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Uma

VISÃO
Chamando para a obra de Cristo

"Pelo que, ó rei Agripa, não fui desobediente à visão celestial. Antes, anunciei
primeiramente aos que estão em Damasco e em Jerusalém, e por toda a terra da
Judeia, e aos gentios, que se emendassem e se convertessem a Deus, fazendo obras
dignas de arrependimento. Por causa disto, os judeus lançaram mão de mim no templo
e procuraram matar-me. Mas alcançando o socorro de Deus, ainda até o dia de hoje
permaneço, dando testemunho, tanto a pequenos como a grandes, não dizendo nada
mais do que os profetas disseram que devia acontecer, isto é, que o Cristo devia
padecer e, sendo o primeiro da ressurreição dos mortos, devia anunciar a luz a este
povo e aos gentios."

Actos dos Apóstolos 26:19-23

FILIPE ANGELINA
Proémio

A Igreja moçambicana tem conhecido desvios em termos de foco e carácter. Aparta-se,


cada vez mais, dos carris da verdade inerrante das sagradas escrituras e abraça tendências
de êxtase religioso a que uns chamam "pentecostalismo actualizado" e noutros círculos de
"outra dimensão". Com essa fast food de moveres estranhos servida em muitos púlpitos,
as congregações andam cheias de crentes ignícolas. Ignícola é uma pessoa que adora o
fogo. Nesses movimentos dissonantes da Bíblia e marginais à tradição da igreja, a peneira
crítica do mundo vai-nos acirandando e poucos há que têm achado algum espaço para
que cá dentro estejam indivíduos que sejam no mínimo racionais.

Por conta disto muitas feridas são achadas no corpo de Cristo; somos todos assolados por
uma febre espiritual sem precedentes na história do protestantismo. A liderança cristã
procura tudo menos agradar a Deus. Acha-se, na relativização de alguns conceitos
bíblicos, uma autonomia para a criação de muitas seitas antibíblicas; resultando em
assembleias desprovidas de visão e carentes de doutrinação. Assim, a força leiga tem-se
debilitado crescentemente e a membresia de muitas denominações é constituída
maioritariamente por três grupos: ignorantes, murmuradores e conformados.

Para alguns, chamar alguém de ignorante é pesado e cheira à soberba. Mas que outro
nome daríamos àquele que revela uma ausência total ou parcial do conhecimento das
coisas de Deus? Sim. Porque as coisas de Deus são claras e objectivas; ou conhecemo-las
ou não as conhecemos. Ainda que não queiramos admitir este acérrimo facto, a igreja
anda repleta de pessoas que desconhecem a razão da esperança que nelas há (ignorantes);
faladores sem fim porque nada vai bem (murmuradores) e dos que preferem selar a boca
por acharem que a enfermidade está já num estágio de incurabilidade (conformados).

O que estará por detrás destes acontecimentos horrendos? Qualquer observador


atencioso diria: o aparecimento de seitas no meio evangélico. Todavia, a um prudente juiz
importa a razão do crime para melhor aplicação da sentença. Nada entendo acerca de
jurisprudência, mas a minha limitação nesta área leva-me a crer que os atenuantes ou
agravantes da pena podem, em muitos casos, estar associados ao real motivo da acção
danosa praticada pelo arguido. Este método é sábio por um aspecto, a saber, pela
tentativa de se conduzir pelas consequências para chegar às causas e punir o culpado. Por
exemplo, um fatal acidente que dá término à vida de alguém é mau em todos os sentidos,
sendo só por si, uma acção condenável. No entanto, há uma grande diferença entre um
condutor que, por conta da sua condução imprudente, atropela mortalmente uma pessoa,
e aquele que dá o mesmo destino a um peão que quis fazer da faixa de rodagem o passeio.

As consequências do aparecimento de seitas são omnipatentes como a luz do dia. Qual é,


todavia, o gérmen do surgimento destas? Há dois tipos de motivos para este pernicioso
fenómeno: latentes e manifestos. É sabido que os motivos latentes são sempre ocultos
(por isso mesmo se chamam latentes) mas são os verdadeiros. Os manifestos são os que,
embora demonstrados diante de todos, não são reais e a sua patenteação visa esconder a
verdadeira face dos factos. Para o caso do desenfreado nascimento das seitas, os motivos
latentes são três: insubordinação, soberba e ganância. São três também os motivos
manifestos: visão, visão e visão.

Todos os homens que querem dar início a uma associação sectária, abastecidos a full tank
nas bombas total da emoção, arrancam a uma velocidade acelerada e com o motor da sua
fé alimentado por um combustível que se chama visão. Todos dizem ser detentores de
uma visão que receberam da parte de Deus. E, porque nunca alguém marcou audiência
com o Eterno para apurar a veracidade de algumas coisas das quais os homens lhe
atribuem autoria, ficamos todos calados, temendo lutar contra Deus. Resultado: nesse
tom misterioso são fundadas muitas seitas, tendo o silêncio de todos já garantido.

