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Legalização da prostituição e a

esquerda divida

José Ferreira
mail@josferreira.info

http://falaferreira.wordpress.com
Não há prática revolucionária sem teoria revolucionária (Lenin)

A ideia de escrever este documento surgiu-me depois de manifestar uma crítica à


campanha “Não ao preconceito, sim à pessoa!” lançada via facebook e divulgada pelo blog
Minoria Relativa1. Na altura procurei levar este debate até à exaustão pois creio que ele encerra
mais do que aquilo que aparenta. Como fui descobrindo nas releituras do debate, existe uma
divisão profunda entre a esquerda que se esconde por detrás das aparências da divergência de
opinião. É uma divisão na concepção de sociedade que permanece implícita nos discursos e que
se reproduz nas mais diversas questões, sobretudo no problema da organização política.

1 DIVERGENCIAS ACERCA DA LEGALIZAÇÃO DA PROSTITUIÇÃO


Antes de entrarmos no fundo filosófico que divide a esquerda, proponho-me revisitar o
debate. O diagrama da figura abaixo permite representá-lo. A posição 1, que na realidade não
existe enquanto tal, é aquela do senso comum. Ao invés de uma posição política acabada, da
igreja ou da direita, como pensa a esquerda, ela é pelo contrário a imagem que esquerda faz de
uma posição de direita. Ela não reconhece a multiplicidade de opiniões que existem à direita – e
sobre a qual poucos comentários farei. O que me interessa é muito particularmente analisar a
oposição entre as posições 2 e 3, aquelas
assumidas pela esquerda.
Então, a leitura da Figura 1 faz-se do
seguinte modo. Cada uma das posições 2 e 3
concorda com um aspecto da posição 1 e
discorda no oposto. Em cada seta que liga 1 a
2 e a 3, aparecem a negro os aspectos em que
estão de acordo e a vermelho o aspecto em
que estão em desacordo. Assim, a posição 1
supõe que a prostituição é um atentado à
moral e que prostituir-se é uma opção da FIGURA 1 – POSIÇÕES DIVERGENTES EM TORNO DA
LEGALIZAÇÃO DA PROSTITUIÇÃO
mulher (ou do homem). Em resultado,

1
O post foi publicado em http://minoriarelativa.blogspot.com/2010/04/trabalho-sexual-esta-vivo-em-portugal_
30.html por Andrea Peniche, seguido de um longo debate entre ela e eu.

p. 2
somente uma mulher (ou homem) sem moral se permite prostituir-se.
A esquerda partiu dos dois postulados dominantes, negando um e aceitando outro, para
formar a sua posição política. A posição 2, que defende a liberalização da prostituição, aceitou
que é a mulher que opta prostituir-se, mas não vê nisso um atentado à moral. Ou melhor, que a
legalizar a profissão permitiria que a prostituição fosse socialmente aceite e, portanto, uma opção
legítima. Esta ideia é defendida pela investigadora Alexandra Oliveira 2 . A posição 3 faz o
inverso. Aceita a ideia que a prostituição é incompatível com a dignidade humana; contudo
atribui a necessidade de prostituir-se a uma coerção social. Portanto, opõe-se à prostituição
exigindo políticas públicas que garantam às mulheres alternativas de emprego compatíveis com a
moral da sociedade.
Importante: na figura os grupos definem-se manipulando dois pares de ideias opostas.
Primeiro, a opinião acerca do valor moral da profissão, isto é, a ideia chave colocada sobre cada
uma das setas: opção profissional legítima versus atentado à dignidade humana. Segundo, a
atribuição da responsabilidade sobre a opção pela prostituição, ideia colocada debaixo de cada
uma das setas: opção da mulher versus resultado da coerção social.

2 POSIÇÕES SOCIAIS E POSIÇÕES POLÍTICAS


Mais recentemente, o deputado comunista Miguel Tiago defendeu que estas posições
eram resultado de uma divergência de classes. Ele está certo ao afirmar que “a regulamentação
dá prostituição é apenas a sua aceitação legal, no direito, assim sobrepondo o direito de uma
prostituta [a prostituir-se] ao direito que todos devemos ter de nunca ser confrontados com a
necessidade de nos prostituirmos” 3 . Mas erra ao encaixar essas disputas numa concepção
demasiado rudimentar de classes que lhe serve para opor a prostituta burguesa que se prostitui
por opção à prostituta trabalhadora que se prostitui por falta dela.
O marxismo inverteu o método de explicação da realidade social. Tem o mérito de
afirmar aquilo que os grupos defendem deriva, principalmente, das suas condições de vida. É
claro que há desvios, e há muitos desvios; mas também é verdade que, para a maioria das
pessoas a sua condição social antecipa (no duplo sentido, preexiste e autoriza prever) a sua
opinião sobre um determinado assunto. Mas equivoca-se ao querer aplicar uma só divisão do

