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DA MANDIOQUINHA-SALSA.
SUMÁRIO
Apresentação..................................................
2
1 –Introdução
2-Descrição da Planta........................................................................................
3-Manejo de Filhotes e Mudas ....................................................................
3.1-Seleção de plantas e filhotes ................................................................
3.2-Lavação e Desinfestação............................................................
3.3- Preparo das Mudas ................................................................
3.4- Manejo das Mudas...................................................................
3.4.1-Plantio direto....................................
3.4.2-Pré-enraizamento...............................
3.4.3-Pré-brotação......................................
3.5- Métodos para Conservação de Mudas ..................................
4-Cultivares e Épocas de Plantio ......................................................
5-Preparo do Solo e Adubação..............................................................
6-Irrigação....................................................................................
7-Adubação Verde e Rotação de Culturas......................................................
8-Pragas.........................................................................................................
9-Doenças........................................................................................................
10-Colheita, Classificação, Embalagem e Comercialização .......................
11-Características Nutricionais ..................................................
12-Como Comprar e Conservar ..............................................................
13-Custo de Produção ...........................................................................
14-Receitas ..........................................................................
15-Literatura Consultada ...................................................
APRESENTAÇÃO
3
Visando atender a uma demanda da Prefeitura Municipal de Concórdia, através da
Secretaria Municipal de Agricultura, o presente manual objetiva disponibilizar conhecimentos
e técnicas para o manejo cultural da mandioquinha-salsa. No estado de Santa Catarina, o
cultivo da mandioquinha-salsa é mais concentrado no Planalto Norte, em áreas médias de
1,44ha por produtor. Já no Estado do Paraná, somente no sul do estado, cerca de 3.000
famílias rurais estão envolvidas na atividade com a cultura. Considerando que a hortaliça
emprega 100dias/homem/ha e que esta mão-de-obra é familiar, torna-se relevante o aspecto
social e econômico desse cultivo. Vale ressaltar que essa hortaliça apresenta uma versatilidade
para a colheita, permitindo aguardar até 3 ou 4 meses, por melhores preços .
No passado, a pequena propriedade tinha na composição da renda familiar, atividades
diversas, que hoje se tornaram inviáveis. O desafio é a busca de alternativas seguras, que
incrementem a rentabilidade na pequena propriedade, a qualidade de vida das famílias e sua
fixação no campo. A cultura surge como uma excelente opção para este perfil, pela sua
rusticidade, pouco exigente e afetada por fatores bióticos e abióticos, baixa agressão
ambiental e sempre encontra bons preços. Em termos médios, considera-se que a cultura
proporciona uma rentabilidade líquida de 69%. Apesar da representatividade da referida
hortaliça na pequena propriedade, relevante no orçamento familiar, a produtividade é
extremamente baixa. Em avaliações recentes observou-se que a produtividade média está em
torno de 8,0 ton/ha.
