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Universidade Federal do Rio de Janeiro

O USO DO PENETRÔMETRO DINÂMICO LEVE (DPL) PARA INVESTIGAÇÃO


GEOTÉCNICA EM PROJETOS DE HABITAÇÃO DE INTERESSE SOCIAL

Lucas Scoralick Coimbra Naveira

2019
O USO DO PENETRÔMETRO DINÂMICO LEVE (DPL) PARA INVESTIGAÇÃO
GEOTÉCNICA EM PROJETO DE HABITAÇÃO DE INTERESSE SOCIAL

Lucas Scoralick Coimbra Naveira

Projeto de Graduação apresentado ao Curso de


Engenharia Civil da Escola Politécnica,
Universidade Federal do Rio de Janeiro, como
parte dos requisitos necessários à obtenção do
título de Engenheiro Civil.

Orietadores: Prof. Fernando Artur Brasil Danziger


e Profª Graziella Maria Faquim Jannuzzi

Rio de Janeiro
Março de 2019

ii
O USO DO PENETRÔMETRO DINÂMICO LEVE (DPL) PARA INVESTIGAÇÃO
GEOTÉCNICA EM PROJETO DE HABITAÇÃO DE INTERESSE SOCIAL

Lucas Scoralick Coimbra Naveira

PROJETO DE GRADUAÇÃO SUBMETIDO AO CORPO DOCENTE DO CURSO


DE ENGENHARIA CIVIL DA ESCOLA POLITÉCNICA DA UNIVERSIDADE
FEDERAL DO RIO DE JANEIRO COMO PARTE DOS REQUISITOS
NECESSÁRIOS PARA A OBTENÇÃO DO GRAU DE ENGENHEIRO CIVIL.

Examinada por:

___________________________________________________________________

Prof. Fernando Artur Brasil Danziger, D. Sc.

___________________________________________________________________

Profa. Graziella Maria Faquim Jannuzzi, D. Sc.

___________________________________________________________________

Prof. Leandro Torres di Gregório, D. Sc.

___________________________________________________________________

Prof. Claudio Pereira Pinto, M. Sc.

RIO DE JANEIRO, RJ – BRASIL


MARÇO de 2019

iii
Naveira, Lucas Scoralick Coimbra
O Uso do Penetrômetro Dinâmico Leve (DPL) para
Investigação Geotécnica em Projetos de Habitação de
Interesse Social / Lucas Scoralick Coimbra Naveira – Rio de
Janeiro: UFRJ / Escola Politécnica: 2019.
xvii, 96 p.: il.; 29,7cm.
Orientadores: Fernando Artur Brasil Danziger e
Graziella Maria Faquim Jannuzzi
Projeto de Graduação – UFRJ/ Escola Politécnica/
Engenharia Civil , 2019.
Referências Bibliográficas: p. 85-91.
1. Ensaio de Campo. 2. Investigação Geotécnica. 3. DPL. 4.
Fundação
I. Danziger, Fernando Artur Brasil. II. Jannuzzi, Graziella
Maria Faquim. III. Universidade Federal do Rio de Janeiro,
Escola Politécnica, Engenharia Civil. III. O Uso do
Penetrômetro Dinâmico Leve (DPL) para Investigação
Geotécnica em Projetos de Habitação de Interesse Social.

iv
DEDICATÓRIA

À Luciana Veneziani Peixoto, por todo o amor e apoio inclusive nos momentos mais
difíceis e maior fonte de motivação e inspiração na ciência e na vida.

À Leila Scoralick Coimbra, professora dedicada, mãe orgulhosa e exemplo de


persistência e força.

À Therezinha F. Bauer Naveira (in memoriam), a pessoa mais devotada a tudo que
considerou uma missão em sua vida.

v
AGRADECIMENTOS

A realização e em especial a finalização deste Projeto Final de Curso teve a


contribuição especial de pessoas que acreditaram nas ideias desenvolvidas e,
principalmente, valorizaram todo trabalho feito até aqui. A estas pessoas, que citarei
abaixo, dou o meu muito obrigado, desejando também que tenham muito sucesso em
suas trajetórias de vida.
Agradeço à Luciana Peixoto Veneziani, a cientista com quem namoro e construo
uma vida há dois anos e que me deu todo o apoio moral para prosseguir com este
trabalho, por mais pesadas e difíceis que fossem as adversidades encontradas durante
todo esse caminho. Também por ser um exemplo de competência profissional,
dedicação à ciência e assertividade que acompanho e admiro muito e com quem desejo
cada dia mais continuar a construir uma história de vida.
Agradecimentos a minha mãe, Leila Scoralick Coimbra, e a meu pai,
Alexandrino José Bauer Naveira, por terem oferecido todas as condições materiais,
intelectuais, morais e éticas que ajudaram a me constituir como pessoa e a chegar até a
esse ponto na minha vida. Por terem acreditado, desde a minha infância, e terem
dedicado todo seu tempo, amor e recursos na construção de meu caráter e educação,
apesar de todas as dificuldades que encararam.
Aos meus orientadores, professores Fernando Artur Brasil Danziger e Graziella
Maria Faquim Jannuzzi, pela confiança depositada desde o início do Projeto Final de
Graduação, quando discutimos o arcabouço do projeto, passando pelo desenvolvimento
do projeto, com correções, referências bibliográficas imprescindíveis e a confiança
depositada em vários momentos desde que esse projeto teve seu início até o seu fim.
Ao engenheiro Roney Moura Gomes, pelo apoio e dedicação durante o ensaio
realizado no campo experimental deste trabalho.
Agradecimentos também ao pessoal técnico do Laboratório de Ensaios de
Campo e Instrumentação, um dos Laboratórios de Geotecnia Professor Jacques de
Median da COPPE/UFRJ, ao senhor Roberto Marinho e ao Edgard Bispo por estarem
sempre apoiando as atividades durante os ensaios, oferecendo as suas experiências e
propondo soluções para o desenvolvimento deste trabalho e aprimora-lo.
A amigos que fiz na graduação em Engenharia Civil: Ana Beatriz Porto, Júlia
Lôbo, Gabriela Lauria, Caio Maia, Rebeca Maffra, André Moura, Rafaela Lopes, Lucas

vi
Trapani, Gabriel Stelling, Wallace Farias e Mateus Bernardes. Seguimos juntos desde a
disciplina de Elementos de Mecânica Estrutural, passando por diversas outras matérias,
estágios, trabalhos e projetos em grupo, onde todos sempre se ajudaram e foram
parceiros. Que a nossa amizade continue ativa por muito tempo.
Aos colegas de laboratório, mestrandos e doutorandos do Programa de
Engenharia Civil da COPPE/UFRJ, em especial Rhamira Pascual, Roberto Mazzarone,
George Teles, Arthur Veiga, Felipe Alves e Cid Dieguez pelas contribuições em
referências utilizadas neste trabalho e também por conselhos oferecidos durante o
desenvolvimento do projeto do equipamento para a realização do ensaio DPL.
Às secretárias Rita de Cássia e Maria Alice pela proatividade, dedicação e
compreensão durante etapas deste trabalho, auxiliando na resolução de questões
administrativas.
À empresa Transcional Indústria e Comércio de Metais Ltda e seu administrador
e engenheiro mecânico Diego por toda a disposição, expertise e sugestões necessárias
para a fabricação do equipamento de forma simples, eficaz e eficiente.
Meus agradecimentos à Pró-Reitoria de Assuntos Estudantis (PR7) por
implementar e manter na Universidade Federal do Rio de Janeiro a Política Nacional de
Assistência Estudantil (PNAES), permitindo a permanência de estudantes nos cursos de
graduação e o desenvolvimento adequado de suas atividades acadêmicas.

vii
“Quem duvidará das más consequências
que advirão do fato:

de inteligências criadas livres por Deus


serem obrigadas a se submeterem
servilmente a uma vontade externa?

de sermos ensinados a renegar nossas


intuições e submetê-las ao capricho de
outros?

de pessoas sem competência serem


arvoradas em juízes de competentes e terem
autoridade assegurada para tratá-las a seu
arbítrio?

Estas, sim, são inovações capazes de


arruinar comunidades e subverter o
Estado.”

Galileo Galilei

viii
Resumo do Projeto de Graduação apresentado à Escola Politécnica/ UFRJ como parte
dos requisitos necessários para a obtenção do grau de Engenheiro Civil.

O Uso do Penetrômetro Dinâmico Leve (DPL) para Investigação Geotécnica em Projeto


de Habitação De Interesse Social

Lucas Scoralick Coimbra Naveira

Março/2019

Orientadores: Fernando Artur Brasil Danziger e Graziella Maria Faquim Jannuzzi

Curso: Engenharia Civil

O Penetrômetro Dinâmico Leve (DPL) é um ensaio de campo de fácil realização, que


mede o número de golpes para a penetração de 10 cm (N10) de uma ponteira cônica de
10 cm2 de área projetada sob a ação de uma massa de 10 kg caindo de uma altura de
50 cm. Obtém-se um gráfico do número de golpes N10 versus profundidade. A
resistência dinâmica da ponteira cônica (qD) pode ser obtida a partir do emprego de
fórmulas dinâmicas de cravação de estacas, visando diversas aplicações de engenharia.
Sua principal utilização é a de controle de execução de fundações superficiais e de
aterros. No caso do projeto de extensão Sistema Habitacional Simples (SHS), foi
sugerido como a investigação de melhor custo benefício, de vez que o equipamento é de
baixo custo e pode ser executado, com pouco treinamento, pela equipe de construção
das casas. No presente trabalho são analisadas as correlações existentes entre o DPL e
outros ensaios de campo, fabricado um equipamento de DPL e realizados os primeiros
ensaios na areia da praia de Copacabana. A continuidade da pesquisa é proposta, através
da realização de ensaios na câmara de calibração NGI-COPPE/UFRJ.

Palavras-chave: Ensaio de Campo, Investigação Geotécnica, DPL, Fundação

ix
Abstract of Undergraduate Project presented to POLI/ UFRJ as a partial fulfillment of
the requirements for the degree of Civil Engineer.

The Use of Dynamic Probing Light (DPL) for Geotechnical Investigation in Housing of
Social Interest Projects

Lucas Scoralick Coimbra Naveira

March/2019

Advisors: Fernando Artur Brasil Danziger and Graziella Maria Faquim Jannuzzi

Course: Civil Engineering

The Dynamic Probing Light (DPL) measures the number of blows to drive a cone
10 cm2 in area into the soil. A hammer of mass 10 kg falling 0.5 m is used for that
purpose. The equipment is simple to operate, and provides a chart N10 versus depth. The
dynamic resistance (qD) can be derived from dynamic formulas, used for a number of
engineering applications. Shallow foundations inspection and compaction control are
the main purposes of the test. For its simplicity and the possibility to be operated by the
construction team, it was chosen to be used as the main geotechnical investigation in the
Simple Housing System (SHS) project. The present work analyses correlations between
DPL and other in situ tests. An equipment was produced and initial tests have been
performed at Copacabana beach sand. The continuity of the research is suggested with
the use of calibration chamber testing.

Keywords: Field test, Geotechnical Investigation, DPL, Foundation

x
SUMÁRIO

1. Introdução.................................................................................................................. 1

1.1. Motivação do trabalho ....................................................................................... 1

1.2. Objetivos Gerais................................................................................................. 3

1.3. Metodologia ....................................................................................................... 3

1.4. Organização do Trabalho ................................................................................... 5

2. Revisão da Literatura ................................................................................................ 6

2.1 A Importância da Realização dos Ensaios Geotécnicos .................................... 6

2.2 Histórico do Desenvolvimento do Penetrômetro Dinâmico Leve (DPL) .......... 7

2.3 Os Parâmetros Mecânicos que Podem Ser Obtidos pelo DPL ........................ 18

2.4 A Caracterização de Solos Granulares ............................................................. 19

2.5 Correlações entre Resultados de Ensaios e Parâmetros Mecânicos do Solo ... 22

2.5.1 A Importância das Correlações na Prática de Engenharia ............................... 22

2.5.2 Correlações Estabelecidas entre os Ensaios DPL e SPT ................................. 24

2.5.3 Correlações Estabelecidas entre o DPL e o CPT ............................................. 27

3. Materiais e Métodos ................................................................................................ 31

3.1 Ensaio na Câmara de Calibração ..................................................................... 31

3.1.1 Caracterização das Areias a Serem Empregadas ............................................. 31

3.1.1.1 A Areia de Hokksund....................................................................................... 31

3.1.1.2 A Areia da Praia de São Francisco (Niterói/RJ) .............................................. 35

3.1.2 A Câmara de Calibração NGI-COPPE/UFRJ .................................................. 39

3.1.2.1 O Processo de Formação do Corpo de Prova na Câmara de Calibração ......... 45

xi
3.1.2.2 O Carregamento do Corpo de Prova na Câmara de Calibração....................... 48

3.2 Caracterização do Campo Experimental na praia de Copacabana ................... 50

3.3 A Verificação para Atendimento do Critério Mínimo de Dimensionamento de

Fundação Usando o Ensaio DPL .................................................................................... 57

4. A Fabricação do Equipamento e Realização do Ensaio DPL no Campo

Experimental................................................................................................................... 62

4.1 Processo de Fabricação do Equipamento DPL ................................................ 62

4.1.1 Projeto do Equipamento DPL .......................................................................... 62

4.1.2 Resultado Final da Fabricação do Equipamento DPL ..................................... 63

4.1.3 Verificação de Dimensões e Massas após a Fabricação .................................. 68

4.2 Realização dos Ensaios com o DPL no Campo Experimental de Copacabana 69

4.2.1 Localização do Campo Experimental e Descrição do Ensaio ......................... 69

4.2.2 – Realização do ensaio ..................................................................................... 71

5. Apresentação e análise dos Resultados ................................................................... 75

6 Conclusões e Sugestões para Futuras Pesquisas ..................................................... 83

6.1 Conclusões ....................................................................................................... 83

6.2 Recomendações para Trabalhos Futuros ......................................................... 83

Referências Bibliográficas .............................................................................................. 85

ANEXO I ........................................................................................................................ 92

xii
ÍNDICE DE FIGURAS

Figura 2.1 - Triângulo de Burland. Fonte: BURLAND (1987) ........................................ 8

Figura 2.2 - Penetrômetro usado por Paproth em 1943 com alteração na massa do

martelo para 10kg. Fonte: BROMS e FLODIN (1988) .................................................. 10

Figura 2.3 - – Esquema com as partes componentes do equipamento do ensaio DPL

[adaptado de SOUZA et al (2008)] ................................................................................ 12

Figura 2.4 – Dimensões e formato do cone do penetrômetro dinâmico dos alemães

conforme resolução de comissão da ISSMFE em 1963. Fonte: SANGLERAT (1972) . 13

Figura 2.5 – Detalhe da ponteira cônica do DPL (Fonte: ISSMFE, 1989)..................... 15

Figura 2.6 – Categorias de angulosidade dos grãos de areia. Fonte: LAMBE e

WHITMAN (1969) ......................................................................................................... 21

Figura 3.1 – Envoltória de resistência obtida em Ensaio de Cisalhamento Direto com a

areia de Hokksund Fonte: TELES(2013) ....................................................................... 34

Figura 3.2 – Variação de volume nos corpos de prova a diferentes compacidades

relativas em função da deformação axial. Fonte: OLIVEIRA FILHO (1987) ............... 37

Figura 3.3 – Envoltória de ruptura segundo critério de Mohr-Coulomb para a areia da

praia de São Francisco. Fonte: OLIVEIRA FILHO (1987) ........................................... 38

Figura 3.4 – Esquema da câmara de calibração doada pelo NGI à COPPE/UFRJ. Fonte:

SANTANA, 2015 ........................................................................................................... 40

Figura 3.5 – Detalhe relacionando os componentes da câmara de calibração e sua

disposição. FONTE: SANTANA (2015), adaptado de ZOHRABI (1993). ................... 41

Figura 3.6 – Corte A-A representado na figura 3.5, demonstrando a composição do

tambor. Fonte: SANTANA (2015) ................................................................................. 43

Figura 3.7 – Esquema do pluviador da câmara de calibração NGI-COPPE/UFRJ. Fonte:

SANTANA (2015) ......................................................................................................... 47

xiii
Figura 3.8 –Reservatório de ar e água de pressão lateral (à esquerda); reservatório de ar

e água de pressão vertical (à direita). Fonte: ALVES (2019) ......................................... 49

Figura 3.9 – Esquema da configuração convencional do cone elétrico. Fonte:

JANNUZZI e DANZIGER (2017), adaptado de SCHAAP e ZUIDBERG (1982) ....... 51

Figura 3.10 – Resultados de resistência de ponta e de atrito lateral obtidos em ensaio

CPTU na areia da praia de Copacabana. Fonte: GOMES (2016) .................................. 52

Figura 3.11 – Curvas granulométricas das amostras da areia de copacabana obtidas por

GOLDBACH (2016), em conjunto com a curva obtida por PINTO (2006). Fonte:

GOLDBACH (2016) ...................................................................................................... 53

Figura 3.12 – Curvas granulométricas de amostras de areia da praia de Copacabana,

altura do Leme. Fonte: GOMES (2016) ......................................................................... 54

Figura 3.13 – Gabarito para classificação da angulosidade dos grãos, proposta por F. J.

