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2019
O USO DO PENETRÔMETRO DINÂMICO LEVE (DPL) PARA INVESTIGAÇÃO
GEOTÉCNICA EM PROJETO DE HABITAÇÃO DE INTERESSE SOCIAL
Rio de Janeiro
Março de 2019
ii
O USO DO PENETRÔMETRO DINÂMICO LEVE (DPL) PARA INVESTIGAÇÃO
GEOTÉCNICA EM PROJETO DE HABITAÇÃO DE INTERESSE SOCIAL
Examinada por:
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
iii
Naveira, Lucas Scoralick Coimbra
O Uso do Penetrômetro Dinâmico Leve (DPL) para
Investigação Geotécnica em Projetos de Habitação de
Interesse Social / Lucas Scoralick Coimbra Naveira – Rio de
Janeiro: UFRJ / Escola Politécnica: 2019.
xvii, 96 p.: il.; 29,7cm.
Orientadores: Fernando Artur Brasil Danziger e
Graziella Maria Faquim Jannuzzi
Projeto de Graduação – UFRJ/ Escola Politécnica/
Engenharia Civil , 2019.
Referências Bibliográficas: p. 85-91.
1. Ensaio de Campo. 2. Investigação Geotécnica. 3. DPL. 4.
Fundação
I. Danziger, Fernando Artur Brasil. II. Jannuzzi, Graziella
Maria Faquim. III. Universidade Federal do Rio de Janeiro,
Escola Politécnica, Engenharia Civil. III. O Uso do
Penetrômetro Dinâmico Leve (DPL) para Investigação
Geotécnica em Projetos de Habitação de Interesse Social.
iv
DEDICATÓRIA
À Luciana Veneziani Peixoto, por todo o amor e apoio inclusive nos momentos mais
difíceis e maior fonte de motivação e inspiração na ciência e na vida.
À Therezinha F. Bauer Naveira (in memoriam), a pessoa mais devotada a tudo que
considerou uma missão em sua vida.
v
AGRADECIMENTOS
vi
Trapani, Gabriel Stelling, Wallace Farias e Mateus Bernardes. Seguimos juntos desde a
disciplina de Elementos de Mecânica Estrutural, passando por diversas outras matérias,
estágios, trabalhos e projetos em grupo, onde todos sempre se ajudaram e foram
parceiros. Que a nossa amizade continue ativa por muito tempo.
Aos colegas de laboratório, mestrandos e doutorandos do Programa de
Engenharia Civil da COPPE/UFRJ, em especial Rhamira Pascual, Roberto Mazzarone,
George Teles, Arthur Veiga, Felipe Alves e Cid Dieguez pelas contribuições em
referências utilizadas neste trabalho e também por conselhos oferecidos durante o
desenvolvimento do projeto do equipamento para a realização do ensaio DPL.
Às secretárias Rita de Cássia e Maria Alice pela proatividade, dedicação e
compreensão durante etapas deste trabalho, auxiliando na resolução de questões
administrativas.
À empresa Transcional Indústria e Comércio de Metais Ltda e seu administrador
e engenheiro mecânico Diego por toda a disposição, expertise e sugestões necessárias
para a fabricação do equipamento de forma simples, eficaz e eficiente.
Meus agradecimentos à Pró-Reitoria de Assuntos Estudantis (PR7) por
implementar e manter na Universidade Federal do Rio de Janeiro a Política Nacional de
Assistência Estudantil (PNAES), permitindo a permanência de estudantes nos cursos de
graduação e o desenvolvimento adequado de suas atividades acadêmicas.
vii
“Quem duvidará das más consequências
que advirão do fato:
Galileo Galilei
viii
Resumo do Projeto de Graduação apresentado à Escola Politécnica/ UFRJ como parte
dos requisitos necessários para a obtenção do grau de Engenheiro Civil.
Março/2019
ix
Abstract of Undergraduate Project presented to POLI/ UFRJ as a partial fulfillment of
the requirements for the degree of Civil Engineer.
The Use of Dynamic Probing Light (DPL) for Geotechnical Investigation in Housing of
Social Interest Projects
March/2019
Advisors: Fernando Artur Brasil Danziger and Graziella Maria Faquim Jannuzzi
The Dynamic Probing Light (DPL) measures the number of blows to drive a cone
10 cm2 in area into the soil. A hammer of mass 10 kg falling 0.5 m is used for that
purpose. The equipment is simple to operate, and provides a chart N10 versus depth. The
dynamic resistance (qD) can be derived from dynamic formulas, used for a number of
engineering applications. Shallow foundations inspection and compaction control are
the main purposes of the test. For its simplicity and the possibility to be operated by the
construction team, it was chosen to be used as the main geotechnical investigation in the
Simple Housing System (SHS) project. The present work analyses correlations between
DPL and other in situ tests. An equipment was produced and initial tests have been
performed at Copacabana beach sand. The continuity of the research is suggested with
the use of calibration chamber testing.
x
SUMÁRIO
1. Introdução.................................................................................................................. 1
2.3 Os Parâmetros Mecânicos que Podem Ser Obtidos pelo DPL ........................ 18
xi
3.1.2.2 O Carregamento do Corpo de Prova na Câmara de Calibração....................... 48
Experimental................................................................................................................... 62
ANEXO I ........................................................................................................................ 92
xii
ÍNDICE DE FIGURAS
Figura 2.2 - Penetrômetro usado por Paproth em 1943 com alteração na massa do
Figura 3.4 – Esquema da câmara de calibração doada pelo NGI à COPPE/UFRJ. Fonte:
xiii
Figura 3.8 –Reservatório de ar e água de pressão lateral (à esquerda); reservatório de ar
Figura 3.11 – Curvas granulométricas das amostras da areia de copacabana obtidas por
GOLDBACH (2016), em conjunto com a curva obtida por PINTO (2006). Fonte:
Figura 3.13 – Gabarito para classificação da angulosidade dos grãos, proposta por F. J.