Contudo, a Palavra viva e eficaz assegura-nos que Deus falou e continua a falar (Hb 1:1).
Queremos olhar para uma das formas por ele usadas para falar, as visões. Cremos que no
imenso joio de falsos visionários, existe uma pequena quantidade de trigo de
remanescentes. Discirnamos biblicamente. Usando a experiência de Paulo contada na
primeira pessoa, alguns pontos acerca da visão serão aqui expostos "para que o homem de
Deus seja perfeito e perfeitamente instruído para toda boa obra." II Tm 3:17.
I. A ORIGEM DA VISÃO
"… não fui desobediente à visão celestial." v 19

Quando ouvimos o treinador de uma equipa de futebol ou representante de um partido


político a dizer que a colectividade de que faz parte tem uma visão, obviamente o que nos
vem à mente é a ideia de um plano, de um projecto a ser executado. Se alguém, querendo
opinar, disser que possui uma certa visão, decerto induzir-nos-á a entender que tem uma
observação sobre um dado assunto. Tanto no primeiro quanto no segundo casos, o que
temos são exemplos de uma visão humana e, portanto, terrena.

Se Paulo tivesse dito apenas que não tinha sido desobediente à visão, haveria o risco de
não se fazer entender de que visão estava a falar. Porém, ele deixa-nos claros de que visão
se tratava, indicando a fonte da mesma. Chama de visão celestial, para dizer que era uma
visão que vinha dos céus. Assim, a indicação do lugar da proveniência faz-nos entender o
autor da visão. Quão completas são as Escrituras! Quando diz visão celestial está a dizer
que a visão a que estava a obedecer provinha do "Pai nosso que está nos céus".

Quando alguém cuida ter uma visão, deve procurar saber se essa visão é celestial ou
terrena. A visão terrena é provocada pelos ventos da necessidade e pode ser travada pelas
traiçoeiras ondas das circunstâncias. A visão celestial não é condicionada por nada nem
por ninguém; provém de Deus e muda o rumo do homem, pondo-o a andar na direcção
contrária da que vinha. É uma visão mui terrível. Nenhuma celeuma a pode deter. E
porque vem de um Deus soberano, pode vir no momento mais improvável da nossa vida.

Muitos que se insurgem para depois iniciarem seus ministérios, dizem estar a obedecer a
uma visão. Obedecer à visão é o que se deve fazer; foi o que Paulo fez. A questão que
devemos colocar sempre é "donde emana essa visão?". Dos céus ou do nosso ego? Dos
santos desígnios de Deus ou dos nossos desejos carnais? Bom seria que fosse dos céus
"Porque os dons e a vocação de Deus são sem arrependimento." Rm 11:29.
II. RESPOSTA À VISÃO
"… anunciei primeiramente aos que estão em Damasco e em Jerusalém, e por toda a
terra da Judeia, e aos gentios, que se emendassem e se convertessem a Deus, fazendo
obras dignas de arrependimento." v 20

Deus é impecável. Nada do que ele faz é incompatível com os demais atributos seus. Seu
conselho condiz com a sua personalidade, tal e qual a conhecemos pelas escrituras. Ele
tem um propósito desde a fundação dos séculos, resgatar a humanidade perdida e trazê-la
ao centro da sua vontade. Tem miríades de anjos nos céus, mas ele usa o homem – vaso
quebrável – para levar a cabo o grandioso trabalho de desgarrar as pessoas das mãos de
Satanás. Quando chama, dá dons espirituais – habilidades sobrenaturais, para que se
execute com eficácia o seu fim, a salvação de almas.

Depois de mostrar que a visão que recebera era celestial, Paulo mostra-nos como
respondeu. Diz ele que anunciou primeiramente aos que estavam em Damasco e em
Jerusalém, e por toda a terra da Judeia, e aos gentios, que se emendassem e se
convertessem a Deus, fazendo obras dignas de arrependimento. Esta não foi uma
diligência de Paulo. Quando o Senhor apareceu a Ananias no decurso da visão em causa,
disse a respeito de Paulo: "… este é para mim um vaso escolhido, para levar o meu nome
diante dos gentios, e dos reis, e dos filhos de Israel." At 9:15.

