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Kleber Alves da Silva

Nicolae Henrique Vedovelli Antunes


Ricardo Moritz Depaz
Roque Rodrigo Rodrigues
Wellington Caberlin dos Santos

Impactos da interação entre o projeto de fundações e o projeto


estrutural de uma edificação

Londrina
14/06/2012
Kleber Alves da Silva
Nicolae Henrique Vedovelli Antunes
Ricardo Moritz Depaz
Roque Rodrigo Rodrigues
Wellington Caberlin dos Santos

Impactos da interação entre o projeto de fundações e o projeto


estrutural de uma edificação

Trabalho apresentado ao Centro Universitário


Filadélfia – UniFil, como requisito para a obtenção
de média bimestral, na disciplina ENGC1020
Fundações e Obras de Terra, ministrada pelo Prof.
Julio Cesar Filla

Londrina
14/06/2012
RESUMO

A hipótese de apoios totalmente rígidos (fundações engastadas ou rotuladas) para as


condições de vinculação de edifícios em concreto armado vem sendo utilizada há muito
tempo pelos engenheiros de estruturas. Tal fato se deve, principalmente, à grande dificuldade
que se tinha no passado em analisar manualmente edifícios sobre apoios flexíveis. Com o
estudo da interação solo–estrutura é necessário uma visão integrada dos diferentes materiais
que compõe um sistema, ou seja, sistemas estruturais mais sistemas geotécnicos ou maciço de
solo. Sendo o maciço de solo um conjunto formado por um certo número de elementos de
solos ocupando continuamente o espaço físico delineado pela superfície do terreno e a
superfície do indeslocável. Uma das inúmeras vantagens em considerar a interação solo–
estrutura é a possibilidade de estimar os efeitos da redistribuição de esforços nos elementos
estruturais, a forma e a intensidade dos recalques diferenciais, tornando os projetos mais
eficientes e confiáveis.

Palavra-chaves: interação solo-estrutura; efeitos da interação solo-estrutura; fundações


profundas;

Engenharia Civil
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SUMÁRIO

1 Introdução .............................................................................................................. 4
2 Recalque ................................................................................................................. 5
3 Efeitos da interação ............................................................................................... 5
3.1 Tempo ....................................................................................................................5
3.2 Rigidez ...................................................................................................................6
4 Interação solo-estrutura em fundações rasas ..................................................... 7
5 Interação solo-estrutura em fundações profundas ............................................. 9
6 Estudo de caso ....................................................................................................... 11
6.1 Dados relativos à Edificação e o subsolo ............................................................12
6.2 O monitoramento dos recalques .........................................................................12
6.3 Modelos numéricos tridimensionais da estrutura analisada............................13
6.4 Estimativa de recalque e comparação com a instrumentação .........................15
6.5 Ajustes dos parâmetros de Compressibilidade dos solos ..................................16
6.6 Reanálise da estrutura .........................................................................................18
6.7 Uniformização dos recalques ..............................................................................19
6.8 Entrevista ..............................................................................................................22
Conclusão .................................................................................................................. 23
REFERÊNCIAS ....................................................................................................... 25
GLOSSÁRIO ............................................................................................................ 26

Engenharia Civil
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1 Introdução

Os primeiros estudos no Brasil sobre o problema foram feitos por Chamecki (1956
apud Iwamoto 2000) e posteriormente aplicado para o problema do adensamento do solo em
1969.
Os engenheiros geotécnicos brasileiros se preocupam com as medidas dos recalques
em edifícios altos, pouco interesse tinha sido dado aos problemas a redistribuição dos esforços
das estruturas e a modificação dos recalques na fundação com a interação solo-estrutura, até a
década de 80 houve o reaparecimento desse interesse e posteriormente foi confirmando com a
contribuição de Gusmão (1994).
O desempenho de uma edificação é governado pela interação entre a superestrutura,
infraestrutura e terreno de fundação, em um mecanismo denominado interação solo-estrutura.
Apesar disto, esta interação é comumente desprezada, com os projetos de fundação e
estrutural sendo concebido sem se levar em consideração tal mecanismo, o que provoca
alguns efeitos relevantes, como a redistribuição de cargas na estrutura.
No caso do projeto estrutural, o mesmo é desenvolvido admitindo-se a hipótese dos
apoios da edificação não sofrerem recalques diferenciais. Tanto o cálculo das cargas na
fundação, como o dimensionamento dos elementos estruturais são feitos com base nesta
hipótese. Porém, na prática, estas fundações devido à deformação do solo, solicitam a
estrutura, geralmente hiperestáticas, com um fluxo de carregamento diferente da hipótese de
apoios não deslocáveis, modificando assim os esforços atuantes na estrutura e as cargas no
solo.
Engenheiros estruturais continuam utilizando o mesmo modelo simplificado do
passado, provavelmente pela falta de informações ou talvez pela falta de maior interação com
os engenheiros de fundações, por outro lado, o projeto de fundação é desenvolvido levando-se
em consideração apenas as cargas nos apoios (obtidas a partir do projeto estrutural
convencional), e as propriedades do terreno de fundação, desprezando-se o efeito de rigidez
da estrutura, ficando assim, estabelecida uma independência entre o solo de fundação e a
estrutura.
Dependendo do nível de deformação do terreno e da rigidez da estrutura, a interação
solo-estrutura pode modificar significativamente o desempenho da edificação, apesar de ser
desprezada na maioria dos projetos.