Figura 3.16 – Tabela da NBR 6122 estabelecendo os valores para estimativa das
Figura 4.2 – Ponteira (à esquerda) e cabeça de bater (à direita) separadas das hastes.
xiv
Figura 4.3 – Detalhe da marcação realizada nas hastes a cada 10cm para facilitar a
Figura 4.4 – Adaptação fabricada para ligação das hastes do equipamento DPL .......... 65
Figura 4.8 – Pontos de referência dos ensaios realizados no campo experimental ........ 69
Figura 4.9 – Localização dos ensaios retirados a partir do programa Google Earth ..... 70
Figura 4.10 – Croqui elaborado com a posição dos dois ensaios DPL realizados,
comparado com a localização do ensaio CPTU realizado por GOMES (2016) ............. 70
Figura 5.4 – Gráfico comparando os resultados de N10 obtidos nos ensaios DPL-01 e
DPL-02 ........................................................................................................................... 78
Figura 5.5 – Gráfico comparativo da resistência de ponta obtida nos ensaios com o DPL
Figura 5.6 - Correlação entre o N10 obtido no ensaio DPL-01 sem a correção pelo
método das diferenças de TUKEY (1977) com a resistência de ponta de cone obtida por
GOMES (2016)............................................................................................................... 80
Figura 5.7 - Correlação entre o N10 obtido no ensaio DPL-01 corrigido pelo método das
diferenças de TUKEY (1977) com a resistência de ponta de cone obtida por GOMES
(2016).............................................................................................................................. 81
xv
Figura 5.8 – Correlação entre o N10 obtido no ensaio DPL-02 corrigido pelo método das
diferenças de TUKEY (1977) com a resistência de ponta de cone obtida por GOMES
(2016).............................................................................................................................. 81
xvi
ÍNDICE DE TABELAS
Tabela 2.1 - Especificações de equipamento que realiza ensaio DPL segundo a
Tabela 2.3 - Classificação das areias segundo TERZAGHI e PECK (1948), citado por
xvii
1. Introdução
Dinâmico Leve (DPL), desenvolvido pela professora Graziella Maria Faquim Jannuzzi.
Surgiu então a ideia de propor o uso do DPL, por sua facilidade de transporte,
montagem e operação. Esta proposta visa apresentar uma opção simples e de baixo
edificações de pequeno porte, como postos médicos e escolas. Tem por base o sistema
www.shs.poli.ufrj.br.
1
O ensaio do penetrômetro dinâmico leve é mais conhecido pela expressão em
inglês Dynamic Probing Light e por sua sigla nesse idioma (DPL). Os resultados são
Brasil estabelece que a cada metro sejam registrados o número de goples necessários
Para regiões com ocorrência de sismos, os solos devem ser investigados com
produtivos que mais consomem recursos naturais, como minérios, combustíveis fósseis
e água. Este impacto ocorre em todas as fases do ciclo de vida das edificações, gerando
grandes quantidades de resíduos que dispendem elevado custo para disposição adequada
2
Haiti, o 163º de um total de 188 países estudados pelo Programa das Nações Unidas
(1989) e pela norma ISO 22476-2. Foi planejada a realização de ensaios com o DPL
praia de São Francisco, caracterizadas por ensaios de laboratório por TELES (2013) e
(2016).
1.3. Metodologia
1990. Foram levantados dados acerca dos solos arenosos presentes no Laboratório de
3
Ensaios de Campo e Instrumentação Prof. Márcio Miranda Soares (LACI) que tivessem
foi possível realizar o ensaio na câmara de calibração para esse trabalho, pela
ensaio.
custos e prazos para a realização desses serviços, sendo então escolhida a empresa
4
1.4. Organização do Trabalho
sobre a resistência de ponta e de como evitar o atrito lateral durante o ensaio com o
diferentes ensaios, e são citados estudos de caso de correlações na literatura entre o DPL
DPL.
5
2. Revisão da Literatura
campo realizados atualmente e normatizados por órgãos cuja abrangência pode ser
obter valores adequados in situ, para se conhecer o estado e a composição do solo a ser
2017)
6
Os recursos financeiros são uma variável importante neste processo decisório do
2012). De acordo com levantamento, de 85% a 90% das campanhas de sondagem para
diferenças. Nesta revisão serão destacadas correlações com os ensaios DPL, SPT e CPT.
Além disso, serão descritos o histórico e o uso corrente de equipamentos que realizam o
tensões do solo pode ser estimado com base na Teoria da Elasticidade (DANZIGER,
2014).
citado por CAVALCANTI (2019), apesar de o solo ser um material com partículas
discretas que apresentam diversas formas e orientações, grande parte dos problemas
7
da Física são descritos usando equações diferenciais, e os efeitos da constituição do
Mecânica dos Solos: as características do solo, que podem ser obtidas através de
entanto o autor recomenda uma atitude cautelosa, visto que expressões empíricas não
8
Os ensaios de campo constituem ferramentas importantes para o
dinâmica foi Goldman, em 1699 na Alemanha. Uma marreta era usada para empurrar a
foi desconsiderada até o final do século XIX. Foram encontrados registros de ensaios
também com um metro, uma cabeça de bater, uma marreta de madeira, além 20 de
adaptadores em formato de tronco cônico para a redução do atrito. Para se obter uma
golpes.
9
Segundo HASHMAT (2000), os equipamentos que realizam sondagem contínua
foram desenvolvidos no período entre as duas Grandes Guerras Mundiais e então foram
sendo aplicados como ensaio de campo para obtenção de dados para projetos de
equipamento simples, com hastes de cinco a oito metros e com diâmetro de 20 mm. Um
peso de 5 a 6 kg era lançado de uma altura de 50cm para o avanço do conjunto das
continente europeu. BROMS e FLODIN (1988) apontam que em 1943 Paproth usou o
penetrômetro de Künzel, aumentando o peso do martelo para 10 kg. Na figura 2.3 está
Figura 2.2 - Penetrômetro usado por Paproth em 1943 com alteração na massa do
martelo para 10kg. Fonte: BROMS e FLODIN (1988)
10
A Sociedade Internacional de Mecânica dos Solos e de Engenharia Geotécnica
presidida pelo professor e pesquisador brasileiro Milton Vargas. Em 1963 foi realizada
cônica, e o avanço desse conjunto se dá através dos golpes de uma massa que cai de
recomenda um metro) para que esteja assegurado que o ensaio com obtenção de
amostras se realize em solo não alterado. Desta forma, os ensaios DP não são
metálico de forma dinâmica. O seu objetivo é medir o número de golpes necessário para
deste martelo é de 50 cm. O martelo golpeia uma cabeça de bater, que é uma base
11
cilíndrica metálica que está rosqueada na primeira haste imediatamente acima do nível
terço do amostrador padrão usado no SPT. A energia transmida para a ponta do cone
também é menor do que a verificada no SPT. O DPL, portanto, envolve uma escala de
ao DPL a vantagem de perceber pequenas variações que não são verificadas em ensaios
com maior robustez, como o SPT (SOUZA et al., 2008), assim como apresenta valores
a cada 10 cm. Por outro lado, apresenta limitações, tais como a impossibilidade de se
12
obterem amostras do solo ensaiado e também estar restrito a profundidades de até 8 m.