Devido à importância sócio-econômica desse cultivo tanto pelo baixo custo de produção
aliado a elevados preços do produto praticado no mercado, constitui uma excelente alternativa
para o sistema de Agricultura Familiar. Torna-se relevante ainda o aspecto de permitir a
introdução de um novo cultivo na região, possibilitando acesso a uma alternativa segura e
rentável para os pequenos produtores. Vale ressaltar aqui a sua importância na alimentação
humana, e, ao mesmo tempo, sua versatilidade de uso, permitindo o preparo de pratos tanto à
base de sal quanto doces. Sob o aspecto nutricional, seu uso no Brasil têm sido destacado na
alimentação infantil, de pessoas idosas e convalescentes, principalmente pela fácil e rápida
digestibilidade de seu amido mas também pelo alto valor energético. Daí considera-se
inadequado seu uso para pessoas com problemas de obesidade, mas altamente recomendável
para atletas. No tocante ao seu conteúdo de minerais e vitaminas, salientamos que uma raiz
com apenas 100g supre em 65 vezes as necessidades diárias para cálcio, 27 para fósforo, 187
para magnésio, além de vitaminas A, B1 e B2, de nutrizes, fase em que as exigências
nutricionais são mais evidenciadas
1-Introdução
4
A mandioquinha-salsa possui diversos nomes vernaculares em nosso País. No Estado
do Rio de Janeiro recebe as denominações de Batata-baroa, Batata-suiça, Batata-do-barão,
Baronesa ou simplesmente Baroa. Em Minas Gerais é comumente chamada de Baroa, Batata-
baroa, Cenoura-amarela, Mandioquinha, Mandioquinha-salsa e Batata-fiúza. No Espírito
Santo denomina-se Batata-baroa. Em São Paulo conhecida apenas como mandioquinha. No
Paraná, denominada de Batata-salsa, Mandioca-salsa ou Salsa. Em Santa Catarina é mais
conhecida como Batata-salsa ou Batata-aipo. No Rio Grande do Sul recebe a denominação de
Batata-do-alemão, Batata-galinha, Pasternak ou Carotole. Na literatura técnico-científica,
optou-se pelo nome de Mandioquinha-salsa como forma de uniformização nas publicações
pertinentes.
Essa hortaliça é de origem andina, tendo sido a espécie domesticada mesmo antes do milho e
da batata. Foi introduzida no Brasil entre os anos de 1906 e 1907, trazida da Colômbia, e
ofertada à Sociedade de Agricultura do Brasil, no Rio de Janeiro. Devido à sua origem
serrana, acredita-se que os primeiros plantios ocorreram na serra norte fluminense, se
expandindo para as serras dos estados de Minas Gerais, Espírito Santo, São Paulo, Paraná e
Santa Catarina. Nos últimos anos vem crescendo o interesse de seu cultivo no estado do Rio
Grande do Sul. Ainda é cultivada em menor escala no Distrito Federal, Goiás, Tocantins e
Mato Grosso do Sul. Os maiores consumidores dessa hortaliça são os estado de Minas Gerais,
São Paulo e Rio de Janeiro, e os maiores produtores são o Paraná e Santa Catarina.
2-Descrição da Planta
5
Filhote
Tolete
Raízes de reserva
Raízes de absorção
a b
Fotos: Fausto F. Dos Santos
4
5
4 3 4
4
2
4 3 3 4
5 5 4 5
5
4 4
3
5
3 1
3
4 4 4 4
5
5 2
3
5 2 3 3 3
4 3
3
4 5
4
As diferentes idades dos filhotes e sua distribuição na touceira torna-se relevante no
processo de seleção de mudas por idades e tamanhos, como alternativa de crescimento
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homogêneo de plantas no campo. Detalhes sobre a seleção será discutido no capítulo
pertinente.
O florescimento da mandioquinha-salsa é um fator indesejável nos cultivos comerciais,
principalmente se ocorre logo após o plantio, não permitindo a ramificação da planta
(florescimento tipo 1 ou “capitão”). Quando ocorre no final do ciclo, com emissão de pendão
floral em toda a touceira, normalmente compromete a qualidade comercial das raízes. Nessa
situação, florescimento tipo 3, com a formação de sementes botânica, há uma canalização de
reservas das raízes para os frutos. O florescimento tipo 2, não interfere no crescimento das
plantas, também ocorre no início da brotação das mudas, mas permite emissão de rebentos
laterais sem florescimento. O florescimento da mandioquinha-salsa somente é desejável para
o melhoramento genético, permitindo a geração e seleção de novos clones, e obtenção de
cultivares com características desejáveis, como a ‘Amarela de Senador Amaral’.
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Se a nova área de produção for utilizar mudas provenientes da lavoura comercial, uma
seleção rigorosa deve ser feita das plantas matrizes. Coletar plantas em locais da lavoura onde
não houve incidência de pragas e doenças, como ácaros, pulgões, nematóides de necrose
(Pratylenchus sp.) e especialmente podridão de esclerotinia. As plantas selecionadas devem
ter suas folhas removidas por uma lâmina bem afiada, entre 2 e 5cm do ápice dos filhotes.
