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ERGONOMIA

PROFESSORA
Me. Veridianna Cristina Teodoro Ferreira

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ERGONOMIA

NEAD - Núcleo de Educação a Distância


Av. Guedner, 1610, Bloco 4 - Jd. Aclimação
Cep 87050-900 - Maringá - Paraná - Brasil
www.unicesumar.edu.br | 0800 600 6360

C397 CENTRO UNIVERSITÁRIO DE MARINGÁ. Núcleo de Educação a Distância;


FERREIRA, Veridianna Cristina Teodoro.
Ergonomia. Veridianna Cristina Teodoro Ferreira
Maringá - PR.:Unicesumar, 2019.
176 p.
“Graduação em Design - EaD”.
1. Ergonomia. 2. Antropometria. 3. EaD. I. Título.

ISBN 978-85-459-1867-7 CDD - 22ª Ed. 620.82


CIP - NBR 12899 - AACR/2
Ficha Catalográica Elaborada pelo Bibliotecário
João Vivaldo de Souza - CRB-8 - 6828

Impresso por:

DIREÇÃO UNICESUMAR
Reitor Wilson de Matos Silva, Vice-Reitor Wilson de Matos Silva Filho, Pró-Reitor Executivo de EAD
William Victor Kendrick de Matos Silva, Pró-Reitor de Ensino de EAD Janes Fidélis Tomelin, Presidente
da Mantenedora Cláudio Ferdinandi.

NEAD - NÚCLEO DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA


Diretoria Executiva Chrystiano Mincoff, James Prestes, Tiago Stachon, Diretoria de Graduação e
Pós-graduação Kátia Coelho, Diretoria de Permanência Leonardo Spaine, Diretoria de Design
Educacional Débora Leite, Head de Produção de Conteúdos Celso Luiz Braga de Souza Filho, Head de
Curadoria e Inovação Tania Cristiane Yoshie Fukushima, Gerência de Produção de Conteúdo Diogo
Ribeiro Garcia, Gerência de Projetos Especiais Daniel Fuverki Hey, Gerência de Processos Acadêmicos
Taessa Penha Shiraishi Vieira, Supervisão de Produção de Conteúdo Nádila Toledo.
Coordenador(a) de Conteúdo Larissa Siqueira Camargo, Projeto Gráico José Jhonny Coelho, Editoração
Arthur Cantareli Silva, Designer Educacional Bárbara Neves, Revisão Textual Meyre Barbosa da Silva,
Ilustração Rodrigo Barbosa, Fotos Shutterstock.

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Wilson Matos da Silva
Reitor da Unicesumar

Em um mundo global e dinâmico, nós trabalhamos IGC 4 em 7 anos consecutivos. Estamos entre os 10
com princípios éticos e proissionalismo, não maiores grupos educacionais do Brasil.
somente para oferecer uma educação de qualidade, A rapidez do mundo moderno exige dos educadores
mas, acima de tudo, para gerar uma conversão soluções inteligentes para as necessidades de todos.
integral das pessoas ao conhecimento. Baseamo- Para continuar relevante, a instituição de educação
nos em 4 pilares: intelectual, proissional, emocional precisa ter pelo menos três virtudes: inovação,
e espiritual. coragem e compromisso com a qualidade. Por
Iniciamos a Unicesumar em 1990, com dois cursos de isso, desenvolvemos, para os cursos de Engenharia,
graduação e 180 alunos. Hoje, temos mais de 100 mil metodologias ativas, as quais visam reunir o melhor
estudantes espalhados em todo o Brasil: nos quatro do ensino presencial e a distância.
campi presenciais (Maringá, Curitiba, Ponta Grossa Tudo isso para honrarmos a nossa missão que é
e Londrina) e em mais de 300 polos EAD no país, promover a educação de qualidade nas diferentes áreas
com dezenas de cursos de graduação e pós-graduação. do conhecimento, formando proissionais cidadãos
Produzimos e revisamos 500 livros e distribuímos mais que contribuam para o desenvolvimento de uma
de 500 mil exemplares por ano. Somos reconhecidos sociedade justa e solidária.
pelo MEC como uma instituição de excelência, com Vamos juntos!
boas-vindas

Willian V. K. de Matos Silva


Pró-Reitor da Unicesumar EaD

Prezado(a) Acadêmico(a), bem-vindo(a) à A apropriação dessa nova forma de conhecer


Comunidade do Conhecimento. transformou-se hoje em um dos principais fatores de
Essa é a característica principal pela qual a Unicesumar agregação de valor, de superação das desigualdades,
tem sido conhecida pelos nossos alunos, professores propagação de trabalho qualiicado e de bem-estar.
e pela nossa sociedade. Porém, é importante Logo, como agente social, convido você a saber cada
destacar aqui que não estamos falando mais daquele vez mais, a conhecer, entender, selecionar e usar a
conhecimento estático, repetitivo, local e elitizado, mas tecnologia que temos e que está disponível.
de um conhecimento dinâmico, renovável em minutos, Da mesma forma que a imprensa de Gutenberg
atemporal, global, democratizado, transformado pelas modiicou toda uma cultura e forma de conhecer,
tecnologias digitais e virtuais. as tecnologias atuais e suas novas ferramentas,
De fato, as tecnologias de informação e comunicação equipamentos e aplicações estão mudando a nossa
têm nos aproximado cada vez mais de pessoas, lugares, cultura e transformando a todos nós. Então, priorizar o
informações, da educação por meio da conectividade conhecimento hoje, por meio da Educação a Distância
via internet, do acesso wireless em diferentes lugares (EAD), signiica possibilitar o contato com ambientes
e da mobilidade dos celulares. cativantes, ricos em informações e interatividade. É
As redes sociais, os sites, blogs e os tablets aceleraram um processo desaiador, que ao mesmo tempo abrirá
a informação e a produção do conhecimento, que não as portas para melhores oportunidades. Como já disse
reconhece mais fuso horário e atravessa oceanos em Sócrates, “a vida sem desaios não vale a pena ser vivida”.
segundos. É isso que a EAD da Unicesumar se propõe a fazer.
boas-vindas

Kátia Solange Coelho


Janes Fidélis Tomelin Diretoria de Graduação
Pró-Reitor de Ensino de EAD
e Pós-graduação

Débora do Nascimento Leite Leonardo Spaine


Diretoria de Design Educacional Diretoria de Permanência

Seja bem-vindo(a), caro(a) acadêmico(a)! Você está de maneira a inseri-lo no mercado de trabalho. Ou seja,
iniciando um processo de transformação, pois quando estes materiais têm como principal objetivo “provocar
investimos em nossa formação, seja ela pessoal ou uma aproximação entre você e o conteúdo”, desta
proissional, nos transformamos e, consequentemente, forma possibilita o desenvolvimento da autonomia
transformamos também a sociedade na qual estamos em busca dos conhecimentos necessários para a sua
inseridos. De que forma o fazemos? Criando formação pessoal e proissional.
oportunidades e/ou estabelecendo mudanças capazes Portanto, nossa distância nesse processo de crescimento
de alcançar um nível de desenvolvimento compatível e construção do conhecimento deve ser apenas
com os desaios que surgem no mundo contemporâneo. geográica. Utilize os diversos recursos pedagógicos
O Centro Universitário Cesumar mediante o Núcleo de que o Centro Universitário Cesumar lhe possibilita.
Educação a Distância, o(a) acompanhará durante todo Ou seja, acesse regularmente o Studeo, que é o seu
este processo, pois conforme Freire (1996): “Os homens Ambiente Virtual de Aprendizagem, interaja nos
se educam juntos, na transformação do mundo”. fóruns e enquetes, assista às aulas ao vivo e participe
Os materiais produzidos oferecem linguagem das discussões. Além disso, lembre-se que existe
dialógica e encontram-se integrados à proposta uma equipe de professores e tutores que se encontra
pedagógica, contribuindo no processo educacional, disponível para sanar suas dúvidas e auxiliá-lo(a) em
complementando sua formação profissional, seu processo de aprendizagem, possibilitando-lhe
desenvolvendo competências e habilidades, e trilhar com tranquilidade e segurança sua trajetória
aplicando conceitos teóricos em situação de realidade, acadêmica.
autores

Me. Veridianna Cristina Teodoro Ferreira


Graduada em Design de Moda pelo Instituto Educacional do Estado de São Paulo (2011).

Possui Curso de Extensão, na França e Itália, com foco de pesquisa em Design e Criação

de produto (2013). Possui Especialização em Moda, Produto e Comunicação pela Univer-

sidade Estadual de Londrina (2013). Doutoranda em Design pela Universidade Anhembi

Morumbi. Mestre em Design, Arte e Tecnologia pela Universidade Anhembi Morumbi (2016).

Experiência nas áreas de Design de Moda, de produto, de interiores e gráico, atuando

principalmente nos seguintes temas: desenvolvimento de produto; ergonomia; tecnologia

têxtil; projeto; design; meios de produção; modelagem; gestão e metodologia cientíica.

Ministra cursos de visual Merchandising.

Possui pesquisas e publicações nacionais e internacionais com foco em Ergonomia do

produto, moda inclusiva, meios de produção na moda e tecnologia têxtil. Experiência

como professora acadêmica nos Cursos de graduação em Design de Moda, Design de

interiores, Design Gráico, Arquitetura e Engenharia de produção.

Link: <http://buscatextual.cnpq.br/buscatextual/visualizacv.do?id=K8189797J0>.
apresentação do material

ERGONOMIA
Me. Veridianna Cristina Teodoro Ferreira

Caro (a) aluno (a), este livro tem como objetivo apresentar e discutir sobre a ergo-
nomia, suas áreas de atuação e suas diferentes abordagens. Pretendo fazer isso de
forma leve para que você compreenda o que é ergonomia e passe a ter um olhar
crítico com relação aos ambientes, produtos e às vestimentas.
Ao longo dos capítulos, falaremos da ergonomia em diferentes situações, pois
está ligada a todos os produtos ou ambientes que são desenvolvidos para o uso do
ser humano, sendo que a principal deinição da ergonomia é adequar o produto/
ambiente ao usuário, ao contrário de permitir que o usuário modiique sua postura
para utilizar o produto/ambiente.
Baseado nesta constatação, podemos dizer que a ergonomia teve seus primeiros
indícios na pré-história, quando os homens das cavernas adaptaram suas armas
para sobrevivência. O homem pré-histórico, ao ixar na ponta de uma vara uma
lasca de pedra aiada para facilitar a caça de uma forma mais confortável, segura
e eicaz, estava inconscientemente, realizando ergonomia.
Desta forma, ela surgiu juntamente com a necessidade de sobrevivência do
homem primitivo que, sem querer, começou a aplicar seus princípios para facilitar
suas tarefas, como caçar, cortar e esmagar. Assim, a preocupação em adaptar o
ambiente e/ou construir objetos para facilitar a vida dos indivíduos sempre esteve
presente nos seres humanos, até mesmo em tempos remotos. (IIDA, 2005)
A ergonomia preza pelo conforto, saúde e bem-estar do indivíduo e, para isso,
muitas vezes, utiliza das ferramentas de medições da antropometria para obter
o resultado desejado. A antropometria será vista detalhadamente na Unidade I.
Começaremos nosso estudo entendendo o que é ergonomia, desde o signii-
cado da palavra até suas áreas de atuações, falaremos também sobre a biomecâ-
nica, antropometria e suas formas de utilização. Posteriormente, falaremos sobre
a ergonomia em diferentes situações, bem como no ambiente de trabalho, no
desenvolvimento de produtos, nos projetos de interiores e nos projetos de moda.
Para facilitar a compreensão da ergonomia nestas áreas, usaremos alguns estudos
de caso que ajudarão a visualizar sua aplicação.
Serão apresentados estudos de caso voltados à melhor adequação do ambiente
ao uso humano, à compreensão do uso da ergonomia no design de produto, bem
como o uso do design universal e, por im, ao uso da tecnologia têxtil aliada à mo-
delagem ergonômica com a inalidade de adequar melhor a vestimenta ao corpo.
Desta forma, icará mais fácil compreender as diferentes formas de aplicação
da ergonomia, sua importância e todos os benefícios de sua aplicação ao usuário.
Sejam bem-vindos a esta disciplina e, agora, vamos estudar!
s u mári o

UNIDADE I UNIDADE IV
ERGONOMIA: DEFINIÇÃO E ABRANGÊNCIA ERGONOMIA APLICADA NO AMBIENTE
14 Deinição e Surgimento da Ergonomia 108 Iluminação e Cores
16 Abrangência da Ergonomia 115 Ruídos e Vibrações
21 Aplicação na Vida Diária 120 Ergonometria
30 Aplicação da Antropometria 122 Ergonomia e Mobiliário
124 Estudo de Caso
UNIDADE II
ERGONOMIA EM AMBIENTE DE TRABALHO UNIDADE V
48 Biomecânica Ocupacional ERGONOMIA NA MODA
52 Posto de Trabalho, Controles e Manejos 144 Aplicação da Antropometria na Moda
55 Percepção e Processamento de Informação 147 Ergodesign e a Matéria-Prima Tecnológica
61 Ergonomia no Dia a Dia 151 Ergonomia na Modelagem
156 Projeto de Moda Universal
UNIDADE III 162 Percepção do Usuário no Uso da Vestimenta
ERGONOMIA DO PRODUTO Ergonômica
76 Adaptação Ergonômica de Produtos 175 Conclusão geral
79 Projetos Universais
84 Desenvolvimento de Produto Ergonômico
86 A Importância de Produtos Ergonômicos
88 Estudo de Caso
ERGONOMIA: DEFINIÇÃO E
ABRANGÊNCIA

Professora Me. Veridianna Cristina Teodoro Ferreira

Plano de Estudo
A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade:
• Deinição e surgimento da Ergonomia
• Abrangência da Ergonomia
• Aplicação na vida diária
• Antropometria
• Aplicação da Antropometria

Objetivos de Aprendizagem
• Apresentar o conceito de Ergonomia, descrevendo seu início intuitivo na pré-
história e o seu surgimento cientíico.
• Discutir a abrangência da Ergonomia, suas aplicações gerais e, também,
no design de interiores, design de produto e design de moda. Além de
diferenciar Ergonomia de concepção, de correção, de conscientização e de
participação.
• Apresentar a Ergonomia nas atividades domésticas, no ensino, no transporte
e em espaços públicos.
• Deinir Antropometria Estática, Dinâmica e Funcional e reconhecer as
alterações de medidas ocasionadas por diferenças entre sexos, variações
genéticas, inluências étnicas e climáticas.
• Identiicar o uso de dados antropométricos e exempliicar o uso da
Antropometria no Design de Interiores, Design de produto e Design de Moda.
unidade

I
INTRODUÇÃO

O
lá caro (a) aluno(a), seja bem-vindo ao módulo de Ergonomia.
Neste primeiro capítulo, compreenderemos o surgimento da
Ergonomia, desde a pré-história com o uso intuitivo, passan-
do pelo uso consciente, porém nos seus primeiros passos na
Revolução Industrial e chegando aos períodos da 1º e 2º Guerra Mundial,
com os estudos aprofundados e, posteriormente, sua formalização como
ramo de aplicação interdisciplinar da Ciência.
Seguiremos em nosso capítulo compreendendo a abrangência da Er-
gonomia e suas formas de aplicação para que você compreenda a impor-
tância dela na sua área do design e ique mais claro tanto a utilização da
Ergonomia como sua importância. Ao longo do texto você encontrará
exemplos do uso da Ergonomia e da Antropometria no Design de Moda,
no Design de Interiores e no Design de Produto. Isso para que você com-
preenda as diversas formas de aplicação, nos diferentes tipos de produtos
ou ambientes e o quanto a Ergonomia é importante, tanto na vestimenta,
no produto em geral, nos ambientes e sistemas.
O uso da Ergonomia na vida diária será relatado, também, pois ela
pode ser aplicada na maioria das nossas diversas atividades ao longo do
dia, seja em casa, no trabalho, nas ruas seja, até mesmo, no lazer. E quando
a Ergonomia está presente, a atividade a ser desenvolvida lui melhor, de-
vido aos seus princípios que visam, principalmente, ao conforto, ao bem-
-estar, à saúde e à segurança.
Para que estes princípios sejam utilizados e aplicados corretamente,
compreenderemos, também, a importância do uso de dados antropomé-
tricos e suas formas de aplicações para que o ambiente, o produto ou a
vestimenta desenvolvida sejam adequados ao uso humano e não causem
desconforto, insegurança ou problemas de saúde e não atrapalhe o indi-
víduo a concluir suas inúmeras atividades diárias com prazer, saúde segu-
rança e conforto.
ERGONOMIA

Deinição e Surgimento
da Ergonomia
Caro(a) aluno(a), seja bem-vindo(a). Para iniciar Como já citado na apresentação, a Ergonomia
nosso aprendizado, começaremos compreendendo surgiu na pré-história, a partir da necessidade de so-
o que é a Ergonomia, tanto no signiicado da palavra brevivência do homem primitivo. Ele começou a aiar
quanto no seu surgimento. A palavra “ergonomia” e modiicar alguns detalhes das ferramentas de caça
deriva do latim cujo signiicados são: ergo = traba- para que tivesse mais segurança e eicácia durante as
lho e nomos = leis naturais e/ou regras. Desta forma, caçadas, além disso faziam utensílios de barros para
compreendemos que a Ergonomia se refere às regras retirar água das nascentes e as levar para seu uso.
do trabalho com relação ao homem e, com o passar Na era da produção artesanal, a preocupação em
dos tempos, estes princípios se estenderam a todos adequar as tarefas às necessidades humanas sempre
os produtos criados para o uso do ser humano. Sen- esteve presente. Entretanto as mudanças signiicativas
do assim, a ergonomia adapta produtos, serviços, da ergonomia vieram junto com a revolução indus-
ferramentas de trabalhos e ambientes aos usuários. trial, que começou na Inglaterra, em meados do sécu-

14
DESIGN

lo XVIII. Tal revolução caracterizou-se pela passagem Fadiga Industrial, que realizou inúmeras pesquisas
da manufatura à indústria mecânica e com a intro- referentes à fadiga na indústria, principalmente, nas
dução de máquinas fabris que multiplicaram o rendi- de minas de carvão. Em 1929, este órgão foi refor-
mento do trabalho e aumentaram a produção global. mulado para Instituto de pesquisa para Saúde do
Inicialmente, as fábricas eram escuras, sujas, ba- Trabalho, desta forma teve seu campo de pesquisa
rulhentas e perigosas. As jornadas de trabalho chega- ampliado com desenvolvimento de pesquisa de pos-
vam a 16 horas por dia, sem férias, com chefes auto- turas de trabalho, carga manual, treinamento, ilumi-
ritários e castigos corporais. A Figura 1 mostra uma nação, ventilação entre outras (IIDA, 2005).
fábrica, nos anos de 1912, com crianças trabalhando. Com a Segunda Guerra Mundial (1939-1945), os
conhecimentos cientíicos e tecnológicos adquiridos
foram utilizados, ao máximo, para construir instru-
mentos bélicos complexos, como submarinos, tan-
ques, radares, sistemas contra incêndio e aviões. Des-
ta forma, a ergonomia se fez essencial, pois qualquer
erro no manuseio poderia ser fatal, por isso, as pesqui-
sas foram redobradas para adaptar os instrumentos
bélicos às características e capacidades do operador,
com o intuito de melhorar o desempenho do usuário,
reduzindo a fadiga e os acidentes (IIDA, 2005).
De acordo com os fatos históricos anteriormente
relatados, a Ergonomia começou a ser construída a
Figura 1 - Crianças trabalhando em fábrica partir de pesquisas para combater os efeitos da re-
volução industrial, em busca de um trabalho huma-
A partir desses fatos, alguns estudos começaram a nizado. Em seguida, foi profundamente pesquisada,
ser desenvolvidos no inal do século XIX e no início nos períodos das Primeira e Segunda Guerra Mun-
do século XX, sobre a isiologia do trabalho, gastos dial, com intuito de minimizar a fadiga e, com isso,
energéticos e fadiga, para solucionar problemas de- diminuir riscos de acidentes fatais no manuseio de
correntes da industrialização. equipamentos bélicos. Porém o termo “ergonomia”
Durante a Primeira Guerra Mundial (1914- teve seu nascimento oicial em 12 de julho de 1949,
1917), na Inglaterra, foi criada a Comissão de Saúde na Inglaterra, quando cientistas e pesquisadores reu-
dos Trabalhadores na indústria de Munição e, em niram-se e decidiram formalizar a existência deste
1915, isiologistas e psicólogos foram chamados novo ramo de aplicação interdisciplinar da ciência
para colaborar com estratégias para aumentar a (IIDA, 2005). E, a partir de sua formalização, a Er-
produção de armamentos. Quando a guerra chegou gonomia vem para repensar o trabalho e questionar:
ao im, passou a se chamar Instituto de Pesquisa da Como ter qualidade de vida no trabalho?

15
ERGONOMIA

Abrangência da
Ergonomia

Como já vimos, a Ergonomia defende que o produto A saúde é priorizada na ergonomia quando seu
adapte-se ao homem, e não o contrário, para isso, limite é respeitado, evitando estresse, riscos de aci-
atua em correção de produtos mal projetados, na dente e doenças ocupacionais. A segurança condiz
concepção de novos produtos, na conscientização com o respeito às capacidades e limitações do usuá-
de uso e participação do sistema para busca de solu- rio, que contribuem com a redução de erros, aciden-
ções. Os princípios ergonômicos defendem o bem- tes, estresse e fadiga. O conforto dá-se pelo resultado
-estar, o conforto, a saúde, a segurança, a satisfação das necessidades atendidas junto a um bom plane-
e a eiciência do indivíduo. A eiciência do trabalho jamento. Necessidades estas que têm como foco a
e o aumento da produtividade virão como consequ- adequação do produto/ambiente ao homem de for-
ência, pois, quando o indivíduo trabalha de forma ma que respeite seus limites, priorize seu bem-estar
mais confortável, naturalmente, produzirá mais, e, consequentemente, aumente seu rendimento, seja
pois sua fadiga, se houver, será tardia. no trabalho seja nas atividades diárias.

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DESIGN

A ergonomia pode contribuir de diversas ma- -prima que será desenvolvida, a vestimenta ou aces-
neiras para melhorar as condições do usuário. Em sório, desta forma, proporciona ao usuário a percep-
alguns casos, para ter melhor aproveitamento, en- ção de conforto no uso da vestimenta, resultando
volve diversos proissionais de diferentes áreas de em melhor desempenho de suas atividades diárias.
uma empresa, isso porque a ergonomia pode ser No caso do Designer de Interiores, a Ergonomia é
estudada por diversas proissões, como médicos do aplicada no espaço, tanto em busca de conforto tér-
trabalho, engenheiros, enfermeiros, isioterapeutas, mico, visual e auditivo, quanto na disponibilidade
administradores, compradores, designers, entre ou- dos móveis e aplicações de facilitadores no uso di-
tros. Cada área apropria-se da ergonomia para aten- ário do ambiente. Isso resulta em facilidade no uso
der sua necessidade especíica, porém sempre den- do espaço, seja no luxo de pessoas, no conforto do
tro dos mesmos princípios, os de favorecer o usuário lar seja na implantação de soluções ergonômicas em
e melhorar sua qualidade de vida (IIDA, 2005). ambientes de trabalho.
Os designers, quando fazem uso da ergonomia, A contribuição da ergonomia pode ser feita na
ajudam nessa adaptação de produto/espaço ao usuá- concepção do produto/ambiente na correção, na
rio, especiicamente, o designer de produto pesquisa conscientização ou até mesmo na participação. A
formas de tornar o produto mais adequado ao uso ergonomia de concepção ocorre quando a contri-
humano, facilitando aberturas e fechamentos, com-
preensão do uso, minimização de força para manu-
seio do produto dentre outros detalhes que favore-
cem a aceitação do produto.
No caso do Designer de Moda, a pesquisa é feita
com foco tanto na modelagem quanto na matéria-

17
ERGONOMIA

buição se faz durante o projeto de desenvolvimen- pensar em todas as possibilidades para que depois
to do produto, da máquina, ambiente ou sistema. É não necessite correção do sistema de trabalho, o
uma ótima situação, pois as alternativas poderão ser que, muitas vezes, não é viável pelo alto investi-
amplamente examinadas para evitar inadequação mento sobre o mesmo sistema. Por isso, neste
durante o uso, porém exige mais conhecimento e ex- caso, as correções, quando necessárias, são rea-
periência, pois as decisões são tomadas com base em lizadas, inicialmente, modiicando os elementos
situações hipotéticas, por não existir o produto, am- parciais do posto de trabalho, como as dimensões,
biente ou sistema de forma real. Para obter melhor Iluminação, o ruído, a temperatura e a conscien-
resultado, aconselha-se usar como base situações se- tização sobre posturas e usos do sistema. Se todas
melhantes ou produtos similares. Algumas situações estas possibilidades não resolverem o problema,
podem ser simuladas no computador, com uso de então, busca-se a correção do sistema por meio de
modelos virtuais (IIDA, 2005). compras de novos maquinários.
A Ergonomia de Concepção é mais utilizada A imagem a seguir ilustra um projeto de layout
na criação de postos de trabalho, pois, antes de com Ergonomia de Concepção, pois avalia as formas
comprar maquinários e equipamentos para pro- de uso do ambiente e aplica os aspectos ergonômi-
dução, que costumam ter um alto custo, deve-se cos necessários.

Figura 2 - Layout de posto de trabalho ergonômico

18
DESIGN

A Ergonomia de Correção é aplicada em situações


ou produtos já existentes e serve para resolver pro-
blemas detectados durante o uso do produto, como:
segurança, desconforto, diiculdade de manejo, fadi-
ga excessiva, doenças derivadas do uso do produto
ou ambiente e quantidade e/ou qualidade de produ-
ção (IIDA, 2005).
A Ergonomia de Correção é uma das mais uti-
lizadas, pois a todo momento designers procuram
criar produtos com melhorias, baseando-se nas ina-
dequações dos produtos anteriores, por exemplo o
celular, que já passou por inúmeras correções com
a intenção de se adequar ao uso do indivíduo, faci-
litando seu manejo e concentrando várias utilidades
em um só produto, como: despertador, agenda, blo-
co de notas, acesso fácil à internet etc.
As roupas também passam por correções a todo
momento, e suas intervenções ergonômicas ocor-
rem, geralmente, na modelagem e na escolha da
matéria-prima, como os uniformes esportivos, que
sempre são modiicados com a intenção de melhorar
o desempenho do atleta e favorecer sua saúde. Nos
uniformes de basquete, por exemplo, os tecidos fo-
ram criados para serem os mais leves possíveis para
não atrapalhar nos saltos que os atletas dão para al-
cançar a cesta. E para que se torne mais confortável
e ainda mais leve, as emendas são coladas com mate-
riais especíicos em vez de serem costuradas.
Na Ergonomia de Conscientização, procura-se,
como o nome sugere, conscientizar o próprio traba-
lhador para identiicar e corrigir o problema quando
necessário, seja do dia a dia ou de forma emergencial.
Os imprevistos podem surgir a qualquer momento, e
os operários devem estar preparados para enfrentá-los.
É importante conscientizar o operador por meio
de cursos, treinamentos e frequentes reciclagens, en-
sinando-o, de forma segura, a reconhecer os fatores Figura 3 - A ergonomia no uniforme de basquete

19
ERGONOMIA

de risco que podem surgir a qualquer momento no enquanto a Ergonomia de Conscientização procura
ambiente de trabalho. Ele deve saber exatamente a apenas manter os trabalhadores e usuários informa-
providência a ser tomada numa situação de emer- dos. Este princípio acredita que o usuário tenha o
gência (IIDA, 2005). Além disso, ensina o colabora- conhecimento prático, de uso, o que contribui para
dor a usufruir os benefícios de seu posto de traba- evitar que detalhes passem despercebidos pelo pro-
lho com boa postura, uso adequado de mobiliários jetista (IIDA, 2005).
e equipamentos, auxilia na implantação de pausas e
conscientiza da importância delas.
A Ergonomia de Conscientização é muito utili-
zada por seguranças de trabalho, que conscientizam
os operários a manusear a máquina de forma corre-
ta, com postura adequada, com atenção e utilizando
os equipamentos de segurança corretamente.
O segurança do trabalho supervisiona os ope-
rários enquanto estão trabalhando para evitar que
sofram acidentes por usos inadequados de maqui-
nários ou equipamento de segurança e, quando per-
cebe algo errado, conscientiza o operário para que
faça da forma certa e, assim, preserve sua saúde e
sua integridade física.
A Ergonomia de Conscientização se vê também
em produtos, como o verso das embalagens de ci-
garros, que contém os malefícios que o uso contí-
nuo daquele produto pode causar ao consumidor.
A Figura 4 demonstra a aplicação da Ergonomia de
Conscientização em rótulo de embalagem, com o
intuito de conscientizar o fumante dos males que o
cigarro pode causar.
E, por im, a Ergonomia de Participação envol-
ve o próprio usuário do sistema na resolução do
problema de forma mais ativa, na busca da solução Figura 4 - Ergonomia de conscientização em produto
para o problema, seja trabalhador seja consumidor, Fonte: Anvisa (2017, on-line)1.

20
DESIGN

Aplicação na
Vida Diária

A ergonomia deve ser aplicada no produto junto as Quando aplicamos a ergonomia no projeto, temos
premissas do design, para que resultem em produtos que pensar no usuário do produto e levar em consi-
e/ ou espaços adequados ao ser humano. Devemos deração suas necessidades, diiculdades e limitações,
sempre levar em consideração que o produto será além de pensar sempre em uma forma de facilitar o
utilizado pelo corpo humano, por isso deve partir de uso do produto e, consequentemente, isso aumenta-
suas medidas e se basear em suas necessidades e ex- ria o desempenho do usuário enquanto no uso.
pectativas. O projeto ergonômico tem como objetivo A ergonomia deveria estar presente a todo
facilitar a vida do usuário, deixando-o mais confor- momento em nosso dia a dia, pois sua ausên-
tável, aumentando seu desempenho, diminuindo seu cia é facilmente percebida, por exemplo quando
desgaste e, até mesmo, eliminando riscos de danos à você acorda depois de ter dormido com um pi-
saúde com o uso de produto/ambiente mal projetado. jama apertado, ou em um colchão inapropriado

21
ERGONOMIA

ou, até mesmo, com um travesseiro que não estava até sem poder se movimentar, como os seguranças.
na altura correta, e, imediatamente, as dores no Ufa, quanta coisa, não? Como essa tal ergonomia é
corpo são percebidas. Isso ocorre também quando importante, não é? Imagina que difícil essa rotina que
o indivíduo levanta da cama de forma incorreta, relatei? Agora, pense que muita gente passa exatamen-
podendo causar um mal jeito imediato. Posterior- te por todos estes obstáculos que relatei. Imagine que
mente, você resolve limpar a casa e, caso não le- maravilha seria morar em uma casa ergonômica, numa
vante os objetos pesados com a postura correta, cidade ergonômica e ainda trabalhar numa empresa
pode desenvolver lesões corporais sentidas ime- ergonômica. Muito do stress, da fadiga e das dores no
diatamente ou após a inalização da tarefa. Ao la- corpo seriam evitadas. E cabe a nós, designers, tentar
var uma louça numa pia mais baixa ou mais alta inserir, ao máximo, a ergonomia em cada projeto que
que o correto, as dores nas costas são inevitáveis. desenvolvemos e em cada adequação que fazemos.
Caso você não costume
fazer serviços domésticos,
mas trabalhe, ou estude fora,
sentirá falta da ergonomia
quando sair de casa e andar
por calçadas desniveladas e
esburacadas. Se for pegar um
ônibus, e o ponto não for cor-
retamente coberto, irá se mo-
lhar caso esteja chovendo, ou,
então, sentirá o forte calor do
Sol dependendo do horário.
Ao perceber uma pessoa
de mais idade subindo aqueles
altos degraus do ônibus, per-
ceberá quão inadequados são
e, quando se sentar no ônibus,
que geralmente tem o assento estreito, gerará um descon-
Figura 5 - Posições do dia a dia com e sem ergonomia
forto com o usuário ao lado e, ainda, uma insegurança Fonte: RPG Souchard ([2018], on-line)2.
quando o ônibus frear rapidamente, ou izer uma curva
em velocidade por conta da falta de cintos de segurança. A Figura 5 ilustra alguns movimentos do dia a dia
Ao chegar em seu ambiente de trabalho, pode ser que muitas pessoas fazem de maneira completa-
que se depare com uma cadeira desconfortável, uma mente incorreta, o que pode acarretar problemas fu-
mesa baixa, um computador sem apetrechos de apoio turos com posturas, dores, inlamações, entre outras
que evite doenças de movimentos repetitivos. Ou pode enfermidades causadas por posturas incorretas.
ser que você trabalhe horas seguidas em pé, às vezes,

22
DESIGN
Figura 6 - Ho

A Antropometria é ferramenta utilizada pela Ergo- dito, um projeto que será desenvolvido para o uso
nomia, que utiliza pesquisas intensas das medidas humano deve se basear nas medidas humanas, além
dos usuários de diversas formas, desde eretas, em de levar em consideração as formas de usos, necessi-
movimento e, até mesmo, em alcances. Como já foi dades, capacidades e limitações.

23
ERGONOMIA

O corpo humano, suas formas e proporções têm que parece óbvio, mas muitos erros acontecem
encantado artistas, ilósofos, arquitetos e teóricos há por não considerarem isso. É fundamental essa
muito tempo, desde épocas remotas. No século I a.C., pesquisa na criação de ambientes, arquiteturas,
o arquiteto romano Vitrúvio estudava as proporções postos de trabalhos, além de ser importantíssi-
do corpo humano, um século e meio mais tarde estes ma sua aplicação no desenvolvimento de roupas,
mesmos estudos foram retomados por Leonardo da calçados, acessórios, artigos para esportes, vesti-
Vinci, com o Homem de Vitrúvio. O inglês Gibson mentas para diversas deficiências, entre muitos
e Bonomi re-estudou, em 1957, e nos anos 1960, foi produtos, como assevera Saltzman (2008).
estudado pelo arquiteto Francês Le Corbusier com o A Antropometria dá-se pelo estudo das medi-
tão conhecido Modulador (MARTINS, 2008). das do indivíduo em diferentes situações cujos tipos
de medidas dependem do produto ou ambiente a ser
desenvolvido. Por exemplo, no caso do desenvolvi-
mento de um teclado de computador, deve-se levar
em consideração as medidas das mãos e o alcance
dos dedos para que o teclado não seja projetado
maior que o alcance das mãos, o que causaria des-
conforto no uso do objeto.
Essas medidas antropométricas devem ser tira-
das com muito cuidado e com muita precisão, pois
qualquer detalhe pode alterar os dados do estudo.
Se pessoas serão medidas com ou sem roupas, com
ou sem sapatos, entre outros detalhes que devem ser
deinidos antes de começar as medições. Se icar de-
terminado que as medidas serão feitas com roupas
íntimas, então, todos deverão estar vestidos apenas
com roupas íntimas, e assim por diante. Isso torna o
estudo mais preciso.
Figura 7 - O Modulor, de Le Corbusier
Um produto adequado ao corpo deve ser em-
Fonte: Dezeen (2015, on-line)4. basado em medidas antropométricas, se levarmos
em consideração que em alguns casos o usuário não
As proporções do corpo humano foram estu- permanecerá estático com o produto ao corpo, e se
dadas em diferentes épocas e com pretensões estivermos nos referindo a uma vestimenta, então,
diversas, por isso, ao criarmos algo para o uso não permanecerá imóvel mesmo. Por isso, quando
do homem, devemos levar esses estudos em con- se pretende trabalhar com vestuário, o ideal é co-
sideração para minimização de erros, como o nhecer as proporções e dimensões do corpo, para
de adequação ao corpo. Desta forma, devemos que a vestimenta se ajuste ao usuário e se mova de
conhecer o corpo a fim de criar para o corpo, o forma confortável.

