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Diferentes origens de Exu são narradas em diversos itans de Ifá. Uma delas, que
determina a ligação existente entre Exu e Orunmilá, contida no Odu Ogbehunle, conta
que:
Quando Olodumare e Obatalá estavam começando a criar o ser humano, criaram, antes, a
Exu. Tendo visto Exu na casa de Obatalá, Orunmilá demonstrou o desejo de possuir um, mas
foi-lhe recomendado que voltasse um mês mais tarde porque tudo o que vira estava ainda em
fase experimental.
Inconformado, Orunmilá insistiu tanto que Obatalá resolveu atender à sua vontade, orientando-
o para que pusesse as mãos sobre a cabeça de Exu e que, voltando para casa, fizesse sexo
com sua mulher.
Tudo foi feito de acordo com a orientação de Obatalá e, doze meses depois, Yebìirú, mulher
de Orunmilá, deu à luz um filho do sexo masculino e porque Obatalá dissera que a criança
seria Alágbára (Senhor do Poder), Orunmilá resolveu chamá-lo de Elégbára.
Logo que seu pai pronunciou seu nome, a criança começou a chorar e a dizer: Iyá, iyá, ng o je
eku - (Mãe, mãe, eu quero comer preás). Ouvindo os apelos de seu filho, a mãe respondeu de
imediato: Omo naa jeé! - Filho, come, come! Omo l’okùn, - Um filho é como contas de coral
vermelho, Omo ni de
- Um filho é como cobre, Omo ni jìngìndìnrìngìn, Um filho é como uma alegria inextinguível, A
mu se yì, mù s’òrun - Uma honra apresentável, que nos Ara eni. - nos representará depois da
morte.
O relato se estende mostrando como Exu, servido por sua mãe, devorou todos os quadrúped-
es, aves e peixes e, não tendo mais nenhum animal sobre a face da terra, engoliu a própria
mãe.
Assustado com o ocorrido, Orunmilá consultou o oráculo e lhe foi recomendado fazer um ebó
composto de uma espada, um bode e quatorze mil caurís.
Feita a oferenda, Orunmilá aproximou-se de Exu, que não parava de chorar e de gritar. “Bàbá,
bàbá, ng ò je ó ó! ” (Pai, pai, eu quero comê-lo!) - berrou o menino.
Orunmilá, então, cantou a canção da mãe de Exu e quando este se aproximou para devorá-lo,
atacou-o com a espada do ebó.
Exu foi então cortado em duzentos pedaços e cada pedaço transformava-se num novo yanguí,
num novo Exu.
A perseguição se estendeu pelos nove oruns e, em cada um deles, Exu era seccionado em
duzentas partes e cada uma delas se transformava num novo yanguí.
No último orun, depois de ser novamente retalhado, Exu propôs um pacto a Orunmilá:
Lenda:
Cada Yanguí seria uma representação suaOrigem depoderia
e Orunmilá Exu consultá-los e mandá-los
executar trabalhos sempre que fosse necessário.
Orunmilá, então, perguntou-lhe por tudo o que havia devorado, inclusive sua mãe, e Exu
respondeu:
“Òrúnmìlá kí o maa kési oun bí ó bá féé gba gbogbo àwon nkan bi eran ati eye tí òun ó máà
ràn án lówó láti gbà padà fún láti owo àwon Omo aràyé”.
(Orunmilá deveria chamá-lo se ele queria recuperar a todos e cada um dos animais e das aves
que ele tinha comido sobre a terra; ele (Exu) os assistiria para reavê-los das mãos dos seres
humanos).
Exu não tinha riqueza, não tinha fazenda, não tinha rio, não tinha profissão, nem artes, nem
missão.
Exu vagabundeava pelo mundo sem paradeiro.
Então um dia, Exu passou a ir à casa de Oxalá. Ia à casa de Oxalá todos os dias.
Na casa de Oxalá, Exu se distraía,vendo o velho fabricando os seres humanos.
Muitos e muitos também vinham visitar Oxalá, mas ali ficavam pouco, quatro dias, oito
dias, e nada aprendiam.
Traziam oferendas, viam o velho orixá, apreciavam sua obra e partiam.