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Com isso, procura-se mostrar que a análise integrada da estrutura e do solo possibilita
uma melhor estimativa dos recalques diferenciais e reações nos apoios, assim como a
redistribuição dos esforços nos elementos estruturais com o comportamento mais real da
interdependência dos esforços entre a estrutura e o solo.

2 Recalque
Para o dimensionamento de uma estrutura, verifica-se que além dos critérios de
segurança à ruptura, também há os critérios de deformações limites que devem ser
satisfatórios para o comportamento adequado das fundações, na maioria dos problemas
correntes, os critérios de deformação é que condicionam a solução. Os efeitos dos recalques
em uma estrutura pode causar danos reparáveis ou irreparáveis, como danos estruturais que
são danos causados à estrutura (pilares vigas e lajes), danos arquitetônico, são danos causados
a estética das construções (trincas em paredes rupturas de painéis de vidro e mármore), e
danos funcionais, são danos causados à refluxo ou ruptura de esgoto e galerias,
emperramentos das portas e janelas.

3 Efeitos da interação solo-estrutura


Segundo Iwamoto (2000), a interação solo-estrutura sofre influência de fatores
como, o tempo, a rigidez da estrutura e o processo construtivo.

3.1 Tempo
Segundo Chamecki (1969 apud IWAMOTO 2000), existem 4 (quatro) casos
possíveis de recalques que sofrem influência do tempo, como pode ser observado na figura
01.

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Figura 01: Casos de Recalque sob Influência do Tempo


Fonte: Chameck (1969) apud Iwamoto (2000)

No caso (a), a estrutura apresenta recalque uniforme, devido à tendência do solo se


deformar mais no centro do que na periferia, a distribuição das maiores cargas ocorre nos
extremos, gerando mais pressão, mas causando uma melhor interação do solo-estrutura.
Estruturas isostáticas e edifícios compridos ao longo do eixo horizontal se assemelham a esse
caso.
Já no caso (b), a estrutura é de comportamento elástico, que não sofre grandes
deformações devido a própria natureza da estrutura que se ajusta à medida que ocorrem os
recalques. Estruturas de aço se assemelham a esse caso.
O caso (c) é uma estrutura de visco-plástico. Esse tipo de estrutura pode agir da
mesma maneira do caso (d) caso os recalques ocorram em um curto espaço de tempo. Caso
ocorram de forma lenta, esta tende ao caso (d) que é uma estrutura rígida e que tende a
distribuir por igual às pressões no solo. O caso (c) se assemelha a estruturas de concreto
armado.

3.2 Rigidez
Segundo Gusmão (1994) nos mostra que o número de pavimentos é um dos fatores
mais influentes na rigidez da estrutura, ou seja, quanto maior o número de pavimentos maior
será a sua rigidez. A maior influência se dá nos primeiros pavimentos, onde foi utilizada a
analogia de vigas-parede.
Gusmão (1994), analisou dois edifícios com fundações em sapata em diferentes
sistemas estruturais, um com sistema laje cogumelo e outro edifício com sistema

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convencional. Os resultados mostram que a influencia da consideração da flexibilidade da


fundação nos esforços da superestrutura é muito grande.
Observou-se que nos pilares os esforços normais e momentos fletores tendem a uma
redistribuição que torne os seus valores menos diferentes, onde os maiores valores tendem a
diminuir e os menores a aumentar figura 02.