24
DESIGN

Figura 8 - Estudo de estações de trabalho, imagem do livro he Measure of Man and Woman, de Henry Dreyfuss (1993)
Fonte: Simanaitis Says ([2018], on-line)5.

Figura 9 - Imagem de estudo contida no livro he Measure of


Man and Woman, de Henry Dreyfuss (1993)
Fonte: Simanaitis Say ([2018], on-line)6.

25
ERGONOMIA

Figura 10 - Imagem de medidas de mãos masculina, feminina e infantil, con-


tida no livro he Measure of Man and Woman, de Henry Dreyfuss (1993)
Fonte: Anthopometric Data ([2018], on-line)7.

26
DESIGN

Figura 11 - Imagem do corpo masculino e feminino, contida no livro he Measure of Man and Woman, de Henry Dreyfuss (1993)
Fonte: Anthopometric Data ([2018], on-line)7.

O designer/projetista deve conhecer a estrutura bá- referentes à etnia do indivíduo, à faixa-etária e ao


sica do corpo, os movimentos, a anatomia, as formas tipo de uso do produto para nos referirmos ao tipo
e as medidas do corpo, já que o dimensionamento de medidas estáticas, dinâmicas ou funcionais.
adequado do vestuário é tão importante quanto as Até 1940, a antropometria visava determinar
sensações de conforto, de segurança, de proteção e a apenas algumas grandezas médias, como o peso e a
estética do produto. (BOUERI, 2008). estatura da população, depois passaram a determi-
Um único estudo antropométrico não é válido nar as variações das medidas e os alcances dos mo-
para toda a população mundial, pois existem dife- vimentos (IIDA, 2005).
renças étnicas e climáticas que inluenciaram nas Os primeiros estudos são datados há muitos anos,
medidas do corpo humano. Além disso, há diferen- mas essas pesquisas foram aplicadas de fato e de forma
ciações de medidas entre homens e mulheres além sistêmica em projetos a partir da década de 1950, por
das variações de medidas que ocorrem em um ser conta do desenvolvimento de métodos para aplicação
humano ao longo de sua vida, há diferenças inques- das medidas corporais em diferentes tipos de projetos.
tionáveis entre uma criança de 5 anos, um adoles-
cente de 15, um adulto de 30 e assim por diante. Por Nesse mesmo período, surgiu, nos Estados
Unidos, o escritório de projetos Henry Drey-
isso, é preciso saber para quem estamos desenvol-
fuss, que atuou na área de design, elaborando
vendo o produto para nos basearmos nas medidas

27
ERGONOMIA

projetos com dados ergonômicos e antropomé- mericanos, e isso porque foram projetadas para uma
tricos da população usuária (BOUERI, 2008
altura média de 174,5 cm (IIDA, 2005).
apud FERREIRA 2016, p. 37).
Esses exemplos demonstram o risco que um usu-
ário corre ao utilizar um produto que não tenha sido
A princípio, estas medidas eram tiradas de forma projetado de acordo com suas medidas corporais e me-
manual, mas, atualmente, existem máquinas que es- didas de alcances. No entanto, riscos ao usuário exis-
caneiam o corpo humano e identiicam, detalhada- tem em diversos produtos, e isso acontece quando não
mente, suas dimensões, facilitando o detalhamento se pesquisa o corpo para criar para o corpo, ou quando
dos dados antropométricos para aplicação em dife- não se leva em consideração as medidas da região para
rentes setores, tanto da moda como no projeto de a qual se destina determinado produto, aumentando o
ambientes ou na criação de novos produtos. risco de inadequação do produto ao usuário.
Pode-se apontar como exemplo pesquisas de
REFLITA medidas para a população brasileira, que apresen-
tam diversos problemas, devido à miscigenação
Quando o ponto de contato entre o produto existente, desse modo, há uma variação considerá-
e as pessoas se torna um ponto de fricção, vel de medidas, se considerarmos todo o país. Essas
então o design industrial falhou. diferenças concentram-se nas cinco regiões brasi-
(Henry Dreyfuss) leiras, tendo em cada uma variações consideráveis.
Desta forma, os estudos que se destinam às medidas
corporais ou a modelagens brasileiras devem ser di-
Esses dados podem ser utilizados em todo e qual- vididos pelas regiões, resultando em cinco padrões
quer produto que seja destinado ao uso do homem, de medidas.
podendo ser um mobiliário, um posto de trabalho, As medidas antropométricas podem ser estáti-
objetos de uso e, até mesmo, uma vestimenta. Este cas ou dinâmicas. As estáticas, referem-se às medi-
estudo de medidas é fundamental em diferentes se- das do corpo parado, sem movimento e são muito
tores, o que prova isso são os inúmeros produtos utilizadas no processo de alfaiataria. Já as medidas
inadequados que já foram e ainda são exportados antropométricas dinâmicas são tiradas com o corpo
para outros países sem considerar as variações de em movimento, assim como as funcionais, porém
medidas por inluências étnicas e/ou climáticas. esta refere-se a movimentos especíicos que serão
Um exemplo de inadequação foram as antigas desenvolvidos com o produto. Essas informações
máquinas locomotivas exportadas pelos ingleses são adequadas para projetar, principalmente, vestu-
para a Índia. Elas não se adaptavam aos operadores ários esportivos, pois considera todos os movimen-
indianos, por desconformidade com as medidas dos tos que o atleta produzirá, e, em cada esporte, o tipo
locais. Outro exemplo ocorreu durante a guerra do de movimento será diferente (BOUERI, 2008).
Vietnã quando os soldados vietnamitas com altura Por exemplo, para desenvolver o uniforme das ginas-
média de 160,5 cm tinham muita diiculdade em tas olímpicas, deve-se considerar todo o movimento do
operar as máquinas bélicas fornecidas pelos norte-a- corpo, abertura de pernas, alcances de braços, saltos en-

28
DESIGN

3,2 4,1
3,3 3,4 4,3
1,8
1,7 1,9
1,1
tre outros. Desta forma, o uni-
3,5
3,1 4,21 4,4 forme tem que ser elástico, leve,
4,6 4,5 ajustado e com encaixe perfeito
2,12
2,13 4,7
ao corpo, para não se movi-
5,1
mentar durante a performance,
1,6 1,1
2,1 e tudo isso sem que impeça sua
2,2
1,2 2,3 respiração e transpiração.
2,4
1,4 5,2
1,3 2,11
5,3 Se partirmos do princípio
1,5
2,8
2,6 2,9 2,5 de que não são apenas os atle-
2,10
tas que vivem em movimentos
Figura 12 - Medição estática
constantes, podemos, então,
Fonte: Brendler (on-line, 2013)8. levar em consideração o uso dessas medidas dinâmicas
no projeto de roupas comuns, sem o apelo esportivo, já
SAIBA MAIS que um indivíduo com inúmeras atividades diárias pre-
cisa ter liberdade para movimentar-se de forma geral,
como: sentar, levantar, agachar, deitar, subir e descer
Os supermaiôs utilizados pelos nadadores
alguns anos atrás foi proibido. As polêmicas escadas, andar, correr, entre muitos outros movimen-
começaram na natação mundial, em fevereiro tos comuns presentes no nosso dia a dia, de modo que
de 2008, quando uma marca de acessórios estes produtos não nos impeçam de fazê-lo de forma
esportivos da Austrália lançou o supermaiô
LZR, produzida em parceria com a Nasa e pa- confortável ou, até mesmo, de forma rápida e segura,
tenteada em Portugal. A nova roupa auxiliava sem causar desgaste, desconforto ou insegurança em
o luxo de oxigênio no corpo do atleta, que pequenos movimentos cotidianos (FERREIRA, 2016).
também ganhava nova posição hidrodinâmica
e velocidade incrível dentro da água. A imagem demonstra o corpo parado em diferen-
Com essa medida, uma nova regra surge na tes posições para que seja feita a medição antropo-
natação mundial: “Nenhum nadador será auto- métrica estática e, em seguida, a imagem demonstra
rizado a utilizar ou vestir qualquer máquina ou
maiô que possa lhe dar velocidade, resistência os pontos de articulação que devem ser levados em
ou lutuação extras durante uma competição”, consideração no momento das medidas dinâmicas.
consta no regulamento. Mas não podemos
deixar de reconhecer o quanto este produto
é inovador e ergonômico, pois ele reconheceu
Flexão
as necessidades e diiculdades do atleta e, a
partir disso, com o uso de conhecimentos tec-
Adução Abdução
o

nológicos, desenvolveu um uniforme inovador,


Fle

Extensão
confortável, eicaz, porém polêmico, pois, se
apenas alguns utilizassem, sairiam com van-
tagem sob os que não utilizassem. Justo, mas
que o produto é sensacional, isso é.

Fonte: UOL ([2018], on-line)7. Extensão

Figura 13 - Medição dinâmica

29
ERGONOMIA

Aplicação da
Antropometria

Como os dados antropométricos podem ser extraí-


REFLITA
dos de diversos países, deve-se, antes de qualquer coi-
sa, certiicar-se da origem dos dados. Posteriormente,
deve-se veriicar alguns fatores que inluenciam nos O homem é a medida de todas as coisas, das
resultados das medidas, tais como: etnia, proissão, coisas que são, enquanto são, das coisas que
não são, enquanto não são.
faixa etária, época e condições especiais (IIDA, 2005).
A etnia inluencia nos resultados dos dados, (Protágoras de Abdera)

por isso, deve-se ter conhecimento da região que


os dados foram retirados e para qual região serão
aplicados para que não haja incoerência, devido às A imagem a seguir demonstra as diferenças de pro-
diferenças nas proporções corporais. (IIDA, 2005). porções dos corpos de diferentes etnias.

30
DESIGN

Figura 14 - Diferenças étnicas


Fonte: IIDA, 2005.

A proissão deve ser levada em consideração para isso, é preciso ter conhecimento de como o corpo se
que alguns cuidados sejam tomados, com relação à portará durante o uso do produto, pois, caso o pro-
predominância de homens ou mulheres ou, até mes- duto exija poucos ou nenhum movimento do cor-
mo, à faixa etária predominante, que também deve po, as medidas utilizadas poderão ser as dinâmicas,
ser considerada por conta das formas corporais que como postos de trabalhos de escritórios. Se o produ-
se modiicam, continuamente, com a idade. A época to exigir maiores movimentos corporais, a exemplo
em que os dados antropométricos foram realizados das vestimentas, então, os dados antropométricos
também é importante, pois eles evoluem com o tem- deverão ser os dinâmicos. Ou, então, caso seja ne-
po. E, por im, as condições em que as medidas fo- cessário, pode-se aplicar a antropometria funcional,
ram tiradas, se as pessoas estavam com ou sem rou- na qual se baseia nas medidas associadas à tarefa.
pas, com ou sem calçados, e assim por diante. Do ponto de vista industrial, visando reduzir
Os itens mencionados anteriormente são apenas custo, o ideal seria fabricar um produto padroniza-
para adequar os dados antropométricos ao público do para toda a população, em contrapartida propor-
no qual o produto ou espaço será projetado. Além da cionaria desconforto e insegurança ao usuário, além
adequação às proporções, deve-se, também, deinir disso se tornaria crítico em caso de produtos de uso
se utilizará as medidas dinâmicas ou estáticas, para individual, como vestuário, calçados e equipamento

31
ERGONOMIA

de proteção individual. A falta de adaptação pode

4
Quarto princípio:
reduzir a eiciência do produto. Para que isso não refere-se aos projetos que apresentam dimensões
aconteça, vejamos os cinco princípios para aplicação reguláveis para se adaptar ao usuário, geralmente,
não abrangem o produto como um todo, apenas nas
de dados antropométricos propostos por Iida (2005). regiões críticas para o desempenho. Um exemplo é o
banco do automóvel, que possui regulagem de distân-
cia, de altura, de encosto e, às vezes, até de encaixe

1
Primeiro princípio: da coluna. Estes ajustes são necessários para preser-
var a segurança, conforto e eiciência do usuário.
refere-se aos projetos dimensionados para a média da pop-
ulação, neste caso, utiliza-se o percentil de 50%. É mais uti-
lizado em produtos de uso coletivo, como o banco do ponto
de ônibus. Isso não quer dizer que será ótimo para todos,
mas, coletivamente, causará menos incômodo à maioria,
por isso, em produtos de uso coletivo, são aplicados os da-
dos antropométricos referentes à média da população.

5
Quinto princípio:
este último refere-se aos projetos adaptados ao in-
divíduo, especiicamente para um indivíduo. Como os
aparelhos assistivos de deicientes físicos, aparelhos
ortopédicos, roupas feitas sob medida, sapatos or-
topédicos que precisem de ajuste por conta de algu-

2
Segundo princípio: ma deiciência, entre outros.
refere-se aos projetos dimensionados para um dos ex-
tremos da população, pois, em alguns casos, o uso de
dados médios não funciona, por exemplo, em uma saída
de emergência, onde 50% da população não conseguiria
passar. Assim como, se for construído um painel de con-
trole para a média da população, diicultaria o acesso das
pessoas mais baixas.
Para utilizar este princípio, é necessário saber qual a Para a indústria, quanto mais padronizado melhor, pois
variável limitante, ou seja, se considerado o painel de con-
trole, o limitante é o alcance dos braços. Desta forma, se minimiza o custo. Sendo assim, é mais comum a aplica-
quisermos englobar 95% da população, a medida do alca- ção do primeiro e segundo princípio. Os custos aumen-
nce dos braços não pode ser maior que o comprimento dos
braços de 5% da população. tam, relativamente, no caso da aplicação do terceiro e
quarto princípios, já o quinto é inviável para a indústria,
necessitando de mão de obra especializada. Em contra-
partida, para a ergonomia, quanto menos padronizado
e mais adaptável melhor, pois se entende que os corpos
são diferentes e necessitam de cuidados, adequações e

3
Terceiro princípio:
ajustes diferentes para que cumpra seus princípios de
refere-se aos projetos que são para faixas da população,
como acontece no caso das roupas, que são fabricadas conforto, saúde, eiciência e prazer no uso.
em tamanhos diferentes como P (pequeno), M (médio), G
Ao desenvolver um produto ou ambiente, é ne-
(grande) etc. Neste caso, atende ao maior número de pes-
soas, diminuindo a inadequação. cessário ter conhecimento do usuário para que se
possa utilizar os dados antropométricos e aplicá-los
da forma correta, levando em consideração as ne-
cessidades dos usuários.

32
considerações inais

Caro(a) aluno(a), espero que tenham compreendido o quão importante é o uso da


ergonomia nos projetos de design, independentemente de ser vestimenta, produtos
diversos, ambientes comerciais ou residenciais, enim, tudo o que se cria para o
uso do homem deve-se ter em mente seu corpo, sua origem, para que seja levado
em consideração as diferenças étnicas. A faixa-etária também é importante para
que não ocorram inadequações em virtude das diferenças corporais ao longo da
vida. Necessidades, possibilidades de uso, facilidades e diiculdades também devem
ser consideradas, pois quanto mais informações você tiver do seu usuário, melhor
será a adequação do seu produto a ele.
Com este primeiro capítulo, foi possível ter conhecimento do que é Ergonomia,
quando surgiu, por que foi criada. Falamos sobre a importância dela em todas
as áreas do design e o quanto o produto torna-se mais adequado ao uso humano
quando se considera o corpo para criar um produto. Foi possível compreender as
medidas antropométricas, os tipos existentes e suas formas de aplicação. Por isso,
sempre devemos ter total compreensão de quem é o usuário que utilizará nosso
produto ou ambiente, precisamos saber de que região ele é, qual sua idade, quais
suas diiculdades e quais suas necessidades.
Desta forma, buscaremos a tabela de medidas antropométricas adequada para que
os usuários do meu produto se sintam confortáveis, tenham suas necessidades su-
pridas, além da sensação de conforto durante o uso do produto. Quando as medidas
antropométricas não são levadas em consideração, inadequações podem acontecer
durante o uso do produto, e essas inadequações podem resultar em desconforto,
constrangimento ou, até mesmo, sérios problemas de saúde.
Com conhecimento na base da Ergonomia e da Antropometria, seus objetivos,
sua abrangência e sua importância, acredito que a compreensão dos próximos
capítulos será mais fácil e eicaz.

33
atividades de estudo

1. A adaptação ergonômica de produtos tem uma longa história. A conside-


ração de fatores humanos no desenvolvimento de produtos tem sido um
dos elementos de sua diferenciação no mercado consumidor. Trata-se de
uma forma de adaptar a natureza às necessidades do homem, modiican-
do-a e criando meios artiiciais, quando ela não lhe é conveniente.
A adaptação de produtos já existentes para inserção de características ergonô-
micas enquadra-se em qual tipo de ergonomia?
a. Ergonomia de conscientização.
b. Ergonomia de correção.
c. Ergonomia de participação.
d. Ergonomia de concepção.
e. Ergonomia espacial.

2. A ergonomia é um conjunto de ciências que visa ao bem-estar e ao conforto


do ser humano. Quando a Ergonomia surgiu de forma intuitiva, começou
a ser utilizada de forma consciente e quando foi denominada Ergonomia?
a. De forma intuitiva, na Pré-história, de uso consciente, em 1949, e denomi-
nada nos anos 1970.
b. De forma intuitiva, na Revolução Industrial, de uso consciente, em 1949, e
denominada nos anos 1970.
c. De forma intuitiva, na Pré-história, de uso consciente, na Revolução Indus-
trial, e denominada ergonomia em 12 de julho 1949.
d. De forma intuitiva, na Pré-história, de uso consciente, na revolução indus-
trial, e denominada ergonomia em 1970.
e. De forma intuitiva, na Pré-história, de forma consciente, na revolução in-
dustrial, e denominada ergonomia também na revolução industrial.

3. Com relação à Antropometria Estática e Dinâmica, analise as airmativas:


I. A estática refere-se às medidas tiradas do corpo sem movimentos.
II. A medida estática é feita com o corpo em movimento apenas no caso de
atletas.
III. As medidas dinâmicas são tiradas com o corpo em movimento.
IV. As medidas dinâmicas são tiradas apenas no caso de desenvolvimento de
uniformes para atletas.

34
atividades de estudo

Assinale a alternativa correta:


a. Apenas I e II estão corretas.
b. Apenas II e III estão corretas.
c. Apenas I está correta.
d. Apenas II, III e IV estão corretas.
e. Nenhuma das alternativas está correta.

4. Com relação à aplicação da Antropometria, assinale verdadeiro (V) ou falso


(F) nas seguintes airmações:
( ) Para desenvolvimento de produtos de uso coletivo, o mais apropriado é o
uso da média da população para menos inadequação dos usuários.
( ) Em caso de produtos adaptáveis, utiliza-se as medidas antropométricas de
um usuário especíico, neste caso, o que utilizará o produto.
( ) Existem os produtos com dimensões reguláveis para se adaptar ao usuário,
geralmente, não possuem regulagens no produto como um todo, apenas nas
regiões críticas para o desempenho. Abrangem maior parte das pessoas com
segurança e eicácia.
Assinale a alternativa correta:
a. V, V e F.
b. F, F e V.
c. V, F e V.
d. F, F e F.
e. V, V e V.

5. A ergonomia deveria estar presente a todo momento em nosso dia a dia,


pois sua ausência é facilmente percebida. De que forma a ergonomia pode
ser aplicada numa residência com o intuito de facilitar os trabalhos diários?

35
LEITURA
COMPLEMENTAR

LEVANTAMENTO DE DADOS ANTROPOMÉTRICOS PARA O


DIMENSIONAMENTO DE ARMÁRIOS DE GUARDAR ROUPA PARA
CADEIRANTES
Seleção de variáveis antropométricas
Além da seleção dos percentis corretos para o desenvolvimento de um projeto de pro-
duto, faz-se necessária a correta seleção das variáveis antropométricas. Na verdade,
uma das maiores razões de erro na aplicação de dados antropométricos encontra-se
na seleção incorreta da variável pertinente. É frequente a utilização da estatura para
deinir o local de melhor visualização de mostradores, quando o certo seria utilizar a
altura do nível dos olhos e, a partir daí, delimitar o campo de visão. Outro erro cometi-
do é a seleção da largura de ombros bideltóide, quando o que se quer é dimensionar
a largura do apoio lombar. Neste caso, seria melhor, então, a largura do tórax entre as
axilas para não atrapalhar a movimentação do usuário.
Tal fato explica, parcialmente, porque, até em países onde existe profusão de levanta-
mentos, os produtos não são bem dimensionados (MORAES, 1994, p. 37). Moraes (1983,
p. 327) lembra que se deve observar a especiicidade do projeto, explicitada a partir da
análise da tarefa, pois só dessa forma é que se determinará, em última instância, as va-
riáveis que serão necessárias ao dimensionamento da estação de trabalho ou produto.
Variáveis antropométricas para dimensionamento de armários para guardar roupa
As recomendações para o dimensionamento de armário de guardar roupas para ca-
deirantes que aqui apresentamos estão baseadas no referencial teórico levantado,
assim como nas referências de Panero (2003) cujas indicações mostraram que o cor-
reto dimensionamento de um produto é fundamental para o conforto dos usuários e
a prevenção de patologias. Ressaltamos que as recomendações aqui elaboradas ape-
nas servem como referência para um primeiro passo ao se dimensionar um armário

36
LEITURA
COMPLEMENTAR

de guardar roupas. Estes dados são teóricos e devem ser, exaustivamente, testados
quanto à validade por meio da elaboração de testes antes da elaboração do produto
inal quando feito sob medida para um único usuário ou encaminhamento dos projetos
para linha de produção. Foram levantadas as variáveis antropométricas para dimensio-
namento considerando os 5º e 95º percentis, sendo o 5º da mulher e 95º do homem, de
forma a atender a 90% da população usuária.
Variáveis antropométricas para dimensionamento de armários para guardar roupa
Algumas variáveis dimensionais devem ser levadas em consideração, então, deine-se
a variável dimensional e se aplica o percentil baseado nas medidas dos homens ou das
mulheres, de acordo com o que se adequa melhor a maioria uma vez que não se dife-
rencia um armário para homens e outro armário para mulheres.
Tanto na profundidade do armário como na altura máxima da arara, aplica-se o per-
centil 5 da mulher, enquanto na largura da porta aplica-se o percentil de 95 do homem.
O ângulo de abertura da porta deve ser de 90º, no mínimo, e, na circulação, aplica-se
o percentil de 95 do homem. Na altura máxima do topo de gavetas, altura mínima do
fundo de gavetas, altura máxima de prateleiras, altura mínima de prateleiras e altura
máxima do armário devem ser aplicadas o percentil de 5 das medidas das mulheres.
Com relação ao campo de visão e visualização de objetos no armário, deve se consi-
derar o campo visual na postura sentado, sendo aplicado, então, 30º acima da linha
padrão e 30º abaixo da linha padrão - 60º total abrangendo, assim, o percentil de 5 para
mulheres e de 95 para homens.
Conclusão
Com base na análise feita até o momento, as pessoas com deiciência adquiriram gran-
des conquistas a partir da década de 1990, tanto no campo de pesquisa como em leis
que garante o direito de acessibilidade, identiicando e eliminando as diversas barreiras

37
LEITURA
COMPLEMENTAR

que impeçam a realização e exerçam as atividades no corpo social, a im de garantir


uma sociedade democrática. Portanto, a antropometria e a ergonomia, sob o vetor
do design, trazem estudos de medidas físicas do corpo humano e sua relação com o
trabalho, originando resultados que garantam as modiicações nos diversos âmbitos
sociais, dando autonomia nos espaços, nos mobiliários e equipamentos urbanos, nas
ediicações, nos serviços de transporte e dispositivos, nos sistemas e meios de comu-
nicação e informação.
Considera-se, para tanto, de modo conclusivo e pautado nos limiares da pesquisa, que
a aplicação adequada das práticas projetuais, associadas aos princípios do Design Uni-
versal e o emprego de requisitos antropométricos permitirão o desenvolvimento de
mobiliário acessível e adaptado à inclusão de todas ou da maioria das pessoas ao uso
do mesmo. No estudo aqui proposto, os requisitos antropométricos delimitados deve-
rão, exclusivamente, ser aplicados ao projeto de guarda-roupas. No entanto cabe ao
designer, partindo do mesmo princípio aqui exposto, estabelecer parâmetros projetu-
ais adequados ao uso no que tange à relação homem x tarefa x máquina.
Sugere-se como propostas futuras a continuidade da pesquisa no âmbito de estudo
de requisitos para outros mobiliários, propor ambiente mobiliado inclusivo bem como
o estudo de aplicação dos parâmetros citados à indústria moveleira. Aqui, também se
propõe o uso do resultado da pesquisa e da sua continuidade, pautada na produção
industrial com valor acessível à maioria.

Fonte: adaptado de Mariño, Silveira e Silva (2016).

38
material complementar

Indicação para Ler

Ergonomia: Projeto e Produção


Itiro Iida e Lia Buarque
Editora: Blucher
Sinopse: nas últimas décadas, alargou-se a abrangência da ergonomia, com a
visão macro ergonômica e com maior respeito a certas minorias populacionais,
como as pessoas idosas, obesas e portadoras de deiciências. Neste volume, fo-
ram colocados casos de aplicação ao inal dos capítulos. Sempre que possível,
baseou-se em pesquisas brasileiras ou aquelas com possíveis aproveitamentos
em nossas situações de trabalho. A aplicação dos conhecimentos deste livro con-
tribuirá para melhorar o desempenho humano no trabalho, reduzindo erros,
acidentes, estresses e doenças ocupacionais. Ao mesmo tempo, contribuirá para
aumentar o conforto e a eiciência dos trabalhadores, com evidentes resultados
custo/benefício favoráveis.

Indicação para Assistir

Tempos Modernos
Ano: 1936
Sinopse: Tempos Modernos é uma crítica ao modo capitalista de produção. Os
operários trabalhavam com cargas horárias extensas, com obrigação de pro-
duzir sempre mais em condições subumanas, lugares sujos e máquinas de ma-
nuseio perigoso. A luta por melhores salários, melhores condições de trabalho
e por uma carga horária menor eram constantes desde a Revolução Industrial.
O ilme continua sendo atual, porque mostra um contexto social parecido com
nosso dia a dia, como se Chaplin tivesse uma visão do futuro. O avanço tecnológi-
co não atingiu plenamente o objetivo da melhoria da sociedade humana, porque
trouxe consequências que o homem não consegue administrar.
Comentário: o ilme apresenta os problemas citados no primeiro tópico da unida-
de, onde se relata a necessidade da criação de estudos como a Ergonomia.

39
material complementar

Indicação para Acessar

O artigo a seguir relaciona a Ergonomia com o Design de Moda, especiicamente, na modelagem.


Acesse: <http://www.coloquiomoda.com.br/anais/Coloquio%20de%20Moda%20-%202006/artigos/107.pdf>.
O artigo a seguir relaciona a Ergonomia com o design de Interiores.
Acesse: <https://eed.emnuvens.com.br/design/article/view/276>.

40
referências

BOUERI, J. J. Sob Medida: antropometria, projeto e modelagem. In: PIRES, D.


B.(Org.). Design de Moda: olhares diversos. Barueri-SP: Estação das Letras e Co-
res Editora, 2008.
IIDA, I. Ergonomia: projeto e produção. 2. ed. São Paulo: Blucher, 2005.
MARIÑO, S. M.; SILVEIRA, C. S.; SILVA, R. C. Antropometria aplicada ao de-
sign de produtos: um estudo de caso de dimensionamento de armário de guar-
dar roupa para cadeirantes. In: CONGRESSO INTERNACIONAL DE ERGO-
NOMIA APLICADA, 1., 2016, Recife. Anais... Recife: CONAERG, 2016. p.1-13.
Disponível em:< http://pdf.blucher.com.br.s3-sa-east-1.amazonaws.com/engine-
eringproceedings/ conaerg2016/7749.pdf>. Acesso em: 14 mar. 2019.
MARTINS, S. B. Ergonomia e moda: repensando a Segunda Pele. In: PIRES, D. B.
(Org.). Design de Moda: olhares diversos. Barueri-SP: Estação das Letras e Cores
Editora, 2008.
SALTZMAN, A. O design vivo. In: PIRES, D. B. (Org.). Design de moda olhares
diversos. Barueri: Estação das Letras e Cores, 2008. p. 305-318.
FERREIRA, V. C. T. Design de moda e tecnologia têxtil: Projetos ergonômicos
de Nanni Strada e Issey Miyake. 2016. 76f. Dissertação (Mestrado em Design de
Moda), UNIVERSIDADE ANHEMBI MORUMBI, São Paulo, 2016.

Referências on-line
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CxY1QptBQ_redirect%3Dhttp%253A%252F%252Fportal.anvisa.gov.br%252F-
tabaco%252Fimagens-deadvertencia%253Fp_p_id%253D110_INSTANCE_
ZaYCxY1QptBQ%2526p_p_lifecycle%253D0%2526p_p_state%253Dnor-
mal%2526p_p_mode%253Dview%2526p_p_col_id%253Dcolumn2%2526p_p_
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G6EvzxLEpgOJqdZcU2nj5RmzCroBMrTtxz07xLMZ3BItOIGKK54QWrpzTOa-
Gh5aPFbxdWKd0mVucEcxph2getHOow06O5gFLsD0qodqMaWZP9Wgr0wHu-
fvTMv0CChhoKUockDD7OB6EL4Ud5sUBJrvvZv8COp1AlqMG5qNT3UzO0u-
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42
gabarito

1. Alternativa b - Ergonomia de correção.


2. Alternativa c - De forma intuitiva, na pré-história, de uso cons-
ciente na revolução industrial, e denominada Ergonomia em 12
de julho 1949.
3. alternativa a - Apenas I e II estão corretas.
4. Alternativa e - V; V e V.
5. De diversas formas, sempre com o intuito de facilitar a vida do in-
divíduo e contribuir para que ele realize suas tarefas com eicácia
e conforto. Por exemplo, caso o indivíduo não levante os objetos
pesados com a postura correta, pode desenvolver lesões corpo-
rais sentidas imediatamente ou após a inalização da tarefa. Ou,
então, ao lavar louça numa pia mais baixa que o correto, as dores
nas costas são inevitáveis.