Preferencialmente coletar as plantas em períodos mais seco, pois diminui o risco de
podridões, principalmente causadas por bactérias. Os filhotes serão então removidos
(“desdedados”) da touceira e selecionados conforme os seus tamanhos. Desta maneira serão
selecionados pelo menos quatro classes de filhotes (Figura 4):
a- Filhote mãe (idade 1), que corresponde ao mais central e cerca de 3 primeiras brotações
(idade 2), portanto os mais velhos, não se recomenda plantá-los;
b- Filhotes grandes (idade 3), normalmente em grande número, que correspondem às
brotações laterais terciárias, indicados para plantio;
c- Filhotes médios (idade 4), em número semelhante aos grandes, indicados para o plantio, e;
d- Filhotes pequenos (idade 5), em maior número, não se recomenda para o plantio.
3 Idade 1
2 1 Idade 2
Idade 3
Idade 4
4 Idade 5
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Esta seleção é importante e primordial para o crescimento das plantas no campo de
maneira uniforme, por conterem similares quantidades de reserva e capacidade de
competição. Se houver necessidade de utilizar as três classes (grandes, médios e pequenos),
no plantio definitivo, o mesmo deve ser considerando, com o plantio de cada classe em áreas
distintas do campo.
Diversas modalidades de preparo de mudas, pelo corte dos filhotes, ou mesmo sem o
corte, estão devidamente estudados. Pode-se observar, ao se destacar o filhote da planta, que o
ponto de inserção do mesmo apresenta algumas pontuações, por onde são emitidas as raízes
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(Figura 5a). Se fizermos um pequeno corte neste ponto de inserção, poderemos observar um
aumento expressivo no pontos de emissão da raízes (Figura 5b).
Figura 5- Filhote sem corte (a) e com corte em bisel (b).
a
Pontos de emissão de raízes
Pode-se inferir que a exposição e distribuição destes pontos na base das mudas teriam
algum efeito na qualidade, distribuição ou mesmo enrolamento de raízes de reserva,
dificultando a colheita, ampliando perdas pela quebra de raízes durante sua remoção das
plantas, e, principalmente, comprometendo a qualidade do produto comercial. Diversas
modalidades de cortes foram estudadas, como corte reto, bisel (cunha) simples, bisel duplo,
dentre outros. Admite-se hoje que o corte em bisel simples seria o mais recomendado,
permitindo uma boa distribuição de raízes na planta, facilitando o crescimento, reduzindo o
enrolamento entre raízes, permitindo a obtenção de um produto de melhor qualidade
comercial. Recomenda-se efetuar o corte com uma lâmina bem fina e afiada, como um
estilete, tomando-se o cuidado de proteger os dedos com um esparadrapo. Devemos salientar
ainda que o corte em bisel ou cunha, facilita a penetração da muda no solo, exigindo menor
esforço.
3.4.1-Plantio direto
Planta fraca
11
3.4.2-Pré-enraizamento
5cm
5cm
a b
Fotos: Fausto F. Dos Santos
A. Senador Amaral
A. Comum
3.4.3-Pré-brotação
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O uso da nova tecnologia de pre-brotação de mudas vem possibilitar aos pequenos produtores
a minimização dos fatores relacionados à baixa produtividade, falhas no campo que aliada à
seleção de filhotes para mudas, permite uma brotação e crescimento homogêneo das plantas.
No entanto o processo não impede o fator florescimento.
A grande vantagem desta nova técnica é atender aos cultivos onde a irrigação não é utilizada.
