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08/02/2020 Desenvolvimento como Liberdade | Blog Cidadania & Cultura

Blog Cidadania & Cultura


Fernando Nogueira da Costa. Professor Titular do IE-UNICAMP.

Desenvolvimento como Liberdade


Posted on 29/12/2012

Segundo Amartya Sen, no seu livro Desenvolvimento como Liberdade (São Paulo,
Companhia das Letras, 2000), demonstra que o desenvolvimento pode ser visto como um
processo de expansão das liberdades reais que as pessoas desfrutam. O crescimento do PIB
ou das rendas individuais pode ser muito importante como um meio de expandir as
liberdades desfrutadas pelos membros da sociedade. Mas as liberdades dependem
também de outros determinantes, como as disposições sociais e econômicas, tais como
os serviços de educação e saúde, e os direitos civis, p.ex., a liberdade de participar de
discussões e averiguações públicas.

Ver o desenvolvimento como expansão de liberdades substantivas dirige a atenção para os


fins que o tornam importante, em vez de restringi-la a alguns dos meios
(industrialização, inovação tecnológica, educação, etc.) que, inter alia, desempenham
um papel relevante no processo.

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08/02/2020 Desenvolvimento como Liberdade | Blog Cidadania & Cultura

O desenvolvimento requer que se removam as principais fontes de privação de


liberdade:

1. pobreza e tirania;
2. carência de oportunidades econômicas e destituição social sistemática;
3. negligência dos serviços públicos e intolerância ou interferência excessiva de
Estados repressivos.

Às vezes a ausência de liberdades substantivas relaciona-se diretamente com a pobreza


econômica, que rouba das pessoas a liberdade de saciar as necessidades básicas. Em
outros casos, a privação da liberdade vincula-se estreitamente à carência de serviços públicos
e assistência social. Mais ainda, a violação da liberdade resulta diretamente de uma negação
de liberdades políticas e civis por regimes autoritários e de restrições impostas à liberdade
de participar da vida social, política e econômica da comunidade.

A liberdade é central para o processo de desenvolvimento por duas razões:

1. A razão avaliatória: a avaliação do progresso tem de ser feita verificando-se,


primordialmente, se houve aumento das liberdades das pessoas.
2. A razão da eficácia: a realização do desenvolvimento depende inteiramente da
livre condição de agente das pessoas.

Há relações mutuamente reforçadoras entre liberdades de tipos diferentes. É devido a


essas inter-relações que a condição de agente livre e sustentável emerge como um
motor fundamental do desenvolvimento. A livre condição de agente não só é, em si,
uma parte “constitutiva” do desenvolvimento, mas também contribui para fortalecer
outros tipos de condições de agentes livres.

A ligação entre liberdade individual e realização do desenvolvimento social vai muito além
da relação constitutiva. O que as pessoas conseguem positivamente realizar é
influenciado por oportunidades econômicas, liberdades políticas, poderes sociais e por
condições habilitadoras como saúde, educação básica e incentivo e aperfeiçoamento de
iniciativas. As disposições institucionais que proporcionam essas oportunidades são
ainda influenciadas pelo exercício das liberdades das pessoas, mediante a liberdade de
participar da escolha social e da tomada de decisões públicas que impelem o
progresso dessas oportunidades.

Cinco tipos distintos de liberdade, vistos de uma perspectiva “instrumental”, são


investigados particularmente nos estudos empíricos de Amartya Sen:

1. Liberdades políticas;
2. Facilidades econômicas;
3. Oportunidades sociais;
4. Garantias de transparência e
5. Segurança protetora.

Cada um desses tipos distintos de direitos e oportunidades ajuda a promover a capacidade


geral de uma pessoa. Eles podem ainda atuar complementando-se mutuamente. As
políticas públicas visando ao aumento das capacidades humanas e das liberdades substantivas

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em geral podem funcionar por meio da promoção dessas liberdades distintas, mas
inter-relacionadas. Na visão do “desenvolvimento como liberdade”, as liberdades
instrumentais ligam-se uma às outras e contribuem com o aumento da liberdade
humana em geral.

Embora a análise do desenvolvimento precise, por um lado, ocupar-se de objetivos e


metas que tornam importantes as consequências dessas liberdades instrumentais, é
necessário igualmente levar em conta os encadeamentos empíricos que unem os tipos
distintos de liberdade uns aos outros, fortalecendo sua importância conjunta. Essas
relações são fundamentais para uma compreensão mais plena do papel instrumental
da liberdade.

As liberdades não são apenas os fins primordiais do desenvolvimento, mas também os meios
principais. Além de reconhecer, fundamentalmente, a importância avaliatória da
liberdade, precisamos entender a notável relação empírica que vincula, umas às outras,
liberdades diferentes.

1. Liberdades políticas (na forma de liberdade de expressão e eleições livres)


ajudam a promover a segurança econômica.
2. Oportunidades sociais (na forma de serviços de educação e saúde) facilitam a
participação econômica.
3. Facilidades econômicas (na forma de oportunidades de participação no
comércio e na produção) podem ajudar a gerar a abundância individual, além de
recursos públicos para os serviços sociais.
4. Liberdades de diferentes tipos podem fortalecer umas às outras.