É interessante observar que muitos dos que com o tempo a sua obra testemunha que
realmente Deus é quem os chamou, têm um desejo imensurável de levar os pecadores ao
caminho apertado que leva à vida. Porquê? Porque quando o Senhor convoca alguém, ele
incendeia o seu coração com uma sede insaciável de almas. A resposta ao chamado para o
ministério cristão é evangelística. A graça divina é multiforme mas todos que o Senhor
chama, chama-os para que sejam cooperadores directos ou indirectos no cumprimento da
Grande Comissão. Deus nunca a ninguém chamou para apenas aglomerar certo número
de pessoas, com intuito de daí tirar proveito dos benefícios pastorais, chama para apelar
os extraviados à conversão.
III. O PREÇO
"Por causa disto, os judeus lançaram mão de mim no templo e procuraram matar-
me." v 21

O kit da chamada para a obra de Cristo não termina na visão vinda dos céus e na resposta
evangelística por parte do homem. É um negócio que acarreta um elevado preço a pagar.
Como acontece num processo comercial comum, em que a qualidade e a preciosidade do
produto ditam o preço de aquisição; dado o seu valor ímpar, a chamada para a obra cristã
exige um gigantesco custo. Embora doloroso por causa da nossa parte humana, pouco
custoso é na verdade para nós, uma vez que todo o valor necessário para resgatar os
homens do sequestro da morte e da condenação eterna já foi pago por Cristo na cruz.

Contudo, há um preço. Quando Paulo se levanta para seguir o trajecto indicado pelo
mapa da visão, encontra ao longo da estrada obstáculos de não pequeno tamanho. O
cumprimento adequado da visão, atrai a vinda de mil e uma lutas renhidas, mortíferas.
Veja-se que a guerra atentando contra a vida de Paulo, aparece quando ele está a cumprir
a recomendação da visão. Diz que "Por causa disto [da resposta positiva à visão], os judeus
lançaram mão de mim no templo e procuraram matar-me."

Quando alguém, um homem ou uma mulher, ergue-se para obedecer à visão, declara-se
pronto a enfrentar frentes de elevada investida do reino com a porta larga que se abre
para a perdição de muitos. Falta, exclusão familiar, aflições físicas, torturas emocionais, e
até perigo de morte, são alguns dos montes íngremes a serem escalados por aquele que
deseja ser prestativo ao Senhor que o alistou. A dor é inevitável. Esse é o preço.

De braços cruzados não fica a comitiva infernal quando um visionário se compromete a


seguir as trilhas da visão celestial. Paulo não foi excepção. E nada disto foi acidental.
Note-se que, após mostrar a missão a ser executada, o mesmo Senhor que em visão
chamara a Paulo, disse: "… eu lhe mostrarei quanto deve padecer pelo meu nome." At
9:16. A chamada para obra é também um convite para o padecimento, isto é, sofrimento
físico ou moral. Isto acontece também na chamada universal dos crentes. (veja-se Fp 1:29)
IV. A PROTECÇÃO DIVINA
"… alcançando o socorro de Deus, ainda até o dia de hoje permaneço…" v 22

As lutas de um verdadeiro visionário, são lutas de Deus. Uma vez que o que se levanta
contra os servos do Senhor, são forças espirituais, uma defesa sucedida só se pode fazer
mediante a protecção de um Ser que é superior a tudo que existe em cima nos céus, em
baixo na terra, e debaixo da terra, o Senhor dos exércitos.

Quando a causa é justa, a Justiça não se cala. Aquele que se levanta contra o servo, afronta
o seu Senhor. Certa vez, quando tinham já deliberado matar a Pedro e João, por conta de
terem anunciado a Cristo, certo doutor da lei, bem avisado do que tinha acontecido aos
que antes haviam tentado parar o andamento da obra de Deus, disse: "…Dai de mão a
estes homens, e deixai-os, porque, se este conselho ou esta obra é de homens, se desfará.
Mas, se é de Deus, não podereis desfazê-la, para que não aconteça serdes achados
combatendo contra Deus." At 5:38,39.

A covardia é contraditória à natureza do chamado divino. Nada há a temer. Ao mesmo


tempo que aclara que há um cálice amargo a tomar, Paulo esperança o visionário,
mostrando que não faltará a protecção divina. Só o bálsamo de Jeová pode atenuar o
ardor das feridas provocadas pelo preço da chamada. Nesses momentos a comiseração
humana e ombros amigos pouco ajudam. O auxílio cabal tem de vir do dono da seara.