Pettijohn. Fonte: LAMBE e WHITMAN (1969) ........................................................... 55

Figura 3.14 – Mapa geológico para a região do campo experimental na praia de

copacabana. Fonte: CUNHA e SILVA (2001) ............................................................... 56

Figura 3.15 – Planta de módulo habitacional do SHS onde é representada a disposição

das paredes na casa. Fonte: BENVENUTI JÚNIOR et al. (2018) ................................. 58

Figura 3.16 – Tabela da NBR 6122 estabelecendo os valores para estimativa das

pressões básicas para 15 tipos de solos. Fonte: NBR 6122:1996 ................................... 59

Figura 3.17 - Esquema do bloco corrido empregado no projeto de um dos modelos de

habitações do projeto SHS. Fonte: BENVENUTI JUNIOR et al. (2018) ...................... 61

Figura 4.1 – Ponteira cônica (à esquerda) e cabeça de bater (à direita) do equipamento

DPL fabricado conectadas à haste .................................................................................. 64

Figura 4.2 – Ponteira (à esquerda) e cabeça de bater (à direita) separadas das hastes.

Detalhe do rosqueamento do equipamento ..................................................................... 64

xiv
Figura 4.3 – Detalhe da marcação realizada nas hastes a cada 10cm para facilitar a

identificação e registro do N10 ........................................................................................ 65

Figura 4.4 – Adaptação fabricada para ligação das hastes do equipamento DPL .......... 65

Figura 4.5- Martelo e guia do equipamento DPL fabricado ........................................... 66

Figura 4.6 – Verificação da altura de queda no equipamento de DPL montado ............ 66

Figura 4.7 – Equipamento DPL montado com todos os componentes associados......... 67

Figura 4.8 – Pontos de referência dos ensaios realizados no campo experimental ........ 69

Figura 4.9 – Localização dos ensaios retirados a partir do programa Google Earth ..... 70

Figura 4.10 – Croqui elaborado com a posição dos dois ensaios DPL realizados,

comparado com a localização do ensaio CPTU realizado por GOMES (2016) ............. 70

Figura 4.11 – Realização do ensaio DPL no campo experimental localizado na praia de

Copacabana, altura do Leme .......................................................................................... 72

Figura 5.1 – Medida do segmento de conexão entre as duas hastes ............................... 75

Figura 5.2 – Gráfico relacionando o N10 com a profundidade para DPL-01.................. 76

Figura 5.3 – Gráfico relacionando o N10 com a profundidade para DPL-02.................. 77

Figura 5.4 – Gráfico comparando os resultados de N10 obtidos nos ensaios DPL-01 e

DPL-02 ........................................................................................................................... 78

Figura 5.5 – Gráfico comparativo da resistência de ponta obtida nos ensaios com o DPL

(qD) e da resistência de ponta do cone (qC) obtida por GOMES (2016)......................... 79

Figura 5.6 - Correlação entre o N10 obtido no ensaio DPL-01 sem a correção pelo

método das diferenças de TUKEY (1977) com a resistência de ponta de cone obtida por

GOMES (2016)............................................................................................................... 80

Figura 5.7 - Correlação entre o N10 obtido no ensaio DPL-01 corrigido pelo método das

diferenças de TUKEY (1977) com a resistência de ponta de cone obtida por GOMES

(2016).............................................................................................................................. 81

xv
Figura 5.8 – Correlação entre o N10 obtido no ensaio DPL-02 corrigido pelo método das

diferenças de TUKEY (1977) com a resistência de ponta de cone obtida por GOMES

(2016).............................................................................................................................. 81

xvi
ÍNDICE DE TABELAS
Tabela 2.1 - Especificações de equipamento que realiza ensaio DPL segundo a

Referência Internacional da ISSMFE ............................................................................. 16

Tabela 2.2 - Relação entre compacidade relativa e resistência à penetração conforme

proposta de NILSSON (2013) ........................................................................................ 17

Tabela 2.3 - Classificação das areias segundo TERZAGHI e PECK (1948), citado por

PINTO (2006) ................................................................................................................. 22

Tabela 2.4 - Correlações entre os ensaios DPL e SPT ................................................... 25

Tabela 3.1 - Resultados dos ensaios de caracterização da areia de Hokksund

(MARQUES e OLIVEIRA, 2009) ................................................................................. 32

Tabela 3.2 - Resultados obtidos em ensaio de Cisalhamento Simples com a areia de

Hokksund por TELES (2013) ......................................................................................... 35

Tabela 3.3 – Condições de contorno para ensaios em câmaras de calibração (GHIONNA

e JAMIOLKOWISKI, 1991) .......................................................................................... 50

Tabela 4.1 – Dimensões e tolerâncias adotadas no projeto de equipamento DPL ......... 68

Tabela 5.1 - Resultados de N10 no ensaio DPL-01 ......................................................... 75

Tabela 5.2 - Resultados de N10 no ensaio DPL-02 ......................................................... 76

xvii
1. Introdução

1.1. Motivação do trabalho

Este trabalho foi motivado a partir de um projeto de extensão coordenado pelo

professor Leandro Torres Di Gregório intitulado SHS – Solução Habitacional Simples.

Foi abordado o tema de investigação geotécnica com o emprego do Penetrômetro

Dinâmico Leve (DPL), desenvolvido pela professora Graziella Maria Faquim Jannuzzi.

Surgiu então a ideia de propor o uso do DPL, por sua facilidade de transporte,

montagem e operação. Esta proposta visa apresentar uma opção simples e de baixo

custo para o conhecimento da estratigrafia do subsolo, bem como planejar as ações

necessárias para validar o projeto de fundações desenvolvido para os módulos

habitacionais propostos pelo projeto SHS.

O projeto de extensão Sistema Habitacional Simples (SHS) possui como

objetivo o desenvolvimento de uma metodogia de reconstrução de moradias e de outras

edificações de pequeno porte, como postos médicos e escolas. Tem por base o sistema

de organização da produção por mutirão, composto por pessoas residentes de

comunidades afetadas por conflitos humanos e desastres naturais. Alinhado com a

Agenda 2030 da Organização das Nações Unidas (ONU) para o Desenvolvimento

Sustentável, propõe utilizar recursos naturais disponíveis na região para a construção de

alvenaria estrutural de solo-cimento. Procura-se assegurar, assim, que o custo de

construção seja baixo, o impacto ambiental reduzido, e a segurança estrutural das

edificações seja garantida conforme as normas vigentes. As informações completas

sobre o projeto podem ser encontradas no seguinte sítio de Internet:

www.shs.poli.ufrj.br.

1
O ensaio do penetrômetro dinâmico leve é mais conhecido pela expressão em

inglês Dynamic Probing Light e por sua sigla nesse idioma (DPL). Os resultados são

obtidos de forma contínua durante o ensaio, ao contrário do SPT,cuja normatização no

Brasil estabelece que a cada metro sejam registrados o número de goples necessários

para a penetração correspondente a uma camada de 45 cm no solo.

Para regiões com ocorrência de sismos, os solos devem ser investigados com

emprego de outros ensaios de campo, como o SPT, o CPTU (piezocone) e o dilatômetro

(DMT), para avaliar-se especialmente se existe risco de liquefação de solos granulares.

Nos dias atuais, busca-se desenvolver soluções sustentáveis de Engenharia para

garantir que a degradação ao Meio Ambiente seja controlada e a viabilidade econômica

dos empreendimentos torne-se otimizada, racionalizando-se o consumo de insumos e de

fontes de energia. A indústria da Construção Civil é reconhecida como um dos setores

produtivos que mais consomem recursos naturais, como minérios, combustíveis fósseis

e água. Este impacto ocorre em todas as fases do ciclo de vida das edificações, gerando

grandes quantidades de resíduos que dispendem elevado custo para disposição adequada

(CONSELHO BRASILEIRO DE CONSTRUÇÃO SUSTENTÁVEL, 2009).

Além disso, a igualdade de condições básicas de desenvolvimento humano,

expressas na garantia do direito à moradia, no acesso à saúde, educação e saneamento

básico de qualidade, vem se tornando uma demanda urgente, dado o crescimento da

população mundial. A desigualdade sócio-econômica existente também é um desafio,

especialmente em países como o Brasil e o Haiti, onde existe a pretensão de se

implantar a metodologia desenvolvida no projeto SHS por parte do Engenheiro Civil

Jac-ssone Alerte. O Brasil possui o 75º Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) e o

2
Haiti, o 163º de um total de 188 países estudados pelo Programa das Nações Unidas

para o Desenvolvimento (PNUD, 2015).

1.2. Objetivos Gerais

A utilização do DPL é adequada para o conhecimento de camadas superficiais e

em terrenos onde se pretende instalar fundações rasas do projeto SHS.

Este trabalho busca mostrar a aplicabilidade do DPL como ensaio de campo

capaz de dar bases quantitativas para possibilitar o emprego de fundações superficiais,

tendo como caso específico uma de construção de baixo custo, no âmbito de

empreendimentos de habitações de interesse social. Foi desenvolvido um projeto de

equipamento DPL baseado no estabelecido pela referência internacional da ISSMFE

(1989) e pela norma ISO 22476-2. Foi planejada a realização de ensaios com o DPL

fabricado na câmara de calibração NGI-COPPE/UFRJ com as areias de Hokksund e da

praia de São Francisco, caracterizadas por ensaios de laboratório por TELES (2013) e

OLIVEIRA FILHO (1987), respectivamente. Procurou-se realizar um ensaio DPL com

o equipamento desenvolvido em campo experimental, localizado na praia de

Copacabana, onde foram desenvolvidos trabalhos de caracterização física e mecânica do

solo a partir de ensaios de campo e laboratório por GOMES (2016) e GOLDBACH

(2016).

1.3. Metodologia

Inicialmente, estava proposta a realização de um ensaio na câmara de calibração

da COPPE-UFRJ, doada pelo Instituto Norueguês de Geotecnia (NGI) na década de

1990. Foram levantados dados acerca dos solos arenosos presentes no Laboratório de

3
Ensaios de Campo e Instrumentação Prof. Márcio Miranda Soares (LACI) que tivessem

caracterização adequada na literatura através de ensaios de laboratório. No entanto, não

foi possível realizar o ensaio na câmara de calibração para esse trabalho, pela

dificuldade de se fabricar o DPL na presente pesquisa.

Propôs-se também realizar ensaio com o equipamento desenvolvido em campo

experimental localizado na praia de Copacabana, onde foram feitos ensaios in situ. A

caracterização física do material ensaiado com o DPL no campo experimental foi

estudada na literatura para entender o comportamento do solo durante a realização do

ensaio.

Optou-se, no presente trabalho, por fabricar o equipamento de DPL conforme as

especificações técnicas (ISSMFE, 1989), sendo necessário desta forma detalhar o

projeto para a fabricação (Anexo 1) em oficina de usinagem. Foram levantados os

custos e prazos para a realização desses serviços, sendo então escolhida a empresa

Transcional Indústria e Comércio de Artefatos de Metais Ltda., localizada na zona norte

da cidade do Rio de Janeiro.

O trabalho contou com a colaboração imprescindível da equipe técnica do

Laboratório de Ensaios de Campo e Instrumentação Professor Márcio Miranda Soares,

um dos Laboratórios de Geotecnia Professor Jacques de Medina da COPPE/UFRJ, em

especial do técnico em eletromecânica Edgar Bispo, do senhor Luiz Roberto Marinho e

também da professora Graziella Maria Faquim Jannuzzi e do engenheiro Roney de

Moura Gomes nas tarefas relativas à fabricação do equipamento e ensaio no campo

experimental da praia de Copacabana.

4
1.4. Organização do Trabalho

Segue-se a esta Introdução o capítulo 2, que se refere à Revisão Bibliográfica e

no qual é realizado um breve histórico do equipamento, a sua aplicação e considerações

sobre a resistência de ponta e de como evitar o atrito lateral durante o ensaio com o

DPL. Além disso, é mostrada a importância das correlações entre os resultados de

diferentes ensaios, e são citados estudos de caso de correlações na literatura entre o DPL

e outros ensaios de campo largamente aplicados, a saber: SPT e CPT.

O capítulo 3 descreve a metodologia, detalhes sobre os materiais a serem

empregados tanto na câmara de calibração quanto no campo experimental, e

planejamento de operações da câmara de calibração instalada na COPPE-UFRJ para

realização de ensaio com o equipamento DPL projetado e fabricado, além de

caracterização do campo experimental e planejamento para o ensaio de campo usando o

DPL.

O Capítulo 4 diz respeito ao processo de fabricação do equipamento que realiza

o ensaio DPL e às características do mesmo, além de apresentar os resultados do ensaio

realizado no campo experimental da praia de Copacabana.

As conclusões do trabalho e sugestões para pesquisas futuras são apresentadas

no capítulo 5. Em seguida encontram-se listadas as referências bibliográficas.

5
2. Revisão da Literatura

2.1 A Importância da Realização dos Ensaios Geotécnicos

Para se conhecer o solo de um terreno destinado a intervenções como obras de

terra e de edificações, a Engenharia Geotécnica emprega ensaios para analisar o

substrato. Segundo ROBERTSON (2012), procura-se obter dados e parâmetros que

expliquem o estado natural, a resistência, a compacidade (para solos arenosos) e

consistência (para solos argilosos), a compressibilidade e a condutividade hidráulica dos

solos encontrados na investigação geotécnica. Para essa atividade, são empregados

ensaios de campo e de laboratório.

De acordo com BASTOS (2016) existem diferentes métodos de ensaios de

campo realizados atualmente e normatizados por órgãos cuja abrangência pode ser

nacional, regional ou internacional. O objetivo e onde são obtidos os dados são os

pontos em comum entre os ensaios de campo. Independente da metodologia, procura-se

obter valores adequados in situ, para se conhecer o estado e a composição do solo a ser

utilizado para fins geotécnicos.

Os diferentes métodos de ensaios de campo possuem entre si características que

os diferenciam, apresentando suas respectivas vantagens e desvantagens, bem como as

suas aplicações e limitações específicas. De acordo com diversos fatores, como a

predominância de determinado tipo de solo, o enfoque em obter determinados

parâmetros geotécnicos e limitações financeiras e de equipamentos, por exemplo, levam

à preferência por um método de ensaio de campo em detrimento dos demais. (SANTOS,

2017)

6
Os recursos financeiros são uma variável importante neste processo decisório do

empreendimento. A literatura reporta que em situações usuais no Brasil, esta fase

representa de 0,2% a 0,5% do custo total das obras (SCHNAID, F. ODEBRECHT,

2012). De acordo com levantamento, de 85% a 90% das campanhas de sondagem para

o dimensionamento de fundações convencionais na América do Norte e do Sul utilizam

o Standard Penetration Test (SPT) (BOWLES, 1997).

Surge então na Geotecnia a necessidade de realizar correlações entre os

resultados obtidos em diferentes métodos, procurando confrontar suas semelhanças e

diferenças. Nesta revisão serão destacadas correlações com os ensaios DPL, SPT e CPT.

Além disso, serão descritos o histórico e o uso corrente de equipamentos que realizam o

ensaio DPL e serão abordados os procedimentos de caracterização dos solos granulares.

2.2 Histórico do Desenvolvimento do Penetrômetro Dinâmico Leve (DPL)

De maneira geral, a avaliação da carga de ruptura de uma fundação é baseada na

Teoria da Plasticidade, visto que as tensões encontradas em algumas regiões do solo

estão completamente mobilizadas. Enquanto isso, na avaliação dos recalques, considera-

se que o solo apresenta um comportamento de material elástico, e assim o estado de

tensões do solo pode ser estimado com base na Teoria da Elasticidade (DANZIGER,

2014).