43
ERGONOMIA EM AMBIENTE
DE TRABALHO

Professora Me. Veridianna Cristina Teodoro Ferreira

Plano de Estudo
A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta
unidade:
• Biomecânica ocupacional
• Posto de trabalho, controles e manejos
• Percepção e processamento de informação
• Dispositivo da informação
• Ergonomia no dia a dia

Objetivos de Aprendizagem
• Detalhar a postura do corpo no ambiente de trabalho,
além de compreender aplicações de forças e examinar
levantamento e transporte de cargas.
• Detalhar o trabalho estático, dinâmico e os enfoques do
posto de trabalho, analisando tarefas e arranjo físico de
posto de trabalho.
• Explicar sensação e percepção e compreender memória
humana e organização da informação.
• Apresentar principais tipos de mostradores e alarmes e
deinir ergonomia de sinalização
• Apresentar formas de utilização da ergonomia no dia a dia
e nas atividades domésticas e cotidianas.
unidade

II
INTRODUÇÃO

O
lá, caro(a) aluno(a), nesta segunda unidade, compreenderemos
como a ergonomia funciona no ambiente de trabalho, tanto a
postura do corpo no trabalho como as formas de prevenção
para que o trabalho não prejudique a saúde do corpo e da men-
te. Para isso, compreenderemos as posturas de trabalho, que podem ser
em pé, sentado ou deitado, mas todos têm seus prós e contras que, aqui,
serão discutidos. Para cada tipo de tarefa a ser desempenhado, existe uma
postura mais adequada.
Discutiremos, também, sobre os danos à saúde do indivíduo quando ele
desenvolve tarefas, como levantamento e transporte de cargas sem os cuida-
dos necessários. O trabalho que o indivíduo desenvolve pode ser estático ou
dinâmico, e serão apresentadas as duas formas, além de relatados os seus pon-
tos positivos e seus pontos negativos para cada tipo de função.
Os postos de trabalhos inadequados provocam estresses musculares,
dores e fadiga que, na maioria das vezes, pode ser resolvida com interven-
ções ergonômicas simples, como aplicação de dimensões reguláveis nas
mesas ou cadeiras, para que o indivíduo se sinta confortável, independen-
temente de ele ter 1,60 de altura e 70 kg, ou 1,90 de altura e 110 kg, entre
outras variações de pesos e alturas. Muitas vezes, a melhoria do indivíduo
no mercado de trabalho dá-se também com a inserção de pausas, quando
em trabalhos muito fatigantes.
Além dos aspectos físicos do trabalhador e compreensão de como o
corpo funciona, precisamos, também, compreender como funciona o cére-
bro do ser humano, como ele recebe, processa e interpreta a informação, e
isso fazemos por meio da ergonomia cognitiva. Compreenderemos, então,
como nosso cérebro funciona com este turbilhão de informações que recebe
a todo momento, como processa, percebe, compreende e toma uma decisão.
Finalizaremos nossa unidade compreendendo como a ergonomia está
presente em nosso dia a dia, em nosso emprego, em nossa casa, em nossas
vestimentas e produtos.
PROFESSORA ME. VERIDIANNA CRISTINA TEODORO FERREIRA

Biomecânica
Ocupacional

Olá, caro (a) aluno (a), para compreendermos a bio- Segundo Iida (2005, p. 159) “analisa basicamen-
mecânica ocupacional, precisamos compreender te a questão das posturas corporais no trabalho, a
a biomecânica geral que se refere aos movimentos aplicação de forças, bem como as suas conseqüên-
corporais relacionados ao trabalho, logo, a biome- cias”. Quando as máquinas, os ambientes ou as ferra-
cânica ocupacional refere-se aos movimentos rela- mentas referentes aos postos de trabalho estão ina-
cionados ao trabalho do usuário, com suas especi- dequadas ao corpo do trabalhador, podem ocorrer
icidades, como ferramentas, máquinas, materiais estresses musculares, dores e fadiga. Para evitar tais
utilizados etc. Desta forma, a biomecânica visa re- complicações, o ambiente deve passar por interven-
duzir os riscos de lesões músculo esquelético, bem ções ergonômicas para adequação do posto de tra-
como acidentes de trabalho. balho, isso pode acontecer por meio de adequações

48
DESIGN

no layout, inserção de pausas ou, até mesmo, com SAIBA MAIS


simples adequações em mesas e cadeiras.
O corpo humano é a máquina mais complexa “No Japão existem empresas que reúnem to-
que existe, assemelha- se a um sistema de alavancas dos os trabalhadores para uma ginástica de
movidos pela contração muscular, e estes movimen- aquecimento, antes da jornada de trabalho.
Outros instituíram também pausas regulares
tos permitem-nos fazer várias coisas, porém esta má- [...] Isso é importante [...] no caso de trabalhos
quina possui diversas limitações e fragilidades que estáticos ou tarefas altamente repetitivas”
não podem ser ignoradas na projeção de um espaço, (IIDA, 2005, p. 161).

produto, vestimenta ou posto de trabalho. Quando


as limitações do corpo são ignoradas, aumentam as
chances de inadequação, consequentemente, aumen- aplicação de força necessária e um movimento cor-
tam riscos de dores, lesões, acidentes etc. reto para aplicação da força da forma correta, sendo
O corpo é como uma máquina e, desta forma, assim, cada ambiente de trabalho deve ser averigua-
precisa ser aquecido antes de iniciar suas tarefas, do, isoladamente, assim como a capacidade de força
pois isto reduz o risco de acidente. Um atleta precisa de cada operador.
aquecer antes da competição para manter seu corpo Para fazer determinado movimento, podem ser
aquecido e minimizar lesões musculares. utilizadas diversas combinações de contrações mus-
O primeiro passo para aplicação das interven- culares, cada uma delas com um tipo especíico de
ções ergonômicas na biomecânica ocupacional é en- velocidade, precisão e movimento. Os custos ener-
tender, como já dito, que o corpo é como uma má- géticos são diferentes para cada tipo de músculo.
quina, posteriormente, deve se compreender como Quando o operador é experiente, ele fadiga menos
esta trabalha, para isso, é preciso diferenciar o traba- que um operador inexperiente, pois aprende a usar
lho estático do dinâmico. aquela combinação com maior eiciência, economi-
zando, assim, suas energias (IIDA, 2005).
APLICAÇÃO DE FORÇAS

Os movimentos humanos são resultados de contra-


ções musculares, sua força depende da quantidade
de ibras musculares contraídas. Geralmente, apenas
dois terços da forma de um músculo pode ser con-
traída de cada vez, mas se nos referirmos aos longos
períodos, a contração muscular não deve ultrapas-
sar 20% da força máxima.
No ambiente de trabalho, as exigências de for-
ças devem ser adaptadas às capacidades do usuário e
às suas condições operacionais reais. Para cada tipo
de trabalho haverá um movimento especíico, uma

49
PROFESSORA ME. VERIDIANNA CRISTINA TEODORO FERREIRA

Este é um processo natural. Por exemplo, quando


começamos a fazer algo, muitas vezes, começamos
de forma desajeitada ou mesmo descoordenada.
Com a repetição desta atividade, vamos, natural-
mente, modiicando nossa postura e nossa forma de
agir para fazermos de forma mais confortável e ágil.
Uma exigência muito comum no dia a dia de
operadores, em diversas áreas produtivas, é o esfor-
ço repetitivo. Estas tarefas estão presentes em nosso
dia a dia sem que a gente perceba, como ao bater
clara em neve com as mãos, ao utilizar tesoura, lixar
madeira ou, até mesmo, em simples tarefas de casa. LEVANTAMENTO E TRANSPORTE DE
Porém, quando estes esforços não são realizados por CARGAS
muito tempo, não notamos seus efeitos.
Há algumas proissões que exigem atividades O levantamento e transporte incorreto de cargas é o
que demandam esforços repetitivos, desta forma, maior responsável por lesões musculares entre os tra-
o operador a desempenha em toda sua jornada de balhadores. “Aproximadamente 60% dos problemas
trabalho, isso acontece, por exemplo, em setores de musculares são causados por levantamento de car-
desossa de carnes em frigoríico. Acontece, também, gas e 20%, puxando ou empurrando-as” (BRIDGER,
com manicures, operadores de linha de montagem, 2003). Isso ocorre, principalmente, por variações in-
pessoas que trabalham com digitação, entre outros dividuais de capacidades físicas, falta de treinamento
(GRANDJEAN, 1998). ou treinamento ineiciente que, muitas vezes, ocorre
O esforço repetitivo causa estresse nos tecidos pela substituição frequente de trabalhadores, inde-
dos músculos, ossos e articulações, e se não houver pendentemente de serem homens ou mulheres. O
um tempo de repouso para recuperar este estresse, que pode gerar um grande problema, pois as mulhe-
ele se acumulará, causando lesões neste tecido, po- res possuem, em média, metade da força dos homens
dendo evoluir para doenças ocupacionais. para levantamento de peso (IIDA, 2005).
A mais comum das doenças ocupacionais é a LER É necessário conhecer a capacidade humana de
(Lesão por Esforço Repetitivo), porém a LER é ape- cada indivíduo para que as tarefas e as máquinas se-
nas uma das diversas doenças ocupacionais que são jam corretamente dimensionadas, sem ultrapassar
conhecidas como DORT - Distúrbio Osteomuscular os limites que resultam em lesões reversíveis ou, até
Relacionado ao Trabalho (ASCENSÃO et al., 2003). mesmo, irreversíveis. Para evitar problemas com os

50
DESIGN

levantamentos de cargas, é preciso tomar alguns cui- Manter a carga o mais próximo possível do corpo
dados, como manter a coluna reta e utilizar sempre a também é uma recomendação importante, pois fa-
musculatura da perna, como fazem os esportistas de cilita a ação e a deixa mais segura. Dividir a carga
levantamento de peso. para que o corpo mantenha o equilíbrio durante o
levantamento também diminui riscos de
lesões. Antes de levantar o peso, também
é importante observar se o local em que o
transportará não contém obstáculos que
possam atrapalhá-lo ou até mesmo provo-
car um acidente (IIDA, 2005) .
As regras para transporte de cargas são
semelhantes, pois se deve manter a coluna
reta, manter a carga próxima do corpo du-
rante o transporte e dividir o peso, igual-
mente, nos dois braços. Caso seja bastante
peso, é recomendado que se dê mais voltas
em vez de ultrapassar o seu próprio limite
Figura 1- Levantamento de peso de carga, além disso, também é importan-
Fonte: Pexels ([2018], on-line)1. te ter uma pega segura, trabalhar em equi-
pe quando a carga for volumosa ou apenas
uma peça já exceda o limite do trabalhador.
Deve-se deinir o caminho a ser per-
corrido antes de começar, optando por lu-
gares que não tenham desníveis no piso ou
obstáculos (IIDA, 2005). Aliás, os desníveis
em postos de trabalhos devem ser evitados
em todas as áreas, não apenas em processos
de levantamento e transporte de peso, pois
estes pequenos degraus podem ocasionar
sérios acidentes. Sempre que possível, é in-
teressante utilizar transportadores mecâni-
Figura 2 - Transporte de cargas: técnica correta e incorreta cos ou, até mesmo, carrinhos manuais, pois
fonte: adaptada de UFRRJ ( [2018], on-line)2 . eles mesmos já facilitam o transporte.

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PROFESSORA ME. VERIDIANNA CRISTINA TEODORO FERREIRA

Posto de Trabalho,
Controles e Manejos

As tarefas em postos de trabalho podem ser consi- da contração dos músculos do pescoço e do ombro
deradas estática ou dinâmica. No trabalho estático, para manter a cabeça inclinada para frente, ou, até
há a exigência de contração contínua de alguns mús- mesmo, dos músculos da mão esquerda, enquanto
culos para que seja possível manter-se em determi- segura uma peça para ser martelada pela mão direi-
nada posição. Quando não produz movimentos dos ta, por exemplo (IIDA, 2005) .
segmentos corpóreos, é denominado contração iso- O trabalho estático exige diversos cuidados, pois
métrica. Alguns exemplos destas tarefas dão-se pelo fadiga de forma precoce. Por exemplo, um trabalho
esforço exigido pelos músculos dorsais e das pernas estático com carga de 50% de força máxima pode
para o indivíduo manter-se em pé, ou pela exigência durar, no máximo, 1 minuto, mas, se a força aplica-

52
DESIGN

Por isso, é preciso medir a força do indivíduo para


calcular o quanto ele pode desempenhar de esforços
em suas atividades para que não ultrapasse seu limi-
te e desenvolva doenças no trabalho. Já o trabalho
dinâmico dá-se quando ocorre alternância de con-
trações e relaxamentos, como: martelar, serrar, diri-
gir e, especiicamente, girar um volante, ou, até mes-
mo, caminhar. Enquanto se desenvolve este tipo de
atividade, algumas partes do corpo estão contraídas,
enquanto outras estão relaxadas e, posteriormente,
as que estavam relaxadas se contraem, e as que esta-
vam contraídas relaxam.

da for inferior a 20%, pode durar um tempo maior.


A carga estática não deve ser superior a 8% da força
máxima, quando se refere às atividades a serem de-
senvolvidas diariamente e por longos períodos. Se
a carga chegar de 15% a 20% da força máxima e for
desempenhada por horas em dias seguidos, resulta Desta forma, ativa-se a circulação nos capilares, au-
em dores e sinais de fadiga (GRANDJEAN, 1998). menta-se o volume do sangue circulado em até 20
vezes, se comparado ao trabalho dinâmico, além
disso, o músculo recebe mais oxigênio e aumenta
a resistência à fadiga do indivíduo (IIDA, 2005). Se
compararmos o trabalho estático do trabalho dinâ-
mico, podemos perceber que o trabalho estático é
altamente fatigante, por isso, deve ser evitado sem-
pre que possível. Porém, caso o estático seja neces-
sário, deve-se aplicar soluções ergonômicas para mi-
nimizar os desgastes dos usuários, tais como, apoio
de braços, pernas, permitir mudança de posturas,
inserir pausas, entre outras.

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PROFESSORA ME. VERIDIANNA CRISTINA TEODORO FERREIRA

lho, sem desconforto, estresse, fadiga ou, inclusive,


problemas de saúde. Muitas vezes, o trabalhador
assume posturas incorretas, resultantes de projetos
inadequados de máquinas, equipamentos, postos
de trabalho ou, até mesmo, pela exigência de deter-
minadas tarefas. O redesign do espaço ou do equi-
pamento evita estes problemas e outros que podem
surgir a partir da postura inadequada a longo prazo.
Existe uma postura correta para cada tipo de tra-
balho a ser desempenhado, seja ele em pé deitado,
sentado, seja, até mesmo, inclinado com a cabeça
para frente. Deve-se ter conhecimento do tipo de
atividade e da aplicação das medidas antropométri-
cas corretas. Para que o corpo não seja prejudicado,
é necessário aplicar conceitos ergonômicos nos pos-
POSTURAS DO CORPO tos de trabalho, baseando-se em princípios defen-
dendo que: se o ambiente de trabalho será utilizado
A postura refere-se aos estudos de posicionamento pelo homem, então, deve se basear no corpo deste
das partes do corpo, desde a cabeça, tronco e mem- homem e nas suas atividades a serem desenvolvidas
bros, no espaço em que se insere. A boa postura é neste ambiente de trabalho para desenvolvê-lo com
fundamental para o desempenho de um bom traba- qualidade e segurança.

Quadro 1 - Localização das dores no corpo, provocadas por posturas inadequadas

Postura adequada Risco de Dores


Em pé Pés e Pernas (varizes)
Sentada sem encosto Músculo extensores do dorso
Assento muito alto Parte inferior das pernas, joelhos e pés
Assento muito baixo Dorso e pescoço
Braços esticados Ombros e braços
Pegas inadequadas em ferramentas Antebraço
Punhos em posição não-neutras Punhos
Rotações do corpo Coluna vertebral
Ângulo inadequado assentos/encosto Músculos dorsais
Superfície de trabalho muito baixa ou muito alta Coluna vertebral, cintura escapular

Fonte: Iida (2005, p. 166).

54
DESIGN

Percepção e Processamento
de Informação
Como o ser humano está sempre em contato com uma fonte, um meio e um receptor e é captada pelo
outras pessoas, máquinas, outros ambientes e pro- organismo humano e conduzida ao sistema nervo-
dutos, ele permanece em troca contínua de infor- so central, onde ocorre a decisão. Muitas vezes, es-
mações entre estes elementos, tanto recebendo tas informações icam armazenadas na memória de
informações e estímulos como transmitindo. A in- longa duração para futuras decisões.
formação ou a comunicação só existe quando há

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PROFESSORA ME. VERIDIANNA CRISTINA TEODORO FERREIRA

A ergonomia estuda, principalmente, os siste- como fome, vontade de evacuar, etc. (IIDA, 2005).
mas onde ocorrem uma predominância dos aspec- A todo momento recebemos inúmeros sinais
tos sensoriais, ou seja, de percepção e processa- do ambiente, porém nem todos transmitem infor-
mento de informação, além da tomada de decisão. mações importantes. Como vimos anteriormente,
Isso envolve captação de informação (percepção), temos diversas maneiras de captar estes sinais por
armazenamento (memória) e seu uso no trabalho intermédio dos nossos sentidos, porém, quando o
(decisão). O aumento do interesse por este tipo de nosso cérebro concentra a atenção para receber al-
pesquisa deu-se a partir dos anos de 1980, por conta gum estímulo auditivo, por exemplo, consequen-
da difusão da informática para automação e roboti- temente, a atenção será reduzida nos outros senti-
zação do trabalho (IIDA, 2005). dos. Este processo é denominado atenção seletiva.
A ergonomia passou a estudar estes aspectos de- Esta sensação recebida é processada pelo cérebro,
nominados ergonomia cognitiva, com o intuito de especiicamente, pelo sistema nervoso central, em
compreender melhor a interação entre pessoas e sis- que é processada como informação e, por meio de
temas de trabalho, a im de realizar projetos de má- experiências armazenadas na memória de longa
quinas mais eicazes. Muitas vezes, falamos de sensa- duração, o cérebro interpreta o sinal, o que é de-
ção e percepção como se fossem a mesma coisa, mas, nominado como percepção. Por isso, as percep-
para compreendermos a forma como nosso cérebro ções são muito particulares, pois são ligadas às vi-
funciona, recebe informações e as transforma, preci- vências e experiências de cada indivíduo, ou seja,
samos saber a diferença entre estes dois estímulos. um mesmo sinal pode emitir percepções distintas
A sensação refere-se ao processo biológico de em diferentes pessoas, levando a tomarem dife-
captação de energia ambiental. Essa energia é captada rentes decisões (NORMAN, 2004).
por células nervosas dos órgãos sensoriais, sob forma Desta forma, a percepção é a interpretação dos
de luz, calor, pressão, movimentos, partículas quími- estímulos captados pelo sentido e depende de expe-
cas entre outros (IIDA, 2005). Esta sensação pode vir riências anteriores e fatores individuais para serem
por meio da visão, da audição, do tato, do paladar, interpretadas. O nosso cérebro recebe e processa,
do olfato, da cinestesia que ocorre quando se perce- continuamente, as informações do ambiente, isso
bem os movimentos e o posicionamento das partes ocorre em pouquíssimo tempo, praticamente, em
do corpo, sentido vestibular, que se refere à sensação micros segundos, e não é preciso estar consciente,
de equilíbrio, e, até mesmo, sentido de propriocep- podendo ocorrer automaticamente. A memória de
ção, que se refere às condições internas do organismo, longa duração é utilizada para interpretação das

56
DESIGN

Figura 3 - Esquema dos processos perceptivo, cognitivo e motor

sensações, transformando-a em percepção, além nossa memória dele não se recorde mais (IIDA, 2005)
disso, tem grande capacidade de armazenamento e Desta forma, podemos compreender o proces-
tem caráter duradouro e associativo. so cognitivo da seguinte maneira: recebemos sinais
A memória de curta duração tem outra função e do meio ambiente pelos órgãos de sentido que, por
está ligada a serviço, por isso, também é conhecida meio da nossa memória de longa duração, geram a
como memória de trabalho. Esta memória retém in- percepção. Este processo inicial é denominado per-
formações por períodos extremamente curtos, como ceptivo. Depois de percebidos, interpretamos estes
5 a 30 segundos, em seguida, são completamente es- sinais também por meio da memória de longa du-
quecidas, na maioria das vezes. Por exemplo, um nú- ração e tomamos uma decisão. Este processo é de-
mero de telefone que se memoriza, até ser digitado nominado como processo cognitivo. E, por im, agi-
posteriormente, sua memória apaga, e, se demorar- mos sob o comando da memória de curta duração, e
mos mais de 30 segundos para digitá-lo, pode ser que este processo é denominado processo motor.

57
PROFESSORA ME. VERIDIANNA CRISTINA TEODORO FERREIRA

Os dispositivos de informação estão presentes em O corpo humano é composto por muitas célu-
diversos tipos de produtos, ambientes e situações, las sensíveis, mas as principais compõem a visão e a
desde objetos de uso cotidiano, como rádios, car- audição, por este motivo, são as mais estudadas pela
ros, relógios, celulares, até painéis de controles mais ergonomia e são, também, os sentidos mais utiliza-
complexos, como cabines de aeronaves e centrais de dos na captação de informações. A visão destaca-se
controles de usinas nucleares. Um projeto inade- por ser o órgão principal da percepção de informa-
quado pode causar erros, demoras de compreensão, ções no trabalho. Os dispositivos de informações
acidentes, em alguns casos o resultado pode ser de- transmitem informações ao usuário desde rótulos,
sastroso (IIDA, 2005). manuais de instruções, interface de produtos ou, até

58
DESIGN

mesmo, informações relacionadas ao trânsito e aos Os símbolos transmitem informações e, por se


interiores de ambientes. tratar de imagens, eles rompem barreiras de idio-
Deve-se pensar sempre na melhor maneira dessa mas. Geralmente, sua imagem tem proximidade
informação chegar ao indivíduo, ou seja, se o am- com o objeto real, o que facilita sua compreensão.
biente tem muito ruído, deve-se optar por informa- Os símbolos também são rápidos de serem lidos e
ções escritas, pois o barulho atrapalha a compreen- compreendidos, são muito usados em aeroportos
são do áudio. Se o ambiente for escuro, é preferível e rodoviárias, pela quebra de idiomas e em rodo-
sonoro ou com painéis iluminados; se a informação vias pela fácil compreensão. Nem sempre são cla-
for complexa, é preferível de forma escrita para que ros, pois dependem do repertório do indivíduo.
a pessoa possa ler mais de uma vez para compre- As placas são como sinais percebidos pela visão
ender. Existem casos em que a informação pode ser e interpretados pela nossa memória de longa du-
por símbolos, como placas de trânsito, imagens de ração, por isso, em alguns casos podem não ser
menino e menina para banheiro, que são de fácil interpretados corretamente, como as placas de
compreensão a diferentes povos. trânsito, que serão compreendidas apenas pelas
pessoas que dirigem.
Um projeto inadequado dos dispositivos de in-
formação pode causar demora para compreensão
das informações ou compreensão incorreta, levando
a erros e acidentes cujas consequências podem ser
desastrosas. Por isso, é importante considerar que
existem formas mais eicientes de transmitir infor-
mações em determinados contextos. Veremos um
pouco mais a seguir.

Mostradores

Em muitos produtos, veículos e locais de trabalho


existem sistemas de informação especíicos que nos
Quando inadequado, um símbolo ou imagem pode auxiliam a compreender o que devemos fazer, ou
causar demora para compreensão, compreensão in- trazem informações sobre o estado do sistema que
correta, podendo levar a erros e acidentes. As infor- estamos operando. Esses sistemas de informação
mações devem ser sempre claras e de fácil compreen- são chamados de mostradores, elementos empre-
são e, para que isso aconteça, existem algumas formas gados em produtos, máquinas, veículos etc. para
de disponibilizar informações aos usuários, para cada indicar ao usuário o seu status de funcionamento.
situação, e para cada necessidade existe uma forma Os mostradores podem ser divididos em duas cate-
que se encaixa melhor para facilitar a compreensão gorias: quantitativos e qualitativos.
do usuário e minimizar erros e acidentes.

59
PROFESSORA ME. VERIDIANNA CRISTINA TEODORO FERREIRA

Mostradores quantitativos estão ligados a uma nalizações das estradas e repartições públicas, nos
variável de natureza quantitativa, como volume, pres- aplicativos de celular etc.
são, peso, distância etc. Utiliza-se quando o conhe-
cimento da quantidade é importante para o usuário. Controles

Os controles são, em sua maioria, projetados para


serem acionados por movimentos das mãos e dos
dedos, mas podem ser utilizados com os pés, co-
mando de voz e até expressão facial. Um dos pro-
blemas com o uso de controles é que se pode acio-
nar, acidentalmente, gerando erros que podem ser
graves, dependendo do que estamos esperando.
Estes erros estão relacionados à má discriminação
dos controles, confusão entre um comando e outro.
Alguns cuidados especiais devem ser tomados para
evitar acionamentos acidentais, tais como: a locali-
zação do controle, as orientações de uso, o rebaixo
dos botões, uma cobertura protetora, canalização,
resistência e bloqueio.

Os mostradores qualitativos indicam o estado de Alarmes


funcionamento de uma máquina, produto ou veícu-
lo. É indicado em processos que as variáveis preci- Os alarmes servem para chamar a atenção em algu-
sam permanecer dentro de uma determinada faixa ma situação perigosa. Para que sejam efetivos, é im-
de operação de segurança. portante que sejam perceptíveis e convincentes para
Os dispositivos de informação são todos os su- que o receptor realize a ação esperada. São utiliza-
portes que transmitem informações para os usuários. dos, também, para alertar o indivíduo de situações
Eles estão presentes em quase todos os produtos, em de risco e, até mesmo, salvar sua vida, como nos ca-
seus rótulos, manuais de instrução e interface dos sos de incêndio, quando os alarmes são acionados
produtos, por exemplo, o símbolo de ligar/desligar. para que ocorra a evacuação do prédio e minimize o
Também estão nas interfaces dos sotwares, nas si- risco de pessoas feridas.

60
DESIGN

Ergonomia no
Dia a Dia
Mesmo sofrendo alguns desconfortos no dia a dia, REFLITA
nem sempre nos damos conta de que isso ocorre
pela falta da ergonomia. Dessa forma, algumas pes- Mesmo que, muitas vezes, não percebamos
soas culpam-se por não terem o corpo dentro do pa- a presença da ergonomia, ela está ali, porém
drão exigido pela sociedade ou, até mesmo, por não só levamos em consideração sua importância
quando sofremos a sua ausência, ou seja,
conseguirem utilizar um produto com naturalidade, quando percebemos que a vestimenta ou o
como outras pessoas costumam utilizar. local não são adequados para o nosso corpo,
causando desconforto.

61
PROFESSORA ME. VERIDIANNA CRISTINA TEODORO FERREIRA

Algumas pessoas terão mais facilidade para utiliza- Enim, é inquestionável a importância da er-
rem alguns produtos, pois seu biotipo facilita a uti- gonomia em nosso dia a dia como um todo, es-
lização, seja sua altura, sua forma corporal etc. No tes exemplos apresentados são apenas alguns dos
entanto um produto ou ambiente não deve limitar milhares de acidentes e desconfortos que sofre-
seu uso de acordo com os tipos físicos. Por exem- mos, diariamente, pela falta da ergonomia, por
plo, se eu crio uma cadeira, preciso permitir que as isso, devemos estar sempre alertas aos produtos,
pessoas se sentem, sintam-se confortáveis e seguras, roupas ou ambientes que nos causam desconfor-
independentemente de seu peso - isso eu consigo to, pois esses precisam passar por redesign para
por meio do uso da ergonomia, desde a pesquisa da melhoramento do produto e para aplicação de as-
matéria prima, a aplicação correta dos dados antro- pectos ergonômicos, uma vez que o objetivo da
pométricos, a aplicação de dimensões reguláveis etc. ergonomia é sempre adequar o produto/ ambien-
A ergonomia deve estar presente no nosso dia a te ao homem e nunca o contrário.
dia, ou, então, sofreremos as dores da sua ausência.
Quando dormimos bem e acordamos com dores no
corpo sem que tenhamos nos esforçado no dia ante-
rior, pode ser que nossa cama ou nosso travesseiro
não estejam adequados ao corpo, sofreremos, então,
pela falta de ergonomia, ou seja, pela falta da ade-
quação do meu espaço de descanso ao meu corpo.
Se vamos trabalhar e passamos o dia numa ca-
deira inadequada, olhando um computador que não
está na altura correta para nosso corpo, sem apoio
de pés e apoios de mãos, sofreremos as dores da au-
sência da ergonomia. Se chegamos em casa, batemos
a cabeça nos armários, escorregamos no banheiro,
tropeçamos em tapetes ou desníveis, sentimos do-
res nas costas ao lavar a louça, ou, até mesmo, se
chegamos em casa com dores nas articulações por
conta de roupas apertadas, dores nos pés ou bolhas
por conta do sapato e dores na barriga pelo uso de
calças apertadas, então, quer dizer que a ergonomia
passou longe da sua vestimenta. Então, precisamos
rever nossos conceitos com relação à ergonomia e à
importância de sua aplicação.

62
considerações inais

Muitas pessoas pensam que só devemos compreender a ergonomia em nossa área


de atuação, por exemplo: apenas no design de interiores, ou apenas no design de
produto ou apenas no design de moda. Estão muito enganadas, pois devemos
compreender a ergonomia em todas as possibilidades de uso, para que possamos
nos aprofundar em nossa área de interesse. Isso porque alguns designers podem
também partir para áreas industriais, cheiando setores de produção, desenvol-
vendo ou aprovando protótipos, ou, até mesmo, abrindo suas próprias fábricas.
Por isso, deve ter conhecimento sobre a diferença de se trabalhar de forma confor-
tável, segura e o quanto sua produtividade melhora como consequência. Devemos
também ter conhecimento de todas as áreas em que a ergonomia atua para que
possamos ter noção de sua importância em nosso dia a dia, e o quanto sua au-
sência pode nos trazer problemas reversíveis à saúde ou, até mesmo, irreversíveis.
Compreendemos, neste capítulo, as formas de utilização da ergonomia no am-
biente de trabalho, os tipos de posturas ideais para alguns tipos de atividades e as
ferramentas da ergonomia que aplicamos para resolver problemas mais comuns
em postos de trabalho.
Pudemos compreender, também, como funciona o cérebro e seu processamento
de informações. Desde o recebimento da informação, à percepção, ao processa-
mento pela memória de longa duração e tomada de decisão ligada à memória de
curta duração. Isso nos faz compreender o quão importante é o conhecimento
da ergonomia cognitiva para que informações cheguem a pessoas certas e que
interfaces sejam melhor compreendidas.
E, por im, para melhor visão da ergonomia, pudemos ver alguns exemplos no
nosso cotidiano para nos atentar a todo momento sobre o quão doloroso pode
ser o uso de um produto sem ergonomia e, a partir disso, que possamos ter olhar
mais crítico para propor redesigns a produtos inadequados, favorecendo, assim,
a vida do usuário.

63
atividades de estudo

1. Posturas inadequadas no trabalho são muito comuns e podem ser causa-


das pelo mau projeto da interface homem-objeto-ambiente ou, até mes-
mo pela falta de conhecimento do trabalhador. Algumas situações podem
agravar as posturas inadequadas, quais são elas?
a. Posturas dinâmicas por longos períodos.
b. Grande aplicação de força, apenas.
c. Posturas estáticas por longos períodos, pois prejudicam parte óssea.
d. Posturas estáticas por longos períodos, grande aplicação de força e postu-
ras extremas ou no limite da articulação.
e. Apenas posturas deitadas, pois causam desconforto.

2. A ergonomia é utilizada em diversas áreas, e seus objetivos não se modi-


icam, apenas a forma como se aplicará a ferramenta para obtenção de
bons resultados. Desta forma, a ergonomia também é inserida no ambien-
te de trabalho. Podemos, então, airmar que:
I. A inserção da ergonomia em postos de trabalho não beneicia, considera-
velmente, o operador, apenas cumpre as normas por lei.
II. A ausência da ergonomia em postos de trabalho pode contribuir para o
aumento de acidentes de trabalho derivados da má postura e/ou da fadiga
precoce.
III. A ausência da ergonomia em postos de trabalho aumenta a produtividade
por não inserir pausas aos operários.
IV. A ausência da ergonomia em postos de trabalho pode acarretar proble-
mas de saúde a longo prazo, pela falta de equipamentos de segurança,
como o protetor auricular, que, quando não utilizado, pode levar o operá-
rio a perda da audição.

Assinale a alternativa correta:


a. Apenas I e II estão corretas.
b. Apenas II e III estão corretas.
c. Apenas I, II e III estão corretas.
d. Apenas II, III e IV estão corretas.
e. Apenas II e IV estão corretas.

64
atividades de estudo

3. Com relação à Força fadiga e à repetitividade, é correto airmar que:


a. Uma doença ocupacional comum relacionada a esforços repetitivos é a
LER, também conhecida como DORT.
b. As exigências de forças devem ser adaptadas às capacidades do operador,
nas condições operacionais reais. Para cada situação de trabalho, haverá
uma postura, um movimento e uma determinada força, assim, é necessá-
rio estudar caso a caso para que não haja inadequação.
c. A capacidade de puxar e empurrar depende de diversos fatores, como
postura, dimensões antropométricas e atrito entre sapato e chão. Se con-
siderados estes fatores, tanto homens como mulheres adquirem a mesma
capacidade de força.
d. A principal característica do movimento é a direção do movimento e o foco.
e. Homens e mulheres têm a mesma capacidade de força, é apenas uma
questão de postura e foco.

4. No processo cognitivo, após formação da percepção dos sinais externos,


ocorre um processo de interpretação, em que muitas reações ocorrem
para se tomarem uma decisão sobre como agir. Nesse ponto, as experiên-
cias anteriores, o treinamento, o estado de humor, enim, todas as condi-
ções do indivíduo que sejam relevantes são levadas em consideração no
processo de decisão.
Baseado no conceito de processo cognitivo humano, enumere as ileiras
com seus correspondentes:
( 1 ) Sensação (órgãos do sentido) ( ) Processo perceptivo
( 2 ) Interpretação ( ) Processo perceptivo
( 3 ) Percepção ( ) Processo cognitivo
( 4 ) Ação ( ) Processo cognitivo
( 5 ) Decisão ( ) Processo motor

A sequência correta desta classiicação é:


a. 3, 1, 4, 5, 2.
b. 5, 3, 1, 2, 4.
c. 2, 4, 3, 1, 5.
d. 4, 3, 2, 1, 5.
e. 1, 3, 2, 5, 4.

65
atividades de estudo

5. As informações devem ser sempre claras e de fácil compreensão. Para que


isso aconteça, existem algumas formas de disponibilizar informações aos
usuários. Para cada situação e para cada necessidade, existe uma forma
que se encaixe melhor para facilitar a compreensão do usuário e minimi-
zar erros e acidentes. Uma das formas de se transmitir informação é por
meio de símbolos, desta forma, é correto airmar que:
a. Os símbolos transmitem informações e, por se tratar de imagens, eles
rompem barreiras de idiomas. Geralmente, sua imagem tem proximidade
com o objeto real, o que facilita sua compreensão.
b. Os símbolos são difíceis de serem lidos e compreendidos, por isso, são
pouco utilizados.
c. Os símbolos são utilizados em ambientes infantis, pela similaridade com o
desenho em quadrinhos.
d. Os símbolos são utilizados para auxiliar a compreensão de um texto e deve
estar sempre acompanhado da parte escrita para a melhor compreensão.
e. Os símbolos são utilizados apenas para compor gráicos, torná-los mais
fáceis de serem compreendidos.

66
LEITURA
COMPLEMENTAR

Domínios de especialização da Ergonomia


A palavra Ergonomia deriva do grego Ergon [trabalho] e nomos [normas, regras, leis].
Trata-se de uma disciplina orientada para uma abordagem sistêmica de todos os aspec-
tos da atividade humana. Para darem conta da amplitude dessa dimensão e poderem
intervir nas atividades do trabalho é preciso que os ergonomistas tenham uma abor-
dagem holística de todo o campo de ação da disciplina, tanto em seus aspectos físicos
e cognitivos, como sociais, organizacionais, ambientais etc. Freqüentemente esses pro-
issionais intervêm em setores particulares da economia ou em domínios de aplicação
especíicos. Esses últimos caracterizam-se por sua constante mutação, com a criação
de novos domínios de aplicação ou do aperfeiçoamento de outros mais antigos. De
maneira geral, os domínios de especialização da ergonomia são:
* Ergonomia física | está relacionada com às características da anatomia humana,
antropometria, isiologia e biomecânica em sua relação a atividade física. Os tópi-
cos relevantes incluem o estudo da postura no trabalho, manuseio de materiais,
movimentos repetitivos, distúrbios músculo-esqueletais relacionados ao trabalho,
projeto de posto de trabalho, segurança e saúde.
* Ergonomia cognitiva | refere-se aos processos mentais, tais como percepção,
memória, raciocínio e resposta motora conforme afetem as interações entre seres
humanos e outros elementos de um sistema. Os tópicos relevantes incluem o es-
tudo da carga mental de trabalho, tomada de decisão, desempenho especializado,
interação homem computador, stress e treinamento conforme esses se relacionem
a projetos envolvendo seres humanos e sistemas.
* Ergonomia organizacional | concerne à otimização dos sistemas sóciotécnicos, in-
cluindo suas estruturas organizacionais, políticas e de processos. Os tópicos relevan-
tes incluem comunicações, gerenciamento de recursos de tripulações (CRM - domínio
aeronáutico), projeto de trabalho, organização temporal do trabalho, trabalho em
grupo, projeto participativo, novos paradigmas do trabalho, trabalho cooperativo,
cultura organizacional, organizações em rede, tele-trabalho e gestão da qualidade.

Fonte: Abergo ([2018], on-line)3.

67
material complementar

Indicação para Ler

Biomecânica Ocupacional
Don Chaffin
Editora: Escariz
Sinopse: aqui são tratados os grandes problemas de Biomecânica na atualida-
de: a questão das lombalgias, os distúrbios dolorosos de membros superiores, a
questão da vibração e de ferramentas que transmitem torque para as mãos dos
trabalhadores e muitas outras. E são, também, tratados temas de alta atualidade,
como a questão da seleção médica e das cintas lombares. O livro também apre-
senta o nível de profundidade esperado e desejado por especialistas, ou seja, en-
genheiros envolvidos em questões profundas de biomecânica. Mas, mesmo sen-
do profundo em que é necessário, os conceitos são traduzidos de forma prática
para não especialistas, que sempre têm uma síntese de cada assunto.

