goiás). Serão

selecionadas cinco cidades com mais de 20 mil habitantes (uma em cada mesorregião):

Porangatu (norte), Goiás (noroeste), Luziânia (leste), Goiânia (centro) e Jataí (sul).

Cabe ressaltar que esta investigação se apoiará em princípios dialéticos para a

análise e a interpretação dos resultados (COUTO, 2011). Com este método entende-se

que há uma orientação para o conhecimento da realidade e, desta forma, a natureza

interpretativa do caso em si (coleta de dados sobre as mudanças curriculares e seus

reflexos na prática do professor de Geografia na Rede Estadual de Ensino de Goiás) será

fundamentada na análise de conteúdo como orientação teórica para a análise dos dados

empíricos.

Do ponto de vista do ensino, esta pesquisa estrutura-se no aporte de Vigotsky

(2009), uma vez que essa perspectiva leva em consideração a importância de que

pensamento e ação sejam estudados de forma integrada, sem sobreposição de um sobre

o outro. Da mesma forma, considera a mediação na construção do conhecimento e a

370
necessidade de haver uma interação dialética entre conhecimento empírico e

conhecimento científico.

A partir da análise das informações obtidas com todos esses procedimentos e na

busca de compreender os questionamentos levantados inicialmente almeja-se estruturar

o relatório do exame de qualificação e posteriormente a redação final da tese.

REFERÊNCIAS

ASCENÇÃO, V. O. R.; LEITE, C. M. C.; PORTELA, M. O. Currículo e ensino de


geografia: um diálogo a ser posto. In: ALVES, A. O.; KHAOULE, A. M. K. A geografia
no cenário das políticas públicas educacionais. Goiânia: C&A Alfa & Comunicação, p.
125 -148, 2017.

BRASIL. Secretaria de Educação Média e Tecnológica. Parâmetros Curriculares


Nacionais: Ensino Médio. Br5asília: MEC, 1999.

______ Ministério da Educação. PCNs+ Ensino Médio: orientações educacionais


complementares aos Parâmetros Curriculares Nacionais. Brasília, DF: Secretaria de
Educação Média e Tecnológica, 2002. 144 p

______ Ministério da Educação. Diretrizes Curriculares Nacionais Gerais da Educação


Básica. Brasília, DF: Secretaria da Educação Básica, 2013. 542 p

______ Ministério da Educação/ Secretaria de Educação Básica. Proposta de Base


Nacional Comum Curricular (BNCC) - Setembro de 2015. Disponível em:
<www.movimentopelabase.org.br >. Acesso em: 24 out. 2016.

CELLARD, A. A pesquisa documental. In: POUPART, J. (org.) [et. al.] A pesquisa


qualitativa: enfoques epistemológicos e metodológicos. Petrópolis, RJ: Vozes, p.295-316,
2008.

CASTRO. I. E. Geografia e política: território, escalas de ação e instituições. Rio de


Janeiro: Bertrand Brasil, 2014.

CAVALCANTI, L. de S. Geografia, escola e construção de conhecimentos. Campinas:


Papirus, 2003.

______ A geografia escolar e a cidade: ensaio sobre o ensino de geografia para a vida
urbana. Campinas: Papirus, 2008.

COSTA, W. M. Geografia política e geopolítica: Discursos sobre o Território e o Poder.


São Paulo: Editora da Universidade São Paulo, 2016.

371
COUTO, M. A. C. Método dialético na didática da geografia. In: CAVALCANTI, L. S.;
BUENO, M. A.; SOUZA, V. C. (orgs.) A produção do conhecimento e a pesquisa sobre
o ensino da geografia. Goiânia: Ed. Da Puc Goiás, 2011, p. 27-44.

GRECO, F.A. S. Com que referências trabalham os professores no currículo do Ensino


Médio: um estudo sobre o ensino de geografia nas escolas. Jundiaí: Paco Editorial, 2014.

LACOSTE, Y. A geografia - Isso serve, em primeiro lugar, para fazer a guerra.


Campinas, SP: Papirus, 2012.

MINAYO, M. C. de S. O desafio do conhecimento. São Paulo: Hucitec, 2008.

PIRES, L. M. Políticas educacionais e curriculares em curso no Brasil: a reforma do


Ensino Médio e a Base Nacional Comum Curricular (BNCC). In: ASCENÇÃO, V. O. R.
[et al.] Conhecimentos da Geografia: percursos de formação docente e práticas na
educação básica. Belo Horizonte; IGC, p. 232-260, 2017.

RICHTER, D. Os Desafios da Formação do Professor de Geografia: o Estágio


Supervisionado e sua articulação com a escola. In: SILVA, E. I. & PIRES, L. M. (Orgs.).
Desafios da Didática da Geografia. Goiânia: Ed. PUC Goiás, 2013, p. 107-123.

SHULMAN, L. S. Conhecimento e ensino: fundamentos para a nova reforma.


Cadernoscenpec. São Paulo, v.4, n.2, p.196-229, 2014.

VIGOTSKY, L. S. A construção do pensamento e da linguagem. São Paulo, Martins


Fontes, 2009.

VLACH, V. O ensino de Geografia no Brasil: uma perspectiva histórica. In: VESENTINI,


J. W. O ensino de geografia no século XXI. Campinas, SP: Papirus, 20004.

YOUNG, Michel. A educação, o conhecimento e o papel do Estado: a “nacionalização”


do conhecimento educacional? Conhecimento e currículo: do socioconstrutivismo ao
realismo social na sociologia da educação. Porto Editora: Portugal, 2010.

PLANO DE REDAÇÃO DETALHADO PRELIMINAR

INTRODUÇÃO

CAPÍTULO I – AS ORIENTAÇÕES CURRICULARES E O ENSINO DE GEOGRAFIA:


DOS PCNS A BNCC.

Analisar o trabalho docente com o currículo da Geografia escolar no Ensino Médio como
expressão das relações estabelecidas entre as prescrições/orientações externas e as
concepções teórico-metodológicas do professor.

CAPÍTULO II – ENSINO DE GEOPOLÍTICA NO ENSINO MÉDIO.

372
Qual é a rede de conceitos que o professor de Geografia utiliza para trabalhar o conteúdo
geopolítica? Como ele encaminha o conteúdo? Quais as atividades de aprendizagem?
Busca-se entender que recortes e reinterpretações os professores fazem do currículo ao
trabalhar com os alunos nos contextos escolares em que atuam. Se de fato uma mudança
na política curricular reflete na prática da sala de aula identificando os elementos do
currículo de Geografia no Ensino Médio em Goiás frente as mudanças curriculares.

CAPÍTULO III – A PRÁXIS DO PROFESSOR NO TRABALHO COM A GEOGRAFIA


ESCOLAR.