Ambas as teorias geralmente abordam problemas de tensões baseados na

consideração de que o solo é homogêneo e isotrópico. Segundo AZEVEDO (2015),

citado por CAVALCANTI (2019), apesar de o solo ser um material com partículas

discretas que apresentam diversas formas e orientações, grande parte dos problemas

envolvendo esse material são baseados na Mecânica do Contínuo, em que os princípios

7
da Física são descritos usando equações diferenciais, e os efeitos da constituição do

material são considerados de forma macroscópica.

De acordo com BURLAND (1987), existem quatro aspectos fundamentais na

Mecânica dos Solos: as características do solo, que podem ser obtidas através de

investigação de campo ou a partir de ensaios de laboratório; seu comportamento

mecânico, analisada através de experimentos e medições em campo ou em laboratório; a

mecânica aplicada, fundamentada em teorias e modelos físico-matemáticos; e a

experiência prática, aspecto inevitável devido ao caráter complexo do solo como

material, inclusive havendo o desenvolvimento de práticas de projeto e construção. No

entanto o autor recomenda uma atitude cautelosa, visto que expressões empíricas não

podem violar as leis fundamentais. Na figura 2.1 está representado o triângulo de

Burland, que mostra a interconexão entre as três áreas de estudo e o empirismo,

aspectos da Mecânica dos Solos destacados pelo autor.

Figura 2.1 - Triângulo de Burland. Fonte: BURLAND (1987)

8
Os ensaios de campo constituem ferramentas importantes para o

desenvolvimento do projeto geotécnico. No Brasil, o Standard Penetration Test (SPT) é

largamente empregado, havendo a norma NBR 6484 (ABNT, 2001), o emprego de

energia de referência (ISSMFE, 1989) e correlações empregadas para projetos

geotécnicos, como por exemplo o trabalho de DÉCOURT e QUARESMA (1982) para

estimativa de carga de estacas.

Os penetrômetros dinâmicos, segundo BROMS e FLODIN (1988), são usados

nos projetos geotécnicos nos países europeus durante a fase preliminar de

reconhecimento do subsolo, onde é importante determinar a localização e espessura das

camadas de solo, e também em investigações detalhadas localizadas para estimar a

resistência ao cisalhamento e a compressibilidade das mesmas. Pode também oferecer

uma noção da capacidade de carga do solo.

De acordo com esses autores, o primeiro a utilizar um método de penetração

dinâmica foi Goldman, em 1699 na Alemanha. Uma marreta era usada para empurrar a

haste e o avanço a cada golpe era registrado. A contribuição de Goldman, no entanto,

foi desconsiderada até o final do século XIX. Foram encontrados registros de ensaios

com hastes de seção quadrada de lado igual a 25 mm realizados em projetos em

Estocolmo. O método era empregado para determinar as espessuras de solo e o

comprimento de estacas. Os autores relatam o conteúdo de um folheto informando a

listagem do equipamento comercializado: 20 hastes com um metro cada, duas pontas

também com um metro, uma cabeça de bater, uma marreta de madeira, além 20 de

adaptadores em formato de tronco cônico para a redução do atrito. Para se obter uma

ideia da resistência do solo, recomendava-se a medição do avanço das hastes a cada 20

golpes.

9
Segundo HASHMAT (2000), os equipamentos que realizam sondagem contínua

foram desenvolvidos no período entre as duas Grandes Guerras Mundiais e então foram

sendo aplicados como ensaio de campo para obtenção de dados para projetos de

fundações na Europa. BROMS e FLODIN (1988) citam que em 1936 Künzel

desenvolveu e lançou um penetrômetro denominado de “Prüfstab”. Era um

equipamento simples, com hastes de cinco a oito metros e com diâmetro de 20 mm. Um

peso de 5 a 6 kg era lançado de uma altura de 50cm para o avanço do conjunto das

hastes. Eram registrados e plotados graficamente o avanço a cada 10 golpes ou o

número de golpes necessário para o avanço a determinada distância, em geral de 10 cm.

De acordo com SANGLERAT (1972) e HASHMAT (2000), depois da

Segunda Guerra Mundial, em 1945, o uso desses instrumentos tornou-se mais

conhecido e divulgado em outras partes do mundo, disseminando-se especialmente no

continente europeu. BROMS e FLODIN (1988) apontam que em 1943 Paproth usou o

penetrômetro de Künzel, aumentando o peso do martelo para 10 kg. Na figura 2.3 está

representado o penetrômetro usado por Paproth.

Figura 2.2 - Penetrômetro usado por Paproth em 1943 com alteração na massa do
martelo para 10kg. Fonte: BROMS e FLODIN (1988)

10
A Sociedade Internacional de Mecânica dos Solos e de Engenharia Geotécnica

(ISSMFE) criou em 1957 uma comissão para estudar, aprimorar e normatizar os

métodos até então existentes de ensaios envolvendo penetração estática e dinâmica,

presidida pelo professor e pesquisador brasileiro Milton Vargas. Em 1963 foi realizada

uma conferência europeia, onde foi redigido um projeto de recomendações para

normatizar os penetrômetros dinâmicos da Alemanha, o ensaio de cone estático

holandês e os métodos suecos de sondagem.

Segundo SANGLERAT (1972), os ensaios de penetração dinâmica são

executados da seguinte forma: a composição de hastes é conectada a uma ponteira

cônica, e o avanço desse conjunto se dá através dos golpes de uma massa que cai de

uma altura constante. O ensaio é iniciado a partir da superfície do terreno, de uma

escavação ou pré-furo realizado no mesmo. Em contraste, o ensaio SPT necessita de um

pré-furo de pelo menos 75 cm de profundidade (sendo que a norma brasileira

recomenda um metro) para que esteja assegurado que o ensaio com obtenção de

amostras se realize em solo não alterado. Desta forma, os ensaios DP não são

empregados para a obtenção de amostras representativas do solo ensaiado.

De acordo com SOUZA et al. (2008), o DPL consiste na cravação de um cone

metálico de forma dinâmica. O seu objetivo é medir o número de golpes necessário para

o avanço de 10 cm de um cone de 10 cm² de área projetada de através do solo,

usualmente designada de N10, e assim chegar a parâmetros de resistência que sejam

compatíveis com a resistência do solo. O cone é rosqueado com um cojunto de hastes

metálicas, permitindo o avanço a profundidades até oito metros. O processo de cravação

consiste em repetidos golpes de um martelo com massa de 10 kg. A altura de queda

deste martelo é de 50 cm. O martelo golpeia uma cabeça de bater, que é uma base

11
cilíndrica metálica que está rosqueada na primeira haste imediatamente acima do nível

do solo. A figura 2.3 apresenta esquematicamente o equipamento.

Figura 2.3 - – Esquema com as partes componentes do equipamento do ensaio


DPL [adaptado de SOUZA et al (2008)]

O cone empregado no DPL possui uma área que corresponde a cerca de um

terço do amostrador padrão usado no SPT. A energia transmida para a ponta do cone

também é menor do que a verificada no SPT. O DPL, portanto, envolve uma escala de

energia e de volume de solo menores em comparação ao SPT. Essas diferenças permite

ao DPL a vantagem de perceber pequenas variações que não são verificadas em ensaios

com maior robustez, como o SPT (SOUZA et al., 2008), assim como apresenta valores

a cada 10 cm. Por outro lado, apresenta limitações, tais como a impossibilidade de se
12
obterem amostras do solo ensaiado e também estar restrito a profundidades de até 8 m.

Dessa forma, o ensaio pode servir para análise complementar de campo, estando

associado a sondagens que realizam ensaio SPT e a ensaios CPT e com piezocone

(CPTU).

A resolução de comissão específica da ISSMFE de 1963 traz as seguintes

recomendações para os penetrômetros dinâmicos leves: que a massa tenha 10 kg e caia

de uma altura de 50 cm; que a ponteira possua uma seção transversal de 10 cm2,

diâmetro de 35,6 mm e ângulo de 60°; e que as hastes devam ter diâmetro de 22 mm. A

ponta recomendada pelo autor, com formato e relações entre dimensões está

representada na Figura 2.4. O avanço do conjunto deve se dar a uma velocidade de 30

golpes por minuto, e preferencialmente sem interrupções. Segundo a referência

internacional, deve ser registrado o número de golpes a cada 20 cm (N20).

Figura 2.4 – Dimensões e formato do cone do penetrômetro dinâmico dos alemães


conforme resolução de comissão da ISSMFE em 1963. Fonte: SANGLERAT (1972)

]
13
BROMS e FLODIN (1988) destacam que a simplicidade do equipamento e do

ensaio tornam os penetrômetros dinâmicos atrativos do ponto de vista econômico e com

grande facilidade de execução. Foram propostas maneiras para diminuir a influência do

atrito lateral ao longo das hastes durante a realização do ensaio, como tornar o diâmetro

do cone maior do que nestas partes, colocando uma proteção na área lateral do cone,

aplicando um torque a cada 20cm ou injetando acima do cone lama bentonítica ou água.

Aconselha-se que durante o ensaio não haja interrupções, especialmente quando é

realizado em solos argilosos e saturados.

A ISSMFE estabeleceu em 1989 uma referência mundial para os penetrômetros

dinâmicos. O documento publicado pela ISSMFE reconhece quatro diferentes tipos de

equipamentos, o DPSH, o DPH, o DPM e o DPL. Este último apresenta a menor escala

de massa do peso de bater, sua altura de queda e das dimensões da ponteira desse tipo

de equipamento, e costuma ser utilizado para projetos de fundações cuja área de

influência não alcance uma profundidade maior do que 8m; para projetos de

pavimentações, devido a sua facilidade de transporte e operação, visto que o peso dos

equipamentos é menor em comparação a outros usados em ensaios em que é feita a

sondagem em solo; e também para o controle de qualidade de execução de obras de

construção civil.

Outras referências de normas para a execução de ensaios utilizando o método da

sondagem dinâmica, além da Referência Internacional (ISSMFE, 1989), são a norma

alemã DIN-4094-3, lançada em 1990 e atualizada em 2002, e também a norma da

International Organization for Standardization (ISO) ISO-22476-2, cuja primeira

edição foi lançada em 2005. O Brasil ainda não possui normatização que procure

padronizar os procedimentos para este ensaio. Na figura 2.5 está representado o cone

14
conforme padronização da ISSMFE (1989), sendo seguidas as diretrizes estabelecidas

em estudos e conferências anteriores.

Figura 2.5 – Detalhe da ponteira cônica do DPL (Fonte: ISSMFE, 1989)


O

ensaio é conduzido pela prospecção do subsolo, penetrando-se a haste no solo usando a

energia dinâmica da queda do peso de bater com dimensões padronizadas de uma altura

pré-determinada, com velocidade de 15 a 30 golpes por minuto. A cada metro de avanço

do ensaio, recomenda-se que seja realizado um giro de uma volta e meia na composição

de hastes usando uma chave de grifo para eliminar a influência do atrito lateral nessa

parte do equipamento. O total de golpes necessários para o avanço da haste é registrado

usualmente a cada 10 cm, sendo esta variável designada como N10. O Dynamic Probing

Light (DPL) é o mais utilizado dentre os quatro tipos de penetrômetros dinâmicos, por

ser de fácil operação e transporte, requerendo apenas um operador, possui produtividade

média diária de 60 m cravados e o custo com o equipamento é baixo. Na tabela 2.1

estão apresentadas as características do equipamento utilizado segundo (ISSMFE,

1989).

15
Tabela 2.1 - Especificações de equipamento que realiza ensaio DPL segundo a Referência
Internacional da ISSMFE

Martelo

Massa (kg) (10,0 ± 0,1)

Altura de queda (mm) (500 ± 10)

Relação entre o comprimento (L) e o 1 ≤ L/D ≤ 2


diâmetro(D)

Cabeça de Bater

Diâmetro (d) (mm) 100 ≤ d ≤ 0,5D

Massa com a composição de hastes até 6 kg

Ponteira

Diâmetro (D) (mm) (35,7 ± 0,3)

Área de base (cm2) 10

Altura do cone (mm) (35,7 ± 1,0)

Ângulo do tronco cônico 11°

Ângulo no cone 90°

Hastes

Massa linear (kg/m) ≤3

Comprimento (m) (1,00 ± 0,01)

Desvio máximo, até 5 m prof. 0,1%

Desvio máximo, abaixo de 5 m prof. 0,2%

Diâmetro externo (mm) (22,0 ± 0,2)

Diâmetro interno (mm) (6,0 ± 0,2)

Intervalo representativo de golpes 3 a 50

Energia específica por golpe (m*g*H/A) 50


(kJ/m²)

Fonte: ISSMFE (1989)

16
A profundidade para cravação depende da resistência do solo e raramente supera

os 8,0 m. NILSSON (2004) sugere critérios de interrupção do ensaio, tais como: N10 =

100; N10 = 80 em três vezes consecutivas; e N10 = 60 em cinco vezes consecutivas.

NILSSON (2013) apresenta uma correlação para correlação do critério de

compacidade relativa a partir do N10 fornecido pelo ensaio DPL. Os resultados são

mostrados na tabela 2.2.

Tabela 2.2 - Relação entre compacidade relativa e resistência à penetração conforme


proposta de NILSSON (2013)

Resistência à Penetração medido pelo N10 Compacidade Relativa do Solo

N10 ≤ 1 Muito fofo

1 < N10 ≤ 7 Fofo

7 < N10 ≤ 83 Medianamente compacto

N10 > 83 Compacto

Fonte: NILSSON (2008), citado por AZEVEDO e GUIMARÃES (2009)

O intervalo de valores de N10 para a compacidade média dos solos arenosos é, no

entanto, bastante extenso, podendo não representar adequadamente esta propriedade

física das areias analisadas pelo ensaio DPL. Cabe também ressaltar que, assim como no

caso do SPT e do CPT, este quadro deve ser considerado com ressalvas, pois a

17
compacidade não depende só do número de golpes, mas também do estado de tensões

do solo.

2.3 Os Parâmetros Mecânicos que Podem Ser Obtidos pelo DPL

A referência internacional da ISSMFE (1989) recomenda o uso da resistência

dinâmica para ensaios como o DPL, a partir da fórmula dos holandeses expressa na

equação 1, onde N é o número de golpes, M a massa do martelo caindo livremente de

uma altura H sobre o conjunto com as massas da cabeça de bater (B), pela composição

de hastes (i.V) e da ponteira cônica (com área S), necessário para vencer o comprimento

de penetração A, igual a 10cm.

(1)

Além disso, segundo a referência internacional da ISSMFE (1989) e a norma

ISO 22476-2 (2005), a ponteira cônica associada à composição das hastes pode ou não

ser recuperável. Esta norma também prevê o emprego de um torquímetro, com

capacidade máxima de 200 N.m e com sensibilidade de 5 N.m. Este medidor deve ser

acoplado às hastes a cada metro de avanço do equipamento no subsolo. O conjunto

deverá ser rotacionado lentamente, e o torque, medido. A norma prevê apenas o registro

do torque, mas não o seu emprego em cálculos posteriores, conforme apontado por

BASTOS (2016).

NILSSON (2008), citado por BASTOS (2016), afirma que o atrito lateral (fs)

atuante na ponteira cônica do DPL pode ser calculado pela fórmula abaixo, em que M é

o torque máximo medido, Al a área lateral da ponteira em contato com o solo e l o

respectivo braço de alavanca, compreendido pelo raio médio da parte cônica e pelo raio

18
da parte cilíndrica da ponteira. O valor de l foi arbitrado em 16 mm e o produto Al · l foi

aproximado desta forma para 100cm² x cm.

(2)

Para uma medida de fs em kPa, converte-se 100cm² x cm para m² x m,

concluindo-se que:

(3)

Estimado o atrito lateral, pode-se obter uma estimativa da resistência de ponta

dinâmica descontando-se o valor de fs da resistência dinâmica obtida pela fórmula dos

holandeses (destacada na equação 1), usada conforme recomendação da ISSMFE

(1989). Mesmo assim, NILSSON (2008) indica que o conjunto de valores de N 10 em

função da profundidade como determinados no ensaio pode servir como estimativa do

comportamento do solo ao longo da profundidade.

2.4 A Caracterização de Solos Granulares

Essa denominação compreende os solos de origem sedimentar cujo processo de

formação ocorreu por interperismo físico ou químico. Suas partículas são eletricamente

pouco ativas, portanto não é verificada interação com a água, sendo dessa forma não

coesivas e não-plásticas. A força de interação entre os grãos é devida ao peso das

partículas.

