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O DESENVOLVIMENTO PSICOSSOCIAL NA ambiente de maneira equilibrada, no sentido


PERSPECTIVA DE ERIK H. ERIKSON: AS
de assumir sua identidade em níveis cada vez
“OITO IDADES DO HOMEM”.
mais sofisticados. A motivação básica do
Prof. Me. Augusto J.C.B. Prado Fiedler1
desenvolvimento, para Erikson é inconsciente,
No estudo do desenvolvimento humano, embora consista em afirmar uma importância
do ponto de vista do enfoque psicanalítico, a mais acentuada no estudo dos processos de
contribuição de E. H. Erikson (1902-1994) socialização.
destaca-se pela ênfase na inserção do estudo Segundo Erikson os fenômenos
do homem no plano das relações psicológicos e as estruturas biológicas
psicossociais. Essas relações do ego com a seguem um mesmo processo evolutivo, no
organização humana salientam as dimensões sentido da integração de uma identidade
da crise de identidade encontrada no homem unificada. É o desenvolvimento do ego, que
moderno. Assim, como com S. Freud, a determina o estado de convergência entre o
maioria de seus trabalhos baseia-se no estudo organismo humano e o mundo; os
e na prática de casos clínicos. Contribuiu com comportamentos ajudam a criança a
um novo dimensionamento da teoria sobreviver em seu mundo, ajudam o mundo a
psicanalítica, mantendo-se sempre fiel ao sobreviver nela. O crescimento constitui,
pensamento freudiano. Aliás, sua obra sempre portanto, uma diferenciação de tarefas pré-
confirmou a teoria freudiana como base estabelecidas ao longo de uma sequência de
fundamental para a compreensão do períodos críticos, ou seja, uma sucessão de
desenvolvimento da personalidade. partes integradoras da identidade de pessoa.
Erikson relaciona sua obra com a Estas fases constituem-se em franco
problemática do seu tempo – um mundo de dinamismo, em que a pessoa nunca tem uma
mudanças caleidoscópicas tanto no plano personalidade, mas está sempre em processo
social, como no plano econômico, entre de desenvolver sua personalidade ou
outros. Enquanto Freud compreendeu as identidade. Cada fase se distingue por sua
paixões humanas no quadro mitológico da própria tarefa de desenvolvimento, por sua
tragédia grega, Erikson compreendeu-as nas relação com fases anteriores e ulteriores, pelo
molduras do cotidiano, na poesia e no folclore, papel que desempenha na configuração total
na comédia e no drama, na moralidade e na do desenvolvimento. Em cada fase do
religiosidade do homem que vive e que passa desenvolvimento a pessoa poderá defrontar e
pelo seu tempo. dominar certo problema fundamental que
A ênfase de sua posição teórica está no traduz seu dilema nesta fase. A crise
estudo das relações do ego com a subjacente do desenvolvimento é universal e
organização social e sua principal premissa cada situação particular do processo é
reside no fato de que a pessoa possui definida culturalmente. São oito fases
capacidade para relacionar-se com seu epigenéticas- oito idades do homem – cada
uma integra um processo de realização de
tarefas ou de crises relativas à identidade: à
1Professor da Universidade Guarulhos, SP. Mestre medida que a pessoa soluciona uma crise
em Psicologia pela PUCSP.

