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Serviço de Saúde do

Trabalhador na Empresa
Serviço de Saúde do
Trabalhador na Empresa

Nome do Aluno

S e n a c S ã o P a u l o – S ã o P a u l o – 2 0 1 3
© Senac-SP 2010

Administração Regional do S enac no E stado de São P aulo

Gerência de Desenvolvimento
Roland Anton Zottele

Coordenação Técnica
Rosangela Gonçalvez Ribeiro

Apoio Técnico
Felipe Alves Pellegrini

Elaboração do Recurso Didático


Márcia Di Giovanni
Mariá Vendramini Castrignano de Oliveira

Editoração e Revisão
Globaltec Editora Ltda.

Versão 2013
Serviço de Saúde do Trabalhador na Empresa

SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO / 5

2. F ORMAÇÃO DOS SERVIÇOS ESPECIALIZADOS EM ENGENHARIA DE SEGURANÇA


E EM MEDICINA DO TRABALHO – NR-4 / 8

3. ESTRUTURA ORGANIZACIONAL DOS SERVIÇOS / 18

4. MATERIAIS E EQUIPAMENTOS DO AMBULATÓRIO DE SAÚDE DO TRABALHADOR / 26

5. ATENDIMENTO À SAÚDE DO TRABALHADOR / 29

6. as INTERFACEs da NR-9 E NR-7 / 31

7. NR-7 – programa de controle MÉDICO de saúde OCUPACIONAl – pcmso / 37

8. A
 EQUIPE MULTIPROFISSIONAL ATENDENDO AO SERVIÇO DE SAÚDE DO
TRABALHADOR / 50

9. ORGANIZAÇÃO DO SERVIÇO DE SAÚDE DO TRABALHADOR / 56

10. SISTEMATIZAÇÃO DA ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM / 66

11. ATENDIMENTO DE EMERGÊNCIA AO TRABALHADOR / 70

12. FUNCIONAMENTO DO SERVIÇO DE SAÚDE DO TRABALHADOR / 75

13. PERFIL PROFISSIOGRÁFICO PREVIDENCIÁRIO – PPP / 79

14. Referências Bibliográficas / 82

ANEXOS / 84

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Serviço de Saúde do Trabalhador na Empresa

CAPÍTULO 1
INTRODUÇÃO

A preocupação com a saúde do trabalhador demanda de longa data, contudo poucos re-
sultados positivos foram obtidos ao longo dos anos quanto aos avanços na prevenção e
proteção da saúde do trabalhador. Houve a necessidade da interferência de órgãos interna-
cionais para que os governantes em geral começassem a se mobilizar no sentido de investir
na saúde e segurança do trabalhador.
A Organização Internacional do Trabalho (OIT), criada em 1919, através do Comitê Misto
formado pela OIT e OMS, em 1950, define os caminhos pelos quais a medicina do trabalho
deve trilhar.
Nove anos mais tarde, em 1959, a OIT elabora e adota a Recomendação no 112
(anexo 1), referente à organização e aos objetivos dos serviços médicos de empresas, en-
tre outras orientações, que torna obrigatórios os serviços médicos dentro das empresas.
Foi o primeiro documento internacional que serviu como ponto de partida para muitos
países iniciarem a instalação e a manutenção dos serviços de saúde para os trabalhadores.
Os resultados, entretanto, não foram muito animadores e a OIT, na Conferência Interna-
cional do Trabalho, em 1974, na tentativa de sensibilizar os países quanto aos problemas de
saúde relacionados ao trabalho e seu meio ambiente, procura alertar e mostrar a dimensão
que envolve estes problemas e os trabalhadores, dá uma conotação global aos problemas,
ou seja, são problemas que atingem, sem exceção, todos os trabalhadores independente-
mente das atividades desenvolvidas ou do país envolvido.
No ano seguinte, em 1975, a OIT, com o objetivo de tornar o trabalho mais humano, pro-
põe o Programa Internacional de Melhoramento das Condições e do Meio Ambiente de Traba-
lho, que tem como intuito melhorar as condições e o meio ambiente de trabalho, além de
promover o bem-estar do trabalhador.
Em 1981, a OIT elabora a Recomendação no 167 visando à Segurança e à Saúde dos Traba-
lhadores e Meio Ambiente do Trabalho.

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Em 1985, através da recomendação no 171, ocorre a alteração da Recomendação 112, que


modifica o nome do Serviço de Medicina do Trabalho para Serviço de Saúde do Trabalho (SST), al-
terando também a expressão médico do trabalho por pessoal dos serviços de saúde do trabalho.
Com essa alteração, torna-se necessária a constituição de uma equipe multifuncional para
organizar e desenvolver as atividades de prevenção e promoção da saúde do trabalhador
nas empresas. Assim, na equipe multifuncional, podemos incluir entre outros:
• enfermeiros e médicos do trabalho,
• engenheiros de segurança do trabalho,
• auxiliares e técnicos de enfermagem do trabalho,
• psicólogos,
• assistentes sociais,
• fonoaudiólogos,
• higienistas e ergonomistas,
• técnicos em segurança do trabalho,
• nutricionistas,
• terapeutas ocupacionais e fisioterapeutas.
Os serviços especializados nesta área dentro das empresas brasileiras, efetivamente, co-
meçaram a se constituir somente em 1972.
Apesar de a Consolidação das Leis Trabalhistas (CLT), constituída em 1943, em seu artigo
164, prescrever a existência nas empresas dos Serviços Especializados em Segurança e
Higiene do Trabalho, estes somente começaram a se constituir após a edição da Portaria
3.237, de 27/06/72, do Ministério do Trabalho e Previdência Social. Esta portaria deno-
minava os serviços como “Serviços Especializados em Segurança, Higiene e Medicina do
Trabalho”.
A Portaria 3.237 abordava, entre outros aspectos:
• a proibição da terceirização dos serviços;
• o prazo de instalação dos serviços especializados, ou seja, a partir de 01/01/1975;
• o dimensionamento do número de profissionais que constituiriam o serviço, baseando-se no
número de trabalhadores da empresa e no grau de risco;
• o prazo de 360 dias para estabelecer o quadro de grau de risco e outros.
Algumas alterações foram feitas na Portaria no 3.237, mas nenhuma que trouxesse mudan-
ças significativas e, em 1978, com a revisão do capítulo V da CLT e a edição da Portaria
no 3.214 de 8 de junho de 1978, ela foi revogada.
A Portaria no 3.214/78 aprova as Normas Regulamentadoras que em número de vinte oito
normas (a princípio) constituíram instrumento orientador, de observância obrigatória pelas

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empresas públicas e privadas e pelos variados órgãos públicos, no sentido de preservar a


saúde e a segurança dos trabalhadores brasileiros, tratando de assuntos pertinentes ao de-
senvolvimento dos mais variados tipos de trabalhos, manuseio de materiais específicos, me-
didas de segurança, serviço especializado em segurança e saúde, qualificação de profissionais
da área de saúde e segurança, programas de controle, prevenção e promoção da saúde
dos trabalhadores e outros. Atualmente, as NRs são em número de trinta e três. A NR34
encontra-se disponível para consulta pública, devendo ser aprovada em seguida. Tratam-se
das condições e meio ambiente de trabalho na indústria da construção e reparação naval.
A NR-4 trata especificamente da constituição dos Serviços Especializados em Segurança e
Medicina do Trabalho (SESMT) e estabelece a obrigatoriedade desses serviços e sua fina-
lidade de promover a saúde e proteger a integridade do trabalhador no local de trabalho.
Algumas modificações importantes foram introduzidas na NR-4 em 1983, como, por exem-
plo, unificando as atribuições do serviço de saúde e o de segurança, tornando-as de caráter
genérico, além disso, a instalação do serviço tornou-se obrigatória também para empresas
com, no mínimo, 50 trabalhadores.
A NR-4 já sofreu várias mudanças através de estudos que são realizados pelo Grupo de
Trabalho Tripartite (GTT) – composto de representantes do governo, trabalhadores e em-
pregadores, entretanto, no quadro II, onde consta o dimensionamento do SESMT, não
houve nenhuma mudança. O dimensionamento dos serviços necessita aumentar o número
de profissionais já previstos e também da inserção de novos profissionais (psicólogos, fo-
noaudiólogos e outros) que fazem os programas de prevenção e promoção da saúde do
trabalhador.

Principais finalidades do serviço de saúde


e segurança do trabalhador, entre outras
• Promover a realização de atividades de conscientização, educação e orientação dos
trabalhadores para prevenção de doenças profissionais, tanto através de campanhas
quanto de programas de duração permanente;
• Esclarecer e conscientizar os empregados sobre as doenças profissionais, estimulando-os
em favor da prevenção;
• Analisar e registrar em documentos específicos todos os casos de doença profissional,
descrevendo a história, as características, os fatores ambientais e as condições do indi-
víduo portador da doença ocupacional;
• Ter registros mensais e atualizados de dados de doenças profissionais, acidentes do
trabalho e agentes de insalubridade;
• Manter função essencialmente preventiva, embora não seja vedado o atendimento de
urgência, quando for necessário.

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CAPÍTULO 2
FORMAÇÃO DOS
SERVIÇOS ESPECIALIZADOS
EM ENGENHARIA DE
SEGURANÇA E EM MEDICINA
DO TRABALHO – NR-4

Segundo a NR-4, os profissionais que devem compor o serviço de saúde e segurança do


trabalhador são:
• engenheiros de segurança do trabalho;
• enfermeiros do trabalho;
• médicos do trabalho;
• auxiliares e/ou técnicos de enfermagem do trabalho;
• técnicos de segurança do trabalho.
O número desses profissionais para formar o serviço de uma empresa está vinculado à gra-
dação do risco da atividade principal e ao número total de empregados do estabelecimento
constantes dos Quadros I e II, anexos na NR-4. Existem estudos para modificação dessa
norma, alterando os dispositivos atuais.
A seguir, descrevemos o profissional e sua devida formação educacional para cumprir as
exigências da NR-4:
• Engenheiro de Segurança do Trabalho – engenheiro ou arquiteto portador de cer-
tificado de conclusão de curso de especialização em Engenharia de Segurança do Tra-
balho, em nível de pós-graduação;
• Enfermeiro do Trabalho – enfermeiro portador de certificado de conclusão de curso
de especialização em Enfermagem do Trabalho, em nível de pós-graduação, ministrado
por universidade ou faculdade que mantenha curso de graduação em enfermagem;
• Médico do Trabalho – médico portador de certificado de conclusão de curso de
especialização em Medicina do Trabalho, em nível de pós-graduação, ou portador de
certificado de residência médica em área de concentração em saúde do trabalhador
ou denominação equivalente, reconhecida pela Comissão Nacional de Residência Mé-
dica, do Ministério da Educação, ambos ministrados por universidade ou faculdade que
mantenha curso de graduação em medicina;

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• Auxiliar e/ou técnico de enfermagem do trabalho – auxiliar de enfermagem ou


técnico de enfermagem portador de certificado de conclusão de curso de qualificação
de Auxiliar de Enfermagem do Trabalho, ministrado por instituição especializada reco-
nhecida e autorizada pelo Ministério da Educação;
• Técnico de Segurança do Trabalho – técnico portador de comprovação de registro
profissional expedido pelo Ministério do Trabalho.

Quadro do Dimensionamento do Sesmt –


Anexo da NR-4
A maior parte das empresas segue a NR-4 para dimensionar os Serviços de Segurança e
Medicina do Trabalho, entretanto, é importante lembrar que alguns setores de produção
e de serviços devem acolher um dimensionamento específico para os serviços de saúde e
segurança, seguindo o que estabelecem as respectivas Normas Regulamentadoras. Como
exemplos: os serviços portuários (NR 29) e os serviços na agricultura, pecuária, silvicultura
e exploração florestal e aquicultura (NR 31).
O quadro abaixo (NR-4) estabelece o número de profissionais da saúde e da segurança
necessários ao funcionamento dos SESMT nas empresas. Conforme pode ser observado,
o número de profissionais exigidos para determinada empresa leva em conta o número
de empregados e o grau de riscos da empresa. O grau de risco é estabelecido tam-
bém pela NR-4, através do Quadro I, que apresenta a Classificação Nacional de Atividade
Econômica (CNAE), ou seja, de acordo com a atividade econômica da empresa ela será
enquadrada em um determinado grau, que varia de 1 a 4. Quanto maior o número, maior é
o risco oferecido pela empresa aos trabalhadores, exemplos: extração de carvão mine-
ral – grau de risco 4; criação de bovinos – grau de risco 3; fabricação de embalagens
de papel – grau de risco 2; e atividades de agências de viagens e organizadores de
viagem – grau de risco 1.
acima de 2.000**
p/ cada grupo de
Estabelecimento

Acima de 5.000
empregados no

4.000 ou fração
Grau de Risco

1.001 a 2.000

2.001 a 3.500

3.501 a 5.000
501 a 1.000
101 a 250

251 a 500
Técnicos

50 a 100
No

Técnico Seg. Trabalho 1 1 1 2 1


Engenh. Seg. Trabalho 1* 1 1*
1 Aux. Enf. do Trabalho 1 1 1
Enfermeiro do Trabalho 1*
Médico do Trabalho 1* 1* 1 1*

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acima de 2.000**
p/ cada grupo de
Estabelecimento

Acima de 5.000
empregados no

4.000 ou fração
Grau de Risco

1.001 a 2.000

2.001 a 3.500

3.501 a 5.000
501 a 1.000
101 a 250

251 a 500
Técnicos

50 a 100
No
Técnico Seg. Trabalho 1 1 2 5 1
Engenh. Seg. Trabalho 1* 1 1 1*
2 Aux. Enf. do Trabalho 1 1 1 1
Enfermeiro do Trabalho 1
Médico do Trabalho 1* 1 1 1
Técnico Seg. Trabalho 1 2 3 4 6 8 3
Engenh. Seg. Trabalho 1* 1 1 2 1
3 Aux. Enf. do Trabalho 1 2 1 1
Enfermeiro do Trabalho 1
Médico do Trabalho 1* 1 1 2 1
Técnico Seg. Trabalho 1 2 3 4 5 8 10 3
Engenh. Seg. Trabalho 1* 1* 1 1 2 3 1
4 Aux. Enf. do Trabalho 1 1 2 1 1
Enfermeiro do Trabalho 1
Médico do Trabalho 1* 1* 1 1 2 3 1

(*) Tempo parcial (mínimo de três horas).


(**) O dimensionamento total deverá ser feito levando-se em consideração o dimensionamento da faixa
de 3.501 a 5.000 mais o dimensionamento do(s) grupo(s) de 4.000 ou fração de 2.000.
OBS.: Hospitais, ambulatórios, maternidades, casas de saúde e repouso, clínicas e estabelecimentos
similares com mais de 500 (quinhentos) empregados deverão contratar um Enfermeiro do Trabalho em
tempo integral.

OBS.: É importante lembrar que a NR-4 necessita de mudanças com intuito de modificar
a norma vigente. A mais importante proposta de mudança é a alteração do quadro do
dimensionamento do SESMT, acima reproduzido, com o objetivo de melhor adequar o nú-
mero de profissionais envolvidos no serviço, e de poder alterar a composição do quadro,
por convenção coletiva, podendo contar com a colaboração de profissionais com forma-
ções específicas diversas dos profissionais envolvidos no serviço atualmente, sem prejuízo
do dimensionamento previsto até o momento.

Formação do Serviço de Saúde e


Atribuição dos Profissionais Envolvidos
O Serviço de Saúde, preferencialmente, deve estar subordinado a uma gerência que tenha
poder rápido de resolução. Normalmente, os problemas detectados pelo setor de segu-
rança e saúde do trabalhador nos setores da empresa ou com os trabalhadores necessitam
de soluções rápidas, assim, as sugestões levantadas para a solução dos possíveis problemas
não devem sofrer interposições de setores que, na realidade, não têm poder de resolução.

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A ligação direta com uma gerência ou superintendência executiva pode acelerar o proces-
so de realização, evitando consequências desastrosas.
Normalmente, o que acontece é uma subordinação indireta, obrigando o serviço de saúde
a reportar-se a setores intermediários, o que torna a solução de problemas e a tomada de
decisões demoradas e muitas vezes ineficientes.
Geralmente, o Serviço de Segurança e Saúde do Trabalhador está subordinado à Gerência
de Recursos Humanos e vinculado a outros serviços, como Serviço Social, Treinamento e
Desenvolvimento Pessoal, Recrutamento e Seleção e outros.
Através do organograma da empresa, visualizamos a posição ocupada pelos seus vários
serviços e a dependência hierárquica de cada um deles.
Antes, devemos lembrar que o organograma representa, através de um quadro ou grá-
fico, a estrutura organizacional de uma empresa ou serviço. Apresenta ao mesmo tempo
a divisão do trabalho e as relações de poder no âmbito das organizações. As linhas hori-
zontais, com suas respectivas caixas, representam a distribuição das tarefas em áreas de
atuação. Já as linhas verticais exibem os níveis hierárquicos e os diferentes graus de respon-
sabilidade e decisão, os diferentes graus de poder.
Abaixo, transcrevemos um modelo tradicional de organograma de uma empresa e a posi-
ção que o Serviço de Saúde e Segurança do Trabalhador ocupa no contexto da empresa.
Lembramos que existem vários outros modelos de organogramas que fogem do modelo
tradicional.

PRESIDÊNCIA

Diretoria de
Recursos
Humanos

Recrutamento Departamento Serviço Treinamento


e SESMT e Benefícios
de Pessoal social
Seleção Desenvolvimento

Serviço de Segurança
Ergonomia Higiene
Saúde do do
Industrial
Trabalhador Trabalho

Fonte: OLIVEIRA, 1998.

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Implantação dos serviços de saúde do trabalhador nas empresas


As Recomendações nos 112/59 e 161/85 da Organização Internacional do Trabalho, em
conjunto com a legislação brasileira, estabeleceram algumas disposições para a instalação
e implantação do serviço de saúde do trabalhador, norteando o desenvolvimento desses
serviços em busca da qualidade no atendimento do trabalhador.
Na legislação brasileira, as orientações relativas à organização dos serviços de saúde do
trabalhador são estabelecidas em quatro níveis legais: na legislação constitucional, na legis-
lação trabalhista, na legislação da saúde e na legislação complementar.

Na legislação constitucional – A Constituição Federal de 1988, no artigo 7o,


trata dos direitos dos trabalhadores quanto ao risco no trabalho e, no artigo 200,
trata da competência do SUS (Sistema Único de Saúde) de gerenciar e executar
as ações relativas à saúde do trabalhador.
Na Legislação trabalhista – A CLT (Consolidação das Leis Trabalhistas), no
capítulo V, artigos 154 a 201, trata da segurança e saúde no trabalho. A Lei no
6.514/77 regulamentou os referidos artigos.
Na Legislação da Saúde – A Lei no 8.080/90 (Lei Orgânica da Saúde), no artigo
6o, subordina os serviços de saúde do trabalhador (SESMT) ao Sistema Único de
Saúde. Em 1998, ocorreu a regulamentação da legislação de Vigilância Sanitária
para fiscalizar e inspecionar os ambientes de trabalho. No Protocolo das Ações
de Vigilância Sanitária da Anvisa é encontrado o detalhamento do universo de
atuação e dos objetos da vigilância sanitária, para subsidiar a programação de
ações de controle sanitário, exercido por meio de inspeção sanitária e monitora-
mento de qualidade de produtos e serviços. A inspeção inclui, alem do próprio
ambulatório, os serviços complementares que possam existir, como serviços
odontológicos, ambulâncias para transporte de pacientes, esterilização de mate-
riais e outros (ver site: www.anvisa.gov.br).
Na Legislação Complementar – Através da Portaria no 3.214/78, foram cria-
das as Normas Regulamentadoras, atualmente em número de 33, sendo que a
NR-4 trata da obrigatoriedade dos serviços de saúde do trabalhador na empresa
(SESMT). Em 1988, através da Portaria no 3.067/88, foram criadas as Normas
Regulamentadoras Rurais (NRR) em número de cinco, sendo que a NR-2 trata da
obrigatoriedade dos serviços de saúde do trabalhador em empresas rurais (SE-
PATR). As normas regulamentadoras rurais foram revogadas pela Portaria GM no
191, de 15/04/08.

Entre as disposições estabelecidas na Recomendação no 112/59 está a responsabilidade do


gerenciamento dos serviços de saúde do trabalhador a cargo de um médico com formação
especializada em medicina do trabalho. Este deveria ter independência profissional e moral
completa, tanto em relação ao empregador quanto em relação aos empregados e seus
representantes, com subordinação direta, preferencialmente, à direção da empresa.

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Quanto ao pessoal da enfermagem, deve ter a qualificação específica, de acordo com o


estabelecido na NR-4. Normalmente, são enfermeiros do trabalho, auxiliar e/ou técnico de
enfermagem do trabalho, que estarão subordinados à chefia do serviço de saúde.
A instalação e a manutenção dos serviços de saúde devem estar sob a responsabilidade do
empregador, seja público ou privado, não levando nenhum gasto aos trabalhadores.