A classificação da textura da areia é padronizada pela NBR 6502:1995, se dando

de acordo com o ensaio padronizado pela NBR 7181:2016, onde a fração grossa é

separada por peneiras de abertura 1” a 3/8” (agregados graúdos), #4 a #200 (agregados

miúdos). Já quando é detectada uma fração de finos (silte e argila), esta é separada por

sedimentação. São registrados os percentuais retidos e passantes em cada faixa de

19
diâmetro de partículas e essas informações são apresentadas na forma de uma curva

granulométrica. Desta curva, podem ser inferidos dados como o diâmetro efetivo (D10) e

o diâmetro médio das partículas (D50). O primeiro permite associações que descrevem a

permeabilidade do solo e o segundo, o tamanho predominante dos grãos da amostra,

correspondente aos 50% do solo que possui diâmetro inferior a esse valor.

De acordo com LAMBE e WHITMAN (1969) e SANTOS (2017), os grãos

podem ser também classificados pela sua angulosidade. Esta característica indica o

processo de formação geológica por qual o solo passou. Num extremo, os grãos mais

angulosos estão mais associados a solos residuais e em outro, grãos mais arredondados

sugerem solos sedimentares que sofreram processo de transporte. A angulosidade, cuja

classificação é mostrada na figura 2.6, influencia no atrito entre grãos. O formato dos

grãos determina o arranjo de suas partículas, expressa pelo índice de vazios (e) do solo.

Quando o mesmo é submetido a carregamentos externos ou vibrações, ocorre uma

mudança de arranjo dos grãos. Essas reacomodações são fenômenos importantes para se

identificar e prever seu comportamento, já que influenciam diretamente no

comportamento de estruturas de fundações assentes sobre esses solos. Arranjos fofos de

solos granulares são os mais suscetíveis a causar danos e recalques, visto que sua

estrutura é mais instável. O arranjo do solo é avaliado pela Compacidade Relativa (CR),

mostrada na equação 4.

20
Figura 2.6 – Categorias de angulosidade dos grãos de areia.
Fonte: LAMBE e WHITMAN (1969)

(4)

Correspondem emáx e emín, respectivamente, ao índice de vazios máximo e

mínimo do solo. TERZAGHI e PECK (1948) sugeriram uma classificação das areias

segundo sua compacidade relativa, a qual foi citada por PINTO (2006). A classificação

é representada na tabela 2.3.

21
Tabela 2.3 - Classificação das areias segundo TERZAGHI e PECK (1948), citado por
PINTO (2006)

Classificação Compacidade Relativa do Solo

Areia fofa CR < 33%

Areia de média compacidade 33% ≤ CR < 66%

Areia compacta CR ≥ 66%

FONTE: TERZAGHI e PECK (1948) apud PINTO (2006)

Os solos granulares também são conhecidos pela sua alta permeabilidade. Isso

implica em uma dissipação rápida do excesso de poropressão, já que os vazios são

maiores e não existe interação elétrica entre os grãos. A resistência do solo é expressa

então em termos das tensões efetivas.

2.5 Correlações entre Resultados de Ensaios e Parâmetros Mecânicos do Solo

2.5.1 A Importância das Correlações na Prática de Engenharia

A análise estatística na Engenharia, especialmente de fenômenos que apresentam

variações a cada observação, apresenta grande utilidade na prática deste ofício. Segundo

MONTGOMERY et al. (2001), é necessário identificar os fatores que possam

influenciar nos resultados do problema a ser estudado. Esta análise pode ser realizada de

forma mecanística, em que o modelo é construído a partir de conhecimento científico

sobre o assunto, ou de forma empírica, quando o modelo é baseado nas observações. Os

dados são coletados através de experimentos seguindo um protocolo definido de etapas

22
e, finalmente, procede-se ao tratamento dos dados e indicação do modelo adequado para

entender a questão em estudo.

De acordo com SANTOS (2017), deve ser definida a amostragem do banco de

dados, isto é, uma quantidade suficiente de observações do fenômeno estudado que

garanta a representatividade daquilo que está sendo estudado. Prossegue-se, de acordo

com a recomendação de MONTGOMERY(2001), ao detalhamento das características

das amostras, procurando diminuir a influência de resultados tendenciosos. O

tratamento qualitativo dos dados, de onde se obtém as medidas estatísticas de dispersão

dos dados em relação ao valor médio, a saber, o desvio padrão (σ) e o coeficiente de

correlação (CV). A análise quantitativa dá-se por meio do diagrama de dispersão, gráfico

onde os dados de entrada e os obtidos são dispostos por meio de coordenadas de eixos

cartesianos. As fórmulas 5 e 6 apresentam o conceito do desvio padrão e do coeficiente

de correlação, respectivamente, onde i é o dado observado e μ, a média do conjunto de

observações.

(5)

(6)

Para correlacionar gráfica e matematicamente as variáveis aleatórias x

(independente) e y (dependente), utiliza-se o Método dos Mínimos Quadrados

Ordinários, desenvolvido pelo matemático Carl Gauss, no século XVIII. É traçada uma

reta cujos coeficientes linear (b) e angular (a) são constantes de ajustes e também os

resíduos (ei) que simulam o comportamento das variáveis que não consegue ser

entendido pelo modelo estatístico formulado. O método procura minimizar a soma

desses resíduos (como demonstrado na equação 7), para então serem obtidos os

23
parâmetros da reta através dos conjuntos amostrais x e y, bem como de suas respectivas

médias. As equações 8 e 9 apresentam as expressões para os coeficientes. (RUGGIERO,

2008)

(7)

(8)

(9)

A regressão obtida pode ser analisada pelo coeficiente de determinação (R 2),

definido por:

(10)

Este valor, que varia de 0 a 1,0, determina a fração que as observações (y)

sofrem variações em função de novos valores da variável independente x. De acordo

com SANTOS (2017), o coeficiente apresenta, no entanto, limitações em expressar esta

credibilidade, ainda que seja largamente empregado no meio científico para avaliar

qualitativamente a correlação encontrada.

2.5.2 Correlações Estabelecidas entre os Ensaios DPL e SPT

Existe um número considerável de correlações entre o DPL e o SPT. Pode-se

visualizar na tabela 2.4, os autores, as correlações entre os ensaios SPT e DPL, bem

como para que tipo de solo a correlação foi elaborada, portanto, onde esta pode ser

empregada.

24
Tabela 2.4 - Correlações entre os ensaios DPL e SPT

Autores Correlação Tipo de solo e Observações

Argila siltosa e silte


NILSSON (2004) N10 = 2,5NSPT argiloso com areia de
Campinas/SP.

Solo residual de rochas


AZEVEDO e graníticas e arenitos de
N10 = 1,02 -2,11NSPT
GUIMARÃES (2009) Linha de Transmissão entre
Vilhena e Jauru/RO.

NSPT = 1,03N10 ou Areia argilosa da Tanzânia


LINGWANDA et al.
em pequenas
(2015) NSPT = 1,01N10 +0,44 profundidades.

Solos arenosos e siltosos


OPUNI et al. (2017) NSPT = 0,6243N10 + 1,9644 de Gana para N10 < 40
golpes.

Segue abaixo um resumo com as principais conclusões dos trabalhos citados na

tabela 2.4.

 AZEVEDO e GUIMARÃES (2009) afirmam que a correlação

encontrada é afetada pela quantidade de observações (n = 10), apesar de

terem obtido bom coeficiente de correlação (R2 = 0,872). Propuseram a

adoção da interpretação para solos granulares segundo NILSSON (2008),

citada no quadro 2.2 deste trabalho. O conhecimento do solo em questão,

por métodos variados de ensaio, é destacado como fator importante para

garantir menor incerteza e riscos, implicando na diminuição do fator de

segurança do projeto. Pela experiência adquirida, destacam que solos

com N10 menor do que 8 merecem maior atenção, solos com 4 < N10 < 25

25
são fáceis de escavar e N10 acima de 70 apresentam boa condição de

assentamento. O autor do presente trabalho questiona que no intervalo de

4 < N10 < 8 encontra-se na intercessão de duas faixas, ou seja, seriam

solos que merecem maior atenção e são fáceis de escavar? Já para o

intervalo de 25< N10<70 não foram efetuadas recomendações. Além

disso, a fórmula da correlação resulta em valores de N 10 negativos, o que

não é condizente com a realidade.

 LINGWANDA et al. (2015) utilizaram o método de diferenças em

relação à média de Tukey (TUKEY, 1977; ALTMAN e BLAND, 1983;).

Este método seleciona dados cuja diferença não supere o dobro do desvio

padrão em relação à média obtida. Desta forma, o coeficiente de

correlação fica mais próximo a 1,0, melhorando a qualidade da

correlação. No caso da correlação entre SPT e DPL, foi apontada uma

diminuição no R2, mas a incerteza na conversão entre o N10 e o NSPT foi

diminuída por ter havido uma queda no erro padrão de estimativa. As

equações de correlação encontradas são aplicadas para N10 encontrados

entre 10 e 50. Esses autores perceberam que há maior dispersão nos

dados para valores de N10 maiores e a correlação para solos argilosos

consistentes com percentual significativo de areia é menos confiável. Os

pesquisadores destacam como semelhança entre o SPT e o DPL a energia

transmitida pelos golpes, constratada pelo fato do DPL analisar

continuamente o solo, o que o faz perceber com maior sensibilidade as

variações neste meio.

 OPUNI et al. (2017) analisaram dados de 31 pares de ensaios SPT e

DPL. Encontraram inicialmente uma correlação moderada, de R² =

26
0,5588, relativa à reta de equação NSPT = 0,4737N10 + 1,6288. Os

pesquisadores perceberam um aumento na dispersão para N 10 > 40 e

fizeram uma filtragem para os dados onde N10 < 40. Chegaram à equação

NSPT = 0,6243N10 + 1,9644, e o R2 encontrado foi consideravelmente

maior, igual a 0,8239. Concluíram que a correlação ficava mais confiável

para este intervalo de dados de N10.

2.5.3 Correlações Estabelecidas entre o DPL e o CPT

De acordo com HASHMAT (2000), MARCU (1995) apresentou uma correlação

entre resultados do ensaio de penetração de cone (CPT) e o DPL em solos arenosos da

Romênia. A equação da reta encontrada é representada na tabela 2.5, onde qc é a

resistência de ponta, obtida pela razão da reação do solo normal ao cone pela área

projetada do mesmo. Na tabela 2.5 podem ser visualizados os autores, as correlações

entre o DPL e o CPT, bem como para que tipo de solo elas podem ser empregadas.

Tabela 2.1 - Correlações entre os ensaios DPL e CPT

Autores Correlação Tipo de solo e Observações

MARCU (1995) Areias da Romênia.

LINGWANDA e Areia argilosa da Tanzânia


colaboradores (2015) até 7,0m de profundidade.

Solos residuais de Granito


do Norte de Portugal. qC é
dado em kgf/cm². DPL
MARTINS e MIRANDA
registrou número de golpes
(2003)
a cada 20cm (N20).

27
Areias sedimentares de
Vitória/ES. Correlação
CORDEIRO (2004) logarítimica. qd calculado
pela fórmula dos
holandeses com N20.

SANTOS (2017) cita LINGWANDA et al. (2015), MARTINS e

MIRANDA(2003) e CORDEIRO (2004) como trabalhos em que foram desenvolvidas

correlações entre o DPL e o ensaio de cone (CPT). As medidas do CPT são obtidas a

cada 10 mm (LINGWANDA; LARSSON; NYAORO, 2015), e há evidências de que o

DP apresentem melhor correlação com o CPT do que com o SPT. De forma corrente, a

resistência de ponta dos equipamentos que realizam DP pode ser comparada à do CPT

(WASCHKOWSKI, 1983).

Entretanto, VIANA DA FONSECA (1996) ressalta que os procedimentos de

ensaio são diferentes, sendo o primeiro realizado de forma dinâmica e o último, de

forma estática. Assim, geralmente os solos se comportariam de modos distintos, pois

são solicitados distintamente pelos ensaios de campo. Ambos, porém, são ensaios de

campo que fazem registros continuamente ao longo do solo. Desta maneira, segundo

este autor a correlação de WASCHKOWSKI (1983) somente seria válida quando as

camadas de solo fossem homogêneas e este seja de origem sedimentar. Adicionalmente,

CASTELLO et al. (2001), citados por SANTOS (2017) afirmam que ainda não existem

estudos no Brasil para confirmar a hipótese de WASCHKOWSKI (1983).

LINGWANDA et al. (2015) afirmam que até 7,0 m de profundidade é possível

comparar os resultados dos ensaios realizados na Universidade de Dar Es Salaam, na

Tanzânia obtidos pelo DPL e pelo CPT. As tendências mostram o aumento da

28
resistência do solo conforme a profundidade cresce. Para profundidades maiores, no

entanto, o N10 apresenta um aumento maior do que o apresentado nos valores da

resistência de ponta do cone do CPT. De qualquer maneira, a explicação para esta

diferença não se torna viável, visto que o ensaio DPL termina em profundidades

menores do que o CPT. Foi encontrada uma boa correlação entre os resultados de

ambos os ensaios, levando-se em consideração o atrito lateral (fs) no ensaio de cone.

Dessa forma, se chegou à correlação com 40 pares de dados de ensaios, apresentado R²

igual a 0,718 e, com o método de TUKEY (1977), o R² aumenta para 0,794, sendo

desconsideradas duas observações.

MARTINS e MIRANDA (2003) realizaram ensaios em solos residuais

graníticos em áreas urbanas do Norte de Portugal, apresentando correlações obtidas

entre os ensaios CPT e DPL. Os pesquisadores fizeram o registro do número de golpes a

cada 20 cm, porque caso fosse registrado o N10 nos primeiros metros de profundidade

para os solos graníticos pouco compactos, o valor não seria bem definido (1 a 2 golpes).

Esses autores analisaram 507 casos, encontrando a correlação apresentada no quadro

2.5. O coeficiente de determinação encontrado foi igual a 0,869 utilizando como

aplicativo para tratamento dos dados em computador SPSS (Statistical Package for

Social Sciences), havendo confiança de 95% no resultado de R². Ressaltam que a

correlação é válida para o equipamento de DPL utilizado na campanha de ensaios, que

não atende à padronização do EUROCODE 7 (1997), a qual é baseada em ISSMFE

(1989). Os resultados podem ser convertidos para a norma caso sejam consideradas as

razões entre as energias transmitidas por golpe; entre as áreas das bases do cone; e entre

os comprimentos de penetração entre cada registro.

CORDEIRO (2004) realizou campanha de ensaios de campo em Vitória, no

Espírito Santo. O solo é de origem sedimentar, composto predominantemente por areias


29
finas a médias, com nível de lençol freático localizado a aproximadamente 2 m de

profundidade. Esta camada de solo granular atinge 7 m de profundidade, sendo que a

sondagem chegou a alcançar profundidades de até 15 m. Nessas camadas inferiores, foi

identificada areia média a fina, confinada por camadas de argila arenosa e siltosa. A

pesquisa procurou identificar os efeitos do sobreadensamento no subsolo causados pela

construção de um aterro, que foi removido após 90 dias, e incluiu ensaios de laboratório

do material arenoso, destacando-se o cisalhamento direto nas compacidades relativas de

15%, 60% e 90%.

Antes da construção do aterro, foram feitos cinco ensaios DPL e dois CPT, e

depois, quinze e quatro ensaios, respectivamente. Os ensaios de cone foram realizados

conforme o preconizado na norma brasileira 12069 da ABNT. O DPL utilizado, no

entanto, apresentava diferenças em relação ao estabelecido pela normatização da

ISSMFE (1989) e o registro do número de golpes era feito a cada 20 cm. Foi necessário

realizar uma compatibilização dos resultados segundo a profundidade analisada para

cada equipamento, visto que a resistência de ponta é obtida a cada 25 cm (neste ensaio).

Na correlação entre as resistências qd e qc, não foi obtido um ajuste ideal na regressão

linear, de forma que o pesquisador experimentou uma correlação logarítmica, com R²

igual a 0,52. O resultado, entretanto, seguiu a média das observações analisadas.

Portanto, este trabalho não apresenta uma correlação de uso prático, mas apresenta uma

primeira tentativa no Brasil de relação entre qd e qc, e não com o N10, como visto

anteriormente nas demais pesquisas citadas.