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está apta a passar para a fase seguinte. A pode muito bem ser resumida: “Eu sou a
solução produtiva dos conflitos de cada fase é esperança que tiver e der”. É a afirmação da
responsável por um dinamismo ascendente na esperança de ser. Após a regularidade
direção da maturidade psicológica, ou seja, da orgânica e intuitiva na satisfação de suas
integração de identidade. necessidades, no calor e no aconchego da
Cada uma das oitos fases sugere uma vida intrauterina, a criança experimenta a
crise vertical que culmina em sua solução realidade da vida em seus primeiros contatos
psicossocial, e ao mesmo tempo, uma crise com o mundo exterior. A convivência com a
horizontal que se relaciona, do ponto de vista mãe traduz a convivência com o mundo. A
pessoal e social, com o problema das maneira como a mãe abre seus braços para
motivações de cada estágio maturacional. Da recebê-la é a maneira como o mundo abre
infância à velhice, as fases delineiam uma seus braços para recepcioná-la. O grau de
condição afetiva em relação à solução de disponibilidade da mãe ou pessoa significativa
cada tarefa: 1) Sentido de confiança; 2) na relação de cuidado, bem como, a qualidade
Sentido de Autonomia; 3) Sentido de de seu comportamento depende, até certo
Iniciativa;4) Sentido de indústria (produtividade ponto, do apoio que ela recebe de pessoas e
pessoal); 5) Sentido de Identidade; 6) Sentido fatos, seu companheiro conjugal, outros
de Intimidade; 7) Sentido de Generatividade; membros de sua família e, em sentido mais
8) Sentido de Integridade. amplo, o reconhecimento por parte da
Pode-se sugerir uma delimitação de faixa sociedade de que a família é mesmo uma
etária para cada uma das fases, embora este instituição básica e digna de respeito.
dado possua uma validade relativa às O sentido de confiança básica se converte no
condições individuais no processo tema mais crítico da primeira fase do
desenvolvimental e às condições sócio- desenvolvimento. Se as necessidades básicas
econômicas-culturais que constituem o são satisfeitas- alimentação, conforto no calor
ambiente em que vive o indivíduo. Para uma e no frio, higiene, calor afetivo no
sociedade moderna do tipo urbana-industrial, relacionamento com a mãe – a criança
sugerem-se os parâmetros de idade estenderá sua confiança a novas
apontados na sequência de cada fase. experiências. Se, ao contrário, as experiências
A seguir serão apresentadas sínteses físicas e psicológicas forem insatisfatórias –
relativas ás principais tarefas do determinando um sentido de desconfiança – a
desenvolvimento em cada uma das fases. criança se conduzirá de maneira temerosa
frente a situações futuras. O sentido de
FASE I – CONFIANÇA BÁSICA confiança básica ajuda a criança a construir
VERSUS DESCONFIANÇA BÁSICA: produtivamente sua personalidade e a
Sentido de impulso e esperança. Idade: desenvolver expectativas favoráveis à
1º ano de vida. propósito das novas experiências de sua vida.
Erikson apresenta o desenvolvimento
humano, fundamentado nesta primeira fase, FASE II – AUTONOMIA VERSUS
onde a aquisição de identidade nesta idade VERGONHA E DÚVIDA:

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Sentido de autocontrole e força de ação. Isto pode ser visto quando pretende
vontade. Idade: de 1 a 2-3 anos. sozinho, alimentar-se, vestir-se, etc. O
A tarefa principal da criança nessa desenvolvimento passa a ter o sentido, para
fase é desenvolver o conhecimento e ela, como processo de dirigir-se pela própria
valorização das suas capacidades e vontade e de estabelecer seus próprios
habilidades para lidar consigo mesma, no limites.
mundo. A partir da confiança em sua, em seu O controle esfincteriano é um exemplo
mundo e modo de vida, a criança descobre o típico dos problemas desta idade e reflete de
processo de desenvolvimento que está modo relevante a questão das relações entre
ocorrendo nela própria. Afirma o sentido de a criança e o mundo dos adultos e os
autonomia. Analogamente à formulação da mecanismos de regulação de seus respectivos
primeira fase, pode-se afirmar esta: “Eu sou o poderes. A ação de dar e receber, entre pais e
que posso querer livremente”. É a afirmação filhos, oferece ampla oportunidade aos
da vontade. Por outro lado, a dependência da primeiros para educar gradualmente a criança
criança no mundo dos adultos cria, ao mesmo no sentido e sua independência e poderá
tempo, um sentido de dúvida em relação ás afirmar em sua personalidade o sentimento de
suas capacidades e à sua liberdade para tolerância e segurança.
afirmar sua autonomia e existir como uma
unidade integrada e independente. Esta FASE III – INICIATIVA VERSUS
dúvida se acentua e pode causar um sentido CULPA:
de vergonha suscitada pela rebelião intuitiva Sentido de direção e objetividade.
contra a dependência e o receio de Idade: 2-3 a 5-6 anos.
ultrapassar os limites do ambiente e os seus Após ter reconhecido sua
próprios. Para Erikson, a ambivalência de habilidade para lidar com o mundo e ter
afirmar-se como pessoa e a autonegar-se o aprendido, em certo grau, a exercer o controle
direito e a capacidade de realizar esta consciente sobre si mesma e seu meio, a
afirmação corresponde à crise fundamental criança avança na direção de novas
desta segunda fase. Em resumo, a criança conquistas num mundo cada vez mais
sente que está num mundo de adultos e que descentralizado de si, em espaços sociais e
sua ação está limitada aos parâmetros já físicos cada vez mais amplos. O sentido de
estipulados. O modo como os adultos passam iniciativa está presente na maior parte da vida
esses valores do ambiente é crucial. da criança, na medida em que o meio
Durante a primeira fase – a da ambiente a incita a executar tarefas do
confiança, a mãe e a criança esforçaram-se cotidiano, a desenvolver várias atividades e
em estabelecer uma confiança mútua e uma realizá-las em função de uma finalidade. A
disposição de enfrentar, juntas, os desafios de realização da gama de capacidades da
buscar a autonomia, o autogoverno, busca criança é permitida na convicção firmemente
encontrar o reconhecimento do seu próprio estabelecida e invariavelmente crescente de
valor como ser que quer explorar e conquistar que “Eu sou o que posso imaginar que serei”.
o mundo com seu próprios instrumentos de É a afirmação da objetividade. Nesta fase, a

