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PROCESSO Nº TRT 0001704-60.2011.5.06.

0102 (RO)

ÓRGÃO JULGADOR : 3ª TURMA


RELATORA : DES. MARIA CLARA SABOYA A. BERNARDINO
RECORRENTE : BOMPREÇO SUPERMERCADOS DO NORDESTE LTDA.
RECORRIDO : ADONIAS DA SILVA
ADVOGADOS : GERALDO CAMPELO DA FONSECA FILHO; HIGOR DE
CARVALHO GONDIM
PROCEDÊNCIA : 2ª VARA DO TRABALHO DE OLINDA/PE

EMENTA: RECURSO ORDINÁRIO. HORAS EXTRAS.


APRESENTAÇÃO DOS CONTROLES DE JORNADA SEM
ASSINATURA DO OBREIRO. ÔNUS DA PROVA. A falta de assinatura
nas folhas de freqüência não afasta o conteúdo probante dos
documentos, devendo ser avaliados os seus termos em cotejamento com
os demais elementos dos fólios.

Vistos etc.

Trata-se de recurso ordinário interposto pela empresa BOMPREÇO


SUPERMERCADOS DO NORDESTE LTDA. de decisão proferida pela MM. 2ª Vara do
Trabalho de Olinda/PE, às fls. 101/105, que julgou procedente em parte a reclamação
trabalhista contra ele ajuizada por ADONIAS DA SILVA.
Mediante as razões de fls. 107/111v, o recorrente insurge-se contra a
condenação em horas extras e repercussões, alegando que o autor não se desincumbiu
do ônus que lhe competia, de demonstrar a prestação de serviço em sobrejornada.
Argumenta que o controle e a compensação de horário, bem como, o pagamento das
horas extras prestadas, sempre foram realizados de forma idônea. Assevera a
veracidade das anotações contidas nas folhas de ponto e argumenta que a assinatura
do obreiro nos referidos documentos é mero requisito formal, uma irregularidade
administrativa sem poder de invalidar os registros, motivo pelo qual requer a reforma do
julgado. Diz que a condenação do demandando ao pagamento das horas extras
proporcionaria aferição de vantagem indevida ao autor, o que é rechaçado pelo
ordenamento jurídico pátrio. Cita jurisprudência a favor de sua tese. Pede o provimento
do recurso.
Contrarrazões às fls. 177/179.
A espécie não exige intervenção obrigatória do Ministério Público do
Trabalho (artigo 49 do Regimento Interno deste Sexto Regional).

É o relatório.

VOTO:
Das horas extras. Da validade das folhas de ponto.
Na exordial, alega o autor que foi contratado para laborar das 10h00 às
18h40, com duas horas de intervalo, de segunda-feira a sábado. Conta que folgava um
domingo por mês. Aduz que esta jornada era frequentemente extrapolada, laborando,
em média, 11/12 horas por dia. Acrescenta que os controles de horário da ré eram
manipulados, tendo em visa que não computavam a totalidade das horas extras
prestadas. Pontua, ainda, que o labor extraordinário era compensado de forma irregular.
Defendendo-se, a ré assevera que a jornada do autor era corretamente
consignada no registro de ponto e que possui banco de horas devidamente
implementado. Acrescenta que as horas extraordinárias não compensadas foram
remuneradas sob a rubrica “0043 - HORA EXTRA”. Para fazer prova das suas
alegações, o réu apresentou as fichas financeiras do demandante (fls. 07/09), os
controles de ponto (fls. 10/29), e normas coletivas da categoria (30/87), todos
constantes no volume apartado.
O Juízo de primeiro grau, sobre o título em destaque, manifestou-se nos
seguintes termos (fls. 102/104):

Das horas extraordinárias.