Exu ficou na casa de Oxalá dezesseis anos.
Exu prestava muita atenção na modelagem e aprendeu como Oxalá fabricava as mãos, os
pés, a boca, os olhos, o pênis dos homens, as mãos, os pés, a boca, os olhos, a vagina
das mulheres.
Durante dezesseis anos ali ficou ajudando o velho orixá.
Exu não perguntava.
Exu observava.
Exu prestava atenção.
Exu aprendeu tudo.
Um dia Oxalá disse a Exu para ir postar-se na encruzilhada por onde passavam os que
vinham à sua casa.
Para ficar ali e não deixar passar quem não trouxesse uma oferenda a Oxalá.
Cada vez mais havia mais humanos para Oxalá fazer.
Oxalá não queria perder tempo recolhendo os presentes que todos lhe ofereciam.
Oxalá nem tinha tempo para as visitas.
Exu tinha aprendido tudo e agora podia ajudar Oxalá.
Exu coletava os ebós para Oxalá.
Exu recebia as oferendas e as entregava a Oxalá.
Exu fazia bem o seu trabalho e Oxalá decidiu recompensá-lo.
Assim, quem viesse à casa de Oxalá teria que pagar também alguma coisa a Exu.
Exu mantinha-se sempre a postos guardando a casa de Oxalá. Armado de um ogó,
poderoso porrete, afastava os indesejáveis e punia quem tentasse burlar sua vigilância.
Exu trabalhava demais e fez ali a sua casa, ali na encruzilhada.
Ganhou uma rendosa profissão, ganhou seu lugar, sua casa.
Exu ficou rico e poderoso.
Ninguém pode mais passar pela encruzilhada sem pagar alguma coisa a Exu.
Fonte: Mitologia dos Orixás, Reginaldo Prandi, CIA das Letras.
Temos aqui uma relação de algumas qualidades de Exu no culto Africano, onde cada um
está relacionado com um ou mais Orixás.
Exú Akesan: acompanha Oxumaré, etc
Exú Jelu ou Ijelu: acompanha Osolufun.
Exú Ína: responsável pela cerimónia do Ipade regulamentando o ritual.
ExúÒnan: acompanha Oxun, Oyá , Ogun, responsável pela porteira do Ketu.
Exú Ajonan: tinha o seu culto forte na antiga região Ijesa.
Exú Lálú: acompanha Odé, Ogun, Oxalá, etc
Exú Igbárábò: acompanha Yemanjá, Xangô, etc
Exú Tìrírí: acompanha Ogun
Exú Fokí ou Bàra Tòkí: acompanha Oyá e vários orixás
Exú:Lajìkí ou Bára Lajìkí: acompanha Ogun, Oyá e as posteiras.
Exú Sìjídì: acompanha Omolú, Nanã, etc
Exú Langìrí: a companha Osogiyan
Exú Álè: acompanha Omolú
Exú Àlákètú: acompanha Oxóssi
Exú Òrò: acompanha Odé, Logun
Exú Tòpá/Eruè: acompanha Ossayin
Exú Aríjídì: acompanha Oxun
Exú Asanà: acompanha Oxun
Exú L’Okè: acompanha Obá
Exú Ijedé: acompanha Logun
Exú Jinà: acompanha Oxumarè
Exú Íjenà: acompanha Ewá
Exú Jeresú: acompanha Obaluaiye
Exú Irokô; acompanha Iroko
O Bem e o Mal
Os Tronos de Deus
Deus é em si o todo! Mas o todo é formado por muitas partes. Cada parte é um aspecto da
criação e Deus está em todas elas ao mesmo tempo porque é Onipresente. A onipresença
de Deus é incontestada, e todas as religiões organizadas a têm como dogma.
O Panteísmo tem sua origem nesse fato, verdadeiro, e fundamenta sua crença de que, se
Deus é onipresente e está em tudo e todos ao mesmo tempo, então se pode cultuá-Lo por
meio daquela com que melhor se afinizar.
Isso é verdadeiro, ainda que nunca devamos nos esquecer de que uma parte não é o todo,
e sim só uma de suas partes.