2
Ver http://jpn.icicom.up.pt/2009/09/01/alexandra_oliveira_prostituicao_devia_ser_legal_para_ser_socialmente_
aceite.html (consultado em 30 Nov. 10).
3
Ver http://imperiobarbaro.blogspot.com/2010/10/das-liberdades-individuais-as.html (consultado em 11 Nov. 2010).

p. 3
mundo em grupos ou classes a todos os problemas políticos 4. Na verdade, cada problema divide
o mundo de forma diferente do outro, cria abismos entre as pessoas que dependem tanto do
modo de vida dessas pessoas como da história desse problema, ou melhor, da forma como os
políticos colocam o problema num determinado momento histórico. Por isso, ao invés de
encaixar as posições políticas possíveis, em classificações ou divisões sociais dadas, é preferível
procurar novas divisões e classificações para cada novo problema – mesmo quando isso nos leva
a reencontrar as velhas classes.

2.1 Opção profissional legítima versus atentado à dignidade humana


Encontrar os grupos sociais por detrás de cada uma das posições representadas na figura
não vai aqui muito além de um exercício filosófico. Em primeiro lugar porque, como disse, a
posição 1 não existe enquanto tal; segundo porque sem recurso a uma investigação profunda,
estamos limitados ao pensamento hipotético. Não obstante, o que se pretende é uma aproximação
das condições de vida opostas que subjazem às oposições que se encontram na figura.
A primeira oposição separa a maioria das pessoas daqueles e daquelas que se prostituem.
Pois, “naturalmente”, os indivíduos sempre resistiram à mercantilização. Antes do advento do
mercantilismo, o comércio somente se estabelecia com o “estrageiro”, apenas se fazia fora dos
muros da cidade. Entre pessoas da mesma comunidade se trocavam-se oferendas. Quando o
capitalismo inglês necessitou de trabalhadores, obrigou os camponeses a passar fome como única
condição de fazê-los a migrar para as cidades e vender a sua força de trabalho. Foi mesmo neces-
sário lutar contra o apoio da Igreja que evitava que estes chegassem à condição de miseráveis 5.
Também nenhum mercado estabeleceu a sua legitimidade sem relegar para segundo plano
o seu equivalente não mercantil com a sua lógica de dádiva e contra dádiva6. Não é possível que
vender algo a um estranho seja aceitável, isto é, que o objecto seja uma mercadoria legítima,

4
Marx viu o mundo dividido em duas classes porque elaborou a sua teoria no momento em que o problema político
colocado dividia o mundo em duas classes: a crise económica que ocorreu nas principais capitais da Europa nos
anos de 1947 e 1948. Ela foi semelhante àquela que ocorreu nos Estados Unidos e Inglaterra em 1932 e que ocorre
hoje, mais uma vez nos Estados Unidos e Europa. Por isso, a teoria marxista pode explicar o ‘conflito de classes’
deste momento. Por isso, Marx foi obrigado a afirmar que as classes somente se expressão em momentos de crise do
capitalismo. É que quando o problema político é outro, a sociedade divide-se de modo distinto.
5
Ver K. Polany, A grande transformação.
6
Quando as empresas de organização de aniversários quiseram estabelecer-se nos EUA foi necessário mostrar que
podiam fazer festas mais espectaculares que os pais das crianças faziam. Em outras palavras, foi necessário
desvalorizar as festas organizadas pelos pais. Para este e outros exemplos ver A. R. Hochschild, The commodity
frontier. Disponível em http://wfnetwork.bc.edu/berkeley/papers/1.pdf (consultado em 1 Dez. 10).