Indicação para Assistir

Daens - um grito de justiça


Ano: 1992
Sinopse: o ilme “Daens - Um Grito de Justiça” narra a história do padre belga Adolf
Daens, que se transfere para a cidade Aalst, no inal do século XIX. Chegando lá,
depara-se com a degradação em que a população era submetida nesse processo
agudo de industrialização. Sensível, esclarecido e homem de seu tempo, Daens
ica indignado ao se deparar com as constantes mortes por acidentes nas indús-
trias, pela fome, congeladas pelo frio e demais causas, devido às condições mise-
ráveis em que viviam as famílias operárias.

68
material complementar

Indicação para Acessar

Os artigos a seguir foram selecionados, cuidadosamente, por abordarem o assunto do segundo capítulo,
a Biomecânica Ocupacional, e por propor relexão com relação à função do designer e à importância do
conhecimento sobre a ergonomia e o corpo humano. O primeiro artigo é intitulado “Ergonomia em sala de
aula: constrangimentos posturais impostos pelo mobiliário escolar”.
Acesse: <http://www.efdeportes.com/efd85/ergon.htm>.

O segundo artigo é intitulado “A avaliação dos riscos ergonômicos como ferramenta gerencial em saúde
ocupacional.
Acesse: <http://ergonomics.com.br/iles/2012/08/comparacao_metodos.pdf>.

O vídeo a seguir demonstra quase todos os problemas da falta de ergonomia no ambiente de trabalho. De-
monstra, também, de forma clara e engraçada, o que discutimos com relação à biomecânica ocupacional.
Acesse: <https://www.youtube.com/watch?v=ZnASW24Sz_4>.

Este vídeo mostra, de maneira engraçada, como se adequar à cadeira quando no uso do computador,
desde homem, mulher ou criança.
Acesse: <https://www.youtube.com/watch?v=0R7uz-_v3ec>.

69
referências

ASCENSÃO, A.; MAGALHÃES, J.; OLIVEIRA, J.; DUARTE, J.; SOARES, J. Fi-
siologia da fadiga muscular. Delimitação conceptual, modelos de estudo e meca-
nismos de fadiga de origem central e periférica. Revista Portuguesa de Ciências
do Desporto. v. 3, n. 1, p. 108-123, 2003.
BRIDGER, R. S. Introductions to Ergonomics. 2. ed. London: Taylor e Francis,
2003.
GRANDJEAN, E. Manual de Ergonomia: adaptando o trabalho ao homem. Por-
to Alegre: Bookman, 1998.
IIDA, I. Ergonomia: projeto e produção. 2. ed. São Paulo: Blucher, 2005.
NORMAN, D. Emotional Design. New York: Basic Books, 2004.

Referências on-line
Em:
1
<https://www.pexels.com/photo/active-adult-athlete-barbell-348487/>.
Acesso em: 18 mar. 2019.
2
Em: <http://www.ufrrj.br/institutos/it/de/acidentes/ergo2.htm0>. Acesso em:
18 mar. 2019.
3
Em: <http://www.abergo.org.br/internas.php?pg=o_que_e_ergonomia>. Acesso
em: 18 mar. 2019.

gabarito

1. D
2. E
3. B
4. E
5. A

70
UNIDADE
III
ERGONOMIA DO PRODUTO

Professora Me Veridianna Cristina Teodoro Ferreira Berbel

Plano de Estudo
A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade:
• Adaptação ergonômica de produto
• Projetos universais
• Desenvolvimento de produto ergonômico
• A importância de produtos ergonômicos
• Estudo de caso

Objetivos de Aprendizagem
• Aplicar ergonomia de correção e de concepção e explicar qualidade
técnica, qualidade ergonômica e qualidade estética.
• Deinir projetos universais, discutir usabilidade e seus princípios e
detalhar características de um projeto universal ergonômico.
• Detalhar os processos para desenvolvimento de um produto
ergonômico
• Discutir a importância de se desenvolver produtos ergonômicos e
seu diferencial no mercado.
• Mostrar estudo de caso de melhoria de produto através de
aplicação ergonômica.
unidade

III
INTRODUÇÃO

C
aro(a) aluno(a), em nossa terceira unidade do livro de Ergonomia,
abordaremos os aspectos ergonômicos aplicados no produto e o
quanto o uso destas ferramentas no produto podem resultar em um
diferencial do mercado. Antigamente, o desenvolvimento de um
produto era concentrado, principalmente, nos aspectos técnicos e funcionais,
enquanto os ergonômicos e de design eram deixados de lado. Nas últimas
décadas, esse panorama mudou, e aspectos antes deixados de lado passaram
a se tornar ferramentas importantes de diferenciação e de decisão de compra.
Para melhor compreensão dos aspectos ergonômicos aplicados no pro-
duto, serão detalhadas as suas qualidades técnicas, ergonômicas e estéticas,
além das premissas para se desenvolver um projeto universal. Os princípios
de usabilidade serão também detalhados para melhor compreensão de sua
aplicabilidade no projeto de desenvolvimento de um produto.
Nesta unidade, compreenderemos as informações necessárias para um
projeto ergonômico. Já vimos alguns destes aspectos nas unidades anterio-
res. Aqui, dará-se por outra abordagem, em que reuniremos informações
em torno dos produtos e critérios especíicos para avaliá-los, ou seja, para
sabermos até que ponto este produto é realmente ergonômico. A aplicação
da ergonomia no produto é muito importante para que ele se adeque ao
usuário, sem que haja necessidade de o usuário modiicar suas formas para
utilizar o produto, sendo ele ferramenta, vestimenta, calçado, maquinário,
ambiente, entre outros.
Para compreender a aplicação da ergonomia, será apresentado, ao inal
da unidade, um estudo de caso que obteve melhorias por meio de sua apli-
cação. Desta forma, icará mais fácil compreender e visualizar a importância
da utilização da ergonomia em produtos para melhor satisfazer o usuário
inal, pois é sempre importante lembrar que os objetivos principais da er-
gonomia são: conforto, bem-estar, saúde, satisfação e segurança do usuário.
Adaptação Ergonômica
de Produtos
Quando os produtos são construídos sem ergono- tisfação, trabalhando, dessa forma, de maneira pre-
mia, são deixados de lado, na maioria das vezes, as ventiva (IIDA, 2005). A adaptação de produtos já é
variáveis de conforto e os princípios de usabilidade. utilizada há muito tempo. Os primeiros relatos fo-
A ergonomia pode ser utilizada na fase de concep- ram extraídos da pré-história quando os homens das
ção, ou seja, na fase de projeto para desenvolvimento cavernas adaptavam suas ferramentas para terem
do produto, ou, também, pode ser aplicada na corre- melhor resultado na caça, então, eles aiavam a pon-
ção de produtos mal projetados, quando, depois de ta da lança em uma pedra lascada, desta forma, ad-
serem fabricados, identiicam-se as irregularidades. quiriam mais precisão na caça, o que era de extrema
A ergonomia sempre é aplicada com a preocu- importância, pois qualquer erro poderia ser fatal.
pação do bem-estar e conforto do usuário, visando Há dois milhões de anos, os homens pré-históri-
à saúde, à segurança, à eiciência no uso e à sua sa- cos fabricavam suas armas de pedra lascada, adaptan-

76
DESIGN

do-as à anatomia de suas mãos (NAPIER, 1983). Este mas para conseguirem utilizar determinados produ-
produto foi melhorado 500 mil anos depois e se trans- tos, desde vestimentas, ferramentas, mobiliários etc.
formou em uma machadinha cujo cabo adicionado E foi neste contexto, como já dito anteriormente, que
era liso e arredondado, de forma que se ajustava con- surgiu a ergonomia, para combater esta inadequação
fortavelmente nas mãos. Os primitivos fabricavam ar- e pesquisar novas possibilidades de se ter conforto no
cos, lechas e outros objetos que, de certa forma, apli- trabalho e no uso de produtos, mesmo em meio à era
cava, intuitivamente, a antropometria, pois testavam da produção massiicada. Segundo aspectos ergonô-
os produtos em seus próprios corpos (IIDA, 2005). micos, todos os produtos, pequenos, grandes, sim-
ples ou complexos, devem satisfazer as necessidades
humanas, pois, direta ou indiretamente, entram em
contato com o homem e, para que esses produtos fun-
cionem bem nas interações com os usuários, devem
seguir três características básicas: a qualidade técni-
ca, a qualidade ergonômica e a qualidade estética.
A qualidade técnica caracteriza-se pela parte
que faz funcionar o produto, do ponto de vista me-
cânico, elétrico, eletrônico ou químico etc. Dentro
da qualidade técnica, deve-se considerar a eiciência
com que o produto executa a função, o rendimento
na conversão de energia, a ausência ou minimização
de ruídos e vibrações, a facilidade de higienização,
facilidade de manutenção e assim por diante.
Já a qualidade ergonômica caracteriza-se pela
ergonomia do produto que garante boa interação
com o usuário, facilidade de manuseio, aplicação
O objetivo da ergonomia é adaptar o produto ao antropométrica, clareza no fornecimento de infor-
corpo, tornando-o mais confortável durante seu uso, mações, facilidade de uso e compatibilidade de mo-
mais adequado ao corpo do usuário, mais seguro e, vimentos. Além disso, o produto com qualidade er-
segundo relatos históricos, intuitivamente, estas ca- gonômica deve propor ao usuário as características
racterísticas eram almejadas desde a pré-história. em que se baseiam seus objetivos, como: segurança,
Com a industrialização, o foco no desenvolvimento conforto e bem-estar do usuário.
de produto voltou-se mais para o aumento da pro- A característica estética destina-se a proporcio-
dutividade, ou seja, a possibilidade de se produzir nar prazer ao consumidor, envolvendo combinações
mais, em menos tempo, e para mais pessoas. de cores, formas, texturas, matérias-primas, acaba-
Desta forma, foi necessário padronizar medidas, mentos e movimentos. O objetivo da característica
o que resultou na perda da qualidade ergonômica e estética é tornar o produto atraente e desejável aos
fez com que muitos usuários modiicassem suas for- olhos do consumidor.

77
Estas três qualidades enquadram-se nas caracte- trico, já em algumas ferramentas, como o alicate, é
rísticas desejáveis dos produtos, do ponto de vista normal que a qualidade ergonômica se sobressaia,
ergonômico. Estas qualidades devem estar presentes assim como em objetos de decoração a qualidade es-
em quase todos os produtos, porém é normal que tética esteja em evidência (IIDA, 2005).
nem sempre as três qualidades estejam em equilí- De uma forma ou de outra, no entanto, as três ca-
brio. Para alguns produtos, pode ser que a qualidade racterísticas devem estar presentes no produto ergo-
técnica seja mais importante, como um motor elé- nômico, o que varia é a intensidade de cada qualidade.

78
DESIGN

Projetos
Universais
Com o mundo globalizado e a rápida expansão dos adequação de produtos a diferentes corpos. Até por-
meios de comunicação e de transportes, ocorreu o que, como já vimos anteriormente, as medidas cor-
aumento da circulação mundial de mercadorias e porais passam por diferenças étnicas, que devem ser
produtos. Hoje em dia, é muito fácil comprar um consideradas no projeto do produto para que não
produto de qualquer país, inclusive da China, por haja inadequação do produto ao corpo do usuário.
intermédio de sites de e-commerces. Além disso, há A possibilidade de desenvolver um produto que-
preocupação cada vez maior em incluir as minorias brando essas barreiras de medidas antropométricas
no mercado de consumo, até mesmo pela preocupa- e incluir as minorias no projeto levou a formulação
ção da aplicação do design inclusivo. dos princípios do projeto universal e dos critérios
Estes dois fatores, a globalização e a inclusão, i- de usabilidade dos produtos. Há muita semelhança
zeram com que projetistas ampliassem seu olhar com entre os critérios do produto universal e aqueles da
relação ao desenvolvimento de produto, buscando usabilidade, o que diferencia são as ênfases de cada
cada vez mais por soluções que contribuam com a um, pois o projeto universal está preocupado em fa-

79
zê-lo acessível à maioria da população, enquanto a Uso equitativo: caracteriza-se por ter dimen-
usabilidade preocupa-se em facilitar o uso. É natural sões, ajustes e acessórios que permitem atender o
que os produtos universais acabem tendo boa usabi- maior número possível de usuários, porém a segu-
lidade e vice-versa (IIDA, 2005). rança, proteção e privacidade devem estar disponí-
Os projetos universais têm como objetivo in- veis, igualmente, a todos os usuários.
cluir certas minorias, como canhotos, portadores de Flexibilidade no uso: visa acomodar uma ampla
deiciências, idosos etc. O conceito parte do princí- gama de habilidades e preferências individuais, de
pio de que é mais barato desenvolver estes produtos modo que possibilite o uso de destros e canhotos,
incluindo as minorias no uso do que criar aparatos facilite o uso preciso e exato a todos os usuários,
especiais para adequá-las ao uso de um produto que possibilitando escolhas referentes ao modo de usar,
não as considerou em seu projeto (JARDIM, 2002). a adaptação de forças e o ritmo, próprios de cada
Por exemplo, é mais barato criar uma carteira escolar indivíduo.
que possa ser utilizada por canhotos e destros do que Uso simples e intuitivo: dá-se pela facilidade
desenvolver uma só para destros e ter que desenvol- na compreensão das formas de uso do produto, de
ver um aparato para os canhotos, ou, até mesmo, um modo que o usuário compreenda seu uso sem que
produto apenas para esta minoria. Quando incluímos necessite de conhecimento especializado. Para isso,
a minoria, atendemos a maioria. Isso também facilita é necessário eliminar complexidades desnecessá-
nos produtos a serem desenvolvidos em larga escala. rias, considerar estereótipos, expectativas, intuição
do usuário, considerar possíveis problemas com
linguagens ou diferenças culturais, hierarquizar as
informações de acordo com sua importância, entre
outras formas de simpliicar o uso e a compreensão
do mesmo.
Informação perceptível: assim como o uso, as
informações no produto também devem ser, efeti-
vamente, comunicadas ao usuário, sem necessida-
de de conhecimento especializado, mesmo que em
condições ambientais diversas. Deve-se melhorar a
visibilidade da informação e utilizar ferramentas do
design para o tornar facilmente visualizado, percep-
PRINCÍPIOS DO PROJETO UNIVERSAL tível, até mesmo, aos deicientes sensoriais.
Tolerância ao erro: o projeto do produto deve
O projeto universal adota certos princípios que po- pensar em formas de minimizar os riscos e as con-
dem ser aplicados tanto na avaliação dos produtos sequências de ações involuntárias ou acidentais, por
existentes como na criação de novos. Os princípios isso, deve pensar nas possibilidades de acidentes que
são (NULL, 1993): podem ocorrer, caso o equipamento seja acionado

80
DESIGN

sem querer. Quando o produto ou maquinário ofe- muito raro desenvolver um produto que sirva para
recer algum risco, se ligado por acidente, deve-se, no todas as pessoas, adequada e confortavelmente, mas,
projeto do produto, pensar em formas de manter os quando se aplica o design universal, aumentam-se
botões de acionamentos em lugares seguros e que as possibilidades de usos de um mesmo produto e
ofereçam certa diiculdade para serem acionados, também aumenta o número de pessoas que se encai-
minimizando as chances de acidentes. Ou, então, xarão nesse produto. Desta forma, cria-se algo para
deve ter uma forma de permitir o retorno ao estado uma maioria, pois as minorias são incluídas.
anterior, de forma fácil e rápida, caso o equipamento
seja ligado, acidentalmente, mesmo não oferecendo
riscos. Isso é ter tolerância ao erro, é compreender
que as pessoas podem se equivocar em algumas for-
mas de usos, mas que isso pode ser facilmente corri-
gido para que não as prejudique.
Redução de gastos energéticos: dá-se pela faci-
lidade no manejo do produto, ou seja, sempre que
possível, deve-se manter o corpo do usuário em
posição neutra, livre de estresse, pois as contrações
estáticas dos músculos devem ser evitadas. Desta
forma, aplica-se no produto facilidades de uso para
que o corpo não gaste energia desnecessária icando USABILIDADE
fatigado facilmente. Este princípio pode ser estendi-
do para o dimensionamento de motores, máquina e Entendida como a interface que possibilita a utiliza-
equipamentos, pois a potência desnecessária provo- ção eicaz dos produtos e a facilidade no uso, a usabi-
ca desperdícios de energia. lidade relaciona o conforto e a eiciência do produto.
Espaço apropriado: as máquinas, os espaços, os “Em síntese, a usabilidade é fundamental para avaliar
produtos devem ser apropriados para acesso, alcan- a relação do produto-usuário. Nesse sentido, é prin-
ce, utilização e manipulação, independentemente do cípio que deve ser observado em qualquer produto e
tamanho do usuário, sua postura ou sua mobilidade, ambiente construído” (MARTINS, 2008, p. 326).
pois devem ser acessíveis à grande maioria dos usuá- A usabilidade é uma das interfaces da ergono-
rios. Em muitos casos, é difícil a aplicação de todos os mia que estuda e tem como objetivo adequar des-
princípios do projeto universal, porém se aplica o má- de as ferramentas, os ambientes de trabalho até os
ximo possível para obtenção dos melhores resultados. produtos de uso pessoal, com o foco em atender às
Quando falamos em design universal, imagina- necessidades, habilidades e limitações dos diferentes
-se que será um produto que se encaixará em todas tipos de indivíduos. Desta forma, os riscos à saúde
as pessoas, sem exceção, pois estamos falando de do usuário, acidentes e incidentes durante o uso de
design universal, entretanto isto não é verdade. É produtos, postos de trabalhos e interfaces inadequa-

81
das, podem ser evitados na fase de concepção de satisfação é o conceito mais difícil de ser alcançado
produto. Dessa forma, não será necessário que usu- na usabilidade (RAZZA, 2016).
ários se coloquem em situação de risco no uso do
produto para que, posteriormente, ele seja corrigido. Princípios de Usabilidade
Em 1998, foi lançada a ISO 9241-11, e, em 2002,
foi criada a norma brasileira NBR 9241-11 deinin- De acordo com Jordan (1998), existem alguns prin-
do que “usabilidade é a efetividade, eiciência e satis- cípios que, quando aplicados no desenvolvimento
fação com as quais usuários especíicos podem ob- de produto, podem melhorar sua usabilidade. Os
ter resultados especíicos em ambientes especíicos” princípios são:
(ABNT, 2002, p. 5). Evidência: o produto deve ter, de forma clara, in-
dicação de sua função e o modo de operação, pois a
SAIBA MAIS evidência reduz tempo de aprendizagem e facilita a
memorização, além de reduzir os erros de operação.
O que é ISO? Consistência: quando colocamos operações se-
É a Organização Internacional de Normali- melhantes para funcionarem de forma semelhante,
zação, com sede em Genebra, na Suíça. Foi permitimos que o usuário faça transferência positi-
criada em 1946 e tem como associados or-
va da experiência anteriormente adquirida em ou-
ganismos de normalização de cerca de 160
países. Tem como objetivo criar normas que tras tarefas semelhantes. Isso é comum em menus
facilitem o comércio e promovam boas prá- de computadores.
ticas de gestão e o avanço tecnológico, além
Capacidade: as capacidades do usuário devem
de disseminar conhecimentos.
ser respeitadas e não devem ser ultrapassadas, por
Fonte: Inmetro ([2018], on-line)1.
exemplo: se a visão estiver saturada, as informações
adicionais podem ser transferidas para outros ca-
nais, como audição e o tato. A capacidade também
A efetividade caracteriza-se pelo fato de o produto está relacionada com a força, precisão, velocidade e
ou sistema realizar a ação esperada, por exemplo, os alcances exigidos em movimentos musculares.
uma cafeteira tem que efetivamente fazer café. A Compatibilidade: o atendimento às expectativas
eiciência caracteriza-se pela quantidade de esforço do usuário melhora a compatibilidade, porém essas
necessária para cumprir o objetivo, sendo assim, um expectativas dependem de fatores isiológicos, cul-
produto eiciente realiza a ação desejada (efetivida- turais e experiências anteriores. Estão ligadas tam-
de) com menor tempo, com menos esforço, gastan- bém aos estereótipos populares, por exemplo, um
do menos recurso, entre outros. controle rotacional, quando giramos para a direita,
A satisfação é deinida pelo nível de conforto que esperamos que abra, ou aumente algo (torneiras,
os usuários sentem com o uso do produto, porém é controles rotacionais de volume etc.).
um conceito subjetivo e está ligado às expectativas Prevenção e correção dos erros: assim como já
e necessidades de cada usuário. O que é confortável deinido no design universal, a prevenção de erros
para uma pessoa pode não ser para outra, por isso, a deve impedir procedimentos errados tendo um rá-

82
DESIGN

pido retorno à posição anterior, ou permitindo cor- A usabilidade pode ser melhorada aplicando os
reção fácil e rápida. princípios apresentados e que podem nos servir de
Realimentação: o produto deve dar um retorno guias para questionar nosso produto quando em de-
aos usuários sobre os resultados de sua ação, como senvolvimento. Devemos sempre questionar nosso
em uma ligação telefônica existe um ruído típico produto para procurarmos as melhores soluções e
que demonstra se a ligação está sendo completada, adequações.
ou se a linha está ocupada. A realimentação ajuda o Tanto os princípios de usabilidade como os prin-
operador a redirecionar sua ação, e a falta de reali- cípios de design universal nos dão algumas diretri-
mentação pode resultar em muitos desperdícios, até zes para otimizarmos nosso produto e torná-lo mais
mesmo de tempo e esforço. adequado a um maior número de usuários.

83
Desenvolvimento de
Produto Ergonômico

Caro(a) aluno(a), desenvolver um produto não é custa mais caro, por isso, é sempre preferível que se
tão simples como se imagina. É necessário envolver busque alternativas para prevenção de erros desde o
o trabalho de diversos proissionais para pesquisar início do projeto.
áreas distintas e agregar as melhores soluções no Desenvolver um produto é um processo muito
desenvolvimento de um novo produto. Na medida variável, pois o projetista deve ter visão ampla so-
do possível, nesta equipe de desenvolvimento deve bre vários aspectos, por exemplo qual o objetivo da
conter, também, especialistas em ergonomia desde empresa com relação aos produtos, ou seja, o que
a etapa inicial do projeto do produto para que seja ela busca passar ao consumidor. Algumas empresas
aplicada a ergonomia de concepção em que se pro- focam em qualidades técnicas, outras em qualidades
jeta um produto já pensando em todos os aspectos ergonômicas, outras apenas em qualidades estéticas,
de usos. Baseado nisso, aplica-se soluções para mi- e outras se concentram em redução de custo, mesmo
nimizar inadequações e/ou acidentes. Quando a er- sacriicando a qualidade.
gonomia de concepção não é aplicada, alguns pro- Para todos estes casos, quem decide o inal é o
blemas no produto podem surgir, sendo necessária consumidor e o que priorizam no ato da compra e
a correção do mesmo. Porém corrigir é mais difícil e do uso do produto. Por isso, é importante saber o

84
DESIGN

que os consumidores querem, quais características pes. Nos casos de menor volume de produção, pode-
eles valorizam e o quanto estão dispostos a pagar. -se optar por consultores externos.
Existem diferentes metodologias de desenvolvi-
SAIBA MAIS
mento de produto e será apresentada aqui uma das
possibilidades para que possamos perceber como a
ergonomia está presente em todas as etapas. A empresa Philips da Holanda trabalha com
A Tabela 1 ajudará na compreensão da partici- desenvolvimento de produto de forma con-
tínua, por isso, mantém 21 especialistas em
pação do ergonomista em cada etapa do desenvolvi- ergonomia dentro de sua equipe de projeto
mento de produto. (STANTON, 1998). Eles dedicam 85% do tempo
Os ergonomistas devem participar de todas as no desenvolvimento de projeto e se ocupam,
principalmente, em analisar as interações dos
etapas do desenvolvimento de produto, por isso, usuários com seus produtos, acumulando ex-
quando as empresas têm atividades contínuas de periências para o projeto de novos produtos,
desenvolvimento de produtos já empregam ergono- buscando aplicar o conceito de usabilidade
em todos os produtos.
mistas como membros permanentes de suas equi-
Fonte: Iida (2005).
Tabela 1- Participação da Ergonomia nas diversas etapas do desenvol-
vimento de produtos

Etapas Atividades Gerais Participação da Ergonomia

Examinar as oportunidades;
Veriicar as demandas;
Examinar o peril do usuário;
Deinição Deinir objetivos do produto;
Analisar os requisitos do produto.
Elaborar as especiicações;
Estimar custo/benefício.

Analisar os requisitos do sistema; Analisar as tarefas/atividades;


Esboçar a arquitetura do sistema; Analisar a interface:
Desenvolvimento
Gerar alternativas de soluções; - Informações;
Desenvolver o sistema. - Controles.

Detalhar o sistema;
Especiicar os componentes;
Detalhamento Acompanhar os detalhamentos.
Adaptar as interfaces;
Detalhar os procedimentos de teste.

Avaliar o desempenho;
Avaliação Comparar com as especiicações; Testar a interface do usuário.
Fazer os ajustes necessários.

Prestar serviço pós venda; Realizar estudos de campo junto aos usuários
Produto em uso
Adquirir experiência para outros projetos. e consumidores.

Fonte: IIDA (2005, p. 324).

85
A Importância de
Produtos Ergonômicos

A ergonomia é de suma importância no pro-


jeto de desenvolvimento de produto, pois
defende que o produto deve se adequar ao
corpo do usuário, e não o contrário. Antes
da revolução industrial, os produtos eram de-
senvolvidos manualmente em alguns casos, como
as vestimentas, que eram concebidas base-
adas nas medidas do corpo de cada pes-
soa, depois da revolução industrial,
com as produções em larga escala, a
padronização se fez necessária.

86
DESIGN

A princípio, eram muitos os problemas de ade- Outra aplicação ergonômica deu-se na forma de
quação por conta das padronizações, porém, por adequar esses bancos, que é o ajuste elétrico, assim, o
meio de estudos ergonômicos, que, inicialmente, motorista tem mais facilidade para adequar o banco
combatiam o trabalho desumano que se desenvol- ao seu corpo. Além da facilidade, estes mecanismos
viam em fábricas, posteriormente, estendeu-se para elétricos também aumentam a precisão do ajuste, con-
aplicação de conceitos ergonômicos para desenvol- sequentemente a segurança e o conforto do usuário.
vimento de produtos e ambientes que priorizem o A ergonomia, em todo o processo de desenvolvi-
corpo, pois se o homem iria utilizá-los, então, de- mento de produto, torna-se importante por preser-
viam ser baseados em suas medidas. var em todas as etapas os princípios ergonômicos que

A antropometria também é ferramenta da ergonomia são: segurança, saúde, conforto, satisfação, qualidade
bem importante para se aplicar em produtos, pois de- do produto, prazer no uso entre outros, além de tor-
talha todas as medidas do corpo e apresenta formas nar possível o uso de produtos por diferentes tipos
de aplicar estes dados aos produtos, contribuindo de corpos, sem perder a qualidade, sendo possível
com a adequação a diferentes tipos de corpos. incluir minorias, como deicientes físicos, sensoriais,
O design universal também é muito utilizado entre outro, no uso do produto com qualidade. A usa-
pensando nesta adequação do produto ao corpo, bilidade também se faz presente com os princípios
pois, aplicando seus princípios, torna-se possível que defendem efetividade, eiciência e satisfação.
desenvolver um produto que se encaixe em diferen-
REFLITA
tes tipos corpos. Desta forma, atinge as minorias e
abrange a maioria. Um exemplo comum no nosso
dia a dia são os bancos dos carros que têm inúmeras Na ergonomia de concepção, todas as etapas
são pesquisadas antes, e todo tipo de falha
regulagens e se adequam a pessoas com diferentes pode ser evitada, enquanto na de correção é
alturas, diferentes pesos e diferentes formas corpo- preciso arcar com o custo para remodelar o
rais sem perder a segurança pretendida. produto. Qual opção lhe parece mais viável?

87
Estudo
de Caso
O estudo de caso será apresentado como forma de As carteiras escolares são utilizadas por crianças
facilitar a compreensão da aplicação da ergonomia e adolescentes, em que passam várias horas por dia,
em um produto, com o foco em proporcionar mais por muitos anos, e o mais importante é que em grande
conforto ao usuário e atender aos objetivos da ergo- parte deste tempo estão em fase de desenvolvimento
nomia como um todo. O projeto que será apresenta- físico, psíquico, motor etc. Como já vimos anterior-
do foi desenvolvido por Andreia Fernandes Barbosa mente, a fadiga provoca diversos problemas físicos,
e é intitulado Avaliação da Inluência do mobiliário principalmente na coluna, e psíquicos, entre eles es-
escolar na postura corporal em alunos adolescentes. A tresse, irritabilidade e outras consequências negativas.
aluna desenvolveu este projeto em sua dissertação de A pesquisadora realizou o estudo utilizando como
mestrado em Engenharia de Produção e Sistemas, na amostra 136 alunos de ambos os sexos, de diferentes
Universidade do Minho, Portugal, em julho de 2009. idades, de uma escola particular e três escolas públi-

88
DESIGN

cas de Braga, Portugal. Foi feita avaliação postural e


avaliação ergonômica das posturas na sala de aula,
pelo método RULA (Rapid upper limb assessment),
associado a um pequeno inquérito sobre a problemá-
tica em estudo, em que se observou e analisou todos
os elementos referentes à temática do estudo.
Para a realização da avaliação postural, foi cons-
truído e usado um posturógrafo com 2 metros de
altura e 0,72 metros de largura, com base de nive-
lamento e marcação da posição dos pés com palmi-
lhas com a forma de pé, de modo que os alunos se
coloquem em posição padrão.
O método PEO (Portable Ergonomic Observation)
destina-se à observação das posturas corporais em tem-
po real, diretamente na sala de aulas. Para isso, usou o
sotware Viglen Dossier 486, que realizou um feedback
visual contínuo da postura corporal. O sotware PEO
dá diretamente a percentagem do tempo gasto numa
determinada postura, registra o número de posturas
mantidas e o início e inal de cada uma delas.
A cadeira mais utilizada nas salas de aulas ava- Figura 1 - cadeira utilizada nas salas de aula
liadas eram cadeiras comuns de ferro com madeira, Fonte: Barbosa (2009).

como na imagem a seguir. O que variava era o ta-


manho da cadeira que mudava pouco a pouco para A mesa era individual quadrada, de estrutura metálica,
comportar as crianças ao longo do crescimento na embora também haja disponível em madeira maciça
fase infantil e adolescente. envernizada, com arestas e cantos boleados de acordo

89
com as especiicações regulamentares. O tampo é em
aglomerado de madeira, como na Figura 2. E, assim
como as cadeiras, as mesas vão aumentando confor-
me o tamanho das crianças na infância e adolescência.

Figura 3 - cadeira com superfície de escrita


Fonte: Barbosa (2009).
Figura 2 - Mesa utilizada nas salas de aula
Fonte: Barbosa (2009).

Em alguns casos, os tamanhos das mesas e cadeiras


Na sala do 12º ano eram usadas cadeira com su- não respeitam realmente as dimensões dos alunos de
perfície de escrita: cada uma destas cadeiras possui acordo com sua faixa-etária. Foi encontrado, em al-
estrutura metálica e acabamento em tubo de aço, gumas escolas, carteiras e cadeiras do 6º ano idênticas
assento e encosto como as restantes cadeiras. Esta às carteiras e cadeiras do 9º ano. Vale ressaltar que es-
palmatória pode ser elevada de modo a facilitar o tes são os anos correspondentes aos maiores picos de
acesso ao assento e pode estar à direita ou à esquer- crescimento, como visto na antropometria ao longo
da, conforme a necessidade do aluno, neste caso, da vida. A atitude postural mais frequente, encontrada
sendo destro ou canhoto. Um dos inconvenientes no presente estudo, durante a escrita ou leitura na sala
deste tipo de mobiliário é o pouco espaço que pos- de aula, é identiicada pelas seguintes características:
sui, uma vez que não permite a utilização de um • Postura com achatamento lombar: caracte-
livro e de um caderno no mesmo espaço, ao mesmo rizada por uma diminuição no ângulo lom-
tempo. Esta cadeira possui apenas uma dimensão: bosagrado, diminuição na lordose lombar ou
inclinação posterior da pelve.
0.40x0.40x0.45 metros.

90
DESIGN

• Dorso curvo ou cifose aumentada: caracteri-


zada por uma curvatura torácica aumentada,
protração escapular (ombros curvos) e, geral-
mente, associando uma prostração da cabeça.
• Postura de prostração da cabeça: caracteriza-
da por aumento da lexão da região cervical
baixa e torácica alta, aumento na extensão do
occipital sobre a primeira vértebra cervical e
aumento na extensão das vértebras cervicais
superiores. Pode também haver disfunção na
articulação temporomandibular com retru-
são da mandíbula.

As imagens a seguir mostram as inadequações na


postura dos alunos, provocadas pelo uso de pro-
dutos inadequados, neste caso, as mesas e cadeiras
Figura 5 - Detalhamento da inadequação do cor-
escolares. Estas imagens foram feitas pela pesquisa- po durante o uso do produto inadequado
dora ao longo de seu trabalho. Fonte: Barbosa (2009).

A B

Figura 4 - Postura dos alunos em sala de aula Figura 6 - Detalhamento da inadequação do corpo durante o uso do
Fonte: Barbosa (2009). produto inadequado
Fonte: Barbosa (2009).

91
Baseado nas inadequações encontradas, foram lista- os seus autores concordam com a adição de incli-
das quais as posturas ideais em sala de aula, que são: nação, então, deiniu como cadeira e carteira ideal o
• A cadeira deve estar o mais próxima possível seguinte modelo:
da mesa de modo a impedir a lexão exagerada
do tronco;
• O material no qual se está a escrever não deve
estar demasiado próximo do tronco, de forma
a não exigir uma postura de lexão do pesco-
ço para ser possível visualizar a tarefa que se
está a desenvolver. No entanto este material
deve-se manter na zona ótima de acesso aos
membros superiores;
• Os pés deverão estar bem apoiados no chão,
não permitindo que seja efetuada mais carga
numa das tuberosidades isquiáticas evitando,
assim, uma postura em desequilíbrio;
• O aluno deve tentar não efetuar inclinações
ou rotações, quer do pescoço quer do tronco,
mantendo todo o material disposto de forma
que a postura correta seja mantida;
• Durante os movimentos de escrita, também
deve ser controlado o movimento de elevação
do ombro, de forma a não sobrecarregar os
músculos do ombro e cervical;
• A abdução do ombro, sendo impossível de
abolir deve ser mantida num grau razoável, o
mais perto possível de 0º.