Consiste na seleção, lavação e tratamento dos filhotes, conforme preconizado, e o corte
adequado das mudas. Estas serão então ensacadas em embalagens para cebola ou sacos de
aniagem, com mudas até a metade dos sacos. Em uma área protegida de insolação e chuvas,
dispõe-se os sacos com as mudas, sobre uma camada de cerca de 10cm de serragem com
umidade natural (ideal com a umidade da madeira verde). Pode-se fazer diversas camadas,
terminando com uma camada de serragem. As mudas estarão prontas a irem para o campo,
preferencialmente com o mesmo úmido, ou seja, após uma chuva. O plantio é realizado da
maneira tradicional. Alguns aspectos de suma importância devem ser observados:
a – Deve ser criterioso para a retirada da mudas, com o ponto ideal até o início de emissão de
raízes ( Figura 9a )
b – Dependendo da temperatura, o processo pode ser mais demorado (inverno) ou mais rápido
(verão)
c – Recomenda-se, a partir do oitavo dia, realizar uma amostragem diária, para não perder as
mudas (Figura 9b);
d – A quantidade de mudas preparadas deve ser compatível com a capacidade do produtor
levá-las a campo em um dia de serviço (exige escalonamento).
e – Não irrigar a serragem, caso a mesma resseque, pois isto ocorre mais intensamente na
superfície, não compromete o processo.
ab
Foto: Fausto F. Santos
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A conservação de mudas, tradicionalmente é feita no próprio campo. Após a colheita e
remoção das raízes para a comercialização, se amontoa as touceiras no campo ou à beira de
uma mata, e aí permanecem por até 60 dias. Este tipo de armazenamento é o principal
responsável por falhas no campo e pela contaminação com pragas e doenças. Há várias
alternativas para se conservarem touceiras ou mudas por períodos prolongados, sem
comprometer a qualidade das mudas.
3.5.1- Conservação de touceiras em campo
Consiste no replantio da touceira após a remoção das raízes para a comercialização,
permitindo assim o seu enraizamento , mantendo-se por longos períodos. è importante que as
folhas sejam removidas das touceiras para seu replantio. Esta técnica somente será adequada
quando a área não será utilizada para outros fins.
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Atualmente encontramos no mercado brasileiro três materiais diferenciados, uma
cultivar conhecida como amarela comum ou Amarela de Carandaí (Figura 10a), uma cultivar
de raízes grandes e brancas e a cultivar Amarela de Senador Amaral (Figura 10b). A cultivar
Amarela Comum apresenta raízes de coloração creme ao amarelo claro, raízes de tamanhos
muito variados, aroma forte e sabor acentuado. Apresenta um ciclo considerado longo (11-12
meses), produção desuniforme e raízes de formato heterogêneo. A cultivar branca, não
somente pela coloração, mas pela ausência de sabor característico e aroma, possui um
mercado muito restrito, baixa aceitação comercial, aliado a seu baixo valor nutritivo. A
Embrapa Hortaliças desenvolveu uma cultivar de ciclo mais curto (7 meses), raízes de
tamanho uniforme, produtividade superior a 25 ton/ha, coloração amarelo intenso com aroma
e sabor mais suave. Apresenta ainda resistência moderada aos nematóides das galhas, pele lisa
com poucas reentrâncias e recomendada para plantio também em Santa Catarina. A vantagem
da nova cultivar, atrelada a seu ciclo, permite às regiões do sul do Brasil, o plantio nos meses
tradicionais de julho/agosto, mas colheita nos meses de preços mais elevados, como março e
abril. Neste caso, torna-se relevante os processos de conservação de mudas para o próximo
plantio.
Amaral(b).
a b
Foto: Embrapa Hortaliças Foto: Fausto F. Santos
A época de plantio para a mandioquinha-salsa mais usual na região sul brasileira são
os meses de maio a setembro. Esta época sempre condicionou a colheita no mesmo período
do ano seguinte, considerando a cultivar Amarela Comum. Para a cultivar Amarela de
Senador Amaral, cujo ciclo é mais reduzido, a colheita será realizada mais cedo, permitindo
assim acesso a melhores preços no mercado. No entanto pode-se considerar o plantio dessa
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hortaliça durante todo o ano, levando em consideração os riscos de geadas para plantios no
primeiro semestre e o de apodrecimento de mudas em períodos chuvosos e quente.