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expectativa sobre a criança é no sentido de expectativas sociais de seu ambiente. A


que assume a responsabilidade de si própria e criança agora empreende um período de
daquilo que está englobado no seu mundo, intensa aprendizagem e níveis psicomotor,
como, por exemplo, seu corpo, hábitos de atitudinal e cognitivo, que, através de suas
higiene e alimentação, seus brinquedos, o próprias limitações lhe abre grandes e futuras
irmão menor, pequenas tarefas, A medida que possibilidades.
a criança investiga e elabora fantasias a
propósito da pessoa produtiva que deseja FASE IV – INDÚSTRIA VERSUS
chegar a ser, consciente e inconscientemente, INFERIORIDADE:
põe a prova seus poderes, seus Sentido de capacidade e
conhecimentos, suas capacidades e produtividade pessoal. Idade: de 6-7 a 11-12
habilidades. Dá início às formas de conduta, anos.
cujas implicações transcendem os limites de A luta para explorar e conquistar o
sua própria pessoa; incursiona no espaço dos mundo põe a criança em contato dinâmico
outros e faz com que estes se vejam com uma avalanche de novas experiências.
implicados em sua própria conduta. Este Ela compreende que necessita encontrar um
aspecto de comportamento apresenta à espaço entre os indivíduos de sua idade, pois,
criança acentuados sentimentos de com seu modo característico de pensar e agir,
frustrações e culpas, porque a autonomia que não pode aspirar à ocupação do mesmo
alcançou na fase anterior do desenvolvimento espaço em igualdade com os adultos. Dirige,
é frustrada de alguma forma pelo portanto, suas energias no sentido da solução
comportamento autônomo separado dos de questões cruciais concernentes ao seu
outros, que, nem sempre concordam com o grupo. O tema importante dessa fase reflete a
seu próprio. Começa o treino dos papéis determinação da criança de realizar com êxito
sociais, principalmente na família. O jogo do as tarefas que a vida lhe propõe. A
desempenho e expectativas começa a contribuição da idade escolar para um sentido
acentuar- se, por exemplo: o pai e mãe como de identidade pode ser expressa nas palavras:
seus primeiros modelos de identificação social “Eu sou o que posso aprender a realizar com
e sexual. o trabalho”. É a afirmação da competência e
Em suma, o desenvolvimento nesta da produtividade pessoal. A comparação
fase acentua que o Id, o Ego, e o Superego flagrante de suas limitações frente ao poder
começam a funcionar em equilíbrio mútuo, de de realização dos adultos desenvolve na
modo que a criança possa converter-se numa criança um sentido de improdutividade
unidade psicológica, integrada e unificada: a pessoal. Para isto a criança deverá sentir-se
criança começa a perceber diferenças sexuais aceita e valorizada e com amplas
entre as pessoas do seu ambiente; estas oportunidades, na família e na escola, para
diferenças, associadas aos desempenhos dos manifestar suas capacidades e habilidades de
papéis sociais, afetam tanto seus próprios explorar e transformar o mundo. Ao mesmo
sentimentos – impulso do id como a direção tempo em que aprende a manipular os
que ela deve seguir em concordância com as instrumentos e os símbolos, aprende também