Figura 02: Efeitos da Interação da Rigidez da Estrutura


Fonte: Gusmão (1994)

Ainda segundo o mesmo autor, durante a construção à medida que vai subindo o
pavimento, ocorre uma tendência à uniformização dos recalques devido ao aumento da rigidez
da estrutura, sendo que esta rigidez não cresce linearmente com o número de pavimentos.

4 Interação solo-estrutura em fundações rasas

Segundo Scarlat (1993), em uma visão teórica, a maneira mais precisa para se
considerar a deformabilidade do solo é realizando uma análise interativa tridimensional, na
qual o solo e a estrutura são concebidos como um sistema único. Neste tipo de análise, o solo
é analisado até os limites em que os efeitos de tensão possam ser desprezados e, neste caso, a
existência de apoios para os limites não teriam efeito algum sobre a resposta da interação solo
estrutura.
Infelizmente, esse tipo de diagnóstico é muito sofisticado e solicita métodos numéricos,
como, por exemplo, o Método dos Elementos Finitos. Dessa maneira, este processo está ao
alcance de poucos profissionais, e normalmente são necessários grande experiência anterior e
conhecimento aprofundado a respeito de modelos constitutivos. Por esse motivo, tal

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alternativa tem sido aplicada apenas no meio científico e eventualmente no meio prático,
quando a importância do problema exige esse tipo de análise.
Scarlat (1993) relata que um modo mais simplificado de quantificar o efeito da
deformabilidade dos solos, embora menos preciso que a análise interativa, considerando o
meio contínuo tridimensional, consiste em considerar uma série de molas discretas sob a base
da fundação.
A reprodução do solo por um sistema de molas com resposta linear foi proposta
primeiramente por Winkler, motivo pelo qual, este método recebe o nome de modelo ou
hipótese de Winkler. O solo é visto como um sistema de molas lineares e independentes entre
si, sendo consideradas somente as deformações ocorridas na região das fundações. A figura 03
ilustra estas molas, ou seja, o solo se deformando apenas na região de aplicação da carga, sem
considerar o efeito de carregamentos no entorno da estrutura.

Figura 03: Sistema de molas de Winkler


Fonte: Scarlat (1993)

Neste modelo, as pressões de contato são proporcionais aos deslocamentos, podendo


ser utilizado tanto para carregamentos verticais, como por exemplo, radiers, sapatas e vigas de
fundação, quanto para ações horizontais, como é o caso de estacas sob forças horizontais e
estruturas de escoramento de escavações. Assim, são obtidos valores de coeficiente de reação
para cada tipo de solo e de sistema de fundação, considerando que para cada direção de
movimentação há uma flexibilidade diferente que pode ser entendida como mola. Ou seja, é
estabelecida uma relação pontual entre fundação e solo, mediante a definição de uma
constante de mola que simulará a rigidez do maciço.
Para isto, é necessário definir o valor de kv, denominado Coeficiente de Reação
Vertical, que é um valor escalar que representa o coeficiente de rigidez que o solo possui para
resistir ao deslocamento mobilizado por uma pressão imposta. Ele é similar ao coeficiente de

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mola, mas não relacionado a uma força, e sim a uma pressão.

5 Interação solo-estrutura em fundações profundas

Serão consideradas fundações profundas em estacas verticais submetidos à carga de


compressão axial ligadas ao bloco suposto rígido, nas quais o efeito de grupo de estacas
imersas no solo é calculado considerando a continuidade do solo, este tipo de fundação é
usado, geralmente, para grandes cargas. O método de Aoki (1995) tornou possível a interação
de ações de grupos de elementos de fundações, porém a transferência de cargas para o solo
adjacente é feita como se fosse contínuo, incluindo os espaços preenchidos pelas estacas,
portanto não considera a descontinuidade do maciço. Este “espaço” só é resolvido com o uso
de ferramentas mais sofisticadas como a combinação de método dos elementos de contorno e
método dos elementos finitos discretizando tanto o maciço de solo como elementos de estacas
para simular a existência de diferentes materiais. E segundo o mesmo autor, os modelos
básicos de análise da interação solo-estrutura, que adotam como origem dos eixos de
referência qualquer ponto sobre a superfície: indeslocável, rocha sã ou superfície abaixo da
qual as deformações do maciço de solos podem ser desprezadas, compreendem:
a) Dois corpos em equilíbrio: a superestrutura, com contorno inferior limitado pela
superfície das bases dos pilares, e a fundação, que se encontra com contorno limitado pela
superfície das bases dos pilares e o maciço indeslocável (figura 04):

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Figura 04: Modelo de equilíbrio superestrutura e fundação