Dessa forma, o ensaio pode servir para análise complementar de campo, estando
associado a sondagens que realizam ensaio SPT e a ensaios CPT e com piezocone
(CPTU).
de uma altura de 50 cm; que a ponteira possua uma seção transversal de 10 cm2,
diâmetro de 35,6 mm e ângulo de 60°; e que as hastes devam ter diâmetro de 22 mm. A
ponta recomendada pelo autor, com formato e relações entre dimensões está
]
13
BROMS e FLODIN (1988) destacam que a simplicidade do equipamento e do
atrito lateral ao longo das hastes durante a realização do ensaio, como tornar o diâmetro
do cone maior do que nestas partes, colocando uma proteção na área lateral do cone,
aplicando um torque a cada 20cm ou injetando acima do cone lama bentonítica ou água.
equipamentos, o DPSH, o DPH, o DPM e o DPL. Este último apresenta a menor escala
de massa do peso de bater, sua altura de queda e das dimensões da ponteira desse tipo
influência não alcance uma profundidade maior do que 8m; para projetos de
pavimentações, devido a sua facilidade de transporte e operação, visto que o peso dos
construção civil.
edição foi lançada em 2005. O Brasil ainda não possui normatização que procure
padronizar os procedimentos para este ensaio. Na figura 2.5 está representado o cone
14
conforme padronização da ISSMFE (1989), sendo seguidas as diretrizes estabelecidas
energia dinâmica da queda do peso de bater com dimensões padronizadas de uma altura
do ensaio, recomenda-se que seja realizado um giro de uma volta e meia na composição
de hastes usando uma chave de grifo para eliminar a influência do atrito lateral nessa
usualmente a cada 10 cm, sendo esta variável designada como N10. O Dynamic Probing
Light (DPL) é o mais utilizado dentre os quatro tipos de penetrômetros dinâmicos, por
1989).
15
Tabela 2.1 - Especificações de equipamento que realiza ensaio DPL segundo a Referência
Internacional da ISSMFE
Martelo
Cabeça de Bater
Ponteira
Hastes
16
A profundidade para cravação depende da resistência do solo e raramente supera
os 8,0 m. NILSSON (2004) sugere critérios de interrupção do ensaio, tais como: N10 =
compacidade relativa a partir do N10 fornecido pelo ensaio DPL. Os resultados são
física das areias analisadas pelo ensaio DPL. Cabe também ressaltar que, assim como no
caso do SPT e do CPT, este quadro deve ser considerado com ressalvas, pois a
17
compacidade não depende só do número de golpes, mas também do estado de tensões
do solo.
dinâmica para ensaios como o DPL, a partir da fórmula dos holandeses expressa na
uma altura H sobre o conjunto com as massas da cabeça de bater (B), pela composição
de hastes (i.V) e da ponteira cônica (com área S), necessário para vencer o comprimento
(1)
ISO 22476-2 (2005), a ponteira cônica associada à composição das hastes pode ou não
capacidade máxima de 200 N.m e com sensibilidade de 5 N.m. Este medidor deve ser
deverá ser rotacionado lentamente, e o torque, medido. A norma prevê apenas o registro
do torque, mas não o seu emprego em cálculos posteriores, conforme apontado por
BASTOS (2016).
NILSSON (2008), citado por BASTOS (2016), afirma que o atrito lateral (fs)
atuante na ponteira cônica do DPL pode ser calculado pela fórmula abaixo, em que M é
respectivo braço de alavanca, compreendido pelo raio médio da parte cônica e pelo raio
18
da parte cilíndrica da ponteira. O valor de l foi arbitrado em 16 mm e o produto Al · l foi
(2)
concluindo-se que:
(3)
formação ocorreu por interperismo físico ou químico. Suas partículas são eletricamente
pouco ativas, portanto não é verificada interação com a água, sendo dessa forma não
partículas.
de acordo com o ensaio padronizado pela NBR 7181:2016, onde a fração grossa é
miúdos). Já quando é detectada uma fração de finos (silte e argila), esta é separada por
19
diâmetro de partículas e essas informações são apresentadas na forma de uma curva
granulométrica. Desta curva, podem ser inferidos dados como o diâmetro efetivo (D10) e
o diâmetro médio das partículas (D50). O primeiro permite associações que descrevem a
correspondente aos 50% do solo que possui diâmetro inferior a esse valor.
podem ser também classificados pela sua angulosidade. Esta característica indica o
processo de formação geológica por qual o solo passou. Num extremo, os grãos mais
angulosos estão mais associados a solos residuais e em outro, grãos mais arredondados
classificação é mostrada na figura 2.6, influencia no atrito entre grãos. O formato dos
grãos determina o arranjo de suas partículas, expressa pelo índice de vazios (e) do solo.
mudança de arranjo dos grãos. Essas reacomodações são fenômenos importantes para se
solos granulares são os mais suscetíveis a causar danos e recalques, visto que sua
estrutura é mais instável. O arranjo do solo é avaliado pela Compacidade Relativa (CR),
mostrada na equação 4.
20
Figura 2.6 – Categorias de angulosidade dos grãos de areia.
Fonte: LAMBE e WHITMAN (1969)
(4)
mínimo do solo. TERZAGHI e PECK (1948) sugeriram uma classificação das areias
segundo sua compacidade relativa, a qual foi citada por PINTO (2006). A classificação
21
Tabela 2.3 - Classificação das areias segundo TERZAGHI e PECK (1948), citado por
PINTO (2006)
Os solos granulares também são conhecidos pela sua alta permeabilidade. Isso
maiores e não existe interação elétrica entre os grãos. A resistência do solo é expressa
variações a cada observação, apresenta grande utilidade na prática deste ofício. Segundo
influenciar nos resultados do problema a ser estudado. Esta análise pode ser realizada de
22
e, finalmente, procede-se ao tratamento dos dados e indicação do modelo adequado para
dos dados em relação ao valor médio, a saber, o desvio padrão (σ) e o coeficiente de
correlação (CV). A análise quantitativa dá-se por meio do diagrama de dispersão, gráfico
onde os dados de entrada e os obtidos são dispostos por meio de coordenadas de eixos
observações.
(5)
(6)
Ordinários, desenvolvido pelo matemático Carl Gauss, no século XVIII. É traçada uma
reta cujos coeficientes linear (b) e angular (a) são constantes de ajustes e também os
resíduos (ei) que simulam o comportamento das variáveis que não consegue ser
desses resíduos (como demonstrado na equação 7), para então serem obtidos os
23
parâmetros da reta através dos conjuntos amostrais x e y, bem como de suas respectivas
2008)
(7)
(8)
(9)
definido por:
(10)
Este valor, que varia de 0 a 1,0, determina a fração que as observações (y)
credibilidade, ainda que seja largamente empregado no meio científico para avaliar
visualizar na tabela 2.4, os autores, as correlações entre os ensaios SPT e DPL, bem
como para que tipo de solo a correlação foi elaborada, portanto, onde esta pode ser
empregada.