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que, através destas habilidades, pode realizar externas do organismo e do meio; de outro
sua competência. Esta fase coincide com o lado, ao contrário, a difusão que conduz a um
estágio da inteligência operacional concreta. septo de instabilidade, de indefinição, em meio
a confusas expectativas internas e externas.
FASE V – IDENTIDADE VERSUS Esta bipolaridade deve resolver-se no período
DIFUSÃO DE IDENTIDADE: da adolescência, para que se previna
Sentido de definição e fidelidade perturbações transitórias ou duradouras na
consigo mesmo. Idade: de 11-12 a 20-25anos vida adulta.
Uma das principais tarefas nesta fase A confiança anterior do jovem púbere em
do desenvolvimento traduz o esforço de seu próprio corpo e o domínio de suas
integrar as novas realidades do organismo, funções se veem bruscamente ameaçadas;
em termos cognitivos e fisiológicas, ou seja, o necessita buscar um novo equilíbrio à partir de
aperfeiçoamento de estruturas abstratas e uma reavaliação de si mesmo. A atividade
formais do pensamento e a maturação sexual, social com seus pares, que também se
com os aspectos que significam uma realidade encontram em estado de mudança e
enquanto crianças. Interpretar e integrar estas necessitados de afirmação, é destacada neste
novas realidades com o processo histórico de período. As principais mudanças
seu desenvolvimento constituem o grande determinadas pela maturação transformam,
dilema a ser enfrentado, na primeira fase da invariavelmente, a dinâmica do id-ego-
adolescência. superego. É necessário agora incorporar
A definição de uma identidade social novas forças psicológicas, onde a maioria
e política moral e religiosa, vocacional e delas é oriunda do Id. Os fatores antes
profissional, sexual e afetiva, entre outras, constituíam impulsos psicossociais em estado
passa a constituir uma busca constante, de latência ou sublimados exigem agora a
ansiosa e angustiante, desta fase. atenção total do adolescente. O desejo de
Não se pode, afirma Erikson, realização sexual com um companheiro do
separar o desenvolvimento pessoal da sexo oposto não pode ser interpretado como
transformação social, nem separar a crise de impróprio, porque estes impulsos derivam
identidade na vida individual e a crise fisicamente de uma fase maturacional
contemporânea; uma e outra estão avançada, que é a fase genital, segundo
verdadeiramente relacionadas entre si. A Freud. Corresponde ao ego adolescente, o
formação da identidade não só é um problema papel de buscar equilíbrio entre o id púbere, e
vinculado ao desenvolvimento do indivíduo, o superego recém-transformado.
mas também, uma questão sóciocultural num No período da adolescência o Ego realiza
mundo em caleidoscópicas mudanças. uma síntese gradual do passado e do futuro,
O sentido de identidade, assim como o realizando-a num presente que integrará
de superação da difusão da identidade, novas identidades nos planos psicossocial,
constituem, a bipolaridade dinâmica desta cultural, econômico, religioso, moral, etc.
fase de desenvolvimento. De um lado, o Este período de moratória após a infância
esforço para integrar as direções internas e é importante para que a pessoa possa