Fonte: Iwamoto (2000)

b) Um só corpo em equilíbrio: o sistema global formado pela estrutura e pelo maciço


de solos, com contorno limitado pelo maciço indeslócavel (figura 05):

Figura 05: Modelo de equilíbrio estrutura e maciço de solos


Fonte: Iwamoto (2000)

O modelo (a), utilizado nas pesquisas de Iwamoto (2000), considera o equilíbrio no


topo dos elementos estruturais de fundação e utiliza processo iterativo, o qual as forças

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aplicadas nas fundações geram recalques e estes acabam gerando o deslocamento da


superestrutura e vice-versa.
Já o modelo (b) trabalha considerando a estrutura total, formada por: maciço de solos,
elementos estruturais de fundação e superestrutura. Neste modelo, a superestrutura, os
elementos estruturais de fundação e o maciço de solos são, geralmente, modelados pelo
método dos elementos finitos, ou a superestrutura e os elementos estruturais de fundação são
modelados por elementos finitos, e o maciço de solos, por elementos de contorno. As
incógnitas, constituídas pelas reações do solo ao longo das superfícies de contato que há entre
solo-estrutura, são determinadas através da compatibilidade de deslocamentos na interface
estrutura-solo, com a utilização de convenientes elementos de interface.
O roteiro proposto por Iwamoto (2000) para interação solo-estrutura pode ser
resumido da seguinte forma:
• Inicialmente calculam-se as reações nos apoios considerando-os indeslocáveis;
• Estas reações aplicadas nos blocos e calculadas com a consideração do grupo de
estacas fornecerão os recalques nos blocos;
• Calculam-se a rigidez equivalente do apoio dividindo a reação com os seus respectivos
deslocamentos; a rigidezes (Ri) serão impostas nos respectivos apoios “i” da estrutura,
que recalculados (mantendo os mesmos carregamentos na estrutura) fornecem os
novos esforços e reações diferentes dos obtidos quando consideravam os apoios
indeslocáveis;
• Esse procedimento é repetido até que ocorra a convergência dos recalques (ou das
reações) obtidos em duas iterações consecutivas.
Neste processo, a Ri não é simplesmente mola isolada, mas rigidez que depende dos
deslocamentos do solo no ponto “i” e dos outros pontos do grupo de estacas, garantindo assim
a representação da continuidade do solo no meio.

6 ESTUDO DE CASO

O estudo de caso a ser analisado é referente a uma das diversas obras da Zona Oeste
da cidade do Rio de Janeiro, as quais têm sido contempladas com medições de recalques
desde o início de suas construções, e que assim contribui para que tal monitoramento

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represente um controle de qualidade das fundações. Estas medições foram iniciadas pelo
Instituto Alberto Luiz Coimbra de Pós-graduação e Pesquisa de Engenharia (COPPE) /
Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) em 1992, envolvendo a Construtora Ben e
com contribuição da Universidade Federal Fluminense (UFF). Sendo o mesmo abordado por
DANZIGER et al (2005).

6.1 Dados relativos à Edificação e o subsolo:

A edificação analisada consiste em uma estrutura de quatro pavimentos, sendo um de


acesso, dois pavimentos tipo e uma cobertura, com uma área em planta de 624 m², e que
chega ao pavimento térreo em 36 pilares. A estrutura possui grandes varandas em balanço, o
que resulta em pilares do contorno frontal contendo cargas superiores às dos pilares centrais.
Sendo uma estrutura edificada na divisa, ela possui várias vigas de transição. Algumas vigas
das varandas possuem inércia variável, e outras, de elevada rigidez, servem de apoio a pilares
que nascem no segundo pavimento. Trata-se de um sistema estrutural diferenciado e que é
utilizado com frequência nesta região da cidade.
O subsolo em que a edificação está situada em local que é constituído por um
horizonte arenoso em toda a extensão investigada, até cerca de 20 metros de profundidade,
conforme perfil geotécnico da figura 1. As camadas de solo próximas da superfície são poucas
compactas, e muito compactas no limite da sondagem executada. Os carregamentos que
chegam através dos pilares até as fundações compreendem entre 200 kN e 1700 kN. Já nas
sapatas assentadas à dois metros de profundidade , e que atua uma pressão de 0,2 MPa.