Conhecer as possibilidades do trabalho docente com o currículo da Geografia escolar no


Ensino Médio, entendendo as expressões das relações estabelecidas entre as
prescrições/orientações externas e as concepções teórico-metodológicas do professor.
Compreensão das mudanças efetivadas na prática do professor quando se muda o
currículo prescrito. Na mesma medida, entender como os professores dão concretude ao
currículo desenvolvido com os alunos e as transformações que ocorrem na prática da
sala de aula na medida em que há transformações nas prescrições/orientações externas.

CAPÍTULO IV – O ENSINO DE GEOPOLÍTICA EM GOIÁS FRENTRE AS DEMANDAS


EXTERNAS: POSSIBILIDADES E DESAFIOS.

Espera-se uma ampliação dos conhecimentos sobre políticas educacionais, sobre o


Ensino Médio e uma compreensão da metodologia do professor ao trabalhar o conteúdo
geopolítica e suas relações com as mudanças curriculares. Situar as especificidades da
Geografia escolar sob as circunstâncias conformadas pelas políticas educacionais, pelas
orientações curriculares para o ensino médio e pelas condições de trabalho na rede
estadual de Goiás.

373
LINGUAGEM CARTOGRÁFICA E HISTÓRIAS INFANTIS: A
CONSTRUÇÃO DOS SABERES GEOGRÁFICOS DOS ALUNOS NOS
ANOS INICIAIS DO ENSINO FUNDAMENTAL
Luana Maria Xavier Silva
Modalidade: Mestrado

Palavras-chave: Linguagem Cartográfica. Histórias Infantis. Mapas Mentais. Ensino de


Geografia.

INTRODUÇÃO

Apresentamos uma proposta para contribuir com a construção dos saberes

geográficos nos anos iniciais do EF. Pretendemos que os escolares sejam capazes de

representar e interpretar informações espaciais, bem como romper com o

tradicionalismo, no que se refere à simples reprodução de mapas nas práticas escolares

de Geografia desvinculado de sentido ou contextos dos conteúdos geográficos.

Nossa pesquisa faz uma tentativa de aproximar o imaginário, posto que

acreditamos ser um elemento motivador em aulas nos anos iniciais do EF, com a

compreensão do espaço geográfico mediado pela linguagem cartográfica. Nessa fase de

escolarização a imaginação e a criatividade são elementos muito presentes no processo

de ensino-aprendizagem, nesse sentido as histórias infantis permitem que os alunos

construam espaços inventados e os relacionem com a realidade.

Os sujeitos dos anos iniciais têm um elevado teor de imaginação e a contação de

histórias é uma prática pedagógica muito presente. As histórias infantis motivam a

imaginação e possibilitam a construção do espaço do personagem, por meio dos mapas

mentais, que são instrumentos de análise geográfica, e fundamentais para colaborar na

leitura espacial dos alunos.

Nossa intencionalidade é contribuir para o ensino de Geografia dos anos iniciais,

de modo a valorizar a imaginação dos sujeitos, uma vez que o uso das histórias infantis

374
somado à linguagem cartográfica propicia o aprendizado, este envolvido com as

características próprias dos escolares, significando os conceitos.

Objetivo Geral

✓ Analisar a potencialidade do uso das histórias infantis associadas a construção

de mapas mentais para o desenvolvimento dos saberes geográficos dos alunos

dos anos iniciais do ensino fundamental.

Objetivos Específicos

✓ Reconhecer a importância dos conceitos geográficos Paisagem e Lugar nos anos

iniciais do EF e sua articulação com os conteúdos escolares e saberes geográficos

nesta fase da escolarização;

✓ Identificar os saberes geográficos presentes nas histórias infantis na perspectiva

de contribuir com a aprendizagem dos alunos sobre os conceitos Paisagem e

Lugar;

✓ Analisar a potencialidade da construção de mapas mentais na contação de

histórias infantis e sua relação com o ensino dos conteúdos geográficos;

✓ Contribuir para o desenvolvimento do ensino de Geografia e da Cartografia

Escolar nos anos iniciais do EF.

METODOLOGIA

Serão desenvolvidos nessa pesquisa os seguintes procedimentos metodológicos:

• Levantamento bibliográfico e fichamento de textos: a elaboração do trabalho

estará pautada em referências encontradas em materiais gráficos (livros, artigos

de periódicos científicos, histórias infantis); e materiais informatizados (artigos

de periódicos científicos disponibilizados na internet);

• Seleção do 3º ano do Ensino Fundamental no Centro de Ensino e Pesquisa

Aplicada à Educação - CEPAE para o desenvolvimento de nossa pesquisa, essa

375
escolha se deve à organização do mesmo que permite diversas atividades

desenvolvidas com qualidade no que se refere ao ensino, pesquisa e extensão,

receptividade por parte da direção e professores, também por desenvolverem

projetos que envolvem a contação de histórias para as crianças que soma ao nosso

trabalho e ainda pelos conteúdos “Bairro” e “Paisagem Local” que estão

relacionados diretamente com os conceitos da pesquisa “Lugar e Paisagem”;

• Escolha das histórias infantis “O menino que colecionava lugares” e

“Chapeuzinho Vermelho”, pois apresentam descrição dos espaços e propiciam

imaginar a distribuição dos elementos espacialmente, também valorizamos a

linguagem nacional e a internacional e temos a intencionalidade de verificar se

há, ou não, implicação do reconhecimento da história internacional para o ensino

de Geografia;

A atividade será realizada em duas etapas:

1) Lugar

1.1 Contação da história “O menino que colecionava lugares” sem uso de

materiais, a fim de verificar a potencialidade da imaginação para a construção de

imagens mentais dos lugares do personagem;

1.2 Construção individual de mapas mentais com papel A4 e lápis de cor, pelos

escolares de seus lugares de vivência e memória;

1.3 Análise dos mapas mentais pela categoria de lugar;

2) Paisagem

2.1 Elaborar e contar uma versão da história “Chapeuzinho Vermelho” que tenha

características espaciais da paisagem do colégio, bem como materiais usados

para a contação, como a fantasia, maquiagem e cesta de doces para comparação

das estratégias utilizadas;

2.2 Construção coletiva de mapas mentais com papel pardo e lápis de cor, pelos

escolares da paisagem;

376
2.3 Análise dos mapas mentais pela categoria paisagem;

• Análise dos mapas mentais produzidos junto ao professor da turma e a

contribuição da linguagem cartográfica junto às histórias infantis para o ensino

de Geografia.