p. 4
enquanto ele permanecer como um objecto pessoal, ligado à pessoa ou ao grupo. A terra, nas
sociedades camponesas europeias, do século XVII à primeira metade do XX, mostra
precisamente isto. A terra não podia ser vendida fora da família, a um estranho ou mesmo a um
parente afastado, sem que desonra pesasse sobre a família. Sendo a terra a fonte de prestígio da
família, a ninguém a poderia vendê-la sem dilacerar a sua honra e a dos seus. A legitimação da
prostituição, do mercado do sexo, implicará algo semelhante à transformação que se operou com
o mercado de terras7. O mercado do sexo, a prostituição, não poderá estabelecer-se enquanto
houver um sexo de primeira: o do casal, exclusivo e restrito, entendido com cúspide de uma
relação a dois. Enquanto isso haverá sempre um sexo de segunda, marginalizado. Pois, como
notou Bachelard, a ordem e precede o número. Não existem duas profissões, duas cadeias de
supermercado, dois livros, etc. em que um não seja melhor que o outro, em que à distinção não
subjaza uma hierarquia.
Esta reacção das pessoas deve-se ao facto de que dar valor monetário é, lembra Marx,
transformar aquilo que é individual em social; é tornar equivalente o único, o singular; é alienar
o indivíduo da sua intimidade. Sejamos precisos no uso do termo alienação. Por alienação
entende-se a perda de individualidade algo. Ela ocorre com a possibilidade de comparação
monetária com algo semelhante: o sexo de duas prostitutas de rua vale o mesmo (preço) e várias
vezes menos que uma prostituta de luxo. A partir de então o valor da intimidade, do sexo de cada
um, é determinado socialmente, pelo mercado, não mais pelo indivíduo. O indivíduo foi alienado
desse poder. Esta alienação é o princípio da resignação que está presente na necessidade de
separar a esfera trabalho alienado do resto da vida pessoal, isto é, de conter essa socialização 8.
Mas não só a intimidade de quem se prostitui fica alienada. Uma vez legitimado mercado
do sexo, e por isso tornado público, ele poderá ser comparado com (servir para medir) a vida
íntima mesmo daqueles homens e, sobretudo mulheres, que não se prostituem. Contra a
alienação e pela preservação da intimidade, intuitivamente a sociedade resiste. Não por acaso,
7
A comparação não é gratuita. Foi notado em estudos antropológicos que, nas sociedades camponesas da bacia do
mediterrâneo, a circulação de terras, a venda honrada entre familiares, manteve uma estreita relação com a
circulação de mulheres, isto é, com os casamentos. Casar a filha com o filho do primo (ou parente próximo) que
comprava a terra era uma estratégia para garantir, por um lado, o acesso económico à terra, e, por outro, mais
importante, encobrir a venda e anular a perda de prestígio e de honra que implicava tal venda.
8
“A maioria das prostitutas encara o seu trabalho como uma profissão. (…) [E] os companheiros vêem-no
exactamente da mesma forma. Acham que aquilo que faz a companheira/namorada/esposa é um trabalho como os
outros e que tem tanta dignidade como os outros”. Alexandra Oliveira. Disponível em http://jpn.icicom.up.pt/2009/
09/01/alexandra_oliveira_companheiros_das_prostitutas_encaram_a_actividade_como_uma_profissao.html (consul-
tado 2 Dez. 10).

p. 5
Pia Covre reconhece esta oposição quando afirma que as leis estão feitas para defender as ‘boas
mulheres’ (ainda que com pouco sucesso) 9. A maioria dos indivíduos esforça-se por defender o
carácter único, por isso sagrado, da sua intimidade. Esta parte da sociedade esforça-se por afastar
de si, ocultando, um sistema de preços que atribui ao sexo um valor objectivo. Esforça-se,
portanto, para garantir que a sua intimidade só possa ser valorada – e somente de forma
subjectiva –, se não exclusivamente pela pessoa em causa, pelo menos pelo seu circulo restrito e
intimo: pai, mãe, marido/esposa, namorado/namorada... E fá-lo contra aqueles que já não têm
escolha, as prostitutas e os prostitutos, ora acusando-os pelos seus actos (posição 1), ora vendo-
os como vítimas de uma sociedade que os empurrou para esse degredo (posição 2).
Somente quem se prostitui é capaz de aceitar a mercantilização da sua intimidade porque
de outro modo não podem aceitar-se a si mesmas como prostitutas. É à força de se adaptarem à
sua condição que as prostitutas fazem, para usar as palavras caras ao sociólogo francês Pierre
Bourdieu, da necessidade virtude. É por isso enquanto as prostitutas só contam com elas mesmas
para defender a legalização da prostituição, as mulheres que defendem a abolição da prostituição
conta com toda a sua família. Nem familiares das prostitutas não podem compartilhar com ela a
necessidade de legitimar a profissão.
Existe, não obstante, uma importante exceção a esta hipótese. Há, de facto, um sector da
classe média letrada que aceita e defende a legalização da prostituição. Mas essa posição política
é resultado de uma tomada de consciência nos moldes em que a defino abaixo. Tal posição
política é o efeito das características das instituições políticas, partidos, sindicatos ou outras
organizações – em especial dos seus esquemas de organização e de recrutamento – sobre os
indivíduos politizáveis (isto é, indivíduos que por sua condição de vida são ou podem tornar-se
políticos). Este assunto será objecto do item 3 deste texto.

2.2 Opção individual versus resultado da coerção social


Para quem defende a prostituição como uma profissão legítima, não existe outra opção
senão considerá-la como uma opção da mulher. Ou, de outra forma, não se pode tomar a
prostituição por uma profissão igual às outras sem aceitar que a mulher é tão coagida pela

9
Ver http://www.elpais.com/articulo/ultima/ITALIA/Pia/Covre/elpepiult/19870411elpepiult_6/Tes (consultado 30
Nov. 2010). Pia Covre é uma prostituta italiana internacionalmente conhecida como uma das mais importantes
defensoras da legalização da prostituição. Ela é presidente da Associação para os Direitos Civis das Prostitutas
Italianas, fundada em 1982, que contam com cerca de mil associadas.