Um “deus” do fogo não é Deus, mas uma forma de cultuá-Lo por meio de uma de suas
partes, que é o elemento Fogo.
Um “deus” da água... é uma de suas partes, que é o elemento Água.
Um “deus” da terra... é uma de suas partes, que é o elemento Terra.
Um “deus” do ar... é uma de suas partes, que é o elemento Ar.
Um “deus” dos minerais... é uma de suas partes, que é o elemento Mineral. Um “deus” dos
vegetais... é uma de suas partes, que são os Vegetais.
Um “deus” dos cristais... é uma de suas partes, que são os Cristais.
Um “deus” do tempo... é uma de suas partes, que é o Tempo.
Um “deus” dos animais; dos répteis; das aves; das montanhas; dos mares; dos rios; dos
lagos; das cachoeiras; dos cemitérios; da chuva; dos ventos; do sol; dos raios; etc. não
são Deus, e sim algumas de suas muitas partes.
Deus, nosso Divino Criador, é em si tudo e todos, e está em tudo, e é o princípio de tudo, e
todos provêm Dele.
Já não se questiona a Unidade e o Princípio, no entanto, todos reconhecem que há uma
miríade de seres divinos espalhados pela criação e que ou são os regentes de uma de
suas partes ou são guardiões dos seus mistérios sagrados.
Ninguém duvida da existência dos Anjos, pois estão descritos na Bíblia, assim como os
Tronos, os Arcanjos, os Serafins etc.
Ninguém duvida da existência dos Devas, porque estão descritos nos livros sagrados
hinduístas.
Ninguém duvida da existência dos Orixás, porque estão descritos nos livros sagrados e na
tradição oral nigeriana. E assim com todas as atuais religiões!
Mas muitos duvidam da existência das cosmogonias antigas, tais como a egípcia, grega,
babilônica ou caldeia, nórdica, caucasiana; mongólica; romana; cartaginesa; havaiana,
polinésia; indígenas americanas (índios americanos e canadenses, astecas, maias, incas,
índios tupis-guaranis), africanas em geral (muitas), etc.
Trono da Vitalidade
Exu
Divindade africana, da cultura Nagô que predomina na região da atual Nigéria e parte da
Republica Popular do Benim. É o Trono da Vitalidade e também um Trono Tripolar (vitaliza,
desvitaliza ou neutraliza toda e qualquer ação).
Orixá Exu tem origem Nagô, onde é Divindade fálica, age também no sentido do vigor
físico e espiritual. Seu nome, na língua Yorubá, quer dizer Esfera, mostrando ser uma
Divindade que atua em Tudo e em todos os campos.
Considerado o mensageiro dos outros Orixás, Exu vitaliza ou desvitaliza qualquer um dos
sete sentidos, sendo muito evocado e muito atuante pela abrangência de seu mistério.
O tridente, ferramenta de Exu na Umbanda, nunca teve conotação negativa, pelo contrário.
O Tridente sempre foi algo divino nas culturas pagãs anteriores ao Cristianismo, por isso a
cultura católica fez questão de pregar o inverso, para facilitar a conversão de seus fiéis e
fazer com que esquecessem os mistérios a que tinham acesso direto. Agora o único
acesso a qualquer mistério estaria na mão de um Sacerdote Católico.
Podemos citar o uso de Tridente por Zeus, Netuno, Tritão, Posseidon e Shiva, entre outros.
Esses tridentes mostram o valor divino concedido a eles; a trindade; o alto, o meio e o
embaixo; Céu, Mar e Terra; Luz, sombra e trevas; Pai, Mãe e Filho; etc. Na cultura
católica, essa trindade perde toda sua relação com o tridente e aparece apenas como Pai,
Filho e Espírito Santo, deixando de lado o elemento feminino, tão importante, que se
concentrará na figura de Maria, Mãe de Jesus.
Assim, Exu evoca seu mistério do vigor e o mistério tridente já tão deturpado em nossa
cultura, mas de grande valor como mistério divino, pois trás em si poder de realização,
desde que manifesto da forma correta.