6.2 O monitoramento dos recalques

Para o monitoramento dos recalques, foram instalados pinos de aço inoxidável em 10


dos 36 pilares, sendo eles selecionados por terem carregamentos elevados, ou se tratarem de
pilares vizinhos com grandes diferenças de carga.
Adotou-se uma leitura de referência logo após quando concretado o primeiro teto,
ainda com escoramento. E após esta, forame executadas outras séries de leituras e que foram
disponibilizadas na Tabela 1.

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Tabela 1: Sequência das leituras de recalques.


Fonte: DANZIGER et al (2005)

6.3 Modelos numéricos tridimensionais da estrutura analisada

Para cada etapa de medição foi desenvolvido um modelo numérico tridimensional da


estrutura, sendo as vigas e os pilares simulados como elementos de pórtico e as lajes por
elementos de placa.
Os modelos das diversas etapas construtivas correspondentes às medições dos
recalques experimentais são representados na figura 06. Os modelos numéricos são
comparados com as cargas das fundações da planta do calculista, mesmo que este tenha
considerado o valor do carregamento com a atuação da sobrecarga. Já a tabela 02 consiste em
relacionar os pilares com suas cargas obtidas numericamente e as do projeto, obtidas com os
métodos simplificados.

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Figura 06: Modelo tridimensional da estrutura.


Fonte: DANZIGER et al (2005)

Tabela 02: Cargas Verticais do Modelo de Elementos Finitos e de Projeto.


Fonte: DANZIGER et al (2005)

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6.4 Estimativa de recalque e comparação com a instrumentação

Para se estimar os recalques, foram empregados os métodos mais utilizados na prática


brasileira para fundações diretas em horizontes de solos predominantemente arenosos, sendo
eles o método de Barata (1984) e de Schmertmann (1970, 1978). Em ambos os métodos
consideram o recalque de placas isoladas, todavia método de Barata proponha procedimento
simplificado para consideração do efeito do conjunto de fundações da obra. Já para avaliação
mais aproximada da influência do efeito das sapatas vizinhas, foi utilizado também o método
numérico Aoki-Lopes. Durante a aplicação deste método, foram feitas duas estimativas de
recalques. A primeira considerando o efeito isolado das fundações de cada um dos pilares, e
na segunda considerando o efeito do grupo.
Foram estimados os recalques para todos os pilares, no entanto, os valores estatísticos
dos recalques estimados, que correspondem ao desvio padrão, média e coeficiente de
variação, foram determinados somente nos 10 pilares analisados, permitindo assim a
comparação direta com os valores estatísticos dos recalques medidos apresentados na Figura
07.
Como os recalques médios estimados são, em geral, sempre superiores aos recalques
médios medidos, indicando valores conservativos de compressibilidade do solo segundo os
métodos empregados. Os carregamentos correspondentes às etapas 6 e 7 registraram leituras à
645 e 987 dias do início da instrumentação, os quais foram muito próximos. E os recalques
médios estimados neste intervalo, na Figura 3a, mantiveram esta tendência. Tal
comportamento já era esperado, visto que todos os métodos utilizados se baseiam na teoria da
elasticidade. Na figura 3b ilustra-se que a curva do desvio padrão dos recalques medidos é
bastante inferior às curvas referentes aos recalques estimados. Assim como na figura 3c se
revela a mesma tendência para o coeficiente de variação.
Tendo as sapatas isoladas e a influência de todas as sapatas do grupo, conforme a
aplicação do método de Aoki-Lopes pode-se dizer que, para o recalque médio total, a
influência das sapatas vizinhas teve a ordem de grandeza do efeito das sapatas isoladas, e que
ao se considerar esta influência, aproximou-se o coeficiente de variação do recalque estimado
ao coeficiente de variação do recalque medido.
Para esta observação, vemos a ocorrência de dois fatores que condicionam a dispersão

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dos recalques, ou o coeficiente de variação: a influência do recalque do conjunto das


fundações no recalque observado em cada pilar e a influência da interação solo x estrutura.
Embora o coeficiente de variação dos recalques estimados pelo método de Aoki-Lopes,
considerando o efeito do grupo, se aproxime da curva dos recalques medidos, não se observa
ainda nos valores estimados, a redução brusca do coeficiente de variação conforme as etapas
da obra.

6.5 Ajustes dos parâmetros de Compressibilidade dos solos.


Visando melhorar o modelo representativo tensão x deformação, e para se permitir
uma melhor interpretação da interação solo x estrutura, foi realizada a comparação dos
recalques absolutos médios previstos e medidos nas diversas etapas.