O plantio dever ser realizado pelo menos um dia após a adubação química. As mudas
são plantadas em cima das leiras, com espaçamento bem definido. Grande perdas atualmente
na produção são causadas pelo plantio utilizando um espaçamento “visual”. Para se ter uma
idéia, um pequeno erro entre plantas para mais de apenas 3 cm, numa população de plantas
proposta de 47.619 plantas/ha (0,70x0,30m), reduz a população em 4.290 plantas. Estimando-
se uma produção por planta de 500g, deixaremos de colher cerca de 65 caixas de 33Kg, ao
preço atual de R$20,00, perde-se R$ 1.300,00, ou seja, 61% do custo de produção! A
solução deste problema é simples e fácil, apenas com o uso de um marcador artesanal,
elaborado com roda de bicicleta, com o espaçamento determinado pelas hastes de madeira
nelas afixadas (Figura 11 )
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Figura 11- Marcador de espaçamento para mandioquinha-salsa.
Kg/ha no Plantio
Níveis do Nutriente
K2O
N P2O5 Bórax Sulfato de Zinco
no solo
Qualquer nível 60 - 300 - -
Baixo - 400 (0-15 ppm) - 30 (0-0,6 ppm) 10 (0-7,5 ppm)
Médio - 200 (15-20 ppm) - 20 (0,6-0,9 ppm) 5 (7,5-15 ppm)
Alto - 75 (20-50 ppm) - 10 (0,9-1,5 ppm) 5
Muito alto - 50 (>50 ppm) - 10 (>1,5 ppm) 5
OBS: Para o potássio, aplicar apenas 100 Kg/ha em áreas fora do Cerrado.
6-Irrigação
Atualmente já está definida a exigência de água para a cultura da mandioquinha-salsa.
Devemos considerar que esta hortaliça não suporta áreas encharcadas ou mesmo sujeitas a
encharcamento o que justifica seu plantio em leiras, facilitando a aeração na zona de
crescimento de raízes.
De acordo com SILVA et al. (2000), que determinaram a Evapotranspiração da cultura
e o Turno de Rega, de tal forma a viabilizar o uso adequado de água em diferentes fases de
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crescimento das plantas. A seguir um exemplo para o emprego das tabelas e determinação da
necessidade de água de irrigação.
(mm/dia).
Exemplo: Vamos supor que a umidade relativa média e a temperatura média do ar no mês
mais seco em uma da região sejam 50 % e 25 ºC, respectivamente, o tipo de solo III e
profundidade efetiva de raízes 30 cm. Desejamos determinar o turno de rega e a quantidade de
água a aplicar em cada irrigação para cada estádio de desenvolvimento da mandioquinha-
salsa. Pela Tabela 2 obtemos os seguintes valores de ETc para cada estádio:
8-Pragas
Aqui salientamos que não há registro de Defensivos Agrícola para
Mandioquinha-salsa, o que determina a impossibilidade de emprego de qualquer
“veneno” para a referida Hortaliça. Resta como alternativa o emprego de formulados em
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uso na Agricultura Orgânica, portanto considerados não agressivos ao Homem e Meio
Ambiente. As pragas de ocorrência mais comum para a cultura são:
Figura 13- Pulgão das folhas (a) e enrolamento das mesmas (b).
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a b
Fotos: Fausto F. Santos
c-Lagarta Rosca:
Apesar de ser uma praga de rara ocorrência, é importante estar alerta à sua presença,
que é constatada pela manhã, com folhas cortadas e muitas das vezes “puxadas” para dentro
do solo (Figura 14). As lagartas somente atacam as plantas durante à noite, quando saem do
solo para se alimentarem. A postura correta para controle é no final da tarde.
d-Broca:
Considerada uma das pragas mais destrutivas da mandioquinha-salsa. Trata-se de uma
espécie da família dos Curculionídeos, o mesmo caruncho do feijão e milho, no entanto o
inseto é bem maior (Figura 15a). Causam grandes danos às lavouras e seu controle é
extremamente difícil. Os danos são causados por larvas, que penetram no interior dos filhotes
da planta, formando galerias (Figura 15b) e abrindo a porta de entrada para fungos e bactérias
que causam a podridão das plantas. A dificuldade de controle das larvas está exatamente por
se localizarem no interior dos filhotes. Parte do ciclo do inseto ocorre no solo, onde empupa.