A seguir apresentamos a construção do mapa conceitual referente à metodologia a ser

usada em nossa pesquisa:

Contação de Histórias
E Mapas Mentais

Imaginação
Lugar
Ensino de Geografia Desenho
Paisagem
Criatividade

3º ano do EF

Literatura Literatura
Nacional Internacional
Contação de Histórias Infantis

O menino que Chapeuzinho


colecionava lugares Vermelho

377
A
L T
I
P
U A
V
G I I
A D S
R A A
Contação/leitura da D
Contação com
E G
história a partir do dramatização E
livro D M
I
D
Á
T
I
C
O

Mapa Mental P Mapa Mental


Individual E Coletivo
D
A
G
Ó
G
I
C
A
Análise do mapa e relação com o processo de ensino-
aprendizagem

REFERENCIAL TEÓRICO

A criação é inerente ao ser humano. Para criar, antes, imaginamos. A fantasia, os

sonhos e devaneios são parte do nosso eu. Cada sujeito constrói o mundo à sua maneira

ao perceber, sentir e imaginar seu espaço. Existe uma busca individual pelo seu lugar, e

ainda, em uma análise mais ampla, há uma busca coletiva, uma vez que os sujeitos estão

dispostos em sociedades com culturas distintas.

Bachelard (1998) faz um estudo filosófico e nos convida a devanear através de

imagens que ele analisa em torno de quatro elementos: água, ar, terra e fogo. Ele

distingue a imaginação em duas: “uma imaginação que dá vida à causa formal e uma

imaginação que dá vida à causa material; ou, mais brevemente, a imaginação formal e a

378
imaginação material” (p.1). A imaginação formal relaciona-se com a observação ociosa

do mundo, estabelecida pelo racionalismo; a imaginação material ou criadora está

vinculada à superação da materialidade, o homem deixa de ser mero observador e passa

a modificar a natureza.

Na infância temos os primeiros contatos com o mundo imaginário, seja por meio

das histórias e cantos familiares, pela mídia ou pela literatura nos anos escolares. A

criança apresenta inocência e mais liberdade de criação; pela imaginação ela pode ser

um personagem, estar em outro local com características que ela considera seu mundo e

livra-se de seus medos, suas angústias, ampliando o espaço da fantasia.

A imaginação é importante na constituição do indivíduo enquanto sujeito social,

pois deverá aprender a respeitar o pensamento do outro e perceber que juntos formam

o imaginário de uma sociedade, na perspectiva de compreendê-la. Nesse sentido, os

anos iniciais do EF proporcionam o momento intrínseco para explorar a imaginação das

crianças, uma vez que a faixa etária está no auge da criação, e construir uma

aprendizagem significativa.

A escola é um espaço o qual os alunos passam grande parte do seu tempo na

intencionalidade de construir aprendizagem de inúmeros conteúdos presentes nas

disciplinas. O imaginário contribui no processo de percepção do mundo, portanto é

pertinente que seja explorado nos anos iniciais para a construção de conceitos.

Percebemos nas indicações curriculares que nos anos iniciais a categoria espaço

apresenta-se de forma ampla e também mostra a necessidade de construir os conceitos

de lugar e paisagem. O lugar na perspectiva de compreender suas relações com o meio

e se identificar enquanto sujeito na sociedade; a paisagem na concepção de entender sua

dinâmica e suas transformações pela intervenção humana.

Carlos (2007) nos fala da especificidade do lugar, “uma porção do espaço

apropriável para a vida” (p.20). Nesse sentido, levamos em consideração as experiências

individuais e coletivas em um determinado espaço. A autora também nos questiona

379
“como o homem percebe o mundo?” (p. 20) e afirma ser através de seu corpo.

Compreendemos que os sentidos possibilitam os sujeitos conhecerem o espaço.

Santos (1988) releva a apreensão da paisagem para além do que é visto, e

contribui para romper com o pensamento da paisagem estática observável, uma vez que

“não é formada apenas de volumes, mas também de cores, movimentos, odores, sons”

(p.21). Assim, compreendemos paisagem a partir de uma leitura dinâmica que se

transforma junto às ações humanas.

A complexidade dos conceitos lugar e paisagem na ciência geográfica nos fazem

refletir sobre as propostas de encaminhamento metodológicas nos anos iniciais.

Acreditamos que os escolares têm grande potencial imaginário que pode ser explorado

e desenvolvido como instrumento para conhecer o mundo.

Compreendemos que a vida não pode ser somente imaginária, é necessário estar

ciente da realidade, mas o criar é um processo fundamental e a criança tem essa

característica. A escola tende a fragmentar o conhecimento e a criação perde seu espaço;

àqueles indivíduos que têm uma predisposição se fortalecem, mas muitos perdem a

criatividade.

A contação de histórias contribui com o desenvolvimento do imaginário infantil,

os personagens vivenciam situações, perpassam por lugares e paisagens que despertam

sensações de medo ou coragem por exemplo, requerem estratégias para solucionar

mistérios, enfim, são inúmeras possibilidades. Entretanto, tem algo em comum em todas

as narrativas: elas acontecem em um determinado espaço e, portanto, contribuem para

a construção da espacialidade geográfica dos escolares nos anos iniciais.

Mendonça (1979) faz uma crítica aos geógrafos que utilizam somente a

observação, descrição e generalização e não utilizam outras faculdades mentais como à

imaginação, a invenção e a dedução. Acreditamos que permitir a imaginação e a criação

do seu próprio mapa estamos a romper com o tradicionalismo na escola e com a

reprodução de mapas dos livros didáticos.

380
Para pensar o mundo, para se tornar um indivíduo melhor, é preciso pensar

criticamente, nesse sentido a dialética corrobora com nossa pesquisa, uma vez que o

conhecimento é o reflexo subjetivo da realidade objetiva; há uma construção teórica dos

conceitos de lugar e paisagem pela abstração do sujeito que imagina e cria o mapa

mental. A análise acontece do abstrato para o concreto. O concreto é o ponto de saída e

de chegada com a motivação do abstrato e a mediação cartográfica para a construção

social do espaço e uma análise social do mundo.

Plano de Redação Detalhado Preliminar

Introdução.................................................................................................................
Capítulo 1 – Trajeto da Pesquisa.............................................................................
1.1 Características metodológicas da pesquisa...........................................................
1.2 Procedimentos da pesquisa...................................................................................
1.3 Revisão bibliográfica............................................................................................
Capítulo 2 – Os conceitos geográficos nos anos iniciais.........................................
2.1 Considerações sobre o processo de ensino-aprendizagem nos anos iniciais........
2.2 A importância dos conceitos de lugar e paisagem na Geografia Escolar...............
2.3 A visibilidade dos conceitos geográficos a partir de histórias infantis.................
Capítulo 3 – Ensino de Geografia e Linguagem Cartográfica.............................
3.1 Análise e interpretação dos espaços imaginários...................................................
3.2 A construção da espacialidade geográfica dos escolares......................................
3.3 Contribuições dos mapas mentais no ensino de Geografia...................................
Capítulo 4 – Mapas Mentais e Contação de Histórias: uma aproximação
possível.......................................................................................................................
4.1 Os espaços imaginários e os sujeitos da pesquisa..................................................
4.2 A contação de histórias e a construção do espaço imaginário................................
4.3 Os mapas mentais e a liberdade de criação............................................................
Considerações Finais................................................................................................
Referências Bibliográficas........................................................................................
Apêndices...................................................................................................................