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integrar-se gradualmente na idade adulta. O sua vocação e vida profissional, à sua


jovem vive crises parciais de identidade antes religiosidade, à mediação com os valores
de adotar decisões integras. vigentes sociais, culturais, morais, políticos e
A atividade lúdica, assim como fora outros, o adolescente começa a vencer suas
desenvolvida na infância, não tem mais tanta defesas egocêntricas, narcisistas e
importância como função primária do ego. A onipotentes e busca estabelecer laços
representação de papeis e o exagero das profundos com sua comunidade através das
verbalizações desafiadoras são formas de amizades e solidariedade. É a busca de uma
jogo social e um substituto do jogo infantil. No base de confiança para construir seu mundo
adolescente saudável uma grande de fantasia atual.
vem acompanhada de mecanismos heroicos O tema fundamental do desenvolvimento
que permitem ele aprofundar-se em perigosos passa a girar em torno da atitude de
espaços de fantasia ou de experienciação disponibilidade aos compromissos de mútua
social, e ao mesmo tempo, tolher tudo isto intimidade. As amizades, o namoro, o
repentinamente e distrair- se com a casamento e as relações estáveis começam a
companhia de outros, com os esportes, com a ter significados em sua vida no sentido de que
música, etc. Este jogo social inclui estabelecem as bases de uma vida saudável
principalmente atitudes e papeis de significado em conjunto com o próximo. Se superada
adulto, como conduta ocupacional, afetiva, relativamente à crise de identidade, o amor
entre outras. romântico cede lugar ao amor produtivo em
O adolescente seleciona dentre os que as relações humanas se caracterizam
modelos que tem à sua mão, seus adultos principalmente pelo respeito à liberdade e
significativos, as pessoas que são mais dignidade da pessoa, pela responsabilidade
importantes para ele; esta significância está consigo mesmo e com outros, pelo desvelo no
em função das influencias anteriores ou nas relacionamento e pela identificação profunda
relações atuais. Nestes grupos incluem-se com os semelhantes.
seus pais, professores e outras pessoas Citando Freud, a pessoa que deseja
conhecidas que lhe inspiram confiança. Outros demonstrar capacidade para realizar uma vida
modelos são também importantes, como por adulta saudável mediante sua capacidade
exemplo: o líder religioso de sua comunidade, para “lieben und arbeiten” (amar e trabalhar),
o jogador de seu time favorito, a artista da TV, busca a realização de uma vida personalizada
o professor, etc., como fontes de referências que lhe garanta uma identidade individual na
de valores e conduta. intimidade com os outros. “Amar”, significando
tanto a generosidade na intimidade como o
FASE VI – INTIMIDADE VERSUS amor erótico e “trabalhar”, significando uma
ISOLAMENTO: produtividade geral do trabalho que não
Sentido de afiliação e amor submetesse o indivíduo ao ponto em que
produtivo. Idade: de 20-25 a 30-35 anos pudesse perder o seu direito ou capacidade
Tendo alcançado uma relativa para ser uma criatura livre e amorosa. A
identificação consigo próprio no que tange à superação da crise adolescente requer um