Atribuições gerais e específicas do serviço de saúde do trabalhador


1. Gerais
• Deve ter formação multidisciplinar, devendo desempenhar suas funções em cola-
boração com outros serviços da empresa, precisando, ainda, estar adequadamente
coordenado com os demais serviços envolvidos na prestação de serviços de saúde;
• Prestar assessoria quanto ao planejamento e à organização do trabalho;
• Colaborar na difusão de informação, na formação e na educação nas áreas de saú-
de e higiene do trabalho e de ergonomia;
• Manter relacionamento próximo com os demais serviços e órgãos da empresa, e
com órgãos externos interessados em questão de segurança, saúde e bem-estar
social do trabalhador;
• Informar aos trabalhadores e empregadores de todos os possíveis riscos à saúde,
inerentes ao trabalho;
• Deve estar informado, de todo fator (conhecido ou suspeito) do ambiente de
trabalho que possa ter efeitos sobre a saúde do trabalhador.
2. Específicas
• Ter funções essencialmente preventivas, embora as funções curativas também
possam ser realizadas;
• Manter registro sistemático de todas as informações referentes à saúde dos tra-
balhadores;
• Realizar o Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional (PCMSO) – pla-
nejando, elaborando e executando-o de acordo com o estabelecido na NR-7;
• Fazer visitação periódica aos locais de trabalho para identificar fatores de risco
que possam afetar a saúde do trabalhador;
• Realizar inspeção periódica nas instalações sanitárias e de conforto (vestiário, ba-
nheiros, refeitório, alojamento e outros);
• Dar orientação quanto aos hábitos alimentares, encaminhando o trabalhador ao
nutricionista, se necessário for;
• Fazer controle e acompanhamento de doenças não ocupacionais que possam
at­u­­ar como fator de risco nos acidentes de trabalho;

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• Programar e executar planos de proteção à saúde do trabalhador;


• Elaborar programas voltados à educação sanitária, incluindo trabalhadores, família
e comunidade;
• Participar da elaboração de programas de nutrição e controle de obesidade do
trabalhador;
• Promover cursos de aperfeiçoamento e atualização da equipe de saúde;
• Realizar campanhas preventivas e profiláticas, como vacinação contra gripe, téta-
no e outros;
• Realizar programas de reabilitação, adaptação profissional e restrição funcional;
• Participar e/ou colaborar com auditoria e assessoria com objetivo de melhorar e
dinamizar o serviço;
• Realizar controle estatístico dos acidentes de trabalho, anotando incidência, tipo
de acidente, segmento do corpo afetado, função do acidentado, setor de trabalho,
dia da semana e outros, e de doenças profissionais, investigando o nexo causal
com a atividade laboral;
• Realizar os exames médicos ocupacionais, previstos na NR-7:
• Exame médico admissional;
• Exame médico periódico;
• Exame médico de retorno ao trabalho;
• Exame médico de mudança de função e
• Exame médico demissional.
• Realizar consultas médicas, aconselhamentos e encaminhamentos a profissionais
específicos, conforme necessidades;
• Acompanhar a evolução dos trabalhadores em tratamento que estão afastados de
suas funções por auxílio-doença ou acidente do trabalho;
• Ter controle sobre os afastamentos e atestados médicos;
• Realizar e/ou acompanhar e controlar os exames complementares e funcionais
específicos, como exames biométricos, avaliação de acuidade visual, de acuidade
auditiva, avaliação pulmonar e de força muscular, exames laboratoriais e outros.
• Planejar e desenvolver programas preventivos, como de AIDS, doenças sexual-
mente transmissíveis, saúde bucal, hipertensão, obesidade, diabetes e outros;
• Planejar e desenvolver programas voltados a trabalhadores portadores de neces-
sidades especiais;
• Planejar e desenvolver programas voltados a grupos especiais de trabalhadores,
como gestantes, hipertensos, obesos, fumantes e outros;

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Serviço de Saúde do Trabalhador na Empresa

• Dar atendimento de urgência aos trabalhadores acometidos de mal súbito ou aci-


dentes de trabalho;
• Programar e executar programas de treinamento para atendimento básico de emer-
gência, Brigadas de Primeiros Socorros e de Remoção de acidentados;
• Participar da Comissão Interna de Prevenção de Acidentes (CIPA) e colaborar na
programação da Semana Interna de Prevenção de Acidentes (SIPAT).

Procuramos relacionar anteriormente as funções dos serviços de saúde do trabalhador


de forma a abranger o maior número de funções possíveis, no entanto, muitas outras fun-
ções podem ser ainda relacionadas, dependendo da proposta de trabalho planejada para
o serviço, das condições estruturais e financeiras proporcionadas pela empresa, além das
atividades econômicas desenvolvidas pelos trabalhadores.

Roteiro para implantação e organização do serviço de saúde do


trabalhador
Antes de iniciar a instalação de um serviço de saúde do trabalhador na empresa, um estudo
com a análise de três aspectos: político, institucional e situacional, deve ser realizado.
Este estudo servirá como base para estabelecer um plano de ação a ser colocado em prá-
tica quando da implementação do Serviço de Saúde do trabalhador.
• No aspecto político
Procurar saber se a empresa tem o objetivo de montar o serviço para cumprir
uma exigência legal ou se há uma conscientização da direção quanto à necessi­
dade de ter um programa preventivo funcionante na empresa, e saber da exis-
tência na empresa de alguma política para áreas de segurança e medicina do
trabalho ou medicina assistencial.
• No aspecto institucional
Procurar verificar a Classificação Nacional de Atividade Econômica da Empresa
(CNAE), o grau de risco, o número de funcionários (prevalência de sexo, mé-
dia de idade, menor aprendiz contratado, portadores de necessidades especiais,
etc.), horário de atividades, turnos de trabalho, localização e posição hierárquica
do Serviço de Saúde do Trabalhador (SST).
• No aspecto situacional
Preocupar-se em saber os controles estatísticos referentes aos acidentes de tra-
balho, doenças profissionais e relacionadas ao trabalho, taxa de absenteísmo.
Observar as áreas de trabalho, analisando o mapa de riscos e as informações
fornecidas pelos membros da CIPA.
Analisar o Programa de Prevenção de Riscos Ambientais.

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Após a análise dos três aspectos e de outras informações pertinentes, têm-se condições de
iniciar a organização e implantação do SST estabelecendo:
1. Dimensionamento das instalações físicas mínimas. Neste caso, a sugestão é de 32 me-
tros quadrados (distribuídos da seguinte forma: 10 m² para consultórios, 6 m² para sala
de espera e recepção, 8 m² para atendimentos de enfermagem e 8 m² para instalações
sanitárias para funcionários da saúde e trabalhadores);
2. Número de funcionários da saúde necessário para o atendimento dos trabalhadores;
3. Previsão de móveis, materiais e equipamentos necessários para prover o ambulatório
e permitir um bom atendimento ao trabalhador;
4. Planejamento, elaboração e implementação do PCMSO – Programa de Controle Mé-
dico de Saúde Ocupacional;
5. Estabelecimento de normas de ação para rotinas de trabalho, por exemplo: (exa-
mes médicos ocupacionais, exames complementares e funcionais, atendimento de
urgência, etc.);
6. Formatação de modelos de formulários e impressos que serão utilizados no SST (exem-
plo: modelo de impressos para o prontuário do trabalhador, receituário, atestados ocu-
pacionais, agendamento e convocação de consultas, registros de atendimentos, etc.);
7. Sistematização na emissão de relatórios para diretoria, gerências, setor de segurança e
outros, relatando os serviços realizados, programas desenvolvidos, resultados obtidos
e outros.
Seria ideal que a equipe multiprofissional participasse do processo de planejamento, orga-
nização e implantação do serviço de saúde do trabalhador; dessa forma, todos poderiam
dar sugestões, aproveitando as experiências de cada profissional.
Os serviços de saúde do trabalhador podem ser implantados observando as condições
estabelecidas na Norma Regulamentadora 4, ou seja:
• Serviço único – é a regra geral
É implantado por empresa, de acordo com o Quadro II da NR-4 da Portaria no
3.214/78.
• Serviço centralizado – para uma mesma empresa, pode ser implantado nos seguin-
tes casos:
– conjunto de estabelecimentos da própria empresa quando a distância entre
eles não for superior a 5.000 metros (item 4.2.3 – NR-4);
– canteiros de obras ou frentes de trabalho com menos de 1.000 empregados e
situados no mesmo estado (item 4.2.1 – NR-4);
– empresa com estabelecimento que se enquadre no Quadro II da NR-4 e com
outros estabelecimentos que não se enquadrem, desde que situados no mesmo
estado (item 4.2.4 – NR-4);

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– empresas com estabelecimentos que isoladamente não se enquadrem no Qua-


dro II da NR-4, desde que o total de empregados dos estabelecimentos no mes-
mo Estado alcance aqueles limites do referido Quadro (item 4.2.5 – NR-4).
• Serviço comum – para empresas diferentes, pode ser implantado nos seguintes casos:
– empresas que não se enquadram no Quadro II da NR-4 poderão utilizar ser-
viços montados por sindicatos ou associações de categoria econômica, por ins-
tituição pública ou instituições privadas de direito público (itens 4.14 e 4.15 –
NR-4);
– empresas contratadas que não se enquadrem no Quadro II da NR-4 poderão
utilizar o serviço montado pela contratante (item 4.5 da NR-4);
– quando a empresa contratante e a(s) outra(s), por ela contratada(s), não se
enquadrarem no Quadro II da NR-4, mas, pelo número total de empregados de
ambas no estabelecimento, atingirem o limite disposto no referido Quadro (item
4.5.1 – NR-4).
• Serviço integrado – para empresas diferentes, pode ser implantado nos seguintes
casos:
– empresas com grau de risco 1 poderão integrar seus serviços, submetendo um
programa bienal à Secretaria de Segurança e Saúde no Trabalho (item 4.3 – NR-4).
• Serviço terceirizado – no seguinte caso:
– empresas desobrigadas de manter médico do trabalho deverão contratar os
serviços médicos de um médico do trabalho para elaborar o Programa de Con-
trole Médico de Saúde Ocupacional (PCMSO).
Observação: É crescente o número de clínicas de Saúde Ocupacional no Brasil. São pres-
tadoras de serviços de saúde do trabalhador com foco principal no atendimento à NR 7
(PCMSO), realizando os exames obrigatórios conforme legislação: admissional, periódico,
mudança de função, retorno ao trabalho e demissional.
É importante que estas empresas também tenham atenção à promoção da saúde dos tra-
balhadores, que realizem campanhas, eventos, informativos que tenham como objetivo a
promoção da saúde em geral. Hoje, o assunto principal tem sido as ações que previnem ou
diminuem os riscos coronarianos, como atividades físicas – combatendo o sedentarismo,
através da motivação à pratica de atividades físicas diversas: jogos, natação, futebol, cami-
nhadas, dança, etc.
Alimentação saudável – através da conscientização sobre o abuso de consumo de alimen-
tos ricos em gordura e carboidratos, incentivando o consumo de verduras, legumes, frutas,
cereais de maneira equilibrada e a ingestão de água.
Controle do perfil lipídico – através de exames médicos periódicos e sistemáticos e prática
das recomendações acima.

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CAPÍTULO 3
ESTRUTURA
ORGANIZACIONAL
DOS SERVIÇOS

Recursos Humanos
Os profissionais contratados pelo serviço dependerão de vários fatores, entre outros,
o quadro de dimensionamento do SESMT, segundo a NR-4, o tipo de serviço pretendi-
do pelos dirigentes da empresa, as necessidades dos trabalhadores decorrentes do tipo
de atividades realizadas e matéria-prima utilizada. Para ter um serviço completo e bem-
-estruturado, o ideal seria que os seguintes profissionais integrassem a equipe:
Pessoal médico – médico do trabalho, clínico geral, oftalmologista, ortopedista, ginecolo-
gista, otorrinolaringologista e outros;
Pessoal de enfermagem – enfermeiro do trabalho, técnicos e auxiliares de enfermagem
do trabalho;
Pessoal de higiene e segurança do trabalho – engenheiros e técnicos de segurança,
higienistas, ergonomistas e outros;
Pessoal administrativo – recepcionista, pessoal de limpeza e outros;
Outros – assistente social, psicólogo, nutricionista, fonoaudióloga, fisioterapeuta, etc.

Instalações Físicas
Preconiza-se que a área mínima destinada a um ambulatório de saúde do trabalhador deve
ter em torno de trinta e dois metros quadrados, distribuídos da seguinte forma: 10 m² para
consultórios, 6 m² para sala de espera, 8 m² para sala de atendimento de enfermagem/
repouso e 8 m² para os sanitários. Alguns autores estabelecem uma área de em média
15 m² para cada grupo de 100 trabalhadores. Contudo, o espaço físico varia de acordo
com o tipo de serviço e a valoração da direção da empresa ao serviço de atendimento à
saúde do trabalhador. Assim, poderemos ter empresas com verdadeiros micro-hospitais e
outras, onde o atendimento é realizado em pequenos espaços improvisados.

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Local e tipo de construção


Algumas necessidades e princípios devem ser considerados quando da construção de um
ambulatório nas empresas:
• local de fácil acesso aos trabalhadores, porém que não seja de passagem contínua
dos funcionários, evitando barulhos e tumultos na proximidade;
• facilidade para acessar as vias públicas, permitindo a entrada e a saída rápida de
ambulância;
• localização distante de locais da empresa onde são manuseadas substâncias com
odores fortes e tóxicos, e de locais com risco de explosão e incêndio;
• evitar locais próximos às áreas contaminadas, se existirem, com agentes biológi-
cos, químicos e outros;
• construção preferencialmente do tipo horizontal, facilitando o acesso de todos,
independente das condições físicas da pessoa;
• evitar acesso ou locais com degraus ou escadas, dar prioridade às superfícies pla-
nas ou às rampas;
• prever um local, se necessário for, com possibilidade para ampliações das instala-
ções do ambulatório;
• se possível, dar preferência a um local centralizado, onde o acesso será igual para
todos os setores da empresa.

Instalação propriamente dita


• construção térrea, como já foi observado acima, e de preferência num único pa-
vimento;
• iluminação preferencialmente natural, com auxílio de lâmpadas de luz fria;
• ventilação natural adequada, se necessário, com o auxílio de ventilação artificial;
• janelas com boa claridade e protegidas por telas para evitar insetos;
• pisos antiderrapantes, laváveis, lisos e não porosos, evitando as quedas e o acúmu-
lo de poeiras e a umidade;
• pias de granito, torneiras com controle de pedal ou sensor, com água fria e quente;
• nos consultórios: lavatório com água corrente para uso do profissional indepen-
dente do sanitário com sabonete líquido e toalha descartável;
• paredes laváveis e impermeáveis;
• portas largas e altas para permitir a passagem de macas, cadeiras de rodas, supor-
te de soros, etc.;

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• instalações adequadas do sistema elétrico e hidráulico, evitando a exposição de


fios e cabos elétricos ou uso de uma tomada para vários aparelhos levando à so-
brecarga;
• a instalação de um gerador autônomo é conveniente, para evitar surpresas desa-
gradáveis;
• comunicação interna e externa adequada entre todas as áreas do ambulatório e
com setores externos essenciais.

Dependências básicas do ambulatório


As dependências de um serviço de atendimento à saúde do trabalhador dependerá, entre
outras, das atividades que se pretende implantar no ambulatório, da população que usará
o serviço, dos recursos financeiros que a empresa disponibilizará.
Entretanto, independente das condições a serem consideradas, algumas dependências são
básicas e necessitam ser projetadas, entre elas:
• Recepção e sala de espera;
• Consultório(s);
• Sala de atendimento da enfermagem;
• Arquivo;
• Sanitários (para funcionários, para o público e banheiro adaptado para deficientes
físicos);
• Repouso masculino e feminino;
• Depósito.
Dependências, como farmácia, sala para audiometria, sala para pequenas cirurgias e outras,
dependerão da estruturação do serviço e dos recursos disponíveis.
Como exemplo, reproduzimos a seguir as dependências de um serviço de saúde do traba-
lhador para uma empresa de grande porte, que concentrará no ambulatório vários atendi-
mentos ao trabalhador, como fisioterapia, serviço de radiografias, atendimento odontoló-
gico, etc.

Dependências de um SST em empresa de grande porte

Sala para chefia médica 6 m²

Sala para chefia de enfermagem 6 m²

Sala para reuniões 16 m²

Recepção e sala de espera 10 m²

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Dependências de um SST em empresa de grande porte

Arquivo 4 m²

Consultórios 9 m²

Consultório dentário 20 m²

Sala para cuidados de enfermagem 16 m²

Sanitários pessoal e público 4 m² cada um

Repouso masculino e feminino 6 m² por leito

Sala para cirurgia asséptica 9 m²

Sala para provas funcionais de 9 a 15 m²

Sala para reabilitação e fisioterapia de 9 a 25 m²

Sala para serviço de RX 12 m²

Farmácia 9 a 12 m²

Vestiários masculino e feminino 9 a 15 m²

Despejo 4 m²

Esterilização e depósito 9 m²

Em seguida, apresentamos três modelos de plantas físicas de ambulatórios de saúde do


trabalhador para empresas de pequeno, médio e grande portes.

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Legislação que dispõe sobre planejamento, elaboração e avaliação de


projetos físicos de estabelecimentos de saúde
As instalações do ambulatório de saúde ocupacional devem seguir a Resolução
de Diretoria Colegiada (RDC) no 50, de 21 de fevereiro de 2002, atualizada pela
RDC no 307, de 14 de novembro de 2002, D.O.U de 18/11/2002 e alterada
pela RDC no 189, de 18/07/2003 que: “Dispõe sobre o regulamento Técnico
para planejamento, programação, elaboração e avaliação de projetos fí-
sicos de estabelecimentos assistenciais de saúde.”
A resolução aprova o Regulamento Técnico destinado ao planejamento, pro-
gramação, elaboração, avaliação e aprovação de projetos físicos de Estabeleci-
mentos Assistenciais de Saúde (EAS). Apresenta orientações aos planejadores,
projetistas e avaliadores de estabelecimentos de saúde e deve ser observada em
todo o território nacional, independente de ser um estabelecimento público ou
privado. As construções novas, as áreas a serem ampliadas, bem como as refor-
mas e restaurações devem seguir o regulamento.
A Resolução está dividida em três partes:
Parte I – Projetos de Estabelecimentos Assistenciais de Saúde (EAS);
Parte II – Programa físico-funcional dos Estabelecimentos de Saúde;
Parte III – Critérios para Projetos de Estabelecimentos Assistenciais de Saúde.
• Parte I – Projetos de Estabelecimentos Assistenciais de Saúde (EAS)
O projeto das instalações do ambulatório de saúde ocupacional deve ser elabo-
rado de acordo com as NBR da construção civil vigentes no país, atender às ne-
cessidades ao desenvolvimento das atividades dos usuários da edificação e con-
ter uma listagem de todos os ambientes necessários ao desenvolvimento dessas
atividades. Para isso, deve ser feito um Estudo Preliminar das necessidades, um
Projeto Básico e um Projeto Executivo. Este procedimento deve ser feito para
qualquer obra: construção, reforma, ampliação, obra inacabada ou recuperação
de obra.
O projeto também leva em conta os aspectos legais, técnicos, econômicos e
ambientais do empreendimento. Nele, são programadas a arquitetura, as instala-
ções elétricas e eletrônicas, hidráulicas e fluído mecânico, climatização, estrutura
e fundações.
Só serão analisados pelas vigilâncias sanitárias estaduais ou municipais projetos
elaborados por técnicos ou firmas legalmente habilitadas pelo Conselho Regional
de Engenharia, Arquitetura e Agronomia – CREA – local.
A aprovação do projeto não eximirá seus autores das responsabilidades estabe-
lecidas pelas normas, regulamentos e legislação pertinentes às atividades profis-
sionais. O projeto deverá se encaminhado para aprovação formal nos diversos

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Serviço de Saúde do Trabalhador na Empresa

órgãos de fiscalização e controle, como Prefeitura, Corpo de Bombeiros e enti-


dades de proteção sanitária e do meio ambiente.
• Parte II – Programa físico-funcional dos Estabelecimentos de Saúde
O Programa físico-funcional dos Estabelecimentos Assistenciais de Saúde ba-
seia--se num plano de atenção à saúde já elaborado, onde estão determinadas as
ações desenvolvidas e as metas a serem alcançadas, assim como estão definidas
as distintas tecnologias de operação e a conformação das redes físicas de atenção
à saúde, delimitando no seu conjunto a listagem de atribuições de cada estabele-
cimento de saúde do sistema.
Essas atribuições, tanto na área pública quanto na privada, são um conjunto de
atividades e subatividades específicas, que correspondem a uma descrição resu-
mida da organização técnica do trabalho na assistência à saúde.
São oito as atribuições que se desdobram em atividades e subatividades:

7- Apoio
administrativo

1- Atendimento em regime ambulatorial


e de hospital-dia
6- Ensino e 2- Atendimento imediato 8- Apoio
pesquisa logístico
3- Atendimento em regime de internação
4- Apoio ao diagnóstico e terapia

5- Apoio
Técnico

1 – Prestação de atendimento eletivo de promoção e assistência à saúde em re-


gime ambulatorial e de hospital-dia: atenção à saúde incluindo atividades de pro-
moção, prevenção, vigilância à saúde da comunidade e atendimento a pacientes
externos de forma programada e continuada.

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CAPÍTULO 4
MATERIAIS E EQUIPAMENTOS
DO AMBULATÓRIO DE SAÚDE
DO TRABALHADOR

Os materiais, equipamentos, instrumentais e medicamentos que farão parte do ambula-


tório dependerão da dimensão e tipo de serviço prestado ao trabalhador no ambulató-
rio, além disso, do número de trabalhadores a ser atendido. A seguir, listaremos alguns
materiais e equipamentos básicos para o funcionamento do serviço de saúde, sem nos
preocuparmos com as possíveis especialidades médicas que possam fazer parte do serviço
e outras particulares.

Mobiliário para consultórios / recepção e sala de espera /


enfermaria / posto de enfermagem / sala de esterilização
• Mesas de escritório;
• Mesas para exame clínico;
• Mesinhas auxiliares;
• Mesas (suportes) para computadores;
• Cadeiras fixas e giratórias;
• Camas para o repouso;
• Escadinhas com dois degraus;
• Bancos e sofás para a sala de espera;
• Banquetas;
• Armários variados para guarda de impressos e prontuários;
• Arquivos;
• Cestos de lixo;
• Armário para a guarda de medicamentos;

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• Biombos;
• Balcão para preparo de medicamentos ou outros procedimentos;
• Fichários.

Equipamentos e instrumentais
• Estetoscópios clínicos;
• Esfigmomanômetros;
• Termômetros;
• Negatoscópios;
• Focos (lâmpadas de altura variáveis, com haste flexível);
• Pinças e tesouras diversas;
• Porta-bisturi e lâminas diversas;
• Porta-agulhas e agulhas diversas;
• Seringas e agulhas descartáveis, de tamanhos diversos;
• Cubas-rim;
• Lanterna para orofaringe;
• Abaixadores de língua descartáveis;
• Campos cirúrgicos variáveis;
• Frascos para antissépticos;
• Inaladores;
• Tambores de oxigênios;
• Balança com antropômetro;
• Eletrocardiógrafo(*);
• Escalas optométricas e/ou orthorater (para acuidade visual);
• Dinamômetros (lombar, escapular e manual)(*), medida de força muscular;
• Otoscópio, rinoscópio e oftalmoscópio;
• Martelos para percussão, para exame neurológico;
• Equipamentos de primeiros socorros (material para entubação (laringoscópio,
cânulas endotraqueais, cânula de Guedel, etc.), pranchas, talas infláveis, colares
cervicais, máscaras de oxigênio e ambu, bandagens triangulares, talas moldáveis
para imobilização, luvas descartáveis, etc.);
• Audiômetro e cabine acústica(*), para acuidade auditiva;

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• Espirômetro ou vitalógrafo(*), para avaliação da capacidade pulmonar;


• Equipamentos para fisioterapia(*);
• Medicamentos para urgência e sintomáticos, conforme rotina de cada serviço;
• Autoclave ou estufa(*), para esterilização do material. Recomendável a aquisição
e uso da autoclave conforme orientação do Ministério da Saúde. Coordenação
de Controle de Infecção Hospitalar. Processamento de Artigos e Superfícies em
Estabelecimentos de Saúde, 2a ed. Brasília,1994;
• DEA: Desfibrilador Externo Automático.
(*) São materiais e equipamentos que os serviços de saúde podem não disponibilizar em
virtude de não atender aos serviços propostos ou por utilizarem outros meios ou serviços
terceirizados.