381
O OLHAR GEOGRÁFICO NA FORMAÇÃO DO ARQUITETO
URBANISTA: UMA PROPOSTA DE ANÁLISE NO ESPAÇO EDUCATIVO
ESCOLAR URBANO
Raquel de Albuquerque Franco Ramos de Castro
Modalidade: Doutorado

Palavras-chave: Olhar Geográfico, formação do Arquiteto Urbanista.

INTRODUÇÃO

Na concepção de ambientes, seja eles edificados ou livres, públicos ou privados,

o arquiteto busca elementos para compreendê-lo e se apropriar das necessidades que

julga importante para compor sua obra. Diversos caminhos metodológicos podem ser

percorridos por ele nesse processo (utópicos e/ou parcelar), sejam para compreender as

relações humanas empregadas no objeto, ou para sua concepção plástico-tecnológica.

Todavia, qualquer ambiente concebido-construído é apropriado pelo ser humano

de onde nascem as relações sociais e pessoais com o espaço (LEFEBVRE, 2006). Neste

aspecto podemos discuti-lo pela Geografia desenvolvendo um raciocínio geográfico seja

sob uma dimensão crítica, ou fenomenológica-humanista, ou neo-positivista etc. Além

disso, podemos direcionar nosso olhar sob categorias de analises diferenciadas (espaço,

lugar, paisagem, território, redes etc.) a fim de se estabelecer uma melhor proximidade

com o objeto em discussão (SANTOS, 1992; CORREA, 1997; GOMES, 2013).

Outro elemento que não passa despercebido nessa discussão geográfica é a

escala, local ou global, imprimirá uma determinada percepção das relações que se tem

diante das categorias analisadas (SANTOS, 1997; CAVALCANTI, 2013). Dentro deste

contexto, o olhar dos arquitetos urbanistas sob determinado espaço não deveria ser

parcelar, ou seja, apenas com o foco arquitetônico. Os aspectos das relações sociais com

o mesmo, as impressões, os sentidos que exercem sob as pessoas são fundamentais de

serem percebidos por este profissional a fim de se conhecer–projetar–construir,

ambientes que gerem bem estar e qualidade de vida e ambiental.

382
Por não se constituir um ponto de vista usual da arquitetura, o olhar geográfico

não é alcançado por estes profissionais em sua prática cotidiana, muitas vezes justificado

pela própria formação dos mesmos em seus ambientes acadêmicos. Na práxis a falta

deste foco pode conduzir o arquiteto a projetar com mais argumentos tecnológicos

(forma / função), voltados muitas vezes às necessidades apresentadas pelo cliente.

O processo de projeto arquitetônico ocorre considerando-se um conjunto de

conceitos de normas e regras instituídos por órgãos competentes e segundo as leis

municipais e estaduais de cada região do país. Analogias de estudos de casos

semelhantes ocorrem em que, muitas vezes, o olhar ainda percorre um caminho parcelar

da arquitetura e de avaliações pós ocupação calçadas em embasamentos visuais ou

teóricos (KOWALTOWSKI, 2011). Neste contexto, as relações geográficas estabelecidas

no espaço em questão ficam em segundo plano. Podemos considerar uma falha no

processo? Não. Talvez um falha durante o processo de formação profissional do mesmo.

Atualmente a conclamada “formação generalista” fomentada pelo Ministério da

Educação à todas as profissões acabam afunilando os caminhos metodológicos de ensino

das mesmas. E, o curso de arquitetura e urbanismo não pode fugir dela, deixando de ser

um curso de período integral para ser parcial, tendo que “enxugar” sua grade curricular

(KOHLSDORF, 2017). Fato que torna uma tarefa árdua aos docentes do ensino superior,

como eu, em um contexto tão abrangente, quanto o deste profissional, com ampla

atuação em um mundo tão globalizado quanto excludente. É perceptível que estão sendo

colocados no mercado de trabalho profissionais mais preocupados com a aparência do

ambiente, que muitas vezes deixa de se indagar como ocorrem as relações sociais no tipo

de espaço que está projetando? Quais impactos causariam na imagem da cidade? Como

os indivíduos vão se relacionar com ele? O que seriam capazes de produzir enquanto

relações econômicas e socais no mesmo? Como impacta o imaginário das pessoas?

Enfim, muitos questionamentos podem ser feitos acerca de diversos aspectos tão

fundamentais no processo de concepção de um espaço – obra arquitetônica – urbanística.

383
O que nos leva a pensar em como seria a relação deste profissional com o espaço sob o

aspecto geográfico? Sua formação lhe proporciona tal olhar? Não seria o mesmo

importante, para não dizer fundamental, ter desenvolvido um raciocínio geográfico

sobre o espaço antes de se estabelecer relações dimensionais, normativas ou não, com o

objeto?

O que se pretende analisar nesta pesquisa é justamente o olhar geográfico sobre

os espaços, afim de se extrair dele as relações sociais estabelecidas por um sistema de

objetos e de ações (SANTOS, 1996) que irão atender ao público a que se destina, tendo

como premissa uma análise crítica das relações físicas e sócio espaciais existentes em

ambientes concebidos - construídos de igual natureza. Vislumbrando-se, assim

proporcionar uma visão ampliada para além dos desejos de um cliente em potencial

seguindo apenas suas necessidades básicas e econômicas. Buscamos assim, averiguar se

o espaço público analisado como espaço geográfico seria um caminho de articulação

entre os conhecimentos geográficos e arquitetônicos para potencializar a formação do

arquiteto urbanista na produção de espaços mais justos.

Objetivo Gerais

Demonstrar a contribuição da aplicação do conceito de espaço geográfico por

meio da análise espacial de escolas estaduais de nível médio em Goiânia, para a

formação do Arquiteto Urbanista como um instrumento interdisciplinar que

potencializa a construção de espaços mais cidadãos.

Objetivos Específicos

- Realizar uma revisão bibliográfica acerca da analise espacial pela ciência geográfica.

- Identificar os desafios do processo de projeto arquitetônico para espaços públicos

(escolares) por meio de pesquisas realizadas nessa área.

384
- Analisar as mudanças atuais para o Ensino Médio na Base Nacional Comum Curricular

– BNCC, e suas implicações nos espaços públicos escolares.

- compreender o processo produtivo do espaço escolar pelo poder público (como se deu

o processo de concepção desses espaços pelos arquitetos) em 3 Escola Estaduais de

Ensino Médio no Município de Goiânia.

