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CÂMARA TÉCNICA

ORIENTAÇÃO FUNDAMENTADA nº 045/2019

Assunto: Lei Lucas - Curso de Primeiros Socorros em


escolas, creches e berçários por Enfermeiro.

1. Do fato

Profissionais de Enfermagem questionam sobre:


 Possibilidade de ministrar cursos de primeiros socorros em escola, creche e
berçário;
 Legalidade da emissão de certificado para os participantes e instituição
escola, creche, berçário, como pessoa física;
 Se o curso em escolas, creches e berçários deve ser ministrado por órgãos
de capacitação como o BLS;
 Abertura de firma de treinamento para primeiros socorros por Enfermeiro e
registro de empresa no Coren;
 Se Enfermeiro de SESMET poderá ministrar curso de primeiros socorros em
escolas;
 Se o treinamento somente poderá ser realizado por especialistas em
urgência/emergência.
 Se o treinamento poderá ser realizado por Auxiliar e Técnico de enfermagem.

2. Da fundamentação e análise

A Enfermagem segue regramento próprio, consubstanciado na Lei do


Exercício Profissional nº 7.498/1986, seu Decreto regulamentador 94.406/1987 e na
Resolução Cofen 0564/2017 - Código de Ética dos Profissionais de Enfermagem.
Neste sentido, atua com autonomia e em consonância com os preceitos éticos e
legais, técnico-científico e teórico-filosófico; exerce suas atividades com
competência para promoção do ser humano na sua integralidade, de acordo com os
princípios da ética e da bioética. Além disso, conforme a Lei nº 5.905/1973 compete
ao Conselho Regional de Enfermagem disciplinar e fiscalizar o exercício profissional,
bem como, conhecer e decidir os assuntos atinentes à ética profissional.

Com referência ao assunto, a Lei Federal nº 13.722/2018 tornou obrigatória a


capacitação em noções básicas de primeiros socorros de professores e funcionários
de estabelecimentos de ensino públicos e privados de educação básica e de
estabelecimentos de recreação infantil, assim dispondo em seu conteúdo:

[...]
Art. 1º Os estabelecimentos de ensino de educação básica da rede pública,
por meio dos respectivos sistemas de ensino, e os estabelecimentos de
ensino de educação básica e de recreação infantil da rede privada deverão
capacitar professores e funcionários em noções de primeiros socorros.
[...]
§ 3º A responsabilidade pela capacitação dos professores e funcionários
dos estabelecimentos públicos caberá aos respectivos sistemas ou redes de
ensino.
Art. 2º Os cursos de primeiros socorros serão ministrados por
entidades municipais ou estaduais especializadas em práticas de
auxílio imediato e emergencial à população, no caso dos
estabelecimentos públicos, e por profissionais habilitados, no caso
dos estabelecimentos privados, e têm por objetivo capacitar os
professores e funcionários para identificar e agir preventivamente em
situações de emergência e urgência médicas, até que o suporte médico
especializado, local ou remoto, se torne possível.
[...]
Art. 3º São os estabelecimentos de ensino obrigados a afixar em local
visível a certificação que comprove a realização da capacitação de que trata
esta Lei e o nome dos profissionais capacitados.
[...]
Art. 6º O Poder Executivo definirá em regulamento os critérios para a
implementação dos cursos de primeiros socorros previstos nesta Lei [...]
(BRASIL, 2018, grifo acrescentado).

No sentido do entendimento do disposto nos artigos 2º e 6º, o Poder


Executivo informa que regulamentará os critérios para a implementação dos cursos
de primeiros socorros nas escolas, contudo determina que os cursos, nos
estabelecimentos públicos, serão de responsabilidade de serviços públicos
municipais ou estaduais de saúde especializados em práticas de auxílio imediato e
emergencial à população e nos privados, por profissionais habilitados.

O Consenso Internacional do Comitê de Aliança Internacional em


Ressuscitação – ILCOR (2015) define Primeiros Socorros como os comportamentos
de ajuda e cuidados iniciais fornecidos para uma doença aguda ou lesão e podem
ser iniciados por qualquer pessoa em qualquer situação.