Materiais diversos
• Luvas descartáveis;
• Atadura de crepe e gaze;
• Compressas de gaze;
• Algodão;
• Álcool;
• Atadura de malha ortopédica;
• Esparadrapo, micropore;
• Fios cirúrgicos de espessuras e tipos variados;
• Cotonete;
• Vaselina;
• Soro fisiológico e glicosado;
• Substâncias antissépticas (exemplo: Clorexidina e outros).

Equipamentos complementares
• Cadeiras de rodas;
• Suportes de soros;
• Macas com rodas para transporte;
• Carrinho para transporte de torpedo de O2;
• Ambulância devidamente equipada para transporte.
É importante ressaltar, mais uma vez, que quanto mais completo forem os serviços presta-
dos ao trabalhador maiores serão as dependências do ambulatório e, consequentemente,
serão necessários quantidade e variedade maior de materiais e equipamentos.

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CAPÍTULO 5
ATENDIMENTO À SAÚDE DO
TRABALHADOR

Para a equipe de saúde dar um atendimento adequado ao trabalhador, visando à prevenção


de doenças e à promoção da sua saúde, deve preocupar-se com duas avaliações importan-
tes – a avaliação clínica e a avaliação do ambiente de trabalho.
• avaliação clínica – através da consulta de enfermagem e médica, utilizando-se a
anamnese ocupacional, o exame físico e mental e os exames complementares. Para a
realização das avaliações, o médico, o enfermeiro e os auxiliares e técnicos de enfer-
magem do trabalho desenvolverão o trabalho em conjunto, em que cada profissional
fará sua parte, colaborando para que no final todas as informações importantes sejam
colhidas e examinadas, atingindo o objetivo comum, que é manter a saúde do traba-
lhador em alto nível.
Para a anamnese ocupacional, pode ser seguido um roteiro de acordo com as necessidades
da empresa e dos trabalhadores. Exemplo:
• Identificação da empresa – razão social, endereço, número de funcionários, ramo
de atividade, código do CNAE, grau de risco, etc.;
• Descrição da atividade do trabalhador – atividades e tarefas realizadas, fases do
trabalho, materiais e substâncias utilizadas, máquinas e instrumentos utilizados e
mecanismos de controle de produção;
• Condições de trabalho – descrição do posto de trabalho e dos riscos ocupacionais
– físicos, químicos, biológicos, mecânicos, ergonômicos e outros;
• Medidas de proteção – coletiva: enclausuramento, exaustão, isolamento, umidifi-
cação e individual: uso de EPIs, etc., avaliando a sua eficácia em relação aos riscos
ocupacionais existentes;
• Informações sobre a saúde no trabalho – natureza e resultados de exames admis-
sionais, periódicos, demissionais e outros, existência de programas preventivos e
treinamento para prevenção de doenças e acidentes. Existência de colegas com
problemas de saúde relacionados com o trabalho;

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Serviço de Saúde do Trabalhador na Empresa

• Relações de trabalho – contrato de trabalho, jornada diária e semanal, horas ex-


tras e férias, relacionamento com chefias e colegas, grau de satisfação e realiza-
ção profissional;
• Atividades anteriores – conhecer as atividades laborais pregressas do trabalhador,
associando-as às possíveis queixas ou sintomas que o trabalhador possa estar apre-
sentando.
• avaliação do ambiente de trabalho – da mesma forma, a avaliação do ambiente de
trabalho pode ser feita através de um roteiro, em que alguns pontos devem ser obser-
vados para que em conjunto com a avaliação clínica do trabalhador a equipe de saúde
planeje o atendimento dos funcionários, visando à prevenção de doenças e acidentes e
à promoção da saúde.
Para a avaliação do ambiente de trabalho, segue um modelo de roteiro que pode ser alte-
rado de acordo com as necessidades e atividades da empresa:
• Identificação da empresa;
• Aspectos históricos da organização da empresa e dos trabalhadores;
• Processo de produção: matérias-primas, meio de produção, fluxograma, situações
de transtornos, produtos finais, resíduos, etc.;
• Organização do trabalho: divisão do trabalho, controle de ritmo, produtividade e
modo operatório, relações sociais na empresa, jornada de trabalho, etc.;
• Instalações: observar layout do local de trabalho;
• Condições ambientais de trabalho: riscos físicos, químicos, biológicos e de aciden-
tes (natureza, dose, fonte e pontos críticos), medidas de proteção coletiva e indivi-
dual, adequação, manutenção, eficácia (uso efetivo);
• Relação com o meio ambiente: poluentes do ar, água e solo, formas de tratamento,
informações ao consumidor, embalagens, transporte de cargas, etc.;
• Observação de funções/posto de trabalho específicos: identificação dos trabalha-
dores, o quê, com o quê, como, quanto fazem, conteúdo da tarefa (responsabilida-
de, repetitividade, monotonia, etc.);
• Descrição das condições ambientais no posto de trabalho;
• Percepção do trabalhador sobre o trabalho;
• Serviço Especializado em Segurança e Medicina do Trabalho;
• Comissão Interna de Prevenção de Acidentes;
• Dados epidemiológicos (demanda ao serviço de saúde, causas médicas do absen-
teísmo, etc.);
• Educação e informações do trabalhador.
O levantamento de todos esses dados contribuirá para atender o trabalhador de forma
planejada e contribui para a manutenção ou a melhora de sua saúde, evitando doenças
profissionais ou do trabalho e/ou acidentes.

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Serviço de Saúde do Trabalhador na Empresa

CAPÍTULO 6
AS INTERFACES DAS
NR-9 E NR-7

NR-9 – Programa de Prevenção de Riscos


Ambientais – PPRA
A Norma Regulamentadora 9 estabelece a obrigatoriedade da elaboração e implementa-
ção, por parte de todos os empregadores e instituições que admitam trabalhadores como
empregados, do Programa de Prevenção de Riscos Ambientais (PPRA), visando à
preservação da saúde e da integridade dos trabalhadores, através da antecipação, reconhe-
cimento, avaliação e consequente controle da ocorrência de riscos ambientais existentes
ou que venham a existir no ambiente de trabalho, tendo em consideração a proteção do
meio ambiente e dos recursos naturais.
O PPRA é parte integrante do conjunto mais amplo das iniciativas da empresa no campo da
preservação da saúde e da integridade dos trabalhadores, devendo estar articulado com o
disposto nas demais NR, em especial com o Programa de Controle Médico de Saúde
Ocupacional – PCMSO.
Relembrando, a NR-9 considera riscos ambientais os agentes físicos, químicos e bioló-
gicos existentes nos ambientes de trabalho que, em função de sua natureza, concentração
ou intensidade e tempo de exposição, são capazes de causar danos à saúde do trabalhador.
Consideram-se agentes físicos as diversas formas de energia a que possam estar expostos
os trabalhadores, tais como: ruído, vibrações, pressões anormais, temperaturas extremas,
radiações ionizantes, radiações não ionizantes, bem como o infrassom e o ultrassom.
Consideram-se agentes químicos as substâncias, compostos ou produtos que possam
penetrar no organismo pela via respiratória, nas formas de poeiras, fumos, névoas, nebli-
nas, gases ou vapores, ou que, pela natureza da atividade de exposição, possam ter contato
ou ser absorvidos pelo organismo através da pele ou por ingestão.

Senac São Paulo 31


Serviço de Saúde do Trabalhador na Empresa

Consideram-se agentes biológicos as bactérias, fungos, bacilos, parasitas, protozoários,


vírus, entre outros.

Desenvolvimento do PPRA
O Programa de Prevenção de Riscos Ambientais deverá incluir as seguintes etapas:
a) antecipação e reconhecimento dos riscos;
b) estabelecimento de prioridades e metas de avaliação e controle;
c) avaliação dos riscos e da exposição dos trabalhadores;
d) implantação de medidas de controle e avaliação de sua eficácia;
e) monitoramento da exposição aos riscos;
f) registro e divulgação dos dados.

Medidas de controle
Deverão ser adotadas as medidas necessárias suficientes para a eliminação, a minimização
ou o controle dos riscos ambientais sempre que forem verificadas uma ou mais das seguin-
tes situações:
a. Identificação, na fase de antecipação, de risco potencial à saúde;
b. Constatação, na fase de reconhecimento de risco evidente à saúde;
c. Quando os resultados das avaliações quantitativas da exposição dos trabalhadores ex-
cederem os valores dos limites previstos na NR-15 ou, na ausência destes, os valores
limites de exposição ocupacional adotados pela ACGIH, ou aqueles que venham a ser
estabelecidos em negociação coletiva de trabalho, desde que mais rigorosos do que os
critérios técnico-legais fixados;
d. Quando, através do controle médico da saúde, ficarem caracterizados o nexo causal
entre danos observados na saúde dos trabalhadores e a situação de trabalho a que eles
ficam expostos.

Programa de Controle Médico de Saúde


Ocupacional – NR-7
A NR-7 prevê o Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional, com o objetivo de
promoção e preservação da saúde do conjunto de trabalhadores e evitar a ocorrência de
acidentes do trabalho.
Deve conter as diretrizes gerais e as ações mínimas a serem desenvolvidas, podendo ser am-
pliado pelo coordenador do programa, por inspetores do trabalho ou em negociação coletiva.

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Serviço de Saúde do Trabalhador na Empresa

O PCMSO deverá obedecer a um planejamento em que estejam previstas ações de saúde


a serem executadas durante o ano, devendo ser objeto de relatório anual, para avaliação e
possíveis alterações ou adequações.
Muitas das ações podem ser padronizadas, outras devem ser específicas às necessidades da
empresa. O programa deve partir do empregador para a coletividade de seus empregados,
assim, o foco fica voltado tanto para os trabalhadores como para a coletividade.
Todas as empresas que admitem trabalhadores pela Consolidação das Leis Trabalhistas
devem elaborar e implementar o PCMSO.
Dois tipos de ações podem ser seguidos quando se elabora o PCMSO, garantindo a abran-
gência do programa e os objetivos estabelecidos.
1. Ações primárias;
2. Ações secundárias.
• Ações primárias – é o conjunto de ações ligadas à coletividade visando:
• à manutenção da saúde;
• à prevenção de doenças ocupacionais;
• à profilaxia das doenças;
• à avaliação do ambiente de trabalho.
• Ações secundárias – é o conjunto de ações ligadas diretamente ao trabalhador
visando:
• avaliar as condições reais do trabalhador;
• investigar as possíveis alterações fisiológicas ligadas ao seu ambiente de trabalho.
Para a elaboração e implementação do PCMSO, é importante a presença de toda a equipe
de saúde e de segurança.
Apesar de o médico ser o coordenador e responsável pelo programa, a participação de
profissionais, como enfermeiros do trabalho, auxiliares e técnicos de enfermagem do tra-
balho, engenheiro de segurança e técnicos de segurança do trabalho, além da existência
do Programa de Prevenção de Riscos Ocupacionais (PPRA), é essencial na elaboração e
sucesso do PCMSO.
O PCMSO deve seguir um roteiro para sua execução, facilitando a implantação e avaliação.

Senac São Paulo 33


Serviço de Saúde do Trabalhador na Empresa

Roteiro do PCMSO

Elaborar as ações Primárias e


Secundárias

Analisar os resultados apresentados


nas ações secundárias

Resultados normais Resultados alterados

Emitir o atestado de saúde ocupacional

Fazer relatório anual Discutir com a CIPA

Fonte: Galafasi, 1999.

Nas ações primárias, a equipe de saúde e segurança deve preocupar-se basicamente com a
prevenção, que tem como objetivo o diagnóstico precoce não só de doenças relacionadas
com o trabalho, mas também com outras patologias que possam estar afetando a saúde do
trabalhador.
Essa fase do programa é de vital importância, pois o trabalhador sentirá que não só a produ-
tividade é o foco da empresa, mas também sua saúde e seu bem-estar físico, mental e social.
Basicamente, as ações primárias resumem-se em:
• Manutenção da saúde – consiste em ações coletivas junto aos trabalhadores com
informações e orientações quanto à prevenção de doenças, padrões de higiene
e saúde, mudanças no estilo de vida para proporcionar bem-estar ao indivíduo e
família. Podem ser realizadas através de orientações individuais, durante uma con-
sulta no dia a dia, através de palestras, reuniões e discussões em grupos, exibição
de vídeos, folhetos e cartazes.
• Prevenção de doenças ocupacionais – através da orientação no uso de equipa-
mentos de proteção individual e de áreas com equipamentos de proteção coletiva,
com a realização de programas e campanhas de prevenção, como, por exemplo:
campanhas de prevenção contra a perda auditiva, as lesões por esforço repetitivo,
prevenção do estresse e outras.

Senac São Paulo 34


Serviço de Saúde do Trabalhador na Empresa

• Profilaxia das doenças – basicamente, através das campanhas de vacinação. Os


programas de vacinação de trabalhadores na empresa têm como intuito não só
diminuir a taxa de absenteísmo, mas também manter a integridade física do tra-
balhador e muitas vezes de sua família, quando a empresa estende as campanhas
também para os membros da família.
• Avaliação do ambiente de trabalho – através do Programa de Prevenção de
Riscos Ambientais (PPRA) estabelecido na NR-9, pode-se estabelecer quais os ris-
cos existentes nas mais variadas áreas de trabalho de uma empresa, tem o objetivo
de antecipar o conhecimento dos riscos antes que comecem a causar problemas
de saúde ao trabalhador. O PPRA e o PCMSO devem ser articulados, uma vez que,
através do reconhecimento dos riscos ambientais, será idealizado o programa de
controle de saúde, sempre visando minimizar os riscos para prevenir doenças e
acidentes do trabalho.
• Evitar acidentes do trabalho – a NR-5 estabelece a obrigatoriedade da realiza-
ção anual de uma semana de prevenção de acidentes (SIPAT – Semana Interna de
Prevenção de Acidentes). Durante a SIPAT, a equipe multiprofissional deve estar
empenhada em transmitir informações e orientações sobre os riscos ambientais
a que os trabalhadores estão expostos, complicações e sequelas dos acidentes do
trabalho.
Quanto às ações secundárias:
• Consistem em medidas preventivas e curativas que podem fornecer as condi-
ções físicas e psíquicas do organismo do trabalhador, se está ou não predisposto a
doenças.
• A empresa tem a obrigação de garantir as condições de trabalho aos trabalhado-
res, estudando o meio ambiente de trabalho, detectando e estudando os riscos
ambientais através do PPRA, enumerando as situações de perigo enfrentadas pelos
trabalhadores na atividade laboral.
• São incluídos nesse momento os exames previstos na NR-7, ou seja, admissionais,
periódicos, de retorno ao trabalho, de mudança de função e demissional.

PPRA/PCMSO
Ações de saúde
Uma vez que o serviço de Segurança do Trabalho realizou a análise ambiental e elaborou
seu Programa de Prevenção de Riscos Ambientais (PPRA), o Serviço de Medicina Ocu-
pacional pode então elaborar seu Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional
(PCMSO), que realizará exames de ordem exclusivamente ocupacional, diretamente rela-
cionados aos riscos físicos, químicos, biológicos e ergonômicos.

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O estudo desses resultados pode resultar no perfil de saúde dos trabalhadores de determi-
nados setores, fornecendo dados para a elaboração de programas de saúde relacionados
diretamente com os riscos existentes em cada posto de trabalho.
O PCMSO pode incluir nos exames periódicos alguns exames de saúde não relacionados
ao trabalho, os chamados exames de saúde ou de qualidade de vida, como: hemograma,
eletrocardiograma, mamografia, antígeno prostático (PSA), glicemia, colesterol, triglicéri-
des, etc. Obtendo, assim, o perfil da saúde global dos trabalhadores e organizando progra-
mas direcionados aos problemas mais constantes.
Os programas de saúde também podem abordar informações sobre doenças crônicas, epi-
demias e endemias, conforme a incidência nas estações do ano: gripe, sarampo, rubéola,
dengue, AIDS, tuberculose e outras.
A associação das ações de saúde ambiental (PPRA) com as ações de saúde do trabalhador
(PCMSO) e programas de saúde, com certeza, traz benefícios ao empregador, trabalhador
e meio ambiente.

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CAPÍTULO 7
NR-7 – PROGRAMA DE
CONTROLE MÉDICO DE SAÚDE
OCUPACIONAL – PCMSO

A Norma Regulamentadora no 7, da Portaria no 3.214/78, desde 1994 recebe o nome de


PCMSO – Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional. A NR-7 determina que
todos os empregadores têm a obrigatoriedade de elaborar e implementar um programa de
saúde ocupacional (PCMSO) em sua empresa, com o objetivo de promover e preservar a
saúde do conjunto dos seus trabalhadores.
A NR-7 tem um conjunto de instruções que guia a elaboração e a implementação do pro-
grama; na prática, são diretrizes usadas para sua instituição e execução. O PCMSO é um
documento escrito que norteará as ações práticas do programa.
O PCMSO não é um programa isolado. A portaria é um conjunto de normas que prevê 33
NRs que atuarão em sintonia umas com as outras. Podemos citar como exemplo: ao ser
implementada a NR-9 (PPRA – Programa de Prevenção de Risco Ambiental), encontra-se
ruído insalubre em determinado setor da empresa, então o PCMSO determinará a reali-
zação de audiometrias aos trabalhadores do referido setor. Quando a NR-6 determina que
o protetor auricular é um equipamento de proteção individual, o médico deverá indicá-lo
para aquele trabalhador exposto a ruído insalubre por meio do PCMSO.
A elaboração e implementação do PCMSO é obrigatória para todas as pessoas, físicas ou
jurídicas, que admitam trabalhadores como empregados, regidos pela CLT. Deve ter cará-
ter de prevenção, rastreamento e diagnóstico precoce dos agravos à saúde relacionados
ao trabalho, inclusive de natureza subclínica, além de constatação da existência de casos de
doenças profissionais ou danos irreversíveis à saúde dos trabalhadores.
Além disso, é possível monitorar outras doenças, não relacionadas ao trabalho, mas que
podem ocasionar problemas quando não controladas (diabetes, hipertensão, obesidade
e outras). O PCMSO determinará a necessidade da realização de exames médicos e la-
boratoriais e sua periodicidade, bem como a realização de campanhas de prevenção ou
palestras de orientação sobre determinados assuntos.

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O PCMSO será realizado baseado na determinação dos riscos ocupacionais ou sua ausên-
cia. Faz-se o Levantamento de Riscos Ambientais – LRA e o Programa de Prevenção de
Riscos Ambientais – PPRA. É interessante que o médico do trabalho faça visitas a todos os
setores da empresa, para conhecimento dos locais de trabalho e suas peculiaridades. Por
meio desses levantamentos, o médico do trabalho determinará a necessidade ou não de
exames complementares e o exame médico, que será realizado em determinada periodi-
cidade, sendo emitido um Atestado de Saúde Ocupacional – ASO.
O PCMSO é um programa que tem validade anual, mas deve ser alterado a qualquer mo-
mento, desde que ocorram mudanças nos processos de trabalho que impliquem à exposi-
ção do trabalhador a outros riscos ocupacionais colocando em perigo a sua saúde.
A não elaboração e implementação do PCMSO, além de causar os prejuízos à saúde do
trabalhador, leva à incidência de multas ao empregador. O custo da elaboração e implanta-
ção do PCMSO não deve ser repassado aos trabalhadores, sendo de responsabilidade do
empregador.
O nível de complexidade do Programa depende basicamente dos riscos existentes em cada
empresa, das exigências físicas e psíquicas das atividades desenvolvidas, e das característi-
cas biopsicofisiológicas de cada população trabalhadora.
As empresas desobrigadas de possuir médico coordenador deverão realizar as avaliações
por meio de médico que, para a efetivação das mesmas, deverá necessariamente conhecer
o local de trabalho.
O PCMSO deve conter no mínimo:
• Identificação da empresa: razão social, CGC, endereço, ramo de atividade, grau de
risco, no de trabalhadores distribuídos por sexo, horário de trabalho e turnos;
• Identificação dos riscos existentes;
• Plano anual de indicação dos exames médicos, com programação das avaliações clí-
nicas e complementares específicas para os riscos detectados, definindo-se explici-
tamente quais os trabalhadores ou grupos de trabalhadores serão submetidos a que
exames e quando.
O PCMSO deve incluir, entre outros, a indicação obrigatória dos exames médicos:
• Admissional;
• Periódico;
• De retorno ao trabalho;
• De mudança de função;
• Demissional.
Estes exames compreendem a avaliação clínica, abrangendo anamnese ocupacional e exa-
me físico e mental, assim como exames complementares.

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1. Exame médico admissional: de acordo com a NR-7, deve ser realizado antes que
o trabalhador assuma suas atividades e deve compreender a avaliação clínica (anamnese
ocupacional e exame físico e mental) e os exames complementares.
Devemos entender algumas diferenças básicas entre o exame admissional e os exames
clínicos habituais. É importante que no exame admissional ocorra um estudo prévio das
exigências somatopsíquicas de cada tipo de serviço, que o médico conheça essas exigên-
cias somatopsíquicas do serviço a ser realizado pelo candidato submetido aos exames; que
realize a anamnese ocupacional e, finalmente, que o médico assinale os achados do exame,
principalmente os negativos, que poderão influenciar no desenvolvimento do serviço e no
comprometimento da saúde do trabalhador.
O exame admissional não deve ter como objetivo selecionar os trabalhadores sadios e
excluir os menos sadios. Deve tentar colocar cada trabalhador no lugar ideal para suas con-
dições físicas e psíquicas, por exemplo, um indivíduo que sofra do mal epilético não deverá
estar exercendo atividade que exija subir escadas ou em espaços confinados, mas poderá
exercer atividades administrativas.