Muitos são os estudos relacionando as cadeiras e


Figura 7- modelo de carteira sugerido pela autora
carteiras, porém a pesquisadora defende que todos Fonte: Barbosa (2009).

92
DESIGN

Outro aspecto que se deve levar em consideração A sala de aula necessita de alterações globais, tais
é a introdução de um sistema regulável em altura como a mudança na altura e largura de mesa e cadeira
das mesas e/ou cadeiras, pois não há estudos antro- e acolchoamento das cadeiras, tendo em considera-
pométricos idedignos para a população portugue- ção o posicionamento do aluno face ao professor e ao
sa, desta forma, com as regulagens seria possível a quadro da sala de aula. Essas mudanças são impossí-
adaptação a cada caso. A autora detectou, também, veis, tomando em conta o número de alunos de cada
que não só os mobiliários deveriam ser remodela- turma e a organização estrutural da sala de aula. Para
dos, mas também a dinâmica do ensino em sala de a resolução deste problema, o ideal seria a opção pelo
aula, adicionando momentos que permitam que os material regulável para as várias faixas etárias, respei-
alunos alternem a posição de sentado com a de pé, tando os picos de crescimento de ambos os sexos, o
permitindo, em um momento determinado, o alí- que implica uma consciencialização e investimento
vio das estruturas corporais. por parte do Governo Português (BARBOSA, 2009).
A sala de aula é um ambiente de trabalho como As alterações posturais que podem prejudicar
outro qualquer, onde as pessoas realizam tarefas crianças e adolescentes têm início na fase escolar
especíicas, preferencialmente, em ambiente ergo- e têm uma evolução silenciosa, o que constitui um
nômico, ou seja, adaptado ao sistema homem-má- fator de risco para as disfunções da coluna verte-
quina (aluno-mobiliário). É importante que neste bral irreversíveis na fase adulta (BARBOSA, 2009).
ambiente escolar não sejam esquecidos os requi- Além dos problemas posturais, o uso de produtos
sitos de saúde e segurança na concepção do mo- inadequados ao longo da fase de aprendizagem pode
biliário escolar. A pesquisadora conclui que, com inluenciar no rendimento do aluno, pois a fadiga
o mobiliário escolar ixo, tanto no ensino privado incomoda e pode provocar sintomas, como irritabi-
como no público, torna-se impossível existir ade- lidade, queda na concentração entre outros fatores
quação às alterações nas dimensões corporais exi- negativos que podem surgir por habitarem espaços
gidas nas diferentes faixas etárias estudadas. e/ou produto inadequados.

93
considerações inais

Nesta unidade, pudemos compreender as qualidades técnicas ergonômicas que


permeiam um produto. Detalhamos a qualidade técnica, qualidade ergonômica e
qualidade estética, com o objetivo de compreender sua utilização do desenvolvi-
mento ou correção de um produto.
Os princípios do design universal foram detalhados, e como isso pode contribuir
no desenvolvimento de um produto de qualidade, facilitando sua adequação ao
usuário e resultando em um produto que atenda aos objetivos defendidos pela
ergonomia com relação ao homem-objeto. A partir do detalhamento do design
universal, pode-se compreender melhor como aplicar o máximo de princípios
possíveis e tornar seu produto mais adequado à maioria e, desta forma, incluir
algumas minorias.
Apresentamos, também, o detalhamento para desenvolvimento de um produto
ergonômico, ou seja, de que forma o ergonomista está presente em todas as eta-
pas do processo e o quanto sua participação é importante. Além disso, pudemos
perceber o quanto é importante aplicar ergonomia no desenvolvimento de um
produto para obtenção de melhores resultados.
Para clarear ainda mais o que foi explicado em nosso terceiro capítulo, foi apre-
sentado o estudo de caso de uma pesquisadora portuguesa, que desenvolveu a
correção dos mobiliários das salas de aulas de crianças e adolescentes. A partir dos
relatos apresentados em seu trabalho e descritos como estudo de caso em nosso
último tópico, pudemos perceber o quanto é importante a função da ergonomia
no desenvolvimento de um produto e o quanto um produto inadequado pode
afetar o desenvolvimento músculo esquelético de uma criança, podendo surgir
problemas que persistirão até na vida adulta.
Por meio das intervenções feitas pela pesquisadora, pudemos visualizar a correção
de um produto baseado em conceitos ergonômicos e poderemos aplicar em outros
tipos de produtos, desde que busquemos detectar o problema, analisar possíveis
soluções e aplicar no produto, pensando sempre em conforto, qualidade, bem-es-
tar, segurança, saúde e satisfação no uso, pois estas serão sempre as palavras de
ordem da ergonomia.

94
atividades de estudo

1. O conceito de design universal foi criado pelo Centro de Design Universal


(Universidade da Carolina do Norte - EUA). Qual é o objetivo desta aplica-
ção do desenvolvimento de algum produto?
a. Propor um produto que seja adequado a todos os tipos de pessoas, sem
exceção, desta forma, torna-se um produto mais bem aceito.
b. Quando se aplica o conceito de design universal, o produto torna-se, es-
teticamente, agradável a todas as pessoas, favorecendo sua aceitação no
mercado.
c. A aplicação deste conceito dá ao produto ou ambiente características que
facilitam o uso pela maioria das pessoas, ou seja, os produtos projetados
para a maioria também consideram o uso pela minoria, não havendo di-
ferença.
d. Ajuda a adequar o produto a mais pessoas, porém se torna mais oneroso,
sendo mais viável criar produtos especíicos às minorias.
e. O design universal não favorece o produto, pois, na tentativa de adequar a
todos, utiliza a média populacional e se acaba tornando inadequado para
um maior número de pessoas.

2. O projeto universal adota certos princípios que podem ser aplicados tanto
na avaliação dos produtos existentes como na criação de novos. Pensando
nisso, quais são os princípios do design universal?
a. Uso equitativo, lexibilidade no uso, uso simples e intuitivo, informação
perceptível, tolerância ao erro, redução de gastos energéticos e espaço
apropriado.
b. Flexibilidade no uso, valor estético, valor simbólico, função prática e redu-
ção de custos.
c. Redução de custos, diminuição do impacto ambiental, multifuncionalidade
e segurança.
d. Adequar-se a todas as pessoas, sem exceção, e conter lexibilidade no uso.
e. Redução de gastos de energia, minimização de fadiga, diminuição de im-
pacto ambiental e redução de custo ao consumidor inal.

95
atividades de estudo

3. Em 1998, foi lançada a norma ISO de Usabilidade (ISO 9241-11) e, com base
nesta norma, em 2002, foi criada a NBR 9241-11. Nessas normas, a usabi-
lidade é deinida por: “Usabilidade é a efetividade, eiciência e satisfação
com as quais usuários especíicos podem obter resultados especíicos em
ambientes especíicos” (ABNT, 2002, p. 5).
Fonte: ABNT. Associação Brasileira de Normas Técnicas. NBR 9241-11: Requisitos ergonômicos para trabalho de escritório
com computadores. Parte 11. Orientações sobre usabilidade. Rio de Janeiro: ABNT, 2002.

Com base nesta deinição, é correto airmar que:


I. Efetividade é a medida em que um objeto ou tarefa é realizada, ou seja, em
que o produto ou o sistema realiza a ação esperada, de fato.
II. Eiciência é a quantidade de esforço necessária para cumprimento de um
objetivo.
III. Satisfação pode ser deinida como o nível de conforto que os usuários
sentem com o uso do produto.

Assinale a alternativa correta:


a. Apenas I.
b. Apenas II.
c. Apenas III.
d. Nenhuma airmativa está correta.
e. Todas as airmativas estão corretas.

4. Existem princípios que compõem a boa usabilidade, mas nem todos são
aplicáveis em todos os contextos. Os mais importantes são:
a. Efetividade, eiciência e satisfação.
b. Evidência, consistência, capacidade, compatibilidade, prevenção e corre-
ção de erros e realimentação.
c. Evidência, capacidade, prevenção e correção de erros.
d. Efetividade, eiciência, satisfação, evidência, consistência, capacidade, com-
patibilidade, prevenção e correção de erros e realimentação.
e. Prevenção e correção de erros.

96
atividades de estudo

5. A ergonomia sempre é aplicada com a preocupação do bem-estar e con-


forto do usuário, visando à saúde, à segurança, à eiciência no uso e à sua
satisfação. As formas mais aplicadas no desenvolvimento de um produto
são: ergonomia de concepção e ergonomia de correção. O que difere es-
sas duas formas de aplicação? Assinale a alternativa correta:
a. A ergonomia de concepção é responsável pela ideia, enquanto a ergono-
mia de correção corrige as ideias que não são ergonômicas.
b. A ergonomia de concepção é responsável pela ideia, enquanto a de corre-
ção corrige o protótipo na fase inal.
c. A ergonomia de concepção está presente no desenvolvimento de mobiliá-
rios, enquanto a ergonomia de correção está presente no desenvolvimen-
to de produto.
d. A ergonomia de concepção é utilizada na fase de concepção, ou seja, na
fase de projeto para desenvolvimento do produto, enquanto a ergonomia
de correção é aplicada na correção de produtos mal projetados, quando,
depois de serem fabricados, identiicam-se as irregularidades.

97
LEITURA
COMPLEMENTAR

3 Produtos ergonômicos que você deveria estar utilizando

Você já precisou pedir licença para a empresa por algum motivo de saúde? Ou talvez
você esteja até neste momento afastado. E por acaso você tem ideia sobre o que mais
causa afastamento nas empresas?
São diversas doenças que têm retirado os colaboradores do seu posto de trabalho, mas
uma em especial se destacou no relatório que a Previdência Social disponibilizou.
A Previdência Social apresentou o número de trabalhadores que precisaram se ausentar
em 2016. E adivinha qual é a doença que mais afasta funcionários? Se você pensou em
alguma outra que não seja DOR NAS COSTAS, sinto lhe dizer, mas você errou. Problemas
na lombar retiraram aproximadamente 24 mil trabalhadores do seu posto de trabalho no
primeiro trimestre de 2016, ou seja, por dia foram em média 269 trabalhadores afastados.
E qual a solução?
Disciplina e ter consciência da importância do uso dos produtos ergonômicos que são
disponibilizados para o conforto e qualidade de vida, que a ergonomia lhe proporcio-
nará durante as 8 horas de trabalho que você precisa icar sentado em frente a um
computador ou em pé.

O QUE VOCÊ PRECISA SABER SOBRE ERGONOMIA


Entre os fatores mais comuns que estão relacionados a ausência no posto de trabalho,
provocando dores na cervical e lombar, estão a postura incorreta ou má postura e a
falta de condições ergonômicas. Além disso, também temos a obesidade, sedentarismo
e até o tabagismo.
Um ambiente sem ajustes ergonômicos necessários pode resultar em dores, fadiga e
tensão muscular. Ficar sentado muito tempo na mesma posição ou icar em pé com a
postura errada aumenta a sobrecarga na coluna, causando a compressão dos nervos.

O QUE FAZER PARA CORRIGIR A POSTURA?


Praticar atividade física regularmente ajuda a fortalecer os músculos e isso é importan-
te para auxiliar na correção da postura durante o expediente. E claro, o uso de produtos
ergonômicos, tais como:

- SUPORTE MONITOR OU SUPORTE PARA NOTEBOOK


Substituir as revistas e livros por um suporte para monitor ou notebook, conforme es-
tipulado pela NR 17, traz uma série de benefícios, como:

98
LEITURA
COMPLEMENTAR

• Correção da linha de visão do usuário à tela do monitor – distância adequada é


de 50 a 70 cm.
• Alívio do esforço exercido sobre a região cervical.
• Evita fadiga na lombar, nuca e pescoço.
• Previne doenças ocupacionais (LER/DORT).

- APOIO PARA OS PÉS


Troque a caixa improvisada pelo Apoio para os Pés. Esta substituição irá corrigir a pos-
tura ao sentar. As plantas dos pés devem estar 100% apoiadas no chão ou no suporte,
ou seja, as articulações dos joelhos precisam estar em um ângulo de 90º. As costas e
a região lombar precisam estar apoiadas no encosto da cadeira, mantendo a postura
ereta, enquanto os pés estão apoiados.
O Apoio tem os seguintes benefícios:
• Evitar fadigas musculares, formigamentos e lesões a longo prazo.
• Garantir a boa circulação sanguínea nas pernas, evitando o aparecimento de va-
rizes.
• Evitar dores nas costas.
• Corrigir a postura.

- APOIO PARA ANTEBRAÇO


O Apoio para Antebraço corrige a postura e evita fadigas musculares, além disso, tam-
bém proporciona benefícios como:
• Aliviar a tensão do pescoço.
• Melhorar a irrigação sanguínea.
• Prevenir doenças ocupacionais (LER/DORT).
• Possibilitar a posicionamento correto do antebraço em mesas com espaço lim-
itado – para que o posicionamento do seu braço esteja correto, toda a base do
antebraço deve estar apoiada sobre uma superfície reta e plana. Caso o seu an-
tebraço esteja angulado e mal posicionado, seu punho icará tensionado, bem
como a região muscular da nuca, ombros e pescoço (podendo resultar em uma
lesão) e sua circulação sanguínea nesta região será prejudicada.

Fonte: Reliza ([2018], on-line)2.

99
material complementar

Indicação para Ler

Ergonomia do Objeto
João Gomes Filho
Editora: Escrituras
Sinopse: o autor reúne noções de leitura ergonômica de objetos e projeto nas
áreas do Design de Produto, Gráico, Moda, Ambiente, Arquitetura e respectivas
interfaces recíprocas. De modo prático e didático, Ergonomia do objeto deine e
exempliica este sistema técnico de leitura, que tem como objetivo adequar os
objetos aos seres vivos, no que se refere à segurança, ao conforto e à eicácia
no uso. São apresentados estudos sobre numerosos e diversiicados produtos,
fundamentados num sistema técnico de leitura inserido no que o autor conven-
cionou denominar de “cultura ergonômica”.

Indicação para Ler

Ergonomia e Usabilidade: conhecimentos, métodos e aplicações.


Walter Cybis, Adriana Holtz Betiol e Richard Faust
Editora: Novatec
Sinopse: o livro Ergonomia e Usabilidade – Conhecimentos, Métodos e Aplica-
ções aborda a aplicação da ergonomia no desenvolvimento de interfaces huma-
no-computador que possam proporcionar usabilidade e marcar positivamente a
experiência de seus usuários. Ele apresenta formas de adequar sites, aplicações e
dispositivos interativos aos peris e às estratégias de seus usuários e de satisfazer
as suas expectativas em um contexto tecnológico em constante evolução.

100
material complementar

Indicação para Assistir

Janela da Alma
Ano: 2001
Sinopse: no documentário, 19 pessoas dão seus relatos de como lidam com a dei-
ciência visual. As histórias acabam abordando o olhar de uma forma mais sensível e
menos ligada diretamente com o espectro exterior, sugerindo que a sociedade em
geral, mesmo com a possibilidade de ver, deixou de enxergar o que é visível aos olhos.

Indicação para Assistir

Intocáveis
Ano: 2012
Sinopse: o ilme conta a história de Philippe, um homem rico que, após sofrer um
grave acidente, ica tetraplégico. Precisando contratar um assistente, sua história
cruza com a de Driss, jovem de baixa renda e sem nenhuma experiência na fun-
ção de cuidador. O percurso trilhado pelos dois é de aprendizagem mútua. Driss
contribui para a retomada da identidade e da autoestima de Philippe a partir de
um trabalho que mostra o cuidado com as deiciências, mas também uma atenção
ímpar com as potencialidades envolvidas.
Comentário: mesmo os ilmes indicados não tendo um foco direto no design de
inclusão e na usabilidade, pode-se extrair estes aspectos por meio dos detalhes do
ilme. O designer, além de prestigiar a história, deve também apreciar os detalhes
e aprender com eles, tanto no primeiro ilme que aborda a deiciência visual como
no segundo que aborda a deiciência física.

Indicação para Acessar

Segurança do Produto: uma Investigação na usabilidade de produtos de consumo


Este artigo apresenta o uso da ergonomia para correção de alguns produtos muito utilizados dentro de
casa, porém, que contém algumas inadequações tornando-os produtos inseguros.
Acesse: <https://www.eed.emnuvens.com.br/design/article/viewFile/17/14>.

101
referências

ABNT. Associação Brasileira de Normas Técnicas. NBR 9241-11:


Requisitos ergonômicos para trabalho de escritório com computadores.
Parte 11. Orientações sobre usabilidade. Rio de Janeiro: ABNT, 2002.
BARBOSA, A. F. Avaliação da Inluência do Mobiliário Escolar na Postu-
ra Corporal em Alunos Adolescentes. 2009. 208 f. Dissertação (Mestrado
em Engenharia de Produção e Sistemas) - Escola de Engenharia, Univer-
sidade do Minho, Portugal, 2009. Disponível em: <http://repositorium.
sdum.uminho.pt/handle/1822/10775>. Acesso em: 23/10/2018.
IIDA, I. Ergonomia: projeto e produção. 2. ed. São Paulo: Blucher, 2005.
JARDIM, S. R. Avaliação do conforto do ônibus urbano: estudo de caso
no Distrito Federal. 2002. 86 f. Dissertação (Mestrado em Transportes) -
Faculdade em Tecnologia, Universidade de Brasília, Brasília, 2002.
JORDAN, P. An Introduction to Usability. London: Taylor & Francis,
1998.
MARTINS, S. B. Ergonomia e moda: repensando a Segunda Pele. In. PI-
RES, D. B. (Org.). Design de Moda: olhares diversos. Barueri: Estação das
Letras e Cores Editora, 2008.
NAPIER, J. A mão do homem. Rio de Janeiro: Zahar, 1983.
NULL, R. I. Universal design directives for the workplace. In: CONGRES-
SO DA INTERNATIONAL ERGONOMICS ASSOCIATION, 12., 1993
Toronto. Anais... Toronto. v. 3, p. 211-212.
RAZZA, B. M. Ergonomia. Maringá: UniCesumar, 2016.
STANTON, N. Human factors in consumer products. London: Taylor & Francis,
1998.
Referência on-line
1
Em: <http://www.inmetro.gov.br/qualidade/responsabilidade_social/o-
-que-iso.asp>. Acesso em: 21 mar. 2019.
2
Em: <https://www.reliza.com.br/3-produtos-ergonomicos-que-voce-deve-
ria-estar-utilizando/>. Acesso em: 21 mar. 2019.

102
gabarito

1. C
2. A
3. E
4. B
5. D

103
ERGONOMIA APLICADA
NO AMBIENTE

Professor Me. Veridianna Cristina Teodoro Ferreira

Plano de Estudo
A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade:
• Iluminação e Cores
• Ruídos e Vibrações
• Ergonometria
• Ergonomia e Mobiliário
• Estudo de Caso

Objetivos de Aprendizagem
• Detalhar a utilização ergonômica de iluminação e cores para composição
de um ambiente mais agradável.
• Detalhar os malefícios de ruídos e vibrações em ambientes e propor
melhorias.
• Explicar o conceito e aplicação da ergonometria em ambientes internos.
• Detalhar a utilização da ergonomia e antropometria no projeto e na
composição do mobiliário.
• Apresentar um ambiente com ergonomia e antropometria aplicada.
unidade

IV
INTRODUÇÃO

O
lá, caro(a) aluno(a), neste capítulo, discutiremos sobre detalhes importan-
tes que devemos levar em consideração na construção de um ambiente,
seja ele residencial seja comercial, porém, sempre pensando na implanta-
ção da ergonomia para otimizar o espaço como um todo.
Devemos sempre pensar que uma ferramenta ou um ambiente devem ser adequa-
dos ao uso humano, para que o homem não modiique suas formas corporais ou suas
medidas de conforto para se encaixar em um ambiente ou produto desconfortável, pois
isso pode custar sua saúde e seu bem-estar.
Assim, será detalhada a utilização ergonômica de iluminação e de cores que com-
põem um ambiente, quais os tipos de iluminação, quantidade de Lux, importância de
sua aplicação correta bem como o uso de cores na iluminação e no ambiente a im de
otimizar sensações psíquicas.
Serão detalhados também todos os malefícios do ruído e das vibrações no corpo
humano, além de relatar algumas maneiras de minimizar este desconforto, trazendo ao
indivíduo mais qualidade de vida e diminuindo seus riscos à saúde.
Veremos, também, a ergonometria, que se dá pela relação do homem com o es-
paço, analisando características físicas, psicológicas e isiológicas. Estes conceitos se-
rão explicados, bem como suas formas de aplicações para melhor compreensão dos
espaços, pois o espaço que uma pessoa ocupa, às vezes, será considerado sentado, às
vezes, considerado em pé, andando, entre outras posições. Por isso, para cada tipo
de espaço e para cada tipo de mobiliário deve ser pensado, cuidadosamente, suas
formas de uso e suas necessidades de mobiliário para melhor adequação do usuário
ao espaço projetado.
Para facilitar a compreensão dos itens apresentados, será apresentado um estudo de
caso para que você compreenda melhor as formas de aplicação da ergonomia no design
de interiores, além de poder visualizar a sua importância e quanto ela pode otimizar
um ambiente e melhorar a qualidade de vida do usuário, priorizar seu bem-estar,
sua saúde e, consequentemente, melhorar a produtividade do indivíduo.
Iluminação
e Cores

Caro (a) aluno (a), estamos começando nossa quarta Várias disciplinas no design abordam a ilumi-
unidade de Ergonomia e, aqui, abordaremos a ilu- nação, porém o olhar da ergonomia vai de acordo
minação, os efeitos isiológicos da iluminação, as ca- com seus princípios, que são: conforto, segurança,
racterísticas das cores e suas aplicações. bem-estar, otimização do espaço, entre outros, no
A lâmpada incandescente foi inventada em entanto, neste caso, obtidos por meio da iluminação.
1878, por homas Edison (1847-1931). Esta inven- O nível de iluminamento interfere, diretamente, no
ção foi uma das que mais contribuiu para o aumento mecanismo isiológico da visão e na musculatura
da produtividade humana, pois aumentou 4 horas que comanda os movimentos dos olhos. Alguns fa-
diárias de vida ativa para a população mundial. Isso tores inluenciam na capacidade de discriminação
porque, antes, utilizavam-se a iluminação natural e visual, como faixa etária, diferenças individuais,
as lamparinas (IIDA, 2005). O correto planejamento quantidade de luz, tempo de exposição e contraste
da iluminação e das cores contribui com o aumento entre igura fundo (IIDA, 2005).
da satisfação no trabalho e a melhoria da produtivi- A iluminação também inluencia nos aspectos
dade, além de reduzir a fadiga e os acidentes. psicológicos, pois o aumento do iluminamento au-

108
DESIGN

menta a satisfação das pessoas até o nível de 400 lux.


Passando esta quantidade, além de aumentar a sa-
tisfação, pode provocar ofuscamento e fadiga visual.
Além disso, luz uniforme provoca monotonia, en-
quanto as suas variações são estimulantes.

SAIBA MAIS

Você já ouviu falar na Lâmpada Centenária?


Trata-se de uma lâmpada instalada em 1901,
na Califórnia (EUA), para iluminar 24 horas a
Unidade dos bombeiros da cidade de Liver-
more. Desde então, segue iluminando o local,
somando mais de 1 milhão de horas de uso.
De acordo com o site da BBC, a lâmpada pas-
sou apenas 22 minutos de sua longa história
desligada - quando a Unidade dos bombeiros
mudou de endereço.
Para saber mais, leia a matéria na íntegra
em: <https://www.bbc.com/portuguese/ge-
ral-44612144>.

A luz solar traz diversos benefícios à saúde, porém


apresenta variações tanto na intensidade como em
sua composição espectral, provocando contínuas al-
terações da paisagem durante o dia e com diferentes
níveis de iluminamentos.
A luz solar proporciona alívio visual e contribui
com o equilíbrio psicológico, por isso muitas pesso-
as preferem trabalhar perto de janelas, para manter
este contato com o mundo exterior. Outras pessoas
acreditam que a luz solar seja mais saudável que a
luz artiicial, porém as janelas são fontes de calor, e
a incidência da luz solar direta pode provocar fortes
ofuscamentos e relexos nas telas de monitores e ou-
tras superfícies reletoras. Para que isso não ocorra, é
necessário realizar um projeto adequado das ediica-
ções e do layout interno das instalações (IIDA, 2005).

109
REFLITA

A má iluminação pode gerar diversos proble-


mas a uma empresa, desde perda de vendas
à expulsão da clientela. Imagine o grande pro-
blema que um designer poderia causar a uma
empresa, caso não levasse em consideração
a importância da iluminação no ambiente.

(Miriam Gurgel).

A iluminação do ambiente deve ser, cuidadosamen- ambiente, de acordo com a exigência visual de cada
te, planejada desde as etapas iniciais do projeto, atividade a ser desenvolvida no espaço (IIDA, 2005).
aproveitando, adequadamente, a luz natural e suple- A Tabela 1 apresenta algumas recomendações de
mentando com luz artiicial, sempre que necessário. iluminância para ambientes e atividades.
O uso da luz natural minimiza gastos energéticos, Em experimento realizado em laboratório, a
porém a incidência direta da luz deve ser evitada, mesma tarefa foi realizada com diferentes níveis de
pois provoca perturbações visuais e, quando incide iluminamento, entre 10 a 2000 Lux. Conforme o
em paredes envidraçadas, tende a aquecer o ambien- iluminamento foi aumentando, o tempo para desen-
te, provocando uma espécie de efeito estufa. volver a tarefa foi diminuindo. Com 10 Lux, o tempo
No Brasil, existe uma norma relacionada à ilumi- de tarefa foi de 90 segundos. Quando o iluminamen-
nação do ambiente, a ABNT NBR 5413, que se refe- to chegou a 200 Lux o tempo de tarefa caiu para 35
re à iluminância, ou seja, a quantidade de luz de um segundos, ou seja, 39% do inicial. Porém, mesmo o

Tabela 1- Recomendação de iluminância para ambientes e atividades

Ambiente ou atividade Quantidade de lux mínima recomendada

Sala de espera 100

Garagem, residência e restaurante 150

Depósito e indústria pesada 200

Sala de aula 300

Lojas, laboratórios e escritórios 500

Sala de desenho (trabalho de precisão) 1000

Serviços de alta precisão (sala cirúrgica) 2000

Fonte: ABNT NBR (1992, on-line).

110
DESIGN

iluminamento chegando a 2000, não houve redução se duplica, desta forma, estes fatores diminuem a ei-
de tempo na execução, o que comprovou que o au- ciência visual. Em um grau mais avançado, provoca
mento de iluminamento acima de certo nível crítico dores de cabeça, náuseas, depressão e irritabilidade
é desnecessário, além de desperdiçar energia. É im- emocional. Como consequência, há quedas do ren-
portante salientar que, acima de 1000 Lux, favore- dimento e da qualidade do trabalho.
ce-se o aparecimento de fadiga visual (IIDA, 2005). Para prevenção da fadiga visual, deve haver um
Um bom sistema de iluminação, com o uso cuidadoso planejamento de iluminação, asseguran-
correto de cores e a criação dos contrastes, pode do a focalização do objeto a partir de uma postura
produzir um ambiente agradável, principalmen- confortável cuja luz deve ser planejada também para
te comercial, onde as pessoas trabalham de forma não criar sombras, ofuscamentos, relexos indese-
confortável, com pouca fadiga, pouca monotonia e jáveis. Além da iluminação adequada do objeto, a
baixo risco de acidentes, além disso, produzem com iluminação do fundo deve permitir um descanso vi-
maior eiciência. sual durante as pausas e aliviar o mecanismo de aco-
modação, por isso, recomenda-se pausas frequentes,
FADIGA VISUAL mesmo sendo de curta duração, podendo ser de 5
minutos a cada 1 hora ou até mesmo de 1 minuto a
Quando a iluminação não é apropriada, pode causar cada 10 minutos de trabalho. O tempo da pausa e a
fadiga visual no indivíduo, que se caracteriza pela frequência são deinidos a partir da complexidade
irritação nos olhos, lacrimejamento, aumento da do trabalho e de seus riscos referentes à saúde, neste
frequência de piscadas, a visão vai icando borrada e caso, em especíico, a saúde visual (IIDA, 2005).

111
SAIBA MAIS

Existe a técnica chamada Pomodoro, desen-


volvida, em 1988, pelo italiano Francesco Ci-
rillo. Trata-se de um método de gestão de
tempo que pode ser aplicado para diversas
tarefas, seja nos estudos seja no trabalho,
a im de otimizar o tempo de estudo e de
tarefas. Geralmente, é voltada para pessoas
procrastinadoras, ou seja, que têm tendência
a adiar suas atividades.
Pomodoro signiica tomate, em italiano. A
fruta faz alusão ao tempo durante o qual você
pode fazer determinada tarefa. Cada pomo-
doro é dividido em quatro pomodoros, que
equivalem a 30 minutos, somando o total de Quando não for possível eliminar ou recobrir a fonte
2 horas por pomodoro. Primeiro, você realiza luminosa, pode-se aumentar o nível de iluminação
uma atividade durante 25 minutos e, quan-
do acabar o tempo, descansa por 5 minutos, do ambiente para reduzir o contraste, ou seja, quanto
assim, sucessivamente até que complete as mais escuro for o ambiente geral, maior será a vul-
duas horas. Ao im, como recompensa, você nerabilidade dos olhos ao ofuscamento. Um exemplo
pode descansar mais 30 minutos.
Esta técnica é interessante por propor inter- dá-se nos túneis, que devem se manter mais claros
valos em que seu cérebro terá tempo para se durante o dia, pois os olhos estarão adaptados à clari-
reorganizar e guardar as informações obtidas, dade ambiental maior antes de adentrarem ao túnel.
resultando em um aumento de aprendiza-
gem, concentração e produtividade. O ofuscamento pode ocasionar desde desconfor-
to, provocado pela atividade do músculo que controla
Fonte: Guia do Estudante (2017, on-line)1.
a abertura da íris, ou seja, a dilatação e a contração
quando em variações de claro e escuro, até cegueiras
temporárias, que podem durar alguns segundos. Elas
Ofuscamento ocorrem quando luzes muito intensas surgem, repen-
tinamente, no campo visual. O ofuscamento pode ser
Ofuscamento refere-se à redução da eiciência vi- direto ou indireto, o direto ocorre no campo visual, e o
sual que pode ser provocado por alguns objetos ou indireto é causado por relexão (IIDA, 2005).
superfícies que contenham grande luminância, no Para a melhor adequação do homem ao ambiente, é
campo visual, à qual os olhos não estão adaptados. preciso reduzir o ofuscamento, para isso, a medida mais
Ele é produzido pelo sol, pelas janelas, pelas lâmpa- eicaz é eliminar a fonte de brilho do campo visual e,
das no campo visual ou, até mesmo, por relexos no quando isso não for possível, deve-se mudar a posição
campo polido. Um caso comum de ofuscamento é do trabalhador, de forma que este ofuscamento ique de
produzido por faróis de carros na direção contrária, lado ou de costas para ele, também pode ser reduzido
quando se dirige à noite (IIDA, 2005) . com o uso correto de iluminação direta e indireta.

112
DESIGN

na diminuição do consumo de energia, entre outros


inúmeros benefícios associados à iluminação, às co-
res e à ergonomia. Entretanto algumas cores também
são utilizadas de maneira que chamem a atenção e
facilite a compreensão do produto. Existem diversas
normas que regulamentam o uso de cores, como a
norma NBR 6503/1984 que ixa a terminologia das
cores (IIDA, 2005).
Já a norma NBR 7195/1995 apresenta recomen-
dações para o uso das cores na segurança, com o in-
tuito de prevenir acidentes e advertir contra o risco
do produto, para isto, segundo Iida (2005) , existem
APLICAÇÃO DAS CORES NO AMBIEN- 8 cores de uso padronizado que são:
TE DE TRABALHO • Vermelho: usado em equipamentos de pro-
teção e combate ao incêndio, inclusive, saída
O correto planejamento de cores em ambientes de de emergência. Também é usada para indicar
proibição e parada obrigatória.
trabalho tem resultados que afetam o psicológico do
• Alaranjado: indica “perigo” em partes móveis
trabalhador, produz economia de até 30% no consu-
e perigosas em máquinas e equipamentos,
mo de energia e aumenta a produtividade, chegan-
como polias, engrenagens e tampas de caixas
do em 80% ou 90%. Para isso, deve-se aplicar cores protetoras. Também é usado em equipamen-
claras em grandes superfícies, com contrastes ade- tos de salvamento aquático, como boias e co-
quados para identiicar objetos, associado a um bom letes salva-vidas.
projeto de iluminação (IIDA, 2005). • Amarelo: a cor amarela indica “cuidado” em
Existem estudos diversos que comprovam a escadas vigas, pilastras, postes, partes salien-
inluência das cores no desempenho humano, um tes em estruturas, bordas perigosas, equipa-
mento de transporte e de movimentação de
exemplo se deu em uma fábrica de produtos foto-
materiais. Pode ser misturado com listras ou
gráicos, onde o processo de fabricação exigia o uso
quadrados pretos, mas somente até 50%.
de luzes especiais. Diversos problemas disciplinares
• Verde: indica “segurança” indicando caixas e
que ocorriam nesta fábrica com frequência desapa- equipamentos de primeiros socorros, macas,
receram depois que as luzes vermelhas das salas fo- chuveiros de segurança e quadros para exposi-
ram trocadas pelas verdes (IIDA, 2005). ção dos cartazes de segurança. Pode ser usado
As cores remetem ao indivíduo uma ininidade em faixas para delimitar áreas de segurança e
de sensações, porém quando adequado a uma ilumi- áreas de vivência (fumantes, descanso).
nação adequada, pode resultar na sensação espera- • Azul: indica uma ação obrigatória, como o uso de
EPI (equipamento de proteção individual), tam-
da, no aumento da produtividade, no conforto visu-
bém indica equipamentos fora de serviço que não
al e psíquico, na percepção da higiene e, até mesmo, devem ser energizados ou movimentados.

113
• Púrpura: usado para indicar perigo prove- vamente, pessoas. Também é usado nas áreas
nientes das radiações eletromagnéticas pene- em torno dos equipamentos de emergência,
trantes e partículas nucleares. primeiros socorros e coletores de resíduos.
• Branco: usado nas faixas ou setas para demar- • Preto: identiica os coletores de resíduos, ex-
car corredores e locais onde circulam, exclusi- ceto aqueles originários do serviço de saúde.