Figura 07: Comparação entre recalques medidos e estimados sem a interação solo x
estrutura e utilizando módulos de compressibilidade do solo propostos pelos diferentes
autores.
Fonte: DANZIGER et al (2005)

Estabeleceram-se correlações entre os valores de recalques medidos e estimados

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durante as várias etapas construtivas, para que se pudessem corrigir os recalques estimados e
que eles convergissem para os valores experimentais.
Através do método de Schmertmann (1978), o módulo de compressibilidade foi
afetado de um fator multiplicativo de cerca de 2. Para o método de Barata, o módulo de
compressibilidade apresentou um fator multiplicativo de cerca de 1,7. Já o método de Aoki-
Lopes em que se consideram as fundações isoladas chegou-se a um fator corretivo de 0,9,
enquanto que para o caso do grupo, obteve-se fator de 1,7. Na figura 08 são apresentados os
valores estatísticos estimados por vários métodos com os ajustes, e seus correspondentes
valores estatísticos das medições experimentais.
Podemos observar na Figura 08.a que, quando ajustados os módulos de
compressibilidade do solo, todos os métodos se tornam equivalentes. E a média dos recalques
medidos obedece ao mesmo comportamento dos recalques estimados durante todo o
carregamento até a etapa 6. Enquanto se realiza o carregamento, compreende-se um
comportamento quase elástico e próximo ao estimado. Durante a etapa 6 à etapa 7, ocorre um
pequeno acréscimo de carga, visto que a obra estaria em acabamento. Sendo que os recalques
medidos apresentaram um acréscimo mais significativo que o esperado.

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Figura 08: Comparação similar à anterior, mas com módulos de compressibilidade


ajustados.
Fonte: DANZIGER et al (2005)

Conforme se observa nas figuras 07.c e 08.c, os coeficientes de variação mostram-se


praticamente sem alteração. Mostra-se também que, embora o recalque estimado pelo método
de Aoki-Lopes incluído o ajuste dos parâmetros do solo se apresente um comportamento
médio semelhante, o coeficiente de variação do método Aoki-Lopes considerando o efeito do
grupo continua sendo o mais próximo do medido, mostrando assim a importância da
influência dos pilares vizinhos durante a estimativa do recalque na vertical de cada um dos
pilares.

6.6 Reanálise da estrutura

Em uma primeira análise da estrutura, a distribuição das cargas nos diversos pilares foi
realizada baseando-se em apoios indeslocáveis. Sendo que durante o carregamento da
estrutura, a comparação entre recalques medidos e estimados indicou comportamento médio

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de natureza elástica, e assim os apoios foram simulados por molas, com rigidezes avaliadas
conforme a expressão abaixo:

Sendo: Ki a constante de mola representativa da fundação i; Pi a carga transmitida à


fundação i e wi o recalque estimado na fundação para a carga Pi.
A estrutura foi novamente analisada, agora considerando os apoios deslocáveis, e os
recalques reavaliados para as novas cargas obtidas nos diferentes pilares, em interações
sucessivas, chegando assim a uma convergência satisfatória dos recalques e das cargas nas
fundações.
Nota-se nas figuras 09.a e 09.b o percentual de pilares com acréscimo, decréscimo e
manutenção dos carregamentos durante a re-análise da estrutura, em relação à hipótese dos
apoios indeslocáveis. Na Figura 09.a apresentam-se os resultados dos pilares da periferia da
obra, e na Figura 09.b, apresenta-se o comportamento para os pilares centrais. Buscou-se
determinar a porcentagem de pilares de cada grupo com sobre-carregamento, alívio e
manutenção da carga, durante cada etapa de instrumentação.
Para o caso dos pilares periféricos, houve predominância de sobrecarga em 70% dos
pilares, e nos pilares centrais houve predominância de alívio em 60% do total dos pilares.

6.7 Uniformização dos recalques

Ajustados os parâmetros do solo do item 6, os recalques médios previstos e medidos


se aproximaram, o que se satisfaz através do modelo tensão x deformação do solo. No
entanto, o coeficiente de variação permaneceu inalterado com o ajuste, ao não se considerar, a
interação solo x estrutura.
Pelas figuras 10.a, 10.b e 10.c, temos as representações das médias, desvios padrão e
coeficientes de variação dos recalques estimados. Estes são apresentados juntamente as curvas
correspondentes aos recalques medidos, aplicando-se os resultados da interação solo-
estrutura. Quanto as estimativas de recalque, foram re-avaliadas sucessivamente para as novas
cargas, e depois de três re-análises da estrutura até convergência das cargas e recalques em

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iterações sucessivas.
Ao se comparar as figuras 8.c e 10.c, temos que a forma da curva do coeficiente de
variação dos recalques estimados na Figura 6c se aproxima ainda mais da forma da curva
correspondente às medições experimentais do que a apresentada na Figura 8.c.
Na Figura 8, o ajuste dos parâmetros do solo nos recalques estimados está incluído,
faltando à interação solo x estrutura.