p. 6
sociedade a tornar-se prostituta quanto empregada de um bar. Isto é, aceitar que, em última
análise, é a mulher que toma a opção de prostituir-se. “[E]nquanto não retirarmos o ferrete
moral sobre os usos que as pessoas dão aos seus corpos, as mulheres não sairão do papel de
vítimas. E isso, na minha opinião, atrasa a emancipação. Para que o trabalho sexual possa
efectivamente ser uma escolha e não uma violência auto-inflingida, temos que deitar fora as
apreciações morais” 10.
Todos os outros defendem que a prostituição é um atentado à dignidade humana. Mas
dizer que uma mulher (ou um homem) se prostitui por falta de carácter moral é um luxo de quem
não convive com todas as coerções sociais que empurram o indivíduo para essa decisão. Aqueles
que não se podem dar a esse luxo assumem a posição 2. São mulheres e homens, pessoas
pressionadas quotidianamente a prostituir-se – seja por dificuldades financeiras, seja pelo apelo
da renda gerada nela. É sem dúvida possível encontrar pessoas que, pese a que a sua condição
social as fazer enfrentar todas as pressões para prostituir-se, culpam unicamente a prostituta por
tal decisão. Isto é em grande parte resultado do trabalho político de organizações como a Igreja.
Trabalho este facilitado pelo facto da pessoa em causa ter resistido a essas mesmas pressões
enquanto a prostituta não. Se “a vida é difícil para todos”, é o carácter moral que faz a diferença.
Mas mesmo nesses casos existe sempre a necessidade de falar de prostituição no geral. Quando
confrontadas com situações concretas, de alguém próximo que entrou na prostituição, as causas
tornam-se, ainda que somente para esses casos, novamente sociais.

3 CONTRADIÇÕES NA TEORIA DA EMANCIPAÇÃO


E DIVERGÊNCIAS À ESQUERDA
No entanto, é naïfe acreditar que as posições políticas emanam dos grupos ou da sua
organização. Normalmente são elaboradas por políticos que provêem da classe média letrada.
Quase todos têm curso superior ou procuram obtê-lo. São mantidos pelo Estado e pelo grupo
(tanto mais pelo Estado quanto mais pobre, economicamente, for o grupo); ou então garantem o
seu salário em outras profissões típicas de uma classe média letrada. Se há medida que subimos
na escala social os grupos podem representar-se directamente, como os empresários (e ainda
assim, mais frequentemente eles recrutam seus representantes a classe média letrada: advogados,

10
Andrea Peniche (comentário de 15 de junho de 2010) em http://minoriarelativa.blogspot.com/2010/04/trabalho-
sexual-esta-vivo-em-portugal_30.html.

p. 7
economistas, jornalistas, etc.), os grupos pior situados nessa escala precisam sempre de
intermediários. Em todo lado se vê a necessidade do surgimento de uma elite, politicamente
empenhada, para formular uma posição política. Isto porque a formulação do discurso político,
como toda a produção cultural, exige um discurso sistemático e sistematizado que, por sua vez
exige disponibilidade de tempo e de conhecimentos.
Mesmo quando um político surge do grupo que representa, para que ele não seja apenas o
elo pontual entre o grupo e o político activo – como são grande parte dos líderes comunitários –,
é preciso que ele esteja permanentemente disponível para agir politicamente. É preciso que ele
esteja afastado das necessidades contingentes do modo de vida do grupo para dedicar-se à
contingência das necessidades da vida política. Portanto, é preciso que ele se torne um político,
liberto dos afazeres da condição de seu grupo, enfim, se torne o seu representante quase
profissional. É preciso que ele se empregue (em ambos os sentidos, de retirar rendimento e
entregar-se a) em organizações políticas: partidos e sindicatos, mas também ONG’s, governo
(sobretudo nas áreas do planeamento e menos nas de atendimento burocrático ao público),
jornais, universidades (ainda que em menor grau), etc., isto é, organizações destinadas a elaborar,
organizar e transmitir o discurso político.
Os políticos de esquerda, em particular, provêm de profissões e formações subordinadas,
como as ciências sociais – por oposição às ciências exactas –; de correntes subordinadas em
profissões dominantes, como a economia política na economia e dos direitos humanos no direito;
ou de posições subordinadas em profissões subordinadas mas especialmente ligadas à política,
como é o jornalismo alternativo11. E, porque representam grupos com dificuldades em chegar à