Objetivos do exame médico admissional:


• Colocar os trabalhadores em serviços mais adequados às suas condições físicas e
mentais;
• Avaliar os trabalhadores de forma a não expor sua saúde e a dos companheiros a
riscos, classificando-os em APTOS ou INAPTOS;
• Proporcionar aos trabalhadores o conhecimento real do seu estado de saúde, per-
mitindo que possam ser submetidos a tratamentos para solucionar possíveis pro-
blemas;
• Identificar presença de algum problema e indicar o tipo de serviço mais adequado;
• Oferecer aos trabalhadores as primeiras orientações educacionais sobre questões
que envolvem a saúde ocupacional;
• Identificar os trabalhadores que têm as melhores condições somatopsíquicas para
determinado tipo de trabalho;
• Permitir a existência de um ponto referencial para futuros exames médicos pe­
riódicos;
• Aproveitar de forma racional e integral a mão de obra disponível;
• Dar cumprimento às determinações legais que tornam os exames ocupacionais
obrigatórios.

O exame médico admissional é, na verdade, o primeiro exame periódico realizado pelo


trabalhador, e não pode se limitar a avaliar apenas as condições físicas e psíquicas do indi-
víduo, mas tem a função primordial de detectar a capacidade funcional do candidato para

Senac São Paulo 39


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o cargo que almeja. A avaliação do trabalhador deve ser diferenciada, ou seja, não se pode
avaliar da mesma forma um candidato a ocupar uma função que exija levantar, puxar e
transportar peso e um outro que seja candidato a uma função administrativa, em que per-
manecerá maior parte do tempo sentado.
Deve, neste primeiro contato com o trabalhador, preocupar-se com a história pregressa
profissional, ou seja, sua história profissional, último emprego, tempo que trabalhou em
determinadas funções, se foi submetido a exames médicos e com que periodicidade. Caso
nunca tenha feito uma avaliação médica, deve-se ter cuidados mais rigorosos com o intuito
de detectar agravos à saúde advindos de ocupações anteriores.
Deve-se também recomendar, nesse momento, se for o caso, um esquema de prevenção,
como vacinação pertinente à função ou local de trabalho, vacina antitetânica, vacina contra
Hepatite A ou B, seguindo as recomendações dos serviços públicos de saúde e outras me-
didas preventivas específicas e de acordo com as necessidades.

O exame médico admissional pode ser composto basicamente de:


• Exame físico com avaliação dos sistemas tegumentar, cardiorrespiratório, musculo-
esquelético, gastrintestinal, geniturinário, nervoso, otorrinolaringológico, oftalmo-
lógico e odontológico;
• Anamnese e avaliação clínica;
• Provas funcionais, se necessário, como exemplo o exame de EEG, ECG, espirome-
tria, acuidade visual, acuidade auditiva, avaliação antropométrica e outros;
• Exames laboratoriais e complementares, como hemograma completo, tipagem
sanguínea, exame parasitológico de fezes, exame de urina, glicemia, exames toxi-
cológicos e outros;
• Avaliação psicológica;
• Exames específicos para a função, por exemplo, RX de tórax para candidatos a
exercer atividades em minas de carvão, dosagem hormonal a candidatos que vão
exercer atividades com substâncias hormonais, coprocultura àqueles candidatos
que vão exercer atividades manipulando alimentos, etc.
• Exames complementares para esclarecimento de possíveis patologias observa-
das ao exame clínico, ligadas à idade, sexo, localidade de procedência, como, por
exemplo, colesterolemia e trigliceridemia, Machado Guerreiro e outros.
Os exames admissionais seguem o protocolo estabelecido pela instituição, conforme ati-
vidades a serem exercidas pelo trabalhador e tipos de matérias-primas manuseadas, en-
tretanto, devem estar de acordo com o que estabelecem os Quadros I e II da NR-7, Lei
no 6.514/77, Portaria no 3.214/78. Todos os exames têm o objetivo de detectar problemas
de saúde desconhecidos, prevenir e promover a saúde do candidato.

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2. Exame médico periódico: a necessidade de zelar pela saúde do trabalhador, promo-


ver seu bem-estar físico, mental e social, detectar problemas de saúde causados por condi-
ções de trabalho ou por agentes e fatores prejudiciais à saúde, por inadequação fisiológica
às atividades laborais, são alguns dos objetivos dos exames periódicos realizados pelas
empresas, seguindo o protocolo estabelecido para seus trabalhadores e as determinações
da NR-7, que trata do Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional, item 7.4.3.2,
e na NR-15, que trata de atividades e operações insalubres.
O item 7.4.3.2 da NR-7 estabelece para exames periódicos:
• Para trabalhadores expostos a riscos ou situações de trabalho que impliquem o
desencadeamento ou agravamento de doenças ocupacionais, ou aos portadores de
doenças crônicas, os exames devem acontecer anualmente ou a intervalos meno-
res, de acordo com os critérios do médico responsável;
• Anualmente, para trabalhadores menores de dezoito anos e maiores de quarenta
e cinco anos;
• Bianual, para trabalhadores entre dezoito anos e quarenta e cinco anos.
• Para trabalhadores que exerçam atividades com grandes riscos à saúde, trabalhado-
res que exerçam atividades com alimentos, os exames periódicos devem ser mais
frequentes, por exemplo, a cada seis meses.

Objetivos do exame médico periódico:


• Manter a saúde do trabalhador e de seus companheiros de serviço;
• Confirmar ou não se o trabalhador poderá ser mantido na atividade laboral, classi-
ficando-o como APTO ou INAPTO;
• Detectar a presença de qualquer anormalidade relacionada ou não com o trabalho;
• Verificar todas as alterações físicas ou mentais que possam advir do envelhecimento;
• Constatar a perfeita adaptação das condições somatopsíquicas do trabalhador às
atividades desenvolvidas.
Os exames periódicos devem ser planejados rigorosamente e com antecedência para que
possam abranger todos os funcionários e atingir os objetivos. Os trabalhadores que exer-
cem atividades insalubres e com riscos à saúde devem ter prioridade, entretanto, todos os
trabalhadores devem ser submetidos aos exames periódicos.
O cronograma e o fluxograma para a realização dos exames devem ser de conhecimento
da equipe de saúde e de segurança e dos responsáveis pelos setores da empresa. O cro-
nograma estabelece o tempo de início e término das avaliações médicas e de exames
complementares de todos os trabalhadores e o fluxograma orientará como se proces-
sará a realização dos exames, ou seja, os passos a serem seguidos quanto à convocação e
recepção do trabalhador, levantamento do prontuário, preenchimento de fichas e outras
rotinas.

Senac São Paulo 41


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O serviço de saúde deve seguir uma metodologia de trabalho para a realização dos exa-
mes, que auxiliará e facilitará o cumprimento de detalhes a serem observados quanto à
população examinada, por exemplo, exames complementares e subsidiários, exames ra-
diológicos que devem se solicitados obrigatoriamente conforme orientações das normas
regulamentadoras.
O exame periódico basicamente é formado pelos seguintes exames:
• Exame físico com avaliação dos sistemas tegumentar, cardiorrespiratório, musculo-
esquelético, gastrintestinal, geniturinário, nervoso, otorrinolaringológico, oftalmo-
lógico e odontológico;
• Anamnese e avaliação clínica;
• Exames radiológicos, caso seja necessário;
• Exames laboratoriais, como hemograma, parasitológico, exame de urina e outros,
se forem necessários;
• Exames complementares e provas funcionais.

São obrigatórias as seguintes solicitações no exame periódico, de acordo com as normas


estabelecidas:
• Exames laboratoriais – triglicérides para maiores de quarenta anos e colpocito-
logia oncótica para mulheres acima de vinte e cinco anos;

• Exames radiológicos – radiografia de tórax a cada dois anos;

• Provas funcionais – acuidade visual e auditiva e eletrocardiograma para trabalha-


dores acima de quarenta anos.

Quanto aos exames obrigatórios de caráter específico, podemos citar como exemplo:
• Exames radiológicos – radiografia de pulmões para trabalhadores expostos a
agentes capazes de lesar estruturas pulmonares, ver NR-15;

• Provas funcionais – provas de função pulmonar para os trabalhadores expostos


às substâncias que forneçam riscos à função pulmonar; acuidade auditiva aos traba-
lhadores que trabalham em áreas com altos índices de ruído;

• Exames laboratoriais e toxicológicos – repetidos a cada seis meses para ativida-


des insalubres;

• Outros exames previstos no Quadro I e II da NR-7.

Realizados os exames periódicos, a equipe de saúde deve determinar a padronização dos


procedimentos pós-exame, ou seja, caso os resultados sejam normais ou alterados, como
devem ser o encaminhamento e a orientação do trabalhador. Veja abaixo um esquema
exemplificativo de conduta pós-exame:

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Realização dos exames clínico,


laboratorial e radiológico

Avaliação dos resultados

Alterado Normal

Avaliar as
Arquivar
alterações

Reavaliar o Verificar se o trabalhador


ambiente de está doente
trabalho

Providenciar as condutas
Medidas médicas
corretivas

Arquivar Afastar do local Abrir CAT

Monitorar Encaminhar ao
INSS

Fonte: Galafasi, 1999.

Finalizados os exames periódicos para todos os trabalhadores, a equipe de saúde deve


fazer um controle de todas as queixas apresentadas por eles de acordo com os setores de
atividades e tipos de queixas. Assim, devem-se levar em conta a função desempenhada,
riscos ocupacionais e análise dos motivos do absenteísmo.
Feito o levantamento, pode-se concluir quais as queixas mais comuns dos grupos de traba-
lhadores e as atividades desenvolvidas em cada setor. A finalidade é identificar os possíveis
problemas que atingem os trabalhadores de determinadas áreas de trabalho através de
suas queixas e sintomatologia, com o intuito de prevenir o aparecimento de patologias ou
distúrbios da saúde física e mental.

3. Exame médico de retorno ao trabalho: conforme estabelece a NR-7, no item 7.4.3.3,


deverá ser realizado obrigatoriamente no primeiro dia da volta ao trabalho de trabalhador
ausente por um período igual ou superior a trinta dias por motivo de doença ou acidente,
de natureza ocupacional ou não, ou parto.
O exame de retorno ao trabalho deve seguir as mesmas orientações do exame periódico
e dar atenção especial aos problemas que provocaram o afastamento.

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4. Exame médico de mudança de função: de acordo com o item 7.4.3.4 da NR-7, este
exame deve ser realizado obrigatoriamente antes da data da mudança de função.
A mudança de função deve ser entendida como toda e qualquer alteração de atividade,
posto de trabalho ou de setor que implique a exposição do trabalhador a diferentes riscos
daqueles a que estava exposto na atividade anterior.
Os procedimentos deverão ser basicamente os mesmos considerados quando da admissão
dos trabalhadores, tomando-se o especial cuidado quanto às condições físicas e psíquicas
exigidas para exercer a nova função e os exames laboratoriais, complementares e funcio-
nais necessários.

5. Exame médico demissional: o exame demissional deverá ser realizado obrigatoria-


mente até a data da homologação da saída do funcionário, desde que o último exame peri-
ódico tenha sido realizado há mais de:
• Cento e trinta e cinco dias para empresas de graus de risco 1 e 2 , segundo o Qua-
dro I da NR-4;
• Noventa dias para as empresas de graus de risco 3 e 4, segundo o Quadro I da
NR-4.
O exame demissional tem como objetivo a avaliação da saúde do trabalhador para verificar
se está apto para ser desligado de suas funções imediatamente. Caso apresente alguma
alteração de saúde, o desligamento deve ser adiado, até a realização de tratamento e nova
avaliação clínica ou subsidiária.
Os procedimentos para o exame demissional devem seguir os mesmos padrões do exame
periódico, sempre observando a ocorrência de possíveis doenças relacionadas com as ati-
vidades laborais.
O resultado do exame deverá ser comunicado ao setor de Recursos Humanos informando
se há ou não alteração na saúde do trabalhador devido à exposição a riscos ocupacionais
no exercício do seu trabalho.
O médico que realizou o exame emitirá o atestado de saúde ocupacional (ASO) em
duas vias, sendo uma entregue ao trabalhador e outra ficará arquivada no seu prontuário.
Caso seja diagnosticada alguma doença profissional ou do trabalho, deve ser aberta a CAT
(Comunicação de Acidentes do Trabalho) e o trabalhador encaminhado à Previdência So-
cial para a perícia médica e providências cabíveis.
No desligamento de trabalhadoras, para respaldo dos direitos trabalhistas, é interessante a
realização do teste de gravidez.

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Exames de Acompanhamento da saúde do trabalhador” ou “Exames de qualidade de vida


do trabalhador”.
Grande parte das empresas utilizam os exames médicos periódicos para o acompanha-
mento do estado de saúde de seus empregados, através de exames complementares que
não fazem parte da grade de exames obrigatórios em relação à atividade do trabalhador.
São exames relacionados aos hábitos de vida (alimentação, atividades físicas, tabagismo,
uso de substâncias químicas) que levam a uma vida saudável.
Podem incluir lipidograma (taxas de colesterol e triglicérides), glicemia (diabetes), controle
da pressão arterial, avaliação cardiológica, mamografia, PSA, Ultrasonografias, etc.
Tem como foco o controle da obesidade, sedentarismo e estresse. Dá origem aos Progra-
mas de promoção da saúde do trabalhador estimulando:

• o controle de sua alimentação (Dieta saudável);


• a prática de atividade física regular (Diminuição dos Riscos Coronarianos);
• o abandono do tabagismo e outras substâncias.

Com estes cuidados, ocorre a diminuição dos impactos negativos na saúde do trabalhador,
diminuição de faltas ao trabalho por motivos de doenças e melhora a imagem da empresa
junto aos colaboradores e sociedade.

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Modelo Simplificado da Estrutura do P.C.M.S.O.
Controles

Senac São Paulo


Setor de População Médicos
Tipo de Risco Agente de Risco Periodicidade
Trabalho Exposta e Exames
Laboratoriais
Admissional
Exame clínico
Audiometria ocupacional
(E) Monotonia e
Exame Clínico Periódico
Assistente repetitividade
Administração Ergonômico Audiometria Exame clínico: anual
Administrativo (E) Posição
ocupacional Audiometria ocupacional: anual
incômoda
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Demissional
Exame clínico
Audiometria ocupacional
Admissional
Exame clínico
(Q) Produtos
Audiometria ocupacional
de Limpeza
Hemograma/VDRL/PPF/Coprocultura
em geral (B)
Químico Exame Clínico Periódico
Assistente Micro-organismos
Limpeza Biológicos Audiometria Exame clínico: anual
Comercial (E) Monotonia e
Ergonômico ocupacional Audiometria ocupacional: anual
repetitividade
Hemograma/VDRL/PPF/Coprocultura
(E) Posição
Demissional
incômoda
Exame clínico
Audiometria ocupacional

46
Modelo Simplificado da Estrutura do P.C.M.S.O.

Senac São Paulo


Admissional
Exame clínico
Audiometria ocupacional
(E) Monotonia e
Exame Clínico Periódico
Auxiliar de repetitividade
Produção Ergonômico Audiometria Exame clínico: anual
produção (E) Posição
ocupacional Audiometria ocupacional: anual
incômoda
Demissional
Exame clínico
Audiometria ocupacional
Serviço de Saúde do Trabalhador na Empresa

Exames complementares como:


Eletroencefalograma.
Acuidade Visual.
Audiometria.
Dinamometria.
Laboratoriais (exames de sangue, fezes e urina em geral).
Radiológicos (RX Tórax, RX Coluna, entre outros).
Cardiológicos (Eletrocardiograma, Espirometria, entre outros).
 

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Atestado de saúde ocupacional


A NR-7, através do Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional, estabelece que
o médico que realizar qualquer um dos exames anteriormente citados deverá emitir em 2
(duas) vias o Atestado de Saúde Ocupacional, estabelecendo o laudo conclusivo.
• A primeira via ficará arquivada no local de trabalho do trabalhador, inclusive frente
de trabalho ou canteiro de obras, à disposição da fiscalização do trabalho;
• A segunda via será entregue obrigatoriamente ao trabalhador, mediante recibo na
primeira via.
O Atestado de Saúde Ocupacional deverá conter no mínimo as seguintes informações,
conforme texto da NR-7:
• Nome completo do trabalhador, número de registro de sua identidade e sua
função;
• Os riscos ocupacionais específicos existentes ou a ausência deles, na atividade do
trabalhador;
• Indicação dos procedimentos médicos aos quais foi submetido o trabalhador, in-
cluindo os exames complementares e a data em que foram realizados;
• O nome do médico coordenador, quando houver, e o número do CRM;
• Definição de apto ou inapto para a função específica que o trabalhador vai exercer,
exerce ou exerceu;
• Nome do médico encarregado do exame e endereço ou forma de contato;
• Data e assinatura do médico encarregado do exame e carimbo contendo seu nú-
mero no CRM.
Todos os dados anotados no ASO deverão ser anotados no prontuário do trabalhador.

Relatório anual
o PCMSO deverá obedecer a um planejamento em que estejam previstas ações de saúde
a serem executadas durante o ano, devendo estas serem objeto de relatório anual.
O relatório anual deverá descriminar, por setores da empresa, o no e a natureza dos exa-
mes médicos, incluindo avaliações clínicas e exames complementares, estatísticas de resul-
tados considerados anormais, assim como o planejamento para o próximo ano, tomando
como base o modelo proposto no quadro III da NR-7.

Senac São Paulo 48


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QUADRO III da NR-7 – PROGRAMA DE CONTROLE MÉDICO DE SAÚDE –


RELATÓRIO ANUAL

Responsável: Data:

Assinatura:

Setor Natureza No anual No de No de resultados No de exames


do exame de exames resultados anormais  100 para o ano
realizados normais No anual de seguinte
exames

O relatório anual deverá ser apresentado e discutido na CIPA, quando existente na em-
presa, sendo sua cópia anexada no livro de ata dessa comissão. Poderá ser armazenado
na forma de arquivo informatizado, desde que este seja mantido de modo a propiciar o
imediato acesso por parte do agente de inspeção no trabalho.
As empresas desobrigadas a indicarem médico coordenador ficam dispensadas de elaborar
relatório anual.

Senac São Paulo 49


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CAPÍTULO 8
A EQUIPE MULTIPROFISSIONAL
ATENDENDO AO SERVIÇO DE
SAÚDE DO TRABALHADOR

1. Equipe de enfermagem – Enfermeiro,


técnico e auxiliar de enfermagem do
trabalho
Enfermeiro do Trabalho (ET)
Profissional de enfermagem nível 3o grau. Classificado pelo COFEN no Quadro III – Lei
no 7.498/86 e Decreto no 94.406. Portador do Certificado de Estudos Complementares
de Enfermagem do Trabalho. Enquadrado nos serviços especializados em Engenharia de
Segurança e em Medicina do Trabalho, através da Portaria no 06 do DSST, de 12/06/90,
art. 1o, subitem 4.4.1, alínea d.

Técnico de Enfermagem do Trabalho (TET)


Profissional de enfermagem, nível 2o grau. Classificado pelo COFEN no Quadro II – Lei
no 7.498/86 e Decreto no 94.406/87 – art. 10. Portador do Certificado de Estudos Com-
plementares de Enfermagem do Trabalho. Enquadrado nos serviços especializados em En-
genharia de Segurança e em Medicina do Trabalho, através da Portaria no 06 do DSST, de
12/06/90, art. 1o, subitem 4.4.1, alínea d.

Auxiliar de Enfermagem do Trabalho (AET)


Profissional de enfermagem, nível 2o grau. Classificado pelo COFEN no Quadro III – Lei no
7.498/86 e Decreto no 94.406 – art. 11. Portador do Certificado de Estudos Complementares

Senac São Paulo 50


Serviço de Saúde do Trabalhador na Empresa

de Enfermagem do Trabalho. Enquadrado nos serviços especializados em Engenharia de Seguran-


ça e em Medicina do Trabalho, através da Portaria no 06 do DSST, de 12/06/90, art. 1o, subitem
4.4.1, alínea d.

Perfis e atribuições
Perfil do Enfermeiro do Trabalho
Executa atividades relacionadas com o serviço de higiene, medicina e segurança do traba-
lho, integrando equipes de estudos, para propiciar a preservação da saúde e valorização
do trabalhador.
Atribuições do Enfermeiro do Trabalho
O enfermeiro do trabalho possui atribuições que interligam as áreas administrativas, edu-
cacionais, pesquisa, consultoria e integração com todos os membros da equipe de saúde
e segurança do trabalho; ele pode traçar o perfil da saúde dos funcionários da empresa,
elaborando daí programas que podem propiciar uma mão de obra mais saudável, produtiva
e rentável para as empresas.
• Estuda as condições de segurança e periculosidade da empresa, efetua observações
nos locais de trabalho e as discute em equipe, para identificar as necessidades no
campo de segurança, higiene e melhoria do trabalho;
• Elabora e executa planos e programas de promoção e proteção à saúde dos em-
pregados, participa de grupos que realizam inquéritos sanitários, estuda as causas
de absenteísmo, faz levantamentos de doenças profissionais e lesões traumáticas,
procede a estudos epidemiológicos, coleta dados estatísticos de morbidade e mor-
talidade de trabalhadores, investiga possíveis relações com as atividades funcionais
para obter a continuidade operacional e o aumento da produtividade;
• Executa e avalia programas de prevenção de acidentes e de doenças profissionais e
não profissionais, faz análise de fadiga, dos fatores de insalubridade, dos riscos e das
condições de trabalho para propiciar a preservação da integridade física e mental
do trabalhador;
• Presta primeiros socorros no local de trabalho, em caso de acidente ou doença, faz
curativos ou imobilizações especiais, administra medicamentos e tratamentos, pro-
videncia o posterior atendimento médico adequado para atenuar consequências e
proporcionar apoio e conforto ao paciente;
• Elabora, executa e avalia as atividades de assistência de enfermagem aos traba-
lhadores, proporciona atendimento ambulatorial no local de trabalho, controla
sinais vitais, analisa os dados de monitoração biológica, coleta material para exa-
me laboratorial, faz vacinações e outros tratamentos para reduzir o absenteísmo
profissional;

Senac São Paulo 51


Serviço de Saúde do Trabalhador na Empresa

• Organiza e administra o setor de enfermagem da empresa, prevendo pessoal e


material necessários, treina e supervisiona auxiliares e técnicos de enfermagem do
trabalho adequando-os às necessidades de saúde do trabalhador;
• Treina trabalhadores, instruindo-os sobre a importância do uso de roupas e mate-
riais adequados ao tipo de trabalho, para reduzir a incidência de acidentes;
• Planeja e executa programas de educação sanitária, divulga conhecimentos e esti-
mula a aquisição de hábitos sadios para prevenir doenças profissionais e melhorar
as condições de saúde do trabalhador;
• Registra dados estatísticos de acidentes e doenças profissionais, mantém cadastros
atualizados, a fim de preparar informes para subsídios legais;
• Participa de auditoria, assessoria e consultoria em saúde ocupacional;
• Realiza a Consulta de Enfermagem Ocupacional.