24
Tabela 2.4 - Correlações entre os ensaios DPL e SPT
tabela 2.4.
com N10 menor do que 8 merecem maior atenção, solos com 4 < N10 < 25
25
são fáceis de escavar e N10 acima de 70 apresentam boa condição de
Este método seleciona dados cuja diferença não supere o dobro do desvio
26
0,5588, relativa à reta de equação NSPT = 0,4737N10 + 1,6288. Os
fizeram uma filtragem para os dados onde N10 < 40. Chegaram à equação
resistência de ponta, obtida pela razão da reação do solo normal ao cone pela área
entre o DPL e o CPT, bem como para que tipo de solo elas podem ser empregadas.
27
Areias sedimentares de
Vitória/ES. Correlação
CORDEIRO (2004) logarítimica. qd calculado
pela fórmula dos
holandeses com N20.
correlações entre o DPL e o ensaio de cone (CPT). As medidas do CPT são obtidas a
DP apresentem melhor correlação com o CPT do que com o SPT. De forma corrente, a
resistência de ponta dos equipamentos que realizam DP pode ser comparada à do CPT
(WASCHKOWSKI, 1983).
são solicitados distintamente pelos ensaios de campo. Ambos, porém, são ensaios de
campo que fazem registros continuamente ao longo do solo. Desta maneira, segundo
CASTELLO et al. (2001), citados por SANTOS (2017) afirmam que ainda não existem
28
resistência do solo conforme a profundidade cresce. Para profundidades maiores, no
diferença não se torna viável, visto que o ensaio DPL termina em profundidades
menores do que o CPT. Foi encontrada uma boa correlação entre os resultados de
igual a 0,718 e, com o método de TUKEY (1977), o R² aumenta para 0,794, sendo
cada 20 cm, porque caso fosse registrado o N10 nos primeiros metros de profundidade
para os solos graníticos pouco compactos, o valor não seria bem definido (1 a 2 golpes).
aplicativo para tratamento dos dados em computador SPSS (Statistical Package for
(1989). Os resultados podem ser convertidos para a norma caso sejam consideradas as
razões entre as energias transmitidas por golpe; entre as áreas das bases do cone; e entre
identificada areia média a fina, confinada por camadas de argila arenosa e siltosa. A
construção de um aterro, que foi removido após 90 dias, e incluiu ensaios de laboratório
Antes da construção do aterro, foram feitos cinco ensaios DPL e dois CPT, e
ISSMFE (1989) e o registro do número de golpes era feito a cada 20 cm. Foi necessário
cada equipamento, visto que a resistência de ponta é obtida a cada 25 cm (neste ensaio).
Na correlação entre as resistências qd e qc, não foi obtido um ajuste ideal na regressão
Portanto, este trabalho não apresenta uma correlação de uso prático, mas apresenta uma
primeira tentativa no Brasil de relação entre qd e qc, e não com o N10, como visto
30
3. Materiais e Métodos
sejam conhecidas. Esta etapa, no entanto, não foi realizada, sendo sugerida para futuros
apresenta boa caracterização dos materiais, como detalhada nos próximos subitens.
componentes. A densidade real dos grãos é de 2,70, apresentando peso específico seco
entre 13,9 e 17,2 kN/m³. A angulosidade dos grãos é elevada, cujas dimensões variam
entre 0,1 a 1,0 mm. Para o peso específico máximo foi obtido um ângulo de atrito (φ’)
31
igual a 46° e para o peso específico mínimo, de 42°, mantendo-se a compacidade
real dos grãos. Foram realizados também ensaios de cisalhamento direto (CD) e
tabela 3.1.
32
Ângulo de atrito efetivo (φ’) para CR = 98% 46,2°
automatizado Shear Trac-II. Estes ensaios consideraram a areia nos estados fofo,
cisalhamento direto está exposta na figura 3.1, a compacidade relativas de 50%, 73% e
95%. Esses valores foram determinados conhecendo-se a densidade real dos grãos e os
resultados obtidos para emin e emax. Foram aplicados cinco tensões normais diferentes, de
33
Figura 3.1 – Envoltória de resistência obtida em Ensaio de Cisalhamento Direto com a
areia de Hokksund Fonte: TELES(2013)
Trac-II. Foram feitos cinco ensaios buscando maior compacidade. No entanto, alguns
corpos de prova obtiveram compacidade relativa superior a 100%, o que significa que
MB 3398:1991. A própria norma adverte que o índice de vazios mínimo absoluto não é
34
Tabela 3.2 - Resultados obtidos em ensaio de Cisalhamento Simples com a areia de
Hokksund por TELES (2013)
deste material se deu por carreamento pelo vento. A areia foi peneirada, selecionando
material fino e uniforme, para fins do ensaio proposto neste trabalho. Foi removida a
como a hematita.
35
O autor também caracterizou fisicamente o material. A angulosidade dos grãos
grãos foi determinada a partir da média de três ensaios, com pequena dispersão nos
valor para emáx igual a 0,622, enquanto o outro foi baseado na compactação do corpo de
prova em três camadas, chegando a um valor para e min de 0,593. Para determinar o
valor para emax de 0,80. O diâmetro médio das partículas é de 0,22 mm.
campanha de ensaios para determinação das propriedades mecânicas foi extensa, com
corpos de prova com areia fofa houve uma deformação axial da ruptura
36
autor, pois foi observado a continuidade da mesma durante o ensaio, enquanto a
(1964) e de DATTA et al. (1979) com areias muito quartzosas, onde foram
Figura 3.2 – Variação de volume nos corpos de prova a diferentes compacidades relativas
em função da deformação axial. Fonte: OLIVEIRA FILHO (1987)
O uso das extremidades lubrificadas foi mais eficiente nos corpos de prova com
relação altura/diâmetro de 1,2:1 nas amostras compactas. Isso permitiu que estes
as tensões nos planos de ruptura. Desta forma, a envoltória a baixas tensões está
tensão de ruptura igual a 650 kPa, provocada pela aplicação de pressão igual a
enquanto que em valores superiores de tensão o valor obtido foi inferior, de 34°,
havendo entre os dois trechos uma curva de transição. Esta curva, segundo o
maiores. Sendo a areia fina e quartzosa, a quebra de grãos nessa faixa de valores
38
3.1.2 A Câmara de Calibração NGI-COPPE/UFRJ
compatíveis com os realizados in situ. CHAPMAN (1974) cita dois tipos de câmara de
interior. Isso faz com que o ensaio realizado nesse tipo de câmara seja mais oneroso,
visto que para o efeito de fronteira não influenciar nos resultados, é necessário que as
de contorno que se aproximam das verificadas em campo, tornando o seu uso mais
(NGI na sigla em inglês). Apresenta paredes flexíveis, quando vazia pesa cerca de 13
kN, sendo capaz de comportar um corpo de prova cilíndrico de diâmetro igual a 1,21 m,
altura de 1,47 m, resultando num volume útil de aproximadamente 1,7 m3. O esquema
39
Figura 3.4 – Esquema da câmara de calibração doada pelo NGI à COPPE/UFRJ. Fonte:
SANTANA, 2015
de topo e a tampa junto com a estrutura de reação. Na figura 3.5 está representado um
40
Figura 3.5 – Detalhe relacionando os componentes da câmara de calibração e sua
disposição. FONTE: SANTANA (2015), adaptado de ZOHRABI (1993).
placa de seção circular de aço cuja espessura é de 40 mm. Sobre esta, um cilindro de
aço está fixado, sendo que em seu interior há um pistão de aço inoxidável com curso de
tambor, composto de duas paredes cilíndricas e coaxiais, feitas de chás de aço com 6,5
41
comprimento e sendo unidas nas extremidades superior e inferior. Estima-se o
denominado o-ring.