11
Algumas hipóteses podem ser lançadas para entender melhor esta região da classe média politicamente recrutável.
Esta classe política ou politizável não se esgota nos políticos profissionais, mas estende-se através de seus sistemas
de recrutamento – que estão estritamente ligados ao sistema de ensino – a todos os estudantes. Claro que o faz com
diferenças consideráveis, dependendo de (a) o nível de formação: mais no ensino superior que no médio (que é a
porta de entrada nesta região da classe média) ou no pós-graduado (sendo esta a de saída, ainda que parcial, para a
academia “pura”); e (b) do ramo científico: mais na sociologia, na jornalismo e no direito que na contabilidade ou na
áreas de saúde. Por outro lado, e a despeito de outros mecanismos de hierarquização entre profissões existentes,
pode supor-se que as diferenças de estatuto e de poder entre as ciências depende do serviço que prestam à classe
dominante – a este respeito, valeria a pena verificar se a medicina não é pouco politizada apenas nas aparências e
que serviços são prestados por ela à classe dominante.
Pelo contrário, as ciências dominadas, isto é, os cientistas dominados, são obrigadas a procurar o apoio das
classes dominadas para se manterem na política que, de resto, é o único lugar onde estes encontram emprego.
(Exceptuam-se as profissões de jornalista e historiador que, sendo bastante requisitados para justificar o discurso da
elite, ocupam um lugar desprestigiado na esfera das ciências e das profissões letradas. Talvez isso aconteça por elas
não conseguirem eufemizar os serviços que prestam, isto é, não alcançarem a servir uma classe sob as aparecias de
servirem a toda a sociedade – como faz o advogado –, sejam alvo das críticas de todos os outros profissionais).
Assim, enquanto as elites constroem uma relação – para usar os termos de marketing – de orientada pela demanda

p. 8
arena política, eles, mais do que os políticos de direita, enfrentam as contradições entre sua
posição social e a posição social daqueles que representam.
A tomada de consciência tem um duplo efeito que permite superar esta barreira entre
políticos e grupos por eles representados. Quando aplicado aos grupos, significa a adopção, por
eles, do discurso preparado pelos políticos profissionais que mais se adequa às suas condições
materiais. Aplicado aos políticos significa a assunção desse discurso a despeito da sua própria
condição social. Pois os políticos profissionais só podem defender acerrimamente, por exemplo,
a legitimidade da prostituição, com o que isso implica de alienação da sua intimidade e de
contradição com a sua condição social como classe média, subordinando esta condição social à
sua condição de políticos.

3.1 Divergências filosóficas à esquerda: o caso de Marx e Bakunin


Assim sendo, a divergência política entre políticos não pode ser encontrada na condição
social deles, demasiado próxima entre eles e afastada da dos grupos que representam. É claro
que, necessitados do apoio da população fora da política profissional e de falar em nome dela, os
políticos terminam reproduzindo entre si as mesmas oposições entre os grupos que existem no
mundo12. Contudo, o que faz divergir os políticos tem de ser encontrado nas características da
política, nas condições específicas da vida política, e não nas características dos grupos.
Nada me permitiu entender tão claramente a oposição no seio da esquerda como a análise
da oposição entre Marx e Bakunin apresentada por Anna Robertson13. As concepções destes dois
políticos do séc. XIX acerca do funcionamento da moral da sociedade e, assim, da emancipação
do indivíduo são diametralmente opostas. Essa oposição é um dos primeiros exemplos das lutas
que assolam e enfraquecem a esquerda – e que levou à expulsão de Bakunin da Associação
Internacional dos Trabalhadores ou Primeira Internacional. Não podendo jamais ser vista como
fundadora de todas as oposições da esquerda, pode ser tomada como seu exemplo.

[demand pull] com seus políticos, já as classes baixas têm com estes uma relação orientada pela oferta [supply
push]. Esta hipótese permitiria entender as dificuldades que as classes mais baixas têm em formar os seus projectos
políticos (no sentido gramsciano), e demonstrar que as lógicas de acção colectiva não são as mesmas do topo para a
base da pirâmide social, levando muito mais além as críticas que Klauss Offe desfere contra Mancur Olson.
12
Ainda que tal não garanta que todas as oposições no mundo sejam reproduzidas na política, as oposições políticas
devem reproduzir oposições no mundo sob pena de não terem quaisquer efeitos na política e, desse modo, sobre o
mundo.
13
A Robertson, The philosophical roots of the Marx-Bakunin conflict. Disponível em http://www.marxists.org/
reference/archive/bakunin/bio/robertson-ann.htm (consultado em 30 Nov. 2010).