Deve-se tomar cuidado para apli-


car estas cores, colocando de fun-
do cores contrastantes, ou seja, o
fundo branco para cores escuras
e o fundo preto para contrastar
as cores claras. Além desta nor-
ma, existem outras que tratam de
cores para sinalização bem espe-
cíicas, como a NBR 6493/1994,
que indica as cores das tubulações
para canalização de luidos, ma-
terial fragmentado e condutores
elétricos (IIDA, 2005).
Antes de aplicar a iluminação
e as cores nos ambientes, é pre-
ciso se certiicar das normas, dos
signiicados psicológicos das co-
res, da utilização do espaço e da
necessidade de iluminação, além
dos objetivos do projeto em si.

Figura 1 - Uso padronizado de cores


Fonte: Iida (2005).

114
DESIGN

Ruídos e
Vibrações

Agora, entenderemos um pouco o que é o ruído e a ou indesejável para a mesma pessoa, o que difere é a
vibração e o quanto podem ser prejudiciais à saúde ocasião (RAZZA, 2016). Um exemplo é a música que
do indivíduo. Uma das grandes fontes de tensão no diverte quem está na festa, e incomoda os vizinhos,
ambiente de trabalho são as condições desfavorá- desta forma, deine-se como um som para quem está
veis, como ruídos e vibrações. Estes fatores causam na festa e como um ruído para os vizinhos. Mesmo os
desconforto, aumentam riscos de acidentes e podem vizinhos gostando da música, o que difere é a ocasião.
provocar danos consideráveis à saúde. Os ruídos podem ser contínuos ou intermiten-
tes. Os contínuos, como o próprio nome já diz, são
RUÍDO aqueles que perduram com a mesma característica
por um longo período, por exemplo, ventiladores,
Tanto o som como o ruído são estímulos auditivos, o ar-condicionado, que permanecem constantes por
que os difere é que o ruído não transmite informações um longo período. Enquanto os intermitentes têm a
úteis. Porém este conceito é subjetivo, pois um som duração muito curta e com variação de intensidade,
pode ser desejável para um e indesejável para outro, como um telefone tocando, um objeto caindo, algu-
da mesma forma, o mesmo som pode ser desejável mas conversas altas, entre outros.

115
Existem limites de ruídos que são considerados
inofensivos à saúde, sendo considerados apenas in-
comodativos, enquanto outros são considerados
tanto prejudiciais como incomodativos.
Os ruídos de até 50 dB são considerados bai-
xos e, normalmente, não atrapalham, porém
entre 50 dB e 80 dB, já são considerados in-
cômodos e passam a atrapalhar a concen-
tração, a comunicação e causam irri-
tabilidade. A partir de 85 dB, pode
levar à surdez, por isso, é preciso
usar equipamentos de EPI. Aci-
ma de 120 db, o som pode
se tornar doloroso
(MÁSCULO; VI-
DAL, 2011).

Figura 2 - Nível de ruído por atividade


Fonte: Prosek ([2018], on-line)2.

Os ruídos podem causar diversos problemas à saú- versar normalmente, resultando, assim, em tensões
de do usuário. Os mais intensos tendem a prejudicar e dores de cabeça (IIDA, 2005).
tarefas que exigem atenção, concentração, velocida- Trabalhar sob ruído constante pode levar ao sur-
de e precisão. Os resultados pioram após duas horas gimento de estresse, irritabilidade, dores de cabeça,
de exposição. O ruído produz aborrecimento, pois falta de concentração, redução da capacidade da me-
força o indivíduo a interromper a tarefa ou a deixar mória de curta duração, podendo, inclusive, atrapa-
de fazer o que gostaria de fazer, como dormir, con- lhar a execução de movimentos. Além disso, ruídos

116
DESIGN

intensos atrapalham a conversação, sendo necessário


falar mais alto e prestar mais atenção para compre-
ender e ser compreendido. Para o bem-estar do tra-
balhador e/ou morador, é necessário protegê-lo do
ruído para evitar as consequências nocivas da sua ex-
posição contínua. Para que isso seja possível existem
algumas possibilidades de minimização de ruído.
Uma das opções para minimizar o ruído em
uma fábrica seria a troca de maquinários muito
barulhentos para maquinários mais silenciosos,
ou substituindo alguns materiais da composição
da máquina por outros materiais menos ruidosos.
Quando o equipamento não pode ser trocado, pode-
-se pensar em uma forma de isolar a fonte, ou seja,
manter o motor do equipamento ou apenas o equi-
pamento ruidoso protegido dentro de uma cabine,
desta forma, seu ruído não afetaria todas as pessoas Nosso corpo sofre vibrações diárias nos meios de
envolvidas no ambiente. transportes, como ônibus e trens, mas nem todas as
Pode-se, também, remover o trabalhador do vibrações são prejudiciais. Algumas ferramentas ma-
ambiente de ruído por meio de alterações no layout nuais, como furadeiras, grampeadores, martelos elé-
da fábrica, ou adotar controles administrativos que tricos e pneumáticos, também produzem vibrações,
partem do conceito de ergonomia de conscientiza- porém estas são localizadas nos braços e mãos, o que
ção, pois alerta o trabalhador sobre os efeitos dano- produz isquemias e dores localizadas. Esta exposição,
sos do ruído e os submete a treinamentos para que quando contínua, pode produzir lesões irreversíveis.
eles possam evitar exposições desnecessárias. E, em
último caso, quando nenhuma das soluções anterio- Efeito das vibrações sobre o organismo
res ou, até mesmo, outras possibilidades funciona-
rem, aí sim, faz-se uso dos protetores auriculares. O efeito da vibração direta com o corpo pode ser
extremamente grave e pode daniicar, permanente-
VIBRAÇÃO mente, alguns órgãos. Pode ocasionar, também, efei-
tos isiológicos e psicológicos sobre o trabalhador,
Vibração é qualquer movimento que o corpo ou como perda de equilíbrio, falta de concentração e
parte dele executa em torno de um ponto ixo, po- visão turva, diminuindo, assim, a acuidade visual.
dendo ser regular ou irregular. O regular dá-se pela Nos trabalhadores lorestais, que usam moto-serra,
vibração repetitiva suave, enquanto o irregular não ocorre uma degeneração gradativa do tecido vascu-
segue nenhum padrão, como, por exemplo, dirigir lar e nervoso, causando perda da capacidade mani-
em uma estrada de terra. pulativa e o tato das mãos, o que diiculta o controle

117
motor. Em casos extremos, a circulação do sangue rências na fala, confusão visual, tudo isso por conta
dos dedos é afetada, deixando-os brancos e podendo de sua vibração. Além disso, a exposição contínua do
ocasionar necrose (IIDA, 2005). indivíduo pode resultar em lesões da coluna verte-
Estamos expostos às vibrações e correndo os bral, desordem gastrointestinal e perda do controle
riscos dos seus danos, porém nem todas as vibra- muscular de algumas partes do corpo (IIDA, 2005).
ções são prejudiciais, é preciso ter conhecimento da Algumas providências podem ser tomadas para
intensidade da vibração e do tempo que se está ex- que as consequências das vibrações sejam minimi-
posto a ela. Além disso, é preciso veriicar se surgem zadas. Assim como na prevenção do ruído, deve-se
alguns sintomas, caso ocorram, é preciso buscar so- eliminar ou isolar a fonte, proteger o usuário e/ou
luções para controlar a vibração. conceder pausas.
Uma vibração intensa, transmitida por ferramen- • Eliminar a fonte: é importante tentar redu-
tas manuais, espalha-se pelas mãos, braços e corpo zir a vibração junto à fonte, entender de onde
do indivíduo, podendo causar dormência dos dedos surge e tentar eliminar, ou minimizar. Em
alguns casos, as vibrações podem ser elimi-
e perda de coordenação motora. Diversas máquinas
nadas por meio do uso de lubriicantes nas
utilizadas nas indústrias provocam enjoos, interfe-

118
DESIGN

máquinas, manutenções periódicas, ou colo- do, pois os materiais de proteção, geralmente,


cação de calço de borracha e outros mecanis- são incômodos e não atendem a todas as fai-
mos de amortecer vibrações. xas de frequência de vibração, por isso, deve
• Isolar a fonte: quando não for possível elimi- ser profundamente estudado.
nar, deve-se tentar manter a fonte de vibra- • Conceder pausas: quando a vibração for con-
ção longe do indivíduo para evitar o contato tínua, deve-se conceder pausas, por exemplo,
direto do indivíduo. Este afastamento pode 10 minutos para cada hora de trabalho, as-
ser físico, colocando a fonte longe do indiví- sim, evita-se a exposição contínua à vibração.
duo ou, então, pode-se utilizar um material
isolante para enclausurar a fonte de vibração.
Sendo assim, como em todas as áreas que a ergono-
Em ferramentas manuais, pode-se utilizar re-
vestimentos isolantes nas pegas, como borra- mia defende, deve-se ter um profundo conhecimen-
cha ou espuma de plástico. to de cada caso, pois cada vibração pode causar um
• Proteger o trabalhador: quando as opções sintoma diferente, dependendo da intensidade e do
anteriores não são suicientes, deve-se prote- tempo de exposição. Por isso, é necessário conhecer
ger os indivíduos com equipamentos, como a atividade, conhecer o limite dos trabalhadores e
botas e luvas que ajudam a absorver a vibra- aplicar a melhor solução para dar segurança, prio-
ção. Neste caso, deve-se tomar muito cuida-
rizar a saúde, bem-estar e o conforto do indivíduo.

119
Ergonometria
Caro(a) aluno(a), neste tópico, abordaremos a Ergo- consideração apenas medidas físicas, e sim medidas
nometria, sua relação e importância no design de inte- de conforto. Por exemplo, fazer a leitura de um livro
riores, que busca a melhoria do espaço a ser habitado. representará muito mais que adicionar um lugar para
Ergonometria trata da ciência que busca me- sentar e um livro no ambiente: deve-se ponderar al-
lhorar a relação entre o homem e o meio ambiente, guns detalhes, como a poltrona a ser utilizada deve ter
analisando características físicas, psicológicas e i- boa adaptação à pessoa que lerá, deve-se considerar a
siológicas de um povo, além das distâncias e dos es- área ao redor para que seja possível reclinar a poltro-
paços necessários para eles. Desta forma, trataremos na, caso tenha esta função ou, então, para incluir uma
como ergonometria as medidas mínimas para que a mesa de apoio. A iluminação também deve ser bem
pessoa desenvolva suas atividades sem comprometi- estudada para que seja aplicada na quantidade de lux
mento com o espaço ao redor, dando a ela conforto e adequada, no local e na altura apropriados para bene-
facilidade de locomoção (GURGEL, 2007). iciar a saúde do leitor. Deve-se optar pelos materiais
Em um projeto de design de interiores, devemos, mais confortáveis para desenvolver esta atividade, para
inicialmente, entender todas as formas de utilização de que não atrapalhe na concentração e que se torne uma
cada ambiente a ser projetado, porém não levamos em atividade produtiva e prazerosa (GURGEL, 2007).

120
DESIGN

Sendo assim, quando determinamos uma área to quando estas estiverem ocupadas e alguma pessoa
para desenvolver um ambiente, devemos considerar tentar transitar ao redor da mesa, forçando que pes-
seu redor, não apenas os espaços que as mobílias ocu- soas se locomovam ou se retirem para que o indiví-
pam, pois é necessário desenvolver as atividades no duo passe pelo local.
entorno delas. Essas medidas aplicadas ao redor va- Neste caso, talvez fosse melhor optar por uma
riam de acordo com o tipo de mobília que se utiliza mesa menor e garantir o conforto dos que estão sen-
no ambiente. São inúmeros os modelos de sofás, pol- tados e dos que, por algum motivo, necessitam sair
tronas, mesas de centro, mesas laterais e aparadores, da mesa durante a refeição.
cada um apresenta dimensões diferentes dos outros.
As medidas de espaços variam se nos referirmos
a pessoas sem nenhuma diiculdade de locomoção
ou a pessoas que utilizam aparelhos assistivos para
se locomover. As medidas variam também se nos re-
ferirmos a espaços onde necessitam de movimentos
de alcances para pegar algo ou, até mesmo, se o es-
paço é composto por mobiliários com gavetas.
A distância das mesas de centro aos assentos
não pode ser menor que 50 cm, isso quando hou-
ver realmente problemas com espaço, pois a medida
aconselhada é de 60 cm, não ultrapassando 70 cm
para que as pessoas não tenham que se levantar para
utilizar a mesa (GURGEL, 2007).
A distância de um aparador para a mesa deve
ser de, no mínimo, 120 cm a 130 cm, caso tenha que
ter acesso a ele durante o jantar, evitando, assim, o
incômodo das pessoas durante a refeição.
Para montar um espaço aplicando a ergonome- Este cuidado de projetar um espaço pensando nas
tria, deve-se calcular a medida dos móveis além da diversas formas de utilização deve ser considera-
medida do conforto, ou seja, calcula-se a medida da do em todos os ambientes, tanto nos residenciais
mesa de jantar, das cadeiras ocupadas e a circulação quanto nos comerciais. E, quando o ambiente for
ao redor desta mesa. A falha ocorre quando se ten- pequeno e tiver que acomodar algumas exigências,
ta colocar uma mesa maior que o espaço comporta deve-se, então, usar a criatividade para atingir a ex-
com sua medida de conforto. Por exemplo, colocar pectativa do cliente. Desta forma, aplica-se princí-
uma mesa no espaço, considerando o luxo apenas pios ergonômicos como segurança, conforto, bem-
com as cadeiras desocupadas, pode gerar desconfor- -estar e qualidade no uso do ambiente.

121
Ergonomia
e Mobiliário
A ergonomia precisa ser pensada e aplicada em todas design de mobiliário, é necessário julgar, principal-
as circunstâncias, inclusive na escolha do mobiliário. mente, suas características funcionais, tecnológicas,
Deve-se levar em consideração suas medidas, suas seu material, acabamento e sua durabilidade, além
funções, sua matéria-prima, suas diferentes possi- de suas características estéticas, entre outros tantos
bilidades de usos, suas possibilidades de adequação fatores envolvidos nesse processo.
ao usuário, entre outros. Assim como tudo o que se
aplica na ergonomia, deve priorizar o conforto, a se- REFLITA
gurança, a saúde e a satisfação do usuário, além disso,
a melhoria da eiciência que vem como consequência. Ao escolher o mobiliário para um projeto, leve
A escolha e a distribuição do mobiliário são eta- em conta suas características ergonômicas,
pas-chave num bom resultado do projeto cuja sele- sua composição estrutural, seu impacto visual
e psicológico e sua relação custo-benefício.
ção deve ser coerente com a proposta preferida, des-
de o tipo de distribuição dos móveis até o modelo de (Miriam Gurgel).

cada peça (GURGEL, 2005). Para se avaliar um bom

122
DESIGN

É importante considerar que um ambiente deve ser


habitado da melhor maneira pelo usuário, por isso,
ao projetar o mobiliário do ambiente, deve-se pen-
sar de que forma as pessoas irão utilizá-lo. Pessoas
sentarão, levantarão, circularão pelo ambiente, al-
cançarão objetos, abrirão gavetas, abaixarão, entre
outras movimentações comuns que fazemos ao lon-
go do dia. Porém estas pessoas devem desenvolver
estes movimentos com facilidade, de forma confor-
tável e sem diiculdade de locomoção, desta forma,
consequentemente, o farão mais dispostas.

característicos. Pode-se, também, aplicar no projeto


do mobiliário novas possibilidade de usos, por exem-
plo, um produto que possa ser utilizado de mais de
uma forma como mesas que viram, prateleiras, ban-
cadas que viram mesas, sofás que viram camas etc.
É também possível a criação de um produto
que possa ser ampliado e reduzido, de acordo com
a quantidade de pessoas que utilizará. Um exemplo
dessa ampliação dá-se em alguns modelos de mesas
de jantar que podem ser utilizadas por 6 pessoas e,
quando necessário, pode ser ampliada para com-
portar mais pessoas, como 8, 10 ou até mais, depen-
Os móveis, quando planejados, devem ser desenvolvi- dendo da proposta e necessidade. Isso faz com que
dos a partir de dados antropométricos da população, se adeque a um número maior de usuários sem que
entretanto, quando o cliente tem alguma necessidade ocupe grande espaço todo o tempo, tornando-se óti-
especíica, como um tipo de deiciência ou até mesmo mas opções para espaços menores.
quando não se encaixa neste padrão antropométrico A partir do momento que o designer entende a
da população, então o designer deve projetar um mo- necessidade dos usuários do ambiente, das possibi-
biliário que atenda as suas especiicidades. lidades de aplicações ergonômicas, do uso de dados
Deve-se ter conhecimento de todas as pessoas antropométricos, das possibilidades de ajustes e da
que habitarão o espaço e, a partir disso, projetar um importância de preservar o conforto do usuário, en-
mobiliário com ajustes para se adequar a diferentes tão, é só usar a criatividade e desenvolver projetos de
corpos, ou de uso especíico, caso seja usado apenas mobiliários de forma que atenda o usuário em seu es-
por uma pessoa e que necessite de alguns cuidados paço e resulte no bem-estar, satisfação e prazer no uso.

123
Estudo
de Caso

Para melhor compreensão da ergonomia no design real e veriicar a percepção dos usuários em rela-
de interiores, será utilizado como estudo de caso ção à Biblioteca, com aspectos sobre a ergonomia e
um trabalho desenvolvido por Daniela Capri, da sua aplicação vinculados à Biblioteca Universitária.
CESUSC (Complexo de Ensino Superior de Santa Analisaram-se, principalmente, as condições de ilu-
Catarina - Florianópolis), juntamente com Eliana minação, ruído e temperatura.
Maria dos Santos Bahia e Adilson Luiz Pinto, ambos Os pesquisadores optaram pela biblioteca uni-
da UFSC (Universidade Federal de Santa Catarina). versitária pela preocupação com a satisfação do
A pesquisa que será apresentada buscou anali- usuário, no sentido dos serviços disponibilizados
sar a ergonomia real de uma Biblioteca Universitária e do encontro da informação requerida. Aspectos
de Florianópolis/SC e confrontá-la com a ergono- ambientais da Biblioteca, que envolvem iluminação,
mia percebida pelo usuário para realização de um temperatura, ruídos e sinalização, geralmente, são
diagnóstico ergonômico. Foram estabelecidos dois pouco questionados. Foram aplicadas as Normas
objetivos especíicos: descrever os aspectos físico- regulamentadoras de Segurança e Saúde no Traba-
-ambientais da Biblioteca, vinculados à Ergonomia lho: NR17 - Ergonomia, publicada e adotada pelo

124
DESIGN

Ministério do Trabalho e Emprego e proposta uma Após detalhada a metodologia, compreendeu-se


correção ergonômica na biblioteca como um todo, todo o público que utilizava a biblioteca, desde En-
nas salas de estudo, mobiliário, iluminação, tempe- sino Fundamental, Médio, universitário e de pós-
ratura, ruídos, disposição dos móveis, layout. graduação. Depois disso, os pesquisadores izeram o
layout da biblioteca, como consta na Figura 3.
Quadro 1 - Diagnóstico ergonômico do ambiente

Análise físico-ambiental Análise da percepção Diagnóstico ergonômico

Descrição da localização física, da


Análise dos questionários com Evidenciar os aspectos que conduzem
coniguração ambiental e do layout da
usuários para identiicação de à análise físico-ambiental em relação à
Biblioteca através de plantas arquite-
imagem de Biblioteca. análise da percepção do usuário.
tônicas e observação do ambiente.

Medição dos aspectos ergonômicos Análise dos questionários Veriicar se a medição dos aspec-
(iluminação, ruído, temperatura, umi- aplicados para identiicação da tos ergonômicos (iluminação, ruído,
dade) da Biblioteca através de apare- percepção da ergonomia da temperatura, umidade) condiz com os
lhagem adequada. Biblioteca analisada. indicados nas Normas de Ergonomia.

Aplicação do questionário com os


funcionários para coletar dados sobre
conforto ambiental.

Fonte: Capri (2011).

Figura 3 - Layout da biblioteca


Fonte: Capri (2011).

125
Assim como podemos ver na imagem do layout, no Falando ainda de isolamento acústico, as janelas
hall de entrada, localiza-se o guarda-volumes e uma de toda a Biblioteca não são vedadas, o que aumenta
mesa para que os usuários retirem seus materiais, o ruído em momentos de intervalo e almoço, ain-
enquanto à direita da porta de entrada localiza-se o da mais que a Biblioteca localiza-se sobre a praça de
balcão de empréstimo e uma divisória, junto à qual alimentação e os corredores que são utilizados como
se localiza o setor de tratamento técnico. ̀ frente do áreas de lazer. Além disso, o piso de toda a Biblioteca
balcão de empréstimos, icam as mesas de estudo e, é de cerâmica, o que não abafa o barulho dos pas-
à esquerda das mesas, localiza-se o acervo, dividi- sos e do arrastar das cadeiras dos usuários, fato que
do em setor de referência, acervo geral, literatura e interfere na concentração. Segundo Silvestre (1992
DVD’s. ̀ direita das mesas de estudo, está localiza- apud PEREIRA; SILVA; SALES; 2011), os ruídos
do o setor de periódicos e mesa para jogo de xadrez. chegam a provocar uma redução de até 60% da pro-
As duas salas de estudos coletivos estão localizadas dutividade, por diicultar a concentração, propician-
em frente ao setor de periódicos e a de estudos indi- do erros, desperdícios ou acidentes. Sendo assim, a
viduais, ao fundo da Biblioteca. solução está em utilizar as salas de estudos individu-
No ambiente físico interno da Biblioteca, verii- ais que possuem isolamento acústico.
ca-se que as paredes e o teto são pintados de branco, Com relação aos funcionários, quando foram
o que dá sensação de claridade, e, também, para au- perguntados - “Quais aspectos do ambiente da Bi-
xiliar na claridade, existem janelas que ajudam a ilu- blioteca mais prejudicam o seu trabalho?”- as res-
minação natural. Em relação ao ambiente de uma bi- postam obtidas foram: a) aspectos ergonômicos, em
blioteca, Costa, Ziegler e Rollo (1999) abordam entre relação à altura dos móveis, que não são adaptados
outros os pontos em que devem: adaptar cabines de para pessoas com estatura baixa; b) cadeiras, altura
estudo individual; criar áreas de silêncio com devido das estantes e iluminação durante o período notur-
isolamento acústico; uso de carpete e/ou pisos sintéti- no; c) desconforto nas cadeiras que icam abaixan-
cos para abafar o barulho dos passos; posicionamento do, sem controle prévio do usuário; d) equipamen-
das mesas/balcões de trabalho distantes das áreas de tos de informática mal instalados, mal adaptados e
silêncio; colocar cartazes convidando ao silêncio. obsoletos; e) balcão de empréstimo ser junto com o
A estrutura da Biblioteca analisada, entretanto, ambiente de estudo; f) sistema de busca e indexação
não comporta espaços especíicos para a distribui- desatualizado; falta de qualidade das ferramentas
ção das estantes de acervo, do hall de entrada, do tecnológicas utilizadas por funcionários e usuários.
balcão de atendimento e das mesas de estudo, e as Analisando as respostas dadas pelos funcio-
únicas salas separadas são as de estudo coletivo, in- nários, veriicam-se, novamente, várias caracte-
dividuais e o setor de tratamento técnico, porém este rísticas ergonômicas que não foram aplicadas na
último sem isolamento acústico. biblioteca, o que prejudica o bom rendimento do

126
DESIGN

trabalho e a qualidade de vida do trabalhador. o trabalho, também os usuários seriam beneiciados,


Na questão seguinte - “Você mudaria alguma coi- pois se estes aspectos ergonômicos estiverem bem es-
sa no ambiente da Biblioteca? Qual?”- as respostas truturados e bem organizados, tanto o usuário quanto
vêm de encontro com os aspectos que prejudicam o o funcionário poderão usufruir de melhores serviços.
trabalho. Foram elas: a) modiicaria a mobília do bal- Apenas para reforçar a compreensão com relação à
cão de atendimento e melhoraria a iluminação deste ergonomia “[...] compreende a aplicação de tecnologia
local; b) modiicaria as cadeiras e a iluminação; c) da interface homem-sistema a projeto ou modiicações
modiicaria os equipamentos de informática; d) mo- de sistemas para aumentar a segurança, conforto e ei-
diicaria o local do balcão de atendimento; e) modi- ciência do sistema e da qualidade de vida” (MORAES;
icaria os terminais de consulta e o sistema de busca. MONT’ALVÃO, 2000). Segundo a NR 17, o mobiliário
Mediante tais aspectos a serem observados referentes do ambiente - iluminação, ruídos, ventilação e tem-
à mobília da Biblioteca, principalmente as cadeiras e peratura são identiicados como fatores ergonômicos,
o balcão de atendimento, juntamente com a obsoles- por isso, também foram medidos, analisados e repen-
cência dos equipamentos tecnológicos e a iluminação sados neste projeto de correção ergonômica.
do local, características essas que apresentam certa A medição da iluminação foi realizada com um
insatisfação por parte da amostra e que deveriam ser luxímetro, a cerca de 80 cm de altura do piso, quan-
repensadas no ambiente de trabalho. Apenas uma do a medição foi realizada onde não existiam mesas,
pessoa pontuou que não modiicaria nada. e sobre as mesas de estudo, quando existiam, seguin-
A última questão está relacionada com o que os do o estabelecido pela Norma NBR 5382. As medi-
funcionários acreditam referente a mudanças que ções foram feitas em 13 pontos da Biblioteca, sendo
poderiam implicar uma melhoria no desempenho eles: P1, P2 e P3, localizados no hall de entrada; P4,
proissional. As respostas foram: a) ajudaria a ter P5 e P6, localizados na sala de estudos individuais;
melhor postura corporal e a iluminação no trabalho P7, na sala de estudos coletivos; P8, nas mesas do
com computador e leitura; b) melhoraria a qualida- setor de periódicos. Nestes pontos, o aparelho de
de de vida no trabalho; c) não houve sugestões de medição foi posicionado sobre as mesas de estudo;
mudanças; d) melhoraria o rendimento proissional; P9, no sofá de leitura; P10, no setor de referência;
e) melhoraria a concentração na hora de trabalhar; P11e P12 nas estantes. Nestes pontos, o aparelho foi
f) agilizaria o processo de atendimento e garantiria a posicionado a 80 cm do piso, que foi mantido sobre
aproximação do usuário com o sistema. Novamente, a mão da pessoa que estava realizando a medição.
apenas uma pessoa não opinou sobre mudanças. P13, no balcão de atendimento, onde o aparelho foi
Ao analisar as sugestões de mudanças e as possíveis posicionado para realizar a medição sobre a parte
melhorias sugeridas pelos funcionários, pode-se per- mais baixa do balcão. Os pontos onde foram realiza-
ceber que, além de um ambiente mais agradável para das as medições são apresentados na igura a seguir:

127
Figura 4: Pontos de medição da biblioteca
Fonte: Capri (2011).

Os resultados obtidos com relação à medição de Lux


do ambiente encontram-se na Tabela 2.
Tabela 2 - Pontos de medição de iluminação

Pontos da Biblioteca Medição (lux - unidade de medida Recomendação NBR5413 - Norma de iluminação
Horário entre 19:15 e 19:30 (lux)
P1 274 500
P2 248 500
P3 136 500
P4 374 500
P5 180 500
P6 600 500
P7 260 500
P8 180 500
P9 290 500
P10 570 500
P11 334 300
P12 195 300

Fonte: Capri (2011).

128
DESIGN

Dentro de bibliotecas, a NBR10152 (níveis de ruídos cima da praça de alimentação e do local de integração
para conforto acústico) recomenda que o nível de dos alunos, o nível de ruídos é muito elevado.
ruído esteja ente 35 e 45 dB, o que estaria apropriado Para veriicar se a percepção dos usuários em rela-
para ambientes de estudo, os resultados obtidos na ção à temperatura da Biblioteca foram feitas medições
biblioteca avaliada constam na tabela 3. dos ambientes, principalmente no P1 e P2. A medição
foi realizada no inal do mês de outubro de 2011, apro-
Tabela 3 - Nível acústico da Biblioteca
ximadamente, um mês após a aplicação dos questio-
Pontos da nários. Não há grande oscilação de temperatura, pois
Medição acústica Recomendação
biblioteca
o ambiente é climatizado, com aparelhos de ar condi-
P1 62 dB 35-45 dB
cionado nas salas de estudos coletivos e individual e,
P2 52 a 74 dB 35-45 dB
também, no salão geral. Vale ressaltar que os usuários
Fonte: Capri (2011). possuem liberdade de solicitar aos funcionários que
liguem e desliguem os aparelhos de ar condicionado,
Observa-se, no quadro, que, em P1, onde estão loca- tanto nas salas de estudos, quanto no hall.
lizadas as mesas de estudo e o balcão de empréstimo, As temperaturas obtidas na medição tanto no P1
o nível de ruído foi de 62 dB, sendo que o recomen- quanto no P2 estão em torno de 24°C. A recomen-
dado pela Norma é de, no máximo, 45dB, mostrando, dação da NR17 é que o ambiente se mantenha entre
assim, que os alunos estão corretos quando apontam 20°C e 23°C para que o ambiente proporcione con-
o ambiente como barulhento, pois, como já citado, a forto para quem está utilizando a Biblioteca. Logo,
partir de 70 dB, o ruído atrapalha a concentração. 24°C estaria dentro da faixa de temperatura consi-
Na medição realizada no P2, veriicou-se uma derável e agradável para o conforto dos usuários,
baixa de 10 dB, indicando o nível de ruído em 52dB. principalmente se for considerado o questionário,
Neste ambiente, durante a medição, houve variação em que ninguém está insatisfeito com a temperatura.
de 52dB, enquanto todos estavam em silêncio; 74dB, Ao realizar o diagnóstico ergonômico, os fatores
quando um aluno saiu da sala, mexeu cadeiras e ba- analisados, como iluminação e ruído estão parcial-
teu a porta, após o silêncio se restabelecer, o nível mente de acordo com as normas estabelecidas pelos
voltou a 52dB. Porém, ainda está acima dos valores agentes regulamentadores. Em relação aos usuários,
estabelecidos pela Norma. cinco pessoas num total quinze consideram a ilumi-
Os barulhos que mais incomodam os usuários são: nação suiciente, e seis de quinze consideram que o
conversas causadas pelos próprios usuários, som do ruído deveria ser melhor controlado.
salto dos sapatos, ruídos externos e barulho ao abrir Referente à divisão dos ambientes dentro da Bi-
e fechar a porta de entrada. Estes fatores estão direta- blioteca, percebe-se que não existe separação entre
mente ligados à primeira etapa do trabalho - a análise o local do acervo, balcão de empréstimo e mesas de
físico - ambiental, em que foi veriicado que o piso não estudo. Esta ambientação deveria ser repensada uma
favorecia o silêncio, a localização do balcão de emprés- vez que o único local, onde os usuários podem obter
timo e as mesas de estudo no mesmo ambiente preju- maior aproveitamento de seus estudos resume-se às
dicavam a questão do silêncio, e, também, por estar em salas de estudos individuais e salas de estudos cole-

129
tivos. Quanto à ambientação da Biblioteca dentro da cionários e conhecimentos de normas regulamenta-
Universidade, esta se encontra em um local centrali- doras. Desta forma, obteve-se todas as informações
zado, o que facilita o acesso dos alunos. No entanto, a necessárias para diagnóstico e correção do ambiente
questão do ruído – que constou como muito impor- e, como sempre, visando conforto, usabilidade, aces-
tante nesta pesquisa, é importante em relação a toda sibilidade, bem- estar e melhor produtividade do in-
a comunidade de estudantes, usuários da Biblioteca, divíduo, tanto o trabalhador como o pesquisador.
sendo que seis de quinze consideraram que o ruído Compreende-se que os estudos de Ergonomia po-
deveria ser melhor controlado, principalmente no dem auxiliar tanto os funcionários quanto os usuários
que concerne a horários de intervalo, o que foi conir- da Biblioteca, pois estes, estando satisfeitos com o
mado ao ser realizada a medição, quando foram obti- ambiente, podem produzir e trabalhar de forma mais
das medidas bem acima das estabelecidas pela NR17. adequada às suas necessidades. Os resultados obtidos
A maioria dos usuários e funcionários conside- por meio desta pesquisa podem servir na criação de
rou a temperatura adequada ao ambiente analisado, Diretrizes de Política Ergonômica para bibliotecas.
indo ao encontro do que foi veriicado na medição
realizada no local. Sobre a iluminação, embora a
maioria da amostra de usuários tenha se mostrado
satisfeita, apenas três lugares apresentaram medição
superior ao indicado pela Norma.
Por meio do estudo de caso aqui apresentado, po-
de-se perceber como aplicar a ergonomia de correção
e como utilizar corretamente todas as possibilidades
de melhoria, ou seja, iluminação, ruído, temperatu-
ra, separação de ambiente, entre outros. E isso, com
levantamento de questões junto aos usuários e fun-

130
considerações inais

Caro (a) aluno (a), o quarto capítulo aqui apresentado abordou o detalhamento da
Ergonomia no Design de Interiores, pois se pode compreender todas as análises
que devem ser desenvolvidas na concepção ou na correção de um ambiente, bem
como a importância de cada aplicação e os malefícios de sua ausência.
A iluminação e as cores foram detalhadas para que possamos compreender a im-
portância de sua aplicação, pois sua ausência afeta, até mesmo, a saúde do usuário.
Em contrapartida quando bem aplicada o conforto e a satisfação no uso são perce-
bidos facilmente. Foram relatados todos os malefícios dos ruídos e das vibrações
além de detalhadas algumas formas de prevenir suas consequências danosas ao
indivíduo, estas correções ergonômicas devem ser aplicadas para assegurar a saúde
física e mental do indivíduo que está inserido nesta situação.
Ainda com o propósito de melhorar o ambiente, foi compreendido o termo que
se refere à ergonometria, ou seja, o espaço utilizado pelo usuário que vai além das
medidas do seu corpo. Sendo assim, pudemos perceber diversos parâmetros que
devemos levar em consideração na escolha e na organização do mobiliário no
ambiente, seja ele comercial seja residencial.
Para melhor compreensão e visualização das análises ergonômicas no ambiente,
foi apresentado um estudo de caso de ergonomia de correção aplicado em uma
biblioteca em Santa Catarina. O estudo de caso foi selecionado para este capítulo
por abordar todos os parâmetros ergonômicos antes citados, como iluminação,
cores, ruídos, vibrações, ergonomia de mobiliário, além de aspectos ergonômicos
que são defendidos desde o início deste livro, como conforto, usabilidade, acessi-
bilidade, bem-estar, segurança do trabalhador e do usuário e, como consequência,
um melhor rendimento.
Espero que tenham compreendido um pouco mais da ergonomia, sua importância
e suas aplicações, porém, neste caso, um pouco mais especíicas para o design de
interiores.