30
3. Materiais e Métodos

3.1 Ensaio na Câmara de Calibração

Uma das propostas desenvolvidas neste trabalho é a realização de ensaios para

calibração do equipamento de DPL com areias cujas propriedades físicas e mecânicas

sejam conhecidas. Esta etapa, no entanto, não foi realizada, sendo sugerida para futuros

trabalhos. Conhecendo-se as características do material, é possível fazer o ensaio DPL

sob condições de contorno definidas e que se aproximem das encontradas in situ. O

procedimento será realizado utilizando-se a Câmara de Calibração da COPPE/RJ, que é

abordada com maiores detalhes neste capítulo. As areias de Hokksund e de São

Francisco foram consideradas nesta abordagem. São materiais existentes no laboratório

de Ensaios de Campo e Instrumentação Professor Marcio Miranda Soares, um dos

Laboratórios de Geotecnia Professor Jacques de Medina da COPPE/UFRJ e a literatura

apresenta boa caracterização dos materiais, como detalhada nos próximos subitens.

3.1.1 Caracterização das Areias a Serem Empregadas

3.1.1.1 A Areia de Hokksund

Segundo PARKIN e LUNNE (1982), citados por TELES (2013), a areia de

Hokksund provém da cidade homônima da Noruega. É uma areia de granulometria

média e uniforme e possui origem fluvio-glacial. Sua composição mineralógica é de

45% de feldspato, 35% de quartzo, 10% de mica e os demais 10% de outros

componentes. A densidade real dos grãos é de 2,70, apresentando peso específico seco

entre 13,9 e 17,2 kN/m³. A angulosidade dos grãos é elevada, cujas dimensões variam

entre 0,1 a 1,0 mm. Para o peso específico máximo foi obtido um ângulo de atrito (φ’)

31
igual a 46° e para o peso específico mínimo, de 42°, mantendo-se a compacidade

relativa entre 80 e 90%.

O Laboratório Professor Márcio Miranda Soares da COPPE/UFRJ importou

alguns tonéis dessa areia para determinar seus parâmetros de resistência e de

deformabilidade no Brasil, servindo como estudos preliminares para posteriores ensaios

envolvendo areias originadas no país. O Laboratório de Mecânica dos Solos Fernando

Emmanuel Barata, ligado à Escola Politécnica da UFRJ, realizou ensaios conforme

normas da ABNT para a determinação dos índices de vazios mínimo e máximo, da

caracterização granulométrica a partir do peneiramento e da determinação da densidade

real dos grãos. Foram realizados também ensaios de cisalhamento direto (CD) e

cisalhamento simples (DSS), compressão triaxial e oedométrica a diferentes estados de

tensões do material ensaiado. MARQUES e OLIVEIRA(2009) obtiveram via ensaios de

cisalhamento direto com equipamento convencional os resultados apresentados na

tabela 3.1.

Tabela 3.1 - Resultados dos ensaios de caracterização da areia de Hokksund


(MARQUES e OLIVEIRA, 2009)

Índice mínimo de vazios (emin) 0,528

Índice máximo de vazios (emax) 0,854

Ângulo de atrito efetivo (φ’) para CR = 57% 34,2°

Ângulo de atrito efetivo (φ’) para CR = 80% 39,6°

32
Ângulo de atrito efetivo (φ’) para CR = 98% 46,2°

Densidade real dos grãos (GS) 2,70

TELES (2013), por sua vez, realizou ensaios utilizando equipamento

automatizado Shear Trac-II. Estes ensaios consideraram a areia nos estados fofo,

medianamente compacto e compacto. A envoltória de resistência obtida via

cisalhamento direto está exposta na figura 3.1, a compacidade relativas de 50%, 73% e

95%. Esses valores foram determinados conhecendo-se a densidade real dos grãos e os

resultados obtidos para emin e emax. Foram aplicados cinco tensões normais diferentes, de

25, 50, 100, 200 e 400 kPa.

33
Figura 3.1 – Envoltória de resistência obtida em Ensaio de Cisalhamento Direto com a
areia de Hokksund Fonte: TELES(2013)

Para o ensaio de Cisalhamento Simples, foi realizada uma adaptação do Shear

Trac-II. Foram feitos cinco ensaios buscando maior compacidade. No entanto, alguns

corpos de prova obtiveram compacidade relativa superior a 100%, o que significa que

os índices de vazios dessas amostras foram menores do que o índice de vazios

encontrado por MARQUES e OLIVEIRA (2009), conforme padronizado pela norma

MB 3398:1991. A própria norma adverte que o índice de vazios mínimo absoluto não é

necessariamente obtido pelo procedimento. Os resultados obtidos por TELES (2013)

estão expostos na tabela 3.2.

34
Tabela 3.2 - Resultados obtidos em ensaio de Cisalhamento Simples com a areia de
Hokksund por TELES (2013)

Tensão Normal aplicada Compacidade Relativa Índice de Vazios (e)


(σ) (CR)

25 kPa 110% 0,496

50 kPa 97% 0,538

100 kPa 104% 0,515

200 kPa 95% 0,544

400 kPa 101% 0,526

Adaptado de TELES (2013)

3.1.1.2 A Areia da Praia de São Francisco (Niterói/RJ)

A areia da praia de São Francisco, localizada no município de Niterói (RJ), foi

ensaiada e caracterizada por OLIVEIRA FILHO (1987). Segundo o autor, a formação

deste material se deu por carreamento pelo vento. A areia foi peneirada, selecionando

material de faixa granulométrica entre 0,149 mm e 0,297 mm, correspondentes às

peneiras #100 e #50, respectivamente. Procedeu-se desta maneira para obter um

material fino e uniforme, para fins do ensaio proposto neste trabalho. Foi removida a

parcela residual de finos e impurezas através da lavagem da areia. A composição

mineralógica do material indica origem de gnaisses, rocha que é predominante na região

geológica onde a localidade está inserida. Há presença significativa de quartzo, assim

como de mica biotita. Em menor quantidade, foram identificados minerais escuros,

como a hematita.

35
O autor também caracterizou fisicamente o material. A angulosidade dos grãos

dessa areia é média, variando de subangular a subarredondada. A densidade real dos

grãos foi determinada a partir da média de três ensaios, com pequena dispersão nos

resultados, utilizando o picnômetro. Obteve-se o valor de 2,632, próximo do encontrado

para a areia de Hokksund. Na determinação do índice de vazios mínimo, foram

considerados procedimentos que fossem substitutivos à norma americana ASTM

D2049:1969. Em um destes ensaios, foi empregado um vibrador de peneiras, obtendo

valor para emáx igual a 0,622, enquanto o outro foi baseado na compactação do corpo de

prova em três camadas, chegando a um valor para e min de 0,593. Para determinar o

índice de vazios máximo, o pesquisador utilizou o método estabelecido de

KOLBUSZEWSKI (1948), o qual à época era considerado o ensaio padrão. Obteve-se o

valor para emax de 0,80. O diâmetro médio das partículas é de 0,22 mm.

OLIVEIRA FILHO (1987) procurou entender a relação entre o comportamento

da tensão aplicada, deslocamentos observados e resistência da areia de São Francisco. A

campanha de ensaios para determinação das propriedades mecânicas foi extensa, com

aproximadamente 60 ensaios de compressão triaxial na condição drenada. Os corpos de

prova foram moldados no formato cilíndrico. As relações entre a altura e diâmetro

empregadas foram de 2:1 e de 1,2:1, sendo os diâmetros de 5 ou 10 cm,

respectivamente. Em alguns destes corpos de prova foi empregada lubrificação nas

extremidades. As tensões confinantes aplicadas variaram de 25 a 785 kPa. Foram

apontadas as seguintes observações:

 A variação volumétrica esteve associada com a compacidade das amostras. Nos

corpos de prova com areia fofa houve uma deformação axial da ruptura

significativamente maior do que o percebido nas areias medianamente

compactas e compactas. A expansibilidade da areia fofa ainda é destacada pelo

36
autor, pois foi observado a continuidade da mesma durante o ensaio, enquanto a

literatura prevê outro padrão de comportamento, onde esta variação volumétrica

seria esperada em valores pequenos da tensão desviadora. O autor aponta que

essa areia apresenta quantidade significativa de quartzo – sendo então

denominada de quartzosa. O pesquisador cita os trabalhos de LEE e SEED

(1964) e de DATTA et al. (1979) com areias muito quartzosas, onde foram

obtidos resultados semelhantes. A figura 3.2 mostra como se deu a influência da

compacidade relativa na variação volumétrica durante a realização do trabalho

de OLIVEIRA FILHO (1987).

Figura 3.2 – Variação de volume nos corpos de prova a diferentes compacidades relativas
em função da deformação axial. Fonte: OLIVEIRA FILHO (1987)

 O uso das extremidades lubrificadas foi mais eficiente nos corpos de prova com

relação altura/diâmetro de 1,2:1 nas amostras compactas. Isso permitiu que estes

não fossem interrompidos previamente, com a deformação axial menor do que a

verificada nas amostras fofas. A interrupção se deveu à perda do formato


37
cilíndrico do corpo de prova, o que indica que as deformações e tensões do

mesmo não são uniformes.

 As envoltórias de ruptura, considerando os critérios de Mohr-Coulomb foram

ajustadas para segmentos de retas tangentes os círculos de Mohr-Coulomb para

as tensões nos planos de ruptura. Desta forma, a envoltória a baixas tensões está

mais inclinada, registrando-se um valor de φ’ de aproximadamente 42°. Até a

tensão de ruptura igual a 650 kPa, provocada pela aplicação de pressão igual a

392 kPa, a curva é retilínea e obtém-se o ângulo de atrito efetivo de 35,5°,

enquanto que em valores superiores de tensão o valor obtido foi inferior, de 34°,

havendo entre os dois trechos uma curva de transição. Esta curva, segundo o

autor, é devido à diminuição da dilatância da areia a tensões confinantes

maiores. Sendo a areia fina e quartzosa, a quebra de grãos nessa faixa de valores

não ocorre ou não influencia considerávelmente. Na figura 3.3 está representada

uma das envoltórias de ruptura estabelecidas para o material.

Figura 3.3 – Envoltória de ruptura segundo critério de Mohr-Coulomb para a areia da


praia de São Francisco. Fonte: OLIVEIRA FILHO (1987)

38
3.1.2 A Câmara de Calibração NGI-COPPE/UFRJ

As Câmaras de Calibração são dispositivos que procuram simular as condições

de campo para a realização de ensaios que sejam capazes de obter resultados

compatíveis com os realizados in situ. CHAPMAN (1974) cita dois tipos de câmara de

calibração: as com paredes rígidas e as de paredes flexíveis. O primeiro tipo está

condicionado a não permitir deformações laterais do corpo de prova presente em seu

interior. Isso faz com que o ensaio realizado nesse tipo de câmara seja mais oneroso,

visto que para o efeito de fronteira não influenciar nos resultados, é necessário que as

dimensões sejam grandes o suficiente, demandando maior espaço e disponibilidade do

solo a ser ensaiado, incluindo também a preparação deste corpo de prova.

CHAPMAN (1974) e HOLDEN (1971) afirmam que as câmaras de calibração

com paredes flexíveis, além de apresentarem menores dimensões, possuem condições

de contorno que se aproximam das verificadas em campo, tornando o seu uso mais

aplicável para a situação de interesse. A Câmara de Calibração utilizada está instalada

na COPPE/UFRJ e for cedida na década de 1990 pelo Instituto Norueguês de Geotecnia

(NGI na sigla em inglês). Apresenta paredes flexíveis, quando vazia pesa cerca de 13

kN, sendo capaz de comportar um corpo de prova cilíndrico de diâmetro igual a 1,21 m,

altura de 1,47 m, resultando num volume útil de aproximadamente 1,7 m3. O esquema

da câmara instalada na COPPE é demonstrado na figura 3.4.

39
Figura 3.4 – Esquema da câmara de calibração doada pelo NGI à COPPE/UFRJ. Fonte:
SANTANA, 2015

ZOHRABI (1993) afirma que este tipo de câmara de calibração é composta

pelos seguintes elementos: a base, o pistão e cilindro, o tambor, as membranas, a placa

de topo e a tampa junto com a estrutura de reação. Na figura 3.5 está representado um

corte mostrando a relação e disposição dos componentes.

40
Figura 3.5 – Detalhe relacionando os componentes da câmara de calibração e sua
disposição. FONTE: SANTANA (2015), adaptado de ZOHRABI (1993).

Os trabalhos de SANTANA (2015) e ALVES (2019) foram realizados na

câmara de calibração instalada na COPPE-UFRJ e descrevem detalhes do

funcionamento deste dispositivo. A base da câmara de calibração é composta de uma

placa de seção circular de aço cuja espessura é de 40 mm. Sobre esta, um cilindro de

aço está fixado, sendo que em seu interior há um pistão de aço inoxidável com curso de

115 mm que consegue se movimentar livremente. O corpo de prova é envolvido pelo

tambor, composto de duas paredes cilíndricas e coaxiais, feitas de chás de aço com 6,5

mm de espessura e separadas entre si pela célula de cavidade ao longo do seu

41
comprimento e sendo unidas nas extremidades superior e inferior. Estima-se o

deslocamento lateral médio através da injeção ou expulsão de volume da água nesta

célula de cavidade. Acompanhando sua revolução, há um sulco e um chanfro no topo e

na base, respectivamente. Em cada um desses, está instalado um anel de vedação,

denominado o-ring.

Na face da parede interna, estão fixadas tiras de borracha com seção transversal

de (6 x 6) mm² dispostas ao longo da direção vertical e espaçadas entre si em 14 mm,

formando cinco regiões concêntricas e estanques. A função destas tiras é fornecer

rigidez axial ao corpo de prova equivalente a qual o corpo de prova teria numa situação

real de massa infinita de solo. As dimensões e rigidez apresentadas por estas tiras foram

determinadas através de experimentos realizados com a areia de Hokksund.

Para uniformizar a distribuição de tensões nas laterais do corpo de prova, é

colocada uma cortina de neoprene de 19 mm de espessura, que também separa as tiras

de borracha e outra membrana de neoprene com 2 mm de espessura, que é conhecida

como membrana lateral. A cortina de neoprene possui também a função de moldar o

corpo de prova, sem haver riscos de causar danos à membrana lateral. Entre esta e a

parede interna está situada a célula lateral, a qual possibilita a alteração das tensões

laterais atuantes no corpo de prova através da variação de pressão provocada pelo

preenchimento desse espaço por água. Na figura 3.6 está ilustrada a composição descrita

do tambor.

42
Figura 3.6 – Corte A-A representado na figura 3.5, demonstrando a composição do
tambor. Fonte: SANTANA (2015)

Há outra membrana fina de neoprene de 3 mm de espessura, que é denominada

de membrana de base. Suas bordas são fixadas ao pistão usando-se parafusos de fixação

e um anel metálico. Esta membrana separa a base do corpo de prova, com função

semelhante à membrana lateral. O neoprene que compõe estas membranas é um

material cujas propriedades mais úteis para a finalidade para a qual as membranas foram

projetadas é a impermeabilidade e a flexibilidade. Desta maneira, assegura-se que o

corpo de prova não sofra deformações e não tenha o seu teor de umidade alterado pela

colocação de água na célula lateral.

O espaço entre as cinco áreas concêntricas e a membrana de base é conhecido

como célula de base. Através de mangueiras conectadas a um manômetro, é possível

uniformizar e medir as tensões na base do corpo de prova, anulando os riscos de danos à

membrana de base. Além disso, o objetivo de uniformizar as tensões de base é evitar

que o pistão se incline quando este componente for levantado na operação da câmara.

Uma placa de topo, feita de madeira dura, é colocada entre o corpo de prova e a

tampa da câmara para transferir a esta o carregamento imposto ao corpo de prova. Há

43
uma vedação, semelhante à membrana lateral, na placa de topo, evitando que o corpo de

prova sofra variações em sua umidade provindas da célula lateral, como pode ser

visualizado na figura 3.6. Internamente, existe uma placa circular de neoprene de 19

mm de espessura sobre as regiões concêntricas e outras sob as tiras de borracha que as

delimitam no topo da câmara de calibração. A fixação entre essas e a placa de topo é

feita com parafusos. Há também um orifício central destinado ao acesso de

equipamentos que realizam ensaios de cravação. Além da função de vedação, as palmas

de neoprene uniformizam as tensões distribuídas e moldam o corpo de prova,

possibilitando que as demais membranas não sejam danificadas.

A tampa da câmara de calibração constitui-se numa placa rígida de metal com

um furo no centro para a realização de ensaios. Entre o topo do tambor e a tampa, há

uma interface selada com um anel de borracha. Logo, a tampa da câmara promove a

vedação final da célula lateral.