Segundo Galindo Neto, et al (2017, p. 88) a enfermagem ocupa posição


estratégica para a educação em saúde acerca dos primeiros socorros na escola por
se encontrar inserida nos serviços de urgência e emergência e diante da sua
atuação na escola em ações que versam sobre a promoção da saúde do escolar, e
em projetos como SAMU nas Escolas e Samuzinho, onde realizam intervenções
educativas.

Machado et al (2017, p. 44) sugerem que as escolas firmem parcerias para


“realização de eventos, encontros e palestras sobre primeiros socorros com
universidades, serviços de saúde como por exemplo Bombeiros, Serviço de
Atendimento Móvel de Urgência (SAMU), postos de saúde e hospitais”.

O Conselho Regional de Enfermagem de São Paulo, por meio do Parecer


Coren-SP 028/2014 que trata da realização de treinamentos, palestras, cursos e
aulas por profissionais de enfermagem, dispõe em sua conclusão:

[...] que o planejamento, a execução e a avaliação dos programas de


educação permanente, educação continuada e educação em serviço,
voltados aos profissionais de enfermagem, são da responsabilidade do
Enfermeiro, desde que devidamente capacitado.
Desse modo, o Técnico de Enfermagem e o Auxiliar de Enfermagem
participam dos processos de educação em serviço dentro dos limites do
exercício profissional.
Sobre as ações de educação em saúde, estas se configuram como uma
prática prevista e atribuída a todos os profissionais que compõem a equipe
de enfermagem (Enfermeiro, Técnico e Auxiliar de Enfermagem), seja como
práticas educativas, desenvolvida nas atividades diárias de trabalho, nos
mais variados contextos do Cuidado, seja em programas específicos [...]
(COREN-SP, 2014, grifo acrescentado).

A modalidade do curso de primeiros socorros estabelecida pela Lei Federal nº


13.722/2018 trata-se de “cursos de livre oferta”, que tem como base legal a Lei nº
9394/96 – Diretrizes e Bases da Educação (artigo 42), o Decreto Presidencial nº
5.154/2004 (artigos 1º e 3º), Resolução CEB/CNE nº 06/2012 e a Deliberação
CEE 14/97 (Indicação CEE 14/97), que estabelecem que a formação inicial e
continuada ou qualificação profissional podem ser ofertadas como cursos de livre
oferta, abertos à comunidade. Conforme informação que consta no site do Ministério
da Educação e Cultura (MEC), os cursos de livre oferta que compõem a formação
inicial e continuada (FIC) ou qualificação profissional se caracterizam pela ausência
de atos normativos por parte do Poder Público, conforme estabelecido no Art. 42
da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional e podem ser oferecidos por:
redes federal, estaduais, distritais e municipais de educação profissional e
tecnológica; Serviços Nacionais de Aprendizagem (SNAs); instituições privadas de
educação profissional e tecnológica; escolas habilitadas para oferta de cursos no
Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego (Pronatec), empresas,
associações de classe, sindicatos, igrejas, etc (MEC, 2018).

No site do MEC (2018) consta também que a conclusão dos cursos de


formação inicial e continuada (FIC) ou qualificação profissional, dá direito a um
certificado que confere ao seu titular a comprovação do desenvolvimento de saberes
associados à determinada função laboral. A instituição que oferta o curso é
responsável pela emissão dos certificados, que servem como prova da formação
recebida pelo seu titular.

A certificação de cursos de livre oferta tem validade legal para diversos fins,
porém não podem ser convalidados, validados ou chancelados por escolas
reconhecidas pelo MEC/CAPES. A jurisprudência do Conselho Nacional de
Educação tem sido no sentido de declarar-lhes a equivalência, de acordo com
regras amplas e flexíveis. Assim, cooperativas, empresas e profissionais autônomos
também podem ministrar tais cursos e emitir certificado.