Elegbara
Também conhecido como Elegba, Legba, Elebá, Lebá, Elegua, Légua e outros é divindade
da cultura Gêge, Vodun, na língua Fon. Seu nome significa Poderoso , tem em si todas as
qualidades do Orixá Exu, e de cultura tão próxima na África houve também sincretismos.
Elebara é sinônimo de Exu e tornou-se na cultura Yorubá, também, uma das qualidades do
Orixá Exu.
Aluvaiá
Este é o nome da Divindade da Vitalidade na cultura bantu, na língua quimbundo, portanto
é um “inquice”, é o Exu dos Cultos Angola/Congo.
O Mistério Exu foi humanizado na África e a divindade cósmica e dual Exu tem sido
evocada há vários milénios, sempre segundo rituais seguidos à risca pêlos seus
sacerdotes (babalaôs, babalorixás e Ialorixas.
Todo “Trono” carrega seu “cetro de poder”, ou seu “cetro simbólico”.
Ogum porta a sua espada; Xangô porta seu machado; lansã porta seu..., Oxalá porta
seu..., Yemanjá porta seu..., Oxum porta seu..., Nana Buruquê porta seu...
Já Exu “Natural” porta seu cetro simbólico, que é de formato fálico.
Exu Natural, no particular, rege sobre o vigor sexual e tanto pode vitalizá-lo como
desvitalizá-lo. Por isso, seu cetro simbólico é um falo.
Mas, no geral, Exu tanto vitaliza quando desvitaliza todos os sete sentidos capitais de um
ser.
Por que o cetro simbólico de Exu Natural (que nunca encarnou) é fálico?
Seu cetro simbólico está mostrando um dos seus campos naturais de atuação, que é a
sexualidade, assim como está deixando patente que lida naturalmente com a energia vital
gerada no aparelho genésico que, se quintessenciada, resulta no fluxo da energia kundalini,
que é a responsável pela abertura de faculdades mentais superiores, capacitando as
pessoas e dando-lhes condições de sustentarem operações mentais muito mais sutis e
abrangentes.
Os deuses fálicos de antigas civilizações nada mais eram que a humanização do mistério
da criação que rege sobre a vitalidade dos seres. E na África, em algumas de suas
“nações”, Exu foi a divindade que chamou para si a “humanização” desse mistério da
criação, mistério esse que tem numa das dimensões paralelas seus meios natural e
gerador de magnetismo e energias, dimensão esta que vitaliza todas as outras dimensões
planetárias, que retiram dela a quantidade exata de energias que precisam para vitalizar os
seres que vivem nelas.
A dimensão natural de Exu fica à esquerda da dimensão humana e nela vivem trilhões de
seres naturais que são geradores naturais dessa energia que vitaliza quem se aproxima
deles.
Os médiuns incorporantes conhecem bem essa qualidade de Exu, pois ao incorporá-los,
sentem-se vitalizados, fortes mesmo!
Essa vitalidade acontece em todos os sentidos, não só no sétimo sentido, sendo que,
raramente, um médium tem sua sexualidade alterada em função da incorporação de Exu,
pois a maior vilalizacão se dá no seu mental e no reequilíbrio do seu emocional, assim
como no fortalecimento dos seus corpos físico e energético.
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Curso Fundamentos de Exu | Por Alan Barbieri
O Mistério Exu
O Mistério Exu tem intrigado os estudiosos do Mistério Orixás porque Exu é colocado em
oposição a eles e seu campo de ação e atuação é tão abrangente, que encontramos Exus
de Ogum, de Xangô, de Oxalá, de lemanjá, etc.
Que mistério é esse que transcende o campo de um orixá, já que Exu está em todos os
campos de todos os orixás?
Como aquilatar o Mistério Exu, se todos os orixás têm seus Exus?
Nós respondemos: Exu é um mistério do nosso Divino Criador; portanto, possui uma faixa
vibratória e um grau magnético só seu, pêlos quais flui, irradia-se, atua e manifesta-se na
vida dos seres.
Logo, o Mistério Exu não é maior ou menor nem superior ou inferior aos outros mistérios.
Apenas é como é porque assim ele é.