O adulto aparentemente é bastante sensível à luz solar, sendo difícil perceber sua presença.
Acredita-se que a ovoposição ocorra à noite, na base do pecíolo das folhas. Após eclosão dos
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ovos, diminutas larvas atacam a parte interior basal do pecíolo, posteriormente penetram
dentro dos filhotes.
a b
Foto: Alvimar Bavaresco-EPAGRI/Canoinhas
e-Ácaro Rajado:
A ocorrência de ácaros em mandioquinha-salsa está intimamente relacionada a
períodos secos e quentes do ano. Quando se faz uso de irrigação por aspersão convencional, é
difícil a presença da praga. Os ácaros são diminutas aranhas, que se localizam na face inferior
das folhas. Inicialmente há um leve amarelecimento das folhas seguido pela presença de teias
de aranhas (Figura 16). Sua detecção é fácil de ser visualizada e sempre ocorre em reboleiras.
Vale salientar que em alta infestação a praga chega a matar as plantas adultas de
mandioquinha-salsa.
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9-Doenças
Poucas são as doenças que atacam a cultura. As doenças de maior importância são
aquelas que causam perdas pós-colheita, pela podridão de raízes, causada principalmente por
bactérias do grupo Erwinia. Doenças foliares da mandioquinha-salsa mais comum, como
Cercóspora, Xanthomonas, Alternária e Septória, não têm importância econômica, portanto
sem nenhuma necessidade de controle.
Podridões de plantas em campo podem ser causadas por:
a-Esclerotínia:
Trata-se de um fungo de solo, cuja ocorrência está associada a períodos frios do ano. O
sintoma é característico, com o amarelecimento e murcha das folhas. Percebe-se a formação
de uma intensa massa de mofo branco na base da planta e a presença de estruturas negras, que
se assemelham a fezes de rato, os escleródios (Figura 17). Normalmente, quando ocorre, é de
forma isolada, mas é importante a remoção da planta da área, sua incineração, e espalhar cal
virgem na zona onde estava a planta doente.
Escleródio
b-Esclerócio:
Também um fungo de solo, semelhante ao anterior, no entanto sua ocorrência está
associada a períodos quentes e chuvosos. Os sintomas são os mesmo, mas além do mofo
branco, não se percebe as estruturas negras, e sim, grupos de pequenas bolinhas, bastante
parecidas com sementes de mostarda. As medidas são as mesmas que tomadas para
Esclerotínia, remoção das plantas, incinerar e uso de cal virgem no local onde estavam as
plantas doentes.
Doença de expressão econômica para a cultura são os nematóides. O mais comum são
os nematóides da galhas, que causam a formação de “Verrugas” nas raízes de reserva,
impossibilitando sua comercialização. São espécies do gênero Meloidogyne ( M. hapla, M.
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javanica, M. incognita).A única forma de controle é a rotação de cultura com plantas não
hospedeiras, como milho, forrageiras de inverno, ou uso de plantas amardilhas, como
crotalárias. Há outra espécie que também ataca as raízes, do gênero Pratylhenchus, que
causam manchas escuras na superfície das raízes, semelhante à sarna da batata. Para esta
espécie não há controle.