Perfil do Técnico de Enfermagem do Trabalho


Coparticipa com o enfermeiro no planejamento, programação, orientação e execução das
atividades de enfermagem do trabalho, nos três níveis de prevenção, integrando a equipe
de saúde do trabalhador.
Atribuições do Técnico de Enfermagem do Trabalho
1. Participar com o enfermeiro:
• no planejamento, programação e orientação das atividades de enfermagem do
trabalho;
• no desenvolvimento e execução de programas de avaliação da saúde dos trabalha-
dores;
• na elaboração e execução de programas de controle das doenças transmissíveis e
não transmissíveis e vigilância epidemiológica dos trabalhadores;
• na execução dos programas de higiene e segurança do trabalho e de prevenção de
acidentes e de doenças profissionais.
2. Executar todas as atividades de enfermagem do trabalho, exceto as privativas do en-
fermeiro.
3. Integrar a equipe de saúde do trabalhador.

Perfil do Auxiliar de Enfermagem do Trabalho


Executa as atividades de enfermagem do trabalho, sob a supervisão do enfermeiro, no de-
senvolvimento dos programas nos três níveis de prevenção, integrando a equipe de saúde
do trabalhador.

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Atribuições do Auxiliar de Enfermagem do Trabalho


1. Auxiliar o enfermeiro na execução de programas de avaliação da saúde dos trabalha-
dores, em nível de sua qualificação:
• observando, reconhecendo e descrevendo sinais e sintomas;
• executando ações de simples complexidade.
2. Executar atividades de enfermagem do trabalho, no nível de sua qualificação nos pro-
gramas:
• de prevenção e controle das doenças profissionais e acidentes do trabalho;
• de controle de doenças transmissíveis e não transmissíveis e vigilância epidemioló-
gica dos trabalhadores;
• de educação para a saúde da clientela.
3. Integrar a equipe de saúde dos trabalhadores.

2. Equipe Médica – Médico do trabalho


A caracterização do especialista em medicina do trabalho está definida nas Resoluções
no 1.6344/02 e 1.666/03 do Conselho Federal de Medicina e fixa em, no mínimo, dois anos
o tempo de duração para o curso de especialização em medicina do trabalho, com registro
no respectivo Conselho Regional de Medicina.

Atribuições do médico do trabalho


Fazer estudo descritivo e crítico dos processos de trabalho, incluindo:
• aspectos tecnológicos de materiais e processos, fluxogramas; estudo das tarefas e
atividades; requerimentos profissiográficos dos cargos e funções.
• Fazer estudo observacional dos fatores de riscos presentes nos locais de trabalho,
de interesse para a saúde, segurança e bem-estar dos trabalhadores, através da
utilização de técnicas e ferramentas da Higiene Ocupacional (qualitativa e quanti-
tativa), da Ergonomia e de outras técnicas e métodos apropriados à natureza das
condições de trabalho analisadas.
• Elaborar relatórios técnicos, laudos periciais e preencher formulários oficiais insti-
tuídos pelos órgãos públicos de Saúde, Previdência Social (Ex.: Perfil Profissiográfi-
co Previdenciário, etc.) e Trabalho (Ex.: PPRA), relativos às condições e ambiente
de trabalho.
• Executar atividades de investigação de acidentes e outros incidentes ou eventos
relacionados às condições de trabalho, utilizando técnicas e métodos apropriados,
em situações concretas e reais.

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• Fazer estudo analítico e crítico sobre a existência e adequação de equipamentos


de proteção coletiva (EPC) e de equipamentos de proteção individual (EPI), bem
como de medidas administrativas, organizacionais e de engenharia utilizadas ou in-
dicadas para controle de condições de risco nos ambientes de trabalho e prevenção
de acidentes e de doenças relacionadas ao trabalho, em situações concretas e reais.
• Planejar e desenvolver programas, atividades e ações de Promoção da Saúde no
Trabalho, em situações concretas e reais.
• Planejar e desenvolver programas, atividades e ações de Vigilância da Saúde no
Trabalho e no Ambiente, incluindo os métodos e procedimentos de análise esta-
tística e epidemiológica de informações, o uso gerencial das informações de saúde
(atendimento em serviços de saúde; causas de absenteísmo curto, médio e longo;
causas de incapacidade laborativa temporária ou permanente; causas de aposen-
tadoria por invalidez; causas de morte de trabalhadores ativos e de trabalhadores
aposentados e outros ex-trabalhadores, etc.), em situações concretas e reais.
• Elaborar relatórios técnicos, laudos periciais e de formulários oficiais instituídos
pelos órgãos públicos de Saúde (Portaria GM 777/2004 etc.), Previdência Social
(Ex.: CAT, PPP etc.) e Trabalho (Ex.: PCMSO etc.), relativos à saúde e segurança
dos trabalhadores, em situações concretas e reais.
• Realizar atividades clínicas de avaliação da saúde relacionadas ao trabalho, em con-
dições de admissão ao trabalho, em exames periódicos, em exames especiais e em
exames demissionais, como estabelecido pela atual NR-7.
• Executar atividades clínicas de avaliação da saúde relacionadas ao trabalho, no aten-
dimento de trabalhadores portadores ou com suspeita de doenças relacionadas ao
trabalho, incluindo a análise e interpretação dos principais instrumentos prope-
dêuticos ou semiológicos complementares, neles incluídos exames toxicológicos,
exames audiométricos, provas de função pulmonar, radiografias para detecção de
pneumoconioses, e outros exames indicados em função da natureza das condições
de risco. Domínio dos procedimentos administrativos e normativos relacionados.
• Realizar as atividades clínicas de atenção à saúde de trabalhadores com intoxicação
aguda, de origem ocupacional ou ambiental, e acidentados do trabalho, com domí-
nio dos procedimentos administrativos e normativos relacionados.
• Exercer atividades de avaliação da capacidade laborativa de trabalhadores, para fins
periciais e de seguro, com domínio dos métodos e técnicas, e dos procedimentos
administrativos e normativos relacionados.
• Participar de atividades de reabilitação/readaptação profissional de trabalhadores,
com noções dos métodos e técnicas, e dos procedimentos administrativos e nor-
mativos relacionados.
• Planejar e organizar os Serviços de Saúde no Trabalho, em diferentes níveis de
complexidade e diferentes dimensionamentos e modelos de organização (próprios
de empresas, externos a empresas, compartilhados ou coletivos, etc.).

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• Exercer atividades de Educação em Saúde, de comunicação sobre condições de


risco à saúde; sobre a presença de danos à saúde; de orientação à comunidade
em geral; de orientação aos empregadores; de orientação aos trabalhadores, e de
orientação a grupos específicos de risco. Experiência de relacionamento com a
mídia, em situações concretas e reais.
• Planejar e desenvolver projetos de pesquisa ou investigação sobre condições e am-
bientes de trabalho, condições de saúde, nexos clínicos ou epidemiológicos entre
Trabalho/Ambiente/Saúde, e sobre eficiência e eficácia de técnicas e métodos de
prevenção e controle. Desenvolvimento de protocolos de investigação, em situa-
ções concretas e reais.

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CAPÍTULO 9
ORGANIZAÇÃO DO SERVIÇO
DE SAÚDE DO TRABALHADOR

Em todos os setores da vida, ou seja, em casa, no trabalho, na escola, a organização das ati-
vidades e do próprio local são fundamentais para o bom funcionamento de cada um deles.
O serviço de saúde também depende de sua adequada organização para que seja eficaz e
proporcione aos trabalhadores tranquilidade quanto aos aspectos de sua saúde.
Antes de iniciar as atividades, a equipe de saúde deve cuidar de cada detalhe, com a finali-
dade de evitar ocorrências desagradáveis e improvisações.
• Normas de procedimentos ou prática-padrão são termos usados para designar a
ordem dos passos realizados para cada atendimento, ou seja, os passos a serem seguidos
nos procedimentos técnicos e administrativos, com o objetivo de disciplinar, uniformizar
e orientar os funcionários no momento de executá-los. Para cada setor ou serviço, deve
ser elaborada a norma de procedimento, descrevendo os passos e as ações das ativida-
des. Todo pessoal envolvido deve ter conhecimento dos passos do procedimento.
Podemos estabelecer essas normas para as rotinas de exames admissionais, periódi-
cos, demissionais e outros, para as atividades de enfermagem, como verificação de
peso e altura, verificação de sinais vitais, realização de curativos, etc., para realização
de provas funcionais (espirometria, audiometria, etc.), para as atividades administrati-
vas, como controle de material no estoque, solicitação de medicamentos e materiais
de limpeza, controle de absenteísmo e acidentes do trabalho e outros.
Todas as atividades desenvolvidas devem gerar uma padronização de procedimentos
que facilitará o trabalho da equipe de saúde.

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Modelo de Procedimento Operacional Padrão (POP)

Procedimento Operacional
Nome da Medidas de Manejo de No – 23
Instituição Trabalhadores em monitoramento Data emissão: 20/06 /2009
ou suspeito de Influenza A – H1N1

Tarefas: Procedimentos com pessoa Revisão No: X


suspeita de Influenza A Data desta revisão:
Executante: Equipe de Enfermagem ___ /___ /___

Resultados esperados: Não disseminar o vírus da Influenza A – H1N1


para outros trabalhadores e dar encaminhamento ao trabalhador
suspeito de maneira correta e com segurança.

Materiais necessários:
• Equipamentos de proteção individual: luvas e máscaras descartáveis;
• Termômetro;
• Estetoscópio e Esfignomanômetro;
• Veículo para transporte (ambulância);
• Franco coletor e Swabs para coleta de material nasofaringe e orofaringe para análise;
• Refrigerador para guarda e transporte do material.

Principais atividades:
• No acolhimento ou triagem, investigar o histórico de viagens internacionais e nacionais
entre os trabalhadores que apresentem sintomas de doença respiratória;
• O indivíduo que se enquadre na definição de caso em monitoramento ou suspeito, deve
ser encaminhado imediatamente para um hospital de referência, seguindo asorienta-
ções de transporte (ver POP XX);
• Utilizar equipamentos de proteção individual (EPIs), conforme orientações no POP XY;
• Durante a sua permanência no ambulatório, acomodá-lo em ambiente ventilado, evitar
o trânsito e permanência desnecessária de pessoas no local, garantir a privacidade do
indivíduo e orientar o uso constante de máscara cirúrgica descartável.

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Cuidados:
Como medidas gerais, orientar:
• Não compartilhar alimentos, copos, toalhas e objetos de uso pessoal;
• Evitar tocar olhos, nariz ou boca;
• Lavar as mãos frequentemente com água e sabonete, especialmente depois de tossir ou
espirrar;
• Evitar contato próximo1 com outras pessoas;
• Informar a vigilância epidemiológica da Secretaria Municipal de Saúde (SMS) e o Hospital
de Referência2 sobre o encaminhamento do indivíduo;
• A vigilância epidemiológica da SMS deverá notificar imediatamente à Secretaria Estadual
de Saúde.
1
 ontato próximo: cuidar, conviver ou ter contato direto com secreções respiratórias ou
C
fluidos corporais de um suspeito.
2
Hospital de referência: estabelecer o hospital de referência/nome/endereço

Ações em caso de não conformidade: No caso de contado de secreções do suspeito com o


ambiente, realizar a limpeza e desinfecção com álcool a 70%.

Preparado Revisado por: Aprovado por:


por:Nome e
inscrição Nome e inscrição Nome e inscrição

• Regulamento interno do serviço – um documento no qual estariam registradas as


responsabilidades de cada profissional da equipe, seus deveres e obrigações e a su-
bordinação hierárquica, principalmente quando o serviço conta com grande número
de colaboradores. Deve ser de conhecimento obrigatório de todos os funcionários da
saúde e estar facilmente disponível para consultas.
• Banco de dados – todas as atividades desenvolvidas devem ser registradas e controla-
das para que as informações não sejam perdidas e ajudem na elaboração de programas
inerentes à saúde e segurança do trabalhador. Os dados registrados permitem a análise
da eficiência dos serviços prestados.
As informações registradas no banco de dados servirão como fonte para controles es-
tatísticos anuais e mensais, para estudos epidemiológicos, como controle de doenças
ocupacionais e acidentes de trabalho mais frequentes, controle das causas do absen­
teísmo, cálculos de custos e outros.
Os serviços de saúde do trabalhador contam atualmente com programas informa-
tizados dos mais variados modelos e especificidades que poderão ser adquiridos de
empresas especializadas ou formatados especialmente para determinado serviço. Os
funcionários da saúde alimentam esses programas com os dados colhidos e obtêm os
resultados estatísticos com facilidade.

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Todos os registros de atividades deverão ser lançados nos respectivos programas, tais
como consumo de medicamentos, atendimento de enfermagem (quantidade e tipos),
número de acidentes de trabalho e de doenças profissionais ou não diagnosticadas,
número de afastamento e suas causas, etc.
Alguns serviços podem não dispor de sistema informatizado e lançar mão de impressos
próprios para realização dos registros de forma manual ou, ainda, utilizar-se dos dois
meios para prevenir ocorrências desastrosas, como pane do sistema informatizado,
com a perda dos dados.
• Relatórios mensais e/ou anuais – de posse de todos os dados que mostram as ati-
vidades realizadas diariamente no serviço de saúde, a equipe deve elaborar relatórios
mensais e/ou anuais que demonstrarão a quantidade dos trabalhos prestados e os nú-
meros de ocorrências mais frequentes. Dessa forma, poderão ser feitas análises com-
parativas anuais das atividades e ocorrências, permitindo a modificação e a adequação
dos serviços, conforme as necessidades visualizadas.
• Impressos e formulários – em alguns serviços, os formulários estão cada vez mais
em menor número devido ao uso da informática. Entretanto, seu uso é importante
para o registro e coleta de dados para o controle estatístico. Os modelos são os mais
variados e podem ser criados conforme o tipo e as necessidades dos serviços presta-
dos. Exemplos: impressos para registro de exames médicos admissionais, periódicos e
outros, impressos para registro de acidentes do trabalho, formulários para registros de
atividades diárias de enfermagem e outros. Assim, podemos notar que muitos formu-
lários ou impressos podem ser criados, mas devem ser utilizados de forma equilibrada
e correta para produzir resultados positivos.
• Arquivo – todo serviço deve ter local apropriado para a guarda do prontuário do
trabalhador. O bom andamento e a eficiência do serviço depende muito de manter
uma memória de todos os dados relacionados à saúde do trabalhador, ou seja, dados
clínicos, resultados laboratoriais, radiológicos e de provas funcionais, registro de exa-
me admissional, exames periódicos e outros.
• O prontuário do trabalhador é todo acervo documental padronizado, organizado e
conciso, referente ao registro dos cuidados prestados ao paciente, por todos os pro-
fissionais envolvidos na assistência. Para uma assistência de qualidade, o profissional de
saúde precisa de informações corretas, organizadas, seguras e completas.
É o conjunto de informações sobre o trabalhador, sua saúde, doenças, evolução, resul-
tados de exames e avaliações médicas e de enfermagem ao longo de sua vida laboral
na empresa, desde o momento de sua admissão até sua demissão ou aposentadoria.
Os documentos mais frequentes são: formulário do exame admissional, formulário dos
acompanhamentos dos exames periódicos. Podem ser incluídas, ainda, fichas de avalia-
ção biométrica, ficha de avaliação de provas funcionais e impressos para anotação dos
resultados de exames laboratoriais e complementares. Outros impressos podem ser
juntados aos prontuários, de acordo com a organização de cada serviço.

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Constituem documentos importantes para recuperar a vida laboral pregressa do traba-


lhador, quando há necessidade de pesquisar alguma doença diagnosticada, fazer estu-
dos epidemiológicos de patologias ou alguma ocorrência relacionada à saúde.
Atualmente, a informatização de serviços é prática comum nas empresas. Por meio de
programas criados com a função de registrar e guardar os dados relativos à saúde do
trabalhador, as equipes de saúde têm à sua disposição todos os dados necessários para
orientar suas condutas diante dos possíveis problemas de saúde apresentados pelo
trabalhador. O prontuário eletrônico é uma realidade próxima na área da saúde e pode
trazer a redução de tempo e espaço. O software a ser usado para guardar informações
sigilosas da área da saúde deve apresentar características que validem este tipo de do-
cumento, bem como que assegurem a integralidade, a confiabilidade, a disponibilidade
e a legalidade das informações.
O conselho federal de medicina por meio da resolução no 1.638/2002, no art. 2o, inciso
I, determina a responsabilidade pelo prontuário, do médico e demais profissionais que
compartilhem do atendimento. No artigo 5o e alíneas determina a possibilidade do
prontuário ser confeccionado em qualquer suporte, eletrônico ou papel.
Deve o prontuário eletrônico estar submetido à integralidade e integridade de infor-
mação, assinatura eletrônica, qualidade do serviço, comprovação de autenticidade,
auditabilidade, ter cópia de segurança, sistema de banco de dados, privacidade, confi-
dencialidade e guarda.
A qualidade do prontuário eletrônico torna a assistência prestada pelos profissionais da
saúde mais fácil e rápida, pois documenta toda a história da saúde do trabalhador em
menos volume, permite o acesso imediato e completo às informações, que serão legí-
veis e organizadas. A tomada de decisões, a identificação de situações de anormalidade
que necessitam de atenção e a diminuição de tarefas manuais economizam tempo e
trabalho da equipe de saúde.
Embora seja um sistema que necessita maior recurso financeiro para ser instalado, é
de fácil acesso e evita o acúmulo de grandes quantidades de papéis e a necessidade de
dispor de espaço físico para acomodar os arquivos para a guarda dos prontuários.
Nem todas as empresas possuem o serviço informatizado e acaba usando o sistema
manual, que envolve os impressos e formulários acondicionados em prontuários, que
podem ser guardados em envelopes ou pastas tipo arquivo, colocados em arquivos ou
prateleiras, sempre obedecendo a uma ordenação, de acordo com o estabelecido em
cada serviço.
Os prontuários podem ser ordenados por ordem alfabética ou número de matrícula
funcional do trabalhador. Podendo, ainda, conjugar duas formas de identificação, ou
seja, ordem alfabética e tarja colorida distinta para cada letra do alfabeto, assim, caso o
prontuário seja arquivado fora da ordem, a cor mostrará o erro.
Trabalhadores portadores de deficiências ou patologias crônicas, como diabetes, hiper-
tensão, epilepsia e outras, também podem ganhar uma tarja colorida a mais para que a
identificação de seus prontuários seja mais fácil e rápida.

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Os prontuários devem ser guardados por um período de tempo, pois do ponto de


vista médico, as patologias ocupacionais têm tempo de latência entre a exposição e o
aparecimento dos sinais e sintomas, períodos muito longos que podem variar de dez
ou mais anos.
Atualmente, o Código Civil, no artigo 205, estabelece em dez anos o tempo de pres-
crição das ações, e não mais em vinte anos como estabelecia antes da mudança da
referida legislação.
Os prontuários, por conterem informações confidenciais, devem ser guardados de for-
ma a assegurar o sigilo absoluto de todas as informações neles contidas. Mesmo quan-
do informatizado, o prontuário médico deve ter acesso limitado somente à equipe de
saúde. Todos os resultados dos exames laboratoriais e complementares transcritos
em formulário próprio para manter registro no prontuário devem ser comunicados ao
trabalhador (conforme prescreve o parágrafo 5o, do artigo 168, da CLT) e entregues a
ele os resultados originais.
As anotações de enfermagem fornecem dados que subsidiam o plano de cuidados de
enfermagem, permitem análise dos cuidados dispensados para a manutenção dos cui-
dados ou eventuais mudanças de conduta frente às respostas do cliente/trabalhador e
dos resultados esperados.
Assim, a anotação de Enfermagem é fundamental para o desenvolvimento da Sistema-
tização da Assistência de Enfermagem (SAE), pois é fonte de informações essenciais
para assegurar a continuidade da assistência. Contribui ainda, para a identificação das
alterações e das condições de saúde do trabalhador, favorecendo a detecção de novos
problemas, a avaliação dos cuidados dispensados e, por fim, possibilitando a compa-
ração das respostas do trabalhador às ações e cuidados desenvolvidos (adaptado de
CIANCIARULLO et al, 2001).
Vale lembrar, através das legislações citadas a seguir, sobre a importância e responsabili-
dade da equipe de saúde e, sobretudo, da equipe de enfermagem, quanto aos cuidados
dispensados à saúde do trabalhador e ao manuseio e anotações realizadas nos prontuários.

Legislações pertinentes
CONSTITUIÇÃO FEDERAL – INCISO X – ART. 5o – “São invioláveis a inti-
midade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas, assegurado o direito de
indenização pelo dano material ou moral decorrente de sua violação.”
CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR – Comentário do art. 43, sem
prejuízo disposto no art. 86
... no prontuário deve ou deveriam estar todas as informações sobre um deter-
minado período de sua vida – o tempo em que ficou internado, ou mesmo seu
histórico ambulatorial.

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... Este banco de dados deve ser objetivo, claro, verdadeiro e em linguagem de
fácil compreensão.
... O consumidor/cliente tem direito de ter acesso a estes dados e a levá-los
consigo.

RESOLUÇÃO COFEN 311/07 CÓDIGO DE ÉTICA DOS PROFISSIONAIS


DAS RELAÇÕES COM A PESSOA, FAMÍLIA E COLETIVIDADE
RESPONSABILIDADES E DEVERES

Art. 25 – Registrar no Prontuário do Paciente as informações inerentes e indis-


pensáveis ao processo de cuidar.