Exu, enquanto energia e magnetismo, é vitalizador e transformador;
Exu, enquanto mistério da criação e agente da Lei Maior,é vitalizador ou desvitalizador dos
sentidos capitais de um ser e atua como transformador de sua vida; — Exu, enquanto
elemento mágico “cósmico”, só é ativado ou desativado se
for devidamente pago com oferendas rituais simbólicas;
Exu, enquanto elemento religioso,atua como esgotador de carmas
individuais e como vitalizador ou esgotador da religiosidade das pessoas;
Exu, enquanto mistério auxiliar do Mistério Orixás, lida com seus aspectos negativos
naturalmente e os ativa ou desativa segundo as ações ou as reações de quem for
alcançado por eles;
Exu, enquanto “linha de esquerda” da Umbanda, incorpora nos seus médiuns e dá
consultas gratuitas a quem se dispuser a falar com ele, aconselhando, orientando,
defendendo, ajudando a superar suas dificuldades materiais ou espirituais, familiares ou de
trabalho, etc., mas sempre a partir de sua visão cósmica das situações, de seu senso de
oportunidade das situações, de seu senso de oportunismo e de seu entendimento pessoal
de corno deve proceder para responder a quem o solicitou;
Exu escreve reto em linhas tortas; escreve torto em linhas retas e escreve torto em linhas
tortas. Só não consegue escrever reto em linhas retas... porque tem “duas cabeças”, sendo
que uma é instintiva e a outra, emotiva; uma é movida por suas necessidades e a outra,
por seus interesses.
As “duas cabeças” de Exu representam sua natureza dual, que ora o instiga a satisfazer
suas necessidades, ora o induz a satisfazer as necessidades alheias. Por isso, se Exu for
assentado na tranqueira de uma tenda, ele tem de ser servido e saudado ritualmente antes
da abertura dos trabalhos;
É o Orixá da Lei e seu campo de atuação é a linha divisória entre a razão e a emoção. É o
Trono Regente das milícias celestes, guardiãs dos procedimentos dos seres em todos os
sentidos.
Ogum é sinônimo de lei e ordem e seu campo de atuação é a ordenação dos processos e
dos procedimentos. O Trono da Lei é eólico e, ao projetar-se, cria a linha pura do ar
elemental, já com dois pólos magnéticos ocupados por Orixás diferenciados em todos os
aspectos. O pólo magnético positivo é ocupado por Ogum e o pólo negativo é ocupado por
Iansã. Esta linha eólica pura dá sustentação a milhões de seres elementais do ar, até que
eles estejam aptos a entrar em contato com um segundo elemento. Uns têm como
segundo elemento o fogo, outros têm na água seu segundo elemento, etc.
Portanto, na linha pura do “ar elemental” só temos Ogum e Iansã como regentes.
Mas se estes dois Orixás são aplicadores da Lei (porque sua natureza é ordenadora), então
eles se projetam e dão início às suas hierarquias naturais, que são as que nos chegam
através da Umbanda. Os Orixás regentes destas hierarquias de Ogum e Iansã são Orixás
Intermediários ou regentes dos níveis vibratórios da linha de forças da Lei.
Saibam que Oxalá tem sete Orixás Intermediários positivos e tem outros sete negativos,
que são seus opostos, e tem sete Orixás neutros; Oxum tem sete Orixás intermediárias
positivas e tem outras sete negativas, que são suas opostas; Oxóssi tem sete Orixás
intermediários positivos, sete negativos, que são seus opostos, e tem sete outros que
formam uma hierarquia vegetal neutra e fechada ao conhecimento humano material; Xangô
tem sete Orixás intermediários positivos e tem sete negativos, que são seus opostos.
E o mesmo acontece com Obaluayê e Yemanjá. Agora, Ogum e Iansã são os regentes do
mistério “Guardião” e suas hierarquias não são formadas por Orixás opostos em níveis
vibratórios e pólos magnéticos opostos, como acontece com outros. Não, senhores! Ogum
e Iansã formam hierarquias verticais retas ou seqüenciais, sem quebra de “estilo” , pois
todos os Oguns, sejam os regentes dos pólos positivos, dos neutros ou tripolares, ou dos
negativos, todos atuam da mesma forma e movidos por um único sentido: aplicadores da
Lei!