p. 9
Para Bakunin, o homem era tem uma natureza justa, sendo as injustiças e os problemas
do mundo resultado de leis não naturais socialmente impostas. Por essa razão, a emancipação é,
na sua concepção, individual. À medida que os constrangimentos sociais 14 são derrubados e cada
indivíduo possa agir livremente, de acordo com as suas pulsações naturais. Por isso, do ponto de
vista anarquista, o derrube de uma regra social é sempre positivo. Ela significa devolver a
liberdade natural ao indivíduo. Assim, a legalização e legitimação da prostituição é um passo
igual a todos os outros no sentido de libertar o individuo de toda a coerção social e moral. A
legalização da prostituição, como qualquer remoção de uma forma de coerção social, é devolver
o livre-arbítrio ao indivíduo, neste caso, o corpo à mulher. Pode ser até que hoje a mulher se
prostitua devido à coerção social, mas numa sociedade livre de coerções (que inclui o juízo de
valor contra o acto de prostituir-se) somente se prostituirá quem tomar essa opção.
Marx critica Bakunin – e, antes dele, Proudhon – por não reparar que as coerções legais e
morais e, em especial, o Estado não produzem injustiças, somente as asseguram. Sendo que o
homem necessita sempre de associar-se para garantir o suprimento das suas necessidades
básicas, ele é um ser predominante social e não natural. São as diferenças na posição social dos
grupos, entre capital e trabalho, entre trabalho intelectual e trabalho manual, entre trabalho
produtivo e trabalho doméstico, que geram divisões e desigualdades na sociedade. Estas não são
apenas funcionais (isto é, contribuem para garantir a produção dos bens necessários à sociedade)
como também hierárquicas, ou seja, fonte da desigualdade na sociedade. Portanto, as coerções
morais e legais, longe de serem a fonte das injustiças são o meio pelo qual os grupos
permanecem unidos. Mas, sendo essa união desigual, elas garantem também a dominação dos
dominantes sobre os dominados. Mais exactamente: o Estado, a lei e a moral são a realização de
um determinado grupo. O grupo dominante impõe as regras morais ajustadas à sua condição de
vida – que o realiza – a toda a sociedade. Os grupos dominados, vivendo sob regras morais que
não se coadunam com o seu modo de vida, têm as suas liberdades cerceadas ou mesmo
violentadas. Nesse sentido, o direito natural de Bakunin era, para Marx, somente o direito do
grupo dominante ou daquele que quer impor a sua moral como dominante. Pois, se a humanidade

14
Nem Bakunin, nem Marx, muito menos Robertson, falam de constrangimentos sociais. Eles falam de Estado, da
oposição entre eliminação pura e simples do Estado versus a ditadura do proletariado. Mas a sociedade é hoje mais
complexa do que era em meados do séc. XIX e, já essa, mais complexa que o que Bakunin e Marx conseguiram
perceber. Por isso, optei aqui por generalizar a discussão alargando os argumentos sobre a natureza do Estado a
natureza todas as formas de coerção social.

p. 10
é predominantemente social, somente pode aparecer como natural aos olhos de um indivíduo a
regra do direito ou da moral que é conforme aos seus valores e à sua posição na sociedade.
Enfim, as regras sociais não desaparecem em favor do livre-arbítrio dos indivíduos, mas
em favor de novas regras sociais, relacionadas dialeticamente com a hierarquia entre os grupos
sociais. Por isso, derrubar uma norma moral ou legal deve ter em conta os efeitos sobre as
hierarquias entre os diversos grupos sociais. Daí que àqueles que se manifestam contra a
legalização da prostituição lhes parece que se tal acontecer, o poder sobre o corpo da mulher não
passa das mãos do padre para as mãos da mulher, mas das mãos do primeiro para as mãos do
empresário.

3.2 Modelos de organização e posições políticas


Do ponto de vista teórico, a transformação de regras sociais injustas em justas implica a
mediação de uma elite bem preparada que dirige os interessados, que se estende a todo grupo
social através de um partido hierarquicamente organizando (cujo expoente é a teoria leninista). O
derrube puro e simples das regras legais e morais exige apenas a mobilização dos interessados,
ajudados por uma constelação de pequenas organizações articuladas em rede. Na prática opõe-se
uma meritocracia elitista a uma democracia espontânea15.
Mas a vida real tem o poder de subverter as coisas e inverter causa e consequência. Na
política prática, poucos são os activistas políticos que estudam filosofia com a profundidade
necessária para tomar uma posição filosoficamente informados. Pelo contrário, é a adesão a um
partido ou a uma corrente anarquista que os leva a valorização a meritocracia ou a democracia e,
ao mesmo tempo, a optar entre uma emancipação social como realização do grupo ou como
soma das emancipações individuais. A valorização do colectivo, cultivada na organização social-
democrata do partido, faz esperar apenas transformações sociais da realização do grupo. Do
mesmo modo, é a crença valor das qualidades individuais de todos, produzida e reproduzida nos
actos das plataformas abertas e de lideranças carismáticas, que faz da emancipação colectiva a
soma de todas as emancipações individuais.
Existem, é certo, aqueles que, ao longo do tempo, investem na leitura filosófica com o
objectivo de se entender e se justificar. Mas, ao fazê-lo, invertem a causa pelo efeito uma vez que

15
Na sua origem, por exemplo em Platão, a ideia democracia significa o governo dos não preparados ou dos
incompetentes (democracia como o governo do demo).