Na face da parede interna, estão fixadas tiras de borracha com seção transversal
rigidez axial ao corpo de prova equivalente a qual o corpo de prova teria numa situação
real de massa infinita de solo. As dimensões e rigidez apresentadas por estas tiras foram
corpo de prova, sem haver riscos de causar danos à membrana lateral. Entre esta e a
parede interna está situada a célula lateral, a qual possibilita a alteração das tensões
preenchimento desse espaço por água. Na figura 3.6 está ilustrada a composição descrita
do tambor.
42
Figura 3.6 – Corte A-A representado na figura 3.5, demonstrando a composição do
tambor. Fonte: SANTANA (2015)
de membrana de base. Suas bordas são fixadas ao pistão usando-se parafusos de fixação
e um anel metálico. Esta membrana separa a base do corpo de prova, com função
material cujas propriedades mais úteis para a finalidade para a qual as membranas foram
corpo de prova não sofra deformações e não tenha o seu teor de umidade alterado pela
que o pistão se incline quando este componente for levantado na operação da câmara.
Uma placa de topo, feita de madeira dura, é colocada entre o corpo de prova e a
43
uma vedação, semelhante à membrana lateral, na placa de topo, evitando que o corpo de
prova sofra variações em sua umidade provindas da célula lateral, como pode ser
uma interface selada com um anel de borracha. Logo, a tampa da câmara promove a
abaixo, pode também servir como apoio para o sistema de cravação de alguns ensaios
realizados em que seja necessário fazer uso dessa ferramenta, visto que a estrutura de
44
3.1.2.1 O Processo de Formação do Corpo de Prova na Câmara de Calibração
que auxilia na expulsão das bolhas de ar e faz aumentar a aderência da membrana com o
A pressão de vácuo não deve ultrapassar o valor de 30 kPa para não danificar a
célula de base. O manômetro deve estar com o seu registro fechado para isolá-lo e
prevenir falhas. Deve ser assegurado também que o reservatório da bomba de vácuo não
Para auxiliar no processo de retirada do ar, pisoteia-se a base da câmara até que
se consiga lograr esse objetivo. Feito isso, volta-se a fechar os registros e a colocar o
Segundo OLIVEIRA FILHO (1987), este procedimento visa verter areia por um
recipiente cuja abertura esteja pré-selecionada. Com esse método, é possível definir a
45
compacidade do corpo de prova serão obtidos quanto menor for a abertura do recipiente
e/ou maior for a altura de queda da areia. A técnica não é recomendada para solos
granulares cujo coeficiente de não uniformidade seja superior a 5, para não haver riscos
esquema do pluviador é mostrado na figura 3.7. Os furos das duas chapas que estão sob
o alimentador estão inicialmente defasados o que faz a areia acumular no mesmo e seja
perfurada inferior necessário para que os eixos dos seus furos sejam alinhados com os
46
Figura 3.7 – Esquema do pluviador da câmara de calibração NGI-COPPE/UFRJ. Fonte:
SANTANA (2015)
Há disponíveis cinco tipos de chapa superior, cada qual com o seu respectivo
valor de diâmetro dos furos. Dessa forma, é possível formar corpos de prova com cinco
valores de compacidade relativa distintos entre si. A areia atravessa a base do pluviador
na forma de jatos, caindo de uma altura em torno de 75 cm, atingindo o difusor. Esse
componente é formado por duas telas circulares com malha retangular fina e afastados
entre si em 20 cm, havendo também uma defasagem de 45° entre ambas. Esse arranjo
47
prova. Quanto menor o diâmetro da chapa superior, maior será a duração do processo de
de peso cada. Para cada saco deve-se realizar o seguinte procedimento de verificação do
peso com o auxílio do dinamômetro. Este deve ser instalado sobre o saco de areia e sob
o gancho da ponte rolante, que segue e arreia o saco, deixando-o apoiado no chão para
resultado da média aritmética das três medidas menos o peso do saco contendo a areia
excedente do processo de pluviação, a qual é medida também através três leituras com o
de prova. Estima-se que esse procedimento demande cerca de uma hora e meia.
reação é empregada para impedir a movimentação da tampa. Para isso, são conectados
48
isso é empregada uma bomba de vácuo conectada aos orifícios de saída de ar de cada
uma das células enumeradas, visto que a presença de bolhas de ar não é recomendável
sua vez devem ser isolados quando é aplicado vácuo para não danificá-los. Outra
processo de saturação é demorado: para a célula de base dura cerca de três horas e para
A pressão na célula de base pode ser alterada através de uma célula preenchida
com água. Esta recebe pressão de ar comprimido e a transmite para o fluido contido em
vertical. Já a pressão das células lateral e de cavidade é alterada por meio de outra célula
operação de 1000 kPa e sua alimentação deve ser realizada de modo a deixar água
49
GHIONNA e JAMIOLKOWSKI (1991) citam que existem quatro condições de
tabela 3.3. No que está associado ao acréscimo de tensão radial no solo provocado pelo
50
realizados três ensaios SPT e dois de piezocone, em região próxima à rua Princesa
Leme. Este último ensaio oferece dados referentes à resistência de ponta (q c) e atrito
lateral (fs) através de células de carga acopladas ao cone, que são mostradas na figura
51
Figura 3.10 – Resultados de resistência de ponta e de atrito lateral obtidos em ensaio
CPTU na areia da praia de Copacabana. Fonte: GOMES (2016)
A densidade real dos grãos foi obtida por GOLDBACH (2016) através de ensaio
com o picnômetro para cada amostra. Foram encontrados valores típicos de 2,64 a 2,66.
densidade de minerais como o quartzo. Assim como a areia da praia de São Francisco,
estudada por OLIVEIRA FILHO (1987), o material da praia de Copacabana pode ser
pois 100% do material das amostras era passante na peneira #10 (2,00 mm). A curva
médio de 0,30 mm como pode ser verificado na figura 3.11, em que é comparada a
cujos pontos são as amostras obtidas em cada ensaio SPT realizado por GOLDBACH
(2016).