- entender a evolução desses ambientes no processo de espaço-tempo dentro da cidade;

- estabelecer um percurso teórico-metodológico de análise geográfica dos espaços que

possam ser aplicados ao processo de projeto do arquiteto urbanista, o qual venha lhe

permitir uma melhor compreensão dos fenômenos sócio espaciais a fim de contribuir

para a produção espaços mais cidadãos.

METODOLOGIA

Caracteriza-se por ser uma pesquisa qualitativa por ocupar-se com as

características da realidade, no qual se trabalha com significados, aspirações, motivos,

valores, e principalmente, nas atitudes dos sujeitos e fenômenos retratados, segundo

Minayo (1994). E, dentro das possibilidades para este tipo de abordagem optou-se pela

pesquisa-ação, pois esta desenvolve-se a partir da interação entre o pesquisador e os

sujeitos da situação investigada, a qual possibilita apreender os significados atribuídos

por eles aos fenômenos estudados. Segundo Thiollet (2011), a pesquisa-ação contém

procedimentos particulares para cada etapa do processo investigatório, capazes de

coletar, interpretar e resolver situações encontradas em variadas dimensões e etapas da

pesquisa.

Desse modo, tomar-se-á estes princípios como referências para o

desenvolvimento da pesquisa, cujo recorte envolve Escolas Estaduais de Ensino Médio,

construídas em Goiânia, e, que encontram-se em fase de adequação às mudanças para o

desenvolvimento do ensino em período integral. A mesma se apoiará nas etapas

apresentadas no Quadro 1.

385
Quadro 1 - AS ETAPAS DO PROCEDIMENTO

ETAPA DESCRIÇÃO FONTES


1ª Submissão - Ao Comitê de Ética em Pesquisa CEP/UFG
do projeto
2ª Pesquisa - Revisão bibliográfica sobre o processo de SANTOS (1992,
Bibliográfi produção do espaço, categorias e conceitos de 1996, 1997),
ca análise espacial (espaço, paisagem, lugar, GOMES (2013),
território); HARVEY (2015),
- Revisão bibliográfica sobre o processo de CAVALCANTI
produção do projeto de arquitetura e (2013), CORREA
urbanismo aplicado ao espaço escolar; (1997),
- Levantamento sobre o estado da arte, KOWALTOWSKI
consultando estudos divulgados em anais de (2011),
encontro científicos, revistas de relevância, KOHKRSDORF
bancos de teses e dissertações dos cursos de (2017), LEFEBVRE
pós-graduação em Geografia e Arquitetura e (2006)
Urbanismo.
3ª Pesquisa - Levantamento de informações em BRASIL (2010,
Document documentos sem tratamento científico, como: 2015)
al Parâmetros curriculares nacionais do Ensino ENSEA (2015)
Médio (PCNEM), Base Nacional Comum
Curricular (BNCC), os Projetos Políticos
Pedagógicos das Escolas; histórico das escolas
estaduais construídas no município de
Goiânia; histórico de atuação dos arquitetos
urbanistas, e sua formação.
4ª Pesquisa - Visita à Secretaria de Educação do Estado A DEFNIR
de Campo para levantamento da documentação
referente ao Ensino Médio no Município de
Goiânia,
- Entrevistas junto ao Fundo de
Desenvolvimento de Educação, com a equipe
técnica de profissionais de arquitetura, acerca
do processo produtivo dos projetos escolares
em estudo;
- Análise projetual e de campo em 3 escolas a
serem selecionadas para o desenvolvimento
da pesquisa,

386
- Aplicação de questionários, mapas mentais,
rodas de conversa, entre outras ferramentas
estipuladas aos sujeitos sociais dos espaços em
estudo;
5ª Proposiçã - Análise e cruzamentos dos resultados para A DEFNIR
o da formulação de um percurso teórico
Pesquisa metodológico de análise geográfica espacial;
- Aplicação do percurso de análise geográfica
espacial nas escolas selecionadas;
- Avaliação entre o percurso adotado e as
atuais praticas para referidas análises
aplicadas nos processo de projeto escolar por
arquitetos urbanistas em formação e em
atuação, com vistas a delimitar as
contribuições que a geografia será capaz de
agregar ao processo; e
- Aplicar o percurso de análise geográfica do
espaço escolar ao processo de projeto
juntamente com os alunos do curso de
Arquitetura e Urbanismo da Uni-
ANHANGUERA da Linha de Pesquisa que
atuo ou em disciplina específica de projeto,
que melhor permita analisar os resultados
obtidos com o mesmo.
Fonte: Da autora

O processo de levantamento de dados, enquanto investigação científica não será

considerada um processo mecânico, existindo diferentes fases que ora podem percorrer

uma sequência, ora uma sequência é alterada pela outra; a cada uma das etapas listadas.

Sua investigação será apoiada pelo método materialista histórico e dialético, conforme

Gomes (1997, apud ANDRADE e SCHIMIDT, 2015, p. 16),

permite a passagem da imagem do real para uma estrutura racional, na


maioria das vezes organizada e operacionalizada por um sistema de
pensamento. A primeira etapa desse método é a busca dos elementos
essenciais comuns que estruturam o real, o instrumento projeta a
percepção para além do fenomenológico.

387
Os resultados dos dados obtidos nos levantamentos serão tratados conforme

especificidade de cada informação podendo resultar em tabela / quadros, gráficos e/ou

mapas cartográficos. A divulgação dos resultados da pesquisa será criteriosamente

realizada. Elas serão publicadas, de acordo com a relevância de cada estudo em revistas

e/ou eventos relacionadas ás mesmas.

SUMÁRIO PRELIMINAR

No primeiro capítulo, pretende-se realizar uma leitura da escola enquanto um

espaço geográfico, evidenciado que a análise a ser empreendida está alicerçada na

ciência geográfica. Em seguida apresentamos algumas teses e discussões sobre a

categoria espaço, e demais conceitos atinentes à análise da produção do espaço urbano,

alicerçando o referencial teórico da tese. E, por fim, traçaremos um cenário sobre a atual

escola pública da Rede Estadual de Ensino Médio de período Integral no Município de

Goiânia.

No segundo capítulo pretende-se capturar os elementos atinentes ao espaço

escolar a partir das práticas e do olhar dos alunos, assim como da percepção dos gestores

e professores; e suas práticas espaciais; além de adentrar na dinâmica do espaço escolar

a partir de seus diferentes espaços (salas, pátio da escola, corredores...). E, será explorado

a ideia da escola enquanto espaço geográfico, tomando-o como produto social, o intuito

é refletir sobre o espaço escolar como um espaço público, equipamento no espaço

urbano.