Postula a reclamante o pagamento de diferenças de horas extras e
suas repercussões, sob o argumento de que sempre trabalhou em
média 11/12 horas por dia, de segunda a sábado com duas horas de
intervalo para a refeição, folgando um domingo por mês.
Em sua defesa a empresa contra argumenta que a jornada de trabalho
desenvolvida pelo obreiro sempre foi corretamente consignada nos
competentes registros de ponto e observava o que fora estabelecido
em convenção coletiva e acordos individuais, inclusive no que se refere
ao regime de compensação de horário. Que as eventuais horas extras
prestadas eram compensadas com folgas em outros dias da semana
ou pagas sob a rubrica “0043-hora extra”. Pede a improcedência da
ação.
Pois bem. Ao trazer à baila um fato modificativo do direito do autor, o
reclamado atraiu o ônus probandi quanto a sua assertiva, conforme
preconiza a distribuição do ônus da prova consubstanciado no art. 818,
da CLT c/c art. 333, II, do CPC. De tal encargo processual, contudo,
não se desvencilhou satisfatoriamente.
Os controles de horário que foram colacionados aos autos não
possuem a assinatura do empregado, o que enseja a desconsideração
deles como meio de prova e o conseqüente reconhecimento da
existência de horas extras na forma indicada na exordial.
Nessa esteira, utilizando-me de um juízo pautado em
proporcionalidade, razoabilidade e equidade, entendo ser correto
arbitrar uma jornada de trabalho despendida pelo reclamante,
utilizando-me da regra de máximas de experiência.
Desta feita, defiro o pleito de horas extras postuladas, que deve
observar os seguintes parâmetros:

Nas segundas e terças-feiras o horário era das 10:00 às 18:40 e


das quartas aos sábados o horário era das 10:00h às 20:00h, com
uma hora de intervalo para refeição-
Com fulcro na jornada de trabalho acima estipulada, defiro o
pagamento da diferença de horas extras excedentes à 8ª hora diária e
44ª hora semanal. O adicional é o previsto nos instrumentos
normativos.
Na liquidação, deve-se observar a evolução salarial, excluindo-se todos
os períodos em que o contrato de trabalho esteve suspenso ou
interrompido, inclusive períodos de gozo de benefício previdenciário,
férias, etc., desde que comprovados documentalmente no caderno
processual.
Por habituais, as horas extras deferidas devem repercutir em repouso
semanal remunerado, férias acrescidas do 1/3 constitucional,
gratificações natalinas, inclusive as proporcionais, e FGTS + 40%.
Deve a Contadoria seguir o entendimento esposado na OJ-SDI1-394,
in verbis:
“A majoração do valor do repouso semanal remunerado, em razão da
integração das horas extras habitualmente prestadas, não repercute no
cálculo das férias, da gratificação natalina, do aviso prévio e do FGTS,
sob pena de caracterização de ‘bis in idem’”.
Devem ser deduzidos os valores pagos a título idêntico, cujos
comprovantes estejam colacionados aos autos, visando evitar
enriquecimento sem causa.

O reclamado, inconformado com a sentença, interpôs o presente apelo,


reafirmando a regularidade das anotações contidas nas folhas de freqüência e a
legalidade do banco de horas, bem como afirmando que a assinatura do obreiro nas
folhas de ponto é mero requisito formal, sem poder de invalidar os registros.
Procede a irresignação da ré.
Tenho que a falta de assinatura nas folhas de freqüência não afasta o
conteúdo probante dos documentos, devendo ser avaliados os seus termos em
cotejamento com os demais elementos dos fólios. Neste sentido seguem
jurisprudências do TST:

“RECURSO DE REVISTA. HORAS EXTRAS. CARTÕES DE PONTO


NÃO ASSINADOS. INVERSÃO DO ÔNUS DA PROVA.
IMPOSSIBILIDADE. A mera ausência de assinatura nos cartões de
ponto não é suficiente para inverter o ônus da prova das horas extras,
por ausência de imposição em lei de que esses cartões sejam
assinados. Precedentes. Recurso de revista conhecido e provido” (RR -
179800-49.2007.5.20.0005 Data de Julgamento: 16/11/2011, Relator
Ministro: Horácio Raymundo de Senna Pires, 3ª Turma, Data de
Publicação: DEJT 25/11/2011)