52
Figura 3.11 – Curvas granulométricas das amostras da areia de copacabana obtidas por
GOLDBACH (2016), em conjunto com a curva obtida por PINTO (2006). Fonte:
GOLDBACH (2016)
próxima do campo utilizado por GOLDBACH (2016). A curva obtida está exibida na
figura 3.12.
53
Figura 3.12 – Curvas granulométricas de amostras de areia da praia de
Copacabana, altura do Leme. Fonte: GOMES (2016)
A areia empregada por GOMES (2016) também é média, mas verifica-se que o
D50 é ligeiramente maior do que a areia estudada por GOLDBACH (2016). A areia de
A classificação dos grãos de areia quanto à sua angulosidade foi determinada por
54
Figura 3.13 – Gabarito para classificação da angulosidade dos grãos, proposta por F. J.
Pettijohn. Fonte: LAMBE e WHITMAN (1969)
classificação das frações pesadas. As frações leves são compostas de quartzos em pelo
mais 90% da composição da areia amostrada. Por isso procedeu-se à separação das
proções quartzosas para classifical o material quanto à sua gênese. Na fração pesada foi
unidade São Fidélis (MNps), segundo CUNHA e SILVA (2001). De acordo com os
resultantes da derivação crustal dos granitos: Pão de Açúcar (pa) e Corcovado (co),
55
além do leucogranito gnáissico Cosme Velho (cv). Os granitos constituem um dos
principais plútons expostos da região Sudeste, estendendo para Niterói, onde se situa a
sedimentos argilosos de fundo lagunar. A carta para a região onde está situado o campo
56
3.3 A Verificação para Atendimento do Critério Mínimo de Dimensionamento
profundidade da fundação, bem como suas dimensões e forma da mesma, assim como o
projeção no solo tem formato retangular e um dos lados é muito maior do que o outro.
atuantes sejam resistidas pelo concreto, sem a necessidade de armar a estrutura feita
regularização com concreto magro de 5 cm. A mistura é lançada nas valas destinadas às
fundações cujas formas utilizadas são incorporadas. Segundo a NBR 6122, o bloco pode
ter suas faces escalonadas, inclinadas ou verticais, optando-se pela última forma.
57
No projeto desenvolvido no âmbito do SHS, desenvolvido por BENVENUTI
pelo comprimento do mesmo. A figura 3.15 apresenta a disposição das paredes para um
Figura 3.15 – Planta de módulo habitacional do SHS onde é representada a disposição das
paredes na casa. Fonte: BENVENUTI JÚNIOR et al. (2018)
fundação e o fato de que a maior parte dos solos apresente capacidade de carga
suficiente para atender aos requisitos estabelecidos pela norma brasileira, adotou-se uma
58
tensão básica de trabalho das fundações igual a 40 kPa. A NBR 6122 na sua edição de
1996 estabelece valores para se ter uma ideia inicial da faixa de valores correspondentes
para dados tipos de solos. A tabela relacionando estes valores em MPa, correspondentes
a 1000 kPa, é apresentada na figura 3.16. Destaca-se que o menor valor apresentado, de
Figura 3.16 – Tabela da NBR 6122 estabelecendo os valores para estimativa das
10,22 cm e a maior, de 38,00 cm. As larguras adotadas devem ser iguais ou superiores
59
De acordo com as premissas adotadas, considera-se para fins de projeto que o
que seja necessário partir-se de uma hipótese de como a fundação poderá se romper. A
cm.
que a tensão de trabalho, resultando num fator de segurança maior ou igual a 3,0, que é
o valor mínimo considerado pela norma brasileira para atestar que a fundação atende ao
60
Figura 3.17 - Esquema do bloco corrido empregado no projeto de um dos modelos de
habitações do projeto SHS. Fonte: BENVENUTI JUNIOR et al. (2018)
pela referência internacional da ISSMFE (1989) e pelas normas aplicáveis: a DIN 4094
Para que seja considerada uma tensão básica no solo de 50 kPa, é preciso que
seja satisfeita a seguinte condição: o N10 registrado deve ser de no mínimo seis golpes
numa faixa de solo que possua até 5 m de profundidade. Destaca-se que esse valor de
tensão básica, ainda que maior do que na análise do projeto SHS, corresponde à metade
do valor mínimo que consta na tabela da NBR 6122 (versão de 1996) apresentada na
carga do solo.
61
4. A Fabricação do Equipamento e Realização do Ensaio DPL no
Campo Experimental
ISSMFE (1989) ou das normas DIN 4094 e ISO 22476-2, não sendo então
trabalho.
hastes deve conter aço de alta resistência, devidamente temperado para evitar desgaste
devido aos sucessivos golpes. Deve apresentar resistência a altas temperaturas e também
resistência à fadiga. As hastes devem ser retas, cada uma tendo comprimento igual a um
metro. A referência recomenda que as hastes contenham um furo nas regiões próximas a
62
seu eixo, para reduzir o peso e permitir a injeção de lama bentonítica para eliminar a
fornecimento de uma haste com furação de uma ponta a outra pode se tornar dificultosa,
questão permite o uso de barras sólidas como hastes, o que também está consolidado no
equipamento utilizado neste trabalho foi o aço SAE 1045, temperado. Este aço
composição de hastes, cabeça de bater, martelo e guia, está apresentado com detalhes no
fabricação inicial de duas hastes, cada uma com um metro. A cabeça de bater e a
63
Figura 4.1 – Ponteira cônica (à esquerda) e cabeça de bater (à direita) do equipamento
DPL fabricado conectadas à haste
Optou-se por empregar roscas quadradas e na conexão das hastes foi dimensionado um
conector para a associação das hastes. Na figura 4.2 estão representados os componentes
Figura 4.2 – Ponteira (à esquerda) e cabeça de bater (à direita) separadas das hastes.
Detalhe do rosqueamento do equipamento
64
Segundo a referência internacional da ISSMFE (1989), deve ser respeitada uma
equipamento fabricado também conta com marcações a cada 10cm para auxiliar na
Figura 4.3 – Detalhe da marcação realizada nas hastes a cada 10cm para facilitar a
identificação e registro do N10
Foi também criada uma peça de adaptação para a associação das hastes, que está
representada na figura 4.4. Essa peça foi projetada para oferecer uma ligação firme entre
Figura 4.4 – Adaptação fabricada para ligação das hastes do equipamento DPL
suporte para levantamento do martelo foi dimensionado para permitir segurança e boa
queda e redução do atrito entre guia e martelo, assegurando uma transmissão eficiente
65
de energia potencial. Desta forma, busca-se um controle da energia por golpe, conforme
66
Por fim, na figura 4.7 estão representadas todas as partes do equipamento
67
4.1.3 Verificação de Dimensões e Massas após a Fabricação
referência internacional da ISSMFE e na norma alemã DIN 4094 e sua respectiva ISO
(22476-2).