No capítulo três pretende-se descrever os desafios do processo de projeto

arquitetônico para espaços públicos (escolares) por meio de pesquisas realizadas nessa

área, delineando onde os saberes geográficos podem ser melhor evidenciados, e onde

seria possível adotarmos um percurso de análise geográfica que o anteceda e favorecera.

No quarto capítulo abordaremos algumas contribuições no sentido de

estabelecer um percurso teórico-metodológico de análise geográfica dos espaços que

388
possam ser aplicados ao processo de projeto do arquiteto urbanista. Avaliaremos a

interação entre o percurso adotado e as atuais praticas para referidas análises aplicadas

nos processos de projeto escolar por arquitetos urbanistas em formação e em atuação,

com vistas a delimitar as contribuições que a geografia será capaz de agregar ao

processo, através da aplicação do percurso metodológico traçado às escola analisadas.

No quinto e último capítulo, aplicaremos o percurso de análise geográfica do

espaço escolar ao processo de projeto junto com os alunos do curso de Arquitetura e

Urbanismo da Uni-ANHANGUERA da Linha de Pesquisa que atuo, como professora

do curso ou em disciplina específica de projeto, que melhor permita analisar os

resultados obtidos com o mesmo. Em suma, nesse capítulo que fecha a tese, com base no

referencial teórico levantado, buscamos apontar horizontes possíveis para que possamos

produzir melhores espaços geográficos a uma nova escola ou a reformulação das escolas

estudadas a fim de torna-los espaços mais cidadãos.

REFERENCIAL TEÓRICO

ANDRADE, A. R. e SCHIMIDT, L. P. Metodologias de pesquisa em geografia. Paraná:


UNIVENTRO, 2015.

BRASIL. Ministério da Educação. Resolução N. 2, de 17 de junho de 2010. Diário Oficial


[da República Federativa do Brasil], Brasília, 2010.

______. Ministério da Educação/Secretaria de Educação Básica. Proposta de Base


Nacional Comum Curricular (BNCC) – Setembro de 2015. Disponível
em:www.movimentopelabase.org.br. Acessado em: 24 out. 2016.

CAVALCANTI, Lana de S. Geografia, escola e construção de conhecimentos. 18. ed.


Campinas, SP: Papirus, 2013.

CORREA, R. L. Trajetórias geográficas. Rio de Janeiro: Vertrand Brasil, 1997.

ENSEA – Encontro Nacional sobre Ensino de Arquitetura e Urbanismo. Anais: XXXIV


ENSEA / XVIV CONABEA – Congresso Nacional da ABEA; Qualidade no ensino de
arquitetura e urbanismo: inovação, competências e o papel do professor. UFRN/RN:
Comissão organizadora Fernando José de Medeiros Costa et al. (Caderno 40).
Camburiu, ABEA: 2015.

389
GOMES, Paulo Cesar da Costa. O lugar do olhar. Rio de Janeiro: Bertrand Brasi, 2013.

HARVEY, David. O espaço como palavra-chave. In: Revista EM PAUTA, Rio de


Janeiro, 1º semestre de 2015, n. 35, v.13, p. 126-152. Disponível em: http://www.e-
ublicacoes.uerj.br/index.php/revistaempauta/article/view/18625/13595. Acessoem: 25
fev.2018.

KOHLSDORF, Gunter e KOHLSDORF, Maria Helena. Ensaio sobre o desempenho


morfológico dos luares. Brasília: FRBH, 2017.

KOWALTOWSKI, Doris C.C.K. Arquitetura escolar: o projeto do ambiente de ensino.


São Paulo: Oficina de Textos, 2011

LEFEBVRE, H. Logica formal / lógica dialética. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira,


1983. p 170-241.

______. A produção do espaço. Trad. Doralice Barros Pereira e Sérgio Martins (do
original: La production de l´espace. 4. Ed. Paris; Éditions Anthropos, 2000. Primeira
versão; início – Fev. 2006.

LYNCH, Kevin. A imagem da cidade. São Paulo: Martins Fontes, 1997.

MINAYO, M. C. S (Org.). Pesquisa Social: teoria, método e criatividade. Petrópolis, RJ:


Vozes, 1994

OLIVEIRA, C. S. de. Henri Lefebvre: possibilidades teórico-metodológicas para


arquitetura e urbanismo. 2011. Tese (Doutorado)– Universidade Federal do Rio Grande
do Norte – UFRN: Natal, 2005.

SANTOS, Milton. Natureza do espaço. São Paulo: Nobel, 1996.

______. Metamorfose do espaço habitado. 5. ed. São Paulo: Editora Hucitec, 1997.

______. Espaço e método. São Paulo: Nobel, 1992.

SILVA, A. B. A Geografia do espaço escolar: jovem-aluno, práticas espaciais e


aprendizagem geográfica. Tese (Doutorado) – Universidade Federal de Goiás, Instituto
de Estudos Sócioambientais (Iesa). Goiânia: 2016.

THIOLLENT, M. Metodologia da pesquisa-ação. São Paulo: Cortez, 2011.

390
FORMAÇÃO DE PROFESSORES INDÍGENAS: A CONSTRUÇÃO DA
IDENTIDADE DOCENTE DO PROFESSOR A’UWE UPTAB NO
CONTEXTO CONTEMPORÂNEO

Sebastião Ferreira de Souza


Modalidade: Doutorado

Palavras chave: Formação de professores indígenas, identidade docente, Povo A’Uwe


Uptab.

INTRODUÇÃO

A formação de professores para atuar num contexto contemporâneo, não

permite estudos sem inquietações relacionadas ao contexto político, econômico

tecnológico e cultural. Nos últimos anos essa inquietação se observa em estudos sobre

a identidade docente do professor. (NOVOA 1992; PIMENTA 2005; CAVALCANTI

2008; CONTRERAS 2012, CALLAI 2013)

No Brasil as relações entre o Poder Público e os Povos indígenas podem ser

analisadas sob duas tendências: Dominação e Pluralismo Cultural. A dominação da se

por meio da integração e homogeneização cultural, e o Pluralismo Cultural valoriza a

diferença, a diversidade de culturas e de saberes dos povos indígenas. A tendência

integradora só começa a se romper a partir da Constituição Federal de 1988, com o

reconhecimento dos direitos dos Povos Indígenas a uma formação específica e

diferenciada. Inicia se, então, novas propostas, críticas sobre os sentidos da formação

docente específica para os professores indígenas, distanciando-as das propostas de

ensino monocultural e de formação com princípios homogeneizadores. MEC 2002 p26.

Em Mato Grosso, são 43 Etnias indígenas, mais de 52 mil índios, 71 escolas

estaduais, onde são atendidos apenas 11.800 alunos em todas as fases da Educação

Básica e, aproximadamente, 1.886 professores contratados em 2017.