Essas relações empíricas reforçam as prioridades valorativas. Essa concepção da


Economia e do processo de desenvolvimento centrada na liberdade é em grande medida uma
visão orientada para o agente. Com oportunidades sociais adequadas, os indivíduos
podem efetivamente moldar seu próprio destino e ajudar uns aos outros. Não
precisam ser vistos sobretudo como beneficiários passivos de engenhosos programas
de desenvolvimento. Existe, de fato, uma sólida base racional para reconhecermos o
papel positivo da condição de agente livre e sustentável – e até mesmo o papel positivo da
impaciência construtiva.

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A Imaginação Robinson Crusoe O Profeta da Inovação:


Econômica de Amartya In "Estante" Joseph Schumpeter e a
Sen: Índice de Destruição Criativa
Desenvolvimento In "História"
Humano
In "História"

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e Psicológico, com as etiquetas Economia, Texto Acadêmico, por Fernando Nogueira
da Costa. Ligação permanente
[https://fernandonogueiracosta.wordpress.com/2012/12/29/desenvolvimento-
como-liberdade/] .

7 THOUGHTS ON “DESENVOLVIMENTO COMO LIBERDADE”

Flávio
em 29/12/2012 às 0:56 disse:

Bom-dia, como faço para parar de receber postagens deste site?

Fernando Nogueira da Costa


em 29/12/2012 às 8:47 disse:

Prezado Flávio,
eu não envio postagens para ninguém. Há a opção voluntária de
subscrever este blog e receber notificações de novos posts por email.
Atualmente, são 472 subscritores.
Nunca fiz subscrição, portanto, não sei como desfazer. Sugiro entrar no
site do WordPress para ver como desfazer a subscrição ou “dá um
Google no assunto”.
att.

Oswaldo Conti-Bosso
em 30/12/2012 às 15:12 disse:

O arco modernista: Do projeto de BH (1897), a Brasília de JK

Caros,

https://fernandonogueiracosta.wordpress.com/2012/12/29/desenvolvimento-como-liberdade/ 4/8
08/02/2020 Desenvolvimento como Liberdade | Blog Cidadania & Cultura

Os comentários ao post, Desenvolvimento como Liberdade, de Fernando


Nogueira da Costa, é só mais uma desculpa, qualquer desculpa, para dizer
algumas palavras.

Como diria Nelson Rodrigues, “a vida como ela é”, a internet com quase tudo e
quase total liberdade, mas quem pede para receber, e aparenta não saber o
que recebe e nem porque recebe, como diria o conselheiro Acácio, ou melhor,
Bachelard, “olhar só não basta é preciso imaginar”, “a árvore que o tolo vê, não
é a mesma árvore que o sábio vê”, diria William Blake, assim é a internet, como
a direção dos ventos, e para quem não sabe onde está e para onde vai,
qualquer caminho serve, inclusive o não caminho, de esperar tudo na mão,
feito um bebê mimado, para o Flávio o post pode ser entendido como o “não
desenvolvimento” e a “liberdade” como o “ser condenado”, o “óbvio ululante”
diria o anjo pornográfico.

Para outros, como vejo, o post, “Desenvolvimento com Liberdade”, falando do


pensador Amartya Sen, em relação ao comentário que fiz no post anterior
(Livros e livros “fashion-trash”), é uma mudança da água para o vinho, ou até
uma viscosidade que não se mistura, entre água e óleo, ou melhor dizendo, do
ocidente para o oriente, em conteúdo e personalidade humana, mudança de
paradigma, inclusive aquela que disse Amartya Sen, escreveu ele ironicamente
em 1999, sobre os direitos universais do homem e da revolução francesa
ocidental, que no século terceiro da era cristã, os filósofos indianos já teriam
escritos sobre os mesmos conceitos e valores (Democracia, Org. Robert
Darnton e Olivier Duhamel, 2001), ou seja, a ideologia e a construção
mitológica da superioridade eurocêntrica dos últimos séculos é um verdadeiro
castelo de areia, ou “Castelo de Âmbar”.

Por isso começo meu dias quase sempre rezando, como me ensinou minha
mãe, e a reza de uma missa moderna para nosso dias, é ouvir a voz
esperançosa e alegre de mestre Darcy Ribeiro, “o mais importante é inventar o
Brasil que nós queremos” (http://www.fundar.org.br/), a construção da nossa
ideologia, da nossa mitologia, de preferência não egocêntrica (O amor vence o
animal? – LULU, Robert Wilson), que é uma obra quase acabada, é preciso
executá-la na preguiça e na esperteza macunaímica.