Há possibilidade de o pistão causar um carregamento axial que supere o peso do

corpo de prova, o que compromete a segurança do ensaio. É utilizada então uma

estrutura de reação para solucionar o problema. A tampa é conectada a essa estrutura

através de um par de macacos hidráulicos cuja alimentação por um multiplicador

hidráulico equilibra o carregamento. Esta estrutura de reação, representada na figura

abaixo, pode também servir como apoio para o sistema de cravação de alguns ensaios

realizados em que seja necessário fazer uso dessa ferramenta, visto que a estrutura de

reação é basculante e está ancorada no piso.

A operação da câmara de calibração baseia-se em três fases: a formação do

corpo de prova, o seu carregamento e o ensaio a ser realizado com o equipamento do

DPL fabricado conforme normatização e procedimentos descritos no capítulo 2.

44
3.1.2.1 O Processo de Formação do Corpo de Prova na Câmara de Calibração

A tampa da câmara deve ser primeiramente retirada com o auxílio da ponte

rolante. Os manômetros instalados na base são saturados, assim como as mangueiras

responsáveis pela alimentação dos mesmos. As bolhas de ar presentes no interior das

mangueiras e do manômetro devem ser desfeitas, e para isso se faz necessária a

circulação de água no sistema, fechando-se os registros da célula de base. O pino de

vedação da válvula central da membrana de base é retirado e é ligada a bomba de vácuo,

que auxilia na expulsão das bolhas de ar e faz aumentar a aderência da membrana com o

sistema de manômetros e o gradiente hidráulico. Com isso, a velocidade de percolação

também é aumentada e se abrem os registros da célula de base, que causa o

extravasamento da água pela válvula central da célula de base.

A pressão de vácuo não deve ultrapassar o valor de 30 kPa para não danificar a

célula de base. O manômetro deve estar com o seu registro fechado para isolá-lo e

prevenir falhas. Deve ser assegurado também que o reservatório da bomba de vácuo não

acumule quantidades significativas de água, visto que o funcionamento da bomba pode

ser comprometido pela entrada de água.

Para auxiliar no processo de retirada do ar, pisoteia-se a base da câmara até que

se consiga lograr esse objetivo. Feito isso, volta-se a fechar os registros e a colocar o

pino da válvula central para saturar a célula de base.

Para a colocação de areia na câmara, recorre-se ao método de pluviação.

Segundo OLIVEIRA FILHO (1987), este procedimento visa verter areia por um

recipiente cuja abertura esteja pré-selecionada. Com esse método, é possível definir a

compacidade relativa do corpo de prova em função de dois fatores principais: abertura

do recipiente (mais influente) e altura de queda da areia. Maiores valores de

45
compacidade do corpo de prova serão obtidos quanto menor for a abertura do recipiente

e/ou maior for a altura de queda da areia. A técnica não é recomendada para solos

granulares cujo coeficiente de não uniformidade seja superior a 5, para não haver riscos

do corpo de prova apresentar regiões de segregação durante a sua formação

(OLIVEIRA FILHO, 1987).

O pluviador da câmara de calibração instalada na COPPE/UFRJ é composto do

alimentador, chapas perfuradas, base e difusor. O desenho em corte que mostra o

esquema do pluviador é mostrado na figura 3.7. Os furos das duas chapas que estão sob

o alimentador estão inicialmente defasados o que faz a areia acumular no mesmo e seja

pluviada na câmara de calibração. Para que efetivamente ocorra a pluviação é

empregado um macaco pneumático para realizar o deslocamento horizontal da chapa

perfurada inferior necessário para que os eixos dos seus furos sejam alinhados com os

da chapa perfurada superior. Isso é obtido aplicando-se uma pressão de ar comprimido

na ordem de 200 a 500 kPa. O procedimento inverso é utilizado após a pluviação,

movendo a chapa inferior móvel para a sua posição inicial.

46
Figura 3.7 – Esquema do pluviador da câmara de calibração NGI-COPPE/UFRJ. Fonte:
SANTANA (2015)

Há disponíveis cinco tipos de chapa superior, cada qual com o seu respectivo

valor de diâmetro dos furos. Dessa forma, é possível formar corpos de prova com cinco

valores de compacidade relativa distintos entre si. A areia atravessa a base do pluviador

na forma de jatos, caindo de uma altura em torno de 75 cm, atingindo o difusor. Esse

componente é formado por duas telas circulares com malha retangular fina e afastados

entre si em 20 cm, havendo também uma defasagem de 45° entre ambas. Esse arranjo

promove a dispersão dos grãos de areia, permitindo a homogeneização do corpo de

47
prova. Quanto menor o diâmetro da chapa superior, maior será a duração do processo de

pluviação, que pode demorar até uma hora.

A areia é inserida no pluviador colocando-a em sacos de aproximadamente 5 kN

de peso cada. Para cada saco deve-se realizar o seguinte procedimento de verificação do

peso com o auxílio do dinamômetro. Este deve ser instalado sobre o saco de areia e sob

o gancho da ponte rolante, que segue e arreia o saco, deixando-o apoiado no chão para

determinar o zero da leitura do dinamômetro. Novamente se ergue o saco,

posicionando-o na altura do olho da pessoa que efetua a medição. Recomenda-se

realizar três leituras para cada saco, registrando-se a constante do dinamômetro e a

identificação do saco de areia. O peso efetivamente inserido na câmara de calibração é

resultado da média aritmética das três medidas menos o peso do saco contendo a areia

excedente do processo de pluviação, a qual é medida também através três leituras com o

dinamômetro, e também da perda estimada em 0,01 kN a cada ensaio. Conhecido o

volume útil da câmara de calibração, é possível determinar o peso específico do corpo

de prova. Estima-se que esse procedimento demande cerca de uma hora e meia.

Terminada a pluviação, o topo do corpo de prova deve ser rasado, deixando-o no

nível 6 cm abaixo do bordo superior da câmara de calibração. A tampa é recolocada

cuidadosamente com o auxílio da ponte rolante e da chave inglesa. A estrutura de

reação é empregada para impedir a movimentação da tampa. Para isso, são conectados

macacos hidráulicos entre a tampa e a estrutura de reação e acionado o multiplicador

hidráulico que alimenta esses macacos.

3.1.2.2 O Carregamento do Corpo de Prova na Câmara de Calibração

É utilizada água para preencher a célula de base do pistão, a célula lateral e a

célula de cavidade. Permite-se a percolação da água por um intervalo de tempo e para

48
isso é empregada uma bomba de vácuo conectada aos orifícios de saída de ar de cada

uma das células enumeradas, visto que a presença de bolhas de ar não é recomendável

para a realização do carregamento. Os orifícios são conectados a manômetros, que por

sua vez devem ser isolados quando é aplicado vácuo para não danificá-los. Outra

precaução mencionada na etapa de formação e que deve ser repetida na fase de

carregamento é evitar o acúmulo de água no reservatório da bomba de vácuo. O

processo de saturação é demorado: para a célula de base dura cerca de três horas e para

as demais células citadas, duas horas.

A pressão na célula de base pode ser alterada através de uma célula preenchida

com água. Esta recebe pressão de ar comprimido e a transmite para o fluido contido em

seu interior. Desta maneira, é denominada de reservatório de ar e água de pressão

vertical. Já a pressão das células lateral e de cavidade é alterada por meio de outra célula

com princípio de funcionamento igual ao descrito anteriormente, recebendo entretanto

outro nome: reservatório de ar e água de pressão lateral. Ambos possuem pressão de

operação de 1000 kPa e sua alimentação deve ser realizada de modo a deixar água

percolando de forma a eliminar quaisquer bolhas de ar no interior das mesmas. Na

figura 3.8 estão ilustrados os reservatórios mencionados.

Figura 3.8 –Reservatório de ar e água de pressão lateral (à esquerda); reservatório de ar e


água de pressão vertical (à direita). Fonte: ALVES (2019)

49
GHIONNA e JAMIOLKOWSKI (1991) citam que existem quatro condições de

contorno válidas para ensaios em câmaras de calibração, as quais são apresentadas na

tabela 3.3. No que está associado ao acréscimo de tensão radial no solo provocado pelo

ensaio, as condições de contorno 1 e 3 representam, respectivamente, os limites inferior

e superior relativos à condição de campo, segundo ZOHRABI (1993). O autor também

afirma que para a deformação radial no solo, a condição de contorno 1 representa o

limite superior da condição de campo e a 3, a inferior.

Tabela 3.3 – Condições de contorno para ensaios em câmaras de calibração (GHIONNA e


JAMIOLKOWISKI, 1991)

Condição de Contorno Restrição Lateral Restrição de Base

1 Tensão Constante (Δσr = 0) Tensão Constante (Δσv =0)

2 Deformação Nula (εr = 0) Deformação Nula (εv = 0)

3 Deformação Nula (εr = 0) Tensão Constante (Δσv =0)

4 Tensão Constante (Δσr = 0) Deformação Nula (εv = 0)

3.2 Caracterização do Campo Experimental na praia de Copacabana

A escolha da praia de Copacabana como campo experimental deve-se ao

interesse por parte do Laboratório de Ensaios de Campo e Instrumentação Professor

Márcio Miranda Soares em desenvolver pesquisas em solos granulares, o que resultou

na produção de trabalhos de componentes do Laboratório de Ensaios de Campo e

Instrumentação neste local, dada a sua importância geográfica e cultural.

GOLDBACH (2016) desenvolveu um banco de dados composto de sondagens à

percussão e ensaios de piezocone (CPTU), realizado com equipamento que associa ao

cone do CPT transdutores capazes de medirem a poropressão na camada de solo. Foram

50
realizados três ensaios SPT e dois de piezocone, em região próxima à rua Princesa

Isabel. As 29 amostras representativas obtidas nos ensaios SPT realizados foram

submetidas a ensaios de determinação do teor de umidade, da densidade real dos grãos,

da granulometria, da angulosidade e mineralogia dos grãos. A campanha de ensaios foi

realizada no Laboratório Fernando Emmanuel Barata e no Laboratório de Geotecnia

Prof. Jacques de Medina.

GOMES (2016) realizou campanha de ensaios de deformação com o dilatômetro

de Marchetti (DMT), e ensaios de resistência com o piezocone (CPTU) em região

próxima, tendo seu campo experimental na praia de Copacabana, altura do bairro do

Leme. Este último ensaio oferece dados referentes à resistência de ponta (q c) e atrito

lateral (fs) através de células de carga acopladas ao cone, que são mostradas na figura

3.9. Nessa configuração, denominada de convencional, a célula de carga de ponta

trabalha à compressão, enquanto que a de atrito funciona à tração.

Figura 3.9 – Esquema da configuração convencional do cone elétrico. Fonte: JANNUZZI e


DANZIGER (2017), adaptado de SCHAAP e ZUIDBERG (1982)

Os dados obtidos por GOMES (2016) de resistência de ponta e de atrito lateral

no ensaio com o piezocone são apresentados, em forma de gráfico, na figura 3.10.

51
Figura 3.10 – Resultados de resistência de ponta e de atrito lateral obtidos em ensaio
CPTU na areia da praia de Copacabana. Fonte: GOMES (2016)

A densidade real dos grãos foi obtida por GOLDBACH (2016) através de ensaio

com o picnômetro para cada amostra. Foram encontrados valores típicos de 2,64 a 2,66.

De acordo com LAMBE e WHITMAN (1969), essa faixa de valores corresponde à

densidade de minerais como o quartzo. Assim como a areia da praia de São Francisco,

estudada por OLIVEIRA FILHO (1987), o material da praia de Copacabana pode ser

classificada como uma areia quartzosa. Os ensaios granulométricos foram realizados no

Laboratório Fernando Emmanuel Barata, sendo realizado apenas o peneiramento fino,

pois 100% do material das amostras era passante na peneira #10 (2,00 mm). A curva

granulométrica plotada corresponde à curva de uma areia média, apresentando D50

médio de 0,30 mm como pode ser verificado na figura 3.11, em que é comparada a

curva granulométrica da areia de Copacabana de acordo com PINTO (2006) às curvas

cujos pontos são as amostras obtidas em cada ensaio SPT realizado por GOLDBACH

(2016).

52
Figura 3.11 – Curvas granulométricas das amostras da areia de copacabana obtidas por
GOLDBACH (2016), em conjunto com a curva obtida por PINTO (2006). Fonte:
GOLDBACH (2016)

GOMES (2016), por sua vez, realizou classificação granulométrica usando

amostras coletadas sob placas de 30 cm, 60 cm e 80 cm destinadas à provas de carga. O

campo experimental considerado nesta pesquisa estava em localização diferente, mas

próxima do campo utilizado por GOLDBACH (2016). A curva obtida está exibida na

figura 3.12.

53
Figura 3.12 – Curvas granulométricas de amostras de areia da praia de
Copacabana, altura do Leme. Fonte: GOMES (2016)

A areia empregada por GOMES (2016) também é média, mas verifica-se que o

D50 é ligeiramente maior do que a areia estudada por GOLDBACH (2016). A areia de

Copacabana também é considerada muito compacta.

A classificação dos grãos de areia quanto à sua angulosidade foi determinada por

GOLDBACH (2016) usando imagens de microscopia digital associadas ao gabarito

proposto por F. J. Pettijohn e exposto em LAMBE e WHITMAN (1969), o qual está

representado na figura 3.13. Nesta figura, A corresponde à classificação de grãos

angulares e E, a de grãos bastante arredondados. Neste estudo, concluiu-se que os grãos

possuem formato subarredondado (C) a arredondado (D).

54
Figura 3.13 – Gabarito para classificação da angulosidade dos grãos, proposta por F. J.
Pettijohn. Fonte: LAMBE e WHITMAN (1969)

A classificação mineralógica das amostras foi realizada no Laboratório de

Amostras Geológicas do Departamento de Geologia da UFRJ. Para identificar os

elementos formadores das amostras obtidas, realizou-se separação para posterior

classificação das frações pesadas. As frações leves são compostas de quartzos em pelo

mais 90% da composição da areia amostrada. Por isso procedeu-se à separação das

proções quartzosas para classifical o material quanto à sua gênese. Na fração pesada foi

detectada a predominância de hematita e magnetita. Em comparação, na areia da praia

de São Francisco foi verificada predominância de hematita e biotita.

Geologicamente, a região da praia de Copacabana está cercada de afloramentos

rochosos incluídos na suíte Rio de Janeiro (Nγ2r) e no complexo Paraíba do Sul –

unidade São Fidélis (MNps), segundo CUNHA e SILVA (2001). De acordo com os

autores, a suíte inclui rochas metamórficas granitóides foliados e ortognaisses

resultantes da derivação crustal dos granitos: Pão de Açúcar (pa) e Corcovado (co),

55
além do leucogranito gnáissico Cosme Velho (cv). Os granitos constituem um dos

principais plútons expostos da região Sudeste, estendendo para Niterói, onde se situa a

praia de São Francisco. Já MNps, presente no contato transicional entre as rochas

metamórficas e o granito Pão de Açúcar, compreende metassedimentos detríticos:

granada-biotita-silimanita e gnaisses quartzo-feldspáticos.

A região da praia de Copacabana está também inserida num depósito fluvio-

lagunar (Qhfl), formado por episódios de avanço de cursos d’água em um ambiente

transicional ou marinho raso, possivelmente decorrente de variações climáticas,

glaciares ou do nível médio do mar. Em termos litológicos, corresponde a uma área de

sedimentação superficial de areias, localizadas acima de areias biodetríticas e

sedimentos argilosos de fundo lagunar. A carta para a região onde está situado o campo

experimental está representada na figura 3.14.

Figura 3.14 – Mapa geológico para a região do campo experimental na praia de


copacabana. Fonte: CUNHA e SILVA (2001)

56
3.3 A Verificação para Atendimento do Critério Mínimo de Dimensionamento

de Fundação Usando o Ensaio DPL

A norma brasileira 6122:1996 estabelece os critérios para o projeto e execução

de estruturas diversas, incluindo as edificações destinadas às moradias do projeto

Solução Habitacional Simples (SHS). Nas fundações superficiais, consideradas para o

projeto de fundações considerado, a carga é transmitida pelas tensões distribuídas sob a

área da base da fundação. Uma característica importante desses elementos é que a

profundidade de assentamento é inferior ao dobro da menor dimensão.