Diante desta realidade e buscando fazer um primeiro recorte, a pergunta que

orientará nossa pesquisa é: Quais os aspectos da formação específica oferecida aos

391
professores indígenas pela UNEMAT1 mobilizam a construção da identidade docente

dos professores indígenas A’Uwe Uptab2, que atuam com o ensino de geografia do ensino

fundamental do 6º ao 9º ano?

Nesta teia de relações e reconstruções, se faz necessário um segundo recorte

convergente para as concepções e saberes docentes inerentes à categoria geográfica de

Território como uma das bases para análise e discussão nesta pesquisa, o que

possibilitará uma incursão no processo da formação específica para professores

indígenas, a partir do Curso de Licenciatura Intercultural, oferecido pela UNEMAT,

passando pelas histórias de vida dos professores indígenas A’Uwe Uptab, no contexto

contemporâneo.

Partindo do pressuposto de que o professor e sua práxis contribuem para a

transformação da realidade social e da sua própria identidade docente, entendemos que

esta pesquisa contribuirá com a melhoria da formação docente dos professores

indígenas, com suas práticas pedagógicas e com a produção de materiais didáticos

específicos para o ensino de geografia nas escolas indígenas.

OBJETIVO GERAL

Investigar de que maneira a formação específica dos professores indígenas, a partir dos

cursos de licenciatura intercultural da UNEMAT, mobiliza a construção da identidade

docente do professor indígena A’Uwe Uptab no contexto contemporâneo.

OBJETIVOS ESPECÍFICOS

1. Mapear a formação específica para professores indígenas nas Instituições Brasileiras

de Ensino Superior;

2. Fazer uma análise geo-histórica da Educação Escolar Indígena em Mato Grosso;

1 Universidade do Estado de Mato Grosso.


2 A’Uwe Uptab autodenominação do Povo Grosso Xavante que significa “Povo Autêntico”.

392
3. Identificar no processo formativo, sócio cultural e profissional dos professores, os

sentidos e significados que mobilizam a construção da sua identidade docente;

4. Apontar a contribuição dos conhecimentos científicos ao saberes tradicionais

indígenas

5. Fomentar um debate sobre o ensino de saberes geográficos nas escolas indígenas,

tendo a etnocartografia como um princípio metodológico para o ensino de geografia

na Educação Escolar Indígena,

METODOLOGIA

Considerando o objeto de nossa pesquisa, tomaremos como princípio as

orientações da pesquisa ação conforme THIOLLENT (1996), conjugada com abordagem

qualitativa entendendo que desta formar será possível transitar entre a teoria e a prática,

o objetivo e o subjetivo, conforme concebe DEMO (2008), CHIZZOTTI (2001) e

TRIVINOS (2006).

Com base nesses princípios, a primeira fase da pesquisa será um levantamento

bibliográfico com vistas a nos apropriarmos das atuais discussões e concepções inerentes

ao tema. Ainda nesta fase, faremos um mapeamento da formação de professores

indígenas em nível de Brasil, convergindo para um estudo geo-histórico da Educação

Escolar Indígena em Mato Grosso. Delimitamos como espaço temporal para ambos os

mapeamentos, o período pós-constituição de 1988. Os dados serão apresentados em

mapas temáticos contendo a distribuição geográfica dos professores por habilitação e

etnia em nível de Brasil com recorte para Mato Grosso no que se refere aos professores

A’Uwe Uptab habilitados para atuarem no ensino de geografia. Num segundo momento,

com vistas a identificar práticas docentes, os sentidos e significados atribuídos à

formação e à identidade docente, acompanharemos as etapas presencias da formação3

3São etapas formativas, com aulas presenciais, sob a regência do professor formador, no
campus da UNEMAT

393
atuaremos como professor formador nas etapas intermediarias4 onde serão feitos

estudos dirigidos. Acompanharemos em sala de aula ,as práticas pedagógicas dos

professores A’Uwe Uptab, que atuam no ensino de Geografia do 6º ao 9º ano, partindo

das concepções sócio espaciais e representações etnocartografia do território. Os

registros das informações e dados serão por meio da utilização de gravadores digitais

ou em celulares, registros fotográficos e anotações em caderno de campo. Reconhecendo

que os povos indígenas, de alguma maneira, resguardam suas formas próprias de

educação, construção e transmissão de conhecimentos e, que estas devem ser a base para

a formulação de propostas para a formação de seus professores, apresentaremos uma

análise de dados na perspectiva qualitativa, apontado aspectos da identidade docente

dos professores e fomentando um debate sobre o ensino de saberes geográficos inerentes

à categoria de território e as formas de representações etnocartográficas nas escolas

Indígenas do Povo A’Uwe Uptab do Estado Mato Grosso.

REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

Segundo PIMENTA (2005), “(...) a sociedade em geral considera a educação como

necessária e importante”. Mesmo com diferentes representações, ou funções possibilita

a igualdade social” o desenvolvimento econômico, cultural, humano, tecnológico e

científico. A autora sugere que ao se fazer pesquisas que visam examinar a profissão

dos professores exige se que o pesquisador faça uma breve reflexão sobre o significado

da educação na sociedade contemporânea e como esta se vincula ou reflete na pratica

docente PIMENTA (2005 p. 97). Para a autora, “(...) a construção da identidade com

base numa profissão inicia se no processo de efetivar a formação na área”. PIMENTA

(2005, p. 105).

Segundo CALLAI (2013, p.120):

4São etapas formativas, realizadas nas aldeias, onde realiza se praticas relacionadas aos
conteúdos estudados nas etapas presencias.

394
“(...) Na formação do professor, seja em âmbito universitário, seja
no processo cotidiano, deve-se considerar a confluência de
grandes campos do saber: a) a Geografia, com claro domínio do
seu objeto e dos conteúdos decorrentes; b) a educação, no que se
refere às ciências que nela estão envolvidas e os avanços teóricos
e também metodológicos referentes ao processo de educação; c)
as teorias do conhecimento, que tangem a clareza ou, pelo
menos, a busca de compreensão de como ocorre o processo de
aprendizagem pela criança e pelo adolescente.”

Jose Contreras (2012) ao referir se ao a formação crítica e reflexiva do professor,

bem como de sua autonomia, ressalta “(...) a necessidade de uma busca continua própria

da identidade profissional” CONTRERAS (2012 p 217).

Para GUIMARÃES (2004), “(...) as grandes mudanças que estão acontecendo, seja

em âmbito político, econômico, social ou do conhecimento, trazem consequências diretas

à educação e à formação dos professores”. Ressalta, também, que:

“(...) a identidade profissional, os saberes e práticas pedagógicas são


uma das maneiras eficientes para se estudar a formação de
professores”. GUIMARÃES (2004, p. 27).