p. 11
as suas opções filosóficas, a começar pelos livros que escolhem ler, já estão dadas pela sua
experiência organizacional. Terminam, pelo contrário, cumprir a função de justificar o que já foi
decidido, reforçando a legitimidade do que já se fez e já se faz, tanto para si mesmos como para
os outros que deles se acercam16. Eles podem inverter a relação causa-efeito sem dar-se conta
porque afinal, pensando historicamente, a organização política precede tanto filosofia a como a
galinha o precede ovo17. Mas do ponto de vista do individuo concreto, a organização política
precede e define a formação e a escolha filosófica. Não é, pois, a partir de uma opção filosófica,
que os indivíduos escolhem suas posições na esquerda, entre a legalização e a não legalização da
prostituição ou outras questões. É pela extensão da lógica dos modelos de organização política à
concepção de organização de sociedade.
É claro, também, que nunca se encontram organizações puras. Existe um contínuo de
situações intermédias, como a rede de organizações que olha com reserva a “sabedoria inata” das
massas, ou a estrutura hierarquizada que busca mecanismos participativos para fomentar as
discussões na sua base. Existe, de facto, uma série discursos políticos híbridos, dos mais
variados. Mais: é mesmo pouco provável que exista uma organização social-democrata ou
anarquista pura. Mas é identificando e analisando esse dois extremos, teoricamente concebidos,
que podemos dar conta do infinito de situações intermédias.
Enfim, enquanto os social-democratas se veiculam aqueles que visam defender-se de
serem empurrados para prostituição, já que a legalização da prostituição é perniciosa uma vez
que a sua realização como grupo colide com a realização de outros; os anarquistas associam-se
às prostitutas por seu intuito de eliminar qualquer regra moral. Como os polos negativo e
positivo de dois ímanes, as oposições sociais e as oposições políticas atraem-se. Pois nem
político existe sem receber o apoio do grupo, nem o grupo aparece na arena política sem a
mediação daquele.

16
Por isso mesmo é nos momentos em que o modelo de organização do partido ou do movimento está em crise que
os militantes mais estudam as suas referências filosóficas. Fora desses momentos extraordinários, nem a filosofia
nem os filósofos são chamados a participar nas disputas políticas. Existe uma espécie de intuição de que aquele é o
caminho certo, a coisa certa a fazer, que até ao momento de ser questionada não precisa de mais justificações.
17
As referências filosóficas não se esgotam em Marx e Bakunin ou Proudhon. Há referências filosóficas para todos
os gostos: Althusser vs. Gramsci vs. Guevara; ou, Lenin vs. Trotsky vs. Escola de Frankfurt; ou, ainda, no campo da
literatura Gorki vs. Galeano. A diversidade tampouco se esgota nos autores, como demonstra a oposição entre Que
fazer e O Estado e a Revolução de Lenin, ou, no outro extremo, entre As veias abertas da América Latina e o Livro
dos Abraços de Eduardo Galeano.

p. 12
3.3 Usos políticos da utopia
Posto isto, ambas as posições enfrentam contradições. Enquanto a social-democracia
somente pode aceitar vincular-se a um grupo que consegui incluir na sua teoria da mudança
social, deixando assim muitos de fora; os grupos anarquistas estão muito longe de resolver as
contradições de todos os grupos com quem se dispõem a associar-se. É a utopia, a ideia de
revolução, evitar resolver esses problemas de imediato. Para sociais-democratas a realização dos
grupos revolucionários (proletários, mas também mulheres), do socialismo, irá permitir que
outros grupos marginalizados se emancipem, porque a realização dos primeiros resulta numa
moral social reflectida, colectivamente definida e controlada, que garante que nenhum grupo seja
marginalizado. Por seu turno, os anarquistas recorrem à utopia para afirmar que lá, com a
libertação de todos os grupos, se resolverão por si mesmas as contradições entre eles – como
aquela entre mulheres prostitutas versus não prostitutas – já que nenhuma acção individual livre
põe em causa a liberdade de outrem. Aliás, pode mesmo posicionar-se cada militante de esquerda
pela forma com ele recorre ao discurso utópico.

4 CRÍTICA SOCIAL-DEMOCRATA DA LEGALIZAÇÃO DA PROSTITUIÇÃO


A crítica da legalização da prostituição implica arredar um falso argumento comummente
utilizado: “a legalização vai trazer mudanças concretas a curto prazo para quem se prostitui”. Em
primeiro lugar, gostava de assinalar o carácter vago desta afirmação. Nada é tão abstracto como
falar de mudanças concretas. Um dos poucos exemplos concretos é que a legalização da
prostituição permitiria o pagamento de impostos e a garantida dos direitos sociais. Contraponho
que Portugal e Brasil, que são países que eu conheço, aceitam recolher impostos a título de
contribuição voluntária para a Segurança Social ou a título de trabalho informal que a prostituta
pode utilizar. Certamente me confrontarão: mas isso não garante a legitimidade do trabalho
sexual! Estamos de acordo. Mas então não é a resolução de problemas concretos, mas a
legitimação da profissão que está em debate. Todos os problemas concretos podem ser resolvidos
de formas mais expeditas do que esperar 1) que a profissão se legalize; 2) que, depois, a
sociedade a reconheça como legítima; e 3) que, por fim, as prostitutas organizadas em torno de
uma profissão legítima façam exigências ao Estado com sucesso.
Outros problemas concretos apresentados são o acosso social, a descriminação nos
serviços públicos de saúde, a retirada de filhos pelo Estado, etc. Não vejo necessidade de