A carga deverá ser admissível em relação a dois fatores: a resistência e o

deslocamento máximo. Para a sua determinação, é preciso levar em conta a

profundidade da fundação, bem como suas dimensões e forma da mesma, assim como o

conhecimento adequado das camadas de terreno abaixo do nível da fundação. Também

deve-se compatibilizar a carga admissível com a rigidez apresentada pela estrutura e os

recalques admissíveis para o projeto estrutural da edificação.

O tipo de fundação considerado neste projeto é do tipo bloco corrido, cuja

projeção no solo tem formato retangular e um dos lados é muito maior do que o outro.

Desta maneira, a carga é distribuída linearmente, ao longo da maior dimensão. Nessa

tipologia de fundação, deve-se assegurar no dimensionamento que as tensões de tração

atuantes sejam resistidas pelo concreto, sem a necessidade de armar a estrutura feita

deste material. O bloco é constituído de concreto com aditivo impermeabilizante,

misturado no local da obra manualmente ou com betoneira. Há também uma camada de

regularização com concreto magro de 5 cm. A mistura é lançada nas valas destinadas às

fundações cujas formas utilizadas são incorporadas. Segundo a NBR 6122, o bloco pode

ter suas faces escalonadas, inclinadas ou verticais, optando-se pela última forma.

57
No projeto desenvolvido no âmbito do SHS, desenvolvido por BENVENUTI

JUNIOR, DANZIGER e DI GREGÓRIO (2018), procurou-se associar paredes que

apresentassem mesmo alinhamento para determinar as cargas distribuídas linearmente

que serão transferidas a um bloco de fundações. Foi considerado também o caso de

edificações geminadas. Desta maneira, definiu-se que a carga distribuída de cada

alinhamento é o somatório da carga das paredes que compõem o alinhamento, dividido

pelo comprimento do mesmo. A figura 3.15 apresenta a disposição das paredes para um

módulo habitacional proposto pelo projeto SHS.

Figura 3.15 – Planta de módulo habitacional do SHS onde é representada a disposição das
paredes na casa. Fonte: BENVENUTI JÚNIOR et al. (2018)

Para comportar as hipóteses de projeto, como a não necessidade de armação na

fundação e o fato de que a maior parte dos solos apresente capacidade de carga

suficiente para atender aos requisitos estabelecidos pela norma brasileira, adotou-se uma

58
tensão básica de trabalho das fundações igual a 40 kPa. A NBR 6122 na sua edição de

1996 estabelece valores para se ter uma ideia inicial da faixa de valores correspondentes

para dados tipos de solos. A tabela relacionando estes valores em MPa, correspondentes

a 1000 kPa, é apresentada na figura 3.16. Destaca-se que o menor valor apresentado, de

100kPa, é 250% maior do que a pressão básica definida.

Figura 3.16 – Tabela da NBR 6122 estabelecendo os valores para estimativa das

pressões básicas para 15 tipos de solos. Fonte: NBR 6122:1996

A largura das fundações foi pré-dimensionada a partir da razão entre a carga

distribuída atuante e a pressão básica de trabalho. A menor largura encontrada foi de

10,22 cm e a maior, de 38,00 cm. As larguras adotadas devem ser iguais ou superiores

aos valores encontrados no pré-dimensionamento, e isso se dá em função de fatores de

ponderação usados no cálculo da carga de ruptura.

59
De acordo com as premissas adotadas, considera-se para fins de projeto que o

solo possui baixa capacidade de carga. Optou-se pelo método de Vesic

(WINTERKORN e FANG, 1975), pois o modo de ruptura pode ser localizada ou

generalizada, e o método empregado avalia os efeitos da compressibilidade do solo, sem

que seja necessário partir-se de uma hipótese de como a fundação poderá se romper. A

análise desprezou a coesão do solo, considerou um ângulo de atrito de 28° e um peso

específico do solo de 17 kN/m³. A profundidade de assentamento foi definida em 35

cm.

Foram adotadas larguras de 40, 50 e 55 cm, considerando-se os seguintes

fatores: capacidade de carga, forma, excentricidades nas cargas horizontais e verticais

atuantes. Por ausência de dados, a compressibilidade foi considerada de forma muito

conservadora e os efeitos da profundidade de assentamento foram desconsiderados no

cálculo final a favor da segurança. As cargas de ruptura encontradas foram maiores do

que a tensão de trabalho, resultando num fator de segurança maior ou igual a 3,0, que é

o valor mínimo considerado pela norma brasileira para atestar que a fundação atende ao

estado limite de ruptura. Um esquema da fundação em blocos corridos do projeto SHS

está representado na figura 3.16.

60
Figura 3.17 - Esquema do bloco corrido empregado no projeto de um dos modelos de
habitações do projeto SHS. Fonte: BENVENUTI JUNIOR et al. (2018)

Propões-se o uso do DPL para a realização de ensaios, visando a validação do

projeto de fundações para a implantação do empreendimento SHS. Considera-se que o

equipamento possua as dimensões padronizadas, dentro das tolerâncias estabelecidas

pela referência internacional da ISSMFE (1989) e pelas normas aplicáveis: a DIN 4094

da Alemanha e a ISO 22476-2 (2005). Da mesma forma que as dimensões, a operação

do equipamento também deve seguir essa padronização. Considerou-se a medição do

número de golpes para o avanço a cada 10 cm (N10).

Para que seja considerada uma tensão básica no solo de 50 kPa, é preciso que

seja satisfeita a seguinte condição: o N10 registrado deve ser de no mínimo seis golpes

numa faixa de solo que possua até 5 m de profundidade. Destaca-se que esse valor de

tensão básica, ainda que maior do que na análise do projeto SHS, corresponde à metade

do valor mínimo que consta na tabela da NBR 6122 (versão de 1996) apresentada na

figura 3.16. Desta forma, mantém-se a aplicabilidade do projeto de habitação para

grande parte dos solos encontrados, garantindo às casas segurança estrutural e

garantindo que as fundações da casa sejam dimensionadas respeitando a capacidade de

carga do solo.

61
4. A Fabricação do Equipamento e Realização do Ensaio DPL no

Campo Experimental

4.1 Processo de Fabricação do Equipamento DPL

4.1.1 Projeto do Equipamento DPL

Primeiramente, buscaram-se fornecedores do equipamento no exterior ou no

Brasil. No entanto, constatou-se que:

 A maioria dos fornecedores no Brasil comercializam equipamentos cujas

especificações não atendem ao disposto na referência internacional da

ISSMFE (1989) ou das normas DIN 4094 e ISO 22476-2, não sendo então

possível o emprego desses equipamentos segundo a finalidade deste

trabalho.

 Caso fosse buscado o fornecimento do equipamento conforme as normas

citadas, os custos de importação seriam superiores ao custo do equipamento.

Também poderia haver uma restrição quanto ao prazo de entrega, cuja

possibilidade de ser prorrogado é bastante alta.

Desta forma, optou-se por desenvolver o projeto do equipamento conforme a

normatização citada e descrita neste trabalho, seguindo os critérios dimensionais e

respectivas tolerâncias conforme descritas no quadro 2.1.

A referência internacional da ISSMFE (1989) recomenda que o material das

hastes deve conter aço de alta resistência, devidamente temperado para evitar desgaste

devido aos sucessivos golpes. Deve apresentar resistência a altas temperaturas e também

resistência à fadiga. As hastes devem ser retas, cada uma tendo comprimento igual a um

metro. A referência recomenda que as hastes contenham um furo nas regiões próximas a

62
seu eixo, para reduzir o peso e permitir a injeção de lama bentonítica para eliminar a

influência do atrito lateral durante a realização do ensaio. No entanto, a fabricação ou

fornecimento de uma haste com furação de uma ponta a outra pode se tornar dificultosa,

devido ao próprio processo de usinagem desta peça. Assim sendo, a referência em

questão permite o uso de barras sólidas como hastes, o que também está consolidado no

uso corrente deste equipamento. Desta forma, o aço utilizado na fabricação do

equipamento utilizado neste trabalho foi o aço SAE 1045, temperado. Este aço

apresenta um custo competitivo atingindo bons patamares de resistência mecânica (entre

570 e 700 MPa), além de médio teor de carbono.

4.1.2 Resultado Final da Fabricação do Equipamento DPL

O projeto das peças do equipamento fabricado, a saber: ponteira cônica,

composição de hastes, cabeça de bater, martelo e guia, está apresentado com detalhes no

no ANEXO 1 deste trabalho. Como a profundidade da câmara de calibração a ser

empregada na validação proposta por este trabalho é de 1,50 m, optou-se pela

fabricação inicial de duas hastes, cada uma com um metro. A cabeça de bater e a

ponteira, ambas conectadas à haste estão apresentadas na figura 4.1.

63
Figura 4.1 – Ponteira cônica (à esquerda) e cabeça de bater (à direita) do equipamento
DPL fabricado conectadas à haste

Também procurou-se atentar para detalhes que ajudassem na operação adequada

do equipamento. Considerou-se a conexão das peças que constituem o equipamento.

Optou-se por empregar roscas quadradas e na conexão das hastes foi dimensionado um

conector para a associação das hastes. Na figura 4.2 estão representados os componentes

desassociados das hastes, assim como a configuração para a rosca adotada.

Figura 4.2 – Ponteira (à esquerda) e cabeça de bater (à direita) separadas das hastes.
Detalhe do rosqueamento do equipamento

64
Segundo a referência internacional da ISSMFE (1989), deve ser respeitada uma

precisão na medida da profundidade alcançada durante o ensaio de 0,02m. O

equipamento fabricado também conta com marcações a cada 10cm para auxiliar na

contagem do número de golpes necessários para o avanço deste valor no subsolo. A

figura 4.3 apresenta a marcação e verificação de seu comprimento.

Figura 4.3 – Detalhe da marcação realizada nas hastes a cada 10cm para facilitar a
identificação e registro do N10

Foi também criada uma peça de adaptação para a associação das hastes, que está

representada na figura 4.4. Essa peça foi projetada para oferecer uma ligação firme entre

as hastes, permitindo a ligação necessária para a boa realização do ensaio.

Figura 4.4 – Adaptação fabricada para ligação das hastes do equipamento DPL

O conjunto do martelo e a guia para a queda está apresentado na figura 4.5. O

suporte para levantamento do martelo foi dimensionado para permitir segurança e boa

realização do ensaio, procurando otimizar o processo de queda do martelo. A guia

possui uma folga de aproximadamente 2mm, permitindo centralidade no processo de

queda e redução do atrito entre guia e martelo, assegurando uma transmissão eficiente
65
de energia potencial. Desta forma, busca-se um controle da energia por golpe, conforme

estabelecido na referência internacional da ISSMFE. Por sua vez, na figura 4.6 é

representada a verificação da altura de queda de (50±1)cm no guia do martelo.

Figura 4.5- Martelo e guia do equipamento DPL fabricado

Figura 4.6 – Verificação da altura de queda no equipamento de DPL montado

66
Por fim, na figura 4.7 estão representadas todas as partes do equipamento

montadas e devidamente conectadas, da forma como é operado durante o ensaio em

campo com o uso de uma haste.

Figura 4.7 – Equipamento DPL montado com todos os componentes associados

67
4.1.3 Verificação de Dimensões e Massas após a Fabricação

Após ter recebido o equipamento da oficina, procedeu-se à verificação

dimensional e de massas de componentes específicos do equipamento. Esse

procedimento teve como objetivo avaliar a conformidade do equipamento com as

diretrizes estabelecidas em projeto. Levaram-se em conta também o estabelecido na

referência internacional da ISSMFE e na norma alemã DIN 4094 e sua respectiva ISO

(22476-2).

Na tabela 4.1 estão apresentados os parâmetros que passaram por esta avaliação.

Confirmou-se a conformidade com o projeto elaborado, consideradas as tolerâncias

estabelecidas. Foram utilizados instrumentos de medida do Laboratório Marcio Miranda

Soares, tais como o paquímetro digital, balança eletrônica e trena.

Tabela 4.1 – Dimensões e tolerâncias adotadas no projeto de equipamento DPL

Martelo e guia
Massa do Martelo 10 ± 0,1 kg
Diâmetro 101,4 ± 1,0 mm
Comprimento 155 ±1 mm
Massa da guia <1 ± 0,1 kg
Diâmetro 12 ±2 mm
Comprimento 800 ± 50 mm
Cabeça de Bater
Massa 0,99 ± 0,01* kg
Diâmetro 51,0 ± 1,0 mm
Comprimento 68 ± 1 mm
Composição de Hastes
Massa (haste) 3,00 ± 0,01* kg
Diâmetro Externo 22,0 ± 0,2 mm
Roscas Quadradas
Ponteira Cônica
Ângulo do Vértice 90 ± 1 °
Diâmetro 35,7 ± 0,3 mm
Comprimento antes da inclinação 35,7 ± 1 mm
Inclinação 11 ± 1 °

68
4.2 Realização dos Ensaios com o DPL no Campo Experimental de

Copacabana

4.2.1 Localização do Campo Experimental e Descrição do Ensaio

Foram realizados dois ensaios com o equipamento DPL fabricado no campo

experimental na praia de Copacabana, que também foi utilizado por GOMES (2016). A

escolha do local foi prevenir o choque do equipamento com pedras, que foram

encontradas neste trabalho na região estudada por GOLDBACH (2016). Além disso,

foram comparadas a resistência de ponta da ponteira do DPL (qD) e a resistência de

ponta do piezocone (qC) no ensaio realizado por GOMES (2016).

Os ensaios foram realizados no dia 17 de março de 2019, tomando dois pontos

como referência: uma lixeira fixa e um poste. Ambos estão representados na figura 4.8.

Na figura 4.9 está representada a localização dos ensaios usando o programa Google

Earth. Leva-se em conta o alinhamento com os pontos de referência, estando os pontos

onde foram realizados os ensaios espaçados em cerca de 3m. Ressalta-se que as imagens

são do ano de 2018. um croqui esquemático da localização dos ensaios.

Figura 4.8 – Pontos de referência dos ensaios realizados no campo experimental

69
Figura 4.9 – Localização dos ensaios retirados a partir do programa Google Earth

Foi também elaborado um croqui esquemático do ensaio, que é mostrado na

figura 4.10. Observou-se que houve mudanças desde que foi realizado a campanha de

ensaios por GOMES (2016). As traves de uma quadra de vôlei de praia foram retiradas

e deslocadas. Além disso, quando foram realizados os ensaios deste trabalho, havia uma

barraca de comércio de alimentos, cujo centro estava alinhado à nova posição das

traves. Foi acrescentado ao croqui a localização do ensaio de piezocone realizado por

GOMES (2016).

Figura 4.10 – Croqui elaborado com a posição dos dois ensaios DPL realizados,
comparado com a localização do ensaio CPTU realizado por GOMES (2016)

70
4.2.2 – Realização do ensaio

Os ensaios foram realizados de acordo com a referência internacional da ISSMFE

(1989). As etapas são resumidas a seguir:

1) A cravação do cone se dá por meio de repetidos golpes do martelo de massa 10

kg.O martelo tem um furo que passa pelo eixo longitudinal com folga de 1,0 mm. A

queda deste martelo é de uma altura de 50 cm. O martelo golpeia uma base metálica

cilíndrica (cabeça de bater) rosqueada na primeira haste imediatamente acima do nível

do solo.

2) Conta-se o número de golpes para que o cone penetre 10 cm no solo. Esse valor

é anotado na planilha de campo com o nome de N10.

3) A cravação do cone deve ocorrer continuamente no solo. A velocidade de

cravação deve ser mantida constante entre 15 e 30 golpes por minuto.

4) Toda interrupção deve ser anotada. Todos os fatores que podem influenciar a

resistência à penetração (por exemplo correto rosqueamento das hastes, verificação das

hastes serem retilíneas, etc.) devem ser checados.

5) As hastes devem ser giradas de uma volta e meia a cada metro para manter o

furo na vertical e retilíneo durante a cravação e para reduzir o atrito lateral.

A figura 4.11 ilustra a realização do ensaio de DPL na areia de Copacabana.