131
atividades de estudo

1. A lâmpada elétrica foi criada por Thomas Edison, em 1878. Antes disso,
os comércios e indústrias dependiam de iluminação natural ou da luz das
chamas de velas ou candeeiros. Devido às instalações elétricas, o desen-
volvimento da iluminação artiicial ocorreu, como dito, no inal do século
XIX e começo do século XX. Quais foram os principais benefícios adquiridos
com este invento?
a. Economia, pois comprar as lâmpadas era mais barato que comprar com-
bustíveis para os candeeiros.
b. Aumento médio de 4 horas nas atividades produtivas humanas e melhoria
do conforto, qualidade de trabalho segurança.
c. Não houve benefício, pois aderir às lâmpadas e à rede elétrica era muito
mais caro, e a rede foi usada para explorar ainda mais os funcionários.
d. Não houve benefício, pois, no começo, as lâmpadas eram muito ruins e
causavam inúmeras doenças oculares nas pessoas.
e. Os benefícios foram apenas para os indivíduos que trabalhavam com lei-
tura ou escrita.

2. Com relação à quantidade de luz no ambiente, é correto airmar que:


I. O projeto adequado de iluminação é um dos fatores mais importantes
para a eiciência do trabalho e conforto do ser humano.
II. A iluminância (ou iluminamento) é um fator decisivo que representa a
quantidade de luz que incide sobre a superfície. Sua unidade de medida é
o Lux e pode ser medida por um luxímetro.
III. O nível de iluminância não interfere no mecanismo da visão.
IV. No Brasil, não existem normas que apresentem recomendações da ilumi-
nância de um ambiente de acordo com a exigência visual de cada atividade.

Assinale a alternativa correta:


a. I e II estão corretas.
b. II e III estão corretas.
c. I e IV estão corretas.
d. Apenas I está correta.
e. Apenas III está correta.

3. O som é composto por três características, a frequência, a intensidade e a


duração. O ouvido percebe os sons de 20 a 140 dB, os sons, geralmente,
estão na faixa de 50 a 80 dB. O que diferencia o som do ruído é que o ruído
não contém informações úteis, o som, sim. Desta forma, assinale a seguir
a opção verdadeira que relate as consequências da exposição ao ruído.

132
atividades de estudo

a. Quando o ruído passa de 120 dB, é incômodo e causa apenas leve irritação.
b. Quando o som passa de 120 dB, pode causar dores.
c. 80 dB é considerado um ruído tranquilo.
d. 70 dB é o máximo aceitável em ambientes que exigem silêncio.
e. 100 dB é o máximo tolerável para uma jornada de trabalho de 8 h.

4. A vibração é considerada qualquer movimento que o corpo produza em


torno de um ponto ixo, podendo ser irregular ou regular, seus efeitos no
organismo são diversos. Desta forma, assinale a alternativa que corres-
ponda a alguns efeitos que as vibrações podem causar.
a. Relaxamento muscular e contrição circulatória.
b. Relaxamento muscular, contrição circulatória e irritabilidade.
c. Contração muscular, contrições circulatórias, enjoos, redução da acuidade
visual, precisão, além de prejudicar o organismo de forma geral.
d. Irritabilidade, problemas musculares, ósseos e circulatórios.
e. Relaxamento muscular, irritabilidade, estresse e fadiga.

5. A escolha e a distribuição do mobiliário são etapas-chave para um bom re-


sultado do projeto cuja escolha deve ser coerente com a proposta preferida,
desde o tipo de distribuição dos móveis até o modelo de cada peça. A co-
erência é fundamental para que o ambiente se torne harmônico (GURGEL,
2005). A autora citada defende o uso da ergonometria nos ambientes. O
que signiica ergononometria e qual sua aplicação no design de interiores?
a. A ergonometria refere-se à disposição dos móveis para que se tornem bo-
nitos e se combinem entre si, principalmente com base na paleta de cores.
b. Ergonometria refere-se à medição do corpo humano e suas diferenças
étnicas, climáticas, seculares e de gêneros.
c. Ergonometria é o estudo de ambientes antigos que precisam ser restaura-
dos, baseados em estudos passados, utilizando técnicas atuais para man-
ter suas características.
d. Ergonometria é o estudo de ambientes comerciais para priorizar o confor-
to do cliente enquanto estiver no espaço, bem como facilitar sua aceitação
da loja e inalizar a compra.
e. Ergonometria trata da ciência que busca melhorar a relação entre o ho-
mem e o meio ambiente, analisando características físicas, psicológicas e
isiológicas de um povo, além das distâncias e dos espaços necessários
para eles.

133
LEITURA
COMPLEMENTAR

A IMPORTÂNCIA DA ERGONOMIA NO DESIGN


O termo ergonomia foi criado pelo polonês Woitej Yastembowsky em 1857. Apesar disso, o es-
tudo formal da ergonomia como um ramo de aplicação interdisciplinar da ciência surgiu quase
um século mais tarde, em 12 de julho de 1949, durante uma reunião de cientistas e pesquisa-
dores. Mas foi a partir da década de 1950, com a fundação da Ergonomics Research Society, na
Inglaterra, que a ergonomia se expandiu para o mundo industrializado e, mais tarde, também
passou a integrar o trabalho dos designers.
Isso quer dizer que o design não se limita à função estética ou cosmética como airmam alguns
autores. Ainda pior é o ponto de vista de vários empresários que só contratam os serviços de
designers, na etapa inal de seus projetos, apenas para deixá-los com uma aparência melhor.
É importante salientar que esta visão equivocada é muito comum no meio empresarial, so-
bretudo se adicionarmos a isto o fato de ainda existirem muitos proissionais de outras áreas
atuando no mercado do design.
Embora seja alarmante, o quadro atual tende a mudar não somente com o aumento de prois-
sionais com graduação em design disponíveis no mercado, e com o consequente aumento da
massa crítica, mas também com o advento da globalização que vem provocando o rompimento
de fronteiras. Não pretendo analisar se o modelo econômico globalizado é democrático ou
beneicia apenas as grandes nações. Neste espaço ica apenas um convite à relexão e a cons-
tatação de que a globalização veio para icar.
A economia globalizada fomenta uma competição cada vez mais acirrada entre os fabricantes
que vivem em busca de maiores vendas e da conquista de novos mercados. Com isso, as novas
tecnologias e os planos de redução de custos têm chegado ao limite. Qual será então a saída? O
uso do design! Vários países já não fabricam produtos, eles fabricam design ou, como preferem
alguns, produzem conceitos de design. Não raro encontramos etiquetas, selos ou inscrições
que anunciam Design by Germany, ainda que o produto tenha sido fabricado em Cingapura,
por exemplo. Nestes casos, o que importa é a origem do conceito, da idéia e do design.
Mas utilizar o design apenas para agregar charme e valor econômico às mercadorias não é
suiciente. O design, enquanto tecnologia, num determinado quadro de relações de produção,
tem a ergonomia como parceira indispensável. O designer pode e deve trabalhar o projeto e,
mais especiicamente, a capacidade de utilização do objeto centrado no usuário. Cabe então à
ergonomia o papel de combater a alienação, ao focalizar a comunicação homem- tarefa- má-
quina. Para que o design contribua signiicativamente para o desenvolvimento de produtos

134
LEITURA
COMPLEMENTAR

adequados para os usuários, de modo que eles identiiquem esta contribuição reconhecendo nos
produtos valores como satisfação, prazer e segurança , é necessária a aplicação de uma metodo-
logia adequada.
Por meio dessa metodologia é possível compreender os usuários: como eles são e como as mu-
danças podem inluenciar suas vidas. Para fazer isso, devemos dominar as noções básicas de er-
gonomia, o que nos possibilita conhecer uma gama maior de fatores que inluenciam os usuários
potenciais dos mais variados produtos. O design é uma proissão eminentemente técnica e multi-
disciplinar. Sendo assim, a interação com a ergonomia deve acontecer de forma segura e gradual,
principalmente se levarmos em conta que no Brasil todos os cursos de Desenho Industrial / Design
(que formam designers) possuem no mínimo duas disciplinas de ergonomia em seus currículos.
A ergonomia deve ser parte integrante do projeto e de seu desenvolvimento, sempre que houver o
envolvimento entre o produto e seu potencial usuário. Em outras palavras, um projeto de produto
apropriado requer interação com a prática da ergonomia. O atendimento aos requisitos ergonô-
micos possibilita maximizar o conforto, a satisfação e o bem-estar, além de garantir a segurança
do usuário. O uso da ergonomia também ajuda a minimizar constrangimentos e custos humanos,
otimizando o desempenho da tarefa, o rendimento do trabalho e a produtividade do sistema ho-
mem-tarefa-máquina.
A maioria dos produtos, principalmente os mais complexos, possui atributos que diicultam o seu
uso. Esses atributos devem ser sistematicamente identiicados e medidos, sempre que possível,
em termos de requisitos de desempenho humano. E os resultados dessa medição devem ser in-
corporados ao projeto do produto. Desta forma, a ergonomia ajuda a reduzir o elemento de con-
jectura e aumenta o nível de coniabilidade nas decisões de projeto, no que se refere à considera-
ção de importantes fatores do ponto de vista da satisfação, segurança e bem estar dos usuários.
Por tudo isso, a ergonomia deve estar presente em todas as etapas de desenvolvimento de um
projeto. Em resumo, é preciso enfatizar o entendimento e a contribuição da ergonomia para a
gestão do design. É necessário ter a ergonomia como parte integrante de todo processo de design.
Isso contraria a atuação de alguns proissionais do mercado, e mesmo de alguns professores, que
encaram a ergonomia como algo desvinculado do processo central do design. Isso também implica
na aceitação de que as responsabilidades pelas decisões de projeto devem ser divididas entre os
diversos especialistas que participam do trabalho. E as decisões devem levar em conta todos os
aspectos que envolvem o produto e seus potenciais usuários.

Fonte: Design Brasil (2004, on-line)3.

135
material complementar

Indicação para Ler

Projetando espaços: Design de Interiores


Miriam Gurgel
Editora: SENAC São Paulo
Sinopse: projetar e apresentar soluções diferenciadas são os principais desaios
desse livro de Miriam Gurgel. Esse manual, imprescindível para proissionais e
alunos da área de design de interiores, apresenta de forma objetiva os conceitos
e princípios básicos dessa área, e alia a exposição de informações técnicas e teó-
ricas a aberturas criativas, que imprimem organicidade e consistência artística ao
planejamento.

Indicação para Ler

Projetando espaços: Guia de Arquitetura de Interiores Para Áreas


Comerciais
Miriam Gurgel
Editora: SENAC São Paulo
Sinopse: o projeto de interiores comerciais envolve, de acordo com a autora, um
profundo estudo sobre o peril da empresa e da imagem que ela transmite – ou
pretende transmitir –, além de ter como uma de suas prioridades a viabilização da
praticidade, da funcionalidade e do conforto na execução das tarefas em cada um
de seus departamentos. Aqui os leitores – proissionais e estudantes – encontra-
rão um roteiro seguro, essencialmente prático, que parte de conceitos objetivos
para a formulação de considerações técnicas e culturais, tendo em vista a elabo-
ração de um bom projeto.

Indicação para Acessar

O seguinte artigo apresenta uma avaliação feita em unidades habitacionais de interesse social do muni-
cípio de Embu das Artes/SP. O objetivo do estudo é avaliar a unidade internamente e o mobiliário que a
compõe, sendo esta análise feita a partir dos conceitos da Ergonomia.
Acesse: <http://www.bussinesstour.com.br/uploads/arquivos/a0fb6e7db9f739790da86e597e594ef2.pdf>.

136
material complementar

Indicação para Assistir

O homem ao lado
Ano: 2009
Sinopse: um ilme sobre arquitetura em que se destaca um dos grandes persona-
gens dessa atividade. Nele, os argentinos Mariano Cohn e Gastón Duprat fazem
do cotidiano o ponto de partida para essa trama. O ilme presta homenagem a um
dos maiores gênios da arquitetura, Le Corbusier. Se passa na única residência que
o arquiteto suíço assinou na América, em La Plata (Argentina), e é uma comédia
romântica em que vizinhos começam a ter desentendimentos por fatos simples
do dia a dia.

Indicação para Assistir

Medianeras
Ano: 2011
Sinopse: Gustavo Taretto apresenta como a arquitetura de Buenos Aires e a cultu-
ra virtual criam um ambiente que corrobora com a solidão. É uma obra sobre estar
sozinho no meio da multidão, uma realidade de grandes centros urbanos. Com
certeza, um ilme para arquitetos e designers de interiores que querem integrar
mais as pessoas em seus projetos.

Indicação para Acessar

O presente artigo aborda o mobiliário de escritórios e sua inluência na rotina de trabalho de arquitetos
e designers de interiores. Trata da importância do móvel corretamente dimensionado para a melhoria na
rotina de trabalho destes proissionais.
Acesse: <http://www.bussinesstour.com.br/uploads/arquivos/4896b952c12adac37d41abcd810cdb43.pdf>.

137
referências

ABNT. Associação Brasileira de Normas Técnicas. NBR 5413:


Iluminância de interiores. Rio de Janeiro: ABNT, 1992. Disponível em:
< http://tp.demec.ufpr.br/disciplinas/TM802/NBR5413.pdf>. Acesso em:
25 mar. 2019.
CAPRI. D. Ergonomia: um estudo de caso realizado em uma biblioteca universi-
tária de Florianópolis. 2011. 80 f. Trabalho de Conclusão de Curso. (Graduação
em Biblioteconomia) - Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis,
2011.
IIDA, I. Ergonomia: projeto e produção. São Paulo: Blucher, 2005.
GURGEL, M. Projetando Espaços: guia de arquitetura de interiores para áreas
comerciais. São Paulo: Editora Senac São Paulo, 2005.
______. Projetando Espaços: design de interiores. São Paulo: Editora Senac São
Paulo, 2007.
MÁSCULO, F. S.; VIDAL, M. C. Ergonomia: trabalho adequado e eiciente. Rio
de Janeiro: ABEPRO, 2011.
RAZZA, B. M. Ergonomia. Maringá: UniCesumar, 2016.

Referência On-line
1
Em: <https://guiadoestudante.abril.com.br/blog/dicas-estudo/veja-como-aumen-
tar-a-sua-produtividade-nos-estudos-com-a-tecnica-pomodoro/>. Acesso em: 21
mar. 2019.
Em: <http://www.prosek.com.br/dicas/89/Proteção-Auditiva>. Acesso em: 21
2

mar. 2019.
3
Em: <http://www.designbrasil.org.br/entre-aspas/a-importancia-da-ergonomia-
-no-design/>. Acesso em: 28 mar. 2019.

138
gabarito

1. B
2. A
3. B
4. C
5. E

139
ERGONOMIA NA MODA

Professora Me. Veridianna Cristina Teodoro Ferreira

Plano de Estudo
A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta
unidade:
• Aplicação da Antropometria na moda
• Ergodesign e a matéria-prima tecnológica
• Ergonomia na modelagem
• Projeto de moda universal
• Percepção do usuário no uso da vestimenta ergonômica

Objetivos de Aprendizagem
• Descrever as formas de utilização de medidas antropométricas,
de tecnologias têxteis e deinir possibilidades de usos da
ergonomia na modelagem para melhor adequação corporal.
• Explicar as formas de utilização da ergonomia por meio de
tecnologias têxteis.
• Deinir possibilidades de usos da ergonomia na modelagem
para melhor adequação corporal.
• Discutir possibilidades de design universal por meio de
modelagem ergonômica e apresentar estudo de caso de
modelagens universais.
• Apresentar exemplos de projetos de vestimentas e acessórios
com utilização de ergonomia com resultados positivos.
unidade

V
INTRODUÇÃO

C
aro (a) aluno (a), nesta última unidade, falaremos sobre as di-
versas maneiras que podemos e devemos utilizar a ergonomia
no Design de Moda. Discutiremos sobre os benefícios da ergo-
nomia e de suas formas de aplicação nos vestíveis para melho-
ria da relação do usuário com a vestimenta e/ou acessório.
Atualmente, maioria das pessoas desenvolve inúmeras tarefas ao lon-
go de seu dia, por isso, os designers de moda devem levar em considera-
ção a praticidade no uso, a lexibilidade da peça, a percepção de conforto
quando se utiliza a vestimenta para que, desta forma, seu dia seja mais
produtivo. Quando estamos com uma roupa apertada, desconfortável que
nos limite de desempenhar determinados movimentos ou sapatos descon-
fortáveis sentimo-nos incomodados, não nos sentimos? Imagine se tivés-
semos tarefas a serem desempenhadas o dia todo sem que pudesse trocar
essa vestimenta. Certamente, nosso desempenho cairia, não cairia?
Naturalmente o desempenho cairia, pois quando estamos em postura
desconfortável, com roupas e/ou calçados desconfortáveis, sentimo-nos
incomodados e não vemos a hora de trocar de roupa. Quando usamos cal-
çados desconfortáveis, naturalmente pensamos duas vezes antes de cami-
nhar para buscar algo ou para ir para um outro lugar, vamos adiando e isso
pode atrapalhar algumas tarefas a serem desenvolvidas. Estes incômodos
tiram nosso foco nas atividades e às vezes nos deixa até irritados.
O uso de produtos inadequados pode trazer também sérios problemas
à saúde, como alterações nas formas corporais quando se utiliza roupas
apertadas, alergias e dermatites por conta de tecido inadequado. Bolhas,
calosidades e deformação óssea podem ocorrer quando se utiliza com
frequência calçados inadequados. Por isso, a ergonomia tem um papel
fundamental no design de moda, para que muitos destes problemas se-
Aplicação da
Antropometria na Moda
Como já dito anteriormente, a Antropometria dá-se turalmente, o usuário andará, sentará, levantará,
pelo estudo das medidas do indivíduo em diferen- agachará para pegar algo, esticar-se para alcançar
tes situações, seja em pé, sentado seja até mesmo em algo, entre outros moviment os que fazemos ao lon-
movimento. Essas medidas devem ser tiradas, cau- go do dia, mesmo sem perceber.
telosamente, pois qualquer detalhe pode alterar a No mundo da moda, a maioria dos produtos
precisão do estudo. comercializados são produzidos em larga escala, o
A ergonomia defende que um produto seja ade- conhecimento das proporções do corpo e a utiliza-
quado ao corpo, por isso, deve ser embasado em ção dessas medidas para padronização de uma mo-
medidas antropométricas, pois o usuário não per- delagem são essenciais, principalmente para se obter
manecerá estático com o produto ao corpo, princi- sucesso na aceitação e comercialização do produto.
palmente em se tratando de uma vestimenta. Na- O estudo da Textile/Clothing Tecnology Corpora-

144
DESIGN

tion, de 1996, mostra que metade dos consumidores Como já visto anteriormente, um único estudo
americanos não encontra roupas prontas adequadas antropométrico não é válido para toda a população
às dimensões do corpo. Outra opção tecnológica mundial, pois pesquisas comprovaram diferenças
que tem sido experimentada na moda, desde 2015, étnicas e climáticas que inluenciaram nas medidas
inicialmente, pela designer Israelense Panit Peleg, do corpo humano, além de alterações de diferencia-
é a roupa produzida a partir da impressora 3D (3 ções de medidas entre homens e mulheres e também
dimensões), a ferramenta que antes imprimia obje- as variações de medidas que ocorrem em um ser hu-
tos agora passa a ser utilizada para imprimir roupas mano ao longo de sua vida. Por isso, devemos saber
(KRESCH, 2015, on-line)1. quem é o nosso público para que possamos buscar a
tabela antropométrica correta e aplicar as me-
didas nas vestimentas e/ou calçados.
Quando nos referimos às me-
didas da população brasileira,
detectamos a existência de pro-
blemas, isso acontece devido à
miscigenação existente no país.
Desse modo, ocorre variação muito
grande de medidas, se considerar-
mos todo o país. Essas diferenças
concentram-se em regiões, por isso,
os estudos que se destinam às medidas
corporais ou a modelagens brasileiras de-
vem ser divididos pelas regiões.
As medidas antropométricas estáticas ou estru-
turais referem-se às medidas do corpo estático, sem
movimento. Essas medidas são muito utilizadas no
Fonte: Giacobetti (2012, p.161). processo de alfaiataria. Já as medidas antropométri-
cas dinâmicas ou funcionais referem-se às medidas
Quando trabalhamos com vestuário, o ideal é conhe- adquiridas, durante um movimento do corpo, asso-
cer a escala, proporção e a dimensão do corpo a im ciado à determinada atividade. Essas informações
de que a vestimenta se adeque ao corpo e se mova em são adequadas para projetar principalmente vestu-
harmonia. Para que isso seja possível, o designer deve ários esportivos (BOUERI, 2008).
obter conhecimentos básicos sobre a estrutura, os mo- Devemos, porém, ter em mente que não são ape-
vimentos, a anatomia, as formas e as medidas do cor- nas os atletas que vivem em movimentos constantes,
po, pois o dimensionamento adequado do vestuário pode-se levar em consideração também o uso dessas
é tão importante quanto os aspectos de conforto, de medidas dinâmicas em um projeto de roupas comuns,
segurança, de proteção e de estética (BOUERI, 2008). sem o apelo esportivo, uma vez que um indivíduo com

145
rentes. Por exemplo, se pegarmos 10 pessoas que
usem o manequim 38, e colocarmos uma do lado
da outra, observaremos que cada uma terá forma
corporal diferente, umas terão mais quadril, outras
mais busto, algumas terão a cintura ina, outras não,
algumas baixas, outras altas, enim, inúmeras serão
as diferenças entre estes manequins.
Por isso, a tecnologia têxtil deve andar ao lado
da ergonomia para que se completem, pois a antro-
pometria se aproximará das medidas do corpo do
usuário, enquanto a tecnologia têxtil complementa a
adequação por meio de sua elasticidade, caimento e/
ou abrindo a peça para novas possibilidades de usos.
O uso dos tecidos com tecnologias não eliminam
a aplicações ergonômicas e antropométricas, muito
pelo contrário, a junção das técnicas torna o produto
adequado ao corpo, respeitando sua saúde, sua mobi-
lidade e suas formas naturais, minimizando a necessi-
dade de tantos padrões de medidas para atender po-
inúmeras atividades diárias precisa ter liberdade para pulações com corpos tão diferentes como no Brasil. A
se movimentar de forma geral, como: sentar, levantar, antropometria é importantíssima no projeto de vestu-
agachar, deitar, subir e descer escadas, andar, correr, ário e não deve ser deixada de lado pelas indústrias de
dentre muitos outros movimentos comuns presentes moda, isso se a empresa tiver interesse em conquistar
no nosso dia a dia, de modo que determinados produ- novos mercados e satisizer os consumidores.
tos nos impeçam de fazê-lo de forma confortável ou,
até mesmo, de forma ágil e segura, sem causar certo
desgaste, desconforto ou insegurança em pequenos
movimentos cotidianos (FERREIRA, 2016).
Em 2004, foi criada a NBR 15127 - Corpo Huma-
no: Deinição de medidas, que estabelece procedimen-
tos para deinir medidas do corpo que podem ser uti-
lizadas como base para projetos tecnológicos em suas
diversas aplicações no vestuário (BOUERI, 2008).
A aplicação da antropometria, de forma corre-
ta, ajuda fazer com que o produto se adeque melhor
ao usuário, porém com a miscigenação existente no
Brasil nos deparamos com corpos totalmente dife-

146
DESIGN

Ergodesign e a Matéria-Prima
Tecnológica

Fonte: Giacobetti (2012).

147
Abordaremos, neste tópico, os aspectos tecnológicos conforto e os princípios de usabilidade. A usabilida-
da vestimenta que se adequam aos estudos ergonô- de é compreendida como a interface que possibilita
micos de forma que a matéria-prima otimize a saúde a utilização eicaz dos produtos.
e o conforto do usuário, além da percepção positiva A ergonomia é de extrema importância no proje-
da vestimenta com as formas do corpo. Os aspectos to de design e se leva em consideração que o produto
tecnológicos inseridos na matéria-prima são impor- será utilizado por um ser humano e também se consi-
tantes para o desenvolvimento de uma vestimenta dera que o projeto tenha como intuito facilitar a vida
com a preocupação e adequação aos diferentes tipos do usuário, seja deixando-o mais confortável no uso
de corpos, bem como a importância do uso dos es- do produto, aumentando seu desempenho e dimi-
tudos ergonômicos para preservação da saúde e do nuindo seu desgaste seja mesmo eliminando riscos e
bem-estar do usuário (FERREIRA, 2016). danos à saúde com o uso de produtos mal projetados.
A indústria de confecção produz uma ininidade Pensar ergonomicamente é pensar no indiví-
de produtos que não são adequados para se encaixar duo como usuário do produto e levar em conta suas
em diferentes biotipos, mesmo se tratando dos que necessidades, limitações, saúde e facilitar o uso do
compõem a mesma numeração de uma tabela de me- produto aumentando, até mesmo, seu desempenho.
didas da modelagem, pois, como já foi dito, se colo- Assim, o vestuário também é um objeto que necessi-
carmos lado a lado 10 pessoas que usam 38 identii- ta de estudos ergonômicos, para que seja adaptado e
caremos diferenças consideráveis de um corpo para o adequado ao corpo e ao uso do indivíduo.
outro. Nessa condição, o corpo tenta se adequar a uma Os problemas ergonômicos relacionados ao ves-
forma que não é exatamente a sua, e, na falta de ma- tuário que dizem respeito à segurança, envolvem à
téria-prima que tenha facilidade de adequação, ou de proteção e à composição dos tecidos, acessórios e de-
uma modelagem que se modiica para ajuste em dife- mais componentes que serão utilizados no produto.
rentes formas corporais, o corpo modiica-se para tal
encaixe, o que pode causar interferência na percepção
do corpo com a vestimenta (FERREIRA, 2016).
Nem sempre as vestimentas estão adequadas às
necessidades do indivíduo, muitas marcas descon-
sideram a ergonomia e deixam de lado variáveis de

REFLITA

Em síntese, a usabilidade é fundamental para


avaliar a relação do produto- usuário. Nesse
sentido, é o princípio que deve ser observado
em qualquer produto e ambiente construído.

(Suzana B. Martins).

148
DESIGN

Para que os tecidos sejam explorados da melhor ma- biotipos e otimizar a sensação da vestimenta junto
neira possível, o designer deve pesquisar o corpo e o ao corpo. Além disso, torna-se possível projetar pe-
têxtil, valorizando todos os benefícios do tecido em ças de roupas que permitam liberdade na mobilida-
função do corpo. Quando as inovações tecnológicas de, no conforto, na usabilidade e que não agridam
interferem na área têxtil, as possibilidades de am- a saúde dos usuários em geral, permitindo que seu
plitudes de um projeto são maiores e mais precisas, corpo respire normalmente e que não o impeça de
fazendo com que uma vestimenta não seja apenas completar suas diversas atividades com o conforto
bonita, mas que afete em um sentido amplo, aspec- esperado de uma vestimenta ergonômica.
tos físicos e perceptivos do usuário. Atualmente, são inúmeras as pesquisas destina-
Quando se utiliza o tecido ideal e a modelagem das às descobertas, aos desenvolvimentos e aos be-
ideal, levando em consideração as medidas antropo- neiciamentos de novos tecidos tecnológicos para
métricas para o melhor encaixe ao corpo e às capa- diferentes ins. Estas pesquisas são feitas em labora-
cidades do têxtil, levando em consideração a melhor tórios que manipulam substâncias químicas, utili-
sensação do tecido ao corpo, resulta-se em melhor zam aplicações de física e pesquisas de possibilida-
adequação da modelagem para favorecer diferentes des tecnológicas do material e do processo. Com este

149
suporte, torna-se possível criar tecidos com diferen- manchas; encapsuladores de odores, que se referem
tes apelos tecnológicos para diversos ins, sejam eles a produtos que contém odores para aromaterapia,
adequacionais - relacionando-se ao corpo, curativos com microcápsulas de hidratantes, de repelentes e
- voltados até mesmo para área médica, ecológicos - efeitos curativos. Sendo assim, esses beneiciamen-
pensando em aspectos sustentáveis, esportivos - apli- tos aplicados nos têxteis propiciam maior saúde, se-
cando tecnologias para melhoria do desempenho do gurança e conforto aos usuários (AVELAR, 2011).
atleta, entre outras inúmeras possibilidades. Existem também tecidos com luorcarbonos,
O setor mais beneiciado até o momento é o es- que removem facilmente a sujeira; os tecidos com
portivo, com matérias-primas avançadas direcionadas Telon (marca registrada DuPont) que evitam man-
aos atletas de diferentes modalidades, para confecção chas, não amassam e são impermeáveis a água e o
de seus uniformes esportivos, com o intuito de não in- óleo; os tecidos antiestresse, que contém cápsulas
comodar e não atrapalhar alcançar seu maior desem- que liberam óleos essenciais que acalmam o indi-
penho. Pesquisas destinadas a outras áreas também ti- víduo (esta linha tem também tratamentos contra
veram ótima aceitação e contribuíram, positivamente, insônia), e também tecidos termorreguladores que
com as necessidades do corpo do usuário, levando em são úteis, tanto no frio quanto no calor, absorvendo
consideração sua necessidade e sua saúde. o calor do corpo e o liberando quando necessário;
Em 1999, a Rhodia lançou o amni biotech, um entre outros inúmeros tecidos tecnológicos, que são
tecido que possuía ação bacteriostática, eliminando desenvolvidos pensando em facilitar e melhorar a
bactérias, favorecendo a saúde e promovendo con- vida do indivíduo (AVELAR, 2011).
forto ao indivíduo. Outro efeito conseguido foi o dry O desenvolvimento desses tecidos ocorrem pela
it, que tem a capacidade de eliminar a umidade do preocupação com a proteção do indivíduo, a facili-
corpo, expulsando os efeitos do suor. O dry it tam- dade no cuidado da peça, a capacidade de respira-
bém é contra a ação maléica dos raios ultravioletas ção do corpo do usuário, o conforto, a durabilidade
(UVA) e infravermelho (UVB) na pele e passa a ser e a resistência à lavagem e ao vento, e, muitas vezes,
utilizado em vários artefatos da indústria da confec- também para uma melhor adequação ao corpo. Des-
ção, como o UV, muito empregado em chapéus e bo- ta forma podemos observar o quanto estas pesquisas
nés para a praia (CHATAIGNIER, 2006). têxteis podem beneiciar o corpo e a saúde do usu-
A tecnologia têxtil tem avançado para beneicia- ário, além de contribuir, indiretamente, com o de-
mentos nos tecidos de forma que atenda a diversos sempenho dele em suas atividades diversas. Objeti-
pré-requisitos para se considerar um produto ergo- vos estes, que deinem a ergonomia, especiicamente
nômico, como: tecidos antiácaros; anti-UV; anti- no campo da moda.

150
DESIGN

Ergonomia na
Modelagem
A modelagem é extremamente importante em uma bretudo, a escolha das tecnologias a serem utiliza-
vestimenta, quanto melhor a modelagem melhor das. Estes itens são de extrema importância para o
será o encaixe da roupa no corpo, melhor será o cai- desenvolvimento de uma modelagem com um alto
mento de acordo com a matéria-prima selecionada padrão de qualidade. A técnica de modelar deve
e, até mesmo, a sensação de conforto é otimizada. tornar viável a construção de peças do vestuário de
Deve-se escolher o tipo de modelagem e as téc- acordo com o modelo que se deseja produzir.
nicas mais adequadas à realidade da empresa e, so-

151
SAIBA MAIS Se conhecermos a anatomia, é possível transferir
suas ideias, saber como valorizar a silhueta, poden-
Pode-se ter um maravilhoso modelo produzi- do acompanhar os contornos ou alterá-los. O mo-
do em um tecido com a mais alta tecnologia delista e o designer devem ter sensibilidade para
e funcionalidade, além de excelentes acaba- compreender a relação da roupa com o corpo, sua
mentos de costura, mas, se não se adapta
bem ao corpo, possivelmente, não será bem forma de uso, agregar praticidade, qualidade, fun-
aceita, ou talvez até seja, por pouco tempo. cionalidade e conforto. estes aspectos estão ligados a
O consumidor pode rejeitar uma peça sem uma modelagem ergonômica.
se dar conta de que o desconforto é causado
pela modelagem inadequada. Ou então, po-
de-se ter preferência por determinada marca
ou mesmo se tornar um cliente iel por achar
que veste bem, sem perceber, também, que
é por conta de uma modelagem adequada.

Peclat e Medeiros (2000).

Durante a execução das modelagens, consideram-


-se alguns fatores primordiais: caimento, conforto,
usabilidade, movimento, diferenças físicas, lexibili-
dade, necessidades estéticas, facilidades de vestir e
despir. Também, os recursos materiais tais como os O vestuário confortável precisa ser o mais anatômi-
instrumentos e as tabelas de medidas são comple- co possível para não provocar limitações aos mo-
mentos importantes para o conhecimento técnico vimentos e sensações de desconforto. O corpo tem
do modelista (ARÁJO; CARVALHO, 2013). uma construção biomecânica, composta por uma
série de alavancas constituídas por ossos conectados
nas articulações e são movimentadas pelos múscu-
los, por isso, precisamos de tantos cuidados para
desenvolver um produto que será utilizadado e que
terá que se encaixar neste corpo. São estas conexões
que determinarão como o tecido se ajustará e se mo-
vimentará em harmonia ou em desarmonia com o
corpo (SANTOS, 2009).
O corpo é um suporte da vestimenta, ao criar-
mos para o corpo, devemos ter total conhecimento
sobre o mesmo, por isso, temos que compreender

152
DESIGN

como este corpo se movimenta, como ele se com- ao usuário: saúde, conforto, facilidade de manejo da
porta, deve-se ter conhecimento das medidas do peça, facilidade de manutenção, entre outros benefí-
conforto e das possibilidades de aplicações para que cios. Estes tecidos podem ser: com microcápsulas de
esta vestimenta seja percebida como uma segunda perfumes, de hidratantes, contra raios UVA e UVB,
pele, ou seja, como uma extensão do corpo. com microcápsulas repelentes, impermeáveis, entre
A modelagem deve ser baseada em antropome- outras inúmeras possibilidade de agregar funções e
tria, então, devemos saber quem é o meu usuário e facilidades ao meu produto, visando sempre o con-
de onde ele é. Devemos extrair o máximo de deta- forto, praticidade e bem-estar do indivíduo.
lhamento de medidas e aplicar na modelagem, com- Um exemplo famoso de modelagem ergonô-
preendendo todas as possíveis formas de utilização mica foi desenvolvida pelo designer japonês Issey
da roupa e, por im, para melhor caimento, melhor Miyake, em 1998, pensando em habitar diferen-
adequação em diferentes corpos e para possibilitar li- tes corpos e dar autonomia ao usuário para que
berdade ao movimentar-se podemos aplicar também escolha seu modelo. Seu projeto foi denominado
tecidos tecnológicos que permitam certa elasticidade. A-POC, que corresponde à abreviação do termo
Caso opte, pode-se também utilizar tecidos A Piece Of Cloth, que traduzido para o português
compostos de benefícios secundários para propiciar signiica: Um Pedaço de Tecido.