O que se aprende das palavras de Paulo é que o socorro que Deus presta ao visionário,
não é para vencer, mas para permanecer. Quando aleijados nas batalhas do Bom Mestre,
as ligaduras que nos envolvem, não saram estando nós em decúbito à sombra da
convalescença, são para nos dar condições de voltar à guerra. Os mesmos homens de
quem falámos acima, Pedro e João, quando foram soltos, não lamuriaram por conta dos
açoites e fortes ameaças que haviam recebido, muito pelo contrário, "Retiraram-se, pois,
da presença do conselho, regozijando-se de terem sido julgados dignos de padecer afronta
pelo nome de Jesus. E todos os dias, no templo e nas casas, não cessavam de ensinar e de
anunciar a Jesus Cristo."At 5:41,42. Deus nos livra para permanecermos firmes na obra!
V. A MENSAGEM DO VISIONÁRIO
"… dando testemunho, tanto a pequenos como a grandes, não dizendo nada mais do
que os profetas disseram que devia acontecer, isto é, que o Cristo devia padecer e,
sendo o primeiro da ressurreição dos mortos, devia anunciar a luz a este povo e aos
gentios." v 22

Neste ponto, no cerne da mensagem, está a autenticidade do visionário. Quem carrega


uma visão celestial, obra fundamentado no testemunho dos Profetas e dos Apóstolos (Ef
2:20). Não se conforma com os últimos modismos. Não se curva diante do bezerro da
novidade. Não se deixa levar pelo assim chamado evangelho moderno. Quando falámos da
resposta à visão, dissemos que ela é essencialmente evangelística; consiste em anunciar a
Cristo. Aqui Paulo detalha o teor da mensagem que leva aquele que se coloca ao dispor da
visão.

Podemos nos servir do relato para dividir o conteúdo da mensagem do visionário em


quarto partes. A princípio fala de dar testemunho. É comum na cultura evangélica actual
o uso da expressão dar testemunho. Só que os testemunhos que damos são acerca daquilo
que Deus faz em nossas vidas individuais, mormente sobre livramentos e conquistas. O
testemunho de que Paulo fala tem atemporalidade e universalidade, isto é, resiste à
dinâmica do tempo e à vastidão de espaço geográfico. É o testemunho da redenção.

O terceiro ponto que se deve ver é a abrangência da mensagem. A expressão "tanto a


pequenos como a grandes" é ambígua, isto é, pode ser interpretada sob dois ângulos. Pode
estar a referir que a mensagem era pregada aos homens, desde os pequenos aos mais
velhos. Também pode estar a falar da condição social. A mensagem do visionário não faz
acepção de pessoas, é direccionada a todos, pobres e nobres.

Em quarto lugar temos a figura central da visão, Cristo e ele crucificado. O Cristo
crucificado aponta para o Cristo ressurrecto, e Cristo ressurrecto assegura o cumprimento
da promessa que têm todos que, em vida, depositam fé nele. Aos coríntios disse Paulo: "…
se Cristo não ressuscitou, logo é vã a nossa pregação e também é vã a vossa fé." I Co 15:14.
Sumário

Em termos de foco e carácter, a igreja em Moçambique vive um crescente afastamento do


padrão considerado apropriado. Devido à carência do guia da visão e da água da
doutrinação, três grupos compõem a membresia da maioria esmagadora das
denominações: ignorantes, murmuradores e conformados. Bem estudado, este cenário
trágico é fruto do exacerbado nascimento das seitas, sendo que, para este fenómeno há
três motivos latentes (insubordinação, soberba e ganância) e três manifestos (visão, visão
e visão). E, uma vez que a visão é a alegação dos mentores desses movimentos nada
saudáveis à igreja, usamos o discurso de Paulo em Actos dos Apóstolos 26:19-23 para
considerar cinco pontos que julgamos serem úteis quando o assunto é visão. São eles: 1 – a
visão que nos chama para a obra de Cristo, deve sempre proceder de Deus e nunca do
homem; 2 – a reposta que se dá a uma visão vinda de Deus, é chamar os homens à
salvação e ao conhecimento da verdade; 3 – a resposta à visão tem um preço, custo que
varia desde o sofrimento moral ou físico, até à morte por amor de Cristo e do Evangelho;
4 – aquele que padece por causa dos negócios do Reino, tem a protecção divina garantida,
providência que lhe habilita a permanecer firme e constante na obra a que foi chamado; e
5 – a mensagem do visionário deve ser atemporal, universal, abrangente e ter Cristo
crucificado como o assunto central.
Sobre o autor

Nascido em Maputo aos 29 de Setembro de 1991, Filipe Angelina é membro do Ministério Evangelístico "Fogo de Cristo para as
Nações – FOCRINA" onde tem servido a Deus como Missionário. Tem formação básica em Teologia, curso ministrado pela Escola
Bíblica das Assembleias de Deus de Moçambique e licenciatura em Ensino da Língua Inglesa pela Faculdade de Letras e Ciências
Sociais da Universidade Eduardo Mondlane. É autor de vários artigos evangélicos de cunho didáctico, sendo que Eclesiologia e
Doutrina são os campos de seu maior interesse. Numa época apelidada de "Era de Informação", marcada pela presença activa de
ciências motivacionais de auto-ajuda, sua obra escrita reserva um olhar crítico que convida à reflexão profunda sobre a realidade
religiosa actual e um urgente retorno às escrituras sagradas.

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