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sentido de identidade, enquanto a superação responsável), por seu trabalho e por suas
desta fase da vida adulta exige concluir ideias. Sua vida, personalizada e criadora, e
experiência de identidade “compartilhada”. Os sua comunidade precisam converter-se em
jovens adultos procuram experienciar uma uma unidade. Nem sempre, porém, o
íntima unidade com sua realidade social, do indivíduo tem a oportunidade de realizar-se
contrário, sentir-se-ão isolados. O amor e o neste sentido produtivo de generatividade.
trabalho, quando produtivos, estabelecem as Neste caso, volta contra si mesmo, num
bases da confiança para que os jovens processo de autoabsorção, que o separa de si
construam seu mundo de adultos e tracem mesmo e de sua comunidade, fazendo ocorrer
suas perspectivas. sintomas como a falta de esperança, o
insulamento na família e na comunidade,
FASE VII – GENERATIVIDADE processos patológicos tais como o alcoolismo,
VERSUS AUTO-ABSORÇÃO: as toxicomanias, a apatia, etc.
Sentido de produção e cuidado – Nesta fase da vida adulta, cada indivíduo
Idade: de 30-35 a 55-65 anos. admite ou refuta o desafio de aceitar a nova
Nesta fase desenvolve-se o sentido de geração como sua própria responsabilidade e
criação, justamente com o de paternidade do de assegurar-lhe a confiança baseada na
objeto criado. É homem que cria e assume a primeira fase do desenvolvimento humano.
criação com atitudes responsáveis. A criação Estender a mão no sentido de que as novas
de uma nova unidade baseada na confiança e gerações possam confiar na fidelidade do
na intimidade mútua inclui a preparação de um cuidado oferecido traduz a principal tarefa da
lugar para iniciar uma nova fase de vida adulta.
desenvolvimento mediante a divisão do
trabalho e da convivência. O encontro FASE VIII- INTEGRIDADE VERSUS
conjugal sadio é a base que permite DESESPERO:
operacionalizar o cuidado com o Sentido de tolerância e sabedoria.
desenvolvimento de novas gerações. A Idade: de 55-65 anos em diante.
criação não tem só o sentido de “criar filhos”, Na medida em que o adulto assegura o
mas também, de criar ideias que devem se desenvolvimento de nova geração –
transformar em ações produtivas. Nesta fase generatividade – realiza a perspectiva mais
do desenvolvimento adulto, o homem age complexa de seu próprio ciclo vital:
sobre o mundo para recriá-lo (filhos, ideias, desenvolve o sentido da integridade. O
ações) e para manter e transmitir o resultado sentido da confiança básica alcança seu grau
às novas gerações. Desta forma, o adulto mais pleno através da segurança e da
sadio transmite às gerações que se seguem fidelidade com respeito à integridade do outro.
as esperanças, as virtudes e a sabedoria que Olhar para trás no tempo e constatar o que
ele acumulou com sua experiência. foi semeado e colhido, num balanço de
A vida de cada indivíduo implica num conquistas e derrotas, de lutas e frustrações e,
processo que identifica o amor por seus filhos ao mesmo tempo, olhar para frente e deparar-
(sentido universal da paternidade se com o futuro inusitado, pode bem ilustrar o

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que acontece quando a idade avança no ciclos do desenvolvimento – ligados à


tempo da senescência. evolução da humanidade. A este propósito,
A síntese do passado e do presente, na Erikson afirma que “as crianças sadias não
perspectiva do futuro, pode levar o homem a temerão a vida, se seus pais possuírem uma
desenvolver, de um lado, o sentido de integridade suficiente para não temer a morte”.
integridade, dado na medida em que tenha se O sentido de integridade revela um amor
identificado consigo e com o mundo, superado pós-narcisista do ego humano “como
o isolamento e se tornando íntimo e experiência que transmite uma certa ordem e
generativo; de outro lado, o sentido de sentido espiritual do mundo, não importa o
desespero relacionado com a difusão de que isso tenha custado”.
identidade, a negação da intimidade e da E H. Erikson, como um dos personagens
experiência do amor. Na primeira hipótese, a mais importantes no campo dos estudos
morte, pode representar a transcendência do psicanalíticos, aborda o estudo da dinâmica
próprio sentido de viver e renascer, sem medo de personalidade com uma visão que reflete a
- com a aceitação do seu momento histórico, síntese da história do homem individual e da
sem revolta ou desespero; na segunda humanidade. Sua obra, por não constituir uma
hipótese, pode representar o fim, sem chance teoria consumada, oferece aos estudiosos
de renascer – com medo e com um amplas possibilidades de reflexão sobre o
sentimento de revolta frente ao tempo que complexo processo do desenvolvimento
passa – o desesperado fim. humano.
Desta forma o primeiro tema do
desenvolvimento se converte no último e ao ___________________________
mesmo tempo se evidencia que o tema final
possui raízes no primeiro. NOTA: Para conhecer mais, consulte:
A integridade repousa na aceitação do ciclo da 1. Erikson, E. H. Identidade: juventude e
vida individual e coletiva da humanidade, ou crise. Rio de Janeiro, RJ: Guanabara,
seja, refere-se a um sentido de sabedoria e a 1987.
uma filosofia de vida que transcende o ciclo 2. Erikson, E. H. Infância e sociedade.
vital do indivíduo e relaciona-se aos futuros Rio de Janeiro, RJ: Zahar, 1976.

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