Com relação à oferta de serviços especializados por Enfermeiros, a


Resolução Cofen nº 581/2018 que atualiza no âmbito do Sistema Cofen/Conselhos
Regionais de Enfermagem, os procedimentos para Registro de Títulos de Pós -
Graduação Lato e Stricto Sensu concedido a Enfermeiros e aprova a lista das
especialidades, determina:

[...]
Art. 1º O Enfermeiro deverá, obrigatoriamente, promover o registro de seus
títulos de pós-graduação lato sensu e stricto sensu, este último na
modalidade profissionalizante, no Conselho Regional de Enfermagem de
sua jurisdição.
[...]
Art. 2º É vedado aos Enfermeiros a veiculação, divulgação e anúncio de
títulos de pós-graduação lato sensu e stricto sensu que não estejam
devidamente registrados no Conselho Federal de Enfermagem [...] (COFEN,
2018).

Diante do exposto, depreende-se que:


- os cursos de primeiros socorros em escolas, creches e berçários públicos,
que segundo a Lei Federal nº 13.722/2018 serão ministrados por entidades
municipais ou estaduais especializadas em práticas de auxílio imediato e
emergencial à população, ainda será objeto de regulamentação.
- o Enfermeiro, como membro da equipe de Enfermagem, independente de
sua especialidade, está legalmente apto a ministrar cursos de primeiros socorros
nas escolas, creches e berçários privados;
- os Auxiliares e Técnicos de Enfermagem poderão atuar nestes cursos,
auxiliando os Enfermeiros;
- por se tratar de curso de livre oferta, o Enfermeiro poderá, como pessoa
física ou jurídica, emitir certificado aos participantes;
- os Enfermeiros que divulgarem sua(s) especialidade (s) para ministrarem
cursos, desenvolverem atividades, prestar serviços ou outra atividade-fim devem
registrar a(s) especialidade(s) junto ao Coren da jurisdição estadual em que residem.

Referências

BRASIL. Lei Federal nº 13.722/2018. Torna obrigatória a capacitação em noções


básicas de primeiros socorros de professores e funcionários de estabelecimentos de
ensino públicos e privados de educação básica e de estabelecimentos de recreação
infantil. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2018
/lei/L13722.htm. Acesso em 30 abr. 2019.

_____. Lei nº 9.394/1996 – Diretrizes e Bases da Educação Nacional. Senado


Federal. Brasília. 2017, 58 p. Disponível em: http://www2.senado.leg.br/bdsf/
bitstream/handle/id/529732/lei_de_diretrizes_e_bases_1ed.pdf. Acesso em 6 mai.
2019.

_____. Lei nº 7.498, de 25 de junho de 1986. Dispõe sobre a regulamentação do


exercício da Enfermagem e dá outras providências. Disponível em: http://www.
cofen.gov.br/lei-n-749886-de-25-de-junho-de-1986_4161.html. Acesso em 22 fev.
2019.

______. Decreto Nº. 94.406, de 08 de junho de 1987. Regulamenta a Lei nº 7.498,


de 25 de junho de 1986, que dispõe sobre o exercício da enfermagem, e dá outras
providências. Disponível em: http://www.cofen.gov.br/decreto-n-9440687_4173.html.
Acesso em 22 fev. 2019.
CONSELHO FEDERAL DE ENFERMAGEM. Resolução Cofen nº 581/2018. atualiza
no âmbito do Sistema Cofen/Conselhos Regionais de Enfermagem, os
procedimentos para Registro de Títulos de Pós - Graduação Lato e Stricto Sensu
concedido a Enfermeiros e aprova a lista das especialidades. Disponível em:
http://www.cofen.gov.br/resolucao-cofen-no-581-2018_64383.html. Acesso em 7
mai. 2019.

CONSELHO REGIONAL DE ENFERMAGEM DE SÃO PAULO. Parecer Coren-SP


028/2014-CT. Realização de treinamentos, palestras, cursos e aulas por
profissionais de enfermagem. Disponível em: https://portal.coren-sp.gov.br/wp-
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