“RECURSO DE REVISTA. HORAS EXTRAS. CARTÕES DE PONTO


ELETRÔNICOS SEM ASSINATURA DO EMPREGADO. VALIDADE. A
jurisprudência desta Corte tem se firmado no sentido de que a
ausência da assinatura do empregado nos cartões de ponto não
implica causa de invalidação, uma vez que o artigo 74, § 2º, da CLT
nada dispõe acerca dessa necessidade, de modo que a assinatura
constitui requisito formal, dispensável para a validade dos registros de
ponto. Precedentes. Recurso de revista de que se conhece e a que se
dá provimento” (RR - 139400-65.2006.5.15.0102 , Relator Ministro:
Pedro Paulo Manus, Data de Julgamento: 20/09/2011, 7ª Turma, Data
de Publicação: 30/09/2011)

“HORAS EXTRAORDINÁRIAS. ÔNUS DA PROVA. VIOLAÇÃO DOS


ARTIGOS 818 DA CLT E 333, I, DO CPC. PARCIAL PROVIMENTO.
Esta Corte Superior tem adotado entendimento de que a falta de
assinatura no cartão de frequência, per si, não torna inválido o
mencionado controle, haja vista a falta de previsão legal. Precedentes
de Turmas e da SBDI-1. Logo, a mera ausência de assinatura nos
cartões de ponto não enseja a inversão dos ônus da prova para o
empregador quanto à jornada de trabalho e, por conseguinte, não
propicia a presunção de veracidade do horário de labor indicado na
inicial. Desse modo, o Tribunal Regional, ao considerar inválidos os
cartões de frequência apócrifos e, em decorrência, presumir como
verdadeira a jornada de trabalho indicada na inicial, deferindo horas
extraordinárias ao autor, violou a regra da distribuição dos ônus da
prova prevista nos artigo 818 da CLT e 333, I, do CPC. Recurso de
revista de que se conhece e a que se dá parcial provimento” (RR -
123140-42.2005.5.02.0446, Relator Ministro: Guilherme Augusto
Caputo Bastos, Data de Julgamento: 08/06/2011, 2ª Turma, Data de
Publicação: 17/06/2011).

Pois bem.
A controvérsia acerca da jornada de trabalho está estritamente vinculada
à exibição de documento essencial a cargo do empregador (cartões de ponto, livro de
ponto, folhas de frequência), indispensável quando a empresa possuir mais de 10 (dez)
empregados, como é a hipótese, por força do disposto no art. 74, § 2º, da CLT.
No caso, a ré trouxe aos autos os controles de frequência do autor, o que
gera presunção relativa de veracidade em relação aos horários de labor registrados na
aludida documentação, presunção esta que não foi elidida por qualquer meio de prova
produzida nos fólios.
Na peça de impugnação aos documentos, fl. 75/94, o reclamante,
inicialmente, destacou a irregularidade do sistema de banco de horas, ante a
inexistência de comunicação da empresa com o sindicato, informando da ocorrência da
compensação das horas extras. Assevera que a totalidade das horas extras prestadas
não eram corretamente anotadas nos espelhos de ponto.
De fato, o acionante, ao impugnar os documentos juntados pela empresa,
atraiu para si o ônus da prova e dele não se desvencilhou a contento, uma vez que não
apresentou prova oral para atestar as alegações apostas na inicial ou qualquer outro
documento neste sentido, pelo que se deflui que aqueles traduzem a realidade dos
fatos.
Analisando os cartões de ponto acostados aos autos, constata-se que há
uma sensível variação de horários, tanto do início quanto do término da jornada,
inclusive com registro de horas extras prestadas. Desta forma, resta evidente que o
autor não conseguiu afastar a validade dos cartões de ponto como meio de prova, não
tendo o mesmo se desincumbido do ônus que lhe cabia.
Assim, reconheço a legitimidade dos cartões de ponto como meio de
prova para o pedido de horas extras.
Em oportuno, passo a apreciar a validade da compensação da jornada de
trabalho através do sistema de banco de horas.
Alega a reclamada, em defesa, que as eventuais horas extras laboradas
pelo reclamante eram cadastradas no banco de horas para posterior compensação ou
pagamento.
A Carta Magna em seu artigo 7º, XIII, permite a compensação de jornada
de trabalho. É pacífico na jurisprudência o entendimento de que a compensação de
horário somente é valido com o atendimento das exigências legais e deve ser ajustado
por escrito, como se observa nos termos da Súmula 85, I do C. TST.
Com efeito, não poderia se aceitar o acordo de compensação através de
banco de horas de forma tácita, já que o artigo 59 da CLT impõe como exigência
expressa para a validade da convolação do acordo de compensação que o mesmo seja
pactuado "mediante acordo escrito".
Analisando a prova documental acostada aos autos, observa-se que o
reclamado firmou acordo coletivo escrito para implantar o sistema de banco de hora, do
qual o sindicato obreiro fora informado, como se verifica nos documentos de fls. 52/65
dos autos apartados. Verifica-se, ainda, que as convenções coletivas de trabalho da
categoria do autor, prevêem a utilização do sistema de compensação de jornada de
trabalho mediante adoção do Banco de Horas (fls. 30/51 e 66/87).
Considerando os fatos acima narrados, resta evidente a validade do
sistema de compensação de jornada através de banco de horas instituído pela
reclamada.
Cumpre destacar que o autor não produziu prova no sentido de
demonstrar irregularidades na instituição e manutenção do sistema de banco de horas
na reclamada, ônus que lhe pertencia.
Assim, como fora atestada a validade dos horários consignados nos
cartões de ponto, bem como do sistema de banco de horas, destaco que as horas
extras laboradas pelo autor foram devidamente compensadas ou pagas, conforme se
verifica nas fichas financeiras do reclamante o pagamento das horas extras não
compensadas.
O labor em sobrejornada, dada a sua excepcionalidade, deve ser
robustamente provado, de forma que não deixe qualquer margem de dúvidas ao
julgador. E isto, com certeza, inocorreu no caso sub judice.
Quanto às diferenças de horas extras (registradas e não recebidas),
caberia ao autor o ônus da prova de demonstrar a existência das diferenças que
entendesse devidas (CLT, art. 818). Não o fez. Sequer por amostragem, apontou as
horas extras trabalhadas e não quitadas.
Eis a jurisprudência sobre a matéria:

“DIFERENÇAS DE HORAS EXTRAS - ÔNUS DA PROVA - Alegando o


Reclamante que remanesce horas extras a serem recebidas, compete-
lhe demonstrar as diferenças pretendidas, ao menos por amostragem,
notadamente quando os cartões de ponto são válidos e há registros de
pagamentos nos contracheques. Não cabe ao Juiz suprir tal
deficiência, cotejando documentos, já que o ônus é do autor (art. 333, I,
CPC, c/c 818 da CLT). Ademais, a teor do que estabelece o artigo 286
do CPC o pedido deve ser certo e determinado.” (TRT 18ª R. - RO
02054-2007-006-18-00-4 - Rel. Des. Júlio César Cardoso de Brito - DJe
20.11.2009 - p. 21).

“DIFERENÇAS DE HORAS EXTRAS - PROVA DOCUMENTAL -


DEMONSTRAÇÃO DE DIFERENÇAS - ÔNUS - Carreados aos autos
os cartões de ponto e respectivos recibos salariais contendo o
pagamento de horas extras, incumbe à parte autora confrontar os
referidos documentos e apontar eventuais diferenças, porquanto trata-
se de fato constitutivo de seu direito. Não tendo o autor logrado
demonstrar as alegadas diferenças de horas extras em seu favor, ônus
que lhe competia, é de se manter a sentença que indeferiu o pleito de
horas extras e reflexos. Recurso ordinário não provido, por
unanimidade.” (TRT 24ª R. - RO 1224/2008-4-24-0-9 - 2ª T. - Rel. Des.
Nicanor de Araújo Lima - DJe 19.11.2009)

Portanto, dou provimento ao recurso, para excluir da condenação o


pagamento das horas extras e suas repercussões.

CONCLUSÃO:
Ante o exposto, dou provimento ao recurso, para excluir da condenação o
pagamento das horas extras e suas repercussões.

ACORDAM os Desembargadores da 3ª Turma do Tribunal, por


unanimidade, dar provimento ao recurso, para excluir da condenação o pagamento das
horas extras e suas repercussões.
Recife, 17 de setembro de 2012.
assinatura digital
MARIA CLARA SABOYA A. BERNARDINO
Desembargadora Relatora

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