Na tabela 4.1 estão apresentados os parâmetros que passaram por esta avaliação.
Martelo e guia
Massa do Martelo 10 ± 0,1 kg
Diâmetro 101,4 ± 1,0 mm
Comprimento 155 ±1 mm
Massa da guia <1 ± 0,1 kg
Diâmetro 12 ±2 mm
Comprimento 800 ± 50 mm
Cabeça de Bater
Massa 0,99 ± 0,01* kg
Diâmetro 51,0 ± 1,0 mm
Comprimento 68 ± 1 mm
Composição de Hastes
Massa (haste) 3,00 ± 0,01* kg
Diâmetro Externo 22,0 ± 0,2 mm
Roscas Quadradas
Ponteira Cônica
Ângulo do Vértice 90 ± 1 °
Diâmetro 35,7 ± 0,3 mm
Comprimento antes da inclinação 35,7 ± 1 mm
Inclinação 11 ± 1 °
68
4.2 Realização dos Ensaios com o DPL no Campo Experimental de
Copacabana
experimental na praia de Copacabana, que também foi utilizado por GOMES (2016). A
escolha do local foi prevenir o choque do equipamento com pedras, que foram
encontradas neste trabalho na região estudada por GOLDBACH (2016). Além disso,
como referência: uma lixeira fixa e um poste. Ambos estão representados na figura 4.8.
Na figura 4.9 está representada a localização dos ensaios usando o programa Google
onde foram realizados os ensaios espaçados em cerca de 3m. Ressalta-se que as imagens
69
Figura 4.9 – Localização dos ensaios retirados a partir do programa Google Earth
figura 4.10. Observou-se que houve mudanças desde que foi realizado a campanha de
ensaios por GOMES (2016). As traves de uma quadra de vôlei de praia foram retiradas
e deslocadas. Além disso, quando foram realizados os ensaios deste trabalho, havia uma
barraca de comércio de alimentos, cujo centro estava alinhado à nova posição das
GOMES (2016).
Figura 4.10 – Croqui elaborado com a posição dos dois ensaios DPL realizados,
comparado com a localização do ensaio CPTU realizado por GOMES (2016)
70
4.2.2 – Realização do ensaio
kg.O martelo tem um furo que passa pelo eixo longitudinal com folga de 1,0 mm. A
queda deste martelo é de uma altura de 50 cm. O martelo golpeia uma base metálica
do solo.
2) Conta-se o número de golpes para que o cone penetre 10 cm no solo. Esse valor
4) Toda interrupção deve ser anotada. Todos os fatores que podem influenciar a
resistência à penetração (por exemplo correto rosqueamento das hastes, verificação das
5) As hastes devem ser giradas de uma volta e meia a cada metro para manter o
71
Figura 4.11 – Realização do ensaio DPL no campo experimental localizado na praia de
Copacabana, altura do Leme
execução, aos quais são apontadas sugestões para a otimização do ensaio. Esses
como pode ser vista na figura 4.12. o que foi corrigido no ensaio a partir
nível do furo para garantir que a verticalidade das hastes seja mantida, o
72
A adaptação da conexão entre as hastes provocou pequena inclinação do
73
74
5. Apresentação e análise dos Resultados
adaptação entre as duas hastes, mostrada na figura 4.4, criou um segmento de 11 cm, o
que pode ser verificado na figura 5.1. Dessa forma, registrou-se o número de golpes
para a descida dessa diferença para que fossem propagados os erros. Os dados referentes
5.4.
75
1,00 10
1,10 12
1,20 15
1,21 17
1,31 12
1,41 9
1,51 12
1,61 14
1,71 15
1,81 18
1,91 23
2,01 21
N10
0 5 10 15 20 25
0,00
0,50
Profundidade (m)
1,00
1,50
2,00
2,50
76
0,50 5
0,60 7
0,70 8
0,80 8
0,90 8
1,00 10
1,01 12
1,11 12
1,21 9
1,31 12
1,41 13
1,51 12
1,61 11
1,71 17
1,81 20
1,91 21
2,01 21
N10
0 5 10 15 20 25
0,00
0,50
Profundidade (m)
1,00
1,50
2,00
2,50
77
N10
0 5 10 15 20 25
0,00
0,50
Profundidade (m)
1,00 DPL-01
DPL-02
1,50
2,00
2,50
Figura 5.4 – Gráfico comparando os resultados de N10 obtidos nos ensaios DPL-01 e DPL-
02
realizados para este trabalho com os dados de resistência de ponta obtidos por GOMES
ponta do ensaio DPL foi calculada a partir da fórmula dos holandeses, conforme
1983). Segundo o primeiro autor, a hipótese deste trabalho é válida para solos
78
qc e qd (kPa)
0,0 5000,0 10000,0 15000,0
0,000
0,500
CPT-01 (GOMES,
2016)
1,000
Profundidade (m)
DPL-01 (2019)
DPL-02 (2019)
1,500
2,000
2,500
Figura 5.5 – Gráfico comparativo da resistência de ponta obtida nos ensaios com o DPL
(qD) e da resistência de ponta do cone (q C) obtida por GOMES (2016)
por GOMES (2016) com o N10, procurando-se obter uma correlação entre os dois
ensaios. Este resultado é apresentado nos gráficos das figuras 5.6, 5.7 e 5.8 junto com a
empregado por LINGWANDA et al. (2015). Para DPL-01, foram excluídos dois valores
79
referentes às profundidades 0,10m (N10 = 0) e 1,91m (N10 = 23). Já para DPL-02, todos
os dados foram utilizados, pois atendiam ao critério estabelecido pelo método das
diferenças de Tukey.
16
14
12
10
qc (MPa)
0
0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20
N10
Figura 5.6 - Correlação entre o N10 obtido no ensaio DPL-01 sem a correção pelo método
das diferenças de TUKEY (1977) com a resistência de ponta de cone obtida por GOMES
(2016)
80
16
14
12
10 qc = 0,6646N10 + 1,4226
qc (MPa)
R² = 0,8998
8
0
0 5 10 15 20
N10
Figura 5.7 - Correlação entre o N10 obtido no ensaio DPL-01 corrigido pelo método das
diferenças de TUKEY (1977) com a resistência de ponta de cone obtida por GOMES
(2016)
18
16 qC = 0,7379N10 + 1,233
R² = 0,8128
14
12
qc (MPa)
10
8
6
4
2
0
0 5 10 15 20 25
N10
Figura 5.8 – Correlação entre o N10 obtido no ensaio DPL-02 corrigido pelo método das
diferenças de TUKEY (1977) com a resistência de ponta de cone obtida por GOMES
(2016)
81
consenso internacional de uma escala referencial para interpretação do coeficiente de
encontrada, visto que relações que não sejam lineares podem apresentar altos valores de
Ressalta-se também que a partir dos gráficos expostos nas figuras 5.2 e 5.3
verificou-se uma variação dos valores de N10 na faixa de profundidade entre 1,00m e
1,50m. Neste intervalo, tanto em DPL-01 quanto em DPL-02, verificou-se uma redução
em N10, seguida de aumento. Verificou-se também que essa variação foi mais discreta
de 1,30m a 1,50m.
