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0102 (RO)
Vistos etc.
É o relatório.
VOTO:
Das horas extras. Da validade das folhas de ponto.
Na exordial, alega o autor que foi contratado para laborar das 10h00 às
18h40, com duas horas de intervalo, de segunda-feira a sábado. Conta que folgava um
domingo por mês. Aduz que esta jornada era frequentemente extrapolada, laborando,
em média, 11/12 horas por dia. Acrescenta que os controles de horário da ré eram
manipulados, tendo em visa que não computavam a totalidade das horas extras
prestadas. Pontua, ainda, que o labor extraordinário era compensado de forma irregular.
Defendendo-se, a ré assevera que a jornada do autor era corretamente
consignada no registro de ponto e que possui banco de horas devidamente
implementado. Acrescenta que as horas extraordinárias não compensadas foram
remuneradas sob a rubrica “0043 - HORA EXTRA”. Para fazer prova das suas
alegações, o réu apresentou as fichas financeiras do demandante (fls. 07/09), os
controles de ponto (fls. 10/29), e normas coletivas da categoria (30/87), todos
constantes no volume apartado.
O Juízo de primeiro grau, sobre o título em destaque, manifestou-se nos
seguintes termos (fls. 102/104):
Pois bem.
A controvérsia acerca da jornada de trabalho está estritamente vinculada
à exibição de documento essencial a cargo do empregador (cartões de ponto, livro de
ponto, folhas de frequência), indispensável quando a empresa possuir mais de 10 (dez)
empregados, como é a hipótese, por força do disposto no art. 74, § 2º, da CLT.
No caso, a ré trouxe aos autos os controles de frequência do autor, o que
gera presunção relativa de veracidade em relação aos horários de labor registrados na
aludida documentação, presunção esta que não foi elidida por qualquer meio de prova
produzida nos fólios.
Na peça de impugnação aos documentos, fl. 75/94, o reclamante,
inicialmente, destacou a irregularidade do sistema de banco de horas, ante a
inexistência de comunicação da empresa com o sindicato, informando da ocorrência da
compensação das horas extras. Assevera que a totalidade das horas extras prestadas
não eram corretamente anotadas nos espelhos de ponto.
De fato, o acionante, ao impugnar os documentos juntados pela empresa,
atraiu para si o ônus da prova e dele não se desvencilhou a contento, uma vez que não
apresentou prova oral para atestar as alegações apostas na inicial ou qualquer outro
documento neste sentido, pelo que se deflui que aqueles traduzem a realidade dos
fatos.
Analisando os cartões de ponto acostados aos autos, constata-se que há
uma sensível variação de horários, tanto do início quanto do término da jornada,
inclusive com registro de horas extras prestadas. Desta forma, resta evidente que o
autor não conseguiu afastar a validade dos cartões de ponto como meio de prova, não
tendo o mesmo se desincumbido do ônus que lhe cabia.
Assim, reconheço a legitimidade dos cartões de ponto como meio de
prova para o pedido de horas extras.
Em oportuno, passo a apreciar a validade da compensação da jornada de
trabalho através do sistema de banco de horas.
Alega a reclamada, em defesa, que as eventuais horas extras laboradas
pelo reclamante eram cadastradas no banco de horas para posterior compensação ou
pagamento.
A Carta Magna em seu artigo 7º, XIII, permite a compensação de jornada
de trabalho. É pacífico na jurisprudência o entendimento de que a compensação de
horário somente é valido com o atendimento das exigências legais e deve ser ajustado
por escrito, como se observa nos termos da Súmula 85, I do C. TST.
Com efeito, não poderia se aceitar o acordo de compensação através de
banco de horas de forma tácita, já que o artigo 59 da CLT impõe como exigência
expressa para a validade da convolação do acordo de compensação que o mesmo seja
pactuado "mediante acordo escrito".
Analisando a prova documental acostada aos autos, observa-se que o
reclamado firmou acordo coletivo escrito para implantar o sistema de banco de hora, do
qual o sindicato obreiro fora informado, como se verifica nos documentos de fls. 52/65
dos autos apartados. Verifica-se, ainda, que as convenções coletivas de trabalho da
categoria do autor, prevêem a utilização do sistema de compensação de jornada de
trabalho mediante adoção do Banco de Horas (fls. 30/51 e 66/87).
Considerando os fatos acima narrados, resta evidente a validade do
sistema de compensação de jornada através de banco de horas instituído pela
reclamada.
Cumpre destacar que o autor não produziu prova no sentido de
demonstrar irregularidades na instituição e manutenção do sistema de banco de horas
na reclamada, ônus que lhe pertencia.
Assim, como fora atestada a validade dos horários consignados nos
cartões de ponto, bem como do sistema de banco de horas, destaco que as horas
extras laboradas pelo autor foram devidamente compensadas ou pagas, conforme se
verifica nas fichas financeiras do reclamante o pagamento das horas extras não
compensadas.
O labor em sobrejornada, dada a sua excepcionalidade, deve ser
robustamente provado, de forma que não deixe qualquer margem de dúvidas ao
julgador. E isto, com certeza, inocorreu no caso sub judice.
Quanto às diferenças de horas extras (registradas e não recebidas),
caberia ao autor o ônus da prova de demonstrar a existência das diferenças que
entendesse devidas (CLT, art. 818). Não o fez. Sequer por amostragem, apontou as
horas extras trabalhadas e não quitadas.
Eis a jurisprudência sobre a matéria:
CONCLUSÃO:
Ante o exposto, dou provimento ao recurso, para excluir da condenação o
pagamento das horas extras e suas repercussões.