Todo Ogum é aplicador natural da Lei e todos agem com a mesma inflexibilidade, rigidez e
firmeza, pois mão se permitem uma conduta alternativa. Onde estiver um Ogum, lá estarão
os olhos da Lei, mesmo que seja um “caboclo” de Ogum, avesso às condutas liberais dos
freqüentadores das tendas de Umbanda, sempre atento ao desenrolar dos trabalhos
realizados, tanto pelos médiuns quanto pelos espíritos incorporadores. Dizemos que Ogum
é, em si mesmo, os atentos olhos da Lei, sempre vigilante, marcial e pronto para agir onde
lhe for ordenado.
Fonte: Teogonia de Umbanda, Rubens Saraceni, Madras Editora
Nós já revelamos que o Mistério Exu dá origem a sete linhagens fundamentais e que são:
Exus dos Cristais
Exus dos Minerais
Exus dos Vegetais
Exu do Fogo
Exu do Ar
Exu da Terra
Exu da Água
Esses Exus são vitalizadores ou desvitalizadores dos mistérios maiores, pois são os sete
Exus planetários e multidimensionais.
E cada um desses Exus desenvolveu sua linhagem e seu mistério, tornando-se mais e
mais abrangente e localizado em faixas de atuação específicas.
Com isso, em nível de plano natural e de religião de Umbanda, eis que surgem as linhas de
Exus de Lei ou de trabalhos espirituais, todas identificadas por nomes simbólicos e que
identificam os mistérios em cujas “esquerdas” Exu assentou-se e a partir de onde desenv_
olveu novas linhagens naturais.
Então, para interpretarmos corretamente os nomes simbólicos das muitas linhagens de
Exu, temos de recorrer ao processo analógico, pois só pela analogia chegaremos a bom
termo na leitura de seus nomes.
Vamos a um exemplo:
Exu Corta-Fogo
Exu = fator vitalizador
Corta = apaga = espada =
Ogum Fogo = elemento de Xangô Xangô = justiça
Justiça = equilíbrio
Equilíbrio = razão
Então podemos interpretar o nome desse Exu do seguinte modo:
Os Exus Corta-Fogo são uma classe de Exus de Ogum, que desenvolveram a capacidade
de desvitalizar os seres naturais do fogo que entraram em desequilíbrio vibratório, magnét_
éco e energético e estão caindo ou regredindo mentalmente, deixando de se guiarem pela
razão e se deixando levar pela emoção.
O simbolismo
Viram como o nome simbólico das linhas
de uma das linhagens de Exu
de Exu, se interpretado corretamente,
mostra claramente com qual mistério ela lida e qual é sua atribuição dentro do seu campo
de atuação?
Agora, quando esses Exus atuam religiosamente, eles agem por meio do racional das
pessoas, ora vitalizando-o, ora desvitalizando-o.
E se atuam magisticamente, então desvitalizam o “fogo íntimo” das pessoas,
apatizando-as no sentido em que estão se desequilibrando ou se desvirtuando.
Eles podem desvitalizar a chama da fé, se a pessoa estiver fanatizada;
Podem apagar a chama do amor, se a pessoa estiver apassionada;
Podem apagar a chama do conhecimento, se a pessoa estiver iludida;
Podem apagar a chama da razão, se a pessoa estiver irada;
Podem apagar a chama da lei, se a pessoa estiver enganada;
Podem apagar a chama do saber, se a pessoa estiver assoberbada;
Podem apagar a chama do sexo, se a pessoa estiver sensualizada, etc.
Bem, vamos interpretar o nome simbólico de outra linhagem de Exu:
Exu Sete Porteiras
Exu = fator vitalizador
Sete = sete irradiações
Sete irradiações = Trono das Sete Encruzilhadas
Porteira = passagens
Passagens = níveis vibratórios
Níveis vibratórios = evolução
Evolução = Obaluaiê
Os Exus Sete Porteiras são uma classe de Exus do divino Trono das Sete Encruzilhadas,
que desenvolveram a capacidade de abrirem ou fecharem as passagens dos níveis
vibratórios que são regidos pelo orixá Obaluaiê com Nana Buruquê, a evolução dos seres.