PROIBIÇÕES

Art. 35 – Registrar informações parciais e inverídicas sobre a assistência prestada.

DIREITOS

Art. 37 – Recusar-se a executar prescrição medicamentosa e terapêutica, em


que não conste a assinatura e o número de registro do profissional, exceto em
situações de urgência e emergência.

DAS RELAÇÕES COM OS TRABALHADORES DE ENFERMAGEM, SAÚDE E


OUTROS DIREITOS
Parágrafo único – O profissional de enfermagem poderá recusar-se a executar
prescrição medicamentosa e terapêutica em caso de identificação de erro ou
ilegibilidade.

DAS RELAÇÕES COM OS TRABALHADORES DE ENFERMAGEM, SAÚDE E


OUTROS
RESPONSABILIDADES E DEVERES

Art. 41 – Prestar informações, escritas e verbais, completas e fidedignas, neces-


sárias para assegurar a continuidade da assistência.

PROIBIÇÕES

Art. 42 – Assinar as ações de Enfermagem que não executou, bem como permi-
tir que suas ações sejam assinadas por outro profissional.

DAS RELAÇÕES COM AS ORGANIZAÇÕES EMPREGADORAS


DIREITOS

Art. 68 – Registrar no prontuário e em outros documentos próprios da Enferma-


gem, informações referentes ao processo de cuidar da pessoa.

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RESPONSABILIDADES E DEVERES
Art. 71 – Incentivar e criar condições para registrar as informações inerentes e
indispensáveis ao processo de cuidar.
Art. 72 – Registrar as informações inerentes e indispensáveis ao processo de
cuidar de forma clara, objetiva e completa.

DO SIGILO PROFISSIONAL
PROIBIÇÕES

Art. 84 – Franquear o acesso a informações e documentos a pessoas que não


estão diretamente envolvidas na prestação da assistência, exceto nos casos pre-
vistos na legislação vigente ou por ordem judicial.
Art. 85 – Divulgar ou fazer referência a casos, situações ou fatos de forma que os
envolvidos possam ser identificados.

O arquivo inativo deve ser controlado de forma que, ao necessitar de algum dado de
trabalhadores aposentados, demitidos ou falecidos, seja facilmente encontrado.
Pode ser feito de forma manual através de impressos acondicionados em prontuários ou
informatizado. Deve ser mantido sob controle rigoroso, em local apropriado, com acesso
limitado de pessoas.
A importância dos arquivos inativos é de que são instrumentos importantes em casos de
readmissão por ordem judicial, em processos legais trabalhistas.
A identificação do prontuário deve trazer, entre outros dados, os seguintes:
• número de controle;
• número da caixa em que está arquivado;
• nome do empregado;
• função exercida;
• número funcional ou matrícula;
• setor em que exercia a função;
• data de desligamento.

• Fluxo de serviço – o estabelecimento do fluxo de serviços é conveniente para evitar


perdas de tempo e facilitar a execução dos serviços prestados, permitindo um rápido
atendimento ao trabalhador, com a pronta solução de suas necessidades. Podem ser
estabelecidos entre outras atividades e ações os encaminhamentos para exames pe-
riódicos, para exames admissionais, para exames laboratoriais, para os programas de
vacinação e outros. O fluxo dos serviços administrativos também deve ser elaborado,
como, por exemplo, o procedimento para arquivamento de prontuários, recepção de
trabalhadores para exames, etc.

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• Sistematização de custos – é interessante e importante que os serviços de saúde


criem um sistema que permita calcular mensalmente os custos relacionados às suas ati-
vidades, sejam administrativas, médicas ou de enfermagem. Tem importância relevante
que o serviço de saúde do trabalhador mostre ao empregador a necessidade ou não de
investir em programas preventivos, de proteção e promoção da saúde do trabalhador.

PGRSS – Plano de Gerenciamento de Resíduos em


Serviços de Saúde
Os resíduos de Serviços de Saúde, comumente chamados de “Lixo Hospitalar”, represen-
tam uma fonte de risco à saúde e ao meio ambiente, devido à falta de adoção de procedi-
mentos técnicos adequados ao manejo das diferentes frações líquidas ou sólidas geradas,
como materiais biológicos contaminados, objetos perfuro cortantes, peças anatômicas,
substâncias tóxicas, inflamáveis e radioativas.
Estes riscos envolvem principalmente o pessoal que manuseia os resíduos intra e extra-
estabelecimento gerador.
Eliminar ou reduzir a maior quantidade de resíduos ao mais baixo custo é a meta de qual-
quer administrador.
Para segregar corretamente os resíduos do serviço de saúde, é necessário partir de uma
classificação precisa, sendo adotada a orientação normativa do Conselho Nacional de Meio
Ambiente (CONAMA), por meio do CONAMA 358 de 29/04/05, da ANVISA 306 de
07/12/04 e da NR-32, item 32.5 e seguintes.
Todo Serviço de Saúde Ocupacional deve ter seu PGRSS com registro na ANVISA e ter
um responsável técnico (que pode ser qualquer profissional de saúde de nível superior), e
apresentar relatório anual.
Toda equipe de saúde deve ter conhecimento do PGRSS e praticar as ações previstas no
plano.

PGRSS SIMPLIFICADO
Levantar os resíduos de serviço de saúde gerados no Ambulatório de Saúde do Trabalha-
dor, classificando-os de acordo com a Resolução RDC 306/04 da ANVISA.

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CARACTERIZAÇÃO DE RESÍDUOS DE SERVIÇOS DE SAÚDE

1. IDENTIFICAÇÃO DO GERADOR Data da aprovação: ____/____/_________

Campo exclusivo do aprovado

Razão Social: _____________________________________________________________________________

Nome Fantasia: _________________________________________ C.N.P.J.: ________________________

Número e Data de Validade da Licença Ambiental: _____________________________________________

Endereço: _______________________________________________________________________________

Bairro: _________________________________ CEP: ________________ Cidade: ___________________

Responsável: ____________________________________________ CPF: ____________________________

Profissão: _________________________________ Insc. Categoria: ________________________________

Código da Atividade: _____________________________ (conforme CNAE)

2. IDENTIFICAÇÃO E QUANTIFICAÇÃO DOS RESÍDUOS


FREQUÊNCIA
CÓDIGO DESCRIÇÃO PESO
COLETA 4. DESTINO
DOS DOS MATERIAL ESTIMADO
(no de vezes FINAL
RESÍDUOS RESÍDUOS (Kg/Coleta)
por semana)

Resíduo
A Infectante –
Biológico

Resíduo
B
Químico

Rejeito
C
Radioativo

Resíduo
D
Comum

Resíduo Perfuro
E cortante ou
escarificante

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CAPÍTULO 10
SISTEMATIZAÇÃO DA
ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM

A sistematização da assistência de enfermagem vem em cumprimento à Lei do Exercício


Profissional no 7.498 de 25/06/86 / Decreto no 94.406 de 08/06/87, Resolução COFEN
no 159/1993, da Resolução COFEN no 272/2002 e da resolução COFEN no 358/2009,
que tem como objetivo prestar assistência ao ser humano com atendimento de enfer-
magem globalizado para a promoção, prevenção, manutenção e proteção à saúde do
trabalhador.

1. Responsabilidade
A sistematização da assistência de enfermagem nos ambulatórios de saúde do trabalhador
é de responsabilidade do enfermeiro do trabalho.
Aos auxiliares e técnicos de enfermagem do trabalho, cabe a anotação dos cuidados de en-
fermagem após o atendimento dispensado aos trabalhadores nos casos de intercorrências,
na ausência do enfermeiro, por meio do impresso próprio.

2. Diretrizes
O enfermeiro utilizará o processo de enfermagem que é dinâmico de ações sistematizadas
e inter-relacionadas, o qual deverá reconhecer o problema, intervir e encaminhar, con-
forme seja necessário, para isso deverá possuir conhecimentos científicos, prestando uma
assistência eficaz ao trabalhador.

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3. Definições
Conforme as Resoluções no 272/2002 e no 358/2009 para a implementação da assistência
de enfermagem, devem ser considerados os aspectos essenciais em cada uma das etapas
a seguir:
Coleta de dados de Enfermagem ou Histórico de Enfermagem: Conhecer hábitos
individuais e biopsicossociais do cliente/trabalhador, assim como a identificação de pro-
blemas. Realizado com o auxílio de métodos e técnicas variadas com a intenção de obter
informações sobre a pessoa, família ou coletividade.
Exame Físico: O Enfermeiro deverá realizar as seguintes técnicas: inspeção, ausculta, pal-
pação e percussão, de forma criteriosa, efetuando o levantamento de dados sobre o estado
de saúde do cliente/trabalhador e anotação das anormalidades encontradas para validar as
informações obtidas no histórico.
Diagnóstico de Enfermagem: O Enfermeiro, após ter analisado os dados colhidos no
histórico e exame físico, identificará os problemas de enfermagem, as necessidades básicas
afetadas e grau de dependência, fazendo julgamento clínico sobre as respostas do indiví-
duo, da família e coletividade aos problemas, processos de vida vigentes ou potenciais.
Culmina com a tomada de decisão sobre os conceitos diagnósticos de enfermagem e a se-
leção das ações ou intervenções com as quais se objetiva alcançar os resultados esperados.
Planejamento de enfermagem: Determinação dos resultados que se deseja alcançar
frente ao diagnóstico de enfermagem obtido.
Implementação: Por meio da Prescrição de enfermagem, inicia-se a realização das ações
ou intervenções estabelecidas no planejamento.
Prescrição de Enfermagem: É o conjunto de medidas decididas pelo Enfermeiro que
direciona e coordena a assistência de Enfermagem ao cliente/trabalhador de forma indi-
vidualizada e contínua, objetivando a prevenção, promoção, proteção, recuperação e/ou
manutenção da saúde.
Avaliação e Evolução de Enfermagem: Processo contínuo, sistemático em que são ve-
rificadas mudanças ou não, determinando se as ações ou intervenções de enfermagem
estão alcançando os resultados almejados, avaliando também a necessidade de mudanças
ou adaptações nas etapas do processo de Enfermagem.
Conforme artigos 4o e 5o da Resolução 358/2009, respectivamente, cabe privativamente
ao enfermeiro o diagnóstico de enfermagem, bem como a prescrição das ações ou in-
tervenções de enfermagem a serem realizadas. Ao auxiliar e técnico de enfermagem
cabe participar do Processo de Enfermagem, naquilo que lhe couber, sob a supervisão e
orientação do enfermeiro.
A Resolução 272/2002 no artigo 3o e a Resolução 358/2009 no artigo 6o trazem a determi-
nação do registro formal da Sistematização da Assistência de Enfermagem – SAE

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Artigo 3o – A Sistematização da Assistência de Enfermagem – SAE deverá ser registrada


formalmente no prontuário do paciente/cliente/usuário, devendo ser composta por: Histó-
rico de Enfermagem, Exame Físico, Diagnóstico de Enfermagem, Prescrição da Assistência
de Enfermagem, Evolução da Assistência de Enfermagem e Relatório de Enfermagem.

Artigo 6o – A execução do Processo de Enfermagem deve ser registrada formalmente,


envolvendo:
a) um resumo dos dados coletados sobre a pessoa, família ou coletividade humana em um
dado momento do processo saúde e doença;
b) os diagnósticos de enfermagem acerca das respostas da pessoa, família ou coletividade
humana em um dado momento do processo saúde e doença;
c) as ações ou intervenções de enfermagem realizadas face aos diagnósticos de enferma-
gem identificados;
d) os resultados alcançados como consequência das ações ou intervenções de enferma-
gem realizadas.

4. Desenvolvimento
A sistematização de enfermagem do trabalho será monitorada na admissão do trabalhador,
periodicamente, casos de emergência (acidentes), casos de alterações de saúde identifica-
dos nos exames de qualidade de vida.

Atividades de enfermagem
Compete ao Enfermeiro do Trabalho
• Organização e direção dos serviços de Enfermagem e de suas atividades técnicas
e auxiliares na empresa;
• Planejamento, organização, coordenação, execução e avaliação da assistência de
enfermagem direcionada à saúde do trabalhador;
• Consulta de enfermagem;
• Cuidados de enfermagem de maior complexidade técnica e que exijam conheci-
mentos científicos adequados e capacidade de tomar decisões imediatas (Primei-
ros Socorros);
• Participação do planejamento, execução e avaliação dos programas de saúde do
trabalho e de prevenção de acidentes e de doenças profissionais e do trabalho de
todos os funcionários da empresa;
• Participação na elaboração, execução e avaliação dos planos assistenciais de saúde
ocupacional;

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• Levantamento, convocações e atendimento de exames periódicos mensais, bem


como atendimento de enfermagem para exames admissionais, demissionais, mu-
dança de função e retorno ao trabalho;
• Inspeção de saúde nas estações, oficinas, pátios e demais dependências da em-
presa;
• Orientações de enfermagem em geral;
• Participação em cursos e reciclagem.

Compete aos Técnicos e Auxiliares de Enfermagem


• Exercer atividades de nível médio, de natureza repetitiva, envolvendo serviços
auxiliares de enfermagem sob supervisão do Enfermeiro do Trabalho, bem como
participação em nível de execução simples de procedimentos que dizem respeito
à prevenção de acidentes, proteção à saúde, reabilitação ocupacional, absenteís-
mo e outros correlatos;
• Participação do planejamento, execução e avaliação dos programas de saúde do
trabalho e de prevenção de acidentes e de doenças profissionais e do trabalho de
todos os funcionários da empresa;
• Participação na elaboração, execução e avaliação dos planos assistenciais de saúde
ocupacional;
• Participação nos programas de identificação, avaliação e controle de riscos ocupa-
cionais da empresa e circunvizinhança;
• Levantamento de exames periódicos mensais;
• Convocações mensais para exames periódicos;
• Atendimento de enfermagem para exames admissionais;
• Atendimento de enfermagem para exames demissionais;
• Atendimento de enfermagem para exames de mudança de função;
• Atendimento de enfermagem para exames de retorno de função;
• Atendimento de enfermagem para licença-gestação;
• Atendimento de enfermagem para acidentes de trabalho;
• Atendimento de enfermagem para doenças ocupacionais;
• Atendimento de enfermagem para atestados e auxílio doença;
• Pré-consulta de enfermagem;
• Primeiros socorros e atendimento em casos de mal-estar;
• Inspeção de saúde nas estações e demais dependências da empresa;
• Orientações de enfermagem em geral;
• Participação em cursos e reciclagem.

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CAPÍTULO 11
ATENDIMENTO DE
EMERGÊNCIA AO
TRABALHADOR

O trabalhador, durante suas atividades laborais, pode sofrer acidentes de trabalho ou apre-
sentar intercorrências graves que comprometam sua saúde e representam risco de vida.
Podemos dar exemplos de quedas com traumatismo encefálico com perda da consciência,
intoxicações agudas com substâncias químicas, hipoglicemias evoluindo para o coma diabé-
tico, doenças cardiovasculares (infarto do miocárdio), politraumatismos, choque elétrico
com perda da consciência, ferimentos cortantes extensos, esmagamento de membros e
outros.
Para o pronto atendimento desses casos, o serviço de saúde deve estar equipado com apa-
relhos adequados, podendo ser básicos, mas que possibilitem o atendimento imediato do
trabalhador acidentado ou acometido de algum mal até sua transferência para um hospital
ou pronto-socorro.
Toda a equipe médica e de enfermagem deve estar preparada e treinada para situações de
emergência. Os primeiros socorros dispensados à vítima são de fundamental importância
para que sua vida seja salva. Consiste no conjunto de medidas voltadas ao atendimento
temporário e imediato de um agravo à saúde. São medidas que englobam a avaliação e de-
tecção de situações de risco à vida da vítima, a realização de procedimentos simples com o
objetivo de manter a vida e evitar o agravamento do quadro inicial, além do acionamento
de serviços externos de emergência e/ou transporte para uma unidade hospitalar mais
próxima.
Treinamentos constantes devem ser realizados, com a simulação de ocorrências graves,
para que todos na equipe tenham oportunidade de visualizar e dar atendimento a uma
situação que exija habilidade e rapidez nos cuidados.
Sem dúvida, um procedimento-padrão básico de atendimento de emergência deve ser
criado para que oriente a equipe no momento da ocorrência, proporcionando segurança
e tranquilidade à equipe.

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A NR-7, item 7.5.1 reforça a necessidade do Serviço de Saúde do Trabalhador estar equi-
pado com materiais adequados à prestação de atendimento a qualquer circunstância de
risco iminente à vida.
O atendimento pode ser realizado no próprio ambulatório ou no local da ocorrência do
acidente e/ou mal súbito. Assim, é importante a montagem e organização de um carrinho
de emergência equipado com: medicamentos variados de emergência e instrumentos di-
versos, DEA, eletrocardiógrafo e cardioscópio que ficará sempre à disposição no ambu-
latório. Diariamente, deve ser checado para certificação do perfeito funcionamento dos
materiais e equipamentos.
Para dar atendimento no local do acidente, ou seja, fora do ambulatório, é importante ter
disponível um kit de primeiros socorros que possa ser utilizado em qualquer local e situa-
ção. Deve ser de fácil manuseio e transporte.
Todo material para o atendimento de primeiros socorros deve ser montado, considerando
as características das atividades desenvolvidas na empresa. Segue um exemplo de materiais
e equipamentos para comporem um kit, entretanto, cada profissional deverá montar o seu
kit levando em consideração os tipos de acidentes, situações de emergência e ocorrências
mais comuns vivenciadas na empresa que trabalha.

Material do Kit de Primeiros Socorros


Acondicionamento:
• Mochila ou mala para acondicionamento e transporte de todo o material (material re-
sistente, durável e lavável com abertura fácil por zíper e alças largas para o transporte,
com fitas refletivas para trabalhos noturnos e com divisões internas transparentes para
acondicionamento e visualização do material).

Instrumental e aparelhos:
• Termômetro digital (01);
• DEA (01);
• Kit PA (Esfignomanômetro e estetoscópio) – 01 de cada;
• Pinça anatômica (01);
• Bisturi descartável (02);
• Tesoura multiuso de ponta arredondada (01);
• Lanterna para pupila (01);
• Canivete (01).

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Acessórios:
• Óculos de proteção incolor de ampla visão (01);
• Reanimador adulto com máscara (ambú) (01);
• Máscaras descartáveis de RCP (03);
• Colar cervical 4 em 1 regulável ou P, M e G (01 de cada);
• Manta térmica aluminizada 2,10 x 1,40 m (02) ou cobertor (02);
• 01 Jogo de cânulas de Guedel (05 peças);
• 01 conjunto de talas de imobilização (S, P, M e G) ou talas moldáveis de alumínio/espu-
ma de 10 x 2 cm, 15 x 2 cm, 20 x 2 cm e 25 x 2 cm;
• 01 Conjunto de talas para dedo 10 x 2 cm e 15 x 2 cm (talafix);
• Bandagem triangular 1 x 1 m (02);
• Bolsa de água quente e fria (01);
• Garrote de 1 m (01).

Descartáveis:
• Esparadrapo (01);
• Micropore (01);
• Fita crepe (01);
• Band-aid (01 caixa);
• Gazes estéreis (07 pacotes);
• Gazes estéreis – tipo Zobec (05 pacotes);
• Compressa estéril (03);
• Atadura Rayon (02);
• Película protetora para queimados (50  50 cm) ou protetor de queimaduras ou evis-
ceração (02);
• Atadura crepe 10 cm, 15 cm e 25 cm (02 de cada);
• Luvas estéreis P, M e G (02 pares de cada);
• Luvas de procedimento descartáveis (10 pares);
• Máscaras descartáveis (05);
• Algodão hidrófilo (01 rolo);

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Soluções:
• Solução fisiológica a 0,9% – 250 ml (03);
• Solução de clorexidina – 100ml;
• Álcool a 70% –saches (05);
• Vaselina.

Outros
• Sachê de mel ou açúcar (03).

Muitas vezes, os serviços de saúde possuem uma ambulância para o transporte de tra-
balhadores em situações que possam ou não apresentar risco de vida. São considerados
ambulâncias os veículos terrestre, aéreo ou hidroviário que se destinam exclusivamente
ao transporte de enfermos. Devem atender às normas da ABNT – NBR 14.561/2000. São
classificadas em seis tipos de acordo com a gravidade do paciente a ser transportado e a
via utilizada para o transporte.
As mais comuns utilizadas nos ambulatórios de saúde do trabalhador são as do tipo A e B,
embora não impeça que tenham ambulâncias melhores equipadas dos demais tipos. De-
vendo estar preparadas conforme segue abaixo:
• Ambulância Tipo A – Ambulâncias de Transporte: veículo destinado ao transporte
em decúbito horizontal de pacientes que não apresentam risco de vida, para remoção
simples e de caráter eletivo. Tripulação: motorista e um técnico de enfermagem.
Deverá possuir:
• Sinalizador óptico e acústico;
• Equipamento de radiocomunicação em contato permanente com a sede (origem);
• Maca com rodas;
• Suporte para soro;
• Oxigênio medicinal;
• Rotinas de limpeza e desinfecção do veículo.
• Ambulância Tipo B – Ambulância de Suporte Básico: veículo destinado ao transpor-
te inter-hospitalar de pacientes com risco de vida conhecido e ao atendimento pré-
-hospitalar de pacientes com risco de vida desconhecido, não classificado com po-
tencial de necessitar de intervenção médica no local e/ou durante o transporte até
o serviço de destino. Não possui equipamentos de intervenção médica nem drogas.
Tripulação: motorista e um técnico de enfermagem.