Figura 09: Acompanhamento de acréscimos e alívios de carga nos pilares, em termos


percentuais.
Fonte: DANZIGER et al (2005)

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Figura 10: Comparação entre recalques medidos e estimados considerando-se a


interação solo x estrutura e os módulos de compressibilidade do solo ajustados. Na Figura 6c,
o coeficiente de variação dos recalques medidos parte de 30%, no início do carregamento,
com uma redução acentuada da primeira para a segunda etapa, caindo a 10% já para a
segunda série de leituras e mantendo-se praticamente neste patamar nas leituras posteriores. A
curva do coeficiente de variação dos recalques estimados apresenta a mesma forma, mas com
queda de apenas 10%, de 30% para 20%.
Fonte: DANZIGER et al (2005)

Assim, nota-se a redução significativa do coeficiente de variação dos recalques


medidos e estimados durante as etapas iniciais da obra, e que foram observadas também as
maiores redistribuições das cargas durante as re-análises da estrutura. Destaca-se que o
modelo numérico estrutural em elementos finitos considera o comportamento linear elástico
da estrutura. Quanto aos valores dos recalques distorcionais estimados e os obtidos na
instrumentação, são bem reduzidos e inferiores ao limite a partir de que deve se esperar as
primeiras trincas em paredes de alvenaria.

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A pressão admissível de 0,2 MPa utilizada nas sapatas foi bastante conservativa.

6.8 Entrevista

Realizou-se uma entrevista com um engenheiro estrutural da cidade de Londrina-Pr,


foram feitas perguntas sobre o diálogo que existe entre o engenheiro estrutural e o geotecnista
a respeito da interação solo-estrutura, segue-se abaixo as informações sobre a entrevista:

Nome do engenheiro: Thiago Fernando Sega Xavier


Qual área de atuação na engenharia? Engenharia Estrutural
Empresa: JCM Queiroz
Formação: Universidade Estadual de Londrina
Ano de formação: 2007
Período na empresa: 6 anos
Como foi o início de sua carreira?
Formei-me em Engenharia Civil pela Universidade Estadual de Londrina, em 2007.
Atuei como estagiário na empresa em que trabalho hoje (JCM Queiroz), em que o dono foi
meu professor na universidade, foi ali que tive um norte do que eu queria traçar em minha
carreira, fiquei fascinado com essa área da engenharia. Atuo na área de engenharia estrutural
em projetos estruturais de edifícios de grandes construtoras com unidades de médio e alto
padrão.
Existe alguma interação do projetista estrutural com o geotécnico, em que haja
retorno de projetos para correções de algum recalque, ou relocação de cargas?
Existe uma interação entre os projetistas supracitados. Primeiro é realizado um projeto
de locação com as principais combinações de cargas pelo projetista estrutural, em um segundo
momento o geotecnista utiliza as informações referentes ao tipo de solo (sondagens,
reconhecimento, etc) do local onde será construído o empreendimento, estas são somadas aos
esforços obtidos pelos projetistas estruturais, desta forma chega-se a melhor solução de
fundação (direta, profunda, etc) e as informações de recalques diferenciais e totais,
coeficientes de “mola” das fundações.
Após estudo e definição do engenheiro de fundações (geotécnico), as definições por
ele adotadas são compatibilizadas com o engenheiro de estruturas para um ajuste e verificação

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da estrutura concebida.
São utilizados meios informatizados no dimensionamento das estruturas já
interagido com o tipo de solo?
Atualmente a questão da interação solo-estrutura está interligada aos sistemas
computadorizados que oferecem agilidade e que facilitamtodo o processo além de garantir
maior precisão nos resultados. Utilizamos programas que analisam as reações de apoio
considerando a deformabilidade da fundação.