Dentro desse nosso arco modernista brasileiro, do projeto e construção de BH


(1897), a Brasília de Jk, na qual gostava de escrever sobre duas lendas vivas
dessas nossas gerações, que construiu uma nação (ainda inacabada),
simbolizadas nas figuras de Oscar Niemeyer e Antonio Candido, um tornou-se
encantado dias atrás, o outro, nosso “último dos moicano” vivo, mas suas
histórias, vitórias e lutas secular, começando pelo batismo no século XIX, com
Machado de Assis a Euclydes da Cunha, ao século XXI, o arco modernista do
Brasil e o mundo, escrevi por diversas vezes, como ano passado:

Glauber, Darcy, o Brasil e o mundo

Enviado por luisnassif, dom, 20/11/2011 – 15:00

https://fernandonogueiracosta.wordpress.com/2012/12/29/desenvolvimento-como-liberdade/ 5/8
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Postado por Conti-Bosso em 20 novembro 2011 às 1:30

(…) “ver o mundo que podia ser, que vai ser Glauber, que há de ser”

Darcy Ribeiro: (…) “uma vez, eu não vou esquecer nunca, Glauber passou uma
manhã abraçado comigo e chorando, chorando, chorando convulsivamente, eu
custei a entender, ninguém entendia, que Glauber chorava a dor, que nós
deviamos chorar, a dor de todos os brasileiros, o Glauber chorava as crianças
com fome, o Glauber chorava o país que nào deu certo, o Glauber chorava a
brutalidade, o Glauber chorava a estupidez, a mediocridade, a tortura, que ele
não suportava, chorava, chorava, chorava. Os filmes do Glauber são isso. É um
lamento, é um grito, é um berro. Essa é a herança que fica de Glauber. Fica de
Glauber pra nós a herança de sua indignação, ele foi o mais indignado de nós,
indignado com o mundo tal qual é, assim, indignado, porque mais que nós
também Glauber podia ver o mundo que podia ser, que vai ser Glauber, que há
de ser. Glauber viveu entre a esperança e o desespero, como um pêndulo louco

Referência
Mário de Andrade: um poeta na política. Por Helena Bomeny

http://www.advivo.com.br/blog/oswaldo-conti-bosso/o-arco-modernista-do-
projeto-de-bh-1897-a-brasilia-de-jk

Sarah Farias Andrade


em 05/02/2014 às 12:29 disse:

Bom dia Professor!

Assistir uma palestra que o senhor deu no Encontro de Economia Baiana, em


Salvador, no ano passado e gostei muito. Sei que esse post é antigo, mas
gostaria de saber se o senhor desenvolve alguma pesquisa voltada para
desenvolvimento como liberdade, olhei o seu lattes e não vi nada.

Bem estou fazendo mestrado e minha dissertação é uma proposta de índice


de desenvolvimento como liberdade, tendo como indicadores as liberdades
instrumentais, gostaria, caso fosse do seu interesse, de uma “indicação”, ou
algo que pudesse fortalecer a minha ideia. Digo, será que é realmente
interessante essa proposta?

Desde já agradeço a atenção.

Sarah Farias Andrade

https://fernandonogueiracosta.wordpress.com/2012/12/29/desenvolvimento-como-liberdade/ 6/8
08/02/2020 Desenvolvimento como Liberdade | Blog Cidadania & Cultura

Fernando Nogueira da Costa


em 05/02/2014 às 17:28 disse:

Prezada Sarah,
apenas estudei e fiz alguns posts sobre o pensamento de Amartya Sen,
p.ex.: https://fernandonogueiracosta.wordpress.com/2012/12/05/a-
imaginacao-economica-de-amartya-sen-indice-de-desenvolvimento-
humano/
Acho que o Amartya Sen tem uma obra que merece estudo.
Mas não é reducionismo tratar o desenvolvimento apenas como
conquista da liberdade? E a igualdade e a fraternidade? E os outros
direitos civis, políticos e sociais? E a conquista dos direitos econômicos,
entre os quais, o conhecimento plural de Economia, a Educação
Financeira, a igualdade de oportunidades?
att.

Oscar Constantino
em 17/01/2017 às 1:11 disse:

Sen é um modernista mesmo, e tem a cara do seculo XXI pois


tudo que ele tata deveria ser aplicado nas sociedades ocidentais
que visam o lucro.

Na minha opinião, Amartya Sen é o Max Webber – na sua obra – A


ética protestante e o “espírito” do capitalismo (no original em
alemão Die protestantische Ethik und der ‘Geist’ des
Kapitalismus). Esta é uma obra produzida por Max Weber (1864-
1920), considerado um dos fundadores do pensamento
sociológico – onde ele aborda a questão social como muita
ênfase.

Pena que alguns autores a interpretaram mal, mas aqui também


se vê a liberdade como conhecimento plural de Economia da
Educação Financeira: a igualdade de oportunidades. Eu não só
educo quando dou trabalho digno e remunerado – mas quando
faço isso pensando nas oportunidades que terão seus
descendentes ao herdarem sua riqueza.

Matheus Simões Nunes


em 22/09/2014 às 23:39 disse:

https://fernandonogueiracosta.wordpress.com/2012/12/29/desenvolvimento-como-liberdade/ 7/8
08/02/2020 Desenvolvimento como Liberdade | Blog Cidadania & Cultura

Excelentes observações, Nogueira!

https://fernandonogueiracosta.wordpress.com/2012/12/29/desenvolvimento-como-liberdade/ 8/8

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