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Deverá possuir:
• Sinalizador óptico e acústico e equipamento de radiocomunicação fixo e móvel;
• Maca articulada e com rodas;
• Suporte para soro;
• Instalação de rede de oxigênio com cilindro, válvula, manômetro em local de fácil
visualização e régua com dupla saída; oxigênio com régua tripla (alimentação do
respirador); fluxômetro e umidificador de oxigênio e aspirador tipo Venturi; manô-
metro e fluxômetro com máscara e chicote para oxigenação; cilindro de oxigênio
portátil com válvula;
• Maleta de urgência contendo: estetoscópio adulto e infantil, ressuscitador ma­nual
adulto/infantil, cânulas orofaríngeas de tamanhos variados, luvas descartáveis, te-
soura reta com ponta romba, esparadrapo, esfigmomanômetro adulto/infantil, ata-
duras de 15 cm, compressas cirúrgicas estéreis, pacotes de gaze estéril, protetores
para queimados ou eviscerados, cateteres para oxigenação e aspiração de vários
tamanhos; maleta de parto contendo: luvas cirúrgicas, clamps umbilicais, estilete
estéril para corte do cordão, saco plástico para placenta, cobertor, compressas
cirúrgicas e gazes estéreis, braceletes de identificação;
• Suporte para soro;
• Pranchas curta e longa para imobilização de coluna;
• Talas para imobilização de membros e conjunto de colares cervicais; colete imobi-
lizador dorsal; coletes refletivos para a tripulação;
• Frascos de soro fisiológico e ringer lactato; bandagens triangulares; cobertores; lan-
terna de mão; óculos, máscaras e aventais de proteção e maletas com medicações
a serem definidas em protocolos pelos serviços.
O transporte de pacientes na área de saúde poderá ser realizado por ambulâncias ou ou-
tros veículos autorizados.
Nos veículos habituais adaptados para transporte admite-se o transporte de pacientes
de baixo risco, sentados (exemplo: pacientes crônicos), realizado somente com anuência
médica.
A atividade de transporte de pacientes está regulamentada pela Portaria no 2.048/GM, 05
de novembro de 2002, do Ministério da Saúde, porque envolve assistência a pacientes
sob risco de vida. A portaria traz todas as informações sobre os tipos de ambulâncias, os
equipamentos, medicamentos necessários, dependendo do tipo, tripulação e outras orien-
tações importantes.
É expressamente proibido qualquer tipo de produto sendo transportado em ambulância
junto com pacientes, como medicamentos, correlatos, material gráfico, vacinas, etc.
A ambulância é de uso exclusivo para transporte de pacientes.

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CAPÍTULO 12
FUNCIONAMENTO
DO SERVIÇO DE SAÚDE
DO TRABALHADOR

Para a instalação e funcionamento de um serviço de saúde do trabalhador, algumas exigên-


cias legais devem ser compridas. São necessários vários documentos expedidos por órgãos
municipais, estaduais e conselhos de classes. Sem essa documentação, o serviço poderá até
mesmo funcionar, mas estará descumprindo a lei e pode a qualquer momento ser fechado
temporariamente para que sejam cumpridas as exigências.
Seguem abaixo os principais documentos exigidos para o funcionamento de um serviço de
saúde na empresa:
• Certificado de Responsabilidade Técnica – expedido pelo Conselho Regional de
Medicina do Estado de São Paulo (CREMESP) para o médico responsável pelo serviço,
estabelecendo o tipo de estabelecimento e as especialidades que farão parte do aten-
dimento. Renovado anualmente;
• Certificado de Responsabilidade Técnica – expedido pelo Conselho Regional de
Enfermagem para o enfermeiro responsável pelo serviço, especificando carga horária
de trabalho, tipo de estabelecimento, com validade anual;
• Licença/Autorização de Funcionamento – expedido pelo Centro de Vigilância Sa-
nitária. Após a realização de uma inspeção nas instalações, emitirá um Alvará de Fun-
cionamento;
• Registro de Ambulatório Médico Patronal – registro no CREMESP do ambulatório
para funcionários de empresa cuja atividade-fim não seja a medicina;
• Certificado de Cadastro de Coleta de Resíduos de Serviços de Saúde – emiti-
do pela Prefeitura, responsável pela coleta dos resíduos provenientes dos serviços de
saúde ou através da contratação de empresa terceirizada para este fim;
• Laudo Técnico de Avaliação (LTA) – estabelecido pela Portaria CVS 01/02, é pré-
-requisito para o cadastramento e/ou licenciamento de determinados estabelecimentos
de interesse à saúde, estabelece diretrizes, critérios e procedimentos para a análise físi-

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co-funcional de projetos e edificações, instalações e outros empreendimentos a abrigar


ou desenvolver atividades de interesse à saúde. A avaliação deve ser solicitada no órgão
da Vigilância Sanitária em etapa anterior à solicitação do cadastramento/licenciamento;
• Atestado de Regularidade do Corpo de Bombeiro e/ou Atestado de Confor-
midade dos Extintores e Sistemas contra Incêndio – a edificação ou o espaço
destinado a uso coletivo deve possuir o laudo de vistoria e liberação para seu funcio-
namento emitido pelo corpo de bombeiros, após a análise e aprovação do sistema de
prevenção e combate a incêndio e pânico.

Os ambulatórios de saúde do trabalhador localizados nas empresas dos mais diferentes


setores de produção e serviços, como qualquer outro estabelecimento que presta aten-
dimento à saúde de uma população, devem ser inspecionados pelos órgãos da Vigilância
Sanitária (Visa).
O governo federal, por meio da Anvisa, criou um protocolo de ações de Visa que orienta
as inspeções aos diferentes estabelecimentos de saúde ou de interesse à saúde, para que
os fiscais tenham um plano de ação no momento de inspecionar e avaliar os serviços e/ou
produtos. A tarefa de inspeção e controle é atribuída aos órgãos municipais por meio do
repasse de verbas, para que se organizem e estabeleçam os serviços de inspeção.
O Protocolo das Ações de Vigilância Sanitária trata do detalhamento do universo de
atuação e dos objetos da Vigilância Sanitária, subsidiando o programa de ações de controle
sanitário, exercido por meio de inspeção sanitária e monitoramento de qualidade de
produtos e serviços.
Consiste em uma ação que envolve a coleta e organização dos dados de todos os estabe-
lecimentos de saúde, de interesse da saúde e dos locais passíveis à atuação da Vigilância
Sanitária, bem como dos serviços públicos ou privados, conforme Lei no 8.080/90.
Estabelecimentos e atividades a serem cadastradas e inspecionadas:
• Estabelecimentos de saúde e de interesse da saúde;
• Estabelecimentos que produzam, distribuem e comercializam produtos de interesse
da saúde;
• Estações de tratamento de esgoto sanitário;
• Estações de tratamento de água (sistema de abastecimento);
• Soluções alternativas de abastecimento de água;
• Empresas responsáveis pelo recolhimento e destinação final de resíduos sólidos urba-
nos, de serviços de saúde e industrial;
• Empresas de interesse da área de Saúde do Trabalhador;
• Áreas com populações expostas ou sob risco e exposição ao solo contaminado (dispo-
sição final de resíduos industriais, áreas industriais, depósitos de agrotóxicos, áreas de
mineração, áreas de passivo ambiental e áreas de contaminação natural que possam
ocasionar a contaminação do solo e exposição humana).

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A atividade é desenvolvida por profissionais (fiscais) com capacidade comprovada e cre-


denciamento legal, com objetivo de avaliar os estabelecimentos, serviços de saúde, pro-
dutos, condições ambientais e de trabalho, implicando em expressar julgamento de valor
sobre a situação observada dentro dos padrões técnicos minimamente estabelecidos na
Legislação Sanitária e, quando for o caso, a consequente aplicação de medidas de orienta-
ção ou punição, previstas na Legislação.
SERVIÇOS DE SAÚDE E DE INTERESSE DA SAÚDE: Esses serviços compreendem:
Unidades de Saúde com procedimento invasivo – Clínica Médica, Centro de Saúde, Am-
bulatório e Consultório Médico com procedimento invasivo (aplicação de medicamentos,
vacinação, curativos, retirada de pontos, colposcopia, cauterizações, coleta de materiais
para exames, biopsia, anestesia).
Em se tratando desses serviços de saúde citados e, em destaque, o ambulatório de saúde
do trabalhador, a inspeção é realizada seguindo o roteiro abaixo.
A fiscalização, segundo o Protocolo de Ações de Vigilância Sanitária da Anvisa –
04/2007 – consiste em:
• Proceder à identificação do estabelecimento quanto aos responsáveis legais e técnicos,
registros, horário de funcionamento, especialidade(s), bem como, vistoriar a estrutura
físico funcional quanto à localização e dimensionamento de todas as áreas recepção
e espera; registro e arquivo de trabalhadores; salas de consultas (como pia, sabonete
líquido e papel toalha para higiene das mãos); salas de procedimentos técnicos (como
pia, balcão), salas de procedimentos de limpeza e esterilização de materiais (como pia
e balcão), local para guarda de equipamentos, materiais e produtos utilizados nos pro-
cedimentos, sanitários para trabalhadores e funcionários (como pia, sabonete líquido
e papel toalha);
• Verificar a compatibilidade das dimensões das áreas com as atividades desenvolvidas;
• Avaliar o tipo de revestimento das paredes, piso e teto;
• Condições de iluminação, ventilação, exaustão, instalações elétricas, hidráulicas e de
combate a incêndios;
• Verificar os sistemas de abastecimento de água (origem, reservatórios e procedimen-
tos de limpeza) e a facilidade de acesso à ingestão, por pacientes e funcionários;
• Tipo de esgotamento sanitário (ligado à rede pública ou outro) e o tratamento e desti-
no finais dos resíduos sólidos e dos materiais perfuro cortantes;
• Verificar, quando for o caso, a facilidade de acesso a rampas, escadas e elevadores;
• Condições adequadas de armazenamento e de funcionamento dos equipamentos, apa-
relhos, mobiliários e dos cilindros de oxigênio;
• Verificar a existência e condições de uso dos equipamentos de proteção individual
(EPIs), para os procedimentos técnicos e de limpeza;

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• Verificar registros, prazos de validade, embalagens e armazenamento dos medicamen-


tos, produtos para a saúde (correlatos) e produtos de limpeza;
• Verificar técnicas e condições de descontaminação e limpeza de superfícies e ambien-
tes e da limpeza, desinfecção e esterilização dos materiais; verificar os procedimentos
de troca e higienização da rouparia – lençóis, fronhas, cobertas, aventais, toalhas, etc.;
• Verificar as rotinas de desinfecção dos recipientes usados para acondicionamento de
soluções, utilizadas nos procedimentos técnicos e de limpeza, bem como, observar a
identificação, concentração e substituição dos produtos;
• Comprovar o registro dos profissionais nos respectivos Conselhos de Classe, as ações
de controle da saúde e de vacinação dos servidores;
• Conferir a documentação: licenças (Alvará Sanitário) e a regularidade dos impressos
adotados;
• Sala de vacinação: verificar, além dos aspectos mencionados, se a sala e o refrigerador
são exclusivos para vacina, as condições de conservação e controle da temperatura dos
imunológicos e o cumprimento do Calendário e das Normas de Vacinação, instituídos
pelo Ministério e Secretaria Estadual da Saúde.

É importante que os profissionais de saúde do ambulatório, em especial os profissionais da


enfermagem, conheçam os procedimentos de fiscalização da Visa, bem como, as exigên-
cias dos fiscais, poderão se antecipar na correção de situações que possam trazer proble-
mas ao funcionamento do serviço.

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CAPÍTULO 13
PERFIL PROFISSIOGRÁFICO
PREVIDENCIÁRIO – PPP

O Ministério da Previdência Social do Brasil, através da reformulação e regulamentação


previdenciária, com a Instrução Normativa no 99 (INSS/DC), de 05 de dezembro de 2003,
estabeleceu critérios a serem adotados pelas áreas de Benefícios e da Receita Previdenciá-
ria. A partir daí, todas as empresas devem estar capacitadas para entregar o Perfil Profissio-
gráfico Previdenciário (PPP). O PPP vem para substituir o Dirben 8.030 (Direito de Bene-
fícios), que anteriormente chamava-se Serviço de Benefícios ou SB-40, ou ainda Diretoria
de Seguros Social – Dises-BE-5.235 e DSS-8.030.
O Perfil Profissiográfico Previdenciário (PPP) é um formulário com campos a serem pre-
enchidos com todas as informações relativas ao empregado, ou seja, é um documento que
reúne informações sobre as atividades que exerce, o agente nocivo ao qual é exposto, a in-
tensidade e a concentração do agente, exames médicos clínicos, além de dados referentes
à empresa, como registros ambientais, laudos de monitoração de agentes físicos, químicos
ou biológicos.
Este formulário deve ser preenchido pelas empresas que exercem atividades que expo-
nham seus empregados a riscos químicos, físicos, biológicos ou associação de agentes pre-
judiciais à saúde ou à integridade física (geradores de concessão de aposentadoria especial
após 15, 20 ou 25 anos de contribuição). Além disso, todos os empregadores e instituições
que admitam trabalhadores como empregados do Programa de Prevenção de Riscos Am-
bientais e do Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional, de acordo com Norma
Regulamentadora no 7 da Portaria no 3.214/78 do MTE, também devem preencher o PPP.
O PPP deve ser preenchido para a comprovação da efetiva exposição dos empregados a
agentes nocivos, para o conhecimento de todos os ambientes e para o controle da saúde
ocupacional de todos os trabalhadores.
É necessário o preenchimento do PPP, pelas empresas, para todos os empregados. De
acordo com a Instrução Normativa/INSS/DC no 99 de 05/12/2003, após a implantação do
PPP em meio magnético, pela Previdência Social, esse documento será exigido para todos

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os segurados, independentemente do ramo de atividade da empresa e da exposição a


agentes nocivos.
A comprovação da efetiva exposição a agentes nocivos será feita mediante formulário pró-
prio do INSS, o Perfil Profissiográfico Previdenciário, que será preenchido pela empresa ou
seu preposto com base em Laudo Técnico de Condições Ambientais do Trabalho (LTCAT),
expedido por médico do trabalho ou engenheiro de segurança do trabalho, para fins de
comprovação da exposição a agentes nocivos prejudiciais à saúde ou à integridade física.
As cooperativas de produção, em que seus cooperados no exercício das atividades sejam
expostos a condições especiais, deverão elaborar o PPP dos cooperados conforme a Ins-
trução Normativa/INSS/DC no 087, de 27 de março de 2003. O PPP das cooperativas de
trabalho será elaborado com base nas informações fornecidas pela empresa contratante.
A apresentação do LTCAT será exigida para os períodos de atividade exercida sob condi-
ções especiais apenas a partir de 14 de outubro de 1996, exceto no caso do agente nocivo
ruído, que exige apresentação de laudo para todos os períodos declarados.
Quando houver o desligamento do empregado, a empresa é obrigada a fornecer uma cópia
autêntica do PPP ao trabalhador, sob pena de multa, caso não o faça.
De acordo com a Instrução Normativa/INSS/DC no 99, de 05/12/2003, a partir de 1o de
janeiro de 2004, a comprovação do exercício de atividade especial será feita pelo PPP, emi-
tido pela empresa com base em laudo técnico de condições ambientais de trabalho expe-
dido por médico do trabalho ou engenheiro de segurança. O PPP contemplará, inclusive,
informações pertinentes aos formulários acima, os quais deixarão de ter eficácia.
A empresa deverá elaborar PPP de forma individualizada para seus empregados, traba-
lhadores avulsos e cooperados expostos a agentes nocivos químicos, físicos, biológicos ou
associação de agentes prejudiciais à saúde ou à integridade física, considerados para fins
de concessão de aposentadoria especial. E ainda, para fins de concessão de benefícios por
incapacidade, a partir de 1o de janeiro de 2004, a Perícia Médica do INSS poderá solicitar o
PPP à empresa, para a fundamentação do reconhecimento técnico do nexo causal e avalia-
ção de potencial laborativo, objetivando o processo de reabilitação profissional.
A exigência da apresentação do LTCAT será dispensada a partir de 1o de janeiro de 2004,
data da vigência do PPP, devendo, entretanto, permanecer na empresa à disposição da
Previdência Social.
Entretanto, para períodos laborados até 31 de dezembro de 2003, será aceito o DIR-
BEN-8.030 (antigo SB-40, DISES-BE 5.235, DSS-8.030), desde que emitido até essa data.
Quando o PPP for apresentado contemplando períodos laborados até 31 de dezembro de
2003, não é necessária a apresentação do DIRBEN-8.030 (antigo SB-40, DISES-BE 5.235,
DSS-8.030).
O PPP é um instrumento importante para empresários, trabalhadores, profissionais de
saúde e segurança no trabalho e governo.

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Para o trabalhador, facilita a comprovação junto à Previdência Social para sua habilitação a
benefícios e serviços Previdenciários e todos os direitos decorrentes de ações trabalhistas,
administrativas, cíveis, tributárias, previdenciárias e penais. Para a empresa, os benefícios
surgem quando ela se utiliza das informações sobre as condições de trabalho e saúde do
trabalhador para organizar, consolidar e individualizar a atenção à saúde e segurança do
trabalhador e mantê-las sempre atualizadas. Para os Profissionais da Saúde e Segurança no
Trabalho, é um instrumento que comprova a eficiência e eficácia das ações e programas
desenvolvidos por estes profissionais promovendo a valorização e reconhecimento pro-
fissional. Para o governo, assegura a concessão de benefícios a partir de informações mais
seguras, serve também de instrumento para a elaboração de políticas coletivas de saúde,
mais adequadas às diversas condições de trabalho.

Senac São Paulo 81


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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

CARVALHO, Geraldo Mota de. Enfermagem do trabalho. São Paulo: EPU, 2001.
CIANCIARULLO, T.I. et al. Sistema de assistência de enfermagem-evolução e tendências.
Ícone, 2001.
CONSELHO REGIONAL DE ENFERMAGEM DE SÃO PAULO. Documentos Básicos de
enfermagem – Regulamentação do exercício profissional, leis n. 7.498/86 e lei no. 8.967, de
28.12.94, que alteram o artigo 23 da Lei no. 7.498/86 e Decreto n. 94.406/87 que regula-
mentam a Lei no. 7.498/86.
DECISÃO COREN-SP-DIR/001/2000. COREN-SP – Conselho Regional de Enfermagem.
DECISÃO COREN-SP– DIR /002/ 1999. “Dispõe sobre a regulamentação e registro de
cursos de especialização para técnicos e auxiliares de enfermagem”.
FERNANDES, R.A.Q. et al. Anotações de enfermagem. Rev. Esc. Enf., USP, v 5, p. 63-6,
1981.
GALAFASSI, Maria Cristina. Medicina do trabalho: programa de controle médico de saúde
ocupacional. 2 ed. São Paulo: Atlas, 1999.
ITO, E.E. et all. Manual de Anotações de enfermagem. Atheneu, São Paulo: 2004.
LUCAS, Alexandre Juan. O processo de enfermagem do trabalho. São Paulo:
Iátria, 2004.
Manual de Legislação Atlas. Segurança e medicina do trabalho. 56. ed. São Paulo: Atlas,
2005.
Ministério do Trabalho: Portaria 3.214/78. Normas Regulamentadoras: NR-4, NR-5, NR-7
e NR-9.
MARANO, Vicente Pedro. Organização de serviços de medicina do trabalho nas empresas.
São Paulo: LTr, 1989.
OLIVEIRA, M.V.C. e NAKAMURA, K.Y. Organização dos serviços de medicina em saúde
ocupacional. São Paulo: Morissawa Casa de Edição, 1998.

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Serviço de Saúde do Trabalhador na Empresa

Organização Internacional do Trabalho: Recomendação no. 112 sobre os Serviços de Me-


dicina do Trabalho nos locais de trabalho.
Resolução COFEN-240/2000 – Aprova o Código de Ética dos Profissionais de Enferma-
gem e dá outras providências.
Resolução – RDC n. 50, de 21 de fevereiro de 2002. Dispõe sobre o Regulamento Téc-
nico para o planejamento, programação, elaboração e avaliação de projetos físicos de
estabelecimentos assistenciais de saúde.
Resolução COFEN-233/2000 – Atualiza as normas para o registro de empresas e ano-
tações dos dirigentes de suas atividades de enfermagem, com vista à responsabilidade
técnica.
Resolução COFEN-272/2002 – Dispõe sobre a Sistematização da Assistência de Enferma-
gem (SAE) nas Instituições de Saúde Brasileiras.
Resolução COFEN-286/2003 – Dispõe sobre a autorização para o enfermeiro do traba-
lho elaborar, emitir e assinar laudo técnico de condições ambientais de trabalho, previsto
no Perfil Profissiográfico Previdenciário-PPP.
Resolução COFEN-289/2004 – Dispõe sobre a autorização para o enfermeiro do traba-
lho preencher, emitir e assinar LAUDO DE MONITORIZAÇÃO BIOLÓGICA,
previsto no Perfil Profissiográfico Previdenciário-PPP.
Resolução COFEN-290/2004 – Fixa as Especialidades de Enfermagem.
VIEIRA, Sebastião Ivone. Medicina básica do trabalho. 2. ed. Curitiba: Gênesis, 1998. v. I e IV.

Sites consultados:
www.anent.org.br, consultado em jan/05.
www.anent.org.br, consultado em janeiro de 2005 e novembro de 2009
www.anvisa.gov.br, consultado em março/abr/05.
www.corensp.org.br, consultado em jan/05.
www.corensp.org.br, consultado em janeiro de 2005 e novembro de 2009
www.fundacentro.org.br, consultado em jan/05.
www.mtb.gov.br, consultado em jan/05.
www.mtb.gov.br, consultado em janeiro de 2005 e novembro de 2009
www.mtr.gov.br, consultado em abr/05.
www.fundacentro.org.br, consultado em janeiro de 2005 e novembro de 2009
www.anvisa.gov.br, consultado em março/abril de 2005 e novembro de 2009
www.mtr.gov.br, consultado em abril de 2005
www.mte.gov.br, consultado em novembro de 2009

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ANEXO I
OIT – ORGANIZAÇÃO
INTERNACIONAL
DO TRABALHO
RECOMENDAÇÃO NO 112

Recomendação sobre os Serviços de Medicina do Trabalho nos Locais de Trabalho


A Conferência Geral de Organização Internacional do Trabalho, convocada em Genebra
pelo Conselho de Administração do Escritório Internacional do Trabalho e congregada na
referida cidade, em 3 de junho de 1959, em sua 43ª reunião, depois de ter decidido ado-
tar diversas proposições relativas à organização dos serviços de medicina do trabalho nos
locais de emprego, questão que constitui o quarto ponto da ordem do dia da reunião, e
depois de ter decidido que as referidas proposições se revestem na forma de recomenda-
ção, adota, com data de vinte e quatro de junho de mil novecentos e cinquenta e nove, a
seguinte Recomendação, que poderá ser citada como a Recomendação sobre os serviços
de medicina do trabalho, 1959:
I – DEFINIÇÃO
1. Para os efeitos desta Recomendação, a expressão “serviços de medicina do trabalho”
designa um serviço organizado nos locais de trabalho ou em suas imediações, desti-
nado a:
a) garantir a proteção dos trabalhadores contra todo risco que prejudique a sua saúde
e que possa resultar de seu trabalho ou das condições que este se efetue;
b) contribuir na adaptação física e mental dos trabalhadores em particular pela ade-
quação do trabalho aos trabalhadores e por sua colocação em postos de trabalho
correspondentes a suas aptidões;
c) contribuir para o estabelecimento e manutenção do nível mais elevado possível de
bem-estar físico e mental dos trabalhadores.