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argumentar que é a questão da legitimidade que se coloca. Não é necessária uma análise
profunda para entender que todos esses problemas concretos só podem ser resolvidos pela via da
legalização se entremeados pela legitimação. A legalização da prostituição não resolverá nenhum
desses problemas a não ser modificando a visão que as pessoas têm sobre a profissão, a começar
pelos burocratas do Estado. Então, coloquemos o debate nos carris: não se trata de resolver
problemas concretos, porque seria escolher o caminho mais longo; trata-se de reivindicar a
profissão mais velha do mundo como uma profissão legítima.

Posto isto legalizar o sexo é legalizar o proxenetismo. Ou então fazer da prostituição


uma profissão em que se é proibido ser patrão ou investidor, isto é, uma profissão de segunda,
não legítima. Afinal, como legitimar o trabalhador sem legitimar o produto, o consumidor e o
empresário? O senso comum é como o mago de Mauss que possui apenas um saco e uma meia
dúzia de frascos para aplicar indiscriminadamente na cura qualquer doença. O princípio da
organização política – como argumentei acima – não se estende indiscriminadamente à análise
dos mais diversos aspectos da sociedade por miopia dos militantes de esquerda, mas porque é a
lógica do senso comum. Pela mesma razão, nenhuma profissão é legítima quando o patrão é uma
figura proibida. Legalizar o trabalho sexual sem legalizar o proxenetismo não produzirá efeitos
de legitimação.
Por outro lado, legalizar o proxenetismo é ainda mais pernicioso. Se nada muda sem
legalizá-lo; legalizando-o muda para pior. Este tem sido o argumento da esquerda social-
democrata. Bem antes que os trabalhadores do sexo se legitimem e as prostitutas possam
organizar-se e reivindicar seus direitos, já os empresários do sexo, pela sua condição de classe e
recursos económicos, conseguiram impor uma lei adequada à exploração do trabalho sexual. A
concorrência capitalista não se faz nos preços, como diz a teoria, mas no quadro legal. Como
mostra o mercado internacional de produtos agrícolas, o controle de qualidade e sanitário é mais
importante que os preços para a concorrência entre países e empresas. Basta, portanto, o Estado,
pressionado pelos empresários, restringir a prostituição a casas legalizadas e higienizadas –
proibindo a prostituição de rua, em nome do combate ao AIDS, para que os empresários do sexo
contem com um forte mecanismo de controlo e coerção da mão-de-obra. Não por acaso, um dos
argumentos para legalizar a prostituição é o controlo do AIDS, o que demonstra que também os
proxenetas se batem pela legalização da actividade. Em consequência, bem antes que o sexo se

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torne um produto legítimo e que as organizações de trabalhadores sexuais consigam furar a
barreira do preconceito para fazer ouvir as suas exigências, já os empresários do sexo definiram
o quadro legal da profissão de acordo às suas conveniências.
Aqui não se trata somente de especulação. Isso foi, de facto, o que aconteceu na
Dinamarca, o único país que legalizou a prostituição. Bem antes que as prostitutas obtivessem
por esse meio reconhecimento social suficiente da sua profissão, o tráfico de mulheres da Europa
de Leste, agora semilegal, aumentou para níveis muito preocupantes. Antes que as prostitutas se
pudessem organizar seus sindicatos e reivindicar seus direitos, negociar com o Estado e seus
patrões, como qualquer outro trabalhador, já os proxenetas se encontravam a lucrar de forma
desmedida sobre o trabalho de mulheres imigrantes. Eis porque o partido dinamarquês que
propôs a lei analisa agora voltar atrás18.
Assim que devem ser procuradas formas alternativas de exigir do Estado que resolva os
problemas concretos da prostituição. Esse trabalho tem sido levado a cabo por diversas
organizações de esquerda que conseguiram impor, como visão oficial das Nações Unidas, a
concepção da prostituição como uma forma de trabalho escravo. O que a esquerda deve
reclamar é que o estado garanta o direito à liberdade dessas cidadãs e cidadãos. Ou isso ou
acatar a grande derrota de permitir que a exploração capitalista do corpo humano chegue, sem
apelo nem agravo (nem protesto), ao lugar mais profundo da intimidade dos seres humanos.

18
Ver http://humantrafficking.change.org/blog/view/denmark_considers_prostitution_ban (consultado a 2 Dec. 10).

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