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Foto: Fausto F. Santos
A colheita pode ser realizada manualmente com enxadões ou com o emprego de lâminas de
colher bata, que apenas facilita a retirada das plantas do solo. A remoção das raízes da planta é
manual e deve ser criteriosa, procurando-se retirar inicialmente as raízes mais externas para
não quebrar ou danificar as mais internas, ou seja, retiradas de fora para dentro. Praticamente
toda a produção de mandioquinha-salsa no Brasil é adquirida por compradores especializados,
tanto do Paraná, São Paulo e Minas Gerais, que adquirem diretamente dos produtores. As
raízes são entregues em caixas de plástico, em média com 33 Kg. São então transportadas
para os lavadores, onde são classificadas e embaladas conforme Normas para a Hortaliça.
A classificação de raízes de mandioquinha-salsa hoje está mais bem elaborada e esta
classificação é realizada pelos lavadores. Para comercialização local, deve-se estar atento em
classificar as raízes pelo seu comprimento e diâmetro, elaborando assim classes comerciais
diferenciadas e evidentemente com cotação diferenciada.
27
Fonte: CEAGESP
11-Características Nutricionais
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Seu emprego na alimentação humana sempre foi direcionado para alimentação
infantil, de pessoas idosas e convalescentes, principalmente pela rápida e fácil
digestibilidade de seu amido. Devido ao seu alto valor energético seria também indicada
para pessoas de todas faixas etárias, principalmente atletas, mas com consumo restrito para
pessoas com problemas de obsesidade. Apesar de ser considerado um alimento de caráter
exclusivamente energético (PEREIRA, A.S., 2000; Tabela 4), as raízes apresentam valores
expressivos de ferro (Fe), cálcio (Ca), fósforo (P) (Tabela 5), vitaminas do complexo B e
vitamina A (Tabela 6).
K Mg Ca Fe P
2,4 64 65 9,5 55
Teores
Necessidades
500 0,80 0,15 5,0 0,3
Crianças
Adultos 2.000 0,35 0,70 8,0 1,4
Gestantes 2.000 0,35 1,00 12 2,0
29
Nutrizes 3.000 0,35 1,00 12 2,0
*Dados em mg/100g matéria fresca
Fonte: Pereira, A.S., 2000.
Mandioquinha-salsa
30
COMO COMPRAR
COMO CONSERVAR
DICAS
31
13-Custo de Produção
Custos Variáveis
Calcário 1.666 Kg 51,66 2,44
Adubo 05-20-10 825 Kg 462,00 21,84
Bórax 18 Kg 51,30 2,42
Cloreto de Potássio 150 Kg 150,00 7,09
Total 714,96 33,79
Serviços Manuais
Preparo de mudas 08 D/H 120,00 5,67
Adubação 02 D/H 30,00 1,42
Plantio 10 D/H 150,00 7,09
Cobertura 01 D/H 15,00 0,71
Capinas (4) 20 D/H 300,00 14,18
Colheita 28 D/H 420,00 19,85
Total 69 1.035,00 48,92
Serviços Mecanizados
Aração 03 H/M 105,00 4,96
Gradagem 1,5 H/M 52,50 2,48
Total 4,5 157,50 7,44
Total Geral 2.115,46 100,00
Elaborado por Nivaldo Gomes – Extensionista da EMATER-PR de Tijucas do Sul, adaptada por Fausto F. dos Santos .
14-Receitas
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As raízes de mandioquinha-salsa, ao contrário de seu uso tradicional para preparo de
sopas e ensopados, apresentam uma grande versalitilidade de uso, podendo ser processada
tanto na forma de pratos à base de sal quanto de açúcar. A seguir algumas receitas
diferenciadas da hortaliça (EPAGRI/Embrapa Hortaliças, 2002).
Pãezinhos
1/2 Kg Mandioquinha-salsa
1 copo de leite
4 ovos
2 tabletes de fermento para pão
1 xícara de açúcar
2 colheres de sopa de manteiga
2 colheres de óleo
1 colherinha de sal
1 Kg de farinha de trigo
Pão doce
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1 copo americano de leite morno
Desmanche o fermento no leite morno (não muito quente);-Misture os ovos, a banha de porco,
a mandioquinha-salsa, o açúcar e a farinha de trigo;
Sove bem a massa;
Deixe crescer;
Divida a massa em pães e leve para assar em forno quente.