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II – MÉTODO DE APLICAÇÃO
2. Levando-se em conta a diversificação de condições e de práticas nacionais, os serviços
de medicina do trabalho poderiam, segundo as circunstâncias, criar-se:
a)  por via legislativa;
b) em virtude de contratos coletivos ou de quaisquer outros acordos concertados
entre os empregados e os trabalhadores interessados;
c) de qualquer outra forma reconhecida pela autoridade competente, com prévia
consulta às organizações de empregadores e trabalhadores.
III – ORGANIZAÇÃO
3. Segundo as circunstâncias e as normas aplicáveis, os serviços de medicina do trabalho
deveriam:
a)  ser organizados por empresas interessadas ou agregadas a um organismo exterior;
b)  ser organizadas:
• como serviços próprios de uma empresa; ou
• como serviços comuns a certo número de empresas.
4. Para que todos os trabalhadores possam aproveitar os benefícios da medicina do tra-
balho, deveriam ser organizados serviços de medicina do trabalho nas empresas indus-
triais, não industriais e agrícolas, assim como nos serviços públicos. Entretanto, quan-
do os serviços de medicina do trabalho não possam ser estabelecidos imediatamente
em todas as empresas, esses serviços deveriam ser organizados em primeiro lugar:
a)  nas empresas onde os riscos são geralmente mais importantes;
b)  nas empresas onde a saúde dos trabalhadores está exposta a riscos especiais; e
c) nas empresas que empregam um número de trabalhadores superior a um mínimo
fixado.
5. Quando a organização dos serviços de medicina do trabalho, tal como se define nesta
Recomendação, não seja possível de imediato, por razões geográficas ou por outras
razões que haverá de precisar a legislação nacional, a empresa deverá concertar um
acordo com um médico ou com um serviço médico local que estaria encarregado de:
a)  prestar os atendimentos de urgência;
b)  realizar os exames médicos prescritos pela legislação nacional;
c)  garantir a vigilância das condições de higiene da empresa.

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IV – FUNÇÕES
6.  A função dos serviços de medicina do trabalho deveria ser essencialmente preventiva.
7. Os serviços de medicina do trabalho não deveriam se encarregar de comprovar se as
ausências por doença são ou não justificadas. Isto não deveria impedir que os serviços
de medicina do trabalho se certifiquem das circunstâncias que podem motivar uma
ausência por doença e da evolução das doenças dos trabalhadores para melhor avaliar
a eficácia de seu programa de prevenção, descobrir os riscos profissionais e destinar
os trabalhadores a trabalhos apropriados, para a sua readaptação.
8. À medida em que uma ou várias das funções seguintes não estiverem garantidas de
maneira satisfatória, de conformidade com a legislação ou a prática nacionais, por ou-
tros serviços apropriados, as funções dos serviços de medicina do trabalho deveriam
desenvolver-se progressivamente, segundo as circunstâncias, de maneira que compre-
endam em particular:
a) a vigilância, na empresa, de todos os fatores que possam afetar a saúde dos traba-
lhadores, e o assessoramento para a direção e aos trabalhadores ou seus represen-
tantes na empresa, nesta matéria;
b) o estudo dos postos de trabalho ou a participação neste estudo desde os pontos
de vista higiênicos, filosóficos e psicológicos, e o assessoramento para a direção e
aos trabalhadores nas questões que se referem para a melhor disposição possível
dos postos de trabalho desde estes pontos de vista;
c) a participação com os organismos ou serviços interessados da empresa, na pre-
venção dos acidentes de trabalho e das doenças profissionais e na vigilância dos
meios de proteção pessoal e de sua utilização, assim como o assessoramento para
a direção e aos trabalhadores nesta matéria;
d) a vigilância da higiene das instalações da empresa prevista para o bem-estar do tra-
balhador, tais como cozinhas, cantinas, creches, residências de repouso e, em caso
necessário, a vigilância dos regimes alimentares para os trabalhadores;
e) os exames médicos de admissão ao emprego e os exames periódicos e especiais,
incluindo, em caso necessário, os exames laboratoriais e radiológicos, prescritos
pela legislação nacional ou por acordo entre as partes ou organizações interes-
sadas, ou que o médico do trabalho estime convenientes desde o ponto de vista
preventivo; os referidos exames deveriam ser previstos para garantir uma vigilância
particular de determinadas categorias de trabalhadores, expostos a riscos espe-
ciais, e às pessoas de capacidade física diminuída;
f) a vigilância da adequação do trabalho para os trabalhadores, e em particular aos tra-
balhadores incapacitados, de acordo com suas aptidões físicas, e a participação em
sua readaptação e sua reeducação, assim como o assessoramento nesta matéria;

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g)  o assessoramento para a direção e aos trabalhadores para o destino e a reclassifi-


cação dos trabalhadores;
h) os conselhos individuais aos trabalhadores, quando solicitados sobre os transtor-
nos que se manifestam ou se agravam durante o trabalho;
i) os primeiros socorros às vítimas de acidente ou de indisposições, assim como, em
certas circunstâncias e de acordo com as partes interessadas (incluindo ao médico
que trata do trabalhador), os tratamentos médicos ambulatoriais para os trabalha-
dores que não tenham interrompido seu trabalho ou que o tenham de prosseguir;
j) a formação de pessoas encarregadas dos primeiros socorros e sua instrução peri-
ódica, assim como a vigilância e a conservação do material de primeiros socorros,
em colaboração com os serviços e organismos interessados;
k)  a instrução do pessoal da empresa relativa à saúde e à higiene;
l) o estabelecimento e exames periódicos de estatísticas sobre o estado sanitário da
empresa;
m) os trabalhos de investigação sobre medicina do trabalho ou a participação em tais
trabalhos em colaboração com os serviços ou institutos especializados.
9.  Quando uma ou várias das funções enumeradas no parágrafo anterior estiverem ga-
rantidas, de conformidade com a legislação ou a prática nacionais, por outros servi-
ços apropriados que não forem os de medicina do trabalho, esses serviços deverão
proporcionar aos médicos do trabalho todas as informações úteis que estes julgarem
conveniente solicitar.
10. Os serviços de medicina do trabalho deverão manter estreitas relações com os de-
mais serviços e organismos da empresa interessados nas questões de saúde, segu-
rança e do bem-estar dos trabalhadores, em particular com o serviço social, serviços
de segurança, serviço pessoal, serviços sindicais das empresas, comitês de higiene e
segurança, ou qualquer outro comitê ou qualquer outra pessoa que se ocupe na em-
presa de questões sanitárias e sociais.
11. Os serviços de medicina do trabalho deverão, além do mais, manter estreitas relações
com serviços e organismos exteriores que se dedicam a questões de higiene, de segu-
rança, de reeducação, de readaptação, de reclassificação profissional e de bem-estar
dos trabalhadores.
12.a Os serviços de medicina do trabalho deverão estabelecer, para cada trabalhador, no
momento do exame médico de admissão ao emprego e devido à primeira visita ao
serviço, um expediente médico confidencial e mantê-lo atualizado toda vez que se
efetuem exames ou consultas posteriores.
12.b Os serviços de medicina do trabalho deverão, além do mais, registrar conveniente-
mente todos os dados úteis, objetivando poder proporcionar as informações neces-
sárias de suas próprias atividades e sobre o estado de saúde dos trabalhadores da
empresa, reservadas as disposições previstas no parágrafo 21.

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V – PeSSoAL e InSTALAçÕeS
13. Da direção do serviço de medicina do trabalho deverá se encarregar um médico, que,
segundo os casos, deverá ser diretamente responsável pelo serviço perante a direção
da empresa ou perante o organismo do qual depende o serviço.
14. Os médicos do trabalho não deverão ter sob sua responsabilidade maior número de
trabalhadores do que aquele que lhe permita atender com eficácia, levando-se em
consideração os problemas particulares da indústria de que se trata e de suas carac-
terísticas.
15. Os médicos do trabalho deverão gozar de independência profissional e moral comple-
ta em relação ao empregador e aos trabalhadores. Para garantir esta independência, a
legislação nacional ou os acordos entre as partes ou organizações interessadas deverão
dotar os médicos do trabalho de um estatuto, especialmente no que refere as suas
condições de contratação e demissão.
16. O médico encarregado de um serviço de medicina do trabalho deverá, na medida do
possível, possuir formação em medicina do trabalho ou estar pelo menos familiarizado
com a higiene do trabalho, a administração dos primeiros socorros e a patologia do
trabalho, assim como com a legislação relacionada com as diferentes atividades do
serviço. Deve lhe proporcionar a possibilidade de aperfeiçoar-se nestas matérias.
17. O pessoal de enfermagem agregado aos serviços de medicina do trabalho deverá ter
uma qualificação cujas normas deverão ser fixadas por organismo competente.
18.  O pessoal encarregado dos primeiros socorros deverá:
18.1  estar composto exclusivamente de pessoas qualificadas;
18.2  estar prontamente disponível durante todas as horas de trabalho.
19. Os locais e a equipe dos serviços de medicina do trabalho deverão estar de acordo
com as normas fixadas pelo organismo competente.
VI – MeIoS De Ação
20. Para poder exercer de forma eficaz suas funções, os serviços de medicina do trabalho
deverão:
a) ter livre acesso a todas as instalações auxiliares da empresa e dos lugares de tra-
balho;
b) visitar aos locais de trabalho em intervalos adequados, em colaboração, se necessá-
rio, com outros serviços da empresa;
c) ser informados sobre os procedimentos empregados, as normas de trabalho e as
substâncias utilizadas ou cuja utilização está prevista;
d) ter a possibilidade de efetuar, ou de solicitar que se efetuem por organismos técni-
cos reconhecidos:

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d.1) averiguações e investigações sobre riscos profissionais que podem ameaçar a


saúde; por exemplo, mediante colheita de amostras e análises das atmosferas
dos locais de trabalho, dos produtos e das substâncias utilizadas de qualquer ou-
tra matéria de suposta nocividade;
d.2)  o controle dos agentes físicos prejudiciais;
d.3) ter a possibilidade de pedir às autoridades competentes que fiscalizem o cumpri-
mento das normas de higiene e de segurança no trabalho;
21. Toda pessoa designada para trabalhar em um serviço de medicina do trabalho deverá
guardar segredo profissional, no que se refere tanto aos dados médicos como aos da-
dos técnicos que chegam ao seu conhecimento em razão das funções e das atividades
enumeradas, reservando-se as exceções previstas na legislação nacional.
VII – DISPOSIÇÕES GERAIS
22. Os trabalhadores e suas organizações deverão colaborar plenamente para lograr as
facilidades dos serviços de medicina do trabalho.
23. As prestações do serviço de medicina do trabalho previstas pela presente Recomenda-
ção não deverão ocasionar gasto algum para o trabalhador.
24. Sempre que a legislação nacional não disponha de outra coisa, e houver falta de acordo
entre as partes interessadas, o funcionamento da organização e o funcionamento de
um serviço de medicina do trabalho deverão correr a cargo do empregador.
25. A legislação nacional deverá especificar a autoridade responsável do controle da or-
ganização e do funcionamento dos serviços de medicina do trabalho. Em casos apro-
priados, poderá conferir a função de assessores nesta matéria a serviços técnicos re-
conhecidos.

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ANEXO II
NORMAS
REGULAMENTADORAS –
PORTARIA NO 3.214,
08/06/78

NR– 1 – Disposições gerais;


NR– 2 – Inspeção prévia;
NR– 3 – Embargo ou interdição;
NR– 4 – Serviços especializados em engenharia de segurança e em medicina do trabalho
– SESMT;
NR– 5 – Comissão interna de prevenção de acidentes;
NR– 6 – Equipamento de proteção individual;
NR– 7 – Programa de controle médico de saúde ocupacional – PCMSO;
NR– 8 – Edificações;
NR– 9 – Programa de prevenção de riscos ambientais;
NR-10 – Instalações e serviços em eletricidade;
NR-11 – Transporte, movimentação, armazenagem e manuseio de materiais;
Anexo I – Regulamento técnico de procedimentos para movimentação, armaze-
namento e manuseio de chapas de mármore, granito e outras rochas;
NR-12 – Máquinas e equipamentos;
NR-13 – Caldeiras e vasos de pressão;
NR-14 – Fornos;
NR-15 – Atividades e operações insalubres;
NR-16 – Atividades e operações perigosas;
NR-17 – Ergonomia;
Anexo I – Trabalho dos operadores de check-outs;
Anexo II – Trabalho em teleatendimento/telemarketing;

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NR-18 – Condições e meio ambiente de trabalho na indústria da construção;


NR-19 – Explosivos;
Anexo I – Segurança e Saúde na Indústria de fogos de artifícios e outros artefatos
pirotécnicos;
NR-20 – Líquidos combustíveis e inflamáveis;
NR-21 – Trabalho a céu aberto;
NR-22 – Segurança e saúde ocupacional na mineração;
NR-23 – Proteção contra incêndio:
NR-24 – Condições sanitárias e de conforto nos locais de trabalho;
NR-25 – Resíduos industriais;
NR-26 – Sinalização de segurança;
NR-27 – Registro profissional do técnico de segurança do trabalho no ministério do tra-
balho;
NR-28 – Fiscalização e penalidades;
NR-29 – Segurança e saúde no trabalho portuário;
NR-30 – Segurança e saúde no trabalho aquaviário;

Anexo I – Pesca comercial e industrial;
NR-31 – Segurança e saúde no trabalho na agricultura, pecuária, silvicultura, exploração
florestal e aquicultura;
NR-32 – Segurança e saúde no trabalho em estabelecimentos de assistência à saúde;
NR-33 – Segurança e saúde no trabalho em espaços confinados;
NR-34 – Condições de meio ambiente de trabalho na industria da construção e reparação
naval.
NORMAS REGULAMENTADORAS RURAIS – NRR (aprovadas pela Portaria no
3.067, 12/04/1988 e revogada pela Portaria no 191, 15/04/08)
NRR-1 – Disposições gerais;
NRR-2 – Serviço especializado em prevenção de acidentes do trabalho rural – SEPATR;
NRR-3 – Comissão interna de prevenção de acidentes do trabalho rural – CIPATR;
NRR-4 – Equipamentos de proteção individual – EPI;
NRR-5 – Produtos químicos.

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ANEXO III
RELAÇÃO DOS EXAMES
LABORATORIAIS
ESPECÍFICOS E
OBRIGATÓRIOS PARA O
EXAME PERIÓDICO

(Adaptado do anexo II da NR-7, Portaria no 12, 06/06/83)

exposição Material
Análise Atividades
Agentes biológico
Em função dos Urina 17 – Cetoesteroides Indústria farmacêutica
hormônios sexuais Urina 17– hidroxiesteroides Industrialização e
Urina pregnandiol manipulação
Urina Esterogênios
Plasma fracionados
Gonadotrofina
hipofisária
Radiações Sangue Hemograma Radiologistas –
ionizantes completo Manipuladores e Técnicos
Plaquetas de RX – Fabricação de
equipamentos de RX
– Pesquisadores que
manipulam isótopos
radioativos, etc.
Arsênico Urina Arsênico Indústria de vidros e
cristais – Fabricação de
inseticidas e parasiticidas
– Fabricação e preparo
de tintas – Conservação
de pele e madeira –
Metalúrgicas – Indústrias
extrativas, etc.

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Serviço de Saúde do Trabalhador na Empresa
Serviço de Saúde do Trabalhador na Empresa

exposição Material
Análise Atividades
Agentes biológico
Chumbo Sangue Chumbo Indústria de acumuladores
(inorgânico) Protoporfirina (baterias) – Indústria
Eritrocitária automobilística (funilaria)
Protoporfirina Zn – Indústria de pigmentos
Ac. Delta Amino (tintas) – Indústria
Levulínico petrolífera – Cerâmica
codesidrase (ALAD) (esmaltação e pintura) –
Urina Chumbo Atividades de soldadura –
Coproporfirina Indústria de condutores
Ac. Delta Amino elétricos
Levulínico (ALA)
Chumbo tetraetila Urina Chumbo Limpeza de tanques de
estocagem de gasolina –
aditivo a gasolina
Cianetos Urina Tiocianatos Tratamento térmico de
Nitrilas metais – Galvanoplastia
Alifáticas
Cromo (Crômio) Urina Cromo (Crômio) Ligas metálicas – fabricação
de tintas – Galvanoplastia
(cromação) – Cerâmica –
Curtimento de Couro
– Tintas anticorrosivas –
Indústria têxtil – Indústria
Fotográfica
Fluoretos Urina Fluoreto Indústria e manufatura
de alumínio – descorante
– Removente de bronze
– Cerâmica – Polimento
do cristal – Inseticidas
– Refinaria de urânio –
Fabricação de lâmpadas
foscas
Mercúrio Urina Mercúrio Fabricação de
termômetros e de
barômetros – laboratórios
químicos – indústria
eletrônica – fungicidas
– corantes – Chapelaria
– Indústria química –
Fabricação do cloro e soda

Senac São Paulo 93


Senac São Paulo 93
Serviço deSaúde
Serviço de Saúdedodo Trabalhador
Trabalhador na Empresa
na Empresa

exposição Material
Análise Atividades
Agentes biológico
Monóxido de Sangue Carboxi-hemoglobina Refinarias de petróleo
Carbono – Siderurgia – fundições
– Prova de motores a
explosão – Processo de
solda a arco
Níquel Urina Níquel Indústria de utensílios
de cozinha – fabricação
de ligas metálicas –
Galvanoplastia (niquelação)
– baterias níquel – Cádmio
– Indústria de plásticos
Zinco Urina Zinco Galvanoplastia (zincagem)
– Indústria farmacêutica
– operação de solda –
fundição do estanho –
Cosméticos – Goma
Cádmio Urina Proteínas e Ácido Fabricação de ligas
Tricloroacético metálicas – Baterias níquel/
cádmio – Sistemas de
sprinkles – Galvanoplastia
– Indústria de vidro –
Reatores Nucleares –
Pigmentos – Fabricação
de pesticidas – Amálgamas
dentários
Benzeno Urina Fenol Fabricação de adesivos
– fabricação de tintas –
Solventes – Desengraxante
– Fabricação de linóleo
– Fabricação de cola de
sapateiro
Estireno Urina Ácido Mandélico Síntese química – Indústria
Ácido Fenilglioxílico da borracha – Indústria de
plásticos
Tolueno Urina Ácido Hipúrico Aditivo da gasolina para
aviação – Fabricação do
benzeno – Solvente –
Operações no forno de
coque – Fabricação de
perfumes – Fabricação de
sacarina

SenacSão
Senac SãoPaulo
Paulo 94
ServiçodedeSaúde
Serviço Saúde
dodo Trabalhador
Trabalhador na Empresa
na Empresa

exposição Material
Análise Atividades
Agentes biológico
Xileno Urina Ácido Metil-Hipúrico Fabricação de adesivos –
Aditivo da gasolina para
aviação – Fabricação
de ácido benzoico –
Solvente – Desengraxante
– Fabricação de verniz –
Indústria de couro
Diclorometano Sangue Carboxi-hemoglobina Embalagem de aerossol –
Fabricação de anestésico
– Extração de gordura –
Fabricação de aromatizante
– Fabricação de resinas
– Fabricação de solventes
– Indústria de acabamento
de couro
Tetracloro Urina Tricloro compostos Solventes – Desengraxante
Etileno totais – Operação de fosfatização
– lavagem a seco
Tricloro Urina Tricloro compostos Lavagem a seco – limpeza
Etano totais de máquinas – Fabricação
de propelentes –
Removedor de manchas
Tricloro Etileno Urina Tricloro compostos Solvente – Desengraxante
totais – Lavagem a seco –
Operação de fosfatização
Fenol Urina Fenol Fabricação de antioxidantes
– Fabricação de corantes
– Fundição – Removedor
de manchas – Indústrias
de plástico – Indústria de
resinas – Indústria de piche
Metanol Urina Metanol Fabricação do ácido
acético – Bronzeador –
Tingidor – Fabricação de
esmalte – Indústria de
plumas – Fotogravura –
Fabricação de chapéu de
feltros – Douração

SenacSão
São Paulo 95
95
Senac Paulo
Serviço deSaúde
Serviço de Saúdedodo Trabalhador
Trabalhador na Empresa
na Empresa

exposição Material
Análise Atividades
Agentes biológico
Anilina Urina p-Aminofenol Fabricação de desinfetantes
Sangue Meta-hemoglobina – Fabricação de tintas –
Fabricação de corantes
– Litografia – Fabricação
de perfumes – Fabricação
de produtos químicos
fotográficos – Gráficas –
Fabricação de borracha
Nitrobenzeno Urina p-Nitrofenol Fabricação de corantes
Sangue Meta-hemoglobina de anilina – Fabricação de
explosivos – Indústria de
polimento – Gráficas
Dissulfeto de Urina Teste de azida sódica Fabricação de rayon –
Carbono Fabricação de resinas
– Fabricação de borracha –
Indústria têxtil – Fabricação
de verniz – Fabricação de
massa de vidraceiro
PRAGUICIDAS Indústrias de inseticidas
Organoclorados (fabricação e manipulação)
DDT Soro DDT – aplicação de
Diedrin Sangue Diedrin inseticidas (agricultura) –
Endrin Sangue Endrin Embalagem, transporte
Lindano Sangue Lindano e armazenamento de
Pentacloro Urina Pentacloro inseticidas
Fenol Urina Fenol
PRAGUICIDAS Acetilcolinesterase Idem
Ésteres Fezes Eritrocitária e/
Organofosforados Sangue ou Colinesterase
Carbamatos Plasmática
Outros Fezes Helmintos – Indústria alimentícia – setor
Urina Protozoários e de alimentação
Secreção enterobactérias –
nasofarígea bactérias patogênicas
Fonte: OLIVEIRA, 1998.

SenacSão
SãoPaulo
Paulo 96
96
Senac

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