153
Figura 1 - A-POC de Issey Miyake (blusa)
Fonte: A. G. Nauta Couture (2015, on-line)2. Utilizou a tecnologia também na forma de produ-
ção, de modo que método de confecção utiliza tec-
nologia computadorizada para criar roupas a partir
de um único pedaço de linha, num único proces-
so, aumentando, assim, o conforto do corpo junto à
roupa, sem que costura nenhuma o incomode. Este
simples “pedaço de tecido” ainda permite que o usu-
ário escolha a forma como quer criar suas roupas,
permitindo diversas variações (LEHNERT, 2001).
A-POC foi selecionada como um exemplo por
ter uma modelagem totalmente diferente, que res-
peita as formas e os movimentos do usuário e, ainda,
permite que ele escolha utilizar o produto da ma-
neira que o agrade. Pensando sempre em conforto,
saúde, bem-estar e, consequentemente, satisfação.
O projeto é feito também com uma diferente for-
ma de produção, pois se dá por meio de uma malha
Figura 2 - A-POC de Issey Miyake (vestido)
Fonte: A. G. Nauta Couture (2015, on-line)2. dupla com máximo aproveitamento de elasticidade e
aderência ao corpo. Além disso, são compostas por
Miyake desenvolveu este trabalho com a mais recen- formas geométricas que se organizam, e as marcações
te tecnologia, utilizou programas de computadores de linhas pontilhadas sinalizam a largura e o com-
para desenvolver uma modelagem na qual simula- primento. Pelos pontilhados, o usuário pode cortar
va os corpos em movimento e, desta forma, buscava a peça e compor como preferir, de acordo com sua
respeitá-los no desenvolvimento de seus projetos. necessidade ou preferência (NOGUEIRA, 2013).

154
DESIGN

As peças de A-POC podem ser utilizadas por di- O fato de o A-POC ter sido confeccionado sem
ferentes tipos de corpos por conter boa elasticidade costura é outro ponto positivo, segundo a ergono-
para se encaixar em diferentes formas e tamanhos de mia, pois resulta em conforto tátil, ou seja, o con-
corpos, sem obrigar que o corpo altere suas formas, forto sentido pela pele, pelo corpo. Desta forma,
ou abra mão de seu conforto para se submeter a uma evita que o corpo sinta o desconforto da costura
vestimenta rígida e desconfortável. ou, até mesmo, que as peles mais sensíveis sofram
possíveis alergias. Sendo assim, o
usuário sente-se seguro, confortá-
vel e tem uma percepção positiva no
uso das peças. Esse conceito fez e faz
tanto sucesso no mundo da moda
por sua inovação que já icou expos-
to em diferentes lugares e compôs
desiles totalmente conceituais, que
enchiam os olhos de beleza, curiosi-
dade além de aguçarem a criativida-
de de muitos designers.
Outras pesquisas como estas, ba-
seando-se em tecnologias têxteis para
Figura 4 - Desile A-POC
Fonte: Highlike ([2018], on-line)3. diferentes ins de vestimentas, são de-
senvolvidas cada vez mais, o
que tem ampliado as possi-
bilidades de se desenvolver
projetos beneiciando os di-
ferentes corpos em diferentes
situações, e tudo isso man-
tendo os objetivos da ergo-
nomia na moda.

Figura 5 - Exposição A-POC


Fonte: Ypanyc (2017, on-line)4.

155
Projeto de
Moda Universal

Com a globalização, o aumento e a rapidez na ex- signers tiveram que ampliar seus horizontes e pen-
pansão dos meios de comunicação e a facilidade da sar em novas formas de atingir a este público.
entrega de produtos resultaram em um aumento Esta necessidade de buscar novas alternativas
considerável da circulação mundial de mercadorias. surgiu por conta destas mudanças, pois, antes, os
Tem ocorrido também mais incorporação de certas designers realizavam projetos para determinados
minorias no mercado de consumo, por isso, os de- segmentos da população ou regiões especíicas e,

156
DESIGN

agora, com este novo cenário, tiveram de passar a sados permitem formas visualmente harmoniosas
utilizar o método de projeção universal para atender e funcionalidade no uso, dando ao usuário proba-
à demanda do mercado e se inserir, de forma segura, bilidade de diferentes possibilidades a uma mesma
no mercado mundial. peça, além de liberdade de movimento, pois as peças
O intuito do projeto universal é tornar acessí- se ajustam ao corpo por conta dos plissados e, con-
vel um produto para um maior número de pesso- forme o corpo se movimenta, eles abrem e fecham,
as, como já foi visto em capítulos anteriores. Con- dando conforto e liberdade de movimento.
sequentemente, esses produtos acabam tendo uma Uma das principais características dos plissados
boa usabilidade, pois adequam-se à maioria das ca- de Miyake é que o método é oposto ao tradicional,
racterísticas do design universal, às diferentes etnias ou seja, a roupa é primeiro cortada e costurada e,
e corpos, respeitando as formas do usuário, contri- depois de pronta, a peça é dobrada e passa pelo pro-
buindo com o seu bem-estar e otimizando a usabi- cesso de drapejamento. Na maioria das vezes, as
lidade do produto. Como o projeto universal já foi roupas drapeadas são feitas já no tecido drapeado.
discutido anteriormente, neste capítulo, que é foca- (FACTORY, 2012).
do no design de moda, trarei alguns exemplos para
que possamos compreender, de fato, como o projeto
universal pode se encaixar no design de moda.
Os projetos que escolhi para esta discussão são:
Torchon, da designer italiana Nanni Strada e o Ple-
ats Please, do designer japonês Issey Miyake. Em
ambos os projetos os designers aplicam beneicia-
mentos no tecido para que possam se encaixar em
diferentes corpos e resultar em um conforto extre-
mos aos usuários.
Os projetos escolhidos têm o intuito de adequa-
ção universal, podendo ser utilizados por diferentes
etnias e diferentes formas corporais sem comprome-
ter a mobilidade, conforto tátil, segurança, saúde e
bem estar do usuário.

DESIGN UNIVERSAL NOS PROJETOS DE


ISSEY MIYAKE

Em 1989, no Japão, Issey Miyake desenvolveu uma


característica em seus tecidos, em que experimentou
diferentes maneiras de beneiciar um tecido até che-
gar ao resultado esperado: os plissados. Seus plis-

157
As roupas pregueadas icam com formas indeini- se adequando em diferentes tipos de corpos. A ima-
das, que podem icar justas no corpo e manter seu gem a seguir mostra bailarinos dançando livremen-
conforto tátil por conta de sua elasticidade e leve- te com as roupas desenvolvidas por Issey Miyake, a
za. Miyake diz que o sucesso do seu trabalho dá-se partir das técnicas de Pleats Please.
pela maleabilidade do poliéster, pois, por meio dele,
conseguiu testar diversas possibilidades com tem- SAIBA MAIS
peraturas distintas, resultando em matérias-primas
diferentes (MIYAKE, 2012). Um amigo francês de Miyake disse a ele que
aquelas roupas seriam perfeitas também para
dança, devido à liberdade de movimentos que
permitiam. Miyake resolveu pedir a uma com-
panhia de ballet de Frankfurt, dirigida pelo
coreógrafo William Forsythe, para fazer um
teste com suas roupas. Os bailarinos foram
até o Studio de Issey Miyake, em Tóquio, e,
ao provar suas roupas, podiam perfeitamente
envergar seus corpos e concluir seus passos
de ballet sem a menor diiculdade.
Além disso, as roupas ganhavam também
movimentos com os corpos dos dançarinos.
Estas peças foram utilizadas pela primeira
vez, em 1991, como igurino do espetáculo
The Loss of Small Detail. Nesse momento,
Miyake reletiu sobre a mobilidade de seus
trajes, pois, se seus experimentos davam
tanta liberdade e alegria aos bailarinos com
diferentes tipos de corpos e com amplitudes
de movimentos, o que poderiam fazer nos
corpos de pessoas comuns, com relação ao
conforto e à liberdade.
Desse modo, resolveu seguir com seus pro-
dutos e ampliar o leque de opções dentro
de sua linha Pleats Please, que foi lançada,
oicialmente, em 1993. O nome também foi
escolhido com cuidado, pois ao traduzir o
Please pelo verbo To Please, resulta na pala-
vra “agradar”, dando uma segunda forma de
tradução: Pregas Agradáveis (MIYAKE, 2012).

Quando o designer percebeu a liberdade que os plis-


sados proporcionaram, criou, em 1993, a primeira
coleção de Pleats Please (plissados, por favor), que O designer respeita cada corpo como ele é em todos
representou a praticidade das roupas com pregas, os seus projetos, aplicando tecnologias têxteis, solu-
desenvolvidas com novas tecnologias para resultar ções para que uma mesma peça possa ser utilizada
funcionalidade, respeitando a arquitetura do vestir e por esses diferentes corpos, atribuindo sensações po-

158
DESIGN

sitivas de conforto tátil, prazer no uso, mobilidade, Strada em menos de dez anos de atuação proissional
respeito à saúde e aos diferentes tipos de corpos, to- faz a passagem ou a ultrapassagem fundamental: da
das estas características são levadas em consideração moda ao fashion design”. (ESTRADA, 2003, p. 15).
em suas peças do Pleats Please (FERREIRA, 2016).

Fonte: Giacobetti (2012).

O objetivo de Miyake é desenvolver roupas com de- Fonte: Madammeow (2014, on-line)4.

sign para todos os tipos de corpos, uma vez que re-


conhece a existência de inúmeras formas corporais e
suas características especíicas, com formas, alturas
e larguras diferentes.

DESIGN UNIVERSAL NOS PROJETOS DE


NANNI STRADA

Quando Nanni Strada rompeu laços com a moda no


quesito estilístico, ela resolveu se dedicar às pesquisas
para o design de moda que respeitassem o corpo. Des-
ta forma, passou a pesquisar soluções para vestimen-
tas que sobrevivessem à efemeridade da moda e que
respeitassem o corpo do usuário com suas diferenças
de medidas, de curvas, alturas, biotipos em geral. Por
isso, seus projetos de vestimentas são descritos como
roupas que respeitam a arquitetura do vestir, e isso se
dá, também, pela forma de construção da roupa.
“Nos anos 1970 contra o padrão máximo e indis-
Figura 4 - Nanni Strada para Max Mara
cutível na moda, o do io reto e da alfaiataria, Nanni Fonte: Madammeow (2014, on-line)4.

159
Especiicamente em 1971, a pedido da Max Mara, A Figura 6 demonstra o tecido com a técnica de
Strada desenhou uma coleção de casacos, paletós e Torchon e como ele pode ser guardado em nós para
calças para inverno, estes produtos alcançaram muito facilitar a colocação em malas ou organização em
sucesso, pois foram os primeiros casacos produzidos armários. Nestas imagens, também é possível ver
industrialmente sem forro, com acabamentos e cor- alguém vestido com a técnica de Torchon com suas
tes sem barras e sem bordados. Tais projetos foram alças amarradas, dando, assim, liberdade ao usuário
baseados na forma geométrica, em contraposição ao para modiicá-la em diferentes formas de uso.
sistema anatômico das modelagens (STRADA, 2008). O fato de as alças serem amarradas, dá ao usuá-
Posteriormente, Nanni apresentou as primei- rio possibilidade de brincar com a amarração modi-
ras roupas desenvolvidas para viagens, a qual deu icando o uso de uma mesma peça e, até mesmo, uma
o nome de Torchon, tratava-se de peças plissadas e possível utilização como saia. A intenção de Nanni,
torcidas que se tornaram compressíveis o suiciente em 1987, quando criou o Torchon, era dar à mulher
para permitir o uso nômade. A designer elaborou a liberdade que ela necessitava para optar pela forma
técnicas para fazer pregas e ondulações de forma de uso da peça e possibilitar facilidade de transporte e
inovadora, utilizando atributos tecnológicos, imagi- manutenção da vestimenta durante uma viagem, inde-
nando uma peça com constante amassado e estetica- pendentemente se fosse por passeio ou por trabalho.
mente agradável para inventar a Torchon. A matéria-prima que a designer utilizou é com-
posta pela mistura de lã com poliéster, podendo ser
comprimida drasticamente de volume, ocupando
menores espaços em malas e guarda-roupas, além
de ser plissado e guardado em nós eliminando pre-
ocupações de manutenção com amassados durante
viagens (FERREIRA, 2016).

Figura 5 - tecido com técnica Torchon Figura 6 - Nanni Strada - Vestido Tubular em Torchon
Fonte: Revista Numéro (on-line)6. Fonte: Contessanally (2018, on-line)7.

160
DESIGN

Em 1993, a designer criou as saias e vestidos Pli-Plá, O fato de a vestimenta ter sido desenvolvida por bo-
que eram peças produzidas por plissados sanfona- tões e tiras para amarração, dão ao usuário diver-
dos e, cuja matéria-prima era o Linho que permitia sas formas de amarrar, abotoar e usar a criatividade
mais liberdade do corpo no uso da vestimenta. Tan- durante o uso do produto, enquanto suas formas
to o Torchon como o Pli-Plá reduzem, absurdamen- plissadas permitem que diferentes corpos habitem
te, o volume para facilitar o encaixe em bolsas de sem que se sintam desconfortáveis ou incomodados,
viagens e eliminavam preocupações com a peça no pois a peça permite que o indivíduo desenvolva suas
caso de amassar durante os deslocamentos. atividades diárias sem desconforto, incômodo ou
A Figura 7 refere-se a uma peça utilizando a téc- riscos à sua saúde. Tanto no projeto de Issey Miyake
nica sanfonada do Pli-Plá, com botões e alças feitas quanto no projeto de Nanni Strada, aqui apresen-
com amarrações para permitir a alteração, quando tados, pudemos observar diversas premissas do de-
necessário. Enquanto a imagem da esquerda repre- sign universal aplicadas na moda.
senta o Pli-Plá em forma de vestido, a imagem da Ambos baseiam-se em uso equitativo, pois se
direita representa a mesma peça, porém dobrada e adequa a diferentes corpos, assim como atendem à
ocupando pequeno espaço. premissa de lexibilidade no uso, neste caso em espe-
cial o de Nanni Strada por seus fechamentos
em amarrações e botões que permitem
que o usuário utilize a mesma peça
de diferentes maneiras.
Os projetos exempliicados
também partem de um uso
simples e intuitivo eliminando
complexidades desnecessárias,
de forma que o usuário compre-
ende facilmente a forma de utili-
zar a peça e de guardá-la. Também
atendem ao objetivo de reduzir gastos
energéticos, pelo fato de as peças serem
de fácil manutenção, pois não amassam,
eliminando, desta forma, o trabalho de pas-
sar a roupa, bem como também elimina ex-
cessos de cuidado no transporte em viagens.
Por meio destes exemplos de trabalhos
unindo tecnologias têxteis, modelagens, ergono-
mia e preocupação com o usuário, pode-se com-
Figura 7 - Técnica Pli-Plá
preender melhor as formas de aplicação do design
Fonte: Revista ARC DESIGN (2011)8. universal na moda.

161
Percepção do Usuário no Uso
da Vestimenta Ergonômica
A sensação e a percepção são etapas de um mesmo sonalidade, nível de atenção e expectativas. Sendo
fenômeno: a captação de um estímulo que, poste- assim, a mesma sensação pode despertar diferentes
riormente, é transformado, sendo primeiro a sensa- percepções em pessoas diferentes (IIDA, 2005).
ção e, depois, o corpo relete por meio de vivências e A roupa em contato com o corpo é a medida do
gera uma percepção. conforto, mas nem sempre os produtos de vestuário
Sendo assim, a sensação é um fenômeno essen- atendem a esse objetivo. Na maioria das vezes, o de-
cialmente biológico, enquanto a percepção envolve sejo de estar na moda leva o consumidor a optar por
processamento e está ligada à recepção e conheci- produtos inadequados que podem provocar disfun-
mento de uma informação, comparando-a com algo ções físicas, desconforto, ou acarretar problemas à
anteriormente armazenado na memória. Essa per- sua saúde. Em vários momentos, são desconsidera-
cepção depende de fatores individuais, como per- dos os requisitos ergonômicos, ignorando o confor-

162
DESIGN

to e os princípios de usabilidade. Isso acontece com Inevitavelmente, porém, começamos a nos irri-
produtos cujo consumo ou desejo está no centro das tar com aquele calçado, começamos a evitar andar
atenções, como no caso da moda, em que encon- muito e começamos a perder o foco no que estamos
tramos muitos produtos com estas características fazendo, pensando apenas na hora de tirar aquele
(MARTINS, 2006). sapato. Este é um exemplo fácil de imaginar, pois,
Analisando friamente, a roupa é, basicamente, muitas vezes, já utilizamos sapatos desconfortáveis,
um objeto têxtil, então, o tecido deve ser pensado e isso acontece com uma vestimenta, quando nos li-
como a matéria-prima que modiica a superfície do mita de erguer o braço porque é apertada, ou quan-
corpo como se fosse uma segunda pele. Pensando do a calça aperta muito no cós e icamos desconfor-
desta forma, o têxtil é a matéria-prima que cobre ou táveis ao longo do dia. Enim, muitas são as causas
descobre o corpo, participa da sua morfologia e gera de desconforto das vestimentas, mas a principal é a
novas relações e sensações entre o corpo e o meio inadequação ao corpo.
(SALTZMAN, 2008). Quando estamos com alguma peça desconfor-
É possível evitar discrepância entre o desenvolvi- tável, automaticamente, nossa relação com o espa-
mento e a vestibilidade e/ou a usabilidade do produto/ ço modiica-se, transformando o ambiente em um
vestimenta, inadequações de formas e materiais, des- espaço não tão agradável assim. Por isso, devemos
perdícios e limitação da mobilidade requerida pela dar a devida importância à modelagem e matéria-
roupa. Quando o produto tem uma utilização eicaz, -prima das vestimentas que projetamos para que
ele se torna prazeroso durante o uso, eliminando des- não provoquem sensações ruins e desagradáveis
conforto, insegurança e incômodo (MARTINS, 2005). aos nossos usuários.

163
Fonte: Revista ARQ DESIGN (2011, on-line)8.

As novas tecnologias têxteis contribuem, de forma vimento do usuário, respeitando uma condição de
positiva, com o funcionamento do corpo e ainda acolhimento do vestir.
contribuem para sobrevivência em diversos am- Ambos os designers têm apresentado vestimen-
bientes. Quando se refere à moda como vestimen- tas que agregam liberdade de movimento, seguran-
ta, é fundamental entender que o corpo é o suporte ça, conforto e melhor adequação aos diferentes tipos
(AVELAR, 2011). de corpos que, consequentemente, resultam em rou-
Os projetos propostos por Nanni Strada e Issey pas que são percebidas como vestimentas prazero-
Miyake permitem liberdade nesse vestir, com ines- sas ao longo do uso. Além disso, tais designers criam
gotáveis experimentações corporais. O conforto está seus projetos pensando na facilidade de vestir cor-
presente, sem pressão e resistência do corpo, mas pos com diferentes dimensões, sejam elas por etnias
como um habitar tranquilo de percepções positivas. ou estaturas, mas sempre beneiciando a percepção e
A peça não intervém na postura, nem impede o mo- o conforto do corpo com relação à vestimenta.

164
considerações inais

Nesta quinta e última unidade do livro de Ergonomia, pudemos compreender


melhor a aplicação da ergonomia no design de moda, pois, se partirmos do prin-
cípio de que a vestimenta será utilizada pelo corpo humano e que as medidas desse
corpo sofrem inúmeras alterações se comparado a diferentes regiões do Brasil ou
do mundo, pode-se concluir que modelar uma vestimenta não é algo tão simples,
principalmente se tiver como objetivo beneiciar este usuário, deixando-o confor-
tável, preservando sua saúde e permitindo livre mobilidade.
A aplicação ergonômica na moda foi detalhada e, além disso, alguns exemplos de
designers foram apresentados para compreender esta aplicação na vestimenta bem
como o uso das premissas do design universal. Pode-se constatar que, ao unir a
tecnologia têxtil aos estudos ergonômicos e antropométricos, torna-se possível
atender aos anseios dos usuários contemporâneos de forma positiva, fazendo com
que ele, ao utilizar suas vestimentas, tenha uma percepção positiva de conforto,
liberdade e saúde.
Os trabalhos de Nanni Strada e Issey Miyake puderam comprovar como a união da
pesquisa, tecnologia e ergonomia são capazes de criar produtos que atendam aos
requisitos ergonômicos e de design universal, pois, além de serem utilizados por
diferentes tipos de corpos, permitem também que o usuário utilize a vestimenta
de diferentes formas.
Por im, foi discutida a percepção do indivíduo quando no uso de um produto
confortável ou desconfortável, desta forma, pode-se compreender a importância
do uso da ergonomia nos produtos de moda para melhor sensação e percepção do
usuário enquanto no uso da vestimenta e ao longo de suas tarefas diárias.
Desta forma, espero que tenha compreendido a necessidade do uso da ergonomia
em todas as áreas, inclusive na moda. Espero que tenha entendido as formas de
aplicação e que a partir de agora procure aplicá-la em todos os produtos, vesti-
mentas e/ou espaços, buscando extrair sempre a melhor sensação do seu usuário.

165
atividades de estudo

1. A antropometria trata das medidas físicas do corpo humano. Parece fácil,


mas medir uma população com diferentes tipos de corpos é uma tarefa
bem mais complicada. Além disso, as condições das medidas também in-
luenciam quando tirada com roupa, sem roupa, com postura ereta, rela-
xado, com ou sem sapato.
As medidas antropométricas são responsáveis pela melhor adequação do
produto ou ambiente ao corpo. Pensando nisso, considere as airmações
a seguir:
I. As medidas estáticas são tiradas com o indivíduo somente em pé e parado.
II. As medidas estáticas são tiradas com o indivíduo parado, seja em pé, sen-
tado, deitado, agachado, entre outros, mas sempre parado.
III. As medidas dinâmicas são tiradas com o indivíduo em movimento.
IV. As medidas dinâmicas são tiradas com o indivíduo em movimento, mas
são utilizadas apenas para desenvolvimento de produtos esportivos.

Assinale a opção correta.


a. II e III estão corretas.
b. I e III estão corretas.
c. II e IV estão corretas.
d. Somente I está correta.
e. Somente III está correta.

2. Os aspectos tecnológicos inseridos na matéria-prima são importantes para


o desenvolvimento de uma vestimenta. Em que aspectos a tecnologia têxtil
pode favorecer o usuário? Considere as airmações a seguir:
a. A tecnologia têxtil auxilia apenas os portadores de necessidades especiais,
pois torna simples a colocação e remoção da peça.
b. A tecnologia têxtil contribui com a impressão das estampas apenas.
c. A tecnologia têxtil contribui com a adequação aos diferentes tipos de cor-
pos, bem como com o uso dos estudos ergonômicos, ajuda a preservação
da saúde, conforto e do bem-estar do usuário.
d. A tecnologia têxtil não favorece o usuário, apenas torna mais barata a pro-
dução da roupa.
e. A tecnologia têxtil não agrega aspectos positivos ao usuário, apenas insere
características tecnológicas na forma de vestir e de representar uma es-
tampa, por exemplo.

166
atividades de estudo

3. A modelagem é de extrema importância para se obter um resultado positi-


vo na relação da roupa com o corpo. Durante a execução das modelagens,
consideram-se alguns fatores primordiais. Quais são eles?
a. Tecido e modelo da vestimenta.
b. Tecido, biotipo do usuário e modelo escolhido.
c. O tipo de modelagem escolhido: plana, tridimensional ou computadorizada.
d. A tabela de medidas, tecido e modelo apenas.
e. Caimento, conforto, usabilidade, movimento, diferenças físicas, lexibilida-
de, necessidades estéticas, facilidades de vestir e despir.

4. O intuito do projeto universal é tornar acessível um produto para um maior


número de pessoas. Quais outros benefícios a inserção das premissas do
design universal podem trazer a vestimenta?
a. Adequação a diferentes corpos e uso de diferentes cores, agradando, as-
sim, mais pessoas.
b. Adequação a diferentes corpos, multiplicação das formas de usos das pe-
ças, facilidade de manejo, fácil percepção de uso, entre outros.
c. O design universal, na roupa, dá-se pelos inúmeros idiomas presentes nas
etiquetas de informações de manutenção da peça.
d. O design universal pode ser aplicado na moda de forma que se adeque a
todo mundo, sem exceção.
e. O design universal é uma ferramenta exclusiva do design de produto, não
se adequando à moda.

5. A ergonomia busca sempre melhorar o produto que resulta em uma per-


cepção positiva. O que difere a sensação da percepção?
a. A sensação e a percepção são etapas de um mesmo fenômeno, a captação de
um estímulo que, posteriormente, é transformado, sendo o primeiro a sen-
sação e depois o corpo relete por meio de vivências e gera uma percepção.
b. Ambos são estímulos sensoriais, sendo o primeiro a percepção e, depois,
o corpo relete por meio de vivências e gera uma sensação.
c. A percepção e a sensação têm exatamente o mesmo signiicado, icando a
critério do indivíduo optar por qual termo prefere usar.
d. A sensação dá-se pelo conforto com o uso de uma vestimenta, e a percep-
ção dá-se pela forma como os outros o veem e você é percebida.
e. A sensação é a percepção do corpo, enquanto a percepção é a sensação
do cérebro. Sendo qualquer sensação do corpo denominada sensação e
relacionada à mente, é denominada percepção.

167
LEITURA
COMPLEMENTAR

Ergonomia no vestuário: os desaios da aplicabilidade

Um dos principais desaios da indústria do vestuário é produzir peças com a agilida-


de imposta pelo mercado, fazendo com que as vestimentas tenham design inovador,
diferenciado, com boa estética e ergonomia. Aspectos que favorecem a usabilidade
da roupa pelo consumidor, orientam a produção para as necessidades do mercado e
resultam positivamente na competitividade da empresa.
As confecções precisam considerar todos estes aspectos no momento da criação e fa-
bricação, para poder construir uma peça que atenda essas questões. O primeiro passo
é conhecer o público-alvo – conhecer o que os agrada – e, principalmente, as propor-
ções corporais do consumidor, com o foco em uma peça esteticamente agradável e que
proporcione conforto.
O empresário deve considerar três fatores no momento de confeccionar uma roupa:
qualidades técnicas, qualidades ergonômicas e qualidade estéticas. O primeiro faz re-
ferência ao funcionamento e eicácia das funções, facilidade de manutenção – limpeza
e manuseio.
Nesta fase a empresa deve avaliar o comportamento dos usuários e as pesquisas de
tendências de moda, que inluenciam o consumidor na hora da compra. Também preci-
sam conhecer as bases têxteis e utilizar as mais indicadas para cada um dos segmentos
do mercado.
Outro aspecto que deve ser analisado em todo o processo de criação e produção do
vestuário são as qualidades ergonômicas no vestuário. Nesta etapa deve-se considerar
a compatibilidade de movimentos, a adaptação antropométrica, o conforto e a segu-
rança oferecidos peça peça.
As deinições de conforto em ergonomia no vestuário são algo difícil de se conceituar,
sendo que a ergonomia no vestuário também está ligada a aspectos físicos como tem-
peratura, sensação térmica, medidas que correspondam ao corpo do usuário e formas
que proporcionem o conforto no uso das peças.

168
LEITURA
COMPLEMENTAR

Já a qualidade estética faz um apelo ao design da roupa, pois atua no sentido de com-
binar cores, formas, materiais e texturas, com o objetivo de deixar o produto com um
visual agradável. Porém, para atingir a todas essas qualidades, é necessário envolver
todos os setores da confecção. O trabalho é lento e exige as mais diferentes habilidades
da equipe nas etapas de conceito, criação e produção.
A ergonomia no vestuário exige uma série de adaptações antropométricas que incluem
facilidades no manuseio, no uso, no conforto, na segurança e na vestibilidade da peça.
Para alcançar um resultado o mais próximo do positivo é importante avaliar algumas
variáveis, como as medidas adequadas da peça, o tecido, e o uso de pences que atuem
no sentido de modelar a roupa no corpo, acomodando as saliências corpóreas.
As empresas também precisam ter dados antropométricos coniáveis para poder fazer
o projeto do design do produtos, a im de proporcionar qualidade e aplicações ergo-
nômicas às peças. A preocupação e a busca pela inclusão da ergonomia no vestuário
agrega valor ao produto e é um grande desaio no mercado da moda.

Fonte: Audaces (2013, on-line)

169
material complementar

Indicação para Ler

Modelagem Tridimensional Ergonômica


Fátima Grave
Editora: Escrituras Editora
Sinopse: segundo Fátima Grave, “a indústria da confecção dispõe de diversas téc-
nicas de modelagem soisticadas e, ao reunir um bom programa de computador
com um bom especialista em modelagem, contando ainda com o tecido ideal,
mesmo o modelo mais simplório irá tornar-se uma peça soisticada. Empresas
de confecções devem empregar proissionais que dominem diversas dessas téc-
nicas, o que garantirá uma economia signiicativa no custo inal de seu produto”.
Esta obra dedica-se ao esclarecimento da Modelagem Tridimensional, capacitan-
do o estudante e atualizando os proissionais da moda na tarefa de atender à
demanda do mercado.

Indicação para Ler

A Modelagem sob a ótica da Ergonomia


Maria de Fátima Grave
Editora: Zennex
Sinopse: o livro trata da modelagem do vestuário de maneira a torná-lo mais
confortável e funcional, respeitando o desempenho e a motricidade do corpo
humano, conjugando sentimentos, pensamentos e ações por meio de estudos
multidisciplinares. Considerando a anatomia, conta com aplicações empíricas que
conferem maior qualidade à confecção, favorecendo o indivíduo no dia-a-dia e
possibilitando a inclusão dos portadores de deiciências físicas.

Indicação para Acessar

Neste artigo “Ergonomia e Moda”, a autora parte da delimitação de fronteiras entre a moda e vestuário
para demonstrar de forma sucinta as diversas ferramentas que devem ser consideradas no desenvolvi-
mento de um produto.
Acesse: <https://dobras.emnuvens.com.br/dobras/article/view/264/262>.

170
material complementar

Indicação para Ler

A Moda-Vestuário e a Ergonomia do Hemiplégico


Maria de Fátima Grave
Editora: Escrituras
Sinopse: a obra de Fátima Grave procura explorar as características da postura do
deiciente físico hemiplégico, para melhor atender suas necessidades em relação
ao conforto no vestuário. Com base em pesquisas e depois de estabelecer as dei-
nições especíicas a respeito de sua condição física, a autora caminha em direção
à apresentação de protótipos ergonomicamente ajustados.

Indicação para Assistir

Coco Antes de Chanel


Ano: 2009
Sinopse: Coco Avant Chanel conta a história da estilista francesa Gabrielle “Coco”
Chanel, de sua infância pobre até a criação da maison Chanel.
Comentário: o ilme fala sobre a história de Coco Chanel, uma mulher à frente
de seu tempo que sempre aplicou o conforto em suas peças sem deixar de lado o
luxo e o glamour de seu tempo.

Indicação para Acessar

O artigo relaciona a ergonomia aplicada ao público small size, ou seja, o oposto do plus size, e que também
necessita de pesquisas especíicas de adequação corporal.
Acesse: <http://www.coloquiomoda.com.br/anais/Coloquio%20de%20Moda%20-%202017/COM_ORAL/co_1/
co_1_ERGODESIGN_APLICADO_AO.pdf>.

171
referências

ARÁJO, M. S.; CARVALHO, M. A. F. Modelagem ergonômica e antro-


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AVELAR, S. Moda: globalização e novas tecnologias. 2. ed. São Paulo: Es-
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RES, D. B. (org.). Design de Moda: olhares diversos. Barueri: Estação das
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CHATAIGNIER, G. Fio a io: tecidos, moda e linguagem. São Paulo: Esta-
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sign Arquitetura Interiores Comportamento. n. 31, p. 14-21, jul./ago.,
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micos de Nanni Strada e Issey Miyake. 2016. 76f. Dissertação (Mestrado
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172
referências

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PECLAT, S. A.; MEDEIROS, M. J. F. Draping e Design de Moda. In: CON-
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Em: <https://www.ypanyc.com/blog/2017/10/8/arts-weekly-round-up-
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referências

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7
Em: <http://contessanally.blogspot.com/2018/01/venice-teatrino-di-palazzo-
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Em: <https://issuu.com/prodweb/docs/arc_31_pdf_baixa_completo>. Acesso
em: 04 abr. 2019.
9
Em: <https://www.audaces.com/ergonomia-no-vestuario-os-desaios-da-
aplicabilidade/>. Acesso em: 04 abr. 2019.

gabarito

1. A
2. C
3. E
4. B
5. A

174
DESIGN

Conclusão geral

Caro(a) aluno (a), ao longo deste livro, pudemos compreender melhor o signiica-
do e o uso da ergonomia no design. Se partirmos do princípio de que um objeto,
um ambiente ou uma vestimenta será utilizado pelo corpo humano, então, temos
que nos basear nas medidas do corpo.
Os estudos de casos trazidos ao longo dos capítulos para discussão, represen-
tam algumas formas de se desenvolver um ambiente ou produto que se adeque
melhor ao usuário, beneiciando sua saúde, bem-estar, conforto e aguçando per-
cepções positivas durante o uso. Isso se dá também pela forma como a ergonomia
aplica-se e respeita seus usuários com suas especiicidades corporais, necessida-
des de mobilidade e busca por saúde e conforto.
Pudemos compreender, também, alguns tipos de doenças de trabalho e for-
mas de preveni-las com a aplicação da ergonomia, seja com intervenções físicas
ou conscientização dos problemas ou possíveis soluções junto ao usuário. Além
disso, especiicamente no design de interiores compreendemos melhor as normas
de iluminação em ambiente, proteção de ruídos, vibrações e melhor forma de es-
colher e dispor o mobiliário para diferentes tipos de usos no ambiente.
No design de produto, observamos as diferentes formas de adequar um pro-
duto aos variados tipos de usuários, principalmente, com o uso do design univer-
sal. E, por im, no design de moda, reletimos sobre a importância de se conhecer
o corpo para criar, desta forma, foram exploradas as modelagens ergonômicas e
algumas ferramentas tecnológicas que podem otimizar a relação da vestimenta
com o corpo do usuário. Tudo isso sempre pensando na melhor forma de adequar
o ambiente, o produto ou a vestimenta ao usuário e proporcionar todos os bene-
fícios esperados por meio da ergonomia.
Espero que tenha compreendido, aproveitado e gostado dessa nossa jornada
ergonômica e que tenha a consciência da importância de seu uso em seus projetos
para melhor atender seu usuário.

175

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