LIBANEO (2010,pg.195) afirma que (...) as transformações sociais políticas

econômicas e culturais do mundo contemporâneo afetam os sistemas de ensino.

TARDIF (2017, p.23) ao referir se aos saberes dos professores ressalta“(...) a

necessidade de repensar, agora, a formação para o magistério, levando em conta os

saberes dos professores, e as realidades especificas do seu trabalho cotidiano”

Para CAVALCANTI (2008, p.44), “(...) a atividade do professor, como agente

essencial da formação, exige alterações, o que, por sua vez requer mudanças em seu

próprio processo de formação”

Segundo NOVOA (1992, p.76), “(...) a construção da identidade docente tem

como base o desenvolvimento pessoal relacionado aos processos vividos pelo professor,

ao desenvolvimento profissional e ao investimento institucional na Educação”.

395
Para HALL (2011, p.11), ao refletir sobre identidades/homogeneização –

Globalização:

(...) “ Há um impacto do “ global” e um novo interesse pelo


“local”. A globalização (na forma da espacialização flexível e da
estratégia de criação de “nichos” de mercado ) na verdade explora
a diferenciação local. Assim ao invés de pensar o global como
“substituindo” o local seria mais acurado pensar numa nova
articulação entre “ o global “ e “ o local”.

SUMÁRIO HIPOTÉTICO

Considerações iniciais: De acordo como o cronograma do projeto de pesquisa.

SEÇÃO 1 – Programas e Instituições formadoras: Um estudo da arte da formação


específica para Professores indígenas no Brasil contemporâneo.

2.1- A Licenciatura Intercultural Específica para formação de professores indígenas da


UNEMAT-MT.

Resumo: Nesta seção faremos um levantamento dos professores indígenas formados


nas Instituições de Nível Superior no Brasil, com ênfase na área que habilita professores
indígenas. Será feito um recorte para Mato Grosso com ênfase para professores
habilitados para o ensino de geografia. O estudo será no período pós constituição de
1988.

SEÇÃO 2- O Processo Geo-histórico da Educação Escolar Indígena de Mato Groso.

2.1- A Educação Indígena – Educação Escolar: culturas, tempos e espaços.

Resumo: Nesta seção faremos um resgate geo-histórico da Educação Escolar Indígena


de Mato Grosso, procurando relatar aspectos do conhecimento tradicional indígena, da
Política Institucional, aspectos pedagógicos (construção do Projeto Político e
Pedagógico, currículo escolar específico) administrativos, gestão das escolas. O
levantamento de dados esta em andamento.

SEÇÃO 3 – Da aldeia a Universidade: A formação e o encontro de vários mundos.

3.1- O processo formativo: a dimensão cultural

Resumo: Nesta Seção discorreremos de forma crítica sobre o processo formativo,


formação especifica e as dimensões, epistemológica, cultural e pedagógica da formação,
sobre a organização curricular e pedagógica da formação; o processo formativo dos

396
professores, tanto nas etapas presenciais, quanto nas etapas intermediarias, buscando
perceber e registrar os sentidos e concepções dos professores sobre a formação docente.

SEÇÃO 4- Os professores indígenas A’Uwe Uptab: A construção da identidade


docente no contexto contemporâneo

4.1. As dimensões da profissionalidade e a identidade docente do professor indígena.

Resumo: Nesta seção, discorreremos, de forma crítica, sobre as concepções e conceitos


construídos no processo formativo dos professores, buscando perceber e apontar a
contribuição do conhecimento “cientifico” aos saberes tradicionais dos professores
indígenas.

SEÇÃO 5- Saberes Docentes dos Professores A’Uwe Uptab: Ensino de geografia,


práticas e representações etnocartográficas do território.

5.1. A etnocartografia como possibilidade metodológica para o ensino de geografia na


Educação escolar indígena.

Resumo: Serão relatadas e analisadas, concepções, saberes e práticas pedagógicas


aplicadas, no ensino de geografia, pelos professores indígenas A’Uwe Uptab. Também
serão apresentados, etnomapas temáticos sobre os saberes sócio espaciais, dos
professores indígenas inerentes ao ensino e representações etnocartograficas do
território enquanto categoria geográfica.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.

CALLAI, Helena Copetti. A formação do profissional da Geografia: (O professor). Ijuí:


Unijuí, 2013- In-Revista de Estudos e Pesquisas em Ensino de Geografia.
Florianópolis, SC, v. 1, n. 1, out. 2014.pg 38.

CAVALCANTI, L. S. A geografia Escolar e a cidade: Ensaios sobre o ensino de


geografia para a vida urbana e cotidiana. Campinas SP. Papirus 2008.

CONTRERAS Jose, Autonomia de professores/Jose Contreras Trad. de Sandra


Trabucco Valenzuella, Ver. Tecn. Selma Garrido Pimenta -2 Ed. SP. Cortes 2012

CHIZZOTTI, A. Pesquisa qualitativa em ciências humanas e sociais. 4ª ed. Petrópolis,


RJ: Vozes, 2011.

DEMO P. Pesquisa participante: saber pensar e intervir juntos. Brasília: Ed. Líber
Livro, 2008.

397
GUIMARÃES, Valter Jose. Formação de professores, identidade e profissão.
Campinas. SP. Papiros 2004.

HALL, Stuart- A identidade cultural na pós modernidade / Sturat Hall; Trad.


Tomas Tadeus da Silva , Guaracira Lopes Lauro – 11 ed., 1 Reimp.- Rj : DP&A, 2011.

LIBANEO, José Carlos. Pedagogia e pedagogos para que? 12ª. Ed. SP, Cortez 2010.

MEC - Referencial Curricular Nacional para as Escolas Indígenas (RCNEI).


Brasília/SEF. Ministério da Educação/Secretaria de Educação Fundamental, 2002.

NOVOA, Antônio (0rg). Vida de professores. 2ª. Ed. Porto: Porto Ed. 2000. In
BUSSITTI, Jussara- formação e construção da identidade docente a partir de narrativas
de historias de vida- Educação por escrito. Porto Alegre, v.8, n.2, p. 262, 2017.

PIMENTA, Selma Garrido. Docência do Ensino Superior. Leia das Graças C.


Anastasio. 2ª. Ed. SP, Cortes 2005.

TRDIF , Maurice- Saberes docentes e a formação profissional/Maurice Tardif. Ed.


Petrópolis , RJ: Vozes , 2017.

THIOLLENT, Michel. Metodologia da pesquisa ação 7ª. Ed. São Paulo Cortes. 1996.

TRIVINOS. Augusto Nibaldo Silva. Introdução a pesquisa e em Ciências Sociais: A


pesquisa qualitativa em educação. 1ª. Ed. 14 SP: Atlas, 2006.

398

Potrebbero piacerti anche