Conclusão

Em relação a fundações profundas, especificamente estacas, a resistência máxima de


contato fuste – solo pode mudar com o efeito do grupo de estacas devido à deformação do
solo adjacente provocados pela interação do conjunto. O domínio do estudo da interação solo-
estrutura não tem o objetivo somente em prever os possíveis esforços secundários devido aos
recalques diferenciais, mas também para ajustar melhor no dimensionamento dos elementos
estruturais de fundações e do edifício simultaneamente para minimizar os efeitos nocivos dos
recalques diferenciais nas estruturas. Com essas considerações procura-se otimizar a
distribuição de esforços, pois neste caso, analisa-se integralmente a estrutura e o maciço de
solo.
Para as fundações rasas observa-se que a interação solo estrutura pode ser
particularmente importante naqueles casos em que existe grande força normal concentrada em
certos pilares ou em sapatas. Deve-se observar que mesmo quando identificada a
ultrapassagem de limites toleráveis de recalques diferenciais a solução é, normalmente,
simples: aumentar a área da base das sapatas que estejam sofrendo grandes recalques.
Em geral, observa-se que o ideal do ponto de vista teórico seria uma interação maior
entre engenheiros de estruturas e engenheiros de fundações, com os últimos projetando as
fundações ou orientando os primeiros sobre como considerar os recalques em seus projetos.
Infelizmente, na grande maioria das estruturas projetadas, observa-se que não existe a
interação desses profissionais, cabendo essa parceria apenas àqueles casos julgados
excepcionais ou relevantes (estruturas de grande porte). Dessa maneira, muitas estruturas
dimensionadas, mesmo que de pequeno e de médio porte, podem ter a sua durabilidade

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comprometida pela falta da avaliação da interação solo estrutura por parte do engenheiro de
estruturas ou pela falta da contratação do engenheiro de fundações.
Deve-se observar que, mesmo sendo feita a interação solo estrutura, ainda assim o
cálculo pode ser considerado aproximado, uma vez que os modelos analíticos para o cálculo
dos recalques e os métodos práticos utilizados para a obtenção dos dados geotécnicos são,
geralmente, insatisfatórios.

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REFERÊNCIAS

AOKI, N.; CINTRA, J. C. (1995). Notas de aula disciplina SGS-404 Fundações, - EESC-
USP Departamento de Geotecnia, EESC, USP, São Carlos. Disponível em:
<www.usp.br/.../1995DO_apostila_AokiCintra.pdf>. Acesso em: 07 jun. 2012.

GUSMÃO, Alexandre Duarte. Aspectos Relevantes da Interação Solo-Estrutura em


Edificações. Solos e Rochas, São Paulo, 1994.

IWAMOTO, Roberto K. Alguns aspectos dos efeitos da interação solo–estrutura em


edifícios de múltiplos andares com fundação profunda. 2000. 80f. Dissertação de Mestrado
(Engenharia de Estruturas) – Universidade de São Paulo, São Carlos, 2000. Disponível em:
<http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/18/18134/tde-08062006-163117/pt-br.php>.
Acesso em: 07 jun. 2012.

SCARLAT, A.S. Effect of soil deformability on rigidity: related aspects of multistory


buildings analysis. ACI Struct. J., Detroit, v. 90, n. 2, p.156-162, 1993.

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GLOSSÁRIO
Estacas: são elementos estruturais que são enterrados no solo, providenciam estabilidade.
Podem ter várias formas, e serem construídas de vários materiais conforme a sua utilização.

Estruturas hiperestáticas: quando está em equilíbrio, mas as equações da estática resultam


insuficientes para determinar todas as forças internas ou as reações.

Estruturas isostáticas: Em mecânica estrutural, diz-se que uma estrutura é isostática quando
o número de restrições (reações) é rigorosamente igual ao número de equações da estática. É,
portanto, uma estrutura estável.

Infraestrutura: este último constituído pelos elementos de fundação.

Laje cogumelo: são placas estruturais moldadas “in loco”apoiadas diretamente sobre os
pilares, não havendo dessa maneira a existência das vigas de apoio, são também conhecidas
como lajes puncionadas. Sua armadura é basicamente radial, concentrando maiores taxas de
armadura próximo as regiões puncionadas, ou melhor, regiões sobre os apoios.

Método dos elementos finitos: é uma forma de resolução numérica de um sistema de


equações diferenciais parciais.

Radier: laje de concreto armado em contato direto com o solo que capta as cargas dos pilares
e paredes e descarrega sobre uma grande área do solo.

Rocha Sã: rocha que não foi atacada por processos intempéricos físicos ou químicos. Em
geral são rochas com grande resistência, suportam teto de túneis ou peso de grandes
estruturas.

Sapata: estrutura de fundação do tipo superficial na qual as cargas transmitidas ao solo são
distribuídas pela sua base.

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