71
Figura 4.11 – Realização do ensaio DPL no campo experimental localizado na praia de
Copacabana, altura do Leme

A realização dos ensaios no campo experimental apresentou problemas quanto à

execução, aos quais são apontadas sugestões para a otimização do ensaio. Esses

aspectos são, a saber:

 A adaptação para conexão das hastes acarretou num segmento de 11 cm,

como pode ser vista na figura 4.12. o que foi corrigido no ensaio a partir

da chegada do ensaio ao primeiro metro de profundidade, como pode ser

verificado nas tabelas 4.1 e 4.2. Essa correção evitou a propagação de

erros, mas não é desejável na prática experimental com o equipamento,

devendo ser reavaliado o desenho dessa conexão entre as hastes;

 Percebeu-se a necessidade de uma guia, composta de uma chapa com

furo de diâmetro um pouco maior que as hastes que é posicionada no

nível do furo para garantir que a verticalidade das hastes seja mantida, o

que influencia na aplicação centrada da força referente ao peso do

martelo em queda. Sugere-se fabricar a guia para para os próximos

ensaio com este equipamento;

72
 A adaptação da conexão entre as hastes provocou pequena inclinação do

conjunto composto pela segunda haste e a cabeça de bater. Essa

inclinação provoca uma excentricidade no ponto de aplicação da força

em relação ao eixo central do equipamento, ao qual a ponta do

equipamento está alinhada. A garantia de centralidade é fundamental

para a geração de um conjunto de dados que esteja condizente de forma

total com a realidade do comportamento da resistência dinâmica do solo.

Propõe-se mudar a configuração das pontas das hastes. Deverá ser

prevista haste que possua uma extremidade macho e a outra, fêmea;

 A retirada do equipamento depois da realização do ensaio foi dificultosa,

pela ausência de uma chave de grifo ou de um braço de alavanca capaz

de superar o atrito da parte cilíndrica do cone com um material arenoso

de elevada compacidade relativa. Foi necessário preencher

completamente o furo com água de forma a reduzir as tensões de

cisalhamento geradas naquela parte e ir puxando as hastes rotacionando-

as em torno do eixo central. Esse procedimento mostra-se muito

dificultoso e prejudicial à vida útil do equipamento, sendo necessário

realizar a retirada com instrumentos adequados;

 O rosqueamento da ponteira cônica com a primera haste foi danificado

ao final do segundo ensaio. Estava prevista a realização de mais um

ensaio até a profundidade de 1 m após os dois ensaios (DPL-01 e DPL-

02) a 2 m de profundidade, o que não foi possível devido aos danos na

rosca. Está previsto o conserto dessa rosca, assim como se propõe

melhorar o sistema de rosqueamento nessa parte do equipamento, visto

que esse fator mostrou-se crítico na realização do ensaio.

73
74
5. Apresentação e análise dos Resultados

Os dados de N10 para os ensaios foram tabelados e plotados. No primeiro ensaio

realizado (DPL-01), registrou-se uma descida de 10 cm só com o peso próprio do

equipamento. Já no segundo ensaio, a descida registrada foi de 5 cm. Além disso, a

adaptação entre as duas hastes, mostrada na figura 4.4, criou um segmento de 11 cm, o

que pode ser verificado na figura 5.1. Dessa forma, registrou-se o número de golpes

para a descida dessa diferença para que fossem propagados os erros. Os dados referentes

a DPL-01 são mostrados na tabela 5.1 e a DPL-02, na tabela 5.2. Os gráficos

correspondentes são exibidos nas figuras 5.2 e 5.3, respectivamente. Também é

apresentado um gráfico comparando os resultados dos dois ensaios realizados na figura

5.4.

Figura 5.1 – Medida do segmento de conexão entre as duas hastes

Tabela 5.1 - Resultados de N10 no ensaio DPL-01

Profundidade (m) N10


0,10 0
0,20 2
0,30 4
0,40 8
0,50 8
0,60 10
0,70 10
0,80 10
0,90 11

75
1,00 10
1,10 12
1,20 15
1,21 17
1,31 12
1,41 9
1,51 12
1,61 14
1,71 15
1,81 18
1,91 23
2,01 21

N10
0 5 10 15 20 25
0,00

0,50
Profundidade (m)

1,00

1,50

2,00

2,50

Figura 5.2 – Gráfico relacionando o N10 com a profundidade para DPL-01

Tabela 5.2 - Resultados de N10 no ensaio DPL-02

Profundidade (m) N10


0,10 1
0,21 2
0,30 4
0,40 5

76
0,50 5
0,60 7
0,70 8
0,80 8
0,90 8
1,00 10
1,01 12
1,11 12
1,21 9
1,31 12
1,41 13
1,51 12
1,61 11
1,71 17
1,81 20
1,91 21
2,01 21

N10
0 5 10 15 20 25
0,00

0,50
Profundidade (m)

1,00

1,50

2,00

2,50

Figura 5.3 – Gráfico relacionando o N10 com a profundidade para DPL-02

77
N10
0 5 10 15 20 25
0,00

0,50
Profundidade (m)

1,00 DPL-01
DPL-02

1,50

2,00

2,50

Figura 5.4 – Gráfico comparando os resultados de N10 obtidos nos ensaios DPL-01 e DPL-
02

Buscou-se também estabelecer comparações dos resultados do ensaio DPL

realizados para este trabalho com os dados de resistência de ponta obtidos por GOMES

(2016). O gráfico comparativo é mostrado na figura 5.5. O cálculo da resistência de

ponta do ensaio DPL foi calculada a partir da fórmula dos holandeses, conforme

recomendação da referência internacional da ISSMFE (1989) e mostrada na equação 1

deste trabalho. Ressalta-se que enquanto a resistência qD é referente a um ensaio

dinâmico, a resistência qC está associada a um ensaio estático (VIANA DA FONSECA,

1996), mas que costuma-se correlacionar os parâmetros qD e qC (WASCHKOWSKI,

1983). Segundo o primeiro autor, a hipótese deste trabalho é válida para solos

homogêneos e de origem sedimentar.

78
qc e qd (kPa)
0,0 5000,0 10000,0 15000,0
0,000

0,500

CPT-01 (GOMES,
2016)
1,000
Profundidade (m)

DPL-01 (2019)

DPL-02 (2019)

1,500

2,000

2,500

Figura 5.5 – Gráfico comparativo da resistência de ponta obtida nos ensaios com o DPL
(qD) e da resistência de ponta do cone (q C) obtida por GOMES (2016)

Também procurou-se obter a razão entre a resistência de ponta do cone obtida

por GOMES (2016) com o N10, procurando-se obter uma correlação entre os dois

ensaios. Este resultado é apresentado nos gráficos das figuras 5.6, 5.7 e 5.8 junto com a

equação da reta e o coeficiente de correlação (R²) correspondentes. Também foi

realizada filtragem nos dados usando o método das diferenças de TUKEY(1977),

empregado por LINGWANDA et al. (2015). Para DPL-01, foram excluídos dois valores

por estarem distanciados em relação à média superior ao dobro do desvio padrão,

79
referentes às profundidades 0,10m (N10 = 0) e 1,91m (N10 = 23). Já para DPL-02, todos

os dados foram utilizados, pois atendiam ao critério estabelecido pelo método das

diferenças de Tukey.

16

14

12

10
qc (MPa)

8 qc= 0,7591N10 + 0,1977


R² = 0,8205
6

0
0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20
N10

Figura 5.6 - Correlação entre o N10 obtido no ensaio DPL-01 sem a correção pelo método
das diferenças de TUKEY (1977) com a resistência de ponta de cone obtida por GOMES
(2016)

80
16

14

12

10 qc = 0,6646N10 + 1,4226
qc (MPa)

R² = 0,8998
8

0
0 5 10 15 20
N10

Figura 5.7 - Correlação entre o N10 obtido no ensaio DPL-01 corrigido pelo método das
diferenças de TUKEY (1977) com a resistência de ponta de cone obtida por GOMES
(2016)

18
16 qC = 0,7379N10 + 1,233
R² = 0,8128
14
12
qc (MPa)

10
8
6
4
2
0
0 5 10 15 20 25
N10

Figura 5.8 – Correlação entre o N10 obtido no ensaio DPL-02 corrigido pelo método das
diferenças de TUKEY (1977) com a resistência de ponta de cone obtida por GOMES
(2016)

Os coeficientes de correlação obtidos estão entre 0,80 e 0,90, relativamente

próximos de 1, podendo ser indicativo de uma boa correlação. No entanto, não há um

81
consenso internacional de uma escala referencial para interpretação do coeficiente de

correlação e o coeficiente não necessariamente demonstra a credibilidade da correlação

encontrada, visto que relações que não sejam lineares podem apresentar altos valores de

R², segundo SANTOS(2017).

Ressalta-se também que a partir dos gráficos expostos nas figuras 5.2 e 5.3

verificou-se uma variação dos valores de N10 na faixa de profundidade entre 1,00m e

1,50m. Neste intervalo, tanto em DPL-01 quanto em DPL-02, verificou-se uma redução

em N10, seguida de aumento. Verificou-se também que essa variação foi mais discreta

no ensaio de piezocone realizado por GOMES (2016), ocorrendo entre as profundidades

de 1,30m a 1,50m.

Esse fato pode ser indicativo de alguma mudança nas propriedades mecânicas do

solo, podendo o CPTU apresentar maior sensibilidade na percepção dessa

descontinuidade em relação ao ensaio DPL realizado. Há também a possibilidade de ser

um indício de que esta variação é mais acentuada próximo a DPL-01 e menor em CPT-

01, sendo DPL-02 um ponto intermediário. Para verificar essa hipótese, faz-se

necessária a realização de mais ensaios neste campo experimental, além da análise de

areias localizadas especificamente nessa profundidade para entender a sua composição

física e seu comportamento mecânico. O fenômeno pode ser decorrente de falhas na

execução do ensaio, que necessita de aprimoramentos, os quais são abordados na

próxima seção deste capítulo.

82
6 Conclusões e Sugestões para Futuras Pesquisas

6.1 Conclusões

Foi sugerido para o projeto de extensão Sistema Habitacional Simples (SHS) o

ensaio de Penetrômetro Dinâmico Leve (DPL) como a investigação de campo de melhor

custo benefício, de vez que o equipamento é de baixo custo e pode ser executado, com

pouco treinamento, pela equipe de construção das casas.

No presente trabalho foi fabricado um equipamento de DPL, o qual foi ensaiado

na areia da praia de Copacabana, e onde haviam sido realizados vários outros ensaios de

campo. O ensaio de DPL revelou-se de fato prático e versátil, porém o equipamento

fabricado apresentou dois problemas:

i. a conexão entre as hastes mostrou-se incapaz de garantir a perfeita

verticalidade do equipamento durante o ensaio;

ii. a retirada do equipamento, após o ensaio, revelou-se de grande

dificuldade, no caso do material muito compacto ensaiado.

As correções para a resolução de tais problemas foram apresentadas. As duas

verticais de ensaio apresentaram boa repetibilidade. Os ensaios de DPL mostraram a

mesma tendência de variação com a profundidade do ensaio de cone (CPT) realizado.

Correlações dos ensaios de DPL com outros ensaios de campo foram analisadas. A

continuidade da pesquisa com a realização de ensaios em câmara de calibração foi

detalhada, conforme exposto no capítulo 3.

6.2 Recomendações para Trabalhos Futuros

Acerca do uso do DPL conforme estabelecido pela referência internacional, é

sugerido o desenvolvimento e aprimoramento nos seguintes sentidos:

83
1. A realização de ensaios na câmara de calibração com o equipamento DPL

fabricado e aprimorado e também com outro ensaio de campo, tal como o

cone elétrico ou o piezocone para ser estabelecido maior conjunto de dados

capaz de correlacionar esses ensaios e contribuir no conhecimento do

comportamento mecânico dos solos abordados neste trabalho;

2. A realização de campanha de ensaios de campo tais como o DPL, o SPT e o

CPT em uma edificação onde sejam empregadas fundações rasas, havendo a

comparação com provas de carga e medidas de deslocamento durante e

posteriormente ao processo construtivo;

3. Realização de ensaios DPL e SPT associados com ensaios de laboratório

como o ensaio triaxial, de cisalhamento simples (DSS), caracterização

granulométrica e análise física e mineralógica de solos arenosos que

apresentem percentuais de finos (silte e argila).

4. Propõe-se a realização de mais ensaios de campo, usando o DPL e o

piezocone, considerando-se a hipótese de se assentar o bloco corrido a

profundidades que sejam 10 a 20 cm maiores do que as definidas

inicialmente em casos em que o valor mínimo de N 10 esteja abaixo da

profundidade de assentamento. Sugere-se também a realização de provas de

carga para a verificação das hipóteses de projeto e dos resultados do ensaio,

compreendendo assim os três aspectos destacados pelo triângulo de Burland,

exibido na figura 1.1.

84
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91
ANEXO I

Nas pranchas das páginas a seguir, estão representadas as dimensões das peças

do equipamento DPL fabricado, conforme desenho realizado no programa AutoCAD.

92
20.00
35.86
11°

35.36
90°

17.90
45°

PONTEIRA CÔNICA - VISTA FRONTAL PERSPECTIVA PONTEIRA CÔNICA


1 2
ESC.: 1:1
ESC.: 1:1

Espessura
Cor (mm)
1 0,1
2 0,2
OBSERVAÇÕES:
3 0,3
4 0,4
- Medidas em milímetros;
5 0,5
- Todas as dimensões seguem padronização da ISSMFE (1989), norma alemã DIN 4094-3 (2002) e ISO 22476-2 (2005); ESCOLA POLITÉCNICA E COPPE/UFRJ
6 0,6 - Material: aço 1045 temperado;
7 0,7 - Rosca quadrada.
8 0,05 (COR 8)
9 0,05 (COR 9)
10 0,2 (RED) equip_recover_recover.dwg
11 0,05
40 0,2 (COR 40) C:\Users\Lucas\Documents\ARTIGOS_PROPOSTA TCC
22.16

34.14

21.27
°
70
20.43

43.96
43.47

30.83

51.00

VISTA FRONTAL VISTA LATERAL


1 2
ESC.: 2:1 ESC.: 2:1

PERSPECTIVA CABEÇA DE BATER


3
ESC.: 1:1

Espessura
Cor (mm)
1 0,1
2 0,2
OBSERVAÇÕES:
3 0,3
4 0,4
- Medidas em milímetros;
5 0,5
- Todas as dimensões seguem padronização da ISSMFE (1989), norma alemã DIN 4094-3 (2002) e ISO 22476-2 (2005); ESCOLA POLITÉCNICA E COPPE/UFRJ
6 0,6 - Material: aço 1045 temperado;
7 0,7 - Rosca quadrada.
8 0,05 (COR 8)
9 0,05 (COR 9)
10 0,2 (RED) equip_recover_recover.dwg
11 0,05
40 0,2 (COR 40) C:\Users\Lucas\Documents\ARTIGOS_PROPOSTA TCC
PERSPECTIVA HASTE
1
ESC.: 1:4

Ø22

CORTE DA HASTE
2
ESC.: 2:1

DETALHES EXTREMIDADES DAS HASTES


3
ESC.: 1:1

Espessura
Cor (mm)
1 0,1
OBSERVAÇÕES:
2 0,2
3 0,3 - Medidas em milímetros;
4 0,4 - Todas as dimensões seguem padronização da ISSMFE (1989), norma alemã DIN 4094-3 (2002) e ISO 22476-2 (2005);
5 0,5 - Material: aço 1045 temperado; ESCOLA POLITÉCNICA E COPPE/UFRJ
6 0,6 - Rosca quadrada;
7 0,7 - Marcações finas de 0,05mm a cada 100mm no material da haste.
8 0,05 (COR 8)
9 0,05 (COR 9)
10 0,2 (RED) equip_recover_recover.dwg
11 0,05
40 0,2 (COR 40) C:\Users\Lucas\Documents\ARTIGOS_PROPOSTA TCC
4 .99
Ø1
.40
Ø101

102.53

VISTA SUPERIOR
2
ESC.: 1:2

74.74
PERSPECTIVA MARTELO E GUIA
1
ESC.: 1:4

12.70
66.84
VISTA LATERAL
3
ESC.: 1:2

Espessura
Cor (mm)
1 0,1
OBSERVAÇÕES:
2 0,2
3 0,3 - Medidas em milímetros;
4 0,4 - Todas as dimensões seguem padronização da ISSMFE (1989), norma alemã DIN 4094-3 (2002) e ISO 22476-2 (2005);
5 0,5 - Material: aço 1045 temperado; ESCOLA POLITÉCNICA E COPPE/UFRJ
6 0,6 - Rosca e porca comerciais na guia do martelo;
7 0,7 - Martelo com 10kg de massa;
8 0,05 (COR 8) - Braços do martelo engastados.
9 0,05 (COR 9)
10 0,2 (RED) equip_recover_recover.dwg
11 0,05
40 0,2 (COR 40) C:\Users\Lucas\Documents\ARTIGOS_PROPOSTA TCC

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