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Cândice C. Schmidt1
1. Considerações Iniciais.
8 HELLINGER, Bert. Didáctica de Constelaciones Familiares: El Intercambio. Rigden Institut Gestalt, Barcelona, 2016.
daqueles se sentirem (sem perceber) tentados a expiar 9 essa interferência. Comumente é
possível verificar a quebra dessa ordem quando um filho se coloca em posição de
superioridade em relação aos seus pais, gerando um emaranhamento familiar capaz de levar
aos mais diversos conflitos. Pela violação dessa ordem também é possível identificar a gênese
da maioria dos conflitos aluno versus professor, escola versus pais e também de diversos
conflitos em organizações públicas ou empresariais.
9 Expiar significa agir de forma inconscientemente guiada pela consciência coletiva, para liberar antepassados de seus equívocos cometidos
em relação ao próprio sistema, ou em relação a outros sistemas numa atitude de compensação. A consciência coletiva não tolera que dentro
do sistema alguém reclame vantagem sobre os demais. Nas gerações posteriores, alguém irá compensar esta vantagem com uma perda. Da
mesma forma, a exclusão de um (o que fere a ordem do pertencimento) fará com que outro repita seu destino, e se um dos membros do
sistema não assume as consequências de seus atos, outro membro tomará sua culpa e seus desdobramentos (Hellinger, 2014).
10O biólogo inglês Rupert Sheldrake é o autor da teoria dos campos morfogenéticos, segundo a qual, para além da herança genética, ocorre
uma transmissão de informações também através de campos mórficos, que contemplam uma memória coletiva da espécie a que se pertence,
ou seja, cada indivíduo está “ligado” a essa memória relativamente à sua espécie.
solução no âmbito da prática forense objetiva viabilizar o equilíbrio da relação conflituosa a
partir de um viés terapêutico. De outro lado, busca-se a conscientização acerca dos papeis de
cada um dos componentes do grupo familiar, de modo a evitar a formação de novos conflitos.
Significa dizer que a transposição11 da ciência dos relacionamentos de Bert Hellinger para o
Judiciário permite que tenhamos, no âmbito judicial, um novo instrumento eficaz de solução e
prevenção de conflitos, consubstanciando um verdadeiro paradigma resolutivo-preventivo.12
11E como se dá a transposição das constelações familiares para o Judiciário? A ciência dos relacionamentos criada por Bert Hellinger vem
sendo utilizada no Judiciário das mais diversas formas: seja com o próprio trabalho fenomenológico, tal qual proposto por Hellinger; seja
como pano de fundo para auxiliar em audiências - promovendo verdadeiras conciliações – para facilitar a oitiva de crianças (com a utilização
de bonecos) ou até auxiliando na tomada de decisão (a utilização nas decisões/sentenças de frases curadoras, o olhar para a gênese do
conflito, sem se descurar do exame jurídico da questão, mas realizado a partir da construção sistêmica). Dessa forma, a utilização da visão
sistêmica permite um olhar para o sistema familiar como um todo e, com isso, promove a paz (pacificação social).
12 Sami Storch, juiz pioneiro na aplicação das constelações familiares ao Judiciário, defende que a visão sistêmica do direito, à luz das
constelações familiares, permite utilizar as ordens sistêmicas cunhadas por Bert Hellinger como paradigma de uma “nova” concepção do
direito, o “Direito Sistêmico”, a partir do qual propõe “a aplicação prática da ciência jurídica com um viés terapêutico – desde a etapa da
elaboração das leis até a sua aplicação nos casos concretos”. Nessa linha, Sami propugna que as leis e o direito devem ser utilizados como
“mecanismo de tratamento das questões geradoras de conflito, visando à saúde do sistema 'doente', como um todo”. In
https://direitosistemico.wordpress.com/2010/11/29/o-que-e-direito-sistemico/. Acesso em 25.03.2017.
13 Na ideia de Watanabe, a litigiosidade contida leva as pessoas a praticar atos anti-sociais, conduzindo-lhes até mesmo à criminalidade.
Assim, na linha da Cultura de Paz, a implementação da ferramenta das
constelações familiares no âmbito do Poder Judiciário permite a solução célere e efetiva dos
conflitos, inclusive impedindo que novas celeumas decorrentes dos desequilíbrios no campo
morfobiológico da “família constelada” sejam (re)judicializados.
Aqui se invoca a noção de Watanabe por força da semelhança conceitual; todavia, o conceito de conflituosidade represada utilizado no texto
é mais amplo: o conflito represado, no sentido de algo 'não resolvido' (ou algo apenas circunstancial ou precariamente “resolvido”), ocasiona
não só atos anti-sociais, mas também a busca incessante por roupagem jurídica que visa a transferir a responsabilidade ao Judiciário dos
conflitos interpessoais “não resolvidos”, ocasionando, assim, nova judicialização do conflito.
14https://direitosistemico.wordpress.com/2015/06/10/o-processo-de-implementacao-das-constelacoes-na-justica-entrevista-completa-de-
sami-storch-ao-constela-brasil/, acesso em 25/06/2015.
15https://direitosistemico.wordpress.com/2014/11/17/noticia-do-conselho-nacional-de-justica-sobre-eficacia-das-constelacoes-na-justica-
nas-comarcas-de-castro-alves-e-amargosaba/, acesso em 25/06/2015.
oportunidade em que aborda a visão sistêmica e as ordens do amor e, inclusive, aplica a
técnica fenomenológica nos grupos compostos por pessoas que se encontram litigando
judicialmente. A essa nova visão sistêmica dos conflitos judiciais Sami denominou “Direito
Sistêmico”, expressão que surgiu para explicar a análise do direito sob a perspectiva baseada
nas ordens superiores que regem os relacionamentos, segundo Bert Hellinger.
6. Resultados.
Por fim, ainda foi possível constatar altos índices de satisfação dos
jurisdicionados e da comunidade caponense em geral, já que, as pessoas que participaram dos
encontros durante os seis meses de avaliação, responderam o questionário respectivo da
seguinte forma: 1) 98,2% afirmou que: i) o encontro possibilitou uma percepção um pouco
diferente sobre o seu conflito; ii) o encontro aumentou seu conhecimento sobre si; 2) 99,1%
disse que: i) o encontro desenvolveu melhorias nos seus relacionamentos; ii) o encontro
aumentou a sua motivação na busca de uma solução pacífica; e 3) 100% destacou que o
encontro facilitou a troca de experiências.
7. Considerações Finais.
8. Referências Bibliográficas.
NEUHAUSER, Johannes. Para que o amor dê certo. São Paulo: Cultrix, 2006.