Esse fato pode ser indicativo de alguma mudança nas propriedades mecânicas do
um indício de que esta variação é mais acentuada próximo a DPL-01 e menor em CPT-
01, sendo DPL-02 um ponto intermediário. Para verificar essa hipótese, faz-se
82
6 Conclusões e Sugestões para Futuras Pesquisas
6.1 Conclusões
custo benefício, de vez que o equipamento é de baixo custo e pode ser executado, com
na areia da praia de Copacabana, e onde haviam sido realizados vários outros ensaios de
Correlações dos ensaios de DPL com outros ensaios de campo foram analisadas. A
83
1. A realização de ensaios na câmara de calibração com o equipamento DPL
84
Referências Bibliográficas
ABNT, 1991.
______. NBR 6122: Projeto e execução de fundações. Rio de Janeiro: ABNT, 1996.
______. NBR 7181: Solo - Análise Granulométrica. Rio de Janeiro: ABNT, 2016.
Correlação entre Resultados de Sondagens Tipo DPL e Valores NSPT. In: Décimo
85
BASTOS, N. J. Interpretação Racional do Ensaio DPL. 172 p. Dissertação de M. Sc.
BROMS, BB; FLODIN, N. ; History of Soil Penetration Testing. DERUITER (Org.).
BURLAND, J. B. The teaching of soil mechanics : a personal view. In: 9th European
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86
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Probing Test Results - Research study for the data of South Limburg - The
87
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Estocolmo, 1989.
Testing” by Peter W Rowe and Laing Barden. Journal of the Soil Mechanics and
and DPL Data for Sandy Soil in Tanzania. Geotechnical and Geological
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MARCU, A. State-of-practice on CPT in Romania (National Report). In:
20, 2003.
Engenharia. 3 ed. Rio de Janeiro: LTC Livros Técnicos e Científicos Editora S.A.,
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______. Parameter approach from DPL test. In: International Conference on Site
______. Shear resistance by the DPL Nilsson Test. In: ISC4 geotechnical and
1987.
Correlations of SPT and DCPT data for sandy soils in Ghana. International
89
Association of Lowland Technology, v. 19, no September, p. 145–150, 2017.
p. 1–7, 1982.
PINTO, C. S. Curso Básico de Mecânica dos Solos. São Paulo: Oficina de Textos,
2006. 367 p.
90
SCHNAID, F. ODEBRECHT, E. Ensaios de Campo e suas aplicações à Engenharia.
91
ANEXO I
Nas pranchas das páginas a seguir, estão representadas as dimensões das peças
92
20.00
35.86
11°
35.36
90°
17.90
45°
Espessura
Cor (mm)
1 0,1
2 0,2
OBSERVAÇÕES:
3 0,3
4 0,4
- Medidas em milímetros;
5 0,5
- Todas as dimensões seguem padronização da ISSMFE (1989), norma alemã DIN 4094-3 (2002) e ISO 22476-2 (2005); ESCOLA POLITÉCNICA E COPPE/UFRJ
6 0,6 - Material: aço 1045 temperado;
7 0,7 - Rosca quadrada.
8 0,05 (COR 8)
9 0,05 (COR 9)
10 0,2 (RED) equip_recover_recover.dwg
11 0,05
40 0,2 (COR 40) C:\Users\Lucas\Documents\ARTIGOS_PROPOSTA TCC
22.16
34.14
21.27
°
70
20.43
43.96
43.47
30.83
51.00
Espessura
Cor (mm)
1 0,1
2 0,2
OBSERVAÇÕES:
3 0,3
4 0,4
- Medidas em milímetros;
5 0,5
- Todas as dimensões seguem padronização da ISSMFE (1989), norma alemã DIN 4094-3 (2002) e ISO 22476-2 (2005); ESCOLA POLITÉCNICA E COPPE/UFRJ
6 0,6 - Material: aço 1045 temperado;
7 0,7 - Rosca quadrada.
8 0,05 (COR 8)
9 0,05 (COR 9)
10 0,2 (RED) equip_recover_recover.dwg
11 0,05
40 0,2 (COR 40) C:\Users\Lucas\Documents\ARTIGOS_PROPOSTA TCC
PERSPECTIVA HASTE
1
ESC.: 1:4
Ø22
CORTE DA HASTE
2
ESC.: 2:1
Espessura
Cor (mm)
1 0,1
OBSERVAÇÕES:
2 0,2
3 0,3 - Medidas em milímetros;
4 0,4 - Todas as dimensões seguem padronização da ISSMFE (1989), norma alemã DIN 4094-3 (2002) e ISO 22476-2 (2005);
5 0,5 - Material: aço 1045 temperado; ESCOLA POLITÉCNICA E COPPE/UFRJ
6 0,6 - Rosca quadrada;
7 0,7 - Marcações finas de 0,05mm a cada 100mm no material da haste.
8 0,05 (COR 8)
9 0,05 (COR 9)
10 0,2 (RED) equip_recover_recover.dwg
11 0,05
40 0,2 (COR 40) C:\Users\Lucas\Documents\ARTIGOS_PROPOSTA TCC
4 .99
Ø1
.40
Ø101
102.53
VISTA SUPERIOR
2
ESC.: 1:2
74.74
PERSPECTIVA MARTELO E GUIA
1
ESC.: 1:4
12.70
66.84
VISTA LATERAL
3
ESC.: 1:2
Espessura
Cor (mm)
1 0,1
OBSERVAÇÕES:
2 0,2
3 0,3 - Medidas em milímetros;
4 0,4 - Todas as dimensões seguem padronização da ISSMFE (1989), norma alemã DIN 4094-3 (2002) e ISO 22476-2 (2005);
5 0,5 - Material: aço 1045 temperado; ESCOLA POLITÉCNICA E COPPE/UFRJ
6 0,6 - Rosca e porca comerciais na guia do martelo;
7 0,7 - Martelo com 10kg de massa;
8 0,05 (COR 8) - Braços do martelo engastados.
9 0,05 (COR 9)
10 0,2 (RED) equip_recover_recover.dwg
11 0,05
40 0,2 (COR 40) C:\Users\Lucas\Documents\ARTIGOS_PROPOSTA TCC