Assim, esses Exus Sete Porteiras atuam nas sete irradiações, pois foram qualificados pelo
Trono das Sete Encruzilhadas e atuam nas passagens (as porteiras) como seus guardiões,
porque Obaluaiê (Trono da Evolução) abriu-lhes sua esquerda, onde se assentaram natura_
lmente e de onde vitalizam os seres que estão evoluindo de forma reta e virtuosa e
desvitalizam os seres que estão evoluindo de forma torta e viciada.
Eles tanto abrem as passagens (as porteiras) para quem está subindo ou evoluindo como
para quem está descendo ou regredindo
Como falamos em aula, as bebidas utilizadas no ritual umbandista, fazem parte do conjunto
de elementos magisticos manipulados pelos Guias espirituais, com o objetivo de converte_
rem essas energias em benefício do trabalho que irão realizar. Vamos ressaltar que qual_
quer consumo excessivo , não faz parte do fundamento de Exu, pois o mesmo consegue,
com uma pequena quantidade, acessar a composição e o axé (energia) daquela bebida.
O processo bioquímico usado na fabricação das bebidas alcoólicas é basicamente o
mesmo, que é a fermentação, isto é, o processo em que micro-organismos (leveduras)
digerem os açúcares de determinados alimentos, como os cereais e as frutas, e produzem
o álcool e o gás carbônico (CO2).
Esse processo é muito antigo e já era feito pelo homem há cerca de 10 mil anos,
principalmente para a produção do vinho e da cerveja. Alguns povos que usavam esse
processo para fabricar bebidas alcoólicas eram os egípcios, os germanos e os israelitas.
Segue abaixo uma relação com as bebidas mais utilizas, juntamente com suas
composições:
Vinho
Produzido pela fermentação da uva em tonéis de madeira, que impedem que o etanol entre
em contato com o oxigênio do ar. Do contrário, haveria a oxidação do etanol, transformando
-o em ácido etanoico (ácido acético), o vinagre.
Seu teor alcoólico varia de 10ºGL a 14ºGL e os diferentes tipos de vinhos devem-se aos
diferentes tipos de uvas utilizados na sua produção.
Cerveja
Sua matéria-prima é a cevada e o seu sabor e aroma vêm das folhas de lúpulo.
Seu teor alcoólico varia entre 3ºGL e 5ºGL.
Champanhe
Proveniente da fermentação do suco de uva na própria garrafa.
Seu teor alcoólico é cerca de 11ºGL.
Cachaça (aguardente)
Proveniente do caldo da cana-de-açúcar.
Seu teor alcoólico varia entre 38ºGL e 45ºGL
Uísque
Proveniente de cereais, como a cevada ou o milho.
Seu teor alcoólico varia entre 42ºGL e 48ºGL.
Uma das maiores dificuldades para os médiuns umbandistas encontra-se no campo dos
assentamentos de forças e de poderes que lhes darão a sustentação, a defesa e o amparo
em seus trabalhos ou em suas sessões espirituais.
O assunto é complexo e sua abordagem é delicada porque, tal como no campo das
oferendas, algumas coisas mudam de pessoa para pessoa e o que é certo e necessário
para uma não é para outra força (ou outro poder).
Comecemos por definir o que é força e poder:
• Usamos a palavra força para o que é espiritual ou provem do espírito.
• Usamos a palavra poder para o que é divino ou provem da divindade.
O que é espiritual não é divino e vice versa. Logo, é necessário que usemos as palavras
que diferenciem e classifiquem corretamente as entidades que formam o lado invisível da
criação e que estão dando sustentação a Umbanda.
• Poder é algo permanente, estável e realiza-se por si só na vida de seus beneficiários, não
dependendo de nada além de Deus para influir sobre tudo e todos em seu campo ou faixa
de atuação.
• Força é algo transitório, instável e em permanente evolução, as vezes mostrando-se em
seu estado potencial e outras mostrando-se em atividade, sempre dependendo da
existência do poder para ser colocado em movimento e beneficiar-nos.