Cuque
Bolo
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Passe na peneira;
Junte o leite de coco e misture bem;
Junte o açúcar e a manteiga derretida;
Junte a farinha de trigo;
Unte a forma com a manteiga e polvilhe com farinha de trigo;
Leve ao forno para assar
Bom-Bocado
1 lata de leite condensado;
1 xícara de leite de coco;
6 ovos;
1 colher, de sopa, de manteiga ou margarina;
1/2Kg de mandioquinha-salsa crua, ralada no ralo fino.
Rosca
Doce
Ponha a mandioquinha-salsa numa panela, junte o leite condensado e o açúcar, leve ao fogo
mexendo até soltar do fundo da panela. Deixe esfriar, enrole os doces e confeite com o cravo.
Doce cristal
1 Kg de mandioquinha-salsa
800g de açúcar
1 pacote de coco ralado
Ralar a mandioquinha-salsa e lavar bem para retirar o amido. Em uma panela adicionar a
mandioquinha-salsa e o açúcar, cozinhar em fogo brando, adicionar o coco ralado e deixar
esfriar.
Nhoque
1 Kg de mandioquinha-salsa
4 gemas
4 colheres (sopa) e manteiga
2 xícaras de farinha de trigo
2 colheres (sopa) de óleo
50 g de queijo parmesão
Sal a gosto
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Amasse-as como para preparo de purê, adicionando em seguida as gemas, manteiga, o sal e
farinha de trigo, acrescentando mais se necessário para enrolar a massa.
Enrole em tiras, cortando em pedaços, formando os nhoques.
Mergulhe os nhoques aos poucos, em água fervente com o óleo, retirando-os quando vierem a
tona.
Retire-os com uma escumadeira, deixe escorrer e coloque-os em uma vasilha refratária. Cubra
a gosto com molho de tomate ou molho de tomate com carne moída, polvilhe o queijo
parmesão e leve ao forno para gratinar.
Sopa-creme
1 kg de mandioquinha-salsa
4 colheres (sopa) de cebola picada
1 colher (sopa) de salsinha picada
2 colheres (sopa) de óleo
100 g de bacon picado
Sal e pimenta a gosto
Canja
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Limpar a galinha e cortar em pedaços deixando a pele.
Temperar, de preferência na véspera, com sal, dois dentes de alho esmagados, uma cebola
bem picada, salsa e cebolinha picadas, pimenta e o suco de limão.
Raspar a casca da mandioquinha-salsa com uma faca e cortar em pequenos pedaços.
Em uma panela fritar os pedaços de galinha em sua própria gordura.
Adicione água aos poucos para deixar a carne dourada.
Quando a galinha estiver dourado, acrescentar a outra cebola picada e as duas cabeças de alho
com sal, deixar fritar ligeiramente e cobrir de água para cozinhar com a panela tampada.
Estando a carne bem macia , é hora de colocar a mandioquinha-salsa picada.
Cozinhar por uns 20 minutos ou até a mandioquinha-salsa desmanchar-se, engrossando o
caldo. Desligar e salpicar com cheiro-verde e salsa picada. Servir em seguida.
Suflê
1 quilo de mandioquinha-salsa
1 cebola média
2 colheres (sopa) de manteiga
2 copos de leite na temperatura ambiente
5 gemas
3 ramos de salsa picada
2 colheres (sopa) de queijo parmesão
2 dentes de alho e sal a gosto.
Madalena
1 Kg de mandioquinha-salsa
1 lata de creme de leite
200g de queijo mussarela fatiado
sal e tempero verde a gosto
molho de carne moída, frango ou lingüiça
Cozinhe a mandioquinha-salsa, passe ainda quente pelo espremedor, adicione o sal, tempero
verde e o creme de leite. Misture bem. Em uma refratária untada com azeite, espalhe uma
camada da massa, coloque o molho e fatias de queijo, cubra com a massa e gratinar.
15-Literatura Consultada:
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