Há diferença entre poder e força e entre divindade e espírito.
A divindade é o poder, o espírito é a força!
A divindade realiza-se por si na vida dos seres porque é em si a ação, enquanto o espírito
só pode e consegue agir sobre os seres se a divindade lhe conceder poderes para tanto.
Tomemos como exemplo o Orixá Ogum e os Caboclos de Ogum, para que não fiquem
dúvidas quanto as diferenças que existem entre poder e força.
• Ogum é Orixá ordenador da criação e modelador do caráter e da moral dos seres, visto
que ele é o poder em si manifestado por Deus para atuar sobre tudo e todos ao mesmo
tempo sem que nunca perca seu poder se atuação; nunca se enfraqueça; nunca deixe de
ser onipotente, onisciente e oniquerente.
Ogum é o poder de Deus em ação permanente, imutável e intransferível; o que Ogum faz
só Ogum pode e consegue fazer.
Assentamentos
A força altera essas naturezas, de forças
proporcionando-lhes e poderes
alterações e reequilíbrios ou
adaptações exteriores.
Em um meio cuja a natureza é fria, tal como as regiões próximas dos pólos, vivem seres
(animais, aves, peixes, plantas, etc.) específicos dele. Já nós, os seres humanos, se
quisermos viver nessas regiões, temos que construir moradias especiais; temos de cobrir
nosso corpo com roupas especiais e temos de trazer de longe alguns artigos
indispensáveis à nossa sobrevivência.
• A natureza terrestre é regulada pelo poder. Nós recorremos à força para alterarmos o meio
natural de alguma forma, adaptando-o externamente às nossas necessidades porque,
“internamente”, as regiões polares sempre serão frias e não conseguiremos mudar esse
seu “estado”.
Recorrendo a esse exemplo, podemos diferenciar o poder e a força porque enquanto poder
ele faz os pólos serem como são e esta, enquanto força, só pode alterá-lo se criar
adaptações para que os seres não pertencentes à sua natureza neles sobrevivam.
O poder de Ogum, por modelar de dentro para fora, faz com que os meios sejam como são,
cada um com sua natureza específica. E o mesmo faz os seres, proporcionando uma
natureza intima especifica para cada espécie.
• Os peixes são como são.
• As aves são como são.
• Os bichos são como são.
Vivendo em seus habitats naturais, são hoje como eram no passado pré-historico e esse
“modo de ser” de cada espécie permaneceu inalterado ao longo dos tempos. Se ocorreram
mudanças, elas foram “por fora”, para adaptá-los a algumas mudanças físicas e climáticas.
Conosco também ocorreu isso e “internamente” somos os mesmos que éramos quando
Deus nos criou.
Nossa natureza íntima permaneceu inalterada e, se ocorreram mudanças, foram externas.
• O poder modela as coisas (natureza, seres, espécies inferiores, etc) de dentro para fora,
dando-lhes um estado específico que é permanente, diferenciando umas das outras e
qualificando-as.
Assentamentos
• Um assentamento assemelha-se de forças
a uma fortaleza e poderes
que abriga um exército completo, com
todas as suas divisões.
• Uma firmeza assemelha-se a instalação avançada de uma divisão.
No assentamento estão todas as divisões, na firmeza está somente uma ( a da entidade
firmada).
• Um assentamento é algo definitivo, uma firmeza pode ser transitória.
• Um assentamento deve ser iluminado de forma permanente e deve ser alimentado
periodicamente com elementos predeterminados.
Uma firmeza pode ser iluminada periodicamente e pode ser realimentada de vez em
quando.
Um assentamento deve ter um dia definido na semana para ser iluminado e realimentado;
já uma firmeza, deve ser iluminada e realimentada sempre que o seu zelador fizer um novo
pedido de auxilio à entidade firmada.
Assentamento e firmeza são similares e a segunda é uma simplificação do primeiro, mas
tem as mesmas funções, que é protegerem, sustentarem e ampararem algo ou alguém.
Fonte: Rituais Umbandistas, Rubens Saraceni, Ed